Este livro foi publicado por ocasiãoda exposição Riso, realizada no Museu da Eletricidade, Lisboa, entre 19 de outubrode 2012 e 17 de março de 2013.
This book has been published to markthe inauguration of the exhibition LaughTER,on display at the Electricity Museum in Lisbonfrom october 19, 2012 to March 17, 2013.
Riso: uma exposição a sérioLaughter: a serious exhibition
O Riso: modo de usarLaughter: a user’s manual
Rir por tudo e por nada. O quotidianoLaughing about everything and nothing. Daily life
Muito riso… O corpoLoads of laughter… The body
Ri-te, ri-te… Sexogo ahead, laugh! sex
O riso na ponta da língua. A linguagemLaughter on the tip of the tong. Language
Rir contra. O poderTaking the mickey out of the system. authority
Pagar para rir. O espetáculoPaying to laugh. showbiz
Primeiro Salão dos Humoristas Portugueses (Lisboa, 1912)The First salon of Portuguese humorists (Lisbon, 1912)
Índice de autoresList of authors
Índice de imagensList of works
Agradecimentosacknowledgements
11
21
45
97
151
185
217
257
295
303
355
398
A vida é demasiado importante para se falar dela a sério.
–Oscar Wilde
A vida é cousa tão séria, os seus problemas são tão graves, que a ninguém assiste o direito de rir. Quem ri é estúpido – de momento, pelo menos. A alegria é a forma comunicativa da estupidez.
–Fernando Pessoa
Life is too important to be taken seriously.–oscar Wilde
Life is so serious and the problems so grave that no ‑one is entitled to laugh. People who laugh are stupid – at least at the present time. happiness is a communicative form of stupidity.
–Fernando Pessoa
9
10 11
Prosseguindo e enriquecendo uma progra-
mação que tem feito de grandes exposições
temáticas um dos seus principais centros, a
exposição RISO, pela ambição, pelo âmbito,
pela perspetiva e pelos meios, tem um sentido
que o momento que vivemos torna ainda mais
atual e mesmo agudo.
Para esta exposição, programada há três
anos, a Fundação EDP convidou as Produções
Fictícias para uma parceria que se consolidou
num diálogo criativo intenso. As PF têm uma já
longa atividade na produção de conteúdos de
humor em Portugal (televisão, imprensa escrita,
livros, internet) e trazem a esta iniciativa o seu
património de prestígio, competência e experi-
ência. Contamos ainda com a preciosa colabo-
ração da RTP, depositária do mais valioso arqui-
vo sonoro e audiovisual existente no nosso país.
Pensar este grande código físico, psicoló-
gico, social e cultural é dar à arte, à filosofia, à
literatura, à ciência, ao cinema, ao teatro, à te-
levisão um lugar numa exposição que quer ter
um olhar contemporâneo e plural sobre aqui-
lo que, embora com diversidades e variações,
atravessa todos os tempos e todos os lugares.
A universalidade do riso é feita de marcas
e expressões particulares que, no confron-
to umas com as outras, nos dizem aquilo que
nelas é comum e aquilo que é diferente. É aqui
que podem ser procuradas algumas respostas
a algumas perguntas que, ao longo dos séculos,
foram sendo feitas por filósofos, escritores, ar-
tistas, cientistas.
Esta exposição é acompanhada de várias
publicações e ciclos de iniciativas que têm o
riso, o humor e o cómico como temas. Con-
vidámos especialistas de várias disciplinas e
práticas a darem o seu contributo para aqui-
lo que mais nos motiva: propiciar a investiga-
ção, a produção de conhecimento, o debate,
Laughter is both an enhancement and a continu‑
ation of large ‑scale exhibitions that have been
centred on a range of themes. its broad scope,
ambitious aims, plus the unique perspectives
it conveys and the means employed give the
show a currency and urgency that are especial‑
ly meaningful in these challenging times.
Three years in the making, the exhibition
is the result of a partnership between the EDP
Foundation and Produções Fictícias (PF) that
involved an intensely creative exchange of ide‑
as. PF have had years of experience writing hu‑
morous content for TV, the print media and the
internet and have brought to the project their
experience, skill and prestige. We were also
fortunate to have the priceless collaboration
of the RTP, home to the most valuable audio‑
‑visual archive in the country.
Embodying the great physical, psychologi‑
cal, social and cultural cipher that is laughter
means giving art, philosophy, literature, sci‑
ence, cinema and TV enough display space for
viewers to get a contemporary, multi ‑faceted
view of the world of laughter which, though di‑
verse and changeable, has spanned the con‑
fines of time and space.
The universality of laughter comes from
those particular features and expressions
which, when compared, reveal how they are
alike and how they are different. it is in explor‑
ing these comparisons that we can find the
answers to questions that have been posed
by philosophers, writers, artists and scientists
throughout the ages.
accompanying the exhibition are a num‑
ber of publications and initiatives focused
on laughter, humour and comicity. We also
cordially invite researchers and practition‑
ers to contribute to the goal that motivates
us the most: to encourage research, further
12 13
a comunicação de ideias. O nosso veemente
desejo é o de conseguir que a exposição dei-
xe, para além do tempo em que está patente,
uma memória que perdure e que seja capaz
de gerar novas curiosidades, novas pesquisas,
novos entusiasmos e novos projetos que con-
tinuem o que agora fazemos.
Numa época vertiginosa, em que tudo se
torna ainda mais rápido e complexo, as coisas
acontecem e muitas vezes nem temos consciên-
cia desse acontecer e das suas consequên-
cias e efeitos. Por isso, desejamos que esta
iniciativa contribua para dar à nossa socieda-
de instrumentos de reflexão e de análise.
Queremos agradecer calorosamente a to-
dos os que nela colaboraram e participaram,
tornando possível este grande projeto: comis-
sários, artistas, arquitetos, designers, produto-
res, técnicos, autores, editores. Expressamos
também, com muito reconhecimento, a nossa
viva gratidão às instituições e colecionadores
que generosamente nos emprestaram obras
ou confiaram direitos.
A Fundação EDP, no cumprimento da mis-
são para que foi criada, tem orgulho em rea-
lizar um projeto cultural com esta dimensão
e alcance. Estamos certos de que o público,
que é o grande destinatário do nosso traba-
lho, saberá responder ao nosso convite para
vir ao encontro dos que nos fizeram ou fazem
rir, descobrindo ainda novos motivos para rir.
E, ao mesmo tempo, pensar qual é o significa-
do do riso na vida individual e coletiva.
Num tempo tão exigente, desejamos que
esta exposição e o RISO que ela evoca, invoca,
convoca e provoca sejam um símbolo de con-
fiança na capacidade que temos para vencer
obstáculos, aprendendo a ver claro para além
do escuro e olhando o futuro com mais otimis-
mo do que aquele que o dia -a -dia nos suscita.
A EDP e a Fundação EDP fazem da confian-
ça e da responsabilidade dois dos seus valores
fundamentais. Eles também estão presentes
em RISO – UMA ExPOSIçãO A SÉRIO.
A FUNDAÇÃO EDP
knowledge and discussion of the topic, and
share ideas. our deepest desire is that long
after the show has closed, its memory will
endure and continue to generate curiosity,
further research, renewed enthusiasm, and
new projects that will continue what we have
started.
in a dizzying era where things are more
rapid and complex, we are often not aware
of the events occurring around us, or of their
impacts and consequences. That is why we
hope that this initiative will provide the com‑
munity with an opportunity for reflection and
discussion.
We extend our deepest gratitude to all
the collaborators and participants who have
brought this project to fruition: curators, art‑
ists, architects, designers, producers, tech‑
nicians, authors and editors. our heartfelt
gratitude also goes out to the institutions and
individual collectors who generously lent out
their works for display or allowed us to use
copyright material.
Carrying out the mission it has been en‑
trusted with, the EDP Foundation is proud to
hold a cultural initiative of this size and scope.
We are confident that our target audience, the
general public, will accept our invitation to vis‑
it and see, firsthand, what made and makes us
laugh, while also discovering new sources of
laughter. We also hope our visitors are encour‑
aged to explore the significance of laughter in
their own lives and in society.
Times are challenging. That is why we hope
this exhibition and the laughter that it evokes
and provokes will show the trust we have in
people’s capacity to overcome obstacles, see
clearly beyond the darkness, and face the fu‑
ture with a greater optimism than we are expe‑
riencing today.
EDP and the EDP Foundation have made
trust and responsibility two of their most
cherished values. They are also values that
are patent throughout LaughTER: a sERious
EXhiBiTioN.
EDP FouNDaTioN
14 15
16 17
19
20 21
O que é rir? O que mostra e o que esconde o
riso? E o que nos diz o riso de quem ri, daquilo
de que ri, do tempo em que ri e do modo como
ri? O que há de comum entre uma cara de pa-
lhaço, o sorriso da Gioconda, uma anedota de
café, um enredo de comédia, um boneco das
Caldas, uma blague de salão, o D. Quixote de
la Mancha, o Contrainformação, um urinol a que
um artista chamou obra de arte, uma peixeira-
da num restaurante, uma piada da “revista à
portuguesa”, um diálogo de um filme de Woody
Allen, um cartoon de jornal, o riso repetitivo de
um louco, uma sitcom da televisão?
Destas perguntas (e de outras) se faz esta
exposição, mapa de um território sem mapa.
Percorrer os seus possíveis e improváveis ca-
minhos é andar e parar, achar e perder, lembrar
e descobrir, ver e viver, rir e pensar.
O homem sabe rir e sabe fazer rir, diz Bergson,
acrescentando que não há cómico fora do hu-
mano: quando um animal (um macaco, um cão,
um papagaio) ou um objeto (um chapéu, uma
caraça, uma corneta) nos faz rir, é porque des-
cobrimos aí uma semelhança, uma comunica-
ção, uma afinidade humana. Darwin aproxima
a expressão das emoções nos homens e nos
outros animais, fazendo corresponder ao riso do
homem o som reiterado dos macacos antropoi-
des. Fala -se do riso da hiena e do chacal. Há
quem reconheça o riso no relinchar do cavalo.
Já se disse, por isso, que o riso mostra o animal
no homem e reflete o homem no animal.
Para Homero, o riso é cósmico e divino: após
o banquete diário, os deuses riem para mostrar
a exuberância da sua alegria celestial, e o seu
riso é a voz do universo. Mas é Dioniso, o mais
misterioso dos deuses, que põe o riso no centro
da tragédia humana. Baudelaire afirma que “o
riso é humano, porque é satânico”. Com ele, o ho-
mem desafia os deuses, desobedecendo -lhes.
What is laughter? and what are the things
that reveal and conceal it? What does it tell
us about ourselves, what we laugh about and
when and how we laugh? and what do a clown’s
face, the seductive smirk of the gioconda, a
bawdy joke, the plot of a side ‑splitting movie,
a pratfall, a sophisticated quip, Don Quixote, Jon
stewart’s show, a bedpan labelled as art, a bar‑
room brawl, a vaudeville act, a Woody allen dia‑
logue, a newspaper cartoon, a madman’s repeti‑
tive cackle and a TV sitcom have in common?
These questions lie at the core of this ex‑
hibition, which is the roadmap to an uncharted
territory. it is a journey that takes us along likely
and unlikely paths, as we stroll then stop, find
the thread – just to lose it again, reflect, laugh
and relive.
Bergson remarked that man has both the
ability to laugh and make others laugh, add‑
ing that comicity only dwells within humanity.
When an animal (a monkey, dog or parrot) or
an object (a hat, a mask or a trumpet) makes
us chuckle, it’s because we have discovered a
similarity, made a link or established an affinity
with the human condition. Yet Darwin equates
the emotional expressiveness of humans with
that of other animals, drawing a simile between
human laughter and certain repeated vocaliza‑
tions of the anthropoid ape. The word laughter is
used when describing the hyena and the jackal;
and some discern laughter in the neighing of a
horse. That is why some have said that laughter
is a sign of the animal in man and the mark of a
man in the animal.
homer saw laughter as a manifestation of
the cosmic and divine: after their daily ban‑
quet, the gods laughed to vent their celestial
joy, and their laughter became the voice of the
universe. But Dionysus, the most mysterious of
the gods, set laughter at the centre of all human
22 23
Para ele, o riso é a voz de Prometeu quando rou-
ba o fogo sagrado.
Embora se diga que o Deus judaico -cristão
não ri, Milan Kundera recorda um provérbio ju-
deu segundo o qual “o homem pensa, Deus ri”,
para comentar: “Inspirado por esta frase, gos-
to de imaginar que François Rabelais ouviu um
dia o riso de Deus e que foi assim que a ideia
do primeiro grande romance europeu nasceu.”
Para o autor de O Livro do Riso e do Esquecimen-
to, o romance está na fundação dos tempos
modernos: “A sabedoria do romance é diferen-
te da filosofia. O romance nasceu não do espí-
rito teórico, mas do espírito de humor. Um dos
fracassos da Europa é nunca ter compreen-
dido a arte mais europeia – o romance.” Kun-
dera lembra que Rabelais chamou “agelasta”
àquele que não ri, o que não tem sentido de
humor. E conclui: “Não há paz possível entre o
romancista e o agelasta.” Para George Steiner,
o mais verdadeiramente humano não é o riso,
é o sorriso e o seu mistério, que abrigam feli-
cidades e tristezas insondáveis. Fala de Dante
e do seu moto spirituale, aquele movimento de
alma que se exprime no sorriso. Evoca o sorri-
so da Virgem, que sorri ao menino que lhe sor-
ri, em Giotto, Bellini e Rafael. Lembra a infinita
tristeza alegre dos sorrisos de Watteau. Refere
o terrível sorriso de Iago, em Shakespeare, e
de Mephisto, em Goethe, esse especialista dos
sorrisos. Fala ainda dos sorrisos que se adivi-
nham nos quartetos de Haydn e nas partituras
de Satie.
Relâmpago na noite humana, o riso atra-
vessa a vida, a arte, o mundo, o tempo, alcan-
çando todas as potências e todos os limites.
O riso dessacraliza e sacraliza, afronta e con-
solida, erotiza e deserotiza, mata e morre. Já foi
comparado à posse, ao orgasmo, à rebelião, à
blasfémia, à destruição, à loucura, à traição, ao
crime, à perdição. E também à criação, à obra-
-prima, ao sublime, à salvação.
Código físico, psicológico, social, cultural,
individual e coletivo, a sua história mostra -nos
a permanência e a mudança do riso como sig-
no, ritual e representação. Se atravessarmos
essa história, por entre gargalhadas, vozes,
momices, guinchos, piadas, pantominas, in-
sultos, manguitos, máscaras, bobos, palhaços,
bufões, farsantes, histriões, comediantes, fa-
los, fobias, flatulências, caricaturas, cabriolas,
detritos, humores, escatologias, deformidades,
carnavais, orgias, bacanais, festas, palcos,
ecrãs, vemos o corpo do homem a contorcer -se
tragedy. Baudelaire stated that “laughter is hu‑
man because it’s satanic”. By laughing, man de‑
fies the gods, displaying his disobedience. For
the French author, it was laughter that marked
the voice of Prometheus when he stole the sa‑
cred fire.
although it has been said that the Judeo‑
‑Christian god does not laugh, Milan Kundera
used the substance of a Jewish proverb that
says, “Man thinks, god laughs” to comment,
“inspired by that adage, i like to imagine that
François Rabelais heard god’s laughter one day,
and thus was born the idea of the first great
European novel”. For the author of the Book of
Laughter and Forgetting, the novel lies at the
core of the modern era. “The novel’s wisdom
is different from that of philosophy. The novel
is born not of the theoretical spirit but of the
spirit of humour. (…) one of Europe’s failures is
never having understood the most European of
arts – ‑ ‑ the novel”. Kundera reminds us that it
was Rabelais who coined the word “agelast” to
describe someone who doesn’t laugh or have a
sense of humour and opines that no peace can
be struck between the novelist and the agelast.
For george steiner, the most genuinely human
trait is not the laugh but the smile, the human
feature whose mystery harbours unfathomable
happiness and despair. he talks of Dante and his
moto spirituale – the movement of the soul that
is expressed in a smile – and evokes the smile
that the Virgin Mary bestows on the infant Jesus,
who smiles back at her in the works of giotto,
Belllini and Rafael. he cites the infinitely sad
merriment of the smiles in the works of Watteau
and the sinister smirk of shakespeare’s iago and
goethe’s Mephistopheles, that master of smiles.
he also speaks of the smiles the listener per‑
ceives in haydn’s quartets and satie’s scores.
Like a lightning bolt flashing across the dark
night of mankind, laughter shoots across life,
art, the universe and time, touching the outer
limits. Laughter desanctifies and sanctifies, pro‑
vokes and consolidates, eroticizes and neuters,
kills and dies. it has been likened to possession,
orgasm, rebellion, blasphemy, destruction, mad‑
ness, treason, crime and perdition. But it has
also been likened to creation, the sublime and
salvation.
as a physical, social, cultural, individual and
collective code, throughout history laughter has
both remained and morphed as a sign, a ritual
and an element of representation. if we journey
though its history – amid the guffaws, mimicry,
24 25
e distorcer -se, o seu rosto a figurar -se e a
desfigurar -se, olhando -se no espelho dos ou-
tros e olhando os outros no seu espelho.
O homem sempre riu, mas não riu sempre
das mesmas coisas, nem da mesma maneira,
nem com os mesmos efeitos. Em todas as cul-
turas, embora de maneiras diferentes, o riso
tem sido vivido, pensado, interrogado, estuda-
do, representado, provocado, prescrito, pros-
crito, mitificado (o riso dos deuses gregos),
sacralizado (o silencioso e sereno riso de bea-
titude do Buda), diabolizado (o riso estridente e
pecaminoso das feiticeiras, dos iconoclastas,
dos hereges).
Na cultura ocidental, de Platão a Aristóte-
les (cujo tratado sobre a comédia se perdeu),
de Hobbes a Kant, de Hegel a Nietzsche, de
Bergson a Freud, o riso, o cómico e o humorísti-
co têm sido um tema filosófico e uma questão
antropológica, muitas vezes vistos como de-
safio impertinente ou enigma irritante. É que,
quando o pensamento quer dar ao riso uma
definição, fixá -lo num conceito, numa catego-
ria, numa classificação, numa sistematização,
numa taxonomia, numa lei, é como se o riso
se risse disso, fazendo pouco desse falhado
esforço da razão. O riso tem em si um paradoxo
e uma aporia: quem pensa o riso deixa de rir e
quem ri deixa de pensar.
Tema filosófico constante desde os gre-
gos antigos, o riso também tem sido um gran-
de tema literário e artístico. De Aristófanes a
Woody Allen, de Cervantes a Almodovar, de Ra-
belais a Proust, de Brueghel a Bordalo Pinhei-
ro, de Molière a Beckett, de Laurence Sterne
a Chaplin, de Shakespeare a Duchamp, de Eça
aos Monty Python, o riso está no centro de
grandes obras da cultura e da civilização. Hoje,
é também um grande tema das ciências. O riso
tem uma filosofia, uma fisiologia, uma psico-
logia, uma antropologia, uma sociologia, uma
história, uma literatura, uma arte, uma ideolo-
gia, uma economia, uma mediologia. E muitas
das outras culturas veem o riso com uns olhos
que nos são diversos e com uma sabedoria
que acrescenta a nossa.
Interrogar o riso1 – os seus mecanismos, as
suas simbolizações, as suas metamorfoses – é
perguntar por nós: pelo que fomos, pelo que
somos, pelo que seremos. É perguntar como
fomos vendo o que fomos sendo. É perguntar
como olhamos e como somos olhados.
Rimos de quê? De nós e dos outros, da vida
e da morte, do bem e do mal, da felicidade e
squeals, jokes, pantomimes, insults, masques,
clowns, buffoons, comedians, phalluses, phobi‑
as, flatulence, caricatures, cartwheels, litter, lev‑
ity, scatology, carnivals, festivals, bacchanals,
orgies, stages and screens – we see the human
form contorted and distorted, faces that deform
and take form, mirrored in the faces of others,
while mirroring others’ faces.
humankind has always laughed. But it has
not always laughed at the same things, or the
same way, or with the same effect. in all cul‑
tures, though in different ways, laughter has
been experienced, imagined, questioned, stud‑
ied, represented, provoked, prescribed, pro‑
scribed, mythologized (the laughter of the greek
gods), sanctified (the silent, serene, beatific
laughter of the Buddha) and demonized (the
strident, evil cackle of witches, iconoclasts and
heretics).
in Western culture, from Plato and aristo‑
tle (whose treatise on comedy has been lost),
to hobbes and Kant, hegel and Nietzsche, and
Bergson and Freud, laughter, comedy and hu‑
mour have been the subjects of philosophi‑
cal musing and an anthropological issue often
viewed as either an impertinent challenge or an
irritating enigma. The trouble is that when think‑
ers set about trying to define laughter, label it,
pigeonhole it, classify it, systematize it or make
it square with a taxonomy or a law, laughter it‑
self lets out a hearty laugh, making fun of the
failed attempt at reasoning. in the end, laughter
is both the seat of a paradox and an aporia: the
person who thinks about laughter stops laugh‑
ing and the person who laughs stops thinking.
a constant philosophical topic since the time
of the ancient greeks, laughter has also loomed
large in literature and the fine arts. The never‑
‑ending list that includes such timeless yet di‑
verse luminaries as aristophanes, Woody allen,
Cervantes, almódovar, Rabelais, Proust, Breugel,
Bordallo Pinheiro, Molière, Becket, Laurence
sterne, Charlie Chaplin, shakespeare, Duchamp,
Eça de Queiroz and the Monty Python crew, is
ample proof that laughter is at the centre of
civilization’s great cultural creations. But today
laughter is also the subject of science, and can
boast of a philosophy, physiology, anthropology,
sociology, history, literature, art, ideology, econ‑
omy and mediology of its own. and many other
cultures view laughter quite differently and with
a wisdom that can only serve to augment ours.
To question laughter1 – its mechanisms,
symbols and metamorphoses – is to question
26 27
da desgraça, da autoridade e da anarquia, dos
deuses e dos demónios, da terra e do céu.
Rimos como? Com a mente e com o corpo,
com o som e com o silêncio, com alegria e com
tristeza, com generosidade e com agressão,
com compreensão e com intolerância, com
inteligência e com estupidez, com bondade e
com maldade, com subtileza e com grosseria,
com oportunidade e sem ela.
Rimos porquê? Porque queremos ser supe-
riores àquilo de que rimos, porque queremos
que a nossa inferioridade resista à superiori-
dade dos outros, porque queremos vingar -nos
do que nos fizeram, porque queremos afirmar
poder e saber, porque queremos mostrar indi-
ferença ao que não nos é indiferente, porque
queremos que reparem em nós, porque que-
remos criticar, porque queremos castigar o
que achamos mal, porque queremos disfarçar,
porque queremos esconder, porque não te-
mos palavras para dizer o que queremos dizer,
porque nos fazem cócegas, porque estamos
nervosos, porque estamos carentes, porque
temos medo, porque temos vergonha, porque
queremos mudar de assunto, porque achamos
graça, porque queremos ter graça, porque so-
mos loucos, porque estamos felizes.
O que provoca o riso, ou o sorriso, é o reco-
nhecimento ou o desconhecimento. É reconhe-
cer o familiar no estranho, a regra na exceção,
o normal no anormal. E vice -versa! Uma criança
sorri ao reconhecer a mãe; depois ri quando
a mãe faz uma careta e a desconhece nisso;
a seguir, a mãe sorri, e é nesse sorriso que a
criança a reconhece de novo, voltando a sorrir.
O humor joga -se nesses reconhecimentos
e nesses desconhecimentos, numa deslocação
de sentidos. Nas suas múltiplas formas e varia-
ções, sobrepõe tipos diferentes de informação
e de perceção, gerando novos sentidos que se
corporizam num riso. Se a pele é o lugar onde os
corpos se tocam (“O mais profundo é a pele”, diz
Valéry), é na pele do humor que as linguagens
se tocam (“A minha linguagem é uma pele. Eu
esfrego a minha linguagem contra a do outro”,
diz Barthes).
Os seres humanos sempre tiveram vontade
de rir. A literatura e o teatro, o cinema e a músi-
ca, com ou sem palavras, foram sempre lugares
de riso: motores dele ou da sua representação.
Nas belas -artes, o riso apareceu como um re-
gisto discreto: de beatitude sagrada (nos rostos
idealizados dos santos), ou de realismo profa-
no (nos elegantes retratos das encomendas
ourselves: what we were, what we are, what we
will be. it involves questioning the way we were
through the lens of what we have become. it in‑
volves questioning how we see things and how
we are seen.
What do we laugh at? ourselves and others,
life and death, good and evil, happiness and
misfortune, authority and anarchy, gods and
demons, heaven and earth.
how do we laugh? With our minds and our
bodies, with sound and silence, with joy and
sadness, with kindness and aggressiveness,
with understanding and intolerance, with intel‑
ligence and stupidity, with goodness and evil,
with subtlety and crassness, when the laughter
is warranted and when it’s not.
Why do we laugh? Because we want to feel
superior to what we’re laughing at, because we
want our inferiority to withstand the superior‑
ity of others, because we want to get back for
what others have done to us, because we want
to assert our power and knowledge, because we
want to look indifferent when something is not
indifferent to us, because we want to be noticed,
because we want to criticize, because we want
to punish, because we need to hide something,
because we can’t find the words to say what
we want to, because they tickle us, because
we’re nervous, needy, scared or ashamed, be‑
cause we want to change the subject, because
we think something’s funny, because we want
to be funny, because we’re crazy and because
we’re happy.
What makes us laugh or smile is recognition
or the unknown. it’s recognizing the familiar in
the unfamiliar, the rule in the exception, and the
normal in the abnormal, and vice ‑versa. a baby
smiles when he recognizes his mother then
laughs when she pulls a face that makes her
unrecognizable. Then she smiles, the child rec‑
ognizes her and smiles again.
humour is played out in this realm of recog‑
nition and lack of recognition, in the shifting of
perceptions. With its multitude of varieties and
forms, it juxtaposes different kinds of informa‑
tion and awareness, generating new percep‑
tions that culminate in a laugh. if the skin is the
place where bodies touch (“What is most deep
is the skin,” Valéry stated), then languages touch
each other with the skin of humour (“Language
is a skin: i rub my language against the other, as
if i had words instead of fingers,” Barthes said).
human beings have always felt the desire
to laugh. Literature and the stage, the movies
40 41
eu-EuEu-outronatureza-culturapessoa-mundopalavra-imagemcorpo-máquinanecessidade-contingêncialiberdade-automatismoretórica-dialéticasom-silêncioprivado-públicopresença-ausênciamorte-vidadia-noitesono-vigílianu-vestidohomem-animalfeminino-masculinosagrado-profanointerior-exteriordireito-avessoversão-inversãoação-inaçãorealidade-imaginaçãopoesia-prosaato-moralreal-idealverdade-mentiracerteza-dúvidaacerto-erroconcordância-discordânciaformação-deformaçãovirtude-pecadorazão-loucurainteligência-estupidezuma lógica-outra lógicanome-númerocongruência-incongruênciacoerência-incoerênciaescassez-abundânciaconhecimento-ignorânciahabilidade-inabilidadecivilização-barbárie
bondade-maldadesignificado-insignificantesuperioridade-inferioridadeexclusão-inclusãointegrado-desintegradoarticulação-desarticulaçãoorganizado-desorganizadoforma-conteúdometonímia-metáforacomunicação-incomunicabilidadeuma língua-outra línguasolene-informalestável-instávelteoria-práxisliteral-figuradovisual-acústicomovimento-ritmoinércia do movimento-inércia do repousosimetria-assimetrialimitado-ilimitadocriação-destruiçãocontinuidade-ruturaigual-diferenteobra-críticaliberdade-opressãohistória-atualidadeanatomia-fisiologiaespírito-matériaortodoxia-heterodoxiapoder-anarquiapaz-guerraprazer-dorafirmação-negaçãopergunta-respostaaceitação-recusaprincípio-fimantecipação-atrasoganho-perdatriunfo-derrotacoragem-cobardiajuventude-velhiceantigo-modernocélebre-desconhecido
vontade-impotênciamemória-amnésiacheio-vaziorico-pobrefeio-beloalto-baixosubida-quedagrande-pequenogordo-magroforte-fracofrio-quentevertical-horizontalfrente -trazsemelhante-diferentevoluntário-involuntárioindividual-coletivoproibido-permitidoútil-inútillonge-pertoafinado-desafinadocôncavo-convexoem baixo-em cimaquadrado-redondoagudo-gravecor-incolorleve-pesadomole-durovisível-escondidooriginal-cópiainvenção-repetiçãounidade-pluralidadeaceleração-paragemmuito-poucoesperado-inesperadosublime-horrívelelevado-abjetoelegante-grosseirofeliz-infelizobediente-desobedientesaudável-doenteaberto-fechadodito-não dito.
1 O riso está em todos os hífenes que ligam, em junção, sobreposição, oposição, contraste ou tensão,os pares:
i‑Myself
i‑others
nature‑culture
the individual‑the world
word‑image
body‑machine
necessity‑contingency
freedom‑automatism
rhetoric‑dialectic
sound‑silence
private‑public
presence‑absence
life‑death
day‑night
slumber‑wakefulness
naked‑clothed
man‑animal
feminine‑masculine
sacred‑profane
interior‑exterior
face up‑face down
straight‑inverted
activity‑inactivity
reality‑imagination
poetry‑prose
act‑morality
real‑ideal
truth‑falsehood
certainty‑doubt
correctness‑error
concord‑discord
formation‑deformation
virtue‑vice
reason‑madness
intelligence‑stupidity
one rationale‑another rationale
name‑number
congruence‑incongruity
coherence‑incoherence
scarcity‑abundance
knowledge‑ignorance
ability‑inability
civilization‑barbarism
kindness‑meanness
significance‑insignificance
superiority‑inferiority
exclusion‑inclusion
integrated‑disintegrated
articulation‑disarticulation
organized‑disorganized
form‑content
metonym‑metaphor
communication‑incommunicability
one language‑another language
solemn‑informal
stable‑unstable
theory‑practice
literal‑figurative
visual‑acoustic
movement‑rhythm
movement inertia‑ resting state inertia
symmetry‑asymmetry
limited‑unlimited
creation‑destruction
continuity‑hiatus
same‑different
opus‑critique
liberty‑oppression
historical‑current
anatomy‑physiology
spirit‑matter
orthodox‑heterodox
power‑anarchy
peace‑war
pleasure‑pain
affirmation‑negation
question‑answer
acceptance‑rejection
beginning‑end
beforehand‑belated
win‑lose
triumph‑defeat
courage‑cowardice
youth‑old age
ancient‑modern
fame‑obscurity
will‑impotence
memory‑amnesia
full‑empty
rich‑poor
pretty‑ugly
tall‑short
rise‑fall
great‑small
fat‑thin
strong‑weak
hot‑cold
horizontal‑vertical
front‑back
similar‑different
voluntary‑involuntary
individual‑collective
permitted‑prohibited
useful‑useless
near‑far
in tune‑out of tune
concave‑convex
above‑below
square‑round
acute‑grave
coloured‑colourless
heavy‑light
hard‑soft
visible‑concealed
original‑copy
invention‑repetition
unity‑plurality
acceleration‑stoppage
a little‑a lot
expected‑unexpected
sublime‑appalling
exalted‑abject
elegant‑crass
happy‑unhappy
obedient‑disobedient
healthy‑sick
open‑closed
said‑unsaid.
1 Laughter is inherent in all of the hyphens that link and form a connection, an overlay,
an opposition and a contrast between the pairs:
43
Laughingabout everything
and nothing
Daily life
48 49
atirar -se continuadamente contra uma parede
ou tentar deslocar com um esforço hercúleo
estátuas colossais que se descobre serem
de esferovite. Irresistível é quando o absurdo
toma conta das situações banais: um hambúr-
guer no pão serve de calço para uma cómoda
ou uma coisa muito grande é metida à força
dentro de outra muito pequena. E como evitar
o riso perante uma matilha de cães de louça
kitsch balouçando uns contra os outros até
se transformarem em cacos? E de tudo o que
acontece em casa de cada um de nós e dos
nossos amigos: entre filhos, pais, tios, avós?
As perguntas das crianças, os percalços com
os animais, as tias malucas, os tios tarados.
E como não rir das cenas em que aquele em-
pregado se engana e carrega nos botões er-
rados, ou em que o outro dança de modo es-
tranho ou confunde o chefe com um colega,
metendo -se numa grande alhada? JP/NC
styrofoam. Laughter is also provoked when the
absurd appropriates the mundane: when a ham‑
burger is used to steady a chiffonier, or when
someone tries repeatedly to stuff an oversized
object into a tiny space. We hold our sides when
a pack of embattled dogs smashes to smither‑
eens a prized collection of kitschy knick ‑knacks
on a tottering sideboard.
Everything that happens in our own
homes, our friends’ homes, between parents
and children, uncles, aunts and grandparents
can be side ‑splittingly funny: kids who say
the darndest things, the antics of pesky pets,
the aunt who’s bonkers and the curmudg‑
eony uncle. how can you keep from stifling a
smile when the onscreen servant mistakenly
presses a bunch of call buttons, does a dorky
dance, or mistakes the lord of the manor for a
lowly delivery man and gets himself into hot
water? JP/NC
46 47
vida quotidiana é permanentemente
inundada por sorrisos, risos, garga-
lhadas, em registos mais ou menos
altos, mais ou menos estridentes, mais ou me-
nos entre dentes, estúpidos ou inteligentes. Rir
não tem lugar próprio ou hora marcada, pode
contagiar tudo e todos: um riso inesperado
e involuntário que, na maior parte das vezes,
surge sem razão esperada ou motivo certo, e
acontece a qualquer um. Desde as situações
mais sérias e graves, até às mais banais e co-
muns, tudo e todos podem dar vontade de rir.
Sabe -se que rimos quase todos os dias e de
quase todas as coisas: do que nos acontece
e do que acontece aos outros. Das pessoas
que caem na rua ou tropeçam nas escadas,
daquelas que, vítimas da grande partida da
vida, escorregam numa casca de banana. Mas
não são só os desastres pessoais que são hi-
lariantes, os desastres urbanos também. Como
não rir de um automóvel preso nos carris do
comboio com a locomotiva a aproximar -se ve-
lozmente? Ou de um automóvel elevado por um
potente esguicho de água? E da fachada de
uma casa que cai em cima de alguém sem que
“vítima” se aperceba?
Também nos rimos de quem tenta “vestir”
uma cadeira e fica com o corpo deformado e
se transforma em homem -cadeira e de alguém
que, atrás de um caixote do lixo, se torna cai-
xote do lixo. Depois, certos objetos caseiros
lembram formas inesperadas: uma vassoura
passa a espingarda num programa de limpe-
za doméstica, ou uma chávena cuja asa sur-
ge inesperada do lado de dentro. E há sem-
pre aquelas pessoas a quem um copo a mais
entre amigos transforma numa grande piada.
Finalmente, há quem vista roupas estranhas
e passe a homem -pano -do -pó ou quem insis-
ta em fazer coisas totalmente sem sentido:
Nada é tão engraçado como a desgraça.
–samuel Beckett
verybody’s daily life is constantly per‑
meated by smiles, laughter and guf‑
faws that may be loud or soft, strident
or discreet, open or muffled, dumb or smart.
There’s no set time or place to laugh; hilarity
can grab anyone at any time. usually, an un‑
witting smile takes hold without any rhyme or
reason. in the most serious and solemn cir‑
cumstances or in the most banal and mun‑
dane, something can tickle your funny bone.
People laugh every day and at practically
everything: whether the thing happened to us
or someone else. someone stumbles on the
street, takes a dive on the stairs or – victimized
by life’s greatest sight ‑gag – slips on a banana
peel. But not only personal mishaps provoke
peals of laughter; urban scenarios do too, like
those consigned to comic history by the silent
screen: a car caught on the train tracks before
an oncoming locomotive, an auto borne aloft
by the blast from a fireman’s hose, the façade
of a house that falls on a hapless bystander
who cluelessly stands unharmed where an
open window was.
also laugh ‑provoking is the goofball who tries
to “wear” a chair, then gets so hopelessly entan‑
gled that he becomes a chair ‑man; or the guy
who hides so long behind a garbage can that
he morphs into a human waste bin. There’s the
comedic ploy of the household item that takes
an unexpected form: the broomstick that be‑
comes a rifle while someone does their chores,
a cup where the handle suddenly appears on
the inside. There’s the timeless gag of the fellow
who’s falling ‑down drunk at a gathering of sober‑
‑sided snobs; the ragamuffin who gets mistaken
for a dust cloth; the weirdo who, for no apparent
reason, keeps hurling himself against a wall; the
schlemiel who makes a herculean effort to lift
colossal statues that end up being made out of
Nothing is as funny as unhappiness.–samuel Beckett
50 51
52 53
54 55
56 57
pág./pages
pág./pagesÍndice de imagens Índice de imagenslist of works list of works
Listof works
356 357
pág./pages
pág./pagesÍndice de imagens Índice de imagenslist of works list of works
1. Buster KeatonSafety Last!, 1923Directed by Fred C. Newmeyer and Sam TaylorScript by Hal Roach, Sam Taylor, Tim Whelan, H. M. WalkerJean C. Havez and Harold Lloyd.
João LouroBuster Keaton’s House – The Birth of Tragedy, 2012Acrylic glass, aluminium and iron44.92 m2From the artist’s collection© João MirandaInstallation at the Electricity Museum, Lisbon
João LouroBuster Keaton’s House – The Birth of Tragedy, 2012Detail of the installation
João LouroBuster Keaton’s House – The Birth of Tragedy, 2012Preliminary studies
Cristina SampaioUntitled, undatedCartoon
Pedro CasqueiroWhew, 2001Acrylic on canvas162 x 130 cmCourtesy of the artist and Filomena Soares Gallery
1. Andy WarholPortfolio N. 4 – Peter Malatesta & Monique van Vooren, Washington D.C., 1980Black and while photograph32.4 x 43.4 cmUID 102-889Berardo Collection Museum© Andy Warhol Foundation, ARS 2012
2. Andy WarholPortfolio N. 4 – Henry Kissinger & Elisabeth Taylor, Washington D.C., 1980Black and while photograph32.4 x 43.4 cmUID 102-895Berardo Collection Museum© Andy Warhol Foundation, ARS 2012
3. Andy WarholPortfolio N. 4 – Bianca Jagger, Liza Minnelli & Jacqueline Onassis in Liza’s Dressing Room, N.Y., 1980Black and white photograph32.4 x 43.4 cmUID 102-613Berardo Collection Museum© Andy Warhol Foundation, ARS 2012
Nicolas-Antoine TaunayReturning from a Wedding, 1801-1815 Oil on canvas47 cm in diameterInv. 1695 PintCollection of the National Museum of Early Art © José Pessoa and the General Directorate for Cultural Heritage / Documentation Communications and Computer Division
Pieter BoutInside a Tavern, 1664 Oil on oakwood36.5 x 34.5 cmInv. 539 PintCollection of the National Early Art Museum© Carlos Monteiro e and the General Directorate for Cultural Heritage / Documentation Communications and Computer Division.
João OnofreEvery Gravedigger in Lisbon (Ajuda Cemetery, Alto São João Cemetery, Benfica Cemetery, Carnide Cemetery, Lumiar Cemetery, Olivais Cemetery, Prazeres Cemetery), 2006Digital c-printSet of 764.8 x 71. 8 cm (each)Courtesy of Cristina Guerra Contemporary Art, Lisbon
The Adams Family (1964-1966), ABC
1. Modern Family (2009), with Ed O’Neill, Sofia Vergara, Julie Bowen, Ty Burrell, Jesse Tyler Ferguson and Eric Stonestreet
2. Mork and Mindy (1978-82), with Robin Williams and Pam Dawber.
3. I Love Lucy (1951), with Lucille Ball and Desi Arnaz
1. The Simpsons (1989), by Matt Goening
p. 9
pp. 14-5
pp. 16-7
pp. 18-9
p. 28
p. 43
p. 50
Buster KeatonSafety Last!, 1923Realizado por Fred C. Newmeyer e Sam TaylorArgumento de Hal Roach, Sam Taylor, Tim Whelan, H.M. Walker, Jean C. Havez e Harold Lloyd
João LouroA Casa De Buster Keaton – A Origem da Tragédia, 2012Vidro acrílico e alumínio e ferro44,92 m2Col. do artista© João MirandaVista da instalação no Museu da Eletricidade, Lisboa
João LouroA Casa de Buster Keaton – A Origem da Tragédia, 2012Pormenor da instalação
João LouroA Casa De Buster Keaton – A Origem da Tragédia, 2012Estudos
Cristina SampaioSem título, s.d.Cartoon
Pedro CasqueiroWhew, 2001Acrílico sobre tela162 x 130 cmCortesia do artista e da Galeria Filomena Soares
1. Andy WarholPortfolio N. 4 – Peter Malatesta & Monique van Vooren, Washington D.C., 1980Fotografia a preto e branco32,4 x 43,4 cmUID 102-889Col. Museu Coleção Berardo© Andy Warhol Foundation, ARS 2012
2. Andy WarholPortfolio N. 4 – Henry Kissinger & Elisabeth Taylor, Washington D.C., 1980Fotografia a preto e branco32,4 x 43,4 cmUID 102-895Col. Museu Coleção Berardo© Andy Warhol Foundation, ARS 2012
p. 51
p. 52
p. 53
p. 54
p. 55
p. 56
p. 57
3. Andy WarholPortfolio N. 4 – Bianca Jagger, Liza Minelli & Jacqueline Onassis in Liza’s Dressing Room, N.Y., 1980Fotografia a preto e branco32.4 x 43.4 cmUID 102-613Berardo Collection Museum© Andy Warhol Foundation, ARS 2012
Nicolas-Antoine TaunayRegresso da Boda, 1801-1815 Óleo sobre tela47 cm diâmetroInv. 1695 PintCol. Museu Nacional de Arte Antiga© José Pessoa e Direção-Geral do Património Cultural / Divisão de Documentação, Comunicação e Informática
Pieter BoutInterior de Taberna, 1664 Óleo sobre madeira de carvalho36,5 x 34,5 cmInv. 539 PintCol. Museu Nacional de Arte Antiga© Carlos Monteiro e Direção-Geral do Património Cultural / Divisão de Documentação, Comunicação e Informática.
João OnofreEvery Gravedigger in Lisbon (Cemitério da Ajuda, Cemitério do Alto São João, Cemitério de Benfica, Cemitério de Carnide, Cemitério do Lumiar, Cemitério dos Olivais, Cemitério dos Prazeres), 2006Digital c-printConjunto de 764,8 x 71, 8 cm (cada)Cortesia Cristina Guerra Contemporary Art, Lisboa
The Adams Family (1964 – 1966), ABC
1. Uma Família Muito Moderna (2009), com Ed O’Neill, Sofía Vergara, Julie Bowen, Ty Burrell, Jesse Tyler Ferguson e Eric Stonestreet
2. Mork and Mindy (1978-82), com Robin Williams e Pam Dawber
3. I Love Lucy (1951), com Lucille Ball e Desi Arnaz
1. Os Simpsons (1989), de Matt Goening
398 399
Afonso ArnaldoAlexandre AlmeidaAlexandre RamosAlfredo Maria GonçalvesAndré CarrilhoAndré GuedesAndré RuivoAntónio AntunesAntónio CarrapatoAntónio OlaioAugusto CidBela SilvaBenoît van Innis BESart Colecção Banco Espírito
SantoBiblioteca Nacional Bruno PachecoCAM CAMBCarla Filipe Carlos Bessa PereiraCasa das Histórias Casa -Museu Dr. Anastácio
Gonçalves Casa -Museu Medeiros e Almeida Colecção Berardo Cristina Sampaio Eduardo Rosa SilvaEllipse Foundation Emília NadalEspino Sánchez -GrandeFaianças Artísticas Bordallo
Pinheiro Fernando PêraFLAD – Fundação Luso Americana
para o Desenvolvimento Fundação Arpad Szenes – Vieira
da Silva Fundação Cupertino de Miranda
Fundação PLMJ Gabriel AbrantesGaëtanGaleria 111Galeria Alecrim 50 Galeria Cristina Guerra Galeria Fernando Santosz
zGaleria Filomena Soares Galeria Graça BrandãoGaleria Miguel Nabinho Galeria Nuno Centeno Galeria Pedro Oliveira Herdeiros Manuel de Brito ImaginArte Producciones S.L.U.Jérôme Bell Joana Vasconcelos João Louro João Pedro ValeJorge BrilhanteJorge MolderJosé BandeiraJosé LoureiroJosé Maria TallonJuan Munoz Estate Júlio Pomar Lidija KolovratLúcio CoelhoLuís AfonsoLuís RamosLuís Sáragga LealLuís Torgal Ferreira Luísa CunhaManuel Baptista Manuel BotelhoManuel João VieiraMário Teixeira da SilvaMuseu Bordalo Pinheiro Museu do Azulejo Museu do Caramulo
Museu Nacional de Arqueologia Museu Serralves Pedro Cabrita Reis Rui Calçada BastosRui OchoaSão Roque AntiguidadesSusanne ThemlitzVera Cortês Art AgencyE ainda a:Alexandra CondeAlexandra PinhoAlexandra Serôdio GomesAna Cristina RamosAna Isabel Palma SantosAna VasconcelosAndreia PoçasAndy OrdonezAnnamaria CocchioniAntónio GonçalvesCarlos EliasCatarina AlfaroCristina GuerraCristina IglesiasDaniela SiragusaDuncan HayesEdward ZimmermanElliot LedermanElliott RootseyFernando SantosFilomena SoaresFrances Quashie -IdunFrancisco GraveFrancisco SoaresGiovanni MorettiHazel LevyHelena AbreuHelena de FreitasHelena NunesHugo Aragão Correia
A Fundação EDP agradece a todos os colec-cionadores particulares e institucionais que tornaram possível esta exposição:
The EDP Foundation would like to thank all the private collectors and institutions that have made this exhibition possible:
Inês TeixeiraIrwin J. TenenbaumIsabel AlvesIsabel CarlosJeremy LottJoana Ferreira GomesJoão FernandesJoão MirandaJoão SilvérioJosé Alberto RibeiroJosé BerardoJosé Manuel Costa AlvesJosé Mário BrandãoJulie HodgeLarry McCallisterLídea KolovratLouise AllcockLuís ErlangerLuís Raposo Luís Sáragga LealLuís TeixeiraLuísa GuerreiroManuel SantosMargarida CarvalhoMargarida PaesMaria Antónia Pinto de Matos
Maria Arlete SilvaMaria BurmesterMaria de Fátima RibeiroMaria Inês CordeiroMaria João PachecoMaria José OliveiraMaria Olinda Loureiro da Silva
ManolitoMaria Teodora MarquesMariana Caldas de AlmeidaMariana GasparMarina Bairrão Ruivo e Sandra
Brás SantosMário Cabral DomingosMário GouveiaMário RoqueMegan BradfordMiguel FerreiraMiguel Gonçalves MendesMiguel NabinhoMiguel ProençaNathalie ChalomNorman LearPatrícia RosasPaula AparícioPaula Fernandes
Paula LeitãoPaulo ArantesPaulo PrantoPedro Bebiano BragaPedro LapaPilar Norton dos Reis Rita LougaresRita MarquesRobi LublinerRoger SaundersRui BritoSandra FeioSandro GrandoSérgio GatoShane MurphySophie EnderlinStephanie MolloyTati LongoTeresa VilaçaThiago Lima SilvaTiago EnviaTiago Patrício GouveiaValesca ValeVasco AraujoVera CortêsVítor Gonçalves
FUNDAÇÃO EDP Conselho de Administração/Board of Directors: António de Almeida António Mexia Sérgio Figueiredo Diretor Cultural/Cultural Director: José Manuel dos Santos Diretor do Museu da Eletricidade/ Electricity Museum’s Director: Eduardo Moura Diretora de Comunicação/Communication Director: Catarina Seixas EXPOSIÇÃO/EXHIBITION Comissários/Curators: José Manuel dos Santos João Pinharanda Nuno Artur Silva Nuno Crespo Assistentes de Comissariado/ Assistant Curators:Joana Simões Henriques José Machado Design Exposição/Exhibition Design:António Pedro Louro Gonçalo Prudêncio Pedro Ferreira Rita João Assessor Cultural/Culture Adviser:António Soares Produção/Production:Margarida Almeida Chantre Aires Duarte Fernando Ribeiro Pascal Carvalho Conservação e Registo/Conservation and Register:Joana Simões Henriques Margarida Almeida Chantre Gestão e Assistência Jurídica/ Management and Legal Assistance:António Guimarães Verdial Comunicação/Communication:Elisabete SáInês Rebelo Pereira Mádia Fuso Matilde Paiva Raposo Rosa Amaral Tradução e Revisão/Translation and Proof -Reading:José Gabriel Flores
Kennis TranslationsAmeriConsulta
Design Gráfico/Graphic Design:Vera Tavares Construção/Construction:Eurostand Montagem/Setting:Museu da Eletricidade SET UP Audiovisuais/Audio -visuals:Museu da Eletricidade Bazar do Vídeo
Seguradora/Insurer:Hiscox Transporte/Transport:Artshuttle Serviço ao Visitante/Visitor Service:Raquel Eleutério (Coordenação) Ana Cachado Jorge Batista Maria José Dantas Programa Educativo/Education Programme:Joana Simões Henriques (Coord.):Andreia Dias Carolina Silva Maria João Pacheco Maria Remédio Renato Santos Susana Anágua Produções Fictícias (PF Formação):Fátima Ferreira Isabel Costa Rita Bonifácio Sónia Aragão
CATÁLOGO/CATALOGUE* Coordenação/Editing: Nuno Crespo Textos/Texts: Joana Simões Henriques João Pinharanda José Machado José Manuel dos Santos Pedro Faro Nuno Artur Silva Nuno Crespo Tradução e Revisão/Translation and Proof -Reading:Kennis Translations AmeriConsulta
Design Gráfico/Graphic Design Edições Tinta -da -china Edição/Edition:Edições Tinta-da-china www.tintadachina.pt Pré -impressão, Impressão e Acabamento/Prepress, Printing and Binding:Guide, Artes Gráficas
ISBN:978-989-671-138-2 1.ª Edição/ 1st Edition
Exemplares/Copies:1500 Depósito Legal/ Legal Deposit:349797/12 © Fundação EDP
Todos os direitos reservados. Esta obra não pode ser reproduzida, no todo ou em parte, por qualquer forma ou quaisquer meios electrónicos, mecânicos ou outros, incluindo fotocópia, gravação magnética ou qualquer processo de armazenamento ou sistema de recuperação de informação, sem prévia autorização escrita dos editores. All rights reserved. No part of this publication may be printed or used in any form or by any means, including photocopying and recording, or any information or retrieval systems, without permission in writing of the publisher.
PRODUÇÕES FICTÍCIAS
Parceria
Apoio
*Este livro não reproduz a totalidade das obras apresentadas na exposição RISO. This book does not reproduce all the works presented at the exhibition LAUGHTER.