Download - Livro das Histórias Populares
SUMÁRIO
A RevoltaPor Claudio Barbosa
Era uma vez, uns ratos que
viviam em uma casa, que onde
também morava um gato; eles
estavam muito aborrecidos de tanta
insistência do gato em persegui-los;
resolveram fazer uma assembleia
para terminarem de vez com esse
problema que tanto os incomodavam.
Jovem e JuventinoPor Ddijane Vieira
Em um lugar muito distante do centro, numa cidadezinha dointerior morava em uma casinha muito modesta um casal desenhores que tinham dois filhos gêmeos, Jovem e Joventino. Elescriavam dois cavalos, viviam de maneira muito simples, sem luxos,nem uso de tecnologias muito avançada e todos se amavam muito.
Ao completar 18 anos os dois meninos resolveram quequeriam sair para conhecer o mundo. Isto causou muita tristezaaos seus pais que choraram bastante até se conformar. Antes queos filhos fossem embora eles lhes deu de presente uma espadamágica. E lhes disseram:
Filhos nunca se separem destas espadas, porque elas oslivrarão de todos os perigos.
Jovem e Joventino seguiram a estrada, cada um com seucavalo, conheceram muitos lugares e pessoas, passaram pormuitas experiências novas, até que um belo dia enquanto andavampor um caminho apareceu uma bifurcação e cada um queria seguirpor um lado. Tomaram a decisão de se separar e Joventino disseao irmão:
Irmão nos separamos aqui, mas se você correr perigo aminha espada pingará sangue e se eu correr perigo a sua espadapingará sangue.
Seguiram então, cada um por um lado.
Jovem chegou a um lago e resolveu parar para se banhar, aodescer do cavalo avistou uma jovem mulher muito bonita amarradaa um banco próximo ao lago. Desamarroua e perguntou o motivode ela estar ali daquela maneira, ao que ela respondeu.
Você não pode me desamarrar, estou aqui para salvar meupovo. Existe uma fera muito poderosa que ameaçou matar a todosem meu reino se não me dessem em sacrifício.
Enquanto os dois conversavam a fera aproximouse. Jovementão ordenou à sua espada:
Corta minha espada em sete línguas de carne esta fera.A espada então cortou a fera em sete pedaços. Ao ver o que
aconteceu a jovem ficou muito agradecida, pois Jovem não tinhasalvado apenas sua vida e sim a de todo um povoado.
Jovem levou a moça para casa. Ao chegar lá, descobriu queela era a princesa do reino e seu pai, o rei, permitiu que os dois secasassem.
Os dois se casaram e um belo dia ao olhar da janela de suacasa Jovem viu uma fumaça ao longe e perguntou a sua esposa:
Amor o que é aquela fumaça?A esposa respondeu:
Aquela é a fumacinha da Fera do Vai Não Torna. Lá é muitoperigoso, ninguém jamais foi até lá e retornou.
Após ouvir a história contada pela esposa, Jovem resolveuque ia àquele lugar. Mesmo sob os protestos de sua amada,arrumou suas coisas e partiu em viagem.
Ao chegar lá encontrou uma senhora de cabelos muito longosque lhe falou de maneira muito simpática:
Ô meu filho, você por aqui?Ele respondeu:Eu por aqui minha vozinha. Posso chegar a frente?Ela falou: Tenho medo do seu animal e de sua espada. Posso te dá um
fio do meu cabelo para que você os prenda? Daí ficarei maistranquila.
Jovem acreditando na bondade da velhinha e no fato de queum fio de cabelo nunca seguraria realmente a espada e o cavalo,então, aceitou a proposta.
Assim que Jovem amarrou o cabelo a velhinha que
na verdade era uma fera, falou:
Se transforma meu cabelo numa forte corrente de
bronze.
Assim Jovem ficou preso com a Fera do Vai não
Torna. No mesmo momento a espada de Joventino
pingou sangue.
Quando Joventino foi procurar o irmão descobriu
que ele havia se casado, pois ao chegar à cidade a
esposa de Jovem correu para ele muito alegre pensando
ser seu marido. Joventino fingiu ser Jovem para
descobrir o que tinha acontecido. Na manhã seguinte
chegando à janela e avistando a fumaça perguntou a
mulher do que se tratava. Ela ficou confusa, perguntando
se ele não tinha ido até lá. Joventino percebeu onde seu
irmão estava e seguiu viagem.
Chegando lá a velhinha apareceu e ofereceu os cabelos para prender a espada
dele. Joventino fingiu amarrar e quando a ferra ordenou que o cabelo se
transformasse em corrente de bronze ele gritou.
Corta minha espada em sete línguas de carne esta ferra.
A espada cortou a fera em sete pedaços e Joventino salvou seu irmão.
Ao voltar para casa, a esposa de Jovem ficou surpresa ao ver os dois.
Os irmãos resolveram não mais se separar e foram buscar os pais para
morar ali naquele reino com eles.
O ChupaCabraPor Denilton Santos
Um dia conversando com meus amigos na rua, descobri o nome de um
bicho que estava deixando todo mundo, de adulto a criança preocupados. O
nome desse tal bicho era "CHUPACABRA.
O Chupacabra era um bicho que ninguém via, ela só andava de noite e
atacava as cabras a noite para chupar o sangue delas.
Em outro dia, assistindo a um programa na televisão, vi uma reportagem
que fala que alguém havia visto o Chupacabra e que inclusive haviam criado
um retradofalado dele.
Segundo o retrado, o Chupacabras era um bicho horrivel com grandes
dentes e olhieras de cachorro. Ele não atacava humanos, somente as cabras.
A partir desse dia, todo mundo só falava de Chupacabras. Na televisão
jornais e programas entrevistavam pessoas que haviam visto o bicho. As
pessoas diziam que ele parecia o lobisomen , outros diziam que ele parecia um
cachorro.
As canais de noticias apresentavam os locais onde o Chupacabras
havia passado e atacado, mostravam as fotos das cabras sem vida.
Lembro que comecei a ficar com medo, quando soube que o Chupa
cabras estava atacando cabras de diferentes regiões do país e que parecia
estar caminhando em direção ao meu estado, pois estava ficando constante o
número de relatos de cabras mortes e que seguiam sempre para Brasília
cidade onde morava.
A polícia começava a procurar o bicho, as conversas sobre o surgimento
do Chupacabras estavam sendo debatidas nas escolas e nas casas.
Uma dessas histórias dizia que na verdade o Chupacabras era um
homem que matou toda a sua família e que perambúla por ai matando as
cabras para se livrar do sofrimento.
Outra história da origem do Chupacabras diz que ele era também um
homem e que toda noite se transforma em um bicho que precisa de sangue
para sobreviver.
Certa noite, ouvimos dizer que o Chupacabras havia chegado a
Brasília e como lá não existem cabras em todos os lugares, o bicho resolver
matar cachorros. Foram vários cachorros mortos em vários pontos da cidade.
Mas isso foi por pouco tempo, pois em um dia, todos estavamos assistindo
televisão para saber notícias do Chupacabras, quando passou que moradores
haviam encontrado e tentado matálo. Só que ele conseguiu fugir.
Depois desse dia, nunca mais o Chupacabras apareceu e ninguém teve
notícias de cabras ou cachorros mortos.
CaiporaPor Marcelo de Jesus
Ainda na infância, Santo Amaro era o destino das minhas férias. Lá moravaparte da minha família, entretanto era na casa da minha tia Dina que eusempre me hospedava. Com meus três primos a diversão era garantida,
especialmente quando minha tia e meu tio iam trabalhar à noite. Nestasnoites ficávamos até tarde brincando, assistindo televisão e contando
histórias.
Eu sempre fui o mais medroso dos quatro e meus primos se faziam valerdesta minha característica para se divertirem às minhas custas. A hora dashistórias era uma excelente oportunidade a qual eles nunca perdiam, as
histórias que me contavam sempre me faziam tremer e os sustos eramsempre seguidos de longas risadas, até que eu pedisse para a brincadeira
parar aos prantos e debulhados em lágrimas que corriam como cascata.
As histórias que meus primos contavam sempre tinham como cenário omorro que dava pra ser visto da casa da minha tia, logo depois de umas
casinhas que ficavam atrás do trilho do trem. O morro era perto, e avegetação que o cobria além de dar margem às partes mais assustadoras
das histórias me fazia acreditar que a qualquer hora o lobisomem, acaipora, a mula sem cabeça ou outros seres horripilantes poderiam vir me
pegar a qualquer momento, pois sempre estavam atrás de pessoasmedrosas, teimosas ou meninos traquinas.
Lembro-me muito bem da vez em que um homem foi à floresta eassoviou para provocar a caipora, ele não acreditava nela, e por istofora a floresta provar sua inexistência. A caipora só apareceria se apessoa assoviasse três vezes, e assim ele o fez. Eis que então aoterceiro assovio, o mato em volta do homem se fechou, ficando com asfolhas duras como aço e cortantes como vidro. O homem tentara sair atodo custo, sem sucesso, se cortando cada vez mais. Desprecavido, elenão levara fumo, alho ou pedaços de galinha (especiarias que tantoagradavam a caipora que ela libertava quem a agraciava com taisoferendas). O homem continuou tentando sair, correndo pelo mato quemais parecia um labirinto, se cortando, chorando, gritando, pedindoajuda, chamando pela sua mãe, mas ninguém o ouvia, apenas acaipora. O homem ficou preso por muito tempo, até que seus amigos,sentindo sua falta foram procurá-lo e ao perceber a formação peculiarda vegetação colocaram num toco de árvore fumo e um pedaço degalinha cozida. Aos poucos a mata foi voltando ao normal e elespuderam resgatar o homem que já estava em desespero há muito.Nunca mais ele duvidou da existência dos seres da floresta, bem comonunca mais adentrou naquele lugar. Até hoje ele tem o corpo todomarcado, e quando as pessoas o perguntam ele conta a históriahorripilante que lhe ocorrera.
Muitas foram as histórias que adentravam na noite. Histórias comoesta me tiravam o sono, e eu só conseguia dormir quando meus tioschegavam. Hoje damos risadas de tudo isto, mas na época... Lembrei-me agora da vez em que o lobisomem foi perseguiu o menino chorão,porém esta história fica para outra vez.
A História do BotoPor Raiane Novais
Essa historia é sobre um cão chamado Boto. Quando meu pai era
criança e a rua ainda não era asfaltada, os moleques faziam muita
bagunça. Corriam feito loucos na ladeira de barro. Nessa rua tinha uma
vizinha, chamada Dona Nira. Ela vivia incomodada com a correria da
molecada. Toda vez que os meninos desciam alvoroçados pela ladeira a
dona Nira gritava do portão:
–Não quero molequeira na minha porta, meninos danados da peste!
Mas os garotos pareciam não se importar. Muito incomodada com
essa situação, dona Nira resolveu fazer queixa aos familiares dos meninos
e, apesar deles terem recebido muitos castigos, continuaram a fazer as
mesmas brincadeiras.
Um dia fazendo algazarra próximo a casa da vizinha, os meninos
ouviram latidos insistentes vindo do portão. Era um cão. Parecia ser um
cão bravo mas, como o cachorro estava preso, eles nem deram muita
importância e continuaram a brincar. Outro dia, muito chateada com a
bagunça dos meninos, a vizinha voltou a gritar do portão:
–Não quero molequeira na minha porta! Se vocês não saírem, vocês
vão ver! Vou soltar o Boto pra pegar vocês “tudinho”, seus “peste”!
Novamente a molecada nem ligou. O cachorro continuou latindo,
um latido muito forte e insistente. Quando D. Nira percebeu que os
garotos não tinham se importado com o aviso, começou a liberar os
trincos do portão. Dessa vez, diante do cão desconhecido a molecada
começou a correr desesperadamente para suas casas. Foi aquela gritaria!
Foi menino pulando muro, menino pulando janela e aquele fuzuê. Nem
sequer olharam para trás. Desde esse evento, os meninos passaram a
evitar brincar nas proximidades da casa da dona Nira.
Algum tempo depois, quando os meninos já não eram tão meninos
assim e a ladeira já não era mais de barro, uma notícia muito triste
é recebida pelos moradores: Dona Nira havia falecido. Sem parentes
próximos e sem muitos amigos, a única coisa que restou da vizinha
ranzinza foi o tal do cão Boto. Com a morte dela, os amigos
inevitavelmente acabaram por reviver a história do cão e deram
muitas gargalhadas ao lembrar-se das brincadeiras da infância e do
quanto eles tinham medo daquele cachorro. Diante da situação, eles
chegaram a conclusão de que Boto, fazia parte daquele grupo tanto
quanto cada um deles e por isso todos se comprometeram a cuidar
do pobre cachorro até o último dia da vida dele.