O gênero Geastrum Pers. em algumas áreas de Mata Atlântica e Caatinga no Rio Grande do Norte Fazolino, E. P. 0
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE BIOCIÊNCIAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
O GÊNERO GEASTRUM PERS. (PHALLOMYCETIDAE,
BASIDIOMYCOTA) EM ALGUMAS ÁREAS DE MATA
ATLÂNTICA E CAATINGA NO RIO GRANDE DO NORTE,
BRASIL
EDUARDO FAZOLINO PEREZ
NATAL 2009
O gênero Geastrum Pers. em algumas áreas de Mata Atlântica e Caatinga no Rio Grande do Norte Fazolino, E. P. 1
EDUARDO FAZOLINO PEREZ
O GÊNERO GEASTRUM PERS. (PHALLOMYCETIDAE,
BASIDIOMYCOTA) EM ALGUMAS ÁREAS DE MATA ATLÂNTICA E
CAATINGA NO RIO GRANDE DO NORTE, BRASIL
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-graduação em Ciências Biológicas como
parte dos requisitos para obtenção do grau de
Mestre em Ciências Biológicas pela
Universidade Federal do Rio Grande do
Norte.
ORIENTADOR: Prof. Dr. Iuri Goulart Baseia DBEZ/ CB / UFRN
NATAL
2009
Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do Centro de
Biociências
Perez, Eduardo Fazolino.
O gênero Geastrum pers. (Phallomycetidae, Basidiomycota) em
algumas áreas de Mata Atlântica e Caatinga no Rio Grande do Norte,
Brasil / Eduardo Fazolino Perez. – Natal, RN, 2009.
75 f. : Il.
Orientadora: Prof. Dr. Iuri Goulart Baseia.
Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Rio Grande do
Norte. Centro de Biociências. Programa de Pós-Graduação em Ciências
Biológicas.
1. Taxonomia – Dissertação 2. Macrofungos – Dissertação. 3.
Gasteromicetos – Dissertação. I. Baseia, Iuri Goulart. II. Universidade
Federal do Rio Grande do Norte. III. Título.
RN/UF/BSE-CB CDU 574.1 (813.2)
O gênero Geastrum Pers. em algumas áreas de Mata Atlântica e Caatinga no Rio Grande do Norte Fazolino, E. P. 2
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE BIOCIÊNCIAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
O GÊNERO GEASTRUM PERS. (PHALLOMYCETIDAE,
BASIDIOMYCOTA) EM ALGUMAS ÁREAS DE MATA ATLÂNTICA E
CAATINGA NO RIO GRANDE DO NORTE, BRASIL
EDUARDO FAZOLINO PEREZ
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas,
do Centro de Biociências, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte,
julgada adequada e aprovada, pelos Membros da Banca Examinadora.
MEMBROS DA BANCA EXAMINADORA:
_______________________________________________________ Dr. Iuri Goulart Baseia (UFRN)
Orientador
______________________________________________________ Dra. Marina Capelari
Instituto de Botânica de São Paulo
_______________________________________________________ Dra. Maria Tereza Barreto de Oliveira
DMP - UFRN
Natal/RN, 19 de junho de 2009.
O gênero Geastrum Pers. em algumas áreas de Mata Atlântica e Caatinga no Rio Grande do Norte Fazolino, E. P. 3
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar à “inteligência suprema, causa primária de todas as coisas” (Kardec),
que através da natureza e de inteligências iluminadas, me guiou neste trabalho e nos momentos
mais cruciais;
À minha amada esposa Maria Luíza, minha eterna colaboradora, amiga e anjo da guarda
pelo apoio incondicional, pela paciência das horas que sacrifiquei nesta empreitada, pelo
incentivo e pelo colo amigo;
Aos meus mui queridos filhos Sara e Lucas, pelo apoio e compreensão, pelas coletas e pelo
interesse;
Ao professor Dr. Iuri Goulart Baseia, meu orientador, pelo espírito empreendedor, visão de
trabalho, pelos incentivos e pela liberdade na condução da pesquisa, por sua preciosa ajuda e
inspiração;
Ao Dr. Francisco Diego Calonge pela ajuda inestimável nos artigos, na identificação e
pelas dicas, a quem admiro e respeito por seu tão profundo conhecimento;
Aos amigos Anileide Gomes Leite, Bianca Denise Barbosa da Silva e Emiliano Gurgel,
Jadson José Souza de Oliveira, Rhudson Henrique Santos Ferreira da Cruz, Theomara Ottoni
Batista dos Santos e Maria Izabel Medeiros Cocentino pela ajuda, companheirismo, pelas coletas,
incentivo e por tantos momentos divididos no decorrer desses anos;
Aos professores Dra. Sathyabama Chellappa, Dr. Alexandre Vasconcellos, Dr. Márcio
Zikan pelas palavras de entusiasmo, pelas críticas construtivas, pelas dicas valiosas além do
convívio enriquecedor.
Aos professores Dr. Jomar Gomes Jardim, Dra. Maria Alice Neves, Dra. Marina Capelari
Dra. e Maria Tereza Barreto de Oliveira pela revisão, críticas e sugestões no manuscrito.
A Rhudson Henrique Santos Ferreira da Cruz pelas ilustrações.
Às administrações das Unidades de Conservação Parque Estadual Dunas do Natal, Mata do
Jiqui da EMPARN e Estação Ecológica do Seridó do CMBio pelo apoio e logística;
Ao laboratório de Geologia por colaborar com a microscopia eletrônica de varredura, bem
como aos projetos CTPETRO-INFRA I e FINEP/LIEM; e
A todos aqueles que, direta ou indiretamente, contribuíram para essa conquista.
O gênero Geastrum Pers. em algumas áreas de Mata Atlântica e Caatinga no Rio Grande do Norte Fazolino, E. P. 4
RESUMO
Um levantamento taxonômico de representantes do gênero Geastrum foi realizado no período
chuvoso de 2006 a 2009 em três localidades do estado do Rio Grande do Norte, Brasil, a saber:
Parque Estadual Dunas do Natal (Mata Atlântica); Mata do Jiqui (Mata Atlântica); e Estação
Ecológica do Seridó (Caatinga). Quatorze espécies foram registradas: G. entomophilum, G.
fimbriatum, G. hirsutum, G. javanicum, G. lageniforme, G. lloydianum, G. minimum, G.
morganii, G. ovalisporum, G. pectinatum, G. saccatum, G. schweinitzii, G. setiferum e G. triplex.
Destas, onze espécies ocorreram na Mata Atlântica e seis na Caatinga. Uma espécie nova para
ciência foi registrada, G. entomophilum; um primeiro registro para o Brasil, G. morganii; seis
novos registros para o Nordeste; e dez novos registros para o Rio Grande do Norte. O material foi
tombado no Herbário UFRN. Adicionalmente, foi realizado um levantamento das espécies do
gênero depositadas no Herbário UFRN, resultando em 244 exsicatas, pertencentes a trinta e três
espécies. Destas, vinte e três foram coletadas no Brasil, e dez são procedentes da Europa,
República Tcheca, doação do Herbário VZ.
Palavras-chave: Taxonomia. Macrofungos. Gasteromicetos. Geastraceae. Geastrum.
O gênero Geastrum Pers. em algumas áreas de Mata Atlântica e Caatinga no Rio Grande do Norte Fazolino, E. P. 5
ABSTRACT
A taxonomic survey of representatives of the genus Geastrum took place during the rainy season
from 2006 to 2009 in four districts in the state of Rio Grande do Norte: Parque Estadual Dunas
do Natal (Atlantic Forest), Mata do Jiqui EMPARN (Atlantic Forest) and Estação Ecológica do
Seridó (Caatinga). Fourteen species were recorded: G. entomophilum, G. fimbriatum, G.
hirsutum, G. javanicum, G. lageniforme, G. lloydianum, G. minimum, G. morganii, G.
ovalisporum, G. pectinatum, G. saccatum, G. schweinitzii, G. setiferum and G. triplex. Of these
species, eleven occurred in the Atlantic Forest and six in the Caatinga. A new species has been
recorded to science, G. entomophilum, other as a first record for Brazil, G. morganii, six new
records for the Northeast, and ten new records for Rio Grande do Norte. The material was
tumbled in the Herbarium UFRN. Additionally, a survey of the species of the genus deposited in
the Herbarium UFRN was accomplished, resulting in 244 herbarium specimens belonging to
thirty-three species. Of these ones, twenty-three were collected in Brazil and ten are from Czech
Republic, Europe, as donation from the VZ Herbarium.
Key words: Taxonomy. Macrofungi. Gasteromycetes. Geastraceae. Geastrum.
O gênero Geastrum Pers. em algumas áreas de Mata Atlântica e Caatinga no Rio Grande do Norte Fazolino, E. P. 6
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1……………………………................…..................……….….....……………...07
1.1 INTRODUÇÃO GERAL…….........................................................................………...…....08
1.1.1 GÊNERO GEASTRUM PERS................................................................................09
1.1.2 PRINCIPAIS ESTUDOS DO GÊNERO GEASTRUM PERS. PARA O BRASIL.............10
1.1.3 CARACTERIZAÇÃO DO GÊNERO GEASTRUM....................................................11
1.2 OBJETIVOS...............…….....………………................................................……………....14
1.2.1 GERAL.............................................................................................................14
1.2.2 ESPECÍFICOS....................................................................................................14
1.3 ÁREAS ESTUDADAS............................................................................................................15
1.3.1 PARQUE ESTADUAL DUNAS DO NATAL...........................................................15
1.3.2 MATA DO JIQUI................................................................................................16
1.3.3 ESTAÇÃO ECOLÓGICA DO SERIDÓ...................................................................17
1.4 METODOLOGIA.....................................................................................................................18
1.4.1 COLETA, PROCESSAMENTO E HERBORIZAÇÃO DOS ESPÉCIMES......................18
1.4.2 ESTUDO DOS ESPÉCIMES..................................................................................19
REFERÊNCIAS.............................................................................................................................21
CAPÍTULO 2…………………………………....................………................…………………27
2.1 RESULTADOS........................................................................................................................28
2.1.1 DESCRIÇÃO DAS ESPÉCIES...............................................................................28
2.1.2 FIGURAS: BASIDIOMAS E MICRO ESTRUTURAS...............................................35
2.1.3 ARTIGOS..........................................................................................................40
2.1.3.1 ARTIGO 1...........................................................................................40
2.1.3.2 ARTIGO 2...........................................................................................46
CAPÍTULO 3…….......................………...............………….........………….………………...54
3.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................................................55
3.2 CONCLUSÕES.......................................................................................................................59
REFERÊNCIAS............................................................................................................................60
CAPÍTULO 4...............................................................................................................................61
4.1 ANEXOS................................................................................................................................62
4.1.1 ARTIGO 1........................................................................................................62
4.1.2 ARTIGO 2........................................................................................................67
O gênero Geastrum Pers. em algumas áreas de Mata Atlântica e Caatinga no Rio Grande do Norte Fazolino, E. P. 7
CAPÍTULO 1
O gênero Geastrum Pers. em algumas áreas de Mata Atlântica e Caatinga no Rio Grande do Norte Fazolino, E. P. 8
1.1 INTRODUÇÃO GERAL
Embora os hábitats tropicais ocupem apenas cerca da quarta parte do planeta, eles
abrigam a maior biodiversidade da Terra (RICKLEFS, 2003). O conhecimento de macrofungos
para estas regiões é ainda escasso, mais ainda em países megadiversos como o Brasil. Com o
avanço desenfreado do desmatamento e depredação dos recursos naturais muito se tem perdido
da riqueza natural e, provavelmente, espécies desaparecerão sem ao menos serem conhecidas
pela comunidade científica.
Dentre as 1.500.000 de espécies de fungos estimadas por Hyde & Hawksworth (1997),
apenas cerca de 97.000 foram descritas (KIRK et al., 2008). Novas espécies de fungos têm sido
descritas nas últimas décadas para as regiões tropicais e, provavelmente, ainda existam cerca de
1.000.000 de espécies de fungos tropicais a serem descobertas (HAWKSWORTH, 2001). Para o
Brasil e, especialmente para a região Nordeste, o conhecimento da micobiota é ainda insipiente
devido sua grande diversidade, o clima, o desconhecimento popular dos macrofungos e
principalmente a falta de recursos humanos especializados no meio científico e de recursos
financeiros para pesquisa.
Segundo Kirk et al. (2001), o gênero Geastrum, foco deste trabalho, contava com 50
espécies aceitas. Contudo após essa estimativa, novas espécies vêm sendo descritas: Geastrum
ovalisporum Calonge e Mor.-Arr. (CALONGE et al., 2000), G. setiferum Baseia (BASEIA;
MILANEZ, 2002), G. albonigrum Calonge e M. Mata (CALONGE; MATA, 2004), G.
pleosporus Douanla-Meli (DOUANLA-MELI et al., 2005), G. heptaplex Gardezi (GARDEZI,
2005), G. hirsutum Baseia e Calonge (BASEIA; CALONGE, 2006), G. parvistriatum JC Zamora
e Calonge (ZAMORA; CALONGE, 2007), G. entomophilum Fazolino, Calonge e Baseia
(FAZOLINO et al., 2008) e Geastrum episcopale F. Kuhar e L. Papinutti (KUHAR;
PAPINUTTI, 2009) perfazendo atualmente 59 espécies válidas, das quais o Brasil tem registrado
em torno de 40 (TRIERVEILER-PEREIRA; BASEIA, 2009), e dentre estas, 14 para o Rio
Grande do Norte, registradas neste trabalho.
O estado do Rio Grande do Norte está localizado na Região Nordeste do Brasil e ocupa
uma área de 52.796.791 km². Possui um relevo modesto, com mais de 80% da área com menos
de 300 m de altitude (FREIRE, 1990) e clima tropical. O litoral apresenta uma faixa de vegetação
de Mata Atlântica com tabuleiros, dunas, restingas e floresta semidecidual (CESTARO, 2002). O
interior apresenta clima semiárido que, conforme Gusmão et al., (2006), é caracterizado pelas
O gênero Geastrum Pers. em algumas áreas de Mata Atlântica e Caatinga no Rio Grande do Norte Fazolino, E. P. 9
irregularidades no regime pluviométrico definido pela escassez, temperatura elevada e
precipitações inferiores a 1.000 mm/ano, geralmente entre 250-800 mm, distribuídos em curto
período, de 3-6 meses.
Para o presente estudo foram escolhidas duas áreas remanescentes de Mata Atlântica:
Parque Estadual Dunas do Natal, na cidade de Natal e Mata do Jiqui, na cidade de Parnamirim; e
uma área de Caatinga, Estação Ecológica do Seridó (CMBio), localizada na cidade de Serra
Negra do Norte.
Contribuir para o conhecimento da diversidade de espécies do gênero Geastrum para o
estado do Rio Grande do Norte é o foco deste trabalho.
1.1.1 GÊNERO GEASTRUM PERS.
O gênero Geastrum foi descrito inicialmente por Micheli (1729) como Geaster. Persoon
em 1794 introduziu o nome Geastrum, sancionando-o em sua Sinopsis no ano de 1801. Desde de
então inúmeras discussões sobre qual nome adotar tem sido realizadas por diversos pesquisadores
como demonstra Demoulin (1984). O Conselho Internacional de Nomenclatura Botânica reunido
em Sydiney na Austrália, no ano de 1981, entendeu que Geaster deveria ser tratado como uma
variante ortográfica de Geastrum (DEMOULIN, 1984) sendo esta a denominação aceita
atualmente (SUNHEDE, 1989; SOTO e WRIGHT, 2000).
A etimologia vem do fato das espécies apresentarem forma estrelada, em função da
abertura do exoperídio, por isso são popularmente conhecidas por “earthstar” (estrela-da-terra).
A classificação da família Geastraceae Corda vem sofrendo profundas alterações nos
últimos anos (ZAMORA; CALONGE, 2007), especialmente devido às novas técnicas de
filogenia molecular. Geastraceae era tradicionalmente classificada dentro de Lycoperdales
(MILLER; MILLER, 1988), mas resultados de análises filogenéticas sugeriram uma nova
posição, relativamente próxima de gêneros como Phallus e Gomphus (CALONGE; ZAMORA,
2007). Hibbett et al. (1997) transferiram a família Geastraceae para Phallales. Nos anos de 2006
e 2007 diversos taxonomistas de instituições de todo o mundo (HOSAKA et al., 2006; HIBBETT
et al., 2007) propuseram uma nova classificação filogenética com a criação da subclasse
Phallomycetidae, e duas novas ordens, Hysterangiales e Geastrales, colocando a família
Geastraceae Corda na atual posição. Esta foi a classificação seguida neste trabalho:
O gênero Geastrum Pers. em algumas áreas de Mata Atlântica e Caatinga no Rio Grande do Norte Fazolino, E. P. 10
Reino Fungi
Filo Basidiomycota
Classe Agaricomycetes
Subclasse Phallomycetidae
Ordem Geastrales
Família Geastraceae
Gênero Geastrum
1.1.2 PRINCIPAIS ESTUDOS DO GÊNERO GEASTRUM PARA O BRASIL
O primeiro registro do gênero para o Brasil foi de uma nova espécie, Geastrum saccatum
(como Geaster), feito por Elias Fries (Fries, 1829). Posteriormente importantes trabalhos
realizados por Berkeley e Cooke (1876), Hennings (1904), Sydow e Sydow (1907), Lloyd (1907),
Averna-Saccá (1923) entre outros. É importante ressaltar o trabalho do padre Johannes Rick,
austríaco radicado no Brasil em 1902 onde permaneceu até sua morte em 1946. Considerado o
pai da micologia brasileira (FIDALGO, 1962) realizou um surpreendente trabalho com dezenas
de publicações, na maioria para o Rio Grande do Sul. Em 1961, uma publicação póstuma com
uma listagem de suas coletas foi organizada pelo padre Balduíno Rambo, trabalho este que
relaciona centenas de espécies de fungos, das quais 27 foram do gênero Geastrum (RICK, 1961),
porém algumas das espécies desse trabalho já não são consideradas no gênero, ou são sinônimos,
ou ainda não foram coletadas no Brasil, mas apenas citadas como provável ocorrência.
Outros trabalhos recentes que merecem atenção são os de Bononi et al. (1981), Bononi
(1984), Baseia (2001) e Baseia et al. (2003) para estado de São Paulo, Sobestiansky (2005) para o
Rio Grande do Sul e Santa Catarina, De Meijer (2006) para o Paraná e Cortez et al. (2008) para o
Rio Grande do Sul.
Para a região Nordeste a primeira referência foi para Pernambuco por Kimbrough et al.,
(1995), seguida por Baseia (1998), Baseia e Milanez (2002), Baseia e Calonge (2006), Leite e
Baseia (2007), Drechsler-Santos et al. (2008) e Fazolino et al. (2008).
Já para o Rio Grande do Norte as primeiras referências são bem recentes com apenas duas
publicadas: Additional studies on Geastrum from Northeastern Brazil (LEITE et al., 2007) e
Geastrum entomophilum, a new earthstar fungus with an unusual strategy in the spore dispersion
(FAZOLINO et al., 2008).
O gênero Geastrum Pers. em algumas áreas de Mata Atlântica e Caatinga no Rio Grande do Norte Fazolino, E. P. 11
1.1.3 CARACTERIZAÇÃO DO GÊNERO GEASTRUM
O basidioma imaturo pode desenvolver-se sob a superfície do solo (hipógeo), ou acima
dela (epígeo), mas na maioria das vezes encontra-se de forma intermediária, parcialmente
hipógeo (fig. 1.1a-b). Possui tamanho e formato diversos como globosos, subglobosos ou
lageniformes, normalmente com protuberância apical (fig. 1.2b), lisos, escamosos e algumas
vezes hirsutos. Podem crescer isolados ou em grupos, em solos arenosos, argilosos, sobre
serrapilheira ou ainda lignícolas. Algumas espécies formam um subículo esbranquiçado.
Rizomorfos são observados em algumas frutificações imaturas.
Já na maturidade é sempre epígeo (fig. 1.1c-d). Formado externamente por um exoperídio
composto por três camadas: micelial, fibrosa e pseudoparenquimatosa, que na maturidade abre-se
em raios de número e aspecto variáveis lembrando uma estrela (fig. 1.2a).
Fig. 1.1. Estágios de desenvolvimento de Geastrum, abertura do exoperídio: a) início – hipógeo; b) parcialmente hipógeo; c) epígio; d) abertura
completa (Adaptado de Sunhede. 1989).
b a
Fig. 1.2. Basidiomas: a) recém aberto; b) imaturo
O gênero Geastrum Pers. em algumas áreas de Mata Atlântica e Caatinga no Rio Grande do Norte Fazolino, E. P. 12
Os raios podem variar quanto à disposição em fornicados a saculiformes (fig. 1.3),
expandidos, revolutos ou involutos; quanto a capacidade de absorção de água em higroscópicos,
semi-higroscópicos ou não higroscópicos.
Fig. 1.3 Esquemas mostrando macro estruturas - I. Basidioma fornicado com endoperídio pedicelado, II. Basidioma saculiforme com endoperídio
séssil: a) endoperídio; b) pedicelo; c) raios; d) peristômio sulcado; e) peristômio fimbriado; f) colar da camada pseudoparenquimatosa (baseada
em Miller &Miller 1988).
O endoperídio é envolvido pelo exoperídio quando imaturo, e fica completamente ou
parcialmente exposto na maturidade. A superfície pode ser lisa, pruinosa, rugosa, com hifas
emaranhadas, cimbiformes, vermiformes, podendo ainda apresentar cristais aderidos, coloração
variando de marrom claro a escuro até cinza claro a escuro. O endoperídio envolve a gleba
pulverulenta que contém os basidiósporos e capilícios, além da columela que pode estar presente
de forma completa, resquicial ou estar completamente ausente. O endoperídio em sua porção
basal pode apresentar-se séssil, pedicelado ou com um pedicelo rudimentar, com ou sem apófise,
e sempre uniostiolado e unipedicelado (Fig. 1.3).
O ostíolo localiza-se na porção central superior do endoperídio e é utilizado para
dispersão dos basidiósporos. A região que circunda o ostíolo é denominada peristômio, podendo
O gênero Geastrum Pers. em algumas áreas de Mata Atlântica e Caatinga no Rio Grande do Norte Fazolino, E. P. 13
ser bem delimitada por uma coloração mais clara a indefinida ou com a mesma coloração do
restante do endoperídio (concolor). O peristômio pode apresentar-se fimbriado, sulcado, lacerado;
cônico ou mamiforme (fig. 1.4).
Fig. 1.4. Peristômio: a) sulcado, sem delimitação, cônico b) fimbriado, delimitado, mamiforme; c) fimbriado a lacerado sem
delimitação
No interior do endoperídio encontra-se a gleba pulverulenta (fig. 1.5) constituída por
capilícios, basídios e basidiósporos. Os capilícios são compostos normalmente por hifas simples,
raramente ramificadas originadas a partir da parede do endoperídio e da columela; a columela
(fig. 1.5) é conspícua no início do desenvolvimento do basidioma, mas normalmente torna-se
inconspícua na maturidade, ocorrendo em algumas espécies mesmo depois de maduras (BASEIA,
1998). Os basidiósporos são globosos a subglobosos, às vezes ovais; ornamentados por verrugas
colunares que variam de tamanho, quantidade e disposição; apresentam apículo, podem ainda
apresentar pequeno pedicelo.
O gênero Geastrum Pers. em algumas áreas de Mata Atlântica e Caatinga no Rio Grande do Norte Fazolino, E. P. 14
Fig. 1.5. Corte transversal esquemático de basidioma imaturo de Geastrum: co – columela; en – endoperídio; fl – camada fibrosa; me – camada
mesoperidial; mg – gleba madura; ml – camada micelial sem incrustações de detritos; mld – camada micelial com incrustações de detritos; myc -
micélio; pl – camada pseudoparenquimatosa. (Adaptado de Sunhede, 1989).
1.2 OBJETIVOS
1.2.1 GERAL
Fazer um levantamento das espécies do gênero Geastrum Pers. para o estado do Rio
Grande do Norte em áreas de Mata Atlântica e Caatinga.
1.2.2 ESPECÍFICOS
1. Identificar e descrever as espécies do gênero em áreas de Mata Atlântica e Caatinga para o
Estado do Rio Grande do Norte;
2. Estudar e descrever as estruturas de importância taxonômica, como basidiósporos, endoperídio
e capilícios, através de microscopia eletrônica de varredura (MEV); e
3. Fazer um levantamento do número de espécies de Geastrum tombadas no Herbário UFRN;
O gênero Geastrum Pers. em algumas áreas de Mata Atlântica e Caatinga no Rio Grande do Norte Fazolino, E. P. 15
1.3 ÁREAS ESTUDADAS
Foram estudados espécimes em áreas de Mata Atlântica e Caatinga, abrangendo as cidades de
Natal, Parnamirim e Serra Negra (Fig. 1.6).
Fig. 1.6. Localização dos municípios das Unidades de Conservação (Modificado de: IBGE; LITORAL DE SC)
1.3.1 PARQUE ESTADUAL DUNAS DO NATAL
O Parque Estadual Dunas do Natal (Parque das Dunas) está compreendido numa faixa
litorânea no sentido norte-sul na região da grande Natal - RN (05°46' S, 35°12' W) (Fig. 7).
Possui uma área de 1.172 ha, com 9 km de extensão longitudinal. Apresenta solo arenoso
quartzoso de granulação fina, não consolidada e com baixa fertilidade. As dunas são fixadas pela
vegetação. Quanto aos aspectos florísticos, o Parque das Dunas é caracterizado por Floresta
Atlântica e Tabuleiro litorâneo. O clima na região da reserva é descrito como tropical úmido, com
precipitações pluviométricas variando de 800 mm até mais de 1.500 mm anuais (FREIRE, 1990).
O gênero Geastrum Pers. em algumas áreas de Mata Atlântica e Caatinga no Rio Grande do Norte Fazolino, E. P. 16
Fig. 1.7. Mapa mostrando localização do Parque Estadual Dunas do Natal (Adaptado de Gurgel, 2009).
1.3.2 MATA DO JIQUI
Área verde que faz proteção ao manancial que abastece parte da região metropolitana de
Natal. Localizada na cidade de Parnamirim, tem como coordenada central os pontos 5º 56’ S e
35º 11’ W (Fig. 8). Este fragmento vegetacional remanescente compreende uma área de 79 ha
constituída de mata semidecídua. Existem poucos estudos para o local, sendo o mais importante
O gênero Geastrum Pers. em algumas áreas de Mata Atlântica e Caatinga no Rio Grande do Norte Fazolino, E. P. 17
realizado por Cestaro (2002) e Cestaro e Soares (2008) sobre ecologia, florística e fitossociologia.
O clima é tropical úmido com precipitações variando entre 800-1500 mm anuais, semelhantes ao
do Parque das Dunas, uma vez que dista deste poucos quilômetros (cerca de 15 Km).
Fig. 1.8. Mapa da EMPARN mostrando a Mata do Jiqui.
1.3.3 ESTAÇÃO ECOLÓGICA DO SERIDÓ / CMBio
A Estação Ecológica do Seridó (ESEC) está localizada no Município de Serra Negra do
Norte - RN, na região do Seridó. Com limites extremos situados aproximadamente entre 6°33' e
6°37' S e 37°14' e 37°16' W (Fig. 9), ocupando uma área de 1.166,38 ha. O clima característico
da Estação é quente e semi-árido, sendo a estação chuvosa de fevereiro a maio ou junho, com
índices pluviométricos, em média, de 600 mm anuais. A vegetação característica pode ser
descrita como sendo uma Caatinga arbóreo arbustiva, semi densa a densa (PLANO DE MANEJO
ESEC SERIDÓ, 2004).
O gênero Geastrum Pers. em algumas áreas de Mata Atlântica e Caatinga no Rio Grande do Norte Fazolino, E. P. 18
Fig.1. 9. Mapa da Estação Ecológica do Seridó (Plano de Manejo ESEC Seridó, 2004)
1.4 METODOLOGIA
1.4.1 COLETA, PROCESSAMENTO E HERBORIZAÇÃO DOS ESPÉCIMES
As coletas foram realizadas de maneira aleatória percorrendo trilhas pré-existentes e
abrangendo áreas ainda não visitadas. Os trabalhos de campo foram realizados durante as
estações chuvosas no período de junho de 2006 a maio de 2009.
Para coleta e preservação dos fungos foi observada a metodologia proposta por Fidalgo e
Bononi (1984): no ato da coleta os espécimes foram fotografados antes de serem removidos do
substrato, e em seguida retirados manualmente ou com auxílio de faca. O substrato, quando
pequeno (até cerca de 10 cm) foi coletado juntamente com o basidioma. Os espécimes
O gênero Geastrum Pers. em algumas áreas de Mata Atlântica e Caatinga no Rio Grande do Norte Fazolino, E. P. 19
acondicionados separadamente em caixas plásticas compartimentadas, caixas de papelão ou sacos
de papel e etiquetados, sendo registrados dados relativos ao local, data, coletor, habitat
(exposição aos raios solares e natureza do substrato) e basidiomas (forma, consistência, modo de
inserção no substrato, coloração e dimensões).
No laboratório as amostras foram secas em dessecador de alimentos à temperatura
aproximada de 40-45oC, durante 48-72 horas dependendo das dimensões dos basidiomas e
acondicionados em caixas de papelão ou envelopes pardos. A análise macroscópica constituiu de
observações detalhadas a olho nu e com auxílio de lupa. As mensurações foram efetuadas com
régua flexível, com divisões menores na ordem de 1 mm. Para determinação da coloração foi
utilizada a tabela de cores de Kornerup e Wanscher (1978).
1.4.2 ESTUDO DOS ESPÉCIMES
O estudo dos espécimes foi realizado no Laboratório de Criptógamas do Departamento de
Botânica, Ecologia e Zoologia - Centro de Biociências da Universidade Federal do Rio Grande
do Norte.
Para a análise das microestruturas será utilizado microscópio estereoscópio Olympus e
ópticos Askania RML 5 e Studar lab. O material será cortado à mão livre, com auxílio de lâmina
de barbear ou bisturi e manipulado com estiletes. Para observação das microestruturas porções da
gleba foram retiradas com o auxílio de uma pinça e preparadas lâminas com KOH a 5%. Lâminas
permanentes também foram confeccionadas, utilizando PVL, resina de álcool polivinílico e
lactofenol (SCHENCK, 1982). Para a obtenção das medidas microscópicas foram feitas 25
medidas de cada uma das microestruturas. (HEINEMANN; RAMMELOO, 1982).
Adicionalmente, foi utilizada microscopia eletrônica de varredura (Microscópio eletrônico
Phillips, modelo XL30-ESEM, disponível no Laboratório de Geoquímica/UFRN) para
observação detalhada da ornamentação dos basidiósporos, capilícios e superfície do endoperídio.
A identificação das espécies, bem como as descrições, foram efetuadas de acordo com os
caracteres observados nos espécimes examinados e com base nos trabalhos de Bottomley (1948),
Dissing e Lange (1962), Dring (1964), Demoulin (1968), Sunhede (1989), Calonge et al. (2000),
Baseia e Milanez (2002), Baseia e Calonge (2006) entre outros. A terminologia micológica
seguiu a nomenclatura proposta por Kirk et al. (2008).
O gênero Geastrum Pers. em algumas áreas de Mata Atlântica e Caatinga no Rio Grande do Norte Fazolino, E. P. 20
A coleção foi catalogada e incorporada ao acervo do Herbário da UFRN (Departamento
de Botânica, Ecologia e Zoologia/CB/UFRN). As siglas de Herbários foram abreviadas por
acrônimos segundo o Index Herbariorum. (HOLMGREN et al., 1990).
O gênero Geastrum Pers. em algumas áreas de Mata Atlântica e Caatinga no Rio Grande do Norte Fazolino, E. P. 21
REFERÊNCIAS
AVERNA-SACCÁ, R. Os gasteromycetes mais comuns nas hortas, nos pomares e nos campos.
Boletim Agrícola. (São Paulo) 23: 306-318, 1923.
BASEIA, I. G. Estudo da família Geastraceae Fisher (Gasteromycetes) na Mata do
Buraquinho, João Pessoa, Paraíba, Brasil. 1998. 118p. Dissertação (mestrado em
Criptógamos) – Centro de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Pernambuco, Recife.
BASEIA, I. G. Gasteromycetes (Basidiomycota) em áreas de cerrado do estado de São
Paulo, Brasil. 2001. 250p. Tese (Doutorado em Ciências) – Instituto de Biociências,
Universidade de São Paulo, São Paulo.
BASEIA, I. G.; MILANEZ, A.I. Geastrum setiferum (Gasteromycetes): a new species with a
setose endoperidium. Mycotaxon 84: 135-139, 2002.
BASEIA, I. G.; CAVALCANTI, M.A.; MILANEZ, A.I. Additions to our knowledge of the
genus Geastrum (Phallales: Geastraceae) in Brazil. Mycotaxon 85: 409-416, 2003.
BASEIA, I. G.; CALONGE, F. D. Geastrum hirsutum: a new earthstar fungus with a hairy
exoperidium. Mycotaxon 95: 301-304, 2006.
BERKELEY, M. J.; COOKE, M. C. The fungi of Brazil, including those collected by J. H. W.
Trail, Esq. M. A. in 1874. Journal of the Linnean Society (Botany). 15: 363-398, 1876.
BONONI, V. L.; TRUFEM, S. F. B.; GRANDI, R. A. Fungos macroscópicos do Parque Estadual
das Fontes do Ipiranga, São Paulo (SP), Brasil, depositados no Herbário do Instituto de Botânca.
Rickia 9: 37-53, 1981.
BOTTOMLEY, A. M. Gasteromycetes of South Africa. Bothalia 4: 473-810, 1948.
BONONI, V. L. Basidiomicetos do cerrado da reserva biológica de Moji-Guaçu, S.P. Rickia 11:
1-25, 1984.
O gênero Geastrum Pers. em algumas áreas de Mata Atlântica e Caatinga no Rio Grande do Norte Fazolino, E. P. 22
CALONGE, F. D.; MORENO-ARROYO, B.; GÓMEZ, J. Aportación al conocimiento de los
Gasteromycetes, Basidiomycotina, de Bolivia (América del Sur). Geastrum ovalisporum sp. nov.
Boletín de la Sociedad Micológica de Madrid, 25:271-276, 2000.
CALONGE, F. D.; MATA, M. A new species of Geastrum from Costa Rica and Mexico. Boletín
de la Sociedad Micológica de Madrid, 28: 331-335, 2004.
CESTARO, L. A. Fragmento de Floresta Atlântica do Estado no Rio Grande do Norte:
relações estruturais, florísticas e fitossociológicas. 2002. 149f. Tese (Doutorado em Ecologia e
Recursos Naturais) – Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2002.
CESTARO, L. A.; SOARES, J. J. The arboreal layer of a lowland semi-deciduous (tabuleiro)
forest fragment in Rio Grande do Norte. Memorial of the New York Botanic Garden. 100:
417-438, 2008.
CORTEZ, V. G.; BASEIA, I. G.; SILVEIRA, R. M. B. Gasteromicetos (Basidiomycota) no
Parque Estadual de Itapuã, Viamão, Rio Grande do Sul, Brasil. Revista Brasileira de
Biociências 6: 291–299, 2008.
DE MEIJER, A. A. R. Preliminary list of the macromycetes from the Brazilian State of Paraná.
Boletim do Museu de Botânico Municipal 68: 1-59, 2006.
DEMOULIN, V. Gastéromycètes de Belgique: Sclerodermatales, Tulostomatales, Lycoperdales.
Bulletin du Jardin Botanique National Belgique 38: 1-101, 1968.
DEMOULIN, V. Typification of Geastrum Pers.: Pers. and its orthographic variant Geaster
(Gasteromycetes). Taxon 33: 498-501, 1984.
DISSING, H.; LANGE, M. Gasteromycetes of Congo. Bulletin du Jardin Botanique de l’Etat
32(4): 325-416, 1962.
DRING, D.M. Gasteromycetes of West Tropical Africa. Mycological Papers 98: 1-60, 1964.
O gênero Geastrum Pers. em algumas áreas de Mata Atlântica e Caatinga no Rio Grande do Norte Fazolino, E. P. 23
DOUANLA-MELI, C.; LANGER, E.; CALONGE, F. D. Geastrum pleosporus sp. nov., a new
species of Geastraceae identified by morphological and molecular phylogenetic data.
Mycological Progress 4(3): 239-250, 2005.
DRECHSLER-SANTOS, E. R. et al. Revision of the Herbarium URM I. Agaricomycetes from
the semi-arid region of Brazil. Mycotaxon 104: 9-18, 2008.
FAZOLINO, E. P.; CALONGE, F. D.; BASEIA, I. G. Geastrum entomophilum, a new earthstar
with an unusual spore dispersal strategy. Mycotaxon 104: 449-453, 2008.
FIDALGO, O. Rick o pai da micologia brasileira. Rickia 1:3-11, 1962.
FIDALGO, O; BONONI, V. L. Técnicas de coleta, preservação e herborização de material botânico.
Instituto de Botânica, Manual nº4, 61p.
FREIRE, M. S. B. Levantamento florístico do Parque das Dunas do Natal. Acta Botanica
Brasilica 4:41-59, 1990.
FRIES, E. M. Sistens fungorum, ordines, genera et species. Systema Mycologicum 3(1):17,
1829.
GARDEZI, S. Notes on Scleroderma, puffballs and Geastrum of Azad Jammu and Kashmir,
Pakistan. Archives Phytopatogenical Plant Protection, 38(2): 113-122, 2005.
GURGEL, F. E. Fungos ectomicorrízicos em algumas áreas do Nordeste do Brasil. 2009. 112
p. Dissertação (Mestrado em Ciências Biológicas) – Centro de Biociências, Universidade Federal
do Rio Grande do Norte, Natal.
GUSMÃO, L. F. P et al. O semi-árido brasileiro e os fungos, In: Gusmão LFP, Maia LC (Eds.).
Diversidade e Caracterização dos Fungos do Semi-Árido Brasileiro. Associação de Plantas do
Nordeste 19-26, 2006.
HAWKSWORTH, D. L. The magnitude of fungal diversity: the 1.5 million species estimate
revised. Mycological Research 105 (12): 1422-1432, 2001.
O gênero Geastrum Pers. em algumas áreas de Mata Atlântica e Caatinga no Rio Grande do Norte Fazolino, E. P. 24
HEINEMANN, P.; RAMMELOO, J. Observations sur les genre Phlebopus (Boletineae).
Mycotaxon 15: 384-404, 1982.
HENNINGS, P. Fungi amazonic a. cl. Ernesto Ule collecti: 1. Hedwigia 43: 154-186, 1904.
HIBBETT, D. S. et al. Evolution of gilled mushrooms and puffballs inferred from ribosomal
DNA sequences. Proceeding National Academu Science USA 94: 12002-12006, 1997.
HIBBETT, D. S. et al. A higher-level phylogenetic classification of the Fungi. Mycological
Research 111: 509-547, 2007.
HOLMGREN, P. K.; HOLMGREN, N. H.; BARNETT, L. C. Index Herbariorum, part I. The
herbaria of the world, 8th ed., New York Botanical Garden, 120 p, 1990.
HOSAKA, K. et al. Molecular phylogenetics of the gomphoid-phalloid fungi with an
establishment of the new subclass Phallomycetidae and two new orders. Mycologia, 98(6) 949-
959, 2006.
HYDE, K. D.; HAWKSWORTH, D. L. Measuring and Monitoring the Biodiversity of Microfungi.
In: Biodiversity of Tropical Microfungi (ed. Hyde, K. D.). Hong Kong University Press 141-156,
1997.
IBGE. Mapa do Rio Grande do Norte. Disponível:
<http://www.ibge.gov.br/7a12/mapas/ufs/rio_grande_norte.pdf>. Acesso em: 12 maio 2009.
KIMBROUGH, J. W; ALVES, M. H; MAIA, L. C. Basidiomycetes saprófitos presentes em
troncos vivos e em folhedos de sombreiro (Clitoria fairchiana (Benth.) Howard). Biológica
Brasílica 6 (1/2): 51-56, 1995.
KIRK, P. M.; CANNON, P. F.; DAVID, J. C.; STALPERS, J. A. Ainsworth & Bisby's
Dictionary of the Fungi, 9th ed. CAB Publishing, 655p, 2001.
KIRK, P. M.; CANNON, P. F.; DAVID, J. C.; STALPERS, J. A. Ainsworth & Bisby's
Dictionary of the Fungi, 10th ed. CAB Publishing 771p, 2008.
O gênero Geastrum Pers. em algumas áreas de Mata Atlântica e Caatinga no Rio Grande do Norte Fazolino, E. P. 25
KORNERUP, A.; WANSCHER, J. E. Methuen Handbook of Colour. London Methuen, 3ed:
243 p., 1978.
KUHAR, F; PAPINUTTI, V. Geastrum episcopale: a new noticeable species with red-violet
exoperidium. Mycologia in press 13p., 2009.
LEITE, A. G.; BASEIA, I. G. A família Geastraceae Corda em algumas áreas do Nordeste
brasileiro. Sitientibus. Série Ciências Biológicas 7: 178-183, 2007.
LEITE, A. G.; CALONGE, F. D.; BASEIA, I. G. Additional studies on Geastrum from
Northeastern Brazil. Mycotaxon 101: 103-111, 2007b.
Litoral de Santa Catarina.com. O seu guia por todo o Brasil e arredores. Disponível:
<http://www.litoraldesantacatarina.com/brasil/>. Acesso em: 12 maio 2009.
LLOYD, G. G. Mycological notes nº 25. New notes on Geaster. Mycological Writings 2: 309-
317, 1907.
MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Plano de Manejo ESEC Seridó. IBAMA. 2004. 37p.
MICHELI, P. A. Nova Plantarum Genera. Florenti 4:117-122, 1729.
MILLER, K. O.; MILLER, H. H. Gasteromycetes: Morphological and Development Features.
Mad Rivers Press, 1988. 156p.
RICKLEFS, R. E. A Economia da Natureza. 5th ed. Guanabara Koogan. 2003. 501p.
RICK, J. E. Basidiomycetes eubasidia en Rio Grande do Sul - Brasilia. Iheringia, Série
Botânica 9: 451-480, 1961.
SCHENCK, N. C. Methods and Principles of Mycorrhizal Research. American
Phytopathological Society, 127 p, 1982.
O gênero Geastrum Pers. em algumas áreas de Mata Atlântica e Caatinga no Rio Grande do Norte Fazolino, E. P.
26
SOBESTIANSKY, G. Contribution to a macromycete survey of the States of Rio Grande do Sul
and Santa Catarina in Brazil. Brazilian Archives of Biology and Technology, 48: 437-457,
2005.
SOTO, M.; WRIGHT, J. E. Taxonomia del genero Geastrum (Basidiomycetes, Lycoperdales) en
la provincia de Buenos Aires, Argentina. Boletín de la Sociedad Argentina de Botánica 34:
185–201, 2000.
SUNHEDE, S. Geastraceae (Basidiomycotina). Morphology, ecology and systematics with
special emphasis on the North European species. (Synopsis Fungorum 1). Fungiflora, 1989.
535p.
SYDOW, H.; SYDOW, P. Verzeichnis der von Herrn F. Noack in Brasilien Gesammelten Pilze.
Annales Mycologici 5(4): 348-363, 1907.
TRIERVEILER-PEREIRA, L.; BASEIA, I. G. A checklist of the Brasilian gasteroid fungi
(Basidiomycota). Mycotaxon 108: 441-444, 2009.
ZAMORA, J.C.; CALONGE, F. D. Geastrum parvistriatum, una nueva especie encontrada en
España. Boletín de la Sociedad Micológica de Madrid 31:139-149, 2007.
O gênero Geastrum Pers. em algumas áreas de Mata Atlântica e Caatinga no Rio Grande do Norte Fazolino, E. P. 27
CAPÍTULO 2
O gênero Geastrum Pers. em algumas áreas de Mata Atlântica e Caatinga no Rio Grande do Norte Fazolino, E. P. 28
2.1 RESULTADOS
2.1.1 DESCRIÇÃO DAS ESPÉCIES
1. Geastrum entomophilum Fazolino, Calonge & Baseia, Mycotaxon 104: 449-453
(2008). Fig. 2.1
Basidioma hipógeo quando jovem, sub-globoso, 1-2 cm diâm., 0,8-1,5 cm de alt..
Exoperídio fornicado medindo 3,5-5,5 cm comp. quando aberto, semi-higroscópico, dividido em
5-8 raios; camada micelial com substrato e detritos aderidos. Camada fibrosa esbranquiçada (KW
4A2); Camada pseudoparenquimatosa laranja acinzentada (KW 5B3). Endoperídio séssil,
globoso, 0,7-2,3 cm diâm., com superfície pruinosa com grandes protuberâncias medindo entre
0,3-0,5 mm alt., enegrecidas por deposição de basidiósporos, cilíndricas, formadas por tufos de
hifas vermiformes. Peristômio fibriloso para lacerado, não delimitado, concolor. Gleba cinzenta,
quase negra (KW 7F1), columela distinta. Capilício 3-6 ȝm larg., marrom, rugoso, não
ramificado. Basidiósporos globosos, 2,8-3,5 ȝm diâm.
Material estudado: BRASIL. Rio Grande do Norte, Parnamirim, Mata do Jiqui, 22 VI
2007, Fazolino, E. P.; Silva, B. D. B., UFRN-fungos 353.
Hábitat: Solo humoso ou arenoso entre folhiço em decomposição, área sombreada, no
interior da floresta.
2. Geastrum fimbriatum Fr., Syst. mycol. (Lundae) 3(1): 16 (1829). Fig. 2.2
Basidioma hipógeo quando jovem, globoso a subgloboso com saliência apical, 1,2-2,5 cm
diâm. x 1,1-2,1 cm de alt., superfície escamosa. Exoperídio saculiforme medindo 3,2-4,8 cm
comp. quando aberto, formando 5-8 raios recurvados para baixo, semi-higroscópico. Camada
micelial presente, levemente incrustada com restos vegetais e areia, marrom oliva a marrom
amarelado (KW 4E4-5F6); camada pseudoparenquimatosa cinza amarelado a marrom oliva (KW
2C2-4F3); camada fibrosa aderida; endoperídio globoso a subgloboso, séssil, bege acinzentado
(KW 4C2), 1,1-2,0 cm de diâm.. Peristômio não definido, concolor com o endoperídio; ostíolo
fimbriado. Gleba marrom acinzentado (KW 5F2); columela presente (observada no basidioma
imaturo). Capilícios lisos, com incrustações na superfície. Basidiósporos com 3,5-4,3 µm diâm.
globosos, com ornamentação colunar.
O gênero Geastrum Pers. em algumas áreas de Mata Atlântica e Caatinga no Rio Grande do Norte Fazolino, E. P. 29
Material examinado: BRASIL. Rio Grande do Norte, Serra Negra do Norte, Estação
Ecológica do Seridó, 29 IV 2007, Fazolino, E. P.; Barbosa, M. M. B.; Silva, B. D. B., UFRN-
Fungos 339.
Hábitat: Em solo massapé úmido com muito folhiço, área sombreada, interior da floresta.
3. Geastrum hirsutum Baseia & Calonge, Mycotaxon 95: 301-304 (2006). Fig. 2.3
Basidioma epígeo quando jovem, globoso, 0,6-1,0 cm diâm. x 0,6-0,9 cm de alt.,
superfície hirsuta formadas por hifas entrelaçadas, 1,2-3.2 µm compr., crescendo no solo sobre
subículo amarelo esbranquiçado (KW 4A2). Exoperídio saculiforme medindo 1,3-1,7 cm comp.
quando aberto, formando 5-7 raios recurvados para baixo, não higroscópico. Camada micelial
densamente hirsuta, bege (KW 4C2); camada pseudoparenquimatosa cinza amarelado a marrom
oliva (KW 2C2-4F3); camada fibrosa aderida (adnata). Endoperídio globoso, séssil, cinza a
marrom claro (KW 6D2-6F2), 0,4-0,7cm diâm. Peristômio bem definido; ostíolo fimbriado.
Gleba marrom (KW 6F3); columela indistinta. Capilícios longos, com pequenas incrustações na
superfície. Basidiósporos globosos, 1,8-2,2 µm, com ornamentação colunar regular.
Material examinado: BRASIL. Rio Grande do Norte, Natal, Parque Estadual Dunas do
Natal, 24 VIII 2006, Fazolino, E. P.; Leite, A. G.; Silva, B. D. B., UFRN-Fungos 326.
Hábitat: Em solo arenoso com muito folhiço, área sombreada, interior da mata.
4. Geastrum javanicum (Lév.) P. Ponce de León, Fieldiana Bot. 31: 314 (1968). Fig. 2.4
Basidioma epígeo quando jovem, globoso ou com leve protuberância apical, 2,0-2,8 cm
diâm. x 1,9-2,8 cm de alt., superfície aveludada, crescendo no solo sobre subículo amarelo
esbranquiçado (KW 4A1-4A2). Exoperídio saculiforme medindo 4,5-6,8 cm compr. quando
aberto, formando 6-7 raios recurvados para baixo, higroscópicos. Camada micelial aveludada e
desprendendo-se na maturidade, marrom (KW 6F3); camada pseudoparenquimatosa cinza
avermelhada a marrom avermelhada (KW 7A2-7D3); camada fibrosa fina e aderida. Endoperídio
globoso, séssil, cinza a marrom acinzentado (KW 7E1-7E2), 1,7-2,0 cm diâm. Peristômio bem
definido; ostíolo fimbriado. Gleba marrom (KW 6F3); columela presente. Capilícios com
incrustações por toda a superfície. Basidiósporos globosos, 2,8-3,5 µm, com ornamentação
colunar regular.
O gênero Geastrum Pers. em algumas áreas de Mata Atlântica e Caatinga no Rio Grande do Norte Fazolino, E. P. 30
Material examinado: BRASIL. Rio Grande do Norte, Parnamirim, Mata do Jiqui, 22 VI
2007, Fazolino, E. P.; Baseia, I. G., UFRN-Fungos 344.
Hábitat: Em solo arenoso com muito folhiço, área sombreada.
5. Geastrum lageniforme Vittad., Monogr. Lycoperd.: 16-17 (1842). Fig. 2.5
Basidioma hipógeo quando jovem, subgloboso com protuberância apical, 0,6-1,2 cm
diâm. x 0,8-1,4 cm de alt., superfície lisa. Exoperídio saculiforme medindo 1,8-2,8 cm compr.
quando aberto, formando 7-9 raios estreitos e pontiagudos estendidos ou recurvados para baixo,
não higroscópicos. Camada micelial apresentando fissuras longitudinais na parte externa,
castanho amarelada (KW 5C2); camada pseudoparenquimatosa cinza alaranjado (KW 5B2);
camada fibrosa aderida à camada carnosa. Endoperídio globoso a subgloboso, séssil, marrom a
cinza (KW 6D3-6E3), 0,5-0,9 cm diâm. Peristômio bem definido; ostíolo fimbriado. Gleba
marrom (KW 6F3); columela presente. Capilícios lisos. Basidiósporos globosos 1,8-2,2 µm, com
ornamentação colunar regular.
Material examinado: BRASIL. Rio Grande do Norte, Natal, Parque Estadual Dunas do
Natal, 29 VII 2006, Fazolino, E. P.; Leite, A. G.; Silva, B. D. B., UFRN-Fungos 332.
Hábitat: Solo humoso, úmido com muito folhiço, área sombreada, interior da mata.
6. Geastrum lloydianum (Rick) P. Ponce de León, Fieldiana: Botany 31:326 (1968).
Fig. 2.6
Basidioma hipógeo quando jovem, sub globoso com protuberância apical, 0,8-1,8 cm
diâm. x 0,8-1,6 cm de alt., superfície lisa. Exoperídio fornicado medindo 2,2-4,0 cm compr.
quando aberto, formando 6-9 raios, não higroscópicos. Camada micelial completamente recoberta
por detritos de solo e folhiço, esbranquiçada (KW 5B1); camada pseudoparenquimatosa marrom
alaranjado (KW 6C2); camada fibrosa aderida à camada carnosa. Endoperídio subgloboso, séssil
com apófise lisa, marrom escuro (KW 6F4), 1,6-2,5 cm diâm. Peristômio não definido; ostíolo
sulcado. Gleba marrom (KW 6F2); columela presente. Capilícios com pequenas incrustações.
Basidiósporos globosos 2,2-3,2 µm, com ornamentação colunar regular.
Material examinado: BRASIL. Rio Grande do Norte, Natal, Parque Estadual Dunas do
Natal, 28 VI 2007, Fazolino E. P.; A. G. Leite.; Silva, B. D. B., UFRN-Fungos 510.
Hábitat: Solo arenoso com folhiço, área sombreada.
O gênero Geastrum Pers. em algumas áreas de Mata Atlântica e Caatinga no Rio Grande do Norte Fazolino, E. P. 31
7. Geastrum minimum Schwein., Schr. naturf. Ges. Leipzig 1: 58 (1822, as Geaster).
Fig. 2.7
Basidioma jovem não observado. Exoperídio fornicado medindo 1,0-1,6 cm compr.
quando aberto, formando 8-10 raios, não higroscópicos. Camada micelial recoberta por folhiço e
areia, branco alaranjada (KW 5A2); camada pseudoparenquimatosa desprendendo-se na
maturidade, marrom amarelada a marrom clara (KW 5D5-5D7); camada fibrosa exposta.
Endoperídio subgloboso, com pequeno pedicelo de cerca de 0,1 cm, sem apófise, cinza (KW
6D1), 0,4-0,6 cm diâm. Peristômio não definido; ostíolo fimbriado. Gleba marrom acinzentada
(KW 7F2); columela não observada. Capilícios lisos com pequenas ondulações. Basidiósporos
globosos 3,3-5,0 ȝm diâm., com verrugas irregulares e apículos proeminentes.
Material examinado: BRASIL. Rio Grande do Norte, Natal, Serra Negra do Norte,
Estação Ecológica do Seridó, 04 II 2008, Fazolino, E. P.; Silva, B. D. B., UFRN-Fungos 507.
Hábitat: Solo pedregoso com areia, pouco folhiço, exposição direta ao sol, encontrado no
leito seco de um rio temporário.
8. Geastrum morganii Lloyd Saccardo’s Syll. Fung. XIX: 750; XXI: 478 (1901).
Fig. 2.8
Basidioma jovem não observado. Exoperídio saculiforme e alguns fornicados 0,7-1,7 cm
comp. quando aberto, formando 6-8 raios, não higroscópicos. Camada micelial com pouca
incrustação, castanho (KW 5D4); camada pseudoparenquimatosa cinza alaranjado (KW 5B2);
camada fibrosa aderida à camada carnosa. Endoperídio globoso, séssil, sem apófise, marrom
acinzentado (KW 6D3), 0,3-0,6 cm diâm. Peristômio não delimitado; ostíolo fimbriado. Gleba
marrom acinzentada (KW 5F3); columela presente. Capilícios lisos. Basidiósporos globosos 4,2-
6,0 ȝm diâm. com ornamentação regular.
Material examinado: BRASIL. Rio Grande do Norte, Natal, Serra Negra do Norte,
Estação Ecológica do Seridó, 19 IV 2008, Fazolino, E. P.; Silva, B. D. B., UFRN-Fungos 622.
Hábitat: Solo humoso com bastante folhiço, sombreado.
9. Geastrum ovalisporum Calonge & Moreno-Arroyo, Bol. Soc. Micol. Madrid 25, 271-
276 (2000). Fig. 2.9
O gênero Geastrum Pers. em algumas áreas de Mata Atlântica e Caatinga no Rio Grande do Norte Fazolino, E. P. 32
Basidioma hipógeo quando jovem, subgloboso sem protuberância apical, 1,5-2,5 cm
diâm. x 1,5-2,6 cm de alt. lisa. Exoperídio fornicado medindo 2,0-3,0 cm comp. quando aberto,
formando 6-8 raios, não higroscópicos. Camada micelial completamente recoberta por detritos de
solo e folhiço, marrom alaranjado (KW 5C4); camada pseudoparenquimatosa cinza alaranjado
(KW 5B4); camada fibrosa parcialmente exposta. Endoperídio globoso a subgloboso, pedicelado
com apófise lisa, marrom escuro (KW 7F4), 1,0-1,5 cm diâm. Peristômio não definido; ostíolo
fimbriado. Gleba marrom (KW 6F2); columela presente. Capilícios com pequenas incrustações.
Basidiósporos ovóides com apículo proeminente, 2,0-3,2 µm, com ornamentação colunar
bastante irregular.
Material examinado: BRASIL. Rio Grande do Norte, Natal, Parque Estadual Dunas do
Natal, 28 VI 2007, 10 / VII / 2004, Baseia, I. G. (UFRN 229).
Hábitat: Em solo arenoso, próximo a folhiço.
10. Geastrum pectinatum Pers.: Pers., Syn. Meth. Fung.: 132 (1801). Fig. 2.10
Basidioma hipógeo quando jovem, subgloboso com protuberância apical, 1,0-1,7 cm
diâm. x 1,0-1,6 cm de alt.. Exoperídio fornicado medindo 1,5-3,0 cm comp. quando aberto,
formando 6-9 raios, não higroscópicos. Camada micelial recoberta por detritos de solo e folhiço,
bege acinzentado (KW 4C3); camada pseudoparenquimatosa desprendendo-se na maturidade,
cinza amarelado (KW 4B2); camada fibrosa parcialmente exposta na maturidade. Endoperídio
subgloboso, cônico, pedicelado, com apófise estriada, apresentando cristais na superfície, cinza
amarronzado (KW 6F3), 0,7-1,4 cm diâm. Peristômio não definido; ostíolo sulcado. Gleba
marrom escuro (KW 6F4); columela ausente. Capilícios verrucosos com incrustações.
Basidiósporos globosos, 1,8-2,4 µm diâm., com ornamentação colunar irregular.
Material examinado: BRASIL. Rio Grande do Norte, Natal, Serra Negra do Norte,
Estação Ecológica do Seridó, 10 IV 2009, Fazolino, E. P., UFRN-Fungos 1022.
Hábitat: Solo humoso entre folhiço, pouco luminosidade.
11. Geastrum saccatum Fr., Syst. Mycol. 3: 16 (1829). Fig. 2.11
Basidioma hipógeo quando jovem, globoso a subgloboso com protuberância apical, 1,2-
2,0 cm diâm. x 1,1-1,8 cm de alt.. Exoperídio saculiforme medindo 1,8-3,0 cm comp. quando
aberto, formando 5-8 raios, não higroscópicos. Camada micelial recoberta por detritos de solo e
O gênero Geastrum Pers. em algumas áreas de Mata Atlântica e Caatinga no Rio Grande do Norte Fazolino, E. P. 33
folhiço, cinza amarelado (KW 4C3); camada pseudoparenquimatosa bege acinzentado (KW
4C3); camada fibrosa parcialmente aderida à camada carnosa. Endoperídio globoso, mamiforme,
séssil, sem apófise, marrom oliva (KW 4D3-4E3), 0,8-1,5 cm diâm. Peristômio bem definido;
ostíolo fimbriado. Gleba marrom (KW 5E2); columela presente. Capilícios verrucosos com
incrustações. Basidiósporos globosos a subglobosos, com grande variação de tamanho 2,1-5,3
µm diâm., com ornamentação colunar bastante irregular e espaçada.
Material examinado: BRASIL. Rio Grande do Norte, Natal, Serra Negra do Norte,
Estação Ecológica do Seridó, 10 IV 2009, Fazolino, E. P., UFRN-Fungos 1025.
Hábitat: Solo humoso entre folhiço, pouco luminosidade.
12. Geastrum schweinitzii (Berk. & M. A. Curtis) Zeller, Mycologia 40: 649 (1948).
Fig. 2.12
Basidioma epígeo quando jovem, globoso, sem protuberância apical, crescendo sobre
subículo esbranquiçado, 0,4-1,0 cm diâm. x 0,4-0,9 cm de alt.. Exoperídio saculiforme medindo
0,7-1,6 cm comp. quando aberto, formando 5-8 raios, não higroscópicos. Camada micelial lisa
branco amarelada (KW 4A2); camada pseudoparenquimatosa laranja acinzentado (KW 6B3);
camada fibrosa aderida à camada carnosa. Endoperídio globoso, séssil, sem apófise, castanho
amarronzado (KW 5D3), 0,4-0,8 cm diâm. Peristômio bem definido; ostíolo fimbriado. Gleba
marrom (KW 5E3); columela não evidente. Capilícios lisos. Basidiósporos globosos, 2,0-3,2 µm
diâm., com ornamentação colunar regular.
Material examinado: BRASIL. Rio Grande do Norte, Natal, Parnamirim, Mata do Jiqui,
22 VIII 2007, Fazolino, E. P., UFRN-Fungos 345.
Hábitat: Madeira e folhas em decomposição.
13. Geastrum setiferum Baseia & Milanez, Mycotaxon 84: 135-139 (2002). Fig. 2.13
Basidioma epígeo quando jovem, sub globoso, com protuberância apical, 1,4-2,3 cm
diâm. x 1,2-2,1 cm de alt. Exoperídio fornicado medindo 2,8-5,2 cm comp. quando aberto,
formando 5-8 raios, não higroscópicos. Camada micelial escamosa, impregnada por folhiço,
marrom acinzentado (KW 5E3); camada pseudoparenquimatosa quebradiça, marrom claro (KW
6D4); camada fibrosa aderida à camada carnosa. Endoperídio globoso, recoberto por hifas
cimbiformes com aproximadamente 100 µm, séssil, com apófise lisa, marrom acinzentado (KW
O gênero Geastrum Pers. em algumas áreas de Mata Atlântica e Caatinga no Rio Grande do Norte Fazolino, E. P. 34
6D3), 0,4-0,8 cm diâm. Peristômio não definido; ostíolo fimbriado. Gleba marrom (KW 5E3);
columela distinta. Capilícios verrucosos. Basidiósporos globosos, 2,0-3,0 µm diâm., com
ornamentação colunar regular.
Material examinado: BRASIL. Rio Grande do Norte, Natal, Parnamirim, Mata do Jiqui,
10 VI 2008, Fazolino E. P.; Silva, B. D. B., UFRN-Fungos 566.
Hábitat: Em solo humoso entre folhiço.
14. Geastrum triplex Jungh., Tijdschr. Nat. Gesch. Physiol. 7: 287 (1840). Fig. 2.14
Basidioma hipógeo quando jovem, globoso com saliência apical pontiaguda, impregnado
com folhiço, 1,4-2,8 cm diâm. x 1,5-3,0 cm de alt., superfície escamosa. Exoperídio saculiforme
medindo 4,0-7,8 cm comp. quando aberto, formando 4-7 raios, não higroscópicos. Camada
micelial escamosa, impregnada por folhiço, bege acinzentado (KW 4B2); camada
pseudoparenquimatosa rompida formando um colar ao redor do endoperídio, cinza alaranjado
(KW 6B2); camada fibrosa aderida à camada micelial. Endoperídio globoso a subgloboso, séssil
sem apófise, marrom acinzentado (KW 6D3), 0,4-0,8 cm diâm. Peristômio bem definido; ostíolo
fimbriado. Gleba marrom escuro (KW 6F3); columela não observada. Capilícios verrucosos com
incrustações. Basidiósporos globosos, 3,5-4,0 µm diâm., com ornamentação colunar regular.
Material examinado: BRASIL. Rio Grande do Norte, Serra Negra do Norte, Estação
Ecológica do Seridó, 10 IV 2009, Fazolino, E. P., UFRN-Fungos 1024.
Hábitat: Em solo humoso entre folhiço.
O gênero Geastrum Pers. em algumas áreas de Mata Atlântica e Caatinga no Rio Grande do Norte Fazolino, E. P. 35
2.1.2 FIGURAS: BASIDIOMAS E MICRO ESTRUTURAS
Fig. 2.1. Geastrum entomophilum: a) basidioma; b) basidiósporo; c) endoperídio mostrando hifas vermiformes
Fig. 2.2. Geastrum fimbriatum: a) basidioma; b) basidiósporo; c) hifas do endoperídio
Fig. 2.3. Geastrum hirsutm: a) basidioma; b) basidiósporos; c) hifas do exoperídio
O gênero Geastrum Pers. em algumas áreas de Mata Atlântica e Caatinga no Rio Grande do Norte Fazolino, E. P. 36
Fig. 2.4. Geastrum javanicum: a) basidioma; b) basidiósporos; c) hifas do endoperídio
Fig. 2.5. Geastrum lageniforme: a) basidioma; b) basidiósporo; c) hifas do endoperídio
Fig. 2.6. Geastrum lloydianum: a) basidioma; b) basidiósporos; c) hifas do endoperídio
O gênero Geastrum Pers. em algumas áreas de Mata Atlântica e Caatinga no Rio Grande do Norte Fazolino, E. P. 37
Fig. 2.7. Geastrum minimun: a) basidioma; b) basidiósporos; c) cristais do endoperídio
Fig. 2.8. Geastrum morganii: a) basidioma saculiforme; b) basidiósporos; c) capilício
Fig. 2.9. Geastrum ovalisporum: a) basidioma; b) basidiósporo; c) hifas do endoperídio
O gênero Geastrum Pers. em algumas áreas de Mata Atlântica e Caatinga no Rio Grande do Norte Fazolino, E. P. 38
Fig. 2.10. Geastrum pectinatum: a) basidioma; b) basidiósporos; c) cristais do endoperídio
Fig. 2.11. Geastrum saccatum: a) basidioma; b) basidiósporo; c) capilício
Fig. 2.12. Geastrum schweinitzii: a) basidioma; b) basidiósporo; c) hifas do endoperídio
O gênero Geastrum Pers. em algumas áreas de Mata Atlântica e Caatinga no Rio Grande do Norte Fazolino, E. P. 39
Fig. 2.13. Geastrum setiferum: a) basidioma; b) basidiósporos; c) hifas do endoperídio com setas
Fig. 2.14. Geastrum triplex: a) basidioma; b) basidiósporo; c) capilício
O gênero Geastrum Pers. em algumas áreas de Mata Atlântica e Caatinga no Rio Grande do Norte Fazolino, E. P. 40
2.1.3 ARTIGOS
2.1.3.1 Artigo 1
TÍTULO: Geastrum entomophilum, a new earthstar fungus with an unusual strategy in
the spore dispersion.
AUTORES: Fazolino, E. P.; Calonge, F. D.; Baseia, I. G.
REVISTA: Mycotaxon
SITUAÇÃO: Publicado. Volume 104, pp. 449–453 (2008).
O gênero Geastrum Pers. em algumas áreas de Mata Atlântica e Caatinga no Rio Grande do Norte Fazolino, E. P. 41
O gênero Geastrum Pers. em algumas áreas de Mata Atlântica e Caatinga no Rio Grande do Norte Fazolino, E. P. 42
O gênero Geastrum Pers. em algumas áreas de Mata Atlântica e Caatinga no Rio Grande do Norte Fazolino, E. P. 43
O gênero Geastrum Pers. em algumas áreas de Mata Atlântica e Caatinga no Rio Grande do Norte Fazolino, E. P. 44
O gênero Geastrum Pers. em algumas áreas de Mata Atlântica e Caatinga no Rio Grande do Norte Fazolino, E. P. 45
O gênero Geastrum Pers. em algumas áreas de Mata Atlântica e Caatinga no Rio Grande do Norte Fazolino, E. P. 46
2.1.3.2 Artigo 2
TÍTULO: Coleção micológica do Herbário UFRN I: O gênero Geastrum
AUTORES: Fazolino, E. P.; Leite, A. G.; Silva, B. D. B.; Baseia, I. G.
REVISTA: Mycotaxon
SITUAÇÃO: A ser enviado à Revista Brasileira de Biociências
O gênero Geastrum Pers. em algumas áreas de Mata Atlântica e Caatinga no Rio Grande do Norte Fazolino, E. P. 47
O gênero Geastrum Pers. em algumas áreas de Mata Atlântica e Caatinga no Rio Grande do Norte Fazolino, E. P. 48
O gênero Geastrum Pers. em algumas áreas de Mata Atlântica e Caatinga no Rio Grande do Norte Fazolino, E. P. 49
O gênero Geastrum Pers. em algumas áreas de Mata Atlântica e Caatinga no Rio Grande do Norte Fazolino, E. P. 50
O gênero Geastrum Pers. em algumas áreas de Mata Atlântica e Caatinga no Rio Grande do Norte Fazolino, E. P. 51
O gênero Geastrum Pers. em algumas áreas de Mata Atlântica e Caatinga no Rio Grande do Norte Fazolino, E. P. 52
O gênero Geastrum Pers. em algumas áreas de Mata Atlântica e Caatinga no Rio Grande do Norte Fazolino, E. P. 53
O gênero Geastrum Pers. em algumas áreas de Mata Atlântica e Caatinga no Rio Grande do Norte Fazolino, E. P. 54
CAPÍTULO 3
O gênero Geastrum Pers. em algumas áreas de Mata Atlântica e Caatinga no Rio Grande do Norte Fazolino, E. P. 55
3.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS
No levantamento taxonômico realizado, quatorze espécies do gênero Geastrum Pers.
foram registradas para o estado do Rio Grande do Norte: G. entomophilum, G. fimbriatum, G.
hirsutum, G. javanicum, G. lageniforme, G. lloydianum, G. minimum, G. morganii, G.
ovalisporum, G. pectinatum, G. saccatum, G. schweinitzii, G. setiferum e G. triplex.
Destas, onze ocorreram em Mata Atlântica e seis no o semiárido, conforme Quadro 1. Foi
registrada uma espécie nova para ciência, G. entomophilum; um primeiro registro para o Brasil,
G. morganii; seis novos registros para o Nordeste, G. entomophilum, G. javanicum, G.
lloydianum, G. minimum, G. morganii e G. pectinatum; e dez novos registros para o Rio Grande
do Norte, G. entomophilum, G. fimbriatum, G. hirsutum, G. javanicum, G. lageniforme, G.
lloydianum, G. minimum, G. morganii, G. pectinatum, G. schweinitzii. Os espécimes foram
tombados no acervo do Herbário UFRN.
Um levantamento das espécies do gênero foi realizado com base na coleção do Herbário
UFRN resultando em 244 excicatas, pertencentes a 33 espécies. Vinte e três coletadas no Brasil, e
dez na Europa (República Tcheca), doação da coleção particular de Vladimir Zita, Herbário VZ.
Atualmente, é o herbário brasileiro com o maior número de espécies do gênero tombadas.
Neste importante acervo temos Geastrum entomophilum, G. hirsutum, G. setiferum e G.
ovalisporum como espécies recentemente descritas para a ciência entre 2000 e 2008, todas
procedentes da América do Sul, sendo as três primeiras exclusivas do Brasil. G. ovalisporum foi
originalmente descrita para a Bolívia, mas possui ocorrência para o Brasil. Geastrum
entomophilum é conhecido até o momento apenas para a Mata Atlântica do Rio Grande do Norte
(FAZOLINO et al., 2008). Geastrum morganii é o primeiro registro para o Brasil. Geastrum
setiferum é o terceiro registro mundial, ocorrendo anteriormente apenas para São Paulo
(BASEIA; MILANEZ, 2002) e Pernambuco (BASEIA et al., 2006). O estudo do gênero
Geastrum ainda é muito recente para a região, e teve início com os trabalhos de Leite e Baseia
(2007), Leite et al. (2007) e Fazolino et al. 2008, o que evidencia um amplo campo ainda
inexplorado para a taxonomia deste interessante grupo no estado Rio Grande do Norte.
Das quatorze espécies registradas, verificou-se uma maior incidência na Mata Atlântica
(Quadro 1), mas cabe ressaltar que não foi realizado nenhum protocolo para determinação de
riqueza e abundância de espécies e, devido ao fato de termos mais acesso as áreas de Mata
O gênero Geastrum Pers. em algumas áreas de Mata Atlântica e Caatinga no Rio Grande do Norte Fazolino, E. P. 56
Atlântica, o esforço amostral foi bem maior nestas áreas do que na área de Caatinga que localiza-
se a cerca de 300 quilômetros da instituição.
QUADRO 3.1. Distribuição das espécies de Geastrum por área
Mata Atlântica Semiárido
G. entomophilum G. fimbriatum
G. hirsutum G. minimum
G. javanicum G. morganii
G. lageniforme G. pectinatum
G. lloydianum G. saccatum
G. ovalisporum G. triplex
G. pectinatum
G. saccatum
G. schweinitzii
G. setiferum
G. triplex
Como mostra o Quadro 3.1, Geastrum minimum e G. morganii foram registrados apenas
para a área o Semi-árido.
Os basidiomas de Geastrum pectinatum e G. triplex ocorrentes na área de Caatinga
apresentaram dimensões reduzidas quando comparados com os dos espécimes coletados nas áreas
de Mata Atlântica (BASEIA et al., 2003; LEITE, BASEIA, 2007). Já em relação à Geastrum
saccatum ocorre o inverso, sendo maiores os basidiomas dos espécimes coletados no semi-árido
(LEITE; BASEIA, 2007), conforme mostra o Quadro 3.2.
O gênero Geastrum Pers. em algumas áreas de Mata Atlântica e Caatinga no Rio Grande do Norte Fazolino, E. P. 57
QUADRO 3.2. Variação dos caracteres das espécies por áreas.
ESPÉCIES MATA ATLÂNTICA CAATINGA
Geastrum
pectinatum
Basidioma de 3,5-4,5 cm alt., no imaturo camada micelial lisa. Encontrados em solo
humoso entre folhiço.
Basidioma de 2,0-2,8 cm alt., no imaturo camada micelial lisa, impregnada com areia e restos vegetais. Encontrados em
solo argiloso sob vegetação arbórea.
Geastrum
saccatum
Basidioma de 1-1,5 cm diâm, no imaturo camada micelial lisa. Encontrados em solo
humoso entre folhiço.
Basidioma de 1,5-4,0 cm diâm., no imaturo camada micelial com sulcos superficiais.
Encontrados em solo pedregoso entre húmus e folhiço.
Geastrum triplex Basidioma de 4,0-6,0 cm diâm., no imaturo camada micelial lisa. Encontrado em solo
humoso entre folhiço.
Basidioma de 1,5-3,0 cm diâm., no imaturo camada micelial com sulcos formando placas. Encontrados em solo pedregoso
entre húmus e folhiço.
A Figura 3.1 mostra a porcentagem de espécies por área estudada acrescentando o
espécime que foi levantado no Herbário UFRN-fungos, Geastrum ovalisporum.
DISTRIBUIÇÃO POR ÁREA ESTUDADA
42%29%
29%
Parque das Dunas Mata do Jiqui ESEC
Fig. 3.1. Distribuição de espécies por área estudada
O gênero Geastrum Pers. em algumas áreas de Mata Atlântica e Caatinga no Rio Grande do Norte Fazolino, E. P. 58
Como resultado desse trabalho o conhecimento do gênero Geastrum para o estado do Rio
Grande do Norte foi significativamente ampliado (Fig. 3.2).
REGISTRO COMPARATIVO DE GEASTRUM
4
58
14
21
38
59
15
36
0
10
20
30
40
50
60
70
Rio Grande do
Norte
Nordeste Brasil Mundo
Nú
mer
o d
e es
péc
ies
ANTES DEPOIS
Fig. 3.2. Número de espécies do gênero Geastrum registradas antes e depois do estudo realizado
O gênero Geastrum Pers. em algumas áreas de Mata Atlântica e Caatinga no Rio Grande do Norte Fazolino, E. P. 59
3.2 CONCLUSÕES
1. Quatorze espécies do gênero Geastrum foram registradas para o Rio Grande do Norte neste
trabalho;
2. Geastrum entomophilum é o primeiro registro para a Ciência;
3. Geastrum morganii é o primeiro registro para o Brasil;
4. Geastrum setiferum é o terceiro registro mundial, ocorrendo anteriormente apenas para São
Paulo e Pernambuco;
5. Seis espécies do gênero representam o primeiro registro para o Nordeste;
6. Dez espécies são citadas pela primeira vez para o Rio Grande do Norte;
7. No Parque Estadual Dunas do Natal foram encontradas nove espécies: Geastrum
entomophilum, G. hirsutum, G. javanicum, G. lageniforme, G. lloydianum, G. pectinatum, G.
saccatum, G. schweinitzii e G. triplex;
8. Na Mata do Jiqui registraram-se seis espécies: Geastrum entomophilum, G. javanicum, G.
saccatum, G. schweinitzii, G. setiferum e G. triplex;
9. As espécies encontradas na Estação Ecológica do Seridó foram seis: Geastrum fimbriatum, G.
minimum, G. morganii, G. pectinatum, G. saccatum e G. triplex, sendo G. minimum e G.
morganii encontrados apenas na Caatinga;
10. Geastrum pectinatum, G. saccatum e G. triplex foram encontrados tanto em Mata Atlântica
como na Caatinga;
11. A contribuição deste trabalho para a taxonomia do gênero Geastrum é bastante significativa,
colocando o estado do Rio Grande do Norte e o herbário UFRN como referência, tanto ao nível
local, regional, como nacional e internacional.
O gênero Geastrum Pers. em algumas áreas de Mata Atlântica e Caatinga no Rio Grande do Norte Fazolino, E. P. 60
REFERÊNCIAS
BASEIA, I. G.; MILANEZ, A. I. Geastrum setiferum (Gasteromycetes): a new species with a setose endoperidium. Mycotaxon 84: 135-139, 2002.
BASEIA, I. G. ; CAVALCANTI, M. A.; MILANEZ, A. I. Additions to our knowledge of the genus Geastrum ( Phallales: Geastraceae) in Brazil. Mycotaxon 85: 409-416, 2003.
BASEIA, I. G.; MAIA, L. C.; CALONGE, F. D. Notes on Phallales in the Neotropics. Boletin de la Sociedad Micolgica de Madrid 30: 87-93, 2006
FAZOLINO, E. P.; CALONGE, F. D.; BASEIA, I. G. Geastrum entomophilum, a new earthstar with an unusual spore dispersal strategy. Mycotaxon 104: 449-45, 2008.
LEITE, A. G., BASEIA, I. G. A família Geastraceae Corda em algumas áreas do Nordeste brasileiro. Sitientibus. Série Ciências Biológicas 7: 178-183, 2007.
LEITE, A.G.; CALONGE, F. D.; BASEIA, I. G. Additional studies on Geastrum from Northeastern Brazil. Mycotaxon 101: 103-111, 2007.
O gênero Geastrum Pers. em algumas áreas de Mata Atlântica e Caatinga no Rio Grande do Norte Fazolino, E. P. 61
CAPÍTULO 4
O gênero Geastrum Pers. em algumas áreas de Mata Atlântica e Caatinga no Rio Grande do Norte Fazolino, E. P. 62
4.1 ANEXOS
4.1.1 Artigo 1
TÍTULO: Phallus roseus, first record from the neotropics
AUTORES: Ottoni, T.B.S.; Fazolino, E. P.; Silva, B. D. B.; Baseia, I. G.
REVISTA: Mycotaxon
SITUAÇÃO: Publicado. Volume 112, pp. 5–8 (2010).
O gênero Geastrum Pers. em algumas áreas de Mata Atlântica e Caatinga no Rio Grande do Norte Fazolino, E. P. 63
O gênero Geastrum Pers. em algumas áreas de Mata Atlântica e Caatinga no Rio Grande do Norte Fazolino, E. P. 64
O gênero Geastrum Pers. em algumas áreas de Mata Atlântica e Caatinga no Rio Grande do Norte Fazolino, E. P. 65
O gênero Geastrum Pers. em algumas áreas de Mata Atlântica e Caatinga no Rio Grande do Norte Fazolino, E. P. 66
O gênero Geastrum Pers. em algumas áreas de Mata Atlântica e Caatinga no Rio Grande do Norte Fazolino, E. P. 67
4.1.2 Artigo 2
TÍTULO: First records of Clathrus (Phallaceae, Agaricomycetes) from the Northeast Region of Brazil
AUTORES: Fazolino, E. P.; Trierveiler-Pereira, L.; Calonge, F.D.; Baseia, I. G.
REVISTA: Mycotaxon
SITUAÇÃO: Publicado. Volume 113, pp. 195–202 (2010).
O gênero Geastrum Pers. em algumas áreas de Mata Atlântica e Caatinga no Rio Grande do Norte Fazolino, E. P. 68
O gênero Geastrum Pers. em algumas áreas de Mata Atlântica e Caatinga no Rio Grande do Norte Fazolino, E. P. 69
O gênero Geastrum Pers. em algumas áreas de Mata Atlântica e Caatinga no Rio Grande do Norte Fazolino, E. P. 70
O gênero Geastrum Pers. em algumas áreas de Mata Atlântica e Caatinga no Rio Grande do Norte Fazolino, E. P. 71
O gênero Geastrum Pers. em algumas áreas de Mata Atlântica e Caatinga no Rio Grande do Norte Fazolino, E. P. 72
O gênero Geastrum Pers. em algumas áreas de Mata Atlântica e Caatinga no Rio Grande do Norte Fazolino, E. P. 73
O gênero Geastrum Pers. em algumas áreas de Mata Atlântica e Caatinga no Rio Grande do Norte Fazolino, E. P. 74
O gênero Geastrum Pers. em algumas áreas de Mata Atlântica e Caatinga no Rio Grande do Norte Fazolino, E. P. 75