Marlise There Dias
Construção do Conhecimentoe Metodologia da Pesquisa
UNIVERSIDADE POTIGUAR – UnPPRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO
NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA – NEaD
Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
Livro-texto EaD
Natal/RN2010
D541c Dias, Marlise There. Construção do conhecimento e metodologia da pesquisa / Marlise There Dias. – Natal: [s.n.], 2010. 256p. : il. ; 20 cm
1. Metodologia científi ca. 2. Metodologia da pesquisa.I.Título.
RN/UnP/BCSF CDU 001.8
DIRIGENTES DA UNIVERSIDADE POTIGUAR – UnP
Reitoria
Sâmela Soraya Gomes de Oliveira
Pró-Reitoria de Graduação e Ação Comunitária
Sandra Amaral de Araújo
Pró-Reitoria de Pesquisa, Extensão e Pós-Graduação
Aarão Lyra
NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
DA UNIVERSIDADE POTIGUAR – UnP
Coordenação Geral
Barney Silveira ArrudaLuciana Lopes Xavier
Coordenação Pedagógica
Edilene Cândido da Silva
Coordenação de Produção
de Recursos Didáticos
Michelle Cristine Mazzetto Betti
Coordenação de Produção de Vídeos
Bruna Werner Gabriel
Coordenação de Logística
Helionara Lucena Nunes
Revisão de Linguagem
e Estrutura em EaD
Priscilla Carla Silveira MenezesThalyta Mabel Nobre BarbosaÚrsula Andréa de Araújo Silva
Apoio Acadêmico
Flávia Helena Miranda de Araújo Freire
Assistente Administrativo
Eliane Ferreira de SantanaGabriella Souza de Azevedo Gibson Marcelo Galvão de SousaGiselly Jordan Virginia Portella
Marlise There Dias
Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
Livro-texto EaD
Natal/RN2010
EQUIPE DE PRODUÇÃO DE MATERIAL DIDÁTICO
Delinea Tecnologia Educacional
Coordenação Pedagógica
Margarete Lazzaris Kleis
Coordenação de Editoração
Charlie Anderson OlsenLarissa Kleis Pereira
Revisão Gramatical e Linguagem em EaD
Simone Regina Dias
Diagramação
Alexandre Alves de Freitas Noronha
Ilustrações
Alexandre Beck
Coordenação de Produção de Recursos Didáticos da UnP
Michelle Cristine Mazzetto Betti
Ilustração do Mascote
Lucio Masaaki Matsuno
MARLISE THERE DIAS
Sou graduada em Ciência da Computação pela Universidade
do Vale do Itajaí - UNIVALI (1997). Em 2003, recebi o grau de
especialista em Desenvolvimento de Software para Web também
pela UNIVALI. Realizei meu mestrado em Ciência da Computação
no ano de 2009 na UNIVALI.
Desde 1999, atuo como docente na Universidade do Vale do
Itajaí, em disciplinas da área de ciência da computação e relacionadas
ao conhecimento. Durante este período, já ministrei disciplinas
específicas da computação, fui professora da disciplina de estágio
no curso de Administração e também de metodologia em vários
cursos presenciais. Atuei como docente também na disciplina de
metodologia da pesquisa no curso de administração - modalidade
a distância - dentre várias outras disciplinas nesta modalidade.
Atualmente, sou docente nas disciplinas de Metodologia da
Pesquisa (curso de Ciências Contábeis) e Administração de Sistemas
de Informação (curso de Administração). Na modalidade de ensino
a distância, atuo como professora responsável pelos estágios nos
cursos Ciências Contábeis e Administração, sendo também docente
da disciplina de Estágio.
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CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO E
METODOLOGIA DA PESQUISA
Para tratar sobre esta disciplina, começo questionando você
sobre o que deseja ao ler este material. O que você buscou quando
se matriculou em um curso superior? Acredito que, rapidamente,
você pensou em respostas como: aprender, conhecer, descobrir,
e se não foram exatamente estas palavras, pensou em outras
semelhantes. Afinal, se considerarmos nossas vidas, veremos que
estas são palavras presentes durante todo o tempo em nossa casa,
com nossa família, no trabalho e ainda mais na academia. Isso
mesmo, academia. E o significado é diferente daquele que, num
primeiro momento, pode ter passado pela sua mente.
Pensar em meio acadêmico, em academia, nos remete ao
conhecimento e à pesquisa. Um lugar em que buscamos, queremos
conhecer coisas novas, andar por caminhos não percorridos e
alçar novas descobertas. Chamo sua atenção para não pensar em
academia apenas pelo fato de estar matriculado em um curso
superior. Você será considerado um acadêmico de verdade se
conseguir, ao longo dos anos de estudo, colher frutos que lhe farão
um profissional no curso superior escolhido.
Acredito que, neste momento, tenha sentido um “frio na barriga”
e esteja questionando a si próprio se conseguirá obter êxito nesta
empreitada. Pode até estar com vontade de questionar: “mas professora,
como eu consigo isto? Será que consigo?” Sim, isto é totalmente possível
e ocorrerá se você, durante os anos de curso superior, se empenhar para
ter um contato muito próximo com o máximo de conhecimento.
Então, lembre-se que você, ao ingressar em um curso superior
e almejar um título de graduação, se coloca na posição de estudante.
E o que significa ser um estudante do ensino superior? Facilmente,
estou ouvindo: “essa é fácil, professora – é alguém que estuda
para obter o referido título”. Muito bem! Resposta correta! Mas
não pode ser uma resposta vazia, é preciso que você compreenda
realmente o significado dela e é por isso que falaremos sobre a
“construção do conhecimento e metodologia da pesquisa”.
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Esta disciplina mostrará a você o que significa ser um estudante de um curso
superior, um acadêmico. Você perceberá que é relevante estar sempre buscando
conhecimento e que também é possível, no meio acadêmico, produzi-lo. Para tanto,
estudaremos nesta disciplina as formas pelas quais você pode fazer isto.
Veremos a origem da busca pelo conhecimento, partindo de conceitos
básicos de filosofia à identificação da natureza do conhecimento. Compreender
conceitos relacionados à ciência e pesquisa e conhecer as formas de estudo e leitura
e de divulgação de conhecimento auxiliarão você no processo de investigação e
descoberta durante todo o curso superior.
Agora, convido você a mergulhar neste oceano de descobertas e vislumbrar
as mais variadas formas de conhecer que serão apresentadas durante os capítulos
desta disciplina.
CURSO: NEaD - DISCIPLINAS DE GRADUAÇÃO A DISTÂNCIA
DISCIPLINA: CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO E METODOLOGIA DA PESQUISA
PROF. AUTOR: MARLISE THERE DIAS
MODALIDADE: A DISTÂNCIA
1 IDENTIFICAÇÃO
A filosofia, o conhecimento e as ciências. Epistemologia da pesquisa. Fundamentos metodológicos de pesquisa. Metodologias de pesquisa. Métodos de pesquisa. Técnicas de pesquisa. Estratégias metodológicas. Projeto de pesquisa.
2 EMENTA
• Compreender a natureza do conhecimento científico como objeto da pesquisa científica.
• Compreender os procedimentos da metodologia da pesquisa para elaboração de trabalhos técnico-científicos que vislumbrem a pesquisa para produção de conhecimento científico na referida área de estudo.
3 OBJETIVOS
• Competências: ao final da disciplina, o aluno deve ser capaz de compreender os conceitos relacionados à ciência, conhecimento e pesquisa; reconhecer os diferentes tipos de trabalhos acadêmico-científicos e sua estrutura; desenvolver trabalhos acadêmico-científicos; compreender e utilizar técnicas apresentadas buscando leitura proveitosa de referências; reconhecer fontes de pesquisa adequadas; identificar os diferentes tipos de métodos e pesquisas existentes; aplicar os conceitos desenvolvendo um projeto de pesquisa.
• Habilidades: desenvolver trabalhos acadêmico-científicos e projeto de pesquisa de acordo com a estrutura apresentada.
4 HABILIDADES E COMPETÊNCIASP
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O aluno deve ser despertado para atividades de leitura e pesquisa em busca do conhecimento científico, levando-se em conta uma postura ética.
5 VALORES E ATITUDES
UNIDADE I
• Noções de filosofia e aspectos da filosofia contemporânea.
• Relação entre a construção do conhecimento e as ciências.
• Epistemologia da pesquisa: fundamentos filosóficos aplicados à pesquisa e à construção do conhecimento.
• Metodologias de pesquisa: pesquisa quantitativa e pesquisa qualitativa suas técnicas e recursos.
UNIDADE II
• Estratégias metodológicas: a pesquisa bibliográfica, a pesquisa de opinião, o estudo de caso, pesquisa-ação, pesquisa-intervenção, o trabalho de campo (a observação participante, o questionário, a entrevista, diário de campo).
• Trabalhos científicos. Memorial. Monografia. TCC. Artigos.
• As fontes de pesquisa. Normas da ABNT na elaboração de trabalhos científicos, resumos, resenhas, citações e referências.
• Projeto de pesquisa: estrutura e finalidade. Introdução. Objeto de estudo. Problema de pesquisa. Metodologia. Referencial teórico. Cronograma de pesquisa.
6 CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS
• Utilização de material didático impresso (livro-texto).
• Interação através do Ambiente Virtual de Aprendizagem.
• Utilização de material complementar (sugestão de filmes, livros, sites, músicas, ou outro meio adequado à realidade do aluno).
7 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
• Pontualidade e assiduidade na entrega das atividades propostas no material didático impresso (livro-texto) e solicitadas pelo tutor no Ambiente Virtual de Aprendizagem.
• Realização das avaliações presenciais obrigatórias.
8 ATIVIDADES DISCENTES
A avaliação ocorrerá em todos os momentos do processo ensino-aprendizagem considerando:
• leitura do de material didático impresso (livro-texto);
• interação com tutor através do Ambiente Virtual de Aprendizagem;
• realização de atividades propostas no material didático impresso (livro-texto) e/ou pelo tutor no Ambiente Virtual de Aprendizagem;
• aprofundamento de temas em pesquisa extra material didático impresso (livro-texto).
9 PROCEDIMENTOS DE AVALIAÇÃO
AZEVEDO, I. B. de. O prazer da produção científica: descubra como é fácil e agradável elaborar trabalhos acadêmicos. 11. ed. São Paulo: Hagnos, 2001.
CERVO, A. L.; BERVIAN, P. A.; SILVA, R. Metodologia científica. 5. ed. São Paulo: Pearson, 2007.
CHAUÍ, M. Convite à filosofia. 13. ed. São Paulo: Ática, 2003.
10.1 BIBLIOGRAFIA BÁSICA
10 BIBLIOGRAFIA
MARCONI, M. A.; LAKATOS, Eva Maria. Metodologia científica. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2007.
SANTOS, B. de S. Um discurso sobre as ciências. 6. ed. São Paulo: Cortez, 2009.
10.2 BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
10.3 BIBLIOGRAFIA INTERNET
Associação Brasileira de Normas Técnicas: http://www.abnt.org.br/
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq):http://www.cnpq.br/
Capítulo 1 - Noções de fi losofi a e aspectos da fi losofi a
contemporânea ........................................................................................... 17
1.1 Contextualizando .......................................................................................................... 171.2 Conhecendo a teoria .................................................................................................... 17 1.2.1 Noções de fi losofi a ............................................................................................. 17 Origem ..................................................................................................................................................19 Períodos da fi losofi a grega ............................................................................................................20 1.2.2 O que é fi losofi a? ................................................................................................. 25 1.2.3 Filosofi a contemporânea ................................................................................. 28 1.2.4 A razão e a verdade ............................................................................................ 36 Razão .....................................................................................................................................................36 Verdade .................................................................................................................................................401.3 Aplicando a teoria na prática .................................................................................... 42 1.3.1 Resolvendo ............................................................................................................ 431.4 Para saber mais .............................................................................................................. 441.5 Relembrando .................................................................................................................. 451.6 Testando os seus conhecimentos ............................................................................ 46Onde encontrar ..................................................................................................................... 47
Capítulo 2 - A ciência e a pesquisa ............................................................. 49
2.1 Contextualizando .......................................................................................................... 492.2 Conhecendo a teoria .................................................................................................... 49 2.2.1 Natureza do conhecimento ............................................................................ 49 Conhecimento empírico (vulgar ou de conhecimento do povo) ....................................51 Conhecimento fi losófi co ................................................................................................................53 Conhecimento teológico ...............................................................................................................54 Conhecimento científi co ................................................................................................................55 2.2.2 A ciência e a fi losofi a .......................................................................................... 57 Classifi cação das ciências ...............................................................................................................61 2.2.3 Noções gerais sobre pesquisa ........................................................................ 66 Áreas de pesquisa .............................................................................................................................70 2.2.4 Etapas da pesquisa ............................................................................................. 722.3 Aplicando a teoria na prática ..................................................................................... 73 2.3.1 Resolvendo ............................................................................................................ 742.4 Para saber mais .............................................................................................................. 752.5 Relembrando .................................................................................................................. 752.6 Testando os seus conhecimentos ............................................................................ 76Onde encontrar ..................................................................................................................... 77
Capítulo 3 - Métodos de pesquisa ............................................................. 79
3.1 Contextualizando .......................................................................................................... 793.2 Conhecendo a teoria .................................................................................................... 80 3.2.1 Métodos de pesquisa ........................................................................................ 80 3.2.2 Relevância do método ...................................................................................... 88 3.2.3 Métodos científi co e racional ......................................................................... 91 3.2.4 Métodos dedutivo, indutivo, hipotético-dedutivo e dialético ........... 92 3.2.5 Métodos experimental, observacional, estatístico e comparativo ... 973.3 Aplicando a teoria na prática ...................................................................................101
SU
MÁ
RIO
SU
MÁ
RIO
3.3.1 Resolvendo ...................................................................................................................................1013.4 Para saber mais .....................................................................................................................................1023.5 Relembrando .........................................................................................................................................1033.6 Testando os seus conhecimentos ...................................................................................................104Onde encontrar ............................................................................................................................................105
Capítulo 4 - Pesquisa ....................................................................................................107
4.1 Contextualizando .................................................................................................................................1074.2 Conhecendo a teoria ...........................................................................................................................108 4.2.1 Pesquisa quantitativa e pesquisa qualitativa: origem,
características e recursos .........................................................................................................108 4.2.2 Níveis de pesquisa .....................................................................................................................112 4.2.3 Estratégias ou delineamentos de pesquisa ......................................................................116 Pesquisa bibliográfi ca .................................................................................................................................................117 Pesquisa de opinião ....................................................................................................................................................119 Pesquisa-ação ................................................................................................................................................................119 Pesquisa-intervenção .................................................................................................................................................120 Estudo de caso ..............................................................................................................................................................121 Trabalho de campo .....................................................................................................................................................121 4.2.4 Métodos de coleta de dados .................................................................................................123 Observação participante ...........................................................................................................................................123 Entrevista ........................................................................................................................................................................125 Questionário e formulário .........................................................................................................................................127 Diário de campo ...........................................................................................................................................................129 4.2.5 Análise de dados ........................................................................................................................129 Análise estatística .........................................................................................................................................................129 Análise de conteúdo ...................................................................................................................................................130 Análise de discurso ......................................................................................................................................................130 Análise qualitativa .......................................................................................................................................................1314.3 Aplicando a teoria na prática ............................................................................................................131 4.3.1 Resolvendo ...................................................................................................................................1324.4 Para saber mais .....................................................................................................................................1334.5 Relembrando .........................................................................................................................................1334.6 Testando os seus conhecimentos ...................................................................................................134Onde encontrar ............................................................................................................................................136
Capítulo 5 - Estudo e leitura .........................................................................................137
5.1 Contextualizando .................................................................................................................................1375.2 Conhecendo a teoria ...........................................................................................................................138 5.2.1 Fontes de pesquisa ....................................................................................................................138 5.2.2 Resumos ........................................................................................................................................148 5.2.3 Resenhas .......................................................................................................................................150 5.2.4 Fichamento ..................................................................................................................................1535.3 Aplicando a teoria na prática ............................................................................................................157 5.3.1 Resolvendo ...................................................................................................................................1595.4 Para saber mais .....................................................................................................................................1605.5 Relembrando .........................................................................................................................................1625.6 Testando os seus conhecimentos ...................................................................................................162
Onde encontrar ............................................................................................................................................165
Capítulo 6 - Trabalhos acadêmico-científi cos .............................................................167
6.1 Contextualizando .................................................................................................................................1676.2 Conhecendo a teoria ...........................................................................................................................168 6.2.1 Trabalhos científi cos ..................................................................................................................168 6.2.2 Memorial .......................................................................................................................................173 6.2.3 Monografi a ...................................................................................................................................174 6.2.4 TCC ...................................................................................................................................................179 6.2.5 Dissertação ...................................................................................................................................180 6.2.6 Tese ..................................................................................................................................................182 6.2.7 Artigo .............................................................................................................................................1846.3 Aplicando a teoria na prática ............................................................................................................188 6.3.1 Resolvendo ...................................................................................................................................1896.4 Para saber mais .....................................................................................................................................1906.5 Relembrando .........................................................................................................................................1926.6 Testando os seus conhecimentos ...................................................................................................193Onde encontrar ............................................................................................................................................195
Capítulo 7 - Apresentação de trabalhos acadêmico-científi cos ................................197
7.1 Contextualizando .................................................................................................................................1977.2 Conhecendo a teoria ...........................................................................................................................198 7.2.1 Estrutura de trabalhos acadêmico-científi cos .................................................................198 7.2.2 Citações .........................................................................................................................................210 7.2.3 Referências ...................................................................................................................................2147.3 Aplicando a teoria na prática ............................................................................................................221 7.3.1 Resolvendo ...................................................................................................................................2227.4 Para saber mais .....................................................................................................................................2227.5 Relembrando .........................................................................................................................................2237.6 Testando os seus conhecimentos ...................................................................................................223Onde encontrar ............................................................................................................................................224
Capítulo 8 - Projeto de pesquisa ..................................................................................225
8.1 Contextualizando .................................................................................................................................2258.2 Conhecendo a teoria ...........................................................................................................................226 8.2.1 Estrutura e fi nalidade ...............................................................................................................226 8.2.2 Introdução: tema, problema de pesquisa, objetivo de estudo, justifi cativa ........230 8.2.3 Metodologia da pesquisa .......................................................................................................237 8.2.4 Referencial teórico .....................................................................................................................242 8.2.5 Orçamento e cronograma de pesquisa .............................................................................2448.3 Aplicando a teoria na prática ............................................................................................................246 8.3.1 Resolvendo ...................................................................................................................................2478.4 Para saber mais .....................................................................................................................................2488.5 Relembrando .........................................................................................................................................2498.6 Testando os seus conhecimentos ...................................................................................................250Onde encontrar ............................................................................................................................................252
Referências .....................................................................................................................................................253
17Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
1.1 Contextualizando
Conhecer a origem do que estudaremos nos permite uma melhor visualização
para o aprendizado, fazendo que estejamos situados no conteúdo. Este capítulo
ajudará na compreensão de como chegamos a pensar em conhecer algo, a nos intrigar
com o que é apresentado. Você verificará que o ser humano pode passar de um
estado em que simplesmente recebe informações para uma posição de questionador.
O texto mostrará que, quando você passa a exigir maiores explicações a
respeito de fatos e acontecimentos, está na situação de alguém em busca da
verdade ou em busca de questioná-la.
O capítulo 1 apresentará a você noções de filosofia e um pouco da história desta
área tão intrigante e interessante, que revelou os maiores pensadores da história,
inclusive de tempo atuais. Você perceberá o quanto os filósofos questionaram a
sociedade, o que era imposto ao ser humano, sem aceitar tudo o que lhes era dito.
Espera-se que, ao final do estudo, você seja capaz de definir filosofia,
conheça sua origem, alguns filósofos e, principalmente, consiga visualizar
porque este assunto é apresentado nesta disciplina.
1.2 Conhecendo a teoria
1.2.1 Noções de fi losofi a
Se você é daqueles que, quando ouve falar que determinado sujeito
é filósofo, já faz uma cara insinuante e acha que se trata de algum louco,
NOÇÕES DE FILOSOFIA E ASPECTOS DA FILOSOFIA CONTEMPORÂNEA
CAPÍTULO 11
Capítulo 1
18 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
este tópico pretende mostrar o que realmente pretende a filosofia. Os
filósofos são, muitas vezes, estigmatizados como humanos que escrevem e
falam coisas que não são compreendidas por outros de sua espécie, ou que
estariam sempre fora da realidade.
Esta atitude preconceituosa e de julgamento faz com que muitos
estudantes não se sintam à vontade quando ouvem falar sobre tal área de
conhecimento. Porém, pretendo mostrar a você o quão relevante são os
conceitos da filosofia para sua vida acadêmica.
Pensando bem, todos nós filosofamos, pois estamos sempre tentando
dar sentido às coisas. De acordo com os pensamentos de Gramsci (1978, apud
ARANHA e MARTINS, 1993, p. 74), “não se pode pensar em nenhum homem
que não seja também filósofo, que não pense, precisamente porque pensar
é próprio do homem como tal”. As escolhas que fazemos em nosso cotidiano
fazem parte de nossa filosofia de vida, a forma como nos alimentamos, como
fomos educados e educamos, a nossa rotina, etc.
Durante nosso desenvolvimento, acabamos por nos acomodar em
conhecimentos que nos são apresentados facilmente. Algumas atividades de
nossa rotina são realizadas de maneira tão automática que nem pensamos em
questionar o porquê de estarmos realizando daquela forma.
Chauí (2003) apresenta o desenvolvimento automático destas
atividades cotidianas para nos mostrar que o fato de não questionarmos
significa que aceitamos algo como real. E exemplifica: quando você
pergunta a alguém as horas está confirmando que acredita que o tempo
existe, acredita nas horas, e também na idéia de que o passado não volta
mais. Os aspectos em que você acredita o fazem diferente de outra pessoa
que pode ter suas próprias crenças.
Agora pense no seu dia-a-dia com seus colegas e relembre se, em
determinado momento, frente a uma brincadeira, um questionamento,
uma frase bonita dita por alguém, você não se viu dizendo: “fulano está
filosofando”. Quando uma pessoa resolve perguntar ou discutir a respeito
de algo considerado muito normal, é comum ser julgada ou estigmatizada,
quando, na verdade, apenas está querendo conhecer. É essa capacidade de
questionar verdades que a filosofia pode despertar.
Capítulo 1
19Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
Procure refletir a respeito de sua vida cotidiana, as atividades que desenvolve, as atitudes que toma e reflita: você é um agente que questiona ou apenas aceita o que o mundo lhe apresenta? Como está sua relação com o conhecimento, com o saber hoje? Você o ama, o respeita?
REFLEXÃO
Origem
O surgimento da filosofia para os historiadores data do final do século VII
a.C. e durante o século VI a.C. na Grécia, em uma cidade chamada Mileto, tendo
como primeiro filósofo Tales de Mileto (ARANHA e MARTINS, 1996). Filosofia
é uma palavra grega composta de philo e sophos. A primeira palavra significa
amizade, amor fraterno e a segunda quer dizer sabedoria. Desta forma, fica fácil
compreender o significado literal da palavra como sendo: amor à sabedoria.
Tales de Mileto é o primeiro filósofo ocidental de que se tem notícia. De ascendência fenícia, nasceu em Mileto, antiga colônia grega, na Ásia menor, atual Turquia, por volta de 625 a.C. e faleceu aproximadamente em 547 a.C. - segundo o historiador grego Diógenes Laércio, morreu com 78 anos durante a 58ª Olimpíada. Tales é apontado com um dos sete sábios da Grécia antiga e foi o fundador da Escola Jônica.
BIOGRAFIA
Os primeiros filósofos chamaram-se pré-socráticos por surgirem antes de
Sócrates, figura central na filosofia grega (MARTINS FILHO, 2000). Seus pensamentos
fizeram ruir uma realidade na Grécia antiga conhecida como mitologia.
Você deve conhecer alguns personagens relacionados à mitologia, como
Eros, o Deus do amor, e já deve ter ouvido a expressão “deuses do Olimpo”.
Estes se referem a mitos cultuados na época do surgimento da filosofia.
Capítulo 1
20 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
Pode-se compreender o mito como a narrativa sobre a origem de algo,
como a geração dos seres naturais, como o ar frio, por exemplo. A palavra
Mito tem origem grega mythos, formada da junção de dois verbos: narrar algo
(mytheyo) e anunciar, conversar (mytheo).
O povo grego considerava mito um pronunciamento público realizado
por alguém indicado e autorizado pelos deuses. Assim, havia uma confiança
total no que era proferido sem espaço para qualquer questionamento.
No entanto, o pensamento dos filósofos rompe a realidade onde não se
questiona e apresenta aquela em que se problematiza e se convida a discutir.
A filosofia entende o sobrenatural como irreal e não cultiva, nem crê nas
explicações divinas (ARANHA e MARTINS, 1993).
O surgimento dos primeiros filósofos, os questionadores, não ocorreu
como um milagre grego. De acordo com Chauí (2003), alguns acontecimentos
históricos favoreceram a origem da filosofia. Em resumo, pode-se citar:
• as viagens marítimas: em que os gregos puderam verificar que não
havia deuses nos lugares indicados;
• a invenção do calendário: por mostrar a percepção do tempo
como algo natural em que fatos se repetem e não mais como
poder divino;
• o surgimento da vida urbana: que diminuiu o prestígio dos aristocratas
criadores dos mitos para interesse próprio;
• e a invenção da política: que institui a lei como vontade coletiva, o
direito de cada cidadão, e não mais a vontade dos deuses e o estímulo
ao pensamento compreensível por todos.
Períodos da fi losofi a grega
Os primeiros estudos da filosofia fixaram-se em conhecer a origem do
mundo natural e suas transformações. Este período chamou-se pré-socrático
ou cosmológico.
Capítulo 1
21Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
LEMBRETELEMBRETE
Caro(a) acadêmico(a): lembre-se que o período pré-socrático apresenta esta nomenclatura pelo fato da divisão da filosofia grega ter como referência o filósofo Sócrates de Atenas (MARTINS FILHO, 2000).
A palavra cosmologia surge da junção de cosmos e logia. A primeira
faz referência ao mundo organizado e a segunda tem como significado
o pensamento racional. Observando o objeto inicial da filosofia, você
pode perceber porque o primeiro período denomina-se cosmológico.
Alguns filósofos deste período forma Tales de Mileto, Pitágoras de Samos e
Zenão de Eléia.
O período seguinte é denominado socrático, em função do surgimento
do filósofo Sócrates, ou ainda chamado antropológico (do grego ântropo =
Homem), por se preocupar com temas relacionados à realidade humana, como
o estudo da ética, política e técnicas.
A educação sofre interferência neste período. Os aristocratas, enquanto
donos do poder, possuem como padrão a educação baseada em poetas que
consideravam o guerreiro belo o homem perfeito. Com o surgimento da
democracia, prima-se por uma educação em que o padrão ideal é o bom
orador. Com isso, surgem os sofistas (sophos = sábio = professor de sabedoria),
considerados filósofos pioneiros neste período; em troca de pagamento, os
sofistas ensinavam aos filhos dos aristocratas a nova educação, contestando as
ideias dos filósofos do período pré-socrático.
No período socrático, os filósofos sofistas que mais se destacaram foram: Protágoras de Abdera, Górgias de Leontini e Isócrates de Atenas.
SAIBA QUE
Capítulo 1
22 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
As afirmações cultuadas pelos primeiro filósofos do período em seus
ensinamentos fizeram com que Sócrates, filósofo conceituado e considerado o
pai da filosofia, levantasse uma bandeira contra os sofistas. Acusava os sofistas
de não serem filósofos por não demonstrarem amor e respeito à sabedoria e
à verdade (CHAUÍ, 2003).
O filósofo considerado patrono da filosofia não deixou qualquer documento que discorra a respeito de seus pensamentos, suas posições ou inquietudes. Por isso, os relatos de Sócrates (469–399 a.C) são descritos por outros filósofos, como Platão, Xenofonte e Aristóteles. Alguns historiadores, inclusive, afirmam que só se pode falar de Sócrates como um personagem de Platão, por ele nunca ter deixado nada escrito de sua própria autoria.
CURIOSIDADE
Figuras 1 e 2 - Bustos de Aristóteles e PlatãoFonte: <http://images.google.com>.
A proposta de Sócrates direcionava a filosofia para a preocupação com
o homem. O filósofo acreditava que, antes de conhecer a origem do mundo,
era necessário ao homem conhecer a si próprio. Para Sócrates, as percepções
sensoriais nunca chegam à verdade; são sempre questionadas e fonte de
mentira ou erro (CHAUÍ, 2003).
Outro filósofo deste período é Platão, que cultua o processo de
compreensão do real e cria a palavra ideia (eidos). Para este filósofo, existe
Capítulo 1
23Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
um mundo imutável e um mundo real que sofre interferência do imutável. Em
seu livro A república, Platão utiliza-se do Mito da caverna para demonstrar seu
pensamento relativo aos dois mundos.
Platão (427-347 a.C.), filho de aristocratas e discípulo de Sócrates, escreveu mais de 30 obras, como Menexeno; Ménon; Crátilo; O banquete; A república; dentre outras. Basicamente, suas obras eram escritas em forma de diálogos. Curiosamente, esses diálogos não apresentam Platão como personagem principal, e, sim, Sócrates.
BIOGRAFIA
Para melhor entender as ideias de Platão, vamos viajar em seus
pensamentos conhecendo a alegoria da caverna. Concentre-se na leitura para
que possa compreender as relações realizadas pelo autor.
Neste trecho do livro, o filósofo descreve seres acorrentados desde a
infância em uma caverna subterrânea. A forma como estão algemados não
permite que tenham acesso à entrada, ficando obrigados a enxergar apenas
o fundo da caverna. Por não estar totalmente fechada, uma luz adentra
proveniente de uma fogueira e é possível ver apenas as sombras do que está
se passando às suas costas. As sombras mostram homens carregando objetos -
e como isto é a realidade que conhecem, para eles, tudo é verdadeiro. Afinal,
por estarem ali desde que nasceram, é a única coisa que viram.
Figura 3 - Mito da cavernaFonte: < http://media.photobucket.com >
Capítulo 1
24 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
Agora imagine que um destes homens consiga se libertar das correntes e
sair da caverna. É o que Platão descreve a seguir e questiona o que aconteceria,
o que ele faria. Provavelmente, no primeiro momento, todos os movimentos do
homem trariam algum tipo de problema a ele, como dor no corpo, e olhar para
luz com certeza lhe causaria incômodo. Apesar disso, o homem questionaria tudo
o que vê tentando compreender o que ocorre fora da caverna. Seria possível a
ele perceber que a fogueira, na verdade, era a luz do sol e que, refletida, gerava
as sombras vislumbradas por todos no fundo das cavernas.
Acredita-se que o homem, ansioso por contar aos outros o que vira, retorne
à caverna atrapalhado pela escuridão e conte o que vislumbrou. Na caverna,
alguns acreditariam que as imagens que viam não eram retrato da realidade,
outros o questionariam, o teriam como louco, sendo capazes até de matá-lo.
Esta alegoria demonstra que Platão acredita que a caverna é nosso
mundo, o prisioneiro que sai da caverna é o filósofo, que vislumbra a luz do
sol, que seria a verdade (CHAUÍ, 2003).
O objetivo da filosofia seria incitar a busca de novas descobertas
e conhecimento e o mito das cavernas demonstra que você pode ficar
em sua zona de conforto com o que já conhece ou empreender esforços para
mudar a realidade, agregando conhecimento e partindo para um novo mundo.
Vejamos se você está atento. Estamos agora no terceiro período chamado
de período sistemático, que tem como principal filósofo Aristóteles (nascido
na Macedônia) e discípulo de Platão. Possui como discurso agregar todas as
áreas de pensamento (o saber total) como uma forma de conhecer tudo aquilo
que existe no mundo.
Apesar de ser discípulo de Platão, o filósofo Aristóteles escrevia de forma
sistemática diferente de seu mestre, que o fazia em forma de poesia e analogias. Há
também diferenças entre seus pensamentos, pois Aristóteles não aceitava o mundo
das ideias. O filósofo afirmava que era necessário compreender como o pensamento,
de forma geral, funcionava, independente do conhecimento. E com este objeto de
estudo, deu origem à Lógica, que é uma das áreas da filosofia atualmente.
Aristóteles, por suas crenças, institui uma classificação filosófica de áreas
de conhecimento, incluindo as ciências produtivas – em que há ação humana
para produção de algo, como exemplo, arquitetura, medicina, escultura,
Capítulo 1
25Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
poesia, etc.; as ciências práticas – estudam a prática humana, sendo o próprio
ato realizado, como a ética e a política; e as ciências teoréticas – destinam-se
à compreensão de coisas que existem sem a influência do ser humano, como
exemplos, a física, biologia, psicologia, teologia, entre outras (CHAUÍ, 2003).
Para Santos (2009), atualmente ainda há resquícios da forma aristotélica de
pensar em relação à ciência, embora haja um novo paradigma científico, com
uma melhor observação de fatos e visão de mundo.
Por fim, temos o período helenístico da filosofia, em que se afirma que o
mundo é a sua cidade e que somos cidadãos do mundo. Constitui-se a filosofia
de grandes doutrinas, buscando explicar a natureza, o homem e a relação
entre os dois. Neste período, há uma preocupação com a ética, com a física,
com a teologia e com a religião.
Estes períodos apresentam o início da filosofia e os pensamentos dos
primeiros filósofos. Esse entendimento permite que você compreenda a busca
incessante do ser humano pelo conhecimento, apesar de apresentar foco
diferenciado em cada um dos períodos apresentados.
Em Nova York, no zoológico do Bronx, um grande espaço é destinado aos primatas como chimpanzés e gorilas. Em uma das jaulas, separadas das outras e muito protegida, há um letreiro informando que ali você pode encontrar o primata mais perigoso e destruidor
do mundo. Quando você se aproxima vê sua própria imagem em um espelho. O zoo chama a atenção para o fato de tudo que o homem já causou à natureza e a si mesmo. Pretende que o ser humano pare e se questione sobre como está vivendo e o que vem fazendo para o bem ou mal deste planeta (MATURANA e VARELA, 2001).
CURIOSIDADE
1.2.2 O que é fi losofi a?
Agora que você já teve acesso a algumas informações referentes à filosofia
e sua origem, seria capaz de dizer o que compreende por filosofia? Você já
está convencido do conceito desta ciência? Supondo que algumas dúvidas ainda
pairem em seus pensamentos, vamos conversar um pouco sobre o que é filosofia.
Porém, cabe alertá-lo que não há um conceito único e preciso para a ciência.
Capítulo 1
26 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
Como vimos, em sua essência, a palavra filosofia vem do grego e
significa amor e respeito à sabedoria. Pode-se dizer que, mesmo considerando
a origem da filosofia cujo foco mudou no decorrer do tempo, o objeto se
manteve. A filosofia é a ciência em que seus praticantes destinam seus estudos
ao questionamento do que inicialmente é verdade.
Você pode encontrar em seus estudos diferentes definições para a
filosofia. Alguns filósofos famosos definiram filosofia de acordo com a época
em que viveram: Platão apresenta a filosofia com um conhecimento verdadeiro
a serviço da humanidade; Descartes a definiu como o estudo da sabedoria de
todas as coisas necessárias à vivência humana; e Marx dizia que a filosofia
deveria conhecer o mundo a fim de transformá-lo (CHAUÍ, 2003).
Se você perguntar a explicação da filosofia em rápidas palavras, diria
que é um ato de pensar e ajuda no desenvolvimento de nossas habilidades
mentais. Pensando em seu objeto e sua epistemologia, pode-se dizer que a
filosofia é uma ciência que, caso não existisse, o mundo continuaria como é;
ainda assim, é o mais útil de todos os saberes por fornecer à sociedade meios
para ser consciente de si e de suas ações.
Pitágoras foi o criador da palavra filosofia e afirmava que “o filósofo
[...] é movido pelo desejo de observar, contemplar, julgar e avaliar as coisas,
as ações, a vida; em resumo pelo desejo de saber” (CHAUÍ, 2003, p. 25). Como
você pode perceber, voltamos à origem da palavra filosofia.
O filósofo, em seus estudos, se baseia em problemas da existência,
porém para compreendê-los, precisa afastar-se deles e encontrar maneiras de
promover mudanças.
Como você acredita que está tendo uma atitude filosófica? No começo
do capítulo, comentei sobre o julgamento que fazemos a colegas dizendo que
está filosofando como sendo algo pejorativo. Espero que, neste momento,
filosofar seja algo mais relevante para você.
Se a partir de agora, você se concentrar mais nas atividades de sua rotina
diária e começar a questionar certas verdades, você estará se afastando de
si para compreender melhor aquilo no que acredita e julga correto. Assim,
estará tendo uma atitude filosófica.
Capítulo 1
27Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
A nossa não aceitação direta ao que nos é imposto ou dito nos impulsiona ao
ato de filosofar. O que está ao nosso redor pode não ser tão óbvio e a filosofia nos
convida a jamais aceitar como verdade antes de uma investigação ou compreensão.
Você pode começar pela sua dedicação aos estudos nas disciplinas.
Quando você não aceitar ou não se convencer de algum conceito ou definição
de determinado autor, pode ter uma atitude filosófica em relação ao tema e
buscar conhecimento suficiente para ter opinião a respeito e ter a sua verdade
com compreensão real.
Morris (2000) afirma que a filosofia desenvolve três habilidades
em quem a estuda, e justifica nisso a necessidade desta nos currículos escolares.
Estas habilidades serão apresentadas para, mais uma vez, ajudar você a
compreender o porquê de estudar filosofia. A primeira delas relaciona-se à
necessidade imposta pela filosofia em analisar temas discutíveis. Ao estudar
os filósofos mais conhecidos, você pode aprender com eles como desenvolver
esta habilidade. Pode, assim, analisar aspectos de sua vida como: entender
pensamentos negativos, quais são suas aptidões e como educar melhor seus
filhos. Morris (2000) alerta: ao analisar, devemos ser imparciais e não deixar o
sentimento atrapalhar os pensamentos em demasia.
E quando você se depara com situações conflitantes, como, por exemplo:
está em uma loja e decide realizar uma compra, você pode se questionar se
o objeto de compra é realmente necessário ou apenas está atendendo a um
capricho seu. A sua habilidade de avaliação neste momento é crucial para que
você tome uma decisão. Muitas vezes, nossos desejos não são necessidades, e
precisamos ser capazes de avaliar.
Os pensamentos filosóficos podem ser avaliados se você realizar
questionamentos como: é coerente? É completo? É correto? E demonstrar
discernimento para obter uma afirmativa para as perguntas.
A terceira habilidade desenvolvida pelo estudo da filosofia possibilita
que você faça o uso correto do argumento na defesa ou refutação de um
pensamento. Algumas pessoas podem confundir esta habilidade e achar
que se trata de gritar mais alto do que quem possui outra posição, afirmar
incisivamente o que acredita ou ainda fazer provações. O que se deseja do
argumento é a exposição com conteúdos fundamentados, favorecendo a sua
posição sobre determinado pensamento a fim de chegar a uma conclusão.
Capítulo 1
28 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
Como você já descobriu, a relevância de estudar filosofia passa pelo
desenvolvimento das habilidades de análise, avaliação e argumentação. E
você deve se preocupar em ter atitudes filosóficas.
A tríade o que, como e por que demonstra que você tem atitude filosófica.
Saber qual a realidade ou natureza do objeto identifica o primeiro questionamento
da tríade. Em “como”, a filosofia busca qual estrutura e relações referem-se ao
objeto. E a origem ou causa do objeto é questionada em “por quê”.
Além disso, autores afirmam que a filosofia pressupõe uma reflexão
filosófica por parte de quem decide pensar com maior rigidez. Por sua
definição, reflexão é um “movimento de retorno a si mesmo” (CHAUÍ,
2003, p. 20). Na filosofia, o rigor da reflexão obriga ao filósofo indagar
a si próprio, encontrar motivos para o que fazemos ou dizemos, chegar às
últimas consequências até encontrar a conclusão ideal, conhecer o objetivo de
determinado questionamento e entender o conteúdo sobre o qual estamos
pensando, filosofando.
Cabe deixá-lo ciente de que, conforme Chauí (2003), a filosofia precisa de
enunciados rigorosos, com obtenção de provas para apresentar resultados, e é
sistemática, exigindo que seus questionamentos sejam válidos e verdadeiros,
constituindo ideia verdadeira.
1.2.3 Filosofi a contemporânea
Este período envolve os conhecimento e direcionamento filosóficos até
os dias atuais. Para que você compreenda de forma facilitada o que a filosofia
atual discute, vou apresentar a cronologia dos períodos da história da filosofia
e como os aspectos discutidos vão modificando. Os períodos apresentados
serão os considerados por Chauí (2003): filosofia antiga, patrística, medieval,
renascença, moderna, iluminista e contemporânea.
A filosofia antiga é datada do VI a.C. ao século VI d.C.; refere-se à fase
de origem da filosofia, que discutimos incluindo o período pré-socrático,
socrático, sistemático e helenístico.
Datada do século I ao século VII, a filosofia patrística (vem de
padre) tem como objeto subsidiar a evangelização com base nas epístolas de
João e Paulo, atividade antes esquecida devido à filosofia antiga (MARTINS
Capítulo 1
29Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
FILHO, 2000). Este período trouxe à tona a ideia de pecado, de santíssima
trindade, de criação do mundo ideias, que foram esquecidas na filosofia
idealizada pelos gregos como Sócrates e Platão. Os principais filósofos que se
destacam no período são: Clemente de Alexandria, Orígenes e Tertuliano.
Alguns autores dividem a filosofia medieval em patrística e escolástica (que seria o mesmo que medieval) e consideram que a patrística parte da medieval em função de apresentar temas que se sucedem. No entanto, estamos adotando a divisão sugerida por Chauí (2003), em que se tem a patrística e a medieval é também chamada escolástica.
SAIBA QUE
A filosofia medieval surge com a queda do Império Romano e data
do século VII ao século XIV, sendo uma especulação filosófica voltada ao
teologismo. Neste período, culturalmente, o que regia a sociedade eram os
valores cristãos e por isso surge, nesta época, o que se chamou filosofia cristã.
Também chamada escolástica, a filosofia medieval sistematiza a teologia e
filosofia ensinadas nas escolas medievais (MARTINS FILHO, 2000).
Imagine você que, nesta época, a temática religiosa estava prevalecendo
sobre a da razão; desejava-se que a fé fosse a justificativa da verdade. Com
grandes temas, os filósofos medievais discutiam a relação humana e religiosa,
como o corpo e alma, o que diferencia a razão da fé, e afirmavam que aquele
que estava mais ligado a Deus era considerado ser superior. Assim, os padres
estavam acima dos reis e autoridades.
A exposição de ideias filosóficas era realizada por meio de apresentação
de uma tese, que seria aceita ou não, com base em conceitos de outros
filósofos, como Aristóteles ou até pelo que dizia a Bíblia. Esta técnica ficou
conhecida como Disputa. Alguns filósofos de destaque da filosofia medieval
foram: Santo Anselmo, Santo Alberto Magno, Roger Bacon e Averróis (árabe)
e Maimônides (judaico).
Capítulo 1
30 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
No século XI, surgem as universidades espalhadas por toda a Europa, entre elas, a de Paris, de Bologna e de Oxford. As universidades são consideradas associações corporativas livres de alunos e professores. Havia duas vertentes: uma voltada à preparação filosófica; e a teológica, que estudava profundamente a sagrada escritura.
CURIOSIDADE
Figura 4 - Universidade de Oxford – InglaterraFonte: <http://images.google.com>.
A seguir, temos a filosofia da Renascença, que trouxe a
conhecimento obras de grandes filósofos, como as de Platão e novos
conhecimentos deixados por Aristóteles. A filosofia da Renascença é o período
da História da Filosofia que, na Europa, está entre a Idade Média e o Iluminismo.
As linhas de pensamento que predominavam eram de Platão, em que
o homem faz parte da natureza e a ideia de dois mundos, como o mito da
caverna; a ideia de defesa de ideais republicanos; e o homem como aquele
que decide sua vida e seu destino. Alguns dos filósofos dessa época foram
Dante, Maquiavel e Thomas Morus.
Conhecida também como Grande Racionalismo Clássico, a filosofia moderna
data do século XVII e tem participação marcante de Lutero e Descartes. O primeiro
foi responsável pela ruptura da religião, possibilitando o acesso livre à Bíblia. O
segundo fez uma ruptura filosófica, criando novos alicerces para o pensamento.
Capítulo 1
31Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
Na filosofia moderna, o pensamento passa a ter as marcas do racionalismo, do
antropocentrismo e do saber ativo. Para os filósofos deste período, o conhecimento
pode ser apresentado desde que seja relacionado com ideias que possam ser
comprovadas de forma racional. Os conceitos e conhecimentos são formulados por
quem os procura, os transforma e são completamente conhecidos por este.
Como antropocentrismo, entenda a necessidade do homem de estar
no centro de tudo. Agora, os filósofos discutem se o ser humano pode
descobrir qualquer coisa, desejam saber qual sua capacidade intelectual. O
conhecimento foco da filosofia está naquele que aprende, e não mais apenas
no objeto do conhecimento.
O conhecimento partindo da própria realidade - esta é submetida a
experimento e volta à realidade - constitui o foco do saber ativo. O homem tem o
poder de, por meio da observação e da razão do que acontece no Universo, conhecer
e compreender os acontecimentos e transformar a realidade. Este pensamento
implica no homem dominando, por meio de técnicas, a natureza e a sociedade.
Releia e pense no parágrafo anterior. Reflita e tente relacionar o saber ativo a algo que já conhece ou estudou. O que o saber ativo pode ter trazido para nosso cotidiano?
REFLEXÃO
A característica do pensamento moderno, relacionada ao saber ativo,
diz respeito a vários aspectos de nossa realidade. Esta crença na capacidade
da humanidade em transformar a realidade, em coletar dela informações,
possibilitou a percepção do binômio teoria e prática, propondo os conceitos
de experiência e tecnologia.
Ou seja, os estudiosos conseguiram teorizar o que viam na realidade e assim
surgem algumas ciências ou base para estas, como a Matemática (geometria,
cálculo, probabilidade), fenômenos elétricos, criação do barômetro, explicação
da circulação sanguínea, entre outros. Destacam-se neste período pensadores
como Fernat, Descartes, Newton, Leibniz, Hooke, Galileu, Pascal, Huygens.
Capítulo 1
32 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
A filosofia iluminista, datada do século XVIII ao início do XIX, preocupava-
se pela relevância dada às ciências, principalmente a biologia como campo da
filosofia de vida e pelas artes, consideradas expressões do progresso humano.
Além disso, prepondera o questionamento sobre a riqueza do mundo e
pensamentos sobre economia.
Chauí (2003) aponta aspectos que eram afirmados pela filosofia
iluminista: a liberdade e a conquista social e política podem ser alcançadas
com o uso da razão; seria possível o aperfeiçoamento, progresso e perfeição
humana (não existiriam preconceitos ou medos) pelo uso da razão; a razão
seria aperfeiçoada dependendo da evolução e progresso das civilizações; e
por fim, entendia que a natureza era formada por suas leis e pelas relações de
causa e efeito e nenhuma relação existia com a civilização. Assim, o homem
livre apresenta, por sua vontade, perfeição moral, política e técnica. Como
principais pensadores, temos: Rousseau, Kant, Fichte e Voltaire.
Agora que você está situado no tempo da filosofia e conseguiu
vislumbrar as abordagens adotadas em cada período filosófico, vamos
conhecer a filosofia contemporânea.
Por muitos autores, ela é considerada a mais complexa das várias
correntes existentes. Também é difícil de ser explanada por ainda estar em
evolução, já que contempla até os dias atuais.
Na filosofia, este período, iniciado no século XIX, é marcado
por descobertas no campo das artes, ciências, história do homem e
da sociedade. Uma delas é que a humanidade progride acumulando
conhecimentos e aperfeiçoando suas tecnologias, se comparado ao que
existia em um período anterior. A filosofia apostava suas fichas no saber
científico e tecnologia como forma de controlar a natureza e a sociedade.
De certa forma, estas características do período demonstravam uma
grande euforia em relação aos resultados que seriam alcançados por meio
das ciências, gerando uma aversão à reflexão filosófica, pois o que se
imagina eram respostas inquestionáveis e controle sobre a natureza e
sociedade (SANTOS, 2009).
Este otimismo exagerado no progresso humano denominou-se
positivismo e teve como pai, Augusto Comte. As teorias filosóficas do
século XIX foram questionadas no século XX e os resultados esperados
Capítulo 1
33Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
inicialmente não foram alcançados. Os questionamentos vieram em
função de que a pregação do progresso permitia a legitimidade de que
os mais adiantados poderiam dominar os atrasados, identificados como as
ideias do colonialismo e imperialismo. Além disso, entendia-se que havia
transformação contínua, acumulativa e progressiva da humanidade, o que
foi negado pelos registros, já que cada época da história traz conhecimentos
e práticas próprias do período.
O filósofo Augusto Comte concordava com as ideias otimistas do progresso e responsabilizava a ciência por esta possibilidade, prevendo que o desenvolvimento social aconteceria com base no conhecimento científico e controle científico da sociedade. Devido a isso, Comte criou o conhecido: ORDEM E PROGRESSO, que está na bandeira do Brasil (CHAUÍ, 2003).
CURIOSIDADE
Figura 5 - Bandeira do BrasilFonte: <http://images.google.com>.
Alguns filósofos desse período “apostam suas fichas” no saber científico e
tecnológico como forma de manter controle sobre o ser humano, a sociedade
e a natureza. Várias ciências foram pensadas como salvadoras neste período,
como a sociologia (julgava-se, pelo conhecimento que teria do homem e da
sociedade, que haveria controle racional sobre estes); e a psicologia (em que
seria possível controlar as causas de emoções e comportamentos humanos). Com
Capítulo 1
34 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
os acontecimentos do século XX – as guerras, bombas, devastação da natureza,
sofrimentos mentais, problemas éticos e políticos –, ficou claro à filosofia (e à
humanidade) que o otimismo relacionado à ciência e à tecnologia era demasiado.
Assim, surge uma vertente em que se teria a razão instrumental, voltada
ao técnico-científico como meio de intimidação ao ser humano, e a razão
crítica, considerando-se que as mudanças verdadeiras na sociedade só ocorrem
quando há a busca pela emancipação do ser humano.
A desilusão com os ideais científicos e tecnológicos cedeu lugar à crença
nos ideais revolucionários para a construção de uma sociedade mais justa e
feliz. Porém, o surgimento, no século XX, do fascismo e nazismo fez os filósofos
abandonarem estas ideias. Os questionamentos estavam em torno de saber se
o ser humano seria mesmo capaz de criar a tão sonhada sociedade, justa e feliz.
Outra vertente da filosofia estava no reconhecimento da cultura como o
exercício da liberdade possível, a sociedade que tornava os homens diferentes
dos animais. No século XIX, os filósofos julgaram que cultura seria algo global,
dado ao que se pensava neste século. Porém, como para falar de cultura seria
necessário que o filósofo direcionasse suas atitudes para a busca, no passado,
das tradições, já que cada povo tem uma maneira de se relacionar, tem sua
própria linguagem e forma de expressão, a ideia de cultura universal na
filosofia do século XX foi questionada.
Várias questões filosóficas ainda perduram, como a criada por Marx,
chamada ideologia. O autor sustenta que a sociedade impõe, a você e a mim,
determinada maneira de agir, que no nosso modo de pensar parece ser fruto
de nossa vontade. Marx sustenta que as classes dominantes exercem seu
poder sobre todas as classes de forma “que suas ideias pareçam ser universais”
(CHAUÍ, 2003, p. 53) e todos que fazem parte daquela sociedade devem tê-las
como verdade absoluta.
Outra descoberta realizada por Freud é a do inconsciente, conceituado
como um poder invisível que domina o nosso consciente. Para Freud, o ser
humano tem a ilusão de que tudo o que faz, sua forma de agir, suas escolhas,
suas ambições, está plenamente controlado por sua consciência. Trata-se de
uma forma de “[...] poder que domina e controla invisível e profundamente
nossa vida consciente” (CHAUÍ, 2003, p. 53).
Capítulo 1
35Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
Outros filósofos de nossos tempos são: Michel Foucault, Wittgenstein e
Husserl. Alguns filósofos brasileiros de destaque são: Miguel Reale, Antonio
Paim e Luis Washington Vita.
Atualmente, a filosofia possui seus conhecimentos limitados e possui
seus próprios campos de reflexão. Pode-se citar: lógica, epistemologia,
ontologia, ética, filosofia política, filosofia da história, filosofia da arte,
filosofia da linguagem, história da filosofia e teoria do conhecimento
(CHAUÍ, 2003).
Você pode observar que as descobertas realizadas por Marx e Freud,
respectivamente, ideologia e inconsciente, promoveram uma retomada das
ideias de ilusão e imaginação. Os conceitos do início da filosofia contemporânea
foram colocados à prova e o fato de conhecer aspectos relacionados à razão
começa a ser questionado.
Cervo, Bervian e Silva (2007) citam que a filosofia contemporânea propõe
questões como: será o homem dominado pela técnica? A máquina substituirá
os homens? Quando chegará a vez do combate contra a fome e a miséria? A
tecnologia traz real benefício à sociedade?
PRATICANDOPRATICANDO
Lembrando dos períodos da origem da filosofia e da cronologia filosófica apresentada neste tópico, apresente o período da origem e da história da filosofia em que as ideias retomadas por Freud e Marx relacionadas à ilusão foram discutidas. Qual filósofo retratou a ilusão? Que recurso utilizou para demonstrá-la?
Ao conhecer as várias fases da filosofia, você entrou em contato com
nomes que são conhecidos, atualmente, também como cientistas. Isto porque,
durante certo tempo, não havia uma definição clara entre ciência e filosofia e
também porque são os questionamentos sugeridos pela filosofia que, muitas
vezes, levam a resultados científicos. Santos (2009) afirma que, por meio da
reflexão, é possível aos cientistas adquirir competência e interesse filosófico
em problematizar suas práticas científicas. Com isso, sugere que, atualmente,
têm-se cientistas-filosóficos, como não se viu em outras épocas na história.
Capítulo 1
36 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
1.2.4 A razão e a verdade
Ao conhecer aspectos básicos da filosofia, você deve ter percebido
que algumas palavras são comentadas durante vários períodos e momentos.
Isto demonstra o grau de relevância desses termos para o estudo que
você está realizando.
Razão e verdade são dois termos que, em vários momentos, são
contestados, negados ou lembrados. Neste sentido, acredito que seja
importante a você, acadêmico, compreender alguns aspectos relativos a
estes conceitos.
Razão
A origem da palavra razão advém de duas fontes: o ratio, do latim,
que significa juntar, calcular, reunir, e logos, que vem do grego, e apresenta
semelhança no significado. Você consegue expor o que compreende até este
momento por razão e o significado de sua origem?
Na filosofia, a razão foi exageradamente cultuada em uma das correntes
filosóficas, o Iluminismo, sendo considerada a responsável pelo progresso da
humanidade. Como vimos, Marx e Freud fizeram os filósofos repensarem a
razão por meio de suas descobertas na filosofia contemporânea.
O que você pensa quando ouve a palavra razão? Que associações você
consegue fazer? Acredito que uma das primeiras ideias que passam em sua
cabeça seja o termo racional, isto é, eu, como ser humano, tenho razão
diferente de um animal, considerado irracional. E que difere do emocional, da
ilusão, do que diz a religião e do místico.
Chauí (2003) afirma que utilizamos a palavra razão de maneiras diferentes
e podemos estar fazendo uso dela de forma parcial, considerando a amplitude
de seu conceito (ARANHA e MARTINS, 1993). Reflita agora em que momentos
de sua rotina você utiliza a palavra razão? Em quais situações faz uso dela?
Eu, por exemplo, utilizo esta palavra no supermercado, quando digo ao
gerente que tenho razão de reclamar em função do mau atendimento. Posso
fazer uso dela para argumentar com meu filho a razão de ter quebrado um
brinquedo por vontade própria ou a razão de estar chorando por tanto tempo.
Capítulo 1
37Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
Em uma discussão de trânsito, quando alguém, distraído, bateu na traseira do
carro, meu marido, muito exaltado, saiu do carro, começou uma discussão e eu
disse a ele para se acalmar ou poderia perder a razão.
Ao afirmar o uso da palavra razão para tantas situações diferentes, estou
contrapondo o que disse ser o pensamento da maioria das pessoas sobre a
palavra, no segundo parágrafo deste tópico. Pascal (apud CHAUÍ, 2003, p. 60),
lá no século XVII tem uma frase que você deve conhecer: “O coração tem
razões que a razão desconhece”. A frase reafirma os diferentes sentidos da
palavra razão, que para a filosofia pode ser: “certeza, lucidez, motivo, causa”
(CHAUÍ, 2003, p. 60).
Você reconhece os dois significados diferentes da palavra razão na frase dita por Pascal: “O coração tem razões que a razão desconhece”? Explique.
DESAFIO
Agora que já conversamos sobre alguns aspectos relacionados à razão,
retomo a pergunta que fiz no primeiro parágrafo: considerando a origem da
palavra e o que você compreende por razão, consegue vislumbrar a relação?
O significado, conforme a origem do termo, é juntar, calcular, reunir.
Ao pensar sobre estas palavras, o que você compreende como atividades que
faria para desenvolvê-las? Quando você faz uma prova de matemática e a
questão apresentada pelo professor pede que você calcule os juros em uma
determinada situação-problema, qual a sua atitude? A resposta pode ser: “eu
entrego a prova, pois não sei nem por onde começar” ou você se concentra
na atividade procurando ordenar seus pensamentos a fim de expor, em forma
de palavras, a resposta. Lembro que, inicialmente, os gregos representavam
número como letras.
E agora ficou mais fácil para você fazer a relação? Razão, de acordo
com sua origem, refere-se ao pensamento e fala de maneira ordenada e
clara, com possibilidade de compreensão para o outro (CHAUÍ, 2003). Morris
Capítulo 1
38 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
(2000) afirma que a razão é o poder que o ser humano possui para organizar e
interpretar a experiência adquirida ao longo da vida e a capacidade de chegar
a conclusões confiáveis.
Russel (apud MORRIS, 2000, p. 45) diz que “a mente é uma máquina
estranha capaz de combinar das formas mais espantosas os materiais que lhe
são oferecidos”. Ou seja, tudo o que recebemos pode ser combinado com
nossas experiências, gerando novos conhecimentos.
A filosofia divide a atividade racional em intuição e raciocínio. No
primeiro caso, o conhecimento do objeto ou fato é geral e completo.
Esse discernimento pode vir na forma do simples ato de reconhecer
uma pessoa, um carro, uma bolsa e define a intuição sensível. Quando
a percepção foca nas qualidades do objeto, como cor, forma, texturas,
refere-se à intuição empírica.
A razão discursiva ou raciocínio são demonstrações que comprovam os
resultados e conclusões obtidos no processo do conhecimento, e para isso, são
possíveis três procedimentos: dedução, indução e abdução.
No caso de dedução o raciocínio parte de uma verdade global e se prova
que todos os casos específicos (que são iguais) podem ser aplicados. Quando
o raciocínio é o inverso, pensa-se em um fato particular e se busca encontrar
a verdade geral; trata-se aqui de indução. A abdução, abordada por alguns
autores, é como uma intuição que ocorre em etapas; este raciocínio acontece
quando uma nova área está sendo descoberta.
A razão, por sua natureza, incorpora algumas características ao conceito,
nomeados por alguns autores como princípios da razão. A identidade afirma
que “eu sou eu”, ou seja, eu sou conhecida por ser esta pessoa e isto deve
ser mantido desta forma para que eu tenha a minha identidade. Isso pode
se relacionar às coisas, por exemplo, o que você conhece por uma caneta
ou um dispositivo qualquer, com suas características exatas, será sempre
reconhecido desta maneira.
A não-contradição também é explícita na razão. Exemplos: você não
pode afirmar que está e não está com fome; que tem e não tem carteira de
motorista; foi aprovado e não foi em determinada disciplina neste semestre;
a razão não permite a afirmação e negação de uma coisa, em determinado
Capítulo 1
39Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
momento, em determinada situação e determinada relação realizada.
Diferente de afirmar que eu reprovei na disciplina neste semestre, mas serei
aprovado no próximo.
A decisão de um dilema é foco no chamado excluído, em que se pode
escolher entre duas situações apenas. Exemplos de exclusão ocorrem nas
situações apresentadas: em determinado horário, em um dia da semana,
você precisa decidir se naquele momento vai à praia ou ao futebol; se vai ao
casamento com este ou aquele vestido.
A razão suficiente pressupõe que para algo acontecer há uma causa
relacionada. Como exemplo, tem-se que, em uma partida de futebol
decisiva (apenas um dos times precisa sair vencedor), um dos times irá
ganhar e, consequentemente, o outro time perderá. Logo, se o time 1
ganhar, necessariamente o time 2 perdeu, e se o time 2 perdeu é porque o
time 1 ganhou.
Ao observar a teoria a respeito da razão, você percebe que tem atitudes
racionais todos os dias desde o momento em que acorda, sejam intuitivas ou
racionais. Mas você já se perguntou como recebeu capacidade de raciocínio?
A filosofia apresenta duas respostas para este questionamento. Uma
delas afirma que, ao nascer, já trazemos as características referentes ao
raciocínio e à inteligência, chamando esta vertente de inatismo.
O empirismo contraria o inatismo e afirma que adquirimos a razão, as
verdades e ideias. Acredita-se que o ser humano é como uma folha em branco
e a razão é uma forma chegar ao conhecimento; a partir das experiências que
vivenciamos, aprendemos e vamos escrevendo na folha em branco.
Ambas as respostas apresentam conflitos. No caso de a razão ser inata,
não poderia sofrer influência externa e você jamais mudaria seu intelecto. No
empirismo, a forma como é inserido o conceito impossibilita o conhecimento
objetivo da realidade universal.
Lembre-se da viagem que fizemos à história da filosofia e como os
aspectos discutidos pelos filósofos se modificaram, foram descartados e
retornaram ao pensamento filosófico. Percebe-se que a compreensão da razão
se altera conforme a perspectiva de leitura de mundo adotada.
Capítulo 1
40 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
Verdade
Você compreendeu do que se trata a razão e suas características.
Mas o que a razão pretende? Ou ainda, o que você pretende quando adota
um ato racional?
Ao tomar uma atitude racional, o ser humano pretende agir da melhor
forma possível frente a uma situação. Você deve considerar que, ao raciocinar
frente a determinado fato, está considerando suas crenças. Embora seu
objetivo seja a busca pela justiça e verdade, como pressupõe a filosofia.
A forma como você percebe o mundo, como age, as atitudes que
apresenta dependem de suas crenças. Estas proposições sobre o mundo nós
temos em grande número e sua relevância pode ser vista quando um pai
educa seu filho ou quando ocorre um atentado terrorista. Mas nem todas
as crenças que temos são verdadeiras em virtude de falta de informação,
distração ou apenas de não perceber a presença de determinado objeto
(MORRIS, 2000).
Você já percebeu como deseja insistentemente que tudo aquilo no qual
acredita seja verdade? Isto não é possível ao ser humano, pois sempre haverá
alguma crença que não será verdade. Citando a religião, existe uma infinidade
e apenas uma pode estar certa ou nenhuma ou concepções de várias delas.
Quando você deseja que sua crença seja verdadeira e se torne algo
verdadeiro a todos, pretende chegar ao conhecimento. Para isso, sua crença
precisa ser justificada, pois a crença que considera verídica pode ser falsa.
Podemos analisar filosoficamente uma crença para que esta seja justificada
e você pode decompô-la em várias condições. Morris (2000) exemplifica esta
situação utilizando como crença o que é um homem solteiro. Para tanto, o
autor busca uma definição em que o solteiro é um ser humano, que não é
casado, do sexo masculino e possui idade para casar. O próximo passo seria
decompor as informações. Você consegue encontrar quatro condições?
São elas: ser humano, não casado, sexo masculino e idade para casar:
• caso atenda apenas à condição do sexo, poderia ser um cachorro;
logo, preciso usar outra condição que afirma ser um homem;
Capítulo 1
41Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
• pode não ser solteiro e ser homem, logo, a condição não casado
precisa ser satisfeita;
• satisfeitas as três condições, a crença pode não ser justificada, pois
pode ser um bebê; a quarta condição deve ser considerada para o
conceito de solteiro.
No exemplo, a crença seria justificada e teríamos um conhecimento.
Então, tem-se a sequência apresentada na figura 6, como sugere Morris (2000).
Crença Verdade Conhecimento
Figura 6 - A crença deve ser verdadeira para ser considerada conhecimento
Você percebe o desejo de que sua crença se torne uma verdade? Você
já não desejou que Papai Noel existisse? Segundo Chauí (2003), desejar que
algo seja verdadeiro vem de nossa infância. Quando criança, o ser humano
mergulha nas histórias que ouve, e a todo tempo deseja que os brinquedos
sejam reais e pergunta se é “de verdade”.
A verdade pode ser considerada a manifestação do que realmente é ou
existe e se contrapõe ao falso (CHAUÍ, 2003). Pode ser também conceituada
como um conjunto de crenças aceitas pelos indivíduos, que o tornou consenso
(ARANHA e MARTINS, 1993). Pode-se dizer ainda que verdade é o ser humano
se encontrando com desvelamento (CERVO, BERVIAN e SILVA , 2007).
Encontrar a verdade pode ser uma atividade prazerosa, mas pode ser
também algo triste se estiver ligado à decepção. Tome como exemplo situações
que vivencia no trabalho, com sua família e no meio acadêmico e conseguirá
observar o contraponto. Uma pessoa que está à procura de seu pai biológico
e o exame de DNA afirma que o encontrou tem aí uma verdade prazerosa.
Agora, se uma pessoa descobre apenas quando jovem que foi adotada, esta
verdade pode ser uma decepção.
A busca pela verdade não é muito aceita em nossa sociedade e Chauí
(2003) aponta alguns aspectos que justificam sua afirmação. A quantidade
de meios de comunicação existentes hoje é o primeiro motivo. São tantas
informações que as pessoas não se preocupam em buscar a verdade, pois
acreditam que já estão recebendo. Mas é possível que, se você acessar
Capítulo 1
42 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
diferentes mídias em um mesmo dia, tenha informações diferentes a respeito
de um assunto específico. A publicidade é mais um fator que inibe a busca
pela verdade, por não oferecer ao seu espectador informações sobre o
produto anunciado, e sim utilizar-se de ideias fantasiosas, como a de que o
uso do produto trará felicidade.
As atitudes negativas da política também atrapalham a busca das pessoas pela
verdade. Se você já está convencido de que não há verdade na política, possivelmente
você não acreditará em seu voto, na validade do seu poder de mudança.
Embora a verdade, em seu total, não possa ser captada por um ser humano,
o esforço por encontrá-la pode ajudar a grandes descobertas no mundo.
A busca pela verdade é o queremos para provar um conhecimento. O
desejo de que algo seja verdadeiro é fruto de uma forte vontade que temos de
que seja de determinada forma. Para isso, questionamos e buscamos respostas.
Ao atestarmos a verdade, baseado no que temos de experiências, em provas
concretas, em nossas crenças divinas ou em deduções possíveis, acreditamos
ter gerado conhecimento (assunto a ser abordado no capítulo 2).
A razão nos permite refletir sobre os aspectos ou fatos que são de nosso
interesse em busca de uma verdade que se espera ser única. Veremos que
dependendo da maneira como esta é descoberta, podemos estar fazendo
ciência, assim como se percebe que várias ciências podem se cruzar para
contemplar um determinado conhecimento.
1.3 Aplicando a teoria na prática
A seguir, apresento uma situação rotineira e uso um nome fictício para
narrar uma situação em que você pode se reconhecer.
João acordou cedo como todos os dias. Foi ao banheiro e realizou a
higiene pessoal, como sempre fazia. Voltou ao quarto, olhou a esposa, que
ainda dormia, e pensou como era feliz por ter alguém como ela ao seu lado.
Ao mesmo tempo, uma onda de dúvidas o cercou e conversando consigo,
pensou: como se pode amar tanto uma pessoa? Como explicaria o que é o
amor? Como se diferenciava do amor incondicional que sentia pela filha de
três anos que dormia no quarto ao lado?
Capítulo 1
43Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
Continuando sua rotina, dirigiu-se à cozinha tomou seu café, voltou ao
quarto e preparou-se para ir ao trabalho. Foi ao quarto da filha, deu-lhe um beijo
na testa e pensou: como Deus havia sido generoso ao oferecer-lhe uma filha
tão linda, uma casa, comida e roupas. Estava realmente agradecido ao criador
e sentia que sua aumentava a cada dia pelas maravilhas que aconteciam a ele.
Ao descer a garagem do prédio em que morava, percebe uma discussão
entre o zelador e um dos condôminos. Ao descer com seu cachorrinho para
passear, o morador deixou o animal fazer suas necessidades no jardim e já
ia indo embora sem realizar a devida limpeza e o zelador tentava convencer
o rapaz de que deveria limpar a sujeira do cão. Entrou no carro e por estar
atrasado foi pensando o quanto o rapaz estava errado. Pensou que talvez o
zelador pudesse fazer um documento com dados comprovados pela ciência de
que fezes de animais podem causar doenças aos moradores do prédio.
No trânsito, estava ouvindo músicas que gostava muito, quando um
motoqueiro lhe chamou atenção pela forma que dirigia. A moto era conduzida
em velocidade alta, à frente havia uma parada de ônibus, o ônibus parou como
de costume, a seguir, dois carros. Distraído, o motoqueiro bateu na traseira
do último carro parado na fila. Ninguém se feriu, mas a fila se formou. João
percebeu que o motoqueiro culpava o motorista do carro, porém ele havia
batido na traseira e não se tem como discutir esse tipo de situação.
Enfim, chegou ao trabalho, o chefe estava histérico por algo que não
havia dado certo. Preso em seu mundo, não admitia discutir com qualquer
colega de trabalho o que poderia ser feito, preferia ficar com sua frustração.
João foi para a sua mesa e resolver trabalhar. Sabia que não adiantaria sua
força de vontade em ajudar.
Inspirado pelo estudo que realizou, identifique, no caso apresentado,
aspectos relacionados aos assuntos abordados neste capítulo. Lembre: você
estudou filosofia, verdade e razão, noções sobre o conhecimento. É possível
que, em uma situação, você encontre relação com mais de um tópico do estudo.
1.3.1 Resolvendo
Ao apresentar uma solução para o caso, eu destaco os principais aspectos
encontrados para cada atividade realizada pelo personagem. É possível que
você encontre outras informações que complementem a resposta.
Capítulo 1
44 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
A situação apresentada inicia com filosofia pura. Ao questionar-se sobre o
amor e a existência de tipos de amor, João está tendo uma atitude filosófica. Ele
não se preocupa apenas que ama aquela mulher e a filha, quer entender porque
isso ocorre, se o amor que sente pela mulher é diferente do que sente pela filha.
Ao remeter tudo o que tem a Deus, João nos faz relembrar do período em
que a responsabilidade por tudo que ocorria com o ser humano estava nos Deuses.
Quando pensa a respeito da situação entre zelador e condomínio, João
utiliza a razão para definir do lado de quem fica. Para ele, era óbvio que o
zelador estava com a razão. Isto nos remete à fase da filosofia de Aristóteles,
período sistemático, que se preocupa, entre outros aspectos, com a prática
humana, discutindo o significado da ética.
A situação encontrada quando João chega ao trabalho nos lembra
Platão, e o caso dos homens estarem presos na caverna, ou seja, o chefe
parecia preso naquilo em que acredita, não conseguia acreditar que poderia
haver outra solução, outra realidade para a situação. Se João tentasse ajudar,
poderia ser demitido (ou morto, como na alegoria da caverna).
1.4 Para saber mais
Sugiro algumas leituras para que você se atualize sobre o tema estudado
no capítulo 1:
MATURANA, H. R.; VARELA, F. J. A árvore do conhecimento. São Paulo: Palas
Athena, 2001. Cap. 1.
Neste livro, no capítulo indicado - “Conhecer o conhecer” - o autor
discute a relevância de questionamentos e mostra situações em que somos
enganados pelo que julgamos ver.
PLATÃO. A República. Bauru: EDIPRO, 1994.
Se desejar conhecer mais sobre o filosofo Platão e seus pensamentos,
este livro é uma sugestão. Nele, você encontra na íntegra a alegoria da caverna
que discutimos no capítulo.
Edgar Morin - <http://www.edgarmorin.org.br>
Capítulo 1
45Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
Esta sugestão é para que conheça a obra de um dos mais importantes
pensadores da filosofia contemporânea. Formado em Direito, História e Geografia,
realizou estudos em Filosofia, Sociologia e Epistemologia. Possui vários livros na área.
Portal da filosofia - <http://portal.filosofia.pro.br/>
O site apresenta os maiores filósofos de todos os tempos apresentando
em detalhes suas histórias e principais contribuições para o universo da
filosofia. Aborda as ideias dos filósofos Descartes, Kant, Marx, Weber, entre
outros, além de apresentar vários conceitos relacionados à filosofia que podem
complementar seus estudos filosóficos.
Crítica - Revista de Filosofia - <http://criticanarede.com/>
O periódico apresenta artigos e entrevistas destinados a estudantes,
professores e pesquisadores que tenham relação e afinidade com a área de
filosofia e busquem conhecimento complementar ao assunto.
1.5 Relembrando
O capítulo 1 apresentou:
• noções de filosofia: em que apresentamos sua origem, conhecendo e
compreendendo os períodos da filosofia grega, além de estudar a busca pelo
conceito de filosofia com base em diferentes autores. Foi possível vislumbrar
vários filósofos considerados relevantes para o desenvolvimento da área;
• aspectos da filosofia contemporânea: a fim de situá-lo e auxiliar na
compreensão da filosofia atualmente, foi apresentado o histórico
do mundo filosófico desde a filosofia antiga até a contemporânea.
Os períodos da filosofia estudados foram: filosofia antiga, patrística,
medieval, renascença, moderna, iluminista e contemporânea;
• noções de razão e verdade e a influência da filosofia: a compreensão
da razão como forma de nos expressar de modo a propiciar a
compreensão do outro e a verdade como sendo evidência da crença
que se tinha sobre algo gerando conhecimento.
Capítulo 1
46 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
1.6 Testando os seus conhecimentos
1) Em se tratando da origem filosofia, relacione a coluna da direita com a da esquerda.
a) Pré-socrático ( ) Busca o conhecimento humano, e natureza
dos homens e da natureza, a relação entre
estes e destes com Deus.
b) Socrático ( ) Foca os estudos em compreender o lugar
do homem no mundo investigando
questões humanas.
c) Sistemático ( ) Preocupação exclusiva em descobrir sobre a
criação do mundo e as mudanças na natureza.
d) Helenístico ( ) Desejo de provar que tudo pode ser objeto
da filosofia, obedecendo a critérios de
verdade e ciência.
Assinale a alternativa que possui a sequência correta.
a) a, b, c, d
b) d, b, a, c
c) c, a, b, a
d) a, c, b,d
e) d, a, c, b
2) Qual dos personagens a seguir é considerado o primeiro filósofo da história?
a) Platão
b) Sócrates
c) Aristóteles
d) Tales de Mileto
e) Descartes
3) Com relação à verdade, assinale a alternativa correta.
a) A crença não tem qualquer influência na busca da verdade.
b) A verdade pode ser absoluta, desde que comprovada.
Capítulo 1
47Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
c) A verdade pode ser obtida com base apenas nas crenças que temos.
d) A relação entre razão e verdade é inexistente.
e) A verdade propicia o surgimento do conhecimento.
4) Explique a alegoria da caverna, ressaltando sua relevância para a filosofia.
5) Alguns acontecimentos históricos favoreceram o aparecimento dos filósofos.
Quais foram eles e por que tiveram esta influência?
Onde encontrar
ARANHA, M. L. de A.; MARTINS, M. H. P. Filosofando: introdução à filosofia. 2.
ed. rev. atual. São Paulo: Moderna, 1993.
CERVO, A. L.; BERVIAN, P. A; SILVA, R. da. Metodologia científica. 5. ed. São
Paulo: Pearson, 2007.
CHAUÍ, M. Convite à filosofia. 13. ed. São Paulo: Ática, 2003.
MARTINS FILHO, I. G. Manual esquemático de história da filosofia. 2. ed. rev.
e ampl. São Paulo: LTR, 2000.
MATURANA, H. R.; VARELA, F. J. A árvore do conhecimento: as bases biológicas
da compreensão humana. Trad. Humberto Mariotti e Lia Diskin. São Paulo:
Pala Athenas, 2001.
MORRIS, T. Filosofia para Dummies: como usar os ensinamentos dos mestres
no dia-a-dia. Trad. Ivo Korytowski. Rio de Janeiro: Campus, 2000.
SANTOS, B. de S. Um discurso sobre as ciências. 6. ed. São Paulo: Cortez, 2009.
49Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
2.1 Contextualizando
No capítulo 1, você conseguiu perceber a relação da filosofia e a ciência? Pelos
estudos que realizou, você pôde verificar que as primeiras ciências apareceram a
partir dos questionamentos filosóficos. A necessidade do ser humano em recriar e
transformar a realidade é uma característica da filosofia moderna, fazendo surgir
as primeiras ciências, como a matemática. A percepção impulsionadora desta
descoberta foi a relação entre teoria e prática, percebida pelos pensadores da época.
Neste momento, você saberia explicar o que é conhecimento? Todo o
conhecimento é igual? Como se constrói o conhecimento? Sabe explicar o que
é ciência? Este capítulo pretende mostrar a você as respostas a estas perguntas.
Além disso, você encontrará, no texto, aspectos que relacionam a ciência,
a filosofia e a pesquisa. Poderá saber de que forma a filosofia influencia a
ciência e a pesquisa no decorrer dos tempos.
Chamo atenção especial para a compreensão deste capítulo, pois os demais
dependerão muito do conhecimento que você assimilar referente à ciência e pesquisa.
2.2 Conhecendo a teoria
2.2.1 Natureza do conhecimento
Ao longo dos tempos, o ser humano busca o conhecimento pela sua
necessidade, como os povos primitivos que se esforçaram em conhecer o
mundo que os rodeava, a natureza, os animais, criaram objetos e formas
A CIÊNCIA E A PESQUISA
CAPÍTULO 22
Capítulo 2
50 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
de cura para sua sobrevivência e também para saciar suas curiosidades
(FACHIN, 2001).
Você consegue perceber a relevância e necessidade de conhecer o mundo para
que possamos sobreviver? É pelo conhecimento que nos apossamos da realidade e
dos objetos que fazem parte dela para lidar com as diferentes situações cotidianas.
Em contraponto, se você pensar em seus conhecimentos, pode se espantar
quando comparar ao existente no mundo. Ainda quando o possuímos, muitas
vezes, esses conhecimentos são superficiais e, muitas vezes, incertos.
Ao longo da história, as visões filosóficas focaram de forma diferente
o conhecimento. Relembrando os períodos da origem da filosofia, temos
os sofistas e Sócrates. Os primeiros acreditavam que todos os homens
pensavam da mesma maneira, sendo a verdade a mesma para toda a humanidade.
Para Sócrates, o ser humano precisava conhecer a si mesmo para que ideias pudessem
nascer, e seria necessário se afastar das ilusões para que a verdade fosse conhecida.
Platão abordava o conhecimento baseado na teoria das ideias, em que se
reconhece o mundo sensível e o mundo inteligível. A definição de ciência como
conhecimento verdadeiro que permite a compreensão da natureza é defendida por
Aristóteles. No período chamado de patrística, considera-se que o conhecimento
humano das verdades eternas é oferecido por Deus (MARTINS FILHO, 2000).
Já os filósofos modernos questionavam se era possível o conhecimento
da verdade e centralizado naquele que pretende conhecer. A posição em
relação ao conhecimento de Descartes preconiza que as verdades absolutas
são deduzidas pelo raciocínio.
René Descartes (1560-1650) é considerado o pai da filosofia moderna e sossegou sua inquietude construindo a base para todo o seu pensamento a partir da máxima “Penso, logo existo” (Cogito, ergo sum). Filosofando sobre suas dúvidas, raciocinou que se duvida de algo é porque pensa sobre isto, e se é um ser pensante, existe.
SAIBA QUE
Capítulo 2
51Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
No período contemporâneo, em relação ao conhecimento, a busca
consiste em compreender se o ser humano seria mesmo capaz de criar a tão
sonhada sociedade, justa e feliz. O surgimento das ciências e campos específicos
da filosofia marca o período.
Você consegue perceber que o conhecimento, ao longo do tempo, é
reconstruído sempre com a intenção de estabelecer um relacionamento entre
o sujeito que deseja conhecer e o objeto a ser conhecido. Além disso, constitui-
se de um ato intencional em que há o desejo do ser humano em investigar e
compreender um fenômeno determinado.
Neste momento, você deve compreender que, por meio do processo de
conhecer, conseguimos interiorizar o que vem de fora, da realidade, gerando
conhecimento. Quando o desejamos, há um motivo, necessidade que nos
impulsiona a buscá-lo.
Ao fazer uma análise sobre aspectos relacionados ao ser humano,
Cervo, Bervian e Silva (2007) apresentam quatro tipos de conhecimento.
Os autores explicam que, ao considerar o mundo, a realidade que rodeia
uma pessoa, é possível ditar várias informações com base em experiências
rotineiras adquiridas e no senso comum. Outro ponto destacado pelos autores
é o recorrente questionamento da espécie humana sobre sua origem, sobre
aspectos do presente e do destino. Ainda é possível ao ser humano estudar
o que a Bíblia e os profetas de Jesus escrevem a serviço de Deus. Por fim, o
homem pode ser questionado sobre a verificação e comprovação de relações
entre fenômenos e objetos.
Utilizamos as diversas formas de busca de conhecimento para que
possamos evoluir e contribuir para o engrandecimento e também evolução
da sociedade. Você conhecerá agora os diferentes tipos de conhecimento:
empírico, filosófico, teológico e científico.
Conhecimento empírico (vulgar ou de conhecimento do povo)
Você já viveu a experiência de dar alguma receita de sua avó para
uma determinada doença que é passada de geração em geração? Você já
disse a um amigo: “olha, não faça experiência própria ou vai se dar mal”?
Já observou algum pescador mencionando que determinada fase da lua é
melhor para pescar?
Capítulo 2
52 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
A resposta dada a todas estas perguntas chama-se empirismo ou
conhecimento empírico. Muitas vezes, a planta que a vovó indicava para curar
um ferimento ou uma erva para um chá para curar uma doença funcionava,
mas não se sabe por que dava certo.
As relações que temos em nosso dia-a-dia, seja em sua família ou
trabalho, fazem com que você tenha conhecimentos que vieram por sua
experiência de vida. Pense em atividades rotineiras que você realiza no seu
trabalho, normalmente tarefas assim são executadas sempre da mesma forma.
A primeira vez que surge um caso diferenciado, que você nunca executou, ao
resolvê-lo, você revela um novo conhecimento que parte de sua experiência.
Isso é considerado empirismo.
Desde muito tempo atrás, as pessoas que exercem atividades como
pescaria, seja por profissão ou lazer, se preocupam em verificar o período
da lua buscando a melhor opção para a pesca, pela crença que esta afeta as
marés, embora não saibam o porquê de tal ocorrência. Os pescadores têm
razão: nas luas cheia e nova, as marés estão mais fortes, fazendo com que
subam e desçam com muita violência (VENTUROLI, 1994).
Pode-se perceber que o conhecimento empírico pode ser adquirido
independente de estudos, pesquisas ou reflexões. Apresenta explicações
para fatos da forma que suas experiências mostram ao sujeito que
tem razão de ser daquela forma. Muitas vezes, o homem não sabe
justificar aquele conhecimento, pois, na maioria das vezes, aprende em
função de determinada circunstância, sem qualquer formalização da
investigação realizada.
Você percebe que o primeiro contato que realizamos é com o conhecimento
empírico? Ao conhecer coisas e objetos, num primeiro momento, fazemos o
reconhecimento, mas não nos aprofundamos em suas especificações. Você
sabe identificar o que é um papel, mas não possui explicações mais científicas
sobre sua origem, a celulose. Você compreende que está com gripe, mas não
consegue especificar que tipo de vírus o acometeu.
Fachin (2001) apresenta ainda outros exemplos que possibilitam entender
a limitação do conhecimento empírico. Você pode reconhecer e utilizar um
lápis com frequência, mas alguns seletos notam que é composto por grafite e
é um condutor de energia. Um homem pode também reconhecer uma folha
Capítulo 2
53Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
de uma planta ornamental, agora se perguntarem sua classificação, de quais
partes é composta, dificilmente saberá responder.
Você percebe que os estímulos externos são relevantes para a criação
do conhecimento empírico que advêm de nossas percepções a fatos que nos
acontecem e que nos são repassados.
Ao refletir sobre o conteúdo apresentado sobre conhecimento empírico,
podemos unir alguns aspectos presentes, como a falta de especificidade,
aceitar o básico sobre o que é dito ou se sabe sobre o objeto; tem foco
nas realidades que se apresentam; o resultado da experiência está estruturado
por quem a vivenciou, não há qualquer sistematização que afirme a veracidade
do fenômeno.
PRATICANDOPRATICANDO
Pratique o exercício: identifique cinco conhecimentos que você tem e podem ser classificados como conhecimentos empíricos. Justifique por que você o considera desta forma. Isto o ajudará a entender melhor o conceito deste tipo de conhecimento.
Conhecimento fi losófi co
Acredito que seja possível a você rapidamente relembrar as noções que
estudou até aqui.
Como você aprendeu, a filosofia tem sua relevância por possibilitar a quem
a estuda desenvolver algumas habilidades que permitem desenvolver o raciocínio.
Além disso, pressupõe o questionamento ou investigação sobre algum fato novo,
exigindo do filósofo uma reflexão crítica. Estes aspectos são necessários em
qualquer ser humano com o desejo de estudar, desvelar novos fenômenos.
Para Fachin (2001, p. 7), o conhecimento filosófico:
conduz a uma reflexão crítica sobre os fenômenos e possibilita aos filósofos informações coerentes [...] objetiva o desenvolvimento funcional da mente, procurando educar o raciocínio.
Capítulo 2
54 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
O conhecimento filosófico pressupõe uma reflexão sobre um fato ou
objeto, sempre objetivando a busca da verdade, mas não seu estabelecimento
a todo o custo. Assim, é possível, ao estudioso, por meio do debate de ideias,
compreender o objeto e desenvolver seu raciocínio.
Alguns aspectos são também destacados no conhecimento filosófico,
como apresentar hipóteses não verificáveis; os questionamentos filosóficos são
realizados de forma ordenada logicamente, e quando há indagações, estas estão
em consonância com a realidade, pois advêm de fatos ou fenômenos sociais.
De acordo com o que você estudou, o conhecimento filosófico propõe a
reflexão e elabora princípios e valores válidos e considerados universais.
Conhecimento teológico
Você já deve ter ouvido a palavra teologia, e rapidamente, ao ler o
subtítulo, fez uma relação com religião ou Deus. Você está no caminho certo.
A origem da palavra vem do grego, em que theos significa “Deus” e logos
significa “palavra”. Desta forma, podemos compreender a teologia como o
estudo de Deus ou manifestações divinas.
O que se pode afirmar a respeito deste conhecimento é que não há
possibilidade de ser negado ou comprovado. Se você estiver frente a um
mistério, como é o divino, você pode tomar dois caminhos: tentar de todas as
formas usar sua razão, valendo-se de procedimentos e técnicas que possibilitem
o transformar em conhecimento filosófico ou científico; ou aceitar o que é
dito por alguém a respeito do mistério.
Os mistérios nos colocam em situações complicadas ao necessitar tomar
uma posição. Pense em alguns casos judiciais em que a situação é tão complexa
que, embora haja um julgamento, sempre ficaremos desconfiados quanto à
verdade. Por exemplo, um acusado de assassinato sem testemunhas em que
o réu jura ser inocente. A menos que o acusado assuma a autoria do crime,
nunca saberemos se falou a verdade, por não ter qualquer outra pessoa que
tenha visto o incidente.
Quando você acredita em algo que lhe foi contado por alguém, mas
que você não tem como saber a verdade, demonstra uma atitude de fé.
Assim, o conhecimento teológico refere-se àquele em que o resultado do
Capítulo 2
55Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
intelecto, de sua razão recai sobre a sua fé, que se manifesta pela presença
de revelações do mistério ou sobrenatural interpretados como revelação
divina (FACHIN, 2001).
Todos sabem da certeza de que se tem a respeito da morte.
Costuma-se dizer que é a única certeza que o ser humano tem na vida:
um dia, morrerá. Porém, há várias outras questões que não conseguimos
responder, e muitos acreditam na existência de uma divindade e em
resposta vindas dela.
O que é exatamente esta divindade? Onde está? Como se apresenta?
São perguntas que podem se modificar pelos anos da história e conforme a
cultura dos povos. Deuses são cultuados há bastante tempo; alguns povos
tiveram como esta figura o sol e a lua, outros acreditavam no Deus do amor
e muitos recorrem a um Deus único, universal.
Assim, o conhecimento que é revelado pela divindade se aceito pela fé
teológica irá criar o conhecimento teológico. Independente da forma como os
povos acreditam que seu Deus se manifeste, o conhecimento teológico existe
e estará embasado na fé apresentada por estes povos.
Aquilo que pensamos e acreditamos com fé nos move, faz pensar e
sentir. Você já deve ter ouvido a máxima: “a fé move montanhas”. Ela nos
diz que a fé contida em nós tem poder e está unificada com nosso intelecto
e faculdades mentais.
O conhecimento teológico são respostas, resultados que alcançamos
utilizando nosso raciocínio, mas com base em revelações divinas.
Conhecimento científi co
Você lembra que o estudo dos tipos de conhecimento iniciou pelo
empirismo? Ao primeiro olhar criterioso, pode lhe parecer um conhecimento
bastante simplório, por não usar qualquer método e não ser sistemático.
Por outro lado, você percebe que o conhecimento empírico está
relacionado às primeiras informações que se recebe e tem sua origem em
tempos remotos.
Capítulo 2
56 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
Neste sentido, para que seja gerado, o conhecimento científico necessita
do empírico como base. É sobre a realidade existente, fruto do conhecimento
empírico, que o ser humano irá estudar, procurando por comprovações, como
causas e leis que possam ser aplicadas.
Na busca da verdade e comprovação do empirismo, o estudioso deve se
valer de métodos e sistematizações que possibilitem demonstrar os resultados
encontrados. O pesquisador fará classificações, comparações, aplicará métodos,
fará análises e sínteses para estruturar o conhecimento científico.
A forma de conhecer utilizada para alcance do conhecimento científico
difere do empírico exatamente pelo uso de instrumentos metodológicos. Espero
que você tenha percebido a palavra “metodológicos”, que deve remetê-lo ao
nome desta disciplina. Perceba que os estudos que fará nos próximos capítulos
estarão relacionados à busca do conhecimento científico.
A busca pela verdade dos fatos é objeto do conhecimento científico e
não admite que o pesquisador se deixe influenciar em seus resultados por suas
crenças ou valores. Para encontrar a verdade, é necessário que se tenha uma
manifestação clara, transparente, o desvelamento e desocultamento do ser,
que se chama evidência (CERVO, BERVIAN e SILVA, 2007).
Você já deve ter ouvido e usado a palavra evidência para demonstrar
aspectos que demonstrem clareza de que, por exemplo, determinada situação
ocorreu. Pense em sua mesa de trabalho. Todos têm formas específicas de cuidar
das suas coisas. Você deve deixar seus documentos e instrumentos de trabalho
organizados de seu jeito. Se, ao chegar ao seu trabalho, perceber algo diferente
em sua mesa, dirá que tem evidências de que alguém passou por ali, mesmo que
seja para realizar a limpeza. No caso do conhecimento científico, a evidência pode
ser obtida por meio de instrumentos metodológicos e sistematização de estudo.
Quando o pesquisador, embasado na evidência, chega a uma verdade
considerada por ele de grande valia, em que não se tem dúvidas de sua
veracidade, diz-se que se tem certeza. Cervo, Bervian e Silva (2007, p. 14) a
definem como “um estado de espírito que consiste na adesão firme a verdade,
sem temor de engano”. Se, no exemplo anterior, além de você ver seus
pertences em lugares diferentes, perceber que uma mancha de café foi retirada
de sua mesa, terá certeza de que alguém passou por sua mesa. Lembre que no
conhecimento científico, tudo precisa ser comprovado de alguma forma.
Capítulo 2
57Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
Você pode pensar, então, que se chegou à certeza não há mais o que
discutir sobre o objeto de estudo. Engana-se, atualmente não existem verdades
absolutas e eternas. A qualquer momento, uma verdade pode ser contestada
e pesquisadores podem refutar, mudar ou confirmar verdades.
2.2.2 A ciência e a fi losofi a
Durante a história, em um longo
processo, por meio de observações do
meio em que vive, o homem reuniu e
processou várias informações, criando
conhecimento. Você conheceu as diversas
formas de conhecimento existentes:
empírica, filosófica, teológica e científica.
Nenhuma destas pode ser descartada e o
conhecimento empírico, por exemplo, é, por
vezes, base para que haja investigação por
meio de método, criando o conhecimento
científico, que permite fazer ciência.
Ao relembrar as questões filosóficas
estudadas no capítulo 1, percebemos
que, inicialmente, filosofia e ciência
andavam entrelaçadas. Muitos filósofos
foram responsáveis por desenvolver temas
científicos, como por exemplo, Tales de Mileto e Pitágoras, que realizaram
descobertas matemáticas. Porém, as descobertas de Galileu, comprovando
matematicamente uma observação de mundo por meio da lei da queda dos corpos
(chamada ciência positiva), fizeram com que ciência e filosofia se separassem.
De acordo com Fachin (2001), ao longo do tempo, outros episódios
demonstraram o aparecimento e fortalecimento da ciência, como:
• a geometria apresentada por Euclides, baseado em conhecimentos egípcios;
• os estudos sobre ciências naturais e biologia partindo da descoberta
de movimento celular apresentados por Aristóteles e também de
descrições de animais e classificações por meio de dados encontrados
instituindo, em livro, uma metodologia;
Figura 1 - Personifi cação da “Ciência” em frente à Biblioteca Pública de BostonFonte: Science - Bela Pratt.
Capítulo 2
58 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
• Francis Bacon sugeriu, baseado nas ideias de Aristóteles, que o método
científico deveria iniciar com observação e experimentação;
• a publicação do livro de René Descartes, O discurso do método, que sugeriu
a apresentação da verdade pela utilização de procedimentos racionais;
• Newton institui o conhecimento científico por meio da
experimentação na matemática e da apresentação da simbologia
empregada neste campo;
• estudiosos como Stuart Mill e Claude Bernard introduziram aspectos
referentes à forma como a comprovação científica deve ser realizada.
Inicialmente, a filosofia era considerada a “dona do saber”, mas com
o positivismo e a consideração exacerbada da razão, até mesmo a filosofia
passou a ser considerada área inferior à ciência, e seus seguidores imaginaram
que só haveria ciências, sugerindo a extinção da filosofia.
Pelos estudos filosóficos do capítulo 1, foi possível observar que os
conceitos puramente racionais foram extintos no século XX e a filosofia voltou
à ativa como responsável pelos pressupostos da ciência.
As demonstrações apresentadas pela ciência de que seus princípios
não eram totalmente corretos e rigorosos e que seus resultados poderiam
estar totalmente incorretos ou sem fundamentação abriram espaço para a
filosofia. A incumbência de compreender, interpretar e discutir os conceitos,
os métodos, os resultados alcançados pelas ciências, além de estabelecer a
interdisciplinaridade entre as várias áreas de conhecimento, ficou a cargo da
filosofia (ARANHA e MARTINS, 2001; CHAUÍ, 2003).
EXPLORANDOEXPLORANDO
Acesse o site http://www.abc.org.br/ e conheça a Academia Brasileira de Ciências. Esta instituição, fundada em 1916, reúne diversos cientistas de grande evidência em diferentes ciências, como Matemáticas, Físicas, Químicas, da Terra, Biológicas, Biomédicas, da Saúde, Agrárias, da Engenharia e Ciências Sociais.
Capítulo 2
59Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
Chauí (2003) afirma que há três concepções de ciência ditadas pela
história: a racionalista, a empirista e a construtivista. E a autora (2003) explica:
• Desde o período grego até o século XVII, tem-se a concepção chamada
racionalista, em que a ciência podia comprovar verdades universais
sem que houvesse dúvidas, sendo um conhecimento racional dedutivo
e demonstrativo.
• Na concepção empirista, cujo período é de Aristóteles, ao final do
século XIX, o conceito de ciência é visto como interpretação de fatos
com base em fatos e experimentações.
• Na concepção construtivista, a ciência é vislumbrada como criadora de
modelos que explicam a realidade, opondo-se à ideia de representação
da própria realidade.
O homem percebeu a possibilidade de pensar e conhecer vislumbrando
que seus desejos podem ser descritos e que era possível a sua inteligência
demonstrar e comprovar conhecimentos empíricos por meio de observação,
experimentação e organização, obtendo o conhecimento científico e, assim,
fazendo ciência.
Gil (2008) afirma que, epistemologicamente, a compreensão do conceito
de ciência é conhecimento. No entanto, como já se comprovou a existência
de diferentes tipos de conhecimento, esta definição não é aceita, sendo mais
adequado relacioná-la especificamente ao conhecimento científico.
Para Fachin (2001), ciência pode ser conceituada como: a sequência
permanente de acréscimos de compreensão e domínio de mundo, de maneira
racional, realizada pelo ser humano.
Outra definição diz que ciência pode ser “um conjunto de conhecimentos
racionais, certos ou prováveis, obtidos metodicamente, sistematizados e
verificáveis, que fazem referência a objetos de uma mesma natureza” (ANDER-
EGG, 1978 apud FACHIN, 2001, p. 3).
Cervo, Bervian e Silva (2007, p. 7) explicam que “ciência é entendida como
uma busca constante de explicações e soluções, de revisão e reavaliação de
seus resultados e tema consciência clara de sua falibilidade e de seus limites.”
Capítulo 2
60 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
Para Lakatos e Marconi (2010), ciência se refere ao aprendizado ou registro
de fatos e sua demonstração por meio de causas que o constituem ou determinam.
Você percebe que a ciência acontece por meio do emprego de meios formais
e sistemáticos de observação e experimentação, que permitem a comprovação
de determinado objeto de estudo, gerando conhecimento científico.
Você consegue, neste momento, compreender as razões pelas quais está estudando esta disciplina? Qual a relação entre conhecimento, ciência e metodologia?
REFLEXÃO
A ciência possui, por sua natureza, um objetivo de estudo, em que há a
preocupação de diferenciar características comuns de leis que regem determinados
evento; uma função, relacionada à responsabilidade de permitir o aperfeiçoamento
humano, considerando o aumento do seu conhecimento e a relação homem e
mundo; e ainda possui objetos divididos em: material – em que congrega tudo
o que se deseja estudar, analisar, interpretar ou verificar; e é formal, já que várias
ciências possuem objeto material idêntico (LAKATOS e MARCONI, 2010).
Atualmente, os pesquisadores prezam pelo emprego do rigor
científico, pois se acredita que, desta forma, é possível alcançar uma verdade
mais absoluta. O espírito científico é responsável pelo alcance do rigor
necessário à ciência.
Diz- que uma pessoa tem um espírito científico quando busca soluções
reais e verdadeiras para dificuldades ou situações problemas que encontra em
sua realidade, baseada em métodos adequados. Para Cervo, Bervian e Silva
(2007), esta atitude pode nascer com o ser humano ou vir da experiência por
meio de aprendizado.
Neste contexto, o homem dotado deste espírito apresenta em seu
pensamento a crítica, a objetividade e a racionalidade (CERVO, BERVIAN e
SILVA, 2007).
Capítulo 2
61Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
O pensar crítico seria não permitir que a facilidade de uma resposta, de
um resultado, sem que se exija a demonstração e comprovação do que foi
obtido como solução a um problema encontrado.
O fato de não aceitar ”achismos” demonstra a objetividade necessária.
Se você tem espírito científico, não pode se deixar levar por aquilo que acredita
ou parece ser. Você precisa focar a sua situação problema e forma de encontrar
soluções que a atendam.
A ciência não permite sentimentos ou crenças para as respostas ou
soluções encontradas. Você precisa racionalmente explicar o que encontrou
para solucionar a o fato pesquisado.
A ciência apresenta hoje muitas pessoas com este perfil, que buscam
respostas para questões da sociedade a serem respondidas criticamente, com
objetividade e racionalidade. No entanto, vimos no capítulo 1 que não há
verdades eternas e que, a qualquer momento, um conhecimento pode ser
transformado ou até questionado.
Vislumbrando a filosofia contemporânea, você pode pensar que há um
contraponto, mas perceba que são os questionamentos ditados pela filosofia
que fazem surgir novos questionamentos do ser humano para a construção de
novos conhecimentos científicos.
LEMBRETELEMBRETE
Lembre-se que a filosofia contemporânea trouxe à tona o questionamento do mundo que vivemos, de nossas atitudes e das consequências daquilo que criamos.
Classifi cação das ciências
Como vimos, durante a história, muitos filósofos, por meio de seus
questionamentos em relação ao mundo, à realidade humana, acabam
por serem também responsáveis pelo surgimento de várias ciências. Pela
diversificação de tipos de áreas encontradas, os cientistas têm procurado
realizar uma classificação das ciências.
Capítulo 2
62 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
De acordo com Aristóteles, filósofo que você já conheceu, sugeriu uma
divisão baseada na finalidade que cada ciência possuía. O autor foi criticado por
não fazer um relacionamento entre as ciências e excluir algumas consideradas
relevantes, como a história, porém para este, as ciências poderiam ser divididas
em (FACHIN, 2001):
• Teóricas: o objeto seria o conhecimento puro, como a matemática e
a física.
• Práticas: o comportamento do ser humano seria o foco, caso da ética,
economia e política.
• Poéticas: preocupam-se com as obras que os homens são capazes de
produzir, como as artes.
Da época renascentista, o filósofo inglês Bacon classifica as ciências a
partir das faculdades humanas exigidas à época. Esta é a principal crítica à
divisão apresentada a seguir. Fazem parte dela (FACHIN, 2001):
• Memorativa ou História (da memória): agrupa história natural, civil e
sagrada.
• Imaginação ou Poesia: abrange a poesia épica, dramática e alegórica.
• Razão ou Filosofia: em que a preocupação era com Deus, Homem e Natureza.
Augusto Comte foi considerado o pai do positivismo e sua divisão das ciências
foi pautada em suas convicções e foi base para a classificação moderna da ciência.
Cabe destacar que problemas com generalizações e subordinações das áreas
prejudicaram sua divisão. Sua proposição é apresentada a seguir (FACHIN, 2001):
• Matemática: esta área foi assim definida pelo foco ser a preocupação
com a quantidade.
• Astronomia: a ideia seria agrupar as ciências que estudam as forças,
movimento das massas e sua atração.
• Física: o objeto seria a preocupação com qualidade, critérios de
quantidade e força.
Capítulo 2
63Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
• Química: o estudo da matéria, sua qualidade, força e quantidade
envolvem esta área.
• Fisiologia: prepondera a preocupação com o estudo da matéria
organizada e não orgânica.
Pelo seu conhecimento até o momento, alguma das opções de classificação apresentada abrange todas as áreas de conhecimento que você conhece ou ouviu falar?
REFLEXÃO
Pode-se perceber a evolução das divisões com o passar do tempo e dos
pensamentos dos filósofos em cada época e, ao mesmo tempo, a falta de
consenso entre os autores. Atualmente, Lakatos e Marconi (2010) adotam a
seguinte classificação:
Nas ciências formais, há preocupação
com o estudo das ideias, não sendo
possível o contato com a realidade para
validar seus conhecimentos, como é o
caso da lógica e da matemática. Embora
haja abstração de objetos da realidade,
as ideias destas ciências são interpretadas
pela nossa mente, estando em forma
conceitual e não fisiológica.
Vamos pensar na seguinte situação: sua mãe lhe pede para comprar
dois abacaxis, três maçãs, uma melancia, cinco pêssegos e uma penca de
banana. Perceba que, ao chegar à feira, você consegue identificar nas
prateleiras e separar em sacolas o número de cada fruta utilizando sua lógica
de raciocínio. Porém, não lhe é possível identificar, na essência, o número
5. O que vemos são representações desenvolvidas pelos estudiosos e que
aprendemos no decorrer de nossa vida.
Formais Factuais
Lógica Naturais
Matemática Sociais
Figura 2 - Divisão das ciênciasFonte: adaptado de Lakatos e Marconi (2010).
Capítulo 2
64 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
As ciências factuais referem-se aos fatos e realidade do mundo em que
vivemos. Neste caso, os pesquisadores necessitam se utilizar de observação e
experimentações para que possam ter uma comprovação, ou não, de causas
ou soluções propostas.
O que acontece se sua avó enche um copo de água até o limite e
depois coloca a dentadura antes de dormir? Se você respondeu que a
água irá espalhar está correto. Isso acontece por uma lei na química em
que se afirma a impossibilidade de dois corpos ocuparem o mesmo lugar
no espaço ao mesmo tempo. Desta forma, é possível verificar como as
ciências factuais podem ser visualizadas, ao contrário das formais.
Nas ciências factuais, as naturais congregam ciências como a física, a
química e a biologia; e as ciências sociais abrangem áreas como o direito, a
economia, a política, a sociologia, a psicologia.
Com relação à divisão apresentada na figura 3, os autores afirmam que
foram considerados alguns aspectos para ser desta forma:
• Formais: preocupa-se com enunciados.• Factuais: tratam de objetos empíricos, coisas e processos.
• Formais: relações entre símbolos.• Factuais: fenômenos e processos.
• Formais: lógica para comprovar rigorosamente teoremas.• Factuais: utilizam experimentação e/ou observação. Procura alterar
fenômenos para saber até que ponto as hipóteses são comprovadas.
• Formais: são suficientes em relação a métodos de prova e conteúdos.• Factuais: com relação ao conteúdo depende do fato e em relação ao
método precisa da experimentação.
• Formais: ser coerente ao enunciado que foi escolhido para comprovação, como por exemplo um teorema.
• Factuais: os enunciados devem ser racionais e verificáveis por meio da experimentação.
• Formais: realizam demonstrações ou provas.• Factuais: refutam ou comprovam hipóteses definidas previamente.
Objeto
Diferença entre
enunciados
Método de
comprovação
enunciado
Grau de sufi ciência
(conteúdo e
método de prova)
Coerência para
alcance da verdade
Resultado
alcançado
Figura 3 - Aspectos considerados na divisão da ciência em formais e factuaisFonte: adaptado de Lakatos e Marconi (2010).
Capítulo 2
65Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
Cabe, em se tratando de ciência, definir fato, lei e teoria, por serem
termos indispensáveis dentro do contexto científico.
Quando se fala em fato, corriqueiramente se imagina algo que aconteceu
e, por isso, não pode ser desmentido. Como por exemplo, um acidente de trânsito
que você presenciou. Em se tratando de ciência, fato ou fenômeno é algo que
será considerado para verificação e que, por meio de observação, foi descoberto.
Ao criar este universo de observação e análise, definindo a propriedade
do fato, é possível que o pesquisador vislumbre acontecimentos que se
repetem, e que seria interessante, no universo da ciência, serem agrupados ou
considerados de uma mesma classe; neste caso, temos uma lei científica. Esta
apresenta como funções: resumir um volume considerável de fatos e favorecer
a prevenção de novos fatos que, se acaso não se adequarem à lei existente,
podem permitir a formulação de uma nova.
A teoria, ao ser elaborada, está um patamar acima da lei. No linguajar
popular, quando se trata de sabedoria, diz-se que a teoria é oposição à
prática, ou seja, a teoria seriam os conteúdos, e a prática, a aplicação destes.
No entanto, no contexto científico, tem-se outra concepção.
A teoria tem como característica expressar a uniformidade e explicações
das leis em um patamar mais genérico e mais amplo (LAKATOS e MARCONI,
2010). As teorias científicas têm como objeto reunir várias leis que se relacionam,
criando uma lei universal (CERVO, BERVIAN e SILVA, 2007).
Um exemplo de lei é a criada por Galileu, a “Lei da queda livre dos
corpos” ou Lei de Kepler. Em relação à teoria, tem-se a Teoria de Newton, que
abrange as Leis de Kepler e também a Lei de Galileu.
Pesquise e defina o que é a lei de Kepler. E procure refletir: de que forma a Lei de Kepler e a Lei de Galileu podem estar inseridas em uma mesma teoria científica?
DESAFIO
Capítulo 2
66 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
Desta forma simplificada, você pode identificar a representação da
relação fato, lei e teoria a partir da apresentação da figura 4.
Conjunto de fatos
relacionados
Conjunto de fatos
relacionados
Classificação de fatos
Classificação de fatos
Lei A
Teoria
Lei B }Figura 4 - Relação entre fato, lei e teoriaFonte: adaptado de Lakatos e Marconi (2010).
Você sabe dizer qual a forma utilizada pelo pesquisador para gerar leis e
teorias? De que forma, após definir uma temática para estudar, o pesquisador
vai à busca de sua verdade? O próximo tópico tem como intuito apresentar
estas respostas e outros conteúdos referentes à geração de conhecimento e à
necessidade humana de questionamento.
2.2.3 Noções gerais sobre pesquisa
Em nosso cotidiano, há uma necessidade de nos apropriarmos de
determinados objetos, considerando suas características e seus aspectos
relevantes de modo a identificá-los para que possamos prosseguir em nossas
atividades. Por exemplo, se, em seu trabalho, você precisa utilizar determinado
software específico, é necessário conhecê-lo para desenvolver, de forma
adequada, sua função. Desta forma, o conhecimento dependerá de nossos
sentidos e de como os utilizamos.
Quando você está descobrindo algo, inicialmente busca dados a respeito
do que deseja conhecer. Dados são fatos ou elementos reconhecidos por sua
forma bruta. Ao ser analisado de forma individual, não nos leva à compreensão
da situação ou fato. Somente olhando o software que você terá que trabalhar,
não consegue mensurar o grau de dificuldade que terá, por exemplo.
Ao juntar os dados que você obtém a respeito do sistema que fará uso,
independente da forma de recebimento, dando significado a estes dados, será
possível ter informações sobre o uso do software especificado. Quando, além
de observar as funcionalidades do sistema, você também faz questionamentos
Capítulo 2
67Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
a quem já fez uso do sistema, buscando saber o grau de dificuldade destas
pessoas, fica mais fácil ter uma noção se terá ou não dificuldades na utilização
do novo recurso.
Observe que a interpretação dos dados pode ser diferente para você e para
outras pessoas que os recebam. Cada um possui experiências e realidades que o
fazem pensar de forma diferenciada na transformação de dados e informação.
Para que você se torne um conhecedor do novo objeto de estudo que
lhe está sendo apresentado, precisará fazer um pouco mais de esforço. Para
dizer que você tem conhecimento a respeito do novo software, é preciso que
experimente, que o utilize e, baseado no que já tem de conhecimento da área
de tecnologia, é possível ter mais ou menos facilidade de uso. Neste caso,
você terá conhecimento quando analisar, transformar e até experimentar as
informações recebidas para poder afirmar se há, ou não, dificuldade no uso
do novo recurso de software.
PRATICANDOPRATICANDO
Pense na quantidade de dados que recebe todos os dias e faça o seguinte exercício em um dia de sua rotina: elabore uma lista de dados que observa ou identifica. A partir disto, liste quais informações conseguiu obter. Sendo um pouco mais exigente, peço que identifique o que gerou de conhecimento neste dia.
O exercício o fará pensar na imensidade de informações que recebemos
todos os dias, principalmente com a chamada era da informação, advinda
do uso das tecnologias da informação. Mas será que tudo o que recebemos
é transformado? Ou seja, dados geram informações e as informações são
analisadas de forma a gerar conhecimento?
Provavelmente, você respondeu não para esta pergunta. Como
vimos, o conhecimento é algo desejado pelo ser humano. Logo, recebemos
dados, informações, e geramos conhecimentos quando nos é necessário ou
interessante. Além disso, o número de informações é tão grande que não
conseguimos assimilar tudo o que recebemos.
Capítulo 2
68 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
Quantas vezes você já se viu na situação de, durante uma conversa
com um colega, responder um sim sem saber sobre exatamente o que
conversavam? Muito provavelmente, o que estava sendo apresentado não
era interessante a você naquele momento ou você estava pensando sobre
algum outro dado ou informação.
Por ser o conhecimento a fonte para transformar nossa realidade e da
sociedade, damos mais importância a alguns fatos, em detrimento de outros,
quando estamos em processo de conhecer.
Nesta disciplina, interessa-nos o conhecimento científico, aquele
que pode ser comprovado. Como faremos para transformar nossos dados
brutos em informações que possam ser evidenciadas para obtermos o
conhecimento científico?
Quando descrevemos a situação do novo software a ser utilizado em
seu escritório ou quando você pensa em algo que deseja investigar, qual sua
primeira atitude? O que você pensa que precisa conhecer de verdade de um
fato ou objeto que escolheu para seu estudo?
Se você respondeu que precisa pesquisar sobre o tema para ter dados
e informações que possam ser analisadas e que lhe ajudem a encontrar a
resposta, você está correto!
Em se tratando de conhecimento científico, a pesquisa tem um
caráter formal, pois nos permite, por sua natureza, alcançar os quesitos
necessário para a comprovação do estudo, sendo atributo primordial em se
tratando de ciência.
É por meio da pesquisa científica que se torna possível a validação do conhecimento científico!
SAIBA QUE
Capítulo 2
69Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
Fachin (2001, p. 124) diz que a pesquisa é
Um procedimento intelectual para adquirir conhecimentos pela investigação de uma realidade e busca de novas verdades sobre um fato (objeto, problema). Com base em métodos adequados e técnicas apropriadas, o pesquisador busca conhecimentos específicos, respostas ou soluções ao problema estudado.
O autor ainda lembra que não se tem a verdade absoluta sobre a
descoberta, pois estas são renovadas e a análise realizada sobre determinado
objeto sempre será questionada. Pode-se dizer que esta é uma influência
da filosofia sobre a pesquisa atual, ao questionar sempre o que é tido como
verdade. E vimos que isto é primordial para a geração de novos conhecimentos.
Pense na epidemia recente que houve no mundo, chamada popularmente de gripe A. Analisando cientificamente, o que poderia ter acontecido se os cientistas acreditassem apenas em conhecimentos anteriores, que estes não poderiam ser questionados e tratassem as pessoas como se estivessem com uma gripe comum?
REFLEXÃO
Gil (2008, p. 26) afirma que pesquisa é “um processo formal e
sistemático de desenvolvimento do método científico. O objeto fundamental
da pesquisa é descobrir respostas para problemas mediante o emprego de
procedimentos científicos”.
Tal conceito é aceito também por Cervo, Bervian e Silva (2007), que
afirmam que a pesquisa faz uso de processos e métodos científicos para a
busca de uma solução para problemas ou dúvidas.
Você consegue perceber a relevância da pesquisa científica para a
produção do conhecimento cientifico? Em que ela diferente das atividades do
nosso dia-a-dia em busca de conhecimento?
Se você respondeu que, para a pesquisa científica, é necessário
a utilização de métodos e procedimentos que permitam a validação e
Capítulo 2
70 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
comprovação de resultados, você acertou! Para isso, temos a metodologia
científica, que nos apresenta uma série de estratégias para execução
da pesquisa e obtenção de resultados que possam ser considerados
conhecimento científico.
Áreas de pesquisa
Como você aprendeu, as ciências são divididas em grupos de acordo
com alguns critérios e, assim, cada campo de conhecimento é integrado a um
grupo, conforme a classificação proposta pelos autores.
Você aprendeu que a filosofia valida os métodos aplicados e resultados
obtidos pela ciência produzida por meio da pesquisa. A atividade do
pesquisador nos permite alcançar o conhecimento científico.
Atualmente, há investimento de órgãos governamentais para a produção
de conhecimento e, consequentemente, no desenvolvimento de pesquisas.
Um dos órgãos que realiza esta atividade é o CNPq (Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico).
Pertencente ao Ministério da Ciência e Tecnologia, o CNPq tem como
finalidade fomentar a pesquisa científica e tecnológica, além de promover
a formação humana voltada à pesquisa no Brasil. Desta forma, trata-se de
uma agência governamental responsável por desenvolver pesquisadores
altamente qualificados, incentivando a produção de conhecimento no
país (CNPQ, 2010).
Como órgão do governo que possui uma responsabilidade
relevante no que se refere à pesquisa, o CNPq proporciona oportunidades
para o desenvolvimento de pesquisa com atividades como: bolsas de
pesquisa de iniciação científica, de mestrado e de doutorado, programas
de pesquisa e editais de pesquisa que oferecem apoio financeiro para o
desenvolvimento de pesquisas.
Assim, para que os vários campos de conhecimento possam ser
beneficiados com o que é oportunizado pelo CNPq, foram criadas áreas de
conhecimento que congregam as várias disciplinas de pesquisa, como pode ser
observado na figura 5.
Capítulo 2
71Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
• Matemática • Ciência da Computação• Física• Química
• Medicina• Nutrição• Farmácia• Enfermagem
• Filosofia• Sociologia• Antropologia• Psicologia
• Biologia Geral• Bioquímica• Farmacologia
• Agronomia• Fitotecnia• Engenharia Florestal• Engenharia Agrícola
• Letras• Artes• Educação Artística
• Engenharia Civil• Engenharia Mecânica• Engenharia Química
• Direito• Administração• Ciências Contábeis• Economia
• Bioética• Ciências Ambientais• Defesa• Divulgação Científica
1Ciências Exatas
e da Terra
4Ciências da Saúde
7Ciências Humanas
2Ciências Biológicas
5Ciências Agrárias
8Linguística,
Letras e Artes
3Engenharias
6Ciências
Sociais Aplicadas
9Outros
Figura 5 - Áreas de conhecimento do CNPqFonte: <www.cnpq.br/cnpq/index.htm>.
EXPLORANDOEXPLORANDO
Nem todos os campos de pesquisa apresentados pelo CNPq estão disponíveis na figura 5. Acesse o site <http://www.cnpq.br/areasconhecimento/index.htm> e confira todos os campos pertencentes a cada área de conhecimento e também a nova tabela de áreas de conhecimento sugerida.
Capítulo 2
72 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
Perceba que há vários campos disponíveis para pesquisa e que cabe ao
ser humano se dispor a novas descobertas. Não aceitar todas as verdades como
certas. Utilizar os conceitos da filosofia que nos propõem questionar, indagar
o porquê das coisas, dos fatos, dos fenômenos.
2.2.4 Etapas da pesquisa
Você deve estar se perguntando quais os procedimentos deve adotar se
resolver realizar uma pesquisa, ou seja, como deve sistematizar seu conhecimento.
Inicialmente, Cervo, Bervian e Silva (2007) sugerem que, ao realizar uma
investigação, o pesquisador deve pensar em algumas etapas, como: escolha
do assunto - seleção, delimitação, objetivos; definição do problema; estudos
exploratórios - documentação, biblioteca, material de pesquisa; e a coleta e análise de
dados. Estes tópicos serão apresentados tendo como base os autores apresentados.
Na fase de escolha do assunto, os autores (2007) sugerem que você escolha
temas que tenham relação com a carreira de pesquisa que deseja seguir. O
desejo de descobrir pode ser simplesmente por curiosidade do pesquisador, mas
normalmente está vinculado ao desejo de tornar algo melhor. Você pode criar
critérios que lhe auxiliem na escolha do melhor tema dentro da sua área de estudo.
Após a escolha do tema, torna-se fundamental delimitar o tema, ou seja,
decidir especificamente o que estudará a respeito do assunto selecionado. Se
você escolheu pesquisar sobre futebol, por exemplo, existe uma infinidade
de extensões para o tema: referentes ao jogador, ao esporte, aos torcedores,
aos dirigentes, entre outros. Não será possível em uma pesquisa abordar com
grandeza dados e informações suficientes para gerar conhecimento científico
se tratarmos do assunto como um todo.
Assim, focalizar os tópicos que o pesquisador deseja abordar é
fundamental no processo de pesquisa. Você pode decompor seu tema em várias
partes que facilitem a sua escolha ou ainda você pode definir que vai estudar
o tema em um período específico e em determinada região, por exemplo. Na
sequência, o pesquisador deve indicar qual seu objetivo com a pesquisa, o que
pretende indicar em sua conclusão.
Quando você pensa em pesquisar algo o faz por algum questionamento
que fez a respeito de determinado objeto; potencialmente, é uma dificuldade
Capítulo 2
73Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
encontrada pelo pesquisador que o leva ao desejo de desvendar. Neste caso, o
problema de pesquisa pode ser feito na forma descritiva e/ou com a criação de uma
pergunta de pesquisa em que o pesquisador indaga sobre o problema em questão.
Ao realizar estudos exploratórios, o pesquisador buscará informações já
existentes sobre o tema escolhido para auxiliar no desenvolvimento de sua
pesquisa. Para tanto, pode utilizar levantamento documental e bibliográfico,
e outros tipos de material de pesquisa.
Por fim, o pesquisador irá se concentrar na obtenção de dados que
possam lhe auxiliar a responder sua pesquisa de forma comprobatória. É uma
tarefa árdua que pressupõe coleta e registro de informações, além da análise
e interpretação dos mesmos.
Estes passos básicos para realizar uma pesquisa contribuem para que você
compreenda o que terá que fazer para tornar-se um pesquisador. Eles contribuem
para direcionar as atividades de pesquisa na sua fase inicial. No decorrer da disciplina,
as etapas serão analisadas e detalhadas de forma a permitir seu conhecimento no
desenvolvimento da pesquisa e consequente criação do saber científico.
2.3 Aplicando a teoria na prática
A família Alves está muito feliz, pois sua filha caçula Joana está se formando
em um curso superior. Será uma bióloga, recebendo, em poucos dias, o título da
universidade que cursou. Desde pequena, demonstrava muita habilidade, esforço e
inteligência no desempenho das atividades estudantis. Sua aprovação nas disciplinas
sempre foi consolidada com antecedência e os professores não lhe poupavam
elogios. Adorava as disciplinas de matemática e ciências no ensino fundamental e
se encontrou com biologia no ensino médio. Agora que está se formando, Joana
pretende atuar como professora, ensinando aos alunos o que aprendeu.
Ao pensar no ensino fundamental, identifique uma disciplina que possa
ser conceituada como ciência formal e uma como ciência factual. Aponte ao
menos uma disciplina estudada por Joana durante a vida estudantil (desde
séries iniciais à universidade) para quatro áreas de conhecimento (conforme
tabela do CNPq apresentada). Lembre-se de consultar o site, caso seja necessário
para sua resposta. Durante a caminhada estudantil, você acredita que Joana
fez uso de quais tipos de conhecimento?
Capítulo 2
74 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
2.3.1 Resolvendo
No caso da ciência formal, Joana teve a disciplina de matemática durante
todo o ensino fundamental e ensino médio, e como ciência factual, cita-se a
disciplina de física.
Quando se trata de áreas de conhecimento do CNPq, pode-se citar:
• Ciências Exatas e da Terra: disciplina de química durante o ensino
médio.
• Ciências Biológicas: durante o curso superior, teve várias disciplinas, já
que se trata da área de seu curso. A disciplina de ciências é dada no
ensino fundamental e trata dos temas desta área de conhecimento, o
mesmo ocorrendo no ensino médio.
• Ciências Humanas: a disciplina de filosofia é trabalhada no ensino
médio e em alguns cursos superiores.
• Linguística, Letras e Artes: educação artística é disciplina do ensino
fundamental.
Durante o aprendizado, nas mais diversas áreas, os vários conhecimentos
são abordados. Considerando o estudo de Joana desde as séries iniciais até o
grau universitário, pode-se perceber disciplinas que a fizeram utilizar e/ou ter
contato com diversos tipos de conhecimento. O conhecimento científico é o
que todas as disciplinas envolvem, pois por serem assim considerados é que são
ministrados aos alunos. De acordo com os conceitos vistos, os conhecimentos
empírico, filosófico e teológico foram utilizados por Joana para auxiliar seu
raciocínio na compreensão dos conhecimentos científico.
Capítulo 2
75Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
2.4 Para saber mais
Portal do Ministério da Ciência e Tecnologia - <http://www.mct.gov.br>
O Ministério tem responsabilidades governamentais que o permitem
dispor de legitimidade, entre outros aspectos, sobre uma política nacional de
pesquisa científica, tecnológica e inovação. Possui duas agências de fomento
– CNPq e FINEP – que possibilitam a fiscalização e coordenação das atividades
relacionadas à execução de projetos e programas destinados à pesquisa.
CNPq – <http://www.cnpq.br/cnpq/index.htm>
O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
apresenta uma série de informações relevantes para quem pertence à academia
e pode propiciar suas atividades iniciais como pesquisador.
Instituto Ciência Hoje - <http://cienciahoje.uol.com.br>
Neste site, você obtém informações sobre o que é pesquisado e construído
de conhecimento científico em várias áreas. É possível também acessar a Revista
Ciência Hoje, com muitas matérias interessantes. É importante seu contato
para verificar a forma de realização da ciência, os métodos empregados e
resultados obtidos.
2.5 Relembrando
O capítulo 2 apresentou:
• os tipos de conhecimento e sua relevância para o desenvolvimento
humano. Foram apresentados: conhecimento empírico, conhecimento
teológico, conhecimento filosófico e conhecimento científico;
• a filosofia e sua influência na ciência, além do conceito e a divisão da
ciência em formais e factuais;
• a relação entre filosofia, ciência e pesquisa. Os conceitos e as áreas de
pesquisa foram apresentados e discutidos. Por fim, as etapas básicas
para o desempenho de uma pesquisa foram descritas.
Capítulo 2
76 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
2.6 Testando os seus conhecimentos
1) “Tudo o que conheço agradeço à fé divina e às escrituras.” A que tipo de
conhecimento a afirmação se refere?
a) Teológico.
b) Científico.
c) Filosófico.
d) Artístico.
e) Empírico.
2) No que se refere às ciências factuais, escolha as assertivas corretas.
I. A apresentação rigorosa de provas quando do resultado de uma
pesquisa é referência das ciências formais.
II. As experimentações são irrelevantes nas ciências factuais.
III. As ciências formais podem ser visualizadas como realidades para
validação de provas, diferente das factuais.
IV. A comprovação de fatos por meio de observação é característica das
ciências factuais.
Assinale a alternativa que apresenta apenas os itens verdadeiros:
a) I, II, III d) II, III
b) II, IV e) I, IV
c) I, III
3) Qual a influência da filosofia na ciência e na pesquisa?
4) Relacione fato, lei e teoria, considerando seus conceitos no universo da ciência.
5) Supondo que você seja um pesquisador que irá estudar sobre o tema
“acidente”. Observando as etapas de desenvolvimento de uma pesquisa,
explique como procederia sua pesquisa, descrevendo o resultado das etapas
de delimitação de tema, opções de objetivos e forma de exploração do tema.
Capítulo 2
77Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
Onde encontrar
ARANHA, M. L. de A.; MARTINS, M. H. P. Filosofando: introdução à filosofia. 2.
ed. rev. atual. São Paulo: Moderna, 1993.
CERVO, A. L.; BERVIAN, P. A.; SILVA, R. da. Metodologia científica. 5. ed. São
Paulo: Pearson, 2007.
CHAUI, M. Convite à filosofia. 13. ed. São Paulo: Ática, 2003.
CNPQ. Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico.
Disponível em: <http://www.cnpq.br/cnpq/index.htm>. Acesso em: 11 jul. 2010.
FACHIN, O. Fundamentos da metodologia. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2001.
LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. de A. Metodologia científica. 5. ed. São Paulo:
Atlas, 2010.
MARTINS FILHO, I. G. Manual esquemático de história da filosofia. 2. ed. rev.
e ampl. São Paulo: LTR, 2000.
VENTUROLI, T. Sob o domínio da Lua: os mitos deste satélite. Super Interessante,
São Paulo, 1994. Disponível em: <http://super.abril.com.br/ciencia/dominio-
lua-mitos-deste-satelite-441015.shtml>. Acesso em: 30 jun. 2010.
79Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
3.1 Contextualizando
Ciência, filosofia e pesquisa formaram a temática do capítulo 2.
Estudamos a relação entre ciência e pesquisa na história e foi possível perceber
seu entrelaçamento e a importância de alguns episódios históricos que
corroboraram para o engrandecimento da ciência.
Você viu que a ciência pode ser dividida, atualmente, em ciências formais
(lógica e matemática) e factuais (naturais e sociais). A esse respeito, cabe
destacar que as ciências, em suas áreas de conhecimento, enfrentam barreiras
para se firmar. Como por exemplo, as ciências sociais, em que a definição de
leis universais é difícil, uma vez que os fatos sociais, foco de pesquisa, são
condicionados a episódios históricos e culturais e, assim, podem se alterar com
o passar o tempo (SANTOS, 2009).
Vimos a relevância da pesquisa no contexto científico e que a filosofia nos
ajuda a contestar as descobertas científicas. As etapas iniciais para a realização
de uma pesquisa científica nos mostraram como proceder se você quiser se
tornar um pesquisador.
Para tanto, será necessário também conhecer procedimentos possíveis
para a realização da pesquisa e que permitam cientificamente comprovar
o que está sendo realizado. Assim, este capítulo pretende apresentar o
conceito de método e sua relevância no universo científico, além de
demonstrar como se desenvolveu o método científico. A ideia é que você
possa ter orientações que favoreçam seu processo de pesquisa, permitindo
a explicação dos fatos estudados.
MÉTODOS DE PESQUISA
CAPÍTULO 33
Capítulo 3
80 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
Você conhecerá os principais tipos de métodos aplicados, suas
características e aplicações. Verá que, dependendo do objeto de estudo,
acaba-se por adotar diferentes métodos de pesquisa.
Deseja-se que, ao final do capítulo, você compreenda quando
adotar cada um dos métodos, considerando o objeto de sua
pesquisa, e possa, desta forma, chegar à veracidade dos fatos,
comprovando-os cientificamente.
3.2 Conhecendo a teoria
3.2.1 Métodos de pesquisa
Vimos, nos períodos da ciência, as concepções racionalista, empirista
e construtivista. Cada uma delas demonstra de que forma os cientistas
vislumbravam o conhecimento e o que usavam para comprová-lo. Além
da mudança de pensamento científico apontado pelas concepções
da ciência, outro ponto de mudança foi a passagem da ciência teórica
e qualitativa (antiga) para a ciência tecnológica e quantitativa
(moderna) (CHAUÍ, 2009).
LEMBRETELEMBRETE
Racionalista (caso dos gregos no final do século XVII) – conhecimento racional e dedutivo; empirista (Aristóteles, ao final do século XIX) – conhecimento baseado em observações e experimentações; e construtivista (início do nosso século) – conhecimento como modelos explicativos da realidade.
Observando as mudanças apresentadas, a impressão inicial é que
se tinha um progresso da ciência por meio de mudanças científicas.
Chauí (2009) aponta que as físicas de Aristóteles, Galileu e Einstein são
três físicas diferentes, com experimentos, demonstrações e métodos
distintos, pois a forma de conhecer empregada não é a mesma. Neste
ponto, a autora aponta para uma ruptura epistemológica em que a
ideia de progresso e evolução das ciências passa para a descontinuidade,
Capítulo 3
81Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
considerando ainda a diferença temporal das teorias científicas abordadas.
Thomas Kuhn designa a ruptura e criação de novas teorias com a expressão
revolução científica.
O que caracteriza uma ruptura epistemológica ou uma revolução
científica é mudança na forma de realização da pesquisa, principalmente
nas teorias e métodos utilizados. Ao se afirmar que cada concepção tem sua
forma de comprová-lo, diz-se que se usa de uma sequência de procedimentos
que permitem chegar a um resultado conclusivo e de possível demonstração.
Desta forma, refere-se ao método empregado para o desenvolvimento da
pesquisa de determinada ciência.
A palavra método vem do grego methodo e designa: “ao longo de”
– meta e “via, caminho” – hodós (ARANHA e MARTINS, 2001). De acordo
com os autores (2001, p. 154), pode ser conceituado como “a ordem que se
segue na investigação da verdade, no estudo da ciência, ou para alcançar
um fim determinado”.
Durante nossas atividades diárias, nós nos organizamos mentalmente
para que possamos passar bem os dias sem tantas atribuições. Quando algo
muda na rotina já se pensa em como as coisas podem ser resolvidas para que
tudo corra bem. Suponhamos a seguinte situação: você é casado(a) há dois
anos, o casal trabalha e descobre que terá um bebê. Além de toda ansiedade,
vocês já se programam para quando chegar o momento de deixar o bebê em
uma creche. Qual será a escola, quem levará, a que horas sairão de casa,
como farão para buscar... provavelmente, algum tempo antes, organizarão
todas estas ideias. No entanto, sabem que dificilmente tudo será como se
deseja. E se o carro quebrar?
Aranha e Martins (2001) sugerem que estas antecipações mentais
nos ajudam a racionalizar como iremos agir, porém não costumamos nos
ater a isto na vida cotidiana, apenas quando algo não sai como o desejado.
No caso da pesquisa e da ciência, é necessário direcionar a forma como
agiremos para ajudar no desenvolvimento e também para fins de
demonstração e comprovação.
Gil (2008) afirma entender por método operações mentais técnicas
que possibilitam a veracidade de um conhecimento para que este possa ser
chamado de científico.
Capítulo 3
82 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
Para Lakatos e Marconi (2010, p. 46), método é o “conjunto de
atividades sistemáticas e racionais que [...] permite alcançar o objetivo
[...] traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as
decisões dos cientistas.” Estes autores, assim como Gil (2008), enfatizam
a finalidade da atividade científica: a busca pela verdade no alcance de
conhecimentos válidos e verdadeiros.
O método, para Fachin (2001, p. 27), é visto como um
instrumento do conhecimento que proporciona aos pesquisadores, em qualquer área de sua formação, orientação geral que facilita planejar uma pesquisa, formular hipóteses, coordenar investigações, realizar experiências e interpretar os resultados.
Na concepção de Mattar (2010), método refere-se a procedimentos
repetitivos e aperfeiçoados por várias ciências e que são utilizados
durante o período em que o pesquisador observa a realidade, cria e comprova
suas hipóteses.
Por fim, Cervo, Bervian e Silva (2007) corroboram com os conceitos já
apresentados, afirmando que “nas ciências, entende-se por método o conjunto
de processos empregados na investigação e na demonstração da verdade.”.
Observando os conceitos abordados, de forma geral, pode-se dizer que
métodos são procedimentos ordenados de maneira a prover uma forma de
realizar uma pesquisa em busca de conhecimento, a partir do momento que
possibilitará ao pesquisador comprovar o objeto de estudo.
O método sempre foi estudo no âmbito da filosofia. No entanto, no
século XVII, os filósofos deram grande ênfase ao método como objeto de
estudo e discussão. Isso porque, se você lembra, é nesta época que os filósofos
se preocupam com o conhecer, e então a ciência e o conhecimento são trazidos
para o centro da discussão (ARANHA e MARTINS, 2001).
Um dos filósofos que, nesta época, mais se preocupou com o método foi
René Descartes, sendo este tema foco de seu filosofar. Isto tornou o método
uma invenção e outros amantes da filosofia passaram a se dedicar e discutir o
método, como Galileu Galilei e Francis Bacon.
Capítulo 3
83Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
O filósofo, físico e matemático francês René Descartes (1596-1650) tem grande destaque na ciência e filosofia moderna. Muitos autores o chamam de “fundador da filosofia moderna“, ou ainda o consideram o “pai da matemática moderna”. Um de seus trabalhos mais conhecidos é O discurso sobre o método, em que o autor apresenta uma proposta de um modelo quase matemático para conduzir o pensamento
humano. Suas atividades de pesquisa fizeram dele personagem na revolução científica e grande marco no desenvolvimento das ciências (MATTAR, 2008).
BIOGRAFIA
• Histórico do método
Vimos que a curiosidade humana a respeito da natureza e do próprio
homem nos fez distinguir diferentes conhecimentos. Explicamos a natureza por
meios religiosos e divindades no conhecimento teológico; usando o conhecimento
filosófico para investigar racionalmente, captando a essência imutável do real;
utilizamos o senso comum ou conhecimento empírico para explicar realidades
humanas. Estes conhecimentos buscavam explicar as preocupações humanas
com seu Universo, mas não eram capazes de comprovar fatos. Assim, o
conhecimento científico pretende estabelecer relações e explicações entre fatos
e acontecimentos por meio de raciocínio e da observação científica.
Neste contexto, surgem os métodos e seus primeiros autores, sendo aqui
apresentados os definidos por Galileu Galilei, Francis Bacon e René Descartes
(LAKATOS e MARCONI, 2010).
a) Método de Galileu Galilei
Galileu Galilei, considerado o teórico do método experimental, se
preocupava com relações quantitativas, em que se chega a uma lei por meio
da observação de determinado número de participantes de casos particulares
de um objeto.
Capítulo 3
84 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
A figura exemplifica as principais etapas indicadas pelo autor do método.
Observação
Análise dos elementos
Indução de hipóteses
Verifi cação de hipóteses
Generalização dos resultados
Confi rmação de hipóteses
Figura 1 - Método de Galileu GalileiFonte: Adaptado de Lakatos e Marconi (2010).
Você pode constatar, na figura, que o autor indica sete fases para que
seja possível estabelecer leis gerais. Como o autor se preocupa com dados
quantitativos, a obtenção destes parte de vários experimentos para que se
confirmem suas possíveis respostas.
Inicialmente, os fatos ou fenômenos considerados para estudo são
observados para que se verifique o que ocorre. Em seguida, são analisados
buscando-se obter relações quantitativas entre estes, uma vez que vários
casos específicos dos fatos em estudo são observados. Com base nos
fatos, são induzidas várias hipóteses, ou seja, são determinadas possíveis
respostas ao problema ou fato em questão (FACHIN, 2001). As hipóteses
com base em experimentos relativos aos fenômenos são analisadas e
verificadas buscando-se indicar se as respostas sugeridas são negadas ou
conclusivas. Assim, é possível ao pesquisador observar casos semelhantes
durante o experimento e sugerir generalizações dos resultados. Neste
sentido, isto é possível devido à confirmação de algumas ou de todas as
hipóteses levantadas em fase anterior.
A partir do momento em que o cientista, passando por todas as etapas
indicadas, consegue confirmar hipóteses, ele está obtendo leis gerais para o
fenômeno em estudo.
Capítulo 3
85Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
O físico, matemático, astrônomo e filósofo italiano Galileu Galilei (1565-1642) foi responsável por grandes descobertas que influenciaram a revolução científica em suas áreas de conhecimento. Criou algumas leis, como a Lei dos corpos, e inventou instrumentos, como a balança hidrostática. Vimos que seu método empírico foi de grande relevância, influenciando os métodos atuais.
BIOGRAFIA
b) Método de Francis Bacon
Bacon entende que a observação e a experimentação são cruciais para
que se possa comprovar o resultado, afirmando sua veracidade, que constitui
o grande objetivo da ciência. Para o autor, o conhecimento filosófico não
possui artefatos para afirmar se algo é ou não verdadeiro.
As etapas indicadas no método são apresentadas na figura 2.
Experimentação
Formulação de hipóteses
Repetição
Testagem de hipóteses
Formulação de gereneralizações e leis
Figura 2 - Método de BaconFonte: adaptada de Lakatos e Marconi (2010).
O início da pesquisa, para o método de Bacon, implica na realização de vários
experimentos envolvendo o problema de pesquisa, sendo que o pesquisador
deve anotar suas observações de forma sistemática. Após análise dos resultados
obtidos, deve-se formular hipóteses que consigam explicar a relação entre os fatos
observados durante os experimentos. O autor, na terceira etapa, sugere a repetição
dos experimentos realizados, mas por outros pesquisadores e em outros lugares,
Capítulo 3
86 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
buscando-se mais dados. A testagem das hipóteses partirá da nova sequência de
experiências que deve trazer mais dados úteis na confirmação das hipóteses criadas, isto
por conta da quantidade de evidências apresentadas na coleção de dados obtidos
pelos pesquisadores. Obrigatoriamente, o pesquisador precisa ter percorrido todas
as etapas anteriores para que consiga generalizar as explicações aos fatos estudados e
formular a(s) lei(s) que conseguiu evidenciar por conta dos experimentos realizados.
EXPLORANDOEXPLORANDO
No livro de Lakatos e Marconi (2010), você encontra as regras sugeridas por Bacon para realizar os experimentos. Consulte!
Os métodos propostos por Bacon e Galileu baseiam-se em processos
indutivos (em que se parte de dados particulares a generalizações),
diferenciando-se do próximo método a ser abordado, que é dedutivo.
c) Método de Descartes
René Descartes propõe uma nova forma de sistematização, em que o método
proposto é dedutivo, ou seja, parte da generalização para a especificidade.
A figura 3 esquematiza os passos indicados por Descartes em sua proposta
de método, descrita em seu livro O discurso do método.
Evidência
Análise
Síntese
Enumeração
Figura 3 - Método de DescartesFonte: adaptada de Lakatos e Marconi (2010).
Capítulo 3
87Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
Os passos ou preceitos sugeridos por Descartes para a pesquisa
iniciam pela aceitação da informação verdadeira. Não se pode ter como
verdade algo que deixa alguma pequena margem de dúvida, bem como
não se deve usar juízo, precipitação e preconceito na decisão; é preciso
que se trate realmente de algo evidente. A decomposição do fenômeno
em quantas partes for necessário para a melhor compreensão e resolução,
sempre em direção ao que possui menos complexidade, é a sugestão
de análise indicada pelo autor, o que indica o uso da dedução. A
partir daí, Descartes sugere que o pesquisador reconstitua, de forma
ordenada, os objetos/partes mais simples, indo ao que possua maior
complexidade, de acordo com a decomposição realizada na fase de
análise, realizando, desta forma, a síntese do processo. Por fim, a
sugestão é que o cientista procure enumerar e revisar os resultados, as
conclusões, para que não se corra o risco de omitir alguma parte ou dado
no desenvolvimento do processo.
O inglês Francis Bacon (1561 – 1626), filósofo e político, é chamado por alguns de “fundador da ciência moderna”, tendo como sua principal obra filosófica o Novum Organum. Tinha como preocupações principais o empirismo e a metodologia científica.
BIOGRAFIA
Observando os autores apresentados, percebe-se a preocupação, ao
longo da história, em fornecer aos pesquisadores recursos para a comprovação
de verdades que levassem ao desenvolvimento da ciência. Mais uma vez, nota-
se a presença dos filósofos como âncoras no desenvolvimento de teorias e
processos para o mundo da pesquisa e da ciência.
Estes métodos apresentados passaram por transformações, assim como
novos métodos foram surgindo para favorecer a pesquisa e a ciência. Você os
conhecerá ainda neste capítulo.
Capítulo 3
88 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
3.2.2 Relevância do método
Algumas possíveis verdades nos são apresentadas todos os dias. Chauí
(2009) nos mostra alguns exemplos: a ideia de que é o Sol que se move ao redor
da Terra, que permanece imóvel, já que, todos os dias, vemos o Sol nascer de
um lado e se pôr de outro, não é? No entanto, há muito tempo, a Astronomia
comprovou que a Terra que se move em torno do Sol; da mesma forma, temos
a impressão de que o Sol é menor do que a Terra, pois ao visualizarmos, esta
impressão é muito clara, mas a Astronomia também já comprovou que a
Terra é muito menor que Sol. Assim, você pode perceber a diferença entre
as certezas cotidianas, que chamamos senso comum, e as que se referem ao
conhecimento científico.
Você já viu que as certezas cotidianas são necessárias para que haja o
conhecer científico. Essa ruptura existente na história ocorre na chamada
revolução científica, em que há um desenvolvimento considerável da ciência.
Mattar (2010) cita o surgimento da Astronomia, com Copérnico, Kepler e
Newton, como o principal acontecimento impulsionador da revolução científica.
As teorias demonstradas na época foram comparadas sistematicamente, o que
fortaleceu a ciência.
Chauí (2009, p. 219) afirma que “os fatos ou objetos científicos não são
dados empíricos espontâneos de nossa experiência cotidiana [...]”. Para que
seja alcançado o conhecimento científico, é preciso que haja uma investigação
científica, em que se torna necessária a aplicação de atividades racionais,
experimentais e técnicas. Quando se fala em técnica, há uma referência aos
métodos que nos permitem obter um rigor científico, fator fundamental para
tornar possível a comprovação da verdade na ciência.
Desta forma, classifica-se o trabalho científico como metódico e sistemático.
Chauí (2009) diz que o método permite o rigor científico e apresenta algumas
atividades que julga serem relevantes para o investigador científico e que
podem constituir uma ciência de acordo com as exigências desta:
• Separar o que é subjetivo e objetivo em um fato a ser estudado.
• Construir um fenômeno como algo possível de controle, de verificação,
de interpretação e de ser retificado ou corrigido.
Capítulo 3
89Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
• Demonstrar e provar, de forma rigorosa, por meio dos métodos, os
resultados obtidos.
• Relacionar um fato isolado a outros, buscando transformar o
fenômeno em um objeto científico por meio da aplicação de teoria.
• Possibilitar a criação de teoria que possa explicar os fatos e fenômenos
observados.
Lakatos e Marconi (2007) afirmam que a investigação científica
alcançará seus objetivos ao tempo que se propõe cumprir as atividades
propostas na figura 4.
Problema
Explicação
Conclusão
Não explicação
Não satisfatória
Início de novo ciclo
Colocação prevista
do problema
Tentativa de Solução
Procura de conhecimento ou
instrumento relevante
Satisfatório Inútil
Prova de solução
Obtenção de
uma solução
Invenção de novas ideias
ou produção de novos
dados empíricos
Satisfatória
Figura 4 - Etapas a serem cumpridas para o alcance dos objetivos da investigação científi caFonte: adaptada de Lakatos e Marconi (2007).
Capítulo 3
90 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
Pela figura 4 apresentada, inicialmente, o investigador, ao enunciar o
problema de forma adequada, deve verificar se há explicação para o problema,
sendo, nesse caso, desnecessária a pesquisa. Mas se não houver explicação,
deve-se apresentar o problema de forma precisa antes de iniciá-la. A seguir, com
tentativa de solucionar o problema, buscam-se conhecimentos já existentes
ou ainda instrumentos que possam contribuir com o intuito, como teorias ou
técnicas de cálculo, dependendo da natureza do problema. Em seguida, tenta-
se resolver o problema com o que foi identificado. No caso de existir explicação
não satisfatória para encontrar a solução do problema, torna-se necessário
apresentar novas ideias ou dados que possam contribuir para a resolução do
problema. A partir disto, o pesquisador deve propor uma solução adequada
ao problema, seja esta exata ou aproximada, seguida da investigação das
consequências do que foi adotado. Com base em dados e teorias sobre o
assunto, deve-se apresentar uma comprovação de que a solução apresentada
para o problema é conclusiva. Caso seja satisfatória, o ciclo finaliza e, no caso
de não possibilitar provar as hipóteses, haverá necessidade de iniciar um novo
ciclo de investigação (LAKATOS e MARCONI, 2007).
Observe que os itens apresentados demonstram necessidades relevantes
ao pesquisador no desenvolvimento científico. Percebe-se que todo trabalho
científico, por sua concepção, vislumbra o conhecer, sendo, para isso, necessário
ser apreciado por procedimentos metodológicos que o embasem (FACHIN, 2001).
Assim, o método deve colaborar com o investigador para que seja possível
a este não permitir que seu capricho ou acaso influenciem a pesquisa sobre o
objeto de estudo (CERVO, BERVIAN e SILVA, 2007). Deve ser possível que, ao ter
seu trabalho investigado por outro cientista, o autor tenha certeza de que o leitor
poderá verificar todos os processos e sistematização de seu método aplicado.
Pode ser possível contestação, o que não é aceitável é a falta da apresentação do
método definido e utilizado, bem como a demonstração dos resultados obtidos
por meio deste. Exatamente por esta necessidade é que Lakatos e Marconi (2010,
p. 44) afirmam: “não há ciência sem o emprego dos métodos científicos”.
Cabe destacar que não será atribuição do método a responsabilidade
por ensinar a encontrar hipóteses, ideias novas e fecundas, que constituem
responsabilidade do cientista (CERVO, BERVIAN e SILVA, 2007). A ciência será
possível se o investigador utilizar a sua criatividade, inteligência, talento e
atividade mental, juntamente com a aplicação dos procedimentos eficientes
que constituem o método escolhido para o estudo de determinado objeto.
Capítulo 3
91Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
Em se tratando da seleção do método, cabe dizer que se deve entender
a natureza do objeto em estudo, de cada problema investigado para que se
escolha o que for mais adequado. Fachin (2001) sugere que, além da natureza
do objeto foco da pesquisa, o pesquisador se preocupe também com o objetivo
que se tem ao realizar a investigação.
É possível que, em uma pesquisa, você utilize mais de um método entre
os vários existentes, para tanto, vamos conhecer alguns dos métodos utilizados
atualmente para investigação científica. Cabe ressaltar que há diferentes
classificações dos métodos por diferentes autores.
Ao observar o conceito de método apresentado, é possível você pensar na aplicação deste em sua vida cotidiana?
REFLEXÃO
3.2.3 Métodos científi co e racional
A distinção destes dois métodos, apresentada por Cervo, Bervian e
Silva (2010), está em suas características básicas, em que se distingue o
método científico como aplicável a fatos que possam ser comprovados
experimentalmente, e o método racional aplicado a ciências cujo objeto é o
questionamento da realidade.
Cervo, Bervian e Silva (2010) afirmam que o método científico deseja
conhecer a realidade dos fatos, buscando explicar um variado número de
ocorrências semelhantes para um dado objeto de estudo. Os autores (2010, p.
28) lembram que “[...] o método é apenas um meio de acesso; só a inteligência
e a reflexão descobrem o que os fatos e os fenômenos realmente são.”
O pesquisador observa um problema e questiona como poderá proceder
sua investigação acerca do tema. Para tanto, pode, por exemplo, sugerir
alguma hipótese e delimitar o assunto. Neste caso, tem-se o método científico
que lhe fornecerá ferramentas para alcançar seu objetivo em sua pesquisa.
Capítulo 3
92 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
De acordo com Cervo, Bervian e Silva (2010, p. 29),
O método científico aproveita a observação, a descrição, a comparação, a análise e a síntese, além de processos mentais da dedução e da indução, comuns a todo tipo de investigação, quer experimental, quer racional.
No caso do método racional, os autores (2010) afirmam que é também
científico e aplicado em áreas como a filosofia, em que a realidade ao
qual é aplicado não se refere a fatos que possam ser comprovados pela
experimentação. A interpretação da realidade em relação a sua origem,
natureza, destino e significado é objeto das ciências que empregam a lógica e
racionalidade deste método.
A forma como é possível a comprovação ou refutação das hipóteses
de pesquisa é o que diferencia do método científico, uma vez que o método
racional pretende uma compreensão mais ampla a respeito da vida, do mundo
e do ser humano.
3.2.4 Métodos dedutivo, indutivo, hipotético-dedutivo e dialético
Diferentes formas de pensamento ou de raciocínio são a bases nos
métodos dedutivo, indutivo e hipotético-dedutivo. Já o método dialético é
tratado na literatura de maneira diferente por vários autores e relaciona-se
com a contestação de ideias.
• Método dedutivo
O método dedutivo é conhecido como aquele em que a forma de pensar
parte do geral para o específico. De acordo com Fachin (2001, p. 30), “é aquele
que de duas proposições necessariamente surge uma conclusão”.
Conforme Gil (2008, p. 9), “parte de princípios reconhecidos como
verdadeiros e indiscutíveis e possibilita chegar a conclusões de maneira
puramente formal [...]”. Ainda Cervo, Bervian e Silva (2010, p. 46) afirmam que,
nesta forma de pensamento, estruturas lógicas são construídas relacionando
antecedente e consequente, premissa e conclusão.
Veja o exemplo apresentado por Gil (2008):
Capítulo 3
93Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
TODO HOMEM É MORTAL. (Premissa maior)
PEDRO É HOMEM. (Premissa menor)
LOGO, PEDRO É MORTAL. (Conclusão)
Por meio da premissa maior e premissa menor, é possível inferir a
conclusão apresentada. Pelo exemplo, é perceptível que este método possui
a facilidade de chegar do conhecido ao desconhecido com uma margem
pequena de erro, porém há uma restrição de conclusão, uma vez que não
pode apresentar respostas que não estejam embutidas nas premissas (CERVO,
BERVIAN e SILVA, 2010).
Outro ponto refere-se ao fato de que há a necessidade de que a premissa
previamente adotada não tenha possibilidade de ser colocada em dúvida,
como aponta Gil (2008).
A aplicação do método dedutivo é maior na Física e na Matemática
devido à característica de que, normalmente, apresentam seus enunciados na
forma de leis (GIL, 2008).
• Método indutivo
Este método, de forma geral, contempla descobertas partindo-se do específico
para o universal, como confirmam Lakatos e Marconi (2007, p. 53): a “indução
é um processo mental por intermédio do qual, partindo dos dados particulares,
suficientemente constatados, infere-se uma verdade geral ou universal [...]”.
Cervo, Bervian e Silva (2010, p. 44) corroboram afirmando que, na
indução, “de verdades particulares concluímos verdades gerais”, e apresentam
um exemplo para o método:
Terra, Marte, Vênus, Saturno, Netuno são todos planetas.
Ora, Terra, Marte, Vênus Saturno, Netuno, etc., não brilham com luz própria.
Logo, os planetas não brilham com luz própria.
Capítulo 3
94 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
Percebe-se que, como no dedutivo, a lógica é baseada em premissas,
estas identificam informações conclusivas sobre os fatos observados, e pelo
raciocínio, o pesquisador revela uma realidade antes não conhecida que
poderá se tornar, por exemplo, uma lei universal (LAKATOS e MARCONI, 2010).
O método pode ser realizado em três fases, assim apresentadas por
Lakatos e Marconi (2010):
• Observação dos fenômenos: em que os fatos são observados e
analisados pelo pesquisador a fim de conhecer suas causas e o porquê
de sua manifestação.
• Descoberta da relação entre eles: comparando os vários fatos
relacionados ao objeto de estudo, o pesquisador busca aproximá-los
para encontrar possíveis relacionamentos.
• Generalização da relação: o pesquisador deve generalizar relações
encontradas entre fatos semelhantes.
Algumas regras são relevantes no método apresentado: o pesquisador
não deve ter dúvidas quanto à generalização ser realmente essencial; e
deve ter certeza de que os fatos que foram relacionados entre si para
obtenção da generalização sejam realmente semelhantes (CERVO, BERVIAN
e SILVA, 2010).
O método indutivo influenciou o método científico desde sua aplicação
por Bacon nas ciências naturais e também tem sua relevância nas ciências
sociais por servir como propulsor ao uso da observação em detrimento da
especulação para chegar ao conhecimento científico.
INTERAGINDOINTERAGINDO
Entre em contato com seus colegas de turma por meio do Ambiente Virtual de Aprendizagem e apresente premissas e conclusões utilizando o método dedutivo e o método indutivo. Será um ótimo exercício de lógica, além de favorecer sua compreensão sobre o tema abordado.
Capítulo 3
95Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
• Método hipotético-dedutivo
Apesar dos benefícios do método indutivo, este também sofreu críticas
de alguns cientistas, como, por exemplo: não ser possível obter generalizações
com uso de amostras ou não poder promover evidência e certeza. Estas,
associadas às realizadas ao método dedutivo, culminaram no desenvolvimento
do método hipotético-dedutivo.
As bases para a criação do processo hipotético-dedutivo foram
desenvolvidas por Sir Karl Raymund Popper, que afirma ser este o único método
reconhecido. Em sua concepção, as pesquisas têm como base um problema a
ser solucionado e sua resolução está num processo de tentativas e eliminação
de erros (LAKATOS e MARCONI, 2007).
Kaplan (1972 apud GIL, 2008, p. 12) diz que:
[...] o cientista, através de uma combinação de observação cuidadosa, hábeis antecipações e intuição científica, alcança um conjunto de postulados que governam os fenômenos pelos quais está interessado, daí deduz ele as consequências por meio de experimentação e, dessa maneira, refuta os postulados, substituindo-os, quando necessário, por outros, e assim prossegue.
A citação apresentada corrobora com a estrutura indicada por Popper
para o método hipotético-dedutivo na figura 5.
Expectativas ou Conhecimento
prévioProblema Conjecturas
Testes de Falseamento
Figura 5 - Fases do método hipotético-dialéticoFonte: adaptada de Lakatos e Marconi (2007).
Os conhecimentos prévios advêm do que existe em termos de estudo das
teorias já conhecidas, e com base nestes e expectativas existentes, conflitos
aparecem, tornando-se foco de investigação. Como conjectura, entende-se
uma solução na forma de proposições que poderão, de alguma maneira, ser
testadas considerando suas consequências, utilizando-se de dedução. Por fim,
existem os testes de falseamento, em que o objeto é submetido à eliminação
de possíveis erros durante a aplicação do método; para os testes, pode-se
usar a observação e a experimentação. Quanto mais você conseguir produzir
falseamentos, maior rigor científico será obtido na aplicação do método.
Capítulo 3
96 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
EXPLORANDOEXPLORANDO
O método hipotético-dedutivo apresenta outras variantes na percepção de outros autores. Você pode conhecer mais sobre o método no livro Metodologia científica, de Lakatos e Marconi (2007).
• Método dialético
Dialética é um conceito antigo que data da Grécia Antiga e foi utilizado por
Platão, ao considerar a arte do diálogo, posto que deriva da palavra de origem
grega dialektos, que significa debate, forma de discutir e debater (GIL, 2001).
No entanto, o apogeu dialético veio com o filósofo Hegel (1770 – 1831),
que fundamentou a concepção moderna da dialética, em que “tudo tem
relação com um todo, que encerra, em si próprio, contradições” (LAKATOS e
MARCONI, 2007, p. 82). Os autores (2007, p. 82) ainda afirmam que “a dialética
é a lógica do conflito, do movimento, da vida.”
Para a dialética de Hegel, a importância primeira era dada ao espírito, por
ser um idealista. Esta posição foi criticada por Karl Marx e Friedrich Engels, que
modificaram a dialética dando bases materialistas à dialética. Pode-se entender
o método materialista como uma forma de interpretação da realidade.
Figuras 6 e 7 - Karl Marx e Friedrich EngelsFonte: <http://images.google.com>.
Capítulo 3
97Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
Engels (1974 apud GIL, 2008) apresenta os princípios que norteiam o
materialismo dialético:
• Unidade de opostos: os objetos possuem aspectos contraditórios
que, organicamente, são unidos. Lakatos e Marconi (2007, p. 84)
exemplificam este princípio: “a planta, que fixa o oxigênio do ar,
mas também interfere no gás carbônico e no vapor d’água, e essa
interação modifica, ao mesmo tempo, a planta e o ar.”
• Quantidade e qualidade: são características de todos os objetos.
Mudanças quantitativas podem gerar mudanças qualitativas. Por
exemplo, se para obter o grau de cliente Vip de determinado banco
você precisa ganhar acima de R$ 3.000,00 e hoje você ganha R$
2.989,00, condição negada. Mas se amanhã você receber um aumento
e passar a ganhar R$ 3020,00 a mudança quantitativa fez a qualitativa,
fazendo você se tornar um cliente Vip do banco.
• Negação da negação: este princípio pressupõe a negação como mola
propulsora de desenvolvimento. A lagarta que vira borboleta muda,
nega uma realidade anterior para que o novo possa se mostrar.
Assim, percebe-se que a ideia do método dialético está em se desenvolver
com base na anulação de um sistema de hipóteses, que dará surgimento a um
novo sistema.
3.2.5 Métodos experimental, observacional, estatístico e comparativo
• Método experimental
De acordo com Gil (2008, p. 16), o método submete “[...] os objetos
de estudo à influência de certas variáveis, em condições controladas e
conhecidas pelo investigador, para observar os resultados que as variáveis
produzem no objeto.”
O método experimental é aquele em que a manipulação de variáveis
é realizada de forma preestabelecida e os efeitos disto são controlados e
conhecidos em função da observação do estudo. Fachin (2001) explica que os
resultados devem ser aceitos como são demonstrados no experimento, mesmo
que haja incidentes durante a realização do método.
Capítulo 3
98 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
O uso deste método pode ter a aplicação de pré-teste, ou seja, você
define como fará sua pesquisa, seus instrumentos para coleta de dados e os
aplica. É possível, ao pesquisador, verificar se há falta de questões ou se o
número da amostra é pequeno, por exemplo.
• Método observacional
Este método pode ser apresentado como o início de toda pesquisa
científica, afirma Fachin (2001), devido ao fato de servir de base para as
diferentes áreas científicas existentes. Gil (2010) destaca que é um dos métodos
mais utilizados nas ciências sociais e também o mais primitivo.
O objetivo deste método é conseguir identificar, com precisão, num
contexto empírico, as características mais relevantes, essenciais de determinado
fato que está sendo pesquisado.
O método pressupõe a presença de um humano para exercer a atividade
de observação, sendo que o executor da atividade deve ter preparo intelectual
adequado, ser curioso, capaz, paciente, persistente e, principalmente, ser
ético. Estas características devem-se ao fato de que, ao redor do objeto em
estudo, há vários estímulos e distrações que podem afastar o pesquisador de
seu intento. Cabe lembrar a importância das anotações dos dados observados
para que sejam foco de análise posteriormente. Assim, Fachin (2001) aponta
algumas dicas ao pesquisador que se utilizar deste método:
• Os objetos devem estar bem definidos quanto à pesquisa.
• O planejamento da pesquisa deve ser sistemático antes da aplicação
do método.
• O registro dos dados de forma sistemática é imprescindível.
• É necessário a submissão da pesquisa à comprovação e controle de
validade e confiabilidade.
Este método envolve desde as fases iniciais do estudo do pesquisador
chegando aos estágios considerados mais avançados, possibilitando, inclusive,
o aprimoramento de outros tipos de pesquisas (FACHIN, 2001).
Capítulo 3
99Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
PRATICANDOPRATICANDO
Pense em situações diárias de sua vida cotidiana ou na sociedade e procure apontar, definir possíveis problemas que poderiam constituir problemas de pesquisa, onde você poderia utilizar a observação. Por exemplo, observando diariamente o trânsito e a infinidade de acidentes, você pode encontrar um foco de pesquisa. De alguma forma, o método de observação lhe auxiliaria?
• Método estatístico
As conclusões obtidas por este método baseiam-se na aplicação de teoria
estatística da probabilidade. Mesmo assim, não é possível considerar seus
resultados totalmente verdadeiros, mas com uma probabilidade muito boa de
o serem (GIL, 2008).
A utilização deste método está voltada à pesquisa de objetos aleatórios
por se repetirem e terem uma grande variabilidade (FACHIN, 2001). É difícil,
após um fato ocorrer, termos uma clareza de quando poderá acontecer
novamente. Você já deve ter ouvido a máxima: “um raio não cai duas vezes
no mesmo lugar”.
Neste caso, este método pode ser empregado quando se trabalha com
a teoria de amostragem, possibilitando representar e explicar, de forma
sistemática, observações quantitativas numéricas relativas às ciências
sociais como padrão cultural ou de outra ciência, como Física, cujos fatos
apresentam multiplicidade de causas sendo representados de forma
analítica (FACHIN, 2001).
Lakatos e Marconi (2007, p. 93) explicam que o método estatístico tem o
papel de “fornecer uma descrição quantitativa da sociedade, considerada um
todo organizado”.
Capítulo 3
100 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
DEFINIÇÃODEFINIÇÃO
A amostragem refere-se ao ato de escolher elementos de uma população que fará parte da pesquisa e cujo objeto é estimar valores não conhecidos, como média, por exemplo.
• Método comparativo
Este método pressupõe o apontamento de diferentes e semelhantes
entre grupos de indivíduos, classes, fenômenos e fatos que podem ser foco
de investigação, ou seja, as semelhanças irão explicar o objeto de estudo. Para
Lakatos e Marconi (2010), este método ocupa-se de analisar o dado concreto,
conseguindo abstrair destes elementos constantes, abstratos e gerais.
Muitas ciências se utilizam deste método por ser possível abranger na
pesquisa uma quantidade considerável de indivíduos e grupos destes em
universos diferenciados e geograficamente distintos.
Imagine você que é possível, por este método, a realização de estudos
em diferentes culturas ou sistemas políticos, padrões de comportamento em
diferentes épocas, aprendizagem de alunos em escolas com diferentes teorias
pedagógicas (GIL, 2008).
Na literatura, você poderá encontrar vários outros tipos de método que
podem ser aplicados em sua pesquisa. É possível estudá-los e aproveitar suas
indicações de forma a apoiar sua pesquisa na produção de conhecimento.
Santos (2009) destaca: para um conhecimento que seja local e total
baseado em temas que evoluem à medida que o objeto de estudo evolui,
buscando as várias faces que este pode ter, só poderá ser obtido se o
pesquisador se esforçar no emprego de método a fim de que consiga realizar
uma investigação de qualidade científica, conforme as exigências e rigor
pressupostos pela ciência.
Capítulo 3
101Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
3.3 Aplicando a teoria na prática
A ida ao cinema de Bruna e o namorado Artur estava programada para as
19h. Ele a buscaria para que pudessem assistir à sessão das 20h. Como o horário
se aproxima, de cinco em cinco minutos, a garota vai até a janela para ver se o
namorado está a caminho e, por consequência, observa sua vizinhança, fazendo
com que pense sobre a realidade a sua volta. Bruna mora em uma comunidade
de muita desigualdade social e acredita que os assaltos e a violência que, por
vezes, ocorrem se devem a este fator. Como está estudando para ser pedagoga,
Bruna já percebeu que muitas crianças não frequentam a escola; mesmo não
sabendo os reais motivos, acredita ser um problema social grave e que afeta
diretamente o futuro daquelas crianças. Observadora da realidade, percebeu
que muitos pais não se preocupam com a vacinação de seus filhos e que vários
não compareceram aos postos de saúde para vacinar o filho contra o vírus da
gripe H1N1. Neste curto espaço de tempo, consegue se perceber como ser
humano e pensa como teve sorte de ter pais tão preocupados com sua saúde
e sua educação. Isto favoreceu para que hoje estivesse empregada e pudesse
continuar seus estudos. Lembrou-se que, no dia seguinte, haveria lançamento
de uma nova linha produto na loja em que trabalhava e ia ser divertido, pois
a loja estaria super movimentada. Na distração de seus pensamentos, alguém
bateu na porta e, claro, era Artur, que chegava para que fossem ao cinema.
Refletindo sobre o caso apresentado, aponte ao menos dois métodos em
que você pode perceber sua aplicação na passagem do texto. Você deve pensar
em pesquisas que podem ser realizadas ou ainda em algo que já foi realizado,
investigado e que deve ter o emprego de algum método científico. Não se esqueça
de mostrar a passagem do texto e indicar o método. E procure justificar sua escolha.
3.3.1 Resolvendo
Observando o caso de Bruna e os conceitos sobre métodos apresentados,
podemos indicar alguns métodos aplicáveis ou utilizados em aspectos
indicados no caso.
Quando lemos no texto “Bruna mora em uma comunidade de muita
desigualdade social e acredita que os assaltos e a violência que, por vezes,
ocorrem se devem a este fator”, podemos encontrar neste trecho tema para
uma pesquisa científica e, para tanto, pode ser adotado, em um primeiro
momento, o método observacional.
Capítulo 3
102 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
O mesmo ocorre quando o texto cita o fato de as crianças não irem à
escola, o que poderia também fazer uso do método estatístico caso nosso
objetivo fosse quantificar o objeto de estudo.
A lembrança de Bruna quanto ao fato de que vários pais não foram
vacinar seus filhos com o vírus H1N1 nos faz lembrar que, para a criação e
desenvolvimento da vacina, os pesquisadores podem ter se utilizado do
método experimental.
Ainda quando fala do lançamento da nova linha de produto na loja,
pode ser propício a realização de uma pesquisa junto aos clientes sobre os
novos produtos em comparação com aqueles já vendidos pela loja; para isto,
sugere-se o método comparativo.
3.4 Para saber mais
LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. de A. Metodologia científica. 5. ed. São Paulo:
Atlas, 2010.
O livro de Lakatos e Marconi (também em edições anteriores) apresenta
alguns outros métodos e detalhamentos dos métodos apresentados que
podem enriquecer os seus conhecimentos sobre o método.
René Descartes – O discurso do método
Se você deseja realmente conhecer as primeiras discussões sobre método,
este livro apresenta as ideias de Descartes, precursor na definição de uma
maneira de sequenciar o pensamento no desenvolvimento de uma pesquisa
com o rigor exigido pela ciência.
Portal da filosofia - http://portal.filosofia.pro.br/
O site apresenta informações detalhadas sobre alguns dos filósofos e
cientistas citados neste capítulo, como Popper, Descartes e Karl Marx. É uma
oportunidade de conhecer outras atividades e descobertas realizadas e sua
relevância para a ciência.
Capítulo 3
103Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
3.5 Relembrando
O capítulo 3 apresentou:
• de que forma as concepções da ciência ao longo da história exigiram
e utilizaram o método;
• como vários autores apresentam o conceito de método que, de
forma geral, pode ser visto com um conjunto de procedimentos
que devem ser realizados para uma pesquisa que apresente o rigor
científico desejado;
• os métodos que surgiram ao longo da história apresentados por
grandes cientistas e filósofos, como Galileu, Bacon e Descartes, que
influenciaram muito os métodos atuais;
• a relevância do método para a ciência na busca de resultados que
sejam rigorosamente científicos;
• a apresentação das principais características de alguns dos métodos
conhecidos e encontrados na literatura, como científico, racional,
dedutivo, indutivo, hipotético-dedutivo, dialético, experimental,
observacional, estatístico e comparativo.
Capítulo 3
104 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
3.6 Testando os seus conhecimentos
1) Relacione a coluna da esquerda com a da direita.
a) Comparativo ( ) Possibilita quantificar os resultados, permitindo
especificar características de classes sociais.
b) Observacional ( ) Permite o controle de variáveis que se está
utilizando, ao observar sua influência sobre
o objeto estudado.
c) Estatístico ( ) Utiliza-se de procedimentos de natureza
sensorial para captar os aspectos relacionados
ao objeto de estudo.
d) Experimental ( ) As explicações científicas são possibilitadas
com base em comparações realizadas entre
grupos relacionados ao objeto de estudo.
Assinale a alternativa que possui a sequência correta.
a) b, c, a, d c) d, a, c, b
b) c, d, b, a d) a, d, b, c
2) Em se tratando dos métodos sugeridos por Bacon, Descartes e Galileu,
assinale a alternativa correta.
a) A experimentação foi a bandeira maior no método de Galileu.
b) A quantificação era a preocupação do método proposto por Descartes.
c) Galileu considerava que a filosofia não possuía artefatos para a
comprovação da ciência.
d) A base do método de Descartes era o pensamento dedutivo.
e) Bacon negava a necessidade de observação e experimentos em sua
proposição de método.
Capítulo 3
105Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
3) No que se refere aos métodos dedutivo e indutivo, escolha as assertivas corretas.
I. O método dedutivo parte de pensamentos universais para os
mais específicos.
II. A criação de leis universal utilizando o método indutivo é impossível.
III. Quando se parte de raciocínios específicos buscando uma verdade
universal, trata-se do método indutivo.
IV. Para inferência no método dedutivo, apenas uma premissa é suficiente.
Assinale a alternativa que apresenta apenas os itens verdadeiros:
a) I, II, III d) I, II, IIV
b) II, IV e) I, IV
c) I, III
4) Diferencie os métodos racional e científico.
5) Apresente para cada um dos métodos comparativo e experimental uma
situação em que você acredita que estes são utilizados.
Onde encontrar
ARANHA, M. L. de A.; MARTINS, M. H. P. Filosofando: introdução à filosofia. 2.
ed. rev. atual. São Paulo: Moderna, 1993.
CERVO, A. L.; BERVIAN, P. A.; SILVA, R. da. Metodologia científica. 5. ed. São
Paulo: Pearson, 2007.
CHAUÍ, M. Convite à filosofia. 13. ed. São Paulo: Ática, 2003.
FACHIN, O. Fundamentos da metodologia. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2001.
GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2008.
LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. de A. Metodologia científica. 5. ed. São Paulo:
Atlas, 2010.
SANTOS, B. de S. Um discurso sobre as ciências. 6. ed. São Paulo: Cortez, 2009.
107Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
4.1 Contextualizando
Os métodos para realização de pesquisas foram contemplados no
capítulo 3. Você pôde compreender que as ciências possuem orientações e
procedimentos que permitem a comprovação de uma pesquisa desenvolvida
ou em desenvolvimento.
Você conheceu a diferença entre os métodos científico e racional;
conheceu as características dos métodos indutivo, dedutivo, hipotético-
dedutivo e dialético; e os métodos experimental, observacional, estatístico
e comparativo.
Além disso, conheceu os principais cientistas e suas colaborações para
o desenvolvimento dos métodos de pesquisa utilizados atualmente para
alcançar os objetivos almejados pela ciência.
Agora, você já pode conhecer abordagens e tipos de pesquisa existentes
que podem ser aplicados nas diversas áreas da ciência, sendo que para a
escolha sempre se deve considerar o objeto da pesquisa.
Deseja-se que sua compreensão dos tópicos apresentados permita que
você consiga identificar e aplicar as abordagens e tipos de pesquisa.
PESQUISA
CAPÍTULO 44
Capítulo 4
108 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
4.2 Conhecendo a teoria
4.2.1 Pesquisa quantitativa e pesquisa qualitativa: origem,
características e recursos
Estas duas pesquisas estão agrupadas neste tópico por diferenciar-se na forma
de coleta e análise dos dados coletados durante o desenvolvimento da pesquisa,
ou seja, quando você emprega conceitos de uma ou de outra metodologia em
sua pesquisa, pode caracterizá-la como qualitativa ou quantitativa.
Richardson (1999) afirma que essas duas formas de pesquisa diferenciam-
se pela sistemática e pela maneira como abordam o problema de pesquisa.
A experiência como pesquisador mostrará a você que é possível empregar
as duas formas de pesquisa em um trabalho científico, mas tudo dependerá do
objeto de pesquisa e do que será necessário para sua comprovação, inclusive
em fases diferenciadas da pesquisa.
Atualmente, a pesquisa qualitativa tem sido mais aceita na comunidade
científica em detrimento da quantitativa, que foi adotada em grande parte
da história.
• Pesquisa qualitativa
A abordagem qualitativa se relaciona a uma visão de mundo em que há
um desejo de compreensão subjetiva do homem e seu universo, sendo que os
dados utilizados descrevem aspectos relacionados ao objeto de pesquisa de
forma enriquecedora.
De acordo com Lakatos e Marconi (2010, p. 269), há uma preocupação da
pesquisa qualitativa em “[...] analisar e interpretar aspectos mais profundos,
descrevendo a complexidade do comportamento humano”.
Conforme Minayo (2002, p. 21), pode-se conceituar a pesquisa qualitativa
como aquela que “[...] trabalha com o universo de significados, motivos,
aspirações, crenças, valores, atitudes, o que corresponde a um espaço mais
profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser
reduzidos à operacionalização de variáveis”.
Capítulo 4
109Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
Pesquisas qualitativas podem ainda ser conceituadas como aquelas que
[...] podem descrever a complexidade de determinado problema, analisar a interação de certas variáveis, compreender e classificar processos dinâmicos vividos por grupos sociais, contribuir no processo de mudança de determinado grupo e possibilitar, em maior nível de profundidade, o entendimento das particularidades do comportamento dos indivíduos (RICHARDSON, 1999, p. 80).
Pode-se perceber que a pesquisa qualitativa tem como foco a centralização
em aspectos mais específicos e peculiares que permitam a compreensão do
objeto em estudo.
A pesquisa qualitativa (data do final do século XIX, início do século XX, na
Europa) inicia sendo empregada na Antropologia, seguindo por vários outros
campos de atuação, como a Sociologia, a Psicologia, Educação, Geografia,
entre outros (LAKATOS e MARCONI, 2010).
Por meio do estudo das tribos, foi possível a verificação, pelos
antropólogos, de que não seria possível quantificar os dados coletados nas
pesquisas e que era necessário, ao pesquisador, a habilidade de interpretar
os dados coletados. Neste campo de estudo, a investigação é chamada
pesquisa etnográfica e está relacionada ao estudo da cultura (LAKATOS e
MARCONI, 2010).
Na pesquisa etnográfica, quem investiga os fatos, conforme Minayo
(1994, p. 15), “exerce o papel subjetivo de participante e o papel objetivo de
observador, colocando-se numa posição ímpar para compreender e explicar o
comportamento humano.”
EXPLORANDOEXPLORANDO
No livro de Lakatos e Marconi (2010), você pode encontrar mais informações a respeito do método etnográfico.
Capítulo 4
110 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
Em se tratando das características, a pesquisa qualitativa apresenta
a estruturação da pesquisa de difícil realização. É complexo antecipar
aspectos referentes à pesquisa, uma vez que se torna necessário estar em
atuação na investigação para que se possa observar e interpretar os dados
coletados no fato estudado. Sugere-se que haja uma estruturação prévia,
assim como um estudo teórico sobre o fenômeno em estudo (LAKATOS e
MARCONI, 2010).
Lakatos e Marconi (2010) afirmam que a primeira atividade neste tipo de
pesquisa é a coleta de dados para que se possa, então, apresentar uma teoria
sobre o objeto de estudo.
Algumas técnicas de coletas de dados que serão estudadas posteriormente
são utilizadas neste tipo de pesquisa, como a observação e a entrevista.
PRATICANDOPRATICANDO
Como você notou, a pesquisa qualitativa demonstra a preocupação com dados que podem ser coletados e analisados de forma subjetiva. Em qual situação problema, por exemplo, você considera ser possível utilizar este tipo de pesquisa? Pense nos exercícios dos outros capítulos em que você foi solicitado a indicar temas de pesquisa.
• Pesquisa quantitativa
A natureza dos dados e informações que você terá na pesquisa lhe
indicará o tipo de pesquisa ou abordagem a ser utilizada, a forma de coleta
de dados, as ferramentas que serão selecionadas... Neste caso, percebe-se a
relevância do conhecimento integral do fenômeno que está em estudo para
que se defina a característica qualitativa ou quantitativa ou até mesmo a
associação quali-quanti do objeto estudado na investigação.
Como diferencial da pesquisa qualitativa, a pesquisa quantitativa
se preocupa com a utilização de instrumentos estatísticos, coletando e
analisando dados e informações numéricas. Como afirmam Richardson et
al. (1999 apud LAKATOS e MARCONI, 2010, p. 269), a pesquisa quantitativa
Capítulo 4
111Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
“caracteriza-se pelo emprego de quantificação tanto nas modalidades de
coleta de informações quanto no tratamento delas por meio de técnicas
estatísticas [...]”.
Para Richardson (1999, p. 70), a pesquisa quantitativa,
[...] como o próprio nome indica, caracteriza-se pelo emprego da quantificação tanto nas modalidades de coleta de informações, quanto no tratamento delas por meio de técnicas estatísticas, desde as mais simples com percentual, média, desvio-padrão, às mais complexas, como coeficiente de correlação, análise de regressão, etc.
O universo quantitativo preponderou primeiramente nas ciências,
conforme se estuda na história da ciência. A maioria das áreas se
preocupava com a comprovação de suas investigações por meio de
dados numéricos.
Na concepção de Lakatos e Marconi (2010), há algumas características
da abordagem quantitativa a serem destacadas: evidencia a observação
e valorização dos fenômenos; estabelece ideias; demonstra o grau de
fundamentação, revisa ideias resultantes da análise; e propões novas
observações e valorizações para esclarecer, modificar e/ou fundamentar
respostas e ideias.
INTERAGINDOINTERAGINDO
Convido você a discutir com seus colegas, via ambiente virtual, os possíveis temas de pesquisa qualitativa e quantitativa e situações em que seja possível aplicar uma ou outra.
Foi possível observar que as pesquisas qualitativas e quantitativas
podem ser definidas e identificadas pelo caráter dos dados coletados
e analisados.
Algumas outras diferenças entre pesquisa qualitativa e quantitativa
podem ser identificadas, como:
Capítulo 4
112 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
Pesquisa Qualitativa Pesquisa Quantitativa
• Pesquisador se preocupa em observar os contextos relativos ao objeto pesquisado.
• Seleciona casos específicos para que sejam realizadas as observações.
• Preocupa-se em criar padrões, classificações.
• O interesse do investigador está em medições, definições de escalas.
• Define população e amostra (participantes aleatórios da pesquisa).
• Preocupa-se em medir, comparar, explicar possíveis variações.
Figura 1 - Qualitativa x QuantitativaFonte: adaptado de Richardson (1999) e Lakatos e Marconi (2010).
As pesquisas qualitativa e a quantitativa nos ajudam a pensar no tipo
de coleta e análise dos dados, tão relevantes para a realização de uma
investigação científica.
É possível também definir um tipo de pesquisa tomando por base seus
objetivos, ou seja, o que se deseja alcançar como resultado(s) ao final do
trabalho científico. Isso você verá no próximo tópico.
4.2.2 Níveis de pesquisa
As pesquisas nas mais diversas áreas pressupõem a criação de objetivo,
que indica o que o pesquisador deseja alcançar ao final do processo de
investigação. Neste sentido, as pesquisas podem ser classificadas em níveis
considerando seus objetivos imediatos. Na atualidade, os níveis de pesquisa
apontados pelos autores contemplam: pesquisa descritiva, pesquisa
exploratória e explicativa (GIL, 2008).
• Pesquisa descritiva
De acordo com Gil (2008, p. 28), pesquisas descritivas “[...] têm como
objetivo primordial a descrição das características de determinada população
ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis”.
Neste caso, como confirmam Cervo, Bervian e Silva (2007, p. 61), “a
pesquisa descritiva observa, registra, analisa e correlaciona fatos ou fenômenos
(variáveis) sem manipulá-los.”.
Capítulo 4
113Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
Neste tipo de pesquisa, há possibilidade estudar: características de
determinado tipo de pessoas ou grupos, opiniões de um público específico
ou ainda uma pesquisa de atendimento. Assim, Cervo, Bervian e Silva (2007),
na figura a seguir, apontam as formas pelas quais a pesquisa descritiva
pode se comportar.
Estudos descritivos
• Estudo e descrição de características ou relações existentes em determinado grupo.
Pesquisa de opinião
• Tem como intuito conhecer o ponto de vista sobre determinado fenômeno estudado.
Estudo de caso
• Aqui a pesquisa é focada em determinado grupo ou família que tenha uma amostra que represente sua totalidade.
Pesquisa documental
• A investigação baseia-se em documentos existentes sobre o fato ou fenômeno para que seja possível identifi car diversas características do objeto em estudo.
Pequisa de motivação
• Busca conhecer motivos reais que levam os seres humanos a terem determinadas preferências.
Figura 2 - Formas da pesquisa descritivaFonte: adaptada de Cervo, Bervian e Silva (2007).
Por meio das características apresentadas sobre a pesquisa descritiva,
esta se torna facilmente identificável. Assim, quando estiver desenvolvendo
uma pesquisa, você deve ser capaz de, ao observar seus objetos, definir se
possuem aspectos que levam a este tipo de investigação.
As ciências humanas e sociais, em especial, fazem uso significativo da
pesquisa descritiva em virtude das características encontradas nos referidos
campos de estudo.
Capítulo 4
114 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
PRATICANDOPRATICANDO
Observando as características da pesquisa descritiva, apresente duas instituições em nossa sociedade que fazem uso deste tipo de pesquisa. Você já deve ter participado de várias pesquisas descritivas e talvez não tenha se dado conta por não conhecer seus conceitos.
• Pesquisa exploratória
Este tipo de pesquisa é “o passo inicial no processo de pesquisa pela
experiência e um auxílio que traz a formulação de hipóteses significativas para
posteriores pesquisas” (CERVO, BERVIAN e SILVA, 2007, p. 63).
Gil (2008, p. 27) afirma que a pesquisa exploratória “tem como principal
finalidade desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e ideias, tendo em
vista a formulação de problemas mais precisos ou hipóteses pesquisáveis para
estudos posteriores”.
Observe que a pesquisa em questão pretende proporcionar ao
investigador uma maior familiaridade com o problema e é escolhida quando
o assunto do estudo é pouco conhecido.
Neste caso, sugere-se que haja um planejamento para a realização da
pesquisa de forma flexível, possibilitando os diversos aspectos que podem
estar relacionados ao tema em questão.
Em virtude de sua finalidade, por vezes, resultar em esclarecimento e
sistematização de um problema, constituindo a fase inicial de uma pesquisa,
alguns autores costumam chamá-la de pesquisa “quase científica” e “não
científica”. Isto porque, pelo que foi apresentado, você deve ter percebido
que, algumas vezes, pode-se não chegar a um resultado científico, mas sim ao
levantamento de um problema mais claro para estudo e pesquisa científica.
• Pesquisa explicativa
Entendida pelos autores como um pesquisa que se destaca pela sua
pretensão maior, em detrimento das outras formas de pesquisa, em conhecer
Capítulo 4
115Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
de forma aprofundada a realidade. Conhecer o seu conceito lhe ajudará a
compreender por quê.
A pesquisa explicativa pode ser compreendida como aquela que
apresenta a preocupação central de “identificar os fatores que determinam
ou que contribuem para a ocorrência dos fenômenos” (GIL, 2008, p. 28).
O nome da pesquisa reflete bem sua preocupação e objetivo maior, que
consiste em explicar a razão do acontecimento dos fatos relativos à realidade
da pesquisa.
Alguns autores afirmam que pode ser considerada uma extensão ou
continuação de uma pesquisa descritiva, uma vez que tem por objeto identificar
fatores que possibilitam detalhar um fato ou fenômeno estudado (GIL, 2008).
De acordo com o autor (2002), é possível classificar as pesquisas deste
tipo como:
Experimentais
Manipulam as variáveis do objeto de estudo diretamente.
Ex-post-facto
A pesquisa é realizada após a ocorrência de variações na variável em estudo.
Figura 3 - Classifi cação da pesquisa explicativaFonte: adaptada de Gil (2002).
Segundo Gil (2002), a pesquisa experimental é uma das mais conceituadas
no mundo científico. Em sua essência, o autor (2002, p. 48) afirma que é aquela
que se preocupa em “determinar um objeto de estudo, selecionar as variáveis
capazes de influenciá-lo e definir as formas de controle e de observação dos
efeitos que a variável produz no objeto”.
De acordo com Cervo, Bervian e Silva (2007, p. 67), a pesquisa experimental
“caracteriza-se por manipular diretamente as variáveis relacionadas com o
objeto de estudo. [...] a manipulação das variáveis proporciona o estudo da
relação entre as causas e os efeitos de determinado fenômeno”.
Capítulo 4
116 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
Os autores (2007) ainda afirmam que este tipo de pesquisa objetiva
apontar de que modo ou por que determinado fato em estudo é produzido,
diferenciando-se da pesquisa descritiva, em que o fenômeno é classificado
e interpretado. A pesquisa experimental pode ser realizada em campo ou
em laboratório.
A pesquisa ex-post facto – cuja tradução literal é “a partir do fato
passado” –, indica o interesse em realizar uma investigação após o fato ter
acontecido. Ou seja, a ocorrência dele levou ao interesse pela pesquisa, e caso
não tivesse ocorrido, não haveria estudo.
A pesquisa ex-post facto também tem como objetivo básico, segundo
Gil (2002, p. 49), “[...] verificar a existência de relações entre variáveis”. No
entanto, diferencia-se da experimental, pois não há controle sobre a variável,
uma vez que o fato já ocorreu. Quando se está usando a pesquisa experimental,
é possível, de acordo com os resultados, mudar dados que possibilitem verificar
como a variável se comporta. No caso da ex-post facto, isso não se aplica, já
que o fato aconteceu antes da investigação.
4.2.3 Estratégias ou delineamentos de pesquisa
Conforme Gil (2008), as estratégias ou delineamento de pesquisa se
preocupam com o ambiente em que os dados serão coletados e como as
variáveis da pesquisa serão controladas.
O pesquisador considera a aplicação de meios técnicos para realizar sua
pesquisa de acordo com o objeto estudado. Os níveis de pesquisa apresentados
no tópico anterior relacionam-se com os objetivos traçados pelo pesquisador
e, a partir disto, definem-se os resultados possíveis de se visualizar de acordo
com a pesquisa escolhida.
Os delineamentos ou estratégias aqui apresentados preocupam-se com as
técnicas para a coleta de dados, sendo consideradas as que se preocupam com
as fontes em papel e as que são fornecidas por pessoas envolvidas no processo
de pesquisa, levando-se em conta o objeto desta, conforme a figura 4.
Capítulo 4
117Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
PessoasFontes de papel
• Pesquisa de opinião• Pesquisa-ação• Pesquisa-intervenção• Estudo de caso• Trabalho de campo
• Pesquisa bibliográfica
• Pesquisa documental
Figura 4 - Divisão da pesquisa quanto à fonte de coleta de dadosFonte: adaptada de Gil (2008).
Os delineamentos indicados na figura 4 serão abordados destacando-se
as formas diferentes de como os dados da pesquisa podem se apresentar.
Pesquisa bibliográfi ca
Como vimos no decorrer dos capítulos anteriores, a busca pelo desenvolvimento
da ciência acontece faz muito tempo. Assim como as atividades de intelecto, pois há
registros desde 25 a.C., por exemplo, com as Tábuas de Calímaco, que possuíam 120
volumes com vários dados detalhados da obra (FACHIN, 2001).
De acordo com Cervo, Bervian e Silva (2007, p. 60), a pesquisa bibliográfica
“procura explicar um problema a partir de referências teóricas publicadas em
artigos, livros, dissertações e teses”.
Para Gil (2008), a pesquisa bibliográfica se caracteriza por constituir-se
de material que já existe, sendo constituído principalmente de livros e artigos
considerados científicos.
A pesquisa bibliográfica, para Fachin (2001, p. 125), relaciona-se ao
“conjunto de conhecimentos humanos reunidos nas obras. [...] constitui o
ato de ler, selecionar, fichar, organizar e arquivar tópicos de interesse para a
pesquisa em pauta”.
Normalmente, esta pesquisa fornece embasamento para os demais estudos,
e o investigador não pode abrir mão desta durante o processo de pesquisa.
Outra aplicação da pesquisa bibliográfica é na obtenção de dados históricos, pois
como os fatos já ocorreram, para conhecermos, temos que nos atentar para os
registros bibliográficos existentes. Neste caso, o objeto é seleção de informações e
conhecimento prévio de algum tema ou problema para prosseguir a investigação.
Capítulo 4
118 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
Também é possível a utilização da pesquisa bibliográfica como foco do
trabalho em que se deseja, por exemplo, comprovar ou aplicar determinada
teoria já consolidada.
Assim, percebe-se que a pesquisa em questão pode tanto fazer parte de
uma pesquisa experimental ou descritiva quanto ser uma pesquisa independente.
Este é, provavelmente, o tipo de pesquisa que você, como acadêmico,
mais utiliza na busca de informações sobre determinado estado da arte, ou
seja, sobre determinado tema ou assunto de interesse que necessite estudar
ou compreender com propriedade.
Por também fazer parte das fontes de papel, vamos descrever brevemente
a pesquisa documental, tendo em vista que a diferença para a pesquisa
bibliográfica está na natureza das fontes de dados.
De acordo com Fachin (2001, p. 152), pesquisa documental “é toda
informação de forma oral, escrita ou visualizada”. Complementando, Gil
(2008, p. 51) sustenta que a pesquisa documental “vale-se de materiais que
não receberam ainda um tratamento analítico, ou que ainda podem ser
reelaborados de acordo com os objetivos da pesquisa”.
Em se tratando de documentos, a ciência considera informações na forma
de textos, imagens, sons, sinais em papel/madeira/pedra, gravações, pintura,
incrustações, editoriais, leis, relatórios, documentos jurídicos, fotografias,
filmes (FACHIN, 2001).
Entre as várias áreas estudadas, você consegue distinguir quais podem se valer da pesquisa bibliográfica e da pesquisa documental? Observe as áreas apresentadas no capítulo 2 e reflita: de que forma as pesquisas podem ser aplicadas ou utilizadas?
REFLEXÃO
Capítulo 4
119Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
Pesquisa de opinião
Popularmente, a pesquisa de opinião pretende verificar o que um grupo de
pessoas pensa a respeito de determinado assunto ou tema que se deseja pesquisar.
Cervo, Bervian e Silva (2007, p. 63) afirmam que este tipo de pesquisa
pretende verificar “[...] preferências das pessoas a respeito de algum assunto,
com o objetivo de tomar decisões”. Consideram ainda que a pesquisa de
opinião “[...] abrange uma faixa grande de investigações que visam identificar
falhas ou erros, descrever procedimentos, descobrir tendências, reconhecer
interesses e outros comportamentos”.
Uma das aplicações mais conhecidas deste tipo de pesquisa reside em
verificar a pretensão de votos em épocas de eleições. O interessante é que os
responsáveis por este tipo de pesquisa conseguem abranger todo o país quando,
por exemplo, fazem uma previsão dos resultados de uma eleição presidencial.
PRATICANDOPRATICANDO
Existem várias empresas/instituições que se especializaram em realizar este tipo de pesquisa, como, por exemplo, o Ibope (Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística). Pesquise outras instituições que trabalham com este tipo de pesquisa e verifique como o trabalho é realizado metodologicamente.
Pesquisa-ação
Este tipo de pesquisa é considerado pesquisa social que se utiliza do
empirismo em sua prática. Muitos autores tecem críticas pelo caráter subjetivo
e pelo controle por parte do investigador, uma vez que lida com o empirismo.
Thiollent (1985 apud GIL, 2008, p. 30) afirma que a pesquisa-ação
[...] é um tipo de pesquisa social com base empírica que é concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo e no qual os pesquisadores e participantes representativos da situação ou do problema estão envolvidos do modo cooperativo ou participativo.
Capítulo 4
120 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
Pode-se perceber, pelo conceito apresentado, que há uma presença
marcante do pesquisador envolvido no processo de pesquisa.
Neste contexto, o investigador, nesta pesquisa, não acredita em uma
realidade fixa; há uma modificação do quadro por meio da intervenção do
pesquisador, utilizando de instrumentos para coleta, análise e interpretação
de dados (GIL, 2008).
Refletindo sobre a importância da participação do pesquisador neste
tipo de pesquisa, Kastrup (2009, p. 40) afirma que é “no trabalho operado pela
atenção que podemos identificar mais incisivamente a produção de dados de
uma pesquisa e a dimensão construtivista do conhecimento”.
Pesquisa-intervenção
As primeiras ideias de pesquisa-intervenção surgiram com o advento
dos movimentos institucionalistas. Estes apresentam como principal aspecto
para a intervenção, considerando a atividade coletiva, um novo conceito para
grupo e instituição.
Esta proposta opositora à experimentação indica considerar aspectos
políticos e sociais, além de um pesquisador intervindo no processo da pesquisa.
Neste sentido, a opção pela intervenção seria uma posição do investigador em
busca da ciência. Durante a pesquisa, ao estudar a realidade da sociedade, o
pesquisador está inserido no processo de investigação.
De acordo com Passos e Barros (2009), a realização da intervenção
pressupõe um aprofundamento na experiência da relação sujeito e objeto,
teoria e prática.
Para os autores (2009, p. 19), a intervenção “[...] indica o trabalho de
análise das implicações coletivas, sempre locais e concretas”. Assim, por meio
destas análises, considerando todos que fazem parte da pesquisa, torna-se
possível identificar o processo de institucionalização.
Este tipo de pesquisa pressupõe o envolvimento ativo da comunidade
por meio de aspectos que motivem a realização da investigação. Necessita-se
que haja conhecimento da problemática e contexto do grupo pesquisado para
que a intervenção aconteça.
Capítulo 4
121Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
Estudo de caso
Utilizado na Europa por La Play, ao estudar famílias operárias, este tipo
de pesquisa está relacionado ao estudo ou investigação de casos (LAKATOS e
MARCONI, 2010).
De acordo com Gil (2008, p. 57), tem como característica o “estudo
profundo e exaustivo de um ou de poucos objetos, de maneira a permitir o seu
conhecimento amplo e detalhado [...]”. Ao mesmo tempo, torna-se restrito
por focar apenas o caso estudado.
Para Cervo, Bervian e Silva (2007), o estudo de caso pode ser considerado
um tipo de pesquisa “sobre determinado indivíduo, família, grupo ou
comunidade que seja representativo de seu universo, para examinar aspectos
variados de sua vida”.
O autor Yin (2005 apud GIL, 2008, p. 58) considera o estudo de caso como
“[...] um estudo empírico que investiga um fenômeno atual dentro do seu
contexto de realidade, quando as fronteiras entre o fenômeno e o contexto não
são claramente definidas e no qual são utilizadas várias fontes de evidência”.
Lakatos e Marconi (2007) afirmam que motivos intrínsecos, instrumentais e
coletivos motivam os estudos de casos. O primeiro, por possibilitar representação
de traços particulares, o segundo, por favorecer o esclarecimento destes traços,
e o terceiro, por permitir a abordagem de diversos fatos em conjunto.
Gil (2008) ainda apresenta diferentes objetivos que incitam o uso do
estudo de caso: desvendar situações reais que não estão definidas de forma
clara, proporcionar a descrição da situação em estudo e possibilitar a explicação
das variáveis que causam determinado fato relativo à situação em investigação.
Cabe ressaltar que há uma referência de identificação entre pesquisa
qualitativa e estudo de caso. Este pode ser utilizado também em pesquisas
exploratórias, descritivas e explicativas.
Trabalho de campo
Para o trabalho de campo, Gil (2002) sugere dois tipos de atividades: o
levantamento de campo e o estudo de campo.
Capítulo 4
122 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
Em se tratando de levantamento de campo, o autor (2002, p. 50) afirma
que este tipo de pesquisa “caracteriza-se pela interrogação direta das pessoas
cujo comportamento se deseja conhecer”. A ideia é que o pesquisador, com
base no problema definido, busque junto a determinado grupo informações
que o possibilitem gerar conclusões por meio de análise quantitativa.
Algumas vantagens podem ser apontadas para este tipo de pesquisa,
como demonstra a figura 5 (GIL, 2002).
Economia e rapidez
QuantificaçãoConhecimento
direto da realidade
A obtenção de dados é rápida partindo de entrevistadores, codifi-cadores e tabuladores competentes.
É possível análise quan-titativa uma vez que os dados são agrupados em tabelas.
Quanto mais informa-ções são fornecidas pelos pesquisados mais afasta-se o risco de sub-jetividade.
Figura 5 - Vantagens do levantamentoFonte: adaptada de Gil (2002).
Pode-se perceber, pelas informações apresentadas na figura 5, que este
tipo de pesquisa nos fornece, de forma rápida e se bem planejada, dados
quantitativos relacionados a um grupo de pessoas em estudo.
O autor (2002) ainda apresenta algumas limitações, como apresentado
na figura 6.
Pouca profundidade no estudo da
estrutura e dos processos sociais
Limitada apreensão do processo de
mudança
Ênfase nos aspectos
perceptivos
Em virtude dos dados não serem adequados ao não considerar fatores interpessoais e institucionais.
Não indica possíveis variações ou mudanças no fenômeno estudado.
A percepção das pessoas sobre si mesmas pode gerar dados subjetivos e consequentemente informações distorcidas.
Figura 6 - Limitações do levantamentoFonte: adaptada de Gil (2002).
As limitações evidenciadas pelo autor (2002) nos fazem refletir sobre
a dificuldade de coletar informações que nos permitam explicar os fatos de
forma consistente.
Capítulo 4
123Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
Neste caso, as pesquisas descritivas são adeptas do levantamento, que pode
ser usado para busca de informações que não tenham muita complexidade.
No caso do estudo de campo, há um “estudo exaustivo de um
ou poucos objetos, de maneira que permita seu amplo e detalhado
conhecimento [...] (GIL, 2002, p. 54).
É possível apontar algumas características do estudo de campo:
aprofundamento das questões de estudo propostas sobre um determinado
tema e o estudo pode ocorrer mesmo que seus objetivos sejam modificados
durante a investigação.
Se você achou que os conceitos de levantamento e estudo de campo
se assemelham, pense no seguinte exemplo: o estudo em uma comunidade
carente; no caso da aplicação do primeiro tipo, você estaria preocupado em
buscar informações que demonstrassem características de quem está sendo
estudado, como faixa etária, estado civil, renda familiar, etc.; no caso do
estudo de caso, a preocupação residiria em entender aspectos sociais, como os
fatores que levam à marginalização.
4.2.4 Métodos de coleta de dados
A definição de quais métodos ou técnicas de coleta de dados serão
utilizados na pesquisa é tarefa intermediária, devendo ser planejada e
estruturada para que seja possível alcançar os objetos propostos à investigação.
São vários os métodos apresentados e discutidos pelos diversos autores
na área, mas serão apresentados neste tópico alguns dos mais usuais, como a
observação, entrevista, questionário e formulário, diário de campo.
Observação participante
Lakatos e Marconi (2010, p. 275) afirmam que a observação é uma
técnica que permite “informações utilizando os sentidos na obtenção de
determinados aspectos da realidade”.
Pode-se definir observação como “o exame minucioso ou a mirada
atenta sobre um fenômeno no seu todo ou em algumas de suas partes”
(RICHARDSON, 1999).
Capítulo 4
124 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
Já para Ruiz (1996, p. 53), a observação pode ser considerada a arte de “aplicar
a atenção a um fenômeno ou problema, captá-lo, retratá-lo tal como se manifesta”.
Em complemento, Gil (2008, p. 100) explica que “a observação nada mais
é que o uso dos sentidos com vistas a adquirir os conhecimentos necessários
para o cotidiano”.
Considerando os conceitos apresentados, pode-se perceber que a
observação permite a realização de uma pesquisa somente com sua utilização,
sendo possível a retratação de uma realização ou um determinado fato estudado.
Os autores costumam considerar a seguinte classificação para a
observação: assistemática, sistemática, não participante e participante.
Na observação assistemática, a coleta de dados será realizada de
forma livre, sem que haja roteiros específicos a seguir, porém pressupõe a
preocupação com o objeto de estudo. Ao contrário, a observação sistemática
indica a necessidade de uma estrutura formalizada para a realização da
referida técnica, tendo inclusive um plano de observação.
Quando se realiza uma observação em que o pesquisador fica apenas
como mero espectador sem interferir nos fatos ou acontecimentos observados
tem-se uma observação não participante. Cabe ressaltar que tem caráter
sistemático (LAKATOS e MARCONI, 2010).
Na observação participante, a característica marcante está no fato de o
pesquisador ser atuante no processo, estando na mesma posição do observado.
Em consonância, Gil (2008, p. 103) afirma que nesta técnica “se chega ao
conhecimento da vida de um grupo a partir do interior dele”.
Pode-se perceber que a observação participante pelo envolvimento
do pesquisador depende muito de seu desempenho. Assim, Alves-Mazzotti
(1999 apud LAKATOS e MARCONI, 2010, p. 277) afirma que é importante
que o observador apresente algumas habilidades, como: estabelecer com
os sujeitos da pesquisa um relacionamento de confiança, ser sensível às
pessoas, possuir a capacidade de ouvir, elaborar perguntas coerentes, estar
familiarizado com as questões estudadas, adaptar-se a situações inesperadas
e ter calma na identificação de padrões ou nas atribuições de significados,
considerando os fatos observados.
Capítulo 4
125Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
Cabe considerar também que este tipo de observação participante pode
ter as seguintes vantagens: em função de o pesquisador fazer parte do grupo,
a execução das atividades será realizada de forma natural; alguns aspectos
considerados privados do grupo serão mostrados naturalmente; situações
habituais serão rapidamente conhecidas (RICHARDSON, 1999; GIL, 2008).
Algumas desvantagens são observadas, tendo como foco o papel
desempenhado pelo observador: o risco de perder o foco da pesquisa deixando-
se influenciar pelo grupo; ou não conseguir a confiança do grupo, e muitos
dados podem ser perdidos.
No filme Avatar (2009), a atividade de coleta de dados da pesquisa realizada pelo povo da Terra no novo planeta descoberto revela-se como observação participante, em que os humanos se misturavam ao povo que habitava Pandora para obter informações a respeito de seus costumes. Neste caso, trata-se de uma ficção.
CURIOSIDADE
Entrevista
Ao ler o nome da técnica, é possível que você compreenda o seu intuito e a
forma como é realizada pela sua recorrente utilização em meios de comunicação
de massa. Isto porque se trata de uma técnica que permite a interação com o outro
de forma muito próxima. Richardson (1999) confirma que esta técnica possibilita
o desenvolvimento de uma relação muito estreita entre as pessoas envolvidas.
Gil (2008, p. 109) aponta que, na entrevista, “o investigador se apresenta
ao investigado e lhe formula perguntas, com o objetivo de obtenção dos dados
que interessam à investigação”.
A definição de Lakatos e Marconi (2010, p. 278) para entrevista remete a
“[...] uma conversa oral entre duas pessoas, das quais uma delas é o entrevistador
e a outra o entrevistado [...]”. E acrescentam que o objetivo é “[...] a obtenção
de informações importantes e de compreender as perspectivas e experiências
das pessoas entrevistadas”.
Capítulo 4
126 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
As formas de entrevistas mais citadas pelos autores são a estruturada e a
não estruturada, cujas características são:
• Entrevista não estruturada: o pesquisador não se detém em
perguntas fixas. Pode ser usada quando se deseja dar liberdade de
fala ao entrevistado e quando o entrevistador pretende intervir
durante o processo.
• Entrevista estruturada: há um roteiro estabelecido antecipadamente
pelo entrevistador para que os dados sejam coletados junto ao
entrevistado. As perguntas possuem uma ordem, são em grande
número e são as mesmas para todos os entrevistados.
A figura 7 apresenta uma sugestão de etapas para a realização da entrevista.
Não estruturada: defi nição dos aspectos de interesse
Explicar ao entrevistado o objetivo do processo, garantir o anonimato e sigilo de respostas.
Solicitar ao entrevistado permissão ou não para identifi cá-lo e de gravação da conversa.
Anotações durante a entrevista ou uso de gravador.
Agradecer e despedir-se do entrevistado.
Transcrever exatamente o que o entrevistado afi rmou durante a entrevista.
Estruturada: criar questões para guiar a entrevista
Roteiro
Introdução
Início
Registro
Finalização
Transcrição da entrevista
Figura 7 - Etapas da entrevistaFonte: adaptada de Lakatos e Marconi (2010); Gil (2008); Richardson (1999); Cervo, Bervian e Silva (2007).
Aconselha-se, após a transcrição literal da entrevista, repassar o texto ao
entrevistado para confirmação dos dados coletados.
Capítulo 4
127Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
Questionário e formulário
Estas duas técnicas de coleta de dados se assemelham muito pela
elaboração de questões para o público de sua pesquisa com o objetivo de
obter dados consistentes que embasem seus resultados.
O questionário é uma técnica que se vale de “um conjunto de questões
que são submetidas a pessoas com o propósito de obter informações sobre
conhecimentos, crenças, sentimentos [...]” (GIL, 2008, p. 121).
Richardson (1999, p. 189) complementa que o instrumento possibilita
mapear “características de um indivíduo ou grupo. Por exemplo: sexo, idade,
estado civil [...]”.
Este instrumento é conceituado também por Fachin (2001, p. 147) como
“[...] um elenco de questões que são apreciadas e submetidas a certo numero
de pessoas com o intuito de obter respostas para a coleta de informações”.
De acordo com Cervo, Bervian e Silva (2007, p. 53), o questionário é o modo
mais conhecido e utilizado para coleta de dados e se trata de “[...] um meio de
obter respostas às questões por uma fórmula que o próprio informante preenche”.
Os questionários podem ser desenvolvidos utilizando-se de questões abertas
ou questões fechadas. No primeiro caso, faz-se uma pergunta e não são apresentadas
proposições aos respondentes. No caso da segunda forma, os entrevistados devem
escolher entre as alternativas indicadas pelo pesquisador no questionário. Observe o
uso da forma 1 (questão aberta) e 2 (questão fechada) na elaboração de questionário:
1) Quais fatores são causadores do aumento da violência no trânsito?
2) Identifique, entre os fatores a seguir, dois que você considera causas do
aumento da violência no trânsito?
( ) Imprudência ( ) Motoristas dirigindo alcoolizados
( ) Motoristas despreparados ( ) Alta velocidade
Algumas vantagens no uso do questionário são sugeridas por Gil (2008),
como: o fato de atingir um grande número de pessoas em locais distantes, por ser
preenchido pelo entrevistado não há gasto com treinamento de aplicadores, as
Capítulo 4
128 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
respostas podem ser dadas no momento que melhor convir para o pesquisador,
não há identificação do respondente, não há influência do entrevistador.
O mesmo autor (2008) menciona também algumas limitações: pessoas
que não sabem ler ou escrever são excluídas do processo, não há auxílio ao
respondente no caso de dúvida, não se sabe em que contexto as questões
foram respondidas, não há garantia da devolução, os itens perguntados
podem ter significados diferentes aos entrevistados. Diante desses possíveis
problemas, sugere-se que o pesquisador opte por um número reduzido de
perguntas para que haja o interesse de responder.
Este tipo de instrumento pode ser usado em pesquisas descritivas, por
exemplo, quando se deseja conhecer um perfil dos clientes de uma loja.
A diferença básica entre questionário e formulário está exatamente
na forma de aplicação destes instrumentos. Enquanto o primeiro deixa
o documento com o pesquisado, o segundo necessita do pesquisador para
realizar os questionamentos ao respondente da pesquisa.
Cervo, Bervian e Silva (2007, p. 53) conceituam formulário como “[...] uma
lista formal, catálogo ou inventário, destinado à coleta de dados resultantes
quer de observações quer de interrogações, e o seu preenchimento é feito
pelo próprio investigador”.
Outra diferença para o questionário é que o formulário pode se destinar
a anotar dados oriundos de uma observação. Ou seja, o pesquisador observa o
fato ocorrido e relata, com base nas questões, o que está vendo.
Como vantagens para a utilização do formulário, apresentam-se: ser
aplicado a todas as pessoas relativas ao estudo, o número de questões pode
ser maior, analfabetos podem participar da pesquisa, há possibilidade de
sanar dúvidas com o entrevistador, o pesquisado não pode deixar questões em
branco ou incompletas (FACHIN, 2001; CERVO, BERVIAN e SILVA, 2007).
Como desvantagens, os autores mencionam: necessidade de mais tempo
para aplicação, mais custos com treinamento e deslocamento dos pesquisadores
e/ou aplicadores, se o treinamento não for adequado pode haver influência
nos resultados, e a presença do pesquisador pode gerar inibição no pesquisado
ao responder alguns questionamentos.
Capítulo 4
129Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
As duas formas de coleta de dados apresentadas, questionário e
formulário, apresentam aspectos positivos e negativos. Cabe ao pesquisador,
baseado em seu objeto de estudo e nas características de cada técnica, verificar
a que é mais adequada e viável para sua investigação.
Diário de campo
Este tipo de instrumento é utilizado em pesquisas em que se tem, no campo
de atuação, a base para a busca de dados. Assim, cabe ao pesquisador anotar o
que aconteceu em cada dia de sua atividade de pesquisa em campo. Para algumas
áreas do conhecimento, o diário de campo faz parte do cotidiano profissional.
Barros e Passos (2009) lembram que, quando se pensa em pesquisa, a atividade
de registro do que é pesquisa e do processo como um todo, incluindo pesquisador
e pesquisado, constitui obrigatoriedade para a obtenção do resultado esperado.
De acordo com Lourau (1988 apud BARROS e PASSOS, 2009), o diário de
bordo data do início do século XIX e era empregado como relato pessoal, mas
passou a ser usado como estratégia metodológica.
4.2.5 Análise de dados
Após a coleta de dados, a partir da aplicação de uma ou mais técnicas
apresentadas, o pesquisador deve dar prosseguimento à pesquisa, buscando
tabular e analisar os dados encontrados.
São várias as formas indicadas e citadas por autores para a realização da
análise de dados coletados. Você conhecerá a análise estatística, a análise de
conteúdo, a análise do discurso e a análise qualitativa.
Análise estatística
Este tipo de análise pressupõe a utilização de algum tipo de técnica
estatística auxiliando na caracterização e resumo de dados, bem como em verificar
as relações existentes entre as variáveis relacionadas ao problema de pesquisa.
Para que esta análise seja realizada da melhor forma possível, é necessário
que os dados tenham sido tabulados e organizados de forma a favorecer a
análise desejada.
Capítulo 4
130 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
A realização deste tipo de análise pode envolver procedimentos
estatísticos simples, como a realização de um percentual, forma mais comum,
ou em procedimentos mais complexos, em que se torna necessário chamar um
especialista no assunto (GIL, 2008).
Análise de conteúdo
Historicamente, na Idade Média já havia pessoas com interesse na
interpretação de escritos sagrados. No entanto, este tipo de análise surgiu
com Harold Laswel, em 1927, com um estudo que discutia a propaganda na
primeira Guerra Mundial.
Para Richardson (1999, p. 223), a análise de conteúdo teve seu conceito
modificado com o passar do tempo, mas pode ser definida como “um conjunto
de instrumentos metodológicos cada dia mais aperfeiçoados que se aplicam a
discursos diversos”.
A utilização da análise de conteúdo está focada em material qualitativo
em que seria complicada a aplicação de técnicas estatísticas.
Análise do discurso
A análise do discurso é uma proposta que tem base na filosofia materialista
e que considera aspectos relacionados ao contexto histórico e social em seu
processo de análise.
Esta técnica sugiu na França na década de 60 e para compreendê-
la é importante entender que “o discuso não é a língua e nem a fala, mas
que necessita de elementos linguísticos para ter uma existência material.
[...]” (FERNANDES, 2007, p. 24). Ou seja, utiliza-se da língua para poder ser
apresentado, externado a outros.
A análise de discurso se baseia na tríade ideologia, que é a posiçao
adotada em um discurso por um indivíduo; o contexto histórico em que o
discurso está inserido; e a linguagem, que apresenta o que o sujeito quer
expressar por meio da materialização.
Neste sentido, a análise do discurso busca uma interpretação neutra
vislumbrando os possíveis sentidos que podem ser encontrados em
Capítulo 4
131Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
materializações de discurso pela linguagem, considerando o contexto histórico
em que o texto está inserido e percebendo a visão ideológica apresentada
pelo autor.
Análise qualitativa
A análise qualitativa é empregada em casos em que os procedimentos
são de natureza qualitativa.
Mules e Hurban (1994 apud GIL, 2008, p. 175) sugerem três etapas que
podem ser seguidas para se obter uma análise adequada: redução; exibição;
conclusão/verificação.
Na redução, cabe ao investigador selecionar e simplificar os dados
coletados durante a pesquisa, criando formas organizadas e estruturadas,
considerando os objetivos iniciais da pesquisa.
A exibição refere-se a como estes dados serão apresentados para que
seja possível, ao observá-los, identificar o que há de comum entre estes e o
que os relaciona.
Em se tratando da fase de conclusão/verificação, espera-se que o investigador
apresente padrões criados, explicações sobre os resultados pesquisados.
Este tipo de análise é utilizado especialmente em pesquisa de campo,
pesquisa-ação e pesquisa-intervenção (GIL, 2008).
4.3 Aplicando a teoria na prática
Eliseu é proprietário de uma grife de roupas masculinas e possui
uma loja em que é o administrador. Com o grande sucesso da loja e da
marca, que é revendida por outros, resolveu alçar voos mais altos. Para
tanto, interessou-se em lançar também uma grife de roupas femininas e,
inicialmente, apresentá-la em sua loja. O investidor já fez pesquisas de
viabilidade financeira e de mercado concorrente, mas tem seu foco agora
em saber o que seu público acha disso.
Em sua loja, possui um estagiário, Vitor, que precisa desenvolver um
Capítulo 4
132 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
trabalho acadêmico. O administrador e proprietário da grife, então em
acordo com o estagiário, solicita que este, no trabalho acadêmico que precisa
desenvolver na loja, pesquise exatamente a impressão de sua clientela quanto
ao fato de a loja dispor de uma grife feminina.
Considerando seus conhecimentos acadêmicos, Vitor decide pesquisar
a visão que os clientes da loja possuem desta, pois acredita que isto pode
contribuir para o sucesso da nova marca e também o que acharam desta nova
marca na loja. Afinal, deixaria de ser uma loja exclusivamente masculina.
Para saber o que pensam os clientes sobre a loja, sobre o atendimento e os
produtos, o estagiário decidiu solicitar aos clientes que respondessem algumas
questões anonimamente para evitar constrangimentos no caso de respostas
negativas sobre a loja. Já para verificar a percepção da clientela quanto ao
fato de a loja ter também uma grife ou marca feminina, resolveu ele mesmo
questionar os clientes com perguntas diretas e anotar suas respostas.
Com base no caso apresentado, responda: qual estratégia de pesquisa
mais explicitamente é apresentada? Observando o exposto, aponte qual
a técnica de coleta de dados foi utilizada pelo estagiário na pesquisa de
satisfação de clientes e na percepção quanto à marca feminina na loja?
4.3.1 Resolvendo
Em se tratando de estratégia de pesquisa, pode-se perceber claramente
que o acadêmico opta por uma pesquisa de opinião em que deseja saber o
que os clientes pensam a respeito da empresa atualmente e dos produtos que
a loja comercializa, além de saber sua opinião a respeito do aparecimento e
venda de uma grife feminina no mesmo estabelecimento.
Em relação à técnica de coleta dados, as evidências demonstram que
na primeira pesquisa utilizou-se do questionário para que não houvesse
identificação e por ser preenchido pelo respondente, sem interferência do
pesquisador. Na segunda situação de pesquisa, a opção foi pelo formulário, em
que o próprio estagiário faria as perguntas estruturadas ao cliente e anotaria
a resposta no formulário.
Capítulo 4
133Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
4.4 Para saber mais
Sugiro que você consulte as seguintes obras:
RICHARDSON, R. J. Pesquisa social: métodos e técnicas. 3. ed. rev. ampl. São
Paulo: Atlas, 1999.
O livro de Richardson apresenta explicações adicionais acerca dos
métodos de coleta de dados possíveis de utilização. O autor apresenta maior
detalhamento de como criá-los e aplicá-los.
Avatar (2009)
Este filme de grande sucesso de bilheteria, dirigido por James Cameron, é
uma produção norte-americana cujo projeto iniciou em 1994. O que interessa
para a disciplina é o foco de pesquisa apresentado no filme. Assim, caso não
tenha assistido, procure observar os procedimentos de pesquisa apresentados,
considerando a natureza de ficção do filme.
GIL, A. C. Método e técnicas da pesquisa social. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2008.
O livro apresenta um detalhamento muito interessante sobre a criação de
questionário, especificando como formular perguntas, ordená-las, construção
de alternativas, entre outros detalhes. O livro também dedica um capítulo
específico à entrevista e outro à observação.
4.5 Relembrando
O capítulo 4 apresentou:
• o conceito e as características das pesquisas qualitativas e quantitativas,
apresentando também suas diferenciações;
• a abordagem relativa aos níveis de pesquisa considerados na literatura:
as pesquisas descritivas, exploratórias e explicativas;
• uma miscelânea de estratégias ou delineamentos de pesquisa
explicitando os conceitos e características. As pesquisas consideradas
Capítulo 4
134 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
foram: pesquisa bibliográfica, pesquisa de opinião, pesquisa-ação,
pesquisa-intervenção, estudo de caso, trabalho de campo;
• as principais técnicas de coleta de dados: observação, entrevista,
questionário, formulário, diário de campo;
• as possíveis formas de realizar a análise de dados pesquisados: análise
estatística, análise de conteúdo e análise qualitativa.
4.6 Testando os seus conhecimentos
1) Considerando os conceitos dos níveis de pesquisa apresentados, relacione a
coluna da esquerda com a da direita.
a) Descritiva ( ) Preocupa-se em conhecer um assunto ou problema
em maior detalhamento.
b) Exploratória ( ) Destina-se a encontrar o porquê do acontecimento
de determinado fato em estudo.
c) Explicativa ( ) Pretende a apresentação de características de um
grupo de indivíduos.
Assinale a alternativa que possui a sequência correta.
a) b, a, c d) a, b, c
b) c, a, b e) a, c, b
c) b, c, a
2) Em se tratando de pesquisa qualitativa e quantitativa, assinale a
alternativa correta.
a) A criação de padrões e classificações é característica da pesquisa
quantitativa.
b) A descrição da complexidade dos fatos é uma preocupação da pesquisa
quantitativa.
Capítulo 4
135Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
c) A busca por dados e tratamento estatístico é característica da pesquisa
qualitativa.
d) Crenças, valores e observações não são considerados quando se trata
de pesquisa quantitativa.
e) Estas pesquisas não podem ocorrer concomitantemente.
3) Considerando as estratégias ou delineamento de pesquisa estudados,
selecione as assertivas corretas.
I. A pesquisa de opinião considera dados em que a fonte são as pessoas
investigadas.
II. A pesquisa de campo é uma estratégia que tem no papel sua fonte
de dados.
III. Podem ser divididas em pesquisas cujas fontes de dados vêm do papel
ou de pessoas.
IV. A pesquisa documental fornece dados em fonte de papel.
Assinale a alternativa que apresenta apenas os itens verdadeiros:
a) I, II, III
b) II, IV
c) I, III
d) I, IV
e) I, III, IV
4) Considerando as formas de coleta de dados questionário e formulário,
aponte situações de pesquisa para aplicação de cada uma delas.
5) Em se tratando das estratégias de pesquisa apresentadas, diferencie
pesquisa bibliográfica e pesquisa documental.
Capítulo 4
136 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
Onde encontrar
BARROS, R. B.; PASSOS, E. Diário de bordo de uma viagem-intervenção. In: PASSOS,
E.; KASTRUP, V.; ESCÓSSIA, L.da. (Orgs.) Pistas do método da cartografia: pesquisa-
intervenção e produção de subjetividade. Porto Alegre: Sulina, 2009. p. 172-200.
CERVO, A. L.; BERVIAN, P. A.; SILVA, R. da. Metodologia científica. 5. ed. São
Paulo: Pearson, 2007.
CHAUI, M. Convite à filosofia. 13. ed. São Paulo: Ática, 2003.
FACHIN, O. Fundamentos da metodologia. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2001.
FERNANDES, C. A. Análise do discurso: reflexões introdutórias. 2. ed. São
Carlos: Claraluz, 2007.
GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2008.
______. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002.
KASTRUP, V. O funcionamento da atenção no trabalho do cartógrafo. In: PASSOS,
E.; KASTRUP, V.; ESCÓSSIA, L. da. (Orgs.) Pistas do método da cartografia: pesquisa-
intervenção e produção de subjetividade. Porto Alegre: Sulina, 2009. p. 32-51.
LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. de A. Metodologia científica. 5. ed. São Paulo:
Atlas, 2010.
MINAYO, M. C. S. (org.) Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 20. ed.
Petrópolis: Vozes, 2002.
PASSOS, E.; BARROS, R. B. A cartografia como método de pesquisa-intervenção. In:
PASSOS, E.; KASTRUP, V.; ESCÓSSIA, L.da. (Orgs.) Pistas do método da cartografia:
pesquisa-intervenção e produção de subjetividade. Porto Alegre: Sulina, 2009. p. 17-31.
RICHARDSON, R. J. Pesquisa social: métodos e técnicas. 3. ed. rev. ampl. São
Paulo: Atlas, 1999.
RUIZ, J. A. Metodologia científica: guia para eficiência nos estudos. 4 ed. São
Paulo: Atlas, 1996.
137Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
5.1 Contextualizando
O que estudamos até o momento nos remete à construção do
conhecimento. Abordamos os métodos, técnicas e tipos de pesquisa que
nos permitem, por meio de sua aplicação, investigar assuntos, temas,
fenômenos, fatos que nos levem a produzir ciência e, por consequência,
conhecimento científico.
Você já pôde perceber que, para chegar ao final de um processo de
pesquisa, o investigador, em todos os momentos, necessitará estar em contato
com o que já existe de conhecimento sobre o tema pesquisado.
Para tanto, fará uso de levantamento bibliográfico e outras fontes em
que poderá vislumbrar o que já foi estudado por outros pesquisadores e que
está disponível de forma lapidada em vários meios, como livros, periódicos,
bases de dados, trabalhos acadêmicos, entre outros.
Você deve imaginar que para um mesmo tema, mesmo muito bem
delimitado, haverá uma infinidade de materiais considerados científicos à
sua disposição.
Para que você consiga lidar, de forma adequada, com as várias fontes
que você terá acesso durante sua pesquisa, este capítulo além de tratar sobre
estas fontes, pretende também abordar formas de estudo e leitura deste
material, bem como algumas técnicas para registrar informações pertinentes
ao objeto investigado.
ESTUDO E LEITURA
CAPÍTULO 55
Capítulo 5
138 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
5.2 Conhecendo a teoria
5.2.1 Fontes de pesquisa
Na pesquisa, além dos dados que serão coletados junto aos participantes
da investigação, chamados de dados primários, faz parte do processo a
busca por informações em materiais já existentes sobre o tema estudado,
considerados como fontes secundárias.
Desta forma, temos a leitura como parte integrante e necessária à
construção do conhecimento, já que nos permite conhecer sobre temas ainda
não explorados. Assim, a leitura se torna fator primordial no processo de
pesquisa para conhecer ou aprofundar estudos sobre o tema a ser pesquisado.
Para tanto, devemos fazer uso de várias fontes de pesquisa que podemos
encontrar em diferentes locais como, por exemplo, uma biblioteca ou um
site na internet. Nesse caso, é importante conhecer como os textos ficam
organizados nestes locais para facilitar o acesso aos mesmos.
As fontes mais comuns para buscarmos por determinado conteúdo são
livros, documentos, periódicos, revistas, teses e dissertações, anais de eventos.
Livros
Fontes
Documentos
Periódicos
Revistas
Teses e
dissertações
Anais de
eventos
Figura 1 - Fontes de pesquisaFonte: adaptada de Gil (2002).
Capítulo 5
139Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
Os livros são escritos publicados por editoras e abordam as diferentes
áreas e gêneros literários, como romance e poesia, ou são voltados ao
conhecimento científico ou técnico. De acordo com Fachin (2001, p. 126),
“livro é uma publicação impressa, não periódica [...]”.
As obras literárias podem ser divididas em obras de divulgação ou livros
didáticos e obras de referência ou livros de referência. Gil (2002) classifica as
primeiras em obras científicas ou técnicas cujo conteúdo apresentado refere-se
a conhecimento de área científica ou apresentação de resultados de pesquisas;
e obras vulgarizadas, em que o objetivo do livro é o público em geral, com uso
de linguajar comum.
Os livros de referência “são obras destinadas ao uso pontual e recorrente
[...]” (GIL, 2002, p. 65). Como exemplo, cita-se o dicionário de uma língua em
que se pode encontrar o significado de determinada palavra; dicionários
temáticos cujas informações possibilitam maior especificidade em relação
ao tema pesquisado; e as enciclopédias, que é uma coleção de impressos a
respeito de determinado assunto.
Os documentos também conhecidos como literatura cinzenta abrangem
“documentos não convencionais e semipublicados, que são produzidos no
âmbito governamental, acadêmico, comercial e industrial, em cuja origem o
aspecto comercial não é levado em conta [...]” (GOMES, 2000 apud MATTAR,
2008, p. 169). Pelo último quesito apresentado, estes documentos acabam não
sendo divulgados.
A figura 2 aponta uma lista de documentos que você pode ter acesso e
que podem ser fontes de pesquisa, segundo Mattar (2008).
Fontes
estatísticas
Memórias
IBGE
Fotografi as
Contratos
e atas
Relatórios de
empresas
Ofícios
Informativos
Fontes
cartográfi cas
Projetos
de lei
Hipotecas
Correspondências
Figura 2 - Lista de documentosFonte: adaptada de Mattar (2008).
A partir da figura apresentada, você pode, por similaridade, perceber
vários outros documentos que podem fazer parte da lista de documentos
utilizados como fontes de pesquisa.
Capítulo 5
140 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
EXPLORANDOEXPLORANDO
No site do Instituto Brasileiro de Geografia (IBGE), você encontra uma série de relatórios oriundos de pesquisas realizadas e que podem dar apoio a diferentes focos de investigação. Acesse o site e conheça os tipos de documentos oferecidos pelo instituto. Endereço: <http://www.ibge.gov.br>.
Os periódicos são fontes bastante utilizadas e consultadas por
pesquisadores em várias áreas. Fachin (2001, p. 127) afirma que periódicos
“são trabalhos publicados, editados regular ou irregularmente, em fascículos
separados, com diferentes conteúdos, mas abrangendo o mesmo título”.
Constitui-se forma de pesquisa por ser também forma de divulgação
de trabalho de investigação. A publicação em um periódico, principalmente
científico, é de grande valia ao pesquisador.
Os periódicos científicos caracterizam-se por publicar resultados de
pesquisas com alto rigor científico e nas áreas as quais se destinam. De acordo
com Gil (2002, p. 66), este tipo de periódico possibilita “[...] a comunicação
formal dos resultados de pesquisas originais e a manutenção do padrão de
qualidade na investigação científica”.
Similar aos periódicos, as revistas são publicadas também com certa
periodicidade, podendo ser, por exemplo, semanal, mensal, bimestral ou até
semestral. Como característica marcante, as revistas proporcionam aos leitores
e pesquisadores fonte de informações atuais e também podem ser encontradas
nas diversas áreas de conhecimento (FACHIN, 2001).
Uma outra fonte de pesquisa são os trabalhos de investigação já
realizados no meio acadêmico, como as teses e dissertações. Este tipo de
material nos possibilita acesso a pesquisas originais e também fundamentos
teóricos completos e robustos vindos de trabalhos de doutorado e mestrado.
Sobre as teses e dissertações, trataremos no capítulo 6, mas cabe ressaltar
que a qualidade do documento produzido pelo investigador pode fornecer
fonte de pesquisa inigualável para outros pesquisadores do tema debatido.
Capítulo 5
141Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
Até porque, com base neste tipo de fonte, novos projetos de pesquisa podem
ser desenvolvidos.
Um evento científico - seja um simpósio, congresso ou seminário - é recheado
de materiais com forte propensão a serem fontes de pesquisa. Para compor estes
eventos, muitos pesquisadores da área de conhecimento em questão remetem
seus melhores trabalhos de pesquisa para serem avaliados, aprovados e fazerem
parte do que será apresentado e/ou publicado. O conjunto de trabalhos escolhidos
irá compor o que chamamos de anais de determinado evento científico.
De acordo com Gil (2002), normalmente, os anais são publicados pela
própria organização do evento, pois os autores enviam os documentos com
uma formatação padrão, facilitando a editoração. Atualmente, muitos destes
são distribuídos aos participantes dos eventos em CDs ou até em pen drives.
Conhecendo as fontes apresentadas na figura 1, você pode se perguntar
onde terá acesso a estas. É claro que, em se tratando de alguns destes materiais,
possivelmente você já imagina os possíveis locais de acesso. Vamos abordar
três das formas mais utilizadas para a localização das fontes: a biblioteca, a
base de dados e a Web.
Se eu pedir a você para definir o que é biblioteca, acredito que, em uma
frase, você conseguirá definir e dirá: um ambiente, um local em que se guardam
livros. Podemos dizer, de forma mais ampla, que este ambiente armazena uma
infinidade de informações de diferentes áreas de conhecimento em vários meios.
Percebe-se que os usuários não fazem uso efetivo da biblioteca como
deveriam. Na vida acadêmica, no processo de construção do conhecimento, o
acesso aos recursos encontrados em uma biblioteca é de extrema importância.
Para que a utilização dos materiais ali apresentados seja eficiente, o
usuário deve compreender como a biblioteca que está consultando funciona e
como está organizada. É importante também que você perceba se a biblioteca
escolhida apresenta um acervo adequado, constando os tipos de fontes de
pesquisa que apresentamos.
De acordo com Cervo, Bervian e Silva (2010, p. 80), “todo livro que chega
a uma biblioteca é registrado com as informações a ele referentes, classificado
e agrupado segundo o assunto que trata [...]”.
Capítulo 5
142 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
Desta forma, a biblioteca agrupa as publicações (não apenas livros) que
recebe em seus catálogos, normalmente organizados por assuntos, autores e
títulos (MATTAR, 2008).
Consultar o catálogo da biblioteca é o primeiro passo para encontrar
o que deseja em termos de conteúdo. Atualmente, as bibliotecas estão
equipadas com sistemas informatizados que permitem consulta aos materiais
de seu acervo. Por vezes, os catálogos podem ser encontrados em CDs ou até
mesmo impressos.
O ideal é que os sistemas informatizados atuais permitam consultar todo
tipo de material, de diversas formas - por assunto, autor, título, palavra-chave,
entre outras.
O uso da informática facilita e torna mais ágil a consulta ao que está
disponível nas bibliotecas, embora possa parecer difícil para quem esteja
iniciando na atividade de pesquisa. Neste caso, é importante que se tenha
informações base do que pretende consultar, como autor ou tema de pesquisa.
Cabe destacar, segundo Gil (2002, p. 68), que “as bibliotecas mais
adequadas para pesquisa são aquelas em que o consulente tem acesso direto
às estantes”. Normalmente, as bibliotecas têm algum tipo de classificação
e, mesmo pesquisando no catálogo, se o pesquisador tiver acesso ao livro
terá melhores condições de identificar se a obra contempla os assuntos que
desejamos pesquisar.
De acordo com Mattar (2008), as obras de referência também auxiliam
muito na pesquisa em bibliotecas, pois possuem índice remissivo e ajudam a
identificar informações sobre outras obras.
No setor de periódicos, você pode encontrar revistas, jornais, artigos
acadêmicos. No caso de não estarem catalogados e desejar consultá-los,
terá que investir tempo neste espaço da biblioteca para encontrar o tema
que deseja.
Mattar (2008) lembra que várias bibliotecas possuem acervos contendo filmes,
vídeos, documentários, CDs e outros materiais deste tipo que podem ser utilizados
em trabalhos acadêmicos e também como base para atividades de pesquisa.
Capítulo 5
143Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
O autor ainda lembra que algumas bibliotecas possuem setores
específicos de dissertações e teses e, em algumas, estes documentos podem
ser encontrados digitalizados.
As bibliotecas foram criadas para que pudéssemos ter acesso a diversificados
tipos de materiais úteis a fim de conhecer mais a fundo o assunto de interesse.
Neste sentido, o processo interno desta instituição funciona com empréstimos
dos materiais para consulta. Por vezes, o local em que está pesquisando possui
outras bibliotecas filiadas e você pode pedir empréstimos entre as bibliotecas.
Então, aproveite para iniciar ou aprimorar conhecimentos referentes ao
seu curso. Vamos lá? A propósito, você já visitou alguma biblioteca esta semana?
A internet, um dos maiores meios de comunicação de informação
atualmente nos possibilita um canal aberto e com várias opções para consultas
e buscas de fontes de pesquisa.
De acordo com Severino (2002, p. 33), a internet é “um conjunto de redes
de computadores interligadas no mundo inteiro permitindo acesso a milhares
de informações que estão armazenadas em seus Web Sites”. Para a troca de
informações entre todo o mundo, um dos recursos desenvolvidos foi a WWW (World
Wide Web), que permite a disponibilização de todo tipo de dados e informações.
Apesar das maravilhas possíveis com uso da Web, você precisa se preocupar
com a afirmação de Gil (2002, p. 74): “[...] existe na Internet, mais do que em
qualquer outro meio, excesso de informações”. Neste contexto, precisamos nos
concentrar no que queremos encontrar e dispor de tempo para que tenhamos
sucesso na busca por materiais que estejam em consonância com nossos objetivos.
Dentre os diversos recursos disponíveis na Web, como: catálogos on-line;
índices; páginas de informações - como endereços de instituições, editoras,
lista de cursos ou páginas pessoais; grupos de discussão, entre outros, os sites
de busca podem ser de grande ajuda para o pesquisador.
Os sites de busca possibilitam a listagem de várias páginas da Web de
acordo com a palavra-chave indicada. Alguns destes sites possibilitam buscas
rebuscadas, mas, de qualquer forma, a seleção da infinidade de opções que
aparecem nas buscas torna-se uma tarefa árdua. A figura 3 apresenta alguns
sites de busca.
Capítulo 5
144 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
http://www.google.com
http://br.search.yahoo.com/
http://www.aonde.com.br/
http://br.altavista.com/
http://br.ask.com/
Figura 3 - Sites de busca
Durante a procura pelo conteúdo desejado, devemos nos preocupar
também em encontrar informações confiáveis. Muitos sites não apresentam
conhecimento científico e, no caso do desenvolvimento de trabalhos
acadêmicos ou pesquisas científicas, as fontes são muito relevantes.
Mattar (2008) diz que se deve ter um rigor maior na procedência das
fontes obtidas na Web e sugere alguns critérios que podem ser utilizados para
avaliar a confiabilidade de uma fonte de pesquisa da rede:
• Identifique quem se responsabiliza pela publicação da informação.
• Verifique a reputação da instituição.
• Preocupe-se com as credenciais do autor.
• Observe a data de publicação.
• Reconheça as referências utilizadas.
• Evite sites de propaganda e páginas de empresas comerciais.
• Prefira páginas que possuem patrocinadores a homepages pessoais.
Neste sentido, identificar o que é mais interessante e adequado a uma
pesquisa acadêmica e científica fica como uma dura tarefa do investigado. Para
tanto, o mesmo deve conhecer alguns domínios que identificam instituições
na Web, conforme a figura 4.
Capítulo 5
145Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
• Instituição educacional
• Comercial
• Governamental
• Militar
• Organização não-governamental
.edu
.com
.gov
.mil
.org
Figura 4 - Domínios na webFonte: adaptada de Mattar (2008).
Os domínios apresentados na figura 4 podem lhe dar segurança para
conhecer exatamente o site que está acessando e procurando suas informações
para sua pesquisa. Tendo em mente as indicações sugeridas por Mattar (2008),
você poderá investir na pesquisa na Web com mais confiabilidade.
Muitos arquivos referentes a artigos, livros, revistas, entre outras fontes de pesquisa, são disponibilizados na Web em arquivo formato pdf, que você pode acessar utilizando o software Acrobat Adobe Reader. O software está disponível na Web de forma gratuita e você precisa instalá-lo em sua máquina para visualizar os arquivos.
SAIBA QUE
Outro recurso para encontrar nossas fontes de pesquisa são as bases de
dados disponíveis de diferentes formas tanto na Web quanto nas bibliotecas.
De acordo com Gil (2002), as bases podem ter apenas referências de obras
ou ainda resumos de artigos ou materiais. Mas muitas contemplam fontes de
pesquisa completas, como livros, dissertações e teses, artigos de periódicos,
entre outras.
Capítulo 5
146 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
Você pode encontrar bases de dados disponíveis em CDs ou no sistema
específico da biblioteca que frequenta, caso a instituição tenha adquirido tal
recurso, ou em sites disponíveis na Web, como os apresentados na figura 5.
SciELO
http://www.scielo.br
IBICT
http://www.ibict.br
Orientador Adviser (IBBA / IBBE)
http://www.orientador.com.br
Figura 5 - Base de dadosFonte: adaptada de Gil (2002).
Após as instruções dos tipos de fontes de pesquisa existentes e dos locais
em que pode obtê-las, você está apto a encontrar o que precisa e passar
ao próximo passo, que seria a leitura e organização dos materiais para seu
processo de investigação.
Quando você ingressou na universidade, pode ter ficado inseguro ao ver o
número de disciplinas tão específicas e seus conteúdos e ainda lembrando de seu
escasso tempo para o estudo. Ou talvez você tenha tido a sensação de insegurança
por estar passando para um nível diferenciado após ter finalizado ensino médio.
Apesar de toda a sua vontade de aprender e de ter acesso a novos conhecimentos,
iniciar a vida acadêmica exige um esforço maior, que inclui muita leitura para fornecer
subsídios a fim de fazer parte deste ambiente com bom aproveitamento.
Assim, após ter encontrado as fontes necessárias, você necessitará estar
imbuído do espírito de aprender. Medeiros (2005) diz que o aprendiz deve
estar motivado para realizar o estudo e se organizar, principalmente, na
questão de tempo a fim de dar conta desta tarefa.
Se você já encontrou suas fontes pode seguir os conselhos de Medeiros (2005)
e partir para a fase de leitura dos materiais encontrados. Os autores divergem em
relação aos tipos de leitura que devemos realizar para que possamos ter uma
interpretação adequada do texto lido. Assim, sugerimos quatro fases de leituras,
a partir das propostas de Cervo, Bervian e Silva (2007), Gil (2002), Azevedo (2001)
e Lakatos e Marconi (2006). Sugerimos o apresentado na figura 6.
Capítulo 5
147Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
Elementar Seletiva Analítica Interpretativa
Figura 6 - Fases de leituraFonte: adaptada de Cervo, Bervian e Silva (2007); Gil (2002); Azevedo (2001); Lakatos e Marconi (2006).
• Leitura elementar: a primeira a ser realizada, em que o leitor se
familiariza com o texto e verifica se há informações relevantes para a
sua pesquisa.
• Leitura seletiva: após ter identificado informações a partir da
primeira leitura, o pesquisador deve decidir sobre quais fontes são
mais interessantes ao seu tema, sempre tendo em mente o problema
e o objetivo de investigação que o levaram a pesquisar o assunto.
• Leitura analítica: como o material que interessa a pesquisa já foi
selecionado, cabe ao pesquisador realizar uma análise do texto
procurando compreendê-lo de forma integral. Os autores sugerem
que o leitor: tenha uma visão global do texto; compreenda os termos
utilizados no material (o uso de um dicionário para auxiliar é sempre
adequado); identifique as palavras-chave dentro do texto e separe
as ideias principais e secundárias em relação ao texto; e, por fim,
sintetize o que foi lido.
• Leitura interpretativa: a fase mais complexa pressupõe a passagem
adequada pelas leituras anteriores para que o investigador tenha a
capacidade de relacionar o material lido. Ou seja, deseja-se que o
pesquisador faça análises de forma a perceber a validade científica do
texto lido em comparação ao seu problema de estudo.
De acordo com as leituras propostas, você pode perceber que é necessário
pelo menos quatro olhares sobre um texto para que você possa realmente
compreendê-lo cientificamente. O tempo para realizar as atividades será
diferenciado pelo grau de exigências e rigor exigido em cada uma delas. No
entanto, a quantidade de vezes que você irá ler o material dependerá da sua
experiência e habilidade no que se refere à leitura.
Algumas técnicas são sugeridas para auxiliar o processo, como
esquematizar, sublinhar, resumir (MEDEIROS, 2005; RUIZ, 1996; LAKATOS e
MARCONI, 2006). Observe as explicações.
Capítulo 5
148 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
• Sublinhar: destacar as ideias principais do texto. Sugere-se que: você
não sublinhe na primeira leitura; o que for principal, sublinhar com
dois traços e outros itens também importantes com apenas um traço
ou utilizar cores diferentes; usar sinal de interrogação para palavras
não compreendidas; a leitura apenas do que foi sublinhado deve
possibilitar o entendimento da síntese do texto.
• Resumir: sintetizar as ideias relevantes de um texto é o objetivo. O uso
da técnica de sublinhar pode auxiliar nesta técnica, criando, com esta
base, um texto corrido que irá apresentar as ideias de maneira sintética.
• Esquematizar: elaborar um plano apresentando a estrutura básica
das ideias principais do autor. Deve apresentar uma ligação entre os
tópicos apresentados, evidenciando uma lógica de raciocínio sobre o
texto lido. Você pode fazer na forma de tópicos, utilizando marcadores
ou numeração (como um sumário), ou ainda na forma de figuras e
linhas que as ligam, com chaves ou diagramas.
Você já conheceu uma série de elementos que podem contribuir para
que você melhore seu processo de pesquisa: desde a identificação das fontes
de pesquisa existentes, onde localizá-las e até como avaliá-las por meio da
leitura. Agora, basta buscar seu espírito científico para dar início aos estudos.
Que tal uma leitura?
5.2.2 Resumos
Este recurso permite ao leitor selecionar obras que merecem leitura
completa, seja um livro ou um artigo. Para Lakatos e Marconi (2006, p.
68), resumo “é a apresentação concisa e frequentemente seletiva do texto,
destacando-se os elementos de maior interesse e importância, isto é, as
principais ideias do autor da obra”.
Com relação ao conceito de resumo, Medeiros (2005, p. 142) afirma que
“é uma apresentação sintética e seletiva das ideias de um texto, ressaltando a
progressão e a articulação delas”.
De acordo com Azevedo (2001, p. 31), o resumo pressupõe que o leitor
“simplesmente apresente as ideias principais do autor [...] concatenando-as e
ordenando-as”.
Capítulo 5
149Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
Ainda conforme a NBR 6028 (ABNT, 1990, apud MEDEIROS, 2005, p. 142),
resumo pode ser definido como a “apresentação concisa dos pontos relevantes
de um texto”.
Percebe-se que o resumo é a criação de um novo texto a partir do material
base, com os principais tópicos abordados, ou seja, os considerados de maior
relevância para o leitor.
Para Lakatos e Marconi (2006), a finalidade principal do resumo é a
divulgação e repasse de informações que constam em livros, artigos, periódicos,
teses, entre outros, de forma a permitir que o leitor sinta a necessidade, ou
não, de ler o texto por completo.
Medeiros (2005) aponta alguns aspectos que devem ser observados na
elaboração de um resumo, conforme apresentado na figura 7.
• Assunto do texto.• Objetivo do texto.• Articulações de ideias.• Conclusões do autor do texto objeto do resumo.
Conteúdo
• Redação em linguagem objetiva.• Evitar repetir frases do texto original.• Manter a ordem dos fatos segundo o original.
Procedimento
• Não demonstrar juízo de valor.• Dispensar a consulta do texto original para sua compreensão. Isto não
se refere ao conhecimento total do texto e sim entender o que se lê (pense na primeira fase da leitura).
Geral
Figura 7 - Aspectos do resumoFonte: adaptada de Medeiros (2005).
De acordo com Lakatos e Marconi (2006), o resumo pode ser indicativo
(descritivo), informativo (analítico) ou crítico. A classificação destes
dependerá do tipo de trabalho científico que está sendo desenvolvido
pelo pesquisador.
Quando o resumo que você desenvolve diz respeito ao que há de mais
relevante no texto lido, diz-se tratar do resumo indicativo ou descritivo. Este
tipo de resumo é composto de frases curtas que demonstram os aspectos
relevantes da obra em estudo. Um exemplo é a sinopse de um filme, que não
mostra o desfecho.
Capítulo 5
150 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
O resumo que se apresenta mais amplo que o indicativo, fornecendo,
desta forma, uma ampliação do conhecimento sobre o texto original é o
chamado resumo informativo ou analítico. Em sua composição, são destacados
objetivos e assunto, métodos e técnicas utilizadas, e resultados e conclusões.
Não apresenta críticas sobre o texto; apenas aborda de forma mais detalhada
o original. São os resumos encontrados em Trabalhos de Conclusão de Curso e
Dissertações, por exemplo, por mostrar do que trata o texto.
Ao elaborar uma análise ou julgamento sobre determinado texto que
leu, você está desenvolvendo um resumo crítico. Este tipo de resumo não deve
ter citações e demonstra a visão de seu autor sobre o texto original no que se
refere ao conteúdo, metodologia e até resultados alcançados.
Em sua forma, o resumo deve apresentar inicialmente a referência do
texto lido, constando:
SOBRENOME do autor, Prenome e outros autores (se houver). Título da obra. Número da edição. Local (nome da cidade): Editora, ano de publicação.
Na sequência, em nova linha, o autor deve escrever o seu resumo sem
parágrafo ou espaçamento entre linhas.
EXPLORANDOEXPLORANDO
Os livros de Medeiros (2005) e Lakatos e Marconi (2006) apresentam exemplos de criação de um resumo. Acesse os livros para verificar, na prática, o desenvolvimento desta maneira de recriar um texto original.
5.2.3 Resenhas
Segundo Severino (2002, p. 131), resenha “é uma síntese ou um comentário
de livros publicados feito em revistas de várias áreas da ciência”. Medeiros
(2005, p. 158) amplia este conceito ao afirmar que a resenha é “um relato
minucioso das propriedades de um objeto, ou de suas partes constitutivas; é
um tipo de redação técnica”.
Capítulo 5
151Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
As autoras Lakatos e Marconi (2006, p. 266) conceituam resenha como
“uma descrição minuciosa que compreende certo número de fatos. Resenha
crítica é a apresentação do conteúdo de uma obra”.
De forma completa, Azevedo (2001, p. 31) acrescenta que a resenha é
uma “apreciação crítica sobre determinada obra, [...] visa incentivar a leitura
do livro comentado”. O autor sugere que a criação de uma resenha e sua
posterior publicação despertará no leitor o interesse em ler o livro sobre o
qual a resenha fez apreciação.
Em se tratando de resenha crítica, a sua elaboração é normalmente
realizada por um cientista que tem conhecimento suficiente sobre o assunto
para a realização de uma análise crítica sobre o texto resenhado. Além disso,
o autor da resenha deve ser capaz de resumir o texto e indicar informações
errôneas e falhas encontradas (LAKATOS e MARCONI, 2006).
Pode-se considerar alguns requisitos básicos para a elaboração de uma
resenha, conforme Salvador (1979 apud LAKATOS e MARCONI, 2006, p. 266):
• conhecimento completo da obra;
• competência na matéria;
• capacidade de juízo de valor;
• independência de juízo;
• correção e urbanidade;
• fidelidade ao pensamento do autor.
Azevedo (2001) aponta três partes para a composição de uma
resenha: introdução, resumo e opinião. Na primeira parte, o resenhista deve
contextualizar o tema que trata o material resenhado de forma a conduzir e
incentivar a leitura por parte do leitor da resenha; em seguida, o resumo do
livro deve ser desenvolvido de acordo com as instruções já apresentadas; por
fim, com base no que foi lido, o autor deve apontar sua opinião sobre o texto,
incluindo conclusão sobre o tema estudado.
Lakatos e Marconi (2006) sugerem uma estrutura para a resenha,
conforme se verifica na figura 8.
Capítulo 5
152 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
Referência
• Autor(es)• Título (subtítulo)• Imprensa (local de edição, editora, data)• Número de páginas• Ilustração (tabelas, gráfi cos, fotos, etc.)
Credenciais do autor
• Informações gerais sobre o autor• Autoridade no campo científi co• Quem fez o estudo? Quando? Por quê? Onde?
Conclusão do autor
• O autor faz conclusões? (ou não?)• Onde foram colocadas? Quais foram?
Quadro de referências do autor
• Modelo teórico• Que teoria serviu de embasamento?• Qual é o método utilizado?
Apreciação
• Julgamento da obra: como se situa o autor da obra em relação às correntes científi cas relacionadas ao tema?
• Mérito da obra: contribuição?• Estilo: claro, conciso, coerente, liguagem correta?• Forma: lógica? • Indicação de obra: a quem é dirigida?
Conhecimento
• Resumo do texto• De que trata a obra? O que diz? Possui alguma característica especial?• Como foi abordado o assunto?• Existe conhecimento prévio para compreendê-lo?
Figura 8 - Estrutura da resenhaFonte: Lakatos e Marconi (2006).
De acordo com as considerações de Azevedo (2001), a resenha deve
apresentar um título diferente do material original. Com relação ao texto,
deve ser sequencial e a organização textual deixa clara a passagem entre as
partes da resenha.
Capítulo 5
153Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
EXPLORANDOEXPLORANDO
No livro de Azevedo (2001), você encontra exemplos de resenha para que possa perceber os conceitos apresentados de forma mais clara.
5.2.4 Fichamento
A leitura de fontes de pesquisa permitirá que o pesquisador guarde
algumas informações relevantes de forma organizada. A transcrição destas
informações em fichas, primando pelo máximo de exatidão e cuidado, chama-
se fichamento (LAKATOS e MARKONI, 2006).
As informações coletadas e que são consideradas relevantes para a
pesquisa devem ser, além de anotadas, armazenadas sequencialmente de
alguma maneira. Pode-se usar fichas de papel ou aproveitar os recursos
tecnológicos e utilizar o computador para armazenamento dos dados, com
fichas padrões.
Neste caso, os autores sugerem que seja realizado por meio de fichas em
que constarão “resumos, opiniões, citações, enfim tudo que possa servir como
embasamento para tese, ou ideias que defenderá por ocasião da redação do
texto que tem em vista” (MEDEIROS, 2005, p. 114).
As fichas foram criadas no século XVII na Academia Francesa de Ciências
por Abade Rozier. Para Lakatos e Marconi (2006), as fichas permitirão ao
pesquisador identificar obras, conhecer o conteúdo destas, fazer citações
(menção de informação retirada de outra fonte), analisar o material e elaborar
críticas. É interessante que você armazene suas fichas na ordem, organizando-
as por capítulos, conforme foram considerados em seus estudos.
O tipo de ficha mais utilizado refere-se à ficha de apontamento, em que
são indicadas citações e anotações referentes ao texto. De acordo com Lakatos
e Marconi (2006), independente do tipo de ficha, a sua estrutura será composta
por três partes, incluindo cabeçalho, referência bibliográfica e texto. Ainda de
forma optativa, pode-se apresentar a indicação da obra que se refere e apontar
quem a possui e o local em que é possível acessar o material selecionado.
Capítulo 5
154 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
A figura 9 apresenta o modelo de uma ficha.
Cabeçalho
Referência bibliográfica
Corpo ou texto
Indicação de obra
Local
Figura 9 - Modelo para fi chamentoFonte: adaptada de Lakatos e Marconi (2006).
Em se tratando de cabeçalho, pressupõe:
a) o título geral da obra em nível maior;
b) o título geral mais próximo do item que se está escrevendo como, por
exemplo, título de capítulo;
c) o título específico do tópico referido;
d) um número de classificação da ficha para facilitar a ordenação; e
e) no caso de um mesmo fichamento ocupar mais de uma ficha, usar
uma letra indicativa da sequência.
Como você pôde observar na figura 9, o cabeçalho consta na parte
superior da ficha. A seguir, na figura 10, você visualiza a identificação das
partes do cabeçalho organizadas na estrutura da ficha.
Capítulo 5
155Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
Cabeçalho
a
b c d e
Figura 9 - Modelo para fi chamentoFonte: adaptada de Lakatos e Marconi (2006).
Com relação à referência bibliográfica, a sua apresentação deve estar
em consonância com o solicitado pela ABNT. Você pode obter as informações
necessárias para a identificação da referência na folha de rosto, lombada ou
primeira página, dependendo da obra consultada.
Referência bibliográfica
SOBRENOME do autor, Prenome e outros autores (se houver). Título da obra. Número da edição. Local (nome da cidade): Editora, ano de publicação.
Figura 11 - Estrutura da referência bibliográfi caFonte: adaptada de Lakatos e Marconi (2006).
O corpo ou texto da ficha terá uma variação conforme o tipo de ficha
adotado. Por exemplo, se você escolheu uma ficha de citação ou transcrição,
irá conter a parte do texto que você copiou ou parafraseou do autor lido ou
ainda um resumo de determinada parte do material lido.
Corpo ou texto
Dependerá da finalidade da ficha: bibliográfica, citação, resumo, esboço, comentário ou analítica.
Figura 12 - Estrutura do corpo do textoFonte: adaptada de Lakatos e Marconi (2006).
Saber de que forma ou por quem a obra foi indicada poderá ser útil
no caso da utilização da ficha em momento posterior para novos estudos
considerando o tema. Pelo mesmo motivo, torna-se relevante apresentar o
local onde esta obra foi encontrada por você.
A figura 13 apresenta um modelo completo de ficha que você pode
tomar por base para realizar um fichamento quando estiver em processo
de pesquisa.
Capítulo 5
156 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
Pesquisa bibliográfica
Técnicas auxiliares para a redação de material coletado
Redação
FACHI, O. Fundamentos da metodologia. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2001.
“Fichários, que devem ser organizados por nome do autor, em ordem alfabética, começando sempre pelo sobrenome, por título da obra ou por assunto.” p.121.
Professor de Metodologia da pesquisa.
Biblioteca da Universidade X
Figura 13 - Modelo de fi cha preenchidoFonte: adaptada de Lakatos e Marconi (2006).
Com relação ao texto, as fichas podem ser bibliográficas, que constam
nas primeiras páginas de um livro ou elementos constantes da folha de rosto
do material (MEDEIROS, 2005).
As fichas de citação apresentam a transcrição de partes do texto
consideradas relevantes, o que implica no uso de aspas, número de página de
onde foi extraído e, caso haja supressão de parte, deve ser indicada utilizando
[...] no início, meio ou fim, dependendo de onde o texto foi suprimido
(MEDEIROS, 2005; LAKATOS e MARCONI, 2006).
Quando você decide inserir em sua ficha uma síntese, uma compilação
das ideias mais relevantes do texto original, diz-se que você usa uma ficha de
resumo. Lakatos e Marconi (2006) e Medeiros (2005) lembram que não se trata
de um sumário; não se deve fazer uso de citação; a ficha deve ser curta e não
necessita seguir a estrutura da obra consultada.
A apresentação das ideias principais relatadas pelo autor da obra original,
mas agora de maneira mais detalhada, é a proposta da ficha de esboço.
Lakatos e Marconi (2006) afirmam que esta é a ficha mais longa, podendo ser
necessário o uso de mais de uma ficha em um mesmo aspecto. Neste sentido, o
fator habilidade de síntese torna-se bastante importante ao pesquisador. Outro
aspecto relacionado ao grau de detalhamento da ficha é a indicação da página.
Capítulo 5
157Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
Quando acontece de o pesquisador ir além de apenas anotar o que o
autor da obra original apresenta, seja na forma de citação ou em resumos
e esboços, tem-se a ficha de comentário ou analítica. Nesta situação, o
fichador está: tecendo comentário sobre a forma de elaboração do trabalho
original; considerando os aspectos metodológicos; realizando análise crítica
do conteúdo do trabalho original; apresentando informações mais claras,
a partir do desenvolvimento do texto original, que não se mostram de fácil
interpretação; comparando o trabalho lido com outros da mesma natureza e
mesmo tema de pesquisa; demonstrando a relevância da obra original para o
estudo que o fichador está realizando.
Perceba que você aprendeu três técnicas - resumo, resenha, fichamento
-que podem lhe ajudar a realizar a leitura das fontes de pesquisa para verificar
a real relevância, considerando o objetivo do trabalho que você desenvolva
durante a graduação em sua vida acadêmica.
No entanto, pelas características apresentadas de cada um destes, é possível
observar que você precisa ser um exímio leitor. Ou seja, precisa estar habituado
a realizar leituras para tornar o processo de pesquisa proveitoso e prazeroso.
Meu convite a você é que vá à biblioteca mais próxima e solicite o
empréstimo de um livro. Pode ser um livro desta disciplina para que você possa
obter mais informações sobre um dos temas já abordados ou até mesmo de
outra disciplina em sua área de estudo. Desde que você se proponha a ler!
5.3 Aplicando a teoria na prática
A superbactéria e o medo de contágio
O alerta sobre o aparecimento de uma superbactéria resistente a quase todos os antibióticos e capaz de se espalhar pelos países do globo suscitou o medo do surgimento de uma nova pandemia – poucos dias após o anúncio da OMS sobre o fim da pandemia de gripe A (H1N1). Especialistas consultados por VEJA.com acreditam que a situação merece atenção, mas não há necessidade de alarmismo e mudanças no cotidiano das pessoas. “É preciso esclarecer para a população que o conceito de ‘super’ bactéria não quer dizer que é uma bactéria capaz de destruir tudo e deixar todos doentes. É um termo que utilizamos para explicar que é uma bactéria resistente a antibióticos”, explica Luiz Fernando Aranha Camargo, infectologista do Hospital Israelita Albert Einstein.
Capítulo 5
158 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
Em artigo publicado pela revista científica Lancet na quarta-feira, um grupo de cientistas chamou a atenção para o isolamento de um gene (NDM-1) em dois tipos comuns de bactérias - Klebsiella pneumoniae e Escherichia coli (E.coli). Essa mutação é responsável por tornar as duas bactérias resistentes aos principais grupos de antibióticos, os carbapenens – normalmente utilizados como última tentativa em tratamentos de emergência em pacientes em que os antibióticos não fazem mais efeito.
De acordo com os cientistas britânicos, as bactérias foram levadas ao Reino Unido por pacientes que viajaram à Índia e ao Paquistão para a realização de cirurgias eletivas (cirurgias que podem ser agendadas), inclusive estéticas. “É uma bactéria que pode viajar por causa da globalização, mas ela é transmitida dentro de um ambiente hospitalar”, explica Camargo.
Segundo Ana Gales, professora de infectologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), o grande problema de infecções causadas por bactérias como essas é que geralmente “restam pouquíssimas opções terapêuticas”. Há uma disponibilidade bastante restrita de drogas para o tratamento de infecções por bactérias resistentes e faltam estudos na área para saber sobre a eficácia delas.
“A necessidade por novas opções terapêuticas para o tratamento de infecções por bactérias multirresistentes é reconhecida pela comunidade científica. Tanto que existe uma iniciativa da Sociedade Americana de Doenças Infecciosas, que resumidamente sugere que os governos americano e europeus se comprometam no desenvolvimento de pelo menos novas dez drogas antimicrobianas até 2020”, explica Gales.
Prevenção – Em tese, o controle da resistência bacteriana é simples: pode ser feito a partir do o uso de luvas e aventais, até a simples higienização das mãos. A dificuldade é que nem sempre as orientações são seguidas. “A resistência bacteriana é um problema de saúde pública. Qualquer pessoa pode ser vítima de um acidente, ou ter câncer, necessitar de internação hospitalar e acabar adquirindo uma bactéria multirresistente”, diz Gales.
Para Camargo, os hospitais precisam ficar atentos ao alerta emitido pela Lancet. “Os hospitais precisam atualizar seus mecanismos para que estejam prevenidos quando essas bactérias chegarem ao país”, afirma.
Fonte: VEJA. A superbactéria e o medo de contágio. 12 ago. 2010. Disponível em: <http://veja.abril.com.br/noticia/saude/a-superbacteria-e-o-medo-de-contagio>. Acesso em: 13 ago. 2010.
Capítulo 5
159Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
Realizando uma leitura proveitosa e atenta do texto publicado na revista
Veja, a partir das formas de leitura estudadas, sublinhe as ideias principais do
artigo, tendo como objeto de pesquisa o conhecimento sobre aspectos que
permitam compreender a superbactéria. Para facilitar o primeiro exercício,
use apenas uma maneira de sublinhar para assinar o que acha mais relevante
conhecer sobre a superbactéria.
5.3.1 Resolvendo
A seguir, observe a reprodução do texto em que estão sublinhadas as
informações sobre os aspectos que nos permitem compreender a superbactéria.
Perceba não tínhamos como intuito discutir a visão das pessoas; o exercício
solicitou apenas que pudéssemos entender o que é esta nova ameaça à saúde.
A superbactéria e o medo de contágio
O alerta sobre o aparecimento de uma superbactéria resistente a quase todos os antibióticos e capaz de se espalhar pelos países do globo suscitou o medo do surgimento de uma nova pandemia – poucos dias após o anúncio da OMS sobre o fim da pandemia de gripe A (H1N1). Especialistas consultados por VEJA.com acreditam que a situação merece atenção, mas não há necessidade de alarmismo e mudanças no cotidiano das pessoas. “É preciso esclarecer para a população que o conceito de ‘super’ bactéria não quer dizer que é uma bactéria capaz de destruir tudo e deixar todos doentes. É um termo que utilizamos para explicar que é uma bactéria resistente a antibióticos”, explica Luiz Fernando Aranha Camargo, infectologista do Hospital Israelita Albert Einstein.
Em artigo publicado pela revista científica Lancet na quarta-feira, um grupo de cientistas chamou a atenção para o isolamento de um gene (NDM-1) em dois tipos comuns de bactérias - Klebsiella pneumoniae e Escherichia coli (E.coli). Essa mutação é responsável por tornar as duas bactérias resistentes aos principais grupos de antibióticos, os carbapenens – normalmente utilizados como última tentativa em tratamentos de emergência em pacientes em que os antibióticos não fazem mais efeito.
De acordo com os cientistas britânicos, as bactérias foram levadas ao Reino Unido por pacientes que viajaram à Índia e ao Paquistão para a realização de cirurgias eletivas (cirurgias que podem ser agendadas), inclusive estéticas. “É uma bactéria que pode viajar por causa da globalização, mas ela é transmitida dentro de um ambiente hospitalar”, explica Camargo.
Capítulo 5
160 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
Segundo Ana Gales, professora de infectologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), o grande problema de infecções causadas por bactérias como essas é que geralmente “restam pouquíssimas opções terapêuticas”. Há uma disponibilidade bastante restrita de drogas para o tratamento de infecções por bactérias resistentes e faltam estudos na área para saber sobre a eficácia delas.
“A necessidade por novas opções terapêuticas para o tratamento de infecções por bactérias multirresistentes é reconhecida pela comunidade científica. Tanto que existe uma iniciativa da Sociedade Americana de Doenças Infecciosas, que resumidamente sugere que os governos americano e europeus se comprometam no desenvolvimento de pelo menos novas dez drogas antimicrobianas até 2020”, explica Gales.
Prevenção – Em tese, o controle da resistência bacteriana é simples: pode ser feito a partir do o uso de luvas e aventais, até a simples higienização das mãos. A dificuldade é que nem sempre as orientações são seguidas. “A resistência bacteriana é um problema de saúde pública. Qualquer pessoa pode ser vítima de um acidente, ou ter câncer, necessitar de internação hospitalar e acabar adquirindo uma bactéria multirresistente”, diz Gales.
Para Camargo, os hospitais precisam ficar atentos ao alerta emitido pela Lancet. “Os hospitais precisam atualizar seus mecanismos para que estejam prevenidos quando essas bactérias chegarem ao país”, afirma.
Fonte: VEJA. A superbactéria e o medo de contágio. 12 ago. 2010. Disponível em: <http://veja.abril.com.br/noticia/saude/a-superbacteria-e-o-medo-de-contagio>. Acesso em: 13 ago. 2010.
5.4 Para saber mais
Sugiro que você consulte as seguintes obras:
MATTAR, J. Metodologia científica na era da informática. 3. ed. rev. atual. São
Paulo: Saraiva, 2008.
O livro apresenta conteúdo complementar e relevante considerando as
fontes de pesquisa. Além disto, o autor aborda os locais em que você pode
encontrar estas fontes: a pesquisa em bibliotecas e a pesquisa na internet.
AZEVEDO, I. B. de. O prazer da produção científica: diretrizes para elaboração
de trabalhos acadêmicos. 10. ed. rev. e atual. São Paulo: Hagnos, 2001.
Capítulo 5
161Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
O autor apresenta um capítulo destinado a exemplos de vários Trabalhos
Acadêmicos Científicos, incluindo resenha e resumo. Você também poderá
contar com um capítulo que apresenta modelos destes trabalhos.
Na internet, consulte os seguintes sites:
IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia:
<http://www.ibict.br>
Com 56 anos, o IBICT tem como foco a promoção da competência e
desenvolvimento de recursos e infraestrutura de informação em ciência e tecnologia
voltada ao conhecimento científico-tecnológico no Brasil. No menu à esquerda,
você acessa produtos e serviços e pode ter acesso à revista Ciência e Informação,
assim como outros locais que favorecem a busca de fontes de pesquisa.
SCIELO - Scientific Electronic Library Online: <http://www.scielo.br>
Este site é uma biblioteca eletrônica em que você pode ter contato
com um conjunto de periódicos científicos brasileiros a sua disposição. O site
apresenta versão em português, com acesso a periódicos, artigos, relatórios
por buscas em ordem alfabética, por assuntos, por autores, etc. Pode ajudá-lo
em suas pesquisas por abordar diversas áreas de conhecimento. Confira!
RAC – Revista de Administração Contemporânea: <http://www.anpad.org.br/
periodicos/content/frame_base.php?revista=1>
RAC é uma revista científica que tem como missão contribuir para o
entendimento aprofundado da Administração mediante a divulgação de trabalhos
de pesquisa, análises teóricas, documentos, notas e resenhas bibliográficas
que possam subsidiar as atividades acadêmicas e a ação administrativa em
organizações públicas e privadas. A RAC teve sua publicação impressa até o ano
de 2008, permanecendo a partir de então como uma publicação online.
Capítulo 5
162 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
5.5 Relembrando
O capítulo 5 apresentou:
• fontes de pesquisa: em que você pôde conhecer quais as fontes
possíveis de pesquisa para sua atividade acadêmica. Além disso, foram
apresentados os locais em que estas fontes podem estar disponíveis
para o acesso. Finalizando, foi possível verificar as formas de leitura
e técnicas que podem auxiliar quando estiver de posse das fontes de
pesquisa necessárias a sua investigação acadêmico-científica;
• conceitos, características e aspectos considerados relevantes sobre
resumo, resenha e fichamento, recursos que podem auxiliá-lo na
compreensão e desenvolvimento de trabalhos acadêmico-científicos.
5.6 Testando os seus conhecimentos
1) Considerando os conceitos relativos à atividade de fichamento, relacione a
coluna da esquerda com a da direita.
a) Ficha de esboço ( ) Concentra-se em apresentar a síntese de
parte da obra original que está sendo lida.
b) Ficha de comentário ( ) As principais ideias da obra original
são relatadas de forma detalhada pelo
fichador.
c) Ficha bibliográfica ( ) A preocupação do fichador está
em mencionar o que pensa o autor
exatamente como este se expressou.
d) Ficha de citação ( ) O fichador apresenta sua compreensão
de forma crítica e bem explícita sobre a
obra original.
e) Ficha de resumo ( ) Constam os dados referentes aos
elementos que identificam a obra
(constam nas páginas iniciais desta).
Capítulo 5
163Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
Assinale a alternativa que possui a sequência correta.
a) b, c, e, d, a d) c, a, b, d, e
b) d, b, a, c, e e) e, a, d, b,c
c) a, e, c, b, d
2) Sobre o acesso a fontes de informações de pesquisa via Web, é correto afirmar:
a) Em todos os sites, as informações são confiáveis.
b) Você não precisa dispor de tempo para avaliar os textos, pois a
agilidade do ambiente permite a busca do que se quer em segundos.
c) O rigor na busca da Web é dispensável.
d) A utilização de sites de busca apresenta grande auxílio ao pesquisador.
e) Sites de propaganda e empresas comerciais são ideais para o
trabalho científico.
3) Considerando os aspectos de leitura discutidos no capítulo, identifique as
alternativas verdadeiras.
I. O reconhecimento e familiarização com o texto é realizado na etapa
elementar.
II. A decisão se o texto é relevante para a pesquisa é realizada na fase seletiva.
III. Os autores mencionam as etapas de leitura seletiva, analítica,
elementar, interpretativa (nesta ordem).
IV. Na fase analítica, o leitor faz uma análise complexa, comparando o
texto com o objeto de pesquisa que está realizando.
Assinale a alternativa que apresenta apenas os itens verdadeiros.
a) Apenas I e II. d) I, II, IV.
b) Apenas II e IV. e) Apenas I e IV.
c) I, II, III.
Capítulo 5
164 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
4) Considerando os conceitos básicos relativos às atividades de resumo,
resenha e fichamento, relacione a coluna da esquerda com a da direita.
a) Resumo ( ) O autor se preocupa em emitir as ideias principais
da obra consultada, mas também em realizar um
comentário com juízo de valor relativo aos vários
aspectos abordados na obra.
b) Resenha ( ) A partir da leitura de texto apropriado a sua
pesquisa, o leitor registra informações que
considera relevantes ao trabalho, como citações,
referências, anotações, etc.
c) Fichamento ( ) Síntese do texto destacando as palavras-chave e ideias
principais do autor, em um texto de bloco único.
Assinale a alternativa que possui a sequência correta.
a) a, c, b d) c, b, a
b) b, c, a e) a, b, c
c) b, a, c
5) Em se tratando das fontes de pesquisa apresentadas, explique, de maneira
sucinta, cada uma delas.
Capítulo 5
165Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
Onde encontrar
AZEVEDO, I. B. de. O prazer da produção científica: diretrizes para elaboração
de trabalhos acadêmicos. 10. ed. rev. e atual. São Paulo: Hagnos, 2001.
CERVO, A. L.; BERVIAN, P. A; SILVA, R. da. Metodologia científica. 5. ed. São
Paulo: Pearson, 2007.
FACHIN, O. Fundamentos da metodologia. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2001.
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002.
LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. de A. Fundamentos de metodologia científica.
3. ed. rev. ampl. São Paulo: Atlas, 2006.
MATTAR, J. Metodologia científica na era da informática. 3. ed. rev. atual. São
Paulo: Saraiva, 2008.
MEDEIROS, J. B. Redação científica: a prática de fichamentos, resumos,
resenhas. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2005.
RUIZ, J. A. Metodologia científica: guia para eficiência nos estudos. 4. ed. São
Paulo: Atlas, 1996.
SEVERINO, A. J. Metodologia do trabalho científico. 22. ed. rev. ampl. São
Paulo: Cortez, 2002.
167Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
6.1 Contextualizando
Nos capítulos anteriores, estudamos várias formas de realizar uma
pesquisa, desde o momento em que o autor lança perguntas que podem fazer
com que o desenvolvimento de uma pesquisa ocorra até os instrumentos
necessários a sua execução.
Espero que, ao longo dos capítulos, você tenha conseguido compreender
a necessidade da investigação científica para que novos conhecimentos sejam
gerados e possam contribuir para o nosso crescimento pessoal e profissional.
A motivação para a pesquisa inicia-se pela curiosidade de saber mais
sobre algo e, até o momento, com o que já aprendeu, você já pode se aventurar
pelo menos na realização de uma pesquisa bibliográfica sobre um tema de seu
interesse, sobre o qual esteja necessitando se aperfeiçoar.
No capítulo 5, você conheceu diferentes fontes de pesquisa, onde estas
podem ser encontradas e também recursos para que possa realizar um estudo
adequado partindo de leituras proveitosas, assim como formas de anotação
de conteúdos considerados relevante por você no decorrer da leitura sobre
temas de sua pesquisa.
Agora, pergunto: você imagina como são registrados e apresentados
à comunidade acadêmica e científica os resultados obtidos por meio de sua
pesquisa que aplicou critérios científicos rigorosos?
Ao verificar, em referências específicas, você irá observar que são várias
as forma de comunicar aos interessados os estudos realizados de forma
TRABALHOSACADÊMICO-CIENTÍFICOS
CAPÍTULO 66
Capítulo 6
168 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
científica. São abordados neste capítulo os trabalhos científicos: monografia,
trabalho de conclusão de curso, dissertação, tese e artigo. Estes documentos
são apresentados na instituição de ensino, em eventos científicos ou publicados
em revistas ou periódicos específicos na área de estudo.
6.2 Conhecendo a teoria
6.2.1 Trabalhos científi cos
Este tipo de trabalho representa as atividades de investigação científica
realizadas por um pesquisador ao longo de determinado tempo de estudo
intenso e detalhado.
Quando você estuda sobre um tema fazendo uso de métodos científicos
rigorosos, você está trabalhando em uma pesquisa científica. Neste sentido,
o pesquisador escreve todos os acontecimentos no desenvolvimento da
investigação para que possa transmitir à comunidade científica o resultado de
seu trabalho científico.
Conforme afirmação de Azevedo (2001, p. 50), “um trabalho
científico é um texto escrito para apresentar os resultados de uma pesquisa
desenvolvida”. Dessa forma, é baseado em exigências de organização
prévia e deve também possuir uma metodologia de trabalho muito bem
definida e explicitada.
Rey (1979 apud LAKATOS e MARCONI, 2007, p. 227) aponta que trabalhos
científicos são:
a) Observações ou descrições originais de fenômenos naturais, espécies novas, estruturas e funções, mutações e variações, dados ecológicos, etc.b) Trabalhos experimentais cobrindo os mais variados campos e representando uma das férteis modalidades de investigação, por submeter o fenômeno estudado às condições controladas da experiência.c) Trabalhos teóricos de análise ou síntese de conhecimentos, levando à produção de conceitos novos por via indutiva ou dedutiva; apresentação de hipóteses, teorias, etc.
Capítulo 6
169Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
Lakatos e Marconi (2007, p. 227) contribuem afirmando que este tipo de
trabalho “deve ser inédito ou original e não só contribuírem para a ampliação
de conhecimento ou a compreensão de certos problemas, mas também
servirem de modelo ou oferecerem subsídios para outros trabalhos”.
Pode-se perceber a relevância do trabalho científico uma vez que
possibilita que outras pessoas tenham acesso ao que foi desenvolvido e pode
contribuir para outras pesquisas ou aplicações.
Lakatos e Marconi (2007, p. 228) lembram que os trabalhos científicos “podem ser
realizados com base em fontes de informações primárias ou secundárias e elaborados
de varias formas, de acordo com a metodologia e com os objetivos propostos”.
Considerando as fontes de pesquisa, cabe ao autor divulgar os resultados
obtidos de forma clara e de acordo com o formato de trabalho sugerido.
O pesquisador precisa lembrar, ao desenvolver um trabalho científico,
que seu objetivo é a divulgação do que foi obtido por meio de seu processo
investigatório. Conforme Asti Vera (1979 apud LAKATOS e MARCONI, 2006, p.
255), em se tratando de comunicação científica, deve-se considerar que um dos
fatores mais importantes é a “atualização de um tema ou de um problema, pois
representa estimável contribuição ao desenvolvimento do conhecimento”.
No objeto da criação de um trabalho científico está a comunicação
científica que, para Lakatos e Marconi (2006), deve considerar alguns aspectos
apontados na figura 1, explicados a seguir.
Finalidade
Informações
Estrutura
Linguagem
Abordagem
Figura 1 - Aspectos considerados na comunicação do trabalho científi coFonte: adaptada de Lakatos e Marconi (2006).
Capítulo 6
170 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
• Finalidade: deseja-se mostrar às pessoas o resultado do que foi
aprendido e executado pelo investigador científico. Além disso,
pretende motivar a reflexão sobre o tema pesquisado e apresentado
por meio da argumentação proposta no trabalho.
• Informações: ao escrever e disponibilizar informações, o investigador
deve se preocupar com o que deseja comunicar, para quem estará
destinando o conteúdo, quando será publicado e onde esta comunicação
científica será apresentada. Os conteúdos devem ser originais e criativos,
chamando a atenção de leitores (especializados ou não).
• Estrutura: refere-se a padrões indicados para que as informações sejam
apresentadas. O aspecto formal é o mesmo para qualquer trabalho
científico, e dependendo do local em que será publicado, o aspecto
gráfico é modificado. O pesquisador precisa se preocupar em atender
esta exigência para que o documento possa ser publicado.
• Linguagem: deve-se obedecer às normas cultas em qualquer trabalho
científico. Deseja-se que o texto seja claro sem deixar dúvidas ao leitor,
já que a comunicação só ocorre quando este compreende o que está
sendo apresentado.
• Abordagem: a forma escolhida pelo pesquisador para interpretar o
que está se propondo a comunicar.
Neste contexto, pense no trabalho científico, em determinada linha de
pesquisa, na forma de um discurso completo, sendo um documento dissertativo
em que se pretende demonstrar, por meio de argumentos, os resultados para
um determinado problema de pesquisa relacionado a um tema selecionado
(SEVERINO, 2002).
Percebe-se a necessidade de apresentar esta argumentação de forma
lógica a fim de que possa ser comunicada da melhor maneira possível. Assim,
a atividade de raciocínio, ou seja, o encadeamento lógico do conteúdo do
trabalho científico é necessário na produção de conhecimento científico.
Ao escrever o trabalho científico, deve-se identificar para qual evento
ou publicação será destinado para que se possa seguir as exigências e forma
de escrita.
Capítulo 6
171Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
Segundo Lakatos e Marconi (2006), a escrita deve iniciar após o autor ter
claro o que deseja fazer e, para isso, sugere a criação de um plano que facilite
o direcionamento do trabalho. Os autores sugerem cuidar com o tema para
que seja delimitado e não caia na armadilha de escolher algo complexo ou
extenso demais.
Em se tratando do texto que será apresentado na comunicação científica,
Salomon e Robert Barras (apud LAKATOS e MARCONI, 2006, p. 257) apontam
os requisitos considerados básicos:
a) exatidão;
b) clareza;
c) simplicidade;
d) correção gramatical;
e) linguagem objetiva e estilo direto;
f) equilíbrio na disposição e tamanho das partes;
g) emprego da linguagem técnica necessária, evitando-se o preciosismo
e a pretensão;
h) apresentação dos recursos técnicos de redação para que a apresentação
atinja o melhor fim;
i) imparcialidade: indicações de como os dados foram coletados e
apresentar com clareza seus argumentos;
j) ordem: obedecer a uma ordem lógica;
k) acuidade: o autor deve se preocupar com o que escreve procurando
ser o mais fiel possível ao resultado do que foi pesquisado, evitando
afirmações absolutas e mantendo precisão nas mensurações e cuidado
no registro de observações.
Capítulo 6
172 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
É importante que você se preocupe com o texto que vai produzir,
pois ele está apresentado o resultado de seu trabalho como pesquisador.
Para que isto ocorra de forma correta, é preciso muita atenção, evitando
informar dados errados, expressões de juízo de valor, afirmações que
expressem o sempre, nunca, de forma a não invalidar a pesquisa. A
atenção ao que se escreve deve ser total, pois, às vezes, uma única palavra
pode mudar todo o sentido do texto e inviabilizar o que você passou
meses investigando.
As indicações para a escrita do trabalho são várias; alguns autores
sugerem que o autor livremente escreva seu texto sem se preocupar com
ordenação e que, em um segundo momento, faça a ordenação do texto
procurando deixá-lo o mais compreensível possível. Outros autores sugerem
que o texto, desde o início, seja escrito de maneira uniforme, observando
ordenação e lógica de raciocínio.
Independente da forma que você escolha para desenvolver seu tema,
deve lembrar que o seu desejo é comunicar aos leitores seu trabalho, fruto
de uma pesquisa que lhe fez investir muito tempo e dedicação. Portanto,
deve ser o melhor texto que for capaz de escrever e, se sentir necessidade,
pode solicitar ajudar de um especialista em escrita para revisar o trabalho
científico desenvolvido.
Cabe ressaltar que este tipo de trabalho envolve regras para sua
elaboração, sendo que as etapas a serem desenvolvidas são complexas
com diferentes procedimentos. A estrutura difere dependendo do local de
publicação do trabalho científico desenvolvido (FACHIN, 2001).
A academia é onde vislumbramos, de forma clara, a primeira
oportunidade de desenvolver trabalhos científicos. Isto porque é durante esta
fase que desenvolvemos várias atividades que nos impulsionam ao processo
de investigação. Neste sentido, temos os trabalhos acadêmico-científicos, que
contribuem tanto para a vida acadêmica quanto para o desenvolvimento das
atividades profissionais. São assim chamados por serem utilizados tanto na
academia quanto no destino à contribuição científica.
São vários os tipos de trabalhos acadêmico-científicos que você pode
desenvolver, como pode verificar na figura 2.
Capítulo 6
173Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
Memorial Monografi a
Relatórios
Trabalho de
conclusão de curso
Dissertação
Artigo
científi co
Tese
Figura 2 - Alguns tipos de trabalhos científi cosFonte: adaptada de Medeiros (2005), Azevedo (2001), Lakatos e Marconi (2007).
Observando a figura 2, pode-se perceber algumas das diversas formas
de trabalho científico, sendo trabalhos também solicitados na vida acadêmica.
O que define quais das opções você selecionará será o local em que você
apresentará o trabalho. No caso de ser um trabalho desenvolvido no final de
um curso de graduação chamamos trabalho de conclusão de curso ou se for
apresentado em um congresso pode ser um artigo científico.
Os tópicos que seguem apresentarão trabalhos acadêmico-científicos
relevantes na caminhada científica, alguns indicados na figura 2.
6.2.2 Memorial
A se julgar pelo nome, pode-se dizer que se refere à memória de
algo. Considerando a academia, refere-se à escrita de memórias ou relatos
de momentos memoráveis relacionados à vida acadêmica de determinado
pesquisador ou com pretensão a tal.
De acordo com Severino (2002, p. 175), este tipo de trabalho é considerado
“uma autobiografia, configurando-se como uma narrativa simultaneamente
histórica e reflexiva”. O autor ainda afirma que sua composição baseia-se em
um relato histórico, analítico e crítico, que apresente fatos e acontecimentos
por meio dos quais possa apresentar a vida acadêmico-profissional de alguém.
Cabe ressaltar que o relato de vida é descrito pelo próprio autor que deve
decidir quais fatos ou acontecimentos apresentar a partir de sua importância,
considerando sua trajetória acadêmico-profissional. O autor deve se preocupar
também em apresentar seus planos em relação à vida profissional e acadêmico-
científica, de forma, inclusive, a desenhar os resultados que almeja.
Severino (2002) apresenta alguns aspectos relevantes a serem
considerados na criação de um memorial:
Capítulo 6
174 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
• utilizar a primeira pessoa do singular;
• resumir momentos marcantes e selecionar os mais importantes fazendo
descrições destes. Torna-se importante usar um relato cronológico;
• destacar as experiências profissionais avaliando os resultados em sua vida;
• descrever informações relativas: a sua formação, como cursos, estágios;
ao ensino, como participação em congressos ou outros eventos
científicos, orientação de trabalhos de final de curso e pesquisas;
a atividades de extensão, técnico-científicas, artístico-culturais; e
atividade administrativas, como comitês, coordenações;
• apresentar a produção científica e, por meio desta, demonstrar
seu aprimoramento intelectual, destacando o que foi aprendido e
construído em termo de conhecimento;
• os momentos podem ser indicados utilizando tópicos ou subtópicos,
se o autor considerar necessário;
• finalizar o documento apresentando novas perspectivas conforme a
história escrita no memorial e também o objetivo para o qual está
sendo desenvolvido.
Muita atenção para não transformar seu memorial em uma panaceia
de elogios a si próprio ou, ao contrário, se desmerecer ao máximo. Procure
apresentar o que realmente ocorreu em sua vida acadêmica e profissional e
seu memorial apresentará um relato autêntico e criterioso.
6.2.3 Monografi a
O período em que um estudante passa pela universidade é marcante em
sua vida por transformações produzidas em seu aprendizado, em suas atitudes
e valores, até em fatores psicológicos e sociais e em seu desenvolvimento moral
(MATTAR, 2008).
Durante o tempo de academia, você aprende sobre as mais variadas
disciplinas em seu campo de estudo e precisa, acima de tudo, ter acesso e
compreensão dos conhecimentos científicos apresentados por seus professores.
Capítulo 6
175Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
O primeiro nível universitário é a graduação acessada após sua aprovação
no ensino médio. Após a finalização desta etapa, o aluno pode optar por
continuar seus estudos, partindo para atividades de pós-graduação, como
especialização, mestrado ou doutorado.
Por ser a pesquisa um dos aspectos que caracteriza a universidade, as
atividades desenvolvidas neste âmbito pressupõem a busca pela investigação
científica por meio de trabalhos acadêmico-científicos.
A monografia é um destes trabalhos e é compreendida de forma literal,
considerando a sua nomenclatura, como um trabalho escrito especificamente
sobre um tema único.
Para Lakatos e Marconi (2006, p. 237), é a “descrição ou tratado especial
de determinada parte de uma ciência qualquer”. Os autores (2006, p. 237)
ainda afirmam que é “um estudo sobre um tema específico ou particular, com
suficiente valor representativo e que obedece a rigorosa metodologia”.
Medeiros (2005, p. 248) explica que a monografia “é uma dissertação
que trata de um assunto particular, de forma sistemática e completa”. Neste
sentido, pretende conhecer um assunto ao extremo de forma a apresentar
provas de sua veracidade por meio de resultados obtidos em pesquisa
metodologicamente embasada.
Lakatos e Marconi (2006) mencionam as características são consideradas
essenciais em uma monografia:
• um tipo de trabalho que deve ser escrito de forma sistemática e completa;
• deve ser constituído de um tema específico ou particular, bem
delimitado e referente a uma ciência ou área de estudo;
• o estudo apresentado em um monografia deve ser exaustivo e
considerar os pormenores existentes, aprofundando e explorando as
diferentes especificidades do problema pesquisado;
• a limitação do tema deve ser considerada, sendo que o tratamento
deve ser extenso em profundidade de conhecimento, mas não em
alcance. A falta de foco e abertura de tema prejudica a pesquisa;
Capítulo 6
176 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
• definir uma metodologia de trabalho específica é crucial para o
desenvolvimento adequado do trabalho;
• preocupar-se em estudar um tema que seja de contribuição relevante
para a ciência.
A qualidade é o fator primordial em um trabalho de pesquisa
monográfico, por isso a delimitação do tema é tão relevante. Os
objetivos proposto na pesquisa e a obtenção destes vão indicar o nível de
pesquisa alcançado.
Lakatos e Marconi (2006) explicam que alguns autores dividem as
monografias em dois grupos, como apresentado na figura 3.
MONOGRAFIAS CIENTÍFICASMONOGRAFIAS ESCOLARES
• Trabalho apresentado ao final do mestrado.
• Trabalhos didáticos.
• Construídos por alunos iniciantes.
Figura 3 - Tipos de monografi aFonte: adaptada de Lakatos e Marconi (2006).
Independente das definições dos autores, é preciso reconhecer que
principalmente a partir da graduação, os alunos estão fadados à construção
de trabalhos acadêmico-científicos para que possam evoluir no que se refere
ao âmbito universitário. Entre estes, a monografia ocupa um papel singular e,
dependendo do grau de alcance, pode ser utilizada e exigida para formação
pelo programa de estudo em que você pode estar inserido, embora com
nome diferenciado.
De acordo com Medeiros (2005), as monografias podem ser solicitadas e
exigidas nos graus conforme apresenta a figura 4.
Capítulo 6
177Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
Dissertação
Mestrado
Monografi a
Tese
Doutorado
TCC
Graduação
Figura 4 - Graus de aplicação da monografi aFonte: adaptada de Medeiros (2005).
Na graduação, ao final do curso escolhido, o acadêmico geralmente
precisa escrever um texto referente a uma pesquisa, que pode ser apenas
uma pesquisa bibliográfica, a qual se chama de TCC ou Trabalho de Conclusão
de Curso. Algumas outras nomenclaturas são Trabalho de Graduação
Interdisciplinar (TGI), Trabalho de Iniciação Científica (TIC), entre outras,
dependendo da instituição de ensino. A mesma variação é considerada para
os cursos de aperfeiçoamento e especialização.
Quando o aluno avança e decide realizar um curso de mestrado, terá
que desenvolver um trabalho monográfico denominado dissertação, em
que não bastará mais apenas a pesquisa bibliográfica. Terá que se valer de
recursos metodológicos de pesquisa e demonstrar conhecimento sobre o tema
e resultados coletados.
Para se consagrar doutor, o acadêmico terá que se aprofundar ainda
mais em seus conhecimentos e estudos, desenvolvendo uma monografia que
conterá argumentação e provas dos resultados obtidos, assim como ineditismo
no tema escolhido, criando uma tese.
Lakatos e Marconi (2006) afirmam que, independente do tipo de
monografia, considerando suas diferenciações, estas devem apresentar como
aspectos em suas estruturas os itens apresentados na figura 5.
Capítulo 6
178 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
Introdução
Desenvolvimento
Conclusão
Figura 5 - Estrutura da monografi aFonte: adaptada de Lakatos e Marconi (2006); Severino (2002).
Na introdução da monografia, você deve se preocupar em evidenciar,
de forma clara, o tema que irá pesquisar, enfocando o problema de pesquisa
que deseja solucionar, os objetivos e justificativa do motivo de realizar tal
pesquisa. Pode ainda mencionar estudos semelhantes realizados sobre o
tema e a metodologia de pesquisa adotada. Segundo Severino (2002, p. 83),
“lendo a introdução, o leitor deve sentir-se esclarecido a respeito do teor da
problematização do tema do trabalho, assim como a respeito da natureza do
raciocínio a ser desenvolvido”.
Em se tratando de desenvolvimento, o autor da monografia deve se
preocupar em apresentar, de forma lógica, o que foi desenvolvido no trabalho
de investigação. Para Severino (2002), esta fase refere-se ao corpo do trabalho
e deve ter sua estrutura de acordo com as necessidades identificadas e situadas
na introdução.
Na fase de conclusão, a preocupação do acadêmico consiste em resumir
o que foi apresentado no trabalho, com argumentos e reflexões sobre o
trabalho, incluindo introdução e desenvolvimento. Como confirma Severino
(2002, p. 83), esta etapa “será breve e visará recapitular sinteticamente os
resultados da pesquisa elaborada até então”.
O grau de aprofundamento e de reflexão exigidos nas etapas
apresentadas dependerá do nível em que o acadêmico está pretendendo
chegar, seja graduação, especialização, mestrado ou doutorado.
Cabe ressaltar que, em um trabalho monográfico de TCC, especialização,
mestrado ou doutorado, tem-se a figura do orientador. Este se constitui de um
professor com grau de graduação acima do que está sendo vislumbrado pelo
acadêmico e conhecedor do assunto em estudo. Este professor irá nortear o
aluno para que possa desenvolver seu trabalho, porém o acadêmico precisa
saber que existe um nível de autonomia necessário e exigido neste processo.
Capítulo 6
179Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
Como o nome sugere, na atividade de orientação, o professor
apresentará ao acadêmico o caminho ou caminhos a seguir, mas cabe ao
aluno fazer escolhas e justificá-las. Quanto maior o grau a ser obtido, maior
a exigência de autonomia.
Severino (2002) afirma que o importante é que este processo
seja uma relação educativa em que o professor com experiência maior
interage com o orientando, que está em processo de construção. Ocorre
um relacionamento entre pesquisadores de níveis diferentes em que
ambos devem aprender, mas a responsabilidade em desenvolver o trabalho
é do aluno.
O orientando deve desenvolver seu trabalho na medida em que seu
orientador estará discutindo e chamando a atenção do aluno quanto à
coerência de seu trabalho conforme o alcance dos objetivos, o foco no tema,
conceitos equivocados, juízos de valor, falta de objetividade, entre outras
inconsistências encontradas no trabalho do acadêmico.
A estrutura de um trabalho acadêmico-científico será apresentada em detalhes no próximo capítulo, em que você também conhecerá uma apresentação gráfica genérica destes trabalhos. As normas de apresentação para este tipo de trabalho são apresentadas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Algumas instituições de ensino, com base no que indica esta Associação, desenvolvem seu manual de orientação para trabalhos acadêmico-científicos.
SAIBA QUE
6.2.4 Trabalho de conclusão de curso (TCC)
Esta nomenclatura pode ser usada em trabalhos de cursos de graduação
e também de especialização, referindo-se ao documento que deve ser
produzido ao final do curso como requisito para obtenção de determinado
grau na academia.
Capítulo 6
180 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
Acredita-se que esse tipo de trabalho de investigação possibilita ao aluno
conhecer com maior profundidade determinado tema selecionado segundo
suas aptidões e interesses. Além disso, possibilita que o aluno desenvolva a
capacidade de coletar, organizar e relatar dados e informações obtidas em
sua pesquisa e posterior análise, produzindo resultados preciosos. (LAKATOS
e MARCONI, 2006).
A NBR 14724 da ABNT (2002 apud MEDEIROS, 2005, p. 249) define TCC
como um:
documento que representa o resultado de estudo, devendo expressar conhecimento do assunto escolhido, que deve ser obrigatoriamente emanado da disciplina, módulo, estudo independente, curso, programa e outros ministrados. Deve ser feito sob a coordenação de um orientador.
Cabe ressaltar que este tipo de trabalho científico deve seguir um raciocínio
lógico, ser dissertativo e monográfico. A preocupação do autor deve se concentrar
em demonstrar no documento escrito o tema selecionado para seu estudo.
Como acadêmico, ao realizar a escolha do tema de pesquisa, você deve
se preocupar que este esteja relacionado aos conteúdos apresentados no
curso, focando no que foi abordado durante sua trajetória acadêmica.
Atualmente, os TCCs são entregues em forma digital e algumas
universidades disponibilizam os trabalhos em seus sites - na biblioteca
especificamente. Desta forma, fica mais fácil o acesso às informações sobre
assuntos específicos que você esteja pesquisando. Além disso, possibilita que
você já se familiarize com um tipo de trabalho científico bastante comum e
aplicado em instituições de ensino superior.
6.2.5 Dissertação
Outro tipo de trabalho acadêmico destacado é a dissertação, que emana
do curso de mestrado. Ao decidir ingressar em um programa de mestrado,
você deve estar ciente de que, por se tratar de um grau acima da graduação
e especialização, será exigido do acadêmico uma monografia com maior rigor
de cientificidade.
Capítulo 6
181Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
Severino (2002, p. 151) afirma que a dissertação é a “comunicação dos
resultados de uma pesquisa e de uma reflexão, que versa sobre um tema
igualmente único e delimitado”.
De acordo com o entendimento de Lakatos e Marconi (2006, p. 240), a
dissertação pode ser considerada “um estudo teórico, de natureza reflexiva,
requer sistematização, ordenação e interpretação dos dados. Por ser um
estudo formal, exige metodologia própria do trabalho científico”.
Em relação ao TCC, a dissertação tem um grau mais elevado por exigir mais do
que a revisão de literatura. Conforme Medeiros (2005), na dissertação, o autor deve
ser capaz de apresentar novas aplicações ou estudos para fatos ou acontecimentos
já existentes ou pesquisados. Não há obrigatoriedade de ineditismo.
Durante o desenvolvimento da dissertação de mestrado, o acadêmico
terá um professor orientador para auxiliá-lo no desenvolvimento deste
trabalho científico. Após a finalização, deverá apresentá-lo a uma banca de
professores que farão arguições e questionamentos acerca do que foi escrito
sobre a pesquisa realizada. Se aprovado pelos professores da banca e nas
outras disciplinas do curso, o acadêmico terá obtido o título de mestre na área
de estudo em que o desenvolveu.
Lakatos e Marconi (2006, p. 241) lembram que, “além dos aspectos de
qualidade, existem as limitações de tempo, de fundos, e de esforços, que
geralmente restringem a extensão e a quantidade do estudo [...]”. Neste caso,
quando da avaliação deste tipo de trabalho, isto deve ser considerado, assim
como a possibilidade de continuidade de estudo por não ter extinguido todas
as possibilidades de investigação.
Cabe ressaltar e reforçar que a dissertação não pode e não deve apenas
explanar um tema ou assunto escolhido para estudo ou investigação, mas
deve apresentar proposições, raciocínios lógicos, reflexões e interpretações
baseadas em estudos e dados coletados no processo de pesquisa.
Capítulo 6
182 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
Você já ouviu falar em Lato Sensu e Stricto Sensu? Caso não tenha ouvido, por estar no meio acadêmico, é importante que conheça estas expressões e saiba do que se trata. Lato Sensu refere-se à pós-graduação, envolvendo cursos como MBA (com duração mínima de 360h) e cursos de especialização. O Stricto Sensu compreende os programas de mestrado e doutorado. Da mesma forma, ao final do curso, o aluno sai diplomado (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2010).
SAIBA QUE
6.2.6 Tese
A tese é uma monografia de caráter obrigatório aos alunos que
frequentam programas de doutorado. Ao final do curso, o acadêmico deve
desenvolver um trabalho que atenda às exigências do programa em questão,
como fundamentação teórica, metodologia e uma argumentação rigorosa dos
resultados obtidos na pesquisa.
Considerando o que determina a NBR 14724, norma da ABNT (2002 apud
MEDEIROS, 2005, p. 253), tese é definida como um
documento que representa o resultado de um trabalho experimental ou exposição de um estudo científico de tema único e bem delimitado. Deve ser elaborado com base em investigação original, constituindo-se em real contribuição para a especialidade em questão. É feito sob a coordenação de um orientador (doutor) e visa à obtenção do título de doutor, ou similar.
Pelo conceito apresentado, percebe-se a relevância de uma tese. Isto é
confirmado pela afirmação de Severino (2002, p. 150) quando explica que
a tese de doutorado é considerada o tipo mais representativo de trabalho científico monográfico. Trata-se da abordagem de um único tema, que exige pesquisa própria da área científica em que se situa, com os instrumentos metodológicos específicos.
Capítulo 6
183Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
Lakatos e Marconi (2006, p. 246) afirmam que há vários conceitos
sobre tese e a definem como “um tipo de trabalho científico que levanta,
coloca e soluciona problemas; argumenta razões baseadas na evidência
dos fatos, com o objetivo de provar se as hipóteses levantadas são falsas
ou verdadeiras”.
Cabe ressaltar que a tese de doutorado requer um trabalho original e
inédito de investigação. O acadêmico deve conhecer com profundidade o
tema escolhido e estudado, demonstrando sua capacidade de investigação.
A fim de auxiliar no processo de criação da tese, Lakatos e Marconi
(2006) sugerem três regras básicas ao doutorando:
• precisão: no desenvolvimento do trabalho, o autor deve estar
atento a todas as informações que farão parte da pesquisa, desde
os fundamentos teóricos até os dados coletados, a fim de garantir
informações verdadeiras e adequadas à investigação;
• exaustão: o autor deve se utilizar de leitura proveitosa para que possa
estudar até as últimas possibilidades o assunto, sempre registrando
informações ou dados que possam ser úteis no desenvolvimento do
trabalho em concordância com o tema de pesquisa;
• clareza: neste item, a preocupação do autor deve ser em apresentar
um trabalho de qualidade em que aspectos como análise e reflexão
estejam presentes no documento escrito, permitindo a quem
realizar sua leitura verificar informação, explicação e descrição
sobre o tema investigado.
Quando você estiver escrevendo, lembre-se: o objetivo é que o leitor,
ao ter contato com seu texto, acesse informações compreensíveis e que,
principalmente, sejam verdadeiras e coerentes ao tema selecionado para seu
processo investigatório. Considerando a estrutura de uma monografia, pode-
se dizer que se deseja que introdução, desenvolvimento e conclusão estejam
em perfeita harmonia durante a leitura da tese.
Capítulo 6
184 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
EXPLORANDOEXPLORANDO
Além dos TCCs, algumas instituições disponibilizam também em suas bibliotecas online ou em seus portais acesso a sua base de dados de dissertações e teses. Acessando o site <http://www.bdtd.uerj.br> você poderá conferir e até mesmo pesquisar o que existe de teses e dissertações sobre temas de seu interesse naquela instituição. Não perca tempo e acesse o site para conhecer a base apresentada.
6.2.7 Artigo
Os artigos, conforme Lakatos e Marconi (2006, p. 261), “são pequenos
estudos, porém completos, que tratam de uma questão verdadeiramente
científica, mas que não se constituem em matéria de um livro”.
Conforme afirmação de Azevedo (2001, p. 82), “artigo científico é
um texto escrito para ser publicado num periódico especializado e tem o
objetivo de comunicar os dados de uma pesquisa, seja ela experimental, quase
experimental ou documental”.
De acordo com Medeiros (2005), o artigo científico trata de problemas
científicos, embora de extensão relativamente pequena. Apresenta o resultado
de estudos e pesquisas. E, em geral, é publicado em revistas, jornais ou outro
periódico especializado.
Logo, é possível perceber que o artigo científico tem um tamanho
relativamente menor do que as monografias, mas também relatam e descrevem
resultados científicos de pesquisas realizadas. Muitas vezes, os artigos são
desenvolvidos com base em TCC, dissertação ou tese finalizados que são
colocados desta forma para a sua divulgação na comunidade científica.
Medeiros (2005) apresenta uma classificação para os artigos científicos,
que consta na figura a seguir.
Capítulo 6
185Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
Artigo analítico
Artigo classifi catório
Artigo argumentativo
Figura 6 -Classifi cação dos artigosFonte: adaptada de Medeiros (2005).
No artigo analítico, o autor descreve, classifica e define o tema que foi
pesquisado e está sendo apresentado considerando a forma e o objetivo que
se está demonstrando.
O segundo tipo de artigo, chamado classificatório, tem foco em uma
ordenação de aspectos relativos a um tema específico e a explicação das partes
que compõem o artigo.
Por fim, o artigo argumentativo apresenta um estudo aprofundado
do conteúdo de investigação e tem, em seu desenvolvimento, o foco em um
argumento. Na sequência, há a preocupação em apresentar os fatos de estudo
e que provam ou refutam o que foi investigado.
A estrutura básica segue o que foi comentado para a monografia:
introdução, desenvolvimento e conclusão. No entanto, apresenta uma estrutura
mais “enxuta” que pode variar de acordo com a área de conhecimento.
Azevedo (2001) e Lakatos e Marconi (2006) sugerem alguns aspectos relativos
à estrutura de um artigo científico, conforme figura 7.
RESUMOCORPO DO
ARTIGO
PARTE
REFERENCIALPRELIMINARES
Sinopse do texto que será apresentado
Onde o tema será apresentado
Em que se descreve as fontes de pesquisa utilizadas
Identificam os autores
Figura 7 - Partes da estrutura de um artigo científi coFonte: adaptada de Azevedo (2001); Lakatos e Marconi (2006).
Os tópicos preliminares apresentam cabeçalho, em que se deve escrever o
título e, caso houver, subtítulo do artigo; autor ou autores que desenvolveram
o artigo; a descrição das credenciais do autor ou autores; o local de atividade
do autor que está enviando o trabalho.
Capítulo 6
186 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
No resumo, o autor deve, de forma sucinta, descrever do que se trata o
artigo de forma a despertar o interesse do leitor para que realize a leitura do
texto de forma completa.
O corpo do artigo inclui o desenvolvimento, em que há a exposição,
explicação e demonstração do conteúdo que foi investigado.
Por fim, as referências fazem menção às fontes de pesquisa utilizadas
para escrever o texto do artigo no que se refere aos referenciais teóricos. A
parte referencial contempla também os anexos ou apêndices necessários ao
entendimento e análise de seu artigo.
Em se tratando do corpo do artigo, as partes se diferenciam dependendo
do tema, mas de forma geral pode-se indicar (AZEVEDO, 2001; LAKATOS e
MARCONI, 2006):
• Introdução: este item, apresentado na estrutura de monografia,
contempla a apresentação do tema escolhido, o problema de pesquisa,
objetivos de investigação e justificativa do que foi escolhido para estudo.
• Revisão de literatura: refere-se à apresentação de conteúdo e teoria
sobre o tema de estudo já produzido por outros autores.
• Material e método: o autor deve apresentar a metodologia utilizada
envolvendo caracterização da pesquisa, instrumentos de coleta e
análise de dados.
• Resultados e discussão: este item apresenta os dados e informações
resultantes da pesquisa, assim como análise, explicação e comentário
a respeito destes.
• Conclusões: o autor deve apresentar, de forma sucinta, os resultados
obtidos na pesquisa, considerando os objetivos iniciais que nortearam
a investigação.
Com relação ao conteúdo apresentado no artigo, Lakatos e
Marconi (2006) apontam aspectos relevantes a serem considerados no
desenvolvimento: apresentar estudo pessoal ou contrário ao que já
existe na comunidade acadêmica; basear-se em situações em que há
Capítulo 6
187Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
respostas controversas e apresentar soluções para tal; apresentar o
conteúdo ao público específico do tema escolhido para identificar a
opinião destes sobre o que foi pesquisado; é interessante apresentar
resultados de outras pesquisas que possam ser relevantes ao que se está
estudando e descrevendo no artigo; considerar os leitores do artigo ao
desenvolver o texto.
Cabe ressaltar que o formato dos artigos dependerá do local para o
qual será enviado, como eventos, revistas ou periódicos. Ao enviar seu artigo
para uma destas opções, lembre-se que deve ser inédito, ou seja, não se pode
publicar o mesmo artigo em dois locais diferentes. Após o encaminhamento
do artigo, este precisa ser aprovado para que haja publicação.
Para aceitação, alguns critérios são observados, conforme indica
Azevedo (2001): estar adequado ao formato e escopo do evento ou periódico
ao qual enviou; ter qualidade suficiente de acordo com o exigido e julgado
pela comissão editorial e estar de acordo com as diretrizes indicadas pela
coordenação do evento ou periódico.
Em algumas instituições de ensino superior, o artigo pode ser adotado
como trabalho de conclusão de curso em vez da monografia. É uma opção
da instituição e do curso selecionar a melhor forma de o aluno demonstrar
os conhecimentos aprendidos ao longo do curso de graduação e sua vida
acadêmica neste nível de estudo.
Lakatos e Marconi (2006) argumentam que, em vários momentos e
situações, é possível motivar os alunos a escrever um artigo científico, como:
• Encontrar soluções variadas para temas que já foram estudados
profundamente ou empreender em um assunto que ainda não
apresenta muitas pesquisas ou materiais a respeito.
• Estudar algo que já foi estudado há muito tempo, mas apresentá-lo
sob nova perspectiva.
• Aprofundar os conhecimentos em um assunto cujo material que
se encontra disponível não possui informações suficientes que
possibilitem a edição de um livro.
Capítulo 6
188 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
• Utilizar questões que, em um primeiro momento frente ao tema
estudado, são secundárias, mas que, em pesquisa seguinte, poderão
ser o foco da investigação.
• Solucionar um erro encontrado em uma pesquisa de modo a refutar
a primeira investigação realizada. O pesquisador busca encontrar
respostas ao erro apresentado.
Por fim, cabe salientar que a avaliação dos artigos é realizada observando e
considerando os seguintes aspectos: a acessibilidade da linguagem empregada,
sua qualidade, originalidade, apresentação das fontes de pesquisa aplicadas,
exatidão dos dados de pesquisa apresentados, conhecimento suficiente do
tema e a redação do texto de forma clara, coerente e objetiva.
6.3 Aplicando a teoria na prática
Como vimos, um memorial descreve a vida profissional e científica de seu
autor, podendo ser utilizado para vários fins, como participação em processo
seletivo de um programa de mestrado ou de doutorado, ou até concorrer à
obtenção de uma vaga de professor em uma universidade. É importante que
as informações apresentadas retratem a realidade de sua vida de uma forma
clara, sendo fiel aos acontecimentos vividos e experimentados.
Desta forma, nossa aplicação prática sugere que você desenvolva
um memorial a seu respeito considerando suas atividades acadêmicas até
o momento, bem como as atividades profissionais desenvolvidas ao longo
de sua história de vida. Considere que o objetivo é conseguir uma bolsa
de estudos na universidade, um estágio ou até mesmo uma atividade de
monitoria na universidade.
Lembre-se de cuidar para não fazer propaganda a seu respeito
aparentado algo que você, na verdade, não é. Utilize a cronologia para deixar
claro quando cada evento ocorreu. Procure focar nas atividades acadêmicas e
profissionais, como solicita o exercício.
Capítulo 6
189Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
6.3.1 Resolvendo
Para resolver este estudo utilizarei informações fictícias na criação do
memorial. Você, baseado nas informações, poderá adaptá-las ao seu caso.
Este memorial descritivo tem como objetivo apresentar a minha trajetória acadêmica e profissional até a presente data. Quando resolvi elaborá-lo, considerei as condições e situações que me levaram a trilhar o caminho que descrevo por meio das atividades estudantis e profissionais. Sua apresentação vislumbra a obtenção da bolsa de estudos que poderá ajudar na concretização de meu desejo de cumprir mais uma etapa intelectual de minha vida, que é a graduação.
I. IDENTIFICAÇÃO
1.1 Nome: Pedro dos Santos.
1.2 Formação atual: ensino médio - cursando graduação
II. ENSINO MÉDIO
Em 2006, ingressei no ensino médio na Escola Básica Jasmim das Flores. Durante os três anos de estudo, fui um aluno mediano e nunca tive problemas para aprovação nas séries desta fase. Destaco-me em disciplinas de matemática e física, embora mantenha uma média nas demais. No final de 2008 me formei no ensino médio e já sonhava em frequentar uma universidade.
III. GRADUAÇÃO
No ano de 2009, prestei vestibular, mas não consegui aprovação para o curso de administração que tanto sonhava. No ano seguinte, mesmo estando no mercado de trabalho, continuei estudando para ingressar em um curso superior. Em 2010, fui aprovado no vestibular para o curso que desejava e, desde então, dedico o máximo de tempo que posso aos estudos.
IV. ATIVIDADES PROFISSIONAIS
2009 – atuei como assistente administrativo em uma pequena empresa.
2008 – em uma empresa do ramo alimentício, atuei como office-boy; neste mesmo ano me dediquei a dar aulas particulares de matemáticas a alunos que frequentavam anos anteriores ao que eu estava.
2007 – iniciei minhas atividades profissionais neste ano atuando como auxiliar administrativo na loja de um vizinho de minha família que, sabendo de meu interesse, me ofereceu o emprego temporário.
Capítulo 6
190 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
V. PARTICIPAÇÃO EM CURSOS
2009 – Participei de um curso de matemática financeira oportunizado pela empresa em que desenvolvia minhas atividades neste ano.
2008 – Estudei em um curso de dois meses as regras básicas para o atendimento ao público; neste mesmo ano, iniciei o curso de técnicas administrativas.
2007 – Curso de informática avançada.
2006 – Por mérito na escola, ganhei um curso de informática básica.
Livramento, 20 de agosto de 2010.
Pedro dos Santos
6.4 Para saber mais
Sugiro que você consulte as seguintes fontes:
Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações: <http://bdtd.ibict.br>
O IBICT (Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia)
disponibiliza e mantém um banco de teses e dissertações de várias
universidades de todo o país que compõem o consórcio BDTD. Acessando o
site, você poderá pesquisar temas de seu interesse cuja busca será realizada
observando as diferentes universidades do país que fazem parte do
consórcio BDTD. Imagine a gama de conhecimento científico que você pode
acessar e estar em contato neste meio de comunicação virtual. Pense em
quantas pesquisas você poderá verificar a teoria aplicada na prática nestes
documentos que poderão lhe auxiliar em seu processo de aprendizagem e
aprofundamento de conhecimento.
AZEVEDO, I. B. de. O prazer da produção científica: diretrizes para elaboração
de trabalhos acadêmicos. 10. ed. rev. e atual. São Paulo: Hagnos, 2001.
O livro apresenta diretrizes para elaboração de trabalhos acadêmicos e
científicos. Aborda a estrutura e etapas destes documentos de forma simples
e de fácil compreensão. Além disso, traz exemplos e modelos que podem lhe
ajudar na criação e desenvolvimento de seus trabalhos. Uma leitura deste livro
reforçará os conceitos apresentados nesta aula e também no capítulo anterior.
Que tal uma ida à biblioteca ou a uma livraria?
Capítulo 6
191Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
ANPAD - Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração:
<http://www.anpad.org.br/>
De acordo com seu site, esta associação reúne interessados na
área de gestão e tem seu trabalho pautado na promoção do ensino e
da pesquisa e também se preocupa com a produção de conhecimento
voltado às áreas das ciências administrativas, contábeis e afins no Brasil.
No site, você pode verificar alguns periódicos coordenados pela ANPAD
e eventos realizados e para os quais você pode enviar artigos científicos
para aprovação e posterior publicação. Talvez não seja neste momento,
mas daqui a algum tempo, você pode se aventurar em parceria com um
professor e, quem sabe, enviar um trabalho científico produzido por você
para um periódico ou evento.
Revista Eletrônica de Ciências Contábeis: <http://www.revista.inf.br/contabeis/>
Esta revista foi desenvolvida com o intuito de publicação de trabalho
inéditos de pesquisa na área de Ciências Contábeis, considerando os alunos
e professores da FAEG/ACEG e de outras faculdades e universidade do
Brasil. A revista tem sua publicação pela Faculdade de Ciências Jurídicas
e Gerenciais e é mantida pela Associação Cultural e Educacional de Garça
(ACEG). Acesse o site da revista e verifique os artigos disponíveis e até
como você poderia enviar um arquivo para possível publicação. Procure
observar o formato solicitado, a forma de escrita, o número de páginas
para o artigo, entre outros detalhes.
Capítulo 6
192 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
6.5 Relembrando
O capítulo 6 apresentou:
• um relato a respeito dos trabalhos científicos tão relevantes para
divulgação da pesquisa realizada na academia. Você pode observar
do que tratam os trabalhos científicos, como devem ser desenvolvidos
e estruturados, assim como as formas como são apresentados;
• as várias formas de trabalho científico, e suas diferenciações: a
monografia (trabalho escrito sobre um só tema); o trabalho de conclusão
de curso (solicitado ao final de cursos de graduação e especialização);
a dissertação de mestrado (desenvolvida como requisito parcial para
obtenção do título de mestre) e tese de doutorado (desenvolvida
como requisito parcial para obtenção do título de doutor);
• o artigo científico, considerando suas características, objetivos,
estrutura, finalidade, entre outros aspectos. Além de apresentar
como este documento pode apresentar, de forma sucinta, a pesquisa
desenvolvida nas várias fases da vida acadêmica na graduação,
especialização, mestrado ou doutorado para publicação em meios
como periódicos, revistas ou eventos científicos.
Capítulo 6
193Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
6.6 Testando os seus conhecimentos
1) Considerando os tipos de artigos descritos, relacione a coluna da esquerda
com a da direita.
a) Analítico ( ) Preocupação em ordenar o tema estudado
e foco de pesquisa.
b) Classificatório ( ) Aprofundamento do conteúdo
investigado procurando discutir o que
foi pesquisado.
c) Argumentativo ( ) Tem como intuito descrever, classificar
e definir o assunto de acordo com os
objetivos traçados.
Assinale a alternativa que possui a sequência correta.
a) b, a, c d) a, b, c
b) c, a, b e) a, c, b
c) b, c, a
2) Em se tratando de trabalhos acadêmico-científicos e suas características,
selecione as assertivas corretas.
I. O trabalho chamado dissertação é desenvolvido no primeiro nível da
vida acadêmica.
II. No doutorado, o acadêmico precisa defender uma monografia que se
denomina tese.
III. Ao cursar uma especialização, o trabalho que pode ser solicitado ao
final do curso chama-se trabalho de conclusão de curso (TCC).
IV. Considera-se como primeiro grau na trajetória da vida acadêmica a
graduação.
Assinale a alternativa que apresenta apenas os itens verdadeiros:
Capítulo 6
194 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
a) II, III, IV
b) II, III
c) I, III
d) II, IV
e) I, II, IV
3) Em se tratando de trabalho científico, alguns aspectos devem ser considerados.
Assinale a alternativa em que não há referência a trabalho científico.
a) As informações disponíveis devem comunicar o que foi pesquisado.
b) Seu aspecto gráfico pode modificar dependendo de onde será
divulgado.
c) A finalidade é apresentar o resultado de pesquisa realizada.
d) No texto do trabalho científico, os leitores devem ser convidados à
leitura.
e) Faz uso de linguagem coloquial e informal.
4) Todas as monografias possuem uma estrutura básica, como apresentado no
texto, composta por introdução, desenvolvimento e conclusão. Explique o que
trata cada uma das partes.
5) Verificamos que os trabalhos científicos em nível de graduação,
especialização, mestrado e doutorado requerem a presença de um professor
orientador. Qual o papel fundamental deste professor?
Capítulo 6
195Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
Onde encontrar
AZEVEDO, I. B. de. O prazer da produção científica: diretrizes para elaboração
de trabalhos acadêmicos. 10. ed. rev. e atual. São Paulo: Hagnos, 2001.
FACHIN, O. Fundamentos da metodologia. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2001.
LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. de A. Metodologia científica. 6. ed. São Paulo:
Atlas, 2007.
______. Fundamentos de metodologia científica. 3. ed. rev. ampl. São Paulo:
Atlas, 2006.
MATTAR, J. Metodologia científica na era da informática. 3. ed. rev. atual. São
Paulo: Saraiva, 2008.
MEDEIROS, J. B. Redação científica: a prática de fichamentos, resumos,
resenhas. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2005.
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Qual a diferença entre pós-graduação lato sensu
e stricto sensu? Portal MEC. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br>. Acesso
em: 13 ago. 2010.
SEVERINO, A. J. Metodologia do trabalho científico. 22. ed. rev. ampl. São
Paulo: Cortez, 2002.
197Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
7.1 Contextualizando
Pensando no cerne da disciplina em que se busca a construção do
conhecimento obtido por meio de pesquisa científica, no capítulo 6, foram
apresentadas formas de demonstrar os resultados das pesquisas. Você
conheceu vários trabalhos científicos, entre estes: a monografia, o trabalho de
conclusão de curso (graduação ou especialização), a dissertação de mestrado,
tese de doutorado e o artigo.
Por meio da leitura do capítulo, você conheceu aspectos relacionados aos
trabalhos científicos, como conceitos, finalidade e formato dos documentos. Assim,
foi possível evidenciar as possibilidades em termos de documentos que podem ser
utilizados para a divulgação de sua pesquisa no meio acadêmico e científico.
Você também pôde perceber que alguns destes trabalhos são apresentados
para obtenção de graus específicos na vida acadêmica, como graduação,
especialização, mestrado e doutorado. Especificamente, você conheceu o
artigo, que é um documento utilizado para divulgação de trabalhos em eventos
(como congressos e seminários), em revistas e em periódicos específicos.
No entanto, em se tratando de vida acadêmica, estes formatos de
trabalho podem ser solicitados como atividades, com considerável grau de
exigência, funcionando como base a uma pesquisa bibliográfica, seja na forma
de um artigo ou do que chamamos de trabalho acadêmico.
Desse modo, este capítulo pretende apresentar as partes que compõem
os trabalhos acadêmico-científicos. Vimos que o artigo possui formato
próprio em virtude do local ou meio de divulgação ao qual será submetido.
APRESENTAÇÃO DE TRABALHOS ACADÊMICO-CIENTÍFICOS
CAPÍTULO 77
Capítulo 7
198 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
Você já conheceu o formato de memorial, e os demais trabalhos científicos
serão contemplados pelo modelo de trabalho acadêmico-científico,
apresentado neste capítulo.
7.2 Conhecendo a teoria
7.2.1 Estrutura de trabalhos acadêmico-científi cos
Os autores apresentam uma estrutura de trabalho acadêmico-científico
que obedece a determinadas regras para sua elaboração. Não há uma única
forma para desenvolvimento destes trabalhos, mas nas instituições acadêmicas,
tem-se preferência por seguir as orientações propostas pela Associação
Brasileira de Normas Técnicas – ABNT.
Neste sentido, os autores Cervo, Bervian e Silva (2007), Mattar (2008),
Fachin (2001) e Medeiros (2005) apresentam, em seus livros, estrutura baseada
na ABNT, pautados na norma que referencia os trabalhos acadêmicos, a NBR
14724, conforme indicado na figura 1.
Pré-textual
Textual
Pós-textual
Figura 1 - Partes da estrutura de um trabalho acadêmico-científi coFonte: adaptada de autores Cervo, Bervian e Silva (2007), Mattar (2008), Fachin (2001), Medeiros (2005).
Cada uma destas partes indicadas na figura 1 contempla uma série de
informações que devem ser apresentadas para que a estrutura do trabalho
acadêmico-científico esteja da forma adequada às regras da ABNT.
EXPLORANDOEXPLORANDO
É importante você ter contato com a Associação Brasileira de Normas Técnicas, saber que outras normas são propostas e em que outras áreas atua. Para tanto, convido você a explorar o site da ABNT, acessando <www.abnt.org.br>.
Capítulo 7
199Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
Durante a explicação destas informações, será possível observar que
algumas são obrigatórias e outras, opcionais. Esta decisão dependerá da
orientação da instituição de ensino e também do trabalho desenvolvido, já
que, em alguns casos, pode não se dispor da informação solicitada, e por isso
não será apresentada, como é o caso da lista de ilustrações.
As instituições também acabam por definir a sequência de apresentação
dos elementos considerando as partes especificadas na figura 1: pré-textual,
textual e pós-textual.
Antes de apresentar cada elemento, cabe destacar a formatação do
trabalho segundo a ABNT no que se refere aos trabalhos acadêmico-científicos:
• margens: superior 3,0 cm; inferior 2,0 cm; esquerda 3,0 cm; direita 2,0 cm;
• tamanho do papel: A4;
• orientação: Retrato;
• o texto deve ser escrito no seguinte formato: fonte Arial ou Times
New Roman; tamanho da fonte 12; parágrafo 1,25; entre linhas 1,5;
alinhamento justificado;
• títulos devem ter como tamanho de fonte: 14 e estar em caixa alta
(maiúscula) e os subtítulos em tamanho de fonte: 12;
• paginação: você deve começar a contar as páginas de seu trabalho a
partir da folha de rosto. Entretanto, a paginação só aparece a partir
dos elementos textuais.
No que se refere à formatação do trabalho, outras orientações
serão apresentadas na sequência do texto, conforme os elementos
forem aparecendo.
A figura 2 indica a sequência de elementos pré-textuais sugerida,
embora seja possível a instituição de ensino optar por mudanças conforme
necessidade ou adequação necessária.
Capítulo 7
200 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
Capa
Dedicatória
Resumo em língua vernácula
Lista de Ilustrações
Sumário
Folha de rosto
Agradecimentos
Resumo em língua estrangeira
Lista de Tabelas
Folha de aprovação
Epígrafe
Figura 2 - Elementos pré-textuaisFonte: adaptada de autores Cervo, Bervian e Silva (2007), Mattar (2008), Fachin (2001), Medeiros (2005).
Perceba, na figura 2, os elementos em vermelho; estes se referem aos que
não são obrigatórios no desenvolvimento de um trabalho acadêmico-científico.
Deve-se ressaltar que quando um trabalho tem intuito apenas acadêmico com
uso em uma disciplina, a folha de aprovação, resumo e o abstract também podem
ser excluídos, conforme orientação do professor. No entanto, em trabalhos como
monografias, TCCs, teses e dissertações, os itens em azul são indispensáveis.
A capa é o elemento que inicia o trabalho acadêmico-científico. Nesta
são identificados: a instituição de ensino à qual o trabalho é vinculado, o título
da obra elaborada, o autor do trabalho desenvolvido e o local e data em que
o trabalho foi realizado.
Capítulo 7
201Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
O modelo da capa será apresentado pela instituição, indicando suas
especificidades como indicação centro ou departamento, dependendo de
sua estrutura, mas basicamente a figura 3 apresenta como seria o formato
deste elemento.
3 cm
3 cm
NOME DA INSTITUIÇÃO DE ENSINO
CURSO
TIPO DE DOCUMENTO (DISSERTAÇÃO, TESE?)
TÍTULO DO TRABALHO
Subtítulo (se houver)
NOME DO AUTOR
LOCAL
ANO
2 cm
2 cm
Figura 3 - Modelo de capaFonte: adaptada de Cervo, Bervian e Silva (2007), Mattar (2008), Fachin (2001), Medeiros (2005).
A seguir, tem-se a chamada folha de rosto. Em semelhança à capa,
apresenta os elementos considerados essenciais para que seja possível
identificar o trabalho. No entanto, algumas informações são acrescidas,
como a área de concentração, orientador do trabalho, a natureza e o
objetivo do trabalho (MATTAR, 2008). Observe na figura 4 o modelo da
folha de rosto.
Capítulo 7
202 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
NOME DO AUTOR(A)
TÍTULO DO TRABALHO
Subtítulo (se houver)
NOME DO TRABALHO apresentado como requisito para obtenção do título (NOME DO TÍTULO) no curso de (NOME DO CURSO) da (NOME DA INSTITUIÇÃO).
Prof. orientador:
LOCAL
ANO
Figura 4 - Modelo de folha de rostoFonte: adaptada de Cervo, Bervian e Silva (2007), Mattar (2008), Fachin (2001), Medeiros (2005).
Cabe ressaltar a indicação de que, no verso da folha de rosto,
seja apresentada a ficha catalográfica da obra desenvolvida, porém
nos trabalhos utilizados somente em caráter acadêmico não há tal
necessidade (FACHIN, 2001). É mais utilizada em dissertações e teses que
são publicadas nas bibliotecas das instituições de ensino que fornecem
grau de mestre e doutor.
O próximo componente é a folha de aprovação, que deve conter os
seguintes dados: autor(a), título do trabalho por extenso, o subtítulo (caso
exista), o local e data de aprovação, o nome dos membros componentes da
banca, a respectiva instituição e espaço para assinatura destes.
Capítulo 7
203Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
NOME DO AUTOR(A)
TÍTULO DO TRABALHO
Sub-título (se houver)
Este TIPO DE TRABALHO (TCC, MONOGRAFIA, etc.) foi julgado adequado para a obtenção do título de NOME DO GRAU e aprovado pelo Curso de NOME DO CURSO,
da NOME DA INSTITUIÇÃO.
Área de Concentração: ___________
[Local], [dia] de [mês] de [ano].
___________________________
Prof. (GRAU DO PROFESSOR – Dr., MSc.)Nome da Instituição de ensino ao qual pertence
Função na banca (orientador ou membro de banca)
Figura 5 - Folha de aprovaçãoFonte: adaptada de Cervo, Bervian e Silva (2007), Mattar (2008), Fachin (2001), Medeiros (2005).
Cabe ressaltar que esta folha é descartada em trabalhos que são apenas
acadêmicos. A lista de professores vai sendo colocada conforme o número
de professores adotados pela instituição de ensino para pertencer à banca
examinadora, que fará a avaliação do trabalho acadêmico-científico X.
Conforme figura 2, em seguida, tem-se a página reservada à dedicatória,
em que o autor do trabalho acadêmico-científico apresenta suas homenagens,
inclusive póstumas, a quem considera importante, considerando o desenrolar
do trabalho (FACHIN, 2001). Este elemento é apresentado geralmente na parte
inferior da página, alinhado à direita.
Os agradecimentos que você deseja fazer de ordem profissional ou
acadêmica, como ao seu professor orientador, devem ser realizados na próxima
Capítulo 7
204 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
página do trabalho, que é a folha de agradecimentos. Lembrar daqueles que
foram importantes no desenvolvimento do trabalho é sempre gratificante
para quem agradece e para quem é agradecido.
Dependendo da instituição, o texto pode estar alinhado na parte inferior
direita da página ou seguir parágrafos conforme o texto. Neste item, o que
se deseja é que o autor faça agradecimentos enfatizando crédito que deseja
dar a pessoas, instituições, autoridades, órgãos que foram relevantes durante
o desenvolvimento do trabalho acadêmico-científico. Pode-se mencionar
familiares que lhe ajudaram emocionalmente ou financeiramente, professores
de disciplinas relevantes, empresas que permitiram realização de pesquisas,
pessoas que lhes ajudaram na busca de fontes de pesquisa.
Outro elemento opcional chama-se epígrafe. Este elemento permite ao autor
mencionar uma frase de outro autor que acredita ser reflexo ou ter uma relação
considerável com o processo de desenvolvimento do trabalho apresentado.
Na sequência indicada, tem-se o resumo em língua vernácula, que se
refere a uma síntese do trabalho, na língua mãe de onde o trabalho está
sendo desenvolvido e escrito. O texto é em bloco, não deve ultrapassar 500
palavras e deve conter as informações que apresentem ao leitor do que trata o
trabalho. Depois do resumo, logo abaixo, se deve apresentar as palavras-chave
que remetem ao trabalho.
O resumo em língua estrangeira refere-se à tradução do resumo em
língua vernácula para outra língua. No caso de ser em inglês, tem-se o Abstract,
no caso de espanhol, Resumen, e se for em francês, Résumé. Também deve ser
seguido das palavras-chave na língua utilizada. Normalmente, a instituição de
ensino decide qual a língua estrangeira deve ser utilizada, no Brasil, é bastante
comum o uso do inglês.
No caso de o autor utilizar em seu texto figuras, imagens ou gráficos, deve
apresentar página em que indica a lista de ilustrações. Como você já percebeu
no desenvolvimento deste capítulo e dos anteriores, as figuras são legendadas
apresentando-se o número da figura e sua identificação. A lista de ilustrações
trata da apresentação da legenda com o referido número de página em que
a figura pode ser encontrada. Seria como um índice de ilustrações, como se
pode ver no que segue:
Capítulo 7
205Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
Figura 1 .............................................................................................10
Conforme o exemplo anterior, a página de ilustrações deve apresentar
todos os itens relacionados que existem no corpo do trabalho acadêmico-
científico desenvolvido.
Na sequência, caso existam tabelas em seu texto, deve também existir
uma lista de tabelas. Da mesma forma, as tabelas devem ser legendadas e na
lista de tabelas conterá a legenda e a página em que tal figura se encontra.
Estas listas possibilitam encontrar mais facilmente informações específicas
que os leitores possam estar buscando no seu trabalho.
O último item dos elementos pré-textuais é o sumário, que contempla
a enumeração das principais divisões, seções e outras partes da obra
desenvolvida. Deve ser composto de todas as partes do trabalho, como listas,
resumos e títulos do trabalho.
O título SUMÁRIO deve estar centralizado na parte superior da folha
e deve ser digitado em caixa alta. Conterá o item especificado, seguido da
numeração, que deve estar alinhada à direita da página, como segue:
1 Introdução ................................................................................................................................ 16 1.1 Objetivos ........................................................................................................................... 17
O sumário pode ser construído de forma automática por meio da
utilização de softwares chamados processadores de texto. Inclui-se a busca
no texto digitado dos títulos que farão parte do sumário, bem como a sua
referida página.
Um exemplo de sumário pode ser o seguinte:
Capítulo 7
206 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ...............................................................................................10 1.1 Problema da pesquisa .............................................................................11 1.2 Objetivos da pesquisa .............................................................................12 1.3 Justificativa ..............................................................................................13
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .......................................................................14 2.1 Título 1 ....................................................................................................16 2.1.1 Subtítulo 1 ....................................................................................18 2.1.2 Subtítulo 2 ....................................................................................27
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ..........................................................45 3.1 Contexto da pesquisa .............................................................................47 3.2 Coleta e análise de dados ......................................................................48
4 RESULTADOS .................................................................................................50 4.1 Apresentação dos resultados .................................................................51 4.2 Análise dos resultados ...........................................................................60
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................79
REFERÊNCIAS ...................................................................................................81
APÊNDICES .......................................................................................................84
ANEXOS ...........................................................................................................89
Retomando a figura 1, a próxima parte da estrutura de um trabalho
acadêmico-científico é a textual. Esta é comumente chamada de corpo do
trabalho, sendo o texto propriamente dito.
Nesta parte, o autor deve apresentar os itens básicos para o desenvolvimento
de um trabalho acadêmico-científico, conforme visualizado na figura 6.
Desenvolvimento ConclusõesIntrodução
Figura 6 - Aspectos da etapa textualFonte: adaptada de autores Cervo, Bervian e Silva (2007), Mattar (2008), Fachin (2001), Medeiros (2005).
Capítulo 7
207Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
Na introdução do trabalho, o acadêmico deve se preocupar em apresentar
o seu tema de pesquisa e suas finalidades. A ideia é que este tópico permita ao
leitor compreender sobre o que o autor irá discorrer no trabalho em questão
(FACHIN, 2001). Indicando por que, como e para que o referido trabalho está
sendo escrito (MATTAR, 2008).
Normalmente, uma introdução contempla, segundo Cervo, Bervian e
Silva (2007), Mattar (2008), Fachin (2001) e Medeiros (2005):
• Tema: apresentar o assunto de forma a delimitar o tema que será
tratado no trabalho.
• Problema: a situação que está ocorrendo que o levou a pesquisar
sobre o assunto apresentado.
• Objetivos: apresentar qual objetivo geral e específicos do trabalho.
• Justificativa: indicação do porquê você ter escolhido o tema para a
execução deste trabalho.
• Métodos e técnicas de pesquisa: apresentar o roteiro escolhido para
o desenvolvimento do seu trabalho.
• Por fim, pode-se apresentar a estrutura do trabalho mostrando os
capítulos e o que trata cada um deles.
O segundo dos elementos textuais é o desenvolvimento, que
normalmente se divide em tópicos para apresentar os estudos realizados
sobre o tema delimitado na introdução. Quando se trata de trabalhos
para obtenção de tÍtulo (como o TCC), geralmente constitui-se de um
capítulo destinado à fundamentação teórica (apresentação do que já foi
estudado sobre o tema) e títulos que reflitam a pesquisa, como apresentação
de resultados.
O texto deve ser exposto de forma clara, com ordenação , sempre
focando o assunto, evitando fugir do tema abordado. Perceba que os títulos
ou subtítulos usados devem seguir uma sequência lógica no trabalho para
facilitar a compreensão do leitor quanto ao material produzido.
Capítulo 7
208 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
Cervo, Bervian e Silva (2007, p. 118) apresentam uma sugestão de como
organizar a parte de desenvolvimento de seu trabalho. Os autores sugerem
que se faça um plano do desenvolvimento seguindo os passos citados:
1) Regra inicial seria a divisão.
2) A técnica para esta regra seria a criação de uma estrutura lógica
por meio de hierarquia, como sugere a figura 7, em que o tema do
trabalho é desmembrado para facilitar a hierarquização.
Aspecto
principal
Aspecto
principal
Desdobramento
Desdobramento
Desdobramento
Desdobramento
Tema
Figura 7 - Técnica estruturação lógicaFonte: Cervo, Bervian e Silva (2007, p. 118).
3) Como resultado, será possível que o autor obtenha: uma hierarquia,
organização, distinções, ordem e clareza, que facilitarão para que
haja uma boa comunicação no texto desenvolvido.
4) A condição para que ocorra de forma adequada é que haja uma
reflexão sobre o que está sendo construído.
5) Como normas práticas, os autores sugerem: dividir o corpo de trabalho
de forma lógica, evitar planos fáceis e prever o equilíbrio das partes.
Capítulo 7
209Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
Essas dicas podem auxiliar na definição de como você desenvolverá o corpo
do seu trabalho e o que exatamente irá apresentar aos leitores da sua obra.
Graficamente, é importante dizer que se deve seguir as normas
apresentadas inicialmente e que os títulos e subtítulos são enumerados
pensando na hierarquia criada, como: 2 Fundamentação teórica, 2.1 Conceitos
de Marketing. Segue-se o que foi criado no plano de desenvolvimento,
conforme as sugestões apresentadas.
Alguns aspectos relacionados à forma de escrita desta parte do texto já
foram discutidos em capítulos anteriores. Neste capítulo, você conhecerá como
fazer menção a informações que não são suas e também como referenciá-las.
Por fim, o terceiro elemento textual é a conclusão. Espera-se que neste
item, o autor apresente os resultados obtidos com a pesquisa, apontando
os objetivos alcançados e argumentando a respeito do tema escolhido e
desenvolvido. Ainda nas conclusões, o autor pode sugerir novos temas de
pesquisa com base no que desenvolveu e também apresentar recomendações
sobre o que foi encontrado como resultado em sua pesquisa.
Os elementos pós-textuais referem-se à última parte do trabalho e fazem parte
destes: referências, apêndices e anexos, sendo que os dois últimos são opcionais, uma
vez que podem não ser utilizados pelo autor, dependendo da natureza do trabalho.
Em referências, o autor deve indicar os nomes das pessoas que escreveram
os livros, artigos e outras fontes de pesquisa apresentadas no decorrer do texto.
Os dois próximos tópicos deste capítulo permitirão que você compreenda
melhor o item referências.
Alguns dados complementares podem não ter lugar no corpo do texto,
embora sejam aspectos relevantes no desenvolvimento de sua pesquisa. Desta
forma, estes são inseridos após o elenco das referências.
Quando estas informações são obtidas de outras fontes, como órgãos,
livros, dados de relatórios de pesquisa, entre outros, diz-se que se tem um
anexo. Por exemplo, você fez uso, em seu trabalho, de uma legislação; esta
pode ser indicada em seu trabalho como um anexo. Neste caso, você apresenta
o anexo em uma folha e depois insere a legislação na íntegra para que quem
esteja lendo o seu texto, caso sinta necessidade, possa consultá-la.
Capítulo 7
210 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
No caso do material a ser disponibilizado ter sido produzido pelo próprio
autor, este se chama apêndice. No caso de uma pesquisa, imagine que você
criou um questionário para coletar dados. É importante que quem consulte
seu trabalho veja de que forma os resultados foram obtidos, assim você pode
colocar o questionário elaborado por você como um apêndice em seu trabalho.
7.2.2 Citações
De forma precisa, é importante que o autor apresente em seu texto as
fontes de pesquisa que serviram como embasamento para o seu documento.
Em qualquer menção de informações que não seja de sua autoria no trabalho
que está desenvolvendo, devem ser indicados os autores.
Desta forma, pode-se apresentar o conceito de citação como sendo a
“menção, no texto, de uma informação extraída de outra fonte”, conforme a
NBR 10520 (ABNT, 2002 apud MEDEIROS, 2005, p. 186).
Para que fique claro, você pode perceber a presença de uma citação no
parágrafo anterior, em que eu estou me apropriando de informações de outra fonte
para apresentar o conceito de citação. Você deve ter observado que esta prática foi
realizada em vários outros capítulos desta disciplina e de diferentes formas.
Conforme as normas da ABNT, ao fazer uma citação, pode-se usar dois
tipos de sistemas para indicá-la: o sistema autor-data e sistema numérico,
apresentados na figura 8.
Sistema Autor-data: uso do sobrenome do autor, ano e página
Conforme Severino (2002, p. 73), “na área do pensamento e da expressão fi losófi ca e científi ca, certas exigências de organização prévia e de metodologia de execução se impõem”.
Sistema numérico: uso de números arábicos em sequência
Pode–se dizer que “na área do pensamento e da expressão filosófica e científica, certas exigências de organização prévia e de metodologia de execução se impõem”1.
Figura 8 - Sistemas de citaçãoFonte: adaptada de Medeiros (2005).
Capítulo 7
211Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
Geralmente, na academia, o sistema adotado é o autor-data, como
também é o escolhido para este documento, por isso apresentaremos exemplos
no sistema autor-data.
Algumas regras são relevantes em se tratando de citação e serão apresentadas
de acordo com os tipos existentes de citação e que serão detalhados a seguir.
Conforme Cervo, Bervian e Silva (2007) e Medeiros (2005), considerando
a forma como apresentamos as ideias de outros autores no documento que
está sendo produzido, pode-se dividir as citações conforme a figura 9.
Citação Direta
Citação Indireta
Citação de citação
Figura 9 -Tipos de citaçãoFonte: adaptada de Cervo, Bervian e Silva (2007) e Medeiros (2005).
A citação direta refere-se ao ato em que o autor copia literalmente uma
passagem de uma fonte de pesquisa que utilizou. Não há qualquer mudança, nem
de pontuação. Como exemplo de citação direta, veja o que foi utilizado na figura 8.
As citações diretas podem ser divididas nas que ocupam até três linhas
no texto e nas que excedem este limite: são chamadas de citação direta em
até três linhas e citação com mais de três linhas. Neste caso, sua apresentação
gráfica no documento ocorre de forma diferente.
Inicialmente, observe a citação apresentada a seguir e verifique como
você deve apresentar uma citação direta com até três linhas.
De acordo com Fachin (2001, p. 162), o trabalho acadêmico, na parte textual, “abrange três partes: introdução, corpo do trabalho e conclusão”.
Verifique que a citação não ultrapassa três linhas e, por este motivo, é
escrita na sequência do texto e com a mesma formatação. O que a diferencia
do texto é que a citação aparece entre aspas duplas.
Capítulo 7
212 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
Ao fazer a citação do autor, é preciso mencionar o sobrenome, seguido
do ano e da página em que se encontra o texto citado. A página é específica
para citações diretas. Repare que, por estar inserido no texto, o nome do autor
tem apenas a primeira letra em maiúscula.
A mesma citação poderia ter sido feita conforme se verifica a seguir.
O trabalho acadêmico, na parte textual, “abrange três partes: introdução, corpo do trabalho e conclusão” (FACHIN, 2001, p. 162).
Neste caso, a indicação do autor é realizada ao final da citação e não
está inserida no texto, então, sobrenome do autor, ano da obra e página estão
entre parênteses, sendo que o sobrenome vem em letras maiúsculas. A forma
que você adotará dependerá do estilo que preferir.
No caso da citação com mais de três linhas, você perceberá que há uma
mudança em seu formato de apresentação. Acompanhe no exemplo que segue.
De acordo com Fachin (2001, p. 163),
o corpo do trabalho geralmente comporta várias ideias, porém os capítulos devem obedecer à seguinte disposição: a ideia principal forma o primeiro capítulo, a ideia secundária, o segundo e a ideia terciária forma o terceiro capítulo.
Perceba que o texto é deslocado para outra linha, com recuo de 4 cm,
alinhamento justificado, sem espaço entre linhas e o tamanho da fonte deve
ser menor que a do texto (11 ou 10).
Quando desejar suprimir parte da citação, você pode utilizar reticências
dentro de colchetes [...] exatamente no ponto onde a informação está sendo
suprimida. Isso pode ser no início, meio ou fim a frase citada.
As citações indiretas são paráfrases sobre a obra consultada em que
o escritor apresenta as ideias do autor da obra com sua forma de escrita.
Conforme Medeiros (2005, p. 183), “implica em reescrever um texto,
substituindo os vocábulos. Consiste em repetir, com palavras simples, mas
próprias, o pensamento do texto original”.
Capítulo 7
213Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
Neste sentido, este tipo de citação segue a sequência do texto no qual
está sendo agregada normalmente. Exige, como na outra forma, apresentação
do autor e ano, porém a página não se torna elemento obrigatório.
A citação direta pode ser conceituada como a transcrição de um texto, de uma fonte de pesquisa que consultou (CERVO, BERVIAN e SILVA, 2007).
OU
Para Cervo, Bervian e Silva (2007), a citação direta pode ser conceituada como a transcrição de um texto, de uma fonte de pesquisa que você consultou.
Por fim, pode-se utilizar a citação da citação, que se refere ao fato de
você citar, no seu texto, um autor que foi citado pelo autor da obra que você
consultou. Por exemplo, você leu no livro do autor X uma afirmação do autor
Y e deseja citar a passagem no seu trabalho. Neste caso, você não irá indicar
apenas o autor do livro que está lendo, mas deverá informar o autor Y, já que
ele é o autor do trecho que você fará uso.
Observe no exemplo como fazer uma citação de citação de modo a
apresentar tanto o autor do texto quanto o autor da obra consultada.
Em se tratando de parafrasear, o autor Garcia (1980 apud MEDEIROS, 2005, p.183) indica a “paráfrase como um dos exercícios mais proveitosos, que contribui para o aprimoramento do vocabulário e proporciona oportunidade de reestruturação fraseológica”.
Perceba que, no caso do exemplo, Garcia seria o autor Y, e Medeiros, o
autor X do livro que você teve acesso e fez a leitura. A palavra apud indica
“citado por”. Neste caso, pode-se ler da seguinte forma a citação: Garcia (1980
citado por MEDEIROS, 2005, p. 183).
O uso da paráfrase deve ser utilizado nos casos em que você não tenha
acesso à obra original do autor Y e, assim, terá que fazer uso de sua citação
observada em outra obra possível de ser consultada.
Capítulo 7
214 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
PRATICANDOPRATICANDO
Supondo que você está escrevendo seu trabalho acadêmico e teve acesso ao seguinte livro: RICHARDSON, R. J. Pesquisa social: métodos e técnicas. 3. ed. rev. ampl. São Paulo: Atlas, 1999. De que forma você faria uma citação direta e uma indireta deste livro? Procure usar todas as formas de apresentações possíveis apresentadas no capítulo.
Agora você pode me perguntar: como é que, indicando apenas
sobrenomes, será possível saber quem é o autor da obra consultada e até
mesmo o seu título? Para isso, geralmente, ao final dos trabalhos, você
obrigatoriamente precisa inserir as referências de seu trabalho, que permitem
identificar as obras consultadas.
7.2.3 Referências
Como você viu, no corpo do trabalho acadêmico-científico várias serão as
citações que você terá que apresentar para que haja uma consistência sobre o
assunto abordado. Em face disto, será necessário que você indique, ao final do
trabalho, informações a respeito da citação referenciada para que os leitores
identifiquem de onde você retirou o conteúdo de seu documento.
De acordo Azevedo (2001, p. 64), referência, em um trabalho acadêmico-
científico, pode ser definida como “uma lista, em ordem alfabética, das fontes
[...] empregadas [...] pelo autor na elaboração de seu trabalho. Cada fonte
deve ser apresentada de modo a permitir sua identificação pelo leitor”.
Fachin (2001, p. 167) a define como “[...] a reunião de elementos
minuciosamente descritivos com indicações precisas que permitem a
identificação de publicações no todo”.
A definição de referência pode ser obtida de forma mais consistente na
ABNT (2002 apud CERVO, BERVIAN e SILVA, 2007, p. 132), mais precisamente na
NBR 6023, como “o conjunto padronizado de elementos descritivos, retirados
de um documento, que permite sua identificação individual”.
Capítulo 7
215Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
Conforme afirma Gil (2002, p. 169), “todos os trabalhos citados no texto
devem ser referenciados em ordem alfabética”. Esta é a forma mais utilizada:
normalmente, ao final do trabalho. No entanto, é importante ressaltar que as
referências podem ser feitas de várias maneiras, como no início do resumo ou
resenha; em notas de rodapé em cada página indicada; ou ainda no fim de
cada capítulo do trabalho acadêmico-científico. Essa definição da localização
normalmente é definida pela instituição de ensino.
As informações necessárias para que você componha a referência devem
ser retiradas da obra pesquisada. Nos livros, tais informações são apresentadas
na ficha catalográfica, normalmente localizada no verso da folha de rosto; em
periódicos, os artigos são identificados no início, quando o título do trabalho e
seus autores são apresentados; nos meios eletrônicos, você deve se preocupar
em referenciar também o tipo de mídia que está acessando ou endereço
eletrônico onde a fonte de pesquisa pode ser encontrada (MATTAR, 2008).
Alguns elementos são considerados essenciais para que a referência seja
realizada de modo que seja possível identificar a fonte de pesquisa que está
sendo apresentada. A figura apresenta a forma sequencial mais elementar de
citar obras de acordo com a ABNT.
Sobrenome e nome do autor
Título da obra (grifado em negrito)
Edição
Local de publicação
Editora
Ano de publicação da obra
Figura 10 - Elementos essenciais das referênciasFonte: adaptada de Mattar (2008).
A primeira informação é a identificação do autor, sendo que se apresenta
em caixa alta o último sobrenome do autor, seguido pelo nome e outros
sobrenome, estes apenas com a primeira letra em maiúscula. Em seguida, o
título da obra deve ser apresentado da seguinte forma: apenas a primeira
Capítulo 7
216 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
palavra em maiúscula e em negrito; caso haja subtítulo, este deve figurar todo
em minúscula e sem grifo. O número da edição deve ser apresentado apenas
a partir da segunda edição. Por fim, deve-se indicar o local (cidade) em que
a fonte foi publicada, seguido da editora e ano em que a obra foi publicada.
Veja como os elementos essenciais à referência devem ser apresentados,
conforme indica a figura 10:
SOBRENOME DO AUTOR, NOME (E OUTROS SOBRENOMES). Título. edição. Local: Editora, data.
GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projeto de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002.
É importante você perceber, além da formação, como os dados devem
ser escritos (em letra maiúscula ou minúscula; como no caso da edição (ed.) e
as pontuações utilizadas no texto. Observe:
• Após o sobrenome do autor, deve vir o nome e outros possíveis
sobrenomes e, após estes, um ponto.
• Há ponto também após o título da obra.
• Para representar a edição, há ponto após o número da edição; repare
que não se usa a indicação com ª e sim o ponto. Bem como, após a
abreviação usada para indicar edição, também há ponto e inicia com
letra minúscula (ed.).
• O local da publicação da obra vem seguido de dois pontos.
• Editora e ano são separados por vírgula e o ponto é utilizado ao final
da referência.
O exemplo apresentado refere-se a uma regra geral para que se possa
apresentar uma referência de uma fonte de pesquisa das mais básicas, os
livros. No entanto, há várias particularidades que devem ser observadas na
elaboração das referências, apresentadas conforme indica a figura 11 (CERVO,
BERVIAN e SILVA, 2007).
Capítulo 7
217Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
Número de
autoresTipo de obra
Documentos
eletrônicos
Periódicos
OutrosLocais de
publicação
Tipos de
autores
Legislação
Figura 11 - Formas de normatização das fontesFonte: adaptada de Cervo, Bervian e Silva (2007).
O primeiro caso, indicado na figura 11, que se refere ao número de
autores na fonte de pesquisa, inicialmente segue a regra geral apresentada
anteriormente para um autor. Assim, quando se trata de dois ou três autores,
o que muda é que, após o nome do primeiro autor, você deve separar com
ponto e vírgula, seguido do nome do outro autor. Veja o exemplo.
LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. de A. Fundamentos de metodologia científica.
3. ed. rev. ampl. São Paulo: Atlas, 2006.
Repare que nas citações no texto, apareceria da seguinte forma: Lakatos
e Marconi (2006) ou (LAKATOS e MARCONI, 2006).
Outra possibilidade está no caso de mais de três autores, em que se deve
usar a expressão et al. para identificar que, além daquele autor apresentado,
existem outros que também construíram o livro. Veja o exemplo apresentado
por Cervo, Bervian e Silva (2007):
BRITO, E. V. et al. Imposto de renda das pessoas físicas: livro prático de consulta
diária. 6. ed. São Paulo: Frase Editora, 1996.
Perceba que a expressão é colocada logo após o nome do autor. Outro
ponto relevante nesta referência está na utilização de um subtítulo (observe
que este não aparece grifado).
Com relação aos tipos de autores, podemos ter autores desconhecidos,
pseudônimos, organizadores, entidade coletiva, órgãos governamentais,
tradutor, revisor... Vamos verificar exemplos para cada tipo de especificidade.
• Autor desconhecido: quando não se conhece o autor, faz-se a entrada
pelo título da fonte. Veja o exemplo e perceba que, neste caso, no
texto a citação seria (PROCURA-SE, 1990).
Capítulo 7
218 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
PROCURA-SE um amigo. In: SILVA, L. N. e. Gerência da vida: reflexões filosóficas.
3. ed. Rio de Janeiro: Record, 1990.
• Pseudônimo: muitas vezes, a fonte de pesquisa foi escrita por
determinado autor que adota um pseudônimo e, para estes casos, o
pseudônimo deve ser usado como entrada na citação.
ATHAYDE, Tristão de [Alceu Amoroso Lima]. Debates pedagógicos. Rio de
Janeiro: Schmidt, 1931.
• Organizadores: alguns materiais utilizados como fontes de pesquisa
foram escritos por várias pessoas, mas possuem um ou mais responsáveis,
como um coordenador, organizador, editor. É importante saber que,
nestes casos, a entrada da fonte é realizada pelo sobrenome do autor
seguido da expressão correspondente entre parênteses. Como (org.)
para organizador e (coord.) para coordenador.
PAIVA, V. (Org.). Perspectivas e dilemas da educação popular. Rio de Janeiro:
Graal, 1986.
• Entidades coletivas: no caso de obras de empresa, instituições, deve-se
usar diretamente o nome da entidade.
BIBLIOTECA NACIONAL (Brasil). Bibliografia do folclore brasileiro. Rio de
Janeiro: Divisão de Publicações, 1971.
• Órgãos governamentais: neste caso, deve-se usar como entrada o
nome geográfico em letras maiúsculas. Veja o exemplo a seguir.
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO. Guia dos livros didáticos: 1ª a 4ª
séries. Brasília: SEF, 1997.
• Tradutor, revisor, prefaciador: em algumas obras, pode-se apontar
estas responsabilidades após o título do livro ou fonte de pesquisa.
MEYER, M.; BABER, R.; PFAFFENBERGER, B. Nosso futuro e o computador.
Tradução de Edson Furmankiewicz. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2000.
Você deve montar as referências de acordo com o tipo de obra consultada.
Capítulo 7
219Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
Neste caso, a seguir são apresentadas as diversas formas possíveis, como monografias,
dissertações, teses, atlas entre outros (CERVO, BERVIAN e SILVA, 2007).
• Monografia
AUTOR. Título: subtítulo (se houver). Número da edição, se acima da segunda.
Local da publicação: editora, ano. Número de páginas ou volume. Notas.
• Dissertação ou tese
AUTOR. Título: subtítulo (se houver). Ano da apresentação. Número de folhas
ou volumes. Categoria (grau e área de concentração) – Instituição, local.
DIAS, M. T. Um guia para estimativas de projetos de software em micro e pequenas empresas. 2009. 166 p. Dissertação (Mestrado em Computação Aplicada) – Centro de Ciências Tecnológicas da Terra e do Mar, Universidade do Vale do Itajaí, São José.
• Dicionários
AUTOR. Título. Edição. Local: editora, ano. Volume.
• Atlas
AUTOR. Título. Edição. Local: editora, ano. Número de páginas.
• Enciclopédias
Título. Local: editora, ano. Volume.
Cervo, Bervian e Silva (2007) apresentam também as referências de
publicações periódicas conforme normas da ABNT. A seguir, mostramos como
devem ser escritas.
• Artigo de revista
AUTOR. Título do artigo. Título da revista. Local da publicação, número do
volume, número do fascículo, páginas inicial-final, mês e ano.
Capítulo 7
220 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
• Artigo de jornal
AUTOR. Título do artigo. Título do jornal. Local da publicação, dia, mês e ano.
Número ou título do caderno, seção ou suplemento e páginas inicial e final do artigo.
Em se tratando de locais em que as fontes foram publicadas, são
apresentados congressos e conferências.
• Congressos
NOME. Número, ano, cidade. Título. Local: editora, data de publicação.
Número de páginas ou volume.
• Conferências
NOME, edição, ano, cidade. Tipo de fonte: editora, ano. Número de páginas
ou volume.
CONFERÊNCIA NACINAL DA ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL, 11, 1986, Belém. Anais... [s.l.]: OAB, [1986]. 924 p.
Repare que, na referência, a expressão [s.l] indica que não há local
definido. A expressão [1986] refere-se ao caso em que o ano é conhecido, mas
não é indicado na obra.
As referências legislativas podem ser indicadas conforme se apresenta a seguir.
PAÍS, ESTADO OU MUNICÍPIO. Constituição (data de promulgação). Título.
Local: Editora, ano. Número de páginas ou volumes. Notas (se houver).
PAÍS, ESTADO OU MUNICÍPIO. Lei ou Decreto número, data (dia, mês e ano).
Ementa. Dados da publicação.
Com relação aos documentos eletrônicos, em se tratando de site, você deve
preocupar-se, principalmente, em indicar o endereço eletrônico e a data de
acesso. No caso de outros meios, aponte-os e diga se é CD-ROM, pendrive,
e-mail, entre outros. Veja a seguir alguns exemplos.
Capítulo 7
221Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
• Homepage
AUTOR. Título. Informações complementares (se houver). Disponível em:
<endereço>. Acesso em: data.
No caso de jornais, siga o modelo, mas indique o título do artigo (ponto
final), a seguir, separados por vírgula, o título do jornal (em negrito), local,
data, mês e ano.
Observe algumas outras formas possíveis de referências:
• Notas de aula
AUTOR. Título. Dia(s) de mês de ano. Número de folhas. Notas de aula. Forma
do documento (cópia, impresso, etc.).
• Atas de reunião
NOME DA ORGANIZAÇÃO. Local. Título e data. Livro, número, p. inicial-final.
7.3 Aplicando a teoria na prática
Leia a seguir o artigo da revista Veja, publicado no site da revista no dia
07 de setembro de 2010, consultado no dia 31 de agosto de 2010. Site: <http://
veja.abril.com.br/noticia/economia>
Apenas 11% da população brasileira entre 25 e 34 anos conclui o ensino superior, diz OCDE
O Brasil tem a menor proporção da população entre 25 e 34 anos com ensino superior completo entre 39 países que fizeram parte do estudo “Olhares sobre a Educação 2010”, da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento (OCDE), divulgado nesta terça-feira. Enquanto a média da OCDE é de 35%, o Brasil amarga a lanterninha da lista com apenas 11%.
Capítulo 7
222 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
De acordo com o estudo, o país também tem a menor parte da população desta faixa etária com diploma do ensino médio entre os países pesquisados. Apenas metade dos adultos nesta idade concluiu pelo menos o ensino médio no país, proporção muito distante da média da OCDE, de 80%. A proporção aumenta quando se estende o limite de idade até os 64 anos. Nesta faixa etária, dois terços da população não tem o diploma do ensino médio. [...]
Fonte: Revista Veja.
Proponho que você monte a referência do texto citado, caso tivesse
utilizado o mesmo como fonte de pesquisa em um trabalho acadêmico-científico.
Elabore uma citação direta do texto com base nas informações recebidas.
7.3.1 Resolvendo
Citação:
Conforme Veja (2010), “o Brasil tem a menor proporção da população
entre 25 e 34 anos com ensino superior completo entre 39 países [...]”.
Referência:
VEJA. Apenas 11% da população brasileira entre 25 e 34 anos conclui o ensino
superior, diz OCDE. Veja, 7 set. 2010. Disponível em: <http://veja.abril.com.br/
noticia/economia/>. Acesso em: 31 set. 2010.
7.4 Relembrando
Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT: <www.abnt.org.br>.
Acesse o site da ABNT e saiba como ter acesso às várias normas existentes,
especificamente as informações relativas aos trabalhos acadêmico-científicos no
que se refere à citação e referência.
CERVO, A. L.; BERVIAN, P. A; SILVA, R. da. Metodologia científica. 6. ed. São
Paulo: Pearson, 2007.
O livro de Cervo, Bervian e Silva (2007) apresenta as várias formas de citação e
referência existentes. Consultando o livro, você poderá verificar como referenciar
outros tipos de fontes de pesquisa.
Capítulo 7
223Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
7.5 Para saber mais
O capítulo 7 apresentou:
• a estrutura de trabalhos acadêmico-científicos, abordando em
detalhes os elementos pré-textuais, textuais e pós-textuais, assim
como seu formato indicado pela ABNT;
• a forma de elaborar as citações: trazendo o conceito, os tipos de citação
e a forma gráfica que deve ser utilizada quando você desenvolver
trabalhos acadêmicos;
• a forma de estruturar as referências: você conheceu como as citações
devem ser referenciadas, apresentando todos os dados necessários
nas diversas formas de acordo com as fontes de pesquisa.
7.6 Testando os seus conhecimentos
1) De acordo com as Normas da ABNT, o trabalho acadêmico-científico é
composto de três partes, envolvendo vários elementos. Relacione a coluna da
esquerda com a da direita.
a) Pré-textual ( ) Contempla elementos que, em termos de
posição, estão após o corpo do trabalho.
b) Textual ( ) Esta parte possui alguns elementos que
permitem a identificação do trabalho e de
suas partes e vem antes do corpo do trabalho.
c) Pós-textual ( ) Compõe a parte de desenvolvimento
ou corpo do trabalho em que as
informações pesquisadas pelo autor são
apresentadas.
Assinale a alternativa que possui a sequência correta.
a) c, b, a c) a, b, c
b) b, c, a d) c, a, b
Capítulo 7
224 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
2) Você estudou, neste capítulo, as várias formas de citação possíveis de se
aplicar em trabalhos acadêmico-científicos. Assinale o item que apresenta
uma citação inapropriada:
a) Citação direta longa (mais de 3 linhas).
b) Citação acadêmica.
c) Citação direta.
d) Paráfrase.
3) Considerando as formas de referências estudadas, selecione as assertivas corretas.
I. Todas as referências são iguais, independente das fontes de pesquisa.
II. No caso de documento em que não se sabe a editora, usa-se a
expressão [s.n.].
III. O sobrenome do autor deve aparecer em caixa alta (letras maiúsculas).
IV. A indicação de edição é obrigatória após a primeira edição.
Assinale a alternativa que apresenta apenas os itens verdadeiros:
a) I, II, III c) I, III
b) II, IV d) I, III, IV
Onde encontrar
AZEVEDO, I. B. de. O prazer da produção científica: diretrizes para elaboração
de trabalhos acadêmicos. 10. ed. rev. e atual. São Paulo: Hagnos, 2001.
CERVO, A. L.; BERVIAN, P. A.; SILVA, R. da. Metodologia científica. 6. ed. São
Paulo: Pearson, 2007.
FACHIN, O. Fundamentos da metodologia. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2001.
MATTAR, J. Metodologia científica na era da informática. 3. ed. rev. atual.
São Paulo: Saraiva, 2008.
MEDEIROS, J. B. Redação científica: a prática de fichamentos, resumos,
resenhas. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2005.
225Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
8.1 Contextualizando
Nos capítulos anteriores, você recebeu informações e conhecimentos que
são de extrema relevância para o tema que discutiremos neste capítulo. Será
difícil compreender as fases de um projeto de pesquisa caso não tenha claro
os conceitos pertinentes de conhecimento, ciência, pesquisa, entre outros que
discutimos em etapas anteriores.
Quando você tem a necessidade de conhecer mais sobre algo e
decide por realizar uma pesquisa, é preciso que se prepare para executar
tal atividade.
Em se tratando de uma pesquisa científica, esta necessidade se torna
ainda mais relevante e exige do investigador muita dedicação para que possa
descrever de forma organizada e estruturada o que pretende fazer, a que
resultados deseja chegar.
Você já deve ter percebido que a atividade de pesquisa científica não é
tarefa fácil. Por isso é importante que seja realizado um planejamento prévio
sobre o objeto foco de estudo.
O pesquisador deve pensar em todas as possibilidades que permeiam o
âmbito de alcance do tema escolhido e, principalmente, deve deixar claro o
que pretende descobrir.
O projeto de pesquisa possibilita ao investigador exatamente descrever
seus planos de pesquisa. Pode delimitar o tema, explicitar seus objetivos e os
porquês de realização da pesquisa, apresentar como será realizada, o que os
PROJETO DE PESQUISA
CAPÍTULO 88
Capítulo 8
226 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
principais teóricos dizem sobre o tema foco de estudo, vislumbrar o período
para alcance dos resultados, bem como o que será despendido para obter
êxito na investigação.
Assim, neste capítulo, pretendemos apresentar as fases necessárias a um
projeto de pesquisa. Você perceberá que muitos dos temas já estudados serão
resgatados para que seja possível a criação deste documento.
8.2 Conhecendo a teoria
8.2.1 Estrutura e fi nalidade
O processo de pesquisa para a produção de conhecimento científico,
como você já viu, é extremamente rigoroso. Para tanto, pressupõe que seus
investigadores se preparem para a realização de tal atividade, investindo em
um processo planejado e estruturado.
Como afirma Lakatos e Marconi (2006, p. 217), “o projeto é uma das
etapas componentes do processo de elaboração, execução e apresentação da
pesquisa. Esta necessita ser planejada com extremo rigor [...]”.
De acordo com Azevedo (2001, p. 40), “é impossível executar-se uma
pesquisa sem que se faça antes o seu projeto, que consiste no planejamento
das diversas etapas a serem seguidas [...]”.
Para Fachin (2001, p. 105), “o projeto de pesquisa é uma sequência de
etapas estabelecida pelo pesquisador, no qual se direciona a metodologia a
ser aplicada no desenvolvimento doa pesquisa”.
Gil (2002, p. 19) afirma que “o planejamento da pesquisa concretiza-se
mediante a elaboração de um projeto, que é o documento explicitador das
ações a serem desenvolvidas ao longo do processo de pesquisa”.
Perceba que, pelos conceitos apresentados, o projeto de pesquisa
descreve os principais aspectos a serem discutidos na pesquisa e por isso podem
ajudar a todos que estiverem relacionadas a esta.
Capítulo 8
227Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
É possível que em uma pesquisa esteja envolvida uma equipe de
pesquisadores, tendo posse do projeto, é possível a todos os componentes
saberem de que se trata a pesquisa e quais os encaminhamentos necessários.
Assim, na falta de um dos integrantes, é viável que o trabalho prossiga já que
todos sabem o propósito desejado com a investigação proposta e apresentada
no projeto de pesquisa.
Além disso, muitas vezes, em uma pesquisa há envolvimento de
terceiros. Por exemplo, se o trabalho tiver como foco um estudo de caso em
determinada organização, os responsáveis pela empresa podem ter interesse
em conhecer o trabalho que será realizado em sua instituição. Logo, o
projeto de pesquisa pode ser um excelente documento para apresentar o
que se deseja e de que forma a empresa em questão estará envolvida, bem
como seus integrantes.
No desenvolvimento de um projeto de pesquisa, é importante lembrar que
se trata de um documento lógico e racional em que há uma base metodológica
que facilitará a realização da pesquisa. Obviamente a metodologia empregada
estará relacionada ao trabalho que se deseja realizar, logo, para cada projeto e
seu tema haverá uma metodologia científica específica que melhor se adapta
ao está sendo proposto.
Neste sentido, é necessário atentar para a forma de escrita exigida no
documento que é considerado científico, visto que será o início da futura
pesquisa.
Gil (2002) explica que cada pesquisador ou equipe de pesquisadores
tem seu próprio estilo de escrever e apresentar seu texto. Porém, salienta que
alguns aspectos são imprescindíveis para que o documento fique adequado às
exigências acadêmico-científicas.
Acompanhe, na figura 1, os principais aspectos relacionados à escrita
que devem ser considerados ao desenvolver um projeto de pesquisa e que
podem ser adotados para outros trabalhos acadêmico-científicos.
Capítulo 8
228 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
• Redigido na terceira pessoa.• Usar expressões como: “Este projeto”, “o presente trabalho”,
“Pretende-se”...
• Tradução exata do que se deseja apresentar.• Evitar: pequeno, médio, grande, quase todos, boa parte,
recentemente, lentamente, provavelmente.
• Escrever para expressar e não impressionar.• Não usar muito sinônimos e jargões técnicos.
• Linguagem direta.• Argumentação em dados e provas.
• Sequência de ideias lógicas e ordenadas.• Criação adequada de parágrafos, sendo que cada um deve se
referir a um assunto.
• Vocabulário adequado.• Texto que não gere ambiguidade.
• Apresentar ideias com poucos parágrafos. Cada frase no máximo 2 ou 3 linhas.
• Períodos longos aplicar corretarmente sujeito, verbo e adjetivo principal.
Impessoalidade
Precisão
Simplicidade
Objetividade
Coerência
Clareza
Concisão
Figura 1 - Aspectos relacionados ao estilo do texto Fonte: adaptada de Gil (2002).
Perceba que alguns dos aspectos apresentados na figura 1 podem ser
seguidos para escrever qualquer tipo de documento e você pode tomar como
base, incluindo trabalhos acadêmico-científicos.
Os itens apresentados têm como objeto principal proporcionar que
o escritor, ao segui-los, consiga escrever um texto expressivo e que diga
exatamente o que é necessário ser apresentado ao leitor para que seja
compreensível.
Em se tratando de aspecto gráfico, utiliza-se as mesmas regras apresentadas
aos trabalhos acadêmico-científicos e deve-se seguir as mesmas normas da
ABNT, já apresentadas em capítulo anterior. Obviamente, os tópicos/capítulos
inexistentes do documento devem ser substituídos ou retirados do modelo
apresentado. Podem ser indicados os seguintes itens listados que irão compor o
documento do projeto de pesquisa em termos de disposição de texto:
Capítulo 8
229Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
• capa;
• folha de rosto
• lista de ilustrações e demais listas necessárias;
• sumário;
• introdução;
• metodologia;
• referencial teórico;
• cronograma;
• orçamento;
• apêndices e anexos.
Veja que a lista apresentada segue as orientações de trabalhos acadêmico-
científicos, especificamente da sequência para o documento escrito.
No entanto, a figura 2 apresenta uma possível estrutura de um projeto
de pesquisa, considerando as etapas necessárias para se ter um trabalho bem
desenvolvido. E é com base nesta que discutiremos o capítulo.
Introdução
Metodologia da pesquisa
Referencial teórico
Orçamento e cronograma
Figura 2 - Estrutura de um projeto de pesquisaFonte: adaptada de Gil (2002); Lakatos e Marconi (2006).
As etapas de introdução, metodologia da pesquisa, referencial teórico,
orçamento e cronograma compõem as principais informações para que se
possa ter uma descrição rigorosa do que será realizado em uma pesquisa. O
desenvolvimento adequado do projeto de pesquisa provará a viabilidade ou
não de uma investigação.
Em muitos casos, os projetos são encaminhados a editais em que
financiamentos são oferecidos para desenvolvimento da pesquisa e, para tanto,
estes devem estar bem escritos e estruturados para que sejam interpretados e
compreendidos da melhor forma possível.
Capítulo 8
230 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
8.2.2 Introdução: tema, problema de pesquisa, objetivo de
estudo, justifi cativa
A introdução é a primeira parte de desenvolvimento do projeto
propriamente dito, espaço em que o pesquisador deve introduzir o tema
escolhido, seus objetivos de pesquisa, além de explicitar o porquê de estudar
o assunto.
Conforme Gil (2002), a introdução pode ser escrita de forma corrente ou
pode ter subseções que separam os itens contextualizados. Aqui descreveremos
as subseções e o que cada uma delas deve conter. No caso de você necessitar
realizar um trabalho que contenha um texto corrido, contendo os itens
abordados, basta fazer ligação entre os assuntos e retirar os subtítulos.
A figura 3 apresenta as partes básicas contidas na introdução que
devem ser encontradas na grande maioria dos modelos de projetos de
pesquisa. Com estes aspectos, é possível que o investigador descreva muito
bem suas intenções com a pesquisa, desde que apresente um texto com as
características apontadas.
A escolha do tema de pesquisa não é tão simples como possa parecer
a você em um primeiro momento, pois como se pode perceber na figura 3,
após escolher o tema, terá que delimitá-lo, explicar o problema que o levou
a estudá-lo, assim como apresentar o que deseja encontrar e o porquê de
tê-lo escolhido. Neste caso, não pode ser selecionado sem que tenha sido
bem pensado.
É importante que o pesquisador
vislumbre na seleção do tema o ramo
de conhecimento que deseja seguir e a
relação com sua formação acadêmica. Além
de identificar sua adequação à carreira
profissional que almeja. Quanto mais
relação com conhecimentos que já tem, mais
próximo você estará de encontrar o novo
conhecimento.
Azevedo (2001) reforça que o
pesquisador deve considerar alguns aspectos
Tema
JustificativaObjetivo de estudo e/ou
hipóteses
Problemade pesquisa
Figura 3 - Itens da introduçãoFonte: Gil (2002); Lakatos e Marconi (2006); Fachin (2001).
Capítulo 8
231Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
em relação ao tema: apresentar curiosidade em seus aspectos particulares
e gerais; o investigador já ter realizado pesquisa em área semelhante; ter
conhecimento acerca do tema; manter postura crítica; considerando seus
limites, conseguir um aprofundamento do assunto escolhido.
Em relação ao tema, alguns outros fatores devem ser considerados, conforme
Azevedo (2001): ter relevância científica e social; utilizar uma metodologia
possível ao pesquisador; possuir área de possível exploração; sua delimitação deve
permitir a pesquisa em determinado período de tempo possível.
Fachin (2001) indica algumas perguntas que podem auxiliar na escolha
do tema de pesquisa, como mostra a figura 4.
O assunto pode ser tratado
em forma de pesquisa?
O assunto trará contribuições
à sociedade atual e à ciência?
O assunto irá despertar
interesse na área científi ca?
O assunto tem coisas
novas para oferecer?
O assunto traz segurança
para o pesquisador?
O assunto pode ser direcionado
para uma pesquisa científi ca?
Figura 4 - Perguntas para defi nição do tema Fonte: Fachin (2001).
Relevante neste processo é definir, entre as grandes áreas temáticas, o que
será abordado no contexto da pesquisa. Se você escolher como tema a comunicação
organizacional, por exemplo, poderá se perder no emaranhado de opções para
desenvolver a sua pesquisa, já que esta é uma área possível de vários temas. Será
necessário que você delimite seu assunto, definindo exatamente sobre o que irá
trabalhar na investigação científica que será apresentada em seu projeto de pesquisa.
Capítulo 8
232 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
Para melhor definir o tema foco da pesquisa, costuma-se definir
ou formular um problema de pesquisa. Segundo Lakatos e Marconi
(2007, p. 26), “problema é uma dificuldade, teórica ou pratica, no conhecimento
de alguma coisa de real importância, para a qual se deve encontrar uma
solução”.
Na compreensão de Fachin (2001, p. 108),
entende-se como problema uma questão sem solução, objeto de discussão e de muito estudo. É um fato, algo significativo que, a princípio, não possui respostas explicativas, pois a solução, a resposta ou explicação se fará por intermédio do desenvolvimento da pesquisa.
Gil (2002) salienta que o pesquisador, nesta etapa, precisa se preocupar
em deixar bastante explícito o que deseja obter como resposta ao final da
atividade de pesquisa, além de definir a delimitação espacial e temporal.
Muitos pesquisadores, além da descrição do problema de pesquisa,
apresentam uma pergunta que desejam responder para ser a norteadora
da investigação apresentada no projeto de pesquisa. Gil (2002, p. 24)
exemplifica uma possível pergunta de pesquisa: “Como aumentar a
produtividade no trabalho?”
Você consegue definir qual seria o tema de pesquisa que corresponde ao problema apresentado por Gil (2002, p. 24)?
DESAFIO
Quando se define um problema, é interessante refletir sobre sua
adequação pensando em alguns aspectos, conforme propõe a figura 5.
Capítulo 8
233Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
Viabilidade
• É possível a resolução do problema por meio da pesquisa?
Relevância
• O problema apresentado trará novos conhecimentos?
Exequibiildade
• A conclusão que será obtida é possível de ser validada?
Oportunidade
• Atenderá a interesses particulares e gerais?
Novidade
• Está dentro do contexto atual de evolução científi ca?
Figura 5 - Aspectos do problema de pesquisa Fonte: adaptada de Lakatos e Marconi (2007).
As autoras Lakatos e Marconi (2007) afirmam ainda que os problemas
podem ser diferentes dependendo do objetivo do trabalho:
• Problemas de estudos acadêmicos: referem-se a estudos de caráter
descritivo, que podem ser informativo, explicativo ou preditivo.
• Problema de informação: considerando uma área do fenômeno,
coleta dados sobre estrutura e conduta.
• Problema de ação: preocupa-se em aplicar conhecimentos em
determinado campo de ação.
• Investigação pura e aplicada: direciona-se ao estudo de um
conhecimento científico e sua aplicação.
Interessante perceber a diferenciação entre os problemas de pesquisa.
Uma pesquisa para saber a intenção de voto, por exemplo, normalmente não
tem um caráter científico.
Capítulo 8
234 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
A formulação de um problema é tarefa árdua e complexa, por isso Gil
(2002) aponta alguns aspectos que podem ser considerados:
• Complexidade da questão: para compreensão adequada, o pesquisador
deve ter contato com o que já foi estudado sobre o tema e até discutir
com outros pesquisadores da área. Isso pode ser feito também em
eventos como congressos ou seminários.
• O problema deve ser formulado como pergunta: esta forma é
considerada a mais compreensível para se escrever um problema,
facilitando para o pesquisador e para o leitor.
• O problema deve ser claro e preciso: deve haver preocupação especial
neste tópico para que o proposto possa ser solucionado. Por isso, ao
escrever, por exemplo, na forma de pergunta, reflita se esta poderá
ser respondida ou é algo utópico.
• O problema deve ser empírico: fugir de problemas que se referem a
valores que não possam ser comprovados objetivamente.
• O problema deve ser suscetível de solução: é necessário que o
pesquisador consiga visualizar como os dados referentes ao estudo
serão coletados, pois caso não consiga, talvez não seja possível
encontrar uma solução.
• O problema deve ser delimitado a uma dimensão viável: o
investigador precisa se preocupar com a amplitude do problema
apresentado, de modo que os meios de investigação existentes
sejam possíveis de uso.
As informações apresentadas a respeito de problema de pesquisa podem
lhe ajudar a desenvolver a delimitação do que será objeto de pesquisa no
projeto apresentado.
A partir da definição clara do problema de pesquisa, o investigador
pode definir seus objetivos e/ou hipóteses. O primeiro sempre é apresentado,
já o segundo dependerá da área e das características do trabalho que será
desenvolvido.
Capítulo 8
235Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
Segundo Fachin (2001, p. 111), o objetivo “é um fim que o trabalho se
propõe atingir. [...] é uma ação proposta para responder a questão que representa
o problema”.
Richardson (1999) afirma que nos objetivos da pesquisas, deve-se
apresentar objetivos gerais e específicos que serão base para o desenvolvimento
da pesquisa. São criados considerando o problema de pesquisa levantado.
Como objetivo geral entende-se “uma visão global e abrangente do
tema.” (LAKATOS e MARCONI, 2006, p. 221). Segundo Richardson (1999, p.
62), é “o que se pretende alcançar com a realização da pesquisa”. A seguir,
apresenta-se exemplo de objetivo geral (adaptado de RICHARDSON, 1999).
Exemplo
Tema: estudo sobre os fatores que contribuem para a migração rural-urbana no estado do Rio Grande do Norte.
Objetivo geral: verificar os fatores que contribuem para a migração rural-urbana no estado do Rio Grande do Norte.
Observe, no exemplo, que o objetivo geral reflete exatamente o que o
pesquisador pretende observando o tema apresentado. Preste atenção nesta
identificação para não fugir do tema.
Outra característica importante dos objetivos é que devem ser escritos com
verbo no infinitivo e você deve prestar atenção se o verbo está expressando o
que realmente a sua pesquisa busca. Quando se avalia o projeto de pesquisa, os
objetivos são foco de observação para identificar se podem ser cumpridos, ou seja,
se são viáveis. Por vezes, a falta do verbo adequado pode atrapalhar o projeto.
Alguns verbos utilizados podem ser: determinar, verificar, avaliar,
analisar, comparar, validar, planejar, modelar, desenvolver, aplicar, apresentar,
propor, descrever, entre tantos outros que podem expressar sua finalidade em
um projeto de pesquisa.
Em se tratando de objetivos específicos, estes permitem, por meio de seu
alcance, atingir o objetivo geral, além de possibilitar a aplicação em situações
Capítulo 8
236 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
particulares (LAKATOS e MARCONI, 2006). Richardson (1999) complementa
dizendo que apresentam fases a serem cumpridas para que seja possível
chegar ao objetivo geral da pesquisa. Veja os exemplos apresentados pelo
autor e adaptados a este documento.
Exemplo
• Levantar informações sobre a migração rural-urbana no Estado do Rio Grande do Norte.
• Identificar fatores que contribuem para essa migração.
• Comparar a importância dos fatores que contribuem para a migração rural-urbana no Rio Grande do Norte.
O pesquisador, por vezes, aponta em seu projeto respostas provisórias
à pesquisa, que podem ser refutadas ou confirmadas ao final do processo de
pesquisa. No entanto, estas possibilidades são indicadas no projeto de pesquisa
e, ao final, o pesquisador apresentará os resultados e poderá indicar se estão
ou não adequadas.
No caso do exemplo apresentado, você poderia indicar, em seu projeto,
duas, três ou mais respostas possíveis ao problema levantado, sendo de fácil
compreensão e experimentação.
Segundo Fachin (2001, p. 114), no enunciado da hipótese, deve haver
uma correção entre as variáveis envolvidas considerando as independentes,
que são os fatos conhecidos, as causas; as dependentes, que se referem ao que
se deseja medir ou provar; e as variáveis intervenientes, que não aparecem na
hipótese, mas tem influência sobre as outras variáveis.
Com todas as informações já apresentadas, cabe ao pesquisador indicar
os porquês de ter escolhido o tema e o problema em questão para estudar.
Esta é uma atividade muito relevante no projeto de pesquisa, pois permitirá
ao investigador apresentar a relevância do trabalho que pretender realizar
e, assim, poderá convencer aos interessados o quanto sua pesquisa será
interessante e valiosa.
Esta etapa é chamada de justificativa. De acordo com Fachin (2001, p.
111), nesta fase “faz-se uma narração sucinta, porém completa, dos aspectos
Capítulo 8
237Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
de ordem teórica e prática que se fazem necessários para a realização da
pesquisa”.
Lakatos e Marconi (2006, p. 221) afirmam que “[...] é o elemento que
contribui mais diretamente na aceitação da pesquisa pela(s) pessoa(s) ou
entidades que vão financiá-la.”.
Você deve se preocupar em destacar a importância do assunto que está
sendo discutido considerando a contribuição que deseja alcançar a pesquisa
do tema apontado.
Os aspectos apresentados na introdução do trabalho são de grande
importância para o desenvolvimento do restante do projeto, pois os demais
tópicos terão como base as informações apresentadas no referido item. Você
deve ter percebido que a introdução descreve exatamente as intenções do
pesquisador.
Após ter definido de maneira coerente e coesa o tema, o problema, os
objetivos e a justificativa, há a necessidade de que seja definida a forma como
a pesquisa será desenvolvida. Por se tratar de um trabalho científico, deve-se
trabalhar com ferramentas que permitam o rigor científico.
8.2.3 Metodologia da pesquisa
Aqui, você, como pesquisador, estará preocupado em detalhar de que
forma a pesquisa será realizada, incluindo métodos, pesquisas, população e
amostra, coleta e análise de dados.
A escolha dos vários itens constantes da metodologia dependerá do
objeto, problema, objetivos e finalidades de estudo do projeto de pesquisa
em questão.
Outro ponto importante na descrição da metodologia é que se trata de
um texto corrido em que os títulos apresentados podem, ou não, ser adotados,
dependendo do modelo de projeto utilizado. Todos deverão aparecer no
texto. Resta saber se o modelo indicará títulos ou apenas um texto abordando
todos os aspectos metodológicos.
Capítulo 8
238 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
Ao desenvolver o texto da metodologia, o ideal é que, a cada definição de
tópico, como método, por exemplo, o pesquisador deve apresentar conceitos
de autores da área sobre o método escolhido e apontar justificativa da escolha
deste para a sua pesquisa.
Inicialmente, você pode definir sua pesquisa quanto ao método que
será utilizado. Lembra que nós estudamos estes métodos no capítulo 3? O
método nos ajuda a fornecer o rigor científico tão necessário para a geração
do conhecimento. Foram apresentados os seguintes métodos:
• Método científico: apresenta explicação para ocorrências semelhantes
de fatos reais.
• Método racional: aplicado em áreas em que não é possível a
comprovação de fatos por meio da experimentação.
• Método dedutivo: diz-se da pesquisa em que se utiliza uma maneira
de raciocínio que inicia no geral em direção ao específico.
• Método indutivo: ao contrário do dedutivo, o raciocínio parte do
específico em direção ao universal.
• Método hipotético-dedutivo: o resultado que se busca com a pesquisa
será encontrado por meio de um processo de tentativas e eliminação
de erros.
• Método dialético: ocorre quando se está anulando hipóteses criadas
para que haja início um novo sistema de hipóteses.
• Método experimental: quando a pesquisa trará em seu objeto a
necessidade de controle da manipulação de variáveis.
• Método observacional: por meio de observação, consegue-se
identificar características relevantes do objeto foco de pesquisa.
• Método estatístico: os resultados obtidos na pesquisa terão por base
a estatística.
Capítulo 8
239Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
• Método comparativo: a pesquisa pressupõe a identificação de
semelhanças e diferenças entre grupos, fatos, indivíduos para explicá-la.
O investigador deve apontar também em quais tipos de pesquisa seu
projeto pode ser classificado. Você recorda que este tema foi abordado no
capítulo 4, em que os variados tipos de pesquisa foram apontados e discutidos?
A seguir, apresentamos, de forma sucinta, os tipos de pesquisa já apresentados.
Se pairar dúvidas, retome o conteúdo do referido capítulo.
• Pesquisa quantitativa e pesquisa qualitativa: estas se diferenciam pela
forma de coleta de dados utilizada. Se a pesquisa fará uso de dados
descritivos com uma compreensão subjetiva do fato estudado, tem-se
a pesquisa qualitativa. Caso a pesquisa tenha como intuito coletar e
analisar dados numéricos, tem-se a pesquisa quantitativa. Algumas
pesquisas podem adotar as duas abordagens.
• Níveis de pesquisa:
Descritiva: a pesquisa descreverá características do objeto que está
em estudo no projeto.
Exploratória: possibilita o aprofundamento em tema desconhecido
ou pouco conhecido.
Explicativa: pesquisa que se preocupa em permitir o conhecimento
aprofundado da realidade.
• Estratégias ou delineamentos de pesquisa:
Pesquisa bibliográfica: os resultados da pesquisa têm como base
teorias publicadas em várias fontes de pesquisa.
Pesquisa de opinião: identifica o que grupos acreditam sobre um
tema em específico foco de estudo.
Pesquisa-ação: é uma pesquisa social em que tanto pesquisadores
como participantes são parte da situação ou problema de pesquisa.
Pesquisa-intervenção: estudo da sociedade em que o investigador
está envolvido no processo.
Estudo de caso: o estudo é realizado de forma exaustiva sobre o
objeto de pesquisa, conhecendo-o de forma ampla e detalhada.
Trabalho de campo: pode-se fazer levantamento de campo ou o
estudo de campo.
Capítulo 8
240 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
Entre as várias pesquisas apresentadas, sempre considerando o foco
da sua pesquisa, você deve definir qual será abordada em sua investigação.
Lembre que é possível a utilização de mais de um tipo de pesquisa em um
mesmo projeto.
Cabe ao pesquisador definir em seu projeto quem serão os pesquisados
participantes de sua pesquisa. Em qualquer pesquisa, considerando o objeto de
estudo, você terá uma população, que é o todo constituinte que faz parte do
universo de pesquisa. Para Lakatos e Marconi (2006, p. 225), é “o conjunto de
seres animados ou inanimados que representam pelo menos uma característica
em comum”. No caso do exemplo de tema utilizado, a população seriam todos
os migrantes da região apontada.
No entanto, nem sempre é possível realizar uma pesquisa com todos os
componentes do grupo, assim, costuma-se escolher parte da população para realizar
a pesquisa, ou seja, seleciona-se uma amostra dos participantes da pesquisa.
Conforme explicam Lakatos e Marconi (2007, p. 30), “a amostra é
uma parcela convenientemente selecionada do universo (população); é um
subconjunto do universo”. Ou seja, embora você tenha muitos participantes
envolvidos na pesquisa, você deverá escolher apenas alguns deles para aplicar
seus métodos ou técnicas de coleta de dados selecionados.
Quando, na realização da pesquisa, você percebe que terá a amostra
igual à população, muitas vezes por ser uma população pequena, tem-se o
que chamamos de censo: população = amostra.
EXPLORANDOEXPLORANDO
Você sabe como fazer para escolher uma amostra de uma população? Tem alguma ideia de como isto pode ser realizado? Não? Então, consulte o livro LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. de A. Técnicas de pesquisa. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2007. O livro apresenta diversas formas de realizar uma amostragem.
Uma das fases cruciais é a escolha dos métodos que serão utilizados para
coletar os dados para que se possa ter um resultado viável e comprobatório.
Capítulo 8
241Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
Neste caso, no projeto de pesquisa, o pesquisador deve afirmar quais os
métodos de coleta de dados serão adotados para a pesquisa. Estudamos
algumas opções, como segue:
• Observação participante: apresenta uma realidade sobre o fato
em estudo por meio da observação do que acontece, sendo que o
pesquisador está inserido no processo.
• Entrevista: nesta técnica, pesquisador e pesquisado ficam frente a
frente e podem interagir sobre o tema em questão sempre com o
foco do tema de pesquisa.
• Questionário e formulário: estes dois recursos são compostos por
várias questões sobre o tema em estudo. O que os diferencia é que, no
questionário, o entrevistado preenche as respostas, e no formulário,
as respostas são preenchidas pelo entrevistador.
• Diário de campo: documento utilizado para guardar informações e
dados coletados em trabalho de campo.
Após a definição de como será realiza a coleta dos dados, é importante que o
pesquisador afirme como estes dados serão analisados e que tipo de recursos utilizará.
Você também já conheceu as formas de análise, apresentadas no capítulo 4.
• Análise estatística: a caracterização dos dados é realizada com base
em alguma técnica estatística.
• Análise de conteúdo: não há uso de fórmula matemática; os dados
são caracterizados e analisados por meio de descrição e comparações
com teorias existentes.
• Análise qualitativa: utilizada quando se trata de pesquisa qualitativa;
possui as fases de redução; exibição; conclusão/verificação.
Após a análise os dados, estes podem ser representados de várias formas.
Lakatos e Marconi (2007) apontam algumas formas de realizar a representação
como sugestão para esta etapa. Você pode mencionar em seu projeto de
pesquisa se as utilizará.
Capítulo 8
242 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
Tabela Gráfi coQuadro
Figura 6 - Formas de representação de dadosFonte: adaptada de Lakatos e Marconi (2007).
Os autores divergem sobre o emprego de tabelas e quadros em trabalhos,
mas o mais utilizado é que tabela deve ser utilizada sempre que se desejar
apresentar visualmente números, sejam eles absolutos ou percentagens. Já
o quadro deve ser utilizado quando as informações a serem representadas
referem-se a agrupamento de palavras e frases.
Outra forma muito utilizada de representar dados é o gráfico. O uso
com habilidade pode apresentar os dados de maneira clara e facilitar a
compreensão dos resultados alcançados.
Lakatos e Marconi (2007) definem basicamente dois tipos de gráficos
que podem ser aplicados para representação de dados:
• informativos: tem como intuito apresentar ao leitor e ao pesquisador
o conhecimento acerca do problema em estudo;
• analíticos: fornece ao pesquisador e ao leitor informações passíveis de
interpretação, cálculos, inferências e até previsões.
Quanto à aparência, os gráficos podem ter várias formas – linear, de barras,
diagramas, entre outros –, dependendo dos dados que serão apresentados.
A etapa de metodologia é muito importante no projeto de pesquisa e
deve estar em consonância com todos os itens da introdução do trabalho.
Os avaliadores de projetos irão observar se a forma como você afirmou que
seu trabalho será realizado na metodologia está adequada, considerando seu
propósito de pesquisa.
8.2.4 Referencial teórico
Em uma pesquisa, não se deseja e não é aceitável apenas relatório de
dados coletados. É necessário que haja embasamento teórico, ou seja, que
o autor da pesquisa tenha estudado sobre o tema pesquisado e saiba o que
outros autores já descobriram a respeito.
Capítulo 8
243Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
De acordo com Lakatos e Marconi (2006, p. 226), “todo projeto de
pesquisa deve conter as premissas ou pressupostos teóricos sobre os quais o
pesquisador [...] fundamentará sua interpretação”.
As pesquisas não iniciam do nada; sempre existe algum outro trabalho
científico que já foi realizado sobre o tema foco de estudo. Por isso, é relevante
que o pesquisador verifique nas fontes de pesquisa existentes o que já se sabe
sobre o assunto que será desenvolvido.
Estas informações sobre o que já foi estudado, inclusive, irão compor o
texto desta parte do projeto de pesquisa. Com base nos itens da introdução
do trabalho, o pesquisador criará um sumário referente à revisão teórica,
inserindo tópicos interessantes ao tema que se propõe a pesquisar.
No texto propriamente dito, os autores apresentam conceitos, características,
tipos, aspectos relevantes do tema a ser pesquisado, mostrando o que já existe
sobre a teoria e o que se relaciona com o trabalho que está sendo proposto.
Conforme afirmam Lakatos e Marconi (2006, p. 227), “para que se possa
esclarecer o fato ou fenômeno que se está investigando e ter possibilidade
de comunicá-lo, de forma não ambígua, é necessário defini-lo com precisão”.
Com esta afirmação, as autoras corroboram com a relevância do estudo sobre
o tema selecionado para a pesquisa, em escritos publicados em fontes de
pesquisa, como livros, artigos, dissertações, teses, entre outros.
O desenvolvimento da revisão teórica é um texto corrido e deve conter
citações, já que as ideias apresentadas são de outros autores pesquisadores
que estudaram o tema em questão.
O pesquisador pode se valer de figura, tabelas e quadros para melhor
apresentar os temas, porém deve sempre indicar a legenda das figuras, assim
como as fontes de onde foram retiradas, conforme modelo a seguir.
Tabela 1 - Exemplo de tabelaTÍTULO DA COLUNA 1 TÍTULO DA COLUNA 2 TÍTULO DA COLUNA 3
Dado: Linha 1, Coluna 1 Dado: Linha 1, Coluna 2 Dado: Linha 1, Coluna 2
Dado: Linha 2, Coluna 1 Dado: Linha 2, Coluna 2 Dado: Linha 2, Coluna 2
Dado: Linha 3, Coluna 1 Dado: Linha 3, Coluna 2 Dado: Linha 3, Coluna 2
Fonte: adaptada de Autor(a) (Ano).
Capítulo 8
244 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
Neste caso, se tiver dificuldades, retome os conceitos apresentados
no capítulo 7 sobre citações e referências, que serão de muita utilidade na
elaboração da revisão teórica.
O documento deve ser escrito em linguagem fácil, clara, coerente e que
esteja em consonância com o que se deseja com a pesquisa em questão. Fique
atento para não fugir do tema que você selecionou como foco de sua pesquisa
e não exagerar na teoria apresentada no projeto.
Por se tratar de um projeto, o estudo teórico não será exaurido neste
momento. Em alguns casos, será o início do estudo e poderá ser aprofundado
após a aprovação do documento pela empresa fomentadora da pesquisa ou
até por uma banca em um curso de graduação ou pós-graduação.
LEMBRETELEMBRETE
Lembre-se de que, ao inserir em seu trabalho uma ideia que não é sua, você deve indicar a fonte de pesquisa utilizada, informando os dados necessários da citação realizada. A omissão da fonte da citação é considerada plágio.
Não se esqueça de, ao final do projeto, fazer um capítulo de considerações
finais em que você pode expor melhor sua proposta daquele projeto de
pesquisa e os resultados que podem ser alcançados.
Ao final do projeto de pesquisa, você necessita indicar todas as referências
utilizadas no corpo de seu trabalho. Verifique todas as citações que você
empregou em seu texto e apresente a lista das fontes de pesquisa referentes.
8.2.5 Orçamento e cronograma de pesquisa
Em se tratando de orçamento e cronograma, deseja-se responder
questionamentos realizados em projetos de pesquisa tais como: com quanto
você conseguirá desenvolver o projeto e em que prazo este trabalho proposto
será realizado?
A apresentação de um orçamento no projeto torna-se relevante por
favorecer a empresa que pretende fomentar e, claro, ao pesquisador, a fim
Capítulo 8
245Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
de ter noção do quanto será gasto para o desenvolvimento da pesquisa. Isto
possibilita um olhar mais realista para que o investigador não tenha ilusões
sobre uma proposta.
Alguns trabalhos podem ser inviáveis se considerarmos os custos em
comparação aos resultados que poderão trazer. Ou seja, sendo o projeto
um planejamento, o que se espera alcançar não é a verdade absoluta, mas o
pesquisador acredita que será obtido o resultado apontado. No entanto, por
vezes, há possibilidade de chegarmos a um final feliz.
Assim, os orçamentos ajudam para que os pesquisadores mantenham
seus pés no chão, bem conscientes do que pode ou não ser realizado. É possível
que muitos tenham desistido de projetos inviáveis financeiramente.
Os custos podem ser divididos em custos com pessoal, considerando os
envolvidos na pesquisa, como coordenador, integrantes do grupo de pesquisa,
programadores de computadores e até entrevistadores, se for necessário; e em custo
com material, sendo alguns consumidos durante a pesquisa, como papel e caneta, e
outros permanentes, como computadores e impressoras (LAKATOS e MARCONI, 2006).
O cronograma é uma parte muito importante do projeto, pois além de
saber quando o resultado da pesquisa será apresentado, também possibilita
verificar o prazo necessário para o desenvolvimento da pesquisa.
Os autores (2006) sugerem que o trabalho seja dividido em partes,
considerando as etapas de execução da pesquisa e indicando o período de
realização de cada atividade descrita, como sugere a figura 7.
TÍTULO DA COLUNA 1MÊS
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Figura 7 - Modelo de cronograma
Capítulo 8
246 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
A primeira coluna é destinada à apresentação das atividades que serão
realizadas, como coleta de dados (vimos que há diferentes técnicas para isto,
conforme você indicou na metodologia proposta). Após, você deve indicar o
período (pode ser por dias, semanas ou até meses); isto dependerá do prazo
total de seu projeto de pesquisa.
É interessante que, após a apresentação das atividades de pesquisa, o
pesquisador descreva o plano de trabalho para sua investigação. Cada etapa
indicada no cronograma, conforme modelo, deve ser detalhada, possibilitando
aos pesquisadores e fomentadores compreender como a pesquisa será
desenvolvida.
Assim, o investigador tem a possibilidade de apresentar informações
adicionais no quadro do cronograma.
8.3 Aplicando a teoria na prática
Leia atentamente o texto a seguir, buscando compreensão do conteúdo
apresentado e discutido. A seguir, resolva o exercício proposto.
Este projeto apresenta a proposta de dissertação de mestrado, cujo objetivo é o desenvolvimento de um guia para estimativas de projetos de software em micro e pequenas empresas (MPEs). Neste projeto, são descritas as dificuldades enfrentadas pelas empresas de software deste porte em se manter no mercado, sendo esta, em parte, advinda da falta de gerenciamento de projetos. Percebe-se que nesta área a maior problemática está no processo de estimar, considerando estimativa de recursos de atividades, duração de atividades e produtos de trabalho, como tamanho de software. Desta forma, pretende-se, com a execução deste projeto, apresentar técnicas de estimativas mais viáveis às MPEs, considerando como base o PMBOK e alinhando aos processos de melhoria de qualidade e produtividade de software, como CMMI, ISO/IEC 15505 e MPS-BR. Para tanto, estes métodos e normas são apresentados, enfocando a revisão bibliográfica na área de gerenciamento de projetos. Este projeto é classificado como pesquisa aplicada e descritiva, utilizando-se de levantamento bibliográfico e documental, considerando também relatórios de experiências na área de estimativas. O trabalho descreve ainda a proposta do guia, como e quando este será desenvolvido e avaliado.
Capítulo 8
247Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
Aplicando os conhecimentos apresentados neste capítulo, apresente
as partes referentes ao projeto de pesquisa considerando seus componentes
básicos de desenvolvimento apontados, como seguem. Você pode selecionar
partes do texto que apontem o item referenciado.
• Tema
• Problema
• Objetivo(s)
• Referencial teórico
• Metodologia
8.3.1 Resolvendo
Considerando os conceitos apresentados e os itens apontados, a questão
pode ser resolvida da seguinte forma:
• Tema: gerenciamento de projetos - estimativas de projetos de software
em micro e pequenas empresas.
• Problema: processo de estimar, considerando estimativa de recursos
de atividades, duração de atividades e produtos de trabalho, como
tamanho de software.
• Objetivo(s): desenvolver um guia para estimativas de projetos de
software em micro e pequenas empresas.
• Referencial teórico: gerenciamento de projetos, micro e pequenas
empresas, PMBOK e processos de melhoria de qualidade e
produtividade de software (CMMI, ISO/IEC 15505 e MPS-BR).
• Metodologia: pesquisa aplicada e descritiva, utilizando-se de
levantamento bibliográfico e documental, considerando também
relatórios de experiências na área de estimativas.
Capítulo 8
248 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
8.4 Para saber mais
Sugiro que você consulte os livros a seguir para entender ainda melhor
o projeto de pesquisa.
LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. de A. Técnicas de pesquisa. 6. ed. São Paulo:
Atlas, 2007.
O livro apresenta, além de uma série de técnicas relacionadas à pesquisa,
um capítulo específico que explica exaustivamente variadas formas de
selecionar uma amostra de população em uma pesquisa.
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002.
O livro de Gil (2002) apresenta, como seu nome já propõe, vários
capítulos destinados a explicar como se deve realizar um projeto de pesquisa,
especificando como desenvolver as atividades para vários tipos diferentes
de pesquisa, como a bibliográfica, documental, levantamento, pesquisa
participante, estudo de caso, entre outras.
RICHARDSON, R. J. Pesquisa social: métodos e técnicas. 3. ed. rev. ampl. São
Paulo: Atlas, 1999.
O livro de Richardson (1999) apresenta um roteiro de projeto de pesquisa
bastante interessante, principalmente auxiliando no desenvolvimento da
introdução, incluindo justificativa, objetivos, problema de pesquisa, hipóteses,
bem como aspectos da metodologia de pesquisa.
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq):
<http://www.cnpq.br/>
No site do CNPq, você encontra em EDITAIS regras e informações sobre
editais desta instituição em que os projetos são financiados com recursos
próprios do CNPq ou de outros Ministérios e Fundos Setoriais. Acessando, será
possível observar o modelo exigido e como o projeto de pesquisa deve ser
desenvolvido para ser aceito nesta instituição.
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES):
<http://www.capes.gov.br>
Capítulo 8
249Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
A Capes tem como principal atividade trabalhar na expansão e na
consolidação da pós-graduação stricto sensu (mestrado e doutorado) em todos
os estados brasileiros. Esta instituição, entre outras atribuições, faz avaliações
dos programas de mestrado e doutorado, além de fornecer bolsas aos alunos
destes cursos. Sugiro que você acesse o site e conheça a instituição, pois assim
como o CNPq, também apresenta uma série de programas em que, para ser
agraciado, o pesquisador necessita elaborar e remeter um projeto de pesquisa.
8.5 Relembrando
O capítulo 8 apresentou:
• estrutura e finalidade: este tópico apresentou a que se destina um
projeto de pesquisa e suas características. Foi possível também conhecer
aspectos referentes ao estilo de texto que você deve considerar ao
escrever seu projeto de pesquisa;
• introdução: você pode conhecer a parte introdutória do projeto de
pesquisa em que você deve apresentar o tema escolhido para ser
foco do seu projeto; observou como o problema de pesquisa deve
ser elaborado e quais informações pertinentes devem ser descritas;
o texto mostrou ainda como você deve definir o objetivo de estudo,
considerando o objetivo geral e os objetivos específicos; e, por fim,
a justificativa foi apresentada e você verificou como pode indicar os
porquês de realizar a pesquisa em questão;
• metodologia da pesquisa: o texto apresentou como o pesquisador
deve indicar no projeto o método que será utilizado na pesquisa, a
fim de caracterizá-la como científica;
• referencial teórico: item em que o investigador deve descrever os
principais aspectos teóricos que sejam relacionados ao trabalho
pesquisado e que já foram publicados em fontes de pesquisa. O
pesquisador deve fazer citações e referenciá-las posteriormente;
• orçamento e cronograma de pesquisa: apresentamos como o
pesquisador deve demonstrar os custos que estarão envolvidos na
pesquisa, as etapas da pesquisa e quando cada uma delas será realizada.
Capítulo 8
250 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
8.6 Testando os seus conhecimentos
1) Em relação aos conceitos da introdução de um projeto de pesquisa, relacione
as colunas.
a) Tema ( ) Explicações e porquês que motivaram
a realização da pesquisa apresentada.
b) Problema de pesquisa ( ) Finalidade apresentada como foco
de pesquisa e estudo no projeto de
pesquisa.
c) Objetivos e/ou hipóteses ( ) Foco do estudo que foi definido para
ser aprofundado pela realização da
pesquisa apresentada no projeto.
d) Justificativa ( ) Refere-se a uma dificuldade teórica ou
prática que será foco de estudo e deve
ser descrita no projeto de pesquisa.
Assinale a alternativa que possui a sequência correta.
a) b, a, c, d d) b, d, c, a
b) c, d, b, a e) a, b, c, d
c) d, c, a, b
2) Com relação aos aspectos relacionados ao estilo de texto, assinale a
alternativa correta.
a) Clareza refere-se à apresentação de poucas ideias.
b) A coerência busca uma sequência de ideias lógicas e ordenadas.
c) A concisão refere-se ao texto ser redigido em terceira pessoa.
d) Impessoalidade diz respeito a expressar e não impressionar.
e) A objetividade refere-se à preocupação com a tradução exata do que
se deseja representar.
Capítulo 8
251Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
3) Em se tratando da definição do problema de pesquisa, selecione as
assertivas corretas.
I. Trazer novos conhecimentos deve ser considerado na formulação
do problema.
II. É importante que esteja dentro do contexto científico em que
está inserido.
III. Qualquer problema é viável para ser pesquisado.
IV. Deve-se considerar a possibilidade de validação.
Assinale a alternativa que apresenta apenas os itens verdadeiros:
a) I, II
b) II, IV
c) I, III, IV
d) I, IV
e) I, II, IV
4) Considerando a apresentação gráfica do texto do projeto de pesquisa,
assinale a alternativa correta.
a) Figuras e tabelas não necessitam de legendas.
b) Devem seguir os aspectos referentes aos trabalhos acadêmico-
científicos.
c) O referencial teórico deve ser necessariamente dividido em partes.
d) O projeto de pesquisa dispensa as formalidades dos trabalhos
acadêmico-científicos com a capa, por exemplo.
e) Não há uma sequência básica para sua apresentação, podendo o
referencial teórico anteceder a introdução.
5) Considerando o orçamento de um projeto de pesquisa, selecione as
assertivas corretas.
I. Materiais com custo baixo como canetas e corretivos devem ser
mantidos fora do orçamento.
Capítulo 8
252 Construção do Conhecimento e Metodologia da Pesquisa
II. A contratação de uma pessoa para aplicação de formulários deve
ser considerada.
III. Os custos referentes à equipe de pesquisa não devem ser incluídos
no orçamento.
IV. Impressoras e despesa com aluguel devem ser consideradas no orçamento.
Assinale a alternativa que apresenta apenas os itens verdadeiros:
a) I, II
b) II, III, IV
c) II, IV
d) I, III
e) I, II, IV
Onde encontrar
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e execução de pesquisas, amostragens e técnicas de pesquisas, elaboração,
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NC
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