Download - Comunicação comparada - Aula 4
CONCORRÊNCIA ENTRE OS VEÍCULOS DE
MÍDIA E CONTROLE DA INFORMAÇÃO
O mercado brasileiro de jornalismo movimenta-
se no sentido de forte competição;
A concorrência entre veículos jornalísticos não
é, em si, um fato novo, mas o que atrai atenção
é o acirramento desta competição em anos
recentes. Isso pode ser constatado pelos
seguintes indicadores:
Surgimento de novos canais de televisão por
assinatura;
Aumento da oferta de novas revistas semanais,
quinzenais e mensais;
Aumento da oferta de novos jornais;
Especialização da programação jornalística de
emissoras de rádio e de televisão por
assinatura, e também de jornais e revistas;
Oferta de novos serviços de informação,
impressa ou via internet, por empresas
jornalísticas;
Intensificação da cobertura regional por
veículos nacionais;
Intensificação da cobertura local por veículos
regionais.
Tudo isso amplia as possibilidades de escolha
da audiência, seja de meios impressos, seja de
meios eletrônicos.
Multiplicam-se as bancas de revistas e jornais –
o mercado físico do jornalismo impresso –, que
assumem cada vez mais importância como
pontos de distribuição dos mais diversos
produtos, jornalísticos ou não.
Também por conta de espaços físicos, a audiência encontra na mídia eletrônica, como televisão (tanto aberta como por assinatura), rádio e Internet, uma oferta extremamente generosa de produtos jornalísticos.
Nesta ampliação da oferta de produtos e serviços jornalísticos e, por extensão, na concorrência que se intensifica, observam-se estratégias de marketing que vão desde o acoplamento de produtos diversos no produto jornalístico impresso, dos tipos fitas de vídeo, enciclopédias, livros, CDs etc., até a redução de preços
Ao mesmo tempo, na televisão, telejornais
disputam audiência com programas não
jornalísticos e as emissoras de rádio buscam
audiência através de publicidade;
Por outro lado, a especialização dos veículos,
impressos e eletrônicos, é incrementada na
procura e consolidação de nichos de mercado,
e pelo menos duas novas formas de
informação, serviço e auto-ajuda, são cada vez
mais privilegiadas.
São criados cargos para jornalistas
representarem a audiência. Enfim, o jornalismo
mostra um movimento em direção à
competição, sintonizado, como tudo leva a crer,
no ambiente econômico competitivo que se
estabelece no país.
Como qualquer ramo da atividade econômica, o
jornalismo está sujeito às leis do mercado. Uma
direção que este mercado toma é a
oligopolização, que apresenta concorrência
interna pela natureza deste ramo
Ao mesmo tempo, o jornalismo, também por
sua natureza, é uma atividade que permite a
atuação política-ideológica mais intensa, já que
forma a opinião pública.
Neste sentido, há possibilidade de mostrar-se
como um oligopólio de consenso em
determinadas posições políticas. O jornalismo,
enfim, é o resultado de uma combinação entre
interesses políticos e econômicos. Ele tem um
papel institucional, mas também é um negócio
informacional.
Veículos de comunicação (TV, rádio) X veículos jornalísticos (jornal e revista);
Audiência é a palavra-chave nas decisões jornalísticas sob enfoque de mercado. A audiência dos veículos impressos é de dois tipos: assinantes ou não assinantes.
Na busca de contratos de assinatura, as formas típicas de captura de audiência são a publicidade, brindes, demonstração de economia no custo e facilidades de pagamento (prestações, carnês, cartões de crédito, contas telefônicas). Desta maneira, os veículos competem via publicidade, brindes, condições de preços e pagamento.
O problema aqui, e no caso de veículos
impressos, é o seguinte: como fazer a audiência
livre escolher dentre as publicações
concorrentes? No caso de veículos eletrônicos
o problema é semelhante: como ter – e manter –
audiência livre em determinados telejornais e
radiojornais? Estas são as questões principais
que a decisão jornalística num ambiente de
concorrência deve procurar solucionar em
termos de segmentação e diferenciação
mercadológica.
SEGMENTAÇÃO DO MERCADO
JORNALÍSTICO
São classificados em nacional, regionais e locais;
Por mercado regional entende-se o compreendido por estados da federação;
Por mercado local entende-se o compreendido por municípios;
Por mercado nacional é o somatório dos mercados regionais e, esses, por sua vez, são o somatório dos mercados locais;
Enquanto veículos nacionais, competem entre si:
televisão, rádio, revistas semanais, quinzenais e
mensais de informação, jornais; enquanto veículos
regionais, competem entre si: televisão, rádio,
jornais; já nos mercados locais a existência de
veículos, e a competição, depende do município
(desde uma capital até um pequeno município).
Mas, ao mesmo tempo, todos estes veículos
competem entre si, em maior ou menor intensidade
(Exemplificando: um jornal nacional compete com
um jornal regional dentro da área de atuação desse
último, mas um jornal regional não compete com
um jornal nacional fora de sua área de atuação).
Considerando a trama desta competição, que
os mercados locais são disputados pelos
veículos regionais e nacionais; logo, o mercado
regional é disputado pelos veículos nacionais.
Mas, é interessante notar que jornais regionais,
mesmo dedicando preferência à cobertura de
fatos regionais, mostram uma tendência de
disputa com jornais nacionais, via manchetes
de fatos nacionais;
Nos veículos nacionais o que ocorre é uma imbricação, superposição como são colocadas as telhas, de informação jornalística cuja origem são fatos nacionais/regionais/locais, forçando a competição com os veículos regionais. Como resultado, tem-se a tendência de uma oligopolização dos veículos nacionais em relação aos veículos regionais.
E tem-se, também, uma tendência de oligopolização, com concorrência entre si, dos veículos regionais em relação aos veículos locais.
RESUMINDO
A dinâmica desta competição, em resumo, é a
seguinte: os veículos nacionais procuram
ampliar sua audiência penetrando no mercado
dos veículos regionais e, esses, por sua vez,
procuram ampliar sua audiência penetrando no
mercado dos veículos locais.
A audiência (público) pode ser classificada
conforme critérios gerais como renda,
escolaridade, idade, sexo, tipo de
trabalho/funções, distribuição demográfica
(capitais, municípios de grande, médio e
pequeno porte, distritos) e em critérios
específicos como interesses por determinados
assuntos (categorizados como são as editorias:
economia, finanças, negócios, política,
esportes, ciência, cultura, polícia, saúde,
ecologia, etc., etc.) e aspirações
políticas/ideológicas.
Fatias do mercado de audiência são segmentos,
ou públicos. A formação de audiência tem num
extremo somente um público e em outro
extremo o total de públicos. Teoricamente, por
isso, um veículo pode ter como audiência um
público, mas também pode aglutinar o total dos
públicos - neste caso, haveria a monopolização
da audiência. O que ocorre, de fato, é que cada
veículo tem seu público-alvo, que pode ser
formado por apenas um público ou por um
conjunto de públicos.
Dois conceitos devem ser levados em conta no
mercado dos veículos: elasticidade e
inelasticidade. No primeiro caso, o mercado
ainda apresenta frações de audiência potencial,
não atendidas; no segundo, o mercado não
apresenta estas frações, estando assim
saturado.
"cada empresa que entra no mercado
procurará alguma posição, localizando-se
próximo a um concorrente ou em um segmento
não ocupado" (Kotler, 1996)
Esta situação movimenta todo o setor,
obrigando os veículos tradicionais a melhorias
e coagindo os veículos novos a fortalecer a
posição já conquistada. A dinâmica desta
competição implica num rearranjo desta
audiência, com uma segmentação mais
acentuada dos públicos, e disputa por fatias de
mercado dominadas por veículos concorrentes.
FIM