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MANUALDE BOAS PRÁTICASEM ÁREASESTEPÁRIAS
CÓDIGO DE CONDUTA PARA O VISITANTE
Promotor: Financiamento:
LPN - Liga para a Protecção da Natureza
CEAVG - Centro de Educação Ambiental de Vale Gonçalinho
Apartado 84. 7780-909 Castro Verdetel.: 286 328 309 | telm.: 968 523 648
fax: 286 328 316 e-mail: [email protected]
Sede NacionalEstrada do Calhariz de Benfica, 187
1500-124 Lisboatel.: 217 780 097 | fax: 217 783 208
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K_brochura_120x210_final.pdf 1 4/17/14 5:30 PM
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aS eStePeS ceReaLÍFeRaS ............................. 3
aS ÁReaS eStePÁRIaS do aLenteJo ................................................... 4
aS aVeS eStePÁRIaS ....................................... 7
caLendÁRIo oRnItoLÓGIco .................... 8
PRIncIPaIS aMeaÇaS .................................. 10
FIchaS de IdentIFIcaÇão de aVeS ........ 13
oBSeRVaÇão de aVeS: ...............................23uMa atIVIdade ReSPonSÁVeL
aSPetoS eSSencIaIS ..................................24 de Boa conduta do VISItante e oBSeRVadoR de aVeS
CÓDIGO DE CONDUTA PARA O VISITANTE DAS ÁREAS ESTEPÁRIASDO ALENTEJO
Esta publicação pretende ser um instrumento de apoio aos visitantes das áreas estepárias alentejanas, servindo de orientação para práticas de visitação responsáveis e compatíveis com os valores naturais e socioculturais existentes nestes locais.
código de conduta ‹‹ 32 ›› código de conduta
AS ESTEPES cEREALÍFERASao longo dos últimos séculos, o uso agrícola extensivo do solo moldou, na região mediterrânea, paisagens rurais, que se caraterizam pela qua-se ausência de árvores e por planícies com suaves ondulações cobrindo vastas áreas de baixa altitude.
dominadas por uma agricultura baseada na rotação entre culturas de cereal de sequeiro (trigo, aveia ou cevada) e pousios, em que a terra “descansa” para recuperar a fertilidade do solo e que funcionam como pastagens (para o gado ovino e bovino), estas áreas semi-naturais for-mam um habitat semelhante ao das verdadeiras estepes.
usualmente designadas por estepes cerealíferas, planícies cerealíferas ou pseudo-estepes, estas unidades de paisagem formam um ecossistema de enorme riqueza biológica (em especial de aves) que se adaptou, ao longo dos séculos, aos recursos disponíveis nestas áreas intervenciona-das pelo homem.
A PRáTicA cEnTEnáRiA dE umA AgRicuLTuRA cEREALÍFERA ExTEnSivA moLdou um hAbiTAT com cARATERÍSTicAS SEmELhAnTES à ESTEPE nATuRAL EuRo-ASiáTicA,LocALizAdo ESSEnciALmEnTE nAS PLAnÍciES ALEnTEjAnAS.
o termo estepe deriva da palavra russa “stepj”, que significa uma planície aberta sem árvores e onde dominam as plantas herbáceas.
código de conduta ‹‹ 54 ›› código de conduta
AS áREAS ESTEPáRiAS do ALEnTEjoem Portugal, as estepes cerealíferas concentram-se no interior alentejano, sendo a região do baixo Alentejo a que apresenta as áreas de ecossistema estepário mais importantes no nosso país (mais precisamente castro Verde, Mértola, Beja-cuba e Moura). esses sítios, que assumem uma enorme importância para a conservação de um conjunto de aves na europa, são conhecidos como áreas de elevada importância ornitológica, ou IBa (Important Bird Area), estando na sua maioria classificados como zonas de Proteção Especial (ZPe) no âmbito da diretiva europeia para as aves Selvagens (diretiva aves), fazendo parte da Rede europeia de espaços naturais – a Rede natura 2000.
A vasta planície da zPE de castro verde, também conhecida por campo branco, é uma das paisagens mais impressionantes de Portugal e testemunho de uma relação harmoniosa entre o homem e a natureza!
mAPA zPE dE cASTRo vERdE
com uma área total de 85 345 ha e cerca de 60 000 ha de pseudo-estepe, a zPE de castro verde é a área estepária mais importante de Portugal e uma das mais representativas da europa, quer pela sua dimensão territorial quer pela qualidade e estado de conservação favorável dos valores naturais que encerra.
Mértola
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…
Esc: 1:800.000
MONFORTE
MÉRTOLA
CASTRO VERDE
Castro Verde
Vale do Guadiana
São Pedro de Sulis
OURIQUE
Piçarras
ALJUSTREL
ALMODÔVAR
BEJA
CUBA
LEGENDA
Cuba
ÉVORA
ELVAS
CAMPO MAIORCampo MaiorVeiros
Monforte
Mourão / Moura / Barrancos
Torre da Bolsa
São Vicente
Vila Fernando
Reguengos
Alter do Chão
Esc: 1:8.000.000
PORTO
LISBOA
FARO
ZPE / IBAIBASedes de Municipio
Mourão/Moura/Barrancos
Évora
PORT
UG
AL
código de conduta ‹‹ 76 ›› código de conduta
AS AvES ESTEPáRiASo mosaico agrícola ao longo do ano, com searas, restolhos, pousios, pastagens e cultivos de leguminosas, resultante da rotação de culturas, proporciona locais de alimentação, refúgio e reprodução a um conjunto de aves com elevado estatuto de conservação.
tipicamente encontradas nas estepes naturais e por isso designadas por aves estepárias, as extensas áreas de pseudo-estepe suportam números significativos de espécies residentes como a abetarda, o Sisão, o alcaravão, o cortiçol-de-barriga-preta, o trigueirão e a calhandra-real.
na Primavera assistimos à vinda de África de espécies migradoras estivais como o Peneireiro-das-torres, o tartaranhão-caçador, o Rolieiro e a calhandrinha, que escolhem a tranquilidade da planície alentejana para nidificarem. de fácil identificação temos ainda o colorido abelharuco, que se alimenta de insetos capturando-os em pleno voo, e o Picanço- -barreteiro, pousados em postes, cercas ou no topo de árvores ou arbustos.
durante o Inverno encontram-se importantes densidades de aves migra- doras invernantes como o Grou, o abibe, a tarambola-dourada e a Laverca, que invadem os campos à procura de alimento e abrigo. encontram-se também aves de presa como o tartaranhão-azulado e o Milhafre-real, sobrevoando as áreas planas e abertas à procura de caça.
São também de referir outras espécies, facilmente identificáveis, como o Mocho-galego, a Petinha-dos-prados, a cotovia-montesina, o chasco--ruivo, o Picanço-real, a Poupa, a Perdiz-do-mar e a cegonha-branca (que tem no alentejo uma população residente).
os pousios são zonas importantes de alimentação para um conjunto de grandes aves de rapina como o emblemático abutre-preto, o Grifo, a Águia-imperial, a Águia-real e a Águia de Bonelli.
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1. aBetaRdaOtis tarda
13. PeneIReIRo- -daS-toRReS
Falco naumanni
18. taRtaRanhão--aZuLado
Circus cyaneus
7. cotoVIa- -MonteSIna
Galerida theklae
2. SISãoTetrax tetrax
14. RoLIeIRoCoracias garrulus
19. MILhaFRe-ReaLMilvus milvus
8. PIcanÇo-ReaLLanius meridionalis
3. aLcaRaVãoBurhinus oedicnemus
16. ceGonha--BRanca
Ciconia ciconia
15. taRtaRanhão- -caÇadoR
Circus pygargus
20. GRouGrus grus
9. PeneIReIRo- -coMuM
Falco tinnunculus
4. coRtIÇoL-de--BaRRIGa-PReta
Pterocles orientalis
17. PIcanÇo- -BaRReteIRoLanius senator
21. aBIBeVanellus vanellus
22. taRaMBoLa- -douRada
Pluvialis apricaria
10. PeneIReIRo- -cInZento
Elanus caeruleus
5. tRIGueIRãoEmberiza calandra
11. PouPaUpupa epops
6. caLhandRa-ReaLMelanocorypha calandra
12. Mocho-GaLeGoAthene noctua
8 ›› código de conduta
1 AbETARdA Otis tarda 2 SiSão Tetrax tetrax 3 ALcARAvão Burhinus oedicnemus 4 coRTiçoL- -dE-bARRigA-PRETA Pterocles orientalis 5 TRiguEiRão Emberiza calandra 6 cALhAndRA-REAL Melanocorypha calandra 7 coToviA- -monTESinA Galerida theklae 8 PicAnço-REAL Lanius meridionalis 9 PEnEiREiRo-comum Falco tinnunculus 10 PEnEiREiRo- -cinzEnTo Elanus caeruleus 11 PouPA Upupa epops 12 mocho-gALEgo Athene noctua
jAn FEv mAR AbR mAi jun juL Ago SET ouT nov dEz
13 PEnEiREiRo- -dAS-ToRRES Falco naumanni 14 RoLiEiRo Coracias garrulus 15 TARTARAnhão- -cAçAdoR Circus pygargus 16 cEgonhA-bRAncA Ciconia ciconia 17 PicAnço- -bARRETEiRo Lanius senator 18 TARTARAnhão- -AzuLAdo Circus cyaneus 19 miLhAFRE-REAL Milvus milvus 20 gRou Grus grus
21 AbibE Vanellus vanellus 22 TARAmboLA- -douRAdA Pluvialis apricaria
ESPé
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cALEndáRio oRniToLógico
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código de conduta ‹‹ 9
LeGendaMelhor altura para observação • observações regulares • observações pontuais •
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jAn FEv mAR AbR mAi jun juL Ago SET ouT nov dEz
*a informação apresentada tem como referência a ZPe de castro Verde.a presença das aves pode sofrer pequenas variações de acordo com o local visitado.
*
código de conduta ‹‹ 1110 ›› código de conduta
PRinciPAiS AmEAçASos habitats estepários estão atualmente em declínio na europa, maiori-tariamente, devido à rapidez com que o homem os transforma e destrói. a acrescer, estima-se que cerca de 60% das aves europeias em regressão estejam associadas ao habitat agrícola, como é o caso das espécies estepárias. em Portugal, as áreas estepárias apresentam também uma preocupan-te tendência regressiva, associada principalmente às alterações do uso do solo, como a florestação de terras e a conversão em regadios, assim como outras atividades antropogénicas. dependendo exclusivamente deste habitat e extremamente sensíveis a alteração de práticas agrícolas, um vasto leque de espécies de aves das áreas estepárias do alentejo têm registado uma diminuição do seu efetivo, apresentando um estatuto de conservação desfavorável que importa reverter.
entre as principais ameaças à conservação deste ecossistema, contam-se:A perda e fragmentação do habitat, por:•transformação da agricultura de sequeiro em regadio ou culturas permanentes (como o olival e a vinha);•florestaçãodeterrenosagrícolas;•abandono rural, comoaparecimentodematosem substituiçãodas pastagens e das culturas de cereal;•construçãodeinfraestruturas,comoestradasebarragens;•desaparecimentodelocaisdenidificação,devidoàrecuperaçãodo património edificado ou ao colapso dos edifícios rurais (que servem de locais de nidificação).
s A fragmentação das populações devido à existência de vedações e de estradas, que funcionam como barreira à circulação das aves, sobretudo para espécies que se deslocam no solo. a acrescer, estas são fatores de morte não natural por colisão (com as fiadas de arame farpado) ou atropelamento.
s A degradação do habitat por sobrepastoreio e uso desadequado de agro-químicos, que reduzem a disponibilidade alimentar. o sobre- pastoreio provoca ainda a alteração do coberto vegetal que fica desadequado para a nidificação das aves e o pisoteio do gado pode representar a perda das posturas nos ninhos.
s A mortalidade por colisão e eletrocussão com linhas elétricas.
s A perturbação de locais de nidificação devido à presença humana (associada frequentemente a atividades recreativas) e pilhagem de ninhos (incluindo destruição intencional).
s As alterações climáticas, as quais representam uma nova ameaça pois assiste-se a um aumento de fenómenos climáticos mais intensos fora de época (como vagas de calor), que têm consequências ao nível do habitat (por exemplo ao nível da estrutura e coberto da vegetação) e das aves (em especial, nas crias e juvenis).
As estepes cerealíferas albergam algumas das aves mais raras e ameaçadas a nível mundial, como é o caso da Abetarda, do Sisão e do Peneireiro-das-torres, cuja sobrevivência depende de uma agricultura de cereais de sequeiro em rotação com pecuária extensiva.
código de conduta ‹‹ 1312 ›› código de conduta
PERFEiTAmEnTE AdAPTAdAS AoS SiSTEmAS cEREALÍFERoSdE SEquEiRo, AS AvES ESTEPáRiAS PARTiLhAm EnTRE Si cARATERÍSTicAS moRFoLógicAS, FiSioLógicAS, EcoLógicAS E comPoRTAmEnTAiS, APRESEnTAndomuiTAS vEzES umA PLumAgEm PARdAcEnTA,inSTinToS gREgáRioS E PARAdAS nuPciAiS ExubERAnTES.
AbETARdA Otis tarda
Estatuto de conservação em perigo (en)ordem Gruiformes Família otitídeos
descriçãoave de grande porte, com patas fortes e plumagem branca no ventre e em tons de castanho e preto no dorso. os machos são maiores e mais pesados que as fêmeas, chegando a atingir 16 kg, e têm uma “gola” castanha escura.
dimensõesenvergadura: 190-260 cm, Peso: 6 000-16 000 g
habitatave típica de áreas abertas, ocorrendo nas pastagens e searas das pseu-do-estepes do alentejo.
AlimentaçãoPlantas verdes espontâneas, sementes e invertebrados. Insetos durante a fase de crescimento dos juvenis.
Reproduçãoocorre entre finais de Março e Junho; os machos usam áreas específicas - áreas de lek - para as paradas nupciais; as áreas de nidificação são searas ou pousios altos; são colocados 2 ou 3 ovos no solo; as crias eclodem passados 21 a 28 dias de incubação, são nidífugas (aban-donam o ninho pouco tempo após nascerem, seguindo a progenitora) e alimentam-se de insetos.
Sabia que: • É a ave voadora mais pesada da Europa, sendo muitas vezes denominada por “rainha” da estepe?• O ninho é uma depressão no chão que corresponde ao corpo da fêmea?
ESPéciES RESidEnTES
código de conduta ‹‹ 1514 ›› código de conduta
SiSãoTetrax tetrax
Estatuto de conservação Vulnerável (Vu)ordem Gruiformes Família otitídeos
descriçãoave de médio porte, sendo as fêmeas ligeiramente mais pequenas que os machos. os machos têm a cabeça acinzentada e um “colar” preto e branco no pescoço (na Primavera). as fêmeas são mais pardacentas sendo os juvenis semelhantes a estas.
dimensõesenvergadura: 105-115 cm, Peso: 700-950 g
habitatPlanicíes abertas com cultivo de cereal e pastagens, encontrando-se no alentejo, no Ribatejo e, mais raramente, na Beira Interior.
AlimentaçãoFolhas, caules, flores, sementes e invertebrados, em especial insetos na época de nidificação.
ReproduçãoInicia-se no final do mês de Março; os machos estabelecem territórios em pousios e pastagens - áreas de lek - onde fazem a parada nupcial que envolve um chamamento e um salto com o bater de asas; a área de nidificação situa-se em pastagens com vegetação alta; são colocados 3 ou 4 ovos diretamente no chão e cobertos pela vegetação; após 22 dias as crias eclodem e são nidífugas; durante as primeiras semanas de vida, as crias necessitam de uma dieta exclusivamente de insetos.
coRTiçoL-dE-bARRigA-PRETAPterocles orientalis
Estatuto de conservação em perigo (en) ordem Pteroclidiformes Família Pteroclididae
descriçãoave de corpo robusto (tamanho de um pombo) e patas curtas. a plu-magem é acastanhada, sendo o peito delimitado por uma risca preta. as fêmeas têm o peito sarampintado e a cabeça finamente riscada. os machos apresentam cabeça e peito cinzentos, garganta alaranjada e um dorso pardo, ocre e acinzentado. o abdómen totalmente preto torna esta ave de fácil identificação em voo.
dimensõesenvergadura: 30-35 cm, Peso: 300-450 g
habitaté uma espécie rara a nível nacional. Pode ser observada em zonas áridas relativamente planas, sem árvores e com terrenos incultos ou em pousios.
Alimentaçãoespécie essencialmente granívora, o que a obriga a deslocar-se a pontos de água para beber. Pode também comer partes vegetativas de plantas, incluindo flores.
ReproduçãoReproduz-se em planícies com pouca vegetação (searas ou pousios) e põe 2 ou 3 ovos diretamente no solo, numa pequena cova nua e desprovida de vegetação.
Sabia que: • Durante a época de nidificação, os adultos transportam água em penas modificadas na barriga que usa para refrescar os ovos e as crias nos dias mais quentes?•São mais fáceis de observar pela manhã quando se deslocam para os pontos de água?
Sabia que:• Os machos emitem um som sibilante caraterístico, produzido com o passar do vento numa pena primária, que originou o nome “Sisão”?• mais de metade da população mundial ocorre em Portugal e Espanha?
ESPéciES RESidEnTESESPéciES RESidEnTES
código de conduta ‹‹ 1716 ›› código de conduta
TARTARAnhão-cAçAdoRCircus pygargus
Estatuto de conservação em perigo (en)ordem accipitriformes Família accipitridae
descriçãoave de presa ligeiramente menos corpulenta e de asas mais estreitas do que o tartaranhão-azulado, sendo o uropígio branco mais largo. as fêmeas são maiores que os machos, apresentando uma plumagem em tons acastanhados. os machos de dorso cinzento prateado, têm o ventre com riscas de tons castanhos e uma faixa negra nas asas cinzentas.
dimensõesenvergadura: 39-50 cm, Peso: 227-445 g
habitatÁreas abertas com gramíneas ou arbustos, pastagens, campos de cereal, turfeiras e pequenas plantações de coníferas.
Alimentaçãoconstituída principalmente por insetos, maioritariamente ortópteros (gafanhotos e afins), mas também por pequenas aves (passeriformes), aracnídeos, mamíferos e ovos.
Reproduçãonidifica diretamente no solo, utilizando principalmente as searas, e a sua postura varia entre os 4 ou 5 ovos.
PEnEiREiRo-dAS-ToRRES Falco naumanni
Estatuto de conservação Vulnerável (Vu)ordem Falconiformes Família Falconídeos
descriçãoPequeno falcão com asas estreitas, longas e pontiagudas. Possui dimorfismo sexual, tanto ao nível da plumagem (os machos apresentam tonalidade cinzenta na cabeça e cauda) como no tamanho (as fêmeas são ligeiramente maiores).
dimensõesenvergadura: 58-72 cm, Peso: cerca de 200 g
habitatterrenos agrícolas abertos onde predominam as pastagens e searas.
AlimentaçãoPrincipalmente insetos, mas também pequenos mamíferos, aves, répteis e anfíbios.
Reproduçãonidifica em cavidades de estruturas construídas pelo homem (castelos, igrejas, montes antigos, etc.), formando colónias que podem chegar aos 500 casais; o casal permanece junto ao longo da época reprodutora e partilha as tarefas relativas à nidificação; as ninhadas têm entre 3 e 5 ovos e as crias são dependentes dos progenitores depois de nascerem, só atingindo a capacidade de voo com cerca de 6 semanas.
Sabia que:• Ao migrarem para África, onde passam o Inverno, percorrem distâncias superiores a 10 mil quilómetros?• o seu nome vem da sua capacidade de “peneirar”, enquanto procura os insetos de que se alimenta, e de nidificar em torres ou estruturas humanizadas?• É conhecido no Alto Alentejo por “Francelho-das-torres”?
Sabia que:• É muitas vezes conhecida localmente como “Águia-caçadeira”?• A destruição de ninhos nas searas pelas máquinas agrícolas é a maior ameaça para esta espécie?
ESPéciES ESTivAiSESPéciE ESTivAiS
código de conduta ‹‹ 1918 ›› código de conduta
gRouGrus grus
Estatuto de conservação Vulnerável (Vu)ordem Gruiformes Família Gruidae
descriçãoave de grande porte (do tamanho de uma cegonha-branca). carateriza-se pela plumagem cinzenta, destacando-se o grande tufo de penas sobre a cauda. o padrão da cabeça é preto e branco, com uma espécie de “coroa” vermelha. em voo destaca-se o enorme pescoço, que é mantido esticado.
dimensõesenvergadura: 96-119 cm, Peso: 4 500-6 100 g
habitatna europa, adaptou-se à utilização de zonas húmidas naturais, artificiais e restauradas de menores dimensões. no Inverno prefere áreas forragei-ras em campos agrícolas e pastagens, e os seus dormitórios são perto de zonas húmidas.
AlimentaçãoSobretudo sementes e folhas verdes de cereal, azeitonas, bolotas e de invertebrados.
Reproduçãoo ninho é um monte de vegetação típica de zonas húmidas, usualmente situado num pântano pouco profundo ou numa turfeira, muitas vezes perto de árvores. os ovos são postos em Maio e as posturas são aproxi-madamente de 2 ovos.
Sabia que: • As paradas nupciais consistem numa série de voos muito rápidos e de mergulhos aéreos?• Procuram alimento a partir de “poleiros” em postos, fios de vedações e árvores?
Sabia que:• os seus voos em bando, com formações em “v”, são um dos espetáculos mais extraordinários no Alentejo durante o inverno?• Emitem um distinto e caraterístico som de trompete “krrau” e em vôo?
ESPéciES invERnAnTESESPéciE ESTivAiS
RoLiEiRoCoracias garrulus
Estatuto de conservação criticamente em perigo (cR)ordem coraciformes Família coraciidae
descriçãoave de tamanho um pouco maior que um pombo, sendo facilmente identificada pela sua cor azul-turquesa (na cabeça e corpo) e o castanho- -avermelhado no dorso.
dimensõesenvergadura: 29-32 cm, Peso: 127-160 g
habitatZonas pouco arborizadas e com baixo relevo e campos ocupados com culturas de sequeiro e pastagens.
AlimentaçãoInsetos, especialmente coleópteros e ortópteros de média e grande dimensão.
ReproduçãoVem a Portugal nidificar de abril a agosto, faz os seus ninhos em bura-cos de árvores ou cavidades de montes abandonados e a postura varia entre os 2 e 7 ovos.
código de conduta ‹‹ 2120 ›› código de conduta
AbibEVanellus vanellus
Estatuto de conservação Pouco preocupante (Lc)ordem charadriiformes Família charadriidae
descriçãoé uma ave limícola de médio porte, facilmente reconhecida pelo longo e fino penacho na cabeça. o macho e a fêmea têm o mesmo aspeto, apresentando um padrão escuro no dorso (com marcas pretas e verde com reflexos) e abdómen e peito claros.
dimensões envergadura: 82-87 cm, Peso: 128-330 g
habitat ocorre sobretudo junto a zonas húmidas, prados húmidos, pastagens e zonas lavradas, estando ausente de zonas montanhosas ou densamente florestadas.
Alimentaçãoessencialmente oligoquetas (minhocas), seguido de insetos e também sementes.
Reproduçãotanto nidifica em zonas áridas (nas proximidades de charcas de água doce) como em terrenos de aluvião com campos agrícolas e áreas alagadas. o ninho é uma pequena cavidade no solo, forrada com folhas secas. o macho escava vários buracos para que a fêmea escolha um para nidificar. a postura é de 4 ovos.
miLhAFRE-REAL Milvus milvus
Estatuto de conservação Vulnerável (Vu)ordem accipitriformes Família accipitridae
descriçãoave de presa de médio porte, com padrão marcado de tonalidades casta-nhas e ruivas, cabeça clara e cauda bifurcada. ostenta janelas claras muito nítidas na base das primárias, na parte inferior das asas; a cauda é quase cor de ferrugem; a cabeça acinzentada contrasta com o castanho-claro do resto do corpo. as aves que se observam no interior alentejano pertencem às populações migradoras, que passam o inverno em Portugal.
dimensõesenvergadura: 175-195 cm, Peso: 757-1 221 g
habitatRegiões montanhosas e planícies, florestas (com grandes árvores, perto de zonas húmidas e com áreas descampadas) e campos de cultivo com pastagens.
Alimentaçãotem uma dieta variada, alimentando-se de pequenos e médios mamíferos, aves, répteis e insetos.
Reproduçãonidifica em árvores altas, muitas vezes próximas de zonas abertas que utiliza para caçar. o ninho chega a ser muito volumoso, e é constituído de ramos secos com cerca de 30 a 50 cm, e o interior forrado com folhas secas. dois ou três dias antes da postura o interior é também forrado com
Sabia que:• Também é chamado de “Milhafre-rabo-de-bacalhau” pela forma da sua cauda?• É um planador exímio sendo frequentemente observado a voar em círculo nas correntes térmicas?
Sabia que:• Quando em fuga, emite vocalizações extremamente caraterísticas, parecidos a lamentos?• Pode formar bandos de muitas centenas de indivíduos, por vezes em conjunto com a Tarambola-dourada?
ESPéciES invERnAnTESESPéciES invERnAnTES
22 ›› código de conduta código de conduta ‹‹ 23
A obSERvAção dE AvES, ou biRdwATching, TEm vindo A gAnhAR cAdA vEz mAiS AdEPToS,SEndo umA ATividAdE dE conTEmPLAção E inTERAção com oS AnimAiS no SEu hAbiTAT nATuRAL.
obSERvAção dE AvES: umA ATividAdE RESPonSávELao albergarem um conjunto de aves da maior importância conservacionis-ta, as áreas estepárias são zonas ambientalmente sensíveis. a ado-ção de práticas que minimizem os impactes causados na sua visitação reveste-se assim da maior importância para a salvaguarda da diversidade biológica (flora e fauna) e o funcionamento destes ecossistemas.
Sendo a tolerância das aves à presença humana dependente da espécie e da época do ano, há que adotar os melhores comportamentos para evitar a perturbação dos animais. apesar da época de reprodução ser o período mais sensível para qualquer ave, há também que atender às condições e especificidades dos períodos de migração (quer no outono, quer na Primavera) e de invernada das espécies.
em suma, a visita a estas áreas deve ser a mais discreta possível, de forma a evitar a alteração de comportamento das aves ou danos ao meio envolvente.
EquiPAmEnTo AdEquAdo à obSERvAção dE AvEScalçado e roupa confortáveis•adeque o vestuário à época do ano e à situação do terreno.•opte por materiais que não façam ruído quando se movimenta.•Prefira cores discretas a cores vivas (estas denunciam a sua presença e podem afugentar as aves).
Equipamento ótico•Binóculos e/ou telescópio de observação terrestre.•câmara fotográfica (útil, mas não essencial).
outro equipamento útil•Guia de campo (fácil de transportar, prático e informativo).•caderno de campo (para registar as observações, tomar notas, fazer esboços, etc.).•Mapa da área e/ou bússola/GPS.
Ao respeitar e adotar práticas e atitudes simples, os visitantes e observadores de aves são verdadeiros embaixadores da conservação das áreas estepárias!
código de conduta ‹‹ 2524 ›› código de conduta
ASPEToS ESSEnciAiS dE boA conduTA do visitante & observador de avesnoS LocAiS A viSiTAR• Adquiradiretamenteaosagentes locaisosserviçosquenecessitará (transporte, guias, alojamento, refeições, etc.), maximizando assim o benefício económico local.• Nasuadeslocação,escolha transportesquepoluammenos (váde transportes públicos e use a bicicleta no local) e procure compensar as suas emissões de gases com efeito de estufa (apoiando, por ex., ações de conservação da natureza ou causas sociais no local que vai visitar).• adquira produtos aos artesãos locais e faça compras no comércio local.• Procureinformar-seantesparaassegurar que os serviços de guias e empresas locais, que pretende utilizar, estão devidamente licenciados e têm uma conduta ética.• Respeite os habitantes locais, os seus modos de vida e tradições.
Ao REALizAR um PERcuRSo• evite as áreas que estejam identificadas de maior sensibilidade e escolha percursos já existentes.•Forme grupos pouco numerosos (até 15 pessoas).• Mantenha-sesempreàdistânciadasaves,observando-ascombinóculos e/ou telescópio. no caso das abetardas, respeite uma distância mínima de 250 m.• Faça as observações no menor tempo possível (especialmente em locais de abrigo e reprodução das espécies).• na época de reprodução evite parar nos montes agrícolas, estes poderão ser locais de nidificação de algumas aves. como resulta do, poderá provocar o fracasso da repro- dução.
•Sigapeloscaminhosprincipais,evitando“atalhos” para não pisotear a vegetação e os ninhos que se encontrem no solo (sobretudo na Primavera), nem afugentar as aves dos ninhos.• Minimizeobarulhoecomportamentosqueperturbemapazdolocal (fale num tom de voz baixo, opte por equipamentos de baixo ruído, não corra, etc.).• Respeiteosbenseapropriedadeprivada,pedindoautorizaçãoaos proprietários para entrar nos seus terrenos.• Feche as cancelas e portões que abrir. no caso de passagens eléctricas tome especial precaução, utilizando os manípulos de borracha para os abrir e fechar.• Contorne os campos cultivados e não salte muros ou vedações. • Mantenha a distância e os devidoscuidados face ao gado que encontrar, assim como a cães soltos.• ao avistar outros visitantes aguarde que terminem a sua atividade. caso se cruzem, permaneçam em contato o mínimo de tempo possível, evitando fazer ruído.• Sejaafávelcomoshabitanteslocais.• Respeiteasinalizaçãoqueencontrar.
Ao FoTogRAFAR AvES• Sejaomaisdiscretopossívelemantenha-sesemprea uma distância adequada.• Informe-se e utilize os abrigos ou esconderijos, para observar aves, existentes na região.• use luz natural, não recorrendo ao uso de “flash”.• Lembre-se que o bem-estar dos animais e a preservação dos habitats são mais importantes que uma fotografia!
cuidAdoS gERAiS A TER• Levesempreágua,mantimentos(opteporalimentosleves)esacopara o lixo.• NoVerão,façaospercursospelamanhã(atéàs11:00)ouaofinalda tarde (a partir das 16:00) e aplique protetor solar. • Levesempreconsigoumchapéuqueoprotejadosol,dofrio,ouda chuva.• Transporteedepositeolixoqueproduzparaoslocaisadequados.• Evitelevaranimaisdecompanhia.Seofizerleve-ossobcontrolo(trela e açaime).• Tiresomentefotografias.Nãorecolhaplantas,animaisnemamostras geológicas. deixe apenas as suas pegadas e leve as boas lembranças para casa!• Nãocolhafrutoseprodutossilvestressemautorizaçãoeoaconselha- mento de um técnico especializado.• Nãodeixealimentosnocampo,nem alimente os animais selvagens.• Só deverá fazer lume nos locais autorizados para o efeito.• Contateasautoridadescompetentes sempre que detete alguma irregularidade.
PARA SuA SEguRAnçA• Prefira andar acompanhado, tenha os contatos das autoridades locais e deixe outros informados da sua partida e destino. • Sefizerumaobservaçãoapartirdeumaestradaasfaltadaououtro local frequentado tome atenção para não colocar em risco a sua integridade física e a dos utilizadores destes espaços.• Tente não efetuar observações em locais que possam representar perigo (vias de trânsito rápido, terrenos com declive ou alagados, zonas rochosas, etc.). • Durante a época venatória evite os dias de caça (e reduza a perturbação das espécies e locais).
ALgo mAiS quE PodE/dEvE FAzER• Seresideouvairesidiremáreasestepárias,adotecomportamentos benéficos à preservação do habitat e das espécies.• Participeematividadesdesensibilizaçãoambientalrealizadasnasua região.• Contribuaparaaçõesdeconservaçãodasespécies.• ao detetar espécies ou locais ameaçados/sensíveis/frágeis, informe as autoridades de conservação da natureza e não divulgue a outros.
o quE FAzER SE EnconTRAR um AnimAL FERido• Evitar ao máximo perturbá-lo, minimizando o barulho, tempo de manipulação e contato com pessoas.• Usar uma toalha ou pano para cobrir a cabeça do animal (evita estímulos visuais, acalmando-o) e colocá-lo numa caixa de cartão adequada ao seu tamanho, com furos para que possa respirar. • Nãomanteroanimalemsuapossemaistempodoqueoestritamente necessário e apenas prestar os primeiros socorros se tiver conhecimento para tal.• Entrar de imediato em contacto com as entidades competentes: SoS ambiente e território: 808 200 520; SePna-GnR: 217 503 080; Parque natural ou Área Protegida mais próxima; centro de Recuperação de animais mais próximo.
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FichA TécnicA
coordenação da edição esmeralda Luís e Sónia Fragoso
Textos esmeralda Luís, natasha Silva e Sónia Fragoso
colaboração técnica Rita alcazar e cátia Godinho
Fotografias andas Kovacs pág. 17; Faísca pág. 15, 18; Iván Vazquez pág. 4, 10, 12, 13, 16; Luís Venâncio pág. 14; nuno Lecoq pág. 2, 19; Ricardo Guerreiro pág. 3; LPn – restantes fotografias.
ilustração de aves Marcos oliveira
design gráfico e Paginação concept_udesign
impressão clio by Rip – artes Gráficas Lda (papel com certificação FSc)
Edição LPn – Liga para a Protecção da natureza, 2013
da autoria da Liga para a Protecção da natureza (LPn), esta é uma publicação realizada no âmbito do Projeto “turismo em Áreas Rurais: Identificação, promoção e disseminação de boas práticas”, financiado pelo Programa para a Rede Rural nacional (PRRn) do Fundo europeu agrícola de desenvolvimento Rural (FeadeR).
noTAS:
MANUALDE BOAS PRÁTICASEM ÁREASESTEPÁRIAS
CÓDIGO DE CONDUTA PARA O VISITANTE
Promotor: Financiamento:
LPN - Liga para a Protecção da Natureza
CEAVG - Centro de Educação Ambiental de Vale Gonçalinho
Apartado 84. 7780-909 Castro Verdetel.: 286 328 309 | telm.: 968 523 648
fax: 286 328 316 e-mail: [email protected]
Sede NacionalEstrada do Calhariz de Benfica, 187
1500-124 Lisboatel.: 217 780 097 | fax: 217 783 208
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