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ATIVIDADES INTERDISCIPLINARES E MULTIPROFISSIONAIS: RELATOS DE
EXPERIÊNCIA COM PARTICIPANTES DO PROGRAMA DE PREVENÇÃO PARA
DOENÇAS CARDIOVASCULARES
INTERDISCIPLINARY AND MULTIPROFESSIONAL ACTIVITIES CARDIOVASCULAR
DISEASES PREVENTION PROGRAM EXPERIENCE REPORT
Albertina Bonetti
Doutora em Enfermagem – UFSC
Professor titular - UFSC
Geny Aparecida Cantos
Pós doutorado em Parasitologia Molecular pelo Centro de Investigações Biológicas de Madrid
Professora Associada - UFSC
Joselma Tavares Frutuoso
Doutora em Engenharia de Produção – UFSC
Professor adjunto- III - UFSC
Maria Edinéia Rocha
Professora de educação física
RESUMO
O artigo apresenta a experiência realizada por uma equipe de saúde interdisciplinar e
multiprofissional, tendo como foco um programa de prevenção para doenças cardiovasculares.
No período de 2007 a 2009, participaram desta experiência 480 pessoas, portadoras ou não de
doenças crônica, sendo que a maioria pertencia à comunidade universitária. Inicialmente, as
pessoas tiveram um atendimento com nutricionista e cardiologista. Paralelamente, foram
realizadas palestras mensais para o grupo sobre educação em saúde com temas relacionados ao
processo de saúde e adoecimento. Ao final, visando unir medicina convencional a outros modelos
assistenciais de promoção e prevenção à saúde, a equipe disponibilizou várias práticas corporais
para serem somadas no enfrentamento da doença pelos pacientes. como: biodanza; práticas
aquáticas (watsu, halliwick e biodanza) e vivências lúdicas do coração. Os participantes também
tiveram atendimento psicológico em grupo, educação nutricional com almoços comunitários e
visitas ao supermercado. O monitoramento dessas ações envolveu sobretudo questionários
estruturados, relatos verbais, exames clínicos e bioquímicos. A análise dos dados foi organizada
em categorias temáticas envolvendo aspectos que influenciavam na adesão ao tratamento
assistencial. Os participantes relataram a importância de tomarem consciência de como estavam
agindo, sendo possível planejar mudanças positivas em suas atitudes cotidianas, o que
contribuiu para uma melhor qualidade de vida e bem-estar psicológico dos participantes do
programa. Estas formas diferenciadas de tratamentos disponíveis nos diferentes grupos
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terapêuticos fortaleceram os valores humanistas associados à recuperação física e emocional
dessas pessoas, integrando-os melhor com o mundo, com o outro e consigo mesmo. A
experiência contribuiu para a construção do conhecimento e o crescimento profissional,
valorizando as ações da equipe de saúde e oferecendo aos participantes um modelo assistencial
com foco na promoção à saúde e prevenção de doenças.
Palavras-chave: Doenças cardiovasculares; Doenças crônicas; Promoção à saúde; Prevenção a
doenças, Tratamentos alternativos; Modelos assistenciais de saúde.
1 INTRODUÇÃO
As doenças crônicas não-transmissíveis (DCNT) são importantes causadoras de mortes, com
maior incidência nos grandes centros urbanos e em paises industrializados, embora o número de
portadores esteja crescendo muito no mundo todo (LEITE et al.., 2002). São exemplos das
mesmas: diabetes mellitus não insulino-dependente, hipertensão arterial, doenças
cardiovasculares, osteoporose e alguns tipos de câncer, como o de cólon e o de mama (MOLINA
et al., 2003). As doenças cardiovasculares têm se tornado a principal causa de morte no mundo,
sendo responsáveis por 28% de todas as mortes (SILVA et al., 2010). Diversos fatores estão
relacionados à mortalidade desta parcela da população: a magnitude da doença, a necessidade
intensa de atuação dos cuidadores e a carência de projetos terapêuticos que permitam o acesso do
portador aos serviços e ações integradas em todos os níveis de atenção à saúde (MALTA, 2010).
Os fatores de risco que contribuem para o aparecimento das doenças crônicas podem ser
intrínsecos ao indivíduo, como histórico familiar e idade; ou extrínsecos, como estilo de vida
sedentário, consumo excessivo de cigarros, álcool, café e uso de corticóides (SIMÃO, 2004).
Essas doenças têm, em comum, uma evolução progressiva, causando, muitas vezes, limitações
para realizar tarefas simples, sendo necessário somar ao tratamento medicamentoso formas
alternativas de terapia para o tratamento global do organismo adoecido. Geralmente o paciente
está submetido à terapêutica farmacológica recomendada que lhe é prescrita. Quando não ocorre
adesão às intervenções clínicas farmacológicas, há uma premissa de que a causa deve-se à falta
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de conhecimento do paciente sobre a sua doença e sobre os cuidados de sua saúde integral. A
consciência do processo saúde-adoecimento é afetada por aspectos relacionados à subjetividade e
autonomia da pessoa ou cuidador bem como o meio social e cultural em que a pessoa está
inserida (CIPOLLE, et al.. 2006; SERRANO et al.., 2009).
Muitos fatores influenciam a maneira de sentir-se ou não doente, em especial, as características
psicológicas e culturais, há necessidade de mudança de paradigma que abra espaço para uma
cultura médica mais abrangente e que atenda às necessidades do ser humano. Hoje, há evidências
que apontam para a necessidade de mudança da cultura médica que, em nosso meio, tornou-se
excessivamente medicamentosa e intervencionista. A medicina convencional tem auxiliado no
alívio de sintomas e no tratamento de muitas doenças. Contudo, em especial no tratamento de
doenças crônicas e degenerativas, necessita contemplar a junção de modelos múltiplos de atenção
à saúde que integre e harmonize o organismo (GOSTAWAMI, 2004).
Há uma distância grande entre o discurso preventivo sobre os riscos cardiovasculares e os
resultados alcançados pela prática medicamentosa na vida de indivíduos que buscam mudanças
positivas no seu estilo de vida e uma vida mais saudável. É um desafio realizar a integração de
ações preventivas a essas doenças, pois são necessárias práticas que levem o indivíduo a conhecer
e entender seu estilo de vida, suas necessidades, suas emoções, seus sentimentos, seus valores,
suas expectativas e suas prioridades de vida, (VALLS; SILVA, 2008).
Assim, neste trabalho, serão relatadas experiências realizadas nesse projeto de extensão na área
de prevenção para doenças cardiovasculares, envolvendo uma equipe interdisciplinar e
multiprofissional. As ações iniciaram em 1997 com dois cardiologistas, dois nutricionistas e dois
farmacêuticos bioquímicos. Nessa época, percebeu-se que havia elevado número de pacientes que
passavam pelo setor de cardiologia do Serviço de Atendimento à Comunidade Universitária do
Hospital Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina (SASC-HU-UFSC). A
cardiologia e a clínica geral recebiam em torno de 700 pacientes por mês. Assim, nesse mesmo
ano, esta equipe começou a prestar atendimento cardiológico e nutricional aos indivíduos da
comunidade universitária, tentando conscientizá-los via conversas a mudarem seus hábitos e
estilo de vida não saudáveis, a fim de melhorar a qualidade de vida dos mesmos. Com o tempo,
surgiu a necessidade de avaliar e acompanhar estes pacientes, foi criado então o projeto
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“Avaliação da intervenção multiprofissional e interdisciplinar na prevenção e tratamento de
eventos cardiovasculares em uma comunidade universitária”.
Nos primeiros cinco anos do projeto, os pacientes tinham acesso à educação nutricional
(consultas com nutricionista); acompanhamento cardiológico (consultas e exames) no Hospital
Universitário e palestras mensais sobre temas relacionados ao processo de saúde-adoecimento.
Em função de constantes avaliações dos profissionais e as demandas dos participantes, outras
modalidades de atendimento foram surgindo para melhorar e ampliar a qualidade de vida dos
participantes do projeto.
Assim, em 2002, teve inicio a biodanza, que significa o movimento do corpo com ritmo da
música e da vida (TORO, 2002). O objetivo foi produzir modificações estáveis no estilo de vida,
diminuindo o estresse e elevando a qualidade de vida de pessoas com dislipidemia, por meio da
música, do movimento e da comunicação em grupo. Esse projeto objetivou explorar também os
limites e possibilidades da linguagem corporal, em suas múltiplas expressões e experiências nas
relações consigo mesmo e com o outro, contribuindo para a capacidade de tocar, de sorrir, de
abrir espaço para a troca de interações coletivas (CANTOS et al., 2005; CANTOS et al.., 2008).
Em 2004, surgiu o programa vivências lúdicas do coração com objetivo geral de proporcionar
vivências corporais lúdicas para pessoas que apresentam diagnóstico de dislipidemia Outras
metas eram estimular o desenvolvimento da criatividade; proporcionar prazer, autonomia,
fantasia; possibilitar uma melhor compreensão e percepção qualificada do movimento; oferecer
oportunidades às pessoas para, ao (re) descobrirem o seu corpo, (re) descobrir o seu significado e
a sua importância de ser (BONETTI, 2006).
Em 2005, foram oferecidas atividades de watsu e halliwick para pacientes com doenças crônicas
com objetivo era melhorar a qualidade de vida de pessoas tanto no aspecto físico como
emocional. Em conjunto, são recomendadas para todos os tipos de pessoas em qualquer idade
(crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos) e nos casos de estresse físico e mental, medos,
osteoporose, problemas neurológicos, ortopédicos, bloqueios emocionais, DCV, etc. (BACKER
et al.., 2000). O método watsu foi escolhido por ajudar as pessoas a “silenciarem a mente”,
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liberando e flutuando o corpo na água de forma a harmonizá-lo, “dissolver” as tensões e fadigas,
reduzir o estresse e a ansiedade, tornando inclusive o sono mais tranqüilo. O halliwick visava
possibilitar o desenvolvimento de habilidades como respirar e controlar o corpo na água com
segurança e alegria (SCHUTZ, 2009).
Em 2008, watsu e halliwick foram associados a biodanza aquática, a fim de utilizar outra
linguagem corporal, onde a fala é silenciosa, priorizando-se o olhar, o toque, a carícia, o afeto e a
valorização de si mesmo e também a valorização do outro, trazendo a percepção de totalidade
(SCHUTZ, 2009)
O atendimento psicológico grupal teve inicio também em 2008 tendo como foco desenvolver
vínculos afetivos e proporcionar um clima favorável a novas aprendizagens para a ampliação do
repertório comportamental, favorecendo a auto-observação e o autoconhecimento (FRUTUOSO;
CANTOS, 2009).
Nesse artigo, relatamos o percurso dessa experiência interdisciplinar e multiprofissional de treze
anos que se apoiou em estratégias de promoção à saúde e prevenção de doenças cardiovasculares,
envolvendo o tripé da integração: paciente, tratamento e equipe de saúde.
2 METODOLOGIA
2.1 Participantes
Entre os anos 1997 e 2009, participaram deste programa quatrocentos e oitenta pacientes, 80%
deles funcionários, alunos ou professores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), os
noventa e dois eram da comunidade local que tiveram acesso às diversas modalidades de
tratamentos. Primeiramente, foram incluídos no projeto de extensão somente pessoas que
apresentavam um quadro de dislipidemia ou doença cardiovascular. Posteriormente, em 2005,
abriu-se espaço para cento e sessenta e oito participantes assintomáticos e aparentemente
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saudáveis, mas que apresentavam pelo menos um fator de risco coronário e ainda para mais trinta
e cinco pessoas portadoras de outras doenças crônicas não-transmissíveis, tais como hipertensão
arterial sistêmica, diabetes mellitus, fibromialgia, artrose e labirintite. A faixa etária do grupo
variou de vinte a oitenta e nove anos, sendo que 81% tinham idade de entre cinquenta a sessenta e
cinco anos e 79% eram do sexo feminino.
Participaram de cada grupo em torno de vinte e cinco pacientes, exceto o de atendimento
psicológico que recebeu no máximo dez pessoas por dois semestres letivos. A terapia aquática
teve caráter contínuo. A biodanza e as vivências lúdicas do coração foram semestrais, ou seja, a
cada início de semestre foram criados grupos, com membros novos e também participantes do
semestre anterior. Esta estratégia foi aplicada também ao grupo de atendimento psicológico a
partir de 2009. Cada pessoa podia participar de uma ou mais atividades oferecidas pelo projeto de
extensão.
Todas as terapias envolveram mediações bioquímicas (ROSEIN et al., 2004), incluindo os
indivíduos assintomáticos. O agendamento e a coleta dos exames foram realizados por alunos de
extensão e pesquisa da UFSC. No momento da coleta cada participante respondia o questionário
de estresse proposto por LIPP et al. (1996).
Todos os participantes foram esclarecidos sobre o projeto e acerca dos programas de tratamentos
alternativos oferecidos. Os participantes assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido,
conforme prevê a resolução 196/1996 que rege pesquisas realizadas com seres humanos
(CONEP, 2000). Este trabalho teve a aprovação pela Comissão de Ética de Pesquisa em
Humanos da Universidade Federal de Santa Catarina, registro no Mistério da Saúde: CONEP
n.299/08.
2.2 Níveis de ação
As ações globais foram desenvolvidas em dois níveis: individualizado e em grupo.
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a) Atendimento individualizado
Primeiramente os pacientes passavam pelo exame clínico realizado pelo setor de cardiologia e
após um "check-up” personalizado, mesmo que as pessoas não tivessem doenças, exames
bioquímicos eram solicitados. Os exames mais complexos foram solicitados apenas quando os
testes iniciais deixaram dúvida ou levantaram suspeitas de outras doenças.
Como importante estratégia de intervenção de doenças cardiovasculares, foi utilizada a educação
nutricional desenvolvida por uma nutricionista do HU-UFSC e duas professoras do Departamento
de Nutrição da mesma universidade. A avaliação do estado nutricional deu ênfase aos indicadores
antropométricos, distribuição da gordura corporal e percepções, observadas por meio de
perguntas formuladas a cada pessoa. A partir dessa avaliação, programou-se uma dieta adequada
que considerava as especificidades de cada participante, pois o grupo era bastante heterogêneo
(SILVEIRA et al..2009).
Tanto no setor de cardiologia como no de nutrição, as pessoas eram orientadas a adotar hábitos
que pudessem atenuar os riscos de doenças crônicas e/ou a adotar comportamentos pró-saúde.
b) Educação e saúde para ao grupo
Desde o início do projeto, as pessoas foram convidadas a participar de palestras mensais, que
tiveram duração de aproximadamente duas horas. Essas foram coordenadas pelos profissionais
integrantes do projeto e outros profissionais convidados, seguindo escala pré-determinada, com
assuntos referentes às doenças cardiovasculares e aos diversos fatores implicados no processo
saúde-adoecimento.
Em 2008, dentro do programa da educação nutricional foi criada uma importante estratégia de
intervenção de doenças cardiovasculares chamada de almoços “comunitários”, que visou orientar
e avaliar uma alimentação balanceada. Esta estratégia, por sua vez, foi realizada coletivamente
uma vez por mês na residência de um dos participantes, com o objetivo de proporcionar melhor
integração do grupo e promover hábitos alimentares saudáveis e trocas de experiências. O
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aprimoramento desta etapa realizou-se por meio de visitas ao supermercado com os pacientes,
sob a supervisão da nutricionista na qual se explorou a viabilização e a adequação de uma dieta
balanceada individualmente.
A equipe interdisciplinar e multiprofissional realizaram também sistematicamente reuniões
semanais com o intuito de integrar a medicina convencional com outros modelos assistenciais
e/ou alternativos, a fim de trabalhar com prevenção de doenças e promoção de saúde. As ações
deliberadas por esta equipe tiveram como objetivo manter o organismo saudável, diminuindo a
resposta do estresse negativo, um dos causadores de doenças.
Considerando o acima exposto, a equipe de profissionais passou a utilizar várias modalidades de
intervenção, por meio de terapias alternativas, focando na detecção de sintomas emocionais e no
bem-estar psicológico dos participantes.
2.3 Práticas corporais e benefícios esperados
Em 2002, foi criado o projeto “Efeito terapêutico da biodanza na restauração do equilíbrio e
saúde mental de pacientes com dislipidemia” que inicialmente atendia vinte pessoas anualmente
com dislipidemia. Em 2006, a fim de atender a comunidade local, um outro grupo foi criado.
Cada um deles teve anualmente quarenta e sete encontros. Neste tipo de atendimento, as sessões
foram realizadas uma vez por semana, com duração de duas horas, conduzidas por facilitadores
de biodanza (CANTOS et al.., 2008).
Em 2004, o programa vivências lúdicas do coração foi desenvolvido por uma professora do
Departamento de Educação Física da UFSC. Este tipo de atividade explorou o lúdico, a
cooperação, a brincadeira e o prazer para realização de atividades físicas, as quais consistiram em
danças, caminhadas, jogos, alongamentos, exercícios localizados, relaxamentos, vivências
aeróbicas, etc. (BONETTI, 2006). Neste programa, as vivências foram realizadas três vezes por
semana, com duração de uma hora e atendeu aproximadamente vinte e cinco pessoas por
semestre.
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Em 2005, a hidroterapia, com os métodos watsu e halliwick, foi oferecida por profissional
formada em Educação Física com especialização nas referidas técnicas. Em 2008, as técnicas de
watsu e halliwick foram associadas com a biodanza aquática e ministradas pela mesma
profissional que também era facilitadora de biodanza. Esta nova modalidade de atendimento fez
parte de um subprojeto intitulado Vida com saúde: “o método watsu e halliwick biodanza
aquática como agentes modificadores do diestresse (estresse negativo) de indivíduos com
doenças crônicas”. O trabalho foi conduzido de forma que as atividades vivenciadas pudessem
fortalecer os valores humanistas associados à recuperação física e emocional desses pacientes,
considerando que essas dimensões devem ser interligadas. Participaram deste trabalho trinta
pacientes com doenças crônicas, os quais foram conduzidos a uma terapia em piscina aquecida
durante duas horas, uma vez por semana. O programa teve a duração de doze meses (janeiro a
dezembro de 2006), totalizando quarenta e oito sessões anuais (ROCHA et al.; 2008; SCHUTZ et
al., 2009).
2.4 Outra modalidade de atendimento
Em 2007, o atendimento psicológico grupal passou a ser oferecido por professora do
Departamento de Psicologia, aos pacientes encaminhados pelos serviços de cardiologia e
nutrição. Porém a participação era voluntária. A pessoa tomava a decisão se queria ou não entrar
no grupo de apoio psicológico. O modelo de terapia seguiu os princípios da Análise do
Comportamento e da filosofia do Behaviorismo Radical de Skinner (MARTIN; PEAT, 2009;
CATANIA, 1999). O foco desde tipo de atendimento está baseado na descrição e análise das
contingências de reforçamento passadas que fizeram parte da história de vida de cada um ou das
contingências vigentes que são responsáveis pelo modo de ser e agir das pessoas. O termo
contingência envolveu no mínimo a análise e compreensão de três tipos de eventos: (1) eventos
antecedentes (contexto, situações, condições), (2) eventos comportamentais (as ações, tudo que a
pessoa faz, diz, sente e pensa) e (3) eventos conseqüentes (as conseqüências dos comportamentos
que influenciam a própria pessoa e todo o seu ambiente: afetivo, social, familiar etc.). Em outras
palavras, implica analisar simultaneamente as inúmeras possibilidades de relações funcionais
existentes entre estes três eventos responsáveis pelo atual repertório comportamental. O grupo de
apoio psicológico foi realizado ao longo de dois semestres letivos, ocorrendo trinta e quatro
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encontros, os quais eram semanais com duração de duas horas. O grupo era aberto à entrada de
participantes até o terceiro encontro e depois fechado, com no máximo dez participantes.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Pessoas com doenças crônicas vivem seus problemas e desafios com períodos de melhora ou
piora, nem sempre previsíveis, com ameaças e limitações em suas rotinas diárias, no trabalho, nos
relacionamentos, etc. A prevenção cardiovascular tem sido baseada no conceito de redução de
risco cardiovascular global, que envolve os esforços para prevenir ou reduzir novos eventos
cardiovasculares (CANTOS, 2008). Diversos estudos demonstraram que é possível reduzir a
carga de doença nesta população por meio de estratégias preventivas (GOSTAWAMI, 2004;
BONETTI, 200; SILVEIRA et al., 2009).
Nesse trabalho, as consultas com cardiologistas eram a "porta de entrada" do paciente, os quais
fizeram o diagnóstico clínico, elaboraram o plano terapêutico e realizaram os encaminhamentos
necessários. Houve um esforço dirigido para as medidas preventivas de controle dos fatores de
risco para doença arterial coronariana.
A realização de exames bioquímicos periódicos foi uma ferramenta importante para monitorar e
avaliar as condições de saúde dos participantes desse projeto. O resultado das análises
bioquímicas ofereceu informações diagnósticas que orientaram os procedimentos terapêuticos
realizados (ROSEIN, et al.., 2004; CANTOS, et al.., 2008).
O tratamento das doenças crônicas, na verdade, requer o envolvimento dos cuidadores com
estratégias preventivas e educacionais para que os resultados esperados sejam alcançados.
Estamos acostumados a um modelo onde o terapeuta é o locutor e o paciente (conforme o próprio
nome indica) é o receptor do conteúdo. Ferreira e colaboradores (2006) afirmam que o
comportamento de adesão implica em o paciente identificar os resultados que pretende alcançar e
programar contingências para que isto ocorra, tornando-se protagonista de seu tratamento. Por
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exemplo, em todas as atividades desenvolvidas pela equipe foi de fundamental importância a
utilização de uma linguagem acessível ao paciente considerando as questões subjetivas de cada
pessoa envolvida.
Um dos grandes desafios enfrentados pela equipe foi interferir positivamente no comportamento
alimentar das pessoas para que as mesmas pudessem efetivar as mudanças necessárias na
alimentação cotidiana. Isso acarretou grandes alterações no modo de pensar e agir desses
pacientes, modificando, inclusive o componente emocional segundo relato dos pacientes. A
avaliação nutricional realizada com os participantes desse programa representou uma tarefa
importante para a equipe multidisciplinar, pois possibilitou a identificação de grupos de riscos e
intervenções não apenas relacionadas com os efeitos, mas também com as causas da alimentação
inadequada. Nossa experiência mostrou que apesar das pessoas estarem atentas aos cuidados
indispensáveis ao bom estado nutricional, ainda é necessário que haja ações de caráter preventivo
de doenças crônico-degenerativas associadas ao excesso de peso.
Nesse estudo, apesar dos esforços empreendidos, a adesão ao tratamento, não foi superior a 20%.
Houveram resistências que ainda se fazem presentes para os encaminhamentos. Talvez a raiz do
problema esteja relacionada a variáveis relacionadas com situação de insatisfação pessoal de
difícil mensuração, o que exige mudanças enormes e complexas em vários setores da vida da
pessoa: profissional, afetivo, social, etc. No grupo estudado, por exemplo, ser portador de doença
crônica configura-se um motivo de insatisfação, pois o indivíduo precisa se adaptar à atual
condição física e conciliar isto ao seu desejo de ser aceito pela sociedade. Diante desde quadro, é
preciso levar em consideração as limitações de cada um, para ser possível programar
intervenções nutricionais mais adequadas.
Nesta direção, os almoços comunitários mensalmente realizados foram importantes estratégias
empregadas. Além da parte de integração social, houve a orientação e a avaliação do cardápio
trazido pelos participantes. Nesses encontros, percebeu-se que as refeições eram perfeitamente
balanceadas, somente o açúcar utilizado em excesso nas sobremesas apresentava problema. Pode-
se dizer que os almoços comunitários e as palestras educativas sem dúvida influenciaram
positivamente na adesão da orientação alimentar (PASSOS; CANTOS, 2009).
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As reuniões semanais sistemáticas com os profissionais da equipe interdisciplinar foram também
de grande valia para integrar as diversas formas de pensar e agir da equipe. Nelas, houveram
discussões no sentido de rever conceitos, posturas, atitudes, condutas, provendo inovações na
prática, trabalhando conflitos emergentes, de forma a facilitar os relacionamentos interpessoais
entre os membros da própria equipe e da equipe com os pacientes.
Por conseguinte, as experiências que foram retratadas nesse trabalho deram ênfase na relação
entre as condições de estresse e os diferentes tratamentos alternativos oferecidos para este tipo de
população (ROSEIN, et al., 2004). Esta intervenção foi respaldada num conjunto de atividades:
consultas cardiológicas, nutricionais, palestras educativas, almoços comunitários e grupos de
apoio (atendimento psicológico, vivências do coração, biodanza e três tipos de práticas
aquáticas).
Dentro desde contexto de cuidado e atenção à saúde, a equipe interdisciplinar e multiprofissional
têm utilizado elementos quantitativos (exames bioquímicos) e componentes “subjetivos”
(depoimentos e questionários de estresse) para monitorar o estado de saúde dos indivíduos que
integraram o programa. Trabalhos realizados mostraram que as emoções negativas podem estar
relacionadas com o aumento do colesterol total, fração LDL-colesterol, triglicerídeos e
diminuição da fração HDL-colesterol, e que as atividades relacionadas com a promoção à saúde
melhoram esses parâmetros (ROSEIN et al.., 2004; BONETT, 2006; CANTOS et al., 2008;
SCHUTZ et al.. 2009).
Na esfera psicológica, a equipe interdisciplinar e multiprofissional percebeu que os padrões
comportamentais e a história de vida de cada paciente são fatores que contribuem para o
sofrimento e a resistência a mudanças nos hábitos alimentares e a adoção de estilos de vida mais
saudáveis (ROSEIN et al., 2004 LIPP et al., 1996). A partir destas constatações, a equipe
procurou contornar este problema oferecendo a seus participantes os tratamentos alternativos
relatados nesse artigo. Entretanto, verificou-se que seis pessoas que apresentavam dificuldades
interpessoais, padrão agressivo de interação e problemas afetivos que necessitavam de
atendimento psicológico foram convidadas a participar, mas não aceitaram. Nos encontros, os
atendimentos psicológicos ocorriam de forma gradativa, os membros espontaneamente relatavam
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seus problemas e dificuldades, cada participante era protagonista de suas escolhas e decisões e se
beneficiava da interação com as outras pessoas, encontrando não só apoio emocional, mas
também idéias e orientações para um novo estilo de vida (DEL PRETTE, DEL PRETTE, 2009).
Ao longo desses anos, percebeu-se que a biodanza por meio da música, conto e expressão
corporal nos encontros, repercutiu de forma integradora e afetiva nas interações dos membros que
compõem o grupo. Os participantes relataram melhora dos sintomas e os exames apontam
melhora também no quadro clínico e laboratorial dos mesmos (CANTOS et al.., 2008). Por
exemplo, entre os anos 2002 a 2007, em torno de cento e cinquenta pessoas participaram do
grupo de biodanza durante pelo menos dois anos. Dessas, vinte pessoas compareceram com
freqüência acima de 80%, indicando um bom índice de adesão em longo prazo. Percebeu-se que
esse grupo de biondaza quando comparado ao grupo controle (pessoas que participavam do
projeto, mas não faziam biodanza), apresentou melhoras no colesterol e frações bem como na
glicemia e magnésio. Esses parâmetros bioquímicos tiveram boa correlação com estado de
estresse (CANTOS, et al., 2005). Por outro lado, por meio das respostas ao questionário de
estresse e de depoimentos, percebeu-se que a biodanza conduziu a melhoras no estilo e na
qualidade de vida de seus integrantes, sobretudo na comunicação, na auto-estima e também na
aceitação do outro com todas as suas diferenças (CANTOS et al.., 2008).
No desenvolvimento das vivências corporais lúdicas, percebeu-se grande receptividade por parte
dos participantes em função da diversidade de atividades que este tratamento ofereceu como
danças, ginásticas, caminhadas, relaxamentos, jogos recreativos, capoeira, ioga, entre outras.
Observou-se no relato verbal também maior dinamismo nos movimentos, mais motivação das
pessoas para se exercitar, ampliação quanto à execução de movimentos e bem-estar dos
participantes. Não obstante, verificou-se que a motivação era determinante para que o indivíduo
realizasse exercícios físicos regularmente, o que repercutiu na melhor execução das tarefas da
vida diária e também na socialização entre os participantes. Além disso, foi possível perceber
aumento no grau de satisfação, pois ao longo do projeto esses apresentaram maior desenvoltura,
agilidade, domínio, equilíbrio, flexibilidade, resistência e força ao realizar movimentos. Outro
aspecto evidenciado foi a importância de fazer exercícios em equipe que proporcionou aos
participantes movimentarem-se em um ambiente de confiança, segurança e comodidade,
possibilitado por meio de relações afetivas. Assim, pode-se concluir que as atividades físicas, na
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forma de vivências lúdicas, têm sido importantes recursos não medicamentosos na terapia e
prevenção das doenças cardiovasculares, proporcionando aos participantes uma vida mais
saudável (BONETTI, 2006).
A terapia holística aquática (watsu/ halliwick/biodanza aquática) foi conduzida com o objetivo de
melhorar o condicionamento físico, diminuindo a tensão, ampliando movimentos e a respiração
dos participantes. Uma avaliação realizada com vinte pacientes com doenças crônicas, com
idades entre cinqüenta a setenta anos, no ano 2007, mostrou que o estado de estresse melhorou
70%. Os aspectos mais representativos dessa melhora puderam ser observados nos depoimentos
dos participantes e nas respostas ao questionário de estresse aplicado aos integrantes, os quais
mostraram pela boa revigoração ao se levantar, pela queda de ansiedade e menor temor da perda
do controle da mente, dos atos, palavras, pensamentos e sentimentos. Observou-se ainda melhora
na postura e na disposição, na redução do estresse e da ansiedade, possibilitando um sono mais
tranqüilo, além da melhora da consciência do corpo e o incentivo na busca da saúde espiritual
(SCHUTZ et al.., 2009).
No atendimento psicológico, os participantes eram encorajados a relatar eventos e situações
marcantes de sua vida sem constrangimentos ou censuras. O ambiente terapêutico acabou sendo
um espaço em que a pessoa aprendeu a lidar melhor com suas emoções, seus sentimentos, suas
crenças e seus conflitos pessoais e interpessoais. A descrição das contingências passadas ou
vigentes criou condições para o grupo analisar o padrão atual de comportamento, ajudando os
participantes a gerenciar, programar e produzir mudanças que ampliaram seu repertório
comportamental (KOHLENBERG; TSAI, 2001; YALOM 2006; FRUTUOSO; CANTOS, 2008).
Verificou-se no atendimento psicológico em grupo que: 1) os conteúdos das queixas continham
elementos comuns e isto ajudou os participantes a se identificarem uns com os outros; 2) as
histórias de vida compartilhadas nos grupos serviram de modelo e fomentavam debates temáticos
entre todos; 3) proporcionou aos membros encontrar soluções e indicá-las uns para os outros,
promovendo um processo de ajuda mútua; 4) o surgimento de vínculo afetivo foi construído e
mantido por interações de respeito num ambiente acolhedor de diferenças; 5) os participantes
relatavam as mudanças comportamentais que ocorreram em suas vidas e as escolhas que fizeram
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durante o atendimento, o que servia de modelo para os demais se envolverem no controle de suas
vidas com relação a aspectos alimentares, afetivos e profissionais (DELITTI; DERDAYK, 2008).
Ao longo desses anos percebeu-se que a biodanza por meio da música, conto, expressão corporal
nos encontros, repercutiu de forma integradora e afetiva nas interações dos membros que
compõem o grupo. Os participantes relataram melhora dos sintomas e os enxames apontam
melhora também no quadro clínico e laboratorial dos mesmos (CANTOS et al., 2008). Por
exemplo, entre os anos 2002 a 2007 em torno de cento e cinquenta pessoas participaram do grupo
de biodanza, durante pelo menos dois anos. Destas, vinte pessoas, compareceram com uma
freqüência acima de 80% a todos os encontros, indicando um bom índice de adesão a longo
prazo. Percebeu-se que esse grupo de biondaza comparado-o ao grupo controle (pessoas que
participavam do projeto, mas não faziam biodanza), apresentou melhoras no perfil lipídico, bem
como na glicemia de jejum e magnésio. Esses parâmetros bioquímicos tiveram boa correlação
com estado de estresse (CANTOS, et al., 2005). Por outro lado, por meio das respostas do
questionário de estresse e de depoimentos percebeu-se que as sessões de biodanza conduziram a
melhoras no estilo e qualidade de vida dos seus integrantes, sobretudo na comunicação, na auto-
estima e também na aceitação do outro com todas as suas diferenças (CANTOS et al., 2008).
No desenvolvimento das vivências corporais lúdicas percebeu-se uma grande receptividade por
parte dos participantes em função da diversidade de atividades que este tratamento proporcionou
como danças, ginásticas, caminhadas, relaxamentos, jogos recreativos, capoeira, ioga, dentre
outras. Observou-se, também, maior dinamismo nos movimentos e no relato verbal de bem-estar
dos participantes. Além disso, foi possível notar a satisfação, pois ao longo do projeto eles
apresentaram maior desenvoltura, agilidade, domínio, equilíbrio, flexibilidade, resistência e força
ao realizar movimentos. Outro aspecto evidenciado foi a importância de fazer exercícios em
equipe que proporcionou aos participantes movimentarem-se em um ambiente de confiança,
segurança e comodidade, possibilitado por meio de relações afetivas (BONETTI, 2006).
A terapia holística aquática (watsu/ halliwick/biodanza aquática) os elementos mais
representativos da melhora puderam ser observados no depoimento dos participantes e nas
respostas ao questionário de estresse, os quais mostraram pela boa revigoração ao se levantarem,
pela queda de ansiedade e menor temor da perda do controle da mente, dos atos, palavras,
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pensamentos e sentimentos. Uma avaliação realizada com 20 pacientes com doenças crônicas,
idade entre 50 a 70 anos, no ano 2007 mostrou que o estado de estresse melhorou 70%.
Observou-se ainda melhoras na postura e na disposição, na redução do estresse e da ansiedade,
possibilitando um sono mais tranqüilo, além da melhora da consciência do corpo e o incentivo na
busca da saúde espiritual (SCHUTZ et al., 2009).
No atendimento psicológico os participantes eram encorajados a relatar eventos e situações
marcantes de sua vida sem constrangimentos ou censuras. O ambiente terapêutico acabou sendo
um espaço em que o indivíduo aprende a lidar melhor com suas emoções, seus sentimentos, suas
crenças e seus conflitos pessoais e interpessoais. A descrição das contingências passadas ou
vigentes criou condições para o grupo analisar o padrão atual de comportamento, ajudando os
participantes a gerenciar, programar e produzir mudanças que ampliaram seu repertório
comportamental (DELITTI; DERDAYK, 2008).
Verificou-se no atendimento psicológico em grupo que: 1) os conteúdos das queixas continham
elementos comuns e isto ajudou os participantes a se identificarem uns com os outros; 2) as
histórias de vida compartilhadas no grupo serviam de modelo e fomentava debates temáticos
entre todos; 3) proporcionou aos membros encontrar soluções e indicá-las uns para os outros,
promovendo um processo ajuda mutua; 4) o surgimento de vínculo afetivo foi construído e
mantido por interações de respeito num ambiente acolhedor de diferenças; 5) os participantes
relatavam as mudanças comportamentais que ocorreram em suas vidas e as escolhas que fizeram
durante e atendimento o que servia de modelo par os demais se envolver no controle de sua vida
relacionados com os aspectos alimentares, afetivos e profissionais (FRUTUOSO; CANTOS,
2009).
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A adesão ao tratamento e conseqüentemente à eficácia da assistência prestada depende muito da
percepção individual que cada um tem sobre seu estado de saúde e do comprometimento com as
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intervenções terapêuticas indicadas e adotadas. Sugere-se que amplie esta prática de associar
medicina convencional com terapias alternativas no contexto da atenção à saúde, valorizando
práticas que cuidem da pessoa como um organismo completo, nos aspectos físicos (corpo) e nos
subjetivos e emocionais (psicológico).
É preciso lembrar que independentemente da terapêutica escolhida, a pessoa com doença crônica
terá que constantemente lutar contra suas incapacidades e avançar no seu processo de cura, ou de
redução de danos, para ter uma melhor qualidade de vida. Por outro lado, a condição de portador
de uma doença crônica requer inserção em programas de tratamento ou reabilitação para facilitar
a adaptação às novas condições e rotina de vida. Com isso, o paciente necessita de observação,
controle e cuidados especiais da equipe de saúde (e de seus familiares) ao longo de toda sua vida.
No que se refere à prevenção para doenças, esta experiência tem sido pioneira porque envolve a
participação de uma equipe interdisciplinar e multiprofissional, com formações técnicas diversas,
mas que trabalham juntos e conseguem, criar modelos de menores custos, que podem ser
aplicados no Sistema Único de Saúde - SUS. Por outro lado, é necessário o investimento na
educação continuada da equipe multiprofissional, para garantir a integralidade do cuidado em
saúde e o reconhecimento e respeito às diferenças técnicas e teóricas existentes entre os membros
da equipe multiprofissional.
As experiências aqui relatadas levam-nos a refletir sobre a importância de conscientizar a pessoa
em relação ao seu estado de saúde, e a continuar com medidas de intervenção visando à
prevenção das doenças cardiovasculares, a fim de se obter maior adesão dos participantes ao
programa oferecido. Por isso, para trabalhar com esse tipo de população, é necessário pensarmos
acerca do conceito de saúde e em como este conceito é percebido pelo paciente, sentido e
entendido.
Destacamos a importância de envolver as pessoas com doenças crônicas em diferentes estratégias
terapêuticas, cujo somatório implica na conscientização do indivíduo sobre seu estado de saúde,
em seu engajamento nos processos de mudança, para sua adesão aos tratamentos
disponibilizados, proporcionando uma vida mais saudável à população atendida.
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AGRADECIMENTOS1
REFERÊNCIAS
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Florianópolis: UFSC, 2009.
Agradecimentos - A todos os integrantes, pacientes e profissionais do NIPEAD_HU_UFSC que contribuem ou contribuíram para o sucesso do tratamento oferecido, em especial à. Cláudia Souza Marquez da Silva, Carmen Waltrick (cardiologistas do Hospital Universitário da UFSC), Elizabeth M. Hermes (Bioquímica do HU-UFSC), .Jussara Gazzola (atual nutricionista da equipe, professora do Depto de Nutrição-UFSC), Maria da Graça Winckler Balen (Nutricionista HU-UFSC), Rodrigo Schütz e Claúdia Cavalett (Mestres em Farmácia-PGFAR), Jonathas Gomes de Medeiros e Renata Bittencourt (facilitadores de
biodanza), Maria de Fátima da Silva Duarte (Dra. do Depto de Educação Física-UFSC).1
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Abstract
In this paper, we describe an experiment conducted by an interdisciplinary professional health
team that focus on cardiovascular diseases’ prevention The study included 480 people over a
period 2007 to 2009. They were patients with or without chronic diseases, most of them belonged
to the university community. Initially, the patients had appointements with cardiologists and
nutrionists and they could also attend lectures on topics related to the health-illness process. Later
on, in order to combine conventional medicine and other health care promotion models, the team
decided to offer a range of avaiable body practices to patients as alternatives in fighting the
disease. These were biodanza, three different aquatic practices (watsu, halliwick and biodanza);
body budic experience; ludic experiences of the heart. Furthermore, there was also a
psychotherapy group and a nutritional education that involved lunching together and visiting the
supermarket. The monitoring of these actions included primarily leveraged structured
questionnaires, verbal reports, and clinical and biochemical analysis. Data was organized for
further analysis in thematic categories involving aspects that had influenced the adherence of
those people to the program. The participants reported as important that they became aware of
how they were acting upon it. From this awareness, the participants could plan and be
responsible for positive changes in their everyday attitudes that contributed to their better quality
of life and psychological well-being. The combination of those different forms of treatment
avaiable in the several therapeutical groups strengthened, for the patients, their humanist values
associated with the physical and emotional recovery, integrating them better with the world, with
other people and with themselves. This experience contributed to professional constructive
knowledge and to the professional growth, valuing the contribution of the health team and it
offered to its participants a model of care focused on health promotion and disease prevention.
Keywords: Cardiovascular Diseases, chronic diseases; Health promotion; Disease prevention;
Alternative treatments; Health care models.
Originais recebidos em: 29/04/2010
Aceite para publicação em: 16/11/2010