Download - Cadernos do Olhar #6 – La Nit, La Casa
LA NIT, LA CASA Ricard Martínez Pinyol|Text
Claudio Ferlauto|Disseny
Cadernos do olhar #06 Outono 2014Algaida Mallorca/Mairiporã São Paulo
Imagens de m
açãs em em
balagens das feiras livres de São Paulo
Poma|Maçã
LA NIT, LA CASA Ricard Martínez Pinyol|Text
Claudio Ferlauto|Disseny
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balagens das feiras livres de São Paulo
Eu queria ir atrás dos clamores antigos que estariam guardados dentro das palavras.
Volia anar a l’encalç d’aquells clamors antics potser guardats dins les paraules.
Manoel de Barrostraducció de Ricard Martínez Pinyol
LA NIT, LA CASA A noite, a casa
Ricard Martínez Pinyol, 1959, Tortosa, Espanha. Viu a Algaida, Mallorca, des de 1991.Ha publicat els llibres de poemes:La maison-bleue (1976) amb Albert Roig; Disperses (1994); Les aigües secretes (1997); Abelles i oblit (2006);La verdor i l’absent (2008);La inspiració i el cadàver (2010).Ha traduït amb altres l’antologia poètica Riba del Dessemblat (2005) del poeta brasiler Manoel de Barros.
LA NIT, LA CASA A noite, a casa Ben entrada la fosca, la claror
del rostre i la conversa
ens mantenia obertes
les parpelles que s’aclucaven.
Benvolent, la nit com un anell
ens arraulia mandrosa vora la taula.
Na recém chegada escuridão, a conversa e o brilho do rosto mantinham abertas as pálpebras que se apagavam.Benevolente, a noite como um anel se encolhia preguiçosa sobre a mesa.
Num vislumbre a cor do vinho brilhava em copos de noturnos desejos. O vinho deixava a imaginação mais rica e um riso contagiante interrompia as palavras.Além do caramanchão do terraço um céu profundo e estrelado se abria no meio da linha onde se espalhava a flor da paixão.Abaixo do canteiro: um jardim com grama e alfarrobeiras margeiam a piscina onde um campo de escuras laranjeiras respira sob um céu de azul transparente.
A besllum el color del vi glatia dins les copes fosquejants. El vi ens feia l’imaginar més ric i un riure foll i encomanadís ensentorpia la parla. Enllà de l’emparrat de la terrassa un cel fondo i estrellat s’obria entremig del filat on s’estirava la passionària. Baix el bancal: un jardí amb gespa i garrofers voreja la piscina on un camp de foscos tarongers respira sota la blavor transparent del cel.
Margeando o caminho que leva a casa existe um campo de luas e quatro fileiras de amendoeiras, por onde de vez em quando pode se ver a corrida, em zig-zag, de um coelho ou o andar altivo de um grupo de bem aparentadas perdizes. Em meio a bonança de um dia de verão você vai sentir os cheiros das folhas secas, o odor dos pinheiros e o suave perfume que exalam as rosas abertas.
Vora el camí que puja a la casa hi ha un camp de llunes amb quatre rengleres d’ametllers
per on de tant en tant pots guaitar la cursa en zig-zag d’un conill o el passar altiu d’un grup de perdius ben mudades. Enmig la bonança un dia d’estiu et vindrà l’olor dels
rostolls amb la flaire dels pins i el lleu perfum que exhalen les roses ja exhaustes.
Diário de 72 horas, 1984Datilografando, apenas datilografandoO telefone toca de lugares inespera-dos —o som do DDD chia muito nes- ses dias. Mensagens de trabalho e de amores antigos, muito antigos. Assim, em muitos momentos deste diário de 72 horas estive viajando por lá: Leblon, Ipanema, Copacabana, Flamen-go. Mas não quero olhar nada do que vejo, quero apenas frestear por pura curiosidade. Curiosidade mórbida.
É preciso um pouco de escracho pa-ra dar ritmo e tempêro ao dia a dia que domina, cega, nos enche de ilusões e por isso, seduz. Vamos mudar de foco? No céu, do fim do dia cai a tarde e pas- sam vozes de crianças. É tudo que vejo e ouço. O chiado continua, agora na minha eletrolinha portátil que despeja um som qualquer dos Rolling Stones. O telefone tilinta, enquanto a registradora deles, Stones, também tilinta. Nada é pior que entender que eles são agora como nossos pais, como diziam os antigos poe-tas baianos: estão no poder.
Chegando: luzes, ruídos, buzinas do discurso da cidade. Vermes que morrem
sob nossos pés e insetos queimados pe-las luminárias nos postes dos parques.
A cidade ficou longe dos olhos. Na-da de novo Os freios estão novos e o consumo normal. Em casa vou ficar de pés descalços ouvindo Beethoven ou Schumann e os mistérios do negror do mato ao redor. A noite desceu rápida como a cortina dos teatros antigos, en-quanto insetos ancestrais in-vadem ruidosos o meu espaço aéreo e etéreo. Olho pela vi-draça e o que tenho é o silên-cio noturno da mata que zela por mim. Nenhum extrater-ráqueo envia mensagens.
Aqui passa um outono bem simpáti-co e típico com temperaturas amenas, lufadas de vento que derrubam as fo-lhas das árvores. As chuvas são espar-sas, amigáveis e reconfortantes anun-ciando o frio que se avizinha. Olho a imagem do satélite no jornal e vejo as frentes frias sendo remetidas do sul do país: todos os dias e todas frias. O te- lefone toca, animado, mais uma vez.
Claudio Ferlauto
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Desenhado em abril 2014. Composto com as famílias tipográficas Chatype, Ubuntu, Bodoni, EHU.
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&# 05 Outuno 2014 Edição, tradução, designClaudio Ferlauto TextosRicard Martínez PinyolClaudio Ferlauto [email protected] qu4tro.com.br/[email protected]
Ampersand é a corruptela ou abreviação da afirmação and per se and,
ou seja, o & é por si mesmo um e.