Universidade Federal de Mato Grosso
Grupo de Pesquisas Multiprofissionais
em Educação e
Tecnologias em Saúde (PEMEDUTS)
Faculdade de Medicina
CARTILHA: SAÚDE NA ESCOLA - UM
PROCESSO EDUCATIVO PARA
CONSTRUÇÃO SOCIAL DA SAÚDE
CUIABÁ – MT
2020
Organizadores
Prof. Dr. Neudson Johnson Martinho (Coordenador do Grupo de Pesquisas
PEMEDUTS e do Projeto “Diálogo e Práxis: Inovando práticas pedagógicas
em Educação em Saúde nas Escolas”.
Mestre em Saúde Comunitária e Doutor em Educação. Docente adjunto da
Faculdade de Medicina da UFMT.
Profª. Magali Olivi. Doutora em Educação. Docente adjunto da Faculdade de
Enfermagem da UFMT.
Diana Nunes Pavão Menezes – Enfermeira Graduada na UFMT. Hoje enfermeira
no Estado do Pará.
Richard Lopes da Silva – Enfermeiro. Funcionário do HUJM/UFMT.
Ugolina Cezária da Cruz – Assessoria Programa Escola com Saúde – Secretaria
Municipal da Educação de Cuiabá – MT.
Cuiabá- MT
2020
Colaboradores - Profissionais do Programa Escola com Saúde da SMS
de Cuiabá – MT:
Andréia Duarte Garcia
Ana Maria de Arruda
Cleide Auxiliadora Oliveira Silva
Éderson Botelho Ramos
Elisete Auxiliadora Nunes de Souza
Esmael Pereira dos Santos
Hannah Lucia da Silva Araújo
Herondina Moreira Tavares do Couto
Izabel Cristina de Arruda
Jacqueline Jará da Silva
Joanil Botelho Ramos
Karina Borges
Léia Lima de Oliveira
Luciana Cintra Mota de Carvalho
Maria Fernanda Hom
Mariana Samiti Hayaashi
Mariany Gaiva Taques
Mariceli Brandão Silva Camargo
Marli Alexandrina Dias
Michelle Jesus do Nascimento
Nesmorena G. Preza
Patrícia Costa e Souza
Paula Vieira Muller
Rosymeyre Saldanha de Almeida
Suelen Nobre da Cruz
Vasco Vieira de Vasconcelos Neto.
Prefácio
As práticas educativas em saúde no contexto da escola devem ser construídas junto
aos diversos atores sociais envolvidos no universo educativo (Alunos, Comunidade,
Professores, Gestores, Funcionários).
Pensar em educar para saúde no contexto escolar não é mais implementar apenas
ações burocráticas, assistenciais, tarefeiras, pontuais e isoladas. Mas, sobretudo é
construir estratégias educativas que consigam ser significativas no cotidiano da sala de
aula, sendo transversal a todo o processo de ensino – aprendizagem em um movimento
de circularidade pedagógica que promova a participação ativa e desperte a co-
responsabilidade de todos os sujeitos do universo escolar na busca da promoção da saúde
e prevenção de doenças, visando uma aprendizagem mais humana e com qualidade desde
a infância.
Considerando ser a escola um espaço privilegiado para promoção da saúde e
prevenção de agravos e doenças, elaboramos essa cartilha, a qual é produto da execução
de um Projeto de Extensão denominado “Diálogo e Práxis: Inovando práticas
pedagógicas em Educação em Saúde nas Escolas”, desenvolvido pelo Grupo de
Pesquisas Multiprofissionais em Educação e Tecnologias em Saúde (PEMEDUTS) da
Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) / campus
Cuiabá, em parceria com as Secretarias Municipais de Educação e Saúde.
Objetivamos com esta cartilha socializar experiências exitosas desenvolvidas em
duas escolas municipais de Cuiabá - MT, desvelando metodologias ativas utilizadas que
facilitam a abordagem de temáticas junto com as crianças e adolescentes, podendo ser
reprodutiva em por professores de escolas ou creches, educadores sociais ou profissionais
de saúde em atividade na ambiência escolar ou outros equipamentos sociais.
Sob o ponto de vista social e profissional, acreditamos que esta produção educativa
reveste-se de significativa relevância, considerando que poderá contribuir para mudanças
à médio e longo prazo no contexto da saúde dos escolares da cidade de Cuiabá – MT,
quiçá em outras cidades do Estado de Mato Grosso ou em outros locais do Brasil
despertando novos olhares sobre potenciais práticas nesta bela missão que é educar em
saúde, de modo específico as nossas crianças e adolescentes, esperança da nossa nação.
Desejamos que esta cartilha seja um estímulo para que outras atividades e projetos
similares sejam desenvolvidos, tendo em vista que nenhum conhecimento é acabado,
porque sendo o mundo é inacabado, todos nós estamos sempre em um constante devir –
a - ser.
Prof. Neudson Johnson Martinho
Doutor em Educação/UFMT
Docente da Faculdade de Medicina/UFMT
Apresentação
Esta cartilha vem legitimar uma frase do educador Paulo Freire, quando o mesmo
dizia que “ apesar das dificuldades, a mudança é possível de acontecer”. Frente a todos
os obstáculos financeiros, políticos, técnicos, o projeto de extensão “Saúde na Escola” foi
desenvolvido e dele nasce esta cartilha, fruto das ações implementadas junto aos
escolares, acreditando que a médio e longo prazo poderão ocorrer mudanças no universo
destas escolas e de todos os atores sociais nelas envolvidos (alunos, famílias, professores
e gestão escolar).
Apresentá-la é uma honra e um prazer, tendo em vista a intencionalidade que a
permeia: Auxiliar a equipe de profissionais da saúde que atuam no Programa Escola com
Saúde (PES) do município de Cuiabá, socializando novas abordagens ativas de Educação
em Saúde.
Com a proposta de realizar atividades educativas atrativas aos alunos das escolas
municipais de ensino fundamental, o coordenador do projeto junto com os participantes
selecionaram sete (07) dinâmicas que foram utilizadas dentre várias outras nos encontros
com a equipe de profissionais do PES, escolares e professores.
As dinâmicas subsidiaram as rodas de conversas realizadas nas escolas por
estudantes da UFMT membros do Grupo de Pesquisas PEMEDUTS, sob orientação do
coordenador do referido projeto. Elas demonstram como abordar de forma lúdica os
assuntos sobre saúde na ambiência escolar, possibilitando uma participação dialógica e
ativa de todos no processo educativo (crianças, adolescentes, professores, gestores
escolares).
A materialização do projeto de extensão sobre saúde na escola nesta cartilha,
contribui no fortalecimento das ações possibilitadoras para o desenvolvimento integral do
escolar (criança, adolescente e jovem/adulto), proporcionando aos docentes saberes e
fazeres viabilizadores da articulação da educação com a saúde, um binômio inseparável
e imprescindível para o enfrentamento das vulnerabilidades biopsicossociais que podem
comprometer o processo de ensino-aprendizagem dos escolares.
Aproveitamos para agradecer a todos aqueles que confiaram em nosso trabalho,
principalmente as equipes de saúde do Programa Escola com Saúde da Secretaria de
Saúde do Município de Cuiabá e convido a todos para uma gostosa leitura deste material
didático, pequeno em tamanho, porém, enorme em sentido pedagógico e existencial, fruto
de vivências repletas de significâncias (sentidos).
Profª. Magali Olivi
Doutora em Educação
Docente da Faculdade de Enfermagem/UFMT
Introdução
Revelando um pouco sobre o Programa Saúde na Escola (PSE)
da Prefeitura de Cuiabá – MT
Educação e Saúde nas escolas é um binômio que vem sendo discutido
e apontada como urgente e necessária desde ao final do século XVIII. Seu marco histórico
se deu em 1779 na Alemanha, com uma publicação do médico Johann Peter Frank. Ele
publicou um guia intitulado System Einer Vollstãndigen Medicinischen, no qual
enfatizava importância da saúde escolar em todo o mundo e dava subsídios para
elaboração de programas voltados para implementação desta, visando a educação e saúde
para os escolares (FIGUEIREDO et al, 2010).
No Brasil, o Presidente da República na época – Sr. Luiz Inácio Lula da
Silva, assinou o Decreto nº 6.286, de 5 de dezembro de 2007, o qual instituiu o Programa
Saúde na Escola (PSE), objetivando dentre outras coisas promover a saúde e a cultura da
paz, reforçando a prevenção de agravos à saúde, bem como fortalecer a relação entre as
redes públicas de saúde e de educação (BRASIL, 2007).
Em Cuiabá-MT, a prefeitura através do Decreto Nº 4.684 de 20 de junho
de 2008, implanta o PSE, fazendo uma parceria entre a Secretaria Municipal da Saúde e
a Secretaria Municipal da Educação, visando contribuir para promoção da saúde e
formação integral dos escolares da rede Municipal de Educação (CUIABÁ, 2008).
O PSE tem como objetivos:
Reforçar a prevenção de agravos à Saúde;
Fortalecer a intersetorialidade entre as redes públicas municipais de saúde
e educação;
Promover a cultura da prevenção e promoção à saúde no âmbito escolar;
Reduzir as vulnerabilidades, no campo da saúde, que compromete o pleno
desenvolvimento escolar.
As principais ações realizadas são:
Avaliação antropométrica;
Avaliação da acuidade visual;
Avaliação da saúde bucal e orientações sobre escovação;
Encaminhamento para consulta nas unidades básicas de saúde da área de
abrangência da residência do aluno quando houver necessidade;
Avaliação e orientação nutricional, e encaminhamento quando a
necessidade de acompanhamento;
Promoção da alimentação saudável, através de atividades de educação em
saúde voltada para os pais /responsáveis, crianças e adolescentes, com
objetivo de mudança nos hábitos alimentares da família;
Avaliação e encaminhamentos oftalmológicos, além da entrega do
primeiro óculos pela secretaria de educação quando necessário; Avaliação
e acompanhamento psicológico;
Avaliação e orientação psicossocial, e encaminhamentos às redes de
proteção social, quando houver necessidade;
Educação em saúde no âmbito da prevenção do uso de drogas, as mais
diversas formas de violência, promoção da alimentação saudável,
promoção da saúde sexual e reprodutiva, promoção da cultura da paz e
direitos humanos, saúde mental, práticas corporais e atividade física, saúde
ambiental, prevenção de acidentes, etc.
Em 2019 o PSE de Cuiabá foi realizado em 57 unidades de ensino, sendo 4
escolas estaduais.
No período de 2016 à 2018 o Grupo de Pesquisas PEMEDUTS
desenvolveu o Extensão Projeto “Diálogo e Práxis: Inovando práticas pedagógicas em
Educação em Saúde nas Escolas” em escolas municipais de Cuiabá, sendo ao todo três
(03) escolas contempladas: EMEB Maria Lucila da Silva Barros, EMEB Prof. Zeferino
Leite de Oliveira e a EMEB Maximiano Arcanjo.
Este projeto teve como objetivo geral realizar atividades de Educação
em Saúde nas Escolas abordando as diversas dimensões do existir humano com gestores,
professores e funcionários da escola, visando contribuir com estes atores sociais na
implementação de metodologias ativas na arte de educar em saúde na escola, subsidiado
no conceito ampliado de saúde, o qual transcende apenas a abordagem biologicista.
Teve também como objetivo, identificar quais as melhores estratégias de
abordagens na escola sobre educação em saúde a partir das percepções das próprias
crianças e adolescentes.
As metodologias utilizadas foram subsidiadas na pedagogia freireana, sendo
realizadas rodas de conversas com temas geradores permeadas com dinâmicas
estimuladoras para participação ativa, contextualizadas as temas, sempre primando pela
dialogicidade no processo de ensino-aprendizagem e buscando compreender o processo
educativo a partir dos espaços de fala e escuta ativa.
Após a realização das rodas de conversas, eram realizados diálogos
avaliativos no sentido de apreender como os participantes se sentiram na roda e quanto
ao tema dialogado, se foi positivo, se teve algum impacto para eles (seja positivo ou
negativo). As falas apreendidas nas rodas foram sistematizadas, consolidadas e
analisadas, extraindo elementos narrativos que fossem termômetros quanto ao processo
educativo realizado. A partir dos resultados implícitos nessas narrativas dos participantes
(professores, gestores escolares, crianças e adolescentes) fomos estimulados a
elaborarmos essa cartilha, como forma de socializar as principais dinâmicas apontadas
como muito exitosas na execução do projeto.
Queremos enfatizar que dentre os temas geradores abordados, dialogamos nas
rodas sobre: Dislexia, dislalia, disfemia, sexualidade, drogadicção, família e outras
temáticas sugeridas pelos professores e gestores escolares. As abordagens dinâmicas
desses temas foi no sentido de viabilizar aos participantes conhecimentos sobre as
sintomatologias aparentes e possíveis causas dos transtornos supracitados, todos
dialogados numa linguagem simples e acessível a todos.
Nesse contexto, dentre as várias aprendizagens foi ressaltado que nem todos
esses problemas (Dislexia, dislalia, disfemia) percebidos nos escolares são de origem
neurológica, psicológica ou psiquiátrica. Alguns podem ter origem nutricional, ou
bioquímica, como um desequilíbrio hidroeletrolítico. Outro tema gerador bastante
enfatizado foi sobre a polissemia relacionada às concepções de família, a relação do adoecimento
familiar com da sociedade e como isso afeta os escolares no processo de ensino-aprendizagem.
A execução do projeto supracitado foi permeada de significâncias
(sentidos), tanto para os facilitadores (coordenador e acadêmicos da UFMT envolvidos),
quanto para o público alvo, sendo a construção do conhecimento uma circularidade de
ações onde quem ensinava aprendia e quem aprendia ensinava.
A educação e a saúde são complementares e interdependentes. Ambas
estão imbricadas na existência humana, quer seja na educação formal (Bancária), quer
seja na educação apreendida no cotidiano de vida e vivências (a educação popular).
Porém, uma não suplanta a outra, devendo haver um intercambiamento entre ambas e
nesse processo a saúde verdadeiramente é construída, porque esta construção é sobretudo
social.
Agora convidamos a todos, para numa leitura simples e gostosa conhecerem
como é possível fazer saúde na escola transcendendo ao modelo puramente biologicista
(sobre doenças), mas, com abordagens que envolvem afeto, emoção, o lúdico e a alegria
de aprender e ensinar.
Desvelando novas possibilidades de Educar em Saúde, partejando o
conhecimento sobre educação e saúde
Dinâmica 1: Mapeamento Semântico
Esta dinâmica objetiva estimular a participação dos sujeitos (escolares,
professores e comunidade), levando-os a construírem o conhecimento a partir de uma
ideia central. Partindo do princípio de que em cada pessoa existe um saber em latência.
Objetivo da Dinâmica: Construir conhecimentos à partir dos saberes
prévios e vivências dos educandos.
Como operacionalizar:
1. Selecionar um tema gerador, colocando num circulo.
2. O educador/facilitador organiza o grupo em círculo,
3. Pedir para cada membro do grupo uma palavra relacionada ao tema gerador
4. O educador/facilitador vai escrevendo as palavras ao redor do circulo com o
tema gerador
5. Solicita ao grupo que construa uma frase/texto/conceito sobre o tema gerador
utilizando todas as palavras citadas pelos mesmos
6. Ao final o educador/facilitador faz uma analogia entre o texto construído pelo
grupo e o que a literatura traz sobre o tema refletido, enfatizando que todas as
pessoas possuem conhecimentos em latência sobre as diversas dimensões do
saber fazer humano.
Sentido da dinâmica: Processo de educação em saúde se dá no espaço
dialógico e dinâmico cujo conhecimento deve ser construído e legitimado pelas
experiências vividas pelos sujeitos que participam do processo.
Esta dinâmica pode ser utilizada para discussão de qualquer temática
relacionada à educação em saúde na escola, entretanto, aconselha-se sua utilização com
crianças que tenham a capacidade de formar frases. No caso de adulto, ela pode ser usada
inclusive com analfabetos onde o educador/facilitador irá escrever a frase/ conceito/texto
junto com os mesmos.
Possibilitando a expressão da dúvida e do saber
Dinâmica 2: Semáforo
Essa dinâmica proporciona ao sujeito expressar sua dúvida sem se identificar,
colocando quais assuntos ele tem coragem de expressar e os que não tem por timidez ou
medo.
Objetivo da Dinâmica: Levar os participantes a expressarem suas dúvidas
de forma leve e sem medo de pré-julgamentos.
Material: cartolina vermelha, amarela e verde e papel para confeccionar
tarjetas. Tesoura, canetas piloto coloridas e fita adesiva.
Preparo do material: desenhar e recortar grandes círculos nas cartolinas: um
verde, vermelho e amarelo. Recortar tarjetas retangulares. Colar os círculos no chão com
a fita adesiva.
Como operacionalizar:
1. O educador/facilitador seleciona o tema gerador
2. Organizar o grupo em circulo
3. Entregar 3 tarjetas para cada membro do grupo enfatizando que não precisa se
identificar nas mesmas.
4. Explicar como se deve proceder: cada membro do grupo deverá escrever em
uma tarjeta o que tem medo ou vergonha de expressar em público sobre o tema
gerador e colocar abaixo do círculo vermelho. Em outra tarjeta escrever uma
dúvida ou algo que o deixe inseguro em expressar sobre o tema, colocando
abaixo do círculo amarelo. Na última tarjeta escrever o que se sente a vontade
em perguntar ou expressar sobre o tema, colocando abaixo do circulo verde.
5. O educador/facilitador começa um debate com o grupo com base das tarjetas
do circulo vermelho estimulando a participação de todos sobre cada assunto
abordado e assim, se procede ate chegar nas tarjetas verdes.
Sentido da dinâmica: Trabalhar assuntos que para alguns seria difícil abordar por
questões de medo e/ou pré-conceitos dos participantes. Possibilita também desvelar que
muitas vezes os questionamentos são semelhantes em pessoas com experiências
diferentes. Essa dinâmica possibilita trabalhar qualquer tema de cunho mais polêmico:
sexualidade, educação sexual, drogas, violência doméstica, homossexualidade entre
outros. Entretanto só pode ser aplicada com pessoas que saibam ler e escrever.
Se conhecendo e se deixando conhecer pelo o outro
Dinâmica nº 3 – Se desvelando pela imagem
Essa dinâmica busca trabalhar a comunicação interpessoal e intrapessoal
através de imagens que os sujeitos selecionam e a contextualizam a sua pessoa, situação
vivenciada ou visão de mundo.
Objetivo: Proporcionar uma comunicação que possibilite o auto -
conhecimento e o deixar-se conhecer pelo o outro.
Faixa etária: 1º 2º e 3º ano
Quantidade: Até 20 alunos.
Como operacionalizar:
1- O educador/facilitador seleciona imagens aleatórias (recortes de revistas) e as
espalhadas no meio da sala;
2- Solicita ao grupo que caminhe em círculo ao redor do cesto com as figuras,
observando-as;
3- Depois dar um comando para que cada membro escolha uma figura e a leve
consigo, voltando aos seus respectivos lugares;
4- Fala um tema gerador (vida, família, fale sobre você, o que pensa da escola, o
que imagina sobre o mundo e etc.);
5- Em seguida pede a cada um que relacione a imagem escolhida com o tema
gerador (Determinado um tempo 2 minutos para cada fala);
6- O facilitador vai anotando no quadro branco as palavras chaves captadas em
cada fala
7- No final o facilitador elabora frases com as palavras chaves sobre a temática
proposta e desenvolve um diálogo sobre a mesma.
Sentido da dinâmica: Proporcionar o auto - conhecimento e o deixar-se conhecer pelo
outro, de forma leve, assim como, desenvolver temáticas de forma participativa e ativa
entre os membros.
Dinâmica nº 4 – Ligue as figuras, conectando os saberes.
Essa dinâmica é muito útil para se trabalhar com crianças, levando-as a
participação ativa e reflexiva ao mesmo tempo.
Objetivo: Estimular o raciocínio através da visualização, mostrando o que se
deve fazer em situações de higienização e alimentação.
Faixa etária: 1º 2º e 3º ano
Quantidade: Até 25 alunos
Material utilizado: 2 papéis cartões, Figuras coloridas impressas, Barbante colorido, 5
clips, Cola branca, Tesoura, Fita larga (durex), Caneta piloto preto, Papel EVA colorido.
Estrutura da dinâmica: Cole os dois papéis cartões com durex na frente e verso, em um
lado cole as figuras do que é incorreto e do outro as corretas, procure imagens que fazem
parte do cotidiano vivido por eles. Use o papel EVA para fazer bordas nas figuras da
esquerda, e caneta piloto preta para contornar as figuras da direita. Use um pedaço de
barbante para usar como “linha” que ligue uma figura a outra, meça a distância que será
necessário e corte, amarre cada barbante em um clipe, faça furos pequenos à frente de
cada figura tanto do lado esquerdo, quanto do lado direito. Passe a ponta do barbante sem
o clips no furo à esquerda e cole com fita larga atrás. No lado direito, corte pequenos
pedaço de barbante e amarre as duas pontas, passe pelo furo e cole com a fita larga as
pontas para não soltarem.
Operacionalização da dinâmica: O cartaz foi colocado no quadro negro
com fita larga (durex), ao dar início nos apresentamos e citamos os temas que seriam
abordados e foi explicado como funciona a dinâmica. Desta forma apontávamos uma
imagem como por exemplo a figura do cascão (personagem da turma da Mônica) era
direcionado a eles a seguinte pergunta: “O que significa esta imagem? ”e os alunos
respondiam: “não tomar banho”, “está fedido”, e logo em seguida questionávamos “Que
figura deste lado (direito) combina com o cascão? ” Os alunos apontavam a imagem do
homem tomando banho, desta forma aconteceu com todas as imagens até o término. Mas
entre os ligamentos das imagens, era dado orientações relacionado ao assunto. A dinâmica
durava em torno de 20 minutos e ao final os alunos eram parabenizados por terem
acertados todas os ligamentos e também pelo comportamento.
Dinâmica nº 5 – Memorizando ações anti – bulling
Essa dinâmica possibilita as crianças e adolescentes se expressarem sobre
bulling de forma ativa e ao mesmo tempo que narram sobre o assunto, internalizam
valores e aprendizagens quanto a necessidade de evitar comportamentos que causem esse
tipo de violência.
Objetivo: Orientar os alunos, estimulando a memorização de ações que não
devem ser realizadas, relacionadas ao Bulling.
Faixa etária: 3º e 4º ano
Quantidade: Até 24 alunos
Material utilizado: 2 Cartolinas na cor de sua preferência, 1 Canetão Piloto, 8 Frases:
Não bater, não humilhar, não colocar apelido, não roubar, não discriminar, não ameaçar,
não falar mal e não assediar, Tesoura
Estrutura da dinâmica: Escreva 4 frases em uma cartolina com letras bem visíveis,
maiores e recorte em tiras do tamanho que ficou as frases
Operacionalização da dinâmica: Ao chegarmos na sala de aula,
explicávamos como será a dinâmica para os alunos. Lemos as frases em voz alta e clara,
mostrando as frases para que todos os alunos conseguissem ver, e dizendo para
memorizarem o máximo possível das frases mostradas. Depois de mostrar e falar todas
as frases perguntamos quais foram as frases. A dinâmica deve ser conduzida a partir do
desempenho dos alunos, caso não lembrem de todas as frases, falamos a frases. E assim
é realizada uma reflexão sobre o assunto bulling através das frases.
Dinâmica nº 6 – Transformando dúvidas em conhecimentos
Essa dinâmica é muito bem aceita por criança e adolescentes, por possibilitar
aos mesmos expressarem dúvidas que muitas vezes oralmente não teriam coragem de
fazer.
Objetivo: Recolher as dúvidas que as crianças têm em relação à saúde em
geral.
Faixa etária: 5º e 6º ano.
Quantidade: Até 30 alunos
Material utilizado: 30 tiras de folha sulfite, 30 envelopes pequenos e coloridos, 1 caixa
colorida
Operacionalização da dinâmica: Entregue uma tira do papel branco para
cada criança, e peça que ela escreva sua dúvida sobre qualquer assunto relacionado a
saúde. Entregue o envelope para cada criança que terminar de escrever sua dúvida e
colocar dentro, e depois vai passando com a caixa para elas guardarem dentro da mesma.
Dinâmica nº 7 - Jogo da memória gigante.
Essa dinâmica viabiliza o despertar da consciência crítica das crianças e
adolescentes através do raciocínio lógico e diálogo.
Objetivo: Estimular o despertar da consciência crítica da criança e
adolescente quanto as ações necessárias para a promoção da saúde e prevenção de
doenças. Podendo ser utilizada para abordar temas como: Higienização corporal e bucal,
higiene dos alimentos, dengue e outros.
Faixa etária: 3º e 4º ano
Quantidade: Até 21 alunos
Material utilizado: 2 papéis cartões na cor azul,2 papéis cartões nas cores azul escuro e
laranja, 9 Figuras repetidas, Tesoura, Cola branca, Cola para isopor, Régua, Fita larga.
Estrutura da dinâmica: Cole 2 papéis cartões azul com a fita larga atrás e na frente para
ficar firme, cole as figuras usando cola branca, recorte um retângulo o suficiente para
cobrir cada figura adicionando dois dedos a mais para dobrar e faça como molde para
recortar o restante. Faça o alfabeto da letra A até ao R utilizando parte do papel cartão
que sobrar. Dobre o papel recortado aproximadamente da largura de um dedo, sendo que
nesta parte passe a cola para isopor e cole acima da imagem e assim sucessivamente.
Após isso cole as letras em cima de cada plaquinha, se quiser enfeitar mais, pode usar de
sua criatividade ou o material que tiver disponível. Pronto, assim seu jogo da memória
gigante esta finalizado, faça bom aproveito.
Operacionalização da dinâmica: Cole o cartaz na parece ou quadro negro
com durex, escolha um aluno e peça para ele escolher duas letras do cartaz, abra as
imagens e veja se ele encontrou as duas imagens iguais, escolha outros alunos até todas
imagens serem encontradas, a cada momento que as imagens iguais forem encontradas,
pergunte as crianças o que significa e dialogue sobre o tema.
Considerações Finais
Educar requer abertura ao outro (educando), diálogo e conexão com a vida
em suas multidimensões existenciais. A vida é um contínuo de aprendizagens, saberes
e fazeres, uma arte sempre em construção, a qual pode ter as experiências vividas
representadas e expressas em diversos modos (falas, gestos, imagens, música e silêncio),
sendo no contexto de vida e de sentidos atribuídos as experiências vividas que se
constrói a verdadeira educação significativa.
Nesse sentido, Educar em Saúde sempre deve ser precedido pelo diálogo, em
espaços de fala e escuta ativa, onde as narrativas de vida se transformem em
conhecimentos repletos de significâncias (sentidos), desta forma deixando de ser algo
apenas abstrato (Teoria) e se transformando em vida vivida e possibilidades de novas
experiências.
Trabalhar com crianças e adolescentes é sobretudo uma arte, um envolver-
se, um mergulhar no mundo intersubjetivo e imaginário, onde as visões de mundo se
entrelaçam numa circularidade afetiva, sincera e com esperanças em novas possibilidades
de ser, viver e contribuir para uma sociedade e um mundo melhor. Com elas e suas
visões simples de viver e amar, podemos (re) aprender e reaprender nossas práticas
docentes e educacionais.
Educação e saúde se constroem no mundo relacional (Intra e interpessoal),
portanto, são dimensões permeadas por valores, crenças e afetividade.
Esperamos que esta cartilha contribua com os educadores e profissionais da
saúde quanto a arte de educar em saúde na ambiência escolar, reafirmando que esse
binômio (Saúde e Educação) são interdependentes e complementares, condições sine qua
non para existência humana.
Agradecemos mais uma vez a todos os participantes desse projeto: A Pró-
Reitoria de Extensão da UFMT; a Secretaria Municipal da Saúde e da Educação de
Cuiabá pela parceria.
“Quem ensina, aprende. Quem aprende, ensina. ” (Paulo Freire).
Fonte: Desenhos feitos pelas crianças que participaram das rodas de conversas. 2017.
REFERÊNCIAS
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RJ: Ed. Vozes, 2008.
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Saúde na Escola - PSE e dá outras providências. Diário Oficial da República Federativa
do Brasil, Poder Executivo, Brasília-DF, 2007.
________. PORTARIA No - 1.861, DE 4 DE SETEMBRO DE 2008. Diário Oficial da
República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília-DF, Nº 185, quarta-feira, 24
de setembro de 2008.
________. PORTARIA INTERMINISTERIAL No - 2.929, DE 4 DE DEZEMBRO DE
2008. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília-DF,
Nº 237, sexta-feira, 5 de dezembro de 2008.
________. PORTARIA INTERMINISTERIAL No 3.682, DE 25 DE NOVEMBRO DE
2010. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília-DF,
Nº 226, sexta-feira, 26 de novembro de 2010.
CRIVELARO, Rafael., Takamori, Jorge Yukio. Dinâmica das relações interpessoais.
Campinas – SP: Editora Alínea, 2005.
CUIABÁ (Mato Grosso). Decreto nº 4684, de 20 de junho de 2008. Dispõe sobre a
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904.Disponível em: http://lmc.cuiaba.mt.gov.br/mostrar-documento-
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FIGUEIREDO, T. A. M.; MACHADO, V. L. T. e ABREU, M. M. S. A saúde na escola:
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FILHO, Antônio Feltram et all. Técnicas de Ensino: Por que não? 9ª edição. Campinas
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FRITZEN, Silvino José. Dinâmicas de Recreação e Jogos. 7ª edição. Petrópolis – RJ:
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GAZINELLI, M. F., REIS, D. C.S, MARQUES, CÁSSIA. R. (ORGs). Educação em
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MILITÃO, A., MILITÃO, R. Vitalizadores – mais de 100 opções pra você “acordar”
o seu grupo e mantê-lo “Aceso”. Rio de Janeiro – RJ: Editora Qualitymark, 2001.
MARTINHO, Neudson Johnson. Sentidos e significados de educação em saúde a
partir da homeopatia popular: Uma compreensão fenomenológica. 2014. 165f. Tese
(Doutorado) – Programa de Pós-Graduação em Educação, Universidade Federal de Mato
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