UniSALESIANO
Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium
Curso de Psicologia
Camila Okuyama Diniz de Oliveira
Daniela Cristina Okuyama Diniz de Oliveira
A IMPORTÂNCIA DA ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL
COM ADOLESCENTES DA ETEC - Escola Técnica
Estadual de Lins
LINS – SP
2018
CAMILA OKUYAMA DINIZ DE OLIVEIRA
DANIELA CRISTINA OKUYAMA DINIZ DE OLIVEIRA
A IMPORTÂNCIA DA ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL COM ADOLESCENTES DA
ETEC - Escola Técnica Estadual de Lins
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado a Banca Examinadora do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, curso de Psicologia, sob orientação da ProfªMa. Liara Rodrigues de Oliveira e orientação técnica ProfªMa. Jovira Maria Sarraceni.
LINS – SP
2018
***FICHA CATALOGRÁFICA***
Oliveira, Camila Okuyama Diniz; Oliveira, Daniela Cristina Okuyama Diniz.
A importância da orientação profissional com adolescentes de ETEC – Escola Técnica Estadual de Lins /Camila Okuyama Diniz de Oliveira; Daniela Cristina Okuyama Diniz de Oliveira. –– Lins, 2018.
70p. il. 31 Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico
Salesiano Auxilium – UniSALESIANO, Lins-SP, para graduação em Psicologia, 2018.
Orientadores: Jovira Maria Sarraceni; Liara Rodrigues de Oliveira 1. Orientação Profissional. 2. Adolescentes. 3. ETEC. 4.
Autoconhecimento. I Título. CDU 159.9
O46i
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus por me permitir chegar até aqui e realizar o sonho de
concluir a graduação.
Ao meu pai que sempre me apoio na conclusão dos estudos. Agradeço
imensamente a minha mãe que percorreu toda essa caminhada ao meu lado, sendo
mãe, companheira, amiga e parceira de TCC, tendo sido a maior influenciadora e
apoiadora de minhas decisões e escolhas.
Agradeço ao incentivo e cuidado do meu namorado, que sempre se mostrou
compreensivo e paciencioso nas horas dedicadas a confecção desta pesquisa.
Não poderia deixar de mencionar as sábias orientações da ProfªMa. Jovira
Maria Sarraceni e da ProfªMa. Liara Rodrigues de Oliveira.
Camila Okuyama Diniz de Oliveira
Agradeço primeiramente a Deus, só ele sabe como foi a caminhada até aqui.
Agradeço a todas as minhas tias que foram meu suporte incondicional. À
todos que direta ou indiretamente fizeram parte dessa história, seria injusto citar
nomes, mas saiba que de alguma forma me tocaram e sou imensamente grata.
Não podendo deixar jamais de mencionar a ajuda constante da minha filha
Camila Okuyama Diniz de Oliveira, parceira de faculdade, de TCC e da minha vida
toda.
Agradeço também as orientações da ProfªMa. Jovira Maria Sarraceni e da
ProfªMa. Liara Rodrigues de Oliveira.
Daniela Cristina Okuyama Diniz de Oliveira
RESUMO
A presente pesquisa teve como objetivo refletir sobre o projeto de vida, formação pessoal e profissional, orientação sobre currículo, mercado de trabalho e entrevistas de emprego, dos alunos do ensino médio da Escola Técnica Estadual, antes e após participarem da Orientação Profissional. Iniciou-se a pesquisa com 10 adolescentes, com idade variando entre 14 e 15 anos. O método utilizado inicialmente foi a aplicação de um questionário, com o objetivo de obter informações sobre o conhecimento dos alunos acerca do mercado de trabalho, autoconhecimento e informação profissional. Após o levantamento de dados foi realizado um processo de Orientação Profissional com duração de seis encontros semanais, sendo 1h30 cada encontro. A Orientação Profissional se deu por meio de questionários, dinâmica de grupo, roda de conversas, oficinas, dramatização e reflexões que permitiram a obtenção de dados dessa população. Após a intervenção de Orientação Profissional foi realizada a aplicação de um questionário pós-intervenção em que se analisou o conteúdo com base nas respostas apresentadas pelos orientandos. O projeto ampliou a compreensão e conhecimento dos alunos da ETEC, possibilitando a reflexão sobre o planejamento de futuro, autoconhecimento, mercado de trabalho, entrevista de emprego e currículo. Através dos resultados obtidos ao final da pesquisa, concluiu-se que o objetivo da pesquisa foi alcançado, trazendo aos jovens mais segurança e acolhimento para seus futuros projetos.
Palavras-chave: Orientação Profissional.Adolescentes.ETEC.Autoconhecimento.
ABSTRACT
The current survey had as a goal to think about the life Project, personal and professional education, guidance about resumés, job Market and job interviews for the High School students from the State Technician School (ETEC), before and after taking part of the Professional Guidance. It started with 10 teenagers ranging from 14 to 15 years old. The method used in the beginning was the application of a questionnaire, with the aim of getting information about the students´knowledge related to the job Market, their self-awareness and professional information. After having those data, a process of Professional Guidance has been accomplished by having six meetings per week, each one lasting one hour and a half. This Professional Guidance has been performed through questionnaires, role-plays, group conversations, brainstorms and considerations that caused to obtain more information about those people. After the intervention of the Professional Guidance there was the application of a questionnaire in which it was possible to analyze its content based on the answers showed by the people who had been guided. The Project improved the understanding and the knowledge of the students from the State Technician School (ETEC), making their reflection possible about their future planning, self-awareness, job Market, job interviews and their resumé. Through the results at the end of this survey, it was allowed to conclude that its goal has been reached, bringing to the Young people safety and reception for their further projects.
Key words: Professional Guidance.Teenagers.State Technician School (ETEC), Self-awareness.
LISTA DE TABELAS E QUADROS
Quadro 1 - Quadro de referencia das intervenções do estágio ................................ 36
Tabela 1 -Demonstrativo de gênero, faixa etária e ano escolar ................................ 40
Tabela 2 - Você acredita que os adolescentes estão bem informados sobre
profissões? .............................................................................................................. 40
Tabela 3 -Você acredita que a Orientação Profissional pode ajudá-lo (a) nessa
escolha? .................................................................................................................. 41
Tabela 4 - “Onde você procura informações sobre profissões?” .............................. 43
Tabela 5 -“Quem você procura para obter informações profissionais?” ................... 43
Tabela 6 -“Quando você terminar o ensino médio, você sabe o que pode fazer?”. .. 46
Tabela 7 -“O que você pretende fazer ao concluir os estudos?” .............................. 45
Tabela 8 -“Você faz planos para o futuro? Quais?” .................................................. 47
Tabela 9 -“Você gostaria de receber algum tipo de orientação profissional?” .......... 47
Tabela 10 -“Você já tinha participado de algum tipo de Orientação Profissional
antes? ...................................................................................................................... 48
Tabela 11 -“Você ficou com dúvidas?” ..................................................................... 48
Tabela 12 - “Faltou alguma informação ou conteúdo que poderia ter sido abordado
na Orientação?" ....................................................................................................... 48
Tabela 13 -: “Acha importante que as escolas tenham algum tipo de Orientação
Profissional?” ........................................................................................................... 49
Tabela 14 -“Você recomendaria a Orientação Profissional a outros jovens?” .......... 48
Tabela 15 -“Numa escala de 1 a 5, em que 1 corresponde a pouco insatisfeito e 5
equivale a muito satisfeito, com se sente por ter participado da OP?” ..................... 48
Tabela 16 - “Como você se sente diante da sua escolha profissional?” ................... 49
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABOP: Associação Brasileira Orientação Profissional
CEETEPS: Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza
CEPAL: Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe
EJA: Educação de Jovens e Adultos
ETEC: Escola Técnica de Lins
FATECS: Faculdades de Tecnologia
ISOP: Instituto de Seleção e Orientação Profissional
OP: Orientação Profissional.
SATEPSI: Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos
SDECTI: Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e
Inovação
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 9
CAPÍTULO I - ORIENTAÇÃO PROFISSIONA ........................................................ 12
1 SURGIMENTO E HISTÓRICO DA ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL.................... 12
1.1 Papel e objetivo da orientação profissional..................................................... 13
1.2 Orientação Profissional no Brasil .................................................................... 15
CAPITULO II - ETEC – Escola Técnica Estadual de Lins..................................... 18
1 ETEC COMO POLÍTICA – NO ÂMBITO EDUCACIONAL .................................... 18
1.1 Sua estrutura .............................................................................................. 23
1.2 Iniciativas da ETEC ..................................................................................... 24
1.3 Perfil dos estudantes da ETEC ................................................................... 25
1.3.1 Adolescência .............................................................................................. 26
CAPÍTULO III - METODOLOGIA E DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA ............ 28
1 METODOLOGIA ................................................................................................... 28
1.1 Tipos de Pesquisa .......................................................................................... 29
1.2 A psicologia sócio histórica como teórico-metodológico .............................. 32
1.3 Percurso da Pesquisa ................................................................................. 34
CAPÍTULO IV - DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA .......................................... 36
1 APROXIMAÇÃO COM O CAMPO ........................................................................ 36
1.1 Intervenção ................................................................................................. 38
2 Resultados da Intervenção .......................................................................... 41
3 PARECER FINAL ................................................................................................. 50
PROPOSTA DE INTERVENÇÃO ............................................................................ 52
CONCLUSÃO .......................................................................................................... 53
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 54
APÊNDICES ............................................................................................................ 58
ANEXOS .................................................................................................................. 72
9
INTRODUÇÃO
A seguinte pesquisa tem por objetivo conhecer a opinião dos alunos do
ensino médio da Escola Técnica Estadual (ETEC), em relação ao conhecimento que
possuem sobre seu projeto de futuro, escolha profissional, mercado de trabalho e
autoconhecimento antes e após participarem da Orientação Profissional. A hipótese
inicial consiste em constatar a importância da participação de adolescentes num
processo de Orientação Profissional é capaz de estimular no orientando a
construção de um projeto de futuro mais estruturado, uma escolha mais assertiva, a
ampliação de conhecimento de si e das profissões.
A escolha pelo público surgiu com a experiência de estágio Específico de
Formação Profissional em Psicologia na área da Orientação Profissional, com
alunos da ETEC, onde percebeu-se a necessidade e a carência de atividades na
área com os alunos; a demanda inclusive surgiu dos próprios alunos e da
orientadora educacional da instituição.
Dessa forma a proposta de pesquisa foi elaborada com o intuito de
compreender a opinião dos adolescentes a partir da participação no projeto de
orientação profissional e as mudanças que ocorreriam após este processo.
As dificuldades dos jovens em relação a uma escolha profissional também
podem estar relacionadas a não definição de um autoconceito, à insegurança, à falta
de informações sobre os cursos, o mercado de trabalho e as profissões, bem como
a medos que fazem parte do momento psicossocial da adolescência. Deste modo, a
orientação vocacional e de carreira acabam por ser uma possível solução diante
desses quadros (PEREIRA; SILVA, 2013).
O momento de escolha de uma profissão gera muita angústia para o jovem,
pois muitas vezes ele não está preparado para tomar uma decisão que acarretará
em mudanças importantes na sua vida futura (JUNQUEIRA, 2010).
Segundo Lucchiari (1993, p.12) “a orientação profissional tem por objetivo
facilitar o momento da escolha ao jovem, auxiliando-o a compreender sua situação
específica de vida, na qual estão incluídos aspectos pessoais, familiares e sociais. É
a partir dessa compreensão que ele terá mais condição de definir qual a melhor
escolha - a escolha possível - no seu projeto de vida”.
A pesquisa teve como referencial teórico a abordagem sócio histórica, que
segundo (BOCK; GONÇALVES; FURTADO, 2009, p.17) “acredita que o fenômeno
10
psicológico se desenvolve ao longo do tempo, assim ele não pertence a natureza
humana; não é preexistente ao homem; e sim reflete a condição social, econômica e
cultural em que vivem os homens; portanto, para essa abordagem falar do fenômeno
psicológico é obrigatoriamente falar da sociedade”.
Bock (2001) conceitua a orientação profissional na abordagem sócio histórica
como “um conjunto de intervenções que visam à apropriação dos chamados
determinantes da escolha. Esses determinantes é que levam a compreensão das
decisões a serem tomadas e possibilitam a elaboração de projetos”.
A pesquisa foi estruturada em três capítulos, sendo o Capítulo I para explicar
o surgimento, a história da orientação profissional e seus objetivos. O capítulo II para
identificar o que é a ETEC, e o perfil dos estudantes. O capítulo III para descrever a
metodologia e a pesquisa, já o capítulo IV apresenta o desenvolvimento da
pesquisa, resultado e a conclusão.
O método escolhido foi o qualitativo, realizado através da aplicação de dois
questionários, um anterior ao processo de orientação profissional e outro posterior a
este processo. O objetivo foi de comparar os resultados e a efetividade da
intervenção realizada.
As respostas dos participantes foram analisadas pelo método qualitativo que
como descreve Rey (2005) esse tipo de pesquisa surgiu como meio de romper com
o ponto de vista limitado e autoritário do positivismo, no entanto, nem sempre se vê
diante de uma necessidade de reflexão geral em torno do conhecimento.
De acordo com Minayo (2008) a pesquisa qualitativa é o que se aplica ao
estudo da história, das relações, das representações, das crenças, das percepções
e das opiniões, produtos das interpretações que os humanos fazem a respeito de
como vivem, constroem seus artefatos e a si mesmos, sentem e pensam.
Após os dados colhidos por meio do questionário l (APÊNDICE A), foram
realizados seis encontros semanais com duração de 01h30minh cada, em uma
instituição de ensino, com os alunos do ensino médio da Escola Técnica Estadual
(ETEC), nos encontros foram abordados assuntos relacionados ao
autoconhecimento, planejamento de futuro, mercado de trabalho, confecção de
currículo e dramatização de entrevistas de emprego.
Após a participação no processo de Orientação Profissional, foi aplicado o
questionário ll (APÊNDICE B), com a proposta de identificar o conhecimento
adquirido após a participação dos orientandos no processo de OP e as mudanças
11
que ocorreriam na construção do seu projeto de futuro, escolha profissional e
autoconhecimento; desta forma ocorreu a análise das respostas após a intervenção.
Ao final do processo de Orientação Profissional foi possível constatar a
importância que esta intervenção apresentou em questões como planejamento de
futuro, ampliação de conhecimento sobre profissões e o mercado de trabalho, as
novas possibilidades de escolhas que foram apresentadas aos participantes,
amparando-os para que pudessem refletir sobre diversos aspectos de sua vida
pessoa, profissional e emocional, trazendo a esses adolescentes distintas visões do
trabalho e de como essa escolha pode ser realizada.
A participação no processo de Orientação Profissional acabou por confirmar a
hipótese levantada no início da pesquisa, ou seja, os alunos tiveram seus
conhecimentos ampliados, obtiveram maior reflexão sobre si e sobre o mundo do
trabalho, se sentiram mais seguros e amparados para realizarem escolhas
profissionais, além de se prepararem para futuros acontecimento com a realização
de novos projetos de futuro.
12
CAPÍTULO I
ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL
1 SURGIMENTO E HISTÓRICO DA ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL
Desde a antiguidade o ser humano valoriza o trabalho, e a importância para
sua vida. O trabalho cria uma identidade social, já que o mesmo é muito valorizado
pela sociedade, aumentando assim a autoestima e a sensação de segurança. Por
outro lado, quando a sociedade aponta que alguém não é necessário e que não há
disponibilidade de bons empregos, pode-se gerar dúvidas, incertezas ou mesmo,
como em alguns casos, delinquência e sentimento de revolta, formando uma
identidade negativa (MUSSEN, CONGER, KAGAN& HUSTON, 1995).
De acordo com Bock (2006) no passado a escolha de uma profissão ou
ocupação não era vista como um problema universal da humanidade, pois os
homens trabalhavam e viviam apenas para sobreviver. Os trabalhos organizavam-se
como atividade de coleta e mais tarde como caça, não havendo diferenciação de
funções, exceto aquelas determinadas pelo sexo.
Na vida tribal, pode ser verificado que os mesmo mantiveram e preservaram
suas culturas, sem ocupações e atividades diferentes, mantendo apenas a questão
da hierarquia, no que se refere às questões de guerra e aos cuidados com a saúde,
além de funções exercidas por questões de coragem ou idade avançada. A caça
acaba sendo atribuída ao homem, de acordo com o físico e agilidade, já que as
mulheres se encarregam dos cuidados com a prole; de acordo com o estágio
evolutivo de seu grupo a mesma acaba por adicionar a sua ocupação a agricultura.
Percebe-se que não há oportunidades e necessidades de escolha no que se refere a
função exercida.
Ainda segundo o autor na Grécia antiga o ócio realizado era uma atividade
digna dos homens livres, em quanto o trabalho se reduzia a uma atividade
exclusivamente física, sendo considerada muitas vezes como degradante.
Atividades como escravo, camponês ou trabalhador manual não tinha
nenhuma relação com a escolha pessoal, mas sim da condição e classe da família
que o indivíduo pertencia ou de acordo com as vitórias e derrotas nas guerras.
13
Na Idade Média, também ocorre essa divisão, em que a escolha pessoal não
tem importância, a sociedade divide-se em camadas sociais: nobres, clérigos,
senhores e vassalos, uns com obrigações para os outros. O que determina a
posição da classe é a circunstância do nascimento. A ocupação e a posição
ocupadas na sociedade são transmitidas de pai para filho.
No século XVIII, com a ascensão da burguesia, com o desenvolvimento das fontes produtivas, com a transformação da natureza e com a evolução da técnica e da ciência, enfatizou-se a condenação do ócio, sacralizando-se o trabalho e a produtividade (KURZ, 1997, p.3).
Segundo Bock (2006) com a Revolução Francesa, vem a liberdade de
escolha, as atividades não eram mais determinadas pelas famílias, ou posição social
e sim ocasionadas pela igualdade de direitos dos homens.
Com a Revolução Industrial, acontece uma mudança do modo de produção
agrário para o industrial, o cenário transforma-se novamente. Nesse período a
questão da seleção e, consequentemente, a escolha profissional, passam a ser
consideradas muito importantes, para que se tenha o homem certo no lugar certo,
visando à produtividade.
A posição do indivíduo no capitalismo não é mais determinada, pelos laços de sangue. Agora, esta posição é conquistada pelo indivíduo segundo esforço que despende para alcançar esta posição. Se antes esta posição era entendida em função das leis naturais referendadas pela vontade divina, agora, ao contrário, o indivíduo pode tudo, desde que lute, estude, trabalhe, se esforce, e também (por que não?) seja um pouco aquinhoado pela sorte (BOCK, 1989, p.15).
O trabalhosegundo Marx é uma atividade que distingue o ser social do
natural, definindo o ser humano como histórico, social e cultural. Isso porque ele
possui três características, uma sendo atividade consciente dirigida previamente
pela consciência, a de ser uma atividade mediada pelos instrumentos e a de ser
uma atividade materializada em produto social, produto esse que não é mais natural
em sua íntegra, um produto que se objetiva na atividade e no pensamento do ser
humano. (DUARTE, 2000, p. 208 apud BOCK e GONÇALVES, 2009).
1.1 Papel e objetivo da orientação profissional
Definida como o processo pelo qual o indivíduo é ajudado a escolher e a se
preparar para entrar e progredir numa ocupação, a orientação profissional propicia o
14
desenvolvimento do autoconhecimento, aplicando essa compreensão às ocupações
(SUPER&BOHN JUNIOR, 1980).
Segundo Lucchiari (1993, p.12) a orientação profissional tem por objetivo
facilitar o momento da escolha, auxiliando a compreender a situação vivida, e os
aspectos pessoais, familiares e sociais. É a partir dessa compreensão que ele terá
mais condição de definir a melhor escolha - escolha possível - no seu projeto de
vida.
A orientação profissional tem como finalidade a ampliação da consciência do indivíduo sobre a realidade, instrumentando-o para agir, no sentido de transformar e resolver as dificuldades que essa realidade lhe apresenta, possibilitando uma reflexão acerca dos aspectos psicológicos, econômicos e sociais que influenciam a escolha; discutir a relação homem-trabalho; informar sobre as profissões e possibilitar autoconhecimento relacionado à escolha. Justifica-se e ressalta-se, assim, a importância do trabalho de Orientação Profissional em escolas públicas, tendo em vista as desigualdades sócio-econômicas que o Brasil apresenta, trazendo para aquele contexto uma reflexão e possível mudança de tais condições. (MULLER, 2009, p. 39).
De acordo com a citação acima fica a reflexão que a orientação profissional
tem a finalidade de auxiliar os jovens com o intuito de trabalhar não apenas
questões relevantes ao trabalho, mas exercitar reflexões acerca do
autoconhecimento, segurança na escolha. Tendo como objeto de trabalho troca de
experiências entre os participantes.
Outro assunto a se considerar é a questão socioeconômica que a Orientação
Profissional traz como enfoque em suas reflexões.
Observou-se também a crescente procura pelos serviços de orientação profissional
com ênfase no trabalho em grupo.
Lucchiari, ao referir o trabalho em grupo considera que:
É importante para o indivíduo, sentir-se igual aos outros, há possibilidade de compartilhar sentimentos de dúvidas em relação à escolha e ao futuro, cada participante do grupo é um facilitador, pois auxiliam a entender o outro e o conhecimento que cada membro busca de si mesmo (1993 p.13-14).
Essa afirmação traz à tona como a orientação profissional tem a função
reflexiva do indivíduo de forma que o mesmo possa enxergar capacidades e
possibilidades na escolha profissional.
O orientador profissional deve auxiliar o adolescente na identificação dos seus
interesses e definições de seu projeto de vida, as influências que irá sofrer durante
15
esse processo e entender como funciona o mercado de trabalho atual e estabelecer
metas realistas para sua carreira, traçando estratégias para alcançá-las. Deve-se
salientar ainda a importância de considerar, neste processo, a etapa da vida em que
o adolescente se encontra, as vivências ocorridas durante o seu desenvolvimento e
as influências da família e dos amigos (LEVENFUS & SOARES, 2010).
A vida ocupacional de um homem é considerada um dado fundamental de
sua existência (SUPER & BOHN JUNIOR, 1980, p. 216). Nos dias atuais, pode-se
vir a escolher uma carreira profissional; se existe essa possibilidade de escolha,
existe também a possibilidade de alguém ajudar o indivíduo a escolher, isto é, de
orientar (PIMENTA, 1981).
Toda escolha provoca uma renúncia; ao optar por uma opção acaba-se por
deixar de lado todas as outras, esse é um movimento de causa sofrimento. O
profissional de OP vai ajudar o adolescente a escolher, devendo-se estar consciente
de que é mais difícil fazer um diagnóstico referente à problemática vocacional do
que um de personalidade, pois o primeiro tende a investigar a dinâmica interna do
adolescente, verificando não só os conflitos e dificuldades referentes à escolha
profissional, mas também de outras áreas (BOHOSLAVSKY, 1993).
A importância do processo de OP é aparece de fato quando se percebe uma
identificação profissional, havendo assim maiores possibilidades de o indivíduo se
desenvolver em todas as suas potencialidades.
O profissional tendo como objetivo alcançar maior adesão e eficácia no
processo deve considerar diversos aspectos como: o papel do profissional de OP
frente a realidade sócio econômica e cultural do grupo em que intervirá; e que o
processo de OP não tem apenas a finalidade de informar sobre as carreiras
profissionais, mas mobilizar reflexões e aspectos pertinentes ao autoconhecimento,
a questão da segurança na escolha, levando em conta aspectos como influencias
que os jovens sofrem e o mercado de trabalho atual.
1.2 Orientação Profissional no Brasil
A Orientação Profissional tem como marco de origem em 1924, do Serviço de
Seleção e Orientação Profissional para os alunos do Liceu de Artes e Ofícios de São
Paulo, sob responsabilidade do engenheiro suíço Roberto Mange (SPARTA, 2003).
16
A Orientação Profissional no Brasil aparece com o intuito de abarcar as
exigências do mercado industrial, se tornando uma atividade diretiva e focal.
Em 1934, a orientação profissional foi introduzida no Serviço de Educação do
Estado de São Paulo (FREITAS, 1973).
Na década de 40 a OP teve sua expansão, com a preocupação que a
educação atingisse a todas as classes sem distinção. Neste clima social, foi criado o
Instituto de Seleção e Orientação Profissional (ISOP) da Fundação Getúlio Vargas
(GOULART, 1985). Segundo Sparta (2003) O ISOP foi criado em 1947 com o
objetivo de desenvolver métodos e técnicas da Psicologia Aplicada ao Trabalho e à
Educação, o que foi feito através da adaptação e da validação de instrumentos
psicológicos estrangeiros e da criação de instrumentos psicológicos brasileiros; o
atendimento ao público através dos processos de Seleção e Orientação Profissional;
e a formação de novos especialistas. No ano de 1948, foi oferecido o primeiro curso
de formação em Seleção e Orientação Profissional pelo ISOP.
Ainda conforme a autora a partir da década de 1950, começaram a surgir
diversas teorias sobre a escolha profissional. Em 1951 foi publicado o livro
OccupationalChoice, de Ginzberg e outros. Uma obra que gerou a primeira Teoria
do Desenvolvimento Vocacional, de acordo com a mesma, a OP não é um
acontecimento específico que ocorre em dado momento, mas é um processo
evolutivo que ocorre entre os últimos anos da infância e os primeiros anos da idade
adulta. Em 1953, foi publicada a Teoria do Desenvolvimento Vocacional de Donald
Super, teoria essa que definiu a escolha profissional como um processo que ocorre
ao longo da vida, através de diferentes estágios do desenvolvimento vocacional e da
realização de diversas tarefas evolutivas. Em 1959, foi publicada a Teoria Tipológica
de John Holland, de acordo com essa teoria interesses profissionais são o reflexo da
personalidade do indivíduo.
Nos anos de 1950 e 1960, foram publicadas Teorias Psicodinâmicas da
escolha profissional, baseadas na Teoria Psicanalítica e na Teoria de Satisfação das
Necessidades, e Teorias de Tomada de Decisão, essas teorias se mostravam mais
preocupadas com o momento da escolha do que com processo em si.
A prática da Orientação Profissional no Brasil, foi diretamente influenciada
pelos conhecimentos da Psicanálise e mais fortemente pelas ideias do psicólogo
argentino Rodolfo Bohoslavsky (1977/1996).
17
Bohoslavsky foi influencia forte nos trabalhos de Carvalho no curso de
Psicologia da Universidade de São Paulo. Além de introduzir as ideias de
Bohoslavsky no Brasil, ela foi a grande idealizadora do processo grupal em
Orientação Profissional.
Segundo Sparta (2003) A Estratégia Clínica de Bohoslavsky e o processo de
intervenção grupal desenvolvido por Carvalho deram origem a um modelo brasileiro
de Orientação Profissional.
Segundo Ambiel et al. (2017) no início dos anos 2000 foi considerado um
período fértil para estudos de orientação profissional com o uso de testes e
instrumentos padronizados, por conta do surgimento do Sistema de Avaliação de
Testes Psicológicos (SATEPSI).
Ainda de acordo com Ambiel et al.:
É relevante, no entanto, que se destaquem alguns pontos, para que possam ser considerados em conjunto: foi encontrada uma tendência, ainda que incipiente, de redução do número de publicações anuais sobre OP; o número de publicações de cunho teórico teve sua proporção reduzida, desde o levantamento realizado por Noronha e Ambiel (2006); também o número de estudos a respeito da qualidade da técnica apresentou redução contínua desde o estudo de 2006; os públicos-alvo mais estudados continuam sendo estudantes de Ensino Médio e universitários. (AMBIEL,2017, p. 10).
A área de orientação profissional no Brasil se encontra ainda ligada ao
contexto educativo, deixando de dar muitas vezes a devida atenção à intersecção da
OP com a Psicologia do trabalho e até mesmo com a clínica.
De acordo com Soares (1999), a Orientação Profissional no Brasil pode ser
realizada por psicólogos e pedagogos, mas a formação dos profissionais brasileiros
não possui regulamento ou lei para se determinar conteúdos a serem realizados.
Fica a formação a cargo de universidades e cursos livres, a falta de uma lei que
regularize a profissão acaba por desmotivar profissionais, boas iniciativas e não
oferece poder para que a Associação Brasileira Orientação Profissional (ABOP)
possa fiscalizar os cursos oferecidos em território nacional.
18
CAPITULO II
ETEC – Escola Técnica Estadual de Lins
1 ETEC COMO POLÍTICA – NO ÂMBITO EDUCACIONAL
Segundo Ferretti (1997) existe uma forte relação entre os problemas e
desafios enfrentados pela formação profissional e as transformações recorrentes no
âmbito dos setores produtivo e de serviços, combinada com à globalização da
economia regulada pelo mercado.
Ainda segundo o autor:
A questão crítica que se põe hoje para o mundo empresarial, do ponto de vista dos seus recursos humanos, diz respeito ao desenvolvimento das competências a curto prazo (para os trabalhadores que estão na ativa) e a longo prazo (formação da mão-de-obra futura). No primeiro caso, a empresa tende a desenvolver uma pedagogia interna, associando o setor de recursos humanos ao da produção. No segundo, volta-se basicamente para dois sistemas, já organizados: a. o de formação profissional, via agências articuladas e/ou subvencionados pelo empresariado;1 b. os sistemas educacionais regulares, tentando interferir nos rumos que o ensino, em geral, e o público, em especial, possam assumir. Nesse sentido, sob a égide da qualidade total e em nome da competitividade, mas também da equidade, buscam instrumentalizá-los, articulando-os a seus objetivos. (FERRETTI, 1997, p. 230).
A preocupação inicial com a formação profissional foi proporcional às novas
demandas do setor empresarial. O que pode parecer de certo modo uma questão
simples com respostas igualmente simples, porém quando destrinchada percebe-se
que são demandas e respostas complexas por diversos motivos, pela necessidade
de:
a) dar respostas rápidas e flexíveis a situações de mudança também rápida, quer no referente às disputas no mercado internacional, quer no que diz respeito à inovação tecnológica, quer no tocante ao mercado de trabalho; b) considerar que, em decorrência das mudanças no conteúdo do trabalho, impõe-se rever e dimensionar, em outras bases, as relações entre o sistema de formação profissional e o sistema educacional, especialmente se se considerar a enorme “valorização” de que os recursos humanos vêm sendo alvo; c) dimensionar, com acuidade, as formas heterogêneas pelas quais os sistemas nacionais de produção e de serviços incorporam as sinalizações/imposições geradas pelas transformações, seja na economia globalizada, seja nas tecnologias, seja nos processos específicos de trabalho;
19
d) levar em conta que as transformações que se operam na economia, na utilização de tecnologia, na qualificação dos recursos humanos não afetam da mesma forma, com o mesmo nível de intensidade e no mesmo tempo, empresas transnacionais de grande porte e pequenas e médias empresas; ou seja, a necessidade de lidar com o heterogêneo e o não-coetâneo nas relações entre formação profissional e transformações nas empresas; e) rever as formas e responsabilidades do financiamento da formação profissional, em virtude da multiplicidade de agências e sistemas que passam a desenvolvê-la e da pressão por revisão e adequação de custos. (FERRETTI, 1997, p. 230-231).
Essas são questões e desafios postos à formação profissional, em geral, pelo
chamado setor moderno e integrado das economias nacionais.
Todas as questões se que levantam diante desta nova economia, tecnologia e
formas de trabalho; atinge diretamente na educação e na formação profissional,
cobrando uma resposta à altura dessa nova demanda no setor empresarial e de
produção.
Segundo Ferretti (1997) tendo em vista a necessidade de mudanças
relacionadas à formação profissional, ocorreu o que se denomina de a terceira etapa
na evolução dos sistemas de capacitação na América Latina, que teve seu início no
final dos anos 70, ganhado corpo pelos meados dos 80 e estaria tentando se
consolidar nos anos 90.
A lentidão com que esse processo foi tomando corpo, se dá a falta de pressão
colocada diante das agências de formação profissional. Mudanças relacionadas ao
ensino técnico federal brasileiro, só começaram a ser cobradas nos anos recentes.
As agências de formação profissional da América Latina, sensibilizadas pelas
mudanças que vêm ocorrendo nas economias mundial e locais, e/ou pressionadas
por elas, procuram adequar-se administrativa, financeira e educacionalmente às
sinalizações/pressões de parte das empresas e da parte dos trabalhadores.
A Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) (1994)
aponta para duas tendências que vêm se configurando na América Latina em termos
de organização das atividades de capacitação: a. setorialização das ofertas; b.
desenvolvimento de instituições polivalentes.
No primeiro caso, trata-se da “criação ou reestruturação das instituições de
formação de recursos humanos para atender aos diferentes segmentos
ocupacionais; [da proposição] de cursos isolados, administrados por instituições
especializadas ou confeccionados por encomenda de empresas para capacitar em
uma técnica específica e aperfeiçoar um grupo definido de trabalhadores” (CEPAL
20
1994, p. 10 apud FERRETTI 1997). Nas duas situações, a expectativa é a do
atendimento de demandas muito específicas e, por isso, diferenciadas. O segundo
enfoque refere-se à perspectiva segundo a qual as agências de formação
profissional que têm uma tradição de capacitação para o posto específico de
trabalho mantêm essa orientação para a maior parte de seus cursos, ao mesmo
tempo em que se voltam para a capacitação demandada pela introdução de
inovações tecnológicas. Procuram, com isso, de um lado, atender aos setores não
muito afetados pelas mudanças (as microempresas, os trabalhadores autônomos e
o setor informal), e, de outro, oferecer respostas às empresas inovadoras.
Após a crise do petróleo nos anos 70, viu-se a total necessidade de
transformações e reformulações no nível empresarial.
Porém somente a partir da década de 90 no governo Collor que o
empresariado viu a necessidade de rever suas formas de atuação e produção, para
adequar-se às demandas por maior produtividade, tendo em vista a competitividade
global.
Área mais diretamente afetada pelo debate que se formou foi a educacional, a
qual foi proposto diversas mudanças.
De acordo com Ferretti (1997) o foco inicial das mudanças foi o ensino
básico, fundamental. Voltando-se as preocupações também para o ensino médio,
pela necessidade de enfrentar o sucateamento a que o mesmo foi submetido, em
decorrência da profissionalização compulsória imposta pela Lei 5.692/71.
A dupla preocupação — definição da identidade do ensino médio e otimização da relação custo-benefício — direcionou o processo de reorientação desse nível do ensino básico que culminou com a proposta, tanto de sua flexibilização, quanto da separação entre formação acadêmica e formação profissional. (FERRETTI, 1997, pág. 244).
O Centro Paula Souza é uma autarquia do Governo do Estado de São Paulo,
vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e
Inovação (SDECTI). Presente em aproximadamente 300 municípios, a instituição
administra 223 Escolas Técnicas (Etecs) e 71 Faculdades de Tecnologia (Fatecs)
estaduais, com 292,8 mil alunos em cursos técnicos de nível médio e superiores
tecnológicos.
As Etecs atendem mais de 211 mil estudantes nos Ensinos Técnico, Médio e
Técnico Integrado ao Médio, com 148 cursos técnicos para os setores industrial,
agropecuário e de serviços, incluindo habilitações nas modalidades presencial,
21
semipresencial, online, Educação de Jovens e Adultos (EJA) e especialização
técnica. a partir do segundo semestre de 2018 serão oferecidos 150 cursos.
Já as Fatecs superam a marca de 81 mil alunos matriculados em 74 cursos
de graduação tecnológica, em diversas áreas, como Construção Civil, Mecânica,
Informática, Tecnologia da Informação, Turismo, entre outras. Além da graduação,
são oferecidos cursos de pós-graduação, atualização tecnológica e extensão.
De acordo com o Regimento Comum das Escolas Técnicas Estaduais do
Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza, aprovado na 495ª Sessão
realizada em 18.07.2013.
Artigo 1º - As Escolas Técnicas Estaduais (Etecs) do Centro Estadual de
Educação Tecnológica Paula Souza (CEETEPS), criado pelo Decreto-Lei de
06/10/1969, reger-se-ão por este Regimento Comum, observadas, no que couber,
as disposições do Regimento do CEETEPS e a legislação de ensino. § 1º - As
presentes disposições aplicam-se: 1 - aos cursos e programas de educação
profissional técnica de nível médio e de formação inicial e continuada ou de
qualificação profissional desenvolvidos pelo CEETEPS; 2 - aos cursos e programas
de educação básica, previstos neste Regimento; 3 - às Etecs que venham a integrar
o CEETEPS. § 2º - As Etecs poderão manter classes descentralizadas mediante a
celebração de convênios devidamente aprovados pelo Conselho Deliberativo, a fim
de atender às necessidades locais e regionais.
Artigo 2º - As Etecs integram uma rede de escolas, caracterizada: I - pela
unidade de princípios e procedimentos pedagógicos e administrativos para a
implementação de políticas públicas de educação profissional definidas pelo
CEETEPS; II - pelo respeito à diversidade das Etecs e ao atendimento às demandas
locais e regionais.
Artigo 3º - Os princípios de gestão democrática nortearão a gestão da Etec,
valorizando as relações baseadas no diálogo e no consenso, tendo como práticas a
participação, a discussão coletiva e a autonomia. Parágrafo único - A participação
deverá possibilitar a todos os membros da comunidade escolar o comprometimento
no processo de tomada de decisões para a organização e para o funcionamento da
Etec e propiciar um clima de trabalho favorável a uma maior aproximação entre
todos os segmentos das Etecs.
Artigo 4º - As Etecs, escolas públicas e gratuitas, terão por finalidades: I -
capacitar o educando para o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para sua
22
inserção e progressão no trabalho e em estudos posteriores; II - desenvolver no
educando aptidões para a vida produtiva e social; III - constituir-se em instituição de
produção, difusão e transmissão cultural, científica, tecnológica e desportiva para a
comunidade local ou regional.
Artigo 5º - As Etecs do Centro Paula Souza poderão oferecer cursos e
programas, presenciais ou a distância, de: I - Educação Profissional de Formação
Inicial e Continuada ou Qualificação Profissional, nas formas previstas pela
legislação; II - Educação Profissional Técnica de Nível Médio, nas formas previstas
pela legislação; III - Ensino Médio; IV - Educação de Jovens e Adultos em Nível de
Educação Básica, preferencialmente em articulação com a educação profissional.
Artigo 6º - As Etecs poderão oferecer, conforme suas disponibilidades, cursos
e programas, presenciais ou a distância, de capacitação, especialização,
aperfeiçoamento, atualização e outros de interesse da comunidade, para docentes,
demais servidores das Etecs e trabalhadores em geral.
Artigo 7º - Além dos cursos e programas previstos nos artigos 5º e 6º, as
Etecs poderão, complementarmente, desenvolver atividades referentes a: I -
extensão e/ou prestação de serviços à comunidade e à região; II - pesquisas
científicas e tecnológicas, de interesse do ensino e da comunidade, da região ou do
CEETEPS; III - organização de eventos de difusão cultural, científica, tecnológica e
de caráter esportivo, de interesse para os cursos e programas mantidos ou para a
comunidade e a região.
Artigo 8º - A instalação de cursos, programas e atividades previstas nos
artigos 5º e 6º e nos incisos I, II e III, do artigo 7º está sujeita à aprovação prévia do
CEETEPS e dos órgãos competentes do sistema de ensino. Parágrafo único - As
Etecs poderão oferecer cursos e programas em regime de: I -
intercomplementaridade com outras instituições de ensino; II - alternância com
empresas, entidades públicas ou privadas e empreendimentos familiares.
Artigo 9º - Para a consecução de suas finalidades, as Etecs poderão
estabelecer parcerias com empresas e instituições de ensino ou de pesquisa,
públicas ou privadas, sujeitas à aprovação prévia da Superintendência do CEETEPS
e dos órgãos competentes do sistema de ensino.
O Exame do Processo Seletivo Vestibulinho é constituído de uma prova com
50 (cinquenta) questões-teste, cada uma com 5 (cinco) alternativas (A, B, C, D, E),
relacionadas às diferentes áreas do saber (científico, artístico e literário), à
23
comunicação e à expressão, em diversos tipos de linguagem, abrangendo
conhecimentos comuns de 5ª a 8ª série ou do 6º ao 9º ano do ensino fundamental.
As questões são elaboradas por uma equipe interdisciplinar e dizem respeito
a um determinado tema - ligado a situações do cotidiano, envolvendo problemáticas
sociais, culturais, científicas e tecnológicas - apresentado em um texto-matriz e em
vários textos complementares.
1.1 Sua estrutura
O Centro Paula Souza mantém 223 Escolas Técnicas Estaduais (Etecs),
distribuídas por 165 municípios paulistas. As Etecs atendem cerca de duas centenas
de classes descentralizadas – unidades que oferecem um ou mais cursos técnicos
sob a administração de uma Escola Técnica. No primeiro semestre de 2018, mais
de 211 mil alunos estão matriculados nos Ensinos Técnico, Técnico integrado ao
Médio e Médio, distribuídos nos 143 cursos técnicos para os setores Industrial,
Agropecuário e de Serviços. Este número inclui 5 cursos técnicos oferecidos na
modalidade semipresencial, 4 cursos técnicos na modalidade on-line, 3 cursos
técnicos na modalidade aberta, 31 cursos técnicos integrados ao Ensino Médio e 6
cursos técnicos integrados ao Ensino Médio na modalidade de Educação de Jovens
e Adultos (EJA).
O Centro Paula Souza oferece também duas novas modalidades de Ensino
Médio, além do regular: o Ensino Médio com Qualificação Profissional (com 3
opções de cursos) e o Ensino Médio com Habilitação Técnica Profissional (com 10
opções de cursos).
As duas alternativas de ensino, implantadas nos turnos da manhã ou tarde,
visam atender quem deseja estudar em um único período para ter condições de
fazer um estágio, trabalhar ou envolver-se em outras atividades.
A partir do segundo semestre de 2018 as Etecs irão oferecer 150 cursos
técnicos (101 cursos técnicos presenciais, 5 cursos técnicos semipresenciais, 4
cursos técnicos online, 3 cursos técnicos na modalidade aberta, 31 cursos técnicos
integrados ao Ensino Médio e 6 cursos técnicos integrados ao Ensino Médio na
modalidade EJA).
A cada processo seletivo (Vestibulinho) é preciso conferir quais os cursos
oferecidos em cada unidade.
24
De acordo com o Regimento Comum das Escolas Técnicas Estaduais do
Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza, aprovado na 495ª Sessão
realizada em 18.07.2013.
Artigo 15 – Compõem a administração da Etec: I – Direção; II – Coordenação
Pedagógica; III – Serviços Administrativos; IV – Serviços Acadêmicos; V – Serviços
de Relações Institucionais. Parágrafo único - A estrutura organizacional, as
atribuições dos responsáveis pelos serviços, bem como suas competências, serão
definidas por normas do Conselho Deliberativo do CEETEPS, de acordo com a
dimensão, complexidade e proposta pedagógica de cada Etec.
A ETEC de Lins iniciou suas atividades como classe descentralizada da
ETEC Profª Helcy M. M. Aguiar, da cidade de Cafelândia, com os cursos Técnicos
de Administração, Enfermagem e Edificações.
No dia 16 de junho de 2006, a escola tornou-se independente, passando a se
chamar ETEC de Lins. Atualmente, a ETEC conta com os cursos Técnicos em
Administração, Enfermagem, Edificações, Informática e Química, além do Ensino
Médio e Ensino Médio Integrado ao Técnico.
A escola possui, ainda, as Extensões na E.E. Fernando Costa, pelo Plano de
Expansão II do Governo do Estado de São Paulo, com os cursos Técnico em
Finanças, Marketing, Serviços Jurídicos, Secretariado e Informática para Internet e,
também, o convênio firmado com as Prefeituras dos Municípios de Guaiçara, Sabino
e Avanhandava em anos anteriores.
1.2 Iniciativas da ETEC
Como forma de contribuir para a formação de seus alunos a ETEC realiza
diversos eventos para propor debate e conhecimento.
Um deles é a feira vocacional, segundo a orientadora vocacional o evento tem o
intuito de expor as adversidades e diversidades na carreira profissional, levando em
conta a satisfação e sucesso na profissão, a orientação educacional da ETEC de
Lins, sob a responsabilidade de Erika Aparecida de Nadai, realiza uma feira
envolvendo cursos universitários e técnicos que serão apresentados na escola.
Esta primeira etapa será para os alunos do ensino médio, que terão a oportunidade
de se subsidiarem de informações relativas às profissões, mercado de trabalho,
desenvolvimento tecnológico e ambiente de trabalho.
25
As apresentações e exposições, estão organizadas, pensando no novo tipo de
sociedade, na reengenharia da mão de obra e na formação de equipe.
O projeto visa otimizar tempo, componentes a serem estudados, área
escolhida, tipo de universidades e desafio a serem enfrentados pelos postulantes de
uma carreira.
A Feira de Orientação Vocacional conta com palestras, troca de experiências e
proposta econômicas, para aqueles que pretendem estudar.
1.3 Perfil dos estudantes da ETEC
Segundo Motta (2014) o público dos Centro Paula Souza tem maior presença
da população feminina, percebe-se também que há a presença de pessoas entre 15
e 59 anos de idade.
Ainda segundo o autor, a maioria, 68,7%, é solteira, e 73,7% não têm filhos. E
a maioria dos alunos, 64,3%, mora com os pais.
Pesquisou-se também a questão da conexão com a internet onde mais de
70% dos alunos respondentes tem contato com a rede. Nem todos possuem o
computador pessoal, mas mais de 96% têm endereço eletrônico.
Quanto ao trabalho, mais de 60% dos alunos respondentes mantém uma
atividade, dos quais mais de 19% o fazem sem o registro em carteira. Mais de 36%
dos alunos, tem apenas a atividade estudantil como afazer diário.
O autor ainda explora sobre o grau de instrução de quem mais colabora
financeiramente, nota-se que tanto o pai quanto a mãe possuem o Ensino Médio
completo. Os pais apresentam números superiores a 30% nesse nível de
escolaridade e as mães trazem um percentual um pouco acima (34,5%).
A grande maioria dos alunos, quase 90% é oriunda da Escola Pública,
instituição em que esses alunos cursaram o atual Ensino Fundamental.
Segundo os alunos respondentes o que mais motivaram os mesmos a
procurar a instituição foi: a qualidade do curso oferecido, superior a 60%; seguido da
disponibilidade de vagas no mercado de trabalho, 46%; e por último a possibilidade
de realização pessoal com 43%.
Ainda segundo Mota (2014) outra questão proposta aos alunos foi o que mais
se esperava do curso, mais de 70% dos alunos respondentes, esperam que o curso
ofereça uma formação profissional voltada para o mercado de trabalho. Ao término
26
do curso mais de 42% dos jovens respondentes pretendem trabalhar e continuar
estudando; enquanto 29% dos respondentes espera prosseguir com os estudos
(tentar a Universidade).
1.3.1 Adolescência
Segundo Kalina (1999) a adolescência corresponde a um fenômeno
biopsicossocial, cujo o elemento psicológico da adolescência é constantemente
determinado, modificado e influenciado pela sociedade.
A adolescência começa na biologia com as mudanças corporais e termina na
cultura, no momento em que se atinge um certo grau de independência psicológica
em relação aos pais ou cuidadores. Em algumas sociedades isso pode ser
vivenciado de forma mais simples sendo uma etapa do ciclo evolutivo mais breve,
enquanto em algumas sociedades mais desenvolvidas e tecnológicas, a
adolescência tende a se prolongar (Traverso-Yépez& Pinheiro, 2002).
Segundo a psicologia sócio histórica a adolescência é vista como uma fase
não natural do desenvolvimento humano, já que a mesma foi criada historicamente
pelo homem.
A adolescência seria um período de latência social constituída pela sociedade capitalista gerada pelo ingresso no mercado de trabalho e extensão do período escolar, da necessidade do preparo técnico. Essas questões sociais e históricas vão constituindo uma fase de afastamento do trabalho e de preparo para a vida adulta. (BOCK, GONÇALVES, FURTADO, 2009, p.170).
De acordo com Bock; Gonçalves; Furtado (2009) a visão sócio histórica
concebe o homem como um ser constituído pelas relações sociais, pela sociedade,
e pela culturais enraizada na humanidade.
Ao falarmos do desenvolvimento da adolescência, estaremos falando do
desenvolvimento da sociedade.
A adolescência deixa de ser analisada como algo abstrato, algo natural e em si, para ser vista como uma etapa que desenvolve na sociedade, uma fase do desenvolvimento e uma etapa na história da humanidade; é um concepção que “despatologiza” o desenvolvimento humano na medida em que o torna histórico. Passamos a compreender que as formas que assumimos como identidades, personalidades e subjetividades são construídas historicamente. A sociedade, construída por nós mesmos nos dá os limites e as possibilidades, de “sermos”. A adolescência, na forma como se constitui, deve ser entendida no seu movimento e suas
27
características devem ser compreendidas no processo histórico de sua constituição.(BOCK; GONÇALVES; FURTADO, 2009, p.167).
As características da adolescência tem sua explicação nas relações sociais e
na cultura, e não no próprio desenvolvimento do sujeito que se constitui como
adolescente.
28
CAPÍTULO III
METODOLOGIA E DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA
1 METODOLOGIA
A pesquisa foi embasada na abordagem sócio histórica, que segundo (BOCK;
GONÇALVES; FURTADO, 2009, p.17) acredita que o fenômeno psicológico se
desenvolve ao longo do tempo, assim ele não pertence a natureza humana; não é
preexistente ao homem; e sim reflete a condição social, econômica e cultural em que
vivem os homens; portanto, para essa abordagem falar do fenômeno psicológico é
obrigatoriamente falar da sociedade.
Segundo Bock (2006), a psicologia sócio histórica parte da ideia de que o ser
humano é multideterminado, mas ao mesmo tempo pode ser agente ativo em seu
contexto social, tendo possibilidades para mudá-lo.
A orientação profissional, quando vê a adolescência como fase natural caracterizada por dúvidas e crise de identidade, terá, com certeza, um tipo de proposta de trabalho; a própria escolha de profissão fica naturalizada. Contudo, quando considera que essa fase é construída historicamente e que suas dificuldades são geradas fundamentalmente pela contradição condição/autorização, terá outro tipo de proposta para esses jovens. Contribuir para que compreendam esse processo e se apropriem de suas determinações, tornando-se mais capazes de interferir no mundo
social, deve ser a meta desse trabalho.(BOCK; GONÇALVES; FURTADO, 2009, p.171)
Bock (2002) conceitua a orientação profissional na abordagem sócio histórica
como “um conjunto de intervenções que visam à apropriação dos determinantes da
escolha. Esses determinantes é que levam a compreensão das decisões a serem
tomadas e possibilitam a elaboração de projetos”.
Na perspectiva sócio-histórica não se reconhece como meramente
ideológica a possibilidade de escolha das classes subalternas. Ao contrário,
entende-se que nisso reside à possibilidade de mudança, de alteração histórica, ao
reconhecer que os indivíduos podem, de certo modo intervir sobre as condições
sociais, por meio de ações pessoais e / ou coletivas (BOCK, 2002, p.69).
A seguinte pesquisa aborda a importância da Orientação Profissional para
jovens do ensino médio da Escola Técnica (ETEC) em relação a construção de
29
projeto de futuro, ampliação de seu conhecimento acerca do mercado de trabalho,
confecção de currículo e escolha profissional, antes e após participarem do projeto
de Orientação Profissional.
A projeto: A Importância da Orientação Profissional na Escola Técnica
atendeu a Resolução 466 e 510 do Conselho Nacional de Saúde e foi submetida na
Plataforma Brasil, obtendo aprovação pelo Comitê de Ética no Unisalesiano com o
parecer: 2.887.847. (ANEXO B)
1.1 Tipos de Pesquisa
Os dados foram analisados por meio do método qualitativo.
Segundo Rey (2005) a pesquisa qualitativa surgiu como meio de romper com
o ponto de vista limitado e autoritário do positivismo, no entanto, nem sempre se vê
diante de uma necessidade de reflexão geral em torno do conhecimento.
De acordo com Minayo (2008) a pesquisa qualitativa é o que se aplica ao
estudo da história, das relações, das representações, das crenças, das percepções
e das opiniões, produtos das interpretações que os humanos fazem a respeito de
como vivem, constroem seus artefatos e a si mesmos, sentem e pensam.
A escolha pelo método qualitativo se deu pela descrição de Rey (2005) sobre
a mesma:
A pessoa consegue o nível necessário de implicações para expressar-se em toda sua riqueza e complexidade se inserida em espaços capazes de implica-lá através da produção de sentidos subjetivos. Tais espaços se constituem no interior de seus sistemas mais significativos de comunicação, por isso a pesquisa qualitativa orientada a estudar a produção de sentidos subjetivo do sujeito, bem como sua forma de articulação com os diferentes processos e experiências de sua vida social, deve aspirar a fazer do espaço de pesquisa um espaço de sentido que implique a pessoa estudada. (REY, 2005, p.15).
A pesquisa foi realizada com os alunos do ensino médio da ETEC, com faixa
etária variando entre 14 e 16 anos de idade, no período vespertino, em sala de aula,
sendo desenvolvida em três etapas, a primeira foi o levantamento de dados sobre os
conhecimentos dos alunos em relação as informações profissionais, mercado de
trabalho, perspectiva de futuro e escolha profissional. Na segunda parte da pesquisa
foi realizado o processo de Orientação Profissional com temas relevantes na escolha
profissional, como, autoconhecimento, mercado de trabalho, planejamento de futuro
30
e informações acerca das profissões. Na terceira etapa realizou-se um questionário
(APENDICE) referente ao conhecimento obtido durante o processo de Orientação
Profissional. O critério de inclusão usado para a participação na pesquisa foi que os
alunos estivessem matriculados regularmente na ETEC. O critério de exclusão foi
que não deveriam participar os alunos que estivessem matriculados também em
curso técnico da instituição.
A pesquisa foi realizada na escola técnica onde ocorrem aulas para o Ensino
Médio no período matutino, e Ensino Técnico no período vespertino e noturno, na
cidade de Lins.
Para o recrutamento dos adolescentes participantes utilizou-se a técnica de
pesquisa dos grupos focais.
Morgan (1997 apud GONDIM, 2002) define grupos focais como uma técnica
de pesquisa que coleta dados por meio das interações grupais ao se discutir um
tópico especial sugerido pelo pesquisador.
Pode ser caracterizada também como um recurso para compreender o
processo de construção das percepções, atitudes e representações sociais de
grupos humanos (VEIGA & GONDIM, 2001).
A formação dos grupos focais obedece a critérios previamente determinados
pelo pesquisador, de acordo com os objetivos da investigação, cabendo a este a
criação de um ambiente favorável à discussão, que propicie aos participantes
manifestar suas percepções e pontos de vista (PATTON, 1990; MINAYO, 2000 apud
TRAD, 2009).
Pode-se considerar que os participantes se sentem livres para revelar a
natureza e as origens de suas opiniões sobre determinado assunto, permitindo que
pesquisadores entendam as questões de forma mais ampla (BARBOUR;
KITZINGER, 1999; TEMPLETON, 1994 apud TRAD, 2009). Valoriza-se ainda, no
emprego do grupo focal, a flexibilidade do seu formato, que permite ao moderador
explorar perguntas não previstas e incentivar a participação dos integrantes; além
disso, são referidos como pontos positivos: seu baixo custo e rapidez no
fornecimento de resultados (GOMES; BARBOSA, 1999; RALLIS; ROSSMAN, 1998;
GREENBAUM, 1998 apud TRAD, 2009).
O presente estudo foi desenvolvido por meio de uma pesquisa de campo, que
é aquela utilizada com o objetivo de conseguir informações e/ou conhecimentos
acerca de um problema, para o qual se procura uma resposta, ou de uma hipótese,
31
que se queira comprovar, ou, ainda, de descobrir novos fenômenos ou as relações
entre eles.
Consiste na observação de fatos e fenômeno tal como ocorrem espontaneamente na coleta de dados a eles referentes e no registro de variáveis que se presumem relevantes, para analisá-los. A pesquisa de campo propriamente dita
Não deve ser confundida com a simples coleta de dados (este último corresponde a segunda fase de qualquer pesquisa); é algo mais que isso, pois exige contar com controles adequados e com objetivos preestabelecidos que descriminam suficientemente o que deve ser coletado (TRUJILLO, 1982, P. 209).
As fases da pesquisa de campo requerem, em primeiro lugar, a realização de
uma pesquisa bibliográfica sobre o tema em questão. Ela servirá, como primeiro
passo, para se saber em que estado se encontra atualmente o problema, que
trabalhos já foram realizados a respeito e quais são as opiniões reinantes sobre o
assunto. Como segundo passo, permitirá que se estabeleça um modelo teórico
inicial de referência, da mesma forma que auxiliará na determinação das variáveis e
elaboração do plano geral da pesquisa.
Em segundo lugar, de acordo com a natureza da pesquisa devem-se
determinar as técnicas que serão empregadas na coleta de dados e na
determinação da amostra, que deverá ser representativa e suficiente para apoiar as
conclusões.
Os instrumentos utilizados na pesquisa foram: o questionário pré orientação
(APÊNDICE A), o processo de Orientação Profissional e o questionário pós
orientação (APÊNDICE B), que aconteceu durante oito encontros semanais com
duração de 01h30 cada encontro.
O questionário pode ser definido como “um conjunto de perguntas sobre um
determinado tópico que não testa a habilidade do respondente, mas mede sua
opinião, seus interesses, aspectos de personalidade e informação biográfica”
(Yaremko, Harari, Harrison & Lynn, 1986, p.186 apud GUNTHER, 2003).
Questionário é um instrumento associado ao estudo de representações e crenças conscientes do sujeito, diante do qual esse sujeito constrói respostas mediadas por sua intencionalidade. Tanto para estudar representações conscientes do sujeito, como para conhecer aspectos que ele (a) possa descrever diretamente, o questionário é um instrumento interessante, no entanto, devemos ter em conta que as respostas de uma pessoa a um questionário estão mediadas pelas representações sociais e pelas crenças dominantes no cenário social em que se aplica o instrumento. (REY, 2005, p.41).
32
Existem nos questionários perguntas do tipo abertas e fechadas. No presente
trabalho utilizou-se dos dois tipos para conhecer o entendimento dos jovens sobre o
assunto, as influências que enfrentam no momento da escolha profissional e os
fatores que são importantes na decisão da escolha profissional.
O questionário de tipo fechado é utilizado somente para obter informação objetiva que seja suscetível de descrição e que possa adquirir diferentes significados no curso da pesquisa por meio de sua relação com outras informações [...] em relação a temas que podem ser descritos pelo sujeito e eu caracterizam aspectos objetivos e subjetivos de suas diversas atividades e contextos, formando parte de sua representação consciente. Esse tipo de questionário busca elementos da experiência que o sujeito possa expressar de forma direta; o uso de tal tipo de questionário estará subordinado ao problema de pesquisa e seus objetivos, e as informações obtidas por ele podem converter-se em indicadores de sentido subjetivo em outros contextos do desenvolvimento da própria pesquisa [...] o questionário mais usados nesta aproximação a pesquisa qualitativa é o de tipo aberto que, igual à entrevista, permite a expressão do sujeito em trechos de informação que são objetos do trabalho interpretativo do pesquisador. (REY, 2005, p.52).
Os questionários serão aplicados com a finalidade de identificar o nível de
aproveitamento dos jovens após a orientação profissional e os reflexos da
intervenção.
1.2 A psicologia sócio histórica como teórico-metodológico
O trabalho é de suma importância para a abordagem sócio histórica porque é
a partir da atividade de alteração do mundo que o ser humano obteve o reflexo
consciente da realidade e prosperar suas funções psíquicas superiores.
(VYGOTSKY, 1995).
Segundo Bock e Gonçalves (2009) o trabalho não só traz meios de
sobrevivência e de consumo ao homem como também o leva a compreender a si
mesmo e o mundo, desenvolvendo projetos e potencialidades do mesmo. “O mundo
como o conhecemos já não é natural, mas sim social e histórico pois é resultante do
trabalho humano, tendo sentidos e significados baseados na coletividade da
produção”. Ou seja não se pode compreender a formação do homem sem que seja
observado também o meio onde ele se desenvolve social e historicamente por meio
da atividade.
33
“Essa constatação nos leva ao seguinte ponto: o homem se materializa como
tal pelo processo de objetivação/exteriorização” (Lessa, 2007).
Segundo Bock e Gonçalves (2009) “Ao mesmo tempo em que o ser humano
transforma seu mundo ele próprio é transformado nesse processo”.
A teoria sócio histórica ressalta a importância da atividade do homem em
movimentar a sua capacidade de reflexão e desenvolvimento da consciência, assim,
torna-se necessário repensar relações de ensino-aprendizagem que proporcionem a
oportunidade de que toda a ação seja refletida.
A noção básica da Psicologia Sócio Histórica é a historicidade, o que significa ter como ponto de partida a concepção de que todos os fenômenos humanos são produzidos no processo histórico de constituição da vida social. Essa vida social se constitui na materialidade das relações entre os homens e entre os homens e a natureza, para a produção de sua existência. (BOCK, GONÇALVES, 2003, p 138).
Na Psicologia Sócio Histórica o homem é considerado um ser ativo, social e
histórico. Dessa forma o mesmo construirá suas formas de pensar, sentir e agir, isto
é, construir sua consciência.
Segundo Bock e Gonçalves (2003) “a leitura sócio histórica da realidade
considera o indivíduo como uma totalidade, constituído em sua inserção no grupo
social, historicamente construído, através de sua atividade”.
De acordo com Rey (1996), esta atividade é internalizada e refletida pelo sujeito, mediada pela linguagem como sistema de signos culturalmente construídos; este sistema organiza o funcionamento integral das funções psíquicas do indivíduo. ‘A reflexão é uma atividade da consciência, a partir da internalização, pelo sujeito, das relações sociais nas quais se constitui como individuo: essas relações são instituídas pela organização da sociedade para a produção, o trabalho’ (LIEBESNY, 1998, p.23 apud BOCK, 2003, p 241)
Segundo Bock, Gonçalves, Furtado (2009) a psicologia sócio histórica tem
como base a Psicologia Histórico Cultural de Vygotsky, que se apresenta como uma
possibilidade de superação das visões dicotômicas.
Essa abordagem leva consigo a possibilidade de crítica. Não só de forma
intencional de quem a produz, mas por conta de seus fundamentos epistemológicos
e teóricos.
Fundamenta-se no marxismo e adota o materialismo histórico e dialético como filosofia, teoria e método. Nesse sentido, concebe o homem como ativo, social e histórico; a sociedade, como produção histórica dos homens que, através do trabalho, produzem sua vida material; as ideias, como representações da realidade material; a
34
realidade material, como fundada em contradições que se expressam nas ideias; e a história, como o movimento contraditório constante do fazer humano, no qual, a partir da base material, deve ser compreendida toda produção de ideias, incluindo a ciência e a psicologia.(BOCK; GONÇALVES; FURTADO, 2009, p.18)
A base materialista histórica e dialética da psicologia sócio histórica estimula
o questionamento constante do papel do homem na produção de suas relações, ou
seja percebendo sua participação nas condições sociais que o determinam. A
percepção deste processo de construção social do indivíduo requer a elaboração de
conhecimento sobre a realidade em que se está inserido, dando ao conhecimento da
psicologia um caráter não natural.
Para Vygotsky (1984):
A natureza psicológica dos homens origina-se no conjunto de relações sociais internalizadas – o social é transformado em psicológico- constituindo-se, assim, seu mundo interno ou sua subjetividade. O indivíduo internaliza o mundo externo, que significa que ele reconstrói internamente as atividades e tudo que ocorre externamente a ele. Não significa uma simples reprodução do externo no interno, mas a transformação de um processo interpessoal em um processo intrapessoal. Isso significa que o indivíduo a partir de sua ação concreta no mundo externo, vai construindo seu mundo interno.(VYGOTSKY, 1984 apud BOCK, 2003 p.37)
Sendo assim o verdadeiro desenvolvimento psicológico do homem nasce do
pensamento socializado e vai no sentido do pensamento individual.
1.3 Percurso da Pesquisa
A pesquisa foi realizada em uma escola pública – de formação do Ensino
Médio e Ensino Técnico – localizada no município de Lins, no estado de São Paulo.
Apenas os questionários respondidos pelos alunos do Ensino Médio foram
analisados.
Os encontros ocorreram na própria instituição numa sala ampla, bem
iluminada, climatizada, silenciosa e sem nenhuma interrupção; dedicada aos
encontros de Orientação Profissional; as cadeiras durante a aplicação do
questionário eram sempre organizadas enfileiradas para que não houvesse nenhum
tipo de contaminação nas respostas, já na intervenção as cadeiras eram colocadas
em um círculo para que todos pudessem participar ativamente dos encontros.
35
Fizeram parte da pesquisa 10 estudantes do Ensino Médio, com 14 a 16
anos.
Como pesquisadoras participaram do processo de orientação profissional,
duas estagiárias do 5º ano de psicologia, atuando como observadoras,
coordenadoras e orientadoras nessa pesquisa.
A entrada das estagiárias na instituição ocorreu por conta do estágio
Específico de Formação Profissional em Psicologia na área da Orientação
Profissional ministrado pela Professora Supervisora Liara Rodrigues de Oliveira. O
estágio é proposto pela instituição de ensino UniSALESIANO, as estagiárias já
participam desse projeto há quatro semestres.
Os alunos foram convidados para participarem da pesquisa de forma
espontânea, e todos continuaram participando dos encontros da mesma forma;
sabendo que poderiam desistir do processo a qualquer momento. Isso proporcionou
aos encontros um clima de acolhimento, e desejo mútuo de conclusão do processo
de orientação profissional. Construindo assim um vínculo, cumplicidade, sentimento
de pertença, cooperação e comunicação com os participantes da pesquisa.
Um questionário foi aplicado no primeiro encontro num ambiente neutro, sem
interrupções ou interferências externas, o objetivo da aplicação do mesmo é
observar e pontuar os conhecimentos dos alunos antes de participarem e terem
contato com qualquer tipo de informação ou orientação profissional; depois se deu o
início do processo de orientação profissional, que ocorre com rodas de conversa,
aplicação de dinâmicas, role play e atividades escritas e orais. Quando esse
processo foi finalizado, outro questionário foi aplicado com questões muitas vezes
semelhantes ao primeiro e algumas distintas, de forma a analisar as mudanças no
conhecimento desses alunos e observar a opinião dos mesmos perante a esse
processo que lhes foi apresentado.
Todos os encontros foram executados de forma flexível e dinâmica, com a
participação no processo não somente das estagiárias mas também de todos os
orientandos.
36
CAPÍTULO IV
DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA
1 APROXIMAÇÃO COM O CAMPO
A escolha pelo campo surgiu a partir da experiência de estágio em Orientação
Profissional vivenciada pelas pesquisadoras, desencadeada devido a demanda
apresentada pela orientadora educacional da ETEC, que entrando em contato com a
instituição de ensino UniSALESIANO, apresentou interesse no estágio Específico de
Formação Profissional em Psicologia na área da Orientação Profissional oferecido
pela universidade e ministrado pela Professora Supervisora Liara Rodrigues de
Oliveira.
O local de estágio foi oferecido a todos os alunos do estágio Específico de
Formação Profissional em Psicologia na área da Orientação Profissional, e conforme
a necessidade e a demanda de estágio com adolescentes a dupla de estagiárias
escolheu esse ambiente por um desafio, já que ambas nunca tiveram contato com o
público alvo da instituição, sendo esses adolescentes.
Após a escolha das estagiárias, deu-se o início ao estágio no primeiro
semestre de 2017, repetindo-se no segundo semestre deste ano. O estágio ocorreu
novamente no primeiro semestre de 2018 e somente no segundo do mesmo ano foi
realizada a coleta de dados para o Trabalho de Conclusão de Curso das alunas.
No ano de 2017 foram desenvolvidas atividades voltadas ao
autoconhecimento tendo percebido tal necessidade dentre os adolescentes, diante
de cada atividade demonstravam falta de conhecimento de si, percebido a partir do
comportamento dos participantes, se mostrando cada vez mais interessados e
surpresos pelas atividades apresentadas. No primeiro semestre deste ano foram
realizados um total de 11 encontros, contando com a presença de 14 alunos do
terceiro ano do ensino médio.
As atividades realizadas no primeiro semestre desse ano eram roda de
conversa, atividades escritas e dialogadas disparadoras de reflexões e dinâmicas;
ao final do processo foi proposto aos alunos uma carta de recomendação da
orientação profissional.
37
No segundo semestre de 2017 as atividades e reflexões propostas foram as
mesmas, as únicas mudanças que ocorreram neste processo foi a inclusão de uma
oficina de confecção de currículo e também a dramatização de entrevistas de
emprego. Nesta nova intervenção participaram 07 alunos do segundo ano do ensino
médio e o número de encontros propostos permaneceu o mesmo.
O intuito das atividades se manteve o mesmo em 2018 no primeiro semestre,
sendo incluído uma nova modalidade de entrevista de emprego, a seleção em
conjunto, onde os jovens eram instigados a inventar uma vaga em que todos
disputariam pela mesma; neste processo participaram 13 alunos de primeiro e
segundo ano do ensino médio, onde foi realizado com os mesmos 15 encontros.
Atividade esta que permaneceu no segundo semestre em que ocorreu a coleta de
dados, no semestre em que foi realizada a pesquisa a única mudança aplicada foi a
apresentação das profissões escolhidas pelos alunos, em tabelas com valor das
graduações, áreas de atuação do profissional e faculdades próximas da região. As
informações sobre cada semestre de intervenção desde o ano de 2017 estão
descritas no quadro abaixo.
Quadro 1 - Quadro de referência das intervenções de estágio
Informações 1º semestre
2017
2º semestre
2017
1º semestre
2018
2º semestre 2018
Encontros 11 11 15 08
Participante
s
14 07 13 10
Série/Ano 3º Ensino
Médio
2º Ensino
Médio
1º e 2º Ensino
Médio
1º e 2º Ensino
Médio
Temas Autoconheci-
mento,
Planejamento
de futuro.
Autoconheci-
mento,
Planejamento
de futuro,
Currículo,
Entrevista de
emprego
Autoconheci-
mento,
Planejamento
de futuro,
Currículo,
Entrevista /
Seleção de
emprego e
Autoconheci-
mento,
Planejamento de
futuro, Currículo,
Entrevista/Seleçã
o de emprego e
Mercado de
Trabalho
38
Mercado de
Trabalho
Abordagem Roda de
conversa,
dinâmicas,
atividades
escritas e
orais e carta
de
recomendaçã
o
Roda de
conversa,
dinâmicas,
atividades
escritas e
orais,
confecção de
currículo, role
play/dramatiza
-ção e carta de
recomendação
Roda de
conversa,
dinâmicas,
atividades
escritas e
orais,
confecção de
currículo, role
play/dramatiza
-ção e
feedback
Roda de
conversa,
dinâmicas,
atividades escritas
e orais, confecção
de currículo, role
play/dramatiza-
ção e feedback
Fonte: Elaborado pelas autoras, 2018.
1.1 Intervenção
Para a intervenção foram estruturados oito encontros com uma hora e trinta
minutos de duração cada um, sendo que dois encontros foram dedicados à
aplicação do questionário A (pré intervenção) (APÊNDICE A) e questionário B (pós
intervenção) (APÊNDICE B), sendo quatro encontros destinados à aplicação de
dinâmicas de autoconhecimento, planejamento de futuro e apresentação das
profissões escolhidas pelos participantes, um encontro foi destinado a confecção de
currículo e um encontro para a dramatização das entrevistas de emprego.
O primeiro contato com os orientandos ocorreu com a apresentação do
Projeto de Orientação Profissional e do Termo de Assentimento (APÊNDICE C),
assinado pelos adolescentes, e a entrega do Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (APÊNDICE D) para os responsáveis dos participantes.
Em um próximo encontro foram recolhidos os termos assinados pelos
responsáveis e então aplicado o Questionário A, contendo perguntas abertas e
fechadas, tendo essas o objetivo de identificação do público e conhecimentos acerca
da orientação profissional, perspectiva de futuro, mercado de trabalho e
autoconhecimento. Após a aplicação do questionário iniciou-se no mesmo encontro
o processo de OP, que ocorreu em um período de seis encontros semanais. No
39
último encontro aplicou-se o Questionário B, com o objetivo de coletar dados
referentes ao processo de OP, dados estes que buscavam identificar o
entendimento dos alunos após a intervenção de OP, como o amadurecimento de
suas escolhas pessoais e profissionais, a noção do mercado de trabalho e o nível de
satisfação alcançado pelos participantes ao participarem do processo realizado.
Deu-se início ao processo de orientação profissional abordando o tema
autoconhecimento, aplicando a dinâmica “Curtigrama”(MAHL, SOARES & OLIVEIRA
NETO, 2005) sendo esta uma dinâmica de autoconhecimento, que consiste num
diagrama relativo aos gostos e ações; a finalidade da aplicação desta dinâmica é de
entender o que agrada ou não, para assim traçar um caminho para a escolha
profissional e até mesmo pessoal. Foi aplicado neste mesmo encontro a dinâmica
“Uma pessoa que” que consiste em responder questões como: uma pessoa que leve
a vida legal; de sucesso; admirável; bonita; realizada profissionalmente; de prestígio;
feliz; batalhadora; legal; e de referência; de forma a realizar uma reflexão e
discussão sobre os resultados das atividades. O objetivo do encontro foi
proporcionar um ambiente confortável para favorecer o contato inicial, a formação de
vínculo entre orientandos e pesquisadoras, a interação entre os orientandos,
permitindo que se conhecesse o público e fazer com que eles se conhecessem.
No encontro seguinte realizou-se a dinâmica Roda da vida, círculo dividido em
doze partes, divididas entre: espiritualidade; saúde; desenvolvimento intelectual;
equilíbrio emocional; trabalho; finanças; contribuição social; amizades e família;
afetividade; vida social; lazer; e realização, os participantes devem atribuir
pontuações para cada âmbito da sua vida e assim refletir e perceber qual o grau de
satisfação e dedicação com cada uma das áreas listadas, a atividade é uma forma
de se fazer uma revisão da vida atual e assim auxiliá-lo a traçar novos objetivos e
então investir nas áreas “deficientes”, possibilitando também uma reflexão individual
sobre o valor dado a cada área de sua vida, tendo uma maior percepção do seu
tempo, planejamento e autoconhecimento. Neste mesmo dia recolheu-se
informações acerca das profissões, de maior interesse dos alunos, dentre elas,
administração, psicologia, biomedicina, direito, medicina veterinária, engenharia civil,
arquitetura, medicina, enfermagem, análise de sistemas, engenharia de produção e
nutrição, para realizar uma roda de conversa com informações relevantes sobre as
profissões levantadas.
40
Nos dois encontros seguintes ocorreu a roda de conversa sobre as profissões de
preferência dos participantes, foi confeccionada uma tabela com informações sobre
as universidades próximas que oferecem o curso, preço, áreas de atuação e
curiosidades. Este encontro foi desenvolvido a partir da percepção de que os alunos
não apresentavam conhecimentos amplos acerca das profissões de interesse, isso
se dá a falta de pesquisa dos mesmos e de certa forma até uma falta de interesse, já
que os participantes revelaram nunca terem pesquisado nenhuma informação mais
aprofundada sobre os assuntos. Os jovens revelaram apenas conhecimento de
senso comum, tendo visões muitas vezes estereotipadas das profissões.
No encontro seguinte do processo de OP, foi realizada uma oficina de
confecção de currículos, num primeiro momento houve uma apresentação de slides
sobre as informações relevantes deste documento, abordando com os jovens como
o mesmo deve ser apresentado. Para iniciar a discussão sobre o assunto foi
mostrado aos participantes um currículo confeccionado de forma incorreta, contendo
uma formatação errada; neste modelo apareciam letras coloridas, espaçamento
incorreto, a foto de apresentação do candidato era uma foto informal, informações
irrelevantes como: onde cursou o ensino fundamental, número de CPF e RG,
pretensão salarial e assinatura do candidato. Neste momento os estudantes foram
questionados sobre os erros do currículo e poucos deles conseguiram apontar todos
os erros corretamente. Após a apresentação deste currículo, foi entregue aos
mesmos um modelo correto para que eles analisassem e compreendessem a
diferença entre os dois; neste dia os participantes foram auxiliados com seus
próprios currículos uma vez que os que já obtinham o documento levaram para uma
avaliação e correção.
No último encontro de intervenção foi realizado a dramatização da entrevista
de emprego, num primeiro momento os participantes desenvolveram uma vaga de
emprego, em que todos iriam se apresentar para a mesma; a vaga escolhida foi para
jovem aprendiz de uma grande empresa, o cargo escolhido foi de auxiliar
administrativo, foi orientado aos jovens que se apresentassem falando nome
completo, idade, curso que frequenta, suas contribuições para a empresa e seus
pontos forte e fracos para o trabalho, foi estipulado também um tempo médio de
cinco minutos de duração da apresentação.
41
Neste momento pode-se observar a falta de maturidade e a insegurança de
cada um, tendo vícios de linguagem, a fala informal, postura curvada e muita
movimentação dos braços.
Após a apresentação de todos, as estagiárias corrigiram alguns pontos e a
dinâmica foi realizada novamente, dessa vez com todos os cuidados e correções por
parte dos jovens.
Foi realizada também uma entrevista individual com cada participante,
novamente alguns equívocos ocorreram, como a insegurança, erros nas falas e o
vocabulário pouco rico. Como anteriormente as estagiárias ajudaram os
participantes e fizeram as correções necessárias.
E no último encontro o questionário B foi aplicado numa sala ampla, sem
interrupções, bem refrigerada e calma; para que nenhum estímulo externo
atrapalhasse os jovens.
2 Resultados da Intervenção
Tabela 1 -Demonstrativo de gênero, faixa etária e ano escolar
Feminino: 60%
Masculino: 40%
14 anos: 40%
15 anos: 60%
1º ano Ensino Médio: 60%
2º ano Ensino Médio: 40%
Fonte: Elaborado pelas autoras, 2018
Tabela 2 - Você acredita que os adolescentes estão bem informados sobre profissões?
Sim: 0%
Não: 100%
Fonte: Elaborado pelas autoras, 2018
Na primeira questão quando questionados a respeito da informação que os
adolescentes têm sobre profissões em geral, todos os participantes responderam
42
que não estão bem informados a respeito deste assunto; citando a falta de
preocupação com o futuro, e falta de interesse em procurar informação ou realmente
não têm essa informação.
Segundo Lisboa e Soares (2018) em relação ao futuro profissional, o jovem
espera realizar uma escolha perfeita, e frequentemente pensa: “Se eu gosto de
biologia, então vou fazer Medicina”, “Se eu gosto de matemática e de física, então
vou ser engenheiro”. Porém essa correspondência não é linear como parece, pois a
escolha inclui uma série de outros fatores.
A OP em escolhas públicas pode começar com um trabalho de motivação e “autorização” dos jovens para a possibilidade de pensar seu futuro, seja para prorrogação da escolaridade ou para o ingresso mais imediato no mercado. Quanto à primeira proposta, eles podem aproveitar o processo de OP para seu autoconhecimento, para tomar consciência de seu projeto de vida e profissional e das possibilidade de ingresso em cursos técnicos e ensino superior. (LISBOA, SOARES, 2018, p.17)
Percebe-se que os jovens têm uma visão imatura, insegura e pouco ampla
sobre as escolha profissionais, se deixando levar pelo estereótipo das profissões,
relacionando-as com as matérias da escola.
Tabela 3 -Você acredita que a Orientação Profissional pode ajudá-lo (a) nessa escolha?
Sim: 100%
Não: 0%
Fonte: Elaborado pelas autoras, 2018.
Todos os adolescentes acreditam que a orientação profissional pode ajudá-
los na escolha profissional; citando o auxílio que a OP traz, identificação com
profissões, a partir do autoconhecimento, explanar outras escolhas profissionais com
a OP e direcionamento quanto a profissão.
Segundo Bock, Gonçalves e Furtado (2009) nessa afirmativa fica claro que a
orientação profissional possibilita uma intervenção que traz informações e reflexões
sobre vários aspectos dando ao sujeito a possibilidade de se apoderar de suas
determinações, compreendendo-se como um sujeito único, singular/histórico e social
ao mesmo tempo.
43
A questão “O que você entende por orientação profissional?” foi inserida nos
dois questionários, de forma que é possível ver a evolução dos alunos diante do
processo de Orientação Profissional realizado na escola.
Antes da intervenção em orientação profissional 08 responderam somente
que a OP ajuda na escolha da carreira profissional. Como o S9 cita “acho que é um
tipo de ajuda para escolher que faculdade fazer”. Já S4 responde “grupo de pessoas
que precisam ser ajudadas para escolher uma carreira”.
Como a maior parte (80%) apresenta uma concepção que relaciona a OP
com a escolha da profissão, o que não condiz ao processo de Orientação defendido
pela abordagem sócio-histórica, que traz uma forma ampla e não diretiva.
Após a intervenção as respostas ficam mais bem elaboradas, os alunos citam
a importância do autoconhecimento no processo de escolha, a segurança diante da
escolha, o auxílio que a OP traz, e a reflexão sobre o futuro. Como explica S5
“Entendo que é um processo onde se é estimulado a refletir sobre a escolha
profissional, conhecendo profissões e atividades relacionadas ao âmbito profissional
(currículo e entrevistas)”. S7 cita “É uma orientação para o seu futuro profissional,
você entra em uma busca por autoconhecimento que te ajuda a fazer suas
escolhas”. Finalizando S9 cita a orientação profissional como “é aquilo que auxilia as
pessoas a se encontrarem para que possam se sentir bem na escolha de sua
carreira”.
Outra questão comparativa foi “Na sua opinião o que influencia na escolha
profissional?”
No primeiro questionário 40% dos jovens responderam que a família e a
sociedade influenciam na escolha, foram citadas também as matérias que gostam e
as dificuldades/facilidades; S5 cita “Status, dinheiro e por último amor”.
Santos (2005) enfatiza que os fatores que influem na escolha de uma
profissão variam de características individuais a convicções políticas e religiosas,
valores e crenças, situação política e econômica do país, a família e os pares. Ao
perceberem as influências que sofrem ao longo da vida, os adolescentes têm a
possibilidade de desenvolver uma postura crítica possibilitando refletir sobre os
aspectos positivos e negativos que norteiam suas escolhas.
No questionário aplicado após a intervenção 80% citou que o apreço, gosto e
interesse na profissão é o mais importante na escolha profissional, e 20% o mercado
44
de trabalho. S5 cita “O apreço pela área, as condições do mercado de trabalho e o
fator financeiro”.
Bock (2002) destaca que a partir do autoconhecimento e da autopercepção
das características particulares, o indivíduo tem condições de elaborar melhor seu
projeto de vida.
Segundo Bock (2001, p. 144 apud BOCK, GONÇALVES E FURTADO, 2009,
p.173) a melhor escolha profissional é aquela que consegue dar conta (reflexão) do
maior número de determinações para, a partir delas, construir esboços de projeto de
vida pessoal e profissional.
Cabe a orientação profissional ajudar a tornar a informação significativa para
o jovem, fazendo com que o mesmo selecione as informações que realmente são
importantes entre as tantas possibilidades apresentadas, como os meios citados na
tabela seguinte, compreendê-las de forma cada vez mais abrangente e profunda e
torná-las parte do referencial.
Tabela 4: “Onde você procura informações sobre profissões?”
Internet: 66%
Livros: 7%
Revistas: 0%
Programas de Televisão: 13%
Programa de Rádio: 0%
Filmes: 7%
Outros – Escola: 7%
Fonte: Elaborado pelas autoras, 2018.
Levenfus e Soares (2010) afirmam que no processo de procura pela
identidade pessoal e profissional, o adolescente acaba se apoiando naidentificação
com a família, nos vínculos e apoios que recebe através do contexto social.
Tabela 5: “Quem você procura para obter informações profissionais?”
Colegas: 9%
Professores: 29%
Familiares: 43%
45
Religiosas: 0%
Profissionais – Psicólogo: 9%
Profissionais – Atuem na área de interesse: 5%
Outros – Internet: 5%
Obs.: um aluno respondeu novamente internet.
Fonte: Elaborado pelas autoras, 2018.
Segundo Luz Filho (2002) é nítido que quando há uma identificação do jovem
com uma pessoa por meio de sua profissão, criam-se expectativas e estereótipos
relacionados à sua ocupação, como é o caso das influências de professores e outros
profissionais. Já a influência dos amigos, está diretamente ligada a satisfação social
ou status, uma vez que a escolha por uma profissão inclui o reconhecimento e a
aceitação perante a sociedade.
Na questão “Que tipo de informação você tem sobre o mercado de trabalho
no Brasil?”
Anteriormente à intervenção 60% dos participantes citaram a crise
econômica, 10% citaram que há necessidade de mais professores e médicos, 10%
acredita que ainda existem áreas novas de trabalho e jovens a procura de emprego
e 20% não tem qualquer tipo de informação. Após a intervenção 30% citou a crise
econômica enfrentada pelo país, 30% a concorrência dentro do mercado de
trabalho, 30% citaram sobre o crescimento de vários campos novos e 10% não tem
informação.
Com relação ao mercado de trabalho consideramos importante estimular os jovens a refletir sobre até que ponto se deve privilegiar esse item na escolha profissional. No momento da escolha, o jovem tende a idealizar a sociedade e o mercado de trabalho, compreendendo esse mercado como algo imutável, cristalizado. Nosso esforço é para que o jovem compreenda o mercado como um fenômeno conjuntural, determinado pela dinâmica da sociedade capitalista. Sem dúvida, o mercado é um aspecto importante a ser considerado, mas desde que compreendido nessa perspectiva dinâmica. (BOCK, GONÇALVES, FURTADO, 2009, p.174-175)
Fica nítido que após a intervenção a porcentagem das informações sobre o
mercado de trabalho ampliaram, o que antes baseava-se em grande parte numa
única opção, crise econômica (60%), percebeu-se que a visão ficou mais vasta e se
distribuiu em outras questões. Logo sendo o objetivo da OP de levar os jovens a
46
reflexão, indagação e a compreensão sobre sua realidade individual, a realidade
social e de seus contextos em seus múltiplos aspectos, foi atingido.
Tabela 6: “Quando você terminar o ensino médio, você sabe o que pode fazer?”.
Antes da OP Após a OP
Sim: 60% Sim: 90%
Não: 40% Não: 10%
Fonte: Elaborado pelas autoras, 2018.
Diante do comparativo das respostas dos participantes dos questionários pré
OP e pós OP, evidencia-se o possível impacto da orientação profissional realizada,
que bem possivelmente tenha dado a eles novos horizontes, novas reflexões e com
isso maiores possibilidades de escolhas e de oportunidades.
O que claramente constitui uma das contribuições que inegavelmente a
orientação profissional os proporcionou.
Nesse sentido, a OP, por caracterizar-se como uma prática que objetiva auxiliar as pessoas a conscientizarem-se dos caminhos possíveis, escolhendo a partir de uma apropriação de seu contexto e dos fatores que influenciam a escolha, pode sensibilizar o jovem para a construção de seu projeto de vida. Se o jovem não for o agente desse projeto, ficará alheio a seus próprios planos de vida. A OP com jovens de baixa renda e, consequentemente, de baixa escolaridade vida orientar para a ressignificação ou mesmo para a construção de um projeto de vida, compreendendo suas possibilidades e vislumbrando caminhos para a realização desse tipo de projeto. (MANDELLI, SOARES E LISBOA, 2011, p. 53).
Tabela 7: “O que você pretende fazer ao concluir os estudos?”
Antes da OP Após a OP
Faculdade: 61% Faculdade: 53%
Trabalhar: 39% Trabalhar: 33%
Pós Graduação: 14%
Fonte: Elaborado pelas autoras, 2018.
Quando comparado as respostas anteriores a intervenção e posteriores é
possível claramente perceber as novas tomadas de decisões dos jovens, e a
ampliação de seu campo de escolha. Evidenciando novamente que os objetivos da
47
OP foram alcançados, de forma com que os adolescentes se mostraram mais
críticos e preparados para seu planejamento futuro.
A abordagem sócio histórica conceitua a OP como “um conjunto de
intervenções que visam à apropriação dos chamados determinantes da escolha.
Estes determinantes é que levam à compreensão das decisões a serem tomadas e
possibilitam a elaboração de projetos” (BOCK,2001 apud BOCK, GONÇALVES,
FURTADO 2009).
Tabela 8:“Você faz planos para o futuro? Quais?”
Antes da OP Após a OP
Sim: 90% Sim: 100%
Não: 10% Não: 0%
Fonte: Elaborado pelas autoras, 2018.
No questionário anterior ao processo de OP, S7 respondeu que não faz
planos, já no questionário posterior a OP o mesmo responde “Focar nos estudos
para fazer uma boa faculdade, trabalhar em algo que eu goste e poder viajar”.
Percebe-se que os planos eram mais imaturos, S5 no primeiro questionário
não citou seus planos, já no segundo “Conhecer o mundo, ter estabilidade financeira
e um emprego que eu goste”. S6 cita no primeiro questionário “Viajar o mundo”, num
segundo momento cita “Ter uma vida financeira estável e um dia alcançar a
felicidade”.
Como Bock (2001apud BOCK, GONÇALVES e FURTADO 2009, p.177)
afirma: “a escolha é um ato de coragem do jovem que escolhe, naquele momento, o
que quer e o que está disposto a perder. É um momento importante da construção
de sua subjetividade”.
Tabela 9:“Você gostaria de receber algum tipo de orientação profissional?”
Sim: 100%
Não: 0%
Fonte: Elaborado pelas autoras, 2018.
48
Tabela 10:“Você já tinha participado de algum tipo de Orientação Profissional antes?
Sim: 0%
Não: 100%
Fonte: Elaborado pelas autoras, 2018.
Por conta do precário serviço de orientação profissional nas instituições de
ensino, houve a maior percepção da necessidade de organizar um projeto que
sanasse essa deficiência.
Segundo Colombo e Prati (2014)
Frente a esse momento complexo de decisão vivenciado pelo adolescente, a maturidade para realização da escolha profissional torna-se um aspecto extremamente relevante. Conceitualmente, está se refere ao conjunto de atitudes e conhecimentos que o indivíduo acumula para realizar, de forma consciente e independente, sua escolha profissional. Na escolha de uma profissão estão envolvidos fatores pessoais, culturais e sociais. (p.203)
Tabela 11: “Você ficou com dúvidas?”
Sim: 0%
Não: 100%
Fonte: Elaborado pelas autoras, 2018.
Tabela 12: “Faltou alguma informação ou conteúdo que poderia ter sido abordado na Orientação?"
Sim: 10%
Não: 90%
Obs.: Uma participante destacou que gostaria de ter mais tempo para o processo de
orientação profissional.
Fonte: Elaborado pelas autoras, 2018.
Este foi um ponto muito discutido entre orientadora e as orientandas.
Percebeu-se que o tempo ficou escasso devido ao tempo hábil para providenciar
toda a documentação e a aprovação da pesquisa.
49
Tabela 13: “Acha importante que as escolas tenham algum tipo de Orientação
Profissional?”
Sim: 100%
Não: 0%
Fonte: Elaborado pelas autoras, 2018.
S2 “Porque os alunos saem da escola sem muitas informações sobre carreira,
trabalho e currículo”.
S5 “Pois ao mesmo tempo em que temos acesso a muitas informações através da
internet, não podemos atribuir veracidade a todas, portanto um profissional
qualificado é o mais adequado”.
S9 “Acho que é uma forma ótima de tentar tirar essa pressão que os jovens tem de
se sentirem obrigados a escolherem rápido algo a fazer, o que muitas das vezes
leva a insatisfação”.
Segundo Lisboa e Soares (2018) apud Mandelli, Lisboa e Soares (2011): a escola é definida como espaço onde o aluno desenvolve suas potencialidades afetivo, cognitivas e sociais. Assim, seu objetivo seria não só fornecer conhecimentos teóricos como também preparar para o trabalho, oferecendo uma formação adequada para o ingresso no mundo profissional. Entretanto, na realidade não é bem assim que acontece. Em geral, as escolas não fornecem atividades sistemáticas de informação e orientação ocupacional. Nessa perspectiva a OP aonde é realizada de modo superficial e informativo, sendo fundamental e urgente um trabalho consistente que propicie aos estudantes escolhas apropriadas e bem fundamentadas.
Tabela 14:“Você recomendaria a Orientação Profissional a outros jovens?”
Sim: 100%
Não: 0%
Fonte: Elaborado pelas autoras, 2018.
Tabela 15: “Numa escala de 1 a 5, em que 1 corresponde a pouco insatisfeito e 5 equivale a muito satisfeito, com se sente por ter participado da OP?”
1: 0%
2: 0%
3: 0%
4: 40%
50
5: 60%
Fonte: Elaborado pelas autoras, 2018.
Tabela 16: “Como você se sente diante da sua escolha profissional?”
a) Ainda não me vejo pronto para escolher: 0%
b) Tenho dúvidas: 0%
c) Estou seguro das minhas escolhas: 50%
d) Não penso sobre isso: 0%
e) Sinto-me perdido diante dessa escolha: 0%
f) Já escolhi, mas tenho dúvidas: 40%
Outras: S1 “Já escolhi mas não sei se conseguirei realizar meu sonho”.
Obs.: S9 complementou “E também me sinto apta para no futuro, quem sabe,
ter novas escolhas”.
Fonte: Elaborado pelas autoras, 2018.
Segundo Levisky (1995), “o sentimento de dúvida é uma condição adquirida,
um sinal de maturidade, pois pressupõe capacidade de suportar a ambivalência
frente ao objeto”.
Diante desta questão percebe-se que os adolescentes se sentem inclinados a
realizar uma escolha segura, porém mesmo após o processo há ainda um
sentimento de dúvida e angústia diante do caminho a ser seguido.
Levenfus& Soares (2002), também trazem que a escolha e a decisão apontam para um sentimento de angústia frente a indecisão, como a dificuldade de escolher tantos campos e cursos, no momento da escolha, muitos jovens acreditam que é muito cedo para tomar tantas decisões na vida e o vestibular que parece ser um “bicho de sete cabeças”, esses medos tem relação o medo de errar na escolha profissional.
Percebe-se que essa angústia provem também da falta de preparação para o
futuro profissional do próprio processo de educação, sendo importante então o início
dessa orientação profissional o quanto antes.
3 PARECER FINAL
O trabalho de orientação profissional desenvolvido na Escola Técnica de Lins,
este em sua quarta turma, foi elaborado diante da percepção de necessidades
apresentadas pela instituição e próprios alunos.
51
A parceria entre a instituição e a Universidade se mostrou pontual e relevante,
já que esta se constitui como um apoio a estes adolescentes em momentos cruciais
na trajetória pessoal e profissional.
Desenvolveu-se este trabalho com o objetivo de apresentar a deficiência de
informações relevantes acerca da orientação profissional e a necessidade de
apresenta-la a estes jovens. Esta experiência possibilitou aos adolescentes o
autoconhecimento, como se dá a escolha profissional, reflexão sobre o projeto de
vida e mercado de trabalho.
Durante o processo utilizou-se dinâmicas que possibilitaram a criação de
vínculo entre o grupo, desenvolvendo nos alunos habilidades sociais, permitindo que
ocorresse o compartilhamento de pensamentos, inseguranças e dúvidas. O
processo possibilitou ao jovem o compartilhamento de questões relevantes,
realizando o debate oral e escrito podendo realizar assim o levantamento de
informações que os mesmos trouxeram. Fazendo com que houvesse entre o grupo
um sentimento de identificação e pertencimento.
Dentre os ganhos do processo, observou-se claramente a evolução dos
alunos diante das dinâmicas realizadas, evolução esta observada diante dos
debates propostos e realizados pelos mesmos em cada encontro; outro ponto
observado foi a mudança de comportamento apresentado pelos jovens onde a
insegurança foi dando lugar a confiança.
Os resultados obtidos apontam para escolhas mais seguras e assertivas,
conhecimento amplo de si mesmo, reflexão profundas a partir do planejamento de
futuro e do ingresso no mercado de trabalho e/ou faculdade, deixando de lado
visões estereotipadas e imaturas. Além do preparo desses jovens para o futuro
profissional.
A inovação desta experiência consistiu em inserir a Orientação Profissional
dentro do processo educacional, como iniciativa de ampliar e estimular a criação de
novos projetos de OP.
Quanto as limitações encontradas, pode ser citada a falta de oferta desta
modalidade como parte da grade curricular, o que poderia viabilizar a maior
participação dos adolescentes neste processo.
Para futuras intervenções em OP na instituição, sugere-se a inserção dos pais
com atividades que os envolvam neste processo, já que como apresentado na
pesquisa são grandes influenciadores nesta fase da vida dos filhos, bem como
52
parceria de empresas locais com programas de inclusão do jovem no mercado de
trabalho e/ou estágios.
Por fim, pode-se concluir que a parceria com a instituição leva a reflexão e
ampliação da OP, e assim a criação de condições para que a mesma seja inserida
no cotidiano de escolas e empresas. Percebe-se ainda neste processo o
comprometimento da instituição, que se mostrou aberta a esta nova modalidade; e
mais ainda dos próprios alunos que participaram dos encontros ativamente e sem
faltas; podendo chegar aos resultados obtidos nesta pesquisa.
PROPOSTA DE INTERVENÇÃO
Diante da pesquisa realizada observou-se a relevância desse estudo, com
este público dado a importância que o mesmo deu ao processo de Orientação
Profissional; é um público que se mostra carente de iniciativas acerca da escolha
profissional e com informações restritas sobre a mesma.
A importância da intervenção foi observada quando a maioria dos alunos
relatou nunca ter participado de nenhum processo de OP antes, revelando também
um certo desconhecimento sobre o significado deste processo, outro ponto
observado foi a visão imatura dos adolescentes diante da escolha profissional e do
planejamento de futuro; já após o processo de OP, verificou-se que a visão imatura
e estereotipada foi abrindo caminho para uma nova visão do futuro e da escolha
profissional, ampliando o horizonte desses alunos diante de suas possibilidades e
anseios.
Notou-se a necessidade de mais intervenção de OP para esse público,
sempre com o objetivo de ampliar o conhecimento acerca das informações
profissionais, a percepção de si como um agente transformador, a ressignificação da
escolha e a construção de um planejamento. Estimulando nesses jovens a reflexão,
indagação e compreensão das situações que o cercam.
53
CONCLUSÃO
A partir da pesquisa relatada, compreende-se a importância e necessidade do
processo de Orientação Profissional com adolescentes, já que a intervenção
realizada com este público alcançou seus objetivos, constatando que a participação
no processo desencadeou ao orientando a construção de novos significados
relacionados ao trabalho e a escolha profissional, ampliando seu conhecimento e
autoconhecimento, despertando nos jovens a reflexão e percepção de novas
possibilidades.
Ao decorrer de toda a orientação profissional, iniciada com o pré questionário
ficou nítida a evolução dos participantes, não só durante as dinâmicas, roda de
conversa, mas também diante dos comportamentos e principalmente na mudança
diária da visão sobre a escolha profissional e sobre o amadurecimento do futuro.
As diferenças acima apontadas através das respostas ficam mais claras
diante dos seguintes apontamentos, quando os jovens explanam sobre suas
escolhas, sabendo que podem mudá-las no meio do caminho porque essa escolha
não é estática e quando percebem que carregamos muitos mitos do senso comum,
junto com uma pressão acerca do futuro e da escolha acertada.
Percebe-se essa mudança diante do feedback dos alunos quanto a escolha
profissional, pois mesmo quando se apresentam com dúvidas e angústias ainda sim,
têm uma postura mais madura diante dessa escolha. Postura essa que foi
observada também na questão sobre seus planos para o futuro, onde deixam de
lado sonhos imaturos e criam espaço para sonhos mais bem elaborados,
relacionados não apenas a seu crescimento profissional, mas também pessoal e
emocional.
Outro ponto relevante a ser comentado sobre o número de encontros, já que
uma das orientandas coloca isto como uma questão a ser melhorada; notou-se que
diante à demanda apresentada pelos adolescentes é perceptível a necessidade de
mais aprofundamento e até mesmo a incorporação de novos temas.
Com a fala dos participantes de nunca terem antes participado de um
processo de OP, e da importância que os mesmos percebem que este processo
tem; se vê neste campo uma necessidade de ampliação e criação de novas
intervenções, afim de suprir esta carência da instituição e dos adolescentes, criando
cada vez mais um ambiente de descoberta do mundo e de si.
54
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58
APÊNDICES
59
APÊNDICE A - Questionário PRÉ ORIENTAÇÃO
Nome:
Idade:
( ) 1º Ensino Médio ( ) 2º Ensino Médio ( ) 3º Ensino Médio
( ) Integrado ( ) Regular
1) Você acredita que os adolescentes estão bem informados sobre profissões?
( ) sim ( )não
Comente:______________________________________________________
______________________________________________________________
__________________________________________________
2) Você acredita que a orientação profissional pode ajudá-lo(a) nessa escolha?
( ) sim ( ) não
Comente:______________________________________________________
______________________________________________________________
__________________________________________________
3) O que você entende por orientação profissional?
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_____________________________________________________
4) Que critérios você considera importante para a escolha profissional?
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_____________________________________________________
5) O que o trabalho significa pra você?
______________________________________________________________
______________________________________________________________
___________________________________________________________
6) Na sua opinião o que influencia na escolha profissional?
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_____________________________________________________
7) Onde você procura informações sobre profissões?
( ) INTERNET ( ) LIVROS ( ) REVISTAS
( ) PROGRAMA DE TELEVISÃO ( ) PROGRAMA DE RÁDIO
( )FILMES ( ) OUTROS, QUAL ? ___________
60
8) Quais profissões despertam seu interesse?
_________________________________________________________________
_________________________________________________________
a) Quais informações tem sobre essas profissões?
______________________________________________________________
______________________________________________________________
__________________________________________________
b) Como buscou essas informações?
______________________________________________________________
______________________________________________________________
__________________________________________________
9) Quem você procura para obter informações profissionais?
( ) COLEGAS ( ) PROFESSORES ( ) FAMILIARES
( ) RELIGIOSAS ( ) PROFISSIONAIS, QUAIS?_________
( ) SERVIÇO DE ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL QUAL?___________
( ) OUTROS, QUAL? __________
10) Que tipo de informação você tem sobre mercado de trabalho no Brasil?
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_____________________________________________________
11) Deseja fazer um curso técnico?
( ) Sim, Qual?____________________ ( ) Não
12) Deseja fazer uma faculdade?
( )Sim, Qual? _____________________ ( ) Não
13) Quando você terminar o Ensino Médio, você sabe o que pode fazer?
( ) Sim ( ) Não
14) O que você pretende fazer ao concluir os estudos?
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_____________________________________________________
15) Você faz planos para o seu futuro?
( ) Sim, Quais? __________________ ( ) Não
61
16) O que você deseja para o seu futuro profissional?
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_____________________________________________________
17) Você gostaria de receber algum tipo de orientação profissional?
( ) Sim, Que tipo de informação?________________( ) Não
62
APENDICE B - Questionário Pós Orientação
Nome:
Idade:
( ) 1º Ensino Médio ( ) 2º Ensino Médio ( ) 3º Ensino
Médio
( ) Integrado ( ) Regular
1) Você já tinha participado de algum tipo de Orientação
Profissional antes? ( ) sim ( ) não
2) O que você entende por orientação profissional?
______________________________________________________________
______________________________________________________________
__________________________________________________
3) Que critérios você considera importante para a escolha
profissional?
______________________________________________________________
______________________________________________________________
__________________________________________________
4) Que tipo de informação você tem sobre mercado de trabalho no
Brasil?
______________________________________________________________
______________________________________________________________
__________________________________________________
5) Quando você terminar o Ensino Médio, você sabe o que pode
fazer?
______________________________________________________________
______________________________________________________________
__________________________________________________
63
6) O que você pretende fazer ao concluir os estudos?
______________________________________________________________
______________________________________________________________
__________________________________________________
7) O que você achou do processo de Orientação Profissional?
______________________________________________________________
______________________________________________________________
__________________________________________________
8) Como foi para você participar e poder falar sobre suas escolhas?
______________________________________________________________
______________________________________________________________
__________________________________________________
9) Você ficou com dúvidas? ( ) sim ( ) não. Quais?
______________________________________________________________
______________________________________________________________
__________________________________________________
10) Faltou alguma informação ou conteúdo que poderia ter sido
abordado na Orientação? ( ) sim ( ) não. O que?
______________________________________________________________
______________________________________________________________
__________________________________________________
11) O que na Orientação você considera ter sido mais relevante para
a elaboração da sua escolha profissional?
______________________________________________________________
______________________________________________________________
__________________________________________________
64
12) Acha importante que as escolas tenham algum tipo de
Orientação Profissional? ( ) sim ( ) não.
______________________________________________________________
______________________________________________________________
__________________________________________________
13) Após participar do processo de Orientação Profissional, o que
mudou na sua forma de pensar?
______________________________________________________________
______________________________________________________________
__________________________________________________
14) Quais são seus pensamentos e sentimentos em relação a sua
vida profissional?
______________________________________________________________
______________________________________________________________
__________________________________________________
15) O que você espera (sonha) para o seu futuro profissional?
______________________________________________________________
______________________________________________________________
__________________________________________________
16) Você recomendaria a Orientação Profissional a outros jovens? (
) sim ( ) não
17) Numa escala de 1 a 5, em que 1 corresponde a pouco satisfeito
e 5 equivale a muito satisfeito, como se sente por ter participado da OP? ( ) 1
( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5
18) Como você se sente diante da sua escolha profissional?
a) ( ) Ainda não me vejo pronto para escolher
b) ( ) Tenho dúvidas
c) ( ) Estou seguro das minhas escolhas
d) ( ) Não penso sobre isso
e) ( ) Sinto-me perdido diante dessa escolha
65
f) ( ) Já escolhi, mas tenho dúvidas
Outra resposta: ______________________________________
19) O que o trabalho significa pra você?
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_____________________________________________________
20) Na sua opinião o que influencia na escolha profissional?
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
_____________________________________________________
21) Quais profissões despertam seu interesse?
_________________________________________________________________
_________________________________________________________
c) Quais informações tem sobre essas profissões?
______________________________________________________________
______________________________________________________________
__________________________________________________
d) Como buscou essas informações?
______________________________________________________________
______________________________________________________________
__________________________________________________
22) Deseja fazer uma faculdade?
( )Sim, Qual? _____________________ ( ) Não
23) Você faz planos para o seu futuro?
( ) Sim, Quais? __________________ ( ) Não
66
APENDICE C -TERMO DE ASSENTIMENTO (TA)
Eu, Daniela Cristina Okuyama Diniz de Oliveira, estou convidando você para
participar da pesquisa que tem o nome de “A importância da orientação profissional
com adolescentes de ETEC - Escola Técnica Estadual de Lins”.
Para fazermos esta pesquisa precisamos saber o que acontece com as
pessoas ou como elas pensam sobre a orientação profissional. Por isso convidamos
adolescentes para participarem dessa pesquisa. Eu sou a pessoa responsável pela
pesquisa e já conversei com seus responsáveis e eles deram autorização para que
você participe. Seus pais podem mudar de ideia e não deixar que você continue a
participar da pesquisa a qualquer momento.
Junto comigo teremos outra pessoa que também é pesquisador. O nome dela
é Camila Okuyama Diniz de Oliveira.
Estamos fazendo essa pesquisa para saber quais as formas que a orientação
profissional pode influenciar os jovens na escolha de uma carreira.
Outros adolescentes também irão participar desta pesquisa. Eles têm de 14 a
17 anos de idade. A participação de todos é voluntária.
Eu estou conversando com você para explicar como a pesquisa será
realizada. Nós vamos nos encontrar na Escola Técnica Estadual – ETEC, em uma
sala destinada aos encontros, onde você e os outros participantes vão responder
algumas perguntas que faremos. Estas perguntas são fáceis e quando parecer difícil
e você não entender, poderá pedir para explicar quantas vezes quiser. Nós
usaremos um questionáriopara trabalhar com vocês.
A pesquisa é feita de forma que não aconteça nada que possa prejudicar
ninguém, por isso dizemos que é uma pesquisa segura. Caso alguma coisa
aconteça de errado (chamamos de risco) como constrangimento, seus pais serão
avisados imediatamente e você terá todo o atendimento necessário sem que seus
pais se preocupem com dinheiro para resolver o que aconteceu. Eles também
podem nos procurar pelos telefones: (14) 99615-7221 ou (14) 99615-7331 das
pesquisadoras e também entrar em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa do
UniSALESIANO Araçatuba-SP, Rodovia Teotônio Vilela, Bairro Alvorada, Araçatuba
- SP, Fone:(18) 3636-5252. O Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) é um grupo de
pessoas que deve existir nas instituições que realizam pesquisas envolvendo seres
humanos, criado para defender os interesses dos participantes da pesquisa e para
67
contribuir no desenvolvimento da pesquisa de acordo com as normas existentes. O
CEP do UniSALESIANO é diretamente ligado ao Centro Universitário Católico
Auxilium de Araçatuba-SP/Missão Salesiana de Mato Grosso.
Essa pesquisa vai trazer benefícios para outros jovens que ainda não se
sentem totalmente seguros quanto a escolha profissional e outras coisas boas,
como: ajudar as pessoas a conhecerem sobre a orientação profissional, sobre o
mercado de trabalho e informações sobre confecção de currículo e postura
profissional.
Você e todos os outros participantes podem desistir de participar da pesquisa
se não quiser. Não tem nenhum problema, é um direito que você tem.
Ninguém, além de seus pais, saberá que você está participando da pesquisa;
não falaremos a outras pessoas, nem falaremos o que você nos falar, a pessoas que
não conheça.
Quando acabarem as entrevistas e os outros trabalhos, teremos os resultados
da pesquisa. Os resultados da pesquisa vão ser divulgados, pela internet ou por
outros meios, mas sem mostrar os nomes e endereços dos participantes.
Eu__________________________________________________________,
Entendi as coisas boas e as coisas ruins que podem acontecer.
Entendi que posso dizer “sim” e participar e se eu não quiser mais, eu
posso dizer “não” e que ninguém vai ficar chateado ou vai brigar comigo, mesmo
que eu já tiver começado.
Camila me explicou tudo direitinho e respondeu ao que eu perguntei.
Daniela já me disse que meus pais deixaram que eu participe da
pesquisa.
Camila, Daniela e eu, lemos juntos o documento.
Eu,___________________________________________________________,
aceito participar da pesquisa “A importância da orientação profissional com
adolescentes de ETEC -Escola Técnica Estadual de Lins”.
Recebi uma via deste documento que tem o nome de Termo de
Assentimento.
Local, ____de _________de __________.
________________________________
68
Assinatura do(a) menor.
Data _______/______/______
69
APENDICE D - TERMO DE CONSENTIMENTO
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Você está sendo convidado (a) como voluntário (a) a participar da pesquisa:
“A importância da orientação profissional com adolescentes de ETEC - Escola
Técnica Estadual de Lins”.
A JUSTIFICATIVA, OS OBJETIVOS E OS PROCEDIMENTOS: O motivo que
nos leva a propor este estudo é mostrar a importância da orientação profissional na
escolha de carreira do estudante, a pesquisa se justifica a necessidade da coleta de
informações através destes jovens. O objetivo desse projeto é perceber a relevância
da orientação profissional nos jovens antes e após participarem de uma intervenção
na área. O (os) procedimento(s) de coleta de dados será da seguinte forma: serão
aplicados dois questionários, um pré intervenção e um pós intervenção.
DESCONFORTOS, RISCOS E BENEFÍCIOS: A sua participação neste
estudo pode gerar algum tipo de desconforto e/ou riscos como: o constrangimento
que pode ser minimizado com um ambiente seguro e acolhedor. Os benefícios
esperados sãoproporcionar um conhecimento mais ampliado sobre a orientação
profissional, de si e da sociedade.
FORMA DE ACOMPANHAMENTO E ASSISTÊNCIA: Os participantes serão
acompanhados das pesquisadoras e caso haja algum tipo de desconforto os
mesmos poderão ser encaminhados para a clínica-escola de psicologia no
UniSalesiano Lins.
GARANTIA DE ESCLARECIMENTO, LIBERDADE DE RECUSA E
GARANTIA DE SIGILO: Você poderá solicitar esclarecimento sobre a pesquisa em
qualquer etapa do estudo. Você é livre para recusar-se a participar, retirar seu
consentimento ou interromper a participação na pesquisa a qualquer momento, seja
por motivo de constrangimento e/ou outros motivos. A sua participação é voluntária
e a recusa em participar não irá acarretar qualquer penalidade ou perda de
benefícios. O(s) pesquisador(es) irá(ão) tratar a sua identidade com padrões
profissionais de sigilo. Os resultados da pesquisa serão enviados para você e
permanecerão confidenciais. Seu nome ou o material que indique a sua participação
não será liberado sem a sua permissão. Você não será identificado(a) em nenhuma
publicação que possa resultar deste estudo. Este consentimento está impresso e
deve ser assinado em duas vias, uma será fornecida a você e a outra ficará com o
70
pesquisador(es) responsável(eis). Se houver mais de uma página, tanto o
pesquisador quanto o participante deve rubricar todas as páginas.
CUSTOS DA PARTICIPAÇÃO, RESSARCIMENTO E INDENIZAÇÃO: A
participação no estudo, não acarretará custos para você e será disponibilizado
ressarcimento em caso de haver gastos com transporte, creche, alimentação, etc,
tanto para você, quanto para o seu acompanhante, se for necessário. No caso de
você sofrer algum dano decorrente dessa pesquisa você tem direito à procurar a
pesquisadora responsável afim de receber assistência integral e gratuita na clínica-
escola de psicologia no UniSalesiano Lins.
DECLARAÇÃO DO PARTICIPANTE OU DO RESPONSÁVEL PELO
PARTICIPANTE
Eu, ..................................................................................................................... .,
fui informado (a) dos objetivos da pesquisa acima de maneira clara e detalhada e
esclareci minhas dúvidas. Sei que em qualquer momento poderei solicitar novas
informações e ou retirar meu consentimento. Os responsáveis pela pesquisa acima,
certificaram-me de que todos os dados serão confidenciais. Em caso de dúvidas
poderei chamar a estudante Camila Okuyama Diniz de Oliveira, End.: Rua José
Pereira, nº 40, Tel.: (14) 99615-7221 ou a estudante Daniela Cristina Okuyama Diniz
de Oliveira, End.: Rua José Pereira, nº 40, Tel.: (14) 99615-7331 e o pesquisador
responsável Liara Rodrigues de Oliveira, End.: Rua Alfredo Fontão, nº 5-40, apto.
108, Tel.: (14) 99793-7066 ou ainda entrar em contato com o Comitê de Ética em
Pesquisa do UniSALESIANO, localizado na Rodovia Teotônio Vilela, Bairro Alvorada
– Araçatuba-SP Fone:(18)3636-5252, 08:00 às 14:00. O Comitê de Ética em
Pesquisa (CEP) é um colegiado composto por pessoas voluntárias,com o objetivo de
defender os interesses dos participantes da pesquisa em sua integridade e
dignidade e para contribuir no desenvolvimento da pesquisa dentro de padrões
éticos. O CEP – UniSALESIANO de Araçatuba é diretamente vinculado ao Centro
Universitário Católico Auxilium de Araçatuba-SP/Missão Salesiana de Mato Grosso.
Declaro que concordo em participar desse estudo. Recebi uma via deste
termo de consentimento livre e esclarecido e me foi dada a oportunidade de ler e
esclarecer as minhas dúvidas.
Assinatura:_______________________________________
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Nome legível:__________________________________________________
Data _______/______/______
................................................................................
Data_______/______/________
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ANEXOS
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ANEXO A - DECLARAÇÃO
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ANEXO B - PARECER CONSUBSTANCIADO
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