UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO
ILUMINAÇÃO: SUBJETIVIDIDADE E FUNCIONALIDADE APLICADAS A PROJETO DE IGREJA
DANILO MESSIAS
Barra do Bugres 2017
DANILO MESSIAS
ILUMINAÇÃO: SUBJETIVIDIDADE E FUNCIONALIDADE APLICADAS A
PROJETO DE IGREJA
Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado à disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso 2, sob a orientação do Prof. Ms. ª Fernando Birello de Lima, no curso superior de Arquitetura e Urbanismo na Universidade do Estado de Mato Grosso – UNEMAT, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo
Barra do Bugres 2017
DEDICATÓRIA
A todos que compartilham comigo, mesmo
que momentaneamente, a paixão pelo Light
Design.
AGRADECIMENTOS
A Deus, minha fonte inesgotável de luz;
Aos meus pais e minha irmã, que assim como a luz, me permitem ver a beleza
no mundo;
A minha namorada, a pessoa mais iluminada que já conheci;
Ao meu orientador, que não mede esforços para iluminar a mente de seus
alunos;
A Amanda, Bruna, Denize, Luana, Morgana e Hevellyn, minhas eternas
sobrinhas;
E a todos aqueles que contribuíram na concepção deste trabalho:
A arquiteta Ariane Entringer que solicitamente forneceu o projeto arquitetônico;
A Erlei Gobi, da revista Lume Arquitetura, a qual me forneceu grande parte das
referências para o projeto,
A Tia Adriane, psicóloga, que me ajudou nas questões da psique humana;
A Irmã Rita Aparecida Jaguszeski, por todo amor dedicado na minha formação
educacional na época do colégio, e pela disposição da Capela Mãe da Divina
Providência para o trabalho;
1No princípio, Deus criou os céus e
a terra. 3Deus disse: "Faça-se a luz!" E a
luz foi feita.4Deus viu que a luz era boa, e
separou a luz das trevas.
Gênesis 1, 1; 3-4.
RESUMO
Este trabalho aplica conceitos técnicos e subjetivos da iluminação a um projeto
luminotécnico para a Igreja Divino Espirito Santo. A partir do reconhecimento de que
a iluminação é uma ciência multidisciplinar dentro do projeto arquitetônico, reconhecer
as questões que permeiam o projeto luminotécnico é de extrema importância para a
área da Arquitetura. Assim, o trabalho pretende compreender conceitos que vão
desde a percepção humana do ambiente iluminado, até a compreensão de aspectos
técnicos da luz, para, por fim, aplicar a iluminação a um projeto em fase de
desenvolvimento. O projeto final de iluminação para a igreja engloba diversos
aspectos estudados, como o uso de dimerizações e criação de cenas no projeto
luminotécnico, que favorecem a experiência pessoal do fiel no ambiente iluminado.
Por fim cabe ressaltar que, colocar a iluminação como objeto principal de estudo em
um trabalho, permite evoluir a discussão a respeito de sua importância na arquitetura,
contribuindo para a valorização da mesma.
Palavras Chave: Projeto Luminotécnico, Iluminação Cênica, Ligth Design, Dialux.
ABSTRACT
This work applies technical and subjective concepts of light and in a lighting
project for the Divine Holy Spirit Church. From the recognition of a lighting is an
multidisciplinary science inside the architectural project, recognizing as issues that
permeate the lighting project is of extreme importance for an area of Architecture. hus,
the work intends to understand concepts that range from a human perception of the
enlightened environment, to an understanding of technicians of light, to finally apply a
lighting to a project in the development phase. The final lighting project for a church
encompasses several studied aspects, such as the use of dimerizations and creation
of scenes in the lighting project, which favors a personal experience of the faithful in
the enlightened environment. Finally, it is worth emphasizing that, to place an
illumination as the main object of study in a work, allows to evolve the discussion about
its importance in architecture, contributing to its appreciation.
Keywords: Architectural Lighting, Ligth Design, Dialux
LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Casas em Santorini, Grécia. ..................................................................... 17 Figura 2 - Interior da Sainte Chapelle Paris, França. ................................................ 18
Figura 3 - Representação esquemática identificando o cérebro como processador. 21 Figura 4 - Formação da Imagem no Olho Humano. .................................................. 22 Figura 5 - Processamento da Imagem pelo Cérebro Humano. ................................. 23 Figura 6 - Fachos de luz centralizado e descentralizado anulando a lei de Unidade de Gestalt. ...................................................................................................................... 26
Figura 7 - Principio de Proximidade na Lei de Gestalt aplicado a posicionamento de luminárias. ................................................................................................................. 26 Figura 8 - Palazzo Fernese de Michelangelo com linhas retas. ................................ 27
Figura 9 - Edifício Johnson de Frank Lloyd Wright com linhas curvas. ..................... 27 Figura 10 - O espectro eletromagnético: destaque da luz visível. ............................. 28 Figura 11 - Composição da Luz em padrão RGB. ..................................................... 30 Figura 12 - Tabela de Cores Padrão IRC (0 - 100%). ............................................... 31
Figura 13 - Maçã exposta a Temperaturas de Cor diferentes. .................................. 31
Figura 14 - Escala de Temperatura de Cor em Kelvin (K). ........................................ 32 Figura 15 - Tabela de valores de Temperatura de Cor. ............................................ 33 Figura 16 - Tabela de Temperatura de Cor, Aplicações e Efeitos. ............................ 34
Figura 17 - Simulação de Iluminações diferentes com Automação ........................... 35 Figura 18 - Raios de Luz provocando ofuscamento no observador em várias posições de incidência. ............................................................................................................ 36 Figura 19 - Reprodução da Tabela da NBR ISO 8995-1. .......................................... 37 Figura 20 - Componentes de Reflexão relacionados ao ambiente interno. ............... 38
Figura 21 - Tabela de relação entre Fator de Luz diurna e Impressões da Luminosidade. ........................................................................................................... 39
Figura 22 - Quadro em destaque com Iluminação em Museu. .................................. 42 Figura 23 - Grande ambiente com níveis de iluminação diferentes. .......................... 43
Figura 24 - Aplicação de Iluminação embutida unindo e demarcando a extensão do deck. .......................................................................................................................... 44 Figura 25 - Interior de templo com hierarquia de iluminação..................................... 45 Figura 26 - Efeitos de Iluminação em Esfera (luz ambiente, downlighting, uplighting, luz spot e luz natural). ............................................................................................... 46 Figura 27 – Croqui de Aplicação da Iluminação direta e Direta de Efeito. ................ 46 Figura 28 - Ambiente Residencial com Iluminação Direta na cabeceira e nos nichos laterais. ...................................................................................................................... 47 Figura 29 - Croqui de Aplicação da Iluminação Indireta em teto. .............................. 48
Figura 30 - Iluminação Embutida em Espelho. .......................................................... 48 Figura 31 - Sala Iluminada com Luz Difusa. .............................................................. 49
Figura 32 - Iluminação Wall-whashing com Efeito Downlight. ................................... 50 Figura 33 - Iluminação em Wall-whashing com Efeito Uplight................................... 50 Figura 34 – Vitrais no Interior Catedral Notre Dame de Amiens, França. ................. 54 Figura 35 - Lamparina na igreja Our Lord in the Attic, Amsterdã. ............................. 55 Figura 36 - Desenhos esquemáticos de iluminação direta e indireta no espaço religioso. .................................................................................................................... 57 Figura 37 - Contraste de luzes da Igreja de São Pedro, Uruguai. ............................ 58 Figura 38 - Nave e Assembléia com iluminação por janelas altas. ........................... 59
Figura 39 - Altar da igreja Nossa Senhora da Luz, Bahia ......................................... 60
Figura 40 - Sacrário Iluminado com Vela Artificial. .................................................... 61 Figura 41 - Projeto de Sala de Catequese ................................................................ 63 Figura 42 - Localização da Basílica de Cuiabá no Centro Histórico. ......................... 65 Figura 43 - Basílica de Cuiabá no período diurno. .................................................... 66 Figura 44 - Nave Principal. ........................................................................................ 66
Figura 45 - Altar e Presbitério. ................................................................................... 67 Figura 46 - Capela do Santíssimo. ............................................................................ 67 Figura 47 - Pendentes e Arandelas com Lâmpadas em LED.................................... 68 Figura 48 - Iluminação do altar na lateral esquerda. ................................................. 69 Figura 49 - Iluminação do Altar na lateral direita. ...................................................... 69
Figura 50 - Capela do Santíssimo com Iluminação por Pendentes. .......................... 70 Figura 51 - Coro com Iluminação por Pendentes. ..................................................... 71 Figura 52 - Átrio iluminado com Refletores de LED. ................................................. 71
Figura 53 - Localização da Igreja no terreno. ............................................................ 72 Figura 54 - Catedral Imaculada Conceição. .............................................................. 73 Figura 55 - Nave Central e Altar a frente. .................................................................. 74 Figura 56 - Assembleia Iluminada com Refletores Embutidos. ................................. 75
Figura 57 - Refletores em fila iluminando desde a Assembleia até o Altar. .............. 75
Figura 58 - Capela do Santíssimo. ............................................................................ 76 Figura 59 - Nave Lateral. ........................................................................................... 76 Figura 60 - Átrio de Entrada da Igreja. ...................................................................... 76
Figura 61 - Fachada Principal da Capela Mãe da Divina Providência. ...................... 77 Figura 62 - Assembleia e Presbitério. ....................................................................... 78
Figura 63 - Assembleia iluminada com Vitrais nas aberturas. ................................... 79 Figura 64 - Nave Principal com arandelas e lustre, assembleia com plafons embutidos. .................................................................................................................................. 80
Figura 65 - Altar com Iluminação direta, indireta e de background. .......................... 81 Figura 66 - Simulação in loco - Cena 1. .................................................................... 83
Figura 67 - Simulação in loco - Cena 1. .................................................................... 83 Figura 68 - Simulação in loco - Cena 3. .................................................................... 84
Figura 69 - Localização do Terreno e estudo de insolação. ...................................... 86 Figura 70 - Estudo de Iluminação por setores ........................................................... 88 Figura 71 - Estudo de Iluminação do Mezanino ........................................................ 89 Figura 72 - Estudo de Iluminação do Espaço da Comunidade.................................. 90
Figura 73 - Setorização da Iluminação das Salas de Catequese .............................. 91 Figura 74 - Modelagem de Maquete Eletronica e Simulação de Iluminação no Dialux Evo 7.1 ...................................................................................................................... 92 Figura 75 - Linhas Isográficas geradas no cálculo de Iluminancia ............................ 93 Figura 76 - Locação de Luminárias ........................................................................... 94
Figura 77 - Perspectiva do Detalhe em gesso........................................................... 96 Figura 78 - Detalhe do Gesso sob a Assembléia ...................................................... 97
Figura 79 - Instalação de Luminárias decorativas do Altar ........................................ 98 Figura 80 - Instalação dos Plafons de Iluminação Geral e Spots Dirigíveis ............. 99 Figura 81 - Iluminação do Gesso Inferior ................................................................ 100 Figura 82 - Fita de Led no detalhe de gesso da assembléia ................................... 100 Figura 83 - Pendentes na Assembléia .................................................................... 101
Figura 84 - Mezanino com Iluminação em Plafons .................................................. 102 Figura 85 - Átrio de entrada..................................................................................... 102 Figura 86 - Iluminação da Nave da Igreja ............................................................... 103
Figura 87 - Projetores Iluminando Pontos Específicos ............................................ 104
Figura 88 - Simulação de Iluminação no Auditório .................................................. 105 Figura 89 - Simulação da Iluminação das Salas de Catequese .............................. 106 Figura 90 - Simulação da Fachada ......................................................................... 107 Figura 91 - Tabela de Momentos Liturgicos e Dimerização da Iluminação ............. 108 Figura 92 - Simulação da Cena 1 ............................................................................ 110
Figura 93 - Simulação Cena 2 ................................................................................. 111 Figura 94 - Simulação Cena 3 ................................................................................. 111 Figura 95 - Cena 4 .................................................................................................. 112 Figura 96 - Simulação Cena 5 ................................................................................. 113
SUMÁRIO
Introdução ................................................................................................................. 15
1 A Luz, o corpo e a mente ................................................................................... 17
1.1 O corpo ........................................................................................................ 21
1.2 A mente ........................................................................................................ 23
2 Luminotécnica .................................................................................................... 28
2.1 Conceitos Gerais da Luz .............................................................................. 28
2.2 Cor ............................................................................................................... 29
2.3 Iluminância ................................................................................................... 30
2.4 IRC ............................................................................................................... 30
2.5 Temperatura de Cor ..................................................................................... 32
2.6 Dimerização e Automação ........................................................................... 34
2.7 Ofuscamento ................................................................................................ 35
2.8 NBR ISO 8995-1 .......................................................................................... 37
2.9 Luz Natural ................................................................................................... 37
2.9.1 Componentes de Luz ............................................................................. 38
2.9.2 Fator de Luz do Dia (FLD) ..................................................................... 39
3 Efeitos da Luz .................................................................................................... 40
3.1 Efeitos Espaciais da Luz .............................................................................. 41
3.1.1 Função de Destacamento ...................................................................... 41
3.1.2 Função de Separação ........................................................................... 42
3.1.3 Função de União ................................................................................... 43
3.1.4 Função de Hierarquias .......................................................................... 44
3.2 Efeitos Visuais da Luz .................................................................................. 45
3.2.1 Direta e Direta de Efeito ........................................................................ 46
3.2.2 Indireta ................................................................................................... 47
3.2.3 Built-in .................................................................................................... 48
3.2.4 Difusa .................................................................................................... 49
3.2.5 Wall-washing ......................................................................................... 49
4 Arquitetura, Iluminação e Religiosidade ............................................................. 51
4.1 Templo Religioso Cristão ............................................................................. 51
4.2 Espaços e Iluminação do Ambiente Religioso ............................................. 53
4.3 Iluminação dos ambientes da Igreja Católica ............................................... 57
4.3.1 Iluminação no Átrio ................................................................................ 58
4.3.2 Iluminação na Nave ............................................................................... 59
4.3.3 Iluminação do Presbitério ...................................................................... 60
4.3.4 Iluminação da Capela do Santíssimo .................................................... 61
4.3.5 Iluminação de Tarefa ............................................................................. 61
5 Estudo luminotécnico de Igrejas do Mato Grosso .............................................. 64
5.1 Catedral Metropolitana Basílica do Senhor Bom Jesus - Cuiabá ................. 64
5.2 Catedral Imaculada Conceição de Maria – Primavera do Leste .................. 72
5.3 Capela Mãe da Divina Providência – Primavera do Leste ........................... 77
6 Diretrizes do Projeto Luminotécnico ................................................................... 85
6.1 Igreja Divino Espirito Santo .......................................................................... 85
6.1.1 Espaço de Celebração .......................................................................... 86
6.1.2 Espaço da Comunidade ........................................................................ 89
6.2 Quantificação de Luminárias ........................................................................ 91
7 Memorial do Projeto Luminotécnico ................................................................... 95
7.1 Desenho do Forro ........................................................................................ 95
7.2 Lâmpadas e Luminárias ............................................................................... 97
7.2.1 Espaço de Celebração .......................................................................... 97
7.2.2 Espaços da Comunidade ..................................................................... 104
7.2.3 Iluminação Exterior .............................................................................. 106
7.3 Dimerização, Circuitos e Cenas ................................................................. 107
7.4 Orçamento do Projeto Luminotécnico ........................................................ 113
Considerações Finais .............................................................................................. 115
Referencias ............................................................................................................. 117
ANEXO I - AUTORIZAÇÃO DO USO DE PROJETO ARQUITETÔNICO ............... 121
ANEXO II - LAYOUT DO PROJETO DA IGREJA DIVINO ESPÍRITO SANTO ....... 122
APÊNDICE A – PLANTA DE FORRO ..................................................................... 123
APÊNDICE B - PLANTA DE LUMINOTÉCNICA ..................................................... 124
APÊNDICE C – CORTES DO GESSO E DADOS DE ILUMINAÇÃO ..................... 125
APENDICE D – PROJETO COMPLEMENTAR ELÉTRICA .................................... 126
15
INTRODUÇÃO
O projeto de iluminação, desenvolvido com o objetivo de criar soluções
luminotécnicas para um ambiente, possui uma multidisciplinariedade no que diz
respeito a sua composição. É necessário o conhecimento de conceitos que vão desde
o comportamento físico da luz até a compreensão básica da percepção humana a fim
de criar um projeto que interfira positivamente na experiência dos usuários no
ambiente iluminado.
Para tanto, o seguinte trabalho propõe a compreensão dos conceitos de um
projeto de iluminação, considerando tanto as questões técnicas e funcionais até as
relacionadas a percepção humana do espaço iluminado. Além disso, a pesquisa será
direcionada aos estudos da iluminação de ambientes religiosos, refletindo a influência
da iluminação na percepção humana dos espaços religiosos, uma vez que, a
iluminação no ambiente religioso desempenha um papel importante relacionado a
sensibilidade espiritual. Por fim, a etapa final do trabalho será utilizar-se de todas as
informações e conceitos adquiridos para propor como resultado um projeto
luminotécnico para a Igreja da Comunidade Divino Espirito Santo, na cidade de
Primavera do Leste – MT, aplicando ao espaço as diferentes percepções e emoções
que iluminação pode transmitir através das suas distintas aplicações.
Esta pesquisa, na área da iluminação, justifica-se pela constatação de que a
luz é parte irrevogável da arquitetura e se faz necessária sua boa utilização no projeto
arquitetônico, necessitando assim, que o projeto de luz seja amparado pelas várias
questões que o cerca, desde os aspectos técnicos até os subjetivos. Existem hoje,
normatizações, como a NBR ISO 8995-1, que fornecem parâmetros ideais para o
projeto luminotécnico, revelando assim sua importância.
A fim de alcançar o objetivo proposto nesse trabalho, no primeiro capítulo, far-
se-ão levantamentos bibliográficos a respeito do comportamento físico, mental e
psicológico, pelo ser humano, no ambiente iluminado. Serão consultados autores que
buscam a compreensão de questões fisiológicas e subjetivas, desde a percepção
ocular da luz até o processamento e formação de conceitos subjetivos pela mente
humana. Nesse último tema se buscarão autores que discutam tais questões mais
subjetivas voltando-se a áreas como a arte e a arquitetura, assim será possível
relacionar tais conceitos com a compreensão da iluminação do local.
16
No segundo capítulo, serão buscadas Informações técnicas e parâmetros
‘físicos e matemáticos da concepção dos projetos luminotécnicos. Assim, serão
apresentados os conceitos físicos da qualidade da luz, sua formação e
comportamento no espaço. Além disso, serão apresentados conceitos relacionados a
qualidade da luz como índice de reprodução de cor, temperatura de cor, entre outros.
Já no terceiro capítulo, serão estudados os efeitos que a iluminação possibilita
dentro de conceitos que envolvem a iluminação cênica, como a composição de
espaços e atmosferas, além do estudo do posicionamento das lâmpadas e os efeitos
causados por eles.
A partir dos levantamentos acima descritos se iniciará o processo de pesquisas
históricas onde se buscarão informações a respeito do papel da igreja na história ao
longo do tempo e como ela se utiliza de seus atributos estéticos, principalmente a
iluminação, a fim de criar no usuário do espaço sensações subjetivas relacionadas a
religiosidade.
No quinto capítulo serão estudadas edificações no estado de Mato Grosso,
realizando medição de índices de luminosidade, tanto dos atributos de iluminação
natural como da iluminação artificial, aplicada nas mesmas. Para tais análises, será
utilizado o luxímetro e a documentação de imagens fotográficas a fim de compreender
a quantidade e a qualidade da iluminação bem como seu impacto na visualização e
no conforto do ambiente religioso.
Após estes passos, que compreendem metodologias diferentes, será
apresentado o local a ser proposto o projeto luminotécnico. Serão apresentados os
condicionantes e diretrizes a fim de que o projeto possa cumprir com excelência
soluções que aprimorem a experiência do projeto luminotécnico. Por fim, no sétimo
capítulo pretende-se apresentar todo o projeto luminotécnico, como as soluções
adotadas e as informações do local, resumindo todos os resultados num memorial
descritivo e justificativo das soluções. Também serão produzidos apêndices com as
informações técnicas do projeto, a fim de que todas as questões técnicas sejam
compreendidas.
17
1 A LUZ, O CORPO E A MENTE
Desde os princípios da história humana a iluminação se limitou apenas a luz
proveniente do sol, o reconhecimento do espaço era tido através da reflexão dos
objetos pela luz dos raios solares. Somente a partir da idade da pedra com o
aprimoramento das técnicas humanas, o fogo foi descoberto, possibilitando que o
homem pudesse levar uma fonte de luz consigo para onde precisasse. Esses dois
modos de iluminação permaneceram durante muito tempo como as principais formas
de luz e fizeram com que seu uso fosse aprimorado por dezenas de milhares de anos
(HANDBOOK OF INTERIOR LIGHTING, 1992).
Com sua evolução intelectual, o ser humano passou a criar mecanismos a fim
de regular a entrada de iluminação nas edificações e locar os edifícios baseados na
orientação solar. O Handbook of Interior Lighting (1992) usa como exemplo as
edificações de locais em que o clima é predominantemente quente, como em Santorini
na Grécia (figura 1). Nela as edificações possuem aberturas voltadas as paredes
brancas, onde a iluminação do sol é refletida pelas paredes e volta-se ao interior das
casas pelas pequenas aberturas.
Em outros casos como locais que possuem climas frios e pouca predominância
solar, devido a nebulosidade do céu, são visíveis as grandes aberturas aplicadas as
edificações, a fim de que a luz natural possa ter o maior contato possível com o interior
Figura 1 - Casas em Santorini, Grécia.
Fonte: Handbook of Interior Lighting, 1992.
18
dos espaços dissipando calor e consequentemente luz (Figura 2). Além disso, o uso
da iluminação natural em tais lugares fez com que se percebesse que a luz solar em
períodos de céu nublado forma uma iluminação uniforme sem brilhos excessivos e
sombras exageradas (HANDBOOK OF INTERIOR LIGHTING, 1992).
Serrat (2006), diz que a iluminação natural sempre esteve presente durante a
história da arquitetura, ainda que muitas vezes passasse despercebida por ser
considerada algo tão essencial, a luz incidia e participava de qualquer obra de
arquitetura, em algumas possuindo maior representatividade e em outras um pouco
menos, mas mesmo que na concepção do projeto não se antevisse a sua existência
ela estaria lá de alguma forma influenciando no espaço projetado. Sendo assim, o
estudo da mesma e o conhecimento de seu comportamento permite que o edifício
projetado seja mais eficiente quanto seu conforto térmico e lumínico possibilitando a
aplicação de soluções para melhorar as funções desempenhadas no ambiente.
Rasmussen (1998) em suas análises sobre os elementos arquitetônicos fala da
luz do dia como o único elemento do projeto que não pode ser totalmente previsível,
visto que a luz do dia se altera da manhã para a tarde, de um dia para o outro em
intensidade e cor, assim sendo as transformações da luz em tais ambientes pode ser
desconsiderada, pois o olho humano se adapta a tais transformações da luz, como
por exemplo na noite onde a intensidade da luz da lua é 250.000 vezes menor que a
Figura 2 - Interior da Sainte Chapelle Paris, França.
Fonte: Handbook of Interior Lighting, 1992.
19
do sol e ainda assim os olhos humanos conseguem se adaptar para enxergar os
mesmos objetos sob as duas formas de iluminação.
Ao passo que a iluminação natural proveniente do sol moldou o cotidiano das
pessoas de acordo com seu comportamento, era necessária uma nova forma de
iluminar que fizesse com que a fonte de luz pudesse ser adaptada de acordo com as
necessidades humanas. Assim, as antigas tochas sofreram um refinamento chegando
às lâmpadas a óleo e posteriormente as lâmpadas a gás. (HANDBOOK OF INTERIOR
LIGHTING, 1992). Desde então os estudos e testes com novas fontes de luz não
cessaram passando por testes com filamentos de materiais que sob estímulos
elétricos produziam luz, até a lâmpada incandescente com filamento de carbono
descoberta por Thomas Alva Edison em 1879 (SALVETTI, 2008).
Com tais evoluções, as lâmpadas independentemente de seu funcionamento,
possibilitaram a iluminação dos espaços em momentos que antes não podiam ser
iluminados, a luz passou a permanecer disponível em todos os momentos do dia para
qualquer um que a necessitasse. Ao mesmo tempo, começaram os estudos para o
aprimoramento das lâmpadas a fim de que fossem cada vez mais eficientes e
adequadas aos ambientes a serem implantadas (ASSIS, 2016).
O entendimento da luz, dentro da área da arquitetura e do design, tem como
objetivo principal aprimorar seu uso dentre as diversas formas de aplicação em um
projeto. “A luz é de importância decisiva para sentirmos a arquitetura”
(RASMUSSEN, 1998). Assim, a luz quando estudada abre discussões em diversas
áreas de conhecimento, transformando-se em uma ciência multidisciplinar onde se
compreende desde a formação física da luz, a qual pode ser estudada pelos campos
da física e química, até as relações psicológicas da percepção humana. Costa (2005),
afirma que:
A utilização da luz envolve não só o campo das ciências exatas aplicadas, como também o das ciências humanas como fisiologia, a psicóloga, a segurança, a arte[...] desta forma, o estudioso em iluminação deverá dedicar-se não só ao formulísmo matemático, mas também aos efeitos comportamentais do indivíduo frente a um sistema de iluminação, ou seja, dos efeitos sobre o indivíduo e o ato de ver (COSTA, 2005).
Contudo podemos perceber o quanto é necessário à compreensão da
percepção do usuário com o local. Deve-se procurar entender como o ambiente é visto
baseando-se nos mais diversos conceitos que permeiam desde o funcionamento
fisiológico humano até as relações psicológicas para que o projetista consiga inserir-
20
se no espaço e sanar as necessidades exigidas no projeto. Há uma relação entre itens
que dizem respeito a distribuição da luz no ambiente e as preferencias humanas, tais
elementos incluem de aspectos fisiológicos até fatores emocionais (estado de humor
e predisposições) (BARBOSA, 2010).
Okamoto (2002) conceitua a percepção como o compreender, ou dar se conta
de algo. Ainda que os estímulos visuais sejam os mesmos, as pessoas veem o mundo
de formas distintas baseadas em seus conhecimentos prévios. Assim, “são
selecionados os aspectos de interesse ou que tenham chamado atenção, e só aí que
ocorre a percepção (imagem) e a consciência (pensamento, sentimento), resultando
em uma resposta que conduz a um comportamento” (OKAMOTO, 2002).
Conforme Stiler (2000, apud Brondani, 2006), a concepção de qualquer projeto
se desenvolve por meio de um processo analítico transitando em diferentes níveis que
constituem o homem. Em primeiro lugar está o físico que, segundo Brondani (2006)
está relacionado ao sentido da visão o qual recebe os estímulos visuais do ambiente
como as cores, formas e luzes. Já o nível psicológico está relacionado ao “pré-ver”
que engloba a satisfação pessoal com a estética do ambiente, é um item subjetivo e
deve-se principalmente as qualidades artísticas empregues no local. O terceiro nível
de percepção, segundo Brondani op. cit., está relacionado aos aspectos éticos do
projeto, sua importância e significância com quem utilizará do local, a comunidade
envolvida e a necessidade que o projeto busca em atendê-los.
Compreender como a mente processa as informações recebidas por meio dos órgãos dos sentidos requer entender parte da fisiologia humana. Aspectos ligados principalmente com referência ao cérebro e a visão são considerados fundamentais no contexto desta abordagem. (BRONDANI, 2006)
Gibson (1979 apud Brondani, 2006) traz um esquema (
Figura 3) sobre o funcionamento da mente, desde o recebimento da informação
pelos órgãos sensitivos do corpo até os estímulos processados pelo cérebro.
21
Figura 3 - Representação esquemática identificando o cérebro como processador.
Fonte: Gibson, 1979 apud Brondani, 2006.
1.1 O corpo
O primeiro órgão que recebe qualquer estímulo visual é o olho. Em um conceito
superficial, o olho é como uma câmera que recebe a imagem formada diante de si e
retransmite para o cérebro. Apesar de o olho estar submetido a processos complexos
de fisiologia, algumas características básicas ajudam a compreender o
comportamento da visão e assim ver como a luz é processada pelo mesmo (GIBSON,
1979).
A primeira parte do olho é a córnea, que permite a passagem de luz para dentro
do globo ocular, assim a pupila tendo recebido os estímulos de luz se abre ou fecha
de acordo com a quantidade de luz recebida, após ela, uma lente chamada cristalino
reflete as imagens de forma invertida até a retina (GIBSON, 1979)
(Figura 4).
22
A retina é responsável por absorver as mensagens visuais captadas pelo
cristalino, nela dois tipos de célula fazem leituras diferentes da imagem recebida, os
cones são responsáveis pela visão da luz, sendo ela do sol, ou de fontes artificiais,
além das cores, texturas. Já os bastonetes recebem estímulos da visão noturna, com
baixa luminosidade, além de balanços em tons de cinza (IIDA, 1997).
Com isso, é possível ver que o olho possui percepções diferentes quanto aos
aspectos de baixa luminosidade, bem como as cores e a iluminação. O olho ainda,
segundo Cypriano (2013), sempre se adequa aos estímulos visuais, assim quando ele
esta exposto a uma grande quantidade de luz a pupila se fecha para que não ocorra
ofuscamento, já quando os olhos estão inseridos em um ambiente com baixa
luminosidade os mesmos utilizam dos bastonetes e da pupila dilatada para adequar a
visão a tal meio.
Ainda, alguns pesquisadores, apontados por Martau (2009), relatam a
existencia de um terceiro fotoreceptor presente na retina dos mamíferos, tal
fotoreceptor explicou como o ser humano percebe o ciclo do claro e do escuro,
chamado de ciclo circadiano. Esse ciclo esta relacionado a interpretação do ser
humano no tempo, como a luz da manha no período do acordar e a diminuiçao da luz
no período de adormecer. Tais estudos, sobre o terceiro fotoreceptor, podem auxiliar
na compreensão do comportamento corporal aos estímulos de luzes artificiais, uma
vez que, o corpo adaptado por milhares de anos a luz do sol, passa a receber
estimulos não naturais e produz as mesmas substâncias quando submetido a luz
natural (MARTAU, 2009).
Compreendemos assim, o quanto a iluminação aplicada aos locais são
percebidas de formas diferentes pelo olho humano, ainda segundo Cypriano, op. cit.,
a acuidade visual é a responsável pela “capacidade de distinguir objetos e detalhes
Figura 4 - Formação da Imagem no Olho Humano.
Fonte: Handbook of Interior Lighting, 1992.
23
que estão muito próximos entre si [...] a acuidade visual depende do brilho do objeto
e, portanto, da quantidade de luz” (CYPRIANO, 2013).
Após serem recebidos pelo olho, os estimulos visuais são levados ao cérebro
por meio de impulsos nervosos. O cérebro armazena as imagens em regiões
diferentes, na Figura 5 é possível perceber que as imagens são levadas até o córtex
visual de forma invertida, o cérebro então leva a mensagem recebida a diversas áreas
do cérebro onde são compostas as relações de localização, decodificação das
imagens, escritas, objetos além de cruzar as informações com os outros sentidos
como a audição, o tato e o olfato (BRONDANI, 2006).
Figura 5 - Processamento da Imagem pelo Cérebro Humano.
Fonte: studyblue.com1.
Por fim, as sensações produzidas pelos estímulos geram reações emocionais
ou cognitivas de modo que o ser humano reconheça o espaço e tenha uma resposta
sobre tal lugar, as respostas podem ser desde medo de um local até o choro exprimido
pela emoção de estar em tal ambiente.
1.2 A mente
1 Disponível em: https://www.studyblue.com/notes/note/n/lab-final/deck/16062281. Acesso em: maio/2017.
OLHO
RETINA
NERVO ÓPTICO
QUIASMA ÓPTICO
TRATO ÓPTICO
TRATO GENICULOCALCARINO
RADIAÇÃO ÓPTICA
CÓRTEX VISUAL
24
Analisar a mente e o comportamento humano para muitos autores é um
processo complexo e abre caminho para várias áreas do conhecimento, dentre
algumas está à psicologia, a medicina, a filosofia e a sociologia. Além disso, dentro
de cada grande área de tais ciências, abrem-se incontáveis ramificações de subáreas
de estudo que buscam a compreensão de itens cada vez mais complexos, subjetivos
e avançados. Dessa forma, dentro do estudo das linguagens visuais e da percepção
humana dos ambientes que está inserido, alguns autores preferem se ater a aspectos
comportamentais ou a processos subjetivos mais superficiais, de modo a exemplificar
os níveis da percepção humana nos espaços projetados.
Para Perez (2013a), ainda que os sistemas sensoriais humanos, apresentados
no ultimo subtítulo sejam fisicamente semelhantes, jamais um indivíduo irá
compreender o estimulo recebido por seu olho e processa-lo da mesma forma que
outra pessoa, ainda que estejam no mesmo ambiente e nas mesmas condições
intelectuais e físicas, os reconhecimentos das imagens dependem de fatores como
nossa própria personalidade e acima de tudo nosso inconsciente.
Leonard Mlodinow (2013, apud PEREZ 2013a), em seu livro: Como o
inconsciente influência nossas vidas, traz que o sistema sensorial humano (visão,
audição, tato, etc.), em condições normais, envia ao cérebro cerca de 11 milhões de
bits de informação por segundo, porém, o cérebro processa apenas cerca de 16 a 50
bits por segundo. Os estímulos básicos, como a percepção da luminosidade, por
exemplo, são recebidos e processados em segundo plano ativando respostas
involuntárias como a diminuição da abertura da pupila, mas ao mesmo tempo geram
informações que ficam gravadas na mente a respeito da luminosidade daquele local.
Mlodinow, op. cit., compara a mente a um computador o qual, se tentasse processar
toda a informação que recebe dos sistemas sensoriais em primeiro plano, iria travar.
A evolução nos deu uma mente inconsciente porque é ela que permite nossa sobrevivência num mundo que exige assimilação e processamento de energia tão maciços. Percepção sensorial, capacidade de memória, julgamentos, decisões e atividades do dia a dia parecem não exigir esforços – mas isso só porque o esforço demandado é imposto sobretudo a partes do cérebro que funcionam fora do plano da consciência (MLODINOW, 2013 apud PEREZ, 2013a).
As questões da percepção do inconsciente foram estudadas a fundo por um
nome que permanece até hoje presente nas discussões da psicologia. Sigmund Freud
iniciou seus estudos muito cedo e levou os conhecimentos acerca da mente humana
25
a níveis nunca antes explorados. Durante uma parte de sua vida, Freud dedicou-se a
estudar os sonhos criando relações entre as linguagens do inconsciente e a amplitude
dos sonhos. Perez (2013a) traz também a importância de conhecer o inconsciente a
fim de poder projetar um espaço para um determinado grupo de pessoas e seus
desejos não expressados, mas que se deixam perceber através da inconsciência.
Além disso, o autor fala sobre a iluminação cênica, a qual usa de um universo subjetivo
como a mudança da iluminação em um palco de teatro, para que o espectador
compreenda que a cena sofreu uma diferenciação, sem que seja necessário falar
explicitamente, e conscientemente, o que está acontecendo (PEREZ, 2013a).
Zevi (1973, apud NETTO, 1979), faz uma avaliação da semiologia2 do espaço
se referindo a ele como algo não descrito e expresso, mas que orienta uma
configuração arquitetural e urbana. “[...] um caráter “inocente”, não intencional, sendo
fruto não especificamente de uma má consciência, mas apenas de uma consciência
inconsciente (claro que não por isso desculpável) ” (ZEVI, 1973 apud NETTO, 1979).
Numa busca por compreender a semiologia da arquitetura Zevi (op. cit.), procura
enquadrar a arquitetura ás leis da semiologia colocando a construção do espaço como
sendo o objeto semiológico e assim a construção do sentido se dará unindo todos os
atributos possíveis da arquitetura, como o ritmo, a harmonia, a simetria, etc.
A escola de psicologia experimental Gestalt, teve seu surgimento na Europa
em fins do século XIX e estudou diversos campos da ciência visual como a percepção,
a linguagem, a inteligência, a aprendizagem, a memória, motivação, conduta
exploratória e dinâmica de grupos sociais. Os estudos eram realizados com pesquisas
e experiências que traziam a realidade hipóteses nunca antes testadas, dessa
maneira foram descobertas diversas possibilidades da percepção humana (FILHO,
2009 apud PEREZ, 2013b).
Segundo a teoria de Gestalt o contexto das imagens deve ser analisado em
sua totalidade, não podendo ser analisados objetos individuais que compõem a
imagem recebida pela visão. “A Gestalt afirma o princípio de que vemos as coisas
sempre dentro de um conjunto de relações” (FILHO, 2009). Para tanto, a teoria
2 Segundo o linguista suíço Ferdinand de Saussure (1857-1913), semiologia é a ciência geral cujo objeto é o estudo de todos os sistemas de signos no meio da sociedade, incluindo os ritos e costumes [...] o estudo das significações, abrangendo os sons, imagens, gestos, elementos tribais etc. como fenômenos culturais. (MICHELIS, 2016)
26
desenvolve leis que postulam fatores da percepção humana de acordo com a imagem
apresentada.
O Handbook of Interior Lighting (1992), traz a percepção humana na aplicação
da iluminação, dizendo que a luz pode se apresentar em várias formas e compor
diferentes ambientes, além disso os princípios de Gestalt também se aplicam a ela, a
lei da constância, muitas vezes é exigida pelo olho humano, caracterizando-se como
a necessidade de ter um foco de luz num lugar estratégico estando ligada assim a
atenção que determinado objeto necessita para compor um ambiente (Figura 6).
Contudo, o direcionamento do facho de luz em algumas soluções arquitetônicas pode
guiar o olhar do utilizador do espaço ou até pode criar superfícies sombreadas
evidenciando relevos e superfícies não planas.
Figura 6 - Fachos de luz centralizado e descentralizado anulando a lei de Unidade de Gestalt.
Fonte: Handbook of Interior Lighting, 1992.
Outros conceitos relacionados à aplicação das luzes estão na organização das
mesmas na superfície que estão fixadas, o Handbook of Interior Lighting (1992), traz
por exemplo as aplicações com as luminárias alinhadas e organizadas em diversas
maneiras, formando os padrões de proximidade (Figura 7).
Fonte: Handbook of Interior Lighting, 1992.
Figura 7 - Principio de Proximidade na Lei de Gestalt aplicado a posicionamento de luminárias.
27
Por fim, ao compreender aspectos da percepção humana, podemos ver o
quanto o estudo da mente pode ser aprofundado para entender os princípios que
norteiam essa visão aplicada particularmente ao espaço. O olho humano utilizando-
se de conceitos predeterminados e comportamentos semelhantes faz as leituras do
ambiente, criando sensações e absorvendo de forma inconsciente as linguagens do
espaço, assim o homem desde o início da arquitetura, por exemplo, quis empregar
em suas obras aspectos que trouxessem ao usuário ambientações relacionadas ao
uso dos locais.
Zevi (1996) traz as relações que permeiam as interpretações do ambiente
arquitetônico. Dentre esses conceitos estão às interpretações políticas, as científicas,
as materialistas, a interpretação técnica, a econômica social, a formalista, e a
interpretação fisiopsicológica. Essa última, ao explanar as sensações imprimidas no
humano submetido ao uso de determinado espaço, traz relações exprimidas pela
arquitetura ao longo do tempo. O autor também compreende o universo arquitetônico
como uma vasta possibilidade de aplicar-se efeitos psicológicos nas obras, para ele:
Uma superfície será vulgar, cheia de elementos ecléticos ou ampla e serena como a do Palazzo Fernese, congestionada como a da biblioteca Florentina de Michelangelo, insípida e muda como a do monumento de Saconni, forte e dramática como a abside de Moreale. [...] poderosos e austeros como em S. Pedro, alegres e variados como na casa de campo norte americana, elegantes e festivos como no pavilhão de Barcelona de Miës, alegres ou terríveis, sorrindo escarninhadamente do sentido de instabilidade humana como na Vila de Wright (ZEVI, 1996).
Zevi (op. cit.) trata também das formas impressas na arquitetura, para o autor
os elementos geométricos como a linha horizontal guiam o olhar do homem para o
plano terrestre, já as linhas verticais elevam o olhar do mesmo fazendo com que
represente o infinito da visualização celeste.
Figura 9 - Edifício Johnson de Frank Lloyd Wright com linhas curvas.
Figura 8 - Palazzo Fernese de Michelangelo com linhas retas.
28 Fonte: maxmak.com3. Fonte: inventerrome.com4.
Outro exemplo, trata-se das linhas retas e curvas, as primeiras exprimem
psicologicamente no humano o sentimento de decisão, rigidez e força (Figura 8). Já
elementos curvos representam a hesitação, e a flexibilidade de valores decorativos
(Figura 9).
2 LUMINOTÉCNICA
A luminotécnica é a parte do estudo da iluminação que se dedica a
compreender os aspectos físicos, químicos e matemáticos da aplicação da luz. Como
discutido no capítulo anterior, a luz passou por grandes evoluções desde sua
descoberta, assim também evoluíram os estudos que auxiliam no aprimoramento das
fontes luminosas para que as aplicações se tornem cada vez melhores. A seguir serão
apresentados os principais itens técnicos que regem o projeto luminotécnico.
2.1 Conceitos Gerais da Luz
Segundo Tregenza e Loe (2015), a luz é um fluxo de energia magnética, ela se
apresenta em forma de ondas, assim como as ondas de sinais de TV, rádio, micro-
ondas e raios x; porém a diferença da luz é que a mesma é visível a olho humano
distinguindo a mesma dos outros tipos de ondas. A possibilidade de visualizar a luz
se dá devido a seu comprimento de onda. Na
Figura 10 é possível ver as variações dos comprimentos de onda de
cada tipo de radiação, destacando luz.
Figura 10 - O espectro eletromagnético: destaque da luz visível.
3 Disponível em: <www.inventerrome.com/index.php/en/>. Acesso em: jun/2017. 4 Disponível em: <maxmak.com/referencia/arq_design_frank_lloyd_wright.html> Acesso em: jun/2017.
29
Fonte: Tregenza; Loe, 2015 (Adaptado pelo autor).
A visualização dos objetos depende totalmente da luz. Além disso, o faixo de
luz nunca é visível, mas o que pode ser visto será sua reflexão por algum objeto.
Silva (2004) usa como exemplo os cinemas dos anos 50 onde era permitido fumar,
assim o feixe de luz que vinha da cabine de projeção era visto quando alguém estava
fumando dentro da sala de cinema, pois a fumaça era refletida pelo faixo de luz do
filme, além disso, o faixo de luz terminava na tela branca de projeção, onde ali era
refletida totalmente, revelando o filme.
2.2 Cor
Para Osram (2011) os objetos possuem diversas colorações, assim quando
certa quantidade de luz incide sobre eles, se inicia um processo de reflexão. Porém,
é importante que se tenha conhecimento das cores e como elas são refletidas. A luz
branca é composta por várias cores, assim os objetos refletem essas cores de acordo
com sua coloração. Ao inserir um feixe de luz branca em um prisma de vidro é possível
ver a decomposição das cores que compõem a luz. O autor traz um exemplo da
formação das cores na luz ()
Figura 11)
30
Figura 11 - Composição da Luz em padrão RGB.
Fonte: Osram, 2011.
2.3 Iluminância
A iluminância é o valor determinado por lux (L) que define a quantidade de luz
que uma superfície recebe de uma fonte luminosa. Assim, se consideram os aspectos
do ambiente como as superfícies que refletem a luz, a distância que a luz está do local
medido bem como as influências que a luz sofre pela luminária que está inserida.
A iluminância pode ser medida por um aparelho chamado luxímetro. O
luxímetro é posicionado sobre a superfície de trabalho que está se analisando e o
visor dá os valores em lux da iluminância do ponto (OSRAM, 2011).
2.4 IRC
31
O Índice de Reprodução de Cores (IRC) é talvez um dos mais importantes itens
no que diz respeito a qualidade da luz. As lâmpadas incandescentes e as halógenas
possuem IRC 100%, ou seja, são capazes de reproduzir de forma fidedigna as cores.
Já as fluorescentes e as lâmpadas LED possuem IRC que varia de 60 a 90%. O IRC
é medido por uma porcentagem de modo que a luz do sol é usada como parâmetro
para definir as demais fontes. Para descobrir o índice de reprodução de cores, as
fontes de luz são submetidas a testes que utilizam uma escala de 8 cores (Figura 12),
as cores são compostas por quantidades de luz vermelha, azul e verde; e foram
definidas por um comitê internacional de iluminação. Dessa forma elas precisam
iluminar as cores registradas com fidelidade (OSRAM, 2011; TREGENZA; LOE,
2015).
Fonte: Procel, 2011.
A reprodução de cores independe de outras variáveis de uma lâmpada, visto
que duas lâmpadas com o mesmo fluxo luminoso, a mesma potência e a mesma
temperatura de cor5, podem possuir IRC diferentes. Um exemplo de diferenciação da
reprodução de cores é apresentado a seguir (Figura 13). Nela, uma maçã é iluminada
por fontes com temperaturas de cor iguais (2700 K), mas com IRC distintos, assim a
5 Ver item 2.7.
Figura 12 - Tabela de Cores Padrão IRC (0 - 100%).
Figura 13 - Maçã exposta a Temperaturas de Cor diferentes.
32
maçã tem sua cor modificada e representa aspectos distintos de qualidade
(OSRAM, 2011).
Fonte: westinghouselighting.com6.
2.5 Temperatura de Cor
Ao analisarmos os diferentes efeitos da luz branca no comportamento do
usuário, percebemos que o item técnico que mais produz mudanças na percepção de
um espaço, é a temperatura de cor. A temperatura de cor é medida em Kelvin, tal
medida se baseia numa escala fixa (Figura 14) designada por cálculos que levam em
conta o espectro luminoso da fonte de luz.
Fonte: newline.ind.br.
Assim, desde a cor mais quente, que possui um valor menor que 2000K, até
fontes que vão acima de 10.000K, a luz passa por diversos níveis de tonalidade de
cor. Procel (2011), portanto, elabora uma tabela descrevendo as principais fontes de
luz e a temperatura de cor que possui (Figura 15).
6 Disponível em: westinghouselighting.com/lighting-education/color-rendering-index-cri.aspx. Acesso em: mai/2017.
Figura 14 - Escala de Temperatura de Cor em Kelvin (K).
33
Fonte: Procel, 2011.
Dessa tabela, podem se identificar algumas das principais fontes utilizadas no
projeto luminotécnico, como a lâmpada incandescente que possui uma temperatura
de cor de aproximadamente 2.680K, e as lâmpadas fluorescentes disponíveis em
versões de 3.000K (branco quente) até 6.000K (branco frio). Dentro de tais padrões
identificamos também que algumas fontes luminosas como o LED podem possuir
vários tipos de temperatura de acordo com sua fabricação. A informação da
temperatura de cor deve vir indicada no produto pelo seu fabricante (PROCEL, 2011).
Figura 15 - Tabela de valores de Temperatura de Cor.
34
Como dito, as diferentes temperaturas de cores são aplicadas em projetos para
criar diferentes ambientações, Assis (2016) traz uma tabela que indica os principais
usos das temperaturas de cores dentro de um projeto (Figura 16).
Fonte: Assis, 2016.
2.6 Dimerização e Automação
Outro conceito importante e que está relacionado ao efeito que a iluminação
produz é o acionamento da lâmpada por dimerização e/ou por automação. A
dimerização é a possibilidade de variar a potência de uma fonte de luz para que sua
aplicação seja adequada ao ambiente e ao momento que está se usando a luz (SILVA,
2009).
Já a automação é a capacidade de acionar as lâmpadas remotamente por
dispositivos móveis, ou até por tempos pré-determinados que permitem que a luz se
adeque a qualquer uso sem que seja necessário o controle da mesma fisicamente.
Por ser um recurso recente, várias tecnologias têm se desenvolvido ultimamente para
aprimorar ainda mais a automação das lâmpadas. Silva (2009) traz que os sistemas
de automação são essenciais para providenciar o máximo que a iluminação pode
fornecer nos espaços, e ainda que não seja possível instalar sistemas avançados de
automação a dimerização já auxilia, e ainda, caso não seja possível à dimerização, a
simples divisão da iluminação em circuitos que permitam o acendimento de lâmpadas
Figura 16 - Tabela de Temperatura de Cor, Aplicações e Efeitos.
35
Figura 17 - Simulação de Iluminações diferentes com Automação
de maneira distinta, já permitem um grande ganho de qualidade de iluminação, bem
como de economia de energia.
Na Figura 17 é possível ver um sistema de automação simulado num ambiente
em três tipos de uso distintos que permitem a iluminação adequada para tal uso. Na
primeira imagem, a iluminação está voltada para o uso da tv, assim todo o ambiente
está em iluminação mais reduzida. Já na cena dois, a iluminação está voltada para
um ambiente de jantar, com iluminação voltada a mesa e demais lâmpadas com
iluminação reduzida.
Fonte: imagemdigitalhome.com.br7
Em relação ao controle da iluminação, podem ser utilizadas ferramentas como
controles remotos por infravermelho ou até mesmo controladores com tecnologia
bluetooth8, além de recentemente a tecnologia ter evoluído para o uso de celulares
para o controle das cenas da residência. Dessa maneira, podem ser criadas cenas no
aparelho, que correspondem a quantidades de luz para determinado uso.
2.7 Ofuscamento
O ofuscamento é a depreciação ou o prejuízo da visão humana causado por
alguma fonte de luz no plano do campo visual, ou a reflexão indireta da luz por uma
superfície brilhosa que reflita o brilho da luz de forma excessiva. Apesar do
7 Disponível em: http://imagemdigitalhome.com.br/demonstracao/cenario.html. Acesso em: mai/2017. 8 Tecnologia sem fio usada em distâncias curtas, de até 10 m, cuja função é eliminar fios e cabos na conexão de aparelhos com a internet e dos aparelhos entre si.
36
ofuscamento não ser um problema tão perceptível, a exposição prolongada a ele pode
causar grande desconforto no usuário, como dores de cabeça e sensação de fadiga
(PROCEL, 2011).
Na
Figura 18 são apresentados tipos de ofuscamento que podem ocorrer em uma
superfície de trabalho como em um escritório. Os raios em vermelho são
representados como:
1- O raio de luz de uma janela que é refletido pela tela do computador;
2- A reflexão pela mesa de uma fonte de luz muito próxima;
3- Emissão de luz por uma fonte no campo de visão do observador
(TREGENZA; LOE, 2015).
Figura 18 - Raios de Luz provocando ofuscamento no observador em várias posições de incidência.
Fonte: Tregenza; Loe, 2015.
Tregenza e Loe também apresentam um cálculo para a quantificação do
ofuscamento com variáveis que levam em conta o tamanho da fonte luminosa, sua
potência e a posição em relação ao observador. Apesar da complexidade do cálculo
para situações mais comuns, os autores destacam que é possível perceber que o
aumento do ofuscamento é proporcional a luminância ou ao tamanho da fonte, bem
como a diminuição do ofuscamento se dá de acordo com o afastamento da fonte
luminosa da linha de visão (TREGENZA; LOE, 2015)
37
2.8 NBR ISO 8995-1
A NBR ISO 8995-1 é sem dúvidas a maior regulamentação que existe no Brasil
para a iluminação. Ela foi elaborada para a substituição da NBR 5413 (1992) e a NBR
5382 (1985) criadas correspondentemente a Iluminância de Interiores e a Instalações
Elétricas. Assim ela possui informações e definições geradas a partir de estudos e
testes com o objetivo de aprimorar a aplicação da iluminação no ambiente interno.
Além de trazer definições de conceitos já explanados anteriormente neste
trabalho, uma das contribuições mais significativas da NBR ISO 8995-1 é a definição
de níveis mínimos de iluminância (lux) nos ambientes pelas aplicações de fontes
luminosas, além de definir níveis máximos de ofuscamento e os índices de reprodução
de cor nos locais indicados. A NBR ISO 8995-1 apresenta 31 tipos de edificações e a
necessidade da aplicação de níveis mínimos de luminosidade em cada um deles.
Como exemplo, é apresentado o item 31 da norma que define a luminosidade
para ambientes religiosos (Em), bem como seus espaços individuais e o índice
máximo de ofuscamento (UGRL) e o nível mínimo de reprodução de cor (Ra)
(Figura 19).
Fonte: ABNT, 2013 (adaptado pelo autor).
A norma também traz algumas definições quanto ao plano de trabalho e a área
de entorno que corresponde as atividades ali realizadas além de definir recursos para
evitar o ofuscamento já apresentado anteriormente.
2.9 Luz Natural
A luz natural, apesar de não ser estável e mudar ao longo do dia, permite
algumas previsões do comportamento da luz do sol. O movimento aparente do sol,
relacionado aos efeitos de dia e noite bem como das estações do ano, são
Figura 19 - Reprodução da Tabela da NBR ISO 8995-1.
38
caracterizados pela movimentação da terra ao redor do seu próprio eixo e do eixo em
torno do sol (TREGENZA; LOE, 2015).
Para Tregenza e Loe (2015) a luz natural é recebida nos espaços em duas
diferentes emissões, os raios solares diretos são caracterizados por emitirem raios de
luz paralelos que mantém uma sombra dura e marcante. Outra forma da dispersão
solar se dá pela iluminância da abóbada celeste, assim a luz do sol se dispersa pela
atmosfera e emite na terra iluminação difusa e com pouca sombra, pois os raios vem
de vários ângulos.
2.9.1 Componentes de Luz
Para Garrocho (2005), a iluminação celeste possui valores definidos de reflexão
que permitem a previsão do comportamento da luz no interior dos ambientes, a
primeira trata-se do componente celeste (CC), definido pela luz que vem do céu,
formada por raios solares difusos, assim ela penetra no ambiente pelas aberturas. Já
o Componente de Reflexão Externa (CRE) trata- se da luz que é recebida pela reflexão
celeste de agentes externos como muros, paredes, pavimentações e quaisquer
superfícies que reflitam a luz solar para dentro da edificação. Por último o Componente
de Reflexão Interna (CRI) refere-se a reflexão dentro do espaço interno, devido a seus
componentes como paredes, mobiliários, superfícies e outros. Na Figura 20 são
representados os três tipos de componentes e seu comportamento em relação ao
ambiente interno.
.
Fonte: ABNT, 2005 apud Garrocho, 2005.
Figura 20 - Componentes de Reflexão relacionados ao ambiente interno.
39
Assim, é possível perceber as várias reflexões de luz que o ambiente recebe,
pois, a iluminação celeste não está em somente um ponto como o sol, e sim em toda
a extensão da atmosfera (GARROCHO, 2005).
2.9.2 Fator de Luz do Dia (FLD)
O fator de luz de dia refere-se a um ponto dentro do ambiente interno em
relação a outro ponto iluminado, sem obstruções, no exterior da edificação. Assim, é
possível prever qual a relação de iluminância que ambos os ambientes possuem e
como se desenvolve o processo de entrada de iluminação no interior do ambiente
(GARROCHO, 2005).
O Fator de Luz do Dia pode ser calculado com a seguinte equação:
FLD = (Ei / Eo) x 100 onde o fator de luz do dia será definido pela razão entre o valor
de iluminância interno (Ei) e o valor da iluminância externa (Eo) multiplicados por 100.
Assim, o valor gerado poderá ser comparado a outros ambientes ou até mesmo
a outras edificações para que se tenha ideia da qualidade e eficácia da iluminação de
uma área de trabalho, por exemplo. Garrocho (2005) ainda, diz que o FLD deve ser
medido no ambiente interno sob um plano de trabalho, ou seja, em uma altura que
esteja sendo desempenhada uma tarefa, e no lado externo a medição deverá ser
realizada em superfície que não possua obstrução de sombras ou incidência solar
direta.
Na Figura 21, Butera (1995 apud Garrocho 2005) apresenta uma tabela que
define os valores de fator de luz do dia relacionados a impressão de luminosidade do
ambiente bem como a relação da exposição do local a luz celeste:
Fonte: Butera, 1995 apud Garrocho, 2005.
Figura 21 - Tabela de relação entre Fator de Luz diurna e Impressões da Luminosidade.
40
Assim o valor deve estar entre 2 a 12 % para que a iluminação interna provinda
do componente celeste possua maior qualidade e auxilie na tarefa desempenhada
dentro da edificação.
3 EFEITOS DA LUZ
Compreender os efeitos cênicos, e as possibilidades de se trabalhar com os
efeitos de luz, auxiliam na escolha adequada das lâmpadas e luminárias, bem como
no projeto de iluminação natural, auxiliam na percepção dos melhores locais a se
trabalhar a luz natural a fim de que ela produza os efeitos desejados. Os conceitos
relacionados a luminotécnica, utilizados para exemplificar os efeitos possíveis da luz
neste trabalho, serão obtidos do manual Luminotécnico Pratico da Osram9 (Anexo A)
que possibilita um grande aporte de conhecimento, combinando assim a técnica e o
efeito psicológico trazido pela aplicação da luz reproduzidos nos efeitos apresentados
a seguir.
9 Manual distribuído gratuitamente pela Osram, empresa de lâmpadas e acessórios. Disponível em: http://www.iar.unicamp.br/lab/luz/ld/Livros/ManualOsram.pdf
41
Para Serrat (2006), a iluminação cênica dentro da arquitetura sempre estará
relacionada com a iluminação teatral. A iluminação cênica funciona no teatro como
um elemento norteador da cena que está sendo apresentada, o manuseio dos
equipamentos (refletores, lâmpadas e gelatinas10) são feitos de forma a causar
diferentes efeitos sobre as superfícies do cenário e os atores que estão no palco em
consonância com a trama que está sendo apresentada. Assim, a iluminação cênica
dentro do ambiente arquitetônico também está relacionada a integrar e causar efeitos
nos objetos, superfícies e atividades realizadas nos espaços (ASSIS, 2016).
3.1 Efeitos Espaciais da Luz
A iluminação cênica e os comportamentos espaciais da luz são objetos de
estudos relacionados a fatores subjetivos e necessitam da análise da percepção para
elencar o comportamento da mesma. A seguir são apresentados alguns exemplos de
funções espaciais que a luz pode exercer configurando “cenas” dentro do ambiente.
3.1.1 Função de Destacamento
Segundo Barbosa (2010), o ser humano é um ser fototrópico e, portanto, é
atraído pela luz. Dessa maneira, as pessoas reagem aos contrastes e seu olhar é
guiado para o objeto ou a superfície que tem mais luz. A função de destaque, que a
iluminação possibilita, é sem dúvidas um dos recursos mais explorados, desde o uso
da luz natural em edifícios com poucas aberturas, até o uso de lâmpadas com foco
fechado voltado a iluminação de objetos específicos. Para Barbosa (2010):
“Este [luz como destaque] é um recurso precioso para o objeto de iluminação,
e conforme os objetivos e usos dos espaços, estes destaques poderão ser
menos perceptíveis ou mesmo mais evidentes e dramáticos, quando os
contrastes de iluminâncias praticamente isolam de forma visual algumas
áreas (BARBOSA 2010).
10 Folha translucida de acetato, que confere cores a um refletor.
42
A função de destaque é utilizada em diversas aplicações, por exemplo a
Figura 22, traz um quadro iluminado em destaque por uma luz mais forte que a luz
ambiente a fim de chamar a atenção do espectador.
Fonte: http://3.bp.blogspot.com 11 editado pelo autor.
No ponto de vista luminotécnico a iluminação de destaque pode ser
proporcionada tanto pela diferenciação das superfícies iluminadas por uma
temperatura de cor diferente, bem como a utilização de lâmpadas com potência maior
criando mais luminância em determinada área. Assim, fontes luminosas halógenas
são mais populares quando é necessário trazer uma temperatura de cor mais baixa,
apesar de estarem sendo substituídas amplamente pela implementação dos LEDS
que podem proporcionar diferentes temperaturas de cor (PROCEL, 2011).
3.1.2 Função de Separação
Assim como outros elementos da arquitetura, a luz possibilita a diferenciação
de espaços como, por exemplo, a criação de espaços individuais dentro de uma
grande área. A iluminação pode separar ambientes ainda que integrados no mesmo
local. Isso é possível através da capacidade do olho de compreender mudanças na
iluminação geral e enviar ao cérebro a informação de que houve uma mudança de
11 Disponível em: http://3.bp.blogspot.com/kmIw0G5Toa0/UzIlumwmzbI/AAAAAAAAE9A/5v17RVJjcJY/s1600/IMG_5088_a950.jpg. Acesso em Jun/2017.
Figura 22 - Quadro em destaque com Iluminação em Museu.
43
ambiente (BARBOSA, 2010). A Figura 23 apresenta um edifício que possui diferentes
espaços e a aplicação de diferentes níveis de luminosidade, permitidos através do uso
de luminárias e aberturas zenitais, que dividem o grande espaço em níveis e
atmosferas diferenciadas.
Fonte: Barbosa, 2010 editado pelo autor.
3.1.3 Função de União
Figura 23 - Grande ambiente com níveis de iluminação diferentes.
44
Ao passo que a luz possibilita a segregação de ambientes, através dela é
possível unir e criar espaços com iluminações semelhantes, dando a elas o mesmo
sentido. Na Figura 24 é possível ver a aplicação da mesma iluminação embutida com
baixa potência, desde a escada até toda a extremidade do deck, delimitando todo o
espaço e, ao mesmo tempo, criando a mesma configuração ao longo do mesmo.
Fonte: deckadvisor.com12.
3.1.4 Função de Hierarquias
Barbosa (2010), trata a luz como criadora de hierarquias em ambientes
dinâmicos pois, com o uso de fontes luminosas de maior potência e iluminancia, é
possível destacar ambientes e criar hierarquias de maior e menor reconhecimento na
cena. Barbosa (op. cit.) dá exemplo do ambiente religioso de North Shore
Congregation Israel que que utiliza da luz natural para hierarquizar o espaço interno
(Figura 25).
12 Disponível em: https://deckadvisor.com/2011/02/01/light-it-up/led-lights-on-deck/. Acesso em: Jun/2017.
Figura 24 - Aplicação de Iluminação embutida unindo e demarcando a extensão do deck.
45
Fonte: Barbosa, 2010 editado pelo autor.
3.2 Efeitos Visuais da Luz
Para a criação dos efeitos apresentados anteriormente e, entre as várias
relações compostas no espaço construído, a luz é utilizada de modo estratégico para
a criação de tais efeitos. Alguns autores classificam e nomeiam certos efeitos visuais
que a luz pode provocar, como o posicionamento no espaço construído e a associação
com diferentes luminárias, possibilitando efeitos específicos. Skarlatou (2011) lembra
que esse é um tema recorrente dentre os processos de associação da luz no ambiente
por diversos autores e profissionais da área, além disso, a padronização dos efeitos
da luz ocorre geralmente de acordo com a potência da iluminação utilizada (alta,
média e baixa) ou o tamanho de abertura, no caso da iluminação natural, além do
posicionamento da iluminação no plano do espaço (para cima, lateralmente, para
baixo). Na Figura 26 o autor traz alguns dos principais efeitos causados pela luz:
Figura 25 - Interior de templo com hierarquia de iluminação.
46
Figura 26 - Efeitos de Iluminação em Esfera (luz ambiente, downlighting, uplighting, luz spot e luz natural).
Fonte: Conran; Bond 1999 apud Skarlatou, 2013
A seguir, serão apresentados alguns dos efeitos mais utilizados na iluminação
dentro do espaço projetado em relação ao posicionamento do foco de luz.
3.2.1 Direta e Direta de Efeito
A iluminação direta é o tipo de iluminação mais utilizada nos espaços, quando
se busca o destaque de um objeto ou parte de um espaço (Figura 27). Gurgel (2002)
diz que a iluminação direta é feita com um facho aberto voltado a uma superfície
provocando sombra. Na Figura 28 é possível perceber o efeito de aplicação da luz
direta e a luz direta de efeito usada especificamente para iluminar objetos.
Fonte: Gurgel, 2002.
Figura 27 – Croqui de Aplicação da Iluminação direta e Direta de Efeito.
47
Os fachos de luz formados por esse tipo de iluminação provocam desenhos no
chão ou na superfície dependendo da abertura do facho, assim, são aplicados
associados a outros materiais como gessos, madeiras e tecidos a fim de evidenciar
suas texturas. Para esse tipo de efeitos são utilizadas principalmente lâmpadas com
lentes, como as dicroicas, que facilitam a projeção da luz de forma cônica, ou seja,
todo o facho de luz estará concentrado num determinado ponto, não permitindo que a
iluminação se espalhe pelo ambiente sem que haja reflexão da mesma pelo objeto
iluminado.
Fonte: http://minhacasaminhacara.com.br13 editado pelo autor.
3.2.2 Indireta
A iluminação indireta é contraria a iluminação direta e se caracteriza pela
inserção das lâmpadas voltadas para superfícies de modo a refletir a luz sem que o
fluxo esteja voltado diretamente ao objeto. Geralmente os fachos de luz são aplicados
nas paredes ou no teto (GURGEL, 2002) (Figura 29). Nesses casos é comum o uso
13 Disponível em: http://minhacasaminhacara.com.br/iluminacao-direta-x-iluminacao-indireta/. Acesso em: jun/2017.
Figura 28 - Ambiente Residencial com Iluminação Direta na cabeceira e nos nichos laterais.
48
de lâmpadas com maior potência, pois a reflexão acaba diminuindo a quantidade de
iluminância da fonte.
Fonte: Gurgel, 2002.
3.2.3 Built-in
A aplicação da iluminação built-in refere-se à instalação das lâmpadas nos
elementos construídos ou nos mobiliários, como espelhos (Figura 30), quadros e
principalmente em elementos de gesso como sancas e nichos (GURGEL, 2002).
Assim a iluminação torna-se indireta refletida pela parede ou pelo próprio objeto.
Fonte: http://casadaaurea.blogspot.com.br14 editado pelo autor.
14 Disponível em: http://casadaaurea.blogspot.com.br/2013/04/espelho-com-iluminacao-embutida.html. Acesso em: jun/2017.
Figura 29 - Croqui de Aplicação da Iluminação Indireta em teto.
Figura 30 - Iluminação Embutida em Espelho.
49
3.2.4 Difusa
A iluminação difusa é obtida com luminárias especificas e lâmpadas que não
produzem facho dirigido. As lâmpadas fluorescentes tubulares e os refletores com
luminárias de vidros leitosos são bons aliados a aplicação desse efeito
(GURGEL, 2002) (Figura 31). A seguir é apresentado um ambiente iluminado com
lâmpadas fluorescentes e pendentes com revestimento de acrílico leitoso de forma a
difundir a iluminância da lâmpada.
Fonte: http://angelaabdalla.blogspot.com.br15 editado pelo autor.
3.2.5 Wall-washing
O efeito de iluminação de wall-washing está associado a utilização de lâmpadas
com facho de luz dirigidos a paredes e outros objetos possibilitando que a luz “lave” a
superfície criando efeitos de acordo com a lâmpada utilizada. O efeito pode ser
reproduzido com a aplicação de cima para baixo sendo chamado de downlight (Figura
32) ou com a lâmpada inserida no plano inferior com o facho de luz voltado para cima
configurando a iluminação de uplight (Figura 33) (GURGEL, 2002).
15 Disponível em: http://angelaabdalla.blogspot.com.br/2010/09/tecnicas-de-iluminacao.html. Acesso em: Jun/2017.
Figura 31 - Sala Iluminada com Luz Difusa.
50
Fonte: renatascherer-arquitetura.com16 Fonte: gaile.org
16Disponível em: renatascherer arquitetura.com/portfolio fotos?lightbox=dataItem-ikn544ew. Acesso em: jun/2017
Figura 32 - Iluminação Wall-whashing com Efeito Downlight.
Figura 33 - Iluminação em Wall-whashing com Efeito Uplight.
51
4 ARQUITETURA, ILUMINAÇÃO E RELIGIOSIDADE
As primeiras manifestações da arquitetura relacionadas a religião se
deram, segundo Glancey (2001), há dois mil anos antes de Cristo com as
construções das pirâmides do Egito. Elas representavam a crença em algo que
transcendia a cultura material e dava aos faraós o poder e força de deuses.
Assim, a construção de uma pirâmide, que pudesse ser seu sepulcro sagrado e
digno de respeito e culto, fez dessas as primeiras edificações que simulavam a
fé de um povo (GLANCEY, 2001).
Com o passar do tempo, e o desenvolvimento de outros povos como a
civilização grega, por exemplo, outras edificações foram construídas com o
objetivo de representar a crença da cultura local. O Parthenon, templo de
adoração a deusa Atena, foi edificado no século V a.C., segundo Glancey (2001),
torna-se outro exemplo da arquitetura ligada a fé, crença e religião. Assim, após
a dissipação do cristianismo houveram grandes movimentos de modo a edificar
templos que pudessem difundir e concretizar o templo cristão.
O espaço religioso é acima de tudo um local de encontro pessoal e
profissão de uma religião, tal espaço torna-se em diversas crenças um local
contemplativo e sagrado por ser considerado a morada de um ser superior.
Todos esses aspectos encaminham a compreensão do espaço religioso a
questões subjetivas que consideram tanto as questões religiosas históricas
como as psicológicas da relação humana com um ser superior que transcende
a realidade humana (GLANCEY, 2001).
4.1 Templo Religioso Cristão
Como dito, o templo religioso desde sua antiguidade foi um espaço criado
para relacionar o humano com uma figura religiosa. Zevi (1996) faz uma análise
das características dos espaços religiosos. Para ele, os templos gregos não
eram locais dos fiéis, mas sim a casa dos deuses. Assim, toda atenção se voltava
para seu exterior onde ficavam as pessoas e ali aconteciam os ritos, dessa forma
o lado externo foi ornamentado com colunas onde os arquitetos as desenharam
como esculturas. O lado interno não possuía nada de ornamentos nem nenhuma
52
forma arquitetônica, Zevi (op. cit.), deixa claro que sempre a arquitetura teve
como objetivo atender as pessoas, fazendo com que, por mais que o templo
fosse a morada de um deus, o espaço ornamentado era o lado externo, onde
estava o público.
Já na arquitetura romana, o templo antes inabitado torna-se um espaço
interno valioso como o local da pratica religiosa, ali, portanto é feita a
transposição das colunas externas (do templo grego) para o interior da igreja e
assim, convergindo toda a decoração plástica para potencialização de tal espaço
(ZEVI, 1996).
Compreender a representação do espaço religioso exige que se
compreenda também a crença praticada pelas religiões. O Catecismo da Igreja
Católica17 caracteriza-se pela doutrina de possibilitar aos homens o alcance da
ressureição aos céus após sua morte, praticando assim a oração, a fé em Deus
e o bem aos seus irmãos. A prática de atos ruins pelos homens, chamado
pecado, são consideradas pela igreja como o distanciamento de Deus e
impedem que o homem possa alcançar a vida eterna (CATECISMO, 2000).
De fato, a doutrina do catolicismo foi difundida através do tempo, e os
conceitos de crença foram aplicados à arquitetura religiosa. Para Maluf-Souza e
Fernandes (2015) a arquitetura na igreja faz instalar a dicotomia entre o humano
e o espiritual, o sagrado e o profano, o terrestre e o celeste e a vida e morte. As
sensações provocadas pelas igrejas, principalmente as renascentistas e
barrocas são principalmente dois mundos antiéticos: o da terra e do céu. Alguns
elementos são destacados por
Maluf-Souza e Fernandes (2015) como elementos metafóricos e metonímicos
que expressam a ambição humana de transcender através da religião. O
primeiro elemento trata-se dos bancos onde os fiéis assistem e professam sua
fé, sendo dessa maneira um elemento terreno. Já as grandes colunas que se
estendem até formarem abóbodas na arquitetura, muitas vezes pintados com
desenhos relacionados ao céu, levam o significado de que o fiel pode se
aproximar dos céus em tal local.
17 Documento originalmente escrito após o Concilio de Trento (1545-1563) e aprovado pelo papa São Pio V, traz as várias doutrinas da religião cristã. Escrito originalmente em latim e traduzido para o português tendo a aprovação do papa Jõao Paulo ll em 1992 para sua publicação ao público. Fonte:http://wiki.cancaonova.com/index.php/Catecismo_da_Igreja_Cat%C3%B3lica. Acesso em: jun/2017.
53
Mais uma vez percebemos como os edifícios são projetados a fim de
causar emoções nos indivíduos, apesar de as igrejas serem consideradas a
morada de Deus, a edificação pensa apenas na sensação humana do espaço.
“[...] foi a necessidade humana de transcender à condição constitutiva de
imanência que fez com que as igrejas tivessem simbolicamente essa arquitetura
e não outra” (LEFEBVRE, 1999 apud MALUF-SOUZA, FERNANDES, 2015).
Cada espaço do templo é responsável por diferentes sensações
subjetivas, a nave, por exemplo, já mencionada anteriormente por Zevi (1996) é
o espaço que o fiel percebe a igreja e ali estão inseridos todos os símbolos que
compõem sua experiência religiosa. Maluf-Souza e Fernandes (op. cit.) analisam
a nave como um local de transcendência onde, comparado com uma nau
marítima, o fiel é transportado para o alcance dos céus. No fim desta nave
estarão o santo padroeiro da igreja e o padre, os quais configuram a
imaterialização do humano situados no altar mor. Duas figuras que antes eram
humanas, mas que alcançam a santificação através das práticas de sua religião
(MALUF-SOUZA, FERNANDES, 2015).
4.2 Espaços e Iluminação do Ambiente Religioso
A primeira luz aplicada nas igrejas foi a luz natural proveniente do sol e
nenhum outro período teve tanta representatividade do uso da luz natural quanto
o estilo gótico. Aliado aos vitrais, a luz desenvolveu-se como uma característica
básica do espaço gótico (Figura 34) manifestando o esplendor da imagem divina
dentro dos templos religiosos (DALL’ASTA, 2015).
54
Fonte: minube.com.br18.
De acordo com Dall’asta (2015) o princípio da luz na religião cristã está
ligado ao primeiro livro religioso: a bíblia. Em suas primeiras páginas, o livro de
Gênesis traz a história da criação do mundo onde em primeiro lugar Deus criou
a luz e a separou das trevas. A luz torna-se, portanto, símbolo da presença do
divino dentro do espaço religioso, e para a autora, passa a ser considerado um
ícone, um símbolo que possui um significado absoluto e constante durante a
experiência religiosa. A autora compara também a luz como o comportamento
religioso de Deus, pois assim como a luz, Deus não é visível, mas nos permite
ver as coisas (DALL’ASTA, 2013).
Tanto a luz ambiente quanto a luz de destaque da ornamentação local
possuem significado, utilizar-se de vitrais faz com que a luz tenha colorações
específicas em determinados ambientes, como os altares ou o coro. Outros
locais dentro da igreja que não recebem luz, também compõem a significância
da mesma. A entrada das igrejas góticas nunca era iluminada, assim a
iluminação mais expressiva estava no decorrer da nave até chegar ao altar,
criando um caminho de iluminação oposta à sombra (DALL’ASTA, 2013).
Com o passar do tempo as igrejas receberam a inserção de luz artificial
como candelabros, lamparinas, tochas e principalmente velas e círios. Serrat
18 Disponível em: minube.com.br/fotos/sitio-preferido/152156/380420. Acesso em: jun/2017.
Figura 34 – Vitrais no Interior Catedral Notre Dame de Amiens, França.
55
(2006) lembra que muitas apresentações de teatro feitas no interior das igrejas
utilizavam-se de velas e círios, assim, começaram os primeiros usos da
iluminação artificial. As igrejas posteriormente começaram a utilizar-se de
candelabros e lamparinas a óleo fixas nas paredes (Figura 35) para celebrações
realizadas a noite como as vigílias.
Fonte: acamminare.com19.
A luz artificial trouxe novas formas de ver o espaço religioso, após a
difusão da luz elétrica em 1879, a iluminação dos espaços internos das igrejas
foi transformada trazendo elementos novos, ou até mantendo o os antigos
candelabros de modo a adapta-los as novas tecnologias. Isso foi refletido no
estilo eclético da arquitetura religiosa onde iniciaram os usos das luminárias em
vidros coloridos com lâmpadas incandescentes. Apesar de a iluminação artificial
ter possibilitado novos efeitos dentro dos espaços religiosos, o modernismo
surgiu como o estilo arquitetônico que buscou o máximo do uso de iluminações
naturais diferenciadas. Assim, percebe-se como as grandes janelas das novas
igrejas modernas fazem o uso da iluminação natural e possibilitam a interação
do lado externo com o lado interno das igrejas. Já no período mais recente, o
contemporâneo, são vistos elementos góticos como os vitrais bem como a
19 Disponível em: acamminare.com/passeios-em-amsterda-igreja-escondida/. Acesso em: jun/2017.
Figura 35 - Lamparina na igreja Our Lord in the Attic, Amsterdã.
56
associação de aberturas zenitais a fim de obter elementos diversificados
(MILANI, 2006).
Na celebração religiosa a liturgia é definida como as etapas ou rituais que
são realizados durante a celebração da missa (MICHAELIS, 2017). Assim,
durante as celebrações existem momentos distintos que compõem a experiência
humana da pratica da fé. Tais momentos da liturgia e a necessidade da utilização
de uma iluminação que auxilie na diferenciação delas, são estudados por Milani
(2006) que faz uma análise das principais formas de iluminação dentro do rito
litúrgico das celebrações.
Milani (2006) classifica o uso da luz em cinco aspectos distintos:
- A luz como uma necessidade, ou seja, para desenvolver as tarefas, para se ver o espaço e os objetos, nos seus contornos, sua textura e forma, e ainda para propor uma satisfação do usuário com o ambiente; - A luz como sinalizadora do espaço, ela pode classificar e articular os espaços, e indicar um caminho ou um objeto que se quer chamar a atenção; - A luz como modificadora das sensações espaciais, como a de dar a impressão das dimensões de um local ou um objeto serem diferentes do que são na realidade, por exemplo, de fazer um espaço parecer maior ou menor; - A luz como ferramenta para criar efeitos e sensações no indivíduo. - E finalmente, o aspecto simbólico da luz, que significa a vida, o início, o sagrado, o transcendente. Nas igrejas, é a relação com o divino, a luz divina. (MILANI, 2006).
Segundo Milani, op. cit., a iluminação na igreja pode ser trabalhada de
forma direta e indireta, sendo que a melhor forma de iluminar e criar espaços
dinâmicos é fazendo a combinação de fontes de luz diretas e indiretas. Na
imagem a seguir
(Figura 36) é possível perceber, em cortes, na imagem à esquerda o uso de
iluminação indireta nas naves e, em planta baixa, a iluminação direta voltada
para o altar. Já na imagem da direita, em corte se percebe a aplicação de uma
luz direta voltada tanto ao altar quanto á assembleia.
57
Fonte: Biblioteca Della Luce Reggiani, 2001 apud Milani, 2006.
4.3 Iluminação dos ambientes da Igreja Católica
Os aspectos que contemplam todas as funções que a luz pode
desempenhar nos ambientes religiosos, são fundamentais na aplicação de
diferentes fontes e qualidades de luz a fim de provocar uma melhor experiência
no espaço.
Milani (2006), diz que a luz é responsável por integrar os diversos elementos que
compõem a cena litúrgica, ela ainda apresenta a necessidade de cada espaço
Figura 36 - Desenhos esquemáticos de iluminação direta e indireta no espaço religioso.
58
dentro do ambiente religioso listado a seguir com suas características próprias
da necessidade de iluminação.
4.3.1 Iluminação no Átrio
O átrio de entrada das igrejas é parte da experiência religiosa da
passagem do ambiente comum para o ambiente sacro (Figura 37), portanto deve
possuir uma iluminação que permita a acolhida pelos irmãos que participam e
professam a mesma fé, bem como permitir a leitura de avisos e banners que
geralmente são fixados ali.
Fonte: rsaarquitetura.com.br
Geralmente nesse espaço usam-se luzes com temperatura de cor mais
baixa para criar uma atmosfera que seja aconchegante e convide os fiéis a
Figura 37 - Contraste de luzes da Igreja de São Pedro, Uruguai.
59
entrada no ambiente religioso. Além disso, as lâmpadas podem ser colocadas
em pendentes para driblar o pé direito elevado que tais espaços possuem
(MILANI, 2006).
4.3.2 Iluminação na Nave
A nave das igrejas, como dito, são os locais que guiam o fiel por toda a
extensão da igreja expondo-o aos elementos inseridos na igreja. No ambiente
da nave também estão os bancos dos fiéis (Figura 38).
Fonte: pixabay.com20
A iluminação desses espaços deve ser composta de fontes de luz que
permitam a leitura dos folhetos, todavia não deve ofuscar a visão e tirar a atenção
do fiel do altar central onde ocorrem as celebrações.
Na nave central, as pessoas sentadas, de pé ou ajoelhadas, devem ter conforto visual, boa visibilidade do ambiente e condições visuais para leitura. Deve-se criar um ambiente que favoreça a participação nas atividades. É nesse espaço que os fiéis rezam, cantam, escutam a Palavra e leem os ofícios. Assim, justifica-se uma iluminação geral e uniforme no local onde estão os bancos, para maior conforto visual dos fiéis (MILANI, 2006).
Além disso, na nave os fiéis realizam as procissões de ofertório e
comunhão, bem como procissões especiais, assim é necessária uma iluminação
20 Disponível em: https://pixabay.com/pt/igreja-da-abadia-nave-igreja-1460368/. Acesso em: jun/2017.
Figura 38 - Nave e Assembléia com iluminação por janelas altas.
60
que facilite o percurso e reproduza as cores dos objetos em procissão (MILANI,
2006).
4.3.3 Iluminação do Presbitério
O presbitério (Figura 39) é o local de maior atenção durante a celebração
religiosa, nele o presidente e toda equipe litúrgica realizam o rito litúrgico das
missas e celebrações especiais. Assim, o presbitério deve possuir uma
iluminação que chame atenção do ambiente, além disso, no ambão localizado
no presbitério são lidas a palavra e os comentários gerais da celebração,
portanto o altar precisa de luzes que auxiliem na tarefa da leitura e visualização
das escritas (MILANI, 2006).
Fonte: tripadvisor.com.br21
Milani (2006) lembra que em algumas igrejas históricas o fundo do altar é
ornamentado com esculturas ou pinturas brilhantes que quando iluminados em
excesso provocam um contraste muito grande e ofuscam a visão do fiel do altar
principal. Outras possíveis soluções que a autora traz, são a dimerização e
21 Disponível em: https://www.tripadvisor.com.br/LocationPhotoDirectLink-g488168-d6475602-160114282Igreja_Da_Nossa_Senhora_Da_Luzlorro_de_Sao_Paulo_Ilha_de_Tinhare_State_.html. Acesso em: jun/2017
Figura 39 - Altar da igreja Nossa Senhora da Luz, Bahia
61
controle de intensidade da iluminação a fim de permitir que não haja exageros
na quantidade de luz e consequente ofuscamento da visão do altar.
4.3.4 Iluminação da Capela do Santíssimo
A capela do Santíssimo em determinadas igrejas usa-se apenas da
iluminação proveniente da luz viva que é colocada próxima ao sacrário onde
habita o corpo de Jesus. A lâmpada utilizada na maioria dos sacrários é uma
lâmpada artística que simula o efeito do fogo, para simbolizar a presença do
Deus vivo (Figura 40) (MILANI, 2006).
Figura 40 - Sacrário Iluminado com Vela Artificial.
Fonte: i0.wp.com22.
Além disso, para Milani (2006), a iluminação da capela do sacrário pode
ser aplicada de modo a permitir um espaço de contemplação e oração individual
com iluminação difusa e principalmente decorativa voltada para evidenciar o
sacrário.
4.3.5 Iluminação de Tarefa
22 Disponível em: https://i0.wp.com/res.cloudinary.com/aleteia/image/fetch/c_fill,g_auto,w_620,h_310/https://aleteiaportuguese.files.wordpress.com/2017/02/16443214_10208665220688744_989540972_n.jpg?resize=620%2C310&quality=100&strip=all&ssl=1. Acesso em: jun/2017.
62
Vários ambientes da igreja atuam como ambientes de tarefa onde são
realizados procedimentos a fim de dar suporte a celebração ou a própria
manutenção da igreja. A sacristia, por exemplo, está para a igreja como o
camarim está para o teatro, dessa forma nela estão as vestimentas do presidente
da celebração, o pão e o vinho que serão utilizados na celebração, os materiais
diversos da igreja, a iluminação deve ser controlada para que o fluxo luminoso
não vaze para os ambientes do presbitério, porém a iluminação deve auxiliar o
manuseio dos objetos além de facilitar a limpeza dos mesmos que comumente
é realizada no local.
Outro ambiente que funciona como um espaço de tarefa é o coro,
podendo estar localizado em qualquer parte da igreja e muitas vezes ao lado do
presbitério, nele os músicos precisam de uma iluminação com um bom nível a
fim de permitir a visualização das partituras, todavia, a iluminação nunca deve
ser maior ali para que não interfira na visualização de outros ambientes de maior
importância como o presbitério (MILANI, 2006).
Além desses ambientes destinados a celebração, uma igreja pode possuir
salas destinadas a reuniões dos assuntos pertinentes a comunidade e paróquia
que a igreja está inserida, bem como, salas destinadas a catequese dos fiéis.
Esses espaços possuem grande semelhança no que diz respeito a sua
iluminação, sendo ela na maior parte difusa e com níveis de iluminância acima
de 500 lux para facilitar tarefas de escrita e leitura, bem como apresentações
orais. Na Figura 41 esta demonstrada uma sala de catequese com iluminação
em plafons sobrepostos ao forro.
63
Fonte: ivcpoa.com.br23
23 Disponível em: http://www.ivcpoa.com.br/modelo-de-sala-de-catequese. Acesso em: jun/2017.
Figura 41 - Projeto de Sala de Catequese
64
5 ESTUDO LUMINOTÉCNICO DE IGREJAS DO MATO GROSSO
A seguir serão apresentados estudos de caso realizados em Igrejas do
Mato Grosso a fim de reconhecer a realidade e as particularidades das
edificações em relação a suas funções de espaço e principalmente ao
comportamento lumínico das mesmas. As visitações foram realizadas em
horários diferentes a fim de compreender o comportamento da iluminação ao
longo do dia e a noite, bem como o desempenho da iluminação natural no interior
dos edifícios.
Nas visitas foram feitas medições do plano de trabalho com o luxímetro
para a quantificação do valor de lux (iluminância) dos ambientes avaliados
individualmente, além disso foram registradas as lâmpadas e luminárias
utilizadas bem como o registro de janelas e aberturas como vitrais e janelas que
permitem a entrada de luz nos ambientes. Os dados coletados foram utilizados,
também, para compor uma tabela comparativa dos ambientes analisados e a
diferenciação entre as igrejas em relação a quantidade e a qualidade da luz
dentre os ambientes bem como plantas esquemáticas apresentando a
localização dos pontos medidos nas pranchas anexas ao trabalho.
5.1 Catedral Metropolitana Basílica do Senhor Bom Jesus - Cuiabá
A igreja matriz Senhor Bom Jesus de Cuiabá foi construída com a
formação da cidade as margens do córrego da prainha em 1722, com ela
iniciaram-se os processos de urbanização da cidade, a partir daí a igreja sofreu
várias transformações como a criação de uma segunda torre na fachada da
igreja, porém, em 1968 a igreja sofreu a maior transformação tendo sido
demolida com explosões de dinamite no local foi edificada a catedral que mais
tarde tornou-se basílica.
A atual basílica metropolitana Senhor Bom Jesus de Cuiabá possui uma
fachada modernista em concreto aparente, bem como duas torres com os
relógios e sinos. No interior da igreja encontram-se pinturas modernistas no altar
principal está localizada uma pintura de 8,00x 20,00 metros do padroeiro de
Cuiabá. Possui capacidade para 800 pessoas sentadas e é um dos marcos da
65
cidade estando localizada bem no centro da mesma (CAMARA MUNICIPAL DE
CUIABÁ, 2017).
A igreja metropolitana de Cuiabá está localizada na região histórica da
cidade, fica em frente à praça da república e ao lado do palácio da instrução
(Figura 42). O edifício possui a fachada principal voltada para sudeste e a
fachada posterior voltado noroeste, assim a insolação atinge principalmente a
fachada lateral direita e além da fachada posterior. Como dito anteriormente, a
fachada da igreja é de concreto aparente, porém atualmente está em processo
de reforma e pintura.
Fonte: Google Maps, 2017.
A visita realizada na Basílica Metropolitana de Cuiabá ocorreu no dia 16
de junho de 2017, a coleta de informações ocorreu em dois horários distintos,
em primeiro momento a igreja foi verificada no período diurno para estudo dos
ambientes e da iluminação natural (Figura 43), e posteriormente no período
noturno para estudo da iluminação artificial aplicada ao local.
Figura 42 - Localização da Basílica de Cuiabá no Centro Histórico.
66
Fonte: O autor, 2017.
No primeiro momento da visita foi possível perceber o grande pé direito
do interior da igreja, possuindo cerca de 20 metros de altura. As paredes das
laterais esquerda e direita possuem aberturas com cobogós ornamentados com
vitrais coloridos que permitem a entrada de luz natural, evidenciando assim a
incidência solar ao longo do dia nas fachadas já apresentadas. A nave central e
a assembleia ocupam a maior área da igreja, os bancos ficam divididos em 4
colunas configurando 3 naves principais, sendo a nave central de maior largura
a fim de ser utilizada para as procissões (Figura 44).
Fonte: O autor, 2017.
Figura 43 - Basílica de Cuiabá no período diurno.
Figura 44 - Nave Principal.
67
Após a assembleia estão localizados o altar e o presbitério em nível
superior, no centro está a cátedra24 e a mesa do altar, a direita está localizado o
ambão para leituras e ao fundo do altar está localizada uma pintura em toda a
extensão da parede de Bom Senhor Jesus, padroeiro da igreja (Figura 45). Na
lateral esquerda do presbitério, está localizada a capela do santíssimo, nela
estão posicionadas duas fileiras de bancos para as orações individuais e a frente
a urna do santíssimo Sacramento, a capela é aberta na sua lateral direita dando
acesso direto ao altar, já na parede esquerda está uma parede que possui vitrais
e permite a entrada de iluminação natural (Figura 46).
Fonte: http://bomlero.blogspot.com.br25. Fonte: o autor, 2017.
Na lateral direita do presbitério está localizado o coro, ali ficam os
instrumentos musicais como teclados, microfones e aparelhos para controle de
som na igreja. Em relação a iluminação natural no ambiente religioso percebeu-
se que a nave central e a assembleia recebem a luz natural vinda das aberturas
24 Assento litúrgico em local de destaque na igreja (MICHAELIS, 2017). 25 Disponível em: http://bomlero.blogspot.com.br/2013/06/arystarch-kaszkurewicz-infelizmente.html. Acesso em: Jun/2017.
Figura 45 - Altar e Presbitério. Figura 46 - Capela do Santíssimo.
68
bem como são iluminados pelas portas de entrada, porém a iluminação no
interior da igreja não é adequada para atividades de tarefa, como leituras, pois a
iluminância média nos bancos foi de 50 lux, inferior ao recomendado pela NBR
ISSO 8995-1, além disso a baixa luminosidade revela o caráter de oração
individual que a igreja possui durante o dia recebendo visitantes e turistas em
diversos horários ao longo do dia.
Apesar das várias aberturas ao longo da nave da igreja, o altar é o
ambiente que possui menor luminosidade durante o dia, visto que não possui
aberturas que permitam o alcance de raios luminosos, assim, quando ocorrem
celebrações diurnas é necessário o uso de iluminação artificial para auxiliar as
atividades ali realizadas. A capela do santíssimo também possui pouca
luminosidade, porém fica iluminada pelos cobogós que permitem passagem de
luz.
No segundo momento a igreja foi visitada no período noturno, assim foi
possível analisar a iluminância dos planos de trabalho pelas luminárias
instaladas na igreja. Ao longo da assembleia e nas naves a igreja é iluminada
por pendentes originais da década de 80 feitos em metal e vidro, neles estão
instaladas lâmpadas de LED bulbo de luz branca fria (6.000K), nas paredes
também estão instaladas arandelas semelhantes aos pendentes, porém com
apenas 6 lâmpadas instaladas (Figura 47).
Fonte: o autor, 2017
Figura 47 - Pendentes e Arandelas com Lâmpadas em LED.
69
A altura dos pendentes e das arandelas na nave são de aproximadamente
5 metros de altura e possibilitam iluminação nos bancos (Ponto 1)26 de
iluminância média de 180 lux.
Na parte superior do altar, no teto, existem lustres com lâmpadas
halógenas (Halopin) utilizadas na iluminação do mesmo, porém, devido ao pé
direito muito elevado as lâmpadas não são suficientes para suprir a necessidade
luminosa do ambiente, assim a iluminação do altar também é feita com 4
refletores em LED de alta potência (branco frio), e várias lâmpadas fluorescentes
instaladas na parede da coluna interna do altar que auxiliam na iluminação do
ambiente (Figura 488 e 79). Assim o altar é o espaço da igreja com maior nível
de iluminância e, portanto, recebe maior atenção do observador. As medições
de iluminância realizadas no altar (Ponto 3 e 4)27 demonstraram resultados de
valores médios de iluminação de 300 lux no ambão e 280 lux no altar, assim o
nível de iluminância no altar é próximo ao recomendado pela NBR ISO 8995-1
que é de 300 lux.
Fonte: o autor, 2017.
26 Ver Planta de Pontos - Apêndice A 27 Ver Planta de Pontos - Apêndice A
Figura 49 - Iluminação do Altar na lateral direita. Figura 48 - Iluminação do altar na lateral esquerda.
70
A capela do Santíssimo (Ponto 2) possui lustres como o altar, porém os
mesmos não estavam ligados, e a iluminação do ambiente estava sendo feita
por pendentes (semelhantes aos instalados na assembleia) que permitiam a
iluminação tanto da capela lateral como do altar. Assim o ambiente possuía
valores de iluminância baixos na média de 70 lux nos bancos, impossibilitando a
acuidade visual de leituras no local durante o período noturno (Figura 80).
Fonte: o autor, 2017.
Outro local com pouca iluminância é o coro (Ponto 5) que possui o mesmo
tipo de iluminação da capela do santíssimo, apenas pendentes com lâmpadas
de LED instalados nos arcos que dividem o altar das capelas laterais, a
iluminância ali possui cerca de 70 lux (Figura 51). Por último, no átrio da igreja
(ponto 6), foi constatado o nível de luminância de 200 lux possibilitado
pelos três refletores de LED instalados na laje (Figura 85).
Figura 50 - Capela do Santíssimo com Iluminação por Pendentes.
71
Fonte: o autor, 2017
Por fim, apesar da visita não ter sido realizada em todos os ambientes da
Catedral Basílica Metropolitana de Cuiabá devido a não autorização dos
responsáveis pela mesma foi possível perceber os aspectos qualitativos e
quantitativos da luminância na igreja, assim constatou-se que todos os
ambientes da igreja possuem iluminação artificial com a mesma temperatura de
cor (branco frio) o que causa, segundo os autores estudados no levantamento
teórico deste trabalho, relações de monotonia, alerta e desconforto. Já durante
o período diurno é constatado que apesar da igreja cumprir seu principal uso que
é o de contemplação e visitação individual, em alguns momentos que são
realizadas celebrações o altar e a nave precisam do apoio da iluminação artificial
para permitir níveis ideais de luminosidade no ambiente. Por último, durante a
visita na parte do altar e do presbitério percebeu-se que a iluminação realizada
com refletores de LED e lâmpadas fluorescentes poderiam ser substituídas por
outras formas de luz que permitem maior flexibilidade e maior ajuste dos focos e
alcance da iluminação no local, como o uso de projetores de LED que podem
ser orientados para locais específicos a fim de utilizar a iluminação de destaque
para evidenciar objetos e espaços que possuem grande representatividade no
ambiente religioso.
Figura 52 - Átrio iluminado com Refletores de LED.
Figura 51 - Coro com Iluminação por Pendentes.
72
5.2 Catedral Imaculada Conceição de Maria – Primavera do Leste
A Catedral de Primavera do Leste foi construída na década de 90 e possui
arquitetura neogótica com semelhança a igrejas italianas por ser o país de
origem de um dos padres fundadores da cidade. A paróquia São Cristóvão, a
qual pertencia a igreja Matriz São Cristóvão passou por uma reformulação e
recebeu título de catedral diocesana, assim a igreja passou a ser nomeada
Catedral Imaculada Conceição de Maria.28
A igreja está situada no centro da cidade, visto que a partir dela foi
desenvolvido o traçado urbano linear e os bairros que compõem a cidade. Assim,
a Catedral está inserida no terreno com a fachada voltada para sul (Figura 53),
recebendo pouca incidência solar devido a presença de grandes espécies de
vegetação que produzem sombreamento na mesma.
Fonte: Google Maps, 2017.
28 Dados coletados na secretaria da paróquia em visita no dia 14 de junho de 2017.
Figura 53 - Localização da Igreja no terreno.
73
A Catedral Imaculada Conceição foi visitada no dia 14 de junho de 2017,
também em dois horários diferentes a fim de compreender o comportamento da
luz natural e a artificial. A igreja possui exterior em tijolos macios e três portas
para as naves da igreja, bem como janelas laterais em vidro azul. Na fachada
principal, além de um átrio externo a fachada possui uma rosácea ao centro
(figura 54).
Fonte: o autor, 2017.
No interior da igreja, logo após o átrio está a assembleia dividida em duas
colunas com fileiras de banco formando uma nave central com pé direito de
aproximadamente 8 metros de altura, nas laterais, a igreja também possui duas
naves com pé direito mais baixo. Logo à frente da assembleia está o presbitério
e o altar (Figura 55), ao lado esquerdo do altar está o coro e ao lado direito a
sacristia, já na parte inferior do altar a direita está localizada a capela do
Santíssimo Sacramento e a direita os confessionários e a capela do senhor
Morto, na igreja, também está sepultado sob um espaço de memorial o padre
Onesto Costa, pioneiro da igreja.
Figura 54 - Catedral Imaculada Conceição.
74
Fonte: o autor, 2017.
Na visita à igreja durante o dia as luzes estavam todas apagadas, apenas
a iluminação do sacrário estava ligada. A iluminação no interior da igreja é
composta pela luz que entra pelas aberturas atrás do altar e na parte superior ao
longo da assembleia com janelas e vitrais na parte superior. A capela do
santíssimo também é um local que permanece com pouca iluminação durante o
dia, com iluminação vinda de janelas com vitrais na lateral esquerda.
No segundo momento da visita, quando foram avaliadas a quantidade e a
qualidade de iluminação artificial no local foi possível perceber que a iluminação
de toda a assembleia é feita com refletores embutidos no forro de PVC com
lâmpadas tubulares fluorescentes branco frio que configuravam a iluminação
desde o início da assembleia até o altar da igreja (Figura 56 e 87). Além da
iluminação inserida no teto foram instaladas arandelas para lâmpadas tubulares
nas colunas ao longo da assembleia, constatou-se que algumas das arandelas
possuía lâmpadas fluorescentes com temperatura de cor de 3.000 K, tais luzes
auxiliam nas tarefas de leitura pelos fiéis na assembleia (ponto 1)29, porém o uso
de lâmpadas branco quente, somente em algumas arandelas, tira a continuidade
do espaço iluminado não permitindo assim que a iluminação seja igual ao longo
29 Ver Planta de Pontos - Apêndice A
Figura 55 - Nave Central e Altar a frente.
75
da assembleia. Por fim, utilizando o luxímetro foram medidos valores de
iluminância no local constatando valores médios de 150 lux. Além disso, em
alguns pontos medidos em locais próximos as arandelas os valores chegavam a
300 lux.
O altar (ponto 4), porém, possui valor médio de iluminância de 100 lux,
visto que não possui as arandelas laterais que permitam a iluminação do mesmo,
no ambão (ponto 3), por exemplo, foram medidos valores de 80 lux sendo
inapropriado para a execução de leituras.
Fonte: o autor, 2017.
Já na capela do santíssimo (ponto 2) o valor de iluminância foi bem menor
visto que a iluminação do local era feita por lâmpadas tubulares branca e âmbar
instaladas nas sancas de gesso, além de uma lâmpada fluorescente instalada
no ventilador que estava desligada. Na capela do Santíssimo (Figura 88) foram
medidos valores médios de iluminância de 50 lux que não permitem tarefas
específicas como leituras por exemplo.
Figura 56 - Assembleia Iluminada com Refletores Embutidos.
Figura 57 - Refletores em fila iluminando desde a Assembleia até o Altar.
76
Fonte: o autor, 2017.
Nas naves laterais da igreja (Figura 59), foram detectados valores de 170
lux, iluminados por lâmpadas tubulares fluorescentes posicionados em
luminárias refletoras com aletas transparentes. O átrio de entrada (Figura 60) é
iluminado com lâmpada fluorescente compacta, apresentado cerca de 100 lux
de iluminância (ponto 6).
Fonte: o autor, 2017
Por fim, durante a visita a catedral Imaculada Conceição constatou-se que
a iluminação do altar, a qual possui menor nível de iluminância comparada a
Figura 59 - Nave Lateral. Figura 60 - Átrio de Entrada da Igreja.
Figura 58 - Capela do Santíssimo.
77
assembleia, faz com que o foco e a atenção da celebração sejam prejudicados
visto que, apesar da iluminação lateral da assembleia auxiliar nas leituras dos
fiéis, ela acaba por ofuscar a visão dos mesmos por não permitir a plena atenção
ao altar. Vale ressaltar também que esse é o tipo de iluminação mais utilizado
nas igrejas construídas nesse período onde não há preocupação com o destaque
de locais específicos inserindo a luz nas celebrações igrejas somente para a
iluminação geral do espaço não permitindo o aprimoramento da experiência
religiosa.
5.3 Capela Mãe da Divina Providência – Primavera do Leste
A capela Mãe da Divina Providência, também na cidade de Primavera do
Leste, está localizada no bairro Jardim Riva, e foi construída anexa ao colégio
de mesmo nome no ano de 2011, na capela são realizadas missas com menor
frequência que nas outras igrejas, além de ser utilizada para celebrações como
adorações e encontros de grupos religiosos, bem como para oração individual
dos alunos e professores ao longo do dia.
Fonte: o autor, 2017.
A igreja foi construída em alvenaria e possui aberturas em alumínio com
vitrais coloridos com desenhos. Sua fachada principal está voltada a leste
recebendo incidência solar no período da manhã, além disso na lateral direita da
Figura 61 - Fachada Principal da Capela Mãe da Divina Providência.
78
igreja estão plantadas espécies de mangueira que permitem o sombreamento
da fachada lateral ao longo do dia (Figura 61). Em seu interior, a capela possui
uma assembleia com bancos dispostos em duas fileiras formando uma nave
central, bem como uma entrada principal pela nave e uma entrada pela lateral
esquerda advinda das dependências do colégio. Logo a frente está o presbitério
em nível superior, com um ambão para leituras, a mesa do altar, as cadeiras
para a equipe da celebração e logo atrás a urna do Santíssimo Sacramento
(Figura 62).
.
Fonte: o autor, 2017
A capela foi visitada no dia 14 de junho de 2017 as 16:30 horas onde foi
possível perceber a influência da iluminação do componente celeste e do
componente celeste refletido, atuantes na iluminação do local, uma vez que esse
horário não existe incidência solar direta e apesar do céu estar encoberto, a
iluminância medida no local foi de 100 lux próximas as janelas e portas de vitrais.
Os vitrais como dito, são compostos de imagens de cenas presentes na
Bíblia, como parábolas e evangelhos, bem como a imagem de santos
representativos na religião cristã. Assim as imagens são reveladas de acordo
com a presença da luz natural e permitem a contemplação das imagens e a
presença da luz natural filtrada no espaço (Figura 63). Isso mostra que a
presença dos vitrais nas janelas permite grande passagem da luz durante o
período diurno, possibilitando até mesmo iluminação de tarefa em períodos de
oração individual sem a necessidade de iluminação artificial de suporte.
Figura 62 - Assembleia e Presbitério.
79
Fonte: o autor, 2017.
Outra visita foi realizada as 18:30 horas quando o sol já havia se posto
para que fosse avaliada a iluminação artificial instalada no local. Em primeiro
momento já foi possível perceber a grande quantidade de iluminações e a
diferença entre elas quanto a sua qualidade e quantificação. Na iluminação da
assembleia foram instalados plafons quadrados embutidos no forro de gesso
com lâmpada fluorescente branca fria que permitem a iluminação dos bancos
(Figura 64).
Figura 63 - Assembleia iluminada com Vitrais nas aberturas.
80
Fonte: o autor, 2017.
No centro da nave foi criado um recorte triangular no gesso onde foram
instaladas arandelas de LED branco quente com o foco voltado ao topo do
recorte permitindo a iluminação da nave diferenciada da assembleia. Além
desses, existe um lustre de cristal com 10 lâmpadas LED que simulam lâmpadas
incandescentes e fornecem iluminação com temperatura de cor de 3.000 K
auxiliando na iluminação geral do espaço. Nos altares laterais da capela estão
instaladas arandelas de lâmpada Halopin branco frio, além dessa ao redor de
todo o forro de gesso da capela estão instaladas fitas de LED criando uma
iluminação decorativa por seu baixo índice de iluminância. Nos levantamentos
realizados com o luxímetro foram constatados valores médios de 100 lux na
assembleia (ponto 1) apenas com a iluminação do recorte central ligada, já
quando se acionam os plafons laterais da assembleia a iluminância media da
aumenta para 230 lux.
Figura 64 - Nave Principal com arandelas e lustre, assembleia com plafons embutidos.
81
O altar, além de ser iluminado pelas arandelas que estão voltadas para o
recorte triangular similares a nave, também é iluminado por dois spots de LED
branco quente direcionados a mesa criando uma iluminação direta (Figura 65).
Além dessas iluminações um painel de gesso, localizado atrás das cadeiras do
presbitério, é iluminado em suas laterais por fitas de LED que permitem uma
iluminação de background30 chamando a atenção para o presbitério sem que
haja ofuscamento, o altar (ponto 4) possui cerca de 200 lux de iluminância
quando todas as suas luzes estão acesas, já o ambão (ponto 3) possui
iluminância de 170 lux.
Fonte: o autor, 2017.
A capela possui um espaço destinado ao coro no próprio altar e é
iluminado por 3 plafons embutidos circulares de tamanhos variados branco frio.
A iluminancia medida ali (ponto 5) foi de 140 lux permitindo a acuidade visual da
tarefa desempenhada pela equipe de música. Existe ainda na capela pontos de
iluminação decorativa, uma delas está ao redor do crucifixo atrás do altar
destacando o pontualmente com pequenas luminárias de LED de 1W, por
possuir uma baixa potência tal iluminação não influencia nos níveis de
iluminancia geral. Outro tipo de iluminação decorativa está na urna do
30 Iluminação no fundo de uma cena (SERRAT, 2006).
Figura 65 - Altar com Iluminação direta, indireta e de background.
82
Santíssimo Sacramento utilizada para destaca-lo, além de ser comum na
tradição religiosa o uso de uma luz que sempre permanece ligada.
A fim de compreender a relação da iluminação no espaço da capela foram
realizadas simulações de diferentes cenas no espaço religioso com as luminárias
ali instaladas. Foram criadas três diferentes cenas que contemplam atividades
diferentes que a capela pode fornecer, a primeira cena (Figura 66) foi pensada
na iluminação voltada para a oração individual ou para adorações onde o altar e
a urna do Santíssimo Sacramento tornam-se os locais que recebem maior
atenção, assim foi acionada a iluminação direta dos spots do altar bem como a
de background atrás do presbitério e a iluminação decorativa do crucifixo.
Já na cena dois (Figura 67), foi proposta uma iluminação com a nave em
destaque sem o uso da iluminação na assembleia, essa iluminação pode ser
utilizada em procissões especiais ou até mesmo em cortejos de casamento onde
a atenção principal é voltada à nave central. Nela foram acionadas as luzes da
nave voltadas para o recorte no gesso, o lustre e a iluminação na sanca de gesso
nas laterais.
Na cena três (Figura 68) foi proposta uma iluminação geral para
encontros, celebrações e outros eventos que envolvam a participação de toda a
assembleia, essa iluminação também pode ser utilizada em momentos que
sejam necessárias leituras pela assembleia tendo assim um nível de iluminancia
adequado para essa função. Além disso a temperatura de cor da iluminação da
assembleia cria uma atmosfera mais séria voltada a participação da comunidade
em alguma tarefa específica.
83
Fonte: o autor, 2017.
Fonte: o autor, 2017.
Figura 67 - Simulação in loco - Cena 1.
Figura 66 - Simulação in loco - Cena 1.
84
Fonte: o autor, 2017.
Como visto, a capela possui dimensões reduzidas em comparação as
demais igrejas visitadas, assim a capela é um espaço que pode receber vários
usos e sua iluminação deve permitir essa flexibilidade, o que é totalmente
possível com as várias associações de luminárias instaladas no local. Desde a
oração individual dos alunos, professores e funcionários do colégio anexo até as
celebrações eucarísticas com grande público a igreja pode cumprir diversas
funções com eficiência pois é adequada tanto em quantidade como em qualidade
em relação aos efeitos obtidos com aplicações de diferentes temperaturas de
cores, técnicas de iluminação direta e indireta, iluminação decorativa e
principalmente o bom uso da iluminação natural.
Figura 68 - Simulação in loco - Cena 3.
85
6 DIRETRIZES DO PROJETO LUMINOTÉCNICO
A seguir, serão apresentados conceitos relacionados ao projeto
luminotécnico que será proposto como o local a ser aplicado, o posicionamento
da edificação no terreno e sua insolação bem como outros condicionantes que
interferem direta ou indiretamente no projeto luminotécnico. Também serão
apresentadas as metodologias que se pretendem seguir a fim de chegar na
proposta final do projeto luminotécnico, além dos resultados que serão obtidos
como plantas de iluminação, simulações de cenas em softwares entre outros.
A proposta luminotécnica será elaborada sobre um projeto arquitetônico
em desenvolvimento para a comunidade Divino Espirito Santo na cidade de
Primavera do Leste – MT. O projeto está em fase de anteprojeto e, portanto,
permite a criação de soluções para o mesmo em relação a sua iluminação
artificial e natural com modificações na proposta inicial. O desenvolvimento do
projeto está sendo realizado pela arquiteta Ariane Karise Entringer titular do
escritório Entringer e Rosseto na cidade de Primavera do Leste, a qual forneceu
e autorizou o uso do projeto neste trabalho (ver anexo l).
6.1 Igreja Divino Espirito Santo
Segundo informações coletadas em visita a paróquia São Cristóvão,
durante os anos de 2013 e 2014 a cidade de Primavera do Leste passou por
uma reformulação de suas comunidades e paroquias através do movimento
chamado Santas Missões populares, os bairros foram divididos em comunidades
e foram propostas edificações de novos templos religiosos para abrigar as
celebrações de cada comunidade. O projeto a ser trabalhado, portanto, foi
designado para a comunidade Divino Espírito Santo, a qual compreende uma
parte do bairro Jardim Riva, localizado na parte sudoeste da cidade e possui
cerca de 200 fiéis (Figura 69).
A edificação será locada em um terreno de esquina das ruas Nova
Esperança e Barros Cassal possuindo 600,00 m². A fachada principal, que estará
voltada para a rua Nova Esperança, estará também voltada ao sul não possuindo
insolação direta durante o dia. Já a fachada lateral esquerda que conterá a
entrada lateral da igreja estará voltada ao oeste e recebera os raios solares no
86
período da tarde. Tal posicionamento pode permitir um uso da luz natural para
os espaços com soluções de controle para que se alie o conforto térmico ao
conforto lumínico.
Fonte: Google Maps, editado pelo autor, 2017.
O projeto da igreja, desenvolvido pela arquiteta citada, possui um
programa de necessidades que inclui espaços tanto para a realização das
celebrações como também espaços destinados a catequese, reuniões e
administração da comunidade. A seguir serão apresentados os ambientes e
suas características reconhecidas no projeto fornecido bem como os
condicionantes que podem influenciar o desenvolvimento do projeto
luminotécnico (ver prancha em anexo ll).
6.1.1 Espaço de Celebração
O espaço de celebrações da igreja terá sua entrada pela rua Nova
Esperança através de uma rampa e uma escada de acesso, no átrio de entrada
haverão portas para o acesso ao confessionário e para a sala de dízimo. O átrio
possuirá um pé direito elevado de aproximadamente 10 metros de altura com as
Figura 69 - Localização do Terreno e estudo de insolação.
87
paredes externas em pele de vidro, ali será necessária uma iluminação potente
que permita se vencer o pé direito elevado do edifício. Na parte interior da igreja
voltada a celebração, a nave se estende até o presbitério e possui 13,00 metros
de largura com layout previsto para 18 bancos distribuídos em duas colunas
formando 3 naves diferentes. Nos cortes apresentados no desenho O pé direito
ali será de 3,25 metros sob o mezanino e 6,65 metros na parte mais à frente. Já
o presbitério estará localizado a um nível de 0,53 metros em relação a
assembleia e possui o pé direito de 6,50 metros.
A assembleia e o presbitério possuem aberturas nas laterais, as aberturas
da lateral direita se dão para um corredor externo, ali foram inseridas janelas
com 4,80 metros de altura e 3,00 metros de comprimento, já na lateral esquerda
a mesma janela será aplicada em um poço de luz que permitirá iluminação e
ventilação tanto para a assembleia como para outros ambientes. Além desses
ambientes, o espaço de celebração possuirá uma sacristia para guarda de
materiais litúrgicos localizada na lateral direita do altar, bem como uma capela
para o Santíssimo Sacramento, localizada na lateral esquerda do altar. Em frente
a sacristia, voltada a assembleia foi locada a pia batismal. Na parte superior
haverá um mezanino utilizado para o coro onde possuirá um pé direito de 3,25
metros com espaços para os músicos e bancos para os fiéis além de um depósito
para instrumentos musicais e um almoxarifado para depósito de materiais
litúrgicos.
Ao analisar os espaços, podem se desenvolver setorizações da
iluminação a ser aplicada no projeto, uma vez que seus diferentes usos refletem
na iluminação diferenciada nos setores. No espaço celebração, por exemplo, a
assembleia deverá possuir iluminação geral com capacidade de permitir níveis
de luminância para leituras, além dela, ao longo da nave propõem-se
iluminações de efeito para que as procissões realizadas ali possuam destaque.
Já no presbitério, a iluminação deverá ser voltada para dois pontos
diferentes, em primeiro momento para o ambão, onde é realizada a primeira
parte da celebração da palavra, com as leituras e salmos. Além dela, outra
iluminação deverá ser posicionada sobre o altar, onde é realizada a segunda
parte das celebrações conhecida como celebração eucarística.
88
Fonte: O autor, 2017.
Na capela propõe-se uma iluminação de destaque para o sacrário que
ficará exposto para os fiéis durante todo o tempo que a igreja estiver aberta. Já
na pia batismal é importante uma iluminação de destaque a ser utilizada quando
houver eventos como batizados. Outro ponto importante é a sacristia que
necessita possuir uma iluminação geral.
O mezanino que estará posicionado no segundo pavimento do espaço de
celebração possui também grande importância quanto ao seu uso. Apesar do pé
direito reduzido (3,25 metros), o mezanino precisará de iluminação eficiente que
possa permitir a leitura da partitura e dos instrumentos pelos fiéis da igreja.
Outras necessidades luminotécnicas importantes são quanto a escada e a
circulação da plataforma de PNE, os quais precisarão de uma iluminação
eficiente e de boa qualidade para a atividade ali realizada.
Figura 70 - Estudo de Iluminação por setores
89
Fonte: O autor, 2017
6.1.2 Espaço da Comunidade
Além do espaço de celebrações a igreja também foi dimensionada
para comportar um espaço de pastoral onde pudessem ser realizados trabalhos
de evangelização como a catequese e cursos bem como palestras e reuniões da
própria comunidade. Assim, na lateral esquerda da igreja através da rua Barros
Cassal se dará a entrada para o pavimento inferior que conterá um auditório com
capacidade para 60 pessoas além de uma sala de catequese para 04 pessoas,
ainda haverá sanitários masculinos e femininos e um sanitário exclusivo para
PCD, além de uma copa e uma lavanderia utilizada para a lavagem de tecidos
utilizados durante as celebrações.
Quanto aos estudos luminotécnicos realizados, percebeu-se que a maior
parte dos ambientes do espaço destinado as atividades da comunidade, deverão
ter em geral, a iluminação voltada a realização de tarefas. Assim, no primeiro
pavimento, o auditório deverá possuir uma iluminação geral eficiente para os
espectadores de palestras e apresentações, já na parte frontal do auditório
deverão ser instaladas iluminações que permitam maior destaque para quem
estiver ministrando determinado discurso.
Iluminações de destaque também estão propostas na escada que dá
acesso ao segundo pavimento, bem como no acesso de PNE para melhor
acuidade de visão e manuseio da cadeira de rodas. Já nos jardins que estão
locados na lateral direita do complexo poderão ser utilizadas iluminações de
efeito nas vegetações. Outros ambientes como as salas de catequese, copa,
área de serviço possuem iluminação geral.
Figura 71 - Estudo de Iluminação do Mezanino
90
Fonte: O autor, 2017.
No pavimento superior o acesso se dará por uma escada e uma
plataforma elevatória para pessoas que estejam portando alguma necessidade
especial, ali estarão mais quatro salas de catequese para 12 pessoas, bem como
um arquivo para guardar documentos relacionados a paroquia e a comunidade.
Os ambientes desse espaço receberão maior incidência solar durante a parte da
tarde, e poderão ser trabalhados a fim de que se garanta proteção a insolação
direta com o aproveitamento da luminosidade fornecida pelo sol ou pelo
componente celeste.
Nesse pavimento a iluminação foi distribuída com objetivo de contemplar
áreas de estudo e trabalho, as iluminações de destaque permanecem na escada
e na plataforma elevatória de PNE, além da iluminação no jardim que será de
efeito.
Figura 72 - Estudo de Iluminação do Espaço da Comunidade
91
Figura 73 - Setorização da Iluminação das Salas de Catequese
Fonte: O autor, 2017.
6.2 Quantificação de Luminárias
A fim de determinar a quantidade de iluminação aproximada nos
ambientes do projeto de modo a chegar nos valores padrões determinados pela
NBR 8995-131 são feitas simulações em softwares que permitem um
levantamento de dados em relação ao espaço a ser iluminado, levando em
consideração os diversos condicionantes que interferem na luz, como seu local
de instalação, as cores e reflexões de paredes e superfícies, além de aberturas
como janelas e claraboias que dissipam a luz interna, mas permitem a entrada
de luz externa.
31 Ver item 2.1.8.
92
Para os cálculos dos valores de iluminância dos ambientes da Igreja
Divino Espírito Santo, foi utilizado o software Dialux Evo 7.1. O software trabalha
com um modelo em 3D, onde são inseridas as dimensões totais do projeto e a
partir dele, são inseridos os dados técnicos de iluminação (lâmpadas e
luminárias) para que o programa calcule o valor de iluminação em determinadas
superfícies de uso, ou pontos estratégicos dentro dos ambientes.
Em seguida, os valores são gerados em planilhas de cálculo, bem como
esquemas de linhas isográficas que informam a quantidade de luz no ambiente,
bem como esquemas de cores que marcam regiões com maior ou menor
intensidade de luz. Outra função do programa é permitir que o posicionamento
da iluminação seja feito de forma automática para que a luz seja sempre
uniforme nas superfícies de uso.
A primeira simulação para que se obtivesse o primeiro cálculo de
iluminação no projeto foi feita dispondo luminárias no ambiente de celebração
com lâmpadas instaladas de potência total de 51 W e 1200 lumens. As lâmpadas
foram dispostas e quantificadas de acordo com a necessidade inserida no
software de 200 lux para um plano de tarefas a 0,90 m do piso. Na Figura 74, é
apresentado a maquete eletrônica trabalhada no software Dialux.
Fonte: O autor, 2017.
Figura 74 - Modelagem de Maquete Eletronica e Simulação de Iluminação no Dialux Evo 7.1
93
O resultado gerado com o cálculo apresentou a instalação de 66
luminárias ao longo da assembleia. Na Figura 75 é apresentado o resultado
obtido de iluminancia na superfície de trabalho pelas linhas isográficas. Com
esse cálculo foi possível perceber que o pé direito elevado do espaço de
celebração exige uma quantidade grande de luminárias de potência alta, assim
uma boa solução para o projeto seria reduzir o pé direito do ambiente, a fim de
que a iluminação pudesse se aproximar do plano de trabalho e permitisse maior
iluminancia no mesmo.
Fonte: O autor, 2017.
Na Figura 76 estão representadas as posições das luminárias no
ambiente de celebração, assim, como dito, a simulação exigiu um numero
grande de luminárias, bem como instalações muito próximas para conseguir
solucionar a altura do pé direito da igreja.
Figura 75 - Linhas Isográficas geradas no cálculo de Iluminancia
94
Figura 76 - Locação de Luminárias
Fonte: O autor, 2017.
95
7 MEMORIAL DO PROJETO LUMINOTÉCNICO
O memorial possui grande importância para a compreensão do projeto
luminotécnico, visto que, a representação gráfica do desenho técnico do projeto
de luz, não é prevista em normatizações como a ABNT. Dessa maneira a
descrição dos componentes, bem como sua instalação e seu resultado final se
faz necessária para a boa compreensão do projeto de luminotécnico.
O memorial irá descrever o projeto luminotécnico de acordo com os
ambientes que compõem o mesmo. Para o ambiente de celebração, o qual
possui valor maior para o projeto da igreja serão propostos sistemas de
dimerização em circuitos distintos. Outros ambientes como o auditório e salas de
catequese que possuem atividades de trabalho como leituras e ministração de
aulas e cursos também serão descritos de modo a exemplificar as soluções
adotadas.
7.1 Desenho do Forro
O projeto de definição de forração é uma parte importante na composição
do projeto de luz. A primeira solução adotada para o projeto foi a definição do
desenho de forro do ambiente de celebração. Uma vez que o projeto não
possuirá laje na parte superior, será necessária a instalação de um forramento
para separar o fechamento do telhado do ambiente de celebração. A solução
adotada para o forro foi o gesso acartonado por ser de fácil instalação e permitir
desenhos e formas flexíveis para compor continuidade e efeitos diferenciados.
O forro de gesso possuirá dois volumes distintos com desenhos
diferentes, o primeiro será feito em cima do altar lembrando o contorno das asas
de uma pomba, símbolo do padroeiro da comunidade, o Divino Espírito Santo.
Sob o altar também, haverá recortes no gesso a fim de alocar iluminações
estratégicas de destaque no ambiente. Nesse projeto de gesso, serão feitos dois
volumes que se integram, o primeiro será uma caixa de gesso maior,
demonstrado como “a” na Figura 77, e o outro “b” será um detalhe com um recuo
de 0,60 m para frente do volume a, a fim de permitir a instalação de iluminação
para rebater no gesso superior.
96
Figura 77 - Perspectiva do Detalhe em gesso
Fonte: O autor, 2017
O outro setor de projeto de gesso e forração diz respeito a parte da
assembleia e nave da igreja. Foram pensadas para esse desenho, linhas
orgânicas que representassem sete desenhos semelhantes, como forma a
remeter o desenho aos sete dons do Espírito Santo que está relacionado a
passagem bíblica que apresenta introduz o Santo Espírito de Deus na religião
católica. Assim foram criados sete nichos num plano de gesso retangular a fim
de que o desenho abrangesse a dimensão de toda a igreja (Figura 78).
97
Figura 78 - Detalhe do Gesso sob a Assembléia
Fonte: O autor, 2017
Para esse setor o gesso possuirá uma camada mais baixa representada
por “a”, e placas superiores que irão formar o nicho a fim de refletir a iluminação,
representadas em “b”. Nos demais ambientes da igreja o gesso será um rebaixo
acompanhando o contorno dos espaços.
7.2 Lâmpadas e Luminárias
O projeto de iluminação se baseia, não apenas, mas principalmente, no
estudo e aplicação da luz no ambiente e nada disso pode ser feito sem o auxílio
das lâmpadas e das luminárias. A seguir serão apresentadas as soluções de
aplicação e uso das lâmpadas e luminárias nos ambientes. Todas as simulações
foram feitas no software Dialux Evo 7.1, o qual, apesar de não apresentar as
formas e contornos realístico das luminárias, utiliza informações reais de IES de
lâmpadas e luminárias para calcular seu comportamento nos ambientes.
7.2.1 Espaço de Celebração
98
A primeira solução de iluminação no espaço de celebração é a instalação
de sete arandelas posicionadas num recuo do gesso na parte posterior do altar,
o objetivo é que o desenho da luz acompanhe e de continuidade ao gesso em
forma de pássaro. As sete arandelas com abertura de foco de 8º e potência de
60w com temperatura de cor 3.000 K permitem um facho linear que marca a
parede posterior (Figura 79).
Fonte: O autor, 2017.
Para a iluminação de trabalho do altar será utilizado uma iluminação com
dois plafons embutidos no gesso com 25w de potência e fluxo luminoso de 1750
lm, branco quente, e serão posicionados nas duas laterais do altar. Já no centro
e sob o ambão serão posicionadas duas luminárias de 650 lúmens e 3.000 K
com facho dirigido para iluminar com efeito de destaque e possibilidade de
dimerização para que sejam acionados de acordo com a necessidade da
celebração. Na Figura 80 estão exemplificados os dois plafons para iluminação
geral e as outras duas luminárias que serão dimerizáveis e com foco dirigido.
Figura 79 - Instalação de Luminárias decorativas do Altar
99
Fonte: O autor, 2017.
Na assembleia, estarão os detalhes em gesso já exemplificados, e que
possuirão iluminação embutida. Para compor a iluminação desses espaços
serão utilizadas fitas em Led, que permitem grande luminosidade e flexibilidade
no projeto. Assim, como o projeto de recorte de gesso possui linhas orgânicas e
sinuosas, a fita pode ser colada em toda a dimensão do contorno como forma de
produzir luz para evidenciar os detalhes da iluminação. O LED escolhido para o
trabalho em gesso sob o gesso inferior foi o Branco quente 2.700 K com 14,4W/m
que permitirá um bom efeito de destaque na figura da pomba (Figura 81).
Figura 80 - Instalação dos Plafons de Iluminação Geral e Spots Dirigíveis
100
Figura 81 - Iluminação do Gesso Inferior
Fonte: O autor, 2017.
Já a fita de Led que estará inserida no desenho do gesso que segue toda
a dimensão da assembleia será de temperatura de cor mais alta, 6.000 K, e 4,7
W/m que permite um contraste com a iluminação do contorno da pomba (Figura
82).
Fonte: O autor, 2017.
Figura 82 - Fita de Led no detalhe de gesso da assembléia
101
Ainda que a fita de LED ilumine a assembleia, os valores de iluminancia
não são suficientes para momentos que é necessária a leitura e a participação
dos fiéis. Assim, para garantir uma iluminação suficiente na assembleia, serão
instaladas seis luminárias pendentes Drop de 62 cm de diâmetro instalados a
3,60m da altura do piso. Nelas serão instaladas três lâmpadas LED 9W e 4.500
K cada, totalizando uma potência de luminária de 27W (Figura 83).
Fonte: O autor, 2017.
No mezanino da igreja (Figura 84), o qual ficarão os músicos e a equipe
técnica (som, projetor, luzes) foram instaladas luminárias voltadas a atividades
de trabalho. Dessa maneira foram quantificados oito plafons de 25W e 1670 lm,
posicionados entre o mezanino com foco central onde serão executadas as
tarefas de músicas, previstas no layout, ali a temperatura de cor dos plafons será
de 4.500K.
Figura 83 - Pendentes na Assembléia
102
Fonte: O autor, 2017.
Na parte inferior do mezanino, no átrio de entrada da igreja foi proposta a
instalação de uma iluminação com arandelas de Pá, que fazem com a luz seja
rebatida e reflita no teto. Para tanto, serão instaladas lâmpadas tanto branco frio,
quanto lâmpadas de LED azul, fazendo com que o efeito no teto simule a cor do
céu, visto que o átrio da igreja é o local onde o fiel se desencontra do mundo
exterior.
Fonte: O autor, 2017.
Figura 85 - Átrio de entrada
Figura 84 - Mezanino com Iluminação em Plafons
103
Na nave central da igreja é proposta uma iluminação que destaque as
procissões de entrada e outros tipos de atividades que ali possam ocorrer (Figura
86). Dessa maneira a nave recebe cinco Spots em LED embutidos no gesso de
50 W, branco quente, com facho voltado ao corredor central, e no mezanino
serão instalados outros três projetores em LED de potência menor (32W) para
que a diferença de pé direito não aumente exageradamente o nível de
iluminancia no corredor.
Fonte: O autor, 2017.
Por fim, como iluminação de destaque auxiliar, serão inseridos três
projetores de LED de 7 W e fluxo luminoso de 450 lm, na parte frontal do
mezanino, tal iluminação busca a iluminação frontal, praticada em teatros para
iluminar o que ocorre numa cena, assim os três projetores de luz estarão
voltados para o ambão, para o altar e para a pia batismal, respectivamente
(Figura 87).
Figura 86 - Iluminação da Nave da Igreja
104
Figura 87 - Projetores Iluminando Pontos Específicos
Fonte: O autor, 2017.
Esse tipo de iluminação permite que de acordo com o uso que esta sendo
dado a igreja, a iluminação permita maior atenção do fiel pois, como visto nos
capítulos anteriores, a luz guia a atenção e destaca espaços e objetos a
percepção humana.
7.2.2 Espaços da Comunidade
Os espaços da comunidade, como discutidos no capítulo anterior,
possuem funções mais próxima a atividades de trabalho que requerem atenção
e acuidade visual. Dessa maneira o projeto luminotécnico propôs iluminações
que tivessem temperatura de cor mais próximas ao branco frio e que permitisse
um nível de iluminância acima de 250 lux nos espaços. A seguir são
apresentadas as soluções luminotécnicas para os principais ambientes.
No auditório da comunidade foi proposto o uso de pendentes lineares de
LED 50W e 1620 lm, instalados a 2,50m do piso para melhorar a visualização do
plano de trabalho. Para a quantificação de pendentes foi utilizado o recurso do
105
software para melhor distribuição e posicionamento, que obteve o resultado de
doze pendentes distribuídos em três colunas. Na parte frontal do auditório,
prevendo a realização de palestras, cursos e aulas, foi proposto para o projeto
luminotécnico três refletores embutidos no forro com lâmpadas PAR 38, podendo
ser aplicado a lâmpada LED de 3.000 K (Figura 88).
Fonte: O autor, 2017.
Nas salas de catequese a proposta de iluminação segue a mesma
utilização de pendente linear de 50W. Porém, para oferecer uma iluminação que
não seja focada no ambiente de estudo, foi utilizado a iluminação de embutidos
de LED 18W.
Figura 88 - Simulação de Iluminação no Auditório
106
Fonte: O autor, 2017.
Apesar de não terem sido feitas simulações em software, os demais
espaços como corredores, banheiros e DML não possuem tamanha significância
quanto a necessidade de possuir valores exatos de iluminância, por isso, as
demais soluções luminotécnicas bem como a marca e imagens das luminárias
aplicadas nos ambientes do espaço da comunidade são apresentados na Planta
de Luminotécnica no Apêndice C deste trabalho.
7.2.3 Iluminação Exterior
A iluminação da parte externa da igreja e do espaço de celebração são de
extrema importância visto que, do lado de fora os fiéis tem suas primeiras
impressões do espaço religioso. Além de que, historicamente, as igrejas
exercem um papel de destaque nas cidades sendo elementos referenciais e,
portanto, merecem destaque durante o período noturno. Assim, o projeto de
iluminação do exterior buscou ferramentas voltadas ao uso externo, a fim de que
a manutenção seja diminuída através da durabilidade dos componentes do
projeto.
A fachada da igreja da comunidade Divino Espirito Santo possui uma
cobertura de destaque em formato de arco, que permite a unificação do ambiente
de celebração com o ambiente da comunidade. Nessa cobertura, portanto, foram
instalados projetores para que a iluminação alcançasse a laje e a desenhasse,
Figura 89 - Simulação da Iluminação das Salas de Catequese
107
evidenciando assim, ainda mais a solução da cobertura. Na Figura 90 é possível
perceber a iluminação da cobertura com o projetor retangular de 125W, com
temperatura de cor de 3.000 K.
Fonte: O autor, 2017.
O projetor também foi inserido na parte superior da igreja para destacar o
crucifixo posicionado na torre lateral. Outras soluções de iluminação na fachada
estão na porta de entrada principal, onde a parede lateral da porta é iluminada
com dois embutidos de solo de 18 W de potência marcando a entrada da igreja.
7.3 Dimerização, Circuitos e Cenas
Após a apresentação das soluções luminotécnicas do projeto são
apresentados os usos e funções das lâmpadas no ambiente de celebração que
são conjugados a fim de criar sistemas de luz que, com a possibilidade de
dimerização e acionamento gradativo, possibilitam algo que vai além de apenas
iluminar espaços e permeia a ideia de dar movimento e sentido a celebração do
ambiente religioso.
Figura 90 - Simulação da Fachada
108
Portanto, no projeto, foram criadas cenas de acordo com os momentos
litúrgicos realizados durante as missas nas igrejas católicas. A tabela da Figura
91 apresenta os momentos litúrgicos e as cenas que são criadas nos
determinados momentos combinando a potência das luzes (dimerizações) e a o
tempo de transição entre as mesmas a fim de que a percepção do espaço seja
o mais natural possível.
Na primeira coluna são numeradas as cenas que ocorrerão durante a
missa, na segunda coluna estão numerados os momentos que estão ocorrendo,
já na terceira coluna são apresentadas as luzes e as soluções de dimerização
para as mesmas e por último, na coluna da lateral direita estão apresentados os
tempos em segundos da transição gradual da iluminação de uma cena para
outra.
As luzes da assembleia correspondem aos pendentes posicionados sob
os bancos. A iluminação da nave se refere aos projetores que iluminam o
corredor central da igreja da porta do átrio até a frente do altar. A iluminação do
ambão é feita tanto pelo spot embutido no gesso logo acima da mesa da palavra,
como também pelo projetor locado no mezanino com foco direcionado ao
ambão., assim como a iluminação do altar que diz respeito tanto ao projetor
quanto ao spot. Já as luzes gerais se referem a luzes decorativas como os LEDs
posicionados nos detalhes do gesso bem como a iluminação no altar feita pelos
plafons e a iluminação do átrio de entrada.
Figura 91 - Tabela de Momentos Liturgicos e Dimerização da Iluminação
Cena Momento Litúrgico Dimerização de
Setores (Potência Ativa)
Tempo de Transição
1 Entrada + Orações Iniciais
Assembleia 60% Nave 100% Ambão 0% Altar 50 % Geral 100%
30 ''
2 Leituras
Assembléia 30% Nave 0% Ambão 100% Altar 0% Geral 80%
30''
109
Fonte: O autor, 2017.
A seguir são apresentados os momentos litúrgicos e o comportamento
das luzes. As descrições são baseadas nas recomendações litúrgicas do
catecismo da Igreja Católica32 e da participação pessoal do autor nas
celebrações de igrejas católicas.
A entrada do celebrante da missa sempre ocorre pela nave central, nela
entram toda a equipe litúrgica que irá participar ativamente da celebração
desempenhando alguma função, após a entrada o celebrante faz a acolhida de
todos os fiéis e posteriormente orações. Nesse momento litúrgico o padre guia a
celebração de modo que a atenção esteja concentrada no altar onde são feitas
as orações. Para esse momento litúrgico é proposta a dimerização das luzes da
assembleia em 60% (potência ativa) para que a atenção se volte a nave central
e ao altar. A seguir é apresentado a simulação feita no programa dialux da
cena 1.
32 CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA. 3ª. ed. Petrópolis: Vozes; São Paulo: Paulinas, Loyola, Ave-Maria, 1993.
3 Homilia
Assembléia 60% Nave 100% Ambão 0% Altar 100% Geral 80%
30 ''
4 Liturgia Eucarística
Assembléia 40% Nave 0% Ambão 0% Altar 100% Geral 80%
30''
5 Comunhão e Fim
Assembléia 100% Nave 100% Ambão 0% Altar 100% Geral 80%
30''
110
Fonte: O autor, 2017.
A cena dois ocorre quando se dão as leituras na celebração. As leituras
são feitas sob o ambão, ou chamado de mesa da palavra. Assim, a atenção da
cena deve ser voltada ao ambão. Também é importante que haja iluminação
geral para que o fiel possa acompanhar as leituras por folhetos na assembleia.
Na Figura 93 é apresentada a simulação de iluminação de cena 2, de acordo
com as dimerizações previstas na tabela.
Figura 92 - Simulação da Cena 1
111
Figura 93 - Simulação Cena 2
Fonte: O autor, 2017.
A homilia da missa corresponde a cena 3 (Figura 94) nela o celebrante
recebe toda a atenção quando conversa com os fiéis refletindo a palavra que foi
lida. Nesse momento também são feitas orações que precedem a liturgia
eucarística. Para tanto a iluminação priorizou a nave e o altar, para que o
celebrante receba a atenção da assembleia.
Fonte: O autor, 2017.
Figura 94 - Simulação Cena 3
112
A cena 4 corresponde ao momento litúrgico da eucaristia. Nela são feitas
orações e consagrações que preparam o fiel para o momento da comunhão.
Nesse momento, a atenção é total para o altar, onde o celebrante consagra o
corpo e sangue de Jesus.
Fonte: O autor, 2017.
Após esse momento ocorre a fila de comunhão na nave central que
possui, portanto, grande necessidade de iluminação. A iluminação da nave
condiz com a procissão de saída final onde o celebrante e a equipe litúrgica saem
da igreja em sinal de igreja em missão. Nesse momento (cena 5) a iluminação é
dimerizada com atenção voltada a nave central e ao átrio de entrada onde os
fiéis deixam a igreja.
Figura 95 - Cena 4
113
Figura 96 - Simulação Cena 5
Fonte: O autor, 2017.
Dessa maneira, os circuitos de cenas e dimerização irão elevar o nível do
projeto luminotécnico da Igreja fazendo com que o ambiente de celebração tenha
ainda mais destaque. Os controles propostos para as dimerizações se
assemelham aos sistemas apresentados no item 2.6 deste trabalho, sendo que
o controle dos sistemas se dará por parte de um fiel responsável pela parte
técnica, como projetores ou sistemas de som. Certamente, o objetivo é que o
controle de luzes se torne um hábito durante as celebrações, porém, caso não
seja necessário e havendo necessidade do uso das luzes de forma comum, sem
dimerizações por exemplo, o controle poderá ser feito normalmente através dos
interruptores comuns.
7.4 Orçamento do Projeto Luminotécnico
A seguir é apresentado o orçamento do valor total do projeto
luminotécnico. Os valores foram obtidos em lojas de vendas online no mês de
novembro de 2017, podendo sofrer alterações.
114
ORÇAMENTO DE PROJETO LUMINOTÉCNCIO - IGREJA COMUNIDADE DIVINO ESPÍRITO SANTO
DESCRIÇÃO FABRICANT
E QTD
VALOR UNITÁRIO
VALOR TOTAL
Arandela 1 Facho Fechado com Lente para Lâmpada Halopin G9 Bella Luce 07 R$ 202,40
R$ 1.416,80
Painel Plafon LED de embutir 25w 30 x 30cm 6000k branco frio Starlumen 34 R$ 39,90
R$ 1.356,60
Painel Plafon LED de embutir 18w 22 x 22cm 6000k branco frio
Starlumenhttp://www.starlu
mem.com.br/starlumen 10 R$ 25,76
R$ 257,60
Pendente drop / led 3xE27 Interpam 06 R$ 220,55
R$ 1.323,30
Spot externo 7W Brilia 03 R$ 89,90
R$ 268,80
Arandela Pá Branca ar511 Femarte 06 R$ 86,00
R$ 516,00
Fita de LED 5 metros 14,4W/M 2700K 220V 431054 Brilia 04 R$ 204,70
R$ 818,80
Fita LED 3528 branco frio rolo 5m com fonte 12V 2A Kit Led 24 R$ 28,90
R$ 693,6
RS140B LED6-32-/830 PSR PI6 WH PHILIPS Philips 09 R$ 112,20
R$ 1.009,8
Pendente retangular luminária grande T8 Usina 22 R$ 395,00
R$ 8.690,00
Plafon LED Embutir Redondo 18W LED 17 Abalux 6500K Luz Branca Abalux 28 R$ 41,26
R$ 1.155,28
Luminaria Teto Spot Embutir Mix Dupla P/ 2 Lampada Ar111 Led Impacto 03 R$ 114,00
R$ 342,00
Embutido de solo black 18W 25° Stella 10 R$ 475,77
R$ 4.757,70
DCP400 4000 CO 100-277V UL CE Philips 16 R$ 650,56
R$ 10.408,96
Sistema de Automação por Bluethoth Bluelux 13 R$ 219,00 R$ 2.847,00
TOTAL R$ 35.825,00
115
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Tendo a iluminação como principal objeto de estudo neste trabalho,
percebemos como a luz permeia diversas áreas do conhecimento envolvendo
ciências multidisciplinares. Estudar a luz nos faz perceber quanto o ser humano
recebe informações diversas que são processadas em segundo plano pela
mente, compondo sensações predeterminadas por ações coletivas. No espaço
iluminado, as sensações são transformadas em impressões de diferentes
atmosferas.
Compor as atmosferas necessita diretamente do conhecimento de
técnicas que permitam o uso dos efeitos da luz como sua aplicação no espaço e
seu posicionamento para compor as cenas, trazendo dinamicidade ao uso da luz
e fazendo com que a mesma seja criadora de cenas especificas dentro do
ambiente arquitetônico.
Uma das mais interessantes aplicações da luz se dá no ambiente
religioso, o qual tem com a luz uma ligação intima no que se refere a seu
significado, visto que, para a religião cristã no princípio dos tempos a luz foi
criada antes de qualquer outra coisa, e hoje representa, sobretudo, a presença
de Deus no meio dos homens. Outro ponto importante, percebido através dos
estudos luminotécnicos de igrejas do Mato Grosso, é de que muitas vezes a
iluminação nas igrejas não permite a dinâmica dos espaços religiosos e faz com
que os mesmos sejam monótonos e desprovidos de atmosferas que
transpassem ao fiel, subjetivamente, sensações ligadas a religiosidade.
O projeto luminotécnico da Igreja Divino Espírito Santo levou em
consideração todos os aspectos compreendidos no trabalho e propôs para o
projeto a criação de cenas em sistemas de automação para que o ambiente
religioso pudesse ser mais bem utilizado, aprimorando a experiência religiosa do
fiel. Além disso, estudar o projeto luminotécnico deixa visível a necessidade do
projetista relacionar o projeto luminotécnico a outros componentes do espaço,
como por exemplo, o desenho de forro, a demanda de rede elétrica, o
posicionamento dos acionadores da iluminação, entre outros.
Por fim, percebe-se com o trabalho que a aplicação dos conceitos
estudados a um projeto luminotécnico permite sua maior eficácia, uma vez que,
116
assim como na arquitetura, a funcionalidade não deve ser valorizada em
detrimento da estética e visse versa, na iluminação também, é necessário criar
efeitos visualmente positivos, mas também é necessário atender padrões de
funcionalidade como número mínimo de lux em determinados ambientes.
Por fim, este trabalho pretende incitar a discussão a respeito da
importância da luz na arquitetura e a necessidade de uma boa formação desta
disciplina nas academias, que permitam ao futuro arquiteto, possuir um
embasamento técnico e teórico capaz de permitir a execução de um bom projeto
luminotécnico, para que, de modo geral, o nível e a qualidade dos espaços
arquitetônicos sejam aprimorados.
117
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121
ANEXO I - AUTORIZAÇÃO DO USO DE PROJETO ARQUITETÔNICO
Eu, Ariane Karise Entringer, CAU nº 111259 - 7, autorizo o uso do Projeto
Arquitetônico da Igreja Divino Espirito Santo na cidade de Primavera do Leste - MT,
pelo aluno Danilo Messias na disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso 1 e 2 no
curso de Arquitetura e Urbanismo na Universidade do Estado de Mato Grosso – Campus
Rene Barbour, sob matricula número 210435391-9.
A autorização permite apenas a reprodução do projeto com fins educacionais e de
estudo dentro dos documentos resultantes do trabalho do aluno devendo o mesmo ser
referenciado com a identificado da fonte.
Sem mais, firmo o presente,
Ariane Karise Entringer
Arquiteta e Urbanista
Primavera do Leste
Junho de 2017.
122
ANEXO II - LAYOUT DO PROJETO DA IGREJA DIVINO ESPÍRITO SANTO
123
APÊNDICE A – PLANTA DE FORRO
124
APÊNDICE B - PLANTA DE LUMINOTÉCNICA
125
APÊNDICE C – CORTES DO GESSO E DADOS DE ILUMINAÇÃO EXTERNA
126
APÊNDICE D – PROJETO COMPLEMENTAR ELÉTRICA