Download - INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO FONOLÓGICA (INFONO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DISTÚRBIOS DA
COMUNICAÇÃO HUMANA
INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO FONOLÓGICA
(INFONO): DESENVOLVIMENTO E ESTUDOS
PSICOMÉTRICOS
TESE DE DOUTORADO
Marizete Ilha Ceron
Santa Maria, RS, Brasil
2015
INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO FONOLÓGICA (INFONO): DESENVOLVIMENTO E ESTUDOS PSICOMÉTRICOS
Marizete Ilha Ceron
Tese apresentada ao Curso de Doutorado do Programa de Pós-Graduação em
Distúrbios da Comunicação Humana, da Universidade Federal de Santa Maria
(UFSM, RS), como requisito parcial para obtenção do grau de
Doutor em Distúrbios da Comunicação Humana.
Orientador: Profa. Dra. Márcia Keske-Soares
Santa Maria, RS, Brasil
2015
© 2015 Todos os direitos autorais reservados a Marizete Ilha Ceron. A reprodução de partes
ou do todo deste trabalho só poderá ser feita com autorização por escrito do autor. Endereço:
Rua Bem-Te-Vi, 215, Bairro Jucelino Kubitschek, Santa Maria – RS, 97035- 130 Fone:
(55)99856067; Endereço eletrônico: [email protected].
Universidade Federal de Santa Maria
Centro de Ciências da Saúde
Programa de Pós-Graduação em Distúrbios da Comunicação
Humana
A Comissão Examinadora, abaixo assinada,
aprova a Tese de Doutorado
INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO FONOLÓGICA (INFONO):
DESENVOLVIMENTO E ESTUDOS PSICOMÉTRICOS
elaborada por
Marizete Ilha Ceron
como requisito parcial para obtenção do grau de
Doutora em Distúrbios da Comunicação Humana
COMISSÃO EXAMINADORA:
Santa Maria, 05 março de 2015
AGRADECIMENTOS
Agradeço, primeiramente, a Deus, fonte maior de amor e força.
À minha família, Mãe e Pai, pelo amor, companheirismo, incentivo, apoio
incondicional e a fé de que tudo daria certo.
À Profa. Márcia Keske-Soares, orientadora deste trabalho, pelo incentivo, apoio e,
acima de tudo, pelos ensinamentos. Minha admiração, carinho e respeito. A conquista de hoje
é nossa! Muito Obrigada!
Às Profªs Drªs, Márcia Keske-Soares, Tatiana Bagetti, Haydée Fiszbein, Karina
Carlesso Pagliarin, Helena Bolli Mota por aceitarem a participar deste momento, contribuindo
para o aprimoramento deste trabalho.
Às minhas colegas de profissão e amigas queridas, Karina Carlesso Pagliarin,
Marileda Barrichello Gubiani, Joviane Bonini pelo companheirismo, carinho, incentivo, troca
de experiências e momentos de descontração.
A todas que me ajudaram diretamente na coleta dos dados nas escolas, Marileda
Gubiani, Luciana Barberena, Ana Cristina Prates, meu muito obrigado. Sem vocês o trabalho
seria inviável!
Às colegas do Laboratório de Fala, Marileda Gubiani, Luciana Barberena, Ana
Cristina Prates, Gabrieli Donicht, Mariéli Barrichello Gubiani, Isabela Fattore, Simone de
Simoni e Caroline Portalete que também colaboraram com os dados desta pesquisa, muito
obrigada.
Ao graduando do Curso de Ciências da Computação e bolsistas do Laboratório de
Fala, Jonatas Corteze por desenvolver os vários programas que auxiliaram a
elaboração/testagem do INFONO.
Aos graduandos do Curso de Desenho Industrial e bolsistas do Laboratório de Fala,
Matheus Tanuri por desenvolver todos os desenhos do INFONO e Matheus Moreira por
desenvolver a Logomarca. Ao Marcos Silveira pelas animações das imagens do software.
A Camila Rosa de Oliveira pelas conversas (via Skype) agora no final. A cada
conversa uma nova ideia, uma nova análise. Sou muito grata a você pelo carinho, auxilio e
dedicação que sempre teve comigo.
Às escolas e professores das instituições pela disponibilidade e cooperação. Às
crianças que participaram deste estudo e seus pais, por depositarem confiança no meu
trabalho.
À Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), em especial ao Programa de Pós-
Graduação em Distúrbios da Comunicação Humana (PPGDCH), por disponibilizar
aprimoramento científico de qualidade.
Ao Núcleo de Inovação Tecnológica da UFSM pelos esclarecimentos sobre o registro
de programas de computador.
A CAPES e FAPERGS, pela bolsa concedida.
A todos aqueles que, de uma forma ou de outra, me auxiliaram na elaboração e
aprimoramento deste trabalho.
RESUMO
Tese de Doutorado
Programa de Pós-Graduação em Distúrbios da Comunicação Humana
Universidade Federal de Santa Maria
INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO FONOLÓGICA (INFONO): DESENVOLVIMENTO
E ESTUDOS PSICOMÉTRICOS
AUTORA: Marizete Ilha Ceron
ORIENTADORA: Márcia Keske-Soares
Santa Maria, 05 de março de 2015.
O instrumento de avaliação fonológica (INFONO) foi desenvolvido para diagnosticar o desvio
fonológico em crianças monolíngues do Português Brasileiro (PB). Esta tese teve como objetivo
contribuir com o desenvolvimento e normatização do INFONO verificando a influência da idade,
sexo, e tipo de escola (pública ou privada) na produção de consoantes e encontros consonantais
para a população do sul do Brasil, assim como, apresentar evidências de validade e fidedignidade
do instrumento. Foram realizados três estudos, no primeiro foi realizada a testagem da versão
preliminar do INFONO em uma situação real de avaliação (amostra piloto) e verificar sua
adequação quanto à identificação da figura; e, se esta permite a produção da palavra-alvo
desejada. Foi realizada uma análise descritiva sobre a aplicação do instrumento e analisado o
percentual de reconhecimento de cada palavra-alvo. O segundo estudo analisou os efeitos do sexo,
idade e tipo de escola na produção dos fonemas de 733 participantes. Foi realizada uma análise de
regressão linear múltipla com método stepwise. Os dados normativos para cada grupo foram
relatados através das médias e desvios-padrão, além da pontuação referente ao percentil 5 e
percentil 10. O terceiro estudo verificou as evidências de validade e fidedignidade do INFONO.
Participaram deste estudo 847 crianças, divididas em três grupos: típico, controle e clínico. A
consistência interna foi analisada a partir da técnica Alpha de Cronbach. Para a validade de
critério comparou-se o desempenho entre os grupos através do teste t de Student para amostras
independentes. Realizou-se a análise discriminante stepwise com o método do Ʌ de Wilks. A
concordância intra e inter-avaliadores foi investigada por meio do Teste de Kendall. Os dados
foram analisados através do software SPSS versão 22, considerando-se significativo quando p ≤
0.05. Os resultados permitiram verificar que a maioria das palavras-alvo, com as respectivas
figuras elaboradas, obtiveram um percentual de reconhecimento alto, sendo estas consideradas
adequadas para comporem o INFONO. Algumas figuras precisaram ser reelaboradas para facilitar
a produção espontânea do alvo e outras foram excluídas do instrumento. O efeito da idade foi
consideravelmente mais frequente, quando comparado ao sexo e ao tipo de escola para a produção
dos fonemas por nomeação espontânea. Em geral, observou-se o aumento da produção correta dos
fonemas com o aumento da idade; melhor desempenho das meninas quando comparado aos
meninos; e, oscilação em relação ao desempenho na produção dos fonemas entre participantes de
escola pública e privada. O INFONO apresentou adequadas evidências de validade (consistência
interna e análise discriminante) e fidedignidade (consistência interna) indicando uma
confiabilidade satisfatória dos itens, bem como, excelente concordância entre os escores do teste
(confiabilidade intra e inter-avaliador). O desempenho do grupo clínico para todos os fonemas foi
inferior ao grupo controle mostrando que os escores são sensíveis para identificar crianças com
desenvolvimento fonológico típico e atípico. Os resultados dos estudos contribuíram para o
desenvolvimento do primeiro instrumento de avaliação fonológica no computador normatizado
para a população do sul do Brasil, além de apresentar evidências de validade e fidedignidade para
o diagnóstico do desvio fonológico.
Palavras-Chave: Validade dos testes, Testes de Articulação da Fala; Criança; Fala; Transtornos da
Articulação; Avaliação
ABSTRACT
Doctoral Thesis
Graduate Program in Human Communication Disorders
Universidade Federal de Santa Maria
PHONOLOGICAL EVALUATION INSTRUMENT (INFONO): DEVELOPMENT AND
PSYCHOMETRIC STUDIES
AUTHOR: Marizete Ilha Ceron
MAIN SUPERVISOR: Márcia Keske-Soares
Santa Maria, 05 de março de 2015.
The phonological evaluation instrument (Instrumento de Avaliação Fonológica - INFONO) was
developed to diagnose speech disorder in Brazilian Portuguese (BP) monolingual children. The
current thesis aims to help developing and standardize INFONO by checking the influence of age,
gender and the kind of school (public or private) on the production of consonants and consonant
clusters in the population in the South of Brazil, as well as to present evidences of validity and
reliability of the instrument. Three studies were done, the first study tested INFONO’s
preliminary version in a real evaluation scenario (pilot sample) and checked its adequacy to the
identification of the figure; and, whether such adequacy enables the production of the expected
target-work. A descriptive analysis on the use of the instrument was done and the recognition
percentage of each target-word was analyzed. The second study assessed the effects of gender,
age and type of school on the 733 participants’ phoneme production. A multiple linear regression
analysis was done using the stepwise method. The normative data of each group were reported
through means and standard deviation, besides the score of percentiles 5 and 10. The third study
checked evidences of INFONO’s validity and reliability. Eight hundred and forty-seven (847)
children participated in the study and they were divided into three groups: typical, control and
clinical. The internal consistency was analyzed according to the Alpha Cronbach technique. The
performance among groups was compared through the Student T test in independent samples to
validate the criteria. The stepwise discriminant analysis was done using the Wilks Ʌ method. The
intra and inter-rater agreement was investigated by means of Kendall test. Data were analyzed in
the SPSS software version 22, and they were considered significant when p ≤ 0.05. Results
enabled observing that most of the target-words, along with the respective elaborated figures,
reached a high recognition percentage and they were considered adequate to be part of INFONO.
Some figures needed to be re-elaborated in order to facilitate the target’s spontaneous production
and other figures were excluded from the instrument. The effect of age was considerably more
often in the production of phonemes by spontaneous naming in comparison with gender and the
type of school. Overall, it was observed increase in the correct production of phonemes with
aging; better performance of girls if compared with boys; and, oscillation in phoneme production
performance among public and private school participants. INFONO presented adequate
evidences of validity (internal consistency and discriminating analysis) and reliability (internal
consistency). It indicates satisfactory reliability of items as well as excellent agreement among the
test’s scores (intra and inter-rater reliability). The clinical group’s phoneme performance was
lower than that of the control and it shows that the scores are sensitive to identify children with
typical or atypical phonological development. The current results helped developing the first
computer phonological evaluation instrument standardized to the population in the South of
Brazil, besides presenting evidences of validity and reliability to diagnose speech disorders.
Keywords: Validity of Tests; Speech Articulation Tests; Child; Speech; Articulation Disorders;
Evaluation
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 8
1.1. Teoria Fonológica: Fonologia Autossegmental ............................................................. 11
1.2. Desenvolvimento da fala ............................................................................................... 12
1.3. Desvio fonológico ......................................................................................................... 14
1.4. Avaliação fonológica ..................................................................................................... 15
1.5. Propriedades Psicométricas ........................................................................................... 22
1.6. Objetivos ........................................................................................................................ 31
1.7. Contexto da pesquisa ..................................................................................................... 31
2. ESTUDOS EMPÍRICOS .................................................................................................. 41
2.1. Estudo 1- INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO FONOLÓGICA (INFONO): ESTUDO
PILOTO .................................................................................................................................... 41
Resumo ..................................................................................................................................... 41
Abstract ..................................................................................................................................... 42
Introdução ................................................................................................................................. 43
Método ...................................................................................................................................... 45
Resultados ................................................................................................................................. 50
Discussão .................................................................................................................................. 62
Conclusão ................................................................................................................................. 64
Referências ............................................................................................................................... 65
2.2. Estudo 2 - FATORES EXTRALINGUÍSTICOS NA PRODUÇÃO DOS SONS E
DADOS NORMATIVOS DA AVALIAÇÃO FONOLÓGICA - INFONO ............................ 68
Resumo ..................................................................................................................................... 68
Abstract ..................................................................................................................................... 69
Introdução ................................................................................................................................. 69
Método ...................................................................................................................................... 72
Resultados ................................................................................................................................. 75
Discussão .................................................................................................................................. 88
Conclusão ................................................................................................................................. 92
Referências ............................................................................................................................... 92
2.3. Estudo 3 - EVIDÊNCIAS DE VALIDADE E FIDEDIGNIDADE DE UM
INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO FONOLÓGICA - INFONO ......................................... 96
Resumo ..................................................................................................................................... 96
Abstract ..................................................................................................................................... 97
Introdução ................................................................................................................................. 98
Método .................................................................................................................................... 100
Resultados ............................................................................................................................... 104
Discussão ................................................................................................................................ 111
Conclusão ............................................................................................................................... 113
Referências ............................................................................................................................. 114
3. DISCUSSÃO GERAL .................................................................................................... 117
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................... 122
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................ 124
6. APÊNDICES ................................................................................................................... 133
1. INTRODUÇÃO
Esta Tese aborda como tema o desenvolvimento parcial do instrumento de avaliação
fonológica (INFONO), mais precisamente, apresenta o estudo piloto realizado para verificar a
adequação dos estímulos para posterior elaboração do instrumento e o desenvolvimento de
estudos de normatização, validade e fidedignidade deste.
Este instrumento de avaliação fonológica está sendo elaborado desde 2011 quando o
projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Santa
Maria. O objetivo do projeto foi elaborar, criar e validar um instrumento de avaliação
fonológica no computador, que auxiliasse o diagnóstico rápido e fácil dos distúrbios dos sons
da fala (desvio fonético e/ou desvio fonológico), sendo que apenas este último (desvio
fonológico) foi enfatizado neste estudo.
O desvio fonológico1 caracteriza-se por omissão e/ou substituição de fonemas na fala
durante o desenvolvimento fonológico, porém em idades em que estas alterações não
deveriam mais ocorrer. Na população infantil, o desvio fonológico é uma das alterações com
alto percentual de ocorrência (CASARIN, 2006; CAVALHEIRO, 2007; NEWMEYER et al.,
2007; SKAHAN, WATSON e LOF, 2007; PAGAN-NEVES e WERTZNER, 2010; SOUZA,
MARQUES e SCOTT, 2010; RABELO et al., 2011; MÜÜRSEPP et al., 2012).
O INFONO está sendo desenvolvido para auxiliar no diagnóstico de desvio
fonológico. Para isto, este instrumento constará de três formas de avaliação dos dados da fala:
repetição, nomeação espontânea e fala encadeada. As duas primeiras já foram desenvolvidas
no software, mas nesta tese será abordada apenas a nomeação espontânea. A avaliação pela
nomeação espontânea deste instrumento precisou passar por rigorosas etapas de elaboração,
criação, estudos de validade e fidedignidade (propriedades psicométricas) e processo de
normatização e padronização. O INFONO poderá ser utilizado para avaliação fonológica em
outras patologias ou distúrbios de linguagem como, por exemplo, no distúrbio específico de
linguagem; bem como, em outras regiões do país. Porém, nesses casos salienta-se a
necessidade de realizar novos estudos psicométricos e de normatização para tal população,
uma vez que os testes só devem ser usados com crianças cujos dados demográficos pessoais
estão representados na amostra normativa (MCCAULEY e SWISHER, 1984a; FRIBERG,
2010; KIRK e VIGELAND, 2014). Testes padronizados ajudam o clínico a determinar se a
1 O termo “desvio fonológico” será utilizado nesta tese por abranger uma terminologia linguística. Os termos
“transtorno fonológico” ou “distúrbio fonológico” podem ser usados como sinônimo.
9
pontuação de uma criança é semelhante ou não a de um grupo de indivíduos com
características semelhantes.
No Brasil, são poucos os instrumentos de avaliação adequados à realidade
sociocultural na área da saúde, inclusive na Fonoaudiologia (GIUSTI e BEFI-LOPES, 2008;
OSHIMA et al., 2010). A escassez de instrumentos faz com que profissionais avaliem uma
determinada patologia, algumas vezes, baseando-se na sua própria experiência clínica; e,
outras vezes, utilizando instrumentos internacionais não adaptados e/ou que não passaram por
estudos psicométricos para a população brasileira.
É importante que os testes que serão utilizados na clínica e/ou na pesquisa sejam
confiáveis para fornecer resultados fidedignos e válidos para atingir o objetivo para os quais
eles foram desenvolvidos, como diagnosticar os desvios e fornecer subsídios para o
planejamento terapêutico. Dessa forma, estudos que busquem evidências de validade e
fidedignidade são essenciais para que qualquer instrumento seja aplicado e interpretado com o
devido rigor. Para tanto, é fundamental a realização de estudos das propriedades
psicométricas que são métodos de medidas utilizadas para a investigação, descrição e
comprovação do teste (análises de validade e fidedignidade, normatização e padronização).
Um instrumento de avaliação deve incluir estudos que envolvam evidências de
validade, meio pelo qual se examina a legitimidade das interpretações do instrumento; e, de
fidedignidade que se refere à estabilidade dos resultados obtidos no teste (MCCAULEY,
2001; KIRK e VIGELAND, 2014). Essas propriedades são essenciais para que o INFONO
possa ser aplicado e interpretado com o devido rigor. A normatização de um teste diz respeito
às normas de interpretação de desempenho do grupo no instrumento. A padronização refere-se
a um método claro de aplicação e pontuação do instrumento, ou seja, a forma de
administração do instrumento deve, rigorosamente, ser a mesma para que os resultados
possam ser interpretados adequadamente (PASQUALI, 1999; 2003).
Portanto, para desenvolver testes, algumas recomendações importantes são realizadas,
como: fornecer evidências psicométricas de que o teste é apropriado para o uso pretendido e
utilizar amostras normativas representativas da população para uma maior confiabilidade
(MCCAULEY e SWISHER, 1984a; FRIBERG, 2010; VIGELAND e KIRK, 2013). A
validade de um teste inicia no momento em que se pensa em construí-lo e subsiste durante
todo o processo de elaboração, aplicação, correção e interpretação dos resultados
(RAYMUNDO, 2009).
10
A avaliação fonológica realizada pelo INFONO fornece automaticamente a análise dos
dados da avaliação (lista das palavras-alvo e transcrições) e os resultados: análise contrastiva,
inventário fonético e fonológico (fonemas em diferentes posições e estruturas silábicas),
análises dos traços distintivos, análise dos processos fonológicos2 e da gravidade do desvio.
Ao final do processo de desenvolvimento do INFONO, os fonoaudiólogos poderão contar
com um instrumento padronizado, condizente com a realidade do Rio Grande do Sul, que
avalia todos os fonemas do Português Brasileiro (PB) através de repetição, nomeação
espontânea e fala encadeada, e que fornece as evidências psicométricas essenciais. Salientasse
que apenas a repetição e a nomeação espontânea encontram-se prontas para uso, sendo
possível realizar a análise contrastiva que foi utilizada nesta pesquisa (inventário fonético e
fonológico). As demais análises, dos traços distintivos, dos processos fonológicos e da
gravidade do desvio estão sendo desenvolvidas no software ainda.
A elaboração, desenvolvimento e realização de estudos de validade e fidedignidade do
INFONO visou contribuir com o desenvolvimento de um instrumento de avaliação fonológica
confiável, bem como, buscar evidências de validade e fidedignidade para a população do Rio
Grande do Sul. Ainda, analisou-se a influência de fatores extralinguísticos como idade, sexo e
tipo de escola na produção dos fonemas. Realizaram-se três estudos: (a) “Instrumento de
avaliação fonológica (INFONO) – estudo piloto” em que o instrumento de avaliação no
computador foi aplicado em uma amostra piloto a fim de testar a versão preliminar do
INFONO por nomeação espontânea em estudo piloto e verificar sua adequação quanto à
identificação da figura; e, se esta permite a produção da palavra-alvo; (b) “Fatores
extralinguísticos na produção dos sons e dados normativos da avaliação fonológica -
INFONO”, que objetivou analisar os efeitos da idade, sexo e tipo de escola na produção dos
fonemas na avaliação fonológica de crianças sem queixas de alterações; e, (c) “Evidências de
validade e fidedignidade do instrumento de avaliação fonológica (INFONO)”, que visou
apresentar as evidências de validade e fidedignidade do instrumento de avaliação fonológica.
Abaixo uma breve revisão de tópicos importantes que auxiliaram para o desenvolvimento
desta tese.
2 O termo “processo fonológico” foi utilizado nesta tese por ser uma terminologia comumente utilizada em
estudos internacionais. O termo “estratégia de reparo” pode ser usado como sinônimo, no entanto ambas se
referem a denominações de enfoques teóricos distintos.
11
1.1. Teoria Fonológica: Fonologia Autossegmental
A fonologia é o aspecto da linguagem que se refere ao modo como os sons se
organizam e funcionam dentro de uma língua. Na Fonologia Autossegmental (GOLDSMITH,
1976) os segmentos (fonemas) deixam de ser entendidos como um conjunto desordenado de
traços e passam a ser representados com uma organização interna, hierárquica entre os traços
que compõem o fonema da língua. Isso permite a segmentação independente de suas partes,
isto é, ao omitir um fonema, não necessariamente todos os traços que o compõem
desaparecerão (BISOL, 2005). A substituição de um fonema por outro, durante os estágios de
desenvolvimento fonológico, deve ser entendida como a não aquisição do valor fonológico
daquele traço e não de todos os traços que o compõem (MIRANDA e MATZENAUER,
2010).
A Geometria de Traços (CLEMENTS, 1985; CLEMENTS e HUME, 1995) foi
proposta com o objetivo de representar a hierarquia (organização interna) existente entre os
traços fonológicos e o fato de poderem ser manipulados isoladamente ou em conjunto. Essa
representação possibilitou expressar a naturalidade dos processos fonológicos que ocorrem
nas línguas do mundo. A existência de cada nó de classe e a subordinação de traços na
estrutura não é aleatória, os nós têm razão de existir porque funcionam como uma unidade em
regra fonológica.
A Geometria de Traços para as consoantes do PB (MOTA, 1996) está representada na
Figura 1.1.1. Nesse modelo, há uma estrutura representada por Nós (de Raiz, Laríngeo, de
Cavidade Oral, de Ponto de Consoante), os quais estão hierarquicamente organizados.
Raiz soante
aproximante
Laríngeo - vocóide
[ voz] Cavidade Oral
Ponto de C [ contínuo]
[labial] [coronal] [dorsal]
[anterior]
Figura 1.1.1 - Geometria de traços das consoantes, adaptada por Mota (1996, p. 107).
12
O Nó de Raiz domina todos os traços, sendo constituído pelos traços de classe
principal [soante], [aproximante] e [vocóide]. O Nó Laríngeo representa o papel da laringe na
produção dos sons, sendo representado pelo traço de sonoridade [voz]. O Nó de Cavidade
Oral representa a função desta na produção articulatória dos sons, e a ele estão ligados os
traços de ponto de articulação (Nó de Ponto de Consoante) e de modo de articulação
[contínuo]. O Nó Ponto de Consoante, que representa o ponto de articulação na produção
dos sons, estão os traços [labial], [coronal] e [dorsal], e o [±anterior], que são dependentes do
[coronal] (MOTA, 1996).
Com base na Fonologia Autossegmental, o processo de aquisição de fonemas pode ser
entendido como a ativação gradual de traços na estrutura interna dos fonemas (MOTA, 1996;
LAZZAROTTO-VOLCÃO, 2009). A fonologia de toda língua integra um inventário de
fonemas que promovem a contrastividade (“gato x galo”, “bala x mala”), tendo sua estrutura
previsível por regras e/ou restrições da língua (por exemplo, no PB, são observadas
sequências como “pr” e “pl”, mas não são permitidas “sm” e “sp”) (MIRANDA e
MATZENAUER, 2010).
Esta teoria ao propor a hierarquia de traços distintivos contribuiu para os estudos da
aquisição fonológica. Ainda, ao explicar a constituição dos fonemas forneceu subsídios
importantes para a interpretação da avaliação fonológica, além de fundamentar a seleção de
alvos de tratamento. .
1.2. Desenvolvimento da fala
O desenvolvimento da fala, e em particular a aquisição de fonemas, é um processo
complexo, determinado por aspectos fisiológicos/motores da articulação da fala, por questões
relacionadas à percepção da criança e pelo desenvolvimento da gramática/do léxico (VAN
SEVEREN et al., 2013). O processo de desenvolvimento da fala inicia no nascimento, com a
emissão dos primeiros sons e continua de forma progressiva até a idade aproximada de cinco
anos (LAMPRECHT, 2004; LINASSI, KESKE-SOARES e MOTA, 2005). Neste período, as
crianças são capazes de adquirir e estabilizar a produção dos fonemas (aquisição fonológica)
de acordo com a comunidade linguística onde estão inseridas.
O inventário fonológico de uma língua é adquirido gradativamente pelas crianças
(MIRANDA e MATZENAUER, 2010). Inicialmente ocorre a aquisição das vogais, junto com
as plosivas e nasais, que são os primeiros sons a serem adquiridos por volta de 1 ano e 6
13
meses (RANGEL, 2002). Em geral, observa-se a aquisição das consoantes plosivas e nasais
sucedidas das fricativas e, por último, as líquidas. Em relação à sílaba, a ordem de aquisição é
Consoante-Vogal (CV), seguida de Consoante-Vogal-Vogal (CVV), sucedida de Consoante-
Vogal-Consoante (CVC) e, por fim, Consoante-Consoante-vogal (CCV) (OLIVEIRA et al.,
2004).
Há controvérsias quanto à exata cronologia de aquisição dos fonemas do PB, pois vários
fatores podem influenciar, como as diferenças regionais, fatores socioeconômicos, fatores
ambientais, etc. Um estudo (OLIVEIRA et al., 2004) realizado no sul do Brasil referiu a
aquisição de /m, n, , p, b, t, d/ com 1 ano e 6 meses; /k/, 1 ano e 7 meses; /, v/, 1 ano e 8
meses; /f/, 1 ano e 9 meses; /z/, 2 anos; /s, /, 2 anos e 6 meses; /l/, 2 anos e 8 meses; //, 3
anos e 4 meses; //, 3 anos e 6 meses; //, 4 anos; e, /r/ aos 4 anos e 2 meses. Outro
(WERTZNER, 1994) realizado na região sudeste sugeriu uma cronologia um pouco diferente
em que aos 3 anos todos os fonemas da classe das nasais, plosivas, fricativas e das líquidas /l,
r, / estavam dominados; e, aos 3 anos e 7 meses a líquida //. Ainda, outro estudo (GALEA,
2008) também realizado na região sudeste relatou que até os 3:0 anos os fonemas /p/, /b/, /t/,
/d/, /k/, /f/, /m/, /n/, //, /l/, /g/, // estavam adquiridos em pelo menos uma posição de sílaba,
o que confirma o estudo anterior.
No que diz respeito ao domínio do Onset Complexo (OC) também há algumas
controvérsias. Um estudo (OLIVEIRA et al., 2004) afirmou que ambas as líquidas da
estrutura do OC são adquiridas ao mesmo tempo, aos 5 anos, enquanto outro (WERTZNER,
1994) observou a aquisição da plosiva/fricativa+/r/ aos 4 anos e 1 mês e da
plosiva/fricativa+/l/ aos 5 anos e 7 meses. Ambos os estudos (WERTZNER, 1994;
OLIVEIRA et al., 2004) foram realizados em diferentes regiões do Brasil o que pode ter
influenciado nas diferenças nos resultados quanto à aquisição.
A capacidade de articular corretamente os sons consonantais começa cedo e continua
até a primeira infância, com o aumento na habilidade ocorrendo durante a fase pré-escolar. O
número de erros de articulação deve diminuir com o aumento da idade cronológica,
demonstrando declínio rápido nos primeiros anos e pouca ou nenhuma mudança nos últimos
anos (GOLDMAN e FRISTOE, 2000).
Para que o desenvolvimento dos fonemas ocorra de maneira adequada é necessário que
a criança aprenda tanto os movimentos físicos da sua produção (aspectos fonéticos) quanto os
aspectos organizacionais ou estruturais do inventário de fonemas da sua língua (aspectos
14
fonológicos) (RABELO et al., 2011). Durante este desenvolvimento, algumas dificuldades
podem ocorrer, tais como substituição de um som por outro, omissão de um som, dificuldade
nos movimentos articulatórios, etc. (NEWMEYER et al., 2007; FERRANTE, BORSEL e
PEREIRA, 2009; RABELO et al., 2011). Essas dificuldades vão sendo superadas à medida
que ocorre o desenvolvimento da fala, porém, algumas crianças com idade superior a
quatro/cinco anos continuam apresentando algumas dessas alterações, embora não mais
esperadas para a idade em que se encontram.
Essas dificuldades são chamadas de distúrbios dos sons da fala e englobam uma série de
problemas relacionados à produção da fala por crianças, incluindo desde dificuldades
decorrentes de base linguística, ou seja, o desvio fonológico até dificuldades relacionadas à
articulação, isto é, o desvio fonético (NAMASIVAYAM et al., 2013; STRAND et al., 2013);
ou, ainda, dificuldade de realizar uma sequência articulatória (apraxias) (STRAND et al.,
2013). Neste estudo, abordaremos o desenvolvimento de um instrumento de avaliação que
pode ser utilizado para auxiliar no diagnóstico de desordens dos sons da fala, o desvio
fonológico.
1.3. Desvio fonológico
O desvio fonológico é caracterizado por uma desorganização linguística do inventário
de fonemas, sendo identificado por omissões e substituições destes na fala, especialmente
consoantes e encontros consonantais (GRUNWELL, 1981; FERRANTE, BORSEL e
PEREIRA, 2009; RABELO et al., 2011). O desvio fonológico foi definido por Grunwell
(1990) como uma desorganização, inadaptação ou anormalidade do inventário fonológico da
criança em relação ao sistema padrão de sua comunidade linguística.
Outros autores (WERTZNER et al., 2005; 2007) referem que o desvio fonológico é
uma alteração de fala, caracterizada pela produção inadequada dos sons, de acordo com a
idade e as variações regionais, que podem envolver erros na produção, percepção ou
organização dos sons. O desvio fonológico é uma das alterações com alto percentual de
ocorrência na população infantil (CASARIN, 2006; CAVALHEIRO, 2007; NEWMEYER et
al., 2007; SKAHAN, WATSON e LOF, 2007; PAGAN-NEVES e WERTZNER, 2010;
SOUZA, MARQUES e SCOTT, 2010; RABELO et al., 2011; MÜÜRSEPP et al., 2012).
Crianças com desenvolvimento fonológico típico e com desvio fonológico apresentam
semelhanças e diferenças no inventário fonológico, porém há mais semelhanças do que
15
diferenças entre os dois sistemas. Segundo alguns autores (MOTA, 1996; WERTZNER,
PAPP e GALEA, 2006), as crianças que apresentam dificuldades fonológicas têm um atraso
na aquisição do inventário de fonemas e, por isto, apresentam padrões de fala semelhantes as
com desenvolvimento típico porém, mais novas.
Para avaliar o desvio fonológico é necessário que o clínico tenha conhecimento prévio
dos padrões típicos de desenvolvimento da fala, mais precisamente da aquisição fonológica
(FERRANTE, BORSEL e PEREIRA, 2008; 2009), bem como, tenha disponível bons
instrumentos de avaliação para auxiliar o diagnóstico das alterações fonológicas. O INFONO,
assim como outros testes de avaliação fonológica, permite analisar o desenvolvimento
fonológico, isto é, se existem substituições e/ou omissões de fonemas e, se essas são
esperadas para a idade da criança ou não mais. A diferença é que o INFONO está sendo
desenvolvido totalmente no computador, será composto por três formas de coleta para avaliar
a fala e passou por alguns dos estudos de validade e fidedignidade, além de fornecer
pontuações normativas para a população do Rio Grande do Sul.
1.4. Avaliação fonológica
Uma das principais ferramentas para o clínico e para o pesquisador é uma avaliação
realizada com qualidade. Esta deve indicar claramente a sua finalidade e o público-alvo para o
qual ela foi projetada. Uma avaliação fonológica possui quatro objetivos: (a) determinar se
existe uma alteração fonológica; (b) se diagnosticada a alteração, possibilitar orientações e
encaminhamentos; (c) proporcionar base para uma intervenção eficaz; e, (d) avaliar o
progresso da criança durante o tratamento (MCCAULEY e SWISHER, 1984a; LOWE, 1996).
Ainda, uma avaliação fonológica deve ser capaz de: (a) oferecer uma descrição dos
padrões de produção da fala da criança em sua língua materna; (b) identificar as diferenças
entre os padrões típicos da língua do falante e o sujeito que está sendo avaliado; (c) indicar
que tipo de implicações comunicativas tem os padrões de fala alterados e examinar as
consequências funcionais de sua fala (inteligibilidade) para priorizar no tratamento; (d)
oferecer indicações sobre o nível alcançado no desenvolvimento da fala. Assim como, a
avaliação fonológica deve dar conta do (a): (a) inventário fonético; (b) inventário fonológico;
(c) distribuição contrastiva dos fonemas; e, (d) estrutura da sílaba (GALCERAN, 2005).
Nas últimas décadas, a avaliação fonológica mudou, passando de testes exclusivamente
de articulação (repetição) para baterias mais complexas com base em teorias fonológicas que,
16
por sua vez, exigem mais tempo para aplicação e análise. Esta mudança decorreu da
necessidade de entender a organização do inventário fonológico de cada criança, além de
obter informações das suas capacidades fonéticas. Os testes articulatórios de repetição ainda
são utilizados, mas com o objetivo de avaliar se os sons ausentes no inventário fonético são
estimuláveis e/ou para detectar dificuldades articulatórias (MOTA, 2001; CASTRO e
WERTZNER, 2009; CASTRO e WERTZNER, 2012).
Os dados de fala para a avaliação fonológica podem ser coletados de três formas
distintas: repetição, nomeação espontânea e fala encadeada, as quais apresentam suas
vantagens e desvantagens. Na repetição de palavras o terapeuta dá o modelo e a criança repete
logo em seguida o que ouviu. A desvantagem é que ao imitar a criança pode melhorar a
produção linguística não refletindo a realidade da produção fonológica. Entretanto, é um
método simples, rápido e que permite testar todos os fonemas da língua (YAVAS,
HERNANDORENA e LAMPRECHT, 2002; WERTZNER, PAPP e GALEA, 2006).
Na nomeação espontânea os dados são obtidos com o auxílio de figuras e/ou objetos
estimulando a criança a dizer o nome, ações e/ou características. Esta forma de coleta
proporciona uma amostra balanceada da fala da criança com todos os sons da língua em todas
as diferentes posições da sílaba e da palavra evitando as repetições, além de ter menor tempo
de coleta e análise da fala quando comparada a amostra de fala encadeada (YAVAS,
HERNANDORENA e LAMPRECHT, 2002; MASTERSON, BERNHARDT e HOFHEINZ,
2005; WERTZNER, PAPP e GALEA, 2006).
Na fala encadeada, o terapeuta observará os possíveis processos fonológicos que
ocorrem na fala. A fala encadeada representa o real inventário fonológico da criança, porém
depende da participação desta podendo ocorrer amostras incompletas pela não ocorrência de
todos os fones contrastivos da língua em todas as posições da sílaba e da palavra. Ainda, seria
necessário maior tempo de gravação para obter consoantes menos frequentes da língua e para
algumas crianças seria impossível determinar o que estão querendo dizer (em casos de
problemas fonológicos graves) (YAVAS, HERNANDORENA e LAMPRECHT, 2002;
MASTERSON, BERNHARDT e HOFHEINZ, 2005; WERTZNER, PAPP e GALEA, 2006).
Devido a essas vantagens e desvantagens para uma adequada avaliação da fala deve-se utilizar
diferentes formatos de coleta.
Atualmente, dentre os instrumentos de avaliação fonológica mais utilizados no Brasil
estão a Avaliação Fonológica da Criança – AFC (YAVAS, HERNANDORENA e
LAMPRECHT, 2002) e o ABFW - Teste de Linguagem Infantil - Fonologia (WERTZNER,
17
2004). Essas avaliações são completas e detalhadas, no entanto a aplicação desses
instrumentos, algumas vezes, não contempla de modo satisfatório a necessidade clínica do
fonoaudiólogo, seja pela demanda excessiva de tempo para sua aplicação, ou por
apresentarem palavras desatualizadas e/ou fora do vocabulário da criança, ou por possuírem
análises complexas e demoradas (BUENO, VIDOR e ALVES, 2010). Em contrapartida,
instrumentos mais simples e, por isso, mais rápidos de serem aplicados têm sido
desenvolvidos, por exemplo: o Teste de Rastreamento de Alterações de Fala para Crianças –
Terdaf (GOULART e FERREIRA, 2010) e o Protocolo de Avaliação Fonológica Infantil -
PAFI (BUENO, VIDOR e ALVES, 2010). Porém, nenhum dos quatros instrumentos
referidos apresentam estudos psicométricos.
Algumas vezes, devido ao pouco tempo para atendimento e a grande demanda de
pacientes, os profissionais precisam criar adaptações dos testes encontrados. No entanto, nem
sempre as características essenciais desses testes são respeitadas, o que pode comprometer a
avaliação realizada (YGUAL-FERNÁNDEZ, CERVERA-MÉRIDA e ROSSO, 2008;
BUENO, VIDOR e ALVES, 2010) e a interpretação dos resultados.
A prática de elaboração de instrumentos de avaliação no Brasil é pouco desenvolvida.
Alguns testes apresentam limitações no seu uso, principalmente, devido à falta de estudos
psicométricos. Evidencia-se que a Fonoaudiologia carece de instrumentos que demandem de
pouco tempo de aplicação e que apresentem estudos psicométricos para a população a ser
avaliada. Segue uma breve revisão de alguns instrumentos de avaliação fonológica
desenvolvidos para avaliar o PB (Quadro 1.4.1) ou para avaliar outras línguas (Quadro 1.4.2)
que apresentam alguma semelhança ao instrumento que está sendo desenvolvido. O critério
para a inclusão dos instrumentos nestas listas (Quadro 1.4.1 e 1.4.2) foi obter na íntegra o
manual de aplicação do teste, e as informações incluídas foram retiradas exclusivamente do
manual. Salienta-se que nenhum dos instrumentos faz uso das três formas de coletas dos
dados (repetição, nomeação espontânea e fala encadeada), conforme o manual. A maioria dos
testes utiliza uma ou duas formas de coleta, geralmente a nomeação espontânea e, se
necessário, a repetição.
18
Instrumentos Avalia Consta de: Forma de
coleta
Desenvolvido
para a idade
Testagem
REALFA (FARIA, 1996) Fonética
Fonologia
Um fichário evocativo com 69
estímulos visuais.
Nomeação
espontânea.
3:1 a 8:0 Em 192 crianças entre 3:1 e 8:0 anos de ambos
os sexos e classes socioculturais diferentes.
Local: Rio de Janeiro
AFC - Avaliação Fonológica da
Criança (YAVAS,
HERNANDORENA e
LAMPRECHT, 2002)
Fonologia Cinco figuras temáticas (veículos,
sala, banheiro, cozinha e zoológico)
que auxiliam a produção de 125
itens (97 palavras básicas e 28
opcionais).
Nomeação
espontânea e, se
necessário,
imitação
retardada.
3:0 ou mais. Não refere.
ABFW - Fonologia
(WERTZNER, 2004)
Fonologia Prova de imitação com 39
vocábulos.
Prova de nomeação com 34 figuras.
Imitação e
Nomeação.
3:0 a 12:0 Refere que foi testado na população de São
Paulo para definir os parâmetros de
normalidade, mas não especifica em quantas
crianças.
PAFI - Protocolo de Avaliação
Fonológica Infantil (BUENO,
VIDOR e ALVES, 2010)
Fonologia 43 figuras Nomeação. 4 a 6 anos Em 26 crianças de 4 a 6 anos de ambos os
sexos.
Local: Pelotas - RS
Terdaf - Teste de rastreamento de
alterações de fala para crianças
(GOULART e FERREIRA, 2010)
Alterações
de fala
20 figuras Nomeação. 6:0 ou mais. Em 2.027 crianças. Pode ser utilizado por
profissionais não fonoaudiólogos para
rastreamento inicial quando há suspeita de
alterações de fala. Ainda deverá sofrer
modificações como revisão de algumas figuras e
a possibilidade de avaliar o fone [].
Local: Canoas - RS
AVALIE – Avaliação da fala e
linguagem
(BRAUN, s/a)
Fala
Linguagem.
Um software específico para uso de
Fonoaudiólogos. Utiliza 87 imagens
de alta definição.
Nomeação
espontânea.
Não refere. Não refere.
Quadro 1.4.1 – Instrumentos brasileiros de avaliação fonológica
19
Instrumentos Avalia Consta de: Forma de coleta Faixa etária Testagem
Assessment Link between
phonology and articulation –
ALPHA (LOWE, s/a)
Fonologia e a
articulação do inglês
pela imitação de frases.
50 palavras-alvo
incluídas nas frases.
Repetição. 3:0 a 8:11 Em 1.310 sujeitos (amostra de
normatização) com idades entre
3:0 e 8:11 anos.
Goldman Fristoe 2 – Test of
articulation – GFTA 2
(GOLDMAN e FRISTOE, 2000)
Produção do som do
Inglês.
34 imagens que
possibilitam obter 53
palavras-alvo.
Nomeação
espontânea.
2:0 a 21:11 Em 2.350 crianças de 2:0 a 21:11
para normatização no inglês.
Clinical Assessment of
Articulation and Phonology –
CAAP (SECORD e DONOHUE,
2002)
Fonologia e articulação
do Inglês.
Prova de nomeação: 44
palavras.
Prova de sentenças: 8
frases de diferentes
tamanhos (8-11 palavras,
totalizando 73 palavras).
Nomeação.
Repetição de
sentenças.
Pré-escolar e escolar. O
teste apresenta a idade em
que cada som do
inventário é produzido
corretamente por 75% e
95% das crianças.
Em 1.668 crianças com idades
entre 2:6 a 8:11 para
padronização no inglês.
Evaluación fonológica del habla
infantil (GALCERAN, 2005)
Fonologia do Espanhol. 12 cenas com 32
palavras (62 elementos
fonéticos).
Nomeação. 3:0 a 7:11 Em 293 crianças com nível
intelectual normal e sem
problemas auditivos conhecidos.
Prova de avaliação de
capacidades articulatórias –
PACA (BAPTISTA, 2009)
Fonologia do Português
de Portugal.
51 figuras. Produção
espontânea e, se
necessário,
repetição.
3:0 a 6:0 Não refere.
Avaliação da Fonologia Infantil –
Prova de avaliação fonológica em
formatos silábicos – PAFFS
(LIMA, 2009)
Fonologia do Português
Europeu.
62 imagens desenhadas
sem que tenham sido
excluídos os traços
identificativos básicos
dos mesmos.
Nomeação. 3:0 ou mais. Em 432 crianças de 3:0 a 7:6
meses de diferentes regiões.
Test para evaluar procesos de
simplificación fonológica -
TEPROSIF-R (PAVEZ,
MAGGIOLO e COLOMA, 2009)
Fonologia do Espanhol. 37 figuras em preto e
branco. Prancha com um
desenho e uma cena
utilizando o desenho.
Nomeação. 3:0 a 6:0 Em 620 crianças considerando 3
níveis socioeconômico e seis
regiões do Chile. É o único
instrumento criado e normatizado
no país.
Quadro 1.4.2 – Instrumentos de avaliação fonológica de outras línguas
Além destes testes, existem muitos outros elaborados em diversas línguas cujo
objetivo é avaliar a fonologia, os quais são referidos em estudos (MCLEOD e VERDON,
2013; 2014) e no site http://www.csu.edu.au/research/multilingual-speech/speech-assessment.
Neste site há uma lista de mais de 90 testes de avaliação fonológica em diversos idiomas
como o Italiano, Alemão, Turco, Suéco, Coreano, Frances, PB, etc. Muitos destes testes não
foram referidos nesta revisão por não ser possível ter acesso na íntegra do manual de
aplicação do instrumento. Embora esta revisão mostre a disponibilidade de uma série de
avaliações de fala publicadas em outros idiomas além do PB, pode não ser apropriado utilizá-
las fora do contexto para o qual foram criadas.
Em relação aos instrumentos apresentados no Quadro 1.4.1 alguns aspectos merecem
ser salientados. O AFC (YAVAS, HERNANDORENA e LAMPRECHT, 2002) não refere em
seu manual de aplicação (livro) a realização de testagem durante sua elaboração. No entanto,
foram encontrados estudos (MOTA et al., 2007; KESKE-SOARES, PAGLIARIN e CERON,
2009; BAGETTI et al., 2012; DIAS et al., 2013; WIETHAN E MOTA, 2013), no Rio Grande
do Sul, que aplicaram este instrumento em crianças para auxiliar o diagnóstico de desvio
fonológico.
O ABFW (Fonologia) refere em seu manual de aplicação que este instrumento foi
aplicado para definir os parâmetros de normalidade, porém não apresenta detalhes. Na
literatura foram encontrados vários estudos publicados (WERTZNER, 1995; WERTZNER,
PAPP e GALEA, 2006; GALEA, 2008) que usaram esse teste em crianças de 2:0 a 7:0 anos.
Esses estudos contribuem com dados de normalidade relacionados ao desenvolvimento
fonológico para a população de São Paulo e, consequentemente, auxiliam no diagnóstico do
desvio fonológico. Os resultados mostram que tanto a prova de imitação como a de nomeação
foram precisas para auxiliar o diagnóstico do desvio fonológico.
O AVALIE (BRAUN, s/a) foi o único instrumento desenvolvido em software para
avaliação da fala encontrado na literatura nacional. Ele está disponível para aquisição pela
empresa CTS Informática (http://www.ctsinformatica.com.br/#avalie.html). É um software
específico para a Fonoaudiologia, com o objetivo de facilitar o processo de avaliação da fala e
linguagem. Este instrumento permite que as avaliações sejam realizadas diretamente no
computador, facilitando o processo de gerenciamento de informações (cadastro de paciente,
quadros fonêmicos). O AVALIE é composto por dois módulos: o primeiro, avaliação
fonêmica que compreende um álbum de figuras para nomeação; o segundo, avaliação da fala
encadeada que compreende um conjunto de sequência lógico-temporal para a criança ordenar
21
e contar a história. Não foram encontradas pesquisas utilizando esse software, acredita-se que
por ser comercializado ele seja prioritariamente utilizado na clínica fonoaudiológica.
Em relação ao Quadro 1.4.2 vale salientar que o GFTA-2 (GOLDMAN e FRISTOE,
2000) é um instrumento que avalia os fonemas do Inglês no nível de palavras, sentenças e
estimulabilidade. Este instrumento é composto por imagens, palavras-alvo e histórias. O
GFTA-2 foi reelaborado com algumas modificações que se fizeram necessárias devido a
questionamentos que surgiram ao longo de 17 anos de uso, como por exemplo, se o teste usa
palavras-alvo: (a) que se tornaram politicamente incorretas; b) que não são mais comumente
conhecidas por crianças pequenas; c) que representam alguma coisa que não faz mais parte da
cultura; e, d) de difícil produção por crianças pequenas. Após analisar as respostas de
profissionais que usavam o teste, foram realizadas as modificações necessárias. No nível da
palavra foram excluídas 12 palavras-alvo, acrescentados seis novos alvos para avaliar o OC;
novas figuras foram acrescentadas, bem como, outras tiveram partes reformuladas. No nível
da sentença, uma nova história foi criada e novas artes para as duas histórias foram realizadas.
No nível da estimulabilidade, algumas palavras foram modificadas para outras mais familiares
ou comuns para crianças pequenas. Depois das modificações, um estudo piloto foi realizado e
novas propriedades psicométricas foram obtidas.
Os fonoaudiólogos em geral usam testes compostos por palavras, porque eles são uma
maneira eficaz de recolher informações sobre a produção dos sons da fala de uma criança.
Dos testes referidos no Quadro 1.4.2 observou-se que alguns utilizam poucas figuras, menos
de 40, como por exemplo, o Evaluación fonológica del habla infantil (GALCERAN, 2005)
que analisa 32 figuras e o Test para evaluar procesos de Simplificación fonológica -
TEPROSIF-R (PAVEZ, MAGGIOLO e COLOMA, 2009) que utiliza 37 figuras para a coleta
de amostra da fala. Um teste que avalia a fala pela nomeação espontânea de palavras precisa
ter figuras e palavras adequadas e suficientes para a compilação dos inventários fonético e
fonológico da criança. Deve-se observar o número de possibilidades de produção dos fonemas
para concluir com precisão que um som não produzido pela criança está ausente do seu
inventário, ela deve ter oportunidade suficiente para produzir este som (YGUAL-
FERNÁNDEZ, CERVERA-MÉRIDA e ROSSO, 2008; EISENBERG e HITCHCOCK,
2010).
Alguns testes padronizados para avaliar as consoantes do Inglês foram analisados em
um estudo (EISENBERG e HITCHCOCK, 2010) para saber se um único teste seria suficiente
para avaliar completamente o inventário fonológico de uma criança. Os autores observaram
22
que os testes foram úteis para diagnosticar crianças com desvio fonológico, porém os testes
não forneciam o número necessário de oportunidades para produzir as palavras e gerar um
inventário fonológico completo das consoantes do Inglês. Nesses casos, a avaliação devia ser
complementada com sondagem por meio de palavras foneticamente controladas a fim de
estabelecer quais sons que estão realmente ausentes no inventário fonológico.
Não foram encontrados estudos sobre qual seria o número suficiente de oportunidades
de produção para avaliar a fonologia de crianças. No entanto, têm-se sugerido a necessidade
de testar fonemas em mais de uma palavra, pelo efeito dos sons que antecedem ou que
seguem o fonema a ser avaliado. Estes contextos podem influenciar a capacidade da criança
produzir o fonema-alvo (KESKE-SOARES et al., 2007; KESKE-SOARES, PAGLIARIN e
CERON, 2009; EISENBERG e HITCHCOCK, 2010; GONÇALVES, KESKE-SOARES e
CHECALIN, 2010).
A partir das sugestões dos estudos referidos acima e da revisão dos instrumentos de
avaliação fonológica foi possível observar as semelhanças e diferenças entre eles, obtendo-se
bons subsídios para a elaboração e desenvolvimento de um novo teste. A carência de
instrumentos formais e objetivos, além de refletir certamente no diagnóstico, também reflete
na definição de condutas terapêuticas e na elaboração dos planos de intervenção, podendo
comprometer a eficácia dos tratamentos oferecidos (WERTZNER, 2004).
Para tentar minimizar a falta de instrumentos normatizados, padronizados e que
apresentem estudos de validade e fidedignidade, de rápida aplicação e análise, é que o
INFONO para avaliação por repetição e por nomeação espontânea foi desenvolvido para uso
no computador. A avaliação do INFONO por fala encadeada encontra-se em desenvolvimento
no software. Dessa forma, acredita-se ser possível diminuir o tempo de aplicação, uma vez
que se torna interessante para a criança que nos dias atuais possui contato precoce com o
computador; e, também, de análise dos resultados, sendo que o próprio software analisa e
organiza os resultados (inventário fonético, inventário fonológico, etc.) para o fonoaudiólogo
interpretar.
1.5. Propriedades Psicométricas
Ressalta-se que a prática de construção de instrumentos fonoaudiológicos e/ou de
adaptação de ferramentas clínicas internacionais para o PB é, ainda, incipiente. O crescimento
desta área é extremamente importante para complementar o processo diagnóstico (FONSECA
23
et al., 2008a; KIRK e VIGELAND, 2014; MCLEOD e VERDON, 2014) e planejamento
terapêutico (MCLEOD e VERDON, 2014). O desenvolvimento de um instrumento de
avaliação exige uma análise cuidadosa para garantir que eles meçam o que se pretende e que
os resultados reflitam a habilidade em análise (PAWLOWSKI, TRENTINI e BANDEIRA,
2007; STRAND et al., 2013; KIRK e VIGELAND, 2014; MCLEOD e VERDON, 2014), pois
os itens de um teste não devem ser “frutos da inspiração” de seu criador e sim devem ser
construídos com base em exaustivos estudos da teoria que os originou.
A psicometria é um conjunto de métodos e instrumentos de medidas que são utilizados
para a investigação, descrição e comprovação de dados do teste. Assim, é importante que o
instrumento obtenha propriedades psicométricas satisfatórias, isto é, que incluam dados de
validade, fidedignidade, normatização e padronização.
Define-se por validade o processo de examinar a precisão de uma determinada
inferência realizada a partir de escores do teste (RAYMUNDO, 2009). A validade de um teste
determina o quão bem o teste mede o que ele diz que mede e as evidências de validade vão
mostrar isso (GOLDMAN e FRISTOE, 2000; MCCAULEY, 2001; STRAND et al., 2013;
KIRK e VIGELAND, 2014). Valida-se não propriamente o teste, mas a interpretação dos
dados decorrentes de um procedimento específico (PRIMI, MUNIZ e NUNES, 2009).
Um estudo (MCCAULEY e SWISHER, 1984a) examinou a validade psicométrica de
30 testes de linguagem padronizados comumente utilizados por fonoaudiólogos. Foram
analisados os manuais de aplicação dos instrumentos quanto à presença ou ausência de 10
critérios psicométricos: (a) o objetivo da avaliação é identificado; (b) as qualificações do
examinador são explicitadas; (c) os procedimentos de testagem são suficientemente
explicados; (d) o tamanho da amostra de normatização é adequado; (e) fornece informações
em relação à amostra normativa: representação geográfica, status socioeconômico, sexo,
idade, ausência ou presença de comprometimentos; (f) fornece evidência de análise dos itens
do teste; (g) apresenta as medidas de tendência central; (h) a validade concorrente é relatada;
(i) a validade preditiva é referida; (j) a fidedignidade teste/reteste é relatada. Os resultados
indicaram que nenhum teste possuía os 10 critérios e, apenas 12 dos 30 instrumentos de
avaliação apresentavam três dos 10 critérios avaliados. Estes resultados serviram como a
primeira indicação de que os testes padronizados frequentemente utilizados por
fonoaudiólogos poderiam não ser válidos, o que poderia comprometer a exatidão dos
diagnósticos.
24
Outro estudo 10 anos depois (PLANTE e VANCE, 1994), utilizando uma metodologia
similar ao estudo de McCauley e Swisher (1984a), analisou 21 testes de linguagem utilizando
os mesmos 10 critérios. Os resultados indicaram que quatro testes possuíam seis ou mais
critérios psicométricos (de 10 possíveis), refletindo um ganho global em termos de
confiabilidade e validade dos instrumentos em 10 anos.
Mais tarde, outro estudo (Friberg, 2010) foi realizado analisando nove ferramentas de
avaliação de linguagem para determinar seus níveis gerais de validade psicométrica na
utilização para o diagnóstico de presença/ausência de deficiência de linguagem. Foram
utilizados 11 critérios específicos baseados naqueles concebidos por McCauley e Swisher
(1984a). Houve acréscimo do critério: a confiabilidade inter-examinador foi analisada. Os
resultados indicaram que cada um dos instrumentos de avaliação selecionados atenderam pelo
menos oito dos 11 critérios analisados. Cinco testes reuniram 10 dos 11 critérios.
Esses estudos (MCCAULEY e SWISHER, 1984a; PLANTE e VANCE, 1994;
FRIBERG, 2010) demonstram a crescente preocupação relacionada às propriedades
psicométrica dos testes que estão sendo utilizados por fonoaudiólogos para fins de diagnóstico
e tomada de decisão para o início do tratamento. A validade de um teste pode ser obtida de
várias maneiras. O mais conhecido é o modelo tripartite, que envolve três categorias: validade
de conteúdo, validade de critério e validade do construto (MCCAULEY e SWISHER, 1984a;
MCCAULEY, 2001; PAWLOWSKI, TRENTINI e BANDEIRA, 2007; PRIMI, MUNIZ e
NUNES, 2009; RAYMUNDO, 2009). A validade de conteúdo refere-se ao julgamento do
instrumento, ou seja, se os itens do teste constituem uma representação adequada do construto
teórico (MCCAULEY e SWISHER, 1984a; GOLDMAN e FRISTOE, 2000; PAWLOWSKI,
TRENTINI e BANDEIRA, 2007; RAYMUNDO, 2009). Esta validade envolve a
demonstração de que o conteúdo do teste é relevante e representativo da gama de itens que se
enquadram no objetivo para o qual ele foi desenvolvido, evitando conteúdo alheio sem
relação com o construto (assegurando, assim, a relevância do conteúdo) (MCCAULEY e
SWISHER, 1984a; MCCAULEY, 2001).
A validade de critério verifica a eficácia do instrumento em identificar o desempenho
de um grupo específico de sujeitos (MCCAULEY e SWISHER, 1984a; PAWLOWSKI,
TRENTINI e BANDEIRA, 2007; RAYMUNDO, 2009). Dois tipos de estudo de validade de
critério são geralmente descritos: preditiva e concorrente. A preditiva é mais relevante quando
a medida em estudo será utilizada para prever o desempenho futuro em alguma área. A
concorrente é realizada quando as medidas de critério e de destino serão estudadas
25
simultaneamente em um grupo de indivíduos, como aqueles para os quais o teste será
utilizado (MCCAULEY, 2001).
A validade de construto refere-se à demonstração de que o instrumento realmente
mede aquilo que se propõe a medir de forma não influenciada pela relação de outros aspectos
que não foram estabelecidos nos objetivos de uso do instrumento (GOLDMAN e FRISTOE,
2000; MCCAULEY, 2001; RAYMUNDO, 2009).
Esse modelo tripartite foi questionado pelo fato de as informações de validade de
conteúdo e de critério contribuírem para a validade de construto (PRIMI, MUNIZ e NUNES,
2009; PAGLIARIN, 2013). Assim, foram propostas algumas reformulações: o conceito de
validade de construto passa a ser reconhecido como sinônimo de validade; e, a expressão
“tipos de validade” foi substituída por “fontes de evidência” de validade (PRIMI, MUNIZ e
NUNES, 2009).
Em decorrência das reformulações foram definidas cinco fontes de evidências de
validade (PAWLOWSKI, TRENTINI e BANDEIRA, 2007; PRIMI, MUNIZ e NUNES,
2009; KIRK e VIGELAND, 2014): (a) Evidências baseadas no conteúdo; (b) Evidências
baseadas na estrutura interna; (c) Evidências baseadas nas relações com variáveis externas;
(d) Evidências baseadas nas consequências da testagem; (e) Evidências baseadas no processo
de resposta. Os três primeiros tipos são os mais usados em testes usuais que avaliam a
fonologia. O quarto tipo de evidência, que analisa as consequências de testagem, refere-se às
consequências intencionais e não intencionais do uso do teste para verificar se a sua utilização
está surtindo efeito desejado para o qual ele foi criado; e o quinto tipo, que examina o
processo de resposta, refere-se à maneira que os examinados chegam às respostas para as
perguntas do teste. Assim, a seguir detalharemos os três primeiros tipos.
Evidências baseadas no conteúdo referem-se à abrangência e a representatividade dos
itens de um teste em abarcar tudo o que o teste se propõe a medir (PAWLOWSKI,
TRENTINI e BANDEIRA, 2007; PRIMI, MUNIZ e NUNES, 2009; KIRK e VIGELAND,
2014). Também, refere-se à informação ou habilidades necessárias para responder
corretamente aos itens do teste, bem como aos procedimentos de administração e pontuação
do teste (KIRK e VIGELAND, 2014). Estes últimos autores referem que os testes que não
avaliam todas as competências essenciais ou que avaliam habilidades irrelevantes não têm seu
conteúdo apropriado. Os testes que avaliam a fonologia são destinados a medir a produção
dos padrões fonológicos comuns da fala. Para fornecer provas suficientes de validade de
26
conteúdo estes testes devem proporcionar oportunidades suficientes para avaliar alterações
evidenciadas em um conjunto de padrões fonológicos.
Evidências baseadas na estrutura interna indicam o quanto as relações entre os itens do
teste ou subtestes são coerentes com a estrutura proposta pela teoria (PAWLOWSKI,
TRENTINI e BANDEIRA, 2007; PRIMI, MUNIZ e NUNES, 2009; KIRK e VIGELAND,
2014). Kirk e Vigeland (2014) referem que os testes de avaliação fonológica avaliam vários
padrões de erro, e a pontuação total de uma criança em um teste deste tipo depende de seu
desempenho combinado aos itens do teste. Para ter uma estrutura interna
adequada/equilibrada, testes de avaliação fonológica devem proporcionar um número igual de
oportunidades para cada padrão de erro. Isso irá evitar a superestimação ou subestimação dos
escores de crianças com determinados padrões de erro.
Evidências baseadas nas relações com as variáveis externas refere-se as relações entre
os escores obtidos no teste com os de outras variáveis externas relevantes à validade , como
por exemplo, comparação dos escores de outros testes medindo construtos semelhantes
(PAWLOWSKI, TRENTINI e BANDEIRA, 2007; PRIMI, MUNIZ e NUNES, 2009). Este
tipo de validade é avaliado por meio dos escores dos participantes no teste de interesse e em
um teste previamente validado.
Além dos tipos de validade enumerados acima, Kirk e Vigeland (2014) acrescentam a
evidência relacionada à precisão do diagnóstico. Na identificação de crianças com desvio
fonológico é frequentemente citado como fundamental o uso de testes de avaliação fonológica
e, para serem clinicamente úteis, os testes devem auxiliar no diagnóstico do desvio fonológico
com precisão. Evidências relacionadas à precisão podem ser examinadas de duas maneiras:
(a) sensibilidade e especificidade, e (b) valores preditivos positivos e negativos. A
sensibilidade refere-se ao grau em que um teste identifica corretamente todos os indivíduos
que tem uma dificuldade previamente diagnosticada com o teste "Padrão ouro". A
especificidade refere-se ao grau em que um teste identifica corretamente todos os indivíduos
que não têm a dificuldade. Por exemplo, se um teste tem uma sensibilidade de 0,90, isto
significa que se 100 crianças classificadas pelo teste padrão-ouro como tendo a dificuldade, o
teste que está sendo validado teria que diagnosticar corretamente 90 crianças como tendo a
alteração, e incorretamente, no máximo, 10 crianças. Ao contrário da sensibilidade e
especificidade, o valor preditivo positivo (VPP) e o valor preditivo negativo (VPN) não são
influenciados pela prevalência da dificuldade na população de interesse. VPP mede a
27
probabilidade de um indivíduo ter a dificuldade quando o teste é positivo; e o VPN mede a
probabilidade de um indivíduo não ter a dificuldade quando o teste é negativo.
A validade de um instrumento é garantida pela integração de várias evidências de
validade que, juntamente com a teoria, sustentam a interpretação pretendida aos escores de
um teste para uso específico (PAWLOWSKI, TRENTINI e BANDEIRA, 2007). Alguns
fatores que podem afetar a validade são (MCCAULEY, 2001): (a) a seleção de uma medida
apropriada que é obtida pela adequação entre o propósito do teste e a qualidade de seus
escores, sendo provavelmente o maior fator que afeta a validade nas decisões realizadas,
tendo o criador do instrumento o papel fundamental de assegurar essa validade fornecendo
informações completas sobre o teste, seu objetivo, seu uso, quem pode usar o teste; como
usar, etc.; (b) a administração do teste, o clínico desempenha um papel crítico em assegurar a
validade por meio de sua habilidade e precisão na administração do teste; (c) fatores
individuais do avaliado também é uma característica fundamental para um teste válido
realizado com crianças, pois a motivação afeta o desempenho de adultos e crianças; (d) a
confiabilidade ou consistência na medida é uma condição necessária para a validade, o que
significa que uma medida só pode ser válida se ela também é confiável. A confiabilidade não
garante a validade, conforme demonstrado no esquema abaixo.
Figura 1.4.1 – Gráfico demonstrando a relação entre a validade e a confiabilidade de Mccauley (2001, p. 65)
Instrumentos padronizados adequados para o uso no processo de diagnóstico de um
distúrbio devem incluir além de estudos de validade, estudo de fidedignidade (FRIBERG,
2010; KIRK e VIGELAND, 2014; MCLEOD e VERDON, 2014). A fidedignidade pode ser
definida como a consistência de uma medida através de várias condições como: (a) teste-
reteste, o mesmo teste aplicado em ocasiões diferentes; (b) confiabilidade inter-avaliadores e
intra-avaliadores, a administração individual do instrumento e dos escores; e (c) consistência
interna, alterações em itens específicos do instrumento (MCCAULEY, 2001; KIRK e
VIGELAND, 2014). Existe um quarto tipo de confiabilidade (formas paralelas) sendo pouco
usado em testes fonoaudiológicos (MCCAULEY, 2001).
Alta confiabilidade e
validade
Alta confiabilidade e
baixa validade
Baixa confiabilidade e
validade
28
O teste-reteste do instrumento: avalia a estabilidade temporal. A confiabilidade teste-
reteste é uma medida da consistência das pontuações do teste ao longo do tempo. O teste ideal
atribui os mesmos resultados para o mesmo indivíduo cada vez que ele é administrado (KIRK
e VIGELAND, 2014). Ele diz o quanto a pontuação normativa do indivíduo poderá,
eventualmente, alterar na repetição do teste decorrido um período de tempo entre os testes
(GOLDMAN e FRISTOE, 2000; FRIBERG, 2010).
A confiabilidade inter-avaliadores e a intra-avaliadores são importantes para
instrumentos que avaliam a fala (MCLEOD e VERDON, 2014). Estes tipos de evidências
permitem medir o grau de consistência da medida, isto é, garante que os resultados do teste
não flutuem quando aplicado em uma mesma pessoa por clínicos diferentes (confiabilidade
inter-avaliadores) ou aplicado pelo mesmo clínico em momentos diferentes (confiabilidade
intra-avaliadores). A confiabilidade inter-avaliadores mede a consistência dos resultados dos
testes através de diferentes marcadores. Para estabelecer que um teste tenha adequada
confiabilidade inter-avaliadores, um teste é administrado a um grupo de participantes, em
seguida, dois ou mais indivíduos marcam as respostas dos participantes de forma
independente (MCCAULEY e SWISHER, 1984a; KIRK e VIGELAND, 2014). Os
avaliadores podem influenciar os resultados do teste uma vez que o resultado depende da
habilidade do examinador em julgar a produção de cada som como correta ou incorreta
(MCCAULEY e SWISHER, 1984a; GOLDMAN e FRISTOE, 2000).
A consistência interna é uma medida do quão bem os itens do teste são projetados para
medir o mesmo construto produzindo resultados semelhantes (KIRK e VIGELAND, 2014). A
consistência interna aborda a homogeneidade dos itens ou tarefas em teste. Se o teste tem alta
confiabilidade interna ou homogeneidade do item, em seguida, todos os itens ou tarefas do
teste estão medindo o mesmo tipo de desempenho (GOLDMAN e FRISTOE, 2000). A
confiabilidade interna pode ser analisada por meio da correlação simples, do Alfa de
Cronbach ou do método das duas metades, em que um teste é dividido em duas partes
equivalentes, sendo calculada a correlação entre os escores obtidos nas duas metades. Nas
Formas Paralelas são aplicadas duas formas de um mesmo teste com o objetivo de analisar a
equivalência das mesmas.
A fidedignidade pode ser afetada pelo tamanho do teste (menos itens resultam em
menor confiabilidade) e pela gama de habilidades representadas no teste (com uma menor
gama de habilidades, resulta em menor confiabilidade) (MCCAULEY, 2001).
29
Recentemente McLeod e Verdon (2014) referem dois estágios para o desenvolvimento
de uma avaliação: conceituação e operacionalização. A conceituação de uma ferramenta de
avaliação é o estabelecimento de seu objetivo. Considerações feitas na conceituação de
avaliações incluem: indicar claramente a sua finalidade e público para o qual se destina o
teste; a adequação dos itens selecionados; o tipo de palavras incluídas; e, os métodos
utilizados para extrair as palavras-alvo. Enquanto que a operacionalização refere-se à
avaliação e validação do instrumento para: (a) assegurar a sua precisão diagnóstica na
medição (Validade); e (b) assegurar que estes resultados sejam estáveis (Confiabilidade).
Instrumentos de avaliação que demonstram validade preditiva (probabilidade de um indivíduo
ter a dificuldade) devem apresentar alta sensibilidade (identificação precisa da dificuldade da
criança) e especificidade (identificação precisa da ausência de dificuldade pela criança).
Validade preditiva alta é importante para a tomada de decisões no diagnóstico e na
intervenção. O cuidado nestes estágios de desenvolvimento (conceituação e
operacionalização) é fundamental para garantir a especificidade e sensibilidade do teste como
uma ferramenta de diagnóstico. A falta de informação em relação à sensibilidade e
especificidade parece ser uma grande limitação de práticas de desenvolvimento de teste atuais
(FRIBERG, 2010).
A sensibilidade e a especificidade são medidas em percentuais, que indicam a precisão
global de uma ferramenta de avaliação para fazer um diagnóstico preciso. Estes valores de
sensibilidade e especificidade ocorrem num intervalo de 0 a 1.0, os valores próximos de 1,0,
refletem os diagnósticos mais precisos. É sugerido que os valores de limiar para níveis
aceitáveis de sensibilidade e especificidade devem ser de pelo menos 0,80 ou superior,
embora níveis de precisão de 0,90 ou superior são considerados o ideal (PLANTE e VANCE,
1994).
A normatização diz respeito ao padrão (norma) de referência para a interpretação dos
resultados do teste, ou seja, a uniformidade na interpretação dos resultados; e, a padronização
refere-se à forma adequada de aplicação e levantamento dos resultados do instrumento, isto é,
a uniformidade na aplicação do teste (PASQUALI, 1999; 2003).
E, por fim, um estudo de revisão (MCLEOD e VERDON, 2014) que avaliou 30
instrumentos destinados a avaliar a produção da fala de crianças em várias línguas, entre elas
o: Inglês, PB, Japonês, Alemão, Espanhol, etc. revelou que muitas avaliações utilizadas
regularmente por fonoaudiólogos não atendem, ou em alguns casos, não abordam, os critérios
30
utilizados desde a conceituação até a operacionalização, pondo em discussão a validade e a
confiabilidade destas avaliações como ferramentas de diagnóstico.
Dos testes revisados para esta pesquisa, a partir do manual de aplicação do
instrumento, poucos referem ou apresentam as evidências de validade e fidedignidade
(Quadro 1.5.1), sendo que nenhum deles foi desenvolvido para avaliação do PB.
Instrumentos Validade Fidedignidade
Assessment Link between
phonology and articulation
– ALPHA (LOWE, s/a)
Dados empíricos sobre a validade de construto
mostraram sucesso na diferenciação entre os 154
alunos com desenvolvimento típico e os 154 com
desenvolvimento atípico de fala tanto na análise de
fonemas como de processos.
Técnica: teste-reteste.
Resultados: a confiabilidade variou
de 0,83 a 0,99, sendo 12 dos 15
itens com confiabilidade superior a
0,90.
Técnica: inter-avaliador.
Resultado. Alta confiabilidade.
Goldman Fristoe 2 – Test
of articulation – GFTA 2
(GOLDMAN e FRISTOE,
2000)
O manual cita evidências de validade de conteúdo (23
dos 25 sons consonantais em Inglês foram incluídos no
GFTA 2, assim como 16 encontro consonantal comuns
foram incluídos nas palavras-alvo) e de construto
(GFTA-2 mediu corretamente a habilidade de articular
os sons consonantais e do encontro consonantal).
Técnica: consistência interna
(coeficiente alpha). Resultado:
confiabilidade alta (0,90).
Técnica: teste-reteste. Resultados:
confiabilidade alta (0,98).
Técnica: inter-avaliador. Resultado.
Alta confiabilidade (0,90).
Clinical Assessment of
Articulation and Phonology
– CAAP (SECORD e
DONOHUE, 2002)
CAAP foi comparado com os resultados do Bankson-
Bernthal Test of Phonology (BBTOP). Resultado:
Evidências baseadas na estrutura externa – forte (+
0,90) relação entre a CAAP e BBTOP; Evidências
baseadas na estrutura interna - alta correlação (+ 0,90)
entre os Processos Fonológicos e o inventário de
consoantes do próprio CAAP, o que indica valores que
são essencialmente equivalentes.
Correlações variavam de 0,87 a 0,77.
Todas as correlações foram significativas além de p
<0,01.
Técnica: teste-reteste.
Resultados: a confiabilidade alta
(0,97).
Técnica: inter-avaliador.
Resultado. Alta confiabilidade
(0,99).
Test para evaluar procesos
de simplificación
fonológica - TEPROSIF-R
(PAVEZ, MAGGIOLO e
COLOMA, 2009)
O TEPROSIF-R foi comparado com o TEMPROSIF.
Resultado: existe correlação significativa entre os
resultados dos instrumentos (0,92). Foram realizados
outros estudos estatísticos de validade que tiveram alta
correlação (0,97).
Técnica: consistência interna
(coeficiente alpha).
Resultados: alta confiabilidade
interna (0,90).
Quadro 1.5.1 – Instrumentos que apresentam evidências de validade e fidedignidade
31
A partir dos dados revisados no Quadro 1.5.1, observa-se quais são as técnicas mais
utilizadas para a obtenção da validade e fidedignidade de instrumentos de avaliação
fonológica. E, ainda, é possível observar que foram realizadas várias análises para que um
teste seja considerado válido e confiável para auxiliar no diagnóstico de desvio fonológico.
1.6. Objetivos
1.5.1 Objetivo geral
Desenvolver, em software, um instrumento de avaliação fonológica por nomeação
espontânea e apresentar os resultados das propriedades psicométricas (dados normativos e
evidências de validade e fidedignidade) para a população do Rio Grande do Sul.
1.5.2 Objetivos específicos
Estudo 1 – Testar a versão preliminar do Instrumento de Avaliação Fonológica (INFONO)
por nomeação espontânea em estudo piloto, e verificar sua adequação quanto à identificação
da figura; e, se esta permite a produção da palavra-alvo.
Estudo 2 - Analisar a influência de fatores extralinguísticos (sexo, idade e tipo de escola) no
desempenho da produção dos sons e apresentar dados normativos do INFONO.
Estudo 3- Apresentar as evidências de validade e fidedignidade dos escores do INFONO.
1.7. Contexto da pesquisa
Esta tese e os estudos nela descritos foram desenvolvidos como parte de um projeto
maior “Elaboração, criação e validação de um instrumento de avaliação fonológica”. Este
projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Instituição de Ensino Superior sob
o protocolo número 23081.005433/2011-65.
Para melhor compreensão do leitor, dividiram-se o processo de desenvolvimento do
INFONO em seis etapas (Figura 1.7.1), descritas a seguir. Ao final de cada etapa sempre
ocorreu a análise dos autores.
32
Figura 1.7.1. Fluxograma das etapas de elaboração, desenvolvimento e testagem do INFONO
Etapa 1 – Revisão de literatura/seleção de palavras – foi realizada a análise de outros
instrumentos de avaliação fonológica e uma revisão na literatura para busca de palavras
possíveis para compor o instrumento. Selecionaram-se 722 palavras que foram classificadas
de acordo com o fonema e a posição para serem julgadas. Todos os fonemas do PB nas
diferentes posições que ocorrem na sílaba e na palavra foram contemplados com mais de 15
possibilidades de alvo.
Etapa 2 - Análise dos juízes especialistas – foi realizada a análise pelos juízes
especialistas (4 fonoaudiólogos doutores, 3 fonoaudiólogos clínicos, 3 linguistas), os quais
escolheram as dez melhores palavras de cada lista para cada fonema em cada posição para
compor o instrumento. Os juízes apresentaram seus critérios para a escolha das palavras, os
quais foram encaminhados junto à lista das palavras escolhidas. A análise dos resultados pelas
autoras possibilitou reduzir para 316 palavras-alvo que foram representadas por figuras a
serem julgadas pelos juízes não especialistas (crianças).
Etapa 3 – Análise dos juízes não especialistas – as palavras-alvo representadas em
figuras foram julgadas quanto à familiaridade e eliciação pelos juízes não especialistas (72
crianças de 3 a 8 anos). Após o julgamento das palavras pelas crianças, novas análises foram
realizadas e os autores obtiveram as 116 melhores palavras com as respectivas figuras para
compor o instrumento. Foram selecionadas três ocorrências de cada fonema por posição,
permanecendo, no mínimo, três palavras de cada fonema por posição.
Para uma análise mais detalhada destas três primeiras etapas recomenda-se consultar
os estudos (SAVOLDI, 2012; SAVOLDI, CERON e KESKE-SOARES, 2013), os quais
foram importantes para definir as melhores palavras e as figuras para compor um instrumento
ETAPA 1 - Revisão de Literatura / Seleção de
palavras
ETAPA 2 - Análise dos juízes especialistas
(n = 10)
ETAPA 3 - Análise dos juízes não especialistas
(n = 72)
ETAPA 4 - Estudo piloto (n = 48)
ETAPA 5 - Desenvolvimento do
instrumento:
- Repetição
- Nomeação Espontânea
-Fala encadeada
ETAPA 6 - Propriedades psicométricas do
instrumento
(n=847)
33
de avaliação fonológica. Nesta Tese serão apresentados os estudos realizados a partir da Etapa
4 – Estudo Piloto.
1.7.1. Etapa 4 – Estudo Piloto
Após obter o consenso dos juízes não especialistas quanto aos estímulos (palavras-
alvo e as respectivas figuras) para compor o INFONO, iniciou-se o desenvolvimento de uma
versão preliminar do instrumento para a avaliação por nomeação espontânea. Esta etapa foi
realizada especificamente para aplicar em uma amostra-piloto, sendo o INFONO já
apresentado em software. O objetivo desta etapa foi testar o INFONO - Nomeação
Espontânea por nomeação em um estudo piloto, e verificar a adequação das figuras, se estas
permitiam a produção das palavras-alvo.
A amostra deste estudo foi de conveniência. A versão preliminar do INFONO -
Nomeação Espontânea (Estudo 1) foi aplicada em 48 crianças (n = 26 com desenvolvimento
fonológico típico e 22 com desenvolvimento fonológico atípico), representando os grupos
normativos, categorizados por: idade (constituída por seis faixas de idade entre os 3 a 8 anos e
11 meses, n = 8 crianças em cada faixa), tipo de escola (constituída por dois tipos de escolas -
pública e privada-, n = 24 crianças em cada tipo de escola) e sexo (constituída por crianças do
sexo masculino e feminino, n = 24 meninas e 24 meninos). Os critérios de inclusão dos
participantes no estudo quanto à não apresentar outras alterações significativas, à exceção de
poder apresentar desvio fonológico foram analisados a partir dos questionários respondidos
pelos pais (Apêndice II) e professores (Apêndice III). Ainda, foram descartadas crianças que,
através de uma breve conversa ou durante a avaliação pelo INFONO - Nomeação Espontânea,
percebeu-se qualquer indício de alterações de linguagem e/ou vocabulário, alterações
fonéticas e/ou cujos pais e/ou professores relataram alguma dificuldade relacionadas a
problema auditivo, neurológico e/ou psicológico. Nesta breve conversa, a criança foi
questionada sobre: a idade, se tinham irmãos, o nome destes, se tinham algum animal de
estimação, o que estava fazendo na sala de aula, o que ela mais gostava de comer, o nome dos
colegas e da professora, etc.
Esta versão preliminar do INFONO - Nomeação Espontânea fornecia para cada
estímulo perguntas-chave, como: “O menino vai dar um?” (beijo), “Ele vai usar o lápis
para?” (escrever), “Que bicho é este?” (cavalo), etc. que possibilitou direcionar para a
produção da palavra-alvo desejada. O software apresentava as seguintes opções para
34
marcação da produção da criança: eliciou corretamente (alvo produzido corretamente), eliciou
com alterações (alvo produzido corretamente, porém com omissão e/ou substituição de
fonemas), eliciou palavras similares (outra palavra relacionada à figura foi produzida no lugar
do alvo) e não eliciou (não produziu o alvo e nem outra palavra relacionada). Esta versão do
software continha as transcrições fonéticas (correta e com alterações) para cada palavra-alvo.
No momento da avaliação, a criança nomeava a palavra e o avaliador selecionava a
transcrição, mediante uma série de opções desde a transcrição fonética correta ou a alterada e
dentre as alteradas há lista de possibilidades de transcrição que foi elaborada a partir das
alterações descritas na literatura quanto aos processos fonológicos presentes na fala típica e
desviante. Havia, ainda, a possiblidade de transcrever outras opções de palavras a partir do
teclado virtual, que apresenta teclas com sons do Alfabeto Fonético Internacional.
Esta versão do software não gravava a fala da criança e nem mesmo fornecia outra
forma de resultado das análises da avaliação fonológica, como por exemplo, a análise
contrastiva, pois estas informações não influenciariam diretamente nos objetivos do estudo
nesta etapa. A aplicação do INFONO foi individual, seguindo os procedimentos de aplicação
e registro próprios dessa versão preliminar do instrumento. A coleta dos dados foi realizada
somente pela nomeação espontânea das palavras-alvo.
Os resultados desta etapa foram gerados em HTML. Para a análise dos dados,
calculou-se o percentual de reconhecimento das figuras para produção de cada uma das
palavras-alvo. Com esse resultado foi possível analisar as dificuldades de identificação do
objeto representado nas figuras; de reconhecimento e produção da palavra-alvo; entre outros
aspectos importantes para dar continuidade ao desenvolvimento do instrumento. Se verificado
a existência de alguma dificuldade na obtenção das palavras-alvo do INFONO, os estímulos
foram reelaborados ou excluídos do instrumento.
Após, a análise dos resultados do estudo piloto, alguns estímulos foram excluídos do
INFONO, permanecendo 84 palavras-alvo possíveis para compor o instrumento (mais
detalhes são descritos no Estudo 1 desta Tese). Após finalizar o Estudo 1 e verificar a
adequação dos estímulos deu-se continuidade ao desenvolvimento do INFONO (Etapa 5). No
Estudo 1 o delineamento foi transversal, quantitativo e descritivo.
1.7.2. Etapa 5 – Desenvolvimento do INFONO
O INFONO é um software para avaliação fonológica que avalia as 19 consoantes do
PB nas diferentes posições e estruturas silábicas. Esse instrumento não analisa as vogais
35
porque elas são menos propensas a serem produzidas com alterações em casos de desvio
fonológico.
Nesse software de avaliação é fornecido o cadastro do paciente, uma anamnese geral, e
a avaliação fonológica. A avaliação fonológica pode ser realizada de três formas: repetição,
nomeação espontânea e fala encadeada. As duas primeiras formas de coletas (repetição e
nomeação espontânea) estão prontas para uso, e a última (fala encadeada) está em
desenvolvimento e testagem no software. Após o desenvolvimento das três formas de coleta,
o INFONO deverá ser registrado junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI)
antes de sua divulgação na íntegra (orientação recebida do Núcleo de Inovação e
Transferência de Tecnologia (NIT) da Universidade Federal de Santa Maria - UFSM). O
escopo do instrumento está apresentado na Figura 1.7.2.1.
Figura 1.7.2.1- Escopo do INFONO
A partir do escopo é possível verificar como o INFONO está organizado com: uma
parte introdutória (home + login + cadastro), o gerenciamento de pacientes, a anamnese geral,
a avaliação fonológica realizada através das três formas de coletas de dados e a visualização
dos resultados fornecidos pelo instrumento. Este software está em fase de desenvolvimento,
mas algumas partes já foram concluídas como: o gerenciamento de paciente; a anamnese
geral; a avaliação por repetição e por nomeação espontânea; e, a visualização dos resultados
das análises dos dados (lista das palavras-alvo e transcrições), da contrastiva, dos inventários
fonético e fonológico - fonemas e onset complexo.
HOME LOGIN +
CADASTRO GERENCIAMENTO DE PACIENTES
ANAMNESE GERAL
AVALIAÇÃO FONOLÓGICA
REPETIÇÃO
Análise dos dados da avaliação
Análise contrastiva
Análise do inventário fonético
Análise do inventário fonológico - Fonemas
Análise do inventário fonológico - Onset
Complexo
Análise dos traços
distintivos
Análise dos processos
fonológicos
NOMEAÇÃO ESPONTÂNEA
FALA ENCADEADA
FORMAS DE COLETA
RESULTADOS
36
No gerenciamento de pacientes é possível cadastrar os dados de uma criança (nome,
data de nascimento, etc.), editar os dados, excluir, importar e exportar cadastros, bem como
ter acesso a crianças cadastradas anteriormente. É possível armazenar centenas de pacientes,
bem como salvar a avaliação e todas as reavaliações de uma mesma criança. A anamnese
geral apresenta questões relacionadas ao histórico da criança em relação à gestação, parto,
condições do recém-nascido, desenvolvimento motor e da linguagem, alimentação, dentição,
etc.
Para a avaliação fonológica por repetição, o INFONO fornece o áudio das 84 palavras-
alvo obtidas para a criança ouvir e repetir, além dos estímulos (figuras) em preto e branco
para diferenciar da nomeação espontânea. Para a avaliação fonológica por nomeação
espontânea, o INFONO fornece as mesmas 84 palavras-alvo representadas em figuras
“animadas” com gif’s (termo dado às animações formadas por várias
imagens GIF compactadas numa só dando movimento a figura), com perguntas-chave para
facilitar a produção do alvo, como por exemplo, “Para apagar a vela o menino
vai....?”(soprar), “Que bicho é este?” (cobra), etc. Para a maioria das figuras utilizou-se a
pergunta “O que é isto?”, no entanto, para alguns estímulos foram necessárias outras
perguntas. É importante que todas as palavras-alvo sejam produzidas, uma vez que elas
avaliam todos os fonemas do PB nas diferentes posições na sílaba e na palavra, em no mínimo
três possibilidades de ocorrência.
A avaliação por repetição e por nomeação espontânea (já concluídas no software)
permitem a gravação da fala da criança e o avaliador pode selecionar a transcrição da
produção do alvo no momento da avaliação, ou depois ao ouvir a gravação. Porém, sugere-se
que a transcrição seja realizada no momento da avaliação selecionando-a na lista de
transcrições fornecida pelo software e, se necessário, seja conferida pela gravação da fala em
momento posterior a realização da avaliação. Caso não tenha a opção registrada na lista de
transcrições, esta pode ser digitada no teclado fornecido pelo software, assim como as
distorções presentes na produção da criança. A lista de transcrição foi elaborada com base nos
processos fonológicos que ocorrem na fala da criança.
Para a coleta da fala encadeada (ainda em desenvolvimento no software), serão
disponibilizadas sequências lógico-temporais de quatro fatos, as quais a criança deverá
ordenar. Após ordenar corretamente, ela ouvirá a história para depois contar o que ouviu. No
reconto da história será oferecido às mesmas 84 palavras-alvo presentes nas outras formas de
coleta (que fixarão a atenção da criança por permanecerem coloridas na tela do computador).
37
A avaliação por fala encadeada será gravada e as palavras-alvo deverão ser transcritas pelo
avaliador depois de realizar a avaliação para visualizar os resultados. Ainda, para a fala
encadeada haverá uma página para transcrever a fala da criança, caso o avaliador deseje
incluir outras palavras produzidas pela criança no reconto das histórias, neste caso o INFONO
– Fala Encadeada não fornecerá automaticamente os resultados acima mencionados devido a
complexidade e diferenças de cada reconto.
Os resultados da avaliação fonológica disponibilizados para qualquer uma das três
formas de coletas são: análise dos dados da avaliação (lista das palavras-alvo e transcrições);
análise contrastiva; análise do inventário fonético e fonológico (fonemas em diferentes
posições e estruturas silábicas); análise dos traços distintivos; análise dos processos
fonológicos; e análise da gravidade do desvio. As três últimas (análise dos traços distintivos,
dos processos fonológicos e da gravidade do desvio) estão em fase de desenvolvimento no
software. O software fornece esses resultados, porém os mesmos precisam ser interpretados
pelo fonoaudiólogo conforme as normas fornecidas pelo INFONO. É possível ver os
resultados no software e, se necessário, gerar um arquivo para impressão.
Por estar totalmente pronta no software, a avaliação por nomeação espontânea
(INFONO – Nomeação espontânea) foi a forma de coleta utilizada para a realização da Etapa
6 – Propriedades psicométricas do instrumento (Estudos 2 e 3 descritos nos resultados desta
tese). Sendo importante ressaltar que outros estudos deverão ser realizados em relação a
normatização e as evidências de validade e fidedignidade para as demais formas de coletas
(INFONO - Repetição e Fala Encadeada).
O INFONO por utilizar diretamente o computador apresenta algumas vantagens:
maior interesse da criança durante a avaliação; arquivar todas as avaliações de diferentes
crianças; arquivar a avaliação e as reavaliações de uma mesma criança para fins de
comparação da evolução terapêutica; utilizar 84 figuras compostas de desenhos “animados”
com gif’s; maior rapidez na avaliação e na obtenção da análise dos resultados. Antes de usar
este instrumento é importante ler o manual de aplicação (que está em elaboração), se
familiarizar com o teste (figuras, palavras-alvo, transcrições, fonte fonética IPA,
funcionamento do software), bem como, aderir às regras de administração considerando os
escores da normatização para a interpretação dos resultados.
Para a elaboração e desenvolvimento do INFONO foi necessária uma equipe composta
por diferentes áreas profissionais que reuniram seus conhecimentos com o objetivo de obter
um instrumento de avaliação fonológica em software. Participaram desta equipe
38
Fonoaudiólogos que contribuíram com a ideia e todo o conhecimento teórico e prático para a
criação, desenvolvimento e aplicação do INFONO; Linguistas que contribuíram com o
conhecimento teórico e avaliação dos estímulos; graduandos do Curso de Fonoaudiologia que
conferiram, organizaram e arquivaram os dados; graduandos do Curso de Desenho Industrial
que criaram os estímulos e delinearam as artes do instrumento (logomarca, cores, elementos
gráficos, etc.); graduando do Curso de Ciência da Computação, que operacionalizou todas as
ideias e etapas que envolveram a construção do INFONO. O trabalho em equipe será
necessário até o término do desenvolvimento deste software.
1.7.3. Etapa 6 – Propriedades Psicométricas do instrumento
Para o levantamento dos dados desta etapa, foram contatadas 12 escolas (8 públicas e
4 privadas) a maioria do município de Santa Maria – Rio Grande do Sul (RS), sendo uma do
município de Guaíba - RS. No total foram enviados 1448 Termos de Consentimento Livre
Esclarecido a pais e/ou responsáveis (Apêndice 1), dos quais 73% (1076 crianças) retornaram
autorizando as crianças a serem avaliadas com o INFONO - Nomeação Espontânea. As
crianças para serem avaliadas deveriam concordar em participar.
Todas as crianças autorizadas foram avaliadas, no entanto, 210 crianças tiveram seus
dados excluídos da pesquisa por vários motivos, dentre eles: mordida aberta anterior, ceceio,
interposição lingual anterior, problemas neurológicos, tratamento fonoaudiológico anterior,
diagnóstico de autismo, síndrome de down, prováveis alterações auditivas e déficits de
linguagem e/ou vocabulário (detectados através de uma breve conversa com a criança antes de
realizar a avaliação pelo INFONO- Nomeação Espontânea ou durante a realização desta), etc.
Das demais crianças, 733 apresentavam desenvolvimento fonológico típico, e 133 atípico. A
inclusão da criança nos grupos com desenvolvimento típico ou atípico foi realizada pelo
julgamento clínico do fonoaudiólogo em uma breve conversa com a criança, considerando-se
a produção dos sons de acordo com a idade. Para verificar a idade de aquisição dos fonemas
foram consideradas as etapas de aquisição indicadas no trabalho de Oliveira (OLIVEIRA et
al., 2004).
A aplicação do INFONO - Nomeação Espontânea foi individual, seguindo os
procedimentos de aplicação e registro do INFONO. A fala da criança foi gravada e transcrita
no momento da avaliação. Após realizar as avaliações, criou-se um banco de dados com os
39
escores e percentuais da produção correta, omissão e substituição de cada fonema do inentário
fonológico. Esses dados foram analisados pelo software SPSS versão 22.0 para Windows.
A análise descritiva incluiu a verificação de médias, desvios-padrão e frequências
absolutas e relativas. A normalidade da distribuição dos dados foi investigada através do teste
Kolmogorov-Smirnov. Para a verificação do efeito da idade, tipo de escola e sexo na
produção dos fonemas (Estudo 2) utilizou-se a análise de regressão linear múltipla com
método stepwise, sendo a análise de independência dos erros verificada com a estatística de
Durbin-Watson. As crianças típicas foram divididas em grupos de acordo com a idade, tipo de
escola e sexo e a comparação do desempenho entre os grupos foram realizados utilizando-se o
Teste t de Student para amostras independentes e análise de variância ANOVA com post hoc
Tukey (Apêndice IV). Os dados normativos de referência para cada um dos grupos são
referidos através das médias e desvios-padrão, além da pontuação referente ao percentil 5 e
percentil 10. Os resultados foram considerados significativos quando p ≤ 0.05.
O Estudo 3 apresenta as análises de validade e fidedignidade. Para a validade realizou-
se as análises de comparação de desempenho entre grupos e análise discriminante. Na
validade de critério comparou-se o desempenho entre os grupos (clínico e controle) através do
teste t de Student para amostras independentes. Realizou-se uma análise discriminante
stepwise com o método do Ʌ de Wilks a fim de verificar a capacidade dos escores da
INFONO em estimar a qual grupo a criança pertencia (desenvolvimento típico ou atípico). Os
pressupostos da normalidade e de homogeneidade das matrizes de variâncias-covariâncias de
cada grupo foram testados, respectivamente, com o teste de Shapiro-Wilk e o teste M de Box.
Os resultados foram considerados significativos quando p ≤ 0.05. A consistência interna foi
analisada a partir da técnica Alpha de Cronbach. Este método é utilizado em delineamentos
em que os participantes são avaliados com um teste em uma única ocasião. A técnica Alpha
de Cronbach consiste em calcular a correlação entre cada item do teste e o restante dos itens
ou o escore total dos itens. Essa técnica serve para análise da validade e fidedignidade.
Para análise de fidedignidade, além da consistência interna, foi analisada a
confiabilidade inter e intra-avaliadores. Na avaliação intra-avaliador o mesmo avaliador
realizou novamente a transcrição fonética de modo manual, sem analisar a transcrição já
realizada e sem o auxílio da lista de transcrições disponível no software, a partir da gravação
prévia de áudio do software. Esse procedimento foi realizado para 9% da amostra (n = 77
crianças) num intervalo mínimo de 2 meses após a realização da avaliação. Da mesma forma,
a confiabilidade inter-avaliadores foi realizada para aproximadamente 15% da amostra (n =
40
120 crianças). As transcrições para a confiabilidade inter-avaliadores foi realizada por duas
graduandas do Curso de Fonoaudiologia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)
com experiência em transcrições fonéticas, bolsistas do projeto. As transcrições da fala foram
realizadas de forma independentemente e sem ter acesso à primeira transcrição de avaliação.
A análise de concordância intra e inter-avaliadores foi realizada através do Teste de Kendall.
Em todas as análises os resultados foram considerados quando p < 0.05.
2. ESTUDOS EMPÍRICOS
2.1. Estudo 1
INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO FONOLÓGICA (INFONO): ESTUDO PILOTO
Resumo
Este estudo teve como objetivo testar a versão preliminar do instrumento de avaliação
fonológica (INFONO) em uma situação real de avaliação e verificar sua adequação quanto à
identificação do objeto da figura; e, se este permite a produção da palavra-alvo. A amostra foi
constituída por 48 crianças (n=26 com desenvolvimento fonológico típico e n=22 com
desenvolvimento atípico), representando os grupos normativos, categorizados por: idade (6
faixas de idade de 3 a 8 anos e 11 meses: n=8 em cada faixa), tipo de escola (n=24
provenientes de escolas públicas e n=24 de escolas privadas) e sexo (n=24 meninas e n=24
meninos). Utilizou-se o instrumento organizado no computador composto por figuras para
serem nomeadas espontaneamente pela criança. Foi realizada uma análise descritiva sobre a
aplicação do instrumento e analisado o percentual de reconhecimento de cada palavra-alvo.
Os resultados mostraram que a maioria das palavras-alvo, com as respectivas figuras
elaboradas, obteve um percentual de reconhecimento alto, sendo estas consideradas
adequadas para comporem o instrumento de avaliação fonológica. Algumas figuras
precisaram ser reelaboradas para facilitar a produção espontânea do alvo e outras foram
excluídas do instrumento. O INFONO permitiu a correta identificação dos objetos das figuras
e produção do alvo desejado. Ainda, obteve-se uma quantidade mínima de estímulos que
possibilitam a avaliação de todos os fonemas do Português Brasileiro.
Palavras-chave: Testes de Articulação da Fala; Transtornos da Articulação; Avaliação;
Criança; Fala
42
PHONOLOGICAL EVALUATION INSTRUMENT (INFONO): PILOT STUDY
Abstract
The current study aims to test phonological evaluation instrument’s (Instrumento de
Avaliação Fonológica - INFONO) preliminary version in real evaluation scenario and to
check its adequacy to the identification of the figure’s object; and, whether it enables
producing the expected target-word. The sample consisted of 48 children (n=26 with typical
phonological development and n=22 with atypical development) who represented the
normative groups which were categorized by: age (6 age groups between 3 and 8 years and 11
months, n=8 in each age group), type of school (n=24 from public schools and n=24 from
private schools) and gender (n=24 girls and n=24 boys). The computer-organized instrument
was used and comprised by figures to be spontaneously named by the child. A descriptive
analysis on the use of the instrument was done and the percentage of recognition from each
target-word was analyzed. The results showed that most of the target-words, along with their
respective elaborated figures, reached a high recognition percentage. Such percentages were
considered adequate to the phonological evaluation instrument. Some figures needed to be re-
elaborated to facilitate the spontaneous target production and other figures were excluded
from the instrument. The INFONO enabled the correct identification of the figures’ objects
and the expected target production. So far, the minimum amount of target-words was obtained
and it allowed evaluating all the Brazilian Portuguese phonemes.
Keywords: Speech Articulation Tests; Articulation Disorders; Evaluation; Child; Speech;
43
Introdução
A capacidade de produzir corretamente os sons começa na infância, com expansão da
mesma durante a fase pré-escolar. O número de omissões e substituições de fonemas deve
decrescer com o aumento da idade cronológica, acontecendo um rápido declínio nos primeiros
anos e pouca ou nenhuma mudança nos últimos anos (GOLDMAN e FRISTOE, 2000).
A aquisição fonológica inicia no nascimento, com a emissão dos primeiros sons e
acontece de forma progressiva até a idade aproximada de cinco anos. Inicialmente, ocorre a
aquisição dos fonemas das classes das plosivas e nasais, posteriormente aparecem as fricativas
e, por último, as líquidas. Em relação à estrutura da sílaba, a ordem de aquisição no Português
Brasileiro (PB) é Consoante-Vogal (CV), Consoante-Vogal-Vogal (CVV), Consoante-Vogal-
Consoante (CVC) e, por fim, Consoante-Consoante-Vogal (CCV) (OLIVEIRA et al., 2004).
Para um adequado desenvolvimento da fala é necessário que a criança aprenda tanto
os movimentos articulatórios da sua produção (aspectos fonéticos) quanto os aspectos
organizacionais ou estruturais do inventário de fonemas da sua língua (aspectos fonológicos)
(RABELO et al., 2011). Para algumas crianças esta aquisição parece ser muito complexa e
elas podem apresentar um e/ou outro destes aspectos alterados. Em relação ao aspecto
fonológico, frequentemente encontram-se crianças que apresentam omissão e/ou substituição
de fonemas na fala em idade que isso não deveria mais acontecer. Quando isso ocorre, tem-se
o que denominamos de desvio fonológico. As crianças com desvio fonológico ao tentarem
produzir um número grande de palavras, encontrarão dificuldades, pois não apresentam em
seu inventário fonológico fonemas suficientes para produzi-los (WILLIAMS, 2000), o que
torna sua fala de difícil compreensão (WILLIAMS, 2000; ATHAYDE, MOTA e
MEZZOMO, 2010; NAMASIVAYAM et al., 2013).
O desvio fonológico é frequentemente alvo de pesquisas (FRANÇA et al., 2004;
WERTZNER, PAPP e GALEA, 2006; NEWMEYER et al., 2007; SKAHAN, WATSON e
LOF, 2007; ATHAYDE, MOTA e MEZZOMO, 2010; OSHIMA et al., 2010; PAGAN-
NEVES e WERTZNER, 2010; RABELO et al., 2011; MÜÜRSEPP et al., 2012) e pode
repercutir de maneira negativa na qualidade de vida das crianças. Este desvio pode influenciar
o desenvolvimento escolar uma vez que a fala é essencial para o processo de alfabetização e
os erros nela ocorridos poderão ocorrer na escrita. A adequada aquisição fonológica é fator
preditivo para o desenvolvimento da escrita (FRANÇA et al., 2004; MCLEOD e VERDON,
2014). Dessa forma, é fundamental o diagnóstico e intervenção precoces para evitar o
44
agravamento do desvio e, até mesmo o surgimento de outros, como os agravos sociais,
psicológicos e cognitivos, por dificuldade de comunicação (RABELO et al., 2011).
Uma intervenção eficaz depende de muitos fatores, um deles é a utilização de
instrumentos que permitam a realização de um diagnóstico preciso e que forneça normas de
desempenho para a correta interpretação dos resultados (MCLEOD e VERDON, 2014). Para
isso, é importante cada vez mais a construção e/ou adaptação de instrumentos clínicos de
qualidade que passem por etapas bem definidas e procedimentos rigorosos, bem como
apresentem estudos psicométricos para que sua utilização seja confiável (PAWLOWSKI,
TRENTINI e BANDEIRA, 2007; MCLEOD e VERDON, 2014). Assim, os instrumentos
poderão fornecer subsídios suficientes para auxiliar o diagnóstico de possíveis alterações de
fala, como o desvio fonológico. Estes devem ser construídos com base em estudos da teoria
que os originou e não por inspiração do pesquisador/criador.
Vários instrumentos internacionais, como por exemplo, o Clinical Assessment of
Articulation and Phonology – CAAP (SECORD e DONOHUE, 2002), o Test para evaluar
procesos de simplificación fonológica - TEPROSIF-R (PAVEZ, MAGGIOLO e COLOMA,
2009), o Assessment Link between phonology and articulation – ALPHA (LOWE, s/a) e o
Goldman Fristoe 2 – Test of Articulation – GFTA 2 (GOLDMAN e FRISTOE, 2000)
apresentam estudos psicométricos. No Brasil há uma escassez de instrumentos formais e
objetivos que forneçam evidências de validade e fidedignidade para avaliar e diagnosticar
alterações em qualquer uma das áreas da fonoaudiologia, inclusive para avaliar o desvio
fonológico. Essa escassez pode refletir no diagnóstico, na definição de condutas terapêuticas,
na elaboração de planos de intervenção (GIUSTI e BEFI-LOPES, 2008) e até mesmo nas
reavaliações para seguimento ou não da terapia.
Existem alguns estudos (FONSECA et al., 2007; FONSECA et al., 2008a; FONSECA
et al., 2008b; OSHIMA et al., 2010; CASARIN, 2011) preocupados em adaptar instrumentos
de avaliação com qualidade. Estes passaram por uma série de etapas para tornarem-se
adequados à realidade brasileira, porém, ainda são poucos e não na área da fonologia. Os
testes de avaliação fonológica existentes no Brasil, e que são usados frequentemente na
clínica e/ou na pesquisa, não apresentam estudos psicométricos de validade e fidedignidade
(FARIA, 1996; YAVAS, HERNANDORENA e LAMPRECHT, 2002; WERTZNER, 2004;
BUENO, VIDOR e ALVES, 2010; BRAUN, s/a).
Este trabalho apresenta o estudo piloto realizado como uma das etapas do processo de
elaboração de instrumento de avaliação fonológica, denominado Instrumento de Avaliação
45
Fonológica (INFONO). Este foi desenvolvido no computador para auxiliar no diagnóstico do
desvio fonológico. O objetivo deste estudo piloto foi testar a versão preliminar do INFONO
por nomeação espontânea em estudo piloto, e verificar sua adequação quanto à identificação
do objeto da figura; e, se este permite a produção da palavra-alvo.
Método
Trata-se de uma pesquisa quantitativa, descritiva e transversal. O estudo foi aprovado
no Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) de uma instituição de ensino superior, sob o protocolo
número 23081.005433/2011-65. Todas as crianças foram autorizadas a participar do estudo
pela assinatura dos pais e/ou responsáveis do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
(Apêndice I). Além disso, as crianças só foram avaliadas se assentissem oralmente sua
participação (ver e nomear as figuras no computador).
Participantes e Critérios de Inclusão
Participaram do estudo 48 crianças representando os futuros grupos normativos,
pareados a partir de uma combinação quanto ao desenvolvimento fonológico (n=26 típico e
n=22 atípico); idade (6 faixas de idade de 3 a 8 anos e 11 meses, n=8 em cada faixa), tipo de
escola (n=24 provenientes de escolas públicas e 24 de escolas privadas) e sexo (n=24 meninas
e 24 meninos). A descrição da amostra é apresentada na Tabela 1.
Tabela 1 - Caracterização dos participantes quanto ao desenvolvimento fonológico, idade, tipo
de escola e sexo
Sexo M/F
Idade 3,0 - 3.11
(n=8)
4,0 - 4.11
(n=8)
5,0 - 5.11
(n=8)
6,0 - 6.11
(n=8)
7,0 - 7.11
(n=8)
8,0 - 8.11
(n=8)
DFT Pública 1/1 1/1 1/1 1/1 1/1 1/1
Privada 1/1 1/1 1/1 1/1 1/2 1/2
DFA Pública 1/1 1/1 1/1 1/1 1/1 1/1
Privada 1/1 1/1 1/1 1/1 1/0 1/0
Legenda: DFT = desenvolvimento fonológico típico; DFA= desenvolvimento fonológico atípico; M =
masculino; F = feminino
46
Nas idades de 7 e 8 anos, escola privada, não foi possível encontrar participantes do
sexo feminino com aquisição atípica, conforme planejado, permanecendo duas meninas com
aquisição típica. Acrescentou-se a combinação “tipo de escola” com o intuito de abranger
crianças com diferentes realidades sociais, embora nesse estudo este dado não tenha sido
analisado separadamente.
A amostra do estudo piloto foi de conveniência, sendo constituída por crianças que
satisfaziam as categorias anteriormente descritas. As crianças incluídas no estudo não
poderiam apresentar alterações significativas, à exceção de alterações fonológicas na
produção da fala. Para isso, realizou-se uma breve conversa com a criança anteriormente a
avaliação pelo INFONO, para que o fonoaudiólogo pudesse verificar e descartar dados de
crianças que apresentassem possíveis alterações de linguagem e/ou vocabulário, alterações
fonéticas. Ainda, foram excluídos os dados de crianças cujos pais e/ou professores relataram
nos questionários respondidos pelos pais (Apêndice II) e professores (Apêndice III) alguma
dificuldade relacionadas a problema auditivo, neurológico e/ou psicológico.
O diagnóstico de desenvolvimento típico ou atípico foi realizado pelo julgamento
clínico do fonoaudiólogo em uma breve conversa com a criança, considerando-se a produção
dos sons de acordo com a idade (OLIVEIRA et al., 2004). A breve conversa e a aplicação da
versão preliminar do INFONO foram realizadas por duas fonoaudiólogas doutorandas e
experiente na área do estudo, com treinamento prévio.
Material
Para a coleta de dados utilizou-se a versão preliminar do INFONO desenvolvido no
computador. Para a elaboração dessa versão do instrumento foram realizadas três etapas
sucessivas, descritas resumidamente a seguir. Ao final de cada etapa sempre ocorreu a análise
dos autores.
Etapa 1 – Análise de outros instrumentos de avaliação fonológica e revisão de
literatura para a busca de palavras-alvo. Essa etapa foi realizada a fim de encontrar palavras-
alvo que pudessem ser representadas em figuras, de fácil compreensão para crianças
pequenas. Foram obtidas 722 palavras que foram classificadas e divididas em listas de acordo
com o fonema e a posição na palavra. Estas listas foram enviadas para análise por juízes
especialistas.
Etapa 2 – Análise de juízes especialistas. Cada juiz especialista (fonoaudiólogos
doutores, fonoaudiólogos clínicos e linguistas) recebeu as listas de palavras e escolheu as dez
47
melhores palavras de cada uma delas (considerando o fonema e a posição deste na palavra)
para compor o instrumento justificando o motivo de suas escolhas. Após análises, foram
selecionadas 316 palavras às quais foram representadas em figuras para serem analisadas
pelos juízes não especialistas.
Etapa 3 – Análise de juízes não especialistas. As palavras foram julgadas pelos juízes
não especialistas (crianças de 3 a 8 anos) quanto à familiaridade e eliciação. No final desta
etapa, permaneceram 116 palavras-alvo, com, no mínimo, três ocorrências por fonema e
posição (na sílaba e na palavra) e as respectivas figuras para compor o instrumento.
Estas etapas foram importantes para definir os melhores estímulos (palavras-alvo e as
figuras) para compor a avaliação fonológica de crianças e encontram-se publicadas
detalhadamente (SAVOLDI, 2012; SAVOLDI, CERON e KESKE-SOARES, 2013). Após,
elaborou-se a versão preliminar do INFONO (Etapa 4), a qual foi testada em crianças e os
resultados serão detalhados neste artigo.
A versão preliminar foi composta por 116 estímulos que continham todos os fonemas
do PB, em diferentes posições na sílaba e na palavra. Este instrumento apresenta três ou mais
oportunidades de produção para avaliar um mesmo fonema-alvo. As palavras-alvo variam
quanto à posição do fonema, tonicidade do alvo e número de sílabas, a fim de balancear as
dificuldades de cada estímulo. A produção das palavras-alvo foi obtida por nomeação
espontânea.
Para cada um dos estímulos foi desenvolvida uma pergunta-chave a ser realizada pelo
avaliador, como por exemplo, “O menino vai dar um...?” (beijo), “Ele vai usar o lápis
para...?” (escrever), “Que bicho é este?” (cavalo), etc. A pergunta-chave junto com a figura
direciona para a produção da palavra-alvo desejada. Esta versão do programa apresentava
opções de marcação de acordo com a produção da criança, como: eliciou corretamente,
eliciou com alterações, eliciou palavras similares e não eliciou.
A opção “eliciou corretamente” foi marcada somente quando a criança produziu o alvo
corretamente sem omissão e/ou substituição de fonema; a opção “eliciou com alterações” foi
selecionada quando a criança falou o alvo desejado, mas com presença de omissão e/ou
substituição de fonema. A opção “eliciou palavras similares” foi selecionada quando a criança
falou outra palavra relacionada à figura e/ ou a pergunta-chave, neste caso, sempre se anotava
ao lado a palavra dita pela criança; e, a opção “não eliciou” foi marcada quando a criança não
produziu o alvo e/ou produzia outras palavras não relacionadas à figura.
48
No momento da avaliação, a criança nomeava a palavra e o avaliador selecionava a
transcrição, mediante uma série de opções desde a transcrição fonética correta ou a alterada.
Dentre as alteradas há lista de possibilidades de transcrição que foi elaborada a partir das
alterações descritas na literatura quanto aos processos fonológicos presentes na fala típica e
desviante. Havia, ainda, a possiblidade de transcrever outras opções de palavras a partir do
teclado virtual, que apresenta teclas com sons do Alfabeto Fonético Internacional.
Na versão preliminar, a fala da criança não foi gravada e nem mesmo foi possível
visualizar nenhum forma de resultado da avaliação fonológica, como por exemplo, a análise
contrastiva, pois estas informações não influenciariam diretamente nos objetivos deste estudo.
Posteriormente, os resultados dos dados de fala de cada criança foram gerados no formato
HTML para realização dos procedimentos de análise.
Procedimentos
A coleta dos dados foi realizada por nomeação espontânea, a fim de verificar se a
criança produzia o alvo desejado representado pela figura. No momento da coleta foi marcado
para cada palavra-alvo uma das opções do programa: eliciou corretamente, eliciou com
alterações, eliciou palavras similares e não eliciou. Algumas vezes, foi necessário utilizar a
pergunta-chave fornecida, por exemplo, “O menino vai dar um...?” para o alvo “beijo”, mas
em outras vezes a criança falava o alvo antes mesmo de ser realizada a pergunta. Quando não
foi obtido o alvo correto, outra pergunta-chave poderia ser utilizada, mas a pergunta realizada
pelo avaliador devia ser anotada no campo de observação desta versão preliminar.
Após a coleta dos dados da fala, os resultados foram gerados no formato HTML, os
quais foram utilizados para elaborar uma planilha no Excel com as respostas de todas as
crianças para as 116 palavras-alvo. Com esta planilha foi possível calcular o percentual de
reconhecimento de cada uma das figuras. O percentual foi calculado pela frequência de
respostas das opções “eliciou corretamente” e “eliciou com alterações”. Em seguida, criou-se
outra planilha, dividindo as palavras-alvo por fonema e posição da sílaba que estava sendo
avaliada, em ordem decrescente do percentual de reconhecimento da figura. Por meio desta
última planilha, as dificuldades apresentadas no reconhecimento e na produção dos alvos
foram analisadas conforme os seguintes critérios estabelecidos pelas autoras:
Critério 1 – Complexidade da aquisição dos fonemas e estruturas silábicas. Iniciou-se
a análise pelos fonemas mais complexos e últimos a serem adquiridos: (1º) Palavras que
apresentavam a estrutura de Onset Complexo (OC); (2º) Palavras que avaliam a posição de
49
Coda; (3º) Palavras que avaliam a posição de Onset - fonemas de menor ocorrência de
palavras na avaliação, como, o //, /z/, /f/, //; (4º) Palavras que avaliam a posição de Onset -
fonemas de grande ocorrência no instrumento.
Critério 2 – Percentual de reconhecimento das palavras que avaliam a estrutura de OC.
Foram considerados os seguintes percentuais: 80% ou mais, o estímulo permaneceu no
instrumento; de 60% a 79%, a figura-alvo ou a pergunta-chave necessita ser adequada para
obter a palavra-alvo; menos de 60%, o estímulo foi eliminado da avaliação.
Critério 3 – Percentual de reconhecimento das palavras que avaliam a posição de
Coda. Estímulos com 80% ou mais de reconhecimento permaneceram no instrumento, os
demais foram eliminados. Considerou-se um único percentual porque nesta posição obteve-se
um número suficiente de palavras-alvo para avaliar o fonema sem que prejudicasse a
avaliação de outros fonemas no instrumento.
Critério 4 – Percentual de reconhecimento das palavras que avaliam a posição de
Onset - fonemas de menor ocorrência. Considerou-se o percentual de 80% ou mais, o
estímulo permaneceu no instrumento; de 60% a 79%, a figura-alvo ou a pergunta-chave foi
modificada; menos de 60% o estímulo foi eliminado da avaliação.
Critério 5: Percentual de reconhecimento das palavras que avaliam a posição de Onset
- fonemas de grande ocorrência. Considerou-se o percentual de 80% ou mais para o estímulo
permanecer no instrumento. Também, considerou-se somente esse percentual pelo mesmo
motivo referido no Critério 3. Mesmo assim, alguns estímulos com percentuais maiores de
80% foram eliminados da avaliação com o objetivo diminuir o número de itens do INFONO.
A exclusão destes estímulos foi criteriosa quanto a não prejudicar a ocorrência mínima de três
possibilidades do fonema na mesma posição ou de outros fonemas no instrumento.
Com base nas respostas das crianças foi possível verificar a existência de falhas na
elaboração dos estímulos como, por exemplo, figura não reconhecida, palavra-alvo não
familiar; uso de pergunta-chave inadequada ou insuficiente para gerar a produção do alvo
desejado, etc. Dessa forma, obtiveram-se os estímulos finais para compor o INFONO.
Análise dos Dados
Foi realizada uma análise descritiva das respostas das crianças. Analisaram-se, pelo
percentual de reconhecimento dos estímulos, as dificuldades de identificação do objeto
representado nas figuras, a familiaridade na produção da palavra-alvo; adequação das
50
perguntas-chave, e ainda, foi possível verificar as transcrições faltantes e outros aspectos
importantes para o desenvolvimento do INFONO. O percentual de reconhecimento das
figuras foi calculado pela frequência de respostas das opções “eliciou corretamente” e “eliciou
com alterações” para cada estímulo.
Resultados
O índice de reconhecimento encontrado foi alto para a maioria dos estímulos, isto é,
superior a 80% em 93 estímulos (80,2%) testados, sendo que destes, 69 estímulos tiveram um
índice superior a 90% de acertos; entre 60 a 79% em 16 estímulos; e, menor que 60% apenas
para sete estímulos. Para melhor compreensão, os resultados serão apresentados por classe de
sons e não pela ordem dos critérios estabelecidos.
Em relação aos fonemas da classe das nasais (Tabela 2) observou-se que quase todas
as palavras-alvo, nas diferentes posições, apresentaram um percentual de reconhecimento
maior que 80%, sugerindo que os estímulos estavam adequados para obter a produção da
palavra-alvo desejada. Apenas a figura e a pergunta-chave para a palavra-alvo “navio”
(66,67%) precisaram ser adequadas (Critério 4). Este alvo era importante para manter as três
possibilidades de produção do /n/ em OI. A figura de um “navio comum” precisou ser
modificada para um “navio pirata” e, dessa forma, a pergunta-chave que era “O que é isto?”
passou a ser “É de pirata, é um ...?”. Várias crianças identificavam inicialmente a figura como
“barco”.
51
Tabela 2 - Percentual de reconhecimento das palavras-alvo com os fonemas da classe das nasais
Nas
ais Palavras % de reconhecimento Palavras % de reconhecimento Palavras % de reconhecimento Palavras % de reconhecimento
OI n (%) OM n (%) CM** n (%) CF** n (%)
m
Mesa 48 (100) Cama 48 (100)
Macaco 47 (97,92) Grama 42 (87,50)
Mão 47 (97,92) Caminhão 42 (87,50)
Magro 42 (87,50) Tomate 39 (81,25)
Microfone 39 (81,25)
n
Nuvem 42 (87,50) Chinelo 48 (100) Língua 47 (97,92) Trem 48 (100)
Nariz 42 (87,50) Banana 48 (100) Presente 47 (97,92) Batom 47 (97,92)
Navio* 32 (66,67) Panela 46 (95,83) Brinco 47 (97,92) Nuvem 42 (87,50)
Tênis 46 (95,83) Dente 44 (91,67)
Anel 43 (89,58) Ventilador 44 (91,67)
Jornal 40 (83,33) Branco 44 (91,67)
Microfone 39 (81,25) Laranja 40 (83,33)
Galinha 44 (91,67)
Passarinho 44 (91,67)
Caminhão 42 (87,50)
Legenda: OI= Onset Inicial; OM = Onset Medial; CM = Coda Medial; CF = Coda Final; * = necessidade de adequar a figura e/ou a pergunta-chave; ** = fonema nesta posição é
marcado pela nasalidade
52
Para os fonemas da classe das plosivas (Tabela 3) verificou-se que os percentuais mais
baixos de reconhecimento das palavras-alvo estavam relacionados com as que avaliam
também a estrutura do OC (Critério 2). As figuras correspondentes às palavras-alvo
“biblioteca”, “beijo”, “terra”, “plástico”, “gritar”, “floresta”, “chiclete” e “placa” que
permaneceram no instrumento, foram reelaboradas para facilitar a produção. Por exemplo, a
figura que representava a palavra chiclete, muitas crianças identificavam e produziam como
balão. Para obter a produção desse alvo, percebeu-se que o essencial foi tornar a figura
“animada” com gif’s (termo dado às animações formadas por várias
imagens GIF compactadas numa só dando movimento a figura), ou seja, colocar uma
sequência de movimentos: menino mastigando, fazendo uma bolha, a bolha estourando e o
chiclete grudado no rosto do menino. O mesmo aconteceu para os alvos “beijo” e “gritar” que
depois de tornarem-se “animadas” facilitaram a compreensão do estímulo. Para o alvo
“terra”, muitas crianças falavam areia molhada. A figura foi modificada aparecendo os
movimentos de um menino plantando uma muda de árvore. A pergunta-chave “O que é isto?”
passou a ser “O menino está plantando na ...?”. Modificações como estas foram realizadas
para os outros quatro alvos que precisaram ser reelaborados. Todos os estímulos do INFONO
foram “animados” com gif’s, alguns por necessidade e outros para se tornarem mais atrativos.
Tabela 3 - Percentual de reconhecimento das palavras-alvo com os fonemas da classe das
plosivas
Plosivas Palavras
% de
reconhecimento Palavras
% de
reconhecimento
OI n (%) OM n (%)
p
Pé 48 (100) Sapo 48 (100)
Porta 48 (100) Sapato 47 (97,92)
Porco 47 (97,92) Copo 47 (97,92)
Panela 46 (95,83) Espelho 47 (97,92)
Pedra 45 (93,75) Lápis 46 (95,83)
Passarinho 44 (91,67) Tapete 46 (95,83)
Pastel 43 (89,58) Chapéu 46 (95,83)
Zíper 16 (33,33)
b
Bola 48 (100) Cabelo 46 (95,83)
Banana 48 (100) Rabo 43 (89,58)
Bolsa 47 (97,92) Bebê 42 (87,50)
Batom 47 (97,92)
Bicicleta 45 (93,75)
53
Plosivas Palavras
% de
reconhecimento Palavras
% de
reconhecimento
OI n (%) OM n (%)
Barriga 44 (91,67)
Bebê 42 (87,50)
Biblioteca* 33 (68,75)
Beijo* 31 (64,58)
Bíblia 15 (31,25)
t
Tapete 46 (95,83) Gato 48 (100)
Tênis 46 (95,83) Prato 48 (100)
Tesoura 46 (95,83) Porta 48 (100)
Tomate 39 (81,25) Sapato 47 (97,92)
Terra* 33 (68,75) Presente 47 (97,92)
Baton 47 (97,92)
Tapete 46 (95,83)
Bicicleta 45 (93,75)
Ventilador 44 (91,67)
Dente 44 (91,67)
Pastel 43 (89,58)
Fruta 41 (85,42)
Tomate 39 (81,25)
Plástico* 35 (72,92)
Biblioteca* 33 (68,75)
Gritar* 32 (66,67)
Floresta* 32 (66,67)
Chiclete* 30 (62,50)
d
Dedo 46 (95,83) Cadeira 48 (100)
Dente 44 (91,67) Escada 48 (100)
Dado 41 (85,42) Dedo 46 (95,83)
Ventilador 44 (91,67)
Fralda 43 (89,58)
Roda 42 (87,50)
Dado 41 (85,42)
Crocodilo 31 (64,58)
k
Cavalo 48 (100) Faca 48 (100)
Cama 48 (100) Óculos 48 (100)
Cadeira 48 (100) Escada 48 (100)
Casa 48 (100) Vaca 48 (100)
Calça 48 (100) Macaco 47 (97,92)
Cachorro 47 (97,92) Brinco 47 (97,92)
54
Plosivas Palavras
% de
reconhecimento Palavras
% de
reconhecimento
OI n (%) OM n (%)
Copo 47 (97,92) Porco 47 (97,92)
Colher 47 (97,92) Jacaré 46 (95,83)
Coração 47 (97,92) Branco 44 (91,67)
Coelho 47 (97,92) Plástico* 35 (72,92)
Cabelo 46 (95,83) Biblioteca* 33 (68,75)
Caixa 46 (95,83) Crocodilo 31 (64,58)
Cobra 44 (91,67) Placa* 31 (64,58)
Café 43 (89,58)
Caminhão 42 (87,50)
Garfo 46 (95,83) Língua 47 (97,92)
Gato 48 (100) Fogo 47 (97,92)
Galinha 44 (91,67) Barriga 44 (91,67)
Dragão 41 (85,42)
Legenda: OI = Onset Inicial; OM = Onset Medial; * = necessidade de adequar a figura e/ou a pergunta-chave
Observou-se que, para os fonemas da classe das fricativas (Tabela 4), a maioria das
palavras-alvo que permaneceram no instrumento apresentaram um percentual de
reconhecimento maior que 80%, sugerindo a adequação das figuras utilizadas para obter a
produção do alvo. No entanto, algumas palavras como “vidro”, “plástico”, “cruz”, “zero”,
“floresta”, “chiclete”, “chifre”, “igreja” e “navio” foram reelaboradas para facilitar a produção
do alvo. Estas, com exceção das palavras de “zero” e “navio”, permaneceram no instrumento
pela necessidade de avaliar a estrutura de OC (Critério 2).
55
Tabela 4 - Percentual de reconhecimento das palavras-alvo com os fonemas da classe das fricativas
Fri
cati
vas
Palavras % de reconhecimento Palavras % de reconhecimento Palavras % de reconhecimento Palavras % de reconhecimento
OI n (%) OM n (%) CM n (%) CF n (%)
f
Faca 48 (100) Sofá 48 (100)
Fogo 47 (97,92) Garfo 46 (95,83)
Folha 46 (95,83) Girafa 45 (93,75)
Café 43 (89,58)
Microfone 39 (81,25)
v
Vaca 48 (100) Cavalo 48 (100)
Vassoura 47 (97,92) Avião 48 (100)
Ventilador 44 (91,67) Ovo 48 (100)
Vidro* 38 (79,17) Chave 46 (95,83)
Luva 44 (91,67)
Nuvem 42 (87,50)
Travesseiro 42 (87,50)
Escrever 40 (83,33)
Navio* 32 (66,67)
s
Sapo 48 (100) Calça 48 (100) Escada 48 (100) Óculos 48 (100)
Sofá 48 (100) Coração 47 (97,92) Espelho 47 (97,92) Lápis 46 (95,83)
Sapato 47 (97,92) Vassoura 47 (97,92) Estrela 46 (95,83) Tênis 46 (95,83)
Soprar 44 (91,67) Bolsa 47 (97,92) Pastel 43 (89,58) Nariz 42 (87,50)
Bicicleta 45 (93,75) Escrever 40 (83,33) Cruz* 31 (64,58)
Passarinho 44 (91,67) Plástico* 35 (72,92)
Travesseiro 42 (87,50) Floresta* 32 (66,67)
56
Fri
cati
vas
Palavras % de reconhecimento Palavras % de reconhecimento Palavras % de reconhecimento Palavras % de reconhecimento
OI n (%) OM n (%) CM n (%) CF n (%)
Classe 12 (25)
Glacê 2 (4,17)
z
Zebra 42 (87,50) Casa 48 (100)
Zero* 34 (70,83) Mesa 48 (100)
Zíper 16 (33,33) Presente 47 (97,92)
Tesoura 46 (95,83)
Blusão 17 (35,42)
Blusa 12 (25)
Chinelo 48 (100) Cachorro 47 (97,92)
Chave 46 (95,83) Bruxa 46 (95,83)
Chapéu 46 (95,83) Caixa 46 (95,83)
Chifre* 31 (64,58)
Chiclete* 30 (62,50)
Jacaré 46 (95,83) Relógio 47 (97,92)
Girafa 45 (93,75) Beijo 43 (89,58)
Jornal 40 (83,33) Laranja 40 (83,33)
Joelho 38 (79,17) Igreja* 35 (72,92)
Legenda: OI = Onset Inicial; OM = Onset Medial; CM = Coda Medial; CF = Coda Final; * = necessidade de adequar a figura e/ou a pergunta-chave
57
O alvo “vidro” várias vezes foi identificado como janela dificultando a produção do
alvo. Assim, a figura foi modificada para uma pedra quebrando o vidro da janela e a pergunta-
chave passou a ser “A pedra quebrou o ...?” em vez de “A janela tem ...?”. Para o alvo
“plástico” apenas a pergunta foi reelaborada para “Este copo não é de vidro é de ...?”. A
figura correspondente ao alvo “zero” foi reelaborada, aumentando a sequência de números
que era [0 1] para [0 1 2 3], e o número “zero” foi “animado”, aumentando de tamanho, pois
muitas crianças produziam o numeral [ds] ou a vogal aberta []. Da mesma forma, os demais
alvos (“igreja”, “navio”, “chifre”, “cruz”, “plástico”, “floresta”) que tinham necessidade de
adequação foram modificados.
Quanto aos fonemas da classe das líquidas (Tabela 5), observou-se que a maioria das
figuras, correspondentes às palavras-alvo, estavam adequadas para se obter a produção
desejada. Poucos estímulos (“refri”, “terra”, “zero”, “floresta”, “gritar”) precisaram ser
adequadas em termos de desenho para facilitar a nomeação espontânea.
58
Tabela 5 - Percentual de reconhecimento das palavras-alvo com os fonemas da classe das líquidas
Líq
uid
as
Palavras % de
reconhecimento Palavras % de reconhecimento Palavras % de reconhecimento Palavras % de reconhecimento
OI n (%) OM n (%) CM n (%) CF n (%)
R
Relógio 47 (97,92) Cachorro 47 (97,92)
Rabo 43 (89,58) Barriga 44 (91,67)
Roda 42 (87,50) Terra* 33 (68,75)
Refri* 37 (77,08)
r
Cadeira 48 (100) Porta 48 (100) Flor 47 (97,92)
Coração 47 (97,92) Porco 47 (97,92) Colher 47 (97,92)
Vassoura 47 (97,92) Garfo 46 (95,83) Ventilador 44 (91,67)
Jacaré 46 (95,83) Jornal 40 (83,33) Soprar 44 (91,67)
Tesoura 46 (95,83) Escrever 40 (83,33)
Girafa 45 (93,75) Gritar* 32 (66,67)
Passarinho 44 (91,67) Zíper 16 (33,33)
Nariz 42 (87,50)
Travesseiro 42 (87,50)
Laranja 40 (83,33)
Zero* 34 (70,83)
Floresta* 32 (66,67)
Clara 18 (37,50)
l
Livro 47 (97,92) Cavalo 48 (100) Calça 48 (100) Anel 43 (89,58)
Língua 47 (97,92) Bola 48 (100) Bolsa 47 (97,92) Pastel 43 (89,58)
Lápis 46 (95,83) Óculos 48 (100) Fralda 43 (89,58) Jornal 40 (83,33)
Luva 44 (91,67) Chinelo 48 (100)
Letra 41 (85,42) Relógio 47 (97,92)
59
Líq
uid
as
Palavras % de
reconhecimento Palavras % de reconhecimento Palavras % de reconhecimento Palavras % de reconhecimento
OI n (%) OM n (%) CM n (%) CF n (%)
Laranja 40 (83,33) Cabelo 46 (95,83)
Estrela 46 (95,83)
Panela 46 (95,83)
Galinha 44 (91,67)
Ventilador 44 (91,67)
Crocodilo 31 (64,57)
Espelho 47 (97,92)
Colher 47 (97,92)
Coelho 47 (97,92)
Folha 46 (95,83)
Joelho 38 (79,17)
Legenda: OI = Onset Inicial; OM = Onset Medial; CM = Coda Medial; CF = Coda Final; * = necessidade de adequar a figura e/ou a pergunta-chave
60
Em relação à estrutura de OC (Tabela 6), a intenção de conseguir duas palavras para
permanecer no instrumento em cada posição da palavra não foi possível, porque alguns
apresentavam menos possibilidades, assim tentou-se manter o máximo possível de estímulos
que avaliassem essa estrutura. Foram excluídas do instrumento apenas os alvos que
apresentaram um percentual muito baixo de reconhecimento (Critério 2) como, por exemplo,
para o “bl” (blusa, blusão), “kl” (clara, classe) e “gl” (glacê). Para estes não foi possível obter
alvos que fossem compatíveis com o vocabulário infantil na posição de OI na estrutura de
OC. Para outros foi possível obter apenas uma palavra, como para o “vr” (livro). Essa
dificuldade reside, principalmente, em conseguir palavras-alvo representáveis por meio de
figuras e que pertençam ao léxico de crianças pequenas.
Tabela 6 - Percentual de reconhecimento das palavras-alvo com OC
Onset
Complexo
Palavras % de
reconhecimento Palavras
% de
reconhecimento
OI n (%) OM n (%)
pr Prato 48 (100) Soprar 44 (91,67%)
Presente 47 (97,92)
pl Plástico 35 (72,92)
Placa* 31 (64,58)
br
Brinco 47 (97,92) Cobra 44 (91,67)
Bruxa 46 (95,83) Zebra 42 (87,50)
Branco 44 (91,67)
bl Blusão 17 (35,42) Biblioteca* 33 (68,75)
Blusa 12 (25) Bíblia 15 (31,25)
tr Trem 48 (100) Estrela 46 (95,83)
Travesseiro 42 (87,50) Letra 41 (85,42)
dr Dragão 41 (85,42) Pedra 45 (93,75)
Vidro* 38 (79,17)
kr Cruz* 31 (64,58) Escrever 40 (83,33)
Crocodilo 31 (64,58) Microfone 39 (81,25)
kl Clara 18 (37,50) Bicicleta 45 (93,75)
Classe 12 (25) Chiclete* 30 (62,50)
gr Grama 42 (87,50) Magro 42 (87,50)
Gritar* 32 (66,67) Igreja* 35 (72,92)
gl Glacê 2 (4,17)
fr Fralda 43 (89,58) Refri* 37 (77,08)
Fruta 41 (85,42) Chifre* 31 (64,58)
61
fl Flor 47 (97,92)
Floresta* 32 (66,67)
vr Livro 47 (97,92)
Legenda: OI = Onset Inicial; OM = Onset Medial; * = necessidade de adequar a figura e/ou a pergunta-chave
Após a análise dos resultados deste estudo piloto, percebeu-se que ainda era possível
excluir algumas figuras sem prejudicar o mínimo de ocorrências (três possibilidades) do
fonema na mesma posição ou de outros fonemas no instrumento (Critério 5). De acordo com
esse critério, algumas palavras como, escada, luva, tomate, óculos, banana, etc. puderam ser
excluídas. Após as alterações o INFONO ficou composto por 84 palavras-alvos representadas
por figuras, atendo-se ao objetivo do teste de ser rápido e de fácil aplicação. A síntese do
número de estímulos para cada fonema que compõem o instrumento por posição, número de
sílaba e tonicidade é apresentada na Tabela 7.
Tabela 7 - Número de estímulos que permaneceram no INFONO para cada fonema por
posição, número de sílabas e tonicidade Número de estímulo x Posição
m n p b t d k f v S z l R
OI 3 3 - 4 7 3 3 11 3 3 3 4 2 4 3 4 - 3 -
OM 3 5 3 5 3 16 4 7 4 4 5 5 4 3 3 7 4 3 8
CM - 5 - - - - - - - - 6 - - - 3 - - 3
CF - 3 - - - - - - - - 4 - - - 3 - - 6
Número de estímulo x Número de sílabas
m n p b t d k f v s z l R
Monossílabas 1 1 - 1 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 - 0 1
Dissílabas 4 11 0 5 6 10 4 10 5 5 4 9 4 4 2 10 2 3 8
Trissílabas 1 2 2 2 2 6 0 7 2 1 2 6 2 3 4 6 2 3 5
Polissílabas 1 2 3 1 2 3 1 1 0 1 2 3 0 0 0 1 0 0 3
Número de estímulo x Tonicidade
m n p b t d k f v s z l R
Tônica 2 9 1 5 4 7 4 5 3 5 5 3 4 2 0 12 1 2 13
Átona 4 5 2 4 5 12 1 13 4 2 3 16 2 5 6 5 3 4 4
Legenda: OI = Onset Inicial; OM = Onset Medial; CM = Coda Medial; CF = Coda Final
62
Discussão
As figuras estavam adequadas para compor o INFONO, sendo isso verificado pelo alto
índice de reconhecimento da maioria dos estímulos testados. A produção exata da palavra-
alvo é importante para não deixar de avaliar e/ou oferecer menos possibilidades de produção
para algum fonema em alguma posição na sílaba e/ou palavra.
Nas etapas de elaboração de uma ferramenta de avaliação deve-se indicar claramente a
sua finalidade e o público-alvo a que se destina; avaliar a adequação dos itens selecionados; o
tipo de palavras incluídas; e, os métodos utilizados para extrair as palavras-alvo (FRIBERG,
2010; MCLEOD e VERDON, 2014). Quanto aos estímulos, devem-se ter alguns cuidados
como: não usar palavras que não são comumente conhecidas por crianças pequenas; ou evitar
alvos que não fazem parte da cultura do país, sendo importante considerar as diferenças
regionais; etc. (GOLDMAN e FRISTOE, 2000).
Estes itens são importantes para um instrumento, pois este deve assegurar a sua
precisão diagnóstica, assim como apresentar alta sensibilidade (identificação precisa da
dificuldade da criança) e especificidade (identificação precisa da ausência de dificuldade em
crianças que não têm) (FRIBERG, 2010; MCLEOD e VERDON, 2014). Uma avaliação
precisa é uma das principais ferramentas para o clínico obter um diagnóstico confiável e
possibilitar o planejamento da intervenção. Pensando nisso, o INFONO foi elaborado para
fornecer uma amostra de fala completa incluindo diversas possibilidades para a produção de
todas as consoantes do PB, nas diferentes posições que ocorrem na sílaba e na palavra.
Pelos percentuais de reconhecimento dos itens, foi possível analisar se os estímulos
pertenciam realmente ao vocabulário infantil, pois antes de nomear a criança precisa
identificar a figura ou a ação representada. O processo de nomeação por confrontação visual
passa por três estágios: (1) identificação do objeto representado; (2) acesso à sua
representação semântica, permitindo que o objeto seja reconhecido; e (3) lexicalização, ou
ativação da representação fonológica, por meio da qual o nome da figura é recuperado e
pronunciado (SPEZZANO, MANSUR e RADANOVIC, 2013). Há uma relação entre o
desenvolvimento lexical e o inventário fonológico das crianças, sendo importante a realização
de pesquisas que mostrem como os fatores lexicais e fonológicos podem influenciar a
produção da fala, e como esta informação pode ser utilizada no diagnóstico e tratamento de
crianças com desenvolvimento fonológico atípico (SOSA e STOEL-GAMMON, 2012).
63
Oferecer no mínimo três possibilidades de produção de cada fonema do PB em cada
posição em que ocorre; e, duas para a estrutura de OC eram metas para o INFONO. No
entanto, pelos critérios estabelecidos e considerados importantes para a seleção dos estímulos,
não foi possível atingir esta meta para o fonema “z” em OI e para alguns OC (“cl”, “cr”, “gl”,
“bl”), devido ao baixo percentual de reconhecimento apresentado. Acredita-se que isso pode
ter ocorrido por dois motivos, ou pelos estímulos não pertencerem ao vocabulário de crianças
pequenas ou pela dificuldade de representação da palavra-alvo de modo que fossem
reconhecidas e produzidas pelas crianças (BUENO, VIDOR e ALVES, 2010).
Mesmo assim, verificou-se que o INFONO avaliou todos os fonemas do PB em todas
as posições da sílaba e da palavra, ou seja, os alvos que permaneceram no instrumento foram
suficientes para a compilação do inventário fonético e fonológico da criança. Este aspecto foi
considerado importante para um instrumento que avalia a fala pela nomeação espontânea de
palavras, uma vez que para concluir com precisão que um som não produzido pela criança
está ausente no seu inventário, ela deve ter oportunidades suficientes para produzir este som
(YGUAL-FERNÁNDEZ, CERVERA-MÉRIDA e ROSSO, 2008; EISENBERG e
HITCHCOCK, 2010). Não foram encontradas pesquisas que indicassem quantas seriam o
número suficiente de oportunidades para concluir que uma criança consegue ou não produzir
um determinado som. Mas, com base no critério que os sons, para serem atribuídos ao
inventário fonético, teriam que ser produzidos pelo menos duas vezes, teria de ser dada para
uma criança pelo menos duas oportunidade para a produção de cada fonema (EISENBERG e
HITCHCOCK, 2010).
Pela análise, ainda verificou-se que alguns fonemas como, por exemplo: /p/ e /k/ em
OI e OM; /b/ em OI; /t/, /r/ e /l/ em OM apresentavam mais de oito oportunidades de
produção, o que seria desnecessário. Com o intuito de reduzir o número de estímulos do
instrumento, alguns alvos foram excluídos sem que prejudicassem a ocorrência de outros
fonemas de menor ocorrência como, /d/, /g/, /f/, /s/, /z/ em OI ou a avaliação do OC. Mesmo
assim, alguns fonemas de grande ocorrência na avaliação permaneceram com mais de três
possibilidades, a fim de preservar a presença do OC e de alguns fonemas de menor
ocorrência.
Um estudo (EISENBERG e HITCHCOCK, 2010) analisou se 11 testes padronizados
para avaliar as consoantes do inglês forneciam estímulos suficientes para avaliar
completamente o inventário consonantal de uma criança. Este estudo observou que os testes
foram uteis para identificar crianças com desvio fonológico, porém, eles não forneciam o
64
número necessário de oportunidades de produção de fonemas para avaliar todas as consoantes
do Inglês. Nesses casos, a avaliação devia ser complementada com sondagens por meio de
palavras foneticamente controladas a fim de estabelecer os sons que estavam ausentes no
inventário fonológico da criança.
Esse mesmo estudo (EISENBERG e HITCHCOCK, 2010) sugeriu a necessidade de
testar fonemas em mais de uma palavra, pelo efeito dos sons antecedentes e seguintes ao
fonema a ser avaliado. No caso do INFONO são oferecidos três ou mais alvos em palavras
com diferente número de sílabas, tonicidades e contexto antecedente e seguinte. Estas
variáveis podem influenciar a capacidade de uma criança na produção do som-alvo (KESKE-
SOARES, PAGLIARIN e CERON, 2009; EISENBERG e HITCHCOCK, 2010). Assim,
considerou-se importante que o INFONO oferecesse palavras com diferentes números de
sílabas (mono, di, tri e polissilábicas) em que o alvo estivesse presente, na medida do
possível, tanto em sílaba tônica quanto sílaba átona. Testes que não incluem palavras de
complexidade variada (EISENBERG e HITCHCOCK, 2010) ou que incluem somente
palavras de alta frequência de uso lexical (YGUAL-FERNÁNDEZ, CERVERA-MÉRIDA e
ROSSO, 2008) podem não diagnosticar corretamente o desvio fonológico ou fornecer
respostas não reais à capacidade da criança como em situações reais de fala.
Ao encerrar a análise do estudo piloto continuou-se o desenvolvimento do INFONO.
Este instrumento de avaliação oferece no computador, uma anamnese geral e a avaliação
fonológica. A avaliação fonológica pode ser realizada de três formas: repetição, nomeação
espontânea e fala encadeada. As duas primeiras formas de coletas (repetição e nomeação
espontânea) estão prontas para uso e a última (fala encadeada) está em desenvolvimento no
software. Após seu completo desenvolvimento, o software deverá ser registrado junto ao
Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) por meio do Núcleo de Inovação e
Transferência de Tecnologia (NIT) da Universidade Federal de Santa Maria, antes de sua
divulgação na íntegra.
Conclusão
Este estudo analisou uma situação real de avaliação utilizando o INFONO. Concluiu-
se que a maioria das figuras utilizadas permitiu o correto reconhecimento dos estímulos, e
consequentemente possibilitou a produção do alvo desejado. Poucos precisaram ser
reelaborados para permitir a produção espontânea do alvo. Ainda, obteve-se uma quantidade
65
mínima, mas suficiente de alvos para compor o instrumento, os quais permitiram uma
avaliação eficaz de todo o inventário fonético e fonológico da criança.
Este instrumento ofereceu duas ou mais oportunidades de produção para avaliar um
mesmo som-alvo, com o intuito de certificar-se se o som/fonema está mesmo presente ou
ausente no inventário fonético e fonológico da criança. Ainda, o INFONO oferece palavras
com diferentes números de sílabas em que o alvo está presente, na medida do possível, tanto
em sílaba tônica quanto átona.
Referências
BRAUN, C. M. Avalie - Avaliação de fala e linguagem: CTS Informática s/a.
BUENO, T. G.; VIDOR, D. C. G. M.; ALVES, A. L. S. A. Protocolo de avaliação fonológica
infantil - PAFI: Projeto piloto. Berba Volant, v. 1, n. 1, p. 53-86, 2010.
CASARIN, F. S. Bateria Montreal de avaliação da comunicação breve – Bateria MAC
breve: estudos de adaptação. 2011. 88 f. Dissertação (Mestrado em Psicologia – Área de
Concentração: Cognição Humana) - Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul,
Porto Alegre, 2011.
EISENBERG, S. L.; HITCHCOCK, E. R. Using standardized tests to inventory consonant
and vowel production: a comparison of 11 tests of articulation and phonology. Journal of
Speech, Language, Hearing Research, v. 41, n. 4, p. 488-503, Oct 2010.
FARIA, R. E. Realfa - Exame fonético X fonológico: manual de instruções. Rio de
Janeiro: CTRL, 1996.
FONSECA, R. P. et al. Adaptation process to Brazilian Portuguese of the Montreal
communication evaluation battery: MAC battery. Psicologia: Reflexão e Crítica, v. 20, n. 2,
p. 259-267, 2007.
______. Apresentando um instrumento de avaliação da comunicação à Fonoaudiologia
Brasileira: Bateria MAC. Pró-Fono Revista de Atualização Científica, v. 20, n. 4, p. 285-
291, 2008a.
______. Bateria Montreal de Avaliação da Comunicação – Bateria MAC. São Paulo:
Pró-Fono, 2008b.
FRANÇA, M. P. et al. Aquisição da linguagem oral. Arquivos de Neuropsiquiatria, v. 62,
n. 2-B, p. 469-472, 2004.
GIUSTI, E.; BEFI-LOPES, D. M. Tradução e adaptação transcultural de instrumentos
estrangeiros para o Português Brasileiro (PB). Pró-Fono Revista de Atualização Científica,
v. 20, n. 3, p. 207-210, 2008.
66
KESKE-SOARES, M.; PAGLIARIN, K. C.; CERON, M. I. Terapia fonológica considerando
as variáveis linguísticas. Revista da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, v. 14, n. 2, p.
261-266, 2009.
LOWE, R. Assessment link between phonology and articulation – ALPHA - Examiner's
Manual. s/a. 1-22.
MCLEOD, S.; VERDON, S. A Review of 30 Speech Assessments in 19 Languages Other
Than English. American Journal of Speech-Language Pathology, n. 1, p. 1-16, 2014.
MÜÜRSEPP, I. et al. Motor skills, haptic perception and social abilities in children with mild
speech disorders. Brain & Development, v. 34, n. 2, p. 128-132, Feb 2012.
NAMASIVAYAM, A. K. et al. Relationship between speech motor control and speech
intelligibility in children with speech sound disorders. Journal of Communication Disorder,
v. 46, n. 3, p. 264-80, 2013 May-Jun 2013.
NEWMEYER, A. J. et al. Fine motor function and oral-motor imitation skills in preschool-
age children with speech-sound disorders. Clin Pediatr (Phila), v. 46, n. 7, p. 604-11, Sep
2007.
OLIVEIRA, C. et al. Cronologia da aquisição dos segmentos e das estruturas silábicas. In:
LAMPRECHT, R. R. (Ed.). Aquisição Fonológica do Português: Perfil de
desenvolvimento e subsídios para terapia. Porto Alegre: Artmed, v.1, 2004. cap. 10, p.167-
176.
OSHIMA, M. et al. Early Listening Function (ELF): adaptação para a língua portuguesa.
Revista da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, v. 15, n. 2, p. 191, 2010.
PAGAN-NEVES, L. D. O.; WERTZNER, H. F. Parâmetros acústicos das líquidas do
Português Brasileiro no transtorno fonológico. Pró-Fono Revista de Atualização Científica,
v. 22, n. 4, p. 491-496, 2010.
PAGLIARIN, K. C. Bateria Montreal-Toulouse de Avaliação de Linguagem: evidências
de validade e fidedignidade com adultos saudáveis e com lesão cerebral unilateral com e
sem afasia. 2013. 111 f. Tese (Programa de Pós-Graduação em Psicologia) - Pontíficia
Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre 2013.
PAVEZ, M. M.; MAGGIOLO, M.; COLOMA, C. J. Test para evaluar procesos de
implificación fonológica - TEPROSIF-R. Santiago: Pontificia Univesidad Catolica de
Chile, 2009. 83p.
PAWLOWSKI, J.; TRENTINI, C. M.; BANDEIRA, D. R. Discutindo procedimentos
psicométricos a partir da análise de um instrumento de avaliação neuropsicológica breve.
PsicoUSF, v. 12, n. 2, p. 211-219, 2007.
RABELO, A. T. V. R. et al. Alterações de fala em escolares na cidade de Belo Horizonte.
Jornal da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, v. 23, n. 4, p. 344-350, 2011.
67
SAVOLDI, A. Instrumento de Avaliação Fonológica: validação de conteúdo. 2012. 136 f.
Dissertação (Pós-Graduação em Distúrbios da Comunicação Humana) - Universidade
Federal de Santa Maria, Santa Maria, 2012.
SAVOLDI, A.; CERON, M. I.; KESKE-SOARES, M. Quais são as melhores palavras para
compor um instrumento de avaliação fonológica? Audiology - Communication Research, v.
8, n. 3, p. 194-202, 2013.
SECORD, W. A.; DONOHUE, J. S. CAAP - Clinical Assessment of Articulation and
Phonology – Supplemental Examiner’s Manual. USA: Super Duper®Publications, 2002.
1-50.
SKAHAN, S. M.; WATSON, M.; LOF, G. L. Speech-language pathologists' assessment
practices for children with suspected speech sound disorders: Results of a national survey.
American Journal of Speech-Language Pathology, v. 16, n. 3, p. 246-259, Aug 2007.
SOSA, A. V.; STOEL-GAMMON, C. Lexical and phonological effects in early word
production. Journal of Speech, Language, Hearing Research, v. 55, n. 2, p. 596-608, 2012.
SPEZZANO, L. C.; MANSUR, L. L.; RADANOVIC, M. Applicability of the "An Object and
Action Naming Battery" in Brazilian Portuguese. CoDAS, v. 25, n. 5, p. 437-443, 2013-10
2013.
WERTZNER, H. F. Fonologia (Parte A). In: ANDRADE, C. R. F. D.;BEFI-LOPES, D. M., et
al (Ed.). Teste de linguagem infantil nas áreas de fonologia, vocabulário, fluência e
pragmática. Carapicuíba: Pró-Fono, v.2, 2004. cap. 5-14, 98p.
WERTZNER, H. F.; PAPP, A. C. C. S.; GALEA, D. E. D. S. Provas de nomeação e
imitação como instrumentos de diagnóstico do transtorno fonológico. Pró-Fono Revista
de Atualização Científica. Barueri (SP). 18: 303-312 p. 2006.
WILLIAMS, A. L. Multiple oppositions: Theoretical foundations for an alternative
contrastive intervention approach. American Journal of Speech-Language Pathology, v. 9,
n. 4, p. 282-288, Nov 2000.
YAVAS, M.; HERNANDORENA, C. L. M.; LAMPRECHT, R. R. Avaliação Fonológica da
Criança. Porto Alegre: Artes Médicas, 2002. 148p.
YGUAL-FERNÁNDEZ, A.; CERVERA-MÉRIDA, J. F.; ROSSO, P. Utilidad del análisis
fonológico en la terapia del lenguaje. Revista de Neurología, v. 46, n. supl 1, p. S97-S100,
2008.
68
2.2. Estudo 2:
FATORES EXTRALINGUÍSTICOS NA PRODUÇÃO DOS SONS E DADOS
NORMATIVOS DA AVALIAÇÃO FONOLÓGICA - INFONO
Resumo
Este estudo analisou a influência do sexo, idade e tipo de escola (pública ou privada) na
produção de fonemas no INFONO, além de apresentar os seus dados normativos.
Participaram 733 crianças (idades entre 3 e 8 anos e 11 meses) falantes monolíngues do
Português Brasileiro (PB), com desenvolvimento fonológico típico. Os participantes foram
avaliados pelo INFONO por meio da nomeação espontânea. Realizou-se uma análise de
regressão linear múltipla com método stepwise. Os dados normativos para cada grupo foram
relatados através das médias, desvios-padrão e pontuações referentes ao percentil 5 e 10. A
comparação de desempenho entre os grupos foi realizada pelo Teste t de Student e análise de
variância ANOVA com post hoc Tukey. Os resultados mostraram que a idade teve maior
impacto na produção dos fonemas. Em geral, observaram-se aumento da produção correta dos
fonemas com o aumento da idade, valores de produção dos fonemas semelhantes entre os
sexos e uma oscilação em relação ao desempenho entre participantes de escola pública e
privada. Por fim, o INFONO é um instrumento de avaliação fonológica desenvolvido no
computador normatizado para a população do sul do Brasil.
Palavras-chave: Testes de Articulação da Fala; Transtornos da Articulação; Avaliação; Idade
Criança; Fala
69
EXTRALINGUISTIC FACTORS IN THE PRODUCTION OF SOUNDS AND
NORMATIVE DATA OF PHONOGICAL EVALUATION – INFONO
Abstract
The current study analyzed the influence of gender, age and the type of school (public or
private) on phoneme’s production within INFONO, besides presenting its normative data.
Seven hundred and thirty-three children (ages between 3 and 8 years and 11 months), who are
Brazilian Portuguese monolingual speakers with typical phonological development
participated in the study. The participants were assessed using INFONO by means of
spontaneous naming. A multiple linear analysis was done using the stepwise method. The
normative data from each group were reported through the means, standard-deviation and
scores of percentiles 5 and 10. The performance comparison between groups was done by
Student T test and ANOVA variance analysis with post hoc Tukey. Results showed that age
presented stronger impact on phoneme production. The increase in correct phoneme
production due to aging was observed as well as the values of similar phoneme production
between genders and an oscillation in performance among participants from private and
public schools. Finally, INFONO is the first computer developed phonological evaluation
instrument standardized to the population in the South of Brazil.
Keywords: Speech Articulation Tests; Articulation Disorders; Evaluation; Age; Child;
Speech;
Introdução
Os instrumentos de avaliação fonológica brasileiros mudaram passando de simples
testes de articulação para baterias de avaliações mais complexas (MOTA, 2001). Esta
mudança decorreu da necessidade de entender melhor a organização fonológica da criança,
além de obter informações das suas habilidades articulatórias. Essas baterias exigem mais
tempo de aplicação e análise dos resultados que os testes de articulação (YGUAL-
FERNÁNDEZ, CERVERA-MÉRIDA e ROSSO, 2008; BUENO, VIDOR e ALVES, 2010;
EISENBERG e HITCHCOCK, 2010), que ainda são utilizados, mas com o objetivo de avaliar
se os sons ausentes no inventário fonético são ou não estimuláveis e/ou para detectar
70
dificuldades articulatórias (MOTA, 2001; CASTRO e WERTZNER, 2009; EISENBERG e
HITCHCOCK, 2010; CASTRO e WERTZNER, 2012).
Dentre os instrumentos de avaliação fonológica existentes no Brasil, os mais utilizados
em pesquisas são a Avaliação Fonológica da Criança – AFC (YAVAS, HERNANDORENA e
LAMPRECHT, 2002) e o Teste de Linguagem Infantil – Fonologia – ABFW (WERTZNER,
2004). Esses testes são os mais completos existentes no país e apesar de serem muito
utilizados, ainda não apresentam estudos de normatização, validade e fidedignidade.
Internacionalmente cada vez mais os pesquisadores (MCCAULEY e SWISHER, 1984a;
b; PLANTE e VANCE, 1994; MCCAULEY, 2001; SECORD e DONOHUE, 2002; PAVEZ,
MAGGIOLO e COLOMA, 2009; FRIBERG, 2010; STRAND et al., 2013; VIGELAND e
KIRK, 2013; KIRK e VIGELAND, 2014; GOLDMAN e FRISTOE, s/a) estão preocupados
em analisar ou até mesmo apresentar dados normativos e estudos das propriedades
psicométricas dos instrumentos usados pelos fonoaudiólogos. Dentre esses instrumentos
destacam-se o Goldman Fristoe 2 – Test of Articulation – GFTA 2 (GOLDMAN e FRISTOE,
2000), o Clinical Assessment of Articulation and Phonology – CAAP (SECORD e
DONOHUE, 2002) e o Test para evaluar procesos de simplificación fonológica - TEPROSIF-
R (PAVEZ, MAGGIOLO e COLOMA, 2009). Nestes últimos, os manuais de aplicação
fornecem informações importantes e detalhadas sobre os dados normativos e estudos
psicométricos de validade e fidedignidade dos instrumentos.
Essa prática no Brasil ainda é pouco desenvolvida, e em geral os manuais de aplicação
não trazem essas informações. O aumento de estudos sobre a validade e fidedignidade é
extremamente importante para obter testes cada vez mais confiáveis e que auxiliem no
processo de diagnóstico e planejamento terapêutico de crianças com desvio fonológico
(FONSECA et al., 2008a; KIRK e VIGELAND, 2014; MCLEOD e VERDON, 2014). A
norma de um teste é o resumo estatístico das pontuações recebidas por uma amostra
normativa.
Conhecendo essa necessidade a fim de minimizar essa lacuna no desenvolvimento de
testes, iniciou-se a criação de um instrumento para avaliação fonológica do Português
Brasileiro (PB), denominado INFONO. Esse instrumento está sendo desenvolvido em
software para uso por fonoaudiólogos. Este software permitirá que os dados da fala sejam
obtidos por repetição, nomeação espontânea e/ou fala encadeada. A avaliação por repetição e
nomeação espontânea já estão prontas para uso, enquanto a fala encadeada está sendo
elaborada.
71
Atualmente, o INFONO é composto por 84 estímulos (auditivos para coleta por
repetição; figuras “animadas” com gif’s (termo dado às animações formadas por várias
imagens GIF compactadas numa só dando movimento a imagem), para a coleta através de
nomeação espontânea) que avaliam as 19 consoantes do PB nas diferentes posições silábicas e
a estrutura de Onset Complexo (OC). Para a avaliação da fala encadeada serão
disponibilizadas sequências lógico-temporais (em desenvolvimento no software), sendo
testadas todas as 84 palavras estímulo do INFONO nesta forma de coleta.
Todas as formas de coleta no INFONO permitem a gravação da fala da criança e a
visualização dos resultados: análise dos dados da avaliação (lista das palavras-alvo e das
transcrições da produção da criança); análise contrastiva (quantidade de acerto, omissão e
substituição na avaliação para cada fonema do PB); análise do inventário fonético (presença
ou ausência da produção do fonema) e fonológico (percentuais de acerto, omissão e
substituição para cada fonema em diferentes posições e estruturas silábicas); análise dos
traços distintivos; análise dos processos fonológicos; e, análise da gravidade do desvio. As
três últimas análises encontram-se em desenvolvimento no software.
No momento da avaliação, o avaliador escolhe por meio de uma lista de possibilidades a
transcrição fonética da produção da criança. Apenas para a fala encadeada a transcrição
deverá ser realizada após o término da avaliação. Os resultados são disponibilizados para
qualquer uma das três formas de coletas.
No desenvolvimento de normas para instrumentos que avaliam a fonologia é importante
considerar alguns fatores extralinguísticos como sexo, idade e nível socioeconômico. Esses
fatores garantem que o instrumento, de fato, reflita os dados da população em que será
utilizado (MCCAULEY e SWISHER, 1984a; FRIBERG, 2010; KIRK e VIGELAND, 2014).
A falta de representação desses fatores na amostra normativa pode levar a comparações
equivocadas da criança avaliada com grupo ao qual ela será comparada (grupo normativo), o
que pode conduzir a erros de diagnóstico (MCCAULEY e SWISHER, 1984a; b), além de um
planejamento terapêutico inadequado.
O efeito da idade no desempenho fonológico é inquestionável, uma criança de 3 anos de
idade, terá desempenho inferior a uma de 8 anos e isso deve aparecer na amostra normativa. A
situação socioeconômica é pertinente, principalmente quando os resultados podem ser
afetados pelo nível socioeconômico (MCCAULEY e SWISHER, 1984a; FRIBERG, 2010;
KIRK e VIGELAND, 2014).
72
Outro fator referido pela literatura (FRIBERG, 2010; KIRK e VIGELAND, 2014) como
importante é o tamanho da amostra. Esta deve ser suficientemente grande para cada subgrupo
testado, porque isto aumenta a probabilidade de que a amostra represente a variabilidade e
distribuição dos escores da população em geral. A escolha de um instrumento de avaliação
que considera todas essas variáveis é importante para um diagnóstico adequado e preciso
(FRIBERG, 2010; KIRK e VIGELAND, 2014).
O conhecimento de que um teste com estudos psicométricos possui desejáveis
características oferece uma garantia para o avaliador que os efeitos de tais fatores
extralinguísticos foram reduzidos, e que o comportamento avaliado pelo teste é
provavelmente os de interesse para o avaliador. Em outras palavras, este conhecimento
oferece ao usuário do teste alguma garantia de que o teste pode ajudar na identificação da
deficiência (MCCAULEY e SWISHER, 1984b).
Tendo em vista o que foi exposto acima, o objetivo deste estudo foi analisar a influência
de fatores extralinguísticos como sexo, idade e tipo de escola (pública ou privada) no
desempenho da produção dos fonemas na avaliação fonológica e apresentar dados normativos
de desempenho para o INFONO.
Método
Participantes
A amostra deste estudo foi de conveniência, sendo a maioria dos participantes
recrutada em escolas (8 públicas e 4 privadas). Foram contatadas 1448 crianças da região sul
do Brasil, das quais 1076 (73%) foram autorizadas a participar do estudo e avaliadas pela
fonoaudióloga.
Os participantes que eram bilíngues e/ou que apresentavam queixas ou suspeitas de
perda auditiva, problema neurológico e/ou psicológico, déficits intelectuais, diagnóstico de
autismo, síndrome de Down, tratamento fonoaudiológico anterior foram excluídos do estudo.
Esses itens foram analisados considerando os questionários respondidos pelos
pais/responsáveis (Apêndice II) e professores (Apêndice III); bem como, foram excluídos os
participantes que, através de uma breve conversa com a fonoaudióloga ou durante a realização
do INFONO, apresentavam prováveis alterações como: mordida aberta anterior, ceceio,
interposição lingual anterior, suspeitas de déficits de linguagem e/ou vocabulário, etc.
Considerando esses critérios, foram excluídos os dados de 210 crianças.
73
Participaram do estudo 733 crianças monolíngues do PB com desenvolvimento
fonológico típico, divididas a partir de uma combinação quanto à idade (16 faixas de idade de
3 a 8 anos e 11 meses), tipo de escola (n = 311 provenientes de escolas públicas e 422 de
escolas privadas) e sexo (n = 401 meninas e 332 meninos) (Tabela 1). O tipo de escola foi
analisado com o intuito de abranger as diferentes realidades sociais.
Tabela 1. Distribuição da amostra normativa geral e por grupo etário conforme idade, sexo e
tipo de escola
Amostra n
Idade
(anos e meses) Sexo Tipo de escola
M DP Feminino
n (%)
Masculino
n (%)
Privada
n (%)
Pública
n (%)
Geral 733 6,08 1,58 401 (54,7) 332 (45,3) 422 (57,6) 311 (42,4)
Grupo
etário
3:0 – 3:3 25 3,14 0,11 14 (56,0) 11 (44,0) 15 (60,0) 10 (40,0)
3:4 – 3:7 38 3,47 0,09 18 (47,4) 20 (52,6) 26 (68,4) 12 (31,6)
3:8 – 3:11 34 3,79 0,09 18 (52,9) 16 (47,1) 17 (50,0) 17 (50,0)
4:0 – 4:3 31 4,14 0,10 18 (58,1) 13 (41,9) 9 (29,0) 22 (71,0)
4:4 – 4:7 34 4,50 0,11 20 (58,8) 14 (41,2) 22 (64,7) 12 (35,3)
4:8 – 4:11 35 4,83 0,11 15 (42,9) 20 (57,1) 25 (71,4) 10 (28,6)
5:0 – 5:3 44 5,18 0,08 26 (59,1) 18 (40,9) 21 (47,7) 23 (52,3)
5:4 – 5:7 40 5,49 0,10 18 (45,0) 22 (55,0) 21 (52,5) 19 (47,5)
5:8 – 5:11 51 5,82 0,09 33 (64,7) 18 (35,3) 18 (35,3) 33 (64,7)
6:0 – 6:3 53 6,18 0,09 29 (54,7) 24 (45,3) 35 (66,0) 18 (34,0)
6:4 – 6:7 59 6,49 0,10 20 (50,8) 29 (49,2) 40 (67,8) 19 (32,2)
6:8 – 6:11 59 6,82 0,09 34 (57,6) 25 (42,4) 43 (72,9) 16 (27,1)
7:0 – 7:6 72 7,22 0,13 36 (50,0) 36 (50,0) 44 (61,1) 28 (38,9)
7:7 – 7:11 58 7,73 0,15 35 (60,3) 23 (39,7) 32 (55,2) 26 (44,8)
8:0 – 8:6 61 8,25 0,14 35 (57,4) 26 (42,6) 33 (54,1) 28 (45,9)
8:7 – 8:11 39 8,72 0,15 22 (56,4) 17 (43,6) 21 (53,8) 18 (46,2)
Legenda: n = número de sujeitos; M = Média; DP = Desvio Padrão
Instrumento e Procedimentos
Trata-se de uma pesquisa quantitativa transversal desenvolvida no Curso de Pós-
Graduação de uma instituição de ensino superior. O estudo foi aprovado no Comitê de Ética
em Pesquisa (CEP) da mesma instituição de ensino superior, sob o protocolo
23081.005433/2011-65. O representante legal de cada criança concordou com a participação
74
destas no estudo pela assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Apêndice I)
e as crianças aceitaram a participar da atividade oralmente.
Primeiramente foi realizada uma breve conversa com a criança a fim de detectar
possíveis alterações que justificassem a exclusão do participante no estudo. Essa breve
conversa, assim como a aplicação do INFONO- Nomeação Espontânea foi realizada por três
fonoaudiólogas doutorandas e por uma fonoaudióloga com mais de 10 anos de experiência na
área do estudo. Todas tiveram um treinamento prévio para a aplicação do instrumento.
O INFONO - Nomeação Espontânea foi aplicado individualmente em cada criança, em
sala cedida pela escola com duração de aproximadamente 15 a 20 minutos. Parte deste
instrumento está em desenvolvimento, porém para este estudo utilizou-se a avaliação por
nomeação espontânea que já estava concluída.
As 84 figuras “animadas” presentes na avaliação por nomeação espontânea apresentam
uma pergunta-chave (a ser realizada pelo avaliador) para facilitar a produção do alvo, como
por exemplo: “Ele usa o lápis para...?” (escrever), “Que bicho é este?” (cachorro), etc. Se
necessário, o avaliador pode recorrer a outro tipo de questionamento para obter a palavra-
alvo. Neste estudo, raramente foi necessário oferecer outra pergunta para obter a produção da
palavra-alvo. Dessa forma, foi possível obter todas as palavras-alvo disponíveis no INFONO -
Nomeação Espontânea. Para cada consoante do PB nas diferentes posições da sílaba e da
palavra são oferecidas, no mínimo, três palavras-alvo. Esse instrumento não analisa as vogais
porque estas são menos propensas a serem produzidas com alterações no desvio fonológico,
porém todas elas aparecem nas palavras-alvo.
A produção da criança foi gravada e a transcrição escolhida no próprio software, no
momento da avaliação, podendo ser conferida após a finalização do teste. O INFONO
disponibiliza uma lista de transcrições de cada palavra-alvo para ser selecionada conforme a
produção da criança, podendo ser complementada pelo avaliador. Esta lista foi elaborada com
base nos processos fonológicos presentes na fala de crianças. Para realizar a avaliação pelo
INFONO é importante o avaliador estar familiarizado com o instrumento de avaliação
(figuras, palavras-alvo, funcionamento do software), conhecer a aquisição fonológica e ter
experiência com transcrição.
Após a realização das avaliações, elaborou-se o banco de dados no software SPSS com
os dados da análise do inventário fonológico (percentuais de acerto, omissão e substituição
para cada fonema) de cada sujeito fornecido pelo software.
75
A confiabilidade da transcrição foi calculada pela concordância ponto-a-ponto das
consoantes avaliadas pelo INFONO - Nomeação Espontânea. A confiabilidade inter-
examinador foi realizada de forma independente para 15% da amostra (120 crianças). A
confiabilidade da transcrição foi alta (M = 95,3%, variando de 93,3% a 98,6%).
Análise dos dados
Os dados foram analisados através do software SPSS versão 22 para Windows. A
análise descritiva incluiu a verificação de médias, desvios-padrão e frequências absolutas e
relativas. A normalidade da distribuição dos dados foi investigada através do teste
Kolmogorov-Smirnov. Na verificação dos efeitos da idade, sexo e tipo de escola na produção
dos fonemas utilizou-se a análise de regressão linear múltipla com método stepwise, sendo a
análise de independência dos erros verificada com a estatística de Durbin-Watson. As crianças
típicas foram divididas em grupos de acordo com a idade, tipo de escola e sexo e a
comparação de desempenho entre os grupos foram realizadas utilizando-se o Teste t de
Student para amostras independentes e análise de variância ANOVA com post hoc Tukey
(Apêndice IV). Os dados normativos de referência para cada um dos grupos foram relatados
através das médias e desvios-padrão, além da pontuação referente ao percentil 5 e percentil
10. Os resultados foram considerados significativos quando p ≤ 0.05.
Resultados
A influência de fatores extralinguísticos como idade, sexo e tipo de escola na produção
dos fonemas nas estruturas de onset simples, coda e OC foram analisadas (Tabela 2). De
modo geral, o modelo foi útil para prever as variáveis extralinguísticas que se associaram a
produção dos fonemas.
Na produção dos fonemas /p/, /b/, /d/, /g/, /f/, /s/, /z/, /m/, /n/ em onset e arquifonemas
/N/, /L/ em coda, a associação da variável significativa para o modelo (apenas idade) foi fraca
e positiva, sendo a variável idade responsável por um percentual pequeno de variância (todos
abaixo de 8%). Nos fonemas //, //, //, /l/, //, a associação com a idade foi moderada e
positiva. Essa variável foi responsável por uma variância 10% a 19% dependendo do fonema.
A associação das variáveis significativas (idade e tipo de escola) na produção do
fonema /t/ em onset e /s/ em coda foi moderada, do /r/ em coda foi forte e para /k/ e /v/ foi
76
fraca. As variáveis foram responsáveis por 14,80%, 22,80%, 41,70%, 4,48% e 7,10%,
respectivamente da variância da produção nesses fonemas. Além disso, a idade demonstrou
estar positivamente relacionada ao desempenho na produção desses fonemas. Estudar em
escola pública demonstrou associação com um melhor desempenho para a produção dos
fonemas /t/, /r/, /s/ e /v/, enquanto estudar em escola privada, para a produção do /k/. Os
coeficientes de regressão padronizados indicam que a idade apresenta maior impacto do que
as demais variáveis nesse modelo, seguido por tipo de escola.
Na produção do fonema // em onset, a associação das variáveis significativas para o
modelo (idade, tipo de escola e sexo) foi moderada. As variáveis foram responsáveis por
14,80% da variância nesse fonema. A idade demonstrou estar negativamente relacionada ao
desempenho na produção. Além disso, ser do sexo masculino e de escola privada demonstrou
associação com um melhor desempenho na produção desse fonema. Os coeficientes de
regressão padronizados indicam que a idade apresenta maior impacto do que as demais
variáveis nesse modelo, seguida por tipo de escola.
A associação das variáveis significativas para o modelo (idade e sexo) foi moderada
para a produção do fonema /r/ em onset e forte para a estrutura Fricativa + /r/. As variáveis
foram responsáveis por 28,60% e 42,10% da variância da produção, respectivamente. A idade
demonstrou estar positivamente relacionada ao desempenho na produção. Além disso, ser do
sexo feminino demonstrou associação com um melhor desempenho na produção de ambos.
Os coeficientes de regressão padronizados indicam que a idade apresenta maior impacto do
que as demais variáveis nesse modelo, seguido por sexo.
A associação das variáveis significativas para o modelo (idade, tipo de escola e sexo)
foi forte para a produção da estrutura OC (Plos. + /l/; Plos. + /r/; Fric. + /l/). As variáveis
foram responsáveis por uma variância de 44,6%, 48,0% 46,9%, respectivamente, na produção
dos fonemas. A idade demonstrou estar positivamente relacionada ao desempenho na
produção desses fonemas. Ser de escola pública e do sexo masculino demonstrou associação
com um melhor desempenho para a produção dessas estruturas. Os coeficientes de regressão
padronizados indicam que a idade apresenta maior impacto do que as demais variáveis nesse
modelo, seguido por tipo de escola.
77
Tabela 2 – Influência de fatores extralinguísticos na produção dos fonemas - Modelos da
Regressão Linear Múltipla
Modelos b±SE β T IC de 95% R R2 R2a F p
Onset Simples
/p/ Constante 8,847±0,023 - 386,276 8,802 – 8,892 0,208 0,043 0,042 33,030 ≤ 0,001
Idade 0,021±0,004 0,208 5,747 0,014 – 0,028
/b/ Constante 9,550±0,056 - 170,008 9,440 – 9,660 0,231 0,053 0,052 41,165 ≤ 0,001
Idade 0,057±0,009 0,231 6,416 0,040 – 0,075
/t/ Constante 17,847±0,105 - 170,532 17,642 – 18,053
Idade 0,169±0,016 0,355 10,389 0,137 – 0,200 0,385 0,148 0,146 63,333 ≤ 0,001
Tipo de escola -0,214±0,052 -0,142 -4,143 -0,316 – -0,113
/d/ Constante 6,869±0,065 - 105,885 6,741 – 6,996 0,095 0,009 0,008 6,607 0,010
Idade 0,027±0,010 0,095 2,570 0,006 – 0,047
/k/ Constante 17,593±0,056 - 312,748 17,482 – 17,703
Idade 0,050±0,009 0,206 5,693 0,033 – 0,067 0,218 0,048 0,045 18,234 ≤ 0,001
Tipo de escola 0,059±0,028 0,076 2,115 0,004 – 0,113
/g/ Constante 6,745±0,035 - 192,218 6,676 – 6,814 0,228 0,052 0,051 40,081 ≤ 0,001
Idade 0,035±0,006 0,228 6,331 0,024 – 0,046
/f/ Constante 6,756±0,033 - 204,790 6,691 – 6,821 0,229 0,052 0,051 40,377 ≤ 0,001
Idade 0,033±0,005 0,229 6,354 0,023 – 0,044
/v/ Constante 7,325±0,077 - 94,884 7,174 – 7,477
Idade 0,070±0,012 0,210 5,889 0,047 – 0,094 0,267 0,071 0,069 28,101 ≤ 0,001
Tipo de escola -0,173±0,038 -0,162 -4,533 -0,248 – -0,098
/s/ Constante 8,549±0,061 - 140,492 8,429 – 8,668 0,231 0,053 0,052 41,092 ≤ 0,001
Idade 0,062±0,010 0,231 6,410 0,043 – 0,081
/z/ Constante 5,764±0,047 - 123,741 5,672 – 5,855 0,167 0,028 0,027 20,934 ≤ 0,001
Idade 0,034±0,007 0,167 4,575 0,019 – 0,048
// Constante 5,554±0,119 - 46,566 5,320 – 5,788
0,365 0,134 0,132 112,650 ≤ 0,001
Idade 0,201±0,019 0,365 10,614 0,164 – 0,239
// Constante 4,593±0,125 - 36,825 4,348 – 4,838
0,369 0,136 0,135 115,259 ≤ 0,001
Idade 0,213±0,020 0,369 10,736 0,174 – 0,252
// Constante 4,912±0,103 - 47,762 4,710 – 5,114
0,324 0,105 0,104 86,005 ≤ 0,001
Idade 0,152±0,016 0,324 9,274 0,120 – 0,184
/m/ Constante 5,740±0,036 - 159,467 5,670 – 5,811 0,213 0,045 0,044 34,601 ≤ 0,001
Idade 0,034±0,006 0,213 5,882 0,022 – 0,045
/n/ Constante 7,543±0,047 - 159,587 7,450 – 7,636 0,284 0,081 0,080 64,354 ≤ 0,001
Idade 0,060±0,008 0,284 8,022 0,046 – 0,075
// Constante 4,879±0,160 - 30,438 4,564 – 5,193
Idade -0,227±0,024 -0,322 -9,404 -0,274 – -0,179 0,385 0,148 0,145 42,274 ≤ 0,001
78
Modelos b±SE β T IC de 95% R R2 R2a F p
Tipo de escola 0,421±0,077 0,187 5,475 0,270 – 0,572
Sexo -0,217±0,076 -0,097 -2,836 -0,367 – -0,067
/l/ Constante 9,831±0,105 - 93,691 9,625 – 10,037 0,340 0,116 0,114 95,575 ≤ 0,001
Idade 0,163±0,017 0,340 9,776 0,130 – 0,196
// Constante 2,480±0,086 - 28,943 2,312 – 2,648
0,439 0,193 0,192 174,449 ≤ 0,001
Idade 0,180±0,014 0,439 13,208 0,153 – 0,207
/r/ Constante 3,702±0,247 - 14,977 3,217 – 4,188
Idade 0,639±0,038 0,524 16,753 0,564 – 0,713 0,534 0,286 0,284 145,976 ≤ 0,001
Sexo -0,347±0,121 -0,090 -2,871 -0,584 – -0,110
Coda
/N/ Constante 7,388±0,127 - 58,295 7,139 – 7,637 0,131 0,017 0,016 12,715 ≤ 0,001
Idade 0,072±0,020 0,131 3,566 0,032 – 0,112
/L/ Constante 5,749±0,035 - 165,781 5,681 – 5,817 0,225 0,051 0,049 39,107 ≤ 0,001
Idade 0,035±0,006 0,225 6,254 0,024 – 0,045
/r/ Constante 1,603±0,230 - 6,959 1,151 – 2,056
Idade 0,808±0,036 0,639 22,613 0,738 – 0,878 0,646 0,417 0,415 261,078 ≤ 0,001
Tipo de escola -0,329±0,114 -0,082 -2,886 -0,553 – -0,105
/s/ Constante 8,001±0,265 - 30,173 7,481 – 8,522
Idade 0,593±0,041 0,470 14,436 0,513 – 0,674 0,477 0,228 0,226 107,742 ≤ 0,001
Tipo de escola -0,315±0,131 -0,078 -2,404 -0,573 – -0,058
Onset Complexo
Plos.
+ /l/
Constante - - -1,483 -0,699 – 0,097
Idade 0,720±0,031 0,651 23,581 0,660 – 0,780
0,668 0,446 0,444 195,491 ≤ 0,001 Tipo de escola -0,416±0,097 -0,118 -4,278 -0,608 – -0,225
Sexo -0,213±0,097 -0,061 -2,202 -0,403 – -0,023
Plos.
+ /r/
Constante -0,627±0,796 - -0,788 -2,190 – 0,936
Idade 3,044±0,120 0,679 25,421 2,809 – 3,280
0,693 0,480 0,478 224,416 ≤ 0,001 Tipo de escola -0,416±0,097 -0,118 -4,278 -0,608 – -0,225
Sexo -0,213±0,097 -0,061 -2,202 -0,403 – -0,023
Fric.
+ /l
Constante -0,406±0,090 - -4,528 -0,582 – -0,230
Idade 0,330±0,014 0,661 24,464 0,304 – 0,357
0,685 0,469 0,467 214,718 ≤ 0,001 Tipo de escola -0,242±0,043 -0,152 -5,622 -0,327 – -0,158
Sexo -0,098±0,043 -0,062 -2,280 -0,181 – -0,014
Fric.
+ /r/
Constante -0,087±0,204 - -0,424 -0,488 – 0,315
Idade 0,712±0,032 0,637 22,600 0,651 – 0,774 0,649 0,421 0,419 264,923 ≤ 0,001
Sexo -0,371±0,100 -0,105 -3,711 -0,567 – -0,175
Legenda: B = Coeficiente de regressão não-padronizado; SE = Erro padrão; β = Coeficiente de regressão
padronizado; t = Estatística teste de Student; R = Coeficiente de correlação múltiplo; R2 = R quadrado; R
2a
= R quadrado ajustado; F = Razão F; Plos. = plosiva; Fric. = fricativa
79
As Tabelas 3 e 4 apresentam os escores normativos do INFONO obtidos através do
número de produções corretas no inventário fonológico. Sugere-se que preferencialmente seja
utilizada a Tabela 3 para verificar o desempenho de uma criança em relação aos escores
normativos, porque o efeito da idade foi significativo para todos os fonemas, em diferentes
posições e estruturas silábicas, e quando associada às outras variáveis (tipo de escola e sexo) o
impacto da variável idade foi maior. Ainda, nestas tabelas é apresentado o número de
possibilidades de produções de cada fonema em diferentes posições e estruturas silábicas.
Salienta-se que para alguns fonemas (/t, d, z, , , l, r/ em onset e /N, s/ em coda) o número de
possibilidades de produção pode ser maior do que o apresentado nas tabelas. Isso ocorre
porque algumas das palavras-alvo são produzidas acrescentando fonemas como, por exemplo,
o alvo “refri” pode ser produzido como “refrigerante”, “magro” como “magrinho”, “cachorro”
como “cachorrinho”, “trem” como “trenzinho”, “chiclé” como “chiclete”, etc. Ao comparar o
resultado da avaliação de uma criança com os dados normativos em que o escore ultrapassa o
número de possibilidades de produção deve-se considerar que o esperado de produção seja
igual ao número de possibilidades de produção, ou seja, não necessariamente a criança
avaliada deve ultrapassar o número de possibilidades de produção, mas deve atingir o
esperado para sua faixa etária.
Na Tabela 3, as médias e desvio padrão são apresentados por faixa etária para cada
fonema em diferentes posições e estruturas silábicas avaliado pelo INFONO - Nomeação
Espontânea. De modo geral, observa-se o aumento da produção correta dos fonemas
conforme o avanço da idade. Para alguns fonemas, por exemplo, /p/ e /b/, a produção do
fonema se mantém com o aumento da idade, pelo fato desses fonemas serem adquiridos antes
da faixa etária analisada neste estudo.
São apresentados na Tabela 4 as médias e desvios padrão para cada fonema em
diferentes posições e estruturas silábicas que mostraram diferença significativa na
comparação do desempenho quanto aos sexos e tipos de escola. De modo geral, observam-se
valores de produção dos fonemas bastante semelhantes entre os sexos conforme avança a
idade havendo diferença significativa apenas para //, /r/ e para a estrutura de OC. Em relação
ao tipo de escola, observa-se uma oscilação em relação ao desempenho entre escola privada e
escola pública na produção dos fonemas e OC com diferença significativa na comparação do
desempenho (/t/, /k/, /v/, //, //, etc.). Nota-se o aumento da produção correta da estrutura de
OC conforme avança a idade.
80
A idade com que 90 e 95% (percentil 5 e 10) da amostra de normatização produziu
corretamente (superior a 80% de produção correta) as consoantes e encontros consonantais do
PB (Tabela 5). Os fonemas /r/ em Coda, // em onset, e as estruturas de OC estão entre os
mais difíceis de serem adquiridos pelas crianças. A Tabela 6 mostra a idade com que 90 e
95% (percentil 5 e 10) da amostra de normatização produziu corretamente as variáveis
(consoantes e encontros consonantais) que tiveram diferença significativa no desempenho
entre o sexo e tipo de escola.
A comparação de desempenho na produção dos fonemas de acordo com o sexo e tipo
de escola é apresentada na Tabela 7. Quanto ao sexo, para todas as variáveis houve um
melhor desempenho das meninas. No entanto, foi encontrada diferença significativa na
produção do // e /r/ em onset e para todos os encontros consonantais, sendo que o sexo
feminino apresentou melhor desempenho. Em relação ao tipo de escola, também houve
algumas diferenças significativas, com desempenho oscilando entre participantes de escola
pública e privada na produção dos fonemas.
81
Tabela 3 – Escores normativos do INFONO por faixa etária
Fonemas
(n)
Onset Coda Onset Complexo
/p/
(9,00)
/b/
(10,00)
/t/
(19,00)
/d/
(7,00)
/k/
(18,00)
/g/
(7,00)
/f/
(7,00)
/v/
(8,00)
/s/
(9,00)
/z/
(6,00)
/ /
(7,00)
/ /
(6,00)
//
(6,00)
/m/
(6,00)
/n/
(8,00)
//
(3,00)
/l/
(11,00)
//
(4,00)
/r/
(8,00)
/N/
(8,00)
/L/
(6,00)
/r/
(9,00)
/s/
(10,00)
Plos.+
/l/
(5,00)
Plos +
/r/
(21,00)
Fric.+
/l/
(2,00)
Fric.+
/r/
(5,00)
3:0 –
3:3
M 8,88 9,56 17,80 6,88 17,56 6,72 6,84 7,12 8,64 5,68 5,20 3,92 4,20 5,76 7,60 4,32 9,44 2,80 3,76 7,08 5,72 2,80 8,44 0,56 2,08 0,08 0,44
DP 0,33 0,96 1,38 1,09 0,96 0,74 0,47 0,88 0,86 0,69 1,96 2,31 2,06 0,44 0,71 1,68 1,92 1,00 2,70 1,29 0,68 1,96 2,58 1,04 4,45 0,28 1,26
3:4 –
3:7
M 8,82 9,71 18,29 6,95 17,76 6,82 6,79 7,42 8,66 5,87 5,66 4,87 5,03 5,74 7,58 4,37 10,05 3,11 4,68 7,61 5,76 3,21 9,66 1,34 5,55 0,45 1,37
DP 0,39 0,57 1,09 0,77 0,59 0,46 0,58 0,79 0,75 0,74 2,17 1,83 1,48 0,60 0,72 1,57 1,84 0,92 3,22 1,31 0,54 2,16 2,26 1,65 6,93 0,69 1,87
3:8 –
3:11
M 8,97 9,76 18,38 6,85 17,82 6,85 6,88 7,35 8,41 5,76 6,21 5,38 5,56 5,94 7,82 4,15 10,15 2,91 4,82 7,68 5,85 3,44 9,09 1,50 6,71 0,38 1,71
DP 0,17 0,78 1,07 0,74 0,67 0,44 0,33 0,65 1,40 0,74 1,41 1,26 1,08 0,24 0,46 1,44 1,52 1,14 3,12 0,98 0,44 2,41 2,52 1,64 7,62 0,74 2,08
4:0 –
4:3
M 8,90 9,71 18,19 6,84 17,84 6,94 6,87 7,55 8,87 5,90 6,68 5,77 5,74 5,87 7,87 4,19 10,77 3,32 5,97 7,52 5,90 4,84 10,23 2,03 9,77 0,65 2,61
DP 0,30 0,59 1,05 0,52 0,45 0,25 0,34 0,62 0,34 0,60 1,14 1,23 0,89 0,34 0,34 1,47 0,50 0,70 3,21 0,93 0,40 2,13 2,17 1,96 8,15 0,80 2,35
4:4 –
4:7
M 8,94 9,82 18,65 7,09 17,85 6,91 6,88 7,76 9,00 6,03 6,74 5,94 5,79 5,91 7,79 4,03 10,88 3,41 6,88 7,79 5,97 5,50 11,32 2,74 12,32 0,91 2,97
DP 0,24 0,52 0,88 0,45 0,44 0,38 0,41 0,50 0,00 0,30 0,79 0,60 0,48 0,38 0,41 1,22 0,33 0,70 2,60 1,20 0,17 1,89 1,47 2,02 8,34 0,75 2,24
4:8 –
4:11
M 9,00 9,89 18,71 6,97 17,86 6,97 6,97 7,71 8,97 5,97 6,80 5,91 6,00 5,94 7,89 3,80 10,97 3,54 7,57 7,69 6,00 6,14 11,63 3,43 14,97 1,26 3,63
DP 0,00 0,32 0,46 0,38 0,43 0,17 0,17 0,46 0,17 0,17 0,47 0,37 0,00 0,24 0,32 1,28 0,17 0,51 1,20 0,90 0,00 1,42 1,83 1,72 7,50 0,82 1,93
5:0 –
5:3
M 9,00 9,82 18,73 7,05 17,98 6,93 6,93 7,66 9,00 6,00 6,91 5,95 6,00 5,93 7,86 3,68 10,91 3,34 7,84 7,70 6,00 6,41 11,57 3,50 17,07 1,30 4,16
DP 0,00 0,39 0,59 0,48 0,15 0,33 0,25 0,53 0,00 0,00 0,29 0,37 0,00 0,25 0,41 1,05 0,29 0,61 0,64 0,93 0,00 0,92 1,48 1,66 6,11 0,82 1,55
5:4 –
5:7
M 8,98 9,98 18,83 7,18 17,95 6,98 6,98 7,80 8,95 6,03 6,98 6,08 5,98 5,98 7,93 3,50 10,98 3,58 8,05 8,10 5,98 6,95 11,60 4,05 18,78 1,43 4,60
DP 0,16 0,16 0,55 0,50 0,22 0,16 0,16 0,41 0,22 0,16 0,16 0,42 0,16 0,16 0,27 1,26 0,16 0,50 0,45 0,96 0,16 1,15 1,60 1,30 4,25 0,75 1,03
5:8 –
5:11
M 9,00 9,98 18,71 7,08 17,92 7,00 6,98 7,69 8,98 6,02 6,98 6,00 6,00 5,98 7,96 3,61 10,94 3,51 7,90 7,88 5,98 6,51 11,41 3,94 17,84 1,45 4,24
DP 0,00 0,14 0,50 0,27 0,34 0,00 0,14 0,47 0,14 0,14 0,14 0,20 0,00 0,14 0,20 0,92 0,24 0,54 0,30 0,62 0,14 0,92 1,43 1,42 5,48 0,70 1,42
6:0 –
6:3
M 8,98 10,00 18,98 7,09 17,98 7,00 7,00 7,75 9,00 6,00 6,98 6,11 6,00 5,96 7,98 3,43 10,98 3,66 8,11 8,02 6,00 7,13 11,87 4,60 20,40 1,77 4,96
DP 0,14 0,00 0,50 0,30 0,14 0,00 0,00 0,43 0,00 0,00 0,14 0,32 0,00 0,19 0,14 0,84 0,14 0,48 0,42 0,57 0,00 1,14 1,78 0,74 0,95 0,47 0,27
6:4 – M 8,98 9,90 18,83 7,00 17,88 7,00 7,00 7,73 8,95 5,98 6,97 6,07 5,98 5,97 7,93 3,46 10,97 3,68 8,00 7,95 5,95 6,92 11,73 4,46 20,12 1,83 4,81
82
Fonemas
(n)
Onset Coda Onset Complexo
/p/
(9,00)
/b/
(10,00)
/t/
(19,00)
/d/
(7,00)
/k/
(18,00)
/g/
(7,00)
/f/
(7,00)
/v/
(8,00)
/s/
(9,00)
/z/
(6,00)
/ /
(7,00)
/ /
(6,00)
//
(6,00)
/m/
(6,00)
/n/
(8,00)
//
(3,00)
/l/
(11,00)
//
(4,00)
/r/
(8,00)
/N/
(8,00)
/L/
(6,00)
/r/
(9,00)
/s/
(10,00)
Plos.+
/l/
(5,00)
Plos +
/r/
(21,00)
Fric.+
/l/
(2,00)
Fric.+
/r/
(5,00)
6:7 DP 0,13 0,36 0,67 0,19 0,56 0,00 0,00 0,45 0,29 0,13 0,18 0,25 0,13 0,18 0,31 1,07 0,26 0,47 0,37 0,47 0,22 1,00 1,26 1,18 2,69 0,38 0,75
6:8 –
6:11
M 9,00 9,93 19,02 7,07 17,98 7,00 7,00 7,83 9,00 6,00 6,98 6,14 6,00 5,97 8,00 3,19 11,00 3,81 8,12 7,98 6,00 6,98 11,58 4,76 20,47 1,85 4,93
DP 0,00 0,25 0,51 0,25 0,13 0,00 0,00 0,38 0,00 0,00 0,13 0,35 0,00 0,18 0,00 0,57 0,00 0,39 0,38 0,66 0,00 1,09 1,43 1,80 0,88 0,41 0,25
7:0 –
7:6
M 9,00 9,99 19,08 7,08 18,00 7,00 7,00 7,74 9,00 6,00 7,00 6,17 6,00 6,00 7,99 3,35 10,99 3,79 8,19 8,03 6,00 7,07 12,10 4,50 20,60 1,85 4,96
DP 0,00 0,12 0,47 0,33 0,00 0,00 0,00 0,44 0,00 0,17 0,00 0,41 0,00 0,00 0,12 1,01 0,12 0,41 0,40 0,73 0,00 1,28 1,59 0,98 0,87 0,43 0,20
7:7 –
7:11
M 9,00 10,00 19,19 7,00 18,00 7,00 7,00 7,78 9,00 6,00 7,00 6,21 6,00 5,97 8,00 3,26 11,02 3,86 8,24 7,91 6,00 7,91 12,66 4,88 20,66 1,97 4,91
DP 0,00 0,00 0,44 0,00 0,00 0,00 0,00 0,42 0,00 0,00 0,00 0,52 0,00 0,18 0,00 0,71 0,13 0,35 0,43 0,71 0,00 1,19 1,65 0,33 0,64 0,26 0,28
8:0 –
8:6
M 9,00 9,93 18,92 7,10 17,97 7,00 7,00 7,70 8,98 6,02 6,97 6,00 5,89 6,00 7,97 3,25 10,97 3,87 8,05 7,85 6,00 7,54 12,62 4,84 20,77 1,93 4,98
DP 0,00 0,31 0,46 0,35 0,18 0,00 0,00 0,49 0,13 0,13 0,18 0,41 0,78 0,00 0,18 0,62 0,26 0,34 0,28 0,75 0,00 1,07 1,37 0,42 0,46 0,25 0,13
8:7 –
8:11
M 9,00 10,00 18,92 7,03 18,00 7,00 7,00 7,79 9,00 6,00 6,97 6,10 6,00 6,00 8,00 3,10 11,00 3,92 8,10 7,59 6,00 7,56 12,38 4,85 20,82 1,95 4,95
DP 0,00 0,00 0,53 0,16 0,00 0,00 0,00 0,41 0,00 0,00 0,16 0,31 0,00 0,00 0,00 0,38 0,00 0,27 0,31 0,97 0,00 1,17 1,41 0,37 0,39 0,22 0,32
Legenda: M = Média; DP = Desvio Padrão; n = número de possibilidade de produção
Tabela 4 – Escores normativos das consoantes e encontros consonantais que apresentaram diferença significativa na produção entre os sexos e
tipo de escola
Sexo //
(3,00)
/r/
(8,00)
Plos.+ /l/
(5,00)
Plos + /r/
(21,00)
Fric.+ /l/
(2,00)
Fric.+ /r/
(5,00) Tipo de escola
/t/
(19,00)
/k/
(18,00)
/v/
(8,00)
//
(3,00)
//
(4,00)
/r/
(8,00)
/r/ C
(9,00)
/s/ C
(10,00)
Plos.+ /l/
(5,00)
Fric.+ /l/
(2,00)
3:0 – 3:3
Feminino M 4,32 3,76 0,64 1,79 0,14 0,29 Privada M 17,73 17,27 7,20 4,07 2,67 3,27 2,47 8,73 0,47 0,07
DP 1,68 2,70 1,15 5,03 0,36 1,07 DP 1,58 0,96 0,94 1,67 1,05 2,49 1,92 2,40 0,92 0,26
Masculino M 4,64 3,64 0,45 2,45 0,00 0,64 Pública M 17,90 18,00 7,00 4,70 3,00 4,50 3,30 8,00 0,70 0,10
DP 1,91 2,46 0,93 3,80 0,00 1,29 DP 1,10 0,82 0,82 1,70 0,94 2,95 2,00 2,91 1,25 0,32
83
Sexo //
(3,00)
/r/
(8,00)
Plos.+ /l/
(5,00)
Plos + /r/
(21,00)
Fric.+ /l/
(2,00)
Fric.+ /r/
(5,00) Tipo de escola
/t/
(19,00)
/k/
(18,00)
/v/
(8,00)
//
(3,00)
//
(4,00)
/r/
(8,00)
/r/ C
(9,00)
/s/ C
(10,00)
Plos.+ /l/
(5,00)
Fric.+ /l/
(2,00)
3:4 – 3:7
Feminino M 4,94 5,28 1,61 7,44 0,56 1,78 Privada M 18,50 17,77 7,46 4,04 3,19 5,00 3,42 9,85 1,54 0,50
DP 1,76 3,30 1,82 7,49 0,78 2,05 DP 1,14 0,51 0,81 1,51 0,80 3,19 2,12 2,31 1,79 0,76
Masculino M 3,85 4,15 1,10 3,85 0,35 1,00 Pública M 17,83 17,75 7,33 5,08 2,92 4,00 2,75 9,25 0,92 0,33
DP 1,18 3,13 1,48 6,07 0,59 1,65 DP 0,83 0,75 0,78 1,51 1,16 3,33 2,26 2,18 1,24 0,49
3:8 – 3:11
Feminino M 4,67 5,83 1,72 9,61 0,44 2,44 Privada M 18,35 17,65 7,29 3,53 2,82 5,29 4,12 9,29 1,82 0,65
DP 1,41 2,64 1,67 7,68 0,78 2,18 DP 1,46 0,86 0,77 1,23 1,38 3,04 2,23 1,16 2,01 0,93
Masculino M 3,56 3,69 1,25 3,44 0,31 0,88 Pública M 18,41 18,00 7,41 4,76 3,00 4,35 2,76 8,88 1,18 0,12
DP 1,26 3,30 1,61 6,27 0,70 1,67 DP 0,51 0,35 0,51 1,39 0,87 3,22 2,46 3,41 1,13 0,33
4:0 – 4:3
Feminino M 4,28 6,83 2,50 12,33 0,78 3,39 Privada M 18,67 17,89 7,67 3,78 3,22 7,00 4,67 10,67 2,56 0,67
DP 1,56 2,77 2,01 7,65 0,81 2,28 DP 0,87 0,33 0,50 0,83 0,44 2,69 2,24 1,94 2,24 0,87
Masculino M 4,08 4,77 1,38 6,23 0,46 1,54 Pública M 18,00 17,82 7,50 4,36 3,36 5,55 4,91 10,05 1,82 0,64
DP 1,38 3,49 1,76 7,73 0,78 2,07 DP 1,07 0,50 0,67 1,65 0,79 3,36 2,14 2,28 1,84 0,79
4:4 – 4:7
Feminino M 4,20 7,55 2,85 12,95 1,00 3,10 Privada M 18,68 17,86 7,86 4,18 3,50 7,27 5,77 11,41 3,27 1,23
DP 1,44 1,90 2,06 8,61 0,73 2,29 DP 1,04 0,47 0,47 1,40 0,51 2,33 1,41 1,65 2,07 0,69
Masculino M 3,79 5,93 2,57 11,43 0,79 2,79 Pública M 18,58 17,83 7,58 3,75 3,25 6,17 5,00 11,17 1,75 0,33
DP 0,80 3,20 2,03 8,16 0,80 2,22 DP 0,51 0,39 0,51 0,75 0,97 3,01 2,56 1,11 1,54 0,49
4:8 – 4:11
Feminino M 4,40 7,80 3,87 15,80 1,33 4,00 Privada M 18,80 17,88 7,76 3,44 3,56 7,56 6,12 11,68 3,68 1,40
DP 1,55 0,77 1,64 7,20 0,82 1,93 DP 0,41 0,44 0,44 0,77 0,51 1,19 1,51 2,04 1,60 0,76
Masculino M 3,35 7,40 3,10 14,35 1,20 3,35 Pública M 18,50 17,80 7,60 4,70 3,50 7,60 6,20 11,50 2,80 0,90
DP 0,81 1,43 1,74 7,84 0,83 1,93 DP 0,53 0,42 0,52 1,83 0,53 1,26 1,23 1,27 1,93 0,88
5:0 – 5:3
84
Sexo //
(3,00)
/r/
(8,00)
Plos.+ /l/
(5,00)
Plos + /r/
(21,00)
Fric.+ /l/
(2,00)
Fric.+ /r/
(5,00) Tipo de escola
/t/
(19,00)
/k/
(18,00)
/v/
(8,00)
//
(3,00)
//
(4,00)
/r/
(8,00)
/r/ C
(9,00)
/s/ C
(10,00)
Plos.+ /l/
(5,00)
Fric.+ /l/
(2,00)
Feminino M 3,58 7,96 3,54 19,27 1,35 4,73 Privada M 19,00 17,95 7,80 3,30 3,50 7,90 6,55 11,55 3,75 1,55
DP 0,76 0,45 1,56 1,97 0,80 0,60 DP 0,46 0,22 0,41 0,57 0,51 0,79 1,05 1,28 1,41 0,76
Masculino M 3,83 7,67 3,44 13,89 1,22 3,33 Pública M 18,50 18,00 7,54 4,00 3,21 7,79 6,29 11,58 3,29 1,08
DP 1,38 0,84 1,85 8,39 0,88 2,09 DP 0,59 0,00 0,59 1,25 0,66 0,51 0,81 1,67 1,85 0,83
5:4 – 5:7
Feminino M 3,56 8,17 4,28 19,94 1,61 4,83 Privada M 19,00 17,95 7,95 3,57 3,52 8,05 6,43 11,86 3,76 1,43
DP 1,10 0,51 1,23 1,55 0,61 0,38 DP 0,45 0,22 0,22 1,43 0,51 0,50 0,98 1,53 1,67 0,81
Masculino M 3,45 7,95 3,86 17,82 1,27 4,41 Pública M 18,63 17,95 7,63 3,42 3,63 8,05 7,53 11,32 4,37 1,42
DP 1,41 0,38 1,36 5,43 0,83 1,33 DP 0,60 0,23 0,50 1,07 0,50 0,40 1,07 1,67 0,60 0,69
5:8 – 5:11
Feminino M 3,61 7,88 4,18 19,12 1,61 4,67 Privada M 18,78 17,83 7,83 3,33 3,28 7,89 6,61 11,50 4,17 1,67
DP 0,97 0,33 1,04 3,28 0,56 0,82 DP 0,55 0,51 0,38 0,59 0,57 0,32 0,98 1,42 1,34 0,49
Masculino M 3,61 7,94 3,50 15,50 1,17 3,44 Pública M 18,67 17,97 7,61 3,76 3,64 7,91 6,45 11,36 3,82 1,33
DP 0,85 0,24 1,89 7,69 0,86 1,92 DP 0,48 0,17 0,50 1,03 0,49 0,29 0,90 1,45 1,47 0,78
6:0 – 6:3
Feminino M 3,52 8,17 4,59 20,62 1,79 5,00 Privada M 19,09 18,00 7,80 3,26 3,71 8,20 7,26 11,71 4,77 1,89
DP 0,91 0,47 0,87 0,78 0,49 0,00 DP 0,45 0,00 0,41 0,70 0,46 0,41 1,07 1,58 0,49 0,32
Masculino M 3,33 8,04 4,63 20,13 1,75 4,92 Pública M 18,78 17,94 7,67 3,78 3,56 7,94 6,89 12,17 4,28 1,56
DP 0,76 0,36 0,58 1,08 0,44 0,41 DP 0,55 0,24 0,49 1,00 0,51 0,42 1,28 2,12 1,02 0,62
6:4 – 6:7
Feminino M 3,70 8,03 4,40 19,63 1,87 4,67 Privada M 18,93 17,85 7,85 3,10 3,78 8,00 7,15 11,80 4,63 1,85
DP 1,37 0,32 1,28 3,66 0,35 1,03 DP 0,73 0,66 0,36 0,44 0,42 0,39 1,05 1,16 1,17 0,36
Masculino M 3,21 7,97 4,52 20,62 1,79 4,97 Pública M 18,63 17,95 7,47 4,21 3,47 8,00 6,42 11,58 4,11 1,79
DP 0,56 0,42 1,09 0,73 0,41 0,19 DP 0,50 0,23 0,51 1,55 0,51 0,33 0,69 1,46 1,15 0,42
6:8 – 6:11
85
Sexo //
(3,00)
/r/
(8,00)
Plos.+ /l/
(5,00)
Plos + /r/
(21,00)
Fric.+ /l/
(2,00)
Fric.+ /r/
(5,00) Tipo de escola
/t/
(19,00)
/k/
(18,00)
/v/
(8,00)
//
(3,00)
//
(4,00)
/r/
(8,00)
/r/ C
(9,00)
/s/ C
(10,00)
Plos.+ /l/
(5,00)
Fric.+ /l/
(2,00)
Feminino M 3,21 8,09 4,79 20,53 1,91 4,91 Privada M 19,07 17,98 7,86 3,23 3,81 8,16 7,09 11,77 4,72 1,84
DP 0,54 0,38 0,59 0,79 0,29 0,29 DP 0,51 0,15 0,35 0,57 0,39 0,37 1,09 1,46 0,91 0,43
Masculino M 3,16 8,16 4,72 20,40 1,76 4,96 Pública M 18,88 18,00 7,75 3,06 3,81 8,00 6,69 11,06 4,88 1,88
DP 0,62 0,37 1,02 1,00 0,52 0,20 DP 0,50 0,00 0,45 0,57 0,40 0,37 1,08 1,24 0,34 0,34
7:0 – 7:6
Feminino M 3,44 8,19 4,47 20,61 1,78 4,97 Privada M 19,14 18,00 7,80 3,30 3,86 8,20 7,25 12,45 4,77 1,95
DP 1,25 0,40 0,97 0,60 0,48 0,17 DP 0,46 0,00 0,41 1,15 0,35 0,41 1,45 1,61 0,68 0,21
Masculino M 3,25 8,19 4,53 20,58 1,92 4,94 Pública M 19,00 18,00 7,64 3,43 3,68 8,18 6,79 11,54 4,07 1,68
DP 0,69 0,40 1,00 1,08 0,37 0,23 DP 0,47 0,00 0,49 0,74 0,48 0,39 0,92 1,43 1,21 0,61
7:6 – 7:11
Feminino M 3,20 8,23 4,91 20,80 2,00 5,00 Privada M 19,16 18,00 7,88 3,16 3,91 8,16 8,03 12,44 4,91 2,00
DP 0,47 0,43 0,28 0,41 0,00 0,00 DP 0,37 0,00 0,34 0,45 0,30 0,37 1,12 1,87 0,30 0,00
Masculino M 3,35 8,26 4,83 20,43 1,91 4,78 Pública M 19,23 18,00 7,65 3,38 3,81 8,35 7,77 12,92 4,85 1,92
DP 0,98 0,45 0,39 0,84 0,42 0,42 DP 0,51 0,00 0,49 0,94 0,40 0,49 1,27 1,32 0,37 0,39
8:0 – 8:6
Feminino M 3,17 8,03 4,89 20,80 1,91 4,97 Privada M 18,97 17,94 7,70 3,09 3,94 8,09 7,94 12,76 4,94 1,97
DP 0,57 0,30 0,40 0,41 0,28 0,17 DP 0,47 0,24 0,53 0,29 0,24 0,29 1,03 1,60 0,24 0,17
Masculino M 3,35 8,08 4,77 20,73 1,96 5,00 Pública M 18,86 18,00 7,71 3,43 3,79 8,00 7,07 12,46 4,71 1,89
DP 0,69 0,27 0,43 0,53 0,20 0,00 DP 0,45 0,00 0,46 0,84 0,42 0,27 0,94 1,04 0,53 0,31
8:7 –8:11
Feminino M 3,14 8,05 4,91 20,95 1,91 4,91 Privada M 18,86 18,00 7,86 3,14 4,00 8,05 7,90 12,76 4,90 2,00
DP 0,47 0,21 0,29 0,21 0,29 0,43 DP 0,48 0,00 0,36 0,48 0,00 0,22 0,89 1,26 0,30 0,00
Masculino M 3,06 8,18 4,76 20,65 2,00 5,00 Pública M 19,00 18,00 7,72 3,06 3,83 8,17 7,17 11,94 4,78 1,89
DP 0,24 0,39 0,44 0,49 0,00 0,00 DP 0,59 0,00 0,46 0,24 0,38 0,38 1,34 1,47 0,43 0,32
Legenda: M = Média; DP = Desvio Padrão; C = Coda; n = número de possibilidade de produção
86
Tabela 5 – Idade em que 90 e 95% da amostra de normatização produziram corretamente as consoantes e encontros consonantais
3:0 – 3:3 3:4 – 3:7 3:8 – 3:11 4:0 – 4:3 4:4 – 4:7 4:8 – 4:11 5:0 – 5:3 5:4 – 5:7 6:0 – 6:3 6:4-6:7 6:8 – 6:11 7:0 – 7:6 8:7 – 8:11
/m/ em onset ■
/n/ em onset ■
// em onset ■
/p/ em onset ■
/b/ em onset ■
/t/ em onset ■
/d/ em onset ■
/k/ em onset ■
/g/ em onset ■
/f/ em onset ■
/v/ em onset ■
/s/ em onset ■
/z/ em onset ■
/ / em onset ■
/ / em onset ■
// em onset □
/l/ em onset
// em onset
/r/ em onset ■
/N/ em coda ■
/L/ em coda ■
/s/ em coda ■
/r/ em coda ■
Plosiva + /l/ ■
Plosiva + /r/ ■
Fricativa + /l/ ■
Fricativa + /r/
Nota: = 90%; = 95%
Tabela 6 – Idade em que 90 e 95% da amostra de normatização produziram corretamente as consoantes e encontros consonantais (com diferença
significativa na produção) na comparação quanto ao sexo e tipo de escola
3:0 – 3:3 3:4 – 3:7 3:8 – 3:11 4:0 – 4:3 4:8 – 4:11 5:0 – 5:3 5:4 – 5:7 6:0 – 6:3 6:8 – 6:11 7:0 – 7:6 7:7 – 7:11 8:7 – 8:11
// em onset
pri pri púb púb
/t/ em onset púb púb pri pri
/v/ em onset pri pri púb púb
// em onset pri pri
/r/ em onset
púb pri
Plosiva + /l/ púb pri púb pri
Plosiva + /r/
Fricativa + /l/
pri púb pri
Fricativa + /r/
Nota: = 90%; = 95%; = meninas; = meninos; pub = pública; pri = privada
Tabela 7 - Comparação de desempenho na produção dos fonemas de acordo com o sexo e o
tipo de escola
Fonemas
Feminino
(n = 401)
Masculino
(n = 332) F p
Particular
(n = 422)
Pública
(n = 311) F p
M DP M DP X M DP M DP
/p/ em Onset 8,98 0,15 8,97 0,17 1,693 0,516
8,97 0,17 8,98 0,15 0,998 0,618
/b/ em Onset 9,90 0,38 9,89 0,41 0,376 0,779
9,91 0,40 9,88 0,39 5,647 0,284
/t/ em Onset 18,78 0,76 18,79 0,74 0,229 0,884
18,88 0,77 18,65 0,70 12,274 ≤ 0,001
/d/ em Onset 7,03 0,49 7,03 0,38 2,237 0,995
7,04 0,47 7,02 0,41 2,346 0,465
/k/ em Onset 17,91 0,41 17,93 0,35 1,708 0,469
17,90 0,43 17,95 0,30 8,646 0,038
/g/ em Onset 6,97 0,20 6,95 0,29 8,546 0,153
6,95 0,28 6,97 0,19 4,143 0,285
/f/ em Onset 6,97 0,16 6,94 0,29 12,396 0,097
6,96 0,22 6,95 0,24 2,126 0,461
/v/ em Onset 7,70 0,51 7,65 0,55 4,599 0,210
7,76 0,51 7,58 0,54 36,139 ≤ 0,001
/s/ em Onset 8,96 0,27 8,89 0,56 14,694 0,057
8,94 0,32 8,90 0,54 6,904 0,247
/z/ em Onset 5,99 0,22 5,95 0,41 15,875 0,077
5,98 0,26 5,95 0,39 4,447 0,212
// em Onset 6,81 0,83 6,75 0,91 2,598 0,365
6,78 0,86 6,77 0,89 0,045 0,913
// em Onset 5,91 0,87 5,86 0,96 1,492 0,499
5,89 0,96 5,89 0,84 0,587 0,959
// em Onset 5,88 0,67 5,79 0,81 9,196 0,110
5,83 0,72 5,84 0,76 0,000 0,973
/m/ em Onset 5,96 0,25 5,93 0,25 7,868 0,149
5,96 0,21 5,93 0,29 8,929 0,152
/n/ em Onset 7,91 0,34 7,91 0,33 0,457 0,806
7,92 0,31 7,89 0,37 3,996 0,277
// em Onset 3,67 1,19 3,47 1,01 8,255 0,016
3,40 0,96 3,83 1,25 27,410 ≤ 0,001
/l/ em Onset 10,86 0,67 10,78 0,85 5,551 0,194
10,85 0,74 10,79 0,78 2,554 0,312
// em Onset 3,58 0,62 3,57 0,68 1,236 0,807
3,62 0,64 3,52 0,66 2,886 0,049
/r/ em Onset 7,61 1,66 7,21 2,18 23,616 0,005
7,52 1,81 7,30 2,06 3,563 0,123
/n/ em Coda 7,84 0,88 7,81 0,85 0,000 0,668
7,79 0,97 7,87 0,71 11,631 0,198
/l/ em Coda 5,97 0,18 5,95 0,30 6,140 0,194
5,95 0,23 5,96 0,26 0,424 0,593
/r/ em Coda 6,51 1,83 6,22 2,17 4,500 0,057
6,54 1,97 6,16 2,00 1,077 0,012
/s/ em Coda 11,59 1,88 11,35 2,12 2,382 0,105
11,63 1,91 11,28 2,10 0,721 0,019
Plosiva + /l/ 3,93 1,66 3,65 1,84 10,717 0,033
4,00 1,70 3,54 1,78 6,524 ≤ 0,001
Plosiva + /r/ 17,67 6,33 15,96 7,78 34,568 ≤ 0,001
17,32 6,82 16,32 7,38 4,677 0,062
Fricativa + /l/ 1,51 0,75 1,39 0,83 16,104 0,030
1,57 0,74 1,31 0,83 25,191 ≤ 0,001
Fricativa + /r/ 4,28 1,60 3,84 1,92 27,776 ≤ 0,001
4,17 1,70 3,95 1,85 5,066 0,107
Legenda: df = 731; M = Média; DP = Desvio Padrão; n = número de sujeitos; F = Razão
Discussão
É indispensável para o tratamento fonológico que a avaliação prévia seja bem realizada.
A partir da avaliação, o clínico consegue delinear os objetivos apropriados a fim de
maximizar os resultados do tratamento. Testes com normas são projetados para comparar o
desempenho de uma criança avaliada a uma amostra normativa com características
89
semelhantes (MCCAULEY e SWISHER, 1984a; PENA, SPAULDING e PLANTE, 2006;
KIRK e VIGELAND, 2014). Quando o desempenho da criança está fora do intervalo da
pontuação recebida pela maioria dos indivíduos da amostra normativa, a criança pode estar
apresentando algum déficit (MCCAULEY e SWISHER, 1984a).
Nos dados normativos do INFONO, observa-se que o efeito da idade foi
consideravelmente mais frequente, quando comparado ao sexo e ao tipo de escola para a
produção dos fonemas por nomeação espontânea. Das 27 possibilidades de produção das
consoantes analisadas, todas tiveram associação com a idade, enquanto apenas nove com o
tipo de escola e seis com o sexo. Neste estudo, assim como em outros, os resultados
mostraram que alguns fonemas atingem um nível de domínio mais cedo, por exemplo, para o
/m/, /n/, //, /p/, /t/, /k/, e outros mais tarde como ocorre para /r/, // e a estrutura de OC
(GOLDMAN e FRISTOE, 2000; STOEL-GAMMON, 2010; BRANCALIONI, MAGNAGO
e KESKE-SOARES, 2012; VAN SEVEREN et al., 2013).
Os grupos com idade mais elevada tiveram melhor desempenho na produção de
algumas consoantes avaliadas pelo INFONO. Esse resultado é semelhante a outro estudo
(DODD et al., 2003) que refere que crianças mais velhas produzem os fonemas com mais
precisão que as mais jovens.
O inventário fonológico é adquirido gradativamente pelas crianças, consequentemente,
os erros na produção dos fonemas devem diminuir com o aumento da idade cronológica
(GOLDMAN e FRISTOE, 2000). Inicialmente ocorre a aquisição de estruturas mais simples e
menos marcadas como as vogais, junto com as plosivas e nasais, que são os primeiros sons a
serem adquiridos por volta de 1 ano e 6 meses (RANGEL, 2002).
As estruturas mais complexas ou mais marcadas são adquiridas gradativamente. Em
geral, observa-se a aquisição das consoantes plosivas e nasais sucedidas das fricativas e, por
último, as líquidas. Em relação à sílaba, a ordem de aquisição é Consoante-Vogal (CV),
seguida de Consoante-Vogal-Vogal (CVV), sucedida de Consoante-Vogal-Consoante (CVC)
e, por fim, Consoante-Consoante-vogal (CCV) (OLIVEIRA et al., 2004; VAN SEVEREN et
al., 2013).
Para que o desenvolvimento dos fonemas ocorra de maneira adequada é necessário que
a criança aprenda tanto os aspectos organizacionais ou estruturais do inventário de fonemas da
sua língua (aspectos fonológicos) quanto os movimentos articulatórios da sua produção
(aspectos fonéticos) (RABELO et al., 2011). Consoantes que são relativamente mais fáceis de
articular provavelmente serão adquiridas antes de que consoantes que são mais difíceis de
90
articular, especialmente porque o aparelho articulatório infantil é fisiologicamente diferente
do adulto e porque as crianças estão em fase de desenvolvimento do controle motor da fala, e
essas habilidades estão mais limitadas do que no adulto (VAN SEVEREN et al., 2013). Com
a maturação, as crianças avançam em direção a um aumento na complexidade de aquisição
dos fonemas através do desenvolvimento de capacidades cognitivas e articulatórias
(RVACHEW e BERNHARDT, 2010; BRANCALIONI, MAGNAGO e KESKE-SOARES,
2012).
Neste estudo não houve diferença significativa quanto ao sexo para a produção da
maioria das consoantes, apenas para a produção de //, /r/ e a estrutura de OC. Um estudo
(DODD et al., 2003) não mostrou diferenças entre os sexos nas faixas etárias mais jovens, no
entanto, na faixa etária mais velha, a precisão fonológica das meninas em cada uma das
medidas foi melhor do que os meninos. Os resultados deste estudo são diferentes de
outro(MCINTOSH e DODD, 2008), que não encontrou diferença no desempenho quanto ao
sexo.
Para a produção dos fonemas /t/, /k/, /v/ e // em onset simples, /r/ e /s/ em coda; e, do
OC houve associação significativa da variável tipo de escola. O desempenho oscilou entre
participantes de escola pública e privada na produção dos fonemas. O tipo de escola foi
inserido neste estudo com o intuito de abranger diferentes realidades sociais. Um estudo
(DODD et al., 2003) não encontrou diferenças significativas entre os grupos socioeconômicos
para as faixas etárias analisadas, porém o nível socioeconômico foi referido na literatura
(GOLDMAN e FRISTOE, 2000; FRIBERG, 2010; KIRK e VIGELAND, 2014) como sendo
importante, pois podem influenciar o desenvolvimento da fala de uma criança e a amostra
normativa deve representar toda a população a ser avaliada.
Ainda, observam-se nos dados uma variabilidade (regressão) na produção dos fonemas
com o avanço da idade, por exemplo, para o fonema /z/ a média de produção diminui em
algumas faixas etária e depois volta a aumentar. Isso é possível durante a aquisição porque a
variabilidade envolve a experiência da criança com a palavra e com o fonema em aquisição.
De forma semelhante outros estudos (SOSA e STOEL-GAMMON, 2006; RVACHEW e
BERNHARDT, 2010; SOSA e STOEL-GAMMON, 2012) referem essa variabilidade como
típica do desenvolvimento de crianças.
Há relação entre a idade de aquisição das consoantes e a variabilidade de produção,
palavras com consoantes que são adquiridas mais tarde são produzidas com maior
variabilidade do que palavras com consoantes adquiridas mais cedo (SOSA e STOEL-
91
GAMMON, 2012). O desenvolvimento fonológico é caracterizado por “continuidades” e
“descontinuidades” na produção de consoantes e do OC em direção a uma produção madura
(RVACHEW e BERNHARDT, 2010).
Desenvolver instrumentos de avaliação que apresentem dados normativos não é uma
tarefa fácil, pois envolve diferentes áreas de conhecimento e diferentes profissionais que
devem trabalhar em equipe. O uso da tecnologia (informática) em procedimentos de avaliação
fonológica ainda é limitado. Os computadores podem ser fortes aliados aos fonoaudiólogos na
realização de avaliações, uma vez que apresentam algumas vantagens: maior interesse do
avaliado, armazenamento dos dados, auxiliar nas transcrições e, ainda, os softwares de
computador podem ser usados para completar as análises fonológicas (WILLIAMS, 2002).
O uso desse recurso tecnológico faz com que o tempo de aplicação do instrumento e
análise dos resultados diminua consideravelmente. Considerando esses fatores, o INFONO foi
desenvolvido em software para auxiliar fonoaudiólogos no diagnóstico de crianças com
desvio fonológico e identificar quais são os fonemas que apresentam alterações durante a fala
de acordo com a faixa etária, tipo de escola e sexo. Esses três fatores são apresentados em
outros estudos (GOLDMAN e FRISTOE, 2000; FRIBERG, 2010; KIRK e VIGELAND,
2014) como fundamentais para serem incluídos em amostras normativas.
Os instrumentos de avaliação fonológica mais utilizados em pesquisas no Brasil são a
Avaliação Fonológica da Criança – AFC (YAVAS, HERNANDORENA e LAMPRECHT,
2002) e o Teste de Linguagem Infantil – Fonologia – ABFW (WERTZNER, 2004), mas
nenhum deles apresenta ainda dados normativos para a população. Este estudo é muito
importante por apresentar o primeiro instrumento normatizado para a população do sul do
País que auxiliará no diagnóstico de crianças com queixas de alterações fonológicas.
Entretanto, o estudo ainda apresenta algumas limitações: (a) não inclusão de
indivíduos de diferentes regiões demográficas do país, sendo a normatização realizada apenas
para a população do sul do Brasil, não podendo ser utilizada como parâmetros para as outras
regiões; (b) Não ter sido aplicado em crianças menores de 3 anos, pois sabe-se que alguns
fonemas estão em processo de aquisição antes dos 3 anos; (c) o número de crianças da
amostra de normatização nos grupos ser inferior a 100 sujeitos, aspecto importante para que
os dados normativos represente a variabilidade presente na população em geral (KIRK e
VIGELAND, 2014); (d) impossibilidade de fazer faixas etárias ainda menores devido as
rápidas mudanças (variabilidade) na aquisição dos fonemas. Porém, estudos futuros devem
92
considerar tais limitações e tentar minimizá-las, para isso é importante a colaboração entre os
pesquisadores de diferentes universidades e fonoaudiólogos clínicos.
Conclusão
Os resultados deste estudo têm implicações significativas para a avaliação do desvio
fonológico, pois apresenta o primeiro instrumento de avaliação fonológica desenvolvido no
computador normatizado para a população do sul do Brasil. Os dados normativos
apresentados foram baseados em um número expressivo de crianças, embora ainda haja a
necessidade de aumentar o tamanho da amostra, de compor faixas etárias menores, e ser
aplicado em crianças menores de três anos em futuros trabalhos.
Com o INFONO, é possível o fonoaudiólogo avaliar, refletir e tomar decisões clínicas
sobre o desenvolvimento fonológico das crianças. Ainda, foi possível verificar a influência do
tipo de escola, do sexo e, principalmente, da idade no desempenho da produção da fala. O
INFONO é simples e rápido de ser aplicado e fornece os resultados para o clínico interpretar
de acordo com a idade, sexo e tipo de escola da criança.
Referências
BRANCALIONI, A. R.; MAGNAGO, K. F.; KESKE-SOARES, M. Proposal for classifying
the severity of speech disorder using a fuzzy model in accordance with the implicational
model of feature complexity. Clinical Linguistics & Phonetics, v. 26, n. 9, p. 774-790, Sep
2012.
BUENO, T. G.; VIDOR, D. C. G. M.; ALVES, A. L. S. A. Protocolo de avaliação fonológica
infantil - PAFI: Projeto piloto. Berba Volant, v. 1, n. 1, p. 53-86, 2010.
CASTRO, M. M. D.; WERTZNER, H. F. Influence of sensory cues on the stimulability for
liquid sounds in Brazilian Portuguese-speaking children. Folia Phoniatrica et Logopaedica,
v. 61, n. 5, p. 283-7, 2009.
______. Estimulabilidade: medida auxiliar na identificação de dificuldade na produção dos
sons. Jornal da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, v. 24, n. 1, p. 49-56, 00/2012
2012.
DODD, B. et al. Phonological development: a normative study of British English-speaking
children. Clinical Linguistics & Phonetics, v. 17, n. 8, p. 617-643, Dec 2003.
93
EISENBERG, S. L.; HITCHCOCK, E. R. Using standardized tests to inventory consonant
and vowel production: a comparison of 11 tests of articulation and phonology. Language,
Speech, and Hearing Services in Schools, v. 41, n. 4, p. 488-503, Oct 2010.
FONSECA, R. P. et al. Apresentando um instrumento de avaliação da comunicação à
Fonoaudiologia Brasileira: Bateria MAC. Pró-Fono Revista de Atualização Científica, v.
20, n. 4, p. 285-291, 2008.
FRIBERG, J. C. Considerations for test selection: How do validity and reliability impact
diagnostic decisions? Child Language Teaching & Therapy, v. 26, n. 1, p. 77-92, Feb 2010.
GOLDMAN, R.; FRISTOE, M. Goldman-Fristoe Test of Articulation 2 - Test manual.
Circle Pines, MN: American Guidance Services Inc: 2000.
______. Goldman-Fristoe Test of Articulation 2 - Test manual. Circle Pines, MN:
American Guidance Services Inc: s/a.
KIRK, C.; VIGELAND, L. A Psychometric Review of Norm-Referenced Tests Used to
Assess Phonological Error Patterns. Language, Speech, and Hearing Services in Schools, v.
45, n. 4, p. 365-277, 2014.
MCCAULEY, R. J. Validity and reliability. In: (Ed.). Assessment of language disorders in
children. London: Lawrence Erlbaum Associates, 2001. cap. 3, p.49-77.
MCCAULEY, R. J.; SWISHER, L. Psychometric review of language and articulation tests for
preschool children. Journal of Speech and Hearing Disorders, v. 49, n. 1, p. 34-42, Feb
1984a.
______. Use and misuse of norm-referenced tests in clinical assessment: a hipothetical case.
Journal of Speech and Hearing Disorders, v. 49, n. 4, p. 338-348, 1984 1984b.
MCINTOSH, B.; DODD, B. J. Two-year-olds' phonological acquisition: Normative data.
International Journal of Speech-Language Pathology, v. 10, n. 6, p. 460-469, Dec 2008.
MCLEOD, S.; VERDON, S. A Review of 30 Speech Assessments in 19 Languages Other
Than English. American Journal of Speech-Language Pathology, n. 1, p. 1-16, 2014.
MOTA, H. B. Terapia fonoaudiológica para os desvios fonológicos. Rio de Janeiro:
Revinter, 2001. 109p.
OLIVEIRA, C. et al. Cronologia da aquisição dos segmentos e das estruturas silábicas. In:
LAMPRECHT, R. R. (Ed.). Aquisição Fonológica do Português: Perfil de
desenvolvimento e subsídios para terapia. Porto Alegre: Artmed, v.1, 2004. cap. 10, p.167-
176.
PAVEZ, M. M.; MAGGIOLO, M.; COLOMA, C. J. Test para evaluar procesos de
implificación fonológica - TEPROSIF-R. Santiago: Pontificia Univesidad Catolica de
Chile, 2009. 83p.
94
PENA, E. D.; SPAULDING, T. J.; PLANTE, E. The composition of normative groups and
diagnostic decision making: Shooting ourselves in the foot. American Journal of Speech-
Language Pathology, v. 15, n. 3, p. 247-254, Aug 2006.
PLANTE, E.; VANCE, R. Selection of preschool language tests: A data based approach.
Language, Speech, and Hearing Services in Schools, v. 25, n. 1, p. 15-24, 1994.
RANGEL, G. Aquisição do sistema vocálico do português brasileiro. 2002. Tese
(Faculdade de Letras, Doutorado em Linguística Aplicada) - Pontifícia Universidade Católica
do Rio Grande do Sul - Porto Alegre, 2002.
RABELO, A. T. V. R. et al. Alterações de fala em escolares na cidade de Belo Horizonte.
Jornal da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, v. 23, n. 4, p. 344-350, 2011.
RVACHEW, S.; BERNHARDT, B. M. Clinical Implications of Dynamic Systems Theory for
Phonological Development. American Journal of Speech-Language Pathology, v. 19, n. 1,
p. 34-50, Feb 1 2010.
SECORD, W. A.; DONOHUE, J. S. CAAP - Clinical Assessment of Articulation and
Phonology – Supplemental Examiner’s Manual. USA: Super Duper®Publications, 2002.
1-50.
SOSA, A. V.; STOEL-GAMMON, C. Patterns of intra-word phonological variability during
the second year of life. Journal of Child Language, v. 33, n. 1, p. 31-50, Feb 2006.
______. Lexical and phonological effects in early word production. Journal of speech,
language, hearing research, v. 55, n. 2, p. 596-608, 2012.
STOEL-GAMMON, C. The Word Complexity Measure: Description and application to
developmental phonology and disorders. Clinical Linguistics & Phonetics, v. 24, n. 4-5, p.
271-282, 2010.
STRAND, E. A. et al. A Motor Speech Assessment for Children With Severe Speech
Disorders: Reliability and Validity Evidence. Journal of Speech Language and Hearing
Research, v. 56, n. 2, p. 505-520, Apr 2013.
VAN SEVEREN, L. et al. The relation between order of acquisition, segmental frequency
and function: the case of word-initial consonants in Dutch. Journal of Child Language, v.
40, n. 4, p. 703-740, Sep 2013.
VIGELAND, L.; KIRK, C. A Psychometric Review of Tests Used to Assess Phonological
Error Patterns. ASHA Convention 2013.
WERTZNER, H. F. Fonologia (Parte A). In: ANDRADE, C. R. F. D.;BEFI-LOPES, D. M., et
al (Ed.). Teste de linguagem infantil nas áreas de fonologia, vocabulário, fluência e
pragmática. Carapicuíba: Pró-Fono, v.2, 2004. cap. 5-14, p.98p.
WILLIAMS, A. L. Epilogue: Perspectives in the assessment of children's speech. American
Journal of Speech-Language Pathology, v. 11, n. 4, p. 259-263, Nov 2002.
95
YAVAS, M.; HERNANDORENA, C. L. M.; LAMPRECHT, R. R. Avaliação Fonológica da
Criança. Porto Alegre: Artes Médicas, 2002. 148p.
YGUAL-FERNÁNDEZ, A.; CERVERA-MÉRIDA, J. F.; ROSSO, P. Utilidad del análisis
fonológico en la terapia del lenguaje. Revista de Neurología, v. 46, n. supl 1, p. S97-S100,
2008.
96
2.3. Estudo 3:
EVIDÊNCIAS DE VALIDADE E FIDEDIGNIDADE DE UM INSTRUMENTO DE
AVALIAÇÃO FONOLÓGICA - INFONO
Resumo
Este estudo tem o objetivo de apresentar as evidências de validade e fidedignidade de um
instrumento de avaliação fonológica (INFONO) desenvolvido para avaliar o inventário
fonológico do Português Brasileiro. Participaram do estudo 847 crianças com idades entre 3 e
8:11 anos, divididos em três grupos: típico, controle e clínico. Os participantes foram
avaliados pelo INFONO através de nomeação espontânea. A produção da criança foi gravada
e transcrita no momento da avaliação, no próprio software. A consistência interna foi
analisada a partir da técnica Alpha de Cronbach. Para a validade de critério comparou-se o
desempenho entre os grupos através do teste t de Student para amostras independentes.
Realizou-se a análise discriminante stepwise com o método do Ʌ de Wilks. A concordância
intra e inter-avaliadores foi investigada por meio do Teste de Kendall. Considerou-se
significância quando p ≤ 0.05. O desempenho do grupo clínico para todos os fonemas foi
inferior ao grupo controle mostrando que os escores são sensíveis para identificar crianças
com desvio fonológico. O INFONO apresentou evidências de validade e fidedignidade
(consistência interna) indicando uma confiabilidade satisfatória dos itens, bem como,
excelente concordância entre os escores do teste (confiabilidade intra e inter-avaliador).
Palavras-chave: Fala; Testes de Articulação da Fala; Transtornos da Articulação; Avaliação;
Validade dos testes; Criança
97
VALIDITY AND RELIABILITY EVIDENCES OF A PHONOLOGICAL
EVALUATION INSTRUMENT - INFONO
Abstract
The current study aims to present the validity and reliability evidences of a phonological
evaluation instrument (Instrumento de Avaliação Fonológica - INFONO) developed to assess
the Brazilian Portuguese phonological system. Eight hundred and forty-seven children
between 3 and 8 years and 11 months participated in the study and were divided into three
groups: typical, control and clinical. The participants were assessed by INFONO through
spontaneous naming. Children’s production was recorded and broadcasted in the software
itself, in the time of the evaluation. The internal consistency was analyzed using Cronbach
Alpha technique. The performance among groups was compared through Student T test in
independent samples to validate the criteria. The stepwise discriminant analysis was done
using the Wilks Ʌ method. The intra and inter-rater agreement was investigated by means of
Kendall test. The significance was taking under consideration when p ≤ 0.05. The clinical
group’s performance, for all the phonemes, was lower than that from the control group and it
showed that the scores are sensitive to identify children with phonological disorder. INFONO
presented evidences of validity and reliability (internal consistency) that indicate satisfactory
reliability of items, as well as excellent agreement among the test’s scores (intra and inter-
rater reliability).
Keywords: Speech; Speech Articulation Tests; Articulation Disorders; Evaluation; Validity
of tests; Child
98
Introdução
Os distúrbios dos sons da fala podem ser decorrentes de diversas etiologias e resultam
em prejuízo nos diferentes níveis de produção da fala, incluindo os de base linguístico-
fonológica e/ou no aspecto motor da fala (NAMASIVAYAM et al., 2013; STRAND et al.,
2013). Um dos muitos desafios para o fonoaudiólogo é diagnosticar corretamente esses
distúrbios e posteriormente, planejar uma intervenção eficaz.
Neste estudo, abordaremos o aspecto fonológico dos distúrbios dos sons da fala,
denominado de desvio fonológico. O desvio fonológico é uma das alterações de maior
incidência na população infantil (NEWMEYER et al., 2007; SKAHAN, WATSON e LOF,
2007; PAGAN-NEVES e WERTZNER, 2010; SOUZA, MARQUES e SCOTT, 2010;
RABELO et al., 2011; MÜÜRSEPP et al., 2012) e é caracterizado por uma desorganização
linguística do inventário de fonemas. Crianças com desvio fonológico apresentam omissões e
substituições de fonemas, especialmente de consoantes e encontros consonantais em idade em
que estas não deveriam ocorrer mais (GRUNWELL, 1981; FERRANTE, BORSEL e
PEREIRA, 2009; RABELO et al., 2011).
Para avaliação do desvio fonológico existem alguns instrumentos, no Brasil nenhum
desses testes apresenta evidências de validade e fidedignidade. O desenvolvimento de
instrumentos de avaliação deve garantir que estes mensurem o que se pretende e que os
resultados reflitam a habilidade em análise de forma não influenciada pela relação de outros
aspectos que não foram estabelecidos nos objetivos de uso do instrumento (GOLDMAN e
FRISTOE, 2000; MCCAULEY, 2001; PAWLOWSKI, TRENTINI e BANDEIRA, 2007;
STRAND et al., 2013; KIRK e VIGELAND, 2014; MCLEOD e VERDON, 2014).
A validade é o processo que examina a precisão de uma determinada inferência
realizada a partir de escores do instrumento (RAYMUNDO, 2009; STRAND et al., 2013). As
evidências de validade de um teste determinam o quão bem o teste mede o que ele se propõe a
mensurar (GOLDMAN e FRISTOE, 2000). Assim, os autores esperam apresentar provas de
evidências de validade para as mais comuns habilidades do seu teste.
A consistência de uma medida é um dos principais fatores que afetam a validade,
porque é uma condição necessária para a validade, o que significa que uma medida só pode
ser válida se também for confiável. Entretanto, a confiabilidade não garante a validade
(MCCAULEY, 2001).
99
A evidência de fidedignidade é fundamental no desenvolvimento de um teste, porque
essas medidas estimam o grau que um teste é vulnerável às várias fontes de erro (por
exemplo, a variação de avaliadores, ou inconsistências do avaliador). Essas fontes de erro
constituem ameaças à validade do teste (STRAND et al., 2013).
Internacionalmente, há uma crescente busca por instrumentos que apresentam
propriedades psicométricas para a avaliação dos distúrbios dos sons da fala (MCCAULEY e
SWISHER, 1984a; b; PLANTE e VANCE, 1994; MCCAULEY, 2001; FRIBERG, 2010;
MCLEOD e VERDON, 2013; STRAND et al., 2013; VIGELAND e KIRK, 2013; KIRK e
VIGELAND, 2014; MCLEOD e VERDON, 2014). No entanto, no Brasil é ainda recente esta
prática (FONSECA et al., 2008a; FONSECA et al., 2008b; PAGLIARIN et al., 2014).
Estudos internacionais (MCCAULEY e SWISHER, 1984a; MCLEOD e VERDON,
2013; KIRK e VIGELAND, 2014; MCLEOD e VERDON, 2014) analisaram vários
instrumentos de avaliação fonológica que apresentam evidências de validade e fidedignidade.
Dentre estes instrumentos internacionais com estudos psicométricos destacamos o Goldman
Fristoe 2 – Test of Articulation – GFTA 2 (GOLDMAN e FRISTOE, 2000) e o Clinical
Assessment of Articulation and Phonology – CAAP (SECORD e DONOHUE, 2002).
No Brasil, dentre os instrumentos de avaliação fonológica mais utilizados estão: a
Avaliação Fonológica da Criança – AFC (YAVAS, HERNANDORENA e LAMPRECHT,
2002) e o ABFW - Teste de Linguagem Infantil - Fonologia (WERTZNER, 2004). Estes estão
disponíveis para uso na clínica e na pesquisa fonoaudiológica, no entanto, nenhum deles
apresenta estudos de validade e fidedignidade.
Essa limitação na área da avaliação fonológica pode comprometer o processo
diagnóstico e o planejamento terapêutico de crianças com alterações de fala, dessa forma, o
crescimento da área de avaliação é extremamente importante para a clínica e a pesquisa
fonoaudiológica (FONSECA et al., 2008a; KIRK e VIGELAND, 2014; MCLEOD e
VERDON, 2014).
Considerando o que foi exposto acima e a crescente preocupação em oferecer aos
clínicos e pesquisadores instrumentos válidos e confiáveis, este estudo foi desenvolvido com
o objetivo que apresentar as evidências de validade e de fidedignidade dos escores de um
instrumento de avaliação fonológica – INFONO desenvolvido para avaliar os fonemas do
Português Brasileiro (PB).
100
Método
Participantes
Foram contatadas 1448 crianças em escolas (8 públicas e 4 privadas) na região sul do
Brasil, das quais 1076 (73%) foram autorizadas a participar do estudo. Foram excluídos da
amostra participantes bilíngues e/ou que apresentavam queixas ou suspeitas de perda auditiva,
problema neurológico e/ou psicológico, déficits intelectuais, diagnóstico de autismo,
síndrome de Down, tratamento fonoaudiológico anterior. Essas informações foram obtidas em
questionários respondidos pelos pais/responsáveis (Apêndice II) e professores (Apêndice III).
Também, foram excluídos os participantes com indicativos de prováveis alterações como:
mordida aberta anterior, ceceio, interposição lingual anterior, prováveis déficits de linguagem
e/ou vocabulário, etc. Essas prováveis alterações foram detectadas durante uma breve
conversa com as crianças e/ou durante a realização do INFONO. Dessa forma, considerando
os critérios de exclusão, 210 crianças foram excluídas da amostra da pesquisa.
A amostra total deste estudo foi constituída por n = 847 participantes, divididos em
três grupos: típico, sendo crianças com desenvolvimento fonológico típico (n = 733); controle,
n = 228 crianças do grupo típico que foram emparelhadas ao grupo clínico quanto à idade,
sexo e tipo de escola; e, clínico, crianças com desenvolvimento fonológico atípico (n = 114).
A amostra está caracterizada na Tabela 1.
Tabela 1. Caracterização dos grupos
Grupos n
Idade em anos
e meses Sexo Tipo de escola
M DP Feminino
n(%)
Masculino
n(%)
Privada
n(%)
Pública
n(%)
Típico 773 6,08 1,58 332 (45,3) 401 (54,7) 422 (57,6) 311 (42,4)
Controle 228 5,89 1,31 100(43,9) 128(56,1) 104(45,6) 124(54,4)
Clínico 114 5,88 1,32 50(43,9) 64(56,1) 52(45,6) 62(54,4)
Nota: n = número de sujeitos; M = Média; DP = Desvio Padrão
Instrumento
O INFONO é um instrumento que está sendo desenvolvido em software para uso do
fonoaudiólogo com auxílio de um computador. Ele avalia as 19 consoantes do PB em todas as
101
possíveis posições que ocorrem na sílaba e na palavra, além da estrutura do encontro
consonantal. Atualmente, o INFONO permite que a avaliação possa ser realizada pela
nomeação espontânea e repetição. A coleta da fala encadeada está em desenvolvimento no
software. As três formas de coletas podem ser gravadas e o avaliador deve selecionar a
transcrição da palavra-alvo realizada pela criança (o instrumento oferece uma lista de
transcrições para cada alvo) no momento da avaliação, podendo ser conferida após a
gravação.
A nomeação espontânea é composta por 84 desenhos coloridos e “animados” com gif’s,
(termo dado às animações formadas por várias imagens GIF compactadas numa só dando
movimento a figura) representando a palavra-alvo e, ainda, fornece uma pergunta-chave (para
o avaliador fazer no momento da avaliação) para facilitar a produção da palavra-alvo
desejada, como por exemplo: “Ele usa o lápis para...?” (escrever), “Que bicho é este?”
(cachorro), etc. Também podem ser usadas outras perguntas para auxiliar na produção do
alvo. É importante que todas as palavras-alvo sejam produzidas, uma vez que elas avaliam
todos os fonemas do PB nas diferentes posições na sílaba e na palavra.
Para a coleta através de repetição, o INFONO fornece uma gravação de áudio com 84
palavras-alvo que permite que a criança ouça e repita a palavra. Já para a coleta da fala
encadeada (ainda em desenvolvimento), serão disponibilizadas sequências lógico-temporais
contendo quatro fatos, as quais a criança deve ordenar, depois ouvirá a história e num terceiro
momento ela deverá recontar a história que deve ter as palavras-alvo (estas fixarão a atenção
da criança por permanecerem coloridas na tela do computador). Nessas sequências estão
presentes, entre outras palavras, as mesmas 84 palavras que deverão ser transcritas pelo
avaliador depois da avaliação para visualização os resultados.
Após o término da avaliação, o software disponibiliza os seguintes resultados: análise
dos dados da avaliação (lista das palavras-alvo e das transcrições fonéticas da produção da
criança), análise contrastiva (quantidade de acertos, omissões e substituições na avaliação
para cada fonema do PB) que permite determinar o inventário fonético (presença ou ausência
som) e o fonológico (percentuais de acerto, omissão e substituição para cada fonema e para o
Onset Complexo (OC)). As análises dos traços distintivos, processos fonológicos e gravidade
do desvio estão em fase de desenvolvimento no software. Esse instrumento não analisa as
vogais, pois como são adquiridas cedo, elas são muito menos propensas a serem produzidas
com alterações em casos de desvio fonológico. Para este estudo foi realizado o INFONO por
102
nomeação espontânea e para os procedimentos de análise dos resultados utilizou-se o
inventário fonológico – fonemas e estruturas silábicas.
Procedimentos
Todos os procedimentos éticos para o desenvolvimento desta pesquisa foram
respeitados como a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade
Federal de Santa Maria sob o protocolo 23081.005433/2011-65 e o consentimento dos pais ou
representantes legais das crianças. Só foram avaliadas crianças que concordaram em
participar da avaliação (assentimento oral da criança).
Primeiramente foi realizada uma breve conversa com a criança a fim de detectar
possíveis alterações que justificassem a exclusão do participante no estudo. Essa breve
conversa, assim como a aplicação do INFONO – Nomeação espontânea foi realizada por três
fonoaudiólogas doutorandas e por uma fonoaudióloga com mais de 10 anos de experiência na
área do estudo. Todas tiveram um treinamento prévio.
Após, os participantes foram avaliados com o INFONO – Nomeação espontânea em
sessão individual na escola, em um ambiente disponibilizado pela mesma. A produção da
criança foi gravada e transcrita no momento da avaliação no próprio software. Após as
avaliações, os resultados do inventário fonológico (gerados pelo software) foram utilizados
para a elaboração de um banco de dados no programa estatístico SPSS com o objetivo de
realizar os procedimentos psicométricos para a busca de evidências de validade e
fidedignidade do INFONO, que serão detalhados a seguir:
(a) Validade
As evidências de validade analisadas neste estudo foram: consistência interna e a
validade de critério (análise discriminante). A consistência interna foi calculada a partir do
grupo típico (n = 733), enquanto que para a análise da validade de critério utilizou o grupo
clínico e grupo controle. As crianças do grupo clínico (n = 114) foram previamente
diagnosticadas como apresentando provável desvio fonológico pelo julgamento clínico do
fonoaudiólogo com experiência em avaliação e terapia. Esse julgamento aconteceu através de
uma breve conversa com a criança em que se considerou a produção inadequada dos sons de
acordo com a idade. A idade de aquisição dos sons foi considerada de acordo com o trabalho
de Oliveira (OLIVEIRA et al., 2004).
103
Os participantes do grupo controle foram recrutados do grupo típico e emparelhados ao
grupo clínico pela faixa etária, tipo de escola e sexo. Um total de 342 crianças participou
desta análise, sendo os grupos controle e clínicos não diferiram significativamente em relação
à média de idade (F = 0,000; p = 0,977), distribuição de sexo (X2 = 0,000; p = 1,000) e tipo de
escola (X2 = 0,000; p = 1,000).
(b) Fidedignidade
Foram analisados três componentes da fidedignidade do INFONO: consistência interna,
confiabilidade intra-avaliador e confiabilidade inter-avaliadores. A consistência interna foi
calculada da mesma forma que para a validade. Para a confiabilidade intra-avaliador, o
mesmo avaliador analisou apenas a gravação de áudio da administração original do
instrumento, realizando manualmente novas transcrições (sem o uso do software)e análises
dos resultados de forma independente da primeira avaliação. Este procedimento foi realizado
pelo mesmo avaliador no mínimo um mês após a avaliação da criança para um subgrupo de
77 crianças (aproximadamente 10% da amostra) escolhidas aleatoriamente. Da mesma forma,
para o procedimento de confiabilidade inter-avaliadores os áudios de outras 120 crianças
(aproximadamente 15% da amostra) foram analisados por outras duas estudantes do último
ano do curso de graduação com experiência em fonologia. As novas transcrições e análises
dos resultados foram realizadas de forma independente da primeira avaliação.
Análise dos dados
Os dados foram analisados através do software SPSS versão 22 para Windows. A
consistência interna foi analisada a partir da técnica Alpha de Cronbach. Este método é
utilizado em delineamentos em que os participantes são avaliados com um teste em uma única
ocasião.
A técnica Alpha de Cronbach consiste em calcular a correlação entre cada item do
teste e o restante dos itens ou o escore total dos itens. Essa técnica mede o grau de covariância
de uma e varia de 0 a 1 e, quanto mais elevada a contagem, maior a confiabilidade. Valores
acima de 0,7 refletem uma fidedignidade adequada. Ainda, a concordância intra e inter-
avaliadores foi investigada por meio do Teste de Kendall, sendo que valores acima de 0,6 já
indicam um bom nível de concordância.
Para a validade realizou-se as análises de comparação de desempenho entre grupos e
análise discriminante. Na validade de critério comparou-se o desempenho entre os grupos
104
(clínico e controle) através do teste t de Student para amostras independentes. Realizou-se
uma análise discriminante stepwise com o método do Ʌ de Wilks a fim de verificar a
capacidade dos escores da INFONO em estimar a qual grupo a criança pertencia
(desenvolvimento típico ou atípico). Os pressupostos da normalidade e de homogeneidade das
matrizes de variâncias-covariâncias de cada grupo foram testados, respectivamente, com o
teste de Shapiro-Wilk e o teste M de Box. Os resultados foram considerados significativos
quando p ≤ 0.05.
Resultados
Em relação à validade e fidedignidade do INFONO, a Tabela 2 apresenta os
coeficientes Alpha de Cronbach para as diferentes faixas etárias em relação aos fonemas.
Todas as faixas etárias do estudo apresentaram alta consistência interna, variando entre 0,713
e 0,922 (mediana 0,816), o que sugere uma adequada confiabilidade dos itens por faixa etária.
Tabela 2 – Análise da consistência interna do INFONO por faixa etária
Faixa etária n Alpha de Cronbach
3:0 – 3:3 25 0,922
3:4 – 3:7 38 0,916
3:8 – 3:11 34 0,922
4:0 – 4:3 31 0,917
4:4 – 4:7 34 0,903
4:8 – 4:11 35 0,862
5:0 – 5:3 44 0,820
5:4 – 5:7 40 0,815
5:8 – 5:11 51 0,809
6:0 – 6:3 53 0,746
6:4 – 6:7 59 0,861
6:8 – 6:11 59 0,743
7:0 – 7:6 72 0,713
7:7 – 7:11 58 0,714
8:0 – 8:6 61 0,732
8:7 – 8:11 39 0,718
Mediana 0,816
Legenda: n = número de sujeitos
105
A Tabela 3 apresenta o percentual de concordância para a produção correta da mesma
testagem realizada pelo mesmo avaliador para cada consoante e encontro consonantal testado
pelo INFONO.
Tabela 3 – Confiabilidade intra-avaliadores medida pela de concordância da produção correta
dos fonemas
Posições
Onset Coda Onset Inicial Onset Medial Coda Medial Coda Final
/p/ 0,811 1,000 1,000
/b/ 1,000 1,000 1,000
/t/ 0,973 1,000 0,973
/d/ 1,000 1,000 1,000
/k/ 0,702 1,000 0,702
/g/ 1,000 1,000 1,000
/f/ 1,000 1,000 1,000
/v/ 0,964 1,000 0,964
/s/ 1,000 0,690 0,935 1,000 0,631 0,678
/z/ 1,000 1,000 1,000
// 1,000 1,000 1,000
// 1,000 1,000 1,000
// 1,000 1,000 1,000
/m/ 0,653 0,653 1,000
/n/ 1,000 0,856 1,000 1,000 0,962 1,000
// 1,000 0,974
/l/ 0,816 1,000 1,000 0,816 1,000 1,000
// 0,945 0,945
/r/ 0,973 0,830 0,971 0,700 0,878
Plos.+/l/ 0,872 0,920 0,891
Plos.+/r/ 0,765 0,622 0,862
Fric.+/l/ 0,801 0,801
Fric.+/r/ 0,676 0,795 0,661
Média 0,911 0,844 0,936 0,944 0,823 0,889
A concordância variou de 62,2% a 100 %. A concordância foi excelente, com
percentuais acima de 80% para a maioria dos fonemas nas diferentes posições. A
concordância foi considerada boa apenas para o /s/ nas posições coda, coda medial (CM) e
106
coda final (CF); o /k/ em onset e onset medial (OM); o /m/ em onset e onset inicial (OI); o /r/
em CM; a Plosiva + /r/ em onset e OI; e, a fricativa + /r/ em onset, OI e OM. Os percentuais
médios de concordância por posição foram considerados excelentes, variando entre 82,2% e
94,4%.
A Tabela 4 lista o percentual de concordância para a produção correta da mesma
testagem por dois avaliadores diferentes para cada consoante e encontro consonantal testado
pelo INFONO.
Tabela 4 – Confiabilidade inter-avaliadores medida pela de concordância da produção correta
dos fonemas
Fonemas Posições
Onset Coda Onset Inicial Onset Medial Coda Medial Coda Final
/p/ 1,000 1,000 1,000
/b/ 1,000 1,000 1,000
/t/ 0,941 1,000 1,000
/d/ 0,663 1,000 1,000
/k/ 0,772 1,000 0,704
/g/ 1,000 1,000 1,000
/f/ 1,000 1,000 1,000
/v/ 0,920 1,000 0,899
/s/ 1,000 0,909 1,000 1,000 0,946 0,863
/z/ 1,000 1,000 1,000
// 0,996 0,997 1,000
// 1,000 1,000 1,000
// 1,000 1,000 1,000
/m/ 0,791 0,658 1,000
/n/ 1,000 0,952 1,000 1,000 1,000 1,000
// 0,993 0,993
/l/ 0,748 1,000 1,000 0,866 1,000 1,000
// 0,958 0,958
/r/ 0,960 0,873 0,960 0,996 0,870
Plos.+/l/ 0,866 0,970 0,826
Plos.+/r/ 0,892 0,897 0,892
Fric.+/l/ 0,972 0,972
Fric.+/r/ 1,000 1,000 1,000
Média 0,934 0,934 0,975 0,959 0,986 0,933
107
A concordância variou de 66,3% a 100 %. Os menores percentuais de concordâncias
ocorreram para /d/ em onset, /k/ em onset e OM, /m/ em onset e OI e /l/ em onset e foram
considerados bons. As demais concordâncias inter-avaliadores foram excelente, todas acima
de 82,6%. Os percentuais médios de concordância por posição foram excelentes todos acima
de 93%.
A Tabela 5 apresenta os escores médios e desvios padrão do desempenho dos dois
grupos para a produção de todos os fonemas em onset, coda e OC. Os resultados mostraram
que a média de produção do grupo clínico para todos os fonemas foi inferior ao grupo
controle. A análise mostrou diferenças significativas na produção dos fonemas entre os grupos
com exceção para /p/, /d/ e // em onset e /n/ em coda; /p/ em OI; /b/, /d/ e /m/ em OM; /n/ em
CM; e, /l/ e /s/ em CF.
Tabela 5 – Desempenho na produção dos fonemas entre os grupos clínico e controle
Controle
n = 228
Clínico
n = 114 F p
M DP M DP
Onset /p/ 8,99 0,09 8,95 0,26 21,215 0,084
/b/ 9,90 0,34 9,54 1,33 50,876 0,004
/t/ 18,73 0,67 18,12 1,80 34,793 ≤ 0,001
/d/ 7,02 0,42 6,77 1,35 44,188 0,060
/k/ 17,94 0,27 16,72 3,71 81,367 ≤ 0,001
/g/ 6,97 0,20 6,18 1,86 193,940 ≤ 0,001
/f/ 6,98 0,17 6,64 1,23 63,277 0,004
/v/ 7,68 0,51 6,97 1,52 34,942 ≤ 0,001
/s/ 8,96 0,25 8,28 1,78 111,313 ≤ 0,001
/z/ 5,99 0,28 5,17 1,54 225,076 ≤ 0,001
// 6,82 0,85 4,69 2,79 395,252 ≤ 0,001
// 5,93 0,77 4,20 2,40 406,058 ≤ 0,001
// 5,93 0,45 5,28 1,60 128,677 ≤ 0,001
/m/ 5,96 0,21 5,86 0,40 36,231 0,016
/n/ 7,91 0,31 7,67 0,67 73,707 ≤ 0,001
// 3,75 1,20 3,75 1,21 0,044 1,000
/l/ 10,92 0,32 9,73 2,63 146,593 ≤ 0,001
// 3,60 0,60 2,92 1,12 27,320 ≤ 0,001
/r/ 7,56 1,68 3,72 3,47 241,044 ≤ 0,001
Coda /n/ 7,89 0,74 7,70 1,05 27,162 0,087
/l/ 5,96 0,23 5,80 0,67 47,966 0,011
108
Controle
n = 228
Clínico
n = 114 F p
M DP M DP
/r/ 6,37 1,69 3,72 2,67 74,978 ≤ 0,001
/s/ 11,41 1,93 10,64 2,97 15,361 0,013
Onset Inicial /p/ 3,99 0,09 3,95 0,26 21,215 0,084
/b/ 6,92 0,29 6,61 1,04 56,702 0,003
/t/ 2,99 0,11 2,93 0,29 28,152 0,045
/d/ 2,98 0,13 2,81 0,64 71,780 0,004
/k/ 11,00 0,07 10,32 2,19 87,960 ≤ 0,001
/g/ 2,98 0,17 2,59 0,96 182,586 ≤ 0,001
/f/ 3,00 0,00 2,89 0,53 46,051 0,023
/v/ 2,99 0,11 2,75 0,62 136,383 ≤ 0,001
/s/ 3,36 0,49 3,16 0,88 9,707 0,021
/z/ 2,00 0,07 1,70 0,61 297,829 ≤ 0,001
// 3,90 0,46 2,61 1,61 413,576 ≤ 0,001
// 2,95 0,31 2,08 1,21 400,694 ≤ 0,001
// 2,96 0,28 2,60 0,85 154,203 ≤ 0,001
/m/ 2,96 0,20 2,87 0,36 38,125 0,013
/n/ 2,93 0,27 2,77 0,50 54,132 0,002
/l/ 4,00 0,00 3,65 0,97 145,847 ≤ 0,001
Onset Medial /p/ 5,00 0,00 5,00 0,00 * *
/b/ 2,99 0,11 2,92 0,38 23,865 0,073
/t/ 15,75 0,65 15,19 1,60 38,803 ≤ 0,001
/d/ 4,01 0,37 3,92 0,82 27,029 0,256
/k/ 6,94 0,26 6,39 1,62 92,131 ≤ 0,001
/g/ 3,99 0,09 3,60 1,02 157,564 ≤ 0,001
/f/ 3,98 0,17 3,75 0,77 71,917 0,003
/v/ 4,69 0,48 4,22 1,05 37,185 ≤ 0,001
/s/ 5,60 0,53 5,12 1,19 24,948 ≤ 0,001
/z/ 4,00 0,24 3,46 1,11 199,564 ≤ 0,001
// 2,92 0,43 2,08 1,26 315,886 ≤ 0,001
// 2,97 0,54 2,12 1,30 263,857 ≤ 0,001
// 2,97 0,21 2,68 0,83 110,945 ≤ 0,001
/m/ 3,00 0,07 2,99 0,09 1,001 0,617
/n/ 4,98 0,13 4,89 0,31 59,123 0,004
// 3,75 1,20 3,75 1,21 0,044 1,000
/l/ 6,92 0,32 6,08 1,77 154,948 ≤ 0,001
// 3,60 0,60 2,92 1,12 27,320 ≤ 0,001
/r/ 7,56 1,68 3,72 3,47 241,044 ≤ 0,001
Coda Medial /n/ 5,12 0,47 5,11 0,73 13,032 0,862
109
Controle
n = 228
Clínico
n = 114 F p
M DP M DP
/l/ 2,96 0,23 2,82 0,63 41,904 0,016
/r/ 2,74 0,75 1,54 1,35 175,508 ≤ 0,001
/s/ 5,79 0,92 4,90 1,80 67,513 ≤ 0,001
Coda Final /n/ 2,83 0,38 2,71 0,47 23,184 0,021
/l/ 3,00 0,00 2,98 0,13 16,785 0,158
/r/ 3,63 1,19 2,18 1,55 12,968 ≤ 0,001
/s/ 5,62 1,56 5,74 1,80 1,383 0,531
Onset Complexo Plosiva +/l/ 3,82 1,69 1,83 1,83 5,643 ≤ 0,001
Plosiva +/r/ 16,87 6,68 6,52 7,45 11,713 ≤ 0,001
Fricativa + /l/ 1,40 0,79 0,57 0,74 1,399 ≤ 0,001
Fricativa + /r/ 4,10 1,67 1,70 1,99 20,797 ≤ 0,001
Plosiva +/l/ - OI 1,59 0,74 0,78 0,86 14,035 ≤ 0,001
Plosiva +/l/ - OM 2,23 1,06 1,05 1,11 0,448 ≤ 0,001
Plosiva +/r/ - OI 8,16 3,15 3,54 3,80 25,418 ≤ 0,001
Plosiva +/r/ - OM 8,71 3,62 2,98 3,79 4,261 ≤ 0,001
Fricativa + /l/ - OI 1,40 0,79 0,57 0,74 1,399 ≤ 0,001
Fricativa + /r/ - OI 1,63 0,71 0,72 0,92 41,572 ≤ 0,001
Fricativa + /r/ -OM 2,46 1,02 0,98 1,20 10,794 ≤ 0,001
Nota: M = Média; DP = Desvio Padrão; n = número de sujeitos; F = Razão; OI = Onset Inicial; OM= Onset
Medial; * = Não foi possível redor o teste t em função dos desvios-padrão serem equivalentes a zero.
A análise discriminante stepwise extraiu uma função discriminante, retendo como
estatisticamente significativa a produção de 18 fonemas e OC, explicando 100% da
variabilidade entre os grupos (Ʌ = 0,494; X2(18) = 602,403; p ≤ 0,001). A Tabela 6 apresenta
os coeficientes estandardizados dos fonemas incluídos na função discriminante. Esses foram
os principais fonemas que auxiliaram na diferenciação entre os grupos com desenvolvimento
fonológico típico e atípico.
110
Tabela 6 – Coeficientes da função discriminante
Fonemas Coeficientes da função discriminante
/p/ em Onset -1,066
/s/ em Onset 0,232
/z/ em Onset 0,417
// em Onset -0,368
/r/ em Onset 0,179
/s/ em Coda -0,119
/k/ em OI 0,324
/v/ em OI 0,768
// em OI 0,802
/l/ em OI 0,253
/p/ em OM -1,784
// em OM -0,330
/n/ em OM 0,610
// em OM 0,153
/r/ em CF 0,095
plosiva + /r/ -0,172
plosiva + /r/ em OM 0,484
fricativa + /r/ em OI -0,494
Constante 3,081
Eingenvalue 1,023
Legenda: OI = Onset Inicial; OM= Onset Medial; CM = Coda Medial; CF = Coda Final
A Tabela 7 apresenta as estatísticas de classificação e função discriminatória utilizada.
O percentual de crianças classificadas corretamente com a classificação original foi de 91,7%
mostrando que o INFONO apresenta um alto percentual de discriminação entre crianças
típicas e atípicas.
Tabela 7 – Resultados da classificação e função discriminatória utilizada
Grupo original
Grupo predito
Total Típica
n (%)
Atípica
n (%)
Típica n (%) 704 (96%) 29 (4%) 733
Atípica n (%) 43 (32%) 90 (68%) 133
111
Discussão
O INFONO apresentou adequados indicadores de validade e fidedignidade para sua
aplicação como instrumento de avaliação fonológica em crianças com possíveis alterações
fonológicas. Verificou-se uma consistência interna (Mediana 0,816) adequada indicando uma
confiabilidade satisfatória dos itens. Outros instrumentos (GOLDMAN e FRISTOE, 2000;
PAVEZ, MAGGIOLO e COLOMA, 2009) também analisaram a confiabilidade pelo
coeficiente Alfa de Cronbach. O GFTA-2 (GOLDMAN e FRISTOE, 2000) analisou pela
faixa etária e sexo e obteve resultados variando de 0,85 a 0,98. O Test para Evaluar Procesos
de Simplificación Fonológica - TEPROSIF-R (PAVEZ, MAGGIOLO e COLOMA, 2009) e o
CAAP (SECORD e DONOHUE, 2002) também obtiveram alta confiabilidade interna (0,90).
Um teste tem alta fidedignidade ou homogeneidade dos itens quando todos os itens ou
tarefas do teste apresentam o mesmo tipo de desempenho ou domínio do conteúdo
(GOLDMAN e FRISTOE, 2000). Neste estudo, a análise de consistência interna não foi
realizada entre faixa etária e sexo ou faixa etária e tipo de escola, pois não foi encontrada
variabilidade suficiente para realização da análise dos dados.
O uso de instrumentos padronizados pressupõe que os mesmos mensurem
corretamente a presença ou a ausência de determinado distúrbio, porém isso nem sempre
ocorre. Alguns fatores podem comprometer a exatidão das medidas e dessa forma,
comprometer o diagnóstico (FRIBERG, 2010).
A validade pode ser afetada pela qualidade de suas medidas, pela habilidade do
aplicador no teste e pela confiabilidade das medidas (MCCAULEY, 2001). Dessa forma, há
necessidade do clínico ou pesquisador em compreender as questões relacionadas à validade e
a fidedignidade que acompanham o uso do instrumento de avaliação padronizado como parte
de sua bateria diagnóstica para o desvio fonológico (FRIBERG, 2010).
A fidedignidade pode ser definida como a consistência de uma medida, embora ocorra
mudanças no tempo, na administração individual ou nos escores das medidas (MCCAULEY e
SWISHER, 1984b; MCCAULEY, 2001). A fidedignidade aceitável permite a generalização
dos resultados obtidos na situação de avaliação a um conjunto mais amplo de situações
(MCCAULEY, 2001).
Neste trabalho, a fidedignidade intra-avaliador foi mensurada através da concordância
nos julgamentos do mesmo avaliador em momentos distintos. A concordância média dos
julgamentos da produção dos fonemas por posição foi considerada excelente (percentuais
112
entre 82,2% e 94,4%). Isso demonstra que para a metade dos julgamentos das 77 avaliações,
os dois julgadores concordaram em 82,2% demonstrando boa reprodutibilidade/confiabilidade
diagnóstica do instrumento pelo mesmo avaliador em dois momentos distintos da avaliação
no processo de padronização.
Não se encontrou na literatura instrumentos de avaliação fonológica que relatem a
confiabilidade intra-avaliador. No entanto, este tipo de confiabilidade é dito como importante
para instrumentos que avaliam a fala (MCLEOD e VERDON, 2014) porque permite mensurar
o grau de consistência da medida quando aplicado pelo mesmo clínico em momentos
diferentes.
A concordância média da fidedignidade inter-avaliadores por posição foi excelente,
sendo que todas foram acima de 93%. Isso demostra que para a metade dos julgamentos das
120 avaliações, os dois julgadores concordaram em mais de 93%. Por se tratar de um método
de avaliação subjetivo em que sua precisão depende da habilidade/experiência do avaliador, a
consistência dos resultados inter-avaliadores para o INFONO refletiu uma boa
reprodutibilidade/confiabilidade diagnóstica do instrumento entre os avaliadores no processo
de padronização. Da mesma forma, no GFTA-2 (GOLDMAN e FRISTOE, 2000), os
percentuais de concordância variaram de 70 a 100%, com média de 93% ou mais dependendo
da posição do fonema. O coeficiente de confiabilidade no CAAP (SECORD e DONOHUE,
2002) foi 99% indicando que os examinadores foram altamente consistentes em suas
pontuações.
Os resultados da análise discriminante entre os grupos clínico e controle mostraram
fortes evidências de validade de critério para o INFONO. Como eram esperados, os escores
médios de produção para todos os fonemas do grupo clínico foram inferiores ao grupo
controle, mostrando que os escores são sensíveis para identificar crianças com
desenvolvimento fonológico típico e atípico (desvio fonológico). O desempenho entre os
grupos teve diferenças significativas na produção para a maioria dos fonemas e OC, com
exceção para /p/, /d/ e // em onset e /n/ em coda; /p/ em OI; /b/ e /m/ em OM; /n/ em CM; e,
/l/ e /s/ em CF. Tal fato pode estar relacionado a aquisição e estabilização desses fonemas
antes dos 3 anos, faixa etária não avaliada neste estudo.
Um percentual alto (91,7%) de crianças foi classificado corretamente com a
classificação inicial. Os principais fonemas que auxiliaram nesta classificação entre os grupos
clínico e controle foram /p/, /s/, /z/, //e /r/ em Onset; /s/ em Coda; /k/, /v/, // e /l/ em OI; /p/,
//, /n/ e // em OM; /r/ em CF; plosiva + /r/; plosiva + /r/ em OM; fricativa + /r/ em OI.
113
Dessa forma, o INFONO atende a um de seus objetivos, o de auxiliar no diagnóstico de
desvio fonológico. Outros instrumentos (CAAP e GFTA-2) também apresentam alto
percentual de identificação de crianças com desvio fonológico (GOLDMAN e FRISTOE,
2000; SECORD e DONOHUE, 2002).
O INFONO foi desenvolvido para suprir a necessidade de uma avaliação fonológica
formal normatizada para a população brasileira. No entanto, após a realização dos estudos de
validade e fidedignidades, este instrumento foi normatizado apenas para a população do sul
do Brasil, tendo como limitação a não inclusão de indivíduos de diferentes regiões
demográficas do país. A inclusão de indivíduos de outras regiões é muito importante no caso
de avaliação de fala, já que no Brasil há muita variação dialetal. Outra limitação deste estudo
é não apresentar coeficientes de confiabilidade para cada subgrupo para o qual o teste fornece
dados normativos (faixa etária, sexo, tipo de escola). Os coeficientes de confiabilidade podem
variar de acordo com as diferenças de habilidade entre os grupos, por exemplo, grupos mais
jovens tendem a ter menor confiabilidade (KIRK e VIGELAND, 2014).
O processo inicial de investigação das propriedades psicométricas do INFONO
mostrou evidências de validade e fidedignidade importantes. A falta de um instrumento
padrão-ouro de avaliação fonológica no Brasil impossibilita a realização de algumas análises
importantes. Porém, outros estudos devem ser realizados em busca de outras evidências de
validade e fidedignidade. Apesar das limitações o desenvolvimento deste instrumento tem
importantes implicações clínicas para a avaliação do desvio fonológico no país por
representar a primeira avaliação fonológica normatizada que apresenta evidências de validade
e fidedignidade para a avaliação do desvio fonológico.
Conclusão
O instrumento apresentou adequadas evidências de validade (consistência interna e
análise discriminante) e fidedignidade (consistência interna) indicando uma confiabilidade
satisfatória dos itens, bem como, excelente concordância entre os escores do teste
(confiabilidade intra e inter-avaliador). Essas propriedades podem ser consequências dos
procedimentos de administração, gravação e pontuações do instrumento, sugerindo assim que
o instrumento deve ser administrado por avaliadores experientes.
Os primeiros resultados demonstraram que o INFONO teve boa confiabilidade
diagnóstica da avaliação no processo de padronização. Assim, é válido e confiável para a
114
aplicação na clínica e em pesquisas fonoaudiológicas brasileiras para avaliação da aquisição
fonológica típica e do desvio fonológico.
Referências
FERRANTE, C.; BORSEL, J. V.; PEREIRA, M. M. D. B. Análise dos processos fonológicos
em crianças com desenvolvimento fonológico normal. Revista da Sociedade Brasileira de
Fonoaudiologia, v. 14, n. 1, p. 36-40, 2009.
FONSECA, R. P. et al. Apresentando um instrumento de avaliação da comunicação à
Fonoaudiologia Brasileira: Bateria MAC. Pró-Fono Revista de Atualização Científica, v.
20, n. 4, p. 285-291, 2008a.
______. Bateria Montreal de Avaliação da Comunicação – Bateria MAC. São Paulo:
Pró-Fono, 2008b.
FRIBERG, J. C. Considerations for test selection: How do validity and reliability impact
diagnostic decisions? Child Language Teaching & Therapy, v. 26, n. 1, p. 77-92, Feb 2010.
GOLDMAN, R.; FRISTOE, M. Goldman-Fristoe Test of Articulation 2 - Test manual.
Circle Pines, MN: American Guidance Services Inc: 2000.
GRUNWELL, P. The nature of phonological disability in children. London: Academic
Press, 1981.
KIRK, C.; VIGELAND, L. A Psychometric Review of Norm-Referenced Tests Used to
Assess Phonological Error Patterns. Language, Speech, and Hearing Services in Schools, v.
45, n. 4, p. 365-277, 2014.
MCCAULEY, R. J. Validity and reliability. In: (Ed.). Assessment of language disorders in
children. London: Lawrence Erlbaum Associates, 2001. cap. 3, p.49-77.
MCCAULEY, R. J.; SWISHER, L. Psychometric review of language and articulation tests for
preschool children. Journal of Speech and Hearing Disorders, v. 49, n. 1, p. 34-42, Feb
1984a.
______. Use and misuse of norm-referenced tests in clinical assessment: a hipothetical case.
Journal of Speech and Hearing Disorders, v. 49, n. 4, p. 338-348, 1984b.
MCLEOD, S.; VERDON, S. A systematic review of tools to assess children’s speech in
languages other than English. Session 5529. American Speech-Language-Hearing
Association Convention, Chicago 2013.
______. A Review of 30 Speech Assessments in 19 Languages Other Than English.
American Journal of Speech-Language Pathology, n. 1, p. 1-16, 2014.
MÜÜRSEPP, I. et al. Motor skills, haptic perception and social abilities in children with mild
speech disorders. Brain & Development, v. 34, n. 2, p. 128-132, Feb 2012.
115
NAMASIVAYAM, A. K. et al. Relationship between speech motor control and speech
intelligibility in children with speech sound disorders. Journal of Communication Disorder,
v. 46, n. 3, p. 264-80, 2013 May-Jun 2013.
NEWMEYER, A. J. et al. Fine motor function and oral-motor imitation skills in preschool-
age children with speech-sound disorders. Clin Pediatr (Phila), v. 46, n. 7, p. 604-11, Sep
2007.
OLIVEIRA, C. et al. Cronologia da aquisição dos segmentos e das estruturas silábicas. In:
LAMPRECHT, R. R. (Ed.). Aquisição Fonológica do Português: Perfil de
desenvolvimento e subsídios para terapia. Porto Alegre: Artmed, v.1, 2004. cap. 10, p.167-
176.
PAGAN-NEVES, L. D. O.; WERTZNER, H. F. Parâmetros acústicos das líquidas do
Português Brasileiro no transtorno fonológico. Pró-Fono Revista de Atualização Científica,
v. 22, n. 4, p. 491-496, 2010.
PAGLIARIN, K. C. et al. Montreal-Toulouse language assessment battery for aphasia:
validity and reliability evidence. NeuroRehabilitation, v. 34, n. 3, p. 463-471, 2014.
PAVEZ, M. M.; MAGGIOLO, M.; COLOMA, C. J. Test para evaluar procesos de
implificación fonológica - TEPROSIF-R. Santiago: Pontificia Univesidad Catolica de
Chile, 2009. 83p.
PAWLOWSKI, J.; TRENTINI, C. M.; BANDEIRA, D. R. Discutindo procedimentos
psicométricos a partir da análise de um instrumento de avaliação neuropsicológica breve.
PsicoUSF, v. 12, n. 2, p. 211-219, 2007.
PLANTE, E.; VANCE, R. Selection of preschool language tests: A data based approach.
Language, Speech, and Hearing Services in Schools, v. 25, n. 1, p. 15-24, 1994.
RABELO, A. T. V. R. et al. Alterações de fala em escolares na cidade de Belo Horizonte.
Jornal da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, v. 23, n. 4, p. 344-350, 2011.
RAYMUNDO, V. P. Construção e validação de instrumentos: um desafio para a
psicolinguística. Letras de Hoje, v. 44, n. 3, p. 86-93, 2009.
SECORD, W. A.; DONOHUE, J. S. CAAP - Clinical Assessment of Articulation and
Phonology – Supplemental Examiner’s Manual. USA: Super Duper®Publications, 2002.
1-50.
SKAHAN, S. M.; WATSON, M.; LOF, G. L. Speech-language pathologists' assessment
practices for children with suspected speech sound disorders: Results of a national survey.
American Journal of Speech-Language Pathology, v. 16, n. 3, p. 246-259, Aug 2007.
SOUZA, A. P. R.; MARQUES, J. M.; SCOTT, L. C. Validação de itens para uma escala de
avaliação da inteligibilidade de fala. Pró-Fono Revista de Atualização Científica, v. 22, n.
3, p. 325-332, 2010.
116
STRAND, E. A. et al. A Motor Speech Assessment for Children With Severe Speech
Disorders: Reliability and Validity Evidence. Journal of Speech Language and Hearing
Research, v. 56, n. 2, p. 505-520, Apr 1 2013.
VIGELAND, L.; KIRK, C. A Psychometric Review of Tests Used to Assess Phonological
Error Patterns. ASHA Convention 2013.
WERTZNER, H. F. Fonologia (Parte A). In: ANDRADE, C. R. F. D.;BEFI-LOPES, D. M., et
al (Ed.). Teste de linguagem infantil nas áreas de fonologia, vocabulário, fluência e
pragmática. Carapicuíba: Pró-Fono, v.2, 2004. cap. 5-14, 98p.
YAVAS, M.; HERNANDORENA, C. L. M.; LAMPRECHT, R. R. Avaliação Fonológica da
Criança. Porto Alegre: Artes Médicas, 2002. 148p.
3. DISCUSSÃO GERAL
Desenvolver uma ferramenta de avaliação ideal para fins de auxiliar no diagnóstico do
desvio fonológico é uma tarefa difícil, uma vez que envolve muitas etapas, decisões e estudos
que vão desde a escolha dos melhores estímulos até os estudos de validade e fidedignidade do
instrumento. Para o desenvolvimento do INFONO várias etapas (SAVOLDI, 2012;
SAVOLDI, CERON e KESKE-SOARES, 2013) foram realizadas, entre elas o estudo piloto
que teve como objetivo testar a versão preliminar do instrumento em uma situação real de
avaliação e verificar sua adequação quanto aos estímulos (figuras e palavras-alvo). Os
resultados deste estudo mostraram que a maioria dos estímulos estavam adequados para
compor o INFONO – Nomeação Espontânea, uma vez que foram reconhecidos pelas crianças
da amostra piloto. O índice de reconhecimento de 93 (80,2%) estímulos foi superior a 80%,
destes, 69 tiveram um índice superior a 90% de acertos. Em 16 estímulos o índice de
reconhecimento variou entre 60 a 79%, os quais foram analisados para identificar as
modificações necessárias para facilitar a produção espontânea do alvo, enquanto que os
inferiores a 60% (apenas sete) foram excluídos do instrumento.
O baixo percentual de reconhecimento ocorreu principalmente para os estímulos que
avaliavam o fonema “z” em OI e a estrutura de OC (“cl”, “cr”, “gl”, “bl”). Tal resultado pode
ter ocorrido pelos estímulos não pertencerem ao vocabulário infantil ou pela dificuldade de
representação da palavra-alvo de modo que as crianças reconhecessem e produzissem o alvo
(BUENO, VIDOR e ALVES, 2010), além disso, esses sons são menos frequente na língua.
A realização deste estudo piloto foi importante para verificar a adequação dos estímulos
(palavras-alvo e desenhos), propondo reformulações quando necessário. Após as análises,
definiram-se quais estímulos iriam compor o instrumento de avaliação fonológica. Em
seguida, iniciou-se o desenvolvimento final do instrumento o qual passaria por estudos
psicométricos. Os profissionais antes de usarem algum instrumento de avaliação para fins de
diagnóstico devem conhecer as ferramentas de avaliação existente, seus objetivos e suas
propriedades psicométricas (FRIBERG, 2010). O desconhecimento de informações sobre o
teste, como a amostra e/ou para qual população o teste foi desenvolvido, pode levar a erros de
interpretação dos resultados e, consequentemente, erro de diagnóstico.
Em geral os instrumentos de avaliação internacionais normatizados (GOLDMAN e
FRISTOE, 2000; SECORD e DONOHUE, 2002; PAVEZ, MAGGIOLO e COLOMA, 2009;
LOWE, s/a) disponíveis no mercado contém o Manual do Examinador que fornece
informações detalhadas sobre o teste, como por exemplo, seu objetivo, seus dados
118
normativos, seus procedimentos de aplicação, suas propriedades psicométricas, etc.
(FRIBERG, 2010). Pesquisadores internacionais (MCCAULEY e SWISHER, 1984a; b;
PLANTE e VANCE, 1994; MCCAULEY, 2001; FRIBERG, 2010; STRAND et al., 2013;
VIGELAND e KIRK, 2013; KIRK e VIGELAND, 2014) estão cada vez mais preocupados e
conscientes de questões relacionadas à normatização, validade e confiabilidade de
instrumentos que estão sendo usados para fins de diagnóstico, enquanto que nas pesquisas
brasileiras esta prática está iniciando (FONSECA et al., 2008a; FONSECA et al., 2008b;
PAGLIARIN, 2013; PAGLIARIN et al., 2014). Qualquer instrumento de avaliação deve
definir claramente o seu objetivo, procedimentos de avaliação e análise dos resultados, bem
como, fornecer dados de adequação psicométrica do teste como, por exemplo, a
normatização, validade e confiabilidade.
Os testes com normas são desenvolvidos para comparar o desempenho de uma criança a
uma amostra normativa com características semelhantes (MCCAULEY e SWISHER, 1984a;
PENA, SPAULDING e PLANTE, 2006; KIRK e VIGELAND, 2014). Assim, a amostra
normativa deve garantir que o instrumento faz de fato refletir os dados sociodemográficos da
população em que o instrumento vai ser utilizado (PENA, SPAULDING e PLANTE, 2006).
A falta de representação da idade, sexo, nível socioeconômico pode levar a comparações
incorretas da criança a ser avaliada com grupo ao qual ela será comparada (grupo normativo),
o que pode conduzir a erros de diagnóstico. Os dados normativos do INFONO – Nomeação
Espontânea mostraram que o efeito da idade na a produção dos fonemas foi
consideravelmente mais frequente que o sexo e tipo de escola. Observou-se que os grupos
com mais idade apresentaram um melhor desempenho na produção de consoantes e encontro
consonantais quando comparados aos grupos mais jovens. Outros estudos (DODD et al.,
2003; RVACHEW e BERNHARDT, 2010; BRANCALIONI, MAGNAGO e KESKE-
SOARES, 2012) corroboram esse resultado.
Em relação ao sexo, não houve diferença significativa para a produção da maioria das
consoantes, apenas para a produção de //, /r/ e a estrutura de OC. Entretanto, para todas as
variáveis houve um melhor desempenho das meninas. Outros estudos referiram não encontrar
diferença entre os sexos (DODD et al., 2003; MCINTOSH e DODD, 2008), no entanto, as
meninas tiveram uma melhor precisão fonológica nos grupos de mais idade (DODD et al.,
2003).
Em relação ao tipo de escola, encontrou-se associação significativa apenas para os
fonemas /t/, /k/, /v/ e // em onset simples; /r/ e /s/ em coda; e, da estrutura do OC, no entanto,
119
o melhor desempenho oscilou entre participantes de escola pública e privada na produção dos
fonemas. O tipo de escola foi analisado com o intuito de abranger as diferentes realidades
sociais o que é referido na literatura (GOLDMAN e FRISTOE, 2000; FRIBERG, 2010; KIRK
e VIGELAND, 2014) como um fator importante, que pode influenciar o desenvolvimento da
fala de uma criança.
Os dados normativos do INFONO - Nomeação Espontânea foram baseados em um
número expressivo de crianças, embora ainda tenha necessidade de aumentar a quantidade de
sujeitos em todos os grupos. O recomendado pela literatura (MCCAULEY e SWISHER,
1984a; FRIBERG, 2010; KIRK e VIGELAND, 2014) é no mínimo 100 sujeitos para cada
grupo normativo para garantir que os dados normativos represente a variabilidade presente na
população em geral. Porém, não foi possível obter essa quantidade devido ao pouco tempo de
coleta dos dados, uma vez que esse instrumento ainda precisou ser desenvolvido pela
pesquisadora. Para atingir essa quantidade de participantes é importante a colaboração entre
pesquisadores e fonoaudiólogos clínicos na aplicação do instrumento.
Um instrumento de avaliação tem validade psicométrica se ele mede com precisão uma
determinada inferência a partir de seus escores (GOLDMAN e FRISTOE, 2000;
MCCAULEY, 2001; PASQUALI, 2009; RAYMUNDO, 2009; STRAND et al., 2013; KIRK
e VIGELAND, 2014). A precisão do teste em identificar crianças com desvio fonológico é
um fator importante que deve ser considerado pelo clínico no momento da escolha do
instrumento de avaliação que irá utilizar. Os clínicos que desconsideram esta informação
enfrentam o problema de um possível diagnóstico errado (FRIBERG, 2010). Se a informação
relacionada com a precisão de um teste não é fornecida, os clínicos devem questionar se o
instrumento de avaliação consegue identificar de forma confiável a presença ou a ausência do
problema (FRIBERG, 2010).
Neste estudo, resultados da análise discriminante entre as crianças típicas (grupo
controle) e atípicas (grupo clínico) mostraram fortes evidências de validade de critério do
instrumento. O INFONO – Nomeação Espontânea discriminou corretamente 91,7% das
crianças avaliadas e classificadas pelo clínico como tendo desenvolvimento fonológico típico
ou atípico (desvio fonológico).
Conforme o esperado, a média de produção do grupo clínico para todos os fonemas
avaliados foi inferior ao grupo controle mostrando que os escores do INFONO - Nomeação
Espontânea são sensíveis para identificar crianças com desenvolvimento fonológico típico e
120
atípico (desvio fonológico). O desempenho entre os grupos clínico e controle apresentou
diferenças significativas na produção da maioria dos fonemas.
A validade de um instrumento de avaliação fonológica pode ser afetada pela
habilidade do avaliador e pela confiabilidade das medidas (MCCAULEY, 2001) o que pode
comprometer o diagnóstico (FRIBERG, 2010). A análise da consistência interna do INFONO
– Nomeação Espontânea indicou uma adequada validade e confiabilidade dos itens.
Quanto à fidedignidade, foram analisadas a consistência interna, a confiabilidade intra-
avaliador e a confiabilidade inter-avaliador. Uma fidedignidade aceitável permite a
generalização dos resultados obtidos na situação de avaliação a um conjunto mais amplo de
situações (MCCAULEY, 2001).
O INFONO – Nomeação Espontânea apresentou concordância média excelente na
análise da confiabilidade intra-avaliador (percentuais entre 82,2% e 94,4%) e inter-avaliador
(variando entre 93% e 98%). Isso demonstra boa reprodutibilidade/confiabilidade diagnóstica
da avaliação realizada pelo mesmo avaliador ou por avaliadores distintos no processo de
padronização. Da mesma forma, outros instrumentos como o GFTA-2 (GOLDMAN e
FRISTOE, 2000) e o CAAP (SECORD e DONOHUE, 2002) apresentaram percentual alto
concordância indicando que os examinadores foram altamente consistentes em suas
pontuações.
Os primeiros estudos em relação ao INFONO – Nomeação Espontânea mostraram que
esse instrumento apresentou boa confiabilidade diagnóstica da avaliação no processo de
padronização. Entretanto, esta tese apresenta algumas limitações como a impossibilidade de
dividir os participantes em faixas etárias ainda menores, o que seria importante para
aprofundar as análises da aquisição fonológica e identificar as pequenas variações nas normas.
Ainda, o número de crianças participantes por grupos foi inferior a 100 sujeitos (número
mínimo recomendado internacionalmente para constituir uma amostra normativa que
represente a variabilidade presente na população em geral). Adicionalmente, a não inclusão de
crianças menores de 3 anos nos dados, pois sabe-se que alguns fonemas estão em processo de
aquisição antes dessa idade.
Outro fator limitante foi à falta de um instrumento padrão-ouro de avaliação
fonológica no Brasil que poderia permitir outras análises correlacionando os resultados de
ambas. Além das limitações apresentadas é importante salientar que o INFONO – Nomeação
Espontânea foi normatizado para a população do sul do País e pode auxiliar no diagnóstico de
crianças com queixas de alterações fonológicas nesta região. Como não foram incluídos
121
sujeitos de outras regiões demográficas do país, as normas não podem ser utilizadas como
parâmetros para essas outras regiões. Outros estudos devem ser realizados buscando a
normatização nacional, para isso a colaboração entre os pesquisadores de diferentes
universidades e fonoaudiólogos clínicos é importante. Assim como, estudos futuros devem ser
realizados para a continuidade das investigações psicométricas do INFONO para a nomeação
espontânea, repetição e fala encadeada.
Ainda, nesta tese não se abordou os dados normativos do inventário fonológico por
posição (OI, OM, CM e CF), bem como, a não se incluiu os dados do inventário fonético,
processos fonológicos, traços distintivos e gravidade do desvio fonológico nos estudos. Sabe-
se da importância destas análises na avaliação de crianças com desvio fonológico e para o
planejamento terapêutico. Outros estudos serão realizados para apresentar estas análises.
Enfim, o INFONO é a primeira avaliação fonológica normatizada para a população do
sul do País. Assim, tem importantes implicações clínicas como: auxiliar no diagnóstico de
crianças com desvio fonológico, fornecer subsídios para terapia, permitir a comparação entre
avaliações e reavaliações de uma mesma criança, fornecer dados de aquisição dos fonemas,
etc.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Todo o processo de desenvolvimento e investigação das propriedades psicométricas do
INFONO foram importantes para obter um instrumento válido e confiável para avaliação do
desenvolvimento fonológico típico e atípico. Dessa forma, auxilia no diagnóstico de crianças
com desvio fonológico.
O Estudo 1 contribuiu para analisar a adequação dos estímulos em uma situação real
de avaliação evitando estímulos não identificáveis pelas crianças. A maioria dos estímulos
apresentou um percentual de reconhecimento alto, superior a 80%. Constatou-se também, que
alguns estímulos precisariam ser modificados para melhorar o reconhecimento e possibilitar a
produção da palavra-alvo, enquanto outros foram excluídos para a nova versão do INFONO.
Os estímulos que permaneceram no instrumento foram todos “animados” com Gif’s
possibilitando um melhor reconhecimento do alvo desejado e tornando-se mais atrativos para
as crianças.
O Estudo 2 verificou o efeito da idade, sexo e tipo de escola na produção dos fonemas.
O efeito da idade foi consideravelmente mais frequente, quando comparado ao sexo e ao tipo
de escola. Quanto ao efeito da idade, os grupos mais jovens apresentaram um desempenho
inferior quando comparados aos de mais idade. Os dados normativos foram apresentados por
grupos de idade; e, sexo e tipo de escola apenas quando houve diferença significativa no
desempenho. Em relação ao efeito do sexo, de modo geral, observam-se valores de
desempenho semelhantes entre ambos. As meninas apresentaram um melhor desempenho
quando comparado aos meninos, embora houvesse diferença significativa na produção apenas
para o // e /r/ em onset e para todos os encontros consonantais. O efeito do tipo de escola foi
pouco frequente apresentando uma oscilação em relação ao desempenho entre escola privada
e escola pública na produção dos fonemas.
O Estudo 3 apresentou as evidências de validade e fidedignidade. Os resultados da
análise discriminante entre os grupos clínico e controle mostraram fortes evidências de
validade de critério para o INFONO – Nomeação espontânea. Os participantes com desvio
fonológico (grupo clínico) apresentaram desempenho inferior ao grupo controle para todas as
consoantes e encontro consonantal, mostrando que os escores são sensíveis para identificar
crianças com desenvolvimento fonológico típico e atípico (desvio fonológico). Observou-se
que o desempenho entre os grupos teve diferença significativa na produção para a maioria dos
fonemas e estrutura de OC. A concordância da classificação do desenvolvimento típico e
atípico, entre a avaliação clínica e os escores do INFONO, foi alta (91,7%). Os fonemas que
123
mais auxiliaram nesta classificação foram /p/, /s/, /z/, //e /r/ em Onset; /s/ em Coda; /k/, /v/,
// e /l/ em OI; /p/, //, /n/ e // em OM; /r/ em CF; plosiva + /r/; plosiva + /r/ em OM;
fricativa + /r/ em OI. Quanto a fidedignidade, o INFONO – Nomeação Espontânea apresentou
na análise de confiabilidade uma excelente média de concordância intra e inter-avaliador no
processo de normatização. A análise da consistência interna indicou uma adequada
confiabilidade dos itens.
Cada um dos estudos trouxe importantes contribuições para a pesquisa e a clínica
fonoaudiológica brasileira por representar a primeira avaliação fonológica normatizada que
apresenta as evidências de validade e fidedignidade dos escores. Por fim, o INFONO por
utilizar diretamente o computador apresenta algumas vantagens em relação a outros
instrumentos que não utilizam o computador como: maior interesse da criança durante a
avaliação, arquivar todas as avaliações e reavaliações de diferentes crianças, utilizar desenhos
“animados” com Gif’s, maior rapidez na avaliação e na obtenção da análise dos resultados.
No entanto, antes de usar este instrumento é importante conhecer seus objetivos, sua forma de
aplicação, se familiarizar com o teste (figuras, palavras-alvo, transcrições, fonte fonética IPA,
funcionamento do software), conhecer a amostra normativa, etc. As propriedades
psicométricas são tão importantes quanto à experiência do clínico com o instrumento na
avaliação e interpretação dos resultados.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ATHAYDE, M. D. L.; MOTA, H. B.; MEZZOMO, C. L. Vocabulário expressivo de crianças
com desenvolvimento fonológico normal e desviante. Pró-Fono Revista de Atualização
Científica, v. 22, n. 2, p. 145-150, 2010.
BAGETTI, T. et al. Phonological changes after the application of therapy approach based on
distinctive features in the treatment of phonological disorder. Jornal da Sociedade Brasileira
de Fonoaudiologia, v. 24, n. 3, p. 282-7, 2012.
BAPTISTA, M. Prova de avaliação de capacidades articulatórias - PACA. Coimbra:
Grácio Editora, 2009. 10p.
BISOL, L. Introdução aos estudos de fonologia do português brasileiro. Porto Alegre:
EDIPUCRS, 2005. 45p.
BRANCALIONI, A. R.; MAGNAGO, K. F.; KESKE-SOARES, M. Proposal for classifying
the severity of speech disorder using a fuzzy model in accordance with the implicational
model of feature complexity. Clinical Linguistics & Phonetics, v. 26, n. 9, p. 774-790, Sep
2012.
BRAUN, C. M. Avalie - Avaliação de fala e linguagem: CTS Informática s/a.
BUENO, T. G.; VIDOR, D. C. G. M.; ALVES, A. L. S. A. Protocolo de avaliação fonológica
infantil - PAFI: Projeto piloto. Berba Volant, v. 1, n. 1, p. 53-86, 2010.
CASARIN, F. S. Bateria Montreal de avaliação da comunicação breve – Bateria MAC
breve: estudos de adaptação. 2011. 88 f. Dissertação (Mestrado em Psicologia – Área de
Concentração: Cognição Humana) - Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul,
Porto Alegre, 2011.
CASARIN, M. T. Estudo dos desvios de fala em pré-escolares de escolas públicas
estaduais de Santa Maria - RS. 2006. 113 f. Dissertação (Mestrado em Distúrbios da
Comunicação Humana) - Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, 2006.
CASTRO, M. M. D.; WERTZNER, H. F. Influence of sensory cues on the stimulability for
liquid sounds in Brazilian Portuguese-speaking children. Folia Phoniatrica et Logopaedica,
v. 61, n. 5, p. 283-7, 2009.
______. Estimulabilidade: medida auxiliar na identificação de dificuldade na produção dos
sons. Jornal da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, v. 24, n. 1, p. 49-56, 00/2012
2012.
125
CAVALHEIRO, L. G. A prevalência do desvio fonológico em crianças de 4 a 6 anos de
escolas públicas municipais de Salvador - BA. 2007. 127 f. Dissertação (Mestrado em
Distúrbios de Comunicação Humana) - Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria,
2007.
CLEMENTS, G. N. The geometry of phonological features. Phonology Yearbook, v. 2, p.
225-252, 1985.
CLEMENTS, G. N.; HUME, E. The Internal Organization of Speech Sounds. . In:
GOLDSMITH, J. (Ed.). Handbook of Phonological Theory. Oxford: Blackwell, 1995.
DIAS, R. F. et al. The interaction between awareness of one' s own speech disorder with
linguistics variables: distinctive features and severity of phonological disorder. CoDAS, v. 25,
n. 5, p. 429-436, 2013-10 2013.
DODD, B. et al. Phonological development: a normative study of British English-speaking
children. Clinical Linguistics & Phonetics, v. 17, n. 8, p. 617-643, Dec 2003.
EISENBERG, S. L.; HITCHCOCK, E. R. Using standardized tests to inventory consonant
and vowel production: a comparison of 11 tests of articulation and phonology. Language,
Speech, and Hearing Services in Schools, v. 41, n. 4, p. 488-503, Oct 2010.
FARIA, R. E. Realfa - Exame fonético X fonológico: manual de instruções. Rio de
Janeiro: CTRL, 1996.
FERRANTE, C.; BORSEL, J. V.; PEREIRA, M. M. D. B. Aquisição fonológica de crianças
de classe sócio econômica alta. Revista CEFAC, v. 10, n. 4, p. 452-460, 2008.
______. Análise dos processos fonológicos em crianças com desenvolvimento fonológico
normal. Revista da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, v. 14, n. 1, p. 36-40, 2009.
FONSECA, R. P. et al. Adaptation process to Brazilian Portuguese of the Montreal
communication evaluation battery: MAC battery. Psicologia: Reflexão e Crítica, v. 20, n. 2,
p. 259-267, 2007.
______. Apresentando um instrumento de avaliação da comunicação à Fonoaudiologia
Brasileira: Bateria MAC. Pró-Fono Revista de Atualização Científica, v. 20, n. 4, p. 285-
291, 2008a.
______. Bateria Montreal de Avaliação da Comunicação – Bateria MAC. São Paulo:
Pró-Fono, 2008b.
126
FRANÇA, M. P. et al. Aquisição da linguagem oral. Arquivos de Neuropsiquiatria, v. 62,
n. 2-B, p. 469-472, 2004.
FRIBERG, J. C. Considerations for test selection: How do validity and reliability impact
diagnostic decisions? Child Language Teaching & Therapy, v. 26, n. 1, p. 77-92, Feb 2010.
GALCERAN, L. B. Evaluación fonológica del habla infantil. Barcelona: Masson, 2005.
107p.
GALEA, D. E. D. S. Percurso da aquisição dos encontros consonantais, fonemas e
estruturas silábicas em crianças de 2:1 a 3:0 anos de idade. 2008. 226 f. Tese (Faculdade
de Filosofia, Letras e Ciências Humanas - Universidade Federal de São Paulo, São Paulo,
2008..
GIUSTI, E.; BEFI-LOPES, D. M. Tradução e adaptação transcultural de instrumentos
estrangeiros para o Português Brasileiro (PB). Pró-Fono Revista de Atualização Científica,
v. 20, n. 3, p. 207-210, 2008.
GOLDMAN, R.; FRISTOE, M. Goldman-Fristoe Test of Articulation 2 - Test manual.
Circle Pines, MN: American Guidance Services Inc: 2000.
______. Goldman-Fristoe Test of Articulation 2 - Test manual. Circle Pines, MN:
American Guidance Services Inc: s/a.
GOLDSMITH, J. A. Autossegmental phonology. Bloomington: IULC, 1976.
GONÇALVES, G. F.; KESKE-SOARES, M.; CHECALIN, M. A. Estudo do papel do
contexto linguístico no tratamento do desvio fonológico. Revista da Sociedade Brasileira de
Fonoaudiologia, v. 15, n. 1, p. 96-102, 2010.
GOULART, B. N. G. D.; FERREIRA, J. Teste de rastreamento de alterações de fala para
crianças - TERDAF. Pró-Fono Revista de Atualização Científica, v. 21, n. 3, p. 231-236,
2010.
GRUNWELL, P. The nature of phonological disability in children. London: Academic
Press, 1981.
KESKE-SOARES, M. et al. Estudo sobre os ambientes favoráveis à produção da líquida não-
lateral /r/ no tratamento do desvio fonológico. Revista da Sociedade Brasileira de
Fonoaudiologia, v. 12, n. 1, p. 48-54, 2007.
127
KESKE-SOARES, M.; PAGLIARIN, K. C.; CERON, M. I. Terapia fonológica considerando
as variáveis linguísticas. Revista da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, v. 14, n. 2, p.
261-266, 2009.
KIRK, C.; VIGELAND, L. A Psychometric Review of Norm-Referenced Tests Used to
Assess Phonological Error Patterns. Language, Speech, and Hearing Services in Schools, v.
45, n. 4, p. 365-277, 2014.
LAMPRECHT, R. R. Sobre os desvios fonológicos. In: LAMPRECHT, R. R. (Ed.).
Aquisição Fonológica do Português: Perfil de desenvolvimento e subsídios para a
terapia. 1. Porto Alegre: Artmed, v.1, 2004. cap. 12, p.193-212.
LAZZAROTTO-VOLCÃO, C. Modelo padrão de aquisição de contrastes: uma proposta
de avaliação e classificação dos Desvios Fonológicos. 2009. 217 f. Tese (Programa de Pós-
Graduação em Letras). Universidade Católica de Pelotas, Pelotas, 2009.
LIMA, R. Avaliação da Fonologia Infantil – Prova de avaliação fonológica em formatos
silábicos. Coimbra: Almedina, 2009. 160p.
LINASSI, L. A.; KESKE-SOARES, M.; MOTA, H. B. Habilidades de memória de trabalho e
o grau de severidade do desvio fonológico. Pró-Fono Revista de Atualização Científica, v.
17, n. 3, p. 383-392, 2005.
LOWE, R. Assessment link between phonology and articulation – ALPHA - Examiner's
Manual. p.1-22, s/a..
LOWE, R. J. Fonologia - avaliação e intervenção: aplicações na patologia da fala. In: LOWE,
R. J. e WEITZ, J. M. (Ed.). Intervenção. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996.
MASTERSON, J. J.; BERNHARDT, B. H.; HOFHEINZ, M. K. A comparison of single
words and conversational speech in phonological evaluation. American Journal of Speech-
Language Pathology, v. 14, n. 3, p. 229-41, Aug 2005.
MCCAULEY, R. J. Validity and reliability. In: (Ed.). Assessment of language disorders in
children. London: Lawrence Erlbaum Associates, 2001. cap. 3, p.49-77.
MCCAULEY, R. J.; SWISHER, L. Psychometric review of language and articulation tests for
preschool children. Journal of Speech and Hearing Disorders, v. 49, n. 1, p. 34-42, 1984a.
______. Use and misuse of norm-referenced tests in clinical assessment: a hipothetical case.
Journal of Speech and Hearing Disorders, v. 49, n. 4, p. 338-348, 1984b.
128
MCINTOSH, B.; DODD, B. J. Two-year-olds' phonological acquisition: Normative data.
International Journal of Speech-Language Pathology, v. 10, n. 6, p. 460-469, Dec 2008.
MCLEOD, S.; VERDON, S. A systematic review of tools to assess children’s speech in
languages other than English. Session 5529. American Speech-Language-Hearing
Association Convention, Chicago 2013.
______. A Review of 30 Speech Assessments in 19 Languages Other Than English.
American Journal of Speech-Language Pathology, n. 1, p. 1-16, 2014.
MIRANDA, A. R. M.; MATZENAUER, C. L. B. Aquisição da Fala e da Escrita: relações
com a Fonologia. Cadernos de Educação | FaE/PPGE/UFPel, Pelotas - RS, v. 35, p. 359-
405, 2010.
MOTA, H. B. Aquisição segmental do português: um modelo implicacional de
complexidade de traços. 1996. 221f. Tese (Doutorado em Letras. Área de Concentração –
Linguística Aplicada) - Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre,
1996.
______. Terapia fonoaudiológica para os desvios fonológicos. Rio de Janeiro: Revinter,
2001. 109p.
MOTA, H. B. et al. Análise comparativa da eficiência de três diferentes modelos de terapia
fonológica. Pró-fono: Revista de Atualização Científica, v. 19, n. 1, p. 67-74, 2007.
MÜÜRSEPP, I. et al. Motor skills, haptic perception and social abilities in children with mild
speech disorders. Brain & Development, v. 34, n. 2, p. 128-132, Feb 2012.
NAMASIVAYAM, A. K. et al. Relationship between speech motor control and speech
intelligibility in children with speech sound disorders. Journal of Communication Disorder,
v. 46, n. 3, p. 264-80, 2013 May-Jun 2013.
NEWMEYER, A. J. et al. Fine motor function and oral-motor imitation skills in preschool-
age children with speech-sound disorders. Clin Pediatr (Phila), v. 46, n. 7, p. 604-11, Sep
2007.
OLIVEIRA, C. et al. Cronologia da aquisição dos segmentos e das estruturas silábicas. In:
LAMPRECHT, R. R. (Ed.). Aquisição Fonológica do Português: Perfil de
desenvolvimento e subsídios para terapia. Porto Alegre: Artmed, v.1, 2004. cap. 10, p.167-
176.
129
OSHIMA, M. et al. Early Listening Function (ELF): adaptação para a língua portuguesa.
Revista da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, v. 15, n. 2, p. 191, 2010.
PAGAN-NEVES, L. D. O.; WERTZNER, H. F. Parâmetros acústicos das líquidas do
Português Brasileiro no transtorno fonológico. Pró-Fono Revista de Atualização Científica,
v. 22, n. 4, p. 491-496, 2010.
PAGLIARIN, K. C. Bateria Montreal-Toulouse de Avaliação de Linguagem: evidências
de validade e fidedignidade com adultos saudáveis e com lesão cerebral unilateral com e
sem afasia. 2013. 111 f. Tese (Programa de Pós-Graduação em Psicologia) - Pontíficia
Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2013.
PAGLIARIN, K. C. et al. Montreal-Toulouse language assessment battery for aphasia:
validity and reliability evidence. NeuroRehabilitation, v. 34, n. 3, p. 463-471, 2014.
PASQUALI, L. Instrumentos psicológicos: manual prático de elaboração. Brasília:
LabPAM/IBAPP, 1999.
______. Psicometria: teoria dos testes na Psicologia e na Eduação. 3ª. Petrópolis - RJ:
Vozes, 2003. 397.
______. Psychometrics. Revista Da Escola De Enfermagem Da Usp, v. 43, p. 992-999, Dec
2009.
PAVEZ, M. M.; MAGGIOLO, M.; COLOMA, C. J. Test para evaluar procesos de
implificación fonológica - TEPROSIF-R. Santiago: Pontificia Univesidad Catolica de
Chile, 2009. 83p.
PAWLOWSKI, J.; TRENTINI, C. M.; BANDEIRA, D. R. Discutindo procedimentos
psicométricos a partir da análise de um instrumento de avaliação neuropsicológica breve.
PsicoUSF, v. 12, n. 2, p. 211-219, 2007.
PENA, E. D.; SPAULDING, T. J.; PLANTE, E. The composition of normative groups and
diagnostic decision making: Shooting ourselves in the foot. American Journal of Speech-
Language Pathology, v. 15, n. 3, p. 247-254, Aug 2006.
PLANTE, E.; VANCE, R. Selection of preschool language tests: A data based approach.
Language, Speech, and Hearing Services in Schools, v. 25, n. 1, p. 15-24, 1994.
130
PRIMI, R.; MUNIZ, M.; NUNES, C. H. D. S. S. Definições contemporâneas de validade de
testes psicológicos. In: HUTZ, C. S. (Ed.). Avanços e polêmicas em avaliação psicológica.
São Paulo: Casa do Psicólogo, 2009. cap. 10.
RABELO, A. T. V. R. et al. Alterações de fala em escolares na cidade de Belo Horizonte.
Jornal da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, v. 23, n. 4, p. 344-350, 2011.
RANGEL, G. Aquisição do sistema vocálico do português brasileiro. 2002. Tese
(Faculdade de Letras, Doutorado em Linguística Aplicada) - Pontifícia Universidade Católica
do Rio Grande do Sul - Porto Alegre, 2002.
RAYMUNDO, V. P. Construção e validação de instrumentos: um desafio para a
psicolinguística. Letras de Hoje, v. 44, n. 3, p. 86-93, 2009.
RVACHEW, S.; BERNHARDT, B. M. Clinical Implications of Dynamic Systems Theory for
Phonological Development. American Journal of Speech-Language Pathology, v. 19, n. 1,
p. 34-50, Feb 1 2010.
SAVOLDI, A. Instrumento de Avaliação Fonológica: validação de conteúdo. 2012. 136 f
Dissertação (Pós-Graduação em Distúrbios da Comunicação Humana) - Universidade Federal
de Santa Maria, Santa Maria, 2012.
SAVOLDI, A.; CERON, M. I.; KESKE-SOARES, M. Quais são as melhores palavras para
compor um instrumento de avaliação fonológica? Audiology - Communication Research, v.
8, n. 3, p. 194-202, 2013.
SECORD, W. A.; DONOHUE, J. S. CAAP - Clinical Assessment of Articulation and
Phonology – Supplemental Examiner’s Manual. USA: Super Duper®Publications, 2002.
1-50.
SKAHAN, S. M.; WATSON, M.; LOF, G. L. Speech-language pathologists' assessment
practices for children with suspected speech sound disorders: Results of a national survey.
American Journal of Speech-Language Pathology, v. 16, n. 3, p. 246-259, Aug 2007.
SOSA, A. V.; STOEL-GAMMON, C. Patterns of intra-word phonological variability during
the second year of life. Journal of Child Language, v. 33, n. 1, p. 31-50, Feb 2006.
______. Lexical and phonological effects in early word production. Journal of speech,
language, hearing research, v. 55, n. 2, p. 596-608, 2012.
131
SOUZA, A. P. R.; MARQUES, J. M.; SCOTT, L. C. Validação de itens para uma escala de
avaliação da inteligibilidade de fala. Pró-Fono Revista de Atualização Científica, v. 22, n.
3, p. 325-332, 2010.
SPEZZANO, L. C.; MANSUR, L. L.; RADANOVIC, M. Applicability of the "An Object and
Action Naming Battery" in Brazilian Portuguese. CoDAS, v. 25, n. 5, p. 437-443, 2013-10
2013.
STOEL-GAMMON, C. The Word Complexity Measure: Description and application to
developmental phonology and disorders. Clinical Linguistics & Phonetics, v. 24, n. 4-5, p.
271-282, 2010.
STRAND, E. A. et al. A Motor Speech Assessment for Children With Severe Speech
Disorders: Reliability and Validity Evidence. Journal of Speech Language and Hearing
Research, v. 56, n. 2, p. 505-520, 2013.
VAN SEVEREN, L. et al. The relation between order of acquisition, segmental frequency
and function: the case of word-initial consonants in Dutch. Journal of Child Language, v.
40, n. 4, p. 703-740, Sep 2013.
VIGELAND, L.; KIRK, C. A Psychometric Review of Tests Used to Assess Phonological
Error Patterns. ASHA Convention 2013.
WERTZNER, H. F. Aquisição da articulação: um estudo de crianças de três a sete anos.
Estudos de Psicologia, v. 11, n. 1-2, p. 11-21, 1994.
______. Estudo da aquisição do sistema fonológico: o uso de processos fonológicos em
crianças de três a sete anos. Pró-Fono Revista de Atualização Científica, v. 7, n. 1, p. 21-26,
1995.
______. Fonologia (Parte A). In: ANDRADE, C. R. F. D.;BEFI-LOPES, D. M., et al (Ed.).
Teste de linguagem infantil nas áreas de fonologia, vocabulário, fluência e pragmática.
Carapicuíba: Pró-Fono, v.2, 2004. cap. 5-14, p.98p.
WERTZNER, H. F; AMARO, L. & TERAMOTO, S. S. Gravidade do distúrbio fonológico:
julgamento perceptivo e porcentagem de consoantes corretas. Pró-Fono: revista de
Atualização Científica, v. 17, p. 185-194, 2005.
WERTZNER, H. F.; PAPP, A. C. C. S.; GALEA, D. E. D. S. Provas de nomeação e
imitação como instrumentos de diagnóstico do transtorno fonológico. Pró-Fono Revista
de Atualização Científica. Barueri (SP). 18: 303-312 p. 2006.
132
WERTZNER, H. F.; PAGAN, L. O.; GALEA, D. E. S. & PAPP, A. C. C. S. Características
fonológicas de crianças com transtorno fonológico com e sem histórico de otite média.
Revista da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, v. 12, n. 1, p. 41-47, 2007.
WIETHAN, F. M.; MOTA, H. B. Ambientes linguísticos para a produção das fricativas /z/,
/∫/e //: variabilidades na aquisição fonológica de seis sujeitos. Revista CEFAC, v. 15, n. 1,
p. 179-187, 2013-02 2013.
WILLIAMS, A. L. Multiple oppositions: Theoretical foundations for an alternative
contrastive intervention approach. American Journal of Speech-Language Pathology, v. 9,
n. 4, p. 282-288, Nov 2000.
______. Epilogue: Perspectives in the assessment of children's speech. American Journal of
Speech-Language Pathology, v. 11, n. 4, p. 259-263, Nov 2002.
YAVAS, M.; HERNANDORENA, C. L. M.; LAMPRECHT, R. R. Avaliação Fonológica da
Criança. Porto Alegre: Artes Médicas, 2002. 148p.
YGUAL-FERNÁNDEZ, A.; CERVERA-MÉRIDA, J. F.; ROSSO, P. Utilidad del análisis
fonológico en la terapia del lenguaje. Revista de Neurología, v. 46, n. supl 1, p. S97-S100,
2008.
6. APÊNDICES
APÊNDICE I – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Autorização para participar de um projeto de pesquisa
Nome do estudo: Elaboração, criação e validação de um instrumento de avaliação fonológica.
Instituição: Universidade Federal de Santa Maria
Pesquisadores responsáveis: Márcia Keske-Soares (coordenadora), Ana Rita Brancalioni, Angélica Savoldi e
Marizete Ilha Ceron
Endereço para contato: Serviço de Atendimento Fonoaudiológico (SAF) – Rua Floriano Peixoto, 1750 – 7º
andar – Telefone: (55) 32209239 ou (55) 99398099
Profª Orientadora: Dra. Fga. Márcia Keske-Soares
Nome do participante:__________________________________________________
1. Objetivo do Estudo:
Elaborar e validar um instrumento de avaliação fonológica para crianças com alterações de fala
atualizado que seja de fácil aplicação e análise. Além disso, o teste auxiliará na formação de um diagnóstico
preciso e a elaboração de um bom plano terapêutico.
2. Possíveis riscos/ desconfortos e benefícios
Desconfortos: O possível desconforto está relacionado ao tempo que disponibilizará para responder ao
questionário e à fadiga. Você poderá ser contatado para mais uma sessão de avaliação, da qual participará, se
assim o desejar. Sua participação é voluntária. Só responderá a essa avaliação se concordar.
Benefícios: Como benefício a criança recebe avaliação fonoaudiológica no aspectos da fala e, no caso de serem
encontradas alterações, são realizados os encaminhamentos necessários. Os encaminhamentos não garantem o
atendimento, é realizada apenas a indicação de locais e/ou profissionais aos quais devem buscar atendimento.
3. Direito de desistência
Você pode desistir de participar a qualquer momento sem consequências para as atividades com as
quais está ou viria a estar envolvido nessa instituição.
4. Sigilo
Todas as informações obtidas neste estudo poderão ser publicadas com finalidade científica,
preservando-se o completo anonimato dos participantes, os quais serão identificados apenas por um número.
Assim, seu anonimato está totalmente garantido.
5. Consentimento
Declaro ter lido – ou me foram lidas – as informações acima antes de assinar este termo. Foi-me dada
oportunidade de fazer perguntas, esclarecendo totalmente as minhas dúvidas. Declaro que ficou clara a
possibilidade de contatar o pesquisador pelo telefone acima indicado ou os membros do Comitê de Ética em
Pesquisa da UFSM. Por este documento, tomo parte, voluntariamente, deste estudo.
___________________________
Assinatura do responsável
________________________________ _____________________________
Profa Dra Fga Márcia Keske-Soares Pesquisadora responsável
Santa Maria ___/___/___
Para dúvidas sobre a ética na pesquisa, entre em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa: Av. Roraima, 1000
- Prédio da Reitoria – 7º andar – Campus Universitário – 97105-900 – Santa Maria-RS. Tel: (55)3220 9362; e-
mail: [email protected]
134
APÊNDICE II – Questionário aos Pais
Questionário aos Pais
Srs. Pais,
Se você autorizou seu(sua) filho(a) a participar do estudo intitulado “Elaboração,
criação e validação de um instrumento de avaliação fonológica”, solicitamos que
preencha o questionário abaixo.
Quem preencheu ( ) pai ( ) mãe ( ) responsável
Fone residencial: Fone Celular: Endereço:
1. Nome completo da criança:
2. Nome do pai:
3. Nome da mãe:
4. Data de nascimento da criança:
5. A criança fala outra língua? ( ) não ( ) sim qual? __________________________
6. Já apresentou ou apresenta dores de ouvido frequentes (otites)? ( ) sim ( ) não
7. Já apresentou ou apresenta dificuldades para escutar ( ) não ( ) sim Usa aparelho para
ouvir? ( ) não ( ) sim
8. Dificuldades para enxergar ( ) não ( ) sim Usa óculos? ( ) não ( ) sim lente ( ) cirurgia
para correção visão ( )
9. Já apresentou ou apresenta alguma dificuldade para produzir ou para compreender a fala? ( )
não ( ) sim Descreva:
10. A criança já teve algum acidente grave (batida de carro, atropelado, batida na cabeça, etc.? (
) não ( ) sim Descreva:
11. Teve ou tem convulsões? ( ) não ( ) sim. Desde que idade? ________
12. A criança apresenta ou apresentou doença grave (por ex. epilepsia, tumor, meningite,
pneumonia) ou psiquiátricas (depressão, transtorno de déficit de atenção e hiperatividade,
psicoses) . ( ) não ( ) sim, qual / quais?
Faz tratamento? ( ) sim ( ) não
13. Já ficou hospitalizado? ( ) sim ( ) não Qual motivo?
Quanto tempo?
14. A criança já tomou algum tipo de medicação por um longo período de tempo? ( ) não ( )
sim Qual? Por que?
Por quanto tempo? Se já parou há quanto tempo?
15. Com que idade a criança entrou na escola?
Fez pré-escola? ( ) sim ( ) não
16. A criança tem ou teve problemas para aprender a ler e escrever? ( ) não ( ) sim Qual?
______________________
17. A criança repetiu alguma série? ( ) não ( ) sim Qual(is)?___________
18. Como você classifica o rendimento (ou desempenho) escolar de seu filho?
Regular ( ) Bom ( ) Muito bom ( ) Ótimo ( )
Qual a maior dificuldade dele? Leitura ( ) Escrita ( ) Matemática ( )
Outros _________________________
19. Tem problemas de sono ou para dormir? ( ) não ( ) sim Que tipo?
20. Frequenta algum tipo de tratamento (médico, psicológico, fonoaudiológico)?
( ) não ( ) sim. Qual?
Motivo?
21. Outras Informações que achar importante sobre seu(sua) filho(a):
____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
22 Qual a escolaridade da mãe (ou a responsável)
( ) Analfabeto/1ª a 4ª séries incompletas – última série que frequentou:
( ) 1ª a 4ª séries completas (primário ou ensino fundamental I)
( ) 5ª a 8ª séries incompletas – última série que frequentou:
( ) 5ª a 8ª séries completas (ginasial ou ensino fundamental II)
( ) 1º ao 3º anos incompletos – último ano que frequentou:
( ) 1º ao 3º anos completos (colegial, científico ou ensino médio)/curso técnico, qual?
( ) Ensino superior incompleto – quantos anos frequentou:
( ) Ensino superior completo
Qual a escolaridade do pai (ou responsável)
( ) Analfabeto/1ª a 4ª séries incompletas – última série que frequentou:
( ) 1ª a 4ª séries completas (primário ou ensino fundamental I)
( ) 5ª a 8ª séries incompletas – última série que frequentou:
( ) 5ª a 8ª séries completas (ginasial ou ensino fundamental II)
( ) 1º ao 3º anos incompletos – último ano que frequentou:
( ) 1º ao 3º anos completos (colegial, científico ou ensino médio)/curso técnico, qual?
( ) Ensino superior incompleto – quantos anos frequentou:
( ) Ensino superior completo
23 Qual a Profissão da mãe? Ocupação?
24 Qual a Profissão do pai? Ocupação?
25 Tem irmãos? ( ) sim Quantos: ___ ( ) não.
26 Quais e quantos desses itens sua família possui?
TV em cores: Vídeos-cassetes/DVD:
Rádios: Banheiros: Carros: Empregados mensalista: Máquina de lavar:
Geladeira: Freezer (separado ou 2ª porta da geladeira):
135
APÊNDICE III – Questionário aos Professores (Baseado na Escala de Conners, adaptada e
validada no Brasil por Barbosa et al. 1997)
Questionário aos Professores
Srs. Professores,
Dando continuidade à pesquisa Intitulada “Elaboração, criação e validação de um instrumento
de avaliação fonológica” que os pais autorizaram seu(sua) aluno(a) a participar, solicitamos
que preencha o questionário abaixo.
Obrigada pela Atenção.
Professor (a): ____________________________________________
Nome da Escola: ______________________________________________
Nome do aluno (a):
A criança demonstra dificuldades:
para escutar ( ) não ( ) sim
para enxergar ( ) não ( ) sim Usa óculos? ( ) não ( ) sim
para produzir ou para compreender a fala? ( ) não ( ) sim ___________________
A criança tem ou teve problemas de aprendizagem? ( ) não ( ) sim
Qual? _____________________________
Como você classifica o rendimento (ou desempenho) escolar?
Regular ( ) Bom ( ) Muito bom ( ) Ótimo ( )
Qual a maior dificuldade dele(a)? Leitura ( ) Escrita ( ) Matemática ( )
Outros ________________________
A criança apresenta alguma das características abaixo, relacionadas ao comportamento:
( ) constantemente se mexendo
( ) pedidos tem que ser imediatamente atendidos
( ) coordenação motora comprometida
( ) desatento, facilmente distraído
( ) não termina o que começa
( ) extremamente sensível
( ) chora com frequência
( ) perturba outras crianças
( ) provoca confusões
( ) destrutivo
( ) Mente
( ) explosões de raiva
A criança apresenta alguma das características abaixo, relacionadas a participação em grupo:
( ) isola-se das outras crianças
( ) parece não ser aceito pelo grupo
( ) não se relaciona bem com o sexo oposto
( ) não se relaciona bem com crianças do mesmo sexo
( ) parece se deixar levar com facilidade
( ) provoca outras crianças ou interfere com as suas atividades
Outras Informações que achar importante ___________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
136
APÊNDICE IV – Análise de variância ANOVA com post hoc Tukey
Esta Tabela complementar do artigo 2 apresenta a análise de variância ANOVA com
post hoc Tukey. Os resultados da análise univariada de comparação entre os grupos etários na
produção dos fonemas mostram que grupos mais jovens apresentaram um desempenho
inferior quando comparados aos mais velhos.
Fonemas ANOVA Post hoc
F p X Faixas etárias
/p/ em Onset 4,695 ≤ 0,001 3,33 - 3,66 < 3,66 - 4,00 (p = 0,002) 3,33 - 3,66 < 6,33 - 6,66 (p ≤ 0,001)
< 4,33 - 4,66 (p = 0,046) < 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001)
< 4,66 - 5,00 (p ≤ 0,001) < 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001)
< 5,00 - 5,33 (p ≤ 0,001) < 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001)
< 5,33 - 5,66 (p ≤ 0,001) < 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001)
< 5,66 - 6,00 (p ≤ 0,001) < 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001)
< 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001)
/b/ em Onset 4,267 ≤ 0,001 3,00 - 3,33 < 5,33 - 5,66 (p = 0,002) 3,00 - 3,33 < 7,50 - 8,00 (p = 0,001)
< 5,66 - 6,00 (p ≤ 0,001) < 8,00 - 8,50 (p = 0,004)
< 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001) < 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001)
< 6,33 - 6,66 (p = 0,019) 3,33 - 3,66 < 6,00 - 6,33 (p = 0,031)
< 6,66 - 7,00 (p = 0,005) < 7,00 - 7,50 (p = 0,028)
< 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001) < 7,50 - 8,00 (p = 0,025)
/t/ em Onset 10,555 ≤ 0,001 3,00 - 3,33 < 4,33 - 4,66 (p ≤ 0,001) 3,33 - 3,66 < 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001)
< 4,66 - 5,00 (p ≤ 0,001) < 8,50 - 9,00 (p = 0,006)
< 5,00 - 5,33 (p ≤ 0,001) 3,66 - 4,00 < 6,00 - 6,33 (p = 0,008)
< 5,33 - 5,66 (p ≤ 0,001) < 6,66 - 7,00 (p = 0,002)
< 5,66 - 6,00 (p ≤ 0,001) < 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001)
< 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001) < 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001)
< 6,33 - 6,66 (p ≤ 0,001) < 8,00 - 8,50 (p = 0,025)
< 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001) 4,00 - 4,33 < 5,33 - 5,66 (p = 0,012)
< 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001) < 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001)
< 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001) < 6,33 - 6,66 (p = 0,003)
< 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001) < 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001)
< 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001) < 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001)
3,33 - 3,66 < 5,33 - 5,66 (p = 0,048) < 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001)
< 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001) < 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001)
< 6,33 - 6,66 (p = 0,015) < 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001)
< 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001) 4,33 - 4,66 < 7,50 - 8,00 (p = 0,024)
< 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001) 5,66 - 6,00 < 7,50 - 8,00 (p = 0,023)
< 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001)
137
Fonemas ANOVA Post hoc
F p X Faixas etárias
/d/ em Onset 1,774 0,064 - - - -
/k/ em Onset 3,323 ≤ 0,001 3,00 – 3,33 < 5,00 - 5,33 (p ≤ 0,001) 3,00 – 3,33 < 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001)
< 5,33 - 5,66 (p = 0,005) < 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001)
< 5,66 - 6,00 (p = 0,008) < 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001)
< 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001) < 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001)
< 6,33 - 6,66 (p = 0,028) < 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001)
/g/ em Onset 4,132 ≤ 0,001 3,00 - 3,33 < 4,66 - 5,00 (p = 0,006) 3,00 - 3,33 < 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001)
< 5,00 - 5,33 (p = 0,033) < 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001)
< 5,33 - 5,66 (p = 0,003) 3,33 - 3,66 < 5,66 - 6,00 (p = 0,027)
< 5,66 - 6,00 (p ≤ 0,001) < 6,00 - 6,33 (p = 0,025)
< 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001) < 6,33 - 6,66 (p = 0,019)
< 6,33 - 6,66 (p ≤ 0,001) < 6,66 - 7,00 (p = 0,019)
< 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001) < 7,00 - 7,50 (p = 0,011)
< 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001) < 7,50 - 8,00 (p = 0,020)
< 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001) < 8,00 - 8,50 (p = 0,017)
/f/ em Onset 3,766 ≤ 0,001 3,33 - 3,66 < 4,66 - 5,00 (p = 0,045) 3,33 - 3,66 < 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001)
< 5,33 - 5,66 (p = 0,024) < 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001)
< 5,66 - 6,00 (p = 0,008) < 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001)
< 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001) < 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001)
< 6,33 - 6,66 (p ≤ 0,001) < 8,50 - 9,00 (p = 0,004)
/v/ em Onset 4,742 ≤ 0,001 3,00 - 3,33 < 4,33 - 4,66 (p ≤ 0,001) 3,00 - 3,33 < 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001)
< 4,66 - 5,00 (p ≤ 0,001) < 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001)
< 5,00 - 5,33 (p = 0,003) 3,33 - 3,66 < 6,66 - 7,00 (p = 0,012)
< 5,33 - 5,66 (p ≤ 0,001) 3,66 - 4,00 < 5,33 - 5,66 (p = 0,017)
< 5,66 - 6,00 (p ≤ 0,001) < 6,00 - 6,33 (p = 0,031)
< 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001) < 6,66 - 7,00 (p = 0,002)
< 6,33 - 6,66 (p ≤ 0,001) < 7,00 - 7,50 (p = 0,029)
< 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001) < 7,50 - 8,00 (p = 0,013)
< 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001) < 8,50 - 9,00 (p = 0,022)
< 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001)
/s/ em Onset 6,736 ≤ 0,001 3,00 - 3,33 < 5,00 - 5,33 (p = 0,032) 3,33 - 3,66 < 8,00 - 8,50 (p = 0,009)
< 5,66 - 6,00 (p = 0,045) < 8,50 - 9,00 (p = 0,018)
< 6,00 - 6,33 (p = 0,021) 3,66 - 4,00 < 4,00 - 4,33 (p ≤ 0,001)
< 6,66 - 7,00 (p = 0,017) < 4,33 - 4,66 (p ≤ 0,001)
< 7,00 - 7,50 (p = 0,012) < 4,66 - 5,00 (p ≤ 0,001)
< 7,50 - 8,00 (p = 0,018) < 5,00 - 5,33 (p ≤ 0,001)
< 8,00 - 8,50 (p = 0,029) < 5,33 - 5,66 (p ≤ 0,001)
< 8,50 - 9,00 (p = 0,041) < 5,66 - 6,00 (p ≤ 0,001)
3,33 - 3,66 < 4,33 - 4,66 (p = 0,029) < 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001)
138
Fonemas ANOVA Post hoc
F p X Faixas etárias
< 5,00 - 5,33 (p = 0,012) < 6,33 - 6,66 (p ≤ 0,001)
< 5,66 - 6,00 (p = 0,018) < 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001)
< 6,00 - 6,33 (p = 0,007) < 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001)
< 6,33 - 6,66 (p = 0,043) < 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001)
< 6,66 - 7,00 (p = 0,005) < 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001)
< 7,00 - 7,50 (p = 0,003) < 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001)
< 7,50 - 8,00 (p = 0,005)
/z/ em Onset 3,301 ≤ 0,001 3,00 - 3,33 < 4,33 - 4,66 (p = 0,003) 3,00 - 3,33 < 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001)
< 4,66 - 5,00 (p = 0,035) < 8,50 - 9,00 (p = 0,007)
< 5,00 - 5,33 (p = 0,005) 3,66 - 4,00 < 4,33 - 4,66 (p = 0,044)
< 5,33 - 5,66 (p = 0,002) < 5,33 - 5,66 (p = 0,034)
< 5,66 - 6,00 (p ≤ 0,001) < 5,66 - 6,00 (p = 0,023)
< 6,00 - 6,33 (p = 0,003) < 6,66 - 7,00 (p = 0,043)
< 6,33 - 6,66 (p = 0,006) < 7,00 - 7,50 (p = 0,029)
< 6,66 - 7,00 (p = 0,002) < 7,50 - 8,00 (p = 0,045)
< 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001) < 8,00 - 8,50 (p = 0,018)
< 7,50 - 8,00 (p = 0,002)
// em Onset 16,576 ≤ 0,001 3,00 - 3,33 < 3,66 - 4,00 (p ≤ 0,001) 3,33 - 3,66 < 5,66 - 6,00 (p ≤ 0,001)
< 4,00 - 4,33(p ≤ 0,001) < 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001)
< 4,33 - 4,66 (p ≤ 0,001) < 6,33 - 6,66(p ≤ 0,001)
< 4,66 - 5,00(p ≤ 0,001) < 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001)
< 5,00 - 5,33 (p ≤ 0,001) < 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001)
< 5,33 - 5,66 (p ≤ 0,001) < 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001)
< 5,66 - 6,00 (p ≤ 0,001) < 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001)
< 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001) < 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001)
< 6,33 - 6,66 (p ≤ 0,001) 3,66 - 4,00 < 5,00 - 5,33 (p = 0,005)
< 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001) < 5,33 - 5,66 (p = 0,002)
< 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001) < 5,66 - 6,00 (p ≤ 0,001)
< 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001) < 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001)
< 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001) < 6,33 - 6,66 (p ≤ 0,001)
< 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001) < 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001)
3,33 - 3,66 < 4,00 - 4,33 (p ≤ 0,001) < 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001)
< 4,33 - 4,66 (p ≤ 0,001) < 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001)
< 4,66 - 5,00 (p ≤ 0,001) < 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001)
< 5,00 - 5,33 (p ≤ 0,001) < 8,50 - 9,00 (p = 0,002)
< 5,33 - 5,66 (p ≤ 0,001)
// em Onset 18,556 ≤ 0,001 3,00 - 3,33 < 3,33 - 3,66 (p ≤ 0,001) 3,33 - 3,66 < 5,33 - 5,66 (p ≤ 0,001)
< 3,66 - 4,00 (p ≤ 0,001) < 5,66 - 6,00 (p ≤ 0,001)
< 4,00 - 4,33 (p ≤ 0,001) < 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001)
139
Fonemas ANOVA Post hoc
F p X Faixas etárias
< 4,33 - 4,66 (p ≤ 0,001) < 6,33 - 6,66 (p ≤ 0,001)
< 4,66 - 5,00 (p ≤ 0,001) < 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001)
< 5,00 - 5,33 (p ≤ 0,001) < 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001)
< 5,33 - 5,66 (p ≤ 0,001) < 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001)
< 5,66 - 6,00 (p ≤ 0,001) < 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001)
< 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001) < 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001)
< 6,33 - 6,66 (p ≤ 0,001) 3,66 - 4,00 < 5,33 - 5,66 (p = 0,015)
< 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001) < 5,66 - 6,00 (p = 0,033)
< 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001) < 6,00 - 6,33 (p = 0,002)
< 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001) < 6,33 - 6,66 (p = 0,005)
< 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001) < 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001)
< 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001) < 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001)
3,33 - 3,66 < 4,00 - 4,33 (p ≤ 0,001) < 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001)
< 4,33 - 4,66 (p ≤ 0,001) < 8,00 - 8,50 (p = 0,022)
< 4,66 - 5,00 (p ≤ 0,001) < 8,50 - 9,00 (p = 0,009)
< 5,00 - 5,33 (p ≤ 0,001)
// em Onset 17,743 ≤ 0,001 3,00 - 3,33 < 3,33 - 3,66 (p ≤ 0,001) 3,33 - 3,66 < 3,66 - 4,00 (p = 0,036)
< 3,66 - 4,00 (p ≤ 0,001) < 4,00 - 4,33 (p ≤ 0,001)
< 4,00 - 4,33 (p ≤ 0,001) < 4,33 - 4,66 (p ≤ 0,001)
< 4,33 - 4,66 (p ≤ 0,001) < 4,66 - 5,00 (p ≤ 0,001)
< 4,66 - 5,00 (p ≤ 0,001) < 5,00 - 5,33 (p ≤ 0,001)
< 5,00 - 5,33 (p ≤ 0,001) < 5,33 - 5,66 (p ≤ 0,001)
< 5,33 - 5,66 (p ≤ 0,001) < 5,66 - 6,00 (p ≤ 0,001)
< 5,66 - 6,00 (p ≤ 0,001) < 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001)
< 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001) < 6,33 - 6,66 (p ≤ 0,001)
< 6,33 - 6,66 (p ≤ 0,001) < 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001)
< 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001) < 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001)
< 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001) < 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001)
< 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001) < 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001)
< 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001) < 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001)
< 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001)
/m/ em Onset 3,869 ≤ 0,001 3,00 - 3,33 < 5,33 - 5,66 (p = 0,045) 3,33 - 3,66 < 5,00 - 5,33 (p = 0,028)
< 5,66 - 6,00 (p = 0,020) < 5,33 - 5,66(p = 0,002)
< 6,33 - 6,66 (p = 0,035) < 5,66 - 6,00 (p ≤ 0,001)
< 6,66 - 7,00 (p = 0,035) < 6,00 - 6,33 (p = 0,002)
< 7,00 - 7,50 (p = 0,003) < 6,33 - 6,66 (p ≤ 0,001)
< 7,50 - 8,00 (p = 0,037) < 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001)
< 8,00 - 8,50 (p = 0,004) < 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001)
< 8,50 - 9,00 (p = 0,012) < 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001)
3,33 - 3,66 < 3,66 - 4,00 (p = 0,034) < 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001)
140
Fonemas ANOVA Post hoc
F p X Faixas etárias
< 4,66 - 5,00 (p = 0,028) < 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001)
/n/ em Onset 6,452 ≤ 0,001 3,00 - 3,33 < 5,33 - 5,66 (p = 0,007) 3,33 - 3,66 < 5,00 - 5,33 (p = 0,006)
< 5,66 - 6,00 (p ≤ 0,001) < 5,33 - 5,66 (p ≤ 0,001)
< 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001) < 5,66 - 6,00 (p ≤ 0,001)
< 6,33 - 6,66 (p ≤ 0,001) < 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001)
< 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001) < 6,33 - 6,66 (p ≤ 0,001)
< 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001) < 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001)
< 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001) < 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001)
< 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001) < 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001)
< 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001) < 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001)
3,33 - 3,66 < 4,00 - 4,33 (p = 0,015) < 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001)
< 4,66 - 5,00 (p = 0,004)
// em Onset 6,327 ≤ 0,001 3,00 - 3,33 < 6,00 - 6,33 (p = 0,047) 3,66 - 4,00 < 6,66 - 7,00 (p = 0,003)
< 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001) < 7,00 - 7,50 (p = 0,026)
< 7,00 - 7,50 (p = 0,008) < 7,50 - 8,00 (p = 0,010)
< 7,50 - 8,00 (p = 0,003) < 8,00 - 8,50 (p = 0,007)
< 8,00 - 8,50 (p = 0,002) < 8,50 - 9,00 (p = 0,003)
< 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001) 4,00 - 4,33 < 6,66 - 7,00 (p = 0,002)
3,33 - 3,66 < 5,33 - 5,66 (p = 0,027) < 7,00 - 7,50 (p = 0,019)
< 6,00 - 6,33 (p = 0,004) < 7,50 - 8,00 (p = 0,008)
< 6,33 - 6,66 (p = 0,004) < 8,00 - 8,50 (p = 0,005)
< 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001) < 8,50 - 9,00 (p = 0,002)
< 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001) 4,33 - 4,66 < 6,66 - 7,00 (p = 0,021)
< 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001) < 8,00 - 8,50 (p = 0,046)
< 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001) < 8,50 - 9,00 (p = 0,018)
< 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001)
/l/ em Onset 14,886 ≤ 0,001 3,00 - 3,33 < 3,33 - 3,66 (p = 0,034) 3,33 - 3,66 < 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001)
< 3,66 - 4,00 (p = 0,007) < 6,33 - 6,66 (p ≤ 0,001)
< 4,00 - 4,33 (p ≤ 0,001) < 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001)
< 4,33 - 4,66 (p ≤ 0,001) < 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001)
< 4,66 - 5,00 (p ≤ 0,001) < 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001)
< 5,00 - 5,33 (p ≤ 0,001) < 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001)
< 5,33 - 5,66 (p ≤ 0,001) < 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001)
< 5,66 - 6,00 (p ≤ 0,001) 3,66 - 4,00 < 4,00 - 4,33 (p = 0,016)
< 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001) < 4,33 - 4,66 (p ≤ 0,001)
< 6,33 - 6,66 (p ≤ 0,001) < 4,66 - 5,00 (p ≤ 0,001)
< 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001) < 5,00 - 5,33 (p ≤ 0,001)
< 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001) < 5,33 - 5,66 (p ≤ 0,001)
< 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001) < 5,66 - 6,00 (p ≤ 0,001)
< 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001) < 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001)
141
Fonemas ANOVA Post hoc
F p X Faixas etárias
< 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001) < 6,33 - 6,66 (p ≤ 0,001)
3,33 - 3,66 < 4,00 - 4,33 (p ≤ 0,001) < 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001)
< 4,33 - 4,66 (p ≤ 0,001) < 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001)
< 4,66 - 5,00 (p ≤ 0,001) < 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001)
< 5,00 - 5,33 (p ≤ 0,001) < 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001)
< 5,33 - 5,66 (p ≤ 0,001) < 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001)
< 5,66 - 6,00 (p ≤ 0,001)
// em Onset 13,195 ≤ 0,001 3,00 - 3,33 < 4,33 - 4,66 (p = 0,007) 3,66 - 4,00 < 5,33 - 5,66 (p ≤ 0,001)
< 4,66 - 5,00 (p ≤ 0,001) < 5,66 - 6,00 (p ≤ 0,001)
< 5,00 - 5,33 (p = 0,019) < 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001)
< 5,33 - 5,66 (p ≤ 0,001) < 6,33 - 6,66 (p ≤ 0,001)
< 5,66 - 6,00 (p ≤ 0,001) < 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001)
< 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001) < 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001)
< 6,33 - 6,66 (p ≤ 0,001) < 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001)
< 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001) < 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001)
< 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001) < 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001)
< 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001) 4,00 - 4,33 < 6,66 - 7,00 (p = 0,014)
< 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001) < 7,00 - 7,50 (p = 0,016)
< 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001) < 7,50 - 8,00 (p = 0,003)
3,33 - 3,66 < 5,33 - 5,66(p = 0,032) < 8,00 - 8,50 (p = 0,002)
< 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001) < 8,50 - 9,00 (p = 0,002)
< 6,33 - 6,66 (p ≤ 0,001) 4,33 - 4,66 < 7,50 - 8,00 (p = 0,030)
< 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001) < 8,00 - 8,50 (p = 0,022)
< 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001) < 8,50 - 9,00 (p = 0,017)
< 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001) 5,00 - 5,33 < 6,66 - 7,00 (p = 0,005)
< 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001) < 7,00 - 7,50 (p = 0,005)
< 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001) < 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001)
3,66 - 4,00 < 4,33 - 4,66 (p = 0,034) < 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001)
< 4,66 - 5,00 (p ≤ 0,001) < 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001)
/r/ em Onset 35,805 ≤ 0,001 3,00 - 3,33 < 4,00 - 4,33 (p ≤ 0,001) 3,66 - 4,00 < 5,00 - 5,33 (p ≤ 0,001)
< 4,33 - 4,66 (p ≤ 0,001) < 5,33 - 5,66 (p ≤ 0,001)
< 4,66 - 5,00 (p ≤ 0,001) < 5,66 - 6,00 (p ≤ 0,001)
< 5,00 - 5,33 (p ≤ 0,001) < 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001)
< 5,33 - 5,66(p ≤ 0,001) < 6,33 - 6,66 (p ≤ 0,001)
< 5,66 - 6,00 (p ≤ 0,001) < 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001)
< 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001) < 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001)
< 6,33 - 6,66 (p ≤ 0,001) < 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001)
< 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001) < 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001)
< 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001) < 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001)
< 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001) 4,00 - 4,33 < 4,66 - 5,00 (p ≤ 0,001)
142
Fonemas ANOVA Post hoc
F p X Faixas etárias
< 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001) < 5,00 - 5,33 (p ≤ 0,001)
< 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001) < 5,33 - 5,66 (p ≤ 0,001)
3,33 - 3,66 < 4,00 - 4,33 (p = 0,029) < 5,66 - 6,00 (p ≤ 0,001)
< 4,33 - 4,66 (p ≤ 0,001) < 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001)
< 4,66 - 5,00 (p ≤ 0,001) < 6,33 - 6,66 (p ≤ 0,001)
< 5,00 - 5,33 (p ≤ 0,001) < 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001)
< 5,33 - 5,66 (p ≤ 0,001) < 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001)
< 5,66 - 6,00 (p ≤ 0,001) < 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001)
< 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001) < 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001)
< 6,33 - 6,66 (p ≤ 0,001) < 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001)
< 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001) 4,33 - 4,66 < 6,00 - 6,33 (p = 0,014)
< 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001) < 6,33 - 6,66 (p = 0,037)
< 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001) < 6,66 - 7,00 (p = 0,010)
< 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001) < 7,00 - 7,50 (p = 0,002)
< 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001) < 7,50 - 8,00 (p = 0,002)
3,66 - 4,00 < 4,33 - 4,66 (p ≤ 0,001) < 8,00 - 8,50 (p = 0,020)
< 4,66 - 5,00 (p ≤ 0,001) < 8,50 - 9,00 (p = 0,036)
/n/ em Coda 3,135 ≤ 0,001 3,00 - 3,33 < 5,33 - 5,66 (p ≤ 0,001) 3,00 - 3,33 < 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001)
< 5,66 - 6,00 (p = 0,011) < 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001)
< 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001) < 7,50 - 8,00 (p = 0,005)
< 6,33 - 6,66 (p = 0,002) < 8,00 - 8,50 (p = 0,013)
/l/ em Coda 5,090 ≤ 0,001 3,00 - 3,33 < 4,33 - 4,66 (p = 0,005) 3,33 - 3,66 < 4,33 - 4,66 (p = 0,016)
< 4,66 - 5,00 (p ≤ 0,001) < 4,66 - 5,00 (p = 0,002)
< 5,00 - 5,33 (p ≤ 0,001) < 5,00 - 5,33 (p ≤ 0,001)
< 5,33 - 5,66 (p = 0,002) < 5,33 - 5,66 (p = 0,006)
< 5,66 - 6,00 (p ≤ 0,001) < 5,66 - 6,00 (p = 0,002)
< 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001) < 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001)
< 6,33 - 6,66 (p = 0,004) < 6,33 - 6,66 (p = 0,012)
< 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001) < 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001)
< 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001) < 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001)
< 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001) < 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001)
< 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001) < 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001)
< 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001) < 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001)
/r/ em Coda 49,913 ≤ 0,001 3,00 - 3,33 < 4,00 - 4,33 (p ≤ 0,001) 3,66 - 4,00 < 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001)
< 4,33 - 4,66 (p ≤ 0,001) < 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001)
< 4,66 - 5,00 (p ≤ 0,001) < 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001)
< 5,00 - 5,33 (p ≤ 0,001) < 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001)
< 5,33 - 5,66 (p ≤ 0,001) 4,00 - 4,33 < 4,66 - 5,00 (p = 0,017)
< 5,66 - 6,00 (p ≤ 0,001) < 5,00 - 5,33 (p ≤ 0,001)
< 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001) < 5,33 - 5,66 (p ≤ 0,001)
143
Fonemas ANOVA Post hoc
F p X Faixas etárias
< 6,33 - 6,66 (p ≤ 0,001) < 5,66 - 6,00 (p ≤ 0,001)
< 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001) < 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001)
< 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001) < 6,33 - 6,66 (p ≤ 0,001)
< 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001) < 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001)
< 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001) < 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001)
< 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001) < 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001)
3,33 - 3,66 < 4,00 - 4,33 (p ≤ 0,001) < 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001)
< 4,33 - 4,66 (p ≤ 0,001) < 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001)
< 4,66 - 5,00 (p ≤ 0,001) 4,33 - 4,66 < 5,33 - 5,66 (p ≤ 0,001)
< 5,00 - 5,33 (p ≤ 0,001) < 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001)
< 5,33 - 5,66(p ≤ 0,001) < 6,33 - 6,66 (p ≤ 0,001)
< 5,66 - 6,00 (p ≤ 0,001) < 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001)
< 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001) < 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001)
< 6,33 - 6,66 (p ≤ 0,001) < 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001)
< 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001) < 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001)
< 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001) < 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001)
< 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001) 4,66 - 5,00 < 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001)
< 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001) < 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001)
< 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001) < 8,50 - 9,00 (p = 0,002)
3,66 - 4,00 < 4,00 - 4,33 (p = 0,007) 5,00 - 5,33 < 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001)
< 4,33 - 4,66 (p ≤ 0,001) < 8,00 - 8,50 (p = 0,005)
< 4,66 - 5,00 (p ≤ 0,001) < 8,50 - 9,00 (p = 0,019)
< 5,00 - 5,33 (p ≤ 0,001) 5,66 - 6,00 < 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001)
< 5,33 - 5,66 (p ≤ 0,001) < 8,00 - 8,50 (p = 0,012)
< 5,66 - 6,00 (p ≤ 0,001) < 8,50 - 9,00 (p = 0,039)
< 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001) 6,33 - 6,66 < 7,50 - 8,00 (p = 0,013)
< 6,33 - 6,66 (p ≤ 0,001) 6,66 - 7,00 < 7,50 - 8,00 (p = 0,033)
< 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001)
/s/ em Coda 19,193 ≤ 0,001 3,00 - 3,33 < 4,00 - 4,33 (p = 0,010) 3,66 - 4,00 < 4,33 - 4,66 (p ≤ 0,001)
< 4,33 - 4,66 (p ≤ 0,001) < 4,66 - 5,00 (p ≤ 0,001)
< 4,66 - 5,00 (p ≤ 0,001) < 5,00 - 5,33 (p ≤ 0,001)
< 5,00 - 5,33 (p ≤ 0,001) < 5,33 - 5,66 (p ≤ 0,001)
< 5,33 - 5,66 (p ≤ 0,001) < 5,66 - 6,00 (p ≤ 0,001)
< 5,66 - 6,00 (p ≤ 0,001) < 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001)
< 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001) < 6,33 - 6,66 (p ≤ 0,001)
< 6,33 - 6,66 (p ≤ 0,001) < 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001)
< 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001) < 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001)
< 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001) < 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001)
< 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001) < 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001)
< 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001) < 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001)
< 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001) 4,00 - 4,33 < 6,00 - 6,33 (p = 0,002)
144
Fonemas ANOVA Post hoc
F p X Faixas etárias
3,33 - 3,66 < 4,33 - 4,66 (p = 0,004) < 6,33 - 6,66 (p = 0,008)
< 4,66 - 5,00 (p ≤ 0,001) < 6,66 - 7,00 (p = 0,032)
< 5,00 - 5,33 (p ≤ 0,001) < 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001)
< 5,33 - 5,66 (p ≤ 0,001) < 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001)
< 5,66 - 6,00 (p ≤ 0,001) < 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001)
< 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001) < 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001)
< 6,33 - 6,66 (p ≤ 0,001) 4,33 - 4,66 < 7,50 - 8,00 (p = 0,028)
< 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001) < 8,00 - 8,50 (p = 0,033)
< 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001) 5,66 - 6,00 < 7,50 - 8,00 (p = 0,014)
< 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001) < 8,00 - 8,50 (p = 0,018)
< 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001)
< 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001)
Plosiva + /l/ 50,366 ≤ 0,001 3,00 - 3,33 < 4,00 - 4,33 (p ≤ 0,001) 4,00 - 4,33 < 4,66 - 5,00 (p ≤ 0,001)
< 4,33 - 4,66 (p ≤ 0,001) < 5,00 - 5,33 (p ≤ 0,001)
< 4,66 - 5,00 (p ≤ 0,001) < 5,33 - 5,66 (p ≤ 0,001)
< 5,00 - 5,33 (p ≤ 0,001) < 5,66 - 6,00 (p ≤ 0,001)
< 5,33 - 5,66 (p ≤ 0,001) < 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001)
< 5,66 - 6,00 (p ≤ 0,001) < 6,33 - 6,66 (p ≤ 0,001)
< 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001) < 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001)
< 6,33 - 6,66 (p ≤ 0,001) < 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001)
< 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001) < 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001)
< 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001) < 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001)
< 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001) < 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001)
< 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001) 4,33 - 4,66 < 5,33 - 5,66 (p ≤ 0,001)
< 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001) < 5,66 - 6,00 (p ≤ 0,001)
3,33 - 3,66 < 4,33 - 4,66 (p ≤ 0,001) < 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001)
< 4,66 - 5,00 (p ≤ 0,001) < 6,33 - 6,66 (p ≤ 0,001)
< 5,00 - 5,33 (p ≤ 0,001) < 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001)
< 5,33 - 5,66 (p ≤ 0,001) < 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001)
< 5,66 - 6,00 (p ≤ 0,001) < 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001)
< 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001) < 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001)
< 6,33 - 6,66 (p ≤ 0,001) < 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001)
< 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001) 4,66 - 5,00 < 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001)
< 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001) < 6,33 - 6,66 (p = 0,009)
< 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001) < 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001)
< 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001) < 7,00 - 7,50 (p = 0,003)
< 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001) < 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001)
3,66 - 4,00 < 4,33 - 4,66 (p = 0,004) < 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001)
< 4,66 - 5,00 (p ≤ 0,001) < 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001)
< 5,00 - 5,33 (p ≤ 0,001) 5,00 - 5,33 < 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001)
< 5,33 - 5,66 (p ≤ 0,001) < 6,33 - 6,66 (p = 0,010)
145
Fonemas ANOVA Post hoc
F p X Faixas etárias
< 5,66 - 6,00 (p ≤ 0,001) < 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001)
< 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001) < 7,00 - 7,50 (p = 0,003)
< 6,33 - 6,66 (p ≤ 0,001) < 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001)
< 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001) < 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001)
< 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001) < 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001)
< 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001) 5,66 - 6,00 < 6,66 - 7,00(p = 0,042)
< 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001) < 7,50 - 8,00 (p = 0,008)
< 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001) < 8,00 - 8,50 (p = 0,013)
< 8,50 - 9,00 (p = 0,047)
Plosiva + /r/ 70,656 ≤ 0,001 3,00 - 3,33 < 3,66 - 4,00 (p = 0,011) 4,00 - 4,33 < 4,66 - 5,00 (p ≤ 0,001)
< 4,00 - 4,33 (p ≤ 0,001) < 5,00 - 5,33 (p ≤ 0,001)
< 4,33 - 4,66 (p ≤ 0,001) < 5,33 - 5,66 (p ≤ 0,001)
< 4,66 - 5,00 (p ≤ 0,001) < 5,66 - 6,00 (p ≤ 0,001)
< 5,00 - 5,33 (p ≤ 0,001) < 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001)
< 5,33 - 5,66 (p ≤ 0,001) < 6,33 - 6,66 (p ≤ 0,001)
< 5,66 - 6,00 (p ≤ 0,001) < 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001)
< 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001) < 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001)
< 6,33 - 6,66 (p ≤ 0,001) < 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001)
< 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001) < 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001)
< 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001) < 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001)
< 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001) 4,33 - 4,66 < 5,00 - 5,33 (p ≤ 0,001)
< 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001) < 5,33 - 5,66 (p ≤ 0,001)
< 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001) < 5,66 - 6,00 (p ≤ 0,001)
3,33 - 3,66 < 4,00 - 4,33(p = 0,013) < 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001)
< 4,33 - 4,66 (p ≤ 0,001) < 6,33 - 6,66 (p ≤ 0,001)
< 4,66 - 5,00 (p ≤ 0,001) < 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001)
< 5,00 - 5,33 (p ≤ 0,001) < 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001)
< 5,33 - 5,66 (p ≤ 0,001) < 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001)
< 5,66 - 6,00 (p ≤ 0,001) < 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001)
< 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001) < 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001)
< 6,33 - 6,66 (p ≤ 0,001) 4,66 - 5,00 < 5,33 - 5,66 (p = 0,028)
< 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001) < 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001)
< 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001) < 6,33 - 6,66(p ≤ 0,001)
< 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001) < 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001)
< 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001) < 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001)
< 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001) < 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001)
3,66 - 4,00 < 4,33 - 4,66 (p ≤ 0,001) < 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001)
< 4,66 - 5,00 (p ≤ 0,001) < 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001)
< 5,00 - 5,33 (p ≤ 0,001) 5,00 - 5,33 < 6,00 - 6,33 (p = 0,030)
< 5,33 - 5,66 (p ≤ 0,001) < 6,66 - 7,00 (p = 0,017)
< 5,66 - 6,00 (p ≤ 0,001) < 7,00 - 7,50 (p = 0,005)
146
Fonemas ANOVA Post hoc
F p X Faixas etárias
< 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001) < 7,50 - 8,00 (p = 0,008)
< 6,33 - 6,66 (p ≤ 0,001) < 8,00 - 8,50 (p = 0,004)
< 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001) < 8,50 - 9,00 (p = 0,017)
< 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001)
< 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001)
< 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001)
< 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001)
Fricativa + /l/ 48,843 ≤ 0,001 3,00 - 3,33 < 4,00 - 4,33 (p = 0,018) 4,00 - 4,33 < 6,33 - 6,66 (p ≤ 0,001)
< 4,33 - 4,66 (p ≤ 0,001) < 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001)
< 4,66 - 5,00 (p ≤ 0,001) < 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001)
< 5,00 - 5,33 (p ≤ 0,001) < 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001)
< 5,33 - 5,66 (p ≤ 0,001) < 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001)
< 5,66 - 6,00 (p ≤ 0,001) < 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001)
< 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001) 4,33 - 4,66 < 5,33 - 5,66 (p = 0,009)
< 6,33 - 6,66 (p ≤ 0,001) < 5,66 - 6,00 (p = 0,002)
< 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001) < 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001)
< 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001) < 6,33 - 6,66 (p ≤ 0,001)
< 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001) < 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001)
< 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001) < 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001)
< 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001) < 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001)
3,33 - 3,66 < 4,33 - 4,66 (p = 0,040) < 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001)
< 4,66 - 5,00 (p ≤ 0,001) < 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001)
< 5,00 - 5,33 (p ≤ 0,001) 4,66 - 5,00 < 6,00 - 6,33 (p = 0,003)
< 5,33 - 5,66 (p ≤ 0,001) < 6,33 - 6,66 (p ≤ 0,001)
< 5,66 - 6,00 (p ≤ 0,001) < 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001)
< 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001) < 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001)
< 6,33 - 6,66 (p ≤ 0,001) < 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001)
< 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001) < 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001)
< 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001) < 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001)
< 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001) 5,00 - 5,33 < 6,00 - 6,33 (p = 0,003)
< 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001) < 6,33 - 6,66 (p ≤ 0,001)
< 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001) < 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001)
3,66 - 4,00 < 4,33 - 4,66 (p = 0,010) < 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001)
< 4,66 - 5,00 (p ≤ 0,001) < 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001)
< 5,00 - 5,33 (p ≤ 0,001) < 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001)
< 5,33 - 5,66 (p ≤ 0,001) < 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001)
< 5,66 - 6,00 (p ≤ 0,001) 5,33 - 5,66 < 6,33 - 6,66 (p = 0,037)
< 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001) < 6,66 - 7,00 (p = 0,023)
< 6,33 - 6,66 (p ≤ 0,001) < 7,00 - 7,50 (p = 0,014)
< 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001) < 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001)
< 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001) < 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001)
< 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001) < 8,50 - 9,00 (p = 0,004)
147
Fonemas ANOVA Post hoc
F p X Faixas etárias
< 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001) 5,66 - 6,00 < 6,33 - 6,66 (p = 0,036)
< 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001) < 6,66 - 7,00 (p = 0,021)
4,00 - 4,33 < 4,66 - 5,00 (p ≤ 0,001) < 7,00 - 7,50 (p = 0,012)
< 5,00 - 5,33 (p ≤ 0,001) < 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001)
< 5,33 - 5,66 (p ≤ 0,001) < 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001)
< 5,66 - 6,00 (p ≤ 0,001) < 8,50 - 9,00 (p = 0,003)
< 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001)
Fricativa + /r/ 55,064 ≤ 0,001 3,00 - 3,33 < 3,66 - 4,00 (p = 0,008) 3,66 - 4,00 < 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001)
< 4,00 - 4,33 (p ≤ 0,001) < 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001)
< 4,33 - 4,66 (p ≤ 0,001) < 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001)
< 4,66 - 5,00 (p ≤ 0,001) < 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001)
< 5,00 - 5,33 (p ≤ 0,001) < 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001)
< 5,33 - 5,66 (p ≤ 0,001) 4,00 - 4,33 < 5,00 - 5,33 (p ≤ 0,001)
< 5,66 - 6,00 (p ≤ 0,001) < 5,33 - 5,66 (p ≤ 0,001)
< 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001) < 5,66 - 6,00 (p ≤ 0,001)
< 6,33 - 6,66 (p ≤ 0,001) < 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001)
< 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001) < 6,33 - 6,66 (p ≤ 0,001)
< 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001) < 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001)
< 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001) < 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001)
< 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001) < 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001)
< 8,50 - 9,00(p ≤ 0,001) < 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001)
3,33 - 3,66 < 4,00 - 4,33 (p = 0,003) < 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001)
< 4,33 - 4,66 (p ≤ 0,001) 4,33 - 4,66 < 5,00 - 5,33 (p = 0,002)
< 4,66 - 5,00 (p ≤ 0,001) < 5,33 - 5,66 (p ≤ 0,001)
< 5,00 - 5,33 (p ≤ 0,001) < 5,66 - 6,00 (p ≤ 0,001)
< 5,33 - 5,66 (p ≤ 0,001) < 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001)
< 5,66 - 6,00 (p ≤ 0,001) < 6,33 - 6,66 (p ≤ 0,001)
< 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001) < 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001)
< 6,33 - 6,66 (p ≤ 0,001) < 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001)
< 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001) < 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001)
< 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001) < 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001)
< 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001) < 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001)
< 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001) 4,66 - 5,00 < 5,33 - 5,66 (p = 0,048)
< 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001) < 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001)
3,66 - 4,00 < 4,33 - 4,66 (p = 0,002) < 6,33 - 6,66 (p ≤ 0,001)
< 4,66 - 5,00 (p ≤ 0,001) < 6,66 - 7,00 (p ≤ 0,001)
< 5,00 - 5,33 (p ≤ 0,001) < 7,00 - 7,50 (p ≤ 0,001)
< 5,33 - 5,66 (p ≤ 0,001) < 7,50 - 8,00 (p ≤ 0,001)
< 5,66 - 6,00 (p ≤ 0,001) < 8,00 - 8,50 (p ≤ 0,001)
< 6,00 - 6,33 (p ≤ 0,001) < 8,50 - 9,00 (p ≤ 0,001)
< 6,33 - 6,66 (p ≤ 0,001)