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Marcelo PassamaniUniversidade Federal de LavrasSrgio Lucena Mendes
Universidade Federal do Esprito Santo
ORGANIZADORES
Vitria, ES2007
Espcies da Fauna Ameaadas
de Extino no Estadodo Esprito Santo
APOIO
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IPEMA INSTITUTO DE PESQUISAS DA MATA ATLNTICA
CONSELHO DELIBERATIVO
Elizete Sherring Siqueira
Luiz Paulo de Souza Pinto
Luiz Son
Paulo De Marco Junior
Srgio Lucena Mendes
CONSELHO FISCAL
Marcelo Passamani
Roberta Fassarela
Valria Fagundes
EQUIPE TCNICAAndressa Gatti
Deusdedet Ale Son
Monica Toniato
CAPA E PRODUO EDITORIAL
R/Com Propaganda Estratgica
Formata Editorao
IMPRESSO
Grfica GSA
FOTOS DA CAPA
Daniel S. Ferraz, Joo Luiz Gasparini e Pedro Lima
SUMRIO
Agradecimentos.....................................................................................................................................................05
Apresentao .........................................................................................................................................................07
Prefcio .................................................................................................................................................................09
Lista de autores .....................................................................................................................................................11
CAPTULO 1Situao atual da fauna ameaada de extino no Estado do Esprito Santo............................................................15
CAPTULO 2Metodologia utilizada na elaborao da Lista da Fauna Ameaada de Extino no Estado do Esprito Santo ............21
CAPTULO 3Os mamferos ameaados de extino no Estado d o E sprito Santo ......................................................................... 29
CAPTULO 4As aves ameaadas de extino no Estado do Esprito Santo ..................................................................................47
CAPTULO 5Os rpteis ameaados de extino no Estado d o E sprito Santo ............................................................................... 65
CAPTULO 6Os anfbios ameaados de extino no Estado do Esprito Santo ............................................................................. 75
CAPTULO 7Os peixes ameaados de extino no Estado do Esprito Santo ............................................................................... 87
CAPTULO 8Os invertebrados terrestres ameaados de extino no Estado do Esprito Santo ..................................................105
CAPTULO 9Os invertebrados aquticos ameaados de extino no Estado do Esprito Santo ..................................................121
ANEXO 1Lista completa das espcies da Fauna Ameaadas de Extino no Estado do Esprito Santo (Decreto Estadual N 1499-R,de 13/06/2005) .....................................................................................................................................................129
ANEXO 2Lista das espcies extintas regionalmente no Estado do Esprito Santo ................................................................. 135
ANEXO 3Lista das espcies com dados deficientes (DD) no Estado do Esprito Santo ....................................................... 136
ANEXO 4Participantes do Workshop que definiu a lista de espcies da fauna ameaadas de extino no Estado do EspritoSanto ....................................................................................................................................................................140
Dados Internacionais de Catalogao-na-publicao (CIP)(Biblioteca Central da Universidade Federal do Esprito Santo, ES, Brasil)
E77 Espcies da fauna ameaadas de extino no Estado do Esprito Santo/
Marcelo Passamani, Srgio Lucena Mendes, organizadores. - Vitria :
Instituto de Pesquisas da Mata Altntica, 2007.
140 p. :il. (color) : 30cm
Inclui bibliografia.
1. Animais - Extino - Esprito Santo (Estado). 2. Extino
(Biologia). I. Passamani, Marcelo. 2. Mendes, Srgio Lucena.
CDU: 502
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AGRADECIMENTOS
A elaborao da lista de fauna ameaada de extino no Estado do Esprito Santo contou com a participao de diversas insti-tuies, cientistas e colaboradores, sem os quais esse trabalho no teria se concretizado. Gostaramos de destacar o apoio do CEPF Critical Ecosystems Partnership Fund, pelo financiamento do programa Conservao da Biodiversidade da Mata Atlntica no Esta-do do Esprito Santo, que tem este livro como um de seus produtos.
Agradecemos CI - Conser vao Internacional, pelo suporte a este e vrios outros projetos do IPEMA . Ao IEMA Instituto E s-tadual de Meio Ambiente e Recursos Hdricos pelo apoio no desenvolvimento do programa e financiamento da edio deste livro. AoINCAPER Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistncia Tcnica e Extenso Rural, IDAF Instituto de Defesa Agropecuria e Florestaldo Esprito Santo e IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovveis pelo apoio institucional e tc-
nico no desenvolvimento deste programa. Ao Museu Biologia Prof. Mello Leito, pelo apoio logstico e disponibilizao dos bancos dedados das colees zoolgicas.
Agradecemos s diversas Instituies cientficas que cederam os pesquisadores que constriburam na elaborao da presentelista, em especial UFES Universidade Federal do Esprito Santo, que contribuiu com vrios de seus professores e es tudantes.
Agradecemos a todos os pesquisadores que participaram da elaborao dos captulos, aos que estiveram presentes noWorkshope aos que deram suas contribuies distncia, pela Internet. Agradecemos, tambm, aos fotgrafos, que gentilmentecederam suas fotos. Por fim, um agradecimento especial equipe de funcionrios do IPEMA, que tem dado todo o apoio necessrio viabilizao deste trabalho.
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APRESENTAO
com grande satisfao que apresentamos o livro Espcies da Fauna Ameaadas de Extino no Estado do Esprito Santo,que representa o resultado do trabalho de dezenas de zologos, que se uniram para produzir um documento com vistas a nortear asaes de conservao da fauna neste Estado.
O livro, com nove captulos, quatro anexos e 42 autores, representa um esforo indito de cientistas de diferentes instituies,que compartilharam seus conhecimentos e organizaram as informaes sobre a diversidade faunstica do Esprito Santo. O trabalhoenvolveu o resgate histrico de informaes quase perdidas, a reviso da literatura especializada, a pesquisa nas colees cientfi-cas, bem como o us o de tecnologias avanadas de modelagem de riqueza e distribuio de espcies.
Ao apresentarmos sociedade uma obra sobre as es pcies ameaadas, estamos entrando no rol de um nmero ainda reduzido
de estados brasileiros que esto buscando proteger a biodiversidade com base no conhecimento cientfico e adotando critrios obje-tivos para o delineamento de estratgias de conservao.
Entretanto, a apresentao deste livro no deixa de ser angustiante. No fcil aceitar que centenas de espcies de animaisestejam sendo empurradas rapidamente para a extino, em funo da voracidade com que o ser humano ocupa os ecossistemasnaturais. Mais angustiante, ainda, constatarmos que algumas espcies emblemticas como a arara-vermelha, a jacutinga, o peixe-boi e o tamandu-bandeira j foram extintas do Estado. E o mais grave que sabemos que muitas outras espcies de animais devemestar beira da extino, ou at j foram extintas, sem sequer terem sido conhecidas pela cincia.
Esperamos, sinceramente, que este livro no represente uma extensa lista de condenados morte, mas que sirva de estmulo ed base cientfica para uma mudana de rumo. Uma mudana que surja da tomada de conscincia de que no destruindo a biodi-versidade de nosso estado, de noss o pas e de nosso planeta que alcanaremos o bem estar coletivo. Da conscincia de que tambmsomos parte desse processo evolutivo que produziu todas essas espcies que estamos extinguindo. Da conscincia de que no po-demos continuar destruindo a nossa prpria histria, o nosso prprio passado e, quem s abe, o nosso prprio futuro.
Marcelo Passamani e Srgio Lucena Mendes
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PREFCIO
A Conveno da Diversidade Biolgica, ratificada pelo Brasil em fevereiro de 1994, reconheceu os valores ecolgicos, genti-cos, sociais, econmicos, cientficos, educacionais, culturais, recreativos e estticos da biodivesidade, bem como de sua importnciapara a evoluo e manuteno dos sistemas necessrios vida na Terra.
Por intermdio da Instruo Normativa N 003, de 26 de maio de 2003, o Ministrio do Meio Ambiente reconheceu a lista deEspcies da Fauna Brasileira Ameaadas de Extino, como resultado da colaborao do Governo Federal com organizaes nogovernamentais, envolvendo uma ampla consulta comunidade cientfica.
A elaborao da lista brasileira mostrou s instituies participantes que os objetivos de conservao da fauna ameaada nopodem ser alcanados isoladamente pelo Governo Federal, mas preciso uma aliana efetiva e articulada em nvel nacional, envol-
vendo Estados e Municpios, alm da comunidade cientfica, organizaes sociais e setor empresarial.Apesar da lista brasileira ser uma importante ferramenta para a conservao da fauna, ela deixa a desejar em termos de pro-
teo das espcies em nvel est adual, especialmente quando se considera que muitas espcies podem no estar ameaadas no Pas,mas correrem risco de extino regionalmente.
De acordo como A rtigo 186 da constituio es tadual, todos tm direito ao meio ambiente ecologicamente saudvel e equilibra-do, impondo-se-lhes e, em especial, ao Estado e aos Municpios, o dever de zelar por sua preservao, conservao e recuperaoem benefcio das geraes atuais e futuras. O inciso III, do mesmo Artigo, estabelece que incumbe ao poder pblico proteger a flo-ra e a fauna, assegurando a diversidade das espcies, principalmente as ameaadas de extino, fiscalizando a extrao, captura,produo e consumo de seus espcimes e s ubprodutos, vedadas as prticas que submetam os animais crueldade.
Considerando as prerrogativas legais, e a necessidade de medidas urgentes para conter a perda da biodiversidade no Estado doEsprito Santo, o IEMA uniu-se ao IPEMA, uma organizao no governamental, para, em parceria com outras instituies pblicasestaduais e federais, desenvolver um projeto de conservao biolgica no Estado. Um dos frutos deste projeto a lista de espciesda flora e fauna ameaadas de extino no Estado do Esprito Santo.
A elaborao da lista c ontou com ampla participao da comunidade cientfica e or ganizaes da rea ambiental, permitindo apreparao de um documento tecnicamente qualificado, capaz de orientar as prioridades em termos de aes de conservao dabiodiversidade.
Por intermdio do Decreto 1499-R de 13 de junho de 2005, o Governador do Estado oficializou a lista construda participativa-mente, dando um importante passo para a sua utilizao como instrumento de gesto pblica.
A lista de espcies ameaadas altamente preocupante, especialmente quando consideramos que muitas esto criticamenteem perigo e que algumas j foram extintas de nosso estado. Para que possamos ter resultados mais otimistas quando voltarmos a
avaliar as espcies ameaadas no Esprito Santo, devemos usar a presente lista na orientao de estratgias de recuperao de es-pcies, nas definio de novas unidades de conservao, nas anlises de impactos ambientais e nos programas de pesquisa e edu-cao ambiental.
A publicao do presente livro representa um import ante avano no processo de conser vao das espcies, por proporcionar adifuso desse conhecimento tcnico/cientfico, agora disponvel para pesquisadores, professores, estudantes e instituies pblicase privadas. O acesso ao conhecimento essencial para o direcionamento de aes visando a proteo e a recuperao das espciesameaadas e a busca de um modelo de sociedade que assegure a utilizao sustentvel dos componentes da biodiversidade.
Maria da Glria Brito Abaurre
Secretria de Estado do Meio Ambiente
Diretora-Presidenta do IEMA (Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hdricos)
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LISTA DE AUTORES
Adriano Garcia ChiarelloPrograma de Mestrado em Zoologia de Vertebrados - PUC.Minas, Av. Dom Jos Gaspar 500, Prdio 41, Belo Horizonte, MG,30.535-610. E-mail: [email protected].
Andr Victor Lucci FreitasUniversidade Estadual de Campinas, Instituto de Biologia, Departamento de Zoologia, Cidade Universitria, 13083-970 Campi-nas, SP.
Antnio Domingos BrescovitInstituto Butantan, Seo de Artrpodes Peonhentos, Av. Vital Brasil 1500, Butant, 055 03-900 So Paulo, SP.
Antonio de Pdua L. S. AlmeidaProjeto TAMAR-IBAMA - Reserva Biolgica de Comboios, S/N, Cx. Postal 105, 29900-970 Linhares, ES.
E-mail: [email protected].
Antnio Jorge Suzart ArgoloUniversidade Estadual de Santa Cruz, Departamento de Cincias Biolgicas, Km 16 Rodovia Ilhus-Itabuna, Ilhus, BA, 45662-000. E-mail: [email protected].
Augusto Shynia AbeUniversidade Estadual Paulista, Instituto de Biocincias, Av. 24-A 1515, 13506-900, Rio Claro, SP. E-mail: [email protected]
Carlos Alberto Gonalves da CruzDepartamento de Vertebrados, Herpetologia, Museu Nacional do Rio de Janeiro, UFRJ, Quinta da Boa Vista, 20940- 040 Rio deJaneiro, RJ. E-mail: [email protected].
Carlos Frederico Duarte RochaDepto. Ecologia, IBRAG, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, R. So Francisco Xavier 524, Maracan, 20550-013, Rio deJaneiro, RJ. E-mail: [email protected].
Ceclia BaptistotteProjeto TAMAR-IBAMA, Av. Paulino Muller, 1111, Jucutuquara, Vitria, ES, 29900-170. E-mail: [email protected].
Celso Oliveira AzevedoUniversidade Federal do Esprito Santo, Departamento de Cincias Biolgicas, Av. Mal. Campos 1468, Marupe, 29.043-970Vitoria, ES. E-mail: [email protected].
Csar MussoAVIDEPA - Associao Vila-velhense de Proteo Ambiental. Rua Santa Filomena, n 1 - Praia do Ribeiro, Praia da Costa, 29101-080, Vila Velha ES. E-mail: [email protected].
Fbio VieiraFundao Biodiversitas, Ps-Graduao em Ecologia, Conservao e Manejo de Vida Silvestre, UFMG, Caixa Postal 4011,31.250-970, Belo Horizonte - MG. E-mail: [email protected].
Fernando Z. Vaz-de-MelloInstituto de Ecologa, A.C., Departamento de Biodiversidad y Ecologa Animal, Km 2.5 Carretera Antigua a Coatepec, 351, Con-gregacin El Haya, 91070 Xalapa, VC, Mxico.
Gustavo Augusto Schmidt de MeloUniversidade de So Paulo, Museu de Zoologia, Seo de Carcinologia. Avenida Nazar, 481, Ipiranga, 0426300 0 - S o Paulo,SP. E-mail: [email protected].
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Jacques Augusto PassamaniIBAMA/ES - Av. Mal. Mascarenhas de Moraes, 2487, Bento Ferreira, CEP: 29052-345, Vitria, ES. E-mail: [email protected].
Joo Luiz GaspariniDepartamento de Ecologia e Recursos Naturais, Universidade Federal do Esprito Santo, Av. Fernando Ferrari, 514, Goiabeiras,29075-910 Vitria, ES. E-mail: [email protected].
Jos Eduardo SimonFaculdade Integrada de Sade e Meio Ambiente de Vitria-FAESA, Campus II. Rodovia Serafim Derenze, 3115. Vitria, ES.29030-001. E-mail: [email protected].
Jos Fernando PachecoComit Brasileiro de Registros Ornitolgicos (CBRO). Rio de Janeiro, RJ. w ww.cbro.org.br.
Karina FurieriUniversidade Federal de Viosa, Departamento de Biologia Geral, Laboratrio de Ecologia Quantitativa, 36.570-000 Viosa,MG.
Keith Spalding Brown JuniorUniversidade Estadual de Campinas, Instituto de Biologia, Departamento de Zoologia, Cidade Universitria, 13083-970 Campi-nas, SP.
Leonora Pires CostaDepartamento de Ciencias Biolgicas, Universidade Federal do Esprito Santo. Av. Marechal Campos 1468 - Maruipe, 29 043-970, Vitria, ES.
Marcelo PassamaniUniversidade Federal de Lavras, Setor de Ecologia, Departamento de Biologia, 37200-000, Lavras, Minas Gerais.E-mail: [email protected].
Marcelo Teixeira TavaresUniversidade Federal do Esprito Santo, Departamento de Cincias Biolgicas, Av. Marechal Campos 1468, Marupe, 29.043-970, Vitria, ES.
Mrcio Amorim EfPrograma de Ps-graduao em Zoologia-PUCRS. E-mail: [email protected].
Marcos Andr RaposoSetor de Ornitologia, Departamento de Vertebrados, Museu Nacional/UFRJ, Quinta da Boa Vista s/n, Rio de Janeiro, RJ, CEP20940-040.
Marlon ZortaUniversidade Federal de Gois, Campus de Jata, Br 364 Km 192, Zona Rural, Jata, GO, 75801-615.E-mail: [email protected].
Monique Van SluysDepto. Ecologia, IBRAG, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, R. So Francisco Xavier 524, Maracan, 20550-013, Rio deJaneiro, RJ. E-mail: [email protected].
Paola Lupianhes Dall` OccoUniversidade de So Paulo, Museu de Zoologia, Seo de Carcinologia. Avenida Nazar, 481, Ipiranga, 04263000 - So Paulo,SP.
Paulo De Marco JuniorUniversidade Federal de Gois, Instituto de Cincias Biolgicas, Departamento de Biologia Geral. Campus II, Centro, 74001-970- Goinia, GO. E-mail: pdemarcoicbufg.br.
Paulo de Tarso Zuquim AntasFundao Funatura. SQN 408/112, Bloco A. Braslia, DF. 70856-010.
Pricles GesFaculdade Jangada Jaragu do Sul, SC. [email protected].
Renato Neves FeioMuseu de Zoologia Joo Moojen de Oliveira, Universidade Federal de Viosa, 36 571-000 Viosa, MG. E-mail: [email protected].
Rmulo RibonDepartamento de Cincias Biolgicas, Instituto de Cincias Exatas e Biolgicas, Universidade Federal de Ouro Preto, Campus,Bauxita, Ouro Preto-MG, CEP 35400-000. E-mail: [email protected].
Ronaldo FernandesDepartamento de Vertebrados, Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Quinta da Boa Vista, S /N, Rio de Janeiro,RJ, 209 40-040. E-mail: [email protected].
Rosebel Cunha NalessoUniversidade Federal do Esprito Santo, Centro de Cincias Humanas e Naturais, Departamento de Ecologia e Recursos Naturais.
Av. Fernando Ferrari , 514, Goiabeiras, 29075-910 - V itria, ES. E-mail: [email protected].
Rudi Ricardo LapsFundao Universidade Regional de Blumenau, Centro de Cincias Exatas e Naturais, Departamento de Cincias Naturais. Antnioda Veiga, 140, Vitor Hering, 89010-971 - Blumenau, SC. E-mail: [email protected].
Salvatore SicilianoLaboratrio de Ecologia, Departamento de Endemias, Samuel Pessoa, Escola Nacional de Sade Pblica/FIOCRUZ, Rua LeopoldoBulhes, 1480 - trreo Manguinhos, Rio de Janeiro, RJ 21041-210. E-mail: [email protected].
Sandra Giselda PaccagnellaCEREIAS - Centro de Reintroduo de Animais Selvagens. Cx Postal 66. Aracruz, ES. ES. E-mail: [email protected].
Srgio Lucena MendesDepto de Cincias Biolgicas CCHN/UFES. Av. Mal. Campos, 1468, 29043-970, Maruipe, Vitria, ES.E-mail: [email protected].
Silvia Maria GandolfiLaboratrio de Malacologia e S istemtica Molecular, Departamento de Zoologia, Instituto de Cincias Biolgicas (ICB), Universida-de Federal de Minas Gerais. Caixa Postal 48 6, CEP 30123-970, Belo Horizonte, MG. E-mail: [email protected].
Viviane TestaUniversidade Federal do Esprito Santo, Departamento de Ecologia e Recursos Naturais. Av. Fernando Ferrari, s/n, Goiabeiras,
29070-900, V itria, ES. E-mail: [email protected].
Werther KrohlingUniversidade Estadual do Norte Fluminense (UENF), Laboratrio de Cincias Ambientais. Programa de Ps Graduao em Ecolo-gia e Recursos Naturais - UENF: Av. Alberto Lamego, 2000. Horto. Campos dos Goytacazes, RJ.Email: [email protected].
Yuri Luiz Reis LeiteDepartamento de Ciencias Biolgicas, Universidade Federal do Esprito Santo. Av. Marechal Campos 1468 Maruipe, 29043-970, Vitria, ES. E-mail: [email protected].
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CAPTULO 1
Situao Atual da Fauna Ameaadade Extino no Estado do Esprito Santo
Marcelo PassamaniUniversidade Federal de Lavras ( UFLA)Instituto de Pesquisas da Mata Atlntica (IPEMA)
INTRODUO
Originalmente, a Mata Atlntica cobria cerca de 90% da extensoterritorial do Estado do Esprito Santo, sendo que o restante era co-berto por brejos, restingas, manguezais, campos rupestres e camposde altitude (Fundao SOS Mata Atlntica e INPE, 1993). As severasalteraes a que foi submetido este Bioma, reduziram as grandesextenses de mata a um conjunto de pequenos fr agmentos florestaisque somam, hoje, cerca de 9 % da cobertura vegetal no EspritoSanto, sendo a fragmentao do habitat a principal responsvel pelaperda de diversidade biolgica.
Apesar do acentuado processo de degradao, a Mata Atlntica noEsprito Santo ainda abriga uma altssima riqueza biolgica de plan-tas (Thomaz & Monteiro, 1997), lepidpteros (Brown & Freitas, 2000),aves (Simon, 2000) e mamferos (Passamani et. al., 2000). Entretan-to, devido aos processos de eroso gentica, demogrfica e ambien-tal em larga escala, esta enorme diversidade biolgica pode estarseveramente comprometida. Somente com o avano do conheci-mento cientfico e a avaliao mais objetiva da situao das espciesem escala regional, como o feito pelas listas estaduais, poderemos
estabelecer estratgias mais precisas de proteo dos animais e di-recionamentos dos recursos, assim como criao de novas Unidada-es de Conservao. A elaborao da lista de espcies ameaadas deextino no Estado do Esprito Santo uma importante iniciativa nes-te sentido.
A primeira Lista da Fauna Brasileira Ameaada de Extino foi elabo-rada em 1973, sendo recentemente revisada (Machado et al., 2005).Em relao aos estados, o Paran foi o primerio a publicar a sua listaregional em fevereiro de 1995, seguido por Minas Gerais, em julho domesmo ano. Em seguida vieram So Paulo e Rio de Janeiro, em1998, e Rio Grande do Sul em 2002. Destes, o Paran teve sua listarevisada e publicada em 2004 e Minas Gerais est no final do pro-cesso de reviso e publicao.
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O Workshoprealizado em abril de 2004 em Vit ria con-cluiu que no Estado do Esprito Santo existem 197 es-pcies de animais ameaadas de extino e 11 foramconsideradas regionalmente extintas, ou seja, no
ocorrem mais naturalmente neste estado. O nmero deespcies consideradas Criticamente em Perigo foi 66,Em Perigo foi 36 e Vulnervel foi 95 (Figu ra 1.1). Apesarde quase metade das espcies listadas estarem en-
quadradas na categoria de menor risco entre as amea-adas, isto no quer dizer que no devemos nos preo-cupar com a situao delas. O risco d e extino de taisespcies pode se tornar muito alto se os fatores de
ameaa persistirem.
Quando avaliamos os dados separados por grupo, verifi-camos que aves o grupo que apresenta o maior nme-
ro de espcies ameaadas ou regionalmente extintas,com 85 espcies (41%), seguido de mamferos, com 32espcies (15%), peixes, com 29 espcies (14%), inverte-brados terrestres, com 23 espcies (11%), invertebradosaquticos, com 19 espcies (9%), e anfbios e rpteis,
com 10 espcies cada (5% cada) (Figura 1.2). O maiornmero de espcies de aves e mamferos pode refletirum maior conhecimento sobre estes grupos e, conse-qentemente, os efeitos danosos em suas populaes
so verificados mais facilmente. Mas tambm so esp-cies de maior porte, muitas delas somente encontradasem extensas reas de vegetao nativa; e geralmenteso mais susceptveis caa e captura. Muitas vezes a
extino local de espcies segue um padro de perdainicial das espcies maiores e especializadas, devidoprovavelmente a que estas espcies ocorrem natural-mente em baixas densidades, requerem grandes reas
de vida ou ambos os fatores (Wilson & Willis, 1975; Chia-
rello, 1997).Por outro lado, os invertebrados terrestres, por exemplo,chamam menos a ateno dos cientistas e da comuni-dade em geral por serem de pequeno porte e pouco ca-
rismticos, fazendo muitos prefirirem trabalhar com ou-tros grupos (Azevedo et al, Captulo 8).
Com relao ao nmero de espcies por grupo, em cadacategoria de ameaa, verificamos que aves e invertebra-dos terrestres tiveram o maior nmero de espcies en-
quadradas na categoria Criticamente em Perigo, en-quanto todos os demais grupos tiveram um maior nme-ro de espcies na categoria Vulnervel (Figura 1.3, Tabe-la 1.1).
O nmero de espcies listadas para o Estado do E spritoSanto (208) equivale a 32,9% do total de espcies inclu-das na Lista da Fauna Brasileira Ameaada de Ex tino(vide Machado et al., 2005). Se levarmos em considera-
o que o territrio capixaba possui somente uma reade 45.597 km2, o que equivale a 0,53% do territrionacional, podemos concluir que a situao da fauna noestado preocupante. Se avaliarmos esta relao por
bioma este quadro no muito diferente. Como a totali-dade das espcies na Lista de Ameaadas no EspritoSanto ocorre na Mata Atlntica, pois o estado est todocontido na rea de ocorrncia original deste bioma, isto
significa que mais da metade das 383 espcies queconstam na lista brasileira e que ocorrem na Mata Atln-tica (Paglia, 2005) esto ameaadas no Esprito Santo.
Numa anlise mais geral, o nmero de espcies presen-tes na Lista da Fauna Brasileira Ameaada que ocorre no
Estado do Esprito Santo 121, o que quer dizer que acada duas espcies aproximadamente na lista capixaba,uma est na lista nacional. Dentre as espcies que cons-tam da Lista da Fauna Ameaada de Extino no Espri-
to Santo, 97 (46,6%) constam tambm na lista brasilei-ra. Isto quer dizer que mais da metade das espcies queconstam da lista capixaba so consideradas ameaadassomente no estado, o que evidencia o quanto a diversi-
dade biolgica do Esprito Santo merece uma atenoespecial, antes que desaparea para sempre no territ-rio capixaba.
A perda de espcies j foi constatada para 11 espciesque esto Regionalmente Extintas no Esprito Santo,
sendo 4 espcies de peixes (2 espcies de peixe-serra,Pristis pectinatae Pristis pristis, o peixe-papagaio, Sca-rus guacamaia, e o surubim-do-Doce, Steindachneridion
doceana), 4 de aves (o Corocor, Mesembrinibis caye-nennsis, a Jacutinga, Pipile jacutinga, a Arara-vermelha-grande,Ara chloropterus, e o Bicudo, Oryzoborus maxi-miliani) e 3 de mamferos (o tamandu-bandeira, Myr-mecophaga tridactyla, a ariranha, Pteronura brasiliensis
e o peixe-boi-marinho, Trichechus manatus).
Muitas espcies terrestres de grande porte ou de topoda cadeia alimentar, como a anta (Tapirus terrestris), aona-pintada (Panthera onca), o queixada (Tayassu pe-
cari), o tatu-canastra (Priodontes maximus) e a guia-real (Harpia harpyja), alm de serem caados, requeremgrandes reas de vegetao contnuas para sua sobrevi-vncia, estando entre as espcies mais ameaadas no
Estado do Esprito Santo. Da mesma forma, a grandemaioria das espcies ameaadas de extino habita am-bientes florestais bem preservados, tais como a cuca-dgua, Chironectes minimus, a preguia-de-coleira,Bradypus torquatus, o muriqui, Brachyteles hypoxanthus,o gato-maracaj, Leopardus wiedii, a cutia Dasyproctaaguti, o macuco, Tinamus solitarius, o ja-do-sul, Cryp-turellus noctivagus, o uirau-falso, Morphnus guianen-sis, o gavio-de-penacho, Spizaetus ornatus, o mutum,Crax blumembachii, o surucu-de-coleira, Trogon colla-ris, a borboleta, Heliconius nattereri, a rzinha, Coloste-thus capixabae o besouro-de-chifre, Dynastes herculespaschoali.
Infelizmente menos de 3% da rea total do Estado hojeencontra-se protegida na forma de Unidades de Conser-
vao, sendo somente trs no grupo de proteo integralcom mais de 5.000 ha (IPEMA, 2005), o que est muitolonge do mnimo necessrio para a manuteno da di-versidade biolgica a mdio e longo prazo.
Alm disso, algumas espcies sofrem com a caa e acaptura, como o caso do sagi-da-serra, Callithrix fla-viceps, do macaco-prego, Cebus robustus, do guig,Callicebus personatus, do caititu, Pecari tajacu, da cutia,Dasyprocta aguti, do jacuau, Penelope obscura, do uru,Odontophorus capueira, do papagaio-moleiro,Amazonarhodocorytha, do catatau, Sporophila frontalis, da cigar-rinha, Sporophila falcirostris, do curi, Oryzoborus ango-lensise do azulo, Passerina brissonii.
Em relao aos outros estados que elaboraram suas lis-tas, o Esprito Santo apresenta-se em quarto lugar emtermos de nmero absoluto de espcies ameaadas deextino, ficando em melhor situao que os estados deSo Paulo, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro (Tabela
1.2). Entretanto, seguindo a avaliao de Bergalo et al.(2000b), que leva em conta a rea geogrfica total doestado, o Esprito Santo sobe para a segunda posio emnmero de espcies ameaadas por quilmetro quadra-do, perdendo somente para o Rio de Janeiro. Ou seja, hi-
poteticamente, necessrio percorrer somente uma reade pouco mais de 200 km2 para se encontrar uma esp-cie ameaada (Tabela 1.2). Na prtica, este cenrio nose comporta desta forma devido heterogeneidade deambientes, a determinadas reas concentrarem mais es-pcies que outras e a situao diferenciada de alteraodo habitat no Estado, j que o norte do Estado se encontraem situao mais crtica que o sul e regio serrana.
Quanto ao nmero de espcies por categoria de ameaa,pode-se verificar uma grande variao entre os estados,sendo que o Esprito Santo apresenta uma maior por-centagem de espcies (31,7%) que os demais estadosna mais alta categoria de ameaa (Criticamente em Pe-rigo). Em relao ao nmero de espcies RegionalmenteExtintas o Esprito Santo est atrs do Rio de Janeiro,
So Paulo e Minas gerais, que apresentam 37, 24 e 12espcies, respectivamente, consideradas como Prova-velmente Extintas ( Tabela 1.3).
A avaliao da situao das espcies em nvel regional elocal, como o caso da lista do Esprito Santo, essen-cial para reverter o processo de ameaa de extino dasespcies, aplicando estratgias mais concretas de pro-teo e direcionando mais precisamente os recursos eesforos. Este tambm um instrumento fundamentalpara estabelecer polticas pblicas norteadoras de umdesenvolvimento econmico e social que leve em contaa conservao das espcies da fauna do Esprito Santosob maior risco de desaparecimento.
Tendo em vista que a destruio e fragmentao doshabitats e seus efeitos (reduo da rea, isolamento eefeito de borda) so os principais fatores que ameaama sobrevivncia a longo prazo da fauna capixaba, comopode ser constatado ao longo dos captulos dos diferen-
tes grupos tratados neste livro, necessrio que medi-das urgentes e efetivas sejam tomadas para assegurar,principalmente, os remanescentes de Mata Atlnticaainda existentes, assim como diminuir os efeitos prove-nientes do seu isolamento.
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VU = Vulnervel, EP = Em Perigo, CP = Criticamente em Perigo, RE = Regionalmente Extinta.
FIGURA 1.1 - Porcentagem de espcies em diferentes categorias de ameaa ou regionalmente extintas.
FIGURA 1.2 - Porcentagem de espcies na lista de ameaadas e extintas, separadas por grupo.
FIGURA 1.3 - Nmero de espcies ameaadas nas diferentes categorias, separadas por grupo.
TABELA 1.1 - Nmero de espcies ameaadas e regionalmente extintas no Esprito Santo por grupo e categoria
de ameaa.
GRUPO RE CP EP VU TOTAL
Inv. Aquticos - - - 19 19
Inv. Terrestres - 13 3 7 23
Peixes 4 5 2 18 29
Anfbios - 3 3 4 10
Rpteis - 1 3 6 10
Aves 4 37 18 26 85
Mamferos 3 7 7 15 32
TOTAL 11 66 36 95 208
RE = Regionalmente Extinta; CP = Criticamente em Perigo;
EP = Em Perigo; VU = Vulnervel.
TABELA 1.2 - Comparao do total de espcies ameaadas nos estados brasileiros j avaliados, com sua exten-
so territorial e rea necessria para se encontrar uma espcie ameaada.
ESTADO (REA EM KM2) TOTAL DE ESPCIES
REA NECESSRIA PARA SE
ENCONTRAR UMA ESPCIE
AMEAADA
Esprito Santo (46.000) 208 221 km2
Paran1 (200.000) 163 1.227 km2
Minas Gerais2(588.000) 178 3.333 km2
So Paulo3(249.000) 317 833 km2
Rio de Janeiro4(44.000) 257 172 km2
Rio Grande do Sul5(282.000) 261 1.080 km2
1 = Mikich & Brnils, 2004; 2 = Machado et al., 1998; 3 = So Paulo, 1998; 4 = Bergallo et al., 2000a;5 = Fontana et al., 2003.
TABELA 1.3 - Total de espcies extintas e por categoria de ameaa nas listas estaduais disponveis.
ESTADO RE CP EP VU TOTAL
Esprito Santo 11 (5,3) 66 (31,7) 36 (17,3) 95 (45,7) 208
Paran 4 (2,5) 41 (25,2) 46 (28,1) 72 (44,2) 163
Minas Gerais 12* (6,7) 33 (18,5) 55 (30,9) 78 (43,9) 178
So Paulo 24* (7,7) 67 (21,5) 72 (23,2) 148 (47,6) 311
Rio de Janeiro 37* (14,4) 18 (7,0) 47 (18,3) 155 (60,3) 257
Rio Grande do Sul 11* (4,2) 43 (16,5) 72 (27,6) 135 (51,7) 261
* inclui a categoria Provavelmente Extinta
RE 5%CP 32%
EP 17%VU 46%
Mamferos15%
Inv. Aquticos9% Inv. Terrestres
11%
Peixes14%
Rpteis5%Aves41%
Anfbios5%
CP EP VU RE
Nmerodees
pcies
Inv.Aquti
cos
Inv.Terre
stres
Peixe
s
Anfb
ios
Rpte
isAv
es
Mamfer
os
40
30
20
10
0
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REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS CAPTULO 2
Metodologia Utilizada na Elaboraoda Lista da Fauna Ameaada
de Extino no Estado do Esprito Santo
Marcelo PassamaniUniversidade Federal de Lavras ( UFLA)
Instituto de Pesquisas da Mata Atlntica (IPEMA)
INTRODUO
Para a elaborao da lista de espcies ameaadas no Estado do Es-prito Santo era necessrio reunir os conhecimentos disponveis so-bre a biologia das espcies que aqui ocorrem. Um dos caminhos paraisto foi buscar a colaborao de diversos especialistas, de forma quea fauna pudesse ser avaliada de maneira mais ampla e segura. Aomesmo tempo, o enquadramento das espcies em categorias deameaa deveria ser feito de forma que possibilitasse a comparaocom listas produzidas em outros estados, assim como a nacional e amundial.
O processo de elaborao da Lista de Fauna Ameaada de Extinono Esprito Santo foi iniciado num Workshoprealizado no dia 16 deagosto de 2003, nas dependncias do Museu de Biologia Prof. MelloLeito, com a presena de um pesquisador experiente em cada umdos seguintes grupos faunsticos: mamferos, aves, rpteis, anfbios,peixes, invertebrados terrestres e invertebrados aquticos. Essespesquisadores constituram a equipe de coordenao do Projeto, queatuaram de acordo com o Roteiro Metodolgico para Elaborao deListas de Espcies Ameaadas de Extino (Lins et al., 1997), que
define trs etapas: preparatria, decisria e final.
ETAPA PREPARATRIA
Definio dos critrios e categorias:Aps a apresentao das meto-dologias adotadas pela Unio Mundial para a Natureza (IUCN) e pelaslistas regionais brasileiras, ficou definido que os critrios e catego-rias a serem adotados seriam os propostos pela IUCN (2001) verso3.1, sem qualquer modificao. Neste entendimento, ficou claro queesses critrios so mais precisos e rigorosos e que as adequaesocorridas em outros trabalhos do gnero, para outros estados brasi-leiros, dificultariam a comparao da listagem de fauna ameaadano Esprito Santo com outros documentos similares. As categorias
Bergallo, H.G.; Rocha, C.F.D.; Monique V. Sluys & Alves, M.
A.S. 2000a. A Fauna Ameaada de Extino do Estado do
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Chiarello, A.G. 1997. Mammalian Community and Vegetation
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IPEMA, 2005. Conservao da Biodiversidade no Estado do
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adotadas para s espcies avaliadas e elaborao destalista so mostradas na Figura 2.1:
Estas definies referem-se exclusivamente a situaodas espcies no Estado do Esprito Santo, independente
do seu statusem outros estados, ou na escala nacional
ou mundial. As definies abaixo seguem a IUCN (2001)e Gardenfors et al.(2001).
Regionalmente Extinto (RE):Um txon est regional-mente extinto quando no h razovel dvida de que o
ltimo indivduo potencialmente capaz de reproduo naregio considerada morreu ou desapareceu (neste caso
no Estado do E sprito Santo).
Criticamente em perigo (CP): Um txon est Critica-
mente em Perigo quando a melhor evidncia disponvel
indica que ele se enquadra em qualquer um dos critriosde A a E (vide Tabela 2.1) para Criticamente em Perigo e
que deve ser considerado um txon que enfrenta um ris-co extremamente alto de extino na natureza.
Em Perigo (EP): Um txon est Em Perigo quando a me-lhor evidncia disponvel indica que ele se enquadra em
qualquer um dos critrios de A a E (vide Tabela 2.1) para
Em Perigo e que deve ser considerado um txon queenfrenta um perigo muito alto de extino na natureza.
Vulnervel ( VU): Um txon est Vulnervel quando amelhor evidncia disponvel indica que ele se enquadra
em qualquer um dos critrios de A a E (vide Tabela 2.1)para Vulnervel e que deve ser considerado um txon
que enfrenta um alto risco de extino na natureza.
Deficiente em Dados (DD): Um txon est na categoria
Deficiente em Dados quando as informaes existentes
sobre ele so inadequadas para se fazer uma avaliao
direta ou indireta sobre seu risco de extino com baseem sua distribuio e/ou statusde suas populaes. Umtxon nesta categoria pode ser bem estudado e sua bio-
logia ser bem conhecida, mas faltam informaes apro-
priadas sobre sua abundncia e/ou distribuio geogr-fica. Assim, a categoria Deficiente em Dados no uma
categoria de ameaa. A colocao de um txon nestacategoria indica que mais informaes so necessrias
sobre ele, reconhecendo-se a possibilidade de futuras
pesquisas mostrarem que o txon se enquadra em algu-ma das categorias de ameaa.
Elaborao da relao das espcies candidatas lista:Ocoordenador de cada grupo temtico elaborou uma lista
de espcies candidatas lista, utilizando os critrios
abaixo, que correspondem queles adotados em outras
listas estaduais e nacional, assim como os deliberadosno Workshop. Com base nesses critrios, os autores fi-
zeram uma avaliao geral das espcies de seu grupotemtico, resultando em uma relao dos t xons possi-
velmente ameaados. Foram includos na lista de esp-
cies candidatas:
txons considerados ameaados ou presumivelmen-
te ameaados nas Listas da Fauna Brasileira Amea-ada de Extino (Bernardes et al., 1990; MMA,
2003), e nas listas regionais;
txons que apaream em listas ociais publicadas
por organismos internacionais idneos;
txons endmicos do Esprito Santo, ou da MataAtlntica, estando a critrio de cada coordenador degrupo;
txons cujas populaes no Estado estejam em de-clnio em decorrncia de presso antrpica direta
(caa, pesca, apanha e coleta) ou indireta (destruio
ou descaracterizao do hbitat).
Alguns outros critrios que o coordenador do grupo
achou relevante para incluso (ex: raridade no regis-tro, ausncia em unidades de conservao, etc).
De posse dessa lista preliminar, o coordenador realizouuma criteriosa avaliao das espcies candidatas, visan-
do enquadr-las em categorias de ameaa que reflitam
adequadamente seu statusde conservao no Estado,seguindo os critrios e categorias da IUCN (2001), ou
exclu-las da lista final. Sabe-se que, muitas vezes, oscritrios so subjetivos e os dados quantitativos escas-
sos, mas isso no deve impedir as tentativas de catego-rizao. Seguindo as recomendaes da IUCN e a anu-ncia dos coordenadores, os mtodos envolvendo esti-
mativas, inferncias e projees so perfeitamente acei-tveis. Neste caso, poderiam ser feitas extrapolaes de
ameaas atuais ou potenciais para o futuro ou de fatores
relacionados abundncia e distribuio do txon, des-de que elas possam ser razoavelmente sustentadas. Evi-
dentemente, o nvel de ameaa de uma espcie deveriaser avaliado levando-se em conta apenas a sua situao
no Estado do Esprito Santo.
Houve uma preocupao de se evitar listas preliminares
muito extensas que dificultassem as anlises por part e
dos especialistas a serem consultados. Ao todo, foramelencadas 393 espcies candidatas, sendo 68 de mam-feros, 193 de aves, 12 de rpteis, 28 de anfbios, 49 depeixes, 29 de invertebrados terrestres e 14 de inverte-brados aquticos.
Consulta a especialistas:A lista de espcies candidatas,com a categoria de ameaa proposta, foi encaminhadapara os especialistas sugeridos pelos coordenadores,
juntamente com um Formulrio/Consulta, contendo:ordem, famlia, gnero, espcie, autor e data, alm deinformaes como: concorda com a incluso da esp-cie na categoria de ameaa ( ) sim ( ) no ( ) No opina.Quando incluir ou excluir, justificar.
A consulta foi feita via Internet (por correio eletrnico), eos especialistas foram orientados a encaminharem suas
avaliaes para o IPEMA, com cpia para o coordenador.O objetivo desta consulta foi ampliar as informaes so-bre as espcies constantes da lista, envolvendo ummaior nmero de especialistas.
Formao da base de dados:De posse de todas as su-gestes constantes dos formulrios encaminhados pelosespecialistas, os coordenadores de grupo compilaram osdados e preparam a lista das espcies e seu enquadra-mento nas categorias da IUCN (2001) para ser apresen-tada e discutida na etapa decisria.
ETAPA DECISRIA
Esta etapa foi realizada num Workshopem Vitria, ES,no perodo de 06 a 08 de abril de 2004, na qual partici-param os coordenadores de cada grupo temtico mais98 especialistas convidados de 222 Instituies. Aps a
abertura do Workshop, com autoridades estaduais e na-cionais, os especialistas foram distribudos em seus gru-
pos de interesse em salas separadas. O coordenador de
cada grupo temtico apresentou aos demais as informa-es compiladas das respostas obtidas na consulta am-
pla, que, aps anlise detalhada, decidiram pelo seustatusde conservao, enquadrando-as nas categorias
propostas pela IUCN (2001). Aps isso, as concluses de
cada grupo temtico foram relatadas pelos seus coorde-nadores na sesso plenria de encerramento do
Workshop, para conhecimento e homologao por todosos participantes. neste momento que surgem as dis-
cusses gerais sobre as espcies e os problemas rela-
cionados a elas, como foi o caso de se considerar algu-mas espcies de crustceos explorados comercialmente
na categoria de sobreexplotada.
ETAPA FINAL
Por fim, a lista das espcies com sua categoria de ame-aa e critrios foi organizada e encaminhada aos coor-
denadores novamente para que fizessem uma reviso
minuciosa, principalmente quanto grafia. Para sua ofi-cializao a lista foi encaminhada em marco de 2005
para o CONSEMA (Conselho Estadual de Meio Ambiente)e o decreto estadual de homologao da lista, de N
1499-R, foi assinado pelo Governador do Estado no dia
11 de junho de 2005, no Museu de Biologia Prof. MelloLeito, em Santa Teresa, ES, e publicado no Dirio Ofi-
cial do Estado no dia 14 de junho de 2005. A lista, ento,foi disponibilizada no stio eletrnico do IPEMA - www.
ipema-es.org.br.
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TABELA 2.1 - Sumrio das categorias e critrios utilizados pela IUCN (extrado de Lins et al., 1997)
CRITRIOS VULNERVEL EM PERIGOCRITICAMENTE
EM PERIGO
A. POPULAO EM DECLNIO
Reduo populacional (observada, estimada, inferida ou suspeita)
com base em qualquer um dos itens abaixo
1 - Reduo j ocorrida. Causas de reduo reversveis, bem conhe-
cidas e j ausentes. Taxa de reduo de-
70% em dez
anos ou trs
geraes
90% em dez
anos ou trs
geraes
2 - Reduo j ocorrida. Causas de reduo ainda atuantes ou pouco
conhecidas ou irreversveis. Taxa de reduo igual a
maior ou igual
30%
maior ou igual
50%
maior ou igual
80%
3 - Reduo projetada para os prximos 10 anos ou trs geraes.Taxa de reduo igual a:
maior ou igual30%
maior ou igual50%
maior ou igual80%
4 - Reduo j ocorrida e projetada envolvendo perodo de 10 anos ou
trs geraes. Taxa de reduo igual a :
maior ou igual
30%
maior ou igual
50%
maior ou igual
80%
a- Observao direta
b- ndice de abundncia apropriado para o txon
c- Declnio na rea de ocupao, extenso da ocorrncia e/ou quali-
dade do hbitat
d- Nveis reais ou potenciais de explorao
e- Efeitos da introduo de taxa, hibridizao, patgenos, poluentes,
competidores ou parasitas
B. DISTRIBUIO RESTRITA E DECLNIO OU FLUTUAO
1 - Extenso da ocorrncia: < 20.000 km2 < 5.000 km2 < 100 km2
2 - ou rea de ocupao: < 2.000 km2 < 500 km2 < 10 km2
e pelo menos duas das trs caracterstica seguintes:
a- Distribuio geogrfica altamente fragmentada. Txon assinalado em:No mais que
10 localidades
No mais que
cinco
localidades
Uma s
localidade
b- Diminuio contnua em:
Qualquer taxa
(i) Extenso da ocorrncia
(ii) rea de ocupao
(iii) rea, extenso e/ou qualidade do hbitat
(iv) Nmero de localidades ou subpopulaes
(v) Nmero de indivduos adultos
c- Flutuaes extremas na distribuio geogrfica: Qualquer taxa
C. TAMANHO POPULACIONAL REDUZIDO E EM DECLNIO
Populaes estimadas em: < 10.000 < 2.500 < 250
e uma das seguintes situaes:
1 - Declnio populacional contnuo estimado em: 10%
em 10 anos
ou 3 geraes20%
em 5 anos
ou 2 geraes
25%em 3 anos
ou 1 gerao
2 - Declnio populacional contnuo e pelo menos uma das seguintes
situaes:
a - Populaes estruturadas da seguinte forma:
(i) Nenhuma subpopulao com mais de: 1000 250 50
(ii) Nmero de indivduos em uma subpopulao: 100%pelo menos
95%
pelo menos
90%
b - Flutuaes poulacionais extremas qualquer taxa
D. TAMANHO POPULACIONAL REDUZIDO E RESTRITO
Nmero de indivduos maduros: < 1.000(1) < 250 < 50
Ou para a categoria vulnervel (2):
rea de ocupa-
o de 20 km2
ou cinco ou
menos locali-
dades. O txon
pode ser afeta-
do por ativida-
des antrpicas
ou eventos
estocsticosem perodo
muito curto de
tempo, poden-
do assim tor-
nar-se critica-
mente em
perigo ou mes-
mo extinto.
(no aplicvel)
E. ANLISE QUANTITATIVA
Mostrando que a probabilidade de extino na natureza de pelo menos 10% em 10 anos
Continua
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FIGURA 2.1 - Esquema das categorias de ameaa adotado na Lista da Fauna Ameaada no Esprito Santo,
para as espcies submetidas anlise (a daptado da IUCN, 2001).
Deficiente em Dados (DD)
Criticamente em Perigo (CP) Em Perigo (EP) Vulnervel (VU)
R egionalmente Ex tinta (RE ) A meaada
Dados Adequados
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS
Bernardes, A.T.; Machado, A.B.M. & Rylands,A.B. 1990. Fau-
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Braslia.
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Espcies da Fauna Ameaadas de Extinao no Estado do Esprito Santo | 29
CAPTULO 3
Os Mamferos Ameaados de Extinono Estado do Esprito Santo
Adriano Garcia ChiarelloPontifcia Universidade Catlica de Minas Gerais(PUC-MG)
Leonora Pires CostaUniversidade Federal do Esprito Santo (U FES)
Yuri Luiz Reis LeiteUniversidade Federal do Esprito Santo (U FES)
Marcelo PassamaniUniversidade Federal de Lavras ( UFLA)
Salvatore SicilianoEscola Nacional de Sade Pblica/FIOCRUZ
Marlon ZortaUniversidade Federal de Gois ( UFG)
INTRODUO
O Esprito Santo possui 29 espcies ameaadas de mamferos nascategorias Criticamente Em Perigo(CP), Em Perigo(EP) eVulner-vel(VU) e outras trs Extintas Regionalmente, totalizando 32 esp-
cies na lista oficial do estado ( Tabela 3.1). Este total representa cercade 4,9% das 655 espcies atualmente registradas no Brasil (Reis et
al., 2006). Considerando apenas as espcies continentais (excluindo
portanto Cetacea e Sirenia), a lista totaliza 27 espcies, o que repre-senta 4,4% das 609 espcies continentais brasileiras (Reis et al.,
2006). Como estas 27 espcies ocorrem na Mata Atlntica, pois oestado est todo contido na rea de ocorrncia original deste bioma,
isto significa que 10,8% das 250 espcies brasileiras que ocorrem na
Mata Atlntica (Reis et al.,2006) esto ameaadas no Esprito Santo.Das 29 ameaadas, praticamente metade (46,9%) est na categoria
Vulnervele a outra metade est distribuda igualmente nas catego-rias Em Perigoe Criticamente Em Perigo(21,9% em ambos os ca-
sos). Em termos taxonmicos, as ordens com maior nmero de esp-
cies ameaadas so Carnivora (seis espcies), Chiroptera (cinco es-pcies) e Primates, Cetacea e Rodentia (quatro espcies em cada
ordem).
Dois teros (68,8%) das espcies ameaadas ou regionalmente ex-
tintas no Esprito Santo esto tambm ameaadas no Brasil ou no
mundo: 19 constam da Lista da Fauna Brasileira Ameaada de Extin-o (MMA, 2003) e 14 da Lista da IUCN (IUCN, 2007) (Tabela 3.2).
Seis destas espcies esto nas categorias de maior risco (Critica-mente Em Perigoou Em Perigo) na lista da IUCN, das quais trs
espcies tem no Esprito Santo um dos ltimos redutos de suas po-pulaes remanescentes: a preguia-de-coleira (Bradypus torquatus),
o muriqui-do-norte (Brachyteles hypoxanthus) e o sagui-da-serra
(Callitrhix flaviceps). As demais trs espcies listadas como CP ou EPna IUCN esto regionalmente extintas no estado (ariranha, Pteronura
brasiliensis) ou tem populaes muito reduzidas (tatu-canastra,
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Priodontes maximus), ou so espcies ainda muito p ou-co estudadas, caso do rato Abrawayomys ruschi. Nospargrafos a seguir so fornecidas informaes e co-
mentrios mais especficos sobre as espcies ameaa-das.
MORCEGOS (CHIROPTERA)
Cinco espcies de morcegos foram consideradas amea-
adas de extino no Esprito Santo, todas na categoriaVulnervel(Tabela 3.1). A seguir so apresentadas algu-mas informaes sobre estas espcies. Lampronycteris
brachyotis um filostomneo que, como Micronycterishirsuta, no citado para o ES nos mapas de distribuiogeogrfica dos grandes compndios, embora o registro
destas espcies tenha sido confirmado h algum tempono estado. Lampronycteris brachyotisocorre desde o M-xico at a Amrica do Sul. O registro mais austral da es-pcie parece ser o norte do Esprito Santo. Espcie de
hbito florestal, insetvoro, abriga-se em ocos de rvoresem grupos de at 10 indivduos. Micronycteris hirsutaoutro filostomneo insetvoro que tem no Esprito Santo
seu limite sul de distribuio, ocorrendo desde Honduras,na Amrica Central, passando pela Amaznia, Cerrado eMata Atlntica. Aparentemente ocorre em baixas altitu-des prximo a crregos e reas midas (Eisenberg & Re-
dford, 1999). Carollia brevicaudatem no Esprito Santosua localidade tipo, sendo a tambm o limite sul de suadistribuio. Este morcego raro na Mata Atlntica e seu
registro no Esprito Santo est restrito ao exemplar tipo.Alimenta-se de frutos e abriga-se em cavernas, grutas efolhagens, sendo encontrada desde altitudes baixas atas elevadas (mais de 2.000 m) (Handley, 1967).
Choeroniscus minor um pequeno morcego florestal dehbito nectarvoro que foi registrado no Esprito Santo porPeracchi & Albuquerque (1993), nas matas de tabuleiro
do norte do estado. Parece ser endmico da Amrica doSul. Lichonycteris obscura: um exemplar desta espciefoi descoberto na coleo de mamferos do Museu de
Zoologia da Universidade de So Paulo (Zorta et al.1998). No h registro da localidade precisa de coleta,mas provavelmente o referido exemplar deve ter sidocapturado no norte do estado, nos arredores da lagoa
Juparan, municpio de Linhares. De hbito predominan-temente nectarvoro, L. obscurapode tambm se alimen-tar de insetos. Ocorre da Amrica Central, de Honduras
para o sul, com distribuio na bacia Amaznica e na
Mata Atlntica. O registro no Esprito Santo representa alocalidade mais austral da espcie.
As cinco espcies consideradas ameaadas no EspritoSanto no constam da lista oficial do Brasil (MMA, 2003).
Apenas Myotis ruber, que foi considerada de baixo risco,figura na lista brasileira como ameaada (categoriaVulne-rvel). Esta diferena pode ser explicada pela particulari-dade das listas regionais, que se referem a uma menorrea geogrfica e tambm pelo fato de que, das cinco es-pcies da lista brasileira, trs no tem registros para o Es-prito Santo. A outra espcie da lista brasileira, Platyrrhinusrecifinus, parece ser relativamente freqente no estado,com suas populaes mantendo certo grau de integridadetanto nas matas de tabuleiro quanto nas matas de encos-ta. As espcies listadas como ameaadas para o Esprito
Santo no aparecem em nenhuma das outras cinco listasestaduais elaboradas (Paran, Rio Grande do Sul, Rio deJaneiro, Minas Gerais e So Paulo). Em parte, isto pode serexplicado pelo fato de que as espcies da lista do EspritoSanto possuem no estado seu limite sul de distribuio.
PEQUENOS MAMFEROS
(RODENTIA E DIDELPHIMORPHIA)
Dentre as sete espcies de mamferos consideradas Cri-ticamente Em Perigono estado, quatro so animais depequeno porte, sendo dois marsupiais (Chironectesminimus e Monodelphis scalops) e dois roedores(Kannabateomys amblyonyxeAbrawayaomys ruschii). Acuca-dgua (Chironectes minimus) um marsupial dehbitos semi-aquticos que ocupa margens de rios e cr-regos em reas florestais predominantemente monta-nhosas, se alimentando basicamente de peixes, sapos,crustceos e outros invertebrados aquticos. Seus hbi-tos aquticos e dieta tornam a espcie de difcil capturacom as tcnicas tradicionais de estudo de pequenos ma-mferos, o que talvez explique sua raridade em coleeszoolgicas brasileiras. No entanto estes animais no soparticularmente ariscos, sendo fceis de serem avistadosquando presentes. , portanto, significativo o fato dessaespcie ter sido registrada no estado no rio Timbu, emSanta Teresa (exemplar coletado por A. Ruschi h maisde 40 anos) e recentemente na Reserva Biolgica deDuas Bocas, em Cariacica (J. L. Gasparini e R. Bianchi,comun. pess). A poluio dos cursos dgua e a destrui-o das matas ciliares so as principais ameaas esp-cie. A catita (Monodelphis scalops) uma espcie muito
pouco conhecida, com raros registros no Brasil, ondeocorre na poro costeira do sudeste at regies adja-
centes da Argentina. No estado, conhecida para a re-gio de Santa Teresa, como atestam os espcimes depo-
sitados no Museu de Biologia Professor Mello Leito,
Santa Teresa, e no Natural History Museum of Los Ange-les County, Califrnia, EUA. O rato-da-taquara
(Kannabateomys amblyonyx) conhecido apenas na Es-tao Biolgica de Santa Lcia, em Santa Teresa, onde
ocupa bambuzais exticos (Olmos et al.1993). uma es-
pcie de roedor arborcola de mdio porte que dependede bambus ou taquaras como abrigo e se alimenta exclu-
sivamente de folhas e brotos dessas plantas. Ocorre emdensidades relativamente baixas e apresenta uma taxa
reprodutiva tambm baixa. Este fato, associado espe-
cialidade de hbitat e dieta restrita, tornam esta esp-cieVulnervela perturbaes ambientais e outros even-
tos estocsticos que afetem a sua demografia populacio-nal. Assim como a cuca-dgua, a principal ameaa para
a espcie a destruio de hbitat natural. O roedor
Abrawayaomys ruschii uma espcie de pequeno portebastante peculiar por possuir uma pelagem dorsal com-
posta de plos duros e bastante espinhosos, sendo o ni-co roedor murdeo (Cricetidae, segundo Wilson & Reeder,
2005) na Mata Atlntica com essa caracterstica. A esp-
cie foi descoberta na dcada de 1970 na regio de Cas-telo (Cunha & Cruz, 1979), mas nunca mais foi registrada
no estado, apesar de vrios esforos nesse sentido. Nadase sabe sobre a histria natural dessa espcie, conhecida
at o momento por menos de dez exemplares. interes-
sante notar que dentre as quatro espcies acima descri-tas, trs so conhecidas apenas para a regio de Santa
Teresa, o que atesta a importncia desta regio para aconservao dos pequenos mamferos ameaados no
estado, ainda que a maioria dos registros seja antiga. Hde se considerar, no entanto, que esta tambm umadas regies melhor inventariadas no estado (Passamani
et al., 2000) e que abriga um museu de histria natural.Conclui-se, portanto, que a conservao destas espcies
no estado depende de maiores esforos de coleta nesta
e em outras regies do estado, com a finalidade imediatade identificar populaes remanescentes e, em um se-
gundo momento, a realizao de estudos ecolgicos paraa investigao dos requerimentos de hbitat e outros pa-
rmetros da histria natural das espcies, imprescind-
veis no direcionamento de medidas conservacionistas,como a realizao de planos de manejo.
MAMFEROS DE MDIO E GRANDE PORTE
Este grupo engloba 18 espcies ameaadas ou extintasno estado, sendo um Cingulata (o tatu-canastra), dois Pi-losa (o tamandu-bandeira e a preguia-de-coleira), qua-tro Primates (o muriqui-do-norte, o macaco-prego, o sa-gi-da-serra e o guig), seis Carnivora (duas onas, trsgatos-do-mato e a ariranha), um Perissodactyla (a anta),dois Artiodactyla (caititu e queixada) e dois Rodentia (oourio-preto e a cutia). Dentre os xenartros (Cingulata ePilosa), um est extinto no estado (tamandu-bandeira,Myrmecophaga tridactyla), sendo que o ltimo registroconfirmado da presena da espcie data de 1968, para aregio de Linhares. Este exemplar encontra-se deposita-do na coleo particular do Sr. Elias Lorenzutti, na cidadede Linhares (Lorenzutti & Almeida, 2006). Antes disto, h
um registro do sculo XIX feito pelo Prncipe Wied-Neu-wied (Wied-Neuwied, 1958) que, coincidentemente,menciona a coleta, em 1815, de um exemplar para omesmo municpio de Linhares, na regio da lagoa Mon-sars, onde hoje localiza-se o distrito de Povoao. Otatu-canastra (Priodontes maximus), o maior dos tatusexistentes, est listado como Criticamente Em Perigo.H poucos registros seguros da espcie desde o incio dadcada de 1990: uma toca foi observada na Floresta Na-cional do Rio Preto em 1994 (A.G. Chiarello, obs. pess.);um exemplar foi encontrado no incio da dcada de 1990em um poo abandonado na Reserva Biolgica de Soore-tama (R. M. de Jesus, com. pess.) e em 2006 um exem-plar foi fotografado por armadilha fotogrfica no interiordesta Reserva (Chiarello & Sberk-Araujo, dados no pu-blicados). O txon deve estar restrito, portanto, ao grandebloco de mata formado pela Reserva de Sooretama e daCompanhia Vale do Rio Doce (CVRD), onde tocas j semuso ainda eram encontradas em 1990 (A.G.C., obs. pess.).H apenas um registro anterior a este, do incio do sculoXIX feito pelo naturalista francs Antoine Saint-Hilaire,que coletou um exemplar nas margens do Rio Doce entreLinhares e Regncia (Saint-Hilaire, 1974). Provavelmenteesta espcie, como o tamandu-bandeira, nunca foiabundante no estado. Embora freqentem regies flores-tadas, estas espcies costumam ser mais abundantesem reas de Cerrado. A preguia-de-coleira (Bradypustorquatus), listada como Em Perigo, encontrada no es-tado apenas ao sul do Rio Doce, particularmente nos mu-nicpios de Aracruz, Santa Teresa, Santa Maria do Jetibe municpios vizinhos. Ocorre tanto em florestas de baixaaltitude (Aracruz) como na regio Serrana (600-900 m).
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Ao que tudo indica, a espcie est naturalmente ausenteao norte do Rio Doce, onde volta a aparecer apenas nosul da Bahia (Oliver & Santos, 1991; Chiarello, 1999). Fe-lizmente parece tolerar bem matas secundrias, pois temsido encontrada com freqncia em fragmentos peque-nos e perturbadas de Mata Atlntica de Santa Maria deJetib e de Aracruz.
Das quatro espcies de primatas ameaadas no estado,duas esto restritas regio serrana: o muriqui-do-nor-te (Brachyteles hypoxanthus) e o sagi-da-serra (Callithrixflaviceps); uma tem sua distribuio restrita as matas aonorte do Rio Doce (o macaco-prego, Cebus nigritusrobustus) e a ltima ocorre em praticamente todo o es-
tado (o guig, Callicebus personatus). Como no caso dapreguia-de-coleira, o muriqui-do-norte parece no
ocorrer naturalmente ao norte do Rio Doce (Aguirre,1971), voltando a ocorrer no sul da Bahia, onde pormest praticamente extinto. Interessante mencionar queno sculo XIX ainda era muito abundante naquela regio,a ponto da espcie ter sido considerada como principalcaa da comitiva do Prncipe Wied-Neuwied (Wied-Neu-wied, 1958). O muriqui-do-norte uma das espcies deprimatas mais ameaadas do mundo (Mittermeier et al.,2005), pois suas populaes hoje somam algo em tornode 700 a 1.000 indivduos e esto isoladas em um n-mero muito reduzido de unidades de conservao e re-
as particulares (Mittermeier et al., 2005). No EspritoSanto, ocorre na reserva Biolgica Augusto Ruschi, empropriedades privadas de Santa Maria de Jetib, ondetem sido intensivamente estudado e no Parque Nacionaldo Capara (Mendes et al., no prelo.). um macaco degrande porte que se alimenta de frutos e folhas. Vive emgrupos que podem chegar a vrias dezenas de indivdu-os. O sagi-da-serra (Callithrix flaviceps), como o prprionome indica, encontrado em florestas da regio serra-na, geralmente acima dos 600 m de altitude. Vive emgrupos familiares compostos por 6-10 indivduos e ali-menta-se de insetos, pequenos vertebrados e frutos.Nas reas de menor altitude substitudo pelo sagui-da-
cara-branca (Callithrix geoffroyi), espcie muito maisabundante e no ameaada no estado. O macaco-prego,Cebus nigritus robustus, est praticamente restrito asreservas biolgicas de Crrego Grande, Crrego do Vea-do e de Sooretama, e tambm na vizinha Reserva daCVRD e na Floresta Nacional (FLONA) do Rio Preto. Viveem grupos geralmente formados por 10 a 20 indivduose possuem uma dieta muito variada, formada por frut os,
insetos, pequenos vertebrados, razes, brotos, etc. Even-tualmente podem tambm consumir milho, cana e ou-tras culturas agrcolas, pelo que so muito perseguidos.De maneira geral, as principais ameaas ao grupo comoum todo so o desmatamento e o isolamento dos frag-mentos remanescentes pois os primatas no sobrevivem
em reas sem florestas. Outra ameaa importante acaa ilegal j que todas as espcies, particularmente asde maior porte (Brachyteles hypoxanthuseCebus nigritusrobustus), so abatidas para o consumo.
Dentre as seis espcies ameaadas de Carnivora, desta-ca-se a situao da ariranha (Pteronura brasiliensis), ex-tinta no estado. O ltimo registro confirmado data demais de 40 anos atrs, quando uma equipe do InstitutoOswaldo Cruz visitou a Reserva Biolgica de Sooretama,
tendo coletado, dentre vrios outros mamferos, umexemplar desta espcie (Travassos et al., 1964). Outroregistro data do sculo XIX, quando um exemplar foi en-contrado morto no Rio Itabapoana, na divisa com o esta-do do Rio de Janeiro (Wied-Neuwied, 1958). Esta espcie a maior das lontras, sendo encontrada geralmente ape-
nas nos grandes rios ainda no alterados ou poludos.Como outros carnvoros, particularmente os felinos, foimuito caada no passado para o comrcio de pele. Outraespcie do grupo que merece destaque a ona-pintada(Panthera onca), listada como Criticamente Em Perigo. Omaior dos predadores da regio Neotropical, ainda en-contrado no estado apenas no bloco formado pela reser-vas de Sooretama e da CVRD em Linhares, onde prova-velmente sobrevive a maior populao da espcie, que noentanto no deve ultrapassar uma dezena de indivduos,se tanto (Chiarello & Sberk-Araujo, dados no publica-dos). possvel, no entanto, que um ou outro indivduoainda sobreviva na regio Serrana e tambm no Parque
Nacional do Capara. Reduo de rea de florestas, dimi-nuio da oferta de presas (espcies nativas de mamfe-ros de mdio e grande porte) e caa indiscriminada soresponsveis pelo drstico declnio populacional destaespcie. A ona-parda ou sussuarana (Puma concolor)por sua vez est em situao menos crtica, j que ocorreem outras unidades de conservao do estado, tanto aonorte (FLONA do Rio Preto, Reservas Biolgicas de Cr-rego do Veado, Crrego Grande e Sooretama e Reservada CVRD), como ao sul do Rio Doce (Reserva Biolgica
Augusto Ruschi e Estao Biolgica de Santa Lcia), almda provvel ocorrncia em outras reas. A ona-pardaalimenta-se de presas menores do que aquelas abatidas
pela ona-pintada e por isso tem mais facilidade de so-breviver em fragmentos florestais menos extensos e maisalterados. As outras trs espcies de felinos ameaados,a jaguatirica (Leopardus pardalis) e os gatos-do-mato (L.wiediie L. tigrinus) esto listados na categoriaVulner-vel, ocorrendo em praticamente todas as regies razoa-velmente bem florestadas do Estado, sendo porm sem-pre raros. So perseguidos pelo suposto prejuzo quecausam criao de aves domsticas e outros animaisdomsticos de pequeno porte.
nico Perissodactyla do Brasil (existem outras duas esp-cies de Tapiridae na regio Neotropical e uma terceira nasflorestas da sia), a anta (Tapirus terrestris) est listadacomo Em Perigono estado. Espcie de grande porte quese alimenta de folhas, brotos e frutos, a anta hoje est
restrita a pouqussimas reas, a maioria das quais na re-gio norte (Reservas de Crrego Grande, Crrego do Vea-do, Sooretama e da CVRD). Nas reservas de CrregoGrande e Crrego do Veado as populaes sobreviventesdevem ser compostas por pouqussimos indivduos, de-vendo desaparecer em poucos anos se medidas de mane-
jo no forem implementadas. Ao sul do Rio Doce suspeita-se de sua ocorrncia apenas no Parque Nacional do Capa-ra. Ocorria na regio Serrana de Santa Teresa at o incioda dcada de 1990, sendo o ltimo registro confirmado de1991, para a Estao Biolgica de Santa Lcia (Passama-ni et al., 2000). A espcie est ameaada pois demandagrandes reas florestadas para sobreviver, tem uma baixataxa reprodutiva e perseguida por caadores.
As duas espcies de porco-do-mato que ocorrem no Bra-sil esto ameaadas no estado: o caititu (Pecari tajacu)comoVulnervele a queixada (Tayassu pecari) como EmPerigo. A queixada, de maior porte e formando gruposmais numerosos (at mais de 100 indivduos), ainda so-brevive apenas nas Reservas de Sooretama, CVRD e Cr-rego do Veado (Chiarello, 1999). Est praticamente extin-ta na regio Serrana. As varas, como so chamados osgrupos de queixadas, necessitam de reas enormes paraencontrar alimento suficiente (frutos, brotos, sementes,tubrculos, cascas, etc), particularmente durante as po-cas de maior escassez. Na Reserva Biolgica de Crregodo Veado (2.500 ha), por exemplo, as queixadas saemcom relativa freqncia da rea da reserva para procuraralimento em roas de milho e mandioca (A.G.C., obs.pess.). Os caititus, por sua vez, ocorrem nas citadas re-servas do norte (exceto na Reserva de Crrego do Veado)e tambm nos trechos de mata mais conservados e ex-
tensos da regio Serrana (Reserva Biolgica AugustoRuschi, Estao Biolgica de Santa Lcia) (Chiarello,1999; Srbek-Araujo & Chiarello, 2005). Ambas espciesso muito caadas para comrcio da carne e tambmpelo dano que causam em reas de lavoura.
Entre os roedores de mdio porte, duas espcies estona lista de ameaadas no estado: a cutia, D. leporina(=D. aguti) e o ourio-preto (Chaetomys subspinosus),ambas na categoria Vulnervel. A cutia foi includa nalista pois, embora esteja presente em um nmero razo-vel de reservas, tanto ao norte, como ao sul do RioDoce, seu nmero parece estar muito reduzido em todaselas, com exceo das Reservas da CV RD e de Crregodo Veado, indicando populaes em declnio. No sesabe ao certo o porqu, mas as cutias parecem ser mais
vulnerveis ao desmatamento e fragmentao florestaldo que as pacas (Cuniculus paca) que tambm so mui-to perseguidas por caadores (Chiarello, 1999). Talvez ohbito estritamente diurno das cutias, ou perseguiocausada por ces domsticos ou ainda a susceptibilida-de a alguma zoonose estejam por trs deste declnio,fatores que deveriam ser investigados em estudos futu-ros. O ourio-preto (Chaetomys subspinosus), tambmconhecido por guandu ou ja-torino, a nica espciede ourio presente na lista de ameaadas do estado. Aespcie est tambm ameaada nacionalmente e inter-nacionalmente (Tabela 3.2), pois trata-se de um gneromonotpico e endmico da Mata Atlntica. estritamen-te arborcola e alimenta-se predominantemente de fo-lhas, brotos e, ocasionalmente, fru tos (Chiarello et al.,1997; Oliveira, 2006). O ourio-preto distingue-se dosoutros ourios presentes no estado (gnero Sphiggurus),por ter espinhos flexveis enquanto os ourios comunstm espinhos mais longos, duros e pontiagudos. Ocorre
tanto ao norte como ao sul do rio Doce, mas parece sermais abundante nas reas de restingas, particularmenteno Parque Estadual Paulo Cesar V inha, onde encontra-do com relativa freqncia (Oliveira, 2006). As maioresameaas so o desmatamento e conseqente isolamen-to de populaes e a caa, j que ourios so abatidosoportunsticamente quando encontrados.
MAMFEROS AQUTICOS (CETACEA E SIRENIA)
PEQUENOS CETCEOS COSTEIROS
Os pequenos cetceos costeiros do Estado do EspritoSanto vivem exclusivamente em ambientes marinhos,
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fortemente associados com esturios e as guas adja-centes da plataforma continental, compreendendo qua-tro espcies: o boto-cinza (Sotalia fluviatilis), a toninhaou manico (Pontoporia blainvillei), o golfinho-nariz-de-garrafa (Tursiops truncatus) e o golfinho-de-dentes-ru-gosos (Steno bredanensis). O manico considerado atu-almente o cetceo costeiro mais ameaado em todo o
Atlntico Sul Ocidental. Em razo da sua distribuio emguas costeiras e ambientes associados a esturios, ohbitat do manico especialmente vulnervel s ativida-des antropognicas degradantes, como a poluio e tr-fego de embarcaes. No entanto, a captura acidentalem redes de pesca o principal problema de conservaoenfrentado pela espcie. Sua rea de distribuio se es-tende de Itanas, Esprito Santo, at Golfo Nuevo, Argen-tina. O boto-cinza ocorre em toda costa capixaba e, talqual o manico, uma vtima freqente de interao comas redes de pesca artesanal.
CETCEOS DE HBITOS COSTEIRO-OCENICOS
Compreendem as espcies de golfinhos e baleias quevivem tanto em guas costeiras quanto ocenicas, ouseja, alm dos limites da isbata de 200 m. Incluem-senesta lista o golfinho-nariz-de-garrafa e o golfinho-de-dentes-rugosos, assim como a orca (Orcinus orca) e afalsa-orca (Pseudorca crassidens). Outros cetceos tam-bm so conhecidos por transitarem nesta faixa de cos-ta. Ressaltam-se quatro espcies de baleias que utilizamsazonalmente tal zona do litoral capixaba durante seuperodo migratrio, com finalidade de reproduzir e criarseus filhotes: a baleia-jubarte (Megaptera novaeangliae),a baleia-franca-austral (Eubalaena australis), a baleia-de-Bryde (Balaenoptera edeni) e a baleia-minke-an(Balaenoptera acutorostrata). Em virtude de uma longahistria de caa artesanal e industrial, as baleias jubartee franca tiveram suas populaes reduzidas a uma pe-quena frao dos seus nmeros originais. Medidas inter-nacionais de proteo a partir da dcada de 1960 e, noBrasil, a partir do final dos anos 1980, garantiram umasurpreendente recuperao populacional e uma reocu-pao dos antigos stios de reproduo. A costa norte doEstado do Esprito Santo, onde se inicia o alargamentodos Bancos dos A brolhos, abriga parte considervel docontingente populacional de baleias-jubarte que migramanualmente para a costa brasileira, entre junho e no-vembro. Registros de interao de baleias-jubarte(Megaptera novaeangliae) com redes de espera artesa-
nal tambm so conhecidos para a costa do EspritoSanto, inclusive envolvendo filhotes. As baleias-francassofrem com a degradao do hbitat (e.g. poluio qu-mica e sonora, perturbao por embarcaes) e eviden-ciam sinais de abandono de algumas reas utilizadashistoricamente para reproduo e cria de filhotes. Existeuma premente necessidade de investigar os requeri-mentos ecolgicos das baleias-francas e aplicar medi-das mais eficazes para seu retorno a antigos stios dereproduo e cria na costa capixaba.
CETCEOS EXCLUSIVAMENTE OCENICOS
Compreende um grupo de cetceos que vivem todo seuciclo de vida em guas ocenicas, alm da quebra da pla-taforma continental. As espcies mais notveis deste am-
biente so: a baleia-azul (Balaenoptera musculus), a ba-leia-fin (Balaenoptera physalus), a baleia-sei (Balaenopteraborealis), a baleia-minke-antrtica (Balaenoptera bonae-rensis), o cachalote (Physeter catodon) e a baleia-piloto-de-peitorais-curtas (Globicephala macrorhynchus). Estaltima assinalada para a costa capixaba por um juvenilencontrado encalhado com o estmago repleto de mate-rial plstico. As espcies ocenicas sofrem com a degra-dao do hbitat, entre as quais a poluio sonora merecemaior destaque. O intenso trfego martimo e o uso decanhes de ar comprimido por navios de explorao ss-mica so apontados por diversos autores como causado-res de leses temporrias ou permanentes ao ouvido in-terno das baleias, as quais se desorientariam e poderiamencalhar. Soma-se a isso o fato de que algumas popula-es de cetceos, entre os quais os cachalotes, sofreramintensamente com a caa em guas da Antrtica e doBrasil.
SIRNIOS
A regio da foz do Rio Doce (aprox. 18S) representa olimite histrico da presena do peixe-boi-marinho(Trichechus manatus) no litoral brasileiro. Entretanto, estelimite conhecido apenas pelos relatos histricos do Pa-dre Jos de Anchieta, o qual descreve a presena destemamfero marinho em detalhes, e pelas observaes doPrncipe Wied-Neuwied que visitou a regio no incio dosculo XIX (Wied-Neuwied, 1958). A espcie em questodeve ser considerada extinta na costa capixaba, baseadona falta de evidncias concretas da sua presena h maisde 50 anos. O nico registro comprovado da presena dopeixe-boi-marinho ao sul de Salvador, em tempos recen-
tes, trata-se de uma costela (MN 30493) encontrada emBarra de Caravelas, Bahia, em 8 de setembro de 1990por S. Siciliano e I. de Gusmo Cmara em meio a vriosremanescentes de esqueletos de baleias-jubarte (Boro-bia & Lodi, 1992; Siciliano & Franco, 2005). Sendo assim,relatos recentes de avistagens de mamferos marinhossemelhantes a peixes-bois na costa capixaba so infun-dados, tratando-se provavelmente de pinpedes (elefan-tes-marinhos, focas, lobos e lees marinhos) ou at mes-mo lontras e capivaras.
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TABELA 3.1 - Lista das espcies de mamferos ameaadas ou regionalmente extintas no Estado do Esprito Santo
com as respectivas categorias de ameaa e critrios de incluso, de acordo com as definies da
IUCN. Categorias de ameaa: VULNERVEL (VU), EM PERIGO (EP), CRITICAMENTE EM PERIGO(CP)
e REGIONALMENTE EXTINTA (RE). A taxonomia e nomenclatura adotadas seguem Wilson & Reeder
(2005).
ORDEM FAMLIA NOME CIENTFICO NOME VULGAR CATEGORIA CRITRIOS
Didelphimorphia Didelphidae
Monodelphis scalops(Thomas, 1888)
catita
CP
B 2a,b(ii)
Chironectes minimus(Zimmermann, 1780) cuca-dgua B 2a,b(iii); A2c,e
Cingulata DasypodidaePriodontes maximus
(Kerr, 1792)tatu-canastra CP A 2c, d
PilosaMyrmecophagidae
Myrmecophaga tridactylaLinnaeus, 1758
tamandu-bandeira RE
BradypodidaeBradypus torquatus Illiger,
1811preguia-de-coleira EP B 1a,b (iii)
Chi roptera Phyllos tomidae
Lampronycteris brachyotis(Dobson, 1879)
morcego VU VU A2c
Micronycteris hirsuta(Peters, 1869)
Lichonycteris obscuraThomas, 1895
Choeroniscus minor(Peters, 1868)
Carollia brevicauda(Schinz, 1821)
Primates
AtelidaeBrachyteles hypoxanthus
(Kuhl, 1820)muriqui-do-norte CP
C 2a (i)
Cebidae
Callithrix flaviceps
(Thomas, 1903) sagui-da-serra EPCebus nigritus robustus
(Kuhl, 1820)macaco-prego
VUB 1a,b (iii)
PitheciidaeCallicebus personatus
(. Geoffroy, 1812)guig C 2a (i)
ORDEM FAMLIA NOME CIENTFICO NOME VULGAR CATEGORIA CRITRIOS
CarnivoraFelidae
Leopardus pardalis(Linnaeus, 1758)
jaguatirica VU C 2a (i)
Leopardus tigrinus(Schreber, 1775)
gato-do-mato-pe-
quenoVU C 2a (i)
Leopardus wiedii(Schinz, 1821)
gato-maracaj
Panthera onca(Linnaeus, 1758)
ona-pintada CP C 2a (i); D
Puma concolor(Linnaeus, 1771) suuarana EP C 2a (i)
MustelidaePteronura brasiliensis
(Gmelin, 1788)ariranha RE
Cetacea
BalaenopteridaeMegaptera novaeangliae
(Borowski, 1781)baleia-jubarte VU A1 c,e
BalaenidaeEubalaena australis(Desmoulins, 1822)
baleia-franca-do-sul EP A1 c,e
PhyseteridaePhyseter catodonLinnaeus, 1758
cachalote VU A 1b,d
IniidaePontoporia blainvillei (Gervais
& dOrbigny, 1844)toninha EP B 2a, B2b (i)
Sirenia TrichechidaeTrichechus manatus
Linnaeus, 1758peixe-boi-marinho RE
Per is so da ct yl a Ta pi ri da eTapirus terrestris(Linnaeus, 1758)
anta EP C 2a (i)
ArtiodactylaTayassuidae
Pecari tajacu(Linnaeus, 1758)
caititu VU B 2a, b (iii)
Tayassuidae Tayassu pecari(Link, 1795) queixada EP C 2a (i)
Rodentia
ErethizontidaeChaetomys subspinosus
(Olfers, 1818)ourio-preto VU B 2a, b (ii) + (iii)
Dasyproctidae Dasyproctaleporina(Linnaeus, 1758)
cutia VU B 2a, b (ii) + (iii);C1
Muridae*Abrawayaomys ruschii
Cunha & Cruz, 1979rato
CPB 2a, b (iii)
EchimyidaeKannabateomys amblyonyx
(Wagner, 1845)rato-da-taquara B 2a, b (iii)
* Segundo Wilson & Reeder (2005) os roedores silvestres do Brasil da famlia Muridae esto agora na famlia Cricetidae.
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TABELA 3.2 - Lista das espcies de mamferos ameaadas ou regionalmente extintas no Estado do Esprito Santo
que tambm so listadas como ameaadas na lista nacional (MMA, 2003) e na lista da IUCN (IUCN,
2007). Categorias de ameaa:VULNERVEL(VU), EM PERIGO (EP), CRITICAMENTE EM PERIGO (CP)
e REGIONALMENTE EXTINTA (RE). A taxonomia e nomenclatura adotadas seguem Wilson & Reeder
(2005).
ORDEM FAMLIA NOME CIENTFICO NOME VULGAR LISTA ESLISTA
BRASIL
LISTA
IUCN
Didelphimorphia DidelphidaeMonodelphis scalops
(Thomas, 1888)catita CP - VU
Cingulata Dasy podidaePriodontes maximus
(Kerr, 1792)tatu-canastra CP VU VU
Pilosa
MyrmecophagidaeMyrmecophaga tridactyla
Linnaeus, 1758tamandu-bandeira R E
VU
-
BradypodidaeBradypus torquatus
Illiger, 1811preguia-de-coleira EP EP
Primates
AtelidaeBrachyteles hypoxanthus
(Kuhl, 1820)muriqui-do-norte CP
Cebidae
Callithrix flaviceps(Thomas, 1903)
sagi-da-serra EP
Cebus nigritus robustus(Kuhl,1820)
macaco-prego
VU
PitheciidaeCallicebus personatus
(. Geoffroy, 1812)guig
ORDEM FAMLIA NOME CIENTFICO NOME VULGAR LISTA ESLISTA
BRASIL
LISTA
IUCN
Carnivora
Felidae
Leopardus pardalis(Linnaeus, 1758)
Jaguatirica,
VU -Leopardus tigrinus(Schreber, 1775)
gato-do-mato-pequeno
Leopardus wiedii(Schinz, 1821)
gato-maracaj
Panthera onca(Linnaeus, 1758)
ona-pintada CP
VU
-Puma concolor
(Linnaeus, 1771)suuarana EP
MustelidaePteronura brasiliensis
(Gmelin, 1788)ariranha RE EP
Cetacea
BalaenopteridaeMegaptera novaeangliae
(Borowski, 1781)baleia-jubarte VU
BalaenidaeEubalaena australis(Desmoulins, 1822)
baleia-franca-do-sul EP -
PhyseteridaePhyseter catodon(Linnaeus, 1758)
cachalote VU
Iniidae Pontoporia blainvillei
(Gervais & dOrbigny, 1844)Toninha EP -
Sirenia TrichechidaeTrichechus manatus
Linnaeus, 1758peixe-boi-marinho RE CP VU
Per is so da ct yl a Tap ir ida eTapirus terrestris(Linnaeus, 1758)
anta EP - VU
RodentiaErethizontidae
Chaetomys subspinosus(Olfers, 1818) ourio-preto VU
Muridae*Abrawayaomys ruschii
Cunha & Cruz, 1979rato CP - VU
TOTAL 22 19 14
* Segundo Wilson & Reeder (2005) os roedores silvestres do Brasil da famlia Muridae esto agora na famlia Cricetidae.
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REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS
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Borobia, M. & Lodi, L. 1992. Recent observations and records
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Chiarello, A. G. 1999. Effects of fragmentation of the Atlantic
forest on mammal communties in south-eastern Brazil.
Biological Conservation, 89:71-82.
Chiarello, A. G.; Passamani, M & Zortea, M. 1997. Field obser-
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Cunha, F. L. S. & Cruz, J. F. 1979. Novo gnero de Cricetidae
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Eisenberg, J. F. & Redford, K. H. 1999. Mammals of the Neo-
tropics. The Central Neotropics. Vol. 3. Chicago and Lon-
don, Univ. Chicago Press, 609 p.
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Santo, Brasil. Boletim do Museu de Biologia Mello Lei