MODELAGENS DE MÉTRICAS DE
QUALIDADE EM MANUFATURA
AVANÇADA ORIENTADAS À
AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO
ORGANIZACIONAL
Cosmo Severiano Filho (UFPB )
Walter Fernando Araujo de Moraes (UFPE )
Adriano David Monteiro de Barros (UFPB )
Este artigo apresenta algumas modelagens empíricas no entorno das
medições de qualidade, desenvolvidas pelas empresas industriais
brasileiras que utilizam Tecnologias Avançadas de Manufatura
(AMT’s) em seus sistemas produtivos. O objetivo éé descrever as
configurações tecnológicas de manufatura avançada e suas respectivas
medições de qualimetria, apontando os modos com os quais estas
medidas contribuem com o escopo geral da avaliação de desempenho
organizacional das empresas pesquisadas. O estudo foi realizado em
21 empresas de grande porte, utilizando o método de etnocasos,
escolhidos em pesquisa exploratória junto as 500 maiores manufaturas
do Brasil. Os resultados indicam que as métricas TPD, TR, IR e TRC
apresentam pertinência inversa com as AMT’s utilizadas, concluindo-
se que uma arquitetura de avaliação de desempenho integrando
medidas de qualidade da manufatura deve estar alinhada aos objetivos
de medição que são consignados às suas métricas, observando-se os
graus de correlações positivas destas com as AMT’s incorporadas pelo
sistema produtivo.
Palavras-chaves: Manufatura Avançada; Métricas de Qualidade;
Desempenho Organizacional.
XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos
Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.
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1. O problema e sua perspectiva teórica
Dentre as estratégias de produção, a qualidade tem sido apontada como uma das mais
singulares prioridades competitivas em produção e operações, com impactos significativos no
desempenho, conformidade, consistência, durabilidade e confiabilidade dos produtos, dentre
outros. No escopo da produção industrial, o projeto e a implantação deste tipo de estratégia
requerem a absorção de recursos tecnologicamente inovados, formatando uma configuração
com capacidade para conduzir a organização ao status de manufatura avançada (MA).
A definição do que seja um sistema de manufatura avançada parece constituir um conceito
relativamente novo, pelo menos ao nível da produção literária. Son Young (1991) considera
que a manufatura avançada é aquela que emprega AMT's (Tecnologias de Manufatura
Avançada),normalmente não utilizadas pelos sistemas convencionais de fabricação. Com base
nesta consideração, pode-se definir um sistema de manufatura avançada como sendo uma
configuração de recursos combinados, com densidade e competência tecnológicas
incorporadas, para a produção de bens com elevado grau de desempenho. Nesse sentido, os
vetores densidade e competência tecnológica constituem os elementos de diferenciação entre
os sistemas modernos e os sistemas convencionais de fabricação (SEVERIANO FILHO,
1999).
Os sistemas de manufatura avançada fazem uso intensivo de recursos computacionais
(hardwares e softwares), tais como os sistemas CAD, CAE, CAM, CAPP, CAQ, CIM, CNC,
EDI, FMC, FMS, MRP, MRP II, NC, OPT, além de toda uma gama de equipamentos de
automação e robótica. Outras técnicas utilizadas dizem respeito a princípios conceituais e
metodologias de aplicação, relacionados com a organização e gestão do sistema produtivo.
Em geral, referem-se às tecnologias que definem procedimentos para o gerenciamento da
manufatura, associados ao estabelecimento e consecução de metas de qualidade e
produtividade, através do envolvimento pleno dos recursos humanos. Nesta categoria
incluem-se os seguintes sistemas: ABC, ABM, BSC, EAV, JIT, KANBAN, MC, PFA, TPM,
TQC, TQM, TRF, entre outros.
A configuração modular de uma planta de MA envolve recursos tangíveis (hardwares,
robótica e mecatrônica) e intangíveis (softwares, normas, padrões e métodos) que são
concebidos (na sua origem) e que permanecem ativos sob a onda da inovação tecnológica e,
portanto, aptos a responderem a problemas de competitividade e de desempenho
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organizacional de suas estruturas. Nesse sentido, o controle e alinhamento dos recursos estão
no foco da gestão industrial, demandando atividades de monitoramento, mensuração, ajustes e
atualizações (KRAJEWSKY et al., 2009). A inteligência industrial é formatada para
acompanhar o desempenho do sistema e modelar soluções de avaliação e melhoria,
focalizadas em resultados previamente programados.
O foco da avaliação organizacional tem privilegiado objetivos de desempenho que vão além
da natureza tangível das operações de produção, incluindo vetores associados aos capitais
humanos, do conhecimento, organizacionais e tecnológicos, os quais padecem de
metodologias apropriadas para a sua identificação, rastreamento e metrificação. Segundo os
modelos estratégicos, as medidas de produtividade são informações relevantes de análise,
podendo ser utilizadas tanto na fase de avaliação dos ambientes, intra e extras empresariais,
quanto na fase de formulação das estratégias competitivas, se alocando, respectivamente, na
análise do ambiente interno à empresa e na definição dos objetivos e metas da organização
(KOTLER e KELLER, 2006).
Numa perspectiva mais ampla do desempenho organizacional, tem-se a abordagem da
produtividade vetorial como um marcador de avaliação para além dos ativos tangíveis de
produção, incluindo também os recursos intangíveis. Desta compreensão, depreende-se a
identificação de custos que se vinculam não apenas ao consumo de recursos físicos (mão-de-
obra, materiais, máquinas etc.), mas também aos recursos não-físicos (habilidades,
multifuncionalidade, inteligência artificial etc.). Grande parte dos custos da intangibilidade,
também chamados de custos complexos ou ocultos, vincula-se a qualidade dos produtos
elaborados, podendo ser refletida em várias dimensões, como por exemplo: desempenho,
conformidade, conforto, estética, simpatia, atenção etc. Estas dimensões de qualidade, por sua
vez, se refletem no desempenho organizacional da entidade, requerendo composições de
mensuração e avaliação (CORRÊA e CORRÊA, 2012).
Estudos recentes mostram que é necessário atribuir igual atenção às dimensões instrumentais
e comportamentais em um sistema de gestão do desempenho. Uma combinação adequada
dessas dimensões permite uma melhor aferição do desempenho competitivo da empresa
(WAAL, 2010). Portanto, a avaliação do desempenho organizacional vinculada às estratégias
competitivas da organização pode refletir com maior eficácia os resultados efetivamente
alcançados pela empresa, além de contribui para a criação de uma cultura de organização
baseada em resultados bem sucedidos.
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Muitas considerações têm sido levantadas pelos autores, quase sempre no sentido de definir
os elementos de referência na avaliação do desempenho de um sistema avançado de produção.
No limite do rastreamento teórico desta propositura, a literatura disponível registra três
grandes dimensões de avaliação atribuídas a esses sistemas: as dimensões de produtividade,
de qualidade e de flexibilidade (RICHARDSON e GORDON, 1980).
A medição de desempenho é entendida como o processo de quantificar a ação, onde medição
é o processo de quantificação da ação que leva ao desempenho (Neely, 2005). De acordo com
Corrêa e Corrêa (2012), podem se classificar as prioridades competitivas estratégicas de uma
operação em cinco grupos gerais, quais sejam: custo, qualidade, flexibilidade, velocidade e
confiabilidade.
O desempenho organizacional de um ambiente de MA deve refletir as características
intrínsecas às tecnologias que os configuram, de modo que uma medida integrada para a sua
aferição envolve parâmetros de produmetria, qualimetria e de fleximetria. Tais parâmetros
estão, quase sempre, ausentes nas metodologias clássicas de avaliação do desempenho, pelo
fato de que estes envolvem aspectos tangíveis e intangíveis das novas configurações
produtivas. Neste aspecto, modelos qualitativos de mensuração do desempenho
organizacional, envolvendo os capitais humanos e intangíveis, têm contribuído em muito para
uma avaliação mais acurada e fina do desempenho da empresa como um todo (KAPLAN
andNORTON, 1992; EDVISSON e MALONE, 1998; SVEIBY, 2000; PROBST, RAUB e
RONHARDT, 2002).
As tendências da pesquisa no campo da metrificação do desempenho organizacional apontam
para a modelagem de uma avaliação integrada dos vários capitais envolvidos na produção
(físicos, humanos, organizacionais e tecnológicos), bem como os modos de articulações
destes com as estratégias competitivas adotadas pelas empresas. Segundo Pereira (2003),
competitividade e desempenho se relacionam intrinsecamente à medida que a avaliação de
desempenho é a maneira pela qual a organização verifica a eficácia das suas decisões
estratégicas, que por sua vez influenciam na competitividade das organizações ou sistemas.
Assim sendo, procura-se apresentar neste artigo as modelagens empíricas no entorno das
métricas de qualidade, desenvolvidas pelas empresas industriais brasileiras que utilizam
AMT’s em seus sistemas produtivos. Tem-se como objetivo principal descrever as
configurações tecnológicas de manufatura avançada e suas respectivas medições de
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qualimetria, apontando os modos com os quais estas medidas contribuem com o escopo geral
da avaliação de desempenho organizacional das empresas estudadas.
2. Material e método da pesquisa
Do ponto de vista teórico, a pesquisa realizada está fundamentada nos conceitos de
manufatura avançada, métricas de qualidade e, desempenho organizacional. A população
investigada foi definida com base em um apontamento realizado pela Revista Valor 1000
(publicação do Jornal Valor Econômico), edição de novembro de 2011. Do apontamento
consultado, foram identificadas as 500 maiores manufaturas do Brasil, listadas por ordem de
receita líquida. Desse universo, foi utilizada uma amostra do tipo aleatória e probabilística,
consignada por 165 empresas de diferentes setores de atividade.
As variáveis de investigação foram convertidas em itens e estes em dados, compondo um
questionário de pesquisa (versão eletrônica e manual), elaborado com 101 itens, organizados
em duas categorias de variáveis (V1 e V2), conforme demonstrações abaixo. Os testes pilotos
foram realizados em 03 grandes manufaturas (Cerâmica Elizabeth, Indaiá e GSM), que não
estavam incluídas na amostra.
Figura 1 – V1 - Tecnologias avançadas de manufatura – AMT’s ABC (Custeio Baseado em Atividade)
BSC (Balanced Score Card)
CAD (Projeto Assistido por Computador)
CAE (Engenharia Assistida por Computador)
CAM (Manufatura Assistida por Computador)
CAQ (Qualidade Assistida por Computador)
CIM (Manufatura Integrada por Computador)
CNC (Comando Numérico Computadorizado)
EAV (Engenharia e Análise de Valor)
EDI (Intercâmbio Eletrônico de Dados)
FMC (Célula Flexível de Manufatura)
FMS (Sistema Flexível de Manufatura)
ISO (Sistema de Normas Internacionais)
JIT (Just-in-Time)
KANBAN (Cartões de Controle da Produção)
MC (Manufatura Celular)
MFV (Mapa do Fluxo de Valor)
MRP (Planejamento das Necessidades de Materiais)
MRP II (Planejamento dos Recursos de Manufatura)
NC (Comando Numérico)
PFA (Análise de Fluxo Puxado)
SGHST (Sistema de Gestão em Higiene e Segurança do Trabalho)
STP (Sistema Toyota de Produção)
MTP (Manutenção Total Preditiva)
TQC (Controle Total da Qualidade)
TRF (Troca Rápida de Ferramentas)
Fonte: Pesquisa direta, 2012
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Figura 2 – V2 – Métricas de desempenho organizacional
PHH (Produção por Hora-Homem)
PST (Produção por Seção de Trabalho)
PTMO (Produção Total da Mão-de-Obra)
TPD (Taxa de Produtos Defeituosos)
TR (Taxa de Refugos)
IR (Índice de Rejeição)
TRC (Taxa de Reclamação do Cliente)
IA (Índice de Absenteísmo)
TO (Taxa de Ociosidade)
TS (Taxa de Subutilização Fábrica)
TP (Tempo Médio de Horas Paradas)
IR (Índice de Rotação dos Estoques)
TF (Tempo Médio de Fabricação)
Fonte: Pesquisa direta, 2012
Com base nos testes pilotos realizados, um novo formulário foi gerado, sendo o mesmo
testado (pré-validado) por dois acadêmicos da área de manufatura, um consultor industrial e
um acadêmico da área de metodologia da pesquisa. O formulário eletrônico foi encaminhado
aos sujeitos da pesquisa (Executive Manager), previamente identificados e credenciados (via
web site – recurso Fale Conosco) para participarem da pesquisa. Na seqüência, encaminhou-
se a versão manual do formulário, por mala direta, na mesma ordem de envio dos
respondentes consignados.
O processo de coleta de dados, pelos dois meios utilizados, resultou numa composição de 21
questionários respondidos, sendo 13 por via eletrônica e 08 por mala direta. A composição
respondente, aqui denominada de “etnocasos laboratoriais”, corresponde a diversos ramos de
atividade, os quais incluem metalurgia e siderurgia, petróleo e gás, açúcar e álcool, química,
têxtil, alimentos e bebidas, construção e engenharia, fertilizantes e, celulose. Os formulários
respondidos foram armazenados em um banco de dados (EC2M Data System – Pesquisa de
Pós-Doutorado), recebendo um tratamento estatístico (descritivo e inferencial) a partir do
software estatístico SPSS, Versão 20.0.
Para estudar o possível relacionamento entre as variáveis pesquisadas (AMT’s e métricas de
qualidade), determinou-se o coeficiente de correlação de Pearson entre elas. De acordo com
Figueiredo Filho e Silva Júnior (2009), a correlação mensura a direção e o grau da relação
linear entre duas variáveis quantitativas e queo coeficiente de correlação de Pearson (r) é uma
medida de associação linear entre variáveis. A fórmula do coeficiente de Pearson é dada por:
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O coeficiente de correlação de Pearson varia de -1 a +1. Ainda em conformidade com os
autores, o sinal indica direção positiva ou negativa do relacionamento e o valor sugere a força
da relação entre as variáveis. Uma correlação perfeita (-1 ou +1) indica que o escore de uma
variável pode ser determinado exatamente ao se saber o escore da outra. Por outro lado, uma
correlação de valor zero indica que não há relação linear entre as variáveis. Para fins de
análise dos resultados encontrados, utilizou-se a escala proposta por Bryman e Cramer (2003),
segundo a qual os valores entre 0,10 e 0,39 são considerados fracos; valores entre 0,40 e 0,69
podem ser considerados como moderados; valores entre 0,70 e 0,89 são tratados como fortes e
os valores entre 0,90 e 1 podem ser interpretados como muito elevados.
3. Resultados, discussão e contribuições
3.1. Caracterização tecnológica das empresas pesquisadas
A pesquisa nacional nominada “Desempenho Organizacional das Experiências Consolidadas
de Manufatura Avançada no Brasil – Modelagem de Métricas” foi consignada por 21 (vinte e
uma) empresas de diferentes setores industriais, todas inclusas e muito bem posicionadas no
ranking das 500 maiores manufaturas brasileiras, em consonância com a Revista Valor 1000
(2011). As companhias investigadas fazem uso intensivo de tecnologias avançadas de
manufatura, tanto de natureza software (AMT-N1), quanto do tipo hardware (AMT-N2),
conforme apontamentos constantes das Figuras 3 e 4.
A natureza software das AMT’s define as tecnologias consignadas ao gerenciamento dos
processos produtivos e são traduzidas por métodos, procedimentos, normas, princípios e
ferramentas, com aplicações nos processos de gestão das operações de trabalho. Por sua vez,
as AMT’s de natureza hardware são todas as tecnologias que se utilizam de linguagem de
máquina e que emprestam contribuições na execução das operações de produção (manufatura
e serviços).
Nesta pesquisa, constatou-se que, tanto os tipos de tecnologias (AMT-N1 e AMT-N2) como o
tempo de implantação destas (entre 01 e 05 anos e há mais 05 anos), variam de forma linear
entre as empresas pesquisadas, bem como entre os setores industriais a que pertencem. Na
compreensão teórica deste artigo, tecnologias implantadas entre 01 e 05 anos caracterizam um
estado de emergência tecnológica da organização, com apontamentos de vigília e observação
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para gestores e usuários. Por outro lado, tecnologias implantadas há mais de cinco anos
configuram um status de consolidação e maturidade, cabendo à organização o exercício de
governança e controle dos resultados advindos de sua implantação, ou mesmo daqueles que
lhes são potencialmente atribuídos.
Na categoria das AMT-N1, constatou-se que a tecnologia CAD lidera os apontamentos de uso
pelas empresas respondentes (94,7%), apresentando-se ainda como o recurso com o maior
tempo de maturidade, uma vez que cerca de 80% delas indicaram um tempo de implantação
superior a cinco anos. Nessa mesma ordem de consideração (grande utilização e tempo de
implantação significativo) estão as tecnologias ABC e CAQ (68,5% e 57,9%,
respectivamente); ISO (73,7% e 57,9%); MRP (94,3% e 63,2%); TQC (73,7% e68,4%); EDI
(63,2% e 47,4%), conforme dados apresentados na Figura 3.
Figura 3 – Tipologias de AMT’s e tempo de implantação nas empresas pesquisadas Tecnologias Avançadas de Manufatura Tipologia 1 – 5
anos
+ 5
anos
ABC (Custeio Baseado em Atividade) AMT-N1 10,6 57,9
BSC (Balanced Score Card) AMT-N1 21,7 38,9
CAD (Projeto Assistido por Computador) AMT-N1 15,8 78,9
CAQ (Qualidade Assistida por Computador) AMT-N1 10,6 57,9
EAV (Engenharia e Análise de Valor) AMT-N1 10,5 47,4
EDI (Intercâmbio Eletrônico de Dados) AMT-N1 15,8 47,4
ISO (Sistema de Normas Internacionais) AMT-N1 15,8 57,9
JIT (Just-in-Time) AMT-N1 10,6 31,6
KANBAN (Cartões de Controle da Produção) AMT-N1 11,8 23,5
MFV (Mapa do Fluxo de Valor) AMT-N1 15,8 31,6
MRP (Planejamento das Necessidades de Materiais) AMT-N1 31,1 63,2
MRP II (Planejamento dos Recursos de Manufatura) AMT-N1 11,1 50,0
PFA (Análise de Fluxo Puxado) AMT-N1 15,9 47,4
SGHST (Sistema de Gestão em Higiene e Segurança do Trabalho) AMT-N1 5,3 73,7
STP (Sistema Toyota de Produção) AMT-N1 11,2 22,2
MTP (Manutenção Total Preditiva) AMT-N1 30,1 36,8
TQC (Controle Total da Qualidade) AMT-N1 5,3 68,4
TRF (Troca Rápida de Ferramentas) AMT-N1 16,7 11,1
Fonte: Pesquisa direta, 2012
As empresas pesquisadas também incluem tecnologias do tipo AMT-N2 em suas
configurações de produção, conforme se observa na Figura4. Neste apontamento, 57,9% delas
fazem uso intensivo da tecnologia CAE, sendo que 47,4% registraram maturidade
significativa (mais de 05 anos) com o uso do recurso. Nesta seqüência, observaram-se
consignações de uso significativo para as tecnologias CAM (52,6%), CIM (52,6%), FMS
(36,9%), CNC (31,6%), FMC (31,6%), NC (31,6%) e MC (27,8%).
Figura4 – Tipologias de AMT’s e tempo de implantação nas empresas pesquisadas
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Tecnologias Avançadas de Manufatura Tipologia 1 – 5
anos
+ 5
anos
CAE (Engenharia Assistida por Computador) AMT-N2 10,5 47,4
CAM (Manufatura Assistida por Computador) AMT-N2 - 52,6
CIM (Manufatura Integrada por Computador) AMT-N2 15,8 36,8
CNC (Comando Numérico Computadorizado) AMT-N2 - 31,6
FMC (Célula Flexível de Manufatura) AMT-N2 5,3 26,3
FMS (Sistema Flexível de Manufatura) AMT-N2 10,6 26,3
MC (Manufatura Celular) AMT-N2 5,6 22,2
NC (Comando Numérico) AMT-N2 5,3 26,3
Fonte: Pesquisa direta, 2012
Sabe-se que um ambiente de manufatura avançada é configurado a partir de um portfólio de
AMT’s, seja de natureza software ou hardware. Essa configuração tecnológica, por sua vez,
deve apresentar uma combinação íntima e direta (best link) entre os recursos componentes, de
modo que os propósitos estratégicos da organização sejam alcançados. Nesta pesquisa,
constatou-se que as AMT’s implantadas pelas empresas apresentam, no geral, 03 tipos de
correlações lineares significativas, quais sejam: Correlações significativas no mesmo nível:
AMT-N1 com AMT-N1; Correlações significativas no mesmo nível: AMT-N2 com AMT-N2;
Correlações significativas entre níveis diferentes: AMT-N1 com AMT-N2.
3.2. Correlações significativas entre as tecnologias em uso nas empresas
De acordo com a análise inferencial dos dados, a Figura 5 apresenta as correlações
significativas no mesmo nível para as AMT’s de nível 1 nas empresas (N= 21) pesquisadas.
Dos dados apontados e, com base em Bryman e Cramer (2003), depreende-se que: as
tecnologias TQC e SGHST, empregadas por 73.7% e 79%, respectivamente, da população
investigada, apresentaram uma correlação muito elevada, sugerindo que plantas industriais
com qualidade totalmente controlada requerem, em paralelo, um sistema de gestão em higiene
e segurança do trabalho que empreste suporte à política de qualidade da empresa.
Na seqüência, as tecnologias JIT e KANBAN, empregadas por 42.2% e 35.3%,
respectivamente, das empresas pesquisadas, registraram uma correlação significativa
considerada forte. Com o mesmo apontamento de correlação significativa considerada forte,
têm-se as tecnologias EDI e PFA, utilizadas por 63% das empresas, e ABC e EDI, com
utilização indicada por 68.5% e 63.2%, respectivamente, das unidades pesquisadas. Estas
constatações confirmam a hipótese de que existe integração possível e sinergética entre as
AMT’s, ou ainda, de que é essa combinação integrada que garante os resultados performances
que lhes são potencialmente atribuídos.
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Figura5 – Correlações significativas das tecnologias avançadas de manufatura nível 1 Variáveis Correlação
(rho)
Sig.
(ρ)
N
ABC (Custeio Baseado em Atividade) – CAD (Projeto Assistido por Computador)
– EAV (Engenharia e Análise de Valor)
– EDI (Intercâmbio Eletrônico de Dados)
– MFV (Mapa do Fluxo de Valor)
– PFA (Análise de Fluxo Puxado)
0,485
0,479
0,703
0,449
0,598
0,026
0,028
0,000
0,041
0,004
21
21
21
21
21
CAD (Projeto Assistido por Computador) – EAV (Engenharia e Análise de Valor)
– EDI (Intercâmbio Eletrônico de Dados)
0,495
0,563
0,022
0,008
21
21
CAM (Manufatura Assistida por Computador) – EDI (Intercâmbio Eletrônico de Dados)
– PFA (Análise de Fluxo Puxado)
0,533
0,556
0,013
0,019
21
21
CAQ (Qualidade Assistida por Computador) – MRP (Planejamento Necessidades Materiais) 0,443 0,044 21
EDI (Intercâmbio Eletrônico de Dados) – MRPII (Planejamento Recursos de Manufatura)
– PFA (Análise de Fluxo Puxado)
0,448
0,731
0,042
0,000
21
21
ISO (Sistema de Normas Internacionais) – SGHST (Sistema de Gestão de HST)
– TQC (Controle Total da Qualidade)
0,626
0,514
0,002
0,017
21
21
JIT (Just in Time) – KANBAN (Cartões de Controle da Produção)
– MFV (Mapa de Fluxo de Valor)
– PFA (Análise de Fluxo Puxado)
– STP (Sistema Toyota de Produção)
0,784
0,649
0,548
0,677
0,000
0,001
0,010
0,001
21
21
21
21
KANBAN (Cartões de Controle da Produção) – MFV (Mapa de Fluxo de Valor)
– STP (Sistema Toyota de Produção)
– TPM (Manutenção Total Preditiva)
– TRF (Troca Rápida de Ferramentas)
0,673
0,615
0,448
0,606
0,001
0,003
0,042
0,004
21
21
21
21
MFV (Mapa do Fluxo de Valor) – PFA (Análise de Fluxo Puxado)
–TRF (Troca Rápida de Ferramentas)
0,510
0,571
0,018
0,007
21
21
MRP (Planejamento Necessidades Materiais) – MRP II (Planejamento Recursos Manufatura) 0,460 0,036 21
MRP II (Planejamento Recursos Manufatura) – PFA (Análise de Fluxo Puxado)
– STP (Sistema Toyota de Produção)
0,506
0,443
0,019
0,044
21
21
PFA (Análise de Fluxo Puxado) – TPM (Manutenção Total Preditiva)
– TQC (Controle Total da Qualidade)
– TRF (Troca Rápida de Ferramenta)
0,572
0,503
0,476
0,079
0,020
0,029
21
21
21
STP (Sistema Toyota de Produção)– TRF (Troca Rápida de Ferramenta) 0,444 0,044 21
TQC (Controle Total da Qualidade) – SGHST (Sistema de Gestão em HST) 0,873 0,000 21
Fonte: Pesquisa direta, 2012
A análise inferencial dos dados coletados aponta, ainda, correlações significativas de nível
moderado para uma série de tecnologias do mesmo nível (AMT-N1), com destaques para as
correlações identificadas entre: JIT e STP, empregadas por 42.2% e 33.4%, respectivamente,
das empresas pesquisadas; KANBAN e MFV, utilizadas por 35.3% e 47.4, respectivamente;
JIT e MFV, em 42.2% e 47.4%, respectivamente, dos casos; ISO e SGHST, em 73.7% e 79%,
respectivamente; KANBAN e STP, em 35.3% e 33.4%, respectivamente e; KANBAN e TRF,
em 35.3% e 27.8%, respectivamente.
3.3. Métricas de Qualidade nos Ambientes Pesquisados
Nesta pesquisa, a avaliação do desempenho organizacional da manufatura foi realizada em 03
dimensões de avaliação, a saber: produtividade dos recursos físicos; qualidade da fabricação
elaborada; e flexibilidade do sistema produtivo. Em cada uma das dimensões obteve-se
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marcadores significativos de métricas utilizadas pelas empresas pesquisadas, bem como suas
respectivas freqüências de apuração, conforme se observa dos dados constantes na Figura 6.
Figura 6 – Freqüência de apuração das métricas de produção com correlações significativas
Métricas Código Freqüência Distribuída
(%)
Total
(%)
Produção por Hora-homem PHH 36,8 (D); 31,6 (M) 68,4
Produção por Seção de Trabalho PST 47,4 (D); 5,3 (S); 26,3 (M) 78,9
Produção Total da Mão-de-Obra PTMO 21,1 (S); 10,5 (Q); 31,6 (M) 63,2
Taxa de Produtos Defeituosos TPD 52,6 (D); 5,3 (S); 26,3 (M) 84,2
Taxa de Refugos TR 57,9 (D); 21,1 (M) 78,9
Índice de Rejeição IR 47,4 (D); 26,3 (M) 73,7
Taxa de Reclamação do Cliente TRC 31,6 (D); 5,3 (Q); 36,8 (M) 73,7
Índice de Absenteísmo IA 15,8 (D); 5,3 (S); 63,2 (M) 84,2
Taxa de Ociosidade TO 15,8 (D); 5,3 (S); 31,6 (M) 52,6
Taxa de Subutilização Fábrica TS 21,1 (D); 10,5 (S); 36,8 (M) 68,4
Tempo Médio de Horas Paradas TP 36,8 (D); 10,5 (S); 5,3 (Q); 31,6 (M) 84,2
Índice de Rotação dos Estoques IR 21,1 (D); 15,8 (S); 42,1 (M) 78,9
Tempo Médio de Fabricação TF 36,8 (D); 5,3 (S); 31,6 (M) 73,7
Fonte: Pesquisa direta, 2012
No que se refere às medidas de qualidade da fabricação elaborada, constatou-se que 84.2%
das empresas pesquisadas medem a taxa de produtos defeituosos (TPD), sendo que 52.6%
delas o fazem diariamente; a taxa de refugos (TR) é medida por 78.9% das empresas, com
freqüências de medições diárias e mensais; o índice de rejeição é medido por 73.7% das
empresas, assumindo medições diárias e mensais.
A natureza e tipologia das medidas de desempenho de um sistema de produção devem refletir
sua arquitetura e seu modus opoerandi. Isto porque a medição deve promover uma avaliação
autêntica e consistente da entidade, orbitando em torno de suas relevâncias e essencialidades.
Nesta perspectiva, muitas medidas de desempenho consideradas “clássicas” perdem
importância e significados nos ambientes de manufatura avançada. Para atender aos objetivos
de compreensão das medidas de desempenho, esta pesquisa investigou as correlações de
linearidades significativas entre as métricas de desempenho e as AMT’s responsáveis pela re-
configuração dos sistemas de produção.
Com relação às medidas de qualidade da fabricação elaborada pelas empresas participantes
desta pesquisa, o exame inferencial dos dados consignou correlações negativas de moderada
significância entre 04 métricas e 08 tipos de AMT’s, dos níveis 1 e 2, conforme dados
constantes da Figura 7.
Figura 7 – Correlações significativas das métricas de qualidade do sistema AMT’s TPD
((rho); (ρ); N
TR
(rho); (ρ); N
IR
(rho); (ρ); N
IRC
(rho); (ρ); N
XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Gestão dos Processos de Produção e as Parcerias Globais para o Desenvolvimento Sustentável dos Sistemas Produtivos
Salvador, BA, Brasil, 08 a 11 de outubro de 2013.
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CAQ -0,651; 0,006; 16
EAV -0,528; 0,024; 18
FMS -0,503; 0,039; 17
MRP -0,509; 0,037; 17
PFA -0,529; 0,029; 17
TQC -0,514; 0,035; 17
SGHST -0,494; 0,037; 18 -0,649; 0,005; 17
TPM -0,555; 0,026; 16
Fonte: Pesquisa direta, 2012
As correlações negativas de moderada significância foram identificadas entre a métrica de
TPD e as tecnologias EAV e SGHST; entre a métrica de TR e as tecnologias FMS, MRP,
PFA, TQC e SGHST; entre a medida de IR e a tecnologia CAQ; e entre a métrica de TRC e a
tecnologia TPM. Estes resultados confirmam a hipótese de que, a utilização conjunta de
AMT’s torna irrelevante e/ou secundária, a medição da qualidade, uma vez que as AMT’s
possuem como princípio intrínseco o “zero defeito”.
4. Conclusões
Os apontamentos conclusivos registram que não existe linearidade na freqüência de apuração
das medidas, nem também com relação aos tipos de métricas nas empresas pesquisadas. Esta
constatação sugere que existe uma seletividade dos componentes a serem medidos, bem como
a periodicidade das medições, às quais estão vinculadas a critérios de avaliação previamente
estabelecidos. Descarta-se, então, a confirmação da hipótese de um comportamento linear dos
tipos de métricas e suas freqüências, mesmo em plantas industriais com configurações
tecnológicas semelhantes.
No escopo das medições de natureza técnica e tendo como fundamento a análise inferencial,
conclui-se que, pelo menos 04 métricas (TPD, TR, IR e TRC) não consignam valor de
avaliação aos sistemas de medição dos ambientes pesquisados, uma vez que se relacionam
inversamente com as AMT’s utilizadas..Finalmente, conclui-se que, uma arquitetura de
avaliação de desempenho com base na produtividade, qualidade e flexibilidade da manufatura
deve estar alinhada aos objetivos de medição que são consignados às suas métricas,
observando-se os graus de correlações positivas destas com as AMT’s incorporadas pelo
sistema produtivo.
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