ALBANO SOARES FILHO
RACIONALIZAÇÃO DO USO DA ÁGUA POTÁVEL E REUSO DE EFLUENTES LÍQUIDOS EM PLANTAS SIDERÚRGICAS
DE FERRO LIGAS: O CASO DA RIO DOCE MANGANÊS
Dissertação apresentada ao curso de Gerenciamento e Tecnologia Ambiental no Processo Produtivo, Escola Politécnica, Universidade Federal da Bahia, em cumprimento às exigências para obtenção do grau de mestre. Orientador: Prof. Dr. Emerson Andrade Sales Co-orientadora: Profª. Dra. Karla Oliveira Esquerre
Salvador
2008
S676 Soares Filho, Albano
Racionalização do uso da água e reuso de efluentes líquidos em plantas siderúrgicas de ferro ligas: o caso da Rio Doce Manganês / Albano Soares – Salvador,BA, 2008.
136p.; il. color.
Orientador: Prof. Dr. Emerson Andrade Sales Co-orientadora: Profª. Drª. Karla Patricia Santos Oliveira Rodríguez
Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal da Bahia, Escola Politécnica, 2008.
Referências e Anexos.
1. Recursos hídricos 2. Balanço hidrológico 3. Água Potável 4. Águas residuais. I. Universidade Federal da Bahia. Escola Politécnica. II. Sales, Emerson Andrade. III. Esquerre, Karla Patricia Santos Oliveira Rodríguez. IV. Título.
CDD: 628.19
Dedico este trabalho a meus pais Albano e Alvany, por toda uma vida dedicada a
minha formação e a minha esposa e filha por permearem a minha existência.
AGRADECIMENTOS
Ao meu pai e minha mãe, pelo cidadão que hoje sou. À minha esposa e filha pelas horas de compreensão. A Rio Doce Manganês – RDM na pessoa de Gil Albano Andrade pelo incentivo e apoio, sem os quais não seria possível esta Dissertação. Ao Domingos, supervisor de serviços gerais da MOOP, pela colaboração e sugestões que tornaram possíveis as intervenções necessárias à malha hidráulica da RDM. A FH engenharia pelas informações e colaboração técnica. Ao Sérgio Aquino pela sua inestimável colaboração técnica. Aos professores do curso de Mestrado. Um especial agradecimento ao meu orientador, Professor Emerson Andrade Sales, e a minha co-orientadora Professora Karla Oliveira Esquerre pela paciência e horas dispensadas a revisão deste trabalho. Ao Professor Asher pela colaboração na revisão. A todos os demais que contribuíram para este trabalho.
SOARES FILHO, Albano. Racionalização do uso da água potável e reuso de efluentes líquidos em plantas siderúrgicas de ferro ligas: o caso da Rio Doce Manganês. 2008. 131f. Dissertação (Mestrado em Gerenciamento e Tecnologia Ambiental no Processo Produtivo) -- Escola Politécnica, Universidade Federal da Bahia, Salvador.
RESUMO O objetivo principal deste trabalho consistiu na redução do consumo de água potável por pessoa de forma permanente na empresa Rio Doce Manganês – RDM e substituição de parte da água bruta utilizada no processo por efluente tratado. Para consecução dos objetivos, abordou-se inicialmente a situação dos recursos hídricos, sua distribuição e demandas no Brasil e no mundo, a crescente conscientização da sociedade e segmento industrial, e a evolução do cabedal de leis que regem e disciplinam o uso do recurso no Brasil. Abordou-se também de forma resumida o processo de produção, atividades de apoio e características gerais da empresa siderúrgica RDM. Na etapa metodológica desenvolveu-se e implantou-se uma política abrangente de racionalização do uso da água na RDM tendo como instrumento norteador um Balanço Hídrico do consumo de água potável. Foram destacadas e enfatizadas as quantificações de consumo por áreas e setores, juntamente com o cadastramento hidráulico das instalações industriais, introdução de intervenções voltadas para a redução do consumo, através da aplicação de variáveis educacionais, intervenções sobre o sistema de distribuição e consumo, reaproveitamento de efluentes e modificação de projetos. Com a aplicação da metodologia, obteve-se um diagnóstico do consumo de água potável por áreas da empresa, possibilitando a intervenção nos pontos mais críticos, reduzindo-se o índice de consumo médio diário por pessoa no ano de 2006, de 123 litros para 60 litros no primeiro semestre de 2007. Como recomendação, propôs-se a instituição de um Programa de Gestão de Recursos Hídricos, o qual possuirá como elemento referencial, uma série de medidas a serem implementadas e mantidas em curto prazo, e o aprimoramento do balanço hídrico da água bruta utilizada pela empresa. Palavras-chave: Recursos hídricos; Balanço hídrico; Água potável; Diagnóstico; Política de gestão de recursos hídricos.
SOARES FILHO, Albano. Racionalização do uso da água potável e reuso de efluentes líquidos em plantas siderúrgicas de ferro ligas: o caso da Rio Doce Manganês. 2008. 131f. Dissertação (Mestrado em Gerenciamento e Tecnologia Ambiental no Processo Produtivo) -- Escola Politécnica, Universidade Federal da Bahia, Salvador.
ABSTRACT
The main objective of this work was to reduce the consumption of drinking water per person on a permanent basis in the company Rio Doce Manganese - RDM and the replacement of the water used in the process by gross treated effluent. To achieve these goals it was originally addressed the situation of water resources, its distribution and demands in Brazil and in the world, the growing awareness of society and industries, and the development of the leather of laws that and discipline the use of the resource in Brazil. It was also addressed, briefly the production process, activities of support and general characteristics of the steel company RDM. In the methodology step it was developed and implemented a wide policy of rationalization of the use of water in RDM having as a guiding tool the water Balance consumption of drinking water. It was highlighted and emphasized the quantifications of consumption in areas and sectors, together with the hydraulic registration of the industrial installations, introduction of interventions aimed at reducing consumption through the application of educational varying, interventions on the system for distribution and consumption, reuse of effluents and projects modification. As a result of the methodology, it was obtained a diagnosis of drinking water consumption in the areas of the company, enabling the intervention on the most critical points, reducing the index of the average daily consumption per person in 2006 from 123 liters to 60 liters in the first half of 2007. As proposed recommendations, it was sugested the establishment of a Water Resources Management Program which will have referential, a series of measures to be implemented and maintained in the short term, and the improvement of the water balance of the gross water used by the company. Keywords: Water Demands; Use of the resource; Drinking water Balance; Water Diagnosis; water resources management Policy.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Localização da Rio Doce Manganês - RDM 19
Figura 2: Corrida da liga 22
Figura 3: Reservatório de água para abastecimento industrial 23
Figura 4: Bacias hidrográficas 26
Figura 5: Fluxo metodológico 46
Figura 6: Torneira temporizada instalada no prédio ADM 68
Figura 7: Sistema de osmose reversa do laboratório 68
Figura 8: Detalhamento esquemático do sistema hidráulico para abastecimento das descargas sanitárias do vestiário central e prédio administrativo com águas pluviais e bruta. 81
Figura 9: Instalação da tubulação para captação de águas pluviais 82
Figura 10: Tanques intermediários acumuladores de águas pluviais 82
Figura 11: Introdução de novas instalações hidráulicas nas bacias sanitárias 83
Figura 12 : Efluente bruto da sinterização 91
Figura 13: Efluente da sinterização tratado com 10, 15 e 20 ml de sulfato de alumínio e 5 ml de polímero 92 Figura 14: Teste com 10 ml de cloreto férrico(a) e 100(b) e 125 ml(c) de sulfato de alumínio 92 Figura 15: Mistura do efluente bruto da sinterização e do afluente da ETA- Captação (adição de 5 (a), 10 (b) e 15 (c) ml de cloreto férrico) 30 minutos após sedimentação 98 Figura 16: Mistura do efluente bruto da sinterização e do afluente da ETA- Captação (adição de 5(a), 10(b) e 15(c) ml de sulfato de alumínio) 30 minutos após sedimentação 99
Figura 17: Mistura do efluente bruto da sinterização com afluente da ETA- Captação (adição de 20(a) e 30(b) ml de sulfato de alumínio)
100
Figura 18: Mistura do efluente bruto da sinterização com afluente da ETA- Captação (adição de 15 ml de sulfato de alumínio)
100
Figura 19: Tratamento do efluente da sinterização na ETA 108
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Mão-de-obra utilizada na RDM 20
Tabela 2: Principais pontos consumidores de água potável na RDM 50
Tabela 3: Determinação da vazão de chuveiros da RDM 51
Tabelas 4: Determinação da vazão em torneiras da RDM 51
Tabela 5: Consumo de água potável em 2004 e 2005 53
Tabela 6: Registro dos consumos na primeira e segunda medição 59
Tabela 7: Consumidores acima de 1 m3/dia 62
Tabela 8: Consumidores abaixo de 1 m3/dia 63
Tabela 9: Áreas priorizadas para intervenção 65
Tabela 10: Índices pluviométricos dos últimos 25 anos em Salvador 80
Tabela 11: Parâmetros e pontos de amostragem das análises
89
Tabela 12: Ensaios com efluente da sinterização utilizando-se sulfato de alumínio (Al2SO4)3, cloreto férrico e polímero 93 Tabela 13: Resultados das análises de laboratório do efluente bruto e tratado da sinterização
94 Tabela 14: Ensaios da mistura do efluente bruto da sinterização e do afluente da ETA-Captação, utilizando-se cloreto férrico (FeCl3)
101 Tabela 15: Ensaios da mistura do efluente bruto da sinterização e do afluente da ETA-Captação utilizando sulfato de alumínio
102 Tabela 16: Resultados físico-químicos do efluente bruto e tratado da mistura do efluente da sinterização e afluente da ETA- Captação 103 Tabela 17: Resultado de análise de lodos
105
Tabela 18: Volume de efluente da sinterização tratados
109
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 : Consumo mensal de água potável nos anos de 2004 e 2005 53
Gráfico 2: Primeira medição do consumo de água potável 57
Gráfico 3: Segunda medição do consumo de água potável 59
Gráfico 4: Comparativo entre os consumos das medições 1 e 2 59
Gráfico 5: Consumidores acima de 1 m3/dia 63
Gráfico 6: Consumidores abaixo de 1 m3/dia 64
Gráfico 7 : Comparativo entre o consumo médio diário do ano de 2006, com o consumo médio diário do primeiro semestre de 2007 no prédio administrativo 69 Gráfico 8: Consumo médio diário observado nas medições 1 e 2, média total do ano de 2006 incluindo-se as modificações introduzidas, e a média diária após a intervenção (11m3/dia)
72
Gráfico 9: Média diária do consumo de água potável de janeiro de 2006 à maio de 2007 nos vestiários da Planta- I
73
Gráfico10: Consumo de água no refeitório, comparando-se as médias diárias da primeira e segunda medição com a média diária de consumo em 2006
74
Gráfico 11: Média do consumo diário de água no refeitório em 2006 e 2007 75
Gráfico 12: Média do consumo diário de água no refeitório por refeição preparada na medição 1, medição 2 , 2006, 2006/2007(janeiro a maio) e primeiros 5 meses de 2007
76
Gráfico 13: Consumo médio diário de água potável na Metastec 78
Gráfico 14: Comparativo do consumo total entre os anos de 2004, 2005 2006 e primeiro semestre de 2007 (m³/mês)
85
Gráfico 15: Indicador de consumo (litros/pessoa/dia) 85
Gráfico 16: Comparação entre o efluente bruto e tratado (Cu/ Mg/ Mo/ Ca/ P/ N/ As)
96
Gráfico 17: Comparação entre o efluente bruto e tratado. (Cor/ DBO/ DQO) 96
Gráfico 18: Volume de efluente da sinterização tratado em 2006 109
LISTA ABREVIATURAS E SIGLAS
ADM Administrativo
ANA Agência Nacional de águas
CETREL Central de Tratamento de Efluentes Líquidos
CHESF Companhia Hidro Elétrica do São Francisco
CIA Centro Industrial de Aratu
CMMAD Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento
CONAMA Conselho Nacional de Meio Ambiente
DBO Demanda Bioquímica de Oxigênio
DQO Demanda Química de Oxigênio
DSS Diálogos de Saúde e Segurança
EMBASA Empresa Baiana de Saneamento
ETA Estação de tratamento de água
ETALGÁS Estação de Tratamento de Gás
FAO Food and Agriculture Organization
LDM Limite de Detecção do Método
Mw Megawhat
OMS Organização Mundial de Saúde
ONU Organização das Nações Unidas
PERH-BA Plano Estadual de Recursos Hídricos – Bahia
PNDCA Plano Nacional de Combate ao Desperdício de Água
PNUMA Plano das Nações Unidas para o Meio Ambiente
PURA Plano de Utilização e Reuso da Água
PVC Policloreto de Vinila
RDM Rio Doce Manganês.
SABESP Serviço de águas e Esgotos de São Paulo.
SSd Sólidos Sedimentáveis
TECLIM Rede de Tecnologias Limpas
VL Volume de Lodo
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO 14 1.2. OBJETIVOS 15 1.2.1 Objetivo geral 15 1.2.2 Objetivos específicos 15 2. CARACTERIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO 15 2.1 LOCALIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO E CARACTERIZAÇÃO AMBIENTAL 15
2.2 DESCRIÇÃO DO PROCESSO 19 2.3 SISTEMA DE UTILIDADES 21 2.4 UNIDADES AUXILIARES E DE APOIO 22 3 . CONSERVAÇÃO DA ÁGUA 22 3.1 HISTÓRICO 22 3.2 DISPONIBILIDADE HÍDRICA DOS RECURSOS SUPERFICIAIS E ESCASSEZ DE ÁGUA 24
3.3 GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS 26 3.4 CONSERVAÇÃO DE ÁGUA 31 4. METODOLOGIA ADOTADA 40 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 45 5.1 LEVANTAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DAS INSTALAÇÕES CONSUMIDORAS DE ÁGUA POTÁVEL 45
5.2 LEVANTAMENTO DO CONSUMO DE ÁGUA POTÁVEL EM ANOS ANTERIORES 51
5.3 USOS DA ÁGUA NA RDM 52 5.4 ESCOLHA DO SISTEMA DE MEDIÇÃO DO CONSUMO E DIMENSIONAMENTO DE EQUIPAMENTOS MEDIDORES DE VAZÃO E INSTALAÇÃO EM PONTOS DE MAIOR REPRESENTATIVIDADE, NA REDE CONSUMIDORA DE ÁGUA BRUTA E POTÁVEL
53
5.5 IMPLEMENTAÇÃO DE CAMPANHA PRELIMINAR DE MEDIÇÃO DE CONSUMO DE ÁGUA BRUTA E POTÁVEL 54
5.6 AVALIAÇÃO DO CONSUMO DE ÁGUA POTÁVEL APÓS CAMPANHA PRELIMINAR DE CONSCIENTIZAÇÃO SOBRE OS USOS DA ÁGUA, CORREÇÃO DE VAZAMENTOS E SUBSTITUIÇÃO DE EQUIPAMENTOS DE ALTO CONSUMO POR EQUIPAMENTOS ECONOMIZADORES DE ÁGUA.
56
5.7 ANÁLISE DO CONSUMO DE ÁGUA POTÁVEL 59
5.8 PRIORIZAÇÃO DE ÁREAS PARA INTERVENÇÃO 63 5.9 PLANO DE INTERVENÇÃO 64
5.9.1 Correção de vazamentos 65
5.9.2 Campanhas de conscientização 65
5.9.3 Substituição de componentes convencionais por economizadores de água.
66
5.10 INTERVENÇÕES, MODIFICAÇÕES HIDRÁULICAS E DE ABASTECIMENTO EM PONTOS DE MAIOR REPRESENTATIVIDADE E SUBSTITUIÇÃO DE ÁGUA POTÁVEL EM DESCARGAS SANITÁRIAS.
67
5.10.1 Detalhamento de intervenções nas áreas prioritárias 68 5.10.1.1 Vestiários Planta – I 68 5.10.1.2 Refeitório 71 5.10.1.3 Empreiteira Metastec 74 5.11 SUBSTITUIÇÃO DE ÁGUA POTÁVEL EM DESCARGAS SANITÁRIA POR ÁGUAS PLUVIAIS E ÁGUA BRUTA
78
5.11.1 Uso de águas pluviais na área do prédio administrativo 78 5.11.2 Abastecimento de descargas sanitárias por água bruta 83 5.12 ESTABELECIMENTO DE UM INDICADOR DE CONSUMO PARA ÁGUA POTÁVEL
84
5.13 TRATAMENTO E REAPROVEITAMENTO DE EFLUENTES, EM SUBSTITUIÇÃO A PARTE DA ÁGUA INDUSTRIAL CONSUMIDA NO PROCESSO PRODUTIVO.
86
5.13.1 Tratamento e reuso de efluentes da antiga sinterização 86
5.13.2 Campanha de amostragem e medição de vazão 88 5.13.3 Ensaios de tratabilidade e teste do jarro 89 5.13.4 Ensaio com o efluente da sinterização 90 5.13.5 Resultados físico-químicos e biológicos de laboratório do efluente da sinterização 94
5.13.6 Ensaios com o efluente misturado da sinterização e do afluente da ETA-Captação
97
5.13.7 Resultados Físico-Químicos e Biológicos de laboratório da mistura do efluente bruto da Sinterização e do Afluente da ETA-Captação
103
5.13.8 Resíduos sólidos (lodos) gerados nos tratamentos 104
5.14 AVALIAÇÃO DAS ALTERNATIVAS DE TRATAMENTO DO EFLUENTE DA SINTERIZAÇÃO SOB O ASPECTO HIDRÁULICO
106
5.14.1 ETA-Captação recebendo o efluente da sinterização 106 5.15 TRATAMENTO EM ESCALA REAL 109 6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES 110 6.1 CONCLUSÕES 110 6.2 RECOMENDAÇÕES 111
REFERÊNCIAS
113
ANEXOS
ANEXOS 1 - Sugestão de programa de gestão de recursos hídricos 117 ANEXO 2 - Fotos dos hidrômetros 127 ANEXO 3 – Planilhas de controle para medição do consumo de água potável nos hidrômetros
128
ANEXO 4 – Planilhas de controle para medição do volume de efluente Tratado
130
15
1 INTRODUÇÃO
De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), a água doce poderá
ter neste século importância similar a que o petróleo teve no século XX (UNESCO,
2003). Para muitos pode parecer exagero, no entanto, do total de água doce
disponível no planeta, 70% é utilizada na agricultura para produção de alimentos e,
de acordo com a Food and Drug Administration (FAO) a produção de alimentos está
cada vez mais dependente da agricultura irrigada, e a necessidade de alimentar uma
população crescente deverá pressionar também em escala crescente os recursos
hídricos (REBOUÇAS, C, A).
Neste contexto, o Brasil conta com uma disponibilidade por habitante de
33.000 litros (CORDEIRO, 2005) de água, o que segundo os padrões da ONU nos
deixaria em posição confortável. No entanto, o que se percebe é que ocorre uma
distribuição de toda esta água de forma bastante desigual em todo o território,
ficando a região Amazônica com cerca de 80% do total, contando com apenas 5%
da população Brasileira e os restantes 20% sendo distribuídos para 95% da
população. Neste cenário, considerando-se ainda regiões com baixíssimas
precipitações pluviométricas, como é o caso do Nordeste, podemos concluir que a
abundância é segmentada e que a disponibilidade atribuída é representativa apenas
na escala (SETTI e outros, 2000).
Desta forma, para enfrentar os enormes desafios que se impõem com as
crescentes demandas futuras, as ferramentas com que se pode contar atualmente
são o uso cada vez mais eficiente e integrado de todo e qualquer tipo de água,
privilegiando-se também o reuso de efluentes.
No setor industrial, percebe-se um movimento no sentido da utilização de forma
mais racional a água disponível, seja de rios, subterrânea e de reuso não potável,
esta última de forma mais intensa nos últimos tempos, com ganhos de imagem
perante a sociedade, e redução de impactos sobre o meio ambiente.
Neste contexto, a Rio Doce Manganês (RDM), indústria siderúrgica do ramo
de ferro ligas com um contingente de colaboradores em torno de 750 pessoas,
desconhecia a dinâmica de seu consumo, e apresentava no início do diagnóstico
16
elaborado neste trabalho, um consumo médio de aproximadamente 140 litros por
pessoa por dia de água potável, o equivalente ao consumo diário
por habitante do Estado de Minas Gerais. (PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS
PARA O DESENVOLVIMENTO, 2006)
A partir do conhecimento da realidade da empresa, foi possível elaborar uma série
de intervenções focadas na redução do consumo da água potável, redução e
reutilização de efluentes, utilizados para suprimento de parte da demanda industrial
da Rio Doce Manganês - RDM.
1.2 OBJETIVOS 1.2.1 Objetivo geral
Este trabalho apresenta como objetivo geral, a racionalização do uso da água
potável na empresa Rio Doce Manganês, incluindo-se o tratamento e utilização de
efluentes e captação de águas pluviais e proposição de um Programa de Gestão de
Recursos Hídricos.
1.2.2 Objetivos específicos Como objetivos específicos têm-se:
• Estabelecimento do controle sistemático do consumo, com ênfase na
metodologia de quantificação das vazões.
• Implementação de ações voltadas para redução do consumo de água.
• Estabelecimento de indicadores de consumo para água potável.
17
2 CARACTERIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO 2.1 LOCALIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO E CARACTERIZAÇÃO AMBIENTAL
A RDM foi criada em 1965 para a produção de ligas de ferro manganês.
Atualmente, através das Unidades I e II a empresa detém um total de 153 MVA de
potência elétrica instalada e uma capacidade nominal de produção de 280 mil t/ano,
de ligas de Ferro ligas de Manganês.
O parque industrial está localizado no município de Simões Filho - BA, dentro
da área do Centro Industrial de Aratu (CIA), em área sob influência da Baía de Aratu.
O parque produtivo é formado por três unidades distintas, denominadas plantas
I/II/III.
As principais referências do empreendimento são as divisas com a Rodovia
Federal BR-324 e sede do município de Simões Filho à leste, e com a Baia de Aratu
a noroeste, localiza-se a uma distância de aproximadamente 25 km de Salvador
(BA), que fica em direção sul. A oeste localiza-se o distrito de
Cotegipe, cujos limites praticamente se confundem com os muros da RDM,
conforme mostrado na Figura 1.
O parque industrial é cortado por um pequeno riacho denominado Paramirim,
no sentido sul-norte, que tem aporte na represa de abastecimento industrial da
RDM. Em épocas de alta pluviosidade, período que vai dos meses de abril à
setembro, a represa extravasa por vertedouros em direção à Baía de Aratu e
manguezais circundantes.
A RDM está localizada em bacia hídrica vertente para a Baía de Aratu em uma
sub-bacia de solo argiloso com pequena área e recursos hídricos muito limitados.
Como pode-se observar na figura 1 a contribuição de água superficial dessa sub-
bacia está limitada pela BR 324, estrada para Cotegipe e Mapele e parte da cidade
de Simões Filho.
Em termos hidrogeológicos, o sítio da RDM e seus arredores imediatos é
dominado por solos argilosos, configurando um aqüífero freático pobre, com
condutividades hidráulicas baixas e velocidade de fluxo média inferior a 10 m/ano
18
(CENTRAL DE TRATAMENTO DE EFLUENTES, 2005). O mapa potenciométrico
revela que o sítio da RDM atua como receptor geral das águas subterrâneas das
áreas circunvizinhas à leste, sul e oeste, descarregando este influxo hidráulico na
Baía de Aratú.
Quando a indústria foi implantada construiu para acumulação de água, um
barramento (lagoa) para abastecimento industrial que serviria tanto para captação e
acumulação de água como para retenção de efluentes para reutilização no processo
produtivo, tendo em vista que a carência de água na região é grande. A bacia
hidráulica inundável é de 12,3 hectares, perímetro de 1,6 km, profundidade máxima
de 6,4 metros e uma capacidade de acumulação de 436.000 m³.
Como pode ser observado nas figuras 1 e 3, a lagoa da RDM está situada no fundo
do vale entre as cotas de 0,0 m a 6,4 m, onde seu entorno é formado por encostas
muito íngremes que estão nas cotas 45,0 m a 90,0 m sendo a recarga hidráulica da
lagoa realizada pelas águas superficiais durante o período do inverno e água de
exudação da encostas coletadas por um córrego, estreito e curto (750m),
denominado Paramirim, durante todo ano. O Paramirim está no limite da área
urbana recebendo contribuições de esgoto sanitário. Em épocas de estiagem mais
prolongadas, a lagoa da RDM é recarregada com água captada em um barramento
da CHESF, que servia a uma usina atualmente desativada.
Balanço Hídrico Resumido
A água industrial consumida na RDM é proveniente de um reservatório de
acumulação (lagoa) alimentado pelas águas superficiais e a água de exudação de
encostas, sendo principal condutor o riacho Paramirim citado anteriormente. A RDM
utiliza ainda água potável fornecida pela Empresa Baiana de Águas e Saneamento
(EMBASA).
A partir da água proveniente do reservatório de acumulação (lagoa) e do
Paramirim é produzida água clarificada para usos no processo industrial.
A água potável proveniente da EMBASA, atende aos escritórios, sanitários,
refeitório e outros prédios da área administrativa. A precipitação anual de águas
pluviais na sub-bacia totaliza um volume de 1.520.000 m³ = 176 m³/h considerando a
área de contribuição de 80 ha e precipitação média anual de 1900 mm. Para as
19
atividades industriais realiza-se a captação de 28,67 m³/h na lagoa, mas como a
chuva se concentra num período de 6 meses, o nível do reservatório varia,
extravasando nos períodos chuvosos. Existe uma captação de 14,43 m³/h
diretamente no Paramirim e recebe-se 4,75 m³/h da EMBASA (média de consumo
diário no ano de 2005). No processo produtivo são gerados 27,69 m³/h de efluente e
a evaporação atinge 20,08 m³/h.
Existe um barramento vizinho de maior capacidade que o da Rio Doce
Manganês, de propriedade de uma antiga subestação da Chesf, que pode ser
utilizado pela RDM em períodos de longas estiagens.
Figura 1: Vista aérea da RDM.
3.2 Características gerais da fábrica
A RDM foi criada em 1965 para a produção de ligas de ferro mangan
Figura 1 – Localização da Rio Doce Manganês - RDM
Os principais clientes nacionais são a Usiminas, Cosipa, e Grupo Gerdau. A
empresa exporta também para Argentina, Chile, Holanda, Alemanha e Turquia.
Na Tabela 1 é mostrado o número de empregados subdivididos em próprios e
terceirizados.
BR-324
BAÍA DE ARATU
COTEGIPE
Planta -III
Planta -II
Planta -I
SALVADOR
BR-324
COTEGIPE BAÍA DE ARATU
Sinterização
ETA - Captação Planta -III
Planta -II
Planta -I
Barramento
20
Tabela 1: Mão-de-obra utilizada na RDM.
Número de Empregados
Próprios 310 Terceirizados 438 Total 748
2.2 DESCRIÇÃO DO PROCESSO
- Preparação das matérias-primas, redutores e fundentes
As matérias-primas utilizadas no processo de produção de ligas consistem em:
Minério de manganês: O minério de manganês é proveniente do próprio estado
da Bahia e de outros estados (minério de Carajás (PA) e Urucum (MT). Os minérios
regionais são transportados via rodoviária ou ferroviária. Já os minérios dos outros
estados são transportados via marítima até os portos de Aratu, Salvador e USIBA
(distantes cerca de 20 km), e daí por caminhões até as instalações da RDM
Fundentes: quartzo, calcário e dolomita. Estes materiais são provenientes de minas
do próprio Estado da Bahia, distantes aproximadamente 500 km da RDM. O
transporte é feito por via rodoviária até as instalações da RDM
Redutores: carvão vegetal e coque. O carvão vegetal consumido é proveniente da
área de plantação de eucalipto da empresa e das fazendas de terceiros
transportados respectivamente, via ferroviária e rodoviária. O coque utilizado tem as
procedências do Japão, China, Austrália ou África.
Outra fonte de matéria-prima que substitui parte do minério de manganês no
processo é o sinter de alta resistência mecânica, insumo produzido pela
aglomeração de finos de minérios de manganês e finos de carvão.
A área de estocagem de matérias-primas possui 7.500 m² sendo 80% coberta,
com espaços separados por divisórias móveis destinadas a segregação dos
diferentes tipos de minérios e insumos.
- Produção de ligas de FeMn e Fe-Si-Mn
A produção de ligas de FeMn e Fe-Si-Mn baseia-se no processo
termodinâmico de redução à forma metálica dos óxidos de manganês, silício e ferro
21
através do carbono suprido pelo carvão vegetal, coque metalúrgico e pela parcela de
pasta eletrolítica contida nos eletrodos. Trata-se do processo convencional de
redução em fornos elétricos, onde o calor é fornecido pela
corrente elétrica através dos eletrodos que entram em contato com a mistura. As
transformações do minério de manganês começam a ocorrer a cerca de 500°C
podendo atingir até 1500°C.
Parte dos óxidos de manganês, ferro e silício, bem como algumas impurezas
são reduzidos à forma metálica constituindo a liga. Parte desses óxidos como de
outros elementos constituintes da carga dão origem à escória. Outra parte dos
constituintes da carga é arrastada pelos gases no processo ou ainda volatilizados.
A potência de trabalho do forno pode ser regulada através da mudança de
voltagem até se conseguir a tensão necessária, a fim de obter as condições ideais
de trabalho.
- Corrida do forno
Transcorrido o tempo de reação da mistura das matérias-primas, redutores e
fundentes em ligas metálicas, procede-se a abertura dos furos de corrida, havendo a
descarga da escória e da liga.
O metal líquido escorre em canais para dentro das piscinas ou é vertido para
dentro de panelas. No caso das corridas em panelas, as mesmas são manuseadas
através de ponte rolante até a área de piscinas onde o metal é vertido pelo
basculamento da panela. A escória escorre em canais próprios para a baia de
escória.
As piscinas são previamente preparadas com o auxílio de pá-carregadeira,
havendo a cobertura das células com camadas de finos de minérios.
Após a solidificação, a liga sólida é recolhida por pá-carregadeira e
descarregada em caçambas, transportada por caminhões até a área de preparação
de produtos.
A escória rica proveniente da produção de ferro manganês alto carbono é
transportada para a área de recuperação de escória, e a escória pobre originada na
produção de ferro sílico manganês, é enviada para a área de estocagem de
subprodutos para posterior comercialização.
22
FIGURA 2 – Corrida da liga
2.3 SISTEMAS DE UTILIDADES
O abastecimento de água potável é feito pela EMBASA e a água industrial
pelo represamento do córrego Paramirim, conforme detalhado na Tabela 2. Na
Figura 2 é apresentada uma foto aérea do reservatório de água para abastecimento
industrial da RDM.
23
FIGURA 3: Reservatório de água para abastecimento industrial da RDM
2.4 UNIDADES AUXILIARES E DE APOIO
A RDM possui as seguintes unidades auxiliares e de apoio subdivididos em:
escritórios em geral (financeiro, recursos humanos, administrativos e técnicos),
vestiários, portarias, laboratório químico, oficinas de manutenção, ambulatório
médico, almoxarifado, cozinha/restaurante.
Vertedouro
24
3 CONSERVAÇÃO DA ÁGUA
Foram enfatizados os aspectos mais relevantes para o objeto proposto neste
trabalho, tais como: disponibilidade hídrica dos recursos superficiais e escassez de
água, conservação de água e reuso, aspectos regionais dos recursos hídricos.
3.1 HISTÓRICO
O uso de água na agricultura e o consumo industrial e residencial são os
principais fatores de pressão para a demanda crescente de água doce em todo o
planeta. As perspectivas que sinalizam cada vez mais para um cenário de escassez,
e ruptura com as práticas de desperdício, fazem com que se verifique com maior
freqüência, a necessidade da busca de alternativas para um problema que afeta a
todos indiscriminadamente. De uma forma geral, a legislação cada vez mais
restritiva, a pressão de consumidores cada vez mais exigentes quanto a práticas de
conservação ambiental e a necessidade de adaptação a um mundo sem fronteiras,
fazem com que sociedade e setor produtivo invistam de forma crescente em práticas
de conservação de recursos hídricos e energia, como forma de reduzir custos,
ganhar produtividade e agregar valor à imagem.
Recentemente novas informações sobre o uso de energia e emissão de CO2
implicando no aumento da temperatura do planeta foram apresentadas pela
comunidade cientifica internacional através do Painel intergovernamental para
mudanças climáticas. O cenário traçado prevê um quadro preocupante para a
economia mundial, em função das crescentes demandas por energia, com o
consumo de água associado, podendo dobrar dentro de algumas décadas o número
de países classificados como carentes de recursos hídricos (BAIRD, 2002).
No contexto histórico brasileiro, os marcos legais básicos referentes ao uso
da água são, a Constituição Federal de 1988, a Lei 9.433, de 08/01/1997 e o Código
de Águas, estabelecido pelo Decreto Federal 24.643, de 10/07/1934.
Historicamente, a administração dos problemas de recursos hídricos, levando-
se em conta os limites de uma bacia hidrográfica, não é uma tradição no Brasil. Até
os anos 70, as questões de recursos hídricos eram sistematicamente consideradas
25
a partir de políticas específicas de combate aos efeitos das secas e das inundações,
ou tratadas a nível regional, de forma setorizada (TUCCI e outros, 2003).
Em pesquisa, SCARE (2003) estudou a evolução do ambiente institucional
internacional buscando entendimento para mudanças ocorridas no Brasil e sua
evolução até chegar ao sistema atual de gestão de recursos hídricos, efetuando
também análise quantitativa da influência da escassez sobre a velocidade de
tramitação e promulgação de leis estaduais.
O quadro para um futuro próximo, com relação a práticas de conservação de
recursos hídricos, indica uma evolução positiva, com uma forte tendência para o uso
racional e para o reuso da água. O panorama justifica-se principalmente para as
regiões altamente urbanizadas e industrializadas, pelo fato da legislação ambiental
de forma geral estar se tornado mais restritiva.
Em épocas recentes, a principal preocupação do setor produtivo com relação
aos seus efluentes referia-se apenas ao atendimento aos padrões estabelecidos
pela legislação ambiental. Atualmente, devido ao cenário de escassez de água, e
incorporação por parte da indústria dos Sistemas de Gestão Ambiental e a adoção
de Tecnologias Limpas, surgiram inúmeras iniciativas – amplamente divulgadas,
relacionadas à conservação da água.
3.2 DISPONIBILIDADE HÍDRICA DOS RECURSOS SUPERFICIAIS E ESCASSEZ DE ÁGUA.
De acordo com a divisão adotada pela Secretaria de Recursos Hídricos do
Ministério do Meio Ambiente, são doze as grandes bacias hidrográficas no País:
Amazonas, Tocantins/Araguaia, Atlântico Sul, Atlântico Sudeste Atlântico Nordeste
Ocidental, Atlântico Nordeste Oriental, Parnaíba, São Francisco, Atlântico Leste,
Paraná, Uruguai e Paraguai. (ver Figura 4).
Apesar de estar inserido no rol dos países considerados ricos em água doce,
o Brasil apresenta uma distribuição desta água extremamente desigual, com
cenários regionais extremos.
26
A constatação de tais cenários traduz-se quando se compara a
disponibilidade hídrica das bacias regionais, cabendo à Amazônica o percentual de
71,1%, enquanto que a do Atlântico Leste, com apenas 0,4% (TUCCI e outros,
2003).
No que tange ao valor de escoamento superficial (relação entre vazão e
precipitação) a bacia Amazônica apresenta um índice de 0,44, enquanto que as
vazões do Atlântico Leste, apresentam 0,10, devido à pequena precipitação e ao alto
potencial de evapotranspiração.
Portanto, a distribuição desses recursos não é uniforme,
destacando-se os extremos do excesso de água na Amazônia e as limitações de
disponibilidade no Nordeste (TUCCI e outros, 2003).
Figura 4: Bacias hidrográficas.
Fonte: AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS, 2001.
Em termos de disponibilidade hídrica per capta, classificação utilizada pela
Organização das Nações Unidas, para classificação das ocupações humanas, o
27
Brasil apresenta uma disponibilidade de 33.000 m³/hab/ano, para usos múltiplos,
caracterizando aparentemente certa abundância em água.
Com a estratificação regional por bacias, este índice reduz-se para 3362
m³/hab/ano, aproximadamente 10% do índice geral para o país na bacia do Atlântico
Leste e 1145 m³/hab/ano na bacia do Atlântico Nordeste. Esta é a menor
disponibilidade dentre as bacias hidrográficas brasileiras, índice próximo ao de
países pobres em recursos hídricos (disponibilidade hídrica entre 500 e 1000
m³/hab/ano), caracterizando-se cenários fortemente dispares (AGÊNCIA NACIONAL
DE ÁGUAS, 2005).
Sob o ponto de vista de consumo, o gasto médio de água no Brasil é bem
menor que os 575 litros diários utilizados por americanos e os 365 litros consumidos
a cada dia pelos mexicanos (PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O
DESENVOLVIMENTO, 2006). O país, porém, gasta mais água que o Reino Unido
(150 litros por dia) estando à frente dos dois países mais populosos do mundo:
China (85 litros diários por habitante) e Índia (135 litros diários por habitante.
Segundo o Relatório de Desenvolvimento Humano de 2006, elaborado pelo
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PROGRAMA DAS NAÇÕES
UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO, 2006), o brasileiro consome, em média,
185 litros de água por dia, excluídos o volume desperdiçado e utilizado na
indústria e na agricultura. Esse valor representa uma posição intermediária em
relação a outros países, no entanto, considerando a oferta e disponibilidade de água
no país, o consumo por exemplo de 150 litros por habitante por dia observado no
Reino Unido pode ser muito mais significativo do que o consumo brasileiro.
Na comparação com os parâmetros de oferta diária de água estabelecidos
pelas Nações Unidas, o Brasil também ocupa uma posição mediana (PROGRAMA
DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO, 2006). A Organização
Mundial da Saúde (OMS) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef)
definem que 50 litros por dia são suficientes para suprir a sede e atender às
necessidades de higiene pessoal e de lavagem de roupas. Para assegurar um
mínimo de conforto, no entanto, esse limite pode ser estendido para 200 litros,
segundo a Organização das Nações Unidas (ONU).
28
De acordo com a Agência Nacional de Águas (ANA), o consumo médio de
água no Brasil está dentro do "tolerável". No entanto, a ANA reconhece que esse
número está longe de afastar a possibilidade de escassez. Isso porque a distribuição
da água é desigual no país, e que essa média de consumo, na verdade, mascara os
contrastes entre as regiões.
O exemplo vem de bacias com altas densidades populacionais como é o caso da
Região Metropolitana de São Paulo em associação a baixa disponibilidade hídrica,
configurando um cenário de escassez e uma realidade preocupante, considerando-
se que as retiradas superam a disponibilidade hídrica, obrigando a busca de fontes
externas, que neste caso, provém principalmente da bacia do rio Piracicaba
(CONEJO e outros; AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS, 2001)
3.3 GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS
As águas superficiais constituem um recurso natural de grande importância
cuja qualidade deve ser preservada tendo em vista sua rentabilidade econômica e
suas principais utilizações: abastecimento público, irrigação, lazer e aqüicultura.
É grave e preocupante a redução na disponibilidade de água com qualidade
compatível com as necessidades do ser humano e também com características que
suportem a biodiversidade natural da fauna e flora aquáticas. Dentre os vários
processos poluidores, a crescente entrada e acúmulo de poluentes nos sistemas
aquáticos têm aumentado de forma crescente (ESPINDOLA e outros, 2000).
O crescimento acelerado de grandes centros urbanos, as dificuldades para
obtenção de financiamentos para obras de abastecimento e saneamento, o
crescimento de áreas irrigadas e o uso industrial, dentre outros usos, vêm
provocando conflitos que convergem para a adoção de medidas pelo poder público
que objetivam disciplinar o uso da água.
De forma geral, em nível nacional, os principais impactos sobre recursos
hídricos implicando em conflitos sobre gestão e uso são (TUCCI e outros, 2003):
29
• Despejos de efluentes domésticos e industriais nos rios;
• Contaminação difusa pelo uso de fertilizantes e pesticidas de áreas
agrícolas;
• Degradação do solo rural pelo desmatamento e práticas agrícolas
inadequadas, contribuindo para aumento de “run of” (arraste de sólidos
por chuvas ) e assoreamento de bacias;
• Construção de obras hidráulicas;
• Operação de aterros sanitários;
• Contaminação de aqüíferos;
• mineração.
Neste contexto, um dos maiores problemas de ordem ambiental com reflexos
diretos sobre a qualidade de recursos hídricos são os despejos de poluentes em
rios. Segundo Water Resources Institute ([199-]), nos Países em desenvolvimento,
95% dos esgotos urbanos são despejados sem tratamento nos rios (TUCCI e outros,
2003).
Segundo publicação da Agência Nacional de Águas em 2005, intitulado
Panorama da Qualidade das Águas Superficiais no Brasil, é freqüente a presença de
cianobactérias nos mananciais de abastecimento de água em muitas das cidades
brasileiras, como ocorre no Sistema Guandu, que abastece a cidade do Rio de
Janeiro. No Nordeste é comum a eutrofização dos açudes, que comprometem o
abastecimento público e demais usos. Nas áreas rurais, a expansão da fronteira
agrícola e a migração interna nas décadas de 70 e 80 contribuíram para a criação de
um passivo ambiental caracterizado pelo desmatamento, processos erosivos
intensificados e contaminação e assoreamento de recursos hídricos.
A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 (Arts. 20 e Arts.
26), define duas dominialidades dos lagos, rios e quaisquer correntes de água:
• Federal, quando banha mais de um Estado, sirvam de limites com
outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele
provenham, bem como os terrenos marginais e as praias fluviais;
• Estadual, quando se localiza somente dentro do Estado. As águas
subterrâneas se incluem entre os bens dos Estados. Nos itens XIX e
30
XX do Art. 21, a Constituição define como competência da União
instituir o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos e
definir critérios de outorga de direitos de seu uso, instituir diretrizes
para o desenvolvimento urbano, inclusive habitação, saneamento
básico e transportes urbanos. (BRASIL, 1988)
A Lei Federal nº 9.433, de 08/01/1997 (BRASIL, 1997), institui a Política
Nacional de Recursos Hídricos e cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de
Recursos Hídricos. Essa Lei estabelece que a Política Nacional de Recursos
Hídricos baseia-se nos seguintes fundamentos:
• a água é um bem de domínio público;
• a água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico;
• em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é
para o consumo humano e de animais;
• a gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso
múltiplo das águas;
• a bacia hidrográfica é a unidade territorial para implementação da
Política Nacional de Recursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional
de Gerenciamento de Recursos Hídricos;
• a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com
a participação do Poder Público, dos usuários e das comunidades.
• Estabelece ainda como diretrizes gerais, a gestão sistemática dos
recursos hídricos, sem dissociação dos aspectos de quantidade e
qualidade;
• a adequação da gestão de recursos hídricos às diversidades físicas,
bióticas, demográficas, econômicas, sociais e culturais das diversas
regiões do País;
• a integração da gestão de recursos hídricos com a gestão ambiental;
• a articulação do planejamento de recursos hídricos com o dos setores
usuários e com os planejamentos regional, estadual e nacional; a
articulação da gestão de recursos hídricos com a do uso do solo;
• a integração da gestão das bacias hidrográficas com a dos sistemas
estuarinos e zonas costeiras.
31
Como principais instrumentos de gerenciamento de recursos hídricos, a lei
define também :
• Os Planos de Recursos Hídricos;
• O enquadramento dos corpos de água em classes, segundo os usos
preponderantes da água;
• A outorga dos direitos de uso de recursos hídricos;
• A cobrança pelo uso de recursos hídricos;
• O Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos.
Os Planos de Recursos Hídricos visam fundamentar e orientar a
implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e o gerenciamento dos
recursos hídricos, de longo prazo, com horizonte de planejamento compatível com o
período de implantação de seus programas e projetos.
O enquadramento dos cursos d'água em parâmetros de qualidade visa:
assegurar às águas qualidade compatível com os usos mais exigentes a que forem
destinadas; diminuir os custos de combate à poluição das águas, mediante ações
preventivas permanentes.
Os objetivos da outorga são: assegurar o controle quantitativo e qualitativo
dos usos da água e o efetivo exercício dos direitos de acesso à água. Estão sujeitos
à outorga as diferentes derivações, captações, lançamentos, aproveitamentos e
outros usos que alterem o regime das águas superficiais e subterrâneas.
Os objetivos da cobrança são: reconhecer a água como bem econômico e dar
ao usuário uma indicação de seu real valor; incentivar o uso sustentável da água;
obter recursos financeiros para o financiamento dos programas e intervenções
contemplados nos planos de recursos hídricos.
O Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos é um sistema de coleta,
tratamento, armazenamento e recuperação de informações sobre recursos hídricos,
bem como sobre fatores intervenientes em sua gestão, com dados gerados pelos
órgãos integrantes do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos -
SNGRH.
32
Seus objetivos estão assim definidos: Reunir, dar consistência e divulgar os
dados e informações sobre a situação qualitativa e quantitativa dos recursos hídricos
no Brasil; atualizar permanentemente as informações sobre disponibilidade e
demanda de recursos hídricos em todo território nacional, e fornecer subsídios para
a elaboração dos Planos de Recursos Hídricos.
A Lei Federal nº 9.984, de 17 de julho de 2000, cria a Agência Nacional de
Águas (ANA), com atribuições de implementar a Política Nacional, compor o
Conselho Nacional, coordenar o Sistema Nacional, implementar a realização do
Plano Nacional e arrecadar, distribuir e aplicar as receitas originadas da cobrança
pelo uso dos recursos hídricos.
A nível estadual, em 12 de Maio de 1995 foi aprovada a lei Estadual № 6855,
dividindo o Estado da Bahia em 13 bacias hidrográficas e 10 Regiões
Administrativas da Água (RAA) (BAHIA,1996).
Dez anos depois, em Março de 2005 o Governo do Estado lançou o Plano
Estadual de Recursos Hídricos (PERH), instrumento criado para o planejamento da
gestão das águas no Estado da Bahia, focando como objeto principal o
planejamento das demandas socioeconômicas e a realidade dos recursos naturais,
analisando o crescimento demográfico, a evolução das atividades produtivas e as
alterações ocorridas nos ecossistemas do Estado.
No modelo do PERH-BA, adotou-se Regiões de Planejamento e Gestão das
Águas (RPGA´s) como unidades de atuação do órgão gestor de recursos hídricos no
planejamento e exercício de suas atribuições no Estado. Para efeito de avaliação
das disponibilidades e demandas hídricas, o PERH/BA dividiu o Estado em 77
Unidades de Balanço (UB).
Uma UB é uma região hidrográfica com características relativamente
homogêneas onde as disponibilidades e demandas hídricas são conhecidas e
suficientes para efetuar o balanço hídrico (CONEJO e outros, 2006).
33
3.4 CONSERVAÇÃO DE ÁGUA
Sob o ponto de vista histórico, a preocupação com a redução da produção de
bens de consumo e a conservação de água e energia, surge com as teses de limite
do crescimento defendida pelo Clube de Roma no final da década de 60 e a
conferência de Estocolmo sobre o Meio Ambiente, ocorrida em 1972, como
principais eventos catalisadores de conscientização ambiental em passado recente,
contribuindo para o surgimento do conceito de desenvolvimento sustentável.
O conceito em questão ganha contornos a partir dos trabalhos desenvolvidos
pela ONU mediante a criação do Programa das Nações Unidas para o Meio
Ambiente (PNUMA), que deu origem à Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e
Desenvolvimento (CMMAD). Liderada pela primeira ministra da Noruega, Gro
Harlem Brundtland, em 1987, resultou no relatório Brundtland, intitulado Nosso
Futuro Comun sugerindo em linhas gerais, que o “desenvolvimento deve ser
promovido de forma a garantir as necessidades das presentes e futuras gerações
(SANTOS, 2001). Tal conceito hoje é amplamente utilizado e absorvido por parte da
sociedade e utilizado em documentos oficiais sobre assuntos referentes à
manutenção da qualidade ambiental.
Diante do contexto de desenvolvimento sustentável, a utilização de recursos
hídricos, passando pela racionalização de seus usos e a conservação dos sistemas
naturais constituem um desafio para a sociedade brasileira e passa por vários
aspectos, relacionados às condições sociais e econômicas.
O governo federal, através da Agência Nacional de Águas (ANA), está
contribuindo para a conservação e utilização mais racional da água, através da
implantação de cobrança pelo uso, prática comum também em outros países,
cobrando não só pelo uso, mas também pelo lançamento de efluentes em corpos
d’água.
Desta forma, mesmo com as dificuldades naturais, inerentes a uma prática
ambiental nova, a conservação, a racionalização e o reuso de água passaram a
despertar interesse entre usuários e, de forma lenta e gradual, começam a gerar os
primeiros casos de sucesso na indústria e sociedade em geral, principalmente a
34
partir da incorporação do conceito de Tecnologias Limpas, por parte do setor
produtivo.
Há alguns anos o assunto se limitava ao universo das consultas e estudos
técnicos e comerciais, e apenas projetos isolados serviam como referência de
aplicação de tecnologias limpas, voltadas para redução do consumo e recuperação
de água. Uma análise retrospectiva das ações registradas e amplamente divulgadas
em bibliografia mostra que houve uma mudança substancial no enfoque.
Inicialmente, a ênfase era o atendimento à legislação, entretanto, com os
custos crescentes, de abastecimento de água, e de disposição adequada de
efluentes, levaram a uma avaliação mais criteriosa sobre recursos hídricos e
produção, permitindo a identificação de oportunidades de otimização de sistemas
hídricos, sobretudo pela introdução das práticas de conservação e reuso. Hoje já se
torna mais comum encontrar exemplos de programas de redução e de reuso. A
SABESP, concessionária estatal de águas do Estado de São Paulo, é pioneira na
técnica do reuso, fornecendo água industrial a partir de efluentes tratados, para usos
em lavagens de ruas, caminhões e desentupimento de bocas de lobo. A companhia
Paulista também desenvolve, desde dezembro de 1995, um programa de economia
de água denominado PURA – Programa de Uso Racional da Água. Trata-se de uma
iniciativa voltada para instituições públicas e privada, funcionando através de um
contrato de bonificação que implica um desconto de 25% na conta, além de
assistência para consertos, detecção de vazamentos e introdução de equipamentos
economizadores.
No caso específico de indústrias com instalações prediais de água fria, com
restaurante, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (1982) estabelece um
consumo de água potável que varia de 70 a 80 litros por operário por dia.
Em 1999 o governo federal lançou o Programa Nacional de Combate ao
Desperdício de Água (PNCDA), desenvolvido pela Secretaria Especial de
Desenvolvimento Urbano da Presidência da República, por intermédio de Convênio
firmado com a Fundação para a Pesquisa Ambiental da Universidade de São Paulo.
O Programa tem por objetivo específico definir e implementar um conjunto de ações
35
e instrumentos tecnológicos, normativos, econômicos e institucionais, concorrentes,
para uma efetiva economia de águas demandadas para consumo em áreas urbanas.
A Agência Nacional de águas (ANA 2005), juntamente com a Federação das
Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) e do Sindicato da Indústria da
Construção Civil do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP) lançaram um manual
dedicado à conservação e reuso da água em edificações. Ressalta o referido
manual que para a ampliação da oferta de água, como são necessárias ações para
a eficiente gestão da demanda, reduzindo os índices de perdas e desperdícios,
sendo de fundamental relevância que tais práticas sejam adotadas de forma
criteriosa, resguardando-se a saúde pública e observando-se os cuidados
necessários para a preservação do patrimônio, equipamentos e segurança dos
produtos e serviços oferecidos aos usuários. A publicação também enfatiza a
necessidade de esforços conjuntos das entidades públicas e privadas, para
promover uma ampla divulgação sobre a importância da conservação de água e
consumo conscientes, maximizando a produtividade da água disponível, tanto nos
processos produtivos quanto nos padrões de consumo da população.
A publicação traz orientações para a implantação de programas de
conservação de água em edificações comerciais, residenciais e industriais.
Inserido na linha de combate ao desperdício de água Silva (2003) avaliou, segundo
uma abordagem sistêmica, as atividades contempladas na implementação de
Programas Permanentes de Uso Racional da Água, em campi universitários, e seus
potenciais resultados. Foram avaliadas, atividades de planejamento, pré
implantação, implantação e pós-implantação, assim como atividades de gestão da
demanda de água do Programa. Como resultado desta implementação estruturada,
foram propostas alterações no sistema de suprimento de água fria, em rotinas
administrativas e de manutenção predial, e em parâmetros de projeto de instalações,
desenvolvimento tecnológico dos equipamentos, despertar para a conservação da
água e mudanças comportamentais dos usuários.
Silveira (2008) em estudo de caso apresenta trabalho sobre o
reaproveitamento da água de chuva em uma residência, demonstrando o uso em
uma área significativa de irrigação, ressaltando também que o investimento se torna
36
financeiramente viável em um menor prazo, uma vez que este uso não demanda
nenhum tipo de tratamento à água coletada, evitando maiores despesas.
May (2004) elaborou trabalho que trata da avaliação da qualidade da água da
chuva, juntamente com o estudo da viabilidade econômica da utilização de um
sistema de coleta e aproveitamento. A partir de um sistema experimental, análises
da composição física, química e bacteriológica da água da chuva foram realizadas
para caracterizar a água e verificar a necessidade de tratamento, diminuindo riscos à
saúde de seus usuários.
Silva (1998) efetuou levantamento de informações básicas para a construção
de indicadores aplicáveis na avaliação dos serviços de saneamento quanto à sua
eficiência no aproveitamento da água, concluindo pela necessidade de se trabalhar
os conceitos de eficiência no uso da água a partir de referências e procedimentos
comuns, ficando expressa a preocupação de associar cada indicador recomendado
a partes específicas do sistema de abastecimento de água, assim como de definir os
requisitos de controle e confiabilidade necessários à validação de cada um deles.
Andreoli e outros (1999) estudou situações futuras apresentando potenciais
versus demandas de diferentes cenários, como forma de embasar tecnicamente
decisões políticas, sobre usos que estão previstos para áreas de mananciais,
avaliando as conseqüências de diferentes cenários de usos para o desenvolvimento
da Região Metropolitana de Curitiba.
Cárdia (1998) desenvolveu estudo com recomendações de princípios,
diretrizes e estratégias para campanhas de educação pública voltadas à economia
de água, resumindo as principais conclusões extraídas da literatura especializada,
seguida de revisão bibliográfica desta literatura, com enfoque em psicologia social,
examinando a evolução prática e conceitual destas campanhas, a partir de estudos
e pesquisas concentrados principalmente na experiência norte-americana das
últimas décadas.
Mierzwa (2002) por meio de um estudo de caso desenvolvido na Empresa
KODAK Brasileira – Industria e Comércio Ltda, efetuou análise dos principais
processos produtivos, para a identificação da demanda de água e,
conseqüentemente, das áreas com maior potencial para a aplicação de alternativas
37
para o uso racional e para o reúso da água. Os resultados obtidos, dentro desses
conceitos, foram satisfatórios em relação à redução do consumo de água e melhoria
da produtividade. Os dados obtidos por meio do desenvolvimento deste trabalho
permitiram ao autor concluir que o uso racional e reúso são ferramentas básicas
para os programas de gerenciamento de águas e efluentes na indústria, mas que as
mesmas devem ser cuidadosamente avaliadas, pois podem apresentar limitações de
ordem técnica ou econômica.
Rocha (1998) estudou para o Plano Nacional de Combate ao Desperdício de
Água (PNDCA), métodos aplicáveis para fins de caracterização e monitoramento do
consumo predial, com descrição de metodologia e dos equipamentos para
caracterização do consumo de água, monitoramento piloto de consumo, criando
subsídio importante para o gerenciamento de capacitação laboratorial e
instrumentação, entre as atribuições da Coordenação Nacional do PNCDA. Obteve
resultados de monitoração piloto, fundamental na detecção de padrões de
distribuição interna do consumo predial, identificando grande variabilidade das
condições de consumo interno segundo diferentes usuários e diferentes tipos de
domicílios, constatação essencial para o apoio à previsão de demanda.
Com relação a equipamentos economizadores de água, Sharma (1980)
demonstrou em estudo que bacias sanitárias com área reduzida de fecho hídrico
dão resultados satisfatórios com caixas de descarga com capacidade de até 6,5
litros. Este trabalho mostra uma maneira considerável de se economizar água
tratada utilizando-se caixas de descarga de baixa capacidade com bacias sanitárias
projetadas racionalmente.
Montenegro (1986) apresenta uma análise das linhas de ação que compõem
os diferentes programas de economia de água, à luz das necessidades brasileiras. A
redução do consumo é enfocada como alternativa à expansão imediata da oferta,
minimizando e adiando os investimentos geometricamente crescentes de captação
de água em mananciais cada vez mais distantes. Analisa também as diferentes
implicações de cada linha de ação, segundo pontos de vista do interesse público,
das companhias de saneamento e dos usuários individuais.
38
Ballanco (1994) apresenta estudo sobre as vantagens dos arejadores na
redução do consumo de água e também na melhoria de desempenho destes na
realização das atividades dos usuários.
Schutte (1996) descreve em artigo um estudo de caso de gestão de
desperdício de água na África do Sul. Além do controle de vazamentos, vários
outros fatores são abordados, tais como uma comunicação eficaz com os
consumidores e com a coletividade, transferência de informações e implicação de
problemas que afetam o abastecimento de água. Isto exige uma cultura de serviço e
organização de distribuição para que a companhia de água ganhe credibilidade da
comunidade e obtenha apoio para combater o vandalismo.
Chan (1997) descreve em artigo a conservação de água, em Hong Kong, ilha
que teve um rápido crescimento nos últimos 45 anos, o que resultou em aumento da
demanda de água. Considerando-se que possui reservas naturais de água limitadas,
Hong Kong tem explorado novas fontes e tem procurado aumentar
os índices de conservação de água simultaneamente. Como formas de contenção
de desperdício, destacam-se: medição individualizada, estrutura tarifária, controle de
vazamento, conservação de água mandatória, atividades de relações públicas e,
como nova fonte de água, tem sido utilizada a água do mar para uso em bacias
sanitárias.
Oliveira (2002) apresenta estudo sobre índice de perdas por vazamentos
provenientes de componentes de utilização e sistemas de reservação de água de
cinco edifícios residenciais multifamiliares de Goiânia, através de auditorias do
consumo de água, concluindo que as bacias sanitárias com caixas de descarga
podem ser responsáveis por cerca de 30% do desperdício de água em edifícios.
Em publicação versando sobre racionalização do uso da água em hospitais,
dentro do II PROÁGUA/UNICAMP, Salermo e outros (2003) apresenta metodologia
empregada no desenvolvimento do Programa de Conservação de Água do Hospital
das Clínicas da Universidade Estadual de Campinas, bem como resultados relativos
ao perfil de abastecimento de água e ao levantamento cadastral e de patologias
realizados. A metodologia empregada focou no levantamento documental,
levantamento do histórico do número de agentes consumidores, auditoria do
39
consumo de água, levantamento cadastral e de patologias dos pontos de consumo
de água e proposição de intervenções a serem realizadas (conserto dos
vazamentos, estudo de tecnologias economizadoras, sensibilização dos usuários
para a conservação de água, entre outras).
Hamzo (2005) desenvolveu trabalho de pesquisa em laboratório e campo
abordando o problema da redução do consumo de água potável em edificações. As
medições em campo foram feitas em quatro bacias sanitárias instaladas em dois
banheiros no Campus da Universidade de São Paulo (USP) em São Paulo, durante
um período de onze meses. A pesquisa concentrou-se na aplicação de tecnologia,
utilizando dispositivo seletivo de descarga, que permite a seleção do volume de
água a ser despejado em função do tipo de detrito a ser carreado, diferente dos
dispositivos atuais que descarregam o volume total da água contida na caixa
acoplada da bacia. Através de um modelo importado, desenvolveu-se um protótipo
que viabiliza a avaliação da redução de consumo, obtendo-se uma redução média
de 44,2% do consumo de água. A pesquisa conclui pela eficácia da utilização dos
dispositivos seletivos, tanto em instalações de novas bacias sanitárias como em
adaptações nas bacias antigas.
Ferreira e outros (2007) avaliaram o sistema de abastecimento interno de água
do CEFET-PE, contando à época com 4.794 alunos e 820 funcionários (503
docentes, 252 técnicos administrativos e 65 prestadores de serviços de limpeza e
manutenção) apresentando propostas de adequação para o uso eficiente da água,
através de vistorias no sistema, análise documental e entrevistas com os
responsáveis pela manutenção da estrutura de distribuição de água, apresentou
também análise de economia de água conseguida com reformas em sanitários e
outras instalações. O projeto foi dividido em 4 etapas: diagnóstico do sistema interno
de abastecimento de água, propostas de adequação para o uso eficiente da água,
aplicação dos questionários para aferir o grau de informação quanto ao tema uso
racional da água e por fim, sensibilização da comunidade.
A nível regional, a Universidade Federal da Bahia (UFBA), mantém através do
Departamento de Engenharia Ambiental um núcleo de pós-graduação e mestrado
voltado para desenvolvimento de tecnologias limpas, contabilizando diversas
experiências bem sucedidas no campo da racionalização do uso da água, a exemplo
40
da Caraíba Metais, empresa siderúrgica do ramo de beneficiamento de Cobre, que
lançou mão de metodologias específicas, reaproveitando água de chuva nas
unidades de laminação e laboratório para reuso em torres de resfriamento e
treinando o pessoal envolvido nas operações industriais visando ganhos de
conscientização sobre formas racionais do uso da água e avaliação da possibilidade
de tratamento de parte do efluente do processo de decapagem na área de
laminação (BRAVO, 2003).
Dantas e outros (2005) realizou pesquisa em 79 edifícios residenciais de
alguns bairros da orla da cidade de Salvador, Bahia, correspondendo a 1.982
apartamentos. Verificou-se em todos os edifícios visitados, a existência de
vazamentos nas instalações hidráulicas, tanto da área comum do edifício como
internamente nos apartamentos, constatando-se a necessidade do envolvimento dos
moradores visando a economia de água, e a eliminação dos desperdícios.
Na UFBA, Escola Politécnica, registrou-se projeto no âmbito do Programa de
Tecnologias Limpas e Minimização de Resíduos (TECLIM), voltado para reuso de
água em vasos sanitários, através da implantação de uma estação biológica
compacta para tratamento de efluentes sanitários (ORNELAS, 2004). Na mesma
linha, o TECLIM mantém em andamento o projeto ÁGUA-PURA, com alcance mais
extensivo, difundindo no meio universitário, conceitos sobre o uso racional da água
em associação à implantação de tecnologias limpas.
A Rede de Tecnologias Limpas (TECLIM) mantém projetos em andamento
versando sobre o objeto deste trabalho, resumidos nos parágrafos posteriores
(REDE DE TECNOLOGIAS LIMPAS, [200-]).
Com o projeto AGUAERO, em andamento no Aeroporto Internacional de
Salvador, espera-se minimizar o consumo de água e da produção de efluentes
associado a redução de custos operacionais, assim como despertar na sociedade
em geral o respeito ao meio ambiente e a importância do uso racional dos recursos
hídricos, através de uma estratégia de envolvimento dos funcionários da
INFRAERO; das empresas concessionárias e terceirizadas; bem como dos
passageiros e seus acompanhantes e visitantes.
41
Martins e Almeida (1999) estudaram a qualidade das águas residuárias de uma
planta de produção de Dióxido de titânio, com o intuito de detectar pontos de
desperdício e formas de reutilização dessa água residuária na própria fábrica,
avaliando e oferecendo alternativas de reuso da água residuária. Concluiram que
toda água residuária da unidade pode ser reutilizada, sem prévio tratamento, em
todas as etapas do processo, podendo ser utilizada ainda em outras unidades da
fábrica, onde a viabilidade técnica quanto à qualidade da água requerida para sua
utilização seja atendida.
Mustafa (1998), em estudo de caso na Petroquímica do Nordeste S.A. (COPENE),
atual BRASKEM, empresa localizada no Pólo Petroquímico de Camaçari propôs um
programa de reutilização de efluentes líquidos para ser aplicado à indústria
petroquímica tendo como meta a eliminação total de efluentes, através da
Identificação, quantificação e qualificação de todos os efluentes líquidos gerados
pelos processos, eliminação de vazamentos e desperdícios, melhorias em
procedimentos operacionais e alterações nos processos, reaproveitamento de água
sem prévio condicionamento para uso menos nobre, aplicação de processos de
tratamento para purificação de efluentes, de forma que a água recuperada possa ser
reaproveitada à sua utilização original ou para outro uso mais nobre .
Com o Projeto ECOSANEAMENTO, o objetivo da Rede de Tecnologias Limpas
da UFBA é a implantação de um sistema de saneamento voltado para a
racionalização da água, tendo como objetivos específicos conhecer o padrão de
consumo de água da população alvo através da medição dos diversos pontos de
consumo, avaliar a contribuição do aproveitamento das águas pluviais de telhado na
redução do consumo de água do sistema público, avaliar o potencial de
aproveitamento das águas cinzas (provenientes do chuveiro e lavatório) na redução
do consumo de água do sistema público, avaliar a filtração como forma de
tratamento das águas cinzas, visando o reuso doméstico, dentre outros, assim
como treinar famílias para a utilização de tecnologias sustentáveis de saneamento
urbano.
O Projeto REFILIM objetiva a otimização do uso e reuso da água em
residências e prédios públicos por intermédio de alternativas para a racionalização
42
do uso da água e o seu reuso em residências e edifícios públicos. O projeto é
composto de dois subprojetos denominados SP 1 e SP 2:
O SP 1, USO RACIONAL D’ÁGUA EM BANHEIROS PÚBLICOS, será
desenvolvido nas dependências da Escola Politécnica da UFBA.
O SP 2, ALTERNATIVAS PARA O USO RACIONAL D’ÁGUA EM
RESIDÊNCIAS POPULARES, será desenvolvido no conjunto habitacional
construído pela Fundação CRE no município de Simões Filho na Região
Metropolitana de Salvador.
43
4 METODOLOGIA ADOTADA
A metodologia aplicada para o desenvolvimento do trabalho foi focada
prioritariamente na proposta de uso racional de água potável, avaliação e
quantificação do consumo de água industrial e substituição de parte da água bruta
utilizada no processo produtivo da RDM, por efluentes tratados, culminando com a
proposta da adoção de Plano de Gestão de Recursos Hídricos.
Para consolidação da proposta do trabalho houve a necessidade de
desenvolvimento de uma série de atividades, estruturadas de maneira lógica e
racional, onde se procurou abordar os fatores determinantes para o desenvolvimento
das diversas ações componentes do objeto do trabalho.
Inicialmente, efetuou-se o mapeamento e avaliação das instalações
consumidoras de água potável e industrial, através de inspeções em campo
abrangendo todo o parque industrial, e registro de equipamentos, tubulações,
tanques, pontos de captação de água, estações de tratamento de água e efluentes.
Posteriormente, realizou-se levantamento de documentação e cadastro de
instalações, detecção de vazamentos em pontos de consumo por inspeção visual e
verificação do consumo de água potável em anos anteriores, através de consumos
registrados pela EMBASA.
Na etapa subseqüente identificou-se os usos e atividades com maior potencial
consumidor. Nesta etapa foram analisadas informações sobre número de
consumidores através de informações do departamento de pessoal da RDM,
equipamentos como pias, chuveiros, vasos sanitários, lavabos e instalações
improvisadas,(torneiras artesanais) e hábitos de consumo, através de entrevistas
com funcionários responsáveis pela limpeza.
Para a quantificação dos volumes consumidos, dimensionou-se os
hidrômetros para as quantificações de vazão, sendo estes instalados em pontos de
maior representatividade (baseado no número de usuários) da rede consumidora de
44
água bruta e potável. Nesta etapa foram adquiridos e instalados hidrômetros com
características distintas, necessários ao registro de vazões diferenciadas.
A medição da vazão de pias e chuveiros foi efetuada utilizando-se um
“Becker” graduado com volume de dois litros e um cronômetro de precisão. A
atividade em questão foi implementada com o objetivo de se diagnosticar o perfil de
vazão das torneiras de pias e chuveiros, com vistas a prováveis substituições,
considerando-se a idade das instalações da RDM, e a verificação das características
gerais de tais equipamentos durante a inspeção inicial de áreas, levada a efeito no
início do trabalho.
Em seguida, implementou-se campanha preliminar de medição de consumo
de água potável. As medições do consumo foram efetuadas em períodos semanais,
para todos os pontos e obtida a média diária de consumo do período. Esta primeira
campanha teve como objetivo verificar a condição original quanto ao consumo, de
forma a se obter um referencial para comparações futuras.
Após a primeira campanha de medição, divulgou-se as atividades de avaliação
de consumo de água potável aos colaboradores da empresa, ao tempo em que se
iníciou um programa voltado á conscientização sobre o consumo. Foram utilizados
canais de comunicação internos como boletins informativos diários e murais.
Uma segunda campanha de medição foi efetuada logo após a primeira,
destinada a verificar a eficácia de campanhas de conscientização, focando o porquê
da economia de água, a redução de gastos com as contas de água, e a
economia de energia sob forma de menor volume bombeado. Nesta etapa também
foram identificadas as áreas com maior consumo.
Após as primeiras quantificações, procedeu-se a substituição de
equipamentos de alto consumo por equipamentos economizadores de água e novas
campanhas de conscientização através de palestras nas reuniões para Dialogos de
Saúde e Segurança (DSS), uso de murais, e o jornal informativo impresso
Manganews, direcionado mensalmente a todo o quadro funcional.
Em seguida, procederam-se Intervenções estruturais, através de
modificações hidráulicas e de abastecimento em pontos de maior representatividade
45
e substituição de água potável em 18 descargas sanitárias por águas pluviais e água
bruta captada na represa de abastecimento industrial. A sistemática de
abastecimento das descargas consistiu em utilização de água bruta em períodos de
estiagem e, conseqüentemente, águas pluviais em períodos de precipitações.
Com relação à água bruta, desenvolveu-se estudo para tratamento e
reaproveitamento de efluentes, em substituição à parte da água industrial
consumida no processo produtivo. Nesta etapa efetuou-se a substituição de parte do
consumo de água industrial por efluentes que foram adequados ao uso através
métodos clássicos de tratamento de água e efluentes, envolvendo técnicas de
coagulação, floculação, filtração e distribuição.
Baseou-se em caracterização físico-química do efluente, através da coleta de
amostras e análises laboratoriais de elementos químicos identificados na matéria
prima utilizada pela RDM, juntamente com outras determinações necessárias ao
estabelecimento de um programa de tratamento nos moldes pretendidos. Para
verificação da eficiência da dosagem de produtos químicos a ser recomendada para
o tratamento em escala também foram efetuadas análises químicas específicas,
indicadoras da evolução dos testes, necessário para o tratamento em escala real.
Para fins de verificação da eficácia das medidas implementadas estabeleceu-
se de um indicador de consumo para água potável, concebido com base no número
de consumidores, expresso em litros por pessoa por dia.
Por fim, elaborou-se uma proposta para implantação de um Programa de
Gestão de Recursos Hídricos (Anexo 1), destinado a nortear as ações da RDM
quanto a economia de água e energia em seu parque industrial.
Abaixo, registrou-se o fluxo metodológico através de diagrama de blocos
(Figura 4).
46
1 - Ma pe am ento eavaliaçã o dasi nstala ções
cons um idoras deá gua potável.
2 - Levanta me ntod e docum enta ção ,
cad astro ed etecção d evaza me nto s
3 - Id entifica çãode usos e
ativida de s co mm aior potenci al
consum idor.
5 - M ed ição devazão em p ias e
chuveiros.
6 - Cam panhapre lim in ar dem edição de
consum o de águapotá ve l.
7 - D ivu lgaçã o deatividades e iní ciode c am pa nha deconscie ntização .
8 - Se gundacam p anha de
m ediçã o.
9 - S ubstitu ição deequ ipam entos
a ntigos porequ ipam entos
econ omi zadoresde água potá ve l.
10 - In tervençõesestru tur ais,
m odificaçõeshi drá ul icas, e
substitu ição deág ua potável e m
desca rgas.
11 - T ratam ento ere utilização de
efluentes .
1 2 - Es tabe le cim entode um indica dor dec ons um o de água
potá vel.
13 - Propos ição deum pro gr am a de
ge stã o derecursos hídric os .
4 - Especi fica ção einstalaçã o de
equ ipam entos equantif icação de
vo lum es.
Figura 5 – Fluxo metodológico
47
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1 LEVANTAMENTO E CARACTERÍSTICAS DAS INSTALAÇÕES
CONSUMIDORAS DE ÁGUA POTÁVEL.
Iniciou-se o trabalho efetuando-se o cadastramento das principais instalações
passíveis de investigação quanto ao consumo, descritas na relação abaixo:
• Prédio ADM – É o principal prédio de escritórios da RDM, alojando o
quadro da gerência geral, contabilidade e financeiro, meio ambiente,
comunicação, dentre outros. Apresenta um quadro fixo de
aproximadamente 85 pessoas, na sua grande maioria com grau de
escolaridade superior. Por se tratar de instalação administrativa, há
uma grande circulação de pessoas não alocadas na mesma.
• Banheiros do laboratório – As instalações são específicas para o
laboratório, contando com instalações femininas e masculinas, dotadas
de chuveiros, lavatórios e bacias sanitárias.
• Laboratório- Pias/destilador - Ponto de alimentação de uma das pias
do laboratório e do destilador.
• Laboratório- Pias/resfriamento equipamento – Pias utilizadas para
lavagem de vidraria e outros usos.
• Prédios da balança, manutenção, almoxarifado, portaria principal
e lanchonete – Constituem-se em instalações dotadas de lavatórios e
bacias sanitárias.
• Vestiário central – É a principal instalação sanitária da RDM, utilizada
pelos 3 turnos da empresa, sendo utilizada também por parte do
quadro administrativo que trabalha na produção e em empresas
terceirizadas.
• Recepção – Instalação dotada de banheiros femininos e masculinos,
contando com bacias sanitárias e lavatórios. O consumo de água é
fortemente influenciado pela flutuação da população usuária.
• Refeitório – Instalações constituídas por cozinha, salão para refeições,
área de lavagem de bandejas e utensílios, escritório, vestiários e
sanitários. Serve uma média de 580 refeições por dia para empregados
48
da RDM e terceiros. Nesta área foram instalados dois hidrômetros,
sendo um deles específico para a área de lavagens de bandejas e
utensílios.
• Posto médico – Instalações médicas e ambulatoriais destinadas a
atendimento do contingente total da RDM (empregados e terceiros).
Conta com sanitários dotados de lavatórios, bacias sanitárias e
chuveiros.
• Pia entrada no refeitório – Instalações dotadas de estruturas de pias
localizada na entrada do refeitório.
• Consultório dentista – Localiza-se no posto médico, conta com pia e
instalações consumidoras de água utilizadas durante o atendimento
odontológico.
• Vestiário de empreiteiras – Instalações sanitárias destinadas a
empresas terceirizadas, dotadas de instalações sanitárias, lavatórios,
bacias sanitárias e chuveiros.
• Vestiário central da Planta-I, bebedouros e sanitários do
conversor – A planta-I é a unidade produtiva mais antiga da RDM. As
instalações sanitárias contam com chuveiros, lavatórios, bacias
sanitárias e bebedouros, utilizados pelo contingente do regime
produtivo de turno, regime administrativo e por uma população
flutuante representada por empregados de empresas terceiras.
• Instalações do pátio de matérias primas – Instalações constituídas
por vestiários, oficinas dotadas de lavatórios e pia de higienização de
EPI.
• Oficina da Urbtrans – Instalações da oficina de máquinas e
equipamentos, dotada de vestiário com lavatórios, bacias sanitárias e
chuveiros.
• Prédio ADM antigo, sala de descanso planta-II, sala de controle
pátio de matérias primas – Instalações localizadas entre as plantas-
I/II. As instalações sanitárias são dotadas apenas de lavatórios e
bacias sanitárias.
49
• Instalações sanitárias da oficina do forno 9 – Instalações compostas
por lavatórios e bacias sanitárias. Utilizada por população flutuante
significativa, considerando-se a localização central.
• Banheiro utilidades – Instalações sanitárias dotadas de lavatórios,
bacias sanitárias e chuveiros utilizadas basicamente pelo contingente
da área de utilidades e empresas terceirizadas que eventualmente
executam atividades no local.
• Pia da área de utilidades – Lavatório localizado dentro da área de
utilidades, utilizada para fins diversos, pelo quadro da área de
utilidades e terceiros.
• Empreiteira MCE – Instalações provisórias, destinadas a construção
da unidade de sinterização, dotada estrutura administrativa própria,
contando com lavatórios, chuveiros e bacias sanitárias.
• Empreiteira Metastec – Instalações destinadas especificamente a
produção de sinter de alta resistência mecânica, contando com
estrutura administativa própria, e contingente de produção, dotada de
lavatórios, chuveiros e bacias sanitárias. O processo produtivo do
sinter e descrição do insumo serão detalhados no item 5.10.1.3.
Na Tabela 3, a seguir é apresentada a identificação dos principais pontos
consumidores de potável, as características de tubulações, pressão de
bombeamento e temperatura, dados fornecidos pelo departamento de utilidades da
RDM.
50
Tabela 2: Principais pontos consumidores de água potável na RDM
Local Diametro Tubulação
(Polegadas)
Pressão Água
(kg/cm2)
Temperatura Média (0
C)
Prédio ADM 1,5" 6 25 Laboratório- Banheiros 1/2 6 25 Laboratório- Pias/destilador 1/2 6 25
Laboratório- Pias/resfriamento equipamento
1,5 6 25
Prédios balança manutenção almoxarifado portaria principal lanchonete
1 6 25
Vestiário central 4 8 25 Recepção 3/4 6 25 Refeitório 1,5 5 25 Posto médico 2 3 25
Vestiário refeitório/lavagem bandejas
2 5 25
Pia entrada no refeitório 2 5 25 Consultório dentista 0,5 6 25 Vestiário empreiteiras 1,5 5 25 Planta-I - Sanitário central, bebedouro, conversor
1,5 6 25
Pátio de matérias primas - Banheiro oficina, pia de higienização
1 e 1/4 6 25
Urbtrans 1 e 1/4 6 25 Prédio ADM antigo, sala de descanso planta-II, sala de controle pátio de matérias primas
1,5 6 25
Planta -II - Banheiro sala de controle, Bebedouro, pia higienização
1 6 25
Banheiro e pia oficina forno 9
1 6 25
Banheiro utilidades 1 6 25 Pia utilidades 1/5 6 25
Empreiteira MCE - 6 25
Metastec 1,5 6 25
Fonte: Gerência de Produção/Departamento de utilidades
A medição da vazão em chuveiros e pias mostrada nas Tabelas 3 e 4,
respectivamente, foi efetuada durante o mês de novembro de 2005, utilizando-se
um Becker graduado com volume de dois litros e um cronômetro de precisão. A
51
medição foi unitária, sendo efetuada em apenas uma unidade de cada instalação. A
atividade foi implementada com o objetivo de se diagnosticar o perfil de demanda
das torneiras de pias e chuveiros, com vistas a prováveis substituições,
considerando-se a idade das instalações da RDM, e a verificação das características
gerais de tais equipamentos durante a inspeção inicial de áreas, levada a efeito no
início do trabalho.
TABELA 3: Determinação da vazão de chuveiros da RDM.
LOCAL DEMANDA (L/minuto) Vestiário central 12
Refeitório 10,9 Posto Médico 10,4
Vestiários empreiteiras 9,2
Pátio de matérias primas 1,0 Urbtrans 13,3
Empreiteira MCE 17,2 Manutenção 12,0 Almoxarifado 17,2
Metastec 13,3
Tabelas 4: Determinação da vazão de torneiras da RDM.
LOCAL DESCRIÇÃO EQUIPAMENTO DEMANDA (L/minuto)
Almoxarifado Torneira do sanitário 6 Balança Torneira do sanitário 10
Empreiteira MCE Torneiras dos sanitários 5,2 Escritório PASA Torneira pia sanitário 5
Escritório segurança Torneira pia sanitário 13,3 Forno 9 Torneira da pia 9,6
Laboratório Torneira da pia de lavagem 6,2 Laboratório Torneira pia sanitário 6,7 Mestastec Torneiras dos sanitários 10
Manutenção Torneira do lavabo 10,9 Pátio de matérias primas Torneira Pia sanitário 7,7
Planta-I Torneira Pia dos Sanitários 9,2 Planta-III Torneira da pia do sanitário da unidade 13,3
Portaria Principal Torneira do sanitário 6,5 Posto Médico Torneira da pia Central 5,7 Posto Médico Torneira pia sanitário 13,3 Prédio ADM Torneiras pias sanitários 9,6
Prédio ADM antigo Torneiras dos sanitários 9,6 Recepção Torneiras dos sanitários 6,9 Refeitório Torneira pia das cozinhas 7,7 Refeitório Lavabo próximo ao banco 4,6 Refeitório Lavabo próximo escadas 4
52
LOCAL DESCRIÇÃO EQUIPAMENTO DEMANDA (L/minuto) Refeitório Torneira pia sanitários 7,1
Sala de controle da P-III Torneira do sanitário 6,7 Sanitário de empreiteiras Torneiras das pias externas 5,5
Serviços Gerais Torneiras pias Sanitário 6,3 Urbtrans Torneira da Pia dos sanitários 7,3 Utilidades Torneira da pia 10
As determinações, juntamente com inspeções visuais, mostraram que os
equipamentos instalados na RDM não se enquadravam na categoria de produtos
oferecidos atualmente pelo mercado, que apresentam como característica principal
baixa demanda em termos de vazão (em torno de 5 à 6 litros por minuto). Percebeu-
se nas inspeções, que os equipamentos instalados eram dos mais variados tipos,
incluindo-se em determinados pontos, improvisações com tubos dotados de válvulas
substituindo o mecanismo abre/fecha de torneiras e chuveiros.
5.2 LEVANTAMENTO DO CONSUMO DE ÁGUA POTÁVEL EM ANOS
ANTERIORES
Para a obtenção de parâmetros comparativos, efetuou-se levantamento de
consumo em anos anteriores através de consulta a contas pagas à EMBASA,
especificamente nos anos de 2004 e 2005 , conforme registrado na Tabela 4 e
Gráfico 1, dispostos a seguir. Em termos monetários a RDM gastava em média em
torno de R$ 27.000,00 mensais com o fornecimento de água potável (R$ 7,90/m³).
53
TABELA 5: Consumo de água potável em 2004 e 2005.
Gráfico 1 : Consumo mensal de água potável nos anos de 2004 e 2005.
54
Pela observação dos gráficos 1 e da Tabela 4, percebeu-se que praticamente
não ocorreu redução de consumo entre os anos de 2004 e 2005. O valor discrepante
registrado em Janeiro de 2004, provavelmente deve ter sido influenciado por
vazamentos, fato comum e constatado em diversas ocasiões, considerando-se não
há comprometimento da RDM com atividades de manutenção em equipamentos de
apoio, resultando em intervenções lentas, programadas com baixo nível de
prioridade, tanto para correção de vazamentos de água potável quanto industrial.
5.3 USOS DA ÁGUA NA RDM
A água consumida na RDM tem origem em duas fontes. A primeira é
proveniente de um reservatório de acumulação, formado por águas pluviais e pelo
barramento do riacho Paramirim que tem parte do seu curso localizado dentro da
área da empresa. A segunda fonte é a Empresa Baiana de Águas e Saneamento
(EMBASA).
Parte da água proveniente do reservatório de acumulação é utilizada na forma
bruta, e parte é tratada e produzida água clarificada. A primeira atende a atividades
como lavagens de máquinas, jardinagem e umidificação de escórias, ao passo que a
segunda atende aos outros fins industriais, como refrigeração dos fornos – o
principal deles - e lavagem de piso do refeitório e portarias.
A água potável proveniente da EMBASA, atende aos fins mais nobres, como
asseio corporal nos sanitários, pias e lavabos espalhados pelo parque industrial,
preparo de refeições no refeitório, atividades laboratoriais e copas de prédios da
área administrativa.
Percebeu-se no levantamento inicial que o consumo de água potável, com
valores em torno de 150 litros/pessoa/dia encontrava-se muito acima dos padrões
recomendados pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) através da
norma NBR 5626, que estabelece para indústrias com restaurante de 70 a 80 litros
por operário por dia, ou mesmo quando comparado com os padrões estabelecidos
pela Organização Mundial de Saúde (OMS), de 110 litros por habitante por dia.
55
Ressalte-se que os usos na RDM são preponderantemente restritos a higiene
pessoal/sanitário, e para o preparo de refeições, ou seja do ponto de vista
comparativo a norma da ABNT deve ser a referência comparativa.
5.4 ESCOLHA DO SISTEMA DE MEDIÇÃO DO CONSUMO E DIMENSIONAMENTO DE EQUIPAMENTOS MEDIDORES DE VAZÃO E INSTALAÇÃO EM PONTOS DE MAIOR REPRESENTATIVIDADE NA REDE CONSUMIDORA DE ÁGUA BRUTA E POTÁVEL.
De forma geral, os sistemas de medição podem ser classificados em macro
medição e micro medição. Em função de ser uma instalação industrial, a forma de
quantificação do consumo na RDM foi a micro medição que consiste na medição do
consumo realizada no ponto de abastecimento de um determinado usuário,
independentemente de sua categoria ou faixa de consumo. Para a
Basicamente, a micro medição compreende a medição permanente do
volume de água consumido e que é registrado periodicamente por meio da indicação
propiciada pelos hidrômetros.
A escolha da medição do consumo efetuada através de hidrômetros na RDM
tem especial importância considerando-se as vantagens obtidas em programas de
conservação. Entre as diversas características e conseqüências positivas que
poderiam ser obtidas, podemos destacar as seguintes:
• Induz redução do consumo e do eventual desperdício;
• Permite a determinação das perdas de água no sistema de distribuição;
• Materializa elementos para avaliação da evolução de comportamentos e
tendências dos usuários ao longo do tempo, permitindo estabelecer projeções
e formular cenários visando à otimização da utilização.
Na etapa de dimensionamento dos hidrômetros, tubulações e bombas, foram
consultados fabricantes, fornecedores e técnicos da área de engenharia de
manutenção da RDM, com o objetivo de se identificar os equipamentos adequados a
cada um dos pontos de medição e se efetuar os cálculos hidráulicos necessários a
obtenção de um padrão de eficiência aceitável. Os locais escolhidos para instalação
56
foram identificados no item 5.1, em função da maior representatividade quanto ao
consumo, baseado no número de consumidores.
5.5 IMPLEMENTAÇÃO DE CAMPANHA PRELIMINAR DE MEDIÇÃO DE CONSUMO DE ÁGUA BRUTA E POTÁVEL.
Após a instalação dos hidrômetros, iniciou-se a fase de medições do consumo de
água potável, através de uma primeira campanha de 30 dias (Medição 1), efetuada
no mês de Setembro de 2005. Esta campanha tinha a finalidade de se conhecer a
dinâmica do consumo por áreas. O consumo médio diário total nesta primeira
campanha foi de 111,3 m³/dia. A atividade foi caracterizada pela ausência de
qualquer tipo de divulgação.
A água potável é fornecida pela Empresa Baiana de Saneamento (EMBASA), e
distribuída para as áreas consumidoras da RDM. No Gráfico 3, a seguir, agrupou-se
os consumos de algumas área com mais de um hidrômetro, a exemplo do
laboratório e refeitório, e expressou-se tais consumos em percentuais, de forma a se
obter uma visão relativa do consumo.
57
Gráfico 2: Primeira medição do consumo de água potável (%).
O diagnóstico inicial demonstrou que o ponto de maior consumo localizava-se na
planta – I e conversor, com 34% de todo o consumo de água potável, conforme
observado no Gráfico 2 acima .
58
5.6 AVALIAÇÃO DO CONSUMO DE ÁGUA POTÁVEL APÓS CAMPANHA PRELIMINAR DE CONSCIENTIZAÇÃO SOBRE OS USOS DA ÁGUA, CORREÇÃO DE VAZAMENTOS E SUBSTITUIÇÃO DE EQUIPAMENTOS DE ALTO CONSUMO POR EQUIPAMENTOS ECONOMIZADORES DE ÁGUA.
Após a primeira campanha de avaliação do consumo, efetuou-se uma
segunda (Medição 2), mais longa, efetuada de Outubro a dezembro de 2005.
Paralelamente à divulgação do início das medições, foi realizado treinamento
inicial de alguns colaboradores no mês de setembro, com explanações rotineiras nas
reuniões de Diálogos de Saúde e Segurança (DSS) sobre a necessidade de se
reduzir o consumo de água.
Constatou-se que ocorreram reduções significativas em algumas áreas,
principalmente aquelas onde foram substituídos equipamentos, a exemplo do
laboratório, que teve uma redução da ordem de 76% no consumo, conforme pode
ser observado pela comparação dos consumos registrados nos gráficos 4 e 5.
No entanto, de forma geral o resultado pode ser considerado como aquém do
esperado, com uma redução da ordem de 5,5%. Percebeu-se também que existem
áreas com excesso de consumo, e passíveis de intervenções mais criteriosas e que,
conseqüentemente, demandam mais tempo para reversão do quadro de consumo.
O consumo médio diário na segunda medição somando-se o consumo de todas as
áreas situou-se em 105,2 m³/dia.
No Gráfico 3 mostrado na página a seguir, apresenta-se os consumos de
água potável registrados na segunda medição em termos percentuais.
59
Gráfico 3: Segunda medição do consumo de água potável (%).
Na Tabela 5 e no Gráfico 4 visualiza-se os volumes diários consumidos em
metros cúbicos, média de 30 dias.
Tabela 6: Registro dos consumos na primeira e segunda medição, médias de 30 dias.
LOCAL MEDIÇÃO 1 (m³/dia)
MEDIÇÃO 2 (m³/dia)
Planta - I 37,8 39,7 Balança 25,9 11,0
Refeitório 9,4 8,2 Vestiário central 9,0 6,4
Metastec (*) 7,6
Lavagem bandejas 5,5 2,5 Vestiário das empreiteiras 4,7 3,5
Pátio matérias primas 3,3 7,2
Urbtrans 3,3 4,5 Prédio adm 2,9 2,5
Sanitário do laboratório 2,5 0,3
Empreiteira MCE * 1,7 Prédio adm antigo 1,2 2,5
60
LOCAL MEDIÇÃO 1 (m³/dia)
MEDIÇÃO 2 (m³/dia)
Posto médico 1,2 4,9 Destilador 1,1 0,4
Planta-II 0,9 0,5 Lavabo refeitório 0,6 0,6
Recepção 0,6 0,5
Pia forno-9 0,3 0,5 Pia utilidades 0,3 0,2
Consultório dentário 0,1 0,1 Pia laboratório 0,1 0,1
(*) Hidrômetro inexistente na época da medição.
Fatores passíveis de Interferências sobre os padrões de consumo, tais como
sazonalidade ou alteração do quadro funcional não foram identificados e portanto,
considerou-se neste trabalho, que não tiveram influência sobre os resultados
obtidos.
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
Ves
tiár
ios
Pla
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Pia
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Pia
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Consu
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Pia
labora
tório
(m³⁄d
ia)
MEDIÇÃO 1 (m³/dia) MEDIÇÃO 2 (m³/dia)
Gráfico 4: Comparativo entre os consumos das medições 1 e 2.
61
Após esta primeira etapa, continuou-se a monitorar o consumo semanalmente
de janeiro a dezembro de 2006, em todas as áreas referenciadas, identificando o
perfil de cada uma delas e priorizando as intervenções.
Antes do trabalho em questão, a única quantificação do volume total de água
consumida pela empresa restringia-se ao hidrômetro da concessionária de água, o
que impossibilitava a identificação de quais áreas eram as maiores consumidoras e,
conseqüentemente, passíveis de intervenções. Outra vantagem advinda da medição
do consumo setorizado, refere-se à possibilidade de identificação de vazamentos de
forma mais rápida, em função da alteração do perfil de consumo do local onde o
hidrômetro encontra-se instalado, reduzindo-se o desperdício.
5.7 ANÁLISE DO CONSUMO DE ÁGUA POTÁVEL
Após o diagnóstico do consumo, a introdução da análise sobre os volumes
consumidos por área, fez-se necessária, tendo em vista que a demanda por água
potável, fornecida pela concessionária, é extremamente suscetível a variações que
não são observadas para o consumo de água bruta (em função da divulgação da
implementação do balanço hídrico, com a mudança de hábitos, substituições de
equipamentos, redução de pessoal, instalações com flutuação de populações, etc..).
Conforme exposto no item anterior, para verificação dos consumos foram
realizadas duas campanhas de medição, que serão analisadas a seguir. Como dito
anteriormente as medições por área ou setores teve como principal objetivo a
identificação de pontos prioritários para intervenção.
Não foi possível estabelecer um índice de consumo setorizado por pessoa,
considerando-se que as áreas monitoradas não possuem efetivos fixos. O índice de
consumo por pessoa considerando-se o efetivo total da RDM foi elaborado com
base no consumo total, medido no hidrômetro da EMBASA durante o ano de 2006 e
parte de 2007, e será apreciado em item posterior. Com relação ao refeitório
estabelecemos um indicador baseado no número de litros consumidos por refeições
preparadas diariamente.
62
Baseado no exposto, para que haja uma visualização estratificada dos
consumos, dividiu-se as áreas consumidoras de água potável em duas categorias,
uma com consumos acima de 1 m³/dia, e a outra, com consumos abaixo , conforme
visualizado nas Tabelas 6 e 7 e os Gráficos 5 e 6.
Tabela 7: Consumidores acima de 1 m3/dia.
ÁREAS
CONSUMO DIÁRIO (m³⁄dia)
Medição 1 (m³⁄dia)
Medição 2 (m³⁄dia)
Vestiários da Planta-I 37,8 39,7
Balança/ Almoxarifado/ manutenção 25,9 11,0
Refeitório 9,4 8,2
Vestiários 9,0 6,4 Metastec * 7,6
Lavagem de bandeja 5,5 2,5
Vestiário de empreiteiras 4,7 3,5
Pátio de matérias primas 3,3 7,2
Urbtrans 3,3 4,5 Prédio ADM 2,9 2,5
Empreiteira MCE * 1,7 Posto médico 1,2 4,9 Prédio antigo 1,2 2,5
* - Hidrômetro inexistente na época da medição
63
05
1015202530354045
Ves
tiár
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Pla
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(m³⁄d
ia)
Medição 1(m³⁄dia) Medição 2 (m³⁄dia)
Gráfico 5: Consumidores acima de 1 m3/dia
Tabela 8 : Consumidores abaixo de 1 m3/dia
LOCAL CONSUMO DIÁRIO (m3)
Medição 1 (m³⁄dia)
Medição 2 (m³⁄dia)
Planta – II 0,9 0,5
Lavabo do refeitório 0,6 0,6
Portaria da recepção 0,6 0,5
Pia forno 9 0,3 0,5
Pia utilidades 0,3 0,2
Dentista 0,1 0,1
Pia laboratório 0,1 0,1
64
Gráfico 6: Consumidores abaixo de 1 m3/dia
Constatou-se que ocorreu aumento de consumo no posto médico, vestiário de
empreiteiras, Planta-I, Urbtrans, pátio de matérias primas e prédio ADM antigo, sem
causas identificadas nas inspeções efetuadas.
Para o grupo de consumidores abaixo de um metro cúbico por dia (ver
Gráfico 6), percebeu-se que o consumo em geral foi reduzido.
Para fins de confrontação com as medições da EMBASA, e certificação de
que o universo de quantificação setorizado era representativo, efetuou-se medição
do consumo durante 62 dias no hidrômetro pertencente à referida empresa,
obtendo-se a média diária de consumo de 112 m³. Comparou-se com a média diária
do somatório dos 22 hidrômetros instalados nas áreas consumidoras, obtendo-se
um consumo médio diário de 108 m³, o que representa a quantificação em termos
relativos, de, aproximadamente, 95% do volume de entrada de água potável no
parque industrial. A diferença pode ser atribuída a pequenos vazamentos da rede,
pontos de menor representatividade não monitorados e imprecisões inerentes às
medições.
00,10,20,30,40,50,60,70,80,9
1
Pla
nta
– II
Lav
abo
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m³⁄d
iaMedição 1(m³⁄dia) Medição 2(m³⁄dia)
65
5.8 PRIORIZAÇÃO DE ÁREAS PARA INTERVENÇÃO
A partir do levantamento inicial do consumo por áreas, foram selecionados os
pontos com maior significância em termos de consumo, com o objetivo de
intervenções voltadas para minimização de gastos e eliminação de perdas. Na
Tabela 8 registrou-se a relação das áreas escolhidas com base no diagnóstico
inicial.
Tabela 9: Áreas priorizadas para intervenção.
LOCAL CONSUMO MÉDIO DIÁRIO (m3) CONSUMO
MENSAL (m3) Medição 1 (m3) Medição 2 (m3)
Vestiário da planta-I / conversores 37,8 39,65 1189,5
Balança/Almoxarifado manutenção 25,9 10,96 328,8 Refeitório e lavagem de bandejas 14,85 10,69 245,7
Vestiário Central 9,04 6,41 192,5 Metastec - 7,56 226,8
Empreiteiras 4,7 3,49 104,7 Pátio de matérias primas 3,29 7,18 215,4
Urbtrans 3,29 4,52 135,6 Prédio ADM 2,85 2,5 75
Posto médico 1,24 4,88 146,4
Prédio ADM antigo 1,17 2,47 74,1
Pela observação da Tabela 8, percebeu-se que o consumo conjunto de tais
áreas representa aproximadamente 91% da média obtida para o ano de 2005 e que
individualmente, os vestiários e as instalações sanitárias da planta-I e conversores
com um contingente fixo de aproximadamente 85 pessoas consomem
aproximadamente 35% (1190 m³/mês) de toda a água potável fornecida pela
EMBASA à RDM, representando um consumo individual de aproximadamente 467
litros por pessoa por dia, sendo conseqüentemente, a área priorizada neste estudo.
5.9 PLANO DE INTERVENÇÃO
O plano em questão foi concebido com base em um programa clássico de
intervenção em sistemas de abastecimento de água, baseado em correção de
66
vazamentos, campanhas de conscientização e substituição de componentes
convencionais por economizadores de água. Em alguns pontos como descargas
sanitárias, foi substituída a água potável por águas pluviais e água bruta captada na
represa da RDM. Uma outra medida também utilizada foi a redução de vazão de
abastecimento através da instalação de válvulas de regulagem de vazão em alguns
pontos, reduzindo a pressão da água em torneiras e chuveiros.
5.9.1 Correção de vazamentos
A partir do diagnóstico realizado, foi elaborado um plano de intervenção
priorizando inicialmente o levantamento de vazamentos e a conseqüente correção
dos mesmos. Percebeu-se que com a instalação setorizada de hidrômetros os
vazamentos foram identificados com maior facilidade, em função na maioria das
vezes, da observação de desvios no consumo que em algumas situações chegavam
a dobrar o padrão da área observada.
Esta é considerada uma das ações mais eficientes na redução do consumo
de água em um sistema. É de fundamental importância a correção de vazamentos
antes da substituição de componentes convencionais por economizadores de água,
como forma de evitar resultados enganosos. Como a grande maioria das
canalizações da RDM é antiga e distribuída por via subterrânea (enterrada), a
atividade ficou prejudicada em determinados pontos de consumo, por falta de
condições de avaliação da estrutura de abastecimento. Em etapas posteriores
sugere-se que tais tubulações sejam substituídas por estruturadas passíveis de
intervenções e inspeções.
6.9.2 Campanha de conscientização
Campanhas de conscientização devem ter comunicação mais abrangente
possível, tanto do ponto de vista de informação como do tipo de usuário. Neste
trabalho foram abordados:
• O porquê do uso racional da água;
67
• As vantagens da redução de volume de água;
• Redução do volume de esgoto e suas conseqüências ambientais;
• Redução de gastos com as contas de água.
Nesta etapa foram realizadas palestras dirigidas aos funcionários da cozinha,
do laboratório, da limpeza, produção, manutenção e a outros grupos de usuários
consumidores de água no sistema. A estratégia da campanha educativa utilizada se
baseou na disseminação de informações através dos veículos internos de
comunicação (boletins, murais, jornais eletrônicos) para divulgação de ações
voltadas para combate ao desperdício de água, tendo em vista que tais instrumentos
atingem praticamente todo o contingente da empresa, e colaboradores de empresas
terceirizadas.
Um outro instrumento utilizado foram os Diálogos de Saúde e Segurança
(DSS), realizados diariamente antes da jornada de trabalho, com o auxílio de alguns
colaboradores, que utilizam tais reuniões para disseminação de procedimentos mais
adequados e eficientes na realização de atividades, contemplando sempre a
economia de água.
5.9.3 Substituição de componentes convencionais por economizadores de água
O objetivo desta ação foi reduzir o consumo de água independentemente da
ação do usuário ou da sua disposição em mudar de comportamento para reduzir o
consumo de água. Foi implementada inicialmente no prédio administrativo,
laboratório e vestiário central, após a estabilização da rede abastecedora. Foram
substituídas torneiras e instalados constritores de vazão em alguns chuveiros do
vestiário central e substituição de um destilador no laboratório de controle de
qualidade.
A substituição constou basicamente da troca de 18 torneiras convencionais
por torneiras temporizadas e de um destilador do laboratório por um sistema de
osmose reversa com capacidade para 10 L/h, conforme Figuras 6 e 7. O principal
68
aspecto relacionado ao excesso de consumo do destilador refere-se a água utilizada
para resfriamento da resistência.
Figura 6: Torneira temporizada instalada no prédio ADM.
Figura 7: Sistema de osmose reversa do laboratório.
5.10 INTERVENÇÕES, MODIFICAÇÕES HIDRÁULICAS E DE ABASTECIMENTO EM PONTOS DE MAIOR REPRESENTATIVIDADE E SUBSTITUIÇÃO DE ÁGUA POTÁVEL EM DESCARGAS SANITÁRIAS
A abordagem neste item ficou restrita as intervenções físicas e de
conscientização nas áreas da Planta I, refeitório, metastec e prédio administrativo
que juntas somavam mais de 50% do consumo de água potável da RDM. A
substituição de água potável em descargas sanitárias e torneiras foi realizada nas
instalações do prédio administrativo em fins do ano de 2006, apresentando no
primeiro semestre de 2007 uma redução do consumo da ordem de 30%, em
comparação com o ano de 2006 conforme registrado no Gráfico 7 .
69
Consumo médio diário no prédio administrato
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
1,4
1,6
1,8
2
1° e 2° semestres de 2006 1° semestre de 2007
(m3/
dia
)
Gráfico 7 : Comparativo entre o consumo médio diário do ano de 2006, com o consumo médio diário do primeiro semestre de 2007 no prédio administrativo.
5.10.1 Detalhamento de intervenções nas áreas prioritárias 5.10.1.1 Vestiários da planta – I
Conforme explicitado no item 5.8, o vestiário da Planta- I foi identificado como
a área de maior significância em termos de consumo, respondendo por cerca de
35% de toda a água potável fornecida pela EMBASA à RDM. Considerando-se a
influência deste ponto sobre a totalidade do consumo, optou-se por detalhar o
sistema, que apesar de ter uma população flutuante e de difícil quantificação, em
função de ser uma área aberta e freqüentada pelo contingente de colaboradores
terceirizados, apresenta um quadro fixo de apenas 85 pessoas, em média,
trabalhando em regime de turno, contando com apenas um sanitário central dotado
de três lavatórios, quatro chuveiros, dois mictórios e quatros bacias sanitárias, o que
por si só não justifica o quadro de desperdícios observado.
Janeiro a maio
administrativo
70
O abastecimento local era efetuado em tubulação de ferro galvanizado,
subterrânea, e chegava ao ponto de consumo através de bombeamento direto do
tanque central de estocagem de água potável, a uma pressão de 6 kgf/cm2.
Considerando-se que o consumo por pessoa era extremamente alto, em torno
de 467 litros diários por pessoa, índice muito acima do que é preconizado na norma
ABNT NBR 5626, que estabelece para indústrias com restaurante de 70 a 80 litros
por operário por dia. Pelas características das instalações descritas (tubulação
antiga, construída em ferro galvanizado e enterrada) acima e comparando-se o
consumo com o estabelecido em norma, concluiu-se que certamente poderiam
existir vazamentos de grandes dimensões na referida área.
A inspeção do sistema hidráulico revelou que a tubulação era quase toda
enterrada e sem proteção. Em função da complexidade para avaliação do estado de
conservação das tubulações, com o agravante do abastecimento sob pressão, e o
alto custo com os desperdícios (o consumo total da Planta – I equivalia a
aproximadamente R$ 9.200,00 por mês), optou-se por refazer todo o sistema,
mudando a concepção original.
As principais modificações introduzidas foram a construção de uma nova rede
hidráulica principal com diâmetro de três polegadas, similar em diâmetro à original,
em PVC rígido e a instalação de um tanque de 5000 litros, próximo ao sanitário
central, abastecido por bombeamento. O abastecimento passou a ser feito através
das novas instalações por gravidade, eliminando-se prováveis
vazamentos decorrentes da tubulação enterrada e a eliminação de desperdícios em
função da pressão de saída em torneiras e chuveiros.
Na etapa de quantificação foi observada uma redução do consumo da ordem
de 39 m³/dia para 11 m³/dia, que apesar de significativa ainda pode ser considerado
um consumo elevado, considerando-se apenas o contingente fixo do local (85
pessoas). Os novos números apontavam para um consumo de 129 litros por pessoa
por dia.
Analisou-se o quadro do consumo comparando-se com a Associação Brasileira
de Normas Técnicas (1982) e Companhia de Saneamento Básico do Estado de São
71
Paulo ([200-]), que indica para prédios públicos e comerciais um consumo em torno
de 50 litros por funcionário por dia.
Concluiu-se, a princípio, que o consumo era excessivo, no entanto as
condições observadas no regime e local de trabalho são completamente diversos do
trabalho em um escritório convencional. Os trabalhadores da planta-I da RDM
executam em sua grande maioria atividades braçais, submetidos a um ambiente
laboral com temperaturas muito acima da temperatura ambiente, o que exige maior
consumo de água de forma geral (banhos, ingestão, atenuação do calor no rosto,
braços e cabeça). Considerou-se também a existência de população flutuante
estimada em aproximadamente 30% do contingente da área, (informação obtida em
entrevistas com coordenadores da área e trabalhadores) mascarando o consumo
real. Inferiu-se neste trabalho, que caso a população flutuante tivesse o mesmo
padrão de consumo o indicador determinaria um consumo de 99 litros por pessoa
por dia. No entanto observou-se que os hábitos de consumo deste contingente
flutuante é muito diferente dos da população local, pelas razões já descritas
anteriormente, restringindo-se na maioria das vezes a dessedentação em
bebedouros, ou utilização esporádica de sanitários.
Tentou-se estabelecer a representatividade da população flutuante neste
caso, inferindo-se que o impacto seria de 23 litros por pessoa por dia no consumo
diário de água potável dos vestiários da Planta-I, distribuídos da seguinte forma:
• Utilização de sanitário = 12 litros por pessoa por dia.
• Lavagem das mãos = 3 litros por pessoa por dia.
• Utilização do mictório = 3 litros por pessoa por dia.
• Dessedentação = 1 litro por pessoa por dia.
• Lavagem de braços e rosto = 4 litros por pessoa por dia.
Para melhor entendimento do impacto das medidas adotadas na referida
área, no Gráfico 8 é mostrado o consumo médio diário observado nas medições 1 e
2, média total do ano de 2006 incluindo-se as modificações introduzidas, e a média
diária após a intervenção. No Gráfico 9, registrou-se a curva do consumo médio
mensal ao longo do ano de 2006, e primeiros cinco meses de 2007, onde observa-
72
se nitidamente uma significativa redução do consumo a partir do mês de setembro
de 2006, quando entrou em operação a nova rede hidráulica e o novo tanque de
abastecimento por gravidade.
Gráfico 9: Média diária do consumo de água potável de janeiro de 2006 à maio de 2007 nos
vestiários da Planta- I. Gráfico 8: Consumo médio diário observado nas medições 1 e 2, média total do ano de 2006 incluindo-se as modificações introduzidas, e a média diária após a intervenção(11m³/dia). 5.10.1.2 Refeitório
O refeitório da RDM é terceirizado com relação a mão de obra, sendo os
insumos água e energia fornecidos pela própria RDM, oferecendo em média 580
refeições ao dia.
Foram realizadas observações da rotina de trabalho, constatando-se
desperdício acentuado, com um consumo médio de 14,9 m³⁄dia na primeira medição
e 10,7 m³⁄dia na segunda, observados no gráfico 10, perfazendo uma média de 25
litros por refeição na primeira medição e 18,5 litros na segunda. De acordo com o
Consumo diário de água potável nos vestiários da Planta-I
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
Medição 1 Medição 2 Média 2006 Média apósintervenção
Consu
mo(m
3/dia
)
Setembro/2005 Outubro à
Dezembro/2005
73
Programa de Uso Racional da Água – PURA da Sabesp, restaurantes de prédios
públicos gastam em média 25 litros/refeição/dia (COMPANHIA DE SANEAMENTO
BÁSICO DO ESTADO DE SÃO PAULO, [200-]).
Foram feitas substituições de apenas duas torneiras, ficando a intervenção
mais focada em treinamentos e palestras sobre preservação da água e
recomendações à direção da empresa sobre a necessidade de se manter os
colaboradores em permanente sintonia com a racionalização do uso da água na
execução das atividades diárias. No início do mês de dezembro de 2006, ocorreu
mudança da empresa fornecedora de alimentação, registrando-se aumento de
consumo na primeira semana, em função de novo quadro funcional. O desvio foi
identificado e sanado através de treinamentos e conscientização dos novos
colaboradores. Um fato que merece ressalvas diz respeito ao consumo nos
primeiros meses de 2007, considerando-se que houve um aumento do contingente
de trabalhadores utilizando o refeitório em função da reforma do forno 07, conforme
pode ser observado no gráfico 11.
O consumo médio diário, registrado em 2006 e primeiros cinco meses de 2007, foi
obtido pela média das leituras efetuadas nos hidrômetros a cada sete dias. Obteve-
se um consumo de 7,0 m³⁄dia para o ano de 2006, o que proporcionou um indicador
de 12 litros por refeição ao dia. Para o período total (2006 e primeiros cinco meses
de 2007) a média foi de 6,6 m³⁄dia, obtendo-se um indicador de 11 litros por refeição
ao dia. Para os primeiros cinco meses de 2007 a média foi 6,0 m³⁄dia, apresentando
um indicador de 10 litros por refeição por dia apresentada no Gráfico 12, juntamente
com a média de 2006.
A redução do consumo foi considerada satisfatória, conforme registrado nos
Gráficos 10, 11 e 12, mostrados a seguir.
74
Consumo diário de água potável no refeitório
0
2
4
6
8
10
12
14
16
Medição 1 Medição 2 Média 2006
Co
nsu
mo
(m³⁄d
ia)
Gráfico10: Consumo de água no refeitório, comparando-se as médias diárias da primeira e segunda medição com a média diária de consumo em 2006.
76
Indicador de consumo de água por refeição
20072006/200720060
5
10
15
20
25
30
Litr
os/r
efe
içã
o/di
a
Medição 1 Medição 2
Gráfico 12: Média do consumo diário de água no refeitório por refeição preparada na
medição 1, medição 2 , 2006, 2006/2007(janeiro a maio) e primeiros 5 meses de 2007 . 5.10.1.3 Empreiteira Metastec
A empreiteira Metastec detinha contrato com a RDM para produção de 6 000
toneladas por mês de sinter de alta resistência mecânica.
O processo produtivo deste insumo consiste na formação de montes cônicos
de camadas intercaladas de finos de minérios com finos de carvão vegetal ou coque,
diretamente sobre uma base ranhurada no solo, interligada a um insuflador de ar.
Antes da formação dos montes, são dispostos pedaços de madeira em brasa
(tições) diretamente sobre a base onde serão formados os montes. Em seguida, o
insuflador de ar é ligado, dando início à ignição da pilha por 48 horas
aproximadamente. Na etapa posterior, o monte de sinter é resfriado com água e
desmontado com a ajuda de pás carregadeiras, para em seguida ser direcionado
para britagem e posterior alimentação dos fornos, já na granulometria requerida pelo
processo produtivo.
Janeiro a Maio
Janeiro a Maio
Janeiro a Maio
Janeiro a Maio
Janeiro a Maio
77
O processo químico de produção deste insumo consiste na união de duas ou
mais partículas sólidas que se aglutinam pelo efeito do aquecimento a uma
temperatura inferior à de fusão, mas suficientemente alta para possibilitar a difusão
dos átomos das redes cristalinas.
A empresa Metastec possuía instalações administrativas independentes,
dentro do parque industrial. As atividades desenvolvidas eram preponderantemente
braçais, com alta exposição ao calor e material particulado.
Os insumos água e energia eram fornecidos pela própria RDM. A empresa
contava até novembro de 2006 com um contingente de 65 colaboradores, sendo
cinco em regime administrativo e 60 distribuídos em dois turnos de 12 horas,
consumindo em média 7,56 metros cúbicos diários de água potável, registrados na
Medição 2. A partir do mês de novembro, o efetivo foi sendo paulatinamente
reduzido com a entrada em operação da nova planta industrial de sinterização. A
partir de janeiro de 2007 a unidade contava com 20 colaboradores distribuídos em
regime de turno e administrativo, sendo a unidade totalmente desmobilizada em
setembro de 2007. Toda a água potável consumida era utilizada basicamente para
fins sanitários e higiênicos.
Assim como no refeitório, não se identificou problemas de ordem física nas
instalações e a intervenção ficou restrita a treinamentos e palestras sobre
preservação da água, efetuados no mês de janeiro de 2006 e recomendações à
direção da empresa sobre a necessidade de se manter os colaboradores
permanentemente informados sobre a necessidade da racionalização do uso da
água.
Apesar das medidas terem surtido o efeito esperado com uma redução
significativa, como pode ser observado no Gráfico 14, que registrou média total do
período medido (2006 e primeiros cinco meses de 2007), de 1,38 m³/ dia, percebeu-
se que as instalações sanitárias eram fechadas a chave e liberadas apenas no início
e final dos turnos. Tais medidas só foram percebidas ao final de 2006.
Os indicadores mostraram um perfil de consumo completamente atípico para
as atividades desenvolvidas no local, registrando um consumo inicial de 116 litros
por pessoa por dia, e na segunda fase, registrando uma queda acentuada, para 21
78
litros por pessoa por dia, representando uma diferença de 95 litros por pessoa por
dia.
Apesar da redução acentuada do consumo de água potável como pode ser
observado no gráfico 13, nesta área concluiu-se que os resultados obtidos foram
influenciados pelo impedimento de acesso dos colaboradores as instalações
sanitárias durante o decorrer do turno laboral, considerando-se que as instalações
só poderiam ser acessadas pelos trabalhadores no início e final do expediente de
trabalho.
Gráfico 13: Consumo médio diário de água potável na Metastec. 5.11 SUBSTITUIÇÃO DE ÁGUA POTÁVEL EM DESCARGAS SANITÁRIAS POR ÁGUAS PLUVIAIS E ÁGUA BRUTA.
5.11.1 Uso de águas pluviais na área do prédio ADM
Em função de suas características físico-químicas, a água de chuva não deve
ser utilizada diretamente para o consumo humano, necessitando de tratamento
79
adequado a fim de garantir o que estabelece a Portaria Nº 518/04 do Ministério da
Saúde. De acordo com Associação Brasileira de Normas Técnicas (2007), a água
captada em telhados de áreas urbanas, para fins não potáveis, deverá ser utilizada
em descarga de bacias sanitárias, irrigação de gramados, lavagem de veículos
limpeza de calçadas e ruas, limpeza de pátios e usos industriais.
A captação e aproveitamento da águas pluviais é uma alternativa viável que
contribui para a preservação ambiental dos recursos hídricos, reduz os custos com a
água tratada e previne enchentes e alagamentos, principalmente em regiões com
grandes áreas impermeabilizadas, como é o caso da região metropolitana de
Salvador.
A água proveniente das chuvas que caem sobre os telhados do parque
industrial da RDM podem ser captadas e armazenadas para posterior utilização
após a segregação de sólidos como folhas e pequenos galhos, para posterior
utilização em descargas sanitárias e outros usos menos nobres, em substituição a
água potável fornecida pela EMBASA, com ganhos diretos com a economia da água
comprada à concessionária, e ganhos indiretos, intangíveis, reportados diretamente
à imagem da empresa, a preservação do recurso natural água, e os insumos
necessários ao tratamento da mesma.
Desta forma, foi desenvolvido um projeto que objetiva o reaproveitamento de
águas pluviais precipitadas sobre parte das instalações da RDM, para utilização em
descargas sanitárias, jardinagem e lavagem de pisos industriais.
O projeto justificou-se considerando-se que nesta primeira fase, que pode ser
caracterizada como uma fase piloto, precipitava-se sobre o telhado do
prédio ADM, com uma área de 379 m2, em torno de 576 m³ de água por ano. Numa
segunda fase, o projeto poderá ser estendido para outras instalações da empresa. O
volume médio mensal aproveitável das águas pluviais foi calculado utilizando-se a
equação:
V = C X P X A
Onde:
V = volume médio de águas pluviais (m³)
80
C = coeficiente de escoamento superficial da área de coleta (C=0,80)
P = Precipitação pluviométrica total média (m)
A = área de coleta das águas pluviais (m²)
O valor do coeficiente de escoamento, C= 0,80, foi adotado em função do material
da cobertura, construído com telhas de fibrocimento.
Estudos hidrológicos voltados para a elaboração de projetos de
dimensionamento são realizados a partir de registros históricos das medições das
precipitações pluviométricas. De acordo com as séries históricas da Defesa Civil de
Salvador para os últimos 25 anos, mostradas na Tabela 9, na região metropolitana
de Salvador, a precipitação pluviométrica média situa-se em torno dos 1900 mm
anuais.
Tabela 10: Índices pluviométricos dos últimos 25 anos em Salvador (mm)
ANO JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ TOTAL 1984 44,5 26,7 217,3 889,8 356,3 219,3 130,6 134,0 206,6 111,3 37,2 27,0 2403,6
1985 119,3 99,1 71,0 869 381,1 167,4 223,4 157,4 66,2 111,5 252 183,2 2700,6
1986 93,1 30,8 274,4 428,5 249,0 194,4 140,4 153,8 234,0 272,3 163,5 83,5 2317,7
1987 21,0 61,9 130,0 147,2 218,9 227,5 238,7 63,5 102,3 14,8 181,6 44,7 1452,1
1988 169,8 80,6 330,6 272 179,1 236,6 295,8 132,4 50,6 77,3 111,4 145,4 2081,6
1989 190,3 28,6 153,9 412,7 662,7 265,8 183,3 1925 249,3 125,4 149,3 446,7 4793
1990 51,1 34 70,6 52,6 326,1 211,7 277,5 206,7 134,3 396,9 32,1 247,9 2041,5
1991 188,4 86,8 113,8 304,4 294,4 315,5 100,2 126,2 73,9 30,9 96,6 31 1762,1
1992 76,7 217,5 92,7 128,5 107 197 196,1 102,5 93,3 23,8 207,7 132,7 1575,5
1993 12,7 5,5 12,3 107,9 386,8 180,8 117,4 164,6 72,7 110 48,9 13,6 1233,2
1994 30 85,2 240,3 424,9 197,6 477,8 336,5 196,5 101 120,9 49,2 44,9 2304,8
1995 18,9 35 81,8 286,2 473,5 245,3 178 78,3 67,3 16,5 156,4 41,9 1679,1
1996 55,9 101,9 59,9 757,8 187,5 178,5 202,4 124 206,4 111,1 228,6 228,6 2442,6
1997 38,3 225,6 277,6 346,9 165,4 168,7 183,1 52 30 130,1 26,8 24,9 1669,4
1998 63,6 55,6 117,2 206 249,7 358,3 306,5 155,4 63,9 111,8 62,3 34,5 1538,1
1999 99,3 102,9 313,9 376,6 376,9 185 225 323,5 141,2 163,9 275,5 94,2 2677,9
2000 29,5 85,5 191,9 365,4 241,3 310,5 201,1 136,2 161,6 15,9 74,3 88 1901,2
2001 95,2 28,6 264,1 103,5 199,2 195,8 220,3 149,7 190,3 202,3 30,3 112,1 1791,9
2002 252,4 102,8 98,7 69,3 351,6 209,2 254,8 162,8 258,8 18 25,2 22,7 1826,3
2003 26,7 97,3 206,3 186,8 550,5 237,5 186,5 136,7 168,7 69,2 132,8 15,2 2014,2
2004 319,4 165,3 122,3 278,4 158,3 327 218,4 129,5 40 82 167,6 10,8 2019
2005 42,9 256,7 349,4 415 198,2 421,1 204,1 117,1 50,6 32,9 72,8 75,5 2236,3
2006 40,1 7,1 35 587,4 397,1 401,4 91,7 117,7 126,9 258,9 220 30,3 2313,6
2007 20 282,6 86,8 139,8 211,2 134 130,4 109 86,7 78,9 19,1 12,9 1311,4
MÉDIA 85,8 108,2 151,9 285,4 281,8 264,2 201,7 143,8 114,9 109,7 107,2 68,8 1907,7
Fonte: SALVADOR, [200-].
81
O sistema foi construído aproveitando-se as instalações hidráulicas de
escoamento de águas pluviais já existentes no prédio administrativo, e construindo-
se uma nova rede para redirecionamento das águas captadas para os tanques
intermediários de acumulação, com capacidade para 1500 litros.
Dos tanques intermediários de acumulação, a água é bombeada para um
tanque pulmão de 10.000 litros, com auxílio de uma bomba centrífuga de 1 CV de
potência. Os cálculos foram efetuados com auxílio da área de engenharia de
manutenção. Do tanque pulmão, a água escoa por gravidade para abastecimento de
18 descargas sanitárias do prédio administrativo e vestiário central.
Todas as tubulações são independentes e foram identificadas evitando-se o
risco de contaminação da água potável.
A figura 8 detalha esquematicamente o sistema hidráulico descrito
anteriormente. As Figuras 9, 10 e 11 mostram detalhes das etapas construtivas do
sistema.
Figura 8: Detalhamento esquemático do sistema hidráulico para abastecimento das
descargas sanitárias do vestiário central e prédio administrativo com águas pluviais e bruta.
82
Figura 9: Instalação da tubulação para captação de águas pluviais.
Figura 10: Tanques intermediários acumuladores de águas pluviais.
83
Figura 11: Introdução de novas instalações hidráulicas nas bacias sanitárias
5.11.2 Abastecimento de descargas sanitárias por água bruta
A água bruta captada na represa foi utilizada nas descargas sanitárias, em
paralelo ao sistema de águas pluviais, de forma que na ausência de águas pluviais,
as descargas sanitárias são abastecidas por água bruta, que tem origem no tanque
principal que abastece os pontos utilizadores de água bruta, como resfriamento de
escórias, lavagem de pátios e rega de jardins. O tanque em questão tem volume de
150 m³, instalado a uma altura de 25 metros, permitindo o abastecimento por
gravidade em qualquer ponto do parque industrial, inclusive o tanque pulmão do
sistema de descargas sanitárias.
A derivação para o tanque pulmão foi efetuada através da instalação de uma
rede tendo como ponto de captação uma torneira próxima ao referido tanque,
destinada à rega de jardins. A rede de distribuição para as descargas sanitárias é a
mesma que distribui as águas pluviais mencionadas no item anterior.
84
Como resultado, até o final de junho de 2007, contabilizou-se um consumo
total nas descargas de 245 metros cúbicos de água, sendo 70 destes originários de
precipitações pluviométricas (aproximadamente 29%).
5.12 ESTABELECIMENTO DE UM INDICADOR DE CONSUMO PARA ÁGUA POTÁVEL
O plano de intervenção teve início em 2006, sendo implementado ao longo de
todo o ano. O Gráfico 14 retrata o consumo mensal durante os anos de 2004, 2005,
2006 e primeiro semestre de 2007, consumo médio mensal para os referidos anos.
O Gráfico 15 mostra a evolução do indicador de consumo adotado, em termos
de litros por pessoa ao dia.
Ressaltamos mais uma vez que o quadro de vazamentos no parque industrial
da RDM assume uma dimensão rotineira, preocupante quanto a preservação de um
recurso natural cada dia mais valorizado. Considera-se ainda como agravante o fato
de que tais rotinas estão associadas a intervenções extremamente lentas e
demoradas, visualizadas no comportamento do consumo ao longo do período
analisado neste estudo.
85
Gráfico 14: Comparativo do consumo total entre os anos de 2004, 2005 2006 e primeiro semestre de 2007 (m³/mês).
Gráfico 15: Indicador de consumo (litros/pessoa/dia).
Meses do ano
86
Percebeu-se claramente a partir da análise dos dois gráficos que as medidas
adotadas surtiram os efeitos desejados, chegando-se ao índice de consumo de 60
litros por pessoa por dia no mês de Julho/2007. O índice obtido encontra-se abaixo
da faixa de consumo estabelecida na Associação Brasileira de Normas Técnicas
(1982), que trata sobre as instalações prediais de água fria, estabelecendo para
indústrias com restaurante de 70 a 80 litros por operário por dia.
Vale ressaltar que apesar do esforço despendido para eliminação de
vazamentos, em função da idade da rede de abastecimento, em diversas ocasiões
foram registrados por longos períodos vazamentos diversos, na linha de
abastecimento do pátio de matérias primas, oficina de máquinas, e área de
manutenção e balança, como os ocorridos nos meses de agosto de 2006 (161 litros
por pessoa), dezembro de 2006 (140 litros por pessoa) e janeiro de 2007 (110 litros
por pessoa), associados a dinâmicas de intervenções extremamente lentas,
ocasionadas por falta de estrutura de manutenção, e baixo nível de priorização de
ações corretivas em sistemas não ligados diretamente ao processo produtivo.
Recomendou-se a criação de uma estrutura de apoio para manutenção e
intervenção para eliminação de vazamentos e interpretações diárias da medição do
consumo.
5.13 TRATAMENTO E REAPROVEITAMENTO DE EFLUENTES, EM SUBSTITUIÇÃO A PARTE DA ÁGUA INDUSTRIAL CONSUMIDA NO PROCESSO PRODUTIVO. 5.13.1 Tratamento e reuso de efluentes da antiga sinterização
O processo de sinterização de alta resistência mecânica adotado inicialmente
na RDM, utilizava material particulado retido nos filtros de mangas e finos de
minérios de manganês. As etapas produtivas envolviam aglomeração, redução e
fusão de partículas minerais, combustíveis sólidos - carvão ou coque - com
insuflamento de ar, suprido por ventiladores.
O sinter, insumo produtivo que substitui o minério no processo produtivo de
Ferro ligas de Manganês, era obtido a partir da formação de pilhas cônicas com
87
camadas intercaladas de finos de carvão vegetal e de minério, diretamente sobre o
solo, com 3 metros de altura por 12 de diâmetro na base.
Após a ignição da pilha, com auxílio de insuflamento de ar no sentido da base
para o topo, iniciava-se o processo de sinterização através de queima durante 40
horas. Após este período, o fornecimento de ar era suspenso, aguardava-se o
resfriamento, para o desmonte posterior e encaminhamento do material para a
britagem em granulometrias específicas.
O local onde funcionava a referida unidade foi formado por aterros em épocas
anteriores, propiciando em função da porosidade, a geração de efluentes, em função
de infiltração de águas pluviais e águas de resfriamento das pilhas de sinter, no solo,
lixiviando materiais depositados no local.
O efluente é coletado em canaletas e conduzido para um sistema de bacias
de contenção, de onde era recalcado para disposição na represa de abastecimento
formada pelo barramento do Riacho Paramirim, em ponto próximo à estação de
tratamento de água localizada às margens da represa de abastecimento. Esta
instalação é denominada internamente como Estação de Tratamento de Efluentes
(ETA), precisamente ETA- Captação.
Efetuou-se investigações sobre a composição química, e execução de testes
de jarro com o objetivo de se averiguar a possibilidade de tratamento através de
coagulação, sedimentação e filtração. Considerando-se a proximidade do ponto de
aporte do efluente ao lado da estação de tratamento da captação, optou-se pelo
desenvolvimento de um estudo voltado para o seu reaproveitamento através do
tratamento na referida ETA.
Após a verificação preliminar da possibilidade de tratamento e
reaproveitamento do efluente e com o objetivo de obter dados consistentes para
elaboração de relatório sobre avaliação da melhor opção de manejo do efluente,
foram conduzidos estudos de tratabilidade.
88
5.13.2 Campanha de Amostragem e Medição de Vazão
Foram realizadas campanhas com o objetivo de levantar dados e informações
referentes ao trabalho desenvolvido, durante as quais coletou-se o afluente da ETA -
captação e o efluente da sinterização para análise em laboratório das
características, propriedades e ensaios de tratabilidade.
A vazão média do efluente da Sinterização medida em campo foi 17,4 m3/h,
obtida durante o período de maior intensidade de chuvas, direcionando-se o efluente
para um tanque retangular com volume de 4,5 m3, medindo-se paralelamente o
tempo necessário para o enchimento do mesmo com cronômetro de precisão. A
vazão média foi obtida a partir de três determinações.
A vazão para o afluente da ETA - Captação (16,0 m3/h) foi, obtida através de
calha Parshal instalada na estação de tratamento.
Para a análise das características dos efluentes brutos e tratados, como
também dos lodos gerados nos ensaios de coagulação, floculação e sedimentação,
foi elaborado um plano de amostragem e análises, no qual foram definidos 4 pontos
de coleta das amostras de efluentes e lodos apresentados a seguir, e os parâmetros
analisados em cada ponto mostrados na Tabela 11:
• Ponto 1 – Efluente bruto do lixiviado da Sinterização;
• Ponto 2 – Efluente tratado do ensaio de coagulação/floculação do lixiviado da
Sinterização do ensaio;
• Ponto 3 – Lodo gerado no ensaio de coagulação/floculação do lixiviado da
Sinterização;
• Ponto 4 – Lodo gerado na ETA - Captação
89
Tabela 11: Parâmetros e pontos de amostragem das análises.
Parâmetro
Efluente bruto do
lixiviado da sinterização
Efluente tratado do ensaio do
lixiviado da sinterização
Lodo gerado no ensaio do
lixiviado da sinterização
Lodo gerado na
ETA-CAPTAÇÃO
DBO (mg/L) X X DQO (mg/L) X X
Óleos e Graxa X X
Sólidos Suspensos
(mg/L) X X X X
Sólidos totais
dissolvidos (mg/L)
X X X X
Temperatura (oC) X X
Cloretos X X Arsênio X X X X Cádmio X X X X Cromo
trivalente X X X X
Cromo hexavalente X X X X
Cobre X X X X Níquel X X X X Zinco X X X X
magnesio X X Vanádio X X X X
Molibdênio X X X X Calcio X X
Alumínio X X X X Fósforo total X X Nitrogênio
Total X X
Cor X X Turbidez X X
5.13.3 Ensaios de tratabilidade e Teste do jarro
O principal objetivo dos ensaios de tratabilidade realizados foi o de avaliar a
qualidade final do efluente tratado como também investigar as melhores condições
de coagulação/floculação/sedimentação. Utilizou-se cloreto férrico e sulfato de
alumínio como coagulantes e polímero sintético, POLYFLOC, fabricado pela GE-
BETZ, como auxiliar na coagulação/floculação dos diferentes efluentes.
90
Foram realizados vários ensaios utilizando-se floco/decantação, através de
teste de jarros. Tal ensaio é o método mais empregado para a determinação das
condições ótimas de coagulação/floculação do processo, considerando-se que os
resultados obtidos podem ser utilizados em escala real.
Em todos os ensaios foram adicionados 1000 ml de efluente da sinterização
em cada cuba. Para os seis primeiros ensaios foi utilizado sulfato de alumínio como
coagulante e polímero POLYFLOC como auxiliar na floculação. Na Tabela 13 são
apresentados os resultados obtidos utilizando-se o efluente bruto da Sinterização.
Na figura 9 vizualiza-se amostras do efluente bruto.
A primeira bateria de ensaios foi realizada adicionando-se 10, 15 e 20 ml de
sulfato de alumínio e 5 ml de polímero, respectivamente em cada cuba. Como pode-
se observar na Tabela 12 e na Figura 13 os efluentes resultantes do ensaio não
apresentaram boa qualidade. Prosseguindo-se na pesquisa, foram efetuados
diversos ensaios, variando-se sempre a quantidade de reagentes, na busca da
condição ótima de tratabilidade.
a
5.13.4 Ensaio com o efluente da Sinterização
A Figura 13 mostra o efluente bruto da Sinterização após a adição de sulfato de
alumínio: 10 (a), 15 (b) e 20 (c) mg/L e 5 ml de Polímero. Com as dosagens
especificadas não se obteve efluentes de boa qualidade.
A segunda bateria de ensaios foi realizada com 40, 60 e 80 ml de Sulfato de
Alumínio e 7,5 de polímero. Observou-se a formação de flocos muito grandes,
dificultando a etapa seguinte, de sedimentação. O efluente gerado após a
sedimentação não apresentou boa qualidade.
A figura 14 mostra o resultado da terceira bateria de ensaios onde foram
adicionados 10 ml, de cloreto férrico (a) na primeira cuba e 100 (b) e 125 ml (c) de
sulfato de alumínio respectivamente na segunda e terceira cuba e como auxiliar de
floculação, 5 ml de polímero em cada uma das três cubas.
91
Após sedimentação de 30 minutos, percebeu-se que o volume de 10 ml de
cloreto férrico e 5ml de polímero, adicionados a primeira cuba, proporcionou o
melhor resultado e qualidade do efluente tratado da sinterização. Apesar da boa
condição de tratabilidade, a expressiva geração de lodo, poderia ser uma condição
restritiva ao projeto.
A Figura 12: Efluente bruto da sinterização
b c a
92
Figura 13: Efluente da sinterização tratado com 10, 15 e 20 ml de sulfato de alumínio e 5 ml de polímero
Figura 14:Teste com 10 ml de cloreto férrico(a) e 100(b) e 125 ml(c) de sulfato de alumínio
LODO SEDIMENTADO
b c a
100 ml de Al2(SO4)3 e 5
ml de polímero
125 ml de Al2(SO4)3 e 5 ml
de polímero
10 ml de Al2(SO4)3 e 5
ml de polímero
15 ml de Al2(SO4)3 e 5
ml de polímero
20 ml de Al2(SO4)3 e 5
ml de polímero
a b c
10 ml de FeCl3
e 5 ml de polímero
93
Tabela 12: Ensaios com efluente da sinterização utilizando-se sulfato de alumínio (Al2SO4)3, cloreto férrico e polímero.
Teste Condutividade Natural
Temp. (ºC)
pH Natural Reagente
Vol. Reagente
(ml)
Condutividade Final
pH Final
Vol. Lodo (ml/l)
Sólidos Sed. (ml/l)
Clarificação do
sobrenadante
01 NR 26,5 7,3 Sulf. de Alumínio Polímero
10,0
5,0 NR 7,7 NR NR TURVO
02 NR 27,1 7,7 Sulf. de Alumínio Polímero
15,0
5,0 NR 7,9 NR NR TURVO
03 NR 27,5 7,8 Sulf. de Alumínio Polímero
20,0
5,0 NR 7,7 NR NR TURVO
04 NR 27,9 8,9 Sulf. de Alumínio Polímero
40,0
7,5 NR 7,7 NR NR TURVO
05 NR 28,2 8,9 Sulf. de Alumínio Polímero
60,0
7,5 NR 7,1 NR NR TURVO
06 NR 28,2 8,9 Sulf. de Alumínio Polímero
80,0
7,5 NR 6,8 NR NR TURVO
07 10,4µs 28,1 8,8 Cloreto Férrico Polímero
10,0
5,0 10,1µs 5,8 850 750 Clarificado
08 NR 27,8 8,9 Sulf. de Alumínio Polímero
100
5,0 NR 6,4 NR NR TURVO
09 NR 27,7 8,8 Sulf. de Alumínio Polímero
125,0
5,0 NR 6,2 NR NR TURVO
Condições de ensaio: Tempo de mistura rápida de (Tmr) de 15 segundos, Gmr de 850 s -1
, Tf = 20 min., Gf = 100 s-1
NR: Não Registrado
94
5.13.5 Resultados físico-químicos e biológicos de laboratório do efluente da sinterização
Após os ensaios em bancada encaminhou-se amostras de afluentes brutos e
tratado para análises físico-químicas e biológica no laboratório do Senai Cetind em
Lauro de Freitas
Na tabela 13 são mostrados os resultados das análises de laboratório dos
parâmetros do efluente bruto da sinterização após ensaio de tratabilidade utilizando
um volume de 10 ml de cloreto férrico e 5 ml de polímero. Ainda no mesmo quadro
são apresentados os valores máximos dos parâmetros contidos na resolução
CONAMA 357/2005, para efeito de comparações. Nos gráficos 16 e 17 são
registrados comparativamente os elementos de maior interesse nos efluentes bruto
e tratado. Observou-se que o efluente tratado apresentou 99,99% de remoção de
Arsênio total, 99,5% de cor aparente, mas uma baixa eficiência de remoção de
carga orgânica, sendo 44,28% de remoção de DBO e 56,46% de DQO. Quando
comparado os valores físico-químicos do efluente tratado com os padrões do
CONAMA 357/2005, todos os resultados ficaram abaixo do padrão máximo
estabelecido. (BRASIL, 2005)
Tabela 13: Resultados das análises de laboratório do efluente bruto e tratado da sinterização.
Ensaio UNIDADE Método LDM
Efluente Sinterização
Bruto
Efluente Sinterização
Tratado RESOLUÇÃO
CONAMA 357/2005
Resultado Resultado
Cromo III mg/L ASTM D1687-92 0,05 ND ND NR
Arsênio(As) total µg/L MESP
001(SM3500 As) 10 1570 ND 0,5 mg/L
Cádmio(Cd) total µg/L
MESP 030(ASTM D
3559-02)
5 ND ND 0,2 mg/L
Cobre(Cu) total mg/L MESP
005(ASTM D 1688-02)
0,05 0,05J ND 1,0 mg/L
Níquel(Ni) total mg/l MESP
008(ASTM D 1886-03)
0,08 ND ND 2,0 mg/L
Zinco(Zn) total mg/L MESP 010(ASTM D-02)
0,05 0,07J 2 5,0 mg/L
Magnésio (Mg) total mg/L MESP 020 0,3 7,7 6,7 NR
Vanádio(V) total mg/L MESP
017(SM3500 V) 2 ND ND NR
95
Ensaio UNIDADE Método LDM
Efluente Sinterização
Bruto
Efluente Sinterização
Tratado RESOLUÇÃO
CONAMA 357/2005
Resultado Resultado
Molibidênio (Mo) total mg/L
MESP 018(SM3500 Mo
C) 0,3 2,3 ND NR
Cálcio(Ca) total mg/L MESP 019 0,3 30 10 NR
Aluminio(Al) total mg/L
MESP 013(ASTM D
857/02)
0,5 0,9J 2,3 NR
DBO mgO2/L MQGI 056(SM 5210 B)
1 822 458 NR
DQO mgO2/L MQGI 027(SM 5220 D 20 th) 6 2940 1280 NR
Óleos e graxas mg/L MQGI 032(SM 5520 C) 1 (a) 46 20mg/L
Sólidos em Suspensão mg/L MQGI 025(SM
2540 D) 10 21 35 NR
Cloretos mg/L MQGI 007(SM 4500 CI-B) 2 2190 2790 NR
Fósforo total mgP/L MQGI 013(SM 4500 P) 0,023 4,15 0,061J NR
Nitrogênio total mg N/L MQGI 040(SM 4500 NC)
1 18 3J 20mg/L N
Cor aparente mgPt-Co/L MQGI
011(SMEWW 2120 A/B)
5 1000 5 NR
Turbidez NTU MQGI 021(SM 2130 B) 0,02 10,5 30,4 NR
Temperatura 0C MQGI 110(SM 2550 A/B) - 30,7 Ambiente < 400C
Sólidos Totais Dissolvidos mg/L MQGI 024(SM
2540 C) 1,3 3520 4680 NR
Legenda ND: Não Detectado. SM: Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater, 20th. Edition. J: Analito detectado, mas abaixo do Limite de Quantificação do Método (3,3 LDMs). LDM: Limite de Detecção do Método. (a): Ensaio não realizado devido a interferência de cor; NR: Não Regulamentado.
96
Gráfico 16: Comparação entre o efluente bruto e tratado. (Cu – Mg – Mo – Ca – P – N - As)
Gráfico 17: Comparação entre o efluente bruto e tratado. (Cor – DBO - DQO)
97
5.13.6 Ensaios com o efluente misturado da sinterização e do afluente da ETA - Captação
Prevendo-se o tratamento do efluente na ETA-Captação os ensaios foram
realizados em proporções similares ao que pode ocorrer em escala real, misturando-
se a água bruta com o efluente.
Para a realização dos ensaios, foram adicionadas em cada cuba, as
proporções equivalentes às vazões dos sistemas estudados, ou seja, foram
misturados 520 ml do efluente da sinterização (relativos à vazão de 17,4 m3/h), e
480ml do afluente da ETA-Captação (relativos à vazão de 16 m3/h).
São apresentados, nas tabelas 14 e 15, os resultados dos ensaios realizados
com a mistura do efluente bruto da sinterização (520 ml) e do afluente da ETA-
Captação (480 ml).
Nos três primeiros ensaios, adicionou-se cloreto férrico como coagulante e
polímero como auxiliar de floculação. Foram utilizados 5 ml de cloreto férrico e 3 ml
de polímero na primeira cuba, 10 ml de cloreto férrico e 5 ml de polímero na
segunda cuba e 15 ml de cloreto férrico e 7,5 ml de polímero na terceira cuba.
Observou-se que a formação de flocos não proporcionou boa sedimentabilidade e os
efluentes resultantes não apresentaram qualidade satisfatória.
Nos ensaios seguintes, resolveu-se adicionar somente cloreto férrico ao
tratamento, utilizando-se respectivamente 5(a),10(b) e 15(c) ml em cada cuba. Após
sedimentação de 30 minutos, notou-se que o volume de 5 ml de cloreto férrico
adicionados à primeira cuba, proporcionou o melhor resultado de sedimentação,
porém com baixa qualidade do efluente tratado, ver figura 15.
98
Figura 15: Mistura do efluente bruto da sinterização e do afluente da ETA- Captação (adição
de 5 (a), 10 (b) e 15 (c) ml de cloreto férrico) 30 minutos após sedimentação.
A bateria de ensaios seguinte foi realizada adicionando-se 5 (a), 10 (b) e 15
(c) ml de sulfato de alumínio na primeira, segunda e terceira cubas respectivamente.
Os efluentes tratados com 10 e 15 ml de sulfato de alumínio apresentaram
visualmente, efluente mais clarificado e de melhor qualidade, sendo que a dosagem
de 15 ml de sulfato de alumínio apresentou resultado ligeiramente melhor, ver Figura
16.
5 ml de FeCl3
(a)
15 ml de FeCl3
(c)
10 ml de FeCl3
(b)
99
Figura 16: Mistura do efluente bruto da sinterização e do afluente da ETA- Captação (adição
de 5(a), 10(b) e 15(c) ml de sulfato de alumínio) 30 minutos após sedimentação.
Como a adição de sulfato de alumínio no tratamento da mistura do efluente
bruto da Sinterização e do afluente da ETA- Captação proporcionou os melhores
resultados, foram realizados mais dois ensaios, utilizando-se 20 ml (a) e 30ml (b) de
sulfato de alumínio, obtendo-se resultados satisfatórios, com sedimentabilidade e
transparência bastante semelhantes (Figura 17).
Para fins de minimização do uso de insumos e otimização econômica do
processo conduziu-se ensaios com 15 ml de sulfato de alumínio, obtendo-se os
melhores resultados (Figura 18). A sedimentação e transparência foram aceitáveis e
a média de volume de lodo (V.L.) e de sólidos suspensos sedimentáveis foram
respectivamente (SSd) 220 ml/l e de 160 ml/l respectivamente.
5 ml Al2(SO3
(a)
10 ml Al2(SO4)3
(b)
15 ml Al2(SO4)3
(c)
100
Figura 17: Mistura do efluente bruto da sinterização com afluente da ETA- Captação (adição de 20(a) e 30(b) ml de sulfato de alumínio).
Figura 18: Mistura do efluente bruto da sinterização com afluente da ETA- Captação (adição de 15 ml de sulfato de alumínio).
15 ml Al2(SO4)3
30 ml Al2(SO4)3
15 ml Al2(SO4)3
15 ml Al2(SO4)3
(b)
(a) (b) (c)
20 ml Al2(SO4)3
(a)
101
Tabela 14: Ensaios da mistura do efluente bruto da sinterização e do afluente da ETA-Captação, utilizando-se cloreto férrico (FeCl3)
Teste Conduti-vidade Natural
Temp. (ºC)
pH Natural Reagente
Vol. Reagente (ml)
Conduti-vidade Final
pH Final
Vol. Lodo (ml/l)
SólidosSed. (ml/l)
Clarificação do sobrenadante
01 NR 27,8 8,73 Cloreto Férrico Polímero
5,0 3,0
NR 5,7 NR NR TURVO
02 NR 27,3 8,69 Cloreto Férrico Polímero
10,0 5,0
NR 2,6 NR NR TURVO
03 NR 27,5 8,7 Cloreto Férrico Polímero
15,0 7,5
NR 2,3 NR NR TURVO
04 NR 26,1 8,57 Cloreto Férrico Polímero
5,0 -
NR NR NR NR Clarificado
05 NR 26,2 8,52 Cloreto Férrico Polímero
10,0 -
NR NR NR NR TURVO
06 NR 28,1 8,50 Cloreto Férrico Polímero
15,0 -
NR NR NR NR TURVO
Condições de ensaio: Tempo de mistura rápida de (Tmr) de 15 segundos, Gmr de 850 s -1, Tf = 20 min., Gf = 100 s-1
NR: Não Registrado. Testes realizados em 26/04/05
102
Tabela 15: Ensaios da mistura do efluente bruto da sinterização e afluente da ETA-Captação, utilizando-se sulfato de alumínio (Al2SO4)3.
Teste Conduti-vidade Natural
Temp. (ºC)
pH Natural Reagente
Vol. reagente
(ml)
Condutividade Final
pH Final
Vol. Lodo (ml/l)
SólidosSed. (ml/l)
Clarificação do sobrenadante
01 NR 27,8 8,47 Sulf. de Alumínio Polímero
5,0 -
NR 5,7 NR NR TURVO
02 NR 27,3 8,48 Sulf. de Alumínio Polímero
10,0 -
NR 2,6 NR NR TURVO
03(*) 2684µs 27,5 8,48 Sulf. de Alumínio Polímero
15,0 -
2440µs 2,3 200 150 Clarificado
04 NR 26,1 8,39 Sulf. de Alumínio Polímero
15,0
1,0 NR 5,2 NR NR TURVO
05 NR 26,2 8,45 Sulf. de Alumínio Polímero
10,0
2,5 NR 7,1 NR NR TURVO
06 NR 28,1 8,48 Sulf. de Alumínio Polímero
15,0
5,0 NR 6,8 NR NR TURVO
07 2657µs 26,1 8,49 Sulf. de Alumínio Polímero
20,0
1,0 2608µs 5,2 230 175 Clarificado
08 2556µs 26,2 8,51 Sulf. de Alumínio Polímero
30,0 -
2642µs 7,1 260 200 Clarificado
103
5.13.7 Resultados físico-químicos de laboratório da mistura do efluente bruto da sinterização e do afluente da ETA- Captação
Na tabela 16 são apresentados os resultados obtidos no ensaio realizado em
que foi estudado o tratamento da mistura do efluente bruto da sinterização com o
afluente da ETA-Captação utilizando-se 15 ml de sulfato de alumínio. Os ensaios
proporcionaram as seguintes eficiências de remoção:
• Arsênio de 99,99%;
• DBO de 89,86%;
• DQO de 86,96%;
• Cor aparente de 99,00% e
• Turbidez de 82,57%.
Todos os resultados ficaram abaixo dos padrões estabelecidos pela
Resolução CONAMA 357. Não foi detectada presença de Cádmio no efluente bruto,
entretanto no efluente tratado observou-se uma concentração de 19 mg/L,
provavelmente devido à impureza do coagulante. Em função dos resultados obtidos
optou-se pela adoção das dosagens identificadas em escala real, de 15 ml de sulfato
de alumínio por litro.
Tabela 16: Resultados físico-químicos do efluente bruto e tratado da mistura do efluente da sinterização com o afluente da ETA- Captação.
Ensaio Unidade Método LDM
Efluente (Sinterização +
ETA CAPTÇÃO)
Efluente tratado
(Sinterização + ETA
CAPTAÇÃO)
Resolução Conama 357/2005
Resultado Resultado
Cromo III mg/L ASTM D1687-92 0,05 ND ND NR
Arsênio(As) total µg/l MESP 001(SM3500 As) 10 1010 ND 0,5 mg/L
Cádmio(Cd) total µg/l MESP 030(ASTM D
3559-02) 5 ND 19 0,2 mg/ Cobre(Cu)
total mg/L MESP 005(ASTM D
1688-02) 0,05 ND ND 1,0 mg/ Níquel(Ni)
total mg/L MESP 008(ASTM D 1886-03) 0,08 ND ND 2,0 mg/
Zinco(Zn) total mg/L MESP 010(ASTM D-
02) 0,05 0,07J ND 5,0 mg/
104
Ensaio Unidade Método LDM
Efluente (Sinterização +
ETA CAPTÇÃO)
Efluente tratado
(Sinterização + ETA
CAPTAÇÃO)
Resolução Conama 357/2005
Resultado Resultado Magnésio (Mg) total mg/L MESP 020 0,3 9,3 6,4 NR
Vanádio(V) total mg/L MESP 017(SM3500 V) 2 ND ND NR
Molibidênio (Mo) total mg/L MESP 018(SM3500 Mo
C) 0,3 1,2 0,5J NR Cálcio(Ca)
total mg/L MESP 019 0,3 43 16
NR Aluminio(Al)
total mg/L MESP 013(ASTM D 857/02) 0,5 1,2J 2,1 NR
DBO mgO2/l MQGI 056(SM 5210 B) 1 801 80,4 NR
DQO mgO2/l MQGI 027(SM 5220 D
20 th) 6 920 120 NR Óleos e graxas mg/L MQGI 032(SM 5520 C) 1 (a) ND 20mg/L
Sólidos em Suspensão mg/L MQGI 025(SM 2540 D) 10 13 16 NR
Cloretos mg/L MQGI 007(SM 4500 CI-
B) 2 2150 1100 NR
Fósforo total mgP/l MQGI 013(SM 4500 P) 0,023 2,22 0,0099 NR Nitrogênio
total mg N/l MQGI 040(SM 4500 NC) 1 8 2J 20mg/L N
Cor aparente
mgPt-Co/l
MQGI 011(SMEWW 2120 A/B) 5 1000 10 NR
Turbidez NTU MQGI 021(SM 2130 B) 0,02 13,6 2,37 NR
Temperatura 0C MQGI 110(SM 2550 A/B) - 38,5 25 < 400C
Sólidos Totais
Dissolvidos mg/L MQGI 024(SM 2540 C) 1,3 2230 1230
NR
Legenda ND: Não Detectado. SM: Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater, 20th. Edition. J: Analito detectado, mas abaixo do Limite de Quantificação do Método (3,3 LDMs). LDM: Limite de Detecção do Método. (a): Ensaio não realizado devido a interferência de cor; NR: Não Regulamentado.
5.13.8 Resíduos Sólidos (Lodos) Gerados nos Tratamentos
São apresentados a seguir os resultados das análises de laboratório dos
lodos gerados nos ensaios de coagulação/floculação, utilizando o efluente da
sinterização, lodo da mistura entre o efluente e o afluente da ETA- Captação.
Foram coletadas e encaminhadas para análise em laboratório, as seguintes
amostras de lodo:
• Lodo gerado no ensaio de coagulação/floculação do lixiviado da Sinterização;
• Lodo do Efluente tratado (Sinterização + ETA- Captação);
105
• Lodo da ETA- Captação.
A Tabela 17 apresenta o resultado das análises de laboratório de cada lodo e
compara com os limites máximos estabelecidos pela Associação Brasileira de
Normas Técnicas (2004) para lixiviado (Anexo F), e solubilizado (Anexo G). A
referida norma classifica os resíduos sólidos quanto aos seus riscos potenciais ao
meio ambiente e à saúde pública, para que possam ser gerenciados
adequadamente.
Observou-se que todos os resultados ficaram abaixo dos padrões
estabelecidos pelo anexo F da norma NBR 10004 , com isso classificou-se os lodos
gerados nos ensaios como Resíduos Classe IIB, significando que o resíduo é não
perigoso, em função de não terem sidos violados os padrões dos elementos
constantes do anexo F da referida norma.
Tabela 17: Resultado de análise de lodos.
Ensaio Unidade Método LDM
Lodo do Efluente
Sinterização tratado
Lodo do Efluente tratado
(Sinterização + ETA
Captação)
Lodo gerado na
ETA Captação
NBR - 10004 Limite
máximo no lixiviado (mg/L)
NBR - 10004 Limite
máximo no Solubilizado
(mg/L)
Resultado Resultado Resultado
Cromo III mg/L ASTM D1687-92 0,05 ND (a) 5 5 0,05
Arsênio(As) total µg/l
MESP 001(SM3500
As) 10 19J 313 68 1 0,01
Cádmio(Cd) total µg/l
MESP 030(ASTM D
3559-02) 5 ND ND ND 0,5 0,005
Cobre(Cu) total mg/L MESP
005(ASTM D 1688-02)
0,05 0,23 0,17 0,82 NR 2
Níquel(Ni) total mg/L MESP
008(ASTM D 1886-03)
0,08 0,19J 0,09J 0,23J NR NR
Zinco(Zn) total mg/L MESP
010(ASTM D-02)
0,05 5,4 0,37 3 NR 5
Magnésio (Mg) total
mg/L MESP 020 0,3 - - - NR NR
Vanádio(V) total mg/L
MESP 017(SM3500
V) 2 ND ND ND NR NR
Molibidênio (Mo) total mg/L
MESP 018(SM3500
Mo C) 0,3 5,5 0,6J 0,3 NR NR
Cálcio(Ca) total mg/L MESP 019 0,3 - - - NR NR
Aluminio(Al) total mg/L
MESP 013(ASTM D
857/02) 0,5 4,9 180 1460 NR 0,2
DBO mgO2/l MQGI 056(SM
5210 B) 1 - - - NR NR
106
Ensaio Unidade Método LDM
Lodo do Efluente
Sinterização tratado
Lodo do Efluente tratado
(Sinterização + ETA
Captação)
Lodo gerado na
ETA Captação
NBR - 10004 Limite
máximo no lixiviado (mg/L)
NBR - 10004 Limite
máximo no Solubilizado
(mg/L)
Resultado Resultado Resultado
DQO mgO2/l MQGI 027(SM 5220 D 20 th)
6 - - - NR NR
Óleos e graxas mg/L MQGI 032(SM 5520 C) 1 - - - NR NR
Cloretos mg/L MQGI 007(SM 4500 CI-B)
2 - - - NR NR
Fósforo total mgP/l MQGI 013(SM 4500 P) 0,02 - - - NR NR
Nitrogênio total mg N/l MQGI 040(SM 4500 NC)
1 - - - NR Como N 10,0
Cor aparente mgPt-Co/l
MQGI 011(SMEWW
2120 A/B) 5 - - - NR NR
Turbidez NTU MQGI 021(SM 2130 B) 0,02 - - - NR NR
Temperatura 0C MQGI 110(SM 2550 A/B)
- - - - NR NR
Sólidos Totais Dissolvidos mg/L MQGI 024(SM
2540 C) 1,3 3403 1190 789 NR NR
Legenda ND: Não Detectado. SM: Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater, 20th. Edition. J: Analito detectado, mas abaixo do Limite de Quantificação do Método (3,3 LDMs). LDM: Limite de Detecção do Método. (a): Ensaio não realizado devido a interferência de cor; NR: Não Regulamentado.
5.14 AVALIAÇÃO DAS ALTERNATIVAS DE TRATAMENTO DO EFLUENTE DA SINTERIZAÇÃO SOB O ASPECTO HIDRÁULICO 5.14.1 ETA- Captação recebendo o efluente da sinterização
Após a etapa de verificação da viabilidade do tratamento avaliou-se o sistema
hidráulico, com o objetivo de se diagnosticar a necessidade de modificações
estruturais e de equipamentos, caso necessário.
A ETA- Captação tem a finalidade de tratar parte da água utilizada no
processo industrial, ou seja, suprir parte do sistema de abastecimento de água não
potável da RDM.
O tratamento da água é realizado através de processo físico-químico,
formado por estações elevatórias, unidade de preparação de produtos químicos,
floculador, decantador, reservatório de lodo e reservatório para água clarificada. O
fluxograma do processo que pode ser descrito a seguir.
107
Ao chegar a ETA, são adicionados ao afluente bruto peróxido de hidrogênio,
sulfato de alumínio e Polieletrólito (agentes floculantes), com a função de reduzir a
carga orgânica. Em seguida ocorrem os processos de mistura rápida, floculação e
decantação.
O efluente clarificado é conduzido por gravidade para o reservatório e
posteriormente será utilizado no processo.
Os sólidos sedimentados são removidos por gravidade para o reservatório de
lodo e em seguida encaminhados para tratamento na ETALGÁS.
O sistema de tratamento de água da ETA- Captação foi projetado para tratar
uma vazão máxima de 80 m3/h, porém a vazão atual de água bruta tratada é de 16,0
m3/h. Como a vazão máxima do efluente gerado no processo de sinterização é 17,4
m3/h, conclui-se, com base nos ensaios físico-químicos e na capacidade hidráulica,
que a ETA- Captação poderia tratar o efluente da Sinterização. Na figura 19
vizualiza-se o fluxo do tratamento na ETA- Captação.
108
PERÓXIDO DE HIDROGÊNIO
RESERVATÓRIO DE ÁGUA TRATADA
MISTURA RÁPIDA
SINTERIZAÇÃO
Chegada de água bruta
SULFATO DE ALUMÍNIO
PERÓXIDO DE HIDROGÊNIO
POLÍMERO
Vazão de projeto 80 m3/h
Vazão atual 16 m3/h
0,8 m3/h
ETALGAS
17,4 m3/h
FLOCULADOR
DECANTADOR
Reservatório de água tratada
MISTURA RÁPIDA
Figura 19 - Tratamento do efluente da sinterização na ETA Fonte: FH Engenharia Ambiental (2006)
109
5.15 TRATAMENTO EM ESCALA REAL
Após a avaliação e comprovação da possibilidade de tratamento e
reaproveitamento do efluente, procedeu-se as modificações hidráulicas necessárias
à canalização do efluente, iniciando-se o tratamento e reuso a partir do final do mês
de Julho de 2006. Na Tabela 18 e no Gráfico 18 registrou-se o volume de efluente
tratado e reutilizado.
Em épocas de alta pluviosidade, quando a vazão do efluente aumenta, o
operador da estação altera a rotina de tratamento, modificando as dosagens de
produtos químicos, com base nas quantidades obtidas através dos testes do jarro.
As variações observadas no gráfico 18 ocorrem em função da geração do efluente
ser influenciada por fatores como sazonalidade, produção e o tratamento ser
processado em bateladas.
Gráfico 18: Volume de efluente da sinterização tratado em 2006.
Tabela 18: Volumes de efluente da sinterização tratados.
Mês Volume tratado (m³) Julho/2006 44
Agosto/2006 329 Outubro/2006 386
Novembro/2006 125
110
6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES 6.1 CONCLUSÕES
Neste trabalho desenvolveu-se e implantou-se uma política abrangente de
racionalização do uso da água potável na RDM tendo como instrumento norteador
um Balanço Hídrico do consumo de água potável. Foram destacadas e enfatizadas
as quantificações de consumo por áreas e setores, juntamente com o
Cadastramento Hidráulico das instalações industriais, introdução de intervenções
voltadas para a redução do consumo, através de atividades de conscientização do
quadro de colaboradores, intervenções sobre o sistema de distribuição e consumo,
reaproveitamento de efluentes e modificação de projetos.
Para obtenção de maior eficiência das ações a serem tomadas na busca do
objetivo do trabalho, adotou-se como base metodológica a divisão do sistema de
abastecimento de água da RDM em duas partes: Um subsistema de água potável e
um subsistema de água bruta.
Como resultado, obteve-se um diagnóstico do consumo de água potável por
áreas da empresa, possibilitando a intervenção nos pontos mais críticos, reduzindo-
se o índice de consumo médio diário por pessoa no ano de 2006, de 123 litros para
60 litros e substituição de parte da água utilizada no processo industrial por efluentes
tratados, através do aproveitamento de efluentes com alto potencial poluidor,
eliminando-se um passivo ambiental para a empresa.
Proporcionou-se também com este trabalho a formação de um contingente de
colaboradores da RDM comprometidos com a gestão de recursos hídricos de uma
forma geral, criando-se uma consciência ambiental sólida, com implicações
comportamentais que extrapolam o ambiente laboral.
Do ponto de vista econômico, a direção da empresa pôde perceber que o
quadro anterior relativo ao consumo de água potável era de desperdício acentuado,
tomando consciência sobre a real necessidade da mudança de paradigmas internos,
ligados a gestão de recursos hídricos na empresa. Os gastos com água potável
111
foram reduzidos em média em torno de 51%, variando de R$ 972,00 por dia, para
R$ 474,00, proporcionando uma economia anual de R$ 181.770,00.
Proporcionou-se também ganhos para a imagem da RDM, a partir da
divulgação e premiação do trabalho em seminários do Círculo de Controle da
Qualidade (CCQ) para outras empresas do grupo Vale do Rio Doce.
Um outro ganho direto do ponto de vista econômico pela economia de água
potável, e intangível pelo que agrega de positivo a imagem da RDM como empresa
responsável, diz respeito ao reaproveitamento de água de chuva em uma de suas
edificações, possibilitando em etapa posterior, a aplicação do modelo em outras
instalações do parque industrial.
6.2 RECOMENDAÇÕES
Propõe-se a continuidade de ações voltadas para o uso racional de recursos
hídricos através da instituição de uma Política de Gestão, abrangente e respalda
pela alta administração da empresa. No anexo 1 sugeriu-se um modelo de plano de
gestão de recursos hídricos, que poderá ser um instrumento executivo para
instituição da política de gestão de recursos hídricos da RDM.
Recomenda-se também o aprimoramento do balanço de água bruta,
considerando-se que além de servir como um dado importante para o controle
operacional, servirá de orientação para a adoção de medidas mais focadas na
redução do consumo de água.
Sugere-se também a adoção de indicadores básicos que permitiram se avaliar
com clareza para onde e em que quantidade é destinada a água, em cada segmento
do processo de produção e distribuição. A seguir são recomendados alguns itens
como medidas para avaliação e geração de subsídios destinados a futuras ações de
intervenção e estabelecimento de um Programa de gestão de recursos hídricos:
112
• Efetuar micromedição sistemática como instrumento de controle e subsídio
para intervenções;
• Estabelecer indicador de consumo para água bruta, em termos de metros
cúbicos de água consumida por tonelada de liga produzida;
• Manter a eficiência do sistema de escoamento e contenção de águas
pluviais como forma manter a qualidade da água captada para tratamento;
• Estabelecer rotina diária de comparação do consumo versus volume
outorgado;
• Implantar rotinas para análise dos indicadores.
• Dispor de equipe dedicada e treinada, monitorando e analisando a
situação, e acionando as demais áreas da empresa em atividades de
redução de perdas de água;
• Manter medidores de boa qualidade e resolução, adequadamente
dimensionados, instalados e aferidos, com manutenção preventiva e
corretiva;
• Assegurar a confiabilidade nos processos de leitura dos hidrômetros,
através de padronização de rotinas;
• Buscar melhoria contínua quanto ao refinamento do processo de medição
de toda a água consumida na empresa;
• Diagnosticar desvios de consumo, através de rotinas de análise do volume
apurado com base no índice de variação de consumo dos períodos
anteriores;
• Manter as informações em bancos de dados sempre atualizadas e
coerentes com a realidade;
• Estabelecer rotinas de manutenção corretiva e preventiva, englobando a
troca de hidrômetros quebrados, violados, embaçados e parados.
113
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118
ANEXO 1 – Programa de Gestão de Recursos Hídricos
PROGRAMA DE GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS
SUMÁRIO
Página
1 - Objetivos 116 2 - Aplicação 116 3 - Caracterização da área de abrangência 116 3.1 - Áreas operacionais utilizadoras de água bruta aduzida da represa 116 3.2 – Áreas administrativas utilizadoras de água potável 116 3.3 - Mananciais de abastecimento 116 3.4 - Sistemas de tratamento, lavagem de gases e refrigeração de fornos 116 3.5 - Pontos de monitoramento de águas superficiais e efluentes 117 3.6 - Pontos de monitoramento de águas subterrâneas 117 3.7 - Freqüência de Monitoramento 118 3.8 - Tanques reservatórios 118 3.8.1 – Planta I 118 3.8.2 – Captação 118 3.8.3 – Planta III 119 3.9 - Sistema de tratamento de esgotos sanitários 119 3.10 - Sistema de distribuição de água potável e controle de qualidade. 120 3.11 - Sistema de distribuição de água industrial 120 4 - ações para atinjir metas 120 5 - documentos referenciados 121 6 - atribuições 121 6.1- Atribuição da Diretoria de Manganês 121 6.2 - Atribuição da comissão 121 6.3 - Atribuições do coordenador da comissão de recursos hídricos 122 6.4 - Atribuições do membro da comissão 122 6.5 - Atribuição das gerencias 122 6.6 - Atribuições específicas da Gerência de Meio Ambiente 122 7 - Documentação 123 7.1- Lista de documentos 123 7.2 - Controle de documentos 123 8 - Programa de capacitação e treinamento 123 9 - Análise crítica 123 10 - Auditorias 124 11 - Inspeções da comissão de recursos hídricos 124 12 - Considerações gerais 124 1 - Objetivos
Definir os procedimentos básicos para a gestão dos recursos hídricos utilizados pela
Rio Doce Manganês-RDM.
119
2 - Aplicação
Este Programa de Gestão aplica-se a todas as instalações da planta produtora de
Ferro Ligas da RDM-BA.
3 - Caracterização da área de abrangência
3.1- Áreas operacionais utilizadoras de água bruta aduzida da represa:
▪ Descarga de vagão,
▪ Britagem de escória ,
▪ Torre de resfriamento ,
▪ Resfriamento de sinter e escória,
▪ Caminhão pipa,
▪ Reposição para lavagem de gases
▪ Jardins
3.2- Áreas administrativas e operacionais utilizadoras de água potável:
▪ Prédio ADM,
▪ Escritórios da balança, almoxarifado, manutenção e sinterização,
▪ Portaria principal e lanchonete.
▪ Sanitários e lavatórios das salas de controle dos fornos das plantas – I/II/III.
▪ Vestiários da RDM e contratadas,
▪ Refeitório, posto médico e consultório odontológico.
▪ Sanitários das plantas I/II/III e prédio ADM antigo.
▪ Sanitarios e lavatórios das oficinas.
3.3 - Mananciais de abastecimento
▪ Represa de abastecimento industrial: Manancial destinado ao abastecimento
industrial geral e atividades de apoio como resfriamento de escória, umectação de
vias e resfriamento de sinter.
▪ Riacho Paramirim:Principal tributário da represa de abastecimento industrial.
3.4- Sistemas de tratamento, lavagem de gases e refrigeração de fornos
▪ Sistema de lavagem de gases dos fornos: Sistema de abatimento de material
particulado dos fornos fechados da planta-II, do tipo Venturi.
120
▪ Sistema de tratamento da lama dos Venturis: Sistema projetado para tratar os
efluentes originados na lavagem de gases dos fornos.
▪ Estação de tratamento de água das torres: Sistema de tratamento de água
convencional através de processos de floculação, sedimentação e filtragem.Trata
água da represa e riacho Paramirim.
▪ Estação de tratamento de água das captação: Sistema de tratamento de água
convencional através de processos de floculação, sedimentação e filtragem.Trata
água da represa e efluente da antiga sinterização.
▪ Sistema de refrigeração dos fornos - Formado por torres de refrigeração, bombas
e tubulações. Destina-se a reduzir a temperatura da água responsável pela
refrigeração dos fornos das plantas - I/II/III.Opera em circuito fechado, sendo
necessário a reposição de água perdida por evaporação, respingos e
vazamentos.
Todos os sistemas devem ser operados a partir de instruções operacionais
específicas, elaboradas pela área de utilidades da RDM.
3.5- Pontos de monitoramento de águas superficiais e efluentes.
▪ PRM-01 - Ponto de referência (“background”).
▪ PRM-02 - Ponto onde ocorre a mistura entre o Paramirim e efluentes da área da
torres e canaletas.
▪ PRM-03 - Ponto de entrada na represa.
▪ PT-01 - Ponto de extravasamento no vertedouro da represa
▪ Separadores de água e óleo da Urbtrans, Metastec e Purga dos compressores
3.6- Pontos de monitoramento de águas subterrâneas.
▪ Poço profundo - Localiza-se à montante da planta-II.
▪ PZ-03 - Localiza-se à jusante do pátio de matérias primas.
▪ PZ-04 – Localiza-se à Jusante do antigo Bota Fora-I
▪ PZ-05 - Localiza-se à montante da oficina de máquinas.
▪ PZ-06 – Localiza-se próximo a nascente da portaria principal.
▪ PMA - 0 - Localiza-se à montante do aterro.
▪ PMA -1 – Localiza-se a jusante do aterro.
▪ PMA -2 – Localiza-se a jusante do aterro.
121
3.7 Freqüência de monitoramento e parâmetros monitorados
PONTO PARÂMETROS FREQUÊNCIA
PRM-01 Pb-Zn-Hg-Cu-As Mensal
PRM-02 Pb-Zn-Hg-Cu-As Mensal
PRM-03 Pb-Zn-Hg-Cu-As Mensal
PT-01 Pb-Zn-Hg-Cu-As Mensal
PSA Dureza-Cr-Fe-Zn-Ni-Ph-Fenol-Condut-
óleos e graxas-S-SO4- P-NO3- DQO
Mensal
SÃO da Urbtrans
Óleos e Graxas e Sólidos Sed. Semanal
SÃO Compressores Óleos e Graxas Semanal
Poço Profundo Pb-Zn-Hg-Cu-As Mensal
PZ-03 Pb-Zn-Hg-Cu-As Mensal
PZ-04 Pb-Zn-Hg-Cu-As Mensal
PZ-05 Pb-Zn-Hg-Cu-As Mensal
PZ-06 Pb-Zn-Hg-Cu-As Mensal
PMA-0 / PMA –1 / PMA-2 Dureza-Cr-Fe-Zn-Ni-Ph-Fenol-Condut-
óleos e graxas-S-SO4- P-NO3- DQO Mensal
SAO – Separador água – óleo. PMA – Poço de Monitoramento do Aterro.
3.8 - Tanques reservatórios
3.8.1 - Planta - I
▪ TQ1 - Recebe a água da torre I para refrigeração dos fornos da planta-I
e conversor em caso de emergência (falta de tensão), retornando para o TQC01.
▪ TQC 1 - Recebe a água após a refrigeração dos fornos da planta-I e conversor,
acumulando-a para retorno as torres.
3.8.2 - Captação
▪ TQ 5 e 6 água clarificada oriunda do TQ 1 captação enviando água para o TQ 10
da Planta III.
▪ TQ 1 captação recebe água clarificada da ETA capitação.
▪ TQ 2 - Recebe a água clarificada destinada a funções de apoio.- Planta-II.
122
▪ TQ 4 - Recebe a água após a refrigeração dos fornos da planta-II, acumulando-a
para retorno as torres.
3.8.3 - Planta - III
▪ TQ 10 -Recebe a água clarificada na captação que será utilizada na planta-III.
▪ TQ principal de água potável - Recebe água potável da EMBASA e atua como
pulmão.
▪ TQ secundário de água potável - Recebe água do TQ principal e distribui para a
fábrica.
3.9 - Sistemas de tratamento de esgotos sanitários
▪ Portaria Principal - 01 fossa capacidade 30 pessoas - 01 sumidouro.
▪ Lanchonete - 01 fossa capacidade 50 pessoas - 01 sumidouro.
▪ Laboratório - 02 caixas de passagem.
▪ Prédio Administrativo - 01 fossa capacidade 70 pessoas - 02 caixas de passagem.
▪ Balança Rodoviária - 01 fossa capacidade 30 pessoas - 02 caixas de passagem.
▪ Almoxarifado + Serviços Administrativos - 01 fossa capacidade 50 pessoas - 01
sumidouro - 03 caixas de passagem.
▪ Refeitório - 01 fossa capacidade 30 pessoas - 01 fossa capacidade 20 pessoas -
06 caixas de passagem - 06 caixas de gordura.
▪ Serviço Médico - 01 fossa capacidade 30 pessoas - 07 caixas de passagem
▪ Canteiro das Empreiteiras - 01 fossa capacidade 50 pessoas - 01 sumidouro - 01
caixa de passagem.
▪ Sanitário Central - 02 fossas capacidade 30 pessoas cada - 05 caixas de
passagem.
▪ Conversor - 01 caixa de passagem.
▪ Briquetagem - 01 fossa capacidade 30 pessoas - 06 caixas de passagem.
▪ Captação - 01 fossa capacidade 20 pessoas.
▪ Torre - 01 fossa capacidade 50 pessoas - 01 sumidouro.
▪ Antigo Prédio Administrativo - 02 caixas de passagem.
▪ Pátio de Matéria Prima - 01 fossa capacidade 50 pessoas - 01 sumidouro - 02
caixas de passagem.
▪ Sala de Controle do PMP - 01 fossa capacidade 30 pessoas - 01 sumidouro.
123
▪ Planta II - 01 fossa capacidade 50 pessoas - 01 sumidouro.
▪ Planta III (Sanitário) - 01 fossa capacidade 50 pessoas - 06 caixas de passagem.
▪ Utilidade Planta III - 02 caixas de passagem.
▪ Recepção - 01 fossa capacidade 30 pessoas - 01 sumidouro.
▪ Vestiário Central Masculino - 04 caixas de passagem.
▪ Vestiário Feminino - 01 caixa de passagem.
▪ Manutenção - 01 fossa capacidade 50 pessoas - 01 sumidouro - 02 caixas de
passagem.
Todas as fossas, sumidouros e caixas de gordura deverão ser limpas com
freqüência mínima trimestral.
3.10 - Sistema de distribuição de água potável e controle de qualidade
Consiste na distribuição direta de água adquirida pela EMBASA. A água é
bombeada diretamente para instalações consumidoras com pressão de 6kg/cm2.
O controle de qualidade da água potável fornecida pela EMBASA à RDM deverá ser
efetuado por laboratório independente, responsável pela coleta e análise da água,
observando-se as recomendações da Portaria MS-518 do Ministério da Saúde.
3.11- Sistema de distribuição de água industrial
É constituído por dois sistemas de captação. Um localizado na represa e outro no
riacho Paramirim. O recalque total para os dois pontos é de 1180 m3/dia. Após o
tratamento convencional para atendimento aos requisitos de refrigeração dos fornos
a água é bombeada para os fornos das planta-I/II/III.
3.11 - Sistema de abatimento de poeiras: Consiste na umectação diária das
principais vias de circulação da usina, com água bruta, através de caminhão-pipa.
4- Ações para atingir metas .
As metas devem ser estabelecidas anualmente e passíveis de serem auditadas.
Abaixo seguem alguns exemplos de metas a serem estabelecidas.
124
• Água potável
AÇÃO DESCRIÇÃO PRAZO Conscientização sobre uso da água
Difundir conceitos de economia de água utilizando-se veículos de comunicação interna, DDS, palestras, etc...
Ação contínua
Substituição de equipamentos
Troca de torneiras, chuveiros, adoção de dispositivos em geral para redução de consumo.
Aproveitamento de águas de chuva
Implantação de sistema de coleta e distribuição de água pluviais precipitadas sobre o telhado do prédio ADM
• Água bruta
AÇÃO DESCRIÇÃO PRAZO Reuso de efluentes da antiga sinterização
Tratamento e reutilização de aproximadamente 200 m3/mês
Todas as atividades deverão ser desdobradas em planos de ação.
5 - Documentos referenciados
▪ Diretriz de diretoria executiva - 044
▪ Conama 0357/ 2005
▪ Portaria MS-518 do ministério da saúde.
▪ Lei 6938/81.
6 - Atribuições:
6.1- Atribuição da Diretoria de Manganês
▪ Criação de uma Comissão para Gestão de Recursos Hídricos na RDM.
▪ Disponibilizar recursos para a gestão de recursos hídricos de forma a garantir
atendimento à legislação e normas aplicáveis e a busca de boas práticas
ambientais.
6.2 - Atribuições da comissão
▪ Promover campanhas de conscientização sobre o uso racional de
recursos hídricos.
▪ Participar sempre que solicitado de discussões sobre novos projetos.
▪ Manter, através de seus membros, o corpo gerencial informado das
125
ações da comissão
▪ Atualização do programa de gestão de recursos hídricos
▪ Definir objetivos e metas anuais focando o uso racional de recursos
hídricos.
6.3- Atribuições do coordenador da comissão de recursos hídricos
▪ Fazer o planejamento e programação anual das reuniões da comissão;
▪ Convocar membros para as reuniões da comissão,
▪ Propor pauta mínima para as reuniões;
▪ Manter os membros informados sobre quaisquer alterações da gestão de
recursos hídricos.
6.4- Atribuições do membro da comissão
▪ Participar de forma efetiva dos trabalhos da comissão.
▪ Efetuar balanço hídrico anual.
▪ Adotar medidas comportamentais exemplares na utilização dos recursos
hídricos
▪ Representar frente a comissão as suas áreas de atuação.
▪ Difundir na sua área de atuação as ações definidas na comissão.
▪ Auxiliar na elaboração, implantação e manutenção dos procedimentos
operacionais necessários à gestão dos recursos hídricos das tarefas das suas
áreas.
6.5- Atribuição das gerencias:
▪ Indicar representantes para compor a comissão de recursos hídricos.
▪ Liberar seus empregados para participar da reuniões programadas ou
extraordinárias, bem como de outros eventos da comissão de recursos
hídricos.
▪ Garantir condições para o uso racional dos recursos hídricos.
▪ Adotar campanhas educacionais para o uso racional dos recursos hídricos
pelos seus empregados e contratadas.
▪ Apresentar, sempre que solicitado pela comissão, o andamento dos trabalhos
referentes a recursos hídricos realizados dentro da gerencia.
▪ Implementar e manter o Programa de Gestão de Recursos Hídricos.
126
6.6- Atribuições Especificas da Gerencia de meio ambiente
▪ Monitoramento da qualidade da água e orientação técnica.
▪ Obtenção de concessões para uso da água.
7 - Documentação
7.1- Lista de documentos
- Instruções operacionais
▪ Sistema de emergência para refrigeração dos fornos.
▪ Operação do filtro prensa.
▪ Alimentação das bacias das torres de refrigeração.
▪ Equalização da torre 01.
▪ Equalização da torre 02.
▪ Controle de perda de água por falta de energia.
▪ Operação da planta da etalgás.
▪ Cloração da água potável.
▪ Limpeza, manutenção e inspeção de fossas e caixas de gordura.
7.2 - Controle de documentos
O controle de documentos será efetuado pelas áreas envolvidas nas atividades
mencionadas.
Todos os relatórios e estudos gerados pela comissão ou de conhecimento desta
comissão devem ser arquivados na Gerencia de Meio Ambiente.
8 - Programa de capacitação e treinamento
O programa de capacitação e treinamento será efetuado de acordo com a
deliberação da própria Comissão de Recursos Hídricos com apoio da Gerência
Geral da RDM.
9 - Análise crítica
Analise critica do Programa de Gestão de Recursos Hídricos deve ser realizada pela
comissão tendo como base o atendimento a este programa em todos os seus
requisitos.
127
A análise deve avaliar se o programa encontra-se adequado a realidade da
empresa, se está dando resultados positivos, atingindo os objetivos e metas
estabelecidos, e se a forma de Gestão está atendendo aos propósitos e trazendo
benefícios à unidade operacional da RDM com relação ao uso racional de água na
empresa.
Os instrumento básicos para realização da análise, devem ser as inspeções e
auditorias, os resultados de monitoramento e atendimento a legislação.
Devem ser propostas melhorias para aperfeiçoamento do sistema. Os objetivos e
metas devem ser revistos anualmente e modificados caso necessário, com base na
análise consistente, de fatos, dados e relatórios de auditorias e inspeções.
10 - Auditorias
As auditorias podem ser efetuadas internamente por auditores do quadro funcional
ou ser de caráter externo efetuadas outras diretorias da CVRD. Estas auditorias
poderão ser realizadas por empregados da CVRD ou empresas contratadas.
11 - Inspeções da comissão de recursos hídricos
A comissão deve realizar no mínimo duas inspeções anuais nas áreas integrantes
do parque industrial da RDM. As inspeções devem ser conduzidas pelos integrantes
da comissão, podendo ter a participação de convidados, consistindo em observação
e análise do sistema, verificações em equipamentos, e vistorias em áreas
específicas do parque industrial, como represa, riacho Paramirim, vistoria em poços
de monitoramento, etc.
12 - Considerações Gerais
▪ Este programa deve ser validado pela Gerência Geral da usina;
▪ Qualquer alteração neste programa deve ser objeto de discussão na reunião
da comissão de recursos hídricos, e somente aceita após parecer de seus
integrantes e validadas pela Gerência Geral.
128
Anexo 2 – Fotos dos hidrômetros
Hidrômetro do refeitório Hidrômetro da captação
Hidrômetro do laboratório Hidrômetro da metastec
Hidrômetro do posto médico Hidrômetro da ETA-Captação
108
Anexo 3 – Planilhas de controle para medição do consumo de água potável nos hidrômetros
BANCO DE DADOS - CONSUMO DE ÁGUA POTÁVEL LOCAL DATA INICIAL DATA FINAL DIAS AMOSTRADOS HIDROMETRO - I HIDROMETRO - F CONSUMO DIÁRIO
Planta I - sanitário central / bebedouro / conversor
20/1/2006 27/1/2006 7 6078,80 6352,40 39,09
Planta I - sanitário central / bebedouro / conversor
27/1/2006 3/2/2006 7 6352,40 6622,80 38,63
Planta I - sanitário central / bebedouro / conversor
3/2/2006 10/2/2006 7 6622,80 6916,70 41,99
Planta I - sanitário central / bebedouro / conversor
10/2/2006 17/2/2006 7 6916,70 7212,10 42,20
Planta I - sanitário central / bebedouro / conversor
17/2/2006 24/2/2006 7 7212,10 7500,60 41,21
Planta I - sanitário central / bebedouro / conversor
24/2/2006 3/3/2006 7 7500,60 7789,50 41,27
Planta I - sanitário central / bebedouro / conversor
3/3/2006 10/3/2006 7 7789,50 8065,30 39,40
Planta I - sanitário central / bebedouro / conversor
10/3/2006 17/3/2006 7 8065,30 8332,20 38,13
Planta I - sanitário central / bebedouro / conversor
17/3/2006 24/3/2006 7 8332,20 8623,20 41,57
Planta I - sanitário central / bebedouro / conversor
24/3/2006 31/3/2006 7 8623,20 8914,40 41,60
Planta I - sanitário central / bebedouro / conversor
31/3/2006 7/4/2006 7 8914,40 9187,60 39,03
129
BANCO DE DADOS - CONSUMO DE ÁGUA POTÁVEL LOCAL DATA INICIAL DATA FINAL DIAS AMOSTRADOS HIDROMETRO - I HIDROMETRO - F CONSUMO DIÁRIO
PRÉDIO ADM 27/1/2006 3/2/2006 7 381,40 391,20 1,40
PRÉDIO ADM 3/2/2006 10/2/2006 7 391,20 405,60 2,06
PRÉDIO ADM 10/2/2006 17/2/2006 7 405,60 417,60 1,71
PRÉDIO ADM 17/2/2006 24/2/2006 7 417,60 430,20 1,80
PRÉDIO ADM 24/2/2006 3/3/2006 7 430,20 435,10 0,70
PRÉDIO ADM 3/3/2006 10/3/2006 7 435,10 447,20 1,73
PRÉDIO ADM 10/3/2006 17/3/2006 7 447,20 458,40 1,60
PRÉDIO ADM 17/3/2006 24/3/2006 7 458,40 471,80 1,91
PRÉDIO ADM 24/3/2006 31/3/2006 7 471,80 484,70 1,84
PRÉDIO ADM 31/3/2006 7/4/2006 7 484,70 496,70 1,71
PRÉDIO ADM 7/4/2006 13/4/2006 7 496,70 507,20 1,50
PRÉDIO ADM 13/4/2006 27/4/2006 14 507,20 526,20 1,36
PRÉDIO ADM 27/4/2006 4/5/2006 7 526,20 540,60 2,06
PRÉDIO ADM 4/5/2006 11/5/2006 7 540,60 552,90 1,76
PRÉDIO ADM 11/5/2006 19/5/2006 8 552,90 566,30 1,68
130
Anexo 4 – Planilhas de controle para medição do volume de efluente tratado
TRATAMENTO DE EFLUENTES DA SINTERIZAÇÃO
Data Hora início tratamento Hora final tratamento Tempo total tratamento Hidrômetro inicial Hidrômetro final total (m³)
28/7/2006 13:24 16:16 02:52 39715 39759 44
1/8/2006 10:53 15:39 04:46 40247 40336 89
7/8/2006 10:19 15:19 05:00 40714 40783 69
14/8/2006 09:55 13:38 03:43 41204 41267 63
21/8/2006 15:04 16:10 01:06 41803 41824 21
28/8/2006 10:03 16:03 06:00 42471 42558 87
3/10/2006 10:30 16:40 06:10 46440 46544 104
5/10/2006 14:53 17:10 02:17 46856 46889 32
6/10/2006 10:55 16:30 05:35 47000 47014 14
23/10/2006 14:50 16:50 02:00 49102 49133 31
26/10/2006 10:00 16:50 06:50 49511 49623 112
27/10/2006 11:30 16:50 05:20 49700 49793 93
28/12/2006 10:00 14:00 04:00 61636 61734 98
29/12/2006 15:20 16:45 01:25 62051 62078 27
TOTAL TRATADO EM 2006 (m³) 887