Recuperação de vidro nos fluxos de resíduos
indiferenciados
Francisco Borges de Almeida Rocha
Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em
Engenharia do Ambiente
Júri
Presidente: Professora Doutora Maria Joana Castelo-Branco de Assis Teixeira Neiva Correia
Orientadora: Professora Doutora Maria Teresa da Cruz Carvalho
Co-Orientadora: Professora Doutora Tânia Rodrigues Pereira Ramos
Vogal: Engenheira Susana Ângelo
Junho 2019
I
Resumo
A produção, gestão e tratamento de resíduos é uma das principais fontes de poluição identificadas
pelas Nações Unidas. A imposição de metas mais apertadas por parte da União Europeia (UE), no que
diz respeito à reciclagem de resíduos de embalagem (RE), justifica a procura de soluções de
recuperação dos mesmos.
No que respeita a Portugal, estudos anteriores estimaram que, caso todo o vidro proveniente do refugo
de instalações de tratamento mecânico e biológico (TMB) pudesse ser recuperado, seriam atingidas as
metas de reciclagem de RE nesta fileira, que atualmente não são cumpridas. A viabilidade económica
da recuperação depende da logística de tratamento e recolha dos vários fluxos.
A presente dissertação tem como objetivo principal o estudo do potencial de recuperação do vidro
contido no rejeitado pesado de instalações de TMB (TMBr) das 9 instalações TMB em pleno
funcionamento em 2018 em Portugal Continental (Amarsul-Seixal, Amarsul-Setúbal, Braval, Ersuc-
Aveiro, Ersuc-Coimbra, Resitejo, Tratolixo, Valnor, Valorlis) e numa instalação de valorização energética
(Valorsul). Observa-se que o TMBr apresenta teores em vidro entre 12% e 72%. A distribuição
granulométrica é bastante heterogénea, com as amostras a apresentarem 9% a 98% das partículas
com calibre superior a 5.6mm. Os principais contaminantes encontrados foram matéria orgânica,
pedras, cerâmicas e tijolo.
Foi estimado que as 10 instalações estudadas produzam anualmente cerca de 111 390 toneladas de
vidro. A recuperação do vidro proveniente do TMBr destas 10 instalações seria suficiente para atingir a
meta nacional de reciclagem de embalagens de vidro, imposta pela UE até 2025.
A caracterização sociodemográfica (através dos parâmetros proporção do poder de compra per capita,
nível de escolaridade e área) das regiões de atuação das 10 instalações foi analisada, assim como a
qualidade do serviço de recolha seletiva (número de habitantes por ecoponto, número de habitantes
por contentor verde e quantidade de embalagens de vidro retomadas). Com a informação disponível
não foi possível encontrar relações entre os fatores usados e a quantidade de vidro presente no fluxo
de resíduos indiferenciados.
Palavras-Chave: Recuperação de vidro, TMB, Caracterização do rejeitado pesado do TMB, Fatores
sociodemográficos
II
III
Abstract
The production, management and treatment of waste is one of the main sources of pollution identified
by the United Nations. The imposition of tougher European Union (EU) targets on recycling of packaging
waste (PW) justifies the search for recovery solutions.
With respect to Portugal, previous studies have estimated that, if all the glass contained in the heavy
reject fraction from mechanical and biological treatment plants (MBT) could be recovered, the recycling
targets for PW, which are currently not met, would be achieved. The economic viability of the recovery
depends on the logistics of treatment and collection of the various flows.
The main objective of this dissertation is to study the recovery potential of glass contained in the heavy
reject fraction (MBTr) refused by the 9 fully operational MBT facilities in Portugal in 2018 (Amarsul-
Seixal, Amarsul-Setúbal, Braval, Ersuc-Aveiro, Ersuc-Coimbra, Resitejo, Tratolixo, Valnor, Valorlis) and
in the bottom ash of one energy recovery facility (Valorsul). It is observed that the MBTr presents glass
contents between 12% and 72%. The granulometric distribution is quite heterogeneous, with the
samples presenting 9% to 98% of the particles with a size greater than 5.6mm. The main contaminants
found were organic matter, stones, ceramics and bricks.
It was estimated that the 10 facilities studied annually produce about 111 390 tonnes of glass. The
recovery of glass from the MBTr of these 10 plants would be sufficient to achieve the national goal of
glass packaging recycling, imposed by the EU by 2025.
The sociodemographic characterization (through the parameters purchasing power per capita, level of
education and area) of the regions of operation of the 10 facilities was analysed, as well as the quality
of the sorted collection service (number of inhabitants per bring bank, number of inhabitants per glass
container and quantity of glass packages recovered from the sorted waste stream). With the available
information it was not possible to find relationships between the factors used and the amount of glass
present in the unsorted waste stream.
Keywords: Glass recovery, MBT, Characterization of MBT reject, Sociodemographic factors
IV
V
Agradecimentos
Em primeiro lugar gostaria de agradecer à Professora Maria Teresa Carvalho pela oportunidade que
me foi dada de integração do projeto Mobile Pro – U e pela orientação, saber, transmissão de
conhecimentos e exigência na realização do trabalho, bem como à Professora Tânia Ramos, cujo
valioso contributo, disponibilidade e incentivo foram decisivos para a conclusão da presente
dissertação.
Um agradecimento muito particular ao Professor Manuel Ribeiro pela clareza dos ensinamentos e pelo
rigor e colaboração no tratamento estatístico dos resultados e no solucionar de problemas e de dúvidas
que foram surgindo.
Agradeço à Sociedade Ponto Verde (SPV), pelo financiamento e colaboração no Projeto,
nomeadamente à Engª Susana Ângelo e à Engª Susana Ramalho, pela preciosa e inexcedível
colaboração, designadamente no esclarecimento de dúvidas e na obtenção de informação.
Agradeço igualmente aos responsáveis e aos técnicos das instalações visitadas e estudadas na
presente dissertação, AMARSUL, BRAVAL, ERSUC, RESITEJO, TRATOLIXO, VALNOR, VALORLIS
E VALORSUL, pela afabilidade, recetividade e pronta colaboração.
Deixo, também, o meu muito obrigado a todos os elementos da equipa do Projeto pelo interesse e
empenho no trabalho realizado.
Finalmente, agradeço aos meus pais, pelos princípios e valores que me transmitiram e que sempre
nortearão a minha vida.
VI
VII
VIII
Índice
Resumo.................................................................................................................................................... I
Abstract ................................................................................................................................................. III
Agradecimentos .................................................................................................................................... V
Índice ..................................................................................................................................................... VI
Índice de Figuras ................................................................................................................................... X
Índice de Tabelas ................................................................................................................................ XIII
Abreviaturas .........................................................................................................................................XV
1. Introdução ...................................................................................................................................... 1
1.1. Contexto e motivação ............................................................................................................ 1
1.2. Objetivo.................................................................................................................................. 5
1.3. Metodologia e estrutura da dissertação ................................................................................ 6
2. Estado da arte ................................................................................................................................ 8
2.1. Enquadramento legal ............................................................................................................ 8
2.2. Gestão de RSU ................................................................................................................... 12
2.2.1. Gestão de RSU em Portugal .................................................................................. 12
2.2.2. Gestão de REV e RSU na União Europeia ............................................................ 14
2.3. Recuperação e reciclagem do vidro .................................................................................... 17
2.3.1. Processo de descontaminação de casco de vidro ................................................. 17
2.3.2. Entidades envolvidas e situação nacional .............................................................. 21
2.3.3. Estudos sociodemográficos sobre reciclagem ....................................................... 23
2.4. Instalações de TMB ............................................................................................................. 24
2.4.1. Tratamento mecânico ............................................................................................. 25
2.4.2. Tratamento biológico .............................................................................................. 26
2.4.3. Afinação do composto ............................................................................................ 28
2.4.4. TMB em Portugal .................................................................................................... 29
2.4.5. Estudos sobre a recuperação de RE de vidro contido no rejeitado pesado .......... 30
3. Métodos ........................................................................................................................................ 32
3.1. Casos de estudo .................................................................................................................. 32
3.2. Cálculo do tamanho de amostra ......................................................................................... 34
3.3. Caracterização do TMBr ...................................................................................................... 36
3.3.1. Métodos .................................................................................................................. 37
3.3.2. Proveniência das amostras .................................................................................... 43
IX
4. Resultados e Discussão ............................................................................................................. 44
4.1. Análise granulométrica ........................................................................................................ 44
4.2. Análise de composição ........................................................................................................ 46
4.2.1. Distribuição dos componentes por classe granulométrica ..................................... 48
4.3. Quantidade de vidro contido no TMBr das instalações ....................................................... 54
4.4. Evolução temporal da composição do TMBr ....................................................................... 55
4.5. Indicadores sociodemográficos e composição do TMBr ..................................................... 57
5. Conclusões e trabalho futuro ..................................................................................................... 66
5.1. Conclusões .......................................................................................................................... 66
5.2. Trabalho futuro .................................................................................................................... 67
Referências Bibliográficas ................................................................................................................. 69
Anexos .................................................................................................................................................. 73
I. Cálculo do tamanho de amostra e erro de amostragem ......................................................... 74
II. Metodologia usada na caracterização física do TMBr ............................................................. 76
1. Materiais e equipamentos............................................................................................. 76
2. Métodos .......................................................................................................................... 77
III. Resultados das caracterizações para cada subamostra analisada ....................................... 78
IV. Dados sociodemográficos e qualidade do serviço de recolha seletiva ................................ 95
X
Índice de Figuras
Figura 1 - Esquema de uma instalação de TMB. Fonte: Dias (2011) ..................................................... 3
Figura 2 - Distribuição por material das retomas provenientes da recolha seletiva (esquerda) e
indiferenciada (direita), (SPV, 2018) ........................................................................................................ 4
Figura 3 - Destino direto dos RU por tipo de operação de gestão. Fonte: Relatório Anual dos Resíduos
Urbanos, APA (2018a) ........................................................................................................................... 13
Figura 4 - Total de RU geridos por destino final. Fonte: Relatório Anual dos Resíduos Urbanos, APA
(2018a) .................................................................................................................................................. 13
Figura 5 - Caracterização física dos RU produzidos no Continente em 2017. Fonte: Relatório Anual dos
Resíduos Urbanos, APA (2018a) ........................................................................................................... 14
Figura 6 - REV gerados e enviados para reciclagem em 2016, por cada país Europeu e pela UE a 28.
Dados: Eurostat (2016) ......................................................................................................................... 15
Figura 7 - Destino direto do fluxo de RSU na Suécia. Fonte dos dados: Avfallshantering (2017) ....... 16
Figura 8 - Diagrama simplificado do processo de descontaminação do casco de vidro ...................... 18
Figura 9 - Esquema do equipamento RecGlass. Fonte: Dias (2015) ................................................... 21
Figura 10 - Evolução da quantidade total de embalagens de vidro declaradas (t) à SPV ................... 22
Figura 11 - Taxa de retoma global da Sociedade Ponto Verde. Fonte: Sociedade Ponto Verde (2018)
............................................................................................................................................................... 22
Figura 12 - Esquema do processo de tratamento aeróbio (adaptado de Pearson et al., 2011) ........... 28
Figura 13 - Mapa dos SGRU e das infraestruturas de tratamento em Portugal Continental. Fonte:
PERSU 2020 (2014) .............................................................................................................................. 29
Figura 14 - Localização geográfica das instalações de tratamento de resíduos indiferenciados que
constituíram o caso de estudo. Figura sem escala ............................................................................... 33
Figura 15 - Diagrama simplificado do processo de caracterização das amostras ................................ 38
Figura 16 - Processo de amostragem do rejeitado. a) Recolha da amostra. b) rejeitado pesado. c)
homogeneização da amostra. d), e), f) subdivisão da amostra ............................................................ 39
Figura 17- Composição do rejeitado do TMB a) -8mm + 5.6mm b) -16mm +11.2mm; materiais: 1)
pedras; 2) cerâmica + tijolo; 3) vidro; 4) plástico; 5) orgânicos; 6) metal – graduação da régua, cm .. 40
Figura 18 - Curva cumulativa superior da distribuição granulométrica de todas as amostras; amostras
finas a tracejado, amostras intermédias com linha contínua e marcador tipo diamante, amostras
grosseiras com linha contínua e marcador tipo círculo ......................................................................... 45
Figura 19 - Categorias de produtos conforme a granulometria do TMBr .............................................. 45
XI
Figura 20 - Composição das amostras de TMBr ................................................................................... 46
Figura 21 - Teor em vidro (%) de cada amostra .................................................................................... 47
Figura 22 - Teor em vidro (%) por ordem crescente com referência a todas as instalações estudadas;
TMB que retiram vidro no processo de TM destacadas ....................................................................... 48
Figura 23 - Distribuição granulométrica do vidro para cada amostra ................................................... 49
Figura 24 - Distribuição granulométrica do material pedras para cada subamostra ............................ 49
Figura 25 - Distribuição granulométrica da matéria orgânica e plásticos para cada subamostra ........ 50
Figura 26 - Composição por fração granulométrica do vidro e dos principais contaminantes; AS-Sx-F,
AS-Set-F, BV, ERS-A-Fd, RT e TL ........................................................................................................ 52
Figura 27 - Composição por fração granulométrica do vidro e dos principais contaminantes; VN, VS,
BV, ERS-C-Ip, ERS-C-Ih, ERS-A-Ip, AS-Sx-Ginrt ................................................................................. 53
Figura 28 - Composição por fração granulométrica do vidro e dos principais contaminantes; AS-Sx-Gc,
AS-Set-G, VL-Gp e VL-G ...................................................................................................................... 54
Figura 29 - Comparação entre a composição total das amostras analisadas no projeto RecGlass e alvo
deste estudo .......................................................................................................................................... 56
Figura 30 – Relação entre o número de habitantes por ecoponto e a quantidade de vidro presente no
fluxo de resíduos indiferenciado. Todas as TMB e VE (esquerda), BV excluída (direita), BV e VS
excluídas (centro) .................................................................................................................................. 57
Figura 31 - Relação entre a proporção do poder de compra per capita e a quantidade de vidro presente
no fluxo de resíduos indiferenciado. Todas as TMB e VE (esquerda), BV excluída (direita), BV e VS
excluídas (centro) .................................................................................................................................. 58
Figura 32 - Relação entre a quantidade de embalagens de vidro retomadas e a quantidade de vidro
presente no fluxo de resíduos indiferenciado. Todas as TMB e VE ...................................................... 59
Figura 33 - Relação entre a quantidade de embalagens de vidro retomadas e a quantidade de vidro
presente no fluxo de resíduos indiferenciado. BV excluída .................................................................. 59
Figura 34 - Relação entre a quantidade de embalagens de vidro retomadas e a quantidade de vidro
presente no fluxo de resíduos indiferenciado. BV e VS excluídas ....................................................... 60
Figura 35 - Relação entre a taxa de analfabetismo da população e a quantidade de vidro presente no
fluxo de resíduos indiferenciado. Todas as TMB e VE (esquerda), BV excluída (direita), BV e VS
excluídas (centro) .................................................................................................................................. 60
Figura 36 - Relação entre o número de habitantes por contentor verde e a quantidade de vidro presente
no fluxo de resíduos indiferenciado. Todas as TMB e VE (esquerda), BV excluída (direita), BV e VS
excluídas (centro) .................................................................................................................................. 61
XII
Figura 37 - Relação entre a área servida por cada SGRU e a quantidade de vidro presente no fluxo de
resíduos indiferenciado. Todas as TMB e VE (esquerda), BV excluída (direita), BV e VS excluídas
(centro) .................................................................................................................................................. 62
Figura 38 - Análise de correspondências. Representação dos indicadores (colunas) e instalações
(linhas) ................................................................................................................................................... 64
Figura 39 - Distribuição granulométrica de todas as subamostras analisadas - análise de repetibilidade
- AS-Sx-F ............................................................................................................................................... 79
Figura 40 - Distribuição granulométrica de todas as subamostras analisadas - análise de repetibilidade
– AS-Sx-Gc ............................................................................................................................................ 80
Figura 41 - Distribuição granulométrica de todas as subamostras analisadas - análise de repetibilidade
– AS-Sx-Ginrt ....................................................................................................................................... 81
Figura 42 - Distribuição granulométrica de todas as subamostras analisadas - análise de repetibilidade
- AS-Set-F .............................................................................................................................................. 82
Figura 43 - Distribuição granulométrica de todas as subamostras analisadas - análise de repetibilidade
–AS-Set-G ............................................................................................................................................. 83
Figura 44 - Distribuição granulométrica de todas as subamostras analisadas - análise de repetibilidade
- BV ........................................................................................................................................................ 84
Figura 45 - Distribuição granulométrica de todas as subamostras analisadas - análise de repetibilidade
–ERS-C-Ip ............................................................................................................................................. 85
Figura 46 - Distribuição granulométrica de todas as subamostras analisadas - análise de repetibilidade
–ERS-C-Ih ............................................................................................................................................. 86
Figura 47 - Distribuição granulométrica de todas as subamostras analisadas - análise de repetibilidade
–ERS-A-Ip.............................................................................................................................................. 87
Figura 48 - Distribuição granulométrica de todas as subamostras analisadas - análise de repetibilidade
–ERS-A-Ad ............................................................................................................................................ 88
Figura 49 - Distribuição granulométrica de todas as subamostras analisadas - análise de repetibilidade
- RT ........................................................................................................................................................ 89
Figura 50 - Distribuição granulométrica de todas as subamostras analisadas - análise de repetibilidade-
TL ........................................................................................................................................................... 90
Figura 51 - Distribuição granulométrica de todas as subamostras analisadas - análise de repetibilidade
- VL-G .................................................................................................................................................... 91
Figura 52 - Distribuição granulométrica de todas as subamostras analisadas - análise de repetibilidade
- VL-Gp .................................................................................................................................................. 92
Figura 53 - Distribuição granulométrica de todas as subamostras analisadas - análise de repetibilidade
- VN ........................................................................................................................................................ 93
XIII
Índice de Tabelas
Tabela 1-1 - Síntese dos principais processos de gestão de resíduos sólidos. Adaptado de Belo (2013)
................................................................................................................................................................. 2
Tabela 2-1 - Objetivos de reciclagem de embalagens estabelecidos na Diretiva (UE) 2018/852 ........ 10
Tabela 2-2 - Especificações técnicas para a retoma de resíduos de embalagens de vidro (APA, 2017)
............................................................................................................................................................... 19
Tabela 2-3 - Técnicas usadas no tratamento mecânico de resíduos. Fonte: Máximo (2013) .............. 26
Tabela 2-4 - Técnicas de afinação. Fonte: Máximo (2013) ................................................................... 28
Tabela 3-1 - Listagem das instalações alvo de estudo e informações gerais respectivas .................. 33
Tabela 3-2 – Massa de amostra (M) a recolher calculada de acordo com a teoria da amostragem .... 35
Tabela 3-3 – Cronograma do processo de recolha das amostras, massa da amostra recolhida e erro de
amostragem utilizando o vidro como constituinte crítico ....................................................................... 37
Tabela 3-4 – Matriz de correspondências ............................................................................................. 42
Tabela 3-5 – Origem das amostras analisadas e principais características de processamento das
instalações ............................................................................................................................................. 43
Tabela 4-1 - Vidro contido no TMBr das instalações estudadas ........................................................... 55
Tabela 4-2 - Matriz de correlação .......................................................................................................... 63
Tabela 4-3 – Matriz dos valores próprios .............................................................................................. 63
Tabela I-1 – Cálculo do tamanho de amostra........................................................................................ 74
Tabela I-2 – Cálculo do erro de amostragem ........................................................................................ 75
Tabela III-1 – Massa total da amostra caracterizada (excluindo amostra de testemunho), massa da
fração supra 5,6mm, massa total de vidro em cada amostra e teor em vidro (%) de cada amostra ... 78
Tabela III-2 - Análise granulométrica de repetibilidade da amostra AS-Sx-F ........................................ 79
Tabela III-3 - Análise granulométrica de repetibilidade da amostra AS-Sx-Gc ..................................... 80
Tabela III-4 - Análise granulométrica de repetibilidade da amostra AS-Sx-Ginrt .................................. 81
Tabela III-5 - Análise granulométrica de repetibilidade da amostra AS-Set-F ....................................... 82
Tabela III-6 - Análise granulométrica de repetibilidade da amostra AS-Set-G ...................................... 83
Tabela III-7 - Análise granulométrica de repetibilidade da amostra BV ................................................ 84
Tabela III-8 - Análise granulométrica de repetibilidade da amostra ERS-C-Ip ...................................... 85
XIV
Tabela III-9 - Análise granulométrica de repetibilidade da amostra ERS-C-Ih ...................................... 86
Tabela III-10 - Análise granulométrica de repetibilidade da amostra ERS-A-Ip .................................... 87
Tabela III-11 - Análise granulométrica de repetibilidade da amostra ERS-A-Fd ................................... 88
Tabela III-12 - Análise granulométrica de repetibilidade da amostra RT............................................... 89
Tabela III-13 - Análise granulométrica de repetibilidade da amostra TL ............................................... 90
Tabela III-14 - Análise granulométrica de repetibilidade da amostra VL-G ........................................... 91
Tabela III-15 - Análise granulométrica de repetibilidade da amostra VL-Gp ......................................... 92
Tabela III-16 - Análise granulométrica de repetibilidade da amostra VN .............................................. 93
Tabela III-17 – Distribuição granulométrica da amostra VS ......................................................................
Tabela III-18 – Composição material de cada amostra ......................................................................... 94
Tabela III-19 – Estimativa da quantidade de vidro contida no TMBr, discrimnado para cada amostra 95
Tabela III-20 - Comparação entre a composição total das amostras analisadas no projeto RecGlass e
alvo deste estudo ......................................................................................................................................
Tabela IV-1 – Dados sociodemográficos e dados do sistema de recolha seletiva ............................... 95
XV
Abreviaturas
a Teor do lote em espécie mineralógica de valor
AS AMARSUL
AS-Sx CVO do Seixal
AS-Set CC de Setúbal
AS-Sx-F Amostra fina – CVO Seixal
AS-Sx-Ginrt Amostra grosseira proveniente do separador de inertes – CVO Seixal
AS-Sx-Gc Amostra grosseira proveniente do crivo rotativo – CVO Seixal
AS-Set-F Amostra fina – CC Setúbal
AS-Set-G Amostra grosseira – CC Setúbal
BV BRAVAL
c.c Constituinte crítico
CC Central de Compostagem
CDR Combustíveis Derivados de Resíduos
CITR Centros Integrados de Tratamento de Resíduos Sólidos Urbanos
CVO Central de Valorização Orgânica
EF Erro Fundamental
EG Erro de Agrupamento e Segregação
ERS-A ERSUC Aveiro
ERS-C ERSUC Coimbra
XVI
ERS-A-Ip Amostra intermédia proveniente do pulper – ERSUC Aveiro
ERS-A-Fd Amostra fina proveniente do desarenador – ERSUC Aveiro
ERS-C-Ip Amostra intermédia proveniente do pulper – ERSUC Coimbra
ERS-C-Ih Amostra intermédia proveniente do hidrociclone – ERSUC Coimbra
f Parâmetro de forma das partículas
g Parâmetro de distribuição granulométrica
l Parâmetro de individualização
M Massa de amostra
m massa
PERSU Plano Estratégico para os Resíduos Sólidos Urbanos
REV Resíduos de Embalagem de Vidro
RSU Resíduos Sólidos Urbanos
RT RESITEJO
RU Resíduos Urbanos
SGRU Sistemas de Gestão de Resíduos Urbanos
SIGRE Sistema Integrado de Gestão de Embalagens e Resíduos de Embalagens
TL TRATOLIXO
TM Tratamento Mecânico
TMB Tratamento Mecânico e Biológico
TMBr Rejeitado Pesado das Instalações de Tratamento Mecânico e Biológico
UE União Europeia
VE Valorização Energética
XVII
VL VALORLIS
VL-Gp Amostra grosseira proveniente do pulper - VALORLIS
VL-G Amostra grosseira - VALORLIS
VN VALNOR
VS VALORSUL
1
1. Introdução
Em Portugal, cerca de 50% do vidro de embalagem, representando mais de 200 000 toneladas por
ano, é colocado nos resíduos indiferenciados, não sendo reciclado (SPV, 2018). Contudo, é possível
através de processo tecnológico adequado, recuperar o vidro de calibre reduzido que se encontra
contaminado com outros materiais, mas a viabilidade económica da sua recuperação depende da
logística de tratamento e recolha dos vários fluxos que contêm este material (Dias et. al, 2014; Dias et
al., 2015; Dias, 2015).
1.1. Contexto e motivação
A produção, gestão e tratamento de resíduos é uma das principais fontes de poluição identificadas
pelas Nações Unidas, tendo impacto direto na saúde humana e no equilíbrio dos ecossistemas. Esta
poluição manifesta-se de diversas formas, nomeadamente atmosférica (resultante dos processos de
incineração e libertação de metano em aterros e lixeiras a céu aberto), contaminação dos cursos de
água (através da lixiviação de químicos e descargas de efluentes industriais/processos de tratamento),
dos solos (pelas mesmas razões que a água, bem como a mudança do tipo de uso do solo – ex.
construção de aterro) e marinha (quer através da bioacumulação e bio magnificação de metais pesados
e plásticos na cadeia trófica quer pela libertação de nutrientes que podem provocar eutrofização).
Estima-se que 50 das maiores lixeiras ativas a nível mundial afetem a vida de 64 milhões de pessoas,
incluindo a sua saúde, perda de vidas e propriedades, quando ocorrem colapsos e deslizes de terra
(UN Environment, 2017).
A abordagem da União Europeia no que respeita à gestão de resíduos é baseada na hierarquia de
resíduos (definida na Diretiva 2008/98/CE) que estabelece a seguinte ordem de prioridade na
elaboração de políticas referentes à gestão de resíduos: prevenção, (preparação para) reutilização,
reciclagem, recuperação e, como último recurso, eliminação (que inclui a deposição em aterro e
incineração sem recuperação de energia). De forma a cumprir a hierarquia dos resíduos, atingir metas
nacionais e comunitárias e obedecer a convenções internacionais (como a Convenção de Basileia) é
necessário implementar uma série de estratégias que podem ser resumidas na Tabela 1-1.
2
Tabela 1-1 - Síntese dos principais processos de gestão de resíduos sólidos. Adaptado de Belo (2013)
Tratamento Descrição
Aterro o Deposição controlada de resíduos o Pode ser produzida energia
(biogás)
Incineração
o Queima controlada de resíduos o Redução de volume dos resíduos,
eliminação de agentes patogénicos o Produção de energia
Recolha seletiva/Reciclagem o Separação dos RU por material que
após processamento originam novos produtos/matérias primas
Compostagem
o Digestão aeróbia de matéria orgânica
o Redução de volume de resíduos o Produção de um subproduto,
composto, que pode ser utilizado como fertilizante
Digestão anaeróbia
o Digestão anaeróbia de matéria orgânica
o Produção de energia sob a forma de biogás
o Produção de composto ou resíduo orgânico biologicamente estabilizado, que poderá ser utilizado como fertilizante
Produção de CDR
o Separação e homogeneização da fração com elevado poder calorífico para possível utilização como combustível
Entre 2010 e 2025 é estimado que a produção de resíduos sólidos urbanos (RSU) global duplique,
atingindo 2.2 biliões de toneladas (The World Bank, 2012), dependendo de fatores como nível de vida,
grau de industrialização e de urbanização, escolaridade e clima (Al-Momani, 1994; Medina, 1997 e
Bandara et al., 2007).
De forma geral, o nível de vida e o grau de urbanização estão altamente correlacionados e à medida
que os salários e as condições de vida aumentam, o consumo de bens e serviços aumenta
proporcionalmente, bem como a quantidade de resíduos gerados. De acordo com The World Bank
(2012), os residentes de meio urbano produzem cerca de duas vezes mais resíduos quando
comparados com os residentes de meio rural.
Com o aumento exponencial da população mundial e o rápido crescimento económico e
industrialização em países em desenvolvimento, bem como a adoção progressiva de conceitos como
desenvolvimento sustentável e economia circular, surge a necessidade de rever a regulamentação do
sector dos resíduos. Urge, ainda, a necessidade de abordar problemas identificados no passado para
os quais não foram postas em prática as respetivas soluções ou as soluções encontradas revelaram-
se ineficientes e ineficazes. É neste contexto que se insere a caracterização dos fluxos das instalações
3
de tratamento mecânico e biológico (TMB) em Portugal, onde cerca de 66% do total de RSU que entra
nas 18 instalações existentes continua a ter como destino final a deposição em aterro (APA, 2018a).
O principal objetivo deste tipo de instalações é reduzir o conteúdo de matéria orgânica biodegradável
nos resíduos, de modo a minimizar os seus impactes ambientais quando depositados em aterro
(produção de odores, autocombustão, produção de biogás, infiltração de lixiviados e crescimento de
agentes patogénicos) (Barrena et al., 2009; Defra, 2013). Outro objetivo é recuperar materiais (os
resíduos biológicos são transformados em composto) de forma a cumprir a legislação em vigor e
recuperar o máximo de material reciclável (Gallardo et al., 2014). Nas instalações TMB são usualmente
originados dois produtos (Dias, 2011). A separação é feita com base na granulometria e composição
material dos resíduos, sendo o produto grosseiro (refugo) maioritariamente composto por metais,
plásticos e papel (recuperados através de triagem manual e/ou separação mecânica) e o produto fino
(rejeitado pesado) maioritariamente composto por inertes como vidro, cerâmica, pedras e matéria
orgânica (recuperados através de uma série de processos descritos no capítulo 2.3). Quanto à
granulometria, os valores variam de instalação para instalação sendo usualmente considerada a fração
80mm como valor de separação dos dois produtos. A linha de tratamento da fração grosseira é
normalmente alimentada por materiais com granulometria superior a 80mm, ao passo que a linha de
tratamento da fração fina é alimentada por materiais com granulometria inferior a 80mm (Figura 1).
Figura 1 - Esquema de uma instalação de TMB. Fonte: Dias (2011)
Até ao início dos anos 80 do século XX, a fração fina destinava-se à produção de composto ao passo
que a fração grosseira deveria ser transformada em combustíveis derivados de resíduos (CDR) para
instalações industriais. No entanto, o nível de poluentes encontrado na fração fina era demasiado
elevado para o composto ser utilizado na agricultura (Schu, 2007) e a utilização da fração grosseira na
produção de CDR foi progressivamente abandonada, uma vez que o preço de outras fontes de energia
baixou consideravelmente. A produção de CDR em Portugal apresenta diversos obstáculos,
4
nomeadamente, “a ausência de uma qualidade tal que permita o seu coprocessamento, principalmente
devido ao seu teor em humidade elevado e deficiente fracionamento dos vários componentes dos
resíduos na fonte” (Caracol, 2016).
A partir de meados dos anos 80, a recolha seletiva de recicláveis foi sendo progressivamente adotada
e as instalações TMB passaram a ser encaradas maioritariamente como um passo de pré-tratamento
de resíduos antes serem enviados para aterro, ainda que muitas instalações consigam realizar
valorização material dos resíduos que entram nas TMB.
As TMB têm tido uma crescente adoção tanto a nível europeu como a nível nacional. Entre 2012 e
2017, de acordo com o relatório Ecoprog (2017), foram construídas anualmente, em média, cerca de
25 novas instalações de TMB em toda a Europa. Em Portugal, o número total de instalações mais do
que triplicou nos últimos 8 anos e em 2017 o total de RSU que entrou em TMB foi de aproximadamente
1 680 000 toneladas/ano, valor muito superior à capacidade existente em 2011 (470 000
toneladas/ano), (APA, 2018a) e (APA, 2018b).
Os resíduos de embalagem de vidro (REV) representam, em peso, a maior fração de resíduos de
embalagem retomados (52%) por intermédio dos Sistemas de Gestão de Resíduos Urbanos (SGRU)
com origem na recolha seletiva (SPV, 2018) (Figura 2). As retomas, por material, da recolha
indiferenciada, apresentam uma distribuição distinta da obtida através da recolha seletiva com o vidro
a representar, em peso, cerca de 1% do total de resíduos de embalagem recuperados neste fluxo. Este
facto pode ser justificado tanto pelo crescente desvio dos REV para a recolha seletiva, como pela falta
de soluções técnicas de recuperação de vidro contido no rejeitado pesado das instalações de TMB
(TMBr). A quantidade de resíduos valorizáveis retomados é também afetada pelo desvio dos mesmos
para setores da economia paralela, designadamente na Área Metropolitana de Lisboa (CML, 2016).
Figura 2 - Distribuição por material das retomas provenientes da recolha seletiva (esquerda) e indiferenciada (direita), (SPV, 2018)
Apesar de apresentar propriedades ideais para a reciclagem e inadequação para aterro, o vidro é um
dos maiores fluxos de resíduos e a sua gestão constitui um sério desafio em todo o mundo. Trata-se
5
de um material que, embora possa ser repetidamente reciclado sem perda de qualidade, continua a ser
despejado em aterro em grandes volumes.
Existem diversos estudos sobre o potencial de aplicações do vidro reciclado em geral e do vidro de
embalagem em particular. Chen et. al (2018) estudou a possibilidade de utilizar vidro reciclado como
substrato de “telhados verdes”, tendo verificado um melhor desempenho deste na neutralização de
chuvas ácidas quando comparado com substratos comerciais e naturalmente cultivados. Pahlevani &
Sahajwalla (2018) detalha um novo processo de baixo custo para transformar REV em materiais de
construção sem necessidade de fundir novamente o vidro. O vidro reciclado é ainda um recurso
amplamente utilizado na produção de produtos derivados do cimento (argamassa, asfalto) (Tucker et
al., 2018), e, ainda, como cobertura de aterro (Tsai et al., 2009).
As TMB recuperam, no processo de tratamento mecânico, quantidades significativas de resíduos de
embalagem, nomeadamente, plástico, papel e cartão. Este processo é feito através de triagem manual
e automatizada (sensores óticos).
Contudo, a recuperação de REV por parte das instalações de TMB apresenta alguns obstáculos, quer
relacionados com a segurança dos operadores quer com as limitações dos equipamentos no que
respeita à separação do vidro dos seus contaminantes. O projeto RecGlass (Dias et al., 2012; Dias,
2015), avaliou a viabilidade técnica e económica da recuperação de vidro contido no rejeitado pesado
das instalações de tratamento mecânico e biológico (TMBr), mostrando que a recuperação de vidro é
tecnicamente viável mas, devido ao baixo caudal do fluxo de TMBr produzido por cada uma das
instalações, a viabilidade económica não é alcançada se se considerar um diagrama de processamento
de recuperação de vidro em cada uma das instalações TMB. Dias (2015) propôs o estudo da construção
de uma unidade móvel do diagrama ou de uma unidade centralizada de recuperação de vidro
proveniente do TMBr.
1.2. Objetivo
O objetivo da presente dissertação é a avaliação do potencial de recuperação de vidro a partir de
resíduos indiferenciados em Portugal Continental (rejeitado pesado em instalações de TMB e escórias
de instalações de valorização energética (VE) de resíduos indiferenciados) em 2019. Nesta dissertação
realizar-se-á a caracterização das instalações (localização, quantidade de RSU processados e
diagrama de processamento simplificado) e a quantificação dos caudais do fluxo TMBr e a sua
caracterização em termos de propriedades físicas (análise granulométrica), a determinação da
composição dos fluxos em termos de teor em vidro e em contaminantes, como metais, plásticos,
pedras, tijolo, etc., bem como serão avaliados potenciais constrangimentos ao uso futuro de unidades
móveis na recuperação de RE de vidro. O resultado alcançado poderá servir para a tomada de decisão
nas políticas de reciclagem de vidro de embalagem e ser utilizado na avaliação de viabilidade técnica
e económica de unidades móveis e unidades centralizadas de recuperação do TMBr.
6
Pretende-se, ainda, avaliar como é que alguns indicadores sociodemográficos e dados da qualidade
do sistema de recolha seletiva podem afetar a quantidade de vidro presente no fluxo de resíduos
indiferenciados.
1.3. Metodologia e estrutura da dissertação
A primeira fase do trabalho teve como objetivo o conhecimento do estado da arte relativamente à gestão
de resíduos sólidos urbanos em Portugal e na União Europeia (legislação, entidades envolvidas,
destinos e composição). Foi realizada uma pesquisa bibliográfica sobre os processos e limitações da
recuperação e reciclagem do vidro de embalagem. Efetuou-se um levantamento de estudos sobre a
recuperação de REV contido no rejeitado pesado de instalações de TMB. Ainda nesta fase, e através
de contatos com a SPV, foram identificadas as TMB nacionais que reuniam as características
necessárias à realização do estudo.
A fase seguinte consistiu na utilização de métodos teóricos e práticos da amostragem aleatória de
matéria de constituição heterogénea, de modo a calcular um tamanho de amostra a recolher de acordo
com um erro de amostragem previamente definido e na recolha das amostras.
A terceira fase consistiu no trabalho experimental, com as análises granulométricas e de composição
das amostras, seguida de uma análise conjunta do processamento realizado em todas as instalações
e dos resultados do trabalho experimental.
A quarta fase consistiu no estudo da relação de fatores sociodemográficos e a qualidade do serviço de
recolha seletiva com a quantidade de vidro encaminhado para o fluxo de resíduos indiferenciado,
A dissertação foi estruturada em 5 capítulos e 4 anexos que se enumeram de seguida.
1. Introdução – Contextualização da dissertação, objetivos e motivação.
2. Estado da arte – Revisão bibliográfica da gestão de RSU a nível nacional e europeu, com
especial foco na legislação em vigor e destino dos RSU. Levantamento dos processos e
limitações da recuperação e reciclagem de REV, bem como das aplicações associadas.
Descrição do processo de tratamento mecânico e biológico de RSU. Compilação de estudos
sobre fatores sociológicos que podem afetar a taxa de reciclagem. Resumo, na parte relevante,
de estudos nacionais e internacionais sobre a recuperação de REV em instalações TMB e VE.
3. Métodos – Listagem dos fatores utilizados para a escolha das TMB alvo do estudo,
identificação das características relevantes das instalações, descrição da origem das amostras
recolhidas e metodologia usada nas análises laboratoriais de granulometria e composição do
TMBr. Descrição dos métodos utilizados na determinação do tamanho de amostra a recolher.
Introdução à análise fatorial de correspondências.
7
4. Resultados e Discussão – Apresentação dos resultados da análise granulométrica e de
composição para cada amostra. Análise da concentração de vidro e dos principais
contaminantes nas amostras em função da distribuição granulométrica total das mesmas.
Estimação da quantidade de vidro contido no rejeitado pesado do TMB em cada instalação.
Estudo da evolução temporal da composição do TMBr. Estudo da relação entre a quantidade
de vidro presente no fluxo de resíduos indiferenciado e fatores sociodemográficos e referentes
ao serviço de recolha seletiva que podem afetar a taxa de reciclagem e geração de resíduos,
com recurso a técnicas de análise multidimensional de dados e estatística descritiva univariada.
Aplicação da técnica de análise fatorial de correspondências através do software ANDAD.
5. Conclusão e trabalho futuro – Descrição dos resultados mais importantes – principais
contaminantes, distribuição granulométrica e potencial de recuperação de vidro contido no
TMBr. Apresentação de propostas de seguimento do trabalho.
Após as referências bibliográficas foram incorporados 4 anexos: Anexo I – Cálculo do tamanho de
amostra e erro de amostragem, Anexo II – Metodologia usada na caracterização física do rejeitado
pesado, Anexo III – Resultados das caracterizações para cada subamostra analisada e Anexo IV –
Dados sociodemográficos e qualidade do serviço de recolha seletiva.
8
2. Estado da arte
Este capítulo faz uma revisão da literatura criando bases para o estudo que se segue. É revisitada a
legislação que regula a gestão de RSU a nível nacional e feita uma descrição da gestão de RSU em
Portugal e na União Europeia. São enunciadas as principais tecnologias utilizadas no processo de
recuperação de vidro do TMBr, bem como as principais limitações do mesmo.
2.1. Enquadramento legal
A política de resíduos tem evoluído e alargado as suas fronteiras ao longo do tempo, quer a nível
europeu quer mundial. Tendo começado por ser uma política unicamente focada nos processos, passou
a estar voltada para os produtos e, por fim, orientada para os sistemas. Ou seja, “transformou-se numa
política essencial para o sistema económico, na medida em que contribui ativamente para uma gestão
sustentável dos recursos naturais” (APA, 2014).
O Plano Estratégico para os Resíduos Sólidos Urbanos (PERSU) configura um instrumento de
planeamento de referência na área dos resíduos urbanos (RU), que proporciona a implementação de
um conjunto de ações que se revelam fundamentais na concretização da política nacional de resíduos
urbanos (APA, 2018a).
Face às alterações ocorridas a nível dos sistemas de gestão de resíduos, à estratégia, objetivos e
metas comunitárias entretanto definidas e à necessidade de alinhamento da política nacional de RU
com a referida estratégia para cumprimento das metas, o terceiro Plano Estratégico para os Resíduos
Sólidos Urbanos (PERSU 2020), aprovado pela Portaria n.º 187-A/2014, de 17 de setembro, integra o
Programa de Prevenção de Resíduos Urbanos (PPRU), onde se estabelece a visão, os objetivos e as
metas globais e especificas de cada SGRU entre 2014 e 2020.
Os objetivos e as metas de preparação para reutilização e reciclagem e para deposição de resíduos
urbanos biodegradáveis em aterro, definidas no PERSU 2020 são:
Objetivos
• Prevenção da produção e perigosidade dos RU
• Aumento da preparação para reutilização, reciclagem e da qualidade dos recicláveis
• Redução da deposição de RU em aterro
• Valorização económica e escoamento dos recicláveis e outros materiais do tratamento dos RU
• Reforço dos instrumentos económico-financeiros
• Incremento da eficácia e capacidade institucional e operacional do setor
9
• Reforço da investigação, do desenvolvimento tecnológico, da inovação e da
internacionalização do setor
• Aumento do contributo do setor para outras estratégias e planos nacionais
Meta de preparação para reutilização e reciclagem
• Até 31 de dezembro de 2020, um aumento mínimo global para 50% em peso relativamente a
preparação para a reutilização e a reciclagem de resíduos urbanos, incluindo o papel, o cartão,
o plástico, o vidro, o metal, a madeira e os resíduos urbanos biodegradáveis
• Até 31 de dezembro de 2020 deverá ser garantida, a nível nacional, a reciclagem de, no
mínimo, 70%, em peso dos resíduos de embalagens
Meta de reposição de RUB em aterro
• Até julho de 2020, os resíduos urbanos biodegradáveis destinados a aterro devem ser
reduzidos para 35% da quantidade total, em peso, dos resíduos urbanos biodegradáveis
produzidos em 1995
No que respeita ao direito interno, a maioria das normas em matéria de resíduos tem origem em atos
legislativos de Direito Europeu. É disso exemplo a Diretiva n.º 2008/98/CE do Parlamento Europeu e
do Conselho, de 19 de novembro de 2008 (Diretiva-Quadro dos Resíduos), transposta para o direito
nacional pelo Decreto-Lei n.º 73/2011, de 17 de junho, atualmente em vigor, que altera e republica o
Decreto-Lei nº 178/2006, de 5 de setembro (Regime Geral da Gestão de Resíduos)
Em maio de 2018 foram aprovadas duas diretivas englobadas no Pacote de Economia Circular da UE:
a Diretiva (UE) 2018/851 do Parlamento Europeu e do Conselho que altera a Diretiva 2008/98/CE
relativa aos resíduos e a Diretiva (UE) 2018/852 que altera a Diretiva 94/62/CE relativa a embalagens
e resíduos de embalagens.
A Diretiva (UE) 2018/851, tal como a sua antecessora, estabelece os conceitos e as definições básicas
relativas à gestão de resíduos, tais como resíduos, reciclagem e recuperação. Nesta Diretiva é definida
uma clara hierarquia da gestão de resíduos e é estabelecido o tipo de tratamento e destino final
preferencial, de forma a minimizar os impactes ambientais. São ainda definidas metas de reciclagem
e recuperação de acordo com as políticas e visão europeias.
Ambas as Diretivas referidas devem ser transpostas para o ordenamento nacional pelos Estados-
Membros, até 5 de julho de 2020 (cfr. Art.2º).
Os pontos-chave revistos na nova legislação europeia são os seguintes:
• Meta comum da UE para reciclar 65% dos resíduos urbanos até 2030;
• Meta comum da UE para reciclar 75% dos resíduos de embalagens até 2030;
• Meta obrigatória para reduzir a deposição em aterro a um máximo de 10% dos resíduos
urbanos até 2030;
10
• Proibição do aterro de resíduos recolhidos separadamente;
• Promoção de instrumentos económicos para desincentivar a deposição em aterro;
• Definições simplificadas e melhoradas e métodos de cálculo harmonizados para as taxas de
reciclagem em toda a UE;
• Medidas concretas para promover a reutilização e estimular a simbiose industrial,
transformando o subproduto de uma indústria em matéria-prima de outra indústria;
• Incentivos económicos para os produtores colocarem produtos mais ecológicos no mercado e
apoiar esquemas de recuperação e reciclagem.
Os Estados-Membros devem procurar garantir que, a partir de 2030, os aterros não possam aceitar
quaisquer resíduos apropriados para reciclagem ou outro tipo de valorização, nomeadamente resíduos
urbanos.
No que respeita à deposição em aterro, é estalecida uma meta de redução e definidos requisitos
mínimos para todos os regimes de responsabilidade alargada do produtor. A efetiva implementação do
Pacote Resíduos levará a um aumento da quantidade de resíduos reciclados e contribuirá para a
criação de uma economia circular, incentivando a utilização de embalagens recicláveis e de
embalagens reutilizáveis e melhorará o modo como os resíduos são geridos (UE, 2018).
A Tabela 2-1 apresenta os objetivos de reciclagem específicos para embalagens estabelecidos na
Diretiva (UE) 2018/852.
Tabela 2-1 - Objetivos de reciclagem de embalagens estabelecidos na Diretiva (UE) 2018/852
Entre 2013 e 2016 verificou-se em Portugal uma diminuição gradual da deposição de RUB em aterro,
tendência esta revertida em 2017 (aumento de 2%, num total de 43%), o que põe em causa o
cumprimento da meta de deposição de RUB em aterro (redução para 35% da quantidade total de RUB
depositados em aterro, face aos quantitativos totais produzidos em 1995). De acordo com APA (2018a),
a concretização da meta em 2020 está dependente da otimização das unidades TMB já existentes.
Tipo Até 2025 Até 2030
Todas as embalagens
65% 70%
Plástico 50% 55%
Madeira 25% 30%
Metais ferrosos
70% 80%
Alumínio 50% 60%
Vidro 70% 75%
Papel e cartão
75% 85%
11
Relativamente ao posicionamento de Portugal face à meta de reciclagem de 2020, o país encontra-se
aquém da meta definida. Em 2017 a taxa de reciclagem de RU situou-se nos 38%, abaixo dos 50%
exigidos (APA, 2018a).
O curto horizonte temporal que nos separa de 2020 exigirá um esforço considerável para atingir o
incremento necessário neste âmbito, o que nos termos do PERSU 2020 deverá ser conseguido através
de uma aposta forte na recolha seletiva, a par com o aumento da eficiência de triagem e recuperação
de recicláveis em instalações TM e TMB e da valorização da fração orgânica em unidades dedicadas
ou TMB (APA, 2018a).
O relatório de alerta precoce relativo a Portugal, enquanto Estado-Membro em risco de incumprimento
do objetivo para 2020 de preparação para a reutilização/reciclagem de resíduos urbanos, que
acompanha o documento “Relatório da Comissão ao Parlamento Europeu, ao Conselho, ao Comité
Económico e Social e ao Comité das Regiões” (Comissão Europeia, 2018), apresenta possíveis ações
de apoio aos esforços de Portugal no sentido de melhorar a gestão dos resíduos, das quais se
destacam:
• “Revisão dos cálculos utilizados para determinar a contribuição para o objetivo que se presume
decorrer de uma maior reciclagem em instalações TMB.
• Avaliação da viabilidade do nível de desempenho das TMB atualmente previsto e, se
necessário, revisão da eficiência das políticas de incentivo à recolha seletiva a fim de
determinar se serão adequadas para cobrir as insuficiências.
• Avaliação dos atuais níveis das taxas (a pagar pelos sistemas de gestão de resíduos que
cumprem os objetivos em matéria de reciclagem) a fim de determinar se estas são
suficientemente elevadas para constituir um incentivo ao estabelecimento de sistemas de
recolha seletiva eficazes. Em função dos resultados, poderá ser necessário ponderar
urgentemente uma revisão das taxas.
• Revisão do financiamento do sistema de recolha de resíduos pela APA e pela ERSAR, a fim
de garantir um nível de financiamento suficiente para a implantação de sistemas de recolha
porta a porta.
• Elaboração de um conjunto de materiais de comunicação dirigido ao público para utilização a
nível local, com mensagens claras e coerentes e com especial enfase nos bio-resíduos. Estes
materiais devem ser utilizados em campanhas de sensibilização, folhetos e pontos de recolha
municipais. “
12
2.2. Gestão de RSU
2.2.1. Gestão de RSU em Portugal
Em 2017 a produção total de RU em Portugal foi de 5 007 mil toneladas o que representa um aumento
de 2% face a 2016 (APA, 2018a). Desde 2013 que se verifica um aumento de 8% na produção de RU,
facto que pode ser justificado pela melhoria da situação económica do país.
No que diz respeito ao encaminhamento dos RSU para tratamento/deposição, são usualmente usados
dois indicadores que importa distinguir: destinos diretos, que representam o destino de tratamento
inicial dado aos resíduos, e destinos finais, que para além de contabilizarem os resíduos que entram
diretamente nas instalações, contabilizam os resíduos que chegam por via indireta, provenientes dos
rejeitados e refugos dos diversos processos de tratamento (TMB e incineração).
A partir de 2013 ocorreu uma inversão na distribuição relativa dos destinos diretos dos RU, tendo a
maioria dos resíduos deixado de ser diretamente encaminhado para aterro. Nos anos de 2016 e 2017
verifica-se que o destino direto da maior fração dos resíduos urbanos é TMB e TM (Figura 3).
Em 2017 ocorreu um aumento da deposição de resíduos em aterro e uma diminuição na valorização
material e na valorização energética (em % muito reduzidas), não tendo sido encontradas razões para
tal (Figura 3).
13
Figura 3 - Destino direto dos RU por tipo de operação de gestão. Fonte: Relatório Anual dos Resíduos Urbanos,
APA (2018a)
Através das Figuras 3 e 4, verifica-se que, em 2017, existe uma disparidade entre os valores da
distribuição relativa dos destinos diretos dos RU e os destinos finais dos resíduos: 32% (57%) para
aterro, 21% (21%) para valorização energética, 10% (12%) para valorização material e 30% (10%) para
TMB.
Esta diferença pode ser justificada pelos rejeitados/refugos das diversas operações de gestão,
nomeadamente o TMBr, que, após o processo de tratamento, são enviados para estações de
valorização material e/ou aterro.
Figura 4 - Total de RU geridos por destino final. Fonte: Relatório Anual dos Resíduos Urbanos, APA (2018a)
14
No que respeita à caracterização física média dos RU produzidos em Portugal Continental, elaborada
com base em normas técnicas aprovadas pela Portaria n.º 851/2009, de 7 de agosto, é de salientar a
elevada fração de resíduos recicláveis que constituem os RU (cerca de 71,7%), e que na sua maioria
podem ser objeto de valorização (Figura 5). O material vidro é, em peso, o 5º material mais
representado (7.27%), sendo que nesta caracterização não é contabilizada a fração infra 20mm.
2.2.2. Gestão de REV e RSU na União Europeia
Com o objetivo de compreender os destinos de tratamento dos fluxos de resíduos de embalagem de
vidro e a possível recuperação de recicláveis contidos no TMBr, efetuou-se um levantamento sobre a
gestão de REV a nível europeu.
A Figura 6 apresenta a percentagem de resíduos de embalagem de vidro encaminhados para
reciclagem nos países da Europa no ano de 2016. Os valores variam de país para país, o que reflete
diferenças na organização da gestão dos resíduos. Portugal, com 58.5% dos REV encaminhados para
reciclagem, situa-se, consideravelmente, abaixo da média da UE a 28 (74.1%). Países como a Croácia
(56,4%) e a Polónia (59,6%) apresentam percentagens de REV encaminhados para reciclagem
semelhantes a Portugal. De notar que a maioria dos países não reportou o tipo de encaminhamento
dos REV de forma discriminada, de acordo com a diretiva de gestão de RE (recuperação material,
recuperação com geração de energia/incineração, recuperação-outros, reciclagem, reciclagem
material, reciclagem-outros), pelo que o conceito “encaminhado para reciclagem” deve ser tratado com
cuidado.
Figura 5 - Caracterização física dos RU produzidos no Continente em 2017. Fonte: Relatório Anual dos Resíduos Urbanos, APA (2018a)
15
Figura 6 - REV gerados e enviados para reciclagem em 2016, por cada país Europeu e pela UE a 28. Dados: Eurostat (2016)
Na Figura 6 pode ainda ser observada a quantidade de resíduos de embalagem de vidro gerados por
cada país Europeu no ano de 2016. Portugal, com 35.98 Kg de REV gerados per capita, encontra-se
acima da média da UE a 28 (31.52) sendo o 6º país Europeu com maior quantidade de REV gerados
per capita. Comparativamente a Portugal, territórios como a Alemanha, Bélgica e Reino-Unido
apresentam valores semelhantes de geração de REV. No entanto, como pode ser observado na
mesma figura, a percentagem de REV que são enviados para reciclagem é bastante diferente:
Alemanha (85,5%), Bélgica (100%) e Reino-Unido (36,6%). A adoção de sistemas de depósito para
vidro “one way” (Oakdene Hollins Research and Consulting, 2018) na Bélgica e na Alemanha pode
justificar, em parte, o elevado nível de REV reciclados. Nos sistemas “one way”, as garrafas de vidro
depositadas pelo consumidor são enviadas diretamente para o produtor ou para as recicladoras de
vidro que irão produzir garrafas totalmente novas.
A literatura a este nível é escassa e a utilização de conceitos diferentes de país para país torna difícil a
comparação entre os diversos Estados-Membros no que diz respeito ao encaminhamento dos REV
para tratamento, bem como a compreensão dos fatores que influenciam a efetiva reciclagem deste
material (políticas de resíduos, fatores socioeconómicos, infraestruturas, etc.).
De modo a compreender a valorização dos materiais contidos no rejeitado pesado de instalações TMB
a nível europeu, procurou-se estudar um país que partilhasse algumas características com Portugal,
para além de ter informação sobre as instalações TMB disponível publicamente,
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% enviada para reciclagem resíduos de embalagem de vidro gerados
16
O país que obedeceu a ambos os critérios foi a Suécia: tem uma população de aproximadamente 10
milhões e 200 mil pessoas (cerca de menos 100 mil que Portugal) e uma geração de RSU de 443 kg
per capita (situando-se a nível europeu, 3 posições abaixo de Portugal).
A maioria dos RSU tem como destino direto (Figura 7) a Valorização Energética (cerca de 50%),
seguidos de valorização material/reciclagem. Quanto ao tratamento biológico, 16.2% dos RSU seguem
para este tipo de instalações, cerca de metade em relação ao caso português (30%). De destacar a
fraca utilização de aterro como destino direto dos RSU (<1%), valor que, tal como a nível nacional,
aumenta substancialmente quando se trata de destinos finais de tratamento (Avfallshantering, 2017)1.
O volume de resíduos que entra nos sistemas de TMB (reportados nas diversas estatísticas) é
efetivamente superior ao total de resíduos tratados. De acordo com Avfallshantering (2017), este
diferencial é maioritariamente composto por rejeitados que são enviados para valorização energética,
o que prossupõe um conteúdo baixo em inertes.
Com a informação obtida, não foi possível tirar conclusões sobre a recuperação de vidro e outros
recicláveis presentes no TMBr a nível europeu.
Figura 7 - Destino direto do fluxo de RSU na Suécia. Fonte dos dados: Avfallshantering (2017)
1 No decurso da elaboração da dissertação foi lançado o relatório (Avfallshantering, 2018) não se tendo registado
alterações relevantes respeitantes aos RSU.
0
10
20
30
40
50
60
ValorizaçãoMaterial
TratamentoBiológico
ValorizaçãoEnergética
Aterro
Perc
enta
gem
(%)
Destino
17
2.3. Recuperação e reciclagem do vidro
A reciclagem do vidro permite a poupança de matérias primas – menor consumo de recursos minerais
e industriais. Para produzir uma tonelada de vidro é suficiente uma tonelada de casco de vidro (em
alternativa a 1,2 toneladas de matérias-primas originais) (CERV, 2018).
Outras vantagens da reciclagem do vidro são: economia de energia – quer diretamente na fusão (por
cada 10% de casco de vidro incorporado, reduz-se 2,5% de energia, em termos unitários) quer,
indiretamente, nas matérias primas substituídas e ainda proteção do meio ambiente – reduz os efeitos
das emissões gasosas, seja as do processo de fusão do vidro, seja as do fabrico de certas matérias
primas (CERV, 2018).
De acordo com um inquérito realizado pela associação Friends of Glass (2017), as preocupações
ambientais e de segurança alimentar levam os europeus a usar mais embalagens de vidro. Segundo o
estudo, um em cada dois europeus afirmam usar mais vidro (comparativamente a 2014), facto que
pode ser justificado por outros dados recolhidos no inquérito: 73% dos inquiridos acreditam que o vidro
é o material de embalagem mais seguro para bebidas, 76% acreditam que o vidro é o material de
embalagem mais respeitador do ambiente (+ 50% que em 2008) e seis em cada dez jovens europeus
consideram o vidro a embalagem mais amiga do ambiente, pelo que será expectável um aumento da
quantidade de resíduos de embalagem de vidro produzida na próxima década.
2.3.1. Processo de descontaminação de casco de vidro
O processo de reciclagem do vidro de embalagem, também designado como casco de vidro, consiste
habitualmente em oito passos (Maltha, 2018) (Figura 8):
1. Receção do casco nas instalações: o casco é avaliado quanto à contaminação existente, de
forma a determinar os parâmetros de controlo de produção aplicáveis;
2. Seleção manual: são removidos manualmente todos os contaminantes grosseiros, que possam
retirar eficiência aos equipamentos montados a jusante;
3. Seleção granulométrica: o casco é separado por dimensão, de modo a que as garrafas inteiras
ou semi-inteiras sejam reduzidas a uma dimensão aceitável pelo equipamento de processo;
4. Separação magnética ferrosa: é neste passo que são detetados e retirados do fluxo os
contaminantes metálicos ferrosos como tampas, latas ou caricas;
5. Aspiração: neste passo são retirados todos os contaminantes leves como tampas de cortiça,
rótulos de papel que se tenham desprendido da embalagem ou que não pertençam à
embalagem, plásticos, etc.;
18
6. Separação magnética não-ferrosa: são removidos todos os elementos metálicos não
magnéticos como tampas ou acessórios de estanho, alumínio, etc.;
7. Triagem ótica: neste ponto da cadeia são detetados e removidos os elementos contaminantes
não-transparentes, normalmente compostos por pedras e porcelanas;
8. Controlo de Qualidade: no final do processo toda a produção é avaliada, sendo reprocessada
a que não se encontrar de acordo com as especificações do Cliente.
Figura 8 - Diagrama simplificado do processo de descontaminação do casco de vidro
ɸ1
ɸ2
ɸn
Troncos, plásticos grosseiros, equipamentos eletrónicos
crivagem
Caricas; latas; tampas Cortiça; plásticos; rótulos
de papel
Alumínio; estanho
Pedras; porcelanas; tijolo
Casco de vidro contaminado
Casco de vidro descontaminado
19
Apesar do seu elevado potencial, o processo de reciclagem de vidro tem limitações tecnológicas no
que respeita aos contaminantes a serem removidos.
A retoma de resíduos de embalagem de vidro deve obedecer a um conjunto de especificações técnicas
(Tabela 2-2), de forma a poderem ser aceites pelas entidades recicladoras, conforme o documento
“Especificações Técnicas dos Resíduos de Embalagens provenientes da recolha indiferenciada”,
aprovado pela APA em março de 2017, ao abrigo do disposto no nº 3 do artigo 9º do Dec-Lei nº 366-
A/97, de 20 de dezembro, na sua redação atual.
Os contaminantes que podem limitar a retoma dos RE de vidro são infusíveis (como pedras e cerâmica),
metais e matéria orgânica.
Para além dos contaminantes mencionados, são ainda rejeitados os seguintes tipos de vidro:
• Vidro hospitalar – ampolas e vidro proveniente de hospitais, laboratórios de análises, clínicas,
etc;
• Vidros especiais - aramados, pára-brisas, cerâmicos, plastificados, écrans de tv/computador,
lâmpadas, espelhos, vitrocerâmicos, pirex, cristais de chumbo, vidro opala, e todos os demais
vidros cuja composição química difere do vidro de embalagem, etc.
De notar que as especificações técnicas são semelhantes para REV provenientes da recolha seletiva
e da recolha indiferenciada2. Sem prejuízo do disposto no n.º 3 do artigo 9.º do Decreto-Lei n.º 366 -
A/97, as entidades gestoras dos sistemas integrados de embalagens e resíduos de embalagens, bem
como os SGRU, podem propor alterações às especificações técnicas, mediante notificação à Agência
Portuguesa do Ambiente.
Tabela 2-2 - Especificações técnicas para a retoma de resíduos de embalagens de vidro (APA, 2017)
2 No caso dos REV provenientes da recolha seletiva, o teor em matéria orgânica deverá ser inferior a 0.5%
20
O processo de recuperação do vidro proveniente do fluxo de resíduos indiferenciados apresenta várias
limitações, enumeradas de seguida.
Contaminantes
Apesar de existirem processos de descontaminação que removem os contaminantes referidos na
Tabela 2 (Dias e Carvalho, 2012), o elevado teor e a sua granulometria afetam negativamente os
processos de recuperação do vidro. Materiais infusíveis (pedras, cerâmica e vidro cerâmico) fundem a
uma temperatura superior ao vidro de embalagem causando uma mudança na aparência do produto
final devido à inclusão sólida destes materiais afetando assim a qualidade do produto final.
Humidade
A quantidade de matéria orgânica está muitas vezes associada ao teor em humidade. O excesso de
humidade aumenta o custo do transporte e resulta também na aglomeração das partículas, pois a
humidade faz com que estas fiquem “coladas” umas às outras e também aos equipamentos de
processamento, diminuindo significativamente a eficiência, por exemplo, da crivagem (Dias, 2011) e da
triagem ótica.
Tamanho
Quanto menor o calibre do casco de vidro contaminado menos eficiente é a triagem ótica (Dias et al.,
2014). A tecnologia para descontaminação do casco de vidro incide sobretudo em triadores óticos. O
objetivo deste equipamento é remover materiais não transparentes, normalmente infusíveis como
pedras, cerâmicas e tijolo, entre outros materiais opacos. “O equipamento de separação ótica é dotado
de sensores óticos na parte superior do equipamento, o qual deteta por opacidade a presença de
contaminantes e aciona os bicos de sopro que estão localizados na parte inferior do equipamento, o
qual elimina o contaminante detetado por injeção de ar” (Dias, 2011). Os triadores óticos devem ser
ajustados para o produto que separam (granulometria e teor em contaminantes) de modo a aumentar
a eficiência (Garrinhas, 2014). Como referido anteriormente, quanto menor o calibre do casco de vidro
contaminado mais difícil se torna a remoção dos contaminantes. A evolução desta tecnologia prende-
se com o aumento da eficiência e melhor resolução do equipamento. Em 2013 eram comercializados
equipamentos com resolução de 3mm (os anteriores tinham resolução de 5mm) e atualmente já existem
equipamentos com resolução de 1mm (Binder+co, 2018).
Existem ainda outras tecnologias, como a implosão, que consiste na geração de ondas sonoras cuja
vibração leva à implosão do vidro (Dias, 2011) e (Belo, 2013).
Em relação ao vidro contido no rejeitado pesado proveniente de instalações de TMB, foi desenvolvido
um equipamento, no Centro de Recursos Naturais e Ambiente do IST (CERENA), denominado
RecGlass (Figura 9). Este equipamento explora as diferenças de forma das partículas de vidro e pedras
(Dias e Carvalho, 2012). Se o equipamento funcionar corretamente, o produto concentrado de vidro é
composto maioritariamente por partículas planas que não rolam nem deslizam, movendo-se
ascendentemente com a tela, e o rejeitado, composto por partículas com formato sub-esférico,
sobretudo pedras que rolam, movendo-se no sentido da inclinação da tela.
21
Figura 9 - Esquema do equipamento RecGlass. Fonte: Dias (2015)
2.3.2. Entidades envolvidas e situação nacional
No âmbito do sistema integrado de gestão de embalagens e resíduos de embalagem (SIGRE), existem
em Portugal cinco entidades gestoras (SPV, NOVO VERDE (NV), ELECTRÃO (EL), VALORMED (VM),
SIGERU (SU)) que se encontram sujeitas aos seguintes princípios e objetivos de gestão: estruturação
de uma rede de recolha seletiva, financiamento dos custos de triagem, armazenagem, transporte,
tratamento e valorização dos resíduos de embalagens depositados nas redes de recolha seletiva, e o
cumprimento de metas de recolha e objetivos mínimos de valorização. A SPV, NV e EL são entidades
licenciadas para a gestão de um sistema integrado de embalagens e resíduos de embalagens. A VM é
uma entidade licenciada para gestão de um sistema integrado de embalagens e resíduos de
embalagens de medicamentos. Finalmente, a SU é uma entidade licenciada para gestão de um sistema
integrado de embalagens e resíduos de embalagens em agricultura (APA, 2019).
A Sociedade Ponto Verde, fundada em 1996, é uma entidade privada sem fins lucrativos com vista a
promover a recolha seletiva, retoma e reciclagem de resíduos de embalagem em Portugal (SPV, 2018).
A sua missão é organizar e gerir a retoma e valorização dos resíduos de embalagens, através do
SIGRE.
A quantidade total de embalagens declaradas à SPV, em 2017, relativas ao fluxo urbano, foi cerca de
670 000 toneladas (SPV, 2018), o que representou uma descida de 4,5% face ao ano anterior,
justificada pela perda de quota decorrente da existência de uma nova entidade gestora a operar no
fluxo de embalagens - a NV. Relativamente à quantidade de vidro de embalagem declarado, que
corresponde à quantidade de embalagens de vidro não reutilizáveis que cada empresa colocou no
mercado português, verifica-se uma diminuição de apenas -0.8% situando-se em 367 387 toneladas
(SPV, 2018). Depois de um período de quebra acentuado do número de embalagens de vidro
declaradas (2010-2013), verificou-se um aumento progressivo das mesmas até 2017, onde ocorreu
uma pequena quebra (Figura 10), também justificada pela atividade da nova entidade gestora.
22
Figura 10 - Evolução da quantidade total de embalagens de vidro declaradas (t) à SPV
Em 2017, a SPV encaminhou para retoma 163 050 toneladas de REV, sendo que, cerca de 99.8% teve
origem na recolha seletiva e apenas 0,2% teve como proveniência a recolha indiferenciada, mais
concretamente, instalações TMB (SPV, 2018). De salientar que apenas 5 dos 23 SGRU (Ambilital,
Resialentejo, Braval, Algar e Valorsul) atingiram ou ultrapassaram o seu objetivo específico de retomas
do material vidro – que inclui as retomas provenientes da recolha seletiva e indiferenciada.
De acordo com SPV (2018), em 2017 a taxa de retoma dos diversos materiais ficou acima da sua
meta, com exceção do vidro, facto que suporta os objetivos e motivações do presente trabalho (Figura
11).
Figura 11 - Taxa de retoma global da Sociedade Ponto Verde. Fonte: Sociedade Ponto Verde (2018)
35
36
37
38
39
40
41
42
43
2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
Quantidade d
e R
EV
(t) x 1
0000
Ano
23
2.3.3. Estudos sociodemográficos sobre reciclagem
A quantidade de REV encontrados no fluxo de resíduos indiferenciados está fortemente associada à
eficácia dos sistemas de recolha seletiva. Compreender os fatores que influenciam a taxa de recolha
seletiva pode revelar-se uma ferramenta útil na identificação do potencial de recuperação de vidro de
cada instalação de TMB.
Dahlén (2008) compilou uma série de estudos sobre a recolha de RSU, tendo obtido um total de 43
fatores que podem influenciar o encaminhamento destes para recolha seletiva. Rendimento médio, net
commuting e densidade populacional são alguns dos fatores estudados. O mesmo estudo identifica
ainda 4 fatores chave no desenvolvimento dos sistemas de recolha seletiva: acessibilidade aos
sistemas de recolha, investimento em programas de informação, tipo de taxa/sanção financeira
associada à recolha de resíduos e definição clara do papel e função dos centros de reciclagem.
Bridgwater e Parfitt (2010) concluiu que a taxa de recolha seletiva depende de fatores como as
caraterísticas dos indivíduos, constituição dos agregados familiares e organização dos sistemas de
recolha.
Máximo (2013) efetuou a revisão bibliográfica dos fatores que afetam a taxa de recolha seletiva dos
quais se destacam os seguintes:
Acessibilidade aos equipamentos de deposição seletiva: as taxas de participação na reciclagem
são mais elevadas quando o utente percorre menores distâncias (Martinho, 1998), (Hage et al., 2009),
(Martin et al., 2006).
Sensibilização ambiental: A eficácia de programas de informação e sensibilização no aumento da
taxa de reciclagem está ainda por comprovar. O estudo realizado por Sidique et al. (2009) mostrou que,
no seu caso de estudo, despender um dólar por pessoa por ano em campanhas de sensibilização
aumenta a taxa de reciclagem em cerca de 2%. Já Ball e Lawson (2004) observaram que o impacto
dessas campanhas nos seus grupos de estudo foi diminuto ou nulo.
Estabelecimento de normas: Vários estudos do século XX (Schultz et al (1995); Noehammer e Byer,
1997), defendem que o estabelecimento de normas comunitárias de reciclagem pode contribuir
positivamente na taxa de recolha seletiva. Mais recentemente, Hage, et al. (2009) afirma que nem as
normas sociais nem as normas legais influenciam o comportamento individual para a separação de
resíduos.
Incentivos financeiros: Incentivos financeiros que compensam a reciclagem dos resíduos mostram
ter um impacte positivo, apesar de limitado, na mudança de comportamentos. Sanções financeiras
aplicadas aquando da não separação dos resíduos afetam significativamente a participação na
reciclagem (Timlett e Williams, 2008).
Caraterísticas demográficas: As caraterísticas demográficas da população influenciam diretamente a
taxa de recolha seletiva de resíduos.
24
Ribeiro (2014) observou que a capitação de resíduos através de recolha seletiva diminui em zonas com
rendimentos mais baixos.
Oliveira et. al (2017) estudou a taxa de recolha seletiva de RE em Portugal, numa região com baixa
taxa de reciclagem, de modo a determinar quais os fatores que influenciam os índices de reciclagem.
Inicialmente, o estudo identificou 20 indicadores que podem influenciar a taxa de recolha seletiva,
muitos já referidos anteriormente, dividindo-os em duas classes – socioeconómicos/demográficos
(incluindo poder de compra per capita, densidade populacional, grau de escolaridade) e serviço de
recolha (número de habitantes por ecoponto, acessibilidade dos sistemas de recolha, frequência da
recolha, etc.).
O estudo conclui que os 5 fatores chave no aumento da taxa de reciclagem são, por ordem decrescente
de influência, número de habitantes por ecoponto, número de anos de escolaridade, acessibilidade
relativa dos sistemas de recolha, grau de urbanização e área do município.
Número de habitantes por ecoponto: Quanto maior for este número, maior a probabilidade de os
ecopontos atingirem a sua capacidade máxima, podendo provocar o desvio de resíduos previamente
separados para o fluxo indiferenciado.
Número de anos de escolaridade: Em princípio, pessoas com um maior grau de instrução estão mais
conscientes acerca de problemas ambientais e têm maior contato com campanhas de educação
ambiental. Conceitos como reciclagem, separação de resíduos e desenvolvimento sustentável são
atualmente ensinados a partir do 1º ciclo, pelo que se prevê que com o aumento do número de anos
de escolaridade aumente a taxa de recolha seletiva.
Acessibilidade relativa dos sistemas de recolha: Este indicador mede o rácio entre ecopontos e
sistemas de recolha de resíduos indiferenciados. Devido à complexidade de cálculo deste indicador,
pode-se considerar, alternativamente, o indicador “acessibilidade dos sistemas de recolha seletiva”,
que mede a percentagem da população que é servida por sistema de recolha porta-a-porta ou tem um
ecoponto a menos de 200m da sua habitação.
Grau de urbanização: Expressa a percentagem da população que vive em zonas urbanas. Quanto
maior, maior será a taxa de recolha seletiva.
Área: Municípios com maior área estão associados a maiores esforços no que diz respeito à recolha
seletiva.
2.4. Instalações de TMB
O tratamento mecânico e biológico (TMB) de resíduos indiferenciados tem como principal objetivo a
estabilização da matéria orgânica presente nos RSU, diminuindo a lixiviação e a libertação de gases
em aterro, prevendo também a recuperação de materiais para reciclagem (Montejo et al., 2013).
A aplicação de processos biológicos é sobejamente conhecida no tratamento de águas residuais (Pell
e Wörman, 2008). No entanto, o uso destes processos no tratamento de RSU traz desafios diferentes,
25
uma vez que os fluxos são caracterizados por uma grande heterogeneidade de materiais, muitas vezes
não-biodegradáveis.
Independentemente do tipo de tratamento utilizado, aeróbio ou anaeróbio, é sempre necessário efetuar
um pré e um pós-tratamento (Pearson et al., 2011).
2.4.1. Tratamento mecânico
A preparação inicial de resíduos pode assumir a forma de remoção simples de objetos/materiais
indesejados, como colchões, carpetes, troncos, placas de metal e outros resíduos volumosos que
possam causar problemas nos equipamentos de processamento a jusante.
Outras técnicas utilizadas consistem na abertura de sacos de lixo (vulgarmente designada como abre-
sacos) de forma a libertar os materiais internos, bem como fragmentar e homogeneizar os resíduos em
tamanhos adequados aos processos de separação e tratamento biológico subsequente, dependendo
do processo de TMB empregado. Após o tratamento mecânico, a fração orgânica segue para
tratamento biológico para se proceder à sua decomposição.
De forma resumida, o tratamento mecânico funciona como uma estação de recuperação de materiais,
empregando uma série de processos, incluindo tipicamente um triturador, abre-sacos, trommel, estação
de separação manual, íman, separadores de corrente Eddy e crivos. Depois da fase de trituração inicial
e/ou abertura de sacos, a maioria dos orgânicos putrescíveis e fibras (como papel e cartão) bem como
materiais inertes, serão partículas finas (<80mm) que são separadas do fluxo +80mm através de um
crivo rotativo (trommel). A fração >80mm contém maioritariamente materiais inorgânicos que são
recolhidos através de triagem manual de modo a capturar recicláveis.
Um resumo das técnicas utilizadas na fase de tratamento mecânico pode ser observado na Tabela 2-
3.
26
Tabela 2-3 - Técnicas usadas no tratamento mecânico de resíduos. Fonte: Máximo (2013)
2.4.2. Tratamento biológico
As tecnologias de tratamento biológico são usadas principalmente para recuperar valor de resíduos
orgânicos de vários tipos, nomeadamente fluxos de RSU indiferenciados (Montejo et al., 2013). Na
natureza, a matéria orgânica é decomposta por uma ampla gama de bactérias, fungos e outros
microrganismos, assim como vermes e insetos, produzindo composto que contribui para os ciclos
naturais de carbono e nutrientes. O tratamento biológico de RSU mimetiza processos naturais de
decomposição num ambiente controlado, convertendo materiais orgânicos em produtos úteis e
valiosos. A decomposição pode ocorrer em condições aeróbias (presença de ar/O2) ou anaeróbias
(ausência de ar) (Pearson et al. 2011).
Compostagem/Digestão Aeróbia: Este processo ocorre na presença de O2 e tem como condição
essencial que o material a ser decomposto seja orgânico. É ainda necessária a presença de
microrganismos para efetuarem a decomposição, muitas vezes presentes nos próprios materiais
aquando do início da compostagem. No entanto, de forma a acelerar o processo, os microrganismos
são por vezes adicionados aos materiais, nomeadamente através da mistura com composto maturado.
Existem diversos fatores limitantes no processo de compostagem e que devem ser controlados de
modo a obter uma máxima eficiência: teor em O2, humidade, pH, temperatura, estrutura do material,
volume dos poros e, finalmente, o rácio carbono/fósforo (C/P) e carbono/azoto (C/N).
27
Existem variados processos de compostagem que são usualmente divididos em 3 classes:
Estática vs. dinâmica – na primeira a massa do composto permanece em repouso durante o processo,
ao passo que na segunda a massa é misturada durante o processo.
Aberta vs. fechada – ao invés de se realizar a céu aberto, a compostagem fechada, devido ao seu
ambiente selado, permite a recuperação dos gases do processo ricos em amónia.
Forçada vs. não forçada - a compostagem forçada injeta ar no composto através de ventoinhas ou
vácuo. A não forçada exige que o ar encontre de forma natural o composto, o que pode causar
problemas no fornecimento de oxigénio.
Anaeróbio: Este processo, contrariamente ao aeróbio, caracteriza-se por ocorrer na ausência de
oxigénio, requerendo também um reator para que possa ocorrer. Como já foi referido, ambos os
processos requerem a presença de microrganismos e que os resíduos sejam orgânicos.
O reator permite o aumento da eficiência e a aceleração do processo bem como a recolha do biogás
produzido. Ocorre ainda a formação de um subproduto rico em nitrogénio e outros nutrientes que pode
ser utilizado como fertilizante.
De forma simplificada, o processo pode ser descrito da seguinte forma: hidrólise dos biopolímeros
através de organismos aeróbios facultativos, uma vez que é necessário reduzir em tamanho e
complexidade os resíduos que entram no processo e que mais tarde serão degradados; fermentação
– ocorrem três tipos de transformações com formação de ácido acético (CH3COOH), H(g), Co2 e ácidos
gordos voláteis (ex. álcoois) e, finalmente, metanogénese, levada a cabo por dois tipos de
microrganismos – aceto tróficos, que partem o acetato em metano (CH4) + Co2 e hidrogeno tróficos,
que transformam o H e Co2 em CH4 (Figura 12). Os microrganismos acetotróficos são responsáveis
por 70% do biogás produzido, mas crescem de forma lenta pelo que são muitas vezes o passo limitante
na produção de gás. A importância dos microorganismos hidrogenotróficos prende-se com o consumo
de H e respetiva diminuição da pressão de gás, o que facilita a degradação dos ácidos gordos no
processo de fermentação.
28
Figura 12 - Esquema do processo de tratamento aeróbio (adaptado de Pearson et al., 2011)
2.4.3. Afinação do composto
Após o tratamento biológico, a fração orgânica considerada estabilizada, contém, no entanto, alguns
contaminantes que devem ser removidos mecanicamente na etapa de afinação (Máximo, 2013). Na
fase de afinação são separadas as impurezas que não foi possível separar previamente. A eliminação
de areias, vidro, pedras e outros inertes é feita através de diversos equipamentos, que variam de
instalação para instalação, como por exemplo, crivo e mesa densimétrica (Braval, 2018).
Um resumo dos métodos de afinação pode ser observado na Tabela 2-4.
Tabela 2-4 - Técnicas de afinação. Fonte: Máximo (2013)
29
2.4.4. TMB em Portugal
A gestão de RU em Portugal Continental é assegurada por 23 SGRU, 12 multimunicipais e 11
intermunicipais. Em 2018 verifica-se uma grande heterogeneidade entre SGRU no que respeita ao
número de municípios abrangidos, dispersão geográfica, demografia e condições socioeconómicas, o
que se reflete nas opções adotadas em termos de recolha e tratamento dos RU, bem como na rede de
equipamentos e infraestruturas de gestão de resíduos e fluxos de resíduos. (APA, 2018a).
No que respeita ao modo de funcionamento, 16 SGRU (correspondendo a 18 instalações)
caracterizam-se por terem a montante do tratamento biológico um tratamento mecânico destinado a
receber resíduos provenientes da recolha indiferenciada (APA, 2018a). Na Figura 13 pode ser
observada a localização dos SGRU e das infraestruturas de tratamento de resíduos existentes em
Portugal Continental.
Figura 13 - Mapa dos SGRU e das infraestruturas de tratamento em Portugal Continental. Fonte: PERSU 2020 (2014)
30
2.4.5. Estudos sobre a recuperação de RE de vidro contido no
rejeitado pesado
O crescente interesse na recuperação e reciclagem de vidro, associado, nomeadamente, à poupança
de matérias primas e à proteção do ambiente, tem suscitado a elaboração de diversos estudos
nacionais e internacionais. Os estudos dirigem-se sobretudo à recuperação de vidro de embalagem
contido no TMBr.
Dias (2011) estudou a possibilidade de recuperação de vidro de embalagem contido no rejeitado
pesado proveniente da instalação de TMB da Tratolixo. O estudo citado concluiu que o TMBr da
Tratolixo era na sua maioria composto por vidro de embalagem (80%) e o restante composto por
partículas orgânicas e infusíveis (principalmente pedras). No que refere ao calibre, aproximadamente
80% do rejeitado era composto por partículas no intervalo granulométrico -16 + 5,6 mm. O mesmo
estudo concluiu ainda que “a eliminação da matéria orgânica seguida de uma crivagem, de modo a
eliminar as partículas de calibre inferior a 5,6 mm, resulta num aumento no teor em vidro de 88% para
92%”. No entanto, apenas uma instalação foi estudada pelo que não foi possível extrapolar os
resultados obtidos para o nível nacional.
Máximo (2013) observou que as seis instalações TMB em funcionamento em 2012 (Amarsul,
Resiestrela, Tratolixo, Suldouro, Valnor e Valorlis) apresentavam diferenças significativas quanto à
composição do TMBr – o teor em vidro variava entre 33% e 83%. Quanto aos principais contaminantes
identificados, estes foram pedras e matéria orgânica tal como em Dias (2011). Relativamente à
composição granulométrica, as diversas instalações apresentavam resultados heterogéneos ainda que
se situem maioritariamente na fração +5.6mm,
Belo (2013) observou que o equipamento RecGlass (desenhado com o objetivo de recuperar REV)
apresentou resultados positivos na recuperação de vidro no produto concentrado, com valores que
variavam entre 80% e 90%, quando alimentado pelo rejeitado pesado das instalações de TMB referidas
acima. Dias et al. (2015a) processaram cinco amostras diferentes de TMBr tendo obtido valores de
concentração em vidro entre os 75% e os 85%, e valores de recuperação de vidro entre os 82% e 91%,
valores que, ainda assim, não cumprem os requisitos da indústria recicladora (teor em vidro ≥ 98%) o
que implica o reprocessamento do TMBr. Dias et al., (2015b) processaram três amostras de TMBr numa
instalação piloto desenhada com o intuito de recuperar vidro do fluxo indiferenciado de RSU. Os testes
resultaram na obtenção de produtos com um teor em vidro na ordem dos 99%. O mesmo estudo
concluiu que, quanto maior for o calibre da amostra processada, maior será a percentagem de
recuperação de vidro. Jardim (2015) estudou as variáveis operacionais do equipamento RecGlass que
influenciavam a taxa de recuperação de vidro em escórias de VE. Nos ensaios realizados obtiveram-
se taxas de recuperação de vidro na ordem dos 56% e um teor em vidro no concentrado final de cerca
de 72%.
31
Dias (2015) concluiu que o TMBr é um produto com elevada heterogeneidade em relação ao calibre e
composição – tal como verificado nos trabalhos referidos anteriormente – e que estes são influenciados
tanto pelas características da alimentação como pelo tipo de processamento do TMB.
Cook et al. (2015) estudaram a composição do TMBr de quatro instalações TMB no Reino-Unido tendo
concluído que as amostras do TMBr continham um teor em vidro entre 44% e 62%, sendo os seus
principais contaminantes pedras, cerâmicas e tijolos. No mesmo estudo concluiu-se que pequenos
investimentos nas TMB teriam impactos diretos no cumprimento da diretiva de deposição em aterro e
que a recuperação de vidro nestas instalações poderia poupar até 1.9 milhões de libras por ano à
indústria.
Dias et al.,( 2014) estimaram que o total de vidro contido no TMBr das quinze instalações de TMB
previstas entrar em funcionamento em 2014 seria de 48 000 toneladas. Caso a totalidade do vidro
pudesse ser recuperado, a taxa de reciclagem global de Portugal aumentaria 4.4%.
32
3. Métodos
3.1. Casos de estudo
As instalações TMB estudadas foram identificadas em reunião de trabalho com a SPV, tendo sido
definidos dois critérios chave: funcionamento em estado estacionário em 2018 e quantidade de
resíduos processados. As instalações que processam menos de 50 000 toneladas/ano de resíduos são
classificadas como “pequenas” e apresentam um baixo potencial de recuperação de vidro, pelo que
são excluídas do processo de caracterização.
Da aplicação dos critérios mencionados, resultou o seguinte:
Algar, Ambilital, Resialentejo e Resíduos do Nordeste foram classificadas como instalações pequenas
sendo, por isso, excluídas do estudo.
Resinorte (funcionamento instável), Suldouro (fechada para obras), Planalto Beirão (ardeu nos
incêndios de 2017, só tem TM ativo), Resiestrela (funcionamento instável) e Gesamb (parada) não se
encontravam em pleno funcionamento em 2018 pelo que foram igualmente excluídas.
Devido ao elevado potencial de recuperação de vidro proveniente das escórias de incineração de
instalações de VE (Jardim, 2013), decidiu-se incluir a instalação da Valorsul como exemplo.
O passo seguinte foi a realização de visita técnica às instalações selecionadas como casos de estudo.
Após visita às instalações dos oito SGRU, concluiu-se que as instalações TMB e VE a caracterizar
seriam as seguintes:
• Amarsul: 2 instalações (Seixal e Setúbal) codificadas como AS-Sx e AS-Set
• Braval: 1 instalação codificada como BV
• Ersuc: 2 instalações (Aveiro e Coimbra) codificadas como ERS-A e ERS-C
• Resitejo: 1 instalação codificada como RT
• Tratolixo: 1 instalação codificada como TL
• Valnor: 1 instalação codificada como VN
• Valorlis: 1 instalação codificada como VL
• Valorsul: 1 instalação codificada como VS
Na altura da realização da visita técnica, a instalação da Braval encontrava-se parada, existindo ainda
um lote armazenado com possibilidade de ser recolhido. Apesar do nível de representatividade da
amostra ser inferior às restantes amostras recolhidas, optou-se por incluir a amostra da BV nos
resultados.
A localização geográfica das instalações estudadas pode ser encontrada na Figura 14. A Tabela 3-1
resume as principais características das instalações.
33
Tabela 3-1 - Listagem das instalações alvo de estudo e informações gerais respectivas
SGRU Tamanho Região
(NUTSII)(ii) Tratamento(iii) População(iv)
Entra em TMB/VE (t/ano)
(v)
Amarsul(i) grande A.M. Lisboa Aeróbio (AS-Set) e anaeróbio (AS-Sx)
782 472 179 680
Braval média Litoral Norte Anaeróbio 286 570 78 628
Ersuc(i) grande Litoral Centro Anaeróbio 923 066 351 284
Resitejo grande Litoral Centro Anaeróbio 199 212 157 260
Tratolixo grande A.M. Lisboa Anaeróbio 853 965 174 717
Valnor média Centro e
Alentejo Interior Anaeróbio 249 762 85 734
Valorlis média Litoral Centro Anaeróbio 300 573 85 751
Valorsul - A.M. Lisboa e Litoral Centro
VE 1 600 000 478 706
(i) duas instalações de TMB (ii) classificação litoral/centro feita com base na Portaria n.º 208/2017 de13 de julho (iii) baseado na visita técnica às instalações (iv) fonte: APA, 2018b e relatório e contas das instalações. Dados referentes a 2017 (v) fonte: APA,2018b. Dados referentes a 2017
AS
VL
VN RT
VS
TL
BV
ERS_A
ERS_C
Figura 14 - Localização geográfica das instalações de tratamento de resíduos indiferenciados que constituíram o caso de estudo. Figura sem escala
34
3.2. Cálculo do tamanho de amostra
“O problema da amostragem de lotes de material sólido a granel, ocupando um dado domínio espacial
ou temporal, coloca-se sempre que é necessário obter dados com vista a estimar o teor ou a
concentração média, aL, de um determinado componente ativo, designado por constituinte crítico”
(Durão, 2008).
Não sendo praticável a análise de todo o lote, é preciso recorrer à colheita de uma amostra, que pela
sua reduzida dimensão, possa ser integralmente submetida ao processo de análise.
“Conhecida a composição do lote e assumida a aleatoriedade da amostragem, é possível conhecer a
distribuição do teor das amostras, de dada dimensão, geradas por amostragem aleatória dos
fragmentos, distribuídos por classes granulométricas e/ou de composição, do lote. O conhecimento da
distribuição dos teores das amostras conduz diretamente ao conhecimento da distribuição do erro de
amostragem propriamente dita, dado que se conhece o teor do lote” (Durão, 2008).
No trabalho efetuado foi calculado um tamanho de amostra que pudesse ser integralmente submetido
ao processo de análise e que correspondesse ao menor erro de amostragem possível. O erro de
amostragem, assumindo que a amostragem é aleatória3, é dado pela soma do Erro Fundamental (EF)
e do Erro de Agrupamento e Segregação (EG). A amostragem é considerada representativa se a
variância do EF for menor ou igual ao nível de representatividade dado. Erros operacionais
(relacionados com a ação humana e manuseamento/calibração dos equipamentos) foram desprezados
no cálculo do tamanho da amostra.
De acordo com Pierre Gy (1982, 1988) a variância do EF ((EF)) pode ser calculada através da
equação 1:
𝜎2(𝐸𝐹) = 𝐶(1
𝑀𝑠−
1
𝑀𝐿)
(1)
Onde MS e ML são a massa de amostra e massa do lote, respetivamente, e C o fator constante de
heterogeneidade de constituição, relacionado com as características do constituinte crítico selecionado
como a forma, composição mineralógica, tamanho e grau de libertação. O fator C pode ser calculado
através da equação 2:
𝐶 = 𝑓𝑔𝑙𝑚𝑑3 (2)
3 A probabilidade de seleção dos fragmentos ou grupos de fragmentos (incrementos), a incluir na amostra, é constante.
35
Onde f é o fator de forma, g está relacionado com a granulometria das partículas, l é o parâmetro de
individualização (=0 para um material sem partículas mistas), m a densidade do constituinte crítico e d
o calibre dos fragmentos mais graúdos do lote.
Finalmente, a massa de amostra (M) a recolher pode ser calculada através da equação 3:
𝑀 = (𝑙𝑓𝑔𝑑3𝐶)/ 𝜎2(𝐸𝐹) (3)
Para a composição do lote foram considerados os valores presentes em Dias (2015), assumindo-se
que a composição do TMBr das instalações estudadas não se alterou de forma significativa nos últimos
anos. O constituinte crítico escolhido foi o material “pedras”, quer pela dificuldade de remoção no
diagrama de processamento quer pelo seu elevado teor (%) na caracterização feita no estudo referido
anteriormente. Se se considerasse apenas a avaliação do teor em vidro, o tamanho de amostra a
recolher seria menor – Anexo I. No cálculo da massa de amostra a recolher foram utilizados os
seguintes valores:
• l = 1
• fvidro = 0.2; fpedras = 0.5
• g = 0.25
• vidro = 2.51 g/cm3 pedras = 2.51 g/cm3
A massa de amostra a recolher em quatro das instalações estudadas (AS, TL, VN e VL), considerando
um desvio padrão do EF igual a 1%, pode ser encontrado na Tabela 3-2. Para as restantes instalações,
o tamanho da amostra resultou de outros fatores como o modo de funcionamento das instalações (ex.
duração do ciclo do pulper, caudal de alimentação, descarga da amostra em queda/não queda).
Tabela 3-2 – Massa de amostra (M) a recolher calculada de acordo com a teoria da amostragem
Instalação (EF) M(Kg)
AS 1% 36
TL 1% 51
VN 1% 73
VL 1% 101
36
3.3. Caracterização do TMBr
A caracterização foi realizada em termos de granulometria e composição. As amostras usadas nos
ensaios foram caracterizadas no laboratório do CERENA no IST e no laboratório de Química do IST –
campus Taguspark - com exceção da amostra da Valorlis que foi caracterizada nas instalações do
próprio SGRU. As amostras utilizadas no estudo, de 8 a 82 quilogramas, foram recolhidas pelas
instalações, que garantiram a sua representatividade. A Tabela 3-3 mostra o cronograma completo do
processo de recolha das amostras. Na mesma tabela pode ser observado o erro de amostragem
associado a cada recolha, tendo como constituinte crítico o material vidro. Todas as amostragens têm
um inferior a 1% com exceção das amostras grosseiras da AS-Sx e da amostra grosseira da AS-Set.
O erro de amostragem tendo como constituinte crítico o material “pedras” pode ser observado no Anexo
I. A lista de equipamentos e materiais utilizados na caracterização do rejeitado pesado pode ser
encontrada no ANEXO II.
Às amostras recolhidas foi atribuída uma designação tendo em consideração três critérios: a) código
da instalação; b) granulometria (caso exista mais do que um fluxo) e c) equipamento de proveniência
da amostra (caso exista mais do que um fluxo). Da aplicação dos critérios mencionados resultaram as
seguintes designações:
• Amostra fina (F) da CVO do Seixal, Amarsul – AS-Sx-F
• Amostra grosseira (G) proveniente do crivo vibratório (c) da CVO do Seixal, Amarsul – AS-Sx-
Gcv
• Amostra grosseira proveniente do separador de inertes (inrt) da CVO do Seixal, Amarsul –
AS-Sx-Ginrt
• Amostra fina da CC de Setúbal, Amarsul – AS-Set-F
• Amostra grosseira da CC de Setúbal, Amarsul – AS-Set-G
• Amostra da Braval – BV
• Amostra intermédia (I) proveniente do pulper (p) da CITR de Aveiro, Ersuc – ERS-A-Ip
• Amostra fina proveniente do desarenador (d) da CITR de Aveiro, Ersuc – ERS-A-Fd
• Amostra intermédia proveniente do pulper da CITR de Coimbra, Ersuc – ERS-C-Ip
• Amostra intermédia proveniente do hidrociclone (h) da CITR de Coimbra, Ersuc – ERS-C-Ih
• Amostra da Resitejo – RT
• Amostra da Tratolixo – TL
• Amostra grosseira proveniente do pulper da Valorlis – VL-Gp
• Amostra grosseira da Valorlis – VL-G
• Amostra da Valnor – VN
• Amostra da Valorsul – VS
37
Tabela 3-3 – Cronograma do processo de recolha das amostras, massa da amostra recolhida e erro de amostragem utilizando o vidro como constituinte crítico
Instalação Data da visita Data da recolha Amostra Massa da amostra (kg) ()
AS-Sx 29/01/2019 20/02/2019
AS-SxF 43 0.54
AS-SxGinrt 18 5.26
AS-Sx-Gc 38 3.71
AS-Set 29/01/2019 20/02/2019 AS-Set-F 42 0.08
AS-Set-G 34 5.83
BV 15/03/2019 15/03/2019 BV 8 0.76
ERS-C 18/03/2019 11/04/2019 ERS-C-Ip 21 0.60
ERS-C-Ih 12 0.26
ERS-A 18/03/2019 11/04/2019 ERS-A-Ip 17 0.57
ERS-A-Fd 18 0.25
RT 06/02/2019 02/05/2019 RT 19 0.23
TL 08/03/2019 08/03/2019 TL 43 0.06
VL 22/01/2019 26/01/2019 VL-Gp 78 0.38
VL-G 82 0.57
VN 22/02/2019 02/05/2019 VN 19 0.32
VS 07/03/2019 Mar 2019 VS 10 0.54
3.3.1. Métodos
Os procedimentos experimentais utilizados neste estudo para a caracterização do TMBr consistiram
em 5 passos (Figura 15). A metodologia usada para a caracterização é baseada na desenvolvida em
Dias (2011).
38
Figura 15 - Diagrama simplificado do processo de caracterização das amostras
1. Homogeneização da amostra – As amostras recolhidas foram revolvidas cuidadosamente com o
recurso a pás - Figura 16c.
2. Divisão da amostra em subamostras – Aplicação do processo de quarteamento manual onde foram
retiradas quadrículas não contíguas de cada amostra – Figuras 16d, 16e e 16f. Posteriormente, a
amostra inicial foi dividida em 4 subamostras com peso aproximadamente igual. As 4 subamostras
dividiram-se recorrendo a um divisor Jones em 3 amostras para análise e uma amostra de testemunho.
3. Lavagem e secagem – Lavagem das subamostras com recurso a uma mangueira com água e a um
crivo retangular com uma malha de 2mm. Secagem em estufa a 105º C durante aproximadamente 12h.
Nas amostras que continham um baixo teor em humidade, o processo de secagem não foi aplicado. As
amostras com reduzida quantidade de orgânicos de calibre fino acoplados aos restantes materiais não
foram submetidas ao processo de lavagem.
39
4. Análise granulométrica – Crivagem realizada em agitador mecânico seguida de uma crivagem
manual. Usou-se uma série de crivos com aberturas da malha decrescente, em progressão geométrica,
de forma a garantir a constância dos desvios relativos máximos (Cortez e Durão, 1982). A razão de
progressão usada foi 2½ e foram usados um total de cinco crivos (22.4; 16.0; 11.2; 8.0; 5.6mm). Tal
como em Dias (2015), observou-se, após a aplicação dos processos 1 a 3, que o teor em vidro da
fração infra 5.6mm era relativamente baixo pelo que esta fração foi excluída do processo de
caracterização. Apesar de uma análise granulométrica correta obrigar à utilização de crivos de malha
superior a 22.4mm nas amostras AS-Sx-Ginrt, AS-Sx-Gc, AS-Set-G, VL-Gp e VL-G, pois
convencionalmente aceita-se que o crivo de maior abertura de malha retenha até um máximo de 10%
da amostra, optou-se, por questões de uniformização e logística, por utilizar a mesma série de crivagem
para todas as amostras provenientes das diferentes instalações.
5. Análise de composição - Cada fração granulométrica foi submetida a uma análise de composição
manual/visual (Figuras 17a e 17b) de modo a classificar os diferentes materiais presentes nas
amostras. Posteriormente à análise visual da amostra, foram definidas as seguintes classes de
materiais: vidro, pedras, cerâmica + tijolo, metais, orgânicos e plástico. Após separação manual dos
materiais, estes foram pesados em balança digital. A pesagem foi feita para cada material e respetiva
fração granulométrica (ex. peso do vidro na fração + 22.4mm).
Figura 16 - Processo de amostragem do rejeitado. a) Recolha da amostra. b) rejeitado pesado. c)
homogeneização da amostra. d), e), f) subdivisão da amostra
40
Figura 17- Composição do rejeitado do TMB a) -8mm + 5.6mm b) -16mm +11.2mm; materiais: 1) pedras; 2) cerâmica + tijolo; 3) vidro; 4) plástico; 5) orgânicos; 6) metal – graduação da régua, cm
Uma vez que nas subamostras da Amarsul nem sempre foi possível separar os plásticos do material
orgânico e dado que os equipamentos de processamento do TMBr separam os dois materiais através
do mesmo processo (aspiração), optou-se por representar, na secção de apresentação dos resultados,
os dois materiais numa só classe, “orgânico + plástico”, para todas as amostras. De referir que nas
amostras onde foi possível separar os dois materiais, o teor em plásticos é residual (<4%), com exceção
da amostra proveniente da instalação da Braval (21%) - Anexo III.
Os equipamentos óticos utilizados atualmente nas indústrias de descontaminação de vidro têm a sua
eficiência fortemente influenciada pelo calibre das partículas e a contaminação do produto, pelo que é
essencial a análise da composição por fração granulométrica. No caso do vidro, a análise foi feita para
cada uma das amostras. Dada a baixa variabilidade dos teores em pedras e orgânicos em cada
subamostra, a análise de composição por fração granulométrica destes contaminantes foi feita apenas
para uma subamostra de cada instalação. Foi ainda analisada a evolução do teor em vidro e dos
principais contaminantes em função da granulometria das partículas. Como a etapa de triagem ótica
constitui uma parte importante do diagrama de processamento, a classe “tijolo + cerâmica” foi incluída
na análise.
Após a caracterização das amostras, foi estimada a quantidade de vidro contida no TMBr, através dos
caudais do rejeitado pesado de cada instalação. Visto que algumas das instalações agora
caracterizadas, foram também alvo de estudo no projeto RecGlass, foi comparada a composição
material do TMBr das instalações simultaneamente estudadas no presente trabalho e no projeto
RecGlass.
Finalmente, tentou-se relacionar a composição do TMBr, com fatores sociodemográficos e dados do
sistema de recolha seletiva. Foi ainda estudada a possível influência dos fatores sociodemográficos
nos hábitos de reciclagem de embalagens de vidro por parte das populações.
41
Os indicadores selecionados para o estudo foram os mesmos que os presentes no estudo Oliveira et.
al (2017), dado terem sido os fatores identificados como tendo maior influência sobre as taxas de
reciclagem. Os indicadores “acessibilidade dos sistemas de recolha” e “grau de urbanização” foram
excluídos do estudo, dado não ter sido possível obter os dados necessários. O significado de cada
indicador encontra-se descrito no capítulo 2. Usou-se ainda o indicador “número de habitantes por
contentor verde (vidrão)”, dada a sua possível influência na quantidade de vidro no fluxo de resíduos
indiferenciados. Na análise efetuada foi assumido que a quantidade de vidro presente no TMBr
corresponde à quantidade total que entra nas instalações e que é residual a quantidade deste material
nos outros fluxos do processo de tratamento (composto, refugo ou diretamente enviado para aterro).
No caso das instalações que fazem recuperação manual do vidro, foi somada à quantidade total contida
no TMBr a quantidade recuperada anualmente. O teor médio em vidro de todas as instalações
estudadas é de 5.04%. Este valor encontra-se próximo do valor da caracterização física média dos RU
produzidos no Continente (7.27%) (APA, 2018a), o que pode indicar a validade da assunção feita. Os
dados utilizados podem ser encontrados no Anexo IV.
Os indicadores selecionados foram os seguintes:
a) Número de habitantes por ecoponto – valores reportados por cada SGRU 2017
b) Proporção do poder de compra per capita (%). Calculada através da soma da contribuição
relativa de todos os municípios servidos pelo respetivo SGRU
c) Quantidade de embalagens de vidro retomadas através da recolha seletiva (kg/habitante.ano)
– reportada por cada SGRU em 2018
d) Percentagem da população analfabeta. Calculada com o valor para cada distrito servido pelo
SGRU. No caso de SGRU que sirvam mais do que um distrito foi utilizada a média. A escolha
justifica-se por se tratar do indicador entre os possíveis, relativos ao nível de escolaridade, o
que apresenta a maior variabilidade.
e) Número de habitantes por contentor verde – Valores referentes ao ano de 2014
f) Área (km2) – valores reportados por cada SGRU
Após a aplicação do modelo estatístico regressão linear simples, que não devolveu resultados
expressivos, recorreu-se à técnica de análise multidimensional de dados e estatística descritiva
univariada designada como análise fatorial de correspondências (AFC). “A AFC é uma técnica
estatística multivariada, no domínio da Análise Fatorial, que permite a visualização e redução de dados
contidos em tabelas de grandes dimensões, cruzando um certo número de indivíduos com as variáveis
qualitativas que os caracterizam. A AFC binária utiliza-se principalmente quando se pretende tratar
tabelas de contingências, ou tabelas de notas desdobradas ou tabelas em que um conjunto de
indivíduos é caracterizado por um conjunto de variáveis que tomam valores reais positivos e
homogéneos” (Sousa, 2007). “A ideia básica é projetar indivíduos e propriedades em gráficos planos
(a duas dimensões) definidos por um pequeno número de eixos, minimizando, contudo, a perda de
informação (deformando o menos possível as relações geométricas entre os pontos que representam
42
os dados de partida)” (Garcia Pereira e Sousa, 2012). ” A interpretação dos resultados de uma AFC
consiste em atribuir um significado aos eixos de inércia em termos das propriedades (ou indivíduos)
que os explicam; num segundo passo, as relações entre indivíduos e propriedades são interpretadas
com base no significado conferido aos eixos no primeiro passo)” (Garcia Pereira e Sousa, 2012).
De modo a aplicar a AFC ao conjunto de dados é necessário criar um quadro de descrição lógica
(Tabela 3-4) que é depois transformado numa justaposição de tabelas de contingência. As classes
estabelecidas para os fatores estudados foram:
• Quantidade de vidro por habitante: acima da média das instalações (v+), abaixo da média
(v-)
• Habitantes por ecoponto: acima da média (h+), abaixo (h-)
• Proporção do poder de compra per capita; acima da média (p+), abaixo (p-)
• Taxa de analfabetismo: acima da média (e-), abaixo da média (e+)
• Quantidade de embalagens de vidro retomadas por habitante: acima da média (r+), abaixo
(r-)
O indicador “área” foi excluído desta análise uma vez que a AFC requer um bom rácio entre o número
de amostras (instalações) e o número de indicadores/variáveis.
A aplicação da AFC foi feita através do programa de análise multidimensional de dados ANDAD.
Tabela 3-4 – Matriz de correspondências
instalação v- v+ h- h+ p- p+ e- e+ r- r+
AS 1 0 0 1 0 1 0 1 1 0
BV 1 0 0 1 1 0 1 0 0 1
ERS 0 1 1 0 0 1 1 0 0 1
RT 1 0 1 0 1 0 1 0 1 0
TL 1 0 0 1 0 1 0 1 1 0
VL 0 1 1 0 1 0 1 0 1 0
VN 1 0 1 0 1 0 1 0 1 0
VS 0 1 0 1 0 1 0 1 0 1
43
Posteriormente, as instalações TMB e os indicadores/variáveis foram projetados nos dois primeiros
eixos fatoriais da análise de correspondências. As instalações foram introduzidas com o objetivo da
avaliação da sua relação de proximidade com os indicadores selecionados (sociodemográficos e
serviço de recolha seletiva). Esta análise seguiu a metodologia usada em Rodrigues et al. (2013).
Finalmente, e de modo a compreender se a quantidade de vidro presente no fluxo de resíduos
indiferenciados depende de algum dos indicadores estudados, a quantidade de vidro que entra em
cada instalação por habitante e os indicadores foram projetados no plano de análise de
correspondências.
3.3.2. Proveniência das amostras
A Tabela 3-5 identifica a origem das amostras analisadas e resume as principais características de
processamento das instalações que possam ter efeito na composição do TMBr. As características são
a remoção manual de vidro na fase inicial do TM, a malha dos crivos de saída do TMBr e a fase do
processo de TM/TB.
Tabela 3-5 – Origem das amostras analisadas e principais características de processamento das instalações
Amostra Instalação Remoção de Vidro Calibre Fase do Processo
AS-Sx-F CVO Seixal ✔ <12mm Mesa densimétrica
AS-Sx-Ginrt CVO Seixal ✔ <75mm Separador de inertes
AS-Sx-Gc CVO Seixal ✔ >12mm Crivo vibratório
AS-Set-F CC Setúbal ✖ <12mm Mesa densimétrica
AS-Set-G CC Setúbal ✖ <75mm Crivo de afinação
BV Braval ✔ -10mm +2mm Afinação
ERS-C-Ip CITR Coimbra ✖ <70mm Pulper
ERS-C-Ih CITR Coimbra ✖ <20mm Hidrociclones
ERS-A-Ip CITR Aveiro ✖ <70mm Pulper
ERS-A-Fd CITR Aveiro ✖ <20mm Desarenador RT Resitejo ✖ <10mm Crivo rotativo/afinação
TL CDA Abrunheira ✖ <12mm Afinação
VL-Gp Valorlis ✖ -80mm +10mm Pulper
VL-G Valorlis ✖ <80mm Pulper (alimentação)
VN Valnor ✔ <10mm Afinação
VS Valorsul ✖ <35mm Crivo rotativo
44
4. Resultados e Discussão
No presente capítulo são apresentados os resultados da caracterização do rejeitado pesado
proveniente das instalações estudadas em termos de distribuição granulométrica (secção 4.1) e de
composição das partículas (secção 4.2). São também apresentados os resultados relativos ao potencial
de recuperação de vidro de cada instalação (secção 4.3), evolução da composição do TMBr (secção
4.4), e a influência dos fatores sociodemográficos selecionados e qualidade do sistema de recolha
seletiva na quantidade de vidro presente no fluxo de resíduos indiferenciado (secção 4.5).
4.1. Análise granulométrica
Foram realizadas três análises com três subamostras para cada instalação. Os resultados de todos os
ensaios granulométricos com curva cumulativa podem ser vistos no ANEXO III.
A Figura 18 mostra a distribuição granulométrica das amostras de TMBr. Verifica-se que as amostras,
quanto à sua distribuição granulométrica, podem ser agrupadas em três categorias. As amostras finas,
que se distinguem por serem as que contêm menos de 50% das partículas com calibre superior a
5.6mm, as amostras intermédias, que contêm 67% a 76% das partículas com calibre acima de 5.6mm.
e ainda as amostras grosseiras, com mais de 88% das partículas com calibre superior a 5.6mm. No
que respeita ao calibre máximo, as amostras finas apresentam menos de 1% das partículas com calibre
superior a 22.4mm e as amostras intermédias contêm entre 0% e 7% das partículas no mesmo
intervalo. As amostras grosseiras apresentam grande heterogeneidade, com 13% a 69% das partículas
com granulometria superior a 22.4mm.
No final a classificação granulométrica das amostras foi a seguinte:
• Finas – AS-Sx-F, AS-Set-F, BV, ERS-A-Fd, RT, TL, VN e VS
• Intermédias – ERS-C-Ip, ERS-C-Ih, ERS-A-Ip
• Grosseiras – AS-Sx-Gc. AS-Sx-Ginrt, AS-Set-G, VL-Gp e VL-G
45
Figura 18 - Curva cumulativa superior da distribuição granulométrica de todas as amostras; amostras finas a tracejado, amostras intermédias com linha contínua e marcador tipo diamante, amostras grosseiras com linha
contínua e marcador tipo círculo
A figura 19 mostra as imagens das três categorias de produtos conforme a granulometria.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0 5 10 15 20 25
% p
assa
nte
acu
mu
lad
a
Calibre (mm)
AS-Sx-F
AS-Sx-Ginrt
AS-Sx-Gc
AS-Set-F
AS-Set-G
BV
ERS-C-Ip
ERS-C-Ih
ERS-A-Ip
ERS-A-Fd
RT
TL
VL-Gp
VL-G
VN
VS
fina intermédia grosseira
Figura 19 - Categorias de produtos conforme a granulometria do TMBr
46
4.2. Análise de composição
Os resultados das análises de composição de todas as amostras são apresentados na Figura 20. Foi
observado que a maioria das amostras apresenta um teor em vidro superior a 50% e um valor residual
de outros recicláveis. O principal contaminante é material orgânico, observando-se também teores
consideráveis de pedras, cerâmicas e tijolo. A composição material detalhada de cada amostra é
apresentada no Anexo III.
Como se pode ver na Figura 25, há um conjunto de amostras que têm um teor em “orgânicos +
plásticos” superior a 50%. São estas as amostras finas BV, RT, VN e ainda a amostra grosseira AS-Sx-
Ginrt. Em sentido inverso, as amostras ERS-C-Ip, VL-G e VS destacam-se pelo baixo teor em orgânicos
e plásticos (<15%). Observa-se que a percentagem de é metal muito baixa (inferior a 4%) em todas as
amostras, e o teor em cerâmica e tijolo varia entre os 7% e os 21%.
Figura 20 - Composição das amostras de TMBr
De modo a obter uma noção mais clara do teor em vidro de cada amostra analisada, foram criados dois
gráficos representando apenas o teor em vidro de cada amostra e instalação – Figuras 21 e 22.
Na Figura 21 é possível observar que todas as amostras de calibre intermédio têm um teor em vidro
superior a 66% e as amostras grosseiras têm um teor em vidro entre 25% e 57%. As amostras finas
55
25
44
72
41
12
66 70 7363
18
57 57 57
25
65
11
3
8
7
7
6
14 710
3
7
116 9
8
12
7
66
11
7
7
6 13
16
2131
63
41
17
45
79
5
168
32
74
2621
14
66
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Teo
r(%
)
Amostra
Orgânico + Plástico
Metal
Tijolo + Cerâmica
Pedras
Vidro
47
apresentam grande heterogeneidade da variável teor em vidro, com valores compreendidos entre os
12% e os 72%. Metade das amostras finas apresenta um teor em vidro igual ou inferior a 25%.
Figura 21 - Teor em vidro (%) de cada amostra
Na Figura 22 o teor em vidro é apresentado por ordem crescente com referência a todas as instalações
estudadas: Braval, Resitejo, Valnor, CVO do Seixal (AS-Sx), CC de Setúbal (AS-Set), Tratolixo, Valorlis,
CITR Aveiro (ERS-A), Valorsul e CITR Coimbra (ERS-C).
Nas instalações que retiram o vidro à cabeça do processo de tratamento (CVO do Seixal, Braval e
Valnor), verifica-se, efetivamente, um teor em vidro inferior quando comparadas com instalações que
não o fazem, com exceção da instalação da Resitejo, que não faz recuperação de vidro no processo
de TM e apresenta teores em vidro semelhantes aos das TMB que o fazem.
55
25
44
72
41
12
66 70 7363
18
57 57 57
25
65
0
10
20
30
40
50
60
70
80
Teo
r em
vid
ro (
%)
Amostra
Vidro
48
Figura 22 - Teor em vidro (%) por ordem crescente com referência a todas as instalações estudadas; TMB que
retiram vidro no processo de TM destacadas
4.2.1. Distribuição dos componentes por classe
granulométrica
Na Figura 23 é possível observar que, nas amostras finas, o vidro está concentrado sobretudo nas
frações granulométricas inferiores (com 74% a 100% do vidro concentrado no intervalo +5.6mm -
11.2mm). No caso das amostras intermédias, a concentração de vidro encontra-se distribuída de forma
tendencialmente uniforme nos intervalos +5.6mm -8mm e +8mm -11.2mm, apresentando também uma
concentração de vidro considerável na fração +11.2mm -16mm (superior a 22%). As amostras
grosseiras apresentam tendência inversa às finas com mais de 54% do vidro concentrado nas frações
granulométricas superiores (+11.2 +22.4).
A amostra mais grosseira da CVO do Seixal (AS-Sx-Ginrt) destaca-se, uma vez que cerca de 55% do
vidro está concentrado na fração supra 22.4mm. A amostra grosseira da CC de Setúbal (AS-Set-G) e
amostra mais grosseira da Valorlis (VL-G) apresentam também elevada concentração de vidro na
fração supra 22.4mm (37% e 28% respetivamente).
1218
25
40
5257 57
64 65 67
0
10
20
30
40
50
60
70
80
BV RT VN AS-Sx AS-Set TL VL ERS-A VS ERS-C
Teo
r em
Vid
ro (
%)
Instalação
Vidro
49
Figura 23 - Distribuição granulométrica do vidro para cada amostra
As Figuras 24 e 25 mostram a distribuição granulométrica dos contaminantes pedras e material
orgânico.
A distribuição granulométrica das pedras em cada amostra (Figura 24), é semelhante à do vidro, sendo
possível observar que, nas amostras finas, a maior concentração ocorre tendencialmente na fração
+5.6mm -8mm (38% a 68%). As amostras intermédias e grosseiras apresentam, respetivamente, 20%
a 34% e 7% a 12% das pedras concentradas na fração -8mm +5.6mm.
Figura 24 - Distribuição granulométrica do material pedras para cada subamostra
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
% e
m p
eso
do
vid
ro
Amostra
+22.4mm
-22.4mm +16mm
-16mm +11mm
-11mm +8mm
-8mm +5.6mm
finas intermédias grosseiras
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
AS-
Sx-F
AS-
Set-
F
BV
ERS-
A-F
d
RT TL VN VS
ERS-
C-I
p
ERS-
C-I
h
ERS-
A-I
p
AS-
Sx-G
inrt
AS-
Sx-G
c
AS-
Set-
G
VL-
Gp
VL-
G
% e
m p
eso
de
ped
ras
Amostra
+22.4mm
-22.4mm +16mm
-16mm +11mm
-11mm +8mm
-8mm +5.6mm
finas intermédias grosseiras
50
A distribuição granulométrica da matéria orgânica e dos plásticos (Figura 25), segue a tendência do
vidro e das pedras. Nas amostras finas a concentração de matéria orgânica e plásticos incide sobretudo
nas granulometrias inferiores (+5.6mm -8mm), excetuando a amostra da Valorsul que, por ser uma
instalação de VE, tem valores residuais de material orgânico.
Figura 25 - Distribuição granulométrica da matéria orgânica e plásticos para cada subamostra
Como referido anteriormente, o calibre pode ser uma propriedade discriminatória entre o vidro e alguns
contaminantes.
As Figuras 26 a 28 mostram a evolução do teor em vidro e dos principais contaminantes em função da
granulometria das partículas. As figuras mencionadas poderão constituir um bom auxiliar na
determinação e calibração dos processos e equipamentos a utilizar no processamento de cada
amostra.
Nas amostras finas da Ersuc e da Resitejo (ERS-A-Fd e RT), o teor em vidro e o teor em pedras
aumentam com o aumento do calibre. Inversamente, o teor em orgânicos diminui com o aumento do
calibre.
Na amostra da Tratolixo (TL) e numa das amostras grosseiras da CVO do Seixal (AS-Sx-Gc), verifica-
se uma diminuição do teor em vidro com o aumento do calibre e um aumento do teor em matéria
orgânica e plásticos com o aumento do calibre.
Na amostra da Valorsul (VS), observa-se uma diminuição do teor em vidro com o aumento do calibre e
a tendência inversa do teor em tijolo e cerâmica.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
AS-
Sx-F
AS-
Set-
F
BV
ERS-
A-F
d
RT TL VN VS
ERS-
C-I
p
ERS-
C-I
h
ERS-
A-I
p
AS-
Sx-G
inrt
AS-
Sx-G
c
AS-
Set-
G
VL-
Gp
VL-
G% e
m p
eso
de
org
ânic
os
e p
lást
ico
s
Amostra
+22.4mm
-22.4mm +16mm
-16mm +11mm
-11mm +8mm
-8mm +5.6mm
intermédias grosseirasfinas
51
É ainda possível observar duas relações em duas amostras intermédias da Ersuc. Na amostra ERS-C-
Ip, o teor em vidro diminui com o aumento do calibre, com o teor em pedras a registar um
comportamento inverso (exceto na fração +8mm -11.2mm). Na amostra ERS-C-Ih, o teor em vidro
diminui com o aumento do calibre. Já o teor em pedras, cerâmicas e tijolos aumenta com o aumento
do calibre.
As restantes amostras não apresentam padrões de relação entre a evolução do teor em vidro e os
principais contaminantes em função da granulometria das partículas.
52
0
20
40
60
80
% e
m P
eso
Intervalo granulométrico(mm)
Tijolo + Cerâmica Pedras Orgânicos + plástico Vidro
0
20
40
60
80
% e
m P
eso
Intervalo granulométrico(mm)
Tijolo + Cerâmica Pedras Orgânicos + plástico Vidro
AS-Set-F
0
20
40
60
80
% e
m P
eso
Intervalo granulométrico(mm)
Tijolo + Cerâmica Pedras Orgânicos + plástico Vidro
BV
0
20
40
60
80
% e
m P
eso
Intervalo granulométrico(mm)
Tijolo + Cerâmica Pedras Orgânicos + plástico Vidro
ERS-A-Fd
0
20
40
60
80
% e
m P
eso
Intervalo granulométrico(mm)
Tijolo + Cerâmica Pedras Orgânicos + plástico Vidro
RT
0
20
40
60
80
% e
m P
eso
Intervalo granulométrico(mm)
Tijolo + Cerâmica Pedras Orgânicos + plásticos Vidro
TL
AS-Sx-F
Figura 26 - Composição por fração granulométrica do vidro e dos principais contaminantes; AS-Sx-F, AS-Set-F, BV, ERS-A-Fd, RT e TL
53
0
20
40
60
80
% e
m P
eso
Intervalo granulométrico(mm)
Tijolo + Cerâmica Pedras Orgânicos + plásticos Vidro
VN
0
20
40
60
80
% e
m P
eso
Intervalo granulométrico(mm)
Tijolo + Cerâmica Pedras Orgânicos + plásticos Vidro
VS
020406080
% e
m P
eso
Intervalo granulométrico(mm)
Tijolo + Cerâmica Pedras Orgânicos + plástico Vidro
ERS-C-Ip
0
20
40
60
80
% e
m P
eso
Intervalo granulométrico(mm)
Tijolo + Cerâmica Pedras Orgânicos + plástico Vidro
ERS-C-Ih
0
20
40
60
80
% e
m P
eso
Intervalo granulométrico(mm)
Tijolo + Cerâmica Pedras Orgânicos + plástico Vidro
ERS-A-Ip
0
20
40
60
80
% e
m P
eso
Intervalo granulométrico(mm)
Tijolo + Cerâmica Pedras Orgânicos + plástico Vidro
AS-Sx-Ginrt
Figura 27 - Composição por fração granulométrica do vidro e dos principais contaminantes; VN, VS, BV, ERS-C-Ip, ERS-C-Ih, ERS-A-Ip, AS-Sx-Ginrt
54
4.3. Quantidade de vidro contido no TMBr das instalações
Após a análise do fluxo de vidro contido no TMBr quanto ao teor em contaminantes e granulometria,
procedeu-se ao cálculo da quantidade efetiva de vidro existente.
A Tabela 4-1 apresenta a quantidade de vidro contido no TMBr das nove instalações estudadas, bem
como para a instalação de VE estudada. As instalações com maior potencial para a recuperação de
vidro são a Valorsul, Ersuc-Coimbra e Ersuc-Aveiro. As instalações Valnor, Braval e Amarsul-CC
apresentam menor potencial de recuperação de vidro, justificado pela recuperação do mesmo no
processo de TM. A Resitejo, apesar de não realizar recuperação de vidro no processo de TM apresenta
também um reduzido potencial. Dos valores obtidos pode concluir-se que é possível recuperar,
anualmente, cerca de 46 267 toneladas de vidro no respeita às TMB e 111 386 toneladas se for incluída
a instalação de VE da Valorsul.
0
20
40
60
80
% e
m P
eso
Intervalo granulométrico(mm)
Tijolo + Cerâmica Pedras Orgânicos + plástico Vidro
AS-Sx-Gc
0
20
40
60
80
% e
m P
eso
Intervalo granulométrico(mm)
Tijolo + Cerâmica Pedras Orgânicos + plástico Vidro
AS-Set-G
0
20
40
60
80
% e
m P
eso
Intervalo granulométrico(mm)
Tijolo + Cerâmica Pedras Orgânicos + plástico Vidro
VL-Gp
0
20
40
60
80
% e
m P
eso
Intervalo granulométrico(mm)
Tijolo + Cerâmica Pedras Orgânicos + plástico Vidro
VL-G
Figura 28 - Composição por fração granulométrica do vidro e dos principais contaminantes; AS-Sx-Gc, AS-Set-G, VL-Gp e VL-G
55
Tabela 4-1 - Vidro contido no TMBr das instalações estudadas
Instalação Caudal TMBr(i) (t/a) Teor em Vidro (%) Vidro contido no TMBr
(t/ano)
AS-CVO 10 471.0 40 4 396.6
AS-CC 6 696.0 52 3 146.9
BV 3 000.0 12 367.6
ERS-C 17 175.4 67 11 353.5
ERS-A 21 994.2 64 15 648.7
RT 11 128.0 18 1 966.3
TL 9 714.0 57 5 531.5
VL 6 500.0 57 3 707.9
VN 592.0 25 148.0
VS 100 000.0 65 65 119.0
Total - - 111 385.8
Total s/VE - - 46 267.0
(I) obtido através do contato com as respetivas instalações
Considerando apenas as TMB, verifica-se um aumento de cerca de 29 500 toneladas de vidro contido
no TMBr em relação às quantidades obtidas no estudo Dias et al., (2012) – que calculou a quantidade
de vidro presente no TMBr de cinco das seis instalações em funcionamento em 2012 (Amarsul,
Tratolixo, Valnor, Suldouro e Valorlis). O mesmo estudo, estimou a quantidade de vidro para as quinze
instalações previstas entrar em funcionamento em 2014. A quantidade de vidro existente nas nove
instalações TMB estudadas é apenas 3.6% inferior ao estimado em Dias et al., (2012) o que pode
indicar que os pressupostos utilizados nesse estudo, no cálculo do quantitativo de vidro, não se
encontram ajustados à realidade atual.
4.4. Evolução temporal da composição do TMBr
A Figura 29 representa a evolução da composição do TMBr das instalações estudadas no projeto
RecGlass e que foram, igualmente, objeto de caracterização no presente trabalho. Em termos de teor
em vidro, apenas se verifica uma mudança significativa na instalação da Valnor, com uma diminuição
de 59% para 25%. Esta alteração pode ser justificada pela alteração do processo de tratamento. Em
2013, a Valnor produzia um fluxo único de TMBr, que atualmente se divide num fluxo designado por
“estruturante” e noutro designado por “inertes”.
Quanto aos contaminantes, verifica-se uma diminuição do teor em pedras em todas as instalações,
possivelmente justificada pela alteração do encaminhamento de resíduos provenientes das varreduras
de ruas e estradas. Inversamente, verifica-se um aumento, ainda que ligeiro (com exceção da Valnor),
no teor em matéria orgânica junto com plásticos. A diferença no teor em matéria orgânica e plásticos
pode ser justificada pela não secagem de todas as amostras (ao contrário do que foi feito no projeto
RecGlass). Outra possível justificação é o estado de operação dos equipamentos (como, por exemplo,
a duração do ciclo do pulper). Dias (2015) observou grande variabilidade na composição das amostras
utilizadas nos ensaios piloto e nos ensaios laboratoriais. Este estudo identifica a variabilidade dos RU
56
de entrada nas instalações como a principal razão para as diferenças encontradas. Destaca-se a
elevada percentagem de matéria orgânica presente no TMBr da Valnor (66%).
Figura 29 - Comparação entre a composição total das amostras analisadas no projeto RecGlass e alvo deste
estudo
Tendo como base a informação obtida por Máximo (2013), Dias (2015) e pelo projeto RecGlass, neste
subcapítulo pretendeu-se estudar a evolução da quantidade de vidro que ocorre no TMBr com possíveis
mudanças que tivessem ocorrido no sistema de recolha seletiva, como por exemplo, quantidade de
REV e RE retomados, número e custos de campanhas de sensibilização e evolução do número de
ecopontos. Contudo, vários constrangimentos impediram esta análise:
a) No projeto RecGlass apenas foram caracterizadas as frações finas da CC de Setúbal e da
Valorlis (AS-Set-F e VL-Gp respetivamente), pelo que não se sabe qual a quantidade total de
vidro processado por cada instalação.
b) A instalação da Tratolixo ainda se encontrava em fase de testes em 2013, pelo que os
resultados não podem ser comparados.
c) No projeto RecGlass, existia um fluxo único do TMBr da Valnor. Atualmente, este fluxo é dividido
em dois (inertes e estruturante).
Os dados referentes às análises de composição efetuadas no projeto RecGlass podem ser encontrados
no Anexo III.
69 7259 57 56 57 59
25
19 7
116
20 1117
8
913
10 17 17 21 21 26 19
66
0102030405060708090
100Te
or
(%)
Instalação TMB
Vidro Pedras Cerâmica + Tijolo Metal Orgânico + Plástico
57
4.5. Indicadores sociodemográficos e composição do TMBr
As Figuras 30 a 37 apresentam a quantidade de vidro gerada anualmente por habitante que entra em
TMB em função dos indicadores sociodemográficos e da qualidade do serviço de recolha seletiva,
referidos no capítulo 3.
Para os vários indicadores estudados, procedeu-se a um ajuste dos pontos experimentais, tendo sido
excluída a Braval, por se encontrar com a instalação parada na altura da colheita da amostra, bem
como a Valorsul por ser uma instalação de VE.
O número de habitantes por ecoponto parece ser uma variável pouco explicativa da quantidade de vidro
encontrada nos resíduos indiferenciados, como se pode verificar na Figura 30, que apresenta a
quantidade de vidro nos resíduos indiferenciados em função do número de habitantes por ecoponto.
Figura 30 – Relação entre o número de habitantes por ecoponto e a quantidade de vidro presente no fluxo de resíduos indiferenciado. Todas as TMB e VE (esquerda), BV excluída (direita), BV e VS excluídas (centro)
AS
BV
ERSUCRT
TL
VL
VN
VS
0
50
100
150
200
250
300
350
0 10 20 30 40 50
nº
de
hab
itan
tes
po
r ec
op
on
to
Quantidade de vidro (kg/habitante.ano)
AS
ERSUCRT
TL
VL
VN
VS
0
50
100
150
200
250
300
350
0 10 20 30 40 50
nº
de
hab
itan
tes
po
r ec
op
on
to
Quantidade de vidro (kg/habitante.ano)
AS
ERSUC
RT
TL
VL
VN
0
50
100
150
200
250
300
0 10 20 30 40
nº
de
hab
itan
tes
po
r ec
op
on
to
Quantidade de vidro (kg/habitante.ano)
58
A proporção do poder de compra per capita dos municípios pertencentes a cada SGRU, não parece
exercer uma clara influência na quantidade de vidro que entra no fluxo de resíduos indiferenciados,
(Figura 31).
Figura 31 - Relação entre a proporção do poder de compra per capita e a quantidade de vidro presente no fluxo
de resíduos indiferenciado. Todas as TMB e VE (esquerda), BV excluída (direita), BV e VS excluídas (centro)
Através das Figuras 32 a 34, é possível observar uma elevada correlação entre a quantidade de
embalagens de vidro retomadas por cada SGRU e a quantidade de vidro que entra em TMB.
A tendência observada é totalmente inversa à esperada – quer considerando estudos anteriores quer
o senso comum uma vez que quanto maior for a quantidade de embalagens de vidro retomadas, menor
deveria ser a quantidade de vidro presente no fluxo indiferenciado. Uma das possíveis justificações é
AS
BV
ERSUC
RT
TL
VL
VN
VS
0%
1%
2%
3%
4%
5%
6%
7%
8%
9%
10%
0 10 20 30 40 50
pro
po
rção
do
po
der
de
com
pra
per
ca
pit
a
Quantidade de vidro (kg/habitante.ano)))
AS
ERSUC
RT
TL
VL
VN
VS
0%
1%
2%
3%
4%
5%
6%
7%
8%
9%
10%
0 10 20 30 40 50
pro
po
rção
do
po
der
de
com
pra
per
ca
pit
a
Quantidade de vidro (kg/habitante.ano)))
AS
ERSUC
RT
TL
VL
VN
0%
1%
2%
3%
4%
5%
6%
7%
8%
9%
10%
0 10 20 30 40
pro
po
rção
do
po
der
de
com
pra
per
ca
pit
a
Quantidade de vidro (kg/habitante.ano)))
59
a quantidade total de REV gerados por habitante. Os SGRU que sirvam populações que produzam
mais REV terão sempre maior quantidade de vidro contido no TMBr associado, independentemente do
número de embalagens de vidro retomadas.
Figura 32 - Relação entre a quantidade de embalagens de vidro retomadas e a quantidade de vidro presente no fluxo de resíduos indiferenciado. Todas as TMB e VE
Figura 33 - Relação entre a quantidade de embalagens de vidro retomadas e a quantidade de vidro presente no fluxo de resíduos indiferenciado. BV excluída
AS
BV
ERSUC
RT
TL
VL
VN
VS
0
5
10
15
20
25
30
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
reto
mas
de
emb
alag
ens
de
vid
ro r
ec.
sele
tiva
(kg
/hab
.an
o)
Quantidade de vidro (kg/habitante.ano)
AS
ERSUC
RTTL
VL
VN
VS
y = 0.1545x + 11.452R² = 0.7287
0
5
10
15
20
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
reto
mas
de
emb
alag
ens
de
vid
ro r
ec.
sele
tiva
(kg
/hab
.an
o)
Quantidade de vidro (kg/habitante.ano)
60
Figura 34 - Relação entre a quantidade de embalagens de vidro retomadas e a quantidade de vidro presente no
fluxo de resíduos indiferenciado. BV e VS excluídas
A taxa de analfabetismo das populações servidas por cada SGRU não parece ter nenhuma influência
no desvio dos REV para o fluxo indiferenciado (Figura 35).
Figura 35 - Relação entre a taxa de analfabetismo da população e a quantidade de vidro presente no fluxo de
resíduos indiferenciado. Todas as TMB e VE (esquerda), BV excluída (direita), BV e VS excluídas (centro)
AS
ERSUC
RTTL
VL
VN
y = 0.2562x + 10.494R² = 0.8948
0
5
10
15
20
0 5 10 15 20 25 30 35
reto
mas
de
emb
alag
ens
de
vid
ro r
ec.
sele
tiva
(kg
/hab
.an
o)
Quantidade de vidro (kg/habitante.ano)
AS
BV
ERSUCRT
TL
VLVN
VS
0%
2%
4%
6%
8%
10%
12%
0 10 20 30 40 50
% d
a p
op
ula
ção
an
alfa
bet
a
Quantidade de vidro (kg/habitante.ano)
AS
ERSUCRT
TL
VLVN
VS
0%
2%
4%
6%
8%
10%
12%
0 10 20 30 40 50
% d
a p
op
ula
ção
an
alfa
bet
a
Quantidade de vidro (kg/habitante.ano)
AS
ERSUCRT
TL
VLVN
0%
2%
4%
6%
8%
10%
12%
0 10 20 30 40
% d
a p
op
ula
ção
an
alfa
bet
a
Quantidade de vidro (kg/habitante.ano)
61
O número de habitantes por contentor verde também não parece exercer influência no desvio dos REV
para o fluxo indiferenciado (Figura 36).
Figura 36 - Relação entre o número de habitantes por contentor verde e a quantidade de vidro presente no fluxo de resíduos indiferenciado. Todas as TMB e VE (esquerda), BV excluída (direita), BV e VS excluídas (centro)
Como referido no capítulo 2.3, os municípios com maior área estão normalmente associados a maiores
esforços no que diz respeito a recolha seletiva. As Figura 37 mostra a relação entre a área servida por
cada SGRU e a quantidade de vidro por habitante encontrada no fluxo indiferenciado. Mais uma vez
não parece existir qualquer relação entre o indicador e a variável quantidade de vidro.
AS
BV
ERSUC
RT
TL VL
VN
VS
0
50
100
150
200
250
300
0.00 10.00 20.00 30.00 40.00 50.00
nº
de
hab
itan
tes
po
r co
nte
nto
r ve
rde
Quantidade de vidro (kg/habitante.ano)
AS
ERSUC
RT
TL VL
VN
VS
0
50
100
150
200
250
300
0 10 20 30 40 50n
º d
e h
abit
ante
s p
or
con
ten
tor
verd
e
Quantidade de vidro (kg/habitante.ano)
AS
ERSUC
RT
TL VL
VN
0
50
100
150
200
250
300
0 10 20 30 40
nº
de
hab
itan
tes
po
r co
nte
nto
r ve
rde
Quantidade de vidro (kg/habitante.ano)
62
Figura 37 - Relação entre a área servida por cada SGRU e a quantidade de vidro presente no fluxo de resíduos indiferenciado. Todas as TMB e VE (esquerda), BV excluída (direita), BV e VS excluídas (centro)
Uma vez que o método de regressão linear simples não devolveu resultados expressivos, recorreu-se
à técnica de análise multidimensional de dados designada como análise fatorial de correspondências
(AFC).
Quanto à relação entre os indicadores selecionados, é possível verificar que uma maior proporção do
poder de compra está associada a um nível de escolaridade mais elevado e a um maior número de
habitantes por ecoponto. Esta observação pode ser confirmada através da matriz de correlação (Tabela
4-2).
ASBV
ERSUC
RT
TL
VL
VN
VS
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
0 10 20 30 40 50
Áre
a (k
m2 )
Quantidade de vidro (kg/habitante.ano)
AS
ERSUC
RT
TL
VL
VN
VS
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
0 10 20 30 40 50
Áre
a (k
m2 )
Quantidade de vidro (kg/habitante.ano)
AS
ERSUC
RT
TL
VL
VN
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
0 10 20 30 40
Áre
a (k
m2)
Quantidade de vidro (kg/habitante.ano)
63
Tabela 4-2 - Matriz de correlação
v- v+ h- h+ p- p+ e- e+ r- r+
v- 1.00 -1.00 -0.26 0.26 0.26 -0.26 -0.07 0.07 0.47 -0.47
v+ -1.00 1.00 0.26 -0.26 -0.26 0.26 0.07 -0.07 -0.47 0.47
h- -0.26 0.26 1.00 -1.00 0.50 -0.50 0.77 -0.77 0.26 -0.26
h+ 0.26 -0.26 -1.00 1.00 -0.50 0.50 -0.77 0.77 -0.26 0.26
p- 0.26 -0.26 0.50 -0.50 1.00 -1.00 0.77 -0.77 0.26 -0.26
p+ -0.26 0.26 -0.50 0.50 -1.00 1.00 -0.77 0.77 -0.26 0.26
e- -0.07 0.07 0.77 -0.77 0.77 -0.77 1.00 -1.00 -0.07 0.07
e+ 0.07 -0.07 -0.77 0.77 -0.77 0.77 -1.00 1.00 0.07 -0.07
r- 0.47 -0.47 0.26 -0.26 0.26 -0.26 -0.07 0.07 1.00 -1.00
r+ -0.47 0.47 -0.26 0.26 -0.26 0.26 0.07 -0.07 -1.00 1.00
Através da Tabela 4-3 é possível verificar que dois eixos explicam cerca de 79% da variabilidade total
presente no quadro de dados. Pode-se assim diminuir a dimensão do problema para duas dimensões,
sem perda significativa de informação.
Tabela 4-3 – Matriz dos valores próprios
Eixos Valor Proprio % de variância
acumulada
1 0.484 48.361
2 0.310 79.348
3 0.152 94.559
4 0.049 99.456
Através da Figura 38, é possível observar que a Ersuc se destaca das outras instalações por ter grandes
quantidades de vidro por habitante a entrar na instalação e uma elevada quantidade de embalagens
de vidro retomadas por habitante. A Valorsul está fortemente relacionada com uma elevada proporção
do poder de compra per capita e com elevadas quantidades de vidro por habitante, para além de uma
grande quantidade de embalagens de vidro retomadas por habitante. A Tratolixo e a Amarsul estão
associadas a um nível de escolaridade elevado e a um grande número de habitantes por ecoponto. A
Valorlis está ligada a um baixo nível de escolaridade da população servida e a um reduzido número de
habitantes por ecoponto. A Resitejo e a Valnor caracterizam-se por terem associados uma reduzida
proporção do poder de compra, baixa quantidade de vidro por habitante e baixos valores de retomas
de embalagens de vidro. A Braval, encontra-se perto da origem dos eixos, tendo por isso as suas
64
características pouco significado para a análise estatística efetuada. Através da mesma figura, é
possível atribuir um significado aos eixos de inércia: O eixo um está fortemente ligado a fatores
sociodemográficos (escolaridade e proporção do poder de compra). O eixo dois está associado a um
fator da qualidade do sistema de recolha seletiva (quantidade de embalagens de vidro retomadas per
capita). Ainda na Figura 38, é possível observar que a quantidade de vidro contido no fluxo
indiferenciado está correlacionada com a quantidade de embalagens de vidro retomadas. No entanto,
o comportamento volta a ser contrário ao esperado, uma vez que, quando a quantidade de embalagens
de vidro retomadas aumenta, a quantidade de vidro que aparece no fluxo indiferenciado é também mais
elevada. A relação entre os indicadores é a mesma que já tinha sido verificada através da matriz de
correlação.
Figura 38 - Análise de correspondências. Representação dos indicadores (colunas) e instalações (linhas)
Através da análise realizada, nada é possível concluir sobre os indicadores sociodemográficos
estudados e dados da qualidade do sistema de recolha seletiva e a sua influência na quantidade de
vidro que é encaminhada para o fluxo de resíduos indiferenciado. Não se verifica também nenhuma
relação entre os indicadores número de habitantes por ecoponto, proporção do poder de compra per
capita e nível de escolaridade com hábitos de reciclagem de embalagens de vidro (número de
embalagens de vidro retomadas). Uma das possíveis justificações para os resultados obtidos é que, ao
contrário do que foi assumido no capítulo 3, a quantidade de vidro contida no TMBr, não é efetivamente
a quantidade que entra nas instalações, existindo ainda quantidades substanciais de vidro presentes
noutros fluxos do processo de tratamento das TMB. A quantidade de REV gerados por habitante pode
também afetar a qualidade da análise realizada, uma vez que, se forem produzidos mais REV, a
-0.9
-0.6
-0.3
0.0
0.3
0.6
0.9
1.2
-1.2 -0.9 -0.6 -0.3 0.0 0.3 0.6 0.9
F1
F2
AS
BV
ERSU
RT
TL
VL
VN
VS
v-
v+
h-
h+p-
p+ e-
e+
r-
r+Linhas
Colunas
65
quantidade de vidro que é encaminhada para o fluxo indiferenciado, poderá ser mais elevada,
independentemente da quantidade de embalagens de vidro retomadas.
Deste modo, não é possível extrapolar resultados e aplicar as conclusões no cálculo do potencial
qualitativo de recuperação de vidro das restantes instalações existentes a nível nacional.
66
5. Conclusões e trabalho futuro
5.1. Conclusões
Com esta dissertação foi possível obter resultados relativamente à granulometria e composição do
rejeitado pesado (TMBr) proveniente das instalações TMB em Portugal que se encontravam em plena
operação em 2018 e que continham um fluxo de alimentação de resíduos sólidos urbanos superior a
50 000 toneladas ano (CVO Amarsul-Seixal; CC Amarsul-Setúbal; Braval, CITR Ersuc-Aveiro; CITR
Ersuc-Coimbra; Resitejo; Tratolixo; Valnor e Valorlis) e ainda de escórias de uma instalação de VE
(Valorsul).
Em relação à granulometria, observou-se que metade das amostras analisadas são compostas
maioritariamente por partículas de calibre inferior a 5.6mm. De acordo com a sua distribuição
granulométrica, as amostras encontram-se divididas em três categorias: finas, nas quais menos de 50%
das partículas têm tamanho +5.6mm (amostras finas da CVO Amarsul-Seixal e CC Amarsul-Setúbal,
Braval, amostra proveniente do desarenador da CITR Ersuc-Aveiro, Resitejo, Tratolixo, Valnor e
Valorsul); intermédias, com 67% a 76% das partículas com calibre +5.6mm (as duas amostras
provenientes da CITR Ersuc-Coimbra e a amostra proveniente do pulper da CITR Ersuc-Aveiro) e
amostras grosseiras, com mais de 88% das partículas de tamanho +5.6mm (amostras grosseiras da
CVO Amarsul-Seixal e CC Amarsul-Setúbal e as duas amostras provenientes da Valorlis)..
O TMBr das instalações CITR Ersuc-Coimbra, CITR Ersuc-Aveiro e Valorsul é altamente rico em vidro
com um teor superior a 64%. O TMBr das instalações CVO Amarsul-Seixal, CC Amarsul-Setúbal,
Tratolixo e Valorlis apresenta também um teor em vidro significativo, situando-se entre 40% e 57%. O
TMBr da Braval, Resitejo e Valnor tem o menor teor em vidro, igual ou inferior a 25%. Nas amostras
finas, o vidro concentra-se sobretudo no intervalo granulométrico +5.6mm -11.2mm (74% a 100%). Nas
amostras intermédias, o vidro está maioritariamente concentrado no intervalo +5.6mm -11.2mm (58%
a 77%) ainda que, exista também concentração significativa no intervalo +11.2mm -16mm (22% a 29%).
Nas amostras grosseiras, o vidro tem elevada concentração no intervalo +11.2mm +22.4mm (54% a
85%). As amostras grosseiras da CVO Amarsul-Seixal e CC CC Amarsul-Setúbal e a amostra mais
grosseira da Valorlis, distinguem-se das restantes amostras pelo facto de o vidro estar muito
concentrado na fração +22.4mm (28% a 55%).
Os contaminantes mais frequentes em todas as amostras de TMBr são matéria orgânica, pedras,
cerâmicas e tijolo. Nas amostras de calibre fino, as pedras e a matéria orgânica concentram-se
sobretudo na fração +5.6mm -8mm (38% a 68%). Em sete das amostras analisadas é possível
identificar relação entre a evolução do teor em vidro e os principais contaminantes em função da
granulometria das partículas. Estes dados poderão constituir uma mais-valia na determinação e
calibração dos processos a utilizar no processamento do TMBr.
Estima-se que as dez instalações estudadas (TMB e VE) produzam anualmente cerca de 111 390
toneladas de vidro e 46 270 toneladas se apenas forem consideradas as TMB. A comparação entre o
67
total de vidro enviado anualmente para aterro proveniente das TMB estudadas (46 270 t) com as taxas
de reciclagem de vidro no ano de 2018, permite concluir que a recuperação e reciclagem do vido contido
no TMBr destas instalações, poderia ter um impacte significativo nas taxas de reciclagem.
Na hipótese académica de se recuperar e reciclar todo o vidro ocorrente no TMBr, a taxa de reciclagem
de embalagens de vidro em Portugal, que atualmente se situa em 44.8%, passaria a ser de 56.7%.
Ainda assim, este valor fica aquém dos 60% estabelecidos no Decreto-Lei n.º 366-A/97, bem como
das metas Europeias previstas (75% até 2035). Se for tida em consideração a quantidade de vidro da
instalação de VE, os impactes positivos são bastante mais significativos, aumentando a taxa para
73.5% do vidro reciclado, valor este suficiente para atingir a meta da UE até 2025 (70%). Os efeitos
serão ainda maiores se forem consideradas as restantes instalações de TMB e VE nacionais.
Apesar do TMBr, atenta a contaminação que apresenta, não ser aceite pelas indústrias de
descontaminação de vidro, a quantidade de vidro contido no fluxo pode justificar a adoção de medidas
conducentes à sua recuperação.
A comparação entre composição do TMBr das instalações analisadas em 2012/2013 (RecGlass) e em
2019, mostra que a mesma se mantém praticamente inalterada no que se refere às instalações da CC
Amarsul-Setúbal, Tratolixo e Valorlis e a existência de uma mudança significativa no teor em vidro e em
matéria orgânica relativamente à Valnor.
Analisado o impacto de alguns fatores sociodemográficos e da qualidade do serviço de recolha seletiva
(proporção do poder de compra per capita, nível de escolaridade, número de habitantes por ecoponto
e quantidade de embalagens de vidro retomadas) na composição do fluxo de resíduos que entra nas
TMB, e, portanto, do TMBr, verifica-se que com a informação disponível não foi possível obter qualquer
relação.
5.2. Trabalho futuro
Na sequência dos resultados obtidos considera-se importante prosseguir o trabalho de investigação
com vista à recuperação do rejeitado pesado do TMB (TMBr). O presente trabalho confirmou a
existência de uma grande quantidade de vidro contido no TMBr justificando-se o estudo da aplicação
de unidades móveis de processamento (UMPs) na recuperação desse vidro.
A heterogeneidade do TMBr, tanto ao nível da composição como ao nível da distribuição
granulométrica, pode ser um constrangimento na recuperação de vidro. Os resultados das
caraterizações feitas deverão ser tidos em consideração no estudo e desenvolvimento da UMP. Para
além dos dados relativos às caraterizações, deve ainda ser estudado o teor em humidade do TMBr e a
sua influência do processo de recuperação do vidro.
A alteração da eficiência do processo de recuperação e reciclagem do vidro poderá justificar alterações
às especificações técnicas para a retoma de REV e a criação de um regime específico para REV
provenientes do fluxo indiferenciado.
68
Não obstante o elevado potencial de recuperação de vidro proveniente do TMBr, será importante
estudar a evolução da quantidade de vidro que entra em TMB no futuro. A aprovação de medidas como
a implementação de um sistema de incentivo e depósito de embalagens (Público,2018) e possíveis
alterações de comportamentos de separação de resíduos por parte das populações, poderá ter como
efeito o desvio dos REV do fluxo de resíduos indiferenciados, afetando assim a viabilidade económica
de um sistema de recuperação de vidro proveniente do TMBr. Propõe-se a elaboração de um estudo
sociológico que ajude a compreender a evolução da quantidade de vidro no fluxo de resíduos
indiferenciados.
A dispersão geográfica das instalações de TMB em Portugal torna dispendiosa a recuperação do vidro
contido no TMBr pelo que se propõe que, paralelamente ao estudo do projeto mecânico da UMP, seja
realizado o projeto e planeamento do sistema logístico associado. Os modelos a desenvolver deverão
permitir obter um sistema adaptativo que estabeleça o número de UMPs necessárias, a definição da
área de intervenção de cada UMP, quais as instalações TMB e VE que serão visitadas e a sequência
das visitas. O estudo que se propõe deve ainda ter em consideração os caudais dos fluxos
caracterizados neste trabalho.
Tendo presentes as preocupações sociais da UE, a avaliação da integração de UMP na recuperação
de REV deverá incluir estudos de viabilidade económica, viabilidade ambiental (com recurso a uma
análise de ciclo de vida) e viabilidade social.
69
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73
Anexos
Anexo I Cálculo do tamanho de amostra e erro de amostragem
Anexo II Metodologia usada na caracterização física do rejeitado pesado
Anexo III Resultados das caracterizações para cada subamostra analisada
Anexo IV Dados sociodemográficos e qualidade do serviço de recolha seletiva
74
I. Cálculo do tamanho de amostra e erro de
amostragem
Tabela I-1 – Cálculo do tamanho de amostra
Inst. c.c 2 l f g dcal(cm) M(kg) a(teor%) pm(g/cm3) pg(g/cm3) m(g/cm3) C(g) C(kg)
Amarsul
pedra 0.0001 1 0.5 0.25 1.6 36 26% 2.51 2.51 2.51 7.10 0.007
vidro 0.0001 1 0.2 0.25 1.6 7 41% 2.51 2.51 2.51 3.62 0.004
Tratolixo
pedra 0.0001 1 0.5 0.25 1.6 51 20% 2.51 2.51 2.51 10.04 0.010
vidro 0.0001 1 0.2 0.25 1.6 4 56% 2.51 2.51 2.51 1.97 0.002
Valorlis
pedra 0.0001 1 0.5 0.25 1.6 101 11% 2.51 2.51 2.51 19.80 0.020
vidro 0.0001 1 0.2 0.25 1.6 4 56% 2.51 2.51 2.51 1.95 0.002
Valnor pedra 0.0001 1 0.5 0.25 1.6 73 15% 2.51 2.51 2.51 14.22 0.014
vidro 0.0001 1 0.2 0.25 1.6 4 59% 2.51 2.51 2.51 1.74 0.002
75
Tabela I-2 – Cálculo do erro de amostragem
Amostra Constituinte crítico (%) d(cm) M(kg) a(teor%) C(g)
AS-Sx-F pedra 0.54 0.8 43 0.11 20
vidro 0.11 0.8 43 0.55 2
AS-Sx-Gin pedra 15.75 8.5 38 0.08 31
vidro 5.26 8.6 38 0.44 3
AS-Sx-GC pedra 11.67 4 18 0.03 77
vidro 3.71 4 18 0.25 8
AS-SetF pedra 0.45 0.8 42 0.07 34
vidro 0.08 0.8 42 0.72 1
AS-SetG pedra 17.19 8.5 34 0.07 33
vidro 5.83 8.5 34 0.41 4
BV pedra 110.49 0.8 8 0.06 38
vidro 0.76 0.8 8 0.12 18
ERS-C-IP pedra 2.01 2.24 21 0.14 15
vidro 0.60 2.24 21 0.66 1
ERS-C-IH pedra 1.37 1.12 12 0.07 32
vidro 0.26 1.12 12 0.70 1
ERS-A-IP pedra 2.80 2.24 17 0.10 24
vidro 0.57 2.24 17 0.73 1
ERS-A-FD pedra 1.93 1.12 18 0.03 95
vidro 0.25 1.12 18 0.63 2
RT pedra 0.40 0.56 19 0.07 34
vidro 0.23 0.56 19 0.18 12
TL pedra 0.20 0.56 43 0.11 20
vidro 0.06 0.56 43 0.57 2
VL-GP pedra 1.72 2.24 78 0.06 41
vidro 0.38 2.24 78 0.57 2
VL-Gal pedra 2.05 3 82 0.09 26
vidro 0.57 3 82 0.57 2
VN pedra 0.64 0.8 19 0.08 31
vidro 0.32 0.8 19 0.25 8
VS pedra 1.95 1.6 10 0.12 19
vidro 0.54 1.6 10 0.65 1
76
II. Metodologia usada na caracterização
física do TMBr
1. Materiais e equipamentos
De forma a caracterizar o rejeitado pesado proveniente das instalações foram utilizados os seguintes
equipamento e materiais
• Amostras fornecidas pelas Instalações
• Divisor Jones
• Crivos (série DIN 4188) com malha de abertura quadrada
• Agitador mecânico
• Balança digital
• Estufa
77
2. Métodos
A caracterização das amostras foi baseada no método de Dias (2011) com as alterações já
mencionadas no capítulo 3.2.
Versão: 1 Elaborado:
Processo: Aprovado:
Modelo: MOD01 Data:
Recursos Descrição
Descrição
Homogeneizar cuidadosamente a amostra recebida com
auxílio de uma pá.
Dividir a amostra em subamostras usando um divisor
Jones
Cálculo da humidade do material.
Secar a amostra a 130ºC, durante o período mínimo de 3
horas.
A amostra seca é crivada utilizando o agitador de crivos.
A crivagem deve ser executada em no mínimo 3
subamostras de aprox.600 g.
Análise de composição de todas as frações
granulométricas. A análise é feita manualmente
separando os materiais em vidro, cerâmica, pedras,
tijolo, plástico e “outros” (matéria orgânica e materiais
não identificados).
A pesagem deve ser efetuada na balança digital.
Registar peso do recipiente; registar peso do recipiente +
amostra; registar o peso exato da amostra.
M % = (w-d) / w* 100 (onde w é o material
húmido e d é o material seco
78
III. Resultados das caracterizações para cada
subamostra analisada
Tabela III-1 – Massa total da amostra caracterizada (excluindo amostra de testemunho), massa da fração supra 5,6mm, massa total de vidro em cada amostra e teor em vidro (%) de cada amostra
Amostra m tot(kg) m(kg) ɸ>5.6mm m vidro (kg) Teor em vidro (%)
AS-Sx-F 32.1 7.6 4.2 55
AS-Sx-Ginrt 13.8 13.5 3.3 25
AS-Sx-Gc 28.3 25.0 11.0 44
AS-Set.F 31.7 14.3 10.3 72
AS-Set.G 25.5 24.2 9.9 41
BV 5.7 1.2 0.2 12
ERS-C-Ip 15.9 12.1 8.0 66
ERS-C-Ih 9.3 6.3 4.3 70
ERS-A-Ip 12.8 9.7 7.1 73
ERS-A-Fd 13.4 5.6 3.6 63
RT 14.4 1.4 0.2 18
TL 32.3 2.9 1.7 57
VL-Gp 58.5 53.4 30.4 57
VL-G 61.7 58.7 33.5 57
VN 14.2 5.5 1.4 25
VS 3.8 10.5 2.5 65
79
Tabela III-2 - Análise granulométrica de repetibilidade da amostra AS-Sx-F
% em peso
Fração granulométrica (mm) AS-Sx-FI AS-Sx-FII AS-Sx-FIII Mínimo Máximo Média
Supra 22.4 0.05 0.42 0.00 0.00 0.42 0.23 0.16
-22.4 +16 0.22 0.34 0.36 0.22 0.36 0.07 0.30
-16 + 11.2 0.94 0.84 0.65 0.65 0.94 0.15 0.81
-11.2 +8 3.98 4.06 4.30 3.98 4.30 0.17 4.11
-8 +5.6 20.07 18.88 16.11 16.11 20.07 2.03 18.35
Infra 5.6 74.74 75.46 78.58 74.74 78.58 2.04 76.26
Total 100.00 100.00 100.00
Figura 39 - Distribuição granulométrica de todas as subamostras analisadas - análise de repetibilidade - AS-Sx-F
0
5
10
15
20
25
30
0 5 10 15 20 25
% p
assante
acum
ula
da
Calibre das partículas (mm)
AS-SFI
AS-SFII
AS-SFIII
80
Tabela III-3 - Análise granulométrica de repetibilidade da amostra AS-Sx-Gc
% em peso
Fração granulométrica (mm) AS-Sx-GcI AS-Sx-GcII AS-Sx-GcIII Mínimo Máximo Média
Supra 22.4 28.88 28.05 27.39 27.39 28.88 0.75 28.11
-22.4 +16 12.64 11.91 12.56 11.91 12.64 0.40 12.37
-16 + 11.2 20.23 22.01 14.99 14.99 22.01 3.65 19.08
-11.2 +8 16.90 17.35 17.95 16.90 17.95 0.53 17.40
-8 +5.6 9.32 10.52 13.79 9.32 13.79 2.31 11.21
Infra 5.6 12.03 10.16 13.32 10.16 13.32 1.59 11.84
Total 100.00 100.00 100.00
Figura 40 - Distribuição granulométrica de todas as subamostras analisadas - análise de repetibilidade – AS-Sx-
Gc
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0 5 10 15 20 25
% p
assante
acum
ula
da
Calibre das partículas (mm)
AS-SCI
AS-SCII
AS-SCIII
81
Tabela III-4 - Análise granulométrica de repetibilidade da amostra AS-Sx-Ginrt
% em peso
Fração granulométrica
(mm)
AS-Sx-GinrtI AS-Sx-GinrtII AS-Sx-
GinrtIII
Mínimo Máximo Média
Supra 22.4 65.63 65.66 75.88 65.63 75.88 5.91 69.06
-22.4 +16 9.72 10.06 4.83 4.83 10.06 2.93 8.20
-16 + 11.2 9.81 9.67 9.79 9.67 9.81 0.07 9.76
-11.2 +8 5.28 5.13 4.22 4.22 5.28 0.57 4.88
-8 +5.6 7.39 7.33 2.63 2.63 7.39 2.73 5.78
Infra 5.6 2.16 2.14 2.65 2.14 2.65 0.29 2.32
Total 100.00 100.00 100.00
Figura 41 - Distribuição granulométrica de todas as subamostras analisadas - análise de repetibilidade –
AS-Sx-Ginrt
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0 5 10 15 20 25
% p
assante
acum
ula
da
Calibre das partículas (mm)
AS-SGI
AS-SGII
AS-SGIII
82
Tabela III-5 - Análise granulométrica de repetibilidade da amostra AS-Set-F
% em peso
Fração granulométrica (mm) AS-Set-FI AS-Set-FII AS-Set-FIII Mínimo Máximo Média
Supra 22.4 0.25 0.00 0.00 0.00 0.25 0.15 0.08
-22.4 +16 0.10 1.46 0.00 0.00 1.46 0.81 0.52
-16 + 11.2 1.03 1.81 1.32 1.03 1.81 0.40 1.39
-11.2 +8 12.53 14.97 13.41 12.53 14.97 1.23 13.63
-8 +5.6 30.19 29.67 28.57 28.57 30.19 0.83 29.48
Infra 5.6 55.89 52.09 56.71 52.09 56.71 2.47 54.90
Total 100.00 100.00 100.00
Figura 42 - Distribuição granulométrica de todas as subamostras analisadas - análise de repetibilidade - AS-Set-F
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0 5 10 15 20 25
% p
assante
acum
ula
da
Calibre das partículas (mm)
AS-SetFI
AS-SetFII
AS-SetFIII
83
Tabela III-6 - Análise granulométrica de repetibilidade da amostra AS-Set-G
% em peso
Fração granulométrica (mm) AS-Set-GI AS-Set-GII AS-Set-GIII Mínimo Máximo Média
Supra 22.4 48.47 46.43 49.17 46.43 49.17 1.43 48.02
-22.4 +16 15.32 14.46 14.28 14.28 15.32 0.56 14.68
-16 + 11.2 16.13 19.58 15.65 15.65 19.58 2.14 17.12
-11.2 +8 10.45 9.87 11.29 9.87 11.29 0.71 10.54
-8 +5.6 4.79 4.63 4.34 4.34 4.79 0.23 4.59
Infra 5.6 4.85 5.03 5.28 4.85 5.28 0.22 5.05
Total 100.00 100.00 100.00
Figura 43 - Distribuição granulométrica de todas as subamostras analisadas - análise de repetibilidade –
AS-Set-G
-20
0
20
40
60
80
100
0 5 10 15 20 25
% p
assante
acum
ula
da
Calibre das partículas (mm)
AS-SetGI
AS-SetGII
AS-SetGIII
84
Tabela III-7 - Análise granulométrica de repetibilidade da amostra BV
% em peso
Fração granulométrica (mm) BV-I BV-II BV-III Mínimo Máximo Média
Supra 22.4 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00
-22.4 +16 0.00 4.44 0.00 0.00 4.44 2.56 1.48
-16 + 11.2 0.95 3.78 0.79 0.79 3.78 1.68 1.84
-11.2 +8 5.15 6.75 4.48 4.48 6.75 1.17 5.46
-8 +5.6 12.06 12.45 13.24 12.06 13.24 0.60 12.59
Infra 5.6 81.84 72.58 81.49 72.58 81.84 5.25 78.64
Total 100.00 100.00 100.00
Figura 44 - Distribuição granulométrica de todas as subamostras analisadas - análise de repetibilidade - BV
0
5
10
15
20
25
30
0 5 10 15 20 25
% p
assante
acum
ula
da
Calibre das partículas (mm)
BV-I
BV-II
BV-III
85
Tabela III-8 - Análise granulométrica de repetibilidade da amostra ERS-C-Ip
% em peso
Fração granulométrica (mm) ERS-C-IpI ERS-C-IpII ERS-C-IpIII Mínimo Máximo Média
Supra 22.4 7.24 7.28 7.19 7.19 7.28 0.05 7.24
-22.4 +16 6.79 6.77 6.65 6.65 6.79 0.08 6.74
-16 + 11.2 15.96 15.21 16.69 15.21 16.69 0.74 15.95
-11.2 +8 22.64 22.37 21.32 21.32 22.64 0.69 22.11
-8 +5.6 23.22 24.35 25.28 23.22 25.28 1.03 24.28
Infra 5.6 24.14 24.02 22.87 22.87 24.14 0.70 23.68
Total 100.00 100.00 100.00
Figura 45 - Distribuição granulométrica de todas as subamostras analisadas - análise de repetibilidade –
ERS-C-Ip
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0 5 10 15 20 25
% p
assante
acum
ula
da
Calibre das partículas (mm)
ERS-CPI
ERS-CPII
ERS-CPIII
86
Tabela III-9 - Análise granulométrica de repetibilidade da amostra ERS-C-Ih
% em peso
Fração granulométrica (mm) ERS-C-IhI ERS-C-IhII ERS-C-IhIII Mínimo Máximo Média
Supra 22.4 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00
-22.4 +16 1.44 1.66 0.65 0.65 1.66 0.53 1.25
-16 + 11.2 15.52 17.31 13.43 13.43 17.31 1.95 15.42
-11.2 +8 25.63 28.88 25.84 25.63 28.88 1.82 26.78
-8 +5.6 22.97 22.78 24.84 22.78 24.84 1.14 23.53
Infra 5.6 34.43 29.37 35.25 29.37 35.25 3.18 33.02
Total 100.00 100.00 100.00
Figura 46 - Distribuição granulométrica de todas as subamostras analisadas - análise de repetibilidade –
ERS-C-Ih
-10
0
10
20
30
40
50
60
70
80
0 5 10 15 20 25
% p
assante
acum
ula
da
Calibre das partículas (mm)
ERS-CHI
ERS-CHII
ERS-CHIII
87
Tabela III-10 - Análise granulométrica de repetibilidade da amostra ERS-A-Ip
% em peso
Fração granulométrica (mm) ERS-A-IpI ERS-A-IpII ERS-A-IpIII MÍnimo Máximo Média
Supra 22.4 6.76 7.51 7.00 6.76 7.51 0.38 7.09
-22.4 +16 8.84 8.69 10.40 8.69 10.40 0.95 9.31
-16 + 11.2 19.05 20.21 20.56 19.05 20.56 0.79 19.94
-11.2 +8 21.41 21.57 20.53 20.53 21.57 0.56 21.17
-8 +5.6 18.93 18.27 18.46 18.27 18.93 0.34 18.55
Infra 5.6 25.01 23.75 23.04 23.04 25.01 0.99 23.93
Total 100.00 100.00 100.00
Figura 47 - Distribuição granulométrica de todas as subamostras analisadas - análise de repetibilidade –
ERS-A-Ip
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
0 5 10 15 20 25
% p
assante
acum
ula
da
Calibre das partículas (mm)
ERS-API
ERS-APII
ERS-APIII
88
Tabela III-11 - Análise granulométrica de repetibilidade da amostra ERS-A-Fd
% em peso
Fração granulométrica (mm) ERS-A-FdI ERS-A-FdII ERS-A-FdIII Mínimo Máximo Média
Supra 22.4 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00
-22.4 +16 0.53 0.21 0.07 0.07 0.53 0.24 0.27
-16 + 11.2 8.94 11.75 9.32 8.94 11.75 1.53 10.00
-11.2 +8 15.84 16.01 13.80 13.80 16.01 1.23 15.22
-8 +5.6 16.54 16.47 16.58 16.47 16.58 0.05 16.53
Infra 5.6 58.15 55.55 60.23 55.55 60.23 2.34 57.98
Total 100.00 100.00 100.00
Figura 48 - Distribuição granulométrica de todas as subamostras analisadas - análise de repetibilidade –
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
0 5 10 15 20 25
% p
assante
acum
ula
da
Calibre das patículas (mm)
ERS-ADI
ERS-ADII
ERS-ADIII
89
ERS-A-Fd
Tabela III-12 - Análise granulométrica de repetibilidade da amostra RT
% em peso
Fração granulométrica (mm) RT-I RT-II RT-III Mínimo Máximo Média
Supra 22.4 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00
-22.4 +16 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00
-16 + 11.2 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00
-11.2 +8 2.88 3.48 3.83 2.88 3.83 0.48 3.40
-8 +5.6 5.80 6.42 6.50 5.80 6.50 0.38 6.24
Infra 5.6 91.32 90.10 89.67 89.67 91.32 0.86 90.36
Total 100.00 100.00 100.00
Figura 49 - Distribuição granulométrica de todas as subamostras analisadas - análise de repetibilidade - RT
0.00
5.00
10.00
15.00
0 5 10 15 20 25
% p
assante
acum
ula
da
Calibre das partículas (mm)
RT-I
RT-II
RT-III
90
Tabela III-13 - Análise granulométrica de repetibilidade da amostra TL
Fração granulométrica (mm) TL-I TL-II TL-III Mínimo Máximo Média
Supra 22.4 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00
-22.4 +16 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00
-16 + 11.2 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00
-11.2 +8 1.19 2.73 2.03 1.19 2.73 0.77 1.99
-8 +5.6 6.34 7.66 7.24 6.34 7.66 0.67 7.08
Infra 5.6 92.46 89.61 90.72 89.61 92.46 1.44 90.93
Total 100.00 100.00 100.00
Figura 50 - Distribuição granulométrica de todas as subamostras analisadas - análise de repetibilidade- TL
0.00
5.00
10.00
15.00
20.00
0 5 10 15 20 25
% p
assa
nte
acu
mu
lad
a
Calibre das partículas (mm)
TL-I
TL-II
TL-III
91
Tabela III-14 - Análise granulométrica de repetibilidade da amostra VL-G
% em peso
Fração granulométrica (mm) VL-GI VL-GII VL-GIII Mínimo Máximo Média
Supra 22.4 32.52 31.88 37.20 31.88 37.20 2.90 33.86
-22.4 +16 22.10 18.13 25.80 18.13 25.80 3.84 22.01
-16 + 11.2 21.17 22.96 19.26 19.26 22.96 1.85 21.13
-11.2 +8 11.64 11.63 6.70 6.70 11.64 2.85 9.99
-8 +5.6 8.28 10.45 7.68 7.68 10.45 1.46 8.80
Infra 5.6 4.29 4.97 3.37 3.37 4.97 0.8 4.21
Total 100.00 100.00 100.00
Figura 51 - Distribuição granulométrica de todas as subamostras analisadas - análise de repetibilidade - VL-G
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0 5 10 15 20 25
% p
assante
acum
ula
da
Calibre das partículas (mm)
VL-GI
VL-GII
VL-GIII
92
Tabela III-15 - Análise granulométrica de repetibilidade da amostra VL-Gp
% em peso
Fração granulométrica (mm) VL-GpI VL-GpII VL-GpIII Mínimo Máximo Média
Supra 22.4 12.08 10.80 14.90 10.80 14.90 2.10 12.59
-22.4 +16 19.59 15.15 15.03 15.03 19.59 2.60 16.59
-16 + 11.2 27.41 31.34 29.56 27.41 31.34 1.97 29.44
-11.2 +8 26.40 23.68 23.93 23.68 26.40 1.50 24.67
-8 +5.6 5.27 9.64 9.18 5.27 9.64 2.40 8.03
Infra 5.6 9.25 9.39 7.41 7.41 9.39 1.11 8.68
Total 100.00 100.00 100.00
Figura 52 - Distribuição granulométrica de todas as subamostras analisadas - análise de repetibilidade - VL-Gp
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0 5 10 15 20 25
% p
assante
acum
ula
da
Tamanho das partículas (mm)
VL PI
VL PII
VL PIII
93
Tabela III-16 - Análise granulométrica de repetibilidade da amostra VN
% em peso
Fração granulométrica (mm) VN-I VN-II VN-III Mínimo Máximo Média
Supra 22.4 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00
-22.4 +16 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00 0.00
-16 + 11.2 0.61 0.25 0.42 0.25 0.61 0.18 0.43
-11.2 +8 9.82 11.97 12.58 9.82 12.58 1.45 11.46
-8 +5.6 25.46 28.13 25.91 25.46 28.13 1.43 26.50
Infra 5.6 64.11 59.66 61.10 59.66 64.11 2.27 61.62
Total 100.00 100.00 100.00
Figura 53 - Distribuição granulométrica de todas as subamostras analisadas - análise de repetibilidade - VN
0.00
10.00
20.00
30.00
40.00
50.00
0 5 10 15 20 25
% p
assante
acum
ula
da
Calibre das partículas (mm)
VN-I
VN-II
VN-III
94
Tabela III-17 – Composição material de cada amostra
Teor (%)
Amostra Vidro Pedras Tijolo + Cerâmica Metal Plástico Orgânico Orgânico + Plástico Total
AS-Sx-F 55.04 11.33 2.02 0.65 - - 30.96 100
AS-Sx-Ginrt 24.86 3.18 7.03 1.86 - - 63.07 100
AS-Sx-Gc 43.96 7.60 5.91 1.07 - - 41.46 100
AS-Set-F 72.00 6.99 3.05 1.44 - - 16.52 100
AS-Set-G 40.77 7.16 5.84 1.58 - - 44.65 100
BV 12.25 6.20 1.32 0.88 20.50 58.85 79.35 100
ERS-C-Ip 65.96 14.43 10.98 3.39 0.35 4.89 5.24 100
ERS-C-Id 69.56 7.32 6.56 0.31 1.38 14.87 16.25 100
ERS-A-Ip 72.75 9.63 7.20 2.03 0.11 8.28 8.39 100
ERS-A-Fd 63.07 2.57 2.14 0.33 0.92 30.97 31.90 100
RT 17.70 6.91 0.98 0.15 1.59 72.67 17.70 100
TL 56.94 10.93 5.80 0.47 2.76 23.10 25.86 100
VL-Gp 56.93 5.81 13.46 3.17 4.10 16.53 20.63 100
VL-G 57.18 9.23 16.43 3.55 3.93 9.68 13.61 100
VN 25.25 7.61 1.56 0.01 1.12 64.46 65.58 100
VS 65.12 12.29 20.99 0.48 0.93 0.20 1.13 100
95
Tabela III-18 – Estimativa da quantidade de vidro contida no TMBr, discrimnado para cada amostra
Amostra Caudal TMBr (ton/a) Teor em Vidro (%) Vidro contido no TMBr (ton/ano)
AS-SF 2860 55 1574
AS-SG 2740 25 681
AS-SInt 4871 44 2141
AS-SetF 1335 72 961
AS-SetG 5361 41 2186
ERS-CP 16489 66 10876
ERS-CH 686 70 477
ERS-AP 18356 73 13354
ERS-AD 3638 63 2294
VL-P 3575 57 2035
VL-G 2925 57 1673
IV. Dados sociodemográficos e qualidade do
serviço de recolha seletiva
Tabela IV-1 – Dados sociodemográficos e dados do sistema de recolha seletiva
SGRU
nº habitantes/ecoponto
proporção poder de
compra (%)
taxa de analfabetismo
(%) nº habitantes
por vidrão Quant. de embalagens de vidro retomadas (kg/habitante.ano)
AS 269 8% 4% 274 12.32
BV 310 3% 7% 235 24.93
ERSUC 74 8% 9% 186 18.18
RT 100 2% 9% 111 11.75
TL 250 9% 4% 232 13.18
VL 85 3% 9% 236 14.13
VN 122 2% 10% 102 11.58
VS 247 6% 4% 247 16.27