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Esquemas-síntese
das cantigas
de escárnio e maldizer
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I. «Ai, dona fea, fostes-vos queixar»,
Joam Garcia Guilhade (p. 52)
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Cantiga de escárnio e maldizer: poema satírico.
Velha dama feia e louca Alvo
da crítica
Sarcasmo Ironia
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Queixas apresentadas pela «dona»: o trovador não a louvara nas cantigas
de amor que tinha produzido.
O trovador nunca a louvara porque
a «dona feia» não reúne os atributos
essenciais de uma «senhor»:
Ironia Mas
TROÇA
Expõe o ridículo
da situação
É feia — não é formosa
É velha — não é donzela
É louca — não possui «sén» (bom senso)
Mas
«nunca vos louv[o]
em meu cantar» (v. 2 )
Louvar: elogiar, enaltecer as qualidades,
expressar o seu amor
«e vedes como vos quero loar» (v. 5)
«e vedes qual será a loaçom» (v. 11)
«e direi-vos como vos loaei» (v. 17)
Solução!
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Jogo com o verbo «louvar»: consequência do lamento da dama.
Passado
«nunca vos eu loei»
Presente
«nunca louv[o]»
«quero já loar»
Futuro
«vos loarei»
«um bom cantar farei»
«vos loarei»
• «fostes-vos queixar» (v. 1)
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Crítica:
Paródia às regras do amor cortês:
• explícita — ser feia, velha e sandia;
• implícita — ser presunçosa.
Censura à dama • Elogio à dama
Exposição concreta dos defeitos da dama • Caracterização abstrata das qualidades da dama
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II. «Foi um dia Lopo jograr», Martim Soares
(p. 55)
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«e fui-lh’escass’» (v. 5)
«escasso foi o infançom /
em seus couces a partir
em dom» (vv. 7-8)
Título antigo da baixa nobreza,
designando um fidalgo de
linhagem
Artista de origem popular
que divertia o público nas casas
senhoriais (cantando e tocando)
Cantiga de escárnio e maldizer: narra um episódio ridículo e explicita
claramente a quem se refere.
Infanção
Personagens
O jogral Lopo
O nobre
Ação
Lopo foi atuar a casa do nobre
Deveria receber um pagamento
Remuneração: três coices na garganta
Jogral
Ter cantado
muito mal
Motivo do castigo
Perspetiva do eu
Castigo injusto porque
insuficiente — deveria ser pior Ironia
«Partir em dom» = trocadilho
Dar uma retribuição
Partir (a garganta)
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Crítica social: aos «jograrom» sem talento que continuam a exercer a atividade
a troco de dinheiro.
Retrato do ambiente social:
• A organização da sociedade medieval em classes, bem estratificadas;
• A organização de saraus com a participação de diferentes artistas, pagos pelo seu trabalho.
Características formais: cantiga de refrão; jogos de palavras
• Jogos de palavras:
— escasso (v. 5) = pouco / escasso (v. 7) = avarento
— dar dom (v. 3) = pagar / partir em dom (v. 8) = distribuir
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III. «Roi Queimado morreu com amor»,
Pero Garcia Burgalês (p. 56)
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Cantiga de escárnio e maldizer: satirizar o amor cortês.
• Critica um tópico convencional da lírica trovadoresca — a morte de amor.
• Explicita claramente a quem se refere (sátira aberta).
Motivo
Utiliza a convenção poética do amor cortês — a morte
de amor — de forma excessiva nas suas produções «morreu com amor / em seus cantares»
uma dona não o amava
Ressuscitou ao terceiro dia
Deus concedeu ao poeta o poder de ressuscitar
O poeta já não tem pavor de morrer
Ironia
Semelhança com Cristo Mas
Paródia do fingimento amoroso
Desejo irónico do sujeito
lírico: ter a mesma
capacidade que Deus
concedeu ao trovador Roi
Queimado — morrer de amor
para renascer e, assim,
perder o medo da morte.
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Características formais:
Sem refrão Cantiga de mestria
Conclusão de uma cantiga nos três versos finais separados da copla Presença de finda