UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO LATO SENSU
EM DEFESA E VIGILÂNCIA SANITÁRIA ANIMAL
VALÉRIA CRISTINA DE JESUS CHINELLI
BRUCELOSE BOVINA
REVISÃO DE LITERATURA
VITÓRIA (ES), Abril.
2008
VALÉRIA CRISTINA DE JESUS CHINELLI
ALUNA DO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO LATO SENSU EM
DEFESA E VIGILÃNCIA SANITÁRIA ANIMAL DA UCB
BRUCELOSE BOVINA
REVISÃO DE LITERATURA
Trabalho Monográfico de conclusão do Curso de PósGraduação em Defesa e Vigilância Sanitária Animal (TCC) apresentado a UCB como requisito parcial para a obtenção do Título de Especialista Lato sensu em Defesa e Vigilância Sanitária Animal sob orientação da Prof. MsC. Cláudia D´Ávila de Almeida. .
VITÓRIA / ES, Abril. 2008
BRUCELOSE BOVINA REVISÃO DE LITERATURA
Elaborado por Valéria Cristina de Jesus Chinelli, aluna do Curso de
Especialização Lato Sensu em Defesa e Vigilância Sanitária Animal da UCB.
Foi analisado e aprovado com grau:____________________
Vitória, ______ de__________________ de________________
_______________________________
Membro _______________________________ Membro ________________________________ PROFESSOR ORIENTADOR PRESIDENTE VITÓRIA /ES, ABRIL. 2008
Dedico aos meus pais pelo grande apoio dado
a minha vida em todos os momentos que necessitei.
Ao meu marido Carlos e ao meu filho Bruno
com quem compartilho todas as alegrias
e o meu amor.
Agradecimentos
Em primeiro lugar agradeço a Deus por tudo que tenho recebido ao longo da minha
vida.
Aos amigos e colegas do Curso de Pós Graduação: Gabriela, Márcio, Anderson,
Juliana, Edmara, Karina entre outros por transformar este curso em momentos
agradáveis e também pelos auxílios prestados quando necessitados e claro pela
amizade.
Aos professores em geral pela simpatia, gentileza e profissionalismo nas horas em
que estavam em sala de aula em plena dedicação ao seu serviço.
A orientadora Cláudia D`Ávila de Almeida, meu agradecimento pela orientação a este
trabalho.
A minha família que esteve sempre ao meu lado acompanhando-me a cada degrau
superado a esta realização.
Enfim a todos que direta ou indiretamente ajudaram a realizar este trabalho o meu
muito obrigado.
TABELAS
TABELA 1: Período de sobrevivência da Brucella abortus em diferentes locais
e tratamentos..........................................................................................................15.
TABELA 2: Resumo diagnóstico das causas de abortamento em
bovinos...................................................................................................................26.
RESUMO
A Brucelose bovina é uma zoonose cosmopolita de grande importância na Medicina
Veterinária causada por bactérias do gênero Brucella mais especificamente em
bovinos pela Brucella abortus.
No Brasil foi instituído pelo MAPA o Programa Nacional de Controle e Erradicação da
Brucelose e Tuberculose Animal – PNCEBT, com o intuito de atuar diretamente
sobre a prevalência e incidência da doença nos rebanhos.
O principal sinal clínico da doença é o aborto entre o sétimo e o oitavo mês de
gestação gerando grandes perdas econômicas para a pecuária. O diagnóstico é feito
por métodos indiretos e diretos com testes de triagem e confirmatórios. O controle da
doença se dá pela vacinação e pelo sacrifício de animais reagentes aos testes
diagnósticos.
Este trabalho tem o intuito de mostrar a brucelose bovina como um todo levando em
consideração suas interações com o PNCEBT.
Palavras chaves: Brucelose bovina, Brucella abortus, zoonose, aborto.
ABSTRACT
The bovine brucellosis is a cosmopolitan zoonosis of great importance inthe
veterinary Medicine caused by bactérias from the gender brucella more especifically
in bovines by the Brucella abortus. In Brazil the agriculture clasttle breeding and
supply Ministry and the National Program for the control and erradication of
Brucellosis and Tuberculosis-PNCBT ciming to ait directh against the occurrence in
the flocks.
The main clinic sign of the disease is the miscarriage betuseen the seventh or eight
month of pregnancy which causes big losses to the clasttle breeding sector. The
diagnosis is done indirect and direct methods by selection and conclusione tests. The
control of the disease is made by the vaccine and the sacrifice of the reacting animals
by the diagnosis tests. This work ains to sho bovine brucellosis as a whole
considering its interactions with the PNCBT.
Key Words: Bovine Brucellosis, Brucella abortus, zoonosis, mis carriage.
SUMÁRIO
1INTRODUÇÃO....................................................................................................... 10
2 REVISÃO DA LITERATURA............................................................................... 12
2.1 ETIOLOGIA....................................................................................................... 12
2.2 EPIDEMIOLOGIA.............................................................................................. 15
2.3 PATOGENIA...................................................................................................... 16
2.4 SINAIS CLÍNICOS............................................................................................. 18
2.5 ACHADOS CLÍNICOS E ANATOMOPATOLÓGICOS...................................... 19
2.6 DIAGNÓSTICO.................................................................................................. 20
2.6.1 Métodos indiretos ou sorológicos.............................................................. 20
2.6.1.1 Testes de triagem...................................................................................... 21
2.6.1.2 Testes confirmatórios............................................................................... 22
2.6.2 Métodos diretos............................................................................................ 24
2.7 DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL......................................................................... 25
2.8 PROGNÓSTICO................................................................................................ 25
2.9 MONITORAÇÃO E PREVENÇÃO..................................................................... 32
3 CONCLUSÃO....................................................................................................... 34
BIBLIOGRAFIA...................................................................................................... 35
1INTRODUÇÃO
A brucelose bovina é uma enfermidade infecto contagiosa crônica causada pela
Brucella abortus, de distribuição mundial que leva a prejuízos de ordem
econômica com perdas de até 20% da produção bovina de corte de um país. É
uma zoonose de grande importância na saúde pública em razão do risco
ocupacional para as pessoas que trabalham na indústria de processamento de
carnes e leite assim como veterinários, empregados rurais e técnicos que lidam
diretamente com bovinos ou ainda pessoas que lidam com o microorganismo em
laboratório (CORRÊA, 1992; PALHANO et al 2003; MOLNAR et al, 2000; BRASIL,
2001).
Suas perdas econômicas vão desde a geração de barreiras internacionais ao
comércio de produtos de origem animal (queda de preço da carne, leite e
derivados) e perdas na indústria (condenação do leite e da carne) até os altos
custos dos programas de controle e erradicação; além dos prejuízos com abortos
e a baixa fertilidade nas fazendas (JARDIM et al, 2006).
O primeiro gênero a ser identificado foi a Brucella melitensis, isolado em 1887, do
baço de pacientes mortos por “febre do Mediterrâneo” ou “febre gástrica” (mais
tarde denominada de “febre de Malta”), por (David Bruce), cujo nome identifica o
microorganismo e a moléstia. Em 1897, foi identificada a Brucella abortus de fetos
bovinos abortados e de membranas fetais, por Frederick Bang, um veterinário
dinamarquês. Desde então a doença em bovinos ficou conhecida como “Doença
de Bang” (JONES et al, 2000).
Embora o hospedeiro preferencial seja o bovino, a Brucella abortus pode infectar
também outras espécies, como búfalos, camelos, cervídeos, cães, eqüinos, ovinos
e o homem (STACK & MACMILIAN, 2007).
As infecções bovinas são causadas por pelo menos oito biotipos de Brucella abortus além
de um número de cepas variantes. Aproximadamente 5% das infecções são oriundas do
biotipo 1. O biotipo 2 foi isolado em um surto de brucelose nos bovinos no Canadá em
1986. Nos EUA, são encontrados os biotipos 1 a 4 (SMITH, 2006; RADOSTITS et al,
2002). No Brasil já foram isolados os biotipos 1, 2, 3 e 7 (COSTA, 2003).
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 ETIOLOGIA
As várias espécies do gênero Brucella são consideradas bactérias gram
negativas, imóveis não capsuladas, aeróbicas não fornecedores de esporos
variando entre (0,4 e 0,8 mm) de largura e (0,5 a 0,7 mm) de comprimento,
apresentam-se com morfologia colonial lisa, rugosa e mucóide, suas formas
cocóides que superam numericamente as formas bacilares sob certas condições
de cultivo. Normalmente se apresentam como bacilos curtos (POESTER, 1997;
RADOSTITS et al, 2000; COSTA, 2003; FERNANDES, 2003; JONES et al, 2000;
CORRÊA, 1992).
As Brucellas resistem bem ao ambiente se as condições de ph, temperatura e luz
forem favoráveis, resistem vários meses na água, fetos, restos de placenta (120
dias), fezes se úmidas (75 dias), lã, feno, materiais e vestimentas em locais secos
(pó e solo) e a baixas temperaturas. Sua sobrevivência no leite e produtos lácteos
depende da quantidade de água, temperatura, ph e presença de outros
microorganismos e a pasteurização, métodos de esterilização a altas temperaturas
e a fervura eliminam as Brucellas que podem persistir durante vários anos em
produtos não pasteurizados (TABELA 1) (GUAITOLINI, 2004).
O tempo de sobrevivência na carne é curto, e depende da quantidade de bactérias
presentes do tipo de tratamento sofrido e da correta eliminação dos tecidos que
concentram um número grande de bactérias como: o tecido mamário, o aparelho
reprodutor e linfonodos (COSTA, 2003; DOMINGUES, 2001).
O isolamento é mais bem obtido em meios especiais como: ágar-fígado, ágar-
triptose e ágar-cérebro-coração incubados a (37ºC) durante três a cinco dias; se
houver suspeita ou se esperar isolar a Brucella abortus, o meio, deve ser
acondicionado em jarra cristalizadora com atmosfera contendo 10% de CO2. As
colônias após três a cinco dias atingem de (1 a 2 mm) e são cinza-brancas,
translúcidas ou de cor amarelo-caramelo (CORRÊA, 1992).
Os desinfetantes como o formol a 3%, hipoclorito de cálcio e sódio a 5%, fenol a
5%, álcool a 96º GL e xileno são efetivos contra a Brucella em soluções aquosas
assim como, os raios ultravioletas. Já os desinfetantes amoniacais não
apresentam uma boa atividade contra as Brucellas (COSTA, 2003; RADOSTITS et
al, 2002).
Em cadáveres, tecidos contaminados as Brucellas podem permanecer vivas por
um a dois meses em clima frio, mas morrem em 24 horas no verão ou em regiões
quentes, pois são pouco resistentes à luz e a dessecação (CORRÊA, 1992).
As Brucellas são parasitas intracelulares facultativas onde os microrganismos têm
a capacidade de se ligarem a linfócitos, tal ligação resulta da interação da lecitina
do linfócito com os carboidratos da parede bacteriana, essa propriedade de
virulência é essencial para o bom acesso aos linfonodos e tecidos (CANNING et
al, 1985; CORRÊA, 1992).
TABELA 1: Período de sobrevivência da Brucella abortus em diferentes
locais e tratamentos
LOCAIS E TRATAMENTOS TEMPO DE SOBREVIVÊNCIA DA
BACTÉRIA
Luz solar direta 4-5 horas
Solo seco 4 dias
Solo úmido 66 dias
Fezes 120 dias
Dejetos a altas temperaturas 2-4 horas
Esgoto 8-240/ 700 dias
Água Potável 5-114 dias
Água Poluída 30-150 dias
Feto a sombra 180 dias
Exsudato uterino 200 dias
Leite 17 dias
Leite congelado > 800 dias
Queijos Até meses
Manteiga Até 4 meses
Iogurte Até 96 dias
Temperatura de (60ºC) 10 minutos
Temperatura de (71,7ºC) 15 minutos
Autoclavação: 120º C 20 minutos
Pasteurização lenta: 65ºC 30 minutos
Pasteurização rápida: 72 a 74º C 15-20 segundos
FONTE: CD PNCEBT Set/ Out. 2004
2.2 EPIDEMIOLOGIA
A Brucelose bovina é considerada uma zoonose mundial, sendo de maior
importância em países em desenvolvimento. Dois fatores determinam a sua
importância: a perda na produção animal e a repercussão da infecção sobre a
saúde humana (RADOSTITS et al, 2002; PALHANO et al, 2003).
A prevalência da infecção varia consideravelmente entre os rebanhos, as regiões
e os países. Para se calculá-la devem ser avaliados a densidade populacional
animal, tamanho do rebanho, tipo e raça do animal (leiteiro ou corte), sistema de
criação e outros fatores ambientais que são importantes e determinantes na
dinâmica da infecção.
A morbidade é considerada alta quando é recém ingressada numa criação e a
doença se mantém endêmica e propriamente não há letalidade nem mortalidade
(CORRÊA, 2003).
Atinge bovinos de todas as idades, porém sendo mais comum nos animais
sexualmente maduros, particularmente nos bovinos leiteiros (RADOSTITS et al,
2002; PALHANO et al, 2003). A entrada da doença nos rebanhos ocorre mediante
aquisição de animais infectados sem manifestações clínicas, aparentemente
sadios, principalmente as fêmeas (novilhas e vacas) (BRASIL, 2004).
A disseminação neste rebanho se dá de forma rápida, pois estes contaminam a
água, os pastos e os ambientes mediante corrimento uterino pós-parto ou aborto,
restos placentários, líquidos fetais e fetos abortados, leite contaminado em menor
probabilidade.
A transmissão venérea é rara, porém vacas podem se contaminar por
inseminação artificial (sêmen contaminado). Pode ocorrer ainda a contaminação
nasofaríngea, conjuntival, genital ou pelo contato direto com a pele com solução
de continuidade (MARQUES, 2003; COSTA, 2003; DOMINGUES et al, 2001;
CORRÊA, 2003; CARTER, 1988; BALL et al, 2006).
Insetos podem desempenhar um papel secundário na transmissão de infecção no
rebanho. Foi demonstrado que a mosca-do-chifre (Hematobia irritans) transporta e
excreta a Brucella nas fezes (WALKER, 2003).
2.3 PATOGENIA
Após a infecção os microorganismos são fagocitados pelos leucócitos onde alguns
sobrevivem e se multiplicam. Estes são levados ao tecido linfóide, onde se
replicam (10 a 21 dias após a infecção), ocorre bacteremia e colorização de
linfonodos supramamários, medula óssea, articulações, glândula mamária, útero e
placenta fetal. O microorganismo sobrevive dentro dos macrófagos e neutrófilos se
protegendo assim, dos mecanismos de defesa humorais e celulares (SMITH,
2006; RADOSTITS, 2002; PALHANO, 2003; MARQUES, 2003).
Nos touros vão para a medula óssea, articulações, bainhas tendinosas, linfonodos,
testículos, cápsulas articulares, vesículas seminais onde produzem alterações
anatomopatológicas marcantes (MARQUES, 2003).
A predileção que as Brucellas têm pela placenta, fluídos fetais e testículos é
atribuída ao eritritol (álcool poliídrico) e a progesterona que são estimulantes do
crescimento da Brucella (SILVA, 2005; RADOSTITS et al, 2002; CARTER, 1988).
O período de incubação da Brucella dura de trinta a sessenta dias e nas fêmeas, o
aborto ocorre no terço final da gestação causado pelo choque devido a produção
de endotoxinas. Geralmente ocorre retenção de placenta e endometrite. A vaca se
mantém cronicamente infectada, e se o animal não estiver prenhe ocorre
localização da Brucella no úbere, levando a uma mastite intersticial podendo ainda
se localizar em nódulos linfáticos adjacentes (BALL et al, 2006; MARQUES, 2003;
CARTER, 1988; FERNANDES, 2003; ACLAND, 1998).
No touro, a infecção pode se localizar nos testículos (focos necróticos), epidídimo
ou vesícula seminal. Os abscessos são seqüelas comuns, orquite e as artrites
também. Podem ocorrer ainda infecções no fígado, baço, pulmões com lesões
granulomatosas e ainda ao se instalarem em articulações mais exigidas podem
dar origem a lesões denominadas de higromas, que podem supurar (CORRÊA,
1992; DOMINGUES, 2001; CARTER, 1988; PALHANO, 2003; SMITH, 2006;
BRASIL, 2001).
A brucelose induz resposta imune celular e humoral. A resposta imune humoral
frente à infecção natural caracteriza-se pela elevação quase simultânea das
concentrações de imunoglobulinas (Ig) das classes IgM e IgG. Nestes animais as
Ig da classe IgM, declinam com tendências ao desaparecimento algumas
semanas após a infecção, ao contrário das Ig da classe IgG que se estabelecem e
persistem nos animais cronicamente infectados (AGUIAR et al, 2001).
Fêmeas nascidas de vacas brucélicas podem infectar-se no útero, durante ou
após o parto. Quando infectados esses animais em geral, abortam na primeira
prenhez e só apresentam resultados positivos para os testes sorológicos no
decorrer da gestação (BRASIL, 2006).
2.4 SINAIS CLÍNICOS
Os sinais clínicos predominantes em vacas gestantes são o abortamento,
natimortos ou neonatos débeis. Geralmente o aborto acontece entre o sétimo e
oitavo mês de gestação, levando a retenção de placenta e metrite, e
ocasionalmente, esterilidade ou subfertilidade como conseqüência de uma
infecção crônica (JONES et al, 2000; RADOSTITS et al, 2002).
Nas gestações subseqüentes, o feto normalmente é gerado a termo, embora um
segundo, ou, mesmo, um terceiro abortamentos possam ocorrer na mesma vaca.
Algumas vacas podem não apresentar sinais clínicos, mas continuam eliminando
o microrganismo, contaminando assim o ambiente (RADOSTITS et al, 2002;
COSTA, 2003; PITUCO e DEL FAVA, 2003).
Em casos de brucelose crônica pode ocorrer reabsorção embrionária, assim como
os fetos mumificados e ou macerados. Nos touros geralmente a infecção ocorre
principalmente em testículos, glândulas vesiculares e próstatas causando orquite
ou epididimite, levando a diminuição da libido e da fertilidade. Podem ocorrer em
uma ou em ambas as bolsas escrotais, resultando em degenerações, aderências,
fibroses e etc. Em alguns casos nos machos se observa edemas higromatosos
principalmente nos joelhos, artrite e sinovite não-supurativa (PITUCO e DEL
FAVA, 2003; RADOSTIS et al, 2002; AGUIAR et al, 2001; COSTA, 2003;
PIMENTEL, 2003).
2.5 ACHADOS CLÍNICOS E ANATOMOPATOLÓGICOS
A Brucella abortus causa lesões placentárias características. Macroscopicamente
há inflamação que leva a necrose cotiledonária e proliferação de tecido conectivo
de granulação, com fibrose e aderência do cotilédone a carúncula materna. No
córion intercotiledônico, há edema e progressivo espessamento placentário com
exsudação de líquido viscoso e aderente de cor acastanhada. Microscopicamente
encontram-se no útero focos inflamatórios granulomatosos, com células
epitelióides e ao redor um halo linfoplasmocitário (CORRÊA, 1992).
O feto ao ser abortado apresenta-se edematoso, podendo apresentar líquido
serossanguinolento na cavidade abdominal e na torácica, apresentando quase
sempre broncopneumonia. Os linfonodos fetais se mostram hiperplásicos e o timo
pode estar menor do que o normal (CORRÊA, 1992; JONES et al, 2000).
Nos tecidos, particularmente o sistema linforretícular, apresenta-se formado por
granulomas, ocorrendo necrose caseosa pelo circundamento de linfócitos, os
macrófagos ficam com aspecto de células epitelióides e grande número de
neutrófilos no interior da lesão com depósito de tecido conjuntivo na periferia,
estes podem ser vistos tanto a olho nú, como ter dimensões microscópicas (
JONES et al, 2000).
No touro, o escroto fica aumentado e endurecido, a túnica vaginal espessada, em
casos raros ocorre a necrose do conteúdo da túnica, levando a ruptura e
corrimento do conteúdo (JONES et al, 2000).
Os touros acometidos ficam normalmente estéreis, quando a orquite é aguda nos
dois testículos. Edemas higromatosos especialmente nos joelhos devem ser
considerados como suspeitos para a brucelose, pois a Brucella abortus é
freqüentemente isolada em tecidos de sinovite (RADOSTITS et al, 2002).
2.6 DIAGNÓSTICO
O diagnóstico da brucelose pode ser feito por métodos indiretos através da
detecção de anticorpos contra a Brucella abortus ou por métodos diretos, feito
pela identificação do agente (BRASIL, 2006).
2.6.1 Métodos Indiretos ou sorológicos
Visam demonstrar a presença de anticorpos contra a Brucella sp, nos fluídos
corporais como o sêmen, muco vaginal, soro sangüíneo e leite. As reações falso
positivas podem decorrer como resultado da vacinação com B 19 após a idade
recomendada ou devido a presença de anticorpos não específicos existentes nas
infecções por outras bactérias como por exemplo: A Pseudomonas sp, Salmonela
sp, Escherichia coli O 157 ou Yersinia enterocolítica O:9 (BRASIL, 2006).
Vários fatores influenciam a resposta sorológica a infecção por Brucella sp, entre
estes fatores estão as condições vacinais dos animais, a natureza do desafio, a
variação individual de respostas à vacinação e a infecção, o estágio da gestação
no momento da infecção e o longo e variável período de incubação da doença
durante a qual a sorologia pode ser negativa (BRASIL, 2006).
A estratégia que melhor tem sido validada por diversos países que conseguiram
avanços significativos no combate a brucelose, é a combinação de testes
utilizados em série. Essa estratégia tem como base a escolha de um teste de
triagem de prática execução, barato e de boa sensibilidade, seguido de um teste
confirmatório, a ser realizado somente nos soros que resultarem positivos no teste
anterior, mais elaborado, e com melhor especificidade que o teste de triagem. Este
teste confirmatório tem que ter também boa sensibilidade (BRASIL,2006).
Os testes sorológicos podem ainda ser classificados segundo o antígeno utilizado
na reação. Nos testes de aglutinação( lenta, com antígeno acidificado, do anel em
leite, de Coombs), de fixação do complemento ou imunofluorescência indireta, o
antígeno é representado por células inteiras de Brucella abortus (BRASIL, 2006).
Nos testes de imunodifusão em gel (dupla ou radial), Elisa (indireto e competitivo),
hemólise (indireta e Western blot), o antígeno é representado pelo
lipopolissacarídeo da parede celular da B. abortus semipurificado (BRASIL, 2006).
No Brasil, o PNCEBT definiu como oficiais os seguintes testes: Antígeno
acidificado tamponado (AAT), o anel em leite (TAL), 2-mercaptoetanol (2-ME) e a
fixação de complemento (FC). Os dois primeiros como testes de triagem e os dois
últimos como confirmatórios, de células inteiras da amostra de Brucella abortus
(1119-3) que são utilizadas na preparação dos antígenos (BRASIL, 2006).
Os métodos sorológicos devem ser escolhidos de acordo com o custo, com a
situação epidemiológica da doença, com o tamanho e características da
população sob vigilância, com a sensibilidade e a especificidade dos testes, bem
como a utilização de vacinas (BRASIL, 2006).
2.6.1.1 Testes de Triagem
A) Teste de soroaglutinação com Antígeno Acidificado Tamponado (AAT):
É o teste de triagem do rebanho, preparado com o antígeno na concentração de
(8%) tamponado em pH ácido (3,65) e corado com o rosa-bengala. A maioria dos
soros de animais bacteriologicamente positivos apresenta reação a esta prova.
Sugere-se a confirmação por meio de testes de maior especificidade, para se
evitar o sacrifício de animais não infectados, pois podem ocorrer alguns poucos
casos de reações falso-positivos em decorrência da utilização da vacina B-19.
É uma prova qualitativa porque não indica a título de anticorpos do soro testado. A
leitura revela a presença ou a ausência de IgG1. O pH acidificado da mistura soro-
antígeno inibe a aglutinação do antígeno pelos IgM. O AAT detecta com maior
precocidade as infecções recentes, sendo, nesse aspecto, superior a prova lenta
em tubos (BRASIL, 2006).
B) Teste do Anel em leite (TAL):
Serve para se detectar rebanhos infectados, como também para se monitorar
rebanhos leiteiros livres de brucelose. Podem se apresentar resultados falso-
positivos em presença de leites ácidos, de animais em início de lactação (colostro)
ou provenientes de animais portadores de mamites (BRASIL, 2006).
A baixa concentração celular do antígeno (4%) torna este teste muito sensível,
pois foi idealizado para ser aplicado em misturas do leite de vários animais. A cor
azul característica da reação positiva se deve ao uso de antígenos corados com
hematoxilina.
Se existirem anticorpos no leite, eles se combinarão com as Brucellas abortus do
antígeno, formando uma malha de complexo antígeno-anticorpo que por sua vez,
será arrastada pelos glóbulos de gordura fazendo com que se forme um anel
azulado na camada de creme do leite (reação positiva). Sem anticorpos presentes
o anel do creme terá coloração branca e a coluna de leite permanecerá azulada
(reação negativa) (BRASIL, 2006).
2.6.1.2 Testes Confirmatórios
A) Teste de soroaglutinação em Tubos (SAT):
É utilizado em associação com o teste do 2-Mercaptoetanol para confirmar
resultados positivos em provas de rotina, também é chamada de prova lenta
porque a leitura dos resultados é feita em 48 horas (BRASIL, 2006).
Animais com idade acima de 8 meses, vacinadas com B-19 podem apresentar
títulos de anticorpos para esta prova por um longo tempo ou até mesmo
permanentemente (BRASIL, 2006).
A prova permite identificar uma alta proporção de animais infectados, mas
costuma apresentar resultados falso-negativos e no caso de infecção crônica,
pode aparecer títulos significativos em animais não infectados por Brucella abortus
como decorrência de reações cruzadas com outras bactérias (BRASIL, 2006).
B) Teste do 2-Mercaptoetanol (2-ME):
Deve ser executada sempre em paralelo com a prova lenta em tubos. É uma
prova quantitativa seletiva que detecta somente a presença de (IgG) no soro que é
indicativa de infecção crônica. Baseia-se no fato dos anticorpos da classe (IgM)
degradarem-se em subunidades pela ação de compostos que tenham radicais tiol.
Como as subunidades não dão origem a complexos suficientemente grandes para
provocar aglutinação, soros com predomínio de (IgM) apresentam reações
negativas nesta prova e positivas na lenta. A interpretação dos resultados é dada
pela diferença entre os títulos dos soros sem tratamento (prova lenta), frente ao
soro tratado com 2-MERCAPTO.
Resultados negativos no 2-ME e positivos na prova lenta devem ser interpretados
como reações inespecíficas, ou como devido a anticorpos residuais de vacinação
com B-19 (BRASIL, 2006).
Resultados positivos nas duas provas indicam a presença de IgG, são animais
infectados, pois estas são as aglutininas relacionadas com a infecção (BRASIL,
2006).
C) Fixação de Complemento (FC):
É o teste de referência recomendado pela Organização Mundial de Saúde Animal
(OIE) para o Trânsito Internacional de Animais. Este teste tem sido empregado em
diversos países que conseguiram erradicar a brucelose, ou estão, em base de
erradicá-la. É um teste trabalhoso e complexo que exige pessoal treinado e
laboratório bem equipado (BRASIL, 2006).
2.6.2 Métodos Diretos
Incluem o isolamento e a identificação do agente, imunohistoquímica e métodos
de detecção de ácidos nucléicos principalmente a reação da polimerase em
cadeia (PCR).
A PCR detecta um segmento de DNA específico da Brucella abortus em material
de aborto, em secreções e excreções. É uma técnica muito específica e sensível,
mas requer pessoal treinado e equipamentos sofisticados (BRASIL, 2006).
O isolamento e a identificação da Brucella abortus a partir de material de aborto
(feto, conteúdo estomacal, de feto, placenta ou de secreções), apresentam bons
resultados se a colheita e o transporte da amostra forem bem realizados, e se a
amostra for processada em laboratórios capacitados (BRASIL, 2006).
A imunohistoquímica pode ser procedida em material de aborto após a fixação em
formol e permite tanto a identificação do agente como a visualização de aspectos
microscópicos do tecido examinado (BRASIL, 2006).
2.7 DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
No diagnóstico diferencial devemos levar em consideração que abortos repetidos
podem ser produzidos por diversas causas infecciosas e não infecciosas. É
observado, por exemplo, em tricomoníase e vibrinose, infecções por
Corynebacterium pyogenes , assim como por intoxicações alimentares,
transtornos da aclimatação em rebanhos importantes ou depois de traumatismos
(BATHKE, 1999).
Um resumo dos principais diagnósticos diferentes que tem como causa o
abortamento contagioso nos bovinos é fornecido na TABELA 2 (RADOSTITS,
2002).
2.8 PROGNÓSTICO
Em condições naturais o prognóstico da brucelose é bom quanto ao indivíduo no
sentido de não causar a morte. Entretanto para a criação ou lote é mau, porque a
doença é crônica e de caráter endêmico (CORREA, 1992).
TABELA 2: RESUMO DIAGNÓSTICO DAS CAUSAS DE ABORTAMENTO EM
BOVINOS
DOENÇA: Brucelose (B. abortus).
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS: Aborto.
EPIDEMIOLOGIA: Início de abortamento: Alto até 50% nos rebanhos suscetíveis.
EPIDEMIOLOGIA: Período de abortamento: - 6 meses.
EXAME A CAMPO: Placenta: Necrose dos cotiledones, placenta coriácea, opaca com
edema.
EXAME A CAMPO: Feto: Pode ser pneumonia.
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL: Isolamento do agente: Cultura do estômago fetal,
placenta líquido uterino, leite e sêmen.
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL: Sorologia: Teste de aglutinação no soro e no
sangue, teste do anel leitoso, teste de aglutinação em placa de soro de leite e teste de
aglutinação no sêmen e no muco vaginal.
DOENÇA: Tricomoniase (Tricomonas fetus).
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS: Infertilidade, retorno ao estado febril em 4-5 meses,
abortamento e piometra.
EPIDEMIOLOGIA: Início de abortamento: Moderado (5 a 30%).
EPIDEMIOLOGIA: Período de abortamento: 2-4 meses
EXAME A CAMPO: Placenta: Material floculento e líquido e aeroso no exsudato
uterino.
EXAME A CAMPO: Feto: Maceração Fetal e piometra são comuns.
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL: Isolamento do agente: Exame da gota pendente
ou de cultura do estômago fetal e exsudato uterino dentro de 24 horas de abortamento.
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL: Sorologia: Teste de aglutinação no muco cervical.
DOENÇA: Neosporose (Neospora caninum)
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS: Mundial principalmente nos bovinos leiteiros, também
nos bovinos de corte, aborto mais comumente (reabsorção, mumificação, natimortos e
nascimentos vivos podem ocorrer). Ciclo de vida não é compreendido, prevalência de
infecção pode ser alta, a transmissão congênita é o único meio conhecido em bovinos.
EPIDEMIOLOGIA: Início de abortamento: Esporádico ou surtos são comuns (20-
40%). A repetição dos abortamentos da mesma vaca é comum.
EPIDEMIOLOGIA: Período de abortamento: 3-4 meses de gestação, média de (5,5
meses).
EXAME A CAMPO: Placenta: Sem lesões características na placenta, parasitas
presentes.
EXAME A CAMPO: Feto: Lesões degenerativas disseminadas das do feto, encefalite
não supurativa necrosante são comuns com a presença de parasitas.
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL: Isolamento do agente: Isolamento do parasita do
cérebro e miocárdio fetais.
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL: Sorologia: Anticorpos no feto e na vaca,
anticorpos IFAT e ELISA são usados para o diagnóstico sorológico.
DOENÇA: Vibrinose (Campylobacter fetus).
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS: Infertilidade irregular, diestro moderadamente
prolongada.
EPIDEMIOLOGIA: Início do abortamento: Baixo até (5%) pode ser até (20%).
EPIDEMIOLOGIA: Período de abortamento: 5-6 meses.
EXAME A CAMPO: Placenta: Semi-opaca, pequeno espessamento, petéquias,
avascularidade localizada e edema.
EXAME A CAMPO: Feto: Flocos de pus sobre o peritônio visceral.
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL: Isolamento do agente: Cultura do estômago fetal,
placenta e exsudato uterino.
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL: Sorologia: Aglutinação sanguínea após o
abortamento (com três semanas), teste de aglutinação no muco cervical com 40 dias
após a notificação da infecção.
DOENÇA: Leptospirose.( L. pomona e L. hardjo.)
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS: O abortamento pode ocorrer na fase febril aguda
mais tarde ou não associado com a doença.
EPIDEMIOLOGIA: Início do abortamento: 25-30%
EPIDEMIOLOGIA: Período do abortamento: Tardia mais de seis meses.
EXAME DE CAMPO: Placenta: Placenta avascular, cotiledones, atômicos, amarelo-
acastanhado, edema gelatinoso castanho entre o alantóide e o âmnion.
EXAME DE CAMPO: Feto: Morte fetal é comum.
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL: Isolamento do agente: Isolamento do líquido
pleural, rim e fígado do feto. O exame direto da urina da vaca é melhor.
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL: Sorologia: Teste de aglutinação sérica positivo
(14-21 dias) após a doença febril.
DOENÇA: Rinotraqueite infecciosa bovina (RIB).
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS: Rotineiro.
EPIDEMIOLOGIA: Início do abortamento: 25-50%.
EPIDEMIOLOGIA: Período do abortamento: Tardia, seis meses.
EXAME A CAMPO: Placenta: Sem lesões grosseiras significativas macroscópicas.
EXAME A CAMPO: Feto: Autolisado, focos de necrose hepática.
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL: Isolamento do agente: Cultura da placenta e do
feto, anticorpo fluorescente para o fragmento tecidual congelado do rim fetal.
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL: Sorologia: Soro agudo e convalescente.
DOENÇA: Micoses (Aspergillus absidia).
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS: -
EPIDEMIOLOGIA: Início do abortamento: Desconhecido. (6-7%) dos abortamentos
enfrentados.
EPIDEMIOLOGIA: Período do abortamento: 3-7 meses.
EXAME A CAMPO: Placenta: Necrose do cotiledone materno, aderência do material
necrótico ao cotiledone coriônico produz uma estrutura lisa, amarela semelhante a uma
almofada e pequenas lesões coriáceas amarelas elevadas nas áreas intercotiledoneas.
EXAME A CAMPO: Feto: Podem ser pequenas lesões elevadas lisas, amarelo-
acinzentadas ou áreas esbranquiçadas difusas sobre a pele semelhante a tinta.
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL: Isolamento do agente: Exame direto do cotiledone
e do estômago fetal e exame de cultura apropriado.
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL: Sorologia: -
DOENÇA: Listeriose (Listeria monocytogenes).
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS: Pode ser uma septicemia associada (vaca que
abortam podem morrer de septicemia).
EPIDEMIOLOGIA: Início do abortamento: Baixo.
EPIDEMIOLOGIA: Período do abortamento: Aproximadamente sete meses.
EXAME A CAMPO: Placenta: -
EXAME A CAMPO: Feto: Autólise, foco de necrose no fígado e em outros órgãos.
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL: Isolamento do agente: Microorganismo no
estômago fetal, placenta e líquido uterino.
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL: Sorologia: Título de aglutinação superior a 1:400
nos animais contactantes classificados como positivos.
DOENÇA: Aborto viral epizoótico (Espiroqueta semelhante á Borrelia).
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS: Principalmente no inverno. A imunidade do rebanho
desenvolve – se.
EPIDEMIOLOGIA: Início do abortamento: Alto (30-40%).
EPIDEMIOLOGIA: Período do abortamento: 6-8 meses.
EXAME A CAMPO: Placenta: Negativo.
EXAME A CAMPO: Feto: Edema subcutâneo e lesões degenerativas do fígado.
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL: Isolamento do agente: Espiroqueta isolada.
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL: Sorologia: Nenhum teste específico.
NUTRICIONAL: Ingestão de quantidades excessivas de estrógenos pré-formados na
dieta pode causar o abortamento. Existem normalmente sinais concomitantes devido a
vascularidade aumentada do útero e da vulva.
ISOIMUNIZAÇÃO DA PRENHEZ: Não é observada a ocorrência natural nos bovinos e
é produzida experimentalmente através de injeções intravenosas repelidas de sangue
de um único touro e ocorre a hemólise intravascular nos bezerros.
DESCONHECIDA: De (30 a 75%) da maioria das seqüências dos abortamentos
examinados não são diagnosticados e a injeção de grande quantidade de folha de
pinheiro é suspeita como uma causa do abortamento na criação extensiva dos bovinos
nos Estados Unidos e as infecções pelos vírus da rinotraqueite infecciosa bovina e da
doença das mucosas são outras causas de importância relativa.
2.9 MONITORAÇÃO E PREVENÇÃO
O tratamento da brucelose bovina é assunto controvertido entre os profissionais,
sendo preferível o descarte do animal infectado devido a presença intracelular da
bactéria, que impede os antibióticos de alcançarem concentração ótimas para
eliminá-la (DOMINGUES, 2001; COSTA, 2003).
Conforme o programa oficial de controle da brucelose que segue estabelecido na
Portaria Ministerial do PNCEBT, deve-se vacinar todas as bezerras na faixa etária
de três a oito meses e a vacinação deve ser efetuada sob a responsabilidade de
um médico veterinário sendo realizada na propriedade no mínimo uma vez por
semestre, não vacinar os machos de qualquer idade, marcar os bezerros
vacinados com um (V) acompanhado do algarismo final do ano da vacinação no
lado esquerdo da cara do animal e bezerros destinados ao registro genealógico
quando devidamente identificados ficam excluídos da obrigatoriedade da
marcação (POESTER, 1997; POESTER et al, 2002; BRASIL, 2001; HAGIWARA e
MEGID, 2002; COSTA, 2003).
Isolar as fêmeas que abortarem, só voltando ao rebanho, após o teste de
soroaglutinação negativo, só introduzir no rebanho animais com soroaglutinação
negativa para brucelose (MARQUES, 2003). Não comprar bovinos sem prova de
soroaglutinação negativa feita por um médico veterinário habilitado pelo MAPA. E
mesmo realizando todas as provas de soroaglutinação todo animal recém
comprado deverá ficar em um período de quarentena de 30 a 60 dias, onde se
realizará nova prova de soroaglutinação para posterior liberação (DOMINGUES,
2001).
Nestes casos deve-se fazer uma cláusula contratual responsabilizando o
vendedor a troca dos animais que após a quarentena apresentarem título suspeito
ou positivo, fazer prova sorológica semestral nos bovinos para detecção de
animais positivos, como atividade de vigilância e saneamento de rebanhos
infectados, com a realização de testes sistemáticos e sacrifício dos animais
reagentes. No Brasil, segundo a portaria do MAPA, os animais reagentes devem
ser marcados com (P) no lado direito da cara do animal, e eliminados
(DOMINGUES, 2001; BRASIL, 2006; PALHANO, 2003).
3 CONCLUSÃO
A brucelose por ser uma zoonose de grande importância na saúde animal e
humana, deve ser detectada o mais rapidamente possível evitando-se assim sua
disseminação. Devem ser tomados cuidados com os rebanhos (na compra e
venda principalmente), exigindo-se sempre os testes diagnósticos e mesmo assim
mantendo os animais sob quarentena como medida preventiva.
A utilização de apenas um teste diagnóstico não é suficiente para confirmar a
condição de portabilidade de um animal. Por isso, devem ser feitos outros testes
confirmatórios para que então se proceda ao sacrifício deste, levando em
consideração que a certeza da doença acarretará em perdas econômicas por
parte do proprietário.
Os objetivos específicos do Programa (PNCEBT) consistem em reduzir a
prevalência e a incidência de novos focos de brucelose, fazendo também o
controle de propriedades certificadas como livres desta doença, monitorando-as e
proporcionando aos consumidores um maior acesso a produtos com baixo risco
sanitário.
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