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História da Arte- Para que serve a Arte?
Os estudos da história da arte estão em constante desenvolvimento. Há muito a se descobrir sobre a arte,
pois não se trata de uma área de estudo fechada em metodologias e teorias que a sintetizem: a própria
concepção de arte muda com o tempo. A arte como pensamos hoje abarca expressões que antes não
eram sequer reconhecidas socialmente. O grafite é um exemplo de arte que responde a uma sociedade
contemporânea, mas que foi reconhecido como tal há apenas muito pouco tempo. Até poucos anos atrás,
era entendido apenas como uma pichação, que não está no campo da arte, por ser encarada, na maioria
das vezes, apenas como vandalismo.
A arte acompanha a história da humanidade desde a pré-história e, por isso, muitas vezes, expressões
artísticas podem ser entendidas também como documentos históricos. A arte da pré-história, por
exemplo, nos conta a história de um homem que não produziu outros tipos de documentos a não ser a
própria expressão artística representada através de pinturas em rochas, desenvolvimento de utensílios
de barro/cerâmica e, posteriormente, de metal.
Há registros da arte pré-histórica também no Brasil
que datam de, aproximadamente, 11 mil anos.
“O desejo de criar imagens manifestou-se muito cedo nos
seres humanos. De fato, os mais antigos desenhos de que
se tem conhecimento remontam a cerca de 40 mil anos”.
(MAGALHÃES, 2005, p.14)
A arte, no decorrer da história, assumiu diversas funções. Na pré-história, a pintura de bisões em
rochas, muitas vezes, tinha o intuito de facilitar a caça de determinado animal. Havia uma função
mística, ligada a crenças e entendimentos diversos da vida. Assim aconteceu também em outros
momentos da história. As artes egípcias, gregas, romanas, entre outras, tinham uma função social,
que deve ser entendida em diálogo com os espaços em que eram produzidas. É preciso
compreender a cultura e a dinâmica social, além da política de determinado povo para compreender
suas expressões artísticas e a importância que a arte assume para aquela sociedade.
Se olharmos à nossa volta, notaremos a enorme quantidade de objetos que nos rodeiam, em casa, no
trabalho, na sala de aula e nos mais diversos lugares. Pensando sobre eles, concluímos que todos foram
feitos com alguma finalidade, desde utensílios domésticos, como um garfo ou um forno de micro-ondas,
até instrumentos de trabalho, como lápis, computadores ou robôs de uma linha de montagem. Estamos,
enfim, cercados de objetos que facilitam nosso dia-a-dia. [...] Ao vê-los, é inevitável que nos
perguntemos: por que e para que teriam sido feitos? A busca por respostas nos leva a uma constatação:
o ser humano, seja de que época for, cria objetos não apenas para se servir deles, mas também para
expressar seus sentimentos diante da vida.
(PROENÇA, 2007, p. 5 - 6).
A arte na Idade Média também foi muito utilizada pela Igreja Católica na disseminação de discursos
que pretendiam alcançar os fiéis que eram, em sua maioria, analfabetos. A Igreja entendia que a arte
poderia ser um meio de construção de discurso simbólico para alcançar os fiéis e educá-los segundo
os preceitos da religião que dominava a Idade Média.
E hoje? Qual o uso que fazemos da arte na atualidade? Como entendê-la? Como compreender
os espaços que ela assume na sociedade contemporânea?
A arte hoje continua a serviço das intenções do homem. Ela é encontrada por todos os lados e
com diversos tipos de usos. Para pensarmos no espaço que a arte ocupa em nossa sociedade,
convém fazermos o exercício de pensar o contrário: imagine então o mundo sem arte.
O mundo sem arte é um mundo quase vazio, porque a arte está ao nosso redor o tempo todo.
[vídeos]
Podemos pensar a arte no espaço da moda, por exemplo. A concepção estética da moda liga-a ao campo
da arte. Os móveis que escolhemos para decorar a casa também foram pensados a partir de um olhar
estético. Isso também acontece com o design dos carros, com os projetos arquitetônicos e com tantas
outras coisas a nossa volta. Isso tudo, sem falar no campo da música (você consegue se imaginar sem
música?), das artes cênicas (como o teatro e a dança), das artes plásticas (como a pintura e o desenho) e
do audiovisual (televisão, cinema e outros tipos de produções videográficas).
Para o campo da Comunicação, o estudo da arte também se torna importante. As
escolhas estéticas de uma campanha publicitária, por exemplo, muitas vezes são
inspiradas em movimentos artísticos que marcaram épocas e que colaboram na
construção de um discurso simbólico com determinado fim.
A arte tem uma função e um espaço na sociedade. Ela é, antes de tudo, uma forma de expressão e, como
tal, comunica algo.
A arte de seu tempo traduz de forma simbólica a sociedade em que você vive.
Pensando desta forma, qual é a arte da sociedade
atual? O que ela diz sobre nós mesmos?
A arte contemporânea seria a arte do nosso tempo. Trata-se de uma expressão da arte
ainda muito incompreendida, criticada, que muitas vezes nos choca e outras vezes revela algo.
Mas revela o quê? Revela algo que está posto em nossa sociedade, mas que muitas vezes não
é percebido ou compreendido por nós. De forma simbólica, a arte nos apresenta um mundo (o
nosso mundo) e pode ter intenção ideológica, estética ou política.
É comum na história da arte determinado período ou movimento artístico ser muito criticado
pela sociedade que o produz (assim como hoje é comum encontrarmos críticas sobre a arte
contemporânea). Muitas vezes é apenas com o distanciamento trazido pelo tempo que
podemos entender uma expressão artística em toda a sua complexidade. Com a arte de
nosso tempo, isso também não é diferente.
[vídeo: Festival da Canção, 1968]
E quanto aos espaços da arte em nossa sociedade? Como pensar sobre eles? A arte está em
todos os lugares. Faz-se presente na arquitetura de sua cidade, desde edifícios históricos
antigos até os modernos arranha céus. A arte está nos muros das cidades em forma de grafites
e outras intervenções estéticas. A arte está no corpo, na dança, na roupa, na composição cênica
de um ator no palco, de um palhaço em um picadeiro ou de um artista que se apresenta na rua e
passa o seu chapéu. A arte está nos museus, que não são espaços estáticos: são espaços que,
como a arte, estão também em constante transformação.
Antigamente, todos os museus obedeciam aos mesmo padrões de curadoria ou exposição das
obras. Eram espaços tradicionais, pensados de forma estática, sem interação ou participação do
público. Hoje, há museus tradicionais e modernos, pensados em diálogo com a tecnologia. Você
já foi ao Museu da Língua Portuguesa ou ao Museu do Futebol, em São Paulo? São exemplos de
espaços museológicos dinâmicos e modernos.
O museu é o “lugar onde estão guardadas as coleções de objetos artísticos, científicos ou de
outro tipo, em geral de valor cultural, convenientemente organizados para que sejam
observados. Não existem museus apenas de arte, mas de todo tipo, como científicos,
etnográficos e botânicos.
(MIRANDA; MIRANDA, 2008, p. 20)
Aliás, o hábito de colecionar também imprime seus passos na história. Datam do século V a. C. os
primeiros registros de exposições públicas. Os séculos XVI e XVII foram conhecidos também como os
séculos do colecionismo. O primeiro museu público data de 1759, em Londres. Já o Louvre, um dos
museus mais importantes do mundo, foi fundado na França, em 1791.
Estes espaços concentram um pouco da história da arte de todo o mundo e ali temos preservadas as
histórias e as obras de artistas que construíram o seu olhar para arte, para a sociedade e para a
história da humanidade.
Referências
ARANHA, M. L.; MARTINS, M. H. Filosofando: introdução à filosofia. São Paulo: Moderna,
1999.
MAGALHÃES, Roberto Carvalho de. O grande livro da história da arte: pintura ocidental da
pré-história ao pós-impressionismo. Rio de Janeiro: Ediouro, 2005.
MIRANDA, L. P.; MIRANDA, D. P. História da arte – artistas, estilos e obras-primas. São
Paulo: Moderna, 2008. Enciclopédia do estudante.
PROENÇA, Graça. História da arte. São Paulo: Ática, 2007.