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UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI
FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA
O EFEITO DO TREINAMENTO INTERVALADO DE ALTA INTENSIDADE NA
RESISTÊNCIA MUSCULAR LOCALIZADA DE MEMBROS INFERIORES
Sâmara Alves Mariz
Diamantina
2014
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UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI
FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA
O EFEITO DO TREINAMENTO INTERVALADO DE ALTA INTENSIDADE NA
RESISTÊNCIA MUSCULAR LOCALIZADA DE MEMBROS INFERIORES
Sâmara Alves Mariz
Orientador:
Pof. Dr. Fabiano Trigueiro Amorim
Co-orientadora:
Paula Fernandes Aguiar
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado
ao curso de Educação Física da UFVJM, como
parte dos requisitos exigidos para a obtenção
do título de licenciado em Educação Física.
Diamantina
2014
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O EFEITO DO TREINAMENTO INTERVALADO DE ALTA INTENSIDADE NA
RESISTÊNCIA MUSCULAR LOCALIZADA DE MEMBROS INFERIORES
Sâmara Alves Mariz
Orientador:
Fabiano Trigueiro Amorim
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado
ao curso de Educação Física da UFVJM, como
parte dos requisitos exigidos para a obtenção
do título de licenciado em Educação Física.
Aprovado em: ........../........../..........
_______________________________________
Membro da banca - UFVJM
_______________________________________
Membro da banca – UFVJM
_______________________________________ Fabiano Trigueiro Amorim– UFVJM
Diamantina
2014
4
DEDICATÓRIA
Dedico esta, assim como todas as minhas demais
conquistas, aos meus pais, Sandra e Sinésio pela
capacidade de acreditarem em mim.
Com todo carinho, dedico este trabalho ao meu
namorado Gabriel por toda a ajuda e
compreensão nos momentos difíceis.
5
AGRADECIMENTOS
A Deus
Pela força e coragem durante toda esta longa caminhada e por ter ajudado a manter minha fé
nos momentos mais difíceis.
Aos meus pais e toda família
Pela capacidade de acreditarem em mim e me ajudarem a seguir essa longa jornada de grande
importância em minha vida. Mãe, seu cuidado е dedicação fоі o que deram, еm alguns
momentos, а esperança pаrа seguir. Pai, suа presença significou segurança е certeza dе quе
não estou sozinha nessa caminhada.
Ao meu orientador Fabiano Amorim e a mestranda Paula Aguiar
Que dedicaram tempo e compartilharam suas experiências para que minha formação fosse
também um aprendizado de vida, meu carinho e meu agradecimento. Seus olhares críticos e
construtivos me ajudaram a superar os desafios deste trabalho. Serei eternamente grata.
Aos voluntários
Pela paciência e interesse em participar deste projeto. Sem vocês ele não teria acontecido.
A todos
Que ouviram os meus desabafos, que presenciaram e respeitaram o meu silêncio, que
partilharam este longo passar de anos, de páginas, de livros e cadernos, que fez meu mundo
um mundo melhor; que me acompanharam, choraram, riram, sentiram, participaram,
aconselharam, dividiram, as suas companhias, os seus sorrisos, as suas palavras e mesmo as
ausências foram expressões de amor profundo. As alegrias de hoje também são suas, pois o
carinho e estímulos foram peças-chave para essa minha vitória.
6
EPÍGRAFE
Tua caminhada ainda não terminou
A realidade te acolhe
dizendo que pela frente
o horizonte da vida necessita
de tuas palavras
e do teu silêncio.
Se amanhã sentires saudades,
lembra-te da fantasia e
sonha com tua próxima vitória.
Vitória que todas as armas do mundo
jamais conseguirão obter,
porque é uma vitória que surge da paz
e não do ressentimento.
É certo que irás encontrar situações
tempestuosas novamente,
mas haverá de ver sempre
o lado bom da chuva que cai
e não a faceta do raio que destrói.
Tu és jovem.
Atender a quem te chama é belo,
lutar por quem te rejeita
é quase chegar a perfeição.
A juventude precisa de sonhos
e se nutrir de lembranças,
assim como o leito dos rios
precisa da água que rola
e o coração necessita de afeto.
Não faças do amanhã
o sinônimo de nunca,
nem o ontem te seja o mesmo
que nunca mais.
Teus passos ficaram
Olhes para trás
mas vá em frente
pois há muitos que precisam
que chegues para poderem seguir-te.
Charles Chaplin
7
RESUMO
O treinamento intervalado de alta intensidade (high intensity interval training - HIIT) é um
método tempo-eficiente para melhora de condicionamento aeróbio. Entretanto, não está claro
se o HIIT tem efeitos em melhorar o desempenho muscular localizado. Portanto, este estudo
tem como objetivo avaliar a resistência muscular localizada após o treinamento intervalado de
alta intensidade. Participaram do estudo 8 (oito) indivíduos saudáveis do sexo masculino, não
treinados, que não utilizavam nenhum medicamento e não apresentavam riscos para a
realização de atividade física. Os voluntários foram submetidos a uma avaliação da
composição corporal e teste de VO2 máx. O teste de resistência muscular foi realizado no
equipamento isocinético e consistiu de flexões e extensões de joelho na posição sentada
durante o período de 60 segundos a uma velocidade máxima de 180º por segundo, antes e
após o treinamento. A média do pico de torque (newton por metro), trabalho total (Joules) e
índice de fadiga (por cento) extensão do joelho, foram avaliados antes e após o treinamento. O
treinamento físico consistiu de 4 semanas de treinamento intervalado de alta intensidade em
cicloergômetro, com frequência semanal de 3 vezes, totalizando 12 sessões de exercício. Cada
sessão foi composta por estímulos de exercício (1 minuto entre 90 e 110% da W pico seguido
por 75 segundos de recuperação ativa a 30 W), que foram progressivamente aumentados ao
longo do período de treinamento, sendo 8 estímulos nas 2 primeiras sessões até alcançar 13
estímulos nas 2 últimas. O trabalho total e a média do pico de torque não foram diferentes
nos testes pré e pós treinamento, porém, ambos apresentaram tendência a reduzir o trabalho
total e tendência a aumentar para a média do pico de torque. O trabalho relativo (J/repetição)
e o índice de fadiga foram significativamente menores após o treinamento. Estes resultados
indicam que o HIIT melhora a resistência muscular localizada de membros inferiores.
Palavras-chave: Treinamento intervalado de alta intensidade, resistência muscular
localizada, isocinético
8
ABSTRACT
The high intensity interval training (HIIT) is a time-efficient method for improving aerobic
fitness. However, it is not clear if the HIIT improve local muscular endurance. Thus, this
study aims to evaluate the local muscular endurance after high intensity interval training.
Eight healthy not trained male individuals took part in the study, and they did not use any
medicine neither presented risks to perform physical exercises. The volunteers were submitted
to an evaluation of body composition and test of maximum VO2. The muscular endurance test
was performed on an isoknetic equipment and consisted of knee extension and flexion
pushups and sitting knee stretching exercises for 60 seconds at a maximum speed degrees of
180° per second, before and after the training. The average torque peak (newton per meter),
total work (Joules) and fatigue index (percent) of knee extension were evaluated before and
after training. The physical training consisted of 4 weeks high of intensity interval training a
cycle ergometer, three times a week, totaling 12 exercising sessions. Each session consisted of
exercises bouts (1 minute at 90 to 110% of the peak followed by 75 seconds of active
recovery at 30 W), which were progressively increased along the training period, being 8
stimulations on the first 2 sessions until reaching 13 stimulations on the last 2 ones. The total
work and average peak torque were not different before and after training, however both
presented tendency to increase peak torque and decrease total work. The relative work
(J/repetition) and the fatigue index were significantly lower after training. These results point
that the HIIT cause improvement in local muscular endurance lower limb.
Keywords: high intensity interval training, muscular endurance, isokinetic.
9
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 10
2. OBJETIVO GERAL ........................................................................................................ 12
2.1 Objetivos Específicos ..................................................................................................... 12
3. JUSTIFICATIVA ............................................................................................................ 13
4. METODOLOGIA ............................................................................................................ 14
4.1 Delineamento Experimental .......................................................................................... 14
4.2 Amostra ......................................................................................................................... 14
4.3 Caracterização da amostra ............................................................................................. 14
4.5 Treinamento Intervalado de Alta Intensidade (HIIT) ...................................................... 16
4.6 Análise Estatística ......................................................................................................... 16
5. RESULTADOS ............................................................................................................... 18
6. DISCUSSÃO ................................................................................................................... 21
7. CONCLUSÃO ................................................................................................................. 24
REFERÊNCIAS .................................................................................................................. 25
10
1. INTRODUÇÃO
Estudos recentes sugerem que o treinamento intervalado de alta intensidade (high
intensity interval training - HIIT) é um método alternativo e eficaz em induzir adaptações
fisiológicas usualmente observadas pelo treinamento contínuo de intensidade moderada
(revisado por GILLEN E GIBALA, 2014). O HIIT é caracterizado por séries repetidas e
intermitentes, geralmente breves e intensas, que chegam próximo ao consumo máximo de
oxigênio (GIBALA, 2007). Dependendo da intensidade do treinamento o estímulo pode durar
de segundos até alguns minutos intercalados por períodos de recuperação de baixa intensidade
ou repouso (GIBALA, 2007). Os modos de exercício do HIIT geralmente incluem
corrida/caminhada ou pedalar em bicicleta ergométrica.
O HIIT pode induzir adaptações ao treinamento semelhantes ao treinamento contínuo
de intensidade moderada. Ao comparar 60 minutos de treinamento contínuo a 70% do
consumo de oxigênio máximo (VO2máx) com o HIIT, composto de oito séries de 20
segundos com carga aproximada a 170% do VO2máx e 10 segundos de recuperação entre as
séries (duração total de 20 minutos), ambos realizados 5 vezes por semana, durante 6
semanas, Tabata e colaboradores (1997) observaram aumentos no consumo de oxigênio
máximo de 9% para o treinamento contínuo e 15% para o HIIT. Este resultado indica que o
HIIT induz adaptações semelhantes no condicionamento físico dos indivíduos mesmo
necessitando de um período de tempo no treinamento menor. Por esta e outras características,
o HIIT torna-se um método de treinamento atraente para pessoas que não têm tempo de se
exercitarem.
Embora a carga de exercício no HIIT seja alta (usualmente acima de 90% da
potência máxima atingida no teste progressivo para medida do VO2máx), este tipo de
exercício pode induzir adaptações tanto na força quanto na resistência muscular localizada. O
único estudo encontrado na literatura que avaliou o efeito do HIIT na força e resistência
muscular foi conduzido por Astorino et al. (2012). Os autores utilizaram o HIIT como
programa de treinamento, tendo como um dos objetivos avaliar a força e a resistência
muscular localizada. Dois grupos foram alocados, sendo um treinado (n=20) e um grupo
controle (n=9). O grupo treinado completou o HIIT que consistiu de 4 testes de Wingate nas
1º e 2º sessões, 5 testes nas 3º e 4º sessões, e 6 testes nas 5º e 6º sessões. O grupo controle
concluiu todos os testes pré-treino, assim como o grupo treinado, mas não executaram o HIIT.
A potência mínima, a potência média, a potência pico, e o índice de fadiga foram avaliados
11
pré-treinamento e pós-treinamento em um teste que consistiu de 5 repetições máximas a
60º/seg, seguidas por 20 repetições máximas a 180º/seg. Não foram observadas melhoras no
desempenho em nenhum dos parâmetros avalidos. Os autores sugerem que embora outras
variáveis do estudo apresentaram melhoras com o treinamento (variáveis do teste de Wingate,
frequência cardíaca e VO2máx), a não diferença dos dados do teste de força e resistência
muscular localizada, possa ter ocorrido devido ao curto tempo de recuperação entre o teste de
VO2 max e o teste para essa análise. Além disso, o protocolo do teste pode ter sido curto para
observar as diferenças da medida.
Diante do exposto, há uma carência de informações acerca dos efeitos do HIIT sobre
o desempenho muscular localizado após um período de treinamento. Assim, este estudo tem
como objetivo avaliar a resistência muscular localizada após 4 semanas de treinamento
intervalado de alta intensidade.
12
2. OBJETIVO GERAL
O objetivo do presente estudo foi avaliar o efeito do treinamento intervalado de alta
intensidade na resistência muscular localizada.
2.1 Objetivos Específicos
Avaliar o efeito do treinamento intervalado de alta intensidade nas variáveis de
resistência muscular localizada, para isso foram avaliados:
Média do pico de torque
Trabalho total
Trabalho relativo
Índice de fadiga
13
3. JUSTIFICATIVA
O treinamento intervalado de alta intensidade é um tipo de treinamento que ganhou
espaço tanto na literatura quanto na mídia nos últimos anos, devido a adaptações ocorrerem de
forma semelhante ao treinamento contínuo tradicional, com menor demanda de tempo.
Entretanto, ainda há carência de informações sobre o efeito do HIIT nas adaptações à
resistência muscular localizada. Por isso este estudo visa contribuir com informações a
respeito das adaptações do HIIT sobre o desempenho muscular localizado
14
4. METODOLOGIA
4.1 Delineamento Experimental
Este estudo apresenta um delineamento longitudinal, onde as variáveis de interesse
foram analisadas antes e após um programa de treinamento intervalado de alta intensidade.
Esse estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFVJM (protocolo 014/11).
4.2 Amostra
Oito indivíduos saudáveis do sexo masculino, que não participavam de um programa
de treinamento durante os últimos três meses e que não estavam engajados em atividades de
intensidade moderada mais de três vezes por semana, participaram do presente estudo. Os
voluntários não utilizavam nenhum medicamento e não apresentavam riscos para a realização
de atividade física (ACSM, 2009). Todos os voluntários assinaram um Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido antes do início do estudo e todos os possíveis riscos e
benefícios relacionados à sua participação da pesquisa foram esclarecidos previamente.
4.3 Caracterização da amostra
Inicialmente, o voluntário foi submetido a uma avaliação da composição corporal
que foi determinada a partir da Absortometria Radiológica de Dupla Energia (DXA) (Lunar
Radiation Corporation, Madison, Wisconsin,USA, modelo DPX). Para isso, os sujeitos foram
posicionados na área de escaneamento do equipamento, trajando roupas leves, sem o uso de
qualquer objeto de metal que possa interferir nas medidas. A massa corporal e a estatura
foram medidas através de uma balança analógica (Welmy, modelo 110, precisão de 0.1 kg)
com estadiômetro acoplado (precisão de 0,5 cm). O consumo máximo de oxigênio (VO2máx)
foi medido utilizando o protocolo de rampa em cicloergômetro (Ideal, modelo MMX) em
ambiente temperado (temperatura seca de 22°C e umidade relativa do ar (URA) de 60%) de
acordo com Whipp et al. (1981). Em resumo, o protocolo de rampa consistiu inicialmente de
dois minutos de preparação a 50 rpm, correspondentes a 18 km•h-1
. Em seguida, a potência
(watts) foi aumentada de forma individual, baseado no questionário de história de atividade
física dos voluntários, até não conseguirem manter a carga do execício. Os incrementos de
carga ocorreram a cada 60 segundos. No momento da fadiga, a carga foi retirada e o
15
voluntário continuou pedalando por mais 2 minutos. O VO2 máx foi calculado com base na
equação proposta pelo Colégio Americano de Medicina Esportiva (American College of
Sports Medicine – ACSM), sendo, [VO2 máx = (10.8 x W x M-1
) + 7], onde W = trabalho
realizado (watts); M = massa corporal (kg).
4.4 Resistência Muscular localizada no Isocinético
A resistência muscular localizada foi avaliada em aparelho isocinético. Os
procedimentos de ajuste e posicionamento para a avaliação do desempenho muscular na
extensão e flexão de joelhos seguiram as recomendações do fabricante. Os indivíduos foram
questionados sobre a perna dominante para a realização do teste. Os voluntários realizaram
uma sessão de familiarização e após 48 horas retornaram ao laboratório para realizar o teste
pré-treinamento. O voluntário retornou ao laboratório 48 horas após a última sessão de
treinamento para realizar a medida de desempenho pós-treino.
Nos dias dos testes, ao chegar ao laboratório, os voluntários fizeram aquecimento em
cicloergômetro por 5 minutos com uma carga correspondente a 50% da potência atingida no
teste de VO2 máx. Em seguida foi conduzido até o equipamento onde os parâmetros foram
ajustados individualmente. Correias foram colocadas sobre o tronco, quadril e pernas para
restringir o movimento, permitindo somente a movimentação da perna em exercício. A
angulação limite para a amplitude do movimento foi de 90° a 30° na flexão e extensão do
joelho, respectivamente.
O teste consistiu de flexões e extensões de joelho na posição sentada durante o
período de 60 segundos a uma velocidade máxima de 180º por segundo. Durante as
contrações os voluntários foram verbalmente encorajados aos 18, 36 e 54 segundos do teste
para realizarem o maior número de contrações com a maior força possível. As configurações
de posição de comprimento do braço e cadeira foram gravadas e repetidas após o treinamento.
O pico de torque médio (Newton por metro), trabalho total (Joules) e índice de fadiga (por
cento), calculado como 100 - [(trabalho no último terço / trabalho no primeiro terço) × 100]
na extensão do joelho, foram registradas antes e após o treinamento.
16
4.5 Treinamento Intervalado de Alta Intensidade (HIIT)
O protocolo de treinamento intervalado de alta intensidade foi realizado na
frequência de 3 vezes por semana, durante 4 semanas, obtendo o total de 12 sessões de
treinamento. Este treinamento foi realizado em uma sala anexa ao Departamento de Educação
Física da UFVJM (Campus 1). Nas primeiras duas sessões foram realizados 8 estímulos de
exercício de 1 minuto a 90% da potência máxima atingida no teste de VO2 max, cada estímulo
foi intervalado por 75 segundos de recuperação ativa, pedalando a 30W, em bicicleta
ergométrica (Movement, BM 2800 PRO). Nas sessões subsequentes a potência e os números
de estímulos foram aumentados chegando a 13 estímulos a 110% da potência máxima.
4.6 Análise Estatística
Os dados obtidos foram transferidos para o software Excel (Microsoft 2010) e estão
descritos como média e desvio padrão. A estatística descritiva foi utilizada para apresentar os
dados antropométricos e do VO2max e dos parâmetros obtidos na avaliação do desempenho
muscular. O teste t de Student foi utilizado para comparar as variáveis dependentes de
17
interesse (pico de torque médio, índice de fadiga muscular, trabalho total e trabalho relativo).
O nível de significância adotado foi de p≤0,05.
18
5. RESULTADOS
Considerando as características físicas e fisiológicas dos indivíduos que participaram
do presente estudo a caracterização dos voluntários é apresentada na TABELA 2.
TABELA 2. Caracterização dos voluntários (n=8)
Peso
(kg)
Estatura
(cm)
Idade
(anos)
Gordura
(%)
VO2 max
(mL∙kg1∙min
1)
70,6 ± 11,4 172 ± 7 22 ± 2 23,3 ± 5 50,1 ± 6,7
O GRÁFICO 1 mostra os valores de trabalho total para os 60 segundos de teste antes
e após o HIIT. O trabalho total não foi diferente nos testes pré e pós treinamento, no entanto
houve uma tendência a redução (p=0,076). Não houve diferenças entre o número de
repetições executadas nos 60 segundos de teste antes (68 ± 9 repetições) e após (70 ± 13,
p=0,117).
GRÁFICO 1. Valores de trabalho total de extensão de membros inferiores, antes e após o treinamento.
O HIIT induziu uma redução no trabalho por repetição (p=0,018).
19
GRAFICO 2. Trabalho relativo - extensão de membros inferiores, antes e após o treinamento.
(Legenda: * Indica diferença significativa para p <0,05)
Os dados do índice de fadiga antes e após o treinamento estão apresentados no
GRÁFICO 3. Observou-se que o HIIT aumentou a resistência muscular localizada medida
através do índice de fadiga (p=0,032) indicando que os voluntários conseguiram manter
valores mais altos de trabalho no terço final (20 segundos) do teste.
GRÁFICO 3. Índice de fadiga – extensão membros inferiores, antes e após o treinamento.
(Legenda:. Índice de Fadiga. * Indica diferença significativa para p <0,05).
20
O GRÁFICO 4 apresenta os valores da média do pico de torque antes e após o HIIT.
O treinamento não alterou o pico de torque médio (p=0,083), mas houve uma tendência ao
aumento.
GRÁFICO 4. Média do pico de torque – extensão membros inferiores, antes e após o treinamento.
21
6. DISCUSSÃO
O objetivo do presente estudo foi analisar a resistência muscular localizada de
indivíduos não treinados após 4 semanas de treinamento intervalado de alta intensidade.
Nesse sentido, avaliou-se o trabalho total e relativo, o índice de fadiga e a média do pico de
torque em um teste com repetiçõe máximas flexão do joelho por 60 segundos, com a
velocidade máxima de 180° por segundo, antes e após 4 semanas de treinamento intervalado
de alta intensidade. Os resultados encontrados demonstram que o HIIT foi capaz de aumentar
a média do pico de torque, melhorar o índice de fadiga e reduzir o trabalho total e relativo.
Estes dados indicam que o HIIT foi capaz de aumentar a resistência muscular localizada.
O trabalho total durante os 60 segundos não foi diferente após o período de
treinamento, mas tendeu a ser menor (p=0,076). Este resultado não era esperado uma vez que
os estudos anteriores observaram um maior trabalho total após o treinamento intervalado
(ASTORINO et al. 2010, ASTORINO et al. 2012). A nossa explicação para este resultado é
que os estudos anteriores utilizaram um protocolo em que os voluntários realizavam um
número fixo de repetições (20 ou 30 repetições). No presente protocolo, com o intuito de
avaliar a capacidade de realizar o máximo de repetições com a maior força em um
determinado período de tempo (60 segundos), os indivíduos tenderam a realizar um
número maior de repetições com o treinamento (68 pré versus 70 pós treinamento, p=0,117),
mas com maior força (p=0,083) e com uma menor índice de fadiga muscular. Esta hipótese é
sustentada pela tendência de aumento dos valores de pico de torque médio com o treinamento
e pela diminuição do índice de fadiga. Além disso, o trabalho total da repetição máxima
reduziu com o treinamento (PRE 109 ± 19 versus PÓS 93 ± 17, p=0,003), indicando que
possivelmente mais fibras foram recrutadas após o treinamento atingindo maior força com um
menor trabalho.
A explicação para estes resultados é que o HIIT não interfere na força máxima (pico
de torque) dos voluntários, já que possivelmente não houve hipertrofia muscular induzida por
este tipo de treinamento, e que o treinamento proposto é caracterizado por aumentar a
densidade mitocondrial e aumento em enzimas mitocondriais de fibras lentas, que estão
relacionadas com a melhora do desempenho oxidativo (LITTLE et al 2010).
Nesse contexto, Astorino e colaboradores (2010). Apresentaram como um dos
objetivos a avaliação da resistência muscular em homens e mulheres fisicamente ativos, após
um curto período do HIIT, caracterizado por sessões compostas de testes de Wingate, com
variações entre 4 e 6 testes durante o período de treinamento. A amostra foi constituída de 11
22
homens no grupo treinado e 5 no grupo controle, 9 mulheres no grupo treinado e 4 no grupo
controle. Nos pré-testes não houve diferença significativa entre os grupos experimentais e
controle, embora a maioria das variáveis fossem maiores em homens do que em mulheres.
Para avaliar medidas de resistência muscular localizada foi utilizado um protocolo de teste
que consistiu de 5 repetições máximas a 60º/seg, seguidas por 20 repetições máximas a
180º/seg. O pico de torque em 60º/seg e em 180º/seg foi semelhante após o treinamento.
Diferenças significativas foram encontradas em diversas variáveis nas duas velocidades em
resposta ao treinamento, como na média do pico de torque, média da potência e no trabalho
total, observou-se ainda diferenças nas variáveis entre o grupo treinado e o grupo controle
mostrando a eficiência do HIIT nas resistência muscular.
A partir de uma amostra de 15 indivíduos o efeito do HIIT sobre a resistência
muscular foi avaliado por Pincivero et al. (1997), tendo como um dos objetivos, avaliar os
intervalos de recuperação sobre as variáveis estudadas. Os indivíduos treinaram 3 vezes por
semana durante 4 semanas. O treinamento foi igual para todos, que consistiu de quatro séries
de dez flexões e extensões de joelho a 90°/seg em cada sessão de treinamento na primeira
semana, e com o aumento de uma série por semana, com diferença nos intervalos de
recuperação entre as sessões, (grupo 1 - 40 segundos; grupo 2 - 160 segundos). O teste
isocinético foi composto de 5 repetições máximas a 60°/seg e, após cinco minutos de
recuperação, foram realizadas 30 repetições máximas a 180°/seg, antes e após o treinamento.
Quando comparado um membro treinado com o outro não treinado observou-se que a 60º/seg
houve aumento no pico de torque para o membro treinado do grupo 2, no trabalho total para o
grupo 1 nos membros treinado e não treinado. A 180º/seg melhoras foram observadas no pico
de torque para o grupo 2 para membros treinado e não treinado e no trabalho total apenas no
membro não treinado do grupo 1. Comparando com o presente estudo que observou uma
tendência no aumento da média do pico de torque e diminuição do trabalho total e trabalho
relativo, devemos ressaltar que os protocolos de treinamento foram diferentes, este pode ser o
motivo da diferença nos resultados.
Com o objetivo de avaliar a resistência muscular, estudos anteriores com programas
de treinamento de força foram realizados, onde a maioria concluiu que esse tipo de
treinamento é bastante eficaz para a melhora da resistência muscular localizada. Diferente de
Pincivero et al (1996) que observaram melhoras no pico de torque a uma velocidade de
180°/seg, Eyigor et al (2007) realizaram teste isocinético nas velocidades de 60º, 90º, 120º e
180º/seg concluiu que todas as velocidades angulares exceto 180º/seg mostrou aumentos
significativos para os valores do pico de torque. Em nossa pesquisa pudemos perceber que
23
após 4 semanas de HIIT os valores do pico de torque não aumentou, mas a média do pico de
torque tendeu ao aumento. A variável trabalho total também foi avaliada em vários estudos,
Kannus e colaboradores (1991), concluíram aumentos significativos no trabalho total em
velocidades angulares de 60º e 240º/seg. Do mesmo modo Pincivero et al (1996) também
observaram aumento no trabalho total em ambos os membros treinados. Em pesquisas com
indivíduos idosos também foram observadas grandes melhorias nas variáveis, quando estes
são treinados. Rabelo et al. (2011), observaram durante a extensão de joelho aumento médio
de 15,6% do pico de torque no grupo treinado, após um programa de treinamento. Assim
como em nosso estudo Pincivero, et al (1996) também concluiu que com o treinamento de alta
intensidade há uma queda no índice de fadiga para o grupo treinado.
24
7. CONCLUSÃO
Conclui-se que 4 semanas de treinamento intervalado de alta intensidade em
cicloergômetro foi capaz de diminuir o índice de fadiga e o trabalho relativo, entretanto não
foi suficiente para alterar o trabalho total. Futuros estudos com HIIT de maior duração e o
protocolo mais parecido com a literatura são necessários para elucidar as respostas do efeito
do HIIT sobre a resistência muscular localizada.
25
REFERÊNCIAS
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Prescription (8 ª ed.). Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins, 2009.
ASTORINO. TODD. A; ALLEN, RYAN. P. ROBERSON; DANIEL. W and JURANCICH.
MATT. Effect of high-intensity interval training on cardiovascular function, vo2max, and
Muscular force. Department of Kinesiology, California State University, San Marcos,
California; and Nutrition and Exercise Sciences, Oregon State University, Corvallis, Oregon.
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Association, 2012.
ASTORINO, TODD. A; ALLEN, RYAN. P; ROBERSON, DANIEL. W; JURANCICH,
MATT; LEWIS, ROBERT; MCCARTHY, KELSEY; TROST, EMILY. Adaptations to high-
intensity training are independent of gender. Department of Kinesiology, California State
University, San Marcos, 333 S, June 2010.
EYIGOR, SIBEL; KARAPOLAT, HALE; DURMAZ BERRIN. Effects of a group-based
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women. Ege University, Faculty of Medicine, Physical Therapy and Rehabilitation
Department. February 2007.
GIBALA. J. Martin. High Intensity Interval Training: New Insights. Department of
Kinesiology McMaster University Hamilton, Ontario Canada, volume 20, (2007). Disponivel
em:<http://www.wou.edu/~kiddk/PE%20359/2013_Handbook/Risk_Management/ViewandR
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GILLEN, J. B., & GIBALA, M. J. (2014). Is high-intensity interval training a time-efficient
exercise strategy to improve health and fitness? Applied Physiology, Nutrition, and
Metabolism, 2014. Disponível em: <http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24552392>.
Acesso em: 12 set. 2013.
KANNUS. P; ALOSA. D; COOK, L; JOHNSON, R. J; RENSTRÖM, P; POPE, M;
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exercise on the strength, power and endurance of the contralateral leg: A randomized,
controlled study using isometric and concentric isokinetic training. McClure Musculoskeletal
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AUTORIZAÇÃO
Autorizo a reprodução e/ou divulgação total ou parcial do presente trabalho, por
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