Diagnóstico Prévio da degradação ambiental na área do lixão de
Diamantino - MT
Figura 01 – localização do município de Diamantino - MT
Diagnóstico ambiental da área do lixão
A identificação e análise dos fatores ambientais na área foram realizadas a partir de
pesquisa de campo, onde realizamos a descrição da condição ambiental atual dos
fatores ambientais para os meios: físico ou abiótico, biótico e antrópico.
Identificação dos impactos ambientais na área de estudo
A identificação dos impactos ambientais foi realizada a partir do levantamento das
principais atividades realizadas na área e do diagnóstico ambiental.
Os métodos utilizados para identificar os impactos ambientais nesse relatório
Prévio foram: Ad Hoc (Método espontâneo) e Check Lists (listagem de controle), na
modalidade descritiva.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Caracterização da área de estudo
Relevo: Planalto do Parecis, Baixada Paraguai, calha do Rio Paraguai.
Geologia e solo: Coberturas não dobradas do Fenerozóico. Bacia Mesozoica
dos Parecis e Bacia Quaternária do Xingu
Vegetação: Amazônia Legal: Cerrado, Campo Cerrado, Matas.
Clima: Tropical sub-úmido com 5 meses de seca, de maio a setembro.
Precipitação anual: 1.750 mm, com intensidade máxima em janeiro, fevereiro e
março.
Temperatura Média: 24°C Maior Máxima: 38°C - Menor Máxima:0°C
Bacia Hidrográfica: Grandes Bacias do Prata e Amazonas
Georreferenciamento da área e Mapa de localização da área do
lixão
Serão anexados ao Relatório os mapas da área.
Imagens aéreas do lixão de Diamantino - MT
Fig 1 - Imagens feitas pelo Drone - Acervo fotográfico ADETEC-2016
Fig 2 - Imagens feitas pelo Drone - Acervo fotográfico ADETEC -2016
Fig 3 -Imagens feitas pelo Drone- Acervo fotográfico ADETEC -2016
Fig 4 -Imagens feitas pelo Drone- Acervo fotográfico ADETEC - 2016
Os resíduos depositados de forma inadequada sobre o solo, mas possuem resíduos
espalhados em toda a extensão acarretando alterações significativas ao local.
Área do aterro sanitário
Nessa mesma área, no lixão, foi construída uma célula com o sistema de
tratamento de líquidos percolados; sistema de tratamento biológico, existência de
drenagem de gases com evolução do número de drenos, poço de monitoramento para o
controle dos parâmetros a serem analisados na entrada e saída do sistema de
tratamento do chorume.
Vimos no local uma célula de cerca de 70 x70, vedada, com poço de
monitoramento a jusante, que segundo informações de catadores antigos, a célula foi
totalmente lacrada há 2 anos, com uma profundidade de 8 metros. Não foi localizado e
visualizado drenos de gás que segundo informações no local, possuía os drenos e
tratamento. Infelizmente foram totalmente lacrados. O acesso às lagoas de tratamento
está inacessível.
Constatamos que tentou funcionar como um aterro controlado, com dimensão de
célula, frequência de cobertura, compactação da massa de lixo, tratamento de líquidos
percolados; qualificação do tratamento - sistema de tratamento biológico, existência de
drenagem de gases com evolução do número de drenos, limpeza e manutenção do
aterro, monitoramento, poço de monitoramento para o controle dos parâmetros a serem
analisados na entrada e saída do sistema de tratamento do chorume, etc, mas
infelizmente o projeto não foi adiante.
Fig 5 - Imagens feitas pelo Drone - Acervo fotográfico ADETEC -2016
Fig 6 -Vista aérea na área do lixão – célula do aterro sanitário - - Acervo técnico ADETEC -2016
Fig 7 célula lacrada - Acervo técnico ADETEC - 2016
Características identificadas no local para o funcinamneto como
aterro
Capacidade de suporte do solo: bom
Proximidade de núcleos habitacionais: Longe > 1.000 m
Proximidade de corpos d’água: Longe
Permeabilidade do solo: media
Disponibilidade de material de recobrimento: suficiente
Qualidade do material de recobrimento: boa
Condições de sistema viários, trânsito e acesso: boas
Isolamento visual da vizinhança: bom
Legalidade de localização: área implantada dentro do lixao municipal
a) Infraestrutura implantada na celula lacrada
Cercamento da área: sim
Galpão de triagem e Guarita: sim mas nunca funcionou
Impermeabilização da base do aterro: não visualizado
Drenagem de chorume: sim
Drenagem de águas pluviais definitiva: não visualizado
Drenagem de águas pluviais provisória: não visualizado
Trator esteira ou compatível: sim
Outros equipamentos: não visualizado
Sistema de tratamento de chorume: sistema visualizado
Acesso à frente de trabalho: bom
Vigilantes: nao
Sistema de drenagem de gases: foi lacrado com a celula
Controle de recebimento de cargas: não identificado
b) Condições operacionais
Aspecto geral: bom
Ocorrência de lixo descoberto: sim
Recobrimento de lixo: inadequada / inexistente
Presença de urubus e gaivotas: não visualizado
Presença de moscas em grandes quantidades: sim
Presença de catadores: sim
Criação de animais (porcos, bois): não
Descarga de resíduos de saúde: não – em local pre definido no proprio lixao
Descarga de resíduos industriais: não
Diagnóstico Prévio Ambiental da Área do Lixão
Apresentaremos a seguir, o diagnóstico prévio qualitativo, nos meios físicos (solo,
recursos hídricos, ar e paisagem), biótico (flora e fauna) e antropico (problemas sociais e
saúde pública). Para um diagnostico preciso sobre os efeitos da disposição inadequada
dos resíduos, se faz necessário à realização de analises laboratorial.
Na área percebe-se que a estrutura do solo encontra-se alterada, devido à
disposição inadequada dos resíduos, onde existe uma grande quantidade de resíduos
que são classificados como perigosos, apresentando potenciais altos de contaminação
do solo, tais como: chorume, embalagens de óleo de oficina, pneus, lâmpadas, produtos
eletroeletrônicos, pilhas e baterias. Os resíduos citados como perigosos, são citados no Art.33, da Lei 12.305/2010,
que determina a obrigatoriedade da logística reversa, mediante retorno dos produtos
após o uso pelo consumidor, cuja embalagem, após uso, constitui resíduo perigoso, pois
entre seus constituintes com pilhas e baterias apresentam em sua composição metais
pesados (mercúrio, chumbo, zinco, cádmio, manganês e lítio). Outro resíduo que contem
mercúrio são as lâmpadas florescentes. Monteiro et.al.(2001) afirmam que o mercúrio e
toxico para o sistema nervoso, e quando inalado ou ingerido, causa problemas
fisiológicos.
Fig 08 -Imagens feitas pelo Drone - Acervo fotográfico ADETEC -2016
Fig 09 -Imagens feitas pelo Drone - Acervo fotográfico ADETEC - 2016
Ar
A composição do ar no lixão é alterada pela emissão de gases provenientes da
decomposição e queima dos resíduos sólidos, onde a decomposição gera o metano
(Ch4), gás sulfídrico, e outros (PAGLIUSO 2008). São gases extremamente inflamáveis
que geram risco de queimadas e explosões.
Fig 10 -Acervo técnico ADETEC - 2016
Fig 11 -Acervo técnico ADETEC - 2016
Observamos a pratica de queima dos resíduos, com objetivo da diminuição do
volume do lixo e visando afastar animais das proximidades do ambiente de trabalho dos
catadores. Durante a queima é liberado gases tóxicos devido à composição dos
materiais presentes, causando problemas respiratórios, suspensão de material
particulado, cinzas, etc.
Paisagem
Foi modificada em função da degradação da área, alterando sua paisagem
causando impacto visual. 7
Fig 12 -Queima de resíduos - Acervo técnico ADETEC -2016
Fig 13 - Acervo técnico ADETEC -2016
Saúde Publica
Existem no lixão em grande quantidade micro e macro vetores (baratas, moscas,
mosquitos, ratos, etc.) que podem ser causadores de varias doenças.
Identificação dos Impactos Ambientais
A avaliação dos impactos ambientais causados pela instalação do lixão no
município de Diamantino – MT envolveu analise qualitativa dos efeitos, identificação da
ocorrência na área de influencia direta, possibilitando a classificação previa do seu
valor, ações de mitigação, significância, incidência e possível reversão, observando o
grau de prejuízo que essa atividade oferece ao meio ambiente.
Fig 14 - Acervo técnico ADETEC - 2016
Quadros 1 - Impactos Ambientais identificados e respectiva classificação no lixão
de Diamantino – MT
Impactos
Ambientais
Mitigação:
Preventivas,
minimizadoras,
compensatórias.
Relevânci
a
Incidênci
a
Reversibilidade
Fatores
Afetados
Poluição e /ou contaminação
de solo
M S D e IN RV Solo, água e
antropico.
Compactação de solo
M S D e IN RV Solo, água e
fauna
Alteração nas características
físicas do solo
M S D e IN RV
Solo e fauna Alteração nas características
químicas do solo
M S D e IN RV
Alteração nas características
biológicas do solo
M S D e IN RV
Erosão
M S D e IN RV
Alteração da paisagem
M S D e IN RV Paisagem
Alteração de relevo M S D ou IN IR Solo, relevo e
paisagem
Poluição e/ou contaminação
recursos hídricos
NM S D e IN RV Água, antropico,
fauna e flora
aquática
Proliferação de micro e macro
vetores
M S D e IN RV Antropico, fauna
e paisagem
Poluição e/ou contaminação
do ar atmosférico
M S D e IN RV Ar, antropico e
fauna
Legenda: M – mitigável; NM não mitigável; S – significativa; NS – não significativo; D – direta; IN – indireta; RV – reversível;
IR - irreversível
Critérios de Classificação quanto ao valor
Impactos
Ambientais Mitigação:
Preventivas,
minimizadoras,
compensatórias.
Relevância Incidência Reversibilidade Fatores
Afetados
Redução ou perda total da
flora
M S D RV Flora, fauna,
solo, água e
paisagem
Redução ou perda total da
fauna nativa
M ou NM S D RV Fauna
Contaminação dos animais
M S D e IN RV Fauna
Contaminação e/ou
poluição áreas vizinhas
M S IN RV Antropico,
solo, fauna,
água e
paisagem
Riscos de contaminação
aos catadores
M S D RV
Saúde Publica - impactos M S D e IN RV
antropico
Riscos de saúde do
Trabalho
M S D RV
Incomodo para vizinhança
M S D RV
Desvalorização da área do
entorno
M NS D e IN RV OU IR
Geração de empregos
temporários
M S D RV
Legenda: POS – positivo; NEG – negativo; M – mitigável; NM não mitigável; S – significativa; NS – não
significativo; D – direta; IN – indireta; RV – reversível; IR - irreversível.
Identificação dos tipos, das causas e das consequências da
degradação na área.
Dentre os impactos citados no Quadro 1, alguns tem o potencial da perda de
voltar ao estado natural, devido ao tempo do deposito do lixo no local de forma
indiscriminada e sem tratamento, causando a contaminação dos recursos naturais,
hídricos e atmosférico.
No Quadro 2, a seguir, será apresentado a descrição com os tipos,classificação,
causas e consequências da degradação na área do lixão.
Quadro 2 - Tipo de degradação identificados no lixão de Diamantino – MT
Tipo de
degradação
Classificação Causas Consequências Fatores
ambientais
afetados
Poluição e
contaminação de
solo
Física, química e
biológica.
Natural
(chuva) ou
antropico (
gestão
inadequada
dos resíduos)
Afeta saúde dos
seres vivos;
Limitação uso solo
Solo, água e
antrópico.
Compactação de
solo
Física, química e
biológica.
Presença e
veículos
pesados;
Pressão
exercida pelos
resíduos
sólidos,
animais,
catadores.
Impermeabilização
da água,
Desenvolvimento
da fauna
comprometida
Solo, água e
fauna
Contaminação
recursos hídricos
Química Natural
(chuva);
Antropico
(formação de
chorume e
elementos
Afeta saúde dos
seres vivos;
Limitação uso das
águas;
Água, antrópico,
fauna, flora
aquática
químicos
perigosos)
Contaminação do
ar atmosférico
Física, química e
biológica.
Natural
(formação de
gases
resultante da
ação de
bactérias na
matéria
orgânica);
Antrópica
(queima)
Afeta saúde dos
seres vivos;
Risco de incêndios
e explosão;
Odores
desagradáveis;
Contaminação do
ar por gases de
efeito estufa;
Ar, antrópico e
fauna
Redução ou perda
total da flora
Biológica
Antrópica
(desmatament
o)
Exposiçao do solo;
Compactaçao do
solo;
Degradação da
área;
Perda da
deposição natural
de MO oriunda da
flora)
Flora, fauna, solo,
água e paisagem
Redução ou perda
total da fauna
nativa
Física, química e
biológica.
Antrópica
(presença de
veículos e
maquina
pessoas,
desmatamento
)
Desequilíbrio da
cadeia alimentar;
Fauna
Erosivo acelerado
Física, química e
biológica.
Natural(ação
dos ventos e
água);
Antrópico
(desmatament
o,
compactação);
Perda das
camadas mais
férteis do solo;
Solo e fauna
Impacto na saúde
publica
Social
Antrópico
(fumaça,macro
e micro
vetores,
material
contaminado)
Vários tipos de
doenças
(respiratória,
verminoses,
cortes, infecções)
Antrópico
Estratégias de recuperação da área em estudo
Constatamos que a área sofreu alterações em sua estrutura, seja de natureza
física, química ou biológica, levando à degradação da sociedade, do solo, dos recursos
hídricos, da flora e da fauna.
A Lei 12.305/2010 determina o encerramento das atividades dos lixões, o que
necessita de critérios técnicos para avaliação para as providencias necessárias e
corretas. Salientamos que o fechamento e abandono da área, acarretando o fim da
atuação dos catadores, e disposição inadequada dos residuos não é suficiente, pois há
continuação de geração de gases, odores e chorume, enquanto houver atividade
biológica de resíduos.
A primeira medida a ser tomada para recuperar uma área é o isolamento, seguido
da identificação da degradação existente no local. Após este diagnóstico, são sugeridas
medidas de mitigação para diminuir o efeito dos impactos ambientais, e com base na
escolha do uso futuro para área degradada, definem-se técnicas (físicas, químicas e
biológicas) para recuperação.
A seguir, serão descritas as etapas propostas para recuperação da área degradada do
lixão.
Isolamentos da Área
Primeiramente torna-se necessário eliminar o fator de degradação, isolando a
área e não permitir qualquer interferência. Intervir no lixão com o intuito de encerrar sua
operação, requalificando o ambiente local e, reduzindo os impactos ambientais. Além
disso, é necessário a escolha de um local adequado para destinação desses resíduos,
ou seja, um aterro sanitário devidamente licenciado e dentro das normas vigentes.
Retirada de Catadores na Área do lixão
Ao desativar o lixão, não podemos esquecer, daqueles que sobrevivem desta
atividade, os catadores, que buscam seu sustento no local. Uma das alternativas
sugeridas é a criação da associação dos catadores no município, podendo mobilizar a
sociedade para a coleta seletiva solidária e sensibilizar as pessoas para a importância
do trabalho dos catadores, usando a “ferramenta” da Educação Ambiental, além de
integrá-los nas atividades do aterro sanitário futuro.
Nas análises de água devem ser realizados parâmetros físicos (temperatura,
turbidez, condutividade elétrica, etc), químico (PH, matéria orgânico, etc) e
biológicos (coliformes termotolerantes, total, Cryptosporidium sp, estreptococos
fecais e Giardia sp).Todos esses parâmetros analisados têm seus valores
admissíveis na legislação ambiental que deve ser usada como referência para a
recuperação da área.
Medidas Mitigadoras
As medidas mitigadoras constituem o conjunto de ações que visam a reduzir os
impactos negativos. Outra forma de controle é a compensação dos impactos não
mitigáveis.
Abaixo são apresentadas algumas medidas que devem ser adotadas para
minimizar os impactos significativos diagnosticados.
Quadro 3 - Impactos significativos e medidas de controle.
Tipo de Degradação Medidas
Mitigadoras
Contaminação do solo
Retirada dos resíduos do local;
Retirar a camada de solo contaminada e depositar
solo natural na área escavada, onde o solo
contaminado iria para aterro sanitário;
Usar técnicas de recuperação, como por exemplo,
“biorremediação microbiana” e “fitorremediação”.
Compactação do solo Descompactar o solo e implantar práticas
conservacionistas;
Revegetar outras áreas no lixão, que não estejam
compactados.
Erosão acelerada Limitar o desmatamento;
Usar técnicas, de controle de erosão (laminar e
sulcos)
Contaminação da água Análise dos corpos d’águas do entorno do lixão;
Eliminação das aberturas do solo, que ocasiona
acúmulo de água.
Contaminação do ar
atmosférico
Retirada dos resíduos do local;
Não realizar queimadas dos resíduos.
Redução ou perda total da
flora
Reflorestamento;
Recuperar as áreas de importância ecológica.
Redução ou perda total da
fauna
- Criar áreas de preservação ambiental, garantindo
boas condições para abrigo da fauna.
Riscos aos catadores - Criar uma associação de catadores;
- Proporcionar programa de educação ambiental.
Impacto na saúde pública - Implantar um plano de gerenciamento de resíduos
sólidos;
- Implantar programa de educação ambiental para o
município em estudo. Fonte:. (2015 -Pollyana B. de Azevedo)
Recomendações para uso da área
O uso recomendado para a área é a preservação ambiental, obtida com o
reflorestamento.
Reflorestamento
Para o reflorestamento é necessário que o solo esteja com sua composição,
estrutura, densidade, porosidade e sua fertilidade adequada.
Caso não esteja deve-se fazer a devida correção.
Devem-se diagnosticar os tipos de espécies vegetais em torno da área do lixão,
para serem usadas na revegetação. Para o preparo do solo é necessária à implantação
de espécies do estágio primárias encontradas no em torno da área e, em seguida, inserir
espécies vegetais de sucessão ecológica secundária e clímax.