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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE DANÇA
IV SEMINÁRIO DE PESQUISA DO PROGRAMA DE PÓS- GRADUAÇÃO EM DANÇA/UFBA
“Política em danç�:O esvaziamento crítico”
CADERNO DE RESUMOS
02 a 04 de Dezembro de 2013 Escola de Dança/ UFBA
IV SEMINÁRIO DE PESQUISA DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DANÇA/UFBA
“Política em danç�:O esvaziamento crítico”
CADERNO DE RESUMOS
Universidade Federal da Bahia
ReitoraDora Leal Rosa
Vice-reitorLuiz Rogério Bastos Leal
Diretora da Escola de DançaLeda Muhana Iannitelli
Coordenadora do Programa de Pós-Graduação de DançaLúcia Matos
Comissão Científica
Profa. Dra. Adriana BittencourtProfa. Dra. Daniela Amoroso
Profa. Dra. Fátima DaltroProfa. Dra. Fátima WachowiczProfa. Dra. Gilsamara Moura
Profa. Dra. Lúcia Matos
Comissão Organizadora
Gilsamara Moura (coord.)Daniela Amoroso
Lúcia Matos
Produzido com recursos oriundos do “Projeto de Qualificação do Programa de Pós-Graduação em Dança/UFBA, aprovado no edital 04/2013, Apoio a Programas de
Pós-Graduação Stricto Sensu, acordo Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior –CAPES e a Fundação de Amparo à pesquisa do Estado da Bahia - FAPESB.
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE DANÇA
IV SEMINÁRIO DE PESQUISA DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DANÇA/UFBA
“Política em danç�:O esvaziamento crítico”
CADERNO DE RESUMOS
02 a 04 de Dezembro de 2013Escola de Dança/ UFBA
Design Gráfico
Jacson do Espírito Santo
Editoração
Equipe da EDUFBA
Editores
Adriana BittencourtDaniela AmorosoLúcia Matos
Edição
PPGDança / Escola de Dança – Universidade Federal da Bahia Rua Adhemar de Barros, S/N. Ondina - Salvador
FICHA CATALOGRÁFICA
Seminário de Pesquisa do Programa de Pós-Graduação em Dança/UFBA (4. : 2013 : Salvador, BA).
Caderno de resumos [do] IV Seminário de Pesquisa do Programa de Pós-Graduação em Dança/UFBA, Salvador, BA, 02 a 04 de dezembro de 2013 / Adriana Bittencourt, Daniela Amoroso, Lúcia Matos, editores. - Salvador: UFBA, 2013.
57 p.
Tema: “Política em dança : o esvaziamento crítico”.ISSN 2316-9443
1. Dança - Congressos. I. Bittencourt, Adriana. II. Amoroso, Daniela. III. Matos, Lúcia. IV. Título.
CDD - 792.8
Apresentação
O IV Seminário de Pesquisa em Dança “Política em dança: o esva-
ziamento crítico” propõe a discussão de política em seus múltiplos
discursos, uma vez que o fazer crítico torna-se possível quando há
posicionamentos, ações, pensamentos e práticas plurais que ge-
ram contradições e tensionam os ambientes e as relações de poder.
Interessa problematizar a condição política da dança em suas relações
com os diferentes contextos.
O Seminário está organizado nas seguintes mesas temáticas:
Política em dança no contexto educacional; Política em dança no
contexto artístico e cultural; Política em dança e propostas trans-
disciplinares; e, Política em dança para a difusão e produção de
conhecimento.
Nesta edição temos a honra de recebermos para a conferência de
abertura o prof. Dr. André Lepecki, (New York University) com o tema
“Coreo-política e coreo-polícia: mobilização, performance e contes-
tação nas fissuras do urbano”.
Desejamos que este seja mais um espaço de compartilhamento de
conhecimento e de encontros.
Bom Seminário para todos.
Comissão Organizadora
Editorial
Nesta IV edição do Seminário de Pesquisa, a temática propõe refletir
sobre a condição da dança enquanto ação política a partir de pesqui-
sas e ações específicas que garantam sua sobrevivência como área de
conhecimento. Discutir sobre o “lugar e o papel” de uma política em
dança, sugere observar o entendimento de política em sua natureza
conceitual, para então se pensar em ações particularizadas com suas
distintas funções e setores que a representam. O viés, aqui apresen-
tado, propicia estimular questionamentos que se inserem na reflexão
crítica do próprio conceito como ação, uma vez que abre espaços para
discutir os modos pelos quais a dança, exercita sua construção crítica
diante de normas generalizantes e institucionalizadas com suas pri-
vilegiadas premissas calcadas no consenso. Será que a conduta para a
sua permanência se baseia numa construção cujo entendimento gera
replicações uniformizadas numa redoma dos pseudos acordos?
Parte-se do entendimento de que a crítica emerge pela diferença
e, portanto, ocorre nos agenciamentos que explicitam os acordos, as
congruências e incongruências dessa ação. As evidências da pluralida-
de de se pensar o próprio tema, é que faz desse Seminário um ambiente
abrangente e de complexidade. Assim, promove a percepção de modos
de negociações e posicionamentos a partir de inserções particulares e
coletivas no campo da dança, uma vez que expõe atuações profissio-
nais, características e pesquisas diversificadas como desempenhos que
podem gerar possibilidades de transformações para a área.
O IV Seminário “Política em Dança: o esvaziamento crítico” ofe-
rece a percepção de uma trajetória ao longo de quatro edições sobre
a importância da ação acadêmico-artística, que tem como mote a
produção de conhecimento em sua vertente diversificada, calcada no
pensamento contemporâneo de dança.
Este Caderno de Resumos agrega as palestras, comunicações, vin-
culados a projetos de pesquisa de professores de professores desta e de
outras Universidades que fazem parte do Seminário. Totalizam 47 co-
municações orais, 2 comunicações demonstrativas e 8 apresentações
de pôsteres resultantes de pesquisas PIBIC/PIBID, contando com um
público aproximadamente, de 200 pessoas. Aos participantes e autores
que contribuíram com suas pesquisas e ideias, nossos agradecimentos
e a expectativa de construção de um ambiente que se move pelos di-
versos modos de se pensar a dança.
Editoras
Resumos
CONFERÊNCIA DE ABERTURA: “Coreo-política e coreo-polícia: mobili-
zação, performance e contestação nas fissuras do urbano”
Prof. Dr. André Lepecki*
A conferência abordará de que modo “coreografia” pode ser usada
simultaneamente como prática política e como enquadramento teórico
que mapeia, de modo incisivo, performances de mobilidade e mobili-
zação em cenários urbanos de contestação. Tomando como ponto de
partida práticas artísticas que implicam diretamente as tensões sociais
que formam e performam as fissuras do urbano, minha proposta é que
tais práticas revelam coreo-policiamentos sutis que (pre)definem o
espaço urbano como imagem do consenso neo-liberal.
*Professor Associado no Department of Performance Studies, New York University. Doutor pela New York University (2000) é autor de Exhausting Dance: performance and the politics of movement (2006), traduzido atualmente em 9 línguas. Coordenador editorial das antologias, Of the Presence of the Body (2004); The Senses in Performance (com Sally Banes, 2007); Planes of Composition: dance, theory and the glob-al (com Jen Joy, 2009); e Dance (2012). Foi bolsista de pós-graduação das Fundações Gulbenkian e Luso-Americana; Investigador de Pós-Graduação no Instituto Nacional de Investigação Científica / Centro de Estudos de Sociologia, Universidade Nova de Lisboa. Em 2009 foi Fellow do Instituto de Altos Estudos “Interweaving Performance Cultures” na Freie Universität, Berlin. Palestras de destaque incluem: Gauss Seminar at Princeton University, Brown University, University of California Davis, University of California Santa Cruz, University of Basel, UFRJ, ISCTE, Museo Reina Sofia, Hayward Gallery, Haus der Kulturen der Welt, Berlin. Foi curador do festival IN TRANSIT, na Haus der Kulturen der Welt, Berlin em 2008 e 2009. Co-curador do arquivo Dance and Visual Arts, para a exposição MOVE: choreographing you, Hayward Gallery. Premiado pela Associação Internacional de Críticos de Arte (EUA) em 2008 por “Best Performance 2007” pela direção de “18 Happenings in 6 Parts” de Allan Kaprow. No segundo semestre de 2013, é Professor Convidado no Curso de Pós-Graduação da Escola de Comunicação da UFRJ, com uma bolsa CAPES/PVE.
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Proposta pedagógica da dança afro na Escola Municipal Malê DebalêAlexandra da Paixão Damasceno de Amorim & Haialla Pereira de Souza
No campo educacional, a lei 10.639 torna obrigatório o ensino da his-
tória e cultura africana. A Dança Afro é uma importante manifestação
artístico-cultural que valoriza a cultura negra e as matrizes africanas.
Existem alguns blocos afros em Salvador-BA, vinculados a escolas
municipais. Assim, o presente texto tem como objetivo identificar a
concepção curricular da Dança Afro no projeto político-pedagógico
(PPP) da Escola Municipal Malê Debalê. Trata-se de um estudo de caso
que utilizou da análise documental e entrevista para coleta de informa-
ções. Como instrumento de análise dos resultados utilizou-se a análise
de conteúdo. A proposta pedagógica da Escola Municipal Malê Debalê é
voltada para introdução de ritmos e movimentos corporais, conscien-
tização da cultura negra, símbolos e saberes elaborados e desenvolvidos
na quadra da sede do bloco. As aulas buscam valorizar a mulher e o
homem negro numa visão política, histórica e cultural. Atualmente
ocorrem duas vezes na semana a partir de demandas advindas dos
alunos aliando atividades coreográficas com experiências teóricas
interdisciplinares sobre temas que remetem a cultura negra. Conclui-
se que no PPP da Escola Municipal Malê Debalê há uma preocupação
que se materializa de aplicação do processo de ensino-aprendizagem
da história e cultura africana numa experiência vivida valendo-se da
Dança Afro como importante e principal estratégia didático-peda-
gógica para tratar sobre este conhecimento partindo desde um viés
físico-biológico do corpo até um viés sócio-histórico-cultural.
Palavras-Chave: Dança; Dança Afro; Currículo; Ensino Fundamental.
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Tanatológica na dança: reflexão sobre regeneração, degeneração e biopoder Ana Carolinha Frinhani Orientadora: Profa. Dra. Ludmila Pimentel
Tomando como referencia o texto “Tanatopolítica (O ciclo de Ghenos)”
do livro “Bios: biopolítica e filosofia”, no qual Roberto Espósito (2010)
discorre sobre a biopolítica nazi préviamente interpretada por Michael
Foucalt, reflete-se nesse artigo sobre uma possível tanatológica segui-
da pela dança em algumas instâncias. O que se propõe aqui é construir
um diálogo entre regeneração, degeneração e biopoder na dança e ain-
da pensá-la como uma estrutura mutável que se movimenta dentro
de uma conjuntunra específica, podendo passar por estados tanto de
exceção quanto de norma, desconstruindo-se e reconstruindo-se das
mais diversas maneiras possíveis.
Palavras-Chave: Tanatopolítica; Degeneração; Regeneração; Dança.
A restrição como condição de possibilidade de novas organizações Adriana Bittencourt & Aline Vallim
Esse artigo explora uma nova hipótese sobre a noção de restrição, ao
se tecer no âmbito do dissenso, quando a entende como condição de
possibilidade, distanciando-a de uma habitual aplicação calcada em
ações de controle e de limite. Tal posicionamento propicia uma tensão
quando reconhece seu emprego atrelado a domínio e inserido numa
lógica de mecanismos disciplinadores. É o corpo rendido às simula-
ções geradas nas relações entre informação e contexto, renunciando
a sua autonomia como tributo as hierarquias de poder. A restrição,
assim, tende a construir uma espécie de padrão em seus tratos pela
instrução, delineada na previsibilidade e na consequência, no requi-
sito de resultados prévios. Utilizada como estratégia de controle, se
configura via regras que regem condutas. Em outro viés, a restrição
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não se caracteriza como ação disciplinadora, mas como necessidade:
implicada na natureza dos fenômenos como uma evidência da pró-
pria existência. Sua condição de possibilidade se faz exatamente num
desdobrar de um continuum de seleções e adaptações, o que permite
compreende-la como possibilidade de outros modos de organização.
Nessa face, que se apresenta contrária em sua concepção, a crítica se
manifesta ao se distanciar de uma compreensão já estabilizada para
provocar a percepção da vinculação entre a aparência e a restrição. Não
se define e nem se limita as ações dos sujeitos, mas se apresenta como
característica de existência. Tem-se, aqui, uma ação política, pelo seu
caráter de oposição ao consenso, ao lançar um enunciado que emerge
pelo risco, já que se indicia subsidiado pelo anseio da transformação.
Palavras-Chave: Restrição; Possibilidade; Dança; Política.
Por uma poética da audiodescrição de dança: uma proposta para a cena da obra Pequetitas Coisas Entre Nós MesmosAna Clara Santos Oliveira. Orientadora: Profa. Dra. Fátima Daltro Campos de Castro.
A proposta surge como reflexão da pesquisa de Mestrado no que tan-
ge a problematização da condição política da audiodescrição de dança
(AD de dança) no contexto artístico e cultural brasileiro com ênfase
em dois aspectos. O primeiro, diz respeito à obrigatoriedade da AD de
dança nos espaços de arte/cultura como direito garantido pela legis-
lação brasileira direito este, ainda invisível na contemporaneidade. O
segundo refere-se às Normas Internacionais de Audiodescrição que
foram apresentadas na pesquisa como contraditórias e não específicas
para a dança, mas seguidas como regras universalizantes nos âmbitos
locais. A ideia é construir um pensamento crítico olhando para a lei
10.098 (BRASIL, 2000) para discutir a falta de cumprimento nos es-
paços de arte/cultura, bem como levantar discursos sobre as regras
estabelecidas nas Normas ainda aplicadas com fidelidade no Brasil. Para
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este aspecto, pretende-se partir de determinados conceitos enfocados
na pesquisa quanto à escrita do roteiro de AD de dança, através do
entendimento de recriação/transcriação de Campos (1992) e, das epis-
temologias do Sul de Santos (2002). A cena da obra Pequetitas Coisas
Entre Nós Mesmos (2011), do Grupo X de Improvisação em Dança,
que nutriu na busca de uma Poética da AD de dança para a construção
dos primeiros parâmetros no roteiro através do “Dicionário Laban”
de Rengel (2003), com a cocriação do público-alvo a partir do fazer
da dança, sobretudo do fazer improvisacional, permitirá pensar mais
profundamente acerca do que se pode denominar de uma política em
AD de dança.
Palavras-chave: Audiodescrição; Dança; Deficiência Visual; Cocriação.
Estética do acontecimento: corpo, intersemiose e risco como agente compositivoAnderson Marcos da Silva Orientadora: Profa. Dra. Adriana Bittencourt Machado
Neste artigo, pretende-se desenvolver relações entre conceitos da
termodinâmica de não equilíbrio e processos de criação em dança. A
partir da fundamentação na irreversibilidade do tempo e com a com-
preensão de que a instabilidade impulsiona a evolução dos sistemas,
a dança pode ser pensada como emergência em um espaço-tempo de
sucessivas (inter)semióses, visto que sua constituição seria resultante
de acordos provisórios entre corpo e ambiente em busca de metaes-
tabilidades. Quando não há a pretensão da previsão ou da repetição
nos processos criativos e as escolhas estéticas e políticas se dão de
forma contextual, o caráter autorreferencial do signo estético é poten-
cializado, de modo que a obra se torna, explicitamente, signo de si e
fenômeno. Tais referenciais permitem concluir que, nas configurações
em que as coerências são criadas em tempo real, o risco pode se tornar
agente compositivo. Nestes casos, a dança parece se afastar dos códi-
gos e dos modelos pré-estabelecidos e poderia se configurar como um
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acontecimento, já que a experiência estética é construída por tensões,
negociações e contaminações temporárias entre os diferentes sistemas
de signos que a constituem.
Palavras-Chave: Dança; Estética; Intersemiose; Risco.
O ensino da dança na Escola Municipal Malê Debalê (Poster)Andréia Soares & Bruno de Jesus Orientadora: Profa. Ms. Virgínia M. S. Rocha
Este relato de experiência refere-se ao trabalho desenvolvido no ano
de 2012 pelos discentes da UFBA e bolsista do Programa Institucional
de Bolsas de Iniciação a docência – PIBID Dança/ UFBA. Teve como
local de trabalho e estudos a Escola Municipal Malê Debalê, realizado
com crianças de idades entre 04 e 13 anos. Os bolsistas partilharam
experiências de dança, relacionando com as interferências e modifi-
cações que a dança pode reverberar no corpo, biopsicossocial, sob a
supervisão da docente Maira Di Natale e da Coordenação da professora
Virgínia M. Suzart Rocha/UFBA.Um dos focos da pesquisa dos bolsistas
realizada neste espaço escolar é despertar nestas crianças a consciência
corporal desta anatomia humana assim como as reverberações que as
ações destes corpos interferem, modificam e colaboram com o meio
social. Utilizando metodologia dialógica e participativa, tendo como
base pedagógica para o desenvolvimento e coerência do processo, teo-
rias do educador Paulo Freire, dentre outros autores que corroboraram
com a pesquisa. Tivemos como resultados importantes desta pesquisa
a percepção da importância do planejamento dialógico para prática
docente, a necessidade de buscar autores que contribuam para desen-
volvimento da pesquisa; percebemos também que as crianças tinham
um sentimento de pertencimento a um grupo e “empoderamento”
quando percebe que é inteligente e produz cultura, dentre outros
resultados.
Palavras-Chave: Corpo; Dança; Educação.
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Condições (in)visíveisBruna Roncari Orientadora: Profa. Dra. Gilsamara Moura
Este artigo apresenta conexões transitórias entre conceitos, ações e
fragmentos de diálogos produzidos em laboratórios teórico-práti-
cos, realizados com outros alunos do Mestrado em Dança da UFBA.
Aponta algumas oposições – ser/ter, visível/invisível, homem/mulher
– como pontos de tensão de condições de existência subjetiva. Alude
ao devir-mulher como linha de fuga, e a estratégias de envolvimento
em processos criativos como possibilidade de desestabilização dessas
posições, buscando outras visibilidades, formas de ver/ouvir/tocar a
dança, e abrindo acesso mutuo entre corpos.
Palavras-Chave: Visível/Invisível; Devir-Mulher; Potências de Ação.
Filosofia e artes performáticasCarmen Paternostro
Numa reviravolta de perspectiva assinalo com esse resumo um desejo
de abordar o problema do esvaziamento crítico através do reencanta-
mento da crítica. A revitalização da produção crítica como elemento
propulsionador seria o ponto de partida. Em muitas ocasiões o objeto
da crítica deixa de ser um sistema organizado para ser apreciado e pas-
sa para uma categoria inferior sujeitado a enxurradas de associações
de materiais semânticos manipulados por excessiva subjetividade. O
advento de experiências pós-modernas trouxe a perspectiva de se tra-
balhar na cena refletindo critica e intermediamente, democratizando
e reencantando a critica para uma análise que reconhece a necessidade
de olhares múltiplos. O olhar crítico reencanta-se no espírito da ma-
téria contemplada.
Palavras-Chave: Crítica; Reencantamento; Subjetividade; Pós-Modernidade.
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O problema mente-corpo e algumas de suas implicações políticas e sociaisCharlene Simão Orientadora: Profa. Dra. Lenira Peral Rengel
O presente artigo estabelece uma relação entre o dualismo que sepa-
ra corpo e mente e algumas de suas reverberações políticas e sociais.
Inicialmente, aborda como um problema ontológico a divisão cor-
po-mente. Através dos estudos do filósofo Paul Churchland explica
essa divisão, por meio de teorias dualistas da mente como o dualis-
mo de substância e o dualismo de propriedade. Investiga os primeiros
vestígios da separação corpo-mente e chega à conclusão de que esse
dualismo é aceito pela maioria das pessoas, por motivos religiosos ou
não. Em seguida, o trabalho investiga quais implicações políticas e so-
ciais que o problema ontológico corpo-mente pode gerar. Para isso,
traça um paralelo entre alguns aspectos dos conceitos de Biopolítica
e de Tanatopolítica, discutidos a partir do filósofo Roberto Esposito e,
a desvalorização de um corpo apartado de sua mente. Analisa tam-
bém de que modo a divisão corpo-mente reverbera em outros modos
dualistas de entender o corpo utilizando textos de Cristine Greiner e
Denise Najmanovich. Por fim propõe que, por meio de estudos cogni-
tivos, que entendem mente e corpo sempre como composição de um
organismo, será possível não apenas superar o dualismo corpo-mente
como repensar e modificar suas implicações políticas e sociais.
Palavras-Chave: Dualismo; Corpo-Mente; Política; Sociedade.
A atuação do PIBID/Dança em escolas da rede pública de SalvadorClarice Contreiras
Este artigo relata a experiência das atividades do PIBID-Dança em cin-
co escolas da rede pública de Salvador. O Programa Institucional de
Bolsas de Iniciação à Docência, instituído pelo Ministério da Educação,
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por intermédio do SESu - Secretaria de Educação Superior, da CAPES
- Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior - e do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação
- FNDE, promove uma articulação entre a educação superior (licen-
ciaturas) e as secretarias estaduais e municipais de educação a favor
da melhoria do ensino nas escolas públicas de todo o país. O programa
possibilita a inserção e o contato do licenciando nas escolas da rede
estadual e municipal de ensino. O sub-projeto “Arte Fora dos Muros
da Escola: educando o olhar” criado em 2010 sob a coordenação da
professora Mestra Virgínia Maria Suzart Rocha, tem como foco a ati-
vidade sistemática de apreciação estética e a inserção da Dança como
prática educacional para os educandos do ensino fundamental e médio
das escolas envolvidas. A metodologia utilizada neste relato é o estudo
qualitativo, de natureza exploratória e descritiva visando o registro das
atividades realizadas nas escolas. O projeto PIBID eleva, questiona e
redimensiona a qualidade de ensino oferecido aos educandos da rede
pública de ensino e a prática dos educadores das escolas envolvidas.
Portanto, a reflexão sobre as ações da supervisão nas escolas favorece
a importante articulação teóricoprática, a formação dos licenciandos,
a prática docente e o aprendizado escolar além de contribuir para a
inserção da dança como área de conhecimento.
Palavras-Chave: Dança; Formação Profissional; Educação; PIBID.
Artista-obra-público: reflexão, discurso e visibilidade na dança contemporâneaClaudia Góes Muller (UFU)
Ao longo do processo de HELP! I need somebody, trabalho artístico da
autora, estreado em 2013, um físico apontou: - Este espetáculo deveria
estrear no mundo quântico. Ao que acrescentou: - á foi comprovado
que, no mundo das partículas (moléculas, átomos e partículas subatô-
micas), não há como observá-las sem interferir em sua composição e
organização. Em dado momento de HELP!, o público ocupa o lugar de
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crítico, durante o chamado S.A.E. (Serviço de Atenção ao Espectador),
com o intuito de refletir sobre o espaço de partilha e crítica do espec-
tador. No presente artigo, pretendo discutir as políticas do encontro
e de participação presentes na interseção obra-público-artista em
dança contemporânea: de que modo a produção artística neste campo
torna-se (in)acessível ao público e como considerar, no processo e na
construção da obra, os seus próprios modos de visibilidade e de cons-
trução de discurso crítico.
Palavras-Chave: Público; Dança Contemporânea; Discurso Crítico; Compartilhamento.
Improvisação em dança: padrão como sobrevivência, memória como atualização, ruptura como desafioClaudinei Sevegnani Orientadora: Profa. Dra. Fátima Daltro
A improvisação pode ser entendida como um sistema evolutivo onde
se operam processos de troca e de transformação de informações en-
tre corpo e ambiente que a fazem evoluir na duração do tempo. As
memórias são um dos substratos de atualizações e refazimentos de
movimentos, constituindo espaços de pesquisa para compreender
que o que dançamos hoje não é resultado de um progresso – no senti-
do de melhoria, portanto, carregado de aspectos de valoração –, mas
sim no sentido de evolução, quando não existe uma noção de meta a
ser atingida, e sim de processos que acontecem ao longo do tempo e
que permitem transformações. A improvisação, numa perspectiva de
processo evolutivo, encontra na memória sua base de continuidade e
de permanência. A ruptura de padrão instaura possibilidades de so-
brevivência através de ações reflexivas e críticas sobre os modos de
constituição da improvisação e das memórias do corpo.
Palavras-Chave: Improvisação em Dança; Memória; Psicologia Cognitiva; Processos Evolutivos.
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Experimentando a alteridade na cópia em danças populares brasileiras.Daniela Maria Amoroso
Esse trabalho é proposto em formato de comunicação demonstrativa
que tem como objetivo problematizar o entendimento de memória
corporal a partir da cópia de passos de danças populares brasileiras.
A questão em jogo, ou seja, da cópia como procedimento, tensiona a
necessidade da pesquisa de campo geralmente assumida como meto-
dologia para as criações em danças brasileiras. O que aconteceria se
criássemos a partir de imagens? A reflexão crítica sobre o pertenci-
mento, experiência, alteridade e legitimidade do intérprete vem à
tona. A alteridade na dança pode sim ser experimentada pela citação
e pela cópia (Launay, 2012), de modo que quando tentamos copiar
um passo, jeito de dançar, modo de fazer, técnica de corpo (Mauss)
estamos em alteridade ao experimentar o gesto do outro. E, quando
propomos trazer a cópia/citação para a cena, tratamos de memória re-
significada e que assume em cena os seus próprios desvios e limites.
Nesse sentido, a noção totalizadora de memória e de identidade é de-
sestabilizada no processo de busca em ‘ser o outro’ através da cópia e
revela a memória como fluxo de interpretações. Metodologicamente,
os vídeos serão exibidos como modo de apreensão das techniques du
corps (Mauss) e a cópia e/ou citação pretende ser realizada em tempo
real a partir de extratos de vídeo dessas mesmas danças.
Palavras-Chave: Cópia; Alteridade; Memória; Imagem; Danças Populares.
Jogo como dispositivo de profanação – uma articulação de princípios para prática da dança.Denise Torraca Soares Orientadora: Profa. Dra. Lenira Peral Rengel
Para discutir política em dança, optou-se por abordar aspec-
tos que integram mecanismos de ação do palhaço e que vem sendo
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problematizados no contexto da pesquisa acadêmica e artística em
dança. Ao considerar a capacidade de jogar como um princípio de ação
na palhaçaria se articula o conceito de profanação de Giorgio Agamben
(2007), no qual o jogo é integrado à discussão como uma nova dimensão
do “uso” que especialmente as crianças conferem a humanidade. De
tal modo, a potência política do palhaço está no exercício de alterida-
de implicado em sua prática, que se desenvolve a partir da capacidade
de jogar com aquilo que, em geral, tornamos socialmente indisponí-
vel. Potência, no entanto, é aqui compreendida como capacidade de
agir, de afetar e ser afetado pelo outro (KÁSPER, 2004). A prática des-
tes princípios no processo artístico em dança pode contribuir para o
questionamento de valores – ou padrões – que se propagam indiscri-
minadamente atuando num plano político muito sutil.
Palavras-Chave: Profanação; Potência Política; Dança.
Política, dança e o esvaziamento da críticaFabiana Dultra Britto
Pensar a política em dança é pensar suas condições de resistência à
força reiterativa das hegemonias constituídas e suas armadilhas de
apropriação do pensamento critico pela inversão dos polos de refe-
rência combativa (Rancière). Esse artigo se propõe a refletir sobre a
situação acrítica por que passa a institucionalização dos sistemas de
produção artística e teórica em dança, tomando a relação da dança
com a universidade como sintoma do que chamaremos de parado-
xo da coplasticidade – que tanto expressa o triunfo da cientificidade
como valor artístico quanto a ascenção da categoria estética como
parâmetro de qualificação científica – ressaltando a responsabilidade
da pesquisa acadêmica como fator dissensual aos modismos, capaz de
desestabilizar discursos hegemônicos, consensuais e homogeneizantes
responsáveis pela manutenção do status quo, próprios aos contextos
apaziguados.
Palavras-Chave: Política; Dança; Dissenso; Crítica.
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Políticas culturais e mecanismos de fomento e a Dança na BahiaFabio Luis Oliveira Monteiro Orientadora: Profa. Dra. Gilsamara Moura
O artigo proposto tem por objetivo fazer reflexões sobre as políticas
públicas para a dança, desenvolvidas pelo Governo do Estado da Bahia,
no período de 2007 a 2010, que corresponde ao primeiro mandato
do Governo Jaques Wagner. Serão exploradas, para tanto, os estudos
sobre o entendimento de Cultura e de Políticas Públicas dos pesqui-
sadores Isaura Botelho, Teixeira Coelho e Alexandre Barbalho, para, a
partir destes, encontrar pontos de tensão entre o que se entende por
política pública e as diretrizes e ferramentas governamentais que fo-
ram postas em prática. A partir do levantamento bibliográfico feito
dentro do PPGDança, este artigo irá relacionar estudos sobre Cultura
e Políticas Culturais num viés crítico e colaborar com a pesquisa que
o autor está desenvolvendo no Mestrado Acadêmico em dança, onde
busca trazer à tona relações sobre as implicações que os mecanismos
de fomento para a cultura, e mais especificamente para a dança, nos
processos criativos. O autor acredita que as políticas culturais podem
limitar o trabalho de criação dos artistas comprometendo os processos
criativos e, por consequência, as obras.
Palavras-Chave: Dança; Cultura; Políticas Públicas; Editais.
Grupos de Dança em Salvador: mapeamento de grupos profissionais, amadores e de seus modos organizativos Bolsista IC: Fabio Santos Silva Orientador: Profa. Dra. Lúcia Matos
O presente estudo, com foco num levantamento de grupos profis-
sionais e amadores de dança em Salvador, refere-se a pesquisa de
Iniciação Científica (PERMANECER - PROAE-UFBA) vinculada ao
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projeto “Cartografias de micro e macropolíticas da dança em Salvador:
mapeamento dos campos da produção artística e de formação” coor-
denado pela profa. Dra. Lúcia Matos e desenvolvido no âmbito do grupo
de pesquisa PROCEDA – Processos Corporeográficos e Educacionais
em Dança. Tem como objetivo realizar a primeira etapa de um levan-
tamento dos agentes da dança (grupos profissionais e amadores) que
atuam em Salvador, selecionado um grupo para análise de seu modo
de organização. Para tanto, nesta fase da pesquisa, aplicaremos um
formulário visando a coleta de dados para a criação de um cadastro
dos agentes da dança atuantes no campo artístico no município de
Salvador. A partir desse panorama, escolheremos um desses grupos
identificados para analisar sua forma organizativa. Assim, espera-se
conhecer a particularidade desse grupo de dança e articular esse cená-
rio com discussões sobre o campo de atuação das políticas culturais e
educacionais para a Dança.
Palavras-Chave: Dança; Salvador; Grupos; Mapeamento.
Investigando possibilidades de criação: experiência entre o Grupo X de Improvisação em dança e as lavadeiras do Alto das PombasFatima Daltro & Maria Carolina Leite
Esta comunicação tem como escopo investigar os processos de criação
da obra “No Jardim de Fulaninhas”, a partir da análise das estratégias e
jogos coreográficos utilizados pelo grupo x de improvisação em dança
junto ás mulheres da lavanderia de Alta das Pombas. Investiga e ex-
plora os assuntos do cotidiano social para a criação de poéticas para
dança aproveitando a ambiência local. O espaço é observado do pon-
to de vista de sua construtibilidade e de sua inerente mobilidade ao
sofrer a intervenção do corpo/movimento. No jardim das fulaninhas,
perguntamos... o que do outro nos afeta e como o afetamos? Como o
corpo aproveita, elimina e transforma algumas ideias que foram sen-
do criadas “juntas” e que servem de ações para a composição em/de
23
dança? A obra supracitada propõe a criação compartilhada, observado
a tríade espectadores, obra e artista, das tensões e intencionalidades
que são criadas através das relações espaço temporais entre eles e que
são aproveitadas como mote durante a cena. Para falar das relações es-
paços temporais e dança, dialogaremos com Lucrécia Ferrara (2010) e
Laurence Louppe (2012), estabelecendo pontes com as discussões so-
bre o autor, salientadas por Foucault (1999), bem como a possibilidade
de abertura e posicionamento crítico do espectador sob o ponto de vis-
ta de Ranciérè (2010).
Palavras-Chaves: Espaços Urbanos; Autoria e Coautoria; Grupo X de Improvisação em Dança.
A Dança e as estratégias cognitivas no vídeo-instalação ‘E você, vê?’ Fatima Wachowicz, Aline Amado & Clara Matos Orientadora: Profa. Dra. Fatima Wachowicz
O presente trabalho faz parte do projeto de pesquisa ‘Investigações
cognitivas em práticas criativas’, vinculado à Linha de Pesquisa
Experimental em Estudos Cognitivos do Movimento, Grupo
Corponectivos, da Escola de Dança da Universidade Federal da Bahia.
A pesquisa investiga processos criativos cênicos em dança aliados aos
estudos da psicologia cognitiva e neurociências. Propõe-se o estudo
das interfaces entre a dança e o campo das ciências cognitivas para
ampliar as estratégias de análise e conhecimento da maneira como
movimentos humanos são processados. A pesquisa teórico-prática le-
vou a realização e filmagem da performance, ocorrida no campus da
UFBA – Praça das Artes, tendo como resultado o vídeo-instalação “E
você, vê?”. O experimento revisita o efeito bystander (Latané & Nida,
1981; Davidoff, 2001) e o “efeito corda invisível”, estudos procedentes
da psicologia cognitiva (Matlin, 2002; Matlin & Foley, 1997), propondo
novas reflexões aos estudos da área de dança. Destacam-se conteúdos
trazidos por Latané e Nida (1981), e por Davidoff (2001), que abordam
24
a conformidade social e analisam as reações das pessoas quando se está
diante da necessidade do outro em alguma situação de emergência. Em
outro momento foi realizada a performance do “efeito corda invisível”,
que revela que o cérebro humano faz inferências sobre as informações
processadas, levando o observador a confiar na existência de um ob-
jeto, através do comportamento e atitude do outro. O experimento do
vídeo-instalção “E você, vê?” investiga a percepção do público que
interagiu no processo da filmagem da performance, concluindo o tra-
balho que posteriormente foi apresentado no Painel Performático da
Escola de Dança/UFBA em março/2013 e em agosto/2013.
Palavras-Chave: Corpo; Vídeo-Instalação; Percepção; Cognição.
Tensões políticas na discussão entre tradição e contemporaneidade sobre o fazer da dançaFernando Davidovitsch Orientadora: Profa. Dra. Lenira Peral Rengel
O presente artigo é parte de uma pesquisa acadêmica sobre o trabalho
artístico-coreográfico “Rikud Vira-Lata” (Rikud significa dança, em
hebraico), de autoria própria. Propostas de investigações sobre novos/
outros modos de fazer a dança israelita, visando possibilidades dialó-
gicas entre tradição e contemporaneidade, foram ideias motoras para o
processo investigativo artístico neste trabalho de dança. Tal obra core-
ográfica, que já vem sendo apresentada há dois anos, tem encontrado
grande dificuldade de inserção nos ambientes onde se produzem dança
israelita, não conseguindo acessar o público apreciador desta expres-
são de arte. Identifica-se nesta situação uma política de imunização
nestes lugares onde acontecem os eventos e festivais relativos a esta
forma de expressão de dança. Assim, este texto coloca em evidência
como as atitudes político-críticas na dança estão implicadas tanto em
grupos sociais que valorizam nas tradições populares o grau de preser-
vação em seu modo de fazer, quanto em outros grupos que propõem
trabalhar com tradições populares, tendo como foco o diálogo deste
25
fazer na contemporaneidade. Serão observadas as tensões geradas en-
tre ambos os grupos e como as decisões de cada um deles são soluções
político-críticas que, a partir de seus respectivos pontos de vistas, vão
em defesa das danças tradicionais e os seus fazeres coreográficos
Palavras-Chave: Políticas do Chão; Imunização; Contemporaneidade; Danças Tradicionais.
Human Connection Project/Dança-UfbaGilsamara Moura
Tomando como ponto de partida a noção de “bios midiático” (Sodré,
2002), a presente proposta procura refletir acerca da informação
enquanto disseminadora de experiências e ações, não reduzindo a
comunicação a uma visão midiacêntrica, porém tendo seu enfoque
voltado para as questões da sociabilidade. Nesse sentido, espaciali-
dade e corporalidade integram o panorama das relações intertextuais
(Ferrara, 2008) levando em conta a utilização de diferentes mídias. A
proposta desta pesquisa é observar a espacialidade e a corporalidade
seguindo os fundamentos teóricos dos autores citados, tendo como es-
tudo de caso o Human Connection Project/ Dança- UFBA, como célula
de um projeto maior, organizado em parcerias, envolvendo a princípio:
um professor especialista em estudos interculturais da Universidade de
Harvard; uma pesquisa de pós-doutoramento; 11 universidades bra-
sileiras; uma videoartista; e uma equipe de comunicação. Durante 12
meses de pesquisa e experimentação podemos indagar que os estudos
da espacialidade e da corporalidade constituem o que Sodré (2002:258)
aponta como a práxis (teoria e prática integradas) do pesquisador, en-
trelaçando conhecimento e imaginação criativa não apenas como algo
concebível, mas também socialmente realizável.
Palavras-Chave: Espacialidade; Corporalidade; Human Connection Project.
26
Da visibilidade à hegemonia no campo da dança contemporâneaGiltanei Amorim Paes Orientadora: Profa. Dra. Jussara Setenta
O desenvolvimento da dança enquanto área de conhecimento tem soli-
citado a artistas, estudantes e pesquisadores o aprofundamento crítico
de diversas questões que emergem na atualidade. Ao pensar sobre os
ambientes de legitimação da dança, os programas de financiamento
para sua produção e difusão, os mercados de trabalho e a relação que
estes tecem com os agentes da dança (artistas, produtores, críticos,
curadores, etc.) torna-se fundamental atentar para as reverberações
políticas que surgem de tais negociações. Diante dessa realidade, essa
pesquisa, em desenvolvimento junto ao Programa de Pós-graduação
em dança, sob orientação da professora Drª Jussara Sobreira Setenta,
pergunta como a busca por visibilidade pelos artistas do campo da
dança contemporânea têm gerado ambientes que tendem a pensa-
mentos hegemônicos, contrariando paradigmas contemporaneos que
dizem respeito à heterogeneidade de saberes e fazeres.
Palavras-Chave: Visibilidade; Mercado; Dança Contemporânea; Hegemonia.
M’bolumbümba: a Capoeira Regional sob uma perspectiva contemporâneaGuilherme Bertissolo & Lia Gunter Sfoggia
Esta apresentação enfocará a pesquisa experiencial sobre a articula-
ção entre movimento e música em m’bolumbümba: entre o corpo e
o berimbau, uma obra de dança e música realizada colaborativamen-
te pelos autores. A pesquisa que resultou nessa composição enfocou
um contexto onde movimento e música não são categorias concei-
tuais distintas: a Capoeira Regional. Partimos de uma noção de corpo
que compreende a dança como um ambiente relacional, nutrido pelo
diálogo contínuo e aberto com seu contexto. Através da imersão no
27
universo da Capoeira Regional, pudemos estabelecer uma série de di-
álogos com sujeitos e ideias, que mediaram inferências no domínio
da experiência. Foram formalizadas quatro noções de um arcabouço
conceitual, que veiculou aspectos de movimento e música em uma
articulação complexa, e possibilitou a criação do universo poético
do espetáculo: ciclicidade, “incisividade”, circularidade e “surpre-
endibilidade”.Discutiremos os desdobramentos que possibilitaram
a incursão formal da pesquisa recentemente concluída no âmbito de
Doutorado no Programa de Pós-Graduação de Música da Universidade
Federal da Bahia. Partiremos de noções como a aplicação de metá-
foras conceituais e esquemas imagéticos baseados na experiência do
corpo (mente incorporada e cognição), bem como a Análise Laban/
Bartenieff de Movimento e discussões acerca do corpo contemporâ-
neo. Abordaremos a obra m’bolumbümba: entre o corpo e o berimbau,
como uma resposta ao campo de possibilidades criativas oriundas da
experiência no contexto pesquisado, onde os conceitos foram aferidos,
possibilitando a mobilização de ideias, materiais e processos relacio-
nados ao contexto da Capoeira Regional.
Palavras-Chave: Composição; Capoeira; Sistema Laban/Bartenieff de Análise do Movimento.
“Entre” a ação e a indignação: por uma biopolitca corpomídiaIara Cerqueira Linhares de Albuquerque
Esse artigo propõe refletir a questão autoral nas redes digitais a partir
da Teoria corpomídia e das leituras aos autores Manuel Castells, Nikolas
Rose e Paolo Virno nos processos criativos no mundo onoff line. Os
mecanismos utilizados na internet para a circulação de informação,
e espaço de produção de conexões múltiplas e mestiças, instigam a
reflexão sobre os processos criativos. Ações em dança de forma com-
partilhada estimulam discursos e manifestações, ampliam caminhos
e intersecções na qual articulações geram novas compreensões des-
sas relações virtuais. Parece existir uma paridade na organização das
28
manifestações e nos processos de criação em rede ao buscarem um “en-
tre” lugar capaz de gerar possibilidades de existência e atuação como
aspectos constitutivos nas relações pontuais e provisórias que carac-
terizam a dinâmica nos processos evolutivos. Mas como não se tornar
imune num universo coletivo, em expansão e com códigos próprios de
comunicação? A hipótese é a de que ao discorrer corpomídia como uma
biopolítica de resistência o corpo nada mais é do que uma manifestação
do tipo de comunicação em curso com os ambientes, consequente um
pensamento ao mesmo tempo de participação e colaboração. O obje-
tivo é pensar o autor nesse “entre’” lugar, capaz de deflagrar ações e
constituir movimentos enquanto fluxo de conexões e associações em
correlações permanentes. O diálogo que se propõe entre arte e ciên-
cia visam a estender e ampliar o entendimento sobre criação em redes
digitais como um fenômeno complexo que se apresenta com suas es-
pecificidades, ampliando-se o discurso nesse campo e fortalecendo de
maneira estratégica sua continuidade.
Palavras-Chave: Corpomídia; Biopolítica; Rede; Processos Criativos.
A dança no ensino não formal em Salvador: o cenário das academias de Dança e suas propostas metodológicasIdaiane Moraes Gonçalves Orientadora: Profa. Dra. Lúcia Matos
Este um subprojeto faz parte da proposta marco “O Mapeamento dos
campos artísticos e de formação em Dança: O município de Salvador”,
coordenado pela Professora Lucia Matos e desenvolvido no âmbito do
PROCEDA. Esta pesquisa de Iniciação Científica, que ora encontra-se
em fase inicial, visa realizar um levantamento preliminar das acade-
mias de dança de Salvador e, posteriormente, selecionar três unidades
de análise para que se possa verificar suas propostas artístico-educa-
tivas e metodológicas, bem como verificar a presença de profissionais
de Dança formados pela Universidade. Para tanto, usaremos como
29
aporte teórico autores como Strazacappa (2006), Marques (2003) e
Matos (2005), que abordam de forma geral o ensino da dança no âmbi-
to formal e não-formal.
Palavras-Chave: Dança; Salvador; Mapeamento.
Dança contemporânea e a produção do informe como processo anti-hegemônico?Isaura Tupiniquim Orientadora: Profa. Dra. Fabiana Dultra Britto
Este trabalho pretende discutir os conceitos de heterogeneidade, ho-
mogeneidade e informe a partir do autor Georges Bataille, a fim de
observar a ocorrência destes na produção contemporânea em dan-
ça. Como parte de uma pesquisa sobre os processos transgressores da
dança, esse estudo vem colaborar com a compreensão das escolhas
e suas implicações na produção estética e de conhecimento na dan-
ça contemporânea como processo anti-hegemônico. O heterogêneo,
nesse sentido, não seria nem positivo, nem negativo, mas aquilo
que no processo de homogeneização da produção da arte surge por
excrescências, secreções - o informe. As propostas de dança contem-
porânea se dão em grande parte no campo discursivo atravessadas por
conceitos e atualizados ao seu contexto, assumindo a condição teóri-
ca de produzir questões e crítica. Nesse sentido é possível recorrer a
conceitos como heterogeneidade, numa estratégia de abordagem da
diferença e singularidade dos corpos como forma subversiva de atu-
ação, em contraposição a práticas homogeneizantes da dança. Sendo
assim, como a dança contemporânea tem tangenciado esses conceitos
na sua produção estética – discursiva? E considerando a transgressão
poderíamos apontar a relação entre o conceito de forma/informe ba-
tailliano e a atual política em dança?
Palavras-Chave: Dança Contemporânea; Heterogeneidade; Informe.
30
A cinesfera de Laban e a dança na formação do psicopedagogo: espaço de autonomia do corpoIvana Bittencourt Orientadora: Profa. Dra. Lenira Rengel
O presente estudo visa apresentar as contribuições da Dança na for-
mação do psicopedagogo por meio da Arte do Movimento de Laban,
dando ênfase à Cinesfera. Entenda-se Cinesfera como o espaço que nos
envolve, onde acontece o movimento e como lugar de concepção de
mundo, de reflexão, de ação – (RENGEL, 2003). A partir de encontros,
realizados com um grupo de estudantes do curso de Psicopedagogia da
Faculdade São Bento da Bahia, nos quais a “dança de Laban” é parte
do processo crítico-mediador, verifica-se suas percepções na rela-
ção corpo, espaço e movimento. Por meio disso o artigo busca refletir
sobre a Cinesfera na formação do psicopedagogo como lugar de auto-
nomia e liberdade do movimento, do entendimento/ação do corpo; na
autoria do pensamento (FERNANDEZ, 2001); nas ações motivadoras de
uma aprendizagem crítico-reflexiva (NEWLOVE e DALBY, 2011), que
satisfazem uma necessidade, um desejo (PRESTON-DUNLOP, 2008) e
os vínculos produzidos na apreensão do conhecimento (VISCA, 2010).
Palavras-Chave: Dança; Cinesfera; Psicopedagogo; Aprendizagem Crítico-Reflexiva.
A Dança e sua articulação em rede no município de SalvadorJacson do Espirito Santo Orientadora: Profa. Dra. Lúcia Matos
Esta pesquisa tem como objeto de análise a identificação das instâncias
de representação da dança e articuladores no município de Salvador,
tendo como foco as redes, associações, fóruns e suas atuações na cons-
trução de políticas públicas para a Dança. Essa pesquisa está vinculada
a pesquisa coordenada pela professora Lúcia Matos, a qual visa mapear
os campos de formação e de produção artística da Dança, em Salvador.
31
Pretende-se identificar em Salvador as diferentes configurações de or-
ganizações socioculturais, redes, associações e agentes culturais que
atuam na área da Dança, tanto no campo da educação quanto da pro-
dução artística. Entender as articulações desses artistas/profissionais,
o perfil desses representantes, suas práticas e formas de articulação é
um dos objetos dessa pesquisa. Sendo assim, não se trata de um ma-
peamento estanque para a identificação de formas de organzação da
sociedade civil e de seus potenciais ativismos políticos, pretende-se
contribuir para o entendimento ampliado sobre a atuação transdisci-
plinar e de natureza colaborativa dessas organizações e como se tecem
suas ações nos campos educacioanis e da produção artística em Dança.
Palavras-chave: Dança; Arte e Educação; Política Cultural, Redes Colaborativas
Movimento: repensar o termo para readequá-lo para estudos atuais em dançaJussara Braga Bastos Orientadora: Profa. Dra. Lela Queiroz
O presente artigo busca apresentar o movimento como elemento cen-
tral de discussão. Com as recentes descobertas das ciências cognitivas
sobre como o corpo aprende, conhece e age no mundo, pretendemos
aqui apresentar como o conhecimento é construído na experiência e
de modo único a cada corpo através do movimento. Para isso teremos
como base o entendimento de embodiment, que leva em consideração
que a cognição tem seu início no e pelo corpo, a noção de corporaliza-
ção de Clélia Queiroz (2011) e entendimento de percepção-ação de Alva
Nöe (2004), tecendo relações com a dança. Assim, buscamos eviden-
ciar a necessidade de rever o entendimento tradicionalista do termo
“movimento” para se discutir dança atualmente no intuito de fazer
entender que movimentos intrínsecos do organismo, não vistos a olho
nu nem demarcados com um início, um meio e um fim, também são
movimentos. Discutiremos aqui uma modificação de entendimento do
32
termo que provoca mudanças políticas na compreensão de corpo e os
desdobramentos de suas relações com a dança.
Palavras-Chave: Dança; Movimento; Corporalização/Embodiment. Processos Cognitivos; Percepção-Ação.
Canônicas metamorfoses da área de conhecimento DançaLígia Maria Louduvino Martins (ULBRA) Orientadora: Anette Lubisco Lopes (ULBRA)
A consolidação da Lei de Diretrizes e Bases 9394/96 e a implementação
dos Parâmetros Curriculares Nacionais, no que diz respeito ao ensino
das artes, foram fatores preponderantes na legitimação das linguagens
artísticas, principalmente cênicas, na escola. A presença da dança no
currículo escolar culminou na necessidade de professores com forma-
ção específica para ministrar esta disciplina, impulsionando a criação
de mais licenciaturas em dança. O Programa de Apoio a Planos de
Reestruturação e Expansão das Universidades Federais – REUNI na
útima década possibilitou um novo momento de expansão do ensino
superior federal. O objetivo geral deste artigo foi contextualizar a for-
mação em dança no ensino superior do Brasil. Os objetivos específicos
foram mapear os cursos existentes, analisar a legislação e contextua-
lizar as disciplinas específicas de dança. Como metodologia adotou-se
uma pesquisa bibliográfica e qualitativa. Averiguando pressupostos
das Diretrizes Curriculares Nacionais e suas (in)flexibilizações em bre-
ves espaços reservados à indicadores e ao projeto político pedagógico
na consolidação dos currículos de dança no país. Nestas seis décadas
de história de dança sendo pensadas nos aquedutos do conhecimento
científico no Brasil, observa-se o constante aprimoramento do diálo-
go entre a formação do educador e do papel das disciplinas específicas
de dança. Na polifonia das reflexões/dançadas, agentes e instituições,
sendo modificados e modificando este sistema, transformam esta
trajetória na legitimação da dança enquanto área de conhecimento
específica.
Palavras-Chave: Arte; Ensino; Sociedade.
33
O processo de criação compartilhado: dançando em coletivoLucas Valentim Rocha Orientadora: Profa. Dra. Gilsamara Moura.
Este trabalho busca discutir especificidades do processo de cria-
ção compartilhado, com foco na Dança. Entretanto, as questões aqui
apontadas extrapolam os limites desta área de conhecimento tocando
em assuntos que perpassam outros processos criativos. Estaremos nos
referindo a algumas características que tornam o exercício da coletivi-
dade uma política de fortalecimento das potências criativas dos sujeitos
em processo e, ao mesmo tempo, um desafio constante em favor da
comunidade. A primeira questão que discutiremos, relaciona-se com
a noção de inacabamento do processo de criação, no sentido de que
parece incongruente falar de ponto de origem e de ponto final quan-
do nos referimos a tais processos. Esta é uma questão observada pela
professora Cecília Salles e que nos serve como detonadora para pensar
um processo de criação no gerúndio. A segunda parte do trabalho dis-
cutirá as noções de autonomia e colaboração a partir do ponto de vista
de alguns teóricos como Edgard Morin, Paulo Freire, Christine Greiner
e Stefen Nachmanovich. Por fim, e não obedecendo, necessariamente,
uma ordem cronológica, estaremos tratando das relações de hierar-
quia e autoria, conceitos sempre presentes no cotidiano de artistas que
se permitem experienciar processos colaborativos. Diante da impossi-
bilidade de tratar sobre tais questões sem observar como se configuram
as relações de poder nos processos colaborativos, incluiremos nesta
discussão os conceitos de biopotência, biopoder e imunização, trata-
dos por Roberto Esposito no livro Bios: bipolítica e filosofia.
Palavras-Chave: Criação; Colaboração; Autonomia; Poder.
34
Movimentos da Dança em Camaçari e Lauro de FreitasLucia Matos (coord.); Teresa Oliveira; Jacson Espírito Santo; Manuela Reis; Pamela Santana; Ticiana Pereira & Uildemberg Cardeal
Esta comunicação refere-se aos resultados parciais da pesqui-
sa “Mapeamento dos campos artístico e de Formação em Dança em
dois Municípios da Região Metropolitana de Salvador (RMS): Lauro
de Freitas e Camaçari”, a qual encontra-se em fase de conclusão e é
desenvolvida no âmbito do grupo de pesquisa PROCEDA – Processos
Corporeográficos e Educacionais em Dança e coordenado por Lúcia
Matos. Além dos dados da pesquisa macro, apresentaremos os resul-
tados obtidos com os três planos de trabalho de Iniciação Científica,
realizadas entre 2011-2013, tendo sido dois efetivados em Camaçari
(Dança na cidade do Saber; formação cidadã em dança) e um em Lauro
de Freitas (o ensino da dança em projetos comunitários). Também
abordaremos aspectos relacionados ás ações vinculadas ao projeto de
extensão Redanças: redes colaborativas em dança como ação política
(2011 - 2012), o qual gerou dois planos de trabalho em Camaçari e dois
em Lauro de Freitas. Com esse cenário, apresentaremos as tensividades
existentes entre as políticas públicas educacionais e culturais propos-
tas para a Dança e a heterogeneidade das micro-realidades dessa área
nos municípios de Lauro de Freitas e Camaçari. Por essa via, os resul-
tados desta pesquisa pretendem apresentar mapas flutuantes dessas
conjunturas e abordar algumas estratégias geradas pelos agentes de
dança desses municípios para a produção e a formação em Dança.
Palavras-Chave: Dança; Formação; Produção Artística; Camaçari; Lauro de Freitas
Eu não sou cachorra: Manifesto Elétrico para quando a dança se faz burraLudmila Pimentel
Um manifesto é lugar de demonstrarmos nossa indignação, nossas
idéias políticas e ideológicas, sejam panfletárias ou não, retóricas ou
35
não, e também, é lugar de criticar e expor uma situação que merece
interferência critica. Minha intenção nessa apresentação é fazer uso
desse espaço para construir meu manifesto elétrico e expor o atual es-
tado da arte que se encontra o corpo feminino na cultura brasileira e
baiana; analisando e refletindo sobre como a dança produz situações
escabrosas de atentado ao corpo feminino com a aprovação cultural
local e internacional.
Não proponho que toda dança seja burra, seria intransigente (e
burra) se assim o fizesse, proponho que nos confrontemos com os di-
versos protocolos sociais e da própria classe artística de dança que a
encarcera em seus territórios restritos de atuação profissional. A dança
é burra quando oversexualiza corpos, quando oprime toda uma nova
geração sujeita a ser apenas peitos e bundas e não pessoas, a dança
é burra quando aprova que o corpo seja objeto manipulável de uma
cultura machista e equivocada intelectualmente, é burra quando não
se engendra nos campos da performance para questionar o papel do
corpo, quando se confina no palco italiano e/ou em estilos, a dança é
burra quando apenas “dociliza” os corpos através de alguma técnica,
ou quando não se engendra em novos territórios de atuação. A dança é
burra quando torna o corpo feminino somente cor-de-rosa, submisso
e escravo contemporâneo.
Palavras-Chave: Corpo; Dança; Manifesto.
A imprevisibilidade em processos criativos de dança: Quem move o que move?Ludmila Veloso Orientadora: Profa. Dra. Adriana Bittencourt
O presente artigo parte de uma pesquisa em estado inicial no Programa
de Mestrado em Dança da UFBA-2013 que determina estudar o cor-
po nos processos de criação em dança onde a imprevisibilidade opera
como parâmetro para criação. Tendo como fundamentação a ideia
de que o corpo mediante o não previsto, o inusitado, gera modos de
36
organização e soluções que o desvincula da condição de padrões e
regras para a condição de investigação, desdobra-se a seguinte proble-
mática: As danças que lidam com a imprevisibilidade como parâmetro
para criação propiciam o exercício da autonomia? De quais modos?
A imprevisibilidade em processos criativos de dança: Quem move
o que move? desdobra-se sinalizando como o corpo no e pelo mover
testa acordos com o inusitado em ações investigativas. Vem tratar os
processos criativos em dança como maneira de os corpos, ao movi-
mentarem ideias-pensamentos, construírem uma reflexão crítica para
com seus posicionamentos. É um jeito de fazer dança que não está des-
colado do modo como o corpo (con)vive no mundo que assim aposta na
ideia da dança como ação política. O fazer artístico como pensamento
do corpo que compartilha pelo e no mover inquietações, dúvidas e co-
nhecimentos tecidos na relação sujeito e ambiente.
Palavras-Chave: Imprevisibilidade; Corpo; Processos Criativos; Autonomia.
Ambiguidade e complexidade – possibilidades de fazer dançaMabile Borsato Orientadora: Profa. Dra. Adriana Bittencourt
Esta proposta nasce da percepção de que há comportamentos e espa-
ços cristalizados na dança que se distanciam dos processos de ensino e
aprendizagem pela experiência. Acredita-se então, que os modos onde
há hierarquia de poder nas relações de aprendizado e que sobrepõem
a experiência, podem ser subvertidos pela ambiguidade e pela com-
plexidade, uma vez que as mesmas operam contemplando a diferença
como experiência singular de cada corpo. Ao procurar pela mobilida-
de e flexibilidade de distintos modos de fazer e solucionar do corpo
nos processos de ensino e aprendizagem, bem como pela promoção do
entrelaçamento entre perspectivas de diferentes sujeitos e diferentes
contextos, busca-se a realização da dança como um espaço de per-
cepções híbridas capaz de inventar, transformar, aprimorar, ampliar
37
sentidos e mover contextos. Nesse sentido, percebe-se que as expe-
riências não se reduzem, nem se simplificam, mas geram uma nova
tessitura entre o conhecido e o desconhecido, entre o convencional
e o inovador, entre a ordem e a desordem. A possibilidade de situar
a ambiguidade e a complexidade como um sinal de reconhecimento
para a construção de lógicas de conduta e operacionalidades em dança
incide como princípio norteador da auto-observação e do autoco-
nhecimento e permite que outros modos de ensinar e aprender sejam
inventados. Esse enfoque traz a percepção de que o conhecimento é
construído em intercâmbios entre os participantes e que nada é li-
near ou rígido no processo de aprendizagem. O conhecimento, nessa
perspectiva, ocorre na percepção das urgências do momento, pelas
correlações possíveis e por ações não determinadas.
Palavras-Chave: Ensino; Aprendizagem; Complexidade e Ambiguidade.
A atuação do PIBID/Dança em escolas da rede pública de SalvadorMaira Di Natali Coordenação PIBID: Profa. Ms. Virgínia Maria Suzart Rocha
Este artigo objetiva relatar a experiência das atividades do PIBID-
Dança em cinco escolas da rede pública de Salvador. O Programa
Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência - PIBID/UFBA, institu-
ído pelo Ministério da Educação, por intermédio do SESu - Secretaria
de Educação Superior, da CAPES - Fundação Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - e do Fundo Nacional
de Desenvolvimento da Educação - FNDE, promove uma articulação
entre a educação superior (por meio das licenciaturas) e as secretarias
estaduais e municipais de educação a favor da melhoria do ensino nas
escolas públicas de todo o país. Desta forma, o programa possibilita a
inserção do licenciando nas escolas da rede estadual e municipal de
ensino proporcionando ao graduando o contato com o ambiente esco-
lar ainda enquanto universitário. O sub-projeto “Arte Fora dos Muros
38
da Escola: educando o olhar” foi criado em 2010 sob a coordenação da
professora Mestra Virgínia Maria Suzart Rocha, tem como foco central
a atividade sistemática de apreciação estética e a inserção da Dança
como prática educacional para os educandos do ensino fundamental e
médio das escolas envolvidas. Essa prática está inserida no componen-
te curricular Arte na forma de aulas regulares em algumas das escolas
ou como Oficinas de Dança em turno oposto. O resultado de todo o
trabalho desenvolvido por este projeto pode ser observado na quali-
dade dos trabalhos apresentados a partir da troca de saberes entre os
graduandos, futuros profissionais, os professores supervisores nas es-
colas, profissionais já em atuação no cotidiano escolar e a coordenação
do projeto. A metodologia utilizada neste relato é o estudo qualitativo,
de natureza exploratória e descritiva visando o registro das atividades
realizadas nas escolas. O projeto PIBID eleva, questiona e redimensio-
na a qualidade de ensino oferecido aos educandos da rede pública de
ensino e a prática dos educadores das escolas envolvidas. Portanto, a
reflexão sobre as ações da supervisão nas escolas favorece a importante
articulação teóricoprática, a formação dos licenciandos, a prática do-
cente e o aprendizado escolar além de contribuir para a inserção da
dança como área de conhecimento.
Palavras-Chave: Dança; Escola Pública; Formação Profissional; Educação; PIBID.
A Dança nas escolas de Ensino Médio da rede pública estadual de SalvadorMarilia Nascimento Curvelo
Este estudo teve como objetivo discutir a presença/ausência da dan-
ça nas escolas de Ensino Médio da rede pública estadual de Salvador.
Apoiado nos documentos oficiais para o Ensino Médio, federais e esta-
duais, em autores que discutem de forma crítica esta etapa da educação
básica, nas entrevistas com gestores, professores, coordenadores e es-
tudantes de dança de três escolas da rede pública estadual, assim como
na experiência da autora como docente que atua nesse nível de ensino
39
com Dança, o estudo propõe a análise das atuais formas de inserção
da Dança no Ensino Médio. Esta pesquisa de abordagem qualitativa se
configurou como uma pesquisa exploratória (GIL, 2008) que realizou
um levantamento preliminar da inserção da Dança no Ensino Médio
da rede estadual, tendo sido identificadas três escolas que, com seus
gestores, alunos e professores, se tornaram três unidades de análise,
cujos dados foram triangulados com a análise documental e o referen-
cial teórico. Os dados revelam que existem poucas iniciativas de dança
nas escolas de Ensino Médio da rede estadual em Salvador, e que estes
são pequenos focos de resistência para o ensino da Dança nesse nível
de educação. Essas proposições permanecem na (in)visibilidade do
Sistema Educacional, que estimula a hierarquização dos saberes, não
favorece a sua inserção na matriz curricular das escolas e nem o re-
conhecimento dessa linguagem artística como área de conhecimento.
Palavras-Chave: Ensino da Arte; Dança; Ensino Médio; Escola Pública; Salvador.
Um Olhar Sobre Maya Deren em DimensõesMaurício Barbosa Lima (Bolsista PIVIC) Orientação: Prof. Dr. Guilherme Barbosa Schulze (UFPB)
Uma “nova realidade” ao subverter, transformar e resignificar ima-
gens. Um espelho passa a ser mais que somente um instrumento no
qual podemos ver nossa própria imagem. Quando Maya coloca frag-
mentos de um espelho no mar, está sugerindo um tensionamento
de seu sentido cotidiano, ampliando as possibilidades de leitura.
Coreograficamente, para que essa subversão de significados aconteça,
Maya Deren recorre, por exemplo, a uma movimentação corporal não-
cotidiana, a enquadramentos de câmera que não apenas testemunha,
mas também “dança” juntamente com o interprete, e à montagem
que potencializa esse tensionamento de significados. Deslocamos
o conceito de encenação do campo do teatro, a fim de ler a cineasta
ucraniana como uma encenadora cinematográfica. Para compreender
um pouco mais o trabalho de Maya Deren, utilizamos uma proposta de
40
análise voltada para a videodança sugerida por Schulze (2012). A ima-
gem é percebida em três dimensões possibilitando algumas percepções
sobre determinado trabalho.
Palavras-chave: Maya Deren; Videodança; Subversão da Realidade.
Um primeiro olhar sobre a dança nas escolas de João Pessoa-PBMichelle Aparecida Gabrielli (UFPB)
Em 1996 é promulgada a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
(LDB) 9.394/96, que apresenta a obrigatoriedade do ensino de Arte em
toda a Educação Básica. Posteriormente, o Ministério da Educação
(MEC) difundiu nas escolas os Parâmetros Curriculares Nacionais
(PCN’s) com o intuito de orientar os professores e garantir a coerência
de políticas educacionais que propiciem melhor qualidade de ensino
para a Educação Básica. Como a LDB não explicita as diferentes lin-
guagens artísticas que compõem o ensino de Arte, os PCN’s auxiliam
neste entendimento, sinalizando para as seguintes áreas de conheci-
mento: Dança, Teatro, Artes Visuais e Música. Contudo, ainda hoje,
há dificuldades em efetivar estas linguagens artísticas como área de
conhecimento na escola. Assim, esta pesquisa (em andamento) bus-
ca analisar a realidade supracitada junto à cidade de João Pessoa-PB.
Em um primeiro olhar, percebeu-se que algumas escolas, públicas e
privadas, possuem aulas específicas de Dança e/ ou das demais lingua-
gens artísticas; outras - municipais e estaduais - oferecem o ensino da
Dança de forma extracurricular por meio do “Projeto Mais Educação”
(proposta de educação integral do Ministério da Educação); mas, a
maioria não possui aulas de Dança. Neste sentido, contribui-se com
essa discussão através de reflexões acerca da “entrada” e “efetivação”
da Dança na escola, buscando compreender também o perfil dos pro-
fissionais que atuam com esta linguagem em João Pessoa.
Palavras-Chave: Dança; Arte; Escola; João Pessoa-PB.
41
Brincar e dançar... É só começarMichelle Lisboa Oliveira, Aline Teixeira Amado, Diana Magnavita Moura & Joselina Araújo dos S. Neta Orientadoras: Virginia M. S. Rocha (coordenadora de área do Pibid Dança/UFBA); Maria de Fátima Carvalho (supervisora do Pibid Dança/UFBA)
O pôster apresenta o relato das experiências das bolsistas do Programa
de Iniciação à Docência – PIBID/UFBA, na área de Dança, decorridas
no período de agosto de 2012 a setembro de 2013, na Escola Municipal
Osvaldo Cruz, dedicada ao Ensino Fundamental I e parceira do progra-
ma. Tendo como supervisora a professora Maria de Fátima Carvalho,
e como coordenadora PIBID-Dança/UFBA a professora Virgínia Maria
Suzart Rocha. Cada bolsista de iniciação à docência desenvolveu um
plano de atividades, onde suas propostas para atuação na Escola par-
ceira são frutos de suas motivações e experiências pessoais, estando
em consonância com a proposta da coordenação PIBID-Dança: “Arte
fora dos muros da escola”, e com a proposta da supervisão da Escola:
“Dança cidadã”. As atividades desenvolvidas pelas bolsistas foram ba-
seadas na Arte circense e suas derivações corporais contemporâneas;
Jogos Cooperativos com elementos da Dança contemporânea; e exer-
cícios que estimulam a percepção espacial por meio de preparação
corporal de aquecimento e alongamento. Tais atividades visam, dentre
outros, potencializar os processos cognitivos a partir da motricidade;
promover o sentimento de pertencimento a um grupo; despertar a
consciência corporal e trabalhar valores de cooperação, afetividade e
espírito coletivo em contraponto aos valores de individualismo e com-
petitividade, já tão alicerçados pela teia capitalista de produção.
Palavras-Chave: Arte; Dança; Educação; Cidadania.
42
Dança Contemporânea no espaço público: dispositivos de interatividade entre artistas e fruidoresMilianie Lage Matos Orientadora: Profa. Dra. Leda Maria Muhana Iannitelli
Este artigo se propõe mapear alguns dispositivos de interatividade
entre artistas e fruidores engendrados com o Projeto Macaco Nú, um
trabalho de Dança Contemporânea no espaço público, realizado pela
autora desse artigo, entre os meses de agosto a outubro (2013), nas
cidades de Manaus/AM, Rio Branco/AC e Salvador/BA. Sua temática
ignitora problematiza o processo de apropriação de terras e espaços
urbanos pelo Estado e por interesses privados de uma economia lu-
crativa, empenhos do capitalismo contemporâneo, que expropria a
população local, produzindo a gentrificação do ambiente. Ao realizar
uma imersão na cultura amazonense, residindo por três semanas em
Manaus/AM, as experiências com a cultura local e o intercâmbio com
dois artistas locais engendraram uma ação de dança em um espaço
público escolhido durante o processo compositivo (Praça da Polícia).
Foi selecionado e organizado dispositivos que gerassem reflexões e
sensibilizações na relação entre indivíduos, ambiente e cultura, rela-
cionando-os aos projetos urbanísticos voltados para a Copa Mundial
2014 e as atuais manifestações sociais no Brasil. Os dispositivos orga-
nizados pelos dançarinos e os dispositivos utilizados pelos fruidores,
aqueles possíveis de serem captados, através de entrevistas e captação
de áudio com gravador durante a ação, serão analisados a partir das
considerações do filósofo italiano Agamben, como uma das diversas
proliferações de processos de subjetivação. E a interatividade será
analisada a partir do conceito de Empatia Cinestésica, que estuda o
movimento corporal, principalmente na dança, e sua percepção pelo
público, abordado por Susan Foster - Universidade da Califórnia em
Los Angeles.
Palavras-Chave: Interatividade; Dispositivos e Dança.
43
Dança digital na potência de uma biodançaNatalia Pinto da Rocha Ribeiro Orientadora: Profa. Dra. Ludmila Martinez Pimentel
Este artigo pretende fomentar um debate político entre ciência, ca-
pital e arte. Para este fim, propõe a dança digital também como uma
categoria de biodança, uma inspiração em Espósito, bios e dança, não
a dança da vida, mas a dança que considera e subjetiva a vida que lhe
expressa, potencializando essa vida enquanto sujeito de ações, ainda
que não haja sempre vida humana ali expressa no momento do seu
acontecimento. A dança digital pode ser uma dança que respeita a vida
ou biodança, porque ao menos na sua criação foi produzida por uma
relação do humano com uma tecnologia digital, esta que em várias ins-
tâncias atravessa a vida mesmo em necessidades rotineiras e possibilita
outra de si mesma. O aparato tecnológico poderia ser considerado um
dispositivo de excesso do biopoder, quando Flusser nos adverte que
existe um limite de atuação sobre ele, uma liberdade ilusória, já que
este aparato tem uma programação prévia, pensada em uma lógica de
mercado, para padronizar o funcionamento e os resultados do seu uso.
Nesta dança se manifesta comportamentos do seu tempo, contudo
pode por isso também servir a uma lógica de mercado, em um exces-
so de poder da indústria tecnológica. A questão que se coloca, é como
a dança digital pode subverter este domínio posto através de progra-
mações prévias, sem a participação artística. Contudo, Louppe propõe
que o bailarino não siga modelos, mesmo corporais, que descubra o
seu potencial específico, a sua forma única de fazer arte, a sua poética.
Palavras-Chave: Dança Digital; Biodança; Programação e Subversão.
44
Programação cultural como embrião para uma política para a dançaNeila Cristina Baldi Orientadora: Alexandra Cristina Moreira Caetano
O presente artigo é resultado da pesquisa desenvolvida na
Especialização em Gestão Cultural pelo Senac-DF, defendida em julho
passado. O trabalho discute formas de viabilizar a criação e manuten-
ção de uma programação cultural permanente para o Centro de Dança
do Distrito Federal e fazer com que esta seja o embrião de uma po-
lítica pública para a dança naquela Unidade da Federação. Criado na
década de 1990, o espaço é destinado à pesquisa, ensaios e cursos de
dança. Até 2010, sua ocupação se dava por um edital público. Desde
2011, a seleção dos projetos é feita por ordem de chegada. Não existe
um projeto de programação para o espaço e este trabalho apresenta
esta formulação. Para tanto, foi feito um diagnóstico do funcionamen-
to do local, abrangendo seu contexto histórico e social, e formuladas
ações, com programação orçamentária, bem como com proposição de
parcerias. No Distrito Federal, apesar de haver conselheiros na área de
dança, não há, de fato, uma política para o setor. Quando o Estado não
propõe ações culturais para uma área ou quando propõe ações isola-
das, sem planejamento, sem direcionamento, também fez uma opção
política. Partindo deste pressuposto, o trabalho propõe ações para o
espaço, pensando sob o ponto de vista de cultura em três dimensões:
simbólica (fazer criativo), cidadã (democratização do acesso) e eco-
nômica (desenvolvimento do setor). A ideia é que esta programação
fomente as três dimensões culturais da dança, e, deste modo, possa
ser usada como embrião para uma política cultural para a dança no
Distrito Federal.
Palavras-Chave: Dança; Política Cultural; Gestão.
45
A democratização falida da américa latina: questões sobre públicos, acesso e distribuição de artes contemporâneasNirlyn Seijas Orientador: Prof. Dr. Carlos Bonfim
Este artigo toma como referência fundamental o capítulo III: Artistas,
Intermediarios e Públicos, Inovar ou democratizar? do livro Culturas
Híbridas do Néstor García Canclini, para compor uma discussão sobre
as tentativas de popularização e democratização das artes contempo-
râneas no Brasil com extensão à América Latina. Trazendo exemplos
de diversas linguagens das artes, experiências profissionais da autora
e as reflexões de Canclini, geramos um diálogo sobre os públicos, so-
bre as estratégias de distribuição de artes e por último reflexões sobre
possíveis novas tentativas que estão começando a ocupar a produtores
e artistas nos últimos anos.Quão próximos ou distantes estamos das
políticas das classes dominantes aqui nomeadas? Temos conseguido
caminhos intermediários, micropolíticas ou modos de resistências que
nos diferenciem destas lógicas elitistas de manejar as artes e a cultura?
As estratégias que temos usado nos últimos anos tem nos reposiciona-
do frente ao problema da distribuição dos bens culturais? Este artigo
estará focado na questão dos públicos, a democratização e a problemá-
tica da relação que as artes contemporâneas continuam estabelecendo
com seus consumidores. Apresentaremos reflexões que questionam e
traçam o caminho que percorremos, de uma política feita só para al-
guns a políticas que procuram modificar a distribuição destes produtos
artísticos. Sem dúvida o Brasil é exemplo de uma formulação de políti-
cas que procuram transitar caminhos mais complexos a respeito.
Palavras-Chaves: Democratização; Públicos; Mediação Cultural.
46
Análise das abordagens metodológicas para o ensino da dança em projetos comunitários e em ONG’s de Lauro de FreitasPamela Rinaldi Orientadora: Profa. Dra. Lúcia Matos
O presente estudo, refere-se a pesquisa de Iniciação Científica (PIBIC-
CNPQ) vinculada ao projeto “Mapeamento dos campos artístico e
formação em dança em dois municípios da Região Metropolitana de
Salvador (RMS): Lauro de Freitas e Camaçari (ano II)” coordenado pela
profa. Dra. Lúcia Matos e desenvolvido no âmbito do grupo de pes-
quisa PROCEDA. A realização da pesquisa foi identificar a presença
da dança em projetos comunitários e ong’s em Lauro de Freitas, apli-
cação do formulário da pesquisa macro, referente ao mapeamento,
posteriormente foram selecionados dois projetos comunitários, Lauro
Flava Crew, (grupo de breakdance, dança pertencente à cultura hip
hop) e AMAB- Associação de Moradores de Areia Branca. Para coleta
de dados foram realizadas visitas in loco, identificando os docentes,
realizando observações de aulas e entrevistas com os instrutores/mo-
nitores de dança destes espaços. Os dados da pesquisa apresentam que
os dois projetos selecionados possuem diferentes abordagens e meto-
dologias no ensino da dança, cujos dados foram articulado com autores
como Gohn (2006), Matos (2005) Marques (2003) e Libâneo(2006).
Para o grupo de dança de rua, o aprendizado é por via de compartilha-
mentos, diferente das práticas tradicionais comumente encontradas,
onde o professor se centraliza como detentor de todo o conhecimento.
Em ambos os grupos o ensino é dado por meio da cópia do movimento,
percebendo a técnica como produto do processo, no entanto, ambos
os projetos relatam uma preocupação com a formação cidadã, forman-
do indivíduos e propiciando “resgates”, afastando os participantes de
problemáticas sociais, como criminalidade e vícios.
Palavras-Chave: Mapeamento; Dança; Ensino.
47
Escrita Metafórica: uma operacionalidade simultânea de percepção, comunicação e emancipação do corpo na dançaPatrícia Cruz Ferreira (UFBA) Orientadora: Profa. Dra. Lenira Peral Rengel (UFBA)
A dança, assim como em nosso cotidiano, é permeada de objetos –
imagens, palavras, pessoas, movimentos, entre outros, que se efetivam
significativamente como ambientes de representação, organiza-
ção, disseminação e apresentação das informações. Nesse universo,
o corpo, em todos os seus aspectos e modos de operar, desempenha
um importante papel cognitivo na estruturação das linguagens en-
quanto leituras sígnicas verbais e não verbais do mundo: textos do
procedimento metafórico do corpo (LAKOFF e JOHNSON, 1999, 2002;
RENGEL, 2007). Dançarino e espectador comunicam signos reali-
zados e constantemente atualizados com o entorno, compondo uma
escrita metafórica. Perceptualmente, ambos selecionam, percorrem e
descobrem espaços sensíveis. A proposta é refletir que tal operaciona-
lidade metafórica - enquanto um modo de relação com o mundo - é
uma postura crítico-política em que se evidencia a emancipação do
corpo na dança concomitante a compartilha do espaço cênico. Ação
que possibilita reorganizar informações habituadas aos entendimen-
tos dicotômicos como passividade/atividade; olhar/agir; e o dualismo
corpo/mente.
Palavras-Chave: Dança; Escrita Metafórica do Corpo; Comunicação; Emancipação.
Samba no Pé: o corpo-samba enquanto estratégia de composição em dança contemporâneaQuenia Borges Rebouças dos Santos Orientadora: Profa. Dra. Daniela Amoroso
Este estudo de Iniciação Científica/ PIBIC foi realizado na cidade de
Salvador, utilizando como referência a tradução de danças populares
48
em processo coreográfico de dança contemporânea. O estudo se deu
através de pesquisa in lócus, na cidade de Cachoeira – Recôncavo
Baiano, e laboratórios de criação coreográfica realizados na comuni-
dade de Terreiro Ilê Asé Yá Dé, com crianças, jovens, adultas e idosas,
moradores da Rua 11 de Agosto – Federação. O samba de roda foi esco-
lhido como base dessa pesquisa, a partir dele criou-se novas estratégias
para processos coreográficos contemporâneo, a exemplo do processo
coreográfico Vem Sambá, Capoeirá.
Palavras-Chave: Danças do Brasil; Samba; Contemporaneidade e Tradição.
Composição em Dança: entrecruzamentos teórico-práticosRenata Roel Orientadora: Profa. Dra. Jussara Setenta
Este artigo apresenta ideias em desenvolvimento acerca do estu-
do de mestrado realizado no Programa de Pós-Graduação em Dança
na Universidade Federal da Bahia, que busca pistas para entender a
composição em dança considerando o engendramento nas práticas
formativas no campo da dança que acontecem no trânsito teórico
-prático, dentro e fora da universidade entendendo, que tais ações
dispõem-se num constante exercitar de práticas continuadas para
construção de saberes. Para tanto, observa-se processos e articulações
que possibilitam a construção e composição de pensamentos e práticas
na dança contemporânea, especificamente na improvisação e nos des-
dobramentos compositivos. Faz-se articulações com autor sociólogo
Richard Sennett (2009) a partir das discussões apresentadas no livro
“O Artífice” onde nos instiga a expandir esta reflexão no que diz res-
peito ao intelectual e ao manual e também relacionar com a noção de
autonomia a partir das discussões levantadas por Hakim Bey (2011) em
TAZ – zona autônoma temporária.
Palavras-Chave: Dança Contemporânea; Composição; Formação.
49
Panorama da inserção da dança em projetos não governamentais em Salvador e suas práticas pedagógicasRenilda Bispo dos Santos Orientadora: Profa. Dra. Lúcia Matos
O presente estudo, visa identificar a inserção da dança no ensino não
formal em Salvador, em projetos não-governamentais, refere-se a
pesquisa de Iniciação Científica (PIBIC – FAPESB - UFBA) vinculada ao
projeto “Cartografias de micro e macropolíticas da dança em Salvador:
mapeamento dos campos da produção artística e de formação” coor-
denado pela profa. Dra. Lúcia Matos e desenvolvido no âmbito do grupo
de pesquisa PROCEDA – Processos Corporeográficos e Educacionais em
Dança. Este plano, ora em fase inicial de execução, tendo como aporte
o conceito de aprendizagem (Ausubel, 1980), a pedagogia da autono-
mia (Freire, 2002) e os processos educacionais em dança (Matos, 2010;
Strazacappa, 2011); pretende identificar projetos não governamentais
de Salvador, que desenvolvem atividades de dança, em sua atuação, no
intuito de selecionar duas propostas pedagógicas em Dança que apon-
tam serem práticas significativas nesse cenário.
Palavras-Chave: Ensino da Dança; Salvador; Mapeamento.
A Dança no Ensino Médio do Estado de São Paulo: concepções de currículo, corpo e dançaRivelino Martins Orientadora: Profa. Dra. Lúcia Matos
A presente pesquisa, ora em andamento no Mestrado em Dança
(PPGDANÇA-UFBA), pretende analisar a Proposta Curricular do Estado
de São Paulo direcionada para o ensino da Arte/Dança, no Ensino
Médio. Nesse contexto, os conteúdos de dança são oferecidos como
parte integrante da área de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias e
articulam-se com os conteúdos das demais linguagens artísticas e a
ação da mediação cultural. Para analisarmos as concepções de corpo
50
e de dança que essa proposta gera no Ensino Médio, selecionaremos
duas escolas estaduais desse nível de ensino localizadas na região de
São José do Rio Preto. Partindo do entendimento de que essa proposta
curricular não aborda as linguagens artísticas como área de conheci-
mento e que sua visão transversal pode gerar uma polivalência da ação
docente, esta investigação pretende problematizar essa concepção de
currículo de Artes e analisar as compreensões de dança e corpo que se
fazem presentes nos discursos dos alunos e docentes.
Palavras-Chave: Currículo; Ensino Médio; Dança; São Paulo.
Arranjos do tempo re-des-cobertos em dançaRosa Cristina Primo Gadelha (UFC)
Investigar, a partir de um levantamento de obras, artistas, teorias e de
processos laboratoriais de experimentação e criação, questões teóri-
cas e técnicas cuja centralidade seja a construção dramatúrgica e seus
dispositivos ligados à temporalidade e corporeidade dançante. O su-
porte teórico principal a ser utilizado se refere à ontologia da diferença
desenvolvida pelo filósofo Gilles Deleuze; e com ele, outros pesquisa-
dores com análises próximas e afins.
Palavras-Chave: Tempo; Dança; Corpo.
Criação Artística, Pesquisa Etnográfica e UniversidadeSandra R. O. Santana
Há um bom tempo, a incursão etnográfica tem servido ao trabalho de
elaboração artística, e, em particular, ao universo da dança. Desde a
Dança Moderna de Doris Humphrey, Ruth Saint-Dênis e Catherine
Dunham, que os profissionais revelam preocupações antropológicas
e vão ao campo em busca de dados concretos, e decerto, inspirado-
res. Pina Baush, mais adiante, com o seu projeto de residências que
desenvolveu entre as décadas de 1980/1990, visitou localidades do
51
mundo para levantar material a ser utilizado em suas montagens core-
ográficas. Hoje, muitos são os relatos de propostas artísticas da dança
pós-moderna e da Performance que se utilizam desse expediente para
subsidiar o trabalho de criação. Em minha prática artística, ao servir-
me de elementos da capoeira angola brasileira, tenho refletido mais
detalhadamente sobre essa relação: etnografia – pesquisa/criação ar-
tística. Decididamente, não considero serem incompatíveis a pesquisa
estética contemporânea, caracteristicamente desconstrutivista como
o sabemos, com o trabalho de descrição etnográfica, de caráter antro-
pológico, ou seja, que visa o entendimento da estrutura e das relações
singulares dos contextos sócio-culturais humanos. Ao contrário, ten-
do a acreditar que desse encontro – e a história nos tem dado exemplos
claros – surgem elaborações significativas seja no campo das artes,
como também, na esfera da pesquisa acadêmica. Estarei, portanto,
expondo, na presente comunicação, algumas reflexões relacionadas à
relação entre criação coreográfica contemporânea e pesquisa de cará-
ter etnográfico no âmbito da Universidade baiana.
Palavras-Chave: Criação Artística; Pesquisa; Etnografia; Universidade.
Indisciplina do corpo na escola: a dança como potencializadora da aprendizagem escolarSílvia Azevêdo Sousa Orientadora: Profa. Dra. Fátima Wachowicz
O presente trabalho objetiva problematizar como a dança pode po-
tencializar uma ampliação na aprendizagem escolar nas experiências
pedagógicas em escolas do Ensino Básico. Para contribuir com essa
investigação buscou-se realizar uma revisão de pesquisas teóri-
cas para dialogar com alguns autores como Foucault (1983; 1987), na
maneira como o autor trata as questões do corpo em ambientes insti-
tucionais, o adestramento dos corpos e o controle do tempo, e também
as ações impositivas das codificações sociais sobre jovens e crianças.
Em estudos mais recentes Greiner (2010; 2011), corrobora com nossa
52
investigação quando aponta a natureza indisciplinar do corpo e propõe
que os estudos sobre o corpo produzam novas metodologias de pes-
quisa. A criança em seu processo de letramento transita entre cultura
letrada e não letrada, passando da linguagem não verbal para verbal.
Para articular as pesquisas, sugere-se ainda Miranda (1979), por con-
siderar a fala e a transmissão oral tão importante quanto o movimento
expressivo da criança. E finalmente, a relação entre corpo, movimen-
to e conhecimento, sugerida nos estudos de Lakoff e Johnson (2012),
pois os autores apontam que os processos de conceituação ocorrem
pela relação com a motricidade. Diante desses pressupostos, preten-
de-se ampliar o estudo e desenvolver a pesquisa de Mestrado que está
em andamento, dando continuidade ao estudo monográfico sobre
Mediações Educacionais em Dança como parte dos processos cog-
nitivos do corpo, concluído há um ano (SOUSA, 2012). Espera-se que
esta pesquisa contribua tanto para sujeitos envolvidos no processo e
também para abertura de novos diálogos na produção acadêmica entre
Dança e Educação.
Palavras-Chave: Dança; Corpo; Aprendizagem e Escola.
O professor na cena da avaliação mediadora em dança: processos de corporificaçãoThiago Santos de Assis (UESB)
O presente artigo traz desdobramentos da pesquisa de mestrado inti-
tulada “Avaliação da Aprendizagem em Aulas de Dança: um trânsito
entre o dito e o feito em escolas municipais de Salvador”, apresentada
ao Programa de Pós-graduação em Dança da Universidade Federal da
Bahia, cujo objetivo foi analisar a Dança no contexto das escolas mu-
nicipais, identificando a tessitura de sentidos que é direcionada para
a avaliação no processo de ensino-aprendizagem. No presente texto,
lanço um enfoque específico na concepção de uma avaliação mediadora
em Dança, contrapondo-a ao modelo da avaliação classificatória, ain-
da, muito deflagrada nos processos educacionais da Dança, sobretudo,
53
na Educação Básica. Como proposta de corporificação do discurso que
enuncio, no que tange a avaliação mediadora como certeza-transitória
para os processos pedagógicos da Dança, apresento aspectos do cons-
tructo teórico da Experiência da Aprendizagem Mediada, proposta pelo
professor Reuven Feuerstein, promovendo deslocamentos interteóri-
cos para o campo da Dança. Os critérios de mediação postulados por
Feuerstein aqui são traduzidos como orientações metodológicas que
auxiliam o artista-docente do campo da Dança a pisar sobre os solos
movediços da avaliação da aprendizagem. Por considerar que as ideias
empreendidas neste artigo se configuram como pontos de abordagem
inicial para pensar em uma pedagogia da mediação em Dança, com foco
na avaliação enquanto como componente da ação pedagógica, é que
direciono este primeiro exercício de reflexão para os quatro critérios
de mediação, apresentados na teoria da Experiência da Aprendizagem
Mediada, a saber: 1. Mediação da Intencionalidade e Reciprocidade; 2.
Mediação do Significado; 3. Mediação da Transcendência; 4. Mediação
da Modificabilidade Cognitiva. Espera-se que este texto possa con-
tribuir com uma reflexão crítico-analítica no que concerne à prática
pedagógica do Professor de Dança no ato de gerenciar os processos de
ensino-aprendizagem, sobretudo, no fazer-elaborar da avaliação.
Palavras-Chave: Dança; Processos Educacionais; Avaliação da Aprendizagem; Mediação.
Processos de co-adaptação: Dança contemporânea em casas Thulio Guzman Orientadora: Profa. Dra. Jussara Setenta
Este artigo tem como principal objetivo levantar questões que surgem
a partir de propostas artísticas de dança realizadas em casas. Os deslo-
camentos que estas propostas realizam nos permitem discutir o lugar
da arte na produção cultural atual, o lugar do espectador e do artista,
entre outras questões que emergem destes trânsitos.
O corpo aqui será compreendido como inacabado e em constan-
te processo de co-adaptação com os ambientes pelos quais transita.
54
Assim, a dança pode ser resultado das sínteses transitórias das rela-
ções que constrói e pelas quais é construída. Desse modo, os lugares
do seu acontecimento modificam o corpo e suas danças. Neste estudo
apresento estes deslocamentos propostos pelos processos de criação
de dança contemporânea: “Dança contemporânea á domicilio” de
Claudia Müller e “1000 casas” do Núcleo do Dirceu, a partir do cru-
zamento de informações disponíveis, tais como: sinopses, blogs,
imagens, depoimentos, vídeos, entre outros rastros possíveis. Para
isto é possível perceber as obras, não apenas no ato do seu comparti-
lhamento com o público, mas também nas múltiplas informações que
configuram estes processos.
Palavras-Chave: Co Adaptação; Dança Contemporânea; Casas.
Dança como campo de ativismo político: O Bicho CaçadorVerusya Santos Correia
Este artigo pretende mostrar que as danças criadas como manifesta-
ções populares de grupos sociais espontaneamente organizados, que
ocorrem na rua e se baseiam nas suas experiências cotidianas dos es-
paços públicos em que vivem, produzem um tipo de transgressão das
normas tanto de organização urbanística quanto da dinâmica sócio
-urbana vigente e da própria prática artística coreográfica, na medida
em que subvertem a lógica segregatória e espetacular que se impõe
atualmente como modelo hegemônico de cidade, de arte e inclusive de
corporalidade (Britto e Jacques, 2008).
O objeto tomado para análise é a manifestação anual do Bicho
Caçador, criada e realizada pelos habitantes do bairro Porto de Trás,
na cidade de Itacaré (BA). Partindo da minha própria experiência de
coreógrafa mobilizada por questões de segregação social, o estudo
se desenvolve articulando depoimentos coletados e dados históricos
contextuais, com as noções de coimplicação entre corpo e ambien-
te (Britto, 2008), corpografia urbana (Britto e Jacques, 2008, 2010)
e profanação (Agamben, 2007), para mostrar como o Bicho Caçador
55
transgride (desde o nome) as regras de convívio e ocupação do espaço
urbano, pelo seu uso dessacralizador da segregação espacial, sócio-e-
conômica e étnico-cultural vigentes na cidade.O que poderia querer
dizer: profanar a dança? Será então, uma das possibilidades as inova-
ções na forma de representação e reinvidicações deste campo?
Pretende-se, desse modo, sugerir que a dança pode ser um tipo
de ação crítica, de desvio ou resistência aos modelos hegemônicos de
pensamento e comportamento promotores da espetacularização – pa-
pel que denominaremos de ativismo político.
Palavras-Chave: Dança; Ambiente Urbano; Coimplicação; Ativismo Político.
Alteridade e autonomia: um outro discurso da dançaVivian Vieira Peçanha Barbosa (UFU)
Com os temas da inclusão, da diversidade e da tolerância ocupando lu-
gar de destaque, seja no rigor do meio acadêmico ou no cotidiano e na
mídia, torna-se relevante propor uma reflexão mais profunda sobre a
relação dialética entre as forças do coletivo e a lógica do fortalecimen-
to da individualidade. Ao considerarmos que a experiência da dança
se dá, quase que exclusivamente, dentro de processos coletivos, como
dar destaque à autonomia e à singularidade de cada indivíduo? E, ao
mesmo tempo, como dar destaque à singularidade e à individualida-
de, sem perder de vista a inserção do indivíduo em um corpo coletivo?
Tendo como norte a Teoria Crítica de Theodor Adorno, passando pe-
las reflexões de Jacques Rancière e pelo pensamento de Rudolf Laban,
entre outros autores, percorremos as projeções dos conceitos de auto-
nomia e alteridade para meditar sobre a dança, quem a produz, ensina
e aprende e também como podem se dar tais processos. Pretendemos,
assim, discutir os conceitos de autonomia e alteridade para pensarmos
a dança e a invenção de novas corporeidades e modos de comparti-
lhamento de experiências que levem a outros discursos artísticos e
formativos, de não-identidade e de inadequação.
Palavras-Chave: Dança; Alteridade; Autonomia.