Em realidade, o homem vive numa eterna busca da verdade. Luta incansavelmente, tentando descobrir a
razão das coisas e o porquê de estar no mundo vivendo e se sentindo vivo.
O grande físico alemão Schopenhauer defendia que a capacidade humana de avaliar a realidade é maior
quando ultrapassa os limites do racional. Dentro desta filosofia, Schopenhauer tumultuou na época as seitas
religiosas, quando definiu a vida como “um penoso intervalo entre a não-existência”. Entretanto, mesmo sendo a vida uma pequena fração de segundo face à eternidade, um fato realmente surpreendente é que
cada ser vivo tem, ao seu modo, asua sensação de vida ou o seu “Eu”. O homem, os
demais animais irracionais, as plantas e creio, até os minerais têm o seu “Eu”. Dentro dessa linha de
pensamento, se tudo tem o seu “Eu”, poderíamos atéconsiderar que...
O “Eu” do universo é Deus
by Verinh@
A natureza dotou as aves com o dom de voar, proporcionando a
maravilhosa condição de se lançarem ao espaço e
atingirem, gloriosamente, o sensacional prazer de
sentirem a liberdade na sua mais profunda plenitude.
O homem tenta, por todas as formas, se lançar ao espaço,fingindo ter as delicadas asas
que os pássaros singelamente mantêm em
seus formosos corpos emplumados.
Criou as maisesdrúxulas formas de
artefatos voadores, que em comparaçãocom a perfeição
biológica, física ou aerodinâmica de um
simplespardal, poderiam
grosseiramente ser comparadas a “tijolos
voadores”.Que maravilha esse
portentoso dom, que faz das aves destemidos
exploradores da natureza.
A perfeição da natureza, quando observada maisdetalhadamente, chega,
entretanto, a surpreender os mais talentosos biólogos.
Se observarmos o que ocorre desde o acasalamento de
pássaros, até que os filhotes alcem vôo, rumo a suas
breves e fantásticas existências, jamais poderemos entender como o homem, com
sua pretensa sapiência, só consegue criar seus filhos com apoio de uma fila de
colaboradores (mãe, avó, tios, netos, irmãos, parentes,
amigos, professores, médicos, pediatras, clínicos gerais etc,
etc.).
Vejam que plêiade de dedicados conselheiros são convocados pelos
casais de humanos, paraque consigam criar seus filhos com relativa saúde e proteção. Um casal de pássaros, sozinho, sem
nenhum apoio ouparticipação, inicia sua multiplicação, fazendo raminho por raminho,
folhinha por folhinha, um majestoso e resistente
ninho na forquilha de uma árvore, ou num canto de
telhado.
Pronto o ninho, o pássaro, digamos, uma canária, bota
de 3 a 5 ovos, sendo o último geralmente de um cinza mais
escuro. Passaentão a canária a chocar os
ovos, ficando o macho quieto ao lado, observando a
fêmea.Cada vez que essa sai do ninho para comer, beber água ou descansar um
pouco, o macho, com todo o seu vigor, postura
masculina e porte viril, imediatamente deita no
ninho, colocando-se exatamente como a fêmea.
Esta atitude, aparentementebanal, se analisarmos mais cuidadosamente, encerra
uma filosofia com uma profundidade imensurável.
Que força, que conhecimento, que natureza
é esta que fazcom que um ser,
aparentemente ignorante, proceda como se soubessetodos os segredos que nós homens só descobrimos às
custasde muito esforço, sacrifícios
e contínuo aprendizado?
Muito bem, a coisa não fica por aí: Oito a nove dias
após o início do choco, a fêmea sai do ninho e se
molha, como normalmente os pássaros costumam
fazer quando tomam banho em dias de sol. Depois de
molhada, volta a deitar sobre os ovos. Repete esta rotina por mais um ou dois
dias. Agora pasmem...Exatamente oito a nove
dias após o início do choco dentro do ovo, o filhote praticamente consumiu
todo o líquido, fazendo que, com isto, se inicie uma
pressão negativa.
Aocontinuar este processo,
sem que houvesse equilíbrio de líquidosdentro do ovo, este
fatalmente se partiria, fazendo com que o filhote
morresse.Quando a fêmea,
entretanto, molha os ovos, o equilíbrio
de líquidos se faz, impedindo o ovo de se
romper. O filhotinho então, o nosso pequeno herói,
após treze diasde choco, nasce sozinho.
E como é que isto acontece?
Existeno ovo uma câmara de ar, uma “meia-lua” cheia de
ar, no ladomais largo do ovo. Já nos
últimos dias de crescimento, fica
respirando com o bico dentro dessa câmara de ar. Quando o ar acaba,
este então fura a casca do ovo e a quebra com o bico,exatamente em forma de
uma tampinha ao redor da câmara de ar. Vira-se então dentro do ovo e,
com os pezinhos, “chuta”a tampinha e sai.
Acaba assim de nascer uma nova vida.
Simples, não? Tudo isso sozinho, no escuro dentro
de um ovo,sem nenhuma noção de
posicionamento.Poderia abrir o ovo
pinicando em qualquer lugar e inclusive
ficando preso dentro, porém isto não acontece.
E por quê?Por quê? Porque existe
uma razão sábia.
A mesma razão queimpulsiona todas as coisas
rumo a uma evolução.Tudo na natureza funciona
em sincronia com o universo e
tudo tem o seu “Eu”.Parece até que
poderíamos dizer que o “Eu do universo é
Deus”.
Texto: Sady Ricardo dos Santos
Formatação: Vera Lúcia de Siqueira
Música:Petite Tristesse - André Gagnon