Oportunidades e desafios em meio à transformação digital.
D i sr upttion™
O Sector das
tionpt ®
e n g i n e e r i n g m a g a z i n eDisr
Edição n.º05
Telecomunicações.
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Ficha Técnica
Título
O Sector das Telecomunicações: Oportunidades e desafios
em meio à Transformação Digital.
5.ª Edição | junho de 2021
Coordenação Geral
Jailson Coluna
Charmen Kupessa
Conselho de Administração
Armando Mualumene, Érica Tavares,
Seidou Ndolumingo.
Conselho Editorial
Afonso Dieno, Cecília Sandalawa, Fernando Pinas,
Fernando Joaquim, Josemar Henriques, Kelson Gando,
Marnes Cassule.
Créditos de Fotografia
Unsplash.com
E-mail: [email protected]
(+244) 941 641 017 | (+244) 949 104 951
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os textos, as ilustrações e o arranjo gráfico. A violação destas regras será passível de
procedimento judicial, de acordo com o estipulado no código dos direitos de autor.
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Sumário
Pág. 07. Editorial
Desafios e oportunidades em meio à transversão
digital.
Pág. 08. InsideOut
Panorama do sector das telecomunicações em Angola.
Pág. 10. Entrevista
Análise do estado da digitalização em Angola com
Kenneth Hogrefe.
Pág. 15. Ciência
Big Data e suas incursões no ecossistema angolano.
Pág. 23. Conceitos Disruptivos
A era dos dados: Digital Twin e os Data Scientist.
Pág. 27. Comunicação
Programa de Formação e Apoio ao Empreendedorismo
e à Inovação.
Pág. 31. Engenharia e Tecnologia
Internet das Coisas.
Pág. 35. Engenharia e Tecnologia
Segurança cibernética e o sector das telecomunicações
em Angola.
Pág. 40. Trajectória Académica.
necessidade e a grande capaci-dade de criação do homem, des-de cedo, levaram-no à novas
descobertas e a invenção de técnicas pa-ra atender as suas necessidades, superardificuldades e até mesmo resolver os se-us problemas. Em meio ao desenvolvi-mento progressivo, a incorporação detecnologias digitais para a resolução deproblemas tradicionais é hoje uma reali-dade para muitos países em torno domundo, e tornou-se numa tendênciacrescente para o nosso país.
É irrefutável o facto de que a transfor-mação digital desencadeou uma trans-formação social, onde com clareza, épossível notar o aumento da sua inte-gração em diferentes sectores da soci-edade.
De forma corrente, vemos as soluçõesdigitais sendo aplicadas em assuntos re-lacionados aos problemas das áreas dogoverno, da ciência, da economia, daeducação, da medicina, dos mais vari-ados sectores das artes, entre outros.
No sector das telecomunicações não édiferente. A comunicação tem nas te-cnologias digitais o seu canal directo. Al-guns especialistas afirmam que “ter todaa comunicação voltada para o universodigital, se tornou apenas o primeiro pas-so em direcção ao progresso.”
Em Angola a ideia de que a digitaliza-
ção é a nova onda a ser seguida e queos dados são o novo petróleo tem sidocada vez mais contextualizado. Existeuma mudança de paradigma, é notó-rio uma integração ou sequência detransformações lentas relativamenteàs tendências ou soluções digitais exis-tentes. É cada vez mais visível nasgrandes organizações do sector das te-lecomunicações e tecnologias de in-formação a demanda por recursos hu-mano com habilidades em Data Sci-ence, ou com formações similares.
Vários são os desafios que de formarecorrente têm sido listados em tornodesta temática. Existe uma mina de o-portunidades a ser explorada, como éo caso da adaptação ou transversãodo modelo econômico nacional tendocomo base ou fundamento as tendên-cias da digitalização. Para além da va-lorização e potenciação do capital hu-mano, o país precisa melhorar as suasinfraestruturas com vista no aumentoda eficiência e geração de mais bene-fícios para todos.
Trata-se de um processo de adaptaçãoou integração progressiva à nossa cul-tura, que por alguma eventualidadeapresenta-se resistente à evolução. Es-te processo requer o comprometi-mento ou envolvimento de todos ossectores da nossa sociedade.
Jailson ColunaDirector Executivo da Disrupttion
Desafios e Oportunidades em
meio a Transversão Digital.
Editorial
A
7
Panorama do Sector das Telecomunicações em Angola
Internet é uma das maiores inven-ções existentes, “a maior rede decomunicação mundial”, que permi-
te a troca de mensagens ou impressões etambém o acesso a uma grande quantida-de de dados ou informações. Esta ferra-menta tem sido utilizada para atingir ocrescimento e a diversificação da econo-mia de muitos países em torno do mundo.
Segundo os estudos apresentados pelaMcKinsey & Company, a internet con-tribuiu com cerca de 20% para o aumentodo Produto Interno Bruto (PIB) no mundo.Em África, a internet tem contribuído ape-nas com 1% para o PIB, e vemos que a suaqualidade não é das melhores. Dos 1,32mil milhões de habitantes do continente a-fricano, apenas 453,2 milhões tem acessoà internet, o que corresponde a 34,33% dasua população.
Olhando para o panorama nacional, a ofer-ta de serviços de telecomunicações temcrescido gradualmente nas últimas déca-das, tendo se registado um aumento dorecurso à utilização de redes privadas. Deacordo com os dados publicados pela We
Are Social e a Hootsuite, cerca de 8,90milhões de angolanos têm acesso a Inter-net o que corresponde a um valor percen-tual aproximado de 28%.
Taxa de Penetração
da Internet.
Densidade demográfica66% da população viveem zonas urbanas.
Conexão com um
telemóvel45,13% da população.
28%
32,35milhões
14,60milhões
Usuários de
InternetPara a taxa de penetração de 28%
da população.
8,90milhões
Usuários activos nas
redes sociais.Equivalente a 24,72% do total de
usuários de internet.
2,20milhões
A
Categoria
I n s i g h t s
8
O grande desafio em Angola não é
tecnológico, mas sim, a acessibilidade/
distribuição dos bens e serviços, o mundo
digital não é excepção. - Morato Custódio.“
Vários são os desafios locais dentro destesegmento. Para além das infraestruturas,com base ao contexto econômico de An-gola, os preços nacionais são altos nas te-lecomunicações, bem como em todos osoutros sectores. Embora existam dentrodo mercado nacional vários operadores detelecomunicações, a estimativa do customédio de 1Gb de internet é de USD 7,95.
É importante que o estado crie um ambi-ente saudável para que este sector se de-senvolva. Incentivos como a diminuição detaxas de telecomunicações e aumento da a-cessibilidade, ajudariam a alavancar de for-ma significativa o sector. É preciso potenci-alizar as infraestruturas e os pequenos ope-radores por meio da criação de sinergias etambém por meio de uma colaboração es-treita com o estado, uma condição funda-mental para o desenvolvimento do sectordas telecomunicações em Angola. O merca-do angolano precisa de ser mais atractivopara que se intensifique o processo da inclu-são digital e para que os operadores inter-nacionais possam ter um papel importantedentro deste segmento, tal como aconteceem alguns países em torno do mundo.
28%
55%
57%
67%
73%
10. Angola
4. África do Sul
3. Zimbabué
2. Mauricias
1. Seicheles
29%
879%
882%
912%
1500%
29. Angola
4. Mauricias
3. São Tomé e…
2. Togo
1. RDC
28%
67%
73%
74%
87%
32. Angola
4. Maurícias
3. Seicheles
2. Líbia
1. Kenia
Penetração da Internet
em África
Penetração da Internet
na SADC
Evolução da Penetração da
Internet de 2000 à 2020
9
F o n t e s :
1. Hootsuite & We Are Social (2020)2. INACOM (Instituto angolano de comunicação) https://www.inacom.gov.ao3. https://www.internetworldstat.com/stats1htm4. GSMA (Global System for Mobile Association)
“Estamos a atravessar um momento
histórico importante para a
digitalização do país. Há uma crise no
sector petrolífero, o nosso principal sector
económico está a morrer, sendo esta, uma
grande oportunidade para repensar-mos no
modelo económico nacional olhando para a
digitalização como uma nova onda de
evolução tecnológica e base para o
desenvolvimento, no prazo de 10 anos
para darmos um grande pulo na evolução do país”. - António Nunes.
10
Análise do Estado
da Digitalização
em Angola com
”Numa altura em que o sector digi-tal a nível do mundo tem ganhadopredominância nas inúmeras acti-vidades das mais diversas áreas, aDisrupttion traz até si uma análisedo estado da digitalização em An-gola e para o efeito contou com aapresentação da perspectiva deKenneth Hogrefe.
Kenneth Hogrefe é um empresárioDinamarquês fundador e CEO daTech Africa, é graduado em Negó-cios Internacionais (IBB), ferra-menta que lhe permitiu estenderas suas competências práticascom base em conhecimentos te-óricos nas áreas de gestão e ne-gócios internacionais.
Por meio da inovação e diferen-ciada visão excelente, pretendeconstruir negócios digitais emÁfrica. Em 2015 tornou-se no pio-neiro do ecossistema inexistentede start-ups de tecnologia em An-gola, criando os primeiros merca-dos digitais do país para preen-cher a lacuna entre os negóciosautomóveis e imobiliários off-linee on-line.
Kenneth Hogrefe
Durante a sua jornada com aTech Africa, teve a oportunidadede construir os sites do sectorautomotivos e imobiliários decrescimento mais rápido em An-gola: AngoCasa e AngoCarro.
Segundo Kenneth Hogrefe, assoluções de mercado apresen-tadas, tornaram-se ferramentascatalisadoras para o desenvolvi-mento económico do mercadoinformal, pois a organização temcontribuído para a transição daeconomia informal para a for-mal.Kenneth Hogrefe, acredita que ofuturo sucesso dos mercadosdigitais da Tech Africa dependemuito da capacidade em agregarvalor, confiança e influenciar ajornada do utilizador, fornecen-do uma oferta de serviços maisend-to-end. “O impulso para acriação de uma experiência sematrito para os consumidores éessencial para a evolução daempresa”.
10
01. Com base a sua perspecti-
va, qual é o estado da digitali-
zação em Angola?
África é conhecida como a última fronteira,tendo uma população de 1.3 mil milhões dehabitantes e um fantástico potencial paraempreendimentos digitais ainda por explo-rar. Em 2012, tornei-me pioneiro no inexis-tente ecossistema de start-ups tecnológicasem Angola, ao criar os primeiros mercadosdigitais angolanos para preencher a lacunaentre o negócio automóvel e imobiliáriooffline e online.Nos últimos anos, Angola deu passos posi-tivos para materializar o seu potencial en-quanto plataforma de lançamento paraempresas tecnológicas inovadoras. Mas hávárias barreiras estruturais que fazem deAngola um desafio para os empresários einvestidores em tecnologia. Entre elas, umbaixo poder de compra dos consumidores,regulamentos complexos e inconsistentes,infraestruturas de comunicação de dadosinadequadas, e níveis reduzidos de capital etalento digital.Angola precisa de inovar o seu caminho ru-mo ao futuro. Por conseguinte, os ecossis-temas de inovação não são apenas um con-junto de elemento necessário para o pro-gresso económico; são uma forma de des-cobrir o caminho para o futuro de toda umasociedade.
02. Quais são os benefícios
que podem ser apresentados
diante da presente transformação digital?
A transformação digital pode ser um factordecisivo para Angola. É uma oportunidadepara impulsionar o crescimento económicoe a industrialização do país, diminuindo apobreza e melhorando a vida das pessoas.A tecnologia digital pode ser um elementoimpulsionador para a inovação, o cresci-
Uma internet acessível, segura e fiável édecisiva para preencher o fosso digital e di-minuir as desigualdades. Pode contribuirdecisivamente para melhorar o capital hu-mano e permitir novas oportunidades paraos jovens em África.
03. Quais são os desafios e o-
portunidades dentro do nosso
ecossistema ?
Em relação às barreiras estruturais supra-mencionadas, destaco dois desafios exter-nos para o crescimento do ecossistema deAngola:
1) Inclusão digital:
a) Angola tem uma deficiente infraestrutu-ra de internet: Na maior parte do país, avelocidade da internet está ainda muito a-baixo do padrão mínimo global e algumasregiões não têm cobertura de internet.
b) Custo da banda larga: Em Angola, o custoda internet é muito elevado, especialmentequando consideramos as estimativas queindicam que 70% da população vive abaixodo limiar da pobreza.
2) Inclusão financeira:Ao contrário de muitos outros países afri-canos, Angola tem introduzido lentamentesoluções de pagamento móveis/ digitais.Nos últimos anos, contudo, têm surgido nomercado mais soluções e algumas têm gan-ho popularidade. Pessoalmente, creio queserão necessários alguns anos até Angola setornar uma economia independente dodinheiro físico.Mas Angola continua a ser um terrenobastante fértil para os empresários e invés-tidores em tecnologia. A sua população éjovem e em crescimento, a penetração dainternet está rapidamente a aumentar, e hágrandes oportunidades para os inovadoresdigitais utilizarem a inteligência artificial eoutras tecnologias emergentes a fim demelhor o acesso à educação, aos cuidadosde saúde, serviços financeiros, energia, etc.
12
13
O mundo pós-coronavírus será mais digitaldo que nunca, o que exigirá uma transfor-mação digital mais rápida em Angola, talcomo no resto do mundo.
04. Qual deve ser o papel do Es-
tado para o desenvolvimento do
sector das telecomunicações?
De uma forma geral, acredito num sistemaeconómico e político onde exista uma inter-ferência mínimo do governo em determi-nadas áreas da política pública e especial-mente do sector privado – entre elas, o de-senvolvimento do sector das telecomunica-ções.O estado angolano deve focar-se na elimi-nação de todas as barreiras do mercado li-vre. Uma economia de mercado livre con-tribui para um maior crescimento econó-mico e transparência. É algo que asseguramercados competitivos. As vozes dos con-sumidores são tidas em conta, pois são assuas decisões que determinam os produtosou serviços procurados. A oferta e a procu-ra criam concorrência, garantindo que osmelhores bens ou serviços são dados aosconsumidores a um preço mais baixo.Todas as restrições ao mercado livre recor-rem a ameaças de força implícitas ou explí-citas. Alguns exemplos em Angola incluem:Tributação, regulamentos e concorrênciapor parte de serviços de índole pública.
Kenneth Hogrefe
13
A Angola Growth Platform «AGP»
é uma plataforma informal de debate sobre temas
emergentes da actualidade, cultura geral e partilha
de experiências sócio-profissionais.
Big Data e suas incursões no
ecossistema angolano.
dados têm tido cada vez maisimportância em todos os se-
ctor de negócio a nível mundi-al. Angola, como país em vias de de-senvolvimento, enquadra-se no seg-mento de países que tem dado os pri-meiros passos relativamente as tecno-logias “estado da arte” nos temas deDados e Analytics. Embora o sector pri-vado vem claramente sendo o driver anível nacional para adopção de Tecno-logias de Big Data, mais especifica-mente na Banca, Telcos e na indústriaPetrolífera, o sector público já começaa dar passos importantes focados noprocessamento e análise deste enormevolume de informações disponíveis anívelcorporativoegovernamental. Qua-ndo toda essa massa de dados produ-zidos por pessoas e máquinas é ana-lisada (Analytics), informação privilegi-ada é gerada, o que justifica o motivodos dados serem considerados o novopetróleo.
Nos últimos anos o ecossistema ango-lano em termos de gestão e análise dedados tem apresentado indicadores demelhorias ligeiramente significativos. Énotório o crescente número de confe-rências (African Science Week Angola
Os
Palavras chaves: Big Data, Gestão de Dados, Analytics, Big Data Analytics, Machine Learning, Inteligência artificial, Data Science, Angola.
2019, Angola Data Science Summit2020), workshops, debates (Associa-ção de Programadores Angolanos,Conversas 4.0), treinamentos (BI parao sector de seguros), etc por voltados mais variados temas de gestão dedados (Governança, Segurança, Análi-se, Integração, Ingestão, etc). Debatesoutrora mais frequentes em progra-mas televisivos e rádios que actual-mente, em tempos de pandemia (Co-vid-19), presenciamos uma migraçãodos mesmos para redes sociais (Con-versas 4.0). Portanto, nota-se clara-mente uma melhoria significativa emAngola nos temas de Gestão de Da-dos nos últimos 3 anos.
Gestão de dados ou Gestão de infor-mação é uma disciplina que envolvecoletar, manter e usar dados de for-ma segura, eficiente e econômica .1
Gestão de dados envolve diferentestemas singulares como Governançade dados, Analytics, Integração de da-dos, Segurança de dados, etc, ou seja,todo os temas que tratam os dadoscomo recurso principal de qualquerorganização (Abadi, 2009). Contudo,nos últimos 10 anos a volumetria des-tes dados tem atingido dimensões ex-
Euclides Péricles MfumuCientista de dados | MSc. em Big Data Technologies pela Glasgow CaledonianUniversity.
−1 https://www.oracle.com/database/what-is-data-management/)
Categoria
Ciência e Tecnologia
15
tremamente elevadas, devidoa melhorias na velocidade eacesso a internet, surgimentodos dispositivos da Internetdas Coisas (IoT), a criação eutilização massiva das redessociais, soluções de softwaremais modernas, dispositivosmóveis, etc (Chen & Zhang,2014). Sendo que os dadosnão estruturados apresentamum crescimento de 60 a 80%em relação aos dados estru-turados conforme mostra afigura 01.
Logo este fenómeno contribuiu para que houvesseuma disrupção nos sistemas tradicionais de Gestãode dados, sendo necessário a criação de tecnologiastotalmente distribuídas e escaláveis para ingestão,processamento e análise de dados que foi denomi-nado como Hadoop, surgindo assim o termo Big Da-ta. (Agarwal & Khanam, 2015).
O Gráfico abaixo mostra que Big Data é dos tópicosque já atingiu o pico, em termos de pesquisas, acer-ca de 7 anos atrás.
Figura 01 - Problema - Armazenamento tradicional e legado foi desenhado paradados transaccionais, não para dados não-estruturados.
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Fre
qu
ênci
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édia
men
sal
Ano
Sendo que as ferramentas e as tecnologias de BigData têm já alguma maturidade no mercado e várias
Figura 02- Distribuição da frequência de documentos contendo otermo “Big Data” na Livraria ProQuest Research Library(Gandomi & Haider 2015).
empresas (num contexto mais internacional) já nãopassam pelo estágio experimental, ou seja, sentemcada vez mais confiança em investir em ferramentasde carácter corporativo para quem extrair o valor doBig Data. Mas o que é então Big Data?
Figura 03 - Definição de Big Data baseada num inquérito onlineem que participaram 154 executivos no mundo emAbril de 2012.
Crescimento massivo de
dados transaccionai
s, incluindo dados de clientes e logística.
Novas tecnologias
criadas para resolver o
problema do volume,
variedade e velocidade dos dados.
Requesitos para armazenar e arquivar dados para regulamentação.
Exploração de novas fontes de
dados (redes sociais,
dispositivos móveis, etc).
Outras definições;
11%
18%
19% 24%
28%BigData
Big Data é dos termos que se pode encontrar emliteraturas duas ou três definições ligeiramente dife-rentes. A figura acima mostra que por um lado BigData é visto como crescimento massivo dos dados e
16
por outro lado é visto como tecnologias ou requi-sitos para lidar com este crescimento. Neste artigoBig Data será considerado como um conjunto de da-dos estruturados e não estruturados, complexos ede grande volumetria, inadequados para aplicativostradicionais de processamento e análise de dados eque requerem novas abordagens para lidar com osdados com êxito ou também activos de informaçõesde alto volume, alta velocidade e/ou alta variedadeque exigem formas inovadoras e econômicas de pro-cessamento de informações que permitem uma vi-são aprimorada, tomada de decisão e automação deprocessos (Chen & Zhang, 2014; Gartner).Existem três Vs que constituem os fundamentos deBig Data: Volume (Teras e petabites de dados), Velo-cidade (batch, near real-time, real-time e dados em
Análise
Informação
Fonte: Gartner
1. Análise
descritiva
2. Análise
diagnóstica
3. Análise preditiva
4. Análise prescritiva
Porque que
aconteceu?
O que está a
acontecer?
O que é mais provável
acontecer?
O que devo fazer
caso aconteça?
OBS: Alguns autores consideram também a
análise descoberta que se situa entre a 2 e a 3.
Valor agregado ao negócio
Nív
el d
e h
abil
idad
es/
Dif
icu
ldad
e
Descritiva
Diagnóstica
Descoberta
Preditiva
Prescriptiva
Advanced Analytics
streaming) e Variedade (estruturados, não-estrutu-rados, logs, dados de sensores, textos, imagens,áudio e vídeo). Muitos consideram outros Vs como oValor e Veracidade para melhor enquadrar a defini-ção do Big Data (De Mauro, Greco, & Grimaldi,2015).
Para extracção de informação privilegiada accionável(Valor) sob o Big Data é usado Analytics. A junçãodos dois termos origina o termo Big Data Analytics.Entretanto, Analytics não está exclusivamente cone-ctado ao Big Data. Portanto Data Analytics é usadocomo um termo mais genérico para indicar que nãose trata do processamento e análise de grandesvolumetrias de dados. Abaixo os diferentes tipos deBig Data Analytics e Data Analytic, juntamente coma relação habilidades-valor agregado ao negócio.
17
Para a implementação de tipos mais avançados deAnalytics (Advanced Analytics) como Data Mining,Análise preditiva e prescriptiva, tecnologias comoMachine learning e inteligência artificial são ne-cessárias para ampliar a força de trabalho hu-mana no reconhecimento de padrões nos dados.Machine learning é uma componente chave daInteligência artificial que consiste na aplicação dealgoritmos que permitem aos computadores de-senvolverem comportamentos baseados em da-dos empíricos” (Chen & Zhang, 2014; Gartner),ou seja, permitem com que componentes de soft-ware aprendam a resolver determinadas tarefassem serem explicitamente programados para ofazer. O conjunto de todas estas tecnolo-gias edisciplinas para transformar os dados em insightsculminou com a criação do termo Data Science.
São perguntas claramente difíceis de se respon-der, mas analisemos alguns indicadores. Acima foidito que Big Data contém três fundamentos prin-cipais (Volume, Variedade e Velocidade). Algumasperguntas que podem ser feitas para identificarque se está diante de um caso de uso de Big Datasão as seguintes: O Volume de dados relativo aum domínio (logística, finanças, operações, etc) émassivo o suficiente que não cabe num único
computador? Além de dados estruturados (ERPs,tickets, CRMs, etc), necessita-se de se processar eanalisar dados semi-estruturados (Dados das re-des sociais, alguns logs, xml, json) ou não estrutu-rados (logs, ficheiros, imagens, áudios, etc) (Va-riedade)? Com que frequência (real-time, near-re-al time, diária, semanal) estes dados são obtidos eextraídos para processamento e análise por for-mas a responder as questões do negócio (Veloci-dade)?
As respostas destas perguntas ajudam a identifi-car se a organização se encontra diante de um ca-so de uso de Big Data.
Principais desafios e
oportunidades
Em Angola, como seguidores de tendência, temosgrandes oportunidades no sector público e pri-vado com a implementação de Big Data Analyticsnos processos de negócio de qualquer empresa,como mostra na figura 04.
Mesmo não estando num cenário de Big Data, ouso de Data Analytics oferece as mesmas vanta-gens (com um grau menor de certeza). Com quase51% a eficiência operacional é claramente o gran-de potencial na implementação de Big Data Ana-lytics. Em Angola as oportunidades são enormes.A título de exemplo, a polícia e as forças armadaspoderiam beneficiar-se dos resultados da análisede Big Data para patrulhar os bairros com maioríndice de criminalidade e ainda prever determi-nados ataques terroristas. No sector agrícola seriapossível melhorar a logística dos produtos dos
A grande pergunta que os gestores e directores
raramente conseguem responder é: Será que a
minha empresa produz dados suficientes a ponto
de serem considerados Big Data? Até que ponto se
pode considerar Big Data? Será que o Big Data
de uma Google tem a mesma volumetria que o
Big Data de uma Sonangol?
51%
36%
27%24%
20%
11%8% 6%
3%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
Aumentando a
eficiência
operacional
Informando a
direcção
estratégica
Melhor
atendimento
ao cliente
Identificar e
desenvolver
novos
produtos e
serviços
Melhor
experiência do
cliente
Identificando
novo mercado
Mais rápido ir
ao mercado
Cumprindo
com os
regulamentos
Outro
Figura 04 - Oportunidades no uso de Big Data Analytics (McKinsey, 2012)
18
campos e identificar localidades com consumidoresparticulares de determinados produtos. O sector daenergia poderia melhorar significativamente a distri-buição de energia nos municípios identificando zo-nas com consumo elevado de energia(fábricas) e cri-ando políticas para mitigar faltas de energia. O se-ctor da saúde poderia prever células cancerígenascom maior grau de precisão e combater de formapreventiva doenças como o Malária nas época de ca-cimbo. As fábricas com o seu volume de dados ope-racionais poderiam criar modelos cada vez mais pre-cisos de manutenção preventiva, etc.
Outro grande sector, é o atendimento ao cliente
que permite ao sector de hotelaria e restauração apersonalizar as ofertas com base ao perfil de cadaconsumidor, como por exemplo, adequar a gastrono-mia do restaurante com base as origens de clientesde grande valor, Inbound Marketing e atendimentopersonalizado (Enviar promoções pelo facebookMessenger para usuários que mais se identificamcom o facebook; enviar mensagem ou fazer umaligação somente para os que não têm smartphone).
Por outro lado, existem ainda grandes desafios quepodem tornar inviável a adoção de Big Data e Ana-lytics nos processos de negócio conforme mostramos gráficos abaixo:
8%
8%
10%
10%
15%
13%
16%
20%
12%
12%
10%
14%
14%
14%
12%
14%
12%
12%
14%
12%
8%
14%
13%
14%
Visualização de dados
Conformidade de dados/ regulamentação
Variedade de dados
Velocidade de dados
Integração de dados
Governação de dados/ política
Infraestrutura de dados
Crescimento de dados
Maior desafio 2º maior desafio 3º maior desafio
Figura 05 - Desafios na Gestão de Big Data (Khan et all, 2014)
1
2
5
5
5
5
6
6
7
7
8
8
8
9
13
14
Mudança de Tecnologia
Evitar problemas
Combinação de estratégias de empresas
Comunicação pobre
Uso incorrecto de tecnologia
Arquitectura e infraestrutura de tecnologia
Estrutura de projecto incorrecta
Gestão e governação inadequadas
Gestão e resistência cultural
Escopo impróprio
Complexidade da tecnologia
Integração de dados
Gestão de dados
ROI insufuciente/ caso de negócios
Objectivos de negócios incorrectos
Habilidades erradas/ inadequadas
Figura 06 - Principais causas de falhas em projetos de Big Data (O vermelho enfatiza problemas organizacionais e de gestão de projectos)(Becker, 2017).
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Especialistas ainda afirmam que:
• 85% dos projectos de Big Data falham (Gartner, 2017)
• 87% dos projectos de Data Science nunca são implantados (Venture Beat, 2019)
• Até 2022, apenas 20% dos insights de Analytics vão criar resultados de negócios palpáveis (Gartner, 2019)
Segundo Becker, as habilidades inadequadas que po-dem ser traduzidas como a escassez de profissionaisexperientes na área, acaba sendo a principal causada não implementação ou experimentação de ini-ciativas de Big Data em Angola. No território angola-no existe um deficit nas universidades de cadeiras deData Science (Big Data, Inteligência Artifical, Pythonpara análise de dados, Business Intelligence, etc) nocurrículo de licenciatura e não existe até ao momen-to cursos de pós-graduação, mestrados e doutora-mentos ligados a Data Science, tendo assim um impa-cto negativo na formação de quadros neste domínio.Sendo uma área relativamente nova, a maior partedos profissionais entra no universo de Big Data eData Science vindo de áreas como estatística, ciên-cias da computação, business intelligence e desenvol-vimento de software. Dada a existência de tópicosavançados em matemática como: estatística inferen-cial, álgebra linear, cálculo e geometria analítica, asempresas (num contexto internacional) quando com-tratam exigem na sua maioria pelo menos um graude mestre e nalguns casos doutoramento (Conformeestatísticas do LinkedIn relativo aos líderes de DataScience nas empresas de Silicon Valley).
Outro grande desafio é a falta de mapeamento entreas necessidades de negócio da organização e as ini-ciativas de Big Data Analytics. É necessário que a im-plementação de Big Data Analytics ou ainda DataAnalytics esteja alinhada aos objectivos da empresa.Por exemplo, um Banco que pretende lançar umnovo tipo de crédito automóvel deve alinhar as suasiniciativas de Big Data Analytics por forma a analisaro comportamento dos clientes com base nos dadoshistóricos de adesão de créditos e criar hipóteses porformas a ter uma “noção informada” dos resultadosa curto/ médio/ longo prazo de como o novo créditoautomóvel será consumido pelos potencias clientes.
Embora de forma geral Angola encontra-se ainda nasua infância em termos da aplicação prática de BigData tanto no sector privado como no público, cadavez mais programas de melhoria da literacia digitalcomo o Conversas 4.0 da Tech21 Africa são organiza-dos para mostrar o potencial que Angola e mais con-cretamente África poderão atingir nos próximos anoscom a adopção de Big Data e tecnologias adjacentescomo Computação em nuvem, Inteligência Artificial,Internet das Coisas, etc. Pois tudo parte de uma edu-cação/ treinamento de qualidade para posterior-mente materializar-se em iniciativas concretas.
O sector privado em Angola nas suas indústrias Pe-trolíferas, Telecomunicações e a Banca continuam aser os drivers na adoção de Tecnologias de Big Datano país devido ao número de iniciativas de gestão eanálise de dados, estratégias de gestão de dados, nú-mero crescente de profissionais de dados contrata-dos e anúncios de vagas (segundo as estatísticas dosanúncios de Linkedin) e investimento crescente eminfraestrutura Cloud/On Prem para implementaçãode Analytics nos seus processos.
Abaixo um gráfico que exibe a importância de DataScience e Machine Learning por indústrias:
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Crítico Muito ImportanteImportante Um pouco ImportanteNão é Importante Média Ponderada
Figura 07 - Importância de Data Science e Machine Learning paraas indústrias (Dresner Advisory Services, 2019)
Entretanto, marcos como a criação da Agência deProtecção de Dados, a adição do curso pós-gradua-ção de Data Science numa das universidades públicado país, a contratação de consultoria nacional e es-trangeira para os temas de gestão e análise de dados
20
21
por parte dos Ministérios são indicadores de que osector público tem estado a dar passos significativos nasua jornada de dados.
Referências
1. https://www.oracle.com/database/what-is-data-mananagement/ acessed on 07/05/2021.
2. Abadi, D.J., 2009. Data management in the cloud:Limitations and opportunities. IEEE Data Eng. Bull.,32(1), pp.3-12.
3. Gandomi, A. and Haider, M., 2015. Beyond thehype: Big data concepts, methods, and analytics.International Journal of Information Management,35(2), pp.137-144.
4. Agarwal, S., & Khanam, Z. (2015). Map reduce: asurvey paper on recent expansion. InternationalJournal of Advanced Computer Science andApplications, 6(8).
5. Chen, C. P., & Zhang, C. Y. (2014). Data-intensiveapplications, challenges, techniques andtechnologies: A survey on Big Data. Informationsciences, 275, 314-347;
6. https://www.gartner.com/it-glossary/big-dataacessado aos 18/04/18;
7. De Mauro, A., Greco, M., & Grimaldi, M. (2015,February). What is big data? A consensual define-tion and a review of key research topics. In AIPconference proceedings (Vol. 1644, No. 1, pp. 97-104). American Institute of Physics;
8. James Manyika, Michael Chui, Brad Brown, JacquesBughin, Richard Dobbs, Charles Roxburgh, AngelaHung Byers, Big data: The Next Frontier for Inno-vation, Competition, and Productivity, McKinseyGlobal Institute, 2012.
9. Khan, N., Yaqoob, I., Hashem, I.A.T., Inayat, Z.,Mahmoud Ali, W.K., Alam, M., Shiraz, M. and Gani,A., 2014. Big data: survey, technologies, opportu-nities, and challenges. The scientific world journal,2014.
10. Becker, D.K., 2017, December. Predicting outcomesfor big data projects: Big Data Project Dynamics(BDPD): Research in progress. In 2017 IEEE Interna-tional Conference on Big Data (Big Data) (pp. 2320-2330). IEEE.
21
A era dos dados:
Digital Twin e os Data Scientist.
Luis Catuzeco José Fundador da Angola Growth Platform.
Partner Developer & Business Development Manager at Angola Cables.
tecnologia afecta as pessoastanto quanto os processos. A-fectar é transformar, reinven-
tar,redimensionar e optimizar a produ-ção com recurso ao upgrade do digital.
Para as pessoas, uma das competên-cias mais valorizadas no contexto dotrabalho é a sua expertise em infor-mation technologies. No panoramaactual as soft skills dominantes (co-municação, colaboração, tomada dedecisão, aprendizagem) são cada vezmais realizadas com recurso a tecno-logia e plataformas digitais. Paralela-mente, e por outro lado, em proces-sos de recrutamento e selecção se va-loriza bastante como hard skills asformações técnicas ICT e conheci-mento avançado de ERP´s e platafor-mas de business intelligence.
Para as empresas inteligentes, a te-cnologia é tida como essencial emqualquer processo do pensamentoestratégico, eficiência industrial e ino-vação de produto. O papel do CIO(Chief Information Officer) tem cres-cido de relevância dentro do organo-grama corporativo, sendo que as orga-nizações estão apostadas em maior oumenor grau de profundidade a imple-mentar uma certa transformação digi-tal nos seus processos e modelo dedoing business.
Digital Twin e as
empresas data driven
Em termos conceptuais, o grande acti-vo das empresas 4.0 não são necessa-riamente os seus produtos e serviçosou o seu capital humano, mas sim, oconhecimento. Captar, gerir e capitali-zar o conhecimento é um fluxo quetorna a empresa mais preparada paraum futuro cada vez mais curto, incertoe volátil.
Assim, qualquer mecanismo capaz detornar esse «futuro» mais previsível éuma grande vantagem competitiva pa-ra as empresas, que poderão antecipartendências, problemas e oportunida-des posicionando a empresa no mo-mento «presente» como a mais habili-tada a prover determinada solução.
O planeamento estratégico é mediadopor tecnologia. Os executivos C-level jánão pensam apenas sobre que ideiastornarão os seus negócios mais rentá-veis, mas também sobre que tecnolo-gia lhes pode trazer mais «conheci-mento» knowledge based de forma assuas ideias sejam mais rentáveis. Signi-fica que as lógicas de desenvolvimentode produto e eficiência industrial sãoconseguidas pela utilização de compo-nentes digitais e tech.
“Nada de
verdadeiramente
estratégico se fará sem
recurso à tecnologia.”
Luis Catuzeco José
A
23
Categoria
Conceitos Disruptivos
O Digital Twin é uma das principais tendências
sinalizadas para a era 4.0 e um bom exemplo de
como as organizações de topo pensam a inovação,
disrupção e a excelências das suas entregas.
Digital Twin é um modelo virtual desenhado para re-
flectir um objecto físico. Nesse objecto são coloca-
dos sensores para recolher dados sobre as suas áre-
as de funcionalidade vitais e extraídos dados em
tempo real sobre o seu desempenho. Os dados são
processados e copiados para o gêmeo digital (Digital
Twin) daquele objecto. O Digital Twin vai tratar e ex-
plorar todos os indicadores recolhidos através de si-
mulações, testes de desempenho e qualidade ge-
rando Key Performance Indicator (KPI´s), ou seja, in-
formação. Digital Twin é um ambiente virtual que
detecta falhas e antecipa melhorias de produto que
serão aplicadas de volta no objecto físico inicial.
Empresas como a NASA, General Electric, Siemensou IBM são referências nesses domínios e têm casestudies em matéria de Digital Twin. As vantagens doDigital Twin são:
DisponibilidadeDigital Twins podem monitorar 24/7, simular e realizar verificações em tempo real produzindo insights para aumentar a resiliência do produto.
Redução do riscoDigital Twins utilizam sensores em substituição de pessoas para trabalhos de risco ou manuais melhorando os índices EHS e erro humano.
Redução de custosDigital Twins antecipam problemas antesde acontecerem trazendo inteligência nagestão de logística mitigando quebras deprodução.
Melhoria de
produção Digital Twins geram analytics em ambiente virtual que podem ser incorporadas no produto garantindo conformidade e customização.
Manutenção
preditivaDigital Twins permite uma gestão inteligente dos timings de manutenção de equipamentos e SLA (Service Level Agreements).
Pesquisa &
desenvolvimentoDigital Twins requerem equipas de R&D para gerar sinergias entre a investigação científica e gestão de produto.
01
02
03
04
05
06
24
Gestão de projectoDigital Twins permitem antecipar as fases do projecto e os ciclos de vida do produto, podendo ser usados como protótipo, ou seja, antes do próprio produto gémeo (físico e real) sequer existir.
O Digital Twin pode ser utilizado para re-alizar a manutenção dos seus equipamentos;agilizar o processo de produção industrial;prever falhas críticas de produtos; incremen-tar eficiência na gestão de materiais; e dotarde inteligência o desenvolvimento de produ-to.Paralelamente pode servir como metodolo-gia de pré-teste, ou seja, ao invés de ser umaréplica de um produto existente, o Digital
Twin é predecessor e serve de protótipopara perceber se um produto, serviço ouprocedimento tem ou não tem viabilidade deexistir.
Macro tarefas do Digital Twin
Dentro deste contexto, o Digital Twin apresenta asseguintes macro tarefas:
•Detect (detectar)
•Prevent (prevenir)
•Predict (prever)
•Optimize (optimizar)
Os sectores que aplicam a solução de Digital Twins
são caracterizados por serem ecossistemas típica-
mente ligados a produção industrial em larga escala,
baseados em engenharia e investigação e ambientes
sectoriais complexos, como é o caso da aeroná-
utica; sector espacial; indústria produtiva;
construção; energia; saúde; transportes e
planeamento urbano.
“A capacidade de interpretar dados
será uma das soft skills mais impor-
tantes para o profissional de sucesso”
- Luís Catuzeco José
Informações
Dados
Conhe-
cimento
Processamento
das informações com
uma intenção.
Dados processados
com significado que
pode modificar o
conhecimento.
Registros
observados ou
medidos que
podem gerar
informação.
Data scientist uma profissão
emergente
No âmbito das IOT (internet das Coisas) em que as
“coisas” estão cada vez mais conectadas entre si e a
partilhar máquina-máquina encontramos um casa-
mento perfeito entre a necessidade do Digital
Twin e a emergência dos Cientistas de dados en-
quanto profissionais que analisam os dados para
construir cenários, optimizar deployments e provi-
denciar informação de apoio à Gestão.
O Digital Twin é construído por especialistas, entre
eles Data Scientists e matemáticos. A equipa de de-
senvolvedores estuda a física que está na base e
constitui a matriz do objecto e usa os dados para
criar um modelo matemático que simula o objecto
original do mundo real, no ambiente digital. Das di-
07
25
ferentes tecnologias envolvidas no conceito de Digital
Twin como IOT, Inteligência Artificial e Machine Learning
todas elas fornecem informações valiosas que alimentam
o trabalho do Cientista de dados.
A ciência de estudo de dados poder ser baseada em aná-
lises de dados estruturados ou não estruturados (caóti-
cos). Envolve compreender, extrair, dar significado e visu-
alizar (reporting) os dados com recurso a algoritmos e
métodos estatísticos. O grande objectivo é prever infor-
mação e criar cenários a partir dos dados actuais. O bu-
siness inteligence por sua vez, trabalha visualmente os
dados recolhidos proporcionando dashboards e analíticas
que a partir dos modelos de previsão.
Habilidades do cientista de dados:
1. Data Mining
2. Data Analysis
3. Data Visualisation
4. Estatística
5. Machine learning
6. Linguagem de programação.
A mineração e analise de dados são técnicas que se com-
plementam no que toca a descoberta de padrões e para
transformar dados em informação e informação em con-
hecimento, correlacionando o histórico e a informação fu-
tura. Quanto mais dados melhor será o modelo de pre-
visão e mitigação de margens de erro. Para levar ao
melhor entendimento de dados complexos e para repor-
ting C-level são utilizados mecanismos de visualização de
dados como gráficos, infografias, tabelas ou mapas.
Dentro do perfil do Data Scientist o domínio da estatística
(descritiva e inferencial) é essencial para compreender e
para a gestão dos insights providenciados pelos algori-
tmos do machine learning (regressão, classificação e clus-
tering).
Em Angola é cada vez mais visível nas grandes organiza-
ções, mormente do sector das telecomunicações e tecno-
logias de informação o reforço do capital humano com
profissionais em job function de Data Scientists ou com
formação de base em domínios similares, um sinal evi-
dente de que o cliché «Data is the new oil» está a ser efe-
ctivamente implantado no nosso contexto local.
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www.tech21africa.com
tech21africa
“Uma plataforma digital vocacionada em abordar vários temas ligados a 4ª
Revolução Industrial e as inovações”
Livraria Digital | Cursos Online | Conversas 4.0 | Blog | Eventos
Programa de Formação e Apoio ao Empreendedorismo e à Inovação.
Breves insights sobre a implementação do programa da Schoolab, para
formação e apoio ao empreendedorismo e à inovação aberta em Angola.
ários são os desafios associados a em-
pregabilidade identificados dentro do
ecossistema angolano, que vão desde a
falta de formação adequada à disponibilização
de ferramentas ou recursos necessários para
implementação de projectos ou ideias inova-
doras. Segundo o Instituto Nacional de Estatís-
tica (INE), a taxa de desemprego aumentou pa-
ra 34%. Olhando para esta problemática, com
alguma assertividade sabe-se que a grande
problemática não é o valor registado para a ta-
xa desemprego, mas sim a falta de preparação
adequada das pessoas para o mundo real.
Existe uma discrepância muito grande entre as
reais necessidades do mercado e os quadros a-
presentados pelas academias. A resolução dos
problemas de desemprego em Angola, passa
pela aposta na mentoria e na educação susten-
tável.
Com a necessidade de se implementar um sis-
tema de suporte com objetivos de treinar as
pessoas, e de forma especifica os membros da
comunidade acadêmica para as nossas necessi-
dades e desafios, no passado dia 03 de junho,
foi apresentado publicamente o Programa de
Formação e Apoio ao Empreendedorismo e à
Inovação, pelos coordenadores locais da Scho-
olab, Kimbango Paulo e Charlotte Brenders, de
forma a acompanhar os empreendedores nos
seus projectos de criação ou desenvolvimento
de negócios inovadores. Este programa é tute-
lado pela Schoolab - EMLyon Business School,
em colaboração com a Universidade Óscar Ri-
bas, TotalEnergies, e a Agence Française de Dé-
veloppement.
A Schoolab é uma organização internacional,
fundada em 2014, com expertise em empre-
endedorismo e inovação presente em Paris,
São Francisco e Ho Chi Minh. Tem realizado
missões em todo o mundo e de forma particu-
lar em alguns países como Madagáscar, Cama-
rões, África do Sul, Singapura e Taiwan. Durante
o seu percurso apoiou mais de 500 startups,
tornando-a líder na França e internacional-
mente. A Schoolab, é comprometida com o
investimento social, trabalha com a formação
ao código informático para mulheres excluídas
do emprego, apoio a empreendedores em ba-
irros prioritários, bolsas para estudar na UC
Berkeley.
O programa de Formação e Apoio ao Empre-
endedorismo e à Inovação, tem como objecti-
vos promover a criação de um ecossistema em-
preendedor inclusivo, colaborativo e aberto em
Angola, participar ao desenvolvimento de uma
oferta de formação teórica e prática sobre em-
preendedorismo e inovação em Angola, e tam-
bém facilitar a transferência de competências e
conhecimentos aos actores angolanos. Cada
actividade prevista, foi desenhada com o obje-
ctivo de compartilhar e transmitir conhecimen-
tos e recursos ao ecossistema.
v
28
Comunicação
“O desenvolvimento do ecossistema exige o surgi-
mento de uma geração atenta à cultura empreende-
dora”. A formação universitária permite influenciar
esta geração, dando-lhe as ferramentas para empre-
ender. Para o efeito, quatro actividades chaves serão
desenvolvidas para a materialização dos objectivos
do programa:
• Criação de uma formação universitária em em-
preendedorismo e inovação.
• Concepção de um percurso de incubação de
startups.
• Implementação de metodologías de pesquisa
«mercado e usuários»
• Concepção , Instalação e Operação de um Fab-
Lab.
Segundo os representantes locais da Schoolab, a
Universidade Óscar Ribas (UÓR), pioneira no desen-
volvimento do apoio ao empreendedorismo no en-
sino universitário em Angola foi escolhida para ser a
principal beneficiária deste programa, mas a oferta
encontra-se disponível para as outras universidades,
todos os empreendedores locais, em específico os
estudantes empreendedores, gestores de startups,
bem como para todas as estruturas de apoio ao em-
preendedorismo, existentes dentro do ecossistema
angolano.
29
30
Internet das
Coisas
e um modo claro e simples a In-ternet das Coisas, ou IoT do in-glês (Internet of Things) é a
maneira como os dispositivos estão co-nectados e se comunicando entre si, ecom a interação dos usuários através desensores e softwares que transmitemdados para uma determinada rede queconecta objectos físicos (Telemóveis,carros, computadores, electrodomésti-cos, roupas, equipamentos médicos, edi-fícios etc.) tudo que possui sensores ca-paz de colectar e compartilhar informa-ções com outros dispositivos.
Como é composto a internet
das coisas?
A Internet das Coisas não se pode definircomo uma tecnologia única, na verdadehá uma gama de factores que contribu-em e determinam como o conceito éconstituído. Três componentes precisamserem combinados para existem uma a-plicação da Internet das Coisas:
IoT como dispositivos: Refere-se auma vasta lista de dispositivos. Eles vãode domésticos, hospitalares, agrícolasetc., sejam eles itens inteligentes gran-des como carros, grandes computado-res, aviões, navios, geladeiras, a disposi-tivos pequenos como, celulares, notebo-oks, desktops, lâmpadas, relógios, etc.Desde que esses itens sejam equipadoscom elementos certos para proporcio-narem intercomunicação.
IoT como redes: É composto poruma vasta colecção de redes diferen-tes de criação para determinar finali-dade. Tecnologias como wifi, blueto-oth, NFC, embora tais tecnologias o-ferecem alcance limitado, podem serusados na internet das coisas. Comodeterminadas aplicações precisam demais alcance IoT, se amplia em usar asredes móveis : 3G, 4G ou LTE.
IoT como controle: Não bastaapenas que os dispositivos se cone-ctam à internet ou que compartilheminformações uns com os outros, essesdados precisam ser processados, ouseja, deve haver um sistema que ospossa tratá-los. Imaginemos uma casatotalmente automatizado, com senso-res de temperatura e ambiente, moni-tores de segurança, alarme contra in-cêndios, gerenciamento de ilumina-ção integrado, aparelhos de ar-condi-cionado, dados da câmera e outros i-tens, esses dados são enviados a umsistema que controla cada aspectodos dispositivos. Esse sistema podeestar em um servidor na nuvem, oque torna o sistema inteligente garan-tido ao proprietário acesso a qual-
Ezequiel MuxitoGraduado em Ciências da Computação | MBA emGestão Estratégica de Negócios | Especialista emdesenvolvimento backend.
D
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Categoria
Engenharia e Tecnologia
quer lugar, deixando o dono da casa livre de atualizaros dados.
Internet das Coisas e a Computação em
Nuvem
De longe os conceitos podem parecerem totalmentedestinos, mas estão completamente interligados che-gando a ponto de uma depender baste da outra. AInternet das Coisas possibilita a comunicação entresdispositivos e Data Centers que utilizam a infraes-trutura da nuvem para armazenamento e gerencia-mento dos dados.
Assim vemos que apenas é possível haver comunica-ção eficiente entre dispositivos através da nuvem. Es-sa revolução só se deve graças as grandes empresasde tecnologias (Apple, Amazon, Google, Microsoft eIBM) que disponibilizam seus serviços oferecendograndes espaços de armazenamentos, rapidez detransmissão de dados e gerenciamento de dados;isso reduz os custos para os consumidores dos servi-ços já que eles (clientes) , estão isentos de ter umainfraestrutura própria. Bom, uma vantagem imensu-rável é que a cada vez que a nuvem se propaga, aInternet das Coisas também se propaga, desse modoa nuvem oferece segurança e privacidade dos dados,já que os dados em dispositivos locais ficam expostosa grande vulnerabilidade de segurança pois que amaioria dos aparelhos não são equipado com me-canismo de proteção aprimorado em seus sistemas.
Relação entre Big Data e a
Internet das Coisas
Big Data é o conceito que implica o armazenamentoe processamento de mistura de dados estruturadosou não estruturados. É um termo já muito conhecidopelas corporações, pelos seus benefícios, como a re-alização de análise de informações colectadas, parti-
cularmente para possibilitar o aumento das vendaspor meio de análise dos perfis dos clientes, o que ca-usa grande volumes de dados gerado e transmitido.
O surgimento de novas tecnologias faz com que pes-soas, dispositivos e objectos estejam cada vez maisconectados, com isso a Internet das Coisas vem paraajudar o processo tornando os dispositivos ainda ma-is conectados e gerando grandes volumes de infor-mações, por tanto essa grande quantidade de dadosprecisam ser colectados e analisados para ter valoraos negócios. Para suprir a necessidade da Internetdas Coisas com seus grandes volumes de dados, oBig Data vem para armazenar e processar os dadosproduzido pela conectividade de todos os elementosque definem a IoT.
É neste ponto que as duas tecnologias se relaci-onam, com a Internet das Coisas gerando grandesvolumes de dados e o Big Data armazenando, anali-sando e processando esses dados para gerar infor-mações significante.
Estado da Internet das Coisas em
Angola
Ainda que timidamente, Angola já começa a dar pas-sos positivos frente ao uso da Internet das Cosias.Uma conferência promovida pela UNITEL no ano pas-sado visou consciencializar a sociedade sobre os be-nefícios do uso do IoT. Isso mostra o quanto comopaís tem interesse nas novas tendências tecnologias,ao mesmo tempo que deixa notável o quanto tem afazer para que essa solução seja adotada no país.Como mencionado em cima a Internet das Coisas énecessariamente um dispositivo que cria rede deconexão e internet para transmissão de dados.Olhando para os impasses que o país tem quanto aalcance de dispositivos electrônicos e alto custo deinternet a vontade da maior operadora móvel do pa-ís sobre o assunto entende-se como algo vantajoso,ainda que minúsculo.
Oportunidade de Aplicação no
mercado Angolano
O forte aumento considerável e disponível de dadosnão colectados e nem processados no mercado an-golano, com o surgimento da IoT, em muitos sectoresdo saber ou da ciência, tornou-se mais notável.Quanto mais dados são criados, mas conhecimento esabedoria as pessoas obtêm. Isso juntamente com a
32
capacidade da internet de comunicar esses dados,permitindo que as áreas das ciências avancem si-gnificativamente. Ao combinar a capacidade da evo-lução da IoT para sentir, colectar, distribuir, analisar etransmitir dados em grandes escalas, vários sectoressofrem mudanças significativas.
Em Angola enfrentamos uma grande a falta de dadospúblicos que possam possibilitar certos estudos. Aaplicação da Internet das Coisas pode abrir umagama de oportunidade de pesquisa e investimentos,para área como Data Science e Data Analytic usandooutras áreas do saber para colecta de dados. Comisso essas áreas se abrem com infinitas oportunida-des:
▪ Internet das Coisas na Agricultura: Éuma presença indispensável no sector agrícola. AIoT se interage em diversas formas e meio detornar as acções agrícolas possíveis e, maisfáceis. Hoje, sensores de humidade, temperatu-ra, chuva, mapeamento de campos por meio dedrones são conectados à internet para informar oquadro produtivo dos campos agrícolas.
▪ Internet das Coisas na Medicina: Namedicina, dispositivos conectados à internet sãopostos nos corpos dos pacientes para ajudarmédicos a diagnosticar e determinar as causas dedeterminadas doenças. Além de máquinas inteli-gentes serem desenvolvidas a ponto de substitu-írem as práticas humanas.
▪ Internet das Coisas na educação: Ainternet das Coisas enraizou-se nas escolas, tor-nando modernizados os sistemas de ensino emmuitas delas, o IoT proporciona maior eficiêncianas aulas e dá ao professor a oportunidade dedar aulas com feedbacks personalizados comensino adaptativo.
A Internet das Coisas é uma solução eminente quese propões em revolucionar a maneira como ascoisas são feitas e como o mundo vive. É importanteque o país, a sociedade e principalmente os profis-sionais da área entendam que a ideia é evoluçãopara modo de vida que pode ser mais facilitada. AIoT veio mudar a nossa realidade, porque hoje tudoé inteligência, celulares, carros, materiais domésticosetc. Geramos um mar de dados, o que esses dadosdizem sobre nós? O desafio é entender o que nós
Referências
EVANS, D. A internet das coisas como a próximaevolução da internet está mudando tudo: auxíliopara a sua estruturação. White Paper. Cisco InternetBusiness Solutions Group (IBSG). 2011.
IBSC, Cisco. A internet das coisas como a próximaevolução da internet está mudando tudo: auxíliopara a sua estruturação. Disponívelem:<https://www.cisco.com/c/dam/global/pt_br/assets/executives/pdf/internet_of_things_iot_ibsg_0411final.pdf>.
Farol. Como funciona a integração entre Big Data eInternet das Coisas?Disponível < https://farolbi.com.br/como-funciona-a-integracao-entre-big-data-e-internet-das-coisas/>
Fobes. Unitel quer ser pioneira na internet dascoisas em Angola. Disponível <https://www.forbes.co.ao/unitel-quer-ser-pioneira-da-internet-das-coisas-em-angola/ >
mesmo estamos falando com a tonelada de dadosque estamos gerando, nos últimos anos dadosgeraram mais dinheiro que petróleo, ou seja, “dadosé o próximo petróleo do mundo”, e agora o desejo étransformar dados em informação, conhecimento e,no final, em sabedoria.
33
crime cibernético custará ao mun-do US$10,5 trilhões anualmenteaté 2025. Se comparado a um Pa-
ís, o crime cibernético infligirá danos emtorno de USD 6 trilhões em 2021, estaria-mos a falar da terceira maior economia domundo, a seguir aos Estados Unidos e daChina. Golpes bancários, programas mali-ciosos, roubo de dados, propagação de ví-rus e vários outros crimes têm sido perpe-trados todos os dias por meio de aplica-ções de mensagens, redes sociais, correioelectrónico e websites. Segundo a Cyber
Security Ventures estima um cresci-mento anual (CAGR) em torno de 15% até2025.
Afinal o que é o crime
cibernético?
Entende-se por crime cibernético a qual-quer atividade ou prática ilícita com re-curso a tecnologia de informação. Essaspráticas podem envolver invasões de sis-tema, disseminação de vírus, roubo dedados pessoais, falsidade ideológica, aces-so a informações confidenciais e tantosoutros.
Os cibercrimes são motivados por umconjunto de razões, desde protesto, con-corrência, razões financeiras, status, emalguns casos para fins de demonstraçãodas vulnerabilidades de segurança dos sis-temas informáticos, no entanto, todos osataques visão violar um dos pilares dossistemas de informação, conforme indica-do no gráfico abaixo.
Segurança Cibernética e o Sector
das Telecomunicações em Angola
O
CategoriaEngenharia & Tecnologia
35
A prática do cibercrime é tão comum que, segundodados divulgados pela Norton, empresa especializa-da em segurança digital, cerca de 65% dos utilizado-res da Internet já foram vítimas de alguma forma decibercrime, em paralelo há dificuldades para comba-ter esta tipologia de crimes por falta de leis e puni-ções eficientes.
Quais as principais vulnerabilidades
exploradas pelo crime cibernético?
Os ataques cibernéticos, exploram vulnerabilidadesnos componentes dos sistemas de informação, no-meadamente:
1. Hardware responsável pelos dispositivos ele-ctrónicos, que por razões muitas vezes económi-cas ainda estão em versões obsoletos.
2. Software, composta por um conjunto de etapase procedimentos que garantem o processamentoda informação.
3. Peopleware, é o responsável pela manipulaçãodos sistemas informáticos, o humano, ou seja, oelemento mais desafiador de actualizar.
Um dos principais pontos de entrada da maior partedos incidentes cibernéticos, de alguma forma, é ata-
Segurança de informação
Integridade
Autentici-dade
Disponibilidade
Confidencialidade
Não repúdio
que de engenharia social, sendo que a maior partedos ataques são causados por erros humanos, portentar reconhecer um e-mail, ao baixar anexos quenão deviam.
Como são caracterizados os Ataques
Cibernéticos em Ambiente de
Telecomunicações?
Em ambientes de telecomunicações, onde os opera-dores de Internet (ISP) lidam com um grande volumede dados e equipamentos, os crimes cibernéticosganham a forma de Ataque de Negação de Serviço,ou seja, DDoS.
Um ataque de Negação de serviço (DDoS) é umatentativa mal-intencionada de afectar a disponibilida-de do sistema alvo (website ou uma aplicação), fa-zendo com que usuários legítimos experimentem epi-sódios de indisponibilidade.
Os ataques de DDoS podem assumir diferentes com-figurações:
1. Sobrecarga da largura de banda do servidor parao tornar indisponível.
2. Esgotamento da capacidade de processamentodo sistema, o que a torna incapaz de responderao tráfego legítimo.
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Este ambiente, robustecido pela presença de players
internacionais, torna o país num alvo interessante e
fácil, devido a combinação do grau de conectividade
associado as vulnerabilidades evidentes em largada
medida nas (3) componentes dos sistemas de infor-
mação:
1. O uso de passwords que sem qualquer critério de
segurança (ex. 123123, 123abc, admin);
Figura 01– Interligação dos sistemas submarinos .
Qual é a situação do
crime cibernético
em Angola?
Angola vem se tornando cada vez ele-mento-chave para dinamizar o pro-cesso de digitalização região da SADC,imprimindo grandes avanços no ambi-ente de telecomunicações, nomeada-mente:
Penetração da
Internet.28%
População32,35
milhões de habitantes.
+03 Sistemas
Submarinos
+02 Nº IXP’s
CDN’s/OTT+7
+10Data
Centers
+62ASN’s/
Entidades
2. Implementação de soluções de domínio público
por parte de entidades estratégicas (ex. @hot-
mail, @gmail, @yahoo.)
3. Ausência de políticas de segurança que visam
salvaguardar os pilares dos sistemas de informa-
ção.
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Para proteger a rede de um ISP, recomenda-se:
1. Implementar a técnica de validação de prefixos por via doRPKI (Resource Public Key Infrastructure), diz respeito a ummétodo criptográfico usado para validar anúncios de rotaBGP trocada entre redes na internet.
2. Adoptar as recomendações propostas na iniciativa do pro-grama MANRS (Mutually Agreed Norms for Routing Security).
Fique atento e proteja a sua rede sempre, pois qualquer dis-positivo ligado a Internet é um alvo em potencial, adaptando a
frase de Joe Louis “on the internet, you can run, but can-
not hide”.
Crisóstomo Mbundu
Eng.º Informática | Co-fundador da Angola Growth PlatformDesenvolvedor de Negócio e Gestão de Produtos na Angola Cables.
Em Angola, o crime cibernético ainda
é incipiente se comparado com ou-
tras realidades onde se verifica altos
índices de penetração de internet,
nomeadamente a Africa do Sul, Gha-
na, Nigéria, no entanto o País vem se
tornando interessante para o cyber
ataque fruto do desenvolvimento te-
cnológico que vem registando no que
tange aos níveis de conectividade.
Segundo a Akamai, num relatório emtempo real de onde extraímos afigura 02 acima, Angola regista cerca38 mil ataques de negação de serviçopor hora, sendo que a volumetria éinferior a 1Mbps, ou seja, os operado-res de telecomunicações em Angola,têm sido alvos de ataque de negaçãode serviço de forma frequente, entan-to o impacto tem sido baixo devidoao volume de tráfego.
Entendemos que um ataque de nega-ção de serviço DDOS, pode causar aoseu negócio impacto negativo que vaialém da perda da reputação e cli-entes, quebra do nível de serviço, adisputas jurídicas altamente onero-sas.
Como o ISP pode proteger
a rede contra-ataques
cibernéticas?
Em suma, nos dias de hoje, estar on-line é uma das formas mais segurançade interação social, todavia, tem sidoo aperitivo para avolumar a quanti-dade de crimes cibernéticos sob dife-rentes formatos, onde as vítimas po-dem ser individualidades ou até mes-mo empresas. Em Angola o cenárionão é diferente, tanto é que já se falaem soluções nacionais que integramprotecção automatizada para opera-dores de Internet com o intuito deminimizar o contacto humano.
Figura 02 – Índice de ataques de negação; relatório em tempo real Segundo a (Akamai)
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Disrupttion
Trajectória
académicaJun, 2020
Nídia da SilvaEstudante de Engenharia Química
do ISPTEC
Chamo-me Nídia Suelly Brandão da Silva, sou
técnica de Química Industrial pelo Instituto Médio
Industrial de Luanda e estudantedo curso de Enge-
nharia Química pelo ISPTEC. A minha jornada pelo
mundo das ciências exatas é cheia de reviravoltas, na
verdade eu costumo dizer que caí nela de paraque-
das pois fazer carreira no mundo da engenharia nun-
ca foi o meu sonho de infância tão pouco de consu-
mo. Com a chegada da idade da escolha decisiva, e
sentindo-me super perdida, foi a partir de conversas
e conselhos advindos de pessoas adultas que eu re-
solvi ingressar para o mundo da engenharia.
A minha jornada começou com o forte desejo de in-
gressar para o curso de telecomunicações, mas por
razões alheias a minha vontade (falta de vagas no
curso) o meu nome foi selecionado para o curso de
química industrial, na qual fiz a minha especialização
como técnica média durante 3 anos.
Apesar de já familiarizada com a área de química no
período do final curso encontrei-me novamente
diante de um dilema, pois desejava seguir carreira
em outra área completamente distinta do mundo da
engenharia “Direito Criminal”.
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Apesar de ter apresentado a candidatura em diver-sas área incluindo em direito, engenharia de teleco-municações e engenharia petrolífera e ter sido ace-ita em todas, a engenharia química mais uma vezvenceu a batalha pois foi a escolhida e aquela queem definitivo conquistou o meu coração e cativou aminha atenção.
Com quase 5 anos de estudo na área, tenho lutadomais e mais a cada dia para absorver tudo de positi-vo que ela tem para proporcionar-me por meio departicipações em feiras (Feira do ambiente Ed. 2018,Feira do E. Superior Ed. 2019, Feira científica ISPTECEd. 2018 ) e projectos realizados a nível da universi-dade que frequento e não só.
Actualmente, sou membro e participante activa doProjecto Reciclar, grupo fundado pela actual decanada área de química da minha universidade profes-sora Kátia Gabriel, com o intuito de incentivar o espí-rito científico no seio da universidade e despertar omundo sobre a grande problemática que é o au-mento em massa do lixo não tratado, principalmenteo lixo plástico.
Foi também em busca de mais conhecimento e cres-cimento na minha área de formação que tenho a-postado em cursos profissionais (Engenharia de Flu-ídos de Perfuração e Completação de Poços) que fu-turamente podem funcionar como trampolins impul-sionadores para o crescimento da carreira profissio-nal que pretendo construir e que muito tenho apos-tado.
O meio da engenharia foi também uma alavanca pa-ra descobrir e desbravar novos terrenos até um tem-po desconhecidos para mim e acredito que para al-guns alunos que tiveram as mesmas oportunidades.Fui no segundo ano do segundo semestre agraciadacom a inserção da cadeira de Empreendedorismo eInovação que muitos diriam estar a mais num cursode engenharia, mas que ajudou-me a desenvolver ea dar crescimento a empreendedora em mim prova-velmente a muito adormecida e dar os primeirospassos para a abertura do meu primeiro negócio noramo gastronómico.
A Engenharia e a sua capacidade de dar-nos uma no-va dimensão de olharmos o mundo e as coisas quenele existem tem muito contribuído para a alimenta-ção da minha vontade de crescer como pessoa e co-mo profissional, lutando por isso no aperfeiçoamen-
Príncipe dos SantosEstudante de Engenharia
Informática do ISPB
O meu nome é Príncipe Márcio De Carvalho Di-
as dos Santos, estudante do curso de engenharia
informática do Instituto Superior Politécnico de Ben-
guela – ISPB, trabalho como TI de um Instituto Supe-
rior.
Sempre tive muita paixão por tecnologia e graças a
minha curiosidade sempre fui autodidacta e buscava
sempre aprender mais sobre os aparelhos electróni-
cos a minha volta.
A decisão de seguir esta área foi tomada ao entrar no
ensino superior, optei por seguir algo que eu fazia
com paixão apesar de muita gente me dizer que de-
veria ver cursos melhores, e mesmo no ensino supe-
rior sempre fui um aluno que buscava mais do que os
professores me passavam e acabei por me apaixonar
por programação tanto que participei da maior com-
petição universitária a nível mundial (ACM ICPC) qua-
tro vezes em que uma delas a nível nacional a minha
equipa ocupou o segundo lugar, e 2 delas tivemos a
oportunidade de viajar e representar o nosso Institu-
to a nível nacional.
Em 2020 tive a grande oportunidade de ser seleccio-
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Edmilson BetoEstudante de Engenharia de Minas
da UTANGA
Meu nome é Edmilson Beto, estudante do 3° ano
de engenharia de Minas pela Universidade Técnica
de Angola- UTANGA.
A minha paixão por Minas começou no ensino mé-
dio, quando comecei a ter a cadeira de geologia, na
verdade eu já me interessava por recursos minerais,
mas quando comecei a ter esta cadeira, a paixão au-
mentou, e os conhecimentos foram mais direciona-
dos. Durante a minha jornada académica tive a o-
portunidade de visitar 3 empresas mineradoras, par-
ticipar em algumas feiras relativamente à constru-
ção de maquetes de Minas. Como futuro engenhei-
ro de Minas pretendo me capacitar e me dotar de
conhecimentos para puder contribuir na valorização,
utilização, recuperação, dos recursos minerais no
nosso país, pese embora a caminhada seja difícil,
mas com força, foco, dedicação e fé, alcançarei tal
objectivo.
to das minhas habilidades enquanto profissional esobretudo mulher pois de nós é mais cobrado.
Meu nome é Elias Canjundo Filipe, 24 anos de idade
estudante do 5º Ano do curso Engenharia Industrial e
Sistemas Eléctricos pela Universidade Metodista de
Angola ''UMA".
Sou um jovem que ama o mundo da Eléctrica, o meu
percurso no mundo da Eléctrica começou quando
ingressei no IMIL em 2012 mas, a minha paixão por
Elias FilipeEstudante de Engenharia Industrial
e de Sistemas Eléctricos da UMA
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nado pela Unitel para integrar o grupo de 10 jovens
que iriam representar Angola na China no programa
de formação da Huawei Seeds For The Future, que foi
uma experiência que aumentou muito o meu conhe-
cimento e gosto por redes de computadores. Sempre
que possível procuro me capacitar mais e mais fa-
zendo cursos online na Cisco Netacad e na Udemy. O
meu sonho é poder ser um programador capacitado
e poder viver dos meus conhecimentos em progra-
mação.
“Não sobrevive nem o mais inteligente nem o
mais forte mas sim o que melhor se adapta as
novas condições”.
ela não começou exatamente neste mesmo ano, por-
que quando eu ingressei no IMIL a minha paixão era
especificamente a Matemática como no mesmo Insti-
tuto onde ingressei não tinha o curso de matemática
então optei por fazer o curso de Energia e Institui-
ções Eléctricas. Em 2014 conheci o Professor Engº Ki-
abala Afonso Teixeira que incentivou a gostar do cur-
so já na reta do curso. Desde então me tornei um
amante puro do mundo da electricidade.
Em Fevereiro de 2015 tive a oportunidade de partici-
par de um curso de capacitação em Sistemas Eléctri-
cos pela Empresa Rede Nacional de Transporte de
Electricidade "RNT". Tive um bom desempenho e
consegui o meu primeiro contrato profissional pela
mesma Empresa na área de Operação de Subestação
Eléctrica.
Após a admissão na RNT mostrei claros progressos
que em menos de um ano fui proposto para
acompanhar o comissionamento de uma das maiores
subestação Eléctrica do país isto é em Cambambe na
província do Kwanza Norte. Núcleo este onde traba-
lho Atualmente, digo que nesta mesma subestação
pude aprender muito e hoje me sinto muito motiva-
do a continuar aprender.
"A concretização dos nossos sonhos só
acontecem se nós tivermos força de vontade,
hoje o meu maior sonho é me tornar um
especialista em Transformadores e vou
lutar para alcançar este mesmo título"
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