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XI SIMPÓSIO NACIONAL DE PRÁTICAS
PSICOLÓGICAS EM INSTITUIÇÃO
A ação da psicologia em saúde e educação:
reflexões ético-políticas
Shirley Macedo
Melina Pereira
Waléria Mendes
Organizadores
ANAIS
UNIVASF
Petrolina – PE2016
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Ficha catalográfica elaborada pelo Sistema Integrado de Biblioteca da UNIVASF.Bibliotecária: Maria Betânia de Santana da silva – CRB4-1747
Simpósio nacional de práticas psicológicas em instituição(11.: 2015 novembro 16 a 18: Petrolina, PE).
S612a A ação da psicologia em saúde e educação: reflexõesético-políticas : 16 a 18 de novembro de 2015 / organizadopor Shirley Macedo, Melina Pereira, Waléria Mendes.---Petrolina,PE: UNIVASF, 2016.
270p : il. ; 29 cm.
Vários autores
ISBN 978-85-60382-64-4
1. Psicologia – Políticas públicas. 2. Psicologia clínica dasaúde. 3. Plantão médico. 4. Psicologia - Congressos. I.Título. II. Universidade Federal do Vale do São Francisco.
CDD 150.63
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Coordenadora Geral do Evento: Bárbara E. B. Cabral
(UNIVASF)
Comissão de Programação Científica
Shirley Macêdo Vieira de Melo - Coordenação (UNIVASF)
Grace Liz Dantas Barros (UNIVASF)
Gledson Wilber de Souza (UNIVASF)
Lourivan Batista de Sousa (UNIVASF)
Melina de Carvalho Pereira (UNIVASF)
Ravena Moura Rocha Cardoso dos Santos (UNIVASF)
Thalita Silva de Castro (UNIVASF)
Waléria Mendes de Carvalho dos Anjos (UNIVASF)
Comissão de Comunicação e Divulgação
Erika Hofling Epiphanio – Coordenação (UNIVASF)
Clara Souza (UNIVASF)
Emanoela Lima (UNIVASF)
Jair Rocha (UNIVASF)
Layta Sena (UNIVASF)
Roseana Pacheco (UNIVASF)Marluce Silva de Lima (UNIVASF)
Jaquelline Machado de Oliveira (UNIVASF)
Rozelair Barreto (UNIVASF)
Sonha Maria Coelho de Aquino (UNIVASF)
Fernando Sá Bispo da Silva (UNIVASF)
Marcelo Oliveira (UNIVASF)
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Comissão Bem- Estar
Silvia Raquel Santos de Morais – Coordenação (UNIVASF)
Catarine Gonçalves (UNIVASF)
Karla Daniele Maciel Luz (UNIVASF)
Priscila de Lima Souza (UNIVASF)
Ramessa Florêncio Pereira da Silva (UNIVASF)
Kathary Soares Silva (UNIVASF)
Yasmin Albuquerque (UNIVASF)
Comissão de Apoio Logístico
Barbara E. B. Cabral – Coordenação (UNIVASF)
Ana Jamile Braga Maia (UNIVASF)
Anne Crystie da Silva Miranda (UNIVASF)
Catielli Dias (UNIVASF)
Ana Jamile Braga Maia (UNIVASF)
Erika Freire (UNIVASF)
Fagner de Jesus Nascimento (UNIVASF)
Gabriela Wrublebski (UNIVASF)
Lusiane Miranda Palma (UNIVASF)
Monzitti Baumann Almeida Lima (UNIVASF)
Paola Cecato (UNIVASF)
Stephanie Souza (UNIVASF)
Thatiane da Silva Castro (UNIVASF)
Colaboradores Externos
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MEMBROS DO GT-ANPEPP: PRÁTICAS PSICOLÓGICAS EM
INSTITUIÇÕES: ATENÇÃO, DESCONSTRUÇÃO E INVENÇÃO.
Carmem Lucia Brito Tavares Barreto – Universidade Católica de
Pernambuco/UNICAP
Darlindo Ferreira de Lima – Universidade Federal de Pernambuco/UFPE
Heloisa Szymanski – Grupo de Pesquisa do Diretório CNPq - Práticas
Educativas e Atenção Psicoeducacional na Escola, Comunidade e Família
ECOFAM
Jurema Barros Dantas – Universidade Federal do Ceará/UFCLuciana Szymanski – Pontifícia Universidade Católica de São
Paulo/PUC-SP
Maria Inês Badaró – Universidade Federal de São Paulo/UNIFESP
Maria Julia Kovács – Universidade de São Paulo/USP
Maria Luisa Sandoval Schmidt - Universidade de São Paulo/USP
Simone Dalla Barba Walckoff (UNICAP)
Outras instituições parceiras:
UPE – Garanhuns
Ana Maria de Santana
Janne Freitas de Carvalho
Suely Emília de Barros Santos
ESUDA
Luísa Manjorani Cardoso
Maria Cláudia Pontual Peres
Palestrantes
Barbara E. B. Cabral (Univasf)
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Carmem L. B. T. Barreto (UNICAP)
Erika Hofling Epiphanio (Univasf)
Maria Inês Badaró Moreira (UNIFESP-BS)
Janne Freitas de Carvalho (UPE – Garanhuns)
Jurema Barros Dantas – Universidade Federal do Ceará/UFC
Heloisa Szymanski (Grupo de Pesquisa do Diretório CNPq - Práticas
Educativas e Atenção Psicoeducacional na Escola, Comunidade e Família
ECOFAM)
Luciana Szymanski (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo/PUC-
SP)
Maria Luísa Sandoval Schmidt (USP)
Maria Júlia Kovács (USP)
Shirley Macedo Vieira Melo (Univasf)
Simone Dalla Barba Walckoff (UNICAP)
Sílvia Raquel Santos de Morais (Univasf)
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SUMÁRIO
Apresentação…………………………………………………......15
Conferência de Abertura............................................................. 18
Ciranda Temática
CT1 – Formação profissional e política em diálogo com o
pensamento de franco basaglia e hannah arendt
1.1 Notas reflexivas acerca da formação profissional e do trabalho
em equipes de saúde................................................................49
1.2 Desinstitucionalização como conceito ferramenta para as
práticas em saúde mental.........................................................58
1.3 O pensamento de franco basaglia e a formação de profissionais
de saúde...................................................................................64
CT2 – Plantão psicológico
2.1 Plantão psicológico como acontecimento: ressonância do
cuidado na prática clínica........................................................67
2.2 Experiencia de plantão psicológico em hospitais, unidades de
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cuidados paliativos e no laboratório de estudos sobre a
morte........................................................................................72
2.3 Sofrimento psíquico e sociedade: um ensaio sobre o plantão
psicológico como uma prática clínica contemporânea.............81
2.4 Plantão psicológico e compromisso ético-político: a
experiência do CEPPSI/UNIVASF..........................................93CT3 – Práticas Psicológicas e Processos de tornar-se Psicólogo
3.1 Oficinas de desenvolvimento da escuta como prática clínica
em instituição formadora de psicólogos.................................102
3.2 Grupo de estudos: o NUEFE como espaço de formação para
ser psicólogo...........................................................................111
3.3 Panoramas da infância e da adolescência, um estudo
fenomenológico sobre ações psicoeducativas em
instituições..............................................................................121
CT4 – Possibilidades de ação clínica na perspectiva
fenomenológica
4.1 Perspectiva fenomenológica existencial: uma compreensão
hermenêutica filosófica sobre as possibilidades de ação clínica
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em instituições......................................................................136
4.2 Psicologia do esporte: uma possibilidade da escuta clínica
fenomenológica.....................................................................143
4.3 A atenção psicológica à ação arendtiana no plantão
psicológico.............................................................................151
Rodas narrativas
RN1 – Clínicas e Práticas Fenomenológicas
1. Uma proposta humanista-fenomenológica em clínica do
trabalho: a hermenêutica colaborativa.................................161
2. Leitura gestáltica do processo de escolarização: uma clínica
da neurose............................................................................163
3. Ação clínica no acontecer do viver cotidiano: compreensão
fenomenológica....................................................................1654. Experiência de segurados do INSS com grupos interventivos
na Clínica Humanista-Fenomenológica do Trabalho..........167
5. Hermenêutica familiar como recurso colaborativo na
promoção do cuidado junto à criança..................................169
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6. Um estudo fenomenológico colaborativo com oficinas de
desenvolvimento da escuta...............................................171
7. Experiência como participante em oficina de
desenvolvimento da escuta...............................................173
8. O encontro reflexivo na pesquisa interventiva em psicologia:
encaminhando direções....................................................1759. Reflexões acerca da supervisão: primeira experiência
enquanto plantonista na rua..............................................177
10. O abrigar da escuta: compreensões acerca da ética e da
política na experiência clínica..........................................179
11. Reflexões sobre o plantão psicológico no processo
formativo do Psicólogo....................................................182
12. O des-velar do caminhar: compreensões acerca da técnica no
Plantão Psicológico..........................................................183
13. Psicologia das emergências e dos desastres: SAMU e
Plantão Psicológico..........................................................185
14. Silêncios e barulhos: significando experiências em Plantão
Psicológico com crianças.................................................187
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15. Vida e morte: compreensões sobre suicídio em um Plantão
Psicológico.......................................................................189
16. Práticas Clínicas em Instituições: uma experiência numa
casa de passagem..............................................................191
17. Temporalidade em plantão psicológico na rua: reflexões
sobre uma experiência......................................................193
18. Desvelando sentidos da síndrome do pânico numa
perspectiva fenomenológica existencial...........................195
19. Velar des-vela vida? ........................................................197
20. Angústia e prática psicológica: diálogos a partir da
fenomenologia existencial...................................................199
21. Oncovida: uma intervenção grupal com pacientes
oncológicos e seus familiares...........................................201
22. Grupos terapêuticos com adolescentes: relato de
experiência em uma clínica-escola...................................203
23. O Desabrochar da formação de psicólogo: a clínica escola
como possibilidade de atuação.........................................205
24. Atendimento a famílias em clínicas-escola: interrogando a
prática, propondo intervenções........................................207
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25. Psicodiagnóstico Interventivo Colaborativo promoção do
cuidado a criança na Clínica Escola.................................209
26. Plantão Psicológico no serviço-escola da UNIVASF: um
estudo descritivo...............................................................211
27. Vozes e ruídos desvelando sentido na experiência de
plantonistas.......................................................................213
RN2 – Práticas Psicológicas em Educação
28. Aconselhamento de carreira na formação de estagiários em
Psicologia da UNIVASF..................................................215
29. Entre trocas de saberes e experiências: assumindo novas
parentalidades...................................................................217
30. Orientação para pais: um relato de experiência...............219
31. Formação de professores da educação inclusiva: atuação do
psicólogo na instituição....................................................221
32. Juventude crítica: relato de experiência de estágio em
Psicologia.........................................................................223
33. Práticas pedagógicas no mundo azul...............................225
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34. Jovens assentados: histórias de vida e projetos de
felicidade..........................................................................227
35. Metodologia científica como lume a prática a prática do
psicólogo na intervenção psicossocial.............................229
36. A flexibilização do tempo: a escola para um atendimento
inclusivo...........................................................................231
RN3 – Psicologia e Políticas Públicas de Saúde
37. Os espíritos chegam à clínica: e agora?...........................233
38. O lugar da técnica moderna na transformação dos
ambientes e suas repercussões no existir.........................235
39. Práticas psicológicas na atenção básica de saúde e proteção
social básica da assistência...............................................237
40. Refletindo sobre práticas de cuidado em unidades básicas
de saúde............................................................................239
41. Grupo de família promovendo o cuidado integral – CAPS II
Petrolina.......................................................................... 241
42. Práticas psicológicas num serviço escola do sertão de
Pernambuco: desafios e avanços......................................243
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43. Modos de enfrentamento de cuidadoras de crianças em
tratamento oncológico......................................................245
44. Autonomia e liberdade: norteando a prática psicológica em
hemodiálise......................................................................247
45. Práticas psicológicas em instituições e pessoas surdas:
(re)fazendo saberes e ações..............................................249 46. Atu(ação) de psicólogos (as) junto a moradores de
rua.....................................................................................251
47. CAPSi: o olhar infantil sobre o cuidar e o
brincar..............................................................................253
48. (Re)avistando a prática psicológica em saúde
pública..............................................................................255
49. Estágio em Psicologia: contribuições a um dispositivo de
Saúde Mental....................................................................256
50. Loucura e Saber Científico-profissional: vozes da
experiência.......................................................................258
51. Atenção Psicossocial e o trabalho com grupos terapêuticos
no CAPS...........................................................................260
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52. Mobilização antimanicomial e formação: extensão
universitária propiciando o empoderamento
coletivo............................................................................262
53. Condições de trabalho e saúde mental no NASF de
Petrolina/PE......................................................................264
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Apresentação
É com grande honra que o Vale do São Francisco recebe, de 16 a 18
de novembro de 2015, o XI Simpósio Nacional de Práticas
Psicológicas em Instituição, cujo tema central será “A ação
psicológica em Saúde e Educação: reflexões ético-políticas”.
A realização dos Simpósios Bienais tem sido uma das ações
sistemáticas do Grupo de Trabalho: Práticas Psicológicas em
Instituições: atenção, desconstrução e invenção, vinculado à
Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Psicologia –
ANPEPP. A proposta deste GT, criado em 1994, consiste em
promover uma produção de conhecimento que pense a ação
psicológica nos mais diversos cenários, desde uma perspectiva
interdisciplinar, voltando-se à implicação das práticas psicológicas
na constituição de modos de subjetivação e nas dinâmicas de
singularização da existência, em contextos institucionais. Mantem-
se o foco em ações que reflitam a prática inovadora de atenção na
saúde e na educação, sustentados por uma discussão ética
comprometida com a diversidade humana, tendo como fundamento,
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diferentes vertentes. Seu âmbito de influência tem sido a formação
de profissionais compromissados com a transformação social, em
direção a uma sociedade mais justa, à ampliação do conhecimento
sobre as práticas psicológicas em diferentes contextos institucionais
e a constituição de redes de cuidado em saúde e educação.
Desse modo, há mais de uma década este grupo de pesquisadores
tem se reunido regularmente para divulgar conhecimento produzido
pelos trabalhos realizados em instituições de todo o país,
comprometidos, então, com uma ampliação das possibilidades do
fazer psicológico.
Neste ano de 2015, marcado por intensos debates políticos,
incertezas quanto aos rumos coletivos da nação e reflexões em
torno da atuação ética no contexto das relações entre humanos, a
11ª edição do Simpósio ocorre na região do semiárido nordestino,
destacando, a partir do seu tema, uma das preocupações
fundamentais do GT: a relação teoria-prática na ação de psicólogos
nos diversos cenários, permeada por práticas de Saúde e Educação.
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O XI SNPPI está sendo realizado pelo LETRANS (Laboratório de
Estudos Transdisciplinares em saúde e Educação/Univasf), em
articulação com todos os pesquisadores do GT-PPI, tendo o apoio
de vários grupos de pesquisa e Laboratórios, a exemplo
do LEFE (Laboratório de estudos e práticas em Psicologia
fenomenológica Existencial/USP São
Paulo); LACLIFE (Laboratório de Psicologia Clínica
Fenomenológica Existencial- UNICAP); NUEFE (Núcleo de
Estudos em Fenomenologia Existencial, Ação Clínica e Prática
Psicológica/UPE- Garanhuns), o Grupo Práticas Clínicas em
Instituições e Psicologia Comunitária /UFPE (do Curso de Saúde
Coletiva no Centro Acadêmico Vitória-UFPE, que fica na cidade de
Vitória de Santo Antão-PE).
A Comissão Organizadora Local saúda a tod@s que virão se reunir
conosco para compartilhamento de experiências, conhecimentos e
reflexões a partir desse fio condutor!
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CONFERÊNCIA DE ABERTURA
Profª Drª Maria Luísa Sandoval Schmidt
Começo agradecendo à comissão organizadora destesimpósio pelo convite para participar de sua abertura e pela
organização primorosa e afetuosa de todo o evento.
Quero também agradecer à Carmem Barreto pelo paciente e
útil trabalho de recuperação da história do GT "Práticas
psicológicas em instituição: atenção, desconstrução, invenção" por
meio da consulta aos registros de nossos encontros nos Simpósios
da ANPEPP e de nossos encontros locais, chamados jocosa ecarinhosamente de anpepinhas, de cuja série este encontro faz parte.
Declaro meu prazer e contentamento em partilhar essa mesa
com Carmem e Heloisa, queridas companheiras e interlocutoras
nesta jornada de um grupo de trabalho que fará em breve 20 anos.
Dou as boas vindas a todas e todos que participarão das
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agradecimento a toda essa gente brava e valente que encarou as
múltiplas tarefas de tornar o sonho e a vontade de fazer um
encontro no sertão, realidade.
Combinamos entre nós, participantes desta mesa de
abertura, que cada uma traria algumas lembranças e dimensões da
história do GT para que pudéssemos alimentar uma "conversa decomadres", fazendo jus ao espírito das rodas narrativas e cirandas
de conversa que anima a programação deste encontro.
Pensei, então, em partir de uma percepção que tive em
minha primeira participação num Simpósio da ANPEPP, em 1998,
em Gramado, a convite de Henriette Morato, percepção à qual
frequentemente retorno. Ela é significativa porque assinala, do meu
ponto de vista, potências, contradições e impasses da proposta deum simpósio nacional reunindo todos (ou quase todos) os
programas de pós-graduação brasileiros. Essas potencialidades,
contradições e impasses parecem abrir uma dimensão política que
gostaria de por em tema.
Vinha reclamando muito dos congressos e encontros
acadêmico científicos que haviam se tornado já àquela época
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questões da pós-graduação nacional. Os espaços mais amplamente
coletivos eram totalmente ocupados pelos porta-vozes da CAPES
que aproveitavam a presença de todos os programas para "passar os
seus recados". Era o reinado dos tecnocratas da CAPES e seus
power points poderosos que ocupavam todo o tempo disponível e
não davam nenhuma chance de manifestação da atenta e
preocupada plateia de pesquisadores que eram chamados a
responder com prontidão e eficiência às imposições do
produtivismo.
Fiquei com uma forte sensação desta divisão: uma ocasião
muito interessante para o intercâmbio e debate de ideias, práticas,
pesquisas, intervenções e uma ocasião singular, única para
organizar e encaminhar propostas e reivindicações quanto à política
acadêmico-científica que era desperdiçada por nós e,
propositalmente, controlada pela fala dos tecnocratas.
Apenas em 2006, no simpósio de Florianópolis, pela minha
lembrança, um grupo de pesquisadores usamos a hora do almoço
para fazer um debate político sobre a forma do Simpósio da
ANPEPP e sobre a necessidade de democratização da participação
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nos espaços mais amplamente coletivos. Essa movimentação deu
origem aos Foruns (ética em pesquisa, política científica de pós-
graduação, articulação graduação e pós-graduação - ensino). Esses
foruns foram, durante um tempo, espaços ricos de apresentação e
debate de temas pertinentes à pós-graduação e funcionaram de
maneira mais democrática, com tempo e condições de participação
de interessados e interessadas nos assuntos tratados. Mais que isso,
passaram a ser instâncias legítimas e legitimadas para a construção
e encaminhamento de propostas em nome de pesquisadores e
programas.
Mais recentemente, os simpósios da ANPEPP têm tido um
número vertiginosamente maior de GTs e de participantes e, ao
mesmo tempo, os Foruns, e falo especialmente daquele de ética que
tenho acompanhado desde seu nascimento, têm se apresentado
menos democráticos, assolados, de novo, por membros de
comissões da própria ANPEPP que se instalam com seus power
points, ocupando algumas vezes mais de 90% do tempo para a
reunião com suas apresentações. Pontos polêmicos não podem ser
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debatidos e os encaminhamentos nem sempre são decididos de
maneira democrática.
Portanto, parece-me que a possibilidade de uma participação
democrática e politicamente informada é uma questão em aberto;
mas possivelmente para poucos e poucas colegas: uma grande
maioria tem a expectativa de receber as instruções de como fazerdaqueles que representam a CAPES e outras instâncias de
avaliação. A relação entre produção e avaliação parece ser um
elemento que, já bastante presente no final dos anos 90, torna-se
cada vez mais determinante nos e para os simpósios nacionais.
No âmbito de nosso GT, tenho recordações de certa
inquietação: em Águas de Lindóia, talvez em 2002, reclamamos
formalmente da ausência de espaço coletivo de debate dos temas pertinentes ao conjunto dos programas e do uso que representantes
da CAPES faziam dos poucos momentos coletivos. A assembleia
ou plenária geral era sempre feita quando o simpósio já estava
esvaziado e havia pouca influência do coletivo mais amplo nas
decisões e encaminhamentos feitos em nome da Associação
Nacional.
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A história da política dos simpósios é acompanhada de uma
história da política de nosso GT.
Nomeio alguns princípios que atravessam essa história e que
atribuem uma face ao GT: o apego e respeito à pluralidade,
buscando sustentar afinidades e divergências teóricas,
metodológicas e interventivas; o interesse por composições einterlocuções interdisciplinares, no interior da psicologia e na
relação com outras áreas, especialmente a filosofia; a identificação
(identitária) com as perspectivas fenomenológicas e existenciais; a
escolha por um posicionamento crítico em relação à tendência
hegemônica da ciência positivista em nosso mundo e meio,
praticando pesquisas sobretudo qualitativas de recorte interventivo
e participante; o apreço pelas práticas cotidianas como origem de
questionamentos e tensionamentos com a teoria consagrada e como
lugar de invenção e descoberta.
Esse conjunto de princípios, professados e buscados, nem
sempre alcançados, não tenho dúvidas, está na base de um intento
constante de construir e garantir espaços coletivos de participação
democrática: nos simpósios nacionais, em nossos encontros locais,
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em nossas práticas de pesquisa, ensino e extensão nas instituições
universitárias e nos territórios em que agimos.
Praticar a democracia é mais importante do que meramente
professá-la. Espero que possamos aproveitar essa maravilhosa
oportunidade de fazê-lo nesses dias tão generosamente
programados por aqueles e aquelas que aqui nos recebem.
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Profª Drª Carmem Lúcia Brito Tavares Barreto
Prof. Heloisa Szymanski
Primeiro gostaria de dizer da minha alegria de participar
deste primeiro momento do nosso encontro, recebendo todos vcs,
junto com a comissão organizadora, no meu nordeste querido, no
sertão pernambucano.
E chegado o momento de comemorar a nova configuração do nosso
grupo, depois de tantas mudanças: alguns membros se afastaram e
outros passaram a compor o GT, permitindo abrir e/ou consolidar as
perspectivas traçadas como orientadoras de nossa produção e
pesquisa . Acreditamos que este momento é decisivo para confirmar
o direcionamento do grupo, apesar de saber que tal caminhar deve
ser sempre revisto possibilitando mudanças ou ampliações de
interesses e temáticas, procurando manter a aderência com o
objetivo que desde o inicio foi se delineando na formação do GT
“PRATICAS PSICOLÓGICAS EM INSTITUIÇÕES:
ATENÇÃO, DESCONSTRUÇÃO E INVENÇÃO”
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Com o objetivo de promover o intercâmbio de experiências e
pesquisas, respeitadas as metas acima citadas, o GT vem
promovendo, regularmente, há dez anos, Simpósios Nacionais de
Práticas Psicológicas em Instituições, realizados nas instituições de
origem dos membros do grupo. Nesses Simpósios, o GT segue um
formato participativo, incluindo também alunos de pós-graduação e
de iniciação científica, que possibilita, além da produção científica,
uma preparação do GT para os Simpósios bienais da ANPEPP. Esse
formato resultou, em 2007, 2008 e 2009, 2010 nos VII, VIII, IX e X
Simpósios Nacionais do GT, na publicação de anais (eletrônicos)
com trabalhos completos e no encaminhamento de produções
conjuntas para um livro. Após um intervalo, estamos reunidos em
2015, aqui em Petrolina para participar do XI Simpósio Nacional de
Praticas Psicológicas em Instituições.
Para participar desta mesa, tive a curiosidade de fazer um
levantamento de nossa historia, para assim ir tentando configurar as
linhas de pesquisas e orientações teórico-metodológicas que foram
se delineando, como também ir acompanhando nossa jornada que
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hoje se configura com uma nova organização, alem de contar com
novos membros desde a reunião de Bento Gonçalves.
Nossa historia começou em 1994, em Caxambu, no V
SIMPÓSIO DE PESQUISA E INTERCÂMBIO CIENTÍFICO EM
PSICOLOGIA da ANPEPP, com a criação do GT
“Problematização das relações entre teoria e prática em
Psicologia Clínica”, sob a coordenação de Marília Ancona-Lopez.
Naquele momento as discussões versaram sobre a compreensão de
subjetividade entreposta como condição de conhecimento e de
compreensão dos fenômenos humanos, bem como as relações
tensionais entre teoria e prática, na perspectiva de investigação em
Psicologia Aplicada, questionando o estatuto de cientificidade sob o
ponto de vista tradicional. A discussão já estava dirigida para a
possibilidade do estabelecimento de novo paradigma e
conhecimento de ciência que leve em conta a especificidade própria
do fenômeno estudado.
Em 1996, em Florianópolis, no VI SIMPÓSIO DE PESQUISA E
INTERCÂMBIO CIENTÍFICO EM PSICOLOGIA da ANPEPP, o
GT di id d i t t d t d R li iã i d b
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a coordenação de Marília Ancona-Lopez e, outro, permanecendo no
tema das relações entre teoria e prática, sob a coordenação da Profa.
Henriette Tognetti Penha Morato. A leitura e discussões dos
trabalhos no GT permitiram a seus participantes aproximarem-se da
presença necessária de um movimento desconstrutivo subjacente às
temáticas em discussão, respeitando-se a especifidade dos vários
recortes e a singularidade de cada trabalho. Dado o
encaminhamento do questionamento, o grupo de trabalho
considerou apresentar uma mudança na sua denominação. As
pesquisas realizadas durante os GTs revelaram, através da
problematização das relações entre teoria e prática em Psicologia
Clínica, uma nova direção na condução do tema. É no contexto das
práticas psicológicas em instituições de saúde e educação que tem
se descortinado a pluralidade teórica, demandando do psicólogo em
formação um ancoramento na experiência como modo de inventar
outras possibilidades de intervenção para além das “tradicionais”.
Dentro dessa nova perspectiva, o GT optou por adotar desde então o
nome “Práticas psicológicas em instituições: atenção,
desconstrução e invenção”. Propôs-se, assim, a encaminhar seus
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trabalhos nessa esfera de investigação e questionamentos para sua
discussão no VII Simpósio.
A partir de 1998, no VII SIMPOSIO, realizado em
Gramado, o GT concentrou sua produção de conhecimento no
campo das pesquisas participantes e interventivas, uma vez que
essa modalidade de pesquisa estava atravessada pela ênfase do
grupo na relação indissociável entre teoria e prática. Focalizou as
práticas psicológicas em instituições públicas e privadas no campo
da educação e saúde, sobretudo, mas não exclusivamente, tendo
como fundamento teórico-metodológico a fenomenologia
existencial e a fenomenologia em suas diferentes vertentes. O
conceito de instituição foi posto em discussão, tomando como um
dos eixos centrais dessa discussão o problema do singular nos
contextos de intensa institucionalização. Nessa direção, expandiu-
se a noção de instituição para compreendê-la em suas formações
historicamente sedimentadas em modos cotidianos impessoais de
existência.
Em 2000, no VIII SIMPOSIO realizado em SERRA NEGRA ,
b d GT õ t ã d d
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grupo, ou seja, “Práticas psicológicas em instituições: atenção,
desconstrução e invenção”, uma vez que vem sendo elaborada
produção conjunta dos participantes, privilegiando a explicitação da
atenção às demandas sociais. Tal posicionamento se apresenta
depois do encaminhamento de práticas psicológicas que se
propunham a desconstruir a hegemonia do pensamento da
modernidade, considerando as demandas do momento
contemporâneo. As investigações dirigem-se, agora, para
problematizar as relações tensionais entre tais práticas e as
instituições nas quais se efetivam. Nesse sentido, buscou-se refletir
em que medida e quais as brechas que poderiam ser entrevistas pela
promoção de tais práticas, visando que, efetivamente, possibilitem
transformações tanto para o campo de atuação do psicólogo (e
outros profissionais de saúde e educação), quanto para sua
formação e oferecimento de melhoria de serviços com qualidade à
comunidade. Para isso, partiu-se das condições do mundo e
sociedade atuais, para buscar no modo de ser e viver do homem
contemporâneo em confronto com a tecnocracia científica, quais as
possibilidades e que desafios se impõem aos investigadores
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da humanidade às portas do terceiro milênio. Ao reconhecer tais
condições, nova atitude é demandada dos pesquisadores imersos no
tecido social que envolve suas práticas interventivas, o que pode
promover situações de aprendizagem aos futuros profissionais e
pesquisadores, bem como revelar, no outro polo, adesões
dogmáticas da própria comunidade assistida quanto às suas
expectativas para a vida. Ou seja, seu imaginário, ou melhor, as
brechas do humano entre atenção e hábito.
Uma das questões bastante discutidas durante a reunião,
trazidas por Henriette Morato, referia-se à compreensão das
diferenças entre pedidos, queixas e demandas de instituições e suas
diferenças e semelhanças com pedidos, queixas e demandas dos
usuários dos plantões nas instituições em que se desenvolviam
plantões psicológicos. Esta modalidade de prática era a mais
discutida no GT, além do questionamento da psicologia clínica
associada exclusivamente à prática consultorial. Falava-se muito de
ampliação do sentido de clínica psicológica. Do ponto de vista da
prática psicológica no campo da educação pensou-se na ampliação
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O X SIMPOSIO aconteceu em 2004, em Aracruz teve como
temática geral:
- Projeto de avaliação das praticas psicológicas
desenvolvidas pelos integrantes do GT, surgidas a partir de
instituições universitárias e com caráter investigativo, critico e
formador, perspectivam queixas e demandas da clientela no
contexto da vida atual e de instituições nas quais o trabalho se
realiza. Privilegiou discussões sobre a contextualização das praticas
psicológicas; reinteração do compromisso ético-politico dessas
praticas no contexto de desafio; discutir o caráter dialógico-
constitutivo dessas práticas na relação com a população atendida;
questionamento acerca de possíveis formas de reificação dessas
práticas e do sofrimento humano, via crenças, representações
sociais, imaginário humano; analise critica da política de educação
e saúde; forma de investigação participativa interventiva e
questionamento metodológico; ressignificação da atenção
psicológica como eixo norteador atitudinal das praticas
psicológicas em instituições; exploração da eficácia dessas práticas.
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Elza Dutra apresentou seu Projeto de Pesquisa voltado para discutir
à ideação e tentativa de suicídio entre estudantes de medicina de
duas capitais nordestinas.
Nilson Gomes definiu como marco norteador de sua pesquisa a
“Análise da prática terapêutica (Teoria dialógica) em rede social”.
Maria Luisa Schmidt demonstrou seu interesse pela discussão
teórico-metodológica da pesquisa participante de base etnográfica.
OProjeto de Pesquisa em desenvolvimento dizia respeito ao
itinerário entre cuidado e desamparo, buscando quais os acessos dos
usuários aos Serviços de Saúde na cidade de São Paulo. Apresentou
seu interesse por pesquisa interventiva com agentes comunitários de
saúde da Vila Dalva em São Paulo.
Vera Cury tem como interesse investigar a “Apreensão de
processos essenciais presentes nas práticas como ajuda
psicológica”.
Heloisa Szymanski desenvolveu os seguintes Projetos de Pesquisa:
1) Práticas educativas na família e na creche: constituição de
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Fazendo uma breve analise das temáticas pesquisadas consegue-se
delinear alguns direcionamentos: atitude clinica numa perspectiva
fenomenológica; formação de profissionais de saúde; serviços
ofertados aos usuários da rede pública de saúde; integração entre
ensino, pesquisa e extensão. Tais temáticas vão se consolidando e
passarão a compor o perfil do GT.
Alem dessa atividade, discutiu-se o modo de funcionamento do
GT, tendo sido aprovadas as seguintes propostas:
1 - esforço sistemático para debates teóricos e metodológicos no
clareamento de conceitos relevantes à temática do grupo, advindos
do exercício de pesquisadores;
2 - definições claras da concretização desse esforço através do
estabelecimento de metas para cada evento acordado, ou seja,
tarefas a serem realizadas compartilhadamente entre alguns
membros e apresentadas/discutidas no encontro;
3 - sustentação das afinidades e divergências para com ideias
fecundas que surgirem, assim como de suporte para a produção de
análise das pesquisas interventivas realizadas;
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4 - manutenção de convites para participação em bancas de defesa
entre os membros do gt, mesmo que para suplência, garantindo as
leituras como conhecimento das produções dos colegas.
Já no XII SIMPOSIO, realizado em Natal em 2008, após dez
anos de interlocução e reflexões, o grupo empenhou-se em criar
corpos conceituais que refletissem esse outro modo de pensar/fazer
a psicologia, não capturado em modelos, mas tendo como
referência a experiência e afirmação das singularidades. Sustentado
na Ética, este empenho envolve pesquisadores, alunos e população,
uma vez que implica no resgate do “senso comum”, fundamental na
transformação das atuais relações sociais autoritárias e normativas,
calcadas na ignorância/ilusão, em relações horizontais nas quais,
através do exercício do pensamento, se construa conhecimentos
comuns àquele grupo. Nesse encontro também foi feita uma análise
de produção do GT considerando as práticas, as metodologias e os
contextos das pesquisas realizadas por seus participantes. Tal
análise possibilitou a apropriação de uma pluralidade rica de
perspectivas metodológicas (participante de cunho etnográfico,
cartográfica, interventiva, genealógica), assim como de contextos
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O compromisso do grupo em produzir conhecimentos
comprometidos com a transformação psicossocial aparece como
objetivo principal, comum a todos os pesquisadores. Nesse sentido,
pretendia-se:
- Refletir sobre as pesquisas desenvolvidas no grupo, procurando
avaliar em que medida os conhecimentos produzidos têm
propiciado transformações tanto na formação do profissional,
como nas relações sociais das populações envolvidas, assim como
os desafios, limitações e conquistas em sua efetivação.
- Avaliar o alcance destas pesquisas no estabelecimento de redes e
intercâmbios com os diversos setores da sociedade (órgãos gestores,
instituições formais e informais de educação e saúde, representantes
comunitários, profissionais e agentes de saúde e educação, entre
tantos outros) comprometidos e empenhados com tais
transformações.
O XIII SIMPOSIO aconteceu em 2010 – FORTALEZA. Noencontro foi feito uma avaliação de configuração do GT,
acentuanado-se a característica de produzir conhecimento embasado
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na fenomenologia existencial, sustentada no tensionamento teórico-
prático, uma vez que todos compartilham a importância de
pesquisas interventivas, inseridas em contextos públicos e privados,
voltadas para a transformação das relações sociais ou dos modos
existenciais restritivos do poder-ser humano. Tal processo exige um
compartilhamento constante que sustente a angústia advinda da
afirmação do singular nos contextos institucionais. Nessa medida,
amplia-se a noção usual de instituição na direção de compreendê-la
como todas as orientações gerais historicamente sedimentadas que
estruturam os modos cotidianos impessoais de existência. A
dinâmica de construção dessa proposta realiza-se por meio de
encontros, parcerias e intercâmbios regularmente promovidos pelo
grupo, resultando no desenvolvimento de práticas inovadoras em
saúde e educação. Nessa direção, os objetivos propostos no
Simpósio anterior foram revistos e formalizados:
Objetivos e propostas de trabalho definidas:
Como objetivo principal, comum a todos os pesquisadores,
mantém-se o compromisso do grupo em produzir conhecimentos
tid t i t t d
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historicamente instituídos de subjetivação e as dinâmicas de
singularização da existência. Nesse sentido, pretende-se:
1 - refletir sobre as pesquisas desenvolvidas no grupo,
considerando em que medida os conhecimentos produzidos: a)
têm colaborado na formação de profissionais compromissados com
a transformação social em direção a uma sociedade mais justa e
tolerante com as diferenças; b) como as instituições se apropriam
das propostas que apresentamos; c) como as populações envolvidas
respondem às nossas práticas; d) quais desafios, limitações e
conquistas temos encontrado em nossas trajetórias;
2 – compreender as implicações dessas pesquisas no
estabelecimento de redes e intercâmbios com os diversos setores da
sociedade (órgãos gestores, instituições formais e informais de
educação e saúde, representantes comunitários, profissionais e
agentes de saúde e educação, entre outros).
XIV SIMPOSIO – BELO HORIZONTE, 2012
Do ponto de vista teórico, foi possível notar uma certa hegemonia
do pensamento de Martin Heidegger subsidiando a crítica de um
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certo humanismo romântico, colocando em questão noções se
sujeito e subjetividade igualmente românticas, no entanto, sem
exclusão de outras leituras fenomenológicas e existencialistas, bem
como de autores capazes de tensionar estas vertentes, como o caso
de Friedrich Nietzche.
A percepção desta pluralidade e destes tensionamentos levou à uma
revisão que culminou com a proposição, na última reunião do GT
no Simpósio de Belo Horizonte em 2012, de uma assunção positiva
e construtiva desta pluralidade, buscando a constituição de um
espaço mais amplamente interdisciplinar, no interior do espectro
das fenomenologias. qualificar o GT, parece importante identificá-
lo com os matizes fenomenológicos, com abertura para o diálogo
com outras teorias: reafirmando seu caráter de lugar de interlocução
para as pesquisas que realizamos e para o debate
teóricometodológico no campo das práticas psicológicas em
instituições de saúde e educação.
XV SIMPOSIO – BENTO GONÇALVES, 2014
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A proposta, aqui apresentada para o Simpósio de 2014,
consubstancializa mudanças decididas na direção de reforçar o GT
como lugar de interlocução e criação de rede de saberes.
Para qualificar o GT, parece importante identificá-lo com os
matizes fenomenológicos, aberto a interlocuções com outras teorias:
reafirmando-se como grupo de interlocução para as pesquisas que
realizamos e para o debate teórico-metodológico.
As mudanças tratam, por um lado, portanto, de retomar e afirmar
vocações que estão na origem de sua fundação: partir do estudo das
práticas para fazê-las tensionar a teoria e tomar as diferenças como
oportunidade de enriquecimento e diálogo profícuo. Por outro,
ensejam uma renovação da própria constituição do GT e de sua
organização.
No plano de sua constituição, houve a saída de quatro integrantes e
o convite para a entrada de sete novos pesquisadores. Estes novos
pesquisadores representam aberturas de diferentes teores: a leitura
de autores de interesse para o GT, nomeadamente, Jean-Paul Sartre,
Hannah Arendt, Michel Henry, Enrique Pichón-Riviére, Franco
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Basaglia; o aprofundamento do diálogo entre psicologia e filosofia;
o acesso a realidades sócio-culturais fora do eixo das capitais
brasileiras; a continuidade em novos contextos do estudo das
articulações entre práticas psicológicas e políticas públicas de saúde
e educação.
No plano da organização, pretendemos instalar a prática de enviar
as comunicações sobre andamento de nossas pesquisas com
antecedência para todos os participantes, para que possamos
reservar o momento de encontro no Simpósio para s discussão das
mesmas. O GT deve manter os encontros que realiza anualmente,
reunindo seus pesquisadores, seus alunos e outros interessados,
assim como as parcerias e intercâmbios regulares para ministração
de cursos, condução de seminários de pesquisa, participação em
bancas examinadoras, planejamento de publicações e realização de
pesquisas coletivas.
Concluindo, o grupo tem como foco as práticas psicológicas em
instituições, configurando olhares e visões críticas ao paradigma
positivista, a partir de perspectivas fenomenológicas com abertura
i t l õ t b d t ó i B
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populações às práticas estudadas; os desafios, as limitações e as
potências gerados em suas trajetórias;
2 – compreendendo suas implicações no estabelecimento de redes e
intercâmbios com os diversos setores da sociedade (órgãos gestores,
instituições formais e informais de educação e saúde, representantes
comunitários, profissionais e agentes de saúde e educação, entre
outros).
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CIRANDA TEMÁTICA I
FORMAÇÃO PROFISSIONAL E POLÍTICA EM
DIÁLOGO COM O PENSAMENTO DE FRANCOBASAGLIA E HANNAH ARENDT
1.1 NOTAS REFLEXIVAS ACERCA DAFORMAÇÃO PROFISSIONAL E DO TRABALHOEM EQUIPES DE SAÚDE
Profª Drª Barbara Eleonora Bezerra Cabral
Professora adjunta do Colegiado de Psicologia e do Colegiado dasResdiências Multiprofissionais em Saúde da Universidade Federal
do Vale do são Francisco/Univasf.
Laboratório de Práticas Transdisciplinares em Saúde e Educação – LETRANSE-mail: [email protected]
Integrando a Ciranda Temática intitulada "Formação
profissional e política em diálogo com o pensamento de Franco
Basaglia e Hannah Arendt", a proposta de comunicação tem o
objetivo principal de estimular o debate acerca da formação de
profissionais de saúde – dentre os quais, os psicólogos – tendo em
vista o desafio do trabalho em equipe. Pretende-se ressaltar,
sobretudo, o caráter simultaneamente técnico e político da atuação
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modos de discussão da teoria, na insuficiente articulação teórico-
prática, em práticas pedagógicas verticalizadas, dentre outros. Tais
aspectos dificultam a possibilidade de intervenções atravessadas
pela integralidade e pela articulação dos representantes dos diversos
núcleos profissionais, quando se deparam com as
demandas/necessidades das pessoas nos territórios “vivos”. Em
função disso, o país tem experimentado iniciativas de reorientação
da formação profissional, induzidas por programas como o Pró-
Saúde, PET-Saúde e VER-SUS, que se centram na proposta de
aproximação ensino-serviço, valorizando a realidade das redes
públicas de atenção à saúde.
A pesquisa proposta teve como um dos seus principais
resultados a necessidade de ampliação da própria questão-bússola,
que não pôde ser sustentada em sua intenção de compreender a
prática de psicólogos em equipe. Como um dos efeitos produzidos a
partir da cartografia das práticas das equipes NASF, tornou-se
determinante discutir o trabalho em equipe, para além das
especificidades nucleares, ainda que tenha se mantido a
compreensão que cada núcleo profissional resguarda singularidades
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e particularidades. Borrar tais fronteiras disciplinares foi se
caracterizando como uma atitude demandada no cotidiano de
cuidado.
Outro “achado” que remete ao que de fundamental a
pesquisa revelou – ou, quiçá, tenha simplesmente reafirmado – foi a
compreensão da potência do trabalho em equipe como produçãocoletiva, pela via da ação transdisciplinar, tecida como algo
possível, acessível, transformada em ato pelos profissionais no
encontro entre si e com os próprios usuários que recorrem aos
dispositivos de cuidado. Cabe, então, caracterizar tal ação
transdisciplinar mais propriamente. O trabalho em equipe precisa
extrapolar a simples soma de diversos olhares e perspectivas, pela
valorização do encontro entre profissionais de diferentes áreas, com
compartilhamento do(s) projeto(s) de atenção em saúde e
elaboração de modos de cuidado/intervenção que decorrem da
invenção e construção conjunta.
Desse modo, a principal direção emergente – como sentido –
foi a de que os encontros constituem fontes primordiais de produção
e criação de novos modos, estratégias, métodos: aí residiria o
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fundamental da aposta trans. O “ pulo do gato” no trabalho em
equipe é puro movimento e processo, em busca constante de
consistência e afinação, aspectos que se constroem coletivamente e
são passíveis de contínuas recomposições.
A aposta trans não cabe nas prescrições, passando pela
criação na hora, em ato e incorpora contornos próprios em cadacontexto, a partir dos encontros e misturas que ali ocorrem. É
transpassada pela criação- poiesis, estando para além das
especialidades – embora não as negue – , caracterizando-se como
inventiva e jamais prescritiva. Não cabe nas normatizações e
implica, portanto, ousadia, transformação e, fundamentalmente, a
sustentação de tensão, pelo exercício de borrar as fronteiras que sua
ação põe em ato. Apenas pode se apoiar no hiato do que está
prescrito, em meio ao inusitado das situações com que os
profissionais se deparam na atenção à saúde. Momentos trans são,
assim, possíveis e não devem ser engessados ou padronizados,
porque se alimentam do inusitado.
Essas circunscrições de um trabalho em equipe como
produção coletiva, que parece se alinhar às demandas e
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necessidades que são apresentadas aos profissionais nos contextos
das redes públicas, não somente de saúde (e aqui se destaca a
intersetorialidade como outra diretriz importante para uma atuação
pertinente), apresentam questões diversas à formação desses
profissionais. Então, retoma-se o fio condutor da comunicação-
provocação: que modos seriam próprios e pertinentes para o
engendramento de processos formativos que possibilitem aos
futuros profissionais uma margem alargada de trânsito e produção
de cuidado nas redes?
Compreende-se que os ensaios de respostas a questões como
essa deverão ser múltiplos e distanciados de perspectivas
normativas, protocolos, regras ou modos rígidos de intervenção,
enfim, “modelos”, em geral, idealizados. A própria palavra
intervenção comporta em seu seio a invenção, entre humanos.
Entretanto, assumir tal atitude enquanto formador ou profissional
destoa dos “imperativos” contemporâneos, com raízes em séculos
anteriores, matizados por perspectivas disciplinares, de controle, de
dominação, de normatização, que assumem “novas” roupagens
como a supervalorização da prática/conhecimento baseado em
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proposta por Benevides (2005) ao refletir sobre a prática de
psicólogos no SUS.
De Hannah Arendt, serão resgatadas: a perspectiva de ação,
como constitutiva dos humanos, destacando-se seu sentido
originário de “iniciar”, e reflexões acerca do governar e executar
(Arendt, 2001), além do conceito de banalidade do mal (Arendt,1993; 2013), a partir de que aprofunda compreensões sobre o
exercício do pensamento como via possível – apesar de todas as
suas limitações – de impedir catástrofes, pessoais, ou mesmo
coletivas.
Para finalizar esse resumo da proposta de comunicação-
provocação, resgato mais uma vez um fragmento da tese: a garantia
de espaços coletivos se revela como caminho auspicioso para possibilidades de ação transdisciplinar como produção coletiva,
sendo crucial o investimento na expansão da habilidade de
sustentar a tensão, que continuamente virá à tona no contexto da
atenção à saúde. Para tanto, torna-se imprescindível o exercício de
comunicação entre integrantes das equipes, pela disponibilidade de
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Arendt, H. (2013) Eichmann em Jerusalém. São Paulo:Companhia das Letras.
Basaglia, F. (2005) O circuito do controle: do manicômio àdescentralização psiquiátrica. In: Franco Basaglia. PauloAmarante (org.). Escritos selecionados. Rio de Janeiro:Garamond, 237-257.
Benevides, R. (2005). A psicologia e o sistema único de saúde:quais interfaces? Psicologia e Sociedade, Porto Alegre, ago.17(2), 21-25.
Ceccim, R. (2008) Equipe de saúde: a perspectiva entre-disciplinar
na produção dos atos terapêuticos. In: Roseni Pinheiro; RubenAraújo de Mattos (orgs.). Cuidado: as fronteiras daintegralidade. 4 ed. Rio de Janeiro:IMA/CEPESC/ABRASCO, 261-280.
Cabral, B. E. B. (2011) Sustentando a tensão: um estudo
genealógico sobre as possibilidades de ação transdisciplinarem equipes de saúde. 185 f. Tese (Doutorado em Psicologia).Programa de Pós-Graduação em Psicologia. UFES, Vitória-ES.
Larrosa, J. (2002) Notas sobre a experiência e o saber deexperiência. Revista Brasileira de Educação. Campinas, 19,20-28.
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1.2 DESINSTITUCIONALIZAÇÃO COMOCONCEITO FERRAMENTA PARA AS PRÁTICAS
EM SAÚDE MENTAL
Profª Drª Maria Inês Badaró Moreira
Professora do Departamento de Políticas Públicas e Saúde Coletivada Universidade Federal de São Paulo – Baixada Santista.
Responde pelo Módulo de Saúde Mental e supervisiona estágios emSaúde Mental para o curso de Psicologia; Professora do Módulo deProdução de Narrativas para o Eixo Comum dos cursos do Institutode Saúde; Professora da disciplina Saúde Mental e Saúde Coletiva
para a Pós-Graduação da UNIFESP-BS e está na equipe de tutoria edocência da Residência Multiprofissional em Rede de Atenção
Psicossocial da Unifesp – Baixada Santista.
E-mail: [email protected]
Esta comunicação se insere na roda de conversa "Formação
profissional e política em diálogo com o pensamento de Franco
Basaglia e Hannah Arendt". Tem como objetivo principal
apresentar contribuições da perspectiva desinstitucionalizante para a
formação de psicólogos a partir do pensamento de Franco Basaglia.
Trata-se de trabalho em andamento e vivido como processo,
colocado em análise no sentido de partilhar e constituir possíveis
i l õ A dif iê i l d d
mailto:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]
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para isso é fundamental o compartilhamento de conhecimentos
vindos das diferentes fontes e formas de organizar o que saber/fazer
das pessoas. Assim, apontamos para a necessidade de formação de
profissionais da saúde que consigam atuar com o sofrimento como
um fenômeno complexo, que busque um fazer clínico pautado na
produção coletiva e no protagonismo dos usuários.
Serão apresentadas ações de ensino, pesquisa e extensão
em que diferentes protagonistas são convidados para proposição e
composição de ações de ensino-aprendizagem em saúde mental que
faça sentido para os usuários do serviço, seus familiares e busque
atingir a comunidade em que vive. Ao assumir a perspectiva
desinstitucionalizante, estas experimentações de práticas e ideias
podem promover o deslocamento necessário da tríade
doença/tratamento/cura que tem sustentado as ações em saúde em
direção de espaços de encontro e convívio com o
sofrimento/existência/projeto de vida.
Este relato apresenta e coloca em análise algumas
experimentações e vivências, em desenvolvimento, que pretendem
liti ã d áti d id d ti d
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formação, em busca de possíveis caminhos de superação da
distância entre atuação profissional e política.
Os preceitos e a experiência Italiana são direcionamentos de
experimentações e definem a abertura para o encontro com o
homem, distanciando dos rótulos que ele carrega. Assim, ao
trabalhar com a perspectiva da desinstitucionalização, compreende-
se que um fazer clínico é também político na medida em querequer
que o trabalho terapêutico seja voltado para a reconstituição de
pessoas, como sujeitos de suas histórias.
Palavras-chave: Formação do Psicólogo; Saúde Mental;
Desinstitucionalização; Franco Basaglia, Sofrimento psíquico.
Referências
BASAGLIA, F. Psiquiatria alternativa: contra o pessimismo darazão, o otimismo da prática. São Paulo: Ed. Brasil Debates, 1982.
BASAGLIA, F. A instituição negada: relato de um hospital psiquiátrico 3. ed. São Paulo: Graal, 1985.
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1.3 O PENSAMENTO DE FRANCO BASAGLIA E A
FORMAÇÃO DE PROFISSIONAIS DE SAÚDE
Profª Drª Maria Luisa Sandoval Schmidt
Professora Titular da Universidade de São Paulo-USP
A presente comunicação faz parte da roda de conversa com
título "Formação profissional e política em diálogo com o
pensamento de Franco Basaglia e Hannah Arendt". Tem como
propósito chamar a atenção para contribuições do pensamento de
Franco Basaglia na esfera da formação de profissionais de saúde.
Trata-se de análise do texto do autor, em co-autoria com Franca
Basaglia Ongaro, chamado "Los crímenes de la paz" que está nolivro por eles organizado "Los crímenes de la paz: investigación
sobre los intelectuales y los técnicos como servidores de la
opresión".
A análise permite compreender os comprometimentos éticos
e políticos de intelectuais e técnicos do campo da saúde mental e
deles derivar uma série de problemas postos à formação destes
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enfermeiros e a centralidade da prospecção das necessidades da
população usuária de serviços de saúde mental como organizador
potente de ações politicamente comprometidas com a emancipação.
Palavras-chave: Profissionais de Saúde; Sociedade; Saúde Mental;
Política; Ética; Franco Basaglia.
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Dentre as diversas formas de participação nessa nova
configuração em que se constrói a psicologia destacamos as práticas
psicológicas clínicas em instituições. O plantão psicológico tem
sido uma dessas práticas que vem encontrando um espaço cada vez
mais amplo de desenvolvimento articulando fundamentalmente três
características que consideramos importantes: a democratização ao
acesso aos serviços de psicologia; a rediscussão dos modelos
técnicos de intervenção e a dimensão de uma ação ética na medida
em que possibilita pensar o cuidado como acontecimento
transformador em seu tempo próprio de transformação.
Será sobre essa última dimensão que iremos focar nossa
reflexão, pois se a princípio o plantão parece se sintonizar com a
premissa de um tempo histórico líquido (Bauman, 1998), no qual
tudo frui em um desfacelamento incessante e impossibilitador de
constituição de sentido e significado próprios, será justamente no
sentido oposto que postulamos sua ação.
A partir de uma leitura fenomenológica existencial o plantão
psicológico configura-se como uma modalidade da prática
psicológica que se caracteriza principalmente por se constituir em
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uma intervenção em situação de crise. Dito de outra forma, uma
forma de inter(in)venção que se dá como espaço/tempo de
acolhimento do sofrimento humano e ao mesmo tempo espaço de
instauração de outro modo de estar-no-mundo tão original a ponto
de implicar a afirmação de novas formas de produção de sentido e
significado, ou seja, um acontecimento afirmativo do modo de ser
cuidado.
Nossa experiência mais significativa com o plantão se deu
por meio da prática do plantão psicológico na Delegacia
Especializada no Atendimento a Mulher (DEAM). Realizamos
uma pesquisa nas DEAM’as de Petrolina-PE e Juazeiro-BA
(Lima,2012), na qual foi possível compreender que por se dar em
uma instituição que lida com a violência esta esteve de alguma
forma atravessando o saber-fazer do plantão.
A intervenção principal do plantão foi o modo de ser plantão
em que os plantonistas se dispõe em situação de plantão. A abertura
ao encontro, a escuta atenta e sensível, embora sejam fundamentais
para a ação do plantão não são suficientes para garantir uma forma
de relação na qual a usuária do plantão pode desprender-se da
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vivência de impotência advinda da violência e se ligar ao encontro
potencializador do trânsito entre o ôntico e o ontológico ali na
situação do plantão.
A possibilidade de acompanhar a usuária no plantão a partir
de uma postura inter(in)ventiva na qual a linguagem se desprende
de uma dimensão cotidiana e passa se constutuir como clareira(Heidegger, 2002). Na e pela linguagem o novo irrompe como
eminentemente outro para aquele que fala. Estar atento para
apreender com o outro esse “novo sentido” que emerge do seu
linguajar cotidiano parece remeter a um acontecimento que permite
que cuidando com-o-outro faça que o usuário-cuide-de-si.
A dimensão inesperada, a quebra dos chamados settings
tradicionais, o desprendimento do tempo cronológico são condiçõesque geralmente estão presentes em um encontro do plantão. Desta
forma será justamente essa abertura ao incerto que o plantão pode
possibilitar a instauração de espaço criativo para construção de
novo começo próprio, originário para aqueles que o procuram. A
dimensão do acontecer originário permite a criação de espaços para
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a transformação daqueles que se encontram no plantão, mesmo que
esse seja um encontro único.
Portanto, reside nessa condição a dimensão ética do existir
em situação de crise, ou seja, um momento intenso no qual ruptura
e recomeço se fazem presentes como possibilidades vivas que
encontra no inusitado do encontro com desconhecido a sua aberturaacontecimental e quanto a esta não há controle ou predição por
parte do plantonista apenas o acompanhar cuidadoso do se mostrar
do encontro. A essa forma de estar-no-mundo no encontro nos
inclinamos chamar de acontescência do cuidado.
Palavras-chave: Plantão psicológico; acontescência; cuidado;
prática clínica.
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2.2 EXPERIENCIA DE PLANTÃO PSICOLÓGICOEM HOSPITAIS, UNIDADES DE CUIDADOS
PALIATIVOS E NO LABORATÓRIO DE ESTUDOSSOBRE A MORTE
Profª Drª Maria Julia Kovács
Professora Livre Docente do Instituto de Psicologia da USP
E-mail: [email protected]
O plantão psicológico se configura como espaço de
acolhimento e escuta da demanda de quem nos procura para
esclarecer o caminho percorrido pelo cliente até o momento. É um
espaço para aprofundar a experiencia de sofrimento e também as
formas de lidar com situações de conflito em sua vida, como
apontam (Breschgliari et.al, (2013). Mahfoud (2013) refere que o
plantão psicológico é o momento em que a pessoa pode se
confrontar com sua vida na presença de um plantonista, psicólogo
ou estagiário, disponível para lidar com o desafio do que ainda não
se conhece e que abarca uma diversidade de situações a serem
conhecidas naquele momento.
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Procuramos adaptar experiências de plantão psicológico em
instituições com características diversas, valorizando sua ação como
porta de entrada em locais onde acorrem pessoas gravemente
enfermas e em processo de luto.
Nos hospitais desenvolvemos o trabalho de plantão
psicológico para funcionários de saúde, após experiência detrabalho com grupos vivenciais para enfermeiros e técnicos de
enfermagem. Como apontamos (Kovács, 2010), o cotidiano dos
profissionais de saúde frente à morte envolve escolhas difíceis,
gerando estresse e conflito. Na mentalidade da morte interdita não
se autoriza a expressão de emoções e dor, levando ao adoecimento e
aumento dos casos de depressão, aumentando a incidência da
Síndrome de Burnout entre profissionais de saúde. Não conseguir
evitar a morte ou aliviar o sofrimento traz ao profissional a vivência
de sua finitude. Estabelece-se relação entre sofrimento, colapso e
luto não reconhecido entre profissionais de saúde, ao perderem
pacientes com quem estabeleceram vínculos. O plantão psicológico
foi proposto à equipe de enfermagen nas dependências de um
hospital de ensino. Os grupos vivenciais tiveram procura pela
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equipe, graças à organização da coordenação de enfermagem da
instituição, liberando os profissionais para a atividade. Após a
realização do grupo experiencial fizemos a proposta de plantão
psicológico aos profissionais, aí como busca individual. Esta
proposta não teve a mesma freqüência que os grupos, havendo
pouca procura pelo plantão. Os plantonistas estavam numa sala no
mesmo andar dos funcionários. Tentamos compreender o motivo
desta pouca adesão possivelmente pelo fato do plantão ocorrer no
local de trabalho dos funcionários e sua procura ser entendida como
exposição do estado de sofrimento, que poderia ser mal interpretada
na unidade. Um ponto de discussão sobre plantão psicológico em
instituições é: como oferecer plantão psicológico no local de
trabalho do funcionário.
Apresentamos a seguir o projeto de implantação de plantão
psicológico para pacientes, familiares e profissionais de uma
Unidade de Cuidados Paliativos. (Kovács, et al, 2001). Pacientes
com câncer avançado apresentam vários sintomas incapacitantes,
sendo o principal a dor. A família passa por estágios de adaptação,
observando-se dificuldades na comunicação e isolamento. Os
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programas de cuidados paliativos têm como foco o alívio e controle
de sintomas, com ênfase na qualidade de vida e diminuição do
sofrimento. O plantão psicológico oferece espaço de escuta
favorecendo um acolhimento da demanda. Realizamos uma
pesquisa com os seguintes objetivos: Estudar a implantação de um
serviço de plantão psicológico em uma ala de cuidados paliativos de
hospital de referencia em oncologia numa cidade do interior de São
Paulo, descrevendo as necessidades dos pacientes, da família e da
instituição; avaliar a proposta do plantão psicológico ouvindo a
clientela beneficiária; elaborar um projeto de plantão psicológico
para este grupo. Os dados foram coletados durante atendimentos
quinzenais. Os temas trazidos pelos pacientes foram: dor nas
dimensões física, psíquica, social, espiritual e distúrbios na
comunicação. Para os familiares os temas foram: tristeza pela perda
do paciente pelo adoecimento e futura morte, e distúrbios na
comunicação. O plantão psicológico favoreceu: esclarecimento das
necessidades, expressão dos sentimentos, facilitação de
comunicação. Entre os aspectos a serem aprofundados observou-se:
significado da doença, formas de enfrentamento das
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facilitou a acolhida da demanda dos pacientes e familiares neste
tipo de unidade possibilitando encaminhamento a recursos
competentes. Vários pacientes e familiares (vistos como unidade de
cuidados) se beneficiariam de um atendimento mais longo, sendo
importante a presença do psicólogo como membro efetivo na
equipe multidisciplinar de atendimento em programas de cuidados
paliativos, bem como, uma rede de atendimento na cidade para a
realização destes atendimentos. Entre os pontos a serem discutidos
havia também a circunstancia de que os plantonistas (alunos de
iniciação científica e eu como coordenadora) éramos da capital e o
oferecimento do plantão era vinculado ao dia em que a equipe
viajava até o hospital. No dia em que era oferecido o plantão
atendíamos todos os interessados, configurando-se como plantão de
encontro único, constituindo-se em espaço de acolhida e escuta. O
plantão neste local envolveu as plantonistas em situações
complexas em que o setting tinha que ser improvisado nos quartos e
numa sala de estar do programa. Esta atividade de plantão
infelizmente foi interrompida, pois o projeto foi encerrado. Foi
proposta a continuidade do plantão com os profissionais do
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pacientes, também tínhamos a perspectiva de compartilhar como os
atendimentos dos pacientes com doença avançada sensibilizavam as
plantonistas, ainda alunas de graduação.
Apresentamos a seguir os atendimentos a pessoas enlutadas
e com ideação suicida no Laboratório de Estudos sobre a Morte
(LEM) no Instituto de Psicologia da USP. (www.lemipusp.com.br).Estes atendimentos se configuram como primeiro encontro, uma
forma de plantão psicológico, em que abrimos a disponibilidade de
escuta da demanda de quem nos procura. A partir deste primeiro
atendimento e junto com o cliente combinamos encontros pontuais
de orientação e esclarecimentos ou atendimento regular na forma de
psicoterapia. Como atualmente o LEM conta com 4 participantes
psicólogos disponibilizamos alguns horários de atendimento entre
nós. Temos também uma lista de credenciados composto por ex-
orientandos de mestrado e doutorado, que disponibilizam um
horário gratuito para atender quem nos procura. Realizamos
também plantão telefônico, ou por internet ajudando na busca de
cuidados a pessoas vivendo situações de perda ou com ideação
http://www.lemipusp.com.br/http://www.lemipusp.com.br/
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suicida, bem como encaminhamento de bibliografia para estudantes
e profissionais interessados.
Nestas três modalidades apresentadas, o plantão psicológico
demanda dos plantonistas o que foi ressaltado em alguns textos
sobre plantão psicológico, destacando os escritos por Mahfoud
(2012, 2013) e Schmidt (2004) e o trabalho que há anos é realizadono Serviço de Plantão Psicológico ( SAP) fundado por Rachel
Rosenberg. Em 2013 a equipe do SAP elaborou o capítulo “Plantão
Psicológico em Centro Escola, tradição, reinvenções e rupturas”
(op. cit)em que traçamos a trajetória do plantão psicológico no
Serviço de Aconselhamento Psicológico do Instituto de Psicologia
da USP, com as transformações promovidas desde a sua fundação.
Neste artigo discutem-se formas de atendimento vinculadas às
demandas da clientela, que atendemos. O que permanece invariável
em todas as modalidades de atendimento apresentadas é a
disponibilidade para escuta do plantonista, esclarecimento da
demanda e do sofrimento de quem nos procura. Mais do que
oferecer caminhos, busca-se traçá-los junto com o cliente.
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Palavras chave: plantão psicológico, instituições de saúde,
sofrimento humano, Laboratório de Estudos sobre a Morte.
Referências
Breschliari J.O. Eisenlohr, G.V.; Fujisaka, A P; Kovács, M.J.;
Rocha, M.C & Schmidt, M.L. (2013). Plantão psicológico emCentro-Escola. In: M.A.Tassinari; A.P.S. Cordeiro & W,T.
Durange.(Orgs). Revisitando o plantão psicológico centrado na
pessoa. Curitiba, Editora CRV, 61-82.
Kovács, M.J. (2010). Sofrimento da equipe de saúde no contexto
hospitalar. Cuidando do cuidador profissional. Mundo da Saúde,
(impresso), v.34, 420429.
Kovács, M.J.; Kobayashi, C.; Santos, A.B.B. & Avancini, D.C.F.
(2001). Implantação de um serviço de plantão psicológico numa
unidade de cuidados paliativos. Boletim de Psicologia, 51(114),01-22.
Mahfoud, M (2012). A vivencia de um desafio. In: M. Mahfoud
(Org.) Plantão psicológico. Novos horizontes. São Paulo,
Companhia Ilimitada, 17-29.
Mahfoud, M. (2013). Desafios sempre renovados: plantão
psicológico. In: Tassinari, M.A Tassinari; A.P.S Cordeiro. &
T.G. Durange (Orgs). Revisitando o plantão psicológico
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Schmidt, M.L. Plantão psicológico, universidade pública e política
de saúde mental. Estudos de Psicologia, Campinas, v.21, n.3,
p.173-192, setembro/dezembro 2004.
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mais avançada tecnologia, aqui incluído o arsenal
psicofarmacológico; em seguida, pelos mais variados tipos de
terapia, incluindo aí aquelas originárias dos Centros Acadêmicos
bem como aquelas que surgem por modismos e misticismos de todo
gênero.
Pressionado a assumir responsabilidades crescentes nummundo em permanente e rápida mudança, o “indivíduo incerto”,
como definido por Ehrenberg (1999; 2004), e fragmentado de nossa
contemporaneidade, mergulha na fadiga, insônia, ansiedade,
indecisão, assimiladas a um quadro de depressão, que se naturaliza
como modo de ser e de estar-no-mundo. Tornam-se cada vez mais
f requentes na clínica demandas de um sujeito que “refere um agir
compulsivo, desinibido, destituído de culpam cujas narrativas estão
repletas de lamentações que ambicionam o encontro triunfal com o
bem-estar supremo” (Lemos, Rodrigues e Monteiro, 2014, p.33). É
dentro deste quadro de eterna busca por um “estado de melhora”,
que este estudo se insere, procurando entender os modos de
desvelamento do sofrimento psíquico na contemporaneidade, sua
relação com uma demanda pela psicoterapia e, sobretudo, a
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possibilidade de uma prática clínica contemporânea vocacionada
para o acolhimento destas demandas para promoção de saúde.
Como bem nos lembra Rebouças e Dutra “o mundo contemporâneo
demanda novas formas de conhecimento, busca um paradigma não
mais baseado numa verdade universal, mas em múltiplas verdades,
constituídas a partir da singularidade do ser humano, do seu
contexto e de sua história” (2010, p.3).
A psicologia clínica contemporânea nos coloca diante de
situações imprevisíveis que põem em questão nossas teorias e
práticas. Tendo como base analisadora uma perspectiva
fenomenológica existencial, este estudo pretende problematizar as
novas enunciações do sofrimento psíquico no contexto
contemporâneo e a modalidade clínica do plantão psicológico como
uma prática comprometida com a emergência de novos sentidos.
Uma prática que precisa, na atualidade, estar voltada para a
singularidade se (re) inventando, ousando, arriscando, enfim, em
movimento e em permanente construção. Assim, partimos do
pressuposto que a uma prática clínica comprometida com a
promoção de saúde não pode estar circunscrita em um único saber
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ou ser compreendida a partir de uma única lógica. O plantão
psicológico favorece a experiência na qual o psicólogo se apresenta
como alguém disposto, presente e disponível e não apenas como
detentor do conhecimento técnico. E isto seria um estar junto, um
inclinar-se na direção sofrimento, deixando-se afetar para
compreender. “A proposta do plantão é aceitar manter -se junto com
o cliente no momento presente, na problemática que emerge,
promovendo uma melhor avaliação dos recursos disponíveis,
ampliando, assim, seu leque de possibilidades”. (Rebouças e Dutra,
2010, p.5). Assim, podemos partir da premissa de que a
contemporaneidade tem demandado uma postura clínica
multiprofissional e transdisciplinar.
O sofrimento psíquico nesse contexto do contemporâneo
deve ser pensado como um fenômeno entrelaçado ao nosso viver,
assim como a busca incessante por meios de atenuar tal sofrimento.
A História da Medicina, da Psiquiatria e da Psicologia tem nos
apontado a universalidade do sofrimento psíquico, as diferentes
representações que o tema adquiriu, bem como a incansável busca
das diversas práticas terapêuticas que se produziram no sentido de
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apaziguar, ou mesmo curar, as inúmeras formas de expressão do
sofrimento. Entretanto, temos observado que desde a modernidade,
especialmente no século XX, o discurso sobre o sofrimento
psíquico tem impregnado a vida cotidiana de maneira inédita,
revelando-se objeto de uma grande preocupação social, política e de
saúde mental. Revistas de grande circulação, acadêmicas ou não,
têm procurado elucidar o público sobre esta questão. A preocupação
está também nas universidades que vêm produzindo,
sistematicamente, uma discussão profícua sobre o tema (Giovanni,
1980; Lefèvre, 1991; Pignarre, 1999; Birman, 2001, 2002, 2013;
Nascimento, 2003; Solomon, 2002). Quais as razões desta situação?
Quais transformações sociais engendraram tamanho relevo aos
problemas psíquicos? Neste contexto, atualmente, a interface entre
questões sociais e questões mentais parece ser de tal ordem que se
pode conceber a emergência de uma nova linguagem e de um novo
espaço de representação em torno da noção de sofrimento psíquico.
As discussões sobre sofrimento psíquico têm mobilizado
pesquisadores nas mais diferentes áreas e nossa inquietação se
configura em torno da possibilidade de analisar os diferentes modos
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de enunciação do sofrimento psíquico na contemporaneidade a
partir da hipótese geral de que numerosas doenças e problemas da
sociedade se apresentam atualmente sob o termo “Sofrimento
Psíquico” e passam a propor soluções em termos de “saúde
mental”, mais especificamente, em termos de uma intervenção
medicamentosa. Assistimos a uma crônica patologização da vida
cotidiana. Um fenômeno que parece estar transformando situações,
antes consideradas naturais de serem enfrentadas durante a vida, em
episódios que merecem ser tratados e solucionados por um conjunto
de saberes ávidos em responder os dilemas do existir humano.
De maneira sistemática esquecemos que o sofrimento é
constitutivo da condição humana. Adotamos a premissa de que é
proibido sofrer. De modo mais radical podemos supor que vivemos
uma sensação generalizada e aguda de que a vida, tal como se
apresenta, incerta, imprevisível, vulnerável, efêmera, não pode ou
deve ser boa o suficiente. Tal ideologia estabelece uma condição de
eterna busca por um bem-estar inatingível, por uma certa imunidade
ao sofrimento, por uma receita de prolongamento da juventude e
possibilidade diária de felicidade.
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Trata-se de um horizonte histórico de sentido que revela de
modo crescente a experiência generalizada da inquietude, do