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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Instituto de Ciências Humanas
Bacharelado em Conservação e Restauro de Bens Culturais Móveis
Monografia
HISTÓRIA DA CONSERVAÇÃO E RESTAURO: ESTUDO SOBRE O
RESTAURO DAS OBRAS DE LEOPOLDO GOTUZZO NA DÉCADA DE 80
EM PELOTAS, RS
Claudia Fontoura Lacerda
Pelotas 2013
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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS
INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS
DEPARTAMENTO DE MUSEOLOGIA CONSERVAÇÃO E RESTAURO
BACHARELADO EM CONSERVAÇÃO E RESTAURO DE BENS CULTURAIS
MÓVEIS
HISTÓRIA DA CONSERVAÇÃO E RESTAURO: ESTUDO SOBRE O
RESTAURO DAS OBRAS DE LEOPOLDO GOTUZZO NA DÉCADA DE 80
EM PELOTAS, RS
Claudia Fontoura Lacerda
Trabalho de conclusão apresentado ao Bacharelado em Conservação e Restauro de Bens Culturais Móveis da Universidade Federal de Pelotas, como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Conservação e Restauro de Bens Culturais Móveis. Sob orientação do Professor Mestre Roberto Heiden.
Pelotas-RS, 2013.
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Banca examinadora:
___________________________________________
Professor Ms Roberto Heiden-(UFPEL/orientador)
___________________________________________
Professora Ms Andréa Lacerda Bachettini-(UFPEL)
4
Aos meus pais Francelino Palma de Lacerda e Eda Fontoura Lacerda (in memorian).
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Agradecimentos
Na vida nada conseguimos sozinhos, por isso não poderia deixar de fazer
estes agradecimentos.
Primeiramente à Universidade Federal de Pelotas e a meus professores da
graduação, o meu muito obrigado por toda dedicação ao curso.
Aos técnicos em restauro, Jeferson Salaberry e Keli Cristina Scolari, agradeço
pela ajuda constante nos projetos e trabalhos práticos.
Agradeço as funcionárias Ana Koga e Francine Tavares pela sempre cordial
atenção dispensada a mim.
Agradeço a toda equipe de funcionários do Museu de Arte Leopoldo Gotuzzo,
especialmente à Raquel Schwonck que sempre tão bem me recebeu. Agradeço a
Denoir Silva Oliveira, da Reserva Técnica e Arita Farias Leão do Arquivo, que
disponibilizaram material para pesquisa, sempre me apoiando e ajudando em todas
as minhas dificuldades.
Agradeço a Erasmo Fernando Casarin, a professora Yedda Machado Luz, a
professora Lígia Blanck, a Renato Luis Mello Varotto e a Cynthia Yurgel pela
disponibilidade em fornecerem informações, resgatando assim, a memória do
trabalho no atelier.
Agradeço à professora Andréa Lacerda Bachettini pela sugestão do tema
desta pesquisa, pela disponibilidade e colaboração em ler e participar desta banca.
Um agradecimento especial ao meu orientador Roberto Heiden, que muito me
ensinou e tão bem me conduziu durante o percurso de realização deste trabalho, me
apoiando em todos os momentos difíceis.
Sem a ajuda de todas estas pessoas a qual me referi este trabalho não seria
possível.
Muito obrigado.
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Por mais que observemos uma obra de Gotuzzo, sempre encontraremos ângulos
novos para serem admirados, e um toque pessoal incomparável. Não precisaria
assinar suas telas ou seus desenhos, a obra toda é sua assinatura.
Neiff Olavo Gomes Satte Alam
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Resumo
LACERDA, Claudia Fontoura. História da conservação e restauro: estudo sobre o restauro das obras de Leopoldo Gotuzzo na década de 80 em Pelotas, RS, 2013. 102 fs. Monografia (graduação) Curso de Bacharelado em Conservação e Restauro de Bens Culturais Móveis. Universidade Federal de Pelotas.
Em 1982 foi criado o ateliê de conservação e restauro da Universidade Federal de
Pelotas (UFPEL). Este ateliê objetivava a conservação e restauração da coleção que
iria compor parte do acervo do futuro Museu de Arte Leopoldo Gottuzo, idealizado
pela professora Luciana Araújo Renck Reis. Inicialmente neste espaço seriam
restauradas as obras de Leopoldo Gottuzo, o que foi posteriormente ampliado. Esta
pesquisa aborda as atividades de conservação-restauração desenvolvidas neste
ateliê, tendo como foco da pesquisa os trabalhos realizados sobre as obras de
Leopoldo Gottuzo. Nesse sentido, realizou-se um levantamento que recuperou
informações sobre quais obras do artista passaram por procedimentos de
conservação e restauração neste local, e quais foram os materiais e os métodos
aplicados nestas obras, com o auxílio de pesquisa documental e realização de
entrevistas.
Palavras-chave: Leopoldo Gotuzzo; Museu de Arte Leopoldo Gottuzo (MALG),
História da Conservação e do Restauro.
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Abstract
LACERDA, Claudia Fontoura. História da conservação e restauro: estudo sobre o restauro das obras de Leopoldo Gotuzzo na década de 80 em Pelotas, RS, 2013. 102 fs. Monografia (graduação) Curso de Bacharelado em Conservação e Restauro de Bens Culturais Móveis. Universidade Federal de Pelotas.
In 1982, a studio of restoration and conservation was created in the Federal
University of Pelotas (UFPEL). The studio activities focused on the conservation and
restoration of the collection that would form part of the future Leopold Gotuzzo Arts
Museum, developed by Professor Luciana Araújo Renck Reis. Initially, this studio
space aimed to restore his works; however, the scope and range of action of the
activities were later extended. The main purpose of this study was to analyze the
conservation-restoration activities developed in this space focusing on the works of
Leopoldo Gotuzzo. Regarding this, there was a survey that obtained information to
find out which works went through conservation and restoration processes in this
specific site, the materials and methods, which were used through desk research,
interviews, and studies developed with examinations and analyses of materials.
Keywords: Leopoldo Gotuzzo; Leopoldo Gotuzzo Arts Museum; History of
Conservation and Restoration.
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Lista de figuras
Figura 1: Leopoldo Gotuzzo ___________________________________ pag.20
Figura 2: Equipe de trabalho ___________________________________ pag.28
Figura 3: Moldura Kaminagai __________________________________ pag.34
Figura 4: Obra “Árvores e troncos” ______________________________ pag.35
Figura 5: Fotografia menor do pai de Gotuzzo _____________________ pag.38
Figura 6: Obra “Árvores na estrada” _____________________________ pag.39
Figura 7: Obra “As Pérolas” ____________________________________ pag.40
Figura 8: Obra “As uvas dos meus oitenta anos” ___________________ pag.40
Figura 9: Obra “Aspecto de Amelie Le Bains ______________________ pag.41
Figura 10: Obra “Auto retrato de óculos” __________________________ pag.42
Figura 11: Obra “Auto retrato sorrindo” ___________________________ pag.43
Figura 12: Obra “Baiana” ______________________________________ pag.43
Figura 13: Obra “Beredinha Rocha Miranda” _______________________ pag.44
Figura 14: Obra “Boneca” ______________________________________ pag.45
Figura 15: Obra “Rosto de mulher, Dora” __________________________ pag.45
Figura 16: Obra “Cabeça de mulher” _____________________________ pag.46
Figura 17: Obra “Cabeça de mulher” _____________________________ pag.47
Figura 18: Obra “Reflexos” _____________________________________ pag.48
Figura 19: Obra “Casa Rosada” _________________________________ pag.48
Figura 20: Obra “Crisântemos” __________________________________ pag.49
Figura 21: Obra “Crisântemos 62 x 44 cm” ________________________ pag.50
Figura 22: Obra “Desenho de caneta vermelha” ____________________ pag.51
Figura 23: Obra “Desenho a sanguínea” __________________________ pag.52
Figura 24: Obra “Desenho de cabeça” ____________________________ pag.53
Figura 25: Obra “Detalhe de ponte” ______________________________ pag.53
Figura 26: Obra “Emília Rocha Miranda Schnor” ____________________ pag.55
Figura 27: Obra “Espanhola” ___________________________________ pag.56
Figura 28: Obra “Estudo de nú” _________________________________ pag.57
Figura 29: Obra “Estudo de nú” _________________________________ pag.57
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Figura 30: Obra “Figueiras de Monte Bonito” _______________________ pag.58
Figura 31: Obra “Flores e Plumas” _______________________________ pag.59
Figura 32: Obra “Flores” ______________________________________ pag.60
Figura 33: Obra “Flores vermelhas em vaso dourado” ________________ pag.60
Figura 34: Obra “Fotografia da obra Nú com lenço” __________________ pag.61
Figura 35: Obra “Fotografia do pai de Gotuzzo” _____________________ pag.62
Figura 36: Obra “Gravura” _____________________________________ pag.63
Figura 37: Obra “Homem sentado” _______________________________ pag.64
Figura 38: Obra “Homem” _____________________________________ pag.65
Figura 39: Obra “Interior de igreja” _______________________________ pag.66
Figura 40: Obra “Jardins japoneses” _____________________________ pag.66
Figura 41: Obra “Laranjas e bananas” ____________________________ pag.67
Figura 42: Obra “Luta pela vida” _________________________________ pag.68
Figura 43: Obra “Mandarim” ____________________________________ pag.68
Figura 44: Obra “Mandarim” ____________________________________ pag.69
Figura 45: Obra “A moça de blusa branca” ________________________ pag.69
Figura 46: Obra “Moça de pé” __________________________________ pag.70
Figura 47: Obra “Modelo sentada” _______________________________ pag.71
Figura 48: Obra “Moinho do rio Este” _____________________________ pag.72
Figura 49: Obra “Moinho” ______________________________________ pag.72
Figura 50: Obra “Mulher em repouso” ____________________________ pag.73
Figura 51: Obra “O velho do cachimbo” ___________________________ pag.74
Figura 52: Obra “O velho da capa” _______________________________ pag.75
Figura 53: Obra “Paisagem Gaúcha de Monte Bonito” _______________ pag.75
Figura 54: Obra “Paisagem” ___________________________________ pag.76
Figura 55: Obra “Pão de açucar” ________________________________ pag.77
Figura 56: Obra “Pequeno estudo de nú” __________________________ pag.78
Figura 57: Obra “Perfil de Dora” _________________________________ pag.79
Figura 58: Obra “Perfil masculino” _______________________________ pag.79
Figura 59: Obra “Pêssegos” ____________________________________ pag.80
Figura 60: Obra “Pirineus Orientais” ______________________________ pag.81
Figura 61: Obra “Ponte de Marília” _______________________________ pag.81
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Figura 62: Obra “Pôr do sol no Capão do Leão” ____________________ pag.82
Figura 63: Obra “Praia do Rocha” _______________________________ pag.83
Figura 64: Obra “Prato e fruta” __________________________________ pag.83
Figura 65: Obra “Professor Joseph Nöel” __________________________ pag.84
Figura 66: Obra “Auto retrato adolescente” ________________________ pag.85
Figura 67: Obra “Retrato de Dora” ______________________________ pag.86
Figura 68: Obra “Retrato do pintor aos 20 anos” ____________________ pag.87
Figura 69: Obra “Rosas brancas” ________________________________ pag.87
Figura 70: Obra “Rosas e botôes” _______________________________ pag.88
Figura 71: Obra “Teresópolis” __________________________________ pag.89
Figura 72: Obra “Verinha” _____________________________________ pag.90
Figura 73: Obra “Vila de Piratini” ________________________________ pag.90
Figura 74: Obra “Dálias” _______________________________________ pag.91
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Lista de abreviaturas
Escola de Belas Artes de Pelotas - EBA
Instituto de Letras e Artes – Instituto de Letras e Artes
Museu de Arte Leopoldo Gotuzzo - MALG
Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli – MARGS
Sociedade Amigos do Museu de Arte Leopoldo Gotuzzo – SAMALG
Universidade Federal de Pelotas – UFPEL
Álcool e Xilol-AX
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Sumário
Introdução...................................................................................................................14
1. Trajetória da vida e da obra do artista Leopoldo Gotuzzo ..................................... 19
1.1 O artista Leopoldo Gotuzzo ............................................................................ 19
1.2 As doações do artista para o futuro Museu de Arte Leopoldo Gotuzzo ......... 23
1.3 A necessidade e criação do ateliê de conservação e restauro ...................... 27
1.4 O museu .......................................................................................................... 30
1.5 O ateliê ............................................................................................................ 32
2. Obras de Leopoldo Gotuzzo que passaram por intervenções de conservação e
restauro......................................................................................................................38
3. Materiais e Métodos...............................................................................................93
Conclusão...................................................................................................................97
Referências................................................................................................................99
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INTRODUÇÃO
Como toda a pesquisa acadêmica, esta almeja a socialização do
conhecimento, neste caso, a história da conservação e restauro na cidade de
Pelotas, contribuindo também, para o conhecimento da história da cidade, sendo o
recorte temporal da pesquisa o período de 1982 até 1992.
Este trabalho constitui-se uma pesquisa histórica sobre o Museu de Arte
Leopoldo Gotuzzo. É o resultado de 10 meses de pesquisa que teve como foco o
ateliê de restauro criado inicialmente nas dependências da Universidade Federal de
Pelotas (UFPEL), na década de 80, para restaurar algumas obras do artista
pelotense Leopoldo Gotuzzo, contribuindo assim para a criação do Museu de Arte
Leopoldo Gotuzzo, o qual sempre fora desejo do artista.
Mesmo distante da cidade natal por muitos anos o artista continuou a manter
contato com seus amigos e sempre manifestou o desejo de ter em Pelotas um
museu para abrigar e conservar as suas obras. Para isto, em 1955, Gotuzzo faz uma
doação de algumas telas à Escola de Belas Artes de Pelotas (EBA), do qual
recebera o título de patrono. A escola, sendo um órgão particular sem fins lucrativos,
não teve recursos para instalar o museu, e quando passou a funcionar como
agregada da recém instituída UFPEL, vindo a transformar-se um pouco mais tarde
no Instituto de Letras e Artes (ILA) da UFPEL, perdeu, assim, a ingerência sobre seu
acervo.
Detentora do patrimônio advindo da antiga escola, a universidade cria então,
anos depois, uma sala de honra para abrigar algumas das telas de Leopoldo
Gotuzzo, ficando o restante do acervo sob a tutela do ILA. Isso provoca
naturalmente a ideia de fundar um Museu de Arte para a Universidade, tendo como
base principal o acervo de obras de Leopoldo Gotuzzo e ainda as demais coleções
sob a guarda da Instituição. O pintor toma conhecimento da ideia através da
professora Luciana de Araújo Renck Reis, mentora das primeiras tratativas para a
consecução do museu, junto à cúpula universitária. Entusiasmado, promete um
legado bem maior após sua morte, que englobaria quase a totalidade de sua obra
ainda em seu poder.
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O acervo doado por Gotuzzo à Escola de Belas Artes ficou, durante muitos
anos, distribuído por diversos ambientes físicos e, em função disso, sofreu natural
desgaste por falta de cuidados de conservação. Somente em 1982 com o contato
com restauradores e os conhecimentos museológicos adquiridos no III Encontro Sul
Riograndense de Museus, realizado na cidade de Bagé - RS se efetivou um projeto
de conservação e restauro destas obras. Após um período de dois anos de
trabalhos, ao final do ano de 1984, foi realizada uma exposição das 120 telas
restauradas e um ciclo de palestras abertas à comunidade. A partir daí, começou
outra etapa, a de instalação do Museu, o que só ocorreu em novembro de 1986.
Após participação em congressos de museologia, consultas em museus de
Porto Alegre como o Museu Júlio de Castilhos e o Museu de Arte do Rio Grande do
Sul, o projeto do museu tomou corpo e finalmente em novembro de 1986 inaugura-
se o Museu de Arte Leopoldo Gotuzzo em uma casa alugada, em um ponto central
da cidade, à Rua Marechal Deodoro nº 673, prédio onde atualmente funciona a
Escola Santa Mônica.
A partir dos setores iniciais do museu: Mostra Acervos, Mostra Temporárias,
Espaço Didático, Reserva Técnica, Ateliê de Conservação e Restauro e o Setor de
Documentação e Pesquisa, nota-se que os planos iniciais da universidade seriam o
de manter um laboratório de conservação e restauro nas dependências do museu,
mas este durou somente até meados de 1992, quando se encerram definitivamente
suas atividades.
Durante este período foram restauradas além das obras de Leopoldo
Gotuzzo, obras dos ex- alunos da Escola de Belas Artes, da Coleção Faustino
Trápaga e da Coleção João Gomes de Mello. Este trabalho tem como foco principal
o restauro realizado nas obras de Gotuzzo, normalmente considerado o artista de
maior relevância para a arte pictórica de Pelotas na primeira metade do século XX.
O trabalho teve início com uma revisão bibliográfica sobre o tema,
pesquisando-se, inicialmente, a vida do artista, sua obra, seu estilo e suas técnicas,
além do contexto cultural da cidade de Pelotas.
Com relação às fontes documentais para a realização do trabalho, em um
primeiro momento, procurou-se a própria instituição para que se realizasse um
levantamento e análise da documentação referente às tratativas iniciais para a
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idealização do futuro ateliê de restauro e, consequentemente, do museu. Descobriu-
se que, sob a guarda do Museu de Arte Leopoldo Gotuzzo (MALG) havia material
guardado à espera de ser pesquisado. Desta documentação, se podem citar cartas
das professoras envolvidas em todo o processo, como a carta da professora Luciana
Araújo Renck Reis, que fala que os setores iniciais do museu tinham por princípios
as mais modernas normas da museologia, a carta escrita pela museóloga
restauradora contratada em 1982 pela universidade, Elza Maria Loureiro de Souza,
descrevendo seu primeiro contato com as obras do artista, e o Regimento e as
Normas definido pela UFPEL para o futuro museu. Não menos importante, é a
análise na documentação das Normas de Regimento dos órgãos de Extensão, onde
se confirma a ideia inicial de um setor constante de conservação e restauro nas
dependências do MALG.
Esta análise na documentação é de grande valia, pois, através dela,
conhecemos as razões de se almejar um museu e talvez as dificuldades enfrentadas
pelas professoras envolvidas, além dos prováveis incentivos da universidade e da
comunidade pelotense no momento da idealização e criação do MALG.
A etapa seguinte foi a de realização de pesquisas no acervo da Biblioteca
Pública Pelotense, nos jornais da cidade de Pelotas e região, para averiguar
possíveis artigos sobre a obra e vida do artista, e no trabalho desenvolvido nas
obras de Leopoldo Gotuzzo.
Através de análise das fichas diagnóstico preenchidas no ateliê, constataram-
se quantas obras do artista passaram por procedimentos de restauro, conhecendo-
se assim, a história de cada uma delas. Constatou-se que algumas fichas são
totalmente preenchidas, e informam todas as etapas do trabalho desenvolvido,
outras, porém, não são completas, mas dão informações básicas sobre o estado de
conservação das obras na época e alguns procedimentos realizados, além dos
materiais utilizados.
Após estas etapas, o próximo passo foi o registro visual das fichas
diagnóstico e das fotografias. Com o registro visual realizado, foi feita a catalogação
destas imagens, separando-as por obra e por data, organizando de forma tal que a
próxima etapa, a de analisar detalhadamente este material, fosse vencida de forma
mais organizada.
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Como parte também necessária desta pesquisa, foi idealizado um
questionário para que alguns participantes do grupo de trabalho do ateliê na época o
preenchessem e, a partir daí, começou-se o contato com estas pessoas que na
época eram professores e funcionários da universidade ou estudantes em período
de estágio.
Foram realizadas entrevistas com pessoas importantes no processo de
criação e desenvolvimento de atividades do ateliê. Podemos citar a professora
Yedda Machado Luz e Erasmo Fernando Casarin profissional marceneiro que era
lotado no campus Capão do Leão da UFPEL, que por solicitação da professora
Luciana passou a trabalhar no ateliê do museu, até a sua aposentadoria em 2006.
Ele trabalhava inicialmente nas molduras e chassis das obras, mas aprendeu no
ateliê técnicas e procedimentos, aplicando-as também a algumas obras.
Realizou-se por último uma análise comparativa entre as fichas diagnóstico e
os questionários e entrevistas realizadas.
Com todo esse levantamento de fontes, coube então questionarmos quais
obras foram efetivamente restauradas e como se desenvolveu o trabalho de
conservação e restauro pela equipe que atuou neste ateliê, quais critérios e métodos
foram utilizados?
A resposta para este questionamento pode nos mostrar os materiais e
métodos adotados pelos profissionais numa época em que a mão de obra
especializada só existia no centro do país ou na Europa. Também, algumas
dificuldades que podem ter enfrentado ante a uma profissão nova e desafiadora.
Assim, teremos conhecido a história das obras do artista Leopoldo Gotuzzo, através
do trabalho de conservação e restauro aplicados em cada uma delas.
Baseado em pesquisas documentais, conclui-se que há uma
necessidade de pesquisa mais aprofundada sobre esta importante temática para a
história da conservação e do restauro no Rio Grande do Sul e para a história da
criação do museu. Conclui-se também que através deste trabalho futuras pesquisas
sobre intervenções de restauro, técnicas e métodos aplicados nas obras de
Leopoldo Gotuzzo, serão beneficiadas. E ainda, as informações encontradas sobre
as atividades desenvolvidas no atelier, podem contribuir na história pioneira da
”Conservação e Restauro” na cidade de Pelotas. Definindo os métodos e materiais
18
utilizados, também formaremos uma visão do trabalho desenvolvido pelos
profissionais atuantes na década de 80 nesta cidade.
O primeiro capítulo deste trabalho é dedicado à trajetória do artista, sua vida e
sua obra. Também aborda o trabalho desenvolvido no atelier. O segundo capítulo é
dedicado ao trabalho prático descrevendo as obras do artista que foram restauradas
e o terceiro capítulo relata os métodos e materiais utilizados. Desta maneira,
pretendeu-se chegar à meta final com resultados satisfatórios em relação às
tratativas iniciais para a criação tanto do atelier como do Museu de Arte Leopoldo
Gotuzzo, definindo também a história de cada uma das obras pertencentes ao seu
acervo, através dos métodos e materiais utilizados pelos profissionais atuantes no
ateliê.
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1. TRAJETÓRIA DA VIDA E DA OBRA DO ARTISTA LEOPOLDO GOTUZZO
1.1 O ARTISTA LEOPOLDO GOTUZZO
Figura 1- O artista Leopoldo Gotuzzo.
Fonte: Almanach de Pelotas, Ano IV, 1916 p. 23.
Leopoldo Gotuzzo (Fig. 1) nasceu na cidade de Pelotas, de modo que se
envolveu com a atmosfera aristocrática e romântica da Pelotas, abastada dos
senhores barões.1 Conforme Silva; Loreto (1996, p.37), Pelotas sempre foi uma
cidade apaixonada pelas artes e muitos pintores logo despontaram para pôr seus
serviços à disposição do gosto e preferência da estética da população pelotense.
Uma manifestação maior registra-se no final do século XIX, muito ligada ao auge
econômico da sociedade, que começava a investir no consumo de objetos de arte.
Um destes artistas foi Leopoldo Gotuzzo, pelotense que nasceu em oito de
abril de 1887, filho do italiano de Porto Fino Liguri, Caetano Gotuzzo e da pelotense
Leopoldina Netto Gotuzzo. Leopoldo Gottuzo veio a falecer em 11 de abril de 1983
no Rio de Janeiro, devido a complicações pulmonares. Seu pai era proprietário do
Hotel Alliança, único do país com água encanada e serviço telefônico nos quartos,
situado à Rua Quinze de Novembro nº 666, onde é atualmente a Galeria Zabaleta.
1FREITAS, Nelson Abott de. Centenário de nascimento de Leopoldo Gotuzzo. Diário Popular, Pelotas, 29 Mar 1987. Arte, p. 6.
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Foi neste ambiente que Gotuzzo começou a desenvolver sua vocação,
fazendo desenhos dos clientes do hotel. Com o apoio dos pais, Gotuzzo cedo foi
estudar com Frederico Trebbi que, conforme Silva (1996, p.6), “foi um dos artistas
estrangeiros que marcou a arte pelotense. Ele chegou a Pelotas em 1870 exercendo
a função de vice-cônsul da Itália, além de lecionar pintura e escultura.” Com Trebbi,
Gottuzo aprendeu todas as leis, normas, regras, detalhes e tudo o mais que o rigor
acadêmico impingia.2 Estimulado pelo professor e amparado pela família, transferiu-
se para a Europa, onde em Roma foi aluno do artista escocês Joseph Nöel Paton
(1821-1901).
Em 1915, após a morte do professor Joseph Noel, Gotuzzo foi para Madrid,
onde iniciou seu trabalho independente. Conforme Leão (1916, p.231), de lá
Gotuzzo enviou algumas obras para participar da exposição de Belas Artes do Rio
de Janeiro. Mesmo chegando com atraso, foram admitidas na exposição, mas sem
participar do concurso. Ainda assim, recebeu Menção Honrosa pelo quadro “Mulher
de Vestido Preto” que pertence ao acervo da Biblioteca Pública Pelotense.
Este tempo foi bem definido por Freitas (1987, p.6).
Foi dominado por um sentimento espiritual de otimismo, era a chamada Belle Époque- na Europa de 1880 a 1914, no Brasil de 1889 a 1922 quando se vivia euforicamente o fim do século, e os burgueses confiavam no avanço da ciência e da técnica. Gotuzzo na Europa viu de perto a Belle Époque, já em seu crepúsculo, que alimentou várias correntes: realismo, impressionismo, simbolismo, pontilhismo e Art Nouveau,e quando regressou ao Brasil, em 1918, e fixou-se no Rio, já era um artista de linguagem madura, já depurada.
Em março de 1918 com os bombardeios sobre Paris, Gotuzzo decide voltar
para o Brasil e enquanto aguarda abertura de fronteira, pinta nos Pirineus Orientais.
Em 1919 faz sua primeira exposição individual em Pelotas no Salão da
Biblioteca Pública e apesar da terrível gripe espanhola que assola a cidade, faz
grande sucesso. Expõe também em Porto Alegre e no Rio de Janeiro, onde no
2SILVA, Úrsula Rosa; LORETO, Mari Lucie da Silva. História da Arte em Pelotas. A Pintura de 1870 a 1980. EDUCAT, 1996.
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Salão de Belas Artes, recebe a Grande Medalha de Prata pela obra “Estudo de Nú”,
que hoje pertence aos descendentes do Dr. Fernando Moreira Osório.
Em 1920, radica-se no Rio de Janeiro, fazendo exposições no Rio e em São
Paulo. E, em 1923 faz sua segunda exposição em Pelotas. Em julho de 1927,
retorna á Europa, fixando-se em Portugal, onde pinta no Porto, Minhos e Algarves,
expondo em Lisboa e Paris. Retorna definitivamente ao Brasil no final do ano de
1930, fixando residência no bairro Santa Tereza no Rio de Janeiro, trazendo consigo
muitas obras feitas em Portugal e na França, e segue realizando exposições em
Pelotas, Rio Grande, Porto Alegre, Bagé, Rio de Janeiro e São Paulo.
Leão (1916, p.232), escreveu que ele parece fadado para ter sido pintor de
figuras, intérprete dos sentimentos fugidios, das sensações íntimas, da mobilidade
de uma alma, que o talento artístico sabe fixar uma atitude e condensar uma
expressão. É o artista moderno atormentado dos ideais, das preocupações, dos
sentimentos de hoje, que poderá fazer a natureza solta e maravilhosa, triunfando na
cor e na luz, esmagando e anulando o homem, porque é a alma a sua preocupação,
a vida moderna o seu desígnio. Suponho como sendo um pouco difícil, pelo menos
por agora, ajustá-lo numa escola ou filiá-lo, com segurança a um mestre.
Foi um artista que não rompeu com sua base acadêmica, mas desenvolveu
um estilo próprio com uma personalidade destacada. Conforme Gastal (1962, p. 11),
“as possibilidades desse pintor contemporâneo se estendem por todos os gêneros
com equivalência. Esta é uma observação que cumpre assinalar, pois não são
numerosos, em nosso meio, os artistas possuidores de tais recursos.”
Em sua longa existência, Leopoldo Gotuzzo, foi reconhecido como artista de
grande talento e recebeu muitas homenagens, prêmios e medalhas. A professora
Marina de Moraes Pires, fundadora da Escola de Belas Artes, convida-o para
lecionar na Escola de Belas Artes de Pelotas, mas ele acabou recusando o convite.
Em 1955 é criado na Escola, o Salão Leopoldo Gotuzzo para abrigar e expor as
obras doadas pelo artista. Em 1962, no sesquicentenário da cidade, Leopoldo
Gotuzzo é recebido como convidado de Honra da Prefeitura Municipal, num feliz
gesto de reconhecimento dos grandes méritos de nosso insigne e simpático artista3.
3GASTAL, F. L. Leopoldo Gotuzzo. Diário Popular, Pelotas, 21 Out 1962. p. 11.
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Neste mesmo ano, Leopoldo Gotuzzo realiza uma exposição no Grande Hotel
em Pelotas e recebe homenagem dos antigos alunos do Colégio Gonzaga, do qual
fora aluno. Nesta ocasião o artista declara:
Costumo sorrir sempre que me encontro diante do belo. E porque não sorrir agora diante da beleza desta manifestação de bondade e carinho que será a mais bela de minha carreira de artista? Desde que cheguei sinto uma coisa dentro de mim, que me diz e repete a cada instante: como foi bom ter nascido aqui!”4
Outro reconhecimento foi ter sua obra “Paisagem de Monte Bonito” pintada
em 1933, estampando a capa do catálogo telefônica da extinta CTMR5 no ano de
1992. No mesmo ano, uma de suas obras foi leiloada na Sotheby’s. Conforme
Gasparotto (1992, p.5), ele foi o único pintor brasileiro a constar no catálogo. Uma
tela de sua série Baianas, pintada no Rio na década de 30, é o lote número 84 do
catálogo.6 A inclusão de Gotuzzo efetiva seu reconhecimento internacional, uma vez
que a Sotheby’s é considerada a mais importante casa do gênero no mundo.7
Russomano (2006, p. 34) diz que “O valor da obra de arte mede-se, antes de
tudo, pela realidade subjetiva, emocional do artista manifestada na sua maneira de
criar e logo depois julgada pela reação que provoca no pensamento ou sentimento
de quem a olha”. E, sobre a arte de Gotuzzo Campofiorito (1987 p.2) completa
dizendo que ”Leopoldo Gotuzzo deixou gravado, com grande destaque, seu nome
na arte plástica brasileira, assumindo uma obra que se insere no acervo cultural
mais expressivo do seu tempo”.
4Diário Popular. Pelotas. 15 Nov 1962. p. 9. 5Companhia Melhoramentos e Resistência. Antiga operadora de telefonia do grupo Telebrás antes da privatização. 6GASPAROTTO. Tela de Gotuzzo vai a leilão na Sotheby’s. Zero Hora, Porto Alegre, 12 Mai. 1992. Segundo caderno, p. 5.
7Obra de Gotuzzo é consagrada em leilão internacional. Diário Popular, Pelotas, 16 Mai. 1992. Artes Plásticas. p. 15.
23
1.2 AS DOAÇÕES DO ARTISTA PARA O FUTURO MUSEU DE ARTE
LEOPOLDO GOTUZZO
Em 1949 é fundada a Escola de Belas Artes de Pelotas. Consolidada
rapidamente, a entidade vem a desempenhar importante papel na vida cultural da
comunidade, formando artistas e promovendo o interesse pelas artes visuais.8 Ele,
sendo o patrono da escola e por sempre estar vinculado aos destinos da cidade
passa a ver na escola o local ideal para abrigar e conservar suas obras. Em sua
carta de doação (1955) revela, “É meu desejo que quando a Escola de Belas Artes
tiver local adequado e meios para manter se instale aí uma pequena Coleção
Gotuzzo, com alguns quadros que possam caracterizar meu modesto trabalho”.
Em 1955, o artista faz então sua primeira doação a Escola de Belas Artes.
Esta doação foi composta de algumas telas de sua autoria, dentre as quais muitas
de suas mais importantes obras. Conforme carta do artista enviada em 31 de maio
de 1955 ele comunica que despachará 16 obras pela Varig, “Digo, recapitulando,
que entregarei à “Varig” amanhã, dezesseis quadros, expressando diversos
períodos de minha carreira artística.” Nesta carta segue ainda um desejo seu:
“Como homenagem a meu bom professor Nöel quero que figurem no museu dois
estudos de sua autoria: um desenho a sanguínea e uma rápida impressão de minha
cabeça, a pastel, feito em 1913”.
Conforme a carta de doação são as obras que seguem que foram enviadas:
1) Repouso, feito em Madrid em 1916;
2) As pérolas, executado no Rio em 1925;
3) Aspectos de Amelie-Les-Bains e
4) Vieux Pont, pintados em 1918;
5) O velho da capa, feito em Madrid em 1916;
6) Estudo de nú, executado em Paris em 1918;
7) Imagem gaúcha, pintada no Monte Bonito em 1931;
8) Teresópolis, sem data;
8LIMA, Nicola Caringi In: LEOPOLDO GOTUZZO. Margs, Catálogo de Exposição Itinerante: Porto Alegre, Bagé, Santa Maria e Pelotas. Porto Alegre, 2001.
24
9) Pequeno estudo de nú, Madrid, 1916;
10) Ruminando, Monte Bonito, 1931;
11) Ponte de Marília, Ouro Preto, 1942;
12) As Pirâmides, curioso aspecto da Praia da Rocha (Algarve), 1929;
13) Busto feminino com a grande medalha de Prata no Salão Paulista de
1939;
14) Cabeça feita rapidamente em Paris 1918;
15) Pequeno aspecto da Villa de Piratini, em 1935, quando comemorava o
centenário Farroupilha;
16) Pêssegos, Rio de Janeiro, 1949.
E acrescenta: “Apesar da boa vontade e da espontaneidade com que fiz a
doação, confesso que muita coisa tenho sentido na separação destes quadros que
representam tanto estudo, tanta luta, tanta dúvida e ... a mocidade que não torna
mais (Tradução nossa).
Estas obras da primeira doação realizada pelo artista ficaram sob os cuidados
da Escola de Belas Artes e conforme Silva; Loreto (1996, p.153), em 1969 quando
foi criada a Universidade Federal de Pelotas, a Escola de Belas Artes foi absorvida
pela universidade e transformou-se no Instituto de Letras e Artes/ILA e o patrimônio
da Escola foi transferido para o prédio que servia à reitoria da universidade.
A professora Luciana Renck Reis promete então a Gotuzzo que conservaria e
restauraria as pinturas que ele havia doado e a partir daí concretizaria o sonho do
artista de ver sua obra reunida em um museu de arte.9 Gotuzzo fica empolgado com
a notícia e promete uma segunda doação.
Em 1983, através da carta testamentária do artista, a universidade recebe a
sua segunda doação, onde se juntou ao acervo além de obras do artista, alguns
móveis e objetos de uso pessoal. O então reitor da Universidade Federal de Pelotas
José Antônio Gonçalves Araújo, através de procuração10, nomeia em 30 de maio de
1983 a professora Carmem Lúcia Matzenauer Hernandorena, diretora do Instituto de
9PRESTES, Rogério. Jornal Panorama. Pelotas. [199-]. 10BRASIL, RIO GRANDE DO SUL, PELOTAS. Procuração, de 30 de maio de 1983.
Ministério da Educação. Universidade Federal de Pelotas. 1983.
25
Letras e Artes, a receber em nome da universidade todo o acervo do artista doado á
antiga Escola de Belas Artes Dona Carmem Trápaga Simões.
Esta listagem teve os dados técnicos assinados pela restauradora Elsa Maria
Loureiro de Souza, e em 14 de junho de 1983 foram recebidas as seguintes obras
que se juntou ao acervo já doado em 1955:
1) ”Flores” (Hibiscos), óleo sobre tela, RJ 1957, 0,70 x 90 cm e com moldura
1,00 x 1,47 cm, assinado L. Gotuzzo;
2) ”Crisântemo” 1917, Paris, 0,62x 0,44 cm e com moldura 0,70 x 0,88 cm,
assinado L. Gotuzzo;
3) ”Crisântemo”, óleo sobre tela, 1917, Paris, 0,37 x 0,44 cm e com moldura
64x 71 cm, assinado L. Gotuzzo;
4) “Flores e Plumas”, óleo sobre tela, 1949, RJ, 0,50 x 0,59 cm e com
moldura 61 x 77 cm, assinado L. Gotuzzo;
5) “Vaso com Rosas”, sobre fundo azul, óleo sobre Eucatex, 1971, RJ, 0,60 x
0,47 cm e com moldura 67 x 71,5 cm, assinado L. Gotuzzo;
6) ”Flores vermelhas em vaso dourado”, óleo sobre Eucatex, 1967, RJ, 0,54 x
0,45 cm e com moldura 80 x 72 cm, assinado L. Gotuzzo;
7) ”Dálias”, óleo sobre tela, 1943, RJ, 0,98 x 0,71 cm e com moldura 1,20 x
0,93 cm, assinado L. Gotuzzo;
8) ”Laranja e Bananas”, óleo sobre tela, 1932, RJ, 0,44 x 0,37 cm e com
moldura 0,68 x 0,60 cm, assinado L. Gotuzzo;
9) ”Pão de Açucar”, RJ, 1942, óleo sobre tela, 0,41 x 0,34 cm sem moldura,
assinado L. Gotuzzo;
10) ”Casa Rosada”, 1927, Lanhezes, Portugal, 1927, óleo sobre tela, 0,53 x
0,71 cm e com moldura 0,75 x 0,93 cm, assinado L. Gotuzzo;
11) ”Árvores na Estrada”, 1927, óleo sobre papelão, 0,53 x 0,71 cm e com
moldura 0,75 x 0,93 cm, assinado L. Gotuzzo; estado de consevação ”ruim”;
12) ”Pôr do Sol, Capão do Leão”, 1919, 0,9 x 0,15 cm, com moldura e vidro;
13) ”Moinho”, Portugal, 1929, óleo sobre tela, 0,50 x 0,65 cm, sem moldura;
14) ”Interior de Igreja”, Porto, 1927, óleo sobre tela 0,45 x 0,32 cm e com
moldura 0,65x 0,52 cm, assinado L. Gotuzzo;
26
15) ”Luta pela Vida”, Quinperle, Bretanha, França, óleo sobre tela, 0,65 x 0,50 cm
sem moldura, assinado L. Gotuzzo;
16) ”Boneca”, 1925 RJ, 0,43 x 0,54 cm e com moldura 0,48 x 0,59 cm;
17) ”Ercília Rocha Miranda Schnor” RJ, 1932, óleo sobre tela, 0,82 x 0,63 cm e
com moldura 1,5 x 0,85 cm, assinado L. Gotuzzo;
18) ”Dora Gotuzzo com Leque de Plumas”, 1923, óleo sobre tela, 0,90 x 0,71 cm e
com moldura 1,15 x 0,97 cm, assinado L. Gotuzzo;
19) ”Cabeça de Homem”, perfil, óleo sobre tela, 0,24x 0,19 cm e com moldura 0,41
x 0,35 cm;
20) ”Beredinha Rocha Miranda”, 1932, óleo sobre tela, Rio, 0,68 x 0,39 cm.
Assinado Leopoldo Gotuzzo;
21) ”Mandarim”, Rio, 1962 óleo sobre tela, 0,44 x 0,53 cm e com moldura 0,70 x
0,79 cm, assinado L. Gotuzzo;
22) ”Mandarim”, Rio, 1962, óleo sobre madeira, 0,53 x 0,44 cm e com moldura
0,72 x 0,62 cm, assinado L. Gotuzzo;
23) ”Reflexos”, 1932, (caramujo sobre fundo verde) 0,46 x 0,40 cm sem moldura,
assinado L. Gotuzzo;
24) ”Zaira”, perfil, 1923, Pelotas, sanguínea, 0,35 x 0,30 cm sem moldura;
25) ”Retrato de minha mãe”, 18- XII- 1918, crayon, 0,19 x 0,14 cm sem moldura;
26) ”Dora”, 1926, pastel, 0,40 x 0,31 cm e com moldura 0,56 x 0,48 cm, assinado
L. Gotuzzo;
27) ”Dora”, 1926, pastel, 0,54 x 0,43 e com moldura 0,57 x 0,45 cm, assinado L.
Gotuzzo;
28) ”Zayra”, perfil, 10-XII-1918, sanguínea, 0,40 x 0,31 sem moldura;
29) ”Dora”, perfil, 21-XII-1918, sanguínea, assinado L. Gotuzzo;
30) ”Beredinha Rocha Miranda”, RJ, 1932, pastel, assinado L. Gotuzzo;
31) ”Professor Noel”, Roma, 1913, crayon, assinado L. Gotuzzo;
32) ”Pai do Pintor”, 27-XII-1918, sanguínea, assinado L. Gotuzzo;
33) ”Estudo de Nú”, mulher sentada, 1917, Paris, bico de pena Sépia, assinado L.
Gotuzzo;
34) "Homem”, 1933, Rio, técnica tinta, assinado L. Gotuzzo 5 minutos;
27
35) ”Modelo Sentado”, 1957, Rio, crayon. Obs: Dedicatória: À Marina, oferece
Leopoldo Gotuzzo, 10 minutos;
36) ”Modelo de Pé”, 1933, RJ, crayon, assinado L. Gotuzzo;
37) ”Mulher”, 1939, sanguínea, assinado L. Gotuzzo;
38) ”Repouso”, 1930, pequeno, assinado L. Gotuzzo;
39) ”Mulher sentada” 1957, assinado L. Gotuzzo;
40) ”Homem”, 1929;
41) ”Mais 4 estudos de rostos masculinos” sem assinatura, sem molduras;
42) ”Perfil de Dora”, oval em gesso;
43) ”3 gatos” 6-XII-1948 com moldura;
44) ”4 gatos” com moldura;
45)”Retrato do pintor aos 20 anos” em técnica pastel, de Joseph Nöel, sem
assinatura, 0,45 x 0,30 cm;
46) ”Retrato de Caetano”, irmão do pintor, 1919, Pelotas, sanguínea, assinado LG;
47) ”1 foto em sépia da mãe do pintor”, e mais um diploma com moldura dourada e
diplomas não emoldurados.
Este acervo citado acima passa a fazer parte da Pinacoteca da Universidade
Federal de Pelotas, que já contava com as obras da primeira doação do artista.
1.3 A NECESSIDADE E CRIAÇÃO DO ATELIER DE CONSERVAÇÃO E
RESTAURO
Devido o desgaste natural e a má conservação das obras de Leopoldo
Gotuzzo, para se efetivar a criação do museu era necessário que algumas obras
fossem restauradas e conforme Silva; Loreto (1996, p.153), foi a professora Luciana
Reis quem, inicialmente, preocupou-se com a falta dos cuidados indispensáveis á
conservação do acervo da UFPEL. Pela localização em paredes úmidas, com o
passar do tempo, as obras começaram a sofrer deteriorações.
Consciente que a restauração é um procedimento rigorosamente científico a
professora Luciana Reis procurou conhecer suas peculiaridades participando de
diversos cursos e palestras e, sob sua coordenação, criou-se em 1982 um atelier de
28
conservação e restauro (fig. 2). Conforme Reis (1987) este foi o primeiro ateliê de
restauração do Rio Grande do Sul.
Figura 2- Equipe de trabalho no atelier.
Fonte: Diário Popular, Pelotas. 30 Jan 1983.
A imagem mostra o grupo de trabalho em 1983, e ao fundo as obras de
Leopoldo Gotuzzo.
Os procedimentos foram supervisionados pela restauradora Elsa Maria
Loureiro de Souza, bageense radicada no Rio de Janeiro, que cursou com Edson
Motta na Universidade Federal do Rio de Janeiro, o Pós- Graduação de Belas Artes,
único ministrado no Brasil em restauro de papel e telas (pinturas), além de estagiar
por um ano com Sérgio Lima, restaurador chefe do Museu Histórico Nacional do Rio
de Janeiro11.
Conforme Erasmo Fernando Casarin, marceneiro da universidade que a
pedido da professora Luciana Reis foi transferido para prestar serviços no ateliê,
este começou a funcionar inicialmente no prédio da Faculdade de Agronomia
localizada no Campus Capão do Leão, transferindo-se para o prédio do museu
11Se todos os caminhos levam a Roma, todos também nos levaram ao campus da UFPEL. Diário Popular, Pelotas, 30 Jan 1983. Domingo Especial, p. 22.
29
quando de sua inauguração em 1986 na Rua Marechal Deodoro nº 76312
(Informação verbal).
Luz (198-) diz em sua carta que a equipe de trabalho procurou aproveitar ao
máximo os ensinamentos da professora Elsa Maria, aprendendo que o restauro é
tarefa diversificada em exigência técnica; exige tempo para sua execução e material
adequado, além da experiência do técnico-restaurador.
Sobre a criação do ateliê, Reis (1983, p 22) diz que,
Ele iniciou da preocupação conjunta da Pró–Reitoria Administrativa e do ILA- uma preocupação que logo recebeu o integral apoio do atual Reitor. Então, formou-se uma reunião que passou a ser coordenada por mim, com a colaboração de alunos e professores do ILA. Depois de uma pesquisa em Porto Alegre, e não encontrando ninguém que restaurasse nos moldes técnicos dos que já tínhamos notícias, esta comissão esteve em Bagé no III Encontro Nacional de Museologia. Lá encontramos a Elza Maria e a trouxemos para cá. E o trabalho começou em setembro de 1982.
A professora informa ainda que o ateliê ”teve por escojo, além do trabalho
específico, fazer crescer a consciência, dentro da comunidade, do valor e
responsabilidade do restauro científico.” Salienta também que o museu empenhava-
se não só em conservar as obras, mas em conscientizar o público do trato e
conservação das obras de arte, bem como os perigos de intervenções feitas fora de
métodos científicos.
A equipe treinada pela restauradora Elsa Maria Loureiro de Souza deu
continuidade aos trabalhos iniciados no atelier em 1982 e cinco anos mais tarde a
universidade contrata Leila Sudbrack para restaurar mais algumas obras. Para isso,
em 18 de dezembro de 1986, a professora Mariza Hallal dos Santos, Diretora do
Departamento de Atividades Artísticas e Culturais - PRE/UFPEL, envia ao então Pró-
Reitor de Extensão Renato Luiz Mello Varoto, um ofício solicitando a contratação de
serviços de restauro para mais algumas obras do acervo pertencente ao museu,
sendo que o serviço seria pago pelo Programa Nova Universidade. No ofício foram
12CASARIN, Erasmo Fernando. Marceneiro que trabalhou no atelier em depoimento à autora
em 27 Abr 2012. Pelotas, RS.
30
indicados os restauradores Maria Cristina Poli, Paulo da Rocha e Leila Vianna
Sudbrack. Conforme Varoto13 Leila Sudbrack foi contratada pelo currículo, o preço e
uma contribuição voluntária em face da amizade com a Luciana. Ela foi contratada
para o restauro de 12 telas de Leopoldo Gotuzzo.
Leila tem curso na casa Pierre Dure em Florença na Itália. Também teve sua
formação em Conservação e Restauro de obras de arte, pela Universidade Federal
do Rio de Janeiro e foi fundadora do atelier de restauração do Museu Júlio de
Castilho em Porto Alegre. Em 1987 Leila organizou o atelier do Museu de Arte do
Rio Grande do Sul Ado Malagoli/MARGS14.
Assim, com esta última contratação, o ateliê que funcionou durante dez anos
sob a coordenação da professora Luciana Araújo Renck Reis teve apoio técnico em
dois momentos, em 1982 através da restauradora Leila Maria Loureiro de Souza e
em 1987 com a restauradora Leila Vianna Sudbrack.
1.4 O MUSEU
Reunidas e restauradas as obras, o próximo passo seria o de criar o museu.
Conforme Silva; Loreto (1996, p.153), ”Concomitantemente aos trabalhos do atelier,
foram elaborados projetos para instalação da Pinacoteca - primeiro passo com vistas
à implantação de um Museu e de um anteprojeto de Regimento”. O Projeto
Pinacoteca da UFPEL foi elaborado pelas professoras Luciana Araújo Renck Reis e
Yedda Machado Luz, juntamente com a restauradora Elsa Maria Loureiro de Souza,
em dezembro de 1982, onde também se idealizou uma homenagem ao pintor
Leopoldo Gotuzzo que contava com 95 anos.
Após todos os trâmites, o museu foi inaugurado no dia 6 de novembro de
1986 no prédio alugado à Rua Marechal Deodoro nº 673, depois se mudou para
Felix da Cunha nº 611 e, atualmente, ocupa prédio á Rua General Osório nº 725,
também alugado, todos os endereços na cidade de Pelotas, Rio Grande do Sul.
13VAROTO, Renato Luiz Mello ([email protected]). Atelier ILA/MALG. Mensagem recebida por Claudia Fontoura Lacerda <[email protected]> em 28 Set 2012.
14Finda Ciclo de Palestras e Arte promovidos pelo Malg. Diário Popular, Pelotas, 12 Nov. 1987. p. 22.
31
O museu veio para celebrar a vida e a obra de Leopoldo Gotuzzo e para
marcar a inauguração deste, foi realizada uma exposição que contou com presença
de inúmeras pessoas tanto da comunidade pelotense, como de além fronteiras da
terra natal do artista. Contou também com grande presença de professores e artistas
plásticos locais.
Desde sua fundação, o museu teve como diretores Luciana Araujo Renck
Reis (1986-1989), Lígia Maria Fonseca Blanck (1989-1991), Bernardete Lovatel
(1991-1992), Carmem Regina Bauer Diniz (1992-1993), Nicola Caringi Lima (1997-
2002), Wilson Marcelino Miranda (1993-1997/2002-2006) e Raquel Santos
Schwonke desde 2006.
Seu acervo é constituído pelas seguintes coleções:
-Coleção Gotuzzo, formada de doação feita à Escola de Belas Artes, em
1955, e a última doação feita por cláusula testamentária do artista em 1983. Durante
a existência do museu este acervo foi aumentando gradualmente através de
doações e hoje conta com 135 obras do artista.
-Coleção Trápaga Simôes, doada a Escola de Belas Artes por Bethilda
Trápaga e Carmem Simões, são obras de artistas europeus do final do século XIX e
início do século XX;
-Coleção João Gomes de Mello, crítico de arte no Rio de Janeiro e falecido
em 1970;
-Coleção (Ex) Antigos Alunos, que abriga obras dos alunos da Escola de
Belas Artes;
-Coleção Século XX e Coleção Século XXI que são formadas por doações de
artistas locais ou que tenham exposto na galeria do Museu datadas nos referidos
séculos.
Conforme Alberto (1986, p. 8), “devido ao grande número de obras em seu
acervo, o museu faria mostras em forma de rodízio, tendo como metas imediatas
realizar exposições temporárias, montar um banco de dados, desenvolver e equipar
a parte de conservação e restauro e iniciar um espaço didático”.
32
Norteado por espírito moderno e científico, o MALG desde a inauguração,
mantém os setores preconizados pela moderna museologia15.
Em 1987, foi criada a Sociedade de Amigos do Museu de Arte Leopoldo
Gotuzzo (SAMALG), com pouco mais de vinte integrantes. Sua função é de apoiar o
museu, principalmente buscando recursos junto á comunidade, promover leilões,
restauros de obras e eventos promocionais.
Quirino Campofiorito (1987, p.2) historiador de arte, artista e Presidente de
Honra dos Críticos de Arte do Brasil comenta da alegria do artista em relação a
fundação do museu, onde diz que nos contatos que teve com Gotuzzo pode ver a
satisfação de que se via possuído por sua cidade prestar-lhe tão carinhosa
homenagem, dedicando especial atenção a sua obra. Mas, o artista não vê o museu
já em funcionamento, pois este foi inaugurado em 7 de novembro de 1986, três anos
após a sua morte. Ele apenas sabia das tratativas para a consecução deste.
Conforme a restauradora Elsa, em fevereiro de 1983, levaram ao artista no Rio de
Janeiro slides das obras de sua primeira coleção conservado e restaurada, “foi como
esperasse rever todos aqueles trabalhos de sua juventude, de sua vida, para depois
partir...”
1.5 O ATELIÊ
Após terem sido reunidas todas as obras que estavam dispersas pela
universidade, as atividades de conservação e restauro começaram em outubro de
1982, com a supervisão da restauradora Elsa Maria Loureiro de Souza,
Segundo Luz [198-], “Durante 50 dias de trabalhos intensivos, foram limpos,
conservados e recuperados um grande número de quadros da UFPEL”. Após este
período os trabalhos continuaram a ser realizados pela equipe do museu. E ela
completa dizendo que
15REIS, Luciana Araújo Renck. Carta da Professora do Instituo de Letras e Artes/UFPEL e diretora do Museu de Arte Leopoldo Gotuzzo. 1990. Arquivo MALG.
33
A equipe destacada para o trabalho em pauta procurou aproveitar ao máximo os ensinamentos da professora Elsa Maria, aprendendo que o restauro é tarefa diversificada em exigência técnica; exige tempo para sua execução e também material adequado, além da experiência do Técnico-Restaurador. Sentiu-se, também, que o trabalho que contava apenas com o espaço limitado de uma sala improvisada em atelier, com escassa aeração, que os produtos empregados nos processos especiais contêm alto teor de toxicidade, sem que houvesse, na oportunidade condições de proteção á saúde dos participantes do programa.
Nas atividades do atelier participaram além da professora Luciana Araújo
Renck Reis, a professora Yedda Machado Luz, Erasmo Fernando Casarin,
marceneiro da UFPEL, que foi designado para os trabalhos de restauro nas
molduras das obras, e alguns professores e alunos da universidade que atuaram
como colaboradores e estagiários.
Além das obras do futuro museu, a equipe fez alguns trabalhos como
gentilezas que eram solicitadas à professora Luciana, como a limpeza realizada em
um quadro de um dos provedores da Santa Casa que apresentava sujidades e
deterioração no suporte e chassi, após ter chovido em cima da obra. Fizeram
trabalhos de conservação e restauro também na obra de Eliseu Maciel e três ou
quatro quadros de formandos da Faculdade de Agronomia, além da obra Moça de
Vestido Preto que pertence ao acervo da Biblioteca Pública Pelotense16 (Informação
verbal).
Casarin começou restaurando e renovando chassis e molduras, mas com a
convivência no ateliê, acabou aprendendo técnicas de restauro com as professoras
e atuou também no restauro de muitas obras de Leopoldo Gotuzzo, ”Eu era
ajudante. Eu fui contratado para trabalhar nas molduras, que eram feitas no estilo
Kaminagai17 (fig. 3), no tratamento dos cupins, mas acabou que eu trabalhei muito
nesses quadros”18 (Informação verbal).
16CASARIN, Erasmo Fernando. Marceneiro que trabalhou no atelier em depoimento à autora em 27 Abr 2012. Pelotas, RS.
17Tadashi Kaminagai (1899-1982). Paralelamente à atividade artística, trabalha como moldureiro. Embarca para o Brasil um ano após a eclosão da Segunda Guerra Mundial, 1939-1945, trazendo consigo uma carta de recomendação endereçada a Candido Portinari (1903 - 1962). Fixa residência no Rio de Janeiro e em 1941 instala ateliê e oficina de molduras no bairro de Santa Teresa, onde trabalha e atua como professor. Acesso em:
34
Figura 3-Moldura estilo kaminagai.
Fonte: Acervo da documentação do MALG.
No ateliê eram restauradas pinturas em tela ou madeira. As obras em suporte
de papel eram higienizadas, e levadas ao Rio de Janeiro pela professora Luciana
Reis para ser restauradas no atelier do professor Antônio Grosso19.
Conforme Casarin, de todas as obras conservadas e restauradas no atelier,
apenas a obra “Árvores e Troncos” (fig. 4) de autoria de A. Mattos não teve
resultados positivos com os procedimentos realizados.20 (Informação verbal). Esta
obra é uma pintura a óleo feita em suporte de madeira de dimensões 26,5 x 17,8 cm,
pertencente ao acervo da Coleção João Gomes de Mello. A ficha diagnóstico21 da
obra é datada de nove de setembro de 1983 e assinada pela restauradora Elsa
Maria Loureiro de Souza, indicando suporte inutilizado pelo ataque de cupins e que
<http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_ic/index.cfm?fuseaction=artistas_b
iografia&cd_verbete=3376&cd_idioma=28555&cd_item=1>. Disponível em 14 de jan 2012. 18CASARIN, Erasmo Fernando. Marceneiro que trabalhou no atelier em depoimento à autora
em 27 Abr 2012. Pelotas, RS. 19Restaurador de Objetos de Arte e antiguidades e professor na década de 80 na Escola de
Artes Visuais, EAV- Parque Lage, Rio de Janeiro. 20CASARIN, Erasmo Fernando. Marceneiro que trabalhou no atelier em depoimento à autora
em 10 Ago 2012. Pelotas, RS. 21Ficha que faz parte da documentação da obra. Esta documentação está presente ao longo
de todo processo e só conclui, terminado este. A informação do restauro deve conter todas as intervenções efetuadas, o processo e materiais utilizados, assim como as condições necessárias a correta conservação da obra. PASCUAL, Eva; PATIÑO, Mireia. O Restauro de Pintura. A técnica e a arte do restauro de pintura sobre tela explicados com rigor e clareza. 1º ed Lisboa: Estampa, 2002. p. 66.
35
era necessária a troca de suporte. A camada pictórica22 estava com
desprendimentos e o suporte em madeira com grande quantidade de túneis feitos
pelos cupins, estava fragilizado e inutilizado, sendo que tentaram então a realização
de transposição23.
Figura 4- Obra “Árvores e Tronco” de A. Mattos.
Fonte: Acervo de documentação do MALG.
Para fixar a camada pictórica aplicaram um produto (que não é lembrado)
pelo verso da obra, no entanto, este produto não mostrou o resultado esperado e
criou ondulações em toda extensão da pintura. Ela foi guardada e não se mexeu
mais na obra. Esta obra foi a única obra em que as intervenções não tiveram
resultados satisfatórios e ela encontra-se acondicionada na reserva técnica do
museu aguardando um novo restauro.
Sobre a desativação do ateliê Reis (1987 p. 18) diz que “por falta absoluta de
condições, esse alvo, em caráter permanente foi desativado e um profissional
capacitado, em todos os sentidos, é chamado para cumprir essa finalidade de
restauro e palestras.”
22É formada por vários estratos pictóricos e sobrepostos, começando pelo que se acha em
contato com a preparação e terminando por aquele imediatamente abaixo das capas superficiais. ibidem p. 28.
23Remoção da película de tinta de seu suporte original, e na remontagem desta, num suporte inteiramente novo. MAYER, Ralph. Manual do Artista. São Paulo: Martins Fon tes, 2006. p. 557.
36
Conforme Yedda Machado Luz24, professora e amiga pessoal da professora
Luciana Reis, que a ajudou em todos os trâmites para a consecução do museu,
sempre foi tudo muito rápido, pois sempre tiveram todo o apoio da universidade,
porém, ela acha que houve uma desmotivação do pessoal que trabalhava no ateliê,
pois o restauro é um trabalho que exige muito (Informação verbal).
Cynthia Luz Yurgel, estudante que participou das atividades no ateliê
(inicialmente por curiosidade) em relação ao restauro diz que, “ A dona Luciana
contava a história das obras e nos deliciávamos com isso. Vários quadros
instigavam o nosso imaginário. E completa: “Trabalho feito com amor e por amor
mesmo, o objetivo era o MALG. Mas como o trabalho era lento e intenso a turma
não tinha muita persistência.25
Conforme a professora Lígia Maria Fonseca Blanck26, que foi chefe do museu
de 1989 a 1991,
A Universidade não possuía verba para aplicar no restauro das obras e nós estávamos, naquela época, priorizando a manutenção das exposições do acervo (com mudanças frequentes) e a realização de mostras de artistas convidados, para atrair público que visitasse habitualmente o MALG. Tínhamos também um trabalho bem intenso junto às escolas da cidade, com uma equipe que acompanhava os alunos em visitas guiadas.
Ligia também acrescenta que se a interrupção das atividades do atelier
ocorreram, foi por necessidade e para preservar as obras, o mais prudente foi não
permitir que pessoas não especializadas fizessem interferências nas telas ou
esculturas.
Sobre o montante de obras restauradas, após a análise documental, conclui-
se que durante os 10 anos em que o ateliê desenvolveu atividades de conservação
24Informação verbal fornecida por LUZ, Yedda Machado à autora em 5 Set 2012. Pelotas, RS.
25YURGEL, Cynthia Luz ([email protected]) Malg. Mensagem recebida por Claudia Fontoura Lacerda ([email protected]) em 22 Mai 2012.
26BLANCK, Lígia Maria Fonseca ([email protected]). Museu de Arte Leopoldo Gotuzzo. Mensagem recebida por Claudia Fontoura Lacerda ([email protected]) em 14 Dez 2012.
37
e restauro, foi realizado trabalhos de conservação e restauro num total de 257 obras,
sendo 75 obras de Leopoldo Gotuzzo. O restante das obras restauradas divide-se
entre as obras dos ex- alunos da Escola de Belas Artes de Pelotas, da Coleção João
Gomes de Mello Filho27 e da Coleção Trápaga Simões28.
27Coleção legada por morte desse doador pelotense que exerceu por vários anos a função de crítico de arte no Rio de Janeiro, falecido em 1970.
28Coleção que reúne obras de artistas europeus do final do século XIX e início do século XX, doadas a Escola de Belas Artes de Pelotas por Bethilda Trápaga e Carmem Simões.
38
2. OBRAS DE LEOPOLDO GOTUZZO QUE PASSARAM POR INTERVENÇÕES
DE CONSERVAÇÃO E RESTAURO
Devido ao registro fotográfico, a análise das fichas diagnóstico e as anotações
realizadas no ateliê pela equipe de trabalho, podemos conhecer os materiais e os
métodos utilizados em cada uma das obras do artista.
Estes materiais e fichas diagnósticas estão guardados na reserva técnica do
museu e foram acondicionadas em fichários e organizados da seguinte maneira:
1 - Cinco fichários contendo além das fichas diagnósticos, algumas fotografias
e anotações sobre as intervenções realizadas no ateliê.
2 - No fichário que consta as fichas diagnóstico pertencentes às obras
restauradas de Leopoldo Gotuzzo, existe também um envelope contendo fichas
diagnósticas das obras do artista que foram restauradas pela restauradora Leila
Vianna Sudbrack em 1987.
A seguir listaremos as 75 obras de Leopoldo Gotuzzo que passaram por
intervenções de conservação e restauro no ateliê e os dados referentes a elas que
constam na documentação existente:
1) Fotografia menor do pai de Gotuzzo (fig.5).
Figura 5-Fotografia menor do pai de Gotuzzo.
Fonte: A autora, 2012.
39
Esta é uma fotografia do pai de Leopoldo Gotuzzo com dimensões de 10,5 x
7, 5 cm. Conforme a ficha diagnóstico a fotografia apresentava fungos e uma
pequena perda na parte superior. Foi removido a fita adesiva, foi colada com
Metylan29 e realizada limpeza com farelo de borracha branca, mas na ficha não fica
especificado se a limpeza foi realizada no verso ou na frente da fotografia. Foi
trocado o vidro e tratada a moldura. No canto inferior da ficha consta a palavra
“feito”, acreditando-se assim que mesmo sendo incompleto o preenchimento da ficha
diagnóstico, o trabalho de foi realizado.
2) “Árvores na Estrada”, 1927(fig.6).
Figura 6- Obra “Árvores na Estrada”.
Fonte: Acervo da documentação do MALG.
Esta obra tem por técnica óleo sobre cartona. Dela consta somente a
fotografia, mas acredita-se que mesmo não tendo documentação, a obra passou por
procedimentos, pois em 2012, através do Projeto Pinturas do Acervo do Museu de
Arte Leopoldo Gotuzzo: Documentação, Restauração e Exposição, coordenado pela
professora Andréa Lacerda Bachettini do curso Bacharelado em Conservação e
29Adesivo que se apresenta em forma de pó, que é diluído em água. Utilizado em conservação-restauração de papéis; em velaturas, remoção de colas antigas, reencolagens, remendos, enxertos e laminações. SLAIBI, Thaís Helena de Almeida; MENDES, Marylka; GUIGLEMETI, Denise O. GUIGLEMETI, Wallace A. Materiais Empregados em Conservação-Restauração de Bens Culturais. ABRACOR. Associação Brasileira de Conservação Restauração de Bens Culturais. 2º Ed. Rio de Janeiro, 2011. p. 65.
40
Restauro de Bens Culturais Móveis da UFPEL, esta obra foi restaurada e através de
análise verificou-se que ela apresentava o corte - que vai da parte inferior a lateral
esquerda - colado com um adesivo considerado forte. Este adesivo foi removido
para dar início aos trabalhos de conservação e restauro da obra.
3) “As Pérolas”, 1925 (fig.7).
Esta obra é um óleo sobre tela de dimensões de 0,76 x 1, 31 cm. Dela consta
fotografia no atelier e anotações informando que a obra já estava “restaurada”, mas
não informa o estado de conservação da obra, os materiais nem os métodos
utilizados no restauro dela.
Figura 7- Obra “As Pérolas”.
Fonte: Acervo da documentação do MALG.
4) “As Uvas dos Meus Oitenta Anos”, 1967 (fig.8).
Figura 8- Obra “ As uvas dos meus oitenta anos”.
Fonte: Acervo da documentação do MALG.
41
Esta obra é um óleo sobre tela de dimensões 38 x 55 cm. Dela também não
consta ficha diagnóstico, somente anotações contendo os dados da obra e uma
fotografia da obra no ateliê. No verso a observação de que a obra já estava
restaurada.
5) “Aspectos de Amelie Le Bains”, França, 1918 (fig.9).
Figura 9- Obra “Aspecto de Amelie Le Bains”.
Fonte: Acervo da documentação do MALG.
Esta obra é um óleo sobre tela de dimensões 41 x 56 cm. Anexada à ficha
diagnóstico dela, existem três fotografias da obra. Na ficha consta que o suporte
estava ressecado e o verniz amarelado. No céu alguns pontos craquelados e
percebe-se perda de pigmento no canto inferior direito perto da assinatura. Sobre o
verniz, consta informação que o mesmo é solúvel em Álcool Etílico30 e sobre a
moldura informa-se que existem algumas falhas nas junções.
Sobre os métodos utilizados, não há registro na ficha que é assinada pela
restauradora Elsa Maria Loureiro com data de dezembro de 1982.
30Nome do produto: Etanol. Solvente utilizado puro ou em soluções na eliminação de
vernizes e repinturas. Serve também como agente acelerador de evaporação de água. Utilizado pelo primeiro banho para melhorar a absorção de água do papel, facilitando uma limpeza mais profunda. Desinfecção. Fungicida. Remoção de fitas adesivas. SLAIBI, Thaís Helena de Almeida; MENDES, Marylka; GUIGLEMETI, Denise O. GUIGLEMETI, Wallace A. Materiais Empregados em Conservação-Restauração de Bens Culturais. ABRACOR. Associação Brasileira de Conservação Restauração de Bens Culturais. 2º Ed. Rio de Janeiro, 2011. p. 108.
42
6) “Auto - Retrato de Óculos”, 1934 (fig.10).
Esta obra é um auto retrato do artista feito em óleo sobre tela. Existe uma
ficha diagnóstico informando que o suporte estava em estado regular, ressecado e
com marcas de insetos. O verniz apresentava-se amarelado e não estalado. O
chassi foi desinfestado. E apesar de a ficha ser preenchida parcialmente, sabe-se
através de Casarin que a desinfestação dos chassis e das molduras era realizada
com Pentox31, aplicado através de seringa e pincel (Informação verbal).
A ficha informa ainda que a obra foi restaurada, mas não constam os
materiais e os métodos utilizados. Ela está assinada pela restauradora Elza Maria
Loureiro e data de dezembro de 1982.
Figura 10- Obra “Auto retrato de Óculos”.
Fonte: Acervo da documentação do MALG.
7) “Auto Retrato Sorrindo”, pastel, 1951 (fig. 11).
Esta obra é um auto retrato do artista e mede 40 x 31 cm. Dela há
informações de que apresentava algumas manchas no suporte e que foi
encaminhada ao Rio de Janeiro para ser restaurada pelo restaurador e professor
Antônio Grosso.
31Usado como herbicidas desfolhantes e para combater fungos e cupins em
madeira. LACERDA, Eliseu. Capítulos Agroquímicos Acidentes na Pecuária. Universidade Federal do Paraná/Instituto de Engenharia do Paraná. Umuharama, Curitiba, 2000. p. 5.
43
Figura 11- Obra “Auto retrato sorrindo”.
Fonte: Acervo da documentação do MALG.
8) “Baiana”, 1942 (fig.12).
Figura 12- Obra “Baiana”.
Fonte: Acervo da documentação do MALG.
Esta obra é um óleo sobre tela de dimensões de 90 x 71 cm, dela constam
anotações com os dados da obra e o estado de conservação que foi considerado
bom. Consta como obra restaurada em janeiro de 1987 pela restauradora Leila
Sudbrack e na ficha diagnóstico o estado de conservação é considerado regular.
Sobre o suporte o documento informa que ela se encontra em bom estado, mas com
manchas na parte inferior. A camada pictórica apresenta-se em boas condições,
44
apenas com algumas sujidades, danos insignificantes de insetos, sem mofo e tem
perdas de pigmento no canto inferior esquerdo.
A ficha informa também que a obra não apresentava restaurações anteriores
e que os testes químicos foram feitos com a mistura de Xilol32 e Álcool Etílico (4:1).
Sobre os procedimentos realizados diz que foi realizada compensação das áreas
perdidas, remoção do verniz oxidado e das manchas. Por último, reintegração visual,
mas sem informar resultado dos testes, nem materiais e métodos utilizados.
9) “Beredinha Rocha Miranda”, 1932 (fig.13).
Figura 13- Obra “Beredinha Rocha Miranda”.
Fonte: Acervo da documentação do MALG.
Esta obra é um óleo sobre tela de dimensões de 1,05 x 85 cm. Sobre ela há
anotações com informações sobre o bom estado da moldura que é com clavilhas,
Informa que a pintura apresentava craquelês na parte inferior da tela e de que a obra
já estava restaurada. E, em documentação à parte, consta como restaurada em
1987 por Leila Sudbrack.
32Solvente usado puro ou em solução, na eliminação de repinturas e vernizes. SLAIBI, Thaís
Helena de Almeida; MENDES, Marylka; GUIGLEMETI, Denise O. GUIGLEMETI, Wallace A. Materiais Empregados em Conservação-Restauração de Bens Culturais. ABRACOR. Associação Brasileira de Conservação Restauração de Bens Culturais. 2º Ed. Rio de Janeiro, 2011. p. 129.
45
A ficha diagnóstico informa que ela apresentava manchas e perfurações e
que foram feitos testes químicos com a mistura de Xilol e Álcool Etílico (1:1), mas a
ficha não está preenchida na sua totalidade.
10) “Boneca”, 1925 (fig.14).
Figura 14- Obra “Boneca”.
Fonte: Acervo da documentação do MALG.
Esta obra é um óleo sobre tela de dimensões 43 x 54 cm. Também é
chamada de Dama Antiga. Não há a ficha diagnóstico do trabalho de conservação e
restauro. Consta apenas a fotografia da obra, sendo que no verso dela tem anotada
a seguinte observação: “restaurada”.
11) “Rosto de Mulher, Dora”, 1926 (fig.15).
Figura 15- Obra “Rosto de Mulher, Dora”.
Fonte: Acervo da documentação do MALG.
46
Esta obra é um desenho à carvão de dimensões 40 x 31 cm. Na ficha consta
título como “Cabeça de Mulher” e apesar da obra ser em suporte papel, ela não foi
enviada ao Rio de Janeiro. Na ficha diagnóstico assinada pela professora Luciana
Reis, consta que o desenho apresentava pequenas falhas no carvão e falta de
planificação na parte inferior esquerda. Como procedimentos foram feitas a retirada
da moldura, prensa e retoque com carvão vegetal do próprio artista, que foi
encontrado em uma caixa de materiais dele quando esta veio do atelier por ocasião
de sua morte.
Na ficha não consta com que material foi feita a fixação do carvão. Sobre a
moldura informa-se que houve aproveitamento da parte externa e do filete junto ao
quadro.
12) “Cabeça de Mulher”, 1918 (fig.16).
Figura 16- Obra “Cabeça de Mulher”.
Fonte: Acervo da documentação do MALG.
Esta obra é um óleo sobre tela de dimensões 42 x 30. A ficha diagnóstico é
assinada pela restauradora Elsa Maria Loureiro e a data de outubro de 1982. Consta
que as cinco fotografias anexadas à ficha, são anteriores ao reentelamento. Sobre o
estado de conservação da obra informa-se que o suporte estava em condições
ruins, com marcas, mofo, insetos, várias perdas e uma emenda na parte superior.
Da camada pictórica, informa-se que a mesma estava em condições ruins, com
desagregação, sem craquelês e com várias repinturas feitas com “colas” fortíssimas.
47
Sobre o verniz há informações de que estava amarelado e era solúvel em Álcool
Etílico. Da camada pictórica informa-se que a mesma é solúvel em Amônia33.
13) “Cabeça de Mulher”, Rio de Janeiro, 1932 (fig.17).
Figura 17- Obra “Cabeça de Mulher”.
Fonte: Acervo da documentação do MALG.
Esta obra é um desenho á carvão de dimensões 32 x 26 cm. Dela consta
apenas anotações feitas pela professora Luciana, com data de 21 de agosto de
1987. Informa-se que a obra apresentava furo na parte superior direita e mancha no
pescoço. Fundo de papelão estava imprestável. O vidro estava com mofo e a
moldura estava apresentável. Foi retirada da moldura e a obra foi enviada ao Rio de
Janeiro para restauro. Informa-se ainda que ela recebeu moldura nova para a
exposição realizada no Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli-MARGS.
14) “Reflexos”, 1932 (fig. 18).
No Arquivo do MALG consta o título desta obra como Caramujo e que este
título foi atribuído por Regina Moraes. Porém, na documentação onde constam as
obras recebidas por carta testamentária, o título dela aparece como Reflexos. É um
óleo sobre tela de dimensões 46 x 40 cm. Dela há apenas a fotografia. Acredita-se
33Em condições ambientais correntes a amônia é encontrada em estado gasoso e apresenta um odor penetrante característico. Embora este composto contribua significativamente na produção de alimentos na forma de fertilizantes (adubos), em geral, o gás propriamente dito é cáustico e pode causar danos sérios à saúde. Acesso em < http://www2.dbd.puc-rio.br/pergamum/tesesabertas/0321142_07_cap_02.pdf>. Disponível em 14 Jan 2013.
48
que ela tenha sido restaurada, pois no projeto já citado anteriormente esta obra foi
uma das quatorze obras restauradas e através de análise e exames, constatou-se
que ela já havia passado por intervenções de restauro, apresentando remendo na
parte central inferior.
Figura 18- Obra Reflexos.
Fonte: A autora, 2012.
15) “Casa Rosada”, Lanhezes, Portugal, 1927 (fig.19).
Figura 19- Obra “Casa Rosada”.
Fonte: Acervo da documentação do MALG.
Esta é um óleo sobre tela de dimensões 53 x 71 cm. Dela também não há
ficha diagnóstico preenchida, somente uma fotografia e algumas anotações com os
dados dela e a observação de que a moldura estava com clavilhas e em estado
49
regular, além disso consta também de que obra já havia sido restaurada. Em
documentação à parte consta como restaurada por Leila Vianna Sudbrack. A ficha
diagnóstico não tem assinatura e a data é de 14 de janeiro de 1987. Sobre o estado
de conservação a obra foi avaliada como regular, sendo o suporte com sujidades no
canto superior direito, perfuração provável de inseto e pigmento em boas condições.
Informa ainda que a obra não tem moldura e que não há vestígios de restauros
anteriores.
A camada pictórica é considerada em boas condições e o verniz oxidado.
Como proposta de tratamento foi informada a compensação de áreas perdidas, a
remoção do verniz oxidado, a aplicação de nova proteção e a reintegração visual.
Foram realizados testes químicos e feita a remoção do verniz com AX34 e bisturi.
Através da análise dos materiais que eram usados no atelier, conclui-se que a
solução seja a mistura de Álcool e Xilol.
16) “Crisântemos”, Paris, 1917 (fig.20).
Figura 20- Obra “Crisântemos”.
Fonte: Acervo da documentação do MALG.
Esta obra é um óleo sobre tela de dimensões 37 x 44 cm. Consta fotografia e
anotações com os dados da obra. Informa que a obra já estava restaurada e
reentelada, apresentando estado de conservação bom apesar de apresentar poucos
pontos com falta de pigmento.
34 Mistura dos solventes Álccol e xilol.
50
Em material à parte destas anotações, consta como obra restaurada, em
1987, pela restauradora Leila Vianna Sudbrack e a ficha diagnóstico que não tem
assinatura nem data, diz que a obra está com uma impressão visual boa, com
manchas de tinta generalizadas, perdas de pigmento, suporte com perdas causadas
por insetos e craquelês, necessitando de reforço nas bordas.
Foram realizados testes químicos com solução de 50 ml de Xilol, e 25 ml de
Álcool Etílico, não apontando, porém os resultados do teste. Como tratamento
informa que houve tratamento das manchas, compensação das áreas perdidas, a
remoção do verniz, reforço de bordas, a reintegração visual e a aplicação de Beva35
no craquelê. A ficha não especifica se as intervenções foram realizadas e os
métodos que foram utilizados.
17) “Crisântemos”, Paris, 1917 (fig. 21).
Figura 21- Obra “Crisântemos” 62 x 44 cm.
Fonte: Acervo da documentação do MALG.
35Adesivo usado como consolidante para pinturas e têxteis e na conservação de papéis. Na
fixação de pinturas a óleo ou acrílico em escamação e reentelamentos. SLAIBI, Thaís Helena de Almeida; MENDES, Marylka; GUIGLEMETI, Denise O. GUIGLEMETI, Wallace A. Materiais Empregados em Conservação-Restauração de Bens Culturais. ABRACOR. Associação Brasileira de Conservação Restauração de Bens Culturais. 2º Ed. Rio de Janeiro, 2011. p. 25.
51
Esta obra também intitulada de Crisântemo é um óleo sobre tela e diferencia-
se da outra obra pelas dimensões, que são de 62 x 44 cm. Desta consta no fichário,
apenas uma fotografia tendo escrito no verso “restaurado”.
No mesmo fichário esta obra consta como obra restaurada, em 1987, pela
restauradora Leila Sudbrack. A ficha diagnóstico informa que estava em condições
regulares, sem manchas, com várias perfurações de pregos e insetos, tendo no
suporte uma mancha no dorso na parte superior, remendo lateral esquerdo inferior e
superior. Levando-nos a crer que ela já havia passado por intervenções de restauro.
Como proposta de tratamento: a remoção do verniz oxidado que foi feito com a
solução de 50 ml de Xilol e 25 ml de Álcool Etílico. Compensação das áreas
perdidas, reforço na lateral direita e reintegração visual.
18) “Desenho a caneta vermelha” (fig. 22).
Figura 22- Obra ”Desenho à caneta vermelha”.
Fonte: Acervo da documentação do MALG.
Esta obra é um desenho feito pelo artista através de caneta vermelha. Em
ficha diagnóstico assinada pela professora Luciana Reis com data de 5 de fevereiro
de 1988, consta que o vidro estava muito próximo ao desenho. Informa também que
52
foi colocado passe partout36 novo e que o verso da obra foi forrado com papel mata-
borrão37.
O papelão do fundo da obra foi aproveitado e foi colocado um vidro novo sem,
no entanto, deixá-lo tocar na obra.
19) “Desenho à sanguínea”, Rio de Janeiro, 1938 (fig. 23).
Esta obra é um desenho à sanguínea de dimensões de 63 x 37 cm. Na ficha
assinada pela professora Luciana Reis e com data de 21 de setembro de 1984,
consta que a obra encontrava-se em más condições. Havia sido atacado por mofo e
insetos e apresentava perdas do suporte no lado direito. Precisava de planificação.
A obra foi retirada da moldura e foi feita a planificação entre vidros sob proteção de
papel. O vidro foi trocado, e a obra foi encaminhada ao Rio de Janeiro para restauro.
Figura 23- Obra “Desenho a sanguínea”.
Fonte: Acervo da documentação do MALG.
36Papel industrializado livre de ácidos e lignina. Miolo fabricado com fobras de algodão
protegidas com carbonato de cálcio. Usado para proteção de obras de arte. SLAIBI, Thaís Helena de Almeida; MENDES, Marylka; GUIGLEMETI, Denise O. GUIGLEMETI, Wallace A. Materiais Empregados em Conservação-Restauração de Bens Culturais. ABRACOR. Associação Brasileira de Conservação Restauração de Bens Culturais. 2º Ed. Rio de Janeiro, 2011. p. 237.
37Papel absorvente usado como material de apoio na planificação e secagem de documentos sob tratamento de conservação e restauração. ibidem p.225.
53
20) “Desenho de Cabeça”, carvão, Roma, 1912 (fig. 24).
Esta obra é um desenho à carvão e na ficha diagnóstico que é assinada pela
professora Luciana Reis e com data de 13 de junho de 1987, há a informação de
que a obra é um desenho do artista do período de estudos no atelier do professor
Joseph Nöel. Sobre o estado de conservação informa-se apenas que o desenho
está “enviezado” e que é necessário cortar passe partout novo para a obra, não
especificando se foi realizado algum procedimento.
Figura 24- Obra “Desenho de cabeça”.
Fonte: Acervo da documentação do MALG.
21) “Detalhe de Ponte”, França, 1918 (fig. 25).
Figura 25- Obra “Detalhe de Ponte”.
Fonte: Acervo da documentação do MALG.
54
Esta é um óleo sobre tela de dimensões 22 x 26 cm. Há cinco fotografias e a
ficha diagnóstico assinada por Elsa Maria Loureiro com data de outubro de 1982. A
ficha tem cabeçalho do Curso Intensivo de Conservação do Professor Sérgio Lima,
mas depois de várias buscas, não foi possível localizá-lo.
No verso de uma das fotografias aparece a inscrição: “restaurado - Elsa”. Na
ficha há a informação de que as fotografias foram usadas como auxiliares no
reentelamento. A obra possui suporte em algodão em condições regulares, com um
corte na parte superior esquerda, planificação regular, marcas de mofo e insetos e
sobre o chassi há informação de que ficou bom após o conserto. O preparo e a
pintura se encontravam em boas condições, sem desagregação nem craquelês eo
verniz apesar de amarelado, mas estava estalado.
A ficha teste38 também é assinada pela restauradora Elsa Maria Loureiro com
data de 2 de agosto de 1983. Nela constam testes realizados com Xilol e Álcool
Etílico, Toluol39 e Álcool Isopropílico40. Sobre o suporte, informa-se que está
desidratado-reentelado, e há uma observação para que seja retirado o excesso de
cera e trocado o verniz.
22) Emília Rocha Miranda Schnor, Rio de Janeiro, 1932 (fig. 26).
Esta obra é um óleo sobre tela. Dela há fotografia da frente e verso da obra.
Na fotografia do verso, percebe-se que há um papel colado ao suporte da obra onde
se lê: “Retrato, posou Emília Rocha Miranda Schnor, Rio, 1932, Pequena medalha
de Prata do Salão Paulista de 1938.” Consta na ficha diagnóstico que está sem
assinatura nem data, que o suporte é de algodão está em boas condições, sem
marcas, sem mofo e insetos, com pequenas perdas da camada pictórica. Sobre o
preparo e a pintura, a ficha informa que têm espessura média em boas condições, e
sobre os craquelês, a necessidade de um exame mais detalhado.
38Ficha produzida no ateliê com os dados referentes aos testes de solubilidade. 39Solvente utilizado puro ou em solução na remoção de repinturas e vernizes. SLAIBI, Thaís Helena de Almeida; MENDES, Marylka; GUIGLEMETI, Denise O. GUIGLEMETI, Wallace A. Materiais Empregados em Conservação-Restauração de Bens Culturais. ABRACOR. Associação Brasileira de Conservação Restauração de Bens Culturais. 2º Ed. Rio de Janeiro, 2011. p. 123.
40Solvente utilizado em soluções para remoção de vernizes, repinturas oleosas, remoção de colas e repinturas polissacarídeas (com partículas de origens diversas). ibidem p. 97.
55
Figura 26- Obra “Emília Rocha Miranda Schnor”.
Fonte: Acervo da documentação do MALG.
O verniz foi considerado de boa qualidade, escurecido, necessitando fazer
testes de solubilidade.
Em outra documentação ela aparece como restaurada em 1987 pela
restauradora Leila Vianna Sudbrack, porém, existe um equívoco quanto ao nome da
obra, pois nesta ficha consta como Ercília Rocha Miranda Schnor, sendo o correto
Emília, pois este é o nome que foi escrito pelo artista no verso da obra. Pelo número
de patrimônio 97 304 podemos concluir que se trata da mesma obra.
Na ficha diagnóstico feita e assinada pela professora Luciana Reis, com data
de 14 de janeiro de 1987, consta o suporte em boas condições com marcas
generalizadas de mofo, com necessidade de planificação, e com danos e perdas em
alguns pontos na parte superior direita, necessitando de reforço. O chassi em boas
condições desde que seja imunizado. O preparo e a pintura têm espessura e
condições médias com danos e perdas generalizadas e também muitas manchas.
Na parte superior esquerda desta ficha existe a seguinte observação: ”este quadro
não foi restaurado”.
Acredita-se que apesar de se ter duas fichas diagnóstico, esta obra não tenha
sido restaurada, apenas nas duas ocasiões, realizaram o levantamento do estado de
conservação dela.
56
23) “Espanhola”, 1942 (fig. 27).
Este quadro é uma pintura de óleo sobre tela com dimensões de 55,5 x 47
cm. Dela não há ficha diagnóstico preenchida, há somente duas fotografias dela e
anotações contendo dados da obra e as seguintes observações: “já restaurado”,
“regular” e “pouca falta de pigmento”.
Figura 27- Obra “Espanhola”.
Fonte: Acervo da documentação do MALG.
24) “Estudo de Nú”, mulher sentada, 17,5 x 12,5 cm, sépia, Paris, 1917.
Desta obra há ficha diagnóstico assinada pela professora Luciana Reis com
data de 12 de maio de 1987. Nela consta ser a obra uma gravura sobre papel de
17,5 x 12,5 cm que tem assinatura a lápis pelo pintor: 3/3”. Informa ainda ser
necessário substituir o revestimento do verso por um papelão. Que o vidro foi
trocado e que a moldura foi substituída por uma moldura igual a moldura da obra
“Estudo de gatos”. Porém, em busca pela imagem desta obra, constatou-se que
nenhum dos desenhos do artista que constam na pasta de obras do Arquivo do
MALG, confere com estas características, diferem na data ou nas dimensões, sendo
então necessário um estudo mais aprofundado da obra.
25) “Estudo de Nú”, 1918 (fig. 28).
Esta obra é um óleo sobre tela de dimensões de 1,02 x 66 cm. Não há ficha
diagnóstico preenchida adequadamente sobre as intervenções de conservação e
restauro da qual ela passou. Somente fotografia e algumas anotações com dados da
57
obra e as seguintes observações: “já restaurado, pigmentado, falta de pigmento em
poucos locais, regular”.
Figura 28- Obra “Estudo de nu”.
Fonte: Acervo da documentação do MALG.
26) Estudo de nú, 1938 (fig. 29).
Figura 29- Obra “Estudo de nú”.
Fonte: Acervo da documentação do MALG.
Esta pintura é um óleo sobre tela que mede 66 x 53 cm. Desta obra há
somente duas fotografias, tendo no verso de uma delas a anotação de que foi
medalha de Prata no Salão Paulista em 1939, e também a observação: ”já
restaurado”.
58
27) “Figueiras de Monte Bonito”, 1931 (fig. 30).
Esta obra é um óleo sobre tela de dimensões de 24 x 33 cm. Dela há uma
fotografia com algumas anotações no verso. Uma destas anotações informa que
obra foi capa do guia de endereços de Pelotas em 1992. Porém, a obra que foi capa
do guia telefônico da extinta CTMR, foi a “Paisagem Gaúcha de Monte Bonito”.
Figura 30- Obra “ Figueiras de Monte Bonito”.
Fonte: Acervo da documentação do MALG.
Na ficha produzida toda à mão, com data de outubro de 1982, há a
informação de que o suporte é de algodão e estaria em boas condições. A base de
preparação é mista e também se encontraria em boas condições. O verniz
amarelado, não estava craquelado sendo solúvel em Álcool Butílico41. A camada
pictórica é solúvel em Amônia. A ficha não é preenchida na sua totalidade, mas em
anotação à parte existe a seguinte informação: “já restaurado”.
28) “Flores e Plumas,” 1947 (fig. 31).
Esta é um óleo sobre tela de dimensões de 50 x 79 cm. Sobre ela há uma
fotografia tendo no verso escrito “restaurado”. Na ficha diagnóstico consta como
obra restaurada em 1987 pela restauradora Leila Vianna Sudbrack. A ficha
diagnóstico tem data de 15 de janeiro de 1987 e informa que o suporte é de algodão
41Líquido incolor, solúvel em água e miscível em todas as proporções com a maioria dos
solventes. Utilizado como solvente para tintas, óleos, resinas e ceras, em líquidos de limpeza, em extratos de aromas, como clareador de metais, na fabricação de produtos químicos entre outros. Disponível em: http://www.quimesp.com/index.php?page=shop.product_details&category_id=6&flypage=flypageproduct_id=36&option=com_virtuemart&Itemid=54. Acesso em 14 Jan 2013.
59
e que estava em boas condições. O chassi também em boas condições necessitava
apenas de imunização.
O preparo e a pintura tinha espessura média, estava em boas condições, com
apenas perdas e danos no canto inferior direito. Sobre o verniz informa-se que
estava oxidado, era solúvel em Tolueno42 e Xilol 1:1. Consta uma observação de
que não havia repinturas.
Figura 31- Obra “Flores e Plumas”.
Fonte: Acervo da documentação do MALG.
29) “Flores”, óleo sobre tela, 72 x 1,20 cm, 1957 (fig. 32).
Esta obra é um óleo sobre tela de 72 x 1, 20 de dimensões. Ela também é
conhecida por “Ramalhete”. Dela há fotografia escrita no verso com a seguinte
anotação: restaurada.
Consta como restaurada em 1987 pela restauradora Leila Sudbrack. Na ficha
diagnóstico que não é preenchida na sua totalidade, tem como título “Flores (oval)
Hibiscos”, óleo sobre tela, 72 x 1,20 cm. Informa-se que foi realizado teste químico
com Xilol e Álcool Etílico 2:1.
42Solvente utilizado puro ou em solução para a remoção de repinturas e vernizes. SLAIBI,
Thaís Helena de Almeida; MENDES, Marylka; GUIGLEMETI, Denise O. GUIGLEMETI, Wallace A. Materiais Empregados em Conservação-Restauração de Bens Culturais. ABRACOR. Associação Brasileira de Conservação Restauração de Bens Culturais. 2º Ed. Rio de Janeiro, 2011. p. 123.
60
Figura 32- Obra “Flores”.
Fonte: Acervo da documentação do MALG.
Através do número de registro patrimonial 97 288, conclui-se que esta obra
intitulada na ficha diagnóstico como “Flores (oval) Hibiscos” é a mesma obra
“Flores”.
30) “Flores Vermelhas em Vaso Dourado”, 1967 (fig. 33).
Esta obra é um óleo sobre eucatex que mede 56 x 47 cm. Desta obra também
não consta ficha diagnóstico, assim como nenhum outro tipo de informação. Existe
apenas uma fotografia com a seguinte anotação no verso informando: “restaurada”.
Figura 33- Obra “Flores vermelhas em vaso dourado”.
Fonte: Acervo da documentação do MALG.
61
31) “Fotografia da mãe de Gotuzzo”, 40 x 30 cm em formato oval.
Em ficha produzida e assinada pela professora Luciana Reis com data de 13
de maio de 1987, consta ser um retrato antigo da mãe do artista. Foi realizada a
desmontagem e feita à análise da obra. Como tratamento, foi trocado o papelão,
higienizado, colado com Metylan43, tendo sido aproveitado o fundo e substituído o
papelão do verso. Na ficha consta a seguinte observação: ”feito”.
32) “Lenço Perfumado” fotografia da obra Nú com lenço, em medalhão oval, 24- IX-
1927 (fig.34).
Esta é uma fotografia da obra “Nú com Lenço” de Leopoldo Gotuzzo. Esta
obra não faz parte do acervo do museu e não há informação de quem seja
atualmente o proprietário. Atrás da fotografia há a seguinte inscrição: Oferecido a
Mathilde, 24 IX 1927.
Figura 34- Fotografia da obra “Nu com lenço”.
Fonte: Acervo da documentação do MALG.
Esta fotografia veio da casa do artista e juntou-se ao acervo na sua segunda
doação em 1983. A ficha diagnóstico é assinada pela professora Luciana Reis com
43Adesivo utilizado em conservação restauração de papéis; em velaturas, remoção de colas
antigas, reencolagens, remendos, enxertos e laminações. SLAIBI, Thaís Helena de Almeida; MENDES, Marylka; GUIGLEMETI, Denise O. GUIGLEMETI, Wallace A. Materiais Empregados em Conservação-Restauração de Bens Culturais. ABRACOR. Associação Brasileira de Conservação Restauração de Bens Culturais. 2º Ed. Rio de Janeiro, 2011. p. 65.
62
data de 13 de maio de 1987 e informa que a fotografia estava colada sobre cartona
oxidada, que o papelão de fundo contém um gancho e que a argola é
“apresentável”. Sobre o vidro diz que estava mofado e a moldura apresentava-se
boa. A fotografia foi descolada da cartona oxidada e colada com Metylan sobre outra
cartona nova e o vidro foi trocado.
33) “Fotografia do pai de Gotuzzo”, em medalhão medindo 26,5 x 18, 5 cm (fig. 35).
Figura 35- Fotografia do pai de Gotuzzo.
Fonte: Acervo da documentação do MALG.
A ficha diagnóstico é assinada pela professora Luciana Reis com data de 13
de maio de 1987. Foi realizado um trabalho de desmontagem e análise. Foi trocado
o papelão de fundo e forrado, mas não se especifica com qual material foi feito o
forro. O vidro foi substituído e a moldura tratada.
34) “Gravura” (fig. 36).
Esta obra é uma gravura em suporte de papel e ela não apresenta data. Dela
consta a ficha diagnóstico sem o título da obra e com data de entrada em
30/06/1983 e data de saída em 09/07/1983.
63
Figura 36- Gravura.
Fonte: Acervo da documentação do MALG.
A técnica consta como gravura em metal (2 cores) a maneira crayon, tendo
suporte de papel 38 x 27,5 cm.
A obra apresentava acidez, sujidades e fungos. Foi realizada limpeza
mecânica com pó de borracha, fixação do pigmento e clareamento44 com: Hipoclorito
de sódio 5% 10’ e Hiposulfito de sódio 5% 10’, banho com água deionizada,
reencolagem, planificação e acondicionamento. Estes produtos ainda são usados
nos procedimentos de clareamento e Elias; D’almeida (2006) dizem que os
tratamentos de clareamento são efetuados com pouco embasamento científico e
com muita variação na sua forma de aplicação. Isto demonstra uma criatividade
positiva, mas ao mesmo tempo, por tratar-se de material não experimental aponta
para uma necessidade de estudos que permitam um melhor conhecimento dos
tratamentos. Para uma melhor avaliação deste tratamento passados 30 anos da
realização do clareamento, é necessário que se faça uma análise do estado de
conservação da obra,
44Reação química que produzirá um branqueamento no papel, suavizando ou removendo
manchas de naturezas diversas. ELIAS, Isis Baldini; D’ALMEIDA, OTERO, Maria Luiza. A eficácia dos tratamentos aquosos para o clareamento da celulose. In: XII Congresso da ABRACOR, 2006, Fortaleza.
64
35) “Homem sentado”, desenho a caneta, 1933 (fig. 37).
Figura 37- Obra “Homem sentado”.
Fonte: Acervo da documentação do MALG.
Desta obra há ficha diagnóstico assinada pela professora Luciana Reis com
data de 13 de maio de 1987. Consta a seguinte anotação na ficha: “Desenho a tinta
de caneta em suporte de papel jornal colado sobre papelão, ano 1933, fev, 5 min”. O
suporte apresentava pontos de fungos e rasgões, sem passe partout e sem moldura,
trabalho de desmontagem e análise e a anotação para que fosse feito um passe
partout novo. Também deveria se cortar um vidro novo e “enviar ao gabinete de
restauro no Rio”. Não se especifica, porém se o trabalho foi realizado.
36) “Homem”, Paris, 1929 (fig. 38).
Este é um desenho feito com carvão sobre papel jornal. A ficha diagnóstico
dele foi assinada pela professora Luciana Reis com data de 13 de maio de 1987.
Informa-se que a obra representa um atleta em pé. Sobre o estado de conservação
da obra informa-se que o papel se apresentava amarelado, com alguns pontos de
fungo e pequenos furos. Diz que o papelão de fundo também apresenta fungos e
que a obra não continha moldura. Ela foi enviada ao Rio de Janeiro para restauro.
65
Figura 38- Obra “Homem”.
Fonte: Acervo da documentação do MALG.
37) “Interior de Igreja”, 1927 (fig. 39).
Esta obra é um óleo sobre tela de 45 x 32 cm. Há fotografia e algumas
anotações informando que além dos dados da obra, que a mesma estava restaurada
e reentelada. Em documentação à parte consta que a obra foi restaurada em 1987
pela restauradora Leila Vianna Sudbrack. A ficha diagnóstico informa que o suporte
é de algodão grosso e se encontrava em boas condições, mas com pregos
oxidados, que precisavam ser retirados, tendo também uma marca no canto
produzida pelo reforço do chassi.
O preparo e pintura são de espessura média com empaste em alguns pontos,
apresentando craquelê discreto e descolamento no canto superior esquerdo e no
canto inferior direito. Sobre o verniz informa-se que o mesmo se apresentava
escurecido.
.
66
Figura 39- Obra “Interior de Igreja”.
Fonte: Acervo da documentação do MALG.
38) “Jardins Japoneses”, 1966 (fig. 40).
Figura 40- Obra “Jardins Japoneses”.
Fonte: Acervo da documentação do MALG.
Esta obra é um óleo sobre eucatex de 56 x 39 cm. Há somente quatro
fotografias da obra e anotações com os dados dela informando que o estado de
conservação dela é considerado bom.
67
39) “Laranjas e Bananas”, 1932 (fig. 41).
Figura 21- Obra “Laranjas e Bananas”.
Fonte: Acervo da documentação do MALG.
Esta é um óleo sobre tela de 44 x 37 cm. Desta obra há a fotografia dela com
anotação no verso de que o quadro e a moldura já foram restaurados. Em
documentação à parte aparece como restaurada em 1987 pela restauradora Leila
Vianna Sudbrack. A ficha diagnóstico com data de 15 de janeiro de 1987 informa-se
que o suporte é de algodão em condições médias, com danos e perdas causados
provavelmente por insetos. Quanto ao chassi, informa-se que o mesmo precisava
ser substituído e que há inscrição do autor no verso da obra sem, no entanto,
informar-se a inscrição. O preparo e pintura são de espessura média em boas
condições, com alguns danos e perdas. Há a seguinte informação: compensação
das áreas perdidas.
40) “Luta pela vida”, Bretanha, 65 x 50 cm, França (fig. 42).
Desta obra que é um óleo sobre tela de 65 x 50 cm de dimensões, existe a
fotografia dela com a seguinte informação no verso: “restaurado” e “moldura K.G.”
(estilo kaminagai). Em anotações à parte contém os dados da obra e a informação
de que o estado de conservação dela é considerado bom.
68
Figura 42-Obra “Luta pela Vida”.
Fonte: Acervo da documentação do MALG.
41) “Mandarim”, 1962 (fig.43).
Esta obra é um óleo sobre madeira de 55 x 46 cm e dela há apenas uma
fotografia contendo no verso as informações da obra, sem informar, no entanto, se
ela foi restaurada.
Figura 43- Obra “Mandarim”.
Fonte: Acervo da documentação do MALG.
69
42) “Mandarim”, 1962 (fig. 44).
Figura 44- Obra “Mandarim”.
Fonte: Acervo da documentação do MALG.
Esta obra também intitulada Mandarim é um óleo sobre tela de 46 x 55 de
dimensões. Desta obra consta também apenas uma fotografia com os dados dela.
Destas duas obras intituladas “Mandarim” é necessário um estudo aprofundado
sobre as mesmas para se confirmar se elas passaram por procedimentos de
conservação e restauro.
43) “A Moça de Blusa Branca”, Madrid, 1915 (fig. 45).
Figura 45- Obra “A moça de blusa branca”.
Fonte: Acervo da documentação do MALG.
70
Esta obra é um óleo sobre tela e mede 46 x 85 cm. Dela há cinco fotografias,
sendo uma delas tendo sido feita durante as intervenções no atelier. Há também
uma ficha diagnóstico assinada pela restauradora Elsa Maria Loureiro com data de
outubro de 1982.
Na ficha diagnóstico consta que as cinco fotografias foram feitas
anteriormente ao reentelamento. Que o suporte em algodão estava em condições
ruins, com marcas, mofo, insetos e perdas totais em três locais. O preparo e a
pintura são de espessura fina em condições regulares, com desagregação e perdas
totais. O verniz estava amarelado, não estalado45 sendo solúvel em Xilol. A camada
pictórica seria solúvel em Amônia. Sobre o chassi considerou-se como bom e o
mesmo foi tratado com Pentox. Em anotações à parte sem data, consta que a obra
estava em condições regulares, com craquelês e falta de pigmento em algumas
partes. Também que esta obra pertencente a Biblioteca Pública Pelotense e ganhou
Menção Honrosa de 1º lugar no Salão Nacional do Rio de Janeiro. Esta informação
sobre a propriedade da obra não confere, pois ela é de propriedade da universidade
e faz parte do acervo do MALG.
44) “Moça de Pé”, Rio de Janeiro, 1933 (fig. 46).
Figura 46- Obra “Moça de pé”.
Fonte: A autora, 2013.
45 Termo utilizado pela equipe do ateliê, sobre a obra apresentar ou não craquelês.
71
Este é um desenho à sanguínea com 59 x 31 cm. A ficha diagnóstico é
assinada pela professora Luciana Reis com data de 13 de maio de 1987. Informa
que ao desmontar a obra foram encontradas várias folhas de jornais entre o fundo e
o papelão de proteção, que estava muito ácido. Papel com fungos e perfuração. Diz
que a moldura foi cinza, mas tem uma camada de tinta branca sobre esta que
começa a se soltar.
Sobre o que deve ser realizado, informa-se raspar a moldura e aplicar tinta
magra cinza, cortar vidro novo 59 x 31 cm, e enviar ao laboratório de papel para
tratamento.
45) “Modelo sentada”, 1957 (fig. 47).
Este é um desenho a carvão e dele existe a ficha diagnóstico assinada pela
professora Luciana Reis com data de 13 de junho de 1987. A ficha informa que o
papelão tem inscrição do artista atrás: “Dedicado à Marina”. Tem manchas de
ferrugem e fitas adesivas velhas. Orienta que se deve limpar com pó de borracha,
pintar o passe partout com tinta magra e colocar um vidro novo. Informa-se ainda
sobre a necessidade de um tratamento especializado.
Figura 47- Obra “Modelo sentada”.
Fonte: A autora, 2013.
72
46) “Moinho do Rio Este”, Vizinhança da Vila do Conde, Portugal, 1929 (fig.48).
Figura 48- Obra “Moinho do Rio Este”.
Fonte: Acervo da documentação do MALG.
Esta obra é um óleo sobre cartona com 23 x 33 cm de dimensões. A ficha
diagnóstico com data de 25 de outubro de 1987 informa que o verniz está oxidado.
Recomenda-se fazer moldura no estilo kaminagai, e a necessidade de se realizarem
testes de solubilidade com Álcool Etílico, retirar-se fungos e mofo, remover verniz e
recolocar o verniz leve, sem, portanto informar os materiais utilizados.
Consta uma observação de que esta obra foi doado por Faustino Trápaga ao
Conservatório de Música, que a doou ao museu juntamente com a obra Baiana de
Gotuzzo e mais outras obras, sem, no entanto especificar quais foram as obras.
47) “Moinho”, óleo sobre tela, 50 x 65 cm, entre 1927- 1930, Portugal (fig. 49).
Figura 49- Obra “Moinho”.
Fonte: Acervo de documentação do MALG.
73
Este é um óleo sobre tela com dimensões de 50 x 65 cm. Consta uma
fotografia e anotações com os dados da obra e a informação de que ela se
apresenta em bom estado.
48) “Mulher em Repouso”, Madrid, 1916 (fig. 50).
Figura 50- Obra “Mulher em repouso”.
Fonte: Acervo da documentação do MALG.
Esta obra é um óleo sobre tela que mede 1,00 x 1,50 cm. Dela existe uma
fotografia e uma ficha diagnóstico sem assinatura, com data de dezembro de 1982.
Informa-se que o suporte é de algodão e apresenta-se em más condições, com
marcas, mofo e insetos. O preparo e a pintura são de espessura lisa e estavam em
más condições, apresentando craquelês. O verniz apresentava-se amarelado e
solúvel em Álcool Butílico, mas nas partes verdes deve-se usar Toluol. A camada
pictórica seria solúvel em Diacetona46 e Amônia. Sobre o chassi, diz que ele foi
desinfestado.
49) “O Velho do Cachimbo”, 1943 (fig.51).
Esta obra é uma pintura de óleo sobre tela de 82 x 66 cm. Dela constam
quatro fotografias e uma ficha diagnóstico feita toda a mão, com data de outubro de
46Solvente. Líquido transparente e inflamável. Odor semelhante à menta. Muito importante
para restauração de pinturas devido a sua miscibilidade, lenta evaporação e habilidade de selar rachaduras em vernizes antigos. SLAIBI, Thaís Helena de Almeida; MENDES, Marylka; GUIGLEMETI, Denise O. GUIGLEMETI, Wallace A. Materiais Empregados em Conservação-Restauração de Bens Culturais. ABRACOR. Associação Brasileira de Conservação Restauração de Bens Culturais. 2º Ed. Rio de Janeiro, 2011. p. 103.
74
1982 e sem assinatura. Na parte superior da ficha existe uma observação curiosa:
“limpeza e repintura do autor”.
Figura 51- Obra “O velho do cachimbo”.
Fonte: Acervo da documentação do MALG.
Sobre o suporte informa-se ser de algodão e em boas condições. Sobre a
preparação e a pintura considera-os em boas condições. O verniz estaria
amarelado, não estalado e solúvel em Álcool Butílico. Foi realizada limpeza de mofo
na tela e o chassi foi desinfestado. A moldura com renovação de pátina. Nesta ficha
também não especifica os materiais utilizados nem os métodos.
50) “O Velho da Capa”, 86 x 66 cm, 1918 (fig. 52).
Esta é uma pintura de óleo sobre tela e tem por dimensões 86 x 66 cm. Há
uma fotografia e uma ficha teste assinada por Elsa Maria Loureiro com data de 12
de setembro de 1983. Informa-se que o suporte estava desidratado e foi reentelado.
A capa apresentava-se verde e que o excesso de cera e o verniz oxidado foram
removidos. Na pintura foi realizado testes de solubilidade com Xilol e Álcool
Isopropílico47, além do Toluol.No verniz testes com Álcool Etílico, Isopropílico e
47Solvente líquido. Utilizado em soluções para remoção de vernizes, repinturas oleosas,
remoção de colas e repinturas polissacarídeas (polímeros naturais). SLAIBI, Thaís Helena de Almeida; MENDES, Marylka; GUIGLEMETI, Denise O. GUIGLEMETI, Wallace A. Materiais Empregados em Conservação-Restauração de Bens Culturais. ABRACOR.
75
Toluol. Contém observação que durante o teste o solvente foi passado
“rapidamente”, sem insistir, pois a cor marrom do fundo é muito sensível.
Figura 52- Obra “O velho da capa”.
Fonte: Acervo da documentação do MALG.
51) “Paisagem Gaúcha de Monte Bonito”, 1933 (fig. 53).
Figura 53- Obra “Paisagem gaúcha de Monte Bonito”.
Fonte: Acervo da documentação do MALG.
Esta obra é um óleo sobre tela com 50 x 74 cm de dimensões. Existem duas
fotografias e uma ficha diagnóstico sem assinatura do técnico restaurador, com data
Associação Brasileira de Conservação Restauração de Bens Culturais. 2º Ed. Rio de Janeiro, 2011. p. 97.
76
de novembro de 1982. No verso da fotografia há a informação de que foi capa do
guia de endereços de Pelotas em 1992, mas na realidade, ela foi capa do Guia
Telefônico da CTMR no ano de 1992. A ficha diagnóstico informa que o suporte é de
algodão em boas condições, sem marcas, mofo, nem insetos. O chassi foi tratado
contra insetos. O preparo e a pintura são de espessura mista e encontravam-se em
boas condições, sem danos, craquelês ou desagregação. O verniz estaria
amarelado, não estalado e seria solúvel em Álcool Butílico e a camada pictórica
solúvel em Amônia.
52) “Paisagem inacabada”, óleo sobre tela, 60 x 81 cm, RP 97341(fig. 54).
Figura 54- Obra “Paisagem”.
Fonte: Acervo da documentação do MALG.
Esta obra é um óleo sobre tela de 60 x 81 cm. E desta obra, foi produzida no
ateliê uma ficha diagnóstico que informa somente que a obra é de autoria de
Leopoldo Gotuzzo sem assinatura e que foi encontrada no atelier do artista após sua
morte em 1983. Na documentação do museu ela consta como obra que apresenta
um recorte em toda sua lateral esquerda.
Apesar da ficha não ser preenchida na sua totalidade, tudo leva a crer que ela
passou por intervenções, pois apresenta onde havia um recorte em toda a sua
lateral, uma reposição do suporte. Faz-se necessário um estudo mais aprofundado,
pois apesar de existir uma ficha diagnóstico e ela constar na documentação do
MALG como parte do acervo, ela não foi localizada para que se fizesse uma análise
mais detalhada.
77
53) “Paisagem”, óleo sobre cartona, 33 x 23, 2 cm, 1927.
Há uma ficha diagnóstico onde nota-se que ela havia sido preenchida na sua
totalidade a lápis. Estas anotações foram apagadas e a ficha foi novamente
preenchida a caneta. Ela está sem assinatura e sem data. Informa que o suporte é
cartona com o canto esquerdo inferior perfurado por insetos. No verso da cartona
tem o número 31 dentro de um círculo e o número 24 em letras vermelhas. E a
observação de que se deve fazer moldura estilo Kaminagai e aguardar melhor
exame.
54) “Pão de Açucar”, Rio de Janeiro, 1942 (fig. 55).
Figura 55- Obra “Pão de Açucar”.
Fonte: Acervo da documentação do MALG.
Esta obra é um óleo sobre tela com 56,5 x 65,5 cm. Há uma fotografia com
anotações no verso informando que a obra foi restaurada e a moldura nova de
entalhe no estilo Kaminagai. Em documentação à parte consta como restaurada em
1987 pela restauradora Leila Vianna Sudbrack.
A ficha diagnóstico tem data de 16 de janeiro de 1987 e informa que a
impressão visual da obra era prejudicada pelo verniz oxidado, que ela não tinha
perdas nem manchas, somente bordas com pregos oxidados. Não apresentava
mofo nem insetos. O suporte é bom, mas necessita de planificação. O chassi era de
clavilhas e apresentava boas condições e não possuia moldura.Os testes químicos
foram realizados com duas partes de Xilol e uma parte de Álcool Etílico,sem no
entanto especificar os resultados destes testes.
78
55) “Pequeno Estudo de nú”, 1916 (fig.56).
Esta é um óleo sobre tela de 31 x 20 cm. Há três fotografias e uma ficha
diagnóstico assinada pela restauradora Elsa Maria Loureiro com data de outubro de
1982. Informa que o suporte é de algodão, é considerado ressecado, desidratado
com planificação regular. Apresentava mofo e insetos, mas sem perdas. O preparo e
a pintura de espessura pastosa apresentando boas condições. O verniz estava
amarelado, não estalado e seria solúvel em Álcool Butílico, com restrição da cor
marrom do cabelo. A camada pictórica seria sensível a Amônia. Em anotações à
parte da ficha temos a informação que a obra foi restaurada e reentelada,
apresentando estado regular. Quanto ao chassi, este continha clavilhas48 e foi
tratado contra insetos.
Figura 56- Obra “Pequeno estudo de nu”.
Fonte: Acervo da documentação do MALG.
56) “Perfil de Dora”, Outubro 1926 (fig. 57).
Este desenho é com crayon e mede 48 x 36 cm. Não há ficha diagnóstico,
somente uma fotografia da obra sem nenhuma informação no verso, porém na
48Nome que a equipe do ateliê dava as cunhas dos bastidores que são: Peças de madeira
de ponta triangular que se introduzem nos encaixes da moldura para apertar as uniões, afrouxando ou esticando a tela do quadro. PASCUAL, Eva; PATIÑO, Mireia. O Restauro de Pintura. A técnica e a arte do restauro de pintura sobre tela explicados com rigor e clareza. 1º ed Lisboa: Estampa, 2002. p. 22.
79
documentação da obra existente no arquivo do museu, ela aparece como obra
restaurada no Rio de Janeiro por Antônio Grosso49.
Figura 57- Obra “Perfil de Dora”.
Fonte: Acervo da documentação do MALG.
57) “Perfil Masculino”, óleo sobre tela, 1913 (fig. 58).
Figura 58- Obra “Perfil masculino”.
Fonte: A autora, 2012.
49Restaurador de obras em suporte de papel e professor aposentado da Escola de Artes
Visuais-EAV, Parque Laje, Rio de Janeiro.
80
Esta obra é um óleo sobre tela. Dela também há apenas uma fotografia.
Acredita-se que mesmo sem nenhuma informação adicional, ela tenha sido
restaurada, pois em 2012 através de projeto já citado anteriormente esta obra foi
uma das que passou por exames e intervenções de restauro e os exames realizados
indicaram presença de repinturas.
58) “Pêssegos”, óleo sobre algodão, 41 x 33 cm, Rio de Janeiro, 1949 (fig. 59).
Figura 59- Obra “Pêssegos”.
Fonte: Acervo da documentação do MALG.
Esta obra é um óleo sobre tela de 41 x 33 cm. Dela há fotografia e ficha
diagnóstico sem assinatura com data de novembro de 1982. A ficha informa que o
suporte é de algodão e apresentava boas condições. O preparo e a pintura de
espessura mista também em boas condições. O verniz estava amarelado, não
estalado e seria solúvel em Álcool Butílico e a camada pictórica solúvel em Xilol e
Amônia. O chassi foi tratado contra insetos.
Em anotações à parte da ficha, há a informação que a obra já estava
restaurada e apresentava falta de pigmentos.
59) “Pirineus Orientais”, 1918 (fig. 60).
Esta é um óleo sobre tela de 40 x 55 cm. Na ficha diagnóstico que é assinada
pela restauradora Elsa Maria Loureiro, com data de outubro de 1982, há a
informação que as sete fotografias anexadas, são anteriores ao reentelamento.
81
Figura 60- Obra “Pirineus orientais”.
Fonte: Acervo da documentação do MALG
Sobre o suporte foi considerado em condições regulares, com perda total no
lado superior direito. O preparo e a pintura de espessura fina com condições
regulares com perdas no lado superior direito. O verniz estaria amarelado, não
estalado, solúvel em álcool etílico e a camada pictórica solúvel em amônia. Em
anotações à parte existe a informação de que a obra foi restaurada, reentelada e
que a moldura apresenta poucas falhas nas junções.
60) “Ponte de Marília”, Ouro Preto, 1942 (fig.61).
Figura 61- Obra “Ponte de Marília”.
Fonte: Acervo da documentação do MALG.
Esta obra é um óleo sobre tela de 28 x 33 cm. Existem três fotografias e uma
ficha diagnóstico com data de outubro de 1982, sem assinatura do técnico
82
restaurador. Informa-se que o suporte é de linho considerado em boas condições. O
preparo e a pintura de espessura mista considerados também em boas condições.
Sobre o verniz informa-se que apresentava-se amarelado, não estalado e
solúvel em Álcool Butílico. Da camada pictórica consta que seria solúvel em
Diacetona. Em anotação à parte, informação de que já estava restaurada.
61) “Pôr do Sol no Capão do Leão”, óleo sobre madeira, 9 x 15 cm, 1919 (fig. 62).
Figura 62- Obra “Pôr do sol no Capão do Leão”.
Fonte: Acervo da documentação do MALG.
Deste óleo sobre madeira de 9 x 15 cm, há fotografia e uma ficha diagnóstico
assinada pela professora Luciana Reis com data de 12 de maio de 1987. Informa
que atrás da obra está escrito pelo artista ”feito do mirante de nossa chácara Quinta
Aliança 1919”. A ficha informa ainda que é um óleo sobre madeira colado sobre
papelão, a madeira é cercada por passe partout feito com retalhos de papelão
colados com cola de garra50 o que se acredita ser um adesivo orgânico, mas é
necessário estudo mais aprofundado sobre este adesivo, pois ele não foi encontrado
na bibliografia pesquisada. Sobre o passe partout informa-se que apresentava
perdas e que foi feito novo. Realizaram limpeza no verso com pó de borracha
preservando a inscrição, foi tratado o papelão de fundo e trocado o vidro.
50Na bibliografia pesquisada não há registro deste adesivo, cabendo então um estudo mais
aprofundado sobre este adesivo.
83
62) “Praia da Rocha”, Algarve, Portugal, 1929 (fig. 63).
Figura 63- Obra “Praia do Rocha”.
Fonte: Acervo da documentação do MALG.
Deste óleo sobre tela de 55 x 74 cm, existem duas fotografias e uma ficha
diagnóstico com data de outubro de 1982. Uma das fotos tem escrito atrás
”restaurado”. A ficha apresenta a seguinte observação: “limpeza e repintura”. Sobre
o suporte diz ser de algodão em boas condições, o preparo e pintura de espessura
mista, também em boas condições. O verniz apresentava-se amarelado, não
estalado e solúvel em Álcool Butílico. A camada pictórica seria solúvel em Amônia.
63) “Prato e fruta”, 1929 (fig. 64).
Figura 64- Obra “Prato e fruta”.
Fonte: Acervo da documentação do MALG.
84
Esta obra é um óleo sobre cartona de 36 x 42 cm. A ficha produzida no atelier
sobre esta obra, não apresenta assinatura nem data. Informa-se que a obra é uma
composição circular e que no verso da cartona há um desenho de uma moça e a
seguinte anotação: ”natureza morta- não tem moldura”, mas a ficha informa que há
sinais de já ter tido moldura.
Há uma observação para se fazer moldura nova em estilo kaminagai e
aguardar exame mais detalhado da obra.
64) “Professor Joseph Nöel” Roma, 1913 (fig. 65).
Figura 65- Obra “Professor Joseph Nöel”.
Fonte: Acervo da documentação do MALG.
Este desenho com 18 x 13 cm de dimensões é a representação do professor
do artista Leopoldo Gotuzzo. A ficha diagnóstico tem data de 13 de maio de 1987.
Informa-se que a obra é um desenho a lápis sobre papel, que apresentava início de
fungo na parte inferior do suporte.
65) “Auto- Retrato Adolescente”, período Trebbi (fig. 66).
Esta obra é óleo sobre tela com 35,5 x 29 cm. Feita pela artista na época em
que foi aluno de Frederico Trebbi.
Existe somente uma fotografia da obra e no verso a seguinte anotação: “auto
retrato?” Acredita-se que esta obra não tenha sido restaurada, pois foi restaurada
em 2012 pelo projeto já mencionado sob coordenação da professora Andréa
85
Lacerda Bachettini e na ocasião a mesma apresentava-se com todos os danos
visíveis na fotografia acima. Em depoimento a autora Casarin informa que esta obra
havia recebido apenas uma camada de verniz (Informação verbal).
Figura 66- Obra “Auto Retrato Adolescente”.
Fonte: Acervo da documentação do MALG.
66) “Retrato de Dora”, 1923 (fig. 67).
Esta obra é um óleo sobre tela de 90 x 71 cm de dimensões. Dela há duas
fotografias e uma ficha diagnóstico informando que a obra apresentava-se em
condições boas, mas que o suporte teria perdas nas margens e um furo na parte
esquerda inferior. Sobre a moldura diz ter sofrido ataque de insetos. A proposta de
tratamento foi a de se retirar a obra da moldura, limpar o verso com Nafta51, tratar o
chassi, limpar a moldura e reforçar a lateral esquerda.
51Solvente que substitui a Terebentina na diluição dos vernizes. Utilizado como dliluente de
vernizes, emulsões e tinta á óleo. Utilizado em soluções para limpezas, remoções de vernizes e repinturas antigas. SLAIBI, Thaís Helena de Almeida; MENDES, Marylka; GUIGLEMETI, Denise O. GUIGLEMETI, Wallace A. Materiais Empregados em
Conservação-Restauração de Bens Culturais. ABRACOR. Associação Brasileira de
Conservação Restauração de Bens Culturais. 2º Ed. Rio de Janeiro, 2011. p. 120.
86
Figura 67- Obra “Retrato de Dora”.
Fonte: Acervo da documentação do MALG.
Diz ainda para testar com Nafta a face da obra e limpar depois que voltar
para o chassi. Também há a seguinte observação “o quadro necessita de um reforço
de borda direito e renovar reforço inferior. Na ficha consta também a seguinte
observação: No momento junho de 1987 feito somente higienização - manter em
observação”.
67) “Retrato de minha mãe”, 18 XII de 1918.
A ficha diagnóstico tem data de 13 de agosto de 1986. Informa-se que é um
desenho em suporte de papel jornal, sem planificação e amarelado. Atrás da obra
está escrito que ela foi feita um mês após o artista retornar de seus estudos na
Europa.
Sugere que após recuperar a moldura, proteger a inscrição do verso com um
pedaço de radiografia lavada e transparente, deve-se manter o passe partout e
cortar um vidro novo e enviar ao Rio de Janeiro para restauro.
68) “Retrato do pintor aos 20 anos”, óleo sobre tela, 45 x 30 cm, 1907 (fig. 68).
Desta obra consta apenas uma fotografia e algumas anotações com os dados
básicos da obra informando equivocadamente ser a técnica de pastel. Na realidade
esta obra é na realidade uma pintura de óleo sobre tela.
87
Figura 68- Obra “Retrato do pintor aos 20 anos”.
Fonte: Acervo da documentação do MALG.
69) “Rosas Brancas”, óleo sobre tela, 55 x 35 cm, 1945 (fig.69).
Figura 69- Obra “Rosas Brancas”.
Fonte: Acervo da documentação do MALG.
Desta obra consta fotografia frente e verso. No verso da obra lê-se a seguinte
inscrição: Rosas Brancas- Ao dr. Sylvio Brauner com admiração de L. Gotuzzo- Rio,
1945. Em anotações feitas pela professora Luciana Reis com data de
novembro/dezembro de 1992 há informações de que a obra apresentava poeira e
falta de planificação. Quanto ao verniz apresentava-se oxidado e com pequenos
descolamentos. Como proposta de tratamento: realização de limpeza a seco e
88
produto volátil52 da face da obra, remoção do verniz, colagem de pigmentos com
Beva, pequenos retoques a têmpera, verniz semi opaco a base de resina Dammar,
Terebentina e Cera Microcristalina53.
Informa-se que foi retirada do chassi e planificada, sem especificar o método.
Sobre a moldura foi considerada boa, mas um pouco estreita, como sugestão
acrescentar mais um perfil de moldura lisa e dourada.
70) “Rosas e Botões”, 1971 (fig.70).
Figura 70- Obra “Rosas e botões”.
Fonte: Acervo da documentação do MALG.
Esta obra é um óleo sobre madeira com 61 x 47 cm. Constam duas
fotografias e no verso de uma delas a informação de que o vaso retratado na obra
pertence ao
52O termo volatilidade se refere a uma grandeza do líquido que se evapora rapidamente. Capaz de dissolver uma substância. Disponível em: <http://www.esacademic.com/dic.nsf/es_mediclopedia/51041/solvente> Acesso em 24 Fev 2013.
53Adesivo fusível a quente. Usado como película de revestimento em misturas cera-resina. Como substitutos em cera de abelha nos reentelamentos e nivelamento de pinturas a óleo. Consolidante na conservação de pedra e madeira. Em mistura, é utilizado na fixação de película pictórica e faceamento. SLAIBI, Thaís Helena de Almeida; MENDES, Marylka; GUIGLEMETI, Denise O. GUIGLEMETI, Wallace A. Materiais Empregados em Conservação-Restauração de Bens Culturais. ABRACOR. Associação Brasileira de Conservação Restauração de Bens Culturais. 2º Ed. Rio de Janeiro, 2011. p. 30.
89
acervo do MALG. Em anotação à parte o estado de conservação da obra é
considerado bom.
71) “Teresópolis”, (fig. 71).
Esta obra é um óleo sobre tela com 51 x 65 cm de dimensões. No atelier
produziram duas fotografias e uma ficha diagnóstico sem assinatura com data de
outubro de 1982.
Figura 71- Obra “Teresópolis”.
Fonte: Acervo da documentação do MALG.
Na ficha informa-se que o suporte seria de algodão em boas condições.
Quanto ao preparo e a pintura informa-se que seriam de espessura mista, também
em boas condições. O verniz estaria amarelado e seria solúvel em Xilol e a camada
pictórica em Amônia. Sobre o chassi informa-se que ele foi tratado contra insetos
Em anotação à parte consta: “já restaurado”, “regular”.
72) “Verinha”, 1951(fig. 72).
Esta obra é um desenho com pastel, medindo 41,5 x 33 cm. Dela constam
somente anotações com os dados da obra e o estado de conservação considerado
como sendo bom, apesar de apresentar manchas no espaço não ocupado.
90
Figura 72- Obra “Verinha”.
Fonte: Acervo da documentação do MALG.
73) “Vila de Piratini”, óleo sobre tela, 29 x 3 7 cm, 1935 (fig.73).
Figura 73- Obra “Vila de Piratini”.
Fonte: Acervo da documentação do MALG.
Esta é um óleo sobre tela com 29 x 37 cm de dimensões. Dela existem quatro
fotografias e uma ficha diagnóstico sem assinatura do técnico restaurador com data
de outubro de 1982. No verso de uma das fotografias há informação de que esta
obra foi feita para homenagear o centenário da Revolução Farroupilha e no verso de
uma outra, a inscrição: ” restaurado”. A ficha diagnóstico informa-se que o suporte
seria de algodão e estaria em boas condições, o preparo e a pintura seriam de
espessura mista também em boas condições. O verniz amarelado, não estalado
91
seria solúvel em Toluol e a camada pictórica solúvel em Amônia. Sobre o chassi, foi
tratado contra insetos.
74) “Dálias”, óleo sobre tela, 1,00 x 0,73 cm (fig. 74).
Esta obra é um óleo sobre tela com 1,00 x 0,73 cm de dimensões. Consta
como obra restaurada em 1987 pela restauradora Leila Vianna Sudbrack.
A ficha diagnóstico produzida no ateliê só informa os dados básicos da obra
e os testes químicos que foram realizados com Xilol 50 ml e Álcool Etílico 25 ml. Não
informa os resultados destes testes, nem o estado de conservação da obra. Em
documentação à parte, ela aparece como obra restaurada.
Figura 74- Obra “Dálias”.
Fonte: Acervo da documentação do MALG.
75) “Flores (rosas)”, óleo sobre Eucatex, 61 x 46 cm.
Este quadro é um óleo sobre tela de 61 x 46 cm. e consta como restaurada
pela restauradora Leila Vianna Sudbrack em 1987. A ficha diagnóstico não é
preenchida na sua totalidade. Informa-se apenas que são Flores (rosas) de
dimensões 61 x 46 cm, técnica de óleo sobre Eucatex que apresentava impressão
visual boa. Existiam perdas generalizadas de pigmentos, escoriações e craquelês e
sem presença de restauro anterior. Como proposta de tratamento, sugere-se a
realização de compensação das áreas perdidas, aplicação de Beva nas zonas de
craquelê (parte inferior) e reativação com espátula térmica.
92
Para identificação desta obra é necessário um estudo mais aprofundado, pois
como a ficha diagnóstico não foi preenchida na sua totalidade, mesmo pesquisando-
se a mesma na documentação do museu, falta informações para a devida
identificação da obra.
Termina aqui a descrição do trabalho de conservação e restauro realizado
nas 75 obras do artista pelotense Leopoldo Gotuzzo. Esta descrição foi fiel às
anotações da documentação existente e baseando-se nelas, conclui-se que apenas
54 obras restauradas têm ficha diagnóstico preenchidas e quanto ao registro visual,
apenas 51 delas tem fotografia anexada à ficha diagnóstico.
Quanto a técnica das obras restauradas, 45 delas são em óleo sobre tela, 20
em suporte de papel, 4 são fotografias e 6 obras com a técnica de óleo sobre
madeira.
93
3. MATERIAIS E MÉTODOS
Passados 30 anos da criação do ateliê, alguns dos materiais utilizados nos
procedimentos de conservação e restauro nas obras de Leopoldo Gotuzzo,
encontram-se guardados no museu e em bom estado de conservação. Além de
materiais, encontram-se também outros equipamentos como o soprador de bronze
utilizado para aplicação de verniz que foi incorporado ao acervo do MALG em 1983,
através de carta testamentária do artista.
Sobre a documentação produzida no ateliê, conclui-se que os restauradores
não preenchiam as fichas na sua totalidade, na maioria delas consta apenas o
estado de conservação da obra. Também se percebe que não existia um padrão de
ficha diagnóstico. Nelas, não havia um campo específico para a colocação das
intervenções realizadas, o que deixa espaço para algumas dúvidas em relação aos
materiais e aos métodos utilizados, sendo que só poderão ser confirmados através
de exames. No campo sobre o estado de conservação da obra, a camada de
preparação e a pintura são avaliadas como únicas, o mofo e o ataque de insetos
também, dados que deveriam se avaliados separadamente. Esta documentação
deixa dúvidas em relação aos materiais e as técnicas utilizadas nas intervenções
realizadas nas obras do artista Leopoldo Gotuzzo, sendo necessários estudos e
análises mais aprofundadas sobre o estado destas obras.
Quanto aos materiais, para a limpeza era utilizado geralmente Benzina54 com
aplicação através de swab. Sobre o swab55 Mayer (2006) diz que a brancura e a
pureza deles tornam possível uma observação e controle da película que está sendo
removida, e sobre a utilização da Benzina, o autor diz que hoje se compreende que
muitos destes solventes podem afetar as camadas de verniz e de velaturas e,
portanto, não são mais utilizados.
54Solvente diluente de vernizes, óleos, gorduras e resinas. SLAIBI, Thaís Helena de
Almeida; MENDES, Marylka; GUIGLEMETI, Denise O. GUIGLEMETI, Wallace A. Materiais Empregados em Conservação-Restauração de Bens Culturais. ABRACOR. Associação Brasileira de Conservação Restauração de Bens Culturais. 2º Ed. Rio de Janeiro, 2011. p. 98.
55Cotonete feito com palito de madeira e algodão enrolado à ponta.
94
Sobre os testes de solubilidade conclui-se que foram realizados em 22 das 75
obras, e eram realizados numa região discreta da obra, que não afetasse o quadro.
Os materiais utilizados nos testes foram Terebentina, Toluol, Álcool Etílico,
Isopropílico, Butílico, Diacetona, Acetona e a Amônia. As fichas não informam os
resultados dos testes, mas percebe-se após a análise que na maioria das obras o
verniz oxidado foi removido com Toluol ou Xilol.
Os enxertos e obturações eram feitos pelo verso com fibra de tecido e cola
branca.
Em relação aos reentelamentos56, o método utilizado era o de cera e resina.
Dissolvia-se em banho maria 700 g de Cera de abelha e depois acrescentava-se
200 g de Resina Dammar já dissolvida com Terebentina ou Benzina. Aplicava-se
então no tecido novo e no verso da obra. Acomodando o novo tecido sobre o verso
da obra, cobria-se com papel siliconado e se passava um ferro elétrico que foi
adaptado para não ultrapassar a temperatura de 40 ºC, o que derreteria a cera e
faria a adesão entre os tecidos. Mayer (2006) diz que em meados deste século o
composto de resina e cera de abelha já tinha se tornado adesivo padrão. Na década
de 80 este já era um processo por demais aceito e só mais recentemente ele foi
substituído por novos tipos de adesivos, pois a cera apesar de dar uma aparência
vistosa, modifica a aparência da obra e limita as opções futuras de tratamentos de
conservação.
Em relação as tintas usadas nas reintegrações pictóricas destas obras, elas
eram reversíveis. Algumas tintas e pigmentos que foram utilizados na reintegração
pictórica57 encontram-se em embalagens originais e em bom estado de
conservação. Destas tintas temos aquarelas58 da marca Pelikan, aquarelas
japonesas Guitar Paint (fig. 78), aquarelas inglesas Winsor & Newton (fig.79),
holandeses da marca Ecola, purpurinas que eram usadas para retoques em quadros
56Consiste em fazer aderir um tecido protetor no reverso do suporte têxtil do quadro.
PASCUAL, Eva; PATIÑO, Mireia. O Restauro de Pintura. A técnica e a arte do restauro de pintura sobre tela explicados com rigor e clareza. 1º ed Lisboa: Estampa, 2002. p. 103.
57Consiste em reintegrar esteticamente a capa do quadro, completando as falhas, quer dizer, a cor das lacunas. É fundamental realizá-la com materiais inócuos e reversíveis, e, para além disso, identificáveis em relação à parte original da obra. ibidem. p.118.
58Contém goma arábica como aglutinante. Aproveita o tom do papel para os brancos e tons claros e caracteriza-se pela sua transparência. MAYER, Ralph. Manual do Artista. São Paulo: Martins Fontes, 2006. p. 62.
95
e molduras e outros pigmentos acondicionados em potes plásticos e de vidros,
fechados e etiquetados, mas nestes produtos consta a identificação da cor, e não
consta o fabricante do pigmento. Encontrou-se ainda seis tubos de tinta a óleo da
marca Corfix, Hering e Acrilex.
Conforme Casarin, a técnica utilizada para a reintegração pictórica era o
Ilusionismo59. Às vezes era utilizada a técnica de Pontilhismo - que Pontilhismo que é
a técnica de preenchimento com a justaposição de pontos mais ou menos afastados e de
cores puras - ou a de tracejado, (Tratteggio)60como o existente na obra Figueiras de
Monte Bonito, também chamada de Ruminando, logo abaixo da figueira.61
(Informação verbal)
Para a reintegração pictórica eram utilizados pincéis finos variados de várias
marcas.
Dos trabalhos realizados na conservação e restauro dos bastidores62 existe
uma caixa contendo várias cunhas63, chamadas aqui de clavilhas, todas estas
cunhas, com a identificação da obra a qual pertenceria.
Em relação à desinfestação dos chassis e das molduras constatou-se que era
utilizado o produto Pentox aplicado com uso de seringa e pincel. Os restos de cera
utilizados nos reentelamentos eram usados para o preenchimento de túneis
causados por cupins em algumas molduras. Às vezes preenchiam-se esses túneis
com gesso e cola. Estas molduras quando feitas novas eram pintadas e recebiam
camada de Betume, para dar envelhecimento e para repor ornatos das molduras
passavam óleo na parte que desejam copiar e faziam o molde com cera de abelha
levemente derretida.
59Retoque ilusionista é aquele que consiste na reintegração total da lacuna, tanto quanto á
forma como á cor, para simular o aspecto original da obra. PASCUAL, Eva; PATIÑO, Mireia. O Restauro de Pintura. A técnica e a arte do restauro de pintura sobre tela explicados com rigor e clareza. 1º ed Lisboa: Estampa, 2002. p. 119.
60Reintegram-se as lacunas com finos traços de cor (vulgarmente verticais) que se justapostam, e que se ajustam em espessura e cor ao original. idem.
61CASARIN, Erasmo Fernando. Marceneiro que trabalhou no atelier em depoimento à autora em 9 Out 2012. Pelotas, RS.
62Armação na qual se prende de forma permanente a tela pintada. É feito de ripas e peças habitualmente de madeira, cortadas com o perfil adequado, que se encaixam entre si para formar uma armação, onde se fixa a tela do quadro. op. cit., p. 22.
63Peças de madeira de ponta triangular, não muito espessa, que se e introduzem nos encaixes da moldura para apertar as uniões. idem.
96
Para os procedimentos de faceamento64 era utilizada uma mistura de Resina
Dammar dissolvida em Terebentina.
Conforme Casarin, quando a resina estivesse escurecida era utilizada para
realizar faceamentos. Quando ainda clara era usada para aplicação de verniz.
Conforme Slaibi e colaboradores (2011 p. 107) a Terebentina polimeriza em contato
com o ar, luz e calor. Tem ação oxidante e é ácida devendo-se evitar o uso em
pinturas sobre tela. Também se faziam faceamentos com uma cola de polvilho
produzida no atelier ou então com papel japonês e gelatina.65 (Informação verbal)
Em relação aos desprendimentos de camadas pictóricas, injetavam cola
branca por trás com aparelho de injeção e colocavam o pedacinho no lugar.
Além dos materiais já citados, existem também outros materiais guardados,
que foram utilizados no atelier. Podemos citar o uso de óleo comestível que era
utilizado para a confecção de moldes de gesso, Caulim66, Parafina67, Tira Grude68,
Extrato de banana69 da marca Acrilex, Ácido Acético70 em recipiente de vidro com
64Técnica que tem por objetivo proteger a capa pictórica antes de iniciar qualquer
intervenção sobre o quadro. Consiste em cobrir parcial ou total a capa da obra, colando um papel protetor com a ajuda de uma cola e retira-se uma vez concluída a intervenção. PASCUAL, Eva; PATIÑO, Mireia. O Restauro de Pintura. A técnica e a arte do restauro de pintura sobre tela explicados com rigor e clareza. 1º ed Lisboa: Estampa, 2002. p. 106.
65CASARIN, Erasmo Fernando. Marceneiro que trabalhou no atelier em depoimento à autora em 10 Ago 2012. Pelotas, RS.
66Argila branca muito pura. Utilizado como base de pinturas. Misturado em colas para emassamentos de áreas perdidas. Misturado com cera para fabricação de porcelana e papel. Usado também como base de dourações. SLAIBI, Thaís Helena de Almeida; MENDES, Marylka; GUIGLEMETI, Denise O. GUIGLEMETI, Wallace A. Materiais Empregados em Conservação-Restauração de Bens Culturais. ABRACOR. Associação Brasileira de Conservação Restauração de Bens Culturais. 2º Ed. Rio de Janeiro, 2011. p. 144.
67Produto de refinação do petróleo. Material sólido, duro, translúcido. Usado como consolidante, adesivo e película de revestimento. Ibidem p. 70.
68É indicado para a limpeza de produtos de difícil remoção. Remoção de etiquetas, colas, fitas, decalques e adesivos. Não contém solventes nocivos ou metais pesados. Age sobre o produto amolecendo-o e facilitando a sua remoção. Disponível em: http://www.quimatic.com.br/produto/tira-grude/. Acesso em 24 Fev 2013.
69Solvente de lacas, vernizes e colas de fitas adesivas. SLAIBI, Thaís Helena de Almeida; MENDES, Marylka; GUIGLEMETI, Denise O. GUIGLEMETI, Wallace A. Materiais Empregados em Conservação-Restauração de Bens Culturais. ABRACOR. Associação Brasileira de Conservação Restauração de Bens Culturais. 2º Ed. Rio de Janeiro, 2011. p. 91.
70Ácido orgânico leve, incolor, com odor penetrante de vinagre. É algumas vezes para impedir a migração a migração de corantes e/ou tintas. Frequentemente escolhido para
97
rótulo da Farmácia Khautz, óleo de linhaça71 clarificado, óleo de linhaça da marca B.
Herzog, Formol72 e Brancol73 e preguinhos de bronze.
Dos equipamentos do atelier há também instrumentos como seringa, espátula
de madeira, pinça, e agulha de injeção adaptada em ponta de bastão de madeira,
este último era utilizado para retirar pontualmente sujidades deixadas por insetos.
Todos estes materiais e equipamentos citados fizeram parte do trabalho
desenvolvido no atelier de conservação e restauro da universidade nos processos
de conservação e restauro das obras do artista Leopoldo Gotuzzo.
Desde a desativação do ateliê, todos eles encontram-se então
acondicionados na reserva técnica do museu.
neutralizar excesso de álcalis, após um processo de branqueamento. Excelente solvente para muitos compostos orgânicos. Ibidem. p. 94
71Utilizado para moagem de pigmentos sem refino adicional. MAYER, Ralph. Manual do Artista. São Paulo: Martins Fontes, 2006. p. 184.
72Reagente utilizado na preparação de soluções endurecedoras no processamento fotográfico para permanência e também no tratamento de conservação de emulsões fotográficas de gelatina. Em solução a 2%,4% e 10% utilizado para desinfecção por banho ou pulverização. op. cit., p. 162.
73Material utilizado no ateliê em forma de pó branco embalado em vidro fechado e etiquetado com anotação à mão: “Brancol”, sendo necessário estudo mais aprofundado para análise do produto pois não foi identificado na bibliografia pesquisada.
98
CONCLUSÃO
Para chegar até aqui foi necessário percorrer a história do artista, sua vida,
sua obra e suas doações para o museu. Percorrendo este caminho foi possível
chegar-se a história do ateliê de conservação e restauro que proporcionou esta
pesquisa sobre as intervenções realizadas nas obras do artista Leopoldo Gotuzzo.
Através de um paralelo feito entre pesquisas documentais e entrevistas
realizadas, foi possível concluir que o ateliê de conservação e restauro da UFPEL,
foi idealizado pela professora Luciana Araújo Renck Reis para restaurar as obras de
Leopoldo Gotuzzo que estavam dispersas pela universidade e em estado avançado
de deterioração. Assim pôde-se efetivar a criação do Museu de Arte Leopoldo
Gotuzzo. Este atelier funcionou de 1982 até 1992, porém, nos últimos anos os
trabalhos foram diminuindo gradualmente.
Através da análise de fichas diagnóstico produzidas pela equipe de trabalho
do ateliê, conseguiu-se fazer o levantamento dos materiais e dos métodos utilizados
nas intervenções de conservação e restauro das obras do artista.
Em relação ao número de obras restauradas concluiu-se que durante os anos
em que o atelier desenvolveu atividades de conservação e restauro, foram
realizadas intervenções num total de 257 obras, sendo 75 delas obras de Leopoldo
Gotuzzo. O restante divide-se entre as obras dos ex- alunos da Escola de Belas
Artes de Pelotas, da Coleção João Gomes de Mello Filho e da Coleção Trápaga
Simões.
Destas 75, apenas 54 têm ficha diagnóstico preenchidas, mas estes registros
não foram feitos adequadamente, deixando lacunas sobre os materiais e métodos
utilizados. Sobre estes, pode-se afirmar que alguns não são mais utilizados nos
procedimentos de conservação e restauro, por serem considerados pelas novas
pesquisas na área, inadequados para a conservação das obras.
Quanto ao registro visual, apenas 51 obras têm fotografia anexada a
documentação e quanto as técnicas das obras restauradas de Leopoldo Gotuzzo, 45
delas são pinturas em óleo sobre tela, 20 são desenhos em suporte de papel, 4 são
fotografias e outras 6 obras são pinturas sobre suporte de madeira.
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Sobre a terminologia, conclui-se que a maioria dos termos adotados
atualmente já eram utilizados pela equipe, mas percebem-se os exames
organolépticos sendo identificados em todas as fichas como “exame a simples vista”
e a desagregação da camada pictórica como “falta de pigmento”.
Sobre a equipe de trabalho, que era formada principalmente pela professora
Luciana Araújo Renck Reis, a professora Yedda Machado Luz e o marceneiro
Erasmo Fernando Casarin, contou com ajuda profissional em dois momentos. Em
1982 com a contratação da restauradora Elsa Maria Loureiro de Souza e em 1987
com a contratação da restauradora Leila Vianna Sudbrack.
Coforme Yedda Luz (2012) “Nós trabalhávamos de graça, não era pago
nosso serviço. fazíamos porque gostávamos. Eu trabalhei para ajudar a Luciana,
nos tornamos muito amigas e enquanto ela foi diretora do museu eu trabalhei lá
ajudando”74 (Informação verbal).
Sobre a informação fornecida pela professora Luciana de que o ateliê seria o
primeiro atelier do estado, não se localizou documentação ou bibliografia capaz de
confirmar esta informação, sendo necessário estudos mais aprofundados. Mas,
mesmo que não seja o pioneiro, conclui-se que o trabalho idealizado pela professora
Luciana Araújo Renck Reis foi de grande importância para a cidade de Pelotas, pois
resgatou através das intervenções de conservação e restauro e também das
exposições das obras de Leopoldo Gotuzzo, a memória deste grande artista, pois
mesmo as obras que não passaram por intervenções de restauro, receberam
tratamentos curativos que ajudaram na sua preservação.
Porém, como a documentação produzida no ateliê não é preenchida na sua
totalidade, deixando algumas lacunas sobre os materiais e os métodos utilizados, há
ainda a possibilidade de continuação nessa temática de pesquisa.
74LUZ. Yedda Machado. Professora aposentada do ILA/UFPEL em depoimento á autora em 05/ Set 2012. Pelotas, RS.
100
REFERÊNCIAS
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