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A TRANFORMAÇÃO DO ESPAÇO GEOGRÁFICO: OS ALUNOS COMO AGENTES FORMADORES E TRANSFORMADORES DESTE ESPAÇO.
Autor: Regina de Oliveira Guilherme1
Orientadora: Fernanda Perdigão da Fonseca Toniol2
RESUMO
O processo de ensino da Geografia enquanto disciplina escolar, precisa estar voltada ao
desenvolvimento da capacidade de compreender a realidade a partir de sua
espacialidade, isto ocorre no momento em que a prática da cidadania exige que se tenha
consciência espacial. Nesse contexto, é necessário que o educando compreenda que ele
é parte integrante da realidade e que, por meio de suas ações, influencia e é influenciado.
Diante do exposto e a partir da realização dos trabalhos em sala de aula, com alunos de
5º a série do Colégio Estadual Ary João Dresch E.F.M.N., também partindo do princípio
que todos temos algum conhecimento em relação à história do município que moramos
no caso, Nova Londrina, escala local, buscou-se propiciar momentos que permitissem a
elaboração e a compreensão de conceitos geográficos, bem como destacar a importância
desses conhecimentos para a construção da cidadania. Tendo como base a geografia
local, foi confeccionado um material didático / pedagógico contendo textos, imagens e
outras linguagens, além de exercícios diversos que auxiliaram no trabalho do professor
bem como no desenvolvimento do mesmo. Utilizando como referencia as paisagens
locais e sua relação com os fenômenos geográficos das escalas regional, nacional e
mundial os alunos puderam produzir conhecimentos indispensáveis à sua atuação como
cidadãos. Os resultados alcançados mostram que a prática pedagógica deve estar
atrelada ao ambiente cultural escolar de aprender a observar e compreender como, suas
ações podem modificar, construir e até mesmo destruir o ambiente em que vive,
incorporando assim ao contexto científico os recursos culturais que os alunos trazem para
a escola a partir da realidade social em que está inserido.
Palavras- chave: Ensino de Geografia; Realidade Local; Conceitos Geográficos; cidadania; História do Município.
1 Geografia e Meio Ambiente, Geografia, Professora Do Colégio Estadual Ary João Dresch – E. F. M. N. P.2 Mestre, Geografia, UNESPAR, Professora de graduação do curso de Geografia e orientadora do
Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE)
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ABSTRACT
The process of teaching of school geography as a discipline needs to be focused on
developing the ability to understand reality from its spatiality; this occurs at the time that
the practice of citizenship demands that there is spatial awareness. In this context, it is
necessary that the student understands that he is part of reality and, through his actions,
influences and he is influenced too. Facing this and from the execution of the work in the
classroom with students from the 5th series of the State School Ary Joao Dresch EFMN
also assuming that we all have some knowledge about the history of the city where we live
in, this case, Nova Londrina, it`s sought to provide moments to allow the development and
understanding of geographical concepts, as well as highlighting the importance of this
knowledge to the construction of citizenship. Based on the local geography, it was made a
courseware / pedagogic containing text, images and other languages, and various
exercises that helped the teacher's work and the development of it. Using as reference the
local landscapes and their relation to geographic phenomena of regional, national and
international students could produce essential knowledge for their role as citizens. The
results show that educational practice should be linked to the cultural environment of
school to learn to observing and understanding how their actions can modify, build, and
even destroy the environment in which they live, incorporating the scientific context of the
cultural resources that students bring to school from the social reality in which it appears.
Keywords: Teaching Geography, Local Reality, Geographical Concepts, citizenship,
History of the City.
Keywords: Geography Teaching, Local Reality, Geographical Concepts, citizenship,
History of the City.
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1 Introdução
O presente trabalho, desenvolvido na área do ensino de Geografia, atende uma
exigência do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE), política pública do
Governo do Estado do Paraná, que promove e estabelece um diálogo entre os
professores da Educação Superior e os da Educação Básica do estado através de
atividades orientadas, tendo como resultado a produção de conhecimento e mudanças na
prática escolar.
O PDE foi criado a partir da necessidade de estabelecer melhorias na educação
básica pública do estado do Paraná por meio da formação continuada de seus
profissionais, bem como da construção de um novo plano de carreira do magistério
conforme a Lei Complementar n. 103, de 15 de março de 2004. Esse programa
compreende um conjunto de atividades articuladas, buscando uma interação entre os
profissionais da educação do nível básico e do nível superior e proporcionando a
ampliação dos suportes intelectuais de ambos.
Para os professores da rede básica da educação, o PDE prevê avanços na carreira
e tempo de dedicação para estudos, pois durante o primeiro ano de sua participação no
programa o professor é totalmente dispensado de suas atividades didáticas e no segundo
ano é dispensado de 25% das mesmas.
Para a Secretaria de Estado da Educação (SEED) (2007, p.08), “a parceria com as
Instituições Públicas de Ensino do Paraná decorre da percepção de que a essência do
programa encontra ressonância na reflexão pedagógica crítica nelas produzida”. Essa
interação entre os professores da rede estadual de ensino público com as Instituições de
Ensino Superior (IES) é muito importante, pois permite a troca de experiências entre os
respectivos profissionais.
A formação continuada dos professores permite que compreendam a necessidade
de aprimoramento da prática pedagógica, pois o ensino de geografia requer que o
professor pense em termos de contribuir e proporcionar aos alunos debates freqüentes,
textos e conteúdo adequados à sua realidade social e existencial. Enfim, não se trata de
ensinar fatos, mas de discutir questões relevantes ao desenvolvimento cultural e social
dos mesmos.
Dessa forma, a elaboração de um material didático que venha a contribuir para a
essa problematização é, de fato, bem vinda. Entende-se que a educação é específica em
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cada ambiente o que inviabiliza a exclusiva utilização de métodos e materiais
determinados previamente.
O professor entende que o livro didático não é a única ferramenta a ser utilizada,
mas um elemento de apoio. Sendo assim, algumas informações que são necessárias
para que o professor alcance seus objetivos podem não estar nele contempladas, o que
requer uma complementação, já que no desenvolvimento da prática de ensino e no
processo de produção e assimilação do conhecimento geográfico faz-se necessário à
utilização de recursos didático-pedagógicos que auxiliem esta prática, compreendendo
que o produtor deste recurso didático estando inserido no processo de ensino
aprendizagem, desenvolve o seu papel.
Assim, o fundamental para a elaboração de um material didático é o entendimento
de que a construção de conceitos e conhecimentos científicos em geografia deve partir
dos conhecimentos geográficos cotidianos ou aqueles próximos da realidade vivenciada
pelos educandos para, ampliar as escalas de análise dos objetos ou fenômenos. Dessa
maneira que os alunos poderão compreender os arranjos espaciais atuais e, assim,
interferir em sua organização.
Sabendo que para obter êxito no processo de ensino e aprendizagem de
conteúdos geográficos há a necessidade de elaboração de materiais didáticos que
abordem a realidade local, ou seja, sobre o território ou o espaço de vivência dos
educandos, foi desenvolvida a experiência ora relatada.
Para a elaboração do material didático foi necessário considerar a dificuldade que
os alunos têm de entender o significado ou importância do estudo da geografia para as
suas vidas. Dessa forma, buscou-se criar condições para que realizassem a leitura das
paisagens locais e sua relação com os acontecimentos da escala mundial, já que vivemos
em uma sociedade globalizada.
Dessa maneira, entende-se que este material constitui um poderoso aliado do livro
didático, recurso didático cujo acesso, sobretudo no ensino público fundamental, tem sido
facilitado pelo Programa Nacional de Livros Didáticos (PNLD).
A partir dos elementos da geografia local, o material didático que subsidia a
experiência relatada foi confeccionado com imagens e outras linguagens, a fim de
trabalhar com os significados das paisagens locais para então relacioná-la com os
fenômenos que acontecem em escala regional, nacional e mundial e para que assim os
alunos tivessem condições de produzir os conhecimentos geográficos. A partir dos
elementos da geografia local, o material didático que subsidia a experiência relatada foi
confeccionado com imagens e outras linguagens, a fim de trabalhar com os significados
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das paisagens locais para então relacioná-la com os fenômenos que acontecem em
escala regional, nacional e mundial e para que assim os alunos tivessem condições de
produzir os conhecimentos geográficos.
A aplicação do material didático ocorreu em turma de quinta série do Ensino
Fundamental do Colégio Estadual Ary João Dresch — Ensino Fundamental, Médio,
normal e profissionalizante, localizado na cidade de Nova Londrina-Pr, à Praça da matriz,
143. Esse colégio possui instalações amplas e atende alunos oriundos do centro da
cidade e é mantido pelo Governo do Estado do Paraná, administrado pela Secretaria de
Estado da Educação nos termos da legislação em vigor.
Conforme o Projeto Político dessa escola, o trabalho de educação ali desenvolvido
está embasado nos princípios do aprender a conhecer, no aprender a fazer e no aprender
a ser. E, nesse processo, o papel dos professores é fundamental, pois cabe a eles
apresentar os conteúdos e atividades de aprendizagem, levando seus alunos à motivação
para o trabalho escolar e para o desenvolvimento de suas competências e habilidades
necessárias ao seu desenvolvimento como cidadãos.
Essa turma é compostas, na sua maioria, por adolescentes que possuem uma boa
capacidade de compreensão, mas com dificuldades na formulação de conceitos mais
abstratos. Tais alunos estão, cada vez mais, em contato com as mídias, tendo acesso às
informações rapidamente por meio da Internet, demonstrando pouco interesse nos
conteúdos geográficos apresentados em sala de aula. Nesse sentido, a prática
pedagógica é desafiadora, pois é preciso competir com os estímulos que o aluno possui
fora da escola.
2 A Organização do Espaço no Noroeste Paranaense
A organização do espaço no noroeste paranaense, ocorreu com a valorização da
pequena propriedade e a fixação do homem ao campo, ocupando a mão- de- obra
familiar.
O que caracterizava o “complexo rural” nesse período e a sua pequena divisão do
trabalho. A fazenda, para produzir, tinha que produzir todos os bens intermediários e os
meios de produção necessários, e ainda assegurar a reprodução da própria força de
trabalho ocupada nessa atividade (Silva, 1988 p.06-07).
Nessa dinâmica, um produto de valor comercial destinado ao mercado externo
(por exemplo, o café) era produzido em grande quantidade. Só havia o mercado externo,
dado que as atividades que deveriam resultar na formação do mercado interno estavam
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“internalizadas” no âmbito do próprio complexo rural (Paim, 1957).
Nesse cenário as diferenças econômicas aumentam de acordo com as políticas
governamentais, privilegiando os produtos destinados a exportação em detrimento da
produção de alimentos. Nesse mesmo período o programa de sustentação do café
contribuía par acentuar a monocultura cafeeira, as crises do comércio exterior favoreciam
a diversificação agrícola para o mercado interno (Silva, 1988 p.13).
Neste cenário ocorre o processo de modernização da economia, com esse
processo, as relações de trabalho no campo sofrem transformações, a cafeicultura, por
necessitar de grande quantidade de mão- de- obra, mantém a população na zona rural,
quando deixa de ser a cultura principal, o café cede espaço para a utilização de
máquinas, o que libera grande quantidade dessa mão- de- obra, provocando o êxodo
rural.
Este processo se desenvolveu também porque a cultura do café é uma lavoura
sensível a fenômenos climáticos, que provocam a diminuição de rendimentos a cada
safra. Entre outros fatores, a ocorrência de geadas e os baixos preços, levaram o
agricultor paranaense a substituir as lavouras de café por outras mais rentáveis e bem
aceitas no mercado externo, por exemplo, soja e trigo.
Outra fase da atividade cafeeira foi iniciada, através de um novo modelo com o
objetivo de aumentar a produtividade, foram sendo utilizados insumos e substituindo-se
antigas lavouras, por variedades mais produtivas (IAPAR, 2000).
Nas áreas de domínio do Arenito Caiuá, a produção de café apresenta resistência,
mesmo com a política de desestímulo ao café e estímulo de novas culturas. Apesar dessa
resistência, a modernização foi inevitável, devido a descapitalização dos produtores de
café, o processo de degradação dos solos, provocando baixa produtividade, além das
geadas.
Segundo Serra:
“O modelo agrícola priorizar as culturas mais dinâmicas, o que provoca mudanças
nas bases do modo de produção da agricultura, como resultado das decisões
governamentais, com a modernização agrícola surgiram transformações na
estrutura agrária do Paraná, proporcionando a concentração da propriedade, a
liberação de boa parte do pessoal ocupado na agricultura, a diminuição da
produção de gêneros agrícolas e o aumento das culturas integradas a indústria de
exportação”. (SERRA, 2009, p.05)
2.1 A evolução agrícola no Paraná
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Segundo os dados do censo agropecuário do IBGE a tendência no período de
1970 a 1985 foi de concentração fundiária no Paraná. Em 1970 existiam 258.782
estabelecimentos, em 1985, este número caiu para 236.722, caracterizando o
desaparecimento de aproximadamente 22.000 estabelecimentos. O número de
estabelecimentos de até 50 há diminuiu cerca de 15%, e os grupos de área acima de 50
há cresceram cerca de 25%. A tendência no período foi de fortalecimento das grandes e
médias propriedades agropecuárias e redução das pequenas propriedades.
A área ocupada, no Paraná, no período de 1970 a 1985 aumentou em torno de
18%. Esse aumento se acentuou mais nos estratos acima de 50 ha, diminuindo nos
inferiores. Essa constatação comprova a opção por uma agricultura dinâmica, centrada
nas empresas rurais e altamente mecanizadas.
Em 1970 o Paraná possuía 554.488 propriedades rurais, em 1980 o número baixou
para 454.103. Das propriedades que desapareceram cerca de 93%, eram de
arrendatários, parceiros e posseiros.
Ao mesmo tempo em que há uma redução do número de estabelecimentos, ocorre
no período de 1970 a 1980, um aumento da área ocupada. A área total ocupada de
14.625.530 ha em 1970 passou para 16.380.329 ha em 1980.
As transformações na estrutura agrária advindas da modernização agrícola no
Paraná, a partir da década de 1970 são visíveis. Os setores mais atingidos foram os
pequenos proprietários e os não proprietários, entre eles, milhares de arrendatários,
parceiros, meeiros, etc.
O domínio da frente cafeeira, cadenciando o processo de colonização e ocupação
humana processou-se, segundo Cancian, em três fases:
l. no Norte Velho, desde a divisa com São Paulo até o rio Tibagi, a parir do final do
século XIX e início do século XX, culminando com a crise de 1929.
II. No Norte Novo, do rio Tibagi passando por Londrina, até as margens do rio Ivaí,
a partir de 1930, de forma lenta até o final da segunda Guerra o final da segunda
Guerra Mundial, acelerando posteriormente. Nessa fase a cafeicultura do Norte
Pioneiro sofreu profundas transformações.
III. Do rio Ivaí ao Piquirí, no Norte Novíssimo e deste até o rio Iguaçu, no extremo
Oeste Paranaense, entre as décadas de 1940 e 1960, quando encerrou o
expansionismo da cafeicultura paranaense (CANCIAN: 1981 p.50).
Entre os fatores que levaram a pecuária a se desenvolver no noroeste do Paraná,
está a característica do solo, que possui em sua composição substâncias arenosas.
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Foram nesse contexto da decadência da cultura cafeeira que novos cultivos
começaram a ser implantados, as chamadas culturas “modernas” e as terras destinadas
as pastagens.
O programa de erradicação dos cafezais promovido pelo governo, entre 1967/68,
foi acompanhado por um programa de diversificação orientado para a formação de
pastagens, no noroeste do Estado, devido aos solos com textura mais arenosa, houve
uma expressiva expansão das áreas de pastagem a partir desse incentivo a pecuária
torna-se de grande importância econômica para a região.
O novo modelo agrícola do Paraná é o complexo agroindustrial, com as cidades
produzindo bens e equipamentos e a indústria vinculada às cooperativas de produtores
rurais. Nessa nova fase a economia brasileira passa por um processo de readequação,
com a formação de estabelecimentos industriais e o desenvolvimento do mercado interno,
com à especialização das propriedades visando as exportações e a substituição da mão-
de- obra escrava pelos colonos. Acentua-se a divisão social do trabalho, com a divisão
campo-cidade e agricultura-indústria (Silva, 1998 p.13).
Os produtores se transformaram em empresários rurais, assim, todo o modelo
baseado em pequenas e médias propriedades adotados, na época da colonização, cede
espaço para as grandes propriedades denominada de latifúndios, como já citados
anteriormente, com relação à concentração fundiária.
Este modelo de concentração fundiária, onde predominam as lavouras
permanentes predominaram no Paraná até meados dos anos 1970. A partir de 1990, as
pastagens passaram a ocupar maiores proporções do território e a pecuária de corte
ganha espaço neste cenário até meados de 1996, quando a cana de açúcar começa a
ganhar espaço com a implantação das usinas de álcool.
A história da cana no Paraná começa entre os séculos XV e XVI, nesse período, a
produção canavieira no Estado, destinava-se quase que exclusivamente a fabricação de
aguardente, no decorrer do tempo, a produção canavieira foi desaparecendo devido à
ocupação territorial e os ciclos econômicos.
O setor canavieiro começa a ganhar força, a partir da criação do Instituto do Açúcar
e do Álcool (IAA), que tinha o objetivo de financiar as indústrias produtoras de açúcar.
Esse setor passa por outra fase de expansão na década de 1970, com a criação do
Programa Nacional do Álcool (PROALCOOL), com isso há o aumento da produção para a
fabricação do álcool combustível, dando impulso ao setor sucroalcooleiro. Esse programa
foi criado em 1975, com o objetivo de diminuir a dependência do Brasil em relação ao
petróleo, devido às crises geradas pelo aumento dos preços do barril de petróleo pela
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Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP).
Segundo Corrêa (2005), foi a primeira vez na história que a matéria–prima
exportada por países subdesenvolvidos passou a ter uma valorização superior à dos
produtos industrializados exportados pelos países ricos.
No Brasil, segundo os dados dos recenseamentos agropecuários, resultados não
demoraram a ser constatados, em 1975, com a criação do Programa Nacional do Álcool
(PROALCOOL), a produção total de toneladas de cana- de- açúcar Alcançou 79.985.200
toneladas, cinco anos mais tarde, em 1980, a produção chegou a 139.569.679 toneladas,
um aumento de aproximadamente 75,5%
Segundo os dados do IPARDES (2008), a cana- de- açúcar teve aumento
expressivo na sua área colhida entre 1988 e 2008, passando de 57.990 hectares em
1980, para 594.585 hectares em 2008, o que representa um aumento na área colhida de
925%, a taxa de crescimento de 33%.
Esses fatos vão justificar as transformações ocorridas no espaço agrário
paranaense, que eliminaram tanto o café, como outros gêneros alimentícios,
“desinteressantes” ao setor produtivo do agronegócio.
A expansão do CAI (Complexo Agroindustrial) sucroalcooleiro no Brasil se deu com
a modernização agrícola e a crise do setor cafeeiro, juntamente com a criação do
Programa Nacional do Álcool.
Uma das conseqüências sócia espaciais do setor canavieiro é a concentração
fundiária, que faz com que os pequenos proprietários percam suas terras para as médias
e grandes propriedades. Essa concentração e a mecanização das lavouras provocaram o
esvaziamento populacional da região, devido à diminuição das oportunidades de trabalho
no campo e a falta de estrutura urbana para absorver esse contingente.
Para Serra (2010), essa nova fase é marcada pela concentração fundiária, o número de
estabelecimentos agrícolas cai de 85.410 unidades produtivas em 1970, para 30.941
unidades produtivas em 1996, o que aponta para a eliminação de 54.464 unidades
produtivas, enquanto que a área ocupada por esses estabelecimentos aumenta de
1.985.674 hectares em 1970, para 2.208.698 hectares em 1996, o que aponta para a
ampliação e a intensificação das áreas de cultivo na região. A redução do número de
estabelecimentos e a ampliação da área ocupada vão definir a área média das unidades
produtivas, que era de 22,19 hectares em 1970 e passou para 71,38 hectares em 1996.
Os extratos de área mais afetados pela concentração fundiária foram os de menos de 01
hectare, os de 1 a 10 hectares e os de 10 a 20 hectares, justamente os que
predominaram, no módulo fundiário determinado pelas colonizadoras na época da
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ocupação pioneira das lavouras de café na região.
A mesorregião noroeste do Paraná possui 24.542.6 quilômetros quadrados, com
uma população de 641.084 (IPARDES, 2000). É composta por 61 municípios, e por três
microrregiões geográficas: Microrregião geográfica de Paranavaí, Microrregião geográfica
de Cianorte e Microrregião geográfica de Umuarama (IBGE, 2000).
Para Serra (2010), dois fatores são fundamentais, ou determinantes, para o maior
ou menor avanço das lavouras de cana- de- açúcar: A localização das usinas de açúcar e
álcool, numa distância menor que 50 quilômetros e o comportamento do mercado,
principalmente do álcool combustível.
No caso de Nova Londrina, duas usinas absorvem a produção e controlam o
mercado da cana: a destilaria da Cooperativa Agroindustrial do Noroeste Paranaense
(COPAGRA), instalada no município de Nova Londrina e a Usina Santa Terezinha,
instalada no município de Terra Rica.
Essas usinas se empenham em aumentar a produção de álcool, quando o mercado
externo está favorável, e, para aumentar a produção elevam os preços pagos pelos
arrendamentos de terras, conseguindo mais propriedades para as usinas explorarem.
No Noroeste, existem 14 usinas de álcool em funcionamento, implantadas depois
de 1980, em função dessas usinas, 190.068 hectares de terras da região são ocupadas
por canaviais, o que a torna responsável por 44% da produção de álcool do Estado do
Paraná conforme dados do IPARDES.
Para Serra, as modificações no padrão produtivo vão ocorrer entre o final dos anos
de 1980, quando em função de estímulos governamentais, usinas de açúcar e álcool, são
implantadas na região, o que conduz ao avanço e domínio das lavouras de cana,
principalmente nas zonas de arenito.
Do lado da indústria, criava-se um mercado cativo para as máquinas e
equipamentos e os insumos produzidos. Do lado dos produtores rurais, financiavam-
se, a prazos relativamente longos e juros reais negativos, os elementos necessários
à transformação na base técnica da produção agropecuária (capital fixo e
circulante), bem como as próprias necessidades monetárias criadas pela
modernização (Graziano Silva, 1988 p. 50).
Assim, a agricultura torna-se menos dependente das condições naturais e torna-se
dependente do capital e das atividades urbanas do complexo industrial.
2.2 Breve resgate histórico do Município de Nova Londrina
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Os primeiros colonizadores oficiais de terras que constituem Nova Londrina, devem
ser considerados José Volpato e seus irmãos, proprietários de terras situadas dentro da
gleba Paranapanema, às margens do rio Paraná, nas proximidades do Porto São José.
A companhia imobiliária Nova Londrina, com o fim de lotear e colonizar a Gleba
Paranapanema e terras adjacentes, os irmãos Volpato abriram picadas na mata virgem,
colocando o lugar em contato com os centros civilizados do norte paranaense.
A companhia imobiliária Nova Londrina, com o fim de lotear e colonizar a Gleba
Paranapanema e terras adjacentes efetivou, em 1952, o lançamento dos trabalhos
preliminares do povoamento, construindo diversas casas e trazendo colonos de todos os
pontos do país, predominavam nesse rush histórico, o elemento gaúcho, trazendo usos,
costumes e tradições. O nome Nova Londrina adveio da cidade co-irmã, Londrina.
Segundo os dados do censo IBGE cidades (2000), elevado a categoria de
Município e Distrito com a denominação de Nova Londrina, pela lei estadual número 253,
de 26/11/1954, desmembrado de Paranavaí. Sede no atual município de Nova Londrina
(ex-povoado), constituído de dois distritos: Nova Londrina e Marilena, desmembrada do
município de Paranavaí. Instalado em 07/01/1956.
Em divisão datada de 01/VII/1955, o município é constituído de dois distritos: Nova
Londrina e Marilena.
Pela lei estadual número-3554, de 07/02/1958, é criado o distrito de Itaúna do Sul
(ex-povoado) e anexado ao município de Nova Londrina.
Pela lei estadual número- 3715, de 20/06/1958, é criado o distrito de Diamante do
Norte, desmembrado do distrito de Itaúna do Sul e anexado ao município de Nova
Londrina.
Em divisão territorial datada de 01/VII/1960, o município é constituído de quatro
distritos: Nova Londrina, Diamante do Norte, Itaúna do Sul e Marilena.
Pela lei estadual número- 4552, de 25/01/1961, desmembram do município de
Nova Londrina, o distrito de Itaúna do Sul. Elevado a categoria de município.
Pala lei estadual número- 4778, de 09/11/1963, desmembram do município de
Nova Londrina, o distrito de Diamante do Norte. Elevado a categoria de município.
Em divisão territorial datada de 01/01/1979, o município é constituído de três
distritos: Nova Londrina, Cintra Pimentel e Marilena.
Pela lei estadual número-5678, de 10/10/1967, o distrito de Marilena é
desmembrado do município de Nova Londrina. Elevado a categoria de município.
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Em divisão territorial datada de 01/I/1979, o município é constituído de dois
distritos: Nova Londrina e Cintra Pimentel.
Assim permanecendo em divisão territorial datada de 14/05/2001 (IBGE-
CIDADES).
2.3 Copagra
No início dos os 1960, o café era o ouro verde no extremo noroeste do Paraná,
atraindo imigrantes de todos os cantos do país.
Segundo Santos (2009), apesar de toda riqueza proporcionada pelo café, a
precariedade das estradas e o distanciamento das indústrias, prejudicavam a viabilidade
econômica das propriedades, além desses fatores, existia a perniciosa atuação de
intermediários, cuja aquisição da produção agrícola lhes rendiam vultosos lucros, as
custas do trabalho árdua dos produtores, inconformados com essa situação, em 18 de
novembro de 1962, 39 produtores de Nova Londrina, incentivados pelo líder
cooperativista Leonardo Spadini, fundaram a COPAGRA (Cooperativa Agrária dos
cafeicultores de Nova Londrina).
O primeiro investimento foi a implantação de uma máquina de beneficiamento de
café.
O café, além de gerar de riquezas, também o inspirou cooperativismo regional, o
ciclo do café proporcionou a agregação de novos associados e a expansão dos negócios
da cooperativa, que obedecia a uma evolução e promissora para seus associados, com
reflexos em toda sociedade.
Nos áureos tempos, a produção recebida pela copagra, chegava a 200 mil sacas
de café beneficiado por ano, solidificava-se assim a infra-estrutura necessária para
recebimento, beneficiamento, armazenamento e comercialização da produção.
Para Joenice (2009), no final da década de 1960, a linha de negócios da copagra,
abria espaço para mais um produto, o algodão. O ciclo do algodão na copagra,começou
após a implantação da primeira usina de beneficiamento em Nova Londrina em 1968 e,
posteriormente, em Naviraí, Mato Grosso do Sul, Querência do Norte, Paraná e, mais
tarde Glória de Dourados, também em Mato Grosso do Sul.
A produção recebida e beneficiada, chegava a 3 milhões de arrobas de algodão em
caroço por ano, nesse período, o algodão representou boa parte do faturamento geral da
cooperativa.
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Nesse período, a copagra chegou a contar com cinco entrepostos no Estado do
Mato Grosso do Sul, um no Estado de São Paulo e sete entrepostos no Estado do
Paraná.
Com o agravamento da crise econômica brasileira, grandes reflexos sombrearam o
setor agropecuário brasileiro, a agricultura numa de suas mais sérias crises, obrigou
a reorganização dos destinos da cooperativa, que passava por um exercício de
extrema sensibilidade administrativa, cuja razão, deveria predominar, para
administração da crise e buscar novas alternativas, essas eram as grandes
diretrizes do planejamento a ser implantado. Nesse sentido, a copagra retoma o
caminho da prosperidade, através da modernização do modelo de gestão,
investimento no capital humano, planejamento e um plano de desenvolvimento
econômico sustentado. Santos (2009).
A definição das linhas de negócios da cooperativa contempla a cana-de-açúcar
para a produção de álcool anidro, álcool hidratado, álcool industrial e futuramente açúcar,
mandioca para a produção de fécula e amido modificado, café, arroz, soja, milho,
algodão, leite e laranja. Todas alicerçadas pelo fornecimento de insumos agropecuários,
assistência técnica, agronômica, e veterinária, recebimento, armazenamento e
comercialização da produção, tendo como enfoque principal o desenvolvimento
sustentável da comunidade cooperativa, com o objetivo de manter o bem estar dos seus
cooperados.
Segundo entrevista realizada com o senhor Antonio Cardoso de Almeida, a história
da construção da destilaria, começa com a produção com tecnologia brasileira, do carro
movido a álcool, os diretores da copagra na época, os senhores: Olivier Grendene,
Antonio Martins Plaza,Valdir Antonio Caresia, também os senhores: José Bolivar Garcia
Lélis, Salim Zaidam,Jacinto Romão e Egídio Bertassi, contando com o apoio do então
prefeito, o senhor João de Alencar Babosa, conseguem junto ao governo do Estado do
Paraná, financiamento para pagamento ao longo de dez anos, para a construção da
destilaria, nesse período, o governo do Estado liberava e incentivava a construção de
varias usinas em todo o Estado.
A destilaria foi inaugurada em 1982, mas no ano anterior, 1981, teve uma pequena
safra, que foi feita em 91 dias, com uma capacidade de moagem de 80 toneladas de cana
hora, foram feitos investimentos em equipamentos e treinamento de aproximadamente
100 funcionários colaboradores. Atualmente a capacidade de moagem é de 170 toneladas
de cana hora, conta com 216 funcionários somente na indústria, no campo, entre corte,
carregamento e transporte, conta com mais 1063 funcionários diretos e muitos outros
14
indiretos.
Conforme depoimento dado pelo senhor José Maria de Souza, os funcionários que
não trabalham na unidade, são contratados pelo Consócio de Produtores Rurais Narciso
Santin e outros, que foi criado em 12/05/1995 e reconhecido pelo Ministério do Trabalho
em 01/02/1999, através da matrícula CEI 1416300102/88, portaria número 19664 de
01/12/1999.
Entre esses funcionários estão pessoas de Nova Londrina – 313 - Terra Rica - 98,
Ademar de Barros - 40, Diamante do Norte - 61, Itaúna do Sul - 107, Marilena - 186,
Loanda - 85, Santa Izabel do Ivaí - 98, Santa Cruz do Monte Castelo - 75, todos são
contratados por prazo indeterminado, mas é comum esses números mudarem
rapidamente. (José Maria de Souza, contador do escritório Narciso Santin e Outros).
Ainda em entrevista com o senhor Antonio Cardoso de Almeida, a copagra foi a
primeira cooperativa brasileira a construir uma usina de álcool, além de investimentos em
equipamentos industriais, que são constantemente atualizados, para atender os mercados
consumidores, são realizados cursos e treinamentos para seus funcionários.
A usina da copagra foi uma das primeiras a exportar etanol, e a primeira a exportar
fluída anti-neve, esse fluído deixou de ser fabricado nesta destilaria á alguns anos, por ser
comercializada em dólar, a sua fabricação tornou-se comercialmente inviável.
Considerado pelos compradores internacionais, como sendo um dos melhores
produtos do Paraná, os alcoóis aqui produzidos, são resultado de muita dedicação e
profissionalismo. Milhões de litros de etanol são exportados a cada ano. Nossos produtos
são: Etanol, álcool industrial para indústria farmacêutica, de bebidas e indústria química.
Entre os principais países compradores, estão: Jamaica, Índia, Nigéria, México,
Inglaterra, Coréia e Estados Unidos da América. (Antonio Cardoso de Almeida, Supervisor
da Destilaria de Álcool da Copagra)
Concluindo, através do Programa de Desenvolvimento Educacional do governo do
Estado do Paraná, desenvolveu-se a pesquisa que propõe o desenvolvimento de estudos
relacionados ao município de Nova Londrina, valorizando assim o espaço ocupado pelos
alunos, com o intuito de aproximar a geografia escolar do espaço de vida desses alunos.
Compreendendo que o avanço das lavouras de cana -de- açúcar provocou a
concentração fundiária, a expulsão do homem do campo e o surgimento de novos bairros
em pequenas cidades, para absorver essa mão- de- obra liberada pela mecanização da
agricultura.
15
Para que haja a compreensão do espaço, ocupado pela população de Nova
Londrina, tem se modificado ao longo do tempo em função dessa ocupação e vivencia
das pessoas nesse espaço geográfico.
3 Metodologia
Este artigo relata sobre A Organização do Espaço Geográfico do Noroeste Para-
naense a partir do avanço das lavouras canavieiras no estado numa perspectiva interdis-
ciplinar. A presente pesquisa foi centrada na conscientização, procurando o desenvolvi -
mento de competências, capacidade de avaliação e participação dos alunos.
Com a participação dos professores da Rede Estadual de Ensino, através do
Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, que é uma política de formação conti -
nuada de valorização dos professores do Estado do Paraná. Este Programa é feito em
parceria com as Instituições de Ensino Superior e integra a política de valorização dos
educadores paranaenses.
O desenvolvimento da proposta se deu através das seguintes atividades: Para a
produção deste artigo: o professor tutor, através da Educação à Distância, atendeu 15
professores da Rede Estadual de Ensino, os quais formaram o Grupo de Trabalho em
Rede (GTR), com duração de 1 (um) ano, através de um Grupo de Estudo, coordenado
pelo professor PDE, o GTR o qual foi desenvolvido no 2º e 3º períodos do Programa, com
carga horária de 64 horas para o professor PDE/tutor e 60 horas para os demais profes-
sores da Rede, inscrito no GTR como participantes, possibilitando a inclusão virtual dos
Professores da Rede nos estudos.
O acompanhamento das ações planejadas e executadas na escola visou divulgar,
socializar e, avaliar o impacto da realização do Projeto, como objeto de escola, Núcleo
Regional de Educação e a Coordenação do Programa.
O 2º período do PDE foi destinado à produção do material didático-pedagógico,
sob a orientação da professora doutora Fernanda Perdigão da Fonseca Toniol represen-
tante da Instituição de Ensino Superior. Neste período foi organizado um Caderno Peda-
gógico.
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Já no 3º período, houve a implementação do projeto na escola pelo Professor, o
qual contemplou produção didático-pedagógico, e a organização dos Grupos de Imple-
mentação do Projeto PDE.
Durante o 2º semestre de 2011, este projeto foi desenvolvido com alunos do ensi-
no fundamental do Colégio Estadual Ary João Dresch - EFMNP. Sendo que os mesmos ti-
veram acesso aos materiais elaborado pelo professor PDE, acompanhado pela orientado-
ra escolar e professora orientadora da IES.
4 Implementação na Escola e Resultados Alcançados
O projeto foi desenvolvido em 32 aulas de 50 minutos intitulado “A transformação
do Espaço Geográfico: Os Alunos Como Agentes formadores e Transformadores Deste
Espaço” e com o tema “As Transformações no espaço Geográfico do Município de Nova
Londrina, a Partir do processo de Intensificação do Cultivo de Cana -de -Açúcar”, em con-
junto com os docentes, alunos da 5ª série Colégio Estadual Ary João Dresch de Nova
Londrina, que tiveram acesso ao material elaborado pelo professor PDE, acompanhado
pela pedagoga escolar e o professor orientador da IES, construindo uma educação volta-
da para a melhoraria das práticas pedagógicas dos docentes promovendo um enfoque in-
terdisciplinar que resgata e constrói valores e saberes.
4.1 Ações desenvolvidas
Ação1 – Exposição em sala de aula para que os alunos pudessem entender que o
espaço geográfico e constantemente modificado pelas ações desenvolvidas neste espaço
as aulas foram ministrada por professores de áreas específicas. Transmitindo aos alunos
a importância da ocupação e transformação do espaço ocupado pelos seres humanos.
Além da aula expositiva foram utilizados outros recursos como vídeos e imagens da cida-
de de Nova Londrina no início da colonização e atualmente para que observassem como
era e como está o espaço da cidade atualmente. Aliados a estas práticas, foram aborda-
dos temas e levantadas questões sobre assuntos pertinentes.
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Ação 2 – Foram realizados levantamento de dados e informações, junto aos mo-
radores do município, em aulas de campo com os alunos e a participação da comunidade
escolar; visando a fixação do conhecimento.
Ação 3 – Articular a produção de materiais cartográficos, que levem a espacializa-
ção desta realidade, a partir de dados e informações coletadas pelos alunos anteriormen-
te.
4.2 Ações desenvolvidas e resultados alcançados
Ao iniciar a implementação na escola, foi solicitado à direção e Equipe Pedagógi-
ca do Colégio uma oportunidade, na reunião do 2º semestre do ano letivo com professo-
res e funcionários da escola, para expor o projeto, a fim de que a comunidade escolar
tome conhecimento do estudo realizado pelo professor PDE durante os anos de 2010 e
2011.
Dando continuidade ao desenvolvimento das ações foram desenvolvidas oficinas;
realizados debates sobre novas metodologias, visando uma melhoria curricular; foram ain-
da realizados seminários sobre o assunto; através leitura de textos sobre a fundação e
formação do município de Nova Londrina em relação ao estado do Paraná, visando dar
ao aluno uma visão crítica dos textos de alguns autores.
Na execução foi realizado, num primeiro momento, um breve levantamento
histórico regional a partir, principalmente, de informações obtidas com moradores
pioneiros do município. Este resgate se constitui em um material bastante relevante visto
que remete aos educandos e educadores, sua realidade local de forma bastante
descontraída e verídica. Além disso, tais informações auxiliam ainda no fomento de uma
questão de suma importância que é aqui lançada como base deste projeto, a formação do
senso de cidadania através do conhecimento do seu espaço de vivencia.
É aqui entendido que a escola apresenta um papel fundamental como alicerce
destas bases e deve assim acompanhar as questões pertinentes a fim de contribuir para a
reversão de tantos desarranjos de ordem natural através do conhecimento deste espaço.
Cabe aqui salientarmos que os anos escolares são um marco significativo na vida
dos educandos, visto que é no ambiente escolar que se pode direcionar com mais eficácia
18
a educação com vistas para a democracia e solidariedade, indicando ao jovem um cami-
nhar com equilíbrio e respeito às instituições (família, igreja, escola e estado de direito).
Dando continuidade as ações foram feitos questionamentos, para compreender
até que ponto os alunos conheciam a história do estado e do município, percebendo que
os mesmos tinham muita dificuldade retomamos os textos sobre, o que significa espaço
geográfico, paisagem e lugar, compreendendo como se deu a formação do espaço para-
naense no que se refere a ocupação do noroeste, percebendo como o café, promoveu o
desenvolvimento de toda a região trazendo os colonizadores em busca de riquezas.
Nesse contexto foi de extrema importância a colaboração das professoras de his-
tória e artes do colégio que prontamente se colocaram a disposição para ajudar na execu-
ção deste projeto, a professora de história trabalhou todo o resgate da história do estado
e do município fazendo comparações entre o antigo e o atual estágio de desenvolvimento,
passando pelo café, a substituição dessas lavouras pelo gado e finalmente a opção pela
cana –de –açúcar, levando-os a compreender que todos fazem parte de uma história que
pode ser modificada a partir de suas ações, com todas essas informações e conhecimen-
tos pudemos na disciplina de geografia nos colocar como agentes formadores e transfor -
mando deste espaço.
Na disciplina de arte, foram feitos estudos sobre as fotos antigas do município de-
monstrando quais as características arquitetônicas utilizadas pelos colonizadores na
construção das casas, ruas e avenidas da cidade, lembrando que todas as construções
são decorrentes de tradições, usos e costumes que essas pessoas trazem do seu local de
origem, compreendendo que nesse contexto o espaço ocupado hoje é resultado de toda a
história que já foi estudada anteriormente, finalmente foram feitas comparações entra as
fotos antigas e as atuais da cidade, destacando as semelhanças e diferenças entre os
dois momentos históricos estudados. Neste âmbito, o conhecimento da história do municí-
pio, apresentou-se como uma ferramenta de grande importância no processo de consci-
entização e socialização dos indivíduos, levando-os a perceberem-se como integrantes,
dependentes e agentes transformadores do ambiente, identificando seus elementos e as
interações entre eles, contribuindo assim ativamente para a melhoria do espaço vivido e
ocupado.
Na disciplina de geografia foram desenvolvida estratégia de ação que contará
com pesquisas junto aos moradores da cidade, através de questionários previamente
elaborados os alunos fizerem pesquisas junto aos seus familiares, amigos e antigos
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moradores da cidade, assim, tivemos dados para elaboração de gráficos mostrando de
onde vieram às pessoas para colonizar o município, quais os interesses econômicos que
trouxeram essas pessoas e atualmente como vivem, onde consegue emprego, qual o
nível de escolaridade, as taxas da natalidade e mortalidade, expectativa de vida, êxodo
rural com a substituição do café pelo gado e posteriormente pela cana –de- açúcar.
Ao analisar fotos, e mapas e vídeos do município pudemos compreender também
como ocorreu à decadência econômica do município estudado, foi constatado que no
início da colonização o café trouxe muita riqueza, e a partir da sua substituição a cidade
foi perdendo o status, e junto com ele a população começa a se deslocar para outros
lugares em busca de melhores condições de vida e trabalho.
A utilização de vídeo teve como finalidade maior, aliar a prática às questões
teóricas dinamizando o aprendizado e acima de tudo desenvolver junto aos alunos o
senso de cidadania e consciência do espaço ocupado pelos mesmos para que venham a
se tornar cidadãos conscientes de que o homem só poderá usufruir de qualidade de vida
quando se enxergar como um ser integrado à natureza.
5 Conclusão
Através do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE), o governo do estado
do Paraná, visa melhorar as condições de trabalho dos professores da rede de ensino,
propondo estudos relacionados ao campo de trabalho de cada educador, valorizando
assim o magistério e dando melhores condições de trabalho aos educadores
paranaenses.
De acordo com as diretrizes curriculares, o espaço paranaense deve ser estudado
em todas as séries do ensino fundamental, também, a realidade local e paranaense deve
ser considerada sempre que possível, assim considerando esses tópicos propostos, pelo
governo do estado do Paraná e com o propósito de aproximar a geografia estudada na
escola, com a realidade vivida pelo aluno é que se propõe o presente trabalho.
Ele foi desenvolvido com o intuito de levar o aluno a compreender as mudanças
ocorridas no espaço geográfico da cidade de Nova Londrina.
Os alunos puderam perceber que o avanço do cultivo da cana-de-açúcar e a
concentração fundiária como seu desdobramento, acarretaram na “expulsão” do homem
do campo, e, que essas pessoas passam a se estabelecer na área urbana em bairros
periféricos.
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Além disso, também é importante compreender que todos somos parte integrante
desse sistema, como agentes transformadores do espaço, na medida em que surgem
novos bairros, onde muitos dos alunos estão inseridos, levando os a vivenciar tais
transformações a partir de estudos realizados em campo, já que a geografia é feita no dia
a dia, através da construção de casas, plantação de lavouras, decisões governamentais,
ou ainda, em nossas andanças e ações individuais, como: passear, ir à escola, fazer
compras, e outros, ou seja, quando transformamos o espaço ao nosso redor.
De acordo com as diretrizes curriculares para a educação básica do estado do
Paraná, o objeto da geografia é o espaço geográfico, entendido como o espaço produzido
e apropriado pela sociedade.
A partir dessa afirmação, entende-se que é uma tarefa complexa, fazer com que o
aluno entenda que a geografia estudada na escola é parte do seu dia a dia, e que ele está
inserido nessas transformações ocorridas no espaço geográfico do município, como um
agente transformador dessa realidade.
Esse estudo visou levar o aluno a analisar o meio urbano, considerando as
desigualdades materializadas no espaço geográfico do município de Nova Londrina, com
a construção de novos bairros residenciais nos arredores do município, ocupando áreas
anteriormente destinadas à atividade agrícola e hoje urbanizadas.
A implementação da ação pedagógica realizada, alcançou o objetivo desejado, em
uma perspectiva interdisciplinar no Ensino Fundamental, visando assim, construir uma
educação voltada para melhorar as práticas dos docentes, e ainda resgatando e
construindo saberes junto aos alunos.
Por estas e outras experiências é que se considera aqui a importância do
Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, no sentido em que cada professor da
rede pública tenha a oportunidade de participar da transformação da educação no Estado
do Paraná em uma educação capaz de trabalhar com temas relevantes como o espaço
ocupado pelos homens e outros tantos que nos preocupam no dia-a-dia da caminhada
escolar.
A esperança é a de que possamos cumprir com a legislação dando o primeiro
passo para um caminhar mais consciente em busca de um futuro melhor, despertando a
consciência e respeito para com o espaço ocupado pelos mesmos na formação da
cidadania.
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