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Érico Verissimo Vida e obra
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A vida do autor
Erico Lopes Verissimo nasceu em Cruz Alta (RS) no dia 17 de dezembro de 1905, filho de Sebastião Verissimo da Fonseca e Abegahy Lopes Verissimo.
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Aos 13 anos, Érico já lia autores nacionais como Aluísio Azevedo e Joaquim Manoel de Macedo; e autores estrangeiros como Walter Scott, Émile Zola e Dostoievski. Em 1920 foi estudar em Porto Alegre, no Colégio Cruzeiro do Sul, de orientação protestante.
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Seus pais separam-se em 1922 e sua mãe, o irmão e a irmã foram morar na casa da avó materna. Para ajudar no orçamento, Érico tornou-se balconista no armazém do tio, até que conseguiu uma vaga no Banco Nacional do Comércio. Nessa época começou a escrever seus primeiros textos.
Érico com 15 anos
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Sua mãe decidiu que a família mudaria para Porto Alegre, a fim de que seu irmão, Ênio, fizesse o ginásio no mesmo colégio onde Érico havia estudado. Na capital, Érico, transferido para a matriz do Banco do Comércio, teve problemas de saúde e perdeu o emprego. Recuperado, empregou-se numa seguradora, mas não se adaptou aos superiores.
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Diante das dificuldades, a família retornou a Cruz Alta. Érico voltou a trabalhar no Banco do Comércio em 1925, mas acabou aceitando a proposta de Lotário Muller, amigo de seu pai, para tornar-se sócio da "Pharmacia Central". Em 1927, além das obrigações da farmácia, dava aulas de literatura e inglês.
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Em 1929 Érico publicou "Chico: um conto de Natal", no"Cruz Alta em Revista" e os contos "Ladrão de gado" e "A tragédia dum homem gordo", na "Revista do Globo". O conto "A lâmpada mágica" foi publicado no "Correio do Povo"
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Com a falência da farmácia em 1930, o autor mudou-se para Porto Alegre. Passou a conviver com escritores renomados, como Mario Quintana, Augusto Meyer, Guilhermino César e foi contratado para o cargo de secretário de redação da "Revista do Globo".
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Em 1931 casa-se, em Cruz Alta, com Mafalda Halfen Volpe.
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Em 1933, seu primeiro romance, "Clarissa" foi lançado e fez sucesso. Teve tiragem de 7.000 exemplares.
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Em 1936, publica seu primeiro livro infantil, “As aventuras do avião vermelho”. Neste ano também elabora o programa de auditório para crianças, “Clube dos três porquinhos”, na Rádio Farroupilha, no Rio Grande do Sul. Dessa idéia surge a “Coleção Nanquinote”, com os livros “Os três porquinhos pobres”, “Rosa Maria no castelo encantado” e “Meu ABC”.
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Nesse ano, nasce seu segundo filho, Luis Fernando, que, mais tarde, seguiria seus passos na Literatura.
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Em 1941 faz uma viagem de três meses aos Estados Unidos a convite do Departamento de Estado norte-americano. A estada resulta na obra “Gato preto em campo de neve”, primeira de uma série de livros de viagens.
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Em 1943, ele se mudou com a família para os Estados Unidos novamente a convite do Departamento de Estado, desta vez para uma estada de dois anos, durante os quais ministrou aulas de Literatura Brasileira na Universidade da Califórnia em Berkeley. Érico também aceitara o convite de trabalhar nos Estados Unidos porque discordava das políticas da ditadura de Getúlio Vargas.
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Em 1947 Érico começa a escrever a trilogia “O Tempo e o Vento”, cuja publicação só termina em 1962.
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Érico tornou-se um dos raros escritores a viver somente da literatura que produzia. Morreu, de enfarto, em 1975.
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A Obra
Nas primeiras narrativas de Veríssimo, entre 1930 e 1955, podemos identificar sua preocupação com a crise moral e espiritual que o homem e a sociedade da época viviam.
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A segunda fase de sua produção literária busca investigar a relação entre o presente degradado por crises e revoluções e o passado histórico marcado pelo heroísmo do povo gaúcho na defesa de seu território.
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Assim como outros autores da segunda fase do Modernismo, Erico Verissimo se preocupou com os problemas sociais de sua região natal, o Rio Grande do Sul. Desta forma, é possível enxergar na trilogia de O tempo e o vento, composta por O continente (1949), O retrato (1951) e O arquipélago (1961), retratos de uma região rica, bem diferente do Nordeste árido.
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A maior diferença da obra está na ocupação do território. Até a última parte da trilogia, o estado do Rio Grande do Sul ainda não estava totalmente povoado. Assim, a obra de Erico Veríssimo retrata a formação da sociedade gaúcha. Em geral, o autor procura ressaltar a importância do elemento humano como parte da formação de um povo.
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Costuma-se dividir a obra de Érico Veríssimo em três grupos: Romance urbano, romance histórico e romance político.
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Romance urbano: Clarissa; Caminhos cruzados; Um lugar ao sol; Olhai os lírios do campo; Saga e o Resto é silêncio.
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As obras desta fase registram a vida da pequena burguesia porto-alegrense, com uma visão otimista, às vezes lírica, às vezes crítica, e com uma linguagem tradicional, sem maiores inovações estilísticas.
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Romance histórico: O tempo e o vento.
A trilogia de Érico Veríssimo procura abrange a história do Rio Grande do Sul, de 1745 a 1945. O primeiro volume (O continente) é considerado o ponto mais alto de sua obra.
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Romance político: O senhor embaixador; O prisioneiro e Incidente em Antares.
Escrito durante o período da ditadura militar, iniciada em 1964, denunciam os males do autoritarismo e as violações dos direitos humanos. Desta série destaca-se Incidente em Antares.
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O Tempo e o Vento Se uma das características da epopéia é narrar a
história de um povo, a obra O Tempo e o Vento, escrita por Erico Verissimo, certamente possui esse traço épico. Ela foi publicada em três romances: O Continente, O Retrato e O Arquipélago – os dois primeiros possuem dois volumes, enquanto o terceiro foi dividido em três.
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A trilogia narra o processo de formação do estado do Rio Grande do Sul, misturando ao elemento ficcional, preponderante em toda a obra, dados e personalidades históricos. Os romances acabam por recriar 200 anos da história gaúcha, de 1745 a 1945, tempos marcados pelo poder das oligarquias, por guerras internas e guerras de fronteira.
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Personagens Ana Terra: Ana é filha de Henriqueta e
Maneco Terra, pioneiro dono de uma estância no ermo dos pampas gaúchos. Eram moradores da cidade paulista de Sorocaba, que migraram para o Rio Grande - chamado de "Continente" - quando os estancieiros foram conquistando as terras aos índios e espanhois.
Sempre que me acontece alguma coisa importante, está ventando.
—Ana Terra
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Capitão Rodrigo Cambará - Rodrigo Cambará representa o "herói dos pampas", mas com traços mais humanos e diverso da idealização romântica: não a figura idílica do gaúcho, mas uma "pessoa de carne e osso", com seus humores e fraquezas.
Buenas e me espalho! Nos pequenos dou de prancha e nos grandes dou de talho!
—Capitão Rodrigo Cambará
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Curiosidades
Após a morte de Erico, Carlos Drummond de Andrade publicou um poema nomeado “A Falta” em sua homenagem.
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A falta de Erico VerissimoFalta alguma coisa no Brasildepois da noite de sexta-feira.
Falta aquele homem no escritórioa tirar da máquina elétrica
o destino dos seres,a explicação antiga da terra.
Falta uma tristeza de menino bomcaminhando entre adultosna esperança da justiçaque tarda - como tarda!
a clarear o mundo.
Falta um boné, aquele jeito manso,aquela ternura contida, óleoa derramar-se lentamente.
Falta o casal passeando no trigal.Falta um solo de clarineta.
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O ambiente que Érico Veríssimo usava para escrever era esse: uma sala escura e praticamente vazia, onde havia apenas uma velha máquina de escrever numa escrivaninha quase vazia, um cabide para pendurar chapéu, bengala e guarda-chuva e uma escarradeira.
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Tibicuera, herói de um de seus livros infantis, é o apelido pelo qual sua mãe o chamava.
Quando tinha 4 anos, quase morreu ao pegar uma meningite, que se agravou com uma broncopneumonia.
Considerava a si mesmo o "melhor escritor da rua Filipe de Oliveira" da cidade de Porto Alegre, onde morava no número 1415. O escritor morou no mesmo endereço por 35 anos.
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O escritor era avesso à homenagens e tributos - tanto em vida quanto em morte. "Falando com franqueza, eu não quero ser estátua. Só os passarinhos é que sabem tratar os monumentos com naturalidade" .
Erico gostava de elaborar roteiros detalhados da vida de cada um de seus personagens antes de começar a escrever.
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“Em geral quando termino um livro encontro-me numa confusão de
sentimentos, um misto de alegria, alívio e vaga tristeza. Relendo a obra
mais tarde, quase sempre penso ‘Não era bem isto o que queria dizer’.”