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4 | DEZ 2011 / JAN 2012 - Floresta Brasil Amazônia )))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))www. s e na r. o r g . b rAMAZONAS
O SENAR contribui para a pro� ssionalização, integração e sustenta-bilidade dos produtores rurais amazonenses. A instituição desenvolve ações de formação e atividades de promoção social voltadas para o homem do campo, contribuindo com sua especialização cientí� ca e melhoria da qualidade de vida, para o pleno exercício da cidadania.
CAPACITAÇÃODO PRODUTOR RURAL
weg
a
Floresta Brasil Amazônia - DEZ 2011 / JAN 2012 | 5 )))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))))
))))))))))))))))))))))))Sumário
10 ExpoAgro 2011 O maior evento do agronegócio do Norte movimentou mais de R$ 30 milhões
» ArTIgo Francisco Cruz e a retomada do extrativismo no
Amazonas – Pág 68
» CEnTEnárIo Carauari comemora seus 100 anos – Pág 69
» SEmInárIo dE pECuárIA Em busca de conhecimentos para uma pecuária
sustentável – Pág 70
» CImEnTo CompoSTo O composto que pode baratear os custos de uma
construção – Pág 72
» VIdA noS rIoS A história dos navegantes da maior bacia
hidrográfica do mundo – Pág 74
» FAS BolSA FlorESTA Lideranças debatem o programa Bolsa Floresta –
Pág 78
» AnAmã Preservação de cardumes entusiasma
pescadores do município – Pág 80
» pArquE rIo nEgro Unidade de conservação se prepara para receber
turistas – Pág 82
» ArTIgo Ennio Candotti comenta a importância das áreas
úmidas da Amazônia – Pág 85
» CmA Produtos mais baratos direto de produtores do
interior – Pág 90
» Km 180 mATupI Matupi recebe fiscalização de órgãos ambientais – Pág 94
» ArTIgo Virgílio Viana na COP-17 em Durban, África do
Sul – Pág 96
» ArTIgo O senador Eduardo Braga pontua sobre o novo
Código Florestal – Pág 98
» ArTIgo Manoel Cunha conta sobre a força da cultura do
açaí – Pág 102
» rEgISTro O que acontece – Pág 8
» noTAS Fique por dentro – Pág 9
» pIng pong Entrevista com o presidente do Sindicato Rural
de Boca do Acre – Pág 20
» prêmIo AgríColA A 14ª edição da Medalha da Ordem do Mérito
Agropecuário foi para empreendedores que se destacaram em 2011 – Pág 22
» EmBAlAgEm AgroTóxICo Entregue as embalagens vazias de agrotóxico,
faça a sua parte – Pág 24
» JuTA E mAlVA Inauguração de uma fábrica no Distrito Industrial
de Manaus impulsiona o mercado de juta e malva – Pág 26
» ArTIgo Muni Lourenço faz um balanço do desenvolvimento
da pecuária no Estado – Pág 37
» CulTIVo Melhoramento genético do guaraná – Pág 38
» prEVEnção Mulheres que realizam o exame preventivo
têm mais chances de cura se diagnosticado precocemente o câncer – Pág 40
» ArTIgo Senadora Vanessa Grazziotin escreve sobre
saúde das mulheres – Pág 43
» promoVE 2011 Moveleiros recebem curso de qualificação – Pág 58
» ArTIgo O cientista Hiroshi Noda escreve sobre o
melhoramento genético das hortaliças – Pág 61
» mApA mInErAl A região se destaca pela diversidade mineral – Pág 62
30 mAuéS Fortalecimento da cadeia produtiva do interior e a realização da tradicional Festa do Guaraná
44 FESTA do ABACAxI Produção de 43 milhões de frutos em 2011 é celebrada
48 FIAm 2011 Feira Internacional da Amazônia atrai investidores nacionais e estrangeiros
86 guErrA nA SElVA Treinamento para fortalecer as fronteiras do Brasil
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O SENAR contribui para a pro� ssionalização, integração e sustenta-bilidade dos produtores rurais amazonenses. A instituição desenvolve ações de formação e atividades de promoção social voltadas para o homem do campo, contribuindo com sua especialização cientí� ca e melhoria da qualidade de vida, para o pleno exercício da cidadania.
CAPACITAÇÃODO PRODUTOR RURAL
weg
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diretor Executivo Epifânio Leão
diretor de redação e Jornalista responsável
Antonio XimenesMTB: 23.984 DRT-SP
Editora Assistente Diárcara Ribeiro
diretor de Criação Marcelo Duque
diagramação Helcio Ferreira Jr.MTB: 556 SRTE-AM
repórteres Ana Paula SenaAntonio XimenesClarice ManhãDiárcara RibeiroJaíze AlencarKenia LealLaila PereiraLemmos RibeiroMarcello de PauloSuelen Araújo
Fotógrafos Antonio XimenesBruno KellyEuzivaldo QueirozJJ SoaresMichell MelloRicardo OliveiraSérgio Oliveira
revisão Epifânio Leão
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Concepção da Capae Assinatura Visual Marcelo Duque
Impressão Gráfica Ampla
Tiragem: 5000 exemplaresDistribuição: RegionalPeriodicidade: Bimestral
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Floresta Brasil Amazônia - DEZ 2011 / JAN 2012 | 7
EDITORIALO ano de 2011 encerra com o Estado do Amazonas dando um exemplo
de sustentabilidade ambiental e produção rural. O trabalho desenvolvido
pelo governador Omar Aziz de valorização dos homens e mulheres do in-
terior, tem mostrado que a agricultura, agropecuária e o manejo fl orestal
tem lugar em uma economia de produção de riquezas, geração de empre-
gos e diversidade biológica da maior fl oresta tropical do planeta.
O retorno ao extrativismo, como bem diz o presidente da Afeam, Pedro
Falabella, se evidencia com a retomada das culturas da malva e da juta, da
castanha do Brasil, da borracha e de frutas nativas como o açaí.
Também o pirarucu, transformado em “Bacalhau da Amazônia”, mostra que o
mercado está pronto para aceitar o maior pescado com escama, de água doce
do mundo, como uma iguaria que tem permitido a melhora da qualidade de
vida de milhares de pescadores e ribeirinhos da Amazônia profunda. O secre-
tário Eron Bezerra, titular da Sepror, é o pioneiro nesta iniciativa. “O Amazonas
tem o melhor bacalhau do mundo de água doce”, pontua Bezerra.
Na condição de fruta responsável pela longevidade da população, segun-
do apontam pesquisas científi cas, o guaraná se apresenta como uma das
melhores opções econômicas, como observamos em Maués, que este ano
realizou uma das festas mais extraordinárias dos últimos tempos tendo à
frente o prefeito “Belexo”.
Um dos destaques do Polo Industrial de Manaus foi a realização da Feira In-
ternacional da Amazônia, que contou com o apoio da Suframa e parceiros
como o Sebrae, ADS, SDS e demais órgãos do governo estadual e federal.
Também o Exército brasileiro, através de iniciativas como a realização da
feira do Cigs, demostrou as potencialidades dos produtores da região.
“Queremos comprar a produção rural local para abastecer a nossa tropa”,
disse o general comandante do Comando Militar da Amazônia, Eduardo
Dias da Costa Villas Bôas.
Finalizando, o Estado teve a oportunidade de assistir ao sucesso da 38ª Ex-
poagro, que faturou mais de R$ 30 milhões, com ênfase para a isenção de
ICMS aos produtos comercializados no parque de Exposição Dr. Eurípedes
Ferreira Lins.
Antonio XimenesJornalista Responsável
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8 | DEZ 2011 / JAN 2012 - Floresta Brasil Amazônia
» registro da floresta
» gT doS quElônIoS AprESEnTA oS prImEIroS rESulTAdoS
A Secretaria de Estado do Meio Am-
biente e Desenvolvimento Sustentá-
vel (SDS), criou um Grupo de Trabalho
para o manejo de quelônios, reunin-
do instituições envolvidas na cadeia
produtiva da espécie. O GT trabalha
na elaboração de instrumentos jurí-
dicos que se aproximem da realidade
do Amazonas, com o objetivo de pro-
teger a espécie, combater o mercado
ilegal e possibilitar a geração de ren-
da para as comunidades tradicionais
que preservam, mas não podem co-
mercializar pelas restrições impostas
pela legislação vigente.
» CoopErATIVAS
O ano de 2012 foi escolhido pela ONU,
como o ano Internacional das Coo-
perativas. Segundo o presidente da
OCB- SESCOOP/AM Petrucio Maga-
lhães Jú nior, no mês de março vai ser
inaugurada nova sede na Av. Japurá.
"Vamos aumentar nossa base de asso-
ciados".
» CnA ComEmorA 60 AnoS dE ATuAção no BrASIl
No dia 23 de novembro foi realizado
em Brasília, o seminário sobre “Os
desafios do Brasil como 5ª potência
Mundial e o papel do agronegócio”,
em comemoração aos 60 anos da
Confederação da Agricultura e Agro-
pecuária do Brasil – CNA e os 20 anos
de atividades do Serviço Nacional
de Aprendizagem Rural – Senar. O
evento recebeu cerca de 1500 pesso-
as entre elas a senadora Kátia Abreu,
o Ministro da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento, Mendes Ribeiro e a
presidente Dilma Rousseff.
» Cop 17
A 17ª Conferência das Partes da Con-
venção-Quadro das Nações Unidas so-
bre Mudança do Clima, aconteceu em
Durban na África do Sul entre os dias
28 de novembro a 9 de dezembro. A
Cop é o fórum multilateral mais am-
plo com a participação de centenas de
países, incluindo o Brasil e a União Eu-
ropeia, para discutir e adotar medidas
contra o aquecimento global.
» Nardelio Delmiro Gomes, 48, presidente da Associação dos Produtores Rurais de Santo Antônio do Matupi, tombou com dois tiros no dia 30 de novembro em Humaitá. Ele deixou um legado de amor à produção rural. Seus amigos e familiares homenageam sua memória, como um brilhante líder e pai exemplar
Foto: SDS/CEUC
Foto: Alex Pazuello/Agecom
Floresta Brasil Amazônia - DEZ 2011 / JAN 2012 | 9
» Notas
» proCESSo FundIárIo
Aconteceu em novembro na As-
sembleia Legislativa do Amazonas
o encontro que teve como desta-
que a agilização dos processos fun-
diários e assinatura de convênios
na ordem de R$ 100 milhões que
subsidiarão as ações do Plano Safra
da Agricultura Familiar em todo o
Amazonas. Os convênios, assina-
dos pelo Ministro do Desenvolvi-
mento Agrário, Afonso Florence,
e o governador Omar Aziz, perten-
cem ao Programa Nacional de For-
talecimento da Agricultura Familiar
(Pronaf), e serão aplicados em ope-
rações de crédito de investimento
e operações de custeio, fomentan-
do um dos setores fundamentais
na realidade sócio-econômica do
país, que envolve cerca de 4,8 mi-
lhões de agricultores familiares em
todo o Brasil, sendo destes mais de
270 mil amazonenses.
» rIo+20
Manaus realizou um encontro no
dia 23 de setembro, na Assembleia
Legislativa do Estado do Amazonas,
sobre o tema: Biomas: preservação,
conservação e os serviços ambien-
tais que prestam para a qualidade
de vida no planeta. O debate faz
parte da programação referente
à Conferência das Nações Unidas
sobre o Desenvolvimento Susten-
tável, a Rio+20, que acontece em
junho de 2012. Com o objetivo de
sistematizar um diagnóstico e pro-
por alternativas para solucionar os
principais problemas relacionados à
questão ambiental.
» FESTA do lEITE
Entre os dias 11 e 17 de dezembro
aconteceu no município de Auta-
zes, o Festival do Leite e a Feira
Agropecuária de Autazes. O Even-
to já está em sua 19ª edição e tem
como objetivo principal introduzir
nova genética ao rebanho local,
trazendo oportunidades de agro-
negócio, turismo e lazer, gerando
empregos e renda ao seu povo. Di-
versas atrações animaram o públi-
co presente na festa como: shows
musicais, parque de diversões, área
de alimentação e o tão esperado
rodeio profissional, que contou
com o prova do laço, prova do tam-
bor e torneios leiteiros.
» Diretoria da Federação de Agricultura e Pecuária do Estado do Amazonas em almoço de confraternização com parceiros
Foto: Chico Batata
Foto: Antonio Ximenes
10 | DEZ 2011 / JAN 2012 - Floresta Brasil Amazônia
Expoagro
AGRONEGóCIO, CURSOS, SEMINÁRIOS, TECNOLOGIA, RODEIO E ENTRETENIMENTO NA
rEporTAgEm: Ana Paula Sena, Diárcara Ribeiro, Jaíze Alencar, Marcello de Paulo e Suelen Araújo FoToS: JJ Soares, Euzivaldo Queiroz e divulgação
Floresta Brasil Amazônia - DEZ 2011 / JAN 2012 | 11
MAIS DE 500 MIL PESSOAS PRESTIGIARAM A FEIRA AGROPECUÁRIA, EM BUSCA DE FAZER NEGóCIOS, LAZER E CAPACITAçãO. ESTE ANO TIãO PROCóPIO, O PEãO DE RODEIO CONHECIDO MUNDIALMENTE, MINISTROU UM CURSO DE CAPACITAçãO, ALéM DE SER O JUIZ DO RODEIO
[ ]
12 | DEZ 2011 / JAN 2012 - Floresta Brasil Amazônia
Expoagro
A 38a Expoagro movimentou R$ 30 milhões. Com
a responsabilidade de estimular o agronegócio e
capacitar os produtores e peões, a Feira Agrope-
cuária do Estado do Amazonas (Expoagro), que aconteceu
de 26 de novembro a 4 de dezembro, não focou tanto no
entretenimento, mas na cultura regional e nos negócios.
O evento ocorreu no Parque de Exposições Agropecuárias
Dr. Eurípedes Ferreira Lins, na Av. Torquato Tapajós, Km
10. Mais de 500 mil pessoas passaram por suas instalações.
Quem deixou para comprar maquinários como tratores,
bomba d’água, além de produtos agrícolas e pesqueiros
durante a feira teve um incentivo a mais. Foi isento o Im-
posto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS),
aumentando assim o volume de negócios. De acordo com
o Secretário de Produção Rural, Eron Bezerra, essa foi uma
oportunidade que os produtores tiveram para comprar
máquinas que vão auxilia-los no trabalho do dia-a-dia. “A
mecanização do campo é essencial para quem deseja rea-
lizar um trabalho com menos tempo e mais resultados. O
que estamos buscando é cada vez mais ajudar no desen-
volvimento do setor primário do Estado”, disse.
A mobilização prévia da equipe do Instituto de Desenvolvi-
mento do Estado do Amazonas (Idam), movimentou pro-
dutores para conseguir fi nanciamentos de máquinas de im-
plementos agrícolas através de agências bancárias, devido
haver uma verba destinada para o fortalecimento da agri-
cultura dentro do Programa do Governo Federal chamado
Mais Alimento. No dia 3 de dezembro, por volta das 9 horas,
ocorreu entrega simbólica de máquinas agrícolas para
produtores em torno de Manaus, visando à meca-
nização agrícola, como um grande ganho para o
setor primário.
O Coordenador Geral da Expoagro, Marcan
Zik, destacou o que acontece nos bastido-
res do evento. “Com aproximadamente 45
dias de antecedência da realização da feira,
No Brasil as festas com estilo Country já existem há
mais de 40 anos. Se tornando populares em rodeios
e festas sertanejas. O estilo encontrado no sul dos Es-
tados Unidos pode ser visto na Expoagro. Mulheres e
moças com a calça jeans justa que até parece que foi
costurada no corpo, blusa quadriculada, madeixas sol-
tas ou tranças com muito estilo. Os tradicionais cintos
com fi vela para todos os gostos, botas com modelos
básicos até mais ousado feitos de pena de avestruz, fez
sucesso entre o público feminino.
Todos estes itens foram usados pela cowgirl, Kalina
Renaldo Sales, 26, o que custou cerca de R$ 600,00.
Alguns acessórios ela conta que costuma comprar em
regiões como São Paulo, devido à atividade
do marido em participar de rodeios. “A cowgirl
original vem de família de criadores de gado,
gosto muito desse visual. É tradição familiar,
você tem que gostar de bicho”, ressalta Sales com
entusiasmo.
Kelriane Couteiro Longo é casada com um
tropeiro (nome dado ao dono de touros de
rodeios), e adora o estilo. “Sempre uso esse
visual nestes eventos”. Para ela as cowgirls
sempre usam acessórios originais, mesmo
com custo elevado. Mas, existem algumas
contrariedades na moda. “Quanto maior a
Mais Alimento. No dia 3 de dezembro, por volta das 9 horas,
ocorreu entrega simbólica de máquinas agrícolas para
produtores em torno de Manaus, visando à meca-
nização agrícola, como um grande ganho para o
O Coordenador Geral da Expoagro, Marcan
Zik, destacou o que acontece nos bastido-
res do evento. “Com aproximadamente 45
dias de antecedência da realização da feira,
regiões como São Paulo, devido à atividade
cowgirl
original vem de família de criadores de gado,
gosto muito desse visual. É tradição familiar,
você tem que gostar de bicho”, ressalta Sales com
Kelriane Couteiro Longo é casada com um
tropeiro (nome dado ao dono de touros de
rodeios), e adora o estilo. “Sempre uso esse
cowgirls
sempre usam acessórios originais, mesmo
com custo elevado. Mas, existem algumas
contrariedades na moda. “Quanto maior a
» AS CoWgIrlS Com ESTIloS próprIoS E IrrEVErEnTES
» Durante a abertura autoridades discursaram sobre os avanços do setor primário
Floresta Brasil Amazônia - DEZ 2011 / JAN 2012 | 13
começam as providências da parte de infraestrutura e
logística da produção. Há também o processo de ne-
gociação de contratação de pessoas terceirizadas para
trabalhar no rodeio, vaquejada, segurança, além de
serviços de revisão elétrica, hidráulica e estacionamen-
to”. Este ano foram gerados cerca de 500 empregos
diretos.
Para o presidente da Federação de Agricultura e Pe-
cuária do Estado do Amazonas – Faea, Muni Lou-
renço, a feira é o momento que o produtor tem
a oportunidade de fazer negócios e de se capaci-
tar. Avaliou, ainda, que o setor da ovinocaprinocultura
vai muito bem. “O rebanho de ovinos e caprinos do Es-
tado cresceu consideravelmente, hoje, conta com 105
mil cabeças. Os produtores estão introduzindo raças de
excelente padrão genético”, ele disse também que em
agosto a 2ª Exposição de Ovinos e Caprinos Sustentável
(Expovicam), movimentou R$ 2 milhões.
fi vela, menor a fazenda ou propriedade”, segun-
do Kelriane Longo, essa frase é muito usada para
homens e mulheres que costuma exibir fi velas com
tamanho anormal.
Mesmo tendo origem em países orientais, usada há sé-
culos por guerreiros para proteger os pés, a bota não
pode faltar no vestuário, o que se tornou uma marca re-
gistrada nas festas agropecuárias, não somente em adul-
tos, mas também em crianças. E Kalina Sales, já insere
a moda nos fi lhos. “Sempre vesti meus fi lhos na moda
country em ocasiões desse segmento”, conta.
» ESTIlo próprIo
As simpatizantes da moda country adaptaram a
moda e criaram um estilo em uma versão mais ousa-
da no misto de rock e cowgirl. “Não somos cowgirls,
apenas usamos outros acessórios em nosso visual,
nosso estilo é próprio e usamos no dia-a-dia”. Res-
salta a estudante Kalyane Ribeiro de 19 anos.
Para Cristiane Lacerda,18, a mistura de bandas de
rock com moda country faz parte do seu visual.
"Gosto de roupas pretas, botas, calças coladas estilo
anos 80, só coloquei o chapéu como mais um aces-
sório”, afi rmou .
logística da produção. Há também o processo de ne-
gociação de contratação de pessoas terceirizadas para
trabalhar no rodeio, vaquejada, segurança, além de
serviços de revisão elétrica, hidráulica e estacionamen-
to”. Este ano foram gerados cerca de 500 empregos
diretos.
Para o presidente da Federação de Agricultura e Pe-
cuária do Estado do Amazonas – Faea, Muni Lou-
renço, a feira é o momento que o produtor tem
a oportunidade de fazer negócios e de se capaci-
fi vela, menor a fazenda ou propriedade”, segun-
do Kelriane Longo, essa frase é muito usada para
homens e mulheres que costuma exibir fi velas com
tamanho anormal.
Mesmo tendo origem em países orientais, usada há sé-
culos por guerreiros para proteger os pés, a bota não
pode faltar no vestuário, o que se tornou uma marca re-
gistrada nas festas agropecuárias, não somente em adul-
tos, mas também em crianças. E Kalina Sales, já insere
a moda nos fi lhos. “Sempre vesti meus fi lhos na moda
country em ocasiões desse segmento”, conta.
» Os maquinários comercializados dentro do complexo tiveram incentivos
14 | DEZ 2011 / JAN 2012 - Floresta Brasil Amazônia
Expoagro
» mErCAdoS
Em eventos desse segmento há também lojas especiali-
zadas na moda country. “Estou vendendo muito chapéu
que tem de vários valores e modelos”, conta a proprietá-
ria da Loja Country, Maria Rita. Segundo ela, os chapéus
telados estão em torno de R$ 30,00, e os de material
mais simples custam R$ 20,00. Há também de couro que
podem ultrapassar os R$ 90,00.
Na Caipira Country, por exemplo, as botas que podem
ser de pelica mais fina, couro de boi, de cobra e até de
arraia, que são para todos os gostos e bolsos, podem ul-
trapassar R$ 1.000.
Quanto às moças que não são de tradição familiar do
segmento de rodeios, vaquejadas, pecuaristas e se ca-
sam com homens desse ramo, segundo Kerlriane Lon-
go, são denominadas de “Fora de Eixo”. Em relação
ao visual e comportamento, ela percebe muito bem
outro estilo: As “Breteiras”, são mais ousadas, estão
sempre em busca de fisgar um peão, conhecidas tam-
bém na versão “Fura Olho”, que em geral nem sempre
conseguem investir tanto na moda country como as
originais cowgirls.
» rodEIo
Participaram mais de 60 peões no rodeio, que contou
com toda infraestrutura da companhia Pedro Arruda de
Rodeios. Foi o quarto ano consecutivo que a companhia
montou todos os equipamentos da Expoagro no quesito
rodeio. "A nossa experiência conta muito e nos sentimos
realizados em oferecer o melhor da área para o povo do
Amazonas", disse Pedro Arruda responsável geral dos
equipamentos, pessoas e animais do rodeio.
BACAlhAu dA AmAzônIA
O "Bacalhau da Amazônia" é feito a partir do processa-
mento do pirarucu, oriundo da Reserva de Desenvolvi-
mento Sustentável (RDS) de Mamirauá (a 635 quilôme-
tros de Manaus), onde já foi inaugurada uma agroindús-
tria. Lançado durante a Expoagro o "Bacalhau da Amazô-
» Durante os dias de rodeio a população lotou as arquibancadas da arena
» O cinto é um dos adereços mais cobiçados do mercado
Floresta Brasil Amazônia - DEZ 2011 / JAN 2012 | 15
nia " já pode fazer parte da ceia de natal. De acordo com
o secretério da Sepror, Eron Bezerra, o preço agrada a to-
dos e, principalmente quem não podia comprar o tradi-
cional bacalhau. “O quilo do Bacalhau da Amazônia deve
custar entre R$ 35,00 e 45,00. O consumidor também
poderá encontrar o produto nas redes de supermercado
locais e no feirão da Sepror”, avaliou ainda que poderá
ser comercializado pelo grupo Pão de Açúcar – maior em-
presa varejista do Brasil, o qual pode ir para distribuição
no resto do Brasil.
» A VIdA dE TIão proCópIo
Responsável direto pela difusão do rodeio em touros no
Brasil, Sebatião Procópio Ribeiro, mais conhecido como
Tião Procópio, foi criado em uma fazenda, em São José
do Rio Preto, São Paulo. Tímido declarado relata que
a família inteira sempre trabalhou com bois, cavalos,
e que é fruto desse meio. “No Estado de São Paulo e
em todo o Sudeste, o rodeio tem muita estrutura, e o
meu pai, juntamente com o meu avô, ajudou a fundar
o primeiro rodeio de Barretos, há aproximadamente 57
anos”, pontuou.
Casado, com duas filhas, Tião conheceu Manaus pela
primeira vez em 2002, a convite do presidente da Agên-
cia de Desenvolvimento Sustentável (ADS), Valdelino
Cavalcante, e descreve que na época, nunca tinha acon-
tecido um rodeio na capital. “O primeiro ano que nós
fizemos rodeio em Manaus a Expoagro estava total-
mente sem estrutura. Depois voltei, montei um projeto
e conseguimos organizar o primeiro rodeio. Trouxemos
a boidada, peões e estrutura de rodeio do Pará, Mato
Grosso e São Paulo”, disse.
Tião Procópio trouxe a modalidade dos EUA para o
país no início da década de 80. Foi neste período que
competiu nos rodeios em diversos Estados Americanos,
participando, inclusive, do mais antigo e tradicional
campeonato de rodeio do mundo: PRCA (Professional
Rodeo Cowboys Association). Experiência que deu a Tião
o título de campeão de Barretos em 1980. Montou em
touros por dez anos. Foi um dos primeiros a formar uma
boiada e exerceu a função de tropeiro por uma década.
Atua como juiz há oito anos nos melhores rodeios e
circuitos do país e do mundo. É tri-campeão do prêmio
Arena de Ouro como melhor juiz.
» Janete Fernandes presidente da Abrasel, com o secretário Eron Bezerra, no lançamento gourmet do Bacalhau da Amazônia
» Tião Procópio foi o juiz do rodeio
» Os peões pedem a proteção divina antes do espetáculo
16 | DEZ 2011 / JAN 2012 - Floresta Brasil Amazônia
Expoagro
Segundo Tião, a vontade de montar em bois veio do san-
gue. “Eu fui para os Estados Unidos em 1980, não tinha
rodeio de touro aqui ainda e eu sabia que lá tinha. Parti-
cipei de um curso de três dias na Califórnia, fizeram um
teste comigo para ver se eu tinha condições de participar
do rodeio deles. Tive que comprar todo o equipamento
lá, esporas, cordas e luvas. Acabei sendo campeão da es-
cola”, relatou.
Tião foi então para o Colorado Springs, para receber a
carteirinha de profissional e poder participar dos rodeios,
com 19 anos, permanecendo por seis meses. Voltou ao
Brasil em 1982 ganhando vários rodeios.
» ACIdEnTES
O primeiro acidente de Tião aconteceu no mesmo ano,
onde se classificou para uma final, se enroscou no tou-
ro, causando uma luxação no ombro. Em 1986 voltou ao
Brasil durante um rodeio em Barretos, levou um coice do
touro, teve uma fratura externa na clavícula e uma fratura
na costela que perfurou pulmão. “Quase morri, fiquei um
ano parado, depois voltei, mas tive que colocar pino no jo-
elho. Quando tinha 9 anos caí do cavalo e quebrei o crânio,
mas nunca pensei em parar, fui forçado a dar um tempo
por causa do ombro, que a qualquer movimento brusco,
luxava”, disse.
Com a sua própria boiada, Tião começou a julgar os ro-
deios porque percebeu que estava faltando gente que
entendesse do assunto. Ele realizou diversos cursos com
os americanos e se aprofundou no assunto, nas regras,
tipo de pulo do touro ou do cavalo, para poder avaliar a
montagem.
» noVElA
Uma vida com tantas histórias chamou a atenção de Glória
Perez e, sua vida serviu de inspiração para a autora criar o
personagem Tião, de América, novela da Rede Globo, que
foi ao ar no ano de 2005.
Tião conta que Glória foi em Barretos dois anos antes de co-
meçar a escrever a novela e ouviu sua história. Depois, foram
vários encontros em São Paulo e Rio de Janeiro. “A novela
não foi 100% a minha vida, a história é escrita de acordo com
a audiência, por isso saiu um pouco da realidade. Eu partici-
pei de alguns capítulos, e era bem interessante me ver ali
(risos). Depois eu fui vendo que não tinha muito a ver e me
desiludi ainda mais com novelas, nunca mais assisti”, citou.
Mesmo assim, Tião afirma que a experiência trouxe mui-
tos benefícios. “Fiquei um pouco mais conhecido, e ganhei
muitas amizades. O Murilo Benicio veio fazer um estudo co-
nosco, ficou uma semana na minha casa, ele é gente boa”,
completa.
» InVESTImEnToS
Tião conclui que atualmente o Brasil possui os melhores
competidores do mundo, mas o que deixa um pouco a
» Tradicional rito religioso antes do rodeio
» Alunos durante o curso sobre montaria e prevenção de acidentes
Floresta Brasil Amazônia - DEZ 2011 / JAN 2012 | 17
desejar é a profissionalização, seguindo o exemplo do Es-
tados Unidos, que possui a liga e montadores profissionais
de touro, e no Amazonas o que falta é incentivo. “Eu dei,
há alguns meses, um curso em Santo Antônio do Matupi
(distrito de Manicoré). E eu já fiquei sabendo que os me-
ninos que participaram das aulas comigo estão ganhando
muitos prêmios, então, a tendência é melhorar”, pontuou.
» TIão proCópIo rEAlIzou CurSo dE monTArIA
Este ano Tião Procópio ministrou o curso de Montaria e
Prevenção de Acidentes a convite do Sistema Nacional
de Aprendizagem Rural (Senar). Compartilhando seus
inúmeros títulos de campeão e sua experiência durante
três dias de teoria e prática.
Para Tião, o posicionamento na montaria é o que atrapa-
lha o bom desempenho dos peões. “São 8 segundos, as
pessoas acham pouco, mas para quem está ali em cima é
uma eternidade. Tem que procurar fazer tudo certo, para
sair tudo bem no final”, disse.
Para realizar uma excelente montaria alguns materiais
são necessários. Como a corda americana, que é trança-
da e toda trabalhada, tem um couro na parte em que é
colocada a mão e ela fica mais aderente. Essa técnica foi
introduzida no Brasil pelo Tião que ao realizar um curso
de montaria nos Estados Unidos percebeu que a utiliza-
ção dessa corda facilitava a montaria.
A luva, o colete, o chapéu, a bota, o cinto, a camisa de
manga cumprida, também fazem parte dos equipamen-
tos de montaria, além do breu usado para dar aderência,
a espora que é utilizada pra ajudar o peão a montar e fi-
car mais tempo em cima do touro, não pode ser pontia-
guda, é proibido o uso de material perfurocortante, ela
é parecida com uma moeda e não machuca o touro, e o
capacete que não é obrigatório.
» moVImEnTo CorrETo
Muitos participantes perguntaram sobre o movimento
correto, Tião Procópio falou: “a montaria começa dentro
do “brete”, o local onde o peão se prepara para a saída, na
largada o peão precisa sair com o melhor posicionamento,
pra dar continuidade e fazer uma boa montaria”. Ele explica
que é preciso apertar a corda bem forte, no meio do touro,
e usar equilíbrio e força, procurar ficar bem centralizado, se
o touro girar para direita ou esquerda tem que acompanhar
e voltar a centralizar, manter o queixo no peito para olhar o
touro, e sempre fazendo o “pêndulo”.
“O Pêndulo é o movimento ideal que proporciona a boa
montaria, se o touro sobe com a frente o peão tem que es-
tar posicionado na frente, se levantar a parte traseira tem
que se posicionar atrás, fazendo um pêndulo, nunca pode
atrasar, tem que estar sempre junto”, salientou Tião.
» mElIponICulTurA
A Meliponicultura ou criação racional de abelhas nativas,
em particular das abelhas-sem-ferrão se apresenta como
uma atividade simples de ser replicada e fácil de ser ado-
tada para que gere uma alternativa de renda. Especialista
em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia,
Davi Grijó Cavalcante, há 11 anos trabalha com abelhas, e
fala que as pessoas ainda têm muito a ideia de abelha com
ferrão, “quando você fala em abelha é essa ideia que exis-
te, então é preciso ainda um trabalho para repassar infor-
mações”, declarou Davi.
“O rodeio é como qualquer outro esporte, é preciso ter um pouco de dom, não é qualquer um que consegue, é preciso treinar muito”.
Tião Procópio, Juiz do rodeio da Expoagro 2011[
» Ensinamentos de como melhorar a Meliponicultura no Estado foi ministrado durante a Feira
18 | DEZ 2011 / JAN 2012 - Floresta Brasil Amazônia
Expoagro
Na maioria das vezes se prioriza espécies de fora, que
possuem ferrão, as do gênero Apis mellifera que atuam
na polinização ajudando a agricultura, na produção de
mel, geleia real, cera, própolis e pólen. Elas têm uma boa
produção, mas não têm a adaptabilidade que a abelha
nativa tem. São conhecidas cerca de vinte mil espécies
diferentes. Davi garante que essa produção e seus deri-
vados ainda vai alcançar voos altos. “Ainda temos muito a
explorar, das abelhas hoje em dia a gente já consegue ter
um nível de produção razoável de 5 mil abelhas nativas”,
informou.
Ana Sheila, 41, é finalista do curso de Engenharia flores-
tal no Instituto Federal do Amazonas, assistiu às pales-
tras de Meliponicultura e de Lavoura, Pecuária e Floresta.
Destacou a importância de participar enquanto finalista
do curso de Florestal. “A gente percebe a importância do
manejo, que não está atrelada apenas a floresta, quando
você atua com outro produto, no cultivo de abelhas, por
exemplo, quando se tem uma criação, às vezes o produ-
tor não tem preocupação com cada fase desse produto,
não há um manuseio diferente e para agregar valor ao
produto, é importante obter conhecimento para não
perder produtos pela falta de cuidado, tanto no cultivo,
como na fase final”, disse.
» AVICulTurA CAIpIrA
Carlos Modestino há 28 anos trabalha com avicultura. Du-
rante o curso abordou sobre as vantagens da galinha caipi-
ra melhorada sobre a criação de aves de corte comercial. O
Amazonas não tem como competir com as fábricas do Sul
do país, em função da matéria prima, a produção de grão,
o abatimento, o evisceramento e o congelamento que tor-
nam o valor do produto mais elevado, por não serem en-
contrados aqui na região.
Em função dessa desigualdade na competitividade de pre-
ços, fecharam-se as portas da avicultura comercial, surgin-
do a alternativa da avicultura caipira melhorada, “e essa
alternativa foi a salvação da região. Você pode criar o fran-
go com um custo mais barato e vender por um preço mais
elevado, com uma margem de lucro de 100%, é a febre do
momento”, disse Carlos.
A ração do frango caipira é a mesma do frango comercial.
Mesmo sendo uma ave mais rústica, com crescimento pre-
coce, existiam aquelas de fundo de quintal, que tinham um
crescimento tardio, para atingirem o peso de 1.800 kg leva-
vam 12 meses, enquanto que as caipiras melhoradas estão
pesando 3.200 kg em 79 dias. “Olha a diferença, isso é tec-
nologia, é ciência”, destacou Carlos.
» A "largada" é a parte mais perigosa do rodeio
Floresta Brasil Amazônia - DEZ 2011 / JAN 2012 | 19
» SorrISo no mEIo dA ArEnA
Ele logo se destaca no meio da multidão. Tem a
grande missão de animar crianças e adultos, além
de servir de distração para os ferozes touros do
rodeio. Com seu rosto pintado de forma bem
singular, Valdeci Aparecido, o palhaço Charlie
Chaplin, entra na arena no momento da oração,
com a imagem de Nossa Senhora de Aparecida
nas mãos, iniciando o que promete ser um dos
rodeios mais difíceis dos seus 19 anos de carreira.
“Este é um momento complicado e muito emo-
cionante pra mim. Meu irmão, palhaço, e grande
parceiro de rodeios faleceu há quatro dias, e este
vai ser o primeiro rodeio que vou olhar para o
lado e ele não vai estar ali. Mas com certeza o riso
não pode parar”, afirmou Chaplin, tentando segu-
rar as lágrimas que brotavam de seus olhos, mas
fazendo questão de logo desfazer a cara de choro
e arrancar o sorriso de uma criança que passava
no colo de seu pai. Para ele, apesar de todo peri-
go e do coração dilacerado pela recente perda do
irmão, o momento de estar dentro da arena era
ansiosamente aguardado.
“Parece brincadeira, mas não é. Os touros são
muito perigosos, mas nós palhaços somos movi-
dos por esta emoção. É o que faz o nosso coração
bater mais forte, quando distraímos o touro para
o peão ter tempo de sair ou arrancamos aplausos
e risadas do público.
O fator principal que impulsiona esse crescimento ace-
lerado é a ração balanceada à base de milho, elemento
energético, soja, proteína de origem vegetal, farinha de
carne e osso, proteína de origem animal, calcário calcifi-
co, cálcio para fortalecer a carcaça do animal, tem ainda
o sal, mineral essencial e as vitaminas, nesse processo
existe também o semi-confinamento, quando o animal é
liberado para comer outras coisas como restos de frutas
e hortaliças, e isso permite ao pequeno produtor econo-
mizar com ração.
Dona Maria do Carmo é uma produtora que começou
criando de maneira meio empírica, e ela resolveu buscar
informações, conhecer um pouco mais sobre a criação de
galinhas e aprendeu a trabalhar com a avicultura caipira,
e hoje em dia ela possui seis galpões de galinha caipira
melhorada e uma fábrica de ração própria, a renda men-
sal chega a R$ 12 mil.
» InSEmInAção ArTIFICIAl Em SuínoS
Davi Anderson Tamborini é médico veterinário, e há 8
anos trabalha com suínos atendendo os produtores ru-
rais. A técnica da inseminação aqui no Amazonas ainda é
vista como novidade, apesar de ser utilizada há bastante
tempo. Para obter êxito é necessário que o produtor já
possua um plantel formado e com uma genética boa.
Em sua palestra, o médico veterinário repassou algumas
informações importantes à cerca de quando utilizar a
técnica. Para ele, o fator principal é a inserção de uma ge-
nética forte na produção ou quando se tem um número
alto de matrizes (fêmeas parideiras), que já estão prontas
para gerar filhotes.
» TIpoS dE InSEmInAção
A inseminação em suínos se torna mais barata. A mais
comum é a inseminação com sêmen à fresco, onde é co-
letado o sêmen de um reprodutor na granja e através do
processo de diluição pode transformar essa única coleta
em várias doses para inseminar várias matrizes . Existem
outros tipos, o chamado sêmen refrigerado, onde o pro-
dutor pode adquirir o sêmen em outros Estados, e existe
o tipo de inseminação com sêmen congelado que tem
ilimitada capacidade de conservação. ■
20 | DEZ 2011 / JAN 2012 - Floresta Brasil Amazônia
Entrevista
lÚCIo gArdInoreportagem e FoToS: Diárcara Ribeiro
F oi inaugurado no município de Boca do Acre, o
Sindicato Rural Patronal do município. A cidade
que está frequentemente nos noticiários quando
se refere à criação de bovinos no Estado se mostra atenta
as normas ambientais. Conversamos com o secretário de
Meio Ambiente e presidente do Sindicato Patronal Rural,
Ildo Lúcio Gardingo, 35, pecuarista desde 2000. Veio do
Estado de Minas Gerais para a região, atualmente possui
um rebanho com 650 cabeças de bovinos da raça Nelore.
Durante a solenidade de inauguração estiveram presen-
tes diversos pecuaristas, o Secretário Estadual das Opor-
tunidades de Tocantins, Omar Hennemann, diretores da
Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Ama-
zonas (Faea), e do Serviço Nacional de Aprendizagem Ru-
ral (Senar) e a prefeita Maria das Dores.
: Atualmente o Sindicato Rural patro-
nal do município de Boca do Acre conta com quantos
associados?
Lúcio Gardino: Inicialmente estamos com 52 associa-
dos. De acordo com a Secretaria de Produção Rural
(Sepror) e do Instituto de Desenvolvimento Agrope-
cuário e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas
(Idam), a quantidade do município com o sul de Lábrea
é de 1.364 produtores rurais. Almejamos no mínimo
alcançar 60% deles.
FB: Como o senhor avalia a inauguração do Sindicato,
com uma sala para o programa de Inclusão Digital?
LG: A inauguração do Sindicato já é um fato que fortalece
a classe, nosso trabalho é fazer com que ele tenha uma
lÚCIo gArdInoSECRETÁRIO DE MEIO AMBIENTE E PRESIDENTE DO SINDICATO PATRONAL RURAL DE BOCA DO ACRE FALA SOBRE A SITUAçãO DOS PECUARISTAS[ ]
Floresta Brasil Amazônia - DEZ 2011 / JAN 2012 | 21
força e expressão dentro do Estado. Queremos trabalhar
juntos de uma forma integrada, trazendo os produtores
para a legalidade do setor, que é sindicalizar essas pes-
soas. Nós temos 49 pessoas inscritas para fazer o curso,
essa demanda vai crescer, pois vamos atender os produ-
tores em três turnos. Favorecendo assim quem não pode
estudar durante o dia.
FB: Quais são as atividades que o Sindicato vai desen-
volver?
LG: A primeira meta do Sindicato é fazer associados.
Vamos trabalhar junto com o Serviço Nacional de
Aprendizagem Rural (Senar) nos cursos de capaci-
tações. Não só para os homens, porque o Senar tem
cursos voltados para as mulheres também. Queremos
ligar a produção com preservação, capacitando quem
vive no campo.
FB: Como presidente representando os produtores
na região, quais são as dificuldades encontradas pe-
los pecuaristas?
LG: A principal dificuldade é a questão fundiária e a ques-
tão ambiental. Porque não tem documento para se licen-
ciar ambientalmente. Assim, o produtor não consegue
fazer financiamento. Se nós brasileiros conseguirmos re-
solver essa situação o caminho vai estar aberto para pro-
duzir, preservar e proporcionar uma qualidade de vida
melhor para o produtor rural.
FB: O município está participando do Cadastro Am-
biental Rural (CAR)? Quando foi aderido e quantas
propriedades rurais já foram cadastradas?
LG: O cadastro tem como objetivo promover a regulariza-
ção ambiental das propriedades, já foi aderido há quatro
meses aqui no município, mas sofreu alteração por causa
da área de zoneamento ecológico. Cerca de 100 proprie-
dades já estão cadastradas no Cadastro Ambiental Rural
(CAR). Esse número é até um pouco baixo, porque ainda
tem o trâmite do Código Florestal.
FB: Há recuperação das áreas desmatadas, como tam-
bém a prevenção ambiental são pautas do Sindicato?
LG: Na Secretaria de Meio Ambiente, estamos acom-
panhando o zoneamento nas propriedades rurais.
Estamos ajudando os produtores a virem para a lega-
lidade. ■
NA SECRETARIA DE MEIO AMBIENTE,
ESTAMOS ACOMPANHANDO O
ZONEAMENTO NAS PROPRIEDADES RURAIS.
ESTAMOS AJUDANDO OS PRODUTORES
A VIREM PARA A LEGALIDADE.
A INAUGURAçãO DO SINDICATO
JÁ É UM FATO QUE FORTALECE A
CLASSE, NOSSO TRABALHO É FAZER
COM QUE ELE TENHA UMA FORçA
E EXPRESSãO DENTRO DO ESTADO.
22 | DEZ 2011 / JAN 2012 - Floresta Brasil Amazônia
Premiação
A festa do setor rural do Estado do Amazonas acon-
teceu no dia 21 de setembro. Na ocasião da 14ª
edição da Medalha da Ordem do Mérito Agrope-
cuário, destinada aos empreendedores rurais que mais se
destacaram nas categorias: Agricultor, Agroindustrial, e
Pecuarista. A menção honrosa foi concedida pela Federa-
ção de Agricultura e Pecuária do Amazonas e pelo Serviço
Nacional de Aprendizagem Rural (Faea/Senar). Na soleni-
dade também foi assinado um termo de cooperação com
a Secretaria de Desenvolvimento Sustentável (SDS), com
objetivo de evitar a abertura de novas áreas de desmata-
mento e recuperar áreas degradadas.
A cerimonia ocorreu no Dulcila Buffet, na Estrada da Ponta
Negra, estiveram presentes autoridades, pecuaristas e
políticos locais. Desde quando foi criada em 1995,
já foram premiadas mais de 70 pessoas. De acordo
com o presidente do Sistema Faea/Senar- AM, Muni
Lourenço, a iniciativa é o reconhecimento do trabalho
14ª EDIçãO DA mEdAlhA DA ORDEM do mérITo AgropECuárIo
rEporTAgEm: Diárcara Ribeiro FoToS: Matias Oliveira
RECEBERAM A MEDALHA OS EMPREENDEDORES QUE MAIS SE DESTACARAM EM TRêS CATEGORIAS: AGRICULTOR, AGROINDUSTRIAL, E PECUARISTA [ ]
» Presidente Muni Lourenço durante a abertura da premiação discorreu sobre os trabalhos realizados pelos homenageados
» Robson Marmentini com a família e o amigo Edimar Vizolli
Floresta Brasil Amazônia - DEZ 2011 / JAN 2012 | 23
desenvolvido pelos empreendedores rurais, servindo
também como incentivo. “É feita uma seleção pela
mesa diretora da Federação considerando a trajetória
de cada um deles. A iniciativa é importante para dar
visibilidade do empreendedor de sucesso, para que
os governantes cada vez mais considerem o setor
agropecuário uma alternativa econômica real para
o desenvolvimento do interior do Estado em bases
sustentáveis”, ressalta.
Quem recebeu a Medalha da Ordem do Mérito na cate-
goria Agricultor foi Paulo Sérgio Santana, considerado
um dos maiores produtores de laranja do Estado. Segun-
do o citricultor a propriedade gera 76 empregos diretos
e possui 76 mil pés de laranja, diariamente são retirados
cerca de 100 mil unidades. “Sinto-me com orgulho, acre-
ditei e consegui realizar um bom trabalho”, disse Paulo
Sérgio Santana.
Na categoria Agroindustrial, Celso Scherer recebeu a
homenagem pelo trabalho desenvolvido na região de
Maués. O empresário é formado em Veterinária pela
Universidade do Paraná e investe no município de Maués
com a Usina São João, produzindo derivados da cana-de-
açúcar. A rapadurinha produzida pela agroindústria é
vendida para o Programa de Regionalização da Merenda
Escolar (Preme) do Estado, a empresa entrega uma vez
por semana caldo de cana para as escolas do município,
onde a usina está instalada.
O pecuarista Robson Ávila Marmentini também rece-
beu o prêmio. Ele se destaca pela criação de bovinos
com genética apurada, investimento no melhoramen-
to do rebanho no município de Apuí, no sul do Estado,
além de fornecer animais para outras cidades. “Estou
muito contente pelo reconhecimento, é minha pri-
meira homenagem. O Amazonas não tem como cultu-
ra a pecuária, mas estamos fazendo um trabalho mui-
to bom. Nosso gado está evoluindo geneticamente”,
o pecuarista ofereceu o prêmio à família.
A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embra-
pa) da Amazônia Ocidental representada pelo pesqui-
sador Luiz Marcelo Brum Rossi, recebeu, em nome da
instituição de pesquisa, a Menção Honrosa Dr. Eurípedes
Ferreira Lins. ■
» dESmATAmEnTo
Um estudo feito pelo Instituto Nacional de Pesqui-
sas da Amazônia (Inpe), Embrapa e o Ministério do
Meio Ambiente, de Ciência e Tecnologia, mapeou
o desmatamento da região até o ano de 2008. Esse
levantamento serviu para que a Faea e a Secretaria
de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento
Sustentável (SDS), firmassem um acordo para conter
o desmatamento e utilizar da melhor forma o pasto
em especial para a pecuária.
De acordo com a Secretária da SDS, Nádia Ferreira,
esse compromisso promoverá mais incentivos a novas
tecnologias e atividades educativas, incorpora novos
conhecimentos da Embrapa. “Assinamos um termo
com o compromisso de não abrir novas frentes de pas-
tagens. Ou seja, com a área que nós temos é possível
ampliar a produtividade mantendo as áreas que já está
aberta. Aqui se sela um compromisso Federação e Go-
verno de criar ações estratégicas”, afirma.
O presidente do Sistema Faea/Senar-AM, Muni Lou-
renço destacou que o acordo firmado “é uma demons-
tração que o segmento o agropecuário do Estado está
disposto a produzir de forma sustentável, praticar mo-
delos para utilizar menos áreas e não desmatar mais.
Vamos desenvolver ações conjuntas”, disse.
» dAdoS
A pastagem para a pecuária atualmente soma 0,67%
(10.482,96 km2) do território estadual, evitando a aber-
tura de novas áreas para pecuária e recuperando pasto
com solo exposto (0,87 km2), pasto sujo (1.683,37 km2),
e do pasto com regeneração natural (2.200,51km2) que
somam 37% do total de pasto (3.884,75km2).
24 | DEZ 2011 / JAN 2012 - Floresta Brasil Amazônia
Embalagem
A s embalagens vazias de agrotóxico representam
perigo de contaminação para o agricultor quando
manuseadas de forma errada e para o meio am-
biente onde será depositada. Por esse motivo é obrigatória
sua devolução para os postos de recolhimento. Proteja a
vida entregando as embalagens.
Em Manaus existe a Associação dos Revendedores de Agro-
tóxicos do Amazonas - Aram, formada por lojistas preocu-
pados com a saúde do homem do campo e com a nature-
za. No Estado do Amazonas existem mais de 40 lojas que
revendem esses produtos, mas apenas 12 fazem parte da
associação que foi criada em 2007. A central está localizada
no Distrito Industrial II, próximo ao Puraquequara.
De acordo com a gerente da Aram, Joice Oliveira Lima, 38,
alguns produtores preferem não entregar as embalagens,
ou por falta de conhecimento ou pela logística, outros le-
vam direto para a central. “Alguns produtores entregam as
embalagens diretamente aqui no posto de recebimento,
mas temos as lojas na cidade que fazem o recolhimento,
basta a pessoa entregar onde comprou”, avalia.
O material recebido é selecionado de acordo com as ca-
racterísticas, separado e prensado. Eles serão enviados
para o Instituto Nacional de Processamento de Embala-
gens Vazias (Inpev). Que possui matriz no Estado de São
Paulo, conta 421 unidades de recebimento no Brasil, sen-
do 308 postos e 113 centrais.
DEVOLVA A EmBAlAgEm DE AgroTóxICo E proTEJA A VIdA
rEporTAgEm: Diárcara Ribeiro FoToS: JJ Soares
COM UMA INICIATIVA SIMPLES O AGRICULTOR PODE SE PROTEGER DE UMA CONTAMINAçãO E AO MESMO TEMPO PRESERVAR O MEIO AMBIENTE. é Só ENTREGAR AS EMBALAGENS VAZIAS DE AGROTóXICO NOS LOCAIS DE RECOLHIMENTO DA SUA CIDADE[ ]
Floresta Brasil Amazônia - DEZ 2011 / JAN 2012 | 25
O Instituto recebeu de todo o país em 2007, 21.129 to-
neladas de embalagens e em 2010, 31.266 toneladas. O
que representa que os produtores estão cada vez mais
conscientes, avalia Joice Lima.
Segundo a gerente, o Brasil é considerado campeão de
recolhimento de embalagens de agrotóxicos. No Amazo-
nas a Aram está promovendo palestras em escolas para
conscientizar as crianças sobre a importância da devolu-
ção. “A ideia é que elas sejam multiplicadoras, e passem
essa informação para os pais”, avalia a ação promovida na
data do Dia Nacional do Campo Limpo.
Para o presidente da Aram, Augusto Salla, o posto de
recolhimento tem capacidade de receber mais material,
o que está faltando é a conscientização de quanto é im-
portante dar um destino certo para as embalagens.
» o quE dIz A lEI
O site do Inpev cita a Lei Federal nº 9.974/2000 e o De-
creto Federal nº 4.074/2002, que tratam de cada elo
da cadeia produtiva agrícola (agricultores, fabricantes,
canais de distribuição e poder público), responsabili-
dades que possibilitam o funcionamento do Sistema
Campo Limpo (logística reversa de embalagens vazias
de agrotóxicos).
» dESTIno FInAl
As embalagens que não podem ser aproveitas são inci-
neradas, o resto é transformado em acessórios como: su-
porte para sinalização rodoviária, cruzeta de poste, caixa
para descarga, caixa para massa de cimento, caixa para
bateria automotiva, roda plástica para carriola, embala-
gem para óleo lubrificante, caixa de passagem para fios
e cabos elétricos, conduíte carrugado e duto carrugado.
» InTErIor InAugurA poSTo dE rEColhImEnTo
Foi inaugurado no município de Rio Preto da Eva um pos-
to de recolhimento de embalagem vazia de agrotóxico,
que está funcionando na propriedade do Idam com a
Comissão Executiva de Defesa Sanitária Animal e Vegetal
(Codesav). O posto tem capacidade para receber até cin-
co toneladas que serão trazidas para Manaus.
A ideia é que esta iniciativa se repita em outros municí-
pios, principalmente na região metropolitana de Manaus,
disse o secretário de Estado da Produção Rural, Eron Be-
zerra. “A ideia é fortalecer em torno de Manaus como
Itacoatiara, Manacapuru, entre outros municípios, onde
temos produção de alimento significativa. Dessa forma,
nós asseguramos a vida das pessoas e também garanti-
mos a preservação ambiental”, afirmou. ■
» Augusto Salla ressalta a importância da devolução das embalagens.
» A gerente Joice Lima e funcionário na Central de recebimento, que funciona durante a semana em horário comercial
26 | DEZ 2011 / JAN 2012 - Floresta Brasil Amazônia
Brasjuta
A CADEIA PRODUTIVA DA JUTA E DA MALVA ESTÁ FORTALECIDA COM O SUBSíDIO PARA GARANTIR PREçO DE VENDA AOS PRODUTORES, DISTRIBUIçãO DE SEMENTES PARA O PLANTIO, ASSOCIAçãO E COOPERATIVAS ATé O PRODUTO FINAL[ ]
rEporTAgEm: Laila Pereira FoToS: Sérgio Oliveira
BrASJuTA MARCA RETOMADA DA IndÚSTrIA dE FIBrAS nATurAIS NO AmAzonAS
Floresta Brasil Amazônia - DEZ 2011 / JAN 2012 | 27
N o inicio de novembro foi inaugurada, no Polo
Industrial de Manaus (PIM), a maior indústria de
beneficiamento de juta e malva, do Estado do
Amazonas: a BrasJuta, que consome, por mês, 500 tonela-
das de fibras, a qual devem ser ampliadas com o aumento
gradativo da produção nos próximos meses.
É uma parceria público-privada, que envolve o Governo do
Estado, por meio da Agência de Fomento do Amazonas
(Afeam) e o grupo do empresário Mário Guerreiro. O inves-
timento na fábrica foi de R$ 30 milhões, sendo R$ 13,5 mi-
lhões da Afeam e os outros R$ 16,5 milhões do empresário.
Para Mário Guerreiro a BrasJuta é saída da mesmice, é a
chance de impulsionar a malva e a juta como produtos
importantes na economia do Amazonas. A Brasjuta ini-
ciou, há três meses, a fase piloto de produção de bene-
ficiamento de juta e malva. Trabalham diretamente na
fábrica 208 funcionários, mas a expectativa é que esse
número aumente gradativamente. Além desses, os pro-
dutores de todo o Estado que fornecem a fibra para a
indústria também são beneficiados.
» CulTIVo
A juta é uma fibra têxtil vegetal que pode alcançar uma
altura de até 4 metros. O plantio deve ser feito em locais
em climas úmidos e tropicais. De acordo com o diretor da
Afeam, Pedro Falabella, o Estado distribui as sementes para
os produtores do interior, que semeiam quando as águas
dos rios começam a descer, três meses depois o produtor
vai cortar e deixar de molho durante sete dias”.
O processo para a retirada da fibra é feito de maneira
manual. Cerca de quatro meses depois do plantio, as ár-
vores precisam ser cortadas rente ao solo por meio de
foices, o que exige força dos trabalhadores. A fibra útil
está entre a casca e o talo interno, antes de ser encami-
nhada para a indústria precisa passar por um processo de
enxague e secagem.
» A separação é fundamental no processo de fabricação das sacarias
» A inauguração da fábrica contou com a presença do governador Omar Aziz, Pedro Falabella e Eron Bezerra
» Trabalham na empresa 208 funcionários
» Visita do empresário as instalações da fábrica
28 | DEZ 2011 / JAN 2012 - Floresta Brasil Amazônia
Brasjuta
» CopErJuTA
A produção é abastecida com o cultivo de juta
e malva do interior do Estado. De acordo com a
Afeam, a produção de maior expressão dessas fi -
bras é nos municípios de Iranduba, Manacapuru,
Codajás e outros. Só o município de Manacapuru,
distante cerca de 80 Km de Manaus, é responsá-
vel por mais da metade da produção do Estado.
A Cooperjuta é uma das cooperativas que fi cam no
município e reúne os produtores da área. Ela está
legalizada há apenas três meses, mas já possui
45 associados. De acordo com a representante
da Cooperjuta, Verônica Mesquita, mais de 100
famílias já foram benefi ciadas e a cooperativa já
fi rmou parceria com a Brasjuta para fornecer a
matéria-prima. Quando chega na Brasjuta, a malva
e a juta são processadas industrialmente para
produção de telas e sacarias.
» produção dE SEmEnTES
De acordo com o governador do Amazonas, Omar Aziz,
hoje a produção é pouco mais de 10 mil toneladas por
ano, e só a Brasjuta vai necessitar de quase 6 mil tonela-
das por ano para que seja possível produzir em grande
escala. Atualmente a matéria-prima é importada, princi-
palmente do Estado do Pará, em razão do Amazonas não
suprir as necessidades.
“Estamos distribuindo as sementes, fi nanciando o
produtor e mesmo assim é preciso fazer mais. Há seis
meses determinei que a Secretária de Produção Rural
(Sepror) encontrasse um lugar no interior do Estado
para produzir semente de juta e de malva. Nós temos
condições e capacidade para produzir essas sementes”,
afi rmou Omar Aziz.
Uma área no município de Itacoatiara, distante mais de
200 Km de Manaus, está sendo estudada para que seja
possível produzir as sementes. O investimento no inte-
rior permitirá que o Amazonas se torne auto-sufi ciente
na produção de juta e malva. ■
» Com maquinários importados e em plena produção , a matéria prima também vai ser importada do Pará
» Governador Omar Aziz confere o estoque de fibras
30 | DEZ 2011 / JAN 2012 - Floresta Brasil Amazônia
Maués
O quE mAuéS TEM dE mElhor
rEporTAgEm: Diárcara Ribeiro e Marcello de Paulo FoToS: JJ Soares
CONHECIDA COMO A TERRA DA LONGEVIDADE E DO GUARANÁ, O MUNICíPIO DE MAUéS TRABALHA NA REVITALIZAçãO DO SETOR PRIMÁRIO[ ]
Floresta Brasil Amazônia - DEZ 2011 / JAN 2012 | 31
O ribeirinho João Rocha se destaca pela vitalida-
de e longevidade. Com 102 anos trabalha no
roçado e toma o guaraná mais de uma vez ao
dia. Onde estaria a tão sonhada fonte da juventude?
João Rocha não pensa muito ao responder: “acho que
está na alimentação”. Trabalhando com o cultivo dos
400 pés de guaraná e algumas verduras e a tradicional
mandioca, mora no interior do município de Maués, loca-
lizado a 267 Km da capital Manaus. Casado com Zenaide
da Gama Gomes, 72 anos, tiveram 13 filhos, a família é
composta por 38 netos e 3 bisnetos.
Um estudo está sendo desenvolvido pelo médico e di-
retor da Universidade Aberta da Terceira Idade (UnATI)
da Universidade do Estado do Amazonas, Euler Ribeiro,
sobre as possíveis causas da longevidade na região, entre
as análises está a dieta natural dos ribeirinhos. Segundo
o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a
cidade possui 52.236 habitantes, e o índice de pessoas
acima de 80 anos na cidade é de 1% enquanto que a mé-
dia no Brasil é de 0,5%. Há muitos moradores com idades
entre 80 e 100 anos.
Personagens como o senhor Joao Rocha e sua família,
moram cercados por rios e lagos, muitas vezes de difícil
acesso. A prefeitura de Maués dividiu os moradores ribei-
rinhos em 12 polos, o que corresponde a 220 comunida-
des rurais, com o objetivo de mapear a área oferecendo
um melhor atendimento à população. No mês de novem-
bro a cadeia produtiva do município ganhou vários incen-
tivos como novas casas de farinha, ovinos Puro Sangue,
horta e casas novas. No total, o projeto de revitalização
da cadeia produtiva e desenvolvimento agropecuário ru-
ral beneficiou cerca de 3.000 famílias.
» Seu João Rocha com 102 anos e a esposa Zenaide Gomes
32 | DEZ 2011 / JAN 2012 - Floresta Brasil Amazônia
Maués
O prefeito da cidade, Miguel Paiva (Belexo), destacou a
importância de projetos como esse que beneficia o ho-
mem do campo. “Estamos fazendo fomento, para que as
outras gerações também tenham oportunidade. Conse-
guir tudo isso não foi fácil, os projetos também ajudam
o homem do campo a desenvolver a economia local sem
ter que voltar para a cidade”, disse.
O presidente do Instituto de Desenvolvimento Rural Sus-
tentável (Idam), Edimar Vizolli, disse que “em projetos
como esse que está sendo desenvolvido percebemos o
fortalecimento da agricultura familiar e dos outros seto-
res, com tecnologias novas que permitem o avanço com
qualidade de vida”, avaliou.
Uma agroindústria de beneficiamento do guaraná está
sendo construída no município, o valor inicial do inves-
timento é de R$ 700 mil. O objetivo é beneficiar a safra
de 2012-2013. De acordo com o secretário da Secreta-
ria de Produção e Abastecimento (Sepror), Luiz Antonio
Nascimento, a capacidade da agroindústria será de 500
toneladas ano, a safra esperada no próximo período é de
360 toneladas. Uma pesquisa desenvolvida vai melhorar
geneticamente o fruto, que já é considerado o melhor do
mundo no gênero orgânico.
» puro SAnguE
O rebanho de ovinos do município de Maués ganhou
mais um incentivo, foram entregues inicialmente, a 165
famílias, dez matrizes e um reprodutor de animais da
raça Santa Inês por família, em um total de 1.500 animais.
As famílias que obtiveram resultados positivos recebe-
ram nessa etapa animais Puro Sangue, com o objetivo
de melhorar o rebanho. Foram entregues mais 75 ovi-
nos das raças Dorper e Santa Inês, os quais podem estar
prontos para o abate com 18 meses, pesando aproxima-
damente 40 quilos.
Para o criador José Adalto Sá Pessoa, 36, que recebeu
mais 12 animais da raça Santa Inês, esta é uma boa opor-
tunidade de investir. “Estou recebendo essa ajuda e pre-
tendo aumentar o rebanho”, avaliou.
» proJETo CulTIVAr
O produtor de hortaliças poderá utilizar novas tecno-
logias melhorando assim a capacidade de produção.
O Projeto Cultivar beneficiou 88 famílias. Um incenti-
vo a mais foi a inauguração de 10 casas de vegetação,
cada uma custou em média R$ 8 mil .
Pimentão, tomate, pepino, repolho, alface, couve,
coentro, cebolinha e feijão de corda, ganham desta-
que. “As casas de vegetação ajudam nas condições do
clima. O produtor recebeu mudas, acessórios como
irrigador, e assistência técnica para desenvolver o
próprio negócio”, ressaltou o secretário Nascimento.
» Produtores receberam ovinos Puro Sangue para melhorar o rebanho
Floresta Brasil Amazônia - DEZ 2011 / JAN 2012 | 33
Atualmente, a cidade conta com um plantel de 3.600 cabe-
ças. O presidente da Associação de Criadores de Ovinos e
Caprinos do Estado do Amazonas (Acocam), Camilo Morato
Neto, ressaltou que os animais doados possuem qualidade
genética. “A meta é melhorar a qualidade aumentando o
rebanho e o ganho final do criador. Os animais foram esco-
lhidos por técnicos e doados às famílias”, afirmou.
Na entrega dos ovinos, o criador Demilço Valdemar Vivian,
mais conhecido por Alemão, criador respeitado da área,
enfatizou que esses animais são de fácil criação e rentá-
veis. As famílias que fazem parte do projeto receberam
orientação de como proceder.
» ABATEdouro dE AVES
Foi inaugurado o primeiro abatedouro de aves do mu-
nicípio, equipado com câmara frigorífica, sangria, depe-
nador, mesa de embalagem e outros, onde o produtor
vai poder ter o frango beneficiado, agregando valor ao
produto. A capacidade de abate é de 500 frangos por dia.
De acordo com o secretário Luiz Antonio Nascimento, o
abatedouro vai gerar 12 empregos diretos. Cerca de 120
famílias serão beneficiadas. “Foi investido aproximada-
mente R$ 170 mil no abatedouro. O objetivo é melhorar
a produção para aproveitar os frangos na merenda esco-
lar do município”, afirmou.
» CASAS dE FArInhA E BArrACão do guArAná
Localizada no polo VIII, a comunidade Nossa Senhora de
Lourdes, no rio Curuçá, recebeu o prefeito Belexo e sua co-
mitiva para a inauguração da casa de farinha e do barracão
do guaraná. Quem passou a madrugada construindo um for-
no foi a merendeira da escola local, Zilene Pinto de Macedo,
50 anos, junto com outra amiga, ela afirmou que fez ques-
tão de ajudar, pois o benefício vai ser de toda a comunidade.
O prefeito Miguel Paiva destacou o investimento que
vem sendo feito nos polos. “As casas de farinha que eram
de chapéu de palha e chão de terra, hoje são protegidas,
cobertas e bem equipadas. No total foram entregues
45 casas. As comunidades também receberam 10 barra-
cões de guaraná com nova tecnologia de preparo, mas
mantendo a tradição do forno de barro, o descascador, a
fermentação que se fazia no rio, agora tem um tanque o
qual permite mais qualidade e higiene”, afirmou.
Segundo Belexo, o tradicional forno de barro, onde é fei-
ta a farinha e a torra do guaraná está sendo recuperado.
“O outro forno contamina com ferro, interfere na colo-
ração e se gasta mais tempo. Com o modelo do forno de
barro o produtor ganha qualidade e uma hora a mais de
produção. Os fornos de barro obedecem à tradição dos
ribeirinhos”, disse.
Líder da comunidade desde 2008, Euclides Manoel Paes
de Negreiro, 49, que sempre morou no local e trabalha
com o cultivo de mandioca e guaraná, fez questão de
contar que a comunidade esperava por essa melhoria.
“Os moradores trabalharam juntos, a casa de farinha e o
barracão do guaraná vão ajudar a todos nós”.
» morAdIAS
No total foram entregues 240 novas casas, distribuídas
nos doze polos. Localizada no polo I, a comunidade Ebene-
zer está distante uma hora e quarenta minutos de Maués.
No local residem 9 famílias e todas foram contempladas.
A líder comunitária Maria Letícia Gomes Viana, 57, disse
que os moradores só têm a agradecer. Depois das casas
chegou também a luz elétrica do Programa Luz Para To-
dos, do governo Federal. “Estamos felizes com as casas, é
mais segurança para todos nós”, disse.
» As famílias das comunidades receberam casas e beneficios em várias comunidades rurais
» Inauguração do abatedouro de aves, com capacidade de abate de 500 frangos dia
34 | DEZ 2011 / JAN 2012 - Floresta Brasil Amazônia
Maués
» gErAção dE EnErgIA A pArTIr do lIxo
O lixo pode ser aproveitado de várias maneiras, como para
a reciclagem e para a geração de energia. Os aterros sani-
tários que vira problema nas cidades têm suas vantagens
quando bem empregados, oferecendo, por exemplo, me-
nos riscos ao meio ambiente e à saúde humana.
Dois empresários americanos, que trabalham com a pro-
dução de biogás, visitaram o aterro de lixo da cidade, que
recebe diariamente cerca de 40 toneladas de lixo. O obje-
tivo, segundo o prefeito Miguel Paiva, é aproveitar o lixo,
como reciclagem do papelão, plástico e outros. Além do
aproveitamento de biofertilizantes e do biogás.
O químico e engenheiro florestal Jucilanir Vidal dos San-
tos, ressaltou a importância de tratar e aproveitar o lixo
que é produzido. “O lixo orgânico, através do seu proces-
so de fermentação e decomposição, produz o chorume
(gás metano próprio), que poderá ser usado para a pro-
dução de energia”, ressaltando que toda a população vai
ganhar com esse projeto.
» mEIo AmBIEnTE
A secretária executiva de desenvolvimento e meio am-
biente (Sedema), Shirlley Fernandes Antunes, falou da
conscientização. “Estamos desenvolvendo várias ativida-
des com as crianças, que acabam sendo multiplicadoras
para a comunidade, os resultados são positivos”, avaliou.
O trabalho conjunto entre a secretaria e a escola está
transformando o município. Um dos projetos consiste na
plantação de mudas em toda a orla de Maués, e em cam-
panhas no combate à poluição e à queimadas. Ao todo,
120 alunos estão participando ativamente. Cada ativida-
de vale pontos para a escola, que no final vai receber uma
premiação em dinheiro.
» Comitiva visita aterro sanitário visando implantar um projeto para transformar lixo em energia
» As crianças aprendem desde cedo como preservar o meio ambiente
Floresta Brasil Amazônia - DEZ 2011 / JAN 2012 | 35
» xxxII FESTA do guArAná
De pés descalços e com uma enorme euforia estampa-
da nos rostos bronzeados pelo sol mauesense, cerca de
80 mil pessoas desceram à praia Ponta da Maresia para
serem coadjuvantes de uma das festas mais importantes
e tradicionais do Estado: A XXXII Festa do Guaraná, du-
rante os dias 2, 3 e 4 de dezembro. Visitantes de todo o
mundo, que se encantaram com a beleza natural do lu-
gar e das musas concorrentes à Rainha do guaraná 2011,
acompanharam as lendas do guaraná e extravasaram a
energia com os grandes shows musicais, que fizeram a
areia da praia ferver.
Os destaques da festa, além do espetáculo proporciona-
do pelos três grupos artísticos que concorreram contan-
do, em forma de musical, a lenda do guaraná, ficou por
conta das atrações nacionais: A banda de forró Rabo de
Vaca, de rock Detonautas e a dupla sertaneja, César Me-
notti e Fabiano.
A Festa, que juntamente com o Festival folclórico de Pa-
rintins, encabeça o calendário anual de grandes eventos
do interior do Amazonas, evolui a cada ano, crescendo
em importância cultural, assim como em estrutura e for-
ça econômica, é o que afirma o prefeito de Maués, Bele-
xo. “Este teatro ao ar livre, que conta a história do povo
Saterê-Maué e de seu maior bem natural, o guaraná, pro-
move um avanço importantíssimo no contexto econômi-
co do nosso município. Ao todo, nós, juntamente com o
governo do Estado e Ambev, investimos na Festa mais de
R$ 1,7 milhão, que acaba gerando uma renda direta e in-
direta de cerca de R$ 5 milhões”, afirmou.
Para Belexo, o evento vem comemorar o grande patri-
mônio mauesense, o produto valorizado, o que reflete
diretamente na renda de milhares de produtores e suas
famílias, que compõem o município que mais produz
guaraná em todo o mundo. “Nós mauesenses, com muito
esforço e determinação, conseguimos, através do traba-
lho desenvolvido, aumentar o valor do quilo do guaraná
de R$ 7,80 para R$ 28,00. Estes avanços são grandes con-
quistas dos nossos produtores e do povo”, comemorou.
36 | DEZ 2011 / JAN 2012 - Floresta Brasil Amazônia
Segundo a secretária municipal de governo, Andréa San-
tos, a Festa celebra anualmente estas conquistas. “É nes-
ta oportunidade que nós comemoramos os avanços do
produto e o sucesso dos produtores do guaraná, que é
o que dá sustentação à base econômica do nosso muni-
cípio”, enfatizou.
» produção ArTíSTICA-CulTurAl
A lendária estória do surgimento do fruto do guaraná,
através de intervenções do deus Tupã no cotidiano
Mawé; os rituais da tucandeira; relações entre o índio e a
floresta, vida e morte do curumim mais querido da tribo;
baseiam os roteiros das três manifestações artísticas que
foram apresentadas à população. Djalma Cardoso, diretor,
coreógrafo e pajé da “Porandi” Companhia de Dança,
explica a importância do trabalho feito pelos artistas.
“Nós, hoje alcançamos o objetivo, que era de desenvolver
um grande espetáculo para o público aqui na praia.
Foram dois meses de intensos ensaios, envolvendo cerca
de setenta pessoas entre dançarinos, artistas plásticos,
costureiras, cenógrafos. E o resultado é este espetáculo
maravilhoso”, comemorou Cardoso.
BElEzA AmAzonEnSE
A beleza mauesense foi exaltada pelas dez candidatas ao
concurso de Rainha do Guaraná, que representavam dez
localidades, entre bairros e comunidades. O anúncio da
escolha da Rainha 2011 foi feito no dia 2, após a apre-
sentação das candidatas em surpreendentes e criativos
trajes típicos amazônicos, e do esperado desfile em traje
de banho, arrancando suspiros do "mar de gente" que
preenchia a Ponta da Maresia. Suelem Lopes, de 20 anos,
representante do bairro Senador José Esteves, foi eleita,
iniciando imediatamente o seu reinado.
“A minha expectativa, na verdade, se baseou no incenti-
vo popular que ganhava a cada dia, nas ruas onde passei
e nas conversas que tive. É muito importante receber
esse carinho de pessoas que simpatizaram comigo, tor-
ceram por mim e hoje me vêem, pela primeira vez, como
a Rainha do Guaraná”, contou a rainha Suelem, emocio-
nada, lembrando que foi a última concorrente a se ins-
crever no concurso. ■
» A rainha Suelem Lopes da Fonseca (quinta da direita para a esquerda)
Floresta Brasil Amazônia - DEZ 2011 / JAN 2012 | 37
A pECuárIA SuSTEnTáVEl no AmAzonASEm 2011, o segmento pecuário amazonense iniciou um diálogo maduro e cons-
trutivo com os setores ambientais, em especial com a esfera estadual, através da
Secretaria de Estado do Desenvolvimento Sustentável – SDS, tendo como pre-
missa fundamental a convicção de que é possível conciliar produção e respeito
ao meio ambiente, sempre tendo como norte a manutenção de dois valores de
mesma grandeza para a nossa sociedade, quais sejam, a preservação do meio
ambiente e a produção de alimentos. Com isso, estamos superando momentos
pouco inteligentes de antagonismo e falta de entendimento, para alcançarmos
um patamar de identificação de convergências positivas, para o bem de todos.
Nessa linha, é que a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Amazo-
nas – Faea, em nome da classe patronal agropecuária amazonense, assinou com
diversos órgãos federais e estaduais, em praça pública nos municípios do sul do
Estado, o Pacto pelo Desmatamento Ilegal Zero, numa demonstração inconteste
de que o desmatamento já não é mais prioridade dos produtores rurais, que es-
tão convencidos da real possibilidade de se duplicar ou até triplicar nossa produ-
ção agrícola e nosso rebanho pecuário, sem promover novos desflorestamentos,
somente utilizando a recuperação das áreas degradadas ou em processo de de-
gradação e, principalmente, se valendo das tecnologias já existentes, desenvolvi-
das por instituições de pesquisa, como a competente Embrapa.
Além disso, nosso setor pecuário apoiou integralmente a implantação pelo
Governo do Estado do Cadastro Ambiental Rural – CAR, desde a fase de ela-
boração da Lei estadual até a fase ora em curso de adesão dos produtores,
momento em que estamos mobilizando a classe a formalizar o referido docu-
mento e alcançar a tão almejada regularização ambiental das 18.500 proprie-
dades pecuárias amazonenses, que representam o contingente significativo
de 60.000 pessoas que vivem dessa atividade.
Como parte desse esforço, a Faea, mais uma vez em nome da classe dos
criadores, firmou com a SDS no dia do fazendeiro (21/09), um Termo de
Cooperação Técnica para desenvolvimento nos próximos três anos de ações de
sustentabilidade na pecuária, objetivo já iniciado, com a realização em outubro,
do 1º Seminário de Pecuária Sustentável do Amazonas, evento promovido pelo
Sistema Faea/Senar, com apoio da Confederação da Agricultura e Pecuária
do Brasil – CNA, que reuniu no auditório da Assembleia Legislativa cerca de
quatrocentos pecuaristas e técnicos de vários municípios do Amazonas, para
conhecerem informações sobre a tecnologia integração lavoura-pecuária-
floresta, o programa de agricultura de baixo carbono – ABC, técnicas de
recuperação de pastagens etc, ocasião, inclusive, em que foi possível um
valioso intercâmbio de experiências com pecuaristas de outras regiões do país,
que já implantaram com sucesso modelos de produção sustentável.
Muni LourençoPresidente da Federação da
Agricultura e Pecuária do
Estado do Amazonas – Faea
Com isso, estamos a demonstrar com
ações concretas, que os pecuaristas
amazonenses estão conscientes de sua
nobre responsabilidade, de produzir
alimentos no “coração” da Amazônia,
sem promover degradação ambiental,
assimilando cada vez mais o sentido
de que desenvolver uma pecuária com
sustentabilidade representa também
uma oportunidade de ter mais rentabi-
lidade na atividade criatória.
38 | DEZ 2011 / JAN 2012 - Floresta Brasil Amazônia
Cultivo
J osé Firmino prepara sua porção matinal de guara-
ná e passeia em sua bicicleta pela área de plantio
dos guaranazeiros na sede da Empresa Brasileira
de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), na estrada AM-
010, em Manaus. Os olhos do veterano pesquisador con-
templam o que deve ser o início de uma nova realidade
na produção de guaraná em terras brasileiras. O surgi-
mento de quatro novas cultivares clonais de guaranazei-
ro, geneticamente melhoradas, deve aquecer a cadeia
produtiva local, por se tratar de espécies que possuem
o potencial produtivo cinco vezes maior, além suas pro-
priedades garantirem uma resistência estável às pragas e
sete vezes mais cafeína por hectare.
A notícia do ano para os produtores amazonenses surge
em meio a um mercado amplamente promissor, causan-
do uma expectativa de que, com todas estas vantagens,
incluindo a compatibilidade de plantio em qualquer
região do Estado, o Amazonas se iguale, nos
próximos cinco anos, à produção da Bahia, ou a supere,
tornando-se o maior produtor de guaraná do Brasil.
De acordo com André Luiz Atroch, pesquisador da Em-
brapa e coordenador do Programa de Melhoramento
Genético do Guaraná, “esta alta produtividade depende
do uso destas cultivares e da observação e cumprimen-
to do sistema de produção recomendado pela cartilha
desenvolvida pela Empresa”. Ditadas as regras, resta ao
sistema produtivo apostar nesta linha de produção, pra
ver os resultados prometidos.
Neste sentido, a Empresa Brasileira de Pesquisas
Agrícolas (Embrapa – Amazônia Ocidental) promoveu o
Curso Manejo do Guaranazeiro, durante o lançamento
destas novas cultivares nos dias 26 e 27 de outubro, em
Maués, promovendo uma grande reunião de produtores
e a apresentação destas novidades tão esperadas nos
últimos meses. ■
NOVOS guArAnAzEIroS produzEm ATé CInCo VEzES mAIS
rEporTAgEm: Marcello de Paulo FoToS: Michell Mello
MAIOR PRODUTIVIDADE, RESISTêNCIA àS DOENçAS E ALTO TEOR DE CAFEíNA NESTAS NOVAS ESPéCIES, PROMETEM LEVAR O AMAZONAS à PONTA DO RANKING NACIONAL[ ]
Floresta Brasil Amazônia - DEZ 2011 / JAN 2012 | 39
» mAIor rESITênCIA àS doEnçAS
Segundo José Clério, pesquisador da área de Fito-
patologia da Embrapa, “estas novas cultivares não
são imunes à Antraquinose, principal doença que
afeta os guaranazeiros no Amazonas. Entretan-
to, a sua resistência garante que apenas de 8% a
10% (o que não afeta uma produção satisfatória)
das copas sejam atacadas pelo fungo Colletotri-
chum Guaranicola, agente patogênico da doença,
enquanto que os guaranazeiros atuais sofrem um
ataque de até 89% de suas copas”, explica.
“O fungo ataca as folhas novas causando nelas
manchas necróticas reduzindo em até 70% a área
folhear ativa e se reproduz em regiões que pos-
suem temperaturas acima de 28 graus, agindo
durante o período chuvoso e quente, no Amazo-
nas, de janeiro a maio”, afirma o pesquisador, que
trabalha na pesquisa que tem completado trinta
anos de estudos.
» O guaraná modificado geneticamente garante o aumento da produção
40 | DEZ 2011 / JAN 2012 - Floresta Brasil Amazônia
Prevenção
mulhErES do CAmpo SãO BENEFICIADAS COM ExAmES prEVEnTIVoS
rEporTAgEm: Diárcara Ribeiro FoToS: Divulgação
MULHERES QUE MORAM NO CAMPO FORAM BENEFICIADAS COM EXAMES PREVENTIVOS E SERVIçOS DE SALãO DE BELEZA, ALéM DE RECEBEREM PALESTRAS DE COMO SE PREVENIR DE DOENçAS COMO O CâNCER DO COLO DO úTERO[ ]
Floresta Brasil Amazônia - DEZ 2011 / JAN 2012 | 41
M ais de 500 mulheres de várias comunidades ru-
rais participaram do Programa Nacional Útero
é Vida. O evento aconteceu na Escola Munici-
pal Fernando Carvalho, localizada na comunidade Nossa Se-
nhora do Perpetuo Socorro do Laguinho, distante 30 km do
município de Parintins. Elas tiveram acesso ao teste rápido
de HIV, atendimento oftalmológico, cadastro social, pales-
tras, tratamento de estética, e no fim receberam um Kit de
Beleza. O exame preventivo foi realizado em 136 mulheres.
Realizado pelo Sistema Federação da Agricultura e Pe-
cuária do Estado do Amazonas (Faea) e Serviço Nacional
de Aprendizagem Rural (Senar), o Programa no Estado
do Amazonas está na segunda edição. De acordo com o
presidente da Faea, Muni Lourenço, “a mulher é o pilar
da família, e quando ela não está bem a família também
não fica. Com as atividades oferecidas elas se sentiram
melhor e poderão realizar exames preventivos, avaliar a
saúde com profissionais e aproveitar para participar de
algumas palestras”, afirmou.
Na primeira vez que foi realizado o programa nacional de
saúde para a mulher rural, foram atendidas cerca de 234
pessoas no município de Codajás. Segundo o superinten-
dente do Senar, Aécio Filho, esse é um dos programas vol-
tados para a mulher que vive no campo e que muitas vezes
fica esquecida. Assim como cursos que ajudam a qualificar
essas trabalhadoras, o programa “Útero é Vida”, cuida da
saúde de pessoas tão importantes para o setor.
» A prEVEnção é o mElhor rEmédIo
O câncer do colo do útero e o câncer de mama são os
tipos com maior incidência entre mulheres na cidade de
Manaus. Na Fundação Centro de Controle de Oncologia
do Estado do Amazonas (FCecon), a estatística aponta
1.426 neoplasias malignas diagnosticadas em 2009 e
1.172 em 2010, apresentando uma redução de 17,8%
entre um ano e outro. O Setor de Estatística mostra que,
no caso do câncer de mama, foram registrados 324 no-
vos diagnósticos em 2009 contra 248 no ano passado. A
redução foi de 23,5%. Já o câncer de colo uterino passou
de 218 casos em 2009 para 205, redução de 6%.
Entre janeiro e junho deste ano, foram registrados 149 no-
vos casos de câncer de mama e 204 de útero. De acordo
com a presidente da coordenação médica do Instituto da
Mulher e chefe do Departamento de Ensino e Pesquisa da
Fundação Cecon, Grasiela Leite, na maioria das vezes as
mulheres procuram ajuda quando a doença está avança-
da, muitas vezes devido a logística que o Estado oferece
ou mesmo pela falta de visita aos médicos. “Isso acontece
porque na maioria das vezes elas não se previnem sexu-
almente e não realizam exames no médico para saber se
existe algo errado, ou quando fazem, não buscam o exa-
me e deixam de mostrar”, avalia a ginecologista.
» Coordenadores da ação de campo orientam as agricultoras
» Antes de realizar os exames as mulheres passaram por uma triagem
42 | DEZ 2011 / JAN 2012 - Floresta Brasil Amazônia
Prevenção
Ainda de acordo com a médica, a melhor forma de evitar
a doença é prevenção. “A infecção pelo papilomavírus hu-
mano (HPV) tem papel importante no desenvolvimento
do câncer do colo do útero. O vírus está presente em cerca
de 99% dos casos. A prevenção pode ser feita usando-se
preservativos (camisinha) durante a relação sexual e rea-
lizando exames preventivos como o Papanicolau”, avalia
que um dos principais fatores de risco estão relacionados
ao início precoce da atividade sexual e múltiplos parceiros.
De acordo com estimativa do Inca, feita a cada dois anos,
em 2011, 4.780 novos casos de câncer de tipos variados
serão diagnosticados no Amazonas, exceto de pele. Des-
ses, 54,2% atingirão as mulheres. No caso específico do
câncer de mama, o órgão aponta 310 novos casos (12%
do total entre o sexo feminino). Em todo o país o dado é
ainda mais alarmante: 49.240 novos casos da doença. Já
o câncer de útero deve acometer 560 mulheres no Esta-
do e 18.430 no Brasil. ■
» ouTuBro roSA
O evento, Outubro Rosa, buscou por meio da ilu-
minação de prédio públicos com a cor rosa, sím-
bolo da luta contra o câncer de mama, conscienti-
zar a população feminina sobre a importância da
prevenção.
A iniciativa ocorreu simultaneamente em várias
cidades brasileiras e em outros países, mobilizou
gestores em 14 municípios do Estado (Manaus,
Parintins, Coari, Borba, São Gabriel da Cachoeira,
Maués, Manacapuru, Apuí, Nova Olinda do Norte,
Autazes, Itacoatiara, Japurá, Tefé e Tabatinga).
» A equipe do programa Útero é Vida comemora o sucesso
Floresta Brasil Amazônia - DEZ 2011 / JAN 2012 | 43
ForTAlECEr o SuS pArA ATEndEr A SAÚdE InTEgrAl dA mulhErO Governo Federal precisa acentuar as ações positivas e de grande enverga-
dura que estão em curso no país, principalmente na área social. As metas são
audaciosas, como a retirada de 16 milhões de pessoas da extrema pobreza
até 2014. Entre outros programas em andamento, destaco a política de assis-
tência integral à saúde da mulher.
Atualmente R$ 4,5 bilhões estão sendo investidos em prevenção, diagnóstico
e tratamento do câncer de mama e de colo do útero. Ampliou-se a faixa etária
das beneficiadas para 64 anos, antes era dos 25 aos 59 anos. Para padronizar
o diagnóstico, centenas de ginecologistas estão sendo capacitados. Ao todo,
14 Estados começaram a construir os centros regionais de qualificação dos
profissionais.
Os dados do Inca (Instituto Nacional de Câncer) justificam os investimentos.
No Brasil morrem todos os anos, por causa do câncer de colo de útero, quase
cinco mil pessoas e o risco estimado é de 18 casos a cada 100 mil. O câncer de
mama é o que mais causa mortes entre as mulheres brasileiras.
O governo também investe R$ 9,4 bilhões no Programa Rede Cegonha, que
pretende garantir pelo SUS (Sistema Único de Saúde) atendimento adequado
às mulheres desde a confirmação da gravidez, envolvendo o pré-natal e par-
to, até os dois primeiros anos de vida dos bebês.
A orientação é que os programas tenham maior foco na Amazônia, Nordeste
e nas regiões metropolitanas onde os problemas são mais crônicos, com alto
índice de mortalidade materna e infantil.
Com o Rede Cegonha, espera-se mudanças quantitativas e qualitativas na
rede pública, especialmente na garantia do atendimento especializado, aces-
so às consultas e diagnósticos. Trata-se de um programa amplo que engloba
inclusive o transporte às gestantes.
É importante que o ministro Alexandre Padilha (Saúde) inclua nele a assis-
tência farmacêutica plena, garantido às gestantes acesso gratuito aos nutra-
cêuticos e complementos vitamínicos, produtos que estão fora da cesta de
medicamentos.
Há anos lutamos por uma política integral de assistência à saúde da mulher
mais efetiva. No legislativo, são muitos os projetos de lei que tratam sobre
o assunto, especialmente na fase reprodutiva, pois além da dificuldade do
acesso aos exames de diagnóstico, maior ainda são os obstáculos para quem
procura tratamento na rede pública.
Vanessa GrazziotinSenadora (PCdoB -AM)
O objetivo é fornecer um atendimen-
to de qualidade às brasileiras no SUS,
sistema que precisa ser fortalecido,
sobretudo com aplicação de recursos.
Afinal de contas só 3,5% do PIB são
destinados à rede pública de saúde.
Nesse sentido, é preciso votar o Projeto
de Lei Complementar 306/2008, que
regulamenta a Emenda 29, pela qual
são fixados os percentuais mínimos de
investimentos na área de saúde.
Por isso é fundamental o entendimen-
to entre Governo e Congresso visando
à construção de uma pauta única que
nos permita avançar em questões fun-
damentais nas áreas de saúde, educa-
ção e infraestrutura.
44 | DEZ 2011 / JAN 2012 - Floresta Brasil Amazônia
))) Abacaxi
noVo rEmAnSo COMEMORA A MAIOR produção dE ABACAxI DO ESTAdo do AmAzonAS
rEporTAgEm: Jaíze Alencar FoToS: Jaíze Alencar e Michele Duarte
COM PRODUçãO DE 43 MILHõES DE FRUTOS EM 2011 E AUMENTO DA PRODUTIVIDADE EM 30% AO ANO, A COMUNIDADE REALIZOU O SEXTO FESTIVAL DO ABACAXI DURANTE OS DIAS 14 E 15 DE OUTUBRO[ ]
V inte mil pessoas participaram do sexto Festival do
Abacaxi. Nesta edição foi comemorado o aumen-
to de 30% da produção. A comunidade de Novo
Remanso, no município de Itacoatiara, esteve mobilizada
durante dois dias. A organização geral do evento foi da As-
sociação de Desenvolvimento Econômico de Novo Reman-
so, a programação contou com cursos, palestras e a escolha
da rainha, os produtores que se destacaram no ano foram
premiados, a banda Calypso foi a grande atração artística.
A cultura do abacaxi tem colocado a vila de Novo Re-
manso como a maior produtora do estado do Amazonas,
atraindo novos adeptos. “Nós temos um convênio com
o MDA – Ministério da Agricultura, com duração de um
ano, nele nós realizamos 4 intercâmbios, 30 reuniões,
600 visitas, e resolvemos realizar um curso intensivo nes-
sa comunidade, que é referência na produção de abacaxi,
pois queremos implantar essa cultura em nosso municí-
pio”, afi rmou o Gerente do Idam Maués, Ademir Viana,
que levou 15 produtores para participar das atividades.
Maria Cezina, 55, produtora rural de Maués, participou
da excursão nas plantações de abacaxi, pretendendo ini-
ciar o cultivo em seu terreno. “É uma cultura muito inte-
ressante e rápida, e eu acredito que dê certo em Maués”,
disse ela após chegar da visita às plantações.
Floresta Brasil Amazônia - DEZ 2011 / JAN 2012 | 45
Giovane Soares, presidente da Associação do Desen-
volvimento Econômico de Novo Remanso - Idem, fez
uma análise do evento. “A abertura da primeira noite
foi um espetáculo muito bonito, com queima de fogos,
nós conseguimos trazer uma banda nacional de suces-
so, para comemorar essa terra e esse solo que é tão
fértil”, declarou.
A Prefeitura de Itacoatiara, a Secretaria de Infra Estru-
tura, a Secretaria de Cultura do município disponibiiza-
ram ao todo R$ 270 mil , para investir na contratação
de bandas, sonorização, iluminação e ornamentação da
área da festa.
Na primeira noite de evento, segundo o prefeito de
Itacoatiara Antônio Peixoto, todos estavam celebran-
do aproximadamente 43 milhões de unidades do fruto.
Além da reativação da Secretaria de Produção que havia
sido extinta há oito anos, “Elegemos uma equipe de téc-
nicos competentes da área agropecuária, da área da pis-
cicultura, da área veterinária e fizemos um dos maiores
investimentos do setor primário”, afirmou.
» CulTurA do ABACAxI
Os abacaxizeiros se desenvolvem melhor em solos areno-
argilosos, bem drenados e profundos. Durante o plantio
é necessário fazer uma boa escolha das mudas, selecio-
nando aquelas que não apresentem nenhum tipo de do-
ença. Elas são plantadas em fileiras duplas, com espaça-
mento de 40 cm entre as plantas.
De acordo com a gerente do Instituto de Desenvolvimen-
to Rural Sustentável (Idam), Michele Duarte, é possível
ter abacaxi o ano inteiro, isso ocorre devido ao desenvol-
vimento de uma técnica chamada Indução Floral, que usa
uma substância indutora, o carboreto de cálcio, no "olho
da planta" quando esta possui de dez a doze meses de
idade, fazendo aparecer a roseta foliar ou "cabeça do fru-
to" de 30 a 40 dias após a aplicação. “Nós não temos en-
tressafra, porque utilizamos a técnica de Indução Floral,
que diminuiram os custos, a mão de obra, e uniformiza a
produção, então o produtor está plantando com a certe-
za de que vai colher tudo o que plantou, é investimento e
retorno certo”, afirmou Michele Duarte.
Cinco meses após a Indução o fruto pode ser colhido,
dependendo da coloração e maturação, normalmen-
te varia entre o verde, meio amarelado e o amarelo,
o que vai definir essa extração é a distância do campo
até o mercado. Os meses de setembro, outubro e no-
vembro são considerados para os produtores como o
"pique da safra".
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» Produtores comemoram a safra deste ano
46 | DEZ 2011 / JAN 2012 - Floresta Brasil Amazônia
» dESFIlE dAS CAndIdATAS rAInhAS
Durante o Festival é realizado o desfile das candidatas
a Rainha. É realizada uma seleção prévia dentro das co-
munidades vizinhas que escolhem suas representantes.
A ganhadora do concurso foi a representante da Co-
munidade do São José do Amatari, Maria Isabel, 17
anos, que participou pela primeira vez. A Rainha possui
altura 1,61 e pesa 55 Kg. “Senhor dai longa vida aos
meus inimigos, para que de pé possam aplaudir a mi-
nha vitória”, disse.
))) Abacaxi
» dElíCIAS
Durante todo o Festival os visitantes puderam apreciar as
delícias produzidas no curso de culinária do abacaxi, desen-
volvido pela equipe técnica do Idam/ Sepror para 16 mulhe-
res da comunidade que estiveram durante três dias apren-
dendo a fazer variedades de guloseimas a partir do rei das
frutas: geleia, pudim, bolo, torta, trufa, din-din, sorvete,
suco, sanduiche, biscoito, creme, bala cristalizada, brigadei-
ro e licor. Ainda tem os complementos que é a pimenta, o
peixe, o arroz, a farofa e carne com o abacaxi. Além de aba-
caxi assado com canela e o típico abacaxi gelado.
A cabeleireira Maria Antônia, 52, mora ha três anos em
Novo Remanso, e decidiu fazer o curso, ela afirma que
agora sabe preparar a comida com abacaxi e com sabor,
ela revela um segredo “muitas pessoas fazem sucos e
comidas com abacaxi e não fica com sabor agradável, o
segredo é dar um 'susto' no abacaxi, cozinhando ele até
começar a sair uma água que é a acidez”, revelou.
No próximo Festival, dona Maria vai montar uma barra-
quinha só com as comidas que aprendeu a fazer. Esse ano
os quitutes ainda competiram com as bijuterias artesa-
nais que ela confecciona.
» InVESTImEnTo EConômICo
De acordo com o gerente geral do Banco da Amazônia,
Rezende Júnior, os investimentos realizados no ano de
2011 foram cerca 700 mil contratos formalizados pela
prefeitura e pelo governo. E em 2010 mais de 15 milhões
foram liberados para o projeto da Agricultura Familiar.
Foi realizado um empréstimo de R$ 9 milhões de reais
pelo Basa de Manaus e o município de Itacoatiara, R$ 15
milhões para a agricultura familiar. Para o próximo ano a
safra já está garantida, porque o Banco já disponibilizou
R$ 2 milhões durante a Festa.
Para o Secretário de Cultura do município Kêdinho Pan-
toja, a comunidade do Novo Remanso é uma das maiores
produtoras do fruto, o que representa para o município
de Itacoatiara um aquecimento econômico. “O Basa é o
principal financiador, juntamente com a prefeitura de
Itacoatiara que fizeram uma parceria para que essa pro-
dução seja mais elevada desenvolvendo a região, temos
que pensar na zona rural, na sustentabilidade, na econo-
mia não só do município, mas de todo o Estado”, afirmou.
» As vencedoras do desfile que movimentou a comunidade
» Vários tipos de guloseimas foram comercializadas
Floresta Brasil Amazônia - DEZ 2011 / JAN 2012 | 47
O presidente do Idam, Edimar Vizolli, ao falar da impor-
tância da Festa afirmou: “esse Festival é a representação
do trabalho do cultivo do abacaxi, do setor primário. Ele
tem crescido e inovado modalidades, vale a pena res-
saltar que 100% da produção é absorvida no mercado
local em Manaus”. Outro fator importante, destacado
por Vizzolli foi o controle de defensivos orgânicos, de-
senvolvido pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agrope-
cuária (Embrapa), que melhoram a qualidade do fruto,
a conscientização do cultivador para não perder o fruto
e a qualidade.
» ASCopE umA IdEIA quE dEu CErTo
A Associação Ascope, criada em 1993 com slogan “Uma
ideia que deu certo”, e teve como primeiro presidente
Alcíades Holanda. Em 1997 ela passou a ser Cooperativa,
contando com 20 cooperados. Atualmente o presidente
da cooperativa é o produtor Edsomar Mendonça que atua
com Gilberto Oliveira, tesoureiro, Raimundo Nonato, se-
cretário, Fabrício Pessoa 1º Suplente, e Raimundo Nonato
Ferreira, 2º Suplente e cerca de 42 cooperados.
Edsomar Soares de Mendonça, 43, casado com Nazira
da Silva é o quarto filho de José Pereira, um dos homens
que incentivou a formação do perfil de liderança em Ed-
somar. Aos 10 anos de idade começou a trabalhar no ro-
çado e de lá não parou mais. Quando o pai viajava para
realizar os cursos de formação da Igreja Católica sempre
assumia a responsabilidade de chefe da casa. Iniciou a
primeira plantação de abacaxi com 16 mil frutos e o es-
coamento do produto era realizado por canoas, que le-
vavam pelos igarapés até os rios onde os barcos ficavam
esperando. ■
» mAIor produTor dE ABACAxI dA VIlA dE noVo rEmAnSo
Adalberto Pessoa, 51, é um dos cultivadores que
mais produz abacaxi por ano em Novo Remanso.
Em 2011 plantou cerca de 600 mil frutos, ele traba-
lha com seis tratores que são utilizados para fazer
a borrifação de inseticidas e a colheita. Ele conta
que essa paixão pela plantação passou de pai para
filho, o pai Antônio Pessoa trabalhava no cultivo
desde 1972. “Na época não tinha motosserra, nem
muitas tecnologias, a gente tinha que fazer tudo
manualmente, a gente plantava 12 mil frutos por
hectare, hoje em dia são 30 mil, antes não tinha
adubação e nem tinha praga e a gente vendia para
o barco regatão ou barco recreio”, lembra.
Atualmente a produção do senhor Adalberto, conta
com o apoio dos filhos Renato e André Pessoa.
» O show da banda Calypso mais esperado pela comunidade emocionou o público presente
48 | DEZ 2011 / JAN 2012 - Floresta Brasil Amazônia
FIAM
RODADA DE NEGóCIOS, SEMINÁRIOS E EXPOSIçõES ATRAíRAM O PúBLICO E EMPRESAS REGIONAIS, NACIONAIS E INTERNACIONAIS[ ]
rEporTAgEm E FoToS: Diárcara Ribeiro, Jaize Alencar, Laila Pereira, Lemmos Ribeiro, Marcello de Paulo e Kenia Leal
VI FEIrA InTErnACIonAl DA AmAzônIA ATRAI InVESTIdorES gloBAIS
Floresta Brasil Amazônia - DEZ 2011 / JAN 2012 | 49
G eração de conhecimento sobre a região amazô-
nica e dos países vizinhos, investimentos, rodada
de negócios e seminários, fizeram da VI Feira In-
ternacional da Amazônia – FIAM 2011, com o tema "Ama-
zônia e Você – o encontro é aqui", o maior evento multis-
setorial da região Norte.
A feira ocorreu entre os dias 26 a 29 de outubro no Studio
5 Centro de Convenções. Contou com 400 expositores e
208 estandes, em 2 pavilhões e um espaço de 10 mil metros
quadrados. A primeira edição ocorreu em 2002, nessas cinco
últimas edições foram mais de US$ 33,8 milhões de negócios
realizados. A média de visitantes foi de 100 mil por evento.
Quem participou da rodada de negócios que ocorreu
em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro
e Pequenas Empresas (Sebrae), obteve beneficios, o re-
sultado atingido foi de US$ 13.119 milhões em negócios
acertados para curto e médio prazos. O superintenden-
te em exercício da Superintendência da Zona Franca de
Manaus (Suframa), Oldemar Ianck, disse que resultado
comprova o sucesso. “A cada edição, superamos as ex-
pectativas com recordes em resultados, não apenas em
negócios, mas também em número de expositores e de
público”, destacou.
» polo InduSTrIAl dE mAnAuS
As empresas do Polo Industrial de Manaus (PIM) levaram,
para a sexta edição da Fiam, produtos que estão sendo
fabricados com a mais alta tecnologia. Comitivas de mais
de 10 países participaram das rodadas de negócios.
50 | DEZ 2011 / JAN 2012 - Floresta Brasil Amazônia
FIAM
O faturamento do PIM, de janeiro a agosto deste ano,
atingiu a marca de US$ 26.8 bilhões, um crescimento de
23% em relação ao mesmo período de 2010. Esse índice
é o novo recorde na história dos indicadores de desem-
penho da Zona Franca de Manaus.
O Polo Eletroeletrônico continua sendo o setor com melhor
desempenho, responsável pelo faturamento de US$ 8,75
bilhões, o representa 32,67% do total. Os televisores LCD
estão entre os destaques de produção e vendas.
No estande da LG Electronics Brasil o destaque foi para a
linha de áudio e vídeo, mas o que chamou a atenção do
público que visitou a feira foi a TV 3D. Para visualizar o
efeito em três dimensões é necessário utilizar os óculos
especiais que acompanham o equipamento, sem os
óculos a imagem será a tradicional. O modelo permite,
também, converter conteúdos de vídeo em qualidade
comum também para 3D.
Já a Samsung apresentou as TVs Smart, também conheci-
das, como TVs Inteligentes. A fabricante sul coreana inves-
tiu nesse novo conceito de televisão que permite ter, além
dos habituais canais, também internet. A pessoa poderá,
enquanto assiste televisão, também, navegar pela internet.
Quanto à produção de tablets no PIM, foram aprovados
os projetos no Conselho de Administração da Suframa
» Filmes em 3D foram oferecidos aos participantes
» Alarico Cidade e Osmar Andrande participaram da Fiam expondo a borracha
» O faturamento do PIM atingiu a marca de uS$ 26.8 bilhões em 2011
Floresta Brasil Amazônia - DEZ 2011 / JAN 2012 | 51
(CAS), e estão autorizadas Digibras, Greenworld, Compa-
nhia Brasileira de Tecnologia Digital, a Positivo Informá-
tica e a Samsung.
Com integração de outros municípios à Manaus e mudan-
ça na região metropolitana, o superintendente em exer-
cício da Suframa, Oldemar Ianck, declarou que o modelo
Zona Franca de Manaus já não existe mais e que agora
precisa ser construído um novo conceito. Para ele esse
termo já não retrata a extensão e a expectativa de cresci-
mento para o Polo Industrial.
» árEA InTErnACIonAl dESTACA poTEnCIAl dE noVE pAíSES
Nove países coloriram com suas bandeiras a Área Interna-
cional. Nesta “vitrine mundial”, oito países sul-americanos,
juntamente com a Áustria, expuseram o melhor de suas
potencialidades turísticas, econômicas e sócio-culturais.
promovendo esta divulgação através de vídeos institucio-
nais, folders, baners, destacando a culinária, artesanato e
vestuário, como foi o caso do estande do Peru.
“Eu sempre me interessei muito pelo artesanato e rou-
pas peruanas, são criativos, bem trabalhados e de um
colorido de encher os olhos, hoje estou levando uma bol-
sa pra mim e um colar lindo para minha filha”, contou a
empresária Rita Souza, deslumbrada com a diversidade
de joias e roupas expostas no estande mais visitado do
setor. “Se eu pudesse levava tudo pra casa, mas não vão
faltar oportunidades”, ressalta Rita, que pretende visitar
o país em suas próximas férias.
» A Samsung apresentou as TVs que possibilita o acesso a internet
» Área internacional foi composta por nove stands, que ofereceram ao público o que o país tem de melhor
52 | DEZ 2011 / JAN 2012 - Floresta Brasil Amazônia
FIAM
Assim como Rita, os outros visitantes do estande tiveram
o desejo de visitar o país banhado pelo oceano Pacífico,
fortalecido, devido a gama de informações, mapas e des-
tinos turísticos expostos, como manifestações culturais,
de saúde e misticismo, programas de esporte e aventura,
além dos sítios arqueológicos, como a cidade de Machu
Picchu, símbolo máximo do império Inca, estabelecido em
meados do século XV.
» produTorES AmAzonEnSES ExpõEm orgânICoS
Formada por um material misto, composto de algodão
cru, juta e garrafas pet, a sacola ecológica da Arte Nativa
da Amazônia foi um dos destaques do setor de produtos
orgânicos. Produtores amazonenses de guaraná, mel, cos-
méticos, licores, biscoitos, entre outros, que com iniciativa
e um forte apoio da Agência de Desenvolvimento Susten-
tável do Amazonas (ADS), desenvolvem produtos inovado-
res, de forte apelo ambiental e com propriedades livres de
quaisquer substâncias que prejudiquem à saúde humana.
» A Covema levou para feira produtos como a castanha embalada a vácuo
» Os doces com frutas da região ganham um toque especial com embalagens feitas por artesãos locais
Floresta Brasil Amazônia - DEZ 2011 / JAN 2012 | 53
É o caso das castanhas embaladas a vácuo, expostas pela
Cooperativa Verde de Manicoré (Covema), que desde
2006 comercializa o produto para a capital amazonense e
outros Estados, como o vizinho Pará. “Nossos castanhei-
ros, que somam em torno de 800, trabalham numa área
que abrange os municípios de Manicoré e Novo Aripuanã,
somando uma média de 300 toneladas de castanha ao
ano”, afirma Clodoaldo Lima, representante da Covema
na Fiam 2011.
Outra prova de que o cooperativismo tem fortalecido os
produtores do setor primário no Amazonas é o estande
de produtos à base de Noni, árvore que produz um fruto
com fortes propriedades medicinais e terapêuticas. É o
que avalia Christopher Hans, diretor presidente da Coo-
perativa Mista do Médio Amazonas, com sede no municí-
pio de Caapiranga.
“Os licores, polpas e outros produtos provenientes do
Noni têm sido exportados por nossa cooperativa para
São Paulo e Rio de Janeiro, embora em pequena escala e
sob encomenda de pessoas que nos visitaram, provaram
e sentiram no seu dia a dia os benefícios medicinais que
estes produtos lhe trouxeram”, afirma Hans, exibindo o
licor concentrado de Noni.
» ArTESAnATo gAnhA dESTAquE
Um dos destaques foi o espaço destinado ao artesanato
regional. Quem visitou a tenda localizada na área exter-
na, teve oportunidade de conhecer de perto lançamen-
tos em produtos artesanais produzidos por artesãos da
área de abrangência da Zona Franca de Manaus – ZFM,
que inclui os Estados do Acre, Amazonas, Amapá, Rondô-
nia e Roraima.
Empreendedores de várias regiões representados por
sindicados de artesanato, associações e grupos individu-
ais, colocaram em evidência suas peças confeccionadas
» um grande espaço foi destinado para o artesanato
54 | DEZ 2011 / JAN 2012 - Floresta Brasil Amazônia
FIAM
Cada vez mais o mundo se preocupa com o meio am-
biente, todas as empresas estão investindo alto em
projetos de preservação e reciclagem. Durante a Feira,
foi possível encontrar um desses exemplos de inves-
timento em reciclagem. A Coca-cola trouxe um stand
com muitos modelos de reutilização de latinhas e um
artista cheio de humor, o que atraiu a atenção dos vi-
sitantes.
A cada dez latinhas que são descartadas no meio ambien-
te, pelo menos nove são recicladas, por se tratar de um
material que pode ser transformado várias vezes sem
perder sua característica
O artista plástico conhecido como Sérgio Luiz, trabalha
há 18 anos com reciclagem de latinhas, aprendeu sozi-
nho a fazer os objetos são carrinhos, motos, cavalos, ba-
terias, boi garantido e caprichoso, bonecas, e uma varie-
dade de modelos.
Há pelo menos 8 anos trabalha viajando pelo Brasil, reali-
zando palestras em comunidades e associações ensinando
o que melhor sabe fazer. “Eu ensino as pessoas a ganhar
dinheiro com o que o pessoal considera lixo”, afirmou.
Atualmente um catador vende 1 kg de latinha, o equiva-
lente a 70 latas, por 2 reais, e com a mesma quantidade,
é possível ganhar até 200 reais, é o valor agregado acima
de tudo, as pessoas vivem de dinheiro, afirma Serginho.
Para confecção dos objetos não é necessário fazer ne-
nhum tipo de tratamento especial nas latas, é preciso
apenas alguns materiais como tesoura, cola e material
para fazer o acabamento como: emborrachado, fitas, bri-
lho, lantejoula e muita criatividade.
» rECIClAgEm dE lATInhAS ATrAI A ATEnção do pÚBlICo
com os mais diversos materiais de natureza orgânica, de-
sign amazônico com qualidade e elegância.
O estande do Projeto Artesanato Sustentável do Amazo-
nas que trabalha com artesãos de: Presidente Figueiredo,
Barreirinha, Tefé, Acajatuba, Novo Airão, Parintins, atra-
vés de iniciativas da Amazonastur e Governo do Estado,
já divulgaram os seus produtos em outras feiras no Brasil
e no exterior. Rosineide Santos da Silva, 48 que trabalha
no projeto há cinco anos disse ''por meio do artesanato
conheceu vários estados e países, nossos produtos são
bem aceitos lá fora”, afirma.
O Estado de Roraima participa todos os anos da Fiam, seus
produtos são feitos a partir de sementes de jarina, tu cumã,
buriti, paxiúba, jupati, fio de tucum, juta e tururi que des-
pertaram interesse dos visitantes. Ana Lúcia Silva, 50, que
é do estado do Rio Grande Sul, ficou impressionada com
a qualidade dos produtos em exposição. ‘‘Aqui na feira, já
comprei as lembranças de todos os meus familiares’’, diz.
Todos os produtos expostos são sustentáveis, onde se tra-
balha o manejo florestal da matéria prima que garante a
» Desing Jab Pasollini durante oficina
Floresta Brasil Amazônia - DEZ 2011 / JAN 2012 | 55
perenidade dos recursos naturais. O artesanato regional
divulga a beleza da cultura e proporciona oportunidades de
emprego e renda a artesão de várias regiões.
» oFICInAS no ESTAndE do SEBrAE
O Serviço Brasileiro de Apoio às Micros e Pequenas
Empresas (Sebrae), trouxe pela primeira vez à Fiam,
amostras e oficinas de arranjos regionais, reciclagem
e confecção de fantoches, cachepot de fibras de
bananeira e buriti, para os visitantes. O objetivo é
ensinar as pessoas a produzirem e aproveitarem a
época do natal para aumentar a renda da família e
conquistar sua independência financeira, utilizando
matéria-prima da região.
O desing Jab Pasollini esteve realizando a ofi cina de ar-
ranjo fl oral para mesas. Estiveram presentes participantes
do município de Rio Preto da Eva e Presidente Figueiredo,
que trabalham com esse tipo de cultura. Para ele é impor-
tante mostrar as variedades de fl ores que o Amazonas
tem, a fi bra da bananeira é uma novidade nós transforma-
mos o tronco dela em arte, afi rmou Jab.
A tesoureira da Cooperativa Florat Carpam, Maria Rodri-
gues, 48, que vive no município de Presidente Figueiredo
e esteve assistindo as ofi cinas, disse que tem uma plan-
tação de fl ores ornamentais e resolveu participar para
aprender um pouco mais. “Tenho uma plantação de dois
hectares, lá eu tenho cerca de 12 espécies, acho interes-
sante saber como aproveitá-las”, afi rmou.
» prEVISão do TEmpo
O Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) trouxe para
a feira explicações sobre novas estações e as previsões para
Manaus até janeiro de 2012. Segundo a chefe e Meteorolo-
gista do INMET, Lúcia E. M. Gularte da Silva, “O Instituto tem
um papel importantíssimo na Amazônia e com isto estamos
ampliando as estações de monitoramento na região”.
O Instituto trabalha em companhia do CPTEC/INPE e ou-
tros centros regionais de meteorologia de todos os es-
tados do Brasil . Ela informa que Manaus até janeiro de
2012 terá chuvas acima da média. ■
58 | DEZ 2011 / JAN 2012 - Floresta Brasil Amazônia
Promove
O CURSO FOI REALIZADO NOS MUNICíPIOS CONTEMPLADOSCOM O PROGRAMA DE REGIONALIZAçãO DO MOBILIÁRIO ESCOLAR,O OBJETIVO é PADRONIZAR E MELHORAR A QUALIDADE [ ]
T rabalhar com mobiliário não é tarefa fácil, se-
gundo o moveleiro Herbelly Mateus Martins, 27,
que desde 2005 está no setor. Começou como
ajudante e atualmente constroi de tudo um pouco. Pen-
sando nas exigências do mercado tem a certeza que a
qualificação profissional é essencial. Assim como ele, ou-
tros moveleiros que fornecem carteiras, mesas e kits es-
colares para o Programa de Regionalização do Mobiliário
Escolar (Promove), vão receber um curso como objetivo
de padronizar e melhorar a qualidade dos bens aumen-
tando sua vida útil.
“É uma grande oportunidade fazer este curso. O que
sabemos, foi repassado por outros profissionais e no dia-
a-dia. Este curso vai me oferecer conhecimento técnico
e o certificado vai fazer toda a diferença na hora de
arrumar um emprego”, avalia Herbelly Martins.
Através da Agência de Desenvolvimento Sustentável
do Amazonas (ADS), em parceria com o Centro de Edu-
cação Tecnológica do Amazonas (Cetam), Secretaria
de Estado de Educação (Seduc) e do Trabalho (Setrab),
deram início ao Programa de Qualificação dos Produ-
tores de Mobiliário Escolar, o qual vai ser oferecido a
rEporTAgEm E FoToS: Diárcara Ribeiro
móVEIS COM QUALIDADE PARA AS ESColAS pÚBlICAS DO ESTADO
Floresta Brasil Amazônia - DEZ 2011 / JAN 2012 | 59
15 municípios, contemplando 18 organizações de mo-
veleiros.
De acordo com dados da ADS, o Promove atende 2.500
produtores, entre produtores rurais, associações, coo-
perativas e agroindústrias. Em quase sete anos de pro-
grama, o governo do Estado já repassou cerca de de R$
22 milhões na compra de mobília escolar diretamente ao
setor moveleiro.
Para o Diretor de Negócios Florestais da ADS, Fernando
Guimarães, o Promove atende apenas 11% da demanda
da Secretaria de Estado de Educação (Seduc), num uni-
verso de milhares de alunos, e que o curso vai aumentar
no qualitativo e no quantitativo. “A maior finalidade é
que possamos ampliar a solicitação de carteiras pela Se-
duc e qualificar os moveleiros e associações para que eles
possam também além de produzir esses mobiliários que
» Diretor de Negócios Florestais da ADS Fernando Guimarães
» Moveleiros receberam instrução para melhorar os acabamento dos movéis escolares
60 | DEZ 2011 / JAN 2012 - Floresta Brasil Amazônia
Promove
A Secretaria de Estado de Educação (Seduc) comprou
este ano 60.000 mil carteiras, 1.000 Kit professor (car-
teira e mesa) e 6.000 kit aluno. O Gerente de Opera-
ções da Seduc, Luís Fonseca, disse que a proposta do
governo é regionalizar ao máximo os móveis escolares,
como por exemplo, a aquisição de quadro branco e ar-
mários, o que já está sendo pensado. “A partir da im-
plementação do Promove ouve um avanço de fomen-
to na economia dos polos moveleiros. A Seduc avança
também na logística por conta dos polos no interior,
gerando menos gastos e mais efi ciência. O curso de
qualifi cação vem somar ”, avalia.
O curso vai ser ministrado pelo Cetam com aulas teó-
ricas e práticas, com duração de uma semana. Os mu-
nicípios que estão sendo contemplados são: Parintins,
Manacapuru, Itacoatiara, Carauari, Ei-
runepé, Manicoré, Apuí, Humaitá, Lá-
brea, Boa Vista do Ramos, Tefé, Borba,
Rio Preto da Eva, Envira e Manaus.
Manacapuru, Itacoatiara, Carauari, Ei-
brea, Boa Vista do Ramos, Tefé, Borba,
o Estado precisa, produzir também móveis para tercei-
ros, e outros municípios”, observa.
» IlhA TupInAmBArAnA
No município de Parintins (a 369 quilômetros de Manaus),
uma solenidade abriu ofi cialmente o Programa no auditório
do Centro de Educação de Tempo Integral Gláucio Gonçal-
ves. As autoridades presente ressaltaram a importância da
capacitação e do Polo Moveleiro para a cidade. No municí-
pio, 36 profi ssionais estão sendo qualifi cados.
A Presidente da União dos Micro e Pequenos Empresários
Industriais e Artesãos de Parintins (Unipar), Cacilda Aporcino
Colares, 64, ressaltou que o curso vai ajudar no acabamento
do material entregue. “A qualifi cação é importante, porque
mesmo que os trabalhadores saibam, é necessário atentar
para os detalhes”, diz. Atualmente a Unipar conta com 59
associados, destes, 18 são moveleiros, benefi ciando cerca
de 600 famílias.
De acordo com Cacilda Aporcino Colares, a Unipar entregou
para o Promove 32.265 carteiras escolares e 1.500 kits para
os alunos, o que corresponde a um total de R$ 2.193.670,00.
“Antes do Promove não tínhamos uma produção com a cer-
teza de venda. Trabalhamos com madeira de manejo e com
a garantia que o produto vai ser comercializado”, ressalta.
O presidente da Associação dos Moveleiros de Parintins
(Amopin), Edgar Lima da Silva, 41, fala que este ano é o pri-
meiro convênio, e que a Amopin fornecerá 4.000 carteiras.
“Estávamos desativados há 16 anos. Por conta do Promove
estamos retomando a atividade. O curso vem para qualifi car
mais, afi nal o programa só vai se manter se o produto tiver
qualidade” disse. Com 50 moveleiros associados, estão ge-
rando direta e indiretamente cerca de 1200 empregos.
O Governo do Amazonas, através da - ADS, está cre-
denciando fornecedores para o Programa de Regiona-
lização da Merenda Escolar - Preme e para o Programa
de Regionalização do Mobiliário Escolar - Promove. O
prazo de credenciamento estende-se até o dia 16 de ja-
neiro e os interessados devem retirar o edital na ADS,
localizada na Avenida Getúlio Vargas 1.127, Centro, no
horário das 8h às 17h. ■
» ComprAS dE móVEIS
» Para os moveleiros o Promove é a garantia de um retorno financeiro certo
Floresta Brasil Amazônia - DEZ 2011 / JAN 2012 | 61
mElhorAmEnTo gEnéTICo dE horTAlIçAS pArA TrópICo ÚmIdo BrASIlEIro: o dESAFIo do dESEnVolVImEnTo dE CulTIVArES AdApTAdAS à AmAzônIA
A exuberância das florestas na Amazônia evidencia a enorme biodiversidade
contida em seus ambientes naturais. Entretanto, os solos dos ecossistemas
de terra firme apresentam, predominantemente, baixa capacidade de troca
catiônica, indicando baixa fertilidade, segundo os padrões usuais da Agrono-
mia. A ciência explica a colossal fitomassa contida nas florestas amazônicas
de terra firme a partir da dinâmica de reciclagem de nutrientes das árvores
e a parte aérea das mesmas funcionando como um imenso reservatório. Por-
tanto, a fertilidade dos solos de terra firme ocorre a partir da manutenção
do equilíbrio desse sistema complexo e frágil e o manejo inadequado desse
recurso natural pode comprometer a sustentabilidade da atividade agrícola,
principalmente em se tratando de cultivo de espécies de ciclo anual, como no
caso da maioria das hortaliças.
Por outro lado, os solos do ecossistema de várzea dos rios de água branca
apresentam alta fertilidade natural, mas constituem uma pequena porção do
território amazônico e são possíveis de serem utilizados apenas durante o
curto período das vazantes. Assim, uma produção sustentável de hortaliças
na Amazônia depende da adoção de estratégias e tecnologias que, além de
possibilitar a superação das mencionadas limitações sejam capazes de ade-
quar geneticamente às espécies agrícolas aos estresses ambientais prevale-
centes nos trópicos úmidos.
O Programa de Melhoramento Genético de Hortaliças do INPA tem como ob-
jetivo gerar conhecimentos e produtos destinados aos agricultores familiares
da região do trópico úmido e, com isso, contribuir para uma produção diver-
sificada de alimentos. A estratégia escolhida foi trabalhar em duas vertentes,
levando-se em conta os níveis de adaptabilidade genética das espécies ole-
rícolas aos ambientes quentes e úmidos: Espécies Convencionais – aquelas
mais conhecidas e consumidas, mas com baixos rendimentos quando culti-
vadas em ambientes tropicais úmidos e; Espécies Não Convencionais – apre-
sentam elevados valores nutricionais, são adaptadas geneticamente para o
cultivo no ambiente amazônico, mas são pouco conhecidas e consumidas.
Em 2007 o Inpa celebrou um convênio de colaboração técnica científica com
a Secretaria de Produção Rural do Estado do Amazonas com o intuito de pro-
duzir e disponibilizar aos agricultores, com ênfase na unidade familiar de pro-
dução, as sementes e mudas necessárias para o desenvolvimento sustentado
da agricultura regional. O diferencial desta proposta de desenvolvimento da
horticultura nesta região em relação a outras tentativas é que, na maioria dos
casos, a multiplicação de sementes e mudas será realizada por produtores lo-
Dr.Hiroshi NodaPesquisador Titular
INPA/Coordenação de Sociedade,
Ambiente e Saúde
cais usando como sementes e mudas
matrizes as variedades geneticamen-
te melhoradas para cultivo no trópi-
co úmido. Por que não utilizarmos o
trabalho do Professor Marcílio Dias da
Escola Superior de Agricultura "Luiz
de Queiroz", como um exemplo para
superar os desafios para a constru-
ção de uma horticultura sustentável
no trópico úmido brasileiro? Para isso
contamos com políticas públicas volta-
das ao agricultor familiar, a nível mu-
nicipal, estadual e federal e, principal-
mente, com um sistema, já montado e
em funcionamento, constituído pelas
universidades, órgãos de pesquisa e
extensão rural em toda a região norte.
62 | DEZ 2011 / JAN 2012 - Floresta Brasil Amazônia
Mineração
AS RESERVAS DO AMAZONAS DE POTÁSSIO SãO TãO IMPORTANTES QUANTO AS DUAS MAIORES ÁREAS PRODUTORAS DO MUNDO, QUE FICAM NO CANADÁ E NA RúSSIA. NO MêS DE OUTUBRO A PETROBRAS COMEMOROU 25 ANOS DE ATUAçãO EM URUCU, COARI[ ]
rEporTAgEm: Diárcara Ribeiro e Laila Pereira FoToS: Diárcara Ribeiro e Divulgação
ExplorAção DOS rECurSoS mInErAIS ESTÁ NA pAuTA DO dESEnVolVImEnTo
Floresta Brasil Amazônia - DEZ 2011 / JAN 2012 | 63
» CAlCárIo
Na região Sul do Amazonas há presença de calcário, es-
pecifi camente o calcário dolomítico, utilizado na agricul-
tura. O objetivo é a partir da produção dele dar suporte
para o Pólo de Desenvolvimento Agrícola e Pecuarista da
região do município de Apuí. Porém ainda não está em
produção porque o calcário está dentro de uma Unidade
de Conservação de uso Sustentável.
Para produzir é necessário fazer com que o calcário che-
gue ao centro consumidor em Apuí, mas a área de ex-
ploração prevista está localizada na Floresta Estadual de
Apuí e também pode afetar o Parque Estadual Sucunduri
e o Parque Nacional Juruena. Será preciso desmatar vá-
rios quilômetros para construir uma estrada que permita
a passagem de veículos com o produto.
O Estado do Amazonas foi agraciado pela natu-
reza com uma confi guração geológica alta-
mente favorável para um grande número de
bens minerais e energéticos. O desenvolvimento dessa
atividade na região está começando frente à potenciali-
dade de sua geodiversidade. Um dos maiores desafi os
mundiais hoje é integrar a atividade econômica com a
preservação ambiental e com preocupações sociais.
Entre os principais minérios do Amazonas estão o calcá-
rio, ouro, estanho, potássio, gás e óleo.
64 | DEZ 2011 / JAN 2012 - Floresta Brasil Amazônia
“Estamos discutindo uma maneira de como fazer o es-
coamento desse calcário sem prejudicar uma região que
pretende alcançar um programa de Desmatamento Zero.
Queremos que seja possível abastecer a atividade agrícola
daquela região e também o plano de reflorestamento que
exige a correção do solo com o calcário”, declarou o secre-
tário de Geodiversidade e Recursos Hídricos, Daniel Nava.
» gArImpo do JumA
A extração de ouro do garimpo do Juma, no município de
Novo Aripuanã, é responsável por uma das mais graves
degradações ambientais do Estado do Amazonas. A ati-
vidade no local permaneceu ilegal durante quase 4 anos.
Durante esse período não houve controle de escoamen-
to da produção, e o produto chegou a beneficiar outros
Estados. A área do garimpo do Juma tem uma área de 10
mil hectares, mas a extração acontece em pontos especí-
ficos que ficam em cerca de 10 a 30 hectares.
Mineração
“Da província mineral são retirados diariamente cerca de 11 milhões de metros cúbicos de gás natural e 54 mil barris de óleo. O Estado do Amazonas é o terceiro do país em produção, basicamente de Urucu”.
Luís Ferrandans, gerente geral da Unidade de Operações de Exploração e Produção da Amazônia
Floresta Brasil Amazônia - DEZ 2011 / JAN 2012 | 65
O garimpo deixou de ser clandestino e foi legalizado no
dia 1 de maio de 2011. Com a legalidade teve início um
programa de recuperação das áreas degradadas, que im-
plica o replantio de mudas nos locais onde o produto era
lavrado e recuperação do rejeito.
“Esse processo é lento porque ficou ilegal durante muito
tempo, mas esperamos que nos próximos dois anos seja
possível ter respostas positivas. Temos que levar tam-
bém para o local um programa de recuperação de cidada-
nia. Precisamos reverter o quadro que encontramos em
qualidade de vida desses trabalhadores, na proteção e
segurança do trabalho e produzir”, afirmou Daniel Nava.
A atividade que chegou a atrair mais de 5 mil pessoas de
todo o país, hoje conta com cerca de 250 famílias. Todos
os atuais garimpeiros são vinculados a cooperativas e só
possuem permissão de trabalhar mediante a esse cadastro.
Eles fazem o controle da qualidade de água, para que se ca-
racterize que eles estão buscando a recuperação das áreas.
De acordo com o secretário Daniel Nava, a produção atu-
al começou a ser licenciada, ou seja, há um comprador
que irá pagar os royalties. Porém só será possível avaliar
a produção a partir do primeiro ano fiscal, em 2012, por
meio de um relatório anual de lavra. Com isso serão ob-
tidas informações de quanto foi gerado de riqueza tanto
para o município quanto para o Estado.
» mInA do pITIngA
A Mina do Pitinga, em Presidente Figueiredo, foi desco-
berta na década de 80. É a principal mina de estanho no
Brasil. Já chegou a representar quase que 80% da produ-
ção brasileira. Há dois anos eles diminuíram a produção
para estudar as rochas fontes e definir locais onde exis-
tem os depósitos de estanho (cassiterita).
“Nós temos uma mina e um pólo eletroeletrônico que
é consumidor desse estanho. Temos um projeto foca-
do no melhor aproveitamento desta matéria prima na
região”, disse Daniel Nava.
A Mina do Pitinga é poliminerálica, ou seja, não produz
apenas estanho ela também tem uma série de outros ele-
mentos que direcionados podem gerar muita riqueza. Já
é produzido também ferro e nióbio, e há possibilidade de
» Secretário Daniel Nava planta as bases do desenvolvimento com sustentabilidade
66 | DEZ 2011 / JAN 2012 - Floresta Brasil Amazônia
utilização de minerais de terras raras (grupo específico
da tabela periódica), que é utilizada inclusive, na indústria
automobilistíca.
A exploração é feita pela empresa licenciada Mineração
Taboca que pertence ao grupo peruano Minsur, que pos-
sui concessão pública. Os direitos pertencem a essa em-
presa e qualquer outra que tivesse interesse de explora-
ção tem que se associar a ela.
» rESErVAS dE poTáSSIo
Atualmente são reconhecidas reservas na região de Nova
Olinda do Norte e Itacoatiara, onde existem depósitos de
sais de potássio. Os direitos de exploração são da Petro-
bras, elas ainda não estão em produção, por isso ainda
são jazidas, mas podem chegar a fabricar 300 milhões de
toneladas ao ano.
Em Autazes os direitos são da empresa Potássio do Bra-
sil. Os investidores estão desenvolvendo pesquisas e já
possuem dois locais onde encontraram reservas de Po-
tássio mais próximas da superfície.
Para explorar é preciso construir uma mina, submersa,
com pelo menos dois poços, um para exploração e o ou-
tro para a descida dos equipamentos.
As reservas do Amazonas são consideradas tão importan-
te quanto as duas maiores áreas produtoras do mundo,
que ficam no Canadá e na Rússia. Elas possuem um am-
biente geológico muito similar.
» TAnTAlITA
A tantalita é um mineral composto de ferro, manganês, nió-
bio e tântalo. É um minério utilizado na insdústria do aço, do
vidro e de eletrônicos. O empresário Martinelli Gonçalves da
Costa possui duas áreas no municipio de Barcelos, diatante
mais de 400 km de Manaus, onde há incidência de tantalita.
Um área com cerca de 6 mil hectares e a outra com cer-
ca de 7 mil hectares, onde só é possível chegar por meio
fluvial. Martinelli possui as áreas desde 2000, mas encon-
trou dificuldades de retirar as licenças em razão de serem
locais próximos ao Parque Estadual Serra do Aracá.
Mineração
» Secretário Daniel Nava (em pé) e o presidente da CPRM Marco Antônio Oliveira (segurando o microfone)
Floresta Brasil Amazônia - DEZ 2011 / JAN 2012 | 67
“Nós já conseguimos a autorização do Departamento
Nacional de Produção Mineral (DNPM) para pesquisas
e estamos pleiteando a licença do Instituto de Prote-
ção Ambiental do Estado do Amazonas (Ipaam). Ainda
não há extração do minério, mas espero que possamos
iniciar os trabalhos em 2012”, declarou o empresário.
Martinelli já trabalhou com minérios e realizou pes-
quisas em Macapá e no Pará. De acordo com ele a in-
tenção é trabalhar com o beneficiamento do minério,
que poderá ser extraído tanto de maneira artesanal
quanto industrial. ■
Em 1986, no município de Coari (a 650 km quilômetros de
Manaus), aconteceu o primeiro jorro comercial de petróleo.
Em outubro a Petrobras comemorou 25 anos da descober-
ta de petróleo na reagião, onde a empresa desenvolve ativi-
dades de exploração e produção de petróleo e gás natural.
O petróleo de Urucu é de alta qualidade e considerado
o mais leve entre os óleos processados nas refinarias
do país. A característica resulta em seu aproveitamento
especialmente para a produção de gasolina, nafta petro-
química, óleo diesel e GLP (gás de cozinha). O processa-
mento de GLP, supera 1,3 mil tonelada diária, equivalen-
te a 155 mil botijas de 13 kg, abastecendo os Estados do
Pará, Amazonas, Rondônia, Maranhão, Tocantins, Acre,
Amapá e parte do Nordeste.
O resultado de produção de acordo com o gerente geral
da Unidade de Operações de Exploração e Produção da
Amazônia, Luís Ferrandans, são: “Da província é retirado
cerca de 11 milhões de metros cúbicos de gás natural por
dia e 54 mil barris de óleo. O Estado do Amazonas é o ter-
ceiro do país em produção, basicamente da província de
Urucu”, afirma destacando ainda a preservação do meio
ambiente realizado pela empresa.
São gerados diretamente seis mil e cem empregos. Em co-
memoração aos 25 anos uma festa foi preparada para os
funcionários, com o lançamento do livro. "A Petrobras na
Amazônia - a riqueza que vem do Solimões", da historiadora
amazonense Etelvina Garcia. No livro, a história é contada
cronologicamente como ressaltou a escritora: “As sucessivas
experiências em se encontrar óleo na região, as tentativas e o
sucesso. Escrever essa história foi uma honra”, declarou.
Foi lançado também um selo comemorativo em parceria
com os Correios. Quem participou da festa pode conferir
a exposição fotográfica de Antonio Iaccovazo. “Retratei
os 25 anos, em várias viagens que fiz até lá, procurei in-
teragir com as pessoas para sentir o trabalho realizado
por elas. São 12 paineis alusivos ao número 12, data da
descoberta de Urucu, mas a exposição pretende ser iti-
nerante com 25 paineis”, comenta.
Em Urucu existem 740 quilômetros de dutos, sendo 600 ter-
restres e 140 submersos. Os dutos ligam os poços até o Polo
Arara, onde se realiza os processos. Em cada clareira aberta
para a perfuração de poços petrolíferos é realizado um traba-
lho de recomposição da cobertura florestal, mantendo ape-
nas uma área para os equipamentos de produção.
Os municípios que mais recebem investimentos, seja de
produção ou para encontrar novas reservas são Coari, Ca-
rauari, Tefé, Tapauá, Silves e Itapiranga.
» pETroBrAS ComEmorA 25 AnoS dE dESCoBErTA dE uruCu
» Luís Ferrandans, gerente geral da unidade de Operações de Exploração e Produção da Amazônia
68 | DEZ 2011 / JAN 2012 - Floresta Brasil Amazônia
A rETomAdA ExTrATIVISTA no AmAzonASO recente processo de recadastramento das cooperativas de extrativismo de
Humaitá e Manicoré, municípios do Sul do Amazonas, onde estão localizadas
as maiores tensões fundiárias e ambientais do Estado, marcam um novo ciclo
na história do extrativismo aqui na região. O recadastramento é a exigência
para participar do “Programa Extrativismo Mineral e Familiar”, do Governo do
Amazonas. O passo é importante para orientar e mapear áreas e trabalhado-
res que retiram o sustento dessas cooperativas.
A Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável
(SDS), à qual está ligada a Secretaria Executiva de Geodiversidade e Recur-
sos Hídricos (SEGEORH), encarregada do programa, já recadastrou mais de
500 cooperados, de um total de 1.034 existentes. Os trabalhadores, após o
recadastramento, deverão ainda participar de um curso de capacitação deno-
minado “Boas Práticas Ambientais”, e somente após todo o processo, estarão
aptos a seguirem com suas atividades na área. O “Programa Extrativismo Mi-
neral e Familiar” foi iniciado em 2005 e vem apoiando o processo de extração
de ouro no rio Madeira, benefi ciando famílias que desenvolvem essa ativida-
de no período da vazante. Os extrativistas estão organizados em duas coope-
rativas, Humaitá e Manicoré. As atividades seguem a Instrução Normativa SDS
003/2007, que dispõe sobre as práticas ambientais do extrativismo mineral.
O avanço na organização do extrativismo em nossa região, chega após déca-
das de abandono. O extrativista tradicional da Amazônia mora no coração da
fl oresta, vive da coleta das riquezas naturais, borracha, castanha e comple-
menta sua renda com a caça, a pesca, a coleta de frutos, como o açaí.
Mesmo incentivando e protegendo esses trabalhadores, ainda há muito o
que fazer para proteger a atividade e, consequentemente, a susbistência do
homem na fl oresta. Apesar das ações dos Governos Federal e Estadual, gran-
des empresas ainda burlam as leis e invadem a fl oresta explorando o extra-
tivista e comprando madeira e outras riquezas naturais por valores irrisórios,
sem recolher os devidos impostos.
O novo Código Florestal, aprovado recentemente pelo Senado, determina
como será a exploração das terras e a preservação das áreas verdes do país, e
apesar de envolto em polêmicas, poderá nortear melhor a questão do extrati-
vismo. O Código estabelece parâmetros e limites para preservar a vegetação
nativa e determina o tipo de compensação que deve ser oferecido por seto-
res que usem matérias-primas, como refl orestamento, assim como as penas
para responsáveis por desmate e outros crimes ambientais relacionados.
Francisco CruzProcurador Geral de Justiça do
Ministério Público do Estado do
Amazonas
Quem é contra e a favor, concorda em
um ponto importante: a necessidade
de incluir incentivos, benefícios e sub-
sídios para quem preserva e recupera
a mata, como acontece na maioria dos
países que vem conseguindo avançar
nessa questão ambiental. Resta-nos
torcer para que o modelo dê certo e
consiga resgatar a dignidade do ho-
mem da fl oresta.
Floresta Brasil Amazônia - DEZ 2011 / JAN 2012 | 69
Centenário
CEnTEnárIo DE CArAuArI REúNE mIlhArES dE pESSoAS
A FESTA EM COMEMORAçãO AOS 100 ANOS DO MUNICíPIO DE CARAUARI REUNIU MILHARES DE FAMíLIAS NA PRAçA PRINCIPAL DA CIDADE, NO DIA 27 DE SETEMBRO[ ]
FoTorEporTAgEm: Antonio Ximenes
70 | DEZ 2011 / JAN 2012 - Floresta Brasil Amazônia
Seminário
EM BUSCA DA pECuárIA SuSTEnTáVEl NO AmAzonAS
rEporTAgEm e FoToS: Kenia Leal
NOVAS TECNOLOGIAS, LICENCIAMENTO AMBIENTAL E O NOVO CóDIGO FLORESTAL FORAM OS PRINCIPAIS ASSUNTOS ABORDADOS NO I SEMINÁRIO DE PECUÁRIA SUSTENTÁVEL, REALIZADO NA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA[ ]
Floresta Brasil Amazônia - DEZ 2011 / JAN 2012 | 71
C erca de 300 pessoas participaram do I seminário
sobre pecuária sustentável do Amazonas. Estive-
ram presentes deputados, Ongs, Universidade e
produtores rurais que debateram questões agrárias no Es-
tado. A cerimônia ocorreu no auditório Berlamino Lins na
Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (Aleam),
no dia 20 de outubro.
A realização do seminário é uma forma dos pecuaristas
trabalharem com a consciência no meio ambiente, pois
a pecuária de corte vem sendo colocada na berlinda
nas questões de sustentabilidade, aquecimento global,
balanço de carbono. Por este motivo entre os assuntos
abordados estavam: código florestal, licenciamento am-
biental, novas tecnologias de processo e insumo, irriga-
ção de pastagem e os impactos da extensão rural.
Palestrantes de outros estados também estiveram pre-
sentes no seminário, Luiz Cesar Drumond de Minas Ge-
rais falou sobre Irrigação de pastagem. Já o palestrante
Emerson Simões, veio da Bahia e falou sobre os impactos
da Extensão Rural na produtividade da fazenda.
De acordo com o Presidente da Federação da Agricultura
e Pecuária do Amazonas e Serviço Nacional de Aprendi-
zagem Rural (Faea/Senar), Muni Lourenço, "A expectativa
foi a melhor possível, um evento como este é grandioso
e histórico para o setor primário da pecuária do Estado
do Amazonas".
Para o Deputado Estadual Luiz Castro (PPS), o seminário
é uma junção de esforços pela liderança da Faea, para
transformar os projetos isolados, as unidades demons-
trativas de pecuária sustentável numa verdadeira política
pública. O deputado estadual Sidney Leite (DEM), cobrou
mais flexibilidade no crédito para produtores rurais e mu-
danças nas regras para concessão de financiamento.
O Seminário se mostrou fruto de amadurecimento das
políticas públicas, ambientais e também uma nova cons-
ciência da sociedade no sentido da mudança de postura
de uma produção sustentável, disse a secretaria de Es-
tado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável
(SDS), Nádia Ferreira.
O evento contou com mais de 50 pecuaristas, entre eles
o presidente da Associação dos Produtores Rurais de
Santo Antônio do Matupi, Nardélio Gomes, que, poste-
riormente foi assassinado com dois tiros em Humaitá.
Nardélio participou do seminário e falou da importância
da legalização fundiária no sul do Amazonas. "A terra tem
que ter dono". disse.
Universitários do curso de veterinária da Escola Superior Ba-
tista do Amazonas (Esbam) participaram do evento como
forma de aprimoramento em suas atividades como futuros
veterinários. Para a estudante Priscilla Rodrigues “ A inicia-
tiva foi ótima, principalmente por destacar o conceito de
sustentabilidade aos pecuaristas do Amazonas”, avaliou.
O Estado do Amazonas, atualmente, conta com 16 muni-
cípios onde a principal atividade econômica é a pecuária
de corte e de leite, entre eles, Rio Preto da Eva, Apuí, Pa-
rintins, Boca do Acre entre outros. ■
» O evento contou com as principais lideranças da área rural
» Muni Lourenço avaliou o seminário como um momento histórico do setor primário
72 | DEZ 2011 / JAN 2012 - Floresta Brasil Amazônia
» Os pesquisadores Roberval Lima e Fernando Almeida
Embrapa
CompoSTo INOVADOR E ECologICAmEnTE VIáVEl
rEporTAgEm: Marcello de Paulo FoToS: Michell Melo
AMAZONAS SAI NA FRENTE E LANçA UM COMPOSTO DE MADEIRA E CIMENTO RESISTENTE QUE DEVE SE TORNAR FONTE DE RENDA PARA PEQUENOS PRODUTORES][
Floresta Brasil Amazônia - DEZ 2011 / JAN 2012 | 73
T rata-se de um composto de madeira e cimento
que substituirá 60% da matéria-prima da cons-
trução civil, tornando tais construções mais
econômicas, resistentes aos fatores climáticos e am-
bientalmente sustentáveis. O Projeto Sil-
vitec, que desenvolveu a pesquisa duran-
te dez anos, combina a silvicultura da
Empresa Brasileira de Pesquisa Agro-
pecuária (Embrapa) com a tecnologia
do Instituto Nacional de Pesquisas da
Amazônia (Inpa), resultando em uma
matéria-prima inovadora e economi-
camente viável.
O composto pode tornar-se uma fonte de renda para
pequenos produtores, em pequenas áreas e em curto
prazo em uma alternativa importante para a redução do
desmatamento de fl oresta nativa na Amazônia. “A ma-
deira sólida é triturada e unida ao cimento aglutinante,
juntamente com um aditivo e prensada durante 24 ho-
ras. O resultado é um produto resistente à biodegrada-
ção e biodeteriorização amazônicas, totalmente à prova
d’água, que substituirá o mármore, o tijolo, a areia e o
barro usados nas construções convencionais, além de
servir como matéria-prima de móveis diversos”, explica o
pesquisador do Inpa, Fernando de Almeida, responsável
pelo desenvolvimento da tecnologia e pelos testes que
comprovam a durabilidade e confi abilidade do produto.
Inicialmente as espécies selecionadas para a pesquisa são
de madeira branca e que se desenvolvem rapidamente,
num período médio de dois anos. É o que explica Ro-
berval Lima, pesquisador da Embrapa, responsável pela
silvicultura que abrange uma área de um
hectare, nas dependências da instituição.
“Nós desenvolvemos um plantio consor-
ciado de espécies como Tachi Branco,
Amapá Doce e Eucalipto, madeira tropical
amazônica, que têm se mostrado essenciais
para a produção do ‘Compósito Madeira-Ci-
mento’, o que permitirá que pequenos produtores pos-
sam tornar-se fornecedores potenciais para este mer-
cado que se desenvolverá nos próximos anos”, avaliou,
ressaltando ainda que o valor social vai além de geração
de renda para as famílias amazonenses, como também
servirá de alternativa para a construção de casas popula-
res para a população de baixa renda.
Ainda não se calcula o valor de mercado deste novo pro-
duto. Entretanto, pode-se considerar que o maquinário
necessário para esta produção não demanda a encomen-
da de grandes fornecedores de tecnologia, não necessita
de grandes áreas de plantio e os recursos naturais abun-
dantes em nossa região selam o futuro promissor desta
tecnologia que promete revolucionar o conceito estrutu-
ral das edifi cações futuras. ■
» O plantio de Tachi Branco, Amapá Doce e Eucalipto é essencial para a produção
bientalmente sustentáveis. O Projeto Sil-
vitec, que desenvolveu a pesquisa duran-
te dez anos, combina a silvicultura da
Empresa Brasileira de Pesquisa Agro-
O composto pode tornar-se uma fonte de renda para
silvicultura que abrange uma área de um
hectare, nas dependências da instituição.
“Nós desenvolvemos um plantio consor-
ciado de espécies como Tachi Branco,
Amapá Doce e Eucalipto, madeira tropical
amazônica, que têm se mostrado essenciais
para a produção do ‘Compósito Madeira-Ci-
mento’, o que permitirá que pequenos produtores pos-
sam tornar-se fornecedores potenciais para este mer-
cado que se desenvolverá nos próximos anos”, avaliou,
bientalmente sustentáveis. O Projeto Sil-
vitec, que desenvolveu a pesquisa duran-
te dez anos, combina a silvicultura da
Empresa Brasileira de Pesquisa Agro-
Amapá Doce e Eucalipto, madeira tropical
amazônica, que têm se mostrado essenciais
para a produção do ‘Compósito Madeira-Ci-
mento’, o que permitirá que pequenos produtores pos-
74 | DEZ 2011 / JAN 2012 - Floresta Brasil Amazônia
Vida nos rios
N a maior bacia hidrográfica do mundo, que ba-
nha a região Amazônica, navegam cinco mi-
lhões de passageiros por mês, confiantes na
experiência dos comandantes. Entre partidas e chegadas
são paisagens paradisíacas que se repetem em horas de
viagem e a sinfônia de redes rangendo dia e noite nas
embarcações tradicionais.
No Porto de Manaus e Porto da Manaus Moderna, de do-
mingo a domingo, é dia de embarque e desembarque. Lá
chegam e partem barcos para quase 100 destinos, com
turistas, gente que vem procurar oportunidades na capital,
gente que volta para rever familiares, comerciantes, pesqui-
sadores ou simplesmente viajantes. Diferente dos portos à
beira do mar, que aguçam o olfato com a maresia, o Rio
Negro captura seus observadores sobretudo pelo sentido
da visão. Quem olha aquela imensidão de água da cor de
coca-cola se impressiona. Em seguida, são os ouvidos que si-
tuam o ambiente, no embalo dos grandes sucessos do bre-
ga, do tecnobrega, e do chamado “sertanejo universitário”.
Para o comandante Antônio de Oliveira, 56, a viagem
começa na véspera, durante a preparação. Ele enumera
os cuidados com a manutenção da embarcação, recebi-
mento de encomenda e estoque de alimentos para as
refeições. “Sou comandante há 26 anos e nunca fiz uma
viagem sem antes checar todos os itens de segurança e
fazer uma oração. Um imprevisto pode ser fatal no rio”,
diz. Quando se vê o barco tingido de ponta a ponta pelo
colorido das redes, é que chegou a hora de partir.
Aos 67 anos com 30 de profissão e aposentado, mas sem
deixar o batente, o comandante Manoel Araújo, destaca
os riscos de naufrágio e acidentes durante a viagem. Um
incêndio que fez o barco que ele pilotava afundar no Rio
Solimões, há 11 anos, ainda assombra a memória do pi-
loto. “Um vazamento de gás na cozinha provocou o fogo,
no início da manhã. Perdemos o barco todo, e as mer-
cadorias, mas a tripulação e os 90 passageiros a bordo
conseguiram se salvar”.
O comandante viaja regularmente de Manaus para Taba-
tinga. A cada 14 dias navegando, passa sete na BR-174,
onde mora com a família. De calça branca de linho, ca-
misa de botão e os cabelos grisalhos penteados sobre
os olhos verdes, ele se diz adepto da velha máxima dos
navegadores: em cada chegada um apito, em cada porto
um novo amor.
O piloto Manoel Rozoaldo Marquês, 73, se preocupa
mais com os piratas de rio. “Fui assaltado em uma via-
gem, há 14 anos, por ladrões que se fingiram de pas-
sageiros. Hoje só viajo prevenido, e controlo pessoal-
mente quem entra e quem desce do barco”. Desde que
arrendou o barco Amazônia Hum, Rozoaldo não tem
tempo de se aproximar do leme no percurso entre Ma-
naus e Manicoré, no rio Madeira. Com a colaboração da
esposa e filhos, ele coordena o embarque e desembar-
que de 142 passageiros, recebimento e entrega de até
180 toneladas de carga e manutenção do barco, além
de fazer a segurança do barco.
Assim, o comandante deixa a direção do barco nas mãos do
prático Bianor Brasil de Souza, 63, especialista na calha do
Madeira, ele acumula 35 anos de experiência navegando
neste rio. Bianor viu chegar ao Amazonas a tecnologia que
OS nAVEgAnTES DOS grAndES rIoS
rEporTAgEm: Clarice Manhã FoToS: Diárcara Ribeiro e Euzivaldo Queiroz
AS ESTRADAS DE ÁGUA NO ESTADO DO AMAZONAS REVELAM MUITO MAIS DO QUE UM SIMPLES TRAJETO. ELAS ESTãO CHEIAS DE HISTóRIAS DE VIDA DE PESSOAS QUE TRABALHAM NAS EMBARCAçõES OU QUE UTILIZAM O TRANSPORTE FLUVIAL[ ]
76 | DEZ 2011 / JAN 2012 - Floresta Brasil Amazônia
Vida nos rios
trouxe mais segurança aos navegantes do mundo todo, o
GPS. Também aprovou os avanços da engenharia naval, que
permitiram a substituição dos barcos de madeira, ainda nem
todos abandonados, para as construções em ferro. “Hoje a
navegação está mais segura, temos os radares, não é mais
preciso guardar na cabeça cada curva do rio”, compara.
Atenção é o requisito essencial ao bom comandante, defi-
ne o proprietário do barco Calipso I, Manoel Amaral 55. No
ramo há 30 anos, ele conta que já trabalhou com mais de
10 comandantes, em barcos diferentes, e por experiência
aprendeu que o bom piloto é sobretudo o mais responsá-
vel. “Pilotar um barco é como dirigir um carro numa pista
coberta de lona, sem saber o que está embaixo da pista”.
» Em FAmílIA
No barco Nova Conquista I, o clima familiar na tripulação
envolve os passageiros. O marido é o comandante, a mu-
lher é enfermeira de bordo e os três filhos são tripulan-
tes. O casal começou a trabalhar na navegação logo após
o casamento, em 1978. Recém casada, levou o compa-
nheiro Francisco Pereira, 52, cearense, para trabalhar no
barco do avô. Há dez anos a família adquiriu o barco pró-
prio, e desde então fazem a travessia do Rio Solimões, de
Manaus a Fonte Boa, a rotina da casa.
Francisco comanda a viagem durante as 72 horas que
sobe o rio, na saída de Manaus à Fonte Boa, e nas 40 ho-
ras no caminho de volta. Durante o dia ele reveza o leme
com três marinheiros, e faz breves pausas para o descan-
so. À noite é ele que enfrenta o rio escuro e silencioso.
“Não há condições de se contratar mais comandantes.
Eles cobram de R$ 2 mil a R$ 3 mil para uma viagem de 9
dias, nosso lucro seria muito reduzido”. ■
» Os barcos seguem o curso lotados com mercadorias e passageiros
» O porto recebe cerca de 25 transatlânticos por ano
» Passageiros aguardam a hora do embarque na praça de alimentação
Floresta Brasil Amazônia - DEZ 2011 / JAN 2012 | 77
» CApITAnIA FluVIAl dA AmAzônIA oCIdEnTAl
A Capitania Fluvial da Amazônia Ocidental realiza
provas para emissão da Carteira de Habilitação de
Arrais (CHA), que atesta o piloto como hábil à fun-
ção, toda quinta-feira. Em 2009 foram emitidas
459 carteiras, em 2010, 488. De janeiro a novem-
bro de 2011 a Capitania emitiu 752 habilitações,
informou o comandante Odilon Leite de Andrade
Neto. “Atribuímos esse crescimento ao aumento
da fiscalização e maior conscientização sobre a
importância da habilitação”, disse.
O candidato a Arrais-Amador deve ser maior de
18 anos, apresentar atestado médico- mental e de
acuidade visual-auditiva para fazer a prova. A taxa
de inscrição custa R$ 40. A Capitania calcula que
diariamente, 70% da população da região Norte
usa o transporte fluvial. O Ministério dos Trans-
portes anunciou no fim de novembro que está
elaborando um projeto de lei com orçamento de
aproximadamente R$ 70 milhões para melhorar o
transporte de passageiros pelos rios da Amazônia.
Batizado como PL pró-passageiro, o projeto vai
viabilizar o financiamento de construção e mo-
dernização de barcos para ribeirinhos. A proposta
está no Ministério dos Transportes e seguirá, pela
segunda vez, para a Casa Civil para ser avaliada. O
próximo passo será na Câmara dos Deputados,
com pedido de tramitação em regime de urgência.
» Barcos de linha compõem o cenário da orla de Manaus
78 | DEZ 2011 / JAN 2012 - Floresta Brasil Amazônia
Bolsa Floresta
Um encontro como este nos dá a oportunidade de
expor e receber ideias que nortearão as nossas
ações futuras, pois uma grande organização se
baseia na multiplicidade da colaboração das pessoas e tam-
bém no comprometimento mútuo", afirmou o Presidente
da Fundação Amazonas Sustentável (FAS), Luís Fernando
Furlan, durante o VI Encontro das Lideranças das Associa-
ções das Unidades de Conservação do Programa Bolsa
Floresta, realizado em parceria com o Centro Estadual de
Unidades de Conservação (CEUC).
O encontro, que apresentou resultados e discutiu me-
canismos para melhor beneficiar as famílias alcançadas
pelo Programa, aconteceu do dia 14 a 17 de novembro,
na Maromba, reunindo a iniciativa pública e privada, con-
selheiros e comunitários num grande palco de debates
em defesa da floresta e de seu maior patrimônio, as 7
mil famílias ribeirinhas que se encontram dentro dos 10
milhões de hectares que somam juntas as 15 Unidades
de Conservação do Amazonas.
Cerca de 30 mil comunitários são hoje beneficiados pelo
Programa Bolsa Floresta, que contempla mensalmente
as Unidades de Conservação (UC) com recursos individu-
ais e coletivos, como projetos ligados à saúde, educação,
comunicação e transporte, produção sustentável. Segun-
do o líder da Reserva de Desenvolvimento Sustentável
do Rio Madeira, Marcos Torres, o maior benefício con-
quistado por eles é o poder de decisão em direcionar tais
benefícios nas áreas que eles mais necessitam.
“Hoje, nós sabemos que o auxílio disponibilizado junto à
Fundação Amazonas Sustentável vai ser usado no que a
comunidade estiver mais necessitada. Com o Bolsa Flo-
resta nós colocamos a roçadeira na mão, agilizando o
nosso trabalho, que no tempo dos nossos pais era feito
com terçado na mão e muitas horas a mais no campo”,
avaliou Torres, que foi eleito pela maioria dos líderes para
representá-los como porta voz na avaliação do Encontro.
Entretanto, uma das deficiências diagnosticadas foi a
pouca divulgação, por parte das associações, dos resulta-
dos destas conquistas, além da dificuldade do escoamen-
to da produção interna das UCs. “Nós precisamos de uma
feira para que possamos vender nossos produtos por um
preço digno”, afirmou Torres, tendo como resposta que
uma providencia neste sentido já estava sendo estudada
para auxiliar as famílias na venda de seus produtos.
A Agência de Desenvolvimento Sustentável (ADS) foi acio-
nada e chegou a noticia de um espaço destinado a estes
rEporTAgEm: Marcello de Paulo FoToS: Divulgação/FAS
AçõES DO BolSA FlorESTA SãO dISCuTIdAS EM mAnAuS
O ENCONTRO SERVIU DE PARâMETRO DO PROGRAMA EXISTENTE EM 15 UNIDADES DE CONSERVAçãO DO ESTADO DO AMAZONAS[ ]
Floresta Brasil Amazônia - DEZ 2011 / JAN 2012 | 79
» o quE é o BolSA FlorESTA?
O Programa Bolsa Floresta é um projeto de com-
pensação ambiental que beneficia as populações
tradicionais comprometidas com a preservação
da floresta em pé e empenhadas na redução dos
danos predatórios aos recursos naturais que nela
existem.
O Programa possui quatro vertentes:
O Bolsa Floresta Renda, que apoia a produção
sustentável e certifica tais produtos, somando um
investimento anual de R$ 140 mil por Unidade de
Conservação.
O Bolsa Floresta Social, que aplica R$ 140 mil anu-
ais em cada UC para a melhoria de serviços como
saúde, educação, transporte e comunicação nas co-
munidades contempladas.
O Bolsa Floresta Associação, que fortalece as as-
sociações de moradores das UC´s, promovendo a
aquisição de bens como voadeiras, computadores
e outros componentes que propiciam uma melhor
ação por parte destas associações.
O Bolsa Floresta Familiar, que promove o envolvi-
mento das famílias associadas através do pagamen-
to de uma recompensa mensal de R$ 50, efetuado
às mães de família das comunidades.
produtores na futura Feira da Aeronáutica, arrancando um
forte aplauso de todos os presentes no encontro.
» ComunICAção E FISCAlIzAção
De acordo com a Coordenadora do Bolsa Floresta, Val-
cléia Solidade, o processo de divulgação e aproximação
é uma das prioridades do Programa. “O nosso desejo é
que estas associações sejam uma ponte que liga as comu-
nidades à FAS, demonstrando aos comunitários as ações
aplicadas em seu beneficio. Com isso, certamente o de-
safio de atrair mais sócios seria executado com sucesso”,
avaliou, anunciando que até fevereiro de 2012, 121 esta-
ções de rádio serão implementadas nas UC's, diminuindo
a distância e logística neste processo de assistência às
associações.
O poder de fiscalização ambiental, delegado aos comuni-
tários, também será intensificado com estas novas ferra-
mentas. É o que e avalia o superintendente geral da FAS,
Virgílio Viana. “Nós teremos, com este sistema integrado
de rádio, mais mecanismos para combater a pesca pre-
datória, grilagem de terras, extração ilegal de madeira,
e outras ações criminosas praticadas fora das UC's, acio-
nando imediatamente o Centro Estadual de Unidades de
Conservação e a Polícia Ambiental”, concluiu. ■
» Lideranças participam de reunião para debater o programa Bolsa Floresta
80 | DEZ 2011 / JAN 2012 - Floresta Brasil Amazônia
Anamã
O PERíODO DE DEFESO NO MUNICíPIO DE ANAMã CONTA COM A CONSCIENTIZAçãO E FISCALIZAçãO PROMOVIDA POR ASSOCIAçõES, SINDICATOS, COLôNIAS DE PESCADORES E SECRETARIA MUNICIPAL DE MEIO AMBIENTE[ ]
rEporTAgEm E FoToS: Marcello de Paulo
SETor pESquEIro DEFENDE A prESErVAção DE CArdumES
Floresta Brasil Amazônia - DEZ 2011 / JAN 2012 | 81
O peixe é a principal receita de proteína da popu-
lação do interior, como também principal fonte
de renda dos pescadores. Em tempos de vazan-
te, período que dura de novembro até março, algumas
espécies correm sérios riscos devido à caça predatória.
No município de Anamã (a 129 quilômetros de Manaus), a
tendência é que os pescadores, organizando sua classe as-
sumam a responsabilidade de preservar e fiscalizar ações
que prejudiquem os cardumes.
De acordo com o presidente da Associação dos Pesca-
dores Artesanais de Anamã (Aspean), Ocindo Martins, a
conscientização e união da classe têm sido intensificadas
junto às famílias anamaenses, através do processo de
associativismo. “Nós temos nos preocupado muito em
cumprir os acordos firmados junto à secretaria municipal
de meio ambiente para que a geração dos nossos filhos
possa usufruir da mesma fartura de peixes que temos
hoje, praticando, nestas épocas, apenas uma pesca para
o sustento da família e denunciando, sempre que neces-
sário, os arrastões e qualquer tipo de pesca comercial e
predatória”, explicou Martins, ressaltando que os acor-
dos locais impedem que a pesca comercial seja praticada
no período de setembro a fevereiro.
A partir de novembro, até o mês de março, os pescadores
são auxiliados pelo Governo do Estado através do auxí-
lio defeso, o que reforça a motivação para esta postura
fiscalizadora das famílias locais. “Hoje, graças a Deus,
nossos mais de 700 pescadores filiados à Aspean são au-
xiliados e recebem o seguro defeso para que possam se
sustentar, assumindo uma responsabilidade ambiental
que não se via há alguns anos”, afirmou Martins.
Somente no setor pesqueiro, três associações promovem
a reunião da classe organizada em Anamã: A colônia de
pescadores Z-44, a Associação de Pescadores Artesanais
de Anamã (Aspean) e o recém fundado Sindicato dos Pes-
cadores Anamaenses (Sindpesca), que surge como mais
uma alternativa de potencializar a pesca no município.
De acordo com o secretário de meio ambiente e desen-
volvimento sustentável de Anamã, Hidemberg Barroso,
“A ‘Semads’ tem lutado em conjunto com as associações
pela defesa dos cardumes e impedimento da prática da
pesca predatória no município”, afirma.
É o que também considera o prefeito de Anamã, Jecimar Pi-
nheiro, que o fortalecimento da cadeia produtiva local passa
pelo processo do cooperativismo e associativismo. “Só assim
nós vamos ser mais fortes. Hoje em Anamã, graças a Deus, to-
dos os presidentes de cooperativa, seja de pescadores, cria-
dores ou produtores, têm nos procurado e a prefeitura está
totalmente empenhada para que possamos fortalecer o nos-
so setor primário, valorizando o homem do campo e promo-
vendo um desenvolvimento sustentável de nossos recursos.
» CETAm E ASpEAn promoVEm CurSo dE BEnEFICIAmEnTo dE pESCAdo
Empanados de filé de peixe, patês, empadões e assados
de peixes inteiros sem espinha, foram alguns dos pro-
dutos finais do Curso de Beneficiamento de Pescado,
promovido pelo Centro de Educação Tecnológica do
Amazonas (Cetam) em parceria com a Aspean, no mês de
setembro, onde cerca de quinze famílias tiveram a opor-
tunidade de aprender a desenvolver pratos inovadores
usando o pescado local. ■
» Presidente da Aspean Ocindo Martins
82 | DEZ 2011 / JAN 2012 - Floresta Brasil Amazônia
Reserva
rEporTAgEm: Diárcara Ribeiro FoToS: Lemmos Ribeiro
O PARQUE ESTADUAL RIO NEGRO SETOR SUL OFERECE PAISAGEM EXUBERANTE. O TURISTA ALéM DE CONHECER O CENÁRIO PODE COMPRAR ARTESANATO LOCAL[ ]
roTEIro TuríSTICo PARA CopA dE 2014 INCLUI unIdAdES dE ConSErVAção
Floresta Brasil Amazônia - DEZ 2011 / JAN 2012 | 83
L ocalizada em frente à ilha Comprida do Parque
Nacional de Anavilhanas, a comunidade Boa Vis-
ta faz parte do Parque Estadual Rio Negro Setor
Sul, uma Unidade de Conservação de proteção integral,
criada através do Decreto Estadual n.0 16.497, de 2 de
abril de 1995. Na comunidade residem 106 famílias, que
mantém sua fonte de renda com o turismo comunitário.
A comunidade está distante 34 quilômetros de Manaus.
A área atual do Parque é de 157.807 hectares. A comuni-
dade conta com atrativos naturais como praia, cachoeira,
trilha, campina, igapó, animais como o Sauim-de-Coleira.
É com o olhar cansado e muita experiência a cerca da
fauna e flora amazônica, que o morador Manoel Gomes,
62 anos, reside há 44 anos na comunidade, sustenta a fa-
mília com a aposentadoria e fazendo serviço como guia
para turistas. Gomes quer que a área vire reserva de
Desenvolvimento Sustentável. “Queria que virasse uma
reserva sustentável, pelo menos, para melhorar as condi-
ções das famílias que moram aqui”, afirma.
Seu Gomes leva os turistas para fazerem trilha no ter-
reno do filho. “Durante a trilha eu mostro as plantas
da região, algumas são medicinais. Falo também dos
animais”, disse ainda o que ganha é muito pouco e nem
sempre tem turistas.
De acordo com a Chefe de Unidade de Conservação,
Alcilene de Araújo Paula, já existe uma proposta de
mudança de categoria em uma parcela do PAREST Rio
Negro Setor Sul, sem que haja prejuízos à conservação.
Ano passado, um projeto de lei foi submetido e apro-
vado na Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam),
onde o governador assinou a lei que autoriza a rede-
limitação. “O parque é uma unidade de categoria de
proteção integral e está passando por um processo de
redelimitação de seus limites. Uma parte da área vai ser
transformado em reserva de desenvolvimento susten-
tável e irá abranger a área de uso das comunidades que
hoje vivem nele. Já realizamos oficinas, agora vamos
partir para consulta pública”, afirmou. ■
» Durante o passeio nas trilhas o instrutor compartilha o conhecimento sobre a fauna e flora local
84 | DEZ 2011 / JAN 2012 - Floresta Brasil Amazônia
Reserva
» TurISmo pArA A CopA
Os visitantes que conhecem a comunidade têm a oportu-
nidade de comprar o artesanato local, como as bijuterias,
além de conferir um pouco do sabor das frutas amazônicas
com o chocolate. Alguns cursos também estão sendo ofere-
cidos para os moradores.
A vendedora Missilene Pereira de Souza, 27 anos, tra-
balha com as bijuterias feitas com sementes, disse que
aprendeu novas técnicas o que a ajudou a contribuir com
a renda da família. “Trabalhamos e preservamos a natu-
reza. Os cursos de qualificação são essenciais”, diz.
Pensando na Copa do Mundo de Futebol de 2014, o turis-
mo nas Unidades de Conservação da Amazônia, deve ser
ampliado. O trabalho já teve inicio e cerca de sete unida-
des foram identificadas para receber os visitantes, as quais
vão passar por adequação.
De acordo com o Coordenador do Centro Estadual de Uni-
dades de Conservação (Ceuc, SDS) Sérgio Gonçalves, “os
projetos que vai vão ser concedido à iniciativa privada já
estão em fase final de elaboração, para início do processo
de licitação previsto para o decorrer no fim do ano”, avalia.
O Amazonas possui 41 Unidades de Conservação que
equivale há 18,8 milhões de hectares. Destas, 31 são de
uso sustentável e oito de proteção integral. Segundo o
coordenador as Unidades que devem ser escolhidas esta-
rão localizadas próximas a Manaus.
Para chegar ao local, os visitantes podem comprar pas-
seios turísticos. O Parque Estadual Rio Negro setor Sul
abrange as comunidades: Araras, Baixote, Bela Vista,
Barreirinha, Boa Esperança, Caioé, Deus Proverá, Nova
Esperança e parte da comunidade Tatulândia.
» O morador Manoel Gomes leva os turistas para fazerem trilha no terreno do filho
» Turistas aproveitam para comprar o artesanato nativo
Floresta Brasil Amazônia - DEZ 2011 / JAN 2012 | 85
AS mArgEnS ÚmIdAS do CódIgo FlorESTAlNa próxima Conferência Internacional sobre o meio ambiente a Rio +20, o
Brasil deverá explicar o que tem feito para proteger as ‘wetlandas’, as áreas
úmidas, uma vez que é signatário desde 1994 da Convenção de Ramsar. Nes-
tas áreas estão incluidas as várzeas e florestas inundadas amazônicas, que co-
brem cerca de 50 milhões de hectares. No Brasil as áreas úmidas se estendem
por mais de cem milhões de ha, somando as áreas com e sem florestas.
Até agora estas áreas eram protegidas uma vez que a lei extende o patrimo-
nio da União até as margens altas dos rios. Isto é, as margens demarcadas
pela água em épocas de cheia ( a Secretaria do Patrimonio da União, a SPU,
as define através de uma media das margens das dez maiores cheias registra-
das, excetuando as extremas. O novo Código Florestal deslocou a margem
de referência da margem alta para uma linha denominada de ‘regular’. Dizem
os senadores que examinaram o projeto de lei enviado pela Câmara do Depu-
tados que a lei busca disciplinar e regularizar as áreas de propriedade privada.
As áreas públicas, portanto, não deveriam ser incluidas nas novas definições
de ‘curso regular das águas’ e na consequente abrangência do Patrimônio
da União. Se isso for verdade, como ficarão então as áreas de propriedade
privada localizadas entre as margens ‘regulares’ e altas quando estas se su-
perpõem às públicas?
Cria-se assim um imbroglio jurídico que alimentará os foros da magistratura
superior, uma vez que a questão tangencia determinações constitucionais (no
Atrigo 20 define-se como Patrimônio da União os leitos dos rios). O importan-
te não é apenas preservar o Patrimônio Nacional, mas consolidar as responsabili-
dades da União com a proteção das áreas úmidas, assim como determina o bom
senso e os compromissos subscritos pelo Brasil na Convenção de Ramsar.
Se as áreas alagadas forem devastadas o maior prejudicado será a própria
agricultura e a segurança alimentar, que para suprir as carências das épocas
de seca, necessita das chuvas decorrentes da evaporação da água que cobre
o solo alagado e das àguas que se armazenam no subsolo.
As áreas inundadas muitas vezes correspondem a terras de grande fertilidade
que sazonalmente podem ser exploradas. Caso a caso deveria sim ser estu-
dado o aproveitamento agrícola de cada área. No entanto deve ser evitada é
a devastação destas áreas para fins de exploração agropecuária extensiva de
alto impacto ambiental. O prejuízo no futuro pode ser irreparável.
Na questão da proteção das áreas úmidas e, em particular, das florestas ala-
gáveis no Código Florestal, observamos que prevaleceu novamente a mal
informada opinião dos Congressistas que revelaram desconhecer as caracte-
Ennio Candotti Diretor Geral do Museu da Amazônia
rísticas dos biomas amazônicos, rorai-
menses e pantaneros que correspon-
dem a metade do país).
Caso contrário, o Projeto para o novo
Código teria diferenciado os diferen-
tes ambientes separando ao menos
os amazônicos dos planaltinos, se de
fato o seu proposito é o do aperfei-
çoamento de normas jurídicas que
disciplinem o uso da terra, florestas
e águas em nosso país. Creio que na
defesa da proteção das áreas úmidas
não deveriamos contrapor interes-
ses ambientais contra produtivos mas
procurar promover o uso criterioso
das águas abundantes para evitar que
as secas devastem a lavoura.
86 | DEZ 2011 / JAN 2012 - Floresta Brasil Amazônia
Guerra na Selva
rEporTAgEm: Ana Paula Sena e Diárcara Ribeiro FoToS: Michel Mello e Divulgação
AO LONGO DE 47 ANOS , O CIGS JÁ FORMOU 5.213 COMBATENTES DE SELVA, SENDO 419 DE OUTRAS NAçõES. A INSTITUIçãO é REFERêNCIA MUNDIAL NA ÁREA[ ]
CEnTro DE TrEInAmEnTo InTEnSIVo NA SElVA
Floresta Brasil Amazônia - DEZ 2011 / JAN 2012 | 87
É no meio da selva amazônica que o Exército Brasileiro prepara centenas de
combatentes para as mais diversas situações, a fim de proteger a popula-
ção que no país habita. As bases de treinamento são utilizadas por militares
brasileiros, e combatentes de países que fazem fronteira com o Brasil. Nela as mais
diversas atividades como, por exemplo, sobreviver aproveitando o que a floresta
amazônica oferece, como reconhecer se alguma planta é venenosa, conhecer o
solo e como atacar o inimigo.
Os alunos formados levam os ensinamentos para as outras localidades. Atualmente
estão sendo formados 93 guerreiros de selva, destes 42 são sargentos e 51oficiais.
O curso tem duração de três meses, como explica o Tenente Coronel responsável
pelo treinamento Capitão Dorea. “O curso se desenvolve em três fases, a parte de
vida na selva, a parte técnica e a parte de operações . Cada base do Cigs é vocaciona-
da para uma dessas fases. A parte técnica é dividida em técnica terrestre e técnica
fluvial”, afirma.
A duração do curso é de 11 semanas. Uma semana administrativa, nove de curso e
a última semana de mobilização. Os exercícios físicos que os alunos praticam são
supervisionados para que nenhum incidente ocorra. “Em todos os exercícios existe
um acompanhamento técnico, da sessão psicotécnica, da sessão psicopedagogia,
além de serem acompanhadas por oficiais, sargentos, e um oficial de prevenção
de acidentes. Tudo é documentado e existe um caderno que fala da simulação de
estresse de combate , o qual regula tudo que pode ser feito e tudo o que não pode
ser feito”, diz.
O aluno Flávio Henrique Magalhaes do Valle, é um dos mais antigos na turma que
está em formação, serve ao Exercito há 15 anos, com muita satisfação, segundo
ele. O pai também era militar, o incentivando ainda mais. De acordo com ele, o cur-
so é um grande ensinamento inclusive de superação dos próprios limites. “O trei-
namento é intenso, porém produtivo, os resultados vão somar nas organizações mi-
litares do país, porque passamos um período aqui fazendo o curso e depois vamos
difundir o conhecimento para a nossa base”, avalia.
Segundo o aluno as maiores dificuldades são as atividades intensas e o desgaste
que a própria mata oferece ao combatente, além da aproximação da realidade do
combate. “Tudo isso é superado e o que aprendemos vamos levar para os outros, é
trabalhar com uma equipe preparada e bem profissional”, ressalta.
88 | DEZ 2011 / JAN 2012 - Floresta Brasil Amazônia
Guerra na Selva
» AlImEnTAção quE A FlorESTA oFErECE
Com o objetivo de ensinar como encontrar alimentos
que a própria floresta oferece, os alunos aprendem re-
conhecer frutos, insetos, animais etc. Os cuidados com a
alimentação devem ser enormes, pois problemas intesti-
nais, infecções e outras crises de saúde podem ocorrer se
for ingerido algo não recomendado.
Uma regra básica é que todo fruto de palmeira é comestível
e frutos comidos por animais são confiáveis. Ensinamentos
como esses salvam vidas, como explica o tenente Monzon.
Plantas medicinais também são encontradas para comba-
ter a malária, é o caso da andiroba, que funciona como re-
pelente natural contra insetos, além de ter outras dezenas
de funções benéficas à saúde.
O conselho dado pelos instrutores aos alunos, é que eles
aprendam rapidamente a conhecer o que a floresta tem
de alimento perecivel. Procurar as coisas certas, como
as frutas de cada região, no caso da Amazônia, o açaí, o
cupuaçu, o buriti, ingá, carambola e outros.
» hISTórIA
O Centro de Instrução de Guerra na Selva (Cigs) foi cria-
do em 2 de março de 1964, pelo decreto número 53649,
tendo como seu primeiro Comandante o então Major de
Artilharia Jorge Teixeira de Oliveira, o Teixeirão.
Segundo o atual Comandante do Centro, Coronel Ed-
mundo Palaia Neto, o primeiro curso de Guerra na Selva
funcionou no ano de 1966, os cursos eram de duas ca-
tegorias, uma para oficiais e outra para subtenentes e
sargentos, desde então, o Cigs é referencia no mundo.
“A partir de outubro de 1969, o curso passou a ser de três
categorias: “A” para oficiais superiores, “B” para Capitães
e Tenentes e “C” para subtenentes e sargentos. Até ju-
nho de 1969, o Cigs foi subordinado ao Grupamento de
Elementos de Fronteira. Em fevereiro de 1970, passou a
ser subordinado à Diretoria de Especialização e Extensão
(DEE)”, explicou Palaia.
Em outubro de 1970, passou a designar-se Centro de
Operações na Selva e Ações de Comandos (Cosac), com
a missão de ministrar além dos cursos de Operações na
» O treinamento oferecido na base de instrução é levado para outros estados pelos alunos
» História: as primeiras turmas
» Os instrutores compartilham com a tropa os conhecimentos sobre os frutos e as plantas que a floresta oferece
Floresta Brasil Amazônia - DEZ 2011 / JAN 2012 | 89
» Edmundo pAlAIA nETo - CoronEl dE InFAnTArIA
Edmundo Palaia Neto, incorporou ao Exército em
16 de fevereiro de 1976, na Escola Preparatória
de Cadetes do Exército, sediada em Campinas,
São Paulo. Cursou a ESAO em 1992 e a ECEME em
1999 e realizou diversos cursos e estágios no curso
de infantaria na AMAN – em 1982; Transporte
aéreo – em 1985; Curso de operações na selva
categoria b – em 1986; Informações básicas em
animais peçonhentos em 1987; Motociclista
militar – em 1989; Escalador militar – em 1997;
Básico de assistência pré-hospitalar e salvamento
– em 1997; Operação na caatinga – 1997; Estado-
maior de defesa – em 2002 e política, estratégia e
alta administração do exército – em 2008.
Realizou os seguintes cursos na área civil: MBA
Executivo – FGV/ RJ – em 2008; e credenciado em
língua espanhola – nível b.
Foi promovido ao Posto atual em 25 de dezem-
bro de 2006 e condecorado com a Medalha Mi-
litar de Ouro, a Medalha do Pacificador, a Meda-
lha de Bronze do Corpo de Tropa, Medalha de
Serviço Amazônico Passador de Prata, Medalha
do Mérito do Ex-Combatente do Brasil, Medalha
Sangue de Heróis, Medalha Jubileu de Ouro da
Vitória na II Guerra Mundial e Medalha Marechal
Zenóbio da Costa.
Selva, o de Ações de Comandos. De acordo com Palaia, os
treinamentos são de total importância para a preparação
dos futuros guerreiros de selva.
“Pessoas de todas as partes do mundo vêm apreciar o
nosso treinamento, e todos ficam impressionados com
nosso conhecimento, que adquirimos com o informa-
ções do ‘Povo da Terra’, como os ribeirinhos e indígenas.
E digo ainda que, ninguém tem mais ciência sobre a Ama-
zônia do que nós, que vivemos aqui”, afirmou Palaia.
Em 1978, o Cigs retomou à antiga designação, deixando
de ministrar o curso de Ações de Comandos. Em setem-
bro de 1982, o Cigs passou a subordinação do Comando
Militar da Amazônia, permanecendo vinculado tecnica-
mente à DEE, Atual DETMil.
Ao longo de seus 47 anos de existência, o Cigs especia-
lizou 5.213 combatentes de selva, sendo 419 de nações
amigas. Para o comandante Palaia, devido o trabalho da-
queles que antecederam a atual geração, o Centro tem
o status e a responsabilidade de especializar o melhor
combatente de selva do mundo.
“Somos preparados para atuar em qualquer situação que
possa acontecer dentro da floresta, temos equipamen-
tos especializados e conhecemos as mais diversas técni-
cas de sobrevivência, inclusive para tratar as doenças da
região, que são inúmeras”, concluiu Palaia.
» mISSão do CIgS
Especializar militares para o combate na selva, realizando
pesquisas e experimentações doutrinárias, para a defesa
e proteção da Amazônia.
» zoo
Considerado maior centro de animais da região, o Zoo
do Cigs, foi construído e é administrado pelo Exército
Brasileiro. Os animais encontrados no local são: onças,
suçuaranas, jaguatiricas, gatos mouriscos, macacos de
diversas espécies, jibóias, sucuris, jacarés-açu, araras, ga-
viões reais, etc.
O Cigs promove a recuperação de animais selvagens ma-
chucados pela ação ilegal do homem e a sua devolução
aos habitats naturais. Para isso conta com um hospital e
veterinários capacitados. ■
90 | DEZ 2011 / JAN 2012 - Floresta Brasil Amazônia
O Exército brasileiro tem interesse em comprar os
alimentos para a sua tropa na região. Para isso é
fundamental que os fornecedores estejam habili-
tados legalmente e que as condições sanitárias dos produtos
comprados sejam as melhores".
Desta forma, sem rodeios, o general de Exército Eduardo
Dias da Costa Villas Bôas, 60, comandante do Comando Mi-
litar da Amazônia (CMA), expressou o seu pensamento em
cerimônia de confraternização com os produtores rurais da
feira do Cigs, no dia 17 de dezembro.
Villas Bôas, que nasceu no Rio Grande do Sul, na cidade de
Cruz Alta, assumiu o CMA em setembro passado, e tem em
sua carreira duas passagens anteriores pelo Amazonas, esta
é a terceira, o que o eleva, de forma singular, à condição de
um profundo conhecedor da região amazônica.
Ele sabe, como poucos, que aqui, o Brasil, mais do que nun-
ca, precisa das Forças Armadas. "A Amazônia é nossa respon-
sabilidade social, geo-política, econômica, cultural e militar.
Nela, atuamos com a aplicação do conceito clássico de: Vida,
Trabalho e Combate", destacou.
O comandante frisou, ainda, que os produtores rurais que hoje
vendem seus produtos no Cigs (desde 2008), continuarão rece-
bendo o apoio do Exército e, que, em janeiro de 2012, tudo in-
dica, as instalações atuais devem ser deslocadas para o estacio-
Cigs
GENERAL VIllAS BôAS APOIA produTorES rurAIS DO AMAZONAS
rEporTAgEm e FoToS: Antonio Ximenes
NO ANO DE 2011, A FEIRA DO CIGS MOVIMENTOU CERCA DE R$ 3,1 MILHõES COM A REALIZAçãO DE 24 EDIçõES [ ]
» Autoridades participam de conferência no Cigs
» Generais Villas Bôas, Bringel e coronel Palaia, comandante do Cigs
Floresta Brasil Amazônia - DEZ 2011 / JAN 2012 | 91
namento do Cigs, uma área mais ampla, que melhor acolherá os
agricultores e a população em geral, que compra os produtos
que vão à mesa das famílias diretamente do produtor.
» prESTAção dE ConTAS
Anfitrião das autoridades do Estado que estiveram no Cigs,
o comandante Villas Bôas viu e ouviu a prestação de contas
feita pelo presidente da Agência de Desenvolvimento Sus-
tentável (ADS), Valdelino Cavalcante, sobre a feira.
"Desde 2008 já foram movimentados R$ 9,374 milhões
beneficiando mais de 3,5 mil produtores rurais; somen-
te em 2011 foram R$ 3,1 milhões. O Exército, com sua
credibilidade e seriedade inspira confiança, organização,
planejamento e qualidade de relacionamento, o que fez
com que a população elegesse a feira do Cigs, como uma
das mais importantes em Manaus", comentou Valdelino
Cavalcante.
» General Villas Bôas, presidente da ADS, Valdelino Cavalcante e o coronel Palaia
» Produtos orgânicos são comercializados na feira com preços competitivos
92 | DEZ 2011 / JAN 2012 - Floresta Brasil Amazônia
Cigs
» VISão
A secretária da Secretaria de Desenvolvimento Sustentável
(SDS), Nádia Ferreira, que representou o governador Omar
Aziz na ocasião, disse que o general Villas Bôas é um coman-
dante fundamental nas relações com o governo."Ele tem
todas as condições de auxiliar a região com sua visão empre-
endedora e perfil de conhecedor da Amazônia".
Com mais de trezentas pessoas participando do almoço de con-
fraternização, entre elas o superintendente geral da Polícia Fe-
deral do Amazonas, Sérgio Fontes, o presidente da Federação da
Agricultura e Pecuaria do Amazonas, Muni Lourenço, o coronel
Luna da Aeronáutica, dentre outras, o evento se transformou
em uma prova natural do acolhimento das forças armadas aos
agricultores, que, na ocasião, foram representados pelo agri-
cultor Adalberto Alves de Araújo, produtor de cebolinha, cheiro
verde, alface, pimenta do reino, couve, pimentão no município
de Iranduba. "Quando comecei aqui na feira do Cigs tinha quatro
ajudantes, hoje, tenho dezessete, o que mostra o sucesso da ini-
ciativa do Exército e da ADS", afirmou Adalberto Alves de Araújo.
» O Coronel de Infantaria, Palaia, palestra sobre os projetos para a Copa do Mundo de Futebol
» General Bringel recebe homenagem pelo seu trabalho junto aos agricultores na região
» Confraternização com os produtores e autoridades
Floresta Brasil Amazônia - DEZ 2011 / JAN 2012 | 93
Recursos Movimentados (R$)
Produtos Comercializados (kg)
Público Visitante (№)
Coop. e Assoc. Participantes (média)
Famílias Beneficiadas
* VALORES AINDA ALTERÁVEIS ATÉ DEZEMBRO DE 2011.
1.597.778
334.583
52.888
58
3.200
2.140.479
495.096
64.004
61
3.400
2.766.334
660.499
82.829
81
3.500
3.100.000
700.000
74.000
83
3.575
9.604.591
2.190.178
273.721
71
3.420
» 77 FEIrAS dE produToS rEgIonAIS CIgS (2008-2011)
RESULTADOS DAS FEIRAS TOTAL2008-2011
2010 (25 Edições)
2008 (21 Edições)
*2011 (24 Edições)
2009 (25 Edições)
» homEnAgEnS
O general de Divisão, Bringel, foi homenageado no evento,
ganhando um quadro das mãos do agricultor Adalberto Al-
ves Araújo, pelos seus elevados serviços prestados junto aos
agricultores. O coronel Lauro Pastor também foi homenage-
ado pela sua participação na fundação da feira do Cigs.
Pela organização do evento, apresentação objetiva e, alta-
mente elucidativa, sobre a preparação do Cigs para Copa do
Mundo de Futebol em 2014; e a preparação da nova área da
feira local, o coronel Palaia, comandante do Cigs, foi elogia-
do pelos generais presentes. "Este é um trabalho que faze-
mos com muita determinação e boa vontade, pela integra-
ção com a sociedade em benefício da região", disse Palaia.
» rESulTAdo dAS FEIrAS
Projeto integrante da parceria Governo do Estado e Exérci-
to Brasileiro, a ADS realiza, com grande sucesso, a Feira de
Produtos Regionais, na Quadra Poliesportiva do Centro de
Instrução de Guerra na Selva (Cigs).
O evento abriu novos nichos para o agronegócio sustentável
e teve sua primeira edição no dia 16 fevereiro de 2008, co-
locando frente a frente produtores rurais e os consumidores
manauaras, proporcionando a oferta de produtos de alta
qualidade a preços competitivos. Em 2009, foram realizadas
25 Feiras, com o mesmo sucesso do ano anterior, com média
de R$ 80 mil em recursos movimentados e 2.500 visitantes
em cada Feira.
Em 2010, com a realização de mais 25 edições, gerou-se um
valor superior a R$ 2,7 milhões de recursos, alcançando des-
sa forma, um montante de mais de R$ 6,5 milhões no de-
correr dos três anos de execução. No ano de 2011, a feira
movimentou cerca de R$ 3,1 milhões com a realização de 24
edições previstas no calendário anual. ■
» A Feira movimentou R$ 3,1 milhões ajudando centenas de produtores rurais, que tiveram a oportunidade de vender os produtos diretamente aos consumidores
94 | DEZ 2011 / JAN 2012 - Floresta Brasil Amazônia
Distrito
OPERAçãO guArICAYA EM SANTO AnTônIo do mATupI
rEporTAgEm e FoToS: Lemmos Ribeiro
MADEIREIROS E COMERCIANTES, OS PRINCIPAIS AFETADOS COM A OPERAçãO, PEDEM MAIS ATENçãO PARA O DISTRITO, QUE SOFRE COM A FALTA DE SERVIçOS ESSENCIAIS DE INFRAESTRUTURA URBANA[ ]
Floresta Brasil Amazônia - DEZ 2011 / JAN 2012 | 95
S anto Antônio do Matupi localizado no KM-180 da
BR-230 (Transamazônica) trava uma luta para que
a sua economia não quebre. O Distrito tem sido
acossado pelas autoridades policiais e ambientais o que
tem provocado abalo no comércio local.
A cidade parou com a ação da polícia. O movimento de
caminhões e trabalhadores nas ruas de barro de Matupi
deu lugar ao deserto, desde que a operação batizada de
Guaricaya foi iniciada. Atualmente no Distrito do Matupi
existem cerca de 700 trabalhadores que atuam direta-
mente com madeira e indiretamente esse número chega
a 2.000 pessoas.
O grande problema da região é a falta da regularização
fundiária. Santo Antônio do Matupi é uma localidade que
cresceu sem a atenção devida, com isso houve um inten-
so povoamento de pessoas, migrantes do Paraná, Mato
Grosso, Rondônia que ocuparam o Distrito de forma de-
sordenada, cometendo crimes ambientais. Para Samuel
Martins, empresário do ramo madeireiro,‘‘enquanto o
governo não se dispor com suas equipes do Ministério do
Desenvolvimento Agrário (MDA) e Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária (Incra) para documentar
as áreas, não haverá ordem em Matupi’’, afirmou.
Atualmente 24 madeireiras funcionam em Matupi, das
quais apenas 12 são legalizadas, segundo Martins ‘‘A bri-
ga do setor madeireiro é para que se aumente o número
de manejos florestais. Nós madeireiros somos contra o
desmatamento, pois cada vez que é desmatada uma área
é eliminado o fomento da indústria madeireira, gostarí-
amos que região se transformasse em áreas manejadas,
com desmatamento apenas dos 20% legais’’, ressalta.
A maioria das madeireiras não possui legalização junto ao
Ministério do Trabalho devido à falta de documentos das
empresas e dos próprios funcionários, a maioria deles
são semi-analfabetos. Para Carlos Santos, 35, que traba-
lha com madeira há 15 anos e depende disso para viver.
‘‘A serraria é o meu pão de cada dia, é o que sei fazer,
preciso disso para sustentar minha família’’, afirmou.
Os madeireiros locados em Matupi exigem agilidade a
respeito da legalização fundiária e dos manejos florestais
(que estabelece regras para a extração de madeira e a re-
composição da vegetação), como também a liberação do
licenciamento de operação das serrarias. “Inibi-se e não
se dá nada em troca, intercepta-se qualquer tipo de ação
do povo, mas não promove uma maneira do povo viver
na legalidade”, é o que afirma Martins.
» o rEFlExo dA opErAção no ComérCIo loCAl
O comércio também sofreu com a operação no distrito,
bares, restaurantes e lanchonetes perderam clientes
com a paralisação das atividades nas serrarias, de acor-
do com o empresário Sidney Silva, 34. ‘‘A operação tem
que ser feita, mas o governo deve ter a responsabilidade
de oferecer um meio de legalização, e não chegar assim
de surpresa apreendendo e proibindo’’, afirmou. Sidney
possui um restaurante em Matupi e conta como seu co-
mércio foi afetado. “Minha clientela são os trabalhado-
res das serrarias, com a paralisação, a maioria deles não
almoçam mais aqui, estou perdendo minha freguesia”,
ressalta. Segundo ele é de extrema importância a indús-
tria madeireira, pois a renda que a indústria injeta aqui é
muito grande na região.
» InFrA-ESTruTurA
No Km 180 Não existem serviços básicos como água
encanada, iluminação pública, hospitais, ruas asfalta-
das, sistema de esgoto e lixo, sistema de telefonia e
segurança pública local. Para irmã Cândida Amaro que
atua na Igreja Católica e é membro do conselho de ci-
dadãos Matupi. ‘‘A operação é importante, Matupi pre-
cisa de ordem, mas antes de vir com penalidades, os
órgãos competentes precisam atender nossas necessi-
dades básicas”, observa.
No Distrito as autoridades policiais exigem a regulari-
zação de veículos, em Matupi não tem Detran, não há
serviços de emplacamentos e em emissão da carteira
de motorista. O governo presisa fornecer as condições
necessárias a população para cobrar uma legalidade. ■
» Madeireira Matupi é uma das 12 certificadas no Distrito
96 | DEZ 2011 / JAN 2012 - Floresta Brasil Amazônia96 | DEZ 2011 / JAN 2012 - Floresta Brasil Amazônia
Negócios SustentáveisEm 2011, o Governo do Estado, através da Agência de Desenvolvimento Sustentável do Amazonas (ADS) que compõe o Sistema Produtivo do Estado (SDS, Sepror, Idam e Afeam) mostrou a força da cadeia produtiva com a sustentabilidade na prática:
Boas Festas!
● Benefi ciou 5.125 produtores com as Feiras de Produtos Regionais realizadas no Comando da PM, no Centro de Instrução de Guerra na Selva (CIGS) e no Vitello;
● Deu incentivos à produção da borracha natural;● Alavancou ainda mais a produção de fi bras vegetais por meio da liberação de R$ 1,6 milhão em subsídio;
● Favoreceu cerca de 12 mil produtores com o Programa de Regionalização da Merenda Es-colar (PREME), onde foram investidos R$ 16,4 milhões;
● Trabalhou na organização e dinamização da Cadeia Produtiva do Pescado;● Abriu mais oportunidades aos artesãos e marceneiros com o Programa de Regionalização do Mobiliário Escolar - Promove, com investimentos na ordem de R$ 3,9 milhões.
Para 2012, a meta do Governo do Amazonas é ampliar ainda mais as ações com o lançamento de mais uma Feira de Produtos Regionais em parceria com a Aeronáutica e a viabilização da concessão fl orestal. Iniciativas voltadas a gerar mais oportunidades de trabalho e renda ao homem da fl oresta. E é com este espírito empreendedor que desejamos um feliz Ano Novo.
AVAnçoS nAS nEgoCIAçõES do ClImA Em durBAnA Conferência das Partes (COP-17) da Convenção Quadro de Mudanças
do Clima da ONU, em Durban, África do Sul, mais uma rodada de nego-
ciações. Estavam representados cerca de 190 países, num total de mais
de 20 mil pessoas.
Um dos destaques foi a mudança signifi cativa no posicionamento brasileiro
sobre metas de redução de emissões de gases efeito estufa. Antes contrário
a metas obrigatórias de redução de emissões para países em desenvolvimen-
to, a delegação brasileira trouxe uma nova posição a Durban: o Brasil aceita
assumir metas obrigatórias, desde que isso seja parte de um acordo global, in-
cluindo todos os países. Essa posição, defendida por muitos de nós há alguns
anos, pode representar uma mudança signifi cativa no tabuleiro de xadrez das
complexas negociações.
O novo posicionamento brasileiro pode catalisar mudanças na posição da Chi-
na, também historicamente contrária a metas obrigatórias para países em de-
senvolvimento. Caso a China mude, os EUA não terão mais uma justifi cativa que
vêm usando para não participar do Protocolo de Quioto ou um novo instru-
mento relacionado com metas obrigatórias para redução de emissões. Hoje os
EUA dizem que não participarão enquanto a China e outros grandes poluidores
não assumirem compromissos obrigatórios de redução de emissões.
O grande problema é que a economia dos países industrializados enfrenta
uma crise generalizada e que já se arrasta há vários anos e a perspectiva não
é positiva para o futuro próximo. Isso faz com que instrumentos de mercado
passem a ter um papel mais importante diante da pequena capacidade de
investimento público em ações de mitigação das mudanças climáticas.
O contexto atual pode favorecer REDD+ (redução de emissões por desmata-
mento e degradação, mais enriquecimento, manejo e conservação fl orestal). O
carbono fl orestal, por meio do REDD+, representa a melhor relação custo-be-
nefício. Além de ser mais barato do que outras alternativas, as fl orestas geram
outros benefícios para o clima (chuvas), conservação da biodiversidade e redu-
ção da pobreza. Isso pode ser muito importante para o futuro da Amazônia.
Virgílio VianaSuperintendente Geral da Fundação
Amazonas Sustentável - FAS
Floresta Brasil Amazônia - DEZ 2011 / JAN 2012 | 97
Negócios SustentáveisEm 2011, o Governo do Estado, através da Agência de Desenvolvimento Sustentável do Amazonas (ADS) que compõe o Sistema Produtivo do Estado (SDS, Sepror, Idam e Afeam) mostrou a força da cadeia produtiva com a sustentabilidade na prática:
Boas Festas!
● Benefi ciou 5.125 produtores com as Feiras de Produtos Regionais realizadas no Comando da PM, no Centro de Instrução de Guerra na Selva (CIGS) e no Vitello;
● Deu incentivos à produção da borracha natural;● Alavancou ainda mais a produção de fi bras vegetais por meio da liberação de R$ 1,6 milhão em subsídio;
● Favoreceu cerca de 12 mil produtores com o Programa de Regionalização da Merenda Es-colar (PREME), onde foram investidos R$ 16,4 milhões;
● Trabalhou na organização e dinamização da Cadeia Produtiva do Pescado;● Abriu mais oportunidades aos artesãos e marceneiros com o Programa de Regionalização do Mobiliário Escolar - Promove, com investimentos na ordem de R$ 3,9 milhões.
Para 2012, a meta do Governo do Amazonas é ampliar ainda mais as ações com o lançamento de mais uma Feira de Produtos Regionais em parceria com a Aeronáutica e a viabilização da concessão fl orestal. Iniciativas voltadas a gerar mais oportunidades de trabalho e renda ao homem da fl oresta. E é com este espírito empreendedor que desejamos um feliz Ano Novo.
98 | DEZ 2011 / JAN 2012 - Floresta Brasil Amazônia
o quE gAnhAmoS Com A AproVAção do noVo CódIgo FlorESTAlO Senado Federal aprovou em plenário o projeto de lei que altera o Código
Florestal Brasileiro (PLC 30/2011). Durante o processo de tramitação na casa,
trabalhamos para elaborar uma lei boa e justa para os brasileiros de Norte
a Sul do país. Uma lei que represente um equilíbrio entre a necessidade de
continuarmos batendo recordes na produção agrícola e, ao mesmo tempo,
dando exemplo de proteção de nossas florestas.
Um dos grandes avanços que tivemos no texto foi a inclusão de incentivos
econômicos e financeiros para quem mantém a floresta em pé e protege os
cursos d´água. Em se tratando do bioma Amazônia, estes incentivos são im-
portantes porque 80% das propriedades são de Reserva Legal.
Agora, com a aprovação do novo Código Florestal Brasileiro no Senado, den-
tro de 180 dias o governo federal terá que emitir uma Lei para regulamentar
esses incentivos econômicos e financeiros para as reservas legais e para os
serviços ambientais que a floresta em pé presta à agricultura, ao agronegó-
cio, às hidrelétricas, ao clima e ao sistema hidrológico brasileiro.
Isto é um ganho para toda a Amazônia, tal qual o Bolsa Floresta, que representa
um ganho para mais de 6 mil famílias, que já complementam sua renda anual por
meio desse programa criado quando estivemos a frente do governo do Amazonas.
E a partir do Programa Bolsa Verde, do governo federal e inspirado em nosso Bolsa
Floresta, entre 2011 e 2014, 80 mil famílias na Amazônia brasileira serão beneficia-
das com complemento de renda. Isso equivale a meio milhão de pessoas.
Com o novo Código Florestal, será possível estabelecer incentivos econômicos
e financeiros que representem renda para pequenos, médios e até para gran-
des produtores. Portanto, a Reserva Legal deixa de ser um ônus para se trans-
formar em um ativo florestal. Esta é uma velha luta que travamos incansavel-
mente em todas as discussões sobre o assunto dentro e fora do Senado. Graças
ao entendimento dos relatores sobre a importância desse tema, os instrumen-
tos econômicos receberam um capítulo especial no texto aprovado no Senado.
Outra questão importante incluída no PLC 30 foi a normatização definitiva
e que traz para a legalidade o uso dos leitos dos nossos rios durante a seca,
principalmente as praias e as várzeas dos altos rios para o plantio de subsis-
tência, aquele feito em terrenos de dois ou quatro hectares. Isso significa
que plantar feijão, jerimum, melancia, e até mesmo arroz em muitas áreas
de várzeas e praias de leitos de rios secos, que é uma cultura de subsistência,
passa a ser absolutamente legal com o novo Código Florestal. Portanto, os
pequenos produtores não terão mais o risco de ficar na ilegalidade e de ter
seus equipamentos e insumos apreendidos pelo Ibama, pelo Ipaam ou pela
polícia federal ou polícia militar.
Eduardo BragaSenador (PMDB-AM)
Além disso, as culturas tradicionais de
subsistência, dos pequenos produto-
res rurais, que trabalham com roça e
ainda fazem queimadas para plantio
de mandioca, também passam a ser
legalizados. São esses e outros ganhos
para os amazônidas, todos os brasi-
leiros e para as gerações futuras que
queremos comemorar com a aprova-
ção do novo Código Florestal.
102 | DEZ 2011 / JAN 2012 - Floresta Brasil Amazônia
A VEz do AçAíO açaí é uma cultura importante para nós, aqui na calha do rio Juruá, porque
em todo lugar ele é encontrado. Mas os preços praticados hoje são baixos.
O homem da floresta pensa duas vezes antes de colocar todo seu tempo
para coletar o açaí no pé. Ele sabe que pode ganhar mais com a despesca do
pirarucu, com a pescaria convencional de outras espécies e a borracha, por
exemplo.
Os preços desses produtos são melhores. O kilo da borracha pode ser ven-
dido a R$ 5,20, o pescado é vendido por R$ 6,00 o K, em média, e o pirarucu
apresenta preços ainda melhores; por isso que o que queremos é que o kilo
do açaí seja de, no mínimo, R$ 1,00.
Nós queremos que as indústrias de beneficiamento do açaí como a Tupã, aqui
em Carauri, e outras em todo o Estado, tenham lucros e que gerem renda e
empregos, mas também lutamos para que os produtores da floresta tenham
melhores condições de preço na hora de entregar o seu produto.
A coleta do açaí no cacho é dura, sobe-se nas árvores de maneira artesanal e
carrega-se por longas distâncias o fruto do trabalho na floresta, porque aqui
tudo é feito na mão e de maneira tradicional. Os sacos têm que ser transpor-
tados pelos rios e, agora, com gelo, como querem as indústrias para manter a
qualidade do produto in natura. Há o custo do combustível, do rancho, entre
outros.
Sabemos que assim como a cadeia da borracha, do pirarucu, da castanha,
da malva e juta, entre outras culturas que têm melhorado de preço fruto do
trabalho desenvolvido pelas autoridades federais, estaduais, municipais e os
trabalhadores , também a do açaí, que tem forte apelo de venda nos grandes
centros do Brasil e no mundo, para exportação, pode melhorar.
O trabalhador da floresta é pragmático, ele vai onde é pago melhor. Temos
que buscar novos valores para o açaí, mas também precisamos apoiar o for-
talecimento das agroindustrias, para que elas continuem comprando direta-
mente do produtor rural, especialmente, daqueles que trabalham com extra-
tivismo. Todos queremos desenvolvimento social, econômico e da indústria,
mas com dignidade para todas as partes e com sustentabilidade.
Manoel CunhaPresidente do Conselho Nacional
das Populações Extrativistas (CNS)