UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - UFPE CENTRO DE TECNOLOGIA E GEOCIÊNCIAS
PROGRAMA DE PÓS–GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL MESTRADO EM TECNOLOGIA AMBIENTAL E RECURSOS HÍDRICOS
GUSTAVO LIRA DE MELO
ESTUDO DA QUALIDADE DA ÁGUA DO
RESERVATÓRIO DE ITAPARICA LOCALIZADO NA BACIA
DO RIO SÃO FRANCISCO
Recife, 2007
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
GUSTAVO LIRA DE MELO
ESTUDO DA QUALIDADE DA ÁGUA DO
RESERVATÓRIO DE ITAPARICA LOCALIZADO NA BACIA
DO RIO SÃO FRANCISCO
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Tecnologia Ambiental e Recursos Hídricos do Departamento de Engenharia Civil, Centro de Tecnologia e Geociências da UFPE, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre.
Profª. Drª. Maria do Carmo Martins Sobral/UFPE Orientadora
Dr. rer. nat. Günter Gunkel/TU Berlin Co-orientador
Recife, 2007
M528e Melo, Gustavo Lira de.
Estudo da qualidade da água no reservatório de Itaparica localizado na Bacia do Rio São Francisco / Gustavo Lira de Melo. - Recife: O Autor, 2007.
97 folhas, il : figs., tabs. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Pernambuco.
CTG. Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil, 2007. Inclui bibliografia e Apêndice. 1. Engenharia Civil. 2. Reservatório de Itaparica 3.Qualidade da
Água 4.Recursos Hídricos – Semi-Árido (Pernambuco). Título. UFPE 624 CDD (22. ed.) BCTG/2007-137
Dedico esta dissertação à minha
família por todo apoio e incentivo no
decorrer deste trabalho.
AGRADECIMENTOS
À minha orientadora, Professora Maria do Carmo Sobral, por todo seu apoio, incentivo,
aprendizado, compreensão e amizade no decorrer do mestrado.
Ao Professor Günter Gunkel pela sua assistência, competência, mostrando-se sempre
prestativo e atencioso.
Ao professor Jaime Cabral, coordenador do Projeto “Impacto da qualidade da água em
reservatórios do rio São Francisco causado pelo uso desordenado do solo nas margens:
desenvolvimento de um sistema de informação de análise de risco”, Programa PROBRAL
(Capes/DAAD).
À Professora Marlene Maria Silva pela presteza no auxílio metodológico.
À Compainha Hidro Elétrica de São Francisco (CHESF) pela liberação dos resultados do
monitoramento do reservatório de Itaparica e apoio durante as pesquisas de campo, na pessoa
do Gerente do Departamento de Meio Ambiente, Francisco Lyra.
À amiga Renata Carvalho, por seu imprescindível apoio, incentivo, disponibilidade e amizade
em todos os momentos.
À amiga Elizabeth Pastich não só pela amizade como também por toda força e apoio.
Aos amigos Gevson Andrade, Érika Zenaide, Dráusio Véras, Germana Andrade, Raquel
Galindo e Auxiliadora Galindo pelo apoio, companheirismo e disponibilidade em ajudar.
Às amigas Márcia Cristina Silva, Alessandra Barros, Cristiane Carvalho, Paula Oliveira e Rita
de Cássia Figueiredo por todo apoio e incentivo.
À Ana Maria Bastos, pela ajuda nas analises dos dados estatísticos.
A todos os familiares, em especial aos meus primos, pela amizade, apoio e pelos bons
momentos de descontração, imprescindíveis neste período.
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pela concessão
da minha bolsa.
RESUMO
O reservatório de Itaparica, localizado entre os Estados de Pernambuco e Bahia, na região fisiográfica chamada Submédio São Francisco, foi construído em 1987 com a finalidade prioritária de geração de energia. Contudo, apresenta usos múltiplos como abastecimento público e industrial, irrigação, piscicultura, pecuária, navegação, turismo e lazer. Observa-se a utilização inadequada do seu entorno, com perímetros irrigados utilizando-se prática agrícola inadequada, com utilização de agroquímicos e ocupações irregulares, com lançamento de efluentes sem tratamento diretamente no reservatório. Este trabalho teve como objetivo avaliar a qualidade da água no reservatório de Itaparica a partir do seu monitoramento e da utilização de fontes bibliográficas, no intuito de propor melhorias à gestão do reservatório e, conseqüentemente, dos recursos hídricos na região do semi-árido pernambucano. Este estudo analisou parâmetros físico-químicos, biológicos e bacteriológicos de diferentes monitoramentos já realizados no reservatório. As ocupações irregulares no entorno do reservatório e a degradação da área de preservação permanente vem contribuindo para a deterioração da qualidade da água. Constatou-se, que houve uma degradação da qualidade da água no decorrer dos anos, encontrando-se o reservatório de Itaparica em processo de eutrofização, com concentrações de fósforo total, clorofila-a, oxigênio dissolvido e coliformes fora dos padrões estabelecidos na Resolução CONAMA nº 357/ 2005 e na Portaria 518/ 2004 do Ministério da Saúde. O lançamento de efluentes das cidades localizadas no entorno do reservatório, o aporte de matéria orgânica e de sedimentos dos rios São Francisco e o uso de agroquímicos na agricultura são as principais fontes de contaminação da água do reservatório de Itaparica. Faz-se importante, a implementação de ações de controle e de redução de aporte de efluentes (domésticos, industriais e da agricultura) e de proteção das áreas de preservação permanente. Torna-se necessário um aumento da freqüência de amostragem de dados da qualidade da água, devendo incluir novos pontos de amostragem para uma melhor avaliação da eutrofização das águas do reservatório.
Palavras-chave: Reservatório de Itaparica, qualidade da água, monitoramento, semi-árido
ABSTRACT
The reservoir of Itaparica is located between Pernambuco and Bahia States, in the physiographic area called São Francisco sub-medium region. It was constructed in 1987 with energy generation priority purpose. However, it presents multiple uses as public and industrial supplying, irrigation, aquaculture, cattle, navigation, tourism and leisure with great part of its irrigated perimeter using fertilizes, pesticides, and irregular occupations on its surrounds, and as well as several kinds of effluents coming into directly the reservoir without treatment. The purpose of this work was to evaluate the water quality of the Itaparica reservoir using the monitoring and bibliographical sources, as a support to management improvements and consequently, improvements on the water resources in the semi-arid region of Pernambuco. This study analyzes the physical-chemical, bacteriological and biological parameters of water quality of different monitorings made in the reservoir. The reservoir irregular surrounding occupations and the degradation of the permanent preservation area contribute for the deterioration of the water quality. One has evidenced that it has been a water quality degradation along the years, and the reservoir is in a eutrophization process, with concentrations of total phosphorus, chlorophyll, dissolved oxygen and coliforms out of the standards established by Resolution Conama nº 357/2005, as well as by the Norm 518/2004 of the Health Ministry. The sewage effluent input from the cities located around the reservoir, the incoming of organic and sediments materials from São Francisco river and the use of fertilizes, pesticides in agriculture are the main sources of contamination of the water of the Itaparica reservoir. Implementation of control action becomes important like the reduction of sewage effluents inputs (domestic, industrials and of agriculture) and the protection of the permanent preservation areas. An increase on the spatial and temporal frequency sampling data of the water quality becomes necessary, and it should set up new sampling points for a better evaluation of the eutrophization in the reservoir.
Key-words: Itaparica reservoir, water quality, monitoring, semi-arid.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Localização da bacia hidrográficas do rio São Francisco............................ 32 Figura 2 Reservatório de Itaparica............................................................................. 33 Figura 3 Principais reservatórios da Bacia do rio São Francisco............................... 34 Figura 4 Localização dos perímetros irrigados na margem do reservatório de
Itaparica ...................................................................................................... 37
Figura 5 Mapa do reservatório de Itaparica dividido em 4 seções............................. 47 Figura 6 Localização das estações de monitoramento no reservatório de Itaparica.. 52 Figura 7 Composição florística do reservatório de Itaparica em 2004 e 2005........... 73
LISTA DE FOTOGRAFIAS
Fotografia 1 Construção irregular na margem do reservatório................................. 39
Fotografia 2 Cultivo de côco-da-baía na área de preservação permanente............... 39
Fotografia 3 Aplicação de agrotóxicos no Perímetro Apolônio Salles..................... 40
Fotografia 4 Fertilizante químico utilizado no Perímetro Icó-Mandantes................ 40
Fotografia 5 Sistema de irrigação por aspersão........................................................ 40
Fotografia 6 Sistema de irrigação por gotejamento.................................................. 40
Fotografia 7 Sistema de irrigação por micro-aspersão............................................. 40
Fotografia 8 Lote descartado por salinização e encharcamento............................... 41
Fotografia 9 Presença de sais no solo....................................................................... 41
Fotografia 10 Abertura mecanizada do sistema de drenagem subterrânea................. 42
Fotografia 11 Instalação mecanizada dos tubos drenantes......................................... 42
Fotografia 12 Pecuária em Apolônio Salles................................................................ 42
Fotografia 13 Pecuária em Icó-Mandantes................................................................. 42
Fotografia 14 Tanques para criação de peixes............................................................ 43
Fotografia 15 Macrófita Egeria densa........................................................................ 43
Fotografia 16 Ocupações irregulares em áreas alagáveis........................................... 44
Fotografia 17 Crescimento de macrófitas................................................................... 44
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 Variação da concentração de pH do reservatório de Itaparica nas seções I, II, III e IV nos anos de 1996 a 1999......................................... 48
Gráfico 2 Variação da concentração da condutividade elétrica do reservatório de Itaparica nas seções I, II, III e IV nos anos de 1996 a 1999.................... 48
Gráfico 3 Variação da alcalinidade do reservatório de Itaparica nas seções I, II, III e IV nos anos de 1996 a 1999............................................................ 49
Gráfico 4 Distribuição da dureza nas seções I, II, III e IV nos anos de 1996 a 1999......................................................................................................... 49
Gráfico 5 Variação da concentração de oxigênio dissolvido nas seções I, II, III e IV entre os anos de 1997 e 1999............................................................. 50
Gráfico 6 Variação da profundidade nas estações de coleta................................... 53 Gráfico 7 Variação da transparência nas estações de coleta................................... 54 Gráfico 8 Variação da temperatura na superfície do reservatório de Itaparica....... 54 Gráfico 9 Variação da temperatura no fundo do reservatório de Itaparica............. 55 Gráfico 10 Variação da alcalinidade na superfície do reservatório de Itaparica nos
anos de 2004 e 2005................................................................................ 55 Gráfico 11 Variação da alcalinidade no fundo do reservatório de Itaparica nos
anos de 2004 e 2005................................................................................ 56 Gráfico 12 Variação da dureza na superfície do reservatório de Itaparica nos anos
de 2004 e 2005........................................................................................ 56 Gráfico 13 Variação da dureza no fundo do reservatório de Itaparica nos anos de
2004 e 2005............................................................................................. 57 Gráfico 14 Concentração de oxigênio dissolvido superfície do reservatório de
Itaparica................................................................................................... 58 Gráfico 15 Concentração de oxigênio dissolvido superfície do reservatório de
Itaparica................................................................................................... 58 Gráfico 16 Variação da concentração de pH na superfície do reservatório de
Itaparica, nas seções I, II, III e IV nos anos de 2004 e 2005................... 59 Gráfico 17 Variação da concentração de pH no fundo do reservatório de
Itaparica, nas seções I, II, III e IV nos anos de 2004 e 2005................... 60 Gráfico 18 Variação da condutividade na superfície do reservatório de Itaparica.... 61 Gráfico 19 Variação da condutividade no fundo do reservatório de Itaparica.......... 61 Gráfico 20 Variação da turbidez na superfície do reservatório de Itaparica nos
anos de 2004 e 2005................................................................................ 62 Gráfico 21 Variação da turbidez no fundo do reservatório de Itaparica nos anos de
2004 e 2005............................................................................................. 62 Gráfico 22 Variação da concentração do material em suspensão na superfície do
reservatório de Itaparica nos anos de 2004 e 2005.................................. 63 Gráfico 23 Variação da concentração do material em suspensão no fundo do
reservatório de Itaparica nos anos de 2004 e 2005.................................. 63 Gráfico 24 Variação da concentração de nitrito na superfície do reservatório de
Itaparica nos anos de 2004 e 2005.......................................................... 64
Gráfico 25 Variação da concentração de nitrito no fundo do reservatório de Itaparica nos anos de 2004 e 2005.......................................................... 65
Gráfico 26 Variação da concentração de amônia na superfície do reservatório de Itaparica em 2004.................................................................................... 65
Gráfico 27 Variação da concentração de amônia no fundo do reservatório de Itaparica em 2004.................................................................................... 66
Gráfico 28 Variação da concentração de nitrato na superfície do reservatório de Itaparica nos anos de 2004 e 2005.......................................................... 67
Gráfico 29 Variação da concentração de nitrato no fundo do reservatório de Itaparica nos anos de 2004 e 2005.......................................................... 67
Gráfico 30 Variação da concentração de nitrogênio total na superfície do reservatório de Itaparica nos anos de 2004 e 2005.................................. 68
Gráfico 31 Variação da concentração de nitrogênio total no fundo do reservatório de Itaparica nos anos de 2004 e 2005...................................................... 68
Gráfico 32 Variação da concentração de ortofosfato na superfície do reservatório de Itaparica nos anos de 2004 e 2005...................................................... 69
Gráfico 33 Variação da concentração de ortofosfato no fundo do reservatório de Itaparica nos anos de 2004 e 2005.......................................................... 70
Gráfico 34 Variação da concentração de fósforo total na superfície do reservatório de Itaparica nos anos de 2004 e 2005...................................................... 71
Gráfico 35 Variação da concentração de fósforo total no fundo do reservatório de Itaparica nos anos de 2004 e 2005.......................................................... 71
Gráfico 36 Variação da concentração de clorofila-a na superfície do reservatório de Itaparica nos anos de 2004 e 2005...................................................... 76
Gráfico 37 Valores de turbidez nas estações de captação e na estação de piscicultura.............................................................................................. 77
Gráfico 38 Valores de condutividade nas estações de captação e na estação de piscicultura.............................................................................................. 78
Gráfico 39 Correlação entre condutividade e turbidez no ponto de captação da idade de Itacuruba................................................................................... 78
Gráfico 40 Valores de transparência nas estações de captação e na estação de piscicultura.............................................................................................. 79
Gráfico 41 Valores do material em suspensão nas estações de captação e na estação de piscicultura............................................................................. 79
Gráfico 42 Valores de pH nas estações de captação e na estação de piscicultura..... 80 Gráfico 43 Valores da temperatura nas estações de captação e na estação de
piscicultura.............................................................................................. 80
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Síntese das legislações pertinentes às atividades voltadas ao meio ambiente e aos recursos hídricos em âmbito estadual................................ 26
Quadro 2 Síntese das legislações pertinentes às atividades voltadas ao meio ambiente e aos recursos hídricos em âmbito federal.................................. 27
Quadro 3 Caracterização dos municípios localizados no entorno do reservatório de Itaparica ................................................................................................ 38
Quadro 4 Localização das estações de coleta por trecho............................................ 47
Quadro 5 Estações de monitoramento do reservatório de Itaparica, 2004 e 2005............................................................................................................ 51
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Limites estabelecidos pela Portaria nº 518/ 2004 do Ministério da Saúde para os parâmetros analisados neste estudo................................................. 30
Tabela 2 Limites estabelecidos pela resolução CONAMA nº 357/ 2005 para os parâmetros analisados neste estudo............................................................. 32
Tabela 3 Características dos perímetros irrigados...................................................... 36 Tabela 4 Valores médios das coletas dos principais parâmetros analisados no EIA
do reservatório de Itaparica em 1986........................................................... 45 Tabela 5 Taxa de saturação de oxigênio na superfície e fundo do reservatório de
Itaparica ...................................................................................................... 59 Tabela 6 Variação da concentração de material em suspensão na superfície e
fundo do reservatório de Itaparica............................................................... 64 Tabela 7 Concentração de PT em relação ao estado trófico de lagos tropicais
Segundo Vollenweider (1968), modificado e ampliado por Ryding & Rast (1989).................................................................................................. 72
Tabela 8 Espécies de cianobactérias encontradas no reservatório de Itaparica em 2004 e 2005.................................................................................................. 74
Tabela 9 Densidade das espécies de cianobactérias superiores a 10000 cél/ mL, limite mínimo da Portaria 518 do Ministério da Saúde............................... 75
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ACP - Análise de Componentes Principais
ANA - Agência Nacional de Águas
CEI - Coordenadoria Especial do Empreendimento Itaparica
CHESF - Companhia Hidro Elétrica do São Francisco
CODEVASF - Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba
COMPESA - Companhia Pernambucana de Saneamento
CONAMA - Conselho Nacional de Meio Ambiente
CPRH - Agência Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos de Pernambuco
DQO - Demanda Química de Oxigênio
EIA - Estudo de Impacto Ambiental
EMBASA - Empresa Baiana de Águas e Saneamento
ETA - Estações de Tratamento de Água
FADURPE - Fundação Apolônio Sales de Desenvolvimento Educacional
IBAMA - Instituto Brasileiro de Meio Ambiente
ISO - Organização Mundial para Padronização
PCs - Componentes principais
PNMA II - Programa Nacional de Meio Ambiente II
SECTMA - Secretaria de Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco
SISNAMA - Sistema Nacional do Meio Ambiente
SRH - Secretaria de Recursos Hídricos do Estado de Pernambuco
STX - Saxitoxinas
TU BERLIN - Universidade Técnica de Berlim
UFPE - Universidade Federal de Pernambuco
UFRPE - Universidade Federal Rural de Pernambuco
UHE - Usina Hidrelétrica
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 15 1.1 OBJETIVOS................................................................................................... 17 1.1.1 Objetivo geral................................................................................................ 17 1.1.2 Objetivos específicos..................................................................................... 17 1.2 METODOLOGIA.......................................................................................... 18 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................... 20 2.1 GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS...................................................... 20
2.2 O MONITORAMENTO DA QUALIDADE DA ÁGUA COMO INSTRUMENTO DE GESTÃO AMBIENTAL ........................................... 22
2.3 ASPECTOS LEGAIS E INSTITUCIONAIS ................................................ 26 2.3.1 Aspectos legais.............................................................................................. 26 2.3.2 Aspectos institucionais................................................................................. 28
2.4 PRINCIPAIS PARÂMETROS E NORMAS DA QUALIDADE DA ÁGUA............................................................................................................. 29
3 O RESERVATÓRIO DE ITAPARICA COMO OBJETO DE ESTUDO ....................................................................................................... 32
3.1 LOCALIZAÇÃO ........................................................................................... 32 3.2 CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-BIÓTICA .................................................... 34 3.3 EVOLUÇÃO DO USO E OCUPAÇÃO DO SOLO ..................................... 35 4 RESULTADOS ............................................................................................ 45
4.1 ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL (EIA) DA CONSTRUÇÃO DA USINA HIDRELÉTRICA DE ITAPARICA, 1986....................................... 45
4.2 MONITORAMENTO DA QUALIDADE DA ÁGUA NOS ANOS DE 1996 A 1999.................................................................................................... 46
4.3 MONITORAMENTO DA QUALIDADE DA ÁGUA NOS ANOS DE 2004 E 2005.................................................................................................... 50
4.3.1 Variáveis físico-químicas ............................................................................. 53 4.3.2 Análises bacteriológicas ............................................................................... 72 4.3.3 Análises biológicas ........................................................................................ 73
4.3.4 Análise estatística das estações de captação de água para abastecimento e piscicultura........................................................................ 77
5 DISCUSSÃO ................................................................................................. 81 6 CONCLUSÕES ............................................................................................ 85 7 RECOMENDAÇÕES................................................................................... 86 REFERÊNCIAS............................................................................................ 87
APÊNDICES................................................................................................. 95
15
1 INTRODUÇÃO
A crescente degradação do meio ambiente, principalmente dos recursos hídricos, tem gerado
graves conseqüências ao homem e comprometendo este recurso para gerações futuras. A
qualidade da água dos rios e reservatórios brasileiros está sendo comprometida pela sua
inadequada gestão e pela falta de cumprimento das legislações vigentes.
No Brasil há uma extrema desigualdade na distribuição das águas em relação às suas regiões,
indicando uma futura situação de escassez em determinados locais. A região Amazônica
apresenta a maior parte da água doce do país. Todavia, é a região com menor percentual de
ocupação demográfica brasileira. Por outro lado, a região hidrográfica do Atlântico Nordeste
Oriental, que abrange cinco estados nordestinos, ocupa 3,4% do país e concentra 12,7% da
população, possui apenas 0,5% de água.
Surge, assim, a necessidade de se introduzir novas formas para a gestão dos recursos hídricos,
buscando alternativas específicas para cada região, através de uma gestão compartilhada com
diversos órgãos, com a iniciativa privada e com a sociedade, na busca de soluções para
proteção destes recursos.
A Agenda 21 Brasileira (BRASIL, 2002) prevê que a água doce é um recurso estratégico e
essencial à sobrevivência. Portanto, faz-se necessário assegurar uma oferta de boa qualidade
para a população e ao mesmo tempo preservar as funções hidrológicas, biológicas e químicas
dos ecossistemas, com seu uso compatível com os limites de capacidade da natureza.
Essa proteção e gestão ambiental dos ecossistemas aquáticos são garantidas
internacionalmente, como um dos fundamentos para um abastecimento sustentável e de boa
qualidade, como é exigido e formulado, entre outros, pela Diretiva da Água da União
Européia (EU, 2000) ou pelo Ecossystem Health Concept dos Estados Unidos da América
(EPA 1996, 1998).
A maior parte da água utilizada para abastecimento público no Estado de Pernambuco provém
de reservatórios superficiais. A maioria desses rios, por percorrer áreas urbanas, encontra-se
em elevado processo de degradação, concentrando grande quantidade de poluentes que são
16
carreados até os reservatórios, comprometendo a qualidade da água para o abastecimento
público.
Grandes reservatórios são construídos para a geração de energia em todo o mundo e, no
Brasil, cerca de 76% da energia disponível provém de fontes hidráulicas. O rio São Francisco,
localizado no Nordeste do Brasil, possui uma série de oito reservatórios construídos para esse
fim - Paulo Afonso I, II e III, Três Marias, Moxotó, Sobradinho, Itaparica e Xingó -
gerenciados pela Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (CHESF). O reservatório de
Itaparica, também conhecido como Luiz Gonzaga, localizado entre os Estados de Pernambuco
e Bahia, foi construído em 1987 com a finalidade prioritária de geração de energia. Contudo,
apresenta usos múltiplos como abastecimento público e industrial, irrigação, piscicultura,
pecuária, navegação, turismo e lazer. O reservatório foi cheio em 1988 e nos anos seguintes
tem-se verificado uma deficiência no gerenciamento desse reservatório, com ocupações
irregulares e utilização inadequada do seu entorno.
O reservatório de Itaparica apresenta grande parte dos seus perímetros irrigados, com
utilização de agroquímicos e ocupações irregulares no seu entorno, com lançamento de
efluentes sem tratamento diretamente no reservatório. Isto vem causando alterações na
qualidade da água, sendo necessário um monitoramento periódico e uma adequada gestão
deste corpo d’água visando minimizar problemas futuros.
O uso e ocupação do solo das margens e o uso da água dos reservatórios influenciam,
diretamente, na qualidade e quantidade dos recursos hídricos, bem como nos usos múltiplos
que a reservatório possa proporcionar. Assim, a gestão ambiental dessas áreas é de suma
importância e a proteção de ecossistemas e o uso da água necessitam de uma discussão
intensa e aberta.
Um dos principais projetos em execução no Brasil é o Projeto de Integração do Rio São
Francisco com as Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional é um empreendimento do
Governo Federal, sob a responsabilidade do Ministério da Integração Nacional, destinado à
assegurar a oferta de água, em 2025, a cerca de 12 milhões de habitantes de pequenas, médias
e grandes cidades da região semi-árida dos estados de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio
Grande do Norte. Neste projeto o rio será integrado ao Semi-Árido Setentrional por meio de
dois canais, que conduzirão água até os principais açudes da região, possibilitando seu uso
17
com garantia de atendimento. Um dos canais terá seu ponto de captação no reservatório de
Itaparica, com cerca de 220 km indo até o rio Paraíba, no Estado da Paraíba, transportando,
em média 18,3 m3 de água por segundo. As bacias hidrográficas beneficiadas em Pernambuco
serão as dos rios Moxotó e Brígida (BRASIL, 2004).
Entretanto, isso pode aumentar os conflitos de uso múltiplos da água e do solo no entorno,
com a ampliação das atividades agrícolas e da aqüicultura, que vêm sendo realizada pelos
moradores locais próximos às margens do lago, fazendo com que o risco de degradação da
qualidade da água com fertilizantes e defensivos agrícolas se intensifique.
1.1 OBJETIVOS
1.1.1 Objetivo geral
Esta pesquisa tem como objetivo avaliar a qualidade da água no reservatório de Itaparica a
partir do seu monitoramento e da utilização de fontes bibliográficas, no intuito de propor
melhorias à gestão do reservatório e, conseqüentemente, dos recursos hídricos na região do
semi-árido pernambucano. A partir dos resultados obtidos, foram propostas recomendações
que poderão servir de base para a implementação de uma política de proteção e conservação
reservatórios de múltiplos usos na região do semi-árido do Nordeste do Brasil.
1.1.2 Objetivos específicos
- Destacar as fontes pontuais e difusas de poluição como ocupação das margens,
lançamento de esgotos e uso de agrotóxicos;
- Verificar os aspectos legais e institucionais relacionados à qualidade da água;
- Avaliar os parâmetros físico-químicos, biológicos e antrópicos do reservatório de
Itaparica;
- Analisar a qualidade da água destinada para o abastecimento público das cidades
localizadas na área de influência do reservatório.
18
1.2 METODOLOGIA
Para atingir os objetivos almejados adotaram-se os seguintes procedimentos metodológicos,
iniciados com as observações e entrevistas realizadas durante cinco (5) visitas exploratórias,
para desenvolvimento do Projeto de Pesquisa “Impacto da qualidade da água em reservatórios
do rio São Francisco causado pelo uso desordenado do solo nas margens: desenvolvimento de
um sistema de informação de análise de risco”, Programa PROBRAL (Capes/DAAD), entre a
Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e a Universidade Técnica de Berlim (TU
BERLIN), no ano 2006. Estas visitas tiveram como objetivo observar o uso e ocupação do
solo e as atividades realizadas no entorno do reservatório, verificando a presença de possíveis
fontes poluidoras.
A coleta de dados secundários baseou-se nas pesquisas bibliográfica, documental, cartográfica
e no levantamento da literatura pertinente, pertencentes ao acervo interno da CHESF em seus
Departamentos de Meio Ambiente, de Recursos Hídricos e de Geoprocessamento, bem como
da Coordenadoria Especial do Empreendimento Itaparica (CEI), da Agência Estadual de Meio
Ambiente e Recursos Hídricos de Pernambuco (CPRH), Secretaria de Ciência e Tecnologia
do Estado de Pernambuco (SECTMA), da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São
Francisco e do Parnaíba (CODEVASF) no escritório de Jatobá – PE, das bibliotecas da UFPE
e da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), através de monografias,
dissertações e teses, da Fundação Apolônio Sales de Desenvolvimento Cientifico
(FADURPE), da Internet, através de alguns sites específicos para o assunto em tela,
juntamente com informações bibliográficas obtidas junto ao Programa PROBRAL.
A coleta de dados primários realizou-se por meio de observações sistemáticas (diretas e
indiretas) e de entrevistas com reassentados, funcionários (e terceirizados) da Chesf
envolvidos com os projetos de reassentamento, líderes comunitários, técnicos agrícolas e
agrônomos, acompanhadas de registro fotográfico. Esta fase teve como objetivo verificar os
dados anteriormente obtidos e atualizá-los, anotando-se todos os registros que se fizeram
importantes.
Para uma melhor interpretação dos resultados obtidos nos pontos de captação de água para
abastecimento humano, utilizou-se a técnica estatística multivariada de Análise de
Componentes Principais (ACP). Esta técnica permite relacionar com maior clareza os
19
diferentes aspectos do estudo, quando os mesmos são gerados em grandes quantidades
numéricas e de variáveis. Para tal fim, foi utilizado o programa THE UNSCRAMBLER ®
versão 7.01. De acordo com Esbensen et al. (1994), os gráficos feitos através do uso da ACP
apresentam informações úteis sobre tendências e características da estrutura dos dados, tais
como agrupamento de amostras e variáveis e caracterização das amostras que não se
enquadram no modelo. Conforme Sena et al. (2000), a influência de cada variável em cada
amostra pode ser estimada através do estudo conjunto dos escores e pesos.
Esta dissertação é composta por 7 (sete) capítulos, sendo inicialmente apresentada introdução
contendo a justificativa do tema desenvolvido, os objetivos da pesquisa e os aspectos
metodológicos que nortearam a elaboração do trabalho.
No segundo capítulo é apresentada a revisão bibliográfica, com os fundamentos teóricos
relativos ao assunto estudado, gestão de recursos hídricos, ao monitoramento da qualidade da
água como instrumento de gestão, os aspectos legais e institucionais e os principais
parâmetros e normas da qualidade da água.
O cenário em foco é apresentado no terceiro capítulo com a caracterização da área de estudo,
em uma perspectiva físico-biótica e uso e ocupação do solo da área estudada, que interfere na
qualidade da água do reservatório.
O quarto capítulo apresenta os resultados alcançados com a sistematização e análise dos dados
obtidos. A discussão dos resultados é apresentada no capitulo subseqüente, efetivada a partir
da avaliação dos parâmetros exigidos na normatização e legislação existente.
As conclusões da pesquisa e recomendações são explicitadas no sexto e sétimo capítulos,
fundamentadas nas análises realizadas nos capítulos anteriores e apresentando sugestões para
próximos estudos.
20
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS
Para gerenciar as atividades humanas sob a ótica da questão ambiental, é preciso manter a
integração entre as partes e o objetivo maior em que se insere a atividade ou ação que está se
desenvolvendo. Desta forma, a gestão ambiental pode ser definida como um conjunto de
procedimentos que visam à conciliação entre desenvolvimento e qualidade ambiental.
De acordo com Souza (2000) para a implantação da gestão ambiental, as seguintes etapas
devem ser seguidas:
- caracterização ambiental e da atividade;
- realização de uma análise ambiental;
- estudo e adoção de ações mitigadoras e proposição;
- instalação e operação de uma rede de monitoramento.
O gerenciamento ou gestão de um recurso ambiental consiste no processo de articulação das
ações dos diferentes agentes sociais, com vistas a compatibilizar o uso, o controle e a proteção
desse recurso, disciplinando as respectivas atividades humanas com base na política
estabelecida para o mesmo, de maneira a se alcançar o desenvolvimento sustentável. Assim, a
educação ambiental, a fiscalização, o licenciamento, as penalidades legais, o monitoramento
ambiental e a auditoria ambiental são instrumentos da gestão ambiental (PRUSKY et. al.,
2000).
Prusky (2000) menciona que, no caso específico de bacias hidrográficas, o gerenciamento
deve ser pautado nos seguintes princípios básicos:
- conhecimento do ambiente da própria bacia;
- planejamento das intervenções na bacia;
- participação dos usuários; e
- implementação de mecanismos de financiamento das intervenções, norteadas pelo
princípio usuário-pagador.
21
A gestão dos recursos hídricos é definida como o conjunto de procedimentos organizados no
sentido de solucionar os problemas referentes ao uso e ao controle dos recursos hídricos. Tem
como objetivo atender, dentro das limitações econômicas e ambientais e respeitando os
princípios de justiça social, à demanda de água pela sociedade com uma disponibilidade
limitada (CAMPOS; STUDART, 2001).
No Brasil, a escassez qualitativa ligada à poluição dos corpos hídricos tem sido associada,
principalmente, ao Sul e Sudeste do País. No Nordeste Semi-Árido, a poluição constitui não o
foco principal, mas um problema adicional à escassez hídrica. Mesmo com este problema
resolvido, a escassez permanece, uma vez que é fruto da alta variabilidade temporal (intra e
interanual) e espacial das precipitações, das altas taxas de evaporação e da predominância de
solos cristalinos, condições estas agravadas pelas demandas urbanas e industriais crescentes e
pelo uso ineficiente da água (GRANZIERA, 2003).
As margens de cursos d’água e reservatórios têm grande importância, principalmente porque
deveriam ser cobertas por vegetação natural, consideradas de preservação permanente
conforme o Código Florestal (BRASIL, 1965). Essa vegetação protege o solo contra a erosão,
evitando o assoreamento dos corpos d’água, além de constituir áreas de amortecimento de
cheias, podendo constituir barreiras ao acesso superficial e subsuperficial de poluentes para os
mananciais.
É necessário que os terrenos localizados em planícies de inundação tenham uso restrito, de
forma a garantir, ao máximo, que os mesmos permaneçam livres. As áreas adjacentes às
planícies de inundação devem ter uso com baixas taxas de ocupação, de modo que possibilite
a infiltração da água e, conseqüentemente, a redução do escoamento superficial. Nessas áreas,
deve-se exigir que os terrenos permaneçam permeáveis em pelo menos 50% da superfície
(CAMPOS; STUDART, 2001).
Essas afirmações encontram-se expressas na Lei Federal nº 4.771, de 15 de setembro de 1965,
que institui o Código Florestal e em seu art. 2° considera áreas de preservação permanente,
as florestas e demais formas de vegetação natural, situadas ao redor das lagoas, lagos ou
reservatórios d'água naturais ou artificiais. Da mesma forma, a Resolução nº 04 de 1985, do
Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA), estabelece para as represas hidrelétricas
22
uma faixa marginal com largura de 100 metros considerada como reservas ecológicas as
florestas e demais formas de vegetação situadas ao redor desses mananciais.
Outro aspecto importante da gestão de recursos hídricos é a gestão de rios que banham mais
de um Estado podendo pertencer a duas categorias, constituindo a própria fronteira geográfica
entre os mesmos ou atravessando vários Estados sucessivamente, como o rio São Francisco,
denominado rio Federal de acordo com a Lei 9433/1997. Em cada uma das categorias a
gestão das águas, nos aspectos qualidade e quantidade, apresenta características distintas.
Ocorre que todos os despejos e derivações, mesmo que autorizados para determinado trecho,
no território de um Estado, podem vir a comprometer a utilização das águas no Estado à
jusante. Por isso é necessária a articulação entre os Estados cujos territórios são atravessados
pelo mesmo rio, por meio dos órgãos e entidades componentes do Sistema de Gerenciamento
de Recursos Hídricos e do Sistema de Meio Ambiente, considerando-se os aspectos de
qualidade e quantidade (GRANZIERA, 2003).
2.2 O MONITORAMENTO DA QUALIDADE DA ÁGUA COMO INSTRUMENTO DE
GESTÃO AMBIENTAL
O monitoramento é um instrumento de tomada de decisão da Política Nacional de Meio
Ambiente e, no caso dos recursos hídricos, está diretamente relacionado com a qualidade da
água, produzindo dados que serão utilizados para futuras decisões de aprimoramento e
mudanças na gestão de determinado recurso hídrico.
Monitoramento da água é definido pela Organização Mundial para Padronização (ISO) como
um processo programado de amostragem, medição e subseqüente gravação e sinalização, ou
ambos, de várias características da água.
De acordo com Bartram (1996), existem 3 tipos de atividades de monitoramento que se
distinguem entre longo prazo, curto prazo e programas de monitoramento contínuo, como os
seguintes:
- monitoramento é de longo prazo, quando envolve medição padronizada e observação
do ambiente aquático para definir condições e tendências;
23
- pesquisas (levantamentos) são de curta duração, programas intensivos para medir e
observar a qualidade do ambiente aquático para objetivos específicos;
- vigilância é um monitoramento contínuo, em que ocorre a medição e observação
específica com o propósito da gestão da qualidade da água e atividades operacionais.
O monitoramento da qualidade da água é um subcomponente do Programa Nacional de Meio
Ambiente II (PNMA II) e tem como principal objetivo desenvolver e aprimorar o
monitoramento, para subsidiar a formulação de políticas de proteção ambiental e a tomada de
decisão a respeito das ações de gestão ambiental (BRASIL, 2000).
O projeto Monitoramento da Qualidade da Água como Instrumento de Controle Ambiental e
Gestão de Recursos Hídricos no Estado de Pernambuco aprovado pelo PNMA II, teve como
objetivo reestruturar e aprimorar o sistema de monitoramento na bacia hidrográfica do rio
Ipojuca e reservatório de Tapacurá serviu como modelo para a reestruturação do sistema de
monitoramento em todo o Estado. O projeto proposto está de acordo com as políticas
estaduais de gestão ambiental e gestão dos recursos hídricos, estabelecidas nas leis específicas
de recursos hídricos, de política de resíduos sólidos e de política florestal. Além disso, está de
acordo com as premissas básicas estabelecidas pela Agenda 21 elaborada no estado de
Pernambuco (SOBRAL et al., 2003).
O monitoramento mostra o estado e as tendências qualitativas e quantitativas dos recursos
naturais e as influências exercidas pelas atividades humanas e por fatores naturais sobre o
meio ambiente. Desta forma, subsidia medidas de planejamento, controle, recuperação,
preservação e conservação do ambiente em estudo, bem como auxilia na definição das
políticas ambientais.
A escolha dos indicadores depende dos objetivos do monitoramento, do que se quer monitorar
e das informações a serem obtidas. Esses parâmetros são medidos em campo, em laboratório e
em escritório, alguns com bastante simplicidade e outros com alto grau de complexidade. A
localização dos pontos de coleta deve ter representatividade no contexto do monitoramento e
ser de fácil acesso. Os dados podem ser coletados por técnicos (manualmente) ou de forma
automática. As estações automáticas são instaladas quando se precisa de informações
coletadas continuamente, geralmente em espaços de minutos, horas e dias.
24
Antes do planejamento da amostragem e das análises da água serem iniciados, faz-se
necessário definir claramente que informação é necessária e o que já está disponível. É útil
preparar um “documento do programa de monitoramento” ou “plano de estudo”, que descreva
em detalhes os objetivos e possíveis limitações do programa de monitoramento (BARTRAM,
1996).
O monitoramento fornece informações para que decisões racionais sejam tomadas, como as
seguintes:
- descrever os recursos hídricos e identificar os problemas atuais e futuros da poluição
da água;
- formular planos e estabelecer prioridades para gestão da qualidade da água;
- desenvolver e implementar programas de gestão da qualidade da água;
- avaliar a eficácia das ações de gestão.
Grande parte da água utilizada para o abastecimento público no Brasil é constituída por águas
superficiais, acumuladas em açudes, lagos e principalmente em reservatórios. A preocupação
com a manutenção da qualidade da água dos reservatórios e com o futuro do abastecimento é
crescente.
Segundo Campos; Studart (2001), qualidade da água é o termo empregado para expressar a
adequabilidade desta para os mais variados fins: abastecimento doméstico, uso industrial e
agrícola, recreação, dessedentação animal, aqüicultura, piscicultura, etc.
A poluição dos recursos hídricos, comprometendo a qualidade da água, pode causar um
fenômeno muito comum em reservatórios do Nordeste brasileiro, a eutrofização. Entende-se
por eutrofização o enriquecimento com nutrientes, principalmente fósforo e nitrogênio, que
são despejados de forma dissolvida ou particulada em lagos, represas e rios e são
transformados em partículas orgânicas e matéria viva vegetal pelo metabolismo das plantas e
microalgas (TUNDISI, 2003).
Segundo Tundisi (2001), dentre os vários efeitos da eutrofização, pode-se citar:
- floração de algas;
- crescimento de plantas aquáticas;
25
- diminuição da concentração de oxigênio dissolvido;
- mudanças nas espécies dos organismos aquáticos;
- maior incidência de doenças hidricamente transmissíveis;
- aumento do estoque pesqueiro;
- reutilização de nutrientes, etc.
O monitoramento da água dos rios em Pernambuco, que formam importantes reservatórios,
vem se mostrando ineficaz na manutenção da qualidade da água utilizada para o
abastecimento, como já foi comprovado em estudos anteriores de Sobral et al. (2002, 2005).
Os dados das fontes de contaminação não são suficientes para avaliação da qualidade da água,
precisando-se de uma melhor caracterização destas fontes.
O reservatório de Tapacurá, construído em 1997, produz 30% do volume distribuído na
Região Metropolitana do Recife e é considerado eutrófico. A qualidade da água do
reservatório é comprometida pelo lançamento de esgotos domésticos e por efluentes da
indústria açucareira, que ocasionam sérios problemas à sua qualidade: alto nível trófico,
crescimento excessivo de algas e ocorrência de cianobactérias. O monitoramento realizado
pela Companhia Pernambucana de Saneamento (COMPESA) entre 1997 e 1998 no
reservatório de Tapacurá e concluíram que a coleta de dados de campo é insuficiente. Alguns
parâmetros importantes como Demanda Química de Oxigênio (DQO) não foram registrados e
as estações de monitoramento não foram escolhidas de maneira que sejam permitidas
conclusões relativas à poluição por esgotos industriais e domésticos (GUNKEL et al., 2003).
Em Pernambuco, a Compesa é responsável pelo abastecimento público e esgotamento
sanitário. Realiza análises nas saídas das Estações de Tratamento de Água (ETA), nos
reservatórios e ao longo da rede de distribuição, de acordo com a Portaria nº 518/04 do
Ministério da Saúde que estabelece os Padrões de Potabilidade em todo o Brasil. As análises
físico-químicas são realizadas a cada 2 (duas) horas na saída da ETA e as bacteriológicas 2
(duas) vezes por semana. O estado de Pernambuco encontra-se dividido em gerências
regionais e cada gerência é responsável pela qualidade de água em determinados municípios,
existindo ao todo 16 gerências. Na Bahia, a Empresa Baiana de Águas e Saneamento
(EMBASA) é a responsável pelo abastecimento de água e esgotamento sanitário. A Empresa
26
possui um Laboratório Central que verifica, através de análises diárias, a qualidade da água
oferecida à população, desde as ETA’s até as redes de distribuição.
2.3 ASPECTOS LEGAIS E INSTITUCIONAIS
A seguir estão relacionados, artigos da Constituição Federal, Estadual, leis e decretos
pertinentes ao tema estudado.
2.3.1 Aspectos legais
A Constituição da República Federativa do Brasil, promulgada em 05 de outubro de 1988,
dispõe no capítulo IV, art. 225, sobre ao meio ambiente e indica responsabilidades da União e
do Estado relacionadas aos recursos hídricos.
A Constituição do Estado de Pernambuco, promulgada em 05 de outubro de 1989, dispõe no
capítulo IV sobre a proteção ao meio ambiente, proteção do solo, recursos minerais e recursos
hídricos. No seu art. 220 dispõe que compete aos Poderes Públicos implantar processo
permanente de gestão dos recursos hídricos, que congregue harmonicamente as entidades,
órgãos ou empresas da administração estadual, que considere a necessária integração com os
Municípios e com a União e que assegure a participação da sociedade civil. Nos Quadros 1 e
2 estão relacionadas as principais legislações a nível Estadual e Federal.
Lei Diretrizes
Lei nº 11.516 de 30/12/1997 (PE)
Dispõe sobre o licenciamento ambiental e infrações ao meio ambiente e dá outras providências
Decreto nº 25.388 de 14/04/2003(PE) Regulamenta o Programa Gestão Integrada dos Recursos Hídricos, estabelecido na Lei Complementar nº 49, de 31/01/2003.
Lei nº 12.984 de 30/12/2005 (PE) Lei nº 6.855 de 12/05/1995 (BA)
Dispõe sobre a Política Estadual de Recursos Hídricos e o Sistema Integrado de Recursos Hídricos de Pernambuco.
Dispõe sobre a Política, o Gerenciamento e o Plano Estadual de Recursos Hídricos da Bahia.
Quadro 1: Síntese das legislações pertinentes às atividades voltadas ao meio ambiente e aos recursos hídricos em âmbito estadual.
27
Lei Diretrizes
Constituição Federal Art. 20 – Estabelece os bens da União, entre outros: III – os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de um Estado, sirvam de limites com outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele provenham, bem como os terrenos marginais e as praias pluviais. Art. 24 – Estabelece a competência da União, dos Estados e do Distrito Federal em legislar, entre outros, concorrentemente sobre: VI – florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção ao meio ambiente e controle da poluição.
Lei nº 4.771, de 15/09/1965 Institui o Código Florestal.
Lei nº 6.938, de 31/08/1981 Dispõe sobre a Política Nacional de Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências, nela o recurso hídrico (águas interiores, superficiais e subterrâneas) constitui um dos recursos ambientais.
Lei nº 7.735, de 22/02/1989 Dispõe sobre a extinção de órgão e de entidade autárquica e cria o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis - IBAMA.
Lei 8.657, de 21/05/1993 Regulamentada pelo decreto n° 2.178, de 17-03-1997, dispõe sobre Política Nacional de Irrigação. Esta política tem por objetivo o aproveitamento racional de recursos de água e solos para implementação e desenvolvimento da agricultura irrigada.
Lei nº 9.433 de 08/01/1997 Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos e dá outras providências. Art. 1° fundamentos: IV – a gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo das águas; VI – a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com a participação do Poder público, dos usuários e das comunidades”. Art. 2° objetivos, um deles é: I – assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de água, em padrões de qualidade adequados aos respectivos usos. Art. 3° diretrizes gerais de ação: II – a adequação da gestão dos recursos hídricos às diversidades físicas, bióticas, demográficas, econômicas, sociais e culturais das diversas regiões do País; III – a integração da gestão de recursos hídricos com a gestão ambiental; V – a articulação da gestão de recursos hídricos com a do uso do solo.
Lei nº 9.795, de 27/04/1999 Dispõe sobre a educação ambiental, institui a Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras providências.
Lei nº 9.984, de 17/07/2000 Dispõe sobre a criação da Agência Nacional de Águas - ANA, entidade federal de implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e de coordenação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, e dá outras providências.
Quadro 2: Síntese das legislações pertinentes às atividades voltadas ao meio ambiente e aos recursos hídricos em âmbito federal
28
2.3.2 Aspectos institucionais
A seguir serão apresentadas as principais instituições do Sistema Nacional do Meio Ambiente
(SISNAMA) relacionadas à gestão da qualidade da água:
- Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA) - Presidido pelo Ministro do Meio
Ambiente, é o órgão consultivo e deliberativo do Sisnama. Tem como finalidade
assessorar, estudar e propor ao Conselho de Governo, diretrizes de políticas
governamentais para o meio ambiente e os recursos naturais e deliberar, no âmbito de
sua competência, sobre normas e padrões compatíveis com o meio ambiente
ecologicamente equilibrado e essencial à sadia qualidade de vida.
- Agência Nacional de Águas (ANA) - Tem como missão regular o uso da água dos rios
e lagos de domínio da União, assegurando quantidade e qualidade para usos múltiplos,
e implementar o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, um
conjunto de mecanismos, jurídicos e administrativos, que visam o planejamento
racional da água com a participação de governos municipais, estaduais e sociedade
civil. Além de criar condições técnicas para implantar a Lei nº 9.433 de 8 de janeiro de
1997, conhecida como Lei das Águas, a ANA contribui na busca de solução para dois
graves problemas do país: as secas prolongadas, especialmente no Nordeste, e a
poluição dos rios.
- Secretaria de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente do Estado de Pernambuco
(SECTMA) - Órgão da administração direta do poder executivo estadual tem por
finalidade e competência: formular, fomentar e executar as ações de política estadual
de desenvolvimento científico, tecnológico e de inovação; planejar, coordenar e
implementar a política estadual de proteção do meio ambiente e dos recursos hídricos;
promover e apoiar ações e atividades de incentivo à ciência, as ações de ensino
superior, pesquisa científica e extensão, bem como apoiar as ações de polícia científica
e medicina legal; instituir e gerir centros tecnológicos; e gerir os fundos estaduais
pertinentes, respeitadas suas legislações específicas.
- A Secretaria de Recursos Hídricos do Estado de Pernambuco (SRH) - Órgão da
administração direta do poder executivo estadual, criado através da Lei nº 13.205, de
10 de janeiro de 2007. Sua missão é a de formular e executar as políticas de recursos
hídricos e de saneamento do estado de Pernambuco. Na gestão da infra-estrutura
29
hídrica tem como principais metas a garantir, a universalização do abastecimento de
água e do esgotamento sanitário no território pernambucano.
- Agência Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos de Pernambuco (CPRH) -
Tem como objetivo exercer a função de órgão ambiental do Estado de Pernambuco,
responsável pela execução da Política Estadual de Meio Ambiente, atuando no
controle da poluição urbano-industrial e rural, na proteção do uso do solo e dos
recursos hídricos e florestais.
- Companhia Pernambucana de Saneamento (COMPESA) - A Compesa tem como
missão prestar, com efetividade, serviços de abastecimento de água e esgotamento
sanitário do Estado de Pernambuco, de forma sustentável, conservando o meio
ambiente e contribuindo para a qualidade de vida da população.
- A Superintendência de Recursos Hídricos da Bahia (SRH) é o órgão gestor dos
recursos hídricos no Estado da Bahia. Atuando em conformidade com a Política
Estadual de Recursos Hídricos e sob orientação da Secretaria de Meio Ambiente e
Recursos Hídricos (SEMARH), a SRH procura contemplar um direcionamento amplo,
racional e eficaz para utilização da água no Estado.
- O Centro de Recursos Ambientais da Bahia - CRA tem como finalidade executar a
Política Estadual de Administração dos Recursos Ambientais, instituída pela Lei
Estadual 7.799/01, promovendo o fortalecimento dos instrumentos de controle
ambiental e incorporando novas tecnologias e normas de defesa do meio ambiente.
- Empresa Baiana de Águas e Saneamento (EMBASA) - Assegurar o abastecimento de
água e serviços de esgotamento sanitário no Estado da Bahia, garantindo a satisfação
dos clientes, acionistas, colaboradores e poder concedente, interagindo com
fornecedores, buscando o equilíbrio econômico e financeiro, contribuindo para a
melhoria da qualidade de vida da sociedade e a preservação do meio ambiente.
2.4 PRINCIPAIS PARÂMETROS E NORMAS DA QUALIDADE DA ÁGUA
A Portaria nº 518 de 25 de março de 2004 do Ministério da Saúde estabelece os
procedimentos e responsabilidades relativos ao controle e vigilância da qualidade da água
para consumo humano e seu padrão de potabilidade, e dá outras providências. A seguir são
30
apresentados os valores máximos permitidos de alguns parâmetros para água potável com o
padrão de aceitação de consumo humano (Tabela 1).
Tabela 1: Limites estabelecidos pela Portaria nº 518/ 2004 do Ministério da Saúde para os parâmetros analisados
Parâmetros Unidades Valor máximo permitido Amônia mg/L 1,5 Cloreto mg/L 250,0 Dureza mg/L 500,0
Turbidez UT 5,0 pH - 6 - 9,5
Nitrito mg/L 1,0 Nitrato mg/L 10,0
Microcistinas µg/L 1,0
A Portaria também estabelece que seja vedado o uso de algicidas para o controle do
crescimento de cianobactérias ou qualquer intervenção no manancial que provoque a lise
(rompimento) das células, sob pena de comprometimento da avaliação de riscos à saúde
provocados pelas cianotoxinas. Quando a densidade das cianobactérias exceder 10.000
células/mL a Portaria exige um monitoramento mensal do reservatório e se ultrapassar 20.000
células/mL, um monitoramento semanal. A mesma recomenda que as análises para
cianotoxinas incluam a determinação de cilindrospermopsina e saxitoxinas (STX),
observando, respectivamente, os valores limites de 15,0 µg/L e 3,0 µg/L de equivalentes
STX/L.
Elevadas densidades de cianobactérias encontradas nos pontos de abastecimento de
reservatórios, comprometem o uso da água para este fim já que as mesmas podem produzir
substâncias tóxicas que podem afetar a saúde do homem, causar a mortalidade de animais
e/ou intoxicações (Tundisi, 2003). Estas já foram encontradas em hortaliças, como alface, em
razão da água utilizada para irrigação está contaminada por cianobactérias tóxicas (CODD et
al., 1998).
Teixeira et al (1993) registraram uma grave epidemia de gastroenterite na cidade de Paulo
Afonso, BA, relacionada com o alagamento do reservatório de Itaparica em 1988. Em um
período de 42 dias foram registrados 2.000 casos da doença, com 88 óbitos. O resultado da
investigação revelou que a fonte da infecção era a água captada na área de influência da
barragem e a proliferação de cianobactérias, em quantidade além da habitual, foi considerada
como capaz de explicar esta grave epidemia.
31
Trabalhos publicados nos últimos anos vêm mostrando que as ocorrências de florações de
cianobactérias, algumas tóxicas, são comuns nos reservatórios do Estado de Pernambuco.
Algumas dessas florações mostraram-se neurotóxicas após realização de bioensaios com
camundongos (BOUVY et al., 1999, 2000; NASCIMENTO et al., 2000; HUSZAR et al.,
2000; MOLICA et al., 2002).
Mendonça et al. (2006) fizeram um levantamento da ocorrência de florações em Pernambuco
durante os anos de 1998 a 2004 e concluíram que, dos 32 reservatórios que apresentaram
florações durante o período de levantamento, 26 deles estão localizados na região semi-árida.
As espécies Cylindrospermopsis raciborskii, Microcystis aeruginosa e Planktothirx aghardii
foram responsáveis pelas florações e foram apontados como fatores ambientais
pontencializadores das florações a ocorrência de seca e a eutrofização desse ambientes.
Um dos fatos mais graves relacionado às florações de cianobactérias ocorreu em uma clínica
de hemodiálise na cidade de Caruaru-PE, no ano de 1996, quando mais de 60 pacientes renais
faleceram em razão da contaminação da água com microcistinas - hepatotoxina produzida por
cianobactérias (CARMICHAEL et al., 2001).
A Resolução CONAMA nº 357 de 17 de março de 2005 dispõe sobre a classificação dos
corpos de água e as diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as
condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências (Tabela 2).
As águas do rio São Francisco estão classificadas como águas doces de Classe 2, que podem
ser destinadas:
� ao abastecimento para consumo humano, após tratamento convencional;
� à proteção das comunidades aquáticas;
� à recreação de contato primário, tais como natação, esqui aquático e mergulho,
conforme Resolução CONAMA nº 274 de 29 de novembro de 2000;
� à irrigação de hortaliças, plantas frutíferas e de parques, jardins, campos de esporte e
lazer, com os quais o público possa vir a ter contato direto; e
� à aqüicultura e à atividade de pesca.
32
Tabela 2: Limites estabelecidos pela resolução CONAMA nº 357/ 2005 para os parâmetros analisados
Parâmetros Unidades Valor máximo permitido
Turbidez UNT 100 Oxigênio dissolvido mg/L O2 ≥ 5,0 Clorofila-a µg/L 30,0 Fósforo total µg/L 30,0 Cloreto total mg/L 250,0 Nitrito µg/L 1000,0 Nitrato µg/L 10000,0
Nitrogênio amoniacal total mg/L
3,7 para pH ≤ 7,5 2,0 para 7,5 < pH ≤ 8,0 1,0 para 8,0 < pH ≤ 8,5
0,5 para pH > 8,5 Densidade de cianobactérias cél/mL 50.000
3 O RESERVATÓRIO DE ITAPARICA COMO OBJETO DE ESTUDO
3.1 LOCALIZAÇÃO
A bacia rio São Francisco é uma extensa bacia hidrográfica, drenando uma área de
640.000km², o que equivale a 7,5% da área das bacias hidrográficas brasileiras (Figura 1).
Cerca de 83% da bacia encontra-se nos estados de Minas Gerais e Bahia, 16% em
Pernambuco, Sergipe e Alagoas e 1% em Goiás e Distrito Federal. Entre as cabeceiras, na
Serra da Canastra, em Minas Gerais e a foz, no oceano Atlântico, localizada entre os estados
de Sergipe e Alagoas, o rio São Francisco percorre cerca de 2.700 km.
Fonte: ANA, 2004
Figura 1: Localização da bacia hidrográfica do rio São Francisco
33
O reservatório de Itaparica (Figura 2) situa-se ao longo do rio São Francisco na região
fisiográfica chamada Submédio São Francisco. Possui uma capacidade de armazenamento da
ordem de 11 bilhões m3 de água, com profundidade máxima de 101m e média de 21 m. Na
cota mínima operacional (299,0 m), ocupa área de 611 km2 e na cota máxima mensal (304,0
m), a sua área é de 834,0km2. Sua bacia hidrográfica é composta pelo rio São Francisco e por
rios intermitentes, com vazão sazonal no período chuvoso. Os principais tributários do
reservatório pela margem esquerda, Estado de Pernambuco são os riachos do Retiro, Moselo,
Malagueta, da Guaraíba e rio Pajeú.
Fonte: Google Earth ©, 2007
Figura 2: Reservatório de Itaparica
O reservatório integra o complexo hidrelétrico de Paulo Afonso, juntamente com as Usinas
Hidrelétricas de Moxotó, PA-I, II, III, PA-IV e Xingó (Figura 3) e está inserido nas cidades
pernambucanas de Petrolândia, Belém de São Francisco, Itacuruba e Floresta, e nas cidades
baianas de Rodelas e Glória.
34
Fonte: ANA, 2004
Figura 3: Principais reservatórios da Bacia do rio São Francisco
3.2 CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-BIÓTICA
De acordo com a classificação de Köeppen, o clima da área é semi-árido de estepes BShw’
(clima semi-árido quente e seco com chuvas de verão-outono) e se caracteriza pela alta
evaporação, chuvas médias anuais entre 410 e 610 mm, com duas estações sazonais definidas.
O período seco ocorre no inverno e a altura de chuva do mês úmido alcança dez vezes a altura
de chuvas do mês mais seco. Dados da Codevasf indicam que o período chuvoso, na área,
estende-se de janeiro a maio, resultando numa estação seca com duração de sete meses
(CODEVASF, 1998). As temperaturas médias anuais entre 24 e 26°C, com a evaporação na
ordem de 3.000 mm anuais.
Segundo Silva et. al. (2007) a vegetação natural da área é a caatinga hiperxerófita arbórea
densa, no topo das chapadas e arbórea aberta, nos níveis inferiores da encosta e da base desses
relevos, sendo observadas áreas de pastagens plantadas e também áreas com culturas
temporárias, semi-temporárias e permanentes, restritas aos projetos de irrigação. Os solos são
heterogêneos, com teores variáveis de argila, indicando suscetibilidade variável à erosão e o
relevo caracteriza-se por ser suave ondulado.
35
3.3 EVOLUÇÃO DO USO E OCUPAÇÃO DO SOLO
O reservatório foi cheio em 1988, sendo formado principalmente pelo Rio São Francisco,
cujas águas começam a ser represadas na altura da cidade de Belém do São Francisco (PE).
Na época, a economia regional da área inundada era baseada principalmente na agricultura de
subsistência, praticada por pequenos proprietários, posseiros, meeiros e trabalhadores sem
terra.
Algumas fazendas, dedicadas à pecuária extensiva, existiam na margem esquerda do rio,
correspondente ao Estado de Pernambuco. De acordo com Raczynski e Anguita (1998), as
condições de vida na área rural, antes da construção da barragem, eram precárias: 55% das
famílias tinham níveis de renda inferiores a um salário mínimo e 40% recebiam entre um e
dois salários mínimos. A maioria não possuía título de propriedade da terra.
A vocação da região é nitidamente rural com predominância do uso de água para a agricultura
irrigada e a pecuária extensiva, em pequena escala, predominando caprinocultura e
bovinocultura de leite e corte. A agricultura irrigada é praticada principalmente nos projetos
de irrigação implantados na borda do reservatório, ocorrendo também o uso crescente das
áreas rasas para implantação de projetos de aqüicultura (SOBRAL; CARVALHO, 2006).
Os projetos de irrigação localizados à margem do reservatório no Estado de Pernambuco são:
Barreiras, Apolônio Salles, Icó-Mandantes e Manga de Baixo. No Estado da Bahia
encontram-se os projetos Rodelas e Glória. As características dos perímetros irrigados
encontram-se apresentadas na Tabela 3, bem como sua localização na Figura 4.
36
Tabela 3: Características dos perímetros irrigados
PROJETO ÁREA
TOTAL (hectares)
ÁREA IRRIGÁVEL
(hectares)
PRINCIPAIS ATIVIDADES PRODUTIVAS
QUANTIDADE DE
AGROVILAS
Barreiras 3.599 222
Coco, goiaba, banana, maracujá, caprinocultura, ovinocultura, produção de
mudas selecionadas
2
Apolônio Salles 3.506 728
Coco, goiaba, banana, manga, uva, feijão, avicultura,
bovinocultura de leite, mudas selecionadas
-
Icó-Mandantes 26.097 2.175 Coco, goiaba, banana, manga,
quiabo, bovinocultura 16
Manga de Baixo 830 93 Cebola, melão, banana, coco e
goiaba 1
Rodelas 14.074 1.198 Coco, goiaba, banana, manga e
feijão 2
Glória 4.557 298 Coco, goiaba, banana,
melancia, mamão, maracujá, apicultura
4
Fonte: Pesquisa direta, 2006
Atualmente, este grande reservatório apresenta ocupações urbanas e áreas agrícolas em suas
margens e está localizado entre os Municípios de Glória (BA); Rodelas (BA); Belém do São
Francisco (PE); Itacuruba (PE); Floresta (PE); Petrolândia (PE) (Quadro 3).
Fonte: CHESF, 2007
Figura 4: Localização dos perímetros irrigados nas margens do reservatório de Itaparica.
Icó-Mandantes
Rodelas
Manga de baixo
Glória
Apolônio Salles
Barreiras
37
CARACTERIZAÇÃO BELÉM DE
SÃO FRANCISCO
ITACURUBA FLORESTA PETROLÂNDIA GLÓRIA RODELAS
População (2006) 18.143 hab 3.980 hab. 27.368 hab. 31.412 hab. 15.843 hab. 7.705 hab. IDH 0,67 0,68 0,7 0,69 0,64 0,65
PIB per capita R$ 4.016 R$ 4.757 R$ 5.226 R$ 12.802 R$ 24.153 R$ 2.583 Área 1.831 km2 430 km2 3.644 km2 1.057 km2 1.402 km2 2.575 km2
Solos argiloso, arenoso
pedregoso
arenoso, pedregoso,
rochoso
argiloso, arenoso, pedregoso e
rochoso arenoso
silicoso, pobre em nitrogênio
variado, pobre para agricultura
Precipitação pluviométrica média
anual
691,2 mm 151,6 mm 508,00 mm 472,1 mm 412 mm 460 mm
Vegetação caatinga caatinga caatinga caatinga caatinga caatinga
Atividades econômicas agricultura e
pecuária agricultura
agricultura e pecuária
agricultura, pecuária, avicultura,
piscicultura
agricultura e pecuária
agricultura
Abastecimento de água possui ETA possui ETA possui ETA possui ETA possui ETA possui ETA
Esgotamento sanitário sem ETE possui ETE, mas
não funciona possui ETE possui ETE sem ETE possui ETE
Principais fontes de poluição
resíduos sólidos e líquidos
efluentes domésticos e
resíduos sólidos
efluentes e resíduos sólidos
fertilizantes, efluentes
domésticos e resíduos sólidos
efluentes domésticos
resíduos sólidos
Fontes: IBGE (2007), PNUD (2002), Perazzo et al (2002).
Quadro 3: Caracterização dos municípios localizados no entorno do reservatório de Itaparica. 38
39
Desde que o reservatório de Itaparica entrou em operação, em 1988, com a inundação de 805
km², tem-se verificado uma série de problemas ambientais, decorrentes do uso descontrolado
das margens do lago por atividades agrícolas e ocupações urbanas. A criação e expansão dos
núcleos urbanos próximos das margens do lago têm contribuído para o lançamento, neste, de
esgotos domésticos não tratados (SOBRAL, et. al., 2006).
Em várias partes do reservatório não está sendo respeitada a faixa de 100m de área de
preservação permanente prevista na Resolução nº 04/85 do CONAMA, sendo observados
desmatamentos para agricultura e construções irregulares no entorno do reservatório, como
observado nas Fotografias 1 e 2 .
Gustavo Melo,jul/2006
Fotografia 1: Construção irregular na margem do reservatório
Gustavo Melo,jul/2006
Fotografia 2: Cultivo de côco-da-baía na área de preservação permanente
A agricultura irrigada caracterizada pelo uso intensivo de agroquímicos (inseticidas,
fungicidas, herbicidas e adubos inorgânicos) mesmo quando utilizados na forma
convencionalmente considerada como adequada, invariavelmente causam algum tipo de
contaminação do solo e das águas. Um problema central vinculado à área de influência do
reservatório de Itaparica é a contaminação por agroquímicos e pelo lançamento de efluentes
não tratados em suas águas, uma vez que a adubação química é utilizada em larga escala.
A contaminação ocorre, também, pelos sistemas que empregam fertirrigação, como no caso
do projeto de Icó-Mandantes, ainda que utilizada de maneira localizada. Gomes (1993) em
pesquisa para a Prefeitura de Petrolina revela que 92,6% dos trabalhadores da região
manipulam agrotóxicos, como Aldrin e Folidol, sem equipamento de proteção (Fotografias 3
e 4).
40
Gustavo Melo,jul/2006
Fotografia 3: Aplicação de agrotóxicos no Perímetro Apolônio Sales
Gustavo Melo,jul/2006
Fotografia 4: Fertilizante químico utilizado no Perímetro Icó-Mandantes
A irrigação na grande maioria dos casos é pelo método de aspersão e, em pequena escala por
micro-aspersão e gotejamento, distribuída ao longo do dia, sem horários pré-definidos. A
utilização de lâminas d’água mostra-se incompatível com o solo (Fotografias 5, 6 e 7). Cruz
(2005) em pesquisa no Projeto Icó-Mandantes, um dos perímetros irrigados localizado na
margem do reservatório de Itaparica, constatou uma defasagem na produtividade em razão da
alocação de água que está, em média, acima do que é recomendado.
Gustavo Melo,jul/2006
Fotografia 5: Sistema de irrigação por aspersão
Gustavo Melo,jul/2006
Fotografia 6: Sistema de irrigação por gotejamento
Gustavo Melo,jul/2006
Fotografia 7: Sistema de irrigação por micro-aspersão
Juntamente com a retirada da cobertura vegetal para a agricultura intensiva, a ocorrência de
concentração de chuvas em curto período, típica da região, provoca o aumento do escoamento
superficial e grandes perdas de solo. Embora o relevo não seja muito acidentado, ocorrem
nesta região solos que são sujeitos a desenvolvimento de processos erosivos que se agravam
41
em face da forte concentração de chuva. A conjunção dos fatores solos, clima e cobertura
vegetal conferem a esta região condições de grande instabilidade ambiental, merecendo,
portanto, atenção especial, inclusive em relação a processos de desertificação (SOBRAL;
CARVALHO, 2006).
A água do sistema de drenagem superficial que escoa naturalmente para o reservatório tem
sua qualidade degradada, pois são adicionados sais, pesticidas, metais pesados e sedimentos, o
que é intensificado com a prática inadequada da irrigação que utiliza uma quantidade água
excessiva. A irrigação torna-se, também, um importante fator de pressão sobre a cobertura
vegetal e com o desmatamento, além de acarretar erosão, problemas de qualidade e
disponibilidade de água, ocasiona o assoreamento de cursos d’água e dos reservatórios. Esta
prática de irrigação inadequada com excesso de água e drenagem deficiente eleva o lençol
freático em alguns lotes, acarretando a umidade elevada no solo e salinização (Fotografias 8 e
9), motivando a relocação dos lotes, uma vez que influi nas propriedades do solo e age
diretamente na produtividade desse perímetro irrigado (SOBRAL et al., 2007).
Gustavo Melo,jul/2006
Fotografia 8: Lote descartado por salinização e encharcamento
Gustavo Melo,jul/2006
Fotografia 9: Presença de sais no solo
Diante da condição de drenagem natural insatisfatória, encontra-se em implementação um
sistema de drenagem subterrânea nos perímetros de Apolônio Sales e Icó-Mandantes (drenos
subterrâneos e coletores superficiais), em um total de 48 lotes, com utilização de tubo de
polietileno de alta densidade, com corrugações salientes espiraladas e furos de captação de
água, destinado a coletar e escoar o excesso de líquido infiltrado no solo (Fotografias 10 e
11), de forma a propiciar às raízes das plantas cultivadas condições favoráveis de umidade,
aeração e balanço de sais.
42
Gustavo Melo, nov/2006
Fotografia 10: Abertura mecanizada do sistema de drenagem subterrânea
Gustavo Melo, nov/2006
Fotografia 11: Instalação mecanizada dos tubos drenantes
A pecuária extensiva é realizada em pequena escala nos Perímetros Irrigados de Barreiras,
Apolônio Salles e Icó-Mandantes, predominando caprinocultura e bovinocultura de leite e
corte (Fotografias 12 e 13).
Gustavo Melo,jul/2006 Gustavo Melo,jul/2006
Fotografia 12: Pecuária em Apolônio Salles Fotografia 13: Pecuária em Icó-Mandantes
O uso do corpo de água para implantação da aqüicultura (Fotografia 14) em tanques próximos
das margens, com a utilização de ração na alimentação das espécies cultivadas, é uma prática
que vem sendo avaliada criticamente, por conta do alto grau de introdução de nutrientes no
lago (GUNKEL, 2007). No projeto de piscicultura, com a criação de tilápias, observou-se
uma grande quantidade de macrófitas da espécie Egeria densa (Fotografia 15). De acordo
com os criadores, a quantidade de espécimes tem aumentado a cada ano, provavelmente em
função da utilização da ração para os peixes.
43
Gustavo Melo,jul/2006 Gustavo Melo,jul/2006
Fotografia 14: Tanques para criação de peixes Fotografia 15: Macrófita Egeria densa
Braga et al. (1999) registraram a presença de Egeria densa em reservatórios de Paulo Afonso
e Itaparica, mostrando que esta espécie causa transtornos operacionais porque em
determinados locais a planta forma uma verdadeira massa vegetal e seus ramos podem ser
levados até a área das comportas, determinando medidas emergenciais, como limpeza das
grades de retenção, ocasionando, algumas vezes, uma parada na geração de energia. Relatos
da ocorrência de Egeria densa também foram descritos por Neiffe (2000) no reservatório de
Yaciretá, Paraná e por Cavenaghi et al. (2003) em reservatórios da bacia do rio Tietê, São
Paulo.
A ocorrência de plantas aquáticas em reservatórios de hidrelétricas é um problema de
importância crescente no Brasil. Algumas usinas já apresentam sua eficiência comprometida
pela elevada infestação de plantas emersas e imersas, como a hidrelétrica de Jupiá que, em
alguns meses do ano, tem seu funcionamento prejudicado devido à obstrução das grades de
proteção das turbinas por grande massa de plantas submersas (Egeria e Ceratophyllum)
(VELINI, 2005).
. As variações do nível do reservatório, contribuindo para a ausência de vegetação ciliar e a
erosão das margens, são intensificadas quando o nível do reservatório eleva-se, no período
chuvoso, alagando as áreas marginais, ocupadas irregularmente. Assim, a vegetação litoral
típica que ocorre nos lagos não se desenvolve, constituindo uma zona de deserto somente com
alguns filamentos de algas durante inundações. Os problemas de eutrofização são
intensificados pela variação do nível de água do reservatório, decorrentes das condições de
44
funcionamento da central de energia. Em Itaparica, o nível de água varia aproximadamente 6
m sob circunstâncias normais e até 19 m sob circunstâncias climáticas extremas.
Nos paises europeus o transporte de nutrientes de uma bacia hidrográfica para os lagos e rios
é um fenômeno bem conhecido e tem sido analisado intensivamente. A exportação de
nutrientes pela erosão e precipitação é regulada pelo clima, tipo de solo, tipo e método
utilizados na agricultura e pela declividade do solo. Portanto, na área do reservatório ocorre
uma ampla e diversificada taxa de exportação desses nutrientes que favorecem o
desenvolvimento do plâncton e de macrófitas (Fotografias 16 e 17).
Gustavo Melo,jul/2006
Fotografia 16: Ocupações irregulares em áreas alagáveis
Gustavo Melo,jul/2006
Fotografia 17: Crescimento de macrófitas
De grande interesse é a avaliação do impacto da agricultura e da aqüicultura no lago e de sua
relevância nos processos de eutrofização que ocorrem nas baías e em áreas rasas do
reservatório. Destaca-se, que o risco de eutrofização em zonas tropicais é muito mais elevado
do que nas zonas temperadas, devido à elevada intensidade da radiação solar, incidência da
energia solar durante todo o ano, alta temperatura na água (por exemplo, 28°C no reservatório
de Itaparica), perda do nitrogênio pela intensificação da desnitrificação devido às altas
temperaturas, aumento das algas azuis tóxicas devido à limitação do nitrogênio, baixo nível de
concentração de oxigênio na água devido à alta temperatura e a alteração nos limites das
zonas inundáveis.
45
4 RESULTADOS
4.1 ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL (EIA) DA CONSTRUÇÃO DA USINA
HIDRELÉTRICA DE ITAPARICA, 1986
O EIA do reservatório de Itaparica foi realizado em 1986. Na época não existiam dados
consistentes sobre a qualidade da água em Itaparica por isso foi executada uma campanha de
curta duração no trecho a ser ocupado pelo reservatório. Foram realizadas coletas semanais
durante duas semanas em uma estação de coleta chamada Itaparica. Também foram analisadas
a presença de metais e agrotóxicos, e caracterizado o fitoplâncton. Todas as concentrações
encontradas neste período estão dentro dos limites estabelecidos pela resolução CONAMA nº
357/2005, como pode ser observado na Tabela 4.
Tabela 4: Valores médios das coletas dos principais parâmetros analisados no EIA do reservatório de Itaparica em 1986
Parâmetros Setembro/87 Outubro/87 Res. CONAMA nº 357/ 2005
Temperatura (ºc) 26,50 26,50 ------
Turbidez (UNT) 1,70 1,71 ≤ 100
Condutividade (µs/cm) 15,70 50,90 ------
pH 7,10 7,43 6 - 9
Oxigênio dissolvido (mg/L) 8,40 8,40 ≥ 5,0
Dureza (mg/L de caco3) 23,30 22,30 ------
DBO 2,00 2,00 ≤ 5,0
Nitrato (µg/L) 17,50 21,12 10000
Nitrito (µg/L) 0,03 0,01 1000
Coliformes (nº/ 100ml) 20,00 200,00 1000 Fonte: HIDROSERVICE, 1986
Em relação ao fitoplâncton, as clorofíceas foram predominantes durante o estudo. É
interessante ressaltar a presença de cianobactérias, como Merismopedia convulata,
Oscillatoria ornata, Aphanizomenon flos-aqua e Microcystis aeruginosa, que foi a espécie
predominante. Outros parâmetros como agrotóxicos e metais (manganês, cádmio, chumbo,
cromo, níquel, mercúrio), não foram detectados nas amostras coletadas.
46
4.2 MONITORAMENTO DA QUALIDADE DA ÁGUA NOS ANOS DE 1996 A 1999
Durante o monitoramento dos anos de 1996 e 1997 (FADURPE, 1997; CHESF, 1997) foram
analisadas 3 estações de coleta, com uma campanha em 1996 (entre os meses de novembro e
dezembro) e duas em 1997 (nos meses de março e julho), nas estações:
- Estação 1 – situada em Belém do São Francisco/PE;
- Estação 2 – situada em Rodelas/BA;
- Estação 3 – situada em Itacuruba/PE.
Os parâmetros analisados foram: pH, cor, turbidez, condutividade, dureza total, alcalinidade,
cloretos, oxigênio consumido, amônia, nitrato, nitrito, ferro, manganês, sódio, potássio,
fósforo total e fitolpâncton.
Nos anos de 1998 e 1999 o monitoramento foi realizado em 7 estações de coleta, os resultados
encontrados em relatórios da Chesf são dos meses de novembro/98 e janeiro/99 (CHESF,
1998; 1999). As estações de coleta, de montante para a jusante do reservatório são:
- Estação 4 – situada em Belém de São Francisco (PE);
- Estação 5 – reservatório de Itaparica, região de transição com o rio São Francisco;
- Estação 6 – reservatório de Itaparica, município de Rodelas (BA);
- Estação 7 – reservatório de Itaparica, centro do braço do rio Pajeú, Itacuruba (PE);
- Estação 8 – reservatório de Itaparica, montante de Petrolândia (PE);
- Estação 9 – reservatório de Itaparica, jusante de Petrolândia (PE);
- Estação 10 – reservatório de Itaparica, próximo à barragem (PE).
Os seguintes parâmetros foram analisados: temperatura, pH, condutividade, dureza total,
alcalinidade, cloretos, oxigênio dissolvido, nitrato, nitrito, clorofila, fósforo total e
fitoplâncton.
Como os dados do monitoramento no período de 1996 a 1999 foram obtidos em diferentes
estações de coleta, o mapa do reservatório de Itaparica foi seccionado em 4 trechos para uma
melhor avaliação da qualidade da água durante esse período. Na área do trecho 1 estão
localizadas 3 estações de coleta, 3 no trecho 2, 1 no trecho 3 e 3 no trecho 4 (Quadro 4). As
seções foram divididas de acordo com a área de influência dos municípios pernambucanos de
47
Belém do São Francisco, Itacuruba, Floresta e Petrolândia, e dos municípios baianos de
Rodelas e Glória (Figura 5).
Figura 5: Mapa do reservatório de Itaparica dividido em 4 seções.
Trecho I Trecho II Trecho III Trecho IV
Estação 1 Estação 2 Estação 8
Estação 4 Estação 3 Estação 9
Estação 5 Estação 6
Estação 7
Estação 10
Quadro 4: Localização das estações de coleta por trecho.
O Gráfico 1 mostra a variação de pH, apresentando o reservatório um pH neutro, com
concentrações próximas a 7,5, na maioria das seções. Não existem pontos de coleta
localizados nos trechos III e IV nos anos de 1996 e 1997. Contudo todos os valores estão
dentro do limite estabelecido pela Resolução CONAMA nº 357/2005 (6 – 9,5).
Glória
TRECHO I
TRECHO III
TRECHO IV
Rio Pajeú
Barragem de Itaparica
TRECHO II
48
6,5
7
7,5
8
8,5
1996 1997 1998 1999
anos
pH
trecho I
trecho II
trecho III
trecho IV
Gráfico 1: Variação da concentração de pH do reservatório de Itaparica nas seções I, II, III e IV nos anos de 1996 a 1999
O comportamento da condutividade elétrica está representado no Gráfico 2. É importante
observar que os valores aumentam do trecho I para o trecho III nos anos de 1998 e 1999, de
Belém do São Francisco a Floresta, e, posteriormente, decrescem no trecho IV, na área de
influência da cidade de Petrolândia. Esse fato deve estar relacionado ao aporte de efluentes
vindos destas cidades e ao período chuvoso.
0
20
40
60
80
1996 1997 1998 1999
anos
co
nd
uti
vid
ad
e (
µS
/cm
)
trecho I
trecho II
trecho III
trecho IV
Gráfico 2: Variação da concentração da condutividade elétrica do reservatório de Itaparica nas seções I, II, III e IV nos anos de 1996 e 1999
Em relação à alcalinidade total (Gráfico 3), os valores mostraram-se próximos entre os
trechos, em cada ano. Pode-se observar um aumento da concentração nos trechos I e II, de
1996 e 1997 para os anos de 1998 e 1999.
49
0
10
20
30
40
50
1996 1997 1998 1999
anos
alc
alin
ida
de
(m
g/L
de
Ca
CO
3) trecho I
trecho II
trecho III
trecho IV
Gráfico 3: Variação da alcalinidade do reservatório de Itaparica nas seções I, II, III e IV nos anos de 1996 a 1999
A dureza pode ser definida como a soma da concentração de cálcio e magnésio, expressa
como carbonato de cálcio em mg/L. Ela é também compreendida como a medida da
capacidade da água em precipitar detergentes, principalmente pelos íons cálcio e magnésio.
Suas concentrações aumentaram no decorrer do tempo em cada trecho (Gráfico 4), ficando
bem abaixo do valor máximo permitido pela Portaria 518/ 2004 do Ministério da Saúde
(500,0 mg/L).
0
10
20
30
40
1996 1997 1998 1999
anos
du
reza
(m
g/L
de
Ca
CO
3)
trecho I
trecho II
trecho III
trecho IV
Gráfico 4: Distribuição da dureza nas seções I, II, III e IV nos anos de 1996 a 1999
O oxigênio dissolvido apresentou, de forma geral, concentrações semelhantes no decorrer dos
anos em cada trecho (Gráfico 5), estando todas as concentrações de acordo com a Resolução
CONAMA nº 357/ 2005 (> 5mg/L). No ano de 1996 não houve análise deste parâmetro. As
50
maiores concentrações foram encontradas no trecho 1, região de transição do reservatório com
o rio São Francisco.
6
6,5
7
7,5
8
8,5
1996 1997 1998 1999
anos
ox
igê
nio
dis
so
lvid
o
(mg
/L)
trecho I
trecho II
trecho III
trecho IV
Gráfico5: Variação da concentração de oxigênio dissolvido nas seções I, II, III e IV nos anos de 1997 a 1999
As análises do fitoplâncton mostraram a predominância de clorofíceas. Assim como no
monitoramento de 1986, a espécie predominante entre as cianobactérias foi Microcystis
aeruginosa em 1998 e 1999.
4.3 MONITORAMENTO DA QUALIDADE DA ÁGUA NOS ANOS DE 2004 E 2005
Estes resultados fazem parte do Programa de Monitoramento Limnológico e Avaliação da
Qualidade da Água do Reservatório de Itaparica 2004 e 2005, instituído pela Chesf e
realizado pela Consultoria Planejamento em Transporte e Consultoria (PETCON), com o
objetivo de instrumentalizar o processo para a obtenção da Licença de Operação (LO), junto
ao órgão licenciador Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (IBAMA).
Para tanto, foram realizadas coletas em janeiro, abril, julho e outubro de 2004 e em janeiro,
abril e julho de 2005. Foram analisadas 29 estações de coleta (Quadro 5 e Figura 6) sendo
estações destinadas ao monitoramento de óleos e graxas, de abastecimento público, de áreas
aqüícolas, limnológico e de áreas de irrigação.
Os parâmetros analisados foram: temperatura, alcalinidade total, dureza, pH, condutividade
elétrica, oxigênio dissolvido (OD), turbidez, transparência, material em suspensão,
51
ortofosfato, fósforo total, amônia, nitrito, nitrato, nitrogênio total, fitoplâncton, clorofila,
zooplâncton, coliformes totais e termotolerantes, agrotóxicos.
Seguindo o modelo adotado no monitoramento de 1996 a 1999 para uma melhor análise da
avaliação da qualidade da água, o reservatório também foi dividido nos mesmos trechos para
análise em 2004 e 2005.
Estação Localização Monitoramento Trecho
1 Captação Belém de São
Francisco Captação I
2 Captação Barra de Tarrachil Captação I
3 Estação limnológica 1 Limnológico I
4 Estação limnológica 2 Limnológico/ Irrigigação I
5 Estação limnológica 3 Limnológico/ Irrigigação I
6 Captação Rodelas Captação II
7 Área aquícola 1 - Itacuruba
(Coité) Piscicultura II
8 Estação limnológica 4 Limnológico/ Irrigigação II
9 Captação Captação II
10 Estação limnológica 5 Limnológico II
11 Estação limnológica 6 Limnológico II
12 Estação limnológica 7 Limnológico III
13 Estação limnológica 8 Limnológico III
14 Captação Captação III
15 Estação limnológica 9 Limnológico/ Irrigigação III
16 Estação limnológica 10 Limnológico/ Irrigigação III
17 Estação limnológica 11 Limnológico IV
18 Estação limnológica 12 Limnológico/ Irrigigação IV
19 Captação Captação IV
20 Estação limnológica 13 Limnológico IV
22 Estação limnológica 14 Limnológico IV
23 Estação limnológica 15 Limnológico/ Irrigigação IV
25 500m Leito esquerda montante tomada d'água UHE Itaparica
O&L/ Limnológico IV
Quadro 5: Estações de monitoramento do reservatório de Itaparica, 2004 e 2005.
Fonte: CHESF, 2004
Figura 6: Localização das estações de monitoramento no reservatório de Itaparica
Rio Pajeú
Barragem de Itaparica
TRECHO I
TRECHO III
TRECHO IV
TRECHO II
52
53
4.3.1 Variáveis físico-químicas
Todos os gráficos estão divididos em trechos e os pontos de captação de água para
abastecimento estão grifados de vermelho, visando uma melhor visualização e análise destes
pontos.
A profundidade e transparência das estações de coleta estão representadas nos Gráficos 6 e 7.
No trecho I a profundidade variou de 0,7 a 7,2 m, no trecho II de 1,4 a 16,5, no trecho III de
2,8 a 34,0 m e no trecho IV de 1,0 a 41,0 m; sendo as estações 12, 17 e 25 as mais profundas.
Todos os pontos de coleta para abastecimento público têm profundidade inferior a 4,0 m. As
maiores transparências foram encontradas nas estações mais profundas e as menores foram
medidas no mês de abril, considerado mês chuvoso na região.
No período do monitoramento, a temperatura foi semelhante na superfície e no fundo,
variando de 22,9C° a 32,3ºC e 22,9 e 31,4ºC respectivamente (Gráficos 8 e 9). Julho foi o mês
que apresentou as menores temperaturas, nos dois anos do monitoramento, com valores
médios em torno de 24,5°C. Abril de 2004 e janeiro de 2005 foram os meses mais quentes,
tendo valores médios variando de 28 a 29°C.
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26
estações de coleta
pro
fun
did
ad
e (
m)
jan/04
abr/04
jul/04
out/04
jan/05
abr/05
jul/05
Pontos de captação
Gráfico 6: Variação da profundidade nas estações de coleta
Trecho I Trecho III Trecho IV Trecho II
54
0
1
2
3
4
5
6
7
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26
estações de coleta
tran
sp
arê
ncia
(m
)
jan/04
abr/04
jul/04
out/04
jan/05
abr/05
jul/05
Pontos de captação
Gráfico 7: Variação da transparência nas estações de coleta
20
22
24
26
28
30
32
34
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26
estações de coleta
tem
pera
tura
(ºC
)
jan/04
abr/04
jul/04
out/04
jan/05
abr/05
jul/05
Pontos de captação
Gráfico 8: Variação da temperatura na superfície do reservatório de Itaparica
Trecho I Trecho III Trecho IV Trecho II
Trecho I Trecho III Trecho IV Trecho II
55
20
22
24
26
28
30
32
34
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26
estações de coleta
tem
pera
tura
(ºC
)
jan/04
abr/04
jul/04
out/04
jan/05
abr/05
jul/05
Pontos de captação
Gráfico 9: Variação da temperatura no fundo do reservatório de Itaparica
A alcalinidade representa a capacidade que um sistema aquoso tem de neutralizar ácidos. Nos
resultados encontrados durante o monitoramento, a alcalinidade foi maior nos meses de
janeiro e abril de 2004 e janeiro de 2005, tanto na superfície quanto no fundo em todos os
trechos (Gráficos 10 e 11).
20
25
30
35
40
45
50
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26
estações de coleta
alc
ali
nid
ad
e (
mg
/L C
aC
O3)
jan/04
abr/04
jul/04
out/04
jan/05
abr/05
jul/05
Pontos de captação
Gráfico 10: Variação da alcalinidade na superfície do reservatório de Itaparica nos anos de 2004 e 2005.
Trecho I Trecho III Trecho IV Trecho II
Trecho I Trecho III Trecho IV Trecho II
56
20
25
30
35
40
45
50
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26
estações de coleta
alc
ali
nid
ad
e (
mg
/L C
aC
O3)
jan/04
abr/04
jul/04
out/04
jan/05
abr/05
jul/05
Pontos de captação
Gráfico 11: Variação da alcalinidade no fundo do reservatório de Itaparica nos anos de 2004 e 2005
A dureza apresentou valores baixos tanto na superfície como no fundo, em todas os trechos,
ficando abaixo do valor máximo permitido pela portaria 518 do Ministério da Saúde (500
mg/L). O mês de janeiro de 2004 apresentou as menores concentrações (Gráficos 12 e 13).
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26
estações de coleta
du
reza (
mg
/L)
jan/04
abr/04
jul/04
out/04
jan/05
abr/05
jul/05
Pontos de captação
Gráfico 12: Variação da dureza na superfície do reservatório de Itaparica nos anos de 2004 e 2005
Trecho I Trecho III Trecho IV Trecho II
Trecho I Trecho III Trecho IV Trecho II
57
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26
estações de coleta
du
reza (
mg
/L)
jan/04
abr/04
jul/04
out/04
jan/05
abr/05
jul/05
Pontos de captação
Gráfico 13: Variação da dureza no fundo do reservatório de Itaparica nos anos de 2004 e 2005
A concentração de oxigênio dissolvido (OD) nas águas superficiais depende da quantidade e
do tipo de matéria orgânica que esteja possivelmente presente. O OD é vital para os
organismos aeróbios. Durante a estabilização da matéria orgânica, as bactérias utilizam o
oxigênio para processá-la, podendo causar uma redução de sua concentração no meio. O
reservatório mostrou estar bem oxigenado, com concentrações variando de 4,6 a 11,7mg/L na
superfície (Gráfico 14) e de 3,1mg/L a 9,5mg/L no fundo (Gráfico 15). A maior parte das
concentrações estava acima de 5mg/L (limite mínimo do padrão para Classe 2 da CONAMA
357), a superfície apresentou dois pontos abaixo do limite e o fundo nove. Estes pontos estão
a jusante das principais cidades localizadas na margem do reservatório. Os pontos de captação
de água para abastecimento mostraram-se bem oxigenados e não foi observado
comportamento sazonal.
O cálculo da taxa de saturação de oxigênio (Tabela 5) mostrou que o reservatório encontra-se
saturado e hipersaturado (>100%). Importante observar que as menores taxas foram
encontradas no mês de julho/04, mês que houve várias florações de microalgas, especialmente
cianobactérias.
Trecho I Trecho III Trecho IV Trecho II
58
4
5
6
7
8
9
10
11
12
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26
estações de coleta
oxig
ên
io d
isso
lvid
o (
mg
/L)
jan/04
abr/04
jul/04
out/04
jan/05
abr/05
jul/05
Limite mínimo da resolução CONAMA 357 para OD Pontos de captação
Gráfico 14: Concentração de oxigênio dissolvido superfície do reservatório de Itaparica
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26
estações de coleta
oxig
ên
io d
isso
lvid
o (
mg
/L)
jan/04
abr/04
jul/04
out/04
jan/05
abr/05
jul/05
Limite mínimo da resolução CONAMA 357 para OD Pontos de captação
Gráfico 15: Concentração de oxigênio dissolvido superfície do reservatório de Itaparica
Trecho I Trecho III Trecho IV Trecho II
CONAMA 357
CONAMA 357
Trecho I Trecho III Trecho IV Trecho II
59
Tabela 5: Taxa de saturação de oxigênio na superfície e no fundo do reservatório de Itaparica
Taxa de saturação do oxigênio dissolvido (%)
Meses Superfície Fundo
Janeiro/04 115 91
Abril/04 89 76
Julho/04 79 74
Outubro/04 89 79
Janeiro/05 78 71
Abril/05 104 93
Julho/05 101 94
O pH das águas do reservatório de Itaparica mostrou-se neutro com na maioria dos meses,
tanto na superfície quanto no fundo, próximos a 7,7, variando de 6,4 a 9,4 (Gráficos 16 e 17).
Foram registrados pH neutro na maioria dos pontos, enquanto que valores levemente alcalinos
(> 8) foram observados nos meses de janeiro/05 e abril de 2004 e 2005, meses chuvosos,
especialmente em algumas estações de captação de água para abastecimento, próximas a
centros urbanos ou a áreas de cultivos irrigados.
6
6,5
7
7,5
8
8,5
9
9,5
10
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26
estações de coleta
pH
jan/04
abr/04
jul/04
out/04
jan/05
abr/05
jul/05
Pontos de captação
Gráfico 16: Variação da concentração de pH na superfície do reservatório de Itaparica, nas seções I, II, III e IV nos anos de 2004 e 2005
Trecho I Trecho III Trecho IV Trecho II
60
6
6,5
7
7,5
8
8,5
9
9,5
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26
estações de coleta
pH
jan/04
abr/04
jul/04
out/04
jan/05
abr/05
jul/05
Pontos de captação
Gráfico17: Variação da concentração de pH no fundo do reservatório de Itaparica, nas seções I, II, III e IV nos anos de 2004 e 2005
A condutividade elétrica de uma solução é a capacidade desta de conduzir corrente elétrica.
Quanto maior a concentração de íons, maior será a condutividade. A medida da dificuldade de
um feixe de luz atravessar certa quantidade de água, conferindo uma aparência turva à mesma
é chamada de turbidez. Os parâmetros condutividade elétrica e turbidez apresentaram o
mesmo comportamento, tanto na superfície quanto no fundo, em todas as seções (Gráficos 18,
19, 20 e 21). Nos meses de julho e outubro, períodos de seca, foram encontradas as menores
concentrações e nos meses de janeiro e abril, período chuvoso, as concentrações mais
elevadas, demonstrando a variabilidade sazonal.
A concentração de material em suspensão no reservatório de Itaparica foi bastante variada,
oscilando de 2 a 426,7 mg/L na superfície e entre 1,3 a 524, 1mg/L no fundo (Gráficos 22 e
23). A maior parte das concentrações variou de 0 a 20 mg/L, enquanto as menores variaram
de 40 a 60 mg/L (Tabela 6). Essa variação deve-se principalmente aos elevados valores
encontrados em janeiro/04 em algumas estações localizadas nos trechos I e II, região de
transição do rio São Francisco/ reservatório e região contém pontos que sofrem influência do
rio Pajeú, através da entrada de sedimentos, após fortes chuvas.
Trecho I Trecho III Trecho IV Trecho II
61
50
70
90
110
130
150
170
190
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26
estações de coleta
co
nd
uti
vid
ad
e (
µµ µµS
/cm
)
jan/04
abr/04
jul/04
out/04
jan/05
abr/05
jul/05
Pontos de captação
Gráfico 18: Variação da condutividade na superfície do reservatório de Itaparica
50
70
90
110
130
150
170
190
210
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26
estações de coleta
co
nd
uti
vid
ad
e (
µµ µµS
/cm
)
jan/04
abr/04
jul/04
out/04
jan/05
abr/05
jul/05
Pontos de captação
Gráfico 19: Variação da condutividade no fundo do reservatório de Itaparica
Trecho I Trecho III Trecho IV Trecho II
Trecho I Trecho III Trecho IV Trecho II
62
20
40
60
80
100
120
140
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26
estações de coleta
turb
idez (
mg
/L)
jan/04
abr/04
jul/04
out/04
jan/05
abr/05
jul/05
Pontos de captação
Gráfico 20: Variação da turbidez na superfície do reservatório de Itaparica nos anos de 2004 e 2005
20
40
60
80
100
120
140
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26
estações de coleta
turb
idez (
mg
/L)
jan/04
abr/04
jul/04
out/04
jan/05
abr/05
jul/05
Pontos de captação
Gráfico 21: Variação da turbidez no fundo do reservatório de Itaparica nos anos de 2004 e 2005
Trecho I Trecho III Trecho IV Trecho II
Trecho I Trecho III Trecho IV Trecho II
63
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26
estações de coleta
mate
rial
em
su
sp
en
são
(m
g/L
)
jan/04
abr/04
jul/04
out/04
jan/05
abr/05
jul/05
Pontos de captação
Gráfico 22: Variação da concentração do material em suspensão na superfície do reservatório de Itaparica nos anos de 2004 e 2005
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
500
550
600
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26
estações de coleta
mate
rial
em
su
sp
en
são
(m
g/L
)
jan/04
abr/04
jul/04
out/04
jan/05
abr/05
jul/05
Pontos de captação
Gráfico 23: Variação da concentração do material em suspensão na superfície do reservatório de Itaparica nos anos de 2004 e 2005
Trecho I Trecho III Trecho IV Trecho II
Trecho I Trecho III Trecho IV Trecho II
64
Tabela 6: Variação da concentração de material em suspensão na superfície e fundo do reservatório de Itaparica
% de material em suspensão Variação da concentração de
material em suspensão Superfície Fundo
0 – 20 mg/L 69 68
20 – 40 mg/L 21 18
40 – 60 mg/L 3 4
> 60 mg/L 7 10
O nitrogênio nos processos bioquímicos de conversão da amônia a nitrito e deste o nitrato,
implica no consumo de oxigênio dissolvido no meio, podendo afetar a vida aquática. O
nitrogênio na forma de amônia livre é altamente tóxico para os peixes. Contudo, o nitrogênio
é um elemento indispensável para o crescimento dos microorganismos responsáveis pelo
tratamento dos esgotos. Entre as formas nitrogenadas, o nitrito (NO2-N) (Gráficos 24 e 25) e a
amônia (NH3-N) (foi medida apenas no ano de 2004) apresentaram, em geral, pequenas
concentrações. A NH3-N variou de 0 a 3,9 µg/L na superfície e de 0 a 5,5 µg/L no fundo do
reservatório (Gráficos 26 e 27), ressaltando que vários valores foram igual a zero no fundo em
abril e outubro de 2004. As concentrações de NO2-N e NH3-N estão de acordo com a Portaria
nº 518/ 2004 do Ministério da Saúde (valor máximo permitido 1000 e 1500 µg/L,
respectivamente). Este fato pode ser explicado pelas boas concentrações de oxigênio no
reservatório que oxidam as formas mais reduzidas de nitrogênio.
0
2
4
6
8
10
12
14
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26
estações de coleta
nit
rito
(µµ µµ
g/L
)
jan/04
abr/04
jul/04
out/04
jan/05
abr/05
jul/05
Pontos de captação Gráfico 24: Variação da concentração de nitrito na superfície do reservatório de Itaparica nos anos de
2004 e 2005
Trecho I Trecho III Trecho IV Trecho II
65
0
2
4
6
8
10
12
14
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26
estações de coleta
nit
rito
(µµ µµ
g/L
)
jan/04
abr/04
jul/04
out/04
jan/05
abr/05
jul/05
Pontos de captação
Gráfico 25: Variação da concentração de nitrito no fundo do reservatório de Itaparica nos anos de 2004 e 2005
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
4,5
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26
estações de coleta
am
ôn
ia (
µµ µµg
/L)
jan/04
abr/04
jul/04
out/04
Pontos de captação
Gráfico 26: Variação da concentração de amônia na superfície do reservatório de Itaparica em 2004
Trecho I Trecho III Trecho IV Trecho II
Trecho I Trecho III Trecho IV Trecho II
66
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
4,5
5
5,5
6
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26
estações de coleta
am
ôn
ia (
µµ µµg
/L)
jan/04
abr/04
jul/04
out/04
Pontos de captação
Gráfico 27: Variação da concentração de amônia no fundo do reservatório de Itaparica em 2004
As maiores concentrações de nitrato (NO3-N) foram encontradas nos meses de janeiro e
abril/04, no trecho inicial do reservatório e abril/04, no trecho final, chegando a 519,8 µg/L na
superfície (Gráficos 28 e 29). As concentrações de NO3-N não foram elevadas, estando abaixo
do valor máximo permitido pela resolução CONAMA 357/2005 (10.000 µg/L). O nitrogênio
total (NT) apresentou as maiores concentrações entre as formas de nitrogênio, houve o mesmo
comportamento das concentrações na superfície e fundo, variando de 124,49 a 979,7 µg/L na
superfície e de 26 a 823,2 µg/L no fundo (Gráficos 30 e 31). Assim como o nitrato, as maiores
concentrações de NT foram observadas no mês de abril/04, período chuvoso, mesmo
comportamento apresentado pelos valores de condutividade.
Trecho I Trecho III Trecho IV Trecho II
67
0
100
200
300
400
500
600
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26
estações de coleta
nit
rato
(µµ µµ
g/L
)
jan/04
abr/04
jul/04
out/04
jan/05
abr/05
jul/05
Pontos de captação
Gráfico 28: Variação da concentração de nitrato na superfície do reservatório de Itaparica nos anos de 2004 e 2005
0
100
200
300
400
500
600
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26
estações de coleta
nit
rato
(µµ µµ
g/L
)
jan/04
abr/04
jul/04
out/04
jan/05
abr/05
jul/05
Pontos de captação
Gráfico 29: Variação da concentração de nitrato no fundo do reservatório de Itaparica nos anos de 2004 e 2005
Trecho I Trecho III Trecho IV Trecho II
Trecho I Trecho III Trecho IV Trecho II
68
0
200
400
600
800
1000
1200
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26
estações de coleta
nit
rog
ên
io t
ota
l ( µµ µµ
g/L
) jan/04
abr/04
jul/04
out/04
jan/05
abr/05
jul/05
Pontos de captação
Gráfico 30: Variação da concentração de nitrogênio total na superfície do reservatório de Itaparica nos anos de 2004 e 2005
0
200
400
600
800
1000
1200
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26
estações de coleta
nit
rog
ên
io t
ota
l ( µµ µµ
g/L
) jan/04
abr/04
jul/04
out/04
jan/05
abr/05
jul/05
Pontos de captação
Gráfico 31: Variação da concentração de nitrogênio total no fundo do reservatório de Itaparica nos anos de 2004 e 2005
Trecho I Trecho III Trecho IV Trecho II
Trecho I Trecho III Trecho IV Trecho II
69
O fósforo é indispensável para o crescimento de algas e quando se encontra em altas
concentrações, pode levar a eutrofização – crescimento excessivo de algas – de lagos e
reservatórios. A liberação do fósforo para a coluna d’água ocorre mais facilmente em
condições de baixas concentrações de oxigênio e, sobretudo em anaerobiose. Das diferentes
formas de fósforo encontradas na água, o ortofosfato é a principal forma assimilada pelas
microalgas.
As concentrações de ortofosfato ou fósforo reativo foram, em geral, baixas, especificamente
no período seco. Os valores mais elevados foram observados nas campanhas de janeiro/04 no
trecho inicial do reservatório (trecho I) e em janeiro/05 (trecho II), durante a estação chuvosa
(Gráficos 32 e 33). Estes valores podem estar influenciados pela introdução de material em
suspensão e de material orgânico no rio. Concentrações elevadas de ortofosfato foram
encontradas nas estações 2 (janeiro/04), 9 a 12 (janeiro/05) e 22 e 23 (abril/04), sendo a
concentração encontrada na estação 2 (50,7 µg/L) acima do que é permitido pela Resolução
CONAMA nº 357/ 2005 para o fósforo total (50 µg/L).
0
6
12
18
24
30
36
42
48
54
60
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26
estações de coleta
ort
ofo
sfa
to (
µµ µµg
/L)
jan/04
abr/04
jul/04
out/04
jan/05
abr/05
jul/05
Pontos de captação
Gráfico 32: Variação da concentração de ortofosfato na superfície do reservatório de Itaparica nos anos de 2004 e 2005
Trecho I Trecho III Trecho IV Trecho II
70
0
6
12
18
24
30
36
42
48
54
60
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26
estações de coleta
ort
ofo
sfa
to (
µµ µµg
/L)
jan/04
abr/04
jul/04
out/04
jan/05
abr/05
jul/05
Pontos de captação
Gráfico 33: Variação da concentração de ortofosfato no fundo do reservatório de Itaparica nos anos de 2004 e 2005
As concentrações de fósforo total estiveram, em geral, abaixo dos limites estabelecidos pela
Resolução CONAMA nº 357/ 2005 para águas doces da Classe 2, apresentando concentrações
médias de 19,4 µg/L no trecho I, 20,8 µg/L no trecho II, 18,3 µg/L no trecho III e 25,1 µg/L
no trecho IV (Gráficos 34 e 35). Porém, também apresentaram concentrações elevadas,
principalmente no mês de abril, no trecho IV, área de influência da cidade de Petrolândia,
chegando a 140 µg/L. A maior concentração foi encontrada no fundo do reservatório, estação
10 (160 µg/L). Os elevados valores podem estar relacionados ao aumento do material em
suspensão e aos elevados valores da condutividade no trecho IV.
Trecho I Trecho III Trecho IV Trecho II
71
0
20
40
60
80
100
120
140
160
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26
estações de coleta
fósfo
ro t
ota
l ( µµ µµ
g/L
)
jan/04
abr/04
jul/04
out/04
jan/05
abr/05
jul/05
Limite máximo da resolução CONAMA 357 para fósforo total Pontos de captação
Gráfico 34: Variação da concentração de fósforo total na superfície do reservatório de Itaparica nos anos de 2004 e 2005
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26
estações de coleta
fósfo
ro t
ota
l ( µµ µµ
g/L
)
jan/04
abr/04
jul/04
out/04
jan/05
abr/05
jul/05
Limite máximo da resolução CONAMA 357 para fósforo total Pontos de captação
Gráfico 35: Variação da concentração de fósforo total no fundo do reservatório de Itaparica nos anos de 2004 e 2005
Trecho I Trecho III Trecho IV Trecho II
Trecho I Trecho III Trecho IV Trecho II
CONAMA 357
CONAMA 357
72
Assim como o nitrogênio total, as maiores concentrações de fósforo total ocorreram no
período chuvoso. O cálculo da razão NT/PT (nitrogênio total/fósforo total) mostrou os
seguintes valores: 18,66 (trecho I), 16,62 (trecho II), 17,47 (trecho III), 20,33 (trecho IV),
indicando que o ambiente está limitado por fósforo.
Segundo Vollenweider (1968), modificado e ampliado por Ryding e Rast (1989) (Tabela 7), o
reservatório de Itaparica pode ser considerado mesotrófico no período seco, com poucas
concentrações indicando um ambiente eutrófico, principalmente no período chuvoso, onde o
aporte de material orgânico aumenta.
Tabela 7: Concentração de PT em relação ao estado trófico de lagos tropicais segundo Vollenweider (1968), modificado e ampliado por Ryding & Rast (1989)
Estado trófico de lagos tropicais
Estado Trófico Concentração de P-total em µg/l
Ultra-oligotrófico < 10
Oligotrófico > 10
Mesotrófico > 20
Eutrófico > 50
Hipertrófico > 200
FONTE: Esteves,1998 e Straskraba; Tundisi, 2000.
4.3.2 Análises bacteriológicas
De acordo com a Resolução CONAMA nº 357/ 2005, coliformes termotolerantes são
bactérias gram-negativas, em forma de bacilos, oxidase-negativas, caracterizadas pela
atividade da enzima ß-galactosidase. Podem crescer em meios contendo agentes tenso-ativos
e fermentar a lactose nas temperaturas de 44º - 45ºC, com produção de ácido, gás e aldeído.
Além de estarem presentes em fezes humanas e de animais homeotérmicos, ocorrem em
solos, plantas ou outras matrizes ambientais que não tenham sido contaminados por material
fecal. A bactéria Escherichia coli, pertencente à família Enterobacteriaceae, é a única espécie
do grupo dos coliformes termotolerantes cujo habitat exclusivo é o intestino humano e de
animais homeotérmicos, onde ocorre em densidades elevadas.
73
Foram analisadas as estações de captação de água e em todas foi encontrada pelo menos uma
das sete campanhas com limites acima do permitido pela Resolução CONAMA nº 357/ 2005
(1000 coliformes termotolerantes/ 100 mL). As concentrações mais elavadas foram
encontradas em julho/2005, sendo 5,0 x 10³ em Belém do São Francisco e 2,3x104 em Barra
de Tarrachil. Entre os pontos de captação, as menores concentrações foram encontradas nos
meses de outubro/2004 e abril/2005, e a cidade de Petrolândia obteve as menores
concentrações (Apêndice B).
Foi observada a presença de Klebsiella sp e Escherichia coli na maioria das amostras e os
pontos de captação apresentaram-se mais contaminados, principalmente em de Belém do São
Francisco (PE) e Barra do Tarrachil (BA). Durante as coletas, foi confirmada a ocorrência de
lançamentos de esgotos não tratados no entorno do ponto de captação dessas localidades.
4.3.3 Análises biológicas
Foram identificados 172 táxons de algas planctônicas durante as sete campanhas realizadas
em 2004 e 2005 (Figura 7). Esses estão distribuídos em 9 classes: Cyanobacteria,
Bacillariophyceae, Euglenophyceae, Cryptophyceae, Chrysophyceae, Chlorophyceae,
Zygnematophyceae, Xanthophyceae e Dinophyceae.
2%
1%12%26%
39%
10%
2%
7%
1%
Cryptophyceae
Chrysophyceae
Cianobactérias
Bacillariophyceae
Chlorophyceae
Zygnemaphyceae
Dinophyceae
Euglenophyceae
Xanthopyceae
Figura 7: Composição florística do reservatório de Itaparica em 2004 e 2005
74
Foi observado o predomínio das Chlorophyceae em todas as campanhas, em relação as
cianobactérias, foram encontradas algumas espécies de potencialmente produtoras de toxinas
como a Anabaena cf spiroides, Cylindrospermosis raciborskii e Microcystis aeruginosa em
diversos pontos do reservatório. As espécies encontradas no reservatório estão na Tabela 8.
Tabela 8: Espécies de cianobactérias encontradas no reservatório de Itaparica em 2004 e 2005
Espécies de cianobactérias a) Anabaena circinalis b) Anabaena planctônica c) Anabaena spiroides d) Aphanocapsa delicatissima e) Aphanothece elachista f) Chroococcus minutus g) Chroococcus sp h) Cyanosarcina burmensis i) Cylindrospermopsis racirborskii j) Gomphosphaeria lacustris k) Geitlerinema amphibiu l) Limnothrix sp m) Merismopedia punctata n) Microcystis aeruginosa o) Oscillatoria sp p) Oscillatoria splendid q) Phormidium sp r) Pseudanabaena sp s) Pseudoanabaena limnetica t) Raphidiopsis mediterrânea
As densidades fitoplanctônicas foram bastante variáveis entre as estações de monitoramento e
entre as campanhas. Os valores em geral foram baixos, porém foram observados valores
elevados, que propiciaram o aparecimento de florações. Em relação as cianobactérias, foram
encontradas densidades acima dos limites estabelecidos pela Resolução CONAMA nº 357/
2005 para classe 2 (50.000 células/ mL) e pela Portaria 518/ 2004 do Ministério da Saúde,
principalmente no mês de julho/04, o que indica a necessidade de monitoramento mensal para
densidades acima de 10.000 céls/ mL e semanal com análises da presença de cianotoxinas
para densidades acima de 20.000 céls/ mL. Na Tabela 9 estão apresentadas as estações de
coleta com densidades superiores a 10.000 céls/ mL.
75
Tabela 9: Densidade das espécies de cianobactérias superiores a 10000 cél/ mL, limite mínimo da Portaria 518/ 2004 do Ministério da Saúde
Densidade (células/ mL) Cianobactérias
Jul/04 Jan/05 Abr/05 Jul/05
Anabaena circinalis 199.688 (7 S) ---- ---- ---- Anabaena planctonica ---- ---- ---- ----
Anabaena spiroides ---- ---- 10.813 (20 S) ---- Aphanocapsa delicatissima
---- 11.250 (5
S) ---- ----
Aphanothece elachista 29.408 (4 F) ---- ---- ---- Chroococcus minutus 24.510 (5 S)
11.764 (8 F) ---- ---- ----
Chroococcus sp 23.528 (2 S) ---- ---- ---- Cyanosarcina burmensis 70.588 (2 S)
401.964 (4 S) 404.360 (4 F) 465.886 (5 F)
---- ---- ----
Cylindrospermopsis racirborskii ---- ---- ---- ---- Geitlerinema amphibium 242.649 (1 S)
529.411 (2 S) 500.004 (3 S) 367.650 (3 F) 367.350 (4 S) 367.350 (4F) 735.300 (5 F) 98.040 (6 S) 352.920 (8 F)
---- ---- ----
Gomphosphaeria lacustris ---- ---- ---- ---- Limnothrix sp 303.924 (8 S) ---- ---- ----
Merismopedia punctata ---- ---- ---- ---- Microcystis aeruginosa 1.102.960 (1S) ---- ---- 41.891 (15 F)
Oscillatoria sp. ---- ---- ---- ---- Oscillatoria splendida 191.780 (3 S)
257.320 (4 F) ---- ---- ----
Phormidium sp ---- ---- ---- ---- Pseudanabaena sp ---- ---- ---- ----
Pseudoanabaena limnetica 11.784 (2 S) 392.160 (4 S) 44.118 (6 S) 165.420 (7 S)
---- ---- ----
Raphidiopsis mediterranea 176.470 (2 S) ---- ---- ---- * Entre parênteses está sendo indicado a estação de coleta e se está na superfície (S) ou no fundo (F). ---- Valores abaixo de 10.000 cél/:mL
76
Os valores de concentração de clorofila-a foram bastante variáveis, sendo registradas
concentrações elevadas (> 30 µg/L – Limite da Resolução CONAMA nº 357/ 2005 para a
Classe 2) em várias ocasiões, com destaque para o mês de julho/2004 no trecho inicial do
reservatório (Gráfico 36). Os valores de concentração de clorofila variaram de 0,2 a 62 µg/L
em 2004 e de 0,9 a 25,0 µg/L em 2005. Estas variações indicam o processo de eutrofização do
reservatório.
0
10
20
30
40
50
60
70
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26
estações de coleta
clo
rofi
la-a
(µµ µµ
g/L
)
jan/04
abr/04
jul/04
abr/05
jul/05
* As concentrações de outubro de 2004 e algumas estações em 2005 não foram medidas Limite máximo da resolução CONAMA 357 para clorofila-a Pontos de captação
Gráfico 36: Variação da concentração de clorofila-a na superfície do reservatório de Itaparica nos anos de 2004 e 2005
Foram encontrados 68 táxons para o zooplâncton em 2005, representados por Protozoa,
Rotifera, Crustacea (Cladocera, Copepoda, Ostracoda) Annelida, Acarina e Insecta. Os
rotíferos destacaram-se em biodiversidade com 49 espécies, com registros de espécies
indicadoras de ambientes eutrofizados como, por exemplo: Rotaria sp., Filinia camasecla,
Filinia longiseta, Keratella tropica e Keratella americana.
Trecho I Trecho III Trecho IV Trecho II
CONAMA 357
77
4.3.4 Análise estatística das estações de captação de água para abastecimento e
piscicultura
Para esta análise foram escolhidos os pontos de abastecimento em razão da preocupação da
Chesf com o aparecimento de florações de cianobactérias nestas áreas e pela contaminação
por coliformes. A estação de piscicultura foi escolhida pela crescente demanda por esta
atividade no reservatório e pelos impactos que esta atividade pode causar.
Foi aplicada a análise de componentes principais, visando possíveis correlações entre os
parâmetros analisados. Em todas as componentes principais (PCs) geradas ficou evidenciada
uma diferença sazonal no reservatório. As amostras coletadas no período chuvoso e período
seco se agruparam separadamente. Foram encontradas três correlações positivas e duas
negativas. As correlações positivas foram na PC1, PC2 e PC4, e as negativas na PC 1 e PC 2
(Apêndice A).
A medida que a condutividade aumentava, aumentava também a turbidez, evidenciando uma
correlação entre esses dois parâmetros (Gráficos 37, 38 e 39). Entre esses dois parâmetros e a
transparência não houve correlação, os menores valores de transparência (Gráfico 40)
aconteceram no mesmo período em que se obtiveram as maiores condutividades e turbidez.
30
40
50
60
70
80
90
100
jan/04 abr/04 jul/04 out/04 jan/05 abr/05 jul/05
meses
turb
idez (
mg
/L)
1
2
6
7
9
14
19
Gráfico 37: Valores de turbidez nas estações de captação e na estação de piscicultura.
78
40
60
80
100
120
140
160
jan/04 abr/04 jul/04 out/04 jan/05 abr/05 jul/05
meses
co
nd
uti
vid
ad
e (
µµ µµS
/cm
)
1
2
6
7
9
14
19
Gráfico 38: Valores de condutividade nas estações de captação e na estação de piscicultura.
y = 1,4962x + 2,3436
R2 = 0,9994
0
20
40
60
80
100
120
40 45 50 55 60 65 70 75
turbidez
co
nd
uti
vid
ad
e
Gráfico 39: Correlação entre condutividade e turbidez no ponto de captação da idade de Itacuruba.
79
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
jan/04 abr/04 jul/04 out/04 jan/05 abr/05 jul/05
meses
tran
sp
arê
ncia
(m
)
1
2
6
7
9
14
19
Gráfico 40: Valores de transparência nas estações de captação e na estação de piscicultura
A transparência também não apresentou correlação com o material em suspensão, quanto
maior a transparência do reservatório menor a quantidade de material em suspensão (Figuras
40 e 41).
0
10
20
30
40
50
60
70
80
jan/04 abr/04 jul/04 out/04 jan/05 abr/05 jul/05
meses
mate
rial
em
su
sp
en
são
(m
g/L
)
1
2
6
7
9
14
19
Gráfico 41: Valores do material em suspensão nas estações de captação e na estação de piscicultura
80
O pH teve correlação com a temperatura, os menores e maiores valores foram encontrados no
mesmo período entre os dois parâmetros (Figuras 42 e 43).
6,5
7
7,5
8
8,5
9
9,5
jan/04 abr/04 jul/04 out/04 jan/05 abr/05 jul/05
meses de coleta
pH
1
2
6
7
9
14
19
Gráfico 42: Valores de pH nas estações de captação e na estação de piscicultura
22
24
26
28
30
32
34
jan/04 abr/04 jul/04 out/04 jan/05 abr/05 jul/05
meses
tem
pera
tura
(ºC
)
1
2
6
7
9
14
19
Gráfico 43: Valores da temperatura nas estações de captação e na estação de piscicultura
81
5 DISCUSSÃO
Os resultados dos monitoramentos no reservatório de Itaparica não mostraram grandes
variações no decorrer do tempo ao longo das seções estudadas. Porém, vale ressaltar que a
quantidade de dados disponível para uma melhor avaliação da qualidade da água é incipiente,
as metodologias empregadas ao longo do tempo foram diferentes e alguns valores sugerem
erros analíticos e/ou metodológicos.
Cada monitoramento descrito anteriormente apresenta uma quantidade distinta de estações de
amostragem, de meses analisados e alguns parâmetros foram analisados somente em alguns
monitoramentos, o que dificulta uma melhor caracterização da qualidade da água.
O reservatório de Itaparica tem aproximadamente 20 anos de operação, porém o seu principal
e mais completo monitoramento foi realizado no período de 2004 a 2005. A localização das
estações de coleta deve ter representatividade no contexto do monitoramento, porém o
número de estações, principalmente na região central do reservatório e a freqüência de coleta
ainda é insuficiente para uma boa caracterização do mesmo. Em cada ano analisado, a
freqüência precisa ser a mesma para que possam ser realizados testes estatísticos mais
eficientes. Em 2004, foram realizadas coletas em 4 meses e em 2005 somente em 3 meses.
As ocupações irregulares no entorno do reservatório e a degradação da área de preservação
permanente vem contribuindo para a deterioração da qualidade da água. A existência de
vários perímetros irrigados nas margens do reservatório tem tido como conseqüência, o uso
indiscriminado de agroquímicos que se infiltram no solo e são lixiviados para o reservatório, o
que é intensificado quando o nível do reservatório eleva-se, pois as áreas marginais são
alagadas, carreando nutrientes que favorecem o desenvolvimento do plâncton e de macrófitas.
A água do sistema de drenagem superficial que escoa naturalmente para o reservatório tem
sua qualidade degradada, com a adição de sais, pesticidas, metais pesados e sedimentos.
Observa-se que a irrigação tem um importante papel na qualidade da água, pressionando a
cobertura vegetal e acarretando o assoreamento de cursos d’água e dos reservatórios.
Observou-se que a macrófita Egeria densa foi encontrada com freqüência, principalmente na
área da piscicultura. A piscicultura é uma boa alternativa para o aproveitamento dos recursos
82
hídricos do reservatório de Itaparica, porém esta atividade, devido ao acréscimo dos nutrientes
contidos nas rações utilizadas para alimentação dos peixes, favorece o crescimento de plantas
aquáticas que, além de degradarem a qualidade da água podem prejudicar a geração de
energia, devendo está área ser monitorada continuamente. Entretanto, Borba et al. (1999a)
estudando o reservatório de Itaparica concluíram que a qualidade da água do mesmo estava
compatível com os parâmetros recomendados para o cultivo da grande maioria das espécies
de peixes tropicais.
Os resultados apresentados no capítulo anterior evidenciaram o efeito da variação sazonal no
reservatório de Itaparica, onde foi possível observar uma diferença de valores entre vários
parâmetros em cada nos períodos seco e chuvoso. Este fato também foi observado por Braga
et al. (1999), quando foi constatado que os principais parâmetros apresentaram variações
relacionadas aos dois períodos anuais (seco e chuvoso). Couto et al. (2003) ao realizarem uma
caracterização limnológica do Alto Rio Tocantins, na área de influência da Usina Hidrelétrica
(UHE) Cana Brava também verificaram o efeito da variação sazonal nos parâmetros físico-
químicos do reservatório da usina.
Durante estação chuvosa houve redução da transparência e elevação da turbidez no
reservatório de Itaparica. De Felippol et al. (1999) ao estudarem o reservatório da UHE Serra
da Mesa - GO (o maior reservatório brasileiro em volume de água e o 5º maior em área
alagada) verificaram esta mesma tendência, já esperada para esta época do ano. A turbidez do
reservatório aumentou ao decorrer do tempo, os valores encontrados em 1987 estavam bem
abaixo dos encontrados em 2005, indicando que o aumento da população e do uso e ocupação
do solo ao redor do reservatório, ao longo do tempo, aliado à falta de políticas públicas de
saneamento, está prejudicando a qualidade da água. De acordo com Branco (1986), em
regiões de rios intermitentes, de chuvas torrenciais, como o rio São Francisco, a erosão das
margens e das terras adjacentes é intensa, carreando maiores quantidades de materiais sólidos
em suspensão e aumentando a turbidez da água.
Reis et al. (2003) observaram a influência do período chuvoso na variação da carga de
sedimentos entrando no reservatório de Itaparica, com maior concentração de material em
suspensão nas estações localizadas na porção superior do reservatório. O monitoramento de
2004 e 2005 também indicou esta tendência, na porção considerada de transição entre o
reservatório e o rio São Francisco. As condições hidrológicas do reservatório de Itaparica
83
estão diretamente influenciadas pelo aporte de águas e sedimentos do rio São Francisco
(Braga et al., 1999). No período de cheia, os rios transportam aos reservatórios elevadas
concentrações de material em suspensão, que vem sendo carreada ao longo do seu percurso,
constatação também evidenciada nas seções II e III do reservatório, onde as concentrações
aumentaram em razão do aporte de sedimentos trazidos por outros rios como o rio Pajeú.
As concentrações de oxigênio dissolvido estavam na maioria das vezes dentro da faixa
indicada na legislação, mostrando que o reservatório encontra-se bem oxigenado. Fato
também observado no reservatório de Itaparica, nas proximidade da cidade de Rodelas, por
Barros (2004).
Considerando que os rios transportam matéria orgânica e nutrientes, estes são fontes
potenciais de eutrofização. Henry et al. (1999) observaram este efeito ao estudarem o
transporte de sólidos suspensos, nitrogênio e fósforo pelos rios Paranapanema e Taquari para
a represa Jurumirim, em São Paulo. O rio São Francisco está contribuindo para o aumento da
concentração de fósforo no reservatório de Itaparica, como também os efluentes lançados,
sem tratamento, pelas cidades localizadas no entorno do reservatório e de defensivos agrícolas
utilizados na região onde a principal fonte de renda é a agricultura. Foram encontradas
concentrações de fósforo total acima da permitida na legislação em alguns pontos do
reservatório de Itaparica, principalmente no trecho IV, área influenciada pela cidade com
maior número de habitantes, Petrolândia. Estes valores indicam que o reservatório está em
processo de eutrofização e que as principais fontes de poluição do reservatório precisam ser
monitoradas, como consta na licença de operação de Itaparica emitida pelo IBAMA.
Em relação ao fósforo, o reservatório é considerado mesotrófico com tendência à eutrofização
em determinadas épocas do ano. Isto se deve ao aporte de material orgânico vindo das cidades
localizadas no entorno. Estas cidades lançam boa parte dos seus efluentes no reservatório em
decorrência da maior parte da população não ter saneamento básico adequado. Portanto,
verifica-se a necessidade de tratamento dos efluentes urbanos, industriais e agrícolas, a fim de
diminuir o impacto do fósforo no ambiente e também dos coliformes, encontrados em grandes
quantidades nos pontos de captação para abastecimento público.
As concentrações das formas nitrogenadas aumentaram ao longo do tempo, também
evidenciando um aumento da entrada deste nutriente no reservatório, ainda que suas
84
concentrações estejam bem abaixo do valor máximo permitido na legislação. Borba et al.
(1999b) fizeram uma caracterização físico-química do reservatório de Itaparica durante o
período de fevereiro a novembro de 1998 e o caracterizaram como oligotrófico, com
concentrações variando de 0 a 0,349 mg/L e 0 a 0,302 mg/L respectivamente. Entre 2004 e
2005 essas concentrações variaram de 0 a 0,012 mg/L e 0 a 0,519 mg/L, constatando-se que,
para estes parâmetros, o reservatório continua oligotrófico.
As cianobactérias têm seu desenvolvimento favorecido em ambientes com altas temperaturas
e elevadas concentrações de nutrientes, principalmente fósforo e nitrogênio. Estas condições
são encontradas no reservatório de Itaparica. Huszar et al. (2000) ao estudarem os açudes de
Poço da Cruz, Pão de Açúcar e Ingazeira (todos localizados no Estado de Pernambuco),
encontraram uma alta concentração de fosfato total associada à abundância relativa de
cianobactérias, que foram dominantes durante 100% do ciclo anual nos reservatórios citados.
Melo et al. (2004) estudando projetos de irrigação localizados na bacia do São Francisco
verificaram que os mesmos captam do rio água com uma concentração baixa de fósforo e
após utilizarem esta água para irrigação, lançam no rio, através dos canais de drenagem, água
com uma quantidade maior de fósforo. Isto também pode estar ocorrendo em Itaparica,
necessitando, portanto, do controle da quantidade de agroquímicos e do conseqüente
lançamento de nutrientes no reservatório.
A análise do fitoplâncton no reservatório de Itaparica também verificou a presença de
Cylindrospermosis raciborskii e Microcystis aeruginosa, indicando que a análise de
toxicicidade destas espécies precisa ser realizada, o que não foi verificado nos
monitoramentos da qualidade da água do reservatório, já que estas espécies são
potencialmente produtoras de toxinas e facilmente encontradas em reservatórios de
Pernambuco (HUSZAR et al. 2000; MENDONÇA, et al. 2006). Ferreira et al. (2005)
também relataram a presença de florações de cianobactérias (associada a elevadas
concentrações de nitrogênio e fósforo) no reservatório da UHE Americana, SP,
principalmente das espécies Microcystis aeruginosa e Anabaena spiroides.
Os resultados discutidos neste capítulo demonstram a variedade de problemas que podem ser
encontrados em grandes reservatórios na região do semi-árido e conseqüentemente a
importância de uma adequada gestão do reservatório de Itaparica para que estes problemas
sejam minimizados.
85
6 CONCLUSÕES
- Verificou-se que existe um déficit de dados de qualidade da água e o monitoramento
não tem periodicidade adequada, o que dificulta a análise integrada dos parâmetros,
visando ações para melhoria da gestão do reservatório;
- Constatou-se que houve uma degradação da qualidade da água no decorrer dos anos,
encontrando-se o reservatório de Itaparica em processo de eutrofização, com
concentrações de fósforo total, clorofila-a, oxigênio dissolvido e coliformes fora dos
padrões estabelecidos na Resolução CONAMA nº 357/ 2005 e na Portaria 518/ 2004
do Ministério da Saúde.
- O lançamento de efluentes das cidades localizadas no entorno do reservatório, o aporte
de matéria orgânica e de sedimentos dos rios São Francisco e o uso de agroquímicos
na agricultura são as principais fontes de contaminação da água do reservatório de
Itaparica;
- A água dos pontos de captação para o abastecimento público está comprometida em
razão das altas concentrações de coliformes totais e termotolerantes e pela presença de
floraçõoes de cianobctérias em algumas épocas do ano;
- A faixa de 100 m da mata ciliar, considerada como reserva ecológica pela Resolução
CONAMA nº 04/1985, não está sendo preservada, prejudicando a qualidade da água e
causando processos de erosão na margem do reservatório.
86
7 RECOMENDAÇÕES
- Torna-se necessário um aumento da freqüência de amostragem espacial e temporal de
dados da qualidade da água, devendo incluir novos pontos de amostragem para uma
melhor avaliação da eutrofização das águas do reservatório;
- Faz-se importante a implementação de ações de controle e de redução de aporte de
efluentes (domésticos, industriais e da agricultura) e contenção da entrada de
nitrogênio e fósforo no reservatório;
- A análise da toxicidade das cianobactérias, quando ocorrerem florações, é de extrema
importância para que os gestores deste recurso tomem as providências necessárias
rapidamente, evitando maiores problemas para saúde da população;
- A implantação de programas de recuperação de reservas ecologias, buscando
identificar e plantar mudas de espécies adaptadas às áreas ciliares locais ajudaria na
preservação da qualidade da água do reservatório;
- Para tanto, é importante interagir com a comunidade residente no entorno do
reservatório através do desenvolvimento de atividades de Educação Ambiental,
visando a conscientização e o apoio das mesmas aos projetos implementados no
futuro.
87
REFERÊNCIAS
AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS. Plano da Bacia Hidrográfica do rio São Francisco Brasília, 1997. AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS. Plano Decenal da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco: Plano da Bacia Hidrográfica do rio São Francisco (2004 - 2013). Brasília, 2004. BARROS, A. C. Evolução de fatores hidrológicos no reservatório de Itaparica - Rio São Francisco (1987, 1989 e 2002). Recife, 2004. 102 folhas Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Pernambuco. CFCH. Gestão e Políticas Ambientais. BARTRAM, J. Water quality monitoring: a pratical guide to the design and implementation of freshwater quality studies and monitoring programmes. London: E&FN Spon, 1996, 383 p. BORBA, M. G.; PESSOA, M. N. C.; SEVERI, W. Caracterização físico-química das águas do reservatório de Itaparica (PE). In: CONGRESSO BRASILEIRO DE LIMNOLOGIA, 7., 1999, Florianópolis. Resumos ... Florianópolis: SBL/UFSC, 1999a. p.48. BORBA, M. G.; PESSOA, M. N. C.; SEVERI, W. . Alternativa de aproveitamento dos recursos hídricos do reservatório de Itaparica (PE/BA), sob o ponto de vista da piscicultura. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE LIMNOLOGIA, 7., 1999, Florianópolis. Resumos ... Florianópolis: SBL/UFSC, 1999b. p. 585. BOUVY, M.; MOLICA, R., OLIVEIRA, S., MARINHO, M.; BEKER, B. The dynamics of a toxic cyanobacterial bloom (Cylindrospermopsis raciborskii) in a shallow reservoir in the semi-arid region of northeast, Brazil. Aquatic Microbial Ecology, v. 20, n. 3, p.285-297, 1999. BOUVY, M.; FALCÃO, D., MARINHO, M., PAGANO, M.; MOURA, A. Occurrence of Cylindrospermopsis (Cyanobacteria) in 39 Brazilian tropical reservoirs during the 1998 drought. Aquatic Microbial Ecology, v. 23, p. 13-27, 2000. BRAGA, J. D. B.; BRAGA, E. G. P.; PEREIRA, S. M. B.; LEÇA, E. E.; TEIXEIRA, M. G. Programa de controle de macrófitas aquáticas no complexo hidrelétrico de Paulo Afonso e na UHE Itaparica. In: Seminário nacional de produção e transmissão de energia elétrica – SNPTEE. 15., 1999, Paraná, Anais... Paraná, 1999. BRANCO, S. M. Hidrobiologia aplicada à engenharia sanitária, 3 ed., São Paulo: CETESB, 1986. BRASIL. Ministério da Integração Nacional. Projeto de integração do rio São Francisco com Bacias do Nordeste Setentrional: Relatório de Impacto Ambiental – Rima. Brasília, 2004. 135p. BRASIL. Ministério do Meio Ambiente e Amazônia Legal. Agenda 21. Brasília, 2002.
88
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente e Amazônia Legal. Programa Nacional de Meio Ambiente II. Brasília, 2000. BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 518 de 25 de março de 2004. Estabelece os procedimentos e responsabilidades relativos ao controle e vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade, e dá outras providências. Disponível em:<https://www.anvisa.gov.br/legis/portarias/518_04.htm> Acesso em: 14 maio 2007. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 05 de outubro de 1988. 40 ed. atual.. São Paulo: Saraiva, 2007. 448p. Coleção Saraiva de legislação. PERNAMBUCO. Decreto nº 25.388 de 14 de abril de 2003.Regulamenta o Programa Gestão Integrada dos Recursos Hídricos, e dá outras providências. Disponível em:<http://www.cprh.pe.gov.br/frme-index-secao.asp?idsecao=36> Acesso em: 14 maio 2007. BRASIL. Lei Federal nº 4.771, de 15 de setembro de 1965: Institui o novo Código Florestal. Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/CCIVIL/LEIS/L4771.htm> Acesso em: 14 maio 2007. PERNAMBUCO. Lei nº 11.516 de 30 de dezembro de 1997. Dispõe sobre o licenciamento ambiental, infrações ao meio ambiente e dá outras providências. Disponível em:<http://www.cprh.pe.gov.br/ctudo-secoes-sub.asp?idsecao=108&idlegislacao=448> Acesso em: 14 maio 2007. PERNAMBUCO. Lei nº 12.984 de 30 de dezembro de 2005. Dispõe sobre a Política Estadual de Recursos Hídricos e o Sistema Integrado de Gerenciamento de Recursos Hídricos, e dá outras providências. Disponível em:< http://www.cprh.pe.gov.br/frme-index-secao.asp?idsecao=36> Acesso em: 14 maio 2007. BRASIL. Lei nº 6.938, de 31/08/1981. Dispõe sobre a Política Nacional de Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências. Coletânea de legislação de direito ambiental. 6 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007. BRASIL. Lei nº 7.735, de 22 de fevereiro de 1989. Dispõe sobre a extinção de órgão e de entidade autárquica, cria o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis e dá outras providências. Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L7735.htm> Acesso em: 14 maio 2007. BRASIL. Lei 8.657, de 21 de maio de 1993. Acrescenta parágrafos ao art. 27 da Lei nº 6.662, de 25 de junho de 1979, que dispõe sobre a Política Nacional de Irrigação, e dá outras providências. Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1989_1994/L8675.htm> Acesso em: 14 maio 2007. BRASIL. Lei nº 9.433 de 08 de janeiro de 1997. Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos e dá outras providências. Coletânea de legislação de direito ambiental. 6 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007.
89
BRASIL. Lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999. Dispõe sobre a educação ambiental, institui a Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras providências. Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9795.htm> Acesso em: 14 maio 2007. BRASIL. Lei nº 9.984, de 17 de julho de 2000. Dispõe sobre a criação da Agência Nacional de Águas - ANA, entidade federal de implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e de coordenação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, e dá outras providências. Disponível em:< http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9984.htm> Acesso em: 14 maio 2007. CAMPOS, J. N. B.; STUDART, T. Gestão das águas: princípios e práticas. Porto Alegre: ABRH, 2001. 107 p. CARMICHAEL, W.W.; AZEVEDO, S. M. F. O.; AN, J. S.; MOLICA, R. J. R.; JOCHIMSEN, E. M.; LAU, S.; RINEHART, K. L.; SHAW, G. R.; EAGLESHAM, G. K. Human fatalities from cyanobacteria: chemical and biological evidence for cyanotoxins. Environmental Health Perspectives, v. 109, n 7, p. 663-668, 2001. CAVENAGHI, A.L., VELINI, E.D., GALO, M.L.B.T., CARVALHO, F.T., NEGRISOLI, E., TRINDADE, M.L.B. e SIMIONATO, J.L.A. Caracterização da qualidade de água e sedimento relacionados com a ocorrência de plantas aquáticas em cinco reservatórios da bacia do rio Tietê. Planta Daninha, Viçosa-MG, v. 21, p. 43-52, 2003. Edição Especial CODD, G. A.; METCALF, J. S.; BEATTIE, K. A. Retention of Microcystis aeruginosa and microcystin by salad lettuce (Lactuca sativa) after spray irrigation with water containing cyanobacteria. Toxicon. Aug. v. 37, n.8, p.1181-5, 1999. COMPANHIA DE DESENVOLVIMENTO DOS VALES DO SÃO FRANCISCO E DO PARNAÍBA. Serviço de Assistência Técnica e Extensão Rural destinado aos agricultores reassentados em decorrência da construção da Barragem de Itaparica: Lote 2 Borda do Lago. Petrolina, 1998. Relatório Final. COMPANHIA HIDRO ÉLETRICA DO SÂO FRANCISCO. Monitoramento da qualidade da água: reservatório da UHE-Itaparica (Luiz Gonzaga). Recife, 1997. Relatório Técnico COMPANHIA HIDRO ÉLETRICA DO SÂO FRANCISCO. Estudos limnológicos do complexo hidroelétrico de Itaparica e Paulo Afonso. Recife, 1998. Relatório Técnico Trimestral COMPANHIA HIDRO ÉLETRICA DO SÂO FRANCISCO. Relatório das Ações Ambientais: Usina Hidrelétrica de Luiz Gonzaga. Recife: CHESF, 1999. COMPANHIA HIDRO ÉLETRICA DO SÂO FRANCISCO. Programa de Monitoramento Limnológico e Avaliação da Qualidade da Água do Reservatório de Itaparica. Recife: PETCON, 2004. COMPANHIA HIDRO ÉLETRICA DO SÂO FRANCISCO. Programa de Monitoramento Limnológico e Avaliação da Qualidade da Água do Reservatório de Itaparica. Recife: PETCON, 2005.
90
CONSELHO NACIONAL DE MEIO AMBIENTE. Resolução nº 004 de 18 de setembro de 1985. Dispõe sobre definições e conceitos sobre Reservas Ecológicas. Brasília: 1986. Disponível em: < http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res85/res0485.html> Acesso em: 12 fev 2007. CONSELHO NACIONAL DE MEIO AMBIENTE. Resolução nº 274 de 29 de novembro de 2000. Revisa os critérios de Balneabilidade em Águas Brasileiras. Brasília: 2000. Disponível em: < http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res85/res0485.html> Acesso em: 12 fev 2007. CONSELHO NACIONAL DE MEIO AMBIENTE. Resolução nº 357 de 17 de março de 2005. Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências. Brasília: 2005. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res85/res0485.html> Acesso em: 12 fev 2007. COUTO, L. M., PORTO, L. A. P.; SILVA, J. M. C. Caracterização limnológica do alto rio Tocantins na área de influência da UHE Cana Brava (Goiás, Brasil). In: CONGRESSO BRASILEIRO DE LIMNOLOGIA, 9., 2003, Juiz de Fora, Anais... Juiz de Fora, 2003. CRUZ, J. M. B. Estudo exploratório da capacidade de pagamento da alocação de água em perímetros irrigados: o caso do Projeto Icó-Mandantes no Sistema Itaparica - PE. Recife, 2005. 90 folhas Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Pernambuco. CCSA. Economia. DE FILLIPO, R.; GOMES, E.L.; LENZ-CÉSAR, J.; SOARES, C.B.P.; MENEZES, C.F.S. As alterações na qualidade da água durante o enchimento do reservatório UHE Serra da Mesa-GO. In: HENRY, R. (Ed.). Ecologia de Reservatórios: Estrutura, Função e Aspectos Sociais. Botucatu: Gráfica Tipomic, 1999. UNITED STATES. Environmental Protection Agency. Summary of State Biological Assessment Programms for Streams and Rivers. Washington, D.C: EPA, 1996. UNITED STATES. Environmental Protection Agency. Office of Water.Lake and Reservoirs Bioassessment and Biocriteria. Technical Guidance Document. EPA 841-B-98-007. U.S. Washington, D.C: EPA, 1998. ESBENSEN, K.; SCHONKOPF, S.; MIDTGARD, T. Multivariate Analysis: in practice. Trondhein: CAMO A/S, 1994. ESTEVES, F. A. Fundamentos da Limnologia. Rio de Janeiro: Interciência, 1988. 575p. EUROPEAN UNION. Directiva 2000/60/CE do Parlamento Europeu do Conselho de 23-10-2000 que estabelece um quadro de ação comunitária no domínio da política da água. L327/1, EU: 2000. FUNDAÇÃO APOLÔNIO SALES DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL. Estudo do Ecossistema dos reservatórios das barragens do sistema hidro elétrico de Paulo Afonso e Itaparica. Recife: FADURPE, 1997.
91
FERREIRA, R.A.R., CAVENAGHI, A.L., VELINI, E.D., CORRÊA, M.R., NEGRISOLI, E., BRAVIN, L.F.N., TRINDADE, M.L.B. e PADILHA, F.S. Monitoramento de fitoplâncton e microcistina no reservatório da UHE Americana. Planta Daninha, Viçosa-MG, v. 23, n. 2, p. 203-214, 2005. GOMES, M. Rio São Francisco está morrendo. Jornal do Brasil. Rio de Janeiro, 10 out. 1993, p. 17. Caderno Ciência/Ecologia. GRANZIERA, M. L. M., Direito de águas: disciplina jurídica de águas doces. 2 ed. São Paulo: Ed. Atlas, 2006. 252 p. GUNKEL, G.; RUETER, K.; CASALLAS, J.; SOBRAL, M. C. Estudos da limnologia do reservatório de Tapacurá: problemas da gestão de reservatórios no semi-árido brasileiro. In: 15., Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos. 2003, Curitiba, Anais... Curitiba, 2003. GUNKEL, G. Contamination and eutrophication risk of a reservoir in the semi-aride zone: Reservoir Itaparica, Pernambuco, Brazil. In: Reservoirs and River Basins Management: Exchange of Experience from Brazil, Portugal and Germany. Berlin: Technische Universität Berlin, 2007. HENRY, R.; SANTOS, A. A. N.; CAMARGO, Y. O transporte de sólidos suspensos e N e P total pelos rios Paranapanema e Taquari e uma avaliação de sua exportação na Represa de Jurumirim (São Paulo, Brasil). In: Henry, R. (Org.). In: Ecologia de reservatórios: estrutura, função e aspectos sociais. Botucatu: FAPESP-FUNDIBIO, 1999. HIDROSERVICE ENGENHARIA LTDA. Estudos Ambientais do Sistema Luiz Gonzaga (Itaparica). Recife, 1986. HUSZAR, V. L. M.; SILVA, L. H. S. da, MARINHO, M. M.; DOMINGOS, P.; SANT'ANNA, C. L. Cyanoprokaryote assemblages in eight productive tropical Brazilian waters. Hydrobiologia, v. 424, 2000. IBGE. Cidades@. 2007. Disponível em: www.ibge.gov.br. Acesso em: 7 de maio de 2007. MELO, G.L.; MOLICA, R. J. R; NEVES, C.; SPERLICH, A.; SOBRAL, M. C. M. Análise da concentração de fósforo total em algumas bacias hidrográficas do semi-árido de Pernambuco. In: Simpósio Luso-Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental. 11., Natal. Anais... Natal: 2004. CD-ROM. MENDONÇA, D. F. P. DE; MENDONÇA, V. S. DE; AURELIANO, J. T. Histórico das florações de cianobactérias no estado de Pernambuco (1998-2005). In: REUNIÃO ANUAL DA REDE LUSO-BRASILEIRA DE ESTUDOS AMBIENTAIS. 10. 2006, Recife. Anais... Recife: UFPE/TU Berlin, 2006. MOLICA, R.J.R.; ONODERA, H; GARCÍA C.; RIVAS, M.; ANDRINOL, O. D.; NASCIMENTO, S. M.; MEGURO, H ; OSHIMA, Y.; AZEVEDO, S. M. F. O.; LAGOS, N. Toxins in the freshwater cyanobacterium Cylindrospermopsis raciborskii (Cyanophyceae) isolated from Tabocas reservoir in Caruaru, Brazil, including demonstration of a new saxitoxin analogue. Phycologia. v. 41, n. 6, 2002.
92
NASCIMENTO, S. M.; BOUVY, M.; MOLICA, R. J. R.; FERREIRA, A.; SILVA, L. H. S. da; HUSZAR, V.; AZEVEDO, S. M. F. de O. Toxic cyanobacterial bloms in the Tapacurá reservoir, Northest Brazil. In: INT CONF ON HARMFUL ALGAL BLOOM, 9., Tasmania, 2000. Anais… Tasmania, 2000. p.126. NEIFF, J. J., POI DE NEIFF, A. S. G., PATIÑO, C. A. E.; BASTERRA DE CHIOZZI, I. Prediction of colonization by macrophytes in the Yaciretá reservoir of the Paraná river (Argentina and Paraguay) Revista Brasileira de Biologia, v. 60, n.4, p. 615-626, 2000. PERAZZO, G. M.; KATO, M. T.; FLORENCIO, L. Perfil do saneamento ambiental em 29 municípios da área de Xingó. Petrolina, 2002. Relatório Técnico. PERNAMBUCO. Constituição do Estado de Pernambuco, promulgada em 05 de outubro de 1989. Disponível em:< http://www.tjpe.gov.br/downloads/downloads.shtml> Acesso em: 20 jun 2007. PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO. Relatório do Desenvolvimento Humano. 2002. Disponível em: <http:www.undp.org>. Acesso em: 13 set 2005. PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO. Relatório do Desenvolvimento Humano. 2000. Disponível em: <http:www.undp.org>. Acesso em: 13 de setembro de 2005. PRUSKY, F. F.; SILVA, D.D. da. Gestão de Recursos Hídricos: Aspectos Legais, Econômicos, Administrativos e Sociais. Brasilia: MMA\UFV\ABRH. 2000. 659p. RACZYNSKI, M.; ANGUITA, P. Proyecto de Reasentamiento de Itaparica: Evaluación de las obras financiadas por el BIRD. Recife, 1998. REIS, R, S; NOVO, M. L. M.; ESPÍNDOLA, E L G; SEVERI, W. Uso de imagens landsat e dados de campo para avaliar a distribuição espacial de material em suspensão em reservatórios do semi-árido brasileiro. In: SIMPOSIO BRASILEIRO DE SENSIORAMENTO REMOTO. 11, Belo Horizonte, 2003. Anais... Belo Horizonte, 2003. RYDING, S. O.; RAST, W. The control of eutrophication of lakes and reservoirs. Man and the Bioshere Series, United Nations Educational Scientific and Cultural Organization, Paris, France. 1989, 314 pp. SENA, M. M.; POPPI, R. J.; FRIGHETTO, R. T. S; VALARINI, P. J. Avaliação do uso de métodos quimiométricos em análise de solos. Química Nova. v. 23, n. 4, p. 547–556, jul./ago. 2000.
SILVA, M.; CANDEIAS, A. L. B.; VICTOR, U. F. da S.; CARVALHO, R. M. C. M. de O. Family Agriculture in Brazilian Semi-Arid. In: Reservoirs and River Basins Management: Exchange of Experience from Brazil, Portugal and Germany. Berlin: Technische Universität Berlin, 2007. SOBRAL, M. GUNKEL, G.; MONTENEGRO, S. G. L.; AURELIANO, J.; FERRAZ, A. C.; ALMEIDA, T. A. de Evaluation of the WaterMonitoring System for Tropical River Basins in
93
Northeast Brazil. In: INTERNAT. SPECIALISED CONF. WATERSHED & RIVER BASIN MANAGEMENT, 9., Edingurh. 2002. Anais... Edingurh:IWA, 2002. SOBRAL, M. C.; MONTENEGRO, S. G L; AURELIANO, J.; FERRAZ, A. C. Proposta para reestruturação do monitoramento da qualidade da água no estado de Pernambuco. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE RECURSOS HÍDRICOS, 15. 2003, Curitiba. Anais... Curitiba, 2003. SOBRAL, M. C.; GUNKEL, G.; ROHN, H.; AURELIANO, J. Avaliação do Monitoramento da Qualidade da água de rios intermitentes: o caso do rio Ipojuca, Pernambuco. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE RECURSOS HÍDRICOS, 16. 2005, João Pessoa, Anais... João Pessoa. SOBRAL, M. C.; CARVALHO, R. M.C.M. O. In: REUNIÃO ANUAL DA REDE LUSO-BRASILEIRA DE ESTUDOS AMBIENTAIS. 10. 2006, Recife. Anais... Recife: UFPE/TU Berlin, 2006. SOBRAL, M. C.; CARVALHO, R. M. C. M. de O.; SILVA, M. M. da ; MELO, G. L. de. Uso e ocupação do solo no entorno de reservatórios no semi-árido brasileiro como fator determinante da qualidade da água. In: CONGRESO INTERAMERICANO DE INGENIERÍA SANITARIA Y AMBIENTAL. 30. 2006, Punta del Leste, Anais… Punta del Leste: AIDIS, 2006. SOBRAL, M. C., CARVALHO, R. M. C. M. O, FIGUEIREDO, R. de C. B. Environmental risk management from multiple use of reservoirs. In: Reservoirs and River Basins Management: Exchange of Experience from Brazil, Portugal and Germany. Berlin: Technische Universität Berlin, 2007. SOUZA, M. P. Instrumentos de gestão ambiental: fundamentos e prática. São Carlos: Rani Costa: 2000. STRASKRABA, M.; TUNDISI, J.G. Diretrizes para o gerenciamento de lagos. Gerenciamento da qualidade da água de represas. Tradução: VANNUCCI, D. (Trad.). TUNDISI, J.G (Ed.) v. 9. ILEC. IIE. 2000. 258 p. TEIXEIRA, M.G.L.C.; COSTA, M.C.N.; CARVALHO, V.L.P.; PEREIRA, M.S.; HAGE, E. Gastroenteritis epidemic in the area of the Itaparica, Bahia, Brazil. Bulletin of PAHO, v. 27 n. 3. p. 244-253, 1993. TUNDISI, J. G. Planejamento e gerenciamento de lagos e reservatórios: uma abordagem integrada ao problema da eutrofização. United Nations Environment Programme: Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente/Instituto Nacional de Ecologia, São Carlos: 2001. TUNDISI, J. G. Água no século XXI: enfrentando a escassez. São Carlos: RiMa, 2003. 256 p. VELINI, E. D.; CORRÊA, M. R.; TANAKA, R. H.; BRAVIN, L. F. N.; ANTUNIASSI, U. R.; CARVALHO, F. T.; TRINDADE, M. L. B. Avaliação operacional do controle mecânico de plantas aquáticas imersas no reservatório de Jupiá. Planta Daninha, Viçosa/MG, v. 23, n. 2, p. 277-285, 2005.
94
VOLLENWEIDER, R. A. The scientific basis of lake and stream eutrophication with particular reference to phosphorus and nitrogen as eutrophication factors. Technical Report DAS/DSl/68.27, Organization for Economic Cooperation and Development, Paris, France. 1968.
95
APÊNDICE A – Gráficos das componentes principais
Valores durante o período seco Valores durante o período chuvoso
Gráfico da PC1 X PC2
Valores durante o período seco Valores durante o período chuvoso
Gráfico da PC1 X PC3
transparência condutividade e turbidez
tºC
. e
pH
ma
teri
al e
m s
usp
ensã
o
tra
nsp
arê
nci
a
condutividade e turbidez transparência
96
Valores durante o período seco Valores durante o período chuvoso
Gráfico da PC1 X PC4
transparência condutividade e turbidez
con
du
t. e
tu
rbid
ez
97
Estações de Captação Coliformes termotolerantes (NPM/ 100 mL) Bactérias do grupo coliforme (100 mL)
Belém de São Francisco >1,6 x 10³ Klebsiella sp, Escherichia coli
Barra de Tarrachil >1,6 x 10³ Klebsiella sp, Escherichia coli
JANEIRO DE 2004 Rodelas >1,6 x 10³ Klebsiella sp, Escherichia coli
Itacuruba 3 x 10³ Klebsiella sp, Escherichia coli
Floresta >1,6 x 10³ Klebsiella sp, Escherichia coli
Petrolândia >1,6 x 10³ E. coli, Enterobacter sp, Klebsiella sp
Estações de Captação Coliformes termotolerantes (NPM/ 100 mL) Bactérias do grupo coliforme (100 mL)
Belém de São Francisco 2,3 x 10³ Klebsiella sp, Escherichia coli
Barra de Tarrachil 2,3 x 10³ Escherichia coli
ABRIL DE 2004 Rodelas 3,0 x 10² Klebsiella sp, Escherichia coli
Itacuruba 5,0 x 10² Klebsiella sp, Escherichia coli
Floresta 3,0 x 10² Klebsiella sp
Petrolândia 8 E. coli, Citrobacter sp, Klebsiella sp
Estações de Captação Coliformes termotolerantes (NPM/ 100 mL) Bactérias do grupo coliforme (100 mL)
Belém de São Francisco 5,0 x 10² Enterobacter sp, Citrobacter sp, Escherichia coli
Barra de Tarrachil 5,0 x 10² Enterobacter sp, Escherichia coli
JULHO DE 2004 Rodelas 1,3 x 10² Citrobacter sp, Escherichia coli
Itacuruba 2,3 x 10² Klebsiella sp, Escherichia coli
Floresta 5,0 x 10² Klebsiella sp, Escherichia coli
Petrolândia 7 Enterobacter sp, Escherichia coli
Estações de Captação Coliformes termotolerantes (NPM/ 100 mL) Bactérias do grupo coliforme (100 mL)
Belém de São Francisco 2,3 x 10² Klebsiella sp, Escherichia coli
Barra de Tarrachil 3,0 x 10² Klebsiella sp, Escherichia coli
OUTUBRO DE 2004 Rodelas 4 Klebsiella sp, Escherichia coli
Itacuruba ausente Klebsiella sp
Floresta 8 Klebsiella sp, Citrobacter sp
Petrolândia 50 Enterobacter sp, Klebsiella sp
Estações de Captação Coliformes termotolerantes (NPM/ 100 mL) Bactérias do grupo coliforme (100 mL)
Belém de São Francisco 2,3 x 10³ Klebsiella sp
Barra de Tarrachil 1,3 x 10³ Citrobacter sp
JANEIRO DE 2005 Rodelas 2,3 x 10³ Klebsiella sp
Itacuruba 23 Klebsiella sp, Escherichia coli
Floresta 6,0 x 10² Klebsiella sp, Escherichia coli
Petrolândia 4 Klebsiella sp
Estações de Captação Coliformes termotolerantes (NPM/ 100 mL) Bactérias do grupo coliforme (100 mL)
Belém de São Francisco 3,0 x 10³ Klebsiella sp, Escherichia coli
Barra de Tarrachil 1,3 x 10³ Klebsiella sp
ABRIL DE 2005 Rodelas < 2 Klebsiella sp
Itacuruba < 2 Klebsiella sp, Citrobacter sp
Floresta < 2 Klebsiella sp
Petrolândia < 2 Klebsiella sp
Estações de Captação Coliformes termotolerantes (NPM/ 100 mL) Bactérias do grupo coliforme (100 mL)
Belém de São Francisco 5,0 x 10³ Klebsiella sp, Escherichia coli
Barra de Tarrachil 2,3 x 104
Klebsiella sp
JULHO DE 2005 Rodelas 8 Klebsiella sp, Citrobacter sp
Itacuruba 1,7 x 10³ Klebsiella sp
Floresta 30 Klebsiella sp, Escherichia coli
Petrolândia 27 Klebsiella sp, Escherichia coli
APÊNDICE B – Tabela de coliformes termotolerantes
Livros Grátis( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download: Baixar livros de AdministraçãoBaixar livros de AgronomiaBaixar livros de ArquiteturaBaixar livros de ArtesBaixar livros de AstronomiaBaixar livros de Biologia GeralBaixar livros de Ciência da ComputaçãoBaixar livros de Ciência da InformaçãoBaixar livros de Ciência PolíticaBaixar livros de Ciências da SaúdeBaixar livros de ComunicaçãoBaixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNEBaixar livros de Defesa civilBaixar livros de DireitoBaixar livros de Direitos humanosBaixar livros de EconomiaBaixar livros de Economia DomésticaBaixar livros de EducaçãoBaixar livros de Educação - TrânsitoBaixar livros de Educação FísicaBaixar livros de Engenharia AeroespacialBaixar livros de FarmáciaBaixar livros de FilosofiaBaixar livros de FísicaBaixar livros de GeociênciasBaixar livros de GeografiaBaixar livros de HistóriaBaixar livros de Línguas
Baixar livros de LiteraturaBaixar livros de Literatura de CordelBaixar livros de Literatura InfantilBaixar livros de MatemáticaBaixar livros de MedicinaBaixar livros de Medicina VeterináriaBaixar livros de Meio AmbienteBaixar livros de MeteorologiaBaixar Monografias e TCCBaixar livros MultidisciplinarBaixar livros de MúsicaBaixar livros de PsicologiaBaixar livros de QuímicaBaixar livros de Saúde ColetivaBaixar livros de Serviço SocialBaixar livros de SociologiaBaixar livros de TeologiaBaixar livros de TrabalhoBaixar livros de Turismo