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Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD)
Programa de Pós-Graduação em Entomologia e Conservação da Biodiversidade
LEVANTAMENTO DA FAUNA DE TRIATOMINAE (HEMIPTERA:
REDUVIIDAE) E INFECÇÃO NATURAL POR TRYPANOSOMATIDAE NO
ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL, BRASIL
PAULO SILVA DE ALMEIDA
Orientadores
HONÓRIO ROBERTO DOS SANTOS
JOSÉ MARIA SOARES BARATA
Dourados-MS
Julho/2006
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2
Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD)
Programa de Pós-Graduação em Entomologia e Conservação da Biodiversidade
LEVANTAMENTO DA FAUNA DE TRIATOMINAE (HEMIPTERA:
REDUVIIDAE) E INFECÇÃO NATURAL POR TRYPANOSOMATIDAE NO
ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL, BRASIL
PAULO SILVA DE ALMEIDA
Orientadores
HONÓRIO ROBERTO DOS SANTOS
JOSÉ MARIA SOARES BARATA
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Entomologia e Conservação da
Biodiversidade, Universidade Federal da
Grande Dourados (UFGD), como parte das
exigências para a obtenção do título de Mestre
em Entomologia e Conservação da
Biodiversidade.
Dourados-MS
Julho/2006
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3
595.75xxAlmeida, Paulo Silva de Levantamento da fauna de Triatominae (Hemiptera;
Reduviidae) e infecção Natural por Trypanosomatidae no Estado de Mato Grosso do Sul, Brasil / Paulo Silva de Almeida. Dourados, MS: UFGD, 2006.
51 p. Orientador: Prof. Dr. Honório Roberto dos Santos. Co-Orientador: Prof. Dr. José Maria Soares Barata. Dissertação (Mestrado em Entomologia) –
Universidade Federal da Grande Dourados. 1- Triatominae – Espécies – Levantamento – Mato
Grosso do Sul. 2- Triatominae – Infecção Natural – Trypanosomatidae – Mato Grosso do Sul. I. Título.
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4
Ofereço À Deus.
Dedico
À minha esposa (Rosilene Francisca Moreira) e à minha filha (Talita Moreira Silva).
À minha mãe (Maria Silva de Almeida).
Ao meu pai (José Andrade de Almeida) (in memoriam).
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5
AGRADECIMENTOS
Ao Departamento de Epidemiologia da Faculdade de Saúde Pública/USP (Laboratório
de Triatomíneos), nas pessoas de Walter Ceretti Júnior, Marcos Takashi Obara e Paulo
Urbinatti pela colaboração na identificação dos triatomíneos.
Ao Laboratório Regional de Entomologia de Dourados/MS, em especial a Ademar
Dimas Ferreira, Maria Aparecida Ferreira de Souza e Silvana Rosa da Silva pela amizade e
incentivo.
Aos Técnicos dos Laboratórios Regionais de Entomologia do Estado, Ramão Virgilio
Larson, Francisco Portes, Airton Marques Miranda e Edson José de Souza.
Ao Núcleo Regional de Entomologia de Campo Grande/MS, em especial a Guilmara
Maria do Amaral Gonçalves pela colaboração na identificação dos triatomíneos.
Ao colega José Nicácio do Nascimento e ao Prof. Dr. Odival Faccenda pelas sugestões
nas análises estatísticas.
Ao colega João Cezar Nascimento pelo incentivo e contribuição com sugestões para
realização do trabalho.
A Coordenadoria de Controle de Vetores/CCV do Estado pela colaboração e apoio no
fornecimento de registros dos trabalhos de captura de triatomíneos.
Aos colegas Luiz Donizethe Minzão e Edima Ramos Minzão pelas sugestões no
manuscrito.
A todos que de uma forma direta ou indiretamente contribuíram para a realização do
curso.
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SUMÁRIO
ARTIGO Página
LISTA DE TABELAS....................................................................................................07 LISTA DE FIGURAS.....................................................................................................08 ABSTRACT....................................................................................................................10 RESUMO........................................................................................................................11 INTRODUÇÃO..............................................................................................................12 MATERIAIS E MÉTODOS...........................................................................................15 RESULTADOS..............................................................................................................18 DISCUSSÃO..................................................................................................................21 AGRADECIMENTOS...................................................................................................23 REFERÊNCIAS..........................................................................................…………....25 TABELAS.......................................................................................................................29 FIGURAS.......................................................................................................................36
COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA
LISTA DE FIGURAS.....................................................................................................42 ABSTRACT………………………................................................................................44 RESUMO........................................................................................................................44 TEXTO.............................………………......................................................................45 AGRADECIMENTOS...................................................................................................47 REFERÊNCIAS..............................................................................................................49 FIGURAS.......................................................................................................................50
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7
LISTA DE TABELAS
I. Distribuição geográfica das espécies de triatomíneos capturados em 56 municípios do
Estado de Mato Grosso do Sul, no período de 2000 a 2004.....................................................29
II. Freqüência das principais espécies de triatomíneos capturados (intra e peridomicílio) no
Estado de Mato Grosso do Sul, no período de 2000 a 2004.....................................................31
III. Espécies de triatomíneos capturados em 56 municípios do Estado de Mato Grosso do Sul
e suas respectivas classes de abundância (A), constância (C), no período de 2000 a
2004...........................................................................................................................................32
IV. Distribuição das espécies de triatomíneos examinados e índice de infecção natural pelo
Trypanosoma cruzi no Estado de Mato Grosso do Sul, no período de 2000 a
2004...........................................................................................................................................33
V. Distribuição das espécies de triatomíneos capturados por ecótopos e por infecção natural
de Trypanosoma cruzi, por Regionais no Estado de Mato Grosso do Sul, período de 2000 a
2004...........................................................................................................................................34
VI. Distribuição dos triatomíneos capturados no Intra e peridomicílios nos Núcleos Regionais
do Estado de Mato Grosso do Sul, no período de 2000 a 2004................................................35
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8
LISTA DE FIGURAS
1. Distribuição das espécies de triatomíneos capturados em cinco Regionais (Núcleo Regional
da Coordenadoria de Controle de Vetores) no Estado de Mato Grosso do Sul, período de 2000
a 2004. (u= Triatoma sordida (Espécie predominante); ¢ = Triatoma williami; ! =
Triatoma matogrossensis; ² = Triatoma brasiliensis; ¨ = Triatoma baratai; É = Triatoma
vandae; r= Rhodnius neglectus; s= Rhodnius pictipes; v = Panstrongylus diasi; w =
Panstrongylus geniculatus; ã = Panstrongylus guentheri; ö = Panstrongylus megistus). NR=
Núcleo Regional........................................................................................................................36
2. Análise de correspondência entre as variáveis: Núcleos Regionais e infestação por espécies
de triatomíneos capturados no Estado de Mato Grosso do Sul, no período de 2000 a 2004. S1 -
P. diasi, S2 – P. geniculatus, S3 - P. guentheri, S4 - P. megistus, S5 - R. neglectus, S6 - R.
pictipes, S7 - T. matogrossensis, S8 - T. baratai, S9 - T. brasiliensis, S10 - T. sordida, S11 -
T. vandae, S12 - T. williami......................................................................................................37
3. Riqueza Observada (Sobs) e índice de Chao de primeira ordem (Chao 1) para os
triatomíneos coletados no intradomicílio e peridomicílio Estado de Mato Grosso do Sul,
período de 2000 a 2004.............................................................................................................38
4. Distribuição dos triatomíneos capturados no peridomicílio nos Núcleos Regionais do
Estado de Mato Grosso do Sul, no período de 2000 a 2004.....................................................39
5. Distribuição dos triatomíneos capturados no intradomicílio nos Núcleos Regionais do
Estado de Mato Grosso do Sul, no período de 2000 a 2004.....................................................40
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Levantamento da fauna de Triatominae (Hemiptera: Reduviidae) e infecção natural por
Trypanosomatidae no Estado de Mato Grosso do Sul, Brasil.
PAULO SILVA DE ALMEIDA1
HONÓRIO ROBERTO SANTOS2
JOSÉ MARIA SOARES BARATA3
1Depto. de Ciências Biológicas (DCB), Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD),
Rod. Dourados Itahum, Km 12, 79804-970, C. Postal 533, Cidade Universitária, Dourados,
MS, e-mail: [email protected]
2Depto.de Ciências Biológicas (DCB), Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD),
Rod. Dourados Itahum, Km 12, 79804-970, C. Postal 533, Cidade Universitária, Dourados,
MS, e-mail: [email protected]
3Depto de Epidemiologia da Faculdade de Saúde Pública, Universidade de São Paulo, São
Paulo, SP, Brasil, Av. Dr. Arnaldo, 715, Pinheiros, São Paulo-SP, CEP - 01246-904, e-mail:
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ABSTRACT. SURVEY OF TRIATOMINAE (HEMIPTERA: REDUVIIDAE) FAUNA AND NATURAL
INFECTION BY TRYPANOSOMATIDAE IN MATO GROSSO DO SUL STATE, BRAZIL. A survey of
Triatominae (Hemiptera: Reduviidae) fauna and its natural infection by Trypanosomatidae in
Mato Grosso do Sul State, Brazil, during the period between 2000 and 2004. During this
interval 13,671 Triatominae individuals were captured, from which 12.36% were found in
intradomiciliary and 87.64% in peridomiciliary. The species found in decrescent numeric
order were: Triatoma sordida (Stal, 1859) with 13,102 individuals, Rhodnius neglectus (Lent,
1954) with 415, Panstrongylus geniculatus (Latreille, 1811) with 51, Triatoma williami
(Galvão et al., 1965) with 29, Triatoma baratai (Carcavallo & Jurberg, 2000) with 22,
Triatoma matogrossensis (Leite & Barbosa, 1953) and Panstrongylus megistus (Burmeister,
1835) with 19, Triatoma vandae (Carcavallo et al., 2002) with 5, Triatoma brasiliensis
(Neiva, 1911) with 3, Rhodnius pictipes (Stal, 1872) and Panstrongylus guentheri (Berg,
1879) and Panstrongylus diasi (Pinto & Lent, 1946) with 2. According to the faunistic
analysis of Triatominae species collected, T. sordida was characterized as very abundant and
constant, while the others species were considered as rare and little constant. The natural
infection indexes by Trypanosoma cruzi (Chagas, 1909) found in this research were low,
being 3.22% for P. geniculatus, 0.65% for R. neglectus and 0.15% for T. sordida. It is
concluded that Mato Grosso do Sul State is a free area of vectorial endemic transmission, and
it must kept the epidemiological and entomological surveillance service permanently, with the
population effective participation.
KEYWORDS. Chagas disease; intradomiciliary; peridomiciliary; species richness.
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11
RESUMO. LEVANTAMENTO DA FAUNA DE TRIATOMINAE (HEMIPTERA: REDUVIIDAE) E
INFECÇÃO NATURAL POR TRYPANOSOMATIDAE NO ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL, BRASIL.
Realizou-se um levantamento da fauna de Triatominae (Hemiptera: Reduviidae) e infecção
natural por Trypanosomatidae no Estado de Mato Grosso do Sul, Brasil, no período de 2000 a
2004. Durante esse período foram coletados 13.671 exemplares de triatomíneos, 12,36%
estavam presentes no intradomicílio, enquanto 87,64% no peridomicílio. As espécies
encontradas em ordem numérica foram: Triatoma sordida (Stal, 1859) com 13.102
indivíduos, Rhodnius neglectus (Lent, 1954) com 415, Panstrongylus geniculatus (Latreille,
1811) com 51, Triatoma williami (Galvão et al., 1965) com 29, Triatoma baratai (Carcavallo
& Jurberg, 2000) com 22, Triatoma matogrossensis (Leite & Barbosa, 1953) e Panstrongylus
megistus (Burmeister, 1835) com 19, Triatoma vandae (Carcavallo et al., 2002) com 5,
Triatoma brasiliensis (Neiva, 1911) 3, Rhodnius pictipes (Stal, 1872), Panstrongylus
guentheri (Berg, 1879) e Panstrongylus diasi (Pinto & Lent, 1946) com 2. Na análise
faunística das espécies de Triatominae coletados no Estado, T. sordida foi caracterizada como
muito abundante e constante, enquanto que as demais espécies foram consideradas raras e
pouco constantes. Os índices de infecção natural para Trypanosoma cruzi (Chagas, 1909)
encontrados neste trabalho foram baixos, sendo 3.22% em P. geniculatus, 0,65% em R.
neglectus e 0,15% em T. sordida. Conclui-se que até o momento desta pesquisa o Estado está
livre da transmissão vetorial endêmica, devendo manter o serviço de vigilância
epidemiológica e entomológica permanente com participação efetiva da população.
PALAVRAS-CHAVE. Doença de Chagas; intradomicílio; peridomicílio; riqueza de
espécies.
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12
O primeiro relato observado sobre o aspecto e os hábitos de um triatomíneo foi em
1590, quando Frei Reginaldo de Lizarraga fazia inspeção à conventos no Peru e Chile.
Entretanto, o primeiro triatomíneo foi descrito formalmente em 1773 por De Geer, como
Cimex rubrofasciatus (Lent & Wygodzinsky 1979).
Darwin 1871, em sua célebre viagem pela América do Sul a bordo do “Beagle”
também teve a oportunidade de observar esses insetos na Argentina, inclusive submetendo-se
às suas picadas. Muitos outros viajantes fizeram referências a esses insetos, sempre
mencionando sua presença no domicílio e sua voracidade, entretanto, em nenhum relato
encontram-se informações sobre ataques de triatomíneos em ambiente silvestre, o que
demonstra o quanto são antigos seus hábitos domiciliares (Lent & Wygodzinsky 1979).
Em 1907 Carlos Chagas foi designado pelo diretor Dr. Oswaldo Gonçalves Cruz, para
executar a campanha do controle a malária na construção da Estrada de Ferro Central do
Brasil em Lassence no estado de Minas Gerais. Nesse período, Carlos Chagas foi informado
sobre a existência de insetos hematófagos, denominados pelos habitantes regionais de
barbeiro.
Esses insetos atacavam a noite, quando as pessoas estavam em repouso, de preferência
no rosto e, durante o dia, ocultava-se nas frestas das paredes ou nas coberturas das casas.
Carlos Chagas identificou o referido hematófago, como também descobriu a enfermidade e o
parasito flagelado causador da doença de Chagas, designando-o de Trypanosoma cruzi
(Chagas 1909).
Até 2003 foram registradas e descritas mais de 137 espécies de triatomíneos agrupados
em 6 tribos formadas por 19 gêneros. Entretanto, somente algumas são vetores efetivos da
doença de Chagas, devido ao alto grau de adaptação aos ambientes domésticos e antropofilia
(Lent & Wygodzinsky 1979; Carcavallo et al. 1997; Galvão et al. 2003).
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13
Os gêneros Triatoma (Laporte, 1832), Panstrongylus (Berg, 1879) e Rhodnius (Stal,
1859) são considerados os mais importantes para a Saúde Pública. Dentre esses gêneros,
destacam-se: Rhodnius prolixus (Stal, 1859), Triatoma infestans (Klug, 1834), Triatoma
dimidiata (Letreille, 1811), Triatoma brasiliensis (Neiva, 1911) e Panstrongylus megistus
(Burmeister, 1835), como os principais vetores de T. cruzi na América Latina (Schofield &
Dias 1998).
T. infestans tem hábitos exclusivamente domiciliares e, está amplamente distribuído
pelos países do cone sul no continente americano, abrangendo Brasil, Peru, Argentina,
Paraguai e Chile, onde é considerado o principal vetor do T. cruzi, agente etiológico causador
da doença de Chagas (Schofield & Dias 1998).
No Brasil, as cinco espécies mais importantes na transmissão do agente causador da
doença de Chagas ao homem são: T. infestans, espécie introduzida, de maior antropofilia e
que alcançou ampla distribuição nos estados do sul, sudeste, centro-oeste e nordeste; P.
megistus, espécie nativa e domiciliada em extensa área da região sul, sudeste ao longo da área
litorânea do nordeste; T. brasiliensis, de larga distribuição no semi-árido do nordeste;
Triatoma pseudomaculata (Corrêa & Espínola, 1964), ocorrendo também no semi-árido do
nordeste e Triatoma sordida (Stal, 1859), espécie nativa do cerrado (Silveira 1983; Silveira &
Rezende 1994; Vinhaes & Dias 2000).
A maioria dos triatomíneos geralmente é de clima tropical com o ciclo de vida muito
longo de aproximadamente 300 dias de ovo a adulto, sendo que algumas espécies podem
atingir até dois anos para completar seu ciclo, como P. megistus, Triatoma recurva (Stal,
1868), Paratriatoma hirsuta (Barber, 1938) (Lent & Wygodzinsky 1979).
Os triatomíneos desenvolvem a capacidade de domiciliação quando as condições de
moradia são precárias ou quando eles são expulsos do meio silvestre por meio da ação
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14
antrópica peridomiciliar; estando o mal de Chagas, associado a estas condições sócio-
econômicas precárias (Forattini 1980).
A qualidade deficiente da moradia (casa de pau-a-pique, telhados de folhas de
palmeira, piso de chão batido) e a falta de iluminação, fornecem abrigos favoráveis para a
proliferação desses insetos. A presença de animais domésticos e as construções
peridomiciliares, utilizadas para criação de animais, influenciam no ciclo da transmissão
natural do parasita ao homem por meio do vetor, pois, além de aproximarem o vetor do
homem, tornam-se uma fonte permanente de alimento, contribuindo consideravelmente para o
aumento da densidade desses vetores nos domicílios e peridomicílios (Lent & Wygodzinsky
1979; Who 1991).
As condições necessárias para ocorrer a transmissão domiciliar da doença de Chagas
dependem de variáveis ou atributos de cada espécie de vetor, como a capacidade de
colonização e o tamanho da colônia no interior da casa, ou seja, da densidade populacional e
de sua capacidade vetorial de se infectar e transmitir o T. cruzi ao homem (Silveira 1993,
2005).
O relatório da Fundação Nacional de Saúde (CORE/MS) de 1992, e o Programa de
Erradicação do T. infestans (PETi), implantado no Estado de Mato Grosso do Sul a partir de
levantamentos feitos em localidades com histórico da presença desse inseto vetor, reporta-se a
ocorrência ao registro do mesmo, em 23 municípios do Estado.
A história da presença do T. infestans no Estado de Mato Grosso do Sul, iniciou-se nas
décadas de 70 e 80, sempre apresentando baixa densidade e, geralmente, no ambiente
intradomiciliar, caracterizando-se como espécie de introdução recente e passiva,
provavelmente relacionada a expansão das atividades produtivas dessa região.
Com a expansão das atividades do Programa de Controle da Doença de Chagas
PCDCh no Estado de Mato Grosso do Sul, principalmente na década de 80, esse triatomíneo
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15
praticamente foi controlado em quase toda a região, sendo apenas registrado em 3 municípios
(Bela Vista em 1991, Dourados em 1992 e Amambai em 1995), sempre em baixa densidade.
Após a conclusão das ações de controle da doença de Chagas no Estado de Mato Grosso do
Sul em 1995, a Organização Pan-americana de Saúde (OPAS), certificou a erradicação da
espécie nos domicílios (Ministério da Saúde 2000).
T. sordida é uma espécie considerada nativa do território brasileiro e pode reinvadir as
habitações a partir dos ecótopos silvestres. Predominantemente nos cerrados, essa espécie,
apresenta ainda marcada ornitofilia e está presente em ninhos de aves, madeira seca ou,
ecótopos artificiais como galinheiros e, quando a oferta alimentar está esgotada nesses
habitats, pode colonizar as casas (Silveira et al. 1984; Diotaiuti 1991).
Nesta pesquisa procurou-se conhecer a fauna e abundância das espécies de
triatomíneos, bem como, foi investigado o índice de infecção natural por flagelados
(Trypanosomatidae) nos municípios do Estado de Mato Grosso do Sul, visando fornecer
subsídios para realizar o controle efetivo desses vetores em áreas de alta densidade
populacional.
MATERIAL E MÉTODOS
O Estado de Mato Grosso do Sul possui 78 municípios em área de 358.168 km² e uma
população estimada de 2.264.468 habitantes (IBGE 2005). Limita-se a leste com os Estados
de Minas Gerais e São Paulo, ao norte com os Estados de Mato Grosso e Goiás, ao sul com
Paraná e Paraguai e ao oeste com a Bolívia.
As capturas dos triatomíneos foram coordenadas pelo autor da pesquisa e realizadas
pelos agentes de saúde da Secretaria Municipal de Saúde/SMS e Secretaria Estadual de
Saúde/SES, no período de janeiro de 2000 a dezembro de 2004. O Estado atualmente está
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dividido em cinco Núcleos Regionais Sanitários, conforme foi estabelecido pela
Coordenadoria de Controle de Vetores/CCV da Secretaria Estadual de Saúde/SES: Núcleo
Regional de Campo Grande que compreende um município, Núcleo Regional de Dourados
34, Núcleo Regional de Jardim 18, Núcleo Regional Três Lagoas 13 e Núcleo Regional de
Rio Verde com 11 municípios (Fig 1).
Para conhecer a fauna triatomínica do Estado de Mato Grosso do Sul, foram realizadas
pesquisas de busca passiva, através de notificação da população, quanto ao encontro de
qualquer inseto dado como triatomíneo e a pesquisa de busca ativa, que consiste na captura de
vetores da doença de Chagas ou de vestígios dos mesmos tais como exúvias, ovos e fezes nos
domicílios. A periodicidade da pesquisa de rotina nos domicílios é habitualmente bienal,
realizada no intradomicílio que corresponde à habitação (interior da casa e parede externas) e
peridomicílio que são os anexos (galinheiro, pocilga, paiol e outros), feita através de captura
manual, com uso de uma pinça e com auxílio de fonte artificial de iluminação (Ministério da
Saúde1996).
Os triatomíneos coletados foram levados para a rede de Laboratórios Regionais de
Entomologia da Secretaria Estadual de Saúde/SES, acondicionados em cristalizadores
úmidos, onde foram mantidos vivos para realização da identificação da espécie e pesquisa de
infecção natural.
No laboratório, os espécimes foram identificados através de chaves dicotômicas (Lent
& Wygodzinsky 1979; Carcavallo et al. 1997). Em seguida, utilizando-se de uma pinça, fez a
compressão dos últimos segmentos abdominais dos espécimes sobre lâmina retirando-se o
material fecal para a realização do exame, a fresco, das fezes colhidas de cada indivíduo.
Após a realização do exame a fresco, procedeu-se o esfregaço das fezes em duas lâminas, e
em seguida o material foi fixado com álcool metílico. Depois de seco, fez-se a pré-coloração
com azul de metileno e em seguida, preparou-se o Giemsa na proporção de 1:1 e colocou-se
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essas lâminas em recipiente próprio para corar durante 30 minutos, depois foi realizado o
enxágüe em água corrente e em seguida deixou-se secar. Para a identificação dos flagelados,
as lâminas foram examinadas ao Microscópio Óptico com objetiva de aumento de 100x em
óleo de imersão (Ministério da Saúde 1981).
A verificação da riqueza esperada de triatomíneos do Estado foi realizada através de
curvas cumulativas das espécies, baseadas em cálculos de Chao de primeira ordem (Chao 1),
com 100 aleatorizações. Para as análises da riqueza esperada Chao 1, utilizou-se o Software
EstimateS 6.0 (Colwell 2001).
Foram determinadas as distribuições anuais das espécies de triatomíneos e,
posteriormente, realizou-se a análise faunística para definir as classes de abundância e
constância. De acordo com Thomazini & Thomazini (2002), através da média e do erro
padrão da média do número de indivíduos coletados por espécie determinou-se o intervalo de
confiança (IC) a 5% e 1% de probabilidade, estabelecendo-se as seguintes classes de
abundância: ma = muito abundante (número de indivíduos maior que o limite superior do IC a
1%); a = abundante (número de indivíduos situado entre os limites superiores do IC a 5 e a
1%); c = comum (número de indivíduos situado dentro do IC a 5%); d = dispersa (número de
indivíduos situado entre os limites inferiores do IC a 5 e a 1%) e r = rara (número de
indivíduos menor que o limite inferior do IC a 1%). Avaliou-se a porcentagem de coletas que
continham uma determinada espécie, calculando-se a constância através da seguinte fórmula:
c = (número de coletas com espécie x / número total de coletas) x 100. De acordo com os
valores obtidos as espécies foram separadas em: w = constante (C>50%); y = acessória (C
entre 25 e 50%) e z = acidental (C
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Para verificar o índice de infecção natural dos triatomíneos examinados no Estado,
foram usados os indicadores operacionais para o Programa de Erradicação de T. infestans
(Silveira 1993).
RESULTADOS
A espécie predominante no Estado de Mato Grosso do Sul, presente nos cinco Núcleos
Regionais e 49 municípios estudados foi T. sordida, seguida por Rhodnius neglectus (Lent,
1954) coletado em 29 municípios e ausente apenas no Núcleo Regional de Campo Grande,
destacando-se também pela ampla distribuição. Merecem atenção ainda, as espécies:
Panstrongylus geniculatus (Latreille, 1811), coletado em 14 municípios e presente nos
Núcleos Regionais de Dourados, Rio Verde e Três Lagoas; P. megistus, coletado em 6
municípios e presente nos Núcleos Regionais de Dourados, Jardim e Três Lagoas e Triatoma
williami (Galvão et al., 1965), também coletado em seis municípios e presente nos Núcleos
Regionais de Dourados e Jardim. As espécies restantes estiveram presentes em apenas um
Núcleo Regional apresentando distribuição geográfica mais restrita (Tabela I e Fig. 1).
O resultado do teste do χ² foi de = 193,623; com p < 0,001 é altamente significativo ao
nível de 5% de significância. Observa-se na Figura 2, que para Regional Dourados há
municípios associados diretamente com infestação das espécies Panstrongylus guentheri
(Berg, 1879), P. geniculatus, P. megistus, R. neglectus; existem municípios com infestação de
duas espécies P. geniculatus e T. sordida e de três espécies P. geniculatus, R. neglectus e T.
sordida; a Regional de Três Lagoas está mais associada a municípios com infestação de duas
R. neglectus e T. sordida e três espécies Panstrongylus diasi (Pinto & Lent, 1946), R.
neglectus e T. sordida; as Regionais de Campo Grande, Jardim e Rio Verde estão muito
próximas e não discriminam muito claramente a riqueza de espécie entre os municípios. Mas
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19
constata-se que tirando a espécie T. sordida que teve uma ampla predominância em todas as
Regionais, nestas três Regionais se destacaram as espécies R. neglectus T. brasiliensis, T.
williami, Triatoma matogrossensis (Leite & Barbosa, 1953), Triatoma vandae (Carcavallo et
al., 2002), Triatoma baratai (Carcavallo & Jurberg, 2000) e Rhodnius pictipes (Stal, 1872),
além disso, há municípios com registro de uma, duas, três e quatro espécies. As Regionais de
Dourados e Rio Verde apresentaram maior riqueza de espécies de triatomíneos, enquanto as
Regionais de Campo Grande e Rio Verde destacaram -se pela ausência de espécies.
Durante o período trabalhado, foram coletados 13.671 exemplares de triatomíneos,
12,36% estavam presentes no intradomicílio, enquanto 87,64% no peridomicílio. Pode-se
destacar aqui que T. sordida foi a espécie mais abundante com 13.102 exemplares,
correspondendo a 95,85% do total de insetos coletados; seguida por R. neglectus (415
exemplares), P. geniculatus (51 exemplares) e T. williami (29 exemplares). As demais
espécies capturadas: P. megistus, T. baratai, T. brasiliensis, T. matogrossensis, Triatoma
vandae, R. pictipes, P. diasi e P. guentheri, juntas perfizeram apenas 0,54% (74 exemplares)
dos insetos capturados (Tabela II).
Através da análise dos parâmetros faunísticos realizados para as espécies de
triatomíneos, T. sordida, foi caracterizada como muito abundante, enquanto as espécies
restantes foram caracterizadas como raras. Na avaliação da constância, o número de vezes que
se recuperou uma determinada espécie no total de coletas efetuadas, observou-se que a
espécie que esteve mais presente foi T. sordida, sendo capturada em 49 municípios do Estado,
todas as demais espécies foram caracterizadas como não constantes (Tabela III).
Com relação ao índice de infecção natural por T. cruzi o maior índice obtido refere-se
a P. geniculatus (3,22 %), seguido por R. neglectus (0,65 %) e T. sordida (0,15 %). Não
foram observados indivíduos com infecção natural dentre as demais espécies capturadas
(Tabela IV).
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A espécie T. sordida, apresentou maior positividade para T. cruzi no Estado de Mato
Grosso do Sul, com 13 indivíduos infectados. Destes, oito foram encontrados na Regional de
Três Lagoas, sendo dois exemplares coletados no intradomicilio e seis no peridomicílio;
foram coletados três espécimes na Regional de Dourados no intradomicílio e também três
indivíduos foram coletados na Regional de Jardim, sendo dois encontrados no intradomicílio e
um no peridomicílio. P. geniculatus foi encontrada na Regional de Dourados com apenas um
indivíduo infectado (no intradomicílio). Enquanto R. neglectus, foi encontrado na Regional de
Rio Verde, também com um indivíduo infectado no intradomicílio (Tabela V).
Pela análise de riqueza de triatomíneos para a comunidade estudada, concluiu-se que
não houve diferença significativa entre o índice esperado (Chao1) e observado, tendo o
esforço amostral atingido o platô, isto é, a estabilidade, durante o período estudado indicando
que as coletas foram suficientes para amostrar a maioria das espécies presentes nesta
comunidade (Fig. 3).
As espécies de triatomíneos capturados em relação aos locais de captura,
(intradomicílio e peridomicílio), apresentou-se significativa (χ2 = 341, 32; p< 0,01), indicando
haver relação entre a abundância das espécies e o local de captura (Tabela VI). O
peridomicílio sempre apresentou maior abundância do que o intradomicílio e o Núcleo
Regional de Três Lagoas apresentou o maior destaque com (29%) dos triatomíneos
capturados neste ambiente, seguido dos Núcleos de Jardim (27%) e Rio Verde (20%). Os
Núcleos Regionais de Campo Grande (5%) e Dourados (8%) apresentaram as menores
abundâncias de indivíduos capturados (Tabela VI).
Os triatomíneos coletados no peridomicílio durante os cinco anos de pesquisa, estão
representados na Fig. 4. No Núcleo Regional de Três Lagoas foram encontrados mais insetos
nos anos de 2000 e 2001, seguido pelo Núcleo Regional de Jardim nos anos de 2002 e 2003 e
pelo Núcleo Regional de Rio Verde, em 2004,como o mais abundante em relação aos demais.
-
21
Com relação a presença dos triatomíneos no intradomicílio, durante os cinco anos de
coleta, destaca-se o Núcleo Regional de Três Lagoas com maior abundância nos anos de 2000
a 2003 e o Núcleo Regional de Rio Verde, no ano de 2004, verificou-se maior abundância em
relação as demais Regionais (Fig. 5).
DISCUSSÃO
Os resultados obtidos neste trabalho evidenciam um aumento da diversidade de
espécies de triatomíneos relacionadas com o ambiente antrópico no Estado de Mato Grosso do
Sul. Enquanto que em levantamento anterior foram capturadas nove espécies no Estado de
Mato Grosso do Sul (Silveira et al. 1984), neste obteve-se um total de 12 espécies.
Ressaltando também, a captura de espécies, até então, consideradas como estritamente
silvestres, ocupando principalmente o peridomicílio, algumas destas, como T. vandae e T.
baratai, foram descritas recentemente e pouco se sabe sobre seu comportamento, biologia e
potencial como vetores do mal de Chagas. Ainda em relação às espécies silvestres, destaca-se
também o encontro de P. diasi, P. guentheri e R. pictipes, cujas ocorrências na região são
relatadas aqui pela primeira vez.
Com relação os resultados obtidos neste trabalho, T. sordida foi a espécie mais
abundante e com ampla distribuição geográfica no Estado de Mato Grosso do Sul. Esses
resultados corroboram aos obtidos por Diotaiuti (1991), Ministério da Saúde (2000) e Silveira
(2002). Para estes autores, após a eliminação das populações domiciliares de T. infestans, T.
sordida foi a espécie mais capturada em maior abundância nesse Estado e está presente
principalmente nos ecótopos peridomiciliares.
T. sordida esteve presente em 49 dos 56 municípios estudados, abrangendo os cinco
Núcleos Regionais e evidenciando a sua ampla distribuição territorial e alta predominância
entre as espécies capturadas coincidindo com os resultados obtidos por Silveira et al. (1984),
-
22
Ministério da Saúde (2000) e Silveira (2002). Aqui cabe comentar, a presença de R. neglectus
em 29 municípios que abrangem quatro Núcleos Regionais, P. geniculatus que esteve
presente em 14 municípios que abrangem três Núcleos e P. megistus que também ocorreu em
três Núcleos Regionais, porém, em apenas oito municípios.
Os índices de infecção natural dos triatomíneos com T. cruzi demonstrados neste
trabalho, foram baixos, concordando com os índices anteriores verificados pelo Ministério da
Saúde (2000), Silveira (2002) e Dias et al. (1985), os quais obtiveram 1,2% de índice de
infecção para T. sordida no Estado de Minas Gerais.
Os dados deste trabalho apontam para uma alta infestação por T. sordida mais
relacionada ao peridomicílio. Os baixos índices de infecção natural para o T. cruzi não só
desta espécie, mas também de outras que estiveram presentes durante o período de estudo,
demonstram que a transmissão vetorial da doença de Chagas no Estado de Mato Grosso do
Sul está controlada, uma vez que se constatou a eliminação do T. infestans do território deste
Estado, como ocorreu em São Paulo e Lassence em Minas Gerais (Dias et al. 2002; Silva et
al. 2003).
Assim, comparando-se os dados anteriores da fauna triatomínica, índices de infecção
natural por T. cruzi e o inquérito sorológico realizado na população escolar nos municípios de
maior risco, verifica-se que as espécies de triatomíneos existentes no Estado de Mato Grosso
do Sul são nativas, geralmente se estabelecem no peridomicílio e permanecem ainda com
baixo poder de domiciliação. Algumas espécies são muito abundantes como o T. sordida e R.
neglectus, porém apresentam índices de infecção natural muito baixos, tal fato parece estar
associado com os ecótopos peridomiciliares (Ministério da Saúde 2000).
Quanto ao inquérito sorológico para determinar a prevalência pelo T. cruzi em
escolares de 7 – 14 anos em municípios de risco no Estado, este foi extremamente baixo, de
2.092 amostras realizadas entre 1993 a 1995, revelou apenas um (1) sororeagente em
-
23
Paranhos, município que localiza-se na fronteira com o Paraguai (Ministério da Saúde 2000),
e entre 1998 a 1999 de 4.151 amostras processadas foram encontrados dois indivíduos
infectados (Silveira 2002).
Concluiu-se que até o momento desta pesquisa, o Estado de Mato Grosso do Sul está
livre da transmissão vetorial endêmica da doença de Chagas. Contudo, faz-se necessário
manter o serviço de vigilância epidemiológica e entomológica permanente, não só para
monitorar uma possível reintrodução do T. infestans no Estado, mas também para detectar
espécies consideradas nativas, como T. baratai, T. sordida, P. megistus, P. geniculatus e R.
neglectus que predominam em alguns municípios do Estado e podem tornar - se domiciliados,
devido a ação antrópica que favorecem a dispersão e a colonização desses triatomíneos e
conseqüentemente aumentam o risco de transmissão vetorial.
AGRADECIMENTOS
Departamento de Epidemiologia da Faculdade de Saúde Pública/USP (Laboratório de
Triatomíneos), Walter Ceretti Júnior, Marcos Takashi Obara e Paulo Urbinatti pela
colaboração na identificação dos triatomíneos.
Laboratório Regional de Entomologia de Dourados/MS, Ademar Dimas Ferreira,
Maria Aparecida Ferreira de Souza e Silvana Rosa da Silva pela amizade e incentivo.
Aos Técnicos dos Laboratórios Regionais de Entomologia do Estado, Ramão Virgilio
Larson, Francisco Portes, Airton Marques Miranda e Edson José de Souza.
Núcleo Regional de Entomologia de Campo Grande/MS, em especial a Guilmara
Maria do Amaral Gonçalves pela colaboração na identificação dos triatomíneos.
Aos colegas da UEMS José Nicácio e Professor Odival Faccenda pelas sugestões nas
análises estatísticas.
-
24
Ao colega João Cezar Nascimento pelo incentivo e contribuição com sugestões para
realização do trabalho.
A Coordenadoria de Controle de Vetores/CCV do Estado pela colaboração e apoio no
fornecimento de registros dos trabalhos de captura de triatomíneos.
A todos que de uma forma direta ou indiretamente contribuíram para a realização do
curso.
-
25
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-
29
Tabela I. Distribuição geográfica das espécies de triatomíneos capturados em 56 municípios
do Estado de Mato Grosso do Sul, no período de 2000 a 2004.
Regionais Municípios
Espécies de Triatomíneos
P. g
enic
ulat
us
P. g
uent
heri
P. d
iasi
P. m
egis
tus
R. n
egle
ctus
R. p
ictip
es
T. b
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T. w
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mi
T. so
rdid
a
T. m
atog
ross
ensi
s
T. v
anda
e
T. b
rasi
liens
is
Campo Grande Campo Grande 628
Dourados
Amambai 1 Angélica 1 Anaurilândia 17 Antônio João 24 Bataiporã 1 1 18 Caarapó 2 1 Douradina 1 8 1 221 Dourados 8 2 48 126 Deodápolis 5 2 Fátima do Sul 19 2 23 1 2 Glória de Dourados 5 5 Itaporã 10 1 3 23 2 Iguatemi 1 Ivinhema 2 1 Nova Alvorada do Sul 2 12 Novo Horizonte do Sul 3 Ponta Porã 1 75 Paranhos 3 Rio Brilhante 2 4 2 Vicentina 4
Jardim
Anastácio 553 Aquidauana 2 6 1047 Bela Vista 3 8 141 Bodoquena 1 3 218 Bonito 8 Caracol 46 Corumbá 2 692 Dois Irmão do Buriti 9 Guia Lopes da Laguna 23 Jardim 1 Miranda 1 2 350 Maracaju 111 Nioaque 1 2 19 14 356 Porto Murtinho 202 Sidrolândia 1 96 Terenos 160
Continua...
-
30
Regionais Municípios
Espécies de Triatomíneos
P. g
enic
ulat
us
P. g
uent
heri
P. d
iasi
P. m
egis
tus
R. n
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R. p
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mi
T. so
rdid
a
T. m
atog
ross
ensi
s
T. v
anda
e
T. b
rasi
liens
is
Rio Verde
Coxim 7 1019 Camapuã 20 Rio Verde 1 1254 1 Rochedo 2 605 São Gabriel do Oeste 5 5 Rio Negro 5 Sonora 1 68 13 3
Três Lagoas
Aparecida do Taboado 29 1577 Bataguassu 1 153 Brasilândia 3 166 Cassilândia 9 105 Costa Rica 1 11 51 Chapadão do Sul 18 Inocência 93 301 Paranaíba 1 1 117 2002 Ribas do Rio Pardo 1 145 Santa Rita do Pardo 1 13 Selvíria 1 264 Três Lagoas 8 190
TOTAL 56 51 2 2 19 415 2 22 29 13102 19 5 3
-
31
Tabela II. Freqüência das principais espécies de triatomíneos capturados (intra e
peridomicílio) no Estado de Mato Grosso do Sul, no período de 2000 a 2004.
Espécies Nº Capturados Local de captura Total % Intradomicílio % Peridomicílio %
1 - P. diasi 2 0,01 0,00 0,01 2 – P. geniculatus 51 0,24 0,13 0,37 3 - P. guentheri 2 0,01 0,00 0,01 4 - P. megistus 19 0,12 0,02 0,14 5 - R. neglectus 415 2,45 0,58 3,04 6 - R. pictipes 2 0,01 0,00 0,01 7 - T. matogrossensis 19 0,01 0,13 0,14 8 - T. brasiliensis 3 0,01 0,01 0,02 9 - T. baratai 22 0,12 0,04 0,16 10 - T. sordida 13.102 9,27 86,58 95,85 11 - T. vandae 5 0,01 0,03 0,04 12 - T. williami 29 0,10 0,11 0,21 Total 13.671 12,36 87,64 100,00
-
32
Tabela III. Espécies de triatomíneos capturados em 56 municípios do Estado de Mato Grosso
do Sul e suas respectivas classes de abundância (A), constância (C), no período de 2000 a
2004.
Espécies Capturados¹ Abundância² Constância³ 1 - P. diasi 2 r z 2 – P. geniculatus 51 r z 3 - P. guentheri 2 r z 4 - P. megistus 19 r z 5 - R. neglectus 415 r z 6 - R. pictipes 2 r z 7 - T. matogrossensis 19 r z 8 - T. brasiliensis 3 r z 9 - T. baratai 22 r z 10 - T. sordida 13.102 ma w 11 - T. vandae 5 r z 12 - T. williami 29 r z Total 13.671 1Número de indivíduos capturados= total de 56 municípios (5 anos de coleta) 2ma= muito abundante, a= abundante, c= comum, d= dispersa, r= rara 3w= constante, y= acessória, z= acidental
-
33
Tabela IV. Distribuição das espécies de triatomíneos examinados e índice de infecção natural
pelo Trypanosoma cruzi no Estado de Mato Grosso do Sul, no período de 2000 a 2004.
Espécies Examinados Infectados Infectados (%) 1 - P. diasi 0 0 0,00 2 – P. geniculatus 31 1 3,22 3 - P. guentheri 0 0 0,00 4 - P. megistus 13 0 0,00 5 - R. neglectus 154 1 0,65 6 - R. pictipes 0 0 0,00 7 - T. matogrossensis 19 0 0,00 8 - T. brasiliensis 2 0 0,00 9 - T. baratai 10 0 0,00 10 - T. sordida 8.615 13 0,15 11 - T. vandae 0 0 0,00 12 - T. williami 24 0 0,00 Total 8.868 15 0,17
-
34
Tabela V. Distribuição das espécies de triatomíneos capturados por ecótopos e por infecção
natural de Trypanosoma cruzi, por Regionais no Estado de Mato Grosso do Sul, período de
2000 a 2004.
Regionais Espécies
Local de captura Total Intradomicílio Peridomicílio
Cap
tura
dos
Infe
ctad
os
Cap
tura
dos
Infe
ctad
os
Cap
tura
dos
Infe
ctad
os
C. Grande T. sordida 8 620 628
Dourados
P. guentheri 2 2 P. geniculatus 31 1 16 47 1 P. megistus 8 3 11 R. neglectus 96 19 115 T. sordida 95 2 374 469 2 T. williami 2 2
Jardim
P. megistus 1 1 R. neglectus 3 5 8 R. pictipes 2 2 T. baratai 14 8 22 T. sordida 257 2 3603 1 3860 3 T. williami 12 15 27
Rio Verde
P. geniculatus 1 1 R. neglectus 1 1 3 4 1 T. brasiliensis 2 1 3 T. matogrossensis 16 3 19 T. sordida 194 2729 2923 T. vandae 5 5
Três Lagoas
P. diasi 2 2 P. geniculatus 1 1 P. megistus 1 1 R. neglectus 122 47 169 T. sordida 637 2 3839 6 4530 8
-
35
Tabela VI. Distribuição dos triatomíneos capturados no Intra e peridomicílios nos Núcleos
Regionais do Estado de Mato Grosso do Sul, no período de 2000 a 2004.
Núcleos Regionais Indivíduos capturados Local de capturas
Intradomicílio Peridomicílio n % n %
Campo Grande 628 8 0 620 5 Dourados 1.321 243 2 1.078 8 Jardim 3.981 290 2 3.691 27 Rio Verde 3.012 215 2 2.797 20 Três Lagoas 4.729 736 5 3.993 29 Total 13.671 1.492 11 12.179 89 χ2 = 341,32; (P< 0,01)
-
36
Figura 1. Distribuição das espécies de triatomíneos capturados em cinco Regionais (Núcleo
Regional da Coordenadoria de Controle de Vetores) no Estado de Mato Grosso do Sul,
período de 2000 a 2004. (u= Triatoma sordida (Espécie predominante); ¢ = Triatoma
williami; ! = Triatoma matogrossensis; ² = Triatoma brasiliensis; ¨ = Triatoma baratai;
É = Triatoma vandae; r= Rhodnius neglectus; s= Rhodnius pictipes; v = Panstrongylus
diasi; w = Panstrongylus geniculatus; ã = Panstrongylus guentheri; ö = Panstrongylus
megistus). NR= Núcleo Regional.
r
r
r
u u
u
s
ö
ö
ã
²
É w
v w
¢ w
NR 1 Campo Grande (1 município)
ã
ö ¢ u
r
u
¨
!
NR 2 Dourados (34 municípios)
NR 5 Três Lagoas (13 municípios)
NR 3 Jardim (18 municípios)
NR 4 Rio Verde (11 municípios)
-
37
Figura 2. Análise de correspondência entre as variáveis: Núcleos Regionais e infestação por
espécies de triatomíneos capturados no Estado de Mato Grosso do Sul, no período de 2000 a
2004. S1 - P. diasi, S2 – P. geniculatus, S3 - P. guentheri, S4 - P. megistus, S5 - R. neglectus,
S6 - R. pictipes, S7 - T. matogrossensis, S8 - T. baratai, S9 - T. brasiliensis, S10 - T. sordida,
S11 - T. vandae, S12 - T. williami.
-
38
Figura 3. Riqueza Observada (Sobs) e índice de Chao de primeira ordem (Chao 1) para os
triatomíneos coletados no intradomicílio e peridomicílio Estado de Mato Grosso do Sul,
período de 2000 a 2004.
0
2
4
6
8
10
12
14
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Amostras cumulativas
Riq
ueza
de
Espé
cies
SobsChao1
-
39
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
2000
Peri Peri Peri Peri Peri
2000 2001 2002 2003 2004
Campo GrandeDouradosJardimRio VerdeTrës Lagoas
Figura 4. Distribuição dos triatomíneos capturados no peridomicílio nos Núcleos Regionais do
Estado de Mato Grosso do Sul, no período de 2000 a 2004.
-
40
0
50
100
150
200
250
Intra Intra Intra Intra Intra
2000 2001 2002 2003 2004
Campo GrandeDouradosJardimRio VerdeTrës Lagoas
Figura 5. Distribuição dos triatomíneos capturados no intradomicílio nos Núcleos Regionais
do Estado de Mato Grosso do Sul, no período de 2000 a 2004.