UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPACAMPUS SÃO GABRIEL
CURSO DE ENGENHARIA FLORESTAL
RELATÓRIO FINAL DE ESTÁGIO
Análise dos custos de implantação de um viveiro florestal no município de São Gabriel - RS
Acadêmico: Leonardo Nabinger Menna Barreto
São Gabriel, RS, Brasil
16 de Dezembro de 2011
2
ANÁLISE DOS CUSTOS DE IMPLANTAÇÃO DE UM VIVEIRO FLORESTAL NO MUNICÍPIO DE SÃO GABRIEL - RS
Por:
Leonardo Nabinger Menna Barreto
Relatório de estágio final apresentado ao Curso de Graduação em Engenharia Florestal, Área de Silvicultura, da Universidade Federal do Pampa – UNIPAMPA, como requisito parcial para obtenção do grau de Engenheiro Florestal.
Orientadora: Prof. Dra. Mirla Andrade Weber
São Gabriel, RS, Brasil
Dezembro de 2011.
3
Universidade Federal do Pampa
Campus São Gabriel
Engenharia Florestal
A Comissão Examinadora, abaixo assinada,
Aprova o Relatório de Estágio
ANÁLISE DOS CUSTOS DE IMPLANTAÇÃO DE UM VIVEIRO FLORESTAL NO MUNICÍPIO DE SÃO GABRIEL - RS
Elaborado por
Leonardo Nabinger Menna Barreto
Como requisito parcial para obtenção do grau de
Engenheiro Florestal
COMISSÃO EXAMINADORA:
______________________________Profa. Dra. Mirla Andrade Weber
________________________________Profa. Dra. Alexandra Augusti Boligon
___________________________________Prof. Dr. Italo Filippi Teixeira
São Gabriel, 16 de Dezembro de 2011.
4
AGRADECIMENTOS
À Universidade Federal do Pampa, pela graduação em Engenharia Florestal.
A Prof. Dra. Mirla Andrade Weber pela orientação e paciência, pela relação de
amizade e pela ajuda nos momentos difíceis.
Agradeço a todos os meus professores pelos ensinamentos e a amizade.
Aos meus colegas pela amizade e convivência durante todo o curso.
5
Resumo
No período de 12 de setembro de 2011 a 07 de novembro de 2011 foram
desenvolvidas diversas atividades no estágio prático profissional do acadêmico
Leonardo N. Menna Barreto no viveiro da Floricultura Amor Perfeito, localizado no
município de São Gabriel RS, e sob a responsabilidade e supervisão técnica de
Marcelo Müller. Durante o estágio foi implementado um viveiro com infra-estrutura
para a produção média anual de 7000 mudas, visando à instalação do modelo de
produção de mudas nativas pelo sistema de tubetes com 190cm³, somando-se ao
atual modelo de produção em garrafas pets e sacos plásticos, através da construção
e ampliação da capacidade de produção de mudas florestais nativas. O custeio dos
materiais para a construção da estrutura da casa de vegetação e das mesas suporte
para os tubetes foi de acordo com os preços praticados na cidade de São Gabriel.
Uma análise das sementes disponíveis para coleta e na área da cidade durante o
período de estágio, e uma pesquisa na internet dos custos de aquisição de
sementes de espécies florestais nativas para aumentar a diversidade oferecida pelo
viveiro também foi realizada. A análise dos custos de implantação do
empreendimento e da comercialização das mudas revelou que já no primeiro ano de
comercialização das mudas é possível obter o retorno total do investimento.
Palavras-chave: essências florestais, comercialização, sistemas de produção
6
ABSTRACT
From 12 September to November 7, 2011, several activities were during training
course period of Leonardo N. Menna Barreto in Floricultura Amor Perfeito nursery
located in São Gabriel RS, and under the technical supervision and responsibility of
Marcelo Muller. In this period was created a nursery with infrastructure to support an
annual production of 7,000 seedlings in order to install the production model of native
seedlings by the system of tubes with 190cm ³, adding to the current production
model in plastic bottles and plastic bags through the construction and expansion of
production capacity of native tree seedlings. Materials cost for construction of the
green house tables structure and support for the tubes was in line with prices in São
Gabriel town. An analysis of seed available for collection and the area of the city
during the training course period, and an internet search of the acquisition costs of
seeds of native trees to increase the diversity offered by the nursery was also
performed. Project implementation and seedlings selling cost analysis reveals that in
the first year of marketing the seedlings is possible to obtain the total return on
investment.
Keywords: forest species, marketing, production systems
7
Lista de Ilustrações
Figura 1 – Local de instalação da casa de sombra e mesas suporte 18
Figura 2 – Planta Baixa da casa de vegetação 19
Figura 3 – Planta baixa das mesas 19
Figura 4 – Foto do modelo antigo da mesa e do novo modelo 20
Figura 5 – Programador automático para irrigação 20
Figura 6 – Visão 3D do projeto 21
Figura 7 – Foto dos substratos utilizados 22
Figura 8 - Porcentagem dos custos sem plano de coleta de sementes 28
Figura 9 - Porcentagem dos custos com plano de coleta de sementes 29
Figura 10 - Emergência de mudas de Caesalpinia peltroforoides
(sibipiruna) 35
Figura 11 - Foto da casa de vegetação e mesas suporte 34
8
Lista de tabelas
Tabela 1 – Valor médio dos materiais e custo total da casa de vegetação 25
Tabela 2 – Custo médio dos materiais e custo total das mesas suporte 25
Tabela 3 – Custo dos tubetes 26
Tabela 4 – Custos do substrato MECPLANT 26
Tabela 5 – Custos do sistema de irrigação 26
Tabela 6 – Valor das sementes 27
Tabela 7 – Gastos Reais por atividade sem um plano de coleta de
sementes 28
Tabela 8 – Gastos Reais por atividade com plano de coleta de sementes 29
9
Sumário1
INTRODUÇÃO.............................................................................................................. 11
1.1 Objetivo
geral......................................................................................................... 13
1.2 Objetivos
específicos............................................................................................. 13
2 REVISÃO
BIBLIOGRÁFICA.......................................................................................... 14
2.1 Produção de mudas em viveiro
florestal ............................................................... 14
2.2 Instalações, equipamentos e práticas necessárias em viveiros
florestais............................................................................................................................
... 14
2.3 Modelos de produção de
mudas............................................................................ 16
2.4 Viveiro florestal em são
Gabriel............................................................................. 16
3 ATIVIDADES
DESENVOLVIDAS................................................................................. 17
3.1
Metodologia.............................................................................................................. 17
3.2 Limpeza da
área................................................................................................. 18
3.3 Construção da casa de
vegetação ........................................................................ 18
3.4 Construção das mesas suporte dos
tubetes.......................................................... 19
3.5 Montagem do sistema de
irrigação........................................................................ 20
3.6 Substratos
testados............................................................................................... 21
3.7 Sementes
semeadas............................................................................................. 22
10
4 RESULTADOS OBSERVADOS 24
4.1
Substratos.............................................................................................................. 24
4.2 Custo da casa de
vegetação.................................................................................. 24
4.3 Custo das mesas
suporte...................................................................................... 25
4.4 Custo dos
tubetes.................................................................................................. 25
4.5 Custo do
substrato................................................................................................. 26
4.6 Custo do sistema de
irrigação................................................................................ 26
4.7 Custo das
sementes.............................................................................................. 27
4.8 Distribuição dos custos da instalação do viveiro no novo modelo de
produção............................................................................................................................
.. 29
4.9 Custo da
muda....................................................................................................... 30
5 CONCLUSÕES E
RECOMENDAÇÕES................................................................... 30
6 AVALIAÇÃO DO
ESTÁGIO...................................................................................... 32
7 REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................... 33
8 ANEXO
S..................................................................................................................... 35
ORGANIZAÇÃO
O presente estágio foi realizado em um viveiro particular para produção de
mudas florestais ligado a empresa Floricultura Amor Perfeito (pessoa jurídica), com
11
registro na Secretaria Municipal do Meio Ambiente (SEMA) do município de São
Gabriel, atualmente conveniada à Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA).
A empresa Floricultura Amor Perfeito tem como responsável técnico o Gestor
Ambiental Marcelo Rodrigo Müller, estando situada na Rua Coronel Soares, 867,
sala 2, no centro do Município de São Gabriel - RS. O viveiro onde são produzidas
as mudas localiza-se na Rua Francisco Silva, nº 3571, bairro Medianeira.
A floricultura Amor Perfeito atua em diversos ramos relacionados à produção
de mudas, sendo que esta direciona suas atividades para a produção de flores de
corte, hortaliças e mudas de árvores nativas e exóticas para diversas finalidades
(fruticultura, arborização urbana, recuperação de áreas degradas, plantios
comerciais, etc). A produção da floricultura é comercializada para diversas pessoas,
empresas e órgãos públicos relacionados à sua área de atuação. Atualmente, esta
empresa firmou contrato de compra e venda da produção de mudas nativas com
uma empresa de reflorestamento da região. O proprietário é o único viveirista e
administrador da área de produção. A capacidade total de produção de mudas
nativas está sendo ampliada para aproximadamente 7000 mudas por ano com a
construção de novas mesas de suporte para os tubetes.
1 INTRODUÇÃO
A implantação de um viveiro florestal destinado a produtores rurais e suas
organizações, bem como a empreendedores interessados que querem investir
12
nesta atividade, aproveitando o atual potencial de demanda por mudas de
essências florestais, necessárias para recompor áreas desmatadas, é um
empreendimento da atividade rural do setor primário da economia.
A produção de mudas florestais é uma etapa ou elo da cadeia produtiva de
base florestal das mais significantes no processo de cultivo de uma floresta. Toda a
genética, o vigor, a qualidade da árvore, a homogeneidade do plantio, o índice de
sobrevivência, o desenvolvimento, inclusive, e o rendimento, estão intimamente
ligados à qualidade da muda produzida no viveiro.
Na cidade de São Gabriel - RS não existem viveiros florestais suficientes
para suprir a necessidade de mudas florestais do mercado local. Por esse motivo, o
viveiro da Floricultura Amor Perfeito resolveu investir em novas tecnologias de
produção, ampliando o volume, a diversidade e a qualidade da mudas florestais
produzidas. Em parceria com Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA)
campus São Gabriel, através de convênio, permite a realização de estágio e
experiência profissional, em mútua transferência de conhecimento tecnológico na
área de viveiro.
A muda de essência florestal é um produto de grande aceitação comercial,
devido à crescente demanda por modelos de produção que visam a sustentabilidade
ambiental, como em cultivos de sistemas agroflorestais, silvopastoris e
agrosilvopastoris, pela procura de empresários rurais em processo de regularização
ambiental além do mercado consumidor de matéria-prima florestal (madeira, lenha,
carvão, resinas e cascas) e de mudas de plantas nativas para paisagismo e
arborização urbana.
O atual modelo de produção de mudas nativas da empresa onde foi realizado
o presente estágio utiliza sacos plásticos e garrafas de plástico de dois litros. Para
ampliar o volume de mudas e a diversidade do viveiro foi escolhido o sistema de
produção com tubetes de 190cm³. As principais vantagens deste modelo de
produção são encontradas na melhoria do fluxograma de manejo no viveiro: melhor
automação e rendimento no envasamento dos recipientes; melhores condições de
trabalho devido ao menor peso da muda; melhor qualidade do sistema radicular por
ser bem formado e não enovelar; utilização por vários ciclos de produção; menor
tamanho da muda comercializada; rendimentos operacionais no plantio muito mais
efetivos devido à melhor relação mudas/homem/dia; aumento significativo nos
rendimentos operacionais com rapidez na distribuição e no plantio das mudas.
13
O principal problema encontrado neste viveiro encontra-se na baixa
diversidade de espécies trabalhada. Sabe-se que a cidade de São Gabriel não tem
grandes extensões de floresta nativa muito menos tradição em arborização, que
poderia ser uma excelente fonte de sementes, limitando o processo de colheita de
sementes de espécies florestais nativas para o uso no viveiro. Este fato aumenta o
valor do custo final da muda devido aos gastos com aquisição. Além disso, o viveiro
não possui plano de coleta das poucas espécies que existem na cidade, dificultando
ainda mais o processo de aquisição das sementes.
Para minimizar o problema na aquisição das sementes, a internet foi uma
ferramenta bastante valiosa para selecionar e comprar as sementes de essências
florestais nativas, facilitando o aumento da diversidade de espécies e a variação das
procedências e dos fornecedores.
O desenvolvimento tecnológico atual na produção de mudas florestais é
resultado de recentes investimentos e crescimento do setor de base florestal que
demanda produtos dessas espécies. Até que se explorava diretamente a floresta
nativa, não havia necessidade de uma produção constante de mudas florestais,
tanto em quantidade como em qualidade; no entanto, com o aumento das exigências
legais e a discussão sobre a necessidade de recuperação de áreas degradadas e
recomposição florestal, houve o aumento da demanda por mudas de espécies
arbóreas da flora brasileira.
Diante dessa realidade, os empresários que atuam nessa área sentem a
necessidade de se profissionalizar, atualizando seus sistemas de produção,
aumentando a atual demanda pela construção de viveiros e produção de mudas
com tecnologias mais modernas.
1.1 OBJETIVO GERAL:
O presente relatório de estágio descreve as atividades desenvolvidas durante
o estágio curricular obrigatório do curso de Engenharia Florestal da Universidade
Federal do Pampa – campus São Gabriel, no viveiro da Floricultura Amor Perfeito.
14
As atividades desenvolvidas durante o estágio têm como objetivo principal
proporcionar uma vivência profissional ao acadêmico do curso de Engenharia
Florestal em empresa da área. Neste relatório procurou-se informar as atividades
desenvolvidas pelo estagiário durante o período de estágio, analisar e informar as
atividades de custo de instalação e produção de mudas florestais nativas e no
viveiro em sistema produção com tubetes 190cm³, além de verificar a disponibilidade
de sementes de espécies florestais nativas disponíveis e sua viabilidade para uso no
viveiro.
1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
- acompanhar as atividades desenvolvidas dentro de um viveiro florestal;
- avaliar o custo de produção das mudas;
- avaliar a qualidade e diversidade das sementes no processo de produção de
mudas;
- avaliar os processos de aquisição das sementes de espécies florestais
nativas;
- apontar alternativas para melhoria de qualidade, otimização e qualificação e
diminuição dos custos de produção no processo de produção de mudas nativas do
viveiro.
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 PRODUÇÃO DE MUDAS EM VIVEIRO FLORESTAL
15
O Instituto Brasileiro de Florestas (IBF) possui em seu cadastro cerca de 316
viveiros de mudas florestais nativas, sendo 23 localizados no Rio Grande do Sul.
Conforme o agrônomo da Emater de Passo Fundo, Ilvandro Barreto de Mello, em
entrevista ao jornal A Tribuna de Santo Ângelo, a distribuição geográfica dos viveiros
no Estado está ligada as regiões onde ocorre o reflorestamento e se observa uma
maior demanda pelas mudas florestais. No entanto, devido ao alto custo de
instalação de uma unidade produtora de mudas não é tão comum serem
encontrados muitos viveiros em pequenas distâncias, geralmente a muda é
produzida em um local e transportada à distância maiores.
A obtenção de mudas de espécies do ambiente regional, em quantidade
suficiente para o plantio, é um dos principais pontos de estrangulamento dos
programas de restauração ecológica, e uma das grandes dificuldades dos projetos
de reflorestamentos com espécies nativas é a obtenção de mudas, tanto na
quantidade e qualidade desejada, assim como na diversidade de espécies
(SANTARELLI, 2004).
Segundo Keller et al. (2009) nos últimos anos, têm aumentado as exigências
legais e a discussão sobre a necessidade de recuperação de áreas degradadas e
recomposição florestal, levando à maior demanda por mudas de espécies arbóreas
da flora brasileira.
2.2 INSTALAÇÕES, EQUIPAMENTOS E PRÁTICAS NECESSÁRIAS EM VIVEIROS FLORESTAIS
Conforme Wendling (2002), as instalações e os equipamentos utilizados em
um viveiro florestal variam de acordo com a tecnologia utilizada, local, espécies a
serem produzidas, tamanho do viveiro etc. Entretanto, os mais comuns são:
- Ferramentas e utensílios: Pás (quadrada e de concha), sacho, machado,
enxada, enxadão, foice, facão, serrote, martelo, alicate, torquês, tesoura de poda e
podão, chaves de boca, de fenda, de cano, ancinho, lima, regadores, baldes,
mangueira plástica, peneiras.
- Máquinas e equipamentos: Carrinho-de-mão, balança comercial, conjunto
moto-bomba, pulverizador costal máquina para encher tubetes, máquina lavadora de
tubetes, máquina para semeadura e misturador de substratos.
16
- Outros materiais: Sistemas para irrigação, defensivos agrícolas registrados
para uso, depósito de sementes, madeira para confecção de caixas, plásticos e
sombrites para cobertura, grampos, pregos, arames, barbantes, adubo mineral e
orgânico.
Para a implantação de um sistema de produção de mudas nativas por
tubetes, recomenda-se que o volume dos tubetes deve ser superior ao utilizado para
a produção de mudas de eucalipto e de pinus. Com exceção do número de
aplicações de adubos em cobertura, que será em maior número (devido às menores
taxas de crescimento das mudas), porém com a mesma periodicidade, todos os
demais procedimentos e recomendações feitas para a produção de mudas de
eucalipto e pinus, em tubetes, são válidas para a produção de mudas de espécie
nativa (SILVA, 2000).
As mudas podem apresentar grande diferença no desenvolvimento, sendo
importante a movimentação, separando-as por tamanho de modo a efetuar novas
adubações nas mudas menores para que alcancem o tamanho das outras.
Similarmente às recomendações feitas para o sistema de produção de mudas em
sacos plásticos, a melhor forma de fazer a aplicação de adubos nos substratos
utilizados no sistema de tubetes é a parcelada, parte como adubação de base e
parte como adubação de cobertura (SILVA, 2000).
De acordo com o mesmo autor, a adubação de base recomenda pelo IPEF é
de 150 g de N, 300 g de P2O5, 100 g de K2O e 150 g de “fritas” por cada metro
cúbico de substrato. Geralmente, os níveis de pH, Ca e Mg nos substratos utilizados
neste sistema são elevados, de modo que a aplicação de calcário é dispensada e
não recomendada, evitando-se assim problemas como a volatilização de N e
deficiência de micronutrientes induzida por níveis elevados de pH, dentre outros.
O autor ainda destaca que devido à grande permeabilidade do substrato que
facilita as lixiviações e ao pequeno volume de espaço destinado a cada muda,
fazem-se necessárias adubações de cobertura mais freqüentes do que aquelas
feitas para a formação de mudas em sacos plásticos. E, para a aplicação,
recomenda-se dissolver 1 kg de sulfato de amônio e/ou 300 g de cloreto de potássio
em 100 L de água. Com a solução obtida regar 10.000 tubetes, a cada 7 dias de
intervalo, até que as mudas atinjam o tamanho desejado.
2.3 MODELOS DE PRODUÇÃO DE MUDAS
17
Conforme Simões (1987), embora se tenha testado uma ampla variedade de
produtos para recipientes durante os últimos anos e a quantidade de mudas
produzidas cresce, deverá ocorrer o desenvolvimento e manufatura de novos
sistema de recipientes. O tubete vem substituindo rapidamente o saco plástico para
a formação de mudas nos viveiros florestais brasileiros. Utilizado inicialmente para
estacas enraizadas, vem sendo amplamente destinado também na produção de
mudas a partir de sementes.
Segundo Hahn et al. (2006), na escolha da embalagem (tipo e tamanho) é
importante considerar o custo do investimento, a altura da muda a ser
comercializada e o manejo adotado. Nos casos em que o investimento inicial é
pequeno se deve optar por embalagem de menor custo, como os sacos plásticos.
Além disso, a embalagem deverá ser tanto maior quanto a maior permanência da
muda no viveiro, que por sua vez depende de fatores como a característica genética
da espécie, manejo adotado (espaçamento entre mudas, adubação, etc.) e tamanho
desejado da muda.
Wendling et al. (2001) mencionam, ainda, que a tendência é o uso mais
freqüente de tubetes para a produção de mudas de espécies florestais nativas.
2.4 VIVEIRO FLORESTAL EM SÃO GABRIEL Mesmo diante do impasse do Código Florestal, o mercado de mudas nativas
segue aquecido, dada a crescente demanda por serviços de reposição florestal. As
exigências da atual lei estão por trás da maioria dos casos de reflorestamento, mas
hoje já existem projetos de plantios voluntários, de interessados em valorizar a
propriedade ou por simples consciência ecológica. Na cidade de São Gabriel - RS
existe dois excelentes tipos de clientes, as empresas florestais instaladas
recentemente na região, que adquirem mudas de árvores nativas para compensação
ambiental; e os produtores rurais, que precisam restaurar áreas de preservação
permanente (APP) e de reserva legal previstas pelo atual código florestal. Diante
destas perspectivas, a cidade não possui viveiros de destaque no mercado,
oferecendo uma ótima possibilidade de negócios para comercialização de mudas
nativas.
3 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS
18
O estágio foi realizado no período12 de setembro a 07 de novembro de 2011,
no viveiro da floricultura Amor Perfeito, onde foram realizadas atividades
relacionadas à aquisição de sementes e produção de mudas florestais. São Gabriel
está localizado na região central do estado do Rio Grande do Sul, na região da
Campanha.
3.1 METODOLOGIAA metodologia utilizada foi a implantação de um viveiro com infra-estrutura
para a produção média anual de 7000 mudas nativas e sua disponibilização como
uma unidade para estágio-curricular, visando a inclusão da Universidade na
comunidade local, fazendo da ciência um saber comunitário e, assim, permitindo a
operacionalização do conhecimento científico.
A manutenção do viveiro foi realizada diariamente pelas atividades a seguir
caracterizadas: limpeza da área, construção da casa de vegetação, construção das
mesas de suporte dos tubetes, montagem do sistema de irrigação, formulação e
teste de substratos produzidos no viveiro, coleta e semeadura de sementes de
árvores nativas da cidade de São Gabriel e análise dos custos de produção das
mudas deste viveiro.
As atividades cotidianas do viveiro, como um projeto de extensão da
Universidade, foram ações objetivando o aumento da diversidade de mudas
ofertadas pelo viveiro, disponibilizando para a população essências florestais de
importância social, econômica e ecológica num processo de incentivo ao plantio de
árvores nativas.
No período de estágio foi realizada uma análise de custo da produção de
mudas com e sem plano de coleta de sementes. Para isso, foram considerados os
custos da casa de vegetação, das mesas suporte, dos tubetes, do substrato, do
sistema de irrigação e da aquisição de sementes. Os custos referentes a mão-de-
obra não foram contabilizados neste relatório, pois todas atividades desenvolvidas
foram planejadas e executadas pelo proprietário supervisor de estágio e seus
estagiários. Os custos com fertilização também não foram contabilizados por se
tratar de uma atividade a ser realizada após o período do estágio.
19
Durante o desenvolvimento das diversas atividades foram feitas avaliações
por meio de observações para ajustar ou redirecionar as atividades, adequando o
processo de forma a economizar recursos, tempo e ampliar a eficiência.
3.2 LIMPEZA DA ÁREA PARA INSTALAÇÃO DA CASA DE SOMBRA
Devido ao grande crescimento de espécies gramíneas na área do viveiro foi
necessário dedicar um dia de trabalho para a limpeza do local destinado a instalação
da casa de sombra. Para manter a limpeza do local utilizamos casca de arroz
espalhada sobre o solo. A figura 1 mostra o local de instalação da casa de sombra.
Figura 1 – Área para instalação da casa de sombra e mesas suporte no viveiro
florestal da Floricultura Amor Perfeito. São Gabriel, 2011.
3.3 CONSTRUÇÃO DA CASA DE SOMBRA
O tamanho da área de sombreamento necessária para abrigar as 4 mesas
suporte do projeto é de 90m². Para a construção da estrutura da casa de sombra foi
utilizado material em eucalipto: nove moirões de 15cmx15cmx280cm, 57 metros de
caibro 7cmx5cm, 150m² de sombrite 50%, e pregos. As laterais foram cobertas com
1,5 metros de altura do mesmo sombrite, deixando uma entrada para circulação. Na
figura 2 visualiza-se a planta baixa da casa de vegetação.
20
Figura 2 – Planta baixa da casa de sombra do viveiro da Floricultura Amor Perfeito. São
Gabriel, 2011. Fonte - Autor
3.4 CONSTRUÇÃO DAS MESAS SUPORTE DOS TUBETES
As mesas suporte foram construídas na altura de 1,10 m de altura,
proporcionando boa ergonomia de trabalho na manipulação dos tubetes. As
dimensões da mesa são de 8 metros de comprimento por 1,20 de largura, e a
distância entre elas é de um metro. Na figura 3 visualiza-se a planta baixa das
mesas suporte.
Figura 3 – Planta baixa das mesas suporte do viveiro da Floricultura Amor Perfeito. São
Gabriel, 2011. Fonte - Autor
21
Para o encaixe dos tubetes de 190cm³ foi utilizada tela soldada de 8m de
comprimento por 1,20 de largura estendida e fixada sobre a mesa. Esta tela permite
o encaixe de 13 tubetes na fila por 6 colunas, formando 23 módulos de 78 tubetes,
num total de 1795 tubetes por mesa.Na figura 4 visualiza-se a estrutura da antiga
mesa suporte e a nova estrutura a ser utilizada.
Figura 4 – Mesa de suporte antiga (à esquerda) e mesa de suporte nova (à direita), do viveiro
da Floricultura Amor perfeito. São Gabriel, 2011. Fonte - Autor
3.5 MONTAGEM DO SISTEMA DE IRRIGAÇÃO
Para a montagem do sistema de irrigação foram necessários 30 metros de
cano de PVC de ½’’, 16 unidades de aspersor bailarina (70 l/h a 20 mca) e um
temporizador conectado na entrada da rede de água do viveiro.
Foi instalado um programador de irrigação automática que permite programar
as regas desde uma vez por semana até quatro vezes por dia, selecionar hora atual,
a hora de início da irrigação, a freqüência da irrigação e a duração da irrigação.
Na figura 5 é demonstrado o programador automático utilizado.
Figura 5 – Programador automático marca Timer Hozelock, utilizado na irrigação das
mudas no viveiro da Floricultura Amor perfeito. São Gabriel, 2011. Fonte – mercadolivre.com.br
22
A irrigação total diária necessária para o mês de outubro foi de 20 litros por
metro cúbico, aproximadamente, e o acionamento da irrigação foi regulado para 10
minutos no início da manhã e 10 minutos o fim do dia, de forma a manter a umidade
do substrato até a emergência das plântulas. Com o aumento da temperatura nos
meses do verão, e na medida em que as plantas forem emergindo, a programação
do volume e das freqüências deverão se alterar conforme a necessidade das mudas.
A figura 6 demonstra em vermelho o sistema de irrigação em uma visão
tridimensional.
Figura 6 – Visão 3D do projeto da casa de sombra, destacando o sistema de irrigação (em
vermelho), do viveiro da Floricultura Amor perfeito. São Gabriel, 2011. Fonte - Autor
3.6 SUBSTRATOS UTILIZADOS
O sistema de tubetes utiliza substratos orgânicos como esterco de curral
curtido, húmus de minhoca, cascas de eucalipto e pinus decompostas. Esses
substratos são geralmente utilizados como principais componentes de misturas que
incluem também casca de arroz carbonizada, vermiculita e solo arenoso. Os três
últimos são utilizados para melhorar as condições de drenagem do substrato.
O substrato comercial utilizado pelo viveiro foi da marca MECPLANT. A
composição do substrato utilizado é à base de casca de pinus, vermiculita, corretivo
de acidez e fertilizantes minerais. Este tem capacidade de retenção de água de
60%.
23
Cada saco de substrato é capaz de preencher 225 tubetes, sendo
necessários 8 sacos por mesa, perfazendo um total de 32 sacos para as 4 mesas.
Também não é necessária adubação de base neste substrato.
Como o viveiro não possui equipamento para enchimento dos tubetes o
mesmo teve que ser realizado de forma manual. O rendimento operacional para o
enchimento dos tubetes foi de aproximadamente 2 estagiários/mesa/dia,
considerando jornada de 6 horas diárias. Outros tipos de substratos foram
formulados e estão sendo testados no viveiro para substituir o substrato comercial
no segundo ano de produção e diminuir o custo de produção da muda. No viveiro
têm-se disponível para o preparo de substratos os seguintes componentes: terra de
subsolo, madeira podre, casca de arroz, casca de arroz carbonizada, serragem e
calcário. Na figura 7 visualiza-se da esquerda para direita o substrato comercial, e os
que foram formulados no viveiro durante o período de estágio.
Figura 7 – Substratos utilizados Fonte - Autor
3.7 SEMENTES SEMEADAS
O viveiro possuía sementes disponíveis das espécies guajuvira (Patagonula
americana), tarumã-de-espinho (Citharexylum montevidense) e leiteirinho
(Sebastiania brasiliensis), as quais foram adquiridas na FEPAGRO Santa Maria e
não apresentam dormência, sendo semeadas logo no início do presente estágio.
Neste viveiro não existe plano de coleta de sementes e seleção de matrizes.
Durante o período de estágio foram semeadas sementes coletadas das
espécies Parapiptadenia rigida (angico vermelho), Caesalpinia tinctoria (falso pau-
brasil), Caesalpinia peltophoroides (sibipiruna), e Jacaranda mimosaefolia
24
(Jacarandá), que eram as espécies que estavam disponíveis para coleta na cidade
neste período.
As espécies Parapiptadenia rigida (angico vermelho) e
Jacaranda mimosaefolia (Jacarandá) não apresentam dormência e foram semeadas
logo após a coleta.
Para a quebra de dormência da Caesalpinia peltophoroides (sibipiruna) foi
realizado imersão em álcool por 5 minutos (Scalon, 2003). A porcentagem de
germinação apresentada foi 60%.
Para a quebra de dormência de Caesalpinia tinctoria (falso pau-brasil) as
sementes foram imersas em água a 80°C seguida de permanência na mesma água,
fora do aquecimento, por 24 horas (Floriano, 2004).
Sabe-se também que a cidade de São Gabriel-RS não é de tradição arbórea,
não havendo muita diversidade e número de matrizes suficientes para uma boa base
genética.
Para contornar o problema e aumentar a diversidade oferecida pelo viveiro
encontraram-se alguns fornecedores de sementes pela internet. Algumas das
sementes também foram adquiridas na Fepagro Santa Maria. Também existem sites
especializados que trabalham com sementes certificadas, mas os mesmos oferecem
pouca diversidade.
Visando alcançar o máximo de diversidade no viveiro foi realizada uma
pesquisa na internet do atual mercado informal de sementes, com o orçamento, e a
relação das espécies que foram adquiridas, que estão relacionados na análise de
custos deste relatório. Por se tratar de sementes compradas no mercado informal,
as sementes não passam por nenhum tipo de teste germinação ou vigor, portanto
não se sabe ao certo qual o potencial de germinação dos lotes, bem como,
qualidade genética e sanitária.
Em função disto, a quantidade de sementes por espécies que devem ser
adquiridas, foi recomendado como o dobro do número de tubetes disponíveis por
espécie, ou seja, 500 unidades de sementes por espécie, objetivando uma produção
de aproximadamente 250 unidades por espécie.
Ao se trabalhar com 29 espécies diferentes, a estrutura montada permite uma
média de 247 unidades por espécie, aproximadamente 7 espécies por mesa.
4 RESULTADOS OBSERVADOS
25
4.1 SUBSTRATOSNo tubete 2 da figura 7, é visualizado o primeiro substrato preparado no
viveiro. Foi constituído de madeira podre ralada, terra de subsolo, cama de aviário e
calcário. Este substrato apresenta boa retenção de água, mas apresentou
problemas pela proliferação de fungos advindos da madeira podre.
No tubete 3 é observado um substrato produzido com duas partes de solo,
uma parte de casca de arroz e uma parte de serragem. Esta composição apresentou
forte agregação das partículas no estado seco, criando uma barreira que dificulta a
emergência das plântulas. A solução para resolver este problema está na freqüência
de irrigação, que deve ser regulada de forma que se mantenha a umidade do
substrato até a emergência das plântulas.
No tubete 4 pode ser visualizado um substrato parecido com o anterior, porém
mais escuro, pois foi adicionado mais solo, e apresentou os mesmos problemas de
excesso de agregação.
No tubete 5 tem-se um substrato composto de duas partes de solo, uma parte
de casca de arroz, uma parte de casca de arroz carbonizada e uma parte de
serragem. Este substrato apresentou-se mais adequado para o uso, pois apresentou
boa retenção de água, livre de patógenos, e agregação que não dificulta a
emergência das plântulas.
Ainda não foi encontrada uma formulação ideal para a produção do substrato
no viveiro. Após encontrar a formulação ideal pode-se realizar uma análise química
do mesmo e observar a necessidade de adubação ou realizar adubação de base
sugerida por Silva (2000), com 150 g de N, 300 g de P2O5, 100 g de K2O e por cada
metro cúbico de substrato, e realizar um teste para descobrir a capacidade de
retenção de água.
4.2 CUSTO DA CASA DE VEGETAÇÃOO valor dos materiais utilizados na construção da estrutura é uma média do
preço dos materiais praticados pelas madeireiras na cidade de São Gabriel. O
sombrite 50% foi comprado em uma loja de materiais de construção. O valor dos
materiais e do custo total da casa de vegetação está descrito na tabela 1.
Tabela1 – Valor médio dos materiais e custo total da casa de vegetação do viveiro da
Floricultura Amor perfeito. São Gabriel, 2011.
26
CASA DE VEGETAÇÃO
MateriaisR$/m R$
Quantidade
Custo total R$
CAIBRO 7cmx5cm eucalipto 2,10 - 57m 119,70MOIRÃO 15cmx15cmx280cm - 63,00 9 unid 567,00
SOMBRITE 50% (3mx50m) 150m² -249,0
0 150m² 249,00PREGOS (saco) - 10,00 1 unid 10,00TOTAL - - - 945,70
4.3 CUSTO DAS MESAS SUPORTE
O valor dos materiais utilizados na construção das mesas suporte é uma
média do preço dos materiais praticados na cidade de São Gabriel. Os valores
referentes ao custo das 4 mesas suporte de tubetes constam na tabela 2.Tabela 2 – Custo médio dos materiais e custo total das mesas suporte do viveiro da Floricultura Amor
perfeito. São Gabriel, 2011.
CUSTOS DAS MESAS SUPORTE
Materiais R$/m
R$/
unid quantidade
Custo total
R$
MOIRAO 10X10X220cm 18,00 06 108,00
ESCORA 10X10X220cm 18,00 04 72,00
TRAMA 02,25 11 24,75
RIPA 2,5X2cm
00,6
0 19,20 11,52
TRAVESSA 2,5X5cm
00,9
0 08,40 7,56
CANTONEIRA FERRO 4x4x6cm
42,1
6 04 168,64
TELASOLDADA
12,0
0 08 96,00
CUSTO POR MESA 1 mesa 488,47
CUSTO TOTAL DAS MESAS 4 mesas 1953,88
27
4.4 CUSTO DOS TUBETES
Os tubetes de 190cm³ utilizados no estágio foram emprestados pela
UNIPAMPA, sendo que para a análise de custos do relatório o preço de custo foi
calculado com base naquele praticado pelo Instituto Brasileiro de Florestas.
Na tabela 3 é demonstrado os valores utilizados na aquisição dos tubetes.
Tabela 3 – Custo dos tubetes - Fonte - http://ibflorestas.org.br/loja/materiais-para-viveiros.html
CUSTO DOS TUBETES
Materiais R$/unid quantidade REAIS
TUBETE PARA NATIVAS 190cm³ (1 MESA) 0,18 1795 323,10
TUBETE PARA NATIVAS 190cm³ (4 MESAS) 0,18 7180 1292,40
4.5 CUSTO DO SUBSTRATO
O substrato MECPLANT foi comprado em loja de insumos agrícolas de São Gabriel.
Na tabela 4 constam os custos referentes a este material. Tabela 4 – Custos do substrato MECPLANT
CUSTO DO SUBSTRATO
Materiais R$/unid quantidade REAIS
SUBSTRATO 20Kg (1 MESA) 18,00 8 sacos 144,00
SUBSTRATO 20Kg (4 MESA) 18,00 32 sacos 576,00Obs.: cada saco de 20kg de substrato preenche 225 tubetes
4.6 CUSTO DO SISTEMA DE IRRIGAÇÃO
Na tabela 5 encontram-se os valores dos materiais utilizados na construção
do sistema de irrigação. A mão-de-obra para a montagem do sistema foi dos
estagiários.Tabela 5 – Custos do sistema de irrigação – Fonte Mercado Livre
SISTEMA DE IRRIGAÇÃO
Materiais
R$/
m
R$/
unid
quantida
d REAIS
TUBO PVC 1/2'' 0,60 30m 18,00
ASPERSOR bailarina 20 mca (raio da ação
2,5m) 3,50 16 56,00
TEMPORIZADOR de água 1 148,0
28
0
TOTAL (Reais)
222,00
4.7 CUSTO DAS SEMENTES Na tabela 6 constam os custos com aquisição de sementes com e sem um
plano de coleta de sementes.Tabela 6 – Valor das sementes no comércio informal da internet - Fonte – Mercado Livre
ESPÉCIES FLORESTAIS sem/lote R$ n° R$ n° R$
1 Açoita cavalo (Luehea divaricata) 5010,0
0 6 60,00 0 0,002 Angico vermelho (Parapiptadenia rigida) 100 5,00 0 0,00 0 0,003 Angico branco (Anadenanthera colubrina) 100 5,00 3 15,00 3 15,004 Aroeira branca (Lithraea molleoides) 50 5,00 6 30,00 0 0,005 Aroeira pimenteira (Schinus terebinthifolia) 50 5,00 6 30,00 0 0,006 Barbatimão falso (Cassia leptophylla Vogel) 50 5,00 6 30,00 6 30,007 Canafistula (Peltophorum dubium) 50 5,00 6 30,00 0 0,008 Caroba (Jacaranda macrantha) 100 5,00 3 15,00 3 15,00
9 Cedro branco (Guarea guidonia) 15010,0
0 2 20,00 0 0,00
10 Cedro rosa (Cedrela fissilis) 15010,0
0 2 20,00 0 0,0011 Cerejeira (Eugenia involucrata) 15 5,00 15 75,00 0 0,0012 Dedaleiro (Lafoensia pacari) 100 5,00 3 15,00 3 15,00
13 Erva-mate (Ilex Paraguariensis) 15018,0
0 2 36,00 0 0,0014 Flamboyant-vermelho (Delonix regia) 8 5,00 30 150,00 0 0,0015 Guajuvira (Patagonula americana) 20 5,00 35 175,00 0 0,00
16 Grápia (Apulela leiocarpa) 5010,0
0 6 60,00 6 60,0017 Ipê roxo (Handroanthus hepatphylla) 100 5,00 3 15,00 0 0,0018 Ipê Amarelo (Handroanthus chrysotrichus) 100 5,00 3 15,00 0 0,0019 Ipê Ouro (Handroanthus albus) 30 5,00 10 50,00 0 0,0020 Leucena (Leucaena leucocephala) 200 5,00 2 10,00 0 0,0021 Louro preto (Cordia glabrata) 50 5,00 6 30,00 6 30,0022 Jacarandá (Jacaranda mimosifolia) - 0 0,00 0 0,0023 Marmeleiro-do-mato (Ruprechtia laxiflora Meisn) 50 5,00 6 30,00 6 30,00
24 Tarumã espinho (Citharexylum montevidense) 30 5,00 10 50,0010 50,00
25 Tipuana (Tipuana tipu) 15 5,00 15 75,00 0 0,0026 Timbaúva (Enterolobium contortisiliquum) 30 5,00 0 0,00 0 0,00
27 Pau-Ferro (Caesalpinia ferrea) 5010,0
0 5 50,00 0 0,00
28 Pau-Brasil falso (Caesalpinia tinctoria) 5030,0
0 0 0,00 0 0,0029 Sibípiruna (Caesalpinia peltroforoides) 50 5,00 0 0,00 0 0,00
LegendaTOTAL SEM PLANO DE COLETA 1086,00 TOTAL COM PLANO DE COLETA 245,00
29
Espécies coletadas e semeadas no periodo de estágio
Espécies que podem estar incluidas em plano de coleta do viveiro Espécies compradas no mercado informal de sementes no período de estágio
4.8 DISTRIBUIÇÃO DOS CUSTOS DA INSTALAÇÃO DO VIVEIRO NO NOVO MODELO DE PRODUÇÃO
Na tabela 7 visualisa-se os custos reais referentes a cada atividade. A soma
de todos os custos sem plano de coleta no 1° ano ficou em R$ 6785,28.Tabela 7 – Gastos Reais por atividade sem um plano de coleta de sementes no 1° ano de produção
do viveiro florestal da Floricultura Amor Perfeito. São Gabriel, 2011.
CUSTOS REAIS SEM PLANO DE COLETA DE SEMENTES R$CASA DE VEGETAÇÃO 945,70MESAS 1947,52TUBETES 1292,40SISTEMA DE IRRIGAÇÃO 222,00SUBSTRATO 576,00SEMENTES 1801,66TOTAL 6785,28
No gráfico da figura 8 podemos visualizar a porcentagem de gastos referente
a cada atividade na instalação do viveiro no primeiro ano de produção, sem um
plano de coleta de sementes. Os custos das mesas suportes representaram 29% do
custo total de implantação, seguido da aquisição de sementes com 27% e dos
tubetes com 19%. Já os gastos com a estrutura da casa de vegetação, aquisição de
substrato e o sistema de irrigação foram os itens que menos representaram com
14%, 8% e 3%, respectivamente.
30
CASA DE VEG-ETAÇÃO
14%
MESAS 29%
TUBETES19%
SIST IRRIGAÇÃO3%
SUBSTRATO8%
SEMENTES27%
1° ANO
Figura 8 – Porcentagem dos custos de implantação de um viveiro na Floricultura Amor
Perfeito no 1° ano de produção, sem plano de coleta de sementes. São Gabriel, 2011.
Na tabela 8 visualisa-se os custos referentes a cada atividade. A soma de
todos os custos com plano de coleta no 1° ano ficou em R$ 5228,62.Tabela 8 – Gastos Reais por atividade na implantação de um viveiro na Floricultura Amor perfeito no
1° ano de produção, com plano de coleta de sementes. São Gabriel, 2011.
CUSTOS REAIS COM PLANO DE COLETA DE SEMENTES R$CASA DE VEGETAÇÃO 945,70MESAS 1947,52TUBETES 1292,40SISTEMA DE IRRIGAÇÃO 222,00SUBSTRATOS 576,00SEMENTES 245,00TOTAL 5228,62
Na figura 9 pode-se visualizar a porcentagem dos gastos em reais do viveiro
no primeiro ano de produção, caso existisse um plano de coleta de sementes no
viveiro. O cálculo foi realizado diminuindo-se os gastos com aquisição das sementes
de todas as espécies que existem na área urbana de São Gabriel, as quais podem
servir como matrizes e fonte de sementes para o viveiro. Os custos das mesas suportes representaram 37% do custo total de
implantação, seguido dos tubetes com 25% e casa de sombra com 18%. Já os
gastos que menos representaram foi o substrato com 11%, o sistema de irrigação
com 4%, e as sementes com 5%.
Observa-se a importância um plano de coleta de sementes para o viveiro,
pois os gastos com aquisição sofreram redução de 27% para 5%, caso existisse o
plano.
31
CASA DE VEGE-TAÇÃO
18%
MESAS 37%
TUBETES25%
SISTEMA DE IRRIGAÇÃO
4%
SUB-STRATOS
11%SEMENTES
5%
Figura 9 - Porcentagem dos custos na implantação de um viveiro na Floricultura Amor
Perfeito no 1° ano de produção, com plano de coleta de sementes. São Gabriel, 2011.
4.9 CUSTO DA MUDA
Estimando-se que o tempo de permanência das mudas no viveiro é em torno
de 12 meses e que o viveiro mantém uma capacidade produtiva anual de 7180
mudas, que é a capacidade máxima, o custo médio da muda no primeiro ano de
produção sem plano de coleta de sementes ficaria em torno de R$ 0,946. Caso o
viveiro estabeleça um plano de coleta este custo médio cairá para R$ 0,729.
Para estimar o custo da muda no 2° ano, consideramos mesmos valores das
tabelas 7 e 8, amortizando o valor das instalações dos equipamentos, o custo
assumirá valores em torno de 0,12 centavos com plano de coleta e 0,33 centavos
sem plano de coleta de sementes, sem contar com a depreciação dos equipamentos
e instalações
A rentabilidade do viveiro dependerá do preço de comercialização da muda.
5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕESA expectativa de produção no primeiro ano é de aproximadamente 7180
mudas e se a muda for comercializada a R$ 1,00, o viveiro já no 1° ano obtém o
retorno dos custos de implantação do projeto
A maioria dos viveiros de produção de mudas nativas trabalha com baixa
diversidade. Na ocasião da realização deste estágio o viveiro apresentou uma média
baixa de espécies nativas ofertadas, necessitando de um aumento da diversidade de
espécies hoje produzidas. Como exemplo, se seguirmos a resolução de São Paulo
(SMA 008/007) teremos que ter pelo menos 80 espécies por projeto e os viveiros
32
teriam que trabalhar no mínimo com aproximadamente 120 espécies para atender
esta legislação.
A pequena diversidade de espécies tem seu ponto de estrangulamento na
coleta de sementes. Não existe plano de coleta e bancos de sementes suficientes na
cidade de São Gabriel-RS que possam fornecer sementes suficientes de espécies
florestais nativas em quantidade e diversidade.
Pensando nas futuras coletas de sementes, o viveiro poderia realizar a
identificação de árvores matrizes e marcá-las devidamente para estabelecer um
plano de coleta anual. É necessário um trabalho de base de marcação de matrizes,
com pelo menos doze árvores de cada espécie, marcada e georreferenciada
(WENDLING, 2002). Como a marcação de doze arvores matrizes na cidade de São
Gabriel é praticamente impossível, pela falta de indivíduos, um projeto de coleta em
área urbana entre o viveiro e a prefeitura não teria custos significativos para o
viveiro, e médio prazo seria uma solução viável, estabelecendo um aumento da
diversidade de espécies nativas em áreas públicas (praças, ruas, parques,
avenidas), estabelecendo um plano para coleta de sementes, como um banco de
sementes municipal.
Para encontrar a solução para o excesso de agregação dos substratos
quando secos, que é devido a alta proporção de solo argiloso adicionada a mistura,
deve-se testar formulações com menos quantidade de terra de subsolo até encontrar
a agregação desejada. Após isso, pode-se realizar um teste para verificar a
capacidade de retenção de água do novo substrato e uma análise de fertilidade, pois
a composição é pobre em matéria orgânica e poderá ser corrigida com adubação de
base. Lembrando que não foi possível dar continuidade aos testes porque o tempo
de estágio se esgotou e a idéia de substituição do substrato é para o segundo ano
de produção.
Atualmente, a demanda é grande e crescente, enquanto que a produção de
mudas nos padrões de qualidade exigidos praticamente não existe, o viveiro está
investindo em uma produção de mudas com maior qualidade mostrando ser uma
boa oportunidade de investimento.
Para aumentar o volume de mudas comercializadas pelo viveiro, uma parceria
de extensão rural de incentivo ao plantio de árvores nativas com a EMATER e os
produtores rurais interessados em diversificar a produção em projetos de
33
silvopastoris, agrosilvicultura ou agrosilvopastoris, poderia ser uma solução viável no
fornecimento de mudas pré-encomendadas.
Uma divulgação em rádios da região informando que o viveiro aceita pedido
de mudas pré-encomendas também seria uma ótima oportunidade de divulgação e
incentivo para o aumento da demanda de mudas.
O tempo de estágio não foi suficiente para avaliar todo o acompanhamento do
processo produtivo das espécies semeadas, uma vez que nenhuma espécie
alcançou o padrão necessário para o plantio. Assim, deve-se continuar o
monitoramento e esperar a época adequada para realizar as adubações de
cobertura e rustificação para comercialização e plantio.
6 AVALIAÇÃO DO ESTÁGIO
O estágio realizado no viveiro foi importante para a formação profissional do
presente aluno, pois foi através dele que pode-se vivenciar na prática os
conhecimentos adquiridos ao longo do curso na área de viveiros, estes que não
seriam possíveis sem uma rotina de trabalho na área onde foi realizado o estágio,
pois sabe-se que o curso ainda não oferece praticas de silvicultura dentro da
universidade como seria o ideal.
Devido a ótima experiência prática obtida neste estágio, recomenda-se este
tipo de atividade nesta organização aos demais estudantes da Unipampa. Em
relação às recomendações direcionadas à Unipampa quanto à escolha das
instituições para realização de estágios sugere-se a realização de convênios com
empresas florestais que atuem na região para que o aluno tenha um leque maior de
opções de escolha na área de implantação florestal e gerenciamento de florestas.
A realização deste estágio proporcionou um trabalho gratificante, devido a
manipulação de sementes e mudas em um viveiro devido ser uma atividade que
exige tranqüilidade e paciência por parte do profissional. Esta experiência traz lições
que serão utilizadas na vida profissional futura do presente estagiário, como saber
trabalhar em grupo e conhecimento do potencial da região para produção e venda
de mudas de espécies florestais nativas.
34
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FLORIANO, E. P. Germinação e dormência de sementes florestais, Caderno
Didático nº 2, 1ª ed. Santa Rosa, 2004.
FOWLER, A.J.P.; BIANCHETTI, A. Dormência em sementes florestais. Colombo:
Embrapa Florestas, 2000. 27p. (Embrapa Florestas. Documentos, 40).
HAHN, C. M.; et. al. Recuperação florestal: da semente à muda. São Paulo, SP:
Secretaria do Meio Ambiente para a Conservação e Produção Florestal do Estado
de São Paulo, 2006. 144p.
KELLER, L.; et. AL. Sistema de blocos prensados para produção de mudas de três
espécies arbóreas nativas. Revista Árvore, Viçosa, v. 33, n. 2, 2009.
SANTARELLI, E.G. Produção de mudas de espécies nativas para florestas ciliares.
In: RODRIGUES, R.R.; LEITÃO FILHO, H. F. Matas ciliares conservação e recuperação. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo/Fapesp, 2004. p.
313-317
35
SCALON, S. P. Q. Efeito do álcool e substrato na germinação de sementes de
sibipiruna (Caesalpinia pelthophoroides benth.) colhidas no chão e retiradas da
vagem. Ciênc. agrotec., Lavras. V.27, n.2, p.389-392, mar./abr., 2003
SILVA, P.H.M.; STEIN L. M. Produção de Mudas e Recomendações de Adubação no Viveiro para Pequenos Produtores. Disponível em:
http://www.ipef.br/silvicultura/producaomudas. Acesso em 20 de novembro de 2011
SIMÕES, J.W.; Problemática da produção de mudas em essências florestais.
Série. Técnica. – Piracicaba: IPEF. v.4 n.13 p. 1 – 29 Dez. 1987
VIEIRA, I.G.; Informativo Sementes IPEF - Novembro de 1997
Israel Gomes Vieira - Coordenação Técnica - Setor de Sementes IPEF. Disponível
em http://www.ipef.br/tecsementes/dormencia.asp. Acessado em outubro de 2011.
WENDLING, I.; GATTO, A.; PAIVA, H. N.; GONÇALVES, W. Planejamento e instalação de viveiros. Viçosa: Aprenda fácil, 120p. 2001.
WENDLING, I.; FERRARI, M.P.; GROSSI, F. Curso intensivo de viveiros e produção de mudas. Colombo: Embrapa Florestas, Documentos, 79/2002. 48 p.
SITES:
http://www.ibflorestas.org.br/pt/lista-de-viveiros-de-mudas-florestais-nativas.html
http://www.atribunars.com.br/index.php?origem=noticia&id=23994
36
8 ANEXOS
Na figura 10 visualisa-se a emergência de mudas de Caesalpinia
peltroforoides (sibipiruna).
Na figura 10 - Emergência de mudas de Caesalpinia peltroforoides (sibipiruna)
Na foto da figura 11 visualisa-se uma vista lateral oblíqua da casa de
vegetação e mesas suporte.
37
Figura 11 – Foto da casa de vegetação e mesas suporte