Universidade Federal de Pernambuco
Centro de Ciências Sociais Aplicadas
Departamento de Ciências Administrativas
Programa de Pós Graduação em Administração - PROPAD
Marco Antônio Buarque Martins
Avaliação da aprendizagem em cursos de pós-
graduação lato sensu em Administração na EAD
online: um estudo em uma instituição de ensino
superior privada sob a ótica da Taxonomia de Bloom
Digital
Recife, 2013
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO
CLASSIFICAÇÃO DE ACESSO A TESES E DISSERTAÇÕES
Considerando a natureza das informações e compromissos assumidos com suas fontes, o
acesso a monografias do Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade
Federal de Pernambuco é definido em três graus:
- "Grau 1": livre (sem prejuízo das referências ordinárias em citações diretas e indiretas);
- "Grau 2": com vedação a cópias, no todo ou em parte, sendo, em consequência, restrita a
consulta em ambientes de biblioteca com saída controlada;
- "Grau 3": apenas com autorização expressa do autor, por escrito, devendo, por isso, o
texto, se confiado a bibliotecas que assegurem a restrição, ser mantido em local sob chave
ou custódia;
A classificação desta dissertação/tese se encontra, abaixo, definida por seu autor.
Solicita-se aos depositários e usuários sua fiel observância, a fim de que se preservem as
condições éticas e operacionais da pesquisa científica na área da administração.
___________________________________________________________________________
Título da Monografia: Avaliação da aprendizagem em cursos de pós-graduação lato sensu em
Administração na EAD online: um estudo em uma instituição de ensino superior privada sob
a ótica da Taxonomia de Bloom Digital
Nome do Autor: Marco Antônio Buarque Martins
Data da aprovação: 21 de fevereiro de 2013
Classificação, conforme especificação acima:
Grau 1
Grau 2
Grau 3
Recife, março de 2013
-----------------------------------------------------------------
Marco Antônio Buarque Martins
Marco Antônio Buarque Martins
Avaliação da aprendizagem em cursos de pós-
graduação lato sensu em Administração na EAD
online: um estudo em uma instituição de ensino
superior privada sob a ótica da Taxonomia de Bloom
Digital
Orientador: Dr. José Ricardo Costa de Mendonça
Dissertação apresentada como requisito
complementar para obtenção do grau de
Mestre em Administração, área de
concentração em Organização, Cultura e
Sociedade do Programa de Pós-Graduação
em Administração, da Universidade
Federal de Pernambuco
Recife, 2013
Catalogação na Fonte
Bibliotecária Ângela de Fátima Correia Simões, CRB4-773
M386a Martins, Marco Antônio Buarque Avaliação da aprendizagem em cursos de pós-graduação lato sensu em
Administração na EAD online: um estudo em uma instituição de ensino
superior privada sob a ótica da Taxonomia de Bloom Digital / Marco
Antônio Buarque Martins. - Recife : O Autor, 2013.
184 folhas : il. 30 cm.
Orientador: Prof. Dr. José Ricardo Costa de Mendonça.
Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Pernambuco. CCSA.
Administração, 2013.
Inclui bibliografia, apêndices e anexos.
1. Avaliação de Potencial de Aprendizagem. 2. Ensino on-line. 3.
Tecnologia educacional. 4. Educação - inovações tecnológicas. I.
Mendonça, José Ricardo Costa de (Orientador). II. Título.
658.45 CDD (22.ed.) UFPE (CSA 2013 – 029)
Universidade Federal de Pernambuco
Centro de Ciências Sociais Aplicadas
Departamento de Ciências Administrativas Programa de Pós Graduação em Administração - PROPAD
Avaliação da aprendizagem em cursos de pós-
graduação lato sensu em Administração na
EAD online: um estudo em uma
instituição de ensino superior privada sob a ótica da
Taxonomia de Bloom Digital
Marco Antônio Buarque Martins
Dissertação submetida ao corpo docente do Programa de Pós-Graduação em Administração
da Universidade Federal de Pernambuco e aprovada em 21 de fevereiro de 2013.
Banca Examinadora:
Prof. José Ricardo Costa de Mendonça, Dr., UFPE (Orientador)
Prof. Guilherme Lima Moura, Dr., UFPE (Examinador Interno)
Profa. Dilmeire Sant´Anna Ramos Vosgerau, Dr.
a, PUCPR (Examinadora Externa)
Aos meu pais, José
Carlos Gomes Martins e
Nara Núbia Buarque
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais que de uma forma ou de outra me apoiaram nas minhas decisões,
mesmo que nem sempre as tivessem compreendido. Foram os primeiros a acreditar e a
incentivar em mim o gosto pelos estudos.
Ao amigo e orientador. José Ricardo Costa de Mendonça pela amizade e pelo
constante incentivo, por ter acreditado no projeto e ter, com paciência, dedicação e gosto pelo
que faz me ensinado bastante ao longo do processo.
Aos meus queridos amigos incentivadores desse projeto, sem o quais talvez ele nem
tivesse se concretizado: Flávia Guimarães, a grande incentivadora, Marcos Rogério pelo
companheirismo e paciência, Emília Mota pela força e incentivo.
Aos colegas da turma 17, especialmente a Luiz Sebastião e Luciene Alencar que
atravessaram comigo todas as diversas fases do mestrado e a Rita de Cassia de Melo pelo
apoio.
Aos funcionários do PROPAD pela solicitude.
A todos os aqueles que de uma forma ou de outra contribuíram para a realização deste
trabalho, meus sinceros agradecimentos.
Resumo
Neste trabalho discute-se a avaliação da aprendizagem online com suas especificidades e
desafios diante das características inerentes a essa modalidade de ensino e aprendizagem bem
como a utilização da Taxonomia de Bloom Digital como suporte para a elaboração e
implementação das propostas e instrumentos avaliativos em sala de aula virtual. Buscou-se
verificar como foram elaboradas e executadas as propostas avaliativas em um curso de
Administração. Trata-se de um estudo de caso único que teve como unidade de análise um
curso de Administração lato sensu na EAD online ofertado por uma instituição de ensino
superior comunitária localizada na região sul do país. A abordagem adotada foi de natureza
qualitativa tanto na coleta quanto na análise dos dados. Utilizaram-se técnicas e estratégias de
coleta de dados da pesquisa qualitativa, entre essas, as entrevistas semiestruturadas, o diário
de campo e a pesquisa documental. Foram utilizadas as transcrições dos conteúdos das
entrevistas, das anotações colhidas no diário de campo e do material encontrado por meio da
pesquisa documental para a análise dos dados. Os resultados evidenciaram que a avaliação da
aprendizagem ocorre ao longo do curso por intermédio de alguns instrumentos avaliativos
selecionados de forma hierárquica. Ficou evidente que se buscou praticar uma avaliação
processual, contínua, em moldes formativos, contudo a supervalorização da prova presencial,
a ênfase dada à nota, e a falta de feedback para o aluno indicam forte viés somativo.
Verificou-se que houve subutilização das potencialidades oferecidas pela modalidade a
distância apesar de todo o avanço trazido por estudos e debates relativos ao ensino-
aprendizagem e avaliação a distância online.
Palavras-chave: Avaliação da aprendizagem. Taxonomia de Bloom digital. EAD online
Abstract
This study aims at analyzing the planning and implementation of assessment practices in post-
graduation specialization Management courses offered online and the alignment of this
practice with Bloom´s Digital Taxonomy. To this aim, it was chosen as the units of analysis
the Management courses that take place in the learning management systems of two high
education institutions in Brazil. The approach used is qualitative in nature both for the
collection and analysis of data. Qualitative techniques and strategies used were semi-
structured interviews, field diary and documents analysis. The data analyzed consist of
transcriptions of interview contents, field notes and material found by means of document
research. The results showed that the assessment practice occurs throughout the course using
some instruments hierarchically selected. It was evident that a form of continuous, procedural
assessment was sought but the importance given to the final face to face exam, the attribution
of grades and the lack of feedback indicates strong summative bias. It was found that there
was underutilization of the potential offered by the tools available for online teaching and
learning and assessment process.
Key words: Learning Assessment. Bloom´s Digital Taxonomy and Online. Distance
Education
Lista de Figuras
Figura 1 (2) Taxonomia de Bloom 61
Figura 2 (2) Tabela Bidimensional da Taxonomia de Bloom 66
Figura 3 (2) Ferramentas e interafaces digitais da Taxonomia de Bloom Digital 70
Lista de Quadros
Quadro 1 (1) Síntese de estudos com a temática da avaliação da aprendizagem 20
Quadro 1 (2) Ferramentas que compõem um ambiente de EAD online 37
Quadro 3 (2) Tipos de Interação 40
Quadro 4 (2) Elementos da avaliação da aprendizagem 58
Quadro 5 (2) Taxonomia de Bloom Revisada 64
Quadro 6 (2) Taxonomia de Bloom Digital 68
Quadro 7 (3) Síntese dos instrumentos de coleta de dados por objetivo
específico
76
Quadro 8 (3) Funcionalidades do AVA da IES ALFA 95
Quadro 10 (3) Dimensões e categorias da pesquisa 88
Quadro 11 (4) Planejamento da avaliação 104
Quadro 12 (4) Ferramentas disponibilizadas no AVA 115
Quadro 13 (4) Modelo avaliativo praticado na IES 140
Quadro 14 (4) Propostas avaliativas 143
Lista de Abreviaturas e Siglas
AVA: Ambiente Virtual de Aprendizagem
EAD: Educação a distância
TIC: Tecnologias de Informação e Comunicação
Sumário
Introdução 12
1.1 Objetivos 18
1.1.1 Objetivo Geral 18 1.1.2 Objetivos Específicos 18
1.2 Justificativas Teórica e Prática 20
1.3 Estrutura do trabalho 23 1.4 Contextualização da Educação a distância 24
2 Fundamentação Teórica 33
2.1 Caracterização de Educação a distancia online 33
2.1.1 Estrutura 33 2.1.2 Ambientes virtuais de aprendizagem 35
2.1.3 Interação e Interatividade 38
2.1.4 Desenho didático 41 2.2 Avaliação da aprendizagem 42
2.2.1 Avaliação da aprendizagem na EAD online 47
2.2.2.1 Modelo avaliativo 48
2.2.2.2 Momento e Tipos de avaliação 49 2.2.2.3 Agentes da avaliação 53
2.2.2.4 Critérios de avaliação 55
2.2.2.5 Ferramentas e instrumentos de avaliação 56 2.3 A Taxonomia dos objetivos educacionais de Bloom e suas versões atualizadas para os
dias atuais: Taxonomia de Bloom Revisada e a Taxonomia de Bloom Digital
59
2.3.1 Taxonomia de Bloom Revisada 62 2.3.1.1 Taxonomia de Bloom Digital 67
3 Procedimentos Metodológicos 72
3.1 Delineamento da Pesquisa 72
3.2 Unidades da Pesquisa 73 3.3 Trabalho de Campo 76
3.4 Análise e interpretação dos dados 86
3.5 Limitações 89
4 Apresentação dos dados e Análise dos resultados 92
4.1. Caracterização do Caso Estudado 92
4.1.1 IES Alfa 92 4.2 Apresentação e Análise dos dados IES ALFA 96
4.2.1 Planejamento da avaliação pelos atores envolvidos no processo 97
4.2.1.1 Atores Proponentes 97
4.2.1.2 Preparação do professor para o processo avaliativo 102 4.2.2 Relação entre o AVA e o processo avaliativo 105
4.2.2.1 Recursos disponíveis 105
4.2.2.2 Ferramenta de cooperação e interação: Fórum 105 4.2.2.3 Ferramenta de cooperação e interação: Chat 109
4.2.2.4 Ferramentas específicas de trabalho 110
4.2.2.5 Ferramentas de coordenação 111
4.2.2.6 Ferramentas de monitoramento: Relatórios de Acesso, Relatório de Notas 122 113 4.2.3 Modelo avaliativo praticado na IES 116
4.2.3.1 Tipos de avaliação 116
4.2.3.2 Agentes da avaliação 119 4.2.3.3 Momentos da avaliação 122
4.2.3.4 Feedback da avaliação 123
11
4.2.3.5 Instrumentos avaliativos 129 4.2.3.6 Critérios 138
4.2.4 Comparação do Modelo praticado na IES com a literatura 141
4.2.5 Verificação da implementação do processo avaliativo sob a ótica da Taxonomia de
Bloom Digital (2009)
143
4.2.5.1 Objetivos de aprendizagem 143
4.2.5.2 Instrumentos avaliativos sob a ótica da Taxonomia de Bloom Digital 145
5 Conclusões e Recomendações 151 5.1 Conclusões 151
5.2 Recomendações 156
6 Referências Apêndice A Roteiro de entrevista com os coordenadores do curso 164
Apêndice B Roteiro de entrevistas com professores 165
Apêndice C Protocolo de Observação 166
Apêndice D Solicitação de acesso 167 Apêndice E Carta convite 168
Apêndice F Solicitação para participação por meio de resposta a Roteiro de Entrevista
enviado por email.
169
Apêndice G Guia de Entrevista por Gdoc 170
Apêndice H Termo de consentimento livre e esclarecido 172
Apêndice I Listagem de ferramentas digitais 173 Apêndice L Acesso a IES BETA 175
Apêndice M Objetivos da aprendizagem 178
Anexo A Portaria No. 4.059 180
Anexo B Decreto 5.622 181 Anexo C Resolução n.1, de 8 de Junho de 2007 183
12
1 Introdução
Não existe modelo único de educação. A escola, em termos concretos, não é o único
lugar onde ela ocorre e tampouco o professor é seu único agente. Existem inúmeras educações
e cada uma atende a sociedade em que ocorre, pois é a forma de reprodução dos saberes que
compõe uma cultura (BRANDÃO, 1995).
A sociedade atual, identificada como sociedade da informação ou sociedade do
conhecimento, está inserida num contexto de desenvolvimento tecnológico acelerado e
utiliza-se de novas Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) que podem provocar
mudanças de paradigmas em diversas áreas da sociedade. Acessar, apropriar-se e gerir a
informação e o conhecimento torna-se de fundamental importância tanto para indivíduos
quanto para organizações que buscam desempenhar papéis mais significativos nessa
sociedade (VIANNEY, 2003).
Transformações técnicas, econômicas e culturais acabam criando novas maneiras de
percepção e de compreensão do mundo e trazendo desafios teóricos e práticos para diversos
campos, inclusive para o campo da educação. Nesse contexto, a transmissão de
conhecimentos pontuais abstratos cede lugar a formas de aprender inovadoras e mais
autênticas nas quais a construção do conhecimento está vinculada à experiência concreta por
parte dos aprendizes das novas gerações (BELLONI, 2002).
A ideia básica de Educação a Distância (EAD), parece ir ao encontro da afirmação de
Brandão (1995), citado anteriormente, uma vez que a EAD, de acordo com Moore e Kearsley
(2010), é uma modalidade de ensino que ocorre fora do campus e da sala de aula com
professores e alunos em locais diferentes durante todo ou em grande parte do tempo em que
13
ensinam e aprendem. Diante desta característica básica, é possível que se ofereça educação
democrática e de qualidade para indivíduos espalhados nos mais variados cantos de um país.
Moore e Kearsley (2010) estabelecem que os responsáveis por políticas em nível institucional
e governamental tem buscado introduzir a EAD com o intuito de atender determinadas
necessidades, dentre as quais, acesso crescente a oportunidades de aprendizado e treinamento;
melhor capacitação do sistema educacional; nivelação de desigualdades, entre outras.
De acordo com dados do anuário da AbraEAD (2008), há uma oferta crescente de
cursos na modalidade EAD no Brasil para públicos de diferentes perfis e interesses, tanto
cursos sem ligação com o Sistema de Ensino Oficial brasileiro quanto os credenciados.
Os cursos de Gestão e Administração juntamente com o de formação de professores
representam a principal demanda por cursos em EAD credenciados. Eles foram responsáveis
pelo grande crescimento nas áreas de graduação e cursos de formação em 2007 segundo a
AbraEAD (2008).
Ainda segundo o anuário da AbraEAD (2008), o Brasil vivenciou um crescimento de
213,8% no número de alunos atendidos pela EAD entre 2004-2007 além do aumento de
54,8% na quantidade de instituições credenciadas a oferecer cursos à distância. A maioria dos
credenciamentos estaria nos cursos de graduação e pós-graduação ao nível Federal com um
crescimento de 356% no número de alunos entre 2004-2007.
Moore e Kearsley (2010) enfatizam que na EAD, professores e alunos, por estarem em
locais distintos, dependem de algum tipo de tecnologia para que as informações sejam
transmitidas e para que um meio de interação lhes seja proporcionado. Sendo assim, a
modalidade de educação a distância exige que técnicas específicas de criação do curso, de
instrução, e comunicação por meio de diversas tecnologias e disposições organizacionais e
administrativas especiais sejam implementadas (MOORE; KEARSLEY, 2010).
14
Vale salientar que EAD não se restringe apenas ao uso das TICs. Como se trata de
uma modalidade que se desenvolveu junto com os meios de comunicação, ela foi
incorporando a tecnologia disponibilizada em cada época – correios, rádio, televisão,
computador. Contudo, no atual contexto, ao se falar em educação a distância e na tecnologia
empregada nessa modalidade, frequentemente evoca-se o uso das TICs.
As tecnologias e técnicas empregadas na EAD exigem tempo, planejamento e recursos
financeiros devido às especificidades de sua natureza (MOORE; KEARSLEY; 2010). Tais
especificidades inerentes a esse modelo de ensino-aprendizagem colocam desafios para os
envolvidos nesse processo educacional. Portanto, vão-se requerer técnicas especiais de
comunicação por meio da eletrônica e outras tecnologias, bem como arranjos organizacionais
e administrativos (MARTINS, 2000).
A oferta de cursos da EAD online facilitada pela Internet tem crescido e tem trazido
questionamentos específicos relativos à aprendizagem no sentindo de se saber como esta
ocorre e como pode ser avaliada em ambiente online. Os seus diversos atores, sejam eles,
planejadores, designers instrucionais ou educacionais, professores, tutores e pesquisadores,
são confrontados com questões relativas ao processo de avaliação da aprendizagem, entre
estas: como a avaliação da aprendizagem pode e deve ser realizada, quais seriam os
instrumentos avaliativos utilizados no acompanhamento e mensuração dessa aprendizagem,
como o professor utilizaria esses novos instrumentos para realizar tal acompanhamento bem
como quais seriam os princípios teóricos que fundamentam tais práticas avaliativas
(VOSGERAU, 2006).
As práticas avaliativas estão sujeitas às concepções dos diversos atores responsáveis
pelo processo de ensino e aprendizagem (SANAVRIA, 2008). O modelo avaliativo que se
propõe em determinado processo educacional vai refletir tais concepções. A forma de avaliar,
as escolhas pelas ferramentas e os instrumentos utilizados na avaliação em certo modelo
15
refletirão a maneira como se pressupõe o processo de ensino e aprendizagem (SANAVRIA,
2008).
Um modelo mais tradicional de ensino-aprendizagem provavelmente apresentará um
modelo tradicional de avaliação cujo objetivo seria a medida cumulativa de resultados obtidos
em testes ou exames pontuais, por exemplo. Nesse modelo tradicional, o professor seria o
definidor do trabalho e das atividades do aluno. Este teria seu desempenho averiguado,
examinado e definido por meio de provas, conceitos, boletins e graus numéricos da mesma
forma como se mede extensão, quantidade e volume que transformam o processo de avaliação
em sinônimo de dar e registrar notas (SILVA, 2006). Se o professor concebe o ensino como
transmissão de conteúdo em pacotes fechados de informações a serem depositadas na mente
dos alunos, que devem repeti-las sem a necessidade de construção do conhecimento, então,
supostamente, todo o processo da aprendizagem e da avaliação vai refletir essa perspectiva.
Na sala de aula virtual, sugerem-se novos modelos avaliativos (SILVA, 2006;
POLAK, 2009; MATTAR, 2011). A avaliação da aprendizagem online, especialmente
quando o professor concebe o ensino e a aprendizagem dentro de um contexto de interação e
interatividade como importantes para a construção do conhecimento, vai exigir do professor
nova postura, estratégias e redimensionamento de suas práticas avaliativas que irão tanto
ajudar a evitar a repetição dos mesmos erros da avaliação tradicional quanto buscar utilizar as
potencialidades que o ambiente digital, online tem a oferecer.
A modalidade de ensino-aprendizagem online ocorre por intermédio de ambientes
virtuais. Estes incluem conexões com outros sites, documentos, multivocalidade, mixagem e
integração de várias linguagens (sons, texto, imagens dinâmicas e estáticas, gráficos, mapas),
hipermídias; interação síncrona e assíncrona; atividades de pesquisa que estimulem a
construção do conhecimento; a disponibilização e incentivo a expressões lúdicas, artísticas,
com jogos, simulações e objetos de aprendizagem.
16
Diante de tantos recursos e possibilidades oferecidos pela educação a distância online,
acredita-se que o professor precisa ter ao seu dispor instrumentos que o auxiliem tanto no
planejamento quanto na elaboração e implementação da avaliação da aprendizagem. Acredita-
se que a avaliação, seja ela diagnóstica, realizada no início do curso, ou formativa, entendida
como processo que ocorre ao longo do desenvolvimento do curso ou programa, deve estar
subordinada aos objetivos da aprendizagem delineados pelo professor. Sendo assim, acredita-
se ser importante a utilização de ferramentas que deem suporte ao professor, auxiliando-o no
planejamento didático-pedagógico que irão pautar a escolha pelos instrumentos de avaliação
da aprendizagem dos seus alunos. Propõe-se, portanto, Taxonomia de Bloom Digital
(CHURCHES, 2009) como tal ferramenta.
A Taxonomia de Bloom Digital (CHURCHES, 2009) tem como base a Taxonomia de
Bloom (BLOOM, 1988) cujo propósito seria o de auxiliar o professor a identificar, a declarar
e alinhar os objetivos educacionais e instrucionais relacionados ao desenvolvimento cognitivo
do aluno. Tais objetivos englobariam a aquisição do conhecimento, competências e atitudes
com o intuito de facilitar o planejamento do processo de ensino e aprendizagem. Tal
planejamento envolveria a escolha do conteúdo, de procedimentos, de atividades, de recursos
disponíveis, de estratégias, de instrumentos de avaliação e da metodologia a ser adotada
durante determinado curso (ANDERSON et al., 2002; FERRAZ et al., 2010).
A Taxonomia de Bloom (BLOOM, 1988), que será explicitada detalhadamente mais
adiante neste trabalho, vem sendo utilizada há mais de meio século por educadores em
diversas partes do mundo. Ela agrupa os objetivos da aprendizagem em dimensões que
seguem uma certa hierarquia por meio de verbos tais como conhecer, aplicar, avaliar. Ao
consultar a taxonomia, o professor pode vir a estabelecer objetivos de aprendizagem que o
auxiliem tanto na organização das suas aulas quanto na implementação e realização da
avaliação da aprendizagem uma vez que, acredita-se, a seleção de técnicas e instrumentos
17
avaliativos devem estar alinhados à proposta e aos objetivos do curso, aula ou unidade
didática. No inicio da década de 2000, a Taxonomia de Bloom passa por uma revisão com o
objetivo de atualizá-la em virtude de novas descobertas no campo da Educação e Psicologia.
A nova versão é conhecida como Taxonomia de Bloom Revisada (ANDERSON, 2002).
Com base na Taxonomia de Bloom (BLOOM, 1988) e na Taxonomia de Bloom
Revisada (ANDERSON, 2002), o educador australiano Andrew Churches (2009) propõe a
Taxonomia de Bloom Digital. Trata-se de uma nova proposta para a utilização da taxonomia
que seria específica para aprendizagem em ambientes online que incorpora ferramentas e
plataformas da web 2.0 tais com blogs, Wikis, portfólios que podem ser utilizadas tanto para o
processo de ensino-aprendizagem quanto para a avaliação. Para Churches (2009) essa
adaptação objetiva atender aos novos comportamentos e oportunidades que tem surgido
juntamente com o avanço e a onipresença da tecnologia e fez-se necessária para que fossem
incluídas as diversas práticas, comportamentos e ações pedagógicos mais em linha com os
novos processos e ações trazidos pela Web 2.0. Ela considera o domínio cognitivo previsto
pela Taxonomia Revisada – lembrar, entender, aplicar, avaliar e criar – relacionando-o aos
recursos didático-tecnológicos oferecidos pela segunda geração da internet e concentra-se na
qualidade da ação ou do processo que, segundo Churches (2009), definem o nível cognitivo.
Em face da variedade de recursos à disposição do professor em um contexto de
ensino-aprendizagem na modalidade a distância online, que lhes exige soluções inovadoras
para práticas avaliativas inerentes a esse contexto, apresenta-se a seguinte pergunta de
pesquisa: como ocorre o planejamento e implementação da prática avaliativa da
aprendizagem em um curso de pós-graduação lato sensu em Administração na
modalidade de EAD online em uma instituição de ensino superior comunitária sob a
ótica da Taxonomia de Bloom Digital (CHURCHES, 2009)?
18
Diante do exposto, serão apresentados a seguir, os objetivos geral e específicos desta
pesquisa.
1.1 Objetivos
Apresentam-se neste tópico os objetivos geral e específicos desenvolvidos para a
pesquisa.
1.1.1 Objetivo Geral
O objetivo geral deste estudo é analisar como ocorre planejamento e implementação
da prática avaliativa da aprendizagem nos cursos de pós-graduação lato sensu em
Administração na modalidade de EAD online em uma instituição de ensino superior, sob a
ótica da Taxonomia de Bloom Digital (CHURCHES, 2009).
1.1.2 Objetivos Específicos
Para o atingimento do objetivo geral proposto, os seguintes objetivos específicos
foram formulados:
1. Verificar como é realizado o planejamento da avaliação pelos atores envolvidos no
processo, sejam eles os coordenadores, professores e professores tutores na IES;
2. Descrever o Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) identificando os recursos
relacionados à avaliação da aprendizagem nos cursos de pós-graduação lato sensu em
Administração na EAD online na IES;
3. Identificar quais modelos de avaliação da aprendizagem e os critérios, as
ferramentas e as estratégias utilizadas no processo avaliativo no curso de pós-graduação lato
sensu em Administração na EAD online ofertado pela IES;
19
4. Comparar o modelo avaliativo praticado no curso de pós-graduação lato sensu em
Administração na EAD online na instituição com os modelos indicados na literatura
especializada;
5. Verificar como se realizaria a implementação do processo avaliativo no curso de
pós-graduação lato sensu em Administração na EAD online na instituição sob a ótica da
Taxonomia de Bloom Digital (2009).
20
1.2 Justificativas Teórica e Prática
Independentemente do nível escolar ou da modalidade onde o processo de ensino e
aprendizagem acontece, a avaliação da aprendizagem dos alunos é um tema importante que,
apesar do que já se conhece sobre o assunto, ainda suscita discussão, estando, portanto, longe
de estar esgotado (KRATOCHWILL; SILVA, 2008). Estudos realizados sobre a temática têm
focado, ao longo dos anos, no ensino tradicional, presencial. Contudo, com o advento da
internet e a crescente oferta de cursos na modalidade EAD online, diversos pesquisadores
tem-se debruçado sobre a questão de como tal processo poderia ocorrer em salas de aulas
virtuais. Nesses ambientes virtuais, o processo de avaliar o desempenho dos alunos, apresenta
desafios específicos além daqueles do ensino presencial, em virtude do contexto no qual tal
processo está inserido. Uma busca sistemática em base de dados tais como CAPES, SCIELO,
entre outros, permitiu a descoberta de diversos estudos em diferentes áreas cuja preocupação
recai sobre a avaliação da aprendizagem. O quadro 01, a seguir, apresenta síntese de alguns
desses estudos.
Quadro 01 – Síntese de estudos com a temática da avaliação da aprendizagem LAGUARDIA, Josué; PORTELA, Margareth Crisóstomo
and VASCONCELLOS, Miguel Murat. Avaliação em
ambientes virtuais de aprendizagem. Educ. Pesqui. [online].
2007, vol.33, n.3 [cited 2013-03-01], pp. 513-530
O ensino a distância online faz uso do ambiente
virtual de aprendizagem (AVA) para realizar o
processo de ensino e aprendizagem e que ali,
poder-se-ia disponibilizar diversos recursos que permitiriam não apenas o desenvolvimento desse
processo como também do processo avaliativo.
MOULIN, Nelly. Utilização do Portfólio na Avaliação do
Ensino a Distância. Disponível em:
http://www.abed.org.br/publique/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm.
Arquivo capturado em 19/04/2008.
Estudo foca no Portfolio, uma ferramenta que
pode ser implementada para a avaliação da
aprendizagem.
KRATOCHWILL, S.; SILVA, M. Avaliação da
aprendizagem online: contribuições especificas da interface
fórum. Rev. Diálogo Educ., Curitiba, v.8, n. 24, p. 445-458,
maio/ago. 2008
O processo de ensino-aprendizagem na
modalidade de EAD online ocorreria em um
ambiente que seria bidirecional, híbrido,
polifônico, aberto e co-participativo, no qual
haveria um aumento da interação e da
interatividade entre os protagonistas desse
processo.
OLIVEIRA, Gerson Pastre de. Estratégias multidimensionais
para a avaliação da aprendizagem em cursos on-line. Ensaio: aval.pol.públ.Educ., Rio de Janeiro, v. 18, n. 66, Mar.
2010 .
Em decorrência das possibilidades abertas às
pessoas pelas tecnologias de informação e comunicação, o processo avaliativo não pode se
limitar à lógica do exame, pós-processual e
definitivo, mas deve estender-se a todos os
momentos, formas, atividades e práticas de um
ambiente de curso.
21
LAGUARDIA, Josué; CASANOVA, Ângela; MACHADO,
Rejane. A experiência de aprendizagem on-line em um curso
de qualificação profissional em saúde. Trab. educ. saúde,
Rio de Janeiro, v. 8, n. 1, June 2010 .
Necessidade de readequação periódica da
proposta pedagógica do curso para atender as
demandas dos alunos e tutores quanto à
organização e atualização dos conteúdos, os meios de acesso ao material e a implementação
de atividades avaliativas compatíveis com a
experiência de trabalho.
MARQUES, Amadeu Soares; NUNES, Lina Cardoso.
Possibilidades da participação na avaliação da aprendizagem
online no ensino superior. Ensaio: aval.pol.públ.Educ., Rio
de Janeiro, v. 19, n. 72, Sept. 2011 .
Tendo como objetivo compreender como a
avaliação participativa pode favorecer o
aprendizado dos alunos, os resultados do estudo
apontaram que o aluno dificilmente participa e
alguns obstáculos a participação foram
mencionados. Apesar das possibilidades de
participação propiciadas pela internet e a
importância dada às atividades colaborativas, a
avaliação continua a ter a função de medir o conhecimento dos alunos, constituindo-se em
instrumento de poder e controle do professor
sobre o aluno.
CRUZ, Émerson; DIAS, Hélio; KORTEMEYER, Gerd. The
effect of formative assessment in Brazilian university
physics courses. Rev. Bras. Ensino Fís., São Paulo, v. 33,
n. 4, Dec. 2011 .
Pesquisa em curso de Física que analisou a
utilização de tarefas online com feedback
imediato e a utilização de “clickers” em dois
cursos um presencial outro online. Verificou-se
que notas não tiveram diferenças significativas
em sua distribuição. Resultados apontaram ainda
para dificuldades logísticas e organizacionais na
avaliação.
No estudo de Kratochwill e Silva (2008), as características apontadas abririam espaço
para uma aprendizagem que se construiria a partir das interações dialógicas ressignificadoras
do conteúdo criando um ambiente propício para uma avaliação com função mediadora, de
pesquisa, que servisse como instrumento de inclusão por intermédio de um diagnóstico
contínuo dos processos de ensino e aprendizagem.
Silva e Silva (2007), em Avaliação online num Ambiente Virtual, apontam que o
desenvolvimento da colaboração, autonomia e dialogicidade no uso das interfaces de
comunicação tais como fórum, chat, correio eletrônico e portfolio criariam condições para a
elaboração efetiva de estratégias de avaliação da aprendizagem. Dessa forma, os ambientes
digitais poderiam ser configurados com o objetivo de se elaborar e implementar o processo
avaliativo contemplando-se as diversas funções da avaliação da aprendizagem: a avaliação
diagnóstica que ocorreria no início do curso ou da unidade didática, a formativa que seria
contínua e a somativa realizada ao final do curso ou unidade didática.
22
Silva e Silva (2007) alertam que haveria pouca utilização das ferramentas digitais
como potencializadoras de uma avaliação com funções diagnóstica e formativa nas salas de
aula virtuais em virtude tanto de uma exclusão digital por parte dos professores quanto do
pouco conhecimento destes em relação ao uso com fins pedagógicos das ferramentas digitais.
Sendo assim pouco adiantaria dispor-se de diversas funcionalidades que facilitassem a
interação e a interatividade entre os participantes do processo de ensino e aprendizagem em
ambientes online que viessem a contemplar as diversas funções avaliativas sem o devido
conhecimento ou preparação do professor para o uso das diversas ferramentas a sua
disposição.
Acredita-se que este seja um estudo inovador por trazer a discussão da avaliação da
aprendizagem realizada por intermédio de ferramentas digitais oferecidas gratuitamente
online relacionando-as a Taxonomia de Bloom Digital em um curso em nível superior. Além
disso, os estudos concentram-se em áreas de conhecimento diferentes da proposta desta
pesquisa que é a área de Administração em nível de pós-graduação para a qual o número de
pesquisas com essa temática ainda é limitado.
Espera-se que esta pesquisa possa trazer maiores informações acerca da utilização de
ferramentas avaliativas alinhadas com o contexto do ensino e aprendizagem online; bem
como um melhor direcionamento nas propostas avaliativas nas disciplinas que formam cursos
na área com vistas a um processo avaliativo condizente com uma concepção mais formativa e
menos conservadora do processo de avaliar a aprendizagem que ocorre em ambientes virtuais.
Do ponto de vista prático, espera-se que os resultados a serem obtidos pela pesquisa
apontem diretrizes e alternativas sobre o processo avaliativo empregado em curso de pós-
graduação em Administração na modalidade EAD online. Acredita-se que os resultados
obtidos com esse trabalho possam constituir material referencial que auxilie os responsáveis
pela tomada de decisão quanto à elaboração e a implementação do processo avaliativo, sejam
23
eles os coordenadores, professores, professores-tutores e designers instrucionais, de cursos
ligados à área da Administração na pós-graduação realizados na EAD online.
1.3 Estrutura do trabalho
Buscou-se com esta pesquisa a obtenção de respostas que viessem a atender aos
objetivos mencionados acima. Apresenta-se, nessa dissertação, uma descrição do processo de
investigação para o atingimento dos objetivos propostos, que passou pela seleção e leitura da
literatura relevante, a coleta e análise de dados e discussão sobre os achados com vistas a se
contribuir para as discussões sobre a EAD. Dividiu-se o trabalho em 5 capítulos.
No Capítulo 1 traz-se a introdução, onde são apresentados a problematização, a
justificativa e os objetivos com vistas a contextualizar a pesquisa.
No Capítulo 2, apresenta-se a fundamentação teórica acerca dos diversos assuntos
relevantes para o estudo. Aborda-se a Educação a Distância, sua concepção, a concepção de
Educação a distância online; Ambiente virtual de Aprendizagem (AVA) e Web 2.0. Busca-se,
também, conceituar a Avaliação da Aprendizagem e a Avaliação da Aprendizagem na EaD
online. Discute-se a necessidade de adequação do processo avaliativo da aprendizagem que
ocorre na sala de aula virtual às especificações desse contexto, os papeis do professor e do
aluno nesse processo, as funções da avaliação – avaliação diagnóstica, formativa e somativa, a
autoavaliaçao, coavaliaçao e a heteroavaliaçao, e o alinhamento entre a avaliação e os
objetivos da aprendizagem. Encerra-se o Capítulo 2 com uma apresentação da Taxonomia de
de Bloom (BLOOM, 1988), Taxonomia de Bloom Revisada (ANDERSON, 2001), e a
proposta de Churches (2009) da Taxonomia de Bloom Digital objeto deste trabalho.
No Capítulo 3 são abordados os Procedimentos Metodológicos utilizados para a
investigação do problema proposto e cumprimento dos objetivos geral e específicos desta
24
pesquisa. Apresentam-se a delimitação do objeto de estudo, o relato da coleta de dados e o
relato da análise de dados. O objetivo deste capítulo é trazer para o leitor o percurso
metodológico realizado pelo pesquisador para que se entenda o processo de realização da
pesquisa.
O capítulo 4 apresenta a análise de dados e os resultados da pesquisa.
Segue-se com as Considerações finais e na seqüência são apresentadas as referências
que foram utilizadas para se fundamentar essa pesquisa. Finaliza-se o texto com a
apresentação dos anexos, os documentos utilizados pelo pesquisador e dos apêndices,
documentos específicos criados para essa pesquisa.
1.4 Contextualização da Educação a distância
Segundo Litto (2009) em virtude de concepções e perspectivas distintas sobre a EAD,
esta recebe nomenclaturas diversas: “educação a distância”, “aprendizagem a distância”,
“aprendizagem aberta”, “aprendizagem contígua”, “aprendizagem autônoma”, etc. todas
refletindo a concepção que se tem de tal modalidade de ensino e aprendizagem (LITTO,
2009). Sendo assim, a EAD é definida de formas diversas:
a) meio cujo objetivo é o aprendizado aberto, que descreve um aprendizado não-
contíguo onde o processo de aprendizado ocorre “fora” da instituição e que
permite a transferência de um grupo de meios didáticos sem a necessidade de
participação regular das aulas e onde o indivíduo é responsável por seu próprio
aprendizado (HARRY et al., 1993).
b) modalidade por meio da qual o aprendizado planejado ocorre em lugar
diferente do local de ensino, o que por sua vez, exige técnicas especiais de
criação do curso e da instrução, do professor e do aluno (MOORE e
KEARSLEY, 2010).
25
c) Processo de ensino e aprendizagem mediado por tecnologias, no qual
professores e estudantes estão separados espacial e temporalmente (MORAN,
2006).
d) Aprendizagem planejada que geralmente ocorre num lugar diferente do ensino
e, por causa disso, requer técnicas especiais de comunicação através da
eletrônica e outras tecnologias, bem como arranjos organizacionais e
administrativos (MARTINS, 2000).
e) Modalidade de educação que promove situações de aprendizagem em que
professores e estudantes não compartilham os mesmos espaços e tempos
curriculares, comuns nas situações de aprendizagem presencial (SANTOS,
2005).
A LDBN, no decreto nº 5.622, de 19 de dezembro de 2005, em seu artigo 1º, ao
conceituar a educação a distância, a caracteriza como:
Modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e
tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e professores
desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos (Decreto nº. 5.622/05, art. 1º).
Percebe-se, na análise das definições apresentadas, que há alguns pontos em comum
entre elas. Estas apontam para questões tais como o distanciamento ou a não necessidade de
professores e alunos estarem no mesmo local ao mesmo tempo em que aula é ministrada, ou
seja, separação no tempo e no espaço; exigência de técnicas e estratégias de ensino-
aprendizagem específicas; processo de ensino-aprendizagem mediado por tecnologia.
A Educação a distância, modalidade de ensino-aprendizagem utilizada já há bastante
tempo, desenvolveu-se em paralelo com os meios de comunicação progressivamente
incorporando e utilizando-se de novas tecnologias e evoluiu historicamente em diversas
26
gerações (MORAN, 2002). Isso se pode perceber a partir do breve relato trazido por Alves
(2009) sobre desenvolvimento da EAD no país, apresentado em seguida.
Segundo Alves (2009), já na década de 1900, podiam-se ver anúncios em jornais
cariocas com ofertas de cursos profissionalizantes pelo correio ministrados por professores
particulares. Na mesma década, teriam surgido instituições educacionais voltadas para
pessoas em busca de capacitação, principalmente, nos setores de comercio e serviços. Alves
(2009) informa que, por cerca de vinte anos, o ensino deu-se por correspondência
caracterizando esta como a única modalidade de EAD então ofertada no país.
Partindo da iniciativa privada surge em 1923 uma instituição, a Rádio Sociedade do
Rio de Janeiro, com o objetivo de possibilitar a educação popular utilizando-se da
radiodifusão. A partir de então, há multiplicação de programas educativos em diversas regiões
do Brasil. Contudo, apesar de ter obtido êxito, o sistema de censura instaurado no país, quase
extinguiu a rádio educativa brasileira, o que causaria a queda do Brasil no ranking
internacional de ensino a distância. Essa época teria marcado, contudo, a EAD via rádio no
país (ALVES, 2009).
Alves (2009) informa ainda que a televisão com objetivos educacionais passou a ser
utilizada de forma bem sucedida nas décadas de 1960 e 1970. Há registro de diversos
incentivos como, por exemplo: a determinação do Código Brasileiro de Telecomunicações
publicado em 1967, segundo a qual deveria haver transmissão de programas educativos pelas
emissoras de radiodifusão e pelas televisões educativas; a criação do Sistema Avançado de
Tecnologias Educacionais; a portaria do Ministério das Comunicações definindo que as
emissoras comerciais deveriam ceder horário obrigatório e gratuito para a transmissão de
programas educativos. No início da década de 1990, contudo, essa obrigação deixa de existir.
A partir dessa década, nada de significativo surge em relação a programas educativos na
televisão aberta. A oferta de tais programas acontece em horários incompatíveis com a
27
disponibilidade dos possíveis alunos com ressalva para o Telecurso oferecido pela Fundação
Roberto Marinho.
No cenário atual, com o barateamento dos computares possibilitando aquisição por
fatia cada vez maior da população, juntamente com a disponibilização da internet nos
computadores pessoais, consolida-se a propagação do ensino a distância para o sistema
educativo no Brasil (ALVES, 2009).
Na atual geração, a educação a distância envolve ensino e aprendizado online em
classes e universidades virtuais, baseados em tecnologias da internet. Para Gouveia e Oliveira
(2006), a EAD foi revisitada em decorrência do uso das tecnologias de informação e
comunicação – TICs. Para estes autores, o computador e a internet, juntamente com as
políticas públicas voltadas para essa modalidade são os principais responsáveis pelo grande
impulso que ela tem sofrido nos últimos anos.
Formiga (2009) pressupõe que a internet, aliada a uma plataforma facilitadora
representada pelas TICs, abre espaço para o surgimento de novos paradigmas de aprendizado.
As TICs possibilitam que modelos de aprendizagem, que pertenciam no âmbito escolar, agora
perpassem todas as células da vida social e econômica. As organizações, sejam elas
acadêmicas ou comerciais, são atingidas por algum modelo de aprendizagem e este se utiliza
fortemente das TICs (FORMIGA, 2009).
Dados do CENSO EAD.BR (2010) apontam que a procura e a oferta por essa
modalidade de ensino e aprendizagem são cada vez maiores. Só no ano de 2008, 269 novos
cursos a distância teriam sido implementados em todos os níveis de escolaridade com grande
crescimento dos lançamentos de novos cursos na área de pós-graduação e de extensão. Sendo
o setor privado apontado como criador de novos cursos com maior velocidade que o setor
público. As instituições privadas lançaram 97% a mais de cursos, enquanto as públicas
lançaram 41% a mais em relação ao ano de 2008. O CENSO EAD.BR (2010) ainda aponta
28
que instituições a distância ministram 1.752 cursos sendo que os de especialização formam o
maior grupo isolado (37% de todos os cursos), seguido pelos de graduação (26,5%). Dentre
tais cursos, os voltados para a formação de professores ainda são o maior grupo (31,5%),
seguidos pelos de gestão e/ou administração (19%) e pelos que envolvem tecnologia e
informática (6,7%). De acordo com informação encontrada no CENSO EAD BR (2010),
estudo realizado pelo Inep também encontrou maior número de alunos e de cursos a distância
com os temas de administração e pedagogia.
Moran (2002) enfatiza que, independente do nível acadêmico em que ocorra, essa
modalidade de ensino-aprendizagem apresenta grande variedade na modalidade dos cursos
ofertados. Há os de curta e longa duração, cursos para poucos alunos e para muitos, há os
impressos, que utilizam só os correios e há os totalmente online, além dos semi-presenciais ou
blended. Segundo o autor, os cursos podem ser constituídos de pacotes de conteúdo com
pouca interação ou com muita troca entre os participantes - que acabam por promover as
comunidades de aprendizagem. Contudo, Moran (2009) alerta para a questão da qualidade.
Segundo o autor, a EAD tem que manter os mesmos padrões de qualidade de cursos
presenciais. E esta não seria medida pela quantidade de alunos matriculados, mas pela
proposta séria e coerente do projeto pedagógico, pela qualidade dos responsáveis por essa
modalidade de ensino e também pelo envolvimento do aluno, ou seja, se este busca o
aprendizado ou apenas certificação (MORAN, 2009).
Litto (2009) aponta diversos modelos para a utilização da EAD. Entre eles destacam-
se:
a) Universidades Corporativas nas quais organizações do setor produtivo e
governamental ofertam cursos voltados para atividades de aprendizagem de executivos,
gerentes e funcionários de universidades;
29
b) Universidade Aberta a distância cujo objetivo principal seria promover o acesso ao
ensino superior a segmentos da população, utilizando-se de tecnologias populares como a
televisão, e a internet, por exemplo. O termo “aberta” indicaria, segundo o autor, que não há
necessidade de exame de seleção para a entrada do aluno no curso. Neste modelo, o aluno
pode optar entre fazer um curso que lhe garante certificado acadêmico ou algum outro que
seja do seu interesse.
c) Aprendizagem baseada no trabalho (work based learning) que seria um modelo de
capacitação profissional em serviço (on the job). Por meio da EAD, o funcionário continua
seu trabalho nos horários normais e realiza seus cursos a distância em determinada instituição.
Seu desempenho é avaliado por um supervisor. Nessa modalidade, o aluno só recebe seu
diploma caso demonstre ter atingido melhoria no seu desempenho. Há, nesse modelo,
exigência de técnicas consolidadas de auto avaliação por parte do aluno.
Segundo Litto (2009) as abordagens da EAD em uso atualmente que permitem a
aprendizagem via Internet seriam distribuídas em três categorias: aquelas que apresentam
estrutura de curso com carga horária estabelecida; as que não estão configuradas como curso
mas possibilitam a aprendizagem via web 2.0 tais como a operação remota de equipamentos
científicos em laboratório; a imersão em ambientes virtuais de aprendizagem; “a participação
em comunidades virtuais de aprendizagem e prática; a tutoria avulsa; e as que dispõem de
acervos digitais tais como bibliotecas, museus e arquivos digitais e repositórios de objetos de
aprendizagem” (LITTO, 2009, pg. 19).
Segundo Teles (2009) o uso cada vez mais frequente de computadores sendo
utilizados para mediar a comunicação para fins educacionais tem trazido, como consequência,
crescente proliferação na oferta de tecnologias que possibilitam a criação de ambientes
virtuais de aprendizagem (AVA).
30
Cada vez mais incorporados pelo ensino superior, o uso frequente desses ambientes
tem trazido desafios para os atores ali inseridos– professores e alunos e equipe técnica - e
gerado discussão sobre o papel de cada um deles nas salas de aula virtuais. Isso por que
nesses ambientes emergem novas práticas de ensino que repercutiriam na aprendizagem.
Em relação ao professor, é de se esperar que a sua filosofia e concepção de ensino, o
seu planejamento da disciplina e gerenciamento do curso, o tipo de sala de aula criado tem
influência decisiva na aprendizagem de seus alunos. Diante disso, é de se supor que o
potencial educativo das tecnologias em EAD exija sensibilização e preparação do professor
para o seu uso. Em ambientes virtuais, o papel do professor passaria a ser o de mediador no
acesso a informação. Isso implica que ele possua uma formação inicial e continuada
totalmente nova. (SANAVRIA, 2008; HARRY; KEEGAN; JONH, 2006).
O professor, em ambientes virtuais, assumiria novas funções. Moore (2010) classifica
as funções específicas do educador em EAD em quatro grupos: no primeiro estariam as
funções de ensino, tais como elaboração do conteúdo do curso, supervisão e moderação nas
discussões, supervisão dos projetos individuais e em grupo. O segundo grupo diz respeito ao
gerenciamento do progresso do aluno: dar notas as tarefas e proporcionar feedback sobre o
progresso, manter registros dos alunos. O terceiro grupo seria formado pelas funções de apoio
ao aluno: ajudar o aluno a gerenciar seu estudo e motivá-lo. E o quarto grupo seria o de “ser
os olhos e ouvidos” do sistema: responder e encaminhar questões administrativas, questões
técnicas, questões de aconselhamento, representar os alunos perante a administração e avaliar
a eficácia do curso.
Teles (2009) aponta quatro dimensões referentes às funções do professor online:
a) Pedagógica: abrange tudo o que o professor faz no sentido de auxiliar o aluno a
atingir os objetivos da aprendizagem. Dentre as funções pedagógicas do professor encontram-
31
se o dar feedback para o aluno; orientar sobre o que o aluno deve fazer; informar; opinar ou
aconselhar; questionar; resumir, referenciar fontes externas.
b) Gerenciamento: aqui incluem-se a busca pela coordenação das atividades
disciplinares e pela manutenção de um ambiente que seja simples, produtivo e colaborativo.
Essa dimensão inclui o ato de coordenar as atividades disciplinares; assistência às tarefas;
organização de grupos de trabalho; estabelecimento de datas de entrega de trabalhos;
coordenar a discussão; coordenar a disciplina.
c) Suporte social: nessa categoria, o professor busca fazer com que o aluno se
sinta a vontade e incluído na sala de aula virtual. Dentre as funções que o professor exerce
nesta categoria apontam-se a empatia ou o ato de compreender as dificuldades do aluno no
ambiente; o alcance interpessoal ou seja o ato de receber bem os alunos, dar-lhes boas vindas,
apresentar-se, expressar emoções, entre outros; a metacomunicação que inclui as experiências
dos atores no ambiente; e o humor.
d) Suporte técnico: refere-se à prestação de assistência aos alunos durante o
processo de ensino-aprendizagem referentes ao funcionamento da plataforma. Essa assistência
inclui aquela dada aos alunos que apresentam dificuldades quanto ao uso do sistema, de
computadores, entre outros; assistência com problemas relacionados ao sistema e que são
informados, explicados aos alunos; problemas técnicos que o professor venha a identificar.
Como mencionado anteriormente, o ensino a distância traz desafios também para o
educando. O aluno de EAD, assim como o professor, também deveria apresentar certas
competências que lhe permitam se beneficiar da aprendizagem nessa modalidade
(SANAVRIA, 2008). Diferentemente do aluno do ensino presencial, ele apresentaria hábitos e
aptidões de estudo específicos que seriam determinantes para o seu êxito nas aulas em EAD.
Com a separação no tempo e no espaço exige-se um discente com um perfil mais autônomo,
maduro e disciplinado. Isso, entre outras coisas, porque nem sempre suas dúvidas são
32
esclarecias em tempo real, e lhes serão propostas atividades as quais ele deverá realizar no
tempo que julgar conveniente e necessário dentro de determinado período estipulado pelo
professor ou pela proposta curricular. A autonomia do aluno, portanto, interfere diretamente
no seu aprendizado uma vez que ele, o aprendiz, define o tempo e o espaço para os seus
estudos o que acaba influenciando o sucesso da sua aprendizagem (SANAVRIA, 2008).
Apresentou-se aqui breve discussão sobre a EAD e os desafios que ela traz para o
processo de ensino-aprendizagem no contexto dessa modalidade. Segue-se abaixo a
Fundamentação Teórica.
33
2 Fundamentação Teórica
Este capítulo apresenta a fundamentação teórica relativa aos temas que embasam esta
pesquisa. Com o propósito de contextualizar a discussão sobre o processo avaliativo, inicia-se
pela apresentação da educação a distância online, web 2.0, e os elementos que estruturam
processo educacional em contextos virtuais com base nos trabalhos de Litto (2009); Moore e
Kearsley (2010); Mattar (2011); Moran (2006); Santos (2005), entre outros. Segue-se com
uma revisão da literatura sobre avaliação da aprendizagem e avaliação da aprendizagem
online fundamentando-se nos trabalhos de Arredondo e Diago, (2009); Kenski et al. (2006);
Kratochwill e Silva, (2008); Longo (2009); Luckesi, (1990); Luckesi, (2011); Polak (2009);
Sardelich, (2006); Silva (2006). Finaliza-se o capítulo com a apresentação da Taxonomia de
Bloom (BLOOM, 1988), a Taxonomia de Bloom Revisada (ANDERSON, 2001) e a
Taxonomia de Bloom Digital (CHURCHES, 2009).
2.1. Caracterização da Educação a distância Online
O presente capítulo apresenta características específicas da educação a distância online.
2.1.1 Estrutura
Moran (2002) conceitua a Educação a distância online (EAD online) como sendo um
modelo de ensino-aprendizagem que faz parte da EAD como um todo, constituindo-se uma
divisão dela. Segundo o autor, a EAD online constitui um conjunto de ações de ensino e
aprendizagem cujo desenvolvimento é mediado por tecnologias de informação e
comunicação, por intermédio da internet. Ela é um conceito mais restrito que o de educação a
34
distância. Esta última seria ampla o bastante para abranger um curso por correspondência, por
exemplo, que é á distância, mas não é online (HOCKLY, 2010; MORAN, 2002).
No contexto da educação online, pode-se utilizar de recursos de digitalização, criar e
socializar fontes diversas de informação e conhecimento por intermédio de conteúdos que
podem ser hipertextuais, mixados ou multimídia possibilitando interações síncronas ou
assíncronas entre alunos, professores e conteúdo, permitindo que o conhecimento seja
compartilhado entre todos participantes em relações de interatividade “todos-todos” como
postula Santos (2005, p.21). Nessa modalidade de ensino-aprendizagem, a colaboração passa
a ser uma necessidade. Professores e estudantes podem ser autores e co-autores numa teia de
conexões que permitem que o professor esteja ou não no centro do processo e que alunos
criem ou co-criem situações de aprendizagem e disponibilizem conteúdos (SANTOS, 2011)
utilizando-se de ferramentas da Web 2.0.
Tori (2009) ressalta que Web 2.0 é uma definição não formal utilizada para designar as
mudanças pelas quais a internet vem passando e que tem impacto na maneira como os
usuários trabalham e estudam por meio da rede mundial. Ela oferece diversas ferramentas e
aplicações que dão aos usuários a oportunidade de criar e compartilhar seus conteúdos, além
de permitir que os mesmos sejam acessados e manipulados online (TORI, 2009). Tais
ferramentas e interfaces prestar-se-iam, dessa forma, a fins pedagógicos cabendo ao professor
utilizá-las criativamente para atingir seus objetivos educacionais e instrucionais promovendo
a construção do conhecimento.
Existem, segundo Mattar (2011), diversas ferramentas, interfaces ou plataformas
possibilitadas pela web 2.0 que facilitariam a troca de mensagens e a comunicação –
Facebook, Twitter, Skype, MSN; o Youtube, para o compartilhamento de vídeos; as
ferramentas de apresentação de conteúdo como o Slideshare e o Prezi, Google e suas diversas
plataformas (docs, alerts, etc.). Algumas dessas ferramentas de comunicação já são mais
35
comumente utilizadas com objetivos pedagógicos, como por exemplo, o blog – que pode
servir como diário virtual e webfolio, e o wiki – que permite a colaboração na criação de
textos; além dos mundos virtuais, ou metaversos, como o Second Life (MATTAR, 2011). São
interfaces ou ferramentas que potencializariam a colaboração entre os atores do processo de
ensino e aprendizagem e que, portanto, merecem estudos aprofundados no sentido de se
conhecer melhor seu uso pedagógico. Para o objetivo desse trabalho, é importante saber da
sua existência e uso uma vez que tais elementos utilizados no processo de educacional
influenciam, por conseqüência, o processo avaliativo.
2.1.2 Ambientes virtuais de aprendizagem
A EAD online realiza-se em ambientes virtuais de aprendizagem (AVA). Santos
(2005) caracteriza os AVAs como sendo um conjunto de interfaces digitais que hospeda
conteúdos e permite a comunicação, propiciando a expressão e a autoria dos participantes que
habitam tais interfaces (SANTOS, 2005).
No mercado da educação online ou de cursos no formato e-learning estão
disponibilizados diversos AVAs com vários formatos e custos adequados às necessidades dos
clientes ou usuários. Entre estes encontra-se o Blackboard (EUA), COSE (UK), Learning
Space (EUA), Moodle (AUS), Teleduc (BR), WebCT (Canadá) (SANTOS, 2005). No Brasil,
há tendência de as próprias instituições de ensino desenvolverem seus AVAs, sendo as
instituições públicas as que mais os desenvolvem internamente (MATTAR, 2011). Segundo
Mattar (2011), no país, diversas empresas possuem seus próprios AVAs, entre esses, destaca-
se o WebAula e Portal Educação que incorporaria características da Web 2.0, que é, segundo
Mattar (2011), uma tendência crescente entre os AVAs. Crescente, também, seria a utilização
de AVAs gratuitos utilizados por diversas instituições brasileiras. A escolha por eles recairia
sobre o Moodle apontado como o AVA mais procurado. Acredita-se que em virtude de sua
36
estrutura de código aberto o que permite que o Moodle seja alterado a qualquer momento pelo
usuário, que recursos sejam acrescentados ou removidos de acordo com a necessidade
definida pelo responsável pelo desenho didático ou instrucional. Além disso, o Moodle é um
software gratuito, que pode ser encontrado para uso na internet.
Nos ambientes virtuais de aprendizagem, pode-se disponibilizar para o aluno e para o
professor vários recursos digitais que potencializariam a interação permitindo a produção de
conteúdos, o gerenciamento de bancos de dados e o controle das informações circuladas tanto
no ambiente quanto por ele (MELO, 2008; SANTOS, 2011). Os recursos podem ser
síncronos, nos quais os interlocutores estão conectados e interagem com o recurso ao mesmo
tempo ou assíncronos, no qual os interlocutores podem interagir com o recurso em momentos
distintos. Dentre os síncronos, destacam-se o chat ou bate-papo, o whiteboard e a
videoconferência, e entre os assíncronos, encontram-se o correio eletrônico ou e-mail, o
fórum, a lista de discussão, o mural, o wiki, o portfólio, entre outros (GOMES, 2007). Pode-se
dispor, também, de tecnologias de comunicação tais como vídeo, TV interativa, cinema,
rádio, que possibilitariam a expressão de diversas linguagens, sejam elas imagens, sons,
gráficos ou textos que são veiculados por meio de diferentes mídias (SANTOS, 2011). Além
de tais recursos, mais voltados diretamente para a comunicação e construção de
conhecimentos, o AVA também contaria com outros que seriam fundamentais para sua
estruturação, tais como as ferramentas de trabalho e de coordenação. Para facilitar o
entendimento de todos esses recursos, Gomes (2007) propõe separá-los em categorias tais
como Ferramentas de Cooperação e Interação, Ferramentas Específicas de Trabalho,
Ferramentas de Coordenação e Ferramentas de Interação. A disponibilização de todos ou de
alguns desses recursos, ou de outros utilizados com propósitos semelhantes, ocorreria de
acordo com o desenho educacional/instrucional do curso e teria impacto no processo
37
educacional. Apresenta-se no quadro 02 a proposta de Gomes (2007) e breve resumo da
função de cada uma dessas ferramentas.
Quadro 02 - Ferramentas que compõem um ambiente de EAD online.
FERRAMENTAS DE COOPERAÇÃO E INTERAÇÃO
Fórum Ferramenta assíncrona de comunicação que auxiliaria no processo de cooperação e interação e
utilizada para a promoção de discussões sobre temas elaborados e específicos com vistas a se promover a construção do conhecimento ou aprofundamento de determinada temática.
Lista de
discussão
Ferramenta assíncrona de comunicação, interação e cooperação; utilizada para oportunizar
conversas individuais, não-moderadas, ou entre grupos de participantes, de formada moderada ou
não. Útil para a transmissão de respostas de avaliações ou avisos personalizados. Poderia servir
como fórum. Nesse caso, as contribuições dos participantes são diretamente enviadas para os
emails de cada um.
Mural Ferramenta assíncrona de comunicação. Faz uma analogia aos murais de escola onde se colocam
avisos. Não há troca de mensagens, apenas transmissão direta de informações para todos os
participantes do curso.
Wiki Ferramenta assíncrona de comunicação e construção do conhecimento. Seria um conjunto de
páginas em hipertexto construídas de forma coletiva pelos participantes do curso. Permiteria a
criação desde textos simples a páginas mais elaboradas contendo gráficos, tabelas, imagens, sons,
etc. Normalmente não é moderada. Toda a alteração feita pelos participantes fica registrada
permitindo que o professor trace a colaboração ou intervenção de cada um.
Chat Ferramenta síncrona de comunicação cuja finalidade seria a de simular um ambiente onde várias pessoas se encontram para conversar. Dentro de um AVA, sua função seria a de promover
conversas relativas a assuntos gerais ou específicos realizadas entre alunos e alunos e professores-
tutores. Os chats podem ser abertos em momentos específicos ou ficarem permanentemente
abertos. Pode ser utilizado com objetivos avaliativos, tanto para se avaliar a aprendizagem dos
alunos quanto o professor ou o curso. É considerada de difícil controle em virtude das diversas
contribuições que vão surgindo na tela, exigindo leitura, acompanhamento e respostas rápidas, as
vezes fora de contexto. Contudo, seria útil porque se aproximaria de uma discussão presencial e
porque tiraria do professor a o papel de transmissor único do conhecimento.
Quadro
branco
Ferramenta síncrona de comunicação e construção do conhecimento. Trata-se de uma tela branca
compartilhada por alunos e professores onde se pode escrever, desenhar, colar dados
coletivamente. Particularmente interessante quando no curso há disciplinas que prevêem a
construção de gráficos ou esquemas. Útil para a promoção da interação. Contudo, precisa de
controle para que a proposta pedagógica seja mantida.
FERRAMENTAS ESPECÍFICAS DE TRABALHO
Diário de
bordo
Simula um diário em que o estudante faz anotações. Permite, dependo dos recursos do curso, que o
aluno faça referências a partes específicas do curso, e que acrescente vídeos, sons ou imagens.
Portfólio Seria o conjunto de todos os trabalhos ou parte destes realizados pelos alunos ao longo do processo
de ensino e aprendizagem. Útil para fins avaliativos, pois permite o acompanhamento das
atividades do aluno, da sua trajetória, uma vez que o aluno pode postar textos seus ou lidos, e
outros materiais produzidos em todas as fazes do curso. Além disso, o portfólio poderia ser
compartilhado e comentado pelo professor e demais colegas.
Mapas
conceituais
Espécie de representação gráfica de uma ideia textual. Poderia ser útil para auxílio do aluno quando
do estudo do conteúdo do curso, podendo ser entregue como trabalho de unidade, etc.
38
Fonte: Gomes (2009)
2.1.3 Interação e interatividade
Diante de tantos recursos, a educação a distância online, diferentemente da EAD das
gerações anteriores, que enfatizavam a autoaprendizagem, apresenta potencial para
interatividade e a interação, possibilitando o conhecimento construído de forma colaborativa.
O aluno não precisaria mais aprender sozinho por meio apenas do material didático
disponibilizado. Os ambientes virtuais de aprendizagem são caracterizados como sendo
construtivistas, o que significaria que aluno assumiria maior responsabilidade sobre o
gerenciamento de suas atividades, enquanto o professor passaria a desempenhar o papel de
orientar, facilitar ou mediar o processo (SADERLICH; 2006). A proposta de trabalho
realizada no ambiente, por sua vez, promoveria a construção do conhecimento e evitaria a
transmissão do conhecimento a partir de um domínio predefinido. A autonomia do aluno
nesses ambientes é enfatizada contudo, Paiva (2011, p. 24) aponta que o sentido de autonomia
na EAD online é relativo à possibilidade de interação, intervenção e construção colaborativa
da aprendizagem por parte do aluno, ou que ele tem autonomia para tomar suas próprias
decisões em relação ao seu aprendizado. Acredita-se que a afirmação de Paiva (2011) é
FERRAMENTAS DE COORDENAÇÃO
Estrutura Tem o objetivo de disponibilizar para o aluno a proposta do curso, o tempo de duração, as
formas de avaliação, cronograma, etc.
Material de
apoio
Materiais selecionados pelo professor ou tutor com fins de auxiliar o aluno de forma geral ou de
estruturar o curso. Pode conter indicação de sites, textos, manuais, indicação de bibliografias,
entre outros.
FAQ Listagem de respostas às duvidas mais comuns trazidas pelos usuários de um site. Em um AVA,
seu acesso seria livre, e traria respostas aos questionamentos mais freqüentes referentes ao
funcionamento do curso.
Tutorial ou
guias do
aluno
Recursos criados para dar informações específicas sobre como se realizar determinada tarefa.
Ou, no caso de guias, para apresentar o AVA e o curso para alunos, informar sobre as atividades,
a estrutura do curso, os materiais a serem utilizados, os objetivos, regras a serem seguidas, etc.
FERRAMENTAS DE MONITORAMENTO
Acesso,
Atividades
realizadas,
uso das
ferramentas
Estas ferramentas teriam a função de monitorar como o aluno interage com o AVA e de
acompanhar o seu acesso e a freqüência deste acesso no ambiente. Por intermédio destas, o
professor tem como avaliar a participação dos alunos e diferenciar cada um por sua contribuição,
qualidade das contribuições. Permitem a geração de relatórios que facilitariam a avaliação da aprendizagem dos alunos.
39
importante no sentido de esclarecer que autonomia não significa estudo autodidata em que o
aluno estuda sozinho, isolado, mediante o acesso ao material disponibilizado em um ambiente
virtual qualquer, “muitas vezes expressado de forma linear e chapada no formato “pdf” ou
texto digital compactado que não permite articulações” que não oportuniza o diálogo, nem a
interatividade ou construção coletiva da comunicação e do conhecimento (SANTOS; SILVA,
2009, p. 274).
Com a incorporação das ferramentas da Web 2.0 e das redes sociais utilizadas com
objetivos educacionais, o aluno poderia construir o seu conhecimento por meio de trocas com
os outros participantes do processo de ensino-aprendizagem tanto de forma síncrona quanto
assíncrona utilizando-se as ferramentas disponíveis. Se no início da EAD, o conteúdo
precisava ser criado e enviado para o aluno devido à pouca oferta de material disponível e
interação quase impossível, nos dias atuais, observa-se abundância de conteúdo e
possibilidade de intensa interação facilitada, entre outras coisas, pela incorporação das
ferramentas de Web 2.0 e pelas redes sociais (MATTAR, 2011).
A EAD online exige que se busque obter compreensão da natureza da interação em
contextos virtuais. Silva (2006, p. 28) coloca que é importante que professores e alunos
compreendam o conceito de interatividade entendido como:
A disponibilização consciente de um mais comunicacional de modo expressamente complexo presente na mensagem e previsto pelo emissor, que
abre ao receptor possibilidades de responder ao sistema de expressão e de
dialogar com ele.
Mattar (2011) estabelece que há confusão acerca do que vem a ser interação e
interatividade. Segundo ele, há quem use os dois termos indiscriminadamente para se referir
ao mesmo fenômeno e há quem faça distinção entre esses dois construtos. O autor esclarece
que interação estaria relacionada ao comportamento e às trocas entre os indivíduos e grupos
40
que se influenciam mutuamente e reciprocamente exigindo a presença de no mínimo dois
objetos e duas ações. Já interatividade descreveria as atividades ocorridas entre as pessoas e a
tecnologia e os canais de comunicação. Para Mattar (2011), a discussão sobre a distinção
entre os termos é pertinente. Contudo, em consonância com o autor, acredita-se que é
importante analisar como a interação e a interatividade nesses novos ambientes de
aprendizagem, facilitados pelas diversas ferramentas já mencionadas, tem impacto na
avaliação da aprendizagem na EAD online em curso de pós-graduação.
Estudos pioneiros sobre Educação a distância identificaram três tipos de interação: a
interação aluno-conteúdo, interação aluno-instrutor e a interação aluno-aluno (HARRY;
DESMOND; JOHN, 1996; MOORE, 1996). Contudo, Mattar (2011) aponta para outras
formas de interação. Além das três formas de interação na EAD ocorridas nas relações entre
alunos, professores e conteúdo apontadas por Moore (2010), outros autores, ao refletirem
sobre interação na EAD, admitiriam novas possibilidades (MATTAR, 2011). Com base
nesses autores, Mattar (2011) faz um resumo das diversas interações possíveis apresentadas
resumidamente no quadro 03.
Quadro 03 - Tipos de interação
Aluno/professor Síncrona ou assíncrona, propicia motivação e feedback, loop interativo sem o qual
não há interação.
Aluno/conteúdo Aluno interage com a informação e as ideias trazidas pelo material didático.
Aluno/aluno Síncrona ou assíncrona. Caracteriza o aprendizado colaborativo e cooperativo.
Gera motivação e atenção. Diminui sensação de isolamento. Desenvolve o senso critico e capacidade de trabalho em equipe. Permite que alunos avaliem atividades
dos colegas.
Professor/professor Professores colaboram e compartilham por meio de comunidades virtuais e físicas.
Ocorrem em congressos e seminários. Ou informalmente.
Professor/conteúdo Professores podem ser autores dos seus próprios objetos de aprendizagem e podem
ajudar a construir o desenho educacional.
Conteúdo/conteúdo Há programas semiautônomos, proativos e adaptativos por intermédio de recursos
de inteligência artificial com capacidade para recuperação de informações,
operação de outros programas, tomada de decisões e monitoração de recursos.
Aluno/interface Interações entre aluno e tecnologia.
Auto interação Conversa do aluno consigo mesmo. Interação intrapessoal.
Interação vicária Interação silenciosa.
Fonte: Mattar (2011)
41
Acredita-se que esse cenário que possibilita diversas trocas entre os participantes do
curso, por intermédio da internet e com o auxílio de diversas ferramentas a disposição do
professor e do aluno para a interação nas salas de aula virtuais venha a ter impacto no
processo avaliativo uma vez que este é afetado pelo meio no qual ocorre. Todavia, como se
pode supor, o ambiente virtual de aprendizagem não garante, sozinho, o ensino e o
aprendizado de qualidade. Para que se garanta a qualidade do processo de ensino e
aprendizagem, apenas disponibilizar recursos, ferramentas ou interfaces para professor e
alunos não é bastante. Seria preciso “potencializar a comunicação e a aprendizagem e não
subutilizar as interfaces online que reúnem um conjunto de elementos de hardware e software
destinados a possibilitar agregações, associações e significações como autoria e co-autoria aos
estudantes” (SANTOS; SILVA, 2009). Nesse sentido, entra em cena outro elemento
fundamental para a discussão sobre processo de ensino e aprendizagem na EAD online: o
desenho didático do curso.
2.1.4 Desenho didático
Segundo Santos e Silva (2009), o desenho didático se caracterizaria como sendo uma
arquitetura que envolveria o planejamento, a produção e a operatividade dos conteúdos e
situações de aprendizagem estruturadoras dos processos de construção do conhecimento nas
salas de aula virtuais.
Seria por intermédio dessa arquitetura, ou da forma como é construída e executada que
se asseguraria o modelo de ensino e aprendizagem, ou que se definiria se se privilegiaria a
construção social do conhecimento a partir das diversas trocas entre os atuantes do processo
ou a transmissão do conhecimento. Na busca por um desenho didático que procurasse evitar a
mera transmissão do conhecimento, haveria a necessidade de parceria entre os diversos
42
envolvidos nas decisões relativas ao processo de ensino e aprendizagem, ou seja, entre a
equipe de produção responsável por refletir e produzir o desenho didático, e os professores-
tutores, responsáveis pela sua execução por intermédio das competências específicas de cada
um de forma interdisciplinar mediante a articulação dos seus saberes. (SANTOS; SILVA,
2009).
Fez-se até aqui uma discussão, com base na literatura, dos elementos que viabilizam a
realização do processo de ensino e aprendizagem na EAD online com vistas a contextualizar a
discussão sobre o processo de avaliação da aprendizagem dos alunos nas salas de aula
virtuais.
Na busca por um melhor entendimento sobre o fenômeno da avaliação da
aprendizagem na EAD online discute-se a seguir pressupostos da avaliação da aprendizagem
e as especificidades da avaliação em ambientes virtuais de aprendizagem.
2.2 Avaliação da aprendizagem
Avaliação, termo que teria sua origem no mundo da indústria, é adotado pelo campo
da educação e desde então sofre profundas mudanças históricas no decorrer de apenas um
século (ARREDONDO; DIAGO, 2009). Segundo os autores, o conceito de avaliação,
aplicada ao universo educacional evoluiu ao longo dos anos, vindo a passar por momentos
importantes:
a) no primeiro momento, sob influência da Psicologia Comportamental, a
avaliação foi concebida como medida e foi utilizada como técnica principal a
aplicação de testes.
b) em um segundo momento, avaliar significaria verificar até que ponto existe
congruência entre objetivos de aprendizagem e os resultados apresentados
43
pelos alunos. Ela foi concebida como processo sistemático e tinha como
objetivo mudar a conduta dos aprendizes por meio da instrução.
c) no terceiro momento, a avaliação foi considerada em sua totalidade. Foi levado
em consideração além do rendimento do aluno, fatores relativos ao programa
educacional. Nesse momento, avaliação é concebida como processo e há
ênfase no fato de que esta deve estar atrelada a critérios a serem atingidos por
meio de objetivos pré-estabelecidos e também pensada como processo e
identificada, pela primeira vez, como tendo função formativa e somativa.
d) em um quarto momento, novos enfoques ou tendências sugerem que a
avaliação deveria focar na mudança ocorrida no aluno a partir de objetivos
educacionais bem formulados previamente. É o momento que marca o auge
das taxonomias, entre elas a de um grupo de estudiosos que, por ser liderado
pelo educador e psicólogo Benjamim Samuel Bloom, passa a ser conhecida
como Taxonomia dos objetivos educacionais de Bloom ou, simplesmente,
Taxonomia de Bloom (ARREDONDO e DIAGO, 2009).
Dos anos 50 em diante, há proliferação de modelos avaliadores associados aos
paradigmas científicos e a avaliação passa a ser vista como quantitativa ou como qualitativa
dependendo do paradigma a que está associada. Segundo Arredondo e Diago (2009) ambos os
paradigmas coexistiram e continuam a coexistir atualmente em virtude, principalmente, de
não haver uma maneira única de se conceber ou de se aplicar a avaliação. Além do mais, à
medida que estudos avançam em relação a esse tema, novos elementos originários de outros
campos do conhecimento são incorporados, o que torna ainda mais complexa a concepção da
avaliação.
Alfonso (2003) ao tratar da questão da avaliação educacional sob uma perspectiva
sociológica, propõe os níveis: mega, macro, meso e microssocial da avaliação. O nível
44
megassocial seria aquele que diz respeito a órgãos internacionais que procurariam estabelecer
padrões de desempenho e referências para a elaboração de metas e diretrizes orientadoras de
sistemas educacionais em nível mundial. Já o nível macrossocial diz respeito aos processos
avaliativos que ocorrem em âmbito nacional com vistas a verificar a qualidade do ensino e da
educação. No nível mesossocial, a avaliação estaria envolvida em um processo de análise
institucional que abrangeria os diversos elementos que compõe o processo educacional, tais
como a gestão escolar, o processo de ensino e aprendizagem, currículo, qualificação
professor, entre outros. E o nível microssocial que diz respeito a avaliação da aprendizagem
que ocorre na âmbito da sala de aula.
A avaliação, pressupõe-se, reflete determinadas concepções de ensino e aprendizagem
que por sua vez estão subordinadas ao contexto histórico e sócio-técnico. Como esse contexto
é dinâmico, pode-se compreender porque, apesar do tanto que já se estudou sobre o assunto, o
tema ainda suscita discussões e porque há diferentes visões e formas de definir o construto
(ARREDONDO e DIAGO, 2009).
Para Luckesi, (1990) avaliar significa determinar, verificar, reconhecer, fazer ideia,
calcular, apreciar, ajuizar ou refletir sobre algo. A avaliação, segundo ele, é formulada a partir
de métodos de atribuição de valor ou qualidade sobre alguma coisa, ato ou ação em curso e
exige posicionamento do avaliador a favor ou contra o que está sendo avaliado (LUCKESI,
1990). Para o autor, avaliar é um juízo de valor sobre dados relevantes que são comparados a
um padrão considerado ideal em relação ao qual o avaliador toma a sua decisão (LUCKESI,
2003).
Sardelich (2006) lembra que avaliar é uma ação não apenas técnica, mas
principalmente humana impregnada de valores éticos e estéticos. Trata-se de um processo de
decisão seletiva que envolve conteúdos e objetivos. Portanto, é necessário se conhecer os
critérios básicos utilizados no processo de avaliação uma vez que aferir a aprendizagem do
45
estudante universitário constitui um aspecto crítico da atividade acadêmica na universidade
(HACK et al., 2000).
A avaliação é um elemento fundamental para o processo de ensino e aprendizagem
uma vez que é por intermédio dela que os objetivos de aprendizagem se concretizam
(ROMANOWSKI, 2008).
Para Vonderwell et al.. (2007) a avaliação é um importante aspecto de qualquer
sistema de ensino e aprendizagem. Os eventos avaliativos, esclarecem os autores,
impulsionam os resultados da aprendizagem e são essenciais para o desenho e a estrutura de
um ambiente de aprendizagem. Ainda segundo Vonderwell et al. (2007), o processo de
avaliação da aprendizagem inclui todos os tipos de atividades que os professores e os alunos
realizam para obter informação que pode ser utilizada como diagnóstico que altere o ensino e
a aprendizagem.
A avaliação da aprendizagem estaria fortemente vinculada à abordagem curricular. Em
nível de pós-graduação, cujo currículo pode ser classificado como acadêmico, a avaliação
levaria em consideração as finalidades desse nível de escolaridade – desenvolver a mente
racional e o treinamento nas ideias e processos que permitam a investigação – e buscar meios
que estejam em consonância com as especificidades das disciplinas (SANAVRIA, 2008). Em
razão disso, a avaliação não poderia ter como objetivo a reprodução da informação
transmitida. Seu escopo seria amplo o bastante para incluir diferentes “categorias de produto
de conhecimento” tais como “pensamento crítico, realização de juízos, resolução de
problemas, procedimentos de execução, técnicas de demonstração, acesso e manejo da
informação, demonstração e comunicação de conhecimentos” (SARDELICH, 2006, pg. 215).
Com o intuito de “cumprir as funções atribuídas a avaliação, a pesquisa pedagógica
criou modelos para avaliar que aparecem sistematizados em diversas classificações”.
46
(ARREDONDO; DIAGO, 2003, pg. 69). Apesar da multiplicidade de modelos já propostos,
esses poderiam ser enquadrados basicamente em dois grandes paradigmas: aqueles que se
fundamentam em uma avaliação qualitativa e os baseados numa avaliação quantitativa
(ARREDONDO; DIAGO, 2003) ou, em uma visão menos dicotômica, na qual os modelos
avaliativos seriam constituídos pelos momentos de aplicação dos instrumentos de coleta de
dados. (LUCKESI, 2011).
Entre alguns dos modelos já propostos estariam os modelos “contexto, entrada,
processo, produto”; modelo “avaliação diagnóstica, formativa, somativa”; modelo “antes e
depois”; modelo “somente depois”; modelo “avaliação por objetivo”; “modelo avaliação sem
objetivo” (ARREDONDO; DIAGO, 2003; LUCKESI, 2011). Com base na análise das
propostas de intervenção empreendidas com fins avaliativos de cada um deles, seria possível
indicar os momentos nos quais estas ocorrem, e, a partir daí, indicar que modelo avaliativo se
está propondo ou empregando.
As principais modalidades avaliativas seriam, contudo, “aquela utilizada para se
avaliar um objeto já configurado e concluído e a utilizada para avaliar um objeto em
construção”. (LUCKESI, 2011, p. 172). A primeira seria considerada avaliação de
certificação e a segunda avaliação de acompanhamento de uma ação.
No caso da avaliação por certificação, a intervenção se daria sobre um objeto já
construído, com fins de investigar a sua qualidade. Seria uma avaliação de produto. Já a
avaliação de acompanhamento se dedicaria a uma acompanhar uma atividade a medida que
vai sendo construída com os objetivos dos resultados almejados. Tal modalidade não só
investigaria a qualidade como também subsidiaria o seu processo de construção. Seria uma
avaliação de processo.
Vonderwell et al. (2007) apresentam distinção entre avaliação da aprendizagem –
avaliação com vistas a dar notas e reportar por meio de procedimentos rígidos e avaliação
47
para a aprendizagem – cujo propósito é o de permitir que os alunos, por meio de feedback
eficaz, compreendam completamente sua própria aprendizagem e as metas que eles devem
atingir.
Segundo Longo (2009) a avaliação não um é fim em si mesma, mas meio e estaria
delimitada pela teoria e pela prática que a tornam real. Para Longo (2009) o ato de avaliar não
poderia ser atividade neutra ou que se dê ao acaso. A avaliação poderia, então, ser utilizada
para promover um julgamento de valor sobre manifestações relevantes da realidade. Portanto,
ela assumiria uma função de caráter não classificatório, mas formativo transformando-se em
instrumento que buscasse acompanhar o desempenho do aprendiz com vistas a se tomar
decisões acerca do seu desenvolvimento. Sob esta perspectiva, a avaliação deixaria de ser
instrumento de aprovação ou reprovação para ser instrumento auxiliar no processo de ensino-
aprendizagem. Disso decorre que para ser realizada efetivamente, todos os seus elementos
constituintes estariam alinhados: a seleção, elaboração e utilização dos instrumentos, a leitura
dos resultados obtidos e a utilização destes resultados.
Discute-se a seguir os procedimentos, técnicas e instrumentos da avaliação da
aprendizagem como ocorrem na EAD online com vistas a se ter melhor compreensão do
processo avaliativo em salas de aula virtuais.
2.2.1 Avaliação da aprendizagem na EAD online
O advento da internet trouxe para o campo da educação reflexões sobre práticas
inovadoras no ensino-aprendizagem para o cotidiano do professor e do aluno. Apoiados na
web, os ambientes virtuais de aprendizagem com suas várias funcionalidades, ferramentas e
interfaces e plataformas de redes sociais oferecem grande diversidade de recursos para o
48
educador e para o aluno usuários da modalidade de ensino e aprendizagem a distância online,
influenciando na forma de se conceber e realizar a avaliação da aprendizagem.
Ao falar sobre o uso das TICs no processo avaliativo, Sardelich (2006) sugere que
estas apresentam maneiras diferentes de acesso, geração e transmissão de dados e
proporcionam para o professor diversas fontes de informação que lhe permite avaliar a
aprendizagem dos alunos uma vez que oportunizam o acesso a uma formação coletiva mas
atenta a interesses individuais.
2.2.2.1 Modelo avaliativo
Em um contexto de ensino e aprendizagem onde a construção do conhecimento se dá a
partir do compartilhamento e da colaboração possibilitados pelas potenciais formas de
interação e interatividade que a internet torna disponíveis para os participantes, não há espaço
para um modelo avaliativo meramente quantitativo que preze apenas pela classificação, pela
seleção ou pelo exame, próprios de uma concepção de ensino caracterizada pela transmissão
do saber unilateral, que vai do professor-emissor para o aluno-receptor (SILVA, 2006;
SANTOS, 2005).
A aprendizagem online requer a reconstrução dos papeis, das relações e das práticas
tanto do aluno e quanto do professor. Há necessidade de se identificar métodos eficazes
apropriados para este tipo de aprendizagem e de se compreender como esta altera a seleção, o
monitoramento e o gerenciamento das atividades de avaliação. É importante que se investigue
como as técnicas de avaliação podem ser utilizadas no sentido de tornar o loop de feedback
entre a instrução e a avaliação mais significativo (VONDERWELL et al., 2007).
Nesse novo cenário, a avaliação perde seu caráter de aferição do grau de conhecimento
do aluno e passa a ser instrumento que auxilia o professor na modificação de suas práticas, na
redefiniçao de estratégias pedagógicas e no re-planejamento de metas e objetivos de
49
aprendizagem (POLAK, 2009). Perspectiva que está em consonância com a afirmativa de
Santos (2005, pg. 57):
Avaliar passa a ser um processo dialógico e formativo cujos diagnósticos ilustram dados que devem ser interpretados e analisados com o objetivo de
se tomar decisões relativas ao processo de aprendizagem dos alunos que
dever ser inclusivo, constante, negociante e comunicativo contrário às práticas que se resumem a exames pontuais, esporádicos, com hora e tempo
predeterminados.
Polak (2009) destaca que a estrutura conceitual da aprendizagem permanece, mas as
circunstâncias da avaliação da aprendizagem na modalidade online são alteradas, ou seja,
quando se deve avaliar, por que avaliar, o que avaliar, como avaliar e quem avalia. Em outras
palavras, deve-se refletir sobre o momento e os tipos da avaliação, os agentes, os
procedimentos, critérios e estratégias, ferramentas e instrumentos avaliativos.
2.2.2.2 Momento e Tipos de avaliação
Já na década de 1950, Bloom (1988) assinalava que o objetivo da avaliação seria o de
subsidiar o processo de ensino e aprendizagem e, portanto, ela não deveria ser realizada
apenas ao final desse processo mas durante. Bloom (1988) defendia que a avaliação, seja qual
for a proposta de ensino e aprendizagem, deveria estabelecer de forma clara e precisa seus
objetivos. Trata-se de um processo dinâmico, aberto e contextualizado que deveria ocorrer em
todo o período do curso e não somente em momentos pontuais e isolados. Nessa perspectiva,
pode-se dividir a avaliação dos alunos em três fases: diagnóstica – antes do início do curso, na
entrada do aluno, ou durante o curso ao início de cada etapa, a formativa – durante o curso -
durante o curso, e a somativa – ao final do curso (MATTAR, 2011; POLAK, 2009).
50
A avaliação, seja ela diagnóstica, formativa ou somativa, vai afetar diretamente a
aprendizagem, independente de serem realizadas em ambientes online ou presenciais, pois
elas comunicam mensagens acerca de como os aprendizes devem estudar e quais coisas são
mais importantes para serem aprendidas; criam oportunidades para que os estudantes revisem,
pratiquem e apliquem aquilo que aprendem proporcionando-lhes a responsabilidade pelo
próprio aprendizado possibilitando o auto monitoramento e a auto avaliação (BROOKHART,
1997).
Tanto a avaliação somativa quanto a formativa desempenham papel importante no
processo de ensino e aprendizagem. A avaliação somativa tem a função de verificar a situação
do aluno em relação às variáveis educacionais. A avaliação formativa tem a função de coletar
informação sobre a aprendizagem do aluno e utilizá-la para adaptar o ensino e a aprendizagem
às suas necessidades (VONDERWELL et al., 2007).
Como o aluno é o alvo do processo de ensino-aprendizagem, é de importância
fundamental conhecê-lo para que se possa diagnosticar características que sejam relevantes
para o seu ingresso no curso (BLOOM, 1971; POLAK, 2009; MATTAR, 2011). A avaliação
diagnóstica, não mensurável em termos de notas, tem a função de conhecer as habilidades que
o aluno deve ter antes de participar de um curso, sem as quais ele pode apresentar
dificuldades, e verificar seus conhecimentos sobre o assunto, evitando-se com isso, a
repetição desnecessária de informações já conhecidas que poderiam, inclusive, desmotivar a
aprendizagem. Os resultados dessa primeira avaliação podem auxiliar o professor ao facilitar-
lhe o desenvolvimento das unidades didáticas, permitindo que ele altere o design do curso
com o intuito de preservar o processo de ensino-aprendizagem (BLOOM, 1971; POLAK,
2009; MATTAR, 2011). Nesse sentido, Polak (2009) indica que:
conhecer o grau de educabilidade cognitiva permite definir conteúdos,
estratégias e metodologias que assegurem o desenvolvimento de
competências e habilidades, considerando as particularidades de cada grupo,
51
respeitando o multiculturalismo, característica maior da EAD. (POLAK, 2009, p. 153).
O diagnóstico permitiria o levantamento das potencialidades dos alunos e
consequentemente, auxiliaria na elaboração das proposições de avaliação. Conhecer as
potencialidades do discente diante das exigências do curso oportunizaria a criação de
indicadores de programação de conteúdo e forma, procedimentos e instrumentos, além da
gestão do tempo. Sendo assim, poder-se-ia dizer que a avaliação, ao mesmo tempo que
compõe o processo de aprendizagem é também resultante dele, ou seja, ela ocorre antes do
processo de ensino e aprendizagem e o finaliza e serve de referência tanto para o professor
quanto para o discente (ROMANOWSKI, 2008, p.290). A avaliação diagnóstica vem a ser um
importante elemento que permite a obtenção de dados essenciais que dão suporte ao
planejamento de um curso. Por meio dos dados obtidos por essa modalidade avaliativa, poder-
se-ia flexibilizar o curso e reconfigurá-lo. Isso por que ela criaria condições para que se
conhecesse o aluno. E ao conhecê-lo, ela permitiria que se considerassem suas especificidades
e que fossem respeitadas suas trajetórias, seus saberes e competências prévias, expectativas,
desejos, dificuldades, potencialidades. Por isso mesmo, costuma-se aplicar instrumentos
diagnósticos na fase anterior ao início do processo (KENSKI et al., 2006).
A avaliação formativa seria aquela que ocorre durante todo o processo de
aprendizagem, descrita como um processo dinâmico e aberto que está atrelado ao contexto no
qual se insere (ARREDONDO; DIAGO, 2003). Por ser processual, o ato de avaliar a
aprendizagem não deveria ser pontual, mas ocorrer ao longo do processo de ensino e
aprendizagem (ARREDONDO; DIAGO, 2003). Visão partilhada por Polak (2009) que
entende a avaliação formativa como aquela que ocorre durante todo o período do curso, utiliza
diversos instrumentos e tem como finalidade o aperfeiçoamento do processo de ensino-
52
aprendizagem. Avaliação formativa, seria, portanto, uma avaliação processual, contínua e
online (POLAK, 2009).
Kenski (2006), em relação à avaliação formativa, declara que tal modalidade avaliativa
permeia todo o curso de forma continuada e processual com vistas a verificar se há
compatibilidade entre os objetivos norteadores do processo de ensino e aprendizagem
propostos e os resultados alcançados. Segundo a autora, ela cria condições para que
professores e alunos recebam feedback em relação às suas estratégias de ensino e
aprendizagem. Isso permite que estes façam as intervenções necessárias para que os objetivos
propostos sejam atingidos com qualidade. Ainda, a avaliação formativa buscaria compreender
as causas e ocorrências dos erros e agir de forma pedagogicamente efetiva com vistas a
auxiliar na aprendizagem do aluno, ao invés de apenas sancionar tais erros, como
frequentemente ocorre numa avaliação meramente somativa (KENSKI, 2006).
A avaliação somativa, por sua vez, apresenta característica terminal e classificatória,
de atribuição de nota. Segundo (KENSKI, 2006), diversas visões da avaliação podem se
prestar a variados papeis. Comumente, apesar de não ser o ideal, ela assume o papel de
certificação com vistas a satisfação de necessidades classificatórias institucionalmente
válidas. Esse é o aspecto somativo da avaliação cuja preocupação principal é a nota e tem
como principais balizadores os resultados obtidos por meio de instrumentos de verificação da
aprendizagem tais como provas e trabalhos. Apesar de ter a sua validade e importância dentro
do processo de ensino e aprendizagem, tal função avaliativa, se utilizada isoladamente, pode
distorcer a percepção relativa ao nível de aprendizado do aluno já que esta só apresenta
resultados relativos a um momento específico, normalmente, ao final do processo de ensino-
aprendizagem, quando já não é mais possível alterar o percurso de aprendizagem do aluno.
Em cursos online, a utilização da avaliação somativa seria frequente. Principalmente
em momentos presenciais obrigatórios determinados oficialmente pelas agências
53
certificadoras que impõem um momento presencial formal para que se realizem provas
isoladas e descontextualizadas do restante dos momentos de ensino e aprendizagem
(KENSKI, 2006). Apesar da exigência do MEC de momento presencial para a avaliação do
aluno em cursos de especialização e do fato de esta ter valor maior que qualquer outra forma
de avaliação realizada durante o curso, o professor ainda poderia buscar acompanhar a
participação dos alunos nas atividades ou nas interações propostas no curso uma vez é por
meio de tal acompanhamento que o professor poderia ter conhecimento tanto do que foi
apreendido pelos discentes quanto dos processos por ele vivenciados (LONGO, 2009).
2.2.2.3 Agentes da avaliação
Em relação aos agentes da avaliação, pressupõe-se que faz parte das funções do
educador na EAD online avaliar o progresso do aluno: dar notas às tarefas e proporcionar
feedback sobre o seu progresso, manter o registro do aluno e lhes dar suporte e ajudá-lo a
gerenciar seu estudo e motivá-lo (MOORE, 2010). Contudo, para que tais funções de
avaliação e suporte sejam realizadas a contento seria necessário que o professor, inserido no
contexto da modalidade de Educação a Distância online, conhecesse as peculiaridades desse
ambiente e como elas interferem no processo avaliativo (VOSGERAU, 2006).
Em relação ao planejamento, elaboração e implementação da avaliação da
aprendizagem online, Mattar (2011) defende que no modelo de ensino-aprendizagem online o
professor ou professor-tutor teria a função de elaborar os instrumentos de avaliação e não o
designer instrucional ou outro ator que determinem a priori como deveria ser o processo de
avaliação da aprendizagem a ser percorrido pelos alunos. De acordo com Mattar (2011), é o
professor quem atua junto com o aluno durante todo o processo de construção do
conhecimento. Sendo assim, o professor deveria ter liberdade suficiente para escolher e
54
modificar os instrumentos e as atividades de avaliação, mesmo que o trabalho seja feito
conjuntamente com outros profissionais.
Já Sardelich (2006, p.219) defende que, na EAD online, “a avaliação é uma atividade
processual cuja responsabilidade não cabe apenas ao professor, que pode, graças às TICs,
estabelecer uma dinâmica de auto avaliação e co-avaliação entre os participantes”. Ou seja, ao
professor caberia a tarefa de avaliar, dar a nota etc., contudo o aluno poderia participar do
processo. Nesta perspectiva, Santos (2005) sugere três tipos de avaliação que podem ser
utilizados tanto na avaliação formativa quanto na somativa: autoavaliaçao, coavaliaçao e
heteroavaliaçao.
A autoavaliação é a avaliação do sujeito por ele mesmo. Nela, o aluno é convidado a
refletir sobre a qualidade da sua aprendizagem - como pode ser realizada, quando, qual sua
vantagem, o seu porquê - (NUNES; VILARINHO, 2006). Ao fazê-la, o professor encorajaria
a autorreflexão dos alunos convidando-os a contribuir de forma mais ativa e menos superficial
nas discussões online, como exemplo (TELES, 2009).
Segundo Nunes e Vilarinho (2006) a autoavaliação é fundamental para que alunos
conscientizem-se das suas dificuldades e conquistas. Ela orienta o aluno para a metacognição.
Por seu intermédio, o aluno seria levado a indagações sobre seu comportamento diante do
aprendizado do tipo: como realizei tal tarefa? Como fiz a leitura dos textos? Como fiz
relações entre os conteúdos, autores, fontes estudadas? Quais foram as maiores dificuldades?
Como foram as minhas contribuições? Foram aceitas ou rejeitadas? Como foi a minha relação
com os colegas? (NUNES; VILARINHO, 2006). Acredita-se, contudo, que o aluno novato
nessa modalidade de ensino, ou até o aluno experiente de outras modalidades, precisaria de
alguma espécie de preparação para que essa forma de avaliação seja implementada de forma
satisfatória. O interesse e a motivação do aluno, acredita-se, seriam variáveis fundamentais
para a realização da autorreflexão exigida pela autoavaliação. Acredita-se também que, caso
55
sejam somente disponibilizadas atividades automatizadas, tipo teste de múltipla escolha, que
gerem alguma nota como feedback automático, sem que os resultados sejam sequer
comentadas pelo professor em algum momento do processo educacional, a possibilidade de
reflexão e consequentemente de aprendizado compartilhado estariam comprometidos.
A coavaliacão é avaliação dos sujeitos em conjunto com os pares ou grupos. Os
grupos avaliam os colegas e inclusive o professor. Nessa forma de avaliar, os alunos em
grupos trocam e comentam os trabalhos uns dos outros (SANTOS, 2005). Segundo Mattar
(2011), a coavaliação pode contribuir para o desempenho geral dos alunos e pode vir a
otimizar o tempo do professor.
Na heteroavaliação, alguém mais experiente avalia o trabalho do outro, normalmente o
professor avalia o aluno. Nessa forma de avaliação, exige-se que o professor, que é quem
possui um repertório mais amplo e interage com todos os elementos do grupo de maneira
planejada e intencional, participe efetivamente do processo avaliativo selecionando e
utilizando diversos instrumentos e estratégias que considere mais adequados (SANTOS, 2005;
MATTAR, 2011).
2.2.2.4 Critérios de avaliação
Na modalidade presencial, alguns critérios avaliativos são bastante evidentes:
reprodução do conteúdo ensinado em aula, participação, frequência, comportamento,
apresentação; algumas vezes busca-se avaliar também os critérios subjetivos – fracasso, êxito
etc. (HACK et. al., 2000). Segundo o autor, é um equívoco buscar avaliar a aprendizagem
ocorrida em ambientes virtuais utilizando-se das mesmas técnicas e ferramentas utilizadas no
ensino presencial. Isso implica na elaboração de propostas e seleção ou criação de
instrumentos e técnicas de avaliação da aprendizagem adequado aos ambientes online
56
A forma de avaliar a aprendizagem do aluno dos modelos tradicionais que medem o
seu desempenho por meio de instrumentos apenas quantitativos e com os quais apenas o
professor realiza a avaliação poderiam, na EAD online, ceder lugar a novos instrumentos que
possibilitem que os alunos também sejam convidados a participar do processo de avaliação da
sua aprendizagem (SILVA, 2006).
Segundo Silva (2006) as diversas formas de interação entre professores e alunos nos
ambientes virtuais possibilitam liberdade de autoria, multiplicidade de acessos e conexões,
diálogo, troca de informações e de opiniões, participação e autoria colaborativa. Não
reconhecer esse fato é ignorar a “potencialidade comunicacional do ambiente online que
aponta sugestões para o ensino-aprendizagem e para a avaliação interativa” (SILVA, 2006, p.
24). Disso decorre que o professor pode propor um modelo de avaliação da aprendizagem
com base nos fundamentos autonomia, dialogicidade, participação e colaboração cujos os
instrumentos avaliativos utilizados sejam pensados, elaborados e selecionados com vistas a
promover um processo avaliativo mais formativo (SILVA, 2006).
2.2.2.5 Ferramentas e instrumentos de avaliação
Há necessidade de variação na técnica e no instrumento a ser utilizado para que se
obtenham dados concretos e fidedignos acerca da aprendizagem do aluno (LUCKESI, 2011)
e, portanto, diversos instrumentos deveriam ser utilizados no processo de avaliação da
aprendizagem com diferentes funções – diagnóstica, formativa ou somativa.
Segundo Nunes e Vilarinho (2009) além de diversificados, os instrumentos de
avaliação online devem ser conhecidos pelos alunos. Os objetivos de cada instrumento, assim
como o porquê de sua utilização, poderiam ser explicitados sejam eles quais forem. Ao fazer
esse esclarecimento, o professor estaria auxiliando o aluno a ter melhor compreensão tanto do
57
curso como um todo quanto do processo de avaliação da aprendizagem (NUNES;
VILARINHO, 2009).
Apesar de orginalmente não terem sido criados com propósitos educacionais, sugere-
se como ferramentas ou interfaces1 a serem utilizadas para avaliar o aluno em cursos online: o
uso do correio eletrônico; a lista de discussão; o fórum; o ambiente de trabalho colaborativo; o
chat; e o vídeo (SADERLICH, 2006). Por intermédio dessas ferramentas ou interfaces seria
possível a aplicação de determinadas estratégias avaliativas: o uso do correio eletrônico e do
chat para feedback na avaliação formativa, o fórum para a avaliação somativa, o portfólio e o
vídeo para coavaliçao e autoavaliação (SADERLICH, 2006).
Em relação ao fórum, enquanto ferramenta de avaliação somativa, Kratochwill e Silva
(2008) apontam que sua característica assíncrona seria uma grande vantagem em virtude de
permitir espaço temporal para reflexão. Segundo os autores, as caraterísticas apresentadas
pelo fórum “favorecem o acompanhamento dialógico da construção do conhecimento e
propicia ao estudante a possibilidade de se auto-avaliar (KRATOCHWILL; SILVA, 2008, pg
451). Entre as possibilidades avaliativas potencializadas pelo fórum estariam o maior tempo
que este propiciaria para a participação dos alunos, a exigência de mais leituras, mais
autonomia na quantidade e extensão das participações, e a possibilidade de se realizar
avaliação formativa individual ou grupo, autoavaliaçao, aprendizagem colaborativa, entre
outros (KRATOCHWILL; SILVA, 2008, pg 451).
O chat seria considerado uma ferramenta incentivadora do diálogo, com potencial para
a interação entre os participantes e que, mediante o seu objetivo e o papel que o professor
assume na sua condução, poderia ser útil no desenvolvimento de ações investigativas
(MARTINS et al., 2006). A ferramenta favoreceria, pressupõem Martins et al. (2006), o
1 No apêndice J há uma listagem de algumas dessas ferramentas com sugestão de como poderiam ser
utilizadas com fins avaliativos.
58
desabafo das inquietações dos alunos, o esclarecimento de dúvidas, questionamentos,
posicionamentos e a discussão de assuntos mais complexos. Ela permitiria maior autonomia
para os alunos na sua forma de se expressar desde que bem aplicada e com objetivos bem
definidos. Martins et al. (2006) apontam como desafios no uso do chat, a falta de preparação
do professor, uma vez que seria preciso domínio e habilidade para desenvolver atividades
produtivas com a ferramenta.
O quadro 04 apresenta um resumo do que foi discutido acima em relação à avaliação
da aprendizagem na EAD online.
Quadro 4 – Elementos da avaliação da aprendizagem
Tipos de avaliação Diagnóstica: com propósitos de conhecer o alunos e suas dificuldades em
relação ao curso ou unidade didática. Normalmente realizada antes do inicio do
processo de ensino-aprendizagem.
Formativa: tem como objetivos avaliar a aprendizagem do aluno ao longo do
processo de ensino-aprendizagem com vistas a regular, mediar a
aprendizagem.
Somativa: realizada ao final do processo de ensino-aprendizagem tem por
objetivo a classificação, certificação do aluno.
Agentes da avaliação Heteroavaliaçao: realizada pelo professor
Autoavaliação: realizada pelo aluno em relação ao seu desempenho.
Coavaliaçao: realizada pelos alunos em relação a aprendizagem dos colegas.
Momentos da avaliação A avaliação pode ocorrer antes (diagnostica), ao longo do curso (formativa) e
ao final do curso (somativa).
Feedback da avaliação Retorno dado ao aluno em relação ao seu desempenho ao longo do curso ou
disciplina ou ao final.
Ferramentas e
Instrumentos avaliativos
Ferramentas digitais tais como Forum, Chat, webquests, podcasts, blogs,
portfolios além de exercícios, atividades e trabalhos tradicionais tais como resumos, sumários, provas e testes de múltipla escolha, verdadeiro ou falso etc.
Critérios O parâmetros utilizados no processo avaliativo
Acredita-se que as técnicas, os procedimentos e os instrumentos avaliativos na EAD
online devam estar alinhados com as propostas pedagógicas do curso. Espera-se que tais
propostas apresentem os propósitos, as metas e os objetivos orientadores do ensino-
aprendizagem e do processo avaliativo dos alunos em sala de aula virtual (GIL, 2011;
LUCKESI, 2011; SILVA, 2006).
Como se acredita que o planejamento e a implementação da avaliação da
aprendizagem em cursos a distancia online possam vir a ser orientados e facilitados por
59
intermédio do estabelecimento de objetivos educacionais apresenta-se a seguir a Taxonomia
de Bloom, a Taxonomia de Bloom Revisada e a Taxonomia de Bloom Digital que classificam
esses objetivos.
2.3 A Taxonomia dos objetivos educacionais de
Bloom e suas versões atualizadas para os dias atuais:
Taxonomia de Bloom Revisada e a Taxonomia de
Bloom Digital
Ao apresentar seus estudos, Bloom et al. (1988) trazem uma definição de taxonomia
que significaria classificação, como por exemplo, aquela realizada pela Biologia para
organizar animais e plantas de acordo com suas relações naturais tais como filos, classe,
ordem, família, espécie, etc. Segundo Bloom et al. (1988) ao utilizarem-se de uma
classificação única e universal, os biólogos dispõem de um instrumento que facilitaria a
comunicação precisa entre os pares. Inspirados na ideia de criar um instrumento semelhante,
que proporcionasse uma classificação de objetivos de aprendizagem para o sistema
educacional , Bloom et al. (1988) propuseram a criação de uma taxonomia que auxiliasse de
forma geral, professores, administradores, especialistas e pesquisadores que lidam com
questões curriculares e avaliativas facilitando-lhes a comunicação. De acordo com Bloom et
al. (1988) essa taxonomia, utilizada como ferramenta promoveria uma linguagem comum ao
estabelecer um conjunto de classificações padronizadas a serem utilizadas como referência
que facilitaria a comunicação entre professores, coordenadores, etc., conteúdos, competências
e assim por diante; forneceria ao professor diversas alternativas de objetivos instrucionais
possíveis, na medida em que sugere a elaboração e implementação de novos objetivos além
daqueles já elaborados no currículo; auxiliaria o professor, por intermédio de um conjunto de
60
planos educacionais, a repensar a ênfase dada a determinados comportamentos esperados dos
alunos evitando que ele venha a planejar sua aula concentrando-se demasiadamente em
determinados objetivos de aprendizagem, esquecendo-se de outros que podem ser também
necessários; auxiliaria os responsáveis pela criação e definição de currículos uma vez que ela
facilitaria a especificação de objetivos o que tornaria menos complexa a tarefa de planejar as
experiências de aprendizagem; determinaria a consonância entre os objetivos educacionais, as
atividades, e a avaliação da aprendizagem propostos pelo curso;
Bloom et al. (1988) esclarecem que uma taxonomia só pode existir como tal mediante
estudo teórico que reflita a realidade das coisas. Sendo assim, diferentemente da mera
classificação, que pode ser realizada com base em diversos critérios, a criação de uma
taxonomia segue princípios fundamentados em pressupostos teóricos. Bloom et al. (1988)
baseiam sua taxonomia em tais pressupostos e apresentam definições cuidadosamente
detalhadas para três diferentes domínios denominam: cognitivo, afetivo e psicomotor.
Contudo, os estudos de Bloom (1988) privilegiam o domínio cognitivo. Este se refere à
aquisição de novo conhecimento, desenvolvimento intelectual, de habilidade e de atitudes e
engloba o reconhecimento de fatos, de procedimentos, de conceitos.
A Taxonomia de Bloom (BLOOM, 1988) classifica os objetivos educacionais em seis
níveis cognitivos respeitando uma hierarquia de complexidade e uma relação de dependência.
Nos níveis menos complexos encontra-se: o Conhecimento; Compreensão; Aplicação e nos
níveis mais complexos: Análise; Síntese; e Avaliação. Dessa forma, os objetivos de
aprendizagem partem de classe elementar para mais complexa e da mais concreta para a
abstrata. Isso não significa dizer que o aprendiz precisaria atingir os objetivos contidos em
classes inferiores antes de atingir os objetivos pertencentes às superiores. Mas que os
conhecimentos inferiores vão sendo superados à medida que o aluno avança.
61
A figura 01 apresenta as categorias do domínio cognitivo e os verbos relacionados a
cada um deles.
Figura 01 Taxonomia de Bloom Fonte: adaptado de Bloom et al. (1988)
Os objetivos que descrevem os resultados da aprendizagem resultantes de instrução
são normalmente elaborados tomando-se o conteúdo de determinado assunto e uma descrição
do que se fará com esse conteúdo. A declaração dos objetivos é usualmente feita utilizando-se
um substantivo ou um sintagma nominal – o conteúdo do assunto – e um verbo ou sintagma
verbal – o processo cognitivo. Um exemplo de objetivo seria: “ao final desta aula, o aluno vai
ser capaz de lembrar as teorias da Motivação”.
A preocupação dos elaboradores da Taxonomia residia no fato de que os professores
concentravam seus esforços na criação de objetivos tanto da disciplina quanto da avaliação da
aprendizagem apenas nos níveis inferiores da taxonomia. Para os desenvolvedores da
Taxonomia de Bloom, importava que os aprendizes fossem estimulados a avançar nos seus
conhecimentos e, portanto, atingissem níveis cognitivos mais elevados, considerados os
objetivos educacionais mais importantes.
62
Ao declarar seus objetivos em relação à aprendizagem dos alunos, o professor poderia
utilizar a Taxonomia como guia tanto antes de escrever a declaração quanto após esta ter sido
definida. Ao utilizar a Taxonomia após a elaboração dos objetivos, o professor poderia
identificar os verbos ou sintagmas verbais que utilizou e localizá-los na Taxonomia. Ao fazê-
lo, o professor poderia vir a ter uma ideia clara de quais categorias tem priorizado e ajustar
sua metodologia para contemplar todas as categorias que se fazem necessárias no contexto de
ensino-aprendizagem no qual está inserido. Além disso, ao analisar seus objetivos e defini-los,
o professor poderia delinear o processo avaliativo e elaborar ou selecionar instrumentos de
avaliação alinhados com os objetivos propostos.
A Taxonomia de Bloom funcionaria como ferramenta para se mover o currículo e a
avaliação para categorias mais complexas. Contudo, críticas feitas à rigidez da hierarquia
além de mudanças ocorridas no campo da educação – novos conceitos, recursos e teorias –
desde a elaboração da Taxonomia original, provocaram a necessidade de revisão do trabalho
de Bloom e colaboradores.
Apresentam-se, a seguir, as mudanças feitas na Taxonomia de Bloom original para
atualizá-la para o cenário atual de ensino-aprendizagem.
2.3.1 Taxonomia de Bloom Revisada
Novos estudos no campo da Psicologia, Educação, entre outras, têm provocado
mudanças na forma de se conceber o processo de ensinar e aprender. Segundo Anderson et al.
(2001), a concepção de aprendizagem tem como foco processos ativos, cognitivos e
construtivos envolvidos numa aprendizagem significativa que vê o aluno como agente ativo
da sua própria aprendizagem, e que buscaria construir seu conhecimento a partir da
informação que ele próprio seleciona. Desta forma não seria mais vista como um processo
63
passivo, mas, sim, ativo. Pressupostos cognitivistas enfatizariam o que os aprendizes sabem e
como eles pensam sobre o conhecimento à medida que se envolvem numa aprendizagem
significativa (ANDERSON et al., 2001).
Essa forma de pensar o processo educacional levou especialistas de diversas áreas a
atualizar a Taxonomia de Bloom original adaptando-a a pressupostos de ensino e
aprendizagem do século XXI. Sendo assim, sob a coordenação de Lorin Anderson, um dos
participantes da elaboração da Taxonomia de Bloom, foi proposta uma revisão que mantém o
nome original para homenagear seu idealizador, mas apresenta mudanças substantivas em
relação à primeira taxonomia proposta. A principal delas diz respeito à visão de que, em
contextos formais de aprendizagem, o aluno constrói o próprio significado de sua
aprendizagem com base em conhecimentos prévios, em atividades cognitivas e
metacognitivas e em oportunidades e limitações disponíveis no contexto educacional
(ANDERSON; KRATWHWOL, 2001). Essa visão cognitivo-construtivista que fundamenta a
Taxonomia de Bloom Revisada (2001) implica na mudança de papel do professor-transmissor
do conhecimento. Contudo, reconhece que ainda é ele, o professor, quem pode, deve e toma
decisões sobre o que merece ser ensinado em sala de aula, sobre o que os seus alunos
deveriam aprender. Sendo assim, os proponentes da Taxonomia de Bloom revisada, sugerem
a utilização de objetivos educacionais como uma espécie de guia que auxiliaria o professor a
determinar o que ensinar, o que, certamente, teria impacto na aprendizagem e na avaliação
desta (ANDERSON, 2001; KRATHWOL, 2002).
O quadro 05, a seguir, traz definições de cada categoria da Taxonomia revisada, e
exemplos de atividades que podem ser propostas.
64
Quadro 05 – Taxonomia de Bloom revisada - categorias, verbos e atividades
Níveis da
taxonomia
Definição Exemplos de atividades
1. Recordar
Consiste em reconhecer e recordar informações
importantes da memória de longa Duração.
Palavras-chaves: definir, descrever, identificar, saber,
etiquetar, listar, corresponder, nomear, delinear, lembrar, reconhecer, reproduzir, selecionar, afirmar.
Citar os preços de memória a um
cliente. Liste as regras de segurança.
2. Entender
Capacidade de fazer sua própria interpretação do
material educacional, como leituras e explicações do professor.
Palavras-chaves: compreender, converter, defender,
distinguir, estimar, explicar, estender, generalizar, dar um exemplo, inferir, interpretar, parafrasear, predizer,
reescrever, sumarizar, traduzir.
Reescrever os princípios da teoria
da Motivação. Explicar com suas próprias palavras os passos para a
realização de uma tarefa complexa.
Traduzir uma equação em uma planilha de computador.
3. Aplicar
Usar o procedimento aprendido em uma situação já conhecida ou nova.
Palavras-chave: aplicar, calcular, demonstrar,
descobrir, manipular, modificar, operar, prever,
preparar, produzir, mostrar, resolver, usar
Usar um manual para calcular o tempo de um funcionário de férias.
Aplicar as leis de estatísticas para
avaliar a confiabilidade de um teste
escrito.
4. Analisar
Exame do problema em suas partes, em
Detalhes identificando-as e relacionando- As.
Palavras-chave:analisar, decompor, comparar,
contrastar, diagramar, desconstruir, diferenciar,
discriminar, distinguir, identificar, ilustrar, inferir, esboçar, referir, selecionar, separar.
Reconhecer falácias lógicas no
raciocínio. Reunir informações de um departamento e selecionar as
tarefas necessárias para o
treinamento.
5. Avaliar
Engloba verificação e crítica. Na Taxonomia original era a categoria de nível mais elevado, na revisada fica
na quinta posição.
Palavras-chave: avaliar, comparar, concluir,
contrastar, criticar, criticar, defender, descrever, discriminar, avaliar, explicar, interpretar, justificar,
resumir, apoiar
Selecionar a solução mais eficaz. Contratar o candidato mais
qualificado. Explicar e justificar
um novo orçamento.
6. Criar Criar uma estrutura ou padrão a partir de elementos
diversos. Colocar as peças para formar um todo, com
ênfase na criação de um novo significado ou estrutura.
Palavras-chave: categorizar, combinar, compilar, compr, criar, inventar, projetar, explicar, gerar,
modificar, organizar planos, reorganizar, reconstruir,
reorganiza, rever, reescrever resumir, dizer, escrever.
Escrever um manual de operações
da empresa ou processo. Projetar
uma máquina para executar uma
tarefa específica. Integrar a formação de várias fontes para
resolver um problema.
Fonte: adaptado de Anderson (2001); Krathwol (2002); Ferraz; Belliot (2009)
65
Na Taxonomia original, a categoria Conhecimento abrange de um lado a habilidade de
lembrar especificidades, generalidades, métodos, padrões, procedimentos e, de outro, a
habilidade de se encontrar, no aprendizado já adquirido, sinais, fatos, informações para se
resolver determinado problema (ANDERSON, 2001; KRATHWOL, 2001). Essa dualidade de
definições para a mesma categoria – lembrar “o que” e “o como” – levou revisores da
Taxonomia original, após diversos estudos sobre a elaboração de objetivos educacionais, a
concluírem que verbos e substantivos deveriam pertencer a dimensões separadas. Os
substantivos passam a servir de base para dimensão que chamam de Conhecimento - que se
refere ao tipo de conhecimento a ser aprendido (o que) - e os verbos de base para a dimensão
chamada Processo Cognitivo - relativa ao processo usado para aprender (o como). Essa
separação traz um caráter bidimensional à Taxonomia (ANDERSON, 2001; KRATHWOL,
2002).
Uma vez que, na Taxonomia de Bloom Revisada (ANDERSON, 2001), os objetivos
podem ser representados em duas dimensões, foi proposta a criação de uma tabela
bidimensional chamada de Tabela Bidimensional da Taxonomia de Bloom que serviria como
instrumento a ser utilizado com o propósito de estruturar os objetivos educacionais e auxiliar
o professor na elaboração do planejamento e seleção de estratégias e tecnologias referentes ao
processo de ensino e aprendizagem e a avaliação (ANDERSON, 2001; KRATHWOL, 2002).
Na Tabela Bidimensional, a dimensão Conhecimento está localizada no eixo vertical e
a dimensão Processo Cognitivo no eixo horizontal na parte superior da Tabela. A dimensão
Conhecimento é composta de quatro tipos de conhecimento definidos como: Factual,
Conceitual, Procedural e Meta-cognitivo. A dimensão Processo Cognitivo consiste de seis
processos cognitivos definidos como Lembrar, Compreender, Aplicar, Analisar, Avaliar e
Criar.
66
A interseção das categorias dessas duas dimensões forma 24 células separadas.
Nessas células, são inseridos os objetivos. Um mesmo objetivo pode ser colocado em células
diferentes não sendo necessário o preenchimento de toda a Tabela. A figura 02 apresenta a
Tabela Bidimensional da Taxonomia de Bloom.
DIMENSÃO
CONHECIMENTO
DIMENSÃO PROCESSO COGNITIVO
Lembrar Entender Aplicar Analisar Avaliar Criar
Efetivo/factual
Conceitual
Procedural
Metacognitivo
Figura 02 - Tabela Bidimensional da Taxonomia de Bloom Fonte: Anderson (2001); Ferraz e Belliot (2009)
Ao pensar nos objetivos a serem alcançados pelos alunos, o professor poderia utilizar-
se de verbos, substantivos e gerúndios. Um exemplo de declaração de objetivos utilizando-se
a Taxonomia de Bloom revisada seria: “ao final da unidade sobre Motivação, o aluno será
capaz de entender as diferenças entre as teorias existentes, listar as suas características,
reproduzindo-as na realização de exercícios teóricos”.
A análise dos verbos, substantivos e gerúndios, permitiria localizar o objetivo na
Tabela Bidimensional. Após declaração dos diversos objetivos, e da localização destes na
Tabela, o professor poderia ter maior clareza sobre suas expectativas em relação ao
67
aprendizado dos alunos e ao seu ensino permitindo-lhes escolher as estratégias, os conteúdos
e os instrumentos de avaliação mais adequados. Já o aluno poderia ter clareza do que é
esperado em relação ao seu aprendizado, o que o auxiliaria no processo de reflexão sobre sua
própria aprendizagem, e o deixaria consciente em relação ao processo avaliativo e os
instrumentos a serem utilizados na avaliação da sua aprendizagem.
2.3.1.1 Taxonomia de Bloom Digital
Acredita-se que o processo de ensino e aprendizagem que ocorre em ambientes
virtuais de aprendizagem tem sido cada vez mais influenciado pelo uso das diversas
ferramentas e plataformas oferecidas pela Web 2.0. Segundo Litto (2009) essa, que representa
a segunda geração da internet, oferece interatividade aumentada, hospedagem de conteúdos e
conjuntos de softwares que aumentam a produtividade. Por intermédio dos seus recursos, a
colaboração e a interação entre os atores inseridos nesse contexto educacional pode ser
potencializada. Diante disso, não se pode negar o impacto que as tais ferramentas digitais têm
sobre a forma de ensinar e aprender, e consequentemente, de avaliar o aprendizado nas salas
de aula virtuais.
Esse novo contexto educacional influenciado pelo uso da TICs traz novas demandas.
Com o intuito de atendê-las, foi proposta uma atualização da Taxonomia de Bloom original e
da Taxonomia de Bloom Revisada que foi publicada em 2009 no site Eduteka pelo educador
Andrew Churches (CHURCHES, 2009). Para Churches (2009) essa adaptação, denominada
Taxonomia de Bloom Digital, objetiva atender aos novos comportamentos e oportunidades
que tem surgido juntamente com o avanço e a onipresença da tecnologia.
Segundo Churches (2009) tal adaptação fez-se necessária para que fossem incluídas as
diversas práticas, comportamentos e ações pedagógicos mais em linha com os novos
68
processos e ações trazidos pela Web 2.0 e não identificados pela Taxonomia de Bloom
revisada.
A Taxonomia de Bloom digital considera o domínio cognitivo previsto pela
Taxonomia revisada – lembrar, entender, aplicar, avaliar e criar – relacionando-o aos recursos
didático-tecnológicos oferecidos pela segunda geração da internet e concentra-se na qualidade
da ação ou do processo que, segundo Churches (2009), definem o nível cognitivo.
Para Churches (2009) os verbos relacionados às categorias do domínio cognitivo da
Taxonomia revisada descrevem muitas das atividades, ações, processos e objetivos
implementados pelo professor no dia a dia de sua prática. Contudo, em ambientes virtuais,
seria interessante que fossem acrescentados às categorias, verbos que atendessem aos novos
objetivos, ações e processos que fazem parte de contextos virtuais de ensino e aprendizagem.
O quadro 06 abaixo apresenta alguns verbos propostos por Churches (2009) para a
Taxonomia de Bloom digital.
Quadro 06 – Taxonomia de Bloom Digital
NÍVEIS DA
TAXONOMIA DEFINIÇÃO PROCESSOS:
PROCESSOS PROPOSTOS
PELA TBD:
1. RECORDAR
Consiste em reconhecer e recordar
informações
importantes da memória de longa
duração.
Definir, descrever, identificar, saber, etiquetar, listar,
corresponder, nomear, delinear,
lembrar, reconhecer, reproduzir, selecionar, afirmar.
Utilizar vinhetas, ressaltar, marcar
(bookmarking), participar
em redes sociais (social bookmarking), realizar
buscas (googling,
searching)
2. ENTENDER
Capacidade de fazer sua própria
interpretação do
material educacional, como leituras e
explicações do
professor.
Compreender, converter, defender, distinguir, estimar, explicar,
estender, generalizar, dar um
exemplo, inferir, interpretar, parafrasear, predizer, reescrever,
sumarizar, traduzir.
Etiquetar, comentar, anotar, fazer buscas
avançadas, publicar em
blog (blog journalism).
3. APLICAR
Usar o procedimento
aprendido em uma
situação já conhecida ou nova.
Aplicar, calcular, demonstrar,
descobrir, executar, manipular,
modificar, operar, prever, preparar, produzir, mostrar, resolver, usar
Jogar, operar,
compartilhar, editar
69
4. ANALISAR
Exame do problema em suas partes, em
detalhes identificando-
as e relacionando-as.
analisar, decompor, comparar, contrastar, diagramar, desconstruir,
diferenciar, discriminar, distinguir,
identificar, ilustrar, inferir, esboçar,
referir, selecionar, separar.
Recombinar, validar, fazer engenharia reversa
(reverse engineering),
recompilar informação da
mídia (media clipping).
5. AVALIAR
Engloba verificação e
crítica. Na Taxonomia
original era a categoria de nível mais elevado,
na revisada fica na
quinta posição.
Avaliar, comparar, concluir,
contrastar, criticar, criticar,
defender, descrever, discriminar, avaliar, explicar, interpretar,
justificar, resumir, apoiar.
Comentar em blog,
revisar, publicar,
moderar, colaborar, participar em redes,
reelaborar, provar.
6. CRIAR
Criar uma estrutura ou
padrão a partir de
elementos diversos. Colocar as peças para
formar um todo, com
ênfase na criação de
um novo significado ou estrutura.
dirigir, transmitir
Categorizar, combinar, compilar,
compor, criar, inventar, projetar,
explicar, gerar, modificar, organizar planos, reorganizar,
reconstruir, reorganizar, rever,
reescrever, resumir, dizer, escrever
Programar, filmar,
animar, blogar, vídeo-
blogar, mesclar, participar em wiki (wiking),
publicar, videocasting,
podcasting,
Fonte: Churches (2009)
Com base na Taxonomia de Bloom Digital proposta por Churches (2009), o professor
poderia implementar diversas propostas pedagógicas utilizando as diversas ferramentas
disponíveis na internet, ou web 2.0 com o propósito de levar o aluno a construir seu
conhecimento por meio de processos cognitivos cada vez mais complexos. Tais ferramentas e
interfaces, poderiam, dependendo-se do planejamento do curso ou unidade didática,
potencializar as trocas entre os participantes, aumentando-se a possibilidade de trabalhos,
pesquisas e exercícios feitos em conjunto e de forma mais colaborativa e interativa com o
objetivo de construção do conhecimento compartilhado.
Em termos avaliativos, a TDB poderia ser utilizada como base para a seleção de
ferramentas que permitissem ao aluno apresentar determinado produto que demonstrasse o
seu desenvolvimento em termos de aprendizagem ao longo do curso ou unidade didática. O
professor poderia propor atividades que permitissem ao aluno o planejamento, execução e
apresentação do produto de sua aprendizagem em um formato final estabelecido pelo
professor ou por ele em discussão com os alunos. Tal produto, fosse ele um vídeo, um
70
podcast, uma wiki etc. permitiria que o professor avaliasse a aprendizagem do aluno com base
em critérios pré-estabelecidos e claros. Como várias dessas ferramentas permitem publicação
privada ou para uma audiência maior, o professor poderia convidar os alunos a participar do
processo avaliativo por meio de propostas de coavaliação e auto avaliação.
A figura 03, a seguir, proposta por Fisher (2012), busca representar a relação entre as
diversas ferramentas encontradas na web 2.0 e os processos cognitivos da TDB. Como se
pode ver na figura criada por Fisher (2012) sugere-se que determinadas ferramentas e
interfaces digitais possam ser utilizadas para se contemplar os níveis cognitivos inferiores e
superiores da TDB. Percebe-se, na ilustração, que determinado recurso digital pode fazer
parte de mais de um processo cognitivo. Segundo Fisher (2012), isso seria devido ao fato de
não haver rigidez na utilização de tais recursos digitais uma vez que eles são apenas meio para
a construção do conhecimento e não fins em si mesmos. As setas laterais reforçam a ideia da
fluidez no uso desses recursos. Dessa forma, vê-se, por exemplo, que o Moodle aparece ao
mesmo tempo no processo Criar e Avaliar, já o YouTube, aparece em quase todos os
processos cognitivos. Isso seria um indicador de que caberia ao professor decidir pelo uso de
determinado recurso em função dos objetivos de aprendizagem que pretende que seus alunos
atinjam.
Figura 03 – Ferramentas e interfaces digitais da Taxonomia de Bloom Digital
71
Compreende-se que, no intuito de se elaborar e implementar propostas avaliativas em
salas de aula virtuais por meio da utilização de interfaces e ferramentas digitais faz-se
necessário, contudo, a seleção criteriosa de tais recursos. Pressupõe-se, portanto, o
estabelecimento de parâmetros no sentido de se evitar o risco de utilização de determinado
recurso sem a devida preparação para seu uso, seja por parte do professor ou do aluno.
Após terem sido abordados os temas que embasam teoricamente este estudo, segue-se
a apresentação dos procedimentos metodológicos realizados nesta pesquisa.
72
3 Procedimentos Metodológicos
Neste capítulo são apresentados os procedimentos metodológicos utilizados para a
investigação do objetivo geral da pesquisa e dos objetivos específicos já apresentados. O
percurso aqui apresentado estruturou e orientou a investigação.
3.1 Delineamento da Pesquisa
A abordagem utilizada nesta pesquisa, tanto para a coleta quanto para a análise de
dados, é de natureza qualitativa. De acordo com Denzin e Lincoln (2008), a pesquisa
qualitativa envolve a coleta variada de diversos materiais empíricos. Dentre esses, a
experiência pessoal, introspecção, a historia de vida, conteúdos de entrevistas, textos
observacionais, interacionais e visuais.
Na busca pela melhor compreensão do assunto que investiga, o pesquisador, dentro de
uma abordagem qualitativa, desenvolve uma série de práticas interpretativas. Para Merriam
(2009), pode-se definir pesquisa qualitativa como sendo um conceito amplo que abrange
diversas formas de investigação. Assim, as pesquisas qualitativas teriam como objetivo
entender o significado de fenômenos sociais e explicá-lo do ponto de vista dos participantes
da pesquisa (MERRIAM, 2009). A coleta e a análise de dados realizada pelo pesquisador, ele
próprio constituindo-se instrumento principal da pesquisa, utilizaria o trabalho de campo
realizado mediante uma estratégia indutiva. Os resultados da pesquisa qualitativa e a
transmissão daquilo que apreendeu do fenômeno estudado ocorreria de forma descritiva por
meio de palavras e figuras (MERRIAM, 2009).
73
Acredita-se com base no exposto acima, que a abordagem qualitativa foi adequada pra
a realização desta pesquisa uma vez que pode fornecer fonte de dados relevante que ajudou a
compreender como se realiza o planejamento e a implementação da prática avaliativa no AVA
de um curso de pós-graduação lato sensu de Administração na EAD online em uma
instituição de ensino superior comunitária.
3.2 Unidades da Pesquisa
Esta pesquisa teve como locus uma instituição de ensino superior (IES) comunitária,
sediada em um estado localizado na região Sul do país.
Na IES, foi selecionado um curso de pós-graduação em Administração lato sensu na
EAD online para a realização da pesquisa. A escolha por esse locus se deu em virtude da
possibilidade de acesso do pesquisador à instituição devido, sobretudo, ao fato de esta ter em
seu corpo professor professores que fazem parte do projeto PROADM2. E ainda pelo fato de a
IES ser reconhecida nacionalmente pelos órgãos certificadores, e pela sua experiência na
oferta de cursos na modalidade EAD que vem a atender a necessidade de conhecimento de
alunos em diversas regiões do país desde 1999, constituindo-se em instituição pioneira no
setor. Para a escolha do curso na IES, utilizou-se como critério que este viesse a ser de ensino
superior na área de Administração, em nível de pós-graduação lato sensu – em virtude de
maior oferta de cursos nessa modalidade no país – ofertados a distância em ambientes virtuais
de aprendizagem, por meio da internet e da incorporação de tecnologias de informação e
comunicação, o que caracteriza tais cursos como sendo de educação a distância online.
A estratégia de estudo de caso único foi utilizada para a condução desta pesquisa. De
acordo com Bryman, (2012) o estudo de caso seria uma estratégia de pesquisa qualitativa,
2 Projeto vinculado à UFPE - PROPAD, sob coordenação do Professor Dr. José Ricardo Costa de
Mendonça que tem como proposta investigar a implementação de atividades de Educação a Distância (EAD) na
prática de professores da Graduação e da Pós-Graduação em Administração.
74
quantitativa ou mista, que implicaria numa análise detalhada e intensiva de um único caso. Ou
ainda, como observa Stake (2002), o estudo de caso se preocuparia com a complexidade e a
natureza particular de um caso em questão. Patton (2002) esclarece que o estudo de caso seria
uma forma específica de coleta, organização e análise de dados cujo objetivo seria o de
coletar informações de maneira abrangente, sistemática e em profundidade em relação a
determinado caso de interesse. Para Patton (2002), o caso pode ser uma pessoa, um grupo,
uma organização, um período de vida de uma pessoa, enfim, algo que possa ser especificado,
delimitado.
Vale ressaltar que o projeto inicial desta pesquisa previa a realização de estudo de
múltiplos casos em duas subunidades – os AVA de duas IES – que seriam tratados como
casos separados, passariam pelo processo de coleta e análise de dados, sendo esses últimos
cruzados ao final do processo (MERRIAM, 2009). Contudo, em virtude da falta de acesso a
todos os elementos essenciais para a realização da pesquisa e da carência de dados necessários
na outra IES selecionada que permitissem a análise do fenômeno pesquisado e a triangulação
optou-se pela realização da pesquisa apenas na ESALFA. Dessa forma, o estudo realizado foi
de caso único.
Utilizaram-se métodos qualitativos associados ao caso único uma vez que estes seriam
mais adequados às questões que se busca responder. Para o atingimento do objetivo desta
pesquisa, fez-se necessário conhecer em profundidade as caraterísticas e os fatores essenciais
que tornam possível a prática avaliativa no contexto estudado. Dentre tais fatores destacam-
se: as características da instituição ofertante do curso; o local onde a avaliação ocorre e como
ela ocorre; os sujeitos envolvidos e responsáveis pela tomada de decisão quanto ao
planejamento e a implementação do processo avaliativo; as estratégias, técnicas e
instrumentos utilizados na coleta de dados da aprendizagem dos alunos. Diante do exposto,
75
acredita-se que a adoção da abordagem qualitativa juntamente com a estratégia de estudo de
caso foi a maneira mais adequada para a condução deste estudo.
Devido a questões éticas e para se garantir o sigilo e a confidencialidade dos dados
coletados e o anonimato dos participantes, bem como de qualquer informação que pudesse vir
a identificar a IES pesquisada, optou-se por não se revelar seu verdadeiro nome. Portanto, a
IES é identificada nesta pesquisa como IESALFA. Os dados analisados e os participantes
receberam codinomes daí derivados, tais como ATIVIDADEAVALIATIVAALFAO1
(atividade avaliativa proposta na IES alfa), PROFESSORALFA01 (Professor IES Alfa
numero 01), COORDENAÇAOIESALFA (Coordenação da IES ALFA) e assim
sucessivamente.
Como a presente pesquisa tem como objetivo compreender o fenômeno da avaliação
na EAD online foram definidos como sujeitos da pesquisa os atores sociais protagonistas
envolvidos no processo avaliativo da aprendizagem do aluno nas suas diversas fases de
elaboração e implementação. Identificaram-se entre esses atores, os coordenadores, os
professores, professores-tutores ou monitores, e a equipe técnica responsável pela arquitetura
e elaboração da sala de aula virtual. Segundo Ogden (2008) a compreensão de determinado
fenômeno ou comportamento em uma pesquisa científica depende em grande parte da
contribuição dos seus participantes ou sujeitos. Contudo, para que os dados oriundos dessa
contribuição tenham relevância, faz-se necessário que o sujeito tenha envolvimento com o
objeto a ser pesquisado e que concorde em participar do processo pesquisa. Segundo Ogden
(2008) a definição dos sujeitos pode se dar de forma intencional observando-se uma série de
condições. Dentre essas, que os sujeitos sejam essenciais, do ponto de vista do investigador,
para o esclarecimento do assunto em foco e a facilidade de acesso a esses sujeitos para coleta
de dados.
76
Diante do exposto, apresenta-se a seguir a descrição de como se deu o trabalho de
campo.
3.3 Trabalho de Campo
Para realizar esta investigação, buscou-se empregar diversos instrumentos de coleta
de dados. No Quadro 07, são apresentados os instrumentos de coleta que se procurou adotar
para a obtenção dos dados para consecução de cada objetivo específico e, consequentemente,
o cumprimento do objetivo geral deste projeto.
Quadro 07 – Síntese dos instrumentos de coleta de dados por objetivo específico OBJETIVO ESPECÍFICO INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS
1. Verificar como é realizado o planejamento da
avaliação pelos atores envolvidos no processo, sejam
eles os coordenadores, professores e professores
tutores, equipe técnica na IES;
Entrevistas
Roteiro de entrevista
Observação não participante no AVA
2. Descrever o Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) utilizado nos cursos de pós-graduação lato
sensu em Administração na EAD online na IES
identificando os critérios, as ferramentas e as
estratégias utilizadas no processo avaliativo nos cursos
de pós-graduação lato sensu em Administração na
EAD online ;
Observação não participante
Análise documental (09 planos de trabalho,
website institucional, normas e dispositivos legais,
instrumentos e propostas avaliativos)
3. Identificar quais modelos de avaliação da
aprendizagem são utilizados nos cursos de pós-
graduação lato sensu em Administração na EAD
online na IES;
Entrevistas
Observação não participante no AVA
4. Comparar os modelos avaliativos praticados nos
cursos de pós-graduação lato sensu em Administração
na EAD online na IES com os modelos indicados na
literatura especializada;
Observação não participante
Análise documental
5. Verificar como se realizaria a implementação do processo avaliativo nos cursos de pós-graduação lato
sensu em Administração na EAD online na IES sob a
ótica da Taxonomia de Bloom Digital (CHURCHES,
2009).
Entrevistas
Roteiro de entrevista
Análise documental
Gil (2002) define dois grupos de delineamento de pesquisa: o que utiliza fontes
impressas tais como a pesquisa documental e a bibliográfica e o que utiliza dados fornecidos
por pessoas como, por exemplo, o estudo de campo, a pesquisa ação e a participante. No
77
delineamento desta pesquisa adotou-se como técnicas de coleta de dados o estudo de campo, a
observação direta não-participante, entrevista semiestruturada e estruturada por meio de um
roteiro de entrevista enviado pela internet e a análise documental.
O estudo de campo, considerado marca principal da pesquisa qualitativa, é utilizado
para auxiliar a descrever e compreender determinado grupo ou uma cultura, guiado por
atividades práticas, julgamentos, intepretação e descrição. Requer observação sistemática,
interpretação do que foi observado e um plano de ação que acompanhe a observação
(FETTERMAN, 2008).
Utilizou-se, como técnica de coleta de dados, a observação direta não participante nos
AVA dos cursos selecionados. Patton (2002) aponta algumas vantagens da observação.
Segundo o autor, a observação permite que o pesquisador compreenda e capture o contexto no
qual os sujeitos interagem. Além disso, a experiência de entrar em contato direto com o
ambiente, permitiria ao pesquisador mais abertura, orientando-o para descobertas e para a
indução. Por intermédio da observação direta, Patton (2002) ressalta que o pesquisador tem a
oportunidade de ver coisas que podem ser ignoradas pelos sujeitos que participam do
ambiente. Como consequência, a observação permite que o pesquisador vá além da percepção
seletiva das pessoas. Fettermam (2008) acrescenta que o pesquisador de campo deve buscar
ser o mais discreto possível no sentido de minimizar o seu impacto no ambiente que estuda.
Diante do exposto, buscou-se realizar observação nos ambientes virtuais de aprendizagem do
curso selecionado, as interações entre os participantes do processo de ensino e aprendizagem;
as diversas ferramentas facilitadoras dessa interação, entre elas os chats, os fóruns, as
correspondências; os instrumentos avaliativos e as atividades ocorridas no AVA, além das
webpages da instituição. Para orientar esse processo de observação de forma objetiva e para
evitar dispersão, o pesquisador elaborou um Protocolo de Observação (APENDICE C)
78
Para a realização da observação seria necessário, a depender do desenho da pesquisa, a
obtenção do acesso do pesquisador ao local que abriga o objeto do estudo. Lindolf e Taylor
(2002) ao discutir a questão de acesso ao campo, assinalam que esta é uma tarefa complexa,
que apresentaria desafios tanto para o pesquisador quanto para o participante. Entre esses
desafios, apontam-se questões tais como sensação de vulnerabilidade de ambas as partes, a
falta de cooperação, ou cooperação de forma restrita por parte do participante e alteração da
rotina e, por vezes, obrigação de se visitar locais muito distantes para realizar o trabalho de
campo por parte do pesquisador. Para se tentar enfrentar tais desafios, Lindolf e Taylor (2002)
aconselham que uma boa forma de se conseguir acesso e participação seria explicitar para os
responsáveis pelo acesso e para os participantes quais os objetivos da pesquisa, as conexões
entre a teoria e a prática, ou quais as vantagens e benefícios do estudo para as partes
envolvidas. Diante desse fato, o pesquisador refletiu sobre as estratégias de entrada no campo,
sobre a melhor maneira de se obter acesso aos AVA, o meio mais adequado de obtenção de
acesso, de identificar e abordar os responsáveis pela concessão desse acesso, sem se esquecer
do prazo para a realização e conclusão da pesquisa. Como resultado dessa reflexão, foram
elaborados os documentos Solicitação de acesso e Carta convite (APENDICE D e E) que
solicitavam esse acesso ao mesmo tempo em que explicitavam os objetivos da pesquisa e
mencionavam suas vantagens, sem deixar de informar aos participantes sobre a garantia de
anonimato, sigilo e confidencialidade por parte do pesquisador. Esses documentos foram
enviados para os sujeitos logo antes e após a entrada do pesquisador em campo.
A entrada em campo deu-se em meados de julho de 2012. Para a realização da
pesquisa e o atingimento dos seus objetivos foi importante o acesso de pesquisador no AVA
do curso, bem como acesso ao corpo professor e à sua equipe técnica. Para se conseguir a
permissão ao local da pesquisa, o primeiro passo seria a identificação do responsável ou grupo
de responsáveis autorizados para negociar e aprovar o acesso do pesquisador a um grupo ou
79
organização (LINDOLF; TAYLOR, 2002). Procurou-se, portanto, identificar quem seria o
responsável pelo acesso à IES que seria a porta de entrada para a realização da pesquisa.
Buscaram-se, então, nas webpages da IES por pistas de quem se poderia contatar para se
solicitar tal autorização. No dia 25 de julho de 2012, enviou-se correspondência para uma
professora da instituição com quem o pesquisador havia realizado um curso pouco tempo
antes do início da pesquisa. A professora algum tempo depois, sugeriu a coordenação como
sendo a melhor alternativa para o primeiro contato em relação à permissão para a realização
da pesquisa no AVA. Foi, então, enviado um e-mail para a coordenação IES ALFA no dia 31
de julho de 2012. Daí por diante, foram encaminhados outros e-mails solicitando-se acesso do
pesquisador à sala de aula virtual e ao corpo professor e equipe técnica do curso. Após algum
breve período de espera, no dia 07 de agosto a coordenação respondeu que seria possível o
acesso do pesquisador ao ambiente. Em seguida, a coordenação enviou a solicitação do
pesquisador ao responsável pela equipe técnica para entrada no AVA. No mesmo dia, o
acesso foi garantido. O pesquisador recebeu o link do AVA, uma senha e um login de acesso
provisórios. Em seguida, o pesquisador alterou a senha e o login imediatamente e entrou no
AVA pela primeira vez. Essa primeira entrada causou certa estranhamento em virtude dos
diversos recursos colocados a disposição dos usuários da sala virtual. Vale ressaltar que o
AVA do curso foi construído especialmente para a instituição. Ao pesquisador foi dado o
perfil inicialmente de aluno, o que restringia o acesso a determinados recursos no ambiente.
Em seguida, a pedido do pesquisador para a obtenção de acesso aos instrumentos avaliativos,
notas, trabalhos, etc. o perfil de usuário foi trocado para Tutor. Tal mudança permitiu o acesso
quase irrestrito a todas as funcionalidades, recursos e documentos disponibilizados no AVA.
As entradas iniciais na sala de aula virtual causaram certo desconforto, como
mencionado antes. Além de o AVA possuir diversos recursos e múltiplas alternativas de
navegação e acesso, o curso escolhido já estava em andamento - havia começado em abril de
80
2011. Portanto, eram muitos os documentos já ali dispostos. O pesquisador, então, passou a
entrar na sala de aula virtual gradualmente para se familiarizar com o ambiente e traçar
estratégias para realização das observações visando o atingimento dos objetivos da pesquisa.
A cada entrada, o pesquisador explorava links, e lia os documentos dispostos para o aluno,
observando a construção do ambiente, sua usabilidade ou facilidade de uso e navegação pelas
páginas, tentando se colocar no lugar do usuário – tanto do professor quanto do aluno. Essas
primeiras incursões no ambiente renderam anotações no diário de campo que se constituíram
em notas de campo e fizeram parte posteriormente do corpus de análise da pesquisa.
Também, pode-se dizer, que à medida que se adentrava no AVA, surgiam insights relativos ao
processo avaliativo, o que significa dizer que uma análise, mesmo que informal, já estava
sendo realizada. Tais insights eram também registrados e foram considerados no processo de
análise dos dados. O trabalho de campo continuou até dezembro de 2012.
É importante destacar que o pesquisador iniciou a pesquisa, também, por meio da
coleta de dados nas webpages da IES utilizando o diário de campo. Esta ação permitiu a
tomada de notas de campo iniciais sobre a modalidade de ensino proposta, a concepção e o
processo de ensino e aprendizagem e o modelo de avaliação da aprendizagem da IES. Essa
observação inicial permitiu também a coleta de documentos relativos ao processo de educação
online entre estes, Decretos, Portarias, Normas externas e internas disponibilizados pela IES
em suas páginas virtuais voltadas ao público em geral. Tais notas iniciais foram importantes
na condução da pesquisa uma vez que permitiram conhecer o que era informado
institucionalmente para ao aluno prospectivo e o que dele se esperava e observar como tais
propostas apresentadas tanto em termos de ensino e aprendizagem quanto em termos de
avaliação da aprendizagem informadas iam sendo implementadas ao longo do curso. Esses
primeiros dados fizeram surgir insights que eram também registrados ao lado das notas de
campo. Quanto às atividades observadas durante a pesquisa, buscaram-se aquelas que
81
tivessem relevância para os objetivos da investigação, dentre elas, o foco recaiu sobre a rotina
dos professores e tutores, as interações com os alunos, as atividades propostas e os
instrumentos avaliativos utilizados com vistas a se ter uma compreensão de como ocorre o ato
avaliativo foco deste estudo.
Outra importante fonte de dados utilizada para o atingimento da pesquisa seria a
entrevista que, segundo Brickman (2008), trata-se de uma prática conversacional que permite
a produção de conhecimento a partir da interação entre pesquisador e entrevistado. A técnica é
normalmente empregada quando se busca obter conhecimentos sobre determinado tópico,
fenômeno ou experiência humana (BRICKHAM, 2008). Segundo Brickham (2008) existem
diversas formas de entrevistas. Estas podem ser estruturadas ou semiestruturadas, serem
conduzidas informal ou formalmente por meio de questionário, pela da internet, por telefone,
ou presencialmente. As entrevistas estruturadas poderiam, por exemplo, se dar por meio de
questionários. Para tanto se utilizaria um roteiro de perguntas padronizado cujas respostas
seriam dadas em um formulário elaborado em consonância com procedimentos qualitativos.
As semiestruturadas se caracterizam por trazer perguntas previamente elaboradas de acordo
com os interesses do pesquisador, mas com a possibilidade de serem alteradas durante a
realização da entrevista dando espaço para a contribuição dos participantes de forma mais
espontânea (BRICKHAM, 2008). Além destas, haveria a entrevista não estruturada na qual o
pesquisador poderia lançar uma pergunta, ou tópico, por exemplo, e deixar o entrevistado
livre para falar o que quiser sobre o assunto em questão.
Para os fins desta pesquisa, realizou-se uma entrevista semiestruturada a distância e
um roteiro de entrevistas enviado pela internet em formato de formulário do Google Doc
envolvendo alguns dos sujeitos da pesquisa. Com base na revisão teórica, foi elaborado um
Roteiro de Entrevistas para os coordenadores do curso (Apêndice A) e um Roteiro de
Entrevistas para os professores e tutores que elaboram, e implementam o processo de
82
avaliação da aprendizagem (Apêndice B). Foi aplicado um pré-teste com ambos os Roteiros
de Entrevistas para se verificar se as questões atendiam aos objetivos da pesquisa e se as
perguntas haviam sido elaboradas com clareza e sem espaço para ambiguidade. Para a
realização do pré-teste, solicitou-se a um professor com experiência em EAD e a uma
profissional com mestrado recente na área de Administração com temática voltada para EAD
que respondessem as perguntas do roteiro de entrevistas e em seguida tecessem considerações
em relação à sua forma e conteúdo, ou outras questões que porventura achassem necessárias.
Os comentários dos testadores, considerados pertinentes pelo pesquisador, apontaram algumas
questões que mereciam revisão tais como ambiguidade nas perguntas e perguntas que já
poderiam induzir as respostas dos futuros participantes aos pressupostos do pesquisador. As
contribuições foram acatadas e o roteiro modificado. Além dos dois roteiros de entrevista
citados, que já faziam parte do planejamento inicial da pesquisa, houve a necessidade da
elaboração do um roteiro de entrevistas estruturado que foi enviado pela internet para os
professores como alternativa a entrevista semiestruturada que se pretendia realizar online ou
presencialmente.
Uma entrevista foi realizada dentro do grupo de sujeitos da pesquisa e dois
questionários foram respondidos por apenas dois professores. A entrevista se deu com um
participante membro da coordenação da IESALFA por meio da internet utilizando-se o
Skype. Utilizou-se um notebook e um software de gravação e gerenciamento de áudio para o
registro da entrevista e posterior transcrição.
No projeto inicial da pesquisa, planejava-se realizar as entrevistas online por
intermédio de interfaces encontradas na internet tais como Skype, Gtalk ou MSN3 que seriam
gravadas e posteriormente transcritas. Sendo assim, o pesquisador selecionou criteriosamente
3 Interfaces de comunicação que permitem o uso de voz pela internet
83
as interfaces a serem utilizadas nesse processo, bem como alguns softwares que
aparentemente seriam úteis no processo de gravação das entrevistas.
Já nas primeiras comunicações com o responsável pelo acesso à IES, foi informado
que se pretendia realizar entrevistas com os diversos sujeitos envolvidos no processo de
avaliação dos cursos. Sendo assim, a coordenação da IESALFA se prontificou a participar da
entrevista desde fosse agendada uma data de acordo com a conveniência de horário de ambas
as partes. O pesquisador informou que qualquer horário seria possível. Porém, em virtudes da
dificuldade de horário do participante, a entrevista tardou a acontecer e só ocorreu no dia 05
de novembro. No dia e horário agendados, após os devidos cumprimentos, informou-se ao
participante quais os objetivos da pesquisa, como a entrevista seria conduzida, que a mesma
seria gravada e posteriormente transcrita e analisada apenas pelo pesquisador e que tais
informações seriam mantidas em sigilo, garantindo-se o anonimato do participante no caso de
publicação dessas informações. Após esse esclarecimento inicial, deu-se início à entrevista
utilizando-se o roteiro pré-estabelecido. O participante já havia informado que seu tempo era
bastante restrito. Diante disso, procurou-se ser o mais objetivo possível, mas sem deixar de se
esclarecer determinadas questões. A entrevista, que foi bastante direta, com respostas rápidas
e objetivas, foi posteriormente transcrita, e seu conteúdo analisado. Seu tempo de duração
ficou em torno de trinta minutos.
Em relação à entrevista com os professores e equipe técnica na pesquisa, não se obteve
o mesmo sucesso. No caso da IESALFA, a coordenação havia informado que não haveria
problema algum no fato de o pesquisador entrar em contato direto com os professores e
equipe técnica. Seria necessário apenas que o pesquisador localizasse o e-mail dos sujeitos no
AVA e fizesse a solicitação. Contudo, esclareceu que alguns professores não estavam mais
ministrando aula, uma vez que suas disciplinas já haviam terminado e, portanto, seria difícil
conseguir a participação de todos. Apesar disso, na primeira semana de setembro, o
84
pesquisador entrou no AVA, localizou o e-mail de cada um dos sujeitos da pesquisa e em
seguida enviou um carta convite para participação na pesquisa (APENDICE E). Contudo, não
se obteve resposta. Passada uma semana, resolveu-se enviar novo convite e após mais uma
semana, nada foi conseguido. Resolveu-se esperar algum tempo para se tentar mais uma vez o
convite para os professores. Somente ao final de outubro, obteve-se a resposta de um
professor interessado em participar. Foi então agendado um horário para a entrevista por
Skype à noite por volta das 20:30, dois dias após o recebimento do e-mail e confirmação da
entrevista. No dia marcado, cerca de 30 minutos antes, o pesquisador já havia organizado e
checado todo o equipamento necessário, enviado o nome de usuário do Skype para o
professor, e se colocado à espera do professor. Passados cerca de 30 minutos, o professor não
apareceu, sendo assim, diante de tantos outros afazeres, o pesquisador, resolveu desligar todo
o sistema e dar o encontro como encerrado. No dia seguinte, o pesquisador recebeu um e-mail
do professor, no qual este se desculpava pela ausência alegando queda na internet no local
onde se encontrava e sugeria outro horário pela manhã dali a dois dias, - o que foi
prontamente aceito. Contudo, o professor não apareceu. Foram-lhes enviados mais dois e-
mails, mas, não se obteve mais resposta. Nem dele, nem de qualquer outro sujeito além da
coordenação e de dois professores. Todavia, diante da importância que se colocava na
participação dos sujeitos para o entendimento do fenômeno estudado, resolveu-se tentar mais
uma estratégia. Como não se obteve a entrevista por Skype com os sujeitos, e sabendo-se que
a entrevista presencial seria quase impossível de ser realizada devido às questões já
mencionadas, decidiu-se elaborar um roteiro de entrevista, nos moldes de um questionário
com perguntas abertas no Google Docs, e enviá-lo por e-mail na esperança de se obter dados
sobre o processo de avaliação nos AVA. Após sua elaboração, o roteiro de entrevista foi
testado pelas mesmas pessoas já mencionadas, corrigido e enviado para os e-mails dos
professores. Solicitou-se também, para a coordenação da IESALFA, que reforçasse o pedido
85
de participação junto aos sujeitos. A coordenação chegou inclusive a indicar alguns nomes de
sujeitos que, acreditava, poderiam vir a participar. Contudo, diversos e-mails foram enviados
e mais uma vez, não houve participação total. Apenas a participação de dois professores que
responderam ao roteiro enviado.
Portanto, para a análise dos dados, utilizaram-se as transcrições da entrevista com a
coordenação da IESALFA e as respostas dadas ao roteiro de entrevista pelos dois professores
desta IES bem como o que foi coletado durante a observação em seu ambiente virtual de
aprendizagem.
Apesar da pouca participação dos sujeitos, acredita-se que a pesquisa pode ser
realizada e os objetivos atingidos por intermédio da obtenção de dados a partir das outras
fontes já mencionadas.
Durante toda a pesquisa utilizou-se o diário de campo onde foram registradas as notas
de campo que se referem aos “relatos escritos daquilo que o investigador ouve, vê,
experiencia e pensa ao longo da coleta e reflexão sobre os dados de um estudo qualitativo”
(BOGDAN; BIKLEN, 1991, p.150). Segundo Bogdan e Biklen (1991) os dados das notas de
campo incluem as transcrições das entrevistas, documentos oficiais, estatísticas oficiais,
imagens e outros materiais. Bogdan e Biklen (1991) estabelecem ser importante que após
cada observação ou entrevista, o investigador escreva suas anotações. Estas devem trazer uma
descrição das pessoas, objetos, lugares, acontecimentos, atividades e conversas. Além disso,
como parte de suas notas, o investigador deveria registrar suas ideias, estratégias, reflexões e
também os padrões que emergem á medida que conduz sua pesquisa. As anotações, que
devem ser precisas, detalhadas e extensivas, constituem dois tipos de materiais: o descritivo e
o reflexivo.
Com o intuito de se obter melhor compreensão sobre o fenômeno da avaliação da
aprendizagem, realizou-se uma análise documental. Análise documental refere-se ao estudo
86
dos documentos que podem se constituir de textos, imagens, ou outros materiais audiovisuais
que apresentem dados referentes ao fenômeno que se procura compreender (PRIOR, 2000). A
técnica permitiu que o pesquisador coletasse dados tanto a partir do website da instituição
assim como do ambiente virtual de aprendizagem onde os cursos se desenvolvem, contudo, de
forma não intrusiva. Portanto, diversos documentos oficiais, entre estes normas, portarias e
decretos que orientam o ensino a distância no país e também aqueles criados pela própria IES,
tais como manuais do professor e do aluno, foram coletados tanto no site da instituição quanto
na própria internet. Além destes, foram também coletados para a análise documentos criados
pelos professores, alunos e equipe técnica: avisos, correspondências, notas, ementas, vídeos,
material didático. Tais documentos foram selecionados em virtude de sua relevância para o
atingimento do objetivo da pesquisa. Para se garantir o acesso permanente do pesquisador a
tais documentos e facilitar a análise do seu conteúdo, recorreu-se ao recurso chamado
informalmente de “printout” ou “print de tela”, recurso que imprime o conteúdo da tela do
computador. Dessa forma, a cada entrada do pesquisador no AVA, às páginas que eram
acessadas era dado o comando “printscreen”. Dessa forma as imagens da sala de aula virtual e
da webpages da IES receberam o mesmo tratamento e, portanto, diversos arquivos em
formato de PDF foram criados e salvos em pastas, etiquetados com nomes que identificavam
a IES, o curso e a disciplina na qual estavam inseridos, assim como a sua natureza.
3.4 Análise e interpretação dos dados
A análise dos dados realizada nesta pesquisa foi de natureza qualitativa. Portanto, é
coerente com a abordagem qualitativa adotada no estudo.
87
Dados podem advir de fontes diversas tais como transcrições de entrevistas, registro
de observações, respostas a itens de perguntas abertas, imagens e vídeo com vistas a
identificar mensagens explícitas ou implícitas em determinado texto (JULIAN, 2008).
Serviram de base para a análise as transcrições do conteúdo da entrevista, as respostas
do roteiro de entrevista online, os registros feitos no diário de campo e o material encontrado
na pesquisa documental. Para se analisar os dados advindos dessas fontes, adotou-se a Análise
de Conteúdo definida como um conjunto de técnicas de análises de comunicações, que,
mediante procedimentos sistemáticos e objetivos buscaria descrever o conteúdo das
mensagens, permitindo ao analista a inferência de conhecimentos sobre as condições sob as
quais tais mensagens foram produzidas e recebidas (BARDIN 2004). Definida como um
processo intelectual, a técnica permitiu o agrupamento dos dados qualitativos em categorias
conceituais (JULIAN, 2008). Sendo assim, os dados foram reduzidos e em seguida buscou-se
extrair significados deles com o propósito de identificar padrões ou relações entre temas ou
categorias (JULIAN, 2008). Estas são definidas por Chenail (2008) como unidades analíticas
que organizam conceitualmente achados relativos a determinado fenômeno ou experiência
humana sob investigação. Para Bardin (2004), categorias seriam uma espécie de classe que
agruparia determinados elementos sob um título genérico em função daquilo que é comum a
tais elementos.
Segundo Bardin (2004), o critério de categorização poderia ser semântico (categorias
temáticas); sintático (verbos, adjetivos); lexical (classificação de palavras por sentido, por
sinonímia ou sentidos próximos) ou expressivo (relativo a “perturbações” na linguagem).
Adotou-se o critério semântico com suporte no referencial teórico para a realização da análise.
Julian (2008) define que as categorias podem ser definidas a priori quando
predeterminadas em função da resposta para a pergunta de pesquisa ou ser definidas
posteriormente à medida que emergem dos dados em um processo iterativo no qual o
88
pesquisador criaria ou revisitaria categorias previamente identificadas, as combinaria ou
dividiria diversas vezes à medida que o texto vai sendo analisado. Segundo Julian (2008), ao
se dar nomes às categorias, estes deveriam conter a mesma linguagem consistente com aquela
utilizada no texto que está sendo analisado com vistas a se manter fiel à fonte do texto.
Para a criação das categorias nesta pesquisa buscou-se seguir os critérios de qualidade
apontados por Bardin (2004): exaustão, exclusão mútua, objetividade e congruência
conceitual. Buscou-se, portanto, abranger todos os dados relevantes da pesquisa; manter o
mesmo princípio de classificação para organizar as categorias, não permitindo que um mesmo
elemento do conteúdo apareça em categorias diferentes; criá-las de forma precisa no sentido
de se evitar ambiguidade; e adaptar as categorias aos objetivos da pesquisa.
Nesta pesquisa, a definição das categorias se deu a priori com base na fundamentação
teórica e a posteri. As categorias definidas por intermédio de indicadores baseados nos
objetivos específicos da pesquisa e no referencial teórico são apresentadas no quadro 10 a
seguir:
Quadro 10 – Dimensões e categorias da pesquisa
DIMENSÕES CATEGORIAS
Planejamento da avaliação pelos atores
envolvidos
Atores Proponentes (a posteriori)
Preparação do Professor (a posteriori)
Relação entre o AVA e o processo
avaliativo
Recursos disponíveis;
Ferramentas de Cooperação e interação;
Ferramentas específicas de trabalho;
Ferramentas de Coordenação;
Ferramentas de Monitoramento;
Modelo avaliativo praticado na IES Tipos de avaliação
Agentes da avaliação
Momentos da avaliação
Feedback da avaliação
Critérios
Estratégias
Comparação do Modelo praticado na IES
com a literatura
Verificação da implementação do
processo avaliativo sob a ótica da
Taxonomia de Bloom Digital (2009)
Objetivos da aprendizagem;
Instrumentos avaliativos sob a ótica da
Taxonomia de Bloom Digital
89
O processo de análise passou pelas etapas definidas por Bardin (2004): (1) a pré-
análise durante a qual se organiza todos os materiais que são utilizados para a coleta de dados
e que possam ajudar a entender melhor o fenômeno; (2) a descrição analít ica na qual se
aprofunda no corpus da pesquisa fundamentando-se no referencial teórico; e (3) interpretação
que se refere a análise propriamente dita. Nesta pesquisa, a pré-análise ajudou na criação das
categorias que por sua vez auxiliaram na interpretação dos dados coletados.
A validade e a confiabilidade são elementos essências na análise de conteúdo realizada
em uma pesquisa qualitativa. Segundo Julian (2008) a fidedignidade e a credibilidade da
análise advêm da busca pela confirmação dos dados por meio da apresentação de evidências
para as conclusões tomadas e da triangulação, definida por Vergara (2006) como estratégia de
pesquisa que se utiliza de diversos métodos para investigar um determinado fenômeno.
Após a explicação de como foi realizada a análise dos dados, segue-se com a
apresentação das limitações desta pesquisa.
3.5 Limitações
Este estudo apresenta certas limitações gerais no que tange à metodologia adotada
além de outras relacionadas com as técnicas de pesquisa e análise de dados utilizada. Segundo
Ogden (2008), a pesquisa qualitativa pode ser influenciada pelo viés do pesquisador. Tal viés
pode vir a comprometer a coleta, a interpretação e a apresentação dos dados e pode permear
toda a pesquisa desde o momento da escolha do tópico ou da teoria que vai fundamentar a
pesquisa, por exemplo, bem como a seleção e utilização dos instrumentos de pesquisa
(OGDEN, 2008). Com o intuito de gerenciar esse viés, o pesquisador deveria estar
autoconsciente, durante todas as etapas da pesquisa, dos seus valores e pressupostos e buscar
90
dados contraditórios, opor os dados encontrados e estar aberto a interpretações alternativas
destes, levando em consideração sua subjetividade (OGDEN, 2008). Dessa forma, seria
importante considerar a qualidade da interpretação e até que ponto esta poderia ser
considerada verdadeira, correta e confiável no intuito de se preservar a sua validade e o seu
rigor, que, na pesquisa qualitativa, se daria por meio da presença do pesquisador, do tipo de
interação entre o pesquisador e os participantes, da triangulação dos dados, da interpretação
das percepções e da descrição da pesquisa (LINDOLF; TAYLOR; 2002; MERRIAM, 2009).
Portanto, seria importante buscar diminuir as limitações trazidas pelas escolhas feitas
pelo pesquisador, sejam elas ontológicas, epistemológicas ou metodológicas, em relação ao
fenômeno estudado utilizando-se algumas estratégias apontadas por Merriam (2009):
Triangulação – utilizar diversos investigadores, fontes de dados ou métodos no
intuito de confirmar os achados da pesquisa;
Checagem pelos membros – apresentar os dados e as interpretações realizadas
aos que contribuíram para a sua coleta e saber se acham estes verossímeis;
Observação de longo prazo – realizar observações de longo prazo no ambiente
estudado ou repetir as observações;
Exame pelos pares – solicitar que colegas comentem sobre o que se encontrou
na pesquisa;
Modos participativos ou colaborativos de pesquisa – envolver os participantes
nas diversas fases da pesquisa, desde a escolha do assunto estudado ate a
elaboração do relatório final; e
Vieses do pesquisador – tornar claros os pressupostos, a perspectiva e as
orientações teóricas do pesquisador.
91
Com vistas a manter o rigor e a validade nesta pesquisa, que é de natureza qualitativa,
buscou-se adotar as estratégias de triangulação, observação de longo prazo e os
esclarecimentos dos vieses do pesquisador.
Aponta-se como limitação neste estudo, além da questão do viés do pesquisador, a
impossibilidade de se entrevistar todos os atores identificados como responsáveis pela
elaboração e implementação do processo avaliativo da IES. Dessa forma, informações
relevantes que poderiam, por meio da entrevista estruturada com os responsáveis pelo
processo, esclarecer determinadas questões relativas à avaliação da aprendizagem na IES
ficaram restritas ao que foi dito pela coordenação da IES e as respostas dadas pelos dois
professores que responderam ao guia de entrevista. Contudo, para minimizar essa limitação,
buscou-se observar, no AVA, como a prática avaliativa foi de fato realizada e verificar, por
meio de diversas leituras dos documentos encontrados, além das entrevistas com os dois
coordenadores e da participação dos dois professores, como a avaliação foi conduzida.
Apesar das limitações, buscou-se utilizar as estratégias mencionadas no sentido de
buscar maior explicação para o fenômeno estudado. Acredita-se que, apesar dos obstáculos,
os procedimentos adotados tenham ajudado a responder à questão proposta e auxiliado na
busca de uma melhor maneira de descrever o fenômeno estudado.
Após serem apresentadas as limitações deste estudo, segue-se, no capítulo seguinte,
com a apresentação e a análise dos resultados.
92
4 Apresentação dos dados e Análise dos resultados
O objetivo deste capítulo é apresentar tanto a descrição pormenorizada dos resultados
da pesquisa e sua análise interpretativa, considerada a parte central da pesquisa qualitativa
(FLICK, 2009). Sendo assim, dá-se início ao capítulo, apresentando-se a unidades de pesquisa
com suas características – o AVA da IES pesquisada. Em seguida, apresenta-se a análise
dessa unidade com o intuito de verificar como se realiza o planejamento da avaliação pelos
professores, coordenadores e demais responsáveis pelo processo de ensino e aprendizagem
nas IES, identificar os critérios, as ferramentas e as estratégias utilizadas nos seus processos
avaliativos por meio da observação dos AVA, identificar os modelos de avaliação da
aprendizagem utilizados nos cursos pesquisados, comparar tais modelos com aqueles
indicados na literatura especializada e finalmente, verificar como se realizaria o processo
avaliativo sob a ótica da Taxonomia de Bloom Digital.
4.1. Caracterização do Caso Estudado
Com vistas a contextualização da pesquisa, apresenta-se abaixo a caracterização do
caso estudado.
4.1.1 IES Alfa
A IES ALFA caracteriza-se como sendo comunitária com larga experiência na oferta
de cursos nas mais variadas áreas do conhecimento nos níveis de graduação, pós graduação –
93
na especialização, mestrado e doutorado nas modalidades presencial, semipresencial e a
distancia.
O curso selecionado para a realização desta pesquisa é da área de Administração.
Trata-se de curso de especialização latu sensu completamente online, o que significa dizer que
todas as aulas se realizam no ambiente virtual de aprendizagem criado pela equipe técnica
responsável da instituição. Segundo dados encontrados no site da instituição, o curso busca
atender a necessidade de educação continuada de adultos nas mais diversas áreas de atuação
profissional. Para tanto, buscaria suprir tais necessidades oportunizando práticas que
permitiriam o acesso do aluno ao conhecimento pratico e teórico por intermédio de técnicas e
ferramentas modernas.
O curso apresenta carga horária é de 360h. Estas estão organizadas em módulos
agrupados por competências em três áreas distintas, mas que se pretendem complementares e
está divido em até 10 disciplinas como se pode verificar durante a fase de observação da sala
de aula virtual.
O corpo docente é formado por 10 professores com formação na área, com titularidade
de mestrado e doutorado, experiência em no ensino em EAD segundo dados coletados no site
da IES e na entrevista com a coordenação. O curso conta ainda com uma equipe técnica e
outra pedagógica que seriam responsáveis pela sua estruturação e pelo acompanhamento do
processo educacional junto aos professores, oferecendo-lhes suporte na implementação das
diversas atividades que venham a propor. Constatou-se a presença da tutoria que funciona
como uma espécie de monitoria responsável pelo suporte ao aluno auxiliando no
esclarecimento de dúvidas referentes a questões administrativas e avisos importantes,
motivação, entre outras.
O corpo discente é formado por trinta (30) alunos constituído por profissionais de
diversas áreas do conhecimento, tais como Letras, Administração, Pedagogia, entre outras. A
94
grande maioria deles acessa o AVA do curso a partir de municípios circunvizinhos. Contudo,
há alunos que são atendidos pelo curso em outros estados da região Sul, Sudeste e Centro-
oeste.
O AVA da IES ALFA foi criado e desenhado pela equipe técnica que faz parte da
própria instituição. É, portanto, um ambiente virtual de aprendizagem próprio que buscaria
atender às necessidades do processo de ensino e aprendizagem por intermédio de interfaces e
recursos padronizados que segue um desenho didático que estaria fundamentado numa
concepção de aprendizagem construtivista como se apreendeu a partir de informações
disponibilizadas no website da IES e na entrevista com a coordenação.
O AVA é composto de ferramentas síncronas e assíncronas de cooperação e interação,
ferramentas específicas de trabalho, ferramentas de coordenação e ferramentas de
monitoramento e está estruturado em três módulos: dados pessoais, funcionalidades e área de
trabalho. Em Dados Pessoais se encontram informações sobre os diversos usuários. Em
Funcionalidades, encontram-se ferramentas que apresentam informações sobre atividades
propostas, que permitem acesso aos e-mails dos diversos usuários e um espaço para que o
aluno deposite seus próprios arquivos. Na área de trabalho é onde se buscaria realizar o
processo de ensino e aprendizagem propriamente dito.
O quadro 08 apresenta as funcionalidades e a função que desempenham a partir das
observações realizadas e dos manuais disponibilizados dentro do AVA para alunos e
professores. Os nomes das funcionalidades foram alterados para se preservar o anonimato da
IES observada. Contudo, foram escolhidos nomes que refletem a natureza de cada uma dessas
funcionalidades acompanhados da definição de cada uma.
95
Quadro 08 – Funcionalidades do AVA da IES ALFA
RECURSO FUNÇÃO
Cronograma Ferramenta assíncrona. Espécie de calendário que apresenta um cronograma das
atividades a serem realizadas no módulo. Permite que o usuário visualize as informações
por dia, semana, ou mês. Por intermédio de diversos hiperlinks coloridos, o usuário acessa
facilmente qualquer conteúdo disponibilizado, as atividades propostas com suas datas de
início e fim, localizar o aluno em relação ao tempo do curso.
Correio Ferramenta assíncrona que permite a troca de comunicação entre os diversos atores do
processo (aluno-professor, aluno-aluno, aluno-instituição). Funciona como um email
comum. O aluno pode cadastrar seu endereço eletrônico particular e receber a
comunicação diretamente nele. Verificou-se pouca utilização da ferramenta entre professore e aluno. Contudo, diariamente, o aluno recebe avisos automáticos sobre o que
está acontecendo no ambiente.
Edital Ferramenta assíncrona que permite comunicação entre professores e alunos e acesso aos
editais de qualquer modulo ou disciplina.
Pasta aluno Ferramenta especifica de trabalho caracterizado por espaço virtual de tamanho limitado que permite que o aluno deposite arquivos tanto do AVA quanto do seu próprio
computador da forma que lhe seja conveniente.
Fórum Ferramenta que possibilita discussões assíncronas por intermédio de trocas entre alunos e
professores. As contribuições ficam registradas e permitem que o professor as acesse e
venha a avaliar a aprendizagem dos alunos mediante critérios que ele pode estabelecer. As
primeiras contribuições sinalizam os tópicos a serem discutidos dentro de um período de
tempo. Tanto alunos quanto professores põem iniciar tópicos para serem discutidos.
Permitiria heteroavaliaçao, coavaliaçao e auto avaliação (SADERLICH, 2006) confirmar
ano)
Chat Ferramenta de comunicação síncrona que possibilita a comunicação entre os participantes
do curso em tempo real desde que esses a acessem simultaneamente. Possibilita
questionamentos, esclarecimentos de duvidas de forma dialogada. Há chats informais que
podem ser criados e acessados a qualquer momento e chats agendados pelo professor. Os chats também ficam registrados permitindo a impressão de relatórios que podem ser
utilizados como ferramenta de avaliação. Permite que a mensagem seja enviada para todos
ou para um participante especifico.
Contatos Funcionalidade assíncrona que lista todos os participantes do AVA permitindo a
comunicação todos-todos (SILVA, 2006).
Plano de trabalho Recurso para organização de trabalho que traz todas as informações referentes às
atividades propostas para os alunos. É a partir desse plano de trabalho que se estrutura o
curso em módulos, disciplinas e atividades executadas pelos alunos. Permite que o aluno
tenha uma visão geral das atividades propostas e da forma como serão realizadas. O aluno
tem o controle sobre todas as atividades mediante sinalizações que indicam seu
andamento.
Webgrafia é utilizado para consultar e incluir links e respectivos comentários.
Material didático
online
É utilizado como suporte ao aprendizado do aluno; composto de apresentações em
formato e-learning, com exercícios de fixação ao final, fichas em PDF, sugestão de material extra por intermédio de links.
Agenda de provas Dispõe de provas online para os alunos; contem informações orientadoras sobre as provas
online (titulo da prova, data, hora de início e fim, se já foi corrigida, os erros e acertos,
comentários dos professores); também traz estatísticas que mostra como os alunos se
saíram nas provas.
Estatísticas Disponibilizam para os diversos participantes estatísticas sobre o acompanhamento dos
mesmos durante o processo educacional. Apresentam informações sobre a participação de
todos nos diversos módulos, disciplinas e atividades.
Relatórios permite que alunos e professores acompanhem o progresso de cada um. Mostra o
percentual de visitas feitas pelos alunos aos diversos recursos e atividades propostos, o
tempo de permanência do aluno e a data e hora de acesso.
Dados Traz informações sobre a sala, os professores responsáveis por sua abertura e uso.
96
Alterações de
plano de trabalho
Em “Alterações Plano de Trabalho” você poderá encontrar todas as alterações
de datas das atividades realizadas pelo professor no Plano de Trabalho
traz informações referentes a alterações feitas no plano de trabalho que estrutura o curo
Fonte: Manual do Professor
O acesso ao AVA se dá de forma simples. Antes do primeiro acesso, o usuário
cadastra seu perfil e recebe um login ou nome de usuário e uma senha secreta. Ao entrar no
ambiente, o aluno recebe informações relativas ao funcionamento do curso bem como
informações sobre outros cursos oferecidos pela instituição. Na página inicial, o aluno
visualiza a área de trabalho e as funcionalidades dispostas. Para acessar cada uma das
funcionalidades, basta que o aluno clique sobre os respectivos links de acesso.
Dentre as funcionalidades encontradas, o Plano de trabalho é a que vai orientar o
aluno. Ao acessá-la, o aluno visualiza um documento que traz de forma detalhada,
informações sobre o nome do curso, a disciplina, carga horária, o corpo professor, a ementa,
as competências e habilidades por meio de objetivos instrucionais que se espera que os alunos
atinjam ao final do período didático. O plano, portanto, permite ao aluno conhecer as diversas
atividades elaboradoras pelo professor sob orientação da coordenação e equipe técnica sejam
estas atividades avaliativas ou não, além de informações sobre o período de entrega, temas a
serem estudados, descrição das atividades, material de apoio ao aluno, o peso de cada
avaliação, a data e a forma de entrega das atividades.
4.2 Apresentação e Análise dos dados IES ALFA
Apresentam-se, nas subseções seguintes, as análises dos dados coletados na IES
ALFA. Estas são apresentadas na ordem em que os objetivos foram propostos.
Foram analisados, além do manual do aluno e do professor, de informativos na
webpage da instituição, os Planos de Trabalho das dez disciplinas ofertadas pelo curso.
97
4.2.1 Planejamento da avaliação pelos atores envolvidos no processo
Apresentam-se a seguir as categorias definidas a priori e a posteriori de análise dos
dados acerca do planejamento da avaliação evidenciados pelas observações e pelo relato dos
participantes. São explicitados os Atores Proponentes – os responsáveis pelo planejamento do
processo avaliativo na IES em nível macro referente aos legisladores do processo em âmbito
oficial, em nível meso referente aos proponentes no âmbito da IES e em nível micro no
âmbito da sala de aula; e a Preparação do professor para o processo de avaliação da
aprendizagem na sala de aula virtual.
Observou-se, com base na realização da pesquisa documental e na entrevista com a
coordenação, que a elaboração e a implementação do processo de avaliar a aprendizagem dos
alunos realizada pela instituição passam por um processo sistemático que envolve a
participação de diversos atores, sejam eles proponentes ou avaliadores diretos, mediante o
cumprimento de diretrizes que advém de normas internas que, por sua vez, buscam estar de
acordo com a legislação brasileira que rege o funcionamento de cursos a distância no país.
4.2.1.1 Atores Proponentes
A análise da entrevista, do guia de entrevista online, e dos documentos coletados
permitiu identificar os proponentes do processo avaliativo nos níveis macro, meso e
microssocial (ALFONSO, 2003). Identificaram-se em nível macro, os órgãos oficiais a quem
compete o estabelecimento de normas para a modalidade de ensino a distância e em nível
meso, a IES estudada representada pelo Conselho Acadêmico, pela Diretoria de Tecnologias
Educacionais e pela Pró-Reitoria Acadêmica, cabendo a esses três últimos, segundo resolução
interna da IESALFA, a função de avaliar os projetos educacionais, de verificar se os
requisitos para o funcionamento do curso estão em conformidade com a legislação vigente e
de realizar o acompanhamento didático. Em nível meso e micro, ao mesmo tempo, foi
98
identificado o professor uma vez que ele atua como proponente tanto na elaboração quanto na
implementação do processo avaliativo.
Pelo que se constatou nas observações, os proponentes dos três grupos dialogam entre
si, seguindo, contudo uma hierarquia no planejamento da avaliação que é realizado
respeitando-se o que estabelecem os dispositivos legais (nível macro) e as resoluções internas
da IES (nível meso) que por sua vez fundamentam as tomadas de decisão do professor em
relação a avaliação dos seus alunos (nível micro).
Os cursos de pós-graduação a distância deverão incluir,
necessariamente, provas presenciais e defesa presencial individual de
monografia ou trabalho de conclusão de curso (Resolução No1, de 8
de Junho de 2007 que estabelece normas para o funcionamento de
cursos de pós-graduação lato sensu, em nível de especialização)
(Nível macro)
A verificação do aproveitamento do aluno deve ser feita ao longo do
curso, mediante avaliação única ou em partes, compreendendo notas
de acordo com a determinação de cada projeto. (Resolução interna da
IESALFA artigo oitavo) (Nível meso)
O resultado final do aproveitamento dos alunos deve ser expresso por
meio de notas graduadas de zero a dez, permitindo-se a fração
decimal.(Resolução interna da IESALFA artigo oitavo, parágrafo
primeiro) (Nível meso)
As provas devem ser presenciais (Resolução interna da IESALFA
artigo oitavo, parágrafo segundo). (Nível meso)
A aprovação do aluno se dá mediante requisitos tais como o
desenvolvimento de atividades propostas, obtenção de média mínima
de 7,0 pontos em todas as disciplinas e a realização de avaliações
presenciais, devendo os resultados de essas avaliações prevalecerem
sobre os demais resultados obtidos em quaisquer outras formas de
avaliação. (Resolução interna da IESALFA artigo oitavo, parágrafo
nono). (Nível meso)
99
A partir da análise desses trechos constatou-se que o planejamento da avaliação na IES
ocorre em função das resoluções que normatizam a priori como deve ser realizado o processo
avaliativo na modalidade de ensino a distância adotada pela IES. Verificou-se que o
planejamento ocorre mediante exigências que preveem desde a utilização dos instrumentos
avaliativos (“provas presenciais”, “atividades propostas”), ao momento e o acompanhamento
da avaliação (“ao longo do curso”, “avaliação única ou em partes”), até os critérios (“notas”,
“notas de 0 a dez, permitindo a fração decimal”) em um nível de exigência tal que lembra
Moran (2009, p.66) quando diz que a “legislação da educação é bastante detalhista e
restritiva”.
Em conformidade com as exigências trazidas pelos órgãos reguladores e pelas
resoluções internas da IES, constatou-se, a partir das observações e da entrevista, que os
proponentes de nível meso e micro articulam-se no sentindo de definir como o processo
avaliativo deverá ocorrer formando uma equipe multidisciplinar responsável pela estruturação
do curso, orientação e suporte ao professor como sugere a fala da Coordenação da IESALFA:
Tem uma equipe de designers instrucionais que atua no suporte a organização do curso, além do direcionamento que eu dou, existem esses designers
instrucionais que acabam dando esse direcionamento. Então, o professor tem
todo o suporte pra elaboração do plano do módulo. Então, eles colocam em linhas gerais a atividades com o conteúdo a ser trabalhado, esse designer
instrucional sugere a melhor forma de colocar isso (ENTREVISTA
COORDENAÇÃO IESALFA)
O professor, identificado como dito anteriormente, como proponente de nível meso e
micro, uma vez que ele participa do processo de elaboração e implementação da avaliação da
aprendizagem, discute com os demais proponentes como será estruturada a sua disciplina
como se vê na fala da coordenação:
O próprio professor do módulo discute comigo, como é que vai ser o modelo
do módulo que vai ser trabalhado (ENTREVISTA COORDENAÇAO
ALFA1).
100
O professor tem todo o suporte pra elaboração do do do plano do módulo então, eles colocam em linhas gerais a atividades com o conteúdo a ser
trabalhado (ENTREVISTA COORDENAÇAO ALFA1).
Pelo que se constatou a partir das observações, uma vez definidas todas as questões
referentes ao funcionamento da disciplina, a equipe elabora o Plano de Trabalho que estrutura
todo o processo de ensino e aprendizagem e consequentemente o processo avaliativo por
módulo no curso. No plano estão previstas atividades avaliativas formadas por trabalhos e
exercícios de fixação, testes, provas online e presenciais, momento da avaliação, tempo de
duração, prazos de entrega e critérios avaliativos. É, portanto, pautado nesse plano de trabalho
que o professor efetivará a sua prática avaliativa.
Segundo o COORDENADOR da IESALFA, “o professor tem liberdade total pra
sugerir um modelo diferente”. Contudo, apesar da alegada autonomia outorgada ao professor
para alterar o módulo, como se viu na fala da Coordenação, percebeu-se, tanto por meio das
observações no AVA, quanto da análise dos Planos de Trabalho, que o curso segue uma
estruturação rígida que oferece aos professores as mesmas ferramentas módulo a módulo. Isso
sugere certo engessamento que limitaria o professor a elaborar e implementar a avaliação da
aprendizagem dentro daquilo que os proponentes normatizam uma vez que todas as propostas
do professor passariam pelo crivo dos proponentes para ver se estão de acordo com as
propostas do curso e se atendem as normas estabelecidas. A fala da COORDENAÇAO da
IESALFA evidencia isso:
Obviamente o professor tem liberdade pra sugerir uma mudança nessa estrutura. Mas a gente sugere, sim, e os designers instrucionais atuam com o
professor verificando se está sendo cumprido ou não. (ENTREVISTA
COORDENADOR ALFA1)
A gente dá uma orientação sobre o peso, tah, mas ele que define. Ate a
gente faz isso pra poder.. não deixar tão engessado. Tah, por que o modulo
tem uma dinâmica diferente um pouco do outro e o professor tem uma certa liberdade pra poder colocar sua dinâmica dentro do modulo ne
(ENTREVISTA COORDENADOR ALFA1)
101
A resposta de um participante ao guia de entrevista enviado online,
PROFESSORIESALFA01, evidencia o controle mantido pela instituição em relação ao
processo avaliativo praticado pelo professor. Segundo o participante:
Há uma “supervisão dos professores, que acompanha o que está sendo postado e como está o processo de avaliação. Quando isso não ocorre de
maneira fluída e contínua, recebemos advertências. (PROFESSORALFA01).
A análise dos Planos de Trabalho de cada professor permitiu constatar que boa parte
dos professores estrutura o processo de avaliação da mesma forma, utilizando-se dos mesmos
elementos disponíveis para conduzir o processo. Acredita-se que isso possa ter relação com
questões tais como o controle que a IES exerceria sobre as decisões tomadas pelo professor –
controle esse, que adviria da busca em se atender à legislação e às normas, que, como dito
anteriormente, poderia trazer engessamento para o processo. Ou questões ligadas à preparação
do professor para a condução do processo avaliativo ou ao seu conhecimento em relação a
maneiras diferentes de avaliar a aprendizagem além daquelas apresentadas pela IES ou, ainda,
à falta de motivação do professor para buscar formas alternativas de avaliar uma vez que as já
sugeridas pelos proponentes de nível hierárquico mais elevado seriam suficientes. Seja qual
for o caso, acredita-se que a instituição tem responsabilidade no processo avaliativo, não só
como proponente e reguladora do processo mas também na função de acompanhar o processo
junto ao professor. A esse respeito, lembra-se Arredondo e Diago (2003, pg. 510) quando
ressaltam que:
Em toda organização, a cúpula dirigente tem uma responsabilidade e capacidade de decisão fundamental para seu funcionamento. Se a equipe
diretiva do centro não mantém uma atitude de transformação e melhora, é
difícil fazer com que a prática avaliadora tenha um desenvolvimento mais formativo. A implantação de propostas inovadoras em uma instituição
depende, em grande parte, da capacidade de liderança e estímulo que os
responsáveis máximos desenvolvam nos diferentes setores da comunidade
educacional, particularmente o corpo professor.
102
4.2.1.2 Preparação do professor para o processo avaliativo
A categoria Preparação, definida a partir das análises, diz respeito à preparação
do professor para conduzir o processo de avaliação da aprendizagem na EAD online. Em vista
disso, buscou-se conhecer como se daria a preparação do professor em termos de utilização
das técnicas, estratégias e instrumentos utilizados no processo avaliativo em sala de aula
virtual uma vez que esse difere daquele que ocorre na modalidade presencial.
Segundo relato da Coordenação da IESALFA, os professores que atuam nos cursos a
distância ofertados pela instituição seriam escolhidos em função de sua habilidade para
trabalhar nessa modalidade, pois, segundo a Coordenação, nem todos teriam tal facilidade.
Dessa forma, a Coordenação elegeria, dentro do grupo de professores que atuam no ensino
presencial, aqueles professores que demonstram ter uma “melhor noção, um perfil melhor
para trabalhar nos cursos a distância” (COORDENAÇAOALFA01). Com vistas a preparar o
professor, haveria uma espécie de treinamento em virtude de os professores escolhidos
advirem em sua grande maioria do ensino presencial com pouca ou nenhuma formação para
trabalhar no ensino online.
Com base na entrevista com a coordenação e no guia de entrevista enviado online,
constatou-se que a preparação do professor se daria informalmente, por meio de orientação
dos Proponentes de nível meso ou seja pela equipe multidisciplinar formada pela
Coordenação e pela equipe de desenho instrucional da IES e, formalmente, realizada por
intermédio de um curso de formação oferecido pela própria IES. Ao ser indagado sobre se o
professor que atua na EAD online da IES receberia alguma espécie de preparação para
conduzir o processo avaliativo na sala de aula virtual, a Coordenação da IESALFA afirmou
que os mesmos recebem uma espécie de treinamento oferecido em cursos de formação pela
própria IES, como se pode ver no seguinte trecho “a própria instituição oferece cursos de
formação tanto no ambiente virtual de aprendizagem quanto no planejamento e no
103
acompanhamento de cursos online.” (COORDENAÇAO IESALFA). Ao se analisar a fala da
Coordenação da IESALFA1, percebeu-se que a Coordenação menciona preparação para
trabalhar na EAD a distância, mas não a preparação para a avaliação da aprendizagem nessa
modalidade, que é o que foi realmente perguntado. Infere-se que ao responder a pergunta, a
Coordenação acredita deixar implícito que, ao fazer o curso, o professor estaria apto a
trabalhar na modalidade, uma vez que receberia preparação em relação a todos os elementos
necessários para o seu funcionamento, incluindo-se aí, o processo avaliativo. Contudo, ao ser
indagado sobre essa mesma questão na guia de entrevista enviada online, o participante,
PROFESSORIESALFA02, respondeu que “A equipe pedagógica que analisa o plano de
trabalho realiza alguns questionamentos quanto ao tempo necessário e material de apoio, mas
não existe uma formação específica para tal.”.
Segundo a COORDENAÇÃO da IESALFA, além de um curso de capacitação
oferecido pela IES, o professor receberia orientação sobre o processo avaliativo por
intermédio de um manual elaborado pela equipe multidisciplinar, como se pode ver no
seguinte trecho:
Não há um projeto como num curso de graduação. Não ta definido em detalhes. Tem um manual para os cursos de pós-graduação que dão
orientações gerais, e tem o próprio projeto do curso que direciona como vai
ser o objetivo, como vai ser trabalhada a avaliação, quais serão os pesos da avaliação. Essas informações estão no site no momento da
inscrição.(ENTREVISTA COORDENAÇAOIESALFA).
Pressupõe-se, a partir da análise dos dados, que o curso de preparação do professor
para o processo avaliativo na IES diz respeito a sua tomada de conhecimentos sobre a forma
como a avaliação deve ser realizada. Sendo assim, o professor tomaria conhecimento sobre
questões técnicas envolvidas no processo avaliativo: quantas e quais atividades, trabalhos ou
instrumentos ou quais os critérios o professor deveria utilizar na avaliação e como esses
seriam inseridos no sistema. Inferiu-se que não há uma preparação no sentido de levar o
professor a refletir sobre como o ato avaliativo que realiza tem implicações no processo de
104
ensino e aprendizagem. Em relação a isso, acredita-se que as escolhas feitas pelo professor em
relação à avaliação da aprendizagem deveriam estar fundamentas não apenas em
conhecimentos técnicos que lhe permitiram disponibilizar, por exemplo, uma prova com
questões de múltipla escolha em um momento, ou propor um trabalho individual ou em
grupo, ou uma atividade avaliativa com esse ou aquele peso como orientado pela instituição
uma vez que o ato de avaliar não seria uma ação puramente técnica mas humana impregnada
de valores éticos e estéticos (SARDELICH, 2006). Nesse sentido, concorda-se com
Arredondo e Diago (2003, p.472) quando dizem que:
É necessário promover situações que favoreçam a mudança atitudinal com a segurança de que a nova prática de avaliação não seja definida pelo
conhecimento de tecnologias avaliadoras, que sempre é conveniente
aprender e dominar, mas pelo desenvolvimento nos professores de atitudes favorecedoras da mudança na forma de avaliar os alunos.
O quadro 11 a seguir apresenta sucintamente os resultados discutidos.
Quadro 11 – Planejamento da avaliação
ATOR(ES)
PROPONENTE(S) NÍVEL FUNÇÃO (ÕES)
INSTRUMENTO(S) DE
CONTROLE DO
PLANEJAMENTO
Órgãos oficiais Macro - Estabelecer normas para a modalidade de
ensino a distância
- Normas
- Dispositivos legais
Conselho Acadêmico
Meso
- Avaliar os projetos educacionais
- Verificar se os requisitos para o
funcionamento do curso estão em
conformidade com a legislação vigente
- Realizar o acompanhamento pedagógico
- Resolução interna
- Manual do professor
Diretoria de
Tecnologias
Educacionais
Pró-Reitoria
Acadêmica
Professor(es) Meso - Elaborar o planejamento da avaliação - Plano de Trabalho
- Instrumentos e atividades
avaliativas Micro - Implementar a avaliação em sala de aula
Após apresentação das categorias relativas aos proponentes do processo avaliativo na
IESALFA e a preparação do professor para tal processo, segue-se com a apresentação da
relação entre as funcionalidades disponibilizadas no AVA e o processo de avaliação da
aprendizagem.
105
4.2.2 Relação entre o AVA e o processo avaliativo
Apresentam-se a seguir as categorias de análise dos dados acerca da relação entre o
AVA e o processo avaliativo evidenciados pelas observações e pelo relato dos participantes.
São explicitados os Recursos disponíveis – os recursos utilizados que, direta ou indiretamente,
auxiliam no processo avaliativo em nível micro. E as subcategorias Ferramentas de
cooperação e interação, Ferramentas específicas de trabalho, Ferramentas de coordenação e
Ferramentas de monitoramento.
4.2.2.1 Recursos disponíveis
A categoria Recursos disponíveis engloba as ferramentas que podem ser utilizadas
direta ou indiretamente no processo avaliativo. Considera-se que estas, apesar de não terem
sido criadas, originalmente, com propósitos avaliativos, podem vir a auxiliar o professor na
tarefa de avaliar a aprendizagem dos seus alunos (SADERLICH, 2006).
Observou-se que o AVA onde ocorre o processo de ensino e aprendizagem na IES,
conta com diversas ferramentas apontadas pela literatura como sendo essenciais ao
funcionamento do processo (GOMES, 2007).
Por meio da observação do AVA e dos 10 (dez) Planos de Trabalho analisados,
constatou-se que as Ferramentas de cooperação e interação são as mais utilizadas na condução
de atividades realizadas com objetivos avaliativos. Entre tais ferramentas, percebeu-se que o
Fórum foi o mais utilizado.
4.2.2.2 Ferramenta de cooperação e interação: Fórum
Ao se observar as interações ocorridas nos diversos fóruns propostos no curso, teve-se
como objetivo verificar de que forma o Fórum se prestaria a propósitos avaliativos
106
(SADERLICH, 2006). Observou-se que o curso oferece dois tipos de fórum: de Dúvidas e de
Discussão. Constatou-se que estes foram utilizados para discussões de questões relativas a
apresentação do curso; administrativas, esclarecimentos de dúvidas quanto ao curso,
aconselhamentos, troca de experiências, suporte ao aluno, encorajamento e motivação,
esclarecimentos de dúvidas em relação a assuntos da disciplinas, estímulo a participação e a
trocas, perguntas norteadoras e a avaliação.
Observou-se, com base na análise dos planos de trabalho, e no próprio AVA, que a
maior parte dos professores utilizou a ferramenta Fórum com propósitos avaliativos.
Constatou-se que a utilização do fórum ocorre sob orientação dos proponentes da IES
cabendo ao professor decidir, juntamente com a equipe, a quantidade de vezes que utilizaria a
ferramenta, a distribuição dos pesos, os temas e perguntas norteadoras a serem propostos para
os alunos.
Constatou-se, com base na observação de cada módulo, que para fins de avaliação da
aprendizagem, os professores propuseram atividades que utilizavam a ferramenta para discutir
questões relativas ao conteúdo que se estava sendo estudado. Para motivar a discussão,
percebeu-se que os professores lançavam questões norteadoras ou temas que deveriam ser
comentados pelos alunos. Estes, por sua vez, deveriam postar comentários próprios e eram
lembrados de que deveriam comentar, também, as contribuições dos colegas, dentro de um
período de tempo estipulado pelo professor, como se pode ver nos seguintes trechos:
Participe do fórum de discussão apresentando o seu entendimento sobre a “Implementação Estratégia” no seu contexto de trabalho. Atenção: Além de
responder o tópico, você deverá inserir comentários nas contribuições dos
seus colegas. Postar sua contribuição até ****. Após essa data o sistema bloqueia automaticamente as postagens devido ao encerramento do prazo.
FORUM DISCIPLINA01
Participe do fórum de discussão apresentando o seu entendimento sobre os
diversos mapeamentos realizados nos exercícios 1, 2, 3 e significado
estratégico na gestão de portfolio e de escritórios de projetos, respondendo
também se a organização na qual você trabalha pratica efetivamente a gestão estratégica. Atenção: Além de responder o tópico, você deverá inserir
comentários nas contribuições dos seus colegas. Postar sua contribuição ate
107
*****. Após essa data o sistema bloqueia automaticamente as postagens devido ao encerramento do prazo. FORUM DISCIPLINA05
Participe do fórum de discussão apresentando o seu entendimento sobre a
temática estudada nesta unidade destacando alguma experiencia eu você tenha vivido (ou vive) e que coloca em questão a relação entre coerção e
consciência moral. Atenção: Além de responder o tópico, você deverá inserir
comentários nas contribuições dos seus colegas. Postar sua contribuição ate ****. Após essa data o sistema bloqueia automaticamente as postagens
devido ao encerramento do prazo. FORUM DISCIPLINA06
A critério do professor, mas sob orientação dos proponentes, as atividades no Fórum
recebem um peso, que, se constatou, variava entre 5 e 10% a ser lançado sobre a participação
e contribuição do aluno. Contudo, não ficou evidente qual o critério que o professor utilizaria
para avaliar esses dois elementos já que os pesos referem-se à atividade como um todo: se
utilizaria critérios quantitativos ou qualitativos, tais como quantidade de comentários,
freqüência de participação, qualidade das contribuições, se estas seriam bem fundamentas, por
exemplo. E, se esses critérios seriam informados aos alunos para que estes se preparassem
adequadamente. Acredita-se que ao propor atividades avaliativas, o professor deveria deixar
claro para o aluno os objetivos do uso do instrumento por ele selecionado e os critérios a
serem utilizados na avaliação. Dessa forma, o aluno teria como saber o que dele se espera e,
portanto, poderia tomar as decisões necessárias acerca de sua aprendizagem e o professor
poderia argumentar com o aluno sobre as tomadas de decisão relativas à avaliação do aluno.
Segundo Kratochwill e Silva (2008) o fórum permitiria maior facilidade para o
professor fazer suas observações em relação à participação e contribuição dos alunos em
virtude do tempo em que o fica aberto. Por ser assíncrono, e ficar disponível por um período
maior de tempo, o professor teria oportunidade de acompanhar o andamento das discussões,
as trocas, as interações entre os participantes. Dessa forma, o professor poderia avaliar melhor
a contribuição de cada aluno, os comentários deles sobre as contribuições dos colegas, e a
fundamentação das suas ideias, se estas eram bem fundamentadas ou não, por exemplo.
108
Contudo, com base nas análises dos fóruns e nos relatórios que guardam os registros de todos
os eventos ocorridos no AVA, constatou-se, ao se comparar a utilização da ferramenta
proposta ao longo dos diferentes módulos, que o uso da ferramenta com propósitos avaliativos
apresenta diversos desafios para o professor. Antes de tudo, observou-se que a participação
dos alunos deu-se de forma irregular. Em alguns fóruns, percebeu-se que boa parte dos alunos
participou e em outros que essa participação foi menor.
A análise do uso da ferramenta com base nas observações, também fez perceber que,
em virtude da sua característica assíncrona, o fórum permite que o aluno revise sua própria
participação e a qualidade das suas contribuições e ao fazê-lo, o aluno venha a refletir sobre
sua própria aprendizagem (Autoavaliação). Além do mais, o aluno também poderia ser
convidado pelo professor a refletir sobre a participação e a contribuição dos outros
participantes (Coavaliaçao) (KRATOCHWILL; SILVA, 2008). Não se observou, contudo, a
utilização da ferramenta para conduzir propostas de avaliação como as apontadas acima.
Observou-se que, no curso alvo desta pesquisa, apenas o professor é quem realiza o processo
avaliativo (Heteroavaliação). Mas, para que possa implementar essas formas de avaliação, é
preciso que o professor, antes de mais nada, as conheça. Daí a importância de sua preparação.
Constatou-se, por intermédio das observações, que houve subutilização do fórum
enquanto ferramenta avaliativa. Diante das possibilidades apresentadas pela ferramenta,
acredita-se que esta pode vir a ser uma útil na condução da avaliação da aprendizagem dos
alunos. Seu caráter assíncrono e dialógico abriria espaço para formas alternativas de avaliação
(auto e coavaliaçao) além daquela feita apenas pelo professor permitindo um processo
avaliativo formativo. Todavia, para que a ferramenta venha a ser utilizada nesses moldes,
acredita-se que o professor é peça fundamental na proposição de modelos diferentes de
avaliação, afinal, é ele quem está em contato direto com os alunos, e teria condições de
estimular os caminhos e a construção do processo (KRATOCHWILL; SILVA, 2008). A
109
ferramenta não funciona por si só. É o professor, munido de conhecimentos técnicos e
pedagógicos, que poderia implementar o uso da ferramenta com propósitos avaliativos. Nesse
ponto, concorda-se com Arredondo e Diago (2003) quando ressaltam que, seja qual for a
atividade de avaliação, é professor quem programa o que vai ser avaliado e planeja como vai
fazer isso, e o aluno, por sua vez, tenta ir na direção do que o professor lhe mostra. Considera-
se que a instituição também tem sua responsabilidade na proposição de modelos avaliativos
que contemplem formas diversas de avaliar uma vez que é ela quem define o modelo e
juntamente com o professor planeja e o ajuda a executar o planejamento do processo
avaliativo.
4.2.2.3 Ferramenta de cooperação e interação: Chat
De característica síncrona, o que implica que alunos e professores devem
acessá-la em ao mesmo tempo em horário pré-estabelecido, a ferramenta Chat pode ser útil no
processo avaliativo na medida em que o professor tem como resgatar as diversas trocas
ocorridas entre os participantes uma vez que estas ficam registradas na sala virtual e avaliar a
participação e também a contribuição dos alunos. Constatou-se, contudo, com base nas
observações realizadas no AVA e nos Planos de trabalho que o chat foi uma ferramenta pouco
utilizada pelos professores com propósitos avaliativos.
Com base na análise documental do manual do professor, verificou-se que os chats
poderiam ser agendados em comum acordo entre professores e alunos, ou criados pelos
próprios alunos, que o período de duração de cada chat é de cerca de uma hora. Em virtude da
necessidade de participação simultânea de professor e alunos, os chats eram oferecidos em
duas opções de horário. O trecho abaixo ilustra como um dos professores propôs a utilização
da ferramenta:
Participe de um dos chats agendados nos dias **** e **** das 20h às 21h colocando sua experiência e contribuições de aprendizado decorrentes da
110
experiência na elaboração do projeto ***. O pontos norteadores de reflexão para este Chat estão descritos nos itens abaixo. Importante: o período de
duração do Chat é de 1h (das 20h às 21h). Os alunos poderão escolher uma
das datas para participar do chat de acordo com sua disponibilidade.
(CHATDISCIPLINA04)
No Chat acima, o professou informou o peso da atividade (5%) e os critérios (participe
do chat com suas contribuições).
Observou-se que os chats foram utilizados no curso para o esclarecimento de dúvidas,
revisão de assunto dado, feedback para o aluno e até mesmo questões administrativas
dependendo do tipo de chat proposto. O Chat apresentado no trecho acima, foi o único
utilizado com propósitos avaliativos (MARTINS et al., 2006).
.Concluiu-se, assim, mediante observação no AVA, que o uso do Chat com propósitos
avaliativos apresenta diversos desafios. Entre tais desafios, aponta-se a dificuldade de se
acompanhar a participação e as contribuições dos alunos uma vez que as trocas entre os
participantes vão acontecendo de forma desordenada à medida que o bate-papo se desenvolve.
Contudo, acredita-se que o Chat pode contribuir para que o professor venha a coletar
dados da aprendizagem do aluno caso sejam utilizados os registros que ficam disponíveis após
o encerramento do uso da ferramenta. O professor poderia, por exemplo, conduzir uma
análise do conteúdo das conversas, o que lhe permitiria fazer observações com vistas a avaliar
a produção do aluno. Todavia, com base nas observações realizadas, pode-se pressupor que
esta é uma tarefa difícil e que tomaria bastante tempo do professor, principalmente ao se levar
em consideração a quantidade de alunos matriculados (MARTINS et al., 2006).
4.2.2.4 Ferramentas específicas de trabalho
As ferramentas específicas de trabalho, segundo Gomes (2009) referem-se aos
recursos que permitem com que o aluno faça anotações, referências a partes específicas do
111
curso; acrescente arquivos de diferentes mídias (Diário de bordo); colete e apresente trabalhos
realizados ao longo do curso (Portfólio); apresente graficamente alguma ideia textual (Mapas
conceituais). Seriam ferramentas úteis no processo de aprendizagem do aluno uma vez que
permitem que este produza com base no conhecimento que vai adquirindo, comente sobre sua
própria produção, exponha o produto do seu aprendizado para a comunidade. Acredita-se que,
se realizadas dentro desses moldes, seriam ferramentas úteis no acompanhamento realizado
pelo professor em relação ao processo avaliativo do aluno.
Observou-se que se dispõe de uma ferramenta chamada Blog. Mas, não se constatou
sua utilização. Sendo assim, a partir das observações realizadas no AVA, não ficou evidente o
uso de tais ferramentas. Não se observou qualquer proposta de atividade, seja com propósitos
avaliativos, ou não, que se referisse ao uso de ferramentas semelhantes às aqui descritas.
4.2.2.5 Ferramentas de coordenação
Estes recursos dizem respeito ao material de apoio selecionado pelos responsáveis
pelo processo de ensino-aprendizagem que permitem estruturar o curso. Entre eles, Gomes
(2009) destaca o Material de apoio, os tutoriais ou guias para se dar informações específicas
para o aluno, apresentar o curso, informar sobre as atividades, a estrutura do curso, objetivos,
regras a serem seguidas dentre outras.
Constatou-se, mediante observação no AVA, que se dispõe para o professor e para o
aluno de recursos com objetivos tais como os apontados acima. Entre estes, observou-se o uso
do recurso Plano de Trabalho, cujo objetivo seria disponibilizar para o aluno a proposta do
curso, e entre outras coisas, as formas de avaliação permitindo que este tenha controle sobre o
andamento do curso e se programe com antecedência.
Outro recurso importante é o Material didático online. Observou-se que o recurso
busca apresentar o conteúdo a ser trabalhado de forma dinâmica. Ao acessá-lo, abre-se, para o
112
aluno, uma página em separado contendo informações quanto ao módulo estudado, os
objetivos da aprendizagem, o tempo médio de estudo e o grau de dificuldade sugerido, a
referência aos criadores do módulo, os pré-requisitos necessários para participar do módulo, e
uma sugestão de bibliografia. O aluno, por meio de botões e hiperlinks avança ou retrocede,
página a página, e vai tendo contato com o conteúdo que fundamentaria tanto o seu
conhecimento quanto as contribuições que deve dar nos fóruns e chats. Após ter chegado ao
final de determinado tópico, e à medida que avança nas páginas, surgem pequenos testes com
quantidades variadas de questões do tipo múltipla-escolha ou verdadeiro ou falso. Ao
responder as questões, o aluno clica em um botão e então surge um personagem animado –
uma prancheta sorridente – que diz se o aluno errou ou acertou. Caso acerte, o personagem
sorri e oferece ao aluno outra pergunta. Caso erre, o aluno pode pular para outra pergunta ou
continuar tentando. Nesse caso, surge o personagem zangado, indicando um “não” com o
dedo indicador em riste.
Acredita-se que tal construção do material didático, assemelha-se a cursos no formato
e-learning característicos de cursos ofertados quando do início da internet, que muitas vezes
eram oferecidos em Compact Discs (CD) nos quais o aluno estudava sozinho em seu próprio
ritmo. A presença do personagem que sorri quando o aluno acerta e fica zangado quando este
erra, faz lembrar a aprendizagem por estímulos externos própria do behaviorismo com suas
punições e recompensas. Dessa forma, constata-se que o curso se fundamenta em princípios
construtivistas, mas traz resquícios de uma abordagem comportamentalista. Em termos de
avaliação da aprendizagem, a distribuição do material que permite que aluno estude em seu
próprio tempo e os pequenos testes oferecidos, seriam ferramentas úteis para a auto-avaliação
do aluno. Na medida em que responde às questões, ao acertar ou errar, e receber um retorno
rápido, ele teria a oportunidade de rever tópicos, tirar dúvidas no próprio material e caso não
conseguisse esclarecê-las, poderia fazer suas anotações, observações etc. e apresentá-las para
113
o professor posteriormente ou discuti-las com os colegas. Vale lembrar que o professor tem
controle sobre o acesso do aluno ao material didático podendo assim acompanhá-lo e orientá-
lo, se for o caso. Contudo, os testes que surgem no material didático não geram relatórios para
o professor. Somente o aluno tem acesso aos resultados. Acredita-se, também, que o
importante é o uso que se faz do conteúdo após o aluno ter acessado o material didático.
Embora este tenha um viés comportamentalista, o conteúdo é trabalho em outros momentos
ao longo do módulo, nos fóruns e chats, o que permitiria a construção do conhecimento
mediante a troca e o compartilhamento de ideias. Além disso, observou-se que diversos
professores disponibilizam material de estudo complementar para o aluno por meio de links
para sites fora do ambiente, ou arquivos para os alunos. Dessa forma, o conteúdo é
enriquecido e o aluno conta com outras fontes de conhecimento além daquelas
disponibilizadas no material didático.
Observou-se ainda, entre as ferramentas de coordenação, a Agenda de Prova que
permite que o aluno se organize para as provas que tem que fazer. E a ferramenta Webgrafia
que é uma espécie de biblioteca de links onde se podem sugerir links para material fora do
curso e comentários sobre os mesmos.
4.2.2.6 Ferramentas de monitoramento: Relatórios de Acesso, Relatório de
Notas
Observou-se que no AVA do curso pode-se dispor de uma série de recursos que
permitem que se trace o percurso do aluno ao longo do processo de ensino-aprendizagem.
Estes recursos dizem respeito aos diversos relatórios que ficam disponíveis para o professor e
alguns, para os alunos. A critério do professor podem ser gerados estes relatórios em valores
absolutos ou estatísticas percentuais que indicam os locais que o aluno visitou assim como os
114
recursos que acessou ou um relatório mais específico gerado sobre a participação dos alunos
em um chat que traz a quantidade de contribuições feitas pelos participantes.
Observou-se que além do Relatório de Acesso, pode ser gerado um Relatório de
Provas e o Relatório de Notas. Tais relatórios permitem ao professor ter uma visão geral e
individual do desempenho dos alunos tanto por prova realizada quanto por questão
respondida, caso esta seja tipo múltipla-escolha ou verdadeiro ou falso. O Relatório de Prova
pode ser geral. Nesse último caso, o professor pode acompanhar o desempenho dos alunos
questão por questão e identificar aquelas que tiveram mais erros e acertos.
Constatou-se por meio da análise dessas ferramentas que, apesar do seu caráter
eminentemente quantitativo, ainda assim, o professor teria como acompanhar o
desenvolvimento do aluno no curso na medida em que os dados apresentados nos relatórios
serviriam como indicadores da participação e assiduidade do aluno no curso. Dessa forma, o
professor, diante desses dados, identificaria aqueles alunos cujo acesso aos elementos
essenciais do processo de ensino-aprendizagem tem sido deficientes e procurar encontrar suas
causas junto com o aluno. Ao fazê-lo, o professor estaria ajudando o aluno, orientando-o,
estimulando-o a continuar seu processo de aprendizagem no curso – o que, acredita-se, estaria
dentro das propostas de uma avaliação formativa. Além disso, o professor poderia utilizar
esses dados para conduzir o processo de feedback com o grupo - ou aluno em particular –
sobre seus erros e acertos, dificuldades e facilidades. Acredita-se que esta seria uma
oportunidade importante para o aprendizado do aluno e também para o professor na medida
em que o aluno também poderia ser convidado a fazer comentários sobre os instrumentos
avaliativos utilizados pelo professor, ou mesmo sobre seu processo avaliativo. Nesse caso, a
avaliação seria formativa para os diversos participantes do curso, alunos e professores.
Entretanto, não foi observado, pelos meios adotados na pesquisa, qualquer indício de que o
acompanhamento do aluno tenha sido feito por intermédio do uso desses recursos.
115
Constatou-se, com base na análise do uso dessas ferramentas oferecidas no AVA da
IES, que elas podem vir a ser utilizadas como auxiliares no processo de avaliar a
aprendizagem dos alunos uma vez que possibilitam o controle da participação do aluno e da
assiduidade da entrega das atividades. Contudo, tais recursos seriam insuficientes na
identificação do progresso do aluno e de suas dificuldades (SANTOS, 2008).
Observou-se que o AVA apresenta uma série de recursos essenciais para o
funcionamento do processo de ensino-aprendizagem e que, do conjunto desses recursos, há
algumas ferramentas que poderiam auxiliar o professor no processo avaliativo. Contudo, tais
recursos, por si só, não conduzem o processo. Prescindem da mediação do professor sem a
qual seria difícil a implementação de um modelo de avaliação formativa.
O quadro 12, a seguir, apresenta de forma sucinta os resultados discutidos.
Quadro 12 – Ferramentas disponibilizadas no AVA
FERRAMENTA
SITUAÇÃO
Disponibilidade
no AVA
Utilizada
na
Disciplina
Recurso
pedagógico
Propósito
avaliativo
Docente
Fórum 10 09 09 09
Lista de discussão 00 00 00 00
Mural 00 00 00 00 Chat 10 03 03 01
Wiki 00 00 00 00 Quadro branco 00 00 00 00
Diário de bordo 10 00 00 00
Portfolio 00 00 00 00
Mapas conceituais 00 00 00 00
Plano de trabalho 10 10 10 00
Blog 00 00 00 00
Material didático 10 10 10 00
Coordenação Plano de trabalho 10 10 10 00
Material didático 10 10 10 10
Monitoramento
Relatório de acesso 10 00 00 00
Relatório de notas 10 00 00 00
Relatório de provas 10 00 00 00
116
4.2.3 Modelo avaliativo praticado na IES
Apresentam-se a seguir as categorias de análise dos dados acerca do modelo avaliativo
do curso evidenciados pelas observações e pelo relato dos participantes. São explicitados Os
tipos de avaliação (diagnóstica, formativa, somativa) – os diversos tipos de avaliação
propostos pelo professor em nível micro; Os agentes da avaliação – os responsáveis pela
realização da avaliação em nível micro sejam eles os professores e os alunos identificando sua
função (Heteroavaliação, Autoavaliação, Coavaliação); Os momentos da avaliação – os
momentos nos quais a avaliação é feita, seja antes, durante, ou depois do curso; Feedback da
avaliação – o retorno dado pelo professor para os alunos acerca de seu desempenho ao longo
do curso; Instrumentos avaliativos – instrumentos elaborados pelo professor que o auxiliam
na avaliação da aprendizagem; Critérios – princípios de referência que servem de parâmetro
para realizar a avaliação do aluno; Estratégias – conjunto das ações implicadas na condução
do processo avaliativo.
4.2.3.1 Tipos de avaliação
Mediante observação realizada no AVA do curso e pela a análise do Plano de trabalho
dos módulos construídos pelos professores, constatou-se que foram propostas diversas
atividades avaliativas, exercícios, trabalhos alem de provas online e presencial e que esses
instrumentos avaliativos receberam pesos diferentes e foram utilizados para gerar notas que,
somadas, permitiriam ao professor aprovar ou reprovar o aluno ou indicá-lo para recuperação
ao final de cada módulo.
Observou-se que houve orientação do professor e atenção às dúvidas e
questionamentos dos alunos ao longo do curso nos seus variados módulos. Em diversos
momentos, alguns professores demonstraram estar acompanhando o processo de
117
aprendizagem incentivando os alunos, respondendo suas dúvidas, como se pode ver no trecho
abaixo:
Pelo contrário, sempre que alguém posta uma pergunta básica no fórum há mais uns 20 que agradecem silenciosamente por terem uma dúvida
semelhante mas talvez não ainda o desprendimento necessário para explicitá-
la. Na base do aprendizado, certamente um pouco de desprendimento e de humildade são fatores de sucesso imprescindíveis. Conte sempre conosco e
com os colegas. As perguntas mais básicas em geral são as mais importantes,
pois focam em conceitos fundamentais que servirão de base para as demais
reflexões e considerações mais avançadas. PROFESSORALAFA03.
Contudo, esse acompanhamento se deu essencialmente durante os fóruns e chats de
dúvidas. Não se observou a utilização dos resultados advindos dos instrumentos avaliativos,
sendo utilizados, por exemplo, no acompanhamento do aluno e nem na reorientação da sua
aprendizagem. Sendo assim, por mais que tenham existidos momentos de troca, ou variação
dos instrumentos e propostas avaliativas por meios de atividades, trabalhos, exercícios,
constatou-se que o processo avaliativo teve como objetivo principal o controle e a
certificação.
Como já mencionado, quando se identificaram os proponentes do processo avaliativo
na IES, em diversos trechos das normas internas da IESALFA foram encontradas evidências
do tipo de avaliação praticado na IES:
A verificação do aproveitamento do aluno deve ser feita ao longo do curso,
mediante avaliação única ou em partes, compreendendo notas de acordo com
a determinação de cada projeto. (RESOLUÇAO INTERNA da IESALFA)
Na análise desse trecho das resoluções que normatizam o processo avaliativo na IES,
percebeu-se a utilização do termo “ao longo do curso”. Este seria um indicador de uma
mudança de perspectiva em favor de uma avaliação formativa. Contudo, termos tais como
“verificação do aproveitamento”, “avaliação única ou em partes compreendendo notas”,
seriam indícios de um tipo de avaliação mais tradicional, cuja ênfase recairia nos resultados,
na obtenção de notas, próprios de um modelo de avaliação somativo. Acredita-se que ao
118
propor uma avaliação “única”, está-se propondo uma avaliação pontual, provavelmente
realizada ao final do curso e que, portanto, não serviria para regular a aprendizagem do aluno,
apenas classificá-lo. Ao propor uma avaliação “em partes” com somatório de notas ao final da
unidade, módulo ou curso como critério de aprovação ou reprovação do aluno, se está
fazendo, na verdade, uma avaliação somativa. Nessa perspectiva, a avaliação desempenharia a
função de certificação cujo objetivo seria satisfazer as necessidades classificatórias validadas
pela instituição, ocorridas em momentos presenciais obrigatórios “determinados oficialmente
pelas agências certificadoras que impõem um momento presencial formal para que se
realizem provas isoladas e descontextualizadas do restante dos momentos de ensino e
aprendizagem (KENSKI, 2006)”.
A respeito do uso de diversos instrumentos com propósitos avaliativos, concorda-se
com Arredondo e Diago (2003, pg. 377) quando defendem que “avaliação contínua formativa
não significa exame contínuo. Os instrumentos são tão variados e versáteis que permitem
colher continuamente dados sobre a aprendizagem dos alunos, sem a necessidade de nenhuma
prova”.
Diante do exposto acredita-se que o tipo de avaliação praticado na IESALFA, apesar
de conter elementos próprios de uma avaliação formativa, é na verdade um tipo de avaliação
somativo mais voltado para a classificação. Contudo, não se quer dizer que a avaliação
somativa não teria seu valor como diz Arredondo e Diago (2003, 475).
Não faz sentido negar o valor da avaliação somativa querendo contrapô-lo a formativa. Os resultados pessoais e acadêmicos que uma avaliação final
somativa avaliza revalidam os progressos e conquistas da avaliação
formativa, dão-lhes credibilidade e vice-versa. A historia do processo – avaliação formativa – dá valor aos dados dos resultados – avaliação final
somativa.
119
A questão está em utilizar apenas um tipo de avaliação em virtude de regras e normas
institucionais e subutilizar as possibilidades de implementação de outros tipos que também
podem ser enriquecedores para o processo de ensino e de aprendizagem.
4.2.3.2 Agentes da avaliação
Essa categoria diz respeito aos possíveis atores do processo avaliativo que podem ser
tanto o professor (heteroavaliaçao), quanto o aluno, ao avaliar-se (auto-avaliação), como
também os alunos ao avaliarem uns aos outros (coavaliaçao). Tais propostas poderiam levar o
aluno a ter maior responsabilidade sobre sua própria aprendizagem. Tradicionalmente, fica
relegada apenas ao professor a tarefa de avaliar a aprendizagem dos seus alunos, contudo, a
proposição de atividades nas quais o próprio aluno se avalia ou os alunos se avaliam traria
ganhos para o processo (SARDELICH, 2006). No sentido de identificar a atuação dos
diversos atores no processo avaliativo, buscou-se observar tais indícios tanto no AVA do
curso, quanto por intermédio do guia de entrevista online.
As propostas avaliativas do curso, de acordo com a Coordenação, são de
responsabilidade do professor mediante orientação da equipe multidisciplinar. Em discussão
com a equipe, o professor selecionaria os instrumentos a serem utilizados, os momentos nos
quais seriam utilizados, as ferramentas de comunicação, os critérios e os pesos de cada
atividade. Evidenciou-se a participação da equipe multidisciplinar nesse processo no
enunciado da Coordenação: “A prova presencial é feita em conjunto com a coordenação.
Cada professor do módulo manda um conjunto de questões, elas são compiladas pela
coordenação”.
Mediante observação, constatou-se que o professor foi o agente principal da avaliação.
A equipe técnica e a coordenação funcionaram como controladores ou orientadores do
processo, mas não como agentes avaliadores. Entende-se que é, de fato, do professor a tarefa
120
principal de avaliar seus alunos uma vez que é ele quem está em contato direto com os alunos
durante todo o processo de construção do conhecimento. Mesmo que o processo tenha sido
decidido em conjunto com a coordenação e os designers instrucionais, seria o professor o
responsável pela escolha e modificação dos instrumentos e atividades avaliativos (MATTAR,
2009).
Apesar de ser agente principal da avaliação, percebeu-se que o desenho didático do
curso prevê alguns momentos nos quais o aluno é convidado a se autoavaliar, mesmo que
informalmente, durante os pequenos testes programados no material didático. Nesses testes, o
aluno teria a oportunidade de refletir sobre seu aprendizado em relação ao conteúdo e utilizar
essa reflexão em outros momentos junto ao professor e ou aos colegas. Contudo, acredita-se
que apenas isso não seja o bastante, afinal, colocar o aluno como corresponsável pela sua
trajetória dentro do curso, é algo que vai além de apenas responder a algumas perguntas sobre
o conteúdo disponibilizado. Como ilustração, apresenta-se a resposta do
PROFESSORIESALFA01 a pergunta sobre a dificuldade de se avaliar o aluno online :
(...) quando se pede resumos, trabalhos escritos sobre um assunto, atualmente nos deparamos com uma série de cópias de textos da internet. A
dificuldade neste caso, não está em avaliar no AVA como muitos
consideram, mas sim como o trabalho foi elaborado. Sabe-se que a urgência no modelo e o fato das pessoas acharem que a modalidade é "fácil" tendem a
realizar os trabalhos de qualquer maneira. Neste sentido, penso que está
dificuldade sobrepõe qualquer outra quando se fala em EAD. Porém, é importante lembrar que a elaboração da atividade pode reduzir esse tipo de
atitude do aluno (...) PROFESSORIESALFA01.
Percebe-se, no enunciado do professor, a preocupação com a questão da confiabilidade
dos trabalhos realizados pelos alunos. O professor informa que a dificuldade de avaliar teria
origem na elaboração das atividades realizadas pelos alunos e na garantia de que estes
realmente fizeram o próprio trabalho e se o fizeram com qualidade uma vez que acreditam
que o aprendizado online é mais fácil que o presencial. E ao final do enunciado, o professor
diz que a elaboração da atividade seria uma solução para mudar essa cultura avaliativa no
aluno. Apesar do trecho não mencionar a questão da auto avaliação, pretende-se sugerir com
121
ele que talvez essa postura do aluno tenha relação com o formato consagrado de avaliação: o
professor propõe as atividades, estipula um prazo de entrega, o aluno, em muitos casos o
entrega em cima da hora, o professor corrige, coloca a nota e termina o processo. Diante
disso, pergunta-se, será que a proposição de momentos nos quais o aluno venha a se
autorregular, ou ser convidado a refletir sobre sua trajetória no curso, incluindo-se aí as
atividades que realiza, não seriam alternativas úteis na busca para a solução das dificuldades
apontadas pelo professor? Acredita-se que ao colocar o aluno como agente da própria
avaliação, por meio de propostas com critérios e objetivos bem definidos, se estaria abrindo
possibilidades para a mudança de atitude em favor de uma aprendizagem com mais
participação e responsabilidade o que talvez viesse ajudar a reduzir os problemas de qualidade
e confiança apontados pelo professor.
Observou-se que ao longo de todo o curso, muitas das propostas avaliativas
utilizaram-se de trabalhos escritos, individuais ou em grupo que eram entregues ao professor,
apenas para a sua apreciação, como se vê no trecho abaixo:
Ler e estudar o texto: “uma empresa de TI (...)”. Durante a leitura, procure relacionar os conceitos referentes ao Gerenciamento de Recursos (...).
Responda individualmente as questões apresentadas ao final do arquivo.
PROPOSTAVALIATIVA01
Trabalho: Elabore, individualmente, ou em grupo de até 6 alunos, um plano
de *** para um projeto de qualquer área de atuação. Recomendo que seja utilizado como base o mesmo projeto que escolheram para o Módulo ***
com o professor ***. Assim, será possível aproveitar o trabalho que já foi
desenvolvido como base para o desenvolvimento do Plano ***. O objetivo
deste trabalho é a aplicação prática dos conceitos aprendidos sobre o planejamento dos recursos humanos em ***. Atenção, caso o trabalho seja
em grupo, os integrantes devem eleger um colega para entregar o trabalho
em nome do grupo, e neste caso, a copia do trabalho deve conter o nome de todos os integrantes do grupo. PROPOSTAAVALIATIVA03.
No caso da PROPOSTAVALIATIVA01, pede-se que o trabalho seja realizado
individualmente e enviado para a correção pelo professor. No segundo caso,
PROPOSTAVALIATIVA03, pede-se que o aluno realize o trabalho em grupo ou
122
individualmente e envie ou enviem o trabalho para o professor. São exemplos de atividades
que tem o professor como único agente da avalição. Em ambos os casos, acredita-se, haveria
oportunidade de enriquecer as propostas avaliativas e oportunizar alternativas para a
heteroavaliação. Acredita-se que ao fazê-lo se estaria contribuindo para que o aluno fosse
levado a indagações sobre o processo de realização da atividade, sua qualidade, as estratégias
criadas, as relações entre os conteúdos, os autores e as fontes estudadas, as contribuições
realizadas (NUNES; VILARINHO, 2006). Sabe-se, contudo, que para que sejam
implementadas atividades nesses moldes, seria necessária uma mudança de postura tanto do
professor quanto dos alunos o que implica que ambos deveriam ser preparados de forma
satisfatória para que essas funções de agentes avaliativos fossem desempenhadas e com
qualidade (NUNES; VILARINHO, 2006).
4.2.3.3 Momentos da avaliação
Com base nas observações e na análise documental, constatou-se que a avaliação foi
planejada para ocorrer ao longo de todo o módulo da disciplina e ao final do processo de
ensino e aprendizagem como um todo como informa a própria Coordenação: “durante todo o
módulo. Presencialmente são feitas duas avaliações ao longo do curso. Semanalmente o aluno
entrega atividades que valem nota”.
Constatou-se que se planejou uma espécie de avaliação diagnóstica, que normalmente
ocorre ao início do curso ou unidade didática com vistas a se conhecer o aluno e saber sobre
seus conhecimentos prévios que podem ajudá-lo no decorrer do curso e na falta deles,
procurar auxiliar o aluno. A primeira disciplina do curso foi voltada para a ambientação do
aluno na sala de aula online e adaptação ao ensino-aprendizagem nessa modalidade. Durante
essa ambientação, o aluno foi convidado a realizar atividades que foram pontuadas, mas não
consideradas para sua avaliação. Tais atividades, acredita-se, permitiriam ao professor
123
conhecer os alunos, saber das suas experiências anteriores com relação ao conteúdo do curso e
também à modalidade de ensino.
Por meio da análise do Plano de Trabalho, observou-se que ao longo do curso, foram
propostas diversas atividades avaliativas, incluindo-se exercícios, e trabalhos que ajudariam o
professor a acompanhar o progresso do aluno. Contudo, não se teve como saber se tais
atividades foram utilizadas numa perspectiva formativa uma vez que não se teve acesso aos
professores que poderiam esclarecer essa questão. Observou-se que todas as atividades
propostas tinham um determinado peso e estavam atreladas a notas.
Ao final de cada módulo, constatou-se que se disponibilizava uma prova online para o
aluno e ao final do curso, uma prova presencial.
Pode-se inferir que houve preocupação por parte dos proponentes da avaliação em não
se avaliar o aluno apenas em um momento pontual ao final do curso. Infere-se que se buscou
uma avaliação processual e contínua, contudo, não se tem como evidenciar que isso de fato
tenha ocorrido numa perspectiva formativa. O estabelecimento de pesos e a presença das
provas online e da prova presencial, realizada ao final de algumas etapas do curso e com peso
maior para esta última, são indicadores da realização de uma avaliação somativa. Entretanto, a
presença dos três tipos de avaliação ocorridos antes, durante e ao final do processo seria um
indício de que se buscam dados não apenas quantitativos, mas também qualitativos sobre a
aprendizagem dos alunos.
4.2.3.4 Feedback da avaliação
O feedback diz respeito a intervenção que o professor faz e que se acredita tem
impacto na aprendizagem. Sendo assim, a sua importância residiria no fato de que ao dar
retorno ao aluno sobre as suas atividades, por exemplo, este teria como reorientar o seu
processo de aprendizagem. Acredita-se que o retorno dado ao aluno ao longo do curso seria
124
importante para o seu autoconhecimento na medida em que o professor pode apontar seus
pontos fortes e o que precisa ser melhorado. Nesse sentido, o feedback seria um elemento
importante dentro do processo de avaliação da aprendizagem que não acaba depois de se dar
nota ou se indicar o que esta bem ou mal nas tarefas dos alunos. Para se completar o processo
avaliativo seria fundamental informar aos alunos suas conquistas ou erros (ARREDONDO e
DIAGO, 2003). Para esses autores:
A correção com o fim de se obter informação que possa fornecer a avaliação adequada do rendimento dos alunos deve estar enquadrada em acordos
fechados previamente entre os professores e entre esses e seus alunos:
critérios de correção e propostas de recuperação”. (ARREDONDO e DIAGO, 2003, pg. 470).
Partindo-se desse princípio, buscou-se encontrar evidências da sua realização no
processo avaliativo ocorrido no curso.
Por intermédio da observação das práticas avaliativas no curso, constataram-se
algumas questões referentes ao retorno dado pelo professor aos seus alunos. Antes de tudo,
constatou-se que o AVA dispõe de diversos recursos que permitem que sejam feitos
comentários relativos à trajetória do aluno na sala de aula virtual. Dentre os recursos
disponibilizados apontam-se: a ferramenta Correios, que o professor pode utilizar para enviar
comentários diretamente para a caixa postal eletrônica do aluno; a facilidade Contatos nos
quais se mostra uma lista com todos os participantes do grupo e seus respectivos endereços
eletrônicos, o que permite que os participantes se comuniquem; o Fórum de Dúvidas, e o Chat
que podem ser utilizados para se dar feedback geral sobre a turma abrindo-se espaço para uma
discussão sobre a trajetória dos alunos como um todo. O trecho abaixo, extraído de um fórum,
ilustra como o feedback poderia ser dado para a toda a turma.
Boa noite a todos!
Primeiramente gostaria de parabenizar à turma pela participação em termos quanti e qualitativos nos fóruns da parte de **** seja de análise *** com 60
125
participações e analise *** que até agora tem 15 excelentes contribuições. (FEEDBACKIESALFA01)
No dado apresentado acima, o professor parabeniza os alunos pela quantidade e
qualidade das contribuições e participação nos fóruns. Contudo, poderia concentrar-se em
questões mais específicas e discuti-las com a turma, caso desejasse, uma vez que a ferramenta
permite isso.
Além dessas ferramentas, o professor ainda pode dar retorno ao aluno sobre seus erros
e acertos nos próprios trabalhos realizados e nas Provas online, onde há espaço para a
colocação de comentários gerais sobre a prova como um todo ou comentários específicos para
cada questão.
Por meio da observação, constatou-se que os professores comportaram-se de forma
diferente em relação ao uso do feedback. Verificou-se que apenas alguns professores
utilizaram-se o espaço da prova para fazer comentários sobre os resultados atingidos pelos
alunos. Outros professores fizeram o feedback de forma individualizada por meio das
ferramentas disponibilizadas no AVA, como indica o PROFESSORIESALFA01, o
“feedback foi feito individual em cada documento e ainda pela Rádio. Este foi um método
excelente. O PROFESSORIESALFA02 afirmou que: “Todas as tarefas e fóruns recebem
feedbacks, assim como as provas são todas lidas e marcadas onde o estudante deixou de
acertar”. Contudo, com base nas observações, verificou-se que nem sempre esse feedback é
feito em relação às provas ou atividades propostas ao aluno. Ao ser indagado sobre a razão
para isso, a Coordenação explicou que nem todas as avaliações online recebem feedback do
professor uma vez que este retorno seria automatizado como se vê no trecho abaixo:
(...) nas avaliações online, eles tem gabarito. No gabarito é comentado qual
que é a resposta correta, ta, e muitas são de correção automática feita pela própria ferramenta. Então todas que são de verdadeiro ou falso, ou de
múltipla escolha são de correção automática pela ferramenta. Então,
realmente nesse momento, sim, não eh dado feedback para o aluno pelo professor, apesar de ter espaço pra isso. Mas, tem um gabarito que diz “olha,
é:::a resposta é essa, o que que é o caminho crítico, dai, tem lá na resposta,
126
no gabarito, que o caminho critico que o aluno tem acesso a essa informação. (...) fazer avaliação online, com varias questões onde o professor der esse
retorno a cada uma delas seria muito complicado.
(COORDENAÇAOIESALFA).
Com base no enunciado da Coordenação, infere-se que o feedback para o aluno pode
ser dado automaticamente em virtude, talvez, da dificuldade para se avaliar todas as
produções dos alunos dentro de certas limitações, entre elas tempo restrito do curso.
A questão do tempo para corrigir a produção dos alunos, e consequentemente, lhes dar
retorno é uma dificuldade apontada pelo participante, o PROFESSORIESALFA02, “tempo
para a correção, pois como não haverá uma interação face a face temos que explicar os erros
de forma que os alunos compreendam e aprendam com a correção”. Acredita-se que essa é
uma questão que merece reflexão, ainda mais se se levar em consideração a quantidade de
alunos participantes do processo. Entretanto, como o feedback constitui um elemento
importante da avaliação da aprendizagem, acredita-se que seria válido encontrar formas de se
contornar o problema e implementar o seu uso. E nesse aspecto, uma solução possível seria
priorizar algumas atividades avaliativas, como se infere a partir do enunciado da Coordenação
da IESALFA:
Mas as atividades entregues como, como trabalhos, eh, atividades que são
preenchidas de forma não online esse feedback é dado. Se você está falando online, não. Por que a própria ferramenta faz a correção nas questões abertas
o professor faz se tiver sentido ele dar retorno. Tá mas não é uma obrigação
do professor dar retorno em cada questão da avaliação. por que a avaliação ela é pontual , se você, dentro do módulo, das trintas horas por exemplo, do
modulo, as avaliações elas formam lá três horas. Você tem ai vinte e sete
horas de outras atividades que essas sim são recebem maior ênfase e retorno
do professor. (COORDENAÇAOIESALFA).
A análise dos enunciados de alguns alunos encontrados nos chats e fóruns e da
resposta da monitoria para a questão do retorno das propostas avaliativas permitiu inferir que
há insatisfação em virtude da demora na entrega dos resultados das atividades como se pode
observar nos trechos a seguir:
127
Bom Dia, Gostaria de saber quando vamos receber as notas. Já concluímos alguns módulos e eu gostaria de saber como estamos indo. Na intranet ainda
estão como não lançadas. Seria interessante termos as notas para saber como
está nosso desenvolvimento Como temos pouco tempo, nos dedicamos
apenas o possível e as notas seriam um bom parâmetro para saber se está sendo suficiente. Grato pela atenção, (ALUNOIESALFAFBCK01).
Boa tarde. No módulo **** não consta nenhuma nota para mim, a não ser a do módulo 6. O professor já terminou todas as avaliações? Como faço para
saber quais são minhas notas? Lembro que entreguei todos os trabalhos dos
módulos. (ALUNOIESALFAFBCK02).
Por favor, gostaria de saber sobre o fechamento das notas de ***, *** e ***.
Será que já foram fechadas, pois na intranet não aparecem. Obg,
(ALUNOIESALFAFBCK03).
Olá ** e **, os professores ainda não finalizaram as notas desses módulos. O
professor *** enviará um e-mail quando ele finalizar e o professor *** espera fechar as notas essa semana. Um abraço (MONITORIAIESALFA)
A própria Coordenação reconhece essa questão da demora em dar retorno ao aluno,
quando diz que “às vezes o professor acaba atrasando um pouco isso, com entrega das notas e
aí o aluno consegue perceber o desenvolvimento dele ao longo do módulo em função desse
retorno que o professor dá”. A Coordenação diz que o professor atrasa um pouco, contudo,
observou-se que houve casos em que o professor atrasou até 30 dias para dar retorno aos
alunos. Retorno esse que, vale frisar, se refere à mera entrega da nota da prova, sem
comentários individualizados sobre os erros e acertos. Entretanto, infere-se nas entrelinhas do
enunciado da Coordenação que o feedback vem a ser um fator importante para a
aprendizagem do aluno quando diz que o aluno consegue perceber seu desenvolvimento por
intermédio do feedback dado pelo professor.
A partir da análise dos enunciados do aluno ALUNOIESALFAFBCK01 e de outros
semelhantes, encontrados no AVA, infere-se que se utiliza como feedback a prova corrigida,
em termos de nota, como parâmetro para saber como anda seu desempenho. Infere-se a partir
daí, que talvez não se esteja praticando uma ação de retorno para o aluno em outros momentos
do curso a não ser ao final do processo. Acredita-se que este fato esteja relacionado à
128
concepção de um tipo de avaliação que dá ênfase a atribuição de notas normalmente entregues
ao final do período quando já não há muito que fazer pela aprendizagem do aluno. Seria
indício de uma avaliação ainda pouco democrática e tradicional (ARREDONDO e DIAGO,
2003).
Inferiu-se, a partir do enunciado da Coordenação, que a Monitoria desempenha
importante papel no sentido de acompanhar o aluno e dar algum feedback para o professor e
coordenação. A partir de relato da Coordenação, constou-se que a Monitoria observa o
andamento do aluno buscando identificar aqueles que não estão tendo bom desempenho ou
que não estão participando dentro do esperado – o que já demonstra alguma forma de
avaliação – e os informa à coordenação que se encarregaria de tomar as devidas providências.
O monitor é que faz o acompanhamento do ambiente. O monitor percebe se o aluno não esta se desenvolvendo e leva pro professor ou pro coordenador,
percebe se o aluno esta ausente, se não ta colocando atividades então esse
monitor entra em contato, vê se tá precisando de algum suporte adicional, então esse monitor faz essa interação. (COORDENAÇAOIESALFA).
O retorno ao aluno, acredita-se, mantém relação com os procedimentos adotados em
relação aos alunos que apresentam alguma dificuldade na sua trajetória ao longo do curso. e
ao processo de recuperação e a aprovação ou reprovação do aluno.
Como constatado, o curso trabalhou com sistema de notas e pesos que ao serem
calculados ao final de determinado período geram uma nota média (40 por cento das
atividades a distância e 60 por cento da prova presencial). Inferiu-se, com base nas análises do
Manual do aluno e do professor e em diversos enunciados encontrados nos Fóruns de dúvidas
do AVA, que, assim como ocorre em outras modalidades de ensino e aprendizagem, o aluno
que não atingir a média, estaria reprovado. Contudo, antes disso ocorrer, o aluno ainda
contaria com recursos de recuperação que consistiam de trabalhos ou exercícios como se pode
ver nos trechos seguintes:
129
Oi ****, o professor *** já finalizou a correção. Caso você não tenha atingido a média, tem um trabalho de recuperação. Se preferir, entre em
contato com o professor. Um abraço (PROCESSREC01).
Oi ***, nosso próximo encontro presencial será no dia 01/09. Vai ter sim uma atividade de recuperação, que será disponibilizada depois da segunda
prova presencial, ok? Um abraço e boa semana. (PROCESSREC02).
Entende-se que a recuperação seria mais uma oportunidade de orientação para o aluno.
Para tal, “deveriam ser fornecidas novas estratégias que facilitassem seu processo de
aprendizagem, acordes com suas possibilidades e características” evitando-se que “a
recuperação seja a repetição de exames similares ao que o aluno já realizou. (ARREDONDO
e DIAGO, p. 502).
4.2.3.5 Instrumentos avaliativos
Com vistas a se identificar os instrumentos avaliativos utilizados pelos professores,
foram realizadas observações no AVA do curso e elaboraram-se questões no roteiro de
entrevista da coordenação e no guia de entrevista enviado online. O objetivo foi o de conhecer
os tipos de instrumentos avaliativos, a sua elaboração e finalidade.
Mediante observação do ambiente online e análise dos Planos de trabalho dos
professores, constatou-se que foram utilizados atividades individuais chamadas exercícios, ou
exercícios de fixação, trabalho individual, trabalho em grupo, chat, fóruns, provas online, e
prova presencial. Desses, os instrumentos mais utilizados foram o fórum e os exercícios.
Verificou-se, no entanto, que exercícios e trabalhos foram elaborados basicamente da mesma
forma. Os exercícios referiam-se a atividades realizadas ora em grupo ora individualmente
assim como os trabalhos individuais ou em grupo. Observou-se que as atividades avaliativas
foram dispostas de forma intercalada com o conteúdo. A instituição orienta que exista uma
variação de tais atividades e distribuição de pesos baseada em determinados critérios.
130
Ao serem questionados sobre os instrumentos avaliativos que utilizam e sobre quem os
elabora, e qual a sua função, os professores e a coordenação mencionaram basicamente os
mesmos. O PROFESSORIESALFA01 exprime que propõe trabalhos individuais específicos.
Resumos, estudos de caso e leitura com interpretação. Segundo o participante, por exigência
da coordenação da IES, cada módulo deve ser constituído de material de leitura, fórum,
atividades, vídeos e questionário. O PROFESSORIESALFA02 indicou qu estões semanais,
fóruns e duas avaliações. O professor afirmou não gostar de fazer prova objetiva, pois
considera importante observar a escrita do aluno. Segundo a Coordenação da IES ALFA, os
instrumentos utilizados são os trabalhos individuais, atividades em grupo, o fórum de
discussão e as avaliações online.
Acredita-se que seria importante utilizar instrumentos variados que possibilitassem
diversidade na coleta de dados sobre a aprendizagem dos alunos e com diferentes funções –
diagnóstica, formativa ou somativa. (LUCKESI, 2011). Contudo, tal diversificação somente
faria sentido caso os instrumentos fossem escolhidos mediante um planejamento criterioso
que levasse em consideração o contexto no qual o processo avaliativo ocorre.
O instrumento precisar ser escolhido e construído intencionalmente e com capacidade de coletar dados que o avaliador necessita para configurar e
qualificar a realidade com a qual está trabalhando. O critério que viabiliza a
seleção do instrumento e sua configuração parte da própria fonte do objetivo investigado. Este oferece ao investigador os contornos necessários do
instrumento para coleta de dados. (LUCKESI, 2011, p.337)
Segundo a Coordenação, o professor atua em conjunto com a equipe multidisciplinar
que o orienta o professor na elaboração dos instrumentos avaliativos. Sendo assim, mediante
essa orientação, o professor teria liberdade para selecionar os instrumentos, construí-los,
alterá-los, decidir sobre sua frequência, notas e pesos (MATTAR, 2011).
Mediante análise do Plano de trabalho e das atividades propostas, inferiu-se que o
processo de elaboração dos instrumentos ocorreu por meio de busca no material didático da
disciplina. Corroborando com esse achado, o participante Professoralfa02, assegura que as
131
atividades foram “elaboradas a partir do conteúdo do material do aluno. Seleciono pelo que
acredito ser mais relevante sobre o assunto para formação daquele perfil de estudante”.
A declaração do Professoralfa02 pode estar relacionada com a preocupação em se
elaborar o instrumento avaliativo em função do conteúdo. Considera-se essa ação necessária,
afinal o conteúdo dever ser aprendido. Entretanto, acredita-se que o professor deveria estar
atento para não utilizar um único instrumento pontual para avaliar a aprendizagem de todo o
conteúdo. Com base na afirmação do Professoralfa01 e do Professoralfa02, que disseram
utilizar diversos instrumentos ao longo do processo avaliativo e no que foi encontrado por
meio de observação no AVA do curso, infere-se que houve preocupação em se realizar uma
avaliação processual, apesar de ser a prova presencial o instrumento com maior peso.
Além do processo de elaboração acima citado, o professor ainda contaria com a
possibilidade de utilizar instrumentos previamente elaborados, como se infere a partir do
enunciado da Coordenação da IES ALFA: “a seleção dos instrumentos se dá na fase de
planejamento do módulo. Caso alguma atividade já esteja preparada, pede-se que o professor,
altere o que for necessário”.
Constatou-se que há diversidade de instrumentos. Contudo, houve predileção pelo uso
de apenas algumas delas – Fórum e Exercícios. Não ficou clara a forma de utilização dos
mesmos, tampouco o que é feito a partir deles. Infere-se, com base na análise do Plano de
trabalho e de alguns trabalhos e provas a que se teve acesso, que a função dos instrumentos
ainda estaria fortemente voltada para atribuição de notas e classificação, apesar de se
reconhecer a necessidade de se realizar um processo avaliativo contínuo e processual. A
pouca variedade de instrumentos, todos com notas, o uso frequente dos mesmos instrumentos
e com questões tradicionais como ler e fazer um resumo, acredita-se, é subutilizar as
potencialidades do ambiente que poderia se beneficiar dos recursos da web 2.0, por exemplo.
132
A análise dos Planos de trabalho permitiu inferir sobre as propostas de atividades
avaliativas inseridas nos instrumentos que consistiam de exercícios e trabalhos individuais ou
em grupo. Entre tais propostas, observou-se o estudo de caso, discussão sobre o conteúdo,
resumos ou sumários, questionários foram os mais frequentemente utilizados.
Nos trabalhos, os professores sugeriam a formação dos grupos, informando o número
máximo e mínimo de participantes, além de outras informações necessárias à condução da
atividade como se vê no trecho abaixo:
De acordo com as orientações do arquivo ***, os alunos deveram formar grupos de até 5 integrantes para trabalharem nos exercícios que serão
desenvolvidos ao longo de todo o módulo. Durante o módulo, os alunos
utilizarão a ferramenta Grupos para desenvolver os trabalhos propostos. Dentro de cada grupo estarão disponíveis ferramentas de comunicação
como: chat, fórum e correio para que os integrantes conversem entre si. É
importante que cada grupo defina um representante para postar os trabalhos
em nome de todos. (ATIVIDADEAVALIATIVA01)
Esses grupos trabalhavam juntos na resolução de tarefas que exigiam a aplicação dos
conhecimentos adquiridos:
Exercício em equipe (a mesma forma na unidade 2). Tome as decisões para
o mês de fevereiro, nas áreas de marketing, de produção, de pessoas e
finanças. (...) Um único integrante do grupo deverá fazer a postagem do trabalho. (ATIVIDADEAVALIATIVAEX01)
Notou-se que alguns professores deixam livre para os alunos a decisão de participar ou
não de um grupo ou fazer seu trabalho sozinho. Acredita-se que essa é uma atitude importante
por parte do professor. Seria um indicador de que se levaria em consideração a
individualidade, e as preferências dos alunos. Afinal, nem todos aprendem da mesma forma
ou de forma padronizada. Acredita-se que essa seria uma atitude mais democrática e menos
impositiva de propor a realização de um trabalho e que teria impacto na avaliação individual
ou grupal dos alunos.
Observou-se que há meios disponibilizados para que os membros do grupo entrem em
contato entre si e tomem as decisões necessárias para resolução das propostas do professor.
133
Acredita-se, que esse seria outro ponto positivo, pois favoreceria a interação entre os
participantes sem a intervenção ou o controle do professor.
Entende-se que a realização de trabalhos em grupo traria para o professor a vantagem
da possível diminuição em sua carga de trabalho. Levando-se em consideração o tipo de
atividade proposta e a quantidade de alunos, a correção de todas as tarefas e o retorno dos
seus resultados para cada um dos discentes poderia ser uma tarefa desgastante e longa para o
professor. Chama-se atenção, contudo, para o risco de não se saber se todos os integrantes
estariam participando da mesma forma ou se não estariam delegando aos colegas a
responsabilidade na resolução das tarefas propostas - como frequentemente ocorre no ensino
presencial. Mais uma vez, entende-se que a auto e a coavaliaçao seriam importantes na
diminuição deste risco. A primeira por permitir que o aluno reflita sobre sua atuação e
responsabilidade e como seu comportamento poderia influenciar na avaliação da produção do
grupo como um todo. E a segunda, a coavaliaçao, que permitiria que os integrantes
avaliassem a participação e a contribuição, além da produção de todos entre si ou entre
grupos. Estes dados poderiam, ou não, serem reportados ao professor.
Percebeu-se repetição nas propostas avaliativas. Em todos os módulos, os enunciados
das atividades, fossem elas exercícios ou trabalhos, eram sempre os mesmos.
Com base nas leituras realizadas durante a Unidade 2 e nos grupos já definidos, responsa o questionário disponível no arquivo: ***. O objetivo
deste exercício é identificar aplicações concretas para cada método de
integração e critério de sucesso apresentado. (...) os aluno deverão eleger um integrante da equipe para realizar a entrega do trabalho. não esqueça de
especificar o nome de todos os integrantes (ATIVIDADEAVALIATIVA02)
Com base nas leituras realizadas na atividade anterior e no contexto
empresarial/estratégico da organização escolhida, contextualiza a realidade
apresentada na leitura para a empresa sob estudo respondendo o questionário
disponível no arquivo.: ***. O objetivo deste exercício é mapear o contexto estratégico da organização em foco (...) Os aluno deverão eleger um
integrante da equipe para realizar a entrega do trabalho. não esqueça de
especificar o nome de todos os integrantes (ATIVIDADEAVALIATIVA05)
134
Entende-se que isso facilitaria o trabalho do professor, e também da ambientação do
aluno na sala de aula virtual. Como se trata de alunos de níveis socioculturais diferentes, e
conhecimentos distintos, talvez essa padronização facilitasse a prática de ensino e
aprendizagem. e consequentemente da avaliação, uma vez que o aluno já saberia de antemão
o que tem que fazer para atender aos critérios de aprovação, e com isso, se programar.
Contudo, questiona-se se essa padronização, por outro lado, não engessaria o sistema vindo a
se tornar um fator de acomodação tanto para o professor quanto para o aluno. Para o
professor, pois este não buscaria propor atividades diferentes e mais desafiadoras a partir da
utilização de outros recursos a disposição da EAD online. Para o aluno, que ao não ser
oferecido atividades avaliativas desafiadoras, poderia perder sua motivação e interesse, vindo
a fazer as tarefas de qualquer forma.
Nos fóruns, as propostas eram de postagem de comentários sobre algum tópico
estipulado pelo professor. Também, com pouca variação.
Você deverá postar um comentário sobre a análise e o diagnóstico da
situação do mercado e das empresas com base nos relatórios gerenciais. Aproveite os comentários dos seus colegas para auxiliá-lo no processo
decisório da sua empresa. (ATIVIDADEAVALIATIVAFR01)
Participe do fórum respondendo às seguintes questões relativas ao *** (...) além de responder o tópico, você também deverá inserir comentários nas
contribuições dos colegas. (ATIVIDADEAVALIATIVAFR02)
Participe do fórum de discussão apresentando o seu entendimento sobre a
*** no seu contexto de trabalho. Além de responder os tópicos, você
também deverá inserir comentários nas contribuições dos seus colegas.
(ATIVIDADEAVALIATIVAFR03)
Constatou-se, que no geral, a proposição de tarefas bastante semelhantes aquelas do
ensino tradicional. O aluno lê determinado texto, faz compreensão de leitura para responder
algumas perguntas postadas, ou elabora algum resumo, ou síntese, e as envia para o professor
fazer suas considerações. Todas as atividades valiam algum peso que ia de 1% a 5%, como se
vê nos seguintes trechos:
135
Exercício – Síntese do programa Radio ***. Com base na discussão realizada no programa *** no dia 05, faça individualmente uma síntese (de
15 a 20 linhas) sobre os principais aspectos pontuados pelos
participantes.(ATIVIDADEAVALIATIVA04).
Trabalho – O caráter intersubjetivo da ***. Com base na leitura da atividade
2 desta unidade, em grupos de 4 alunos, elabore um texto, entre 15 e 20
linhas, comentando e justificando a necessidade da validação intersubjetiva (não apenas individual) das regras morais.(ATIVIDADEAVALIATIVA05)
Em diversos momentos, observou-se que o professor recomendou que os trabalhos
fossem realizados com base em projetos de outras disciplinas, como exemplificado neste
trecho do Professoralfa03:
Recomendo que seja utilizado, como base, o mesmo projeto que escolheram
para o Módulo de ***, com o professor ***. Dessa forma, seria possível
aproveitar o que já foi desenvolvido como base para o desenvolvimento do
plano **. (ATIVIDADEAVALIATIVA06).
Entende-se que dessa forma, os alunos poderiam aplicar conhecimentos adquiridos em
outras disciplinas na construção de novos conhecimentos por meio de um trabalho
interdisciplinar.
As atividades de prova online foram também utilizadas por boa parte dos professores.
Estas se constituiriam, em sua grande maioria de testes de múltipla escolha, ou verdadeiro ou
falso. Em um caso apenas, observou-se que o professor elaborou uma prova online com
questões dissertativas. Constatou-se que, assim com nas outras atividades avaliativas, as
provas online também receberam pesos que poderiam ser maiores ou menores que aqueles das
outras atividades.
Observou-se no Plano de trabalho, que as provas online, assim como as outras
atividades, já estavam programadas, e o aluno já sabia, antecipadamente, o que deveria fazer
em cada uma delas:
Avaliação online: “Significado dos termos *** e ***”. Com base nas atividades/leituras realizadas nesta unidade, responda a avaliação on-line
“significado dos termos *** e *** disponibilizado no Plano de trabalho do
AVA. (ATIVIDADEAVALIATIVAFR07)
136
Constatou-se que as provas online, buscavam avaliar o conhecimento do aluno ao final
de determinada unidade didática ou ao final do módulo por meio de questões em sua maioria
objetivas. Entende-se que o uso de provas elaboradas com este tipo de questão tem seu valor
desde que elaboradas criteriosamente.
Não se obteve acesso a Prova presencial. Contudo, a partir do relato da Coordenação,
soube-se que a prova presencial é composta de vinte questões, sendo 16 questões objetivas e 4
questões subjetivas enviadas em conjunto para a serem compiladas pela Coordenação. Ainda
segundo relato da Coordenação, o aluno faz a prova duas vezes ao final de cada ano do curso.
Uma ao final do primeiro ano e outra ao final do segundo. Ao serem elaboradas, buscar-se-ia
englobar todo o conhecimento adquirido durante todo o módulo. Ela tem duração de 4 horas e
deve ser feita individualmente e sem consulta.
Para fazer a prova presencial, o aluno vai a um dos cinco campi da IES em data pré-
agendada, passa por um processo de identificação e realiza a prova online.
Sabe-se que o peso maior, é, por lei, atribuído à prova presencial. Em relação a essa
questão, os dois participantes que responderam ao guia de entrevista online, afirmaram
concordar com a atribuição de peso maior para a prova presencial. O participante,
PROFESSORALFA01, defende que concorda com a ênfase maior na prova presencial uma
vez que não se dispõe de uma cultura de aprendizagem e responsabilidade sobre a
aprendizagem na modalidade a distância online. Dessa forma, a prova seria utilizada para a
minimização de problemas. O participante, PROFESSORALFA02, informou que a
distribuição da prova deve se dar de acordo com a legislação, ou seja, um percentual maior
para a prova presencial e o restante para as tarefas realizadas a distância. Segundo, o
participante, um peso ainda maior deveria ser dado à prova presencial (80%) e as frequências
deveriam ser utilizadas como critério para classificar o aluno. Dessa forma, o aluno seria
137
obrigado participar das propostas avaliativas, evitando que sejam aprovados apenas por que
obtiveram nota suficiente para passar na prova final.
Infere-se a partir dos enunciados dos dois Professores, que há desconfiança na
avaliação a distância. Para o Professor 01, há a questão da falta de cultura de aprendizagem e
responsabilidade. Mas, indaga-se se não seria exatamente o peso maior dado à prova
presencial uma das razões para a alegada falta de interesse do aluno em realizar as atividades
online. Entende-se que a supervalorização da Prova presencial pode levar o aluno a concentrar
seus esforços na resolução desta, subvalorizando as tarefas que lhe são pedidas ao longo do
curso. Talvez a “cultura de aprendizagem” apontada pelo Professor01 adviesse de uma
mudança de mentalidade que entendesse a avaliação como processo e não apenas como
classificação ou certificação, comuns no sistema educacional. Infere-se que esta seria a
mesma preocupação do Professor02 quando este aponta que o “aluno seria obrigado a
participar das propostas avaliativas”. Entende-se que uma mudança de concepção em relação
ao papel da avaliação como parte do processo de aprendizagem – avaliar para aprender -
poderia ajudar a resolver os problemas apontados pelos dois professores.
Ao ser questionado sobre a Prova presencial, a Coordenação deixou a entender um
posicionamento diferente daqueles demonstrados pelos dois professores:
Na prova vai se tentar englobar todo o conhecimento adquirido durante todo o módulo. Isso é feito por causa da obrigatoriedade do MEC do momento
presencial, se não houvesse essa obrigatoriedade, toda a avaliação do aluno
ela poderia ser feita online. Por que, na verdade, a gente faz as atividades ao longo do curso, que vão permitindo que a gente veja o desenvolvimento
dele, em cada modulo ele tem uma nota, a nota de cada módulo é composta
por um conjunto de atividades, a nota do curso como um todo que se leva em consideração, 60 por cento da avaliação presencial e 40 por cento da
avaliação online. É feita a média das avaliações a distância, e a media da
presencial, calcula-se 40 numa e 60 na outra, e se dá a nota final do curso.
Eu acho que a maior parte da nota deveria vir das atividades a distância. Mas, por outro lado pode-se estar trabalhando na questão da certificação.
Aqui o conhecimento está disponível, estou te dando conhecimento, e sua
certificação vai ser baseada numa certificação que vai ser dada numa prova presencial. Então seria difícil você fazer essa certificação sem considerar
138
uma parte das atividades do ensino a distância, mas, acredito que a maior parte disso tem a ver com a desconfiança de saber quem fez a atividades
online, as vezes. (ENTREVISTA COORDENAÇAOIESALFA).
Segundo o relato da Coordenação da IESALFA, a realização da Prova presencial só
acontece em virtude da legislação. Inferiu-se, a partir do seu enunciado, que há
reconhecimento de que as ferramentas disponíveis online possibilitariam avaliar o aluno ao
longo do curso sem a necessidade de encontros presenciais e, que, portanto, a maior parte da
nota deveria vir das atividades realizadas ao longo do curso. Contudo, a fala da Coordenação,
deixa transparecer a necessidade de certificação que é exigência da instituição e dos órgãos
certificadores.
Nesse sentido, questiona-se se o valor do peso dado à prova presencial não estaria
desconsiderando o sentido formativo e processual da avaliação. A esse respeito Moran (2009)
propõe que é uma questão que precisa ser revista. Para o autor, o peso maior da avaliação
contradiria projetos pedagógicos que se dizem construtivistas e interacionistas e que
buscariam promover uma avaliação formativa e não apenas somativa. Para Moran (2009),
haveria preconceito e desconfiança em relação a EAD online:
(...) se evidencia uma contradição gritante e preconceito contra a educação a
distância ao exigir que num curso a distância a avaliação seja presencial.
Entendemos os motivos das possibilidades de fraude a distancia, assim como os há também no presencial, mas não se pode impedir – legalmente – que um
curso a distancia possa ser totalmente online, como acontece em muitos
países. (MORAN, 2009, p. 65).
4.2.3.6 Critérios
Ao se discutir sobre os critérios avaliativos procurou-se buscar como os professores
definiram o que seria avaliado na aprendizagem dos alunos, tanto os critérios gerais referentes
a atribuição das notas para cada atividade quanto critérios para se avaliar aspectos específicos
por meio dos instrumentos.
139
Em relação aos critérios para a atribuição das notas e pesos para cada instrumento,
infere-se a partir do enunciado da Coordenação da IES ALFA, que a atribuição das notas e
pesos respeita a legislação e as normas da instituição. Portanto, maior peso para as atividades
presenciais.
Primeiro é saber se as competências estão sendo trabalhadas e avaliadas essas competências que foram propostas. segundo que é esteja distribuído os
pesos que foram originalmente estabelecidos em acordo com o professor e
com a equipe de DI, terceiro é que os pesos xxxx quatro para cada atividade, não faz sentido você colocar um peso maior para uma atividade de chat do
que pra uma atividade que os alunos entregam o trabalho. Há quantidade de
avaliações que sejam distribuídas bem ao longo do modulo de forma que
semanalmente eu tenha condições de ter uma avaliação do aluno e o peso da avaliação a distancia que tem que ser menor do que o peso da avaliação
presencial. A presencial tem um peso de 60 por cento no curso e a avaliação
a distancia 40 por cento da avaliação final. (ENTREVISTA COORDENAÇAOIESALFA).
Infere-se, que os pesos seriam distribuídos por critérios que levariam em conta o tipo
de atividade, a complexidade da execução da atividade, a quantidade de alunos por atividade,
A coordenação orientaria os professores na distribuição dos pesos nas atividades, para que o
professor não os concentrasse em apenas algumas atividades.
(...) Não colocar um peso muito grande. Ele tem uma preocupação de
colocar 30 por cento da nota relativa a atividades de fórum, por exemplo, no máximo trinta por cento de atividades individuais, vinte por cento em
atividades em grupo, e vinte por cento em outras atividades que os alunos
trabalham em atividades em módulo. (ENTREVISTA
COORDENAÇAOIESALFA).
Em relação aos critérios para se avaliar a aprendizagem por meio dos instrumentos,
constatou-se, a partir da análise do Plano de trabalho, que estes incluiriam o cumprimento de
prazos, a dificuldade ou facilidade para a realização das tarefas, o envio de trabalhos, a
participação nas atividades virtuais, a postagem de contribuições e de comentários sobre as
contribuições dos colegas. Não ficou evidente, contudo, quais seriam os parâmetros para se
avaliar de cada um desses indicadores e o que se deveria ser feito caso não fossem cumpridos.
140
Observou-se que o critério mais frequente para avaliar aprendizagem seria a
participação. Contudo, acredita-se que avaliar esse elemento apresenta alguns desafios para o
professor e, portanto, mereceria reflexão na elaboração de critérios bem definidos. Questiona-
se, como este seria avaliado, se pela quantidade de vezes que o aluno acessou alguma
atividade, ou fórum, se pela quantidade de comentários que faz em relação às postagens dos
colegas, se pela qualidade das contribuições. E será que não haveria algum aluno que
aprendesse silenciosamente, sem participar ativamente ou acessar de todas as atividades.
Após serem apresentadas as categorias referentes ao modelo avaliativo empregado na
IES ALFA, segue-se com a apresentação da comparação entre o modelo do curso e aquilo que
se encontra na literatura em relação a modelos avaliativos.
O quadro 13 apresenta, de forma sucinta, os resultados referentes ao modelo avaliativo
praticado na IES.
Quadro 13 – Modelo avaliativo praticado na IES
DISCIPLINA
SITUAÇÃO
Tipos de avaliação
Agentes da avaliação
Momentos da avaliação
Feedback da
avaliação
Instrumentos avaliativos
Critérios
D1 Somativa Heteroavaliação
(professor) -Durante -Final
Não -Fórum -Exercício -Trabalho
- Participação -Contribuição - Prazo de entrega
D2 Somativa Heteroavaliação
(professor) -Durante -Final
Não -Fórum -Exercício
-Participação -Contribuição -Prazo de entrega
D3 Somativa Heteroavaliação
(professor) -Durante -Final
Não
-Fórum -Exercício -Trabalho -Avaliação online
-Participação -Contribuição -Prazo de entrega
D4 Somativa Heteroavaliação
(professor) -Durante -Final
Não
-Exercício -Trabalho -Avaliação online
-Participação -Contribuição -Prazo de entrega
D5 Somativa Heteroavaliação
(professor)
-Antes -Durante -Final
Não
-Exercício -Fórum -Trabalho -Chat -Avaliação online
-Participação -Contribuição -Prazo de entrega
D6 Somativa Heteroavaliação -Durante Não -Exercício -Participação
141
(professor) -Final -Fórum -Avaliação Online
-Contribuição -Prazo de entrega
D7 Somativa Heteroavaliação
(professor) -Durante -Final
Não -Fórum
-Participação -Contribuição -Prazo de entrega
D8 Somativa Heteroavaliação
(professor) -Durante -Final
Não
-Exercício -Fórum -Avaliação Online
-Participação -Contribuição -Prazo de entrega
D9 Somativa Heteroavaliação
(professor) -Durante -Final
Não
-Trabalho -Fórum -Exercício -Avaliação Online
-Participação -Contribuição -Prazo de entrega
D10 Somativa Heteroavaliação
(professor) -Durante -Final
Não -Trabalho -Fórum
-Participação -Contribuição -Prazo de entrega
Após apresentação do modelo avaliativo praticado no curso, segue-se com a
comparação desse modelo com o praticado na literatura.
4.2.4 Comparação do Modelo praticado na IES com a literatura
Por intermédio dos relatos da Coordenação na entrevista semi-estruturada e da
observação no AVA do curso, constatou-se que a avaliação praticada na IES estaria inserida
em um modelo de avaliação “processual” (LUCKESI, 20110). Contudo, infere-se a partir da
análise dos dados que houve forte viés somativo.
A análise das propostas avaliativas contidas nos Planos de trabalho que estruturam
todo o processo de ensino-aprendizagem permitiu verificar que ao longo de todo o curso
foram previstas diversas atividades com propósitos de avaliar a aprendizagem dos alunos,
constituídas de trabalhos e exercícios, ou momentos de discussão em fórum e chats. Isso seria
indício de uma avaliação voltada para o acompanhamento do processo de construção da
aprendizagem. Por outro lado, foram identificados instrumentos avaliativos tais como provas
online e a prova presencial, com fins de verificar o conteúdo apreendido pelo aluno ao final de
142
determinado período. A seleção de determinados instrumentos não significa que
necessariamente, que se está praticando essa ou aquela modalidade avaliativa, mas o uso que
se faz dele e o momento em que se propõe a intervenção da ação avaliativa podem ser
indicadores da aplicação de determinado modelo (LUCKESI, 2011).
Verificou-se, por intermédio da análise das respostas de algumas provas e trabalhos e
do Plano de trabalho, que todas as atividades avaliativas propostas recebiam algum peso, e
que notas eram geradas e somadas ao final dos módulos. Contudo, não se observou feedback
ou retorno para o aluno com relação aos instrumentos utilizados, aos erros e conquistas dos
alunos que poderiam ser úteis na reorientação de suas trajetórias. Entretanto, observou-se que
a maioria dos professores, ou o monitor, realizou alguma espécie de acompanhamento do
aluno, motivando-o, parabenizando-o ou monitorando sua participação.
Diante do exposto, acredita-se que o modelo avaliativo praticado na IESALFA é um
modelo no qual há distribuição de diversos instrumentos avaliativos ao longo do curso e ao
final deste com finalidades de avaliar tanto o processo quanto avaliar o produto (LUCKESI,
2011). Entretanto, com base nos dados já apresentados (tipos de atividades, aplicação de
provas, ausência de feedback, o peso maior da nota do instrumento presencial em relação às
atividades a distância), inferiu-se que, apesar do reconhecimento da importância da avaliação
formativa, esta não ocorreu de forma regular em virtude, acredita-se, de um forte viés da
avaliação com funções de classificação e certificação, em atendimento a exigências
institucionais e aos dispositivos legais.
Após apresentação da análise referente ao modelo avaliativo, segue-se com a
apresentação da verificação de como o processo avaliativo poderia ser implementado
utilizando-se ferramentas digitais à luz da Taxonomia de Bloom Digital (CHURCHES, 2009).
143
4.2.5 Verificação da implementação do processo avaliativo sob a
ótica da Taxonomia de Bloom Digital (2009)
Com vistas a responder esse objetivo específico buscou-se analisar as propostas
avaliativas e objetivos de aprendizagem contidos nos Planos de Trabalho. O proposito foi o de
verificar como o processo avaliativo poderia ser implementado tendo como suporte a
Taxonomia de Bloom Digital. A seguir, apresentam-se as análises dos objetivos de
aprendizagem e em seguida uma análise das atividades avaliativas.
O quadro 14 apresenta sucintamente as propostas avaliativas praticadas no curso.
Quadro 14 – Propostas avaliativas
DISCIPLINA
SITUAÇÃO
Exercício (os) Fórum (uns) Trabalho (os) Chat (s) Avaliação (ões)
online
D1 03 01 02 - -
D2 09 09 - - -
D3 01 03 02 - 02
D4 04 - 02 - 02
D5 01 02 03 01 01
D6 05 03 - - 01
D7 - 06 - - -
D8 06 03 - - 01
D9 01 01 01 - 01
D10 00 14 02 00 00
4.2.5.1 Objetivos de aprendizagem
Analisaram-se os objetivos de aprendizagem nos nove Planos de Trabalhos das
disciplinas. Os resultados demonstram que na maior parte dos casos, os professores
elaboraram seus objetivos concentrando-os nos níveis cognitivos inferiores da Taxonomia de
Bloom Revisada. No apêndice M apresentam-se todos os objetos de aprendizagem definidos
em todas as 10 disciplinas.
144
Observou-se que, em sua maioria, os processos definidos pelos professores
constituíram-se de “Conhecer”, “Identificar”, “Entender”, “Reconhecer”. Acredita-se que são
processos que exigem que o aluno apenas lembre ou relembre de dados, fatos, informações,
conceitos, princípios e que não privilegiam o desenvolvimento da criticidade concentrando-se
na dimensão Processo Cognitivo e a dimensão Conhecimento Factual e Conceitual.
Compreende-se que tais objetivos privilegiem apenas a memorização de informações.
Questiona-se, assim, se seria bastante para o aluno apenas saber ou obter informações sobre
determinado assunto. É importante que se diga que não houve como se observar se os
objetivos foram elaborados apenas como ponto de partida para a implementação de propostas
pedagógicas que contemplaram os processo cognitivos mais elevados da Taxonomia de
Bloom. Com base no que está definido nos objetivos contidos no Plano de Trabalho e na
seleção dos instrumentos e propostas avaliativos infere-se que houve predileção por processos
menos complexos da Taxonomia de Bloom.
Em termos de avaliação, verificou-se que foram utilizadas nas propostas avaliativas,
questões que se concentraram em verificar o que o aluno conhece, compreende, entende ou
reconhece por intermédio de instrumentos e atividades que permitem a demonstração da
aprendizagem contudo de forma tradicional e com pouco espaço para a aplicação dos
conhecimentos adquiridos e oportunidade de avaliação além de nenhuma possibilidade de
demonstração de uso criativo desse conhecimento.
Conclui-se, dessa forma, que as propostas avaliativas e as provas online estão
alinhadas com os objetivos da aprendizagem estipulados por boa parte dos professores uma
vez que pedem que o aluno apresente o que entendeu reproduzindo informações referentes a
fatos e conceitos. Como se vê nos objetivos apresentados no apêndice M, há poucos objetivos
que buscam apresentar propostas que exijam do aluno mais do que a compreensão do assunto
estudado.
145
4.2.5.2 Instrumentos avaliativos sob a ótica da Taxonomia de Bloom Digital
A internet dispõe de uma série de ferramentas digitais, interfaces e plataformas que
poderiam ser utilizadas com fins de facilitar o processo de ensino e aprendizagem e o
processo avaliativo de forma mais colaborativa e interacional. Acredita-se que as ferramentas
da web 2.0 poderiam ser utilizadas como alternativas às ferramentas tradicionalmente
utilizadas nos AVA (Fórum e Chat) para o gerenciamento do processo educacional em salas
de aula virtuais na condução de um processo avaliativo contínuo, processual e formativo.
Portanto, auxiliariam na avaliação da qualidade do processo. Qualidade essa, que definiria o
nível cognitivo, segundo Churches (2009).
Com vistas a verificar como o processo avaliativo poderia ser implementado no curso
tendo como base a Taxonomia de Bloom Digital, buscou-se saber quais as ferramentas
digitais disponibilizadas no curso, como elas são utilizadas, com quais finalidades, quais as
dificuldades ou facilidades de uso. Buscou-se a resposta a essas questões junto aos sujeitos da
pesquisa por meio do guia de entrevista online e por intermédio das observações no AVA do
curso.
Por meio das observações, constatou-se que no AVA foram disponibilizadas diversas
ferramentas digitais tais como Fórum, Chat, Podcast, Rádio online, Vídeo, Mural e o Blog
para facilitar o processo de ensino-aprendizagem. Verificou-se que o Vídeo, normalmente
colocado no início de cada módulo, foi em sua maioria utilizado para a apresentação da
estruturação da disciplina e do professor. Já o Podcast foi utilizado para apresentação de
conteúdo e discussão sobre determinados assuntos. Quanto ao Blog, não se verificou o seu
uso. Foi observada a utilização de uma rádio online na qual o professor propunha discussões e
o aluno participava por ferramentas de comunicação da internet em eventos síncronos nos
quais os alunos enviavam questões que eram respondidas oralmente. Ao final do evento, toda
146
a discussão ocorrida era gravada, transformada em arquivo de áudio e disponibilizada como
podcast para escuta posterior. Além dessas ferramentas, observou-se que no AVA foram
disponibilizadas outras ferramentas para os alunos de forma que estes poderiam criar seu
próprio Fórum ou Chat junto com os colegas para discussões e realização de trabalhos. Todas
as ferramentas disponibilizadas foram utilizadas pelo professor para atingimento de seus
objetivos de ensino. As únicas que foram utilizadas com propósitos avaliativos foram o
Fórum e o Chat.
Verificou-se que nos Fóruns, a maior parte das propostas com objetivos avaliativos
foram feitas de forma padronizada por todos os professores. Por meio da análise dos
Relatórios de Acesso verificou-se que em alguns Fóruns, a participação dos alunos foi
pequena. Constatou-se que em diversos casos, a maior parte das contribuições foi feita pelos
professores tendo os alunos como audiência. Esse procedimento assemelha-se ao ensino
tradicional, no qual o professor transmite o conhecimento e o aluno participa fazendo algumas
perguntas pontuais. Em outros Fóruns, observou-se bastante troca entre os participantes,
contudo, as contribuições eram por vezes pouco fundamentadas e muitas não faziam menção
ao conteúdo estudado. Sendo assim, concluiu-se que a ferramenta, apesar do seu potencial
para a promoção do processo de ensino-aprendizagem e avaliativo, foi frequentemente
utilizada de forma tradicional.
Diante do exposto, acredita-se que o processo avaliativo poderia ter sido
operacionalizado mediante o uso não apenas das referidas ferramentas do curso como também
de alternativas a estas que podem ser encontradas na internet ou em outros AVA e que podem
ser incorporadas e adaptadas ao uso pedagógico. No Apêndice I, apresenta-se uma listagem
de algumas dessas ferramentas, acompanhada de um resumo de suas características e usos
para fins avaliativos. São ferramentas que possibilitariam a colaboração e interação todos-
todos (SILVA, 2005, MATTAR, 2011), e permitiriam concentrar-se não apenas nos domínios
147
cognitivos inferiores, mas nos domínios cognitivos mais altos definidos pela Taxonomia de
Bloom Revisada (2001) e Digital (2009) sendo essa última utilizada como referência para a
elaboração das atividades e instrumentos avaliativos online.
Observou-se que diversos exercícios propostos consistiam na criação de planilhas
utilizando-se ferramentas como Fórum e Chat para que os alunos realizassem a atividade em
grupo e entregassem ao professor ao final de determinado prazo. Não ficou claro se o
professor teria como acompanhar o processo de realização da tarefa. Pelo que se observou
apenas o produto acabado foi avaliado. Verificou-se que os alunos poderiam enviar o produto
e que o professor poderia colocar comentários que seriam corrigidos ou não pelos alunos em
momento posterior, quando da realização de outra tarefa. Diante desse fato, acredita-se que
tais exercícios poderiam ter sido realizados por intermédio de ferramentas de editoração
online (Gdocs) (Apêndice I). que não só permitiriam a resolução de tais tarefas
colaborativamente, de forma síncrona ou assíncrona, como o acompanhamento feito pelo
professor - ou pelos alunos – que poderiam intervir, corrigir, questionar, provocar etc. e
verificar a participação e contribuição de cada um. Além disso, o produto, no caso, a planilha,
poderia ser compartilhado para toda a comunidade permitindo que fosse avaliado por todos –
mesmo que ao final apenas o professor viesse a dar uma pontuação – contribuindo-se para a
construção social do conhecimento (PRIMO, 2006).
Observou-se que diversas atividades avaliativas propunham que o aluno elaborasse
um texto restrito a certo número de palavras que sumarizasse alguma leitura realizada
anteriormente e fosse entregue para apreciação do professor e que contivesse as referências
utilizadas pelo aluno. Essa seria uma atividade avaliativa formal que, acredita-se, pouco
contribuiria para a aprendizagem do aluno e para a avaliação dessa aprendizagem. Ao
simplesmente sumarizar um texto, o aluno não estaria sendo convidado a refletir criticamente
sobre o seu conteúdo.
148
Como alternativa a atividade acima, o texto poderia ser elaborado com
acompanhamento, ou não, do professor, tanto por intermédio das ferramentas de editoração
(Gdocs ou similares), como as de elaboração coletiva de textos (Wikis). Mediante essa
ferramenta, ao invés de apenas sumarizar, o aluno teria que (re)construir um novo texto
fundamentado em seus conhecimentos em conjunto com os pares, ou fazê-lo individualmente.
Uma vez que a ferramenta permite que seja observado o passo a passo da construção do
trabalho, tanto professor quanto os outros estudantes poderiam comentar, fazer sugestões etc.
Ao final do processo, o trabalho poderia ser compartilhado para avaliação tanto do professor
(Heteroavaliaçao) quanto dos alunos (Coavaliaçao) como também do próprio aluno-autor
(Autoavaliaçao).
As sínteses, sumários ou resumos poderiam, também, ser realizados por intermédio
não apenas de textos, mas da elaboração de mapas conceituais utilizando-se ferramentas
disponíveis na web para esses fins (Mapas Conceituais) (Apêndice I). e em seguida
apresentados para a comunidade. Mais uma vez, se poderia avaliar o processo de elaboração,
observar as dificuldades, comentar e corrigir os erros à medida que o produto vai sendo
construído.
Em relação às diversas atividades formais observadas, acredita-se que como
alternativas, poder-se-iam ser propostos problemas cuja solução se daria por meio de
pesquisas online orientadas e mediadas pelo professor (Webquests) (Apendice I). Sendo
assim, os alunos seriam convidados a “discutir onde e como buscar as informações, como
verificar a validade delas e se são relevantes para solucionar a questão em jogo”. (PRIMO,
2006, p. 46). Por intermédio dessa ferramenta de pesquisa, o professor, com vistas à
avaliação, buscaria valorizar a busca pela informação e seu compartilhamento realizados
pelos alunos. Ao fazê-lo, o professor incentivaria a “investigação curiosa e a busca ativa por
soluções aos problemas apresentados” (PRIMO, 2006, p. 44) e evitaria ser ele o único a ditar
149
o que deveria ser lido, cabendo a todos os participantes a responsabilidade pela pesquisa sobre
temática que desenvolvem.
Além das ferramentas apontadas, poder-se-ia propor a criação de blogs e webfolios
(Apendice I). Ambas permitiriam que os alunos criassem uma coleção dos trabalhos e
exercícios já concluídos e daqueles que ainda estão em fase de elaboração. No caso do
webfolio, que é uma espécie de coleção digital, o aluno poderia disponibilizar para o professor
ou para os colegas, a resolução dos seus exercícios, compartilhar links, referências das fontes
pesquisadas, suas impressões, dificuldades etc. Caso o autor permita, os colegas e o próprio
professor poderiam contribuir com comentários. O mesmo se aplicaria ao blog, que poderia
ser utilizado como um diário de bordo ou como um webfólio. Mais uma vez, tanto alunos
quanto professores poderiam participar do processo de avaliação da aprendizagem.
Além das ferramentas apontadas, poder-se-ia considerar o uso de vídeo e áudio para a
realização de debates como alternativas ao uso do fórum e do chat por intermédio das
ferramentas de Compartilhamento de vídeo e Plataformas de voz. E, também, a utilização de
Mundos virtuais (Apêndice I).
Diante do exposto, acredita-se que são numerosas as possibilidades de uso das
ferramentas digitais com propósitos avaliativos que permitiriam ao professor não só verificar
o produto, mas seu processo de elaboração dentro de uma concepção de aprendizagem
construída socialmente. Ao utilizar-se delas, o professor poderia propor atividades que
promovessem a heteroavaliaçao, a autoavaliação e a coavaliaçao. Acredita-se, que tais
ferramentas seriam alternativas aos instrumentos formais tradicionais e, desde que utilizadas
criteriosamente, poderiam evitar a elaboração e o uso repetitivo de propostas com fins
avaliativos com foco na verificação de conhecimentos factuais ou conceituais.
150
Após a discussão de como as ferramentas digitais poderiam ser utilizadas na
implementação da avaliação da aprendizagem no curso pesquisado, apresenta-se, a seguir, a
conclusão do presente trabalho.
151
5 Conclusões e Recomendações
Apresentam-se na seção seguinte as conclusões a que se chegou mediante a realização da
pesquisa.
5.1 Conclusões
O presente estudo buscou verificar como ocorre o planejamento e a implementação da
avaliação da aprendizagem na educação a distância online em um curso de Administração em
nível e pós-graduação latu senso como também objetivou identificar como é realizado o
planejamento da avaliação pelos diversos atores envolvidos, descrever o ambiente virtual de
aprendizagem com vistas a identificar os recursos utilizados na avaliação, identificar qual o
modelo avaliativo empregado no curso. Buscou também verificar como a implementação do
ato avaliativo se daria sob a ótica da Taxonomia de Bloom digital e para tal identificaram-se
as ferramentas digitais, bem como seu uso.
Os dados analisados na pesquisa foram coletados por intermédio de diversas técnicas
ao longo do estudo sob uma abordagem qualitativa tanto na coleta quanto na análise. Entre os
instrumentos e técnicas utilizados apontam-se a entrevista semiestruturada, o roteiro de
entrevista enviado online, a análise documental e a observação não-participativa. Os dados
foram analisados de acordo com os pressupostos da Análise de Conteúdo (BARDIN, 2004).
Os achados foram relevantes e evidenciaram como o processo avaliativo é planejado,
elaborado e implementado na IES pelos diversos envolvidos no processo. E as categorias
152
analíticas permitiram identificar a existência dos diversos elementos que compõe a avaliação
da aprendizagem possibilitando inferir o modelo avaliativo empregado.
Os dados evidenciaram que o processo avaliativo segue um planejamento
hierarquizado. A sua proposição é realizada por meio diversos atores que seguem normas
internas e dispositivos legais que regulam o ensino e aprendizagem na modalidade a distância
online. Tal normatização tem impacto nas escolhas feitas pelo professor com relação as
atividades avaliativas que propõe em sala de aula. Considera-se que há restrição da liberdade
do professor para a seleção e elaboração das atividades e instrumentos avaliativos uma vez
que todas as suas propostas passam pelo crivo dos proponentes para se verificar se estas
estariam de acordo com as normas estabelecidas seja pela instituição ou pelos dispositivos
legais.
Concluiu-se que o controle mantido pela instituição com relação às tomadas de
decisão do professor em relação ao processo avaliativo tem relação com o fato de o professor
não estar devidamente preparado para a condução da avaliação online. A preparação do
professor se dá através do Manual do Professor que traz instruções para a realização do
processo avaliativo e das sugestões feitas pela equipe multidisciplinar que acompanha o
trabalho do professor. As instruções são, contudo, de ordem técnica em relação ao processo
avaliativo. Acredita-se que isso pode trazer consequências negativas para o processo uma vez
que o professor não estando devidamente preparado teria dificuldades na proposição ou
elaboração de instrumentos e atividades condizentes com a modalidade online, trazendo para
esta, práticas tradicionais consagradas em outras modalidades.
Os dados evidenciaram que o AVA do curso apresenta diversos recursos que podem
ser utilizados para se avaliar a aprendizagem dos alunos. Dentre esses recursos, as ferramentas
de cooperação e interação, mais especificamente o Fórum e o Chat foram os mais utilizados
pelos professores para avaliar a aprendizagem dos alunos. Debates, discussões, retomadas de
153
questões referentes ao conteúdo fizeram parte das propostas avaliativas feitas com uso dessas
ferramentas. O Fórum, aparentemente, se mostrou mais adequado para se realizar o processo
avaliativo em virtude de sua característica assíncrona e de ficar mais tempo aberto permitindo
que o professor avalie as contribuições e a participação dos alunos. Já o Chat mostrou-se mais
desafiador. Por ser síncrono, as conversas vão acontecendo de forma desordenada o que
dificultaria o acompanhamento das contribuições de cada aluno. Contudo, o AVA permite que
o Chat fique arquivado após a sua conclusão. Isso permite que o professor localize as
contribuições dos alunos e as análises para fins avaliativos.
O AVA apresenta diversas outras ferramentas como as de coordenação, as específicas
de trabalho e de monitoração. Contudo, não se constatou uso significativo com propósitos
avaliativos. Isso pode estar relacionado com a falta de conhecimento ou mesmo interesse do
professor para a implementação de tais ferramentas ou com a falta de preparação dada pela
instituição, entre outras questões.
Com base nos dispositivos legais e normas internas, disponibilizam-se diversos tipos
de atividades e instrumentos avaliativos, tais como trabalhos, exercícios e provas online e
presencial ao longo do curso. Isso indicaria que a princípio ocorreu uma avaliação processual
e contínua em moldes formativos. Contudo, os dados evidenciaram uma avaliação com forte
viés somativo na qual o professor avalia o produto desconsiderando o processo. Todavia, a
ênfase na atribuição de notas ao final do processo, o peso maior dado à prova presencial ao
final do curso, juntamente com a falta de feedback para o aluno tanto ao longo do curso
quanto ao final quando da entrega das tarefas corrigidas são indicadores de uma avaliação
tradicional com objetivos classificatórios e de certificação.
Os dados evidenciaram que apenas o professor é responsável pela avaliação da
produção dos alunos. Apesar das possibilidades trazidas pela modalidade de ensino online,
não há propostas de auto avaliação ou coavaliação. Há uma espécie de auto avaliação inserida
154
no material didático constituída de um teste de múltipla escolha automatizado. Contudo, tal
proposta não condiz com uma avaliação em uma perspectiva formativa de uma vez que o
aluno não recebe feedback do professor, nem é levado a refletir sobre seu próprio
aprendizado. Não se observou feedback individualizado ou mesmo em grupo para os alunos.
Houve atraso na entrega das atividades corrigidas. Quando entregues, essas vinham apenas
com a nota, sem qualquer comentário sobre o desempenho do aluno. Acredita-se que se avalia
para aprender. Sendo assim, a avaliação perderia seu sentido em termos de contribuição para
a aprendizagem caso entregue apenas ao final do processo quando não há mais o que fazer
para a melhoria do processo de aprendizagem. Ademais, a utilização de notas como feedback
não diz para o aluno quais as suas dificuldades e acertos. Acredita-se que o comentário do
professor com base em critérios bem definidos e claros seria mais adequado para avaliar a
aprendizagem do aluno do que a simples atribuição de notas.
Houve repetição dos mesmos instrumentos e atividades avaliativas. Todos foram
propostos pelo professor em conformidade com a coordenação e equipe técnica. Houve
predileção por atividades formais tais como sumários, resumos, trabalhos individuais ou em
grupo. Acredita-se, que a seleção dos mesmos instrumentos tenha como razões, a necessidade
de controle por parte da instituição, o conhecimento ou a falta dele por parte do professor de
outras formas de avaliar, ou até mesmo falta de interesse ou motivação tanto dele quanto da
instituição por alternativas ao modelo avaliativo proposto.
Verificou-se que das ferramentas digitais que podem ser utilizadas com propósitos
avaliativos numa perspectiva formativa, as únicas utilizadas foram o Fórum, o Chat, Vídeos e
Podcatst. Os dois últimos, contudo, foram utilizados apenas pelo professor para a
apresentação de conteúdo. A luz da Taxonomia de Bloom Digital (CHURCHES, 2009),
acredita-se que as ferramentas digitais poderiam ter sido utilizadas com fins avaliativos que
155
buscassem, não apenas verificar o que o aluno lembrava, compreendia, ou aplicava com base
no conteúdo adquirido concentrando-se em conhecimentos factuais e conceituais.
Diante do exposto, acredita-se que houve subutilização das ferramentas disponíveis no
AVA e na rede. Apesar das possibilidades de proposição de atividades oferecidas tanto pelo
próprio AVA, pela internet quanto em outros AVA, acredita-se que houve subutilização das
“interfaces online que reúnem um conjunto de elementos de hardware e software destinados a
possibilitar agregações, associações e significações como autoria e co-autoria aos estudantes”
(SANTOS; SILVA, 2009, p. 270).
Reconhece-se, contudo, que o uso de tais ferramentas com propósitos avaliativos
exigiria conhecimento e competência por parte tanto do professor quanto do aluno. Portanto,
lhes poderia ser oferecida a devida formação em relação ao uso de tais ferramentas, por meio
de orientações quanto ao seu uso e as suas aplicações pedagógicas, seu manuseio, propostas
de ação e de produção por parte de professores e alunos. Ademais, sabe-se que nem todos os
alunos dispõem dos mesmos recursos tecnológicos. Contudo, as ferramentas apresentadas
estão dispostas na internet e não exigem muito em termos de hardware, algumas sequer
necessitam de instalação de programas na máquina do aluno. Basta, para o seu
funcionamento, que o aluno tenha acesso à banda larga e a alguns equipamentos específicos,
exigências, que, se observou, estão previstas nas orientações dadas aos alunos pelo curso no
Manual do aluno.
Por fim, acredita-se que este estudo tenha respondido a questão norteadora de maneira
satisfatória. Ficou evidente que apesar do tanto que se tem discutido em relação à temática da
avaliação da aprendizagem online, essa ainda carece de estudos e pesquisas.
156
5.2 Recomendações
A realização deste estudo colaborou para maior compreensão acerca do planejamento
e implementação da avaliação da aprendizagem na modalidade de ensino a distância online.
Com base nas conclusões obtidas neste estudo, sugere-se maior atenção à formação do
professor por meio de cursos, treinamentos etc. em relação ao processo de ensino-
aprendizagem online e ao processo avaliativo levando-se em consideração não apenas suas
características técnicas.
157
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Apêndice A – Roteiro de entrevista com os
coordenadores do curso
1. Qual o modelo de EAD empregado no curso?
2. Como se dá o processo de elaboração e implementação da avaliação?
3. Existe algum formato específico de instrumento avaliativo?
4. Os professores e professores-tutores recebem orientação quanto aos procedimentos
avaliativos?
5. Os professores e professores-tutores tem liberdade na elaboração da avaliação?
6. Quais os instrumentos que os professores dispõem para a avaliação da aprendizagem
dos alunos?
7. Como se dá o processo de aplicação dos instrumentos?
8. Qual a função desses instrumentos?
9. Quem os determina? Cada professor determina quais e como serão aplicados esses
instrumentos?
10. Como se dá a avaliação ao longo do período do curso? Em quais momentos a
avaliação ocorre? Existem prazos?
11. Qual a orientação dada aos professores quando há atraso na entrega de determinada
atividade?
12. Como se dá o acompanhamento dos resultados da avaliação? Como ocorre esse
processo?
13. O que se leva em consideração para a promoção ou reprovação do aluno?
14. Como se calcula a média final dos alunos?
165
Apêndice B - Roteiro de Entrevista com professores
1. Qual a importância da avaliação da aprendizagem dos alunos para você? Por que?
2. Ao avaliar seus alunos em cursos a distância, quais são os aspectos que você considera mais
importantes? Quais são as dificuldades de se avaliar a aprendizagem na EAD online? Por que?
3. Houve alguma preparação por meio da instituição onde leciona em relação ao processo
avaliativo? Você fez algum curso ou teve alguma preparação sobre a avaliação da
aprendizagem dos alunos?
4. Como é realizada a avaliação da aprendizagem no curso atual? Em quais momentos ao longo
do curso você realiza alguma forma de avaliação?
5. Como você seleciona as atividades a serem utilizadas no processo avaliativo? Quais os
critérios utilizados na seleção das atividades? Quem os define? Há alguma supervisão?
6. Você já propôs aditividades de auto avaliação nas quais os alunos avaliam seu próprio
aprendizado ou atividades nas quais os alunos avaliam-se uns aos outros em grupo ou
individualmente? Fale sobre isso.
7. Quais instrumentos você utiliza para avaliar a aprendizagem dos seus alunos além da prova
presencial? Quem seleciona tais instrumentos? Quais são os critérios de seleção de tais
instrumentos? Há alguma supervisão?
8. Você leva em consideração os objetivos da aprendizagem ao elaborar seus instrumentos ou
atividades avaliativos?
9. Que tipos de questões você utiliza em seus instrumentos avaliativos (múltipla escolha,
dissertativas, etc.)? Fale sobre isso.
10. Você já teve que reelaborar algum instrumento ou atividade avaliativa? Por que? Fale sobre
isso.
11. Você já implementou algum instrumento ou atividade avaliativa que funcionou bem? Ou que
não funcionou? Por que?
12. De acordo a legislação, na Educação a distância, o maior peso advém da nota do aluno na
avaliação presencial. O que você pensa disso? Como você distribui o peso restante durante o
curso?
13. De que consiste a avaliação presencial do aluno no curso?
14. Quem elabora o instrumento da avaliação presencial? Quais os critérios a serem seguidos na
seleção e elaboração desse instrumento?
15. Você já utilizou alguma ferramenta (chat, fórum e ou relatórios de participação, relatórios de
acesso, etc.) na avaliação da aprendizagem dos seus alunos?
16. Você já propôs alguma atividade na qual os alunos utilizaram ferramentas digitais (blog,
Wikis) ou atividades de pesquisa online (webquests )? Em caso afirmativo, utilizou-as na
avaliação da aprendizagem dos seus alunos? Fale sobre isso.
17. Como você trabalha com os resultados da avaliação dos alunos? Como realiza o feedback
para os alunos?
166
Apêndice - C Protocolo de Observação
Nota de campo número:
Campo observado:
Instituição:
Data da observação:
Tempo de duração da observação:
Dados do campo:
Professor:
Monitor:
Disciplina:
Quantidade de alunos matriculados na disciplina:
Quais as funcionalidades disponíveis para o professor e os alunos? Para que
servem? A que se destinam?
Em quais momentos ocorre a avaliação?
Quantos e Quais os instrumentos utilizados na avaliação?
Quantas e Quais as atividades propostas para avaliação?
Como se dá a participação dos alunos nas atividades?
Há interação entre os participantes?
O aluno faz autoavaliação? Ou coavaliaçao? Quais instrumentos são utilizados?
Qual o retorno do professor para o aluno? Como se realiza?
Como são tratados os erros?
Há algum atraso na entrega dos alunos? Como se resolve essa situação?
Ao final, quais as funções da avaliação na disciplina?
Qual o retorno dos alunos? O que falam sobre o processo avaliativo?
Há ferramentas digitais? Quais? Como são utilizadas?
167
Apêndice - D Solicitação de acesso
Prezado Professor,
Sou Marco Antonio, aluno de mestrado do PPG em Administração da UFPE, sob orientação
do Professor Ricardo Mendonça e estou realizando pesquisa qualitativa sobre a Avaliação da
aprendizagem em cursos de especialização na área de Administração na EAD online como
parte do projeto PROADM. Como a pesquisa refere-se a avaliação em salas de aula virtuais,
seria fundamental o acesso do pesquisador ao ambiente virtual de aprendizagem do curso para
coleta de dados, e entrevistas com os atores envolvidos, no caso, a coordenação, e os
professores e tutores. A escolha por essa IES se deu em virtude da excelência desta instituição
e também por referência da Professora XXXXX que faz parte do corpo professor desta IES.
Venho solicitar a sua autorização para conduzir a pesquisa no AVA da instituição.
Gostaria de ressaltar que os dados ou qualquer informação obtidos permanecerão no mais
absoluto sigilo, pois apenas o pesquisador terá acesso aos dados.
Atenciosamente,
Marco Martins
168
Apêndice E Carta convite
Prezado Professor,
Dirijo-me a Vossa Senhoria com o intuito de sondar a possibilidade de realização de
entrevista como parte de pesquisa cujo objetivo principal é analisar como se realiza a
elaboração e implementação da avaliação da aprendizagem em cursos de Administração lato
sensu na educação a distancia online.
A pesquisa faz parte de um projeto desenvolvido pelo PROADM que visa investigar a
implementação de atividades de Educação a Distância (EAD) na prática de professores da
Graduação e da Pós-Graduação em Administração.
A pesquisa vincula-se ao estudo desenvolvido por mim como exigência para obtenção
do grau de Mestre pelo Programa de Pós-graduação em Administração na Universidade
Federal de Pernambuco sob orientação do Professor Dr. José Ricardo Costa de Mendonça.
A entrevista é fundamental para o esclarecimento de questões relativas ao processo de
avaliação da aprendizagem nas salas de aula virtuais. Pretende-se realizar a entrevista por
meio da internet utilizando-se ferramentas tais como Skype, Gtalk, MSN. A entrevista será
gravada para posterior análise dos dados. Contudo, vale ressaltar, o pesquisador compromete-
se a manter o sigilo e o anonimato em relação ao participante e aos dados porventura
fornecidos.
Ao analisar como se dá a elaboração e implementação da avaliação da aprendizagem
em curso na educação a distancia online, acredita-se que se obterá dados significativos que
venham a contribuir para a melhor compreensão do processo avaliativo em salas de aula
virtuais, dispondo aos atores envolvidos orientações sobre a tomada de decisão em relação a
avaliação da aprendizagem.
169
Apêndice F - Solicitação para participação por meio
de resposta a Roteiro de Entrevista enviado por
email.
Caro Professor,
Convido vossa senhoria a participar da pesquisa sobre a elaboração e implementação
da avaliação da aprendizagem em cursos de Administração lato sensu na educação a
distancia online.
Essa pesquisa faz parte de um projeto desenvolvido pelo PROADM que visa
investigar a implementação de atividades de Educação a Distância (EAD) na prática de
professores da Graduação e da Pós-Graduação em Administração.
A pesquisa vincula-se ao estudo desenvolvido por mim como exigência para obtenção
do grau de Mestre pelo Programa de Pós-graduação em Administração na Universidade
Federal de Pernambuco sob orientação do Professor Dr. José Ricardo Costa de Mendonça.
Sua colaboração é muito importante para a realização deste estudo. Caso consinta em
participar, solicito que responda ao Roteiro de Entrevista cujo link encontra-se abaixo.
Todas as informações coletadas serão acessadas e avaliadas apenas pelo pesquisador
que se compromete a manter a confidencialidade das informações e o anonimato dos
participantes.
Obrigado pela atenção.
Atenciosamente,
170
Apêndice G Guia de Entrevista por Gdoc
Roteiro de entrevista relativa à avaliação da aprendizagem em ambientes
online
O objetivo deste Roteiro é coletar informações dos professores sobre como se dá a elaboração e a
implementação da avaliação da aprendizagem dos seus alunos em cursos de Administração em nível de pós-
graduação lato sensu na EAD online
Acredita-se que resultados darão condições de refletir sobre a prática da avaliação na sala de aula virtual
com vistas a favorecer o processo de ensino e aprendizagem. Sua participação é fundamental para a compreensão
deste processo.
Ressalta-se que as informações aqui obtidas serão acessadas apenas pelo pesquisador que garante o
sigilo e o anonimato dos participantes.
Nome
Instituição
Disciplina
Tempo em que trabalha com a EaD online?
1. Qual a importância da avaliação da aprendizagem dos alunos para você? Por que?
2. Fale um pouco sobre as facilidades e dificuldades de se avaliar a aprendizagem na EAD on
line?
3. Fale um pouco sobre como se dá o processo de preparação do professor para a realização da
avaliação na EAD online na instituição onde você leciona.
4. Fale sobre como é realizada a avaliação da aprendizagem na disciplina em que você leciona.
Em quais momentos ela ocorre? Quais atividades e instrumentos você utiliza ou utilizou para avaliar a
171
aprendizagem na disciplina em que leciona ou lecionou nesta instituição? Quais os critérios utilizados na
seleção? Quem os define? Se há alguma espécie de apoio ou supervisão.
5. Você já teve que reelaborar algum instrumento ou atividade avaliativa? Por que? Fale sobre
isso.
6. Fale sobre quais as atividades ou instrumentos avaliativos você acredita que funcionam bem ou
não funcionam para avaliar a aprendizagem dos alunos em EAD online? Descreva como foi a implementação de
algum instrumento ou atividade avaliativa que funcionou bem ou que não funcionou?
7. Fale sobre a participação dos alunos no processo avaliativo (se são propostas atividades ou
instrumentos de auto avaliação, ou de avaliação entre pares, se alunos comentam ou avaliam trabalho ou o
desempenho dos colegas). Como é o interesse do aluno sobre sua aprendizagem?
8. De acordo a legislação, na Educação a distância, o maior peso advém da nota do aluno na
avaliação presencial. O que você pensa disso? Como você distribui o peso restante durante o curso?
9. Quem elabora o instrumento da avaliação presencial e quais os critérios utilizados na seleção e
elaboração desse instrumento?
10. Fale se você utiliza ferramentas tais como chat, fórum e ou relatórios de participação, relatórios
de acesso, etc. na avaliação ou se já propôs alguma atividade na qual os alunos utilizaram ferramentas digitais
(blog, Wikis) ou atividades de pesquisa online (webquests ), etc. e utilizou-as para avaliar a aprendizagem dos
seus alunos. Explique.
11. Fale sobre como você trabalha com os resultados da avaliação dos alunos. Como é processo de
feedback para os alunos? Como são trabalhados os erros, os atrasos na entrega das atividades?
172
Apêndice H – Termo de consentimento livre e
esclarecido
Declaro, por meio deste termo, que concordei em ser entrevistado na pesquisa de
campo referente ao projeto intitulado Avaliação da aprendizagem em cursos de pós-graduação
lato sensu em Administração na EAD online: um estudo sobre o planejamento e a
implementação da avaliação em duas instituições de ensino superior privadas sob a ótica da
Taxonomia de Bloom Digital desenvolvido por Marco Antônio Buarque Martins a quem
poderei contatar a qualquer momento que julgar necessário através do telefone (81)
94281435 ou e-mail [email protected]. Fui informado(a), ainda, de que a pesquisa é
orientada pelo Prof. Dr. José Ricardo Costa de Mendonça a quem poderei contatar a qualquer
momento que julgar necessário através do e-mail [email protected].
Afirmo que aceitei participar por minha própria vontade, sem receber qualquer
incentivo financeiro ou ter qualquer ônus e com a finalidade exclusiva de colaborar para o
sucesso da pesquisa. Fui informado (a) dos objetivos estritamente acadêmicos do estudo, que,
em linhas gerais é analisar como ocorre o planejamento e implementação da prática avaliativa
da aprendizagem nos cursos de pós-graduação lato sensu em Administração na modalidade de
EAD online em duas instituições de ensino superior, sob a ótica da Taxonomia de Bloom
Digital (2009).
Fui também esclarecido(a) de que os usos das informações por mim oferecidas estão
submetidos às normas éticas destinadas à pesquisa envolvendo seres humanos, da Comissão
Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP) do Conselho Nacional de Saúde, do Ministério da
Saúde.
Minha colaboração se fará de forma anônima, por meio de entrevista semi-estruturada
a ser gravada a partir da assinatura desta autorização. O acesso e a análise dos dados coletados
se farão apenas pelo pesquisador e/ou seu orientador.
Fui ainda informado(a) de que posso me retirar desse estudo a qualquer momento,
sem prejuízo para meu acompanhamento ou sofrer quaisquer sanções ou constrangimentos.
Atesto recebimento de uma cópia assinada deste Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido, conforme recomendações da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa
(CONEP).
________________________, ______ de _________________ de _____
Assinatura do(a) participante: ______________________________
Assinatura do(a) pesquisador(a): ____________________________
Assinatura do(a) testemunha(a): ____________________________
173
Apendice I – Listagem de ferramentas digitais
Apresentam-se nesta listagem algumas ferramentas que, acredita-se, poderiam ser
utilizadas no processo de ensino-aprendizagem e consequentemente no processo avaliativo.
Mapa conceitual – ferramenta utilizada para a organização e representação de um corpo de
conhecimento. Permitem que se faça um resumo esquemático do que foi aprendido pelo
aluno. Auxiliariam na diminuição da complexidade no entendimento de texto por meio da
organização da informação em estruturas cognitivas. Há diversos softwares online gratuitos
que permitem a sua criação. Permitiriam ao professor acompanhar as dificuldades dos aluno, a
colaboração, o compartilhamento de ideias e a atividade reflexiva o que potencializaria a
construção colaborativa do conhecimento. (HOCKLEY, 2010; COUTINHO et al., 2009).
Google docs – ferramenta que permitiria a criação e editoração de textos, planilhas e
apresentações totalmente online. Permitem que alunos trabalhem colaborativamente a
distancia, permitindo ou restringindo o acesso da edição ao professor e aos outros alunos. A c
ada alteração na editoração do documento, há registro de quem a fez. Dessa forma, o
professor tem como acompanhar as contribuições de cada aluno, corrigir e dar feedback.
Também, pode-se permitir que o trabalho final seja exposto para toda a comunidade de forma
que todos participem postando comentários, refletindo e avaliando o trabalho de todos. O
professor pode avaliar a interação e a participação de cada aluno por meio de consulta no
histórico de acesso. (COUTINHO et al, 2009; MATTAR, 2011).
Blogs – espécie de diário de bordo do aluno que permite que se coloquem informações e
reflexões em relação aos conhecimentos adquiridos. Permite, ainda, que o próprio aluno ou os
colegas coloquem comentários sobre as informações postadas, o que daria ao professor a
possibilidade de acompanhar a capacidade crítica, a compreensão em relação aos
conhecimentos. Podem ser utilizados para a criação de portfolios digitais, por meio dos quais
ao aluno demonstra para o professor e ou para os colegas a sua trajetória acadêmica.
(COUTINHO et al., 2009; MATTAR, 2011).
Podcast – arquivos de áudio ou vídeo que podem ser criados por alunos e professores e
disponibilizados online. Pode ser acrescentado texto e imagens aos podcasts e estes podem ser
organizados em capítulos ou episódios. Possibilita que outros possam ouvir ou ver o podcast
disponibilizado e deixar comentários caso o autor o permita. (COUTINHO et al., 2009;
HOCKLEY, 2010; MATTAR, 2011).
Quadro branco – são ferramentas mediante as quais o professor e os alunos podem trabalhar
juntos em tempo real em um quadro branco virtual. Pode trazer junto uma função de chat por
texto ou por videoconferência. Permite o compartilhamento da tela entre vários usuários,
portanto, professor e alunos podem escrever, digitar, desenhar e todos podem ver o que está
sendo produzido sincronamente. Permite que se coloquem imagens, documentos ou
apresentações em slides para que todos vejam. (HOCKLEY, 2010).
Slideshow – permite a criação e o compartilhamento de apresentações em slides para que
todos – alunos e professor – tenham acesso. As apresentações podem ser slides criados por
softwares específicos ou imagens, fotos etc. Alguns permitem que sejam colocados
comentários, tanto em áudio quanto em texto. O Google docs também permite a editoração e
compartilhamento de apresentações em slide. (HOCKLEY, 2010; MATTAR, 2011).
174
Wiki – consistem de uma série de páginas criadas colaborativamente por diversos
participantes. Podem ser acrescentados textos, imagens, áudio e vídeo além de documentos.
Cada alteração realizada em uma pagina da wiki é salva automaticamente e pode ser copiada
ou arquivada de maneira que caso seja apagada acidentalmente, ela pode ser restaurada. Cada
alteração realizada pelos participantes pode ser rastreada. (HOCKLEY, 2010; MATTAR,
2011).
Webquest – A WebQuest é uma atividade didática de busca de informação. Pode desenvolver
o pensamento reflexivo e crítico dos alunos, como também estimular a sua criatividade. O
principal objetivo da WebQuest é desenvolver a pesquisa dos alunos em sites da Internet com
critérios e perguntas especificadas pelos professores. A busca pode ser realizada em grupos ou
individualmente, conforme o tempo disponível, o tema curricular abordado e a idade dos
alunos. Contudo, é importante ressaltar que apresenta melhores resultados se realizada em
grupos. Pelas WebQuests, propõem-se aos alunos a resolução de um determinado problema e,
ao finalizar a tarefa, eles expõem de algum modo suas conclusões. Os estudantes simulam um
papel, por exemplo, ser jornalista para investigar a crise energética que afeta uma região etc.
(DODGE, 2012).
Compartilhamento de vídeo – ferramentas que permitem que se grave um vídeo pela webcam
ou por câmera digital e seja enviado e compartilhado em website especifico. Alunos e
professor podem assistir ao vídeo compartilhado e deixar comentários. Os vídeos também
podem ser incorporados em blogs ou wikis. A critério do autor, podem permanecer privados
ou serem aberto ao público. (HOCKLEY, 2010; MATTAR, 2011)
Plataformas de voz – seriam para o áudio o que o fórum é para o texto. Ou seja, permitem que
um debate ou discussão por meio de voz seja conduzido. Pode-se lançar um tema ou pergunta
norteadora e alunos e professor podem contribuir por meio da gravação de áudio feita por eles
próprios. Alunos podem ouvir o áudio dos colegas e deixar respostas tanto em áudio quanto
por texto. Pode-se formar grupos de discussão nos quais se forma uma espécie de teia que
permite que se ouça e se analise o discurso de todos. (HOCKLEY, 2010)
Portfolio - Consistiria de uma espécie de pasta individual na qual se colecionam os trabalhos
realizados pelos alunos ao longo de uma disciplina, curso ou ciclo de estudos. Alem de
trabalhos, pode-se coletar exercícios, provas etc. Permitiria a coleção dos passos percorridos
pelo aluno no decorrer de sua trajetória de aprendizagem. A ferramenta permitiria que a
construção do perfil acadêmico do aluno, refletindo seu ritmo, a direção de seu crescimento,
temas de seu interesse, suas dificuldades e seu potencial de desenvolvimento. (MOULIN,
2011). Na sua versão online, o aluno pode coletar imagens, sons, textos que podem ser
publicados, compartilhados, comentados etc. por toda a comunidade participante do processo
de ensino-aprendizagem.
Mundos virtuais – plataformas virtuais que permitem que pode ser adaptada a contextos de
ensino e aprendizagem. Poderiam promover a aprendizagem por meio de exploração,
colaboração, reflexões sobre identidade, construção de scripts ou objetos, estudo de casos etc.
Mattar (2011) apresenta uma serie de estudos que apontam que o uso da plataforma
permitiria, entre outras coisas, acompanhar o aprendizado do aluno ao longo de todo o
processo de forma lúdica permitindo que o professor observe visualmente o aluno;
experimentar a telepresença permitindo a realização e utilização de diversas formas de
comunicação (oral, textual, gestual e gráfica). (MATTAR, 2011)
175
APENDICE L – ACESSO À IES BETA
Na IESBETA, a questão da entrada em campo foi mais complicada. Foi realizado o
mesmo processo descrito acima para a obtenção da permissão de acesso ao ambiente virtual
de aprendizagem da IES. Procurou-se seguir as mesmas estratégias apontadas na IESALFA,
contudo, o processo de seu de forma bastante diferente. Como não se conhecia alguém que
pudesse ser a porta de entrada para a instituição, procurou-se na webpage da pesquisada
algum meio de contato para dar início ao processo de solicitação de entrada no ambiente.
Encontrou-se os nomes dos coordenadores, dos professores e da equipe técnica mas,
diferentemente da IESALFA, não havia endereço eletrônico de nenhum deles. Após algum
tempo de busca, identificou-se o telefone da instituição. O pesquisador, então, entrou em
contato com a instituição por meio desse telefone, explicou os objetivos do contato e obteve
algumas sugestões de pessoas que poderiam ser úteis no sentido de permitir o acesso.
Todavia, sugeriu que se entrasse em contato com algumas pessoas indicadas por ela. Em
seguida, enviou-se e-mail e esperou-se por cerca de duas semanas até que uma resposta
chegou. Nesta, foi sugerido que se entrasse em contato com outra pessoa que seria a
responsável por uma possível concessão de acesso. Outro e-mail foi enviado para esta
segunda pessoa, identificada como coordenadora de cursos da IES. Após nova espera,
recebeu-se resposta da coordenação, segundo a qual, para a realização da pesquisa, seria
necessária a aprovação da direção da instituição, uma vez que somente a direção poderia
permitir o acesso do pesquisador ao AVA do curso. A coordenação, então, se prontificou,
gentilmente, a entrar em contato com a direção. Esperou-se por algum tempo. Como a
resposta tardou a chegar e diante da preocupação com os prazos finais da pesquisa, o
pesquisador resolveu ligar mais uma vez para a IES para saber se poderia falar por telefone
176
com a coordenação. A funcionária pediu que aguardasse mais algum tempo que logo a
resposta viria. Pouco tempo depois, chegou a resposta da coordenação informando que
infelizmente o acesso ao AVA não seria permitido caso a pesquisa fosse feita a distância.
Contudo, segundo a resposta, o pesquisador poderia realizar a pesquisa por meio de
observação do AVA e a entrevista pessoalmente, na sede física da IES. – local onde se
poderia agendar e realizar entrevista com a coordenação e os professores. Diante dessa
informação, o pesquisador ficou num impasse. Deveria insistir na realização da pesquisa nesta
IES ou partir para alguma outra? Decidiu-se continuar a pesquisa na IESBETA, apesar dos
obstáculos encontrados. Essa decisão se deu em virtude do fato de que, enquanto se esperava
a permissão para o acesso, outras quatro IES que ofereciam cursos que satisfaziam alguns dos
critérios da pesquisa, foram também contatas. Nenhuma delas, contudo, demonstrou interesse
de ter uma pesquisa sendo feita em seus AVA. Logo, diante do tempo limitado e da falta de
opções, resolveu-se continuar a pesquisa na IESBETA. Como esta é sediada em outro estado,
verificou-se a viabilidade da observação presencial em termos de tempo e de orçamento
necessários. Mediante recursos do PROADM, a viagem foi autorizada. Agendou-se então, por
telefone, uma visita para a IES para a realização da observação no AVA e entrevista com a
coordenação. Após a entrevista, a coordenação permitiu que se observa-se o AVA, contudo de
forma restrita. Ao lado do computador, a coordenação mostrou alguns exemplos de como se
trabalhava na IES, porém de forma rápida impossibilitando qualquer observação mais
aprofundada do pesquisador. Sendo assim, a análise dos dados seria baseada apenas no relato
da coordenação. Não se quer dizer com isso que tal relato não seja importante, contudo,
acredita-se que basear a pesquisa em uma única fonte de dados seria insuficiente.
No caso da IESBETA, os mesmos procedimentos foram tomados para a IESALFA
com relação à realização da entrevista. Como já mencionado, na IESBETA, a entrevista deu-
se presencialmente na sua sede localizada em estado da região Sudeste do Brasil em virtude
177
de a diretoria da IES não permitir a realização de pesquisa a distância, tanto na permissão do
acesso ao AVA, quanto no acesso aos sujeitos da pesquisa. O pesquisador foi, portanto, ao
encontro da coordenação da instituição que se mostrou bastante solícita e respondeu a todas as
perguntas sem restrição. Antes do início da entrevista, preparou-se o equipamento necessário,
no caso o notebook contendo um software de gravação de áudio instalado. Em seguida,
informaram-se quais seriam os objetivos da pesquisa, quais os seus benefícios, os interesses
do pesquisador, esclareceu-se que a entrevista seria gravada e transcrita para posterior análise
das informações obtidas. Pediu-se que o participante assinasse um Termo de Consentimento
(ANEXO H) que esclarecia os propósitos da pesquisa bem como questões referentes à
garantia de sigilo e anonimato dos participantes. Após esses procedimentos, deu-se início à
entrevista propriamente dita que durou cerca de 50 minutos. Durante esse período, buscou-se
seguir o roteiro de entrevista semiestruturada. O participante discorreu sobre o processo de
avaliação na IES initerruptamente, ás vezes dificultando a realização de perguntas e o
esclarecimento de dúvidas que iam surgindo ao longo da entrevista. Contudo, suas
informações foram abrangentes e relevantes. Após o término da entrevista, o participante
apresentou o AVA da IES ao pesquisador que teve a oportunidade de observar a sala de aula
virtual, contudo de forma bastante restrita em termos de tempo e de acesso.
No caso da IESBETA, seguiram-se os mesmos procedimentos, entretanto, o
pesquisador foi informado pela coordenação que a direção da IES não permitia qualquer tipo
de acesso do pesquisador ao corpo professor e equipe técnica de forma presencial ou online,
tampouco o envio de documentos para nenhum dos sujeitos da pesquisa.
178
APENDICE M – OBJETIVOS DA
APRENDIZAGEM
Disciplina objetivo
D1 Selecionar e utilizar os instrumentos...
Caracterizar os métodos...
Reconhecer as tipologias
Conhecer técnicas de leitura
Realizar a compilação das leituras...
Distinguir as etapas de implementação
Conhecer as normas...
Caracterizar um problema
Elaborar hipóteses Delimitar um objeto de estudo
Compor um pre-projeto
Reconhecer as características especificas
Compor um projeto de pesquisa
Identificar os elementos
Estruturar um artigo
D2 Analisar e diagnosticara as situações...
Identificar as oportunidades...
Tomar decisões efetivas, eficientes e eficazes
D3 Compreender os conceitos...
Compreender o processo
Aplicar os conhecimentos sobre
Compreender os processos de mobilização Compreender os conceitos de identificar
Compreender os processos de planejar
Compreender o processo de distribuir
Aplicar os conhecimentos
D4 Compreender os processos
Entender os conceitos
Conhecer que há...
Compreender quais ferramentas...
Entender os principais meios...
Compreender quais ferramentas são utilizadas...
Compreender que o uso da planilha...
Entender como acompanhar o andamento...
Conhecer os benefícios... Compreender a necessidade de um plano...
D5 Compreender os objetivos
Compreender os conceitos
Construir uma visão sistêmica
Compreender os objetivos
Desenvolver um plano
Compreender os objetivos
Compreender os aspectos
Compreender os aspectos relativos a...
Conhecer e aplicar os conceitos...
Aplicar os conceitos...
D6 Compreender a necessidade
Selecionar e desenvolver modelos Desenvolver a capacidade de ...
Compreender o significado de ...
Compreender os conceitos de ...
Compreender os modelos de...
Sintetizar os conceitos de ...
179
D7 Compreender a inserção
Compreender de forma panorâmica
Compreender de forma panorâmica
Compreender de forma panorâmica Compreender o conceito de
D8 Aplicar conceitos e ferramentas
Ampliar as noções
Identificar os níveis
Compreender os planejamento...
Compreender o planejamento
Desenvolver analise (2)
Avaliar recursos
D9 Compreender a ....
Estabelecer as diferenças e as relações
Compreender e distinguir
Caracterizar
Refletir sobre... Demonstrar...
D10 Compreender os fundamentos e as principais ferramentas e técnicas
Compreender os fundamentos e as principais ferramentas e técnicas
Compreender os fundamentos e as principais ferramentas e técnicas
Compreender os fundamentos e as principais ferramentas e técnicas
Compreender os fundamentos e as principais ferramentas e técnicas
Compreender os fundamentos e as principais ferramentas e técnicas
Compreender os fundamentos e as principais ferramentas e técnicas
Compreender os fundamentos e as principais ferramentas e técnicas
180
Anexo A – Portaria No. 4.059
181
Anexo B – Decreto 5.622
182
183
Anexo C – Resolução n.1, de 8 de Junho de 2007
184