UVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DOUTORADO EM SERVIÇO SOCIAL
GLORIA MARIA JIMENEZ GONZALEZ
DETERMINAÇÕES DA PRÁTICA PROFISSIONAL DO SERVIÇO SOCIAL NA ÁREA DE GESTÃO HUMANA DAS EMPRESAS PRIVADAS
DA CIDADE DE MEDELLIN – ANTIOQUIA.
COLÔMBIA
RECIFE 2013
GLORIA MARIA JIMENEZ GONZALEZ
DETERMINAÇÕES DA PRÁTICA PROFISSIONAL DO SERVIÇO SOCIAL NA ÁREA DE GESTÃO HUMANA DAS EMPRESAS PRIVADAS DA CIDADE DE MEDELLIN –
ANTIOQUIA. COLÔMBIA
Tese apresentada ao Curso de Doutorado em Serviço Social do Programa de Pós-Graduação em Serviço Social do Centro de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Federal de Pernambuco – Brasil – para obtenção do grau de Doutora em Serviço Social
ORIENTADORA:
PROFª. DRª. ANA CRISTINA BRITO ARCOVERDE
RECIFE 2013
Catalogação na Fonte
Bibliotecária Ângela de Fátima Correia Simões, CRB4-773
A643d Gonzalez, Glória Maria Jimenez
Determinações da prática profissional do serviço social na área de gestão humana das empresas privadas da cidade de Medellin-Antioquia. Colômbia / Glória Maria Jimenez Gonzalez. - Recife : O Autor, 2013.
266 folhas : il. 30 cm.
Orientadora: Profª. Dra. Ana Cristina Brito Arcoverde.
Tese (Doutorado) – Universidade Federal de Pernambuco. CCSA. Serviço Social, 2013.
Inclui bibliografia, anexos e apêndice.
1. Serviço social. 2. Assistentes sociais – estatutos, leis. 3. Administração de empresas – Participação dos empregados. 4. Serviço social – Administração. I.
Arcoverde, Ana Cristina Brito (Orientadora). II. Título.
361 CDD (22.ed.) UFPE (CSA 2013 – 038)
GLORIA MARIA JIMENEZ GONZALEZ
DETERMINAÇÕES DA PRÁTICA PROFISSIONAL DO SERVIÇO SOCIAL NA ÁREA
DE GESTÃO HUMANA DAS EMPRESAS PRIVADAS DA CIDADE DE MEDELLIN –
ANTIOQUIA/COLÔMBIA
Tese apresentada ao Curso de Doutorado em Serviço Social do Programa de Pós-Graduação em Serviço Social do Centro de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Federal de Pernambuco – Brasil – para obtenção do grau de Doutora em Serviço Social
Aprovado em: _______________________________________
BANCA EXAMINADORA
_________________________________________ Profª Dra. Ana Cristina Brito Arcoverde
Presidente e Orientadora
_________________________________________ Profª Dra. Anita Aline Albuquerque Costa
Examinadora Interna
_________________________________________ Profª Dra. Lucinda Maria da Rocha Macedo
Examinadora Externa
_________________________________________ Profª Dra. Maria de Fátima Melo do Nascimento
Examinadora Externa
_________________________________________ Profª Dra. Ana Lúcia Fontes de Souza Vasconcelos
Examinadora Externa
I. AGRADECIMENTOS
Agradecer agora às pessoas que fizeram parte desta caminhada é tarefa quase impossível. Algumas companheiras e companheiros de jornada participaram mais intensamente dos desafios e lutas.
Minha gratidão, especialmente, à orientadora Professora Dra. Ana Cristina Brito Arcoverde pelas reflexões nas aulas, pela acolhida e disponibilidade, pelas sugestões sempre a partir do conhecimento vivenciado, por permitir liberdade de pensamento e expressão, e também pela infinita paciência e compreensão dos meus difíceis momentos para conciliar minha situação de estudante estrangeira, especialmente no tocante às saudades de minha família.
Aos Professores Doutores: Lucinda Maria de Rocha e Anita Aline pelas oportunas sugestões na banca de qualificação.
Às Professoras do doutorado, por suas reflexões nas aulas e seus aportes para minha aprendizagem.
A compreensão e o apoio das Irmãs Carmelitas da Divina Providência, que permitiram minha presença permanente no dia a dia, suas atenções, seus cuidados, o amor incondicional foram fundamentais para minha adaptação a um novo país e a uma nova cultura. Gratidão especial à Irmã Mariana por sua ternura e à Irmã Meriane por sua ajuda e apoio nas largas horas de estudo e correção de meus textos.
À sabedoria e à tolerância de meu esposo Ivan Dario e das minhas filhas, que me fortalecem e incentivam em cada momento, nos momentos difíceis, sofrimento das largas ausências que fizeram parte da vida no tempo do doutorado. Mas vamos vencendo, dia após dia, aprendendo que vale a pena alcançar os sonhos quando se vive em união.
Ana Maria e Maria Isabel: A razão do meu viver, foram as mais roubadas no tempo de aconchego, de namorar, de conversar, de brincar, de passear, de simplesmente não fazer nada. Nos tornamos mais maduras e mais companheiras, mais afetuosas, encontrando sentido onde há o caos aparente, amor e companheirismo nas horas de separação entre livros, cadernos e computador.
Aos amigos que conhecei no Brasil: Ancizar, Kathleen, Tereza, Ana Burgos, Leidjane, Silvia, Aione, Djanise, Valeria e Salvea. Ajudaram-me a pensar, a refletir e a prosseguir.
À diretora do Departamento de Pós-Graduação, Dra. Ana Vieira, por toda sua ajuda e apoio para a consecução de minha bolsa para os dois últimos anos de estudo. Sinceros agradecimentos pelo acesso a tão valioso apoio econômico.
Ao pessoal da Pós-Graduação da UFPE, pela competência, profissionalismo e atenção, presença marcante nos quatro anos do doutorado.
Aos meus irmãos e irmãs, por todo apoio e acompanhamento a distância, suas palavras foram fortaleza nos momentos mais duros do processo; às irmãs Carmelitas da Santíssima Trindade pela companhia e orações, sempre estiveram perto de mim, da minha aventura, e sempre estarão no meu coração e na minha mente.
A Deus, por ter me permitido chegar até este momento.
Meu muito obrigada à amiga Maria Eugenia, que no momento de minha decisão de começar o doutorado era diretora da faculdade e acreditou em mim. À decana Esperanza Hidalgo e às diretoras da UPB, por todo apoio e confiança depositados, não só apoiaram meu crescimento acadêmico e profissional, mas o mais importante: meu crescimento humano e pessoal.
II. RESUMO
A presente tese tem como objetivo analisar as determinações da prática profissional do Serviço Social na área de gestão humana das empresas privadas da cidade de Medellín, Departamento de Antioquia, Colômbia. Levando-se em conta, de um lado a formação sócio-histórica, econômica e política da Colômbia e de outro a formação do profissional de serviço social, procurou-se conhecer e analisar como os assistentes sociais desenvolvem suas práticas profissionais. Considera-se que as práticas profissionais são determinadas socialmente e respondem aos serviços sociais solicitados, no caso pelas empresas privadas, mas também pelas demandas dos trabalhadores, levando-se em conta o duplo referenciamento do serviço social, que exige competências técnicas, suportes ideológicos, teorias e metodologias, incluindo-se os valores como ethos da profissão, que orientam o fazer profissional. A prática profissional desenvolvida pelos assistentes sociais na área de gestão humana das empresas privadas de Medellín tem hoje demarcações profundas à raiz das mudanças que o mundo do trabalho vem imprimindo e que afeta a totalidade das relações do homem com a sociedade. Com o desenvolvimento e os avanços nos campos de produção num momento histórico determinado e suas implicações na sociedade de referência, o profissional de Serviço Social é chamado a atuar, mas não isento destas mesmas determinações. O fazer profissional acontece sob determinações econômicas, políticas, sociais, culturais. Refletir e analisar como se processou este desenvolvimento, a origem e avanço do serviço social neste campo permitiu descobrir a direção sob determinações da prática dos assistentes sociais na atualidade. Foi possível contextualizar a relação Estado e sociedade colombiana em suas particularidades, caracterizar a formação profissional distinta que os assistentes sociais recebem nas universidades públicas e privadas, verificar os antecedentes e atualizar o debate sobre o Serviço Social na área empresarial, desde suas origens até o momento atual. Apesar da reconceituação do serviço social ter se dado em toda a latino américa, e no Brasil ter tomado a direção dada pela intenção de ruptura baseada na teoria marxista, esse processo fracassou na Colômbia cujos profissionais terminam orientados muito mais aos interesses produtivos das empresas do que aos dos trabalhadores, se distanciando assim dos ideais e objetivos da profissão. O atendimento das demandas são qualificadas mas nem sempre os profissionais reconhecem estar suficientemente preparados. O debate e dialógo com os dados permitiu identificar determinações, afirmar um serviço social colombiano numa etapa da modernização conservadora do serviço social brasileiro e definir as linhas de ação que facilitam alguns avanços e conferem legitimação à profissão no meio acadêmico e no espaço socioinstitucional das/nas empresas. Palavras-chave: Determinações da prática do serviço social, Formação em serviço social; Gestão de Talento Humano; Serviço Social na área empresarial.
III. RESUMEN La presente tesis tiene como objetivo analizar las determinaciones de la práctica profesional del Servicio Social en el área de gestión humana de las empresas privadas de la ciudad de Medellín, Departamento de Antioquia, Colombia. Llevándose en cuenta de un lado la formación socio-histórica, economica y política de la Colombia y de otro la formación del profesional de servicio social para conocer como los Asistentes Sociales, desarrollan sus prácticas profesionales. Se considera que las prácticas profesionales son determinadas socialmente y responden a los servicios sociales solicitados en el caso por las empresas privadas, pero también por las demandas de los trabajadores, llevándose en cuenta el doble referenciamento del servicio social, que exige: cualificaciones técnicas, soportes ideológicos, teorías y metodologías, incluyéndose los valores como ethos profissonal que orientan el hacer profesional. La práctica profesional desarrollada por los asistentes sociales en el área de gestión humana de las empresas privadas de Medellín tiene hoy demarcaciones profundas, a la raíz de los cambios que el mundo del trabajo viene presentando y que afecta la totalidad de las relaciones del hombre con la sociedad. Con el desarrollo y los avances en los campos de producción, en un momento histórico determinado, y sus implicaciones en la sociedad de referencia, el profesional de Servicio Social es llamado a actuar, pero no exento de estas mismas determinaciones. El hacer profesional acontece bajo determinaciones económicas, políticas, sociales. Reflexionar y analizar como se procesó este desarrollo, el origen y avance del servicio social en este campo, permitió descubrir la dirección bajo determinaciones de la práctica de los asistentes sociales en la actualidad. Fue posible contextualizar la relación Estado y la sociedad colombiana en sus particularidades, caracterizar la formación profesional que los asistentes sociales reciben en las Universidades públicas y privadas, verificar los antecedentes y actualizar el Servicio Social en el área empresarial, desde sus orígenes hasta el momento actual. A pesar de la reconceituação del servicio social que se ha dado en toda latino américa, y en Brasil haber tomado la dirección dada por la intención de ruptura basada en la teoría marxista, ese proceso fracazó en Colombia, así los profesionales terminan orientados mucho más a los intereses productivos de las empresas que a los ideales y objetivos de la profesión, demandas esas para las cuales no siempre reconocen están suficientemente preparados. El debate y dialógo con los datos permitió identificar determinaciones, afirmar un servicio social colombiano en una etapa a la modernización conservadora del servicio social brasileño y definir las líneas de acción que facilitan algunos avances y confieren legitimación a la profesión en medio académico y en la empresa.
Palabras claves: Determinaciones de La practica de Trabajo Social. Formación em Trabajo Social, Gestión de Talento Humano, Servicio social en las empresas privadas.
IV.ABSTRACT
This thesis aims to analyze the determinations of the professional practice of Social work in the area of human management of the private enterprises of the town of Medellín, Department of Antioquia, Colombia. Taking into account, on the one hand the social-historical formation, economic and politics of Colombia and other professional training of social service, sought to know and analyse how social workers develop their professional practices. It is considered that the professional practices are socially determined and respond to social services requested in the case by private companies, but also by the demands of workers, taking into account the double referencing social service, which requires technical skills, ideological media, theories and methodologies, including the ethos of the profession, as values that guide the Professional do. The professional practice developed by social workers in the area of human management of the private enterprises of Medellín has deep root of demarcations today changes that the world of work and that affects the whole of human relations with the society. With the development and advances in the fields of production in a given historical moment and its implications in society, the professional Social Service is called on to act, but not free of these same determinations. The professional happens under determinations do economic, political, social, cultural. Reflect and analyze how was this development, the origin and advancement of social work in this field made it possible to discover the direction under provisions of the practice of social workers today. It was possible to contextualize the State and Colombian society in its peculiarity, characterize the different vocational training that the social workers get public and private universities, checking the background and update the debate on the Social Service in the business, from its origins to the present day. Despite the reconceituação of social service have been given throughout Latin America, and Brazil have taken the direction given by the intention of disruption based on Marxist theory, this process failed in Colombia whose end oriented professionals more productive corporate interests than those of the workers, moving away so the ideals and goals of the profession. Meet the demands assigned but not always professionals recognize to be sufficiently prepared. The debate and dialogue with the data has identified determinations, saying a Colombian social service in a step of conservative modernization of social service Brasilian and define lines of action that will facilitate progress and give legitimacy to the occupation in the academic and institutional cluster of space/companies. Keywords for this page: Determinations of the practice of social work, training in social work; Human Talent Management; Social Service in the business.
V.LISTA DE QUADROS TABELAS E GRÁFICOS
Quadro 1 – Conhecimentos mínimos necessários para a prática nas empresas........... 113 Quadro 2 – Cargos em outras orgnizações..................................................................... 179 Quadro 3 – Ações administrativas e oprativas que desempenham os assistentes
sociais nas áreas de gestão humana, segundo os profissionais, os chefes e os trabalhadores.......................................................................... 191
Quadro 4 – Para quê das ações, segundo os discursos dos profissionais, dos chefes e dos trabalhadores.................................................................................... 198
Quadro 5 – O Porquê da prática profissional, segundo discursos dos profissionais, dos chefes e dos trabalhadores.................................................................. 203
Quadro 6 – Como fazem suas ações administrativas e operativas segundo discursos dos profissionais e dos chefes.................................................................... 212
Quadro 7 – Criação das Primeiras Escolas de Serviço Social. ...................................... 242 Quadro 8 – Programas em funcionamento em universidades de Medellín..................... 246 Quadro 9 – Formação específica profissional nos programas matrizes das
Universidades de interesse na cidade de Medellin.................................... 246
Quadro 10 – Plano de Estudos Atuais. Desenho Curricular 2012. Programa de Serviço Social U.P.B. Vigente desde 2008................................................ 248
Tabela 1 – Empresas por setor....................................................................................... 143 Tabela 2 – Empresas por setor e tamanho..................................................................... 144 Tabela 3 – Setor, antiguidade e tamanho das empresas................................................ 146 Tabela 4 – Quantitativo de trabalhadores e de assistentes sociais nas empresas........ 149 Tabela 5 – Idade, gênero e tempo de vinculação........................................................... 152 Tabela 6 – Cargo, tempo no cargo e salário................................................................... 163 Tabela 7 – Obtenção do cargo........................................................................................ 164 Tabela 8 – Trajetória do cargo........................................................................................ 165 Tabela 9 – Formação acadêmica recebida..................................................................... 172 Tabela 10 – Competências mais destacadas a melhorar............................................... 175 Tabela 11 – Valores mais destacados peos assistentes sociais..................................... 178 Tabela 12 – Pertencimento a associações...................................................................... 179
Gráfico 1 – Localização das empresas........................................................................... 147 Gráfico 2 – Empresas com assistentes sociais em outras áreas.................................... 149 Gráfico 3 – Tipo de contratações nas empresas............................................................. 150 Gráfico 4 – Número de filhos........................................................................................... 154 Gráfico 5 – Estado civil.................................................................................................... 154 Gráfico 6 – Local de moradia dos assistentes sociais..................................................... 155 Gráfico 7 – Cargo ocupado pelos assistentes sociais..................................................... 156
Gráfico 8 – Nível do cargo............................................................................................... 158 Gráfico 9 – Participam da estratégia............................................................................. 158 Gráfico 10 – Salário base SMMLV................................................................................ 160 Gráfico 11 – Identificação com a profissão................................................................... 167 Gráfico 12 – Universidade de procedência................................................................... 171
VI.ACRÔNIMOS
AFP - Administradoras de Fundo de Pensões
ALCA - Acordo de Livre Comércio das Américas
ARP - Administradora de Riscos Profissionais
ANDI - Associação Nacional de Industriais
AUC - Autodefesas Unidas de Colômbia
CEPAL - Centro de Estudos Econômicos para a América Latina
CECAR - Centro Educativo do Caribe
CONETS - Conselho Nacional de Educação para o Trabalho Social
CUS - Corporação Universitária do SINU
DRI - Desenvolvimento Rural Integrado
DANE - Departamento Administrativo Nacional de Encuestas
ECAES - Exames de Conhecimento Acadêmico de Educação Superior
EPS - Empresa Promotora de Saúde
ELN - Exército de Liberação Nacional
EPL - Exército Popular de Liberação
FARC - Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia
FECTS - Federação Colombiana de Trabalhadores Sociais
FITS - Federação Internacional de Serviço Social
IDH - Índice de Desenvolvimento Humano
ISI - Industrialização por Substituição de Importações
ICETEX Instituto de Credito Educativo e Estudos no Exterior.
JACO - Juntas de Ação Comunal
M19 - Movimento 19 de Maio
MIR - Movimento de Integração Revolucionária
OIT - Organização Internacional para o Trabalho
OEA - Organização dos Estados Americanos
PÃO - Plano Nacional de Alimentação
PRT - Partido Revolucionário dos Trabalhadores
PISP - Programa de Integração de Serviços e Participação
PIP - Programa de Investimento Participativo
SENA - Serviço Nacional de Aprendizagem
SENDAS - Secretaria Nacional de Ação Social
SITVA - Sistema Integrado de Transporte do Valle de Aburra
UNIR - União de Esquerda Revolucionaria.
UP - União Patriótica
UPB - Universidade Pontifícia Bolivariana
UNIFEM - Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher.
UFPE - Universidade Federal de Pernambuco
UOC - Unidade Organizacional Curricular.
TLC - Tratado de Livre Comércio
VII.SUMÁRIO
I. AGRADECIMENTOS.............................................................................................. 4 II. RESUMO................................................................................................................. 6 III. RESUMEN.............................................................................................................. 7 IV.ABSTRACT............................................................................................................. 8 V. LISTA DE QUADROS, TABELAS E GRÁFICOS.................................................. 9 VI. ACRÔNIMOS......................................................................................................... 11 VII. SUMÁRIO............................................................................................................. 13 VIII. INTRODUÇÃO..................................................................................................... 15 CAPÍTULO 1 - A SOCIEDADE E O ESTADO COLOMBIANOS............................... 29 1.1 COLÔMBIA: UM POUCO DA SUA HISTÓRIA, SUA FORMAÇÃO POLÍTICA, ECONÔMICA E
SOCIAL..................................................................................................................... 30
1.2 COLÔMBIA – MEDELLÍN HOJE. ECONOMIA, POLÍTICA E SITUAÇÃO SOCIAL................... 35 1.3 INDUSTRIALIZAÇÃO NA COLÔMBIA E MEDELLÍN....................................................... 46 1.4 A SOCIEDADE COLOMBIANA E MEDELLÍN COMO SOCIEDADE EM PERMANENTE
CONFLITO.............................................................................................................. 53
CAPITULO 2 - SERVIÇO SOCIAL NA COLÔMBIA: FUNDAMENTOS PARA A ANÁLISE DA PRÁTICA DO SERVIÇO SOCIAL NAS EMPRESAS.................. 57
2.1 RECONSTRUINDO A HISTÓRIA DO SERVIÇO SOCIAL NA COLÔMBIA.............................. 57 2.1.1 OS ANTECEDENTES DO SERVIÇO SOCIAL NA COLÔMBIA........................................... 58 2.1.2 RELAÇÕES SOCIAIS E INSTITUCIONALIZAÇÃO DA PROFISSÃO................................... 63 2.2 O SERVIÇO SOCIAL E AS POLÍTICAS SOCIAIS .............................................................. 73
CAPITULO 3 - O LUGAR DO SERVIÇO SOCIAL NAS EMPRESAS PRIVADAS DA CIDADE DE MEDELLIN................................................................................ 79
3.1 A EMPRESA PRIVADA COMO UM ESPAÇO SOCIOINSTITUCIONAL DE ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL............................................................................................... 80
3.1.1 O CONCEITO DE EMPRESA E DAS ÁREAS DA GESTÃO HUMANA................................. 81 3.1.2. GESTÃO DE TALENTO HUMANO: ÁREA DE COMPROMISSO PROFISSIONAL DOS
ASISTENTES SOCIAIS.............................................................................................. 92
3.1.3 ANTECEDENTES HISTÓRICOS DO SERVIÇO SOCIAL TRABALHISTA NA COLÔMBIA....... 99 3.1.4 LEGISLAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL NA COLÔMBIA PARA SUA INTERVENÇÃO NAS
EMPRESAS........................................................................................................... 102
3.2. SERVIÇO SOCIAL NA ÁREA DE GESTÃO HUMANA DAS EMPRESAS PRIVADAS DE MEDELLÍN E SUA RELAÇÃO COM A FORMAÇÃO ACADÊMICA....................................... 103
3.2.1 A FORMAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL NAS UNIVERSIDADES DA CIDADE DE MEDELLIN PARA A PRÁTICA NO CAMPO DA GESTÃO HUMANA.................................................. 104
3.2.1.1 FACULDADE DE SERVIÇO SOCIAL DA UNIVERSIDADE PONTIFÍCIA BOLIVARIANA E SEU CURRÍCULO PARA A FORMAÇÃO DOS ASSISTENTES SOCIAIS........................... 104
3.2.1.2 ESCOLA DE SERVIÇO SOCIAL DA UNIVERSIDADE DE ANTIOQUIA E SEU CURRÍCULO PARA A FORMAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL.................................................................. 117
3.3 INTERPRETAÇÃO DA INTERVENÇÃO DOS ASSISTENTES SOCIAIS NAS ÁREAS DA GESTÃO HUMANA POR AUTORES COLOMBIANOS...................................................... 123
3.4. INTERPRETAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL NAS EMPRESAS A PARTIR DA TEORIA CRÍTICA............................................................................................................... 135
CAPÍTULO 4 – AS EMPRESAS PRIVADAS DE MEDELLIN COMO ESPAÇO SOCIOINSTITUCIONAL DA PRÁTICA DOS ASSISTENTES SOCIAIS.......... 141
4.1 O PERFIL DAS EMPRESAS PRIVADAS DE MEDELLIN, CAMPO DA PESQUISA.................. 142 4.1.1 CARACTERÍSTICAS GERAIS DAS EMPRESAS............................................................ 142 4.1.2 NÚMERO DE TRABALHADORES, ASSISTENTES SOCIAIS E FORMAS DE CONTRATAÇÃO 147 4.2 PERFIL DOS PROFISSIONAIS DE SERVIÇO SOCIAL...................................................... 151 4.2.1 CARACTERÍSTICAS SOCIODEMOGRÁFICAS DOS ASSISTENTES SOCIAIS.................... 151 4.2.2 CARGOS DE DESEMPENHO, SALÁRIO E LEGITIMAÇÃO DA PROFISSÃO...................... 156 4.3 FORMAÇÃO ACADÊMICA DOS ASSISTENTES SOCIAIS DAS EMPRESAS PRIVADAS DE
MEDELLIN............................................................................................................... 170
4.3.1 UNIVERSIDADE DE GRADUAÇÃO E FORMAÇÃO COMPLEMENTAR.............................. 170 4.3.2 COMPETÊNCIAS MAIS DESTACADAS, VALORES E PERTENCIMENTO A OUTROS
GRUPOS POR PARTE DOS ASSISTENTES SOCIAIS...................................................... 174
4.4 A PRÁTICA DOS ASSISTENTES SOCIAIS NAS ÁREAS DE GESTÃO HUMANA DAS EMPRESAS PRIVADAS DA CIDADE DE MEDELLIN...................................................... 180
4.4.1 O QUE FAZEM OS ASSISTENTES SOCIAIS NAS EMPRESAS? QUAIS AS SUAS AÇÕES?. 182 4.4.2 O PARA QUÊ DA PRÁTICA PROFISSIONAL DOS ASSISTENTES SOCIAIS....................... 194 4.4.3 O PORQUÊ OS ASSISTENTES SOCIAIS DESEMPENHAM ESSAS AÇÕES NAS
EMPRESAS? ........................................................................................................ 200
4.4.4 O COMO FAZEM SUAS PRÁTICAS OS ASSISTENTES SOCIAIS NAS EMPRESAS? PRINCIPAIS METODOLOGIAS E FERRAMENTAS UTILIZADAS .................................... 206
CAPÍTULO 5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................ 220 REFERÊNCIAS............................................................................................................ 231 ANEXO 1. CRIAÇÃO DAS PRIMEIRAS ESCOLAS DE SERVIÇO SOCIAL NA COLÔMBIA........... 239 ANEXO 2. PLANEJAMENTO DO PROGRAMA DE SERVIÇO SOCIAL DA UPB.......................... 245 ANEXO 3. PLANOS CURRICULARES UPB. AULAS QUE APOIAM O PROCESSO DE
FORMAÇÃO DA GESTÃO HUMANA................................................................... 249
ANEXO 4. PLANO DE ESTUDOS ATUAL DA U.A.............................................................. 251 ANEXO 5. PLANO DE ESTUDO Nº 4. ANTERIOR. U.A...................................................... 253 ANEXO 6. MAPA DA COLÔMBIA. UBICAÇÃO DE ANTIOQUIA.............................................. 255 ANEXO 7. MAPA ÁREA METROPOLITANA DE MEDELLIN.................................................... 256 ANEXO 8. MAPA 4. MEDELLIN E SEUS BAIRROS............................................................. 257 APÊNDICE - GUIAS DE ENTREVISTAS........................................................................... 258
16
VIII. INTRODUÇÃO
A presente tese tem como objetivo analisar as determinações da prática
profissional dos assistentes sociais na área de gestão humana nas empresas privadas
da cidade de Medellín, Antioquia, Colômbia.
O interesse nesta discussão está relacionado aos mais de vinte anos de
experiência em três empresas da cidade de Medellín, as quais permitiram um amplo
observatório de diferentes alternativas de atuação profissional, mas uma única direção
neste campo, experiência que não se quer desconhecer, pois a partir de então se
experimentou questionamentos sobre quais são as determinações que levam os
assistentes sociais a exercerem suas práticas, e como as exigências do empregador
muitas vezes se sobrepõem à realidade das demandas dos trabalhadores.
Igualmente trouxeram as inquietudes apresentadas com relação à profissão
de serviço social e ao mundo empresarial, com perguntas tais como, as atividades que
o assistente social desenvolve nas empresas privadas de Medellín tem relação com sua
formação profissional? Ou corresponde às demandas da prática? O que o assistente
social está fazendo corresponde às expectativas e demandas dos empresários? E às
demandas dos trabalhadores?
A partir do acesso aos conhecimentos e à produção teórica no doutorado no
Brasil, teve-se a oportunidade de procurar respostas à tais questionamentos. Procurou-
se relacionar os antigos questionamentos de diferentes colegas daquele país e
estudantes das salas de aula com os recentes estudos a partir da visão e do ponto de
vista das teorias trabalhadas no doutorado com inquietudes relacionadas aos seguintes
aspectos: o serviço social duplamente referenciado; a teoria crítica tão pouco
trabalhada em aulas; o objeto do assistente social a partir do mundo do trabalho
inserido na dinâmica social das mudanças atuais; a instrumentalidade do Serviço
Social; o perfil do profissional e a prática profissional nas empresas.
17
Igualmente se procurou evidenciar nas análises as inquietudes que permitem
visualizar tensões e contradições na prática profissional, no campo empresarial e quais
são suas determinações. Segundo Veras e Battini:
O perfil dos assistentes sociais e as condições de trabalho da categoria profissional, consideram que uma profissao é também aquilo que os profissionais fazem. O projeto profissional não passa apenas por um desenho teórico ou por uma escolha político-social, passa também pela prática dos seus agentes, por sua situação de classe, por sua condição de profissional assalariado, inscrito na estrutura sócio-ocupacional que o torna mais próximo da fração de classe trabalhadora, esta mais diretamente submetida às imposições do capital. (2009: Pag 10).
O texto acima nos coloca frente à evidênca de um serviço social determinado
também por seu fazer, sendo isto o que dá valor à profissão, segundo o meio onde o
profissional exerce suas funções, no mundo das empressas, desde sua origem,
considerada de segundo nível, para dar respostas às novas demandas dos
trabalhadores e empresários. Por sua vez, muitas das demandas realizadas por parte
dos empresários, ao passá-las pelo filtro da profissão, não correspondem ao perfil, à
formação e ao objeto de intervenção da profissão, pois estão distantes do propósito
para o qual a profissão foi socialmente criada.
É comum encontrar inquietudes e comentários tanto em profissionais
experientes como nos novos, tais como: por que muitos dos profissionais exercem
funções na área empresarial, que nada têm a ver com a profissão? Por que ainda
temos profissionais que trabalham esquemas assistencialistas, conservadores,
considerados tradicionais, que só limitam as possibilidades de crescimento e
desenvolvimento dos seus usuários? Será que o profissional se deixa delimitar por um
salário, por um cargo que lhe permita manter seu status? Vende-se ou vende a sua
força de trabalho para manter sua estabilidade laboral desconhecendo seu objeto,
formação e ética profissionais? Igualmente foram encontradas afirmações que
manifestam que os profissionais de serviço social estão sendo incapazes de responder
às demandas e mudanças que hoje apresenta o desafiante mundo do trabalho nas
empresas.
Não se pode olvidar que a condição de assalariado dos profissionais e as
condições atuais no mundo do trabalho são parte das determinações concretas e
18
específicas deste momento histórico que vive a profissão, ainda mais e especificamente
em seu fazer, pois é avaliada como uma profissão que se coloca na divisão social e
técnica do trabalho no capitalismo hodierno.
Enfatiza-se as determinações sócio-históricas, econômicas e políticas e a
formação profissional que circunscreve a prática profissional dos assistentes sociais e
seu perfil nas empresas privadas, sem pretender avaliar suas intervenções, mas trata-
se da primeira pesquisa sobre este tema na cidade de Medellín.
Diz respeito ainda à pesquisa de relevância, pois não se tem informações
sobre a prática profissional do assistente social em empresas na cidade de Medellín, e
no país são escassas as informações relacionadas ao tema.1 Neste sentido, esta
pesquisa proporcionará ampliar o debate sobre o assunto permitindo que, a partir de
uma profissão de natureza tão marcadamente interventiva, se possa refletir sobre os
espaços e a própria atuação profissional. Assim, fortalecerá o debate em torno do papel
do assistente social no desafiante mundo do trabalho e provocará reflexões sobre a
direção do projeto profissional na Colômbia.
O tema é de interesse tanto para melhorar os níveis acadêmicos quanto por
ser a área investigada uma das áreas de maior demanda para o exercício da profissão
na cidade de Medellín, pois poucos estudos se tem sobre o tema na Faculdade do
Serviço Social da Universidade Pontifícia Bolivariana, assim como em outras
1 Só se encontrou as seguintes pesquisas desenvolvidas com apoio do CONETS em Bogotá, Medellín, com influência no país, relacionadas com outras práticas dos assistentes sociais, mas não se têm dados com relação à pratica nas empresas: “Caracterização geral sobre o desempenho profissional de 479 assistentes sociais, inscritos no Conselho Nacional de Serviço Social até o dia 26 de agosto de 1987”, Luz Marina Villa de Yarce e outras, publicada na Revista Colombiana de Trabalho Social CONETS, 1987; “Espaço Profissional no atuar do Serviço Social dos(as) assistentes sociais inscritos(as) no Conselho Nacional do Serviço Social, Lei 53 de 1977, nos anos 1987-1992”. Lida Rocío Aguirre Álvarez e Ana Cristina Ardila Poveda; “Espaço profissional no atuar dos(as) Assistentes Sociais inscritos(as) no Conselho Nacional de Serviço Social, Lei 53 de 1977, nos anos 1993-1997”. Nora Patricia Chauta Moyano e Bertha Esperanza Peña Urrego; “Perfil ocupacional do graduado das Faculdades de Educação Familiar e Social e de Serviço Social da Fundação Universitária Monserrate 1982-1990”; “Estudo de seguimento para os graduados dos programas de Serviço Social, Licenciatura em Educação Pré-escolar e Licenciatura em Educação Básica Primaria da Fundação Universitária Monserrate 1999-2004”, Clara María Talero García e Catalina Jaramillo Garcés; “Competências laborais dos Assistentes Sociais vistas a partir do mercado laboral”, 2006. Emilia López Luna e T.S. Melba Yesmit Chaparro Maldonado; “O exercício profissional dos graduandos de Serviço Social da U.P.B. entre 1947 e 1999”. T.S. Marta Elena Correa, Liliana Cossio e equipe “Criação de um sistema de informação de seguimento aos graduados do programa de Serviço Social da Universidade Pontificia Bolivariana, durante o período 2003-2009.
19
universidades localizadas naquela cidade. Dessa forma, pretende-se tornar possível a
exploração e o aprofundamento do tema investigado no futuro.
O dado anterior é sustentado pelo Conselho Nacional de Educação para o
Trabalho Social (CONETS), (2006), quando diz, na história da profissão, que as
maiores intervenções dos profissionais na Colômbia estão em campos tradicionais
como saúde, família, comunidade e reabilitação, e também, ainda hoje, se encontram
intervenções nas áreas de gerência social. Mas, na verdade não se encontram dados
de intervenções no campo de bem-estar trabalhista, tem-se em conta que foi este
campo ou área que mais influenciou seu surgimento como profissão na Colômbia. O
mais preocupante é que ainda segue sendo um dos campos onde mais intervenções
são observadas e onde mais demandas se tem com relação a outras intervenções. Isto
mostra no campo laboral um serviço social importante para a prática empresarial, de
forte cariz intervencionista, mas com pouca ou nenhuma produção de conhecimentos
na área. É o que explica de certa forma o porquê da mínima legitimidade do serviço
social nas empresas da Colômbia e, especialmente, nos cursos de Serviço Social, cuja
legitimidade junto aos assistentes sociais é restrita, pois pouco ou nada se tem escrito
sobre a profissão no dito campo, campo tabu?
Ainda a presente tese permitirá aprofundar a prática do assistente social na
área empresarial, se aproximar do como vem respondendo ao novo marco social e
político de um mundo globalizado, onde suas tendências desconhecem a verdadeira
condição humana, traçando marcos de bem-estar fictícios, pois com a criação dos
chamados departamentos ou áreas de talento humano, de gestão humana, se vem
reforçando os objetivos empresariais e definindo metas com prioridade nas pessoas,
ocultando, assim, a verdade, que é a de priorizar as respostas ao mercado e, por
consequência, garantir maiores ganhos para a empresa. Esta investigação permitirá
desvelar, desnudar a prática da profissão na área empresarial, a partir de uma reflexão
sobre o objeto para a qual foi criada, sobre os valores e os conceitos básicos nos quais
se propõe a formação e a prática profissional do serviço social empresarial, no setor da
gestão humana.
20
Os estudos citados na nota de rodapé 1 acima, mostram que é Medellín a
cidade que detém o estudo mais recente e que são os profissionais desta cidade que
mais se destacam por suas intervenções administrativas com vinculações no setor
privado. Também mostram que continuam sua formação especializada e com melhores
salários. Todas as pesquisas anteriores mostram perfis muito gerais e não se tem
pesquisas que apresentem diretamente o fazer dos profissionais num campo
específico, como o faz a presente pesquisa que se desenvolve com preferência no
campo trabalhista. Os dados mostram a necessidade deste estudo, sem desconhecer
os aportes que outros vêm dando à qualificação permanente da profissão.
É indispensável levar em conta que as reflexões aqui apresentadas não têm
como objetivo esgotar o tema, nem mesmo generalizar observações, elas objetivam
contribuir para o debate acerca da atuação profissional dos assistentes sociais em
empresas privadas e, com isso, estimular a produção de estudos permanentes sobre a
temática em tela, construindo conhecimento social a partir da prática no setor da gestão
humana.
As empresas da cidade de Medellín, especialmente as consideradas
privadas segundo o Código do Comércio, representam um amplo espaço de trabalho
para os profissionais de servico social, além disso, também fazem parte da chamada
força de trabalho, pois por um salário exercem suas funções, sendo contratados, pagos
e controlados pelos empresários que, neste caso, representam o capital.
Aqui parte-se do pressuposto de que o serviço social não é uma profissão
autônoma, pois exerce suas funções dispondo das condições materiais e técnicas a
serviço das classes existentes. Suas funções são exercidas com uma liberdade relativa,
isto ajuda a compreender quando Palma (1985: p.163) nos explica que, o profissional
do serviço social, ao ser contratado pelo Estado, pelas empresas ou por grupos
populares não tem liberdade absoluta para exercer suas intervenções, deve considerar
em sua atuação os procedimentos e as formas metodológicas propostas e aprovadas
pelas empresas ou instituições que o contrata, o que limita suas iniciativas,
desconsiderando muitas vezes sua dimensão criativa, confirmando que é uma profissão
que tem sua existência graças a uma demanda socialmente determinada. Os
21
procedimentos e metodologias são definidos por quem contrata o profissional, neste
caso a instituição ou empresa. Também o confirma Iamamoto, (2008, p. 215) quando
afirma que:
Sendo o Serviço Social regulamentado como uma profissão liberal e dispondo o assistente social de relativa autonomia na condução do exercício profissional, tornam-se necessários estatutos legais e éticos que regulamentem socialmente essa atividade. No entanto, essa autonomia é tensionada pela compra e venda dessa força de trabalho especializada a diferentes empregadores: o Estado, os empresários, as organizações de trabalhadores, e de outros segmentos organizados da sociedade civil.
À luz das afirmações analisou-se as demandas que vêm fazendo os
empresários e trabalhadores de Medellín e sua Área Metropolitana aos profissionais do
Serviço Social e como os assistentes sociais as respondem, como estes constroem e
materializam suas respostas, tendo em conta seu perfil profissional.
Foi necessário, portanto, ter um conhecimento destes espaços de trabalho,
onde hoje desempenham suas atividades um alto número de profissionais do serviço
social nas empresas privadas dos setores Agrícola, Industrial, Comercial e de Serviços,
que forma a economia do país, especialmente no Setor Indústria e Comércio, tanto na
grande como na média empresa.
É como Netto (2001) afirma: “A emergência do Serviço Social, enquanto
profissão inserida na divisão social e técnica do trabalho, está relacionada à própria
emergência do proletariado urbano industrial no capitalismo em sua fase monopolista.”
A preocupação deste momento histórico, como emergente para o Serviço Social, é
importante porque indica a relação estreita entre a profissão, sua obrigação na ordem
capitalista e os conflitos inerentes a esta ordem, elementos que não se pode
desconhecer, pois foram determinantes na origem da profissão.
Pela racionalidade produtivista ao longo do processo histórico, as requisições
tradicionais dirigidas aos assistentes sociais foram sendo mais reestruturadas, em
outras palavras, pode ser pela proposição dos profissionais que perceberam
possibilidades de atuação na empresa, ou também pelas mudanças no processo
produtivo. Não se pode esquecer, que as mudanças de cenário também colocam novas
questões que podem ser objeto das competências profissionais.
22
De acordo com o explicitado, a profissão é entendida como atividade
historicamente determinada pela forma como está constituída a sociedade, é, por sua
vez, efeito do desempenho da categoria profissional, isto é, das respostas e
posicionamentos que os assistentes sociais têm dado às questões sociais dos
diferentes grupos e classes sociais.
Nessa ótica, tem-se o objetivo geral de analisar as determinações da prática
dos assistentes sociais no setor da gestão humana nas empresas privadas de Medellín
e sua área metropolitana, Departamento de Antioquia, Colômbia, levando-se em conta
a relação dos perfis profissionais encontrados e a formação recebida no contexto
histórico e sociopolítico de Medellin, Colômbia, se procurando resignificar a profissão e
contribuir para a transformação do exercício da profissão na cidade e dentro do país, e
como objetivos específicos: caracterizar os perfis dos profissionais do Serviço Social
que trabalham na área de gestão humana das empresas privadas, tomando como
ponto de partida a formação acadêmica recebida; captar como desenvolvem suas
práticas profissionais nas empresas a partir das antigas e novas requisições
demandadas em sua intervenção profissional; identificar e analisar os suportes
ideológicos teórico-conceituais, metodológicos e os valores que orientam as ações dos
assistentes sociais das empresas privadas, a partir da formação recebida, com os quais
intervêm em sua prática profissional e, por fim, identificar quais são os limites e as
possibilidades de participação do Serviço Social trabalhista, que apoiam a busca de
novos desafios na intervenção, especificamente em função da crise atual do mundo do
trabalho.
Partiu-se do pressuposto de que a prática profissional no setor da gestão
humana das empresas privadas de Medellín, Antioquia, e as suas requisições tanto por
parte dos empregadores como dos trabalhadores das empresas, na atualidade, sofrem
determinações, encontram-se tensionadas e são diferentes do que será visto em sua
trajetória história a partir das mudanças do mundo do trabalho e das novas exigências
profissionais para as quais os assistentes sociais se encontram hoje, suficientemente
preparados.
23
O enfoque metodológico da pesquisa esteve fundamentado no levantamento
e na análise das referências bibliográficas disponíves e em duas fontes principais: a
revisão da produção de conhecimento na área de serviço social na empresa, sobre os
temas relacionados com sua origem e evolução associados a esse espaço
sócioinstitucional de trabalho; e a análise teórico-crítica das categorias fundamentais
contidas na pesquisa de tais empresas: gestão de talento humano e formação
profissional. E, ainda, na revisão dos currículos do curso de Serviço Social, que têm
significativa trajetória na formação dos profissionais na cidade, como é o caso da
Universidade Pontifícia Bolivariana - UPB.
Para tanto foram mobilizados os conhecimentos produzidos no meio
acadêmico, com aproximação das referências bibliográficas brasileiras. É importante
destacar que as publicações sobre este tema na Colômbia são diminutas e só se tem
artigos em revistas, especialmente na Revista da Faculdade da Universidade Pontifícia
Bolivariana (UPB) e nas revistas do CONETS.
Na pesquisa de campo aprofundou-se o conhecimento relacionado ao campo
empresarial, através das narrativas da prática de 44 profissionais, 5 chefes e 197
trabalhadores, objetivando obter a caracterização do perfil dos profissionais e da sua
prática profissional neste campo de atuação. Neste sentido utilizou-se como técnica de
coleta de dados a entrevista semiestruturada em profundidade com uma guia
previamente preparada, a qual foi aplicada aos assistentes sociais e chefes, e um
instrumento guia como foi o da entrevista aplicada com os trabalhadores. Vale ressaltar
que foi utilizada a análise de conteúdo do corpo das entrevistas realizadas, a qual
permitiu também conhecer a formação recebida, que por sua vez, facilitou a análise das
requisições dos empregadores e dos trabalhadores sobre a prática profissional e a
visão que os mesmos apresentaram sobre a profissão no momento atual, considerando
as diferentes circunstâncias e suas determinações.
A investigação tem um caráter mais exploratório e qualitativo porque
permitiu, de acordo com Pérez (2000a:20), “a consecução da compreensão dos fatos
mediante métodos qualitativos que lhe proporcionam um maior nível de compreensão
pessoal dos motivos e crenças que estão por trás das ações das pessoas”
24
Seu caráter exploratório obedeceu à busca de [...] familiarizar-se com
fenômenos relativamente desconhecidos, obter informação sobre a possibilidade de
levar a cabo uma investigação mais completa sobre um contexto particular da vida real”
(SAMPIERI 1991 apud, RÉVILLON: 2001).
O universo pesquisado esteve composto pelos assistentes sociais que
trabalham nas áreas da gestão humana das empresas privadas da cidade de Medellín
e sua Área Metropolitana2. São empresas privadas consideradas, segundo o Código de
Comércio, como: médias e grandes empresas por ter em seu quadro mais de 500
trabalhadores, as quais garantiam a contratação dos profissionais. Segundo a lei do
Código Laboral na Colômbia, as empresas com mais de 500 trabalhadores devem
contratar um profissional da área para atender a tudo o que estiver relacionado ao seu
bem-estar. Em sua maioria são empresas de produção de bens e serviços coletivos.
Vale ressaltar que a única empresa pequena - de 10 a 50 trabalhadores - que participou
da pesquisa, se ofereceu voluntariamente e desejou contribuir.
Em sua maioria essas empresas contrataram assistentes sociais graduados
pela universidade privada, a Universidade Pontifícia Bolivariana, para atuarem na área
de gestão humana, e que vêm desempenhando funções conjuntamente com outros
profissionais da área. Esses dados foram recolhidos à base de dados existentes nos
arquivos da Faculdade da UPB.
Finalmente, a amostra é do tipo não probabilística intencional ou de
conveniência, onde o pesquisador selecionou inicialmente de forma direta e
intencionada empresas representativas do meio, que respondiam aos critérios gerais de
ser do tipo empresa privada e de ter em áreas de gestão humana assistentes sociais
contratadas que vêm desempenhando funções em um prazo maior que um ano. Essa
seleção se baseia no modelo da bola de neve, onde uns assistentes sociais
convidavam a outros, até que finalmente se obteve o total de 44 assistentes sociais de
2 Em Antioquia há 1001 empresas privadas registradas na Superintendência de Comércio para o ano 2011, dentre as quais 665 pertencem ao Setor Indústria, o equivalente a 66%, ao Setor Comércio 130 empresas ou 13%, ao Setor Serviços 121 ou 12% e ao Setor Agrícola 85 empresas, ou seja, 8%.
25
39 empresas participantes, dos quais não se conhece se tem ou não registro
profissional provido pelo CONETS.3
Os assistentes sociais foram convencidos, via telefone, e confirmaram seu
desejo de participação. Diante disso houve a participação da totalidade dos chefes das
assistentes sociais. O único critério, além do tempo de exercício, para fazer parte desta
amostra da investigação era ter disponibilidade e concordar em conceder a entrevista.
Levando-se em conta que as empresas no mês de novembro iniciam suas atividades
de fim de ano, realizando validação dos resultados e pressupostos, a maioria dos
chefes cancelaram na última hora as marcações, não possibilitando outras opções de
encontro, só se conseguindo entrevistar 05 chefes. Pela mesma razão se obteve de 15
empresas uma amostra de 197 trabalhadores.
Com o acesso às 15 empresas se teve informação dos trabalhadores sobre a
opinião frente aos serviços e intervenções do profissional de serviço social. A seleção
da participação dos trabalhadores foi aleatória para garantir a validez e confiabilidade
dos resultados.
Para as técnicas da coleta da informação, segundo Cabrera (2002), a
qualidade e credibilidade dos juízos avaliativos se apoiam nos dados e observações
coletados da realidade, o qual se constroi a partir da aplicação de técnicas de coleta de
dados e/ou análises da informação que se obtém, portanto, é mais importante a
rigorosidade na elaboração dos instrumentos e na utilização de procedimentos que
creditam a qualidade da informação que usar juízos avaliativos.
Tendo em conta esta lógica, e para o caso da amostra, teve-se como
instrumento da coleta de dados uma entrevista semiestruturada, a qual “consiste numa
lista de perguntas abertas e fechadas, organizadas, (lidas literalmente, e seguindo a
mesma ordem para o entrevistado), e sua formulação é idêntica para cada entrevistado”
(CEA, 2001: p. 254). As entrevistas foram gravadas para garantir a informação. As 3 O CONETS, segundo dados do ano 2010, tem 3.922 pessoas registradas, das quais apenas 602 do Antioquia. Se relacionamos este dado com os 6000 assistentes sociais que a UPB tem graduado no Antioquia nos anos de sua existência, podemos concluir que a maioria dos profisionais não se registram no órgão da categoria, pois na maioria das contratações na Colômbia não se requisita tal documento, só é indispensável para as contratações com as universidades e as empresas do Estado, e lembremos que a população objeto da pesquisa é de assistentes sociais de empresas privadas onde não se requisita tal registro.
26
perguntas abertas “são aquelas que não circunscrevem as respostas às alternativas
pré-determinadas, onde a pessoa pode se expressar com suas palavras” (CEA, 2001:
p. 258). As perguntas fechadas, também denominadas pré-codificadas ou de resposta
fixa “são aquelas cujas respostas estão dadas quando se desenha o questionário. O
investigador determina previamente quais são as diversas opiniões de respostas
possíveis” (CEA, 2001: p. 254).
Para as técnicas de análise de dados se fez uma análise da informação,
seguindo os processos de descrição e interpretação. Segundo Latorre e González, a
análise de dados é “a etapa de procura sistemática e reflexiva da informação obtida
através dos instrumentos. Constitui um dos elementos importantes do processo da
investigação, e implica trabalhar os dados, recopilar, organizar, sintetizar e procurar
regularidades ou modelos entre eles. ”(In PÉREZ, 2000b: p. 102).
Com a finalidade de interpretar adequadamente os dados das informações
das entrevistas aplicadas, se utilizou o programa Excel, com o objetivo de codificar os
mesmos, como também foi utilizado o programa de Atlas TI, programa considerado útil
para análises de investigações qualitativas, seu objeto é facilitar a análise qualitativa de
grandes volumes de dados textuais, cruzamento de dados e codificação de escritura de
amplos tamanhos.
Teve-se elaboradas fichas, com a transcrição textual dos dados
proporcionados por cada entrevistado.
A descrição se realizou de acordo com os objetivos da investigação,
relacionando e estabelecendo conexões entre as diferentes categorias tais como: a
prática profissional, a formação em serviço social, empresas privadas e suas mudanças
hoje, demandas e respostas dos assistentes sociais, o que fazem, para que o fazem ,
porquê o fazem e como o fazem, assim como possíveis comparações entre as
assistentes sociais de universidade privada e as da pública. (PÉREZ, 2000: p. 107).
Na investigação, a confiabilidade está dada pela caracterização detalhada
dos participantes, também de uma descrição das circunstâncias no que se leva a cabo
a amostra e a coleta dos dados. Igualmente se levou em conta as teorias do serviço
social crítico brasileiro, se destacando entre os autores consultados e suas obras mais
27
conhecidas: Marilda Iamamoto, Serviço Social no tempo de capital fetiche (2007); José
Paulo Netto, Serviço Social crítico. Cinco notas a propósito da questão social (2003); Ana Elizabete Mota, O feitiço da ajuda: as determinações do Serviço Social na empresa
(1998); Vicente Faleiros, Estratégias em serviço social (2007); Yolanda Guerra, O
Serviço Social frente à crise contemporânea: demandas e perspectivas (2001); Ricardo
Antunes com sua obra Os sentidos do trabalho (1999), Martinelli, Servicio Social
Identidad y Alineación (1997), entre outros.
A validade da presente pesquisa fez referência à “relação que há de existir
entre o conceito teórico e o indicador empírico” (CEA, 2001: p. 150).
Na relação com a ética, a presente investigação respeitou a
autodeterminação das pessoas na entrega da informação, a opção do anonimato das
empresas, dos trabalhadores e entrevistados no momento de fazer a análise dos
dados. Foi mantida uma absoluta discrição no uso da informação e também a
confiabilidade no uso da mesma.
Para cumprir com o compromisso de anonimato, as empresas foram
enumeradas em ordem ascendente, segundo o momento da participação na entrevista.
Assim, a empresa um (1) foi a primeira que participou da pesquisa e a empresa trinta e
nove (39) a última a participar da mesma. Faz-se menção da empresa e do assistente
social com a numeração correspondente nos momentos necessários.
As entrevistas foram aplicadas no período de tempo entre setembro e
novembro de 2011 com 01h30’ de duração para cada assistente social, 01h00 para os
chefes e 00h40’ para cada um dos trabalhadores. As mesmas foram realizadas nos
lugares combinados com as assistentes sociais dentro das mesmas empresas, as quais
se responsabilizaram pela logística da entrevista para seus respectivos chefes e
trabalhadores aleatoriamente selecionados.
Para apresentação final da tese, inicialmente procura-se dar conta da
formação social, econômica e política da sociedade e do Estado colombianos,
mostrando-se que desde seus primeiros momentos esta tem sido uma sociedade
determinada por uma dependência política e econômica externa, pela influência de uma
classe dirigente corrupta e com interesses de classe marcados, os quais têm gerado a
28
violência a partir da criação dos partidos políticos, provocando inequidade, injustiça,
pobreza e analfabetismo, situações que finalmente se convertem em determinantes da
atuação do serviço social.
Este marco de referência é fundamental para compreender o cenário sobre o
qual se desenvolve a intervenção do assistente social nas empresas privadas, de uma
maneira muito particular, na cidade de Medellín, considerada o primeiro centro
empresarial e industrial do país.
O segundo capítulo trata da origem e desenvolvimento da assistência, da
caridade e da beneficência como bases para a criação do serviço social como profissão
e disciplina, onde a igreja e o Estado deram respostas às crises social e econômica
originadas pelas guerras mundiais, que também impactaram nos países do terceiro
mundo. Soma-se ainda a crise propiciada pela industrialização, que se deu fortemente
no país, especialmente na cidade de Medellín, centro empresarial da Colômbia.
Igualmente trabalha-se neste capítulo as relações sociais e
institucionalização da profissão para culminar com a criação das políticas públicas
onde os assistentes sociais solicitados pelo Estado, pela Igreja e pelas múltiplas
instituições iniciam seus processos de intervenção.
O terceiro capitulo mostra a empresa privada como um dos espaços de
desenvolvimento da prática profissional institucionalizada, onde se materializa a relação
tripla entre empresário, trabalhador e assistente social, sendo este último um mediador
que intenta dar respostas às necessidades e demandas apresentadas por ambos, no
contexto da gestão humana. Esse capítulo busca ainda, apresentar como o campo
trabalhista surgiu pela solicitude das empresas, as quais demandam às universidades
a criação deste perfil profissional, tendo como base a legislação colombiana que regula
suas intervenções. Com as mudanças na concepção administrativa que incluem o
humano como eixo central e determinante dos processos de produção se desenvolve a
área de gestão humana, onde o assistente social encontra um novo espaço de
intervenção. Espaço que hoje enfrenta novos caminhos, segundo as novas formas
assumidas pelo capitalismo, onde o mundo do trabalho apresenta novos cenários de
tensão e contradição.
29
Apresenta ainda a formação acadêmica dos assistentes sociais,
especialmente a relacionada à área de gestão humana. Para isto se toma como eixo
central os antecedentes históricos da profissão e a legislação laboral que determinam
sua obrigatoriedade na intervenção e no mundo das empresas. Se ocupa finalmente de
fazer um análise sobre as diferentes disciplinas de formação e sua ênfase na
aprendizagem das competências, tanto técnicas quanto ideológicas e éticas, como
determinantes para o desempenho nas áreas da gestão humana.
Se reconhece a importância de inserir elementos da teoria crítica nesta
análise, pois as universidades colombianas, tão conservadoras e tradicionais, não têm
contemplado este tipo de estudo para dar conta da intervenção do assistente social nos
diferentes campos, especialmente neste que tem a ver com o mundo do trabalho, onde,
com maior ênfase, se dão as contradições e tensões nas relações entre capital e
trabalho. Neste capítulo encontram-se os elementos determinantes para a análise dos
dados de campo, centro desta pesquisa.
O quarto capítulo tem como objetivo mostrar os resultados de campo da
prática dos assistentes sociais das empresas privadas da cidade de Medellín. Nele é
revelado o perfil das empresas e dos assistentes sociais que nelas laboram, buscando
identificar os determinantes econômicos, sociais e políticos que condicionam o
desempenho de suas práticas e do modo como cada um utiliza as ferramentas e
metodologias aprendidas em sua formação, tanto na universidade pública como na
privada. Este capitulo interpreta os relatos do fazer, do porquê, do para que e do como
os assistentes sociais fazem a sua prática; rastrea o que permite desenhar as novas
determinações do fazer do assistente social no mundo do trabalho, tomando como
referência as empresas privadas, espaços socioinstitucionais das empresas privadas da
cidade de Medellín, Colômbia.
As considerações finais ressaltam as determinações da prática profissional
dos assistentes sociais que a realidade socioinstitucional das empresas privadas de
Medellin lhes impõe no fazer cotidiano e no desempenho de suas funções nas áreas de
gestão humana, considerando sobretudo as limitações e os desafios que este campo
gera para os profissionais na atualidade.
30
CAPÍTULO 1
___________________________________________________________________
A SOCIEDADE E O ESTADO COLOMBIANOS
Este capítulo aborda elementos básicos que permitirão reconhecer os
fundamentos da formação social, econômica e política da sociedade e do Estado
colombianos. É evidente que a Colômbia compartilha com os demais países latino-
americanos uma origem comum, que desde sua descoberta, da colônia, de sua
independência e até hoje, a história tem sido marcada pela vontade do primeiro mundo.
Não foi autônoma em nenhum dos aspectos, as influências ideológicas, sociais,
culturais e econômicas foram determinantes.
A Colômbia, como país subdesenvolvido, de diferentes maneiras continua
sob o domínio de outros países de primeira ordem, em primeiro lugar durante a colônia
sob o domínio espanhol, e, no momento presente, sob a dominação dos EUA. Esta
última influência foi determinante para a perda de autonomia política e econômica,
cresceu à sombra do imperialismo norte-americano, os EUA marcaram, através de sua
ideologia neoliberal, os limites do desenvolvimento econômico e social, posto que a
legislação não é autônoma, as elites que governam a Colômbia sempre têm o Estado
subjugado a sua vontade e aos lineamentos que determinam sua indústria e seu
sistema financeiro.
Igualmente se tenta mostrar a origem e desenvolvimento da indústria na
Colômbia com ênfase na cidade de Medellín, sob uma sociedade em permanente
conflito, onde se pode observar que fatores dessa violência foram determinantes para o
seu desenvolvimento. É necessário reconhecer que tanto o Estado como a indústria
permaneceram cegas à violência, pois seus interesses básicos são o poder e o
aumento das riquezas e nunca o bem-estar e o desenvolvimento da população. No
meio desta situação de conflito, o trabalhador social é vinculado às empresas para servir de mediador e responder desde à lei até às demandas impostas pelos
empresários aos trabalhadores.
31
1.1 COLÔMBIA: UM POUCO DA SUA HISTÓRIA, SUA FORMAÇÃO POLÍTICA, ECONÔMICA E SOCIAL.
A Colômbia, com sua capital Bogotá, está localizada no extremo norte da
América do Sul. Seu regime político atual é democrático, com eleições diretas para
presidência a cada quatro anos. Atualmente está em vigor a Constituição de 1991, a
qual permite reeleição presidencial sob o argumento de que é uma oportunidade para
que os governantes alcancem a execução dos planos de governo. O presidente atual é
o Doctor Juan Manuel Santos do partido conservador.
O território colombiano perfaz 2.070.408 km2, onde está distribuída uma
população de aproximadamente 46.000.000 milhões de habitantes. Possui a terceira
maior população da América do Sul, é constituída pela mistura de indígenas, africanos
e europeus, sobretudo, espanhóis. Sua língua oficial é o idioma espanhol. A maioria de
seus habitantes vive nos principais centros urbanos, que se localizam nas áreas
próximas ao litoral.
Tem um índice de desenvolvimento humano (IDH) de 0.710, ocupando, em
termos mundiais, o 87º lugar, com relação ao desenvolvimento econômico. Sua
esperança de vida é de 72.9 anos, tem uma mortalidade de 19.1 por mil nascimentos e
seu índice de alfabetização é de 92.8%. Sua divisão política está constituída por 32
Departamentos, dos quais um deles é Antioquia, com sua capital Medellín4, então
Região Metropolitana, lócus da pesquisa realizada.
Contam os historiadores, como Renan (2002), que no ano 1492, do século
XV, ao chegarem os espanhóis ao território colombiano encontraram três tipos de
famílias que povoavam as terras colombianas, a saber: a cultura Chibcha, a Caribe e a
Arwac. Estavam organizados sócio-politicamente por normas matriarcais, com leis e
preceitos segundo seus Deuses, transmitidos oralmente, e com um sistema de castigos
muito forte. Sua economia esteve baseada principalmente na agricultura, caça e pesca.
4 Medellín foi a primeira Região Metropolitana criada na Colômbia nos anos 1980 e a segunda em população depois do Distrito Capital de Bogotá. Sua população total urbana e rural é de 3.591.963 habitantes, dos quais 2.000.000 de habitantes correspondem à cidade de Medellín. Segundo informação de Jaime Restrepo (2006), o município está dividido administrativamente em área urbana e área rural. Tem 249 bairros considerados em sua maioria populares, localizados em seis zonas e dezesseis comunas, ademais tem cinco corregimentos com suas respectivas veredas.
32
O verdadeiro conquistador do Colômbia foi Gonzalo Jiménez de Quesada, no
ano 1536. Os espanhóis verteram uns vinte anos na exploração da costa colombiana,
fundaram várias cidades e avançaram para o interior do país na busca dos famosos
tesouros do Dourado.
A Colônia, que vai do ano 1550 até os anos 1810, se caracterizou pela
presença e pelo domínio político dos espanhóis e por uma sociedade onde os
costumes, a língua e a religião impostos pelos conquistadores se mesclaram com a
cultura indígena e mais tarde com a africana.
Nas palavras de Renan
Es acertado llamar este período del modo como se ha hecho, porque, en efecto, en estos siglos asistimos a un proceso de colonización, en el cual un grupo humano emprende la tarea de dominar y controlar un territorio distinto al suyo tradicional, y a sus pobladores, de modo sistemático y permanente, apareciendo al comienzo de este proceso dos grupos definidos: los dominadores y los dominados. (2002: p. 28)
Assim, em contato com a civilização que chegava, as culturas indígenas se
transformaram rapidamente. O catolicismo se converteu na religião principal, a lÍngua
indígena, que tivera o maior número de falantes, desapareceu das zonas mais
povoadas do país, e a miscigenação ganhou forte impulso. Nos territórios do Chocó e
nas costas do Caribe foram instalados escravos para trabalhar nas minas, na extração
do ouro e nas plantações de cana-de-açúcar.
A igreja católica, representada pelos missionários franciscanos, dominicanos
e jesuítas, desempenhou importante papel na catequese, apoiou a instalação da
escravidão com sua influência ideológica e a conquista e dominação dos territórios. No
ano de 1620 se instalou a inquisicão em Cartagena de Índias.
Os indígenas, primeiros habitantes da Colômbia, trabalharam para os
conquistadores por meio de instituições como a mita, a encomenda e os resguardos,
modalidades de escravidão, que obrigavam os indígenas a viver sob o domínio dos
conquistadores.
O vice-reino da Nova Granada foi criado a partir do ano 1717 até o ano 1740,
estabelecido em Bogotá e tinha autoridade sobre a Venezuela, Equador e o Panamá,
33
assim como a Colômbia. Este governo deu novo status político e significou o início de
uma nova era. Nos anos seguintes, a coroa espanhola procurou fortalecer o império
mediante maior centralização da administração e desenvolvimento do comércio. A
população aumentou e começou a consolidar-se uma nova classe social com crescente
poder: a dos crioulos, descendentes de espanhóis nascidos na Colônia.
Este Novo Reino de Granada dos séculos XVI e XVII, não só se caracterizou
por uma sociedade de pequenos e medianos colonizadores, que com apoio em seu
próprio trabalho e no trabalho familiar, criaram a riqueza, mas, também foi uma
sociedade de encomendas e logo de proprietários de terras, mineiros escravistas e
comerciantes de poder. Esta situação gerou as formas sociais e tipologias de
representações que separaram o trabalho manual do trabalho intelectual, tendo
significados diferenciados para cada um deles.
A partir da segunda metade do século XVIII começou na América o
descontentamento contra a ordem socioeconômica e política imposta pelos
colonizadores. As ideias da iluminação, as reações contra o absolutismo ilustrado e
eventos como a Revolução Francesa e a independência dos EUA criaram um ambiente
preindependentista na Nova Granada, o que começou com a revolução dos
Comuneros.
No dia 20 de julho do ano 1810 teve inicio o processo de libertação da
Colômbia da dominação espanhola, o que resulta na substituição das autoridades por
juntas de governo, originando duas correntes ideológicas: o federalismo e o
centralismo, cujo enfrentamento acelera o movimento de independência comandada
por Simon Bolívar, mas, foi em 07 de agosto de 1819, com a "Batalha de Boyacá", que
se deu a independência absoluta, com a criação da Grande Colômbia, que durou dos
anos 1819 até 1830.
No ano de 1830, Venezuela e Equador declararam sua Independência,
dissolvendo a Grande Colômbia, ao que pouco depois se converteu em um Estado
Federal. A mesma adota o nome de Estados Unidos da Colômbia em 1863, e em 1886
se constitui definitivamente, até nossos dias, em República da Colômbia.
34
Em meados do século XIX surgem os partidos liberal e conservador, cada
um com seu programa baseado na ideologia e filosofia liberal do século XVIII e nas
ideias do federalismo e centralismo da época, respectivamente. É um período que
representa para a Colômbia a marca e o rompimento definitivo com a estrutura
socioeconômica colonial.
Com a imposição das ideias liberais, o país entrou no sistema capitalista
imperante no Ocidente. A Constituição do Rionegro, dos anos 1863-1886, representou
o triunfo dos interesses livre-cambistas e a imposição das liberdades individuais
absolutas. Instaurou-se então um sistema protecionista, regido pela Constituição de
1886, que perdurou na Colômbia por mais de 100 anos, caracterizado por um rígido
centralismo e por amplas faculdades que outorgou ao poder executivo.
Com o predomínio do partido conservador no poder desde o ano de 1886, as
políticas protecionistas estabelecidas ao final do século XIX contribuiriam para o decolar
do processo de industrialização no país.
No começo do século XX, criou-se a política de substituição de importações,
em especial, de bens de consumo. A expansão da economia e principalmente do
processo de industrialização dão origem às transformações políticas e sociais. A
demanda da mão de obra incrementou-se a partir dos anos 40 com a migração para as
cidades, se intensificaram os conflitos sociais tanto no campo com a luta dos
camponeses, como na cidade com o movimento obreiro que deu origem ao
estabelecimento da reforma laboral.
Martinez (1981), afirma que a migração da mão de obra do campo para as
cidades gerou uma rápida mudança nos processos de urbanização, trazendo consigo
consequências sociais, políticas e econômicas para o país, que de rural passa
rapidamente para um país com características tipicamente urbanas.
A presença da população nas cidades aumenta a demanda por moradia,
saúde, educação, exigindo aumento da infraestrutura. Os camponeses passam a ser
empregados nas fábricas, conformando uma nova classe, surge a classe de operários,
que passa a vender sua força de trabalho aos donos do capital industrial.
35
Aparece, assim, a classe dominante, que é minoria, e coloca-se nitidamente
frente à classe trabalhadora, constituída por colombianos carentes de condições
mínimas de sobrevivência.
Afirma ainda a autora, que as condições de emprego dos trabalhadores não
cumpriam com as mínimas normas de segurança. As jornadas laborais eram extensas e
os salários baratíssimos, além do mais a necessidade abundante de mão de obra levou
à contratação de mulheres e crianças nas fábricas. Toda esta situação de insegurança
e exploração dos operários por parte dos empresários, gerou nas populações
descontentamentos, dando início a movimentos populares e a formação de grupos de
esquerda, que começam a fazer frente aos diferentes partidos políticos do país.
(Ibid:1981).
Neste mesmo período, o caudilho liberal Jorge Eliécer Gaitán passa a
defender os camponeses da zona bananeira e consolida o partido político UNIR (União
de Esquerda Revolucionária), então representante das massas populares. Esta força
política nascente alcança acolhida em todas as zonas do país, transformando Gaitán
num importante líder dos camponeses e trabalhadores.
Contudo, o conflito que começou desde os anos 30 como resultado das
tensões, dos embates políticos e sociais resultou no assassinato de Gaitán em 09 de
abril de 1948. (TORRES, 2006: p. 186). Igualmente o aumento dos conflitos entre
liberais e conservadores pelo poder aceleram ainda mais a migração para as cidades.
Nesta época aparecem os grupos das guerrilhas em zonas montanhosas e
distantes, em zonas camponesas povoadas e nas planícies orientais. Tendo em conta a
pressão destes grupos desestabilizadores, chega ao poder a ditadura militar com o
objetivo de controlar as zonas de conflito. Logo após este governo lhe seguiu o regime
bipartidarista entre liberais e conservadores, conhecido como Frente Nacional. Foi uma
estratégia política que permitiu aos dois partidos alternar-se no poder, a cada quatro
anos. Esta solução contribuiu para minimizar as diferenças ideológicas que distinguia o
partido liberal do conservador, gerando uma espécie de partido único. Mas isto
suscitou, na maioria da população, insatisfação, por ser um processo antidemocrático e
que não deu solução aos problemas estruturais presentes no país. (MARTINEZ, 1981).
36
Na década seguinte de 1960, a influência das ideias comunistas conferiram
um caráter diferente ao conflito. Milhares de famílias abandonaram suas terras e se
organizaram nas montanhas onde muitas se estabeleceram como grupos armados. A
violência começou a se manifestar com enfrentamentos entre guerrilhas de orientação
marxista leninista e as forças armadas. Surge então o ELN (Exército de Liberação
Nacional), no ano 1965, o EPL (Exército de Liberação Popular) no ano 1967 e,
finalmente, no ano 1973, faz sua primeira aparição o grupo M-19 (Movimento 19 de
maio).
Em 1974 se desfaz o acordo do Frente Nacional e se retoma o sistema de
eleição livre. É a partir deste momento que o contrabando e o narcotráfico começam a
consolidar suas ações no país.
Ante as necessidades de reformar a Constituição de 1886, um grupo de
estudantes universitários realizou um plebiscito no ano 1990. Este foi aprovado e se
arranja a conformação democrática da Assembleia Constituinte, integrada por
diferentes forças (estudantes, indígenas, guerrilheiros reinseridos, conservadores,
liberais, etc.). Desta Assembleia nasceu a Constituição Política da Colômbia do ano
1991, na qual a participação, o respeito pelos direitos fundamentais e a consolidação da
tradição democrática na Colômbia alcançaram alguns espaços na difícil situação
democrática do país.
1.2 COLÔMBIA – MEDELLÍN HOJE. ECONOMIA, POLÍTICA E SITUAÇÃO SOCIAL.
Afirmam Granda e outros (1994), que desde meados do século XX a
Colômbia vem passando por profundas transformações. A Colômbia de hoje é muito
diferente do país dos anos 50. Destacam-se aspectos dessa transformação tais como:
substituição de importações até começos da abertura econômica, a urbanização
acelerada, a universalização dos parâmetros culturais pela expansão dos meios de
comunicação, a ampliação da cobertura educativa em todos os níveis, o aparecimento
de novos atores sociais e a possibilidade de iniciar um processo de democratização a
partir da nova Constituição de 1991. Citado por Granda e outros, em termos de Buitrago
37
e Consuelo Corredor (1992: p.3), “O país tem tido um amplo e acelerado processo de
modernização” .
As primeiras intenções de atualização do Estado foram na década de 30 com
o programa de governo do Presidente Alfonso Pumarejo “Revolución en Marcha”, que
logrou um avanço para a autonomia econômica, liberalização e secularização do
Estado, mas não conseguiu realizar as reformas necessárias para uma modernização
mais ampla, tais como: a educação para desenvolver as capacidades técnicas e
laborais do país e, colocá-las a serviço do desenvolvimento industrial recuperando o
controle sobre a mesma, sendo necessário, ainda, obrigar os donos de terras a
converter os campos em empresas capitalistas para suprir as necessidades de matérias
primas para a nascente indústria, e alimentar a povoação urbana em crescimento.
Por sua vez, o nascente Estado procurava fortalecer os novos atores sociais,
como a classe operária que passou a se reunir por meio das organizações sindicais.
Busca-se criar um Estado Liberal, propiciando a participação dos novos
sujeitos sociais como consequência do crescimento industrial, significativo depois da
depressão capitalista, no ano 1929. Mas, esta intenção, por mudar a condução
autoritária da nação, fracassou ante a reação dos setores dominantes que muito tinham
a perder com as transformações propostas. Neste caso os conservadores se opuseram
a qualquer reforma que mudasse os destinos do país.
No âmbito econômico, e depois da Segunda Guerra Mundial, graças à
elevação dos preços do café, se dá a ampliação e o aprofundamento da
industrialização por meio da substituição de importações, e o país entra na fase de
produção de bens intermediários para satisfazer as necessidades do mercado nacional.
Granda e outros (In: CORREDOR, 1994: p. 309), afirmam que: "O modelo de
desenvolvimento seguido aprofundou os desequilíbrios econômicos e sociais que se
expressaram na centralização e concentração dos poderes econômicos e políticos, e na
polarização social no âmbito nacional, regional e local. A estrutura produtiva altamente
concentrada, cuja expressão foi a injusta distribuição do rendimento, foi um dos
obstáculos para a ampliação do mercado interno."
38
A modernização econômica que se desenvolveu a partir dos anos 70, não
assume as transformações dos diferentes setores socioeconômicos como um projeto
integral. Pelo contrário, começa a perfilar-se a fragmentação entre os que se
modernizam sob o impulso direto do Estado e os que permanecem excluídos dessa
possibilidade. Este processo, de não modernização integral, converte os setores
atrasados num lastro para o mesmo desenvolvimento industrial e em causa de
agravamento da crise social.
Segundo os autores, só um pequeno setor de colombianos se beneficia
realmente com o incremento das exportações. Mas o país tem que assumir as
consequências da crise, que implicou no crescimento da dívida externa e na redução
significativa do investimento social durante a citada década. Um olhar de fora do
modelo de desenvolvimento deixa sem possibilidades o desenvolvimento interno,
gerando consequências nefastas para os setores como a educação, a moradia, a saúde
e o campo.
Restrepo, chama a atenção para o problema quando afirma:
“Durante um século e meio, os partidos Liberal e Conservador, ainda que dividisse a Colômbia em duas subculturas rivais, constituíam também seu mais amplo fator de unidade. Porém, a partir dos anos setenta, estes partidos tradicionais se tornaram corroídos pelo clientelismo e pela corrupção. (2007: p. 27). (Tradução nossa)
Portanto, pode-se afirmar que, na década de 70, através de seus presidentes
liberais Alfonso Lopez Michelsen, nos anos 1974-1978, e Julio Cesar Turbay Ayala, no
período de 1978-1982, os respectivos governos se caracterizaram por um clientelismo
bipartidarista, que teve apoio de militares e empresários, especialmente rurais.
Destacam-se ações como a suspensão da Reforma Agrária, a qual foi
substituída pelo Programa de Desenvolvimento Rural Integrado (DRI). Sua orientação
era o fortalecimento da propriedade agrária, a exportação agrícola e o emprego rural.
Durante os primeiros anos desta década o governo e a inflação castigaram os mais
pobres. Procurou-se manter relações fortes com os países da América Latina.
Os EUA criticaram as poucas políticas repressivas adiantadas pelos
governos para enfrentar o narcotráfico, que apenas começava, gerando corrupção e
39
violência no país. Também nessa década se aprovou a lei de extradição dos
narcotraficantes para os EUA. Foram governos caracterizados pela repressão, objeto
de críticas por parte dos intelectuais e dos defensores dos direitos humanos.
(RESTREPO: 2007).
Na década de 80 teve-se como presidentes da República Belisario Betancurt,
do Partido Conservador (1982-1986) e Virgilio Barco (1986-1990) dos liberais. Deu-se
um governo de opinião com o fim de escapar das intrigas e pressões dos partidos
tradicionais, se entregam ministérios e outros altos cargos públicos a amigos e
conhecidos. Não se tem satisfação com as políticas dos EUA, mas se submetem à
mesma.
Dá-se, por sua vez, o impulso à descentralização, a qual conseguiu em 1988
a seleção dos primeiros prefeitos populares. Aparecem situações como redução e
supressão de algumas entidades do Estado, consideradas ineficientes.
Nesta década os lineamentos macroeconômicos do governo guiaram-se, por
indicações dos EUA, o que aumentou a dívida externa e a inflação. Esta última
alcançou 32%, afetando o setor cafeeiro, pois o sistema financeiro e comercial
internacional desapareceu para dar impulso ao mercado internacional.
Portanto, observa-se que se continua com os planos de governo, dando
passo livre às ideias neoliberais, que permitem entender a economia e a política
desligadas das responsabilidades do Estado, propiciando um mercado livre e políticas
geradas só pelas necessidades do setor capitalista.
A década de 90 correspondeu a dos presidentes Cesar Gaviria (1990-1994)
e Ernesto Samper (1994-1998), ambos liberais. Neste período se tem liberdade por
parte dos partidos e pelo congresso para governar os destinos do país, se permite
contratar tecnocratas recém-graduados para altos cargos do Estado. Deu-se a
convocatória para a nova Constituição, que contou com a participação dos diferentes
grupos. Criou-se a nova política de submissão5 dos narcoterroristas à justiça. Nesta
5 Esta política corresponde à Lei 81 de 1993, a qual permite a criação de mecanismos jurídicos, pelo governo com o propósito de desarticular as bandas do narcotráfico e da guerrilha. Busca-se alcançar o dobro do resultado em apoiar a recoleção das provas com o atrativo de beneficiar ao submetido, sempre e quando fornecer informação sobre outros delinquentes e suas organicações .
40
década se produziu a perseguição e morte do narcotraficante Pablo Escobar.
(RESTREPO: 2007).
Os governos da década de 90 mantiveram uma economia estável e um
mínimo de emprego permanente, mas, segundo o autor acima, esta aparente
prosperidade foi causada pelas entradas de dinheiro do novo cartel do narcotráfico da
cidade de Cali, os quais incentivaram o setor da construção em todo o país. Também
são governos considerados narcoclientelistas, pelo apoio da máfia.
Por sua vez, os grupos guerrilheiros das Forças Revolucionárias da
Colômbia (FARC), nesta década, adiantaram os mais temerosos atentados à população
de civis e da força militar, o que conduziu os grupos à margem da lei, chamados
paramilitares6, a começarem ações de violência contra as guerrilhas.
A Colômbia é conhecida como o país da narcodemocracia. “Em 1998, a
Nação e não só o Estado se encontravam à beira de um colapso geral: político,
diplomático, militar, econômico e moral”. (RESTREPO, 2007: p. 37).
Os finais dos anos 90 e a primeira década do ano 2000, corresponde à
presidência de Andrés Pastrana, do partido conservador (peridodo de 1998-2002), e
Álvaro Uribe (peridodo 2002-2010), do partido liberal.
É um período onde se começou a entregar provas do dinheiro da máfia nas
eleições do presidente anterior, Ernesto Samper. Também se apresentou boas
propostas para a negociação com as FARCs.
Nessa década se procurou restituir a imagem do governo colombiano e do
país no exterior, negociar a paz com as guerrilhas, fazer reforma política e impulsionar a
economia e o emprego. Mantiveram-se relações adequadas com os EUA, e propiciaram
recursos para o Plano Colômbia7, que ajudou a fortalecer as forças armadas da
Colômbia. A Europa também aprovou seus mecanismos de negociação e ofereceu-lhe
6 São os grupos armados fora da lei, os quais se organizaram para combater os grupos armados de extrema esquerda. Tem apoio econômico de negociantes de gado e industriais que não confiavam nas forças militares do Estado Colombiano. 7 O Plano Colômbia teve no começo muitas dificuldades para ser aprovado, pois sua apresentação não foi muito convincente, não foi acolhido pelos países Europeus, e os EUA o aprovaram com restrições por ter diferentes versões.
41
apoio. Toda esta mudança gerou confiança novamente no país, especialmente na elite
empresarial e política e, pela primeira vez na história da Colômbia o conflito armado se
internacionalizou, (RESTREPO: 2007), mas não alcançou a tão almejada paz, pois as
negociações com o grupo guerrilheiro das FARCs todo o tempo se apresentaram
interrompidas por falta de acordos entre as partes.
Também se deu no país uma intensa recessão econômica com um
crescimento negativo de – 4.3% e um nível de desemprego de 18%. Nos primeiros
anos desta década se encontrou um país desmotivado, com altos índices de violência,
obrigando a muitos cidadãos a sair do país.
Entre os anos 2002-2010 a presidência esteve nas mãos de Álvaro Uribe,
que se mostrou um homem forte, seu programa de governo foi baseado em uma
política de luta contra as guerrilhas, apoiado pela opinião pública, cansado da violência
dos grupos guerrilheiros, especialmente das FARCs.
Uribe, para fazer frente a todos os problemas do país, concentrou em suas
mãos os poderes do Estado, depreciando e ignorando os diferentes partidos políticos.
Passou por cima das hierarquias do governo, especialmente do Ministério da Fazenda,
da Chancelaria e das forças militares, às quais dava ordens diretas, desconhecendo
assim a verdadeira democracia.
Em seu governo foram criados os Conselhos Comunitários, onde assumiu o
compromisso de solucionar os problemas dos colombianos e articulava todo seu
gabinete presidencial. Distinguiu-se pela política de Seguridade Democrática, a qual
serviu para fazer-lhe frente ao terrorismo, ao narcotráfico e aos paramilitares. Toda a
política interna e internacional foi dedicada ao serviço da seguridade do país. Deu
tranquilidade de novo às vias e estradas mais importantes do país, às cabeceiras
municipais e enfrentou a direção das FARCs, que perdeu muitos de seus líderes.
O país recuperou um pouco a confiança na segurança e em seus governos,
pois a ênfase deste governo foi fortalecer a força do Estado para enfrentar os diferentes
grupos armados da Colômbia, apoiado todo o tempo pelos EUA.
42
Durante sua administração iniciou o desarme das autodefesas8, exterminou
extensões de cultivos ilícitos, prendeu carregamentos de droga9, extraditou mais de 250
colombianos solicitados pela justiça do exterior, e adiantou a tarefa de extensão de
domínio sobre os bens10 dos narcotraficantes. Também permitiu a aprovação da lei de
justiça e paz11.
Toda sua administração esteve apoiada pelo setor empresarial, o qual
assumiu um custo considerável ao aceitar um novo imposto para promover a chamada
segurança democrática. Ainda, os poucos bons resultados com dita segurança
democrática gerou nos empresários asceticismo, pois pouco ou nada foram as trocas
relacionadas aos impactos do conflito armado na atividade empresarial.
Em síntese, na Colômbia o que importa apenas é chegar ao poder. Todos os
governos fazem administrações que pouco ou nada de continuidade têm em seus
projetos sociais, sua dedicação mais forte tem sido combater a violência e os grupos
relacionados à máfia, onde se descobre forças internas com interesses individuais, pois
toda a história da Colômbia está permeada pela violência, grupos relacionados à máfia
e lutas pelo poder. A elite conformada pelos donos dos meios de produção, tem
utilizado por muitos anos os diferentes partidos com sua disfarçada democracia,
convocando eleições a cada 4 anos, negando toda possibilidade de confrontação, de
oposição, de existência de outras classes de grupos populares ou de esquerda. Com
isso quer mostrar que fora dos grupos de direita, o país não tem saída. Observa-se um
país extremadamente conservador, e até hoje a igreja tem marcadas influências, pois
está unida ao Estado, delimitando e influenciando os processos de desenvolvimento da
população colombiana.
A democracia colombiana tem funcionado como está no papel, pois é um
país de tradição jurídica e política, mas, o desenvolvimento dessas políticas tem sido
determinado por interesses privados, por interesses de classe e pela intervenção
8 Nome para designar os grupos paramilitares de extrema direita que se organizam com o fim de atacar os grupos de esquerda. Se financiam com apoio de grandes donos de terras e industriais, e o narcotráfico. 9 Coca, cocaína, bazuca. 10 É a apropriação que o Estado faz dos bens dos narcotraficantes. 11 Primeira lei no mundo, que no meio da guerra interna impõe sanções a organizações que não podem vencer militarmente.
43
permanente do capitalismo nortemericano. O Estado tem perdido a direcionalidade
política e social, a mesma que hoje se encontra em mãos dos industriais e da bancada
internacional. Esta inexistente ou pseudo democracia, na realidade tem gerado o
surgimento dos diferentes grupos armados com diversas ideologias, acrescentando a
luta pelo poder territorial e pela dominação ideológica, submetendo o país a um caos
político e econômico.
Não se pode desconhecer que o modelo de desenvolvimento seguido na
Colômbia tem profundos desequilíbrios econômicos deixando graves consequências
nos aspectos sociais. A estrutura produtiva altamente concentrada, só deixa uma
iniquidade na distribuição do ingresso. Ainda, por sua vez, se constitui em restrição
para a diversificação do aparato produtivo e para a inversão e a geração de emprego.
No ano de 1991, com a abertura econômica radical que se programou, levou
à baixa intempestiva das taxas aduaneiras quando ainda a maioria das empresas não
havia tido tempo suficiente para se transformar e modernizar seus processos de
produção e de administração as obrigando a enfrentar um mercado mundial em
concorrência.
Boa parte dos setores produtivos, de maneira muito especial, o agrário e o
têxtil, sofreram as piores consequências, o que implicou de imediato na elevação dos
índices de desemprego a níveis antes não conhecidos. Parte dos colombianos só
encontrou como única alternativa para sobreviver fazer parte da subversão, da
antisubversão e do mundo do narcotráfico ou das bandas armadas nos setores urbanos
das principais cidades.
Destaca-se na década de 90, 772 empresas que, por crise financeira,
recorrem à lei do Concordato12, 490 firmam acordos de reestruturação com credores e
151 foram extintas, sendo afetados 60.168 trabalhadores. (CÁRDENAS, 2007: p. 244).
Esta situação gerou no país e, especialmente, em Medellín, condições de pobreza com
relevantes consequências nos aspectos social e cultural.
12 Esta lei procura apoiar as empresas que estão em risco de cair em quebra, para isso o Estado autoriza o afastamento massivo de trabalhadores e em casos extremos seu fechamento saneando seus processos legais, administrativos e financeiros.
44
Tal situação mostra que a crise empresarial ocasionou perdas ao capital
privado e, mais ainda, causou prejuízos ao mundo dos trabalhadores e suas famílias.
Suas organizações sindicais perdem poder de convocatória. Exemplo disso têm-se
empresas como: Cimenteiras, Automotores, Borracha, Plásticos, Avianca, Bavaria,
Coltejer, Fabricato, Tejicondor, entre outras, que perderam seus sindicatos.
Nesta década, também se deram várias leis que contradisseram aos
interesses dos trabalhadores, tais como: as reformas laborais e do sistema de pensões;
políticas como a do surgimento das cooperativas associadas: As Cooperativas de
Trabalho Associado são empresas solidárias onde os associados desenvolvem
pessoalmente as atividades próprias de seu objeto social, com o fim de atender às
obrigações comerciais das cooperativas com seus clientes, nos âmbitos da produção de
bens, a execução de obras ou prestação de serviços, segundo o caso, gerando trabalho
permanente. O desenvolvimento das atividades deve ser de maneira autogestionária,
procurando um ingresso digno e justo em benefício dos associados (artigo 1, Decreto
468 /90). As Cooperativas se converteram no país em intermediações laborais,
substituindo e deixando de lado as condições mínimas dos direitos laborais dos
trabalhadores contemplados no código laboral da Colômbia. Os sindicatos e
movimentos sociais do país tinham grandes lutas para desmontar ditos processos de
contratação, pois a maioria dos contratos laborais no país para contratação de mão de
obra não qualificada se fazia só por Cooperativas. O decreto 2025, de 8 de junho de
2011, desmonta a contratação das empresas com as Cooperativas para desempenhar
trabalhos de missão. Estas são tarefas que têm a ver com o objeto de produção das
empresas.13
O final dos anos 90 se caracterizou pela manutenção das relações com os
Estados Unidos, foram expedidos decretos e leis que afetavam gravemente as relações
de trabalho. Aqui surgiu a lei de Ajuste Fiscal para apoiar a redução do quadro de
funcionários do Estado e transformar as ineficientes entidades públicas. São comuns
13 Vale destacar que no momento da pesquisa encontramos empresas organizando sua maneira de contratar por causa do desaparecimento desta lei, da qual se espera que beneficie os trabalhadores.
45
nesta época os planos voluntários de desvinculação, o qual em sua maioria não
respondeu às necessidades e expectativas dos trabalhadores.
Igualmente foi criada a Lei 550 de 1990, chamada Lei do Concordato, a qual
buscou organizar o aspecto financeiro, e apoiar o aparato produtivo das empresas
perfiladas ineficientes, em resposta à economia globalizada. É uma lei que outorga ao
devedor ferramentas para sua recuperação e a conservação da empresa como unidade
de exploração econômica, de geração de emprego e célula de prosperidade para o
Estado. A norma dita os parâmetros e as regras de jogo mediante as quais uma
empresa pode entrar em regime de insolvência e procurar um acordo de pagamento
junto aos seus credores.
Para a última década do século XX (2000), a economia colombiana se
desenvolveu com exclusividade pela defesa dos intercâmbios com os EUA, regida
abertamente nos tratados da ALCA (Acordo de Livre Comércio das Américas) e TLC
(Tratado de Livre Comércio). Esses tratados são considerados como golpes para a
precária economia da Colômbia, o que origina a especialização em economia dos
setores de serviços e extração de recursos naturais liderados por capital estrangeiro.
Como se vê, deixa ao capital transnacional que imponha seus interesses e direitos, e
pouco a pouco apodere-se dos recursos naturais do país. (Ibid. p. 247).
Dessa forma, continuou gerando conflitos sociais na população pelos altos
níveis de redução na mão de obra e o fechamento das empresas. As empresas que
permaneceram em funcionamento tiveram que melhorar seus processos de trabalho
com os sistemas de qualidade, para assegurar a produção e permitir maiores níveis de
competitividade.
Segundo dados do Relatório Nacional de Conjuntura Econômica, Trabalhista e
Sindical, elaborado pela Escola Nacional Sindical no ano de 2009, nos últimos 20 anos
a economia do país refletiu um desequilíbrio marcado pela queda da produção.
Mostram os dados acima, que novamente no ano de 2009 se apresentou
desaceleração de 2.5% e 0.4%, onde as consequências mais decisivas se podem ver
na queda dos principais setores produtivos em detrimento do mercado de trabalho.
46
“O desemprego se sustentou acima de doze por cento (12%), convertendo-se no mais alto da América Latina; a informalidade segue crescendo (58%), a pobreza diminui, segundo as falsas estatísticas do Estado, em (46%), a desigualdade vai em ascensão (0.59%), a sindicalização continua descendo (4.2%). A violência antissindical mantém sua intenção de extermínio e a negociação coletiva já não existe. Palco onde assinala, que o panorama de trabalho decente no país se torna cada vez mais opaco.”14
A indústria manufatureira e o comércio se deterioraram, o emprego decente
se reduziu oferecendo poucos postos de trabalho, além do não cumprimento das
normas mínimas de segurança, através do qual se traduz que, em 2009, existiam 20
milhões de colombianos e colombianas na pobreza.
Estes indicadores marcam a perda progressiva de direitos econômicos,
sociais e culturais dos lares colombianos nestes últimos 20 anos. A desigualdade e a
distribuição do rendimento agravaram-se. Entre 2005 e 2008 passou de 0.58 a 0.59, o
que mostra a iniquidade da economia. Segundo dados da ONU Habitat, 10% da
população mais rica da Colômbia fica com a metade dos rendimentos do país, frente
aos 0.9% que se destinam à população mais pobre, o que coloca a Colômbia como o
segundo país menos equitativo da América Latina.
Enquanto a taxa de desemprego masculina esteve ao redor dos 10%, a
feminina foi aos 17%. A respeito da população jovem, neste mesmo período, observou-
se, segundo tal relatório, que é a população mais afetada pelo desemprego. A
informalidade e a precariedade trabalhista mostram as condições de pobreza e a falta
de emprego para a população, fazendo com que os jovens se convertam em
empregados fáceis dos grupos à margem da lei.15
A proteção social para os trabalhadores que antes estiveram em mãos do
Estado, começa a evidenciar altos níveis de exclusão. Em 2009 só 44% dos
trabalhadores eram filiados ao regime tributário, 31% a um fundo de pagamento por
14 Ver informe nacional de Conjuntura Econômica, Laboral e Sindical elaborado pela Escola Nacional Sindical no ano 2009. 15 Segundo a Revista Conjuntura Social, 1991:17. O elevado desemprego juvenil, em particular, tem sido tomado como o mais grave problema da cidade e uma das principais causas da decomposição do tecido social. (Tradução nossa).
47
inatividade, só 29% a uma caixa de compensação familiar, 35% a um fundo de pensões
e uns 37% a uma seguradora de riscos profissionais.
Segundo os dados publicados pela Missão para a Junta das Séries de
Emprego, Pobreza e Desigualdade - MESEP- de novembro de 2009, Medellín e sua
Região Metropolitana, teve um índice de pobreza no período 2002-2008 de 38,5% e um
índice de indigência de 9,2%. Os serviços básicos como os de saúde, educação e os
serviços públicos na cidade vêm dando cobertura a um maior número da população. A
pobreza e a indigência em Medellín e em sua Região Metropolitana continuam sendo
as mais altas das 13 principais regiões metropolitanas da Colômbia.
No ano de 2000, o desemprego na cidade estava situado em 17,7%, e
segundo dados do Departamento Administrativo - DANE, em Medellín, e em sua Região
Metropolitana o desemprego no trimestre junho-agosto de 2010 foi de 14,3%, ainda
localizando-se acima da média nacional, que para agosto de 2010 era de 11,2%, e em
dezembro terminou com um índice de desemprego em 13,9%. Para este ano de 2012,
no primeiro semestre do ano, o desemprego já está em 10,9%.
Os dados anteriores mostram que a situação social da Colômbia, é cada
vez mais complexa, pois tanto a situação política como a econômica vêm deteriorando
as possibilidades de um melhor bem-estar social. Cada vez mais, a crise do emprego
vem mostrando um Estado e uma classe dirigente que não oferece garantias para
pensar num futuro mais promissor, e esta é uma das principais causas da violência.
Este caos social se reflete de uma maneira micro no mundo das empresas, onde é
evidente que a mesma situação de injustiça social e de falta de oportunidades se dá por
falta de políticas claras por parte do Estado, deixando nas mãos do feroz capitalismo as
poucas e pobres políticas que vêm administrando os profissionais do Serviço Social.
1.3 INDUSTRIALIZAÇÃO NA COLÔMBIA E MEDELLÍN.
O desenvolvimento da Indústria na Colômbia, especialmente em Medellín,
recebeu forte influência do determinante político, mas, também, das formas sociais e
das relações que se dão no interior das estruturas de classes.
48
Segundo artigo publicado na Revista Semana: Antioquia Empresarial. A
Revolução Industrial, do mês de março de 1997, afirma que, no período colonial a
economia regional colombiana se baseava no café e no comércio. Isto permitiu
acumular capital, o qual favoreceu a fundação de empresas como Postobón em 1904, a
Cervejaria Antioqueña consolidada em 1905, e Coltejer em 1908. Merece destaque a
indústria da cerveja, que foi a primeira empresa fundada na Colômbia em 1870,
localizada no município da Ceja, Antioquia, e a Locería Colombiana, no município de
Caldas-Antioquia. Segundo a mesma Revista, no ano de 1869, Antioquia tinha 62
fabricantes e cerca de 18.000 artesãos. A partir daí vêm aparecendo pequenas, médias
e grandes empresas que, com o passar dos anos, criaram o Setor Indústria Antioqueño,
considerado o mais pujante do país.
Na Colômbia, de 1830 até os anos de 1930, a economia esteve marcada
pelas produções de pastoreios e pelas atividades puramente extrativas. Logo foram
substituídas por produção de artigos de primeira necessidade em ateliês artesanais, os
quais cresceram no período de 1836 a 1845, especialmente em Bogotá, a capital do
país. A fabricação de fósforos, cigarros, tecidos e papel, no entanto, não suportaram a
concorrência da manufatura estrangeira. Desde então foi estimulado o cultivo de frutas
e a exploração de minerais.
A afirmação acima tem guarida nas colocações dos historiadores Mora e
Peña (1985), quando afirmam que o verdadeiro impulso à industrialização se deu na
década de 30, tendo como causa a crise econômica mundial. As condições internas
facilitaram o desenvolvimento industrial, destacando-se: a acumulação de capital em
razão do cigarro, ouro e café; aumento da capacidade de compra dos grupos sociais,
especialmente na zona ocidental, pela produção cafeeira, e a construção de vias de
comunicação, aliados à política protecionista do presidente Reyes no ano de 1904, e à
importação de maquinários nos anos 20, do século XX.
Na década de 30 do século XX se consolidaram três pilares fundamentais do
desenvolvimento da indústria Antioqueña, a saber: a indústria dos têxteis, das bebidas
e do cigarro; destacando-se as empresas Pepalfa e Tejicondor fundadas nos anos 1936
e 1937, respectivamente. Também apareceram empresas importantes como Imusa,
49
criada em 1934, Argos em 1936 e a Companhia de Empacotamentos, também criada
neste ano. Mora e Peña (1985) consideram os anos 30 como os anos de
desenvolvimento industrial do País.
Se a Primeira Guerra Mundial ocasionou crise para muitos países, para
Colômbia foi um momento propício para o acesso ao crédito e fomento da indústria
local. Surgem nesse período as primeiras sociedades anônimas com a união de
pequenas empresas familiares, as quais utilizam como estratégias as alianças que
deram origem a verdadeiras associações de capital. Dentre essas pode-se destacar a
Coltabaco, Fabricato (tecidos), Bastilla (café) e a Companhia Nacional de Chocolate,
algumas das quais permanecem até hoje no mercado, na cidade de Medellín, e
algumas destas fazem parte das empresas investigadas neste estudo.
Durante a Segunda Guerra Mundial, por inconveniências no comércio
internacional, na Colômbia concentraram-se as divisas, que foram utilizadas para
investir no Setor Industrial. O período de 1945-1950 se caracterizou por um rápido
desenvolvimento da indústria. Foi um período onde se enfrentou os maiores níveis de
concorrência mundial e teve que importar maquinário e equipe com tecnologia
moderna. Novas empresas surgem demonstrando concorrência em capacidade e
autogestão. Desenvolvem-se as empresas como Everfit 1940, Haceb em 1942,
Sulamericana, (seguros), o Banco Industrial e Pintuco em 1945 (pinturas), Tecidos
Vicuña em 1946, Indústria Extra em 1948, e Lojas Exito e Caribú em 1949. Uma das
principais características da indústria Antioqueña, em comparação com outros
departamentos colombianos, foi a capacidade de formar capital nacional, mas, com a
introdução de capital estrangeiro.
Nos anos 60 se tomam decisões importantes para fortalecer o sistema
econômico colombiano. Cria-se a Junta Monetária e Planejamento Nacional, o estatuto
cambial, é criado o programa de incentivo às exportações e proposta a primeira reforma
agrária, os quais corresponderam à liderança do presidente Alberto Lleras Camargo.
Na década seguinte, anos 70, sob a administração dos presidentes Misael
Pastrana Borrero e Alfonso Pumarejo, cresce rapidamente o capital financeiro e surgem
os grupos econômicos. O controle acionário das indústrias Antioqueñas esteve
50
principalmente nas mãos do Sindicato Industrial Antioqueño, o qual surge no ano 1978
como conglomerado que reúne as empresas mais importantes do Departamento. O
sindicato industrial nascente teve como objetivo evitar que a propriedade da indústria
regional deixasse o território de Antioquia ou quebrasse ante a forte concorrência do
mercado externo. O fundamental era apoiar os empresários e os acionistas
antioqueños.
Na década de 80 as propostas econômicas dos governos Belisario Betancurt
e Virgilo Barco, restringem-se a um tímido protecionismo para manter a crise industrial e
ao mesmo tempo promover as exportações, fatos que geraram a desvalorização da
moeda local (peso). Ainda, simultaneamente, segundo Cárdenas (2006: p.237), os
setores industriais da construção e do financeiro experimentaram uma fase de
crescimento gerado igualmente por uma economia subterrânea dos grupos
relacionados à máfia, que chegou também até estes setores.
Nos anos 90, se reafirma a “abertura econômica” tendo em conta as políticas
neoliberais determinadas pelo consenso de Washington. A abertura do mercado interno
ao capitalismo estrangeiro ocasionou a quebra de muitas empresas e o
descontentamento geral, pois concluiu a tentativa tímida de uma industrialização e
desenvolvimento do mercado interno no país (Ibid: p. 240), situações estas que
estiveram sob a administração dos presidentes Cesar Gaviria e Ernesto Samper.
O Sindicato Antioqueño, agrupava na década de 90 mais de 100 empresas,
sendo proprietário de 86 delas, o que representava uma porcentagem superior aos
15%. Muitas destas empresas foram líderes em seu setor em termos nacionais.
Trabalhavam sua administração em alianças e centralizadas em seu manejo, impedindo
a introdução de dinheiro do narcotráfico, o qual se infiltrou na maioria das instituições
do país, gerando maiores níveis de corrupção, violência e perda de valores éticos.
(REVISTA SEMANA, 1997).
As principais companhias deste grupo são: Sulamericana de Seguros; a
Nacional de Chocolate e Cimentos Argos, a maior cimenteira. As três trabalham
coordenadas entre si e têm investimentos em mais de 70 empresas.
51
Hoje este conglomerado empresarial é o maior e o mais importante da
Colômbia, pois continua, desde sua origem, reunindo empresas como: Argos,
Cadenalco e o Banco Industrial Colombiano, as quais realizam transações entre si, que
permitem rendimento para os novos investidores estrangeiros, o que favoreceu uma
maior liquidez às mesmas.
É como demostra Jean Pierre Dupuis
“O capitalismo surge no país de uma classe de atores ligados ao comércio, às finanças e à indústria. Estes para alcançar seus objetivos impõem valores apoiados pelos interesses políticos e religiosos. Mas, os interesses políticos sempre têm estado submetido à lógica dos interesses econômicos, que terminam impondo-se”. (2010: p. 24).
A industrialização é uma etapa avançada do capitalismo e nossas
sociedades modernas pertencem ao tipo industrial. Isto quer dizer que, os empresários
industriais e suas empresa scontinuam sendo os atores principais da sociedade
colombiana, apoiado pelo Estado, que reforça seus interesses.
Segundo Cárdenas: “A burguesia colombiana deu os primeiros passos para
a implementação do modelo neoliberal, fundamentalmente com a reconversão
econômica para um modelo exportador”. (2006: p. 236). Afirma o autor, que a Colômbia
passou de um país rural para urbano-industrial com o modelo de desenvolvimento
substituído pelas importações (ISI), sugerido pelo Centro de Estudos Econômicos para
América Latina (CEPAL), levando a um real crescimento econômico relativo e a uma
industrialização parcial e moderada. No meio desse processo os índices de
alfabetização e de escolaridade melhoraram e, os trabalhadores e a classe operária
contavam com postos de trabalho mínimos para subsistir. O Estado se preparou para
uma secularização posta a serviço da acumulação do capital, garantindo a venda da
força de trabalho da classe trabalhadora (Idem: p. 233).
Vê-se um país e suas principais cidades como Medellin, com debilidades em
suas estruturas e em seus governantes de turno, o dinheiro do narcotráfico começa a
permear todas as áreas dos governos e seus programas, deixando ao vaivém dos
grupos relacionados com a máfia o futuro do país e de seus cidadãos (Idem: p. 244).
52
As empresas do setor têxtil foram as que mais sofreram as mudanças do
entorno competitivo. O contrabando gerou crises em algumas destas, obrigando-as não
só a sobreviver com redução da mão de obra, mas, também, algumas empresas
desapareceram, outras absorvidas por empresas potentes.
Ainda sobre os dados acima, as empresas de Medellín - Antioquia
continuam internacionalizando seus mercados, fazendo alianças com mercados
estrangeiros que lhes permitiram melhorar a capacidade administrativa e os sistemas
de distribuição. Muitas empresas de Medellín também têm negociações com países
como: Argentina, Bolívia, Equador, Nicarágua, Panamá, Peru, Venezuela, mas estes
avanços pouco se veem refletidos nas populações e lares dos colombianos.
Apesar de Medellín, ter uma economia dependente, representa mais de 8%
do PIB nacional, e continua sendo uma das regiões mais produtivas do país, conta
com uma alta atividade empresarial e tem 25 empresas por cada 1000 habitantes, a
segunda mais alta da Colômbia.
Hoje sua indústria representa 43,% do PIB, seguido pelo Setor de Serviços,
que representa 39,7% e o Comércio 7%. Os setores industriais com maior participação
no valor agregado são as empresas têxteis, com 20%; as de substâncias e produtos
químicos com 14,5%, as de bebidas com 11%, as de alimentos com 10%. Os 10%
restantes compreende setores como o de metalmecânico, elétrico e eletrônico, entre
outros. A Indústria têxtil e de confecções é hoje uma das exportadoras de produtos
para os mercados internacionais.
O desenvolvimento destes setores transformou a cidade em um importante
centro da moda latino-americana. No Setor do Turismo, Medellín avançou e
converteu-se no terceiro destino turístico para os visitantes estrangeiros. Estes
avanços são principalmente gerados pelo turismo de negócios, feiras e convenções, e
o turismo médico, em particular, no âmbito dos transplantes de órgãos.
A cidade experimentou uma aceleração do seu desenvolvimento em muitos
de seus campos econômicos a partir do ano 2000, o que transformou Medellín numa
das cidades mais desenvolvidas da América Latina, na atualidade.
53
Com o crescimento da economia e das exportações, vários desafios
surgiram para a indústria de Medellín: diversificar a base produtiva exportadora;
desenvolver recursos humanos avançados e melhorar as condições internas para
atrair investimento estrangeiro.
Para poder manter-se nos mercados internacionais, os industriais de
Medellín - Antioquia estão cientes da necessidade de serem competitivos e, para isso,
redefiniram permanentemente os valores empresariais e responderam às demandas do
mercado mundial. Valores estes, que muitas vezes não correspondem às necessidades
reais dos trabalhadores, privilegiando o cliente e o lucro. E é para estes processos de
competitividade e desenvolvimento que as empresas contratam os assistentes sociais,
como intermediários que apoiam ditas estratégias.
Afirma Cárdenas: “De sua parte, as empresas tanto estatais como privadas
apostam em uma nova força de trabalho alijada do sindicalismo e comprometida com a
produtividade, eficiência e competitividade da empresa” (2006: p.247.) (Tradução
nossa).
Esse é um olhar otimista ao modo ilusório que acompanha os empresários
de Antioquia e de qualquer outro lugar do país, que pretendem alcançar o máximo de
produção e uma mão de obra comprometida, com salários injustos e contratação fora
dos requisitos mínimos de um emprego digno. Porém, é a necessidade do emprego que
leva os trabalhadores em geral a sucumbirem ante os desejos dos patrões, pois o que
prima é manter o emprego, cumprindo ou não os requisitos estabelecidos por lei. Ainda
as empresas sempre tiveram e seguiram contando com o respaldo do Estado, tema que
será aprofundado no capítulo referente à empresa privada.
O que se vê é o cenário em geral onde se movem as assistentes sociais, que
também é palco de grandes empresas pertencentes ao grupo do Sindicato Antioqueño,
as médias e também as pequenas empresas, como é o caso de uma das empresas
participantes.
54
1.4 A SOCIEDADE COLOMBIANA E MEDELLÍN COMO SOCIEDADE EM PERMANENTE CONFLITO. Para ter um maior conhecimento da sociedade colombiana e do
desenvolvimento da indústria, sua relação com as condições econômicas, políticas e
sociais, em especial, no Medellín, como sede da pesquisa e, de acordo com o que se
observou nos parágrafos anteriores, vale retomar os conflitos e lutas internas
entendidas como condições determinantes das relações que se estabelecem no mundo
do trabalho. Este conflito permanente que será descrito a seguir, tem também
interesses particulares de forças tanto internas como externas no país, pois a produção
de armas e drogas são hoje um dos maiores negócios que movem a dinâmica da
cidade.
Afirma, a revista Semana Colômbia 200 anos de identidade, fascículo IV
(2010), que a violência na Colômbia tem quatro etapas: a primeira, vai do ano 1948-
1953, surge com o assassinato do candidato presidencial do partido Liberal, Jorge
Eliecer Gaitán e vai até o nascimento das guerrilhas liberais; a segunda, inicia-se no
ano 1955 e se estende ao de 1964, com a criação das chamadas repúblicas
independentes, integradas por camponeses armados e deslocados, que alcançaram
autonomia frente ao governo nacional, guiadas por ideologia comunista - agrária, sem
projeto revolucionário, atuavam, mas, por autodefesa. A terceira etapa vai de 1964 a
1987. Os governos recuperam o poder sobre as repúblicas independentes. Surge o
líder Tiro-Fixo que, com influência marxista16, consegue resistir e criar o exército
revolucionário das FARC, (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) com um
claro projeto político: tomar o poder pela via das armas. Surgem outros grupos, como: O
Exército de Libertação Nacional (1965). O Exército Popular de Libertação Nacional
(1967). Os intelectuais de esquerda criam em 1973 o Movimento 19 de abril, (M19), em
1985 chega-se a uma trégua e cria-se um partido político chamado União Patriótica,
com líderes do Partido Comunista Colombiano e de outras organizações políticas de
esquerda e de movimentos sociais.
16 O Estado e as empresas consideram os guerrilheiros marxistas, comunistas, o que por sua vez significa inimigo do setor privado e do Estado.
55
A quarta e última etapa se dá a partir de 1987 e se estende até hoje. Em
1987 fundou-se a Coordenadoria Guerrilheira Simon Bolívar, composta pelos: Exército
Popular de Libertação (EPL); Movimento 19 de Abril (M19); Partido Revolucionário dos
Trabalhadores (PRT), surgido em 1982; Movimento Indígena Quintin Lambe17;
Movimento de Integração Revolucionária Pátria Livre (MIR); Exécito de Libertação
Nacional (ELN) e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC). Na década
de 1980-1990, o movimento guerrilheiro buscou não só ações militares, mas também
ações políticas e de massas.
No final do ano de 1990, o EPL começa a negociar sua desmobilização, pois
é duramente atacado pela força pública, os paramilitares e as autodefesas.
À Violência produzida pela guerrilha se soma hoje a dos organismos de
segurança do Estado, com os falsos positivos18, os desaparecidos e o deslocamento
forçado.
Por sua vez, o problema do narcotráfico que chegou ao país de maneira
decisiva nos anos 70, gera também crises no interior da sociedade colombiana. Com
seu poder corrupto e sua violência armada conseguiu penetrar vários níveis da
sociedade, da economia, da política e da cultura colombianas. Caracterizado por
aventureiros e delinquentes, em poucos dias se convertiam em multimilionários com a
produção e o tráfico de drogas, especialmente a maconha que se consumia
principalmente nos EUA. Em seguida passaram ao tráfico de cocaína.
O historiador Ruiz, em seu artigo, “Medellín: Fronteras de Discriminación y
espacios de Guerra”, afirma o seguinte:
Medellín para alguns, sendo uma cidade bem posicionada, relativamente desenvolvida em termos industriais, comerciais e de serviços, com estradas de acesso e chegada bem definidas que facilitam o acesso aos portos e rios, como a Magdalena, Atrato e Cauca, bem como sua geografia e climas, constituem atrativos estratégicos suficientes para grupos armados. Seria um fator de gatilho: esta cidade foi sede da maior organização criminosa do tráfico de droga, o Cartel de Medellín, liderado
17 Grupo criado pelos indígenas como organização guerrilheira de autodefesa. 18 São as pessoas que morrem nos combates por causa de enfrentamentos dos militares e são considerados guerrilheiros ou pertencentes a grupos fora da lei, porém são camponeses e cidadãos comuns.
56
por Pablo Escobar. A sua localização seria uma trincheira estratégica para a circulação de armas e narcóticos. (2006: p. 14) (Tradução nossa)
Para enfrentar a oposição, o chamado cartel das drogas, especialmente em
Medellín, formou um exército de escoltas recrutado nos bairros mais pobres. Formaram
grupos de paramilitares que defendiam seu negócio das ameaças do Estado e da
guerrilha esquerdista, em especial das FARC. Dá-se inicio à formação de exércitos
privados a serviço do narcotráfico, com uma onda violenta, cujo objetivo é acabar com
seus inimigos, não só do Estado, senão todos os que se consideravam de esquerda, se
assim não fossem aliados da guerrilha.
A psicóloga Esmeralda Hincapie afirma em seu artigo Post Conflicto: Del
dicho al hecho...
Ao revisar a história dos últimos 25 anos de violência, aparecem resultados das investigações que relacionam estes grupos com a força pública e com políticos, permitindo confirmar as opiniões das organizações de vítimas e direitos humanos: a luta antissequestro, através da qual nasceu o movimento antissequestro, é uma aparência por trás de uma estratégia de direita que se move das mãos daqueles que são acomodados no poder, buscando acabar com qualquer ameaça da esquerda. (2006: p.62) (Tradução nossa)
Continua a autora:
“Estas alianças consolidam os exércitos paramilitares e mostram a diversidade de interesses postos na guerra: de narcotraficantes para proteger seu negócio; de proprietários para criar latifúndios; de multinacionais para criar um modelo de desenvolvimento favorável ao capital internacional; e de políticas para criar um governo de ultradireita.” (2006: p.63).
Em Medellín se vive a chamada cultura do narcotráfico, a qual com o dinheiro
fácil e a ideia do crime como forma de vida e de ascensão social também vem
influenciando os grupos sociais inteiros. Com a queda dos narcotraficantes criam-se
hoje os chamados grupos de baixo perfil, florescendo dezenas destes pequenos grupos
em todo o país, especialmente na cidade de Medellín. Estes, por sua vez, se viram
enfrentados pelos grupos paramilitares, que também para subsidiar suas ações
começaram a controlar extensões de produção, distribuição e venda de droga.
57
Medellín, assim, apresenta-se como uma cidade de grandes contrastes: infraestrutura escolar, mas com as crianças que não podem deixar as suas casas para assistir às aulas porque os violentos as aprisionam; com um bom centro histórico, nada diz simbólica ou historicamente aos habitantes; sem distinção de grupo econômico, mas nas mãos da informalidade; com excelentes serviços públicos, mas cujos preços são inacessíveis para muitas pessoas. Com ambientes que não pertencem aos habitantes que precisam ser trancados em suas casas e clubes, uma cidade onde a noite não se pode desfrutar sem correr grandes riscos, uma cidade com bons serviços de saúde, mas caros. (RUIZ, 2006: p. 28) (Tradução nossa)
Diante de tal situação, observa-se que o desenvolvimento da indústria na
Colômbia e especialmente em Medellín enfrenta um desafio permanente para criar
empresa, gerar emprego, apoiar o desenvolvimento do país e, sobretudo seguir
acreditando nos colombianos para produzir serviços ou bens que satisfaçam as
necessidades dos consumidores, tanto nacionais como internacionais, ainda mais,
encontra-se que se continua só pensando em aumentar seu capital. As expectativas de
crescimento e desenvolvimento real dos colombianos são cada vez mais difíceis de
alcançar.
58
CAPÍTULO 2
___________________________________________________________________
SERVIÇO SOCIAL NA COLÔMBIA: FUNDAMENTOS PARA A ANÁLISE DA PRÁTICA DO SERVIÇO SOCIAL NAS EMPRESAS
2.1 RECONSTITUINDO A HISTÓRIA DO SERVIÇO SOCIAL NA COLÔMBIA
Tratar da origem e da evolução do serviço social na Colômbia sem cair na
recontagem de fatos, de datas e dados estatísticos, e fazer uma análise crítica que
permita reconhecer os diferentes momentos pelos quais passou-se à prática da
profissão com base no contexto e no desenvolvimento social, político, econômico e
cultural do país, não é tarefa fácil, mas necessária para permitir reconhecer os
fundamentos que dão origem e permeiam a evolução do serviço social na empresa,
campo de investigação deste trabalho.
A Colômbia, como país do continente americano, recebeu as mesmas
influências dos países europeus e “esta influência não é simplesmente uma abstração.
Sua cristalização se constata aferindo-se o comportamento das classes dominantes, do
Estado, da Igreja, etc.” (MANRIQUE, 2008: p. 39). O autor, mostra como, para o
continente, são marcantes as ascendências europeias não só na arquitetura, na
construção civil, na estrutura escolar, mas, também, na dimensão ideológica.
É no campo, sobretudo, ideológico, que se busca conhecer como o serviço
social recebeu influências que possibilitariam marcar a origem e a evolução no país e
produzir seus reflexos na profissão. A profissão pode ser entendida no interior do
desenvolvimento das relações de produção capitalista, as quais apresentam
particularidades em cada país.
A história do serviço social na Colômbia tem sido abordada a partir de
diferentes pontos de vista ideológicos, das escolas e suas tendências, da mesma
maneira cada uma das faculdades tem um enfoque segundo as condições
59
determinadas em suas universidades. Toma-se como eixo fundamental a história da
profissão contada pelos diferentes atores e escolas de pensamentos que fundamentam
e testemunham os fatos e acontecimentos mais importantes.
2.1.1. OS ANTECEDENTES DO SERVIÇO SOCIAL NA COLÔMBIA
Castro y Gonzalez19 (1987), falam sobre a origem e evolução do
assistencialismo social na Colômbia, conceito também ligado ao de caridade e
beneficência, os quais se dão antes dos anos 30 do século passado. Nestes se
reconhece a origem do que se chama, hoje, de serviço social na Colômbia,
determinado por uma condição social e histórica específica.
Na Constituição Colombiana de 1886 foi declarada a educação livre, mas
não obrigatória. Nessa época contou-se com a Sociedade Religiosa de São Vicente de
Paulo, fundada desde 1857, a qual se responsabilizava pela educação dos pobres.
Segundo Carvajal y Gonzalez, “No ano de 1870 o governo Liberal introduz o
social na agenda de seu governo, aspecto que continuou sendo incluído nas agendas
dos governos posteriores” (1987: p.11).
Em 1907 existiam em Medellín vários colégios noturnos para estudantes
artesãos e operários, os quais eram atendidos pelos Salesianos (Congregação religiosa
italiana, masculina). Estes, em 1905, abriram um orfanato para meninos pobres e, em
1912, fundaram o Colégio João Bosco, que em 1921 transformou-se em Escola de
Artes e Ofícios de Medellín.
Naquele período, a Sociedade de São Vicente de Paulo criou a ajuda
domiciliar. Em 1907 contava com 50 sedes no país, concentrando seus esforços
especialmente em Medellín. Suas principais funções eram as visitas domiciliares,
doação de bônus, entrega de alimentos, bolsa de emprego e construção de moradias.
A Ação Social Católica na Colômbia teve como centro vital o Círculo de
Operários de Bogotá, fundado em 1910 pelo sacerdote Jesuíta, José Maria Campo-
19 Antropólogos colombianos, que vêm trabalhando há alguns anos a história da filantropia, caridade e da assistência social no país.
60
Amor. Seu objetivo era atender por meio dos Patronatos os operários da cidade, tanto
das fábricas como os que faziam trabalho manual. Os Patronatos de Medellín foram
fundados em função do aumento da mão de obra feminina na cidade. O primeiro foi
mantido pelas empresas, como: Companhia Colombiana de Tecidos Coltejer20, Fábrica
de Escobar Restrepo e Cia., entre outras que assumiam um modelo parecido com os da
Sociedade de São Vicente de Paulo, de origem francesa.
Iamamoto e Carvalho, também contextualizam as protoformas do serviço
social no Brasil, e deixa ver as semelhanças com as situações vividas na Colômbia,
“As obras caridosas mantidas pelo clero (e leigos) possuem uma longa tradição, remontando aos primórdios do período colonial. A parca e precária infraestrutura hospitalar e assistencial existente até fase bastante avançada do Império se deve quase exclusivamente à ação das ordens religiosas europeias que se implantam e disseminam pelo país”. (2008: pág.165)
Segundo, Maior (1984: p. 260, 266, 264), os patronatos contavam com
seções, para seu melhor funcionamento interior, tais como: conferências religiosas,
visitas às fábricas, restaurante, que distribuía sopa às operárias, socorro mútuo, com
aportes mensais, que atendiam casos de doenças.
Em 1914 foi criado um dormitório para as operárias oriundas de municípios
diferentes de Medellín, cuidado pelas Irmãs da Apresentação - Congregação Religiosa,
que contava com um médico que atendia às operárias do Patronato. Criam-se outros
programas como o da Caixa de Poupanças, a seção do culto com a finalidade de
exercícios espirituais e de organizar as conferências, as missas, as primeiras
comunhões. Por outro lado era incentivada a criação da Escola Dominical para dar
aulas de bordado, leitura, caligrafia, aritmética, gramática e cozinha. Aos que assistiam
a estas atividades era dado o direito de beneficiar-se dos programas do Patronato.
Criam-se outras seções para apoiar os programas: a Seção de Propaganda:
a qual orienta a prática da boa leitura, distribuição de periódicos, revistas e folhetos; a
Seção de Recreação: organizava festas artísticas, reuniões musicais, passeios, rifas e
20 Empresa importante na medida em que, segundo informações de colegas fundadoras da profissão, a Universidade Pontifícia Bolivariana foi uma das primeiras empresas a vincular os Assistentes Sociais ao campo de Bem-Estar Social.
61
celebração de Natal; a Caixa de Empréstimos, com a qual financiavam a consecução
de moradia; e a Caixa Dotal: esta funcionava como uma poupança para o momento do
matrimônio.
Igualmente no Brasil, Iamamoto e Carvalho apresentam a situação da
seguinte maneira:
“A participação do clero no controle direto do operariado industrial remonta, por sua vez, ao surgimento das primeiras grandes unidades industriais, em fins do século passado. É viva a presença de religiosos no próprio interior dessas unidades, que muitas vezes possuíam capelas próprias, onde diariamente os trabalhadores eram obrigados a assistir à missa e a outras liturgias. Nas Vilas Operárias sua presença é constante. No plano sindical, com apoio patronal, desenvolvem iniciativas assistenciais (mútuas, etc.) e organizacionais visando contrapor-se ao sindicalismo autônomo de inspiração anarco-sindicalista”. (pág.165).
Tal situação nos mostra condições semelhantes tanto na Colômbia como no
Brasil, onde o trabalho e suas mediações é o que facilita o surgimento da assistência
social.
Em 1918 foi fundada a Escola Tutelar, a qual tinha como objetivo
enclausurar meninas indigentes e desviadas para dar-lhes educação adequada e levá-
las, no futuro, ao trabalho das fábricas.
Em 1919 cria-se o Sindicato com a finalidade de agrupar as operárias de
diferentes fábricas da cidade. Sua primeira tarefa foi opor-se às manifestações do
Primeiro de Maio, organizada pela Sociedade Socialista de Medellín. As operárias, com
panfletos, explicavam os perigos da dita celebração, contrário às celebrações do
Patronato, que celebrava com missa, festas recreativas e contava com uma presença
de 1.300 operárias. (MAIOR, 1984: p. 264).
Pode-se observar como a influência da Igreja era muito forte e direta,
impedindo qualquer ideia que viesse de encontro, sobretudo às ideias do socialismo. A
criação do Sindicato Católico tinha como objetivo frear a influência dos conceitos
revolucionários e socialistas. Esta era mais uma maneira de agrupar as operárias e
catequizá-las, sustentando um controle ideológico permanente.
62
Surgem diferentes instituições, mais flexíveis e capazes de dar atendimento
aos necessitados, com modelos e influência europeia, particularmente da França, sem
afastar-se da política e ideologia das diretrizes ditadas pela Igreja.
Dos países da América Latina, nessa época, princípios do século XX, o Chile
foi um dos mais influenciadores na criação de ditas instituições, onde a participação
privada era maior do que a do Estado. Aparecem médicos, religiosos, mulheres,
empresários e autoridades políticas na criação de fundações.
A saúde, dependendo do Estado, contava pelo menos com um hospital em
cada Departamento. Antioquia era o Departamento que possuía mais hospitais,
desenvolvia programas especiais com as famílias pobres, tais como: o Programa Gota
de Leite, programas de higiene para responder ao alto nível de mortalidade infantil, e
programas de sala-berço.
Em 1920 foi proibida a mendicância nas ruas, os vadios eram reeducados e
reformados. Também nesta mesma década, foram criados os asilos para indigentes e
orfanatos para meninos e meninas, os quais cumpriam também uma tarefa educativa.
Nesse período discutem-se os termos de caridade e beneficência.
Consegue-se, com a participação do médico, Marcelino Vargas, em 1920, introduzir ao
debate a ideia de que a “ajuda institucional não deveria conceber-se como ação de
caridade ou beneficência, senão deveria ser considerada um assunto de assistência
pública”. Só em 1921 (VARGAS, 1920: p. 28) e depois de várias discussões, o Estado
incluiu, com a Ordem nº 51 (segundo a Constituição da época), o novo conceito de
Assistência Pública às suas funções. Segundo Vargas, não gerou mudanças na forma
de realizar o trabalho, mas sim, na maneira de distribuir os recursos, pois já não se
dava atenção aos pobres e indigentes por meio da caridade e beneficência, mas sim,
por obrigatoriedade de atenção do Estado.
Segundo Castro y Gonzalez, em 1925 foi fundada a Organização dos
Grêmios dos Operários Católicos, cujas ideias mais importantes eram: avivar o
casamento católico; respeitar a propriedade privada; combater o excesso do consumo
de bebidas alcoólicas; fomentar instrução em todos os níveis; estabelecer caixas de
poupança e construção de moradias. Como se vê, estas ações estavam em
63
concordância com as ideias do grupo da Ação Social, cujo objetivo primordial também
era a manutenção das crenças religiosas e da fé para garantir o controle ideológico.
Em 1924 foi criado o Ministério de Instrução e Salubridade Pública, que se
dividia em dois: Higiene e Assistência Pública. O primeiro, responsável por atender a
infraestrutura urbana em abastecimento de água, esgoto, lixos e as epidemias, também
manter atualizadas as estatísticas e levar a cabo campanhas de vacinação. O segundo,
responsável por administrar as instituições como hospitais, asilos, orfanatos e a
proteção para a infância e habitações para os pobres. (Projeto de lei: 1924).
Em 1930 a metade dos colégios públicos e privados é dirigida por ordens
religiosas. A exemplo, os Salesianos, que mantinham estabelecimentos educativos
dirigidos pelas Irmãs de Caridade e as damas da classe social média e alta.
Construíram albergues para asilar e resguardar os pobres das principais cidades da
Colômbia. Contavam com asilo para indigentes, enfermos mentais e órfãos, com o
apoio limitado da sociedade privada e do Estado.
A noção de caridade na Colômbia, como no resto dos países latino-
americanos, esteve diretamente influenciada, nessa época, pelas Encíclicas Papais,
destacando-se entre elas a Rerun Novarum (Papa Leão XIII-1891), que declara como
prioridade a criação de um mundo com justiça social, sendo para isso obrigatória a
prática da caridade cristã.
A Encíclica dá importância ao mundo do trabalho, à busca da equidade e da
justiça. Suas propostas foram relacionadas à classe operária, o que se constituiu em
um novo decálogo dos direitos dos trabalhadores e denúncias das injustiças sociais que
cometiam as empresas na nova sociedade industrial. Tal encíclica reconhecia os
conflitos entre operários e patrões como produto do desenvolvimento industrial, a
concentração da riqueza e o empobrecimento das massas. Por sua vez, na Colômbia a
igreja procurava que o Estado fosse responsável pelos trabalhadores e lhes
garantissem condições mínimas de trabalho e dignidade. Ainda, a mesma encíclica,
mostrava o seu temor de que o socialismo se fortalecesse graças ao apoio das maiorias
pobres e famintas.
64
A Encíclica Quadragésima Anno Pio XI retoma o tema da justiça social,
especialmente da classe trabalhadora e a construção de um mundo mais equitativo.
Segundo a antropóloga Beatriz Castro y Gonzalez (1987), aparece uma nova estratégia
de promoção social, apoiada já não na caridade por ser curativa e ocasional, mas na
Ação Social por ser preventiva e permanente: “Ação considerada como a influência
moral exercida sobre a sociedade, cujo fim era conservar a fé e os hábitos saudáveis,
atrair os desviados e viciados ao bom caminho e assim conservar a paz social e intentar
a salvação das almas” (Castro y Gonzalez, 1987: p.9). A mesma Ação Social foi
apoiada pelos Jesuítas (ordem religiosa francesa), que a considerava como estratégia
indispensável para atingir um lugar sobressalente nas organizações operárias e
também para criar uma presença católica nas fábricas e sindicatos.
Todo este processo de enfrentamento do social, em suas origens, tem muito
clara a participação de sacerdotes, religiosas, leigas e profissionais de diferentes
formações, em especial médicos de classe média e alta, além de voluntários
influenciados pela Igreja.
Segundo Castro, as primeiras intervenções da profissão do serviço social na
Colômbia foram marcadas por um contexto de caridade e beneficência, realidade que
vai mudando e se torna mais tecnificada a partir do desenvolvimento do conceito de
bem-estar social, determinado, ainda, pelo intervencionismo, com uma visão
paternalista da relação entre o Estado e o cidadão.
2.1.2 RELAÇÕES SOCIAIS E INSTITUCIONALIZAÇÃO DA PROFISSÃO.
Na Colômbia, Martinez em seu livro a História do Serviço Social,21 (1981)
ilustra como, desde a origem da profissão nos anos 50, os processos de intervenção se
dão em união com a Igreja para atender a problemática familiar:
La práctica metodológica dio a la intervención una vocación familiar domestica. La tarea más importante para el Servicio Social fue proteger el orden familiar, reforzando los papeles convencionales atribuidos a la
21 Até o presente, na Colômbia, só foram encontrados os livros de Maria Eugenia Martínez e Jorge Torres contando a história e análise completa da origem e desenvolvimento do serviço social. Em seus relatos se podem observar situações semelhantes às vividas nos países da América Latina.
65
mujer – madre, mediante su cualificación técnica en el desempeño de los oficios de la casa. (1981: p.171)22.
Assim se busca manter as mulheres reprimidas nos ofícios do lar. Elas têm
responsabilidades no cuidado com os filhos e com a problemática social, onde a
pobreza e a escassez dos recursos são os mais comuns. Elas participavam dos
programas que as instituições ofereciam, onde se destaca a Igreja, a qual tem muita
influência na população onde são as mulheres as que mais participam.
No Brasil não é diferente, pois, Faleiros (2007), relata como na época das
origens da profissão se trabalhava a questão moral das famílias para que se
adaptassem à ordem vigente, à higiene, ao trabalho. “A manutenção do valor da
honradez, a estimação do papel reprodutivo e maternal da mulher fizeram parte da
teoria e prática da profissão nesse momento”. (p.39).
Torres (1985), afirma também que a Igreja buscava controlar a influência do
marxismo e o avanço do socialismo, pensamentos, estes, que pretendiam fazer frente
às desigualdades e injustiças sociais causadas pelo sistema capitalista à sociedade.
Iamamoto e Carvalho (1984) reiteram tal citação, quando afirmam que:
O controle social não se reduz ao controle governamental ou institucional. É exercido, também, através de relações diretas, expressando o poder de influência de determinados agentes sociais sobre a vida cotidiana dos indivíduos, reforçando a internalização de normas e comportamentos legitimados socialmente. Entre esses agentes institucionais se encontra o profissional do serviço social. (1984. P. 108)
O assistente social contratado pelos grupos de controle (as empresas do
Estado, as empresas privadas, a igreja), estabelecidos pelas forças de produção,
prestava assistência através de uma comunicação direta com o trabalhador e sua
família, educava e reforçava os elementos coercivos que permitem uma adaptação e
manutenção do regime. As intervenções terminam sendo meios para conseguir
22 A prática metodológica deu à intervenção uma vocação familiar doméstica. A tarefa mais importante para o serviço social foi proteger a ordem familiar, reforçando os papéis convencionais atribuídos à mulher – mãe, mediante sua qualificação técnica no desempenho dos ofícios da casa. (1981, p. 171). (Tradução nossa).
66
assimilar os valores e normas impostos pelo mesmo sistema, só assim é possível
conseguir os objetivos de máxima produção e rendimento da mão de obra a serviço do
capital.
O serviço social se gesta e se desenvolve como profissão reconhecida na divisão social do trabalho, tendo como pano de fundo o desenvolvimento capitalista industrial e a expansão urbana, processos esses aqui apreendidos sob o ângulo das novas classes sociais emergentes – a constituição e expansão do proletariado e da burguesia industrial – e das modificações verificadas na composição dos grupos e frações da classe que compartilham o poder de Estado em conjunturas históricas específicas. (IAMAMOTO E CARVALHO, 1984: p.82).
Os autores mostram uma profissão inserida na divisão do trabalho, tendo o
sistema capitalista como referência. Pode-se afirmar que a profissão surgiu no auge da
sociedade industrial capitalista, que nesse momento estava vivendo o seu apogeu. Para
manter o sistema, geraram-se ações profissionais, funções, passos e ferramentas
necessárias. (TORRES:1985)23.
No momento o objeto de estudo e intervenção no amplo campo das ciências
sociais era o bem-estar social do proletariado. Este avanço da problemática social da
sociedade industrial determinou uma prática profissional que se diferenciou, tendo em
conta as contradições de poderes gerados nas lutas internas e externas, para a
satisfação de determinadas necessidades, interesses e do desenvolvimento econômico
e social do país.
Considerada como uma profissão, o serviço social nasce na Colômbia
também para responder às necessidades das populações menos favorecidas,
coincidindo isto com o surgimento e a transformação da produção e a crise do Estado.
Historicamente, passa-se da caridade tradicional levada a efeito por tímidas e pulverizadas iniciativas das classes dominantes, nas suas diversas manifestações filantrópicas, para a centralização e racionalização da atividade assistencial e de prestação de serviços
23 Nos escritos de Torres, assim como nos de Maria Eugenia Martinez, não encontram-se análises críticas do surgimento do serviço social, nem um aprofundamento da influência do capitalismo. Encontram-se relatos de uma história valiosa dos fatos e acontecimentos, o que será levado em conta. Mas, sua análise terá como base os escritos e análises realizadas pelos autores brasileiros, que discutem com maior entendimento e criticam o tema.
67
sociais pelo Estado, à medida que se amplia o contingente da classe trabalhadora e sua presença política na sociedade. (IAMAMOTO E CARVALHO, 1984: p. 83)
A Revolução Francesa, as declarações dos Direitos Humanos, a Lei
Isabelina dos Pobres, a Filosofia Cristã da Caridade e a Institucionalização da
Assistência Social na Europa influenciaram nas legislações latino-americanas.
Especificamente na colombiana, influíram no atendimento aos menos favorecidos do
nascente Estado, o qual passa a se responsabilizar pela assistência pública, com
programas de saúde e educação, e albergue para deficientes físicos, mentais e sociais.
Torres (1985), afirma, que o resultado da Revolução Francesa somado à
revolução tecnológica fez com que aparecessem no âmbito social colombiano duas
novas classes: a burguesia capitalista e o proletariado. A burguesia, que possui os
meios de produção, e o proletariado, que só é dono de sua força de trabalho.
Para aprofundar-se nas dinâmicas da sociedade capitalista deve-se ter em
conta as classes sociais das quais a capitalista proprietária tem por objeto a
acumulação de capital, acumulação essa que produz a desigualdade entre as classes
existentes e que se reflete na luta de classes tanto no que diz espeito ao econômico
quanto ao social, político e cultural.
Dessa forma, se compreende ainda mais as teorias do materialismo histórico
dialético, pois permite aprofundar-se no funcionamento do capitalismo e como os
modos de produção determinam as relações sociais dos indivíduos.
Faleiros (1976), afirma que “Os homens como sujeitos da história são
protagonistas, se localizam em classes sociais e vão criando seus meios de produção e
reprodução, ao mesmo tempo em que se reproduzem a si mesmos. A atividade humana
se realiza em determinada estrutura.” (p. 60). Com isso pode-se ver então como os
indivíduos, tendo como base o trabalho, se localizam numa ordem específica para gerar
ações que lhes permitam uma identidade própria, e como tal os legitimem e lhes
garantam um mínimo de sobrevivência.
É a partir desta identidade que finalmente poderá ser recriada a sua própria
existência e ali estabelecer os limites de bem-estar como classe determinada por
68
relações sociais. Faleiros (2007, p. 87), afirma ainda, que a sociedade não é uma soma
de indivíduos, também não é uma totalidade abstrata, é uma relação de forças
estruturais e conjunturais. “Essa correlação de forças implica uma relação entre a
conjuntura e a estrutura social” (p: 88) ambas, conjuntura e estrutura social, são
fundamentais.
Na Colômbia, vale a pena lembrar, antes do surgimento de ditas classes
sociais, as relações eram mediadas ainda pela existência do sistema feudal, tempo
onde tudo girava em torno da terra, o poder estava centrado na igreja, tanto no
econômico como no político e social. Dava-se uma produção de bens só para o
consumo próprio e imediato.
A nascente indústria, a finais do século XIX e començo do século XX,
desenvolveu-se com investimentos em obras de infraestrutura, empregando mão de
obra com flexibilidade, reafirmando a formação do proletariado no interior da sociedade
e da burguesia industrial, associado às finanças e ao comércio da burguesia
imperialista norte-americana que se vinha gestando na época.
Desde a descoberta do continente americano por parte dos europeus, o
sistema capitalista determinou em todas as épocas seu crescimento e desenvolvimento.
Em todos os países do continente o sistema capitalista tem influência, marcando as
pautas e dando as diretrizes a partir de seus próprios interesses, situação que ainda
hoje continua.
A profissão surge num contexto de luta de classes, o que levou o serviço
social a ganhar uma consciência histórica crítica de sua prática, tratando de ocupar o
lugar de quem, no meio dos conflitos de classe, não só está chamado a reconhecer as
causas que lhes dão origem, mas, de uma maneira essencial, permitir que os atores
desta luta nela reformulem seu papel.
O novo século XX se inicia com maiores problemas para as populações de
escassos recursos. Isto obrigou o Estado a assumir os serviços de assistência, até o
momento implementados para alguns, e serviços mais formalizados. Para isso foram
capacitados profissionais que pudessem atender a esta nova situação social dada a
69
partir da divisão social do trabalho, determinando as primeiras tentativas de um fazer
que, em seguida, dá origem à profissão do serviço social.
Para Torres (1985), a origem da profissão não pode ser entendida fora do
contexto sócio-histórico que vive o país. O autor explica, que antes dos anos 30 do
século anterior, gerava-se uma acumulação natural de capital comercial graças ao
trabalho de camponeses, arrendatários e pequenos produtores. Aqui surge uma tímida
indústria manufatureira e a de artesanato, também alguns bancos e outros
investimentos em setores da economia oferecendo ganhos e rendas; criaram-se novas
fábricas, as quais iam aumentando a quantidade de produção e o capital, respondendo
assim à necessidade de expansão da economia norte-americana, que depositou somas
de capitais dirigidas às obras de infraestrutura e à exploração dos recursos naturais.
Situações como o insuficiente desenvolvimento das forças produtivas, o
isolamento interno de cada setor produtivo, a baixa da economia, a chamada crise do
capitalismo mundial, a suspensão de obras públicas, o fechamento de fábricas, a
redução do comércio exterior; entre outros, produziram no país desemprego e
diminuição da capacidade aquisitiva dos salários para a classe operária. E da parte dos
camponeses e artesãos se deu a perda total de suas propriedades pela expropriação
que estas sofreram.
Martínez (1981), mostra como estes avanços e retrocessos trazem
consequências graves às populações colombianas: “Paralelamente ao desenvolvimento
industrial se deu o processo de decomposição do campo como produto do
deslocamento do pequeno produtor do mercado e suas relações com o capital
financeiro, igualmente incidiu neste fenômeno a concentração cada vez maior da terra
com poucos proprietários”. (p.17) O desenvolvimento industrial aprofundou ainda mais a
desigualdade; acelerou a desapropriação das terras e instalou a incerteza nos modos
de vida de uma população que via como o progresso violentava sua história e suas
expectativas de um futuro melhor. O progresso foi só uma ilusão. O capital, ao
converter-se no eixo das relações sociais e de produção, os distanciou de sua própria
condição humana e histórica.
70
As lamentáveis condições de vida e de trabalho dos operários assalariados
se converteram no principal problema social do momento. Os horários extensos de
trabalho, a falta de higiene e saúde ocupacional nos postos de trabalho, o péssimo
estado das moradias nos bairros periféricos, produziram na classe operária condições
subumanas. Estas desfavoráveis condições materiais de trabalho unidas à alienação
dos operários que vendem sua força de trabalho ao capitalismo deram origem aos
movimentos operários, característicos do século XIX e XX.
A precariedade de uma existência urbana dependente de um salário mínimo,
que só assegura a sobrevivência é foco de resistências operárias e camponesas
permanentes no país. Assim, expresa Martínez (1981)
El proletariado, los campesinos y artesanos expresan su descontento y protestan por dichas condiciones inhumanas de vida y trabajo. Surgen los movimientos de trabajadores con características, primero de revueltas […] luego se concretizan en peticiones entre las cuales están: aumento de salarios, mejor trato por parte de extranjeros, abolición del sistema de contratación, jornada laboral de 8 horas, […] descanso dominical remunerado, servicio médico gratuito, […] reconocimiento del derecho de organización y huelga.24 (p. 21)
Torres (1985), ilustra que no começo da profissão era persistente a
deprimente situação de pobreza que vivia a maioria da população, o que aumentava a
mortalidade e morbilidade no país, pois o padrão de vida da população era precário,
sendo a alimentação uma prioridade, pouco ficando para atender às necessidades
básicas como: educação, saúde e moradia. Ainda que as condições de trabalho nas
fábricas sejam extenuantes, a fábrica é contemplada como a única oportunidade de
obter um pouco de independência econômica, gerando migração de homens e
mulheres do campo à cidade, trazendo consequências nefastas e criando maiores
problemas de salubridade, moradia, educação, entre outros. Para estas populações que
se integram à nova civilização das fábricas e indústrias, o deslocamento é real.
24 O proletariado, os camponeses e artesãos expressam seu descontentamento e protestam contra tais condições desumanas de vida e trabalho. Surgem os movimentos de trabalhadores com características, antes de revoltas […] logo se concretizam em reivindicações, entres as quais estão: aumento de salários, melhor tratamento por parte dos estrangeiros, abolição do sistema de contrato, jornada laboral de 8 horas, […] descanso remunerado aos domingos, serviço médico gratuito, […] reconhecimento do direito de sindicalização e greve. (Tradução nossa).
71
Para compreender os diferentes momentos em que o serviço social começa
seu processo de profissionalização e institucionalização intentaremos aprofundar a
história do serviço social em suas diferentes etapas, buscando encontrar como vem
respondendo às demandas que se põem, segundo os momentos históricos que vive o
país.
Segundo Restrepo e Velez (2008), quando abordamos a história do serviço
social partimos de uma concepção marcada pela desonra por suas origens instauradas
na caridade e beneficência, as quais, graças ao processo de reconceitualização, foram
superadas. A história da profissão tem sido mostrada de maneira etapista e
discriminatória, onde uma etapa supera a outra deixando pouco ou nada de
reconhecimento ao pasado. Dita situação dá poucas ferramentas para aprofundar
debates sobre o assunto.
Falam as autoras, que na Colômbia temos histórias da profissão que partem
de narrações e anedotas, com datas anteriores ao processo de reconceitualização. Já a
partir da década de 70 até hoje, a profissão na Colômbia não conta com sua própria
história, mas, “com um serviço social contemporâneo, carregado de teorias não próprias
e de controvérsias que só têm o fato de dilatar o alcance de uma linguagem comum.”
(P. 188)
Cifuentes e outras (2010), explicam que no final do século XIX se dão as
primeiras ações que mostram o inicio da profissionalização da assistência social, a qual
procurava o desenvolvimento de processos de aprendizagem para dar adequado trato a
pessoas, abranger as situações em que viviam, conhecer os meios e os organismos
aos quais podiam dar atenção. Ainda não se tem acercamentos às teorias positivistas,
que dão origem às metodologias tradicionais como é o método de individuo, grupo e
comunidade. (p.15 e 16).
As autoras nos apresentam, que no ano de 1925, com a criação das
primeiras escolas, comença o processo de profissionalização, especificamente na
Colômbia com a fundação da primeira escola em 1936. É comum a formação
assistencialista com orientações paramédicas e formação jurídica e alta liderança por
parte da Igreja. Mais adiante se faz ênfase ao método de intervenção individual ou de
72
caso, modificando os currículos de estudos e incluindo disciplinas como a Sociologia e
a Psiquiatria. (Idem: p.16).
Revisando os diferentes autores como o CONETS, Torres e Leal, que na
Colômbia são os autortes que mais falam da história da profissão, encontramos
semelhanças na maneira de apresentá-la a partir de diferentes étapas, as quais
resumimos a seguir.
Na primera etapa - Assistencialista, tem-se assessoria acadêmica da União
Católica Internacional de Serviço Social, marcada pela ideologia cristã. Dá-se um
insipiente desenvolvimento das ciências sociais, que para as décadas de 30 a 50
propiciaram uma progressiva secularização do pensamento, explicando os modos como
as sociedades e as culturas reproduzem a pobreza.
A segunda etapa - Estrutural Funcionalista, a década de 40 até a década
de 60 se converte em “paradigma explicativo das condições, orientações e fins das
ações individuais e sociais, e como alternativa de ação social nos países da América
Latina”. (CONETS, 2006, p.9). Valorizava-se as instituições como agentes funcionais e
reguladoras da economia e da sociedade, determinando que as sociedades se
considerassem divididas em desenvolvidas e subdesenvolvidas, sendo um fator
importante o desenvolvimento tecnológico. A meta da ação social foi emoldurada só no
discurso da adaptação, este discurso fundamenta-se numa concepção que prioriza as
relações estímulo-resposta, onde se concebe um indivíduo separado de sua condição
histórica.
A terceira Etapa – Desenvolvimentista, a qual se dá nos anos 60, continua-
se o processo de fortalecimento do Estado com sua crescente intervenção desde o
econômico até o social. Desenvolvem-se os programas de organização comunitária.
Vincula-se a população de maneira ativa e consciente aos planos e projetos de
desenvolvimento com o fim de eliminar as causas de atraso e subdesenvolvimento das
populações.
A quarta etapa – Reconceituação, propiciou a adoção do marxismo como
ideologia filosófica, política e social em meados da década de 60. A crise deixada pelos
intelectuais frente às políticas e nova proposta das universidades frente à luta de
73
classes, obriga a uma chamada reconceituação não só teórica, mas, também, prática. É
questionado o assistencialismo e a visão adaptativa. A preocupação foi centrada na
produção de novos conhecimentos, que foram capazes de reformular o fazer
profissional. Procurava-se um fazer coerente com a teoria e a prática, com a realidade
histórica e social do país, pois é grande a influência das teorias norte-americanas na
formação dos assistentes sociais, a qual concebia os problemas sociais como parte das
sociedades. O marxismo, desde sua proposta do materialismo histórico e dialético, se
apresenta como um paradigma não só político e social, mas como uma proposta
teórica, metodológica e ética/política, a partir da qual a profissão do serviço social
define seus fundamentos e novos rumos. Estas propostas são consideradas um perigo,
em um país como a Colômbia, que estão determinadas por ideologias ultradireitistas e
conservadoras. Dessa forma os que insistiram em tais propostas foram desvinculados e
marcados como inimigos do sistema e em sua maioria desvinculados de seus
empregos, situação que ainda persiste no país.
A quinta Etapa a de Pós-reconceituação, se dá no final da década de 70 e
80. Durante este período se apresenta a crise do paradigma marxista e se começa a
desenvolver outras tendências diferentes delas, o socialismo entra em crise e não
responde às expectativas de mudança. O serviço social também reformula seu enfoque,
e nesta medida aparecem de novo diversas tendências influenciadas, algumas delas,
por conceitos emanados das ciências sociais. Neste sentido encontram-se os saberes
sociais, tentando uma aproximação à reconstrução histórica de sua identidade, a qual
permite que estes saberes, incluído o serviço social, se pensem através de uma nova
concepção de homem, de história e de vida, onde se procura a investigação e a
sistematização de experiências.
Finalmente a sexta Etapa - final do século XX e início do XXI até os nossos dias. Vive-se o fenômeno da globalização, forte economia de mercado,
tendências neoliberais, livre circulação de capital, mudanças políticas inesperadas e
momentos que fazem dos estados campos de batalha permanente, tanto no interior
como em sua relação com outros estados. Soma-se a estes fatos o desenvolvimento
das ciências sociais e sua intervenção na análise e entendimento da visão política e
econômica do mundo. Todos estes elementos são espaços propícios para que o fazer
74
do serviço social encontre na crítica ao Estado e na escassez das políticas públicas sua
razão de ser.
Os altos índices de desemprego e pobreza acompanhados das limitadas
oportunidades de educação, saúde e recreação em geral, tudo que implique o bem-
estar e o cumprimento das condições mínimas de vida são, para o assistente social,
elementos urgentes de reflexão e intervenção.
2.2 O SERVIÇO SOCIAL E AS POLÍTICAS SOCIAIS
Quanto à política social se observa em meados do século XX uma estreita
relação entre o econômico, o político e o social, sendo o Estado o responsável direto
pelos investimentos sociais, respondendo às reivindicações das lutas populares e dos
trabalhadores.
Segundo Cifuentes e outras (2010), no período de profissionalização do
serviço social a ênfase da intervenção está baseada na “atenção dos efeitos sociais,
que a instauração do capitalismo no continente americano vem deixando a seu passo,
sem que exista ainda uma reflexão que articule o contexto sócio-produtivo e ideológico
com os problemas da pobreza, que cotidianamente enfrenta em sua prática” p. 17
Há uma maior intervenção do Estado na institucionalização de programas
sociais, debilitando a intervenção da Igreja Católica, fortalecendo o setor oficial e
privado, dando um passo na década de 50 para uma maior intervenção no âmbito
universitário. Na década de 60 continua o fortalecimento do Estado, com apoio, tanto no
econômico quanto no social, da CEPAL e da OEA, propiciando programas de
participação e desenvolvimento da comunidade, com participação ativa das
comunidades, sendo o conceito de marginalidade a base teórica fundamental destas
ações.
O argentino Manuel Carballeda, em O Serviço Social: a partir de uma olhada
histórica centrada na intervenção, ilustra um pouco mais o tema da Política Social e
suas origens: “Desde a origem do serviço social, nos encontramos a partir desses anos
com um novo elemento que se introduz e dá sentido às práticas desta disciplina e de
75
outras. A política social, aparecerá em princípio, como mediadora entre as
desigualdades sociais produzidas pelo sistema econômico” (2006, p. 46). Com estas
políticas, o Estado tenta dar resposta aos novos problemas surgidos nas relações de
trabalho, no entanto, são políticas que pouco soluciona os problemas, pois os
orçamentos para executá-las são mínimos, e muitas delas se deixam por livre
interpretação dos servidores públicos e empresários, ou por conta das conquistas
laborais dos operários associados em sindicatos.
A política social busca prevenir e ajudar a minimizar os diferentes conflitos
que se davam no momento. Ainda que insuficientes e de poucos resultados, estas
políticas foram benfeitoras para frear os momentos de crises no país.
O Estado entende com maior clareza seu papel de interventor no
desenvolvimento socioeconômico no país e a necessidade de seu fortalecimento
financeiro. Para isso começa a ser planejada no setor público, a administração do
aparelho estatal.
A intervenção se constitui a partir do entendimento crítico e histórico da questão social contemporânea, que desde sua origem responde à relação capital-trabalho gerada no capitalismo. Sociedade posta a serviço do mercado, argumentado pelo liberalismo clássico, e em seguida ressignificada pelo neoliberalismo. (GÓMEZ all, 2004: p. 113).
Segundo José Paulo Netto (2003), o termo questão social tem mais ou
menos uns 180 anos de uso. Iniciou-se na terceira década do século XIX, divulgado por
críticos da sociedade, e aparece simultaneamente com a palavra socialismo. “A
expressão surge para dar conta do fenômeno mais evidente da história […] se trata do
fenômeno do pauperismo […] (neste caso, absoluto) em massa da população
trabalhadora que constituiu o aspecto mais imediato da instauração do capitalismo em
sua fase industrial competitiva” (p.56). Explica o autor, que quanto mais se estendia o
capitalismo com a produção em massa de bens e serviços, mais aumentava a
população de escassos recursos, a pobreza e a pauperização. O Estado e a burguesia
procuravam combater as manifestações das questões sociais sem afetar os interesses
da sociedade burguesa, afirmando de forma clara que a razão de ser do serviço social
é a questão social, “sem ela não há sentido para a profissão” (p, 68).
76
Segundo Potyara A. P. Pereira (2003), a "Questão Social" é considerada pela
profissão como seu foco privilegiado de interesse científico e político, sintetiza ela, “Sim,
esse foco não está teoricamente definido, corre-se o risco de uma análise inespecífica,
caindo no relativismo, ou pensá-lo como um fenômeno espontâneo desfalcado do
protagonismo político” (p.72). Pode-se entender que a questão social expressa uma
relação dialética entre estrutura e ação, onde cada um dos sujeitos atuantes assume
papéis determinados com a finalidade de responder a diferentes necessidades sociais,
entendidas como questões.
Explica ainda que, enquanto existir o sistema capitalista, enquanto as
relações estejam dadas na “contradição fundamental do sistema capitalista – existirá
contradição entre capital e trabalho” (p.72). Não é possível aprofundar nas
desigualdades que levariam à solução da questão social. Afirma-se que se está frente a
um problema mascarado, o que se converte para os setores progressistas em desafios
permanentes, diante também se está de um desafio de questões implícitas, não postas
de maneira real e clara no palco sociopolítico e que podem gerar respostas eficazes,
que realmente gerem condições mais justas e igualitárias para os menos favorecidos.
Não considero os problemas atuais como aspectos ou características explícitas da questão social capitalista, ou seja da questão social constituída na Europa, no século XIX, porque essa questão social foi chamada assim por expressar um contundente confronto político. No entanto, considero que os atuais problemas sociais […] são produtos da mesma contradição que gera essa questão, mas que contemporaneamente ainda não foram suficientemente politizados. A questão social […] é sinônimo de conflito político, determinado por essas contradições. (POTYARA, 2003, p. 76).
Mota, (2009) fala a respeito do assunto: “As raízes da questão social estão
submergidas nas relações sociais dominantes e vigentes na sociedade capitalista”, e
mais adiante em seu artigo complementa o anterior ao afirmar que: “... a questão social
deve localizar-se como uma definição estratégica, que no universo temático do serviço
social, designe um conjunto de questões reveladoras das condições sociais,
econômicas e culturais em que vivem as classes trabalhadoras na sociedade
capitalista.” (p. 44)
77
Lima (1980), em seu artigo, O desenvolvimento do Serviço Social na América
Latina, relata a respeito do problema:
A sociedade por sua própria dinâmica gera os problemas sociais e os atingidos pressionam os grupos que os administram, com a finalidade de obter respostas e satisfações mínimas frente aos problemas. Muitas vezes as pressões […] estão também dirigidas a conseguir determinadas demandas e níveis de participação, já que objetivamente se sentem excluídos do jogo de interesses políticos vigentes. (p. 26).
No interior das sociedades surgem diferentes espaços que permitem a
intervenção da profissão, já não conta só a demanda que faz o Estado para que
intervenha nos desajustes sociais, aparecem aqui as instituições e empresas privadas
que começaram a reivindicar os serviços da profissão.
O serviço social surge para apoiar aos indigentes e necessitados. Para isso o
Estado em união com outras organizações institucionaliza e incorpora os assistentes
sociais para operar no atendimento e assistência a essas populações. Lima ajuda a
compreender o tema do assistencialismo, pelo qual a profissão na Colômbia
permaneceu por décadas, afirmando:
A visão assistencialista é uma visão ingênua […] o assistencialismo é, pois, a prática realizada tendo por base mais que uma realidade objetiva, uma crença de que parte de nossa atividade – o bem real que um serviço produz, é a verdade total. Imerso nesta crença o serviço social viveu seus primeiros 30 anos. Só a partir dos anos 60 surgiu a reconceitualização, uma crítica à prática assistencialista. (1980, p.35-36)
Na Colômbia, o serviço social considerava que este era seu único fim e
propósito, com essa mentalidade as universidades formaram profissionais que, levados
por sua vocação de serviço, assistiam às necessidades da população. Iamamoto e
Carvalho (1984) ajudam a entender que a dita vocação era percebida como um
chamado, justificado por uma motivação ética, religiosa ou política, à qual só podiam
aceder determinadas pessoas com características muito especiais, estas consideradas
como se fossem um dom, assim, acreditava-se ser apto para a efetivação de sua
intervenção, mais vinculado ao cumprimento de sua missão do que às exigências
objetivas de uma profissão.
O trabalho do assistente social se insere numa relação de compra e venda de mercadorias em que sua força de trabalho é mercantilizada. Aí
78
se estabelece uma das linhas divisórias entre a atividade assistencial voluntária, desencadeada por motivações puramente pessoais e idealistas, e a atividade profissional que se estabelece mediante uma relação contratual, que regula as condições de obtenção dos meios de vida necessários à reprodução desse trabalhador especializado. (1984, p.88)
É a partir da reconceituação da profissão que se analisa que o serviço social
está servindo aos interesses de classes. Faleiros (2007, p. 39), ajuda a compreender
que o movimento de reconceituação coloca a questão da luta de classes, não como
abolição da propriedade privada, como fim do capitalismo, senão, como processo de
luta, de movimento social, onde se dá prioridade à organização, à mobilização,
participação e conscientização dos sujeitos. “A profissão não se caracteriza apenas
como nova forma de exercer a caridade, mas com base de intervenção ideológica na
vida da classe trabalhadora, com base na atividade assistencial; seus efeitos são
essencialmente políticos: o enquadramento dos trabalhadores nas relações sociais
vigentes, reforçando a mútua colaboração entre capital e trabalho”. (IAMAMOTO,
2004:20).
O assistente social passa a intervir no social, apoiando-se nas ações das
entidades não governamentais ou sociedade civil organizada para tentar resolver
solidariamente os problemas pontuais que surgem da crise e desatenção do Estado,
que durante essas décadas centrou sua atenção nas guerras internas e externas. Tudo
leva a uma redefinição dos elementos que constituem o âmbito do social em todas as
suas dimensões, tanto públicas como privadas, influenciadas pela nova linguagem da
administração e da economia que exigem eficiência e competitividade nos programas e
projetos sociais, emoldurando o social num contexto gerencial.
Este novo enfoque não só está mediado pelos novos rumos das sociedades,
mas também na obediência do surgimento de novas metodologias no campo das
ciências humanas e sociais, como são os enfoques sistêmico, holístico e o
ressurgimento da hermenêutica nos processos de leitura, sistematização, escritura e
análise dos fenômenos sociais e humanos. Isto exige novas categorias para
compreender ditos fenômenos sociais.
79
Portanto, o mundo de hoje tem novos fenômenos sociais e humanos e isto
lhe dá um caráter de maior complexidade tanto ao individual como ao coletivo e suas
relações. É um mundo globalizado, com diferenças, as quais exigem respeito e estão
dispostas à luta pela reivindicação de seus direitos. Sob o marco deste panorama a
reflexão e a intervenção do assistente social se fazem mais complexa, dado que o
mundo de hoje parece mover-se numa esfera do privado sustentado pelo público. É por
isto, que hoje mais do que nunca, a profissão enfrenta desafios teórico-metodológico,
políticos, intelectuais e éticos, não só para sua produção de conhecimento e sua
intervenção, mas, também, para que possa ser fiel ao seu ideal de contribuir para a
criação de novos enfoques que permitam um maior entendimento dos fenômenos
sociais.
80
CAPITULO 3
______________________________________________________________________ O LUGAR DO SERVIÇO SOCIAL NAS EMPRESAS PRIVADAS
DA CIDADE DE MEDELLIN
Pretende-se aqui acercar as intervenções da profissão a partir de seu
surgimento nas fábricas, reconhecendo os sucessos e as mudanças que se dão em seu
interior, pois é a partir das solicitações destas que são geradas certas demandas aos
profissionais, as quais são determinadas pelo momento histórico e social que vivem os
indivíduos imersos em relações previamente estabelecidas.
Confluem aqui dois fatores importantes, por um lado a legislação colombiana
que obriga as empresas a contratar o profissional para a intervenção junto aos
trabalhadores, e de outro as necessidades criadas pelas empresas, as quais solicitam
às universidades que formem os profissionais para ocupar cargo nas áreas, inicialmente
de bem-estar social e mais tarde de gestão humana.
Faz-se necessário esclarecer que neste capitulo os elementos de análises
são tomados da realidade vivida historicamente por alguns dos assistentes sociais das
empresas da cidade de Medellín, na Colômbia. Este aspecto permite um enfoque a
partir dos artigos publicados sobre o tema, quanto à profissão, desde sua origem até o
momento atual.
Finaliza-se o capítulo com as análises da teoria crítica, as quais permitiram,
por contrapontos, encontrar elementos que fizeram compreensível a realidade histórica,
com suas causas e consequências, pois foi a partir desta realidade que se aprofundou
a razão de ser do serviço social na empresa, como profissão duplamente referenciada.
Na Colômbia, como no resto dos demais países da América Latina, as
empresas privadas permanecem como um dos campos de práticas e espaços
socioinstitucionais no qual o assistente social trabalha diretamente com e na
contradição capital - trabalho e, ainda, se considera que neste campo encontra-se a raiz
das solicitações que as empresas fizeram às universidades, em aliança com a igreja,
81
para responder às crises deixadas pelas situações de pós-guerra e às permanentes
crises sociais e econômicas produzidas pelo capitalismo.
É do espaço que se ocupa como profissional e do que é possível perceber,
que se aborda neste capitulo o lugar do serviço social na empresa privada da cidade de
Medellín. O esforço tem ido além do que a formação profissional permitiu. Viver no meio
da contradição: capital - trabalho propiciou um ganho de consciência que levou mais
além da simples submissão às teorias administrativas ou do mantimento do labor
assistencial, permitiu o encontro com as teorias críticas a partir do marxismo, o qual
forneceu um horizonte interpretativo muito mais amplo, fazendo com que a realidade
histórica assuma seu verdadeiro rosto. Em meio à contradição, esta pesquisa
desenvolveu uma sensibilidade crítica frente aos resultados que foram arrojando as
encostas sobre as determinações da prática dos assistentes sociais no verdadeiro
mundo empresarial.
3.1 A EMPRESA PRIVADA COMO UM ESPAÇO SOCIOINSTITUCIONAL DE ATUAÇÃO DO ASSISTENTE
SOCIAL.
Adentrando-se no conceito e no desenvolvimento histórico da empresa
privada como um dos espaços socioinstitucionais da prática dos assistentes sociais e
seu demandante, sente-se a necessidade de vê-la em suas múltiplas óticas e a
reconhecer as diferentes perspectivas nas quais se instalam compressivamente suas
teorias, o que significa dizer que o conceito de empresa privada passou por evoluções
ao longo da história, pois está determinado pelas transformações socioeconômicas e
culturais que produzem mudanças nas ideologias, afetando as relações entre as
diferentes classes sociais e tecendo as contradições entre capital e trabalho.
Analisada a partir do ponto de vista econômico, a empresa é considerada
como uma entidade que encaminha com eficácia os elementos econômicos para
produzir bens e serviços, satisfazendo as necessidades do mercado e procurando seus
próprios objetivos, como a criação do lucro.
82
No século XVII, nasce o capitalismo mercantil com as repúblicas italianas.
Alí se deu o início econômico pelas empresas mercantilistas, cujo comércio se dava em
todo o mundo. A estrutura básica das empresas estava conformada pela unidade
simples, técnicoeconômica, sobrepassando a dimensão meramente familiar do
feudalismo.
A partir da Revolução Industrial, no século XIX, aparece a empresa
complexa, por ter vários sócios. Aqui começa a organização do trabalho, se desenvolve
a produção em amplas naves industriais com agrupamento de atividades funcionais
iguais. A produção se converte na unidade econômica empresarial. A partir deste
momento se deu a origem do capitalismo industrial. Aparecem os estudos de métodos e
tempos, e a organização do trabalho.
No começo do século XX, com a aparição do motor de combustão, a
eletricidade e a eletrônica, as empresas enfrentam uma unidade mais complexa.
Gestam-se as sociedades anônimas, as estruturas de grupos de empresas e a atuação
sobre bases funcionais.
O capitalismo financeiro surge depois da II Guerra Mundial. A empresa é
considerada como uma organização, sua estrutura básica está formada pelos holdings,
grupos empresariais, e sua unidade econômica é simplesmente uma unidade de
decisão. Seus movimentos de capitais, a gestão de carteiras e recursos financeiros é
dirigida pelas organizações multinacionais.
3.1.1 O CONCEITO DE EMPRESA E AS ÁREAS DA GESTÃO HUMANA.
O primeiro conceito de empresa surge com o estudo da teoria
microeconômica e de mercado, no final do século XIX. No começo era mais uma teoria
da oferta e da procura, logo se apoiou nas novas correntes revisionistas que provinham
da macroeconômica e da administração das empresas. Logo se deu início ao período
de mais ou menos trinta anos, onde se destacaram algumas teorias.
83
Aprofundar o conceito de empresa a partir da perspectiva administrativa
permite compreender, segundo o dicionário financeiro, que empresa é “Uma unidade
econômica que se constituiu legalmente para obter benefícios através da atividade
produtiva ou da prestação de serviços”. Sua principal característica é que o capital que
a forma é contribuído e possuído por indivíduos particulares.25
Igualmente Sanabria (2008) confirma o exposto quando afirma:
Empresa pode fazer relação com tudo aquilo em que resulta comprometida a capacidade do homem para transformar o entorno a partir das fantasias da troca. Seu interesse econômico se expressa na medida em que o produto da ação dos indivíduos de maneira individual ou coletiva tenha um maior valor que os insumos, e que esse excedente em valor agregado pode ser apropriado pelas individualidades ou coletividades que participam do processo de produção. (22-23)
Para Chanlat (2002: p.15), a empresa é vista como instituição fonte de
riqueza e cultura, com capacidade de solucionar problemas e necessidades que se
apresentam numa sociedade concreta. Afirma que também é considerado por muitos
como um lugar de exploração, dominação e alienação.
Outro sociólogo da Universidade da Columbia, Etzioni (1975: p.4), descreve
empresa privada como uma unidade social deliberadamente construída ou reconstruída
para alcançar os fins propostos onde sua principal característica é a divisão do trabalho,
os centros de poder e a rotatividade das pessoas.
Entende-se, pois, que toda empresa privada procura antes de tudo obter o
maior rendimento e cumprir os objetivos para os quais foi criada, contando com
recursos tanto internos como externos. As empresas no meio Social são consideradas
também como organizações que têm características comuns, tais como: possuir um
número de pessoas; estruturas interiores que possibilitam a divisão e o controle do
trabalho; ter recursos tanto físicos como humanos; fazer parte de um contexto ou
ambiente que, de uma ou outra maneira, influenciam permanentemente em seus
resultados e lucros; trabalhar por resultados de produção e/ou serviços; contar com um
25 Ver Franklin Templeton Investments. www.franklintempleton.ch/spain/jsp_cm/guide/glossary_e.jsp (investigado el 10 de octubre 2010).
84
sistema administrativo que o tempo todo se esteja atualizando para responder às
demandas permanentes dos clientes. (Espitia, 2006: p. 3).
Tanto o termo empresa como fábrica, pode ser confundido no momento em
que se refere a eles. Na Colômbia, quando se fala de empresa se fala da organização
como um todo, que contém espaços físicos, onde se processam os produtos. Diferente
de quando se refere ao termo fábrica, cuja responsabilidade é a produção e a
fabricação dos produtos. A fábrica faz parte da empresa, cuja organização é composta
por metas, objetivos de produção e intercâmbio de produtos com a finalidade do lucro.
A fábrica é o espaço físico onde necessariamente existem as máquinas e a matéria
prima para o desenvolvimento, a produção e o intercâmbio de bens e serviços
produzidos.
Se a existência das fábricas depende de alguns componentes, como edifício,
máquina, reserva de dinheiro, matéria prima, produtos elaborados, ativos, passivos e,
antes de qualquer coisa, uma boa projeção do capital disponível, a empresa depende
de uma boa organização como entidade com ideias postas pelos proprietários, onde a
prioridade é a maximização da riqueza, o lucro e outros objetivos. (Idem. 28). Vale a
pena lembrar que a fábrica precisa de produtos, mas a empresa não necessariamente é
a produção de produtos, também pode ser serviços.
Cárdenas (2006: p. 30-31), diz que: “a empresa privada responde ao
mercado, isto é, o controle social se exerce na área do mercado, sob a influência direta
das preferências e possibilidades dos consumidores”. Dessa forma, se pode ver como o
capitalismo deixa a responsabilidade do resultado do seu sistema, ao mercado, ficando
livre da responsabilidade do mesmo.
Dupois (2010: p.38) em seu artigo “O capitalismo, origem, essência e
variedade”, descreve, citando Chandler, que o centro da dinâmica do capitalismo
industrial está nas empresas, que têm poder de organização, oferecendo, às indústrias
e aos países, vantagens incomparáveis tanto no nível nacional como internacional.
As empresas, segundo Facal (2010: p.87), estabelecem relações dinâmicas,
complexas, multidimensionais, sequencial e de interdependência com o Estado. Suas
relações mudam permanentemente e, dependendo das circunstâncias, podem ser de
85
confrontação ou de colaboração desde os âmbitos legislativo, regulamentar, jurídico, de
alcance local, regional, nacional e internacional. Podem igualmente enfrentar-se quando
os interesses não coincidem. Afirma ainda o autor, que estas relações são de
interdependência, pois nos momentos mais tensos, as empresas são conscientes que
precisam de um Estado funcional, e o Estado sabe que precisa de empresas prósperas
e influentes para o desenvolvimento e economia do país.
Existe uma série de fatores, segundo o autor, que são importantes levar em
conta nas relações entre as empresas e o Estado, tais como: a globalização, entendida
esta como a “intensificación y la aceleración creciente de los intercâmbios econômicos y
de la circulación de capitales que refuerzan la interdependência econômica, politica, y
tecnológica de los indivíduos, los grupos y las naciones” (Ibid, 87).26, onde são dadas
oportunidades favoráveis às empresas nos mercados internacionais e, ao mesmo
tempo, problemas nos mercados domésticos, o que se reflete em demandas para o
Estado, que auxiliam as empresas em casos de quebra e/ou crises.
Várias dentre as empresas pesquisadas têm sido apoiadas pelo Estado
colombiano com a Lei do Concordato a fim de impedir sua quebra total. Não se pode
desconhecer que as empresas surgem com um propósito de obter lucros, e quando
este não se dá o Estado passa a apoiar, é a lógica na qual se move o sistema
capitalista.
Igualmente o Código de Comércio da Colômbia, em seu artigo 25 define a
empresa como “Toda tarefa econômica organizada pela produção, transformação,
circulação, administração ou custódia de bens ou pela prestação de serviços”.
Igualmente afirma que dita atividade se faz por meio de um ou mais estabelecimentos
de comércio.
Toda empresa, grande ou pequena que seja, tem três fatores necessários
para que possa realizar sua tarefa, são eles: as pessoas representadas nos
proprietários, os administradores e todos os empregados; o capital formado pelos
aportes que fazem os proprietários da empresa, pode ser dinheiro, mercadorias, 26 “Intensificação e a aceleração crescentes dos intercâmbios econômicos e da circulação de capitais que reforçam a interdependência econômica, política e tecnológica dos indivíduos, dos grupos e das nações” (Tradução nossa)
86
maquinária, móveis e outros bens; e o trabalho que é a tarefa que faz as pessoas para
alcançar o objetivo da empresa.
Na Colômbia, as empresas, segundo o Código do Comércio, estão
classificadas em micro, pequenas, médias e grandes empresas, segundo o número de
trabalhadores e seu capital. De acordo com a Lei 590 de 2000 e a Lei 905 de 2004,
temos a microempresa entendida como toda unidade de exploração econômica
realizada por pessoa civil ou jurídica, em atividades empresariais, agropecuárias,
industriais, comerciais e de serviço rural ou urbano, com um total de até 10
trabalhadores e com um capital ativo de menos de 501 salários mínimos legais mensais
vigentes. ($566.700 pesos colombianos)27. Segundo a Lei 905 de 2004, a pequena
empresa é aquela com um número de pessoas entre 11 e 50 trabalhadores e um capital
ativo entre 501 e 5000 salários mínimos legais mensais vigentes; a média empresa é
aquela que conta com um número de pessoas entre 51 e 200 trabalhadores e um
capital ativo entre 5.001 e 30.000 salários mínimos legais mensais vigentes, e por
último a grande empresa, a qual conta com mais de 200 trabalhadores e um capital
ativo total de mais de 30.000 salários mínimos legais vigentes.
As empresas têm vários elementos que a compõe, tais como: o
empresário: pessoa ou conjunto de pessoas responsáveis por gerir e direcionar a partir
da tomada de decisões em busca do alcance dos objetivos; os trabalhadores: conjunto
de pessoas que fazem seu trabalho na empresa, pelo qual percebem um salário; a
tecnologia: constituída pelo conjunto de processos produtivos e técnicas necessárias à
fabricação de produtos ou serviços (técnicas, processos, máquinas, ordenadores, etc.);
os provedores: pessoas ou outras empresas que proporcionam as matérias primas, os
serviços, as maquinarias para o desenvolvimento das tarefas; clientes: pessoas ou
empresas que demandan os bens produzidos ou os serviços prestados; competência: empresas que produzem os mesmos bens ou prestam os mesmos serviços com os
quais se luta para atrair clientes. Por último se tem o elemento conformado pelos
organismos públicos como o Estado central, como os Organismos Autônomos que
27 O equivalente a 314 dolares americano.
87
condicionam as tarefas da empresa através de normativas laborais, fiscais, sociais,
dentre outras.
Segundo o mesmo Código de Comércio as empresas são classificadas segundo as
tarefas em diferentes setores, tais como: Agropecuárias: as que exploram grandes
quantidades dos produtos agrícolas e pecuários; Minerais: seu objetivo principal é a
exploração dos recursos subterrâneos; Industriais: empresas dedicadas a transformar a
matéria prima em produtos terminados ou semielaborados; as Comerciais: se dedicam a
compra e venda de produtos naturais, semielaborados e terminados a maior preço do
comprado, obtendo ganhos, e as empresas de Serviços: buscam prestar um serviço para
satisfazer as necessidades da comunidade, seja saúde, educação, transporte, recreação,
serviços públicos, seguros e outros serviços.
Segundo o âmbito estatal, as empresas podem ser nacionais, aquelas que
desenvolvem suas tarefas em seu único país; as empresas multinacionais são
grandes empresas que desenvolvem suas atividades ao mesmo tempo em vários
países; as regionais e as locais.
As empresas também se classificam segundo a procedência do Capital: podem ser
privadas: as que têm constituição e funcionamento com aportes de pessoas particulares;
oficiais ou públicas: as que para seu funcionamento recebem aportes do Estado, e as de
economia mista: são as que recebem aportes dos particulares e do Estado.
Em relação ao número de proprietarios podem ser individuais e
sociedades. As empresas individuais são chamadas também de empresas unitárias ou
de proprietário único.
As sociedades, de acordo com a forma de associação, podem ser:
Coletiva: constituída por duas ou mais pessoas, os sócios podem aportar dinheiro ou
bens e sua responsabilidade é limitada e solidária; e a sociedade em Comandita Simples: é constituída por um ou mais gestores ou um ou mais comandatários, tem
responsabilidade ilimitada.
As sociedades, segundo o capital, se classificam em Anônimas: com um
mínimo de cinco sócios com capital representado em ações. Seu nome vai seguido da
expressão S.A. Estão também as sociedades chamadas Comandita por ações: se
constitui por um ou mais sócios com responsabilidade ilimitada e cinco ou mais sócios
88
com responsabilidade limitada. As sociedades Sin Ánimo de Lucro: São as entidades
que perseguem exclusivamente fins sociais, culturais, esportivos e de serviços, sem fins
lucrativos.
Esta é a maneira do Estado catalogar as empresas para manter o controle
sobre elas, pois a legislação colombiana, quanto à criação de empresa, tem requisitos
que devem ser cumpridos a todo tempo, não só no aspecto econômico, mas, também,
no jurídico e laboral.
Todas as empresas pesquisadas, segundo informações dos profissionais,
cumprem os requisitos impostos por lei, desde os tributários até os laborais.
Outros fatores influentes são as características próprias de cada sociedade e
de cada setor econômico, tais como: o nível de competência, a capacidade de consumo
que têm os membros da sociedade, os movimentos sindicais e como estes interatuam.
Existem ainda fatores políticos, os que dependem da distribuição dos diferentes
poderes no Estado; a estabilidade e instabilidade do país com relação ao tipo de
governo; os valores que regem as sociedades são também elementos que facilitam
ditas relações entre empresa e Estado. Afirma o autor que “as sociedades diferem em
importância, onde os indivíduos concedem valores como a liberdade, igualdade,
solidariedade e responsabilidade.” (Facal 2010: p.89). Estes valores determinam a
estima e o compromisso que cada pessoa dá a si mesma, e a maneira como o Estado
responde igualmente por eles.
Para as empresas serem produtivas e responderem às demandas do
mercado, precisa satisfazer aos clientes, pois em sua maioria enfrentam a concorrência
no mercado que oferta variedades de produtos de excelente qualidade e preço. Essa
tentativa de ter satisfeito e lograr a fidelidade dos clientes obriga, de certa forma, as
empresas a prestar maior atenção a seus trabalhadores.28
Criam-se áreas específicas de atenção ao trabalhador e às suas
necessidades, buscando maneiras de garantir qualidade, quantidade, maiores ganhos e 28 No entanto, quanto às áreas que as conformam, para seu normal funcionamento todas possuem em sua estrutura interna os departamentos ou áreas de Recursos Humanos ou de Gestão Humana ou Talento Humano como tende a chamar-se hoje, as quais aprofundaremos e mostraremos quais são as funções dos assistentes sociais nas mesmas.
89
clientes satisfeitos. Para isso, se apoiam nas áreas de administração, segundo
afirmação de Chanlat (2002: p.17), onde os diferentes profissionais das ciências
sociais, dentre eles os assistentes sociais29, são contratados e vendem também sua
força de trabalho.
Com o surgimento de uma sociedade gerencial baseada na administração,
aparecem termos como gestão, gerente e talento humano, e também princípios
administrativos, tais como: eficácia, produtividade, resultados, profissionalismo, relação
empresarial, qualidade total, cliente, produto, mercado, excelência, reengenharia, entre
outros (Ibid. p. 16).
É no interior das empresas onde se dão determinadas relações, que marcam
as pautas de interações entre os assistentes sociais e os trabalhadores, sendo que o
beneficiário final das intervenções é a empresa.
Observa-se uma administração utilizando as ciências sociais para gerenciar
o humano, onde se define a Gestão como “conjunto de práticas e atividades fundadas
sobre certo número de princípios que apostam em uma finalidade: a busca da eficácia,
sobretudo econômica” (Ibid. p. 29)
As necessidades impostas pelo mercado obrigam as empresas a expandir-
se, a crescer, primeiro de forma horizontal e finalmente crescer na vertical, criando
necessidade de supervisão e mão de obra qualificada que venham a atender às
necessidades das determinações pessoais. Segundo Peter Drucker, (1994. p. 54), para
que exista uma empresa se devem cumprir características tais como: primeiro ter um
propósito; segundo produzir resultados; terceiro tomar decisões; quarto, que essa
organização/empresa seja administrada, gestada; e, por último, que tenha autonomia
no campo próprio de suas gestões.
Essas características nos permitem encontrar no interior das organizações
diferentes maneiras de gestão, relacionadas com produtividade, competitividade,
eficiência, e um nível de motivação dos trabalhadores, que se valoriza mediante a
satisfação dos mesmos e do clima organizacional, o que indica uma cultura própria em
29 Os diferentes profissionais, entre eles os Assistentes Sociais, dão maior preferência a laborar nas empresas privadas, sendo este um caso particularmente destacado na Colômbia.
90
cada empresa, com características próprias, que influenciam nos valores de cada
indivíduo e da coletividade. Para isso se dão diferenças nas ideias e formas alternativas
de delegar, de exercer a liderança, a comunicação e a realização das tarefas diárias.
As empresas privadas procuram ter eficiência por meio da maximização do
benefício com menores custos: “Estas se enfrentam a um ritmo acelerado de mudanças
nas inovações, na ciência, na tecnologia e nos conceitos a respeito da natureza do ser
humano.” (Ibid.p; 3).
As empresas sobrevivem na medida em que desenvolvem aptidões para
adaptar-se ao meio ambiente dinâmico e variável, exercem um controle direto e
permanente sobre os trabalhadores, propõem estratégias de negócio que respondem a
missões e visões de médio e longo prazo para defender a empresa e permitir sua
permanência através do tempo. Sua meta é a oferta ampla de produtos e serviços para
um público determinado, tendo em conta seu tamanho e capacidade de resposta.
Com relação a esta categoria, a teoria crítica nos apresenta um conceito de
empresa a partir de Martinelli:
“Este nuevo modo de producción exigía la concentración de los trabajadores en un espacio específico: la fábrica, la industria, locus de la concentración de la producción, teniendo en vista la expansión del capital. La máquina a vapor y el telar mecánico se volvieron los verdaderos dioses de los capitalistas y la fabrica su templo (1997: p. 34).
As empresas, as fábricas, são entidades que buscam em seus processos
produtivos a obtenção de lucros que lhes permitam a manutenção e a permanência no
mercado atual globalizado.
Tendo como objetivo principal a produção de bens e a geração de riquezas,
as empresas e/ou fábricas se convertem na razão de ser da vida dos homens, no palco
sagrado de suas relações, deslocando-se deste lugar ao que antes representava a
natureza, a fábrica se converte no templo e o capital em seu Deus, transformando, pelo
efeito da produção e da globalização, os responsáveis pelo mercado nos novos
sacerdotes deste templo.
91
Na sociabilidade capitalista, a satisfação das necessidades propriamente
humanas é atendida pela produção de mercadorias organizadas em seus diferentes
formatos: fábricas, empresas, indústrias, cooperativas, pois têm a ver com organizações
que produzam bens e serviços, mas não da forma como o faz o capitalismo onde a
prioridade é o lucro, os ganhos, é necessário produzir bens e serviços, mas não em
detrimento da qualidade de vida do trabalhador.
As empresas se constituem em um cenário complexo e contraditório para a
intervenção dos profissionais em serviço social, pois devem atuar na mediação de
interesses e conflitos entre empregador e empregado.
Conforme, Guerra,
Para garantir sua sobrevivência, o serviço social, como profissão, tem que responder às demandas. Estas não são unidirecionais, ao contrário, são atravessadas por interesses antagônicos oriundos do capital e do trabalho, daí serem atividades profissionais mediadas pela contradição (2001: p. 04).
Na Colômbia e especialmente na cidade de Medellín, se tem a percepção
que as empresas privadas são uma das principais empregadoras da profissão. A
contratação dos profissionais do serviço social nas empresas data dos anos 1960,
quando se consolidava a formação deste tipo de profissionais e o modelo de
substituição de importações pelos processos de industrialização. São deste período os
patronatos já mencionados, criados por parte das empresas ligados à igreja e à
nascente indústria.
Mota, (1998: 39-40), afirma que toda empresa capitalista busca gerenciar o
capital e o trabalho, produzindo bens e serviços para assegurar e valorizar o capital,
gerar acumulação e reprodução de mais-valia, onde seu instrumento, o lucro, se
converte no eixo central da produção. As empresas como instituição fazem parte do
modo de produção capitalista, respondendo ao condicionamento do movimento
histórico da sociedade, em uma dinâmica social, mundial e permanente.
92
A requisição que se faz do assistente social na empresa “se institui em uma
relação social mais ampla: a produção e reprodução das relações de produção no todo
da sociedade”. (Ibid: 40).
Para Braverman apud Mota, (1998: p. 43), a empresa tem funções básicas
onde se sobressai a “coordenação social”, ou seja, a função onde em geral os donos
dos meios de produção fazem suas propostas aos profissionais do serviço social, pois
com eles alcançam o controle dos trabalhadores e mantém a calma e a tranquilidade
que se requer nos espaços de produção empresariais.
Para tanto são estabelecidas as alianças entre o Estado e a empresa
privada. Sabendo que a sociedade capitalista não tem meios para desenvolver um
planejamento social, pois esse não é seu interesse central, ainda assim, tem em conta
sua natureza caótica, obrigando as empresas a assumir responsabilidades sociais.
Assim, o Estado responde com apoio mediante leis, que a longo prazo beneficiam os
empresários e, por consequinte, o capital. Resta explicitar que se trata de uma
negociação entre o Estado e as empresas, como formadores do bloco hegemônico de
poder. Por sua vez ambos asseguram a sustentação do modo de produção capitalista,
pois ao manter a mão de obra necessária garantirá a produção e a riqueza do sistema
(Menezez, 2008: p.12).
As empresas no seu interior têm uma dinâmica de relacionamento a qual
está baseada em uma relação desigual que tem com seus trabalhadores, situação esta
que se observa na venda da força de trabalho, por parte dos operários, que é a única
maneira que eles têm para subsistir, a venda de sua força de trabalho, em troca de um
salário que o capital remunera. (Idem p. 12).
Tal fato leva as empresas a contratar os serviços do assistente social, porque
o capital precisa mediar os interesses e porque em determinados momentos a
regulamentação do trabalho obriga as empresas, em decididas condições, a contratar
estas profissões, e, assim, permitir a subsistência do sistema que dá maior benefício ao
capital, pois ditas políticas são também determinadas pela exploração que estas
exercem sobre o trabalho. (Idem 13).
93
Para muitas pessoas hoje, o sonho de chegar a uma empresa só representa
assegurar condições mínimas, ainda que nada lhes assegure os serviços da seguridade
social e de reconhecimento mínimo da escala social, estes são só uma ilusão, pois, por
mais qualificadas que sejam as pessoas, as empresas seguem sendo os espaços de
exploração por excelência, onde o capital segue mostrando sua lógica: produzir riqueza
às custas do desenvolvimento humano. É como afirma Dupois (2010: p.36): os
empresários industriais e suas empresas seguem sendo os atores principais da
sociedade colombiana, onde contam com apoio do Estado, que desempenha sempre
um papel importante na manutenção deste grupo e do sistema econômico. De outro
lado, encontram-se os trabalhadores assalariados com suas organizações e sindicatos,
lutando contra a exploração, as contradições e as diferenças de classes.
3.1.2 GESTÃO DE TALENTO HUMANO: ÁREA DE COMPROMISSO PROFISSIONAL DOS ASSISTENTES
SOCIAIS.
Para compreender a gestão como prática de intervenção dos assistentes
sociais na área de Recursos Humanos é necessário contextualizar esta categoria desde
sua origem, desenvolvimento e propostas atuais e, desta maneira, compreender melhor
quais são as demandas que se colocam hoje para a profissão.
Como se observa nas análises dos capítulos anteriores assiste-se a um
desenvolvimento material e tecnológico, e, por sua vez, a privações e pobreza de
grupos de pessoas, que não correspondem às riquezas e rendas alcançadas com a
tecnologia desenvolvida, pois as desigualdades vêm crescendo no mundo e no interior
de países como a Colômbia.
A partir dos anos 80 a globalização tem acelerado seus processos e a
liberação da economia se intensificou. São mudanças que vêm acompanhadas de
ideologias onde predomina o individualismo e não a coletividade. Com metas como a
competitividade e a eficiência, as motivações dos indivíduos se refletem na consecução
de bons salários. A perda dos valores fundamentais e a alienação do homem são
algumas das características do momento.
94
Segundo, Acevedo e Ospina (2007: p.15) “Se tiene suficientes evidencias
sobre el análisis de tendencias para aceptar que los elementos fundamentales que
marcan este nuevo siglo XXI son la globalización, el conocimiento y la información”30.
Não se desconhece as influências da globalização sobre o conhecimento e a
informação sob o contexto da economia mundial com redes que colocam os homens
em interação permanente.
O uso constante das informações, as novas formas de produção flexível e a
sistematização de todos os processos são a nova plataforma onde se desenvolve a
ciência e a tecnologia. Esta leva as organizações à utilização das maiores redes e a
adequar seus processos com estruturas horizontais integradas. É assim, que com
novas tecnologias, inovação, interdisciplinaridade, pedagogias atuais e estruturas
educacionais, as organizações dos países da América Latina, entre eles a Colômbia,
vêm adequando e preparando-se para enfrentar os perenes desafios.
Encarar esse novo desafio implica, por sua vez, ter o melhor recurso
humano, para que se aproprie dos conhecimentos e das novas tecnologias e as
transformem em aplicações produtivas. Segundo os autores citados (Ibid. p. 19),
situando a Colômbia no palco acima, se observa que há múltiplos caminhos, pois o
atraso, a subordinação e a marginalidade lhes dão poucas possibilidades de lograr o
desenvolvimento humano das pessoas, que tanto se objetiva, de forma integral.
A maneira de adquirir os conhecimentos e de exercer o poder determinam os
modelos de gestão de uma sociedade, seja através de organizações públicas, privadas
ou sociais. As áreas da gestão humana, imersas em ditas organizações, têm marcadas
influências ao longo de sua história, que obrigam a permanentes mudanças, onde a
prioridade é dar respostas ao mercado, e garantir, assim, o lucro, como eixo central de
sua existência.
Para conhecer o paradigma do desenvolvimento da gestão humana têm-se
que resgatar três momentos distintos (Ibid, p. 27):
30 Tem-se suficientes evidências sobre a análise de tendências para aceitar que os elementos fundamentais que marcam este novo século XXI são a globalização, o conhecimento e a informação. (Tradução livre).
95
- Um primeiro momento: caracterizado pelos antecedentes do capitalismo
comercial e industrial e sua incidência no modelo da sociedade ocidental e no Estado
tradicional, em busca da conformação do Estado moderno. Observa-se neste momento
como na história do homem em busca da subsistência e da acumulação econômica se
tem limitado o desenvolvimento do humanismo dentro dos sistemas. Estuda-se o
conceito do humano, como produto do sofrimento e do conflito pelas péssimas
condições laborais, sociais e políticas, e como resultado do capitalismo industrial.
- No segundo momento os autores explicam como a revolução industrial gera
efeitos no desenvolvimento do conhecimento. A criação de empresa é uma tarefa
urgente e a industrialização com o avanço das novas tecnologias produz crescimento
econômico, porém, marginalizam o homem, deixando-o preso na rede de um
capitalismo despótico. (Ibid: p. 27). O homem é concebido como produto da educação
recebida em sua sociedade, reproduzida logo em sua descendência, dando origem aos
modelos de poder econômico, social e político existentes.
- O último momento caracterizado pelos autores é aquele que destaca o
Estado tradicional e seu sistema de relações mecânicas no desenvolvimento da
produção. Integra a função do Estado com o surgimento da industrialização e a
fragmentação das classes sociais. O processo de modernização constituiu uma
consequência da mudança ocasionada com a crise do Estado tradicional, frente à
necessidade de uma maior autossuficiência no contexto da sociedade das
organizações e de uma economia de livre mercado.
Tal situação afeta ainda mais o reconhecimento do ser humano, e se perde o
potencial de talento nas organizações dado ao esquema tradicional da procura por
soluções e do aspecto econômico, ocasionando desvantagens cada vez mais agudas
em relação às oportunidades dos indivíduos para capacitar-se e participar do
melhoramento de sua qualidade de vida através da educação e do desenvolvimento da
autonomia.
As crises do desenvolvimento humano e social que se dá, geram
instabilidade política e econômica na América Latina, e fazem com que o indivíduo fique
exposto sem muitas defesas numa sociedade aberta ao mundo internacional e à
96
globalização do mercado. Portanto, no chamado Estado moderno, a sociedade de
organizações e a gestão humana se constituem no centro de atenção para a
modernização das organizações, como um processo fundamental da política para
garantir a mudança e adaptar as empresas às novas demandas do mercado.
“A gestão humana aparece como um novo sistema de aprendizagem e de desenvolvimento tecnológico e político da gerência moderna, para dirigir e potenciar o desenvolvimento de competências das pessoas através do trabalho coordenado e da gestão de estratégias de melhoramento do conhecimento” (Ibid: p.31).
O desenvolvimento humano tem relação com a administração dos recursos
humanos de uma maneira funcional e operacional e, ainda, se tem enfoques
administrativos mecânicos e paternalistas com ênfase na centralização e diferentes
níveis hierárquicos. Estas caracteristicas são encontradas de maneira relevante nas
empresas privadas participantes da pesquisa.
A tarefa dos responsáveis da área de gestão humana é levar o pessoal
conformado nos diferentes grupos de produção a uma máxima eficiência e
produtividade, respondendo às demandas do entorno. A base deste processo é a
capacidade de gestar a estratégia do negócio, única maneira de integrar as pessoas
mobilizando suas capacidades e competências em busca dos objetivos corporativos.
Para os anos 80-90 se introduz com muita força os sistemas de qualidade
como nova metodologia de aprendizagem. Sistemas que ainda prevalecem em nosso
meio. No momento de seu início, esses sistemas desconheceram o valor dos recursos
humanos tendo que fazer esforços para unir os dois processos, pois sem pessoas em
condições adequadas não é possível dar qualidade ao produto e muito menos ao
cliente.
As diferentes empresas que participam da pesquisa utilizam
indiscriminadamente diferentes teorias, que se mesclam entre si, motivadas por suas
necessidades e mais pela moda que pela clareza dos resultados deixados. A aparição
de textos, modelos empresariais de outras latitudes e a busca da inovação por si
mesma, não tem permitido que este seja um processo ao qual se chega buscando
respostas aos problemas reais e de uma maneira natural, senão, produto do
97
esnobismo, que procura as mudanças pelas mudanças, a adoção de políticas
irracionalmente assumidas e, portanto, alijadas dos parâmetros determinados pela
realidade.
Por sua vez, Stacey in Acevedo e Ospina, (2007: p. 62), fala de quatro
etapas na evolução da administração da gestão humana:
1ª Etapa - Se deu dos anos 50 a 59. Tem um enfoque de caráter burocrático com
uma gestão dia a dia, aonde se manejam dados do passado, normas e instruções
preestabelecidas. As funções do pessoal se limitam ao cumprimento das normas.
Conhece-se com o nome de Autarquia.
2ª Etapa – Dos anos 60 a 79. Tem enfoque tecnocrático, que pretendia lograr
conciliação de interesses contrapostos a partir da seleção e adestramento com
incentivos e escalas salariais através de méritos. Buscou-se adaptar a pessoa à
organização, se deu os planos de desenvolvimento. Conhece-se com o nome de
Relações Humanas.
3ª Etapa – Dos anos 79 a 85. Enfoque de caráter sócio-jurídico onde predomina o
coletivo sobre o individual. Aparecem os negociadores e laboristas, que substituem
selecionadores e experts com incentivos. Se negociam as condições de trabalho.
Conhece-se com o nome de Relações Laborais.
4ª Etapa. Dos anos 85 até hoje. É um enfoque diretivo. Procura-se nas relações de
igualdade, equitativas, flexíveis e integradas para aumentar a produtividade,
melhorar a eficiência, criar a cultura de empresa e gerar cumprimento de objetivos
sociais e empresariais.
Observa-se uma evolução dos recursos humanos, desde posturas
disciplinares e normativas, passando pelas normas técnicas até as que priorizam
políticas de desenvolvimento integral dos membros da organização.
Ao lado da área dos Recursos Humanos encontram-se outras áreas que se
correspondem umas a outras e se relacionam permanentemente, são elas: financeira,
mercado, produção, logística, vendas, entre outras. Os responsáveis pelas áreas de
gestão humana devem ter capacidade de interacionar e interatuar com todas as áreas,
98
pois são os responsáveis em liderar o desenvolvimento dos sujeitos em cada um
desses processos.
A área de gestão humana atende aos processos de melhoramento dos
recursos humanos, dentro dos quais se destaca: recrutamento, seleção, vinculação,
capacitação, adestramento, remuneração, planos de cargos e carreira, seguridade
social, desvinculação, entre outros.
A gestão das pessoas apresenta algumas tendências, tais como: a
adequação das práticas e políticas de recursos humanos às diferenças individuais das
pessoas, como, por exemplo, os programas de saúde, que estão levando em conta as
necessidades e preferências pessoais dos trabalhadores. Também aparece o incentivo
a uma preocupação maior com os usuários, sejam eles clientes internos ou externos.
Assim, gerentes e funcionários são orientados a promover um melhor atendimento aos
seus clientes; ênfase em uma cultura participativa e democrática nas organizações, ou
seja, o incentivo ao diálogo, à realização dos programas de sugestões; estímulo aos
trabalhos em grupo e em equipe, entre outros aspectos.
Afirmam Kameyama e Nogueira (2002: p. 176), que os departamentos de
recursos humanos na década de 90, pelas mudanças da globalização, começam a
reestruturar suas áreas procurando ser estratégicas para apoiar os objetivos das
empresas. É um momento de maior exigência para as empresas, para os processos de
concorrências e internalização que se dão no meio. Afirmam ainda, que se antes as
empresas utilizavam os recursos humanos para atender todos os processos
relacionados com as pessoas, com áreas antes chamadas “departamento de pessoal”,
hoje se convertem em uma filosofia de gestão de pessoa, com políticas claras de
salários, capacitação e formação de pessoas.
A partir de políticas de gestão humana, os responsáveis por essas áreas
apoiam a estratégia dos negócios com pessoal altamente competitivo. Fala-se,
portanto, da área de pessoal em termos de: recursos humanos, talento humano, gestão
humana, desenvolvimento humano, mas todas são utilizadas indistintamente pelos
profissionais das empresas consultadas.
99
Para o caso da pesquisa adotou-se o termo de gestão humana. Doravante, a
análise será centrada neste termo por considerá-lo o mais comum em uso e o que mais
responde às expectativas da pesquisa a partir da prática e do espaço ocupado pelos
profissionais de serviço social.
Nas políticas estão contempladas as ações e metas da área, as quais têm
seu próprio plano estratégico, que respondem ao plano geral da organização. Com
missões e visões que procuram guiar estas ações, as áreas apoiam projetos que não
só buscam aprendizagens de conteúdos teóricos e práticos para um melhor
desempenho dos ofícios, mas também, trabalham ações em busca de mudar os
conteúdos ideológicos dos trabalhadores. Com valores corporativos e códigos de ética,
estas áreas sustentam suas ações em busca da criação de uma cultura adequada do
trabalho, que tenha como objeto a máxima produção em espaços de trabalho tranquilos
e controlados.
Na Colômbia são várias as profissões convocadas para o desempenho das
funções nesta área. No começo de seu funcionamento foi comum encontrar nos anos
50-60 o chefe ou supervisor responsável por tudo o que estivesse relacionado com as
pessoas, especialmente no que tratasse da designação e controle de tarefas. As áreas
de contabilidade respondiam pelos pagamentos de remuneração, devoluções e
salários. Estas áreas são conhecidas como Escritórios de Pessoal.
Com o maior desenvolvimento dos sindicatos, nos anos 70, se deixa essas
tarefas especificamente para advogados, os quais respondem por contratações a partir
das novas legislações que surgem no país e geram controles mais rigorosos quanto ao
cumprimento de normas e disciplinas no lugar de trabalho. Até este momento estas
áreas são conhecidas com o nome de Recursos de Pessoal. Nesta década se criam
nas empresas os processos de bem-estar laboral, onde participam ativamente os
profissionais do serviço social.
Com o surgimento, nos anos 80, das novas teorias humanistas, onde se
começa a olhar no homem a perspectiva do melhor capital que tem as empresas, se
convocam profissionais como os administradores de empresas, engenheiros industriais,
100
psicólogos e especialistas em pessoal. Estas áreas são conhecidas com o nome de
Recursos Humanos.
Nos anos 90 e atualmente é comum encontrar outros profissionais das
ciências humanas assumindo os cargos da gestão humana. Tem-se experiência com
responsáveis destas áreas: filósofos, comunicadores sociais, antropólogos e
assistentes sociais. Estes últimos são os profissionais que ao començarem suas
intervenções nas empresas, praticam ações muito assistencialistas. Por iniciativa dos
departamentos de bem-estar laboral, hoje se vem aportando um maior número de
competência para esta área, pois os currículos com os quais se vem formando os
assistentes sociais procuram fazê-los competentes para ocupar-se da gestão humana
em todas as suas funções.
3.1.3 ANTECEDENTES HISTÓRICOS DO SERVIÇO SOCIAL TRABALHISTA NA COLÔMBIA.
A força de trabalho em ação é a fonte de toda riqueza social. Como o
exercício do serviço social é limitado no contexto das condições e situações de vida da
classe operária, a extração de excedentes está integrada ao processo de criação de
condições que são essenciais para o funcionamento da força de trabalho, embora a
profissão, preferencialmente, não se dedique ao desempenho diretamente.
No que corresponde ao serviço social nas empresas colombianas, desde os
anos 50, encontrou-se até o momento, um período de crise nas fábricas, uma estrutura
organizacional burocrática, piramidal e centralizada na tomada de decisões.
O estabelecimento de normas e regulamentos internos é a única
possibilidade de garantir a disciplina no interior destas. No mundo trabalhista se dão
transformações graduais, pouco perceptíveis em seus ambientes conservadores, pois a
prioridade é o processo produtivo.
A partir da década 60-70 a cultura organizacional procurava manter as
tradições e os valores, as pessoas eram consideradas recursos, como máquinas e
equipamentos; a administração de pessoal levava o nome de Relações Industriais, as
quais atuavam como intermediárias entre as pessoas e a organização para evitar os
101
conflitos. Os cargos desenhavam-se de maneira fixa e definitiva com a finalidade de
obter o máximo de produtividade. “O homem considerava-se um apêndice da máquina
e, como esta, deveria ser estandardizado na medida do possível.” (CHIAVENATO,
2004: p.31).
Para essa época fica evidente a maquinização do homem somada ao
complexo palco do mundo da administração e a uma ideia de modernidade que criava
padrões de vida onde a prioridade era o mercado e o capital, e não o homem.
Desarticuladas das autênticas relações humanas, por relações cujos objetivos são de
produção, tudo isto se mascarava nos benefícios que recebiam da empresa através do
assistente social.
O assistente social é um profissional mais a serviço do patrão ou empresário
que do operário, sendo este contratado para o cargo de bem-estar trabalhista, tema que
Iamamoto e Carvalho ajuda a sua compreensão:
O assistente social passa a receber um mandato diretamente da classe dominante para atuar ao lado da classe trabalhadora. A demanda de sua atuação não se deriva daqueles que são o motivo de seus serviços profissionais – os trabalhadores – senão do patrão, que é quem diretamente o remunera, para atuar segundo metas estabelecidas por estes, ao lado dos setores dominados. (1984: p. 87).
A década de 80 se destaca pelo desenvolvimento de novas teorias
administrativas. Em 1982 se inicia nos EUA a cultura da excelência que gera conceitos,
como: aproximação ao cliente, máxima produtividade, inovação, entre outros. Dá-se
inicio à cultura da qualidade e a um maior uso do conceito de planejamento estratégico.
Entende-se que sem as pessoas não é possível atingir os resultados propostos.
Começa-se a falar de missão, valores compartilhados, compromisso e participação,
com maior ênfase nas comunicações organizacionais, surgem novas formas de
contratação.
A condução das pessoas é denominada, administração de recursos
humanos, setor considerado como o mais importante recurso organizacional e fator
determinante do sucesso empresarial.
102
As transações comerciais passam do local e do regional para o nível
internacional, gerando concorrência entre as empresas, que passaram de manutenção
do status, à inovação e à mudança de hábitos na maneira de pensar e atuar. Estas
novas teorias administrativas geraram mudanças nas empresas do país, criando novas
possibilidades de intervenção à profissão, pois já não só é uma intervenção a partir das
áreas de bem-estar trabalhista, senão profissionais assumindo o cargo de uma maneira
mais integral, atendendo situações de saúde, educação e recreação do trabalhador e
de sua família. Também tem funções claras relacionadas aos informes do balanço
social31; tarefa esta que se converte em responsabilidade quase exclusiva dos
assistentes sociais.
Com o balanço social as empresas revelam a seus diferentes públicos sua
gestão, com cifras que medem a inversão da empresa no social (moradia, saúde,
educação, recreação, entre outros) e mostram de maneira capciosa sua preocupação
com o recurso humano, quando sabe-se que sua razão de ser é a produtividade
econômica e a maximização do lucro.
Vale destacar que a partir da década de 90 enfrentam-se mudanças cada
vez mais aceleradas e imprevisíveis, onde a informação e a tecnologia originam a
revolução digital, gerando desenvolvimentos que aceleraram o surgimento da
globalização da economia; dá-se maior valor ao conhecimento, ao capital humano e ao
capital intelectual, sendo responsabilidade das gerências da gestão humana das
empresas converterem o recurso humano em algo útil e produtivo.
Os cargos e as funções, assim como, os produtos e os serviços se adaptam
de maneira contínua às necessidades e exigências do cliente. Surge a organização
virtual a qual desempenha funções sem limites temporários e espaciais.
As pessoas com seus conhecimentos e habilidades são a base principal das
organizações, aparecendo um novo enfoque administrativo: o de gestão do talento
humano. Essas pessoas passam a ser estudadas e consideradas como dotadas de
31 O Balanço Social das empresas se converteu em tema obrigatório nas cátedras de serviço social e o único indicador de gestão do labor do serviço social. Até o momento é o único texto publicado por profissionais de serviço social no campo específico da gestão humana na cidade de Medellín.
103
inteligência, personalidade, conhecimentos, habilidades, destrezas e aspirações. Essas
qualidades são consideradas estratégicas para os negócios.
Encontra-se, ainda, que o serviço social surge como profissão na Colômbia
com apoio do campo trabalhista. Surge, como profissão e por solicitação da demanda
dos empresários, que são os primeiros a contratar na cidade de Medellín, a mão de
obra qualificada da profissão.
Esta contratação é clara quando aparecem os patronatos, tema já visitado na
história da origem do serviço social trabalhista. Os patronatos, criados pela igreja com
apoio da indústria, facilitam o surgimento do campo trabalhista da profissão na
Colômbia. Tampouco pode-se esquecer que a primeira escola de serviço social na
cidade de Medellín foi criada por solicitação dos industriais pertencentes à Associação
Nacional de Industriais – ANDI, os quais solicitaram à Universidade Pontifícia
Bolivariana criar o programa de serviço social e apoiar os trabalhos das fábricas, que
neste momento cresciam nas cidades em razão do desenvolvimento industrial do país.
Por muitos anos estes profissionais desenvolveram atividades
assistencialistas, com enfoques paternalistas. A ideia era ter a satisfação de um
trabalhador que necessita de boas condições para responder aos altos níveis de
quantidade e qualidade da produção requerida.
3.1.4 LEGISLAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL NA COLÔMBIA PARA SUA INTERVENÇÃO NAS EMPRESAS
Frente à regulamentação do serviço social na Colômbia, o Congresso da
República, através da Lei 53, de 1977, deu liberdade para o exercício profissional e, por
sua vez, se ditaram outras disposições tais como:
“Art. 1º. Regulamenta-se o exercício da profissão de Serviço Social
submetida ao regime da presente lei;
Art. 2º. Somente os profissionais do Serviço Social se denominaram para os
efeitos da presente lei “Assistentes Sociais” e poderão desempenhar as
funções estabelecidas para esta profissão, tanto na atividade pública como
privada;
104
Art. 3º. As empresas do Estado e as privadas que precisem dos serviços dos
Assistentes Sociais só podem contratar profissionais com título universitário;
Art. 4º. Se estabelece como obrigatório para as empresas que tenham um
número elevado de trabalhadores, o qual deve ser qualificado pelo governo,
contratar para o serviço dos mesmos, Assistentes Sociais, com o objetivo de
que colaborem com eles para o desenvolvimento de políticas de emprego,
salário e inversão dos mesmos” (CONETS, 2006. P. 40)
Observa-se que, com esta lei, não só se aceita legalmente a profissão, mas,
também, é regulamentada a contratação nas empresas, pois as funções que são
exclusivas da profissão se delegavam a pessoas sem formação profissional, tais como:
secretárias e auxiliares de escritórios de relações industriais.
Dessa forma, mais tarde, a legislação laboral da Colômbia com o Decreto nº
2.833, de 1981, decide em seu artigo 9º que “As empresas estão obrigadas a contratar
Assistentes Sociais na proporção de um (1) por cada quinhentos (500) trabalhadores
permanentes, e um (1) por fração superior a duzentos (200) trabalhadores
permanentes, para cumprir as finalidades previstas no artigo 4° da Lei 53, de 1977”.
Trata-se de uma amostra de como o Estado estabeleceu, graças às lutas e ações de
um grupo de assistentes sociais que lideravam, o reconhecimento e as possibilidades
de emprego dos profissionais graduados, onde se destaca o assistente social Jesus
Glay.
3.2. SERVIÇO SOCIAL NA ÁREA DE GESTÃO HUMANA DAS EMPRESAS PRIVADAS DE MEDELLÍN E
SUA RELAÇÃO COM A FORMAÇÃO ACADÊMICA.
Apesar do movimento de reconceituação do serviço social ter se dado na
América Latina, como um todo, em meados dos anos 70, nas universidades
colombianas a formação dos profissionais de serviço social ainda hoje continua
baseada em teorias conservadoras e administrativas.
As empresas, desde os começos da profissão solicitam das universidades
rever seus currículos, formando assim profissionais a serviço da classe empresarial.
105
Não se desconhece que na origem desta relação empresa-universidade aparece o
Estado procurando minimizar os conflitos entre patrões e operários, entre as classes
dominantes e dominadas, seu objetivo não é outro senão o de minimizar a injustiça
social e a brecha econômica entre as classes sociais em conflito.
O serviço social aparece como um mediador civilizatório, respondendo à
empresa que o contrata, mas, também, intentando aportar elementos críticos que
facilitem adequadas relações entre operário - empresa.
3.2.1 A FORMAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL NAS UNIVERSIDADES DA CIDADE DE MEDELLÍN PARA A
PRÁTICA NO CAMPO DA GESTÃO HUMANA.
Na cidade de Medellín existem duas universidades de ampla trajetória para
a formação dos assistentes sociais. São elas: a Universidade Pontifícia Bolivariana, de
caráter privado e a Universidade de Antioquia, pública. Existe uma terceira instituição: a
Universidade Minuto de Deus, que iniciou seu processo de formação há apenas seis
anos.
Encontrou-se na pesquisa que a maioria dos profissionais são graduados
pela Universidade Pontifícia Bolivariana (UPB), e poucos pertencem à universidade
pública, Universidade de Antioquia (U.A).
3.2.1.1 FACULDADE DE SERVIÇO SOCIAL DA UNIVERSIDADE PONTIFÍCIA BOLIVARIANA E SEU
CURRÍCULO PARA A FORMAÇÃO DO ASSISTENTES SOCIAIS.
Com um compromisso muito marcado a partir da formação cristã, o programa
de serviço social na UPB, origina-se em 1945 graças à iniciativa das arquidioceses de
Medellín e da Associação Nacional de Industriais (ANDI). Surge também como resposta
às condições sociais problemáticas geradas pelo processo de industrialização e a
finalização da Segunda Guerra Mundial.
No começo com uma preparação técnica de três anos, que permitia às
jovens da cidade colaborar na solução dos problemas sociais de seu tempo, de
106
conformidade com o espírito cristão na Escola Normal de Senhoritas. Em 1955 se
vincula à Universidade Pontifícia Bolivariana, dando início à educação universitária. Em
1958, se amplia a duração do programa para quatro anos e foi facilitado o ingresso do
sexo masculino, como estudantes.
Em 1960, passa da categoria de escola à categoria de faculdade e se aprova
o quarto ano de estudos, outorgando o título de Licenciado em Serviço Social. Em 1969
passa a chamar-se Faculdade de Trabalho Social.
Em 1991 amplia a duração do programa para cinco anos e realiza uma
revisão curricular fortalecendo as áreas de fundamentação científica e a de
instrumentação profissional, em especial as disciplinas de Investigação e
Administração. Assim se responde novamente às demandas permanentes dos
empresários, que solicitam profissionais para cargos nas empresas, segundo as
investigações realizadas e confirmadas por Jesus Glay, que afirma no país nos anos
1985-1990, o campo nas fábricas apresentava maior demanda para os profissionais do
serviço social. (1991: pag 10-21)
Vê-se, portanto, as determinações da mudança de currículo, cuja prioridade
para os anos 90 é reforçar os conhecimentos administrativos dos estudantes. As
empresas demandam a profissão e é preciso formar os estudantes com os
conhecimentos e as ferramentas mínimas da ciência administrativa, uma exigência do
mercado desse momento, concretizando e reafirmando assim o perfil empresarial que
têm os formandos desta universidade privada.
A faculdade é membro de organizações nacionais e internacionais
relacionadas com a profissão de Trabalho Social, como a Associação Latino-Americana
de Escolas de Serviço Social (ALAETS) e o Conselho Nacional de Educação para o
Trabalho Social (CONETS).
No ano 2000, a Faculdade é credenciada com um programa acadêmico de
alta qualidade por parte do Ministério de Educação Nacional e, em 2005 e 2011, é
recredenciada com programa acadêmico de alta qualidade, ambas as certificações, por
um período de seis anos.
107
Dentro de seus programas de pós-graduação, tem-se Especialização em
Trabalho Social Familiar, iniciando atividades em 1985 até hoje; em 1991, é criado o
Mestrado em Participação e Desenvolvimento Comunitário; em 1994 foi aprovada a
Especialização em Planejamento da Participação Comunitária; em julho de 1998 é
aprovada a Especialização em Terapia Familiar Sistêmica, a qual inicia atividades em
1999 até esta data; no ano de 2005 se inicia a Especialização em Dor e Cuidado
Paliativo em conjunto com as Faculdades de Medicina, Enfermagem e Psicologia; em
2010 foi aprovado o programa de Mestrado em Família e, por último, em 2011 o
Doutorado em Serviço Social.
Pode-se observar, que a faculdade tem mais programas de pós-graduação
nos campos de família e comunidade, e, ainda, chama a atenção que não se aprofunda
em temas específicos que tenham relação com o campo trabalhista, o qual permitiria
aprofundar no tema e aportar pesquisas que facilitem maior comprensão e dar aportes
à profissão neste campo trabalhista a partir do servico social com suas teorias
humanistas e não só a partir da administração. Se precisa da criação de grupos de
pesquisa, onde as faculdades de servico social indaguem sua intervenção no mundo
trabalhista e possam formular perspectivas teóricas que permitam a revisão constante
da prática. Há a consciência de que a maioria dos graduados são solicitados pelas
empresas e estes por sua vez têm inclinações muito fortes para esse campo.
No momento em que os estudantes se graduam e saem da universidade e,
se seu campo é o campo trabalhista, não têm mais contato com a universidade, pois
não são observados programas de extensão e pós-graduação para seu
aperfeiçoamento. Segundo a pesquisa, a maioria dos assistentes sociais são
graduados pela UPB, os quais reclamam programas de extensão que facilitem sua
qualificação permanente.
Em seu planejamento, o Programa de Serviço Social, com relação ao campo
trabalhista, apresenta em sua missão32 a necessidade de capacitar profissionais
líderes, com capacidade de apoiar o desenvolvimento das pessoas. Este elemento é
fundamental, pois a maior demanda das empresas ao vincular assistentes sociais é ter
32 Ver anexo o Planejamento da Profissão: Extraído do PEP U.P. B, 2008.
108
um profissional que apoie estes processos. As empresas sempre têm que mudar e
responder às demandas dos exigentes clientes. Assim os assistentes sociais são
preparados, desde a faculdade, para assumir sua missão, com um programa que os
educa para responder a estas trocas, tanto locais como globais.
Com sua visão a Faculdade da Universidade Pontificia Bolivariana pretende
preparar profissionais que sejam reconhecidos no meio, se destaquem por sua
capacidade investigativa e procurem a construção de uma sociedade mais justa e
equitativa.
Dentro de seus propósitos de formação se observa, em relação com as
intervenções nas empresas, o estabelecimento de um diálogo permanente a partir das
correntes humanistas sob a concepção cristã. Esta deve ser uma das características
que mais pesam nos empresários no momento de contratar profissionais da UPB, por
sua formação humanista cristã, o que garantirá intervenções pacíficas com os
trabalhadores.
Com relação às competências que procura formar nos profissionais, se
encontra uma relação muito direta com as competências que as empresas em geral
procuram no momento de vincular um profissional. São elas: capacidade para trabalho
em equipe, resolução dos problemas, relações interpessoais, criatividade, inovação,
comunicação e tomada de decisões.
Dentre os objetivos que apontam para intervenções no mundo das empresas,
se observa a necessidade de formar estudantes com altos níveis de formação cidadã,
ética e política, mas, colocam este aspecto só para o setor público, como se, para o
setor privado, estes elementos não fossem necessários. É importante como um dos
objetivos apresentar uma formação que eduque estudantes com capacidade para
responder a problemas mutantes, onde a incerteza é uma realidade constante. Também
se observa a procura de estudantes preocupados por sua autoformação constante e
atualização, elemento que é crucial no campo trabalhista e razão das constantes
mudanças que este apresenta.
A faculdade entende que a formação de seus estudantes não se reduz
exclusivamente ao processo de instrução acadêmica, mas que vai além, e nesta
109
medida, dentro de seu fazer, oferece um conjunto de atividades que atendem às
necessidades de uma formação integral, como são os semestres de estágios,
oportunidade para confrontar seus aprendizados teóricos com a realidade; apresenta
um perfil ocupacional onde o assistente social é reconhecido no meio trabalhista por
identificar, analisar e interpretar situações e problemas, e desenvolver respostas tendo
em conta os objetivos da qualidade de vida das organizações; trabalha com equipes
interdisciplinares e tem capacidade de expressar seus pontos de vista, propõe soluções
diferentes que o levam a uma aprendizagem continua, cria, administra e desenvolve
serviços de bem-estar social permanente.
O elemento que mais delimita a formação do assistente social na Faculdade
da UPB para o campo trabalhista são os campos de intervenção onde se inscreve
diretamente que uma das áreas é a gestão do talento humano e bem-estar dos
trabalhadores.
A Faculdade de Trabalho Social da UPB, Medellín, tem uma formação de
trabalho social coerente com as políticas e missão da universidade em sintonia com a
igreja, trabalha com os valores ético-cristãos, pelo qual gera em seus estudantes
competências humanistas que apoiam a solução dos problemas que hoje apresenta a
sociedade. No entanto, esta formação integral a partir de uma visão cristã, não é alheia
às dificuldades que hoje a sociedade enfrenta pela manipulação capitalista, onde a falta
de consciência gera cada vez mais distâncias entre os que mais têm e os carentes de
tudo. A partir dessa perspectiva humanista e cristã tudo aparenta estar bem, mas são
conscientes que ocultam as verdadeiras contradições sociais que historicamente
atravessam as sociedades, e muito mais fortemente, as sociedades do terceiro mundo.
Quanto à formação dos assistentes sociais da UPB, para seu desempenho
na área de gestão humana, podemos observar que nos 67 anos de existência da
faculdade se tem informação nos arquivos da existência de doze planos curriculares,
estes vêm sofrendo modificações para dar respostas à realidade social, buscando ser
mais coerente com a missão e visão que se tem estruturada para a profissão. Pode-se
afirmar que a média de duração destes planos é de cinco anos e meio, o que mostra o
110
dinamismo e a flexibilidade da realidade com suas demandas sociais à serem
respondidas.
O estudo realizado dos diferentes planos curriculares existentes para a
formação dos assistentes sociais, com ênfase na área trabalhista, mostra as diferentes
disciplinas que apoiam o desempenho dos graduados desde o começo da formação na
UPB ate finais do curso.33
Tendo em conta os planos citados, observa-se que o programa de serviço
social durante todos os anos de existência e atualmente, têm, fundamentalmente,
priorizado uma formação para que os estudantes adquiram as bases e possam
desempenhar processos administrativos nas empresas. Com disciplinas como: Política
Social, Economia Geral, Ciência Política, Bem-Estar Social, Economia Colombiana,
Política Social e Legislação Familiar, se busca que os estudantes adquiram
conhecimentos básicos para uma compreensão geral da realidade colombiana a partir
dos marcos políticos, econômicos e sociais, e possam relacioná-los com o mundo das
empresas.
Com as disciplinas citadas, espera-se entender os pressupostos teóricos que
guiam a formulação da política social e sua relação com as concepções dominantes de
desenvolvimento que existem no país e, assim, se possa analisar e assumir uma
“posição crítica”, política e histórica que situe os problemas no verdadeiro horizonte 33 Economia Geral é uma disciplina que aparece em todos os planos curriculares, todos os estudantes que passaram pela faculdade tiveram essa formação. Se desenvolve nos dois primeiros semestres. Economia Colombiana fez parte dos nove planos e agora no último não se tem a disciplina; Ciência Politica está em todos os planos dos currículos, em sua maioria no começo da formação, já Política Social está em dez dos planos e ainda continua sendo ofertada; Igualmente ocorre com a disciplina Bem-Estar Social, ou História do Bem-Estar Social, que compõe todos os planos até a presente data e continua, porém com o nome de Política de Bem-Estar Social; Estatística Geral se dá nos sete primeiros planos, logo se transforma em Estatística I e II, e ainda são oferecidas; Psicologia Geral esteve em sete planos curriculares, em seguida se subdividiu em Psicologia I e II, e estiveram em três programas, atualmente se oferece Psicologia Social e Psicologia Evolutiva; Processos Administrativos é uma disciplina que esteve em oito planos e se transformou em Administração Geral em três planos, mais tarde se trabalhou no módulo como Administração de Recursos Humanos, no último plano ficou substituído por Administração de Talento Humano; Administração de Projetos Sociais esteve em oito planos, hoje é trabalhada como Cooperação e Formulação de Projetos Sociais; Legislação Social, esteve em dois planos, logo passou para Legislação Laboral a qual esteve em um só plano, no último plano se tem duas disciplinas: Política Social e Legislação Familiar e, Política e Legislação das Organizações; Mentalidade Empreendedora, Análises Financeira e Gerência do Serviço Social são disciplinas que se tem no currículo atual; Responsabilidade Social I, II e III fazem parte dos dois últimos planos curriculares, como eletivas; as disciplinas Contabilidade, Seminário de Entrevistas, Demografia e Planejamento Social, só são ofertadas em alguns planos, atualmente não são oferecidas.
111
onde os conceitos estudados correspondam aos fenômenos observados, com a visão
critica que deve confrontar-se com as propostas políticas e sociais planejadas pelo
Estado.
Com as aulas de Estatística Geral, I e II, Contabilidade e Análises Financeira,
se objetiva que os estudantes alcancem a compreensão dos conceitos de estatística
inferencial, de contabilidade e finanças, de tal maneira que possam ser capazes de
integrar seu entorno e argumentar soluções, usando as ferramentas que estas
disciplinas aportam para a solução dos problemas, aquisição e manejo adequado dos
recursos.
Com as disciplinas relacionadas com a Psicologia Social e a Psicologia
Evolutiva pretende-se oferecer elementos que facilitem a aproximação, a análise e a
compreensão dos processos sociais, dos grupos e das comunidades. Proporcionar aos
estudantes uma fundamentação suficiente acerca dos processos fundamentais de
crescimento e desenvolvimento nas diferentes etapas da vida das pessoas, desde a
concepção até a morte. Também se procura construir com os estudantes critérios que
possibilitem análises e interpretação do processo evolutivo das pessoas em seu
contexto, neste caso o laboral.
Finalmente com as aulas de Administração de Projetos Sociais,
Administração de Recursos Humanos, Planejamento Social, Legislação Social,
Legislação Laboral, Política e Legislação das Organizações, Gerência Social, Gerência
do Talento Humano, Responsabilidade Social e Mentalidade Empresarial se objetiva
dar aos estudantes os conhecimentos, as habilidades e atitudes necessárias para a
Gerência de Serviços, Programas e Projetos Sociais, que lhes permitam desempenhar
suas atividades com ética, produtividade e liderança em funções de caráter diretivo,
executivo e investigativo.
Prentende ainda oferecer aos estudantes uma ideia clara, metódica e global,
tanto das organizações de direito público como as de direito privado, e como estas
funcionam. Objetiva que compreendam a natureza jurídica e o regime jurídico das
mesmas, para identificar as previsões e levá-las em conta em seu exercício profissional
no âmbito das competências gerenciais.
112
Igualmente se procura que os estudantes reconheçam a dimensão ética em
articulação entre a rentabilidade econômica e a responsabilidade social, desde o
exercício profissional e o objetivo das organizações.
Este enfoque formulado pela universidade UPB, não leva em conta os
elementos propostos pela teoria marxista, a qual mostra que a realidade das
sociedades se fundamenta nas contradições e na luta de classes, elementos que não
induzem à harmonia e ainda mostram a permanente tensão dos opostos, gerando
estados de crises e conflitos entre capital e trabalho. Pelo dito, estes cursos não
alcançam desenvolver uma visão realmente crítica, que permita a consciência individual
de um assistente social frente à realidade social e histórica que se apresenta, e ainda
alimenta o idealismo de um serviço social que acredita mudar o mundo e harmonizar
suas contradições, só tendo em conta a visão do humanismo-cristão.
O servico social na universidade em tela, não pensa o duplo referenciamento
ao qual se expõe quando enfrenta o mundo do trabalho. Nessa medida carece de uma
visão crítica que enfrente e conduza as tensões produzidas nas relações entre
operários e patrões. O assistente social se assume como o ponto de mediação entre
ambos, mas do lado dos donos da empressa, que é quem o contrata intentando
eliminar dita tensão e idealizando o papel do assistente social. Ante esta marcada
ideologia que valoriza mais a postura institucional se formam os assistentes sociais com
uma visão mais administrativa que filosófico-crítica.
Dessa forma, busca-se estimular o desenvolvimento das habilidades
gerenciais, mediante a participação ativa dos estudantes para que identifiquem as
ferramentas e sua aplicação nos processos que compõem a área de gestão humana
nas empresas.
Determinam-se competências importantes nestas disciplinas onde a
prioridade é também a de desenvolver nos estudantes, segundo o projeto educativo: “o
pensamento crítico”, habilidade para aquisição de recursos e trabalho em equipe, a
criatividade, a liderança e a flexibilidade para a mudança. Vale esclarecer, que tal
pensamento crítico em nada se assemelha aos conteúdos e à forma do desenhado
pelas universidades latino-americanas que declaram em seu processo de formação um
113
servico social crítico. Na UPB esta visão critica não passa de um mero conhecimento
teórico.
Segundo o plano curricular que se tem atualmente34, a Faculdade de Serviço
Social tem definido que por semestre os estudantes adquiriram o seguinte: no primeiro semestre compreensão na constituição histórica do serviço social, como profissão e
como se desenvolve até a contemporaneidade; no segundo semestre compreensão
das diversas concepções de bem-estar social e o papel que cumpre a política social
como mecanismo para o alcance dos objetivos de bem-estar; no terceiro semestre se
espera que obtenham aprendizagens dos métodos e técnicas de investigação a fim de
que se aproximem do reconhecimento de uma realidade social imediata; no quarto semestre adquiram conhecimentos e desenvolvimento de habilidades para realizar
processos com indivíduos, dirigidos à prevenção e ao manejo de situações
problemáticas específicas; no quinto semestre desenvolvam habilidades para atender
processos com as famílias; no sexto semestre alcancem conhecimentos e
desenvolvam habilidades para realizar processos com diferentes grupos e pessoas,
com situações-problema específicas; no sétimo semestre se oferece conhecimentos
para que desenvolvam habilidades para realizar processos com diferentes
comunidades, dirigidos a organizar e a fortalecer a participação de seus membros; no
oitavo semestre, procura-se que o estudante adquira teorias e ferramentas que lhe
permitam planejar, organizar, executar, controlar e avaliar programas e serviços sociais
em instituições públicas e privadas, produtivas, organizacionais e governamentais; no
nono e décimo semestres objetiva-se que os estudantes apliquem os conhecimentos,
teorias, metodologias e técnicas adquiridas no processo de formação acadêmica, com o
objetivo de desenvolver habilidades e competências que o cargo requer no campo da
intervenção profissional, através da prática ou estágios institucionais. É nos estágios,
com uma duração de dois semestres, que os estudantes interessados no campo laboral
alcançam maior aprendizagem.
Observa-se, portanto, que em todos os semestres de formação são ofertadas
ferramentas e conhecimentos para o desenvolvimento de competências que facilitam as
34 Ver anexo do plano curricular atual.
114
intervenções nas empresas com objetivos particulares e bem definidos, com cursos que
atravessam todo o plano curricular. São oferecidos semestres com propósitos de
aprendizagens claras, neste caso para o campo trabalhista.
Para o propósito deste trabalho observou-se que é no oitavo semestre que
se aprofundam os conhecimentos específicos, por meio das disciplinas relacionadas
com o tema das empresas, o que permite aprofundar mais os conhecimentos e alcançar
o desempenho esperado.
Para uma maior compreensão, o quadro abaixo sintetiza os conhecimentos e
referências que são trabalhadas na graduação e sustentam tal intervenção.
Quadro 1 – Conhecimentos mínimos necessários para a prática nas empresas.
Nome da disciplina Tipo de disciplina Descrição/objetivo Bibliografia Observações
Gerência
Social
Obrigatória
4 créditos
5 horas semanais
Proporcionar a formação teórica- prática que permita compreender as bases conceituais, metodológicas e instrumentais da Gerência Social e a Gerência do Serviço. Compreender os processos de liderança, comunicação e negociação e o desenvolvimento de habilidades associadas, tendo como referencia o trabalho em equipe e a tomada de decisões gerenciais.
- ALBRECHT, Kart. Servicio al cliente interno. Como solucionar la crisis de Liderazgo en la Gerencia intermedia. Paidos, 1992. Barcelona. - SERNA, Humberto. Gerencia Estratégica: Teoría, Metodología, Alineamiento, Implementación y Mapas estratégicos, Índices de gestión. 3R Febrero 2003. Santa fe de Bogota. - DRUCKER, Peter. La Gerencia en la sociedad Futura. Norma.2002. Bogota D.C - _______________. Gerencia para el Futuro. Decenio de los Noventa y más allá. Norma 1994. Colombia. BLEKE, Robert, MOUTON, SRYGLEY y ALLEN. Como trabajar en equipo. Una teoría para impulsar la productividad de un Grupo empresarial. Norma 1990. New York. - Albrecht, Karl and Zemke, Ron (1988). \Gerencia del servicio: la dirección de empresas en una economía donde las relaciones son más importantes que los productos. \Bogota: Legis. ISBN 9589042341. - ________________(1988). Gerencia del servicio: la dirección de empresas en una economía donde las relaciones son mas importantes que los productos. \Bogota: Legis. ISBN 9589042341
Não se trabalha
autores com
tendência critica
Política e
Obrigatória
Complementa a formação para o desenvolvimento e exercício de habilidades
Textos Guia: Constitução Política de Colombia. Código Civil, Código de Comercio,
115
legislação laboral
4. créditos
4 horas semanais e competências gerenciais ou administrativas nas instituições, programas ou serviços sociais, de caráter público ou privado, ou em organizações não governamentais. Aporta os conhecimentos básicos sobre o ordenamento jurídico geral e interno das organizações e a natureza e regime jurídicos das entidades e empresas.
SABERES (PREVOS). As disciplinas de: Política e Bem-estar social, Política Social, e estar assistindo as disciplinas de Gestão do Talento Humano e Gerencia de Serviços Sociais
Código Contencioso Administrativo, Código Sustantivo do Trabalho, Lei 80 de 1993, “Estatuto Geral de Contratacao da Administracao Pública” Lei 720 de 2001, “Lei do Voluntariado Colombiano”. Textos Básicos: Aftalión, Enrique, e José Vilanova, “Introducao ao Direito”. Editorial Abeledo Perrot, Buenos Aires – Argentina. 1988. Arenas Galllego, Eraclio, y Cadavid Gómez, Ignacio, “Cartilla do Trabaho. Sello Editorial Universidade de Medellín, Medellín – Colombia. 2006. Berdugo Garavito, José María,“Asociacoes empresariais Editorial Lealon, Medellín – Colombia. 1ª. Edición. 2001. Debbasch, Charles, y Yves Daudet,“Diccionario de Térmos políticos”. Editorial Temis, Bogotá – Colombia. 1985. Giraldo Castaño, Óscar Aníbal,“Derecho Administrativo Geral”. Impresos Baena, Medellín – Colombia. 5ª. Edición. 1988. Jaramillo Jaramillo, Fernando,“Derecho Civil II – BIENES. Tomo I – Dereito Reales”. Editorial Leyer. Bogotá – Colombia. 1ª. Edición. 2001. Legis S.A., “Cartilla Laboral 2006 e Cartilla de Seguridade Social e Pensiones 2006. Naranjo Mesa, Vladimiro, Teoría Constitucional e Instituciones Políticas”. Editorial Temis, Bogotá – Colombia. 8ª. Edición. 2000. Ospina Fernández, Guillermo, y Eduardo Ospina Acosta“Teoría Geral dos Actos o Negocios Jurídicos”. Editorial Temis, Bogotá – Colombia. 3ª. Edición. 1987. Rodríguez R., Libardo, “Direito Administrativo Geral e Colombiano”. Editorial Temis, Bogotá – Colombia. 6ª. Edición. 1990. Santofimio, Jaime Orlando,“Acto Administrativo. Procedimiento, Eficacia, Validez”. Universidad Externado de Colombia. Bogotá – Colombia. 2ª. Edición. 1994. Velásquez Rodríguez, Óscar Darío, “Novo Manual de Direito Comercial”. Librería Jurídica Sánchez R. Ltda., Medellín – Colombia. 2ª. Edición. 2003.,
Não se trabalha
autores com
tendência critica
Os propósitos de formação são estimular
Texto Guía:
116
Gestão de
Talento Humano
Obrigatória
4. créditos
6 horas semanais
o desenvolvimento de habilidades gerenciais na administração do talento humano, com metas de aprendizagem como identificar as ferramentas e sua aplicação nos processos que conformam o área de gestão humana nas organizações. As competências a desenvolver são: pensamento crítico, recursividade, trabalho em equipe, criatividade, liderança, flexibilidade para troca e comunicação assertiva. Saberes prévios: Administração, Psicologia Social, Psicología Evolutiva
Alles Martha, Dirección estratégica de recursos humanos. Gestión por competencias. Editorial Granica, 2004 Textos Básicos: Chiavenato Idalberto, Administración de recursos humanos, México, Ed 5, Mc Graw Hill, 2003 Chiavenato Idalberto, Gestión del talento humano, México, Mc Graw Hill, 2002 Gubman, Edward L, El talento como solución, Bogotá, Mc Graw Hill, 2001 Mathis Rober, a ção John H, Fundamentos de Administración de Recursos Humanos, Ed 2, 2003 Schermerhorn – Hunt – Osborn, Comportamiento Organizacional. Ed Limus A Willey, 2004 Stephen P. Robbins, Comportamiento Organizacional, Ed 10, Ed Pearson, 2004 Chiavenato, Idalberto, Comportamiento Organizacional, La dinámica del éxito en las organizaciones, Ed Thomson, 2004 Dessler, Gary, Administración de personal, Ed Prentice, Ed 6, 1996 Texto complementario: Goleman, Daniel, La inteligencia emocional en la empresa. 2000 Alles, Martha Alicia, Desempeño por competencias. Evaluación 360º, Ed Granica, B/aires, 2002 Hateley Bárbara, Un pavo real en el reino de los pingüinos D’Bono, Edgar, Seis sombreros para pensar Ulrich Dave, Recursos humanos Champions, Ed Granica, 1997
Não se trabalha
autores com
tendência critica
Seminário de
Pratica
I e II de
Serviço
Social Trabalhista
Obrigatória
10 créditos
36 horas semanais de pratica
6.horas de seminário semanal
1 hora semanal de assessória.
O curso permite continuar a formação e prática profissional mediante a vinculação do estudante a uma empresa para o campo laboral, com o fim de participar do planejamento, desenvolvimento e evolução dos procesos que se geram enfatizando o desenvolvimento de competências permitam qualificar seu desempenho profissional. O estudante deve ter todas as aulas pagas. As práticas permitem a aplicação dos
Arija Belén Gisbert “Apuntes para una reflexión teórico-práctica de la relación de ayuda”, Cuadernos de Trabajo Social, 1999, p.141-158 ( Fotocopia). Consejo Nacional de Trabajo Social , “Código de Ética profesional de los Trabajadores Sociales en Colombia”, Ingraf Ltda., Bogotá D.C., 2002. Corporación Educativa CLEBA , “Sistematización”, s.f. (fotocopia). De Robertis, Cristina “Metodología de la intervención en Trabajo Social”, Editorial Ateneo, Buenos Aires, Argentina 1991. Equipo de la Asociación Realidades “ Vínculo, confianza y autonomía” Cuadernos de Trabajo Social, 1999, p.p. 225-232 Universidad Pablo de Olavide
Não se trabalha
autores com
tendência critica
117
conhecimentos adquiridos nos anos anteriores no processos de Servico Social Trabalhista. Se procura formar Trabalhadores Sociais competentes e integrais, brindando assessoria e acompanhamento permanente em seu
a ção formativo. Preparar os estudantes para intervir profissionalmente em uma realidade complexa, con estratégias apropiadas às circunstancias e contexto trabalhista. Fomentar a
a ção ga e de ter uma clara
a ção gaci social e política e de sua contribuição para a melhoria da sociedade na qual vive, como cidadão e como profissional, de forma crítica e construtiva.
Sevilla España (fotocopia). Escartin María José, “Manual de Trabajo Social: Modelos y práctica profesional”. Editorial Aguaclara España 1992. Fernández, Fernández Samuel “Intervención Social y calidad”, presentado en mesa redonda.: La cultura de la calidad en la intervención social s.f., Universidad Pablo de Olavide Sevilla España (fotocopia). Montoya Cuervo Gloria H y otras “Diccionario Especializado de Trabajo Social” Medellín, Editorial Universidad de Antioquia, 2002. Tracy, E. y Whittaker, J. Traducido y adaptado por Villalba Quesada Cristina con permiso de los autores “El Mapa de la red social: Un instrumento de apoyo para la práctica: (fotocopia). Nueva Reforma Laboral y Pensional 2003. Ley No. 789 del 27 de diciembre de 2002 Ramírez G. María Dolly. La Entrevista Familiar en el Proceso de Selección de Personal. En Revista de la Facultad de Trabajo Social UPB. Vol 16 No. 16 1999. Paginas pag 45 – 54 Losada López, Simeón. La Gestión Humana en las Normas ISO/QS 9000. Editorial Universidad Pontificia Bolivariana. Medellín. 190 paginas. 1999 De Ansorena Cao, Alvaro. 15 pasos para la selección de personal con éxito. Métodos e instrumentos. Editorial Piados, Barcelona. 269 páginas. 1997. Mornell, Pierre. ¡Seleccione Ganadores! En ellos está el futuro de su empresa. Editorial Norma. 193 páginas. 2000 Cifuentes Gil, Rosa Maria. La Sistematización de la práctica del Trabajo Social. Libris S.R.L. Argentina. 1999 Ghiso, Alfredo. De la practica singular al dialogo con lo plural. Aproximaciones a otros transitos y sentidos de la
a ção gación en épocas de globalización. Ponencia presentada en Seminario de Sistematizacion de Experiencias, Fundación Universitaria Luis Amigó. 1999 Hleap Jose B. Sis-tematizando experiencias Educativas. Universidad del Valle. Ponencia presentada en Seminario de Sistematización de Experiencias, Fundación Universitaria Luis Amigó. 1999 Barnechea, Maria Mercedes, González Estella, Morgan Maria de
118
la Luz. Taller permanente de sistematización. La producción de conocimientos en Sistematización. Documento. Lima, Julio de 1998. Sistematización de Experiencias de Educación Popular. Cleba. Medellín. 1995 Fernández Guadalupe, Cubeiro Juan Carlos, Dalziel Murray M. Las competencias: clave para una gestión integrada de los recursos humanos. Ediciones Deusto S.A. segunda edición. 184 páginas 1996.
Fonte: Pesquisa direta. Revisão dos diferentes planos curriculares da UPB, 2012.
O quadro acima mostra uma formação que aporta aos estudantes os
conhecimentos mínimos necessários para desenvolver ações no interior das empresas
em relação aos recursos humanos. Estes conhecimentos são confrontados no momento
em que os estudantes em estágio participam das práticas profissionais em empresas
durante um ano, onde têm, por sua vez, o acompanhamento de um professor
experiente no tema nos chamados Seminários de Prática Trabalhista. Este é um
acompanhamento personalizado e direto.
3.2.1.2 ESCOLA DE SERVIÇO SOCIAL DA UNIVERSIDADE DE ANTIOQUIA E SEU CURRÍCULO PARA A
FORMAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL
A Universidade de Antioquia - U.A. é uma instituição estatal, de ordem
departamental, situada no município de Medellín. Tem oito sedes regionais em
diferentes municípios do Departamento. O Programa de Serviço Social tem sede central
e conta com várias regionais.
Foi criada em 1801, como um Colégio-Convento administrado pelos Irmãos
Franciscanos e constituído juridicamente pela Lei LXXI, de 4 de dezembro de 1878, do
Estado Soberano de Antioquia. Na década de 60, com apoio internacional de entidades
como o Banco Interamericano de Desarrollo - BID, se construiu a sede central em
Medellín (Disponível na página Web Universidad de Antioquia: http://www.udea.edu.co).
119
Segundo a diretora atual da faculdade de Serviço Social, Marta Inês
Valderrama Barrera,35 a Faculdade do Serviço Social da Universidade de Antioquia foi
criada pelo Conselho Superior Universitário, no ano de 1968. Sua criação responde à
demanda de assistentes sociais no país, segundo uma pesquisa do Instituto
Colombiano de Crédito Educativo e Estudos no Exterior (ICETEX) sobre recursos e
requerimentos de pessoas. Procurava formar profissionais com capacidade para
aprofundar a concepção tradicional do serviço social, comprometidos com o
desenvolvimento social e que sejam capazes de associar fatores humanos com política
social e econômica, e identificar as áreas de conflito social para as transformações
necessárias no indivíduo e seu meio com ênfase no processo de troca social.
Na década de 70, o Programa de Serviço Social se vincula aos organismos
acadêmicos e grêmios de caráter nacional e internacional, que apoiaram as mudanças
curriculares.
Na década de 80 se tem como referente teórico a política social, as novas
tendências sociológicas e econômicas sobre o desenvolvimento social e humano. As
teorias psicológicas e de família exercem influência na formação. No país se dão os
movimentos sociais como meio de pressão para obter melhores condições de vida e
este fenômeno se converte em tema de estudo da profissão.
Nos anos 90 aparecem os programas de extensão e pós-graduação, se
fortalece a investigação formativa e docente como um dos processos que permite a
qualificação do programa. A partir do ano 2001 começa a projeção do programa de
serviço social nas sedes regionais. Atualmente estendeu o programa em sete sedes
regionais.
Os programas de pós-graduação são Especialização em Gerência do
Desenvolvimento Social, Maestría em Gerenca do Desenvolvimento Social, Maestría
em Problemas Sociais Contemporâneos e Maestría em Familia.
Em termos gerais os referentes teóricos que fundamentaram a formação dos
assistentes sociais na Universidade de Antioquia em suas primeiras décadas
centraram-se em teorias da troca social, sendo mais destacadas as que se apoiaram no 35 Apresentação da atual diretora aos estudantes. 2011.
120
materialismo histórico, com especial ênfase nas análises de corte marxista como marco
referencial para explicar a realidade social e os problemas sociais da época.
Tem, desde o ano 2004, sua formação baseada no Processo de Trabalho
Social Crítico, processo no qual participam estudantes, docentes e profissionais. Este
enfoque teve início na cidade de Bogotá. A partir de seu desenvolvimento se estendeu
a outras cidades do país como Cali, Manizales e Medellín, possibilitando sua
consolidação e existência como processo nacional.
Em seu trabalho com ênfase no serviço social critico, reconhece quatro
princípios: “1. Assumir os fundamentos teóricos metodológicos do materialismo dialético
e histórico como método para a compreensão da realidade social; 2. Aprofundar as
análises críticas do sistema capitalista, que leve à superação do mesmo; 3. Motivar um
projeto ético-político colombiano a partir do serviço social crítico, em contraponto ao
conservadorismo profissional; 4. Articular, a partir de uma consciência de classe, ações
do Serviço Social Crítico (TSC) com as lutas de organizações e movimentos sociais. 36”
Propiciam, ainda, estudos rigorosos sobre a realidade social colombiana a
partir do método marxista, com o que se pretende gerar diálogos e propostas
argumentadas frente aos diferentes projetos profissionais que se possam apresentar no
país.
Um dos objetivos que concebe a Faculdade de Serviço Social da U.A., “é
pensar em um profissional, crítico, reflexivo, propositivo e competente para interatuar
com indivíduos e famílias”, reconhece a importância de alcançar um trabalho
interdisciplinar, onde as ferramentas básicas partam do uso dos métodos construtivistas
para dar respostas ao atual mundo complexo e mutante. Neste objetivo, se pode
perceber que a intencionalidade de alcançar a interdisciplinariedade apoia uma das
intervenções necessárias nas empresas, onde os assistentes sociais devem interagir
com outros profissionais, não só de disciplinas das ciências humanas, mas, também,
das disciplinas sociais e exatas como as engenharias de produção.
36 Princípios acordados em fevereiro de 2011 no marco do II Encontro Nacional de Coletivos de Serviço Social Crítico e publicados no Boletim 01 de Serviço Social Crítico de Colômbia. Outubro, 2009.
121
Nas diferentes aulas da U.A., se trabalha o termo da pluralidade, para isso se
baseiam em bibliografia que aponta para este enfoque, isto aumenta o interesse por
manter o debate plural das ideias. Sem dúvida pode-se afirmar que igualmente à UPB,
na U.A. também é o ecletismo a tendência, onde a maior preocupação é estudar e
compreender os fenômenos sociais para conseguir a construção de um outro projeto de
sociedade, que procure superar os obstáculos ao desenvolvimento social e humano.
Segundo explicita em sua missão: “O Departamento de Trabalho Social da
Universidade de Antioquia é um programa acadêmico comprometido com a formação
de profissionais humanistas, autônomos, éticos, democráticos, com visão intercultural e
global do mundo. Aporta o conhecimento e o desenvolvimento humano e social, através
da docência, da investigação e da extensão, baseadas estas em uma sólida
fundamentação teórica, metodológica e técnica. Promove o desenvolvimento da
capacidade crítica, criativa e o trabalho interdisciplinar para o fortalecimento da
comunidade científica e acadêmica local, regional, nacional e internacional”.37
Em sua visão, objetiva: “No ano de 2020, o Departamento de Trabalho Social
da Universidade de Antioquia será um programa acadêmico, líder na formação
profissional, na produção do conhecimento e na criação e inovação de metodologias de
intervenção social para a construção de uma sociedade justa, democrática e diversa,
vinculada à comunidade local, regional, nacional e internacional”38
A U.A tem cinco programas ou planejamentos curriculares no total.
Analisaremos o último, e serão aqui anexados os planos 3 e 4, de onde também serão
extraídos elementos comparativos de importância para a comprensão da formação com
ênfase no desempenho na área de gestão humana.
O programa atual da U. A, que começou a funcionar a partir do ano de 2006,
está estruturado em três ciclos: o básico, o integrador e o flexível, diferentemente do
programa da UPB que está sustentado em quatro ciclos: o básico, o profissional, o
disciplinar e o ciclo de integração, organizados por Unidades de Organização Curricular
(UOC). 37 A informação desta universidade foi obtida no Departamento de Servico social. Proyecto curricular. Universidad de Antioquia, Medellín, serie de documentos de trabajo social No. 6, 2009. 64 p. Archivo digital. Tradução libre. 38 Tradução livre.
122
O Ciclo Basico “integra as disciplinas que permitem a comprensão e
apropriação das bases e fundamentos teóricos das ciêncais sociais e do serviço social,
além daqueles que brindam uma contextualização política, social, econômica e cultural
no âmbito local, nacional e mundial. Estão desenhados em campos de conhecimento
fundamentais para a formação de um assistente social.”
Suas UOC são: fundamentação teórica das ciências sociais e humanas com aulas como: Teoría das Ciencias Sociales I, II e III; a UOC de economia, política e desenvolvimento com aulas como: Economia e teorias de desenvolvimento I, II,
Planejamento e gestão do desenvolvimento, Estado, políticas públicas e Bem-star
social I, II, Atores, participação, política e exercício de cidadania e Problemas sociais
contemporâneos; a UOC da Lógica e comunicação com aulas como a Produção e
interpretação de textos, a aula de Pensamento lógico, retórica e argumentação.
Com o Ciclo Integrador se procura “Desenvolver conceitos, enfoques e
metodologias próprias da profissão de serviço social e da investigação social. Há uma
integração de saberes e métodos que posibilitam o desenvolvimento de habilidades,
competências e conhecimentos para o desempenho profissional no âmbito laboral e
investigativo. Desenvolve a especificidade da profissão conformado por aspetos
teóricos e metodológicos que levam os estudantes a objetos de estudo que se
identificam com os processos teóricos e metodológicos tendo em conta suas
habilidades e interesses”.
A UOC que compreende a administração, gestão social, ministra aulas
como: Administração e Gerência Social, Desenho, Gestão e Avaliação de Projetos
Sociais, a UOC da investigação, tem aulas de Oficio de Investigar I, II, Investigação
Social I, II, III, aulas de Linhas de Aprofundamento I, II , III com aulas como família,
planejamento e gestão de desenvolvimento, gerência social e desenvolvimento
organizacional, serviço social e intervenção social, cultura, política e sociedade e
problemas sociais contemporâneos. Igualmente se tem a UOC de Servico Social e intervenção Social com aulas como: Fundamentos Teóricos, Metodológicos e
Disciplinares do Serviço Social I, II, Teorías e Processos com Indivíduo e Família I, II,
Teorias e Processos com Grupo, Teorias e Processos com Comunidade, e a UOC das
123
práticas-estágios, como estágios complementares os espaços nas instituições de
assistência, comunidade, poucos preferem empresas.
Por último o Ciclo Flexível: “É uma estratégia de abertura e de renovação
entre as fronteiras do conhecimento próprio da profissão e de outras áreas do
conhecimento. Tem relação recíproca com a pluralidade, que é a causa e a
consequência da flexibilidade. É um ciclo complementar e opcional, que procura ampliar
a oferta de projetos de aula tendo em conta os intereses dos educandos. Está formado
por aulas que se desenvolvem em outras unidades e faculdades da Universidade.
Apresenta quatro níveis: ciências sociais e humanas, ciências naturais, ciêncas exatas
e artes. Diante da análise acima, se observa que as aulas da U.A. facilitam a
aprendizagem para o desempenho na área das empresas.
Na UPB se observa como disciplinas importantes: Economia e teorias de
desenvolvimento I, II, Planejamento e gestão do desenvolvimento, Estado, políticas
públicas e Bem-estar Social I, II, Atores, participação, política e exercício de cidadania
e Problemas sociais contemporâneos, Administração e Gerência Social, Desenho,
Gestão e Evolução de Projetos Sociais, Planejamento e Gestão de Desenvolvimento,
Gerência Social e Desenvolvimento Organizacional, Serviço Social e Intervenção
Social, Cultura, Política e Sociedade e Problemas Sociais Contemporâneos.
Chama a atenção que a diferença entre a UPB e a U.A. é a não existência de
disciplinas da área da estatística, financeira e as relacionadas com a gestão de
recursos humanos, com as legislações das organizações e com as psicologias. Mas
estas carências de formação básica da graduação não geram diferenças para o
desempenho nos cargos da gestão humana nas empresas, tal como se observa nas
análises dos dados. Em anexo o Currículo da U. A. Nº 3 e Nº 4.
Por ter poucos graduados participantes da pesquisa da U.A., só serão
aprofundadas as disciplinas que têm diferentes planos curriculares, especialmente os
três últimos para verificar diferenças em seus desempenhos nas áreas de Gestão
Humana das empresas.
124
3.3 A INTERPRETAÇÃO DA INTERVENÇÃO DOS ASSISTENTES SOCIAIS NAS ÁREAS DA GESTÃO
HUMANA POR AUTORES COLOMBIANOS. Gestão humana engloba e faz parte dos processos de produção e das novas
relações entre os trabalhadores e o patrão. Apoia-se e dá a direção de acordo com
outras perspectivas para a intervenção social dos trabalhadores para além dos
programas assistencialistas, mas, inclui também os processos de admissão e de
seleção, desenvolvimento, motivação, segurança social e equilíbrio social na empresa.
Esses processos, que eram anteriormente prestados por psicólogos,
administradores e advogados principalmente, são hoje delegados também aos
assistentes sociais, que alcançaram legitimidade não só no desempenho de suas
funções específicas, mas na mediação entre o trabalhador e a empresa. É importante
levar em conta que as primeiras intervenções dos assistentes sociais nas fábricas, se
fizeram por meio de visitas domiciliares, atendimento aos problemas familiares,
organização de festas e encontros dos trabalhadores com seus chefes, planejamento
de desportos e atendimento de situações de conflito, organização de cartazes de
comunicação, e, ainda, atendimento a trabalhadores em casos de desmotivação e
baixa produtividade. Os assistentes sociais acompanhavam às situações de crises
familiares.
Mejia (1991: p. 10-21), a este respeito, afirma, que nos anos 1985/1990
abriram-se campos de atuação para um maior desenvolvimento interventivo, nos quais
o assistente social passou a atuar fomentando a participação social e o
desenvolvimento comunitário, trabalhando com famílias e proteção às crianças, Serviço
Social de empresa e saúde. Esse período coincide com o auge do processo industrial
da cidade e com a nova legislação que obrigava as empresas a atender os programas
de bem-estar laboral. Com os assistentes sociais intervindo no mundo trabalhista, se
começa a dar uma nova visão à profissão, a qual é reconhecida já não só por suas
intervenções em comunidades, família e saúde, mas, também, nas fábricas.
Torres (2005), em seu artigo: Serviço Social nas Organizações: Nova
alternativa e perspectivas profissionais, traça uma reflexão que mostra a relação
existente entre a empresa e a universidade, uma relação entre o perfil formativo e o
125
perfil profissional, onde as necessidades da empresa se convertem em exigências
curriculares para os centros de formação na universidade. É óbvio que a universidade,
nesse sentido, parece esquecer seu papel e sua vocação que é a de formar em ciência
e conhecimento investigadores com espíritos críticos e agentes de mudança social e
humana, e não responder exclusivamente às exigências do sistema.
Com a crescente indústria têxtil em Antioquia e em especial a aplicação de novos conceitos de relação de pessoal, se solicita à Universidade Pontifícia Bolivariana, especialmente com o programa acadêmico de Serviço Social, participar na gestão de Bem-Estar Social nas empresas; mecanismo necessário para compensar a influência da associação sindical e por isso atua com os grupos os sujeitos e a família (educação para mulheres e menores) acompanhamento nos restaurantes e escolas. Atenção também aos problemas de caráter pessoal, causados pelo comportamento pessoal, e os conflitos familiares. (TORRES,2005, p. 103). (Tradução nossa).
A assistente social Torres, (2006), em seu artigo: Um olhar para as
competências dos Assistentes Sociais, afirma que tem-se que estar consciente das
teorias neoliberais e das políticas que estão sendo impostas sobre as sociedades em
um mundo globalizado, que afetam o mercado de trabalho, dado que exigem uma
prestação de serviços sociais mais eficiente e competitivo, garantindo assim a atividade
profissional de simples aplicação de técnicas, deixando de lado a reflexão crítica das
suas ações: “Hoje a formação de assistentes sociais tende a ser uma formação
predominantemente técnica, que busca responder, atuar sobre uma demanda para
alcançar elevados níveis de eficiência e eficácia, deixando de lado os interesses da
formação, estimulando a reflexão e crítica a tudo o que acontece nas diferentes áreas
da vida dos sujeitos” (TORRES, 2006: p. 29). (Tradução nossa).
Assim se vai encontrando uma profissão formada, educada e preparada para
responder às exigências do mercado, sendo este, entre os assistentes sociais, um dos
pontos que garante finalmente o sucesso ou não de um profissional em seu
desempenho.
Os poucos artigos encontrados na cidade, relacionados com o campo
trabalhista das assistentes sociais abaixo citadas, propõem elementos importantes para
126
aprofundar sobre o desenvolvimento de tal campo no país e a maneira como se tem
interpretado a intervenção dos assistentes sociais nesta área.
Angel (1990), em uma entrevista realizada para a Revista de Serviço Social
UPB, afirma: “Uma vantagem da profissão é a preparação que lhe dá uma formação
integral, permitindo-lhe prestar um serviço direto e específico. Além de capacitá-lo para
prestar esses serviços, o capacita para o planejamento, para investigar nesse campo,
para circular diretamente dentro do serviço e em outras áreas de igual importância.” (p.
97).
A afirmação acima incita a pensar que corresponde a cada profissional fazer
uso de seu título, de sua experiência, para ir mais além e não se limitar a executar
pouco, pois os conhecimentos recebidos na profissão permitem multiplicá-los para
intervir em diferentes realidades. Isto leva a que cada dia se encontre mais opções,
mais espaços de intervenção para o profissional. O que se pode ver refletido
especificamente no campo trabalhista onde são contratados pelo mercado para
desempenhar funções ilimitadas que facilitem boas relações entre a empresa e os
trabalhadores, corresponde ao profissional fazer uso de sua criatividade e inovação
para alcançar seus resultados com processos que realmente respondam às
expectativas e necessidades de seus beneficiários.
A apreciação mostra uma profissão que carece de um objeto profissional
específico frente às intervenções dos assistentes sociais, caso particular que tem a ver
com as empresas; não se observam análises profundas das respostas que os
profissionais devem dar em meio às contradições que se dão nas relações de trabalho,
a ideia que defende é que o assistente social deve assumir os desafios que oferecem
os novos campos de intervenção, oferecendo-lhes uma formação integral para dar
resposta a todas as demandas que o meio requer.
A assistente social Gallego (1990), em seu artigo “Reflexões sobre o Serviço
Social no Campo Laboral” diz: “Sem importar o nome que tenha o departamento ou
área, sejam eles: Relações Industriais ou Desenvolvimento Organizacional,
encontramos assistentes sociais, que fazem parte da equipe interdisciplinar e têm a seu
encargo o setor de Bem-Estar Social, em cujo objetivo mais amplo está implícita a
127
manutenção do recurso humano, através de ações que podem ir desde sua
participação na revisão e/ou o desenho de políticas sociais até à administração de
programas e serviços diretos” (p. 90) (Tradução nossa). Propõe que os assistentes
sociais não devem ficar na execução de tarefas pontuais, isoladas e assistencialistas.
Gallego explica que é comum encontrar profissionais exercendo diferentes
cargos nos níveis de direção, com funções administrativas, manejando acordos
convencionais, formulando políticas sociais e administrando projetos; em nível de chefe
de departamento e com funções que orientam, interpretam e aplicam as políticas
sociais da organização, e, por último, exercendo cargos como chefe de seção.
Igualmente se convida aos profissionais a responder mais além de suas
capacidades. O profissional é formado em educação superior e não deve ficar fazendo
ações isoladas, deve mostrar capacidades como as que descrevem o artigo anterior,
chegar a cargos de maior importância e participar na direção de processos
empresariais.
No artigo “Para uma saúde ocupacional comprometida com a qualidade de
vida no trabalho”, López (1991, p. 19), afirma:
“O assistente social, tem a formação básica para participar ativamente neste processo, intervindo na sensibilização, educação e formação dos comitês de higiene e segurança, nos processos de organização e planejamento de ações que garantam as tarefas e compromissos frente ao trabalho.” (P. 19)
Não se deve esquecer que para este momento uma das dificuldades é o
trabalho interdisciplinar, não há tradição nem cultura para isso, igualmente para as
empresas, pois esses temas respondem mais a exigências e pressões tanto legais
como da classe trabalhadora. Essas intervenções se convertem mais em desafios para
o serviço social nas empresas, pois se observa que as empresas como organizações
mutantes e dinâmicas têm muitas opções e possibilidades para o desempenho e
intervenção da profissão.
De acordo com a afirmação, as intervenções dos assistentes sociais
aparecem como meras respostas aos processos técnicos e ao uso de ferramentas que
128
são bem manejadas a partir da profissão, mas ainda não se tem consciência de classe,
não se aprofunda sobre as causas dos problemas que vivem os trabalhadores no
interior das empresas. Forma-se, pois, um profissional para intervenções e demandas
das empresas, com educação e processos participativos que terminam controlando e
amenizando os conflitos dos trabalhadores no dia a dia.
Gómez e outros (1999), em seu artigo: “Papel do Trabalhador Social na Área
de Bem-Estar Social das empresas da cidade de Manizales e Pereira”, em suas
conclusões, destaca que há um marcado desconhecimento por parte dos empresários
sobre o verdadeiro papel que podem cumprir os assistentes sociais nessas áreas. Em
sua pesquisa conclue que as áreas de maior intervenção para o profissional de Serviço
Social nas empresas são:
- Planejamento e Administração de Programas de Bem-estar Social, em
processos de saúde, moradia, educação, capacitação e recreação, e igualmente
investigação, com o fim de coletar dados que facilitem a implementação de projetos;
Planejamento e administração de Serviços, focalizados na prestação de serviços como
empréstimos, auxílios, bolsas, realização de estudos sócio-familiares;
- Planejamento e Administração de Processos de Pessoal. Nesta área de
intervenção, o profissional se dedica a desenvolver políticas, programas e
procedimentos que garantam eficiência, pessoal humano capacitado, trabalho
equitativo, oportunidades de progresso, segurança e satisfação no trabalho.
Observa-se, segundo as autoras, que o serviço social se tem empoderado do
espaço que antes correspondia só ao administrador e outras profissões, agora intervém
nos processos de seleção e orientação de pessoal, não só determinando as
competências mas, também, definindo os níveis de desenvolvimento que devem
cumprir os diferentes atores e seus cargos nas empresas. Esta é uma função que não
era pensada para o assistente social desde sua formação, a qual se foi ajustando
segundo as necessidades da empresa e do meio, e assim chegando a cargos de chefe
de pessoal e chefe de área.
Compreende-se na Colômbia o serviço social como uma profissão mais da
administração, preocupada mais consigo mesma, esquecendo os objetivos da profissão
129
que deve ser comprometida com o desenvolvimento e crescimento humano das
pessoas. É dada maior importância em escalar níveis, em ter status-quo para alcançar
o reconhecimento e possibilidades de uma maior liderança, ao contrário de um serviço
social assumido a partir do enfoque crítico, caso especifico da escola de serviço social
da UFPE – Brasil, o qual assume com profundidade, desde o movimento da
reconceitualização nos anos 60, da análise do histórico da contradição resultante entre
as relações de classe e o mundo do trabalho. Esta temática será abordada no título
seguinte desta tese.
Questiona-se hoje a existência de assistentes sociais que se enquadrem em
um nível operativo, limitando com isso suas possibilidades e potencialidades para
chegar a postos administrativos. Não se deve desconhecer igualmente que para as
organizações em geral, o valor que se dá ao social corresponde quase sempre a uma
segunda ordem de importância, com ações pontuais, que pouco permitem transcendê-
las.
Mas não importa o nível, o cargo onde se exerça a profissão. É válida a
consciência que se tem das diferenças de classe, das tensões que se demarcam nas
relações de trabalho, das condições mínimas de dignidade e igualdade que se devem
estabelecer no interior das fábricas para poder compreender o papel do assistente
social na busca de melhores condições de vida laboral.
As autoras afirmam, que dentro das limitações que se encontram no meio
para o desempenho das funções na área trabalhista estão: os baixos orçamentos para
desenvolver os programas, a escassa autonomia dos profissionais para a tomada de
decisões e os vazios na formação profissional relacionada com o mundo
organizacional. Assim, complementa-se, que não só com o mundo organizacional, mas
com o mundo do trabalho, categoria essencial para compreender as relações que se
dão da permanente dominação no interior das fábricas.
Esse desconhecimento tanto da teoria organizacional como da categoria
trabalho e suas implicações históricas no mundo das relações concretas, por um lado, e
o desinteresse em enfrentar as contradições reais entre a classe trabalhadora e os
donos das empresas e o capital é o que gera o desinteresse, essa falta de clareza,
130
fazendo com que os empresários e os chefes, representantes da classe capitalista
deem pouca importância a investimentos que facilitem melhores projetos para as
classes trabalhadoras. Os assistentes sociais são considerados por sua formação
integral, especialistas no manejo de poucos recursos, em adiantar processos de
desenvolvimento para os grupos com os quais trabalham, mas não se chega às causas
das manifestações que facilitam relações mais justas e equitativas entre capitalismo e
trabalho, mesmo por que sua formação profissional, sobretudo na UPB, não se dá
orientada pela teoria crítica.
Para Jiménez (1992), uma das dificuldades para o desempenho eficiente da
profissão no campo trabalhista, é que poucas vezes os diretores conhecem
profundamente o que implica um verdadeiro desenvolvimento integral das pessoas, não
as vê como um fim, mas como um meio, portanto consideram os programas de Bem-
Estar Social como um gasto e não como um investimento, daí que, frente às crises
econômicas, estas são as áreas que primeiro sofrem os cortes orçamentários, e muitas
vezes até desaparecem. Concebem o bem-estar trabalhista como ações que só
buscam a recreação e, portanto, se limitam a cumprir com a lei que estabelece a
presença de uma área de bem-estar social, sem se importar que o profissional exerça
ditas funções, pois consideram o social de pouco valor. (p.53).
Os profissionais das áreas de gestão humana se sentem pouco seguros e
valorizados para desempehar ações relacionadas aos processos administrativos, o que
leva a uma pouca autoestima, têm uma mínima participação interdisciplinar, fraco perfil,
pois se dedicaram por muitos anos à organização de eventos sociais, à atenção
imediata de problemas, criando assim uma imagem de uma profissão ativista, com
pouco reconhecimento no meio e escasso posicionamente acadêmico.
Muitos destes profissionais ficam com os poucos conhecimentos que
receberam na formação inicial, não se preocupam em continuar qualificando seu
conhecimento para ampliar suas ações em termos mais administrativos. Igualmente têm
pouca informação da situação integral das empresas das quais fazem parte,
respondendo pouco às mudanças que a organização e o meio requerem. Os
trabalhadores que se beneficiam de seus serviços limitam-se a receber sem participar,
131
pois consideram obrigatórias as intervenções destes profissionais, gerando assim uma
mediação paternalista que poucas mudanças geram nas pessoas.
Tais reflexões mostram o vazio que a profissão vem deixando em suas
intervenções nas décadas de 80 e 90 nas empresas e mostram a insatisfação dos
profissionais neste campo. É como se a capacidade de responder às demandas no
momento da origem, que tanto êxito deu à profissão, já não existisse mais. Os
profissionais começam a sentir que não são valorizados e é levado em conta que suas
intervenções ficam em ações sem sentido, sem direção. Mas se observa que continuam
reclamando da imagem e do poder, continuam na busca de espaços de
reconhecimento, o qual depende mais do lugar que ocupa na escala das estruturas que
dos impactos mesmos que são gerados nas intervenções do mundo do trabalho-capital.
Para a década de 90, a abertura econômica começa a gerar preocupação e
a competência obriga as empresas a reavaliar seus métodos de produção e de gestão
dos recursos humanos, fortalecendo a credibilidade de que é importante o recurso
humano para o sucesso organizacional, e que estes são fundamentais para uma
atenção de qualidade aos clientes, única razão de ser das empresas. As empresas que
foram centradas na produtividade, centram-se agora na qualidade e atenção oportuna
ao cliente.
Observa-se neste momento como o profissional de serviço social é
revalorizado para o desenvolvimento de ações que facilitem o bem-estar do
trabalhador, propiciando maior satisfação e gosto pelo que faz, permitindo maior
rendimento e respostas satisfatórias aos clientes.
Afirma Rojas (1994) que:
Havia uma concepção do termo bem-estar confusa, com falta de unidade de critérios na aplicação do termo, significado do conceito expresso em atividades do tipo social, cultural e desportivo, ausência de processos com atividades desarticuladas, políticas empresariais não definidas ou carentes de direcionalidade, perfil da área indeterminado, visão reduzida de bem-estar laboral, sem referência a um bem-estar integral, não há fronteiras entre bem-estar social e o bem-estar laboral. (p. 41). (Tradução nossa)
132
A reflexão proposta pela autora mostra uma análise mais rigorosa e clara de
como os assistentes sociais vêm intervindo profissionalmente nas áreas de bem-estar
social. Desde o momento que surge a profissão no país até esta década responde de
uma forma pontual e assistencialista às funções trabalhistas. O fundamental para a
empresa é demonstrar que cumpre com os requisitos da lei e para isso cria o
Departamento de Bem-Estar Trabalhista. Para os trabalhadores o importante é ter
quem atenda seus problemas e dificuldades de saúde, educação, moradia e de
relações familiar, e para o profissional de serviço social o que conta é ter estabilidade
trabalhista e um bom emprego.
A autora apresenta ainda uma definição objetiva do conceito de bem-estar
trabalhista: “Termo para designar programas de serviços e/ou benefícios no interior das
organizações, as quais têm como objetivo: satisfazer necessidades sociais, econômicas
e culturais dos trabalhadores e empregadores, também fomentar as relações intra e
extra-institucionais” (1994, p. 50) É uma definição que denota a busca de um ambiente
positivo para o desenvolvimento do trabalho, com um adequado manejo das relações
operário versus patrão.
Encontra-se até o momento departamentos de bem-estar trabalhista com
ausências de processos em longo prazo, os programas respondem a ações pontuais,
isto se pode explicar pela falta de políticas empresariais frente ao bem-estar trabalhista.
A autora apresenta a necessidade de que ambos, empresa e trabalhador,
cheguem a acordos de responsabilidade sobre cada um, ao facilitar espaços de melhor
qualidade de vida se produz mais. Em função disto, são contratados os assistentes
sociais, com o objetivo de acompanhar o cumprimento dos acordos. Atendem às
necessidades dos trabalhadores, que dão o máximo de si para garantir produtividade e
ganhos, assim facilita um ambiente de tranquilidade, apesar de ser uma época
complicada, onde os sindicatos trabalham por suas reivindicações ideológicas,
segurança trabalhista e de luta contra o capitalismo na maioria das indústrias do país.
Tal reflexão enfatiza uma preocupação falsa pelo homem, aparece aí a
intenção e a razão de ser da intervenção dos assistentes sociais nas fábricas, o bem-
estar dos trabalhadores, mas de maneira direta se desmascara as intenções, pois
133
precisa-se de trabalhadores em boas condições de bem-estar, com o interesse de
produzir mais para alcançar a máxima produtividade. E é nestes momentos de acordos
onde se requer a presença e intervenção do assistente social, para equilibrar, para
mediar as forças e lograr cumprimentos dos mesmos. Desconhecem-se as contradições
imersas nesta luta de classes: trabalhadores e empresários chegando a acordos
fictícios e os assistentes sociais facilitando os mesmos.
Hoje, com os novos sistemas de contratação e flexibilidade trabalhista, o
direito ao trabalho é cada vez mais vulnerável e os benefícios recebidos pelas
empresas através das áreas de gestão humana se converteram em sonhos do
passado, pois cada vez mais o Estado, através de suas legislações, apoia o setor
empresarial e, portanto, ao capitalismo. Isto, confirma Jordi Sabater (2009), quando
mostra em seu artigo: Globalização e Reestruturação das Políticas Sociais, como as
novas tecnologias baseadas na informação requerem modificações nas estruturas
sociais, e a maneira como as empresas gerem e se organizam no interior, nas
competências que exigem ao chamado capital humano e na forma de fazer o trabalho.
As áreas de gestão humana estão respondendo e gerando demandas de
flexibilidade em todos seus processos. Uma mudança forte produzida por estas novas
tecnologias tem relação com os mercados trabalhistas e a estrutura ocupacional que vai
muito mais além da terceirização da ocupação, modificando a qualidade, as
competências e as oportunidades de trabalho, o que por sua vez leva à perda do
trabalho remunerado.
É comum observar nesta década (meado dos anos 90 até hoje) a redução no
tempo do trabalho por unidade, deslocamento de trabalhadores, eliminação de postos
de trabalho, que leva a uma deterioração das condições de vida e de trabalho das
classes trabalhadoras e a um progressivo crescimento da polarização social e da
pobreza. “O palco que se veio configurando não é o do “fim do trabalho”, mas o de um
modelo de trabalho unido ao capitalismo do bem-estar e ao fordismo. Quem entra em
crise, quiçá de maneira definitiva, é a “sociedade salarial” (JORDI, 2009: p. 80). Hoje é
comum ver a mão de obra dividida em duas categorias, uma composta por assalariados
permanentes, com tempos completos e capacidade de mobilidade e adaptação. Outro
134
grupo, muito abundante e crescente de trabalhadores periféricos chamados temporais,
sem identidade com a empresa e limitado de possibilidades de sindicalização, meio
para atingir os direitos que como cidadãos têm frente ao lucro de um trabalho digno.
Estas mudanças chegam de imprevisto ao mundo acadêmico e profissional dos
assistentes sociais, sem preparação, sem experiência e com pouca capacidade para
responder a estas novas regras, encontrando-se, uma vez mais, fora do jogo.
A assistente social Vásquez (2003), introduz o pesquisador num meio
competitivo, de instabilidade econômica, turbulência organizacional, mudanças rápidas
e constantes, abertura e globalização, onde a prioridade é fortalecer as organizações
com tecnologias básicas para atingir flexibilidade, efetividade e produtividade que lhes
permitam sobreviver num mercado de alto nível de concorrência.
O assistente social deve ter capacidade de comprometer-se com a aplicação
de novos termos como, por exemplo: Re-engenharia, empoderamento, benchmarking e
teorias como a do planejamento estratégico, com capacidade de mudar paradigmas e
convencer aos outros sobre as vantagens da mudança; utilizar processos formativos e
participativos que envolvam o talento humano.
Nesta década pode-se observar que adentra-se ao tema do talento humano.
Neste sentido, é o responsável por programar a gestão por competência. Vásquez
assim o propõe:
O novo ambiente que rodeia as organizações as enfrenta com um desafio substancial, é a redução de custos, conservando as condições de qualidade exigidas pelo cliente, em um contexto mundial marcado por condições de incerteza e mudanças, sob as quais deve competir. Isto exige a preparação de talento humano para desenvolver ao máximo suas potencialidades de maneira que possam executar processos de transformação capazes de aumentar os resultados que estes desafios demandam. (2003: p. 34). (Tradução nossa)
Faz-se necessário neste novo cenário trabalhista, demonstrar não só
habilidades e capacidades, mas inteligência para comportar-se de acordo com seus
sentimentos, com sua personalidade e com as exigências sociais do meio. Dão-se
medições de competências obrigadas aos avanços da psicologia, que permitem
descobrir até as sensações mais íntimas do indivíduo. Tudo fica a descoberto para não
135
ter erros no momento da seleção. Para serem utilizados no mercado das competências,
já não só se requer de mãos e mentes para o serviço do capital, é necessário também
sentimentos e sensações para contribuir com o máximo do potencial, que como
indivíduos possuem. É assim que para conseguir organizações com êxito, deve-se
contar com recurso humano talentoso, com triunfadores que invistam toda sua energia
no serviço da produtividade.
Corresponde ao assistente social, segundo a autora: dinamizar os processos
e gerir os recursos para a consecução de pessoal qualificado; garantir qualidade de
vida e formação humana. O profissional deve ser um líder de projetos, de equipes de
trabalho e deve ter em conta, um pensamento com enfoque centrado na inovação, na
colaboração, na investigação, na geração de credibilidade, na fixação de metas claras e
mediar na solução de conflitos.
Nota-se pelo exposto, que o serviço social é convocado de novo para
assumir adaptação rápida e oportuna para atender às necessidades do mercado. Sua
intervenção deve responder às exigências da multifuncionalidade, deve estar
capacitado em condições de responder a cada uma das expectativas da empresa, dos
trabalhadores e suas famílias, onde a prioridade é garantir a sobrevivência empresarial.
Nas áreas de gestão humana das empresas de Medellín é comum encontrar
empresas com assistentes sociais que desempenham todas as funções da área, desde
o planejar até o executar. Hoje estão em processos de família, amanhã em saúde,
depois em capacitação ou comunidade, logo em seleção, dentre outros. São
profissionais que desempenham uma infinidade de funções, o que leva a pensar que
não é incoerente que lhes designem o nome de multifuncionais.
Se para os finais da década de 80, começos dos anos 90, se perde o norte
porque é uma profissão que faz de tudo, sem objeto preciso nas empresas, agora e
desde a década de 90 essa formação integral funciona bem para o meio competitivo, o
que hoje conduziu ao sistema capitalista. As chamadas competências para a profissão
não são novas, sempre os assistentes sociais têm sido formados para responder às
situações de crise, para dar respostas às expectativas e necessidades do meio, e em
especial do meio trabalhista. Como visto no começo desta análise, o Serviço Social
136
surge a partir das crises sociais, dadas muitas no interior das fábricas, e as vem
respondendo.
Segundo a análise e pelas leituras revisadas, pode-se afirmar que se alguma
profissão na Colômbia seguiu o jogo do capitalismo, inclusive muito antes que
aparecesse a gestão por competência, foi o serviço social imerso nas empresas. Um
serviço social a serviço do dono dos meios de produção, a serviço da acumulação.
Perdeu-se a capacidade de criar consciência e aprofundar reflexões em torno destas
relações de trabalho, que beneficiem e proporcionem melhores condições de vida
laboral aos operários.
Assim, desde as origens do serviço social na empresa até nossos dias, está-
se criando condições para que os empresários, sócios do capitalismo, tenham as
condições propícias para aumentar seus ganhos a mercê da exploração do homem
pelo homem. Mas é possível pensar e intervir nessa realidade noutra direção.
3.4 INTERPRETAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL NAS EMPRESAS A PARTIR DA TEORIA CRÍTICA.
Segundo Antunes (1999: p.29-30), até hoje se vem enfrentando a chamada
crise do capital, que teve origem nos anos 70 e vem repercutindo gravemente na vida
dos trabalhadores com baixas nas taxas de lucro, o esgotamento do modelo fordista /
taylorista de produção, o desemprego estrutural e a crise do Estado de Bem-Estar
Social. Nesta situação, a maneira como o capital se reestrutura em busca de um padrão
de acumulação diferente, sob a hegemonia do capital financeiro, afeta duramente as
condições de vida e de trabalho.
Se dão a partir desta crise a precarização das relações de trabalho, a
flexibilização dos direitos dos trabalhadores, o aumenta do desemprego. A maioria dos
países capitalistas adota o projeto neoliberal com a justificativa de reduzir os
investimentos do Estado em saúde, educação, moradia e outras políticas sociais, em
geral, além de fomentar a economia para aumentar a competitividade global (Ibid, p.31).
É a partir dos anos 80 que se intensifica o processo de internacionalização
das economias como resposta à implantação de diversas modificações do capital em
137
seus processos produtivos e sair de sua crise sem perder o projeto de dominação
social. Para isso desenvolve novas formas de acumulação flexível, como a dos
programas de qualidade total e a utilização do modelo japonês ou “toyotismo”. (Ibid:
p.32)
Nos anos 90, as relações de trabalho são mais precárias e incidem
decisivamente nas condições de trabalho da classe trabalhadora de uma forma geral.
No tocante ao serviço social de empresa, as transformações no mundo do trabalho não
mudaram algumas das demandas tradicionais como os serviços socioeducativos e
assistenciais aos trabalhadores e suas famílias, porém foram acrescentadas outras
demandas, ligadas a promover discursos participativos de cooperação, trabalho de
equipe e valorização do trabalhador. Entretanto, essas novas demandas são
concebidas como contraditórias, pois os trabalhadores convivem com a redução dos
postos de trabalho e com a perda de direitos trabalhistas e com os diferentes contratos
de trabalho entre funcionários de uma mesma empresa. (MOTA e AMARAL, 2000).
“Compondo o cenário das novas necessidades do processo de acumulação capitalista – centrada na fratura das alteridades do trabalho – emerge no horizonte do trabalho uma fragmentação objetiva do trabalhador coletivo, expressa na constituição de dois grandes grupos de trabalhadores: os empregados estáveis do grande capital e os trabalhadores excluídos do emprego formal, estes últimos, sujeitos ao trabalho desprotegido”. ( p.31).
Guerra, (2001) afirma que a dinâmica que circunda toda relação de trabalho,
sem importar que tipo de instituição seja, apresenta um cenário de contradições onde
deve atuar, neste caso, o assistente social, o qual termina intervindo na mediação de
interesses de classe para atender às demandas impostas pelas ditas instituições.
Afirma a autora que:
“Para garantir sua sobrevivência, o serviço social, como profissão, tem que responder às demandas. Estas não são unidirecionais; ao contrário, são atravessadas por interesses antagônicos, oriundos do capital e do trabalho, daí serem atividades profissionais mediadas pela contradição” (p. 04)
Esta contradição está na origem mesmo da profissão, criada para ter uma
visão crítica da sociedade, para apoiar o desenvolvimento das classes populares e
138
trabalhadoras e, sem dúvida, aparece a serviço das empresas capitalistas, contradição
que se acentua quando o assistente social é consciente que não pode ter uma visão
messiânica da profissão, mas, tampouco pode trabalhar com injustiça. A justiça se
transforma em seu ponto de articulação e em seu permanente paradóxico, e nas
empresas mais ainda, pois quanto mais se procura este ponto de articulação, mais
afastado da empresa parece estar.
Mota afirma, (1998: p. 56-57) que por ser um profissional capacitado, o
assistente social é requisitado pela empresa para trabalhar nas áreas dos recursos
humanos, mediante a prestação dos serviços sociais, e também desenvolvendo tarefas
educativas. As demandas dos empresários levam os assistentes sociais a mediar os
conflitos de interesses do empregador e do empregado, onde a prioridade é o processo
produtivo.
Afirma a autora que “a especialidade da profissão nas áreas das empresas é
a administração dos benefícios sociais dos trabalhadores, pode-se afirmar que é a
modernização ou gerenciamento das carências sociais do trabalhador a partir das
técnicas das áreas da gestão humana”. (Ibid. 57).
Com relação à questão social, explica que as empresas a admitem a partir
de pactos de dominação com o Estado, o que por sua vez, se reflete também em
tensões entre empregado e empregador, as quais se expressam nas pressões que os
trabalhadores fazem com suas demandas. As pressões podem apresentar-se de
maneira organizada e também consciente ou não. Isto leva as empresas a apelar às
“ciências do comportamento” e a alcançar, manejar, ou melhor, dizendo, manipular os
“problemas” dos trabalhadores à sua conveniência. (Ibid. 1998: p. 47-48).
Observa-se que no interior das empresas os assistentes sociais são
procurados para dar resposta às demandas que são por natureza contraditórias, por um
lado as do capitalista, e por outro as dos trabalhadores. É nesta situação, que vai
conformando sua própria imagem como profissional das ciências sociais. Suas
intervenções se legitimam na medida em que têm capacidade para responder a ambas
as demandas. Todo o tempo os assistentes sociais se enfrentam com essa contradição,
e que é inerente às relações desiguais que se dão entre capital x trabalho expressadas
139
sempre em: baixos salários, problemas de moradia, educação, saúde, segurança, entre
outros, dos trabalhadores usuários dos serviços sociais.
Iamamoto, 1998 (In Valeria: 2010. p 4) diz que nas empresas o serviço social
tem características diferentes de acordo com o tipo de empresa (comercial, industrial,
bancária, serviços), ou associações patronais (SESI, SESC e SENAI), ou como
associações de empregados e cooperativas, dentre outras. Assim, em termos gerais, a
atuação do assistente social tem em comum a função educativa. Também intervém com
serviços simbólicos como: orientações, encaminhamentos que influenciam nos modos
de agir, sentir e pensar da classe trabalhadora, graças ao uso da linguagem, seu
principal instrumento.
O serviço social, em quase todas as empresas, é demandado para atender
aos interesses do lucro, de maior produtividade e não só para ações sociais e
humanitárias. Observa-se, portanto, que o assistente social não intervém somente
garantindo o acesso às coisas materiais, incide ainda nos conhecimentos, valores e
cultura, de forma direta e indireta, na vida dos trabalhadores, influencia a adquisição
dos valores da empresa, para que asumam as metas e propósitos da mesma.
Portanto, pode-se afirmar que, a intervenção social tem uma utilidade social
no processo produtivo. É assim que o serviço social está ligado à área de recursos
humanos das empresas. Sua intervenção está vinculada à necessidade de preservar a
ordem, e tem um cunho “educativo”, “moralizador” e disciplinador, ou seja sua ação
tem cunho político e ideológico. (Ibid, p4).
Dessa forma, o profissional não tem condições de atender exclusivamente às
demandas dos trabalhadores em razão de sua condição também de trabalhador
assalariado, inserido em processos de trabalho, pois contrariamente tem que dar
respostas profissionais ao empregador que o contrata. Não tem todos os recursos para
intervir nas empresas, portanto são os empregadores que facilitam todos os meios
necessários para desenvolver suas ações nas empresas. Por deter conhecimentos,
teorias e metodologias provenientes de sua formação, como assistente social, tem uma
relativa autonomia.
Mota, (1998, apud Acosta, 2010) salienta que
140
“Na empresa, não é o trabalhador que requisita o trabalho do assistente social, e sim o capital, no intuito de gerenciar os conflitos e problemas dos empregados e de suas famílias que possam travar o “bom andamento do processo produtivo”. Portanto, embora o trabalhador qualifique a atuação do profissional como uma “ajuda” no sentido de minimizar suas dificuldades, ao mesmo tempo, percebe que essa ajuda tem uma utilidade para a empresa, que é o aumento da produtividade no trabalho. (p.5)
Para o trabalhador a situação também se define em sentido duplo, por um
lado quer aceder aos serviços, que através do assistente social lhe oferecem, como um
modo de melhorar sua situação social e econômica. Mas de outro é consciente que a
empresa, através do assistente social, lhe oferece um serviço, como uma maneira de
pressão para que melhore a produtividade. Tudo o que o capitalismo proporciona
através da empresa se transforma em publicidade para a mesma, o trabalhador chega
aos seus direitos por meio do que a empresa mostra como doações e dádivas, este é o
modo como a empresa tenta transformar o conflito e fazer aparecer os direitos do
trabalhador como benefícios e garantias.
A maneira como o assistente social responde às novas demandas lhe vem
exigindo habilidades e conhecimentos atuais. Em termos gerais se requer um novo
perfil profissional para ter um desempenho no trabalho que corresponda às exigências
em termos de produtividade e qualidade, não necessariamente são competências
teóricas, mas sim no plano do comportamento, tais como: agilidade nas respostas,
exatidão na execução de suas atividades, ambiente positivo, cooperação, esforço extra,
manejo do stress, entre outros. Contudo, a legitimação da profissão nos recursos
humanos está relacionada à capacidade de intervir na administração das necessidades
humanas.
Por sua vez não se pode desconhecer, que as condições de trabalho dos
assistentes sociais nas empresas, se vem intensificando, tem racionalização do uso da
informação, participam de planejamento, vivenciam situações de redução dos postos de
trabalho com instabilidade, baixos salários, falta de clareza nas estruturas, poucos
recursos, precariedade dos vínculos laborais, formas de organização de trabalho
autoritárias, as quais não oferecem, muitas vezes, a oportunidade de crescimento
141
profissional e reconhecimento pelo trabalho realizado. Todos esses fatores geram
desgaste dos profissionais nas empresas.
O mundo globalizado de hoje, no qual as empresas cumprem um papel
fundamental trazem desafios para os assistentes sociais que os obriga a uma maior
qualificação (estudos de mestrado em administração, gerência, economia, política,
direito, etc.) com o fim de obter estabilidade laboral e conservar um nível de
desempenho da profissão que já foi adquirido em tempos anteriores. De igual maneira,
estas novas mudanças têm significado um desgaste maior, pois não só o assistente
social deve estar disponível além de seu tempo de serviço legal, mas, também, deve
executar trabalhos para os quais não tenha sido preparado na academia. Soma-se a
estes, a baixa remuneração que recebe por uma atividade que implica cada vez maior
esforço e dedicação.
Assim, observa-se que a teoria e as experiências gerais acima apresentadas
buscam relacionar as funções do serviço social no mundo do trabalho e suas
determinações a partir deste mesmo campo.
Dessa forma, no capítulo a seguir, serão apresentados os resultados das
determinações da prática do serviço social nas empresas privadas de Medellin,
segundo os dados colhidos na pesquisa de campo.
142
CAPÍTULO 4
______________________________________________________________________ AS EMPRESAS PRIVADAS DE MEDELLIN COMO ESPAÇO SOCIOINSTITUCIONAL
DA PRÁTICA DOS ASSISTENTES SOCIAIS
Nos capítulos anteriores, se fez um reconhecimento da origem, história e
desenvolvimento do serviço social no campo laboral, encontrando que desde a origem,
o laboral faz parte de seu objeto como espaço socioinstitucional. É evidente, que ao
largo da história do desempenho do assistente social, os métodos e técnicas que
utilizam para sua intervenção têm mudado, da mesma maneira isto tem levado a que as
determinações de ditas intervenções apresentem mudanças, as quais aprofundaremos
neste capitulo.
Nos primeiros momentos das intervenções do serviço social encontramos
práticas no campo trabalhista meramente assistencialistas, entretanto, hoje, estas
práticas estão mediadas por conhecimentos administrativos e gerenciais, e ainda, são
práticas que parecem continuar a serviço da classe dominante.
O assistente social neste espaço institucional é um mediador entre o
empresário e o operário, criando e administrando serviços com os quais responde às
demandas não só dos empresários, mas, também dos trabalhadores, ele alí se
institucionaliza dentro do marco da empresa, desenvolve seu ser como profissional a
serviço de ambos, sem embargo sempre tem estado à mercê dos interesses da classe
dominante e mantendo com isto uma séria contradição histórica da qual só o trabalho
social crítico tem podido tomar consciência.
Neste capitulo será analisado como os assistentes sociais que laboram nas
empresas privadas da cidade de Medellín, nas áreas de gestão humana, desenvolvem
suas práticas e que elementos determinam as mesmas.
143
4.1. O PERFIL DAS EMPRESAS PRIVADAS DE MEDELLIN CAMPO DA PESQUISA
Para conhecer e analisar as práticas desenvolvidas pelos assistentes sociais
nas empresas, serão levados em conta elementos fundamentais, tais como: o tamanho
da empresa, a sua fundação, o setor econômico, a localização e o número de
assistentes sociais que têm vinculadas a sua indicação. Ditos elementos nos permitem
conhecer o seu perfil, onde se procura construir um perfil geral para todas as empresas
privadas de Medellín. Não se tem em conta o estudo dos estatutos ou regulamentos
das mesmas, pois não é o objeto desta pesquisa, apenas partimos de umas
caraterísticas gerais como empresas privadas, espaços de atuação dos assistentes
sociais.
4.1.1 CARACTERÍSTICAS GERAIS DAS EMPRESAS
Na Colômbia, como se observou nos capítulos anteriores, o Código de
Comércio classifica as empresas nos setores a saber: Agrícola, Industrial, Comercial,
de Serviços, e o Mineiro. Deste último ninguém das empresas participantes pertence a
este setor. Observa-se a diferença das empresas do Brasil, que estão classificadas em
três setores, são eles: o Estado, o mercado e as entidades sem fins lucrativos.
Igualmente na Colômbia se tem, segundo a origem do capital, empresas públicas,
privadas e mixtas. Para fins da presente tese pesquisamos apenas as empresas
privadas.
No caso desta pesquisa, das 39 empresas pesquisadas, 25 pertence ao
setor industrial, prevalecendo as de produção de bens de consumo final, que são 14
empresas, tais como, autos, alimentos, confecções de roupa, entre outras. As empresas
de bens de consumo intermediário como as têxteis, plástico, cimenteiras, pintura,
química, papel, entre outras, equivalem a 11 empresas participantes.
O segundo setor que trata de Serviços, participaram da amostra selecionada
09 empresas. São estas, empresas privadas que prestam os serviços de: saúde,
educação superior, corporação bancária, cooperativa financeira, recreação e cultura,
transporte, alimentação e cultura. Tem áreas de gestão de talento humano que prestam
144
serviços procurando ganhos para autossustento e gerando lucros para os donos e
investidores. Seguem-lhe 04 empresas do setor Comércio, com finalidade de venda
de autos, distribuidora atacadista de produtos de lar e cadeias de lojas.
Por último, se tem uma empresa do setor agropecuário, pertencente ao
negócio avícola.
Cinco das empresas participantes pertencem ao grêmio chamado Sindicato,
uma organização privada, como já se falou antes, conformado pelos empresários para
fazer frente às crises das medianas e/ou pequenas empresas. Seu nome é: Sindicato
Industrial Antioqueño. Duas delas manejam todo o conglomerado que reúne
aproximadamente 125 empresas no país. Este dado confirma a importância de
Antioquia na fundação e conformação de empresas, e sua liderança no
desenvolvimento industrial e econômico para o país.
Tabela 1 –Empresas por setor
Fonte: Código de Comércio da Colômbia. Pesquisa direta, novembro 2011.
São empresas lideradas por personagens influentes na política e na
economia, mostrando como a política e o econômico se articulam, se fundem e
projetam a liderança que tem Antioquia e sua indústria para as restantes regiões
colombianas. Observa-se segundo os dados obtidos junto às empresas que o maior
demandante dos serviços da profissão são as empresas do Setor Indústria.
SETORES QUANTIDADE Industrial 25 Serviços 9
Comercial 4 Agrícola 1 TOTAL 39
145
Tabela 2 – Empresas por setor e tamanho
SETOR TAMANHO
GRANDE MEDIANA PEQUENA TOTAL
INDÚSTRIA 23 2 0 25
SERVIÇOS 6 2 0 8
COMÉRCIO 3 1 0 4
AGRÍCOLA 1 0 1 2
TOTAL 33 5 1 39
Fonte: Pesquisa direta, novembro 2011.
No dado mais sobressalente, segundo a tabela acima, é de 33 empresas ou
85% das empresas classificadas como grandes empresas. Esta classificação
corresponde às empresas que têm mais de 200 trabalhadores vinculados e um capital
ativo maior que 30.000 salários mínimos mensais legais vigentes (SMMLV)39.
As grandes empresas empregam tecnologia e formas de organização
sofisticadas e complexas, mão de obra qualificada e não qualificada, e são extensas em
capital. Operam geralmente em grandes estruturas físicas. Ao cruzar os dados de
tamanho com os de setor, pode-se verificar que é significativo o dado das grandes
empresas participantes que pertencem a todos os setores econômicos, destacando-se
59% que pertence ao Setor Indústria. Destas, 12 empresas têm mais de 1.000
trabalhadores, três são multinacionais com escritórios e negócios em outros países.
Só cinco empresas, são catalogadas como empresas medianas por ter entre
51 e 200 trabalhadores e uma está classificada como pequena empresa que tem
menos de 50 trabalhadores vinculados, corresponde esta classificação a uma empresa
cooperativa, com um um proffissional de serviço social trabalhando na área de gestão
humana. A descoberta confirmou que além das empresas cumprirem a norma,
mostram-se preocupadas com as condições de vida dos trabalhadores contratando
assistentes sociais para mediar tais condições de vida com o fim último de garantir uma
melhor produção e suavizar as contradições entre empresa e trabalhador, matizando
39 O Salário mínimo mensal, legal vigente para Colômbia é de: $ 560.000 colombianos, ou equivalente a 311 dólares, moeda americana.
146
com este serviço impróprias condições de qualidade de vida oferecidas ao trabalhador,
e mais ainda, quando contratados por intermédio da cooperativa com menos garantias
salariais e pouca estabilidade laboral.
Os dados acima permitem reconhecer que as grandes empresas,
especialmente as do Setor Indústria, têm obrigação de contratar os serviços dos
assistentes sociais e de criar departamentos com objetivo de atender às demandas
produzidas pela relação capital-trabalho, as quais estão mediadas pela legislação do
Estado que, em aliança com o capital, regula ditas relações, priorizando a manutenção
do sistema capitalista, o controle da mão de obra e a máxima produtividade.
Com relação ao tempo de fundação das Empresas, a dimensão e o setor, a
maior descoberta é que das 39 empresas que compõem a amostra, segundo a tabela
abaixo, 23 empresas são consideras antigas. Cruzando os dados com o setor e
tamanho, se observa que 16 são do Setor Indústria e são grandes empresas. São
empresas antigas, pois suas fundações contam mais de 41 anos, data que aponta para
a década dos anos 60, a qual, segundo a história da indústria de Medellín, foi a época
do maior desenvolvimento deste setor, são, portanto, empresas consideradas maduras,
com experiência e solidez no mercado.
Em geral, o quadro mostra que as empresas participantes da pesquisa são,
em sua maioria, antigas, grandes empresas e do Setor Indústria. As empresas mais
antigas se mantêm no tempo e têm superado as diferentes crises cíclicas que enfrentou
o país desde sua consolidação como República, assim como os diversos conflitos que
também tem sofrido o capitalismo. Uma destas empresas que ainda existe foi, segundo
a história, uma das primeiras40 a contratar assistente social para desempenhar ações
de assistência com os trabalhadores vinculados da época.
Podemos afirmar ainda, que as empresas mais antigas têm chegado à sua
maturidade, detém posição relativamente estável, enfrentam concorrências fortes por
meio de suas estratégias em defesa de seus mercados. É uma das etapas mais largas
do ciclo que vivem estas, pois, o que segue é a declinação e/ou desaparecimento do
40 Esta empresa corresponde ao nº 35 em sua identificação na pesquisa.
147
mercado. É necessário esclarecer que nenhuma empresa se encontra na etapa de
declive ou desativação definitiva.
Finalmente, encontrou-se apenas duas empresas relativamente novas, com
idade de fundação entre 0 e 10 anos, pertencentes ao Setor Têxtil e ao Setor de
Serviços, e são consideradas grande e pequena empresas respectivamente.
Tabela 3 – Setor, antiguidade e tamanho das empresas
ANTIGUIDADE ANTIGA CONSOLIDADA RELATIVA/NOVA NOVA TOTAL
(MAIS DE 41
ANOS) (21-40 ANOS) (11-20 anos) (6-10 anos)
TAMANHO G M G M G M G P
SETOR INDÚSTRIA 16 5 1 1 1 1 25 COMÉRCIO 3 1 4 SERVICOS 3 1 1 1 2 1 9
AGRICULTURA 1 1 Subtotal 22 1 7 2 3 2 1 1 39
Fonte: Pesquisa direta, novembro 2011.
A tabela acima mostra ainda que a Indústria de Antioquia segue sendo
tradicional, sua solidez se deve em parte à imagem que, por muitas décadas, lhe foi
atribuída pela sociedade colombiana. Por esta mesma razão são resistentes às
transformações sociais, econômicas e políticas que vem acontecendo no país e às
ameaças da globalização. Durante muitos anos estas empresas foram convertidas em
símbolo de crescimento e estabilidade social assumindo, muitas das responsabilidades
da saúde, educação, moradia e, em geral, tudo aquilo que tem a ver com o bem-estar
dos trabalhadores. E atualmente continuam, mas percebe-se mudanças no mundo do
trabalho, causadas pela nova crise do capitalismo, que converte em precárias as
relações laborais.
Com relação à localização das empresas se observa que a maioria está
situada nos municipios de Medellín, Itagui e Envigado, respectivamente.
148
Gráfico 1 – Localização das Empresas.
Fonte: Pesquisa direta, novembro 2011.
Destaca-se igualmente os municípios de Itagui com 6 e Envigado com 5
empresas. Hoje, Itagui é considerado o centro da moda em Antioquia, tem um comércio
amplo que abastece todo o país.
Medellín, Envigado e Itagui, são as sedes destas empresas, mas também do
desenvolvimento social, econômico, político, cultural e administrativo, o qual contrasta
com o fato de ser uma zona de violência e conflito, onde interatuam e disputam o
território os diferentes grupos armados, tais como, guerrilha, paramilitares, bandas e o
crime organizado. Tal fato obriga as empresas a investir em segurança e a estabelecer
mecanismos de controle para a vinculação de seu pessoal.
Há também empresas localizadas em todos os municípios da Área
Metropolitana de Medellín, gerando emprego e, por sua vez, participando do
crescimento e desenvolvimento dos municípios e do país.
4.1.2 NÚMERO DE TRABALHADORES, ASSISTENTES SOCIAIS E FORMAS DE CONTRATAÇÃO
Como referenciado anteriormente, as empresas mais representativas na
pesquisa são as consideradas grandes por contratarem mais de 200 trabalhadores. É
importante mencionar que o quadro a seguir coloca o observador frente a dados
sobressalentes, como por exemplo, conhecer que 13 empresas, tem entre 501 e 1.000
trabalhadores, 8 empresas, tem entre 201 e 500 trabalhadores, este mesmo percentual
149
se repete para as empresas com 1.001 e 5.000 trabalhadores e 4 empresas, da
amostra, tem mais de 5.000 trabalhadores.
Os dados permitem concluir que mais da metade ou seja, 50% das empresas
tem mais de 1.000 trabalhadores vinculados, significando com isso, que são empresas
de grande porte e/ou multinacionais representativas da economia da cidade e do país.
As 39 empresas têm contratado um total de 52.931 trabalhadores sob diversas formas
de contratação, as quais serão aprofundadas mais adiante.
Quanto ao número de assistentes sociais contratados pelas 39 empresas
para as áreas de gestão humana verificou-se que 28 empresas, sem importar o número
de trabalhadores, tem apenas 1 profissional assistente social contratado. Destacou-se o
fato de 11 empresas, consideradas grandes empresas, ter entre 2 e 5 assistentes
sociais desempenhando ações nestas áreas. São empresas multinacionais, com sedes
e escritórios localizados em diferentes regiões no país.
Tabela 4 - Quantitativo de Trabalhadores e de Assistentes Sociais nas Empresas
Fonte: Pesquisa direta, novembro 2011.
150
Por sua vez, e como o mostra o gráfico abaixo, 12 empresas, têm assistentes
sociais desempenhando funções em outras áreas diferentes da de recursos humanos,
tais como: Responsabilidade Social, Saúde Ocupacional e Fundos Empresariais.
Sem deixar de reconhecer que algumas empresas têm mais de um
assistente social vinculado, chamou a atenção o dado de que 28 empresas, contam
com um só assistente social, o que demonstra que em geral, as empresas se
preocupam apenas em cumprir restritamente a norma de ter assistente social no seu
quadro de pessoal para cuidar do bem-estar dos seus empregados. Chama a atenção
para o fato de que as necessidades prioritárias dos trabalhadores e suas famílias são
atendidas precariamente, pois um só profissioanl não é suficiente, e ainda por quê a
assistente social deve atender às múltiplas demandas e funções.
Gráfico 2 – Empresas com assistentes sociais em outras áreas.
Fonte: Pesquisa direta, novembro 2011.
Com relação às formas de contratação presentes nas empresas, nem
sempre garante a estabilidade e as condições de vida dos trabalhadores e suas
famílias. Conforme é possível observar, só uma empresa41 tem todos os trabalhadores
vinculados por contrato por tempo indefinido,42 pertence ao Setor Industria e é
considerada como grande empresa com mais de 50 anos de fundação. Está localizada
em um município do norte, a uma hora da cidade de Medellín, e a maioria de seus
41 Corresponde à empresa nº 23. 42 Este tipo de contratação a termo indefinido é, segundo a lei colombiana, o único contrato que ainda procura as maiores garantias e benefícios para os trabalhadores e suas famílias, tanto as legais como as extralegais, e não se tem definida a data de culminação.
151
trabalhadores residem na zona de influência da empresa. Duas empresas têm como
política contratações apenas fixas.
O restante das empresas, ou seja 36 empresas, têm contratos indefinidos,
contrato fixo43, contratos temporários44 e contratações por serviços, com cooperativas e
sindicatos.
Gráfico 03. Tipo de contratações nas empresas
Fonte: Pesquisa direta, novembro 2011.
Evidenciam-se casos como o da empresa Nº 22, que é uma grande empresa
do Setor Indústria, a qual tem contratado seu pessoal da seguinte maneira: “Possui 950
trabalhadores, dos quais só 150 tem vinculação a termo indefinido; 250 trabalhadores
com contrato a término fixo, e 550 temporários”. (Fonte: Empresa Nº 20).
Outro caso a ressaltar é a empresa Nº 18, também grande empresa do Setor
Indústria – Têxtil, tem 1.800 trabalhadores, dos quais 900 com contrato com término
indefinido e 900 com término fixo. Um último caso é a empresa Nº 17, mediana
empresa de serviços com 270 trabalhadores vinculados a término indefinido, 103
trabalhadores por outros contratos, 10 temporários e, por prestação de serviços, 180
pessoas.
43 São as contratações com poucas possibilidades de renovação, mas têm as prestações mínimas legais. 44 São contratações em geral realizadas através de figuras intermediárias as quais estipulam o salário mínimo legal e as mínimas prestações extralegais.
152
Dados como o que mostra o gráfico anterior refletem a infinidade de formas
de contratação utilizadas e justificadas ora como forma de superar as crises que vem
sofrendo o capitalismo, ora para obter mais benefícios empresariais os quais finalmente
redundam em maiores ganhos.
4.2. PERFIL DOS PROFISSIONAIS DE SERVIÇO SOCIAL
Os 44 assistentes sociais que participaram da entrevista permitem conhecer
e traçar o perfil dos assistentes sociais que estão desenvolvendo práticas profissionais
nas áreas de gestão humana nas empresas privadas, hoje, na cidade de Medellín, e
que permitirão desvelar as determinações da prática.
4.2.1 CARACTERÍSTICAS SOCIODEMOGRÁFICAS DOS ASSISTENTES SOCIAIS
Quanto à totalidade, ou seja 43 dos assistentes sociais participantes da
pesquisa, são mulheres. O dado chama atenção pelo contrastre dos trabalhadores das
empresas serem predominantemente homens. A pesar da maioria ou quase a
totalidade dos assistentes sociais ser de mulheres, nas empresas predominam chefes
do gênero masculino. São empresas com tendências a ter em seus cargos estratégicos
homens. Desconhece-se ou se passa por cima dos “Princípios de Empoderamento das
Mulheres” propostos pelo UNIFEM (Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas
para a Mulher), pois é significativa a discrepância entre os sexos na ocupação de
cargos estratégicos nas empresas.
A prevalência de assistentes sociais do sexo feminino na pesquisa tem uma
explicação quando se remonta à origem do serviço social. Apesar das intensas
transformações na caracterização da profissão nos últimos anos, ainda se mantém e
tende a derivar em conceitos equivocados acerca da sua “natureza” feminina e de suas
intervenções.
A concepção dominante do serviço social, segundo Iamamoto (2001), é
indissociável de certas crenças que foram construídas ao longo do processo histórico
153
sobre o papel da mulher na visão mais clássica e conservadora de sua inclusão na
sociedade.
Não se pode desconhecer que muitos desses traços provocaram a imagem
de subalternidade profissional que tem conflitos na autoestima dos assistentes sociais
quando atuam com outras profissões. Isso favorece a internalização da crença de uma
profissão de segunda categoria, colocada no mercado das profissões, que faz com que
todos possam fazer o que “sobra” de outras profissões ou “aquilo que ninguém quer
fazer”. Uma profissão pobre, voltada para os pobres, destituída de status e prestígio.
(Iamamoto e Carvalho, 1984, p. 71).
Tabela 5 – Idade, gênero e tempo de vinculação
Idade, gênero Total
Idade 25-30 31-35 36-40 41-45 46-50 Mais de
51
Gênero F F M F F F F
Tempo de vinculação 1 a 3 anos 5 1 1 1 1 9
4 a 8 anos 3 4 3 2 12
9 a 13 anos 2 4 2 2 0 10
Mas de 14 3 3 3 4 13
Subtotal 8 7 1 11 5 6 6 44 Fonte: Pesquisa direta, novembro 2011.
Quanto à idade dos assistentes sociais que trabalham nas 39 empresas, o
grupo investigado tem uma idade média de 38 anos, a mínima é de 25 anos e a idade
máxima é de 58 anos. Cruzando estes dados com os anos de vinculação à empresa, se
tem que 13 assistentes sociais têm mais de 14 anos na empresa.
Se encontrou com relação à culminação do curso e, apesar desta média de
idade, a média de anos de conclusão de graduação dos assistentes sociais é de 24
anos, sendo o máximo de anos de graduação 32 anos e o mínimo 1 ano.
Com relação ao tempo no cargo atual, a média é de 6 anos, sendo o mínimo
de 1 ano e 3 meses e o máximo de 17 anos de permanência no cargo.
154
Os dados anteriores mostram que os assistentes sociais são adultos, com
muitos anos de graduação, e relativa antiguidade nas empresas, mas têm poucos anos
nos cargos atuais das áreas de gestão de talento humano.
A maioria dos assistentes sociais chega às empresas e permanecem, e são
promovidos a cargos com alto nível de estabilidade, pois respondem às expectativas
do empregador.
Com relação ao tempo de experiência nos cargos de gestão de talento
humano das empresas, encontram-se 17 assistentes sociais com uma experiência no
ramo de 16 a 25 anos, sendo a máxima experiência de 26 anos e a mínima de 1 ano.
Observa-se, com relação aos anos de experiência em cargos relacionados
com o trabalho empresarial, que esta é importante no momento da contratação.
Inclusive um dos requisitos exigidos pelas empresas antes de contratar os profissionais
é verificar a experiência prévia da candidata em cargos similares, critério que pesa no
momento da contratação, convertendo-se em um forte indicador para seu desempenho
nas empresas.
Também foi verificado, que 09 assistentes sociais chegaram aos cargos a
partir de suas práticas ou estágios universitários. Aqui encontram-se outras
determinações importantes para que os assistentes sociais terminem exercendo sua
profissão nas empresas, tais como: experiência prévia e a possibilidade de ter realizado
seu estágio na mesma empresa. E, especificamente, no que tem a ver com a UPB,
onde os estudantes, segundo os diferentes currículos, sempre têm estágios com um
mínimo de um ano nas empresas, o que dá possibilidades de maior aprendizagem
sobre a área de gestão humana e seus temas.
Com relação ao estado civil e número de filhos, os dados revelam que 23
assistentes sociais são casados, 9 tem 2 filhos e 7 dos profissionais tem 1 filho. O único
assistente social separado tem 3 filhos. Solteiros continuam ainda 6 assistentes sociais,
dos quais 2 tem 1 filho. O único homem da pesquisa tem 30 anos, é solteiro e sem
filhos.
Os dados mostram que os assistentes sociais da mostra tendem a ter poucos
filhos, alguns afirmaram “só querer ter um filho”, e em outros casos “preferem não ter
155
filhos”, sendo este o dado mais representativo, com 23 assistentes sociais sem filhos.
Dados os quais respondem às mudanças da conformação da família de hoje.
Gráfico 04 - Número de Filhos
Fonte: Pesquisa direta, novembro 2011.
O gráfico abaixo também mostra que três profissionais vivem em união livre,
destes só um tem 1 filho, e só um é viúvo, também com 1 filho. É um dado coerente
com a idade, os anos de experiência e o nível de consciência que têm hoje as pessoas
sobre a responsabilidade que se tem ao conceber filhos.
Grafico 05 - Estado Civil
Fonte: Pesquisa direta, novembro 2011
156
Com relação ao lugar de residência, a maioria dos assistentes sociais tem
suas residências localizadas no município de Medellín, ou seja, 19 assistentes sociais;
11 moram no Poblado; 6, moram em Envigado. São moradias perto dos lugares de
trabalho. Coincide o dado com o maior número das empresas localizadas na cidade de
Medellín e em municípios como Envigado.
Grafico 06. Local de moradia das assistentes sociais
Fonte: Pesquisa direta, novembro 2011.
É importante os dados de 245 assistentes sociais ao afirmarem que
procuraram moradia perto das empresas para atender melhor suas obrigações
familiares e poder estar mais perto de seus filhos, pois as jornadas de trabalho são
muito longas, conforme relatos abaixo.
- “Me traslade por calidad de vida. Llevo muchos años con la empresa y el traslado todos los días a Medellín, no soy capaz de trasportarme en el bus ni en taxi, entonces viajaba todos los días y eso tampoco aguanta y se dio la oportunidad de vivir cerca a la empresa” Fonte a ção ga social no. 14
- “Gracias a Dios me trasladé más cerca de la empresa para poder estar más tiempo con mis hijos, pues el viaje era largo y de verdad aquí se trabaja mucho” Fonte Assistente Social No. 25
45 Empresa nº 25 e a nº 14.
157
Como já analisado em dados anteriores, as empresas, por serem tão
tradicionais e oferecerem estabilidade aos profissionais, geram a convicção de que o
lugar de moradia deve ser perto, para garantir o cumprimento do múltiplas funções e
obedecer aos horários estendidos tão comuns no exercício desta função.
4.2.2. CARGOS DE DESEMPENHO, SALÁRIO, E LEGITIMAÇÃO DA PROFISSÃO
Os cargos de desempenho são as diferentes funções ou responsabilidades
que recebem as pessoas no momento de ingressar na empresa. Fazem parte de uma
estrutura, que mostra o nível do cargo e a possibilidade ou não de tomar decisões e
intervir de forma direta nos processos e em seus resultados.
Os nomes que recebem os diferentes cargos muitas vezes são reflexo das
profissões, com funções, chaves dos processos que se manejam. Os nomes
encontrados dos cargos das assistentes sociais participantes da amostra refletem o
nível ao qual pertencem.
Encontrou-se, segundo os dados analisados, que 16 assistentes sociais
exercem o cargo de coordenadores, lhe seguem os que exercem o cargo de diretores e
chefes. São estes os cargos mais frequentes desempenhados pelos profissionais nas
empresas da cidade de Medellín.
Gráfico 07 – Cargo ocupado pelos assistentes sociais
Fonte: Pesquisa direta, novembro 2011.
158
Ao cruzar os dados relacionados ao cargo de coordenadores com os dados
do tempo no cargo, encontrou-se que não existe diferença entre ter ou não vários anos
de experiência. Para execer o dito cargo, observa-se que, quem tem vários anos de
experiência chega de imediato ao cargo de coordenador, assim como aqueles que
apenas começam seu desempeho nas áreas de gestão humana. Observa-se então, o
maior número de assistentes sociais com menos de 3 anos de experiência e o maior
número com mais de 9 anos que está exercendo dito cargo.
Chama atenção ter se encontrado pouco nominado o setor pelo termo
“Talento Humano”. A expectativa frente à sua massiva utilização era alta, mas no setor
persiste o termo Pessoal e Recursos Humanos. São utilizados ainda os termos
Recursos Humanos, Gestão Humana, Bem-Estar Trabalhista e Desenvolvimento
Humano para designar o setor. Vale a pena lembrar, segundo Chiavenato (2004), que o
termo Relações Industriais foi muito utilizado especialmente nos anos 1900 -1950, onde
a prioridade eram as pessoas vistas como mão de obra, logo aparece o termo Recursos
Humanos, que reemplaca o termo anterior e sua atuação se baseava em ver as
pessoas como recursos humanos, o que teve maior utilização nos anos 1950-1990.
Finalmente, depois dos anos 90, aparece o termo Gestão de Talento Humano, onde as
pessoas são denominadas como sócias. Na Colômbia, nas empresas de Medellín, não
foram esquivos a essas mudanças e foram muitas as empresas que mudaram seus
nomes, para estar em dia com as áreas de pessoal.
No total existem 32 cargos, os quais designam em sua maioria níveis mais
administrativos e estratégicos que operativos. Apenas 7 dos entrevistados assumem
cargos muito operativos como os de analistas e assistentes.
Observa-se que a metade dos assistentes sociais dependem de cargos
chamados: gerentes, coordenadores, diretores e chefes de gestão humana. Não
aparece a referência a Talento Humano, situação que não se aprofundou, por não ser
objeto desta pesquisa.
159
Gráfico 08 – Nível do Cargo
Fonte: Pesquisa direta, novembro 2011.
No que tange às relações de poder e às relações de hierarquia, observa-se
que 21 dos cargos estão no nível 3, o que coincide com a maioria de cargos dos que
são coordenadores os quais têm relativa possibilidade para a tomada de decisões, pois
dependen de chefes e gerentes das áreas de gestão humana. Esta descoberta não
coincide com o dado de que 38 dos assistentes sociais participam da estratégia não só
na execução, mas, também, nos aportes e diretrizes a seguir. Só 6 não participam
desta, porém, no momento da execução dos processos definitivos pela implementação
da mesma, todos os profissionais afirmam que apoiam e acompanham os diferentes
resultados da mesma.
Gráfico 09 - Participam da estratégia.
Fonte: Pesquisa direta, novembro 2011.
O dado tem como explicação as novas formas administrativas que se dão no
interior das empresas, pois continuam prevalecendo as estruturas planas, onde se
procura a máxima participação de todos os empregados e trabalhadores, e a aplicação
160
das diretrizes da empresa, e esta participação não é também equitativa no momento da
distribuição dos ganhos.
Na medida em que se dão as participações nas estratégias, os
empregadores geram motivação e maiores oportunidades de obter o compromisso de
seus trabalhadores e, assim, alcançar as metas propostas. Essas metas não só têm a
ver com as de produtividade, pois as empresas estão comprometidas com os diferentes
públicos e devem a cada ano entregar os informes de gestão ou relatório de
desempenho, onde se dão os resultados tanto produtivos, como da gestão com as
pessoas.
Quanto ao número de pessoas que dependem dos profissionais, se encontra
que 12 profissionais têm entre 2 e 3 pessoas. Só 4 assistentes sociais têm mais de 21
pessoas no cargo.
Chama a atenção o fato de 10 das assistentes sociais não possuírem
funcionários em torno do cargo que ocupam. Observa-se multiplicidade de funções em
profissionais sem pessoal de apoio, como também em quem tem uma só funcionário de
apoio e os que têm até 25 colaboradores diretos. Observe-se nos discursos
reproduzidos as tarefas diárias executadas pelo assistente social na empresa:
“Llego en la mañana y reviso los correos que a diario pasan de 100, tengo gracias a Dios buenos sistemas de comunicación internos, módulos instalados que me permiten tener comunicación permanente con todos los empleados que tengo en las otras plantas. Ejemplo el autloo, el a ção ga, todo el tiempo me están preguntando por situaciones y problemas puntuales que hay que atender. También reviso el programador que con su lucecita me anuncia pendientes que debo responder. Reviso todos los pendientes de otras plantas. Reviso facturas, comunicados, también debo atender el trabajador que me llega y pide que sea yo quien lo atienda, y siempre doy prioridad a las situaciones con ellos. Asisto a reuniones previamente programadas y las cuales son muchas en una semana. Atiendo también llamadas de trabajadores de otras plantas que manifiestan que sea yo quien los atienda, porque dicen que me tienen más confianza, o que yo les soluciono el problema más rápido. Estoy aquí pero debo estar pendiente de todo a nivel nacional. También debo preparar informes para la jefe sobre todo los de indicadores del sistema de calidad, estar pendientes de las auditorias y acompañar algún proceso de formación, de verdad es mucho lo del día a día, más los procesos normales de la Gestión Humana” 46
“Empezamos con la oración reviso los pendientes y comienzo a desarrollarlos, asisto las reuniones recibo las personas sobre todo cuando termina turno ya que se
46 Empresa nºo. 18, com 25 pessoas no cargo
161
hace una gran fila muchas veces afortunadamente la asistente ya sabe mucho de los tema, colabora lo que salga dependiente empezamos y realizamos los trámites sobre todo con vivienda y con las actividades de formación y emprendimiento” 47
“Todos los días cuando llego, llamo a la planta, a distribución, y pregunto por la gente y me cuentan a qué horas llego la gente, si no hay ningún problema. Reviso la agenda, tengo todo programado, eso si del 10 al 14 de cada mes, no estoy para nadie porque estoy preparando la nomina, no atiendo a nadie. Tengo tres nominas, se paga quincenal, tenemos pagos variables. Luego el día a día es vital atendiendo la gente. También pago proveedores, salud, pagos parafiscales. Si trato que mes a mes saque mi tiempo para conversar con la gente, es mucho el trabajo por hacer. 48
Percebe-se, segundo os discursos, que não existe relação entre o número de
pessoas que se tem sob responsabilidade e as funções desempenhadas. Se tem uma
pessoa, e se trabalha sem apoio, ao contrário, tem mais de 20 pessoas a seu encargo.
A maioria dos profissionais desempenha uma infinidade de funções que demandam
atenção programada e imediata de seu tempo, o que impede a dedicação para gestar
projetos propositivos e inovadores, que modifiquem a qualidade de vida dos
trabalhadores.
Com relação ao salário, segundo o Código Substantivo de Trabalho na
Colômbia, constitui salário não só a remuneração ordinária, fixa ou variável, mas,
também, tudo o que recebe o trabalhador em dinheiro ou em espécie como
contraprestação direta do serviço, seja qual for a forma ou denominação que se adote,
como: benefício sobre salários, bonificações habituais, valor do trabalho complementar,
porcentagens e comissões.
Gráfico 10 – Salário base SMMLV
Fonte: pesquisa direta, novembro 2011.
47 Empresa nº 09, com uma pessoa no cargo 48 Empresa nº 03, sem pessoal a cargo.
162
Ainda, para efeito desta pesquisa, indagou-se o valor do salário básico que
recebem os assistentes sociais em dinheiro. O quadro a seguir mostra que 14
assistentes sociais, estão dentro de um limite de 2 e 5 salários mínimos legais vigentes,
24 profissionais estão entre 5 e 9 salários mínimos, e só 6 tem mais de 9 salários
mínimos, sendo a média de 7 salários, o equivalente a $3.920.00049 pesos
colombianos. Vale a pena esclarecer que no país não se tem um salário base para
esta profissão que permita fazer um comparativo do salário real com os resultados da
pesquisa. Só na última pesquisa realizada na cidade de Medellin, pela Faculdade de
Serviço Social da UPB (Cossio, 2009), com relação aos salários dos graduados se
encontrou que a média de salário é de $ 2.027.46650, onde predomina empregados de
serviço social assistencial e do setor empresarial. Este equivale a 4.5 salários mínimos
básicos, diferença do dado da presente pesquisa, onde encontramos que os
assistentes sociais percebem 07 salários mínimos em média.
O salário do nível de empregados mostra diferenças muito marcantes das
empresas que fizeram parte da pesquisa, pois não se tem um salário mínimo legal para
este grupo de empregados. A maneira como as empresas remuneram este tipo de
trabalho é através de consulta das pesquisas de entidades privadas que a cada dois
anos comercializam os resultados para que as empresas se guiem e possam fazer as
ofertas levando em conta o mercado laboral.51
O gráfico analisado, segundo a amostra da pesquisa, permite observar as
relevantes diferenças na remuneração dos assistentes sociais, apresentando
heterogeneidade. Os critérios manejados são desconhecidos, pois se observa que não
se tem em conta o cargo e o tempo de experiência para ter a remuneração indicada.
Por último, o quadro mostra que só 3 profissionais têm uma remuneração de
mais de 13 salários mínimos, e tem cargos como a coordenadora com mais de 9 anos
no cargo, a gerente tem de 3 a 5 anos e a diretora tem de 1 a 3 anos no cargo.
49 O equivalente a 2.177 dolares americanos. 50 O equivalente a 1.126 dolares, moeda americana. 51 Pela inexistência de uma norma que regule os salários deste tipo de profissionais, as empresas têm optado por pagar para o mediado segundo as tabelas existentes entre elas. Esta tabela é resultado de uma pesquisa que faz a cada 2 anos uma empresa de consultoria ser aceita pelas mesmas empresas.
163
Os dados visualizados mostram que não é determinante o cargo nem a
experiência para atingir determinado salário, trata-se mais do tipo de empresa e do
tamanho da mesma, como o caso que aqui se encontra, pois os profissionais que têm
remuneração alta são de grandes empresas, antigas e multinacionais.
Segundo alguns discursos, se observa que só 10 profissionais não estão de
acordo com o salário, 34 estão satisfeitos com a remuneração recebida.
Dos 10 profissionais que não estão satisfeitos com o salário, 7 pertencem a
grandes empresas, onde prevalece o setor manufatureiro, e 3 empresas têm mais de
1.200 trabalhadores. Os seguintes discursos assim o afirmam:
“Sé que no estoy acorde con los salarios del mercado, pero me siento feliz con mi trabajo y el salario no lo ha sido todo. No me he querido ir de aquí porque me gusta la cultura de la empresa. Mi perfil es de ayudar mucho a la gente y me dejan hacer lo que yo quiero, además todo el mundo me conoce y me quieren aquí, los patronos me ha asumido como una hija, he dado todo e he estado ahí en los buenos y los malos momentos”.52
“No estoy satisfecha con mi salario. Creo que podría estar mejor, mi salario está por debajo de la curva de este tipo de jefaturas y en relación con algunas personas de la empresa”.53
“No estoy satisfecha con mi salario, esta bajito porque yo manejo todo lo de la Gestión Humana, tengo la capacitación, toda la parte de bienestar social, deportiva, manejo la parte del desempeño, todo lo del sistema de calidad. En estos días consultaba en los mercados de salarios y encontré el cargo de jefe de Bienestar Social ganando $ 4.500.000, Jefe de Capacitación ganando 6 millones y yo apenas entre 5 y 7 salarios o sea $3.500.000. Tengo una cantidad muy grande de funciones y soy responsable de todos los procesos de capacitación y formación a nivel Nacional”. 54
O fato de que só 10 assistentes sociais manifestam inconformismo com seus
salários, não é justificativa para desconhecer que existe uma porcentagem muito alta de
outros profissionais que informaram perceber baixos salários, não o vendo como
problema, pois são satisfeitos em seus labores, e dão uma explicação a partir da
vocação que sentem os profissionais por sua profissão. A identidade e o
reconhecimento positivo ao selecionar o serviço social como sua profissão, os leva a
52 Empresa nº. 31. 53 Empresa nº. 22. 54 Empresa nº. 09.
164
não ser muito exigentes com os salários recebidos. As seguintes declarações assim se
mostram:
“Para mí eso no es lo fundamental, es más valioso, la vida profesional, la experiencia.He sabido acomodar mi presupuesto a lo que tengo.” Fonte Assistente social No. 12 “En el medio si me considero bien paga como Trabajadora Social, pero con relación a la empresa y responsabilidades no, pues hay jefes en el mismo nivel y con mayor salario”. Fonte asistente social No. 4
Tal afirmação se explica a partir de que a profissão de assistente social não
tem valoração justa e equitativa no mercado das profissões. A sobrevivência e o intento
por manter o posto de trabalho obrigam as mesmas a exercer múltiplas funções e a
desempenhar papéis de outras profissões e, portanto, quando comparam sua
remuneração com ditas funções e tarefas e com outros profissionais do mesmo nível,
se sentem insatisfeitos frente a seu salário. Mas deve-se resaltar que em sua totalidade
os assistentes sociais exercem seus cargos mais por vocação e satisfação pessoal, tais
como mostra os discursos apresentados.
Tabela 06 - Cargo, tempo no cargo e salário.
Fonte: Pesquisa direta, novembro 2011.
165
Com relação a como chegaram aos cargos atuais, trajetória dos mesmos e
dependência, permite reconhecer que o mundo de hoje e sua linguagem da qualidade
e das competências torna mais difícil ascender ao mundo laboral. A maioria dos
assistentes sociais que fizeram parte da amostra da presente pesquisa evidenciam
dificuldades no momento em que foram selecionados. Estes processos contém análises
de currículos, tempo de experiência, entrevistas, provas acadêmicas e de capacidades,
etc., onde o aspirante a um cargo compete com profissionais de outras disciplinas que
também se consideram aptos para o cargo.
Os assistentes sociais também fazem parte dos profissionais que, segundo o
sistema capitalista, tem que vender sua mão de obra para sobreviver e, em momentos
de crises como os que vivemos hoje, existe uma reserva de mão de obra não só nesta
profissão, mas, também, em outras profissões das ciências sociais, que se põem a
competir frente a uma só vaga. Isto faz com que, ao ser selecionado em um processo
de seleção tão exigente, os profissionais fiquem satisfeitos e conformados sem se
importar com o valor do salário e a quantidade de trabalho, pois o que conta é ter
emprego no mundo dos desempregados. Ademais, esta pesquisa mostra que 100%
dos assistentes sociais entrevistados sempre considerou como uma meta profissional
laborar no campo das empresas.
Tabela 7 – Obtenção do cargo
Fonte: Pesquisa direta, novembro 2011.
Segundo a tabela acima encontrou-se que 28 dos profissionais chegaram
aos cargos vivenciando o processo de seleção completo, desde a análise dos currículos
até às entrevistas e provas psicotécnicas.
Dois profissionais foram vinculados por meio de uma empresa especializada
para consecução de pessoal de alto perfil, negociando as condições do cargo e
CARATERÍSTICA QUANTIDADE PROCESSO DE SELEÇÃO COMPLETO 28 DIRETAMENTE 16
TOTAL 44
166
salários. O restante dos profissionais enviaram seus currículos e concorreram com
outros profissionais, como psicólogos e administradores, para os respectivos cargos,
aceitando as condições postas pelos empregadores.
Dos profissionais, 16 deles chegaram aos cargos de uma forma direta, foram
contratados por pessoas conhecidas e influentes que tinham previamente informação
sobre o desempenho do profissional. Nove destes chegaram diretamente ao cargo por
ascensão, que não em todos os casos significa melhoria salarial, mas sem
reconhecimento e melhoria de status, determinante que pesa muito para os
profissionais no momento de aceitar os cargos nas áreas de recursos humanos.
Com relação à trajetória do cargo, encontrou-se que 27 dos cargos já
existiam no momento em que os assistentes sociais chegaram, e é um dado importante
a descoberta de que 11 dos profissionais criaram o cargo, pois no momento de serem
contratados este não existia. Isto mostra a capacidade e a experiência, por parte dos
assistentes sociais, para aportar a criação dos postos de trabalho, neste caso
relacionado com processos da gestão humana.
Tabela 08 – Trajetória do cargo
Fonte: Pesquisa direta, novembro 2011.
Ao cruzar os dados dos anos de criação do cargo com os anos de fundação
das empresas, se observa que os cargos possuem entre 1 ano e 15 anos de criados, e
as empresas entre 14 e 103 anos de fundação, o que mostra que muitas empresas
tinham permanecido por muitos anos sem ter políticas claras para intervir na gestão das
pessoas como processo prioritário em seus negócios. No momento da criação dos
cargos, os profissionais tiveram toda a liberdade para responder às demandas e
expectativas dos chefes e empresários.
CARACTERÍSTICA QUANTIDADE JA EXISTIA O CARGO 27
CRIOU O CARGO 11 REESTRUTURAÇÃO E CONSOLIDAÇÃO
DA ÁREA 6
TOTAL 44
167
Os cargos criados foram: Diretora de Gestão Humana, por parte de 4
profissionais, Coordenador de Gestão Humana, Coordenador de Talento Humano por
parte de 4 assistentes sociais e 2 profissionais criaram os cargos de Chefe de Pessoal
e Analista de Recursos Humanos.
Com relação aos contratos e jornada laboral dos assistentes sociais, 39 das
empresas estudadas têm em sua maioria contratos a término indefinido, é assim que 38
profissionais, têm uma contratação indefinida. Este tipo de contrato, segundo o ideário
do empregado colombiano, permite maior estabilidade, se entende como confiança do
empresário no empregado, que se compromete ainda mais com a execução das
funções estabelecidas, e, ainda, esta confiança assegura por parte dos empregados
jornadas laborais extensas, pois, ao ser empregado de “direção e confiança” extralimita
seu tempo na empresa.
Ao observar as jornadas laborais dos 44 profissionais, se encontrou,
segundo as seguintes afirmações, que a maioria tem entre 10 e 12 horas laborais
diárias:
“A la oficina llego a las 7:20 de la mañana, a mi casa más o menos a las 6: 30 pm”, llego 7.am y estoy en casa a las 6p.m”, “Llego a las 9.m de la mañana no me gusta mucho madrugar pero no tengo horario de salida a veces salgo tarde de la noche”, “Empiezo a las 7.am. y algunos días salgo a las 7.p.m o 5.p.m y estoy mucho en el hacer, el hacer”. (Assistentes social No. 29)
Os assistentes sociais, pela confiança que a empresa vem depositando
neles, estendem seus horários laborais com o objetivo de responder à quantidade de
tarefas que têm no dia a dia. O assistente social no campo laboral, termina
empoderando-se de seu cargo e sentindo a empresa como de sua inteira
responsabilidade, razão pela qual fica muito mais além de seu tempo normal, mais que
qualquer outro profissional das áreas afins no seu cargo. Ademais, pelo novo rol que
vem assumindo nas áreas de gestão humana e a multiplicidade de funções que
desempenham, sentem elevada sua autoestima, onde existe um maior grau de
satisfação em razão das responsabilidades que lhes são atribuídas. Deve-se ter em
conta que os assistentes sociais que chegam a estes cargos e cumprem ditas funções
sentem como um logro pessoal e um reconhecimento profissional poder desempenhar
168
uma multiplicidade de funções mais administrativas que trazem como consequência
muitas vezes a perda do sentido real de pertencimento à profissão.
Vale ressaltar que nas análises anteriores falou-se que todos os participantes
da pesquisa tinham como meta trabalhar nas empresas, fato que se converte em outro
determinante para permanecer nos cargos, o que os leva a sacrificar seus tempos de
descanso e de comunicação com a família e amigos, em razão do trabalho. Segundo os
chefes, encontrou-se que um deles afirma “Por lo general se trabaja sábados y
domingos. Han sido personas muy comprometidas con su trabajo”, (Chefe da empresa
Nº 21). É uma afirmação que mostra a aceitação e complacência dos mesmos frente às
jornadas extensas do trabalho por parte dos profissionais. Para eles, a camisa da
empresa posta é um símbolo de pertencimento, que redunda em um alto nível de
confiabilidade e compromisso.
Ao aprofundar sobre os origens da profissão se observa que se tem tido que
lutar pela sua legitimação não apenas social, mas, também, profissional e acadêmica.
Se elege o serviço social como profissão mais por uma vocação que por ser uma
carreira de status econômico e social. Os profissionais que chegam, no campo das
empresas, às áreas de gestão humana veem ali uma oportunidade de reconhecimento
que em outros campos da mesma profissão não o teriam. Isto permite pensar que a
profissão como tal não goza de um status social e acadêmico por si mesmo, senão pelo
que os indivíduos particulares que a exercem logram conquistar nos lugares onde
desempenham suas funções. Observam-se nas áreas de gestão de talento humano
alguns profissionais que desconhecem ou esquecem sua profissão e se identificam
mais com seus cargos.
Gráfico 11 - Idenfificação com a profissão.
Fonte: Pesquisa direta, novembro 2011.
169
Nesta pesquisa 36 dos profissionais se identificaram como assistentes
sociais no momento de se apresentarem em público ou diante de outras pessoas, o que
é observado como uma ampla aceitação da profissão, pois a maioria expressa
satisfação com a profissão escolhida, salientando que reelegeria o serviço social, caso
fosse necessário. Preocupa, porém, que 8 não se identifica mais ou se apresenta como
assistente social, considera que não é preciso.
Importante é o dado sublinhado pelos profissionais quando afirmam que na
maioria das empresas os trabalhadores conhecem sua profissão, o que coincide com os
dados dos trabalhadores cuja amostra foi de 197 participantes. Destes, 186 afirmou
que em sua empresa tem assistente social, e destes, 149 conhecia o nome do
assistente social. Estes dados mostram o reconhecimento que têm os trabalhadores da
existência do profissional nas empresas.
Os 8 assistentes sociais, que não se apresentam como assistentes sociais, e
que não são reconhecidos, pensam que lograriam estes cargos com outra profissão,
pertencem em sua maioria a grandes empresas multinacionais, têm cargos de segundo
e terceiro nível, e percebem um melhor salário. Afirmam ainda que, quando chegam a
estes cargos, existe uma tendência a desconhecer sua profissão e a concentrar-se
apenas no manter o status profissional que recebe.
Quando se aprofundou a razão pela qual as empresas têm um profissional
de serviço social no cargo, foi encontrado, segundo as respostas dos assistentes
sociais, que é
“De acuerdo a las necesidades de la empresa en ese momento, se requería, para el trabajo con la gente un trabajador Social mas que un psicólogo, de, hecho en el proceso de selección eran 5 psicólogos y yo como única a ção ga social. A un psicólogo lo veían más de manejo de lo individual de las personas, mientras que a TS lo veían más con el perfil de trabajar el colectivo de la empresa un grupo social como tal.” (Assistente social No. 2)
“Buscaban ante todo una persona con capacidad de relacionarse y don de gente y que supiera de todas las funciones, que tuviera la capacidad de acercarse y hablar con el Gerente y lo hiciera también con los trabajadores. La cercanía con la gente, escuchar a la gente y lo encontraron en TS. Ese es el diferenciador, yo me le mido a lo que sea. Meterme en el negocio, conocer la compañía.” (Assistente social Nº 7)
170
Alguns chefes selecionam esta profissão por “la experiencia en el área de
gestión humana, especificidad y vocación y sensibilidad humana por lo que hacen”.
(Chefe da empresa Nº. 20).
Outro chefe assim estabeleceu seu discurso:
“Yo pienso que los psicólogos también tienen un enfoque que es social, pero, el trabajador social tiene más fuerza en esto, dentro de la empresa está definido así en el perfil puede ser también un psicólogo o trabajador social, tiene que ver también mucho por las características de estas personas que desarrollan estos cargos, su calidez, su sensibilidad social, su trato con la gente, el acercamiento con las personas, el deseo de trabajar por las personas y sus necesidades, básicamente y por la formación , que lógicamente es muy enfocado a las necesidades que tenemos en las empresas.” (Chefe da empresa Nº 21)
“La experiencia que he tenido con los trabajadores sociales me ha enseñado que son personas muy recursivas que se adaptan rápidamente a las necesidades, muy abiertas a aprender, a generar y aplicar cambios”. (Chefe da empresa Nº 21)
“He tenido otras profesiones y planean muy bien, pero les falta ese acercamiento, esa calidez con la gente, esa capacidad de interacción con la gente que tienen los Trabajadores Sociales” (Chefe da empresa Nº 21)
“Porque es una persona que domina muy bien el tema, y yo soy de los que pienso que zapatero a tu zapato, y ella tiene el conocimiento, está bien ubicada con lo que hace y le gusta hacer. Es una profesión que maneja muy bien las relaciones con las personas y tienen una capacidad grande para establecer relaciones y conseguir recursos con entidades del gobierno, aquí con ella ya tenemos programas con el SENA, COMFAMA y así otras entidades que son fundamentales para el bienestar de los trabajadores y sus familias.” (Chefe da empresa Nº 3)
“La empresa encontró en trabajo social, la forma de organizar todo lo de recursos humanos, y sin conocer mucho en esa época el alcance de la carrera fue muy acertado, pues ella hace trascender todo lo de la compañía, la parte de la comunidad, la de los clientes, es una combinación perfecta para ayudarnos a proyectar la empresa. Sabemos que no solo lo académico es necesario, la práctica también es fundamental para el buen ejercicio de una persona. Las profesiones no se pueden encasillar a unos enfoques específicos, son los profesionales los que trascienden, los que llegan al lugar o puesto donde quieran llegar. Sea la profesión que sea, pueden llegar hasta donde quiera el profesional”. (Chefe da empresa Nº 30).
As afirmações acima mostram que os assistentes sociais são mais
reconhecidos por seu trato com as pessoas, por sua qualidade humana, suas
reconsiderações, que por seus conhecimentos e manejo das técnicas das áreas de
gestão humana, mas, também, os chefes são claros quando dizem que qualquer
profissional das ciências humanas pode, desde que deseje e conheça o negócio,
171
desempenhar as funções do cargo: “Creo que cualquier profesional que desee
intervenir en gestión humana debe conocer el negocio, meterse mas en el mundo de a
negociaciones y ser estratégicos en sus intervenciones” . (Chefe da empresa Nº 20).
4.3. FORMAÇÃO ACADÊMICA DOS ASSISTENTES SOCIAIS DAS EMPRESAS PRIVADAS DE
MEDELLIN
Os estudos de serviço social têm sido tradicionalmente, desde suas origens,
programas de iniciativa das universidades privadas devido a estarem relacionadas com
a empresa privada e a igreja católica, como é o caso da Faculdade de Serviço Social da
UPB, da cidade de Medellín, que conta com estudos de serviço social da UPB.
As classes sociais de Medellin no poder, estimularam esses estudos, para as
filhas das famílias ricas, na única universidade privada do meio, os quais legitimaram
um fazer assistencialista, de ajuda aos mais necessitados. Ademais seus fortes
vínculos com a igreja e sua necessidade de formar pessoas para os diferentes projetos
de assistência social vão propiciando à UPB a construção de um perfil da profissão
para o sustento das ideologias das classes ricas. Este vai gerando maior confiabilidade
na formação dos profissionais por parte das empresas, que durante muitos anos
preferiram contratar profissionais a graduados. No momento que aparece o programa
da Universidade Pública da Medellín, surge então um perfil mais para o trabalho com as
Comunidades, gerando pouca possibilidade de encontrar assistentes sociais formados
para exercerem cargos nas empresas ou empresariais.
4.3.1 UNIVERSIDADE DE GRADUAÇÃO, FORMAÇÃO COMPLEMENTAR.
Conforme o depoimento das 44 assistentes sociais entrevistadas, verificou-
se que a maioria delas, ou seja, 37 cursaram e concluíram sua formação em serviço
172
social em universidade privada. Os outros 7 professionais, das quais 6 mulheres e 1
homem, foram graduados na universidade pública após os anos 2000.55
Grafico 12 – Universidade de Procedência
Fonte: Pesquisa direta, novembro 2011.
É notório em Medellín, que os profissionais da área de recursos humanos
das empresas, independentemente do porte da empresa, são oriundos de
universidades privadas, neste caso, da UPB, com currículo e perfil mais apropriados
para o desempenho nas áreas da gestão humana, segundo o observado na formação
de dita universidade. Conforme a afirmação a seguir: “As demandas empresariais, ou
seja, formação mais tradicional, menos crítica e questionadora” da ordem capitalista, o
perfil do profissional formado pela UPB responde mais às expectativas dos
empregadores, já o profissional formado na universidade pública responde mais a um
perfil para o trabalho comunitário, segundo a formação recebida na U.A.
Ressalta-se que a UPB foi a primeira universidade a formar assistentes
sociais na cidade de Medellín, sendo este programa socialmente determinado pelos
interesses dos empresários e da igreja. Na universidade a formação é orientada pela
tradição e pelo conservadorismo, que garantem aos empresários a materialização de
seus objetivos, a saber: manter a classe trabalhadora a serviço da produção.
55 Em Antioquia só existem 3 universidades que oferecem o programa de serviço social, sendo 1 pública, 1 privada e 1 universidade privada, que apenas acaba de ser fundada e tem poucos anos de atividades. A Colômbia por suas condições socioeconômicas e por estar sujeita às regras impostas pelo neoliberalismo vive um processo de privatização de quase todas suas instituições, e a educação tem sido um dos serviços considerados correto, segundo a Constituição de 1991, que mais tem sofrido estas intervenções. Se tem o dado, por exemplo, do Ministério da Educação, que de 282 instituições de ensino superior (técnicas profissionalizantes, tecnológicas, centros universitários e universidades) existentes no ano 2008, só 81 instituições são públicas e 201 privadas.
173
Este se ratifica no seguinte discurso de um dos chefes participantes da
pesquisa:
“Si, de hecho siempre las hemos tenido de la UPB, la verdad es que en las organizaciones hay que guardar equilibrio, y parte del éxito es lograr que los objetivos organizacionales se cumplan con una buena labor, que todo lo que hagamos por la gente por su bienestar se cumpla y nos ayude a cumplir unos objetivos internos organizacionales entonces el profesional de una institución como la UPB tradicional, nos puede ayudar más a mantener ese equilibrio.” (Chefe da empresa Nº 21) Com relação à formação complementar, depois da graduação e contratação
pelas empresas, os assistentes sociais complementam a sua formação direcionada
para as demandas postas, as práticas pela empresa e funções exercidas. Assim, 22
dos assistentes sociais procuram formação complementar em programas de
especialização em gestão humana, e outros 39 procuram uma segunda graduação em
cursos também em gestão humana. Só uma assistente social entrevistada (Assistente
Social nº 12) não tem formação complementar, pois é nova no cargo e acredita que sua
experiência é suficiente para os poucos anos que pretende ficar no cargo, pois está
próxima da aposentadoria.
Tabela 9 – Formação complementar recebida
Fonte: Pesquisa direta, novembro 2011.
Só duas assistentes sociais têm participação em processos de pós-
graduação com mestrado em administração, e nenhum tem o doutorado.
Segundo a totalidade dos profissionais, a formação relacionada com seus
cargos, é a única forma de permanecer no mesmo cargo e que a formação profissional
CARACTERÍSTICA QUANTIDADE ESPECIALIZACÃO EM GH 22 DIPLOMADO EM GESTÃO HUMANA 13 ESPECIALIZAÇÃO EM OUTRAS ÁREAS 5 MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO 2 DIPLOMADO EM OUTRAS ÁREAS 1 NENHUMA OUTRA FORMAÇÃO 1
Total 44
174
recebida durante a graduação não forneceu as ferramentas necessárias e suficientes
para desenvolver com competência as demandas do cargo. Para alguns assistentes
sociais, elas chegaram aos cargos não por serem assistentes sociais, mas por sua
formação especializada, e suas experiências prévias, demostrando com isso como a
formação complementar é também um determinante para o desempenho no cargo da
gestao humana.
Acreditam, ainda, que “tem sido lenta a chegada do profissional a estes
cargos, por causa da necessidade da formação em processos administrativos e
empresariais” (Assistente Social nº 32).
Só 15 dos assistentes sociais expressam que chegaram aos cargos por ser
assistente social, e 29 afirmam ter chegado ao cargo atual por sua formação
especializada e suas experiências prévias. Observe-se alguns discursos elucidativos do
como chegaram ao cargo:
“No llegué al cargo por ser Trabajadora Social. Yo llegué porque mi jefe anterior, me referenció con el jefe de Gestión Humana aquí. Pero cuando yo llegué a la entrevista él si me preguntó, como obviamente él necesitaba un Analista de Selección de Personal y eso es mucho de lo que yo hacía en el anterior trabajo, entonces el si me preguntó que eso de Trabajo Social qué era, qué era esa carrera, qué era lo que estudiábamos, qué materias veíamos. Él a mí no me seleccionó porque yo fuera Trabajadora Social, sino que fue por la experiencia que traía en Selección de personal”.( Empresa nº 32)
“Estoy en este cargo por la experiencia, he tenido una visión integral de los procesos de Gestión Humana, no tengo referentes en otros colegas pues estos se inclinan más a procesos de bienestar laboral, a calidad de vida en el trabajo en cambio yo he tenido todos los procesos de Gestión Humana a cargo en los diferentes cargos que he tenido. …Desafortunadamente no falta los que todavía creen que el trabajo social no existe, preguntas qué, que hacen y hasta hacen comentarios grotescos pero pienso que por fortuna he podido llevar la carrera hasta las organizaciones, aunque hoy no es la más común ni la más reconocida también hay excepciones y se puede aportar a una organización.”(Empresa nº 35.
“Yo pienso que fue la trayectoria mía en la compañía, reconocía la gente, porque tradicionalmente tenían un abogado, como las empresas van cambiando y los perfiles también, entonces pienso que lo podía hacer una Trabajadora Social. Y para el futuro yo pienso que sí lo puede hacer, una Trabajadora Social, pero con una especialización” (Empresa nº 15)
Se forem cruzados os dados acima com a atualização da formação, verifica-
se que, 17 deles, receberam sua formação complementar entre os anos 2005-2010,
175
sendo a média o ano de 2007, o que significa que a formação é recente, logo,
atualizada, sinalizando para a manutenção da demanda pelo perfil voltado às
demandas empresariais.
Vale lembrar que o mercado requer das ciências humanas melhorar e
atualizar os conhecimentos relacionados com seus processos administrativos,
obrigando, assim, ao profissional, atualizar-se e manter-se em dia com o objetivo de
responder às novas e permanentes demandas das empresas.
Identificou-se também, que uma assistente social (Empresa nº 28) está
cursando a graduação em psicologia, objetivando melhor responder às funções
inerentes ao cargo que ocupa.
Atualmente 4 profissionais vêm realizando estudos complementares em
temas como: Estudos Políticos, em Gerência de Talento Humano, e Formação em Alta
Direção em três instituições: duas privadas e uma pública.
Ao indagar sobre a escolha da instituição para continuar estudos de
atualização, encontrou-se que 35 selecionou pelo menos uma vez a universidade ou
instituição privada, destacando-se nesta seleção a universidade UPB e a EAFIT como
suas preferidas respectivamente.
Dois dos estudantes não lembram a instituição onde tiveram formação
complementar, eles são os profissionais com maior idade, o que se pode interpretar
como uma formação que não está atualizada.
4.3.2. COMPETÊNCIAS MAIS DESTACADAS, VALORES E PERTENCIMENTO A OUTROS GRUPOS
POR PARTE DOS ASSISTENTES SOCIAIS
Como explicitado anteriormente, o mundo do mercado influi poderosamente
no campo das profissões, se forem somados a este os efeitos da globalização e as
exigências de multidisciplinaridade que se demanda aos profissionais de hoje, pode-se
perceber que os assistentes sociais em sua busca por status e reconhecimento laboral
não escapam a estas determinações. Com o objetivo de manter-se no cargo e expandir
sua influência a outras áreas das empresas, os assistentes sociais veem-se na
176
obrigação de melhorar suas competências, capacitando-se em áreas que têm mais
haver com processos administrativos, como: direito, psicologia, economia e finanças,
relações sociais e políticas, o que mostra que os assistentes sociais cada vez mais se
ocupam em atender processos para qualquer demanda que façam às empresas.
Contudo, é necessário reconhecer que apesar de todas as dificuldades que
os assistentes sociais devem enfrentar no transcurso de sua vida profissional, existe
uma série de competências que são próprias da formação do assistente social, as quais
no tempo vêm permitindo não só manter-se no cargo, mas, também, ocupar cargos de
maior nível. As competências nas quais a UPB forma os profissionais são coerentes
com as que os profissionais expressam no quadro a seguir
Segundo a tabela abaixo, as competências mais significativas dos
assistentes sociais nos cargos de recursos humanos são: trabalho em equipe,
liderança, empatia, capacidade de serviço e planejamento; e competências a melhorar:
as técnicas relacionadas a manejo de programas de computadores, conhecimentos em
direito laboral, negociações com sindicatos e aspetos financeiros. Também devem
melhorar manejo do stress, planejamento e, em menor escala, comunicação.
Tabela 10 - Competências mais destacadas a melhorar.
COMPETÊNCIAS A MELHORAR
Competência Quantidade Competência Quantidade Liderazgo 10 Técnica 18 Trabajo en Equipo 7 Manejo do Stress 4 Empatia 5 Capacidade de Negociacao 4 Servicio 5 Planeacion 4 Planeacion 4 Comunicación 3 Orientacion al Logro 3 Impulsividad 2 Negociacion 2 Manejo Tiempo 2 Estrategia 2 Seguimiento 2 Creativa, Proativa, 1 Aprendizaje 1 Proactiva 1 Delegacion 1 Conciliacion 1 Liderazgo 1 Consecucion de Recursos 1 Presentacion Proyectos 1 Comunicacion 1 Vision Mercadeo 1 Integridad 1
Fonte: Pesquisa direta, novembro 2011.
177
Ao consultar os 4 chefes que participaram da pesquisa, encontrou-se que a
maioria afirma ser as competências dos assistentes sociais: trabalho em equipe, serviço
ao cliente, capacidade de organização, comunicação assertiva, planejamento, manejo
de tempo, conhecimento das pessoas, relacionamento e projeção. E consideram que
devem melhorar: flexibilidade, manejo financeiro e de pressupostos, comunicações, e
devem se colocar no nível dos trabalhadores.
Conforme analisado, há forte coincidência das apreciações dos assistentes
sociais às respostas dos chefes em relação às suas atribuições e suas debilidades. As
competências do ser têm haver com relação a sua forma de atuar, tanto em valores
quanto em ética, e o fazer tem haver com a profissão, que, a partir da academia, ensina
a maneira de agir, a qual é responsável por proporcionar as melhorias desejadas.
Essa identificação tão clara em competências relacionadas com trabalho em
equipe, liderança, empatia, serviço ao cliente, entre outras relacionadas com o ser,
permitem visualizar pessoas de compromisso, de confiança, que respondem ao que os
empresários esperam, pois para tratar com as relações empresa - trabalhador requer
persuasão, carisma, qualidades que só profissões como, por exemplo, o serviço social
têm, e que os assistentes sociais demonstram quando estão frente aos trabalhadores,
“quando os escutam, e os atendem ajudando resolver suas problemáticas”. Os
assistentes sociais, são “pessoas com especificidade, vocação e sensibilidade
humanas para o que fazem”. (Chefe da empresa Nº 20)
Outros discursos também confirmam que estas são as competências
preferidas das empresas no momento de contratar assistentes sociais:
“El Trabajador Social, tiene características necesarias para estos cargos, su calidez, su sensibilidad social, su trato con la gente, el acercamiento con las personas, el deseo de trabajar por las personas y sus necesidades, básicamente y por la formación, que lógicamente es muy enfocado a las necesidades que tenemos en las empresas” . (Chefe empresa No. 21)
Há pouca preocupação dos chefes quando falam das competências que os
assistentes sociais têm que melhorar em relação ao Ser, apenas falam da flexibilidade,
competência que exige dos profissionais adaptabilidade constante às mudanças diárias
178
de seu ambiente de trabalho. Esta competência é a que mais obriga e exige dos
assistentes sociais, levando a responder às demandas dos chefes para sobreviver nos
postos de trabalho. Quanto às competências técnicas relacionadas com o Fazer, tais
como: as finanças, os manejos do pressuposto, a legislação trabalhista a partir das leis
que diariamente mudam, a capacidade de negociações, demonstram melhoras, pois,
segundo o observado, no momento de exigir estudos de complementação, têem
consciência que desde a academia, na formação básica, se dão estas competências
mas, não suficientes para responder às exigências das empresas.
Com relação aos valores que mais põem em prática os assistentes sociais
em seus postos de trabalho, segundo os profissionais, os chefes e os trabalhadores,
encontrou-se os seguintes: chama a atenção os valores respeito e compromisso,
seleccionado por 23 assistentes sociais como o valor mais praticado por eles. É
evidente que estes valores estão determinados como valores próprios do cidadão e do
ideal de todo código ético do trabalho, o que coincide por sua vez com valores do
código de ética da profissão. Sobressai também o valor ética, considerado o que mais
se põe em prática, segundo 12 dos assistentes sociais e 135 dos trabalhadores. Vale
salientar, que o ser ético é considerado pela maioria como um valor que agrupa e
ressalta os valores mais apreciados no meio laboral.
Igualmente é importante ressaltar que, poucos profissionais lembram os
valores do Código de Ética da profissão, só um profissional os lembrou e afirmou que
os aplica em seu dia a dia. Porém, foi comum encontrar que todos lembram e falam
com propriedade sobre os valores da empresa, dos quais se tem apropriado e
assumem como próprios de seu cargo. Ressalta--se que Ética em ambas as
universidades, tanto pública como privada, é ofertada nos últimos anos de graduação,
com pouca ênfase em carga horária.
179
Tabela 11 – Valores mais destacados pelos assistentes sociais
Segundo os Assistentes Sociais No. de
Ass Sociais
Segundo os Chefes
No. Chefes
Segundo os Trabalhadores
No. Trabalha
dor Respeito 23 Compromisso 2 Respeito 160
Honestidade, ética, confidencialidade, 12 Responsabilidade, 2 Compromisso 141
Reserva, transparencia 5 Trabajo en equipo 1 Solidariedade 136
Integridade, igualdad, servicio 4 liderazgo 1 Etica 135
Responsabilidade, tolerância, coherencia, autonomia 3 Planeación. 1 Honestidade 123
Confiança 2 Disponibilidad para
trabajar horario extendido
1 Confiabilidade 119
Los de la profesión: objetividad, imparcialidad, universalidad, equidad.
1
Conocedora, 1 Integridade 118
Buen trato, Compromisso Relaciones interpessonales, Verdad, Sigilo,
No transferencia, Lealtad, autonomía,prudencia,individualidad, justicia,
Solidaridade, trabajo en equipo, simplicidad, Innovacion
1
Seria 1 Transparencia 116
Persistente, 1 Equidad e confidencialidad 108
Es muy dedicada 1 Coherencia 97
Respeto 1 Justicia 91
Ordenada. 1
Fonte: Pesquisa direta, novembro 2011.
Com relação ao tema de pertencimento a outros grupos ou associações e
cargos desempenhados por parte dos assistentes sociais, o mundo de hoje exige o
pertencimento a grupos, grêmios, redes, e associações outras que permitam o
conhecimento das ideias e pensamentos do outro, a reflexão, a análise crítica, e a
tomada de decisões frente aos problemas mais complexos da sociedade, ou seja, ter
consciência social, política e de classe que propiciem a defesa dos direitos e
elaboração de propostas que melhorem as condições sociais e históricas. Igualmente, o
pertencimento a estes grupos, é uma maneira de alcançar melhorias para uma
profissão que, como o serviço social, tem realizado por muitos anos uma luta
permanente para reivindicar seu papel na sociedade e não apenas a partir da sua
prática, senão também a partir de sua formação acadêmica.
180
Tabela 12 – Pertencimento a associações
Fonte: Pesquisa direta, novembro 2011.
A tabela anterior mostra dados de como 31 dos assistentes sociais não
pertencem a nenhuma associação nem grêmio relacionados com a profissão. Só 13
pertencem a grêmios relacionados com as áreas de recursos humanos, como é o caso
da Associação Colombiana de Relações para o Trabalho – ASCORT, e muito poucos
têm cargos diretivos e não pertencem à Associação de Assistentes Sociais de Antioquia
- ATSA. Descobriu-se pouca consciência e interesse de pertencer a estes grupos, pois
afirmam “não ter tempo e não ver reflexo nos seus interesses”. (Assistente Social da
empresa Nº 44).
Quadro 02 - Cargos em outras Organizações
SIM 2 NÃO 11 N/A 31
TOTAL 44 Fonte: Pesquisa direta, novembro 2011.
Este dado é coerente com as afirmações das assistentes sociais, que
consideram não ser preciso ser assistente social para exercer os cargos que
atualmente existem nas áreas de recursos humanos. Coincide também com os dados
de quem não se apresenta como assistente social, e que são mais reconhecidas nas
empresas pelos cargos que exercem do que por sua profissão.
Os dados acima também se explica a partir da formação, pois é sabido que
mesmo na faculdade não se trabalha a consciência crítica de classe, não se estimula o
pertencimento a grupos ou grêmios que permitem as melhorias que a profissão e o
mundo do trabalho profissional requerem.
PERTENCE A ASSOCIAÇÕES SIM 13 NÃO 31
TOTAL 44
181
4.4 A PRÁTICA DOS ASSISTENTES SOCIAIS NAS ÁREAS DE GESTÃO HUMANA DAS EMPRESAS
PRIVADAS DA CIDADE DE MEDELLIN
Levando-se em conta que a prática se converte para o homem em seu
espaço de transformação e crescimento, e que é a partir da prática que o homem se
constitui como ser social, é que buscou-se aprofundar o conceito da prática com base
nas ações que os assistentes sociais vêm desenvolvendo nas áreas de gestão de
talento humano das empresas privadas de Medellín. Tal busca objetivou descobrir qual
é, neste momento, sua prática e quais elementos são os que ainda as determina, se é a
formação recebida na graduação, ou, ao contrário, se as práticas são determinadas
exclusivamente pelas demandas que o meio, neste caso os empresários, fazem às
mesmas, ou ainda se as determinações convergem.
É pelo trabalho e sua relação com o meio que o homem transforma a
natureza e a si próprio. Isto se dá por meio de mediações onde se destaca a criação de
instrumentos. “O homem é o único ser que constrói a sua história, indo além do reino
das necessidades em busca do reino da liberdade, para o que deve transcender os
limites da naturalidade: ele é sujeito e objeto de sua criação, o mundo humano-social.”
(VERAS, 2009; p.15).
Afirma Ana Arcoverde (2011; p.86), “É na prática, portanto, que o individuo
não somente transforma objetos e fenômenos, mas se transforma, adquirindo novas
experiências e desenvolvendo o processo de conhecimento”. Ao conhecer, o homem
pode estabelecer relações que facilitarão melhorar sua realidade e a realidade dos
outros.
Entende-se portanto, que o homem se constitui como ser social a partir da
prática. Com suas ações modifica o mundo da natureza, vai mais além dos limites de
seu próprio ser e se transforma em sujeito facilitador de si mesmo; se o trabalho
proporciona ao homem lugar na sociedade, a prática social, mostra-lhe e o encaminha
para os diferentes modos deste ser social.
Neste processo o homem enfrenta uma luta permanente para alcançar
condições de existência desde o marco sociopolítico até os materiais, vivenciando em
182
sua base o jogo de poder que se dá nas lutas de classes, cada uma procurando seus
próprios interesses.
É na luta de classes, onde os homens interagem uns com os outros, como
ser particular, como ser individual, assimilando e manipulando a realidade, motivado por
seu EU, com um projeto próprio, resultado de sua alienação. Também é um homem
genérico que surge das relações sociais onde mostra capacidade de aprender o
conteúdo humano da sua ação. Nessa prática busca responder aos desafios colocando
todas as suas habilidades e conhecimentos em busca de conquistá-los. (VERAS, 2009;
p.18).
Da mesma maneira que a prática pode ser resultado de um processo de
alienação, também pode se constituir em uma prática libertadora, que permite ao
homem ampliar a compreensão de seu ser e do meio natural e social no qual
desempenha-se. Neste sentido, toda prática que surge do processo de luta de classes
se transforma em uma aprendizagem sobre o conteúdo do humano e sua permanente
luta por superar o mundo de contradições no qual se desenvolve sua vida cotidiana.
Vicente de Paula Faleiros (1976, p. 60), nos explica que é na prática social
que se dão as relações sujeito-objeto, entendendo-se por prática a transformação de
um objeto em um produto determinado por uma atividade. O que quer dizer que, ao
colocar em marcha uma atividade a partir de um projeto e de uma situação dada, se
alcança a construção ou elaboração de um produto.
Fica, portanto claro, que não é só produção de bens materiais, pois se deve
ter em conta a superestrutura onde dão-se, pois, contradições em seu interior pela luta
de classes, pelos alcances científicos, pelas artes, pelas relações políticas, que são
elementos que ajudam o homem a se relacionar, se condicionar e se integrar. Como
citado, esta prática leva o homem a reconhecer não só seu ser social concreto, mas,
também, tudo aquilo que o constitui como ser carregado de emoções, sentimentos e
perguntas vitais. Deve-se reconhecer o homem como um ser integral, como um ser que
foi tecido nas relações sociais ou políticas, que também pode ser entendido a partir da
arte e das ciências, do seu ser em permanente contradição interior.
Veras afirma, que as relações que conformam a prática profissional dos
183
assistentes sociais são complexas, porque, por um lado expressam intervenções
sociais, por outro uma especialização do trabalho coletivo no conjunto da sociedade a
qual está motivada pela divisão sociotécnica do trabalho. (Ibid, p. 17).
Arcoverde (2011, p. 89) explica: “As perspectivas dos assistentes sociais
acerca do objeto de intervenção recaem sempre numa problemática entendida como
um conjunto de necessidades a serem atendidas, ou uma série de problemas a serem
transportados com o apoio do saber técnico”.
Dessa forma, se permite observar que, as intervenções dos profissionais em
serviço social nas empresas estão determinadas pelas relações duplamente
referenciadas. Por um lado devem atender as demandas das empresas e dos
trabalhadores e, por outro, devem ter em conta os conhecimentos adquiridos desde a
academia. Assim afirma Gentilli,
“Tal trabalho particularmente determinado, reúne um conjunto de singularidades no seu cotidiano profissional, nos diversos “campos de prática”, transformando-se num processo de trabalho muito rico e complexo, sobretudo por se caracterizar como serviço e por incluir, além da racionalidade do trabalho industrial, a racionalidade da intermediação”. (2006, p. 24).
Pelo imediatismo e ativismo somados à precariedade de tempo que se tem
nas empresas para atender às frentes de trabalho, as intervenções dos profissionais
pouco requerem das aprendizagens adquiridas. A urgência está na procura de
responder às demandas dos empresários que os contaratam, as quais têm como objeto
fundamental o aumento da produtividade e as melhorias na rentabilidade do negócio no
menor tempo possível.
4.4.1 O QUE FAZEM OS ASSISTENTES SOCIAIS NAS EMPRESAS? QUAIS AS SUAS AÇÕES?
Como se pode ver no quadro 3, página 191, os assistentes sociais das
empresas privadas da cidade de Medellín, em sua maioria, exercem funções
administrativas, de coordenação e de acompanhamento na busca de atender aos
objetivos da organização. A partir dos discursos dos assistentes sociais, se confirma
que suas intervenções têm identificado como objeto de trabalho as estratégias e metas
184
das empresas, pois são elas as que se convertem em sua razão de ser. Encontra-se
aqui uma primeira incoerência com a formação, pois a partir dos currículos se tem claro
que o objeto de trabalho da profissão é o homem, com suas problemáticas e suas
necessidades.
“Administrar todos los procesos de Gestión Humana desde la Selección, hasta el retiro, la capacitación, contratación, el clima organizacional, pero básicamente la responsabilidad del area es velar por el cumplimiento de la estrategia de la compañía. Para ello, debemos desde el área crear herramientas para que el grupo de trabajadores sean más productivos, más competentes.” (Assistente social Nº 7).
Assim, permite-se observar como a empresa com sua estratégia se converte
em prioridade para os profissionais desenvolver suas ações, sendo comum entender o
recurso humano - os trabalhadores - como o meio para alcançar o propósito de tal
intervenção. Desvirtua-se a razão de ser da profissão no momento em que o homem se
converte em meio, em recurso e não em fim para as diferentes intervenções dos
profissionais.
Encontrar assistentes sociais nas empresas assumindo responsabilidades de
direção e de administradores, em cargos, como coordenadores, gerentes e chefes, para
responder às estratégias das empresas, mostra como o exercício profissional “É
decorrido por uma nova racionalidade técnica e ideopolítica, no âmbito do
gerenciamento de recursos humanos, que re-funcionaliza o “tradicional” em prol do
“moderno” e conjuga, no campo das atividades profissionais, “velhas” e “novas”
demandas, exigindo dos assistentes sociais estratégias que assegurem sua
legitimidade social” (AMARAL, 2009, p.419). No momento em que o profissional é
requisitado para o exercício de cargo diretivo, vê-se na obrigação de se qualificar e
melhorar suas competências. Só a partir de então podem assegurar que têm as
ferramentas necessárias para que os trabalhadores meios de produção estejam em
condições de responder às estratégias e objetivos das empresas.
“Manejo los diferentes procesos, como selección, contratación, capacitación, evaluación de desempeño, desarrollo organizacional, relaciones laborales, nomina, pagos de terceros, reclamaciones, seguridad social, prestaciones sociales, cesantías, vacaciones, incentivos, y reconocimiento al trabajador a través del programas de ideas creativas y acercamiento con la familia del trabajador. Se maneja todo el proceso completo de la Gestión Humana”. (Assistente social Nº 40).
185
Observa-se como dentro das velhas ações dos profissionais ainda persiste a
atenção aos processos educativos. A totalidade dos participantes tem como função
importante responder por estes processos com ações que vem desde o planejamento
até a ação de formadores, uma educação que responde em todo momento a exigências
da produção, com a intencionalidade de mudar hábitos, atitudes e melhorar o
comportamento dos trabalhadores objetivando uma melhor produtividade. São estas
demandas que ainda se vem dando desde os empresários e que, de alguma maneira,
os profissionais tenham a suficiente preparação desde sua formação.
Encontrou-se nos discursos clareza frente às suas intervenções junto às
famílias dos trabalhadores:
“Tengo fundamentalmente tres ejes de intervención con el trabajador con la familia y con la comunidad. Con el trabajador es toda la administración del pacto colectivo de trabajo y toda la planeación de los programas de bienestar dirigidos a él, con la familia satisfacción de bienestar de acuerdo al ciclo vital de la familia y de las problemáticas más conocidas, hacemos todo el énfasis de unos programas que ya están institucionalizados con los grupos de la población”. (Assistente social Nº 14).
Segue sendo o trabalho com a família, apesar de ser considerada também
como uma das ações tradicionais por parte da profissão, uma intervenção frequente. É
a maneira como a empresa continua requisitando os assistentes sociais para intervir em
aspectos da vida privada do trabalhador, que, de alguma maneira, afetam seu
desempenho, tais como: os conflitos familiares, situações de finanças, doenças.
“Executando serviços sociais asseguradores da manutenção da força de trabalho”,
(MOTA, 1985), os assistentes sociais continuam demostrando que têm qualidades para
interferir na vida diária dos trabalhadores, tanto na esfera das fábricas como em seu
ambiente familiar e privado.
Os discursos sobre a prática atual dos assistentes sociais nas empresas
privadas de Medellín, mostram ainda como as empresas continuam respondendo às
demandas dos empregadores no momento que assumem ações para interferir na força
do trabalho, quando administram benefícios sociais, quando se convertem em mediador
das relações entre a empresa e os trabalhadores e quando intervém com programas
com as comunidades próximas das empresas. Com todas estas ações “contribui para
186
as intensificações do controle e do disciplinamento dos trabalhadores, tendo em vista
sua subordinação aos requisitos do processo de valorização.” (IAMAMOTO, 2000. p.
46).
Frente às ações consideradas antigas ou tradicionais nas áreas de gestão
humana os assistentes sociais, afirmam:
“Me toco las recreacioncitas, las concejeras familiares sin conocimiento, manejo de logística, mande el ramo, mande la tarjeta que nació el bebe del trabajador, consiga el regalo, prepare el día de la secretaria, el día del ingeniero, todos los eventos los preparábamos desde acá, ahora no”. (Assistente social Nº 4)
Antes eram ações nas empresas muito pontuais, mescladas entre recreação,
preparação de eventos e acompanhamentos em situações significativas para os
trabalhadores, tais como: nascimentos e mortes de seres queridos. Ações que tinham
relações com funções assistencialistas, deixadas pelas origens da profissão de
assistente social.
“Antes, el enfoque era muy asistencialista, es decir el trabajador que tiene un problema en su casa vaya visítelo, vaya mire que tiene”. (Assistente social Nº 2).
“Veo cambios relacionados con la tecnología, pero siempre hemos sido enfocados hacia la gente, que antes no contábamos con equipos tan sofisticados, no teníamos el computador, ni celular, pero las funciones como tales son las mismas, estar pendientes de la gente, de su bienestar, antes estábamos más cerca de la gente, ahora a mí no me da tiempo de ir donde los trabajadores. Casi que solo vamos por obligación cuando van a lanzar un producto”. (Assistente social Nº 29.
Tem-se clareza, que os recursos e as tecnologias vêm mudando
aceleradamente. Se antes não se contava com os mínimos recursos, hoje se conta com
uma infinidade de equipamentos, como afirma o autor. “...todo o tempo se encontra em
frente aos computadores, os programadores, coordenando processos por celulares,
câmeras de vídeo, dando pouco tempo para o acompanhamento direto ao trabalhador”.
“Antes trabajábamos la administración de recursos, proyectos y procesos por áreas aisladas. Desarrollo humano lo hacia uno, administraba otro, gestionaba otro, responsabilidad social otra persona, relaciones laborales otro, hoy el cambio está en que las personas tengan una concepción, un conocimiento más integral de los procesos, no fraccionado sino más integral, es un nuevo cambio del modelo de pensamiento que una sola persona esté en condiciones de hacerlo todo” (Assistente social Nº 1).
187
Conforme explicitado, é uma estratégia do mercado capitalista. Com a
polivalância se busca que as pessoas desenvolvam tantas competências quantas
possam, para que tenham a capacidade de enfrentar todas as funções relacionadas à
gestão humana. Assim observa-se, que os assistentes sociais vêm respondendo, pois
os chefes manifestam que são as pessoas com mais capacidade de resposta, de
maneira integral, as competentes para assumir os postos da gestão humana.
“Los Trabajadores Sociales tienen las habilidades para la gestión con las personas, honestidad, servicio, para lograr relaciones de confianza con los trabajadores. Trabajo Social es una profesión que permite lograr cambios, mejorar clima, hacer acompañamiento a los jefes es una profesión con una mirada muy integral de la gestión humana”. (Chefe da empresa Nº 30).
“Realizar procesos de formación humana y espiritual, sobre el ser y valores”.
“Dirección, diseño, planeación e implementación de todo lo que tiene que ver con lo humano, tanto desde lo legal como desde la cultura organizacional”. Chefe da empresa Nº 3)
As afirmações, que se encontram em muitas das práticas dos assistentes
sociais, permitem observar como ainda as empresas requisitam os profissionais para
que intervenham com atividades de apropriação da cultura empresarial com aspectos e
ideologias que convidam a um desenvolvimento que procuram um novo comportamento
produtivo adequado aos novos métodos de produção. (AMARAL, 2009, p.418). Com
estes discursos de valores espirituais e morais, as empresas convocam a todos os
trabalhadores e empregados a conviver em uma fraternidade fictícia. Amaral afirma: “As
empresas estabelecem uma lógica menos despótica e mais consensual, envolvente e
manipuladora que atinge a consciência, a subjetividade do trabalho e as suas formas de
representação”. (Idem, p.418).
As empresas, para garantir a subordinação dos trabalhadores, consideram
dentro de seus processos as necessidades sociais, de seguridade, de estima, de auto
realização e para ele institui políticas de recursos humanos que atendam ditos
objetivos. Encontrou-se igualmente, como os profissionais das empresas privadas da
cidade de Medellín acolhem e atendem estas demandas dos empregadores. Observa-
se nas afirmações acima, quando se encontra nos discursos a quantidade de processos
188
que atendem os profissionais como: moradia, capacitação, seguridade social, entre
outros. Este fica mais claro na seguinte afirmação:
“Definir políticas, planes y programas que ayuden a mejorar y a mantener la calidad de vida en el trabajo de los colaboradores”, “Coordinar programas de desarrollo social de los trabajadores y su familia”, “Orientar a los trabajadores para la satisfacción de sus necesidades tanto económicas como sociales”. (Assistente social Nº 4)
Os assistentes sociais têm capacidade de responder ao desenho das
políticas. Esta é uma nova requisição dos empregadores. Antes, os profissionais só se
limitavam a executar as políticas e os programas preparados, pensados e descritos por
outras instâncias. Hoje, estão formados, desde as academias, para responder à criação
e desenho das políticas de atenção ao trabalhador e à sua família.
Encontra-se, por sua vez, na afirmação anterior, o termo “colaboradores”.
Esta é outra maneira de como os empregadores vem enxertando termos que mostram
no interior das fábricas um mundo de igualdade, que na realidade não existe, mas é
uma atitude que se vem adquirindo para alcançar mais compromisso e, portanto ter
mais produtividade nos postos de trabalho. É uma dupla moral, que através de uma
linguagem amável e cordial, segue legitimando a exploração, fazendo aparecer o
explorado como alguém que participa voluntariamente de dita relação.
Além disso, é importante ressaltar como a maioria dos assistentes sociais, de
maneira ingênua, valida o estado atual destas relações. A maioria deles expressa
satisfação ao ver os trabalhadores promulgarem o sentido de pertencimento e de
gratuidade com a empresa e seus donos, o que quer dizer que, o assistente social não
tem uma visão crítica da relação histórica das classes em sua luta, ainda não se tem
trabalhado na formação as teorias críticas que lhe propiciem esta consciência como
parte de seu perfil profissional. Ë por isto que cada vez mais responde às exigências do
capitalismo.
Outra nova requisição tem a ver com a quantidade de programas
relacionados com o mundo da produção, que os profissionais das diferentes empresas
da cidade de Medellín vem liderando e para os quais tem muito pouca formação, pois
os currículos cursados não dão conta da diversidade de temas que as empresas
189
demandam ainda “hoje”. A maioria vem se formando para responder às empresas.
Observe-se:
“Soy soporte del programa de “sistema de calidad” de gestión humana y de clima organizacional. Debo conocer todos los procesos pues soy quien respondo por todo” (Assistente social Nº 2)
“Liderar toda la gestión humana y el talento del personal de la compañía, capacitación, formación, entrenamiento, administración de los beneficios, el tema de indicadores de gestión para la gerencia, el balance Scorcard, atención comunitaria, también tenemos que atender los capítulos de los sistema de calidad de la Bask”. (Assistente social Nº 22).
“Promover los sistemas de participación del programa KAISEN a nivel operativo y administrativo”. (Assistente social Nº. 25).
.”Como jefe de Gestión Humana también tengo que dar lo que tiene que ver con Coachin y Gerencia Mentora, o sea lo que es la formación de los jefes” (Assistente social Nº 32).
As afirmações acima são suficientes para dar-se conta de como os
assistentes sociais se colocam na medida exigida pelos empresários. Eles procuram
responder às novas demandas exigidas, novas competências, as quais devem ser
demonstradas no decorrer do mundo do trabalho, onde a “flexibilidade” e a
“aprendizagem contínua” são as maiores habilidades que os profissionais devem
demostrar e para as quais se estão formando, pois estas e outras competências fazem
parte do perfil que a universidade tem dentro de seu propósito de formação.
São exigências atuais das empresas para contratar um profissional que
cubra todas as frentes da gestão humana, que as faculdades de serviço social e os
assistentes sociais graduados respondam, não de maneira integral e unificada a estas
exigências, mas de modo fragmentado e muito pontual. É comum encontrar os
profissionais das áreas de recursos humanos acomodando-se, adaptando-se às
permanentes e mutantes demandas dos empregadores até ao ponto de exercer
múltiplas funções, como têm mostrado as respostas dos assistentes sociais
participantes da pesquisa. Observa-se que estas funções vão desde processos
relacionados com a contabilidade (folha de pagamento), a psicologia (seleção de
pessoal), saúde ocupacional (engenheiro industrial), relações laborais (advogado), além
das atividades próprias da profissão. Gentilli explica afirmando:
190
Na prática, o assistente social processa suas atividades, consideradas de execução, na forma de atendimentos sociais: presta serviços sociais e confere benefícios públicos e privados; presta ajuda psicossocial e estabelece maneiras de relacionamentos sociais intra e interorganizacionais, participa de diversas formas de organização social. Tais procedimentos norteiam a prática como um todo e se materializam ainda como a execução mesma de várias funções profissionais decorrentes das características e das necessidades determinadas pela realidade particular de cada campo de trabalho. (2006, p. 44).
Hoje, o assistente social desempenha suas atividades nas áreas de recursos
humanos, funções que o levam a perder o eixo, centro de sua formação, não tendo
claros os objetivos e as metas de sua profissão. Segue, assim, sendo esta para a
cidade de Medellín uma profissão muito conservadora, pouco crítica e incapaz de criar
consciência sobre as trocas sociais que se vêm dando no mundo do trabalho; realiza
atividades que são próprias de outras profissões, com isto se faz evidente que ditas
transformações têm sido originadas pela necessidade de manter-se ativo no mercado
profissional, respondendo, por sua vez, aos processos da polivalência implementados
pelo mesmo sistema capitalista.
Ao observar os discursos dos chefes com relação às ações que
desempenham os assistentes sociais, encontrou-se as seguintes afirmações: “Plantear
programas que lleven al bienestar de los trabajadores y sus familias”, “Responder por el
reclutamiento hasta el proceso de selección completo del personal de la empresa,
entrenamiento, capacitación, formación, clima organizacional y compromiso social”,
“Trabajar en la parte social de la comunidad, y atender las relaciones con el entorno”.
(Chefes das empresas Nº 21 e 30).
São todas ações que respondem a processos tanto tradicionais como atuais.
Encontrou-se coincidência no que falam os profissionais e no que dizem os chefes,
podendo-se concluir que: as ações dos assistentes sociais nas empresas vão desde
ações próprias da profissão até as de outras profissões, as quais tendem ao bem-estar
para os trabalhadores e suas famílias e à responsabilidade com a comunidade. Ações
para as quais os profissionais nem sempre reconheçam estão suficientemente bem
preparados.
191
Igualmente os trabalhadores foram claros ao afirmar:
“Desarrollar programas relacionados con la capacitación y formación de los trabajadores de la Empresa, organizar las celebraciones y días clásicos como día de la Madre, del padre, la Mujer, fiesta de la familia, fin de año, desarrollar programas de Bienestar relacionados con la familia como es el programa de Vivienda, realizar visitas domiciliarias, Atender los programas de Inducción, brindar atención y acompañamiento a los trabajadores, realizar entrevistas, coordinar la evaluación de desempeño, definir planes de seguimiento y mejora, Manejar carteleras, hasta, coordinar la medición de clima organizacional.” (Ttrabalhadores que participaron no cuestionario das a çã dos asistentes sociais)
Todas as ações anteriores são desenvolvidas em seus diferentes cargos
pelos profissionais das empresas de diferentes setores, tamanhos e variados níveis de
antiguidade. O que importa é a clareza que se tem das funções que vem exercendo e
como estas refletem o nível de preparação que os profissionais precisam ter para poder
dar conta de seu fazer e responder às diferentes demandas dos empregadores e
trabalhadores.
192 Quadro 3 - Ações administrativas e operativas que desempenham os assistentes sociais nas áreas de gestão humana, segundo os
profissionais, os chefes e os trabalhadores.
AÇÔES DESENVOLVIDAS PELOS ASSISTENTES SOCIAIS NAS EMPRESAS PRIVADAS DE MEDELLIN – O DISCURSO PROFISSIONAL
PROCESSOS ADMINISTRATIVOS Coordinar os ejes estratégicos de Gestión Humana a través de la selección contratación, capacitación, formación, bienestar laboral, relaciones laborales nómina, comunicaciones, seguridad social y la salud ocupacional. Assistente social No. 2
Velar por la estrategia de la compañía, para que el grupo de trabajadores sean más productivos, más competentes. Assistente social No. 7
Ser soporte del sistema de calidad del área de Gestión Humana y del clima organizacional. Assistente social No. 42
Mantener el clima laboral, administrar los servicios y beneficios del pacto colectivo de la empresa. Assistente social No. 27
Apoyar la administración de la gente. Assistente social No. 10
Administrar los programas de capacitación. Asssistente social No. 33
Dirigir, diseñar, planear e implementar todo lo que tiene que ver con lo humano, tanto desde lo legal como desde la cultura organizacional. Assistente social. No. 21
Administrar y velar por los indicadores de gestión para la gerencia. Assistente social No. 9
Promover los sistemas de participación del programa KAISEN.” Assistente social No. 25
Dirigir y coordinar todas las unidades, empezando por la planeación y ejecución, control, evaluación y seguimiento de todos los procesos de las unidades a partir de la medición de indicadores. Assistente social No. 31
“Atraer y retener el mejor talento humano para la organización y facilitar su desarrollo”. Assistente social No. 34
Administrar los beneficios de la convención colectiva, mantenimiento de los procesos de gestión humana y mantener unas relaciones adecuadas con el sindicato y con los empleados. Assistente social No. 36
PROCESSOS OPERATIVOS
DE APOIO DIRETO A OS CHEFES
APOIO DIRETO A OS TRABALHADORES APOIO DIRETO A FAMILIA APOIO DIRETO À COMUNIDADE
Acompañar y desarrollar a los jefes, para que cumplan con
Atender los pilares de salud, recreación, deporte, beneficios legales y extralegales, vivienda,
Ejecutar los programas de recreación con las familias y los
Atender las solicitudes de las comunidades. Assistente
193
todos los procesos. Assistente social No. 1
alianzas interinstitucionales, (Fondo de empleados, cajas de compensación). Assistente social No 4.
trabajadores, charlas para las esposas y atender sus solicitudes. Assistente social No 3
social No. 21
Asesorar a los diferentes jefes en los procesos de Gestión Humana. Assistente social No. 1
Coordinar programas de desarrollo social de los trabajadores y su familia”. Assistente social No 5
Apoyar el bienestar de las familias de los trabajadores de acuerdo al ciclo vital a las problemáticas más conocidas, tales como encuentros de parejas, padres e hijos. Assistente social No 24
Liderar la responsabilidad social del negocio. Assistente social No. 42
Orientar a los trabajadores para la satisfacción de sus necesidades tanto económicas como sociales. Assistente social No . 18
Realizar procesos de formación humana y espiritual, sobre el ser y sus valores. Assistente social No. 18
AÇÔES DESENVOLVIDAS PELOS ASSISTENTES SOCIAIS NAS EMPRESAS PRIVADAS DE MEDELLIN – O DISCURSO DOS CHEFES
Responder por los procesos de selección y entrenamiento de las personas. Chefes das empresas: 3, 12, 20, 21, 30 e
Plantear programas que lleven al bienestar de los trabajadores y sus familias: Ibid.
Trabajar en la parte social de la comunidad, atiende las relaciones con el entorno. Chefe da empresa No. 21
Responder por el reclutamiento hasta el proceso de selección completo del personal de la empresa, capacitación, formación, clima organizacional e compromiso social. Chefe da empresa No. 30.
AÇÔES DESENVOLVIDAS PELOS ASSISTENTES SOCIAIS NAS EMPRESAS PRIVADAS DE MEDELLIN – O DISCURSO DOS TRABALHADORES. Fonte: Trabalhadores participantes do questionario.
Desarrollan programas relacionados con la capacitación y formación de los trabajadores de la Empresa.
Organizan las celebraciones y días clásicos como día de la Madre, del padre, la Mujer, fiesta de la familia, fin de año.
Desarrollan programas de Bienestar relacionados con la familia como es el programa de Vivienda
Realizan visitas domiciliarias
Atienden los programas de Inducción
194
Brindan atención y acompañamiento a los trabajadores
En los programas de selección de personal realizan las entrevistas
Coordinan la evaluación de desempeño.
Definir planes de seguimiento y mejora.
Manejo de carteleras
Medición de clima organizacional.
195
4.4.2. O PARA QUÊ DA PRÁTICA PROFISSIONAL DOS ASSISTENTES SOCIAIS.
O para quê das ações nos espaços sociointitucionais dos profissionais é
uma pergunta que intenta dar conta dos objetivos, da razão de ser da profissão, pelo
que dão significado e respondem às finalidades do que fazem os profissionais, são os
objetivos propriamente ditos. Nos discursos dos assistentes sociais encontram-se as
razões de suas ações e que procuram crescimentos diretos para as empresas, para os
trabalhadores e para públicos diversos que também têm expectativas frente às suas
ações.
Segundo os assistentes sociais, a partir do objetivo apoiam as empresas, pois esperam que as ações lhes permitam:
“Ser socios estratégicos e que los procesos vayan en la dirección y cumplimiento de los objetivos y las políticas y estrategias de la Compañía”, (Assistente social Nº 27);“no impactar negativamente la empresa” (Assistente social Nº 30); “Empoderar a los diferentes jefes de las plantas con los procesos de la Gestión humana para lograr la estrategia del negocio”, (Assistente social Nº 29); “Brindarle a la compañía el recurso humano calificado, con un ambiente laboral idóneo para desempeñar las funciones y alcance de los objetivos”, (Assistente social Nº 37); “Que los empresarios vean que el aporte que uno hace para ellos es enriquecedor también para la gente”, (Assistente social Nº 40); “ Sacar adelante una compañía que estaba a punto de cerrarse”, (Assistente social Nº 35); “Para que a nivel país e incluso por fuera de él, ejecutemos unos procesos de selección que garanticen que esas personas apoian la cultura que queremos construir, e Impactar los resultados de la empresa”. (Assistente social Nº 34).
Chamam a atenção as seguintes afirmações:
“apoyar la mentalidad del cambio. Nos da muy duro el cambio y especialmente en empresas tan tradicionales, como esta. Aquí antes no salía gente, no había rotación de personal y desde hace 6 años para acá hay muchos cambios por el medio y el tema es apoyar a la gente a que aceptemos el cambio, que no es que las empresas no quiera la gente sino que nos tenemos que meter en el cuento de que estamos en otros mundo en otra empresa y ese aporte de nosotros ayuda mucho, y es una de las parte donde la empresa se apoya mucho, pues somos una figura donde todo el mundo nos cree, es esa parte social que la gente le tiene confianza entonces hay que ayudar a que realmente se acepte.” (Assistente social Nº 16);
“También mirar que ese tema de beneficios no se está perdiendo, se está administrando, el tema de tener políticas sirve mucho porque la gente ya conoce los temas y saben a que tienen derecho o no. Y la persona responsable de lo social sabe que de una u otra manera puede apoyar al trabajador o con las políticas internas, o con los medios que están afuera y con los cuales se puede coordinar. No solo es la empresa que lo tiene que apoyar también hay otras instancias y los
196
trabajadores son muy cerrados que todo tiene que ser la empresa, y no, la empresa da un apoyo y el administrar los beneficios es otra forma de conseguirlos también por fuera”. (Assistente social Nº 16).
No que se refere aos trabalhadores, as assistentes sociais falam dos
objetivos que buscam realizar e que afirmam ser os de apoiar os trabalhadores,
melhorar suas qualidades de vida, garantir o bem estar familiar.
“Apoyar el mejoramiento y el mantenimiento de la calidad de vida en el trabajo de los colaboradores a nivel económico, capacitación, alimentación y vivienda”, (Assistente social Nº 18); “Garantizar el bienestar de las familias”, (Assistente social Nº 43); “la satisfacción laboral de la gente, que puedan alinear el trabajo con el poco tiempo que le puedan dedicar a la familia” (Assistente social Nº 39).
Os objetivos que lhes permitem apoiar as empresas e os trabalhadores ao
mesmo tempo são:
“Facilitar el cumplimiento legal y mejores condiciones de bienestar, que permitan que la gente crezca mientras el negocio crece”, (Assistente social Nº 17); “Garantizar el cumplimiento del pacto colectivo y el mejoramiento del clima laboral”, (Assistente social Nº 11); “Generar satisfacción y bienestar de la gente, apuntando al crecimiento rentable, productividad y competitividad de la empresa”, (Assistente social Nº 24); “El manejo adecuado de las relaciones individuales y colectivas de trabajo”, (Assistente social Nº 37); “Demostrar que las áreas sociales no estamos para poner en contra los trabajadores, estamos es para ayudar a una mejor calidad de vida de los trabajadores y mejorar el ambiente de trabajo”. (Assistente social Nº 43).
Para apoiar outros públicos, declaram os seguintes objetivos:
“No impactar negativamente a los diferentes públicos relacionados con la compañía”, (Assistente social Nº 30); “Brindarle al país y a la comunidad en general, oportunidades de empleo digno, para hacer una mejor sociedad”. (Assistente social Nº 37).
Em termos gerais, os assistentes sociais parecem ter objetivos muito claros
para cada um dos grupos humanos com os quais tem relação direta ou indireta e
diferentes responsabilidades. É importante reconhecer o sentido de pertencimento e
identificação com as políticas e filosofias da empresa. Antes de tudo, o assistente social
reconhece os fins e propósitos do trabalho, os quais, segundo os depoimentos acima,
oferecem maior atenção e respaldo.
O processo de trabalho do serviço social, como qualquer trabalho no setor de serviços, gera “valores de uso” apesar de não produzir
197
diretamente mais valia. Seu produto não é necessariamente de base corpórea, material, mas expressa um resultado, um valor de uso, que se incorpora ou não, dependendo de cada prática profissional em si – ao processo geral de produção e de reprodução social. Independente da forma social que assuma - diretamente inserido nas estruturas empresariais ou vinculado a organismos políticos da sociedade civil e do estado, os assistentes sociais estabelecem vínculos contratuais com os empregadores o que caracteriza uma relação de trabalho. (GENTILLI, 2006, p. 22)
Quando o assistente social admite que a estratégia da empresa é o objetivo
de seu cargo, está ao mesmo tempo reconhecendo-se, não como um profissional crítico
de si, não como um assalariado e dependente, mas com força e critério individual, pois
se sente como um representante e mediador entre empresa e trabalhadores. Perde o
sentido crítico frente à filosofia e políticas da empresa, e assume a fidelidade como o
valor com o que retribui ao empregador seu posto de trabalho, donde a prioridade é a
sobrevivência. Reconhece as mudanças do meio laboral, a ponto de apropriar-se de
determinadas práticas, tais como os programas de qualidade total, 5 SS, Melhoramento
produtivo total, Kaisem, entre outros desenvolvidos pelas mesmas empresas, fazendo
com que os trabalhadores a assuma como um benefício para sua qualidade de vida.
Observa-se claramente nos discursos, que a prioridade é a produção, posto
que, no momento de atenção ao trabalhador, atendem a melhores condições que lhes
permitirão produzir mais, fazer passar dos interesses coletivos para os interesses
individuais. O assistente social está convencido que o bem-estar da empresa aumenta
o bem-estar do trabalhador, o que quer dizer que, indiretamente, coloca a empresa e a
seus ganhos como finalidade última desta relação.
O assistente social, e, em geral, as equipes de trabalho das áreas de gestão
humana, cumprem a missão de construir uma imagem positiva e humanizada da
produção; permitem que as empresas mascarem sua única finalidade de produção,
gerando com suas ações um espírito que enlaça o compromisso com a empresa e com
a sociedade e a manutenção futura da humanidade.
É importante observar, que tal fato só é possível nos planos estratégicos dos
negócios, expressos na missão, visão e objetivos da empresa, mas, em seu cotidiano,
na realidade, segue tendo prioridade a contradição. A profissão do serviço social nas
198
empresas, parece cumprir mais a função do sofisma que de consciência crítica, a qual
objetiva resolver o conflito das desigualdades de classe.
Frente à pergunta do porque os assistentes sociais vêm desempenhando tais
ações, é evidente, que está ligado ao compromisso que assumem quando contratados
e com a empresa, o qual assumem como o dever de respaldar prioritariamente a
filosofia do negócio, filosofia esta que procura, em primeira e última instâncias, a
máxima produtividade.: “Lo que busca a potencializar a capacidades del ser
humano en todos a procesos y escenarios para que sea más productivo.”
(Assistente social Nº 30. “Con esto la empresa ahorra cantidad de plata y cosas”.
Evidencia-se com isto, que os assistentes sociais têm consciência que suas
intervenções servem de apoio ao lucro dos donos dos meios de produção e entendem
que devem poupar custos traduzidos em ganhos para a empresa. As “coisas”,
entendidas como matérias, processos e intervenções, graças às intermediações do
profissional, também propiciam este fim.
199 Quadro 4 – Para quê das ações segundo os discursos dos profissionais, dos chefes e dos trabalhadores
O PARA QUÊ DA PRÁTICA PROFISSIONAL NO DISCURSO DOS ASSISTENTES SOCIAIS BENEFÍCIOS PARA A
EMPRESA PARA O TRABALHADOR PARA AMBOS PARA OUTROS
Ser socios estratégicos. Llegar hacer más transversal, más
estratégico con todos los procesos. Assistente social
Nº 1
Apoyar el mejoramiento y el mantenimiento de la
calidad de vida en el trabajo de los
colaboradores. Assistente social Nº 41
Facilitar el cumplimiento legal y mejores condiciones de bienestar, que permitan que la gente crezca mientras el negocio
crece. Assistente social Nº 17
Los procesos vayan en la dirección y cumplimiento de las políticas y estrategias de la
Compañía y no impactar negativamente la producción, ni a los diferentes públicos
relacionados con la compañía. Assistente social Nº 30
Conectar todos los procesos de la
organización con la estrategia del negocio para alcanzar su cumplimiento.
Assistente social Nº 42
Garantizar el cumplimiento del pacto colectivo, y el mejoramiento del clima
laboral. Assistente social Nº. 27
Generar satisfacción y bienestar de la gente, apuntando al crecimiento rentable,
productividad y competitividad de la empresa. Assistente social Nº 24
Empoderar a los diferentes jefes de las plantas con los
procesos de la Gestión humana para lograr la estrategia del negocio Assistente social Nº 34
Para el mejoramiento de la calidad de vida de los trabajadores a nivel
económico, de capacitación, alimentación y vivienda. Assistente social
Nº 18
Garantizar el bienestar a los empleados y sus familias Fonte: Assistente social No. 43
Brindarle, a la compañía el recurso humano calificado, un ambiente laboral
idóneo para desempeñar las funciones y alcance de los objetivos. Assistente social
Nº 37
Brindarle al país y a la comunidad en general, oportunidades de empleo digno, para hacer una
mejor sociedad. Assistente social Nº 37
Para que en la Dirección se observe el cumplimiento
de los objetivos. Assistente social Nº 40
Para lograr la satisfacción laboral de la gente, que puedan alinear el trabajo con el poco tiempo que le
puedan dedicar a la familia. Assistente social Nº 39
Aportarle primero mucho a la compañía, que ellos vean que el aporte que uno
hace para ellos es enriquecedor también para la gente, y que se está cumpliendo
con los lineamientos estratégicos. Assistente social Nº 40
Sacar adelante una compañía que estaba a punto de cerrarse. Brindar confianza de que se puede salir adelante, pues si un inversionista
pensó de que esta empresa podría salir adelante nosotros también, podemos pensar lo
mismo. Assistente social Nº 35
Para que a nivel país e incluso por fuera de él,
ejecutemos unos procesos de selección que
garanticen que esas personas apoian la cultura
Para el manejo adecuado de las relaciones individuales y colectivas de
trabajo. Assistente social Nº 37
200
que queremos construir. Assistente social Nº 34
Dar a la Organización todo el soporte que requiere con
una buena selección del Recurso Humano.
Assistente social Nº 34
Demostrar que las áreas sociales no estamos para poner en contra los
trabajadores, estamos es para ayudar a una mejor calidad de vida de los
trabajadores y mejorar el ambiente de trabajo. Assistente social Nº 43
Impactar los resultados de la empresa Assistente social
N34
O PARA QUÊ DA PRÁTICA PROFISSIONAL DOS ASSISTENTES SOCIAIS NO DISCURSO DOS CHEFES Responder por los procesos de selección, inducción y entrenamiento del personal, a sus ves apoyar todo lo relacionado con la capacitación de las
personas. Chefe da empresa Nº 3
Aportar a las organizaciones ya sean externas o internas, generarles y ayudarles a crecer a plantear programas que les lleven a buscar su bienestar tanto en lo social como en las partes relacional. Chefe da empresa Nº 30
Tener un orden en el área de recursos humanos, atendiendo también el área social de la empresa. Chefe da empresa Nº 21
Apoyar los objetivos relacionado con la parte comercial y de mercadeo de la empresa. Chefe da empresa Nº 20
O PARA QUÊ DA PRÁTICA PROFISSIONAL DOS ASSISTENTES SOCIAIS NO DISCURSO DOS TRABALHADORES Brindan opciones a los trabajadores donde puedan estar muy bien en la empresa
Para Mejorar las condiciones de vida de los trabajadores
Brindar educación y formación adecuada
Mejorar el clima laboral
Mejores condiciones de vida para las familias de los trabajadores
Disminución de accidentes y enfermedades
Mayor productividad y rendimiento. (Fonte: Questionario dos trabalhadores participantes)
201
4.4.3. O PORQUÊ OS ASSISTENTES SOCIAIS DESEMPENHAM ESSAS AÇÕES NAS EMPRESAS?
De igual maneira o porquê dessas ações permite aprofundar as justificativas ou
motivos das ações. Se estão beneficiando às empresas, aos trabalhadores e às suas
famílias, também é certo que os assistentes sociais têm satisfação pessoal ao
responder a muitas de suas expectativas profissionais.
Observe-se os depoimentos de alguns assistentes sociais participantes da
pesquisa sobre os motivos das suas ações profissionais:
“Porque finalmente desde mi cargo se dan las directrices para alcanzar mejores condiciones de vida, salariales, de empleabilidad y eso me gusta hacerlo”, (Assistente social Nº37).
“Porque adquirimos una visión muy integral del trabajador y su familia. Esa visión de la familia, con la esposa, con los hijos, le ayuda a uno a descubrir como ese trabajador es afectado por el grupo familiar”. (Assistente social Nº 28).
“La empresa ha tenido unos cambios y desde su mismo plan estratégico está cambiando competencias, valores y la idea es que estén direccionado a las competencias que desarrollen las personas”. (Assistente social Nº 38).
Pode-se observar em tais registros, que os assistentes sociais fazem-se, às
vezes, de eixo articulador entre a empresa, o trabalhador e sua família, propiciando
superar barreiras sociais, culturais e econômicas. Para eles, praticam ações tendentes
a gerar capacidades que elevem a autoestima do trabalhador e de sua família e
redundem em maior compromisso com a empresa. Esta, ao final, é uma forma de
controle e vigilância que faz a empresa para minimizar os riscos políticos que
representa o trabalhador que não veste a camisa da empresa.
Chama a atenção a afirmação que mostra o nível de ingenuidade política e
de falta de consciência crítica de algumas assistentes sociais, as quais, não percebem
a contradição existente entre o que fazem pelo trabalhador e o fim último da empresa,
parece que se humaniza para escravizar, para submeter, dando a ideia de que se
ocupa da pessoa, quando no fundo só interessa como força de trabalho produtiva e
submissa:
“En esta compañía los dueños son personas muy humanas, se interesan mucho
202
por la persona como tal, para ellos es esencial el contacto, el trato, el acercamiento con la gente, para ellos eso es lo más importante. Ellos piensan, y es cierto, que uno acercándose a la gente y tratándolos como un ser con todas sus capacidades, con sus limitaciones, con todo lo que uno puede hacer con ellos, la gente es más productiva”. (Assistente social Nº 40).
Outras afirmações a serem levadas em conta são as seguintes:
“Porque me gusta ser como mediadora, conciliadora y negociadora de esas situaciones que se presentan entre empleados y empresa y hemos logrado transformar condiciones que se estaban vulnerando, hemos logrado controlarlos” (Assistente social Nº 41).
“El dueño tiene una mirada muy integral del trabajador y muy humana en el sentido de que le importa mucho la calidad de vida en el trabajo la espiritualidad como esa integralidad de ser buena persona. Poder tener la capacidad de poder implementar una norma una política y también tener la posibilidad de entender integralmente al ser humano de poder combinar todo su tema individual y social con el todo que es lo organizacional. Estamos haciendo y buscando una gestión de lo humano, y ese ser humano que nosotros vamos a traer aquí, hace parte de un montón de esferas, de dominios y un montón de temas alrededor, y mientras más abiertas estén esas personas a mirar a ese ser humano de una manera integral bienvenidos sean a este equipo”. (Assistente social Nº 19).
Em muitas ocasiões os assistentes sociais são solicitados para que possam
interpretar o sentimento e a filosofia de quem está à frente das companhias, sejam
estes os donos ou os administradores. Devem ter capacidade de por em ação o ideal
de trabalhador ou de pessoa que se inscreve dentro de um perfil oculto e em coerência
com o perfil manifesto que declara a companhia. Em geral os chefes e as empresas
propõem um perfil muito humano e aí colocam a formação e o trato, mas, não se pode
esquecer, que no momento do resultado e dos balanços, o que pesa é a produção e os
ganhos e isto se coloca acima e de maneira independente da condição humana que faz
parte da filosofia.
Também se coloca em evidência a consciência que manifestam algumas
assistentes sociais ao assumir o papel de mediadoras, o qual mostra as satisfeitas e as
conformadas com a função exercida, realidade na qual mascara o verdadeiro fim para o
qual foi contratada pela empresa.
Com relação à opinião dos chefes frente à pergunta do porquê fazem tais
ações, se encontrou os seguintes discursos :
203
“Por el bienestar social y humano de las personas”, “Se mejoran los procesos de producción, apoyan la buena imagen de la empresa”, “Por las necesidades de las personas y por la formación, que lógicamente es muy enfocado a las necesidades que tenemos en las empresas”, “Somos responsables de todo lo relacionado con el Recurso Humano”, “Porque se garantiza empleo, estabilidad y mejores condiciones de vida al trabajador y beneficiamos la familia”, “Estamos respondiendo con compromiso y un deber ser de la empresa, tener personal competente y satisfecho, cumpliendo con los requisitos y yendo más allá de ellos con la sociedad”,“La consecución del bienestar de los empleados va muy de la mano con los objetivos organizacionales”. (Chefes das empresas 3, 12, 20, 21 e 30).
Isto posto, fica evidente que os chefes têm consciência do porquê das ações
dos assistentes sociais, e mostra que as profissionais têm sido contratadas para
cumprir especificamente funções de bem-estar junto aos trabalhadores para alcançar e
ou obter um clima cordial e de acordo com os objetivos que garantam uma produção e
um ambiente de trabalho tranquilo. Todas as ações, que são solicitadas às assistentes
sociais, mantém oculto este propósito.
204
Quadro 5 – O Porquê da prática profissional, segundo os discursos dos profissionais, dos chefes e dos trabalhadores.
O PORQUÊ DA PRÁTICA PROFISSIONAL NO DISCURSO DOS ASSISTENTES SOCIAIS
Por beneficio a ambos Por beneficio ao trabalhador Por beneficio a empresa Por beneficio a própria profissão
Es necesario mantener unas relaciones armónicas entre las partes y que el trabajador pueda encontrar en
el negocio un desarrollo como persona, como empleado, como ser
humano, como miembro de una sociedad y a la vez pueda ser
productivo. Assistente social Nº 37
Porque finalmente desde mi cargo se dan las directrices para
alcanzar mejores condiciones de vida, salariales, de empleabilidad y eso me gusta hacerlo. Assistente
social Nº 37
Con esto la empresa ahorra cantidad de plata y cantidad de cosas. Assistente social Nº
30
Por las competencias de conocimientos y del ser que se adquieren y se ayudan a
alcanzar a los otros y por esa mirada holística de temas y
procesos que implementamos desde la gestión humana
Assistente social Nº 38
Porque nosotros tenemos que asegurar que en cada región se
cumplan perfectamente las 4 áreas de la Vicepresidencia. Velar porque todo lo de formación, todo lo que tiene que
ver con la estructura, salarios, beneficios se cumpla. Assistente social
Nº 32
Porque adquirimos una visión muy integral del trabajador y su familia.
Esa visión de la familia, con la esposa, con los hijos, le ayuda a
uno a descubrir como ese trabajador es afectado por el grupo
familiar. Assistente social Nº 28
La empresa ha tenido unos cambios y desde su mismo
plan estratégico está cambiando competencias,
valores y la idea es que estén direccionado a las
competencias que desarrollen las personas. Assistente social
Nº 38
Porque he podido acercarme más en el campo laboral,
identificar las necesidades de los empleados, y satisfacer
las necesidades secundarias generando un impacto, para mostrar el retorno, hay veces
que hay actividades que están bien pensadas, bien
organizadas y se caen cuando uno las vende, por
que se salen de la estrategia del negocio, ha sido retador y
de aprendizaje. Assistente social Nº 36
Porque me gusta ser como mediadora, conciliadoras y
negociadoras de esas situaciones que se presentan entre empleados y
empresa y hemos logrado transformar condiciones que se estaban vulnerando, hemos logrado
En esta compañía los dueños son personas muy humanas, se
interesan mucho por la persona como tal, para ellos es esencial el contacto, el trato, el acercamiento con la gente, para ellos eso es lo más importante. Ellos piensan, y
es cierto, que uno acercándose a la gente y tratándolos como un ser
Lo que busca es potencializar las capacidades del ser
humano en todos los procesos y escenarios para
que sea más productivo. Assistente social Nº 30
205
controlarlos. Assistente social Nº 41
con todas sus capacidades, con sus limitaciones, con todo lo que
uno puede hacer con ellos, la gente es más productiva. Assistente
social Nº 40
El dueño tiene una mirada muy integral del trabajador y muy
humana en el sentido de que le importa mucho la calidad de vida
en el trabajo la espiritualidad como esa integralidad de ser buena
persona. Poder tener la capacidad de poder implementar una norma
una política y también tener la posibilidad de entender
integralmente al ser humano de poder combinar todo su tema
individual y social con el todo que es lo organizacional. Assistente
social Nº 35
Estamos haciendo y buscando una gestión de lo humano, y ese ser humano que nosotros vamos a
traer aquí, hace parte de un montón de esferas, de dominios y un montón de temas alrededor, y mientras más abiertas estén esas
personas a mirar a ese ser humano de una manera integral bienvenidos sean a este equipo.
Assistente social Nº 19
O PORQUÊ DA PRÁTICA PROFISSIONAL NO DISCURSO DOS CHEFES
Por el bienestar social y humano de las personas.
Se mejoran los procesos de producción, apoyan la buena imagen de la empresa,
Por las necesidades de las personas y por la formación, que lógicamente es muy enfocado a las necesidades que tenemos en las empresas.
Somos responsables de todo lo relacionado con el Recurso Humano
206
Es la mano derecha en la dirección de la organización, es el soporte para cualquier decisión, es la responsable directamente en todo lo relacionado con la gente.
Porque se garantiza empleo, estabilidad y mejores condiciones de vida al trabajador y beneficiamos la familia.
Estamos respondiendo con compromiso y un deber ser de la empresa, tener personal competente y satisfecho, cumpliendo con los requisitos y yendo más allá de ellos con la sociedad.
La consecución del bienestar de los empleados va muy de la mano con los objetivos organizacionales. Chefes das empresas: 3, 12,20,21,e,30
O PORQUÊ DA PRÁTICA PROFISSIONAL NO DISCURSO DOS TRABALHADORES
Brindan opciones a los trabajadores donde puedan estar muy bien en la empresa
Para Mejorar las condiciones de vida de los trabajadores
Brindar educación y formación adecuada
Mejorar el clima laboral
Mejores condiciones de vida para las familias de los trabajadores
Disminución de accidentes y enfermedades
Mayor produtividade y rendimento.
Fonte: Questionarios dos trabalhadores participantes na pesquisa
207
4.4.4 O COMO FAZEM SUAS PRÁTICAS OS ASSISTENTES SOCIAIS NAS EMPRESAS? PRINCIPAIS
METODOLOGIAS E FERRAMENTAS UTILIZADAS.
A pergunta como fazem requer explicitar e, ou aprofundar os diferentes
procedimentos e metodologias utilizadas pelas assistentes sociais para por em ação os
objetivos e propostas das áreas da gestão humana. Metodologias, métodos, técnicas e
instrumentos apropriados durante a formação profissional nas universidades também
podem ser tratados como conteúdo necessário e indipensável e reforçado na formação
complementar que exige o cargo ocupado pelo assitente social na empresa privada em
Medellin.
Nos discursos realizados pelos profissionais sobre o como fazem na prática o
seu trabalho, encontrou-se diferenças entre as ações administrativas e ações
operativas. Os depoimentos revelam pluralidade de modalidades de ações e processos
de trabalho de caráter administrativo. As ações enumeradas e mais voltadas aos
processos administrativos foram explicitadas da seguinte maneira:
“Definiendo políticas, planes y programas, (Assistente social Nº 34); “Llevando control y seguimiento”, (Assistente social Nº 12); “Manejando a relaciones laborales hasta el punto de atender el tema disciplinario”, (Assistente social Nº 42); “administrando a ção gac”, (Assistente social Nº 39); “Desarrollando actividades que nos suministran información”, (Assistente social Nº 24); “Con centros de expertos apoyados por especialistas en las relaciones laborales” (Assistente social Nº 27; “Con plan de desempeño y desarrollo de nuestros jefes”, (Assistente social Nº 27; “Nosotros estamos enmarcados desde el 2008 en el tema del SER desde ahí trabajamos todos los aspectos,” (Assistente social Nº 30); “Presentando el presupuesto anual de bienestar laboral”, (Assistente social Nº 9; “acompaño las relaciones laborales y gestión humana. (Assistente social Nº 31); Coordino en todo el país las directrices dadas por la gerencia”, (Assistente social Nº 37); “Definiendo todos los procedimientos de gestión Humano”,(Assistente social Nº 2); “Desarrollando mi equipo a cargo, que logren el entendimiento de lo que significa lo que hacemos nosotros y el impacto de lo que hacemos”. (Assistente social Nº 6).
Os discursos anteriores mostram como os assistentes sociais desempenham
ações orientadas pela formação recebida durante o curso de graduação,
especificamente os cursos oferecidos na UPB, à qual pertence o maior número de
participantes desta pesquisa. Pode-se afirmar que a UPB forma assistentes para
cargos de gestão nas empresas privadas de Medellin. As aulas de Política e Bem-
208
Estar, Administração, Talento Humano, Planejamento, Desenho e Execução de
Projetos, Legislação Laboral, Metodologia de Caso e Grupos, permitem apoiar as
ações que eles desenvolvem nas empresas e compreender como os profissionais
respondem às demandas e vêm desempenhando com competência ações
administrativas, expressas por eles.
Os conteúdos das disciplinas referidas acima possibilitam aprendizagem
para um desempenho mais administrativo, mas são igualmente importantes para o
desempenho de ações operativas, mostrando com isso que os assistentes sociais não
só estão preparados para a execução de projetos, mas, também, para a gestão, pois
nos discursos anteriores a ênfase recaiu mais nas capacidades de planejamento e
administração. Assim os discursos abaixo registrados mostram como as ações são
diretamente executadas pelos assistentes sociais, o que eles fazem no seu cotidiano
profissional.
“Con acompañamiento, orientación y seguimiento”, (Asistente social Nº 12); “A través del desarrollo de proyectos”, (Asistente social Nº 8); “Con estudios socio-económicos, visitas domiciliarias, diagnósticos de familia”, (Asistente social Nº 31); “capacitando y formando directamente a las personas”, (Asistente social Nº 13); “Respondiendo por la medición y los planes de acción y seguimiento para mejoramiento”, (Asistente social Nº 14); “Por medio de los programas básicos, de compensación, bienestar, capacitación y cultura organizacional”, (Assistente social Nº 15); “visitando al personal en todas las tiendas de ventas”, (Assistente social Nº 20); “Investigo el reporte de accidentes con el comité paritario y programo acciones de prevención”, (Assistente social Nº 28); “Todo el tiempo estoy mirando el reglamento y lo estamos adaptando para divulgarlo”, (Assistente social Nº 33); “Se logra a través del programa Kaisen”, (Assistente social Nº 11); “Empoderamos a los jefes de operaciones para que asuman las responsabilidades”, (Assistente social Nº 29); “Tengo un equipo de trabajo donde lideran los procesos”, (Assistente social Nº 1);Realizamos eventos las fiestas de quinquenios y preparación a la jubilación”, (Assistente social Nº 29); “ Con reuniones permanentes, manejo las relaciones con los sindicales, llamados de atención, desvinculaciones y mutuos acuerdos”, (Assistente social Nº 32); “A través de módulos ayudamos a entender la dimensión espiritual”, (Assistente social Nº 18); “liquido la nómina, y manejo todos los procesos de la seguridad social”, (Assistente social Nº 44); “Atendemos a las personas, buscamos los recursos, los canalizamos para cumplir con todos los programas”. (Assistente social Nº 23).
Observa-se como aplicam em seu dia a dia métodos específicos do serviço
social aprendidos nas aulas de metodologias, especificamente as de Método de
indivíduo, grupo e comunidade, pois as ferramentas de visitas domiciliares,
209
diagnósticos, estudos socioeconômicos, atenção e orientação aos trabalhadores,
capacitação e atenção de grupos, são assimilados em sua graduação.
Com base no discurso de uma das assistentes sociais, assimila-se que:
“Desde todo el ciclo del PHVA: planear, verificar, hacer y actuar”, (Assistente social Nº
15); observa-se que sua intervenção nas áreas de gestão humana vai desde o
administrativo até processos pontuais operativos. Pode-se deduzir, que as estratégias
administrativas têm sido convertidas, ao longo do tempo, em uma das ferramentas
mais utilizadas para levar a cabo processos administrativos mais ordenados, ao mesmo
tempo em que legitima, a partir de sua concepção acadêmica, a obtenção de seus
resultados. Dentro destas ferramentas podemos fazer menção aos diagramas de
pareto, causa e efeito, diagrama de atividades, de relações, matricial, de fluxo,
matrizes, histogramas, o PHVA, entre outros, ferramentas nem sempre todas
aprendidas nos anos de graduação, alguns as adquirem em seus estudos
complementares, mas não se desconhece que em todos os currículos a UPB tem
oferecido conhecimento básico nas aulas de administração aos estudantes.
Hoje, é comum encontrar assistentes sociais que facilitam os objetivos de
suas instituições ou empresas através de intervenções que vão desde o desenho e a
execução de políticas de bem-estar até a administração das mesmas, utilizando como
já se falou antes, ferramentas mais operativas, próprias da formação do serviço social.
Com base no exposto, concluiu-se que as assistentes sociais fazem uso de
instrumentos e metodologias variáveis, que não são todas aprendidas na formação nas
universidades com as disciplinas curriculares próprias da profissão, mas, por
necessidade de suas práticas e pelas demandas das empresas atuais que trabalham.
Quase sempre necessitam ajustar e articular às suas ferramentas, metodologias e
saberes de outras profissões, como administração e psicologia, entre outras.
Os profissionais recolhem fragmentos de diferentes discursos e os articulam em função das necessidades da prática, de maneira meramente instrumental. Apropriam-se de lógicas e fragmentos de antigas obras que se sucederam historicamente e que ainda são difundidas entre os profissionais. “As representações discursivas são articuladas pelos profissionais na prática, configurando e expressando um discurso polifônico, permeado de contradições representacionais, que se mantém ativas nas diversas concepções de profissão que circula
210
no mercado.” (GENTILLI, 2006; p. 30)
Ainda, no campo do mundo laboral é comum encontrar assistentes sociais
valorizando mais as ferramentas administrativas e de outros campos do que as mais
utilizadas da profissão de serviço social.
É importante trazer o seguinte discurso, que reflete a maneira de pensar de
muitas das profissionais, onde uma assistente social nega o uso das metodologias e
ferramentas dadas em sua formação como assistente social, e, ainda, no meio da
entrevista, vão descobrindo pouco a pouco, que essas metodologias e ferramentas
fazem parte de suas intervenções no dia a dia.
À pergunta quais são os métodos, enfoques e técnicas aprendidas da
profissão que mais utilizam em suas intervenções do campo laboral?, assim
responderam: “De todo lo que yo hago, ninguna”. (Assistente social Nº 17. ) E de novo
se indagou: Você tem que entrevistar? “Si”. Faz visitas domiciliarias? “Si”. Dão atenção
aos indivíduos, caso?. “Si pero más en el tema de remisión, es una atención inicial”.
Trabalha com grupos? “Con equipos de trabajo. Si”. E continua a assistente social
pesquisada:
“Esa es la formación que uno tiene pero para el día a día que yo diga voy a utilizar este método, no, pero claro se vuelve del día a día. Pero claro indudablemente las herramientas que dio la universidad, lógicamente nos han servido para el trabajo en equipo, a saber cómo planear, coordinar,como nos metemos acá, en la formación de líderes, yo pienso que desde trabajo social aprendemos mucho porque nos gusta meternos, eso lo lleva la formación inicial.” (Assistente social Nº 17).
A assistente social termina afirmando que as ferramentas dadas pela
universidade em sua formação têm se convertido em ferramentas do “dia a dia”,
fazendo uso delas quase inconsciente, sem se dar conta de sua utilização. Descobre-se
então, que as ferramentas aprendidas na formação como assistente social são chaves
para seu desempenho e suas intervenções com os trabalhadores das empresas e suas
famílias. Porém, se encontrou um número considerável das pesquisadas que falam não
usar métodos, nem ferramentas da profissão, recusam seu conhecimento e dão maior
força aos métodos e ferramentas de outras profissões como a administração, a
psicologia e a advocacia. As correspondentes à administração foram mencionadas
211
acima, as de psicologia temos provas psicológicas, entrevistas de profundidade,
psicologia de motivação e aplicação de medição de competências; as da advocacia
encontramos a condução mínima das relações contratuais trabalhistas, as sanções e
os encargos disciplinares, e os métodos de negociação entre outros.
No momento de reconhecer as metodologias utilizadas, algumas falam:
“Manejo de grupos, trabajo con comunidades, enfoque sistêmico”, “Investigación a fundamental, a estadística. El método de familia, aunque somos muy cuidadosos de no hacer terapia, somos muy respetuosos de ese saber, lo que hacemos es orientar. Nos apoyamos mucho en los métodos de individuo y grupo”, “Estadística e administración”. (Assistente social Nº 16). A maioria, 90% das assistentes sociais entrevistadas na pesquisa não afirma
diretamente, mas, observa-se, em suas diversas respostas, a utilização de
metodologias variadas, fruto de sua aprendizagem básica no serviço social. Por outro
lado, chama a atenção a negação reiterativa deste fato, pois afirmam ser mais do
administrativo e das competências dadas por outras profissões, que das adquiridas no
curso de serviço social. Pode-se afirmar então, que as assistentes sociais dedicadas ao
campo laboral fazem uma negação inconsciente de sua profissão, pois a consideram de
nível inferior, profissão menor e menos representativa para o status que adquirem ao
trabalhar no dito campo.
“En el día a día tampoco me identifico como Trabajador Social, porque la dimensión del cargo es otro, mi esencia si es ser Trabajador Social y me debo a ello, pero las evoluciones en las organizaciones llevan a que si primero era el cargo en un área específica que hacia unas funciones, hoy con la evolución de las áreas en las organizaciones ya no es la profesión la que hace la gestión de un cargo, es el rol que cumple en esa gestión.” (Assistente social Nº 1). A afirmação acima, de uma assistente social, mostra uma caraterística
particular do serviço social nas áreas de gestão humana das empresas privadas de
Medellín, o dia a dia se impõe sobre a essência da profissão. As necessidades da
empresa ditam o ritmo e determinam as ações, fazendo com que os profissionais
respondam de maneira imediata às urgências, mesmo que para isso seja preciso
modificar seu perfil.
“Essa negação de identidade profissional ocorre também com aqueles profissionais cujos cargos deixaram de denominar: Assistente Social passam a ser
212
reenquadrados nas novas nomenclaturas decorrentes das mais recentes modalidades de administração. Tais profissionais preferem o reconhecimento e a identidade derivados do cargo ao da profissão. Toda essa diversidade situacional é ocasionada pela existência de práticas profissional, bem diferenciadas, decorrentes das demandas que são colocadas aos Assistentes Sociais no mercado de trabalho.” (GENTILLI, 2006; p. 53)
Entre as técnicas que ainda utilizam e descrevem são as “visitas domiciliares,
entrevistas e a elaboração de diagnósticos”. (Assistente social Nº 3).
Dos enfoques, ressaltam o “sistêmico” (Assistente social Nº 4, 8, 15, 41, 43).
E dos métodos recordam o do “Individuo, grupo e comunidade”. (Assistente social Nº 1,
2, 5, 9,11, 23, 25, 42, 43). As matérias do curso que mais utilizam para desempenhar as
ações são: “Gestión Humana, Derecho Laboral, Gerencia Social, Análisis Financieros ”,
“Estadistica, Investigación”, e “Psicología”. (Assistente social Nº 5, 13, 36, 9,11, 2,1,18).
Os assistentes sociais, segundo as respostas dadas, mostram uma
habilidade no momento de falar dos métodos tradicionais da profissão, ainda que estes
métodos tendam a ser substituídos por novos conhecimentos adquiridos através de
outras disciplinas, que são a base e o fundamento do trabalho nas empresas hoje,
especialmente os métodos tomados da administração e da psicologia.
213 Quadro 6 – Como fazem suas ações administrativas e operativas segundo discursos dos profissionais e dos chefes.
O COMO FAZEM SUAS PRÁTICAS PROFISSIONAIS NO DISCURSO DOS ASSISTENTES SOCIAIS NOS PROCESSOS ADMINISTRATIVOS
Definiendo políticas, planes y programas que beneficien la calidad de vida de los trabajadores (Assistente social Nº 37) Llevando el control y seguimiento detallado de todos los procesos a cargo. (Assistente social Nº 12)
Manejando las relaciones laborales hasta el punto de atender el tema disciplinario, los descargos, los despidos, sanciones y hasta la cancelación del contrato. (Assistente social Nº 12)
Administrando los beneficios relacionados con los auxilios, prestamos, convenios con instituciones, y la convención colectiva que existe por el sindicato.” (Assistente social Nº 37)
Desde la planeación hacemos actividades que nos suministran información de las características de la población. (Assistente social Nº 2)
Con centros de expertos apoyados por especialistas en las relaciones laborales, la selección, la administración de personal, el bienestar, el desarrollo humano. Nos centramos más en el plan de desempeño y desarrollo de nuestros jefes, lo que también se hace en cascada. (Assistente social Nº 1)
Nosotros estamos enmarcados desde el 2008 en el tema del SER desde ahí trabajamos los aspectos: social, económico y ambiental y coordinamos todos los procesos. (Assistente social Nº 30)
Presentando el presupuesto anual de bienestar laboral, acompaño las relaciones laborales y gestión humana. Coordino en todo el país las directrices dadas por la gerencia. (Assistente social Nº 9)
Definiendo los procedimientos tales como: Ejecución de la entrevista, que pruebas psicotécnicas vamos a aplicar, qué etapas dentro del proceso de selección vamos a aplicar. Para ello debo desarrollar mi equipo a cargo, que logren el entendimiento de lo que significa lo que hacemos nosotros, el impacto de lo que hacemos, los temas de transmisión de conocimiento y gestión de conocimiento con ellos, también otra responsabilidad es estar muy atenta a entender que está pasando con las nuevas generaciones que estamos vinculando. (Assistente social Nº 34)
Dando los lineamientos y cómo se conducen las relaciones individuales y colectivas de trabajo, pensando siempre en los marcos constitucionales, legales y convencionales. (Assistente social Nº 3)
NOS PROCESSOS OPERATIVOS Acompanhamento, assessorias e outros
Avaliação e controle Processos e Projetos Ferramentas utilizadas
Con acompañamiento, orientación y seguimiento, se despliega la estrategia del negocio hasta toda la organización. Assistente social empresa Nº 1
Por medio de evaluación y verificación de los resultados” Assistente social empresa Nº 12
A través del desarrollo de proyectos de competencias organizacionales, específicas y del ser.
Assistente social empresa Nº 15
Con estudios socio-económicos, visitas domiciliarias, diagnósticos de familia, la fiesta de la familia que la amarramos a la estrategia de bienestar. Assistente social empresa Nº 14
214
Capacitando y formando directamente a las personas. Assistentes social empresa Nº 9
Respondiendo por la medición y los planes de acción y seguimiento para mejoramiento. Assistentes social empresa Nº 2
Por medio de los programas básicos, de compensación, de bienestar, capacitación y el de la cultura organizacional. Assistentes social empresa Nº 18
Estar pendiente visitando al personal en todas las tiendas de ventas. Assistentes social empresa Nº 12
Contamos con un comité de personal expertos para recibir asesorías Assistente social empresa Nº 22
Desde todo el ciclo del PHVA: planear, verificar, hacer y actuar. Assistente social empresa Nº 15
Tenemos dos escuelas principalmente escuela de servicios y escuela de ventas. Assistente social empresa Nº 13
Realizo las visitas familiares, solicito a otras empresas para que nos den la capacitación, investigo el reporte de accidentes con el comité paritario y programo acciones de prevención. Assistente social empresa Nº 25
Todo el tiempo estoy mirando el reglamento y lo estamos adaptando para divulgarlo, revisando y estudiando leyes que le da a uno ciertas potestades para administrar. Assistente social empresa Nº 26
Aplicación semestral de las evaluaciones de desempeño. Se organizan las capacitaciones, se hace seguimiento a exámenes de ingreso, se subcontrata los procesos de salud ocupacional y de clima organizacional Assistente social empresa Nº 34
Se logra a través del programa Kaisen. Assistente social empresa Nº 25
Realizo las visitas domiciliarias directamente, y para los otros procesos empoderamos a los jefes de operaciones para que sean ellos los que asuman las responsabilidades con su personal Assistente social empresa Nº 1
Tengo un equipo de trabajo donde esas personas me lideran los procesos, tengo líderes de proceso, que me coordinan y ejecutan los procesos Assistente social empresa Nº 13
Estar pendiente de que la nómina se monte bien, y tener contacto con la gente en caso de problemas o malas liquidaciones, debo verificar que se liquide todo bien, las asesorías, los reclamos lo coordino yo. Assistente social empresa Nº 33
Con proyectos Vinculamos a la Familia a los programas de la empresa. Realizamos eventos relacionados con las fiestas de quinquenios y preparación a la jubilación. Assistente social empresa Nº 28
.
Con reuniones permanentes. Assistente social empresa No. 26
Manejo las relaciones con los sindicales, todo lo legal, entonces procesos disciplinares, llamados de atención, desvinculaciones y mutuos acuerdos.
A través de módulos entendemos la dimensión espiritual, no como confesionales de una religión, sino como la capacidad del ser humano de comunicarse con su Dios con su creador
215
Assistente social empresa Nº 18
Assistente social empresa Nº 8
Coordino las fiestas y los eventos relacionados con los empleados. Assistente social empresa Nº 34
Reviso los perfiles, monto los planes de capacitación, manejo los presupuestos, liquido la nómina, y manejo todos los procesos de la seguridad social. Assistente social empresa Nº 25
.
Participar dentro del comité de reclamos con el sindicato Assistente social empresa Nº 14
Cuando ingresa un trabajador se conoce, se hace la inducción, con el jefe se está muy de la mano en el entrenamiento también trabajamos mucho con salud ocupacional. Assistente social empresa Nº 20
A través del mercadeo de los beneficios y de la interacción directa de los grupos de trabajo Assistente social empresa Nº 41
Atendemos a las personas, buscamos los recursos, los canalizamos para cumplir con todos los programas de Capacitación, alimentación y vivienda Assistente social empresa Nº 44
En la parte administrativa y operativo, yo soy la que jalo, promuevo, impulso, acompaño su desempeño. Assistente social empresa Nº 42
O COMO FAZEM SUAS PRÁTICAS PROFISSIONAIS NO DISCURSO DOS CHEFES
A nivel externo lidera todos los proyectos de comunidad: creación de grupo base de comunidad, comunicación, plan SAC ambiental, desarrollo social de la comunidad enfocada a escuela de padres, establece relaciones interinstitucionales y proyectos productivos. A nivel interno trabaja todo lo relacionado con Bienestar laboral, elaboración de visitas domiciliarias, remplaza la función desde reclutamiento, entrevista, coordinación pruebas psicotécnicas y cierre del proceso, pule el programa de educación, entrenamiento, o crea nuevos dependiendo de las necesidades, hace seguimiento a capacitación, también es responsable de la inducción, en bienestar atiende deportes recreación, maneja préstamos y solicitud de cesantías debe hacer visitas y dar el visto bueno. Debe hacer acompañamiento a los trabajadores con sus necesidades. En clima organizacional es la encargada de diseñar la encuesta y aplicarla y retroalimentar a jefes para diseñar los planes de mejoramiento.
Maneja muy bien las relaciones con las personas y tienen una capacidad grande para establecer relaciones y conseguir recursos con entidades del
216
gobierno, aquí con ella ya tenemos programas con el SENA, COMFAMA y así otras entidades que son fundamentales para el bienestar de los trabajadores y sus familias.
Capacitarlos, formarlos, organizar para que tengamos orden y disciplina.
Chefes das empresas Nº 3, 12, 20, 21 e 30.
217
O conteúdo acima classificado nos mostra que os assistentes sociais
participantes da pesquisa são prestadores de serviços profissionais nas empresas
privadas, trabalham principalmente em grandes e antigas empresas do Setor Indústria,
e do Setor Serviços, prevalecendo empresas de alimentos e têxtil, situadas, em sua
maioria, nos municípios de Medellín, Itagui e Envigado. Estas empresas, pelas
mudanças que hoje o mundo do trabalho vem passando, ademais de ter contratações
de tempo indefinido, também vem implementado contratações fixas e temporárias,
gerando instabilidade e precarização nas condições de trabalho, respaldada pela lei
laboral colombiana.
São empresas privadas que refletem diretamente a contradição: trabalho e
capital, onde se dão tensões pelas relações de desigualdade e de exploração, pois não
se deve esquecer que a prioridade das empresas é, antes de tudo, o lucro.
Todos os profissionais, em sua maioria mulheres, apenas um homem,
casados com poucos filhos e idades que mostram maturidade e experiência, chegaram
aos cargos da gestão humana, nas empresas, por ter sido sempre o campo de
intervenção de sua maior preferência. Um dado importante é que em sua maioria são
profissionais graduados na universidade privada, e desenvolvidos estágios curriculares
no campo empresarial, permanecendo alguns vinculados aos cargos por seu destacado
desempenho. São residentes da cidade de Medellín e Envigado, preferialmente.
Apesar de serem as empresas, espaços laborais que mais garantias e
estabilidade oferecem aos profissionais e donde melhor salário percebem, existe ainda
precarização em relação aos salários ao relacionar-se com os cargos e nível onde se
encontram e, também, ao se comparar com outras profissões que ocupam os mesmos
cargos. Estes na sua maioria empregados com contratos por tempo indefinido. Tem
estabilidade com proteção social prevista segundo as leis colombianas.
Suas jornadas de trabalho são extensas, pois têm horários fixos de entrada
mas não de saída, sua responsabilidade com as múltiplas tarefas as obrigam a
dispensarem largas jornadas de trabalho sacrificando dias de descanso. Os horários
estendidos as separam de seus lares, até ao ponto de provocar mudar de residência,
para estar mais perto do trabalho e da família.
218
Observa-se também precarização nas relações na medida em que devem
atender volume importante e diversificado de funções, que vai desde ações
administrativas até tarefas pontuais e rotineiras.
Segundo a analise dos dados encontrados, não é significativo o nome dos
cargos no momento da execução das tarefas, pois terminam fazendo as mesmas
funções nas áreas de gestão de talento humano, tanto quem tem o cargo de chefe, de
gerente ou coordenador, como quem tem os cargos de analistas ou assistentes. Não
importa se grande ou pequena é a empresa, pois todos os processos da gestão
humana estão bem definidos e diferenciados, e se observa que a maioria dos
profissionais responde em sua totalidade por todas as tarefas que o cargo gera.
Mostrando capacidade e eficiência, as quais dependem, segundo os pesquisados, mais
das formações complementares, que recebem das capacitações que as mesmas
empresas oferecem, que da formação básica da profissão recebida.
Ainda, no momento de comparar e questionar as ações que desenvolvem
com a formação recebida, têm consciência de que foi, graças à formação como
assistentes sociais, que chegaram a estes cargos e permaneceram exitosamente neles.
Trabalham com uma dependência relativa, conhecem muito bem todas as
suas funções e tomam as decisões das mesmas acompanhados por seus chefes que
têm absoluta confiança em seus profissionais, tendo pouca supervisão no momento de
suas intervenções. Chama a atenção a existência de uma elevada e total credibilidade
frente à capacidade dos assistentes sociais pelo desempenho eficiente nestes cargos.
Todas, no momento das entrevistas, se mostraram satisfeitas com sua
participação e intervenção nas empresas, com projeções de continuar melhorando por
meio de formações complementares que respondam às novas demandas dos
empresários.
Por outro lado, observa-se que continua-se considerando a profissão com
visões tradicionais na medida em que respondem por ações que levam a cumprir
tarefas assistencialistas, mas que é dado um novo reconhecimento pela capacidade de
atenção e visão integral que têm no momento de assumir a responsabilidade das áreas
219
de gestão humana, destacando que algumas têm todavia, contato direto com os
trabalhadores para atenção de situações familiares com prioridade.
É dada também a participação ativa não só em execução das políticas
internas de melhoramento, também na definição e desenho através da formulação da
estratégia de negócio.
Frente à formação recebida, a maioria tem formação complementar
relacionada com temas das empresas, procurando responder às demandas e às
mudanças que o mundo do trabalho hoje enfrenta e exige, desenvolvendo ações
permanentes para que os trabalhadores reconheçam as transformações do mundo de
trabalho que os cercam.
O assistente social deve assumir sua postura, a qual se aplica não somente
pela realidade sócio-histórica, mas pelo mundo empresarial e suas regras internas.
Antes de tudo trata-se de permanecer em vigência, trata-se da sustentação do status
do profissional.
Não se apresenta indignação nem resistência por parte dos profissionais em
seus postos de trabalho, só algumas se manifestaram insatisfeitas pela infinidade de
tarefas e baixos salários, só um profissional manifestou indignação pelas condições de
trabalho dos operários, pelas altas jornadas laborais, extenuantes e esgotantes, com
pouco espaço para acompanhar e compartilhar com suas famílias. Este dado que não
é significativo de representatividade do universo é expresado por um profissional
graduado pela universidade pública, onde tem uma formação em serviço social crítico.
Isto mostra a pouca consciência histórica e crítica dos profissionais sobre as
tensões e contradições reais entre classes, o que se confirma por sua vez, com o pouco
interesse por pertencimento a grupos e associações que apoiem resistências e lutas
pelos direitos dos trabalhadores e deles mesmos.
Uma transformação parcial ou total nas empresas só poderá ocorrer quando
houver condições objetivas das mesmas, pois não se tem conhecimento nem postura
crítica – reflexiva, propositiva e reforçadora dos valores e objetivos da profissão. Sendo
ainda mais difícil, quando não se tem em conta leituras destas realidades a partir da
formação da teoria crítica.
220
Os dados analisados mostram que a resposta que os profissionais dão às
demandas dos empresários e aos trabalhadores, responde mais à formação recebida
das empresas, a qual se converte em um dos maiores determinantes para estar
desempenhando o cargo, pois as empresas têm consciência clara do porquê contratam
profissionais do serviço social para as áreas de gestão humana: seu manejo adequado
das relações com as pessoas, sua visão integral, comunicação, aproximação e
sensibilidade pelas pessoas, unido à capacidade de aprender diariamente e de ter as
competências e valores que aparecem nos resultados. Essas habilidades convertem
estes profissionais do serviço social nos melhores candidatos para as áreas da gestão
humana das empresas privadas de Medellín.
221
CAPITULO 5
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Levando-se em conta que o objetivo da pesquisa foi analisar as
determinações da prática do serviço social nas áreas de gestão de talento humano nas
empresas privadas de Medellín a partir do perfil e da formação acadêmica e das
demandas do meio no qual os assistentes sociais exercem a profissão, pode-se dizer
que o contraste entre a história do serviço social, à luz do desenvolvimento igualmente
histórico das empresas, e a realidade atual da prática do assistente social na área de
gestão humana dessas empresas, em um país com uma realidade política, social e
econômica tão paradoxal como a Colômbia, permitiu esboçar algumas considerações
finais à guisa de conclusões.
Tomou-se como premissa que a prática profissional no setor das empresas
privadas de Medellín e suas requisições, tanto por parte dos empregadores como dos
trabalhadores das empresas, na atualidade, são diferentes das que viu-se em sua
origem histórica, em relação às mudanças do mundo do trabalho e em relação às novas
exigências profissionais, para as quais os assistentes sociais se encontram hoje
relativamente preparados, pois no caso das empresas privadas estudadas os
profissionais estão trabalhando há alguns anos.
A profissão do serviço social está historicamente determinada pelas
demandas dos meios social, econômico (mundo da empresa) e do mundo acadêmico,
onde se dão as reflexões sobre o seu fazer profissional.
O conhecimento mais profundo sobre a Sociedade e o Estado colombianos
empreendido, possibilitou mostrar com clareza um contraste entre o político, o social e o
econômico, onde, ao recorrer às diferentes formas de Estado e à economia que os
suportava, descobriu-se as origens da indústria e das empresas colombianas,
especificamente da cidade de Medellín. Esta evolução colocou em evidência as origens
do conflito étnico, econômico, social, político e a violência que, desde sempre, tem sido
uma característica histórica fundamental na região.
222
Esta situação e condição foram determinantes para a origem e a evolução da
profissão do serviço social, e sua posterior articulação com o mundo das empresas já
que ditos conflitos expressam e aprofundam as crises e contradições entre as classes
sociais, o que se fez mais evidente no mundo laboral. Destaca-se que apesar deste
cenário tão marcado pelos conflitos, desde suas origens e até hoje, a indústria da
cidade de Medellín tem se caracterizado pela pujança e liderança, sendo a base e o
eixo articulador do desenvolvimento do país.
Não podemos desconhecer, que desde a época do descobrimento e da
Colônia, a Colômbia vem se sustentando numa dependência com relação aos países
do primeiro mundo, ainda hoje evidente pela sua pouca autonomia econômica e
ideológica com os EUA em especial, fato este importante na hora de entender a falta de
soberania política e subordinação às ideologias forâneas, o qual tem gerado uma
incapacidade para conter a força do capitalismo e enfrentar sua devastadora influência
na forma do mercado e da exploração da força de trabalho.
Pode-se reconhecer na incompetência e corrupção dos governantes um
espaço propício para o surgimento da violência e da injustiça, elementos que têm
permeado as relações sociais e humanas de muitas gerações, fazendo com que o
desenvolvimento e o progresso da Colômbia se dê em meio a uma situação de
contradições e conflitos permanentes. No meio deste panorama a contradição é o
fundamento. Se reconhece nisto um elemento determinante na atuação dos assistentes
sociais. No cenário atual, mostra-se certa indiferença por parte dos profissionais que se
limitam e se adequam ao cumprimento das normas legais, tais como gerar emprego,
entregar a folha de pagamento em tempo hábil e atender às situações das famílias,
considerando com isso que os trabalhadores devem agradecer sempre à empresa por
sua boa gestão.
Se postula no papel uma democracia que não se dá na realidade, com um
Estado puramente conservador, que não permite o diálogo com ideologias críticas e
contrárias, e que defende um poder totalitário a serviço de uma classe dominante que
tem como base o clientelismo. A este propósito, nas empresas privadas de Medellin,
continuam os profissionais no campo trabalhista a servir a tais interesses, evitando
223
entrar em contradição com as políticas conservadoras vigentes e com os intereses de
produção das empresas, ainda, vão mais além, quando encarnam a partir do cargo a
fidelidade aos propósitos e filosofia do negócio por parte dos trabalhadores.
No desenvolvimento do trabalho de aproximação às determinações da
prática do serviço social nas empresas privadas de Medellin, foi necessário fazer um
percurso histórico do serviço social pelas diferentes formas que têm assumido o fazer
profissional até chegar ao mundo das empresas, onde pode-se concluir que a profissão,
no seu início, fez opção por um objeto mais prático que teórico, sendo fundamental o
intervencionismo sobre os problemas sociais conjunturais, surgidos das crises deixadas
pelo capitalismo e pelos conflitos das nações.
De maneira particular se observa, segundo os resultados da pesquisa, que
os assistentes sociais mostram ainda tendências na prática, que estão muito afastados
das reflexões sobre seu fazer, escrevem pouco ou nada sobre as considerações
teóricas do mundo laboral e ainda mais, das que tem a ver com as considerações
histórico-sociais que se relacionam com os elementos articuladores da profissão, o
bem-estar do homem e da sociedade.
O serviço social surge com uma ideologia assistencialista e de caridade
apoiado em disciplinas como a psicologia, a antropologia e a sociologia, entre outras. O
serviço social chega à Colômbia pela solicitação expressa dos empresários unidos com
a Igreja, para atender aos conflitos e controlar as nascentes ideologias de esquerda.
Um elemento importante a se levar em conta no desenvolvimento histórico
do serviço social na Colômbia é a recepção de influências, que no principio recebe de
outros países, especialmente da Europa e EUA, influência que logo é atravessada pela
ideologia critica proveniente de países latino-americanos que criaram o processo de
reconceituação e que por tanto ofereciam uma visão historicamente crítica a partir das
teorias marxistas, onde o serviço social deveria assumir uma posição política de
resposta liberadora, frente à injustiça, à desigualdade e aos problemas gerados pelo
capitalismo e suas contradições.
Destaca-se que a posição da Colômbia, influenciada pelo Estado, a empresa
e as universidades privadas foi de recusa a esta visão crítica, de suspeita, frente ao
224
marxismo e às ideologias de esquerda, criando desde o momento até nossos dias uma
profissão tradicional e conservadora, sem força crítica, sem autonomia e ainda
dedicada a tarefas de bem-estar e desenvolvimento a serviço da classe dominante.
Em concordância com o supramencionado e como consequência deste,
pode-se concluir que o desenvolvimento histórico do serviço social nas empresas no
país tem sido determinado e influenciado pelos diferentes modos, assumido pelas
empresas, pelo capitalismo e pelo Estado, que são, em última instância, os que
demandam os serviços e intervenções da profissão. Assim, nos permite olhar a falta de
concordância entre a autonomia acadêmica e a exigência do mundo empresarial sobre
os programas do serviço social para que formem assistentes sociais segundo seus
moldes, sendo as empresas as que determinam o tipo de assistente social para as
mesmas, para que seja colocada a serviço do sistema capitalista, gerando com ele uma
profissão “mediadora” entre as diferentes classes sociais, mas principalmente dos
interesses de uma classe. É importante reconhecer como este se vê refletido nos
diferentes desenhos curriculares observados ao longo da história das faculdades de
serviço social.
Esta pesquisa permitiu ainda reconhecer dois elementos importantes. Por um
lado, que os assistentes sociais entrevistados obtiveram formação adequada às
demandas e interesses das empresas, sobretudo os formados na universidade privada,
sendo sua maior competência dar resposta às necessidades do empresário e logo do
capitalismo, onde sua função básica tem estado determinada pela busca do bem-estar
do trabalhador e suas famílias, com a finalidade de reduzir os conflitos que estes
últimos representam com a contradição de classes. Por outro lado encontramos a
adaptação que este mesmo assistente social tem realizado frente às disciplinas como:
administração, psicologia e direito, para gerar mais satisfação à empresa em suas
novas demandas relacionadas com as novas estratégias administrativas empresariais,
destacando programas como: sistemas de qualidade, competitividade, competências,
entre outros. Isso tem levado ao que hoje encontra-se: um assistente social com um
perfil que se adapta cada vez mais às exigências do mundo da empresa. Fica, portanto,
demonstrado com os resultados da pesquisa que a localização do assistente social no
cargo da gestão humana na empresa é uma marca tão determinante que se coloca
225
acima das ideologias trazidas da universidade, não importando o quão crítica ou
conservadora seja.
Este perfil encontrado no profissional, de maneira contraditória, combina com
intervenções do tipo tradicional - as clássicas metodologias e intervenções - de serviço
social com as novas formas exigidas a partir das ciências estratégicas e prioritárias hoje
no mundo laboral.
O achado mais relevante desta pesquisa, intuída desde a experiência
pessoal da investigadora e comprovada na pesquisa, radica na maneira como os
assistentes sociais vêm respondendo às novas demandas dos empresários, ao mesclar
a aprendizagem tradicional da profissão às novas tendências, que enfocam em um
desempenho dirigido a responder mais aos objetivos do negócio, convertendo o recurso
humano em força laboral satisfeita, fazendo com isso, mais exitosa em seu
desempenho, convertendo igualmente um perfil relevante para a profissão para atender
aos fins das empresas. Destaca-se na pesquisa, que a aceitação que os assistentes
sociais têm nas empresas se deve fundamentalmente à capacidade de adaptar-se às
novas exigências, mudando seus papéis até o ponto de desconhecer com facilidade o
pertencimento à sua profissão.
Não podemos ignorar que o mundo de hoje exige dos profissionais, de
qualquer ramo, adaptação às novas demandas do mercado e ao cumprimento de
diversos papéis, mas é muito particular e chama a atenção o modo como os assistentes
sociais no mundo laboral têm sido absorvidos pelo mercado, a globalização que os leva
a ser polivalentes; assumindo uma complexidade de funções próprias de outros
profissionais e de outras disciplinas. De tal maneira, as empresas olham estes
profissionais como um recurso humano valioso, que termina por substituir
simultaneamente vários profissionais, com facilidade, em suas funções.
É esta peculiaridade, descoberta na pesquisa, o que leva os empresários a
selecionar assistentes sociais para atender e administrar tudo o que está relacionado
ao recurso humano: seleciona pessoal, capacita, adestra, avalia, atende seu bem-estar
pessoal e familiar, atende aos pagamentos do salário nominal, à seguridade social, ao
desporto e à recreação, entre outros. Esta facilidade é o resultado de uma vocação, que
226
unida à formação subministrada pelas universidades lhe permite desenvolver sua
essência no serviço, chegando ao ponto de sentir satisfação pessoal com seu fazer
profissional e com a mudança permanente de atuações, o qual reafirma sua vocação,
explicando, com isto, o fato de não gerar conflitos com as contradições no meio das
quais exerce seu labor, pois de maneira estratégica reconhece as demandas de ambas
as partes capital - trabalho; situação que é aproveitada pela empresa, convertendo esta
vocação do assistente social em uma primeira imagem que disfarça o verdadeiro
interesse da produção da empresa por um interesse pelo humano.
O assistente social nas áreas de gestão humana têm se convertido em um
profissional polivalente, o qual é gratificante para o empresário e, por sua vez, tem
permitido a sobrevivência da profissão. Se torna evidente que existe ausência de
sentido crítico frente às condições sociais e históricas das relações sociais e
econômicas do meio no qual o assistente social intervém.
Ao longo desta pesquisa recolheu-se evidências que permitem concluir que
os profissionais pesquisados no campo trabalhista não reconhecem que sua prática se
dá em meio a tensões da sociedade e suas históricas contradições, ademais das
demandas do mundo do trabalho, que produz tensões entre empresa e trabalhador, só
um dos profissionais pertencente à universidade pública tem consciência do mundo do
trabalho e suas determinações. Em meio a estas complexas realidades se descobre
que o mundo das empresas determinam a praticidade da profissão, pois por suas
demandas, responde à imediatez das trocas e aos processos que implicam atenção e
respostas em “Tempo justo”, sem atrazos, tempo da produção, que fazem com que a
profissão esteja obrigada a responder mais ao prático que ao teórico, formalizando-se
como uma profissão paradigmática a serviço do capital.
O assistente social é contratado pelas empresas privadas para fazer
denúncias de processos de ressocialização que o Estado não tem enfrentado por sua
incapacidade e desinteresse em resolver os problemas gerados pelas desigualdades
sociais e pela falta de oportunidades econômicas, que permitam que as pessoas
tenham condições básicas e dignas como ser humano. Ao assistente social se lhe
contrata para que crie um clima onde o operário e sua família se sintam incluídos
227
democraticamente e se atenuem suas carências. Através deste exercício o mundo
neoliberal mascara a exploração.
Esta pesquisa identificou ainda, que nos mais de 60 anos que tem as duas
faculdades, os planos curriculares têm sido modificados para dar respostas à realidade
social, buscando ser mais coerente com sua missão, mas, também, com finalidade de
dar respostas rápidas e oportunas ao meio social e empresarial, onde atuam os
assistentes sociais. Se encontrou que a UA também tem modificado seu currículo várias
vezes, com o fim de dar respostas às demandas atuais, concluindo que a realidade do
meio laboral é uma das determinantes na configuração do perfil dos assistentes sociais
formados por ditas universidades.
Desde o início da formação dos estudantes são ministradas as aulas
relacionadas com o desenvolvimento dos trabalhadores nas empresas, a partir de uma
perspectiva administrativa, complementada com outras áreas que fortalecem
competências para responder ao mundo do trabalho. Assim, os estudantes adquirem
as bases e podem desempenhar processos administrativos, formação demarcada pelo
positivismo, o qual teve influência nas análises sociais e é caracterizado por reduzir
conhecimento ao meramente perceptível e a um distanciamento radical entre o sujeito
de conhecimento e o objeto conhecido, tais como se observou durante o
desenvolvimento da experiência dos assistentes sociais nas fábricas.
Está-se ciente, a partir da aprendizagem adquirida no doutorado, que o
serviço social crítico na Colômbia deve e tem a obrigação de gerar estudos rigorosos
sobre a realidade social colombiana a partir do método marxista, com o que se
pretende gerar diálogos e propostas argumentadas, frente aos diferentes projetos
profissionais que se podem apresentar no país.
A leitura dos elementos que alimentam os currículos dos programas de
serviço social nas universidades estudadas nesta pesquisa permitiu reconhecer o
propósito de formação e colocá-lo em contraste com a realidade social, econômica e
produtiva da região, mostrando, assim, que as faculdades e os centros de estudo são
movidos pelos interesses epistemológicos que os levam a construir a teoria. O mundo
concreto da empresa e da produção, que estão a serviço do capital, lhe exige ações
228
pontuais de intervenção. Não se encontrou uma diferença marcante entre as ações
que realizam os profissionais da universidade pública ou da privada, o que permite
afirmar que a universidade de graduação não é um determinante para o
desenvolvimento dos profissionais nas empresas.
A proposta é pleitear um novo desenho curricular a partir das teorias críticas
sustentadas no materialismo histórico dialético, refletida principalmente na produção
teórica de autores brasileiros, que propõem uma rigorosidade teórica e metodológica
alheia ao ecletismo e relativismo. Entende-se que é denominada de base marxista por
sugerir romper radicalmente com a origem do serviço social e gerar processos de
conhecimento a partir da compreensão da realidade com a perspectiva de totalidade,
fortalecer a produção e discussão teórica profissional a partir da dimensão ético-política.
Dessa maneira, ratifica-se a importância do materialismo histórico para o
momento que vive a sociedade colombiana. A boa hora é preciso sair do olhar ingênuo
da realidade, sendo possível uma visão completa, sistemática e ordenada dos fatos
reais e não a desinformação ou manipulação da informação que apresentam as
instituições controladas pelo Estado e pelas ideologias imperantes no mercado de hoje.
É necessário perder o medo do mito que se construiu sobre o materialismo
dialético como método de indagação do fenômeno social. Este foi um mecanismo
usado pelas classes dirigentes, que desqualificaram o método por ser de origem
marxista, quando no fundo se trata de um método científico das ciências sociais que faz
aportes ao entendimento das forças sociais que se movem em nossa realidade.
O materialismo dialético tenta uma reivindicação do sujeito na história, o qual
implica pensar o sujeito como autônomo e como produto de sua realidade histórica,
além de ser responsável pelo seu estado atual. Deste modo, luta contra o naturalismo
quando afirma que as condições dos indivíduos estão dadas pela natureza ou por
forças estranhas a sua realidade histórica.
Fruto desta pesquisa é o reconhecimento da necessidade de assumir a
teoria critica e replantar os propósitos da profissão do assistente social em seus níveis
de intervenção no social e no político, convertendo-a em uma disciplina
229
autodeterminada e que gere mudanças a partir de suas propostas, teorias e práticas
sociais, para o caso particular desta pesquisa, no mundo trabalhista.
A teoria crítica nos permitiu reconhecer o mundo do trabalho a partir de sua
perspectiva histórica e em meio a um processo que se sabe dialético e, portanto, que
não oculta a realidade do meio onde desenvolve sua prática social, e ainda, esta
sociedade se concebe em permanente mudança e o assistente social deve ser agente
desta transformação, para isto é preciso que mude suas maneiras de intervir no mundo
do trabalho.
Entende-se que a profissão do serviço social em nosso meio rejeitou o
materialismo histórico e dialético como método de conhecimento e exploração da
realidade, pois para as nossas instituições religiosas e políticas não lhes convinham
uma análise concreta, objetiva e consciente da realidade que eles mesmos em seu
empenho pelo domínio tinham propiciado.
O serviço social, especialmente o trabalhista, tem este cinzento início. São as
empresas, o Estado e a Igreja que propiciam o surgimento da profissão e de seu
enfoque limitado ao paternalismo que tem como objetivo atender às necessidades mais
imediatas e superficiais dos trabalhadores, sem aprofundar e remediar pela luta,
definitivamente, a origem destes problemas, como: a desigualdade, a injustiça e a
inadequada distribuição da riqueza.
Outra dimensão importante e fundamental no materialismo dialético é a
estreita relação que existe entre teoria e prática, uma alimenta a outra dando-lhe
perspectivas, o teórico quando interpreta a realidade permite um entendimento que de
outra maneira seria difícil aceder a ela, fazendo que ao voltar à prática se tenha mais
elementos e uma visão mais real e coerente. De igual modo, a prática permite
reconhecer elementos que a teoria não seria capaz de desenvolver, sendo necessária
uma aliança permanente entre teoria e prática para um adequado conhecimento do
contexto. Isto é muito importante na hora de abordar a investigação em serviço social
trabalhista, já que muito poucas vezes se assume a relação teoria-prática em sua
dimensão crítica.
230
Como exemplo, Estela Grassi (2007) relata que o serviço social tem uma
postura ingênua porque sua intervenção na realidade social é imediata. Por sua vez
coloca a teoria como portadora de conhecimento verdadeiro, inquestionável. Afirma que
a investigação social não é o mesmo que o diagnóstico social.
O desafio que tem-se como assistentes sociais nas empresas, quando se
deseja que prevaleça a profissão é assumir uma atitude investigadora, profunda, das
relações que se dão no interior das mesmas. O assistente social deve ter
características de pesquisador, buscar conhecer os problemas dos seus usuários para
que a profissão se consolide neste campo, o que implica ter uma atitude crítica frente a
tudo o que supostamente já é conhecimento. É preciso reconhecer a necessidade de
uma postura crítica para a intervenção do serviço social, que saque-se da visão
ingênua e permita-se reconhecer os fatores que intervêm no fenômeno social e humano
e considerá-los à luz de seu contexto histórico; um serviço social que seja capaz de dar
conta das forças que intervêm no fragmento de realidades analisadas como são a
empresa e os trabalhadores.
O materialismo histórico e dialético deverá afetar o currículo em seu eixo
transversal e propor uma visão e análises críticas que contemplem a temática em
relação às condições sociais e históricas do mundo do trabalho, fazendo ênfases
especialmente nas contradições que surjam na relação entre os elementos. Ademais,
se trata de fazer uma revisão permanente dos objetos de análises de cada curso, para
mostrar como o objeto é afetado pela ideologia do mercado e como as disciplinas na
universidade privada devem responder a estas exigências.
É necessário aprender das melhores práticas de serviço social crítico como
as desenvolvidas nas universidades públicas do Brasil para dar respostas progressistas
e baseadas na vertente da intenção de ruptura às realidades do país. E é obrigatório
que as academias se responsabilizem por um conhecimento permanente destas e
como aplicá-los em seus programas e currículos acadêmicos.
Igualmente urge aproveitar e fortalecer as redes que têm abrigado o mundo
da globalização, acercando os problemas dos homens, para dar-lhes conotação de
problemas comuns, com soluções conjuntas, pois, o mundo de hoje requer um diálogo
231
disciplinar e multicultural que ponha em contato as culturas e seus conhecimentos para
que umas aprendam de outras e se aprenda das melhores práticas sociais, todas na
busca de melhores condições de vida dos trabalhadores e de suas famílias.
Ao finalizar os processos das entrevistas, os assistentes sociais frente à
pergunta sobre as recomendações e sugestões para a formação dos futuros
profissionais e os caminhos que têm os profisionais nestas áreas, corroboraram, em
sua maioria, que os profissionais devem ser formados pelas universidades em
processos administrativos, que atendam às necesidades reais do mundo laboral, temas
específicos como: finanças, estatística, negociação, segunda língua obrigatória,
qualidade, seguridade social, entre outras. Como podemos observar, as demandas se
dão em proporção igual ao número de necessidades que cada empresa em particular
tem para ajustar o profissional ao mundo de hoje e suas exigências marcadas no
mundo do controle e da qualidade, o qual se considera responder às novas direções da
globalização na qual a profissão de assistente social do mundo trabalhista está
fortemente determinada.
Segundo o exposto, para cada um deles, os programas das universidades
devem estar determinados pelo mundo social, real e concreto do entorno e não como
se pensa a partir da teoria crítica que é a universidade e suas análises crítica e teórica
que deve iluminar e guiar as trocas sociais.
232
REFERÊNCIAS
AGUIRRE ÁLVAREZ, Lida Rocío y ARDILA POVEDA, Ana Cristina. Espacio profesional en el devenir del Trabajo Social de los(as) trabajadores(as) sociales inscritos(as) ante el Consejo Nacional de Trabajo Social, Ley 53 de 1977, en los años 1987-1997 (Primer periodo 1987-1992). Trabajo de Grado. 1997, p. 123. Santafé de Bogotá
AMARAL Angela Santana e Cesar Monica. O Trabalho do Assistente Social na empresas capitalistas. In O significado do trabalho do assistente social nos distintos espaços sócio-ocupacionais. Ed. CRESS. Feb.2009. pg:412-445
ANGEL Restrepo, Cecilia. Toda una vida de Servicio Social. Entrevista realizada para a Revista de Servicio Social UPB. No. 6. Editorial UPB Medellín. Marzo 1990
ANTUNES, Ricardo. Fordismo, Toyotismo e acumulação flexível. In: Antunes, R. Adeus ao trabalho?: Ensaio sobre as metamorfoses e a centralidade do mundo do trabalho. São Paulo: Cortez; Campinas, SP: Editora da Universidade Estadual de Campinas, 1995. Cap.1, p. 13-38
__________ Os sentidos do trabalho. Ensaio sobre a afirmação e a negação do trabalho. 1ª. Edição. Sao Paulo. 1999.
ANYA Sartoti Piatnicki Révillon. A Utilização de Pesquisas Exploratórias na Área de Marketing em Metodologia da Pesquisa. (ANPAD 2001).
ARCOVERDE, Ana Cristina Brito. O coletivo ilusório: Uma reflexão sobre o conceito de Comunidade. Segunda edição. Editora UFPE. Recife. Br. 2011.
BECERRA Paula Andrea y Otras. La empresa como libertad, como función social y ecológica. Tesis de Grado. Universidad Pontificia Universidad Javeriana. Bogotá 2002.
CABRERA, Flor. Evaluación de la Formación. Síntesis, Madrid. 2002.
CAMELO Aracely. Ponencia presentada en el XIX Seminario América Latina de Escuelas de Trabajo Social. El Trabajo Social en la coyuntura América Latina: desafíos para su formación, articulación y acción profesional. Universidad Católica Santiago de Guayaquil. Ecuador. 4-8 de octubre 2009.
CARDENAS RIVERA Miguel Eduardo. Treinta años de sindicalismo em Colombia visicitudes de uma transformacion. Em a Encrucijada. Colombia em el siglo XXI. Editorial Norma. Colombia. Diciembre 2006.
CASTRO, Beatriz. Y González, Fernán. Educación y Estado en la historia de Colombia, Los inicios de la asistencia social en Colombia. Disponível em: www.icesi.edu.co/revista_cs/images/stories/.../inicios. Cali, 1848 – 1898”. 1987; Cinep. Consultado em maio de 2011.
CEA, María Ángeles. Metodología Cuantitativa. Estrategias y Técnicas de Investigación
233
Social. Síntesis, Madrid. 2001
CHANLAT, Jean Francois. Ciencias Sociales y Administración. Fondo editorial Universidad EAFIT. 1ª. Edición. 2002. Medellín.
CHAPARRO Espitia, Leovany. In Revista Inovar July 01, 2006. Disponível em: a .accessmylibrary.com/article-1G1-161601386/motivacion-trabalhista-e-clima.html. (5 de
outubro 2010)
CHAVENATO, Idalberto. Gestión del Talento Humano. El nuevo papel de los Recursos Humanos en las Organizaciones. Los Angeles California: Mc Graw Hill. 2004.
CHAUTA MOYANO, Nora Patricia y PEÑA URREGO, Bertha Esperanza. Espacio profesional en el devenir de los(as) trabajadores(as) sociales inscritos(as) ante el Consejo Nacional de Trabajo Social, Ley 53 de 1977, en los años 1993-1997. Santafé de Bogotá. Trabajo de grado Universidad Colegio Mayor de Cundinamarca. 1998, p. 73
CIFUENTES GIL, Rosa Margarita. Aportes para leer la intervención de Servicio Social. In Revista Colombiana de Servicio Social. Nº19, a.128-155. Cali, 2005.
CIFUENTES P. Maria Rocio e outras “Marco de Fundamentacion Conceptual em Trabajo Social” Fondo Editorial: CONETS, ICFES, Ministerio de Educación Nacional. Bogotá D.C. 2008
CONETS. Marco de fundamentación conceptual y especificaciones del ECAES. Consejo Nacional para la Educación en servicio Social. Bogotá: Instituto Colombiano para el fomento de la educación superior, 2006.
CORREA A. Marta Elena. El ejercicio profesional de los egresados de Trabajo Social de la U.P.B. entre 1947 y 1999. En: REVISTA DE LA FACULTAD DE TRABAJO SOCIAL. Medellín: Universidad Pontificia Bolivariana, no. 17. P. 9-24. 2000.
COSSIO Betancurt Piedad Liliana y Otras. Creación de Un Sistema de Información de Seguimiento a Los Graduados de la Universidad Pontificia Bolivariana. Facultad de Trabajo Social UPB. Período 2003-2009. Medellín, Octubre 2009.
DE PAULA MENEZES. Monica Ferreira. Serviço Social nas Empresas Públicas. Tese de Graduação em Serviço Social. UFRJ. Rio de Janeiro. 2008.
DRUCKER, Peter. La Sociedad Postcapitalista. Bogotá: Norma 1994.
DUPUIS, Jean Pierre. El capitalismo: Origen, esencia y variedad. In Sociologia de a empresa. Fondo editoria. Unversidad Eafit. 2010. Bogotá
ETZIONI, Amistai. Organizaciones moderna. Mexico. Uthe, 1975
234
FACAL Joseph. El estado: Definición, formas y tendencias. In Sociología de la Empresa. Del marco histórico a las dinámicas internas. Medellín: Universidad Eafit, 2010.
FALEIROS Vicente de Paula. Estratégias em a ção social. 7ª. Edición Cortes. 2007 Sao Paulo.
________ Metodologia E Ideologia Del Servicio Social. Talleres Graficos Urteagua. 1976-Lima, Perú . Pags 158
GAITÁN DE ROJAS, Clemencia. Situación actual del Bienestar Laboral. En: Revista Colombiana de Trabajo Social No. 7. (Cali: 1994); p.41
GALLEGO FRANCO, Mery. Reflexiones sobre el Servicio Social en el Campo Laboral. En Revista de Servicio Social UPB. No. 6. Editorial UPB (Medellín. Marzo 1990).
GENTILLI Raquel Representacoes e Praticas Identidade e processo de trabalho no servicico social. Segunda edição. Editora Veras. São Paulo. 2006
GOMEZ Molina, Martha Cecilia y otras. Papel del trabajador Social en el área de Bienestar Social laboralde las ciudades de Manizalez y Pereira. In Revista enfoques. Nº 5. Ed. Facultad de Trabajo Social de Caldas. Manizales. 1991
GRANDA, Alberto y otros. Ubicación histórica de la crisis de Medellín. La juventud de Medellín y la construcción de la democracia. Medellín, UPB. 1994
GRASSI, Estela Problemas de Realismo y teoricismo en la a ção gación social en el Trabajo Social. In Revista Katálysis. V. 10 n. spe.Florionópolis. Buenos Aires 2007
GUERRA, Yolanda, O Serviço Social frente à crise contemporânea: demandas e perspectivas. In Revista Polêmicas, n.º 03, CRESS – 1ª Região, Belém, 2001
HINCAPIÉ Gomez Esmeralda. Post-Conflicto: del dicho al hecho. In Hacia uma sociedad post-conflicto: Aportes de a Ciencias Sociales. Ed. UPB. 2006
I GARCIA Jordi Sabater. Globalización y Restructuración de las políticas sociales. In Rev. Facultad de Servicio Social. UPB. No. 25. (Medellín: 2009); p.80.
IAMAMOTO, Marilda y Raul de Carvalho. Relaciones Sociales y Servicio Social. 3ª. Edución, CELATS. Centro América Latinano de Servicio Social. Traducción Manuel Manrique Castro. Lima Perú. 1984.
IAMAMOTO, Marilda y Raul de Carvalho. Relaciones Sociales y Servicio Social no Brasil. Esboco de uma interpretação histórico metodológico. São Paulo. Cortez, 2000
IAMAMOTO VILELA, Marilda e Raul de Carvalho. Relações Sociais e Serviço Social no Brasil”: Esboço de uma interpretação histórico-metodológico São Paulo: Cortez, 2008 –
235
22.ed.
IAMAMOTO, Marilda Vilela. Renovação e Conservadorismo no Serviço Social: ensaios críticos. 5ª. Edição. São Paulo: Cortez, 2000
_________ Renovaçãoo e conservadorismo no serviço social. Ensaios críticos. 7ª. Edição. São Paulo: Cortez editora 2004.
_________ Serviço Social no tempo de capital fetiche. 2ª Edição. São Paulo Cortez editora. 2008.
JIMÉNEZ DIAZ, Consuelo. Nueva Concepción del Bienestar Laboral. In Rev. De la Facultad de Servicio Social. U.P.B. Editorial UPB, No. 9. (Medellín. 1992); p.53
KAMEYAMA, Nobuco & NOGUEIRA, Cleonice L. As Tendências da Gestão da Força de Trabalho nas Empresas Brasileiras. In: Revista Temporalis n. 6. Brasília: ABEPSS, 2002, 176 p.
LEAL L. Gloria y MALAGÓN B. Edgar. Historia Del Servicio Social En Colombia: De La Doctrina Social De La Iglesia Al Pensamiento Complejo. Bogota, 2007
LIMA SANTOS, Leila. El Desarrollo del Servicio Social en América Latina. In: Rev. Acción Critica.No.8 CELATS Centro América Latina de Servicio Social y ALAETS Asociación América Latinana de Escuelas de Servicio Social. . (Lima: Dic. 1980); p. 26.
LÓPEZ DE GÓMEZ, Clara Inés Hacia una Salud Ocupacional Comprometida con la calidad de vida en el Trabajo. En: Revista Enfoques No. 5. Ed. Facultad de Servicio Social de Caldas. (Manizales. 1991); p. 19
LOPEZ LUNA Emilia y CHAPARRO MALDONADO Melba Yesmit. Competencias laborales del Trabajador Social vistas desde el mercado laboral. Cundinamarca 2006. Disponível em: <www.revistatabularasa.org/número-cinco/luna.pdf.> Novembre 2009
LOPEZ, Oswaldo. Somos todos capitalistas. Del obrero al trabajador. In Revista: Nueva Sociedad. Inversor. Pg 88-97. 2002
MANDEL E. Iniciação a teoria econômica Marxista. Lisboa. Antídoto. (1978).
MANRIQUE Castro Manuel. História do Serviço Social na América Latina. São Paulo Ed. Cortez. 9ª Ed. 2008.
MANUEL CARBALLEDA, Alfredo Juan. El Servicio Social desde una mirada histórica centrada en la intervención. Del orden de los cuerpos al estallido de la sociedad. Buenos Aires: Espacio, 2006. P.46.
MARTINELLI, Maria Lucia. Servicio social Identidad y alineación. Biblioteca América
236
Latinana de servicio social. Cortez editora. 1ª. Edición. 1997 Sao Paulo
MARTINEZ, Alberto y otros Educación, poder moral y modernización. Historia de la acción educativa de la fundación social. 1911-1961. Bogotá: Fundación Social 1996
MARTINEZ, María Eugenia. Historia del Servicio Social: 1900-1975. 1981. TECNILIBROS, 1981
MAYOR Mora Alberto, Ética, trabajo y productividad en Antioquia. Una interpretación sociológica sobre la influencia de la Escuela Nacional de Minas en la vida, costumbres e industrialización regionales, Tercer Mundo, Bogotá, 1984
MEJIA N., Jesús Glay. Tendencias y Perspectivas del Servicio Social en Colombia. In Revista Colombiana de Servicio Social. No. 4. (Cali. 1991); a. 10-21
MEJIA N., Jesús Glay. Diseño de proyectos de Bienestar Social. Un enfoque estratégico. Serie de cuadernos de Servicio Social. No. 2 Editorial. Facultad de Humanidades del Valle. (Santiago de Cali. 1999); 173 p.
MORA Carlos Alberto y Margarita Peña. Historia socioeconómica de Colombia. Editorial norma. Carvajal S.A 1985
MOTA, Ana Elizabete. O feitiço da ajuda: as determinações do Serviço Social na empresa. 4ª a. São Paulo: Cortez, 1998.
MOTA, Ana Elizabete e Angela Amaral. A nova fábrica de consensos. 2ª edição. São Paulo: Cortez, 2000.
NETTO Jose Paulo. Ditadura e Serviço Social: uma análise do Serviço Social no Brasil pós-64, 5ª ed. São Paulo: Cortez, 2001
NETTO José Paulo en: Servicio Social crítico. Cinco notas a propósito de la cuestión social. Organizadores: Elisabete Borgianni, Yolanda Guerra y Carlos Montaño. Cortez Editora. São Paulo. 2003.
O′DONNELL y KOONTZ. Curso de Administração Moderna. 6ª. Edição. Mexico; Mc.Graw Hill 1984. P.300-301
PALACIO SALAZAR, Ivarth. Colombia frente a a Globalização. Análises Retro-Prospectivo. Editorial Uniiversidad del Rosario. 2010. Bogotá.
PALMA, Diego. La práctica política de los profesionales: El caso de Servicio Social. CELATS. Centro América Latina de Servicio Social. Lima Perú. Septiembre 1985
PEP. Proyecto educativo del programa de Trabajo Social. Facultad de Trabajo Social.
237
UPB. Medellín. 2008
PÉREZ Serrano, Gloria (2000ª) Investigación Cualitativa. Retos e Interrogantes.I Métodos. La Muralla, Madrid.
PÉREZ Serrano, Gloria (2000b) Investigación Cualitativa. Retos e Interrogantes. II Técnicas y Análisis de Datos. La Muralla, Madrid
PEREIRA, POTYARA A. Pereira In Servicio Social crítico. Cuestión social, Servicio Social y Derechos de Ciudadania.. Organizadores: Elisabete Borgianni, Yolanda Guerra y Carlos Montaño. Cortez Editora. Sao Paulo. 2003.
PIATNICKI RÉVILLON Anya Sartoti. A utilização de pesquisas exploratórias na área de marketing. In Metodologia da pesquisa. (anpad 2001). In http://www.serprofessoruniversitario.pro.br/m%C3%B3dulos/metodologia-da-pesquisa/utiliza%C3%A7%C3%A3o-de-pesquisas-explorat%C3%B3rias-na-%C3%A1rea-de-marketing
Proyecto de Ley sobre Higiene Social y Asistencia Publica, imporenta nacional, Bogotá 1924
RESTREPO Luis Alberto. Hacia el reino de los caudillos ilustrados. In Encrucijada. Colombia em el siglo XXI. Editorial Norma. Colombia. Diciembre 2007
Restrepo Sánches Beatriz Elena y Maryory Ospina Velez. “Crisis profesional …más que una expresión en Trabajo Social” En: Revista Colombiana de Trabajo Social. Editorial, CONETS. Bogotá 2008
Revista Coyuntura Social (1991) Indicadores Sociales. Nº 5 FEDESARROLLO, Diciembre, Bogotá
Revista semana: art. Primer plano. Antioquia empresarial. Revolucion industrial. Marzo 3-10 de 1997. Ed No. 774
Revista Semana Colômbia. 200 anos de identidade. Fascículo IV, 2010.
RUIZ Restrepo Jaime. Medellin: Fronteras de Discriminacion y espacios de guerra. Centro de Estudios de Opinión. Ed. U.A. 2006
SANABRIA Nestor “Los alcances de la organización: Empresa, firma y el papel del empresario”. EM: Revista Equidad y Desarrollo. No. 9 Enero, junio de 2008. Pg: 21-45. Universidad de la Salle. Ed. Bogotá Colombia
SILVA, Renan. Los Ilustrados de Nueva Granada 1760-1808. Genealogía de una
238
comunidad de interpretación. Fondo Editorial Universidad Eafit-Banco de la República, 2002.
SUE, Newell. Creando Organizaciones. Bienestar, diversidad y ética en el Trabajo. Colección negocios. Impreso en España. 2002. 229 pgs.
TALERO GARCÍA, Clara María y JARAMILLO GARCÉS, Catalina. Estudio de seguimiento a los egresados de los programas de Trabajo Social, Licenciatura en Educación Preescolar y Licenciatura en Educación Básica Primaria de la Fundación Universitaria Monserrate, 1999-2004. Bogotá, 2006. Trabajo de grado.
TORRES DIAZ, Jorge. 50 años de Servicio Social en Colombia (1936-1986). In Acción Crítica No. 21. Perú: Celats, Alaets. (Junio -1987). P.7
TORRES H. Jorge. Historia del Servicio Social. Barranquilla: Grafitalia., 1985
TORRES SANCHEZ, Carlos Eduardo. Servicio Social en Organizaciones: Nueva alternativa y perspectiva profesional. In Revista Colombiana de Servicio Social. No.19. (Cali. 2005); pp.98-127
TORRES V., Liliana Patricia. Una mirada a las competencias de los Trabajadores Sociales. In Rev. Colombiana de Servicio Social. No. 20 CONETS. (Santiago de Cali 2006)
TORRES, Jorge. Historia del trabajo social. Argentina: Lumen Hvmanitas, 2006. 271 p.
URREA, Giraldo Fernando. Dinámica de reestructuración productiva, cambios institucionales y políticos y procesos de desregulación de las relaciones asalariadas: El caso colombiano. Em Trabajos y modelos productivos en America Latina. Ed. CLACSO. Buenos Aires. 2010.
VARGAS, Marcelina. La beneficencia en Cundinamarca. Casa editorial Arboleda & Valencia. Bogotá 1920.
VÁSQUEZ Duran, Claudia. La Organización, el Talento Humano y el Trabajador Social. En: Rev. Colombiana de Servicio Social. No. 17. Conets. (Manizales 2003); p. 34.
VELEZ MAYA, Tulio. Las Organizaciones. Fundamentación filosófica de uma teoria Organizacional. Escuela de Ciencias Estrategicas. 1.a Ed. UPB. 2009. Medellín.
VERAS Baptista Myriam e Ballini Odaria. A pratica Profesional do Assistente Social. Teoria, ação, construção do conhecimento. Vol, 1. Ed. São Paulo. Br 2009
VILLA de Yarce Luz Marina y otras. Caracterização geral sobre o desempenho profissional de 479 Assistentes Sociais, inscritos no Conselho Nacional de Serviço Social até o dia 26 de agosto de 1987. In Revista Colombiana de Trabalho Social CONETS,
239
1987.Bogotá.
WWW. La empresa y el emprendedor. 1998. Edición. UPC. Evolución Histórica del concepto empresa. Cs. Scribd.com/doc/…/2/evolución histórica del concepto empresa. Consultada julio 8 de 2012.
WWW. página Web Universidad de Antioquia: http://www.udea.edu.co).
ZULUAGA, Víctor León, (2002) Desorden urbano y narcotráfico; Piezas del rompecabezas, Periódico El Colombiano, Novembro 29, Medellín.
240
Anexo 1
CRIAÇÃO DAS PRIMEIRAS ESCOLAS DE SERVIÇO SOCIAL NA COLÔMBIA.
A primeira escola do Serviço Social na Colômbia foi fundada no ano de 1936, na
cidade de Bogotá, financiada por um grupo de empresários. Sua fundadora María Carulla de
Vergara foi educada cristamente na Espanha. Nesta primeira escola se impõe a doutrina social
da Igreja Católica. O plano de estudos, desde o primeiro até o terceiro ano, contemplava
matérias como: Religião, Ética, Filosofia, Técnicas de Escritório, Higiene Geral da Mulher,
Liturgia, Beneficência e Assistência Pública, Direito Administrativo, Tribunal de Menores,
Estatística, entre outras. Suas funções eram: visitar enfermos, ajudar aos inválidos, ensinar a
meninos que não podiam frequentar às escolas, prestar ajuda como enfermeiras em postos de
saúde, ensinar música entre outras. (TORRES, 1985).
Esta primeira escola tem uma tendência muito marcada no assistencialismo, desde
a caridade com uma forte influência sobre o religioso, corroborando o que a antropóloga Castro
(1987), nos introduziu no começo deste percurso com relação à caridade no princípio da
assistência social.
Em 1945, 9 anos depois, foi fundada em Medellín a segunda Escola de Serviço
Social, hoje a Universidade Pontifícia Bolivariana56. No seu início, contou com o apoio
econômico da Ação Social Católica e da Associação Nacional de Industriais - ANDI. Introduz-se
as disciplinas de Caso, Visita social, Beneficência, Psiquiatria, Criminologia, simultaneamente
se trabalhava Modista (costureira), Jogos de lazer. Como cursos em destaque estão:
Psicologia, Economia Social e Política, Direito Civil e Tribunal de Menores. Esta segunda escola
destaca-se por sua formação técnica e sua ênfase no estudo da moral, mais que no religioso,
com uma prática apoiada no teórico e no metodológico. É uma escola que conta com todo o
apoio do setor privado.
Em 1946 cria-se o curso de Serviço Social na Universidade Nacional da Colômbia.
Logo em seguida, em 1947, funda-se a Escola de Serviço Social da Universidade de
Cartagena.
Na década de 40 dão-se acontecimentos muito importantes no país que exercem
grande influência no desenvolvimento da profissão, tais como: o assassinato do candidato
56 Desta Universidade faz parte a autora da presente pesquisa.
241
Liberal Jorge Eliecer Gaitan57, que com suas ideias socialistas conseguiu mobilizar a população
descontente do país. Inicia a violência através de lutas de grupos políticos, dá-se o predomínio
das ideias conservadoras, gerando dificuldades no setor agrário, tais como: massacres de
camponeses, abandono do campo, desemprego, miséria no campo e na cidade e total caos
socioeconômico no país.
No ano de 1953 aparece o departamento de Serviço Social na Universidade do
Valle. Esta é uma década com acontecimentos fundamentais: o golpe militar de Estado pelo
general Rojas Pinilla. Durante este governo militar conseguiu-se que a guerrilha entregasse as
armas, construíram escolas, estradas e pontes; também nesta década é fundada a Secretaria
Nacional de Ação Social - SENDAS, sua função era atender às necessidades básicas da
população em alimentos, vestuário, moradia, educação, trabalho e descanso. Dentro de seus
objetivos sempre trabalhar por fomentar e regulamentação do exercício profissional da
Enfermagem e da Assistência Social. Igualmente esta Instituição contratou os serviços de
assistentes sociais em investigações e diagnósticos, sendo uma das primeiras instituições no
país que demandou os serviços da profissão.
Realiza-se nesta década o primeiro seminário de Serviço Social em Bogotá. Ali,
segundo Torres, declara o seguinte: “O Serviço Social tem os elementos constitutivos de uma
verdadeira profissão: Princípios filosóficos, normas de ética, postulados científicos, técnicas e
métodos próprios, campos específicos de aplicação, exigências e condições vocacionais”
(1985, p. 188).
Nessa época temos uma profissão com maiores ênfases no uso de métodos e
técnicas que a diferenciam das ações meramente pontuais. Ao introduzir os métodos
particulares da profissão, tais como Serviço Social de Caso, de Grupo e de Comunidade,
igualmente se introduzem novas teorias de ciências sociais como a psicopatologia, a
administração, a ciência política, as relações industriais, etc. Métodos e teorias que seguem
sendo fundamentais para o desempenho dos assistentes sociais.
Em 1961 é criada a Faculdade de Serviço Social da Universidade Javeriana de
Bogotá, faculdade que foi fechada em 1971, por influência do processo de reconceituação da
profissão na América Latina. Este fechamento mostra a quantidade de conflitos que as
ideologias socialistas e marxistas geram em instituições tão conservadoras, o que permite
57 Candidato à presidência do partido Liberal, com muita liderança, foi ganhando adeptos de todos os meios e classes do país. Depois de sua morte teve início a violência no país.
242
pensar que o país não se encontrava preparado para assumir essas novas propostas, situação
que ainda se vê refletida na atualidade.
Em 1963, foi criado o programa na Universidade Industrial de Santander. No ano de
1964, organiza-se o Departamento de Serviço Social na Universidade de Caldas, em 1966
surge a Faculdade da Salle, em 1969, cria-se a seção de Serviço Social na Universidade de
Antioquia e as Faculdades de Serviço Social da Universidade Externado da Colômbia e do
Colégio Maior de Cundinamarca.
Como se pode ver, nesta década aparece um bom número de Escolas de Serviço
Social, que hoje são importantes e marcam pontos de reflexão importantes para a profissão.
Na década do 60, se presenciou acontecimentos importantes, como: a criação da
Reforma Agrária, e do Conselho Nacional para a Educação em Serviço Social; sua maior
preocupação é a promoção da investigação científica para contribuir com o desenvolvimento
acadêmico da profissão, fomentar o intercâmbio de experiências, capacitarem docentes e
assessorar os diferentes programas, igualmente se dá o desenho e implementação de uma
série de políticas sociais, pois as necessidades socioeconômicas que vivia o país o levaram a
ser considerado, segundo as políticas imperialistas do momento, um país terceiro mundo,
atrasado ou subdesenvolvido.
Na década de 70 aparecem as seguintes escolas de Serviço Social: 1971 -
Faculdade da Universidade Tecnológica do Choco; 1973 - Universidade Simón Bolivar; 1974 -
Universidade Metropolitana; 1977- Corporação Universitária do Sinú – CUS. É uma década que
se caracteriza pelo surgimento e regulamentação do exercício da profissão de Serviço Social,
criado pelo Conselho Nacional de Educação para o Trabalho Social – CONETS; funda-se
igualmente a Federação Colombiana de Trabalhadores Sociais – FECTS. Suas funções mais
importantes são: representar e defender a profissão, coordenar e assessorar as associações,
fortalecer a organização gremial, divulgar a profissão, contribuir na capacitação e assessoria
profissional, objetivos alcançados, graças ao processo que vinha se dando nos anos anteriores,
com a formação das escolas de reflexão e de profissionais que foram moldando a prática
simultaneamente, ao mesmo tempo receptoras das tendências e ideologias originadas de
outros saberes e de outros países; permitindo que o Serviço Social na Colômbia modificasse
sua identidade, com o fim de se legitimar como saber e profissão (TORRES, 1985, 188).
Em 1984, foram criadas as faculdades de Serviço Social da Universidade Mariana,
de Pasto, e a da Fundação Universitária Montserrat de Bogotá.
243
As últimas escolas criadas foram: 1995 - Universidade da Guajira; 1997 - Centro
Educativo do Caribe – CECAR; 2002 - Corporação Universitária Minuto de Deus; com
programas de Serviço Social nas sedes de Medellín, Cundinamarca e Girardot. Nesse mesmo
ano, foram criados os programas Corporação Universitária Republicana na Cidade de Bogotá e
a Corporação Universitária Juan de Castelhanos na cidade de Tunja, Boyacá.
Atualmente existem 26 Escolas de Serviço Social em todo o país. Podemos ver
como a profissão do Serviço Social na Colômbia segue tendo acolhida, como mostra a recente
criação de escolas em diversas regiões do país, assinalando com isto a fortaleza desenvolvida
em seu perfil, manifestada nas marcantes intervenções de profissionais nos diversos setores,
tanto público como privados. Frente a isto o autor Jesus Glay Mejia nos diz:
O Serviço Social é das poucas profissões que conseguiu manter uma demanda crescente, de caráter amplo e diverso, no nível de Bem-estar e do Desenvolvimento Social, o qual é compreensível como profissão que centrou sua ação nos processos sociais que se geram na busca de satisfazer as necessidades humanas fundamentais; processos que necessariamente não conduzem à satisfação das necessidades e/ou podem derivar-se de situações de insatisfações, bloqueio ou patologias sociais e onde tem sua ação a profissão; caracterizada pelo enfoque integral que faz da situação e pela promoção das potencialidades dos sujeitos ou atores sociais, para a resolução das situações que se constituíram em problemáticas. (MEJÍA, 1991, p.14).
Quadro 7 - CRIAÇÃO DAS PRIMEIRAS ESCOLAS DE SERVIÇO SOCIAL
Período de Criação das Escolas
Nome das Escolas Principais disciplinas, fundamentação teórica e campos de intervenção
Anos:
1936-1951
1.Universidade Anexa ao colégio Mayor Nostra Senhora do Rosário. 58Bogotá.
Religião, Ética, Filosofia, Técnicas de Escritório, Higiene Geral da Mulher, Liturgia, Beneficência e Assistência Pública, Direito Administrativo, Tribunal de Menores, Estatística, Moral, Doutrinal Social, entre outras como aulas de Caso, Visita social, Beneficência, Psiquiatria, Criminologia, simultaneamente se trabalhava Modista (costureira), Jogos de lazer. Como cursos em destaque estão: Psicologia, Economia Social e Política, Direito Civil e Tribunal de Menores.
Os temas tiniam um eixo central com o: Psicosociológico, o jurídico e o médico.
Se fundamentam em concepções originadas no pensamento progressista do ideário católico denominado por a Doutrina Social da Igreja, contida nas encíclicas Rerum Novarum de León XIII de 1841 y
2 Escola da Universidade Pontifícia Bolivariana. Medellín59
3. Escola Universidade Nacional de colômbia Bogotá
4.Escola da universidade de
58 Esta escola encerrou suas atividades no ano 1956 logo após graduar 95 Assistentes Sociais. 59 Desta Universidade faz parte a autora da presente pesquisa.
244
Cartagena.
Quadragésimo Anno de Pio XI de 1931, concebidas para contrariar as influências do marxismo e a luta emancipatória socialista, por sua vez, sua pratica se apoia no uso de técnicas e procedimentos de vocação domestica com uma forte orientação ética.
Suas intervenções se fundamentam em assistencialismo em saúde, educação, família e os patronatos criados por as empresas do momento, Prevenção e atenção de fenómenos sociais como a delinquência, a prostituição, o alcoolismo, desemprego, e a vivenda, apoiavam as mães em suas moradas com aulas de costura, cuidado dos filhos e manejo da economia da casa.
Anos:
1952-1960
5. Departamento do serviço Social na Universidade do Valle.
Neste período se cria a lei que decreta que todas as escolas de Serviço Social do país, sem importar sua dependência someteram seus planos do estudo a supervisão dos ministérios de Educação e Higiene e ademais se define um currículo de estudos geral de três anos, este pretendia formar mais no familiar que no domestico, atuava mas no público, como em grupos sócias e comunidades. Apoia-se em métodos de ação social onde se instauram os métodos de caso, grupo e comunidade. Disciplinas mais importantes: Direito, legislação e Medicina Social Fundamentos do Serviço Social, Origem Histórico e métodos, Caso Social, Serviço social de Grupo, Organização, da comunidade, Administração em Serviço Social, Noções de Serviço Social especialização e Estadística e Investigação Social.
Anos:
1960-1970
6. Faculdade de Serviço Social da Universidade Javeriana de Bogotá. 60
Tem predominio a racao científica com relação a formação ética, a hegemonía das ciencias humanas e sociais, a desaparição da formação médico jurídica e a consolidação da uma estrutura curricular específica do Serviço Social ao rededor dos métodos de Caso, Grupo y Organización da comunidade, igualmente se introduzem novas teorias de ciências sociais como a psicopatologia, a administração61, a ciência política, as relações industriais62, a investigação Cientifica e
Desenho de politicas sociais. Aparecem outras disciplinas tais como: Estúdios da sociedade, Introdução à sociologia, Sociologia da família, da Vida rural, Urbana, Doutrinas social, Instituições básicas do Estado e suas funções Movimentos sociais e políticos contemporâneos, Economia e sua relação com o Bem-estar Social, Estrutura da Nación, Problemas sociais colombianos e Antropologia cultural . ,
Considera-se neste período como uma profissão eminentemente pratica.
Em geral em suas primeiras décadas especialmente nas universidades publicas, centraram em teorias do cambio social, sendo as mais sobressalientes as que se apoiaram no materialismo histórico, com especial ênfases no análises de corte marxista como marco referencial para explicar a realidade social e os problemas sociais da época.
7. Programa da Universidade de Santander.
8. Departamento de Serviço Social da Universidade de Caldas.
9. Faculdade da Salle
10. Serviço Social da Universidade de Antioquia.
11. Universidade Externado de Colômbia.
60 Faculdade que foi fechada em 1971, por influências do processo de reconceituação da profissão na América Latina. Isto mostra a pressão tão forte que sempre exercem no país as instituições de controle, quando da defesa dos interesses particulares se trata. 61 Esta década é importante ter em conta, pois desde ali se marca uma intervenção dos Assistentes Sociais nas empresas. 62 O termo Relações Industriais se deve considerar nas análises da intervenção da profissão, pois ainda encontramos empresas que utilizam esse termo.
245
12. Programa do Colegio Maior de Cundinamarca.
Anos
1970 - 1990
13. Faculdade da Universidade Tecnológica do Choco; É considerado um período de critica y transformação radical das visões
com as quais são formados os Assistentes Sociais. Se intenta dão uma formação revolucionaria, criando uma consciência epistemológica que intenta dar conta sobre a profissão, com uma vocação mais pratica que acadêmica, busca dar resposta a os problemas de pobreza e desigualdade social desde os enfoques marxista.
Aparecem as políticas sociais, as novas tendências sociológicas y económicas sobre o desarrolho social e humano. As teorias psicológicas e família tem importância na formação e tem em conta novas teorias Administrativas.
Dão-se a vinculação a organismos académicos e gremial do carácter nacional e internacional, sendo referentes para os câmbios curriculares.
Se dinamizarem os movimentos sociais meio de preção para obter melhores condiciones de vida.
14. Universidade Simón Bolivar
15. Universidade Metropolitana
16. Corporação Universitária do Sinú – CUS.
17. Faculdade de Servico Social Universidades Mariana
18. Fundação Universitária Monserrate.
Anos
90 - 2000
19. Universidade A Guajira. É uma época donde os professores e estudantes compreendem que a profissão no pode convertesse numa pratica revolucionária a menos que busquem desaparecer.
Estes replante amentos ao marxismo permitiram reorientar especialmente nas universidades publicas (as privadas não há trabalhado profundamente o enfoque marxista) o programa com a inclusão de novos paradigmas, apoiados em enfoques sistémicos y complexos. Se tem em conta novamente el positivismo e o estruturalismo como referentes teóricos, incorporando algumas propostas de carácter sócio crítico e hermenêutico que dão leitura da realidade, se tem também o funcionalismo, que ha marcado a fundamentação da profission.
Se trabalharem disciplinas relacionadas com o meio ambiente, compromisso social, cultura politica, desenvolvimento social entre outras.
Inicia-se no país a formação pós-graduada.
20. Centro Educativo de Caribe.
21. Corporação Universitária Minuto de Deus.
22. Corporação Universitária Republicana.
23. Corporação Universitária Juan de Castellanos.
246
Anexo 2 Planejamento do Programa de Serviço Social. UPB
Missão: “A formação de trabalhadores sociais lideres e capazes de assumir os reptos do melhoramento das capacidades das pessoas e o desenvolvimento social, no contexto das complexas transformações globais e locais; projetando-se a novos palcos da intervenção social com espírito inovador, fundado nos valores da dignidade humana, o respeito pela diferença, a liberdade, a equidade, a solidariedade e a participação democrática” 63
Visão: “Como um programa de excelência em investigação, docência e projeção social. Com reconhecimento no âmbito internacional e nacional, pela qualidade no desenvolvimento destas funções. Comprometido na construção de uma sociedade mais desenvolvida e equitativa”
Propósitos de Formação:
“Promover um trabalho de diálogo e interpretação, desde a formação humanista, entre as diferentes correntes de pensamento e as diversas disciplinas, oferecendo a concepção do Evangelho sobre Deus e o homem, o que permite a busca de sentido aos problemas humanos na cultura atual. (2008)
Competências a Formar nos estudantes:
“Capacidade para a resolução de problemas, capacidade de trabalho em equipe, capacidade de relação interpessoal, capacidade de criatividade e inovação, capacidade de comunicação, capacidade para a tomada de decisões, capacidade de reconhecer e distinguir a filosofia da universidade, capacidade para desenvolver atitudes responsáveis em relação com a vida pessoal e social, o mesmo que com o exercício profissional” (PEP: 2008).
Dentro de seus objetivos está:
“Fortalecer a consecução de uma sólida formação profissional e pessoal de seus alunos, Fortalecer a participação de docentes e estudantes em processos de investigação formativa e de produção de conhecimentos, Conseguir que os estudantes atinjam altos níveis de formação cidadã, ética e política como o reclama o compromisso com o público, Formar estudantes capazes de dar resposta a problemas mutantes em situações de incerteza como as que hoje se evidenciam na vida social, Desenvolver nos estudantes atitudes de compromisso com seu autoformacão e atualização, Oferecer aos graduados ferramentas que lhes permitam contribuir propostas inovadoras ao desenvolvimento de
63 PEP. Proyecto educativo del programa de Trabajo Social. UPB. Medellín. 2008
247
elementos teóricos, metodológicos e instrumentais, que desde Trabalho Social facilitem a construção de uma sociedade melhor.”64
O perfil profissional e ocupacional graduado da UPB será um profissional que:
“Identifica, analisa e interpreta situações e problemas sociais e desenvolve respostas conformes com o objetivo do melhoramento da qualidade de vida das pessoas, as famílias, os grupos, as comunidades e as organizações, trabalha com disposição e compromisso de formas interdisciplinares e com capacidade de expor com clareza seus critérios a respeito dos assuntos que competem à profissão, Procura novas propostas científicas e tecnologias que lhe permita desenvolver-se num processo permanente de aprendizagem e de crescimento em seu desempenho profissional, cria, administra e desenvolve serviços de bem-estar social, formula, executa e avalia políticas sociais, atende problemas de interação e inclusão social, desenvolve processos investigativos”.
Dentro das áreas de intervenção destacadas no projeto educativo se tem:
“Gestão do talento humano e bem-estar dos empregados, organização e desenvolvimento local e regional, reabilitação física e social, cuidado do meio ambiente, serviços de bem-estar para a família, o menor, os jovens e os anciãos, segurança social, serviços de bem-estar no âmbito educativo.”
Quadro 8 - PROGRAMAS EM FUNCIONAMENTO EM UNIVERSIDADES DE MEDELLIN
Universidade Programas Registrados Programas Funcionando
Pontificia Bolivariana 3 2
Antioquia. 6 4
Quadro 9 - FORMAÇÃO ESPECÍFICA PROFISSIONAL NOS PROGRAMAS MATRIZES DAS
UNIVERSIDADES DE INTERESE NA CIDADE DE MEDELLIN.
Universidade Tipo Estructura Pontificia Bolivariana: Privada. 65 anos de fundação.
Métodos de Trabajo Social (política social)
Individuo Familia Grupo Comunidad Política social Administración de servicio social
Universidad Trabajo Social Teorías y procesos con individuo y familia
64 Ibid
248
de Antioquia: Pública. 41 anos de Fundação.
e intervención social Teorías y procesos con grupo
Teorías y procesos con Comunidades
Fundamentos teóricos, metodológicos y disciplinares del trabajo social
249
Quadro 10 - Plano de Estudos Atuais: DESENHO CURRICULAR 2012. PROGRAMA DE SERVIÇO SOCIAL U.P.B. Vigente desde 2008
I II III IV V VI VII VIII IX X Serviço Social 5 C
Politica de Bem-estar Social 5C
Seminário de Investigação . 5C
Serviço Social de Individuo. 5C
Serviço Social Família 5C
Serviço Social Grupo 5C
Serviço Social Comunitário 5C
Gerencia Serviços Sociais 5C
Pratica Professional. T.S 12C
Pratica Professional. T.S 12C
Problemas. Sociales 3C
Teoria do desenvolvimento 3C
Estadística II 2C
Política Social 1C
Politica Social e legislação familiar 2C
Animação Sócio Cultural 2C
Cooperação e formulação de Projetos 3C
Análises Financeiro. 2C
Ética Profissional 2C
Integração 3C: Responsabilidades social
Sistema. Social 2C
Investigação Social 2C
Software Estadístico 3C
Psicologia. Evolutiva 4C
Teoria de Família 3C
Seminário geral de Grupo 2C
Politica Social e legislação desenvolvi-mento participativo 2C
Gestão Talento Humano 4C
Integração 3C: Responsabilidade social
Saber Social 2C
Política 2C Antropologia 2C
Literatura 2C
Ruta de Formação 2C
Psicologia Social 3C
Desenvolvimento Regional e local 2C
Politica e legislação das Organizações 3C
Economia 2C
Estadística I 2C
Cristologia 2C Ética 1C Línea formação I 2C
Ruta de Formação 2C
Ruta de Formação 2C
Integração 3C: Responsabilidade social
Humanismo Cultura e Valores2C
Sujeito e Sociedade 2C
Língua e cultura 2C
Mentalidade empreendedora 2C
Línea formação II 2C
Línea de formação III 2C
0 ANEXO 3 - PLANOS CURRICULARES UPB. Aulas que apoiam o processo de formação da Gestão Humana
Plano Semestre I Semestre II Semestre III Semestre IV Semestre V Semestre VI Semestre VII Semestre VIII Semestre XIX Semestre X
Currículo 12 Plano atual.
Economia Colombiana
Politica Estadística I Politica de Bem-estar
social
Estadística II Psicologia Evolutiva
Politica Social Psicologia
Social
Mentalidade empreendedor. Politica social e
legislação familiar.
Cooperação e formulação de
projetos. Responsabilida
de Social
Análises financeiras Gestão de
Talento Humano Gerência de
serviços sociais Politica e legislação
laboral.
Ética
Ética
Currículo 11 Historia do Bem-estar
social
Economia Geral
Estadística I Ciência politica
Economia Colombiana
Politica Social Administraçao Geral
Psicologia I
Psicologia II Legislação
laboral
Estadística II
Administração de Recursos
Humanos Planificação
social.
Responsabilidade Social
Currículo 10 Bem-estar Social
Economia Geral
Ciência politica Psicologia
Geral Contabilidade Seminário de Entrevistas
Economia
Colombiana
Estadística Processos
Administrativos
Demografia Administração
de projetos sociais
Administração de Recursos
Humanos
Currículo 9
Historia do Bem-estar
social
Economia Geral
Estadística I Ciência politica
Politica Social Administração Geral
Psicologia I
Psicologia II Legislação
social
Estadística II Administração de Recursos
Humanos Planificação
social.
Currículo 8 Historia do Bem-estar
social
Economia Geral
Estadística I Ciência politica
Economia Colombiana
Administração Geral
Psicologia I Estadística II
Psicologia II Legislação
social
Administração de Recursos
Humanos Planificação
social
Currículo 7
Bem-estar Social
Economia Geral
Ciência politica Psicologia
Social
Economia Colombiana
Estadística Processos
Administrativos Demografia
Politica social Administração
de projetos sociais
Administração de Recursos
Humanos
Planificação social.
Currículo 6
Economia geral Bem-estar
Social
Ciência politica Economia
Colombiana Psicologia
Estadística Processos
Administrativos Demografia
Politica Social Administração
de projetos sociais
Administração de Recursos
Humanos
Planificação social
1
Geral
Currículo 5
Economia geral
Bem-estar Social
Estadística Psicologia
Geral
Politica Social
Ciência politica Processos
Administrativos Demografia
Administração de projetos
sociais
Administração de Recursos Humanos
Planificação social
Currículo 4
Economia geral Bem-estar
Social
Ciência politica Economia
Colombiana Psicologia
Geral
Estadística Processos
Administrativos Demografia
Politica social Administração
de projetos sociais
Administração de Recursos
Humanos
Planificação social
Currículo 3
Economia geral
Bem-estar Social
Economia Colombiana
Psicologia Geral
Estadística
Politica Social
Ciência politica Processos
Administrativos Demografia
Administração de projetos
sociais
Economia Colombiana
Administração de Recursos Humanos
Planificação social
Currículo 2
Economia geral Bem-estar
Social
Ciência politica Economia
Colombiana Psicologia
Geral
Estadística Processos
Administrativos Demografia
Politica Social Administração
de projetos sociais
Administração de Recursos
Humanos
Planificação social
Currículo 1
Economia geral Bem-estar
Social
Ciência politica Economia
Colombiana Psicologia
Geral
Estadística Processos
Administrativos Demografia
Politica Social Administração
de projetos sociais
Administração de Recursos
Humanos
Planificação social
2
Anexo 4 - Plano de Estudos Atual da U.A.
NIVEL CODIGO MATERIA CR REQUISITOS
I CSS – 100 Teoria de las ciencias Sociales I 8
CSE – 104 Produccion e Interpratacion de textos 4
CST – 166 Oficio de Investigación I 2
CSE – 153 Fundamentacion teorico metodológico de trabajo Social
4
TOTAL 18
NIVEL CODIGO MATERIA CR REQUISITOS
II
CSE – 253 Teoria de las ciencias sociales II 6
CSI – 180 Economia y teoría del desarrollo 6
CST – 235 Oficio de investigación II 2
CST – 110 Fundamentacion teorico metodológico de trabajo Social
4
TOTAL 18
NIVEL CODIGO MATERIA CR REQUISITOS
III
CST – 460 Teoria de las ciencias sociales III 4
CSE – 370 Investigación social I 2
CST – 231 Teoria.Procesos individuo-familia 6
CSA – 107 Economia y teoría del desarrollo 4
TOTAL 16
NIVEL CODIGO MATERIA CR REQUISITOS
IV
CST – 330 Estado política y bienestar social 4
CST – 334 Pensaamiento lógico.Retorica 4
CSE – 371 Investigacion social II 2
CST – 221 Teoria.Procesos individuo-familia 6
CST – 233 Formación ciudadana y constitución 0
TOTAL 16
NIVEL CODIGO MATERIA CR REQUISITOS
V
CST – 323 Estado política y bienestar social 4
CST – 321 Problemas sociales contemporaneos 4
CST – 322 Investigacion social III 4
CST – 331 Teorias y procesos de grupos 6
TOTAL 18
NIVEL CODIGO MATERIA CR REQUISITOS
VI
CST – 332 Actitud y participación ciudadana 4
CST – 324 Administracion y gerencia social 4
CST – 343 Teoria y procesos comunitarios 6
TOTAL 14
3
NIVEL CODIGO MATERIA CR REQUISITOS
VII
CST – 431 Planeación y gestión del Desarrollo 4
CST – 430 Diseño, gestión y evaluación de proyectos 4
TOTAL 8
NIVEL CODIGO MATERIA CR REQUISITOS
VIII
CST – 437 Práctica Profesional I 8
TOTAL 8
IX y X Practicas profesional II 12
Practica profesional III 12
Total 24
Electivas Obligatorias: Trabajo Social componente flexible: 16 creditos
Antropologia del parentesco 4 Introducción a la antropología social 4 Antropologia politica 4 Antropologia economica 4 Antropologia de las religiones 4 Cultura material y arquitetura 4 Mitos y simbolos 4 Lineas de Profundidad: obligatorias. 12 creditos. Linea de profundización I 4 Linea de profundización II 4 Linea de profundización III 4 Trabajo social-interacción social 4 Problemas sociales contemporáneos. I 4 Problemas sociales contemporáneos. II 4 Familia I 4 Familia II 4
4
Anexo 5 - PLANO DE ESTUDOS No. Anterior. U. A
NIVEL CODIGO MATERIA CR REQUISITOS
I
CST-122 Teoría Sociológicas 4
CSE 104 Español 4
CSE-152 Economía 4
Complementaria 4
CST 101 Teoría de las Ciencias Sociales 4
CST 100 Fundamentos de Trabajo Social 4 CO- Teoría Ciencias Sociales
24 NIVEL CODIGO MATERIA CR REQUISITOS
II
CST 102 Trabajo Social Contemporáneo 4 PRE- Fund. Trab. Social
CSI 180 Fund. de Psicoan. y Psicología 4
CSE-252 Economía Colombiana 4 PRE- Economía
091 Formac. Ciudadana y Constituc. 0
CST 110 introd.. Ciencia Política 4
Complementaria 4
CST 235 Historia de Colombia Siglo XX 4
24
NIVEL CODIGO MATERIA CR REQUISITOS
III
CST 103 Investigación Social I 4 PRE- Teoría de las Ciencias Sociales
CST 460 Movimientos Sociales I 4 PRE- Introd. Ciencia Política
CST 105 Metodol. de la Interv. Social 4 PRE-Trab. Social Contemp.
CSE 159 Estadística Social 4
CSA 107 Teoría de la Cultura 4
Complementaria 4
24
NIVEL CODIGO MATERIA CR REQUISITOS
IV
CST 221 Planificación 4 PRE-Introd. Ciencia Política
CST 106 Administración 4 PRE-Trab. Social Contemp.
CO-Taller Admón.
CST 107 Taller de Administración 2 CO-Administración
CST 120 Teoría y Procesos con Individuos 4 PRE- Metod. Interv. Social
CST 109 Investigación Social II 4 PRE- Investig. Social I
CST 330 Movimientos Sociales II 4 PRE- Movimientos. Sociales I
22
NIVEL CODIGO MATERIA CR REQUISITOS
V
CST 321 Política y Bienestar Social 4 PRE- Introd. Ciencia Política
CO-Taller Política y Bien. Social
CST 322 Taller de Política y Bien. Soc. 2 CO-Política y Bien. Social
CST 111 Problemas Sociales Rurales 4 PRE-Planificación
5
CST 112 Teoría y Procesos Grupales 4 PRE-Metodol. de la Interv. Social
CST 113 Investigación Social III 4 PRE- Investigac. Social II
Complementaria 4
22
NIVEL CODIGO MATERIA CR REQUISITOS
VI
CST 254 Etica 4 PRE-Trab Social Contemporáneo
Trabajo de Grado I 4 PRE- Investigac. Social III
CST 114 Problemas Sociales Urbanos 4 PRE- Planificación
CST 115 Teoría y Procesos con Comunidad 4 PRE- Metod. de la Interv. Social
CST 434 Taller de Prepráctica 2 PRE-Teoría y Procesos Grupales
PRE-Teoría y Procesos con Individuos
CST 116 Teoría y Procesos Familiares 4 PRE-Teoría y Procesos con Individuos
22
NIVEL CODIGO MATERIA CR REQUISITOS
VII
CST 117 Formulación y Evaluación de Proyectos 4 CO- Práctica I
CST 430 Práctica I 9 CO-Formulación y Evaluación de Proyec
PRE- Taller de Preprácticas
Trabajo de Grado II 4 Trabajo de grado I
17
NIVEL CODIGO MATERIA CR REQUISITOS
VIII CST 437 Práctica II 9 PRE- Práctica I
CST 118 Seminario de Práctica 2 CO- Práctica II
11
MODALIDADES DE TRABAJO DE GRADO
CODIGO MATERIA CRE REQUISITO
CST 400 Trabajo de Grado I (Monografía) 04 PRE – Investigación Social III
CST 401 Trabajo de Grado I (Pasantía) 04 PRE – Investigación Social III
CST 402 Trabajo de Grado I
(Práctica Investigativa)
04 PRE - Investigación Social III
CST 410 Trabajo de Grado II (Monografía) 04 PRE – Trabajo de Grado I
CST 411 Trabajo de Grado II (Pasantía) 04 PRE – Trabajo de Grado I
CST 412 Trabajo de Grado II (Práctica Investigativa) O4 PRE - Trabajo de Grado I
NOTA: Según acuerdo académico 0091 del 15 de abril de 1997, los estudiantes que ingresaron a partir del semestre 98-I deben cumplir con el requisito de certificación de la competencia de una lengua extranjera.
6
Anexo 6 - Mapa de Colômbia. Ubicacao de Antioquia.
Fonte: Planejamento do município de Medellin.
7
Anexo 7 - Mapa Área Metropolitana de Medellín.
Fonte: Planejamento do município de Medellin.
8
Anexo 8 - Mapa 4. Medellín e seus bairros.
Fonte: Planejamento do Municipio de Medellin.
9
Apendice: A Guías de entrevistas. 1- A Trabajadores:
Fecha de la Entrevista: ____/____/____ Edad:______ Sexo:______ Nivel de Escolaridad:____________ Tiempo en la empresa:______________ CONOCIMIENTO GENERAL QUE TIENEN LOS TRABAJADORES / EMPLEADOS DE LA PROFESIÓN DE TRABAJO SOCIAL
1. Sabe usted si en la empresa hay Trabajadora Social: Sí_____ NO_____ 2. Si respondió SÍ, conoce el Nombre de la Trabajadora Social: ______________________ 3. Qué cargo tiene la Trabajadora Social: __________________________________________ 4. Hay otras Trabajadoras Sociales en la empresa: Sí______ NO______ No sabe______
Marque con una X la opción o las opciones que correspondan a las funciones o procesos desarrollados por la Trabajadora Social. Cuáles de las siguientes funciones o responsabilidades, desempeña el Trabajador Social en su empresa
relacionados con el:
5. Bienestar:
5.1. Vivienda 5.2. Seguros 5.3. Deporte y recreación
5.4. Salud 5.5. Funeraria 5.6. Cajas de Compensación
5.7. Emprendimiento 5.8. Créditos 5.9. Atención a la familia
5.10.Coordinación de servicios de restaurante y transporte
5.11.Ahorro 5.12Coordinación de cursos de Artes y Oficios.
5.13.Acompañamiento en calamidad doméstica
5.14.Plan de retiro o jubilación
5.15.Ninguno de los anteriores
5.16.No sabe 5.17.Otros 5.18.Cuáles:
6. Relacionados con la Selección de Personal:
6.1 Entrevistas 6.2 Contratación
6.3 Visitas domiciliarias 6.4 Inducción
6.5 Coordinación de Pruebas Psicotécnicas 6.6 Entrenamiento
6.7 Ninguno de los anteriores 6.8 No sabe
6.9 Otros: 6.10 Cuáles:
7. Con Capacitación y formación de los trabajadores:
7.1 Relacionados con el oficio o cargo 7.2 Coordinación de capacitación externa
7.3 Relacionados con el desarrollo del ser y crecimiento personal
7.4 Es facilitadora, formadora o capacitadora
7.5 Ninguno de los anteriores 7.6 No sabe
7.7 Otros: 7.8 Cuáles:
10
8. Con el Desarrollo, Evaluación de Desempeño y Planes de carrera.
8.1 Define planes de seguimiento o mejora. 8.2 Coordina Evaluación de
desempeño al personal
8.3 Ninguno de los anteriores 8.4 No sabe
8.5 Otros: 8.6 Cuáles:
9. Con Relaciones Laborales:
9.1 Seguimiento y sanciones disciplinarias 9.2 Relaciones con sindicatos o negociaciones laborales
9.3 Ninguno de los anteriores 9.4 No sabe
9.5 Otros: 9.6 Cuáles:
10. Compensaciones:
10.1 Manejo de Nomina 10.2 Afiliaciones a la seguridad social y cajas de compensación familiar.
10.3 Liquidación de prestaciones sociales 10.4 Liquidación de beneficios convencionales y no convencionales
10.5 Administración de pactos colectivos 10.6 Ninguno de los anteriores
10.7 No sabe: 10.8 Otros:
10.9 Cuáles:
11. Salud Ocupacional:
11.1 Asesorías de riesgos profesionales 11.2Coordinacion de programa de medicina, higiene y seguridad
11.3Medicion de clima organizacional/Psicosocial 11.4 Coordinación del COPASO
11.5 Ninguno de los anteriores 11.6 No sabe
11.7 Otros: 11.8 Cuáles:
12. Comunicaciones:
12.1Manejo de carteleras 12.2 Boletín interno
12.3 Celebraciones de fechas y días clásicos (Día de madre, fiesta de la familia, fin de año, cumpleaños
12.4 Ninguno de los anteriores
12.5 No sabe 12.6 Otros
12.7 Cuáles:
11
13. Las habilidades o competencias más destacadas de la Trabajadora Social son:
13.1 Trabajo en equipo 13.2 Capacidad de servicio 13.3 Excelente atención
13.4 Liderazgo 13.5 Comunicación 13.6 Capacidad de escucha
13.7 Relaciones interpersonales
13.8 Flexibilidad 13.9 Colaboración
13.10 Dinamism energía
13.11 Compromiso 13.12 Ninguno de los anteriores
13.13 No sabe 13.14 Otra 13.15 Cuál
14. Los Valores que destaca en el Trabajador Social son:
14.1 Respeto 14.2 Confiabilidad
14.3 Compromiso 14.4 Confidencialidad
14.5 Ética 14.6 Coherencia
14.7 Equidad 14.8 Justicia
14.9 Solidaridad 14.10 Honestidad
14.11 Integridad 14.12 Transparencia
14.13 Ninguna de las anteriores 14.14 No sabe
14.15 Otra 14.16 Cuál.
15. Con las funciones del Trabajador Social los trabajadores se benefician con:
15.1 Mejores condiciones de vida 15.2 Mejores beneficios según pacto colectivo, convención o beneficios extralegales
15.3Educación y formación adecuada
15.4 Mayor productividad y rendimiento
15.5 Disminución de accidentes y enfermedades
15.6 Mejor clima laboral
15.7 Deporte, turismo y recreación 15.8 Mejores condiciones de vida para la familia.
15.9 Ninguna de las anteriores 15.10 sabe
15.11 Otra 15.12. Cuál.
16. Usted como trabajador se ha beneficiado con los programas liderados por la Trabajadora social y ha obtenido:
16.1 Mejores condiciones de vida 16.2 Mejores beneficios según pacto colectivo, convención o beneficios extralegales
16.3Educación y formación adecuada
16.4 Mayor productividad y rendimiento
16.5Disminución de accidentes y enfermedades
16.6 Mejor clima laboral
16.7 Deporte ,turismo y recreación 16.8 Mejores condiciones de vida para la familia.
16.9 Ninguna de las anteriores 16.10.No sabe
12
16.11 Outra 16.12 Cuál.
17. Su familia ha participado y ha obtenido beneficios en:
17.1 Salud 17.2 Vivienda
17.3 Apoyo y ayuda en momentos de calamidad.
17.4 Educación
17.5 Deporte 17.6 Recreación y turismo
17.7 Ninguna de las anteriores 17.8 No sabe
17.9 Outra 17.10. Cuál: 18. Se siente usted atendido adecuadamente por el profesional cada vez que solicita sus
servicios? Sí ____No_____ Por qué?
Muchas gracias por sus respuestas: Investigaciones TRABAJO SOCIAL UPB
13
Guía para la entrevista con los Jefes de las Trabajadoras Sociales. CONOCIMIENTO Y PERCEPCION DE LOS JEFES SOBRE EL DESEMPELO DEL TRABAJADOR SOCIAL Fecha: DATOS DE IDENTIFICACIÓN:
1. Edad: 2. Nivel académico; Formación académica: 3. Ocupación/Cargo actual: 4. Tiempo en el cargo: 5. Antigüedad en la empresa:
ASPECTOS RELACIONADOS A LA PROFESIÓN DE TRABAJO SOCIAL
6. Conoce lo que hace el profesional de Trabajo Social en la empresa? 7. Conoce el objeto o fin del Trabajo Social? 8. Puede describir lo que hacían antes y lo que hacen hoy los Trabajadores Sociales en las
empresas: 9. Fuera del (a) Trabajador Social de la empresa, conoce otros(as) Trabajadores Sociales en el
medio y en que funciones? 10. Cuáles son las funciones principales que el Trabajador Social desempeña en la empresa? 11. Por qué tienen un profesional de Trabajo Social en este cargo? 12. Porqué tienen en el cargo un Profesional de la UPB, o de U.A 13. Cuáles considera son sus mayores contribuciones? 14. Cuáles destaca como sus competencias en el desempeño? 15. Cuáles deben ser las competencias a mejorar? 16. Cómo cree usted, impacta los resultados del negocio el desempeño del Trabajador Social? 17. Responde a los cambios y restructuraciones de el mundo del trabajo hoy (Flexibilidad laboral,
poca estabilidad, movilidad permanente, polivalencia entre otras) Sí __ No ___Como? 18. Considera que el profesional responde a las necesidades y expectativas de los Trabajadores?
Si___Cómo___No___Porque 19. Responde a las necesidades y expectativas de las familias de los trabajadores? 20. Sí __ Cómo ___ No ___ Por qué? 21. Responde a sus expectativas? Sí____ No ____Por qué? 22. Cuáles valores destaca en el desempeño del profesional? 23. Las funciones que el Trabajador Social desempeña, usted considera pueden ser desempeñadas
por otro profesional? Sí______ Por quiénes______ No _____ Por qué? 24. Cuáles de las funciones desempeñadas considera son exclusivas del Trabajador Social? 25. En caso de cambiar, volvería a contratar un profesional de Trabajo Social en el cargo? Sí____
No _____ Por qué? 26. Usted sabría diferenciar entre un Trabajador Social y otro profesional en el mismo cargo? Sí___
No____ Por qué? 27. Cuáles son las actividades de desempeño exitoso en el cargo? 28. Cuáles son hoy los desafíos para el profesional de Trabajo Social en las empresas?
Percepciones u observaciones generales del Trabajo Social en su empresa: ____________________________________________________________________________________
Investigaciones UPB
14
Guía de ENTREVISTA SEMIESTRUCTURADA TRABAJADORES SOCIALES Fecha de la entrevista: ____/____/____ Nombre de la empresa: _________________Sector:____________ Anos de Fundacion____No. Trabajadores:____Vinculados T Ind____ Por otros contratos___ Dirección: ___ Entrevistador: _______ DATOS DE IDENTIFICACIÓN GENERAL: 1. Nombre: 2. Sexo: 3. Edad: 4. Estado Civil: ____.Numero de hijos: 5. Dirección Residencia: 6. Formación academica superior:
TITULO INSTITUCIÓN AÑO DE TERMINACIÓN
7. Cargo Actual:_________Tiempo en el cargo: ____________ 8. Depende de: _________Profesión del Jefe: _____________ 9. Tiene posibilidades de ascenso: Sí__en que areas u otros campos _ No:_ Porqué? 10. Tipo de Contrato: 11. Antiguedad en la empresa: 12.Salario: De 2 a 3 salarios mínimos: ___De 3 a 5 salarios: ___De 5 a 7 salarios. __Mas de
7salarios míni: ___ 13.Su salario está conforme con las funciones que desempeña en la empresa, el cargo y
según el mercado de trabajo actual en el medio? Sí ______ No________ Por qué? Otros cargos desempañados:
Otros Cargos desempeñados
Empresa o Institución
Area de Trabajo Social
Tiempo de Permanencia
Dependía del cargo:
Profesión del Jefe.
Total años de experen el
area laboral
14.Percepción del jefe anterior al actual cargo, con relación a la profesión de Trabajo Social. 15.Percepción propia sobre su desempeño en el cargo anterior como Trabajador Social. 16.Cuáles fueron los motivos para el cambio del ultimoempleo? 17.Cómo fue el proceso de selecciónpara el actual cargo? CARGO ACTUAL: 18.Nivel o áreaal que pertenece su cargo dentro de la empresa:
15
19.No de Personas que tiene a cargo: 20.Cargos de estas personas: 21.Por qué creé usted, tienen en la empresaun Trabajador Social en el cargo? ____ 22.Cual ha sido la la trayectoria del cargo; cuanto hace que existe, que cambios ha tenido, atribuciones, etc. independiente de la persona actual. 23.Participa de la planeación estratégica de la empresa? Sí __Cómo_No___Por quê? 24.Existe una descripción del cargo en el manual de funciones de la empresa? Si__No____ 25.Funciones principales del cargo: 26.Funciones secundárias desempeñadas: 27.Programas, proyectos relevantes de su cargo que no corresponden a su formación como
Trabajador Social: Trabajadores Sociales con más de cinco años en el cargo: 28.Con los cambios en el mundo laboral hoy, describa las funciones que desempañaba antes y
funciones que desempaña hoy: 29.Con sus actuales funciones usted respondea las nuevas exigencias de transformación del
mundolaboral? (Flexibilidad laboral, poca estabilidad, movilidad permanante, polivalencia entre otras) Sí___Cómo? ___No__ Por qué?
30.Considera cumple con funciones que corresponden a otras profesiones: Cual cree es lo esencial de Trabajo Social. Sí ___ Cómo? No ___ Por qué? __
31.Funciones quedesempeña en su cargo que no puede ser realizadopor otro profesional? Por qué?
32.En sus actividades debe atender otras áreas o secciones diferentes a esta? Sí_ cuales? No_
33.Comparte funciones con otros profesionales? Sí _____Cuáles funciones? Con qué profesionales? __No ___ 34.Qué espera obtener de este cargo en relación con su formación como Trabajador Social? 35.El cargo actual lo hubiera alcanzado también con otra profesión? Sí __ Con cuál por
ejemplo:_____No ______ Por quê? 36.Considera, cumple con el objetivo de Trabajo Social para el cual fue formado? Sí ___Cómo? No___Por quê? 37.Cómo ha sido la participación de Trabajo Social en la empresa? Hay otros Trabajadores
Sociales en la empresa, Cuáles son sus cargos?, Existian antes de usted, Trabajadores Sociales en la Empresa? Motivos de los retiros: se suprimieron los cargos o se fueron las personas?
38.Existen avisos (letreros o especificaciones) alusivos a Trabajo Social en oficinas ?Sí ______No_______ Por qué?
39.En su presentación usted se identifica sobre su profesióncomo TS?Sí ____No____Por qué? 40.Los trabajadores de la empresa conocen cuál es su profesión? Sí ___ No ___Por qué? 41.Recibe asesoría para desempeñar algún proceso específico?Sí __ No_ Tipo de asesoría 42.Participa de otros equipos de Trabajo en la Empresa:Sí ___Cuál:___No__Por qué? 43.Competenciasmás destacadas: 44.Competencias que debe mejorar:
16
45.Impacta usted los resultades de la empresa? Sí __ No___ Cómo? RELACIONES INTERPROFESIONALES 46.Percepción de sus relacionesde trabajo con los jefes, con su equipo de trabajo y con los
trabajadores:
47.Percibe diferencias en el tipo de trato yrelaciones por su condición de
profesionalenTrabajoSocial?Sí ______ No________ Por qué?
48.Principales ventajas y desventajas en el área de RelacionesLaborales por ser
profesionaldeTrabajo Social:
49.Limitaciones de su desempeñoprofesional en el área laboral: 51.Demandas de sus jefes:
50.Expectativas que tienen sus jefes frente a su desempeño:
51.Demandas de los Trabajadores:
52.Expectativas que tienen losTrabajadores frente asu desempeño:
53.Cuáles han sido las mayores dificultades que ha tenido que enfrentar en su cargo por ser
Trabajador Social ? Como las resuelve?
54.Cuáles han sido las situaciones positivas que la profesiónle ha aportado a su desempeño?
55.Hace parte de organizacioneso gremios relacionades con su profesión o cargo ?. Sí __No
Cuáles?
56.De qué manera influyen estas organizaciones o gremios para el desempeño de la profesión
o cargo?
57.Ocupa u ocupó algún puesto relevante en el interior de las mismas? Sí ____No_____Cuál?
EDUCACION / FORMACION PROFESIONAL 58.Percepciónsobre la importancia de continuar la formación para el desempeño:
59.Métodos, enfoques y técnicas aprendidas de la profesión que más utiliza ensus
intervenciones
60.Cuál de las disciplinas recibidasen la formación como Trabajdor Social que recuerda apoyan
eficazmente su desempeño?
61.Algunos autores específicos que tiene como base para reforzar sus análises e
intervenciones en el cargo y/o la profesión:
62.Actualmente está trabajando –o estudiando?- algún tema, enfoque o autor relacionadoconla
profesión?Sí__No__Cuál Conel cargo __Sí__No__Cuál?
63. Nível de satisfacción conla formación como Trabajador Social recibida:
17
64. Piensa continuar con su formación a corto, mediano o largo plazo? Sí __En que
especificamente? No _Por quê?
65. Conoce el Código de Ética de la profesión? Valores que más recuerda de la profesión:
66. Valores que más refuerza de la profesióny aplica ensu cargo:
67. Está satisfecho (a)consu desempeño a partir de la formación recibida enTrabajo Social?
Sí_No_Por qué?
68. Cuáles cree usted son los desafíos delprofesionalde Trabajo Social en el área empresarial
hoy?
69. Describa un dia de su trabajodesde la hora de llegada hasta la salida:
70. Sugerencias y/o recomendaciones para la Universidad en relación con la formación para el
desempeño profesional en el área laboral:
OBSERVACIONES GENERALES
Investigaciones UPB