MICHELE DO ROCIO BIM
A IMPORTANCIA DO ESTAGIO NO PROCESSO DEFORMACAo DO PEDAGOGO EMPRESARIAL
Monografia apresentada como pre-requisito para conclusao do Curso deP6s-Graduac;ao em PedagogiaEmpresarial da Universidade Tuiuti doParana.Orientadora: Alboni Vieira
CURITIBA2001
TERMO DO COMPROMISSO
MICHELE DO ROCIO BIM
A IMPORTANCIA DO ESTAGIO NO PROCESSO DEFORMACAO DO PEDAGOGO EMPRESARIAL
Monografia apresentada como prE~-requisito para conclusao do Curse de Pas-Graduaca,o em Pedagogia Empresarial, Faculdade de Ciencias Humanas daUniversidacte Tuiuti do Parana.
Orientador: Prof.
Prof.
Prof.
"0 ideal e que cada pessoa fac;:asempre bem 0 seu trabalho, porque essetrabalho faz parte de um projeto de vida. Maso projeto de vida 56 vai se realizar se 0 grupotOdDfor vencedor."
Suzy Fleury
iv
AGRADECIMENTOS
Agrade!;o especial mente a minha orienta dora, a Professora Alboni Vieira, a
qual me ajudou a realizar este trabalho, incentivando-me a elaborar esta pesquisa, a
qual fai de grande valia para 0 meu enriquecimento profissional.
SUMARIO
RESUMO ... . vii
1 INTRODUt;AO ..
2 DEFINIt;AO DE ESTAGIO ....
. 01
. 04
21 TIPOS DE ESTAGIO 05
2.2 BENEFiclOS DO ESTAGIO 06
2.3 A IMPORTANCIA DO ESTAGIO 07
3 A LEGISLAt;AO E 0 ESTAGIO .. ............09
4 A PERSPECTIVA DO ESTAGIO 20
4.1 A PERSPECTIVA DISCENTE DO ESTAGIO 20
4.2 A PERSPECTIVA EMPRESARIAL DO ESTAGIO 22
4.3 A PERSPECTIVA DOCENTE DO ESTAGIO 24
4.4 A BUSCA POR UM MODELO IDEAL DE INTEGRACAo ENTRE ESCOLA-EMPRESA-ALUNO... . 26
5 EDUCAt;AO VERSUS 0 MUNDO DO TRABALHO ... . 30
6 A PEDAGOGIA EMPRESARIAL E 0 ESTAGIO 34
6.10 PAPEL DO PEDAGOGO EMPRESARIAL 36
7 APRESENTAt;AO E INTERPRETAt;AO DOS RESULTADOS OBTIDOS COM APESQUISA 38
8 CONSIDERAt;OES FINAlS ... . .42
9 ANEXOS .44
10 REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS ... . .46
vi
RESUMO
A importancia do eslagio para a formacao do pedagogo empresarial e
essen cia I para que 0 aluno desenvolva a teoria de seus conhecimentos, pois e
atraves do est8g10 que se enriquece a pratica profissional.
Atraves de dados bibliograficos, ou seja, de livros e artigos cientfficos que
abordem 0 tema pesquisado, e, de analise de dados coletactos entre aqueles que ja
tiveram a experi€mcia do e5tagio de Pedagogia Empresarial, apresentaremos as
resultados, as quais mostrarao qual fai a impoftancia do estagio para 0 atual
pedagogo empresarial, alem disso, serao mostradas dicas para que esse seja urn
perlocto de qualidade e enriquecimento na vida do aluno,
Palavras-chaves: estagio, pedagogia empresarial, experiencia profissional e
empresa.
vii
1 INTRODUCAO
o presente trabalho pro poe lanc;ar elementos para uma reflexao e discussao
sabre 0 estagio nos cursos de especializa~o, mais especificamente aD de
Pedagogia Empresarial, que e 0 objeto de estudo.
a que interessa aqui e pensar em uma pesquisa acerca do estagio dentro dos
cursos de especializac;:ao, enfocando a sua importancia, uma vez que expoe a ideia
de que para uma adequada qualificac;:ao do aluno e necessaria nao apenas urn
treinamento especlfico para a realizac;::ao das tarefas, mas uma base de
conhecimentos, atitudes e habilidade que podem ser complementadas com a
realizac;ao do estagio.
Configura-s8 portanto 0 presente trabalho, em uma contribuic;ao no sentido de
divulgar a importancia e a necessidade do estagio dentro da Educac;ao Superior,
entendendo-se esta como urn curso de P6s-Graduacao.
Contribuindo ainda para que este trabalho possa trazer subsidios aos futuros
alunos, bern como, para ser objeto de estudo para novas pesquisas.
Foi a partir desse contexto que surgiu 0 interesse pelo tema ~A importancia do
estagio no processo de formacao do Pedagogo Empresariar, buscando desta forma,
uma melhor compreensao do mesmo.
E, para melhor direcionar 0 rumo desta pesquisa optou-se pela seguinte
hip6tese: 0 estagio nos cursos de especializac;ao enriquece a pratica profissional.
Portanto, justifica-se a pesquisa, como meio de obtenc;a,o de subsidios que
tornem base de sustentacao para uma melhor capacitac;ao profissional dos
Pedagogos Empresariais, bem como, instrumento na busca de uma melhor
compreensao do estagio como aproxima<;:ao entre teoria e pratica, auxiliando 0 alune
2
a compreender e enfrentar 0 mundo do trabalho, contribuindo assim, para a
formac;ao de sua consciencia polftica e social.
Tambem com esta pesquisa, objetiva-se proporcionar uma reflexao acerca da
importancia do estagio na formay3o do Pedagogo Empresarial, bern como,
conceituar 0 seu papel na organiza93o, analisar a contribuic;:ao do estagio na
formac;ao deste profissional e possibilitar uma visao diferenciada a respeito do
estagio nos cursos de pos-graduac;ao.
Para 0 desenvolvimento deste trabalho adotau-se como metodologia a
pesquisa qualitativa, pais foge da rigidez do modele quantitativa, permitindo que a
pesquisa transcorra com maior liberdade. Sendo assim, os estudos que empregam
uma metodologia qualitativa permitem a descri<;8o da complexidade de determinado
problema; a analise, a intera<;80 de certas variaveis; a compreensao e classifica<;80
de processos dinamicos vivid os por grupos sociais e 0 entendimento das
particularidades do comportamento dos individuos.
Como instrumental de pesquisa, optou-se pela pesquisa bibliografica, pOis
permite ao pesquisador conhecer uma sucessi30 de ideias e informa<;:oes, auxiliando
tambem em estudos hist6ricos, partindo-se de um material ja elaborado, isto e, livres
e artigos cientfficos que abordem 0 tema pesquisado.
Adotou-se ainda como embasamento, a analise dos dados que constitui-se
como um meio para estudar as "comunica<;oes" entre os homens, colocando enfase
no conteudo das "mensagens"
Para a realiza<;ao desta pesquisa, sera necessario abordar a seguinte
universo de atores sociais: alunos egressos do curso de Pedagogia Empresarial,
abordando 0 estagio na visao dos mesmos, onde sera reaJizada uma analise dos
dados coletados.
3
Par tim, embasada em todas as informat;oes obtidas durante 0 processo de
construc;ao da pesquisa, se formularao as considerat;:6es finais, as quais tern como
objetivo demonstrar as resultados obtidos durante a pesquisa, correlacionando-as
com a realidade dos sujeitos desta.
4
2 DEFINI~Ao DE ESTAGIO
o 8stagio deve ser entendido como urn instrumento de inte9ra9130 do
estudante ao mundo do trabalho, em termos de aprendizado pratico,
aperfeic;oamento tecnico·cultural, cientifica e de relacionamento humano.
o 85tagio e 0 perfocto de aprendizado na empresa sedimentando na pratica as
conhecimentos adquiridos na escola. E a oportunidade de familiarizar-se com 0
ambiente de trabalho, melhorando assim seu relacionamento humane e contribuindo
com sua formacao profissional.Oessa forma, propicia a complementac;ao do ensina
e da aprendizagem, larnanda-s8 elemento de integrac;ao, em termos de treinamento
pratico de aperfeicoamento tecnico, cultural e cientifico. (WICK, 1997, p. 54-59)
"Do ponto de vista tecnico, 0 estagio serve para camp/ementar a formac;ao do
recurso humano abstratamente (armada, constituindo a ocasiao da aplicaqao dos
conhecimentos te6ricos-praticos em situac;ao real de vida e de traba/ho, em que
estao presentes aqueles diferentes aspectos inerentes ao exercicio profissionai"
(PIRES FILHO, 1988, p. 21)
Sob este prima CASTRO (1978, p. 10) res salta que: '0 estagio e 0 momento
de sin lese da formac;ao le6rico-pn3tica entre a formac;ao academica e a vida
profissiona/".
Sendo assim HADDAD (1997, p. 342) acrescenta: "estagio e 0 momento de
integrac;ao entre a pratica profissional e 0 conhecimento academico, objetivando a
vivencia dOs conteiJdos te6ricos tratados durante 0 ensino e aprendizado de novas
tecnicas e ou metodologias, a/em de proporcionar 0 convivio do estudante com 0 seu
mundo profissional".
o estagio pode ser definido entao como 0 momenta da aplicaCao dos
conhecimentos recebidos, entendendo assim que 0 mesmo favorece a integraCao
teoria-pro3tica e a aproxima~o com a realidade.
Entao, teoria e pratica sao inseparaveis e nao se pode pensar em trabalha-Ias
de forma isolada. Assim, na~ existe a hera da teoria e a hora da pratica, pois ambas
se negam, se afirmam, se constroem, se determinam, interagem.
Desta forma, a relacao dinamica entre teo ria e pratica no sentido de que a
teoria leva a revisao da pratica, e esta a revisao daquela, supoe a vivencia em
ambiente de pluralismo, quer seja academico, quer seja politico.
Entao, ° estagio oportuniza 0 desenvolvimento de habilidades especlficas,
colocando 0 aluno frente as questoes do dia-a-dia da profissao, estimulando
habilidades de resolu~ao de problemas. "0 estagio deve. portanto, ser a
oportunidade de aprendizagem onde a busea pelo edueando de solu,aes para
questi5es reais - motivaqao legitima - constitui a mala propulsora do aprendizado
(.. .)". (MARCCHIONI, 1997, p. 117)
2.1 TIPOS DE ESTAGIO
o estagio e parte fundamental para 0 processo formativ~ do estudante, pois
ele possibilita a conhecimento pratico, 0 qual e imprescindfvel para se trabalhar na
area desejada.
Ha varios tipos de estagios, os quais serao vistos a seguir:
Curricular -+ e oferecido como disciplina especffica de estagio
supervisionado. Integraliza creditos obrigat6rios, optativDs ou de m6dulo livre no
6
::urriculo do curs~, segundo criterios e regulamentagao especffica da disciplina e do
curso. A supervisao do especialista docente da Universidade e obrigat6ria, com a
partjcipa~o de tecnico do campo de 85tagio, para acompanhamento.
Extracurricular ~ e oferecido como atividade extracurricular e nao
integrali28 creditos no curricula do curso. A supervisao docente pela Universidade de
comum acordo com a unidade academica, com a designar.;ao de urn supervisor
tecnico do campo de 85t8gio.
Licenciaturas ~ obedece as mesmas regras que as e5ta9i05
supervisionados curricula res e extracurriculares, com a caracteristica de ser
orientado para atuacao em campos de estagio em que a pratica de docencia e
requerida. Tern a peculiaridade de envolver 0 estagiario no contexte das escolas e
por essa razao tem rotina de encaminhamento espedfica, segundo 0 calendario
escolar da rede publica e privada.
2.2 BENEFiclOS DO EsrAGIO
o estagio, como parte integrante do processo formativo, contribui para a
formac;ao do futuro profissional porque permite ao estudante:
• a aplicaryao pratica de seus conhecimentos teoricos, motivando seus estudos
e possibilitando maior assimila~o das materias curricula res;
• estimular seu estudo, ja que ele percebe a finalidade de seu aprendizado;
• amenizar 0 impacto da passagem da vida estudantil para 0 mundo do
trabalho, proporcionando contato com 0 futuro meio profissional;
• adquirir uma atitude de trabalho sistematizado, desenvolvendo a conseiemeia
da produtividade, a observar;ao e eomuniea~o eoneisa de ideias e
experieneias adquiridas e ineentivando e estimulando 0 senso erltieo e
criatividade;
• definir-se em face de sua futura profissao, pereeber eventuais deficieneias e
buscar seu aprimoramento;
• conhecer a filosofia, diretrizes, organizar;ao e funcionamento de empresas e
instituir;oes em geral, alem de propiciar melhor relacionamento humano.
,-""
2.3 A IMPORTANCIA DO ESTAGIO )o mercado de trabalho esm cada vez mais competitivo e as instituir;oes de
ens ina muitas vezes nao preparam a aluno para 0 mercado, algumas materias nao
expressam a realidade profissional que a futuro trabalhador ira eneontrar na
profissao, sem eonsiderar a grande discussao que existe entre teoria e pratica, pais
alguns cursos sao extrema mente teericos, sem mostrar uma a visao do que 0 aluno
encontrara no mercado de trabalho.
Para melhorar a situa~o do aluno existe a figura do estagio remunerado que
muitas empresas consideram de suma importancia e quem passa par esse est8gio
tern sempre vantagens na hora da disputa do mercado de trabalho apes a conclusao
do curso, pais muitas empresas samenle cantratam profissianais depois de verificar
a qualidade dos seus estagios.
o estagio e uma forma de encurtar a distancia entre as estudantes e °mercado de trabalho, hoje em dia existem inclusive empresas de colocacao de
8
estagic'nios que encaminham os alunos para as organiza90es, geralmente essas
empresas cobram uma taxa de administrac;ao da empresa que fornece 0 estagia e
cuidam de toda a burocracia e documenta9E10legal do estagiario, al6m dessas
empresas hoje algumas institui90es de ensina firmam etas mesmas contratos com
empresas para 0 estagio de seus alunos. (RAMOS, 1997, p. 18)
As institui90es de ensina estao fazendo esse cantato em virtude do grande
numero de pedidos de estagiiuios que chega diretamente das empresas para as
universidades, e geralmente as professores responsaveis das materias mais exigidas
como pre-requisito para 0 estagia sao as responsaveis pela escolha e
encaminhamento dos alunos, alem de dar teda a assessoria tecnica para que 0 aluno
tire a maior prove ito possivel do estagio.
Para as alunos que vivem a experiemcia, a trabalho e abrangente e mostra
uma realidade profissional que 0 coloca a frente de quem nao faz estagio e vai
trabalhar na area somente apos a conclusao do curso.
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3 A LEGISLA.;;Ao EO ESTAGIO
"0 estagio que ate hOje vigora nas escolas brasileiras fa; imp/antado desde 0
comeqo do seculo nos Estados Unidos, isla porque se chegou a conclusao de que
determinadas profissoes nao poderiam ser ensinadas somente nas instifuir;6es
universifarias, fernando necessaria, paralelamente aD ensino te6rico, uma
experi;mcia pralica que assegurasse sua perfeila compreensao". (ENTRES, 1992, p.
69)
Segundo NAGLE (1976, p. 23) "no Brasil, somenle com a lei n° 5692,
de 1971, que impfantou a reforma educaciona/ no 1° e 2° graus, 0 ensina
adquiriu maior vinculaqao com a politica global deformaqao de recursos
humanos~.
o 1° Plano Setarial de Educal'ao e Cultura - 1971/74 apresenta entre os
instrumentos de execu9ao da politica educacional a reformulac;ao do ens ina media,
de modo a poder construir 0 prirneiro nivel de profissionaliza~o do ensina, a
consolldac;ao da reforma universitaria, com a objetivo de integra-Ia no processo de
desenvolvimento, e a implantac;ao de mecanismos eficazes para a integrac;ao escola-
empresa-governo.
Visando salientar a colaborac;ao mutua entre os organismos empresariais e as
entidades educacionais para a forma.;;ao profissional dos estudantes, a Ministerio
criou 0 Projeto 16 - Integrac;ao Escola-Empresa-Governo. A formulac;ao do projeto foi
lena com a participal'ao do Instituto Evaldo Lodi - IEL, em ambito nacional,
formalizado pelo convenio firmado com 0 MEC, em dezembro de 1972.
posteriormente, os convemios foram firmados entre 0 MEC e os IEL sediados nas
cidades onde os programas loram implantados.
10
Segundo ENTRES (1992, p. 70), "a participa9iJo do Instituto Evaldo Lodi e
muffo importante, pais permite a Jiberaqao rapida dcs recursos sem a framitar;ao
burocratica e demorada da fnslifuiq80 de Ensino, aJem da Iig8980 direta do Instnuto
com as empresas, facilitando a integraq80 Empres8-Escola, e agilizando 0
desenvolvimento do programa~.
Primeiramente, tres Centros Universitarios foram escolhidos como
experiencias-piloto: 0 Centro de Ciencia e Tecnologia da Universidade Federal de
Sao Carlos (agosto de 1973), 0 Centro de Ciencia e Tecnologia da Universidade
Federal da Paraiba (agosto de 1973) e 0 Centro de Tecnologia da Universidade de
Santa Catarina (agosto de 1974). Em 1975, 0 programa foi estendido a Engenharia
QUlmica e fol escolhida a Universidade Federal do Parana.
o 20 Plano Nacional de Desenvoll/imento 1975/77 acentua os aspectos sociais
do desenvolvimento, em oposiryao a enfase dada pelo 10 PND aos aspectos
econ6micos.
Em 1975, a MEC publicou as recomenda<;:6es que devem ser seguidas para a
implantagao e desenvolvimento do programa para a politica de expansao dos cursos
integrados. Nessas recomenda.y6es consta a reformulac;ao de procedimentos que se
pretende introduzir e que devera permitir ao professor, na area profissionalizante,
permanecer sempre em contrato com a realidade profissional, obrigandoMo a um
ensino objetivo, pOis tera que colaborar com 0 aluno na elaboragao do plano de
atividades, acompanhaMlo e avalia~lo
Ha uma legisla<;:80 especifica sabre est8gio, a qual veremos a seguir:
A lei n.' 6 494 de 7 de dezembro de 1977 disp6e sobre os estagios de
estudantes de estabeiecimentas de ensino superior e de ensina profissionalizante do
2' grau e supletivo:
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Art. 10 - As pessoas JUffdicas de Direito Privado, as Orgaos da Administra<;ao
Publica e as lnstitui96es de Ensino podem aceitar, como estagiarios, atunos
regularmente matriculactos e que venham freqOentando, efetivamente, cursos
vinculados a estrutura do ensina publico e particular, nos niveis superior,
profissionalizantes de 2° grau e Supletivo.
§ 1° 0 estagio somente poderc~ verificar-se em unidades que tenham
condicoes de proporcionar experiencia pn3tica na linha de formayao, devendo, a
estudante, para esse fim, estar em condic6es de estagiar, segundo disposto na
regulamentac;ao da presente lei.
§ 2° Os estagios devem propiciar a complementayao do ensine
e da aprendizagem a serem planejados, executados, acompanhados e avaliados
em conformidade com as currfculos, programas e calendarios escolares, a fim
de se constituirem em instrumentos de jntegra~ao, em termos de treinamento
pratico, de aperfeir;:oamento te-cnicc-cultural, cientifico de relacionamento
humano. (BRASIL, 1975)
Art. 2° - 0 estagio, independentemente do aspecto profissionalizante,
direto e especifico, podera assumir a forma e atividade de extensao, mediante a
participaryao do estudante em empreendimentos ou projetos de interesse
social. (BRASIL, 1975)
Art. 3° - A realizac;:ao do estagio dar-se-a mediante termo de compromisso
celebrado entre 0 estudante e a parte concedente, com a interveniencia obrigat6ria
da instituiryao de ensino.
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§ 1° - Os 85t89i05 curriculares serao desenvolvidos de acordo com 0 disposto
no paragrafo 2' do Art. l' desta lei.
§ 2° Os estagios realizados sob a forma de a9ao comunitaria estao isentos de
celebra9ao de termo de compromisso. (BRASIL, 1975)
Art. 4° - 0 estcigio nao cria vInculo empregatfcia de qualquer natureza
e 0 85ta9i8rio pod era receber balsa, au outra forma de contra-prestac;ao que venha
a ser acordada, ressalvando a que dispuser a legislac;ao providenciaria, devendo
a estudante, em qualquer hip6tese, estar segurado contra acidentes
pessoais. (BRASIL, 1975)
Art. 5' - A jornada de atividade em estagio, a ser cumprida pelo estudante,
devera compatibilizar-se com a seu horario escolar e com 0 horariD da parte em que
venha ocorrer 0 8St8gio.
Paragrafo unieD. Nos periodos de fE~rias escolares, a jornada de estagio sera
estabelecida de comum acordo entre 0 estagiario e a parte concedente do estagio,
sempre com a interveniencia da instituivao de ensino. (BRASIL, 1975)
Art. 6° - 0 Poder Executivo regulamentara a presente lei no prazo de 30
(trinta) dias. (BRASIL. 1975)
Art. 7' - Esta lei entrara em vigor na data de sua publica9<io. (BRASIL. 1975)
Art. 8' - Revogam-se as disposi90es em contrario. (BRASIL. 1975)
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A Regulamentavao da Lei do Estagio decreto n° 87.497, de 18 de
agosto de 1982, regulamenta a Lei n." 6.494, de 7 de dezembro de 1977 que
dispoe sobre a estagia de estudantes de estabelecimentos de ensina superior e
de 2° grau regular e supletivo, nos limites que especifica e da outras
providencias:
Art. 1° - 0 estagio curricular de estudantes regularmente matriculados
e com freqOencia efetiva nos cursos vinculados ao ensina oficial e particular,
em nivel superior e de 2° grau regular e supletivo, obedecera as presentes
normas. (BRASIL, 1982)
Art. 2° - Considera-se estagio curricular, para efeitos deste Decreta, as
atividades de aprendizagem social, profissional e cultural, proporcionadas ao
estudante pela participac;ao em situa90es reais de vida e trabalho de seu meio,
sen do realizada na comunidade em geral ou junto a pessoas jurfdicas de
direito publico ou privado, sob responsabilidade e coordenayao da instituiyao de
ensino. (BRASIL, 1982)
Art. 3° - 0 estagio curricular, como procedimento didatico - pedagogico, e a
atividade de competencia da institui.yao de ensino a quem cabe a decisao sobre a
materia, e dele participam pessoas jurfdicas de direito publico e privado, oferecendo
oportunidade e campos de estagio, outras formas de ajuda, e colaborando no
processo educativ~. (BRASIL, 1982)
Art. 4° - As institui.yoes de ensino regularao a materia contida neste Decreto e
disporao sobre:
a. inser,ao do estagio curricular na programa9ao didatico - pedag6gica;
/-(~:\.
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b. carga - horaria, dural;Elo e jornada de 85t89iO curricular, que na~
podera ser inferior a um semestre letivo;
c. condi90es imprescindiveis para caracterizayao e definic;ao dos
campos de estagios curriculares, referidas nos §§ 10 e 2° do artigo 10 da
Lei n.' 6.494, de 07 de dezembro de 1977;
d. sistematica de organiza<;ao, orientayao, supervisao e avaliayao do
estagio curricular. (BRASIL, 1982)
Art. 5° - Para caracteriza9ao e definiyao do 85ta9iO curricular e necessaria,
entre a in5titui980 de ensina e pessoas juridicas de direito publico e privado, a
existencia de instrumento juridico, periodicamente reexaminado, onde estarao
acordadas todas as condic;6es de realizayao daquele 85ta9io, inclusive transferencia
de recursos a instituic;ao de ensino, quando for 0 caso. (BRASIL, 1982)
Art. 6° - A realizac;ao do estagia curricular, por parte do estudante, nao
acarretara vinculo empregaticio de qualquer natureza. (BRASIL, 1982)
§ 1°. 0 Termo de Compromlsso sera celebrado entre 0 estudante e a parte
concedente da oportunidade do estagio curricular, com a intervenlemcla da Instituic;ao
de Ensino, e constituira comprovante ex;givel pel a autoridade competente, da
inexistencia de vinculo empregaticio.
§ 2°. 0 Termo de Compromisso de que trata 0 paragrafo anterior devera
mencionar necessaria mente 0 instrumento juridico a que se vincula, nos termos do
artigo 5'.
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§ 30. Quando 0 estagio curricular nao se verificar em qualquer atividade
publica e privada, inclusive como preve 0 § 2° do artigo 30 da Lei n.o 6.494177, nao
ocorrera a celebracao do Termo de Compromisso.
Art. 7° - A instituicc30 de ensine podera reearrer aDs servi90S de agentes de
integrac;.ao publicos e privados, entre as sistemas de ensina e as setores de
produc;:ao, servicos, comunidade e governo, mediante condic6es acordadas em
instrumento juridico adequado. (BRASIL, 1982)
Pari3grafo unicD. as agentes de integraC80 mencionados neste artigo atuarao
com a finalidade de:
a. identificar para a instituicao de ensine as oportunidades de estagios
curriculares junto a pessoas jurfdicas de direito publico e privado;
b. facilitar 0 ajuste das condic;:6es de estagios curricula res, a constarem
do instrumento juridico mencionado no artigo 50;
c. prestar servi~os administrativos de cadastramento de estudantes,
campos e oportunidades de estagios curricula res, bem como de
execu~ao do pagamento de bolsas, e outros solicitados pela instituir;:aa
de ensino;
d. co-participar, com a instituit;8.o de ensino, no esforyo de captat;8.0 de
recursos para viabilizar estagios curriculares.
Art. 80 - A instituiyao de ensina, diretamente, ou atraves de atuar;:ao conjunta
com agentes de integrar;:ao, referidos no "caput" do artigo anterior, providenciara
seguro de acidentes pessoais em favor do estudante. (BRASIL, 1982)
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Art. go - 0 disposto neste Decreto nao se aplica ao menor aprendiz, sujeito aformacao profissional met6dica do oficio em que se exerca seu trabalho e
vinculado a empresa par contrato de aprendizagem, nos termos da legisla.yao
trabalhista. (BRASIL, 1982)
Art. 10° - Em nenhuma hip6tese pod era ser cobrada aD estudante qualquer
taxa adicional referente as providencias administrativas para a obtenvao e realizac;ao
do estagio curricular. (BRASIL, 1982)
Art. 11' - As disposic6es deste Decreto aplicam-se aos estudantes
estrangeiros, regularmente matriculados em instituic;5es de ensina oficial ou
reconhecidas. (BRASIL, 1982)
Art. 12° - No prazQ maximo de 4 (quatro) semestres letivDS, a contar do
primeiro semestre posterior a data de publicac;ao deste Decreto, deverao estar
ajustadas as presentes normas todas as situac;6es hoje ocorrentes, com base em
legisiacao anterior. (BRASIL, 1982)
Paragrafo unico. Dentro do prazo mencionado neste artigo, 0 Ministerio da
Educaciio e Cultura MEC promovera a articulacao de instituic6es de ensino, agentes
de integrac;ao e outros Ministerios, com vistas a implementac;ao das disposic;6es
previstas neste Decreto.
Art. 13° - Este decreto entrara em vigor na data de sua publicac;ao, revogados
o Decreto n.' 66.546 de 11 de maio de 1970 eo Decreto n.' 75.778 de 26 de maio de
1975, bern como, as disposic;6es gerais e especiais que regulem em contrario ou de
forma diversa a materia. (BRASIL, 1982)
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Houve uma atualizaC;80 da Legislacao de Estagio, a qual sera descrita a
seguir:
Art. 1°_ As pessoas juridicas de Direlto Privado, os 6r9£105 de
Administracao Publica e as insti1ui90es de Ensino podem aceitar, como 85ta9iarl05,
as alunos regularmente matriculados em curSDS vinculados ao ensina publico e
particular.
§ 1'. Os alunos a que se refere 0 caput deste artigo devem,
comprovadamente, estar frequentando cursos de educa.yao superior, de ensina
medio,e de educagaoprofissionalou escolas de educagaoespecial. (NR)
§ 2°. 0 85ta9io somente podera verificar-se em unidades que ten ham
condic;oesde proporcionar experiencias praticas na linha de formacao do 85ta9iarl0,
devendo 0 aluno estar em condic;oes de realizar 0 85ta9io, segundo 0 disposto na
regulamentacao da presente Lei.
§ 3'. Os estagios devem propiciar a complementagao do ensino e da
aprendizagem e ser planejados, executados, acompanhados e avaliados em
conformidade com as currfculos, programas e calendarios escolares.
Art. 20 - 0 estagio, independentemente do aspecto profissionalizante,
direito e especifico, podera assumir a forma de atividades de extensao,
mediante a participa!;ao do estudante em empreendimentos ou projetos de interesse
social.
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Art. 3'_ A realizagao do estagio dar-se a mediante termo de compromisso
celebrado entre 0 estudante e a parte concedente, com interveniencia obrigat6ria da
;nstitu;~ao de en sine.
§ 1°. Os estagios curriculares serao desenvolvidos de acordo com 0 disposto
no § 3'. do art. 1'. desta Lei.
A respeito da legislac;ao do esta9io, "esla possibilitou a autonomia das
instifuir;6es de ensino no que diz respeito a caraclerizar;ao e definirrao dcs campos
de estagio". (SCAVAZZA, 1987, p. 16)
Houve com 0 decreta uma preocupacao em promover umamaior aproxima<;ao entre a Universidade, geralmente vista comoteorica, academica, fechada em seus muros, a realidade social eprofissional. na qual as Gursos se inserem. Esta situa~o tambem podeser tal, que na supervalorizaryao do e5ta91o se confirmaria amanutenvao de uma ruptura real entre a Universidade e seu contexto,entre 0 curso e a profissao, entre 0 academ;co e 0 mundo do trabalho.(PINTO, 1988, p. 15)
Mas, se par um lado, tal disposiC;ao legal pode ser vista como urn avanc;o
na definiC;ao da atividade de estagio por nao reforc;ar 0 carater complementar
expresso na lei que 0 regulamenta, par outro lado, apresenta novos angulos e
dificuldades. Ao conferir a exclusiva responsabilidade de coordenacao dos
estagios as instituic;6es de ensina, alija do processo a comunidade e as
pessoas juridicas de direito publico e privado a que se refere. Relega a
estas a passividade de S8 verem usadas como meio em que serao
desenvolvidas tais atividades. Favorece 0 descompromisso da instituic;ao farmadora
e dos estagiarios que, tendo satisfeitas suas necessidades de local para estagiar,
19
nada mais ficam a dever aquelas, quando muito, uma correspondencia de
agradecimento.
Todavia, saJienta-se que a legislac;ao desempenha urn papel de protagonista
na fundamentava,o, na organizac;ao e na funcionalidade do estag;o.
20
4 PERSPECTIVAS DO ESTAGIO
4.1 A PERSPECTIVA DISCENTE DO ESTAGIO
Em todo e qualquer estagio seja como exigencia curricular au naD, 0
aprendizado deve ser fruta, mais da determinac;ao e responsabilidade do aluno na
busca de novos conhecimentos, do que da benevolencia empresarial para ensinaf.
Obviamente isso nao deve ser levado ao extrema, reduzindo 0 suceSSQ au 0
fracasso do estagio simplesmente ao desempenho do estagiario. A empresa tern
uma tarefa extremamente importante na conduc;;;o das atividades do aluno dentro da
organizacao, mas 0 fata e que, cabe ao aluno buscar 0 aprendizado, ao inves de
espera-Io de brac;os cruzados.
Caso 0 aluno esteja em uma empresa que nao Ihe de oportunidades de
aprender, ele deve buscar Qutras que possam servir como alicerce para a edificac;ao
do seu conhecimento. Indiscutivelmente, 0 estagio e 0 primeiro grande desafio para
urn aluno, seja ele do nrvel media au superior. E a momenta em que a teoria dos
bancos escolares e a pniltica empresarial entrarao em contlito, ou serao conduzidas
aos objetivos comuns quando as duas vertentes se complementam. "0 estagio e,
senao a maior, pelos menos uma das mais importantes {antes de aprendizado, e a
primeiro grande passe em direqao a uma longa caminhada'·. (FLEURY. 1997. p. 20)
o que infelizmente ocorre, e que as empresas brasileiras de um modo geral,
nao estao aptas a receber estagiarios com programas que atendam as necessidades
de ambas as partes. A cultura organizacional nao atribui a devido valor ao potencial
de urn born estagiario, que muito pode contribuir para 0 dinamismo da empresa.
Infelizmente, todos perdem com esta nao valorizagao. A empresa deixa de ganhar
em criatividade, dinamismo, novas ideias e novas percepc;6es de uma realidade
21
muitas vezes viesada. 0 aluno par sua vez, deixa de aprender, de testar seus
conhecimentos e de mostrar que tearia e pratica naD sao excludentes mas sim
complementares.
o fata dele testar seus conhecimentos, na~ signifiea que a empresa deva ser
uma cobala, urn laborat6rio de ensaies. Neste sentido e que a empresa deveria estar
preparada para reeeber 0 estagiario, nomeando alguem competente para ser 0
balizador de suas atividades dentro da empresa. Na maiaria das vezes, 0 alune e
mais um executor de tarefas rotineiras que pouco iraQ contribuir para 0 seu
desenvolvimento profissional. Em alguns casas, nos 85ta9105 dos cursos de pos-
gradua~o. 0 alune ja tern um conhecimento basico do seu curso de graduac;ao, 0
qual e muitas vezes ignorado, sendo 0 individuo tratado como um profissional
inexperiente.
A perspectlva economica para urn estagiario e pouco relevante. Ern geral 0
salario simboliza mais uma ajuda de custo do que urn valor significativo que
responda pela sua sobrevivencia. Nos cursos de gradua9ao, 0 estagio representa,
geralmente, a prirneira fonte de renda, 0 primeiro salario. Isso difere dos cursos de
p6s-graduac;ao, ja que 0 aluno ja atua na area e ja tern um salario. 0 born estagiario
e aquele que esta preocupado em aprender e nao com sua recompensa salarial, ou
se esta trabalhando fora do seu horario. Infelizmente, grande parte somente esta
preocupada em ganhar mais e trabalhar menos, relegando 0 aprendizado como
segundo plano.
,I-,
22
4.2 A PERSPECTIVA EMPRESARIAL DO ESTAGIO
A pratica do estagio, e talvez urna das melhores formas de integrac;aoentre a
universidade e a empresa. Dentro de urna organizaC;8o,sob a influencia das
atividades cotidianas, 0 academico tern a chance de conhecer senaa todas, pelo
menes grande parte das facetas que envolvem 0 mundo empresaria1. Os bancos
escolares trazem as principais referenciais teoricos, sao dadas algumas dicas sobre
o que fazer e como reagir a determinadas circunstancias. Mas somente a experiencia
e 0 convivio in loco e que iraQ mostrar a dura realidade de urna jornada de trabalho,
dentro de urna relac;ao conflituosa envolvendo briga por poder, responsabilidades e
principalmente sal arias.
Nao re5ta duvida de que a interac;ao entre a universidade e a empresa e a
porta de entrada dos iniciantes em todas e quaisquer areas, e como se a empresa
fosse urn tutor do academico esperando que ele atinja a maioridade e seja
responsavelpelos seus propriosatos.
A universidade, uma instituiyao secular, e a locomotiva do desenvolvimento e
a (mica com respaldo sufidente para capacitar e habilitar 0 estudante na carreira
profissionaL Mas na verdade, ela nao forma 0 aluno, ela "apenas" informa, isto
significa que, 0 que ela ensina ainda nao e 0 suficiente para que 0 estudante
possa exercer suas atividades plenamente. A empresa e que vai lapidar, nao
somente 0 conhecimento do esta9iarlo seja ele teorico ou pratico, mas tambem um
pouco de sua personalidade. Aqueles que estao na empresa hoje, muitas vezes
faram os estudantes de ontem e tambem passaram por um periodo de aprendizado,
portanto, existe um cicio que se completa a cada novo academico dentro da
empresa.
23
No casa dos cursos de p6s-graduaryao, apesar do aluno ja urn ter urn
conhecimento basico advindo do seu curso universitario, ele estara aprendendo
centeudos especificos, e par i550 0 estagio para 0 pos-graduando e tao lmportante
quanta para a graduanda.
o ambiente empresarial em 5i, ja e uma grande escola para 0 aluno, mesma
que ele nao interfira e atue simples mente como urn observador. Quando passa a
Fazer parte de uma equipe de trabalho, sua interacao tende a ser positiva na
medida em que influencia e e influenciado pelo meio, aprende e tambem tenta
contribuir com ideias, sugestoes, modos de pensar e a9ir. Todavia, a questao
pedag6gica parece desenhar urn quadro no qual a empresa e 0 sujeito ativo e 0
academico 0 sujeito passiv~, isto at 0 primeiro tern a enslnar e 0 segundo tern a
aprender. Mesmo que Isso seja verdade, nao significa que os dois nao sejam
beneficiados nesta rela930, multo pelo contrario, quando existe seriedade de ambas
as partes, todos tendem a lucrar, principal mente urn terceiro ator que e a sociedade
como um todo.
E bem verdade, que a empresa se beneficia atraves da isen930 de encargos
sociais quando da contrata930 do estagiario. Entretanto, mais importante do que
isso, e estar socialmente correto em receber 0 universitario. Dentro de suas
possibilidades, a empresa ira treina-Io e prepara-Io para 0 mercado de trabalho,
devendo assumir este compromisso mesmo que 0 estagiario seja contratado per seu
concorrente no futuro.
24
4.3 A PERSPECTIVA DOCENTE DO ESTAGIO
ldeologicamente, a realizac;ao de urn professor se da quando seu alune
consegue grandes feitos, como ingressar e se destacar em urna grande empresa ou
desenvolver urna pesquisa digna de homas academicas. Considerando esta
perspectiva ideologica, as universidades de maneira geral pouco tern contribuido
para que 0 estudante seja mensageiro do orgulho de seus mestres, salvo algumas
excec;oes. 0 sistema educacional como um todo, desde sua base esta
comprometido, tendo como efeito um indice inconcebivel de somente 1% dos
brasileiros na universidade.
E arriscado dizer que a privatizaca,o das universidades ira melhorar a
qualidade de ensina, haja vista que as melhores in5titui96e5 ainda sao as de dominio
publico. 0 que em muito contribuiria para 0 desenvolvimento do aprendizado seriam
parcerias com a iniciativa privada, no sentido de fomentar projetos conjuntamente. A
triade que melhor define as atividades de uma universidade e ensino-pesquisa-
extensao, e mesmo na primeira delas que seria 0 essencial, tem-se resultados
aquem dos necessarios para 0 desenvolvimento de urn pais.
Parcerias com a iniciativa privada, coordenadas em um projeto bern
estruturado, poderiam contribuir para que 0 estagio universitario representasse uma
importante alavanca para cumprir a triade mencionada acima. A empresa
conseguiria suprir uma das lacunas no aprendizado que e 0 contato direto com 0
mercado de trabalho e suas nuances. Urn dos gran des papeis da universidade eintermediar esta relac;:ao entre 0 estagiario e a empresa. 0 respaldo institucional e
importante para legitirnar as atividades do aluno e dar maior credibilidade e
25
seguran~ a empresa. Urn outro papel e acompanhar 0 estagiario em suas
atividades, 0 que nem sempre tern ocorrido de maneira satisfatOria.
o que ainda falta na universidade que poderia melhorar 0 desempenho do
aluno durante seu estagio, e a propria integra<;ao entre professores e alunos. Seria
fundamental a existencia de grupos de estudo coordenado par um professor, que em
um numera limitado de pessoas discutisse periodicamente. 0 estfmulo a leitura
tambem e essencial para 0 aprendizado, e 1550 poderia ser mais prazeroso e
produtivo, case houvesse par exemplo, urn grupo de alunos que entre eles S8
comprometessem a leitura e apresentac;:,ao de um livro par meso Os estudantes
deveriam ser mais motivados no senti do de procurarem balsas de estudo,
participarem de palestras, seminarios e conferencias; alem da participac;ao em
concursos de monografia sempre promovidos por instituic;6es governamentais ou
empresas privadas.
Tanto da perspectiva academica (discente/docente) como empresarial, 0
estagio e somente uma das formas de integrac;ao. Uma outra alternativa multo
importante de estreitar os lac;os que unem estas duas instituic;6es e atraves de
centros de pesquisa. A experiencia e patrocinio de grandes corporac;6es e suas
fundac;6es, aliados a capacidade intelectual da academia, tem reproduzido institutos
de pesquisa espalhados pelo mundo. Estes por sua vez, tem gerado explicac;:6es e
soluc;oes nos mais variados campos, desde a medicina, passando pela economia ate
a astronomia.
26
4.4 A BUSCA POR UM MODELO IDEAL DE INTEGRA<;AO ENTRE
ESCOLA-EMPRESA-ALUNO
Para que a experiEmcia profissional do aluno satisfac;a as tres
condic;6es: economica, social e pedag6gica, e fundamental 0 comprometimento do
empresario (au responsavel pela area), do professor Drientador e do
proprio estagiario. Qualquer urn destes atores, casa nao cons;ga desempenhar bern
seu respectivQ papel, pode comprometer 0 born desenvolvimento do estagio. Mas 0
que significa, "desempenhar bern 0 papel"? De que mane ira issa deve ser feito?
Como as lres atores podem contribuir para e5ta formac;ao do aluno e 0 que eles tern
a ganhar?
Sob a perspectiva do professor orientador, ele deveria em urn primeiro
momento, decidir junto com 0 estagiario, qual a melhor area em que ele pode
atuar, de acordo com a disponibilidade de estagia por parte das empresas e
tambem levando em consideravao 0 perfil do estagiario e suas aptidoes. Em um
segundo momento, cabe ao orientador auxiliar 0 aluno a desenvolver um projeto que
atenda de maneira mais completa possivel os requisitos pedag6gicos durante a
pratica do estagio. Seriam definidas as atividades basicas que 0 aluno iria
desenvolver, os principais conceitos e tecnicas que ele iria aplicar e para qual
finalidade, tanto para a empresa como para a aprendizado do aluno. E necessaria
um projeto bern estruturado que real mente tenha relevancia e necessidade de ser
executado.
Tao importante quanto elaborar 0 projeto, e monitorar seu desenvolvimento.
Cabe ao orientador, em reunioes peri6dicas com 0 aluno, fazer uma avaliac;:ao
das atividades do estagio. A partir de um cronograma estipulado previa mente,
27
o orientador deve analisar se as tarefas estao sen do cumpridas, se as
objetivos estao sen do alcanr:;ados em tempo habil e principal mente, se 0 estagio
esta realmente conduzindo ao aprendizado do aluno. 0 professor deve estar
preparado para dar 0 feedback para seu estagiario, 0 que fazer par exemplo, com
uma situayao naD prevista anteriormente, um feedback e importante para naD
deixar 0 alune alienado correndo 0 risco de naD desempenhar um born
estagio.
A empresa par sua vez, tern em suas maos uma grande arma atrav8S
do estagio. Os beneficios que um bom estagiario pode trazer quando bem
orientado VaG muito al8m do que economias na folha de pagamento. A
empresa deve estabelecer um planejamento de atividades muito bern detalhado,
com objetivos a serem atingidos, metodos e ferramentas a serem aplicados e
justificativas dos procedimentos utilizados. E importante que se far;a avaliar;6es
constantes do desempenho do estagiario a luz do planejamento, sempre respeitando
um cronograma previa mente estabelecido.
Casa 0 trabalho do estagiario seja bern executado, com 0 direcionamenta da
empresa e a orientar;ao do professor, e como se 0 empresario tivesse uma
consultoria a um prer;o bastante acessfvel. Dificilmente em termos gerenciais, mas
em outros aspectos como produ!;Elo, marketing e recursos humanos, a aluno sob as
coordenadas do seu orientador, pode desempenhar um excelente trabalho para a
empresa. Ele pode mapear processos, fazer pesquisas de campo tentando identificar
clientes em potencial ou mesma participar da area de treinamento, repassando um
pouco dos seus conhecimentos academicos, devendo as alternativas variar de
acordo com 0 porte e ramo de atividade da organizac;ao.
26
E importante salientar tambem que, recebendo 0 aluno ainda como estagiario,
a empresa estara treinando um candidato em potencial a ser contratado. Os
aspectos economicos do est8gia para a empresa, tern um horizonte de longo prazo.
Ela estara investindo na forya de trabalho que no futuro poden~ ser 0 diferencial em
relaryao ao seu concorrente. Grandes grupos como Honda, Toyota e Mitsubishi
vao as melhores universidades japonesas recrutar seus futuros executivos. A
Mazda par exemplo, Dutra companhia japanesa, diz que a universidade precisa
ensinar 0 suficiente para que 0 alune aprenda a raciocinar. A partir dai, a propria
empresa e que vai "moldar" 0 funcionario de acordo com sua filosofia e ambiente de
trabalho.
Quanta ao estudante, sua tarefa e cumplir as orientac6es do professor e da
empresa buscando ser criativo e perspicaz em suas atividades. Isto significa propor
ideias, explorar dlferentes 6ticas, questionar e tentar aprimorar as rotinas de trabalho.
Como trata-se de urn estagio, 0 aluno tem responsabilidades restritas e esta sendo
diretamente acompanhado e supervision ado. Neste sentido, e fundamental buscar 0
maximo de informac6es possiveis, sejam te6ricas por parte do professor, ou praticas
por parte da empresa. 0 conhecimento e mais do que nunca, um dos melhores
investimentos que 0 homem pode fazer.
Em uma visao de longo prazo, os estagiarios de hoje serao os futuros
burocratas, executivos, academicos e empreendedores de arnanh21. Cabe portanto, a
toda sociedade investir ern sua formac;ao academico-profissionai. Pode-s8 ate
especular sobre a realidade atua1. Talvez um dos problemas do subdesenvolvimento
brasileiro, deve-se ao pouco ou nenhum cuidado dispensado as gerac6es passadas,
constituindo-se urn cicio vicioso que precisa ser interrompido. Nao cabe ao presente
trabaino, criticar esta ou aqueia postura, mas sim aiertar para 0 fato de que cada
29
cidadao precisa encontrar uma forma de contribuir dentro do seu escapo. 0
estudante deve buscar a excelencia no aprendizado, 0 empresario precisa ser
competitiv~ e gerar empregos e 0 professor precisa guiar 0 aluno ate que possa
caminhar sozinho.
30
5 EDUCACAO VERSUS 0 MUNDO DO TRABALHO
Vive-se em uma sociedade capitalista que naD tern Dutra funcao senao a
reproduc;:ao do capital, e conseqOentemente a explorac;:ao da mao-de-obra. Dentro
dessa sociedade a educacao cumpre um papel importante, ista e, se coloca na
condiyao de refietir sabre esta logica, buscando transforma-Ia, e assim, reduzir esla
postura de alienacao e exploragao do trabalho.
A concepcao da educac;ao sempre esteve condicionada a epoca e ao meio.
Quando se estuda a maneira pela qual se formaram e se desenvolveram as sistemas
educacionais, percebe-se que eles dependem da religiao, da organizacyao politica, do
grau de desenvolvimento das ciencias, das artes, da economia, enfim, fatores que
traduzem a concepc;ao do homem e de mundo predominante na sociedade de uma
determinada epoca. Separados de todas essas causas historicas, tornam-se
incompreensfveis. A educa~o integra junto a todos esses fatores 0 que comumente
denominamas cultura de um pavo.
Desta forma, a concepgao de homem, educacao e de trabalho estao
intimamente relacionadas dentro de uma perspectiva historico-social.
Sendo assim, 0 trabalho e 0 elemento constitutivo da dignidade humana,
quando transformador, inteligente e livre por atender duas dimensoes humanas, que
deveriam sempre andar juntas - uma dimensao etica, centrada no amor e uma
dimensao tecnica, centrada no trabalho.
Assim, segundo MARX (1971, p. 324):
o homem produz conhecimento ao produzir condi~aesnecessarias a sua existencia, atraves do trabalho, compreendido comotodas as formas pelas quais ele atua sabre a natureza, sabre oshamens e sabre si mesmo, para transforma-Ios. 0 ponto de partida,
31
portanto, para a elaboraryao do conhecimento, sao as homens, em suaatividade, em seu lrabalhO, no interior das relayoes sociais que elesgeram.
Oesta forma, 0 saber nao existe de forma aut6noma, pronta e acabada, mas
elabora-se a partir das relac;6es sociais que as homens estabelecem em sua pratica
produtiva em determinado momento hist6rico, ou seja, a partir do trabalho.
o trabalho e concebido entao, como todas as formas de atividade humana
pelas quais 0 homem aprende, compreende e transforma, este e 0 processo de
elaboravao do conhecimento.
o homem entae, e 0 unico ser na natureza capaz de conceber sua 3920
anteriormente a sua execu~o, isto e, de pensa-Ia a partir do desejo de atingir
determinado objetivo, 0 trabalho constitui-se em momento de articula~o entre a
subjetividade e a objetividade, entre a consciencia e a prodUC;80.
Esta forma de conceber 0 trabalho significa reconhece-Io como atividade ao
mesmo tempo te6rica e pratica, intelectual e manual, reflexiva e ativa. Portanto, no
trabalho articulam-se a teoria e a pralica como momentos inseparaveis do processo
de constru~ao do conhecimento e transformagao da realidade.
Todavia, a 16gica para 0 capitalismo imp6e a teoria para uns poucos e a
pratica para a maioria, de tal modo que s6 os privilegiados consigam aprender 0
conhecimento em sua totalidade, ou seja, eles sao os detentores do saber. Isto e um
mecanismo de denomina980.
Com 0 desenvolvimento tecnol6gico incorporado na prodUl;:ao e na veiculayao
de bens e servic;:os, essa 16gica capitalista ficou mais evidente, pais a trabalhador de
hoje precisa nao mais ter apenas um oficio. uma especializa930, mas, base para
32
tomar decisoes e adaptar-se as novas regras e situac;oes, bern como aprender
constantemente.
o mercado de trabalho nao absorve aqueles profissionais que acabaram nao
se reciclando no decorrer do tempo, cnde as mesmas tarnam-se ultrapassados,
superados par aqueles trabalhadores atualizados e em sintonia com as ultimas
inovac;6es tecnol6gicas. Do atual profissional sao exigidas caracteristicas como:
saber dominar com precisao e presteza a linguagem tecnica, utilizar equipamentos e
materiais sOfisticados, comunicar-se satisfatoriamente de forma oral e escrita,
trabalhar em grupo, versatilidade funcional, observar, interpretar e tamar decisoes,
capacidades de adquirir e processar informa96es e por ultimo, contudo nao men os
importante que as demais, racionalizar e raciocinar antes de executar. 0 profissional
precisa entao, de uma s61ida formaryao para a reaprender a fazer.
A crescente cientifizayao da vida social e produtiva exige docidadao trabalhador cada vez maior apropria98o do conhecimentocientifico, tecnol6gico e politico, desde que se pretenda respeitar a suafunyao de sujeito da historia, uma vez que a simplificagao quecaracieriza 0 trabalho contemporaneo e expressao concreta dacomplexificayao da tecnologia atraves da operacionaliza93o da ciencia.Os processos produlivos se simplificam a medida em que maisciencias incorporam, passando a exigir mais conhecimento para suacompreensao, contrale e Iransforma98o. (KUENZER, 1988, p. 138)
Em suma, a educaty80 em todes as niveis, fundamental, media ou superior,
deve estar voltada ao ensine de aprender e compreender e nao apenas ao de
executar. Ensinar a criar com autonomia e naD reproduzir meros copiadores.
E primordial despertar e verificar que a educayao e inevitavel. imprescindivel,
fator preponderante, fundamental para 0 resgate do social, do cultural e do
financeiro. Caminhando a linha de raciocinia por esta via, necessaria se torna
33
esclarecer que alfabetizar e educar nao corresponde ao simples fata de ensinar a ler
e a escrever, mas sim oportunizar 0 educando e inclusive 0 academico a buscar,
Dusar, pesquisar e sobretudo processar informa90es para reverte-Ias em
conhecimento.
Portanto, estas novas formas de relac;:ao entre ciemcia e trabalho, exige urn
novo tipo de inteiectuai, que seja capaz de atuar praticamente e trabaihar
intelectualmente, que seja ao mesma tempo gerente e tecnico, capaz de dominar
tarefas especificas e as formas de organizacyao e gestao do trabalho, compreendido
no interior das rela90es sociais.
34
6 A PEDAGOGIA EMPRESARIAL E 0 ESTAGIO
Assim como nos cursos de graduac;ao, 0 estagio dentro da Pedagogia
Empresarial e supelVisionado, au seja, e realizado 0 acompanhamento direto durante
todo a periodo de 85ta9io. A supervisao do 85ta9io e urna atividade conjunta
realizada tanto pelo profissional do campo de estaQiD como pelo professor da
Universidade.
Sendo assim, aa figura do supervisor e de fundamental importtmcia para 0
suceSSQ de es/agio, vista que e atraves dele que a aluno tentafa superar as
deflcii!ncias e inseguranqas que ainda 0 acompanhem". (RAMOS, 1997, p. 83)
Portanto, a supervisee nao pode ficar mais restrita ao aspecto puramente
tecnico, mas levar 0 aluno a postura critica do contexte em que desenvolve a
85taglo.
o que distingue a 85ta9io das demais disciplinas e que ele se apresenta
como 0 momenta de insen;ao do aluno na realidade, da reflexao, da compreensao
e do conhecimento das rela90es de trabalho. Este exercicio da inser9ao e que
podera prepara-Io para na vida profissional, atuar sobre a realidade buscando
transforma-Ia. (AMORIM, 1994, p. 15)
Outra contribui9ao do estagio se refere ao auto-conhecimento do estudante,
onde ira confrontar os desafios profissionais com sua forma~o, entendida como
forma~o teorico·pratica.
E, ainda, e atraves do alunolestagiario, que a instituic;ao de ensino pode se
questionar sobre a qualidade e relevancia de seu ensina.
Sob este prisma, traz-se a tona uma questao que merece aten~o: 0 sistema
educacional.
35
Sabre esta questao, FREIRE (1982, p. 43) faz um questionamenta:
W( .•• ) jamais a reduzi (a educa~o), a urn conjunto de tecnicas emetodos, nao as subestimando. tambem nao as supereslimo, asmelodos e as tecnicas naluralmente indispensaveis se fazem e serefazem na praxis. 0 que me afigura como fundamental e a clarezacom relac;;ao a opc;;ao politica do educador au da educadora, queenvolvem principios e valores que ele au eta devem assumir. Se aopc;ao do educador e pela modemizavao capitalista, a educayaonao pode ir ah~m da capacitac;ao para a leitura de textos, semreferencia ao contexto, au a capacilat;ao para que melhor vendam asua for~ de Irabalho. no que por coincidemcia5e chama mercado detrabalho, mas, se libertadora au problematizadora, e a sua opvao, afundamental e que os educandos descubram que 0 importante e naoler historias alienadas e alienanles, mas fazer historia e por ela sermosfenos".
Sendo assim, fazer estagio sem pensar no significado que ele possa
representar, coloca tanto 0 educador como 0 educando numa postura de alienac;ao
com relac;ao a sua praxis.
o estagio e entao visto como a ruptura real entre a Universidade e seu
contexto, entre 0 curso e a profissao, entre 0 academico e 0 mundo do
trabalho, entre a teoria e pratica. Assim, enquanto que na sala de aula se tern a
situac;ao de aprendizagem, no estagio 0 aluno ja vivencia a inserc;ao no mundo do
trabalho.
Trabalhar entao, numa perspectiva de problernatizar, questionar, refletir,
coloca 0 profissional na condic;ao de intervencionista, ou seja, ele e capaz de
descobrir au criar a sua praxis.
o estagio deve constituir~se em um momenta de inser<;ao e distanciamento
oportunizando desta forma urn questionamento sobre a formac;ao profissional.
36
Este exercfcio de inseryao e distanciamento proporcionara a vivencia de
situac;oes que permitam aplicar centeudos e avaliar 0 dominic dos mesmas atraves
da 8980 reflexiva. Favorecendo a retomada de aspectos ainda nao totalmente
dominados, 0 estagiario podera confrontar as condig6es concretas do exercfcio
profissional com a sua formac;ao academica. PDr isso, nao S8 pode desvincular teoria
da pr<;tica.
6.10 PAPEL DO PEDAGOGO EMPRESARIAL
o papel do pedagogo empresarial dentro de uma empresa e de grande
importancia, ja que a sua func;ao e destinada aD recrutamento e treinamento dos
funcionarios, valorizando a reciclagem dentro da empresa.
Ele geralmente faz parte de uma equipe interdisciplinar, junto com 0
administrador de empresas e 0 psicologo. Todos esses profissionais sao
indispensaveis para que uma empresa cres~a e ganhe competitividade no mercado
atual.
o pedagogo e a excelfmcia em educa~ao, com conhecimentos profundos do
sistema ensino-aprendizagem, 0 que Ihe da melhores condic;:oes e conhecimento
para atuar na area empresarial. Porem, sabe-se que e urn campo dificil de ser
conquistado, principalrnente no que diz respeito ao preconceito.
o pedagogo empresarial tern uma visao ampla das relac6es humanas. 0 ser
humano e uma totalidade e deve se desenvolver como tal. Existem pessoas com
tendencia a se voltar mais ao emocional, ja outras possuem predisposic;ao maior
para a area intelectual, 56 que emoc;ao e intelecto devem trabalhar juntos, por isso °
37
pedagogo e fundamental, pois ele vai tentar ajudar a desenvolver essas
caracteristicas simultaneamente no local de trabalho.
o pedagogo empresarial deve atuar na selet;ao e formac;:ao permanente dos
funcionarios das empresas, sejam elas de ambito industrial, comercial e de servic;:os.
Par outro lado, podera inserir-se tambern em projetos comunitarios educativos
vinculados a organizac6es formais e nao-formais.
Vemos entaD que a func;:aodo pedagogo empresarial nas instituir;oes se faz
necessaria, jii que ete e urn profissional de extrema necessidade para 0
desenvolvimento e solidifica~o das mesmas no mercado, 0 qual atualmente esta
muito competitivo.
38
7 APRESENTA<;AO E INTERPRETA<;AO DOS RESULTADOS
06TIDOS COM A PESQUISA
A realidade nao pade ser diretamente apreendida, mas deve sim, ser
imediatizada para 0 pensamento, cnde a processo de abstra~o ocorre justa mente
nesta instancia intermediaria, e para tanto valer-se-a do metoda dialetico, para
demonstrar 0 fen6meno pesquisado: "0 e5t13gl0 no processo de formacao do
Pedagogo Empresarial".
o instrumento utilizado para a realizac;ao da pesquisa toi um questionario com
4 perguntas discursivas, aplicadas aDs alunos egressos do curso de Pedagogia
Empresarial, com 0 objetivo de saber qual a importancia do esta9iO para a formacao
do Pedagogo Empresarial. Foram enviados num total de trinta questionarios, atravas
do correic e tambem par e-mail. Param, retornaram dez questionario.
As respostas do questionario foram decodificadas, tendo havido 0 cuidado de
preservar a autenticidade das mesmas, conservando a linguagem dos entrevistados,
para nao desvirtuar 0 carc3ter real das informacoes. Procurou-se ainda, organizar os
resultados obtidos, a tim de possibilitar uma melhor compreensao do trabalho.
Haja visto que a realidade esta em con stante movimento, onde os fen6menos
e as relacoes sociais sao permeadas por processos continuos de transformacao,
optar-se-a por utillzar a pesquisa qualitativa que "visa a compreensao interpretativa
das experiencias dos individuos dentm do contexto em que fora vivenciados"
(GOLDEMBERG, 1997, p. 19), que procura entendimento a partir do momento em
que as acoes torem colocadas dentro de um contexto significativo.
o estagio constitui-se como de fundamental importancia na formacao
profissional, independente do sentido que Ihe Ii atribuido. Quer seja no sentido de
39
iniciacao profissional, par representar para muitos 0 primeiro e uniCD cantata com 0
contexto real do trabalho, quer seja no aplicar a teoria aprendida em sala de aula,
podendo desta forma, vivenciar a pratica, bern como confrontar e questionar esta
teoria, aperfei~oando conhecimentos.
De acordo com 0 que ja foi visto ate 0 presente momento podemos definir que
"0 estagio e 0 momento de sinlese da format;80 le6rico-prafica entre a formac;ao
academica e a vida proflssional" (CASTRO, 1978, p. 10). Assim como diz a nossa
entrevistada I "e fundamental e imprescindivel 0 estagio, porque ele ajuda, enriquece
e da sustentat;ao no que diz respeito a dicDtornia teorialpratica" E como fala tambem
a entrevistada II ~o esfagio sempre foi de grande valia em todos os cursos, pois
depois de todo 0 embasamento teorico, taz-se necessario a sua apJicar;ao".
"0 estagio dentro do curso de pos-graduaqao e de extrema importancia, pois
apesar do profissionaJ ja ter um certo conhecimento do assunto advindo do curso de
graduar;ao, ele precisa por em pratica os conhecimentos especificos adquiridos no
curso que esM tazendo, e isso ele so va; conseguir atraves do estagio~, e 0 que diz
PICONEZ (1994, p. 45). Mas parece que 0 estagio nos cursos de p6s-gradua~ao sao
urn pouco dificeis de serem conseguidos, e 0 que diz uma das nossas entrevistas III
<Ie um tanto dificil consegu;r urn espaqo,uma empresa que abra as portas para essa
pr8tica. E uma novidade que pode ser imposta nas especializar;oes, porem, desde
que a Universidade se proponha a coJaborar com seus estudantes, fazenda
convenios com as empresas".
Para RITTNER (1994, p. 46) "0 es/agio para a forma,ao do pedagogo
empresarial se taz necessario pelo tato da pedagogia ser uma area muita amp/a, que
pode abranger diversos campos". Alem disso, como diz a entrevistada VII. '0 es/agio
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a/em de ser 6timo e de grande valia para 0 pedagogo empresarial, ele pode resultar
em contrataqao".
"A pedagogia empresarial e de grande impot1ancia para 0 desenvolvimento de
uma empresa, ja que ela /ida com a parte de recursos humanos, a qual e vital para
uma empresa" e 0 que diz MARIOTTI (1999, p. 25). Vemos que a entrevistada IX
concordada com essa vi sao, ji3 que ela diz: "0 pedagogo tern uma visao ampla das
relaqoes humanas. 0 ser humano e uma totalidade e deve se desenvolver como tal.
Existem pessoas com tende!ncia a se voltar mais aD emocionaJ e Qulras com
predisposi9iJo maior para a area intelectual, mais em09iJo e intelecto devem se
desenvolver simultaneamente. ~ neste momento, que 0 pedagogo deve agir,
favorecendo 0 desenvo/vimento desses dais fatores", A entrevistada IV tambem
concorda com este ponto de vista, ela declara que "quanto ao papel do pedagogo
empresarial, considero-o de grande importancia, e um traba/ho muito rico e
gratificante. Quando bem traba/hado, 0 retorno para a empresa e a curto prazo".
RITNNER (1994, p. 47) nos diz que '0 pedagogo empresarial e de suma
importancia para as empresas modernas, que procuram va/orizar seus profissionais
para obterem maior qualidade nos seus servit;os oferecidos". E 0 que tambem
acredita a nossa entrevistada VI "0 pedagogo empresarial e um perfil de profissional
dentro dos padroes da nova globalizaqao e que se encaixa muito bem para a funqao
que as organizar;oes estao procurando"
Apesar de ser constatada a importancia do estagio na formac;:ao do pedagogo
empresarial, 0 estagio ainda apresenta algumas falhas, as quais paderiam ser
melhoradas com propostas que visassem 0 beneficia do aluno, da instituic;ao de
ensino e da empresa. Vemos algumas dessas propostas expostas pelas nossas
entrevistadas VIII nos diz que "as universidades devem se organizar em termos de
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estabelecer convenios com empresas possibilitando 0 livre acesso ao educando.
Poder-se-ia beneficiar de a/guma forma as empresas conveniadas". Ja a entrevistada
X sugere que "0 coordenador do estagio far;8 urn mefhor supervisionamento do
mesmo; 0 estagio seja organizado desde 0 comer;o do curso, para naG haver
problemas com falta de tempo au de opr;ao; que haja uma explicac;ao deta/hada e
abjetiva de como funcionara 0 esfagio, pais nem sempre Georre e isso gera muitas
duvidas nos alunos". A entrevistada V sugere que "deve haver urn planejamento de
ac;oes a serem desenvolvidas na empresa e que 0 estagiano deve estar atento para
as exigencias da empresa, pois estas estao procurando profissionais dinamicos,
criativos e determinados".
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8 CONSIDERAc,;OES FINAlS
A grande dificuldade apresentada e com relac;:ao ao local de e5ta9io, pois
Universidade, para 0 curso de especializac;.3o em Pedagogia Empresarial, nac tern
convenios com empresas. 0 convenio entre Universidade e empresas ampliaria as
oportunidades de intercambio de experiemcias.
Assim, 0 papel desempenhado tanto pelo estagiario, bern como pelo
profissional de Pedagogia Empresarial e acompanhar as mudancas tecnico-
operacionais no cenario interno e externo a or9aniza980, sugerindo novos programas
e ac;oes.
o e5ta9io permite a analise critica das atividades desenvolvidas de forma a
repensa-Ias nurn contexte de efetiva aprendizagem, pela oportunidade de reflex§o
sabre todos as fatores em intera9aO. E a oportunidade de se defrontar com urna
situar;ao concreta objetivando a intervenyao na realidade, no papel quase
profissional.
Trabalhar com recursos humanos requer um profissional que tenha um
posicionamento politico quanto a sociedade capitalista. Politico no sentido de buscar
a transformac;ao para esta sociedade que e selvagem, exploradora, excludente,
buseando minimizar a eondi9iio de explora9iio nas rela90es de trabalho.
Portanto, 0 estagio dentro da Pedagogia Empresarial nao pode se tomar uma
pratica a servic;o do capital, um modelo pratico dominante, que reproduz 0 modelo
dominante da sociedade. mas sim, um estagio que busca comprometer 0 profissional
com a reformulaC;ao dessa sociedade.
Nao se pade reforc;ar a ideia de que a estagia e complementar au
simplesmente para cumprir a carga horaria curricular, pOis 0 aluno deve durante sua
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formacao, inserir-se no mercado de trabalho a fim de obter urn methor conhecimento
da realidade e suas necessidades.
Compreender a importancia do e5ta9io, mio e apenas criar condiyoes para
que 0 mesma se viabilize, mas e principalmente ter clareza do seu sentido na
formacao profissional.
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9 ANEXOS
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QUESTIONARIO
Nome:
Profissao:
Idade:
1- Como voce concebe 0 papel do Pedagogo Empresarial nas empresas?
2- De acordo com a sua concep~o, qual a importancia do 8Sta9iO dentro dos
cursos de especializac;ao?
3- Qual a avaliacao que voce faria da sua pratica de estagio enquanto Pedagogo
Empresarial?
4- Aponte sugestoes que considere relevantes na organizac;ao e no
desenvolvimento do estagio no processo de formacao do pedagogo
empresarial?
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