Download - A Transposição Didática
UNIVERSIDADE SAN CARLOS
PAULO ROBERTO BARBOSA PEREIRA
TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA COMO MEDIADORA DA
TRANSFORMAÇÃO DOS SABERES
RECIFE, PE 2012
PAULO ROBERTO BARBOSA PEREIRA
TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA COMO MEDIADORA DA
TRANSFORMAÇÃO DOS SABERES
Artigo científico como pré-requisito da
disciplina metodologia quantitativa do curso
de mestrado em Ciências da Educação
para complemento da avaliação.
ORIENTADATORA: PROFA. DRA. ANA E.
GONZÁLEZ CHENA
RECIFE, PE 2012
RESUMO
O funcionamento didático é formado por uma relação entre professor – saber –
aluno. O saber é a ponte entre o professor e o aluno nessa relação, logo o saber
precisa ser levado ao aluno de uma maneira tranquila e signficativa. Para isso, o
professor utilizará a transposição didática como prática pedagógica, pois ela é um
instrumento de grande importância no processo de ensino e aprendizagem dos
alunos. Mas não é qualquer conhecimento, é um conhecimento que pode ser
ensinado pelo professor e aprendido pelo aluno. O objetivo final da transposição
didática é transformar o objeto do saber do sábio, o saber produzido pelos cientistas,
em saber ensinado, que é o saber absorvido pelo aluno. A transposição didática age
como mediadora na transformação do saber científico em saber escolar, facilitando,
assim, a aprendizagem do aluno. O professor não está sozinho nesse processo,
apesar de ser uma peça fundamental no desfio de transformar um conhecimento do
saber em um conteúdo didático (objeto de ensino), conta com a participação e ajuda
de agentes externos à escola, que dentre outros, estão os autores de livros
didáticos. Esses autores são responsáveis pela transformação do saber acadêmico
ou científico, que fundamenta culturalmente e cientificamente o saber escolar, em
objeto de ensino de uma disciplina específica. Desta forma, este artigo tem por
objetivo geral abordar a noção de transposição didática e mostrar a sua função
mediadora no processo de transformação do conhecimento científico em
conhecimento escolar na prática pedagógica do professor.
Palavras-chave: Transposição Didática; Conhecimento Cinentífico; Conhecimento
Escolar; Prática Pedagógica.
ABSTRACT
The didactic function consists of an educational relationship between teacher -
knowledge – student. Knowledge is the bridge between the teacher and student in
this relationship, so knowledge needs to be taken to the student in a quiet way and
significantly. For this, the teacher will use the didactic transposition as a pedagogical
practice, because it is a very important tool in the teaching and learning process of
the students. But it is not any knowledge, it is the knowledge that can be taught by
the teacher and learnt by the student. The final objective of the didactic transposition
is to transform the object of knowledge of the scholars, the knowledge produced by
scientists, into teaching knowledge, the knowledge that is absorbed by the student.
The didactic transposition acts as a mediator in the transformation of scientific
knowledge in school knowledge, thus facilitating the student’s learning. The teacher
is not alone in this process, though being a key player in the challenge of
transforming knowledge of knowing in a didactic content (learning object), he or she
counts with the participation and help of external agents to the school, among others,
are the authors of textbooks. These authors are responsible for the transformation of
academic knowledge or scientific, which supports culturally and scientifically the
school knowledge, the object of teaching a specific discipline. Thus, this paper aims
to address the general concept of didactic transposition and show its mediating role
in transforming scientific knowledge into school knowledge in the teacher's
pedagogic practice.
Keywords: Didactic Transposition, Scientific Knowledge; School Knowledge,
Pedagogical Practice.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................... 5
2 SURGIMENTO E CONCEITO DE TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA............................ 7
3 OS SABERES E A TEORIA DA TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA............................... 8
4 COMPETÊNCIAS NECESSÁRIAS PARA FAZER TRANSPOPSIÇÃO
DIDÁTICA............................................................................................................... 11
5 CONCLUSÃO......................................................................................................... 14
REFERÊNCIAS.......................................................................................................... 15
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1 INTRODUÇÃO
Os sistemas didáticos1 são abastecidos por conhecimentos para que
possam funcionar adequadamente e atender a demanda de aprendizagem nos
ambientes escolares. Com isso, surge a primeira pergunta: Onde esse
conhecimento presente em diferentes sistemas didáticos originou-se? É através
desse estudo que nasce na decáda de 80 a teoria da transposição didática, que vai
se preoculpar com o proplema da transformação do conhecimento dentro dos
sistemas didáticos, ou seja, a necessidade de ensinar o conhecimento leva à
necessidade de modificá-lo e essa modificação é chamada de transposição didática.
Ao entrarem para a escola, os objetos de conhecimento – o saber científico ou as
práticas sociais – convertem-se em “objetos de ensino”, isto é, em conteúdo
curricular.
No início dos anos 70, Ives Chevallard, pesquisador da matemática e
educador francês, mostrou a necessidade de associar a análise do conhecimento
matemático com o estudo das práticas institucionais, em que esses elementos de
conhecimento são criados, desenvolvidos, usados, espalhados, ensinados e
aprendidos. É a partir de seus trabalhos, que Chevallard amplia a teoria de
transposição didática nos anos 90.
O termo transposição didática aparece na perspectiva de constituição do
saber escolar, pois a educação escolar não se limita a fazer uma seleção de saberes
que estão disponíveis na cultura em algum momento da história, mas, sim, “tornar
esses saberes selecionados efetivamente transmissíveis e assimiláveis”.
(MONTEIRO, 2007, p. 83).
Assim, a transposição didática fará o trabalho de reorganização,
mediação ou reestruturação dos saberes historicamente constituidos em saberes
tipicamente escolares, ou seja, em saberes ensináveis e aprendidos, compondo a
cultura escolar com conhecimentos que transcedem os limites da escola.
1 O sistema didático é composto por nove elementos principais: professor, aluno, conhecimento,
planejamento,objetivos, recursos didáticos, instrumentos de avaliação, uma concepção de aprendizagem e uma metodologia de ensino. (PAIS, 2002, p.117)
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Um grande desafio do professor é transformar um conhecimento do saber
em um conteúdo didático para serem assimiladas pelos alunos. Para isso os
conteúdos devem sofrer a ação didática criativa do professor de forma a transformar
um saber científico em saber ensinado. Desta forma, a transposição didática pode
ser concebida como um conjunto de ações transformadoras que tornam um saber
sábio em saber ensinável.
Segundo Monteiro (2007, p. 85), Chevallar chama atenção para o
seguinte fato:
[...] a transpsição didática não é realizada pelos professores por si mesmos. Ela tem início quando técnicos, representantes de asociações, professores miltantes, que compôem a noosfera, definem, a partir do saber acadêmico e através de um trabalho de seleção e estruturação didática, o saber a ensinar, definição esta que será refeita em outros momentos.
Chevallard (1991, p. 45, Apud Monteiro, p. 85) complementa, “um
conteúdo de saber que foi designado como ‘saber a ensinar’ sofre, a partir de então,
um conjunto de transformaçoões adaptativas que vão torná-lo apto para ocupar um
lugar entre os ‘objeto de ensino’”.
Na busca de um referencial didático que subsidie a didática do professor,
este artigo tem por objetivo geral abordar a noção de transposição didática e mostrar
a sua função mediadora no processo de transformação do conhecimento científico
em conhecimento escolar na prática pedagógica do professsor.
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2 SURGIMENTO E CONCEITO DE TRANSPOSIÇÃO
DIDÁTICA
O termo transposição didática foi introduzido pelo sociólogo Michel Verret
em sua tese Le Temps des Etudes, defendida em 1975 na França. Em 1982,
Chevallard e Joshua utilizaram este conceito no campo de ensino de Matemática
para examinar as transformações sofridas pela noção matemática de distância entre
o momento de sua elaboração por Fréchet, em 1906, e o momento de sua
introdução nos programas de geometria franceses, em 1971. Em 1998, o termo é
aprofundado e apresentado com mais consistência por Ives Chevallard em seu livro,
La transposition Didactique: du savoir savant au savoir enseigné (Editions La
Pensée Sauvage, 1998).
Mas o que é transposição? O siginificado da palavra transposição de
acordo com o Minidicionário da Língua Portuguesa (FTD, 2007) é transpor; deslocar;
pôr em lugar diferente. Mas transpor o que e para onde? No pensamento didático,
transposição é deslocar o conhecimento para dentro da escola, para dentro da
cultura escolar. O Dicionário Interativo da Educação define transposição didática
como um instrumento através do qual transforma-se o conhecimento científico em
conhecimento escolar, para que possa ser ensinado pelos professores e aprendido
pelos alunos2. Philipe Perrenoud (1993, Apud ALMEIDA 2011, p. 9), define o termo
como a essência do ensinar, ou seja, “a ação de fabricar artesanalmente os saberes,
tornando-os ensináveis, exercitáveis e passíveis de avaliação no quadro de uma
turma, de um ano, de um horário, de um sistema de comunicação e trabalho”.
Chevallard, em seu livro La transposition: Didactique du savant au savoir
enseigné (1998), amplia o conceito sobre transposição didática, dizendo que:
[...] é composta por três partes distintas e interligadas: o savoir savant (saber do sábio), que no caso é o saber elaborado pelos cientistas; o savoir a ensigner (saber a ensinar), que no caso é a parte específica aos professores e que está diretamente relacionada à didática e à prática de condução de sala de aula; e por último o savoir ensigné (saber ensinado), aquele que foi absorvido pelo aluno mediante as adaptações e as
2 Dicionário Interativo da Educação, disponível no sítio http://www.educabrasil.com.br.
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transposições feitas pelos cientistas e pelos professores (ALMEIDA, 2011, p. 10).
Logo, a Transposição Didática passa a ser um instrumento para que
possamos analisar o movimento do saber sábio, aquele que os cientistas
descobrem, para o saber a ensinar, aquele que está nos livros didáticos, e, por este,
ao saber ensinado, aquele que realmente acontece em sala de aula.
Ao analisar a passagem do saber sábio para o saber ensinado pela
transposição didática, Polidoro e Stigar (2010) enfatizam que, [...] “tal passagem,
entretanto, não deve ser compreendida como a transposição do saber no sentido
restrito do termo: apenas uma mudança de lugar. Supõe-se essa passagem como
um processo de transformação do saber, que se torna outro em relação ao saber
destinado a ensinar”.
3 OS SABERES E A TEORIA DA TRANSPOSIÇÃO
DIDÁTICA
Chevallard transforma a transposição didática em uma teoria, onde a
define como um instrumento eficiente para analisar o processo através do qual o
saber produzido pelos cientistas (o saber sábio) se transforma naquele que está
contido nos programas e livros didáticos (o saber a ensinar) e, principalmente,
naquele que realmente aparece nas salas de aula (o saber ensinado). Chevallard
analisa as modificações que o saber produzido pelo “sábio” (o cientista) sofre até
este ser transformado em um objeto de ensino.
A transposição do saber do sábio (saber acadêmico) em saber escolar
ocorre em dois momentos chamados de instâncias ou etapas transformadoras: a
transposição externa e a transposição interna. A transposição externa passa no
plano do currículo formal e pelos livros didáticos por agentes externos do ambiente
escolar. A transposição interna ocorre em sala de aula no momento em que o
professor (agente interno) produz o seu texto de saber ao vivenciar o currículo.
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Almeida, analisando o pensamento de Chevallard sobre as diferenças
entre os saberes, cita:
“Para Chevallard, portanto, há, sim, diferenças entre aquilo que se elabora nos espaços puramente científicos e aquilo que é desenvolvido nos ambientes estritamente educativos. Não se trata de diferenças conceituais, mas de diferenças ‘textuais’, pois elas estão no campo semântico e léxico e, por isso, precisam ser consideradas, porque as transposições as levarão em conta por demais”. (2011, p.10).
Assim, o saber acadêmico ou científico de uma dada época constitui uma
base necessária para o conhecimento escolar. A tarefa de pensar o objeto da
didática se configura, para Chevallard, com base de um sistema ou de uma relação
contendo três elementos: o professor, os alunos e o saber ensinado, que se
interagem a partir de mecanismos que lhe são próprios, que ele denomina de
"funcionamento didático". Essa concepção traz para a discussão um terceiro
elemento, o saber, que na prática é esquecido nesse sistema, onde apenas a
relação professor e aluno é privilegiada.
A tese defendida por Chevallard é que a didática precisa do elemento
“saber” transformado, adaptado, para que esse “saber” possa ser transportado para
dentro da cultura escolar, tornando-se ensinado e, consequentemente, aprendido.
Conforme explicam Polidoro e Stigar (2010):
Esse processo de transformação do conhecimento se dá porque os funcionamentos didático e científico do conhecimento não são os mesmos. Eles se inter-relacionam, mas não se sobrepõem. Assim, para que um determinado conhecimento seja ensinado, em situação acadêmico-científica ou escolar, necessita passar por transformação, uma vez que não foi criado com o objetivo primeiro de ser ensinado. A cada transformação sofrida pelo conhecimento corresponde, então, o processo de Transposição Didática.
Sendo assim, o conceito de transposição didática emerge para explicar
esse processo obrigatório de transformação do saber, que é, por sua vez,
indispensável ao entendimento do funcionamento didático de uma disciplina.
No seu ensaio sobre transposição didática, Giordani e Valigura (2009)
explicam que:
Os conhecimentos científicos na medida em que são elaborados, passam por processos de codificação, sendo que os processos didáticos devem considerar os códigos científicos. Contudo, tais códigos passam por uma decodificação ou transposição para ser apreendida pelos alunos. Para
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ocorrer a transmissão ou comunicação, se faz necessário que o conhecimento seja transformado.
O conhecimento científico é uma base necessária do conhecimento
escolar e está relacionada à tese de que o sistema didático, incluindo o saber
ensinado, não é produto apenas da vontade dos docentes. Um dos requisitos para o
funcionamento do sistema didático é o da coerência entre o saber ensinado e o
conhecimento estabelecido num dado campo do conhecimento científico, numa
dada época. Os argumentos de Chevallard oferecem apoio a esta visão. O conceito
de transposição didática se refere às relações entre o saber ensinado e o saber a
ensinar, conforme explica Monteiro (2007, p. 84):
Chevallard afirma categoricamente a diferença entre o saber acadêmico (savoir savant) e o saber ensinado. Para que o ensino seja possível, “o elemento de saber deverá ter sofrido certas deformações (grifo adicionado) que o tornarão apto a ser ensinado. O saber-tal-como-é-ensinado, o saber ensinado, é necessariamente distinto (grifo adicionado) do saber-inicialmente-designado-como-aquele-que-deve-ser-ensinado, o saber a ensinar” (p. 16-17). O conceito de transposição didática permite então que o campo científico da didática se constitua, pois, além de definir uma ruptura, ele cria um instrumento de inteligibilidade que possibilita a realização das investigações, abrindo caminho para que a caixa-preta, em que tem estado inserido o ensino, comece a ser desvendada.
Afinal, é desta relação que o saber ensinado deriva uma parte importante
de sua legitimidade. O saber ensinado deve ser suficientemente próximo do saber
sábio, de modo a não ser desautorizado por aqueles envolvidos na produção deste
último, o que minaria a legitimidade do projeto social de seu ensino.
Mas quando e por que dá início ao movimento de transposição didática?
O movimento de transposição didática é inaugurado quando se instaura uma
incompatibilidade entre o saber ensinado e os diferentes grupos de interesses
representados na sociedade. Os saberes escolares envelhecem, caducam, iniciando
uma crise no sistema de ensino de uma determinada disciplina. Há um conflito entre
o que é ensinado com as reais necessidades dos alunos e da sociedade. A
transposição busca restabelecer essa compatibilidade a partir de um fluxo do saber
acadêmico para o saber escolar, ou seja, a transposição vai oxigenar e renovar o
saber escolar para atender as transformações da sociedade.
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4 COMPETÊNCIAS NECESSÁRIAS PARA FAZER
TRANSPOPSIÇÃO DIDÁTICA
A transposição didática pode ser entendida como uma competência que
deve ser mobilizada constantemente pelo professor na sua prática pedagógica e ela
ocorre quando:
O conteúdo é selecionado ou recortado de acordo com o que o professor
considera relevante para constituir as competências consensuadas na proposta
pedagógica;
Alguns aspectos ou temas são mais enfatizados, reforçados ou diminuídos;
O conhecimento é dividido para facilitar a sua compreensão e depois o professor
volta a estabelecer a relação entre aquilo que foi dividido;
Distribui-se o conteúdo no tempo para organizar uma sequência, um
ordenamento, uma série linear ou não linear de conceitos e relações;
Determina-se uma forma de organizar e apresentar os conteúdos, como por
meio de textos, gráficos, entre outros.
Consequentemente, para fazer transposição didática é necessário que
algumas competências sejam desenvolvidas pelos professores, tais como:
Saber fazer recortes na sua área de especialidade de acordo com um
julgamento sobre relevância, pertinência, significância para o desenvolvimento
das competências escolhidas que vão garantir a inserção do aluno no mundo
moderno;
Saber selecionar quais aspectos do conhecimento são relevantes;
Dominar o conhecimento em questão, de modo articulado, incluindo o modo
característico e específico pelo qual esse conhecimento é construído;
Ter um pressuposto ou uma "aposta" sobre como o aluno constrói esse
conhecimento e como deveria conhecer;
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Dominar estratégias de ensino eficazes para organizar situações de
aprendizagem que efetivamente promovam no aluno as competências que se
quer desenvolver.
Relacionar os conteúdos das disciplinas e áreas com os fatos, fenômenos e
movimentos da atualidade;
Articular no trabalho de sua disciplina as contribuições de outras disciplinas e de
outras áreas do conhecimento;
Fazer uso das novas linguagens e tecnologias;
Planejar e realizar situações didáticas utilizando os conhecimentos das
disciplinas e áreas, dos temas sociais, dos contextos sociais relevantes para a
aprendizagem e das didáticas especificas;
Aplicar o princípio da contextualização dos conteúdos como estratégia de
aprendizagem;
Selecionar contextos, problemáticas e abordagens que sejam pertinentes à
aprendizagem de cada saber disciplinar e adequados ao desenvolvimento do
aluno;
Utilizar diferentes e flexíveis modos de organização do tempo, do espaço e de
agrupamento dos alunos;
Manejar diferentes estratégias de aprendizagem considerando a diversidade dos
alunos e os conteúdos;
Selecionar, produzir e utilizar materiais e recursos didáticos, diversificando e
potencializando seu uso em diferentes situações;
Utilizar estratégias diversificadas de avaliação da aprendizagem e, a partir de
seus resultados, formular propostas de intervenção didática;
Promover uma prática educativa que considere as características dos alunos e
da comunidade, os temas e as necessidades do mundo social.
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Porém não é tão simples desenvolver competências sem que o professor
busque constantemente o desenvolvimento como profissional, estudando e se
capacitando. Segundo Almeida (2011, p. 32), o desenvolvimento de competências é
“estudar continuamente, formar-se continuamente, aprofundar-se, buscar, pesquisar,
envolver-se com outros profissionais que possuem saberes diferentes dos nossos”.
É importante que essas competências sejam muito bem mobilizadas, pois
elas garantirão ações que levarão os alunos ao mundo do conhecimento.
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5 CONCLUSÃO
O conhecimento é frequentemente produzido fora da escola e está sujeita
a uma série de adaptações antes de ser aceito para o ensino, como exemplo:
objetos matemáticos criados por matemáticos não são os ensinados na escola. O
objeto da teoria da transposição didática é precisamente para descrever e explicar
os fenômenos de transformação do conhecimento de sua produção até o seu
ensino.
A teoria da transposição didática permite a distinção entre o
conhecimento acadêmico produzido, por exemplo, matemáticos, conhecimento a ser
ensinado definido pelo sistema educacional, o conhecimento ensinado pelo
professor e, finalmente, conhecimento adquirido pelos alunos. Esta obra de
transposição é uma construção social feita por diferentes pessoas dentro de várias
instituições: as autoridades políticas, escritores, redatores, professores e suas
associações definem as questões de ensino e escolhem o que deve ser ensinado,
bem como sob que forma. Este nível de organização institucional é o que
Chevallard chama de "noosfera", ele define os limites, redefine e reorganiza o
conhecimento social, contextos históricos ou culturalmente determinados, que
tornam possíveis ou não certas escolhas.
A transposição didática é responsável pelas transformações pelas quais
devem passar os saberes para se tornarem escolarizáveis. Sendo assim, podemos
chagar a conclusão que no processo de transposição didática há um movimento que
parte de mudanças no “saber acadêmico” e se institucionaliza em novos “textos do
saber”, ou seja, propostas curriculares e livros didáticos, exigindo o tratamento, na
sala de aula, de novos conteúdos, com a adoção de novas práticas de ensino, que é
na realidade, o saber efetivamente ensinado.
Contudo, a transposição didática exigirá do professor várias
competências, que deverão fazer parte de sua prática pedagógica, para que ele
possa criar ações bem pensadas para conduzir os alunos a uma aprendizagem
eficaz.
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REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Geraldo Peçanha de. Transposição didática: por onde começar? 2.
ed. São Paulo: Cortez, 2011. 71 p.
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