PRESCRIÇÃO DE ATIVIDADE FÍSICAPARA PORTADORES DE DIABETES
MELLITUS
Acadêmica de medicina: Sângela Cunha Pereira
Liga de diabetes.17/08/2016
“As orientações para atividade física devem serindividualizadas, uma vez que diversos aspectos devem serconsiderados como o tipo de diabetes, idade do indivíduo,objetivos do programa de atividade física, presença dedescompensação glicêmica, complicações crônicas ecomorbidades”
Diabetes na prática clínica- 2011.
O exercício físico é um aliado importante paraprevenção do aparecimento de DM em gruposde risco, como:
• OBESOS
• PESSOAS COM FAMILIARES PORTADORES DE DM.
O exercício físico em relação ao diabetes mellitus:
• Diabéticos apresentam menor condição aeróbica, menos força muscular e menos flexibilidade do que seus pares da mesma idade e sexo sem a doença, provavelmente devido as alterações metabólicas e a menor capilarização.
• A maior sensibilidade à insulina nas 24 a 72 horas após uma sessão de exercício, aumentando a captação da glicose nos músculos enos adipócitos e reduzindo a glicemia sanguínea.
• O diabetes reduz a expectativa de vida em 5-10 anos e aumenta o risco dedoença arterial coronariana (DAC) em 2-4 vezes. O exercício físico ajuda a diminuir esse risco cardiovascular
Benefícios do exercício físico em relaçãoao diabetes mellitus:
• Ajuda na manutenção do peso corporal,
• Melhora a condição física (aeróbico),
• Melhora ação dos receptores e pós receptores de membrana,
• Melhora transporte da glicose,
• Diminui peso e cintura abdominal,
• Diminui resistência insulínica,
• Leva ao menor nível de insulina circulante,
• Promove maior capilarização na céls musculares esqueléticas e melhor função mitocondrial, melhorando a sensibilidade dos tecidos à insulina.
O exercício físico ainda:
• Reduz a depressão, ansiedade e promove bem-estar
• Contribui para o desenvolvimento e manutenção dos ossos, músculos e articulações reduzindo a perda de massa óssea
• Reduz PA e eleva HDL-colesterol, ajudando no tratamento de Hipertensão e Dislipidemia
• Favorece a resposta imune- inflamatória
• Atua no controle glicêmico (redução da A1, redução da glicose pela maior sensibilidade da insulina e GLUT4)
• Diminui risco cardiovascular
AVALIAÇÃO MÉDICA
Deve ser feita em diabéticos, antes de iniciar atividade física de moderada a alta intensidade, para avaliar as seguintes funções:• Cardíaca• Vascular• Autonômica• Renal• Oftalmológica• Teste de esforço*
Recomendações para teste de esforço nos pacientes com diabetes mellitus:
• Idade > 35 anos.
• Idade > 25 anos e DM tipo 1 há mais de 10 anos ou tipo 2há mais de 15 anos.
• Presença de hipertensão arterial, tabagismo oudislipidemia.
• Suspeita de doenças arterial coronariana, cerebrovasculare/ou arterial periférica.
• Neuropatia autonômica.
• Nefropatia grave, retinopatia.
Fatores que influenciam a resposta aoexercício
• Exercício: intensidade, duração e tipo.
• Horário e conteúdo da última refeição.
• Fatores específicos do indivíduo (Nível de performance; Controle metabólico).
• Horário da última dose de insulina.
• Presença de complicações
• Fase do ciclo mestrual
• Tipo de insulina.
COMO PRESCREVER?
• TIPO do exercício
• INTENSIDADE
• FREQUÊNCIA
• DURAÇÃO
• ALIMENTAÇÃO
• GLICEMIA
• MEDICAMENTOS
• VESTIMENTAS
• COMPLICAÇÕES DM
TIPO DE EXERCÍCIO
• Aeróbicos envolvendo grandes grupos musculares:
- Caminhada, corrida, ciclismo, natação, dança ...
- Podem ser prescritos de constante (a mesma intensidade) ou intervalada (alternando diferentes intensidades de exercício).
- Aquecimento e desaquecimento são fundamentais, principalmente no subgrupo que apresenta disautonomia.
- Condicionamento cardiorespiratório (+)
- Evitar impacto quando tem lesões MMII (-)
TIPO DE EXERCÍCIO
• Resistência/ Fortalecimento:
- Aumenta sensibilidade da insulina, de maior duração , mediado pelo aumento da massa muscular. (+)
- Elevação da PA e eventos macro/microvasculares (-)
TIPO DE EXERCÍCIO
• Flexibilidade:
Há redução da flexibilidade pela ação deletéria da
hiperglicemia crônica sobre articulações, além da decorrente
do envelhecimento.
Intensidade do exercício
• Moderada à alta intensidade:- Aumento da condição aeróbica- Redução da A1C
• Respeitar a limitação de cada indivíduo
Porcentagem de VO2máx Porcentagem de FCmáx
Moderada 40- 60 50-70
Vigoroso >60 >70
FREQUÊNCIA
Atividade aeróbica diária, ou pelo menos a cada 2 dias.
Aeróbico e flexibilidade (5x/semana)Força e resistência (2-3x/semana)
Progressão de 2 a 3 series, de 8 a 10 repetições, com peso que não suporte mais do que essas repetições
DURAÇÃO DO EXERCÍCIO
Depende da intensidade e da frequência semanal dos exercícios.
Planejada para minimizar riscos de hipoglicemia.
Moderada: 150 min/semana
Alta: 75 min/semana
ALIMENTAÇÃO
• O tipo de carboidrato (CHO) indicado depende de fatores como duração e intensidade do exercício e nível glicêmico antes e durante o exercício.
• Antes de exercício de longa duração o atleta deve usar CHO para evitar hipoglicemia.
• Repor carboidratos quando o exercício tiver duração > 60 minutos.
• Durante a atividade:CHO simples – bala, suco, soluções isotônicas (em casos de hipoglicemia)CHO complexos – fibra, barra de cereal (sem hipoglicemia)
• Beba água a cada 30min (200mL)
Glicemia• Deve dosar a glicemia capilar antes, durante e após a atividade física afim de evitar complicações como: hipoglicemia e cetoacidose diabética.
Glicemia pré- exercício Conduta- 100 – 200 mg/dL Exercício
- < 100 mg/dL Ingerir 15 – 30g de CHO de rápida, esperar 15 min e verificar . novamente
- Entre 200 e 300 mg/dl, na ausência de cetose Exercícios com cautela ou utilizar de 1------------ - 3uniidades de insulina de ação rápida.
- > 300 mg/dL, sentindo bem, sem cetonemia Insulina UR, e exercício
- >250 mg/dL, com cetose SEM exercício
Observar ou insulina UR, e exercício
MEDICAMENTOS
• Acompanhamento e se necessário redução do medicamento em uso
• Insulina:- Não injetar na área a ser exercitada
- Evitar o pico da insulina (reduzir em 30 a 50%, se usada 1-3h antes do exercício)
- Reduzir a dose da insulina de ação intermediária ou prolongada quandoo exercício tiver duração maior que o habitual.
- Reduzir a rápida e UR da refeição anterior ao exercício.
Complicações enfrentadas pelos diabéticos...
• Hiperglicemia• Hipoglicemia• Retinopatia• Neuropatia autonômica e periférica• Nefropatia• Doenças vasculares• Doenças periféricas
HIPERGLICEMIA
• Considerando uma glicemia capilar > 300mg/dL:
• Paciente assintomático com cetonúra negativa- exercício de leve a moderado.
• Paciente com cetonúria positiva/ cetose- não pode fazer exercício
HIPOGLICEMIA• Mais comum nos que usam insulina, ou/e sulfoniureia ou/e glinidas.
• Causas:- Hiperinsulinemia- Baixa ingesta calórica- Excesso de atividade física
- Consumo abusivo de álcool- Distúrbios gastrointestinais
• Como prevenir e/ou reverter:- reduzir insulina antes da refeição- fazer atividade pós - refeição- uso de carboidratos (quantidade x absorção)
* Regra dos 15:15
A regra dos 15:15, é assim determinada:
• Se glicemia entre 50 e 70 mg/dl fazer ingestão de 15 g decarboidrato de rápida absorção (CHRA) e repetir glicemia em15 minutos.
• Se glicemia < 50 mg/dl fazer a ingestão de 20 g a 30 g CHRAe repetir glicemia em 15 minutos.
• Repetir esquema até obter glicemia> 70 mg/dl, comresolução dos sintomas.
Se mais de 3 episódios de hipoglicemia relacionada com o exercício em 1 mês, é recomendado rever o esquema terapêutico e/ou aumentar o aporte de CHOs nos dias do exercício.
RETINOPATIA
• Estágio Conduta
Ausente ou RNP leve Exercícios limitados e avaliação oftalmológica anual
RNP moderada Evitar levantamento de peso e manobra de valsalva.Avaliação oftalmológica (4-6 meses)
RNP severa Evitar exercício de alta intensidade, e de choque.Avaliação oftalmológica (2-4 meses)
RP Atividade de baixo impacto (natação, caminhada ebicicleta estacionária) e com cautela
Avaliação oftalmológica (1-2 meses)
Retinopatias graves Risco de hemorragia vítrea ou descolamento de . retina = não é indicado exercício intenso
Após fotocoagulação, reinício do exercício após 3 a 6 meses.
NEUROPATIA PERIFÉRICA
• Atividades que não força os MMII (andar de bicicleta ou exercícios de membros superiores).
• Usar sapatos apropriados, com amortecimento, meias confortáveis e secas e examinar os pés diariamente para detectar lesões precocemente.
• Se tiver lesão:- priorizar exercícios sem efeito da gravidade- não fazer atividade
NEUROPATIA AUTONÔMICA
• Recomenda aquecimento e desaquecimento
• Evitar mudança brusca de postura
• Hidratar bastante
• Atentar as condições climáticas adversas
• Não exercitar após as refeições
• Não é recomendado (deve ter uma avaliação do cardiologista -
cintilografia miocárdica, maior probabilidade de DAC).
NEFROPATIA
• Exercício Físico não é indicado
• Acredita-se que o exercício físico eleva a PA, o que podeaumentar a proteinúria
• Estudos em animais demonstra que a atividade de altaintensidade melhora o controle pressórico, glicêmico ediminui a excreção de proteínas
DOENÇAS VASCULARES PERIFÉRICAS
• As lesões vasculares limitam os exercícios físicos,devido a claudicação nos MMII.
• Optar por exercícios que exige pouco dos MMII.
• Cuidado com os pés, semelhante à neuropatia periférica.
DOENÇA CORONARIANA
• O risco é aumentado nesse grupo, e muita das vezes éassintomática (dor cardíaca ausente)
• Não é indicado exercício, a não ser que seja prescritopelo cardiologista
ATIVIDADE FÍSICA IDEAL
• Período da manhã (evitar hipoglicemia noturna)
• Associação de séries
• Diariamente (40 minutos/dia)
• Reajustar dose de insulina ao invés de ingerir CHO
• Evitar o pico da insulina
• Glicemia pré- exercício entre 100 e 200mg/dL
• Aquecimento e desaquecimento
• Carteirinha com a identificação e situação
• Carboidrato de absorção rápida
• Sem complicações diabéticas