ÉLTON RICARDO DE OLIVEIRA REIS
FATORES DE ADERÊNCIA E PERMANÊNCIA DAS CRIANÇAS EM
PROGRAMAS DE JUDÔ: UM ESTUDO DE CASO.
CANOAS, 2007
ÉLTON RICARDO DE OLIVEIRA REIS
FATORES DE ADERÊNCIA E PERMANÊNCIA DAS CRIANÇAS EM
PROGRAMAS DE JUDÔ: UM ESTUDO DE CASO.
Trabalho de conclusão apresentado para a bancaexaminadora do curso de Educação Física doUNILASALLE - Centro Universitário La Salle, comoexigência parcial para obtenção do grau deLicenciado em Educação Física sob orientação doprofessor ms. Carlos Eduardo Berwanger.
CANOAS, 2007
TERMO DE APROVAÇÃO
ÉLTON RICARDO DE OLIVEIRA REIS
FATORES DE ADERÊNCIA E PERMANÊNCIA DAS CRIANÇAS EM
PROGRAMAS DE JUDÔ: UM ESTUDO DE CASO.
Trabalho de conclusão de curso aprovado comorequisito parcial para obtenção do grau delicenciatura do curso de Educação Física doCentro Universitário La Salle, pelo avaliador:Carlos Eduardo Berwanger.
Prof. Ms. Carlos Eduardo Berwanger
Unilasalle
Canoas, 2007.
Dedico este trabalho a minha família, emespecial á minha mãe e minha madrinha, peloapoio e incentivo, nesta minha conquista, deacesso ao ensino superior, superando maisesta etapa em minha vida.
Agradeço primeiramente a Deus, ao professorCarlos Eduardo Berwanger por me orientar narealização deste estudo com muitacompetência, profissionalismo, paciência eincentivo. Ao professor Flávio Luiz Pereira peloincentivo de ingresso ao ensino superior, porme proporcionar varias oportunidades e peloapoio em minha vida pessoal e profissional.E ao meu primeiro professor de judô FaustoGosmanm que me ensinou a gostar desteesporte. Aos meus amigos que meincentivaram, e me apoiaram na realizaçãodeste estudo.
RESUMO
Este trabalho tem o objetivo de analisar os fatores de aderência e permanência dascrianças em programas de judô. Foi realizado um estudo de caso em uma entidadede Canoas. Através de uma pesquisa qualitativa utilizando como instrumento decoleta de dados: o questionário, a observação participante e o diário de campo.No marco teórico falo da história do judô, a formação do professor de judô,benefícios do judô para crianças, a importância dos pais na iniciação esportiva. Apósapresento a interpretação dos resultados obtidos na qual deram origem a duascategorias de analises: fatores de aderência; fatores de permanência. Nasconsiderações finais apresento: as limitações da pesquisa, as minhas idéias decontinuidade ao tema de investigação e a conclusão, que se resume as minhasreflexões durante o processo da pesquisa.Palavras-chaves: Judô, Iniciação, Crianças.
ABSTRACT
This work has as an objective to analyse the adherence and permanence factors ofchildren in judo programs. A case study was made in a entity located in Canoas.Through a qualitative research, using as instruments to collect data: a questionsform, participant observation and field diary.As a theoretical mark, I´ve brought the judo´s history, the education of a judoprofessor, benefits of judo for children, the relevancy of parents on sports initiation.Then I present the interpretation of the acquired results wich start two analisyscategories: adherence factors; permanence factors. In the final considerations Ipresent: the research limitations, my ideas about the theme continuity and theconclusion, wich briefly brings my reflexions during the research process.Key Words: Judo; Initiation; Children
SUMÁRIO
1INTRODUÇÃO ..........................................................................................................82 PROBLEMA...........................................................................................................103 OBJETIVOS...........................................................................................................113.1 Objetivo geral ....................................................................................................113.2 Objetivos secundários ......................................................................................114 MARCO TEÓRICO ................................................................................................124.1 A história do judô ..............................................................................................124.2 A Formação do Professor de Judô ..................................................................134.3 A Iniciação de Crianças ao Judô .....................................................................144.3.1 Benefícios do juô para crianças e jovens .........................................................164.3.2 A importância dos pais na iniciação esportiva..................................................185 DECISÕES METODOLÓGICAS ............................................................................205.1 Caracterização do estudo.................................................................................205.2 Os participantes ................................................................................................215.3 Critérios de Seleção do Local ..........................................................................215.4 Negociação de acesso ......................................................................................225.5 Instrumentos de coleta de informações..........................................................225.5.1 Questionário .....................................................................................................225.5.2 Observação ......................................................................................................235.5.3 Diário de campo ...............................................................................................246 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO ............................................................................256.1 Fatores de aderência das crianças no judô ...................................................256.2 Fatores de Permanência das crianças nesta modalidade ............................277 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................297.1 As Limitações da Pesquisa ..............................................................................297.2 Idéias de Continuidade .....................................................................................297.3 Reflexões Finais ................................................................................................308 REFERÊNCIAS......................................................................................................32APÊNDICE A – Modelo de termo de consentimento................................................34APÊNDICE B – Modelo de questionário ..................................................................35APÊNDICE C – Ficha de Observação ......................................................................36APÊNDICE D – Observação de aula ........................................................................37APÊNDICE E – Observação de aula.........................................................................39
1 INTRODUÇÃO
O judô é um esporte olímpico de origem japonesa praticado em quase todos
os países do mundo, inclusive no Brasil, no qual foi incorporado, por intermédio de
imigrantes japoneses praticantes dessa arte.
Seu criador Jigoro Kano, estudante, pesquisador da Universidade de Tóquio,
eliminou os golpes mais violentos, desenvolvendo um sistema de luta, acompanhada
de filosofia, onde foi acentuado o foco educacional, direcionando a energia humana.
O judô é um esporte institucionalizado, que devido a sua nomenclatura em
linguagem japonesa, facilita o intercâmbio entre seus praticantes em qualquer lugar
do mundo.
Antes de ser uma simples modalidade de luta, o judô é um método de
educação física. É um esporte que trabalha o corpo e a mente de seus praticantes, e
devido a ter um código de respeito, hierarquia e disciplina, faz o judô se diferenciar
bastante dos demais esportes.
Atualmente podemos notar a grande procura por este esporte principalmente
por crianças, devido à grande oferta em pré-escolas, escolas, clubes, academias e
associações. Onde, também, podemos encontrar crianças, cada vez mais novas,
entre três e cinco anos, iniciando a prática desta modalidade.
Este trabalho é um pré-requisito para minha graduação no curso de
licenciatura plena em educação física. Trata-se de um estudo de caso que tem como
objetivo saber os fatores que levam as crianças a iniciarem e permanecerem
praticando o judô.
O interesse em realizar um trabalho que aborde este tema, surgiu dos meus
15 anos de vivência no meio “judoístico”, no qual sou faixa preta 2º grau e também
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pelo fato de atuar como treinador de judô das categorias de base da Associação
Caju.
Este trabalho é importante para que os professores tenham um parâmetro
para planejarem suas aulas, pois sabendo os motivos que levam as crianças a
praticarem um determinado esporte, no caso deste trabalho o judô, poderemos evitar
sua desistência no futuro.
O trabalho abordará assuntos importantes para as demais áreas da educação
física como: iniciação esportiva, benefícios da prática esportiva e a importância dos
pais no meio esportivo.
Após será aplicado um questionário, em análise de corte qualitativo, com 20
(vinte) crianças entre 6 (seis) e 12 (doze) anos praticantes de judô visando saber os
motivos que as levaram a praticar o judô e permanecerem nesse esporte.
Também serão feitas 5 (cinco) observações das aulas de judô, para
entendermos contexto onde essas crianças estão inseridas.
2 PROBLEMA
O problema para este estudo ficou assim representado: Por que as crianças
começam a praticar o judô? Por que as crianças permanecem praticando o judô?
3 OBJETIVOS
3.1 Objetivo geral
Objetivo deste estudo é:
Verificar os fatores que levam as crianças entre 6 e 12 anos a iniciarem e
permanecerem praticando o judô em uma entidade de Canoas.
3.2 Objetivos secundários
� Identificar e analisar os motivos que levam as crianças a praticarem esta
modalidade;
� Identificar e analisar os motivos da permanência das crianças nesse esporte;
� Divulgar os resultados da pesquisa à entidade estudada e ao curso de
educação física.
4 MARCO TEÓRICO
4.1 A história do judô
No final do século XIX, o Japão passava por uma revolução cultural, que
contribuiu para o desmoronamento das tradições, “que tinha nos samurais o ponto
alto do vigor físico e das artes marciais” (VIRGILIO, 1994).
A rivalidade entre as escolas de lutas era muito grande e qualquer recurso
para sobrevivência das mesmas era valido. Quando adeptos de estilos de lutas se
defrontavam era mais na condição de inimigos, do que adeptos do esporte,
importando a vitória acima de tudo, mesmo que acidentes viessem a ocorrer.
“As escolas de lutas da época estavam mais preocupadas em manter seus
segredos e ignorar os valores das outras escolas, do que em progredir na busca da
perfeição técnica e moral” (VIRGILIO, 1994).
A partir dessa revolução de costumes, Jigoro Kano observando os métodos
da época, achou que mudanças deveriam ser feitas principalmente a fim de
preservar os valores tradicionais do povo. E que oportunidades para prática
esportiva, deveriam ser dadas a todos que a desejassem, qualquer que fosse sua
classe social, faixa etária e condição física.
“Era preciso que os novos valores esportivos sobre pusessem os antigos,
mas sem que perdessem a virilidade, a beleza, a técnica e tudo que havia de bom
nos combates de até então” (VIRGILIO, 1994).
Em 1882, ano de sua formatura em Filosofia, Economia e Ciências Políticas,
Jigoro Kano (partindo do conhecimento das antigas escolas de Jiu-jitsu), funda sua
escola o Kodokan, na qual, sintetiza um novo método de luta, mais esportivo e
intuitivo, mais seguro e sem segredos que impedissem uma divulgação mais
generalizada, o qual foi chamado de Judô.
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Jigoro Kano nasceu em 28 de outubro de 1860, na cidade Mikage, distrito de
Hyogo, filho de Jirosaku Kano. Jigoro Kano transferiu-se para Kioto com onze anos
de idade para estudar o idioma inglês, então indispensável paro o progresso em
qualquer sentido.
Tornou-se professor e tradutor dessa língua, conseguiu até montar em Tóquio
sua própria escola, o Kobunkam. Morreu em 4 de maio de 1938, com 77 anos de
idade, quando voltava do Cairo, onde participava da Assembléia Geral do Comitê
Internacional dos Jogos Olímpicos. “Onde postulava a introdução do judô como
esporte olímpico” (MADURO, 1999).
O judô teve sua primeira participação nos Jogos olímpicos de Tóquio em
1964, em caráter provisório, e retornou definitivamente em 1972, sendo a primeira
arte marcial da história a fazer parte dos Jogos Olímpicos.
No início do século XX, o judô foi introduzido no Brasil pelos primeiros
imigrantes japoneses que vieram trabalhar nas lavouras de café em fazendas
localizadas nos estados de São Paulo e Paraná.
Mas ficou marcado com a chegada de Mitsuo Maeda, um japonês conhecido
como Conde Koma, aluno de Jigoro Kano, que percorreu várias capitais brasileiras,
aceitando desafios e ganhando todos, promovendo assim o esporte.
4.2 A Formação do Professor de Judô
O professor de judô, independente de sua formação em educação física,
deverá ter passado por uma vivência primeiramente como aluno e após como atleta,
onde os conhecimentos dos fundamentos, técnicas, regras e filosofia do judô, lhe
foram transmitidos pelo seu sensei (nome dado aos professores de judô), e
assimiladas com a prática diária e com as vivências competitivas.
Segundo Virgilio (2000, p. 36):
Após passar pelas faixas de cores branca, cinza, azul, amarela, laranja,verde, roxa e marrom que compõe os ‘kius’, e cuja escala antecede a faixapreta na ordem inversa de sétima a primeira (branca a marrom), o judocapassa a pertencer ao seleto grupo de faixas pretas, que do terceiro grauem diante irá ostentar o título de “professor”, podendo então ter e assinarpela sua própria escola de judô, desde que filiada à federação de seuestado e à própria Confederação Brasileira de Judô.(VIRGILIO, 2000, p.36).
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A faixa preta é usada até o quinto dan (grau), e a partir do sexto, o professor
torna-se Kodansha (mestre), usando, então, uma faixa de gomos vermelhos e
brancos. No nono e décimo dan (grau) a faixa utilizada é toda vermelha.
Os candidatos à faixa preta primeiro dan (grau) deverão passar por uma série
de cursos técnicos, estágios obrigatórios e participações em torneios como atleta
durante o ano que prestará o exame na Comissão de Graus.
Devido à hierarquia de faixas do judô, as entidades, os professores e atletas
devem estar registrados na Federação Gaúcha de judô, que é órgão que
regulamenta o judô no nosso estado, somente assim a graduação do atleta ou
professor terá seu valor reconhecido perante os órgãos oficiais (Federação Estadual,
Confederação Brasileira, Federação Internacional e Comitê Olímpico Internacional).
Segundo Maduro (1999), atualmente os técnicos das seleções gaúchas são,
praticamente, todos graduados em educação física, devido à federação ter uma
política de incentivar os instrutores a ingressarem nas faculdades.
Anualmente é realizado um curso obrigatório aos candidatos à faixa preta
primeiro dan (grau), que trata dos aspectos básicos da educação física relacionados
ao judô.
Conforme Baptista (2003), a formação acadêmica nos dará um embasamento
teórico fundamental para nosso trabalho, mas é com a experiência prática adquirida,
que nos tornaremos melhores profissionais.
4.3 A Iniciação de Crianças ao Judô
Atualmente, podemos notar a participação cada vez maior de crianças na
prática do judô. Isto se deve ao fato de haver cada vez mais escolas e pré-escolas
oferecendo a prática deste esporte.
Conforme Lacerda Roseira Junior (2002):
De acordo com informações da Federação Gaúcha de Judô, em 1997havia no Estado do Rio Grande do Sul aproximadamente quatro miljudocas, dos quais três mil eram crianças, ou seja, a maioria dospraticantes (ROSEIRA JÚNIOR, 2002).
Podemos entender por iniciação esportiva o “processo que leva uma pessoa
(geralmente a criança) desde sua chegada a escolinha (termo genérico, utilizado
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para denominar as escolas esportivas infantis) até a prática esportiva competitiva”
(VARGAS NETO, 2000).
Segundo Miranda (2004), o judô tendo suas origens nas artes marciais,
incute a idéia de disciplina, autocontrole e competitividade sendo um dos esportes
mais procurados pelos pais para iniciação esportiva de seus filhos.
A cor da faixa indica o grau de hierarquia de seu portador dentro do judô, bem
como, os seus conhecimentos, o tempo de atividade, a sua dedicação e respeito por
essa arte. Como vimos anteriormente segue nesta ordem branca, cinza, azul,
amarela, laranja, verde, roxa, marrom, preta, coral (vermelha e branca) e vermelha.
O judoca inicia na faixa branca que tem um significado de pureza onde, o
aluno se encontra preparado para receber as informações filosóficas e
conhecimentos do judô.
Os cumprimentos têm um significado todo especial, de acordo com Virgilio (2000,
p.50):
Os cumprimentos são os primeiros ensinamentos a serem ensinados aosalunos, os quais deverão ser conscientizados de que todas as formas terãode ser executadas corretamente, com respeito, com sinceridade eadequação ao momento e situação em que se encontram (VIRGILIO, 2000,p. 50)
As saudações devem ser feitas quando o judoca entrar na sala de treino
(Dojô), ao subir no tatame, ao cumprimentar a memória do fundador Jigoro Kano,
quando for cumprimentar os professores e colegas. É uma forma de demonstrar
educação e respeito entre os praticantes do judô, mas nada impede que após
realizar a saudação, os praticantes se cumprimentem em nossa forma tradicional.
O aluno ao ingressar no judô aprenderá imediatamente os fundamentos
básicos das técnicas de amortecimento de quedas (ukemis), que ajudaram
posteriormente o aluno a aprender as técnicas de arremesso ao solo com maior
segurança.
Conforme Virgilio (2000,p. 53):
É de se notar também que a utilização constante da pratica dos ukemis trazconsigo um excelente senso de equilíbrio, um melhor domínio sobre opróprio corpo e ainda, mesmo fora dos tatames, uma proteção adicional quefará diminuir ou mesmo neutralizar os efeitos de uma queda acidentalprovocada por um escorregão, tropeço, etc. (VIRGILIO, 2000, p. 53)
As aulas para crianças possuem um caráter mais lúdico, onde além de
aprender os fundamentos do judô, o aluno interage com o coletivo, através dos jogos
e brincadeiras.
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Conforme Otávio & Weiss (2003), o judô na sua forma lúdica e vivenciada
propõe uma dinâmica de ensino mais aberta, onde através dos movimentos
diferenciados, coopera com aprendizagens importantes para vida em sociedade,
proporcionando uma educação interativa, favorecendo um aprender mais autêntico,
e significativo.
Neste contexto encontramos a educação física, que “é a ciência que estuda o
movimento”, trazendo por conseqüência o aprimoramento das habilidades básicas
dos alunos.
Segundo Virgilio (2000, p. 57), temos o propósito de ter a filosofia do judô e os
preceitos da Educação Física sempre presentes em nosso trabalho, dividindo em
faixas etárias, onde os exercícios e aquecimentos serão adequados ao respectivo
grupo.
Bem como, as técnicas de projeção devem ser ensinadas de forma gradativa,
das mais simples para as mais complexas, de acordo com a evolução do aluno
demonstrada durante as aulas. Devendo manter uma seqüência que facilite o
aprendizado do aluno, observando o nível de segurança da técnica. Mesmo que
uma das técnicas de um programa de iniciação tenha um pouco de dificuldade maior
do que outra, mas ofereça maior segurança ao iniciante que vai ser projetado, talvez
seja mais prudente ensinar esta técnica primeiro.
O randori (treinamento de luta) é a forma de treinamento que mais predomina
nas aulas de judô. É através dele que “testamos tudo o que aprendemos, que é nele
que teremos a chance de, antes das competições, acertar o que está errado de
melhorar e testar nossas condições de lutas” (VIRGILIO, 2000, p.65).
O randori pode ser comparado a um jogo técnico, como nós demais esportes,
com regras a serem seguidas. Onde os praticantes devem-se respeitar e cuidar um
do outro, para ter uma prática sadia.
4.3.1 Benefícios do judô para crianças e jovens
A prática do judô pode trazer vários benefícios aos seus praticantes
proporcionando uma melhor qualidade de vida. Atualmente podemos notar que
“muitas crianças passam todo o seu tempo na frente da televisão ou de jogos
eletrônicos” (OTÁVIO; WEISS, 2003).
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Entretanto sabemos que “o movimento tem sua participação no processo
ensino aprendizagem, pois é o principal mediador das experiências vividas pela
criança, ficando registrados todos os aprendizados, organizando sua personalidade
e estabelecendo sua memória corporal” (OTÁVIO; WEISS, 2003).
Através da prática do judô crianças e jovens interagem com a cultura do
movimento, desenvolvendo suas habilidades, criando vínculos afetivos, dando um
sentido de coragem, criando hábitos de higiene e disciplina.
Sua prática regular, como outros esportes, traz diversos benefícios a seus
praticantes: pode reduzir a ansiedade (ISSP apud BECKER JR, 2000, p. 205),
diminuir a depressão (FREMONT, apud BECKER JR, 2000, p. 205), pode aumentar
a auto-estima (PLUMMER; KOTH, apud BECKER JR, 2000, p.205). O esporte leva
ao controle do estresse e ao manejo da ansiedade (DE BENEDETTE apud BECKER
JR, 2000, p.206). Atletas parecem ter mais resistência a dor (EGAN apud BECKER
JR, 2000, p. 206).
O judô por ser um esporte de origem japonesa transmite uma filosofia onde
são passados valores como: respeito, disciplina e humildade. A sua prática contribui
no desenvolvimento da coordenação motora, equilíbrio, resistência muscular,
percepção, velocidade de reação, resistência respiratória, auto-estima, etc.
Contribui para socialização de seus praticantes, e ajuda principalmente na
prevenção de hábitos prejudiciais à saúde, como vícios e drogas ou situação de
risco social.
As crianças aprendem a canalizar suas energias, se tornando mais
confiantes, minimizando as tensões diárias, proporcionando um maior bem estar.
Conforme Otávio & Weiss (2003), o judô também se torna encarregado de
ajudar as crianças mais agitadas, através do psicossocial, ensinando a esperar e
aguardando sua vez de participar, além de desenvolvê-las a consciência da própria
responsabilidade, levando-as a cumprir suas tarefas.
No tatame (piso para pratica do judô) o aluno aprende a resolver seus
conflitos, aprende a tomar decisões, vencer desafios, e descobre novas
possibilidades.
“Através do jogar (direitos) e do cair (deveres) o praticante aprende a
participar e mantém sua individualidade, oportunizando testar suas habilidades
aprendidas nessa interação” (OTÁVIO; WEISS, 2003). O aluno aprende que mais
importante do que ganhar, perder, ou participar é conviver.
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4.3.2 A importância dos pais na iniciação esportiva
Os pais têm um papel determinante e importante durante a evolução da
prática esportiva das crianças. São eles os primeiros responsáveis pelo ingresso da
criança numa escola esportiva. Mesmo quando é a criança que deseja praticar um
determinado esporte, os pais devem realizar a matrícula, dar assistência e facilitar o
deslocamento da criança até a escola esportiva.
Segundo Gordillo (2000), os pais devem ajudar para que os filhos escolham o
esporte que vão praticar e o nível de comprometimento que poderão assumir. Esta
escolha pode depender de múltiplos fatores: alguns relacionados a história esportiva
dos pais, as possibilidades esportivas oferecidas na cidade ou bairro em que se
reside, assim como os econômicos.
Para Marques (2003), o jovem terá ou não prazer no esporte conforme o
apoio que receber dos pais. Conforme Becker Jr & Telöken (2000), o clima ideal na
família seria aquele em que a criança fosse recebida sempre com afeto, após as
competições, independente do resultado alcançado. Este ambiente daria maior
segurança a criança pela certeza de que é amada como pessoa não pelo que faz
dentro da competição.
“Acontece que muitas vezes os pais se tornam exaltados torcedores que, ao
invés de incentivar seu filho, prejudicam-no” (MARQUES, 2003).
Os pais, muitas vezes, possuem atitudes semelhantes aos técnicos,
orientando seus filhos da arquibancada. O problema pode acontecer quando as
instruções do treinador e dos pais são contraditórias. “A situação do jovem esportista
neste caso é difícil já que se encontra na obrigação de ouvir e executar uma das
duas orientações” (GORDILLO, 2000).
Os pais devem evitar dar muitos conselhos e correções, deixando essa tarefa
para o treinador. Devem estar ao lado de seus filhos dando apoio necessário, tanto
na vitória como na derrota, sabendo que ninguém mais pode substituí-los nessa
função.
Segundo Gordillo (2000), os pais “devem facilitar a todo o momento, o
trabalho do treinador e naqueles casos em que possam ter critérios diferentes evitar
a crítica na frente do esportista e estabelecendo uma comunicação educada com o
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treinador no momento e lugar adequado, e sempre tendo em conta que este é o
último e máximo responsável da planificação esportista” (GORDILLO, 2000).
É importante procurar trazer os pais para participar das atividades da criança
como uma equipe de apoio, assim eles se manterão interagindo com o grupo, e com
as propostas de trabalho do professor. Em muitas escolas esportivas os pais são
responsáveis por organizarem as viagens para os torneios. Eles ajudam a promover
eventos beneficentes para viabilizar a participação dos atletas em torneios onde
tenham que viajar para locais muito distantes.
5 DECISÕES METODOLÓGICAS
5.1 Caracterização do estudo
O motivo que me levou a realizar esta pesquisa foi minha vivência no meio
esportivo, portanto uma curiosidade de um determinado contexto já conhecido.
Este estudo se caracteriza por uma investigação de corte qualitativo, pois
busca compreender os fenômenos nas suas origens, nas suas especificidades.
A pesquisa qualitativa é aquela que procura explorar a fundo conceitos,atitudes, comportamentos, opiniões e atributos do universo pesquisado,avaliando aspectos emocionais e intencionais, implícitos nas opiniões dossujeitos da pesquisa, utilizando entrevistas individuais, técnicas dediscussão em grupo, observações e estudo documental. Éfundamentalmente subjetiva. (CAUDURO, 2004, p.20)
Trata-se de verificar valores, conhecer aspirações ligadas a esse contexto,
que somente são possíveis de constatação quando aquele que investiga observa as
ações pertinentes a esse grupo dentro de sua realidade.
A pesquisa qualitativa por sua característica descritiva, onde a apresentação
dos resultados é dada mediante narrativas que entre outras, utilizam declarações de
indivíduos envolvidos no estudo, o método qualitativo oferece uma visão mais
completa da realidade estudada, possibilitando uma interpretação coerente dos fatos
e manifestações.
Outra característica que me leva a entender como uma pesquisa qualitativa é a
não pretensão de generalizar os resultados obtidos no campo de investigação, mas
procurar contextualizá-los para o grupo específico ao estudo em questão.
A base analógica desse tipo de investigação se centra na descrição, análisee interpretação das informações recolhidas durante o processoinvestigatório, procurando entendê-las de forma contextualizada. Istosignifica que nas pesquisas de corte qualitativo não há preocupação emgeneralizar os achados (NEGRINE, 1999, p. 61).
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Por se tratar de um campo muito amplo acredito que é necessária uma
designação mais específica para o termo qualitativo, referente ao tipo de estudo que
será realizado. Penso que o estudo de caso é o que mais se adapta ao que me
proponho a estudar.
Segundo Possebon (2004), o estudo de caso nos últimos anos vem se
transformando em uma metodologia bastante aplicada as pesquisas em Educação
Física.
Possebon (2004) ainda define o estudo de caso como:
Um estudo de caso significa uma tarefa que tem como objetivo a tentativade aprofundar o nível de compreensão de um momento que está sendovivido por um organismo humano (um aluno, uma turma, um grupo deprofessores, de funcionários, a instituição escolar como um todo, tudo issojunto ou isoladamente inserido em um determinado contexto); sendoparticularmente adequado para lidar com problemas da pratica e ampliar oconhecimento sobre vários aspectos da educação. (POSSEBON, 2004, p.53)
Triviños (1987) define o estudo de caso como sendo uma categoria de
pesquisa cujo objeto é uma unidade que se analisa com profundidade.
O caso que estudei foi um grupo de vinte alunos de judô de uma entidade
esportiva na cidade de Canoas.
5.2 Os participantes
O grupo que participou desse estudo foi composto de vinte crianças, entre
seis e dose anos de idade, praticantes de judô na cidade de Canoas. Os
responsáveis pelas crianças autorizaram a participação dos mesmos nesse estudo.
Todos foram comunicados sobre os procedimentos de coleta de informações.
5.3 Critérios de Seleção do Local
A escolha da entidade que participou do estudo procurou ser coerente com as
características do estudo de caso, modelo adotado para o desenvolvimento da
investigação.
a) Por ter realizado parte de minha formação no judô nesta entidade e ter o interesse
pessoal em entender mais aprofundadamente este contexto.
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b) Por possui um bom relacionamento com o grupo de alunos, pais de alunos e
professores no qual também faço parte.
5.4 Negociação de acesso
A negociação de acesso ao local foi realizada desde o momento que estou
inserido nesse contexto. Por ter um bom relacionamento com o grupo meu pedido
para realizar meu trabalho de conclusão de curso foi muito bem aceito por todos.
Inicialmente conversei com o professor responsável pela entidade, que
imediatamente aceitou meu pedido e posteriormente conversei com os pais dos
alunos que participariam do estudo.
5.5 Instrumentos de coleta de informações
Os instrumentos de coleta de dados utilizados para realização desta pesquisa
foram o questionário, observação participante e o diário de campo. Acredito que
estes instrumentos estão de acordo com as características do estudo de caso, assim
como as etapas da pesquisa e o problema a ser investigado.
5.5.1 Questionário
O questionário é um instrumento básico para coleta de informações. E devido
ao trabalho de conclusão ter um tempo bastante restrito, resolvi optar pela aplicação
de um questionário com os alunos que participaram desse estudo.
Devido aos participantes serem crianças, o questionário foi respondido pelas
crianças e escrito pelo próprio pesquisador, que interrogava os participantes e
transcrevia as informações no questionário.
Segundo Negrine (1999), o questionário é um conjunto de perguntas onde se
obtém informações escritas sobre um sujeito ou sobre um grupo. Acrescenta ainda
que:
Quando utilizado em pesquisas de corte qualitativo, as perguntas quecompõem o instrumento como um todo, devem estar estruturadas de talforma, que se ajustem à problematização do estudo. Isto significa que opesquisador ao proceder a análise das respostas dadas pelos participantes,deve poder interpretá-las e, de certa forma, encontrar respostas para seuprojeto inicial (NEGRINE, 1999, p. 80).
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O questionário que elaborei continha perguntas com respostas abertas
(anexo), onde foram aplicadas a 20 (vinte) alunos do judô entre 6 (seis) e 12 (doze)
anos. Conseqüentemente, a análise das informações teve como base os 20 (vinte)
questionários respondidos.
Para descrição e interpretação das informações os nomes dos alunos não
foram mencionados, para preservar a privacidade de cada um.
5.5.2 Observação
Assim como o questionário, a observação é um dos principais métodos de
investigação na pesquisa qualitativa, pois, garante ao investigador um contato com o
objeto estudado.
Para André (1995), a observação é chamada participante porque parte do
princípio de que o pesquisador tem sempre um grau de interação com a situação
estudada, afetando-a e sendo afetado por ela.
Cruz Neto (1994) define a observação participante como:
A técnica de observação participante se realiza através do contato direto dopesquisador com o fenômeno observado para obter informações sobre arealidade dos atores sociais em seus próprios contextos. O observador,enquanto parte do contexto de observação, estabelece uma relação face aface com os observados. Nesse processo, ele, ao mesmo tempo, podemodificar e ser modificado pelo contexto. A importância dessa técnicareside do fato de podermos captar uma variedade de situações oufenômenos que não são obtidos por meio de perguntas, uma vez que,observados diretamente na própria realidade, transmitem o que há de maisimponderável e evasivo na vida real. (CRUZ NETO, 1994, p. 59 – 60)
Desta forma, realizei individualmente as observações a partir de uma pauta
prévia (Anexo) e procurei descrever os fatos sem atribuir juízos de valor. Ao todo
foram realizadas cinco observações nas aulas de judô da entidade estudada. A
pauta de observação foi elaborada a partir do entendimento do que era importante o
registro de alguns dados, pois permitiria uma melhor interpretação das respostas
fornecidas através da entrevista.
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5.5.3 Diário de campo
Diário de campo é um registro detalhado mais descritivo, ou seja, anotações
pessoais referentes aos locais, as pessoas, as atividades, seus comportamentos, as
decisões que ocorrerão enquanto o estudo for realizado. Onde o investigador
colocara seus sentimentos, suas reflexões e percepções referente ao fenômeno que
esta sendo estudado.
É definido assim por Cruz Neto (1994):
Como o próprio nome já diz, esse diário é um instrumento ao qualrecorremos em qualquer momento da rotina do trabalho que estamosrealizando. Ele, na verdade, é um ‘amigo silencioso’ que não pode sersubestimado quanto à sua importância. Nele diariamente podemos colocarnossas percepções, angústias, questionamentos e informações que nãosão obtidos através da utilização de outras técnicas (CRUZ NETO, 1994, p.63).
Nesta parte reflexiva, as anotações feitas incluem os comentários pessoais do
pesquisador, realizados na coleta de dados. Elas são classificadas por: reflexões
analíticas, metodológicas, dilemas éticos e conflitos, mudanças na perspectiva do
observador, esclarecimentos necessários. (BIRK, 2004, p.78)
Para documentar as situações vivenciadas, torna-se importante a utilização
do diário de campo como instrumento na coleta de dados para realização do
trabalho de investigação. Tais anotações dizem respeito aos questionários e
observações.
6 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO
A análise das informações foi obtida a partir dos resultados encontrados nos
questionários aplicados a 20 alunos, nas observações registradas de 5 aulas de
judô, nas anotações do diário de campo e tendo como referência o marco teórico.
Os conteúdos dos questionários serviram como base para construção de
duas categorias de análise:
• Fatores de aderência das crianças no judô;
• Fatores de permanência das crianças nesta modalidade.
6.1 Fatores de aderência das crianças no judô
Nesta parte do trabalho, começo analisando os fatores de ingresso das
crianças em programas de judô, pois acredito que as vivências diárias das crianças
podem contribuir para a escolha de um determinado esporte.
Podemos encontrar vários fatores que influenciaram as crianças a
ingressarem no programa de judô, desde a facilidade de acesso ao local das aulas,
a influência dos pais, convite de amigos, a televisão (mídia), entre outros.
De acordo com a análise das respostas dos questionários, podemos notar
que a maioria das crianças entrevistadas ingressou no programa de judô por
influência dos pais, que as matricularam, e alguns já praticaram o judô.
Conforme foi citado por Becker Jr & Teloken (2000. p. 24), os pais têm a
maior influência para o ingresso das crianças no esporte. Isto pode ser confirmado
por Miranda (2004), que afirma que o judô é um dos esportes mais procurados pelos
pais para a iniciação esportiva de seus filhos. Esses aspectos ficam evidenciados
através das respostas dos participantes abaixo:
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Porque meu pai e minha mãe me colocaram no judô. (P4)Porque eu gosto e porque minha mãe me colocou.(P5)Porque meu pai fazia e eu quis fazer com ele e gostei. (P20)
Outro fator importante encontrado é que uma grande parte dos alunos
entrevistados, também viu o judô em algum lugar, nas competições, no próprio local
das aulas ou na televisão, antes de ingressar no programa.
Atualmente o judô aparece na televisão mais no período dos jogos olímpicos,
mas vem ganhando um pouco de espaço na mídia devido à preparação para os
jogos pan-americanos de 2007. Mas nosso esporte ainda é pouco conhecido pela
maioria da população devido à imprensa brasileira supervalorizar o futebol.
Conforme os autores Drigo, Oliveira & Cesana (2006), o desempenho do judô
brasileiro em olimpíadas é sinônimo de orgulho para as mídias, pois reflete um
desporto vencedor, apesar de ter pouco investimento.
Conforme podemos notar o pouco aparecimento do judô na televisão vem
trazendo novos adeptos desse esporte conforme os alunos abaixo:
Vi o judô na televisão e comecei a fazer. (P1)Quando eu vi o judô, eu quis fazer. (P10)Porque eu gostei, vi meu irmão lutando na competição. (P15)
Para mesma questão também foram encontrados dados de crianças que
queriam ingressar no programa por vontade própria, e outras que ingressaram para
praticar um esporte, exercitar o corpo, ocupar o tempo e alguns para controlar o
peso, conforme as respostas dos participantes abaixo:
Porque eu quis, só conheci fazendo aqui. (P18)Para eu não ficar gordo. (P17)Para aproveitar o tempo. (P19)Porque queria fazer um esporte que de tarde não tinha nada para fazer.(P3)
Também foram apontados, por algumas crianças que responderam o
questionário, que ingressaram no programa devido aos convites de amigos
praticantes desta modalidade esportiva:
Porque meu amigo estava fazendo e resolvi fazer. (P2)Porque eu não fazia nada e meu amigo fazia e me convidou, e eu vi aqui equis fazer. (P12)Porque me aconselharam a fazer, que é muito legal. (P14)
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6.2 Fatores de Permanência das crianças nesta modalidade
Nesta parte do trabalho irei abordar os fatores de permanência das crianças
em programas de judô. Pois acredito que o tipo de convivência diária das crianças
no esporte pode levar a permanência no judô.
De acordo com as respostas dos questionários encontramos 13 (treze)
crianças que praticam o judô a mais de um ano.
Sendo que 3 (três) alunos praticam o judô a mais de 4 (quatro) anos, 2 (dois)
alunos praticam a mais de 3 (três) anos, 2 (dois) alunos a mais de 2 (dois) anos, e 6
(seis) alunos a mais de 1 (um) ano.
Segundo Virgilio (2000, p.65), o randori é uma das formas mais utilizada de
treinamento. De acordo com as respostas dos participantes é à parte da aula que a
maioria dos alunos entrevistados mais gostam:
Luta randori. (P2)Randori, os exercícios. (P14)Gosto de randori. (P18)As lutas. (P19)
Na seqüência as crianças apontaram gostar também das brincadeiras
conforme foi citado por Otávio & Weiss (2003), as aulas para crianças devem possuir
um caráter lúdico. Isto está confirmado através das respostas dos participantes:
Randori, Brincadeiras. (P20)As brincadeiras, e quando a gente faz exercícios, quedas. (P11)Das Brincadeiras, aranha, tubarão, pega-pega paralítico. (P9)Brincadeiras, randori. (P16).
Pude notar, também, através das observações, que a parte das aulas de judô,
em que os alunos demonstram maior interesse e empenho, são as brincadeiras e os
randoris (lutas).
Além das lutas, brincadeiras, alguns participantes da entrevista, colocaram
nesta parte, que acham legal as técnicas do judô, os professores, e os amigos. Isto
fica evidenciado conforme as afirmações dos alunos:
Gostei das técnicas, porque são boas quando chegam os campeonatos.(P5)As brincadeiras, as lutas, a gente não se machuca, tem muitos amigos, temtécnicas boas. (P12)Gosto daquela parte que faz três entradas para cada um. (P20)O modo dos professores ensinar e os mini torneios entre a gente. (P14)
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Alguns dos alunos que responderam o questionário colocaram que já
pensaram em sair do judô, isto pode estar ligado a vários fatores, como o tipo de
treinamento, a relação entre os colegas, a motivação das crianças, entre outros:
Sim, porque fiquei cansado e queria aproveitar o tempo e ficar brincando.(P13)Varias vezes, porque ficava cansada do judô. Às vezes queria brincar etinha que vir para o judô. (P8)
A maioria dos alunos desse grupo de alunos participa de competições, e
gosta de competir. Os demais são alunos iniciantes que ainda não participaram de
torneios de judô. Todos os alunos afirmam que os professores são bons e legais,
que o treino também é bom. Segundo Geller Marques (2003, p.64), o treinador é um
dos principais alicerces do esporte. Isso pode ser observado nas respostas abaixo:
Bem legal, tenho três treinadores, o treino é bom. (P7)Bem legal, ele fala para gente fazer as coisas que eu gosto, o treino élegal. (P9)Acho ele bem atencioso, o treino é legal. (P19)
A grande maioria desse grupo de alunos é assistida pelos pais, conforme foi
visto anteriormente por Gordillo (2000, p.122), os pais têm um papel importante na
iniciação esportiva das crianças. Isto fica evidenciado nas respostas dos alunos
abaixo:
Sim, acham bom, dizem para eu treinar porque faz bem para saúde. (P13)Sim, Sim, ela fala que o judô é importante para vida. (P6)Sim, Sim, dizem para eu fazer judô e não parar e quando eu ser faixa pretaser professor de judô. (P5)Sim, a mãe acha bom, porque são boas companhias, fala que tenhoque me empenhar, para amanha ser uma grande estrela do judô. (P8)
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7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
7.1 As Limitações da Pesquisa
Ocorreram algumas limitações na realização do meu estudo. A primeira
limitação foi o fato de não poder me dedicar exclusivamente a ele.
Outra limitação foi não ter buscado mais referenciais teóricos, que abordem o
tema deste trabalho, procurei nos locais que tenho acesso, e devido a minha falta de
tempo para me deslocar para outras cidades, não pude encontrar mais referenciais,
que iriam enriquecer este trabalho.
Outra limitação foi à minha falta de experiência para realizar um estudo tão
profundo e o fato de ter pouco tempo para realizá-lo.
7.2 Idéias de Continuidade
Considero este estudo muito importante para a Educação Física e tenho
idéias para dar continuidade a esta pesquisa.
Como sugestão, apresento as seguintes idéias:
• Mesmo tema acrescentado dos fatores de desistência das crianças do
programa de judô;
• Realizar em outros contextos (escolas, academias, clubes);
• Realizar este estudo sob a perspectiva dos professores de judô;
• Ampliar o campo de estudo, estudando mais entidades do Rio Grande
do Sul;
• Fatores de aderência e permanência de adultos em programas de judô.
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7.3 Reflexões Finais
Através das questões do questionário respondidas pelas crianças praticantes
do programa de judô e também na observação das aulas, foi possível perceber que
todas as crianças que participaram deste estudo gostam de treinar judô.
Justificando as questões de ingresso e permanência da criança no programa,
pelas atividades realizadas nas aulas, pelo relacionamento do professor, pela
participação das crianças em competições, e pelo acompanhamento dos pais.
No que se refere ao ingresso dessas crianças no judô pude constatar que os
pais influenciaram de alguma maneira na escolha dessa modalidade esportiva, muito
mais que a televisão, os amigos das crianças ou até mais que a escolha da própria
criança.
Penso que mesmo quando é à própria criança que deseja ingressar no judô,
ela devera aguardar a autorização dos pais para participar do programa.
No que se refere aos fatores de permanência das crianças, referente às aulas
pudemos encontrar vários motivos que levaram esse grupo de crianças a
continuarem praticando o judô. Primeiro podemos encontrar as lutas e as
brincadeiras, seguido das técnicas diferentes, os professores e os amigos. Conforme
as observações realizadas, podemos notar que as aulas apresentavam uma parte
lúdica e a outra de treinamento, que se encaixa na descrição comentada pelas
crianças.
Os alunos desse grupo apresentam uma boa relação com os professores, isto
foi constatado nas respostas do questionário e confirmado nas observações das
aulas. Onde os professores demonstram serem atenciosos e dedicados em seu
trabalho.
A maioria desse grupo é composta de alunos que participam de competições,
isto pode ter influenciado o motivo de continuidade dentro do esporte, devido às
conquistas e ao aumento da auto-estima.
Temos, ainda, o fato desses alunos serem assistidos pelos pais nas aulas e
acompanhados nos eventos competitivos, onde essas crianças são apoiadas e
incentivadas, através das vivencias diárias dentro do esporte.
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Acredito que a iniciação e o treinamento de judô para crianças deve ter um
caráter mais lúdico, onde as crianças iram se descobrir e desenvolver seu potencial,
sem deixar de lado as premissas básicas deste esporte que é a disciplina, o respeito
e a humildade, que estão incluídas dentro da filosofia do judô.
Em relação à competição, acredito que seja importante que as crianças
participem de competições para irem adquirindo experiência e confiança, pois a
competição esta sempre presente na nossa vida, mas mesmo assim, não devemos
valorizar muito a vitória, e nem a derrota. Devemos valorizar o processo e o trabalho
realizado nas aulas, e a convivência diária.
Penso que este trabalho contribuirá para entendermos um pouco da realidade
dessas crianças que estão ligadas ao esporte. Acredito ter conseguido responder o
problema de estudo.
Espero que através desse estudo possibilite uma reflexão e novas idéias para
os profissionais de educação física e judô, viabilizando uma melhora na qualidade
das aulas de judô. Assim, sabendo os motivos que levam as crianças a ingressarem
e permanecerem praticando o judô poderemos ter subsídios para evitar sua
desistência no futuro.
8. REFERÊNCIAS
ANDRÉ, Marli E. D. A. de. Etnografia da prática escolar. Campinas: Papirus, 1995.
BAPTISTA, Carlos Fernando dos Santos. Judô: da escola à competição. 3 ed. Riode Janeiro: Editora Sprint, 2003.
BECKER JUNIOR, Benno. (Org.). Psicologia aplicada à criança no esporte. NovoHamburgo: Feevale, 2000.
BIRCK, Marcia. Do principio da pesquisa qualitativa à coleta de dados: uma trajetóriapercorrida por todos os pesquisadores. In: CAUDURO, Maria Tereza (Org).Investigação em educação física e esporte: um novo olhar pela pesquisaqualitativa. Novo Hamburgo: Feevale, 2004.
CAUDURO, Maria Tereza (Org.). Investigação em educação física e esporte: umnovo olhar pela pesquisa qualitativa. Novo Hamburgo: Feevale, 2004.
CRUZ NETO, Otávio. O trabalho de campo como descoberta e criação. In:DESLANDES, Suely Ferreira; GOMES, Romeu; MINAYO, Maria Cecília de Souza(Org.). Pesquisa social: teoria, método e criatividade. Petrópolis: Vozes, 1994.
DRIGO, Alexandre Janotta; OLIVEIRA, Paulo Roberto de; CESANA, Juliana. O judôBrasileiro, o desempenho e as Mídias: caso das olimpíadas de Atena 2004 e omundial do Cairo 2005. READ: Revista Eletrônica.Disponível em:http://www.unicamp.br/fef/publicacoes/conexoes/v4n1/Drigo6.pdf São Paulo, 2006.
GORDILLO, Alex. Intervenção com os pais. In: BECKER JUNIOR, Benno. (Org.).Psicologia aplicada à criança no esporte. Novo Hamburgo: Feevale, 2000.
MADURO, Luiz Alcides Ramires. A história do judô no Rio Grande do Sul: dasprimeiras manifestações aos jogos olímpicos de Atlanta. 1999. Dissertação(mestrado) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul Escola de EducaçãoFísica, Curso de Mestrado em Ciências do Movimento Humano.
MARQUES, Marcio Geller. Psicologia do Esporte: aspectos em que os atletasacreditam. Canoas: editora da Ulbra, 2003.
MIRANDA, Mario Luiz. A iniciação ao judô: relação com o desenvolvimento infantil.2004. Monografia apresentada ao curso de graduação em educação física doInstituto da Saúde da Universidade Paulista.
33
NEGRINE, Aírton. Instrumento de coleta de informações na pesquisa qualitativa. In:MOLINA NETO, Vicente; TRIVIÑOS, Augusto N. S. A Pesquisa Qualitativa naEducação Física. Porto Alegre: editora da Universidade/Sulina, 1999. p. 61-93.
OTAVIO, Marco Antonio; WEISS, Silvio Luiz Indrusiak. Judô à la carte. READ: JudôBrasil, São Paulo, 2003. Disponível em: http://www.judobrasil.com.br/2003/jalc.pdf.
POSSEBON, Mônica. O estudo de caso na investigação em educação física naperspectiva qualitativa. In: CAUDURO, Maria Tereza (Org.). Investigação emeducação física e esporte: um novo olhar pela pesquisa qualitativa. NovoHamburgo: Feevale, 2004.
ROSEIRA JÚNIOR, Milton De Lacerda. Vantagens e desvantagens daespecialização precoce em praticantes de Judô. Trabalho de conclusão de cursoapresentado ao Conselho Regional de Educação Física CREF6, Londrina, 2002.
TEGNER, Bruce. Guia completo de judô. 14 ed. Rio de Janeiro: Editora Record,2001.
TRIVIÑOS, Augusto N. S. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisaqualitativa em educação. São Paulo: ed. Atlas, 1987.
VARGAS NETO, Francisco Xavier de. A iniciação e a especialização esportiva decrianças. In: BECKER JUNIOR, Benno. (Org.). Psicologia aplicada à criança noesporte. Novo Hamburgo: Feevale, 2000.
VIRGILIO, Stanlei. A arte do judô.3 ed. Porto Alegre: ed. Rigel, 1994.
_________________. A arte do judô. 2 ed.Campinas: Papirus, 1986.
_________________. A arte e o ensino do judô. Porto Alegre: ed. Rigel, 2000.
34
APÊNDICE A – Modelo de termo de consentimento
TERMO DE CONSENTIMENTO
Senhores pais,
sou acadêmico do curso de licenciatura plena em educação física do UNILASALLE,
gostaria da permissão dos senhores para realizar uma entrevista com seu (sua) filho
(a), visando a elaboração do meu trabalho de conclusão de curso. O trabalho tratará
dos aspectos de aderência da criança ao judô. A identidade da criança será mantida
no mais absoluto sigilo. Os dados obtidos nessa entrevista serão de muita
importância para área da educação física.
Certo de sua colaboração para esta pesquisa desde já agradeço.
Élton Ricardo de Oliveira Reis
ATESTADO
Eu, __________________________________________ responsável pelo (a) aluno
(a) ______________________________________ autorizo sua participação no
trabalho de conclusão do curso do acadêmico Élton Ricardo de Oliveira Reis do
curso de licenciatura plena em educação física.
Assinatura do responsável: __________________________________
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APÊNDICE B – Modelo de questionário
QUESTIONÁRIO
1) Qual sua idade?_______________
2) Há quanto tempo faz judô?__________________
3) O que você mais gosta na aula? Alguma coisa a mais?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
4)Por que começou a fazer judô? Você viu o judô em algum lugar? Onde?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
5) Por que você faz judô?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
6) O que você acha legal aqui no judô?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
7) Já pensou em sair do judô? Por quê?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
8) Você participa de competição? Gosta de competir? Por quê?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
09) O que você acha do seu treinador? E do seu treino? Por quê?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
10) Seus pais o assistem no judô? Eles acham bom que você faça judô? O que eles
dizem?______________________________________________________________
___________________________________________________________________
11) Quer me falar mais alguma coisa?
__________________________________________________________
36
APÊNDICE C – Ficha de Observação
FICHA DE OBSERVAÇÃO
Horário da Aula: ___________ Duração: _________________________________
Quantidade de alunos: _________________________________________________
Faixa etária: _________________________________________________________
1. Rito inicial da aula: ______________________________________________
______________________________________________________________
2. Metodologia:____________________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________________
3. Relação Professor X Alunos:_______________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________________
4. Relação Alunos X Alunos: _________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________________
5. Relação Alunos X Professor: _______________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________________
6. Conteúdos desenvolvidos: ________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________________
7. Intervenções do Professor: ________________________________________
______________________________________________________________
______________________________________________________________
8. Rito de finalização da aula: ________________________________________
______________________________________________________________
Outros aspectos: ________________________________________________
______________________________________________________________
37
APÊNDICE D – Observação de aula
Observação nº. 1
Horário: 10h as 11h
Observação: 06/06/2007(quarta-feira)
Turma: Escolinha.
Observei a aula da turma da escolinha de judô, do horário das segundas e
quartas-feiras do turno da manhã. Neste dia, participaram da aula 7 (sete) alunos,
sendo 5 (cinco) meninas e 2 (dois) meninos, entre 7 e 12 anos. A aula teve duração
de uma hora.
Era uma quarta-feira, o dia estava agradável, o professor iniciou a aula
conversando com os alunos, eles estavam em fileiras correspondentes as suas
faixas (branca, cinza e azul), sentados ajoelhados.
Em seguida, realizaram o rito inicial que corresponde à saudação (ajoelhado)
do judô, começaram o aquecimento com saltitos, polichinelos, alguns exercícios
físicos, abdominais, flexão de braços, cadeirinha de balanço, borboletinhas e as
quedas do judô.
Os alunos em colunas fizeram rolinhos, caranguejos, estrelinhas, e
rolamentos pelo ombro com quedas (“sempô kaitê ukemi”).
Após, formaram em duas duplas, e um trio, onde o professor explicou as
técnicas da aula, uma de cada vez, para os alunos praticarem. Primeiro os alunos
treinaram suas técnicas preferidas, e em seguida as técnicas em seqüências
mostradas pelo professor.
Quando acabaram esta parte fizeram uma coluna, onde praticaram as
técnicas explicadas pelo professor andando em linha, puxando o companheiro e
projetando no final do tatame. Primeiro foi à técnica chamada “O uchi gari” caindo
junto, onde o professor frisou a forma correta de fazer, para que todos executem a
técnica com segurança. Depois foi a técnica “Ipom seoi”, onde o professor ilustrou
com uma história, e os alunos executaram o exercício.
O professor ficava corrigindo os alunos, com muita calma e paciência,
buscando motivá-los com palavras de estimulo.
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Os alunos demonstraram ter uma boa relação entre si, procuraram, sempre
que possível se ajudar mutuamente, incentivando os companheiros. Aparentemente
os alunos gostam do professor.
Na seqüência, fizeram o treino de “randori” (treino de luta), no qual um aluno
ficava descansando enquanto os demais treinavam, e quando terminava o tempo
trocavam de companheiro.
Na parte final da aula os alunos brincaram de “cachorro louco”, onde o
professor iniciou sendo o pegador.
Durante toda aula os pais de duas alunas ficaram assistindo.
Num certo momento da aula, um senhor interrompeu para pedir informação,
para matricular o filho, para não atrapalhar o andamento da aula, o pai de uma das
alunas, foi passar as informações.
No final, o professor conversou um pouco com a turma e fizeram o rito final da
saudação (ajoelhado) do judô.
Ao levantar, um a um, foram cumprimentando o professor.
Esta aula utilizou a metodologia tecnicista devido a ênfase na correção das
técnicas, mas também apresentou características lúdicas.
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APÊNDICE E – Observação de aula
Observação nº. 3
Horário: 18h e 30min as 20h
Observação: 08/06/2007 (sexta-feira)
Turma: principal até 14 anos.
Observei a aula da turma principal das crianças do judô, das segundas,
quartas e sextas do turno da noite. Neste dia, participaram da aula 19 (dezenove)
alunos, sendo 6 (seis) meninas e 13 (treze) meninos, entre eles havia 2 (duas) mães
de aluno e 1(um) pai participando da aula, junto com seus filhos.
A maioria da turma se encontrava na faixa entre 6 e 12 anos, tinha uma aluna
de 15 anos, e os pais, acima citados com mais de 26 anos. A turma se encontrava,
neste dia, muito mista, devido às faixas etárias e graduações diferentes.
A aula foi ministrada por um professor “kodansha” (mestre), que foi auxiliado
por dois professores, faixas pretas segundo grau (dan), sendo 1 (um) pós graduado
em educação física e o outro acadêmico.
Era uma sexta feira, dia seguinte a um feriado, por esse motivo, muitos alunos
faltaram à aula, o professor “kodansha” iniciou a aula conversando com os alunos,
eles estavam em fileiras correspondentes as suas faixas (branca, cinza e azul,
amarela, laranja e verde), sentados com as pernas cruzadas.
Em seguida, realizaram o rito inicial, que corresponde à saudação (ajoelhado)
do judô, começaram o aquecimento com brincadeiras (cachorro louco, múmia
paralítica e corrente), depois separou a turma em duas colunas, onde os alunos
teriam que passar (em zig-zag) entre os colegas. Dando seguimento, ainda nas
colunas, com os alunos sentados nos chão, com as pernas estendidas, teriam que
correr pisando nos locais vazios entre os colegas.
Após, os alunos fizeram as quedas básicas do judô, e o professor (mestre)
separou os alunos por tamanho e peso aproximado, para fazer as técnicas do judô,
derrubando uma vez para cada um.
Enquanto os alunos executavam as técnicas, os demais professores
passavam para corrigir, dando atenção principalmente para os alunos iniciantes.
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Os alunos demonstraram ter uma boa relação entre si, principalmente quando
um aluno maior pegava o menor para treinar, este procurava ajudar o menor.
Na seqüência, fizeram o treino de “randori” (treino de luta), onde sempre que
terminava o tempo, os alunos formavam em duas fileiras, uma de frente para a outra,
com seu respectivo companheiro, e trocavam de companheiro andando para
esquerda, em forma de circulo.
Assim, ninguém escolhia o companheiro para treinar o “randori”, e os alunos
maiores sempre procuravam cuidar os alunos menores, para que eles não se
machucassem.
Durante os “randoris”, os professores procuravam incentivar os alunos e
corrigi-los, quando era preciso, em relação a alguns detalhes (pegadas,
movimentação ou técnicas).
No final, o professor (mestre) conversou um pouco com a turma e fizeram o
rito final da saudação (ajoelhado) do judô. Ao levantar, um a um, foram
cumprimentando o quadro do Jigoro Kano e os professores.
Está aula utilizou a metodologia tecnicista devido à repetição das técnicas e
ênfase na correção, mas também apresentou características também lúdicas.
Durante a aula alguns pais, e familiares ficaram assistindo a aula, próximos
ao tatame.