Download - Alberto Ackilla Todo Dizimo e Uma Oferta
Dados internacionais de catalogação na publicação (CIP)
Câmara Brasileira do Livro.
___________________________________________
Todo dízimo é uma oferta – Mendes, Alberto Áckilla.
Planaltina, Distrito Federal.
66 p.: 14x21 cm
Edição Popular
ISBN 978-85-918207-5-7
1. Religioso. I – Título.
___________________________________________
Todo dízimo é uma oferta – Copyright © 2015
By Alberto Áckilla. 1ª Edição
O conteúdo desta obra é de total responsabilidade do autor.
Proibida a venda e distribuição parcial ou total sem autorização.
Os textos das referências bíblicas foram extraídos da versão
Almeida Revista e Corrigida
DEDICATÓRIA
Ao meu Pai
CARLOS ALBERTO
Que me ensinou
O Caminho da Luz
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
Capítulo 1
PESQUISA NA BÍBLIA
Capítulo 2
JESUS E O ESPÍRITO
Capítulo 3
DESCOBERTAS
Capítulo 4
PLANO ORIGINAL
Capítulo 5
DESAFIOS À VISTA
Capítulo 6
AVENTURA DE FÉ
INTRODUÇÃO
Dizem por aí que a Bíblia fechada é apenas um livro.
Que grande mentira! E não são poucos os que acreditam nessa
maneira falaciosa de descrever as Palavras que existem neste
incomparável Testamento. Infelizmente, o mundo não dedica
tempo para se auto conhecer através da Sagrada Escritura e
consome a maior parte do dia com trabalho e estudos seculares.
À noite, o cansaço toma conta dos olhos, olhos que poderiam
contemplar a Vida. É isso o que a Palavra de Deus traz para
nós: Vida. Um livro qualquer não te faz sentir mais vivo, mas o
Verbo que Se fez carne não só preenche tal lacuna como Ele é a
própria Fonte de Existência (João 1:14; 14:6).
Mesmo sabendo bem disso, eu precisei ouvir várias
vezes de uma amiga algo revelador que, aos poucos, fez-me
perceber o que estava me impedindo de desfrutar esta Vida
exuberante (João 10:10). Ela me dizia que tudo o que acontece
de grandioso em mim deve ser para a glória do Senhor. A meu
ver, isso soava na forma de um julgamento. Contudo, ela me
corrigia estando sempre certa. Sinceramente, eu não me
humilhava o bastante a ponto de reconhecer que o poder de
Deus atuou dentro do meu ser quando maravilhas aconteceram
comigo. Como resultado, as suas insistentes admoestações
transportaram o meu espírito para um patamar transcendental
que, sozinho, nunca teria alcançado. Os próximos seis capítulos
são o início deste testemunho. Aqui, vai ser falado sobre alguns
ensinamentos concernentes a ofertas que a maioria dos
evangélicos não teve a oportunidade de aprender. São textos
com explicações simples, porém que transformaram o meu
modo de pensar e de agir. Tenho a esperança que o meu Deus
também transforme o seu. Deixo a vocês uma amiga orientação:
Quem ler todas as referências bíblicas compreenderá melhor os
assuntos tratados. Eu garanto que vale a pena conferi-las.
Capítulo 1
PESQUISA NA BÍBLIA
Quando eu era criança, via um amigo do meu pai se
ocupar na igreja como tesoureiro. Essa é a função das pessoas
que cuidam da parte financeira de uma instituição. Como eu fui
criado num ambiente religioso, aprendi desde cedo a reservar
um décimo do meu dinheiro para a igreja. Em todos os cultos
tinha o momento de recolher os dízimos e as ofertas, pois assim
era falado por eles. Existia uma salva que alguém segurava e
sempre passava pelo nosso assento. Ali, dentro dela, era onde
eu colocava as moedas que o meu pai me dava.
Quando adolescente, trabalhei vendendo picolé e, pela
primeira vez, ofertei do meu suor. Eu ouvia dizer que o meu
dízimo seria abençoado e Deus iria multiplicá-lo. Esse dinheiro
era entregue em um envelope porque na sua parte externa,
vinha um espaço para marcar qual o mês recebido. Isso servia
para a igreja manter o controle dos fiéis mensalmente. Como eu
era um rapaz inconstante, desisti do meu primeiro trabalho.
Apesar disso, não parei de ofertar. Uma vez e outra sempre
tinha algum dinheiro.
No envelope do dízimo era impresso o versículo bíblico:
"Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja
mantimento na minha casa, e depois fazei prova de mim, diz o
Senhor dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu e
não derramar sobre vós uma bênção tal, que dela vos advenha a
maior abastança".
Diante dessa promessa eu pensava que, ao cumprir esse
mandamento, ia ser bastante abençoado independentemente de
estar trabalhando ou não.
Ao cursar o ensino médio, consegui uma bolsa de
iniciação ao trabalho. Assim, pela manhã trabalhava e, à tarde,
estudava. Ao mesmo tempo, fui fiel ao meu compromisso
financeiro com a igreja todos os meses. Mas, em vista do pouco
tempo que eu tinha para revisar as matérias escolares, o meu
rendimento começou a piorar. Por causa disso, abri mão
daquela atividade por ficar com medo de reprovar no segundo
ano. "Eu ainda sou jovem, tenho um futuro brilhante, vou cursar
uma faculdade e, quando me formar, ganharei muito dinheiro".
Este era o meu pensamento. Porém, ao concluir o ensino médio,
não fui aprovado no vestibular que prestei e estava sem
trabalho.
Graças a isso, me senti um fracassado e fiquei em casa
durante um ano. Sem dinheiro e entediado por não fazer nada,
fui procurar emprego. Consegui um rapidamente. Não era algo
de que gostava, mas era melhor do que a minha ociosidade. No
primeiro dia, até que a animação foi boa. Contudo, permaneci
dez dias apenas; era um serviço muito estressante. Recebi meus
direitos e, desse pouco valor, ofertei o dízimo à igreja. Após
dois dias, consegui outro emprego e me dediquei melhor a essa
ocupação. Passado alguns meses, desisti em virtude de alguns
desentendimentos pessoais com o meu tio, pois tinha sido
através dele que conseguira o tal cargo. Como me senti
prejudicado, pedi as contas, ofertei do recebido e deixei a
tristeza tomar conta de mim por um tempo.
A minha vida até o instante tinha sido de várias
desistências. Mas, não obstante, nunca deixei de dar o dízimo
para a igreja. Foi isso que aprendi do meu pai e o que
aprendemos desde cedo, não esquecemos. Entretanto, com
aquelas experiências percebi que o dízimo não trazia pra mim a
resposta de como ser próspero. Infelizmente, atribuía o meu
fracasso profissional à igreja, pois pensava que por ser
compromissado com ela financeiramente, o meu trabalho
estaria livre de obstáculos. Porém, eu não entendia o real
significado do dinheiro sagrado. Passado algum tempo e devido
a algumas circunstâncias que me sobrevieram, comecei a
pesquisar na Bíblia onde falava sobre o dízimo. Além disso, a
experiência de frequentar quatro instituições religiosas
diferentes me fez perceber que todas elas ensinavam sobre a
famosa contribuição. Tudo isso esclareceu muitas verdades que
vamos discorrer adiante.
O Erro do Roubo
Nas igrejas que assisti, observei que todos os seus líderes
usam um capítulo do profeta Malaquias para se referir ao
dízimo do cristão. O livro dele contém somente quatro capítulos
e foi escrito durante uma época de apostasia espiritual entre o
povo de Israel. Jesus Cristo não tinha vindo ainda em nosso
mundo e o tal profeta foi o último que profetizou àquela nação
antes de João Batista (Mt 3:1). Como o versículo citado é
bastante explícito acerca do dízimo, não é de se admirar que
seja o mais usado durante o momento dos dízimos e ofertas de
sua igreja.
No tempo dessa ocasião é normal ouvir que quem não dá
o dízimo rouba a Deus. A maioria dos guias eclesiásticos cita
Malaquias 3:8 que diz:
"Roubará o homem a Deus? Todavia, vós me roubais e dizeis:
Em que te roubamos? Nos dízimos e nas ofertas alçadas".
Porém, é totalmente errado afirmar que quem não dá esse
dinheiro está roubando a Deus. "Mas, por quê?", talvez você me
perguntaria. Porque Deus, na época da vigência da lei de
Moisés, cobrava do povo israelita segundo essa lei. Se
observarmos bem o texto, este diz: "nos dízimos e nas ofertas
alçadas" (ênfase do autor). A conjunção e indica que as duas
referências não podem ser separadas da frase. Com isso, o
roubo mencionado somente seria válido se os dois mandos
simultaneamente fossem descumpridos. Segundo o contexto, as
ofertas alçadas denotavam a parte que os levitas tinham que
oferecer, dos dízimos recebidos do povo, ao sumo sacerdote
(Nm 18:26,28). Sabemos que o ministério levítico (Nm 18:21),
e o sacerdócio (Ex 28:1), eram conforme a lei de Moisés (Hb
7:11). Ora, como era de acordo com essa lei, não é certo falar
que quem não entrega o dízimo rouba ao Senhor. Se ainda
restou alguma dúvida sobre esta verdade, atentemos para o fato
de que não estamos debaixo de uma lei que Jesus mudou (Hb
7:12; 1ª Co 9:21).
Amigos, Jesus ao instituir os Seus princípios declarou:
"Não julgueis, para que não sejais julgados, porque com o juízo
com que julgardes sereis julgados, e com a medida com que
tiverdes medido vos hão de medir a vós" (Mt 7:1,2).
Que a Palavra do Espírito Santo esteja em nossas
mentes!
Obras de Abraão
Algo que deve ser notado em Malaquias 3:10 é que os
israelitas traziam os seus dízimos à casa do tesouro. Entende-se
que essa casa, na verdade, era uma sala de depósito que existia
no Templo de Israel, pois a sequência "para que haja
mantimento na minha casa" é uma referência ao Templo
reconstruído durante o governo de Zorobabel (Ed 6:16; Ne
10:37-39).
Agora, como o dízimo era um mandamento da lei
israelita e o seu objetivo era sustentar principalmente os levitas
(Lv 27:30-33; Nm 18:21), é certo ofertar desse modo na igreja
hoje? Vejamos!
Essa prática já existia antes da lei mosaica. Abraão, que
na época desse acontecido se chamava Abrão, deu a alguém o
dízimo dos despojos conseguidos numa guerra (Gn 14:12-20).
Sabemos também que o neto dele fez uma oração a Deus e
prometeu dar-Lhe a mesma oferta (Gn 28:20-22). Então, o
dízimo não é encontrado somente na lei de Moisés. Nela, Deus
o santificou para que os levitas usufruíssem esta parte como
uma herança da terra prometida (Nm 18:24).
Atualmente algumas denominações religiosas instruem
os seus membros contra o ensinamento abraâmico lhes dizendo
que este não pode ser praticado. Os responsáveis por tal
argumento defendem que nós estamos debaixo da Graça de
Deus e nessa Graça não opera a lei que regula aquela oferta.
Isso é verdadeiro porque o fim da lei é Cristo (Rm 10:4).
Contudo, após um relato particular darei esclarecimento sobre o
dinheiro sacro comparando versos bíblicos.
Certa vez, ao passar pela Rodoviária do Plano Piloto em
Brasília, recebi de um homem vestido socialmente uma folha
impressa com um texto. Geralmente, eu não pego a maioria dos
folhetos que me são oferecidos na rua. Mas, como esse homem
gritava para chamar a atenção dos transeuntes, percebi que o
conteúdo da sua mensagem era do meu interesse. Como eu
estava estudando o assunto tratado, guardei aquela folha.
Depois de lê-la com atenção, fiquei bastante admirado pelas
mentiras ali expostas. Lá dizia que todos os pastores que
ensinam a prática do dízimo são ladrões e que Jesus Cristo
aboliu-a morrendo na cruz. Diferente é essa forma de pensar, no
entanto muitos concluem assim. Não sei se aquele homem
conseguiu ganhar almas para o Senhor Jesus, mas, penso eu,
que ele conseguiu distorcer a função dos pastores e criar uma
imagem negativa desses líderes na mente de várias pessoas.
Para aqueles que ensinam que o antigo exemplo
patriarcal é uma atitude ilegal por estarmos na era da Graça,
consideremos essas declarações:
"Porque a graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação
a todos os homens" (Tt 2:11, ênfase do autor).
É uma linda frase do Novo Testamento, mas também
gosto dessa:
"Sendo, pois, justificados pela fé, temos paz com Deus por
nosso Senhor Jesus Cristo; pelo qual também temos entrada
pela fé a esta graça, na qual estamos firmes" (Rm 5:1-2a,
ênfase do autor).
E dessa: "Sabei, pois, que os que são da fé são filhos de
Abraão" (Gl 3:7, ênfase do autor).
Portanto, quem é filho de Abraão faz as obras de seu pai.
"Se fôsseis filhos de Abraão, faríeis as obras de Abraão" (Jo
8:39b, ênfase do autor).
"E [Abraão] deu-lhe o dízimo de tudo" (Gn 14:20b, ênfase do
autor).
Água Celeste
Continuando a explicação de Malaquias 3:10, o que é
"uma bênção tal"? Algumas pessoas poderiam dizer que são
casas, carros e muito dinheiro. Outras talvez diriam que é uma
aprovação de concurso público ou que são grandes contratos
empresariais. Porém, se lermos cuidadosamente o contexto em
que se encaixa essa definição, acharemos uma resposta
diferente. Apesar do ensino do dízimo ser cristão, não podemos
imaginar que o profeta escreveu para os adeptos do
cristianismo. O destinatário dos seus escritos era o povo judeu
em uma época anterior ao nascimento de Cristo. O versículo
subsequente do estudado diz assim:
"E, por causa de vós, repreenderei o devorador, para que
não vos consuma o fruto da terra; e a vide no campo não vos
será estéril, diz o Senhor dos Exércitos".
As palavras fruto e vide nos dão uma ideia de safra da
terra. Porém, somente existe colheita se, antes, houver um
fenômeno sobre essa terra. Assim, a tal bênção é a chuva. Para
comprovar isso, veremos o que aconteceu quando Deus abriu as
mesmas "janelas" do versículo citado (Ml 3:10), em outro livro
bíblico:
"e as janelas dos céus se abriram, e houve chuva sobre a terra
quarenta dias e quarenta noites" (Gn 7:11b-12, ênfase do autor).
A chuva é a bênção prometida. A nação israelita vivia
um período de seca, pois Deus tinha fechado as Suas janelas. A
água que cai do céu rega o solo. Sem ela, não existe colheita. A
falta dessa produção provoca a fome trazendo pobreza e miséria
para o povo. No tempo de Malaquias houve seca porque o texto
diz que a vide no campo não seria mais estéril (Ml 3:11). Numa
situação semelhante, quando o povo de Israel era governado
pelo rei Acabe, o profeta Elias profetizou que não choveria
durante alguns anos. Essa palavra se cumpriu e, por três anos e
meio, ninguém viu a água celeste (Tg 5:17). Isso causou tantos
estragos na natureza que até um ribeiro se secou (1ª Rs 17:1,7).
Imagine homens e animais sofrendo sem a fonte de vida.
Portanto, o que o antigo escritor queria dizer ao povo
israelita era que, se eles voltassem a cumprir aquele
mandamento, as janelas dos céus iriam se abrir novamente
trazendo a bênção da chuva.
O Tempo da Promessa
Nós entendemos que o dízimo do povo de Israel lhes
proporcionava o inverno regularmente. Se a nação
desobedecesse este preceito haveria uma prolongada estiagem.
Mas, eu tenho a certeza que esta explicação ainda não é
convencedora para fazer com que uma quantia do nosso
dinheiro se consagre à igreja. O que se ouve dentro dela é que
se formos colaboradores, Deus vai abençoarmos
financeiramente. Não vou entrar neste ponto agora. Antes,
ressalto que, no livro de Malaquias, o que foi prometido para os
israelitas não é algo que nós sentimos falta. Todos os anos
chove na nossa terra e essa precipitação não acontece por causa
dos fiéis. Apesar disso, é importante entendermos algo implícito
nesse fenômeno. Em Deuteronômio 28:12a diz:
"O Senhor te abrirá o seu bom tesouro, o céu, para dar chuva à
tua terra no seu tempo e para abençoar toda a obra das tuas
mãos".
A obra aludida acima é, sem dúvida, a agricultura. A
atividade agrícola é beneficiada pelo ciclo chuvoso. Para quem
trabalha no campo, essa bênção faz sentido. Porém, o que tudo
isso tem a ver com o dízimo hoje? Muita coisa. A chuva está
relacionada com o céu, pois ela não vem de nenhum outro
lugar. Aliás, tudo de que necessitamos vem do céu. É por essa
razão que, depois de Abraão ter ofertado o seu dízimo para
Melquisedeque, Deus o visitou e lhe falou: "Olha, agora, para
os céus" (Gn 15:5, ênfase do autor). Observando esta história,
vemos que Deus não lhe prometeu chuva, e sim um filho (Gn
15:4). Mas, o Senhor pediu que ele olhasse para cima porque
era de lá que seria abençoado. Da mesma forma, ao darmos o
dízimo, precisamos olhar para os céus, pois Deus vai nos
prometer alguma coisa. Foi assim com o hebreu e será assim
com todas as pessoas que creem.
A promessa que Jeová fez ao Seu amigo, Ele a cumpriu.
Talvez, você não consiga entender até então a relação que
existe entre a chuva prometida (Ml 3:10), e o filho prometido.
Esse vínculo se encontra no tempo. Uma promessa precisa de
tempo para se cumprir. Vemos isso claramente na época de Noé
quando Deus arrependeu-Se de ter criado a humanidade e
pressagiou um dilúvio sobre a terra (Gn 6:17). Noé, que foi o
primeiro a saber acerca desta inundação universal, o anunciou
para o mundo durante anos até que as águas de juízo caíram na
terra (1ª Pe 3:20; Gn 7:11,12; Am 5:24). Igualmente aconteceu
com Abraão que esperou alguns anos até que o seu filho Isaque
nasceu (Gn 16:16; 17:16; 21:5). Ambos exemplos nos mostram
que sem o tempo não existe promissão. Sendo assim, por que
Deus promete para cumprir anos depois? Observe leitor: a
promessa que Ele faz sempre transcende a compreensão
humana e a paciência do Senhor é tamanha que Ele começa a
preparar os leais para realizar aquilo que falou. Quão agradável
é compreender que Deus nos dá a esperança de um bom futuro.
Por consequência, tenha certeza que a tua fidelidade
atrairá as promessas do Senhor. Deus olhará dentro de você e
contemplará lindos planos. Se você já possui as promessas
dEle, continue sendo fiel e não desanimes, pois no tempo certo
elas se cumprirão.
Capítulo 2
JESUS E O ESPÍRITO
Há uns 2000 anos, o Mestre dos mestres veio ao nosso
universo. Com a Sua infinita sabedoria, Ele encantou os Seus
discípulos (Mc 1:22). Como este livro fala sobre dinheiro, eu
não poderia deixar de revelar aos leitores um pouco do que
Jesus ministrou sobre esse tema. Os Seus ensinamentos
aplacarão as nossas angústias financeiras se tão-somente os
colocarmos em prática (Mt 7:24).
Em primeiro lugar, durante o Seu ministério terreno,
Jesus se relacionou mais com os pobres (Mt 11:5). Ele foi bem
explícito quando disse que é difícil entrar um rico no Reino dos
Céus (Mt 19:23). Então, se você deseja riquezas materiais, sabe
que a sua entrada nesse Reino vai ser conquistada por meio de
muitas dificuldades; porém o Senhor não deseja que essa
sedução seja um obstáculo para você. Ele quer te dar algo mais
valioso do que o ouro. O que seria? As riquezas
incompreensíveis de Cristo (Ef 3:8). Ele quer te enriquecer em
toda a palavra e conhecimento (1ª Co 1:5; 2ª Co 8:9), e para
isso acontecer da melhor forma possível, precisamos aprender a
lidar com os recursos financeiros.
Em Mateus 6:25-33 está escrito: “Por isso, vos digo: não
andeis cuidadosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de
comer ou pelo que haveis de beber; nem quanto ao vosso corpo,
pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o
mantimento, e o corpo, mais do que a vestimenta? Olhai para as
aves do céu, que não semeiam, nem segam, nem ajuntam em
celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta. Não tendes vós
muito mais valor do que elas? E qual de vós poderá, com todos
os seus cuidados, acrescentar um côvado à sua estatura? E,
quanto ao vestuário, porque andais solícitos? Olhai para os
lírios do campo, como eles crescem; não trabalham, nem fiam.
E eu vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória,
se vestiu como qualquer deles. Pois, se Deus assim veste a erva
do campo, que hoje existe e amanhã é lançada no forno, não vos
vestirá muito mais a vós, homens de pequena fé? Não andeis,
pois, inquietos, dizendo: Que comeremos ou que beberemos ou
com que nos vestiremos? (Porque todas essas coisas os gentios
procuram.) Decerto, vosso Pai celestial bem sabe que
necessitais de todas essas coisas; Mas buscai primeiro o Reino
de Deus, e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão
acrescentadas” (ênfase do autor).
Como essas palavras são lindas! Nessa ocasião, Jesus
estava começando a ensinar os Seus novos mandamentos (Mt
5:21,22). Versículos antes do texto bíblico acima, o Mestre
disse que o dinheiro não pode de maneira nenhuma se tornar
um ídolo na nossa vida (Mt 6:19-24). Depois, Ele discorreu
sobre o cuidado, a falta de fé e a inquietação humana para com
as necessidades materiais. Em outro ensino similar, o Senhor
disse que quem se sufoca com os cuidados da vida não produz
um fruto perfeito (Lc 8:14). Apesar desse fruto significar uma
vida de sacrifício (Mt 19:21), o seu sabor é de tranquilidade, de
calmaria sem aquele desespero que sentimos quando nos
inquietamos com as contas a pagar. Assim, não devemos nos
preocupar com a nossa situação financeira a fim de nos tirar a
paz. Antes, precisamos prosseguir para a perfeição lançando
sobre o Senhor as nossas ansiedades (Hb 6:1; 1ª Pe 5:7).
Esse texto é interessante quando mostra que as aves “não
semeiam, nem segam, nem ajuntam em celeiros”. Aqui é
ensinado o cuidado que o Pai tem pelas suas criaturas. Semear
equivale a trabalhar; segar, a receber um salário. Quantos, hoje,
não têm uma conta poupança depositando uma grande
segurança no dinheiro ali guardado? Entretanto, notemos isso:
todos aqueles espécimes não ajuntam em celeiros, mas Deus os
mantém. Não estou dizendo que é errado guardar dinheiro. Do
contrário, vejo essa atitude como prudência. A minha ênfase
está no fato de que se assegurar em algo material não garantirá
a ninguém o suprimento preciso.
Em Mateus 21:21 é revelado que se tivermos fé e não
duvidarmos, qualquer problema será resolvido. Percebo que
quem não acredita até perde o sono por causa dos “montes”
financeiros que nunca desaparecem. Se você tem muitas
dívidas, tenha fé que o Senhor Jesus é maior do que elas. Em 1ª
Coríntios 12:27 diz que nós somos o Corpo de Cristo. Creia que
Ele te tirará dessa situação porque “nunca ninguém aborreceu a
sua própria carne; antes, a alimenta e sustenta, como também o
Senhor à igreja” (Ef 5:29, ênfase do autor). O Senhor cuida do
Seu corpo, Ele cuida dos Seus membros. Acredite!
Ele também explicou que a inquietação é o resultado de
ser preocupado e duvidoso. Alguém assim conseguiria ofertar
alguma coisa para a igreja?... Mas, Jesus nos convida a procurar
primeiramente a justiça do Seu Reino (Mt 6:33). Visto de um
ângulo diferente, isso se refere a primazia da nossa renda (Cl
1:18). Cristo não nos ensinou a confiar naquilo que recebemos
do trabalho para termos a suficiência econômica (2ª Co 9:8). A
nossa confiança precisa estar apenas em Deus Pai. Ele é a fonte
do nosso sustento. Talvez, você não consiga comprar a sua casa
ou manter o próprio carro. Contudo, as palavras de Jesus são
dignas de crédito: nem mesmo Salomão que foi um rei muito
rico se vestiu como um lírio que não trabalha, nem recebe
salário, mas recebe o cuidado do Pai. Agora, imagine o cuidado
que Deus tem por aqueles que buscam o Seu Reino! Não dá
nem para imaginar. Deus tem reservado a você toda a
suficiência necessária para pagar suas obrigações financeiras;
basta a justiça dEle ser priorizada.
Portanto, é um desejo do Senhor que nós dependamos da
Sua Palavra. Assim, o Pai vai suprir aquilo que muitas vezes
nos causam preocupações. Ele almeja que nós durmamos
tranquilos confiando no Seu cuidado. Por isso, nós podemos
confiar nEle.
Convencimento
Eu sou um estudante das Escrituras Sagradas. Fui criado
na igreja evangélica, mas atualmente sirvo ao Senhor Jesus por
minha própria vontade. Falo assim porque não é por obrigação
o nosso trabalho na obra de Deus. Em Zacarias 4:6b diz: “Não
por força, nem por violência, mas pelo meu Espírito, diz o
Senhor dos Exércitos”. O que faço para Jesus, o faço pelo
Espírito do Senhor. Como sinto o Espírito de Deus, sou
motivado a servi-Lo.
Por isso, em hipótese alguma, vou dizer a você que o
dízimo é uma obrigação. Jesus Cristo nos disse que o Seu fardo
é leve, ou seja, não pesa (Mt 11:30). É triste ver vários
ministros de Deus ensinando que é um dever de todo o cristão
ofertar. Sei que eles fazem isso na ignorância, mas o dízimo não
é um encargo. Então, o que leva alguém a dar sempre parte do
seu dinheiro à igreja sem se sentir constrangido na hora das
petições? Ser totalmente convencido pelo Espírito Santo de
Deus. Em João 16:8-11 está escrito:
“E, quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, e da
justiça, e do juízo: do pecado, porque não creem em mim; da
justiça, porque vou para meu Pai, e não me vereis mais; e do
juízo, porque já o príncipe deste mundo está julgado” (ênfase
do autor).
Quem é “Ele”? O Espírito da verdade (v.13), Aquele que
é a inspiração da Palavra do Senhor. Em 2ª Timóteo 3:16-17
diz:
“Toda Escritura divinamente inspirada é proveitosa para
ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça,
para que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente
instruído para toda boa obra” (ênfase do autor).
Como o Espírito é Deus (At 5:3,4), é Ele Quem te ensina
em justiça para toda ação necessária. Em 2ª Coríntios 3:17
também é falado que:
“Ora, o Senhor é Espírito; e onde está o Espírito do Senhor, aí
há liberdade”.
Aí há liberdade! Nesse caso, todos os que se
comprometem seriamente em dar o dízimo vão fazê-lo por livre
espontânea vontade, não por imposição. Vão fazer assim, pois o
Espírito do Senhor os instruiu acerca dessa obra. Essa que é a
lei do Espírito de vida em Cristo Jesus (Rm 8:2). A lei de
Moisés obrigava os judeus a ofertarem, mas em Jesus podemos
estar firmes na liberdade (Gl 5:1).
Portanto, se o Espírito não te convenceu ainda sobre o
dízimo, não dês o seu dinheiro. Nenhum pastor ou quem quer
que seja tem este poder de convencimento. Muitos cristãos se
frustram com esta obra porque são motivados pela pessoa
errada. Quando Deus tocar no seu coração para fazê-la, tenho a
convicção que você nunca se sentirá sujeito a ela.
Em Meu Nome
- Áckilla, estou convencido. Sinto o Espírito me instruindo a ser
um colaborador fiel e quero começar o mais rápido possível. O
que preciso fazer?
Como você O sentiu para agir dessa maneira, eu me
alegro muito. Se não foi convencido ainda, eu agradeço pela sua
atenção. Que Deus te ilumine. Agora, vamos ter que entender a
quem são destinados os dízimos a partir do Novo Testamento.
Nós sabemos que Abraão é o pai daqueles que creem em Deus
segundo a revelação de Gálatas 3:7. Por conseguinte, os filhos
da fé irão agir como ele. E para quem vai ser dado o dízimo?
Essa pergunta é indispensável ao nosso estudo, pois
compreenderemos Quem de fato recebe essa oferta. Abraão
ofertou para Melquisedeque que era rei de Salém e sacerdote do
Deus Altíssimo (Gn 14:8-20). Como era ministro e mediador
religioso ao mesmo tempo, isso significa que ele tinha
autoridade. Entretanto, não era qualquer poder público porque
esse vinha diretamente de Deus. Então, parte do subsídio
precisa ser dado para uma autoridade constituída pelo Altíssimo
na sua vida. Em Lucas 1:32 está escrito que Jesus é chamado “o
Filho do Altíssimo”. Como Jesus igualmente é Deus (Jo 20:26-
28), é Ele Quem constitui os homens para serem autoridades na
terra.
Em 1ª Coríntios 12:28 o Senhor nos mostra a primeira
autoridade que Ele estabeleceu para a igreja: os apóstolos. Um
apóstolo é alguém enviado de Deus para trabalhar na Sua obra e
algumas de suas funções são: pregar o Evangelho (Rm 1:1),
instituir as igrejas (At 14:21-23), e apascentar o rebanho do
Pastor (1ª Pe 2:25; Jo 10:11). Certa vez, Jesus disse para o
apóstolo Pedro: “Apascenta as minhas ovelhas” (Jo 21:17,
ênfase do autor). O significado da palavra destacada é: levar as
ovelhas ao pasto, cuidar delas e protegê-las. Essas ovelhas
representam cada homem e mulher que são acrescentados pelo
Senhor à igreja (At 2:47; 1ª Pe 5:2).
Logo, algumas ofertas são reservadas especialmente a
quem tem a maior responsabilidade pelas almas dentro da
igreja. Destarte, todos os pastores são homens enviados de Deus
e são dignos de salário, pois eles velam por nossa alma, como
aqueles que hão de dar conta delas ao Senhor (Hb 13:17; 1ª Tm
5:17).
No entanto, quando damos uma oferta para essa
autoridade, na verdade, estamos presenteando o Autor e
Consumador da fé (Hb12:2). Foi assim que Abraão fez. Mas ele
não ofertou para Melquisedeque? Sim, porém eu te pergunto:
Quem foi realmente aquele rei? Vejamos!
No Salmo 110 é enfatizado que, segundo a ordem dele, o
Senhor é um sacerdote eterno e em Hebreus 7 é dito que ele foi
feito semelhante ao Filho de Deus. De imediato, essas
declarações fazem o Melquisedeque ser um homem
excepcional. Afora este fato, o nome dele significa rei de justiça
e o título rei de Salém quer dizer rei da paz. Não existe registro
na Bíblia inteira da sua ascendência e descendência.
Igualmente, nada é falado sobre o seu nascimento e a sua morte.
Assim, esses relatos nos indicam que o soberano é uma
prefiguração de Jesus Cristo.
- Ainda não compreendeu? Calma, vou explicar!
Nos livros de Mateus e Lucas são nos apresentadas a
genealogia de Jesus. Somente possui genealogia seres humanos.
É por isso que esses dois escritores a registram: para comprovar
a humanidade do Senhor. Contudo, o evangelho segundo João
inicia as suas palavras de referência a Cristo como Ele sendo o
Filho de Deus. Se procurarmos um registro de origem no livro
desse apóstolo, não o encontraremos. Assim, Jesus como o
Filho do Homem possui genealogia. Mas, como o Filho de
Deus não a possui.
Da mesma forma, Melquisedeque não tem sua origem
registrada. O Espírito Santo ocultou-a da Palavra para que esse
rei fosse uma figura de Cristo. Examinemos o seu título de rei
de justiça e paz. Essas designações se referem a Jesus. Em
Isaías 32:1 foi profetizado, acerca dEle, que reinaria um “rei
com justiça” e, capítulos antes, é nos dito que o Messias possui
o nome de “Príncipe da Paz” (Is 9:6). Então, o sacerdote do
Altíssimo representa o Senhor e é a Ele que ofertamos o dízimo.
Sei que ainda podem existir dúvidas relacionadas a tal
explicação, pois os nossos apóstolos ou pastores não são figuras
tão ilustres como o ministro de Salém. Porém, Jesus nos
ensinou que eles O representam. Em Marcos 9:41 os apóstolos
ouviram do Rei:
“Porquanto qualquer que vos der a beber um copo de água em
meu nome, porque sois discípulos de Cristo, em verdade vos
digo que não perderá o seu galardão” (ênfase do autor).
O versículo lido fala de água e não de dízimo, mas o
princípio é o mesmo. Além do mais, todas as autoridades
constituídas por Jesus estão na igreja em Seu Nome (1ª Pe
4:14). Por isso, podemos descansar no Senhor porque Ele
receberá a nossa oferta e nos abençoará.
Capítulo 3
DESCOBERTAS
Uma das maiores alegrias do cristão é saber que no final
da caminhada ele receberá o seu maior prêmio: Cristo. Que
alegria será ao ouvir: “Vinde, benditos de meu Pai” (Mt
25:34a). Não existem palavras para descrever como será essa
sensação. Jesus Cristo morreu por nós, nos perdoou e ainda nos
chama para reinar com Ele. Isso é uma grande honra para os
Seus servos.
Até o momento, aprendemos que Melquisedeque
representa o Amado do Pai (Mt 3:17). A narrativa de Gênesis
14 nos relata que foi o rei que veio ao encontro de Abraão. Não
foi o fiel que se interessou pela vinda majestosa. Assim, o
Senhor veio ao nosso encontro para dar a Sua vida e nos
resgatar com o Seu próprio sangue (Mc 10:45; At 20:28). Dê-
me alguns segundos para agradecê-Lo: Obrigado, Deus, por nos
salvar!
Como aquele notável rei é uma figura do Filho do
Homem, observe o que Ele trouxe para Abraão: pão e vinho.
Foi a primeira vez que essas palavras apareceram juntas no
Antigo Testamento. É surpreendente tomarmos nota de que na
época de Jesus, antes dEle ser preso, o Senhor Se reuniu com
Seus discípulos e substituiu a Páscoa com uma ceia diferente
(Mc 14:12-24). O apóstolo Paulo em sua primeira carta aos
Coríntios relata as palavras do Mestre naquela ocasião:
“que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão; e,
tendo dado graças, o partiu e disse: Tomai, comei; isto é o meu
corpo que é partido por vós; fazei isto em memória de mim.
Semelhantemente também, depois de cear, tomou o cálice,
dizendo: Este cálice é o Novo Testamento no meu sangue; fazei
isto, todas as vezes que beberdes, em memória de mim. Porque,
todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice,
anunciais a morte do Senhor, até que venha” (1ª Co 11:23b-26,
ênfase do autor).
Diante de tais palavras, o meu entendimento se abre para
a revelação. O pão e o vinho que o rei de Salém trouxe para
Abraão é a salvação do Senhor Jesus. A maior bênção que o pai
da fé recebeu na sua vida foi a morte do Salvador. Sei que Jesus
nasceu e morreu centenas de anos depois dessa história
acontecer, mas a morte do Senhor já era anunciada em figura.
Glória a Ele!
Então, como o rei de justiça é figura de Cristo, a comida
sagrada, da Sua morte, o dízimo dado pelo patriarca também é
uma figura? Exatamente. Esse dízimo é uma representação do
verdadeiro ato de dar. Seja sincero comigo. Qual é o motivo da
maioria das pessoas darem dinheiro para a igreja hoje? Quais
são os motivos que muitos pastores (não todos), apresentam na
igreja para estimular as contribuições?
Abraão não ofertou esperando granjear uma bênção
financeira. Ele não fez isso esperando Deus lhe dar um filho,
pois quando Jeová lhe apareceu, não disse assim:
- Deus, visto que eu dei o meu dízimo para o teu sacerdote, que
me hás de dar?
Confira Gênesis 15:2 e você verá. Muitas pessoas
querem barganhar com Deus através das doações, mas isso não
é bíblico. É totalmente errado ofertar ao Senhor visando acima
de tudo bênçãos materiais. Esse não é o significado do dízimo
dos despojos (Hb 7:4). O “amigo de Deus” deu o dízimo de
tudo por gratidão à salvação recebida (Tg 2:23). Com a ajuda de
Deus, Abraão e os seus 318 criados libertaram duas cidades que
tinham sido saqueadas (Gn 14:11-16). Deus guerreou ali por
eles, e o Seu servo retribuiu o “rei da paz” com uma oferta de
reconhecimento. Outro acontecimento que revela essa
ilustração também é visto quando Jesus curou dez leprosos e
apenas um veio Lhe agradecer:
“E caiu aos seus pés, com o rosto em terra, dando-lhe graças; e
este era samaritano” (Lc 17:16).
É maravilhoso ver que o tal leproso tinha recebido muito
mais do que a cura. Ele recebeu a salvação da sua alma (Lc
17:19, interpretação minha por deduzir que ele virou um
seguidor do Mestre e que posteriormente esteve presente entre
os cento e vinte no dia de Pentecostes). A sua alegria era tão
grande que se expressava diante de Deus com agradecimento.
Como muitas igrejas brasileiras estão esquecendo o verdadeiro
motivo dessa colaboração!
E nós? Será que podemos ser gratos ao Pai, através das
ofertas, pela preciosa Salvação que nos foi dada? (Hb 2:3; Cl
2:15).
“Em tudo dai graças, porque esta é a vontade de Deus em
Cristo Jesus para convosco” (1ª Ts 5:18, ênfase do autor).
O Valor do Dízimo
Uma coisa me intrigava. A maioria dos cristãos acredita
assim como eu acreditei que o valor certo do dízimo é o que
está entendido no seu próprio significado: dez por cento.
Porém, o que é o dízimo para Deus? Uma oferta. É aquilo que
se dá. Eu aprendi desde criança que existia uma grande
diferença entre dízimo e oferta, mas não há essa distinção na
Nova Aliança. Todo dízimo é uma oferta. Não existe
desigualdade entre os significados dessas duas palavras em
termos neotestamentários. Além disso, por ser oferta, não há um
valor específico. Não estou dizendo que quem mantém um
compromisso de dez por cento da sua renda esteja fazendo algo
errado. Não me entenda mal. Mas, nós precisamos analisar um
ensinamento de Jesus para compreender melhor esta verdade.
Em Mateus 23:23, o Senhor disse para os escribas e os
fariseus assim: “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois
que dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho e
desprezais o mais importante da lei, o juízo, a misericórdia e a
fé; deveis, porém, fazer essas coisas e não omitir aquelas”
(ênfase do autor).
Quando Cristo falou para não omitir o mandamento do
dízimo de três plantas, ele estava lidando com as classes mais
religiosas dos judeus e explicando que a lei de Moisés devia ser
cumprida por completo. Como eram doutores da lei, não
deviam obedecer-lha parcialmente (Lc 5:17). Curioso é que a
Graça de Deus ainda não tinha se manifestado. Enquanto ela
não vinha, Jesus cumpria a lei e também fazia outros
cumprirem-na. Isso é percebido melhor na ocasião em que Ele
curou um homem e o mandou que se apresentasse ao sacerdote
com a oferta da purificação (Lc 5:12-14). Vemos nesse
incidente uma ordem intrinsecamente mosaica.
O dízimo referido acima tem o seu valor, a sua
importância para a época anterior ao da Graça. Jesus não taxou
um valor exato para os cristãos ofertarem na igreja. Uma vez,
certa viúva ofertou no templo duas pequenas moedas.
Observada pelo Mestre, Ele falou para os Seus discípulos: “Em
verdade vos digo que esta pobre viúva depositou mais do que
todos os que depositaram na arca do tesouro” (Mc 12:43). Aqui
está o verdadeiro valor que o dízimo abrange: a fé. Na história
dessa mulher é recordado que foram homens ricos os
responsáveis pela soma alta da caixa de ofertas. Quem sabe, o
valor que ofertavam era apenas dez por cento de tudo que
recebiam. Talvez, era isso que sobrava dos seus gastos. Mas,
para Deus, o que vale não é o valor financeiro. Ele não está Se
importando com a quantia, e sim com a fé. A fé atribui valor à
sua oferta. Por isso, dízimo é oferta e não um tributo. Quando
Abraão ofertou o dízimo de tudo, ele ofertou conforme o que o
seu coração mandava dar. Não há menção de Deus nem do
sacerdote fixando uma porcentagem para aquela oferta (Gn
14:20). Fomos ensinados de uma forma errada e acredito que
quando se fala em dízimo e oferta como contribuições distintas,
há uma ignorância do que está escrito nas páginas do Novo
Testamento. Entenda que todo o dinheiro que você der na
igreja, para o Senhor será uma só oferta. Ele não fará nenhuma
separação caso você se comprometa em dar o dízimo e algo a
mais, pensando que apenas este último é oferta.
Agora, visto que o dízimo cristão não tem valor
exclusivo, precisamos fazer da mesma forma que aquela mulher
fez, dando todo o seu sustento? (Mc 12:44). Se você tiver a
mesma fé que ela teve, vá em frente. Se não tem, não se
arrisque, pois sem fé é impossível agradar a Deus (Hb 11:6).
Assim, o valor da sua oferta é você quem decide. O apóstolo
Paulo nos explana:
“Cada um contribua segundo propôs no seu coração” (2ª Co
9:7a, ênfase do autor).
Portanto, contribua em harmonia com a sua fé.
A Ceifa
Quanto custa o Dízimo de Deus?
“Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho” (Jo
3:16a, ênfase do autor).
Toda a riqueza mundial não é suficiente para ser avaliada
em 0,1% do Senhor Jesus, pois o Filho de Deus é a Oferta do
nosso Pai para a igreja, uma Oferta que paga o preço da
redenção da humanidade (Sl 49:6-8; 1ª Tm 2:6). Glória a Deus
por Ele ter nos amado sem limites!
Esta gloriosa Dádiva nos mostra que a revelação máxima
do Antigo e Novo Testamentos paira sobre Jesus. Ele é a razão
da salvação existir. Por meio dEle foi reconciliado Consigo
mesmo todas as coisas (Cl 1:20). E, assim como o Cristo é a
Oferta do Criador, o Rei dos reis também é a Sua Semente. Em
1ª Jo 3:9 diz:
“Qualquer que é nascido de Deus não vive na prática do
pecado; porque a sua semente permanece nele; e não pode
viver pecando, porque é nascido de Deus” (ênfase do autor).
O trecho realçado se refere ao Verbo Divino, pois só
nEle alguém será “justo” (Lc 8:11; Jo 1:1; 1ª Jo 1:1; Rm 5:19;
2ª Co 5:21). Agora, como o Dízimo do Pai para nós é uma
Semente, o nosso dízimo para Deus também o é. Antes de
Paulo falar sobre o ato de contribuir, ele disse:
“E digo isto: Que o que semeia pouco pouco também ceifará; e
o que semeia em abundância em abundância também ceifará”
(2ª Co 9:6).
Semear pouco ou muito diz respeito à ofertas. Mas, o que
são esses dois modos de lançar? Vou te responder de um jeito
diferente. Há segredos escondidos nesse versículo que somente
uma minoria percebe. A maioria supõe que o apóstolo está
fazendo alusão a valores indiscutíveis; no entanto, a sabedoria
infinita de Deus pode nos maravilhar outra vez. Analisando a
contextura descrita (9:6,7), descobrimos que o pouco está
igualmente relacionado à tristeza ou necessidade. Deste modo,
se alguém semeia com tristeza, está dando sem vontade. Se
semeia por necessidade, está dando por ganância. Deus abençoa
os que agem dessa forma? Sim. A Palavra afirma: “pouco
também ceifará”. Ceifar pouco equivale a ajuntar tesouros na
terra (Mt 6:19). É ser próspero pela conta bancária sem se
importar com a valorização da alma. É ser como a igreja de
Laodiceia que se enriqueceu, porém se tornou morna, tão tépida
que o Senhor disse que a vomitaria (Apc 3:16,17). Para os tais,
Deus aconselha que ouçam o Seu Espírito enquanto é tempo
(Apc 3:22). Logo, quem plantar pouquissimamente acabará se
corrompendo (Gl 6:8a).
Por outro lado, semear em abundância é dar estando
alegre no Espírito (Rm 14:17b; At 13:52), pois mesmo que
alguém ofertasse a sua riqueza inteira para Deus, isso não seria
muito para Ele, não é verdade? Portanto, o que faz Deus
considerar alguém como dando muito é por fazê-lo no Espírito
(Lc 1:41,44). O Espírito Santo é “muito” para Deus porque é o
Seu próprio Espírito (Jo 7:38,39). Como está revelado: “Eu vim
para que tenham vida e a tenham com abundância (Jo 10:10b,
ênfase do autor). A Vida abundante demonstrada é, com
certeza, o Espírito (Rm 8:2; Jo 6:63, verifique as duas
referências). Ainda em 1ª Coríntios 2:10b é mostrado que: “o
Espírito penetra todas as coisas, ainda as profundezas de
Deus” (ênfase do autor). Então, é Ele Quem Se encarrega de
levar o presente, embrulhado com alegria, ao profundo coração
do Senhor. Essa sim é a copiosa semeadura que ocorre no
mundo espiritual.
Quanto à colheita, admito que fiquei surpreso por saber o
que a verdadeira fartura denota: o ajuntamento de tesouros no
Céu (Mt 6:20). Em Mateus 19:21,29 podemos observar que
uma dessas preciosidades unitivas condiz com a herança dos
santos na luz (Cl 1:12). Aqui está o maior objetivo de Deus ao
nos ensinar o porquê da oferta nas igrejas. Por isso, o meu
propósito ao te encontrar através das palavras é torcer para que
você sempre oferte abundantemente: “o que semeia no Espírito
do Espírito ceifará a vida eterna” (Gl 6:8b, ênfase do autor).
Amém? Espero que essas descobertas o tenham ajudado a
entender a melhor e maior bênção que o dízimo/oferta dados da
maneira certa pode lhe proporcionar. Doravante, vou continuar
a minha história por onde parei.
Capítulo 4
PLANO ORIGINAL
Doze de Abril de 2012. Com uma voz firme, eu disse a
um dos meus superiores:
- Bom Dia. Vim pedir as minhas contas!
Depois de uma conversa explicando o motivo da minha
desistência, recebi o que eu tinha de direito e fui embora.
Estava decidido, queria seguir o meu sonho. Mas, o que não
ponderava era que Quem primeiramente nos abençoa com um
trabalho é Deus. É Ele Quem dá oportunidades para
desenvolvermos a vocação que existe dentro de nós. Por isso,
além de sermos avaliados pela empresa à qual trabalhamos, ou
pelos clientes financeiramente, caso sejamos empresários,
existe outra prova mais importante: a avaliação de Deus.
Jeová, ao apresentar para Adão a vida que ele viveria no
mundo após a queda, disse: “No suor do teu rosto, comerás o
teu pão, até que te tornes à terra” (Gn 3:19a). Era como se o
Criador falasse para o homem: “Trabalhe até quando eu não
quiser mais”. Assim, Quem nos privilegia com um emprego é
Deus e Ele não Se alegra com quem não quer trabalhar (1ª Co
3:8). Infelizmente, fiz o que não devia. Mal sabia eu que o Todo
Poderoso estava me avaliando.
Quem sabe o seu emprego não é aquele dos sonhos, mas
é o que você possui. Talvez sendo incômodo, eu digo: é o
emprego que Deus te deu. O Senhor não é injusto. Ele oferece
segundo a nossa instrução o que merecemos. Quanto mais
estudarmos, melhores cargos nós alcançaremos. Contudo,
entenda: através do seu emprego, Deus está te avaliando. Em
razão da minha ignorância, passei quatro meses sem trabalhar.
Melhor dizendo, desperdicei dois bimestres de serviço.
Quando tomei essa iniciativa de deixar o meu sustento,
fui morar com o meu pai. Fazia dois meses que eu tinha saído
de sua casa e estava dividindo um aluguel com um colega. Mas,
como me demiti, voltei para lá. A razão dessa voluntária
demissão era porque eu queria ter mais tempo para estudar a
fim de ser aprovado no vestibular da Universidade de Brasília.
O meu sonho era fazer um curso superior de Música na área de
ritmo, pois sou baterista. Assim, imaturamente tentei realizar o
meu desejo. O resultado foi que não consegui nada porque nem
inscrição eu fiz. Por ser um jovem inexperiente em
planejamento, desisti por um momento da arte e fui procurar
uma ocupação.
O interessante na minha vida era que tudo o que eu
tentava fazer, não prosseguia. Foram cursos profissionalizantes,
serviços e até a tentativa de viver independente da minha
família. Talvez eu tenha aprendido isso com o meu pai Carlos
Alberto. Da minha infância até a adolescência nunca o tinha
visto trabalhar de carteira assinada em alguma empresa. Tenho
uma irmã especial e era da aposentadoria dela que mantínhamos
o sustento. Durante este tempo não pagávamos aluguel porque
morávamos de favor na casa dos nossos familiares. Às vezes,
Carlos fazia uns pequenos serviços, mas não o presenciei
trabalhar constantemente, tirar férias, receber o décimo terceiro
salário ou ser promovido. Apesar disso, não tenho razão para
culpá-lo por não me dar um exemplo de alguém persistente e
contínuo no trabalho. Ele ficou viúvo depois de sete anos
casados e não recebeu ajuda dos mais próximos para cuidar de
suas três crianças. Por causa dessa dificuldade, fui criado por
um homem que se dividia entre ser pai e mãe simultaneamente.
Quiçá por isso eu tenha me tornado um jovem profissional
inconstante. Mas, graças a Deus, eu não seria desse jeito a vida
toda.
Acredito que a maturidade chega a épocas diferentes e
não ao mesmo tempo para todas as pessoas. Algumas
amadurecem cedo, acordam cedo, se esforçam muito, lutam e
conseguem alcançar os seus objetivos mais cedo que outras.
Esses outros como eu, despertam num dia e pensa: “Eu preciso
mudar”. E foi dessa forma que aconteceu.
Primeiro Salário
Certo dia, acordei disposto a ir à agência do trabalhador.
Como não tinha dinheiro nem para a passagem do transporte
público, caminhei por uma hora até àquele local. Sentia-me
empolgado, pois chegara o momento de mostrar para todos da
minha família que eu já era maduro e ia lutar por mim a partir
daquele dia. Ao entrar, peguei uma senha. Aguardei um pouco e
fui atendido. Nesse momento, o meu íntimo se alegrou. Eu
tinha certeza que iria sair dali com uma carta de apresentação.
Saí com a carta, apesar de o emprego ali disponível não ser o
que eu queria. A entrevista estava marcada. Posso dizer que as
minhas orações e a fé depositada nelas começaram a surtir
efeito.
Existe uma diferença quando nós queremos algo e
quando Deus quer algo para os Seus filhos. Se você acredita em
sorte, eu acredito que vivo o que o Pai quer para mim. Isso
intrinsecamente implica em ser-Lhe obediente. Naquela tarde,
Ele tocava no meu coração e dizia: “Vá meu filho que tenho um
emprego para ti”. Sei que poucos se alegrariam com um salário
de R$ 700,00 no ano de 2012. Mas, comigo não faltava sorrisos
porque sei que Deus sabe o que faz e me guiava dentro dos
Seus planos.
A primeira entrevista foi tranquila. Estava concorrendo a
uma vaga de operador de caixa em um Supermercado.
Precisaria passar por mais uma entrevista e pronto: teria o
emprego. Bastava uma ligação e o jovem aqui se apresentava.
Convicto da minha iminente admissão, não esperei me ligarem
para providenciar a documentação necessária. Entretanto,
depois que se passaram três semanas, a euforia diminuiu. Um
pouco duvidoso, liguei para saber se desistiram de mim. Após a
ligação, um grande alívio. Esperei mais uma semana e fui
entrevistado.
Gostaria de te fazer uma pergunta. Se você fosse meu
entrevistador e na conversa descobrisse que trabalhei em três
empresas, com uma permanência de seis meses na primeira, dez
dias na segunda, quatro meses na última e em todas soubesses
que eu tinha pedido as contas, você confiaria a mim algum
emprego? É claro que não! Nem eu me daria. Mas, pela mão de
Deus estendida na minha direção, o funcionário passageiro aqui
conseguiu.
Após a conferência da minha documentação, recebi o
uniforme, a passagem e, alguns dias depois, o crachá. O local
era na Asa Norte em Brasília e eu gastaria por dia duas horas
em média andando de ônibus para chegar lá e voltar para casa.
Agora, eu era mais um na lista dos empregados. Para minha
surpresa, não iria operar em um caixa, porém repondo
mercadorias. Entrava 13h 40 min e saía às 22h 00 min. As
folgas eram uma vez por semana alternando entre um dia
semanal e um domingo.
No começo, eu cuidava da seção dos cereais e dos
farináceos. O único detalhe que me atrapalhava nesse serviço
era o peso, pois pegar nas costas fardos de arroz e de feijão
exige muito esforço físico. Como sempre fui alto e magro,
imagine o meu sofrimento. Mas, eu não tinha do que reclamar;
estava no lugar certo trilhando um caminho orientado por Deus.
Por eu ter conseguido este emprego, fiz um propósito
inusitado com Jesus. Para que você possa me entender melhor,
minhas crenças sobre o dízimo eram baseadas num valor
específico, os dez por cento. Como o assunto já foi explicado
no capítulo 3, não quero que pense que eu sempre soube disso.
Todas as revelações vistas até o momento são tão novas para
mim como para o leitor. Assim, durante muitos anos a minha
vida de contribuição se restringiu ao dízimo no seu significado
literal. Explicando o propósito, eu me prontifiquei a dar todo
mês para a igreja dez por cento da minha renda mais um
percentual como “oferta” a partir do segundo salário. No
segundo, esse percentual seria de dez por cento. No terceiro,
vinte por cento e o meu objetivo era crescê-lo até chegar a cem
por cento. Por que queria agir dessa forma? Eu senti no meu
coração uma necessidade de viver pela fé e iria experimentar
esta vida através da minha renda também. Parece loucura,
contudo esse foi o meu plano original.
Depois de duas semanas trabalhando, recebi o tão
esperado primeiro salário. A quantia? Um líquido de R$ 327,00.
Tirei o dízimo do valor total do meu contracheque e ofertei-o na
igreja. A minha alegria ao dar aquele pequeno valor foi grande
porque era o primeiro degrau que eu tinha alcançado do
propósito em acordo. Fiz este plano e comecei a cumpri-lo no
mês de Setembro. Passado mais duas semanas, surgiu uma vaga
no período da manhã e o encarregado da nossa equipe de
repositores me escolheu no lugar dos outros para assumi-la. Por
isso, fiquei apenas um mês no turno da tarde. Pela manhã,
entrava 08h 00 min e saía 16h 20 min. Já não mais precisava
repor a seção dos cereais; fiquei responsável pelos produtos de
limpeza. Os fardos foram trocados por caixas mais leves e eu
não chegava tão tarde em casa. Fui abençoado por Deus e
acredito que, se o propósito não fosse iniciado, essa
oportunidade não teria me alcançado.
Duplo Sacrifício
O meu segundo salário foi proporcional a um mês
trabalhado. Com o dinheiro, a primeira coisa que fiz foi separar
uma parte e deixá-la no banco, pois era destinado à igreja. Em
um dia de domingo, o dia de cumprir com a promessa, fui numa
agência bancária com o objetivo de sacar R$ 170,00. Eu
guardava no bolso R$ 30,00. O meu acordo com Deus naquele
mês era de R$ 200,00. O motivo de ser esse o valor é porque eu
também tirava um percentual das passagens por acreditar que
não me faria falta. Eu estava errado: fez muita falta. Mas,
felizmente, entendi depois que o dinheiro do transporte não faz
parte do salário. Enfim, agi na ignorância.
Quando cheguei à instituição financeira, fiquei surpreso.
Somente havia dinheiro em um caixa e, ainda assim com notas
de R$ 2,00. Pensei: “Graças a Deus, vou sacar mesmo que
sejam 85 notas”. Enfrentei a fila, só sairia dali com o dinheiro.
Chegada a minha vez, inseri o cartão no leitor. Uma mensagem
de erro apareceu na tela informando que não foi reconhecido.
Como isso é normal ocorrer, retirei-o e repeti a operação. O que
não esperava era fazer aquilo várias vezes até me ver
preocupado com essa situação. Cogitei em outra agência, mas
aquela era a única da cidade. Sem entender, deixei o teimoso
caixa e fui pensar em alguma solução.
Para mim, fazer uma promessa a Deus é algo
extremamente sério. Prometi que ofertaria tanto na igreja e,
naquele momento, me senti culpado por não prover a oferenda
antecipadamente. Dá-la em outro dia seria uma possibilidade,
entretanto a minha promessa poderia não ser cumprida.
Acreditei nisso, pois o Diabo e os seus anjos trabalham contra
os fiéis a Deus. Ele faria de tudo para que eu gastasse o dinheiro
reservado. Assim, hesitante, voltei à boca do caixa e fiz a última
tentativa. Adivinha! Exatamente, quase quebrei o inútil cartão.
Frustrado, não tive outra alternativa a não ser sair de lá e
caminhar.
Alguns minutos se passaram. Pensamentos de como
arranjar dinheiro emprestado instantaneamente me
perturbavam. De repente, veio-me uma ideia; mas eu precisava
de coragem para pô-la em ação. Bastava eu procurar um
comércio aberto e pedir ao dono, como favor, uma troca que
seria feita através duma transação bancária. Eu passaria o valor
preciso para a conta dele, via cartão de débito, e o pegaria de
volta em dinheiro. Ao menos não me custaria tentar. Logo, vi
uma loja próxima e conversei com a responsável, porém ela se
recusou a me ajudar. Agradeci-lhe e encontrei outra, mas, da
mesma forma, não houve interesse. Nesse momento, me deu
uma vontade de desistir. Quem é que gosta de ouvir vários
“não”? Nem eu. Segui em frente e percebi um bar aberto. Passei
direto porque a minha antiga religiosidade me proibia de entrar
num ambiente desses. E, se alguém me visse ali? “Não vou me
arriscar assim”, pensei. Além disso, acreditava que o dinheiro
de um bar não serviria para um propósito como o meu. Acharia
que Deus me reprovaria por tal atitude. No entanto, algo me fez
parar e voltar para frente daquele estabelecimento. Por um
momento, esqueci de levar comigo a capa da religião.
Ao entrar ali, esperei o atendente. Ele falou comigo e
após ter ouvido a minha explicação, pediu-me para aguardar.
Depois de atender vários clientes, disse-me que faria o serviço,
contudo cobraria dez por cento do valor que eu precisava. A
princípio, iria recusar essa proposta. “Eu apenas queria um
favor e o sujeito viu uma oportunidade de lucrar comigo!”.
Contudo, uma voz soou no meu coração dizendo: “Você não
está perdendo, mas ganhando”. Por isso, concordei em pagá-lo.
Um detalhe: o meu cartão foi reconhecido.
Ao deixar o local, antes marginalizado por mim, eu
estava admirado, confiante e convicto de uma missão prestes a
ser finalizada. Cheguei à igreja, ofertei aquele duplo sacrifício e
me alegrei. Digo “duplo”, pois era a primeira vez na minha vida
que eu dava R$ 200,00 para a igreja, ou melhor, R$ 217,00.
Feito isso, eu esperava alguma bênção da parte de Deus. Quem
sabe um milagre financeiro! Agi por fé. Sei que o meu Pai iria
me abençoar. Contudo, a semana seguinte subtraiu o meu
entusiasmo.
Capítulo 5
DESAFIOS À VISTA
O meu trabalho não era muito divertido. Um mês e meio
já tinham se passado desde a minha admissão e eu estava lá
repondo mercadorias. Algumas amizades começaram a ser
cultivadas entre os corredores, mas sempre fui reservado. Por
isso, conversava pouco com os colegas.
A experiência de trabalhar em um supermercado me
trouxe alguns conhecimentos sobre como funciona este
negócio. Existe uma hierarquia na operação dos serviços da
loja. Eu era repositor, acima de mim vinha o segundo
encarregado, acima dele, o encarregado principal, acima do
principal, o gerente, acima desse, o gerente geral e, finalmente,
acima do gerente, o dono da empresa. Como a loja que eu
trabalhava era a sede, também se encontrava ali o Departamento
de Pessoal, o Departamento de Informática e o Departamento
Comercial, pela qual eram negociados e comprados todos os
produtos dessa rede de supermercados. Era uma loja grande
com uma média de duzentos funcionários. O quadro chegava a
esse número devido à loja funcionar vinte e quatro horas por
dia.
A parte operacional se dividia em seções como:
Mercearia, PAS (Produtos de Alto Serviço), Salsicharia,
Açougue e Peixaria, FLV (Frutas, Legumes e Verduras),
Padaria e para fiscalizar todas essas, a Prevenção de Perdas.
Havia a possibilidade de um repositor ir para outra seção caso
fosse necessário. Essa necessidade surgia pela vontade de
algum encarregado. Ele podia escolher qual funcionário queria.
Se o encarregado do tal desejado o liberasse, a mudança de
equipe era certa.
Quando dei a minha segunda oferta para a igreja, o
encarregado simultâneo das seções PAS/Padaria me procurou.
Os funcionários da primeira seção eram responsáveis pelos
produtos refrigerados e congelados como iogurtes em geral e
pizzas, e também de manipulação de queijos e presuntos. O que
me procurara me fez uma proposta para eu ficar responsável
pelo abastecimento dos iogurtes. Ainda me disse que ganharia
um uniforme branco e que os seus liderados não trabalhavam
tanto como os da Mercearia, minha seção. Para quem repunha
produtos químicos, a proposta dele não era ruim. Porém, o meu
salário continuaria o mesmo. Devido a não ter a garantia de um
ganho maior, eu recusei esta oportunidade e agradeci pelo
interesse do meu serviço.
Embora me ocorresse isso, eu não entendia até então que
Deus estava por trás do interesse daquele líder. Eu ficava me
perguntando por que o tempo passava e eu não era abençoado.
Infelizmente, naquele momento, não vi o agir do Pai bem
exposto na minha frente. O encarregado interessado ficou um
pouco desanimado, mas esse desânimo não duraria muito
tempo. Assim, continuei trabalhando na mesma função.
Nova Despesa
Como eu disse antes, morei de aluguel dois meses, mas
voltei para a casa do meu pai. Nessa casa éramos em seis
pessoas: eu, duas irmãs, Carlos e a recente esposa com sua
filha. Morávamos em um sobrado que continha apenas dois
quartos. Por não dispor de um espaço adequado para dormir, eu
me acomodava na sala.
Após quinze anos viúvo, Carlos se casou com Anisabela.
Duas famílias diferentes se uniram tendo um grande desafio de
compartilharem a mesma convivência. A adaptação desse
convívio foi difícil para todos, porém a minha se tornou
efêmera. Como conviver com uma mulher que não te criou?
Como aceitar alguém que tenta substituir o lugar de sua mãe?
Isso é difícil e se torna ainda mais quando se perde a mãe com
cinco anos de idade; eu me encontrava nessa situação. Eu sei
que tudo que acontece tem um propósito. O meu pai se casou
novamente e sempre desejei a sua felicidade. Contudo, eu não
imaginava que um dia conflitos apareceriam por causa desse
casamento.
Quando fui dividir o mesmo espaço com os recém
casados, Anisabela me recebeu muito bem. Entretanto, alguns
meses depois, eu me desentendi com ela. Na mesma hora,
fiquei decidido que ia morar sozinho e não voltaria atrás. Se eu
tivesse condição financeira, teria me mudado na mesma semana
que ocorreu a tal desavença. Porém, esperei um mês para
planejar melhor essa mudança. Após receber meu próximo
salário, procurei um canto para eu morar. Logo, consegui uma
residência. O local era simples e fazia vizinhança com duas
outras casas no mesmo lote. Continha dois cômodos mais o
banheiro. Era perfeito para quem queria começar uma nova
história e recebia um salário bruto de R$ 700,00; o valor mensal
era R$ 290,00 sem as despesas de água e energia. Assim, no
mês de Novembro de 2012 eu me mudei.
Foi arriscado o que fiz, pois eu ainda estava em período
de experiência no trabalho e tinha que cumprir pelos próximos
meses o prometido. No entanto, dentro de mim pulsava uma fé
nunca sentida antes. Acreditei que Deus ia suprir as minhas
necessidades mesmo que eu ficasse sem dinheiro. Aliás, o meu
pagamento líquido daquele mês foi em torno de R$ 600,00.
Desse montante, 80% ficaram comprometidos devido à nova
despesa e a oferta. Devo confessar que não foi fácil ofertar.
Entrementes, a minha palavra cumpriu o seu propósito mais
uma vez.
Como eu abri mão de quase todo o meu salário e a
empresa à qual trabalhava oferecia lanche/almoço aos
funcionários da manhã e janta aos da tarde, comecei a jantar por
ali. A janta era servida das 16hs às 18hs. Após o meu
expediente, eu ia para o refeitório e garantia o sustento corporal
das próximas horas. Dessa forma, eu não sentia tanta fome ao
anoitecer. Com o pouco dinheiro que restava, eu comprava
biscoitos recheados por serem baratos. Foi a época que eu mais
comi esses biscoitos em toda a minha vida. É claro que não
comprava só biscoito. O necessário para a higiene do corpo e a
limpeza da casa, produtos básicos, também eram garantidos.
Apesar de eu iniciar minha independência de um jeito
limitado financeiramente, eu gostava daquilo. Agora, tinha a
chave da minha casa e amava falar para os colegas de trabalho
que morava sozinho. Sozinho mesmo, pois eu senti na pele o
que é solidão.
Aonde fui morar era longe da casa do meu pai. Um
bairro distante chamado Arapoanga. Essa distância nos afastou
bastante por um tempo. Embora longe, eu quis morar nesse
lugar porque um tio meu o qual eu gostava muito vivia ali.
Precisava andar apenas uns minutos para chegar à sua casa. Ele
também morava só, mas, infelizmente, ele era alcoólatra. Por
ser dependente químico e entender que ele era bastante
solitário, quis morar perto dele para visitá-lo mais vezes. De
alguma forma, eu acreditava que iria ajudá-lo a sair daquele
vício. Apesar da intenção, não o visitava com frequência. Eu
saía tarde do serviço e chegava cansado em casa. Muitas vezes,
ao chegar, o meu pensamento ansiava o sono. Por isso, o meu
tempo se esvaziava em trabalho e descanso.
Oportunidade
Novembro de 2012 foi um mês apertado para mim.
Oferta e aluguel juntos quase consumiram toda minha renda.
Pelo menos no trabalho algo aconteceu. O encarregado que me
procurara antes me procurou de novo. Ele era um cara
insistente. Naquele instante, disse-me que surgiu uma vaga de
padeiro. Eu treinaria durante um mês e aprenderia a fazer pão
sendo que essa seria a minha principal função. Trabalharia
menos e ganharia um pouco mais. Como era urgente, ele me
deu somente um dia para dar a resposta. No outro dia me decidi.
Ao me procurar, conversei e expliquei que eu não me via como
padeiro. Receber mais seria bom, mas não queria esse ofício.
Ele entendeu e deu a vaga para outro funcionário. Realmente,
fazer pão não é um serviço que eu tenha interesse. Assim,
continuei repondo as mesmas prateleiras. E continuei a
perguntar para Deus se Ele não ia me abençoar; Deus
graciosamente não me respondeu uma só vez.
Passado umas três semanas, esse mesmo encarregado
queria falar comigo outra vez. Deveras, ele não tinha desistido
de mim. Conversou comigo e me pediu que eu assumisse a vaga
de líder da seção PAS. A empresa tinha mudado a denominação
“segundo encarregado” para “líder de seção”. O funcionário
que ocupava essa vaga estava de mudança para outra loja. Ele
disse que na equipe dele não tinha ninguém competente para
assumir a liderança e que sempre me observava. O que mais
chamou a atenção dele para me escolher foi o fato de nunca me
ver conversando durante o expediente. E o que mais me
chamou a atenção neste ensejo é que na antiga função de
segundo encarregado o salário era equiparado ao dos
repositores. A única vantagem adquirida era ter o direito de
folgar todos os domingos. Diferentemente, o líder receberia um
salário maior além das folgas dominicais. A função em si era a
mesma que o do encarregado. Eu e ele dirigiríamos a equipe
juntos.
Eu não estava acreditando naquilo que me foi oferecido.
Numa empresa para se conseguir uma promoção é necessário
bastante esforço. Isso e mais um tempo suficiente para ser
avaliado. Essas duas características juntas favorecem a mente
com o conhecimento. Você precisa conhecer bem o seu
ambiente profissional. No meu caso, conhecer bem a seção,
todos os seus produtos, quais deles vendem mais, quais não
vendem, os problemas mais comuns, enfim, uma boa bagagem
que me faltava. Eu acabara de sair do período de experiência e
não tinha nenhum conhecimento daquele setor. Entretanto, eu
fui escolhido para liderar. Diante disso, aceitei o desafio e me
tornei o líder do PAS.
Deus usara aquele encarregado antes duas vezes, porém
eu não percebia que estava sendo atraído para a Sua bênção.
Deus me surpreendeu. Eu não sou melhor do que ninguém.
Todos somos iguais. Deus viu a minha fé e me honrou com uma
oportunidade almejada por muitos. Não estou falando de um
cargo de liderança na área do varejo. Enfatizo qualquer função
de chefia, pois o que muda entre as empresas são o ambiente e o
serviço prestado aos clientes. Quem não gostaria de ser
promovido? Porém, a despeito da minha promoção precoce,
atribuo a Deus esse milagre. Não sei se você irá receber a
mesma bênção que eu caso faça a mesma coisa que eu fiz. Eu
agi por fé e não esperava assumir a direção de uma equipe. Na
verdade, lembro-me que naquele mês eu tinha entregado um
currículo em outra empresa, pois alguns colegas me coagiram a
fazer assim. Eles me falaram que eu ganhava pouco e poderia
conseguir um emprego com salário melhor. Como Deus é
tremendo! Assim, Ele me deu aquela oportunidade e eu a
agarrei.
Capítulo 6
AVENTURA DE FÉ
Um propósito feito com Deus deve ser cumprido mesmo
que isso exija de você um período de preparação. Eu havia feito
nos últimos meses de Outubro e Novembro de 2012 as minhas
maiores ofertas para uma igreja. No último mês daquele ano
deveria ofertar uma ainda maior. Seria 30% além do dízimo.
Porém, as minhas mãos não estavam preparadas para liberar
essa graça (2ª Co 9:8). Deus tocou no meu coração para eu não
me sacrificar nos próximos dois meses. Ele sabia que algo
poderia dar errado, pois uma oferta custosa precisa ser doada
sem arrependimento. Enquanto este tempo passasse, Deus iria
preparar o meu coração para as próximas oferendas. Por isso,
durante um bimestre respirei aliviado ofertando só o dízimo.
Algo que aprendi sacrificando os meus recursos é que
Mamom, um espírito maligno que age colocando amor pelo
dinheiro nas pessoas (Mt 6:24), não consegue ter êxito na vida
do fiel. Este é um dos motivos pelos quais vários cristãos não
prosperam. Eles estão servindo ao dinheiro e não a Deus.
Dinheiro é necessário, mas precisamos dominá-lo. Se não essas
simples folhas de papel se tornam o nosso senhor. Outro
aprendizado é que Deus te abençoa com aquilo que você tem. O
que você possui? É um emprego humilde? Então, através deste
emprego surgirão oportunidades melhores. Não saia do seu
emprego, a não ser que Deus lhe autorize a partida. É onde você
está que a bênção está. No meu caso, tinha entregado um
currículo em um hotel e pensava que ia conseguir um emprego
lá, pois meus colegas me garantiram isso. Contudo, se eu
tivesse desistido do meu emprego de repositor de mercadorias,
não conseguiria a oportunidade de liderar e crescer
profissionalmente naquele ano.
Nesta ocasião, vou falar para quanto foi meu salário
depois de ser promovido. Após dois meses trabalhando no
supermercado, a categoria de repositores recebeu um aumento
de R$ 55,00 por motivo de dissídio coletivo. O aumento pela
promoção veio em Janeiro de 2013: meu salário foi para R$
910,00. Alguns leitores podem pensar que é pouco, no entanto
para quem começou a ver o resultado de sua fé surgindo, foi
excelente. Não vou entrar em detalhes do começo da minha
liderança porque precisei aprender com o tempo a ser um
exemplo digno de ser seguido. Apenas digo que as cobranças
aumentaram e muito. Felizmente, Deus sempre esteve comigo
me ajudando.
Dois meses se passaram. Para minha surpresa o meu
salário de R$ 910,00 foi para R$ 1.150,00. Era início de
Fevereiro justamente o mês que eu tinha que dar 40% da minha
renda. O motivo do aumento era por enquadramento. Essa
diferença exigiria de mim mais sacrifício. Vale lembrar aqui
que há três meses eu vinha morando de aluguel. Porém, eu
estava preparado para aquilo. Deste modo, Fevereiro foi mais
um mês apertado. Isso porque Março ainda não chegara. Logo,
foram dois meses de puro sacrifício financeiro.
Nesses dias, o que me sobrava do pagamento nem
sempre me garantia comida. Recordo que aos domingos eu
cumpria um propósito de jejuar pela libertação do meu tio
alcoólatra. Num belo dia desses, quando terminei a oração, saí
de casa e fui a casa dele. Eu estava com muita fome e me
humilhei pedindo um prato de comida. Ele disse que não tinha
almoço, mas me ofereceu pão com salsicha e um suco. Até hoje
relembro o quanto aquela simples refeição estava gostosa. Foi
um dos melhores almoços da minha vida. Graças a Deus, pois
Ele sempre me sustentou.
Três Ofertas
Você já pode imaginar como foram os meus próximos
dias. Nos meses de Abril e Maio pude recuperar o fôlego das
minhas finanças. Uma vez ouvi uma explicação sobre oferta
que dizia que o nosso dinheiro é o nosso suor, o nosso sangue.
Realmente, eu ofertei bastante sangue do meu trabalho e agora
estava me restabelecendo, se bem que esses sessenta dias
passariam rápido. Logo, logo, eu estaria no altar com minha
oferta de 60%. Em seguida, 70% e pronto: eu teria atingido o
meu limite, o sacrifício máximo até aquele instante. Chegando
nesses dias fiz o que pude para não deixar de cumprir com
minha promessa. O que aconteceu? Não fui promovido de novo
nem ganhei aumento. Mas, perdi o meu tio alcoólatra para a
morte. Ele tinha cirrose. Diante disso, senti-me um pouco
culpado do seu óbito, pois eu tinha parado de jejuar por ele uns
dois meses antes.
No bairro o qual morávamos não residia mais ninguém
dos nossos familiares. Como evangélico, aprendi a
responsabilidade que precisamos ter para com a salvação dos
entes queridos. Eu estava conseguindo cumprir um propósito
material, mas falhando no espiritual. Por causa disso e da culpa
sentida, eu não queria mais viver ali. Além do mais, a minha
oferta de Junho de 2013 me obrigou a pagar menos da metade
do aluguel à dona da casa. Eu conversei com ela e disse que no
próximo mês (Julho), eu dava o resto. Ela entendeu. Nesse
próximo mês eu tinha que ofertar 70% do meu salário e ainda
devia parte do aluguel passado. O que fazer? Cumpri o
propósito, porém saí do aluguel.
A morte do meu tio e a falta de dinheiro me fizeram me
humilhar e pedir moradia na casa de um amigo. Morei um mês
com ele. Depois, um mês com meu pai. Em Agosto, o meu pai
passou um lote comercial dele para o meu nome. Ele fez isso
porque o seu casamento não estava indo bem. Para não correr o
risco de ser vendido o tal lote, inacreditavelmente, ele e a sua
esposa assinaram em cartório um documento cedendo o direito
do terreno para mim. Eu entendi como profético essa cessão,
mas, por enquanto, só o tempo dirá. Em Setembro, eu tirei
férias do trabalho. Aproveitei e fui morar com a minha tia. Ela
foi minha segunda mãe quando eu era criança e sempre fui bem
vindo na sua casa. Após 120 dias morando com ela, eu me senti
preparado para dar à igreja a última e maior oferta do meu
propósito (eu não sabia que era a última).
Como trabalhador, nós não vemos a hora de receber o
décimo terceiro salário. Passamos 365 dias suando a camisa
para, em Dezembro, receber a recompensa. No último mês do
ano de 2013 eu ofertei para a Casa do Senhor 80% desse
salário. Aparentemente, não aconteceu nada de novo no meu
serviço. Contudo, a cada dia que passava, eu me estressava cada
vez mais. Em Fevereiro de 2014, os líderes de seção receberam
um aumento de quase R$ 200,00 de gratificação, por sermos
nós os treinadores dos novos funcionários que entravam na
empresa; aquela loja administrava outras oito lojas. Apesar do
aumento, eu fui preenchido com um sentimento de insatisfação
pessoal. Eu queria crescer profissionalmente, entretanto fazendo
o que eu gosto, o que eu amo. São duas as áreas pelas quais eu
sou apaixonado: o conhecimento da Palavra de Deus e a
Música. Eu não estava satisfeito com o emprego que eu tinha.
Foi Deus Quem me deu, mas eu sentia que estava na hora de
sair e viver algo melhor. Nos meses de Fevereiro a Julho, eu
não tinha feito nenhuma oferta especial. Unicamente dava dez
por cento. Quando chegou Julho de 2014, eu tomei uma
decisão: iria tirar férias em Agosto e ia sair do supermercado.
O meu gerente não aceitou a ideia de eu tirar férias em
Agosto e tentou me desanimar dizendo que, diante da lei
brasileira (CLT), isso seria impossível. No entanto, Deus
estendeu a Sua mão na minha direção e, milagrosamente, eu
recebi as férias como planejado. Por que digo que foi um
milagre? Eu entrei naquela empresa no dia 14 de Agosto de
2012. Fiz um ano em Agosto de 2013 e dois anos em Agosto de
2014. Os primeiros trinta dias de repouso são concedidos após
doze meses trabalhados. Após este descanso, as próximas férias
virão depois de mais um ano trabalhado. Entretanto, eu não
tinha dois anos completos e gozei férias legalmente no mês de
Agosto de 2014 mesmo sem a autorização do meu gerente de
loja. Somente Deus faz isso. Glória a Ele!
“SE DEUS PROMETEU O IMPOSSÍVEL PARA TI, ELE
TORNARÁ POSSÍVEL O CUMPRIMENTO DE SUA
PALAVRA. NÃO DUVIDES. ACREDITA!”
A Provação
Havia cinco meses que eu tinha me mudado para a casa
das minhas irmãs Hanna e Thalita. A Thalita é por enquanto
uma pessoa que tem deficiência mental. Ficamos longe um do
outro por um tempo, contudo não existe nada melhor do que
viver com a família que Deus nos deu. Elas estavam morando
com o meu pai. Ele estava “separado” da sua esposa. Quando
esses dois se reconciliaram, eu fui morar com elas. Assim, nas
férias tive a oportunidade de viver mais próximo de minhas
irmãs.
E por falar em férias, a minha trégua foi inesquecível.
Descansei, relaxei a mente e me desestressei. Terminada essa
folgança, eu deveria voltar no dia 1° de Setembro. Orei a
respeito e Deus confirmou que eu não precisava mais daquele
serviço. Recentemente, tinha feito uma prova de concurso e
estava confiante na minha aprovação. Quando a classificação
saiu, levei um susto. Eu passei, passei bem longe de estar entre
os classificados. Assim, o mês de Setembro chegou, porém
confiei em Deus e, profissionalmente, permaneci em inércia.
Não sabia o que o meu Pai planejava para mim. Pensei que ia
receber uma ligação da empresa me informando a demissão
sem justa causa. Isso seria mais um milagre e até desejei
bastante isso; mas, a ligação não se tornou realidade. Os dias
foram passando até que o Senhor me disse que Ele estava me
provando. Essa notícia veio como um balde de água fria
molhando dentro da alma. Eu nunca acreditei em provação
financeira. Sempre pensei que os evangélicos que passavam por
dificuldade material tinham algum problema com a fidelidade.
Mas eu era fiel. Por que isso tinha que acontecer? Como vou
pagar as minhas contas? Essas eram as perguntas que eu me
cansei de fazer.
Entretanto, Deus viu em mim uma fé grande em questões
materiais. Hoje, entendo o que Ele me pediu para realizar. Eu
não saí do emprego por sair. Eu obedeci ao Senhor. Ele estava
testando a minha fé. Ele queria mais e era como se me dissesse:
“Filho, eu sei que você pode ofertar mais do que o dinheiro.
Agora, oferte o seu trabalho e confie em mim”. Apenas a
experiência de passar por uma provação me revelou claramente
essa verdade. Ficar sem trabalhar não é a vontade de ninguém.
Ser dependente é uma situação que incomoda qualquer jovem.
Apesar de eu fazer a coisa certa, fiquei desesperado. Tinha
dívidas e sempre fui um bom pagador. Por que eu teria que
abrir mão do meu próprio nome sendo que Deus nos prometeu
uma vida financeira abundante (2ª Co 9:8)? Perguntas e mais
perguntas, questionamentos, murmurações e reclamações foram
as minhas conversas com o Senhor. Assim, os dias vinham e
sumiam do calendário, mas eu teimosamente continuava
argumentando com o meu Pai.
Alguns meses se passaram. Deus disse que queria que eu
orasse mais. A verdade é que eu estava orando pouco, no
máximo uns quinze minutos diários quando a prece estava boa.
Obedeci e comecei a orar. Também fiz um propósito de ler mais
a Bíblia. Eu lia somente um capítulo por dia. Essas tarefas
gradualmente foram me transformando. Eu já não era o mesmo
Alberto Áckilla, líder de seção estressado em um supermercado,
e sim um cristão que começou a amadurecer. Preciso dizer aqui
que, quanto às minhas necessidades básicas, Deus me
sustentou. Glória ao Senhor!
Quando se passa por uma prova em que é necessário
sacrificar o “ganha pão”, você aprende a ser grato a Deus por
tudo, aprende a ajudar o próximo, e o melhor de tudo, você se
aproxima do seu Pai de uma forma nunca vista e nunca sentida.
Ganhar bem é ótimo, mas tudo pertence a Deus. O seu dinheiro
é dEle. É Ele Quem te abençoa. É Ele Quem te sustenta. É Ele
Quem te mantém no poder. Tudo é dEle. A glória é dEle. O
mundo é dEle. O universo é dEle. Seja grato ao Senhor por tudo
o que você tem, pois foi Ele Quem te deu. Não foi pelo seu
esforço que você conseguiu grandes vitórias, bens materiais e
sucesso. Foi Deus Quem resplandeceu o Seu rosto sobre ti e te
prosperou (1ª Tm 6:17).
Durante dois anos de serviço secular eu me ajudei, mas
não ajudei ninguém. Nós, cristãos, somos responsáveis pela
pregação do Evangelho de Jesus. Deus outorgou a nós uma obra
(Mt 28:19). Essa obra é muito séria. O apóstolo Paulo em sua
carta aos Coríntios disse: “AI DE MIM SE NÃO ANUNCIAR
O EVANGELHO” (1ª Co 9:16b, aqui tudo está em negrito
para destacar o quão circunspecta é a Missão). Ai de nós se
nossos parentes não ouvirem dos nossos lábios a Verdade. Por
isso, todos que servem a Deus têm um ministério. Deus
distribui dons para Seus filhos (1ª Co 12:8-11). Precisamos usar
os nossos talentos para a salvação, libertação e cura do mundo.
E é quando somos provados que esses talentos começam a ser
requeridos pelo Senhor. Ele quer desenvolver em nós aquilo
que preparou para cada um. Ele quer nos usar em Sua obra.
Eu comecei a orar e ler a Bíblia de um jeito que nunca
imaginei. Hoje, tenho um ministério e sirvo a Deus
intercedendo pela libertação das pessoas ao meu redor e
ensinando os meus discípulos a Palavra de Jesus. Tenho visto
ótimos resultados e não me arrependo do que faço. Hoje,
sacrifico o meu tempo buscando a Deus, conhecendo a Ele
através da Sua Palavra e orando no Espírito. Esses momentos
têm sido os melhores do meu dia. Deus Pai tem Se revelado
para mim e isso me faz ser feliz. Hoje, não vivo sem a Presença
dEle e o que é muito bom saber é que o Senhor não Se esquece
da nossa obra e do nosso trabalho (Hb 6:10). Um dia, Ele irá
nos recompensar (Apc 2:26).
Sei que falar de ministério é extático. Porém, você deve
estar pensando que eu não trabalho mais. Pelo contrário, eu
trabalho. Deus me pediu para ofertar aquele cargo de líder
porque esse serviço estava me afastando dEle. A provação
também serve para afastar de você aquilo que está te afastando
do Pai. É uma decisão muito difícil deixar de trabalhar, mas se
foi Deus Quem mandou sair é porque Ele tem um ofício melhor
e que não te afasta de Jesus. Hoje, tenho a oportunidade de
trabalhar em um ofício que não suga tanto o meu tempo, durmo
bem, aproveito o dia e, claro, invisto na música que é uma das
minhas alegrias nessa vida. Se Deus te pedir para você ofertar o
seu trabalho, Ele não vai te deixar desempregado para sempre.
Lembro que eu fiquei nove meses sem dinheiro. Entretanto,
esse tempo foi necessário, pois aprendi a depender de Deus.
Entenda que o seu salário é dEle. Você trabalha, mas é Ele
Quem te sustenta. Os mais ricos do mundo são sustentados por
Deus, pois tudo é dEle. E quando Deus te abençoar com um
emprego melhor é porque Ele te aprovou.
Finalmente, contar a você minha aventura de fé me fez
muitíssimo bem. Este pequeno livro nasceu um pouco depois de
eu ser mandado embora por justa causa da empresa varejista a
qual eu trabalhava. Eu não fui mais, as faltas se acumularam e,
quase um ano depois, reapareci por lá para dar baixa na minha
carteira de trabalho. Uns oito meses antes dessa reaparição, eu
tinha feito alguns rascunhos como de costume, curtas
mensagens que me vinham na mente ao ler a Palavra. Graças a
Deus, nenhum desses rabiscos veio parar aqui, pois não
formavam um texto coerente com as Santas Escrituras. Ainda
assim, essas minutas me levaram a buscar uma direção celeste
para saber se Deus queria que eu escrevesse uma obra.
Acreditei que viriam revelações sobre o dinheiro que eu nunca
percebia na Bíblia caso a resposta do Senhor fosse sim. Não
preciso falar mais nada, apenas agradeço de coração a todos que
se interessaram por ler “Todo Dízimo É Uma Oferta”. Que
Deus continue iluminando vocês. Um abraço.
Toda glória à
MAJESTADE, JESUS!
[E-mail do autor: [email protected]]
EM BREVE...
23:23