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Sumário Os Diretores ...................................................................................................... 3
1 História e a Dinâmica do Comitê .............................................................. 6
1.1 O sistema feudal ................................................................................... 6
1.2 A crise do sistema ................................................................................. 8
1.3 França ................................................................................................. 10
2 A Guerra ................................................................................................... 11
2.1 A Donzela de Orléans ......................................................................... 14
2.2 Relações Diplomáticas e Auxílio Internacional na Guerra ................... 16
2.3 Coroa de Castela ................................................................................ 16
2.4 Coroa de Aragão ................................................................................. 18
2.5 Império Português ............................................................................... 18
2.6 Reino da Dinamarca............................................................................ 20
2.7 Cavaleiros Teutônicos ......................................................................... 21
2.8 Sacro Império Romano-Germânico ..................................................... 21
3 Estratégia ................................................................................................. 22
3.1 Introdução ........................................................................................... 22
3.2 Aspectos táticos .................................................................................. 22
3.3 Filósofos da Guerra ............................................................................. 27
3.4 Anacronismos e como evitá-los .......................................................... 27
3.5 O pensamento estratégico e a Teoria de Jogos .................................. 28
3.6 Batalha em campo aberto ................................................................... 30
4 Recomendações ...................................................................................... 32
5 Referências .............................................................................................. 33
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Os Diretores
Venho lhes apresentar a digníssima Maria Eduarda Mota, ou
Duda para os íntimos e não íntimos. Duda tem 18 anos, seu animal
preferido é o unicórnio (e sim eu questionei ela dizendo q não existem),
ela tem um péssimo gosto para escolher seu aminoácido preferido que,
a título de curiosidade, é a valina. Ela adora sorvete de chocolate e tem
como Power Ranger preferido o amarelo. Maria Eduarda tem uma boa
alma e uma paciência tremenda (testada por mim constantemente) por
isso na dúvida a respeito de quem pedir auxílio, ela é sempre uma boa
escolha. Ela, inclusive, é dentre todas nós a que possui mais tolerância
para perguntas idiotas!
Vou apresentar pra vocês o grande Vinicius Bastos, ou vini, como ele
gosta de ser chamado. Vini está no auge dos seus 19 anos e está no
último ano do ensino médio, graças a forças do além, após seu
mestrado no ensino fundamental. Por trás de todo nervosismo e
impaciência, que vocês verão, existe uma pessoa muito engraçada e
com um bom coração. Não se assustem caso ele desaparecer do
comitê, o acharão na sala ao lado assistindo Os Simpsons, mas fora
isso, podem contar com ele pra qualquer problema, menos se você fizer
um ataque surreal ao seu inimigo, que vai proporcionar grande
indignação, xingamentos e risadas ao final kkkkkk e se ainda tiver
dúvidas de quem ele é, com certeza vai reconhecer depois que ele
quebrar a mesa de tão forte que ele bate aquele martelo kkkkkkk espero
que vocês adorem ele tanto quanto eu.
Mesmo que a primeira vista seja confundido com um neozazista e que
se considere anarcocapitalista, João Victor Chaves de Castro é
provavelmente uma das pessoas mais inteligentes e engraçadas que
você vai conhecer. João, também conhecido por Pivô (pelo menos por
mim), tem 17 anos, é de Sagitário com ascendente em Aquário (não que
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isso signifique alguma coisa...), está no terceiro ano do Colégio Santo
Antônio e, além de sua fama de ser "bonitinho, mas muito calado" tem
um boletim impecável e grande fascínio pelas ciências exatas, pretende
cursar Física, para ser professor, digo, trabalhar com Termodinâmica de
Buracos Negros. Quando não está fazendo piadas ofensivas ou
reclamando do ar condicionado, ele está fazendo exercícios de física,
matemática e química, lombrando os rolês no Outback, ou
acompanhando a NBA. Devido sua simpatia e competência João é
provavelmente o diretor mais normal e mais recomendável para se tirar
qualquer dúvida (caso ele não esteja vendo Simpsons na sala ao lado)
então sintam-se livres para testar sua paciência.
Olá!! eu sou o gustavo aka brasília, as vezes eu sou muito legal com os
outros mas na maioria das vezes sou bem chato, irritante e intimido
pessoas com a minha altura, mas quem liga ne porque o mundo gira em
torno de mim. Eu gosto de ler uns livros mais velhos que a minha mãe,
discutir política e espalhar o ódio pelos ancaps. Para falar a verdade as
pessoas só andam comigo pelo meu abraço de urso, meu cabelo legal e
meus suspensórios, mas tem algumas exceções que realmente veem o
amigo top que eu sou. Sou viciado em bebidas baseadas em cafeína, ou
seja, vivo a base de café e energético e acho dormir over rated, também
tenho um problema com jogos de carta, o que é bem explícito no fato
que eu já devo ter gastado uns quinhentos reais em baralhos. Fico muito
bonito de boina por isso uso sempre, mesmo tendo plena consciência de
que meu cabelo era bem mais top quando ele era grandão, cortei porque
meu amor por chapéus era maior que a graciosidade das minhas
madeixas. Como diretor sou excepcionalmente chato, tipo insuportável
mesmo, vai ser muito bom ter você no comitê para poder destruir sua
confiança. Não sei se essa foi uma descrição fiel de mim, mas por favor
me desculpem, como já disse o pensador filósofo da nova geração,
Neymar Jr, ai namoral .. hoje eu to bobo !! kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk.
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Matheus Rayol de Souza é um rapaz muito formoso, nascido no dia 3 de
abril, assim como diversas figuras históricas tais quais Carlos V, William
Eden, Gabriel Jesus e assim como elas possui interesse em política
(quer seguir carreira diplomática) e em esportes (grande fã de futebol
americano). Ele é um conhecedor afinco da história, assim como de
várias outras áreas do conhecimento, desta forma é um dos diretores
mais recomendáveis no que se refere ao esclarecimento de dúvidas.
Isso aliado a sua personalidade amigável, prestativa e divertida compõe
uma grande pessoa que com certeza se destacará como um dos
melhores diretores que vocês terão contato.
E agora falaremos dela, a musa simpatia desse comitê, a que ainda tem
paciência com certos delegados, a que talvez aí estourar seus tímpanos:
ELA É A RENATA, senhoras e senhores! Essa linda mineira de Lagoa
Santa é a uma pessoa super esforçada - diferente de alguns diretores
desse comitê - e vai dar mais que seu sangue, seu suor e suas lágrimas
para o andamento desse comitê. É estudante de direito, filha da PUC-
Minas, militar muito pelo feminismo e pelos direitos humanos, além de
ser presença mais do que confirmada na Sisacional e em outras festas
de BH city. Entretanto, caros leitores, não estressam essa digna figura
visto que sua voz pode se elevar a níveis não audíveis pelo ser humano.
No mais, ela estará sempre aberta para ajudá-los no que precisar com
muita boa vontade e -quase sempre- com um sorriso no rosto.
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1 História e a Dinâmica do Comitê
A guerra dos Cem Anos está intrinsecamente ligada à crise do sistema
feudal e da Idade Média. Para entendermos as motivações desse conflito, é de
suma importância analisarmos o contexto europeu dos séculos XIV e XV.
1.1 O sistema feudal
O feudalismo foi um sistema político, econômico e social vigente na
Europa desde a queda do Império Romano até a Tomada de Constantinopla.
Foi caracterizado pelas construções dos laços de suserania e vassalagem.
O surgimento dos feudos derivou das revoltas plebeias e da crise
econômica da decadência da Época de Ouro Romana. Devido ao estado de
caos das cidades romanas, muitos patrícios se refugiaram em seus latifúndios,
levando consigo escravos e plebeus para trabalharem no abastecimento
interno. Com essa primeira transição, essas unidades passaram a ser
conhecidas como senhorios.
Os plebeus seguiam a organização do colonato. Sob esse sistema,
abasteciam o senhor com o cultivo na Reserva Senhorial e produziam para si
mesmos, por meio da agricultura de subsistência, no chamado “Manso Servil”.
Embora fossem juridicamente livres, os plebeus trabalhavam de forma
compulsória, pagavam tributos e eram presos à terra. Havia uma relação de
troca com o senhor, que fornecia proteção e condições de vida, enquanto era
pago com o trabalho.
Durante o século IV, as invasões germânicas transformaram os
senhorios em villas. Os povos germânicos tomaram o controle dessas terras,
executaram os senhores e destruíram inúmeras vias de comunicação com o
objetivo de evitar novos ataques. Além disso, transformaram alguns escravos
restantes em colonos e introduziram o conceito de comitatus, isto é, de
fidelidade cega ao senhor. Dessa forma, o laço de servidão foi criado. A igreja
católica foi uma peça-chave nesse processo, vistou que adaptou-se às diversas
culturas, consolidando-se como uma instituição.
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No laço de servidão, os servos tinham que pagar as obrigações servis,
taxas que representavam a exploração sobre esses indivíduos. Essas taxas
eram:
Corveia: Trabalho na reserva senhorial;
Censo: Espécie de aluguel pago ao senhor;
Banalidades: Pago quando os bens do senhor eram utilizados;
Talha: Uma parte do que era produzido no manso e que deveria ser
entregue ao senhor como um tributo;
Dízimo: 10% da produção dada à Igreja:
Champart: taxa paga quando terra virgem era convertida em terra
cultivável.
O feudalismo só foi consolidado, entretanto, a partir do surgimento do
laço de vassalagem e do parcelamento da soberania do rei, que deixou de ser
soberano e se tornou suserano. Esse processo foi iniciado por Luis, o piedoso,
filho de Carlos Magno, que utilizou a doação de terras como uma forma de
controlar os nobres. Com isso, criou o laço de Vassalagem, por meio do qual
os nobres juravam ajudar o rei e prestar-lhe fidelidade. A administração das
terras recebidas era de inteira responsabilidade do vassalo e a posse delas era
hereditária.
A sociedade feudal era estamental (composta de ordens) e estratificada
(sem mudança entre as ordens), além de moldada pela Igreja e voltada para
ela. Segundo o clero, cada ordem social possuía uma função determinada por
Deus e, se cada uma cumprisse sua parte, ele baixaria sua misericórdia sobre
a Terra e salvaria todos da mancha do pecado original. A classe mais alta era a
dos oratores, constituída pelo clero e cujo dever era orar pela salvação da
humanidade. A segunda ordem era a dos belatores, formada pelos nobres e
que deviam guerrear para proteger a sociedade. A classe mais baixa era dos
laboratores, constituída pelos plebeus e que devia trabalhar para sustentar a
sociedade.
A Igreja era inquestionável e controlava os homens por meio do medo e
da ideia do pecado. Havia um pensamento teocêntrico no qual tudo era
justificado pela vontade de Deus, além de um forte controle social e político por
parte do clero. Aqueles que discordavam da postura da Igreja era chamados de
hereges e eram perseguidos pela Inquisição e pelo Tribunal do Santo Ofício.
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Outros artifícios criados para exercer controle foram o purgatório e o
confessionário.
A partir do século X , com a consolidação do sistema, começou o
escambo com as sobras da produção para subsistência. Esse período foi
conhecido como Paz de Deus devido à diminuição das guerras e ao surgimento
de inovações agrícolas. A charrua, o uso do cavalo, o atrelamento e a rotação
de culturas foram responsáveis por aumentar e melhorar a produção. Dessa
forma, com pessoas mais saudáveis e menos mortes, a população começou a
crescer. Como consequência, os feudos começaram a superlotar e muitos
camponeses migraram para as cidades.
As cidades eram centros militares, religiosos e administrativos do feudo,
geralmente fortificadas por muralhas. Nesses centros, muitos camponeses
passaram a produzir manufaturas e trocá-las ou até mesmo vendê-las. A partir
disso, começou a aparecer um desenvolvimento do comércio, paralelamente
ao crescimento desses centros urbanos, chamados de burgos. Houve, assim, o
inicio do acúmulo de riqueza móvel.
Com o crescimento dessa atividade, formaram-se interligações
comerciais e consequentemente, uniões entre comerciantes, conhecidas como
hansas. Essas coligações percorriam a Europa e realizavam feiras em diversos
feudos diferentes. Os manufatureiros também formaram coligações, as
chamadas Corporações de Ofício. Essas organizações padronizaram toda a
produção e os custos e preços de venda, com o objetivo de evitar a exploração
das hansas.
Aconteceram também alguns movimentos de libertação das cidades, nos
quais os burgueses reivindicavam a autonomia administrativa das cidades em
relação ao senhor feudal.
1.2 A crise do sistema
A crise do feudalismo pode ser caracterizada como uma crise orgânica,
por ter sua origem no próprio desenvolvimento do sistema, e estrutural, por ter
suas causas conectadas umas às outras.
O primeiro fator ligado à crise foi a transformação da servidão. Devido ao
desenvolvimento do comércio, os servos passaram a reivindicar dinheiro como
pagamento para o trabalho. Devido a isso, os senhores passaram, lentamente,
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a transformar toda a terra em manso servil e a dar aos servos o direito de
venderem sua produção. A ideia de submissão mudou, o servo se torna aos
poucos, um trabalhador assalariado e a subalternidade apenas é dada de outra
forma.
À medida que a economia de mercado superou a economia de
subsistência, muitos camponeses migraram para as cidades. Dessa forma,
com o abandono das terras, com a produção para a venda e com a mobilidade
dos servos, o laço de servidão deixou de existir.
A burguesia, por sua vez, começa a concentrar uma boa parte do poder
econômico. No entanto, a nova classe ainda era classificada como parte dos
laboratores e, por isso, desejava uma ascensão social. A partir dessa
mudança, o controle que a Igreja tinha sobre a estratificação das ordens sociais
e sobre a mentalidade passou a ser questionado.
Com o supercrescimento da população, mais florestas foram derrubadas
para dar lugar a áreas de cultivo. Devido a alterações climáticas, como a
Grande Seca, o solo perdeu produtividade e houve uma crise produtiva. Outro
fator importante nesse processo foi a diminuição do número de gado, que
acarretou em uma falta de fertilizante para o solo. Houve, portanto, uma
valorização dos produtos agrícolas e uma subalimentação das camadas
populares, o que contribuiu para o aumento das taxas de mortalidade.
Por volta do ano de 1346, a Europa foi assolada por uma grande
pandemia de peste bubônica. Acredita-se que essa doença teve a sua origem
na Ásia Central e foi disseminada na Europa por meio da rota da seda,
atingindo primeiramente a região da Crimeia. A falta de higiene, a falta de
alimentação e a proximidade com o rato transmissor foram fatores cruciais para
a rápida expansão da patologia, responsável pela morte de aproximadamente
100 milhões de pessoas.
Paralelamente, o número de guerras entre os nobres aumentou devido à
disputa por novas terras. Nesse contexto de fome, guerras, peste e morte, a
crença nos “quatro cavaleiros do apocalipse” fortaleceu-se entre a população,
que creditava toda a desarmonia à falta de ação do clero. Dessa forma, a Igreja
começou, efetivamente, a perder força.
Em meio a esse contexto, revoltas campesinas estouraram por toda a
Europa, tendo sido mais expressivas na França, onde receberam o nome de
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“Jacqueries”. O enfraquecimento da nobreza impediu-a de controlar esses
movimentos e, com isso, a figura do rei, antes secundária, começou a ser
fortalecida novamente com o apoio da burguesa com o apoio da burguesia. A
classe comerciante apoiava a volta do poder real centralizado com o objetivo
de unificar o território, o sistema monetário e o sistema político. A burguesia
legitimou o poder dos reis, que voltam, então, a ser soberanos.
O laço de vassalagem foi desfeito e a nobreza a ter influência nos
processos burocráticos governamentais. Assim, ocorreu a transição do sistema
feudal para o sistema capitalista.
1.3 França
Antes da dominação romana, a França era ocupada pelos gauleses que
viviam em vilarejos. Os romanos designaram essas pequenas tribos de pagi e
transformaram-nas em centros da administração imperial. Com a ascensão da
Idade Média, essas capitais tornaram-se os centros dos bispados.
Nesse período, o território em questão era divido entre o Ducado de
Aquitânia, o Ducado da Normandia, o Ducado da Bretanha, o Ducado de
Borgonha e o Condado de Champagne. As fronteiras entre essas terras eram
geralmente delimitadas por barreiras naturais, como os Pirineus, os Alpes e o
Rio Reno.
O clima da região era bastante diversificado. As partes norte e central
possuíam um clima temperado, enquanto o do sul era mediterrâneo. Os
principais rios utilizados para navegação nessa época eram o Rio Garona, o
Rio Sena, o Rio Loire e o Rio Reno. Em suas margens estavam localizadas
importantes cidades, geralmente separadas por florestas e outros terrenos.
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A população francesa era a maior do continente europeu, com
aproximadamente 17 milhões de habitantes, e Paris a maior cidade, com
200.000 habitantes.
Entre 987 e 1328, a França foi governada pela Dinastia Capetíngia, que
tomou o poder após a queda do Império Carolíngio, e governou junto com as
famílias Valois e Bourbon. Devido à suserania, o controle imediato da dinastia
ficou restrito um pouco além da metade do Rio Sena e territórios
adjacentes. Alguns eventos importantes como a Cruzada Albigense e a
fundação da Universidade de Toulouse ocorreram durante esse governo. A
linha de sucessão da dinastia foi interrompida com a morte de Carlos IV.
2 A Guerra
A Guerra dos Cem Anos, que na realidade durou 116 anos e representa a
maior disputa do período medieval, foi marcada por uma série de conflitos de
caráter político e econômico pela sucessão do trono da França.
Linha Temporal da Guerra dos Cem Anos. Disponível em:
https://en.wikipedia.org/wiki/Hundred_Years%27_War#/media/File:TimeLine100YearsWar_(cro
pped).png; Acesso em: 22/04/2018
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O período de instabilidade política teve início no ano de 1328. De acordo
com os costumes franceses, o trono deveria ser ocupado pelo parente mais
próximo do falecido rei. No entanto, o sobrinho materno de Carlos IV, Eduardo
III, rei da Inglaterra, foi proibido pelos nobres franceses de assumir o cargo por
ser um descendente matriarcal. O trono foi, então, assumido pelo primo de
Carlos IV, Filipe de Valois. Dessa forma, foi inaugurada uma nova dinastia na
França. Com isso, Eduardo III, motivado pela frustração diante do golpe político
e por interesses em territórios franceses, deu início ao conflito.
Antigas disputas econômicas contra a Inglaterra excitaram a França, que
tinha grande interesse pela região de Flandres, reconhecida por suas ricas
atividades mercantis e manufatureiras, mas que tinha laços estabelecidos com
a Inglaterra. Essa ameaça fez com que os comerciantes de Flandres se
posicionassem a favor da Inglaterra na Guerra, proporcionando-a grandes
vantagens nas primeiras batalhas, quando foi assumido o controle sobre o
norte da França.
A batalha de Crécy, ocorrida em 26 de agosto de 1346, representou um
confronto direto entre os exércitos de Filipe VI, rei da França, e Eduardo III, da
Inglaterra. O confronto ficou marcado como um dos mais intensos do período
medieval e demarcou, mais uma vez, a vitória dos Ingleses, que conquistaram
a cidade de Calais. Estes, apesar de terem uma população consideravelmente
menor que a dos Franceses, utilizavam do poder estratégico e de uma
verdadeira “chuva de flechas” para saírem vitoriosos nas disputas.
A situação no entanto tende a se agravar ainda mais. A Europa foi
surpreendida pela Peste Negra, que ditou uma pausa nos conflitos por cerca de
dez anos. A doença era transmitida pelas bactérias que, inicialmente, estavam
nas pulgas dos ratos que vinham nas caravanas de comércio da Ásia. Com o
avanço da doença, ela passou a ser propagada pelo ar, através de espirros e
secreções. A má condição de higiene nas cidades fez com que a Peste se
alastrasse muito rapidamente, dizimando em torno de um terço da população
europeia.
O rei da França, Filipe VI, morreu no ano de 1350 e foi sucedido por seu
filho, João II. As batalhas foram retomadas apenas em 1356, quando as tropas
inglesas capturaram o rei francês. Esse evento ficou conhecido como batalha
de Poitiers e obrigou a França a assinar o Tratado de Brétigny, que oficializava
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a retomada de alguns territórios ingleses e o domínio sobre quase um terço do
território francês.
A história pareceu virar-se para o lado Francês a partir do ano de 1369,
quando o filho de João II assumiu o trono e reorganizou as forças militares
francesas. O novo rei da França, Carlos V, iniciou a segunda fase da guerra, ao
reconquistar grande parte dos territórios franceses perdidos para a Inglaterra.
No entanto, a história foi engenhosa e no ano de 1415, o novo rei da Inglaterra,
Henrique V, inicia a terceira fase da Guerra invadindo a região da Normandia e
conquistando o norte da França ao vencer a Batalha de Azincourt contra o
desqualificado rei Francês, Carlos VI. Ademais, com a assinatura do Tratado
de Troyes, o rei da Inglaterra obteve a sucessão da coroa francesa.
O ano de 1422 foi marcado pela morte de Carlos VI e Henrique V,
deixando o trono francês nas mãos da então rainha inglesa. Em um contexto
de extrema insatisfação do povo francês diante da dominação inglesa, surgiu a
figura da grande guerreira Joana D’Arc, que demarcou o início da quarta fase
da Guerra. Suas batalhas, sob o apoio do rei Carlos VII, foram de extrema
importância para o fortalecimento francês e mesmo após a sua morte a França
conseguiu retomar o poder sobre a região norte. A batalha de Calais, que
ocorreu no ano de 1453, foi considerada a última da Idade Média, e após uma
série de derrotas inglesas estes se viram obrigados a assinar um termo de
rendição abdicando de todos os territórios na atual França permanecendo
apenas com a cidade de Calais em suas mãos, determinando,pois, o fim da
Guerra.
A Guerra dos cem anos representa um momento de transição entre a
Idade Média e a Idade Moderna. O início do conflito foi comandado por
membros da nobreza feudal, que estavam apenas associados a um rei. Os
exércitos estavam ligados aos senhores feudais e trabalhavam por fidelidade
ao suserano. No fim da Guerra, por outro lado, o contexto era diferente. As
disputas ocorriam entre Estados e eram comandadas por reis soberanos, que
possuíam exércitos nacionais cujos integrantes eram recompensados por
exercerem seus cargos.
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2.1 A Donzela de Orléans
Joana D’Arc nasceu no vilarejo de Domrémy, na França, no ano de
1412. Era filha de camponeses ricos, porém passou por muitos problemas em
sua infância e presenciou a morte de muitos de seus familiares quando sua vila
foi invadida por ingleses em uma das batalhas da Guerra dos Cem Anos.
Quando completou 13 anos de idade, afirmou ter começado a escutar vozes
divinas, do Arcanjo Gabriel, de Santa Catarina de Alexandria e de Santa
Margarida de Antioquia. Joana afirmou ter recebido deles quatro missões:
acabar com o sítio inglês ao redor de Orléans, levar o novo rei para sua
coroação em Reims, libertar Paris e resgatar o Duque de Orléans.
Aos 16 anos, guiada pelas vozes, Joana viajou a Vaucouleurs para
solicitar escolta até Chinon, onde se encontrava o delfim, Carlos VII, rei da
França. Cerca de um ano depois, em fevereiro de 1429, foi iniciada a escolta
de Joana D’arc, realizada por um grupo de seis homens, entre eles Jean
Nouillompont, que participou de todas as batalhas da guerreira.
Quando chegou a Chinon, foi submetida a um teste feito pelo rei para
que este se certificasse de que poderia confiar nela. No encontro com Joana,
um serviçal se passou pelo rei e Carlos VII ficou infiltrado como um simples
nobre. Mesmo assim, ela o reconheceu na multidão e lhe dirigiu a palavra
dizendo: “Senhor, vim conduzir seus exércitos à vitória.” O delfim se encantou
com a ação de Joana, que, após passar por um interrogatório em Poitiers, o
convenceu de deixá-la liderar o exército que seguia para Orléans com o
objetivo de acabar com a dominação inglesa em Orléans. O estandarte da
guerreira mostrava uma imagem de Jesus Cristo no juízo final e na sua
bandeira estava o nome de Cristo.
Com os cabelos curtos e portando trajes masculinos, Joana D’Arc
liderou o exército que, através de um ataque mais agressivo, contrário às
ações francesas na guerra até aquele momento, libertou Orléans dos ingleses.
No dia 4 de maio de 1429, foi atacada a fortaleza de Saint Loup e alguns dias
depois a maior fortaleza inglesa, Les Tourelles.
Após o sucesso em sua primeira batalha, a guerreira insistiu que era
essencial a realização da coroação oficial de Carlos VII e assim, em 17 de julho
de 1429, o delfim foi coroado em Reims.
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Joana conseguiu influenciar muito o rei, que logo concedeu a ela a
autorização para sitiar Paris. No dia 8 de setembro, foi realizado um ataque à
cidade. Infelizmente, a líder teve sua perna ferida, o que resultou em um pedido
de recuamento e na retireada das tropas na manhã seguinte.
Em uma última batalha, na tentativa de libertar Compiègne, Joana foi
capturada pelo exército borgonhês e vendida aos ingleses. Seu processo,
liderado pelo bispo de Beauvais, começou no dia 9 de janeiro de 1431. Depois
de dez sessões sem a presença da ré, a heroína francesa foi condenada por
heresia e assassinato, sendo queimada na fogueira, aos dezenove anos, no dia
30 de maio de 1431, na Praça do Vieux Marché. Suas cinzas foram jogadas no
rio Sena para que não virassem objeto de veneração.
Vinte e cinco anos depois, foi declarada inocente pelo Papa Calisto III,
tornando seu processo inválido. Em abril de 1909, a Igreja Católica autoriza
sua beatificação e alguns anos depois, em 1920, é canonizada pelo Papa
Bento XV. Nesse mesmo ano, Joana tornou-se a Santa Padroeira da França.
Apesar do sucesso atribuído à Joana nos escritos históricos da
modernidade, a verdade da época era que Joana polarizava os Conselhos de
Guerra. Reza a lenda, que, no início do Cerco de Orleans, um homem
perguntou à Joana o que seria a opinião de uma mera camponesa perto da de
um capitão ou cavaleiro. Apesar de historiadores respeitados não darem
crédito de absoluta veracidade ao relato, alguns o veem como uma maneira de
analisar o comportamento dos generais para com Joana, especialmente antes
de sua gloriosa vitória no Cerco.
Para azar dos Ingleses e sorte da França, Joana era assertiva e tinha
uma vantagem, a confiança do então ascendente ao trono, Carlos VII. Hoje,
sabe-se que a donzela sofreu obstáculos constantes às suas opiniões
estratégicas e causou revolta, reboliço e instabilidade dentro do Conselho de
Guerra da França. Exemplos destes estorvos são o desrespeito às ordens
dadas.
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2.2 Relações Diplomáticas e Auxílio Internacional na
Guerra
O pensamento de cooperação internacional na época era ínfimo. Esses
esforços para a melhora nas relações eram feitos em raras exceções e
somente quando extremamente benéficos para aquele que envia o exército
auxiliar. Dessa forma, os pedidos de auxílio eram constantemente negados por
serem considerados não benéficos, desrespeitosos e até mesmo por serem
mal interpretados. Esses pedidos eram feitos por meio de cartas ou envio de
delegações diplomáticas. A segunda alternativa, no entanto, era mais comum
quando o príncipe encontrava-se coroado e em status de harmonia com seu
povo e o Estado para onde seria enviado. A excelência em relações
diplomáticas na modernidade é comumente associada aos franceses e sua
imensa cultura diplomática, no entanto, esse pressuposto não poderia estar
mais errado quando aplicados na época de transição entre Idade Média ao
Período Humanista.
Já ingleses possuíam um príncipe coroado em harmonia com seus
governantes, capital estabelecida e histórico de vitórias na guerra, o que os
torna mais atraentes para um investidor - termo utilizado para descrever aquele
príncipe que investe suas tropas em busca de retornos econômicos, políticos,
diplomáticos e de corte no futuro - extrangeiro.
2.3 Coroa de Castela
Em 1366 houve uma guerra civil em Castela, que consistiu na disputa
das forças do governante Pedro de Castela, contra as de seu meio irmão,
Henrique (futuramente Henrique II de Castela). A Coroa Francesa apoiou
Henrique, enquanto Pedro recebeu um efetivo de tropas bem menor da
Inglaterra. Pedro, então, apelou a Eduardo de Woodstock, Duque da Aquitânia,
que auxiliou-o na retomada do poder, derrotando o exército de Henrique na
batalha de Nájera. Apesar da vitória, a batalha resultou no endividamento de
Eduardo, que não recebeu o auxílio financeiro prometido a ele. Isto, junto à
fragilidade da saúde do Duque, levou ao retorno das tropas para a Aquitânia.
Sem o auxílio de Eduardo, as tropas de Pedro foram derrotadas e Henrique se
tornou rei. Com isso, em 1369, o novo regime Castelhano cedeu apoio naval as
forças francesas. Contudo, a paz entre Castela e a Inglaterra foi proclamada já
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em 1388, com o casamento de Henrique III, neto de Henrique II, e Catarina
Lancaster, filha de João de Gante (Duque de Lencastre).
Mapa da Península Ibérica. Disponível em:
https://nl.wikipedia.org/wiki/Kroon_van_Castili%C3%AB#/media/File:CastillaLeon_1360.png;
Acesso em: 22/04/2018
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2.4 Coroa de Aragão
O território da Coroa de Aragão se estendia além da Península Ibérica,
diferentemente do da Coroa de Castela. Essas áreas foram adquiridas em um
longo processo expansionista iniciado por Afonso II de Aragão, no final do
século XII.
Território sujeito Coroa de Aragão no início do século XV. Disponível em:
https://en.wikipedia.org/wiki/Crown_of_Aragon#/media/File:Corona_aragonum_1441.svg;
Acesso em: 22/04/2018
Em 1410, o Rei Martim I de Aragão morreu sem herdeiros ao trono. Então,
como parte do chamado Compromisso de Caspe, Fernando de Antequerra,
então regente de Castela ao lado de Catarina de Lancaster, deixou Castela
para tornar-se o Rei de Aragão. A coroação de Fernando representou a união
da Coroa de Castela com a Coroa de Aragão.
2.5 Império Português
Em 1369, Fernando I, Rei de Portugal, pediu ajuda a João de Gante,
nobre inglês, para reivindicar o trono de Castela e Leão, formando, assim, uma
aliança entre Inglaterra e Portugal. Os dois reinos voltaram a reivindicar o trono
em 1374. Em 1383, porém, Fernando I assinou um tratado de paz com Juan I
de Castela, abandonando os seus aliados ingleses. Junto ao tratado foi
acordado que Beatriz, filha de Fernando, se casaria com o filho de Juan I. Seis
meses depois, Fernando, o último membro da casa de Borgonha a governar
Portugal, faleceu e sua esposa, Leonor, tornou-se regente até que Beatriz e o
filho de Juan I tivessem idade para governar.
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O relacionamento próximo entre Leonor e o Conde de Ourém, nobre
inglês, causou o descontentamento de Juan I, que organizou uma revolta em
Lisboa, assassinando o Conde. Posteriormente, Leonor foi, sob acusação de
tentar envenenar Juan, mandada para a prisão, onde morreria nos anos
seguintes. Em 1385, as forças Portuguesas, lideradas por Álvares Pereira,
expulsaram o exército Castelhano.
Em abril de 1385, foi nomeado D. João I (1357-1433) como Rei de
Portugal, começando a Dinastia Avis. Após alguns meses da posse, a nova
coroa já precisou lidar com a ameaça de uma agressão espanhola. No entanto,
o exército português, auxiliado por arqueiros britânicos, derrotou as tropas
castelhanas na Batalha de Aljubarrota, afirmando Portugal uma força a se
temer. Futuramente, a aliança acabou sendo reforçada pelo Tratado de
Windsor (1386) e, diante disso, os castelhanos se viram impossibilitados de
derrotar Portugal. D. João se casou, em 1387, com Felipa Lancaster, filha de
João de Gante. Durante o seu governo, ele buscou a paz com Castela,
alcançando-a por meio do Tratado de Monsão (1389). Posteriormente, este foi
prolongado pelo Tratado de Lisboa (1393) e não houve disputas consideráveis
após 1402.
Representação da Batalha de Aljubarrota. Disponível em:
https://es.wikipedia.org/wiki/Historia_de_Portugal_(1279-
1415)#/media/File:Batalha_de_Aljubarrota_02.jpg;; Acesso em: 22/04/2018
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Em 1415, Portugal conquistou, com ajuda de tropas britânicas, a cidade
africana de Ceuta, fato que marcou o início do Império Português. Devido à
riqueza das novas aquisições territoriais, os portugueses decidiram continuar
as suas expedições ao exterior, com o pretexto de evangelização. Tais
expedições marítimas levaram à descoberta da Ilha de Madeira e dos Açores,
impulsionando a economia portuguesa. Devido às rotas comerciais e à venda
de especiarias, Portugal foi elevado à condição de potência na época.
2.6 Reino da Dinamarca
Após a morte de Margaret I (1353-1412), o Reino da Dinamarca foi
abalado pela fragilização da União de Kalmar (composta pelos reinos da
Dinamarca, Suécia e Noruega), já que o sucessor da rainha, Érico da
Pomerânia, não tinha as mesmas habilidades governamentais de sua mãe
adotiva. Érico, por meio de suas políticas externas, envolveu-se, junto a União
de Kalmar, em uma sucessão de guerras contra a Liga Hanseática, o Condado
de Holstein e a cidade de Lübeck. Esses conflitos, que só se encerraram em
1453, surgiram após um embargo comercial à Escandinávia.
Europa com a Liga Hanseática em Destaque. Disponível em:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Liga_Hanse%C3%A1tica#/media/File:Ausbreitung_der_Hanse_um_
das_Jahr_1400-Droysens_28.jpg; Acesso em: 22/04/2018
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Mesmo com um poderio militar expressivo, o exército da Dinamarca
encontra-se fragilizado devido aos recorrentes conflitos com a Liga Hanseática.
Apesar de já terem se aliado à Ordem Teutónica, a principal parceira
militar do Reino da Dinamarca é União de Kalmar, que tem como um de seus
princípios fundamentais um pacto de defesa mútua.
2.7 Cavaleiros Teutônicos
Nos anos que antecederam a guerra, a Ordem dos Cavaleiros
Teutônicos, uma ordem militar cruzada, vinculada à Igreja Católica, por votos
religiosos, pelo Papa Clemente III, atingiu seu apogeu sob o grão-mestrado de
Winrich von Kniprode. A ordem, composta majoritariamente por membros da
nobreza e notoriamente pela família real prussiana, foi uma das mais
importantes e influentes da Europa e usava, também, de exércitos de
mercenários.
2.8 Sacro Império Romano-Germânico
Em 1356, foi promulgada a Bula Dourada, decreto que regulava a
nomeação dos sete príncipes-eleitores (o Arcebispo de Mainz, o Arcebispo de
Trier, o Arcebispo de Colônia, o Rei da Boêmia, o Conde Palatino do Reno, o
Duque da Saxônia e o Marquês de Brandemburgo) que deveriam escolher o
Rei. Ela representou a eliminação do Papa na escolha do governante do país,
dando, assim, mais poder às autoridades seculares no Império.
Para se entender melhor a situação do Império, é necessário ter-se em
vista o decreto papal Pastoralis Cura (1313). Este nega a universalidade do
poder do Imperador, gerando implicações marcantes na autonomia dos
principados frente o imperador e o Papa. Cada principado tinha autonomia para
entrar na guerra e possuía seu próprio exército.
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3 Estratégia
3.1 Introdução
A palavra estratégia vem do grego στρατηγός (Strategós). O seu uso, na
Grécia Antiga, era bem diferente do uso atual da palavra. Os gregos utilizavam-
na como um equivalente de “exército”, uma denominação que se torna
completamente equivocada se olhada sob uma perspectiva moderna. O
significado moderno da palavra vem da própria natureza racionalista e,
redundantemente,estratégica dos povos antigos, sendo definida como uma
coordenação militar, política, econômica e moral feita com o intuito de defender
uma nação de seus possíveis invasores. O conceito atual do termo serve de
guia para como um estrategista deve se portar, as nuances de seus esforços.
3.2 Aspectos táticos
Alguns aspectos devem ser levados em consideração ao se discutir a
elaboração de planos, táticas e gerenciamento de crises. Dentre eles
destacam-se:
A ideia de coordenação militar, que é o esforço tomado como principal
pela maioria dos observadores externos do trabalho de um estrategista.
São os impactos mais visíveis e mais acessíveis ao cidadão comum,
compreendendo justamente movimentação, formação e
empreendimentos do principal objeto de trabalho do estrategista, as
tropas.
A política e a economia também são pontos cruciais e tendem a
caminharem juntas, podendo ser usadas como a mesma palavra. Essas
compreendem, no caso, a maneira como duas entidades em guerra se
relacionam e quais os custos das batalhas. Seria comum associar a
ideia de custo à economia, mas deve-se sempre tomar cuidado com o
custo político de cada investida militar. Considere um cenário como o
das Revoluções de Outubro (ocorridas na Rússia no início do século
XX), onde partes políticas de alinhamento próximo discordam da
utilidade da investida. Os Bolcheviques defendendo as investidas e os
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Mensheviks as condenando. O custo político, nesse caso, foi o
desprendimento dos Mensheviks da proeminência da esquerda no
Império Russo, não só reduzindo os apoiadores do movimento, mas
criando, também, fortes opositores. Indo além, nesse mesmo cenário,
quando planejando um ataque, especialmente um golpe, como no caso
das Revoluções, deve-se considerar o impacto deste na política do
adversário. As tropas vermelhas que atacaram a cidade de São
Petesburgo poderiam ter atacado Moscou ou qualquer outra grande
cidade, mas o centro político do adversário era, justamente, São
Petersburgo. Essas mesmas considerações devem ser levadas em
conta em âmbito econômico. Na maioria dos casos, o centro político
coincide com o centro econômico. Nas situações em que isso não é o
caso, no entanto, a astúcia do estrategista, que altera a história ao
decidir onde atacar primeiro e como justificar o ataque aos
companheiros e à população, entra como protagonista.
O último tópico a ser discutido é a moral. Entendendo-se por moral duas
grandes preocupações:
A moral dos exércitos, na forma de motivação por resultados de batalhas
ou outras virtudes nacionais.
A moral das ações, significando como as decisões são justificáveis
dentro da ética. É normalmente uma preocupação menos ativa e
constante, mas importante. Para que um estrategista a coordene basta
elaborar um discurso de limites que o favoreça e desfavoreça o
adversário. O resto do trabalho para o convencimento da população
sobre esse discurso ético deve ser feito por propaganda ou, caso pouco
polêmica, não ser feita. Para o convencimento de suas partes no conflito
são necessárias uma boa retórica e correções de discurso. A primeira
preocupação toma forma quando um exército, como no caso da
Campanha de Loire, sofreu de alguma grande substituição de incentivo
no passado recente. No início do Cerco de Orleans os franceses haviam
passado por diversas derrotas e tinham moral fragilizada, por verem seu
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espírito nacionalista sendo esmagado pelos ingleses. Ao final do Cerco,
surge uma figura que altera o panorama de moral ao coordenar tropas
auxiliares no exterior do cerco para uma investida que garante uma
vitória gloriosa para os franceses. Essa investida por si só já bastaria
para uma pequena recuperação de moral, mas foi ampliada pelo
discurso de visão e pela “escolha divina” de Joana d´Arc, tornando-se o
fator que alterou a história da guerra e sendo uma dos maiores
exemplos históricos de uma guerra baseada na moral dos exércitos
participantes.
Dentro do estudo de estratégia medieval é importante a diferenciação dos
principais tipos de unidade militar que, apesar do nome, raramente - ou quase
nunca - andam avulsas, mas sim em conjunto com seus grupos compostos por
pessoal logístico e pessoal militar. Essas unidades são, portanto:
Cavalaria: Utilizada como uma ferramenta para investidas rápidas, a
cavalaria consiste de guerreiros montados e, costumeiramente,
prestigiados. Pelo custo elevado e uma maior dificuldade logística, é
comum que exércitos tenham um número reduzido de cavalarias.
Infantaria: Também podendo ser chamados de guerreiros a pé,
normalmente compõem a maior parte das tropas de qualquer entidade e
são responsáveis por manter seu equivalente inimigo ocupado,
enquanto as unidades especializadas causam a maior parte do dano
real. É importante notar que, por via de regra, os vitoriosos na batalha
corpo a corpo são, sem considerar flancos ou investidas de unidades
especializadas, aqueles com um maior número de soldados,
especialmente quando os exércitos em combate tem equivalência
tecnológica.
Artilharia: Composta por soldados equipados com armamento pesado,
como canhões, catapultas ou outras ferramentas de dano em massa, a
artilharia serve para causar grande impacto ofensivo. No entanto,
apresenta falhas na defesa, por ser, normalmente, difícil de carregar e
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por possuir pontos cegos a curta distância. Dentro das artilharias existe
uma subcategoria importante de ser notada, as chamadas “armas de
cerco”. Essas armas são aquelas feitas justamente para o ataque a
muros ou para ultrapassá-los, como as catapultas. Essas armas são
operadas a distâncias razoáveis e costumam ficar no fundo da linhas de
ataque, para garantir o máximo de obstáculos até que o inimigo a
alcance. Para fins de simplicidade considerar-se-á aríetes, torres de
cerco e rampas móveis como parte da artilharia, apesar de essas armas
não serem especializadas, mas sim instrumentos para ultrapassar
barreiras.
Apresentada a estratégia prática em sua mais superficial análise, vale
ressaltar o regulamento ético e moral das batalhas. A primeira regra
internacional e secular sobre a guerra é posterior aos conflitos do comitê, o que
significa que nenhum Estado terá de responder judicialmente por atos
cometidos em guerra. Isso não significa que o Estado será livre o suficiente
para tomar qualquer decisão sobre seus atos. Além das limitações físicas, que
serão abordadas depois, os estado têm suas limitações políticas e religiosas.
Como é de conhecimento geral, a Guerra dos 100 Anos acontece no final da
Idade Média, que apresenta, apesar de menor, um controle considerável da
Igreja Católica Apostólica Romana sobre a prática de guerra. Algumas
observações aqui são, portanto, válidas de serem feitas. Durante o século XIII,
a Coroa inglesa, na forma de seu líder Rei João, brigava com o papado sobre a
nomeação do novo Arcebispo de Canterbury. Tal briga fez com que confidentes
de João o convencessem de separar a Igreja do Estado e impedir qualquer tipo
de interferência do Estado sobre as matérias religiosas. Isso não significa que o
Estado não respondia à Igreja, pois ela detinha um monopólio político
extremamente forte e ir contra suas decisões, especialmente durante uma
guerra, poderia causar resultados catastróficos. Vale lembrar, também, que a
religião que legitimava o poder da Coroa inglesa ainda era o Catolicismo. Outra
observação pertinente é a separação de Igreja e Estado na França. Esse país,
ao contrário da Inglaterra, só efetivou o secularismo estatal em 1905, mesmo
após a instauração da República e a adoção do sistema jurídico iluminista com
a Revolução Francesa no século XVIII.
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O controle da Igreja sobre a guerra era mais política do que jurídica. Não
existiam documentos específicos como hoje em dia para regular juridicamente
as guerras, o que causava uma grande variação das decisões da Igreja, que
dependendiam sempre dos contexto políticos do Sacro Império Romano
Germânico. Tal variação intensificou-se especialmente depois do Pactum
Calixtinum, que conferiu poderes próximos aos Reis e ao Papa em relação a
matérias eclesiásticas. Esse último pacto, que também proibiu ataques à
estabelecimentos católicos, causou muita confusão e tornou a guerra ao final
da Idade Média algo sem regulamento.
Além da restrição religiosa é notório entre estrategistas acadêmicos o
reconhecimento de um agente limitante da guerra que não seja institucional, e
nem mesmo obra humana: os fenômenos geológicos, climáticos e naturais em
geral. Estes são a causa, por exemplo, da existência de poucos conflitos
travados no Cabo do Bojador, no Oeste africano, justamente pelas massas de
ar “soprarem” as embarcações para uma região ocupada por pedras que
atolam os barcos, sobretudo os de países Ibéricos que possuiam casco mais
fundo para dentro do mar. Isso impossibilitava o combate marítimo nesse tipo
de área. Esses fenômenos são, também, a explicação para a existência de
poucos conflitos de larga escala travados no deserto do Saara, o segundo
maior do mundo, e no extremo norte europeu. Nessa última região, houve
poucas batalhas bem sucedidas ou planejadas para ocorrerem, sobretudo,
durante o inverno. As exceções seriam as guerras travadas, por exemplo, entre
o Terceiro Império Alemão e a URSS.
As limitações encontram-se na forma de correntes marítimas, altitude,
direção da foz de um rio e, sobretudo, o relevo. O relevo é a característica
natural que terá maior variação durante as batalhas terrestres na Europa
Central. Esse pode afetar diversos aspectos, principalmente a movimentação
de tropas. Além disso, ele determina a localização da maior parte das batalhas
medievais.
As batalhas medievais eram, no geral, travadas entre duas entidades e
tomavam duas formas diferentes, as de campo aberto e as de cerco, sobre as
quais se dissertará mais adiante neste capítulo.
A maneira como as batalhas eram marcadas era, costumeiramente, por
um mensageiro humano que, por cortesia, tinha sua vida garantida para que
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retornasse a mensagem para o remetente. Os mensageiros são parte das
tropas de logística e são, usualmente, enviados, com dois objetivos
simultâneos (o transporte de mensagens e a espionagem sem levantar
suspeitas), para um acampamento inimigo. Dessa forma, ele torna-se, também,
um tipo de ancestral do espião ou agente de inteligência.
3.3 Filósofos da Guerra
Na contemporaneidade, existem diversos grandes autores sobre filosofia
e estratégia militar. Esses pensadores têm origem nas Guerras Napoleônicas
ou no estudo dos acontecimentos hoje conhecidos como a primeira guerra em
larga escala envolvendo o uso de regimentos como unidades de batalha. No
entanto, durante o declínio da Idade Média, existem alguns pensadores que
serviram como base para o pensamento estratégico da época. O problema é
que os textos desses pensadores e autores eram segredos de Estado e eram
conhecidos somente pelos estudantes das raras academias ou pelos centros
de estudos militares que se formavam nesse período inicial do Iluminismo.
Sendo assim, é difícil determinar quais autores tiveram influência prática e
teórica na Guerra dos 100 Anos.
Vale recomendar aos os militares A Arte da Guerra, de Sun Tzu, um
estrategista da Antiguidade Clássica Oriental que postula as bases para a
literatura moderna de estratégia militar. Paralelamente, pode-se dizer que Sun
Tzu é “o Platão da filosofia militar” e que foi, segundo relatos, o responsável
pela reunificação da China. Além disso seus escritos e suas ideias influiram
nas diversas vitória de Napoleão. Vale sempre lembrar que, quando se trata de
literatura de guerra, A Arte da Guerra é uma obra desatualizada - até para o
contexto da Idade Média - e que, por isso, deve ser lido levando-se esses
anacronismos em conta.
3.4 Anacronismos e como evitá-los
É entendido como anacronismo a utilização de pensamentos,
tecnologias e táticas desconhecidas em determinado período histórico. Em
gabinetes de simulações, a maior parte dos anacronismo decorre, como é de
se esperar, de tecnologias criadas depois daquele tempo. Tratando-se de um
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comitê medieval é necessário observar quais são as tecnologias e estratégias
criadas pelos povos da Antiguidade que foram perdidas ou tornadas
inacessíveis pela censura secular e religiosa. Nisso estão inclusas as táticas
mais comuns para estrategistas militares como, mas não limitado a: falanges
macedônicas, tartarugas espartanas e a formação javali dos povos do norte.
Isso não significa que não possam ser utilizadas formações com maior
densidade de soldados e que estejam protegidas por escudos e lanças. No
entanto, os soldados não estarão preparados para a utilização dessas táticas e
serão prejudicados em campo de batalha. Como um ponto de comparação,
ressalta-se que os espartanos treinavam a movimentação coordenada e a
servitude ao coletivo do princípio de seu ensino militar até atingirem o status
elevado de soldado especializado. Esses guerreiros altamente treinados eram
utilizados para as “tartarugas” em campo de batalha. Portanto, é óbvio que um
exército composto por mercenários e camponeses segurando escudos e lanças
de menor qualidade e com pequeno treinamento militar nunca iria realizar uma
mesma performace de soldados com mais de 10 anos de treinamento na
referida tática.
Por fim, ressalta-se que não deve-se limitar o pensamento anacrônico
pela coerência histórica, já que sua manutenção é impossível, uma vez que os
delegados já sabem o resultado clássico das batalhas e podem facilmente
acessar as táticas usadas na época. Deve-se, assim, evitar o anacronismo
para não sabotar um exército usando-se pensamentos que as tropas não estão
aptas a praticar.
3.5 O pensamento estratégico e a Teoria de Jogos
A teoria de jogos é uma área do pensamento lógico-matemático usada
inconscientemente pelos estrategistas antigos, na forma do simples
pensamento lógico. Essa teoria é uma maneira de prever o resultado de
situações (jogos), analisando as partes (jogadores) dessa situação, seu
comportamento base (histórico de jogos) e a maneira como o pensamento
lógico dessas partes pode afetar suas decisões.
Esse pensamento, na contemporaneidade, é extremamente sofisticado e
usado por estrategistas por meio de computadores com poder de
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processamento inumano. Na época em que se passa o comitê, no entanto,
esse pensamento era resumido às lógicas diárias. Em termos científicos, o uso
eficiente e consciente da razão. Esse tipo de pensamento lógico matemático é
essencial para aumentar a velocidade de ataques, já que o envio de tropas de
reconhecimento pode ser caro e comprometedor para o comandante de um
exército. Então, use-o sem limites.
Para o empreendimento da lógica no campo de batalha, alguns preceitos
básicos são essenciais. Considere uma situação onde o exército X está se
aproximando de uma cidade sabidamente controlada pela nação de exército Y.
Nesse caso, é certo, ou no mínimo muito provável, que as fortificações das
redondezas ou dos acampamentos exteriores à cidade (que dão acesso direto
a recursos vitais ou caminhos estratégicos) estejam massivamente ocupados.
No entanto, é importante notar que essa lógica só é válida quando
considerando-se uma cidade na beira da batalha, ou seja, na fronteira de
guerra entre os países X e Y. Isso ocorre também, porém com menor
frequência, em cidade medievais, onde um grande número de tropas vigia
várias cidades, a partir de fortificações em apenas uma delas, como foi o caso
em diversas batalhas nas Guerras Napoleônicas. Nesses casos, o exército
defensor dispõe de comunicação facilitada - por atuar em território conhecido -
para saber de potenciais ataques e mobilizar forças de acordo com esses
ataques. O exército atacante deve, portanto, utilizar-se dos meios que o
convém para distrair o exército adversário ou dividí-lo de forma a enfraquecê-
lo, facilitando a ofensiva.
Nos casos de ataques voltados para cidades mais interiores, ou
sabidamente desprotegidas, uma versão primitiva e menos eficiente de
“Blitzkrieg” (guerra-relâmpago) é comum de ser aplicada, de forma a não
permitir que tentavias de comunicação pedindo remanejo de tropas saiam da
cidade atacada para cidades próximas ou para o alto comando. Vale ressaltar
que tropas próximas à uma cidade que está sendo atacada sempre prestarão
ajuda enquanto estiverem, ou pensarem que estão, em situação favorável. Isso
significa que, se um grupo de soldados está estabelecido em uma cidade
vizinha a uma outra cidade sem tropas e em situação de defesa, ele prestará
ajuda, contanto que acredite ter maioria de homens ou maior qualidade em
campo. Essa movimentação certeiramente não abandonará por completo a
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cidade ocupada anteriormente, mas reduzirá seu potencial de defesa
substancialmente, tornando-a passível a sofrer investidas adversárias.
Portanto, tome cuidado com o local em que as tropas estão situadas. Caso
contrário, o inimigo irá usá-las como vantagem. Ademais, use as
incompetências defensivas do inimigo como vantagem estratégica.
3.6 Batalha em campo aberto
A batalha em campo aberto é, talvez, a mais importante e mais
recorrente forma de batalha em uma guerra. No conflito em questão, os
exércitos envolvidos estão - pela própria definição do nome - em um espaço
amplo, aberto e com poucos lugares para se proteger e esconder, além de
terem pouco tempo para manobrarem e tomarem decisões em relação às suas
ações. Além disso, não eram tão bem treinados como em outras épocas.
Por isso, eram poucas as formações de batalha que podiam ser realizadas e
aproveitadas de maneira efetiva. As mais simples e que tinham maior destaque
são as seguintes:
Círculo: Os soldados formam um círculo. Se as armas estiverem voltadas
para dentro é um círculo ofensivo, se estiverem voltadas para fora é um
círculo defensivo. Essa formação, geralmente usada ao reagrupar um time
e permitir a formulação de outra manobra, é melhor quando usada
defensivamente. Além disso, ela é mais eficaz quando os diferentes tipos de
armas e soldados estão bem distribuídos. Recorrentemente é usada para
preparar emboscadas. Destaca-se, também, que, para um arqueiro, a
posição ideal é o centro do círculo.
Linha: Os soldados aliados formam uma ou mais linhas. Uma linha é
fundamentalmente composta por dois flancos e uma força central. Os
flancos são o esquerdo e o direito. A linha pode também ser usada
defensiva ou ofensivamente, sendo mais efetiva em situações ofensivas. É
mais vantajoso balancear a linha pela habilidade dos soldados e não pelas
armas, de forma que os menos soldados mais habilidosos se tornem
responsáveis por aparar e defender golpes e os mais habilidosos por matar
o máximo de inimigos sem receber dano. Os flancos devem ter soldados
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mais experientes e a retaguarda deve ser defendida por no mínimo um
vigia, que pode puxar algum soldado, se necessário o reforço. O vigia tem o
dever de organizar a retaguarda e manter batedores afastados, aconteça o
que acontecer. Uma excelente opção de vigia é um arqueiro.
Blocos: Os soldados aliados são divididos em 2 blocos ou mais, podendo o
time inteiro ser dividido em duplas, ou trios em alguns casos. Ao usar essa
formação, o comandante deve ter duas ideias bem claras em sua cabeça: o
ataque direto e indireto, pois o inimigo poderá presumir uma vantagem
sobre um exército dividido. O número de blocos, soldados por bloco e a
formação de cada bloco dependerão do objetivo do comandante. No caso
em que são feitos dois blocos, designa-se um comandante e um substituto
desse. Sempre tenha um vigia e procure economizar batedores para o
momento certo. Quando o seu exército é dividido, cada soldado pode ser
uma vantagem fundamental para a vitória. Arqueiros têm preferência por
grupos maiores ou mais ofensivos. Além disso, o bloco é, das formações
simples, a segunda mais difícil de ser colocada em prática.
Peões: Os soldados aliados formam duas linhas. A linha de frente deve
conter escudeiros e duais e deve haver espaço de um homem entre os
soldados. A segunda linha deve estar recuada meio passo em relação à
primeira linha, além de conter espadas longas, lanceiros e arqueiros
posicionados nas lacunas da linha de frente. O objetivo da linha de frente
(peões) é provocar o inimigo e ganhar tempo mantendo-se em pé. O
objetivo da linha secundária (cavalos) é causar o máximo de dano possível.
Como os Peões sofrem a maioria dos ataques, não devem preocupar-se em
atacar, somente em defender e aparar golpes. Os cavalos devem
compensar isso, atacando para matar os inimigos individualmente. Nessa
formação, em que o foco dos cavalos é o ataque diagonal, a calma e a
precisão são fundamentais. Além disso, espadas médias devem cobrir os
flancos e organizar a retaguarda. Pode-se dizer, portanto, que essa é, sem
dúvida, a formação mais difícil de ser executada, visto que exige um grande
treinamento de pelo menos uma parte do exército.
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4 Recomendações
Nós diretores entendemos como importante o uso de outras mídias e
práticas para o entendimento dos conceitos apresentados, especialmente as
ideias de moral e estratégia. Sendo assim, estão aqui algumas sugestões.
Como um exemplo de uma estratégia mal elaborada recomenda-se o
Episódio VIII da saga cinematográfica Star Wars. No entanto, ressalta-se que
devem ser levados em conta sempre os erros lógico-estratégicos e não os
tecnológicos.
Para observar o pensamento fora das normas e o impacto da moral de
um grupo operativo recomenda-se a série espanhola “La Casa de Papel”, de
produção da Netflix.
Para entendimento do fanatismo nacional, recomenda-se que os
delegados se refiram às suas respectivas nações como “o grande”, seguido do
nome da nação.
Para o melhor pensamento lógico estratégico, recomenda-se o curso
online gratuito “Game Theory”, ministrado pelo Prof. Dr. Ben Polak, da
Universidade de Yale.
Como recomendação do que não deve-se ler e utilizar extensivamente
no evento: Os clássicos filosóficos gregos e romanos (A República, Fedro…) e
obras sobre o período em questão (História do Declínio e Queda do Império
Romano...). Além disso, obviamente, nenhuma literatura militar publicada
depois de 1422 ou que contenha conteúdo “herético”.
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5 Referências
OPEN YALE COURSES. Game Theory. Diponível em:
<https://oyc.yale.edu/economics/econ-159>. Acesso em: 10 de Dez 2017
DICIONÁRIO ONLINE DE PORTUGUÊS. Estratégia. Disponível em:
<https://www.dicio.com.br/estrategia/>. Acesso em: 14 de Jan 2018
HISTOIRE POUR TOUS. La Loi de Separation des Église et de l’Etat.
Diponível em: <https://www.histoire-pour-tous.fr/histoire-de-france/3403-la-loi-
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