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RELATÓRIO TÉCNICO
1. OBJETIVO
O presente relatório visa analisar tecnicamente o laudo técnico do processo judicial no
1128784-81.2014.8.26.0100 elaborado pelo perito judicial sr. Eduardo Marcondes Stacchini.
2. ANÁLISE CRÍTICA DO LAUDO TÉCNICO
O laudo técnico do processo no 1128784-81.2014.8.26.0100 foi elaborado pelo perito judicial
arquiteto, sr. Eduardo Marcondes Stacchini, sendo composto pelos seguintes capítulos:
I. Dos fatos
II. Designação da perícia
III. Desenvolvimento do trabalho pericial
IV. O empreendimento Viva Vida Freguesia do Ó
V. A cerâmica Quarter da Cecrisa
VI. Diligências e trabalhos periciais realizados
VII. Critérios adotados para a realização dos testes
VIII. Situação encontrada nos revestimentos
IX. Relatório fotográfico do empreendimento
X. Retirada das amostras e realização dos testes
XI. Análise dos resultados dos testes e dos dados coletados nas vistorias
XII. Quesitos formulados pelas partes
XIII. Conclusões finais
XIV. Encerramento
XV. Anexos
Com relação ao capítulo 1 do Laudo Técnico elaborado pelo perito judicial, sr. Eduardo Mar-
condes Stacchini, na alínea I.2 não relata a maioria das conclusões do relatório técnico elaborado
pela requerida e que consta nas fls. 355 a 412 dos autos.
Uma destas conclusões é referente à existência do vício oculto relatado no segundo parágrafo
da alínea I.2:
“Alega a Ré, que conforme se observa no documento 6 de fls. 68 e seguintes,
em novembro de 2013 já havia sido realizado um laudo técnico, que demonstra
que o alegado vício oculto havia se tornado evidente, de modo que a Autora
deixou de observar o prazo legal, já que somente em dezembro de 2014 in-
gressou em Juízo”.
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Com relação a este vício oculto, o relatório apresentado pela Requerida e constante de fls.
355 a 412, deixa bem nítido na página 29 que o vício oculto trata-se da especificação do sistema
de revestimento de fachada sem as camadas e materiais conforme a NBR 13755/96. O trecho
do relatório técnico da Requerida, que consta das fls. 355 a 412 dos autos, e que apresenta esta
conclusão é transcrito a seguir:
“Então, a detecção das causas dos problemas reside no levantamento dos fa-
tores mais prováveis em cada caso. Assim, de acordo com o observado após
as diversas vistorias e análises de resultados de ensaios das placas cerâmicas,
pode-se sintetizar as origens para o destacamento do revestimento cerâmico
de fachada dos edifícios vistoriados e revestidos com placas cerâmicas Quarter
de dimensões iguais a (20x20)cm, da seguinte forma:
• Projeto: Ausência de projeto que abordasse todos os aspectos ligados
à concepção do revestimento de fachada
o especificação do sistema de revestimento de fachada sem as
camadas e materiais conforme a NBR 13755/96. Este fato pos-
sibilitou a utilização de um sistema de revestimento de fachada
em desacordo com a especificação da NBR 13755/96, uma vez
que eliminou a camada de chapisco e de embo- ço, sem utilizar
qualquer tipo de normalização internacional ou pesquisa que
avaliasse o desempenho e durabilidade do tipo de solução pro-
posta. Todas as abordagens anteriores têm como fundamenta-
ção a tecnologia consolidada pela NBR 13755/96. A construtora
optou por executar um revestimento em desacordo com tal do-
cumento, suprimindo partes de vital importância. A NBR
13755/96 determina que “a superfície utilizada como base para
a aplicação da argamassa colante é a do emboço sarrafeado
com acabamento áspero”. A importância do emboço é também
ressaltada nos relatórios técnicos de inspeção visual elaborados
pela Civil Master Projetos e Construções Ltda e contratados pela
Even. Nestes relatórios, é relatado que “o emboço constitui não
só camada de regularização, mas também camada de amorte-
cimento/ alívio de tensões entre a estrutura e as placas cerâmi-
cas. Sua eliminação implica na atuação solidária do revesti-
mento com a própria estrutura, ficando o revestimento sujeito
aos encurtamentos decorrentes da deformação lenta da alvena-
ria, das distorções oriundas de recalques das fundações, etc”.
No quarto parágrafo da alínea I.2 do laudo técnico elaborado pelo sr. Eduardo Marcondes
Stacchini são apresentadas algumas conclusões do relatório técnico elaborado pela requerida.
Porém estas conclusões são apresentadas fora do contexto, uma vez que no relatório técnico
apresentado pela requerida, estas conclusões se referem a comparação de ocorrência de des-
tacamento com as placas cerâmicas de dimensões de (20x20)cm, enquanto da não ocorrência
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de destacamento das placas cerâmicas de dimensões de (10x10)cm, conforme descrito no se-
gundo parágrafo da página 36 do laudo técnico da Requerida:
Quando se utiliza placas de menores dimensões, possibilita a utilização de
maior quantidade de juntas de assentamento por metro quadrado de revesti-
mento, ou seja, diminui a distância entre as juntas. Segundo Felixberger (2006),
o menor distanciamento entre as juntas possibilita a diminuição da tensão de
cisalhamento, como pode ser observada na Figura 8. Analisando esta figura,
nota-se que a utilização de uma placa cerâmica de dimensões iguais a
(10x10)cm (distância entre juntas de 100mm) permite uma redução pela me-
tade da tensão de cisalhamento em relação a uma placa cerâmica de dimen-
sões iguais a (20x20)cm (distância entre juntas de 200mm). Enquanto ao se
utilizar a distância entre juntas de 100mm ocorre uma redução do nível de ten-
são em relação a não utilização de juntas de assentamento de 55%, ao se uti-
lizar a distância entre juntas de 200mm ocorre uma redução da tensão de cisa-
lhamento de apenas 22,5%”.
Portanto, as conclusões transcritas no laudo técnico elaborado pelo sr. Eduardo Marcondes
Stacchini, não se referem as conclusões dos destacamentos da placa cerâmica Quarter anali-
sada de forma isolada sem comparação com outra placa de diferentes dimensões.
Nos demais parágrafos da alínea I.2 são apresentadas outras alegações da Ré, mas em ne-
nhum momento citando que o revestimento cerâmico de fachada do edifício Viva Vida Freguesia
do Ó foi executado em total desrespeito a norma de revestimento cerâmico de fachada, NBR
13755/96: Revestimento de paredes externas e fachadas com placas cerâmicas e com utilização
de argamassa colante – Procedimento.
Na alínea II, Designação da Perícia, o sr. Eduardo Marcondes Stacchini, continua omitindo as
conclusões apresentadas no relatório técnico elaborado pela Requerida e apresentada nas fls.
355 a 412 dos autos. Portanto, torna-se necessário transcrevê-las de forma integral:
“Então, a detecção das causas dos problemas reside no levantamento dos fa-
tores mais prováveis em cada caso. Assim, de acordo com o observado após
as diversas vistorias e análises de resultados de ensaios das placas cerâmicas,
pode-se sintetizar as origens para o destacamento do revestimento cerâmico
de fachada dos edifícios vistoriados e revestidos com placas cerâmicas Quarter
de dimensões iguais a (20x20)cm, da seguinte forma:
• Projeto: Ausência de projeto que abordasse todos os aspectos ligados
à concepção do revestimento de fachada
o especificação do sistema de revestimento de fachada sem as
camadas e materiais conforme a NBR 13755/96. Este fato pos-
sibilitou a utilização de um sistema de revestimento de fachada
em desacordo com a especificação da NBR 13755/96, uma vez
que eliminou a camada de chapisco e de embo- ço, sem utilizar
qualquer tipo de normalização internacional ou pesquisa que
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avaliasse o desempenho e durabilidade do tipo de solução pro-
posta. Todas as abordagens anteriores têm como fundamenta-
ção a tecnologia consolidada pela NBR 13755/96. A construtora
optou por executar um revestimento em desacordo com tal do-
cumento, suprimindo partes de vital importância. A NBR
13755/96 determina que “a superfície utilizada como base para
a aplicação da argamassa colante é a do emboço sarrafeado
com acabamento áspero”. A importância do emboço é também
ressaltada nos relatórios técnicos de inspeção visual elaborados
pela Civil Master Projetos e Construções Ltda e contratados pela
Even. Nestes relatórios, é relatado que “o emboço constitui não
só camada de regularização, mas também camada de amorte-
cimento/ alívio de tensões entre a estrutura e as placas cerâmi-
cas. Sua eliminação implica na atuação solidária do revesti-
mento com a própria estrutura, ficando o revestimento sujeito
aos encurtamentos decorrentes da deformação lenta da alvena-
ria, das distorções oriundas de recalques das fundações, etc”.
o ausência de uma avaliação do desempenho do sistema constru-
tivo inovador, conforme diretrizes apresentada pelo Sistema Na-
cional de Avaliações Técnicas de Produtos Inovadores (SINAT),
principalmente com relação à resistência ao choque térmico, es-
tanqueidade antes e após os ciclos de choque térmico, resistên-
cia de aderência à tração antes e após os ciclos de choque tér-
mico, análise das deformações e fissurações do revestimento
quando o sistema está submetido a cargas de compressão
o especificação das propriedades dos materiais a serem utilizados
no revestimento (argamassa colante, placa cerâmica, arga-
massa de rejuntamento, selante)
o especificação das características e técnicas de execução das
camadas do revestimento
o definição da sequência executiva e do intervalo de execução en-
tre camadas
o definição dos critérios de controle de qualidade dos materiais e
da execução durante e após a execução de cada camada
• Materiais: Ausência de uma especificação de materiais em função de
suas propriedades, estabelecendo limites máximos ou mínimos.
o Com relação à expansão por umidade - EPU, a NBR 13.818 no
anexo T, salienta que “A maioria das placas cerâmicas, esmal-
tadas ou não, tem expansão por umidade negligenciável, a qual
não contribuiu para os problemas dos revestimentos cerâmicos
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quando são corretamente fixadas (instaladas). Porém, com prá-
ticas de fixação insatisfatórias ou em certas condições climáti-
cas, expansão por umidade acima de 0,6% (0,6 mm/m) pode
contribuir para os problemas”. A NBR 13818/97 especifica que
o valor da EPU deve ser acordado entre as partes, portanto,
caso fosse necessário um valor máximo de EPU diferente de 0,6
mm/m, este valor deveria ser informado pelo interessado, de
forma a garantir que o fabricante atendesse a este valor.
o Não verificação do atendimento da argamassa colante utilizada
aos requisitos da NBR 14081-1, uma vez que a argamassa co-
lante ACII ou ACIII não possuem um programa setorial de qua-
lidade ou certificação.
o Não estabelecimento de parâmetros mínimos de desempenho a
serem atendidos pelo selante, bem como o controle de quali-
dade do material fornecido.
• Execução: Envolve o controle de recebimento dos materiais, prepara-
ção das misturas, obediência aos prazos mínimos para a liberação dos
serviços e, principalmente, o acompanhamento da execução de todas
as camadas do revestimento cerâmico de fachada, sobretudo o assen-
tamento das cerâmicas.
o Ausência de registros de controle de recebimento dos materiais.
o Ausência de controle de recebimento da alvenaria, possibili-
tando a ocorrência de alvenaria com problemas de alinhamento
e presença de blocos com quebras. Conforme alguns relatórios
técnicos elaborados pela Civil Master Projetos e Construções
Ltda contratados pela Even para a inspeção de alguns dos em-
preendimentos, “foram constatados desalinhamentos/presença
de dentes na alvenaria estrutural, repercutindo obviamente em
importantes problemas no assentamento das placas cerâmicas
sobre os blocos de concreto. Para a obra grossa foram verifica-
dos ainda diversos outros problemas relativos às alvenarias,
como a presença de blocos quebrados tanto na região central
de alguns panos como em cantos e quinas do revestimento. Não
houve eficiente regularização / prévio tamponamento de bura-
cos nas alvenarias, resultando vazios importantes sob as placas
cerâmicas. Em função de desalinhamentos e protuberâncias
presentes na alvenaria, em algumas posições das fachadas re-
sultou folga muito pequena para a aplicação da argamassa co-
lante”.
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o Ausência de registro de controle de planicidade da base de
forma a garantir o revestimento com planicidade e facilitar o pre-
enchimento do tardoz com a argamassa colante. A ausência da
planicidade da alvenaria é destacada nos relatórios técnicos de
inspeção visual da Civil Master Projetos e Construções Ltda con-
tratados pela Even para alguns empreendimentos. A Civil Mas-
ter relata em um destes relatórios: “Quanto à elevação da alve-
naria das fachadas, o afastamento do plano acima da tolerância
máxima estabelecida no Procedimento Even (≤ 3mm) pode ter
contribuído para a falta de amassamento dos cordões de arga-
massa colante, pois com a possibilidade da base ter apresen-
tado concavidades que teriam merecido ao menos pequena ca-
mada de enchimento antes da execução em si do revestimento
cerâmico. Deve-se ainda observar que não foi observado no
Procedimento Even ênfase quanto à necessidade do amassa-
mento da argamassa colante, garantindo a aderência da mesma
ao substrato”. Além disto, em um destes relatórios, a Civil Master
relata que “camadas de argamassa colante com espessura
muito reduzida foram então introduzidas pelos pedreiros, redun-
dando em alguns locais aderência pobre e descolamento de pla-
cas. Ao longo das fachadas, mesmo sem ocorrência de desco-
lamentos, constatou-se que diversas placas foram assentadas
com insuficiência de argamassa colante”.
o Ausência de registros de controle de qualidade da execução de
cada camada do revestimento.
o Ausência de registros de controle de qualidade de recebimento
do revestimento cerâmico, principalmente, em relação à plana-
ridade e à resistência de aderência à tração.
o Não esmagamento total dos cordões de argamassa colante,
como pôde ser verificado nas vistorias, ocasionando o não pre-
enchimento total do tardoz. Esta falha é também relatada nos
relatórios técnicos de inspeção visual da Civil Master Constru-
ções e Projetos contratados pela Even para alguns empreendi-
mentos, conforme transcrito a seguir: “Quanto ao assentamento,
verificou-se em muitos locais que os cordões de argamassa co-
lante não foramdevidamente amassados, não havendo portanto
perfeito contato com o tardoz das placas cerâmicas. É possível
ainda que em alguns locais tenha havido formação de “peeling”
na superfície da argamassa colante por ocasião do assenta-
mento, provavelmente em função da mesma ter sido espalhada
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em áreas muito extensas. Tais falhas no processo de assenta-
mento provocaram descolamentos com o tardoz das placas to-
talmente limpos, situação observada em diversos locais”.
Por fim, na fl. 804, o sr. Eduardo Marcondes Stacchini relata a existência de duas hipóteses,
sendo uma da Requerente e a outra hipótese da Requerida. Na hipótese da requerida é omitido
que o Revestimento Cerâmico de Fachada do empreendimento Viva Vida Freguesia do Ó foi
executado em total desrespeito a norma de revestimento cerâmico de fachada, NBR 13755/96:
Revestimento de paredes externas e fachadas com placas cerâmicas e com utilização de arga-
massa colante – Procedimento.
Na fl. 811 do Capítulo V do relatório técnico, o sr. Eduardo Marcondes Stacchini relata sobre
as orientações de assentamento constante na embalagem das placas cerâmicas Quarter, elen-
cando no terceiro parágrafo alguns problemas nestas orientações. O primeiro problema obser-
vado pelo sr. Eduardo Marcondes Stacchini não é problema, mas um erro de interpretação dele,
uma vez que a norma NBR 13753 é destinada para pisos internos e externos de revestimento
cerâmico, conforme descrito na embalagem. O sr. Eduardo Marcondes Stacchini descreve de
forma equivocada que:
“A norma NBR 13753 em seu item 1 Objetivo, define que ela é destinada a
revestimentos de paredes externas com placas cerâmicas assentada com ar-
gamassa colante específica para fachadas; exceto pastilhas; com área de até
400cm2 e 15mm de espessura e paredes executadas com materiais específi-
cos, revestidas com chapisco, emboço e eventualmente camada intermediária
de regularização).
A seguir é descrito o objetivo da norma técnica NBR 13753/96:
“1 Objetivo
1.1 Esta Norma estabelece os requisitos para a execução, fiscalização e rece-
bimento de revestimento de pisos externos e internos com placas cerâmicas
assentadas com argamassa colante.
NOTAS
1 Os revestimentos cerâmicos são aqueles assentados sobre terrapleno com
lastro de concreto simples ou armado, sobre laje de concreto armado e sobre
laje mista.
2 Para revestimento de piscinas ou de locais com usos especiais, a base deve
ser executada para resistir aos esforços solicitantes e às condições de isolação
térmica e de impermeabilização, específica a cada caso.
1.2 Esta Norma não se aplica à execução de revestimento com pastilhas cerâ-
micas.”
O capítulo XI do laudo técnico elaborado pelo sr. Eduardo Marcondes Stacchini é apresentada
a análise dos resultados dos testes e dos dados coletados na vistoria.
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Na alínea XI.1 é realizada a análise de “forma isolada e sucinta” dos ”testes de arrancamento”.
Nesta análise, nota-se uma incongruência do sr. Eduardo Marcondes Stacchini, uma vez que
nas respostas dos quesitos da Requerida o sr. Eduardo Marcondes Stacchini relata que a NBR
13755/96 não se aplica, enquanto na análise dos resultados ele a utiliza. Realmente, o revesti-
mento de fachada em questão não foi executado conforme a NBR 13755/96, portanto, não tendo
critérios de resistência de aderência para avaliá-lo.
Na alínea XI.2 é realizada a análise dos resultados dos teste de EPU, sendo no sexto pará-
grafo da fls. 852, o sr. Eduardo Marcondes Stacchini “cria” de sua livre e espontânea vontade
classes de expansão por umidade ocorrida (Classe A, Classe B e Classe C), sem qualquer fun-
damentação teórica. Para análise dos resultados de expansão por umidade, a Requerida solici-
tou a declaração da incerteza de medição dos ensaios realizados, porém não foi atendida. Res-
salta-se que os laboratórios acreditados pela CGCRE do INMETRO devem declarar a incerteza
de medição dos ensaios quando solicitado pelo cliente. O conhecimento da incerteza de medição
é fundamental para análise uma vez que pode demonstrar que números absolutos diferentes
podem pertencer a um mesmo intervalo, ou seja, serem equivalentes. No caso da análise da
EPU, que são valores muito pequenos é de fundamental importância.
Na alínea XI.3 é apresentado o resultado do teste de aquecimento e resfriamento solicitado
pela Requerida durante as vistorias. Porém neste teste, não é apresentado a resistência de ade-
rência do revestimento antes e após a realização do teste de aquecimento e resfriamento (Cho-
que térmico), impossibilitando a análise da influência do choque térmico na resistência de ade-
rência do revestimento cerâmico aplicado.
Na alínea XI.4 é apresentada análise conjunta com os resultados dos teste de resistência de
aderência e de EPU. No segundo parágrafo da fls. 864 (Amostra 3), o sr. Eduardo Marcondes
Stacchini conclui que:
“Com esta “postura” a NBR 13755 considera que “problemas pontuais” no re-
vestimento, sejam por quais motivos forem, não comprometem o desempenho
do revestimento como um todo”.
A NBR 13755/96 não apresenta em seu texto esta consideração relatada pelo sr. Eduardo
Marcondes Stacchini. A NBR 13755/96 preza pela excelência na execução do revestimento ce-
râmico, ao especificar na alínea 5.4.6 que:
“5.4.6 Na aplicação das placas cerâmicas, os cordões de argamassa colante
devem ser totalmente desfeitos, formando uma camada uniforme, configu-
rando-se impregnação total do tardoz pela argamassa colante”.
Além disto, a alínea 6.1 da NBR 13755/96 especifica que a execução do revestimento deve
ser inspecionada nas suas diferentes fases, levando em conta uma lista, da qual se destaca:
i) verificação da aderência, removendo uma placa a cada 5 m2, assen-
tada no máximo há 30 min e escolhida ao acaso, a qual deve ter o tardoz
inteiramente impregnado de argamassa colante;”.
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Durante toda a análise dos painéis ensaiados, o perito judicial cita, porém, tolera, erros de
execução, e correlaciona a baixa resistência de aderência de alguns painéis em função da perda
de aderência motivada pela expansão por umidade das placas cerâmicas. Segundo Bowman
(2002, p.11), existem placas que não causam problemas quando em serviço mesmo tendo EPU
superior a 0,6mm/m e é por esse motivo que algumas normas sugerem valores inferiores a esse
e não o impõe como valor taxativo. Para a EPU determinada conforme descrito no parágrafo
anterior, a norma brasileira de placas cerâmicas, a NBR 13818 (ABNT, 1997) e a ISO 10545:
Part 10 (ISO, 1995), embora não citem limites máximos para a EPU, enfatizam que “A maioria
das placas esmaltadas e não esmaltadas tem expansão por umidade desprezível e que não
contribui para problemas no revestimento quando estão corretamente fixadas. Com práticas de
fixação não satisfatórias ou em certas condições climáticas, expansão por umidade em excesso
(> 0,6mm/m) pode contribuir para problemas”. A norma de especificação americana, ANSI A
137 e a norma britânica, BS 5385-2 (BSI, 2006), não fazem qualquer referência sobre a EPU,
enquanto que as normas espanholas especificam apenas para alguns grupos de absorção e para
cerâmicas não esmaltadas o valor máximo de 0,6 mm/m.
No Capítulo XIII do laudo técnico, o sr. Eduardo Marcondes Stacchini tece suas conclusões a
respeito das causas do destacamento do revestimento cerâmico de fachada do empreendimento
Viva Vida Freguesia do Ó. No primeiro parágrafo, o sr. Eduardo Marcondes Stacchini relata que
“a característica intrínseca desse material não é homogênea com relação a EPU...”. Entretanto,
analisando os resultados de EPU das amostras ensaiadas conforme a NBR 13818/97 (norma
técnica que especifica as propriedades e os métodos de ensaio de placas cerâmicas e pela qual
os fabricantes de placas cerâmicas controlam o processo de fabricação), nota-se o contrário,
mesmo não tendo os valores de incerteza de medição dos ensaios. Nota-se que a EPU de todas
as amostras ensaiadas variam de 0,0mm/m a 0,2mm/m, evidenciando o controle de qualidade
de produção das placas cerâmicas, uma vez que a norma NBR 13818/96 sugere que seja menor
que 0,6mm/m.
No último parágrafo do laudo técnico, o sr., Eduardo Marcondes Stacchini define que:
“...o fator preponderante para os desplacamentos cerâmicos que estão ocor-
rendo nos revestimentos das fachadas do Condomínio Viva Vida Freguesia do
Ó é a elevada EPU das placas Quarter...”.
Questiona-se o motivo pelo qual o sr. Eduardo Marcondes Stacchini está avaliando os desta-
camentos dos revestimentos por meio de resultados de EPU obtidos por metodologia que não
consta na norma de fabricação da placa cerâmica, NBR 13818/96 (EPU ocorrida e EPU fer-
vura+autoclave).
Analisando a dispersão dos resultados de resistência de aderência à tração das amostras
ensaiadas e apresentados nas Tabela 3, 4 e 5 da fl. 847 do laudo técnico e compilados no quadro
a seguir, nota-se uma enorme dispersão dos resultados da mesma amostra (elevado coeficiente
de variação - a maioria das amostras apresentou coeficiente de variação superior a 60% e che-
gando até apresentar coeficiente de variação igual a 112%). Esta dispersão dos valores de re-
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sultado de resistência de aderência à tração na mesma amostra evidencia a inexistência de con-
trole de qualidade durante o assentamento do revestimento cerâmico e que impossibilita garantir
que não haverá destacamentos de revestimento cerâmico das fachadas.
Resistência de aderência à tração (maior, menor valor das amostras ensaiadas)
Amostra Torre Maior Valor
(MPa) Menor Valor
(MPa) Coeficiente de Variação
(%)
1 C 0,85 0,30 29
2 C 0,91 0,10 59
3 C 1,04 0,08 74
4 C 0,45 0,05 49
5 C 0,57 0,20 40
20-Térreo C 0,70 0,09 64
6 A 1,13 0,12 94
7 A 0,77 0,05 87
9 A 0,86 0,05 91
10 A 0,55 0,04 112
11 A 0,65 0,11 61
22-Térreo A 0,85 0,03 90
23-Térreo A 0,73 0,04 76
14 B 0,49 0,06 73
15 B 0,62 0,27 25
16 B 0,54 0,19 42
17 B 0,64 0,30 30
18 B 0,88 0,41 28
19 B 0,89 0,44 33
21-Térreo B 0,68 0,07 64
Por fim, cabe ressaltar que no laudo técnico, o sr. Eduardo Marcondes Stacchini ignora e
omite algumas afirmações colocadas no documento técnico do LNEC publicado em 2003 e dis-
ponibilizado por ele nos autos do processo (fls. 1372 a 1433). Dentre estas informações pode-se
citar a apresentada no quarto e quinto parágrafo da alínea 6.1:
“a não consideração, por quem projeta ou especifica soluções, da complexi-
dade do funcionamento do conjunto solidário revestimento-suporte ou da diver-
sidade das ações inerentes ao uso, tem conduzido a frequentes comportamen-
tos anómalos dos revestimentos cerâmicos, de que o mais grave será o desco-
lamento em fachadas.”
“A qualidade dum sistema de revestimento. Ou seja, a correspondência do seu
comportamento em uso com as expectativas dos utilizadores da obra revestida,
depende assim da sua conveniente concepção, da qualidade dos seus consti-
tuintes, da compatibilização dos constituintes entre si e com o suporte, da ade-
quação funcional do sistema ao uso a que estará sujeito, da qualidade da sua
execução em obra e da sua capacidade de resistir sem descolar aos movimen-
tos diferenciais entre o suporte e o sistema”.
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“O percurso para a qualidade em obras de revestimentos cerâmicos passa, en-
tão, pela necessidade do projectista conceber e explicitar adequadamente em
Caderno de Encargos o sistema, no que se refere às especificações exigenciais
dos constituintes, à também pela possibilidade de recurso, por parte do Em-
preiteiro Geral, a ladrilhadores competentes, que dominem as técnicas de as-
sentamento e suas particularidades, em função dos diversos tipos de suportes,
ladrilhos ou colas.
“O desempenho em obra dum sistema de revestimento cerâmico será, então,
adequado se se verificarem as seguintes condições:
• o sistema foi devidamente especificado em Caderno de Encargos;
• o sistema é funcionalmente adequado para a utilização prevista;
• os constituintes do sistema são, eles próprios, de boa qualidade e
compatíveis entre si e o suporte;
• o suporte reúne condições para receber o sistema;
• o sistema foi corretamente executado em obra;
• durante o período de vida previsto para o sistema, as tensões nele
instaladas e nas suas interfaces não ultrapassarão a sua capacidade
de resistência ao descolamento.
3. CONCLUSÃO
Avaliando as condições necessárias para o desempenho de um revestimento cerâmico elen-
cadas pelo LNEC, observa-se que:
• o revestimento em discussão não foi devidamente especificado pela construtora;
o executou um revestimento em total desrespeito à norma técnica vigente de re-
vestimento cerâmico de Fachada - NBR 13755;
• os constituintes do sistema são, eles próprios, de boa qualidade e compatí-
veis entre si e o suporte;
o as placas cerâmicas atendem as especificações da NBR 13818/97
conforme pode ser notado nos ensaios realizados;
• o sistema não foi corretamente executado em obra;
o o revestimento não possui as camadas de regularização, conforme
especificado pela NBR 13755/96;
o durante a vistoria e o laudo técnico do perito judicial foram relatadas
diversas falhas de assentamento;
• não controle de qualidade do assentamento do revestimento cerâmico das
fachadas em questão.
o Nota-se pelos resultados de resistência de aderência à tração das amostras
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ensaiadas, conforme pode ser observado nos valores apresentados nas Tabe-
las 3, 4 e 5 fls. 847 do laudo técnico pericial e que é apresentado de forma
compilada a seguir, que o ensaio apresenta um enorme coeficiente de varia-
ção, bem superior ao valor típico para este ensaio que é em torno de 30% (a
maioria das amostras apresentou coeficiente de variação superior a 60% e
chegando até apresentar coeficiente de variação igual a 112%). Esta dispersão
dos valores de resultado de resistência de aderência à tração na mesma amos-
tra evidencia a inexistência de controle de qualidade durante o assentamento
do revestimento cerâmico.
Resistência de aderência à tração (maior, menor valor das amostras ensaiadas)
Amostra Torre Maior Valor
(MPa) Menor Valor
(MPa) Coeficiente de Variação (%)
1 C 0,85 0,30 29
2 C 0,91 0,10 59
3 C 1,04 0,08 74
4 C 0,45 0,05 49
5 C 0,57 0,20 40
20-Térreo C 0,70 0,09 64
6 A 1,13 0,12 94
7 A 0,77 0,05 87
9 A 0,86 0,05 91
10 A 0,55 0,04 112
11 A 0,65 0,11 61
22-Térreo A 0,85 0,03 90
23-Térreo A 0,73 0,04 76
14 B 0,49 0,06 73
15 B 0,62 0,27 25
16 B 0,54 0,19 42
17 B 0,64 0,30 30
18 B 0,88 0,41 28
19 B 0,89 0,44 33
21-Térreo B 0,68 0,07 64
• durante o período de vida previsto para o sistema, as tensões nele instaladas
e nas suas interfaces ultrapassaram a sua capacidade de resistência ao des-
colamento;
o não foi considerada a expansão por umidade da placa cerâmica como
uma das tensões a que o revestimento estaria submetido ao longo de
sua vida útil. Dentre estas tensões deveria ter sido considerado o valor
máximo de EPU recomendado pela NBR 13818 ou pela ISO 10545,
bem como não foi solicitado ao fabricante, no ato da compra, nenhum
valor máximo de expansão por umidade e sua determinação por al-
gum método específico.
RELATÓRIO TÉCNICO Página 13 de 44
Nota-se que o laudo técnico elaborado pelo sr. Eduardo Marcondes Stacchini não analisa as
falhas de concepção do revestimento de fachada, tampouco relata a desobediência por parte da
Requerente da norma técnica de revestimento cerâmico para fachada - NBR 13755/96.
Portanto, o sr. Eduardo Marcondes Stacchini prefere omitir que a fachada do empreendimento
em questão não atende às especificações da NBR 13755/96, uma vez que suprime camadas
essenciais para o seu desempenho, bem como omitir que as placas cerâmicas fornecidas pela
Requerida à Requerente, atendiam às especificações da norma técnica NBR 13818/96, para
tecer sua conclusão também fundamentada por alguns ensaios não normatizados (por exem-
plo, EPU ocorrida e EPU fervura + autoclave) sugeridos pelo consultor da Requerente.
Eng. Maurício Marques Resende, M.Sc.
Consultor Técnico
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ANEXO
RESPOSTAS AOS QUESITOS DA REQUERENTE
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1) Queira o Nobre Perito informar o que é a expansão por umidade (EPU) de placas
cerâmicas?
Expansão por umidade (EPU) é o termo geralmente utilizado para designar o aumento das
dimensões dos materiais cerâmicos, notadamente tijolos, telhas e revestimentos cerâmicos,
ocasionado pela adsorção de água.
2) Queira o Nobre Perito informar se a norma NBR 13.818/97 (Doc.17 da Inicial), em especial
seu Anexo J, faz alguma menção ao que significa / como se dá o fenômeno de expansão por
umidade?
O anexo J da NBR 13818/97 apresenta a nota de rodapé que define “Expansão por umidade
ou dilatação higroscópica é o aumento de dimensões após processo de hidratação”.
3) Queira ainda o Nobre Perito informar se a norma ASTM C370-12 “Standard Test Method
for moisture expansion of fired whiteware products” (Doc. 09 da Inicial) faz alguma menção ao que
significa / como se dá o fenômeno de expansão por umidade?
A norma ASTM C 370-12 explica no item 1.1 que: “This test method covers the determination
of the elon- gation of whiteware bodies caused by rehydration as a result of autoclave treatment”.
Ou seja, que o método de ensaio determina o aumento das dimensões dos materiais queima-
dos causados pela rehidratação como resultado de um tratamento por autoclave.
No item 2.1, a norma especifica que: “This test method provides means to determine increases
in physical dimension of fired whiteware materials which develop from the reaction of water and
water vapor at elevated pressures and temperatures. These reactions can occur in time at nor-
mal atmospheric pressures and temperatures”. Ou seja, este método de ensaio fornece meios
para determinar aumentos na dimensão física dos materiais de queimados que se desenvolvem
a partir da reação de água e vapor de água em pressões e temperaturas elevadas. Estas rea-
ções podem ocorrer no tempo com pressões e temperaturas atmosféricas normais”.
4) O diagrama da figura abaixo ilustra a variação dimensional das placas cerâmicas desde
sua saída do forno até a conclusão do ensaio de EPU realizado de acordo com o Anexo J da NBR
13.818/97 (Doc. 17 da Inicial) e procedimento adotado pelo Laboratório de Materiais de
Construção Civil do IPT (Procedimento CT-OBRAS-LMCC-R-PE-020).
RELATÓRIO TÉCNICO Página 16 de 44
Nos relatórios do IPT de determinação de EPU e no Relatório de Ensaio Nº1.054.459-203 do IPT
(Doc.07 da Inicial), consta no item 2 o seguinte texto:
“Para determinação da EPU os corpos-de-prova retirados das placas cerâmicas são requei-
mados à temperatura de 550°C, resfriados até temperatura ambiente, medidos e depois
imersos em água, onde permanecem em fervura durante 24 horas. O valor da EPU, deter-
minada de acordo com a referida norma, é o aumento específico de comprimento que o
corpo-de-prova sofre após passar 24 horas em água fervente, tomando-se como referência
o seu comprimento após a requeima e o resfriamento. Pode-se também calcular a EPU
ocorrida1 (Grifo nosso) medindo-se o corpo-de-prova antes de ser submetido a requeima.
A EPU ocorrida, que é o encolhimento específico de comprimento que o corpo-de-prova
sofre quando é requeimado, tomando-se também como referência o seu comprimento após
a requeima, e equivale à expansão que a placa sofreu desde sua fabricação. A EPU após
fervura + autoclave (Grifo nosso) consiste no aumento específico de comprimento que o
corpo-de-prova sofre após permanecer em água fervente durante 24 horas, seguidas de 5 ho-
ras em autoclave sob pressão de 500 kPa, tomando-se como referência o seu comprimento
após a requeima e resfriamento. Este valor se aproxima mais de valor máximo de expansão
que as placas podem sofrer ao longo do tempo”.
Concorda o Nobre Perito com tal diagrama acima? Queira o Nobre Perito discorrer em caso de
alguma discordância.
O esquema apresentado está correto.
1 Mais precisamente, a ocorrida ao longo da “vida” da placa cerâmica, abrangendo não só o período após o assentamento, mas também o tempo em que ficou armazenada.
RELATÓRIO TÉCNICO Página 17 de 44
5) De acordo com o diagrama e texto explicativo do IPT exposto no quesito acima, é correto
concluir que se pode definir “os tipos” de EPU possíveis de serem determinadas em uma amostra
de placas cerâmicas como: (i) EPU ocorrida: expansão que ocorreu na placa cerâmica desde
sua saída do forno até a data em que foi ensaiada. Esse valor aumenta com o passar do tempo
até determinado limite; (ii) EPU efetiva: potencial de expansão da placa cerâmica ao ser
submetida a tratamento em água fervente por 24 horas; e (iii) EPU após fervura + autoclave:
Potencial de expansão da placa cerâmica ao ser submetida a tratamento em água fervente por 24
horas, seguida de tratamento em autoclave a pressão de 500kPa por 5 horas?
A EPU, como qualquer propriedade física do material, pode ser definida utilizado várias meto-
dologias, Para cada metodologia utilizada irá se obter um valor.
6) Considerando que a aquisição das placas cerâmicas pelas construtoras se dá
invariavelmente mediante pedido, ou seja, a produção é feita especificamente para a obra em
questão, o que significa que as placas acabam sendo assentadas logo após sua fabricação, ou
seja, após decorrido um curto espaço de tempo, queira o Nobre Perito informar se, para um
horizonte de 4 a 5 anos, pode-se considerar que praticamente toda EPU ocorrida irá se manifestar
após o assentamento? Em caso de discordância, queira o Nobre Perito explicitar as razões.
Para responder esta questão é necessário saber a data de fabricação e a data de assenta-
mento. O assentamento das placas cerâmicas depende do prazo da entrega e o prazo da obra.
Muitas vezes fica em estoque.
7) Para as características dos materiais que evoluem com tempo, não é de se esperar, Nobre
Perito, que os métodos de ensaios que determinam essas características sejam capazes de prever
o real potencial / evolução dessa característica pelo período que seria o esperado para a vida útil
desse material?
O método de ensaio a ser utilizado deve ser aquele de consenso nacional e/ou mundial, ou
seja, que esteja prescrito em uma normal nacional ou internacional para aquele produto. No
caso da determinação da EPU para placa cerâmica, a metodologia a ser utilizada é aquela
especificada pela NBR 13818 e pela ISO 10545. Ao se utilizar outras metodologias, pode-se
recair na conveniência do resultado a ser obtido, ou seja, assumir parcialidade na análise.
8) Baseado nos resultados dos ensaios solicitados nos Quesitos 22 e 25 e no Relatório de
Ensaio nº 1.054.459-203 do Instituto de Pesquisas Tecnológicas de 04.02.2014 (Doc.07 da Inicial)
de amostras de placas cerâmicas fornecidas pela CECRISA para o empreendimento Vida Viva
Freguesia do Ó, e considerando que essas placas cerâmicas foram fabricadas por volta de
maio/2009, conforme atestam as Notas Fiscais (Doc.04 da Inicial), estando assim na ocasião em
RELATÓRIO TÉCNICO Página 18 de 44
que foram ensaiadas (Janeiro/2014) com quase 5 anos, não fica evidente, Nobre Perito, que a
previsão de EPU pelo método preconizado pela norma NBR 13.818/97 (Doc.17 da Inicial) não
retrata de forma alguma a real EPU potencial que se pode esperar de determinada placa cerâmica,
uma vez que as EPUs ocorridas dessas amostras foram bem superiores a determinada (EPU
efetiva) pelo método dessa norma? Considerar que a vida útil de um revestimento cerâmico de
fachada deve ser de pelo menos 20 anos. Em caso de discordância, explicitar as razões.
O método de ensaio a ser utilizado deve ser aquele de consenso nacional e/ou mundial, ou
seja, que esteja prescrito em uma normal nacional ou internacional para aquele produto. No
caso da determinação da EPU para placa cerâmica, a metodologia a ser utilizada é aquela
especificada pela NBR 13818 e pela ISO 10545. Ao se utilizar outras metodologias, pode-se
recair na conveniência do resultado a ser obtido, ou seja, assumir parcialidade na análise. Ao
se utilizar a autoclave não se conhece as reações químicas e físicas que podem ocorrer influ-
enciando o resultado a ser obtido, uma vez que não irá medir somente a expansão devido a
umidade, mas podendo medir a expansão relacionada a mudanças de fases dos minerais.
9) Queira o Nobre Perito informar qual o processo de “expansão forçada” das placas
cerâmicas no ensaio realizado de acordo com a ASTM C370-12 (Doc. 09 da Inicial)?
Por esta norma, a expansão é proporcionada pela aplicação de uma pressão de 1,0 MPa du-
rante 5,0 horas nas peças submersas em água.
10) Conforme relatório dos ensaios solicitados nos Quesitos 22 e 25 e no item 2 do Relatório
de Ensaio nº 1.054.459-203 do IPT (Doc.07 da Inicial), como é realizado o ensaio de Expansão
por Umidade no Laboratório de Materiais de Construção Civil do IPT, de acordo com o
procedimento CT-OBRAS-LMCC-R-PE-020, e ainda perguntamos ao Nobre Perito, se o ensaio é
realizado de acordo com o Anexo J da NBR 13.818/97 (Doc.17 da Inicial)?
Somente o ensaio especificado pelo IPT como EPU Efetiva é realizado conforme a metodologia
do anexo J da NBR 13818/97.
Nota-se que o ensaio de autoclave não é realizado conforme a ASTM C 147/12, uma vez que
o IPT submete previamente a amostra a ser ensaiada a uma fervura de 24 horas, para depois
aplicar a pressão de 1,0MPa durante 5 horas. Ou seja, um teste ainda mais agressivo que o
especificado pela ASTM C 147-12.
11) Além da determinação da EPU efetiva (conforme Anexo J da NBR 13.818/97 – Doc. 17 da
Inicial) perguntamos ao Nobre Perito, que outras características são determinadas nesse ensaio
pelo IPT?
RELATÓRIO TÉCNICO Página 19 de 44
Expansão por umidade ocorrida
Expansão por umidade por fervura + Autoclave a 1,0MPa durante 5 horas.
12) Perguntamos ao Nobre Perito, se a EPU em fervura+autoclave determinada pelo IPT não
retrata mais fielmente a expansão potencial das placas cerâmicas do que a EPU efetiva?
Considere / compare as condições de “expansão forçada” (pressão e tempo) das placas pelo
método da ASTM C370/12 com o utilizado pelo IPT.
O método de ensaio (Fervura + autoclave) utilizado pelo IPT não é citado em nenhuma norma
nacional, internacional ou estrangeira. É uma metodologia própria do IPT de forma que soma
as expansões produzidas pela fervura (nbr 13818/97) com as expansões produzidas pelo mé-
todo da autoclave (ASTM C 307/12). Ou seja, a criação de uma metodologia de ensaio para
obter um valor de expansão máximo e sem fundamentação bibliográfica e/ou normativa.
13) Perguntamos ao Nobre Perito, se o ensaio de EPU (ocorrida + efetiva + autoclave)
realizado pelo IPT está no escopo acreditado pelo INMETRO? Para facilitar o entendimento,
tomamos a liberdade de apresentar o site do INMETRO (pg.06/08) nos endereços:
http://www.inmetro.gov.br/laboratorios/rble/docs/CRL0364.pdf;
http://www.inmetro.gov.br/laboratorios/rble/detalhe_laboratorio.asp?nom_apelido=IPT-
CT+OBRAS
A acreditação de ensaio pela CGCRE/INMETRO é realizada avaliando a capacidade do labo-
ratório realizar o ensaio conforme a norma técnica ou a metodologia desenvolvida. A
CGCRE/inmetro não avalia a validade do ensaio, mas sim, se está sendo realizado conforme
o procedimento especificado pelo laboratório.
14) Queira o Nobre Perito informar se a NBR 13.818/97 (Doc. 17 da Inicial) estabelece alguma
especificação para as placas cerâmicas em relação a sua EPU, ou esse valor deve ser acordado
entre as partes?
A NBR 13818/97 especifica que o valor da EPU deve ser acordado entre as partes, porém
ressalta em uma nota de rodapé que ressalta que: “A maioria das placas cerâmicas, esmaltadas
ou não, tem expansão por umidade negligenciável, a qual não contribui para os problemas dos
revesti- mentos cerâmicos quando são corretamente fixadas (instaladas). Porém, com práticas
de fixação insatisfatórias ou em certas condições climáticas, expansão por umidade acima de
0,06% (0,6 mm/m) pode contribuir para os problemas”.
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15) Queira o Nobre Perito informar se a NBR 13.755/96, em especial em seu item 4.2.1 há
alguma exigência para as placas cerâmicas em relação à EPU?
Não.
16) Os esforços oriundos da EPU podem fragilizar as ligações entre as placas cerâmicas e a
camada de argamassa colante e provocar a ruptura do revestimento nessa ou em outras
interfaces? Queira o Nobre Perito explicar, considerando que o substrato é constituído por blocos
estruturais de concreto e camada de revestimento de argamassa de areia e cimento, que
apresentam elevada resistência mecânica.
As camadas do revestimento devem ser dimensionadas para suportar as tensões a que estarão
submetidas (EPU, dilatações térmicas dos materiais, choques térmicos, deformações da estru-
tura etc).
Análise do estado do produto no Empreendimento
17) É possível constatar se as cerâmicas com problemas de estufamento ou descolamento
identificadas na fachada do edifício são produtos fabricados pela CECRISA (sejam eles da linha
CECRISA ou PORTINARI)?
As placas cerâmicas utilizadas no empreendimento são da Cecrisa.
18) Queira o Nobre Perito informar se o “imbricamento” de placas cerâmicas como o mostrado
na foto 1 é sintoma de descolamento devido à EPU das placas cerâmicas? Se não, queira explicar
as causas desse imbricamento.
Fiorito (1994) em seu livro Manual de Argamassas e Revestimentos: Estudos e procedimentos
explica que o imbricamento das placas cerâmica de um revestimento não é causado somente
pela EPU das placas. Este imbricamento pode estar relacionado, por exemplo, com a ausência
ou ineficiência das juntas, com a retração da argamassa.
19) Em vistoria realizada in loco no Empreendimento, o Sr. Perito constatou “imbricamentos”
de placas cerâmicas na fachada do edifício?
Em algumas fachadas da torre A foram notados imbricamentos.
RELATÓRIO TÉCNICO Página 21 de 44
Foto 1 – Imbricamento de revestimento cerâmico
executado com as placas Quarter da Cecrisa.
20) Solicita-se ao Nobre Perito observar as fachadas dos edifícios do empreendimento V. V.
Freguesia do Ó e identificar (diferença de rejunte e eventuais cicatrizes) as áreas que já foram
reparadas, para que as investigações sejam realizadas no revestimento original.
Isto foi observado e realizado durante as vistorias.
21) Solicita-se ao Nobre Perito, que durante as diligências ao empreendimento V. V. Freguesia
do Ó, que se faça a seguinte investigação:
a) sejam selecionados trechos do revestimento que apresentam placas com som cavo e te-
nham também placas nas adjacências sem som cavo;
b) sejam demarcadas e hachuradas as áreas com som cavo;
c) seja removido, com raspador, o rejunte entre as placas que não apresentam som cavo e que
estejam junto às que apresentam som cavo. A remoção deve ser feita numa extensão de
aproximadamente 40 cm a 60 cm em todas as direções do perímetro da área que apresenta
som cavo;
d) seja verificado em seguida, e se possível também depois de um dia, se houve propagação
do som cavo para as placas que inicialmente não apresentavam som cavo.
Isto foi observado e realizado durante as vistorias.
22) Solicita-se ao Nobre Perito determinar a EPU (ocorrida, efetiva e em fervura + autoclave),
de acordo com o Procedimento CT-OBRAS-LMCC-R-PE-020, das placas onde houve a
propagação do som cavo nesses panos e analisar os dados e sua influência na estabilidade do
revestimento.
Isto consta no laudo técnico pericial.
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23) Solicita-se ao Nobre Perito determinar a movimentação higroscópica de pelo menos uma
amostra das placas cerâmicas. O ensaio pode ser realizado da mesma forma que o ensaio de
EPU (equipamento de medida) para a condição placa seca e placa saturada. Solicita-se ainda
realizar o confronto dos valores da movimentação higroscópica e da EPU.
Não foi realizado.
24) Queira o Nobre Perito informar, a qual fenômeno está relacionado o surgimento de som
cavo em trechos do revestimento após a retirada do rejunte entre as placas. Por que as placas se
descolam e passam a apresentar som cavo quando é retirado o confinamento lateral oferecido
pelo rejunte? Não é este um sintoma típico da EPU das placas cerâmicas, já que com o alívio do
confinamento, os esforços oriundos dessa expansão se manifestam e suplantam as tensões
resistentes do sistema, ocasionando a ruptura / descolamento das placas cerâmicas?
Após a retirada do rejunte é notada a presença de som cavo em função do alívio de tensões a
que o revestimento estava submetido, que estão associadas ao mau dimensionamento das
juntas em relação às solicitações a que o revestimento está submetido.
25) Solicita-se ao Nobre Perito a realização de ensaios de resistência de aderência e coleta de
corpos de prova das mesmas placas para determinação de sua EPU ocorrida e em
fervura+autoclave. Solicita-se ainda a análise dos dados e o estabelecimento de relações entre
os resultados de resistência de aderência e de EPU ocorrida, usando como referência o Relatório
Técnico RT-141204 (Doc.08 da Inicial) , cujos dados foram obtidos com os mesmos procedimentos
de coleta e ensaio solicitados ao Nobre Perito.
Os valores médios de EPU ocorrida e EPU fervura + autoclave obtidos nos ensaios das amos-
tras ensaiadas no IPT apresentam inferiores ao valor de 0,6mm/m. A análise é prejudicada
uma vez que não foi fornecida pelos laboratórios a incerteza de medição dos ensaios de EPU,
não podendo afirmar, por exemplo, que 0,47mm/m é diferente de 0,55mm/m.
26) Com base nos valores das EPUs determinadas nas amostras coletadas no
Empreendimento V. V Freguesia do Ó, conforme quesitos 22 e 25 e dados do Relatório Técnico
RT-141204 (Doc.08 da Inicial), é possível concluir que o fabricante das cerâmicas não exerce
nenhum controle sobre tal característica das placas que produz?
É possível tecer a conclusão que o processo possui certo controle de produção, uma vez que
os valores de EPU das placas cerâmicas determinadas pela NBR 13818/96, norma específica
para placa cerâmica e que deve ser a norma pela qual o fabricante deve controlar o seu pro-
cesso de fabricação, variam de 0,0 a 0,2mm/m, desconsiderando a incerteza de medição do
ensaio. Analisando a dispersão dos resultados dentro da mesma amostra, nota-se pouca vari-
ação dos valores, possibilitando concluir que a fábrica possui um controle de qualidade de pro-
dução de suas placas cerâmicas.
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27) Com base nas observações efetuadas nas diligências ao Empreendimento e no item 2.1
da ASTM C370-12 (Doc.09 da Inicial), queira o Nobre Perito informar se é possível considerar que
a EPU influenciou a integridade e estabilidade do revestimento cerâmico?
É possível concluir que o revestimento não foi dimensionado para suportar as tensões geradas
por uma EPU mesmo com valor inferior a recomendada pela NBR 13818/96.
28) Tratando-se de um processo evolutivo, ainda com base nesses resultados de ensaios,
queira o Nobre Perito informar se pode vir a ocorrer novos descolamentos nos revestimentos
cerâmicos dessas fachadas? Deve haver a substituição integral dos revestimentos para que os
problemas cessem?
Se a causa única dos descolamentos for a expansão por umidade ocorrida ou por fervura+au-
toclave, acredita-se que o descolamento deve ocorrer somente naquelas fachadas das amos-
tras que apresentaram problemas, uma vez que a EPU, mesmo a de fervura+autoclave foram
aproximadamente 0,2mm/m e próximas ou inferiores a EPU ocorrida. Analisando os valores de
EPU (até mesmo da EPU em fervura+autoclave) apresentados no quadro resumo da EPU de
fl. 851 do laudo técnico pericial notam-se valores bem abaixo do limite de 0,6mm/m, contradi-
zendo a tese de que a EPU é a grande causadora do descolamento do revestimento cerâmico.
Entretanto, analisando a dispersão dos resultados de resistência de aderência à tração das
amostras ensaiadas e apresentados nas Tabela 3, 4 e 5 fls. 847 do laudo técnico e compilados
no quadro a seguir, nota-se uma enorme dispersão dos resultados da mesma amostra (elevado
coeficiente de variação - a maioria das amostras apresentou coeficiente de variação superior a
60% e chegando até apresentar coeficiente de variação igual a 112%). Esta dispersão dos
valores de resultado de resistência de aderência à tração na mesma amostra evidencia a ine-
xistência de controle de qualidade durante o assentamento do revestimento cerâmico o que
impossibilita garantir que não haverá destacamentos de revestimento cerâmico das fachadas.
RELATÓRIO TÉCNICO Página 24 de 44
Resistência de aderência à tração (Maior, menor valor das amostras ensaiadas)
Amostra Torre Maior Valor
(MPa) Menor Valor
(MPa) Coeficiente de Variação
(%)
1 C 0,85 0,30 29
2 C 0,91 0,10 59
3 C 1,04 0,08 74
4 C 0,45 0,05 49
5 C 0,57 0,20 40
20-Térreo C 0,70 0,09 64
6 A 1,13 0,12 94
7 A 0,77 0,05 87
9 A 0,86 0,05 91
10 A 0,55 0,04 112
11 A 0,65 0,11 61
22-Térreo A 0,85 0,03 90
23-Térreo A 0,73 0,04 76
14 B 0,49 0,06 73
15 B 0,62 0,27 25
16 B 0,54 0,19 42
17 B 0,64 0,30 30
18 B 0,88 0,41 28
19 B 0,89 0,44 33
21-Térreo B 0,68 0,07 64
29) Pode o Nobre Perito informar se há procedimento de dimensionamento (rotina de cálculo)
devidamente validado na prática que possibilite o dimensionamento de um revestimento cerâmico
de fachada, levando em consideração o valor da EPU das placas cerâmicas? Se sim, por qual
método deve ser determinada a EPU para esse dimensionamento? Solicitamos que consulte
especialistas, Universidades, Associações de fabricantes de placas cerâmicas e outras fontes
fidedignas.
Fiorito (1994) em seu livro Manual de Argamassas e Revestimentos: Estudos e Procedimentos
apresenta um exemplo de cálculo da largura das juntas e módulo de elasticidade do material
de rejuntamento considerando as propriedades da placa cerâmica (inclusive a EPU – ele adota
o valor de 0,4mm/m, da argamassa de emboço e da base, bem como o gradiente térmico a que
o revestimento estará submetido.
30) Queira o Nobre Perito informar, caso tenha havido alguma deformação lenta de toda
estrutura e esta tivesse contribuído para os descolamentos dos revestimentos das fachadas, se
essa ação e efeito também não teriam agido sobre os revestimentos internos? Os revestimentos
internos apresentam descolamentos?
RELATÓRIO TÉCNICO Página 25 de 44
A deformação lenta da estrutura pode contribuir para o descolamento do revestimento. Não
houve indícios da ocorrência de tal fato no empreendimento em questão.
31) Caso a resposta ao quesito anterior seja não, pode-se considerar que a eventual
deformação lenta da estrutura não está relacionada aos descolamentos que se observam no
revestimento das fachadas?
Não há indícios da ocorrência de tal fato no empreendimento em questão.
32) Ainda em relação à deformação lenta da estrutura, caso a mesma fosse uma das causas,
queira o Nobre Perito informar se não seria de esperar que os problemas de descolamento
ocorreriam com mais frequência nos revestimentos dos andares mais baixos, uma vez que a carga
atuante nesses andares é mais elevada e assim também seria a deformação lenta?
Sim, porém no pavimento térreo existe a camada de emboço, conforme especificado pela NBR
13755/96, que absorve estas tensões antes de serem impostas à interface argamassa co-
lante/placa cerâmica minimizando as tensões nesta interface, diminuindo a probabilidade do
destacamento do revestimento cerâmico. Ora, se nos andares mais baixos a construtora seguiu
a Norma e colocou as camadas referidas, ainda que tenha havido deformação da estrutura,
não houve descolamento das pastilhas, demonstrando, portanto, a necessidade de observância
da Norma para uma boa fixação das pastilhas. Além disto, como nos andares mais altos é onde
normalmente ocorre o assentamento com o tempo em aberto da argamassa (o que é errado),
a ausência das camadas e emboço e chapisco fazem com que as deformações atinjam o dire-
tamente o revestimento. Desta forma, nota-se a importância do emboço para a durabilidade do
sistema de revestimento cerâmico, tanto que a norma técnica NBR 13755/97 especifica a sua
utilização em revestimentos cerâmicos de fachada.
33) Queira o Nobre Perito informar se outras movimentações da base como por exemplo, as
devidas a ação do vento, vibrações, etc não afetariam também o revestimento cerâmico interno,
por estarem eles fixados também nas mesmas bases?
Estas solicitações no empreendimento em questão são mínimas, uma vez que são edifícios
consideravelmente baixos e estão situados em uma região sem muita ocorrência de vibração.
34) Queira o Nobre Perito informar qual a diferença entre as argamassas colantes AC I, AC II
e AC III?
A tabela a seguir apresenta as diferenças entre estas argamassas colantes.
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Propriedades ACI ACII ACIII
Tempo em Aberto 15 minutos 20 minutos 20 minutos
Resistência de aderência à tra-ção
Cura nor-mal
≥ 0,5 MPa ≥ 0,5 MPa ≥ 1,0MPa
Cura sub-mersa
≥ 0,5 MPa ≥ 0,5 MPa ≥ 1,0MPa
Cura es-tufa
- ≥ 0,5 MPa ≥ 1,0MPa
35) Queira o Nobre Perito informar qual argamassa colante foi empregada no assentamento
das placas cerâmicas objeto desta ação?
De acordo com as informações da Even, a argamassa colante utilizada foi a ACIII que indepen-
dente de possuir maior resistência de aderência potencial, se aplicada com falhas de assenta-
mento permitirá com que uma menor solicitação provoque a ruptura desta interface, uma vez
que uma falha de assentamento é um defeito e é por onde a ruptura se inicia. Conforme apre-
sentado na questão 28, nota-se que a falta do controle do assentamento prejudica a uniformi-
dade do desempenho da argamassa colante.
36) O esquema da figura abaixo de autoria do Dr Edgar Mas, faz um paralelo do ensaio de
resistência de aderência de um revestimento cerâmico com o ensaio de tração em uma corrente.
Neste ensaio a ruptura ocorre no elo mais fraco. A resistência dos demais elos é desconhecida,
porem maior que a do elo onde ocorreu a ruptura.
RELATÓRIO TÉCNICO Página 27 de 44
Desta forma, visando a obter informações mais precisas sobre a resistência da argamassa colante
empregada, solicita-se ao Nobre Perito a realização de ensaios de resistência de aderência do
sistema de revestimento, após a remoção das placas cerâmicas (retirada do elo 5 da corrente),
conforme Relatório de Ensaio nº AR 174/13 da Tecmix (Doc.10 da Inicial) e item 3.4 do Parecer
Técnico EVEN-PT-13 11 20 (Doc.06 da Inicial).
Os ensaios realizados demonstram que o elo mais fraco varia em função das amostras. Na
maior parte das vezes a ruptura ocorre na interface argamassa colante/placa cerâmica ou na
interface argamassa colante/base.
37) Queira o Nobre Perito informar que tipo de argamassa colante é indicado na embalagem
das placas cerâmicas objeto desta ação, para a execução de revestimentos externos?
Conforme a NBR 14081 e a embalagem das placas cerâmicas a argamassa colante para as-
sentamento de placas cerâmicas em ambientes externos deve ser no mínimo ACII.
38) Considerando todas as informações disponíveis sobre a placa cerâmica em questão
(Quarter) e ainda o que consta explicitamente na embalagem do produto: “Utilize
preferencialmente argamassa colante. Rígida para uso interno – tipo ACI – flexível para uso
externo-tipo ACII” (Item 3 de Orientações de Assentamento – Doc. 05 da Inicial), não fica claro
que o fabricante indica essa placa para revestimentos externos, incluindo o de fachadas? Desta
forma todas as características da placa, absorção d’água, movimentação higroscópica e outras,
não deveriam estar dentro de limites compatíveis com o tipo de exposição a que as placas estarão
submetidas, e não seria de esperar um desempenho adequado do revestimento quando
empregada a argamassa do tipo AC II, recomendada?
A placa cerâmica possui características apropriadas para aplicação em revestimento de fa-
chada, desde que assentadas conforme a NBR 13755/97, conforme consta na embalagem.
39) É correto, Nobre Perito afirmar que a argamassa colante empregada no Empreendimento
é mais flexível e tem maior resistência de aderência (quanto em % para a resistência de aderência)
que a argamassa colante recomendada pelo fabricante da placa cerâmica na embalagem do
produto?
Nada se pode afirmar com relação à flexibilidade da argamassa colante utilizada, uma vez que
a norma NBR 14081 não diferencia os tipos de argamassa colante em função da flexibilidade.
Com relação a resistência de aderência à tração, em função do tipo de argamassa colante (ACII
e ACIII) pode-se afirmar que a argamassa colante utilizada possui maior resistência de aderên-
cia à tração do que aquela recomendada pelo fabricante de placa cerâmica.
RELATÓRIO TÉCNICO Página 28 de 44
40) Caso a resposta ao Quesito anterior seja sim, uma área de contato da argamassa colante
empregada com a placa cerâmica (extensão de aderência) de 50% não equivale à mesma
resistência de aderência que seria obtida para uma extensão de aderência de 100% com a
argamassa colante recomendada pelo fabricante da placa cerâmica?
A resistência mecânica de qualquer material é determinada pelos defeitos nele existentes. O
defeito mais comum em qualquer material e que delimita a sua resistência é o vazio. Desta
forma, a maior resistência de aderência potencial de uma argamassa colante não compensa a
perda de resistência em função da presença de falhas. Portanto, a relação proposta no questi-
onamento é inexistente. Se isto fosse verdade, poder-se-ia aplicar um concreto de 100MPa em
um pilar no qual deveria ser aplicado um concreto de 30MPa, porém com muitas falhas de
concretagem (por exemplo ocupando metade do volume da peça), que o pilar resistiria. Sabe-
se que isto não ocorre em função dos vazios. As tensões se propagarem pelo material, ao
encontrar um vazio, acaba ocorrendo a primeira fissura, e proporcionando a ruptura do material.
41) Entre outras a NBR 13.755/97 (Doc. 18 da Inicial) apresenta as seguintes exigências:
Item 5.4.6 – “Na aplicação das placas cerâmicas, os cordões de argamassa colante de-
vem ser totalmente desfeitos, formando uma camada uniforme, configurando-se impreg-
nação total do tardoz pela argamassa colante”.
Item 5.6.3 – “As placas cerâmicas devem estar aderidas ao substrato. Para tanto, sempre
que a fiscalização julgar necessário, deve ser feita a verificação da aderência, conforme
ensaio descrito no anexo A. Consideradas seis determinações da resistência de aderên-
cia, após cura de 28 dias da argamassa colante utilizada no assentamento, pelo menos
quatro valores devem ser iguais ou maiores que 0,3 MPa”.
Pergunta-se ao Nobre Perito: A exigência do item 5.6.3 por ser quantitativa, não é a que melhor
define o desempenho do revestimento?
Conforme explicado no item anterior, deve-se ter a maior impregnação possível para evitar a
ocorrência de falhas e com isto a ruptura do material em tensões menores.
42) Concorda o Nobre Perito com as assertivas a seguir? Em caso de divergência solicitamos
explicitar a razão.
a) Embora a “impregnação TOTAL” do tardoz seja desejável, é impossível se ter essa condi-
ção para todas as placas de um revestimento.
RELATÓRIO TÉCNICO Página 29 de 44
Não é impossível de se conseguir a impregnação total do tardoz das placas cerâmicas, desde
que execute o adotando o procedimento da alínea 6.1i) que determina: “verificação da ade-
rência, removendo uma placa a cada 5 m2, assentada no máximo há 30 min e escolhida ao
acaso, a qual deve ter o tardoz inteiramente impregnado de argamassa colante”.
b) O ceramista mesmo procurando tomar todas as providências para que se obtenha a im-
pregnação total dos tardozes não tem como verificar se essa condição foi satisfeita para
todas as placas assentadas, pois não há como visualizar o esmagamento dos cordões de
argamassa colante.
Não é impossível de se conseguir a impregnação total do tardoz das placas cerâmicas, desde
que execute o adotando o procedimento da alínea 6.1i) que determina: “verificação da ade-
rência, removendo uma placa a cada 5 m2, assentada no máximo há 30 min e escolhida ao
acaso, a qual deve ter o tardoz inteiramente impregnado de argamassa colante”.
c) Considerando que a argamassa colante recomendada pelo fabricante, para revestimentos
externos é do tipo ACII cuja resistência de aderência potencial é de 0,5 MPa, a resistência
de aderência de uma placa assentada com essa argamassa com extensão de aderência
de 100% (total impregnação do tardoz) teoricamente será a mesma de uma placa assen-
tada com uma argamassa AC III, cuja resistência de aderência potencial é de 1,0 MPa,
com extensão de aderência de 50%.
A resistência mecânica de qualquer material é determinada pelos defeitos nele existentes. O
defeito mais comum em qualquer material e que delimita a sua resistência é o vazio. Desta
forma, a maior resistência de aderência potencial de uma argamassa colante não compensa
a perda de resistência em função da presença de falhas. Portanto, a relação proposta no ques-
tionamento é inexistente. Se isto fosse verdade, poder-se-ia aplicar um concreto de 100MPa
em um pilar no qual deveria ser aplicado um concreto de 30MPa, porém com muitas falhas de
concretagem (por exemplo ocupando metade do volume da peça), que o pilar resistiria. Sabe-
se que isto não ocorre em função dos vazios. As tensões se propagarem pelo material, ao
encontrar um vazio, acaba ocorrendo a primeira fissura, e proporcionando a ruptura do mate-
rial.
43) Pode-se considerar a luz do item 1.1 da NBR 13.755/96 (que prevê que “Esta norma
estabelece os requisitos para a execução, fiscalização e recebimento de revestimentos de paredes
externas com placas cerâmicas assentadas com argamassa colante específica para fachadas –
Doc. 18 da Inicial que a exigência do item 5.6.3 dessa mesma norma (resistência de aderência de
RELATÓRIO TÉCNICO Página 30 de 44
pelo menos 0,3 MPa) se refere a ocasião em que o revestimento é recebido, e que com o passar
do tempo a resistência de aderência do revestimento tende a cair?
Em função das tensões que o revestimento estará submetido esta resistência tende a diminuir.
44) Solicita-se ao Nobre perito que examine os relatórios de ensaios da empresa Testin de
21.05.2009 (Doc. 16 da Inicial). Os resultados atendem ao item 5.6.3 da NBR 13.755/97? (Doc.
18 da Inicial) Pode-se considerar o revestimento aprovado por ocasião da entrega dos edifícios?
Assim como durante a perícia técnica, a maioria dos painéis ensaiados apresentam resistência
superior a 0,3MPa.
45) Com base nas diligências efetuadas, nos resultados dos ensaios realizados e nas análises
pertinentes, queira o Nobre Perito indicar qual a causa determinante dos descolamentos das
placas cerâmicas das fachadas dos edifícios do empreendimento Vida Viva Freguesia do Ó?
A principal causa é a não execução do revestimento cerâmico conforme a NBR 13755/96,
eliminando camadas essenciais para o desempenho do revestimento cerâmico de fachada.
Acrescido a este fato, pode-se determinar:
• A ausência de um projeto com o dimensionamento do revestimento para suportar as
tensões a que estaria submetido ao longo de sua vida útil, incluindo a EPU das placas
cerâmicas.
• A ausência de controle do processo de execução do assentamento das placas cerâmicas,
conforme verificado durante as inspeções. Esta falta de controle do processo de
assentamento permitiu falhas na interface placa cerâmica/argamassa colante que
diminuem a resistência do revestimento as solicitações a que estarão submetidos.
Esta ausência do controle do assentamento do revestimento cerâmico fica bem evidente
analisando a dispersão dos valores de resistência de aderência à tração dentro de uma
mesma amostra ensaiada, conforme apresentado na questão 35.
46) É possível que à EPU das placas cerâmicas tenha como consequência o descolamento
precoce do revestimento cerâmico?
Desde que o revestimento seja projetado e tenha um bom controle de assentamento
conforme a NBR 13755/97, a EPU não provocará o destacamento do revestimento
cerâmico de fachada. Ressalta-se que a EPU é uma propriedade física das placas
cerâmicas e que é de pleno conhecimento dos engenheiros civis e projetistas, assim
como o coeficiente de dilatação térmico de qualquer material.
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ANEXO
RESPOSTAS AOS QUESITOS DA REQUERIDA
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1) A embalagem das placas cerâmicas apresenta orientações de assentamento?
Sim. A embalagem das placas cerâmicas informa que deve ser assentada conforme a
NBR 13755.
2) Nestas orientações está descrito que o assentamento das placas cerâmicas em
fachadas deve ser de acordo com a NBR 13755?
Sim. A embalagem das placas cerâmicas informa que deve ser assentada conforme a
NBR 13755.
3) Em que momento (dia/mês/ano) foram percebidos os primeiros descolamentos
denunciados pela Construtora Autora?
Informação não obtida.
4) O item 1.4 e a figura 1 da NBR 13755 determina que a parede deve ser revestida
com chapisco, emboço e, eventualmente, camada intermediária de regularização. O
revestimento em questão apresenta estas camadas (chapisco e emboço)?
Com exceção do pavimento térreo, o revestimento de fachada do empreendimento
não apresenta as camadas de chapisco e de emboço.
5) O senhor concorda que o emboço é a camada de argamassa que recobre toda a
parte de vedação vertical do edifício, contribuindo com a estanqueidade, proteção da
base, regularização e dissipação das tensões da base ao revestimento cerâmico.
Sim. Estas são as principais funções do emboço e por isto a norma especifica a sua
presença em revestimento de fachada.
6) O senhor Perito concorda que o emboço não é só camada de regularização, mas
também camada de amortecimento/alívio de tensões entre a estrutura e as placas
cerâmicas e que sua eliminação implica na atuação solidária do revestimento com a
própria estrutura, ficando o revestimemnto sujeito aos encurtamentos decorrentes da
deformação lenta da alvenaria, das distorções oriundas de recalques das fundações etc??
Sim, pois todas as tensões provenientes da base serão transferidas diretamente para
a argamassa colante.
7) Existem trincas nas fachadas do Empreendimento? Em caso positivo, estas
demonstram problemas estruturais?
Foram observadas trincas, porém não relacionadas a problemas estruturais.
RELATÓRIO TÉCNICO Página 33 de 44
8) Existiu alguma norma técnica ou estudo que avaliasse o desempenho de um
revestimento cerâmico de fachada sem as camadas de chapisco e emboço, com relação
ao seu desempenho (estrutural, estanqueidade, resistência ao choque térmico etc)?
Desconheço qualquer norma técnica ou documento técnico que faça a avaliação do
desempenho do revestimento cerâmico de fachada sem as camadas de chapisco e de
emboço.
9) Ao se eliminar a camada de chapisco e de emboço há uma maior velocidade de
execução do assentamento do revestimento externo, minimizando o prazo de execução e
os custos da obra em detrimento da obediência das especificações de uma norma técnica
brasileira?
Com a eliminação das camadas de chapisco e de emboço economiza-se, pelo menos
1 subida e 1 descida de balancim, e o tempo de espera para a cura do emboço, dimi-
nuindo o prazo e o custo da execução do revestimento cerâmico, podendo tornar me-
nor que o revestimento de argamassa com pintura.
10) Considerando o Código de Defesa do Consumidor, artigo 39, VIII, deixa claro que
qualquer produto ou serviço fabricado no país, para ser colocado no mercado, tem de
seguir as normas brasileiras editadas pela ABNT. O senhor Perito concorda que a
construtora ao eliminar as camadas de chapisco e de emboço não seguiu as
especificações da NBR 13755, entregando aos seus clientes um produto que não atende
as especificações de uma norma brasileira vigente?
Sim.
11) Ao se descumprir uma norma técnica brasileira vigente, a NBR 13755, pode-se
afirmar que a construtora assumiu um risco?
Sim.
12) Qual o tipo de argamassa colante indicada na embalagem da placa cerâmica para
assentamento em revestimento de fachada?
ACII.
13) O senhor Perito concorda que a argamassa colante tipo AC II indicada na
embalagem para ser utilizada no assentamento das placas cerâmicas em revestimento
RELATÓRIO TÉCNICO Página 34 de 44
de fachada está conforme a indicação da NBR 14081 – Argamassa Colante Industrializada
para assentamento de placas cerâmicas – Requisitos?
Sim.
14) Existe algum projeto de revestimento cerâmico de fachada especificando as
propriedades físicas e mecânicas de cada material a ser utilizado no revestimento?
Não foi apresentado nenhum projeto de revestimento de fachada.
15) Sabendo que a expansão por umidade (EPU) é uma propriedade física do material,
o senhor concorda que a metodologia de ensaio utilizada para a determinação de uma
propriedade de um material interfere no valor do resultado a ser obtido?
Sim, uma vez que metodologias de ensaios diferentes resultarão em valores diferentes.
16) Sabendo que:
a) as normas nacionais são editadas por um organismo nacional de normalização, reconhecido como autoridade para torná-las públicas, representando o consenso entre interesses do governo, das indústrias, dos consumidores e da comunidade científica do país (no caso do Brasil este organismo é a ABNT);
b) as normas internacionais são estabelecidas por um organismo internacional de nor-malização, resultantes da cooperação e de acordos entre grande número de na-ções independentes, com interesses comuns e que são reconhecidas pela OMC (Organização Mundial do Comércio) como a base para o comércio internacional;
c) as normas de associação são elaboradas e publicadas por uma associação repre-sentante de um determinado setor, a fim de estabelecer parâmetros a serem se-guidos por todas as empresas a ela associadas;
Pode-se afirmar que as normas internacionais (por exemplo, ISO) e nacionais (por exemplo, ABNT) possuem um grau de hierarquia superior ao de uma norma de uma associação (por exemplo, ASTM), conforme apresentado na Figura 1?
Figura 1 – Hierarquia na normalização técnica (Figura extraída de Isaia, Geraldo Cechecella. Materiais de Construção
Civil e Princípios de Ciência e Engenharia de Materiais, São Paulo, Ibracon, 2010, v1).
Sim, existe a hierarquia apresentada na Figura 1.
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17) O senhor Perito concorda que a norma brasileira de placas cerâmicas ABNT NBR
13818 em seu anexo J, e a norma internacional ISO 10545 Parte 10 adotam a metodologia
de ensaio de fervura para a determinação da expansão por umidade das placas
cerâmicas?
Sim.
18) Em caso afirmativo da resposta anterior, quais das metodologias de ensaio para
determinar a expansão por umidade (EPU) que um fabricante brasileiro de placas
cerâmicas deve adotar para controle de qualidade e para a comercialização de seus
produtos no Brasil e no mundo: a metodologia de ensaio de fervura definida pela norma
internacional ISO 10545 Parte 10 e também pelo anexo J da norma brasileira, ABNT NBR
13818 ou o método de autoclave definido pela norma de associação ASTM C-370?
Como a norma brasileira e a norma internacional sobrepõe a uma norma de associação,
o fabricante deve controlar seu processo de fabricação, para comercialização no Brasil,
pela metodologia de ensaio proposta pela NBR 13818/97, e para os demais países, pela
norma internacional ISO 10545 Parte 10.
19) O senhor concorda que tanto a norma brasileira ABNT NBR 13818 em seu anexo
T e a norma internacional ISO 10545 Parte 10 em seu anexo A não especificam um valor
máximo para a expansão por umidade (EPU) das placas cerâmicas, mas fazem a seguinte
recomendação: “A maioria das placas esmaltadas e não esmaltadas tem expansão por
umidade desprezível e que não contribui para problemas no revestimento quando estão
corretamente fixadas. Com práticas de fixação não satisfatórias ou em certas condições
climáticas, expansão por umidade em excesso (> 0,6mm/m) pode contribuir para
problemas”?
Sim. Esta recomendação está escrita nestas normas.
20) A norma ASTM C-370 é específica para que tipo de material? É específica para
placa cerâmica ou porcelana?
Para porcelana (cerâmica branca – louça).
21) A norma ASTM C-370 apresenta algum valor limite para a expansão por umidade
(EPU) de placas cerâmicas ou algum tipo de recomendação e restrição?
Não.
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22) Analisando os resultados de ensaios de expansão por umidade realizados
conforme a metodologia proposta pela ABNT NBR 13818 e apresentados pela
construtora, consegue identificar algum valor superior a 0,6 mm/m?
Não.
23) Uma vez que o valor da EPU era de conhecimento do cliente à época do uso do
produto, existe algum cálculo ou projeto que leve isso em consideração no caso em foco,
uma vez que é alegado ser este o problema do destacamento?
Não.
24) Sabendo que a norma brasileira NBR 13818 especifica que o limite máximo de
expansão por umidade deve ser definido por acordo entre as partes, existiu alguma
especificação por parte da construtora para a expansão por umidade (EPU) das placas
cerâmicas, junto ao fabricante no momento da aquisição e/ou entrega dos produtos?
Não. Não houve esta especificação.
25) No momento da aquisição e/ou entrega dos produtos a construtora fez alguma
exigência especial ao fabricante para a determinação da expansão por umidade (EPU)
utilizando a metodologia de ensaio da norma ASTM C 370?
Não. Não houve esta especificação.
26) No momento da aquisição e/ou entrega dos produtos a construtora fez alguma
exigência em relação a determinação da expansão por umidade ocorrida, visto que não é
especificada pelo método de ensaio proposto pela NBR 13818 e nem pela ISO 10545
Parte 10?
Não. Não houve esta especificação.
27) Na doutrina de A.J.S.I Fiorito, em seu livro “Manual de Argamassas e
Revestimentos – Estudos e Procedimentos de Execução”, apresenta a determinação do
módulo de elasticidade da argamassa de rejuntamento em função das dimensões e da
expansão por umidade (utilizou o valor de 0,6mm/m ou 0,0006mm/mm) das placas e da
largura da junta de assentamento entre as placas, conforme apresentado na Tabela 1:
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Tabela 1 – Dimensionamento do módulo de elasticidade da argamassa de rejuntamento em função da dimensão e da expansão por umidade e da largura da junta de assentamento entre as placas (Extraído de Fiorito, 1994)
Analisando a tabela 1, o senhor concorda que para uma placa de maior dimensão, porém
com mesma expansão por umidade (EPU), os deslocamentos, caso as placas estejam
livres, devido à expansão por umidade (EPU) das placas de maior dimensão serão
maiores (por exemplo, placa de lado igual a 100mm apresenta deslocamento de 0,06mm,
enquanto a placa de 200mm apresenta um deslocamento de 0,12mm)?
Sim.
28) Conforme visto na pergunta anterior, as placas de maiores dimensões caso estejam
livres apresentam maiores deslocamentos absolutos em relação às placas de menores
dimensões. Entretanto, como as placas não estão livres, ou seja, sua movimentação está
restringida, o senhor concorda que surgirão maiores tensões nas placas de maior
dimensão, caso seja mantida as demais variáveis constantes (mesma argamassa colante,
argamassa de rejuntamento e largura de junta)?
Isoladamente ambas estarão submetidas a mesma tensão, mas um sistema de
revestimento formado por placas de maiores dimensões possuirá menor quantidade de
juntas promovendo um maior nível de tensão no revestimento comparado a um
revestimento formado com placas de pequenas dimensões.
29) Portanto, considerando somente as tensões originadas pela expansão por umidade
(EPU), o senhor concorda que o revestimento composto por placas de menores
dimensões, mesmo que estas placas apresentassem a mesma expansão por umidade
(EPU) das placas em questão, estão submetidas a menores tensões, diminuindo a
probabilidade de destacamento?
Sim. Isoladamente ambas estarão submetidas a mesma tensão, mas um sistema de
revestimento formado por placas de maiores dimensões possuirá menor quantidade de
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juntas promovendo um maior nível de tensão no revestimento comparado a um
revestimento formado com placas de pequenas dimensões.
30) A NBR 13755 em seu item 5.1.1 cita largura mínima das juntas de 5mm. Este valor
foi obedecido?
Não.
31) O senhor concorda que além da expansão por umidade, os revestimentos
cerâmicos de fachada estão submetidos a dilatações térmicas devido ao gradiente térmico
que ocorre ao longo do dia?
Sim.
32) O senhor Perito concorda que além da dilatação térmica, os revestimentos
cerâmicos de fachada também expostos a ocorrência de choques térmicos, quando se
tem uma redução brusca na sua temperatura e se induz a uma retração dimensional (por
exemplo, o revestimento fica submetido a insolação solar durante a manhã e a maior parte
do período da tarde, mas no fim da tarde, ocorre uma chuva, resfriando subitamente o
revestimento)?
Sim.
33) Sabendo que a dilatação térmica de um material é determinada pela seguinte
fórmula:
∆𝐿 =∝ 𝐿∆𝑇, onde ΔL = variação dimensional devido a dilatação α = coeficiente de dilatação térmica do material L = comprimento inicial ΔT = variação de temperatura Caso a placa cerâmica esteja livre para se deformar, a variação dimensional é
proporcional à dimensão da placa cerâmica?
Sim.
34) Para uma variação térmica de 40oC nas placas de fachada, tem-se uma variação
linear de 40 x 6x10-6 x 1000 = 0,24mm/m. Faz sentido pleitear uma EPU desta ordem de
grandeza sabendo que a deformação térmica acontecerá de qualquer forma?
Pode-se pleitear a EPU desta ordem de grandeza de forma a possuir menor tensão no
revestimento.
RELATÓRIO TÉCNICO Página 39 de 44
35) Uma vez que a deformação térmica influencia nos cálculos do projeto de
revestimento como dado de entrada, por que um valor conhecido de EPU não foi tratado
da mesma forma, estando ele abaixo dos limites máximos estabelecidos?
Não havia projeto de revestimento de fachada considerando as solicitações nas quais o
revestimento estariam submetidos.
36) Como o deslocamento da placa cerâmica está restrito, uma vez que apresenta-se
colada ao substrato, considerando a mesma variação de temperatura e o mesmo
coeficiente de dilatação térmica, qual placa proporcionará maior tensão à argamassa
colante quando sofrer uma variação de temperatura: a placa de maior ou menor
dimensão?
Isoladamente ambas estarão submetidas a mesma tensão, mas um sistema de
revestimento formado por placas de maiores dimensões possuirá menor quantidade de
juntas promovendo um maior nível de tensão no revestimento comparado a um
revestimento formado com placas de pequenas dimensões.
37) Diante disto, considerando apenas o efeito da dilatação térmica e as dimensões
das placas cerâmicas, a interface argamassa colante/placa cerâmica de um revestimento
cerâmico de fachada composto por placas de menor dimensão está submetido a um maior
ou menor nível de tensão?
Estará sujeito a um menor nível de tensão em função da maior quantidade de juntas
existentes neste revestimento.
38) Portanto é correto afirmar que ao se utilizar a mesma argamassa colante, a mesma
argamassa de rejuntamento e a mesma largura de junta de assentamento, o revestimento
cerâmico composto por placas de menores dimensões apresentará um menor nível de
tensão, favorecendo a não ocorrência de destacamento e aumentando a durabilidade do
revestimento?
Sim.
39) Existem diversos casos de sucesso com o uso do Quarter em vários locais do país.
Uma vez que é alegado que a EPU deste tipo de placa é a origem dos problemas, como
explicar os casos de sucesso? Se a fator sucesso se deve a outros comportamentos do
edifício, como afirmar que a EPU foi problema determinante neste caso e onde está o
projeto que comprova tal fato?
Não existe projeto.
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40) A dilatação térmica e o choque térmico, ambos ocasionados pela temperatura, são
fenômenos cíclicos, ao contrário da expansão por umidade (EPU) que não possui efeito
cíclico?
Sim.
41) Na doutrina de Edmilson F. Campante, 2001, em sua tese de doutorado sobre
patologia de revestimento cerâmico de fachada afirma que “a destruição progressiva de
ligações físicas entre as placas cerâmicas e a camada de fixação, que promovem a
aderência entre elas, pelo fenômeno da fadiga, está na origem de diversos casos de
destacamentos”. Desta forma, o senhor concorda que as dilatações térmicas diárias e a
ocorrência de choque térmico, uma vez que são cíclicos, são fenômenos mais críticos
para a ocorrência de destacamento que a expansão por umidade (EPU), uma vez que
proporcionam a fadiga das ligações?
Sim.
42) Fiorito, no apêndice de seu livro, Manual de Argamassas e revestimentos – Estudos
e Procedimentos de Execução, apresenta um exemplo de cálculo da largura das juntas e
módulo de elasticidade do material de rejuntamento, em função da expansão por umidade
(EPU) da placa cerâmica e de um gradiente térmico (ΔT). Portanto, o senhor concorda
que de posse das propriedades dos materiais constituintes do revestimento cerâmico
(placas cerâmicas, argamassas de chapisco, emboço e colante), um engenheiro
consegue dimensionar a largura das juntas de assentamento e especificar os módulos de
elasticidade da argamassa de rejuntamento do revestimento cerâmico?
Sim, fixando o valor da junta, poder-se-ia calcular e especificar os módulos de elasticidade
dos materiais.
43) Caso não fosse possível realizar o dimensionamento do revestimento cerâmico em
função das diferentes propriedades dos materiais a serem utilizados e das características
do edifício, qual é a necessidade e função dos projetos de revestimentos cerâmicos de
fachadas, contratados por diversas empresas junto a excelentes profissionais
especializados nesta área do conhecimento?
Em função dos diferentes tipos de solicitações a que o revestimento estará submetido ao
longo de sua vida útil e da interação entre os diferentes materiais torna-se prudente a
contratação de profissionais especializados.
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44) Com relação a inspeção da fachada, observa-se a existência de juntas de
movimentação conforme determinado pela NBR 13755?
Observa-se a existência de uma junta em cada pavimento.
45) Estas juntas de dilatação apresentam seção transversal conforme a Figura 3 da
NBR 13755, replicada a seguir?
Figura 2 – Acabamento das juntas de movimentação de revestimento cerâmico de fachada (Extraída da NBR 13755)
Não, uma vez que o revestimento, ao contrário que a norma NBR 13755/96 especifica,
não possui a camada de emboço.
46) Como material de enchimento das juntas de movimentação foram utilizados
materiais altamente deformáveis como borracha alveolar, espuma de poliuretano, manta
de algodão para calafetação, cortiça, aglomerado de madeira, conforme especificado pelo
item 4.2.5.1 da NBR 13755/96?
Não.
47) O senhor Perito concorda que as juntas de movimentação são de vital importância
para a estabilidade do revestimento e que elas devem ser executadas conforme acima,
tanto por especificação da NBR 13755 como de outras normas mundiais sobre o assunto?
Como estas juntas foram executadas no caso em foco se não existe emboço no
revestimento?
Foram realizadas somente na camada das placas cerâmicas.
48) As juntas horizontais de movimentação estão espaçadas no máximo a cada 3
metros ou a cada pé-direito, conforme especificado pelo item 5.1.2 da NBR 13755/96?
Sim.
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49) As juntas verticais estão espaçadas a cada 6 metros, conforme especificado pelo
item 5.1.2 da NBR 13755/96?
Não existia juntas verticais.
50) Existem juntas de dessolidarização nos cantos verticais, nas mudanças de direção
do plano do revestimento, conforme especificado pelo item 5.1.2 da NBR 13755/96?
Não existia juntas de dessolidarização.
51) As juntas estruturais foram respeitadas em posição e largura, em toda a espessura
do revestimento, conforme especificado pelo item 5.1.3?
Não existia juntas estruturais.
52) A superfície utilizada como base para aplicação da argamassa colante é a do
emboço sarrafeado com acabamento áspero, conforme especificado pelo item 4.3.1 da
NBR 13755/96?
Com exceção do revestimento do pavimento térreo, não existia emboço.
53) As superfícies onde foram assentadas apresentam desvio de planeza não maior do
que 3mm em relação a uma régua retilínea com 2 metros de comprimento, conforme
especifica o item 4.3.3 da NBR 137558/96?
Não foi determinada e nem apresentado qualquer documento de controle deste item.
54) A construtora possui as fichas de controle da planicidade das superfícies onde
foram aplicadas as placas cerâmicas?
Não foram apresentadas nenhuma ficha de controle do processo de execução do
revestimento.
55) O senhor Perito concorda que o controle de qualidade do processo de produção
tem que ser feito paulatinamente com a execução dos serviços, sendo a mão de obra
retreinada em caso de não conformidade?
Sim.
56) O controle do processo de assentamento foi executado de acordo com o item 6.1j
da NBR 13755? Se foi, por que o revestimento foi aceito sem o adequado esmagamento
dos cordões conforme detectado in loco?
Não. Nota-se que não houve controle de execução conforme o item 6.1i.
57) A argamassa para o chapisco possui traço de 1:3 (cimento:areia grossa) ou é de
argamassa industrializada, conforme especificado pelo item 4.5.1 da NBR 13755/96?
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Não. Ao contrário do especificado pela NBR 13755/96, o revestimento em questão não
apresentava chapisco.
58) A argamassa do emboço possui traço em volumes aparentes variando de 1:0,5:5 a
1:2:8 (cimento:cal hidratada:areia úmida) ou de argamassa industrializada conforme
especificado pelo item 4.5.1 da NBR 13755/96?
Não. Ao contrário do especificado pela NBR 13755/96, o revestimento em questão não
apresentava emboço.
59) A argamassa colante utilizada para assentamento das placas cerâmicas atende a
especificação da ABNT NBR 14081 para assentamento de placas cerâmicas em
fachadas?
Não foram apresentados documentos sobre este atendimento.
60) A argamassa de rejuntamento utilizada no revestimento cerâmico atende as
especificações da NBR 14992?
Não foram apresentados documentos sobre este atendimento.
61) A dimensão das juntas de assentamento e a elasticidade do material de
rejuntamento atendem, pelo menos, as deformações devidas a variação térmica a que
está submetido o revestimento mais aquela devida à expansão por umidade (EPU) das
placas cerâmicas, conforme especificado pelo item 5.1.1 da NBR 13755/96? Existe projeto
que comprove este fato?
Não tem projeto de revestimento que dimensione estas juntas e especifique o módulo de
elasticidade dos materiais.
62) Os cordões de argamassa colante apresentam-se totalmente desfeitos, formando
uma camada uniforme, configurando-se a impregnação total do tardoz pela argamassa
colante, conforme especificado pelo item 5.4.6?
Não, conforme observado na vistoria.
63) Existem cordões de argamassa colante não amassados, indicando que o
assentamento da placa cerâmica pode ter ocorrido após a secagem da superfície da
argamassa colante (tempo em aberto vencido)?
Sim, conforme observado na vistoria.
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64) O ensaio de aderência realizado somente na argamassa colante indica que a placa
cerâmica estava bem aderida a argamassa colante ou que a argamassa colante estava
bem aderida a base de aplicação?
Indica que a argamassa colante estava bem aderida a base de aplicação.
65) Mesmo a argamassa colante apresentando uma elevada resistência de aderência
à base pode ocorrer uma baixa resistência de aderência da placa cerâmica na argamassa
colante?
Sim.
66) Em caso afirmativo da pergunta anterior, esta baixa resistência de aderência da
placa cerâmica a argamassa colante pode ser proveniente do mau amassamento dos
cordões da argamassa colante, em função do aplicação da placa cerâmica após o tempo
em aberto da argamassa colante vencido e/ou da má vibração da placa cerâmica?
Sim. Pode ser atribuído a qualquer um destes fatores.
67) As irregularidades superficiais do revestimento não superam os 3mm em relação a
uma régua com 2 metros de comprimento, conforme especificado pelo item 5.6.1 da NBR
13755/96?
Item não analisado durante a vistoria.
68) Em caso afirmativo, o preenchimento de tais irregularidades com argamassa
colante implica em uso do produto como fator de enchimento de uma base inadequada
para o assentamento. O fabricante da argamassa colante autoriza tal atitude? Se não, por
quê?
Não. Por causa da retração da argamassa colante.
69) Uma vez que uma parte expressiva das rupturas ocorreu com a remoção da placa
com seu verso limpo, não seria este um indicativo amplamente conhecido de tempo em
aberto vencido?
Pode ser um indicativo de tempo em aberto vencido.