Download - Jairnilson Silva Paim
Acessibilidade e qualidade da Acessibilidade e qualidade da atençãoatenção
Jairnilson Silva Paim
(ISC-UFBA)(ISC-UFBA)
Conferência Regional sobre Determinantes Sociais da Conferência Regional sobre Determinantes Sociais da Saúde NordesteSaúde Nordeste
Recife, 2 a 4 de setembro de 2013Recife, 2 a 4 de setembro de 2013
Introdução
Brasil é o único país da AL cuja Constituição prevê o acesso universal como direito, tendo o SUS nas Leis da República.
Persistem barreiras de naturezas diversas entre diferentes segmentos sociais.
Influência dos DSS nas condições de saúde e no uso dos serviços.
Ausência de medidas estruturais sobre os determinantes dessas desigualdades (Cunha, 2007).
Componentes e atributos de Componentes e atributos de um sistema de saúdeum sistema de saúde
Acessibilidade e qualidade da atenção são Acessibilidade e qualidade da atenção são atributos de um sistema de saúde;atributos de um sistema de saúde;
Expressam as influências dos principais Expressam as influências dos principais componentes: financiamento, infra-componentes: financiamento, infra-estrutura, modelos de atenção, gestão e estrutura, modelos de atenção, gestão e organização.organização.
Atuação dos DSSAtuação dos DSSUsuáriosUsuários
Sofrer (danos)Sofrer (danos)
Saber (informações)Saber (informações)
DemandaDemanda
Sistema de SaúdeSistema de Saúde
SegmentadoSegmentado
UniversalUniversal
Equitativo Equitativo (necessidades)(necessidades)
O que é acesso ou acessibilidade?
Cobertura - volume de serviços ofertados a uma determinada população (cobertura potencial ou oferta) ou a proporção da população que se beneficia de um determinado programa ou intervenção (cobertura real ou utilização) (Rossi et al, 2004; Vieira-da-Silva, 2005; Travassos & Martins, 2004).
Utilização - ato de ingressar no sistema de saúde (Aday & Andersen, 1992; Van der Heyden, 2003; Field et al, 2001).
Acessibilidade - características que facilitam ou obstaculizam a utilização dos serviços por parte dos usuários potenciais, vinculadas a situação geográfica e a organização interna e externa dos serviços, levando em consideração os recursos de poder dos usuários para superar os obstáculos (Donabedian, 1988).
Desigualdades no acesso Pobres têm menor chance de consumir serviços de
saúde (Travassos et al, 2000; Néri & Soares, 2002; Sawyer et al, 2002).
Mulheres brancas utilizam mais os serviços que os homens (Travassos et al, 2002) e as mulheres não brancas (Leal, et al, 2005, Pinheiro et al, 2002) sendo esse uso vinculado ao poder aquisitivo das famílias e às características sociais do indivíduo (Travassos, et al 2002).
Negras e pardas tiveram mais dificuldade de receber assistência ao parto na primeira maternidade procurada no Rio de Janeiro, e durante o parto receberam menos anestesia quando comparado às mulheres brancas (Leal et al, 2005).
INFRAESTRUTURAINFRAESTRUTURA
69,1% dos hospitais são privados, maioria da atenção 69,1% dos hospitais são privados, maioria da atenção básica é pública. básica é pública.
Apenas 35,4% dos leitos hospitalares e 6,4% dos SADT Apenas 35,4% dos leitos hospitalares e 6,4% dos SADT são públicossão públicos
Somente 38,7% dos leito privados estão disponíveis Somente 38,7% dos leito privados estão disponíveis para o SUS.para o SUS.
(Paim, Travassos, Almeida, Bahia, Macinko, 2011)(Paim, Travassos, Almeida, Bahia, Macinko, 2011)
Equipamentos: número total e % Equipamentos: número total e % do setor público (2010) do setor público (2010)
MamógrafosMamógrafos 1753 1753 28,4 28,4
Aparelhos de raios XAparelhos de raios X 15861 15861 58,9 58,9
TomógrafosTomógrafos 1268 1268 24,1 24,1
Ressonância magnéticaRessonância magnética 409 409 13,4 13,4
Aparelhos de ultrassonografiaAparelhos de ultrassonografia 89668966 51,0 51,0
(Paim, Travassos, Almeida, Bahia, Macinko, 2011)(Paim, Travassos, Almeida, Bahia, Macinko, 2011)
Demanda por serviços de Demanda por serviços de saúde segundo o tipo de saúde segundo o tipo de
serviço serviço (Paim, Travassos, Almeida, Bahia, (Paim, Travassos, Almeida, Bahia, Macinko, 2011)Macinko, 2011)
ACESSO E USO DOS SERVIÇOS DE ACESSO E USO DOS SERVIÇOS DE SAÚDESAÚDE (Paim, Travassos, Almeida, Bahia, Macinko, 2011)(Paim, Travassos, Almeida, Bahia, Macinko, 2011)
Melhora considerável após a criação do SUS Melhora considerável após a criação do SUS (450% na AB (450% na AB entre 1981-2008)entre 1981-2008)
Cerca de 98% dos que buscaram atendimento de saúde Cerca de 98% dos que buscaram atendimento de saúde foram atendidos em 1998, 2003 e 2008. foram atendidos em 1998, 2003 e 2008. (Pnad, 2008) (Pnad, 2008)
Em 1981 8% da população (9,2 milhões) usou serviço Em 1981 8% da população (9,2 milhões) usou serviço de saúde nos últimos trinta dias, passando a 14,2% de saúde nos últimos trinta dias, passando a 14,2% (26.866.869) em 2008, nos últimos quinze dias (26.866.869) em 2008, nos últimos quinze dias (+ 174%).(+ 174%).
76% das pessoas de renda mais alta consultaram 76% das pessoas de renda mais alta consultaram médico, contra 59% daquelas de renda mais baixa.médico, contra 59% daquelas de renda mais baixa.
Posto ou Centro de Saúde foi mais procurado (56,8%), Posto ou Centro de Saúde foi mais procurado (56,8%), seguido de consultórios particulares (19,2%) e seguido de consultórios particulares (19,2%) e ambulatório de hospital (12,2%). ambulatório de hospital (12,2%). (Pnad, 2008) (Pnad, 2008)
ACESSO E USO DOS SERVIÇOS DE ACESSO E USO DOS SERVIÇOS DE SAÚDESAÚDE (Paim, Travassos, Almeida, Bahia, Macinko, 2011)(Paim, Travassos, Almeida, Bahia, Macinko, 2011)
Embora a utilização de serviços varie, a desigualdade Embora a utilização de serviços varie, a desigualdade está diminuindo.está diminuindo.
Pessoas com planos de saúde tinham 200% mais Pessoas com planos de saúde tinham 200% mais chances de usar um serviço de saúde do que as sem chances de usar um serviço de saúde do que as sem planos em 1998, reduzindo para 70% em 2008.planos em 1998, reduzindo para 70% em 2008.
Permanecem desigualdades socioeconômicas em Permanecem desigualdades socioeconômicas em saúde bucal saúde bucal (23,4% das pessoas do grupo de renda mais baixa nunca (23,4% das pessoas do grupo de renda mais baixa nunca haviam consultado um dentista, contra 3,6% das pessoas do grupo de renda haviam consultado um dentista, contra 3,6% das pessoas do grupo de renda mais alta).mais alta).
Qualidade da atenção: atendimento “muito bom ou Qualidade da atenção: atendimento “muito bom ou bom” (86,4%), regular (10,4%) e “ruim ou muito bom” (86,4%), regular (10,4%) e “ruim ou muito ruim” (3,1%) ruim” (3,1%) Pnad, 2008Pnad, 2008
Direito universal à saúde e Direito universal à saúde e apartheidapartheid no acesso a serviços de no acesso a serviços de
saúdesaúde (Paim, Travassos, Almeida, Bahia, Macinko, 2011)(Paim, Travassos, Almeida, Bahia, Macinko, 2011)
Direito universal à saúde e Direito universal à saúde e apartheidapartheid no acesso a serviços de no acesso a serviços de
saúdesaúde (Paim, Travassos, Almeida, Bahia, Macinko, 2011)(Paim, Travassos, Almeida, Bahia, Macinko, 2011)
Distribuição das Despesas Diretas com Medicamentos e Planos e Seguros de Saúde por Classes de Renda (em Reais)
Brasil 2008/2009
0,00
10,00
20,00
30,00
40,00
50,00
60,00
70,00
80,00
Até 830 Mais de830 a1.245
Mais de1.245 a2.490
Mais de2.490 a4.150
Mais de4.150 a6.225
Mais de6.225 a10.375
Mais de10.375
Medicamentos
Plano/Seguro saúde
Proporção de pessoas usando Proporção de pessoas usando serviços de saúde nos últimos serviços de saúde nos últimos
quinze dias quinze dias (Paim, Travassos, Almeida, Bahia, Macinko, 2011)(Paim, Travassos, Almeida, Bahia, Macinko, 2011)
CRESCIMENTO DO SETOR CRESCIMENTO DO SETOR PRIVADOPRIVADO (Paim, Travassos, Almeida, Bahia, Macinko, 2011)(Paim, Travassos, Almeida, Bahia, Macinko, 2011)
60%20%
14%
3% 3%
1998
66%
20%
10%
2%2%
2003
67%
20%
10%
2% 1%
2008
Sus
Plano
Pagamento proprio
Outro
Sem informacao
76%
6%
11%7%
1981
Sistema previdenciario
Seguro de saude privado
Pagamento proprio bolso
Outro
Hospital Admissions - year
Qualidade da atenção Qualidade da atenção Crescente consciência da importância do atributoCrescente consciência da importância do atributo
Eventos adversos em hospitais: medicamentos e Eventos adversos em hospitais: medicamentos e infecções hospitalares (67% evitáveis)infecções hospitalares (67% evitáveis)
Direitos dos pacientes – HumanizaSUSDireitos dos pacientes – HumanizaSUS
Acreditação e Regulação assistencialAcreditação e Regulação assistencial
Protocolos assistenciais e prontuários.Protocolos assistenciais e prontuários.
Acessibilidade, qualidade e Acessibilidade, qualidade e relações com outros relações com outros componentes do SUScomponentes do SUS
O aumento do acesso não significa acessibilidade O aumento do acesso não significa acessibilidade universal e atendimento digno. universal e atendimento digno.
A defesa do SUS torna-se insustentável quando A defesa do SUS torna-se insustentável quando não alteradas as formas de acesso, os modelos de não alteradas as formas de acesso, os modelos de atenção e a qualidade do cuidado.atenção e a qualidade do cuidado.
Isto não será possível sem aumentar o Isto não será possível sem aumentar o financiamento público para ampliar a infra-financiamento público para ampliar a infra-estrutura e a operação dos serviços públicos de estrutura e a operação dos serviços públicos de saúde. saúde.
Insuficiência de políticas sobre os determinantes Insuficiência de políticas sobre os determinantes estruturais das necessidades de saúdeestruturais das necessidades de saúde
SUSSUS Totalidade complexa e concreta, constituída por Totalidade complexa e concreta, constituída por
múltiplas determinações históricas e estruturais. múltiplas determinações históricas e estruturais.
Seus determinantes sociais e condicionantes Seus determinantes sociais e condicionantes econômicos, políticos, ideológicos e culturais econômicos, políticos, ideológicos e culturais atravessam atividades, práticas e instituições que atravessam atividades, práticas e instituições que dão concretude a componentes empíricos como dão concretude a componentes empíricos como financiamento, gestão, organização, infra-estrutura financiamento, gestão, organização, infra-estrutura e modelos de atenção.e modelos de atenção.
Essas “áreas-problema” e dimensões como Essas “áreas-problema” e dimensões como acessibilidade, cobertura, utilização e impacto acessibilidade, cobertura, utilização e impacto concentram obstáculos e possibilidades que, concentram obstáculos e possibilidades que, dialeticamente, oferecem espaços para avanços e dialeticamente, oferecem espaços para avanços e retrocessos.retrocessos.
Comentários finais Projetos expansionista e racionalizador
Esforços racionalizadores, incluindo a “contratualização”, enfrentam-se com obstáculos políticos
A organização, a gestão e a regulação do SUS sofrem influências de grupos de interesse e de constrangimentos burocráticos;
Os mecanismos adotados têm sido insuficientes para promover mudanças significativas na organização e na gestão do SUS.
O decreto presidencial 7.508, de 28 de junho de 2011 é apenas uma tentativa de resposta para esses fracassos.
Introdução– Lutar pelo respeito ao direito à saúde, tal como
sugere a Campanha da Fraternidade neste ano, revela certo desenvolvimento da consciência sanitária no Brasil.
– Direito à saúde significa direito de ter saúde.
– Para isso é necessária a garantia do acesso ao atendimento oportuno, integral, digno e de qualidade nos serviços de saúde para recuperar ou reabilitar a saúde que perdemos em certas circunstâncias
Direito de ter saúde.
– Vai além do direito de acesso aos serviços de saúde.
– Requer condições para manter, promover e proteger a saúde, especialmente políticas públicas que atuem sobre as condições de vida, tais como emprego, distribuição da renda, seguridade social, educação, cultura, transporte, lazer, segurança pública, moradia, ambiente preservado, entre outras.
Consciência sanitária
– Os cidadãos, ao ampliarem a sua consciência sanitária, poderão acionar novas formas de mobilização e de luta para defenderem a concretização do direito à saúde.
– Consciência sanitária revela-se no entendimento de que a saúde é um direito das pessoas e um interesse da comunidade.
– E quando esse direito é desrespeitado e tal interesse descuidado, consciência sanitária representa a ação individual e coletiva para alcançar este objetivo.
Propostas para a integração na prestação de serviços de saúde
Redes regionalizadas (RENASS)
Linhas de Cuidado
SRCR
Sistema de Regulação
Cartão SUS
Tipos de serviços de saúde no Tipos de serviços de saúde no Brasil Brasil 1970–20101970–2010 (Paim, Travassos, Almeida, Bahia, Macinko, 2011)(Paim, Travassos, Almeida, Bahia, Macinko, 2011)
FORÇA DE TRABALHO FORÇA DE TRABALHO (Paim, Travassos, Almeida, Bahia, Macinko, 2011)(Paim, Travassos, Almeida, Bahia, Macinko, 2011)
1,7 médicos por 1.000 habitantes, 0,9 de enfermeiros e 1,7 médicos por 1.000 habitantes, 0,9 de enfermeiros e de 1,2 de dentistas, com distribuição desigual (2007). de 1,2 de dentistas, com distribuição desigual (2007).
Em 2005, o setor público gerou 56,4% dos empregos no Em 2005, o setor público gerou 56,4% dos empregos no setor de saúde, sobretudo em nível municipal.setor de saúde, sobretudo em nível municipal.
Médicos ocupavam 61% dos empregos, enfermeiros Médicos ocupavam 61% dos empregos, enfermeiros 13%, e especialistas em saúde pública, apenas 0,2%.13%, e especialistas em saúde pública, apenas 0,2%.
Precarização e alta rotatividade da força de trabalho, Precarização e alta rotatividade da força de trabalho, sobretudo na atenção básica.sobretudo na atenção básica.
Médicos por 1000 habitantes: UK 2,9; Espanha 3.9; USA 2,9; Mexico 2.0Médicos por 1000 habitantes: UK 2,9; Espanha 3.9; USA 2,9; Mexico 2.0
Enfermeiros por 1000 habitantes: UK 9.7; USA 10.7; Espanha 5.2; Mexico 2.4 Enfermeiros por 1000 habitantes: UK 9.7; USA 10.7; Espanha 5.2; Mexico 2.4 (OECD, 2007)(OECD, 2007)
ATENÇÃO BÁSICA ATENÇÃO BÁSICA (Paim, Travassos, Almeida, Bahia, Macinko, 2011)(Paim, Travassos, Almeida, Bahia, Macinko, 2011)
O número de pessoas buscando a atenção básica O número de pessoas buscando a atenção básica aumentou cerca de 450% entre 1981 e 2008.aumentou cerca de 450% entre 1981 e 2008.
Em 1998, 55% da população consultou um médico, Em 1998, 55% da população consultou um médico, passando para 68% em 2008 passando para 68% em 2008 (igual aos EUA e menor que a (igual aos EUA e menor que a Alemanha, França e Canadá, com mais de 80%).Alemanha, França e Canadá, com mais de 80%).
Em 1981, apenas 17% da população havia consultado Em 1981, apenas 17% da população havia consultado um dentista, alcançando 40% em 2008, quando 11,6% um dentista, alcançando 40% em 2008, quando 11,6% afirmava nunca ter ido ao dentista.afirmava nunca ter ido ao dentista.
Diminuição de internações evitáveis (15% desde 1999).Diminuição de internações evitáveis (15% desde 1999).
27,5 milhões de domicílios (47,7%) cadastrados no PSF 27,5 milhões de domicílios (47,7%) cadastrados no PSF (11,2% no DF e 17,4% no RJ; 83,7% na PB e 93,2% no Tocantins) – (11,2% no DF e 17,4% no RJ; 83,7% na PB e 93,2% no Tocantins) – PNAD, 2008PNAD, 2008
ATENÇÃO SECUNDÁRIA ATENÇÃO SECUNDÁRIA (Paim, Travassos, Almeida, Bahia, Macinko, 2011)(Paim, Travassos, Almeida, Bahia, Macinko, 2011)
Crescimento de procedimentos especializados no SUS nos Crescimento de procedimentos especializados no SUS nos últimos dez anos últimos dez anos (30% das consultas ambulatoriais em 2010). (30% das consultas ambulatoriais em 2010).
Oferta limitada, pouco regulada e altamente dependente Oferta limitada, pouco regulada e altamente dependente do setor privado, especialmente no SADT.do setor privado, especialmente no SADT.
Procedimentos de média complexidade preteridos em Procedimentos de média complexidade preteridos em favor dos procedimentos de alto custo.favor dos procedimentos de alto custo.
Setor privado contratado prioriza portadores de planos de Setor privado contratado prioriza portadores de planos de saúde.saúde.
Apesar do acréscimo de 48,8% de mamografias entre Apesar do acréscimo de 48,8% de mamografias entre 2003-2008, cerca de um terço das mulheres de 50-69 2003-2008, cerca de um terço das mulheres de 50-69 anos nunca fizeram o exame anos nunca fizeram o exame (50,2% no norte e 45,1% no nordeste).(50,2% no norte e 45,1% no nordeste). Pnad, Pnad, 20082008
ATENÇÃO TERCIÁRIA ATENÇÃO TERCIÁRIA (Paim, Travassos, Almeida, Bahia, Macinko, 2011)(Paim, Travassos, Almeida, Bahia, Macinko, 2011)
SUS: procedimentos de alto custo realizados SUS: procedimentos de alto custo realizados predominantemente pelo setor privado e predominantemente pelo setor privado e hospitais de ensino, pagos a preços de mercado. hospitais de ensino, pagos a preços de mercado.
Regulação influenciada por grupos de interesseRegulação influenciada por grupos de interesse
Mecanismos adotados insuficientes para alterar Mecanismos adotados insuficientes para alterar os padrões históricos da assistência hospitalar.os padrões históricos da assistência hospitalar.
Redes de saúde Integração entre os serviços, evitando que fiquem
dispostos de forma isolada, autarquizada, sem comunicação
Articulação entre os gestores estaduais e municipais na implementação de políticas, ações e serviços de saúde qualificados e descentralizados para garantir o acesso, integralidade e resolutividade na atenção à saúde.
Redes regionalizadas e hierarquizadas foram propostas pela Constituição, LOS, NOAS e Pacto de Gestão.
Decreto Presidencial No. 7.508/2011: Rede Nacional de Serviços de Saúde (RENASS)
Problemas nas redes A maior parte dos municípios não tem
condições de ofertar integralmente os serviços de saúde.
Obstáculos políticos para a implantação de redes:
1) diferenciais de poder entre integrantes2) falta de responsabilização de atores3) descontinuidade administrativa4) alta rotatividade de gestores.
Linhas de cuidado
Garantia de retaguarda técnica e responsabilidade pelos usuários
Processo de diagnóstico e tratamento mantendo vínculo principal com a rede básica (Franco & Magalhães Júnior, 2003)
Superar o modelo hegemônico para um sistema “redebasicocêntrico”.
Inverter a lógica dos serviços especializados, modificando a escassa responsabilidade em relação ao processo saúde-doença, a falta de vínculo com o paciente e as relações burocráticas com os demais serviços (Mesquita & Silveira, 1996)
FINANCIAMENTO FINANCIAMENTO (Paim, Travassos, Almeida, Bahia, Macinko, 2011)(Paim, Travassos, Almeida, Bahia, Macinko, 2011)
CPMF: saúde recebeu apenas 40% dos R$ CPMF: saúde recebeu apenas 40% dos R$ 32.090 bilhões em 2006. 32.090 bilhões em 2006. (grande parte do restante foi destinada ao pagamento de juros)(grande parte do restante foi destinada ao pagamento de juros)
Despesa federal com saúde: reduzindo desde Despesa federal com saúde: reduzindo desde 2003, quando ajustada pela inflação. 2003, quando ajustada pela inflação.
8,4% do PIB em saúde (2007): 41% de gasto 8,4% do PIB em saúde (2007): 41% de gasto público.público.
Reino Unido (82%) Itália (77,2%) Espanha (71,8%)Reino Unido (82%) Itália (77,2%) Espanha (71,8%)
EUA (45,5%) México (46,9%)EUA (45,5%) México (46,9%)
Despesa estimada em saúde Despesa estimada em saúde como proporção do PIB (2006) como proporção do PIB (2006)
(Paim, Travassos, Almeida, Bahia, Macinko, 2011)(Paim, Travassos, Almeida, Bahia, Macinko, 2011)
Setor público Setor público (Impostos e contribuições sociais)(Impostos e contribuições sociais) 3,14 3,14FederaisFederais 1,6 1,6EstaduaisEstaduais 0,7 0,7MunicipaisMunicipais 0,8 0,8
Setor privadoSetor privado 4,89 4,89Despesas das famíliasDespesas das famílias 3,84 3,84Despesas das empresasDespesas das empresas 1,05 1,05
TotalTotal 8,03 8,03
Despesa pública com saúde Despesa pública com saúde por nível de governo por nível de governo (Paim, Travassos, Almeida, Bahia, (Paim, Travassos, Almeida, Bahia,
Macinko, 2011)Macinko, 2011)
0.00 10.00
20.00 30.00
40.00 50.00 60.00 70.00
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 Ano
% Federal Estadual Municipal
Fonte: Siops, 2009
Orçamento geral da União em Orçamento geral da União em 20102010
Do R$ 1.414 trilhão quase a metade (44,93%) Do R$ 1.414 trilhão quase a metade (44,93%) foi destinada ao pagamento de juros, foi destinada ao pagamento de juros, amortizações e refinanciamento da dívida. amortizações e refinanciamento da dívida.
Apenas 3,91% foram alocados para saúde, Apenas 3,91% foram alocados para saúde, 0,56% para segurança pública e 0,04% para 0,56% para segurança pública e 0,04% para saneamento.saneamento.
Somente 2,89% foram para Educação, 0,38% Somente 2,89% foram para Educação, 0,38% para Ciência e Tecnologia, 0,09% para a para Ciência e Tecnologia, 0,09% para a Cultura e 0,06% para Direitos da Cidadania. Cultura e 0,06% para Direitos da Cidadania. Fattorelli, ML. A inflação e a dívida pública. Le Monde Diplomatique Brasil, 47:6-8, junho 2011.Fattorelli, ML. A inflação e a dívida pública. Le Monde Diplomatique Brasil, 47:6-8, junho 2011.
Iniciativas governamentais recentes
“O acesso universal e igualitário às ações e aos serviços de saúde será ordenado pela atenção primária” (Decreto Presidencial 7.508/2011, Art, 11)
Portas de Entrada nas Redes de Atenção à Saúde1) Serviços de atenção primária2) Urgência e emergência, 3) Atenção psico-social 4) Serviços “especiais de acesso aberto” (Decreto Presidencial 7.508/2011, Art, 9)
Política Nacional de Atenção Básica: revisão de diretrizes e normas, “centralidade no usuário”, coordenação do cuidado (acompanhamento e organização do fluxo dos usuários), EPS (Portaria No. 2.488 de 21/10/2011)
CRESCIMENTO DO SETOR CRESCIMENTO DO SETOR PRIVADOPRIVADO (Paim, Travassos, Almeida, Bahia, Macinko, 2011)(Paim, Travassos, Almeida, Bahia, Macinko, 2011)
2008: financiamento público nos atendimentos 2008: financiamento público nos atendimentos reduziu-se para 56%, a participação dos planos reduziu-se para 56%, a participação dos planos privados cresceu para 21% e o desembolso direto privados cresceu para 21% e o desembolso direto estacionou em 19%.estacionou em 19%.
Entre 1981 e 1998, o volume de atendimentos Entre 1981 e 1998, o volume de atendimentos financiados pelos planos de saúde cresceu 466%. financiados pelos planos de saúde cresceu 466%.
24,5% da população possuía plano de saúde em 24,5% da população possuía plano de saúde em 1998, crescendo para 26% (2008) e gerando 1998, crescendo para 26% (2008) e gerando rendimentos de R$ 63 bilhões em 2009.rendimentos de R$ 63 bilhões em 2009.
82,5% com rendimentos de mais de 5 SM tinham 82,5% com rendimentos de mais de 5 SM tinham plano de saúde plano de saúde (Pnad 2008)(Pnad 2008)
CRESCIMENTO DO SETOR CRESCIMENTO DO SETOR PRIVADOPRIVADO (Paim, Travassos, Almeida, Bahia, Macinko, 2011)(Paim, Travassos, Almeida, Bahia, Macinko, 2011)
Em 1981, a previdência pagou 75% das Em 1981, a previdência pagou 75% das internações, enquanto o SUS pagou apenas internações, enquanto o SUS pagou apenas 67% das internações em2008. 67% das internações em2008.
Em 1981, 6% das internações foram pagas Em 1981, 6% das internações foram pagas por planos de saúde, crescendo para 20% por planos de saúde, crescendo para 20% em 2008. em 2008.
As pagas por desembolso direto As pagas por desembolso direto mantiveram-se constante.mantiveram-se constante.
Comentários (1)Comentários (1)
O SUS realmente existente e o SUS pobre O SUS realmente existente e o SUS pobre para pobres são difundidos pela mídia e para pobres são difundidos pela mídia e percebidos por milhões de usuáriospercebidos por milhões de usuários
OOSUS democráticoSUS democrático e o e o SUS formalSUS formal parecem parecem ficções para a maioria da população. ficções para a maioria da população.
O SUS que se vê não é aquele no qual O SUS que se vê não é aquele no qual prevalece o interesse público e se prevalece o interesse público e se respeitam os direitos dos cidadãos.respeitam os direitos dos cidadãos.
Comentários (2)Comentários (2) Não está assegurada a sustentabilidade do SUS Não está assegurada a sustentabilidade do SUS
(econômica, política, institucional ou científico-tecnológica).(econômica, política, institucional ou científico-tecnológica).
O pior dos mundos: subfinanciamento do SUS e O pior dos mundos: subfinanciamento do SUS e subregulação do setor privadosubregulação do setor privado
Hegemonia às avessas Hegemonia às avessas *: *: na aparência uma direção intelectual e moral do SUS, quando na aparência uma direção intelectual e moral do SUS, quando
lideranças do movimento sanitário chegam a ocupar posições lideranças do movimento sanitário chegam a ocupar posições importantes de governo, mas na essência prevalecem os importantes de governo, mas na essência prevalecem os interesses do capital, assegurados por seus representantes dentro interesses do capital, assegurados por seus representantes dentro e fora dos governos.e fora dos governos.
*Entrevista Chico de Oliveira. Cult – Revista Brasileira de Cultura,146:12-18, maio 2010.*Entrevista Chico de Oliveira. Cult – Revista Brasileira de Cultura,146:12-18, maio 2010.
ConclusõesConclusões
Ainda que não se deva dispensar as lutas Ainda que não se deva dispensar as lutas ideológicas e teóricas estas são insuficientes, ideológicas e teóricas estas são insuficientes, enquanto a ampliação das bases sociais e as enquanto a ampliação das bases sociais e as lutas políticas não conquistarem o apoio da lutas políticas não conquistarem o apoio da população e alterarem a correlação de forças população e alterarem a correlação de forças e as e as condições objetivascondições objetivas..
A radicalização da Reforma Sanitária poderá A radicalização da Reforma Sanitária poderá ensejar a constituição de sujeitos capazes de ensejar a constituição de sujeitos capazes de desequilibrarem o binômio da “conservação-desequilibrarem o binômio da “conservação-mudança” da mudança” da revolução passivarevolução passiva brasileira. brasileira.
O SUS que temosO SUS que temos É produto de sujeitos que se movem em distintas É produto de sujeitos que se movem em distintas
direções, conformando determinada correlação de forças direções, conformando determinada correlação de forças em diferentes conjunturas. em diferentes conjunturas.
A análise de situação realizada é auto-referente, ou seja, A análise de situação realizada é auto-referente, ou seja, o “diagnóstico” tem a ver com o projeto e com o cálculo o “diagnóstico” tem a ver com o projeto e com o cálculo político sobre a viabilidade de manter, recuperar ou político sobre a viabilidade de manter, recuperar ou acumular poder para intervir sobre a realidade.acumular poder para intervir sobre a realidade.
A luta política necessáriia passa por denúncias, pressões, A luta política necessáriia passa por denúncias, pressões, mobilizações, negociações, concessões, consensos, mobilizações, negociações, concessões, consensos, derrotas e ganhos.derrotas e ganhos.
O SUS que temos pode ser o que não queremos, mas o O SUS que temos pode ser o que não queremos, mas o que foi e é resultante da correlação de forças que que foi e é resultante da correlação de forças que defendem distintas concepções e projetos.defendem distintas concepções e projetos.
ATENÇÃO BÁSICA ATENÇÃO BÁSICA (Paim, Travassos, Almeida, Bahia, Macinko, 2011)(Paim, Travassos, Almeida, Bahia, Macinko, 2011)
236.000 ACS e 30.000 ESF, cobrindo 98 milhões 236.000 ACS e 30.000 ESF, cobrindo 98 milhões de pessoas em 85% (4.737) dos municípios de pessoas em 85% (4.737) dos municípios (2010).(2010).
17.807 equipes de saúde bucal, em 2009.17.807 equipes de saúde bucal, em 2009.
Atenção básica como serviço de saúde habitual Atenção básica como serviço de saúde habitual (57% em 2008 e 42% em 1998).(57% em 2008 e 42% em 1998).
Ambulatórios hospitalares como fonte habitual de Ambulatórios hospitalares como fonte habitual de cuidados (21% em 2008 contra 12% em 1998). cuidados (21% em 2008 contra 12% em 1998).
ATENÇÃO SECUNDÁRIA ATENÇÃO SECUNDÁRIA (Paim, Travassos, Almeida, Bahia, Macinko, 2011)(Paim, Travassos, Almeida, Bahia, Macinko, 2011)
Redução de 20.000 leitos psiquiátricosRedução de 20.000 leitos psiquiátricos
Triplicou o número de CAPSTriplicou o número de CAPS
Quintuplicou o número de Residências Quintuplicou o número de Residências Terapêuticas.Terapêuticas.
SAMU presente em 1.150 municípios (55% da SAMU presente em 1.150 municípios (55% da população) e SUS assegurando 74% de toda a população) e SUS assegurando 74% de toda a assistência domiciliar de emergência em 2008.assistência domiciliar de emergência em 2008.
Subsistemas paralelos no SUS, dificultando a Subsistemas paralelos no SUS, dificultando a coordenação e a continuidade do cuidado. coordenação e a continuidade do cuidado.
ATENÇÃO TERCIÁRIA ATENÇÃO TERCIÁRIA (Paim, Travassos, Almeida, Bahia, Macinko, 2011)(Paim, Travassos, Almeida, Bahia, Macinko, 2011)
Apesar do envelhecimento da população, as Apesar do envelhecimento da população, as taxas de internação hospitalar para a maior parte taxas de internação hospitalar para a maior parte dos transtornos (cerca de sete internações por dos transtornos (cerca de sete internações por todos os transtornos por 100 pessoas) não se todos os transtornos por 100 pessoas) não se modificaram entre 1981 e 2008.modificaram entre 1981 e 2008.
O número de internações financiadas pelo setor O número de internações financiadas pelo setor público diminuiu: em 1982 a previdência social público diminuiu: em 1982 a previdência social financiou 13,1 milhões de internações, caindo financiou 13,1 milhões de internações, caindo para 11,1 milhões em 2009 pelo SUS.para 11,1 milhões em 2009 pelo SUS.
As taxas de internação são mais altas entre As taxas de internação são mais altas entre pessoas com planos privados de saúde (8 pessoas com planos privados de saúde (8 internações por 100 pessoa).internações por 100 pessoa).
Síntese crítica do sistema de Síntese crítica do sistema de saúde brasileiro saúde brasileiro (Paim, Travassos, Almeida, Bahia, Macinko, 2011)(Paim, Travassos, Almeida, Bahia, Macinko, 2011)
Avanços:Avanços: inovações institucionais, descentralização, inovações institucionais, descentralização, participação social, aumento do acesso, consciência do participação social, aumento do acesso, consciência do direito à saúde, expansão dos recursos humanos e da direito à saúde, expansão dos recursos humanos e da tecnologia em saúde.tecnologia em saúde.
ContradiçõesContradições: crescimento do setor privado (acesso : crescimento do setor privado (acesso universal universal vsvs. segmentação do mercado), comprometendo . segmentação do mercado), comprometendo a equidade nos serviços e nas condições de saúde. a equidade nos serviços e nas condições de saúde.
Obstáculos:Obstáculos: diminuição relativa do financiamento diminuição relativa do financiamento federal, levando a restrições de investimento em federal, levando a restrições de investimento em infraestrutura e recursos humanos.infraestrutura e recursos humanos.
Desafios:Desafios: político (financiamento, articulação público- político (financiamento, articulação público-privada e desigualdades).privada e desigualdades).
IntroduçãoIntrodução Analisar o sistema de saúde para além das Analisar o sistema de saúde para além das
aparências, considerando informações aparências, considerando informações empíricas, determinações e empíricas, determinações e condicionamentos.condicionamentos.
Não descolar o SUS do Não descolar o SUS do processoprocesso da Reforma da Reforma Sanitária e das mudanças econômicas, Sanitária e das mudanças econômicas, políticas, ambientais e culturais.políticas, ambientais e culturais.
Reconhecer as Reconhecer as condições subjetivascondições subjetivas (valores, (valores, ideologias, concepções e projetos)ideologias, concepções e projetos) e analisar as e analisar as condições objetivascondições objetivas (financiamento, infra-estrutura, (financiamento, infra-estrutura, processos de trabalho, distribuição e exercício do poder, etc.)processos de trabalho, distribuição e exercício do poder, etc.)
Qual SUS?Qual SUS? SUS formalSUS formal assegurado pela legislação, ainda que distante assegurado pela legislação, ainda que distante
do cotidiano dos cidadãos e dos trabalhadores de saúdedo cotidiano dos cidadãos e dos trabalhadores de saúde
SUS para pobresSUS para pobres vinculado à ideologia liberal e derivado vinculado à ideologia liberal e derivado das políticas focalizadas onde a falta de recursos é a regradas políticas focalizadas onde a falta de recursos é a regra
SUS realSUS real subordinado à saúde da moeda e aos desígnios subordinado à saúde da moeda e aos desígnios das áreas econômicas, onde viceja o pragmatismo, conciliando das áreas econômicas, onde viceja o pragmatismo, conciliando interesses clientelistas, partidários, corporativos e econômicos.interesses clientelistas, partidários, corporativos e econômicos.
SUS democráticoSUS democrático concebido pela RSB, vinculado a uma concebido pela RSB, vinculado a uma democracia substantiva comprometida com os direitos da democracia substantiva comprometida com os direitos da cidadania, com a participação política e com os valores da cidadania, com a participação política e com os valores da igualdade, solidariedade e emancipaçãoigualdade, solidariedade e emancipação
Comentários (2)Comentários (2) Não bastam apelos ideológicos para a população Não bastam apelos ideológicos para a população
mudar a sua visão do SUS, nem impedir que a “classe mudar a sua visão do SUS, nem impedir que a “classe C” tenha os planos de saúde como “objeto de desejo”. C” tenha os planos de saúde como “objeto de desejo”.
Por mais enganosa que seja essa opção, o povo não é Por mais enganosa que seja essa opção, o povo não é bobo e conhece as dificuldades de resolver seus bobo e conhece as dificuldades de resolver seus problemas no problemas no SUS realSUS real..
É equívoco afirmar-se que o SUS é irreversível, pois É equívoco afirmar-se que o SUS é irreversível, pois encontra-se ameaçado diante da expansão do setor encontra-se ameaçado diante da expansão do setor privado, do subfinanciamento público, da tímida privado, do subfinanciamento público, da tímida regulação estatal e da limitada participação social. regulação estatal e da limitada participação social.
Há um falso consenso já que muitos não combatem o Há um falso consenso já que muitos não combatem o SUS, pelo menos publicamente.SUS, pelo menos publicamente.