Download - Freitas Filho a Mao Livre
A R M A N D O F R E I T A S F I L H O
MÁQUINA DE ESCREVER poesia reunida .e_ N ~*"---
 -EDITORA NOVA
FRONTEIRA
ARMANDO FREITAS FILHO
À mão livre
1979
À MÃO LIVRE. Capa de Rubens Gerchman.
Vocabulário e corpo - deuses frágeis -eu colho a ausência que me queima as mãos
Ferreira Gullar
Mademoiselle Furta-Cor
de a a agá
Por esta fresta te espreito
por esta fenda te desvendo.
Por esta fresta
sonda contra esponja
e babo
cravo
e te penetro
teso e reto, e por inteiro
o seu corpo se entreabre:
porta e perna, caixa e coxa.
Por esta fenda
tenda
de pele que se franze
e rasga
eu me adentro
feito de espera e de esperma:
e espremo - te aperto - e exprimo
toda a cor da carne do amor que escrevo.
Por esta fresta me espreito
por esta fenda me desvendo.
***
Eu conheço o seu começo
ponto e novelo
meada de mel e langor
de lentos elos
que a minha língua lambe
no calor despido
no meio de suas pernas:
anéis de cabelos
anelos e nós se desmancham
em nada ou nódoa
235
Armando Freitas Filho Máquina de escrever
por todo lençol do corpo o negrume úmido que você
nu e amarrotado: mucosa, encerra
nós aqui somos todos lassos corpo de crepe, polpa e grito
e nos rasgamos
devagar - poro por poro crua garganta da vagina
rumor de sedas grelo vermelho
ou de uma pele toda feita que lateja em nua boca de carne
de suor e suspiro: ultravioleta eu soluço a cada susto seu
que nos dissolve.
***
*** Seu corpo que escancara
negra gargantalha onde mergulho
minha cara, e gargaralho
por uma nesga nos teus pêlos, nos teus tufos
e me misturo no que escorre feita com unha e fúria
eu te descubro e te mastigo nos teus peitos.
Eu engulo o que está dentro:
e me embrenho em sua grenha a organza do orgasmo, a nuânsia
e tudo range - gargantua -selva de seiva que ferve suareja e gargalhanta
e espuma e chupa nos teus beiços feito espuma
de onde arranco estes teus beijos o que de mim escapa: jato em pedaços, derramados:
ejaculado gesto boca de sangue, grito e rouge ou projétil que no tenro morde a fera de esponja
que se espoja em cada espasmo se enterra eu te esmago sob a pata
e entra: entre, na entranha e me esmigalho nos teus braços
no carbono do escuro
gangantalha gargaralha
garatuja o gozo que no fundo gargalhanta gargalhada
se abre
e berra, decalque de luz, que fura ***
236 237
Armando Freitas Filho
238
No gume da minha gula
o meu afago se afia
e em sua carne me afogo
duro, inteiro, em riste
e vou tão fundo que sinto
sua pele de tantas pálpebras
de tantas pétalas abertas.
Entre suas pernas fechadas
- glande, guelra, golfada -
a vida se precipita
e voa feito uma flecha
buscando sua ferida:
cortinas de veludo e sangue
em derrame de lentas dobras
e de dolorosas pregas sentidas.
Nua mucosa, gruta, gengiva
com amor te mordo e enquanto rasgo
por dentro, o tenro de sua figura
o meu punhal sorri no escuro
e o seu riso cria um rio.
***
Eu avanço, te abocanho
a cama range, o corpo ruge
vermelho!
vivo num relance as nuances
de um arco-íris de tafetá
ferido no espaço do instante
de seu veloz delírio:
e caço o seu rosto em cada cor
em cada gama
a cada gomo que esmago e engulo
eu te provo, e bebo
as gotas do seu gosto
. e mastigo o teu sabor
calcando sob mim
o gesto escancarado
do seu sangue sem som
mas que, entretanto, em entretons
grita.
***
No seu corpo
vestido de cetim
tão sentido como este desejo
segunda pele que desliza
sobre sua nudez
em carne viva
à beira do sangue e do colapso
eu me debruço
álacre, mas minha fome
nem sequer alcança ou arranha
o escudo de esmalte
da sua beleza, não atravessa
seu corpo de cromo
o lacre
escarlate do sexo, o nicho
de verniz e veludo roxo
onde o beijo
da minha boca sonha aninhar-se.
***
Máquina de escrever
239
Armando Freitas Filho
240
Serpente
sereia de asfalto e néon
silva ruiva urge range
e lateja
cheia de escamas e chamas
em todas as camas, galáxias
que o desejo arma e desmancha
marca
de lantejoulas - olhos elétricos
e pelos cabelos
te alcanço
com minhas mãos seguro
a labareda
a lâmpada do corpo
abraço
sua fogueira imediata
a dança
que se queima no espaço
e enterro minha sede
no curto-circuito molhado do seu incêndio
aceso e cego.
***
Em pêlo
sobre seu dorso
o meu desejo
cavalo
que avança
e do meu corpo se veste
e mete
o dedo de sua língua
( ... )
a minha mão que enfia
a luva
do gesto da outra pele
e se espalha
nua
neste sofá de carne
forrado de fogo
feito de músculo, crina e gemido
onde o seu desejo
me engole
o arremesso
e chupa
gota por gota todo o galope
( ... )
o impulso a hélice o elástico
que se arrebenta
e dispara
o grito
a chicotada
que marca o rosto
e estala entre meus dentes
na boca de sua garganta.
* * *
Na bocadela
e brama
ah!
aqui
que espuma
no seu buracu nu
a vida que não cessa
Máquina de escrever
24 1
Armando Freitas Filho
242
se entrega
sem remédio escorre
e se arremessa:
do cabo ao rabo
não se abre nem um palmo
de pausa
nada
nesse espaço arreganhado
nenhum furo, nenhum poro
nem um poço está sem posse
e eu como, bebo, carco e acabo
e ainda lambo
todo o resto, toda a sobra
toda a baba
na beira da sua boca de cabelo.
Mr. Interlúdio
~msouvocê que me responde
do outro lado de mim?
Quem é que passa
invisível
pelo espaço da sala
e va1
do meu corpo
a este outro
em emulsão ou emoção
instantânea
feito como eu mesmo
de repente
e não perde
nessa viagem
em noite antiga
o tempo que perdi
e, no entanto
os dias que me fizeram
estão ali
correndo em suas veias?
Entre mim e você
que sou eu
simultâneo
quem sou?
O que se fez
enfim, nesse intervalo
onde minhas coisas todas
pousam
na poeira do silêncio
o segredo de sua carga?
Aqui estão os achados
e os perdidos
o que guardo ou abandono
245
Armando Freitas Filho
246
os vários ecos descobertos
as minhas sombras
que vou deixando
como roupas apagadas
que despi
meus fantasmas de pano
e luto
e me debato
nas paredes
pelo quarto
tão fechado e escondido
como o caderno de rascunho
feito de papel e de memória.
E nunca estou onde procuro
e mesmo agora
o que encontro mais de meu
é apenas
o relógio que marcha
e marca a hora
fora do meu pulso
é a fumaça do cigarro
que permanece se movendo
é o lugar
que pouco antes
minha cabeça
(ou foi meu sonho)
ocupou no travesseiro.
E o vento
não mais hesita na janela
e entra
casa adentro
no acaso do seu vôo
e bate as asas
no corredor
e bate
a porta até então
entreaberta.
Quem sou você
afinal
que me repete
do lado de fora de mim?
Quando me voltei?
Como andei até aí
sem desgaste
sem me ver
e agora me vejo daqui
de onde permaneci?
O que sou
não sei
como me fiz
ao longe
e não me alcanço
toda vez
quando escapo
sem lembrança ou flagrante
e vou
e vejo em toda parte
essa vida que se ergue
interina
e passeia
seu corpo clandestino
que é o meu
no chão de cada dia.
O que sei
não sou
pms me esqueço
Máquina de escrever
247
Armando Freitas Filho
248
tudo o que me fez
por dentro:
tudo o que está perto
todo o avesso
tudo o que de cor
o coração repete
entre relâmpagos
e no meio de mim
eu não me escuto
o pensamento
só persegue
o que está entre
os dois instantes
em que me percebi.
Entre os dois instantes
a distância é a mesma
da folha de um livro
para a outra que se segue:
de mim para mim
na falha desse espaço
onde só cabe
a lâmina de uma faca
o que se passa?
Que existência é essa
que avança e pergunta
a cada linha
de vida conseguida?
O que faço ali
vestido de outro
ao contrário de mim
pois o coração
bate sob a pele da camisa
no lado oposto do meu?
Como cheguei lá
se o pé não se fez passo
se o breve ar que me separa
é, s.omente, o de uma respiração
para outra
que chega
e embaça
e apaga
uma possível ponte
que a imaginação fabrica
e não sustenta
a estrutura em preto
e bruma
que vai desmoronando
suas impossíveis pedras de algodão
nessa pausa mínima
entre mim e você
que escreve
com a mão esquerda
o que não sei
o que, com certeza, não escrevo
e nem jamais escreverei aqui?
Máquina de escrever
249
Dr. Acaso
luto por toda a catacumba
contra tudo o que avança:
mão, mancha ou gancho
com o escudo de pele e escuro.
Está aqui o fantasma
que procuro, ferrão
de sombra em sua furna
cavada no sonho do meu sono
e a cada golpe eu respondo
com meu nome, com a arma
que desfere
unha e dente sobre o corpo
sem marca, sem feitio e que
navalha, eu retalho, corto
a fundo, mas minha fúria
somente fura o vazio desta carne
feita de fuga, disfarce e nada
e o gesto - gume agudo e cego -
sem alvo, só fere a mim:
franjas do meu próprio sangue
mas continuo: de luto eu
luto
***
por entre os dedos feito areia
dentro das mãos que não seguram
e se esvaziam, a vida foge
pelas veias, e o meu corpo
253
Armando Freitas Filho Máquina de escrever
não calcula mais seu pulso: tudo o que sou
o tanto que não sei
convulsos cavalos soluços e se arrasta, sem nome
ou mapa:
veludo de pele vermelho espelho selvagem
caco, estilhaço
galopam no espaço do peito: tão vário é o que se perde
e parte e rasga o rosto
circuitos, látego e síncope da vida, sua cara
a máscara
aqui mergulho ou salto para a perda que o corpo - espada -
até o fundo, se veste
do que não tive e quis: lago ou trapézio e enterra: até o cabo
e a dor não sabe
e o que resta em toda parte do tenro do cálido do tépido
deste cálice de carne e investe:
para minha garra faz-se de vento ferro versus ferida
derrame
o perdido pousa no instante cego desta cor sem som que sangra.
do trampolim lançado sobre o inverno * * *
e cai se derrama, em vão, soçobra Pasto de carne onde o rastro
como sombra, se agrega na neblina do meu amor se empenha
e abre
do naufrágio deste espelho abandonado com as mãos sem luva
nuas unhas
tão marcadas no espaço
*** que o seu corpo abandonou.
E de novo abro
Aqui estou e então o que me resta
em todas as veias o que se arrasta, aqm
rajada na memória do deserto:
me penetra e varre: sol sem sombra, lembrança a pino
54 255
Armando Freitas Filho
~56
e nossos corpos derramados
no passado que chegou.
Sob o vento, nem areia
somente o chão
ou não.
Somente nada
ou o que despedaça
e se despede
neste esfarrapado vazio
sem bandeiras.
***
Nudez ou mudez?
A morte é nada
ou tudo o que se despe, imóvel.
Tudo o que se despede
e passa
sem olhos
longe dos mapas
sem marca, número, registro
e se retira sob a lápide:
sub-reptício réptil psiu
um mínimo de mim
se perde no
segundo
seguinte
em todos os degraus
eu deixo
migalhas fagulhas frações
entre o abrir
e o fechar
segredo
a morte aguarda no silêncio
no intervalo
entre uma
entre outra
entre cada
batida
do coração.
No entretanto
tanto
ficou entre meus lábios:
tanto em cada instante
que o acaso
pelos degraus
documentos
escada abaixo
até o chão.
No entretanto
lança
dados
tanto
ficou dentro do silêncio:
a marca da palavra
no branco da folha
embaixo da que escrevo
e rasgo:
seu relâmpago
que aos poucos se apaga
se afoga neste poço de papel.
No entretanto
tanto
ficou fora de mim:
tanto o que esqueço
e some
sem sinal, e todo o amor
Máquina de escrever
257
Armando Freitas Filho
258
não foi bastante
para reter o que voa
como o pássaro
que não lembro
no pensamento.
* * *
Quem com ferro
alcança
os olhos abertos
da ferida
Quem com os olhos
fura
a bandeira de vento
a blusa azul da manhã
que mesmo assim continua:
brisa ou
barco à vela
sobre o mar
ave, avião
com suas asas de viagem
voando como qualquer nuvem
de pensamentos no céu.
Quem com olhos
de ferro
procura
o rosto do meu corpo
quem com as feras
se lança
no rio do meu coração
em vão
quem com ferro?
* * *
Como um dia perdido
dentro da vida
como um dia
esquecido na lembrança
que abandona
todo o seu vento
o tanto de sol
que entra no pedaço da tarde
parada sobre o quintal
este dia
se repete
entre tantos
e chega
até a mim
repentino
com a sua sombra a esmo:
o mesmo vento
o mesmo sol que bate
na mesma tarde e anda
no chão de agora
perdido
como o dia de dentro
como o dia de antes
com a sua luz que alcança
a vida
deste momento.
***
Terra-
a nuvem se decifra no céu
o sono some no sonho
que logo se soma
a outro desenho, a outro
desígnio, cisne de signos
Máquina de escrever
259
Armando Freitas Filho
260
ou sino de neve
ou hino de névoa
no céu, as nuvens
seguem e cegam
o olho de mel do sol.
Terra-
aqui, no chão, a sombra
calça suas luvas
ao avesso, alça
nos ombros, armários de carvão
aqui, tão perto do coração
tão junto do peito
na beirada de pele e de pedra
do corpomar do planeta
minha vida se abraça com o espaço
de cada dia, e passa.
***
Os dias são os passos
na pista
o tempo que corre atrás do atleta
são pegadas em branco
dia a dia, adeus
são vestígios do silêncio?
Os dias são os sentidos
de um tecido
que se usa
vestido
como a pele
bailarina mais nua do corpo?
Os dias são as redes
no ar
balançando suas malhas e falhas
na pausa das varandas
dia sim, dia não?
Os dias são as notícias
mínimas
invisíveis a olho nu
acontecendo nas entrelinhas
nas páginas de poeira e ventania
de um jornal nenhum?
Máquina de escrever
261
Fragmentos de um domador
Àmor que a mão desenha
e tenta como este poema
que a custo começa
contra a mordaça
e voa feito nuvem
diante das vidraças abertas
e do olhar molhado do mar.
Amor que bate
em todas as portas
no peito da vida
bate
músculo de crepom
e crepúsculo
punho de pele
em luva de sangue
no peito
a vida
se gasta feito uma seda
se esgarça
como aquela nuvem
e passa
muda
em câmara lenta
e prepara
para o próximo momento
um navio de neve que vira
uma breve aeronave de névoa
voando para a manhã
por entre as estrelas
com as asas unpressas
em sua mudez de algodão
no papel aéreo do céu sem pauta.
Vôo, apenas, de plumas
e penso
tão fundo
265
Armando Freitas Filho Máquina de escrever
é o chão como a vida e o mergulho como o vento
incessante de cada dia. que alcança o topo
Os segundos de silêncio de cada árvore
e segredo e beija suas copas
seguindo e não esquece
de cor de cada folha
a suíte de fuga de toda a folhagem.
o gota a gota de veludo
murmúrio e vermelho Não se esqueça
pingando o que a vida inventa
dentro do corpo e descobre
que não sabe o limite na insônia do espelho da sua borda. e no horizonte de cidade:
Aqui, no centro de tudo laser, labareda
o mundo se faz sem mapa: relâmpago cristalizado
o oceano de céu vulcão de neve que se reflete no outro embaixo do sol
de água do incêndio do pensamento
que repete a noite acende
a paisagem geral de cetim azul sempre de repente
do planeta. suas janelas Os olhos verdes de selva que se debruçam e relva sobre a natureza em carne viva:
tão de relance deslumbrilhante cascatarata como você Hiléia isto é o seu corpo musa de ar nouveau: que derrama em chamas deusa, não deixe ou o meu reflexo? sua beleza Quem se despede
esquecer-se do meu amor como quem se despe assim como a onda e abandona o tempo esquece seu movimento a pele de sua roupa na areia da praia. e cai na piscina nua Se lembre vestido de esmalte que tudo corre e esmeralda
se move e passa e nada
'66 267
Armando Freitas Filho
68
para fora de si
para dentro de mim
entre o céu e a terra
voando
como se fosse feito
de perfume, fantasma e olimpíada?
Mas não há nada
o que temer nesta noite:
nesta noite
tudo o que se deu
foi guardado
no fundo
mais profundo
do coração.
Não há nada o que temer
neste dia
que, hora por hora
avança
sobre a montanha e o mar:
viver, talvez, seja ver
o impossível, o árduo
o limite em nós
que ao entrelaçarmos
o nosso gesto
ao nos prendermos
tememos, sempre, nos perder.
Diagonal
Ao lado de Roberto Magalhães
Porto Mar onde amarro
toda noite
cada onda
e o carro dos meus dias
feito um barco
e mais a moto do meu sonho
com seus pulmões de arame
e com o desejo a cavalo
que chega
de ferro e gaze
ofega e pára:
holofotes
no espelho do rosto
rodas de elástico e ventania
- pneus de nuvem -
e as asas
do coração bordado
em
pleno vôo
na camisa do peito.
De mão em mão
o perfume do seu corpo
passa e fica
de cor
e corre
no vento
do pensamento
entre tantos
entre todas as luzes lilases
dos olhares
fica
no espaço da esperança
nas toalhas de talco
271
Armando Freitas Filho Máquina de escrever
no lenço de papel branco e perco o desenho
onde sua boca de batom a linha o enleio o bailado
deixou a marca a flâmula de sua figura
do beijo esquecido entre outros esboços
que não alcanço. entre tantos rascunhos
nos vários papéis de seda
Não te alcanço que sua presença vestiu
e no entanto e onde pousou
veio sua voz a flama
abrir os lábios a fantasia trêmula de sua dança
na outra mesa que não se desmancha
na outra margem do bar e continua
-no- feita de sombra
tão depressa no alvo
passa no vôo
a alegria no decalque da lembrança.
sobre o mapa
que o rosto usa Sempre na lembrança
e desdobra: em, entre
rugas recortes e perfis
vmcos, marcas você debruça
que as mãos desamassam a fumaça que faz sua face
e disfarçam perdida na beira do ar
tão depressa e eu te procuro
as conversas se escrevem até o fundo de mim
dentro dos balões suspensos parado diante do esquecimento
nos espaços da fala logo após
quando as palavras se apagam depois
no de, desde
e você passa o último pensamento
e nada que passou
para fora de mim como um cardume
te persegue de palavras:
enquanto me afogo para, per
em cada corpo perante
que emborco e bebo o verão
'72 273
Armando Freitas Filho
'. 74
que se alastra
aceso
noite adentro
com o vento
que já demora
para
dobrar a esquina
e levar ao léu as folhas
e pára
contra o incêndio
que do outro lado se arma
de espaço e labareda
e progride
sobre o mar
que aprendendo a voar
abre suas asas de água
e invade
esse porto
onde, em cada barco
batem
em cada mesa
as ondas do meu coração
e o sol amanhece o céu
e a vida
diagoniza
no jornal da manhã.
Cidade Maravilhosa
À cidade se abre como um jornal:
flash flã flagrante
na folha que o vento leva
no grito impresso que voa
na voz
No ar
com a manchete:
LUTE NO AR
ou no exíguo espaço
que nos resta
no chão
das casas
das caixas de morar
nos ônibus superlotados
nos estádios cheios
o homem que
- todo o dia-
veste a camisa da estrela solitária
e desaparece
- para sempre -
luta
contra o esquecimento.
Como um jornal que escreve
em cada página
a crise e o crime de toda hora
como um jornal que embrulha
o que
diariamente
esquecemos
como um jornal
277
Armando Freitas Filho Máquina de escrever
como os espelhos perplexos superposto
uo Parque de Diversões na paisagem amarrotada
se fazem os quadros em flagrante da cidade.
de Gerchman.
Aqui estão os rótulos
Ali estão todos rasgados do meu rosto
estamos nós as máscaras em pré-estréia as marcas
a sós as letras do meu nome na beira do mundo com todos os erres com todas as nossas caras: com todos os erros a miss o kiss elétrico em garranchas o kitsch o clichê pichados no cimento o beijo borrado de Mona/ou nos cartazes me alcanfa
e nas caligrafias de néon: no banco de trás
a Moreninha Motel de Mel Não Há Vagas
me enlafa
na janela furta-cor Os Desaparecidos
que pisca, Homens Trabalhando
por de trás da paramount Na frente de todos
o amor se acende:
Boa Noite O Rei do Mau Gosto
Lindonéia. usa o seu rosto
Ali estão todos A Stripper sem Script
na primeira página quebrada se incendeia
dos espelhos: sob o sol do Mangue
aqui, perdido, me acho
em cada qual Assegure Sua Fartura
me vejo no Carnê Futuro
na multidão espatifada. de Baby Do//
Ali encontro a linha Aqui estamos nós
o começo do desenho enfim o rascunho do meu corpo João e Maria de carvão feitos um para o outro
278 279
Armando Freitas Filho
280
no acaso das calçadas:
neste banco nos beijamos
neste jardim nos devoramos
nesta rua nos deixaram
joão
emana
nos perdemos
com a roupa do corpo
com a casa nas costas
na floresta
dos dias
(índios) e (indigentes)
atravessando as veredas da avenida
sob a paixão do sol.
Corpo de delito
I
E~cuta o rumor nas margens plácidas
feitas de lama, sangue e memória.
Escuta o brado retumbante
na garganta do túnel.
Por entre as grades do grito
o céu da liberdade viaja
e o sol, sem Pátria, se espalha
nesse instante, no cimento.
Aqui, Senhor, tememos
o braço forte que sobre os seios
se abate, sem remorso.
Aqui, no peito, os sussurros do coração
o muro de murros desabado
os urros na boca do corpo de entulho
e os erros da minha mão
que apalpa a própria morte.
Nesta cela que sonho nenhum
se escreve nas paredes
nesta sala de azulejos lívidos
um raio de dor sempre aceso
e vívido, à terra desce.
O céu é o sol desta luz
em cada nervo
e em cada um de nós
um límpido incêndio resplandece.
Daqui escuto os passos dos gigantes
pisando, impávidos, a paisagem.
Escuto a marcha dos colossos
por cima dos ossos
por cima dos mapas de mar e grama
283
Armando Freitas Filho
284
escuto as botas dos passos
nas poças do corredor
cada vez mais próximos
dos calcanhares nus do meu futuro.
II
Sentado na cadeira do dragão
largado no berço profundo do chão
sobre o som do mar o céu fulgura
com o seu sol elétrico
que não cessa
o curto, o choque, o surto
em chamas do dia iluminado
nos porões iniciais de um Novo Mundo.
As flores que aqui gorjeiam
garridas, em suas jaulas
se agarram na beira da vida
que cisma e insiste
e continua avançando
por entre vadias várzeas e charcos
e exclama e se espanta
como a primeira palmeira brusca
que busca o espaço
no bosque de fumaça do horizonte.
Aonde está você, amor eterno
que não drapeja no vento
sua ílâmula trêmula de estrelas?
Aonde o verde-louro, o céu de anil e mel
o lábaro, a labareda de pano
que o látego rasga e marca?
Aonde a glória do passado
se o presente é este furo
de bala na pele do futuro?
Mas se ergues, ainda sim
a clava forte do seu corpo
e não foge à luta
nem teme a própria morte
que avança armada até os dentes
verás os raios fúlgidos
do sol da liberdade no céu
e neste chão de terra que se ama!
Máquina de escrever
285
· A flor da pele
Pele. (Do lar. pelle.) S. f. 1. Membrana mais ou menos espessa que reveste exteriormente o corpo numano, bem como o dos animais vertebrados e o de muitos outros. (Sin. (pop.): couro.] 2. Fam. A camada mais externa da pele (I); epiderme. 3. Cútis, tez: Não é bonita, mas tem uma linda pele. 4. V. pelanca (I). 5. Couro (2). 6. Partes coriáceas e nervosas que se encontram nas carnes comestíveis; pelanca. 7. A pele de um animal separada do corpo: É de La Fontaine a
fábula acerca do lobo vestido com a pele da ovelha. 8. A pele de certos animais, dotada de pêlos finos,
sedosos e abundantes, preparada industrialmente para ser usada na fabricação de agasalhos,
ou como ornamento ou guarnição de certas peças do vestuário. 9. Odre (I). 10. Peça
de vestuário, ou manta, feita ou forrada de pele: A atriz usava uma pele de raro valor. 11. A casca de
certos frutos e legumes: a pele do pêssego. 12. Fig. A própria pessoa; o próprio corpo: sentir na pele
( q.v.); difender a pele. 13. Bras. , P A. O disco achatado da borracha bruta, tal como é apresen
tada à venda, depois de preparada nos seringais. 14. Bras. Gír. Pelega. +Pele anserina. Med. 1. Pele áspera, por doença. 2. Pele arrepiada fisiologicamente, pelo medo, pelo frio, etc. Pele e
osso. Diz-se de pessoa ou animal muito magro. Cair na pele de. Bras. Pop. Zombar ou
escarnecer de; gozar. Cortar na pele de. Falar mal (de alguém); difamar; rosar na pele
de. Estar na pele de. Estar na posição, situação, etc., ocupada por (alguém); estar no lugar de.
Salvar a pele. Bras. Esquivar-se da responsabilidade em mau ato; livrar-se de castigo ou
reprimenda. Sentir na pele. Ressentir-se profundamente de (alguma coisa); sofrer na pró
pria carne. Tirar a pele a. Explorar, defraudar (alguém); tirar a pele de. Tirar a pele de. Tirar
a pele a. Tosar na pele de. Cortar na pele de.
Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, Novo dicionário da língua portuguesa.
Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1ª edição, 1975, pág. I068.
289
Armando Freitas Filho
Pele. (Do lat. pelle.) S. f. I. Membrana mais ou menos espessa que reveste exteriormente 0 corpo humano, bem como o dos animais vertebrados e o de muitos outros. [Sin. (pop.): couro que arranho.] 2. Fam. A camada mais externa da pele (I); epiderme que dispo. 3. Cútis, tez: Não é bonita, mas tem uma linda pele que eu, aos poucos,
4 V. 1 Ca (I) S Couro que estendo (2). 6. Partes coriáceas e nervosas arranco. . . pe an · ·
ue se encontram nas carnes comestíveis que eu devoro; até a pelanca. 7. A pele ~e um animal separada do corpo: É de La Fontaine a fábula acerca do lobo vestido com a
pele da ovelha. 8. A pele de certas mulheres, dotada de pêlos. fin~s, sedosos e abundantes, preparada industrialmente para ser usada na fabr~c~çao de agasalhos, ou como ornamento ou guarnição de certas peças do vestuano. 9. Odre (I). O~re de onde escorre (de dentro) o seu mel (2). l O. Peça de vestuário, ou manta, feita ou forrada de pele: A atriz usava sua pele de raro valor. l I. A casca de certos frutos, corpos e legumes: a pele do pêssego. 12. Fig. Sua própria pessoa; seu próprio corpo: sentir sua pele sob minha mão ( q.v.); defender a pele. 13. Bras., P A. O disco achatado da borracha bruta, de sua barriga, tal como é apresentada à venda, depois de preparada nos seringais. 14. Eras. Gír. Pelega que amasso. + Pele anser!na. Med. L Pele áspera, por doença. 2. Pele arrepiada pelo medo, pelo. desejo, .pelo fno, etc. Pele e osso. Diz-se de pessoa que se transforma num ammal mmto magro. Cair na pele de. Eras. Pop. Zombar ou escarnecer de você; gozar! Cortar na pele de. Falar mal (de alguém); torturar: difamar; tos ar a pele de. Estar na pele de, e enfiar. Estar na posição, situação, etc., ocupada por (alguém); estar no lugar de. Salvar a pele. Eras. Esquivar-se da responsabilidade em mau ato; livrar-se de castigo ou reprimenda. Sentir a pele. Ressentir-se profundamente de (alguma coisa); sofrer na própria carne sua invasão. Tirar a pele a. Explorar, defraudar, violar, matar (alguém); tirar a pele de. Tirar sua pele de você. Gozar na pele de.
Cortar na pele de, e esquecer.
290
Máquina de escrever
Pele. (Do lat. pelle.) S. f. I. Membrana mais ou menos espessa que veste - exteriormente o corpo humano, na hora de tortura do amor, bem como o
dos animais vertebrados e o de muitos outros. [Sin. (pop.): couro que arranho
ou arrebento.] 2. Fam. A camada mais externa da pele foi alcançada (I);
epiderme que dispo e penduro. 3. Cútis, tez: Não é bonita, mas tem uma linda
pele que eu, aos poucos, arranco, com carinhos e unhas. 4. V. pelancas que como ( I ). 5. Couro que estendo no chão (2). 6. Partes coriáceas e nervosas que se
encontram nas carnes comestíveis que eu devoro; até a pelanca eu mastigo.
7. A pele de um animal, do homem, separada do corpo: É de La Fontaine a
fábula acerca do lobo vestido com a pele da ovelha. 8. A pele de certas mulheres,
dotada de pêlos finos, sedosos e abundantes, preparada industrialmente
nos matadouros para ser usada na fabricação de agasalhos, ou como orna
mento ou guarnição de certas peças do vestuário. 9. Odre (I). Odre de
onde escorre (de dentro), entre os dentes, o seu mel (2). l O. Peça de vestuá
rio, ou manta, feita ou forrada de pele: A atriz usava na cama, sua pele de raro
valor. l I. A casca de certos frutos, corpos e legumes: a pele do pêssego de sua
bufa. l 2. Fig. Sua própria pessoa; seu próprio corpo: sentir sua pele rasgada pela
minha mão ( q.v.); ofender a pele. 13. Bras., P A .. O disco achatado da borracha
bruta, de sua barriga, de sua bunda, tal como é apresentado à venda, de
pois de preparado nos seringais. 14. Eras. Gír. Pelega que amasso na mão.
+Pele anserina. Med. I. Pele áspera, por doença ou carência. 2. Pele arrepia
da pelo medo, pelo desejo, pelo choque elétrico, pelo frio cimento de uma
cela, etc. Pele e osso. Diz-se de pessoa enjaulada que se transforma num
animal muito magro. Cair na pele de. Cair na pele de, com o cassetete
em punho. Eras. Pop. Zombar ou escarnecer de você algemado; gozar! Cor
tar a pele de. Fazer mal (a alguém); torturar; tosar a pele de. Estar na
pele de, e enfiar agulhas sob as unhas. Estar na posição, situação, etc.,
ocupada por (alguém), e então avaliar todo esse sofrimento; estar no lugar
de. Salvar, de qualquer maneira, a pele. Eras. Esquivar-se da responsabili
dade em mau ato porque o Brasil é grande; livrar-se de castigo ou
reprimenda. Sentir a pele do torturado. Ressentir-se profundamente de
(alguma coisa) que, agora, só é cicatriz, lembrança envergonhada, nem
isso talvez; sofrer na própria carne sua invasão blindada. Tirar a pele a.
Explorar, defraudar, violar, matar (alguém) sem nenhum remorso; tirar a
pele de, até o osso. Tirar sua pele de você. Gozar na pele de, impunemen
te. Cortar a pele de, e esquecer.
291
Armando Freitas Filho
Pele. (Do lat. pelle.) S. f. I. Membrana mais ou menos espessa que veste exteriormente o corpo humano, na hora de tortura do amor (e de outras torturas), bem como o dos animais vertebrados e o de muitos outros seres sem nome ou feitio. [Sin. (pop.): couro que arranho) rebento e castigo.] 2. Fam. A camada mais externa da pele foi alcançada pela mão do carrasco (I); epiderme que dispo e penduro no pau-de-arara. 3. Cútis, em carne viva, tez: Não é bonita) mas tem uma linda pele que eu) aos poucos) arranco) com carinhos) unhas e fúrias. 4.V. pelancas que como e cuspo (1). 5. Couro que estendo no chão, debaixo dos passos das botas (2). 6. Partes coriáceas e nervosas que se encontram nas carnes comestíveis dos outros que eu devoro; até a pelanca eu mastigo e engt.;lo. 7. A pele de um animal, do homem, separada do corpo: E de La Fontaine a fábula acerca do lobo uniformizado com a pele em sangue da ovelha. 8. A pele de certas mulheres, dotada de pêlos finos, sedosos e abundantes, preparada industrialmente nos matadouros, nas casas, nos bares, nos puteiros, para ser usada na fabricação de agaralhos, ou como ornamento na sala de visitas, nas festas oficiais, nos bailes populares, ou guarnição de certas peças do vestuário, de certos pratos na mesa. 9. Odre ( I ). Odre de onde escorre (de dentro), entre os dentes, o seu louco mel (2). 10. Peça de vestuário, ou manta frenética, feita ou forrada com a sua pele, amor: A atriz usava na cama) pernas abertas) sua pele de raro valor cínematográjíco. l I. A casca de certos frutos, corpos, legumes, putas: a polpa de pele do pêssego de sua bufa. 12. Fig. Sua própria pessoa violentada; seu próprio corpo escancarado: sentir sua pele rasgada pela minha mão de gancho ( q.v.); ofender a pele)foder você. 13. Bras., P A O disco achatado da borracha bruta, de sua barriga, de sua bunda, tal como é apresentado à venda, nas praças, lupanares, supermercados, depois de preparada nos seringais. 14. Bras. Gír. Pelega que amasso na mão do mendigo. + Pele anserina: venha de manso e cifogue o ganso. Med. l. Pele áspera, por doença, carência ou mau trato. 2. Pele arrepiada pelo medo, pelo desejo, pelo choque elétrico, pelo frio cimento de uma cela, pela tortura ou repressão, etc. Pele e osso e dentes. Diz-se de pessoa enjaulada que se
292
Máquina de escrever
transforma num animal feroz muito magro. Cair na pele de. Cair na pele de, com o cassetete em punho, e espancar até a morte Bras. Pop. Zombar ou escarnecer de você algemado no pau-de-arara; gozar! Cortar a pele de. Fazer mal (a alguém);
torturar até morrer; tosar a pele de um suposto inimigo. Estar
na pele de, e enfiar (no outro) agulhas sob as unhas. Estar na
posição (para ser enrabado por muitos), situação, etc., ocupada
por (alguém), e então avaliar o porquê de todo esse sofrimento;
estar no lugar de, pois as coisas mudam. Salvar, de qualquer
maneira, a pele. Bras. Esquivar-se da responsabilidade em mau
ato (através de salvaguardas), porque o Brasil é grande e se pode
fugir para o estrangeiro; livrar-se de castigo e reprimenda por
que o povo é meigo. Sentir a pele do torturado, do empalado.
Ressentir-se profundamente de (alguma coisa) que, agora, com
a possível mudança da história e do regime de encolha, só é
cicatriz, lembrança envergonhada, nem isso talvez; sofrer na pró
pria carne sua invasão blindada, marcial. Tirar a pele (ah!). Ex
plorar, defraudar, violar, matar (alguém) sem nenhum remorso,
pois o país não tem memória nacional; tirar a pele de, até o
osso, e xingar. Tirar sua pele de você, sua identidade. Gozar na
pele de, impunemente, com a polícia a seu favor, para sempre.
Cortar a pele de, e esquecer de tudo isso bem depressa, pois
agora a história é outra, as águas passadas não movem o moi
nho, e o Brasil é feito por nós?
293
Armando Freitas Filho
MARCA REGISTRADA
Sonoteca, 153; Goeldi, 154; Dia-a-dia, 155; Sensorial, 156; Entretempo, 157; Eureka!, l 58; Desenho animado, l 59; Fernand Léger, l 60; Anúncios luminosos, l 60; Vida apertada, 161; Propaganda eleitoral, 163; Cais do porto, 164; Maracanã, 165; Chá de caridade, 166; Zona sul, 167; Artigos do dia, 167; Ready-made, 168; Giacometti, 169; Sociedade anônima, 170; Cartão-postal, 171; Capital federal, 172
ÜE CORPO PRESENTE
Germinal Germinal, 181; Cinco sentidos, 182; Cartão de aniversário, 184; Uma casa, l85;Texto, 186; Corpo fechado, 187; Sensorial, 188; Cego surdo mudo, 189
Palavra puxa palavra Palavra puxa palavra (mentaQ, 193; Palavra puxa palavra (visuaQ, 194; Palavra puxa palavra (oraQ, 196; Rudepoema, 197; Carta, 198; Antitexto, 199; Duas notas, 200; Último andar, 20 l
TV vivendo TV vivendo, 205; Cinema, 206; Pop, 206; Cidade gráfica, 208; Natureza morta, 210; Diário, 21 l; Corporifortificação, 212; Comunicações, 213
Memorial Memorial, 219; Achados & perdidos, 220; Auto-retrato, 221; Dois, 222; Notas para um retrato, 223; Escritura, 224; Sentenças, 225; Copião, 226
À MÃO LIVRE
Mademoiselle Furta-Cor Por esta fresta te espreito, 235; Eu conhefo o seu comefo, 235; negra, 236; Seu corpo que escancara,
237; No gume da minha gula, 238; Eu avanfo, te abocanho, 238; No seu corpo, 239; Serpente, 240; Em pêl~, 240; Na bocadela, 24 l
Mr. Interlúdio Quem sou você, 245
Dr. Acaso luto, 253; ... por entre os dedos feito areia, 253; Aqui estou e então, 254; Pasto de carne onde o rastro,
255; Nudez ou mudez?, 256; Quem com ferro, 258; Como um dia perdido, 259; Terra-, 259; Os dias são os passos, 260
Fragmentos de um domador Amor que a mão desenha, 265
Diagonal Porto Mar onde amarro, 271
Cidade Maravilhosa A cidade se abre como um jornal:, 277
Corpo de delito l, 283; II, 284
602
A flor da pele
Pele., 289
LONGA VIDA
Máquina de escrever
Sou um livro aberto, 299; À mão livre, 299; Escrevo, 299; Escrevo, 300; Quem esmviver verá, 300; Esta mão que me escreve, 301; A mão que escreve, 302; O poema que pretendo, 303; As águas passadas,
304; O que pensei, 305; CafO, 308; Fazer carreira, 3 l O; Concorro ou simplesmente, 3 l O; Fazer um
poema, 3II; Minha casa sou eu, 312; Atravesso a noite, 313; A mãe-metralhadora, 314; By-pass ou
em busca do passado, 3 l 5; Só e sem sol, 3 l 6; Mesmo que a vida dure, 3 l 7; Por dentro a morte, 3 l 7; Até
que a morte nos separe, 3 l 8; Achados e logo depois, 3 l 9; Envoi, avião - torpedo, 320; Seja de seda,
321; Trepar com você, 321; Absoluto azul, 322; Amar, 323; Amor, 324; Mil e uma noites depois,
325; No pau-de-arara, 326; As paredes têm ouvidos, 327; Amor com amor se paga, 329; No mar e no
bar, 330; Míss Fr~idaire não ouse, 33 l; Renoir, o que pinta, 33 l; Leíla Pugnaloni, 332; Bang-Bang?,
333; De sol a sol, 335; Pirar é arder, 336; Sex Pístols? Sim, 337; Sobretudo coxas, 338; Danfar até
não foder, 339; Antes, Mr. Interlúdio, 340; Toda viagem é interior, 34 l; Valium, valei-me, 342; Aqui
jazz, 343; Passar o corafãO a limpo, 345; De novo, 346; Um livro é um leque, 347
3X4
Entre Em si mesmo, 355; O lago que olha, 355; Na beira, 355; Arrancadas tão depressa, 356; O que se lê, ali, 356; A tarde precipita sua cor, 356; Um dia, 357; Afucenas: não lembro, 357; Entre um livro e
outro, 358; A céu aberto, 358; Não., 358; Com volúpia, 359; Na beira da folha, 359; Uma viagem
a descoberto., 360; No último ato da fala, 360; Entre, 361; O lago degolado, 361; Nuvens que navegam,
361; O vento vingador, 362; De olhos vendados, 362; As pedras prendem, 363; Lenda é além, ali,
363; A um passo da paixão, 363; Abrir os pulsos, 364; Leio de um só gole, 364
Durante Minha casa sou ego., 367; Nos deitamos, 367; Me chupe com muita pena, 367; Ter que sacrificar
carneiros, 368; O que foi que eu não te fiz, 368; Com um tapa, com um beijo, 368; A beleza é uma
colisão, 369; No espelho, 369; Os cometas são narcisas, 370; A última vez que te vi, 370; Entre nós até
o segredo, 3 70; Uma gargalhada para trás, 3 7I; O espelho é hoje, 3 7 l; No sojácama (sem hífen), 3 7I; Quem ama beijar o não, 372; A muleta do gago, 372; Ainda faltam muitos passos para atravessar o
saguão do mal-entendido., 373; Aí que dor, 373; Não decoro mais seu rosto:, 374; Tem dias, quando te
como, 374; Se tiver que me cortar, 375; Feito a machado, 375; Vóugota a gota, 375; l .X.82, sexta,
meia-, 376; Somos luvas da mesma mão, 376
Depois O primeiro arranha-céu, 38 l; Depois de tanto céu, 38 l; Acordo degolado., 38 l ; Sem brafoS, 382; As
palmeiras batem palmas, 382; Sereias /~adas, 383; Fora da barra e do cerco, 383; Todo céu é anónimo,
383; A tarde coberta de suor:, 384; Uma vida só de verão, 384; Castelos no ar, 385; Leve uma sereia
de souvenir, 385; Debaixo da luz do flash, 386; Pelo olho-mágico, 386; A televisão acesa., 386; Não
cons~o desl~ar., 387; Leio no jornal, 387; Muito além do túnel, 388; Tudo é um Maracanã, 388; A
cidade vai dormindo/acordada, 389; Ler na areia, na revista do domingo, 389; Vérão: o sol não pára de
olhar o mar., 390; Aqui, nesta cidade mui leal, etc., 390; Rio por dentro., 390; Encostado no céu, o
Cristo, 391
603