ENFERMIDADES VIRAIS DE CÃES E GATOS
HEPATITE INFECCIOSA CANINA (HIC)
Identificada como doença vírica de cães em 1947;
Causa da encefalite da raposa; Na maioria das vezes, o vírus causa
infecções inaparentes; Ocasionalmente produzem moléstia fatal
aguda que se assemelha a cinomose e parvovirose caninas;
Possui distribuição mundial/cães jovens.
HICETIOLOGIA
- Família Adenoviridae: adenovírus canino tipo 1 (CAV-1);
- Vírus DNA sem envelope;
- Moderadamente resistente e sobrevive no ambiente por dias a meses, dependente de temperatura e umidade;
- Perda de infectividade a 56°C e por compostos de amônio quaternário em 10 min.
HICFORMA DE INFECÇÃO
- Via oronasal;
- Infecção das tonsilas e linfonodos regionais viremia infecção de células hepáticas e reticuloendoteliais dos sistemas;
- Durante o estágio agudo está presente em todos as secreções e líquidos do organismo;
- Contamina o ambiente através de sua eliminação nas fezes e urina.
HICSINAIS CLÍNICOS (3-5 dias de duração)
- Período de incubação: 4-7 dias;
- Febre (39,5-41,0°C);
- Depressão/anorexia;
- Sensibilidade abdominal;
- Relutância em movimentar-se;
- Tonsilite/faringite/linfadenopatia;
- Casos graves: diátese hemorrágica, tosse (bronquite/bronquiolite) e pneumonia;
HIC
- Diarréia sanguinolenta;
- Presença ou não de vômito;
- Episódios neurológicos (lesão vascular);
- Distensão abdominal (ascite);
- Hepatomegalia.
HICDIAGNÓSTICO
- História (animais jovens);- Hemograma
# Neutropenia/linfopenia (no início)
# Trombocitopenia (casos graves)
- Bioquímica
# Elevação dos valores da ALT
- Cultura viral (swab da orofaringe)
- Necrópsia (hipertrofia, hemorragia, etc.)
HIC
TRATAMENTO/PREVENÇÃO
- Tratamento sintomático
# Antibióticos/soroterapia
- Recuperação sem tratamento
- Prevenção
# Vacinação aos 45, 75 e 105 dias após nascimento e reforço anual.
CORONAVIROSE CANINA PARVOVIROSE CANINA
CORONAVIROSE CANINA
Isolado pela primeira vez em 1971 e depois em 1978 em cães adultos com diarréia;
ETIOLOGIA
- Coronavírus canino (Coronaviridae);
- Vírus RNA envelopado;
- Frágil: inativado pela maioria dos desinfetantes comerciais.
CORONAVIROSE CANINA EPIZOOTIOLOGIA
- Altamente contagioso;
- Eliminado nas fezes de cães infectados durante 2 semanas ou mais;
- Ingestão do vírus é a principal via infecciosa;
- Afeta cães jovens;
- Pode ser porta de entrada para parvovirose;
- Replica-se nas céls. Epiteliais do terço médio das vilosidades.
CORONAVIROSE CANINASINAIS CLÍNICOS
- Geralmente produz infecções inaparentes ou que resultam sinais brandos e autolimitantes;
- Período de incubação de 24-48 horas;
- Diarréia com ou sem vômito;
- Diarréia fétida e pode variar de mole cor alaranjada a mucosanguinolenta;
- Febre variável;
- Fezes normalizadas em 7-10 dias.
CORONAVIROSE CANINA
DIAGNÓSTICO
- Sinais clínicos (são variáveis);
- Ausência de leucopenia;
- Cuidado: o vírus pode ser encontrado nas fezes de cães clinicamente sadios e pode estar em infecções concomitantes com outros agentes.
CORONAVIROSE CANINA
TRATAMENTO
- Tratamento sintomático
# Sulfa-trimetoprin (15-30 mg/kg)
# Enrofloxacin (5 mg/kg)
# Cefalosporinas
- Fluidoterapia (se necessário)
- Vacinação com vacina polivalentes a partir dos 45 dias.
PARVOVIROSE CANINA Identificado pela primeira vez em 1978
associado a gastroenterite hemorrágica;ETIOLOGIA
- Parvovírus canino tipo 2 (Parvoviridae);
- Vírus DNA sem envelope;
- Um dos vírus mais resistentes;
- Pode sobreviver no ambiente durante meses até anos (3-5 anos);
- O hipoclorito de Na é o único desinfetante eficiente.
PARVOVIROSE CANINAEPIZOOTIOLOGIA
- Ingestão ou inalação são as formas de infecção/período de incubação de 4-7 dias;
- Multiplicação nas céls. Em fase de mitose;
Vírus nas tonsilas, linfonodos e tecido linfóide intestinal (multipl. 1ária) viremia infec. das céls. das criptas intestinais (multipl. 2ária)
- Morbidade de 20%/mortalidade de 5%;
- Raças mais sensíveis: Rottweiler e Doberman;
- Parasitas e coronavírus podem estar associados
PARVOVIROSE CANINASINAIS CLÍNICOS
- Pode produzir infecções inaparentes;
- Vômito e diarréia;
- Letargia e depressão/anorexia;
- Febre variável;
- No hemograma produz leucopenia por linfopenia;
- Recuperação em 3-5 dias;
- Morte súbita (moléstia fatal aguda por miocardite)/sinais de CID.
PARVOVIROSE CANINA
PARVOVIROSE CANINADIAGNÓSTICO
- História (idade, raça, presença da doença no ambiente, vacinação);
- Atinge cães de até 8-10 meses;
- Sinais clínicos (diarréia sanguinolenta);
- Hemograma
# leucopenia por linfopenia
- Testes ELISA (Kits comerciais)
# Detectam o vírus ou Ac nas fezes
PARVOVIROSE CANINA
PARVOVIROSE CANINATRATAMENTO E PREVENÇÃO
- Fluidoterapia;
- Antibioticoterapia
# Gentamicina + Penicilina G
# Sulfa-trimetoprin (sem vômito)
# Cefalosporinas
- Antieméticos (metoclopramida/bromoprida)
- Aquecimento
- Vacinação a partir dos 45 dias de idade.
PARVOVIROSE CANINA
CINOMOSE
Moléstia altamente contagiosa de cães e outros carnívoros;
Distribuição mundial;Incidência maior em cães de 3 a 6 meses
(desapareceu a imunidade transmitida pela mãe);
Morbidade de 25 a 50%;Mortalidade chega a 90%.
CINOMOSE
ETIOLOGIA
- Morbillivirus (Paramyxoviridae);
- Vírus RNA envelopado;
- São frágeis: infectividade destruída pelo calor, dessecamento, detergentes, solventes de lipídios e desinfetantes;
- Sobrevivem meses durante o inverno
CINOMOSEEPIZOOTIOLOGIA
- Transmitido principalmente por aerossóis e gotículas infectantes provenientes de secreções do organismo de animais infectados;
- A gravidade da infecção depende da cepa;
- Provoca imunossupressão devido a multiplicação no tecido linfóide durante o PI;
- Período de incubação: 14-18 dias.
CINOMOSESINAIS CLÍNICOS
- Febre e leucopenia entre o 4° e 7° dia sem demonstração de sinais;
- Forma cutânea
# Pústulas abdominais e axilares
# Hiperceratose dos coxins plantares
- Forma respiratória
# Tosse/rinite/corrimento nasal
# Pneumonia (Bordetella bronchiseptica)
# Conjuntivite bilateral mucopurulenta
CINOMOSE
CINOMOSE- Forma digestiva
# Anorexia/perda de peso/desidratação
# Gastroenterite (vômito/diarréia)
- Forma nervosa
# Mioclonias/ataxia
# Incoordenação/andar em círculos
# Hiperestesia/rigidez muscular
# Vocalização/cegueira
CINOMOSE- Encefalite multifocal: atinge cães de 4-8 anos. Incoordenação, debilidade dos membros pélvicos, reflexo de ameaça deficiente, nistagmo, paralisia facial, tremores da cabeça e mioclonia.
- Encefalite dos cães idosos: cães com mais de 6 anos. Deficiência visual, reflexo de ameaça deficiente, depressão, andar em círculos, mudança de personalidade (cão não reconhece o dono).
CINOMOSEDIAGNÓSTICO
- História (vacinação) e sinais clínicos;
- Exame oftalmoscópico
# coriorretinite/atrofia de retina
- Hipoplasia de esmalte dentário
- Hemograma (linfopenia)/corpúsc. de Lentz
- Swab conjuntival (Detecta o Ag)
# limpeza ocular antes de coletar
CINOMOSE
CINOMOSE
TRATAMENTO
- Antibióticos de amplo espectro
- Fluidoterapia (Ringer lactato)
- Vitaminas do complexo B (desmielinização do SNC)
- Não utilizar corticóide
- Prevenção com vacinação a partir dos 45 dias de idade e reforço anual por toda a vida
COMPLEXO RESPIRATÓRIO FELINO
RINOTRAQUEÍTE VIRAL FELINA
CALICIVIROSE FELINA
RINOTRAQUEÍTE VIRALConhecida com infecção pelo herpesvírus
felino;É infecção viral aguda do trato respiratório
superior e conjuntiva de gatos domésticos e exóticos;
É a mais grave e importante moléstia infecciosa respiratória dos felinos;
Muito contagiosa, apresentando elevada morbidade e baixa a moderada mortalidade.
RINOTRAQUEÍTE VIRALETIOLOGIA
- Hepesvírus felino (FHV-1), família Herpesviridae;
- Vírus DNA com envelope/frágil
- Sensível aos desinfetantes, ácidos, álcoois, alvejantes domésticos, calor e solventes lipídicos;
- Inativado em 18-24 hs. em temperat. amb.;
- Produz inclusões intranucleares
RINOTRAQUEÍTE VIRALEPIZOOTIOLOGIA
- Distribuição mundial e chega a 100% a morbidade em animais não vacinados;
- Mortalidade baixa (30%);
- A maior parte dos animais tem entre 5 e 8 semanas de idade/sem predileção por sexo;
- Afeta todos os felídeos, principalmente que vivem em grandes populações;
- Transmissão via aerossóis e direta (gato para gato);
RINOTRAQUEÍTE VIRAL
- Transmissão vertical;
- Na fase aguda o vírus é eliminado pelas fezes, urina, corrimento nasal, oral e ocular;
- Animais eliminam o vírus 7-21 dias após;
- Gatas que amamentam iniciam a expulsão viral 4-6 semanas após o parto;
- Período de incubação: 3-5 dias.
RINOTRAQUEÍTE VIRALSINAIS CLÍNICOS
- Ataque de espirros;
- Rinite/corrimento ocular/conjuntivite;
- Febre/anorexia/depressão;
- Fotofobia/quemose;
- Obstrução nasal (respira pela boca);
- Estertores pulmonares;
- Ulceração oral pode ocorrer (salivação);
- Ceratite ulcerativa;
RINOTRAQUEÍTE VIRAL
- Aborto (gatas prenhes não vacinadas);
- Fetos podem nascer com a infecção e morrem em 2-3 semanas;
- Sinusite;
- Ceratoconjuntivite seca.
RINOTRAQUEÍTE VIRALDIAGNÓSTICO
- História (gatos de 5-8 sem.) e sinais clínicos;
- Laboratorial
# Isolamento viral (esfregaço nasal, da faringe ou conjuntiva) e imuofluorescência direta (raspado nasal)
- Diferenciar de calicivirose (apresenta estomatite ulcerativa, infecção respiratória é mais branda e clamidiose (mais branda e mais crônica).
RINOTRAQUEÍTE VIRALTRATAMENTO
- Terapia de apoio e cuidados auxiliares:
# Limpeza nasal, oral e ocular
# Descongestionantes nasais
@ Cloreto de benzalcônio (Rinosoro®, Sorine infantil®)
# Nebulização
# Antibióticos (se necessário)
@ Cefalosporina/amoxacilina
RINOTRAQUEÍTE VIRALPREVENÇÃO
- Vacinação a partir de 8 semanas de idade e reforço anual.
# Eclipse-4®/Fel-O-Vax Lv-K® (Fort Dodge)
# Felocell CRV® (Pfizer)/Feligen cr/p vivant® (Virbac)
- Desinfecção rotineira do ambiente contaminado.
CALICIVIROSE FELINAÉ uma moléstia viral aguda e altamente
contagiosa dos gatos caracterizada por afecção do trato respiratório superior, pneumonia, estomatite ulcerativa e, ocasionalmente, enterite ou artrite.
ETIOLOGIA
- Calicivírus felino (Caliciviridae);
- Vírus RNA sem envelope (resistente)
- Resistentes a solventes, desinfetantes e em objetos contaminados no ambiente.
CALICIVIROSE FELINAEPIZOOTIOLOGIA
- Comum em gatos não vacinados;
- Alta morbidade e baixa mortalidade;
- Afeta mais gatos de 2 a 6 meses de idade;
- Transmissão por contato direto com gatos com a infecção ou portadores;
- O vírus é eliminado nas secreções nasais e orais, e fezes; bebedouros e comedouros, pés e roupas humanas também são vias de transmissão;
CALICIVIROSE FELINA
- Período de incubação: 24-72 horas (varia com a dose e virulência do agente);
- Curso é de 5-7 dias;
- Infecta a orofaringe, tecidos epiteliais do trato respiratório superior e conjuntiva;
- Pode, por viremia, atingir os pulmões provocando necrose dos pneumócitos alveolares.
CALICIVIROSE FELINASINAIS CLÍNICOS
- Variam com a cepa viral, idade do gato e qualquer infecção coexistente;
- Moléstias: infecção do trato respiratório superior, pneumonia, estomatite ulcerativa, enterite, artrite aguda e estomatite crônica;
- Febre intermitente (1-2 dias);
- Corrimento nasal seroso/mucopurulento;
- Hiperemia conjuntival;
- Úlceras no palato duro, língua, ângulo das
CALICIVIROSE FELINA
mandíbulas e ponta do focinho;
- Salivação intensa;
- Claudicação (artrite aguda);
- Tumefação e dor das articulações distais;
- Relutância em movimentar-se;
- Anorexia/depressão;
CALICIVIROSE FELINADIAGNÓSTICO
- História (animais jovens) e sinais clínicos (ulceração na língua);
- Pode provocar linfopenia temporária, porém geralmente a leucometria está normal;
- Isolamento viral: swabs da orofaringe ou do pulmão (necropsia);
- Sorologia: amostras pareadas com intervalo mínimo de 2 semanas.
CALICIVIROSE FELINATRATAMENTO
- Maior parte dos casos são autolimitantes;
- Antibióticos de amplo espectro (Penicilina G + Gentamicina, enrofloxacina, ...);
- Limpeza diária dos olhos e focinho;
- Fluidoterapia (+ ose);
- Prevenção com vacinas parenterais ou intranasais iniciando na 4°-6° semana.
- Desinfecção com água sanitária.
PERITONITE INFECCIOSA FELINA
PIFETIOLOGIA
- Coronavírus felino (Coronaviridae);
- Vírus RNA com envelope;
- Vírus da peritonite infecciosa felina (PIF) e coronavírus entérico felino (FECV);
- Difícil fazer diferenciação antigênica;
Infecção (replicação) oronasal (faringe, intestino) viremia (via monócitos) replicação nas células-alvo intestino ou mácrofagos dos órgãos reticuloendoteliais.
PIFSINAIS CLÍNICOS
- Incidência em gatos de 6-24 meses;
- Raças: Siamesa, Burmesa e Persa;
- Anorexia;
- Perda de peso;
- Desatenção;
- Desidratação;
- Formas efusiva e não efusiva.
PIFFORMA EFUSIVA
- permeabilidade vascular acúmulo de líquido rico em proteínas nos espaços peritoneal e pleural;
- Sons pulmonares e cardíacos abafados;
- Sinais de hepatopatia (icterícia, ascite);
- Febre flutuante;
- Sinais de moléstia do SNC;
- Afecções oculares (uveíte, coriorretinite).
PIF-CORIORRETINITE
PIF
FORMA NÃO EFUSIVA
- Sinais mais discretos;
- Febre persistente;
- Locais mais atingidos: linfonodos mesentéricos, rins, úvea e meninges.
PIFDIAGNÓSTICO
- Sinais clínicos;
- Abdominocentese/toracocentese
# Coloração amarelo-palha
# Viscoso/filamentos de fibrina
# Traços de sangue
# proteína/ leucócitos
- Sorologia (não diferencia FIPV e FECV);
- Necropsia (histopatológico).
PIF
PIF
TRATAMENTO
- Não existe cura;
- Aspiração dos fluídos de derrame;
- Corticóides
# Prednisolona (2-4 mg/kg/dia)
- Antibióticos de amplo espectro
- Fluidoterapia.
PIF
PREVENÇÃO
- Transmissão via ingestão ou inalação;
- Vírus nas fezes e secreções oronasais;
- Eliminação viral entre 14 e 15 dias após a infecção;
- Vacinação -Primucell FIP®(SmithKline)
# administração via intranasal