dom da fÉ – ddf -...

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DOM DA FÉ DDF. Abreviaturas:DDFC/ddfc = (Dom da Fé Carismática) DDFT =(Dom da Fé Teologal ou Doutrinal)- DDFV= (Dom da Fé Virtude). Para facilitar nossas reflexões sobre o dom da fé, colocamos acima algumas abreviaturas que encontraremos logo após a citação dos textos bíblicos (capítulos/versículos) da leitura. *** A fé no mundo de hoje é um grande desafio, pois muitos só crêem em si mesmos, nas suas próprias capacidades, nos seus próprios talentos, no seu dinheiro, nos seus planos, nas coisas que são palpáveis, concretas. Já não acreditam mais nos outros irmãos e a fé em Deus está muito fragilizada. Quando encontramos pessoas com fé é uma fé intelectualizada, tradicional, superficial, fria, indiferente, parece que têm fé num Deus distante, indiferente e sem poder. Um Deus que está num quadro na parede, no crucifixo, totalmente alheio ao que se passa no mundo e com os homens. . Um Deus cuja vida, desejos, mentalidade, verdades estão apenas escritos em um livro. Crer nestas verdades não significa aderir a elas, mas adaptá-las às suas próprias idéias e estilo de vida. O Espírito Santo que é o autor, o impulsionador da fé, vem ao mundo de hoje reavivar, dando assim sentido à vida cristã de muitos batizados que vivem indiferentes ao seu estado. Aqueles que servem a Igreja devem cada vez mais permitir que, através de suas vidas, o Senhor possa manifestar ao mundo, pela sua fé, que está vivo e ressuscitado, que não está indiferente à vida dos homens, mas pelo contrário considera-a preciosa e deseja agir em cada homem e em cada mulher de maneira única, plena e eficaz. A fé que inflama o coração do homem, levando-o a ter uma experiência pessoal com o Senhor vivo e ressuscitado, contagiará novos corações como um fogo que devora as folhas secas de uma floresta, para se deixarem amar cada vez mais por Deus, para deixarem Deus agir cada vez mais de forma poderosa em suas vidas. Alguns aspectos diferenciais sobre a fé para facilitar nossas reflexões foram colocadas abaixo: DDFT(Dom da Fé Teologal ou doutrinal): Por ela o cristão acredita nas verdades reveladas por Deus, em Jesus Cristo e no Espírito Santo, sobre si mesmo e sobre o homem, e as que são definidas pela Igreja.Não só pela veracidade dessas verdades, mas pela confiança que depositamos naquele que a proclamou. DDFV(Dom da Fé Virtude): Leva o homem a crer concretamente, a experimentar concretamente a presença de Deus”vivo”em sua vida,independente das circunstâncias do momento, pois olha a sua vida não mais com olhos humanos, mas segundo a visão de Deus.Esta fé, fruto do Espírito Santo leva o homem a ter uma vida totalmente abandonada na providência de Deus.Ela nos conduz a praticar a Palavra de Deus,viver segundo a mentalidade de Jesus Cristo, segundo a vontade de Deus. DDFC(Dom da Fé Carismática ): É o poder de Deus que nos move a uma confiança íntima de que Deus agirá.Essa confiança leva a uma oração convicta, a uma decisão , a uma firmeza ou a algum outro ato que libera a benção de Deus.O Espírito Santo nos dá a certeza de que Deus agirá,de que o poder de Deus irá intervir em alguma situação da vida do homem. A fé move a manifestação do poder de Deus através do seu Espírito Santo. Boa Leitura a todos DOM DA DDF. Dom da Fé Carismática Dom da Fé Teologal - Dom da Fé Virtude. Ex.(14,10) DDFC pg.114 10.Aproximando-se o faraó, os israelitas, ao levantarem os olhos, viram os egípcios que vinham ao seu encalço. Foram tomados de espanto e invocaram o Senhor, clamando em alta voz.

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DOM DA FÉ – DDF.

Abreviaturas:DDFC/ddfc = (Dom da Fé Carismática) – DDFT=(Dom da Fé Teologal ou Doutrinal)-

DDFV= (Dom da Fé Virtude).

Para facilitar nossas reflexões sobre o dom da fé, colocamos acima algumas abreviaturas que

encontraremos logo após a citação dos textos bíblicos (capítulos/versículos) da leitura.

***

A fé no mundo de hoje é um grande desafio, pois muitos só crêem em si mesmos, nas suas próprias

capacidades, nos seus próprios talentos, no seu dinheiro, nos seus planos, nas coisas que são palpáveis,

concretas.

Já não acreditam mais nos outros irmãos e a fé em Deus está muito fragilizada. Quando encontramos

pessoas com fé é uma fé intelectualizada, tradicional, superficial, fria, indiferente, parece que têm fé num

Deus distante, indiferente e sem poder. Um Deus que está num quadro na parede, no crucifixo, totalmente

alheio ao que se passa no mundo e com os homens. .

Um Deus cuja vida, desejos, mentalidade, verdades estão apenas escritos em um livro. Crer nestas verdades

não significa aderir a elas, mas adaptá-las às suas próprias idéias e estilo de vida.

O Espírito Santo que é o autor, o impulsionador da fé, vem ao mundo de hoje reavivar, dando assim sentido

à vida cristã de muitos batizados que vivem indiferentes ao seu estado.

Aqueles que servem a Igreja devem cada vez mais permitir que, através de suas vidas, o Senhor possa

manifestar ao mundo, pela sua fé, que está vivo e ressuscitado, que não está indiferente à vida dos homens,

mas pelo contrário considera-a preciosa e deseja agir em cada homem e em cada mulher de maneira única,

plena e eficaz. A fé que inflama o coração do homem, levando-o a ter uma experiência pessoal com o

Senhor vivo e ressuscitado, contagiará novos corações como um fogo que devora as folhas secas de uma

floresta, para se deixarem amar cada vez mais por Deus, para deixarem Deus agir cada vez mais de forma

poderosa em suas vidas.

Alguns aspectos diferenciais sobre a fé para facilitar nossas reflexões foram colocadas abaixo:

DDFT(Dom da Fé Teologal ou doutrinal): Por ela o cristão acredita nas verdades reveladas por Deus, em

Jesus Cristo e no Espírito Santo, sobre si mesmo e sobre o homem, e as que são definidas pela Igreja.Não

só pela veracidade dessas verdades, mas pela confiança que depositamos naquele que a proclamou.

DDFV(Dom da Fé Virtude): Leva o homem a crer concretamente, a experimentar concretamente a

presença de Deus”vivo”em sua vida,independente das circunstâncias do momento, pois olha a sua vida

não mais com olhos humanos, mas segundo a visão de Deus.Esta fé, fruto do Espírito Santo leva o homem

a ter uma vida totalmente abandonada na providência de Deus.Ela nos conduz a praticar a Palavra de

Deus,viver segundo a mentalidade de Jesus Cristo, segundo a vontade de Deus.

DDFC(Dom da Fé Carismática): É o poder de Deus que nos move a uma confiança íntima de que Deus

agirá.Essa confiança leva a uma oração convicta, a uma decisão , a uma firmeza ou a algum outro ato que

libera a benção de Deus.O Espírito Santo nos dá a certeza de que Deus agirá,de que o poder de Deus irá

intervir em alguma situação da vida do homem. A fé move a manifestação do poder de Deus através do seu

Espírito Santo.

Boa Leitura a todos

DOM DA

FÉ – DDF.

Dom da Fé Carismática – Dom da Fé Teologal - Dom da Fé Virtude.

Ex.(14,10) – DDFC – pg.114 10.Aproximando-se o faraó, os israelitas, ao levantarem os olhos, viram os egípcios que vinham ao seu encalço. Foram tomados

de espanto e invocaram o Senhor, clamando em alta voz.

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– Em Moisés encontramos um exemplo do DDFC, pois diante das murmurações do povo, ao ver os

egípcios se aproximarem, “virem ao seu encalço”, responde: “ Não temais! Tende ânimo, e vereis a

libertação que o Senhor vai operar em vosso favor. Os egípcios que hoje vedes, não o tornarei a ver jamais.

O Senhor combaterá por vós;quanto a vós, nada tereis a fazer”.

Ex.(14,13-14) – DDFC– pg.114 13.Moisés respondeu ao povo: “Não temais! Tende ânimo, e vereis a libertação que o Senhor vai operar hoje em vosso favor. Os

egípcios que hoje vedes, não os tornareis a ver jamais.

14.O Senhor combaterá por vós; quanto a vós, nada tereis a fazer.”

– Moisés demonstra a sua fé não só com palavras, mas com obras. Diante da ordem do Senhor, ele

prontamente obedece: “E tu, levanta a tua vara, estende a mão sobre o mar e fere-o, para que os israelitas

possam atravessá-lo a pé enxuto...”.

Ex.(14,16-21) – DDFC 16.E tu, levanta a tua vara, estende a mão sobre o mar e fere-o, para que os israelitas possam atravessá-lo a pé enxuto.

17.Vou endurecer o coração dos egípcios, para que se ponham ao teu encalço, e triunfarei gloriosamente sobre o faraó e sobre

todo o seu exército, seus carros e seus cavaleiros.

18.Os egípcios saberão que eu sou o Senhor quando tiver alcançado esse glorioso triunfo sobre o faraó, seus carros e seus

cavaleiros.”

19.O anjo de Deus, que marchava à frente do exército dos israelitas, mudou de lugar e passou para trás; a coluna de nuvens que

os precedia pôs-se detrás deles,

20.entre o acampamento dos egípcios e o de Israel. Era obscura, e alumiava a noite. E não puderam aproximar-se um do outro,

durante a noite inteira.

21.Moisés estendeu a mão sobre o mar. O Senhor fê-lo recuar com um vento impetuoso vindo do oriente, que soprou toda a

noite. E pôs o mar a seco. As águas dividiram-se

- Moisés estava confiante que Deus operaria maravilhas com toda a certeza em favor do seu povo. A fé

move a manifestação do poder de Deus através do seu Espírito Santo. 16.E tu, levanta a tua vara, estende a mão sobre o mar e fere-o, para que os israelitas possam atravessá-lo a pé enxuto.

lRs.(17,19) – DDFC– p.389 19.Dá-me o teu filho, respondeu-lhe Elias. Ele tomou-o dos braços de sua mãe e levou-o ao quarto de cima onde dormia e

deitou-o em seu leito.

– O profeta Elias parecia que já estava vendo aquilo que aconteceria. Parecia saber o fim da história e era

isso mesmo que acontecia, pois ele tinha certeza antecipada pelo DCFC de que o Senhor agiria

poderosamente em seu favor.

lRs.(18,39) –DDFC pg.391 – < Ler caps.17 e 18 sobre o profeta Elias> 39.Vendo isso, o povo prostrou-se com o rosto por terra, e exclamou: O Senhor é Deus! O Senhor é Deus!

1Rs.(18,20-40) – DDFC – pg.390/91 20.Mandou Acab avisar a todos os israelitas e reuniu os profetas no monte Carmelo.

21.Elias, aproximando-se de todo o povo, disse: Até quando claudicareis dos dois pés? Se o Senhor é Deus, segui-o, mas se é

Baal, segui a Baal! O povo nada respondeu.

22.Elias continuou: Eu sou o único dos profetas do Senhor que fiquei, enquanto os de Baal são quatrocentos e cinqüenta.

23.Dê-se-nos, portanto, um par de novilhos: eles escolherão um, fá-lo-ão em pedaços, e o colocarão sobre a lenha, mas sem

meter fogo por baixo; eu tomarei o outro novilho e pô-lo-ei sobre a lenha, sem meter fogo por baixo.

24.Depois disso, invocareis o nome de vosso deus, e eu invocarei o nome do Senhor. Aquele que responder pelo fogo, esse será

reconhecido como o (verdadeiro) Deus. Todo o povo respondeu: É boa a proposta.

25.Então disse Elias aos profetas de Baal: Escolhei vós primeiro um novilho e preparai-o, porque sois mais numerosos, e invocai

o vosso deus, mas não ponhais fogo.

26.Eles tomaram o novilho que lhes foi dado e fizeram-no em pedaços. Em seguida, puseram-se a invocar o nome de Baal desde

a manhã até o meio-dia, gritando: Baal, responde-nos! Mas não houve voz, nem resposta. E dançavam ao redor do altar que

tinham levantado.

27.Sendo já meio-dia, Elias escarnecia-os, dizendo: Gritai com mais força, pois (seguramente!) ele é deus; mas estará entretido

em alguma conversa, ou ocupado, ou em viagem, ou estará dormindo... e isso o acordará.

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28.Eles gritavam, com efeito, em alta voz, e retalhavam-se segundo o seu costume, com espadas e lanças, até se cobrirem de

sangue.

29.Passado o meio-dia, enquanto continuavam em seus transes proféticos, chegou a hora da oblação. Mas não houve voz, nem

resposta, nem sinal algum de atenção.

30.Então Elias disse ao povo: Aproximai-vos de mim, e todos se aproximaram. Elias reparou o altar demolido do Senhor.

31.Tomou doze pedras, segundo o número das doze tribos saídas dos filhos de Jacó, a quem o Senhor dissera: Tu te chamarás

Israel.

32.E erigiu com essas pedras um altar ao Senhor. Fez em volta do altar uma valeta, com a capacidade de duas medidas de

semente.

33.Dispôs a lenha e colocou sobre ela o boi feito em pedaços.

34.E disse: Enchei quatro talhas de água e derramai-a em cima do holocausto e da lenha. Depois disse: Fazei isso segunda vez.

Tendo-o eles feito, disse: Ainda uma terceira vez. Eles obedeceram.

35.A água correu em volta do altar e a valeta ficou cheia.

36.Chegou a hora da oblação. O profeta Elias adiantou-se e disse: Senhor, Deus de Abraão, de Isaac e de Israel, saibam todos

hoje que sois o Deus de Israel, que eu sou vosso servo e que por vossa ordem fiz todas estas coisas.

37.Ouvi-me, Senhor, ouvi-me: que este povo reconheça que vós, Senhor, sois Deus, e que sois vós que converteis os seus

corações!

38.Então, subitamente, o fogo do Senhor baixou do céu e consumiu o holocausto, a lenha, as pedras, a poeira e até mesmo a água

da valeta.

39.Vendo isso, o povo prostrou-se com o rosto por terra, e exclamou: O Senhor é Deus! O Senhor é Deus!

40.Elias disse-lhes: Tomai agora os profetas de Baal; não deixeis escapar um só deles! Tendo-os o povo agarrado, Elias levou-os

ao vale de Cison e ali os matou.

-Ao lermos no primeiro livro dos Reis a história que conta o confronto de Elias com 450 profetas de Baal,

percebemos que Elias usou o dom carismático da fé pois agia com muita autoridade e confiança. Parecia

que ele já estava vendo aquilo que aconteceria.

1Rs. (18,41-46) – DDFC– p.391 41.Então Elias disse a Acab: Vai, come e bebe, porque já ouço o ruído de uma grande chuva.

42.Voltou Acab para comer e beber, enquanto Elias subiu ao cimo do monte Carmelo, onde se encurvou por terra, pondo a

cabeça entre os joelhos.

43.Disse ao seu servo: Sobe um pouco, e olha para as bandas do mar. Ele subiu, olhou (o horizonte) e disse: Nada. Por sete

vezes, Elias disse-lhe: Volta e (olha).

44.Na sétima vez o servo respondeu: Eis que, sobe do mar uma pequena nuvem, do tamanho da palma da mão. Elias disse-lhe:

Vai dizer a Acab que prepare o seu carro e desça, para que a chuva não o detenha.

45.Num instante, o céu se cobriu de nuvens negras, soprou o vento e a chuva caiu torrencialmente. Acab subiu ao seu carro e

partiu para Jezrael.

46.A mão do Senhor veio sobre Elias, o qual, tendo cingido os rins, passou adiante de Acab e chegou à entrada de Jezrael.

–Logo depois deste acontecimento, Elias avisa Acab que ele prepare o seu carro e desça, para que a chuva

que vinha não o detivesse. Ele afirmava isto apoiado no DDFC; por certamente no céu só havia uma

pequena nuvem do tamanho da palma da mão, e logo depois destas palavras, “num instante o céu se cobriu

de nuvens negras, soprou o vento e a chuva caiu torrencialmente”. (v.45).

Comentário feito por:

Santo Agostinho (354-430), Bispo de Hipona (Norte de África) e Doutor da Igreja

Sermão 115

«O cobrador de impostos nem sequer ousava levantar os olhos ao céu»

O fariseu dizia: Não sou como certos homens. Quem serão esses outros homens? Não serão todos, com

exceção dele próprio? «Eu sou justo, os outros são pecadores; eu não sou como o resto dos homens, que

são injustos, ladrões, adúlteros.» E eis que a presença de um publicano, ao seu lado, lhe vem dar ocasião

para se ensoberbecer ainda mais. «Eu, eu sou um homem à parte; ele é como os outros. Não sou da sua

espécie; não sou um pecador, pois faço muitas obras justas. Jejuo duas vezes por semana, pago o dízimo de

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tudo quanto possuo.» Que pede este homem a Deus? Procurai nas suas palavras, que nada encontrareis.

Subia supostamente ao seu quarto para orar: ora, nada pede a Deus; apenas se gaba de si próprio. E é na

verdade deveras pouco nada pedir a Deus, mas gabar-se: para além disso, insulta aquele que a seu lado

reza: é o cúmulo!

O publicano «mantinha-se à distância», e no entanto, aproxima-se de Deus; as reprovações do seu coração

afastam-no d'Ele, mas o seu amor aproxima-o de Deus. Este publicano mantém-se à distância, mas o

Senhor aproxima-se dele para o escutar. «O Senhor é excelso, mas repara no humilde», enquanto que

«àquele que se exalta», como o fariseu, «reconhece-o ao longe» (Sl 137, 6). A todo o que se exalta, o

Senhor olha-o de longe, mas não o ignora.

Vede, por contraste, a humildade deste publicano. Não só se mantém à distância, como nem sequer levanta

os olhos ao céu. Não ousa erguer os olhos à procura de um olhar. Não ousa olhar para o alto, a sua

consciência humilha-o, mas a esperança exalta-o. Escutai ainda: «Batia no peito.» Para si próprio pede um

castigo; por isso Deus perdoa a tal homem que a sua culpa confessa. «Senhor, sede-me propício, a mim,

que sou pecador»: eis alguém que ora, que pede! Por que te espantas que Deus ignore as faltas deste

homem, quando o próprio as reconhece? Ele faz-se juiz de si próprio e Deus advoga a sua causa; acusa-se e

Deus defende-o. «Em verdade vos digo» - é a Verdade que fala, é Deus, é o Juiz - «foi o publicano que

voltou para casa justificado, e não o outro.» Diz-nos, Senhor, por quê? «Porque todo aquele que se exalta

será humilhado, e quem se humilha será exaltado».

II Mac.6,18-31 - DDFV – p.598 - Martírio de Eleazar 18.Havia certo homem já de idade avançada e de bela aparência, Eleazar, que se sentava no primeiro lugar entre os doutores da

lei. Queriam coagi-lo a comer carne de porco, abrindo-lhe a boca à força.

19 Mas ele, cuspindo e preferindo morrer com honra a viver na infâmia,

20 caminhou voluntariamente para o instrumento de tortura, como devem caminhar os que têm a coragem de rejeitar o que não é

permitido comer por amor à vida.

21.Ora, os encarregados desse ímpio banquete ritual, já desde muito tempo possuíam relações de amizade com Eleazar.

Tomaram-no à parte e rogaram-lhe que fizesse trazer as carnes permitidas, que ele mesmo tivesse preparado, para comê-las

como se fossem carnes do sacrifício, conforme ordenara o rei.

22 Desse modo, ele seria preservado da morte, e granjearia sua benevolência em vista da antiga amizade.

23.Mas Eleazar, tomando uma bela resolução, digna de sua idade, da autoridade que lhe conferia sua velhice, do prestígio que

lhe outorgavam seus cabelos brancos, da vida íntegra conservada desde a infância, digna sobretudo das sagradas leis

estabelecidas por Deus, preferiu ser conduzido à morte.

24.Não é próprio da nossa idade, respondeu ele, usar de tal fingimento, para não acontecer que muitos jovens suspeitem de que

Eleazar, aos noventa anos, tenha passado aos costumes estrangeiros.

25.Eles mesmos, após o meu gesto hipócrita, e por um pouco de vida, se deixariam arrastar por causa de mim,

e isso seria para a minha velhice a desonra e a vergonha.

26.E mesmo se eu me livrasse agora dos castigos dos homens, não poderia escapar, nem vivo nem morto, das mãos do Todo-

poderoso.

27.Sendo assim, se eu morrer agora corajosamente, mostrar-me-ei digno de minha velhice, e terei deixado aos jovens um nobre

exemplo de zelo generoso, segundo o qual é preciso dar a vida pelas santas e veneráveis leis.

28.Ditas estas palavras, ele dirigiu-se ao suplício.

29.Aqueles que o levavam transformaram em dureza a benevolência, que pouco antes haviam tido para com ele, julgando

insensatas suas palavras.

30.E quando ele estava prestes a morrer sob os golpes, exclamou entre suspiros: O Senhor que possui a ciência santíssima o vê:

podendo eu livrar-me da morte, sofro em meu corpo os tormentos cruéis dos açoites, mas os suporto com alma alegre porque é a

ele que temo.

31.Dessa maneira passou à outra vida, deixando com sua morte não somente aos jovens, mas também a toda a sua gente,

um exemplo de coragem e um memorial de virtude

II Mac.7,1-42 – DDFV – p.598-0 - Os sete irmãos e sua mãe 1.Havia também sete irmãos que foram um dia presos com sua mãe, e que o rei por meio de golpes de azorrage e de nervos de

boi, quis coagir a comerem a proibida carne de porco. 2.Um dentre eles tomou a palavra e falou assim em nome de todos. Que nos pretendes perguntar e saber de nós? Estamos

prontos a morrer antes de violar as leis de nossos pais.

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3.O rei, fora de si, ordenou que aquecessem até a brasa sertãs e caldeirões.

4.Logo que ficaram em brasa ordenou que cortassem a língua do que falara (por) primeiro e, depois que lhe arrancassem a pele

da cabeça, que lhe cortassem também as extremidades, tudo isso à vista de seus irmãos e de sua mãe.

5.Em seguida, mandou conduzi-lo ao fogo inerte e mal respirando, para assá-lo na sertã. Enquanto o vapor da panela se

espalhava em profusão, os outros com sua mãe, exortavam-se mutuamente a morrer com coragem.

6.O Senhor nos vê, diziam, e certamente terá compaixão de nós, como o diz claramente Moisés no seu cântico de admoestações:

Ele terá compaixão de seus servos.

7.Morto desse modo o primeiro, conduziram o segundo ao suplício. Arrancaram-lhe a pele da cabeça com os cabelos e

perguntaram-lhe depois: Comerás carne de porco, ou preferes que teu corpo seja torturado membro por membro?

8.Ele respondeu: Não, no idioma de seu país, e padeceu então os mesmos tormentos do primeiro.

9.Prestes a dar o último suspiro, disse ele: Maldito, tu nos arrebatas a vida presente, mas o Rei do universo nos

ressuscitará para a vida eterna, se morrermos por fidelidade às suas leis.

10 Após este, torturaram o terceiro. Reclamada a língua, ele a apresentou logo, e estendeu as mãos corajosamente.

11.Pronunciou em seguida estas nobres palavras: Do céu recebi estes membros, mas eu os desprezo por amor às suas leis, e dele

espero recebê-los um dia de novo.

12.O próprio rei e os que o rodeavam ficaram admirados com o heroísmo desse jovem, que reputava por nada os sofrimentos.

13.Morto este, aplicaram os mesmos suplícios ao quarto,

14.e este disse, quando estava a ponto de expirar: É uma sorte desejável perecer pela mão humana com a esperança de

que Deus nos ressuscite; mas, para ti, certamente não haverá ressurreição para a vida.

15.Arrastaram em seguida o quinto e torturaram-no;

16 mas ele, encarando o rei, lhe disse: Ainda que mortal, tens poder sobre os homens, e fazes o que queres. Não penses, todavia,

que nosso povo é abandonado por Deus!

17.Espera, verás quão grande é a sua potência e como ele te castigará a ti e à tua raça.

18.Após este, fizeram achegar-se o sexto, que disse antes de morrer: Não te iludas; nós mesmos merecemos estes sofrimentos,

porque pecamos contra nosso Deus, e em conseqüência recebemos estes flagelos surpreendentes.

19.Mas não creias tu que ficarás impune, após haveres ousado combater contra Deus.

20.Particularmente admirável e digna de elogios foi a mãe que viu perecer seus sete filhos no espaço de um só dia e o

suportou com heroísmo, porque sua esperança repousava no Senhor.

21.Ela exortava a cada um no seu idioma materno e, cheia de nobres sentimentos, com uma coragem varonil, ela realçava seu

temperamento de mulher.

22.Ignoro, dizia-lhes ela, como crescestes em meu seio, porque não fui eu quem vos deu nem a alma, nem a vida, e nem fui eu

mesma quem ajuntou vossos membros.

23.Mas o criador do mundo, que formou o homem na sua origem e deu existência a todas as coisas, vos restituirá, em sua

misericórdia, tanto o espírito como a vida, se agora fizerdes pouco caso de vós mesmos por amor às suas leis.

24.Receando, todavia, o desprezo e temendo o insulto, Antíoco solicitou em termos insistentes o mais jovem, que ainda restava,

prometendo-lhe com juramento torná-lo rico e feliz, se abandonasse as tradições de seus antepassados, tratá-lo como amigo, e

confiar-lhe cargos.

25.Como o jovem não deu importância alguma, o rei mandou que a mãe se aproximasse e o exortasse com seus conselhos, para

que o adolescente salvasse sua vida;

26.como ele insistiu por muito tempo, ela consentiu em persuadir o filho.

27.Inclinou-se sobre ele e, zombando do cruel tirano, disse-lhe na língua materna: Meu filho, compadece-te de tua mãe, que te

trouxe nove meses no seio, que te amamentou durante três anos, que te nutriu, te conduziu e te educou até esta idade.

28 Eu te suplico, meu filho, contempla o céu e a terra; reflete bem: tudo o que vês, Deus criou do nada, assim como todos os

homens.

29.Não temas, pois, este algoz, mas sê digno de teus irmãos e aceita a morte, para que no dia da misericórdia eu te

encontre no meio deles.

30.Logo que ela acabou de falar, o jovem disse: Que estais a esperar? Não atenderei às ordens do rei; eu obedeço àquele que deu

a lei a nossos pais por intermédio de Moisés.

31.Mas tu, que és o inventor dessa perseguição contra os judeus, não escaparás à mão de Deus.

32.Quanto a nós é por causa de nossos pecados que sofremos

33.e se, para nos punir e corrigir, o Deus vivo e Senhor nosso se irou por pouco tempo contra nós, ele há de se reconciliar de

novo com seus servos.

34.Ímpio, não te exaltes sem razão, embalando-te em vãs esperanças, enquanto levantas a mão sobre os servos do céu;

35.tu ainda não escapaste ao julgamento do Deus todo-poderoso que tudo vê!

36. Enquanto meus irmãos participam agora da vida eterna, em virtude do sinal da Aliança, após terem padecido um instante, tu

sofrerás o justo castigo de teu orgulho, pelo julgamento de Deus.

37.A exemplo de meus irmãos, entrego meu corpo e minha vida em defesa às leis de nossos pais e suplico a Deus que ele não se

demore em apiedar-se de seu povo; oxalá tu, em meio aos sofrimentos e provações, reconheças nele o Deus único;

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38.enfim, que se detenha em mim e em meus irmãos a cólera do Todo-poderoso que se desencadeou sobre toda a nossa raça.

39.Abrasado de ira e enraivecido pela zombaria, o rei maltratou este com maior crueldade do que os outros.

40.Morreu, pois, o jovem purificado de toda mancha e completamente entregue ao Senhor.

41.Seguindo as pegadas de todos os seus filhos, a mãe pereceu por último.

42.Terminamos aqui nossa narração concernente aos banquetes rituais e a estas atrozes perseguições.

-Movidos pelo dom da fé virtude, tanto Eleazar como os sete irmãos e sua mãe,na observância da lei vão

até as últimas consequências, isto é , a morte.Eles crêem e experimentam concretamente a presença de

Deus em suas vidas, independente das circunstâncias do momento , pois olham suas vidas não com olhos

humanos, mas segundo a visão de Deus

NOVO TESTAMENTO

Mt.(6,24-34) – DDFV – pg.1290 – Preocupações exageradas 24.Ninguém pode servir a dois senhores, porque ou odiará a um e amará o outro, ou dedicar-se-á a um e desprezará o outro. Não

podeis servir a Deus e à riqueza.

25.Portanto, eis que vos digo: não vos preocupeis por vossa vida, pelo que comereis, nem por vosso corpo, pelo que

vestireis. A vida não é mais do que o alimento e o corpo não é mais que as vestes?

26.Olhai as aves do céu: não semeiam nem ceifam, nem recolhem nos celeiros e vosso Pai celeste as alimenta. Não valeis vós

muito mais que elas?

27.Qual de vós, por mais que se esforce, pode acrescentar um só côvado à duração de sua vida?

28.E por que vos inquietais com as vestes? Considerai como crescem os lírios do campo; não trabalham nem fiam.

29.Entretanto, eu vos digo que o próprio Salomão no auge de sua glória não se vestiu como um deles.

30.Se Deus veste assim a erva dos campos, que hoje cresce e amanhã será lançada ao fogo, quanto mais a vós, homens de pouca

fé?

31.Não vos aflijais, nem digais: Que comeremos? Que beberemos? Com que nos vestiremos?

32.São os pagãos que se preocupam com tudo isso. Ora, vosso Pai celeste sabe que necessitais de tudo isso.

33.Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça e todas estas coisas vos serão dadas em

acréscimo. 34.Não vos preocupeis, pois, com o dia de amanhã: o dia de amanhã terá as suas preocupações próprias. A cada dia basta

o seu cuidado.

-A fé virtude impulsiona o homem a ir além do ato de aderir às promessas de Deus e a sua providência.

(v.25). -É a fé que faz o homem crer que Deus é Pai e que portanto ele é filho, filho muito amado de Deus e que

por isto crê na Providência Divina.

Comentário feito por:

Catecismo da Igreja Católica

§ 302-305

"Não vos preocupeis tanto com a vossa vida" – (v.25)

A criação tem a sua bondade e a sua perfeição próprias, mas não saiu totalmente acabada das mãos do

Criador. Foi criada «em estado de caminho» («in statu viae») para uma perfeição última ainda a atingir e a

que Deus a destinou. Chamamos divina Providência às disposições pelas quais Deus conduz a sua criação

em ordem a essa perfeição...

É unânime, a este respeito, o testemunho da Escritura: a solicitude da divina Providência é concreta e

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imediata, cuida de tudo, desde os mais insignificantes pormenores até aos grandes acontecimentos do

mundo e da história. Os livros santos afirmam, com veemência, a soberania absoluta de Deus no decurso

dos acontecimentos: «Tudo quanto Lhe aprouve, o nosso Deus o fez, no céu e na terra» (Sl 115, 3); e de

Cristo se diz: «que abre e ninguém fecha, e fecha e ninguém abre» (Ap.3, 7); «há muitos projetos no

coração do homem, mas é a vontade do Senhor que prevalece» (Pr.19, 21)...

Jesus reclama um abandono filial à Providência do Pai celeste, que cuida das menores necessidades dos

seus filhos: «Não vos inquieteis, dizendo: Que havemos de comer? Que havemos de beber? [...] Bem sabe

o vosso Pai celeste que precisais de tudo

isso. Procurai primeiro o Reino de Deus e a sua justiça e tudo o mais vos será dado por acréscimo».(Mt.6,

31-33).

Mt.(6,24-34) – DDFV- pg.1290 - Dom da Fé Virtude.- Preocupações exageradas.

Comentário feito por:

S. Serafim de Sarov (1759-1833), monge russo

Conversa com Motovilov

"Procurai primeiro o seu Reino e a sua justiça e tudo o mais vos será dado por acréscimo" –(v.33)

[S. Serafim e Molovilov encontram-se mergulhados numa grande luz e numa grande suavidade. Serafim

diz-lhe:] Meu amigo, os homens foram criados para que a graça divina habite no mais profundo de nós, no

nosso coração. O Senhor disse: "O Reino dos céus está dentro de vós" (Lc 17,21). Por Reino dos céus, Ele

entende a graça do Espírito Santo; esse Reino de Deus está em nós dois neste momento. O Espírito Santo

ilumina-nos e aquece-nos; enche o ar com os seus perfumes, alegra os nossos sentidos e inunda os nossos

corações com uma alegria inefável. Experimentamos o que diz o apóstolo Paulo: "O Reino de Deus não é o

comer e o beber, mas a justiça, a paz e a alegria, pelo Espírito Santo" (Rm.14,17).Vê, amigo de Deus, que

alegria incomparável se dignou conceder-nos o Senhor. Vê o que é estar "na plenitude do Espírito Santo"...

Humildes como somos, o Senhor encheu-nos com a plenitude do Seu Espírito. Parece-me que, a partir de

agora, já não me interrogarás mais acerca da forma como se manifesta no homem a presença da graça do

Espírito Santo...

Quanto aos nossos estados diferentes, de monge e de leigo, não te preocupes. Deus procura antes de tudo

um coração cheio de fé n'Ele e no seu Filho único, em resposta à qual Ele envia do alto a graça do Espírito

Santo. O Senhor procura um coração cheio de amor para com Ele e para com o próximo - esse é o trono em

que Ele gosta de se sentar e onde aparece na plenitude da sua glória. "Filho, dá-me o teu coração, e o resto

dar-te-ei por acréscimo" (Pr.23,26). O coração do homem é capaz de conter o Reino dos Céus. "Procurai

primeiro o Reino dos Céus e a sua verdade, diz o Senhor aos seus discípulos, e o resto ser-vos-á dado por

acréscimo, porque Deus vosso Pai sabe que disso tendes necessidade".

Mt.(6,24-34) – p.1290/1 – DDFV – Preocupações exageradas.

Comentário feito por:

São Siluane (1866-1938), monge ortodoxo

Escritos

«Não vos inquieteis quanto à vossa vida»

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O Senhor disse aos seus discípulos: «Dou-vos a Minha paz» (Jo 14, 27). É a Deus que temos de pedir esta

paz de Cristo, e o Senhor a dará a quem Lha pedir. E, quando a recebermos, devemos velar santamente por

ela, e fazê-la crescer.

Aquele que, nas suas aflições, não se abandona à vontade de Deus não poderá conhecer a misericórdia de

Deus. Se fores atingido pela infelicidade, não te deixes abater; recorda-te de que o Senhor te olha com

bondade. Não admitas este pensamento: «Poderá o Senhor olhar para mim, agora que O ofendi?», porque o

Senhor é a bondade por natureza. Mas volta-te com fé para Deus, e diz-Lhe o que diz o filho pródigo do

Evangelho: «Já não mereço ser chamado teu filho» (Lc 15, 21). Verás então quão querido és pelo Pai, e a

tua alma conhecerá uma alegria indescritível.

-DDFV – A fé virtude ou fruto do Espírito Santo, leva o homem a ter uma vida totalmente abandonada na

Providência de Deus. Ela o conduz a praticar a Palavra de Deus, viver segundo a mentalidade de Jesus,

segundo a vontade de Deus. O homem não apenas conhece os mandamentos de Deus intelectualmente, mas

eles são interiorizados dentro do seu coração, que não só os acolhe como Palavra de Deus, mas os pratica

no dia-a-dia de sua vida. Essa fé nos capacita a viver pela graça de Cristo e não mais pela lei.

Ela retira do homem todo o jugo e obrigação e os ensinamentos de Deus fluem como um rio de água viva

de dentro do seu coração para transbordar em sua vida e na vida de seus irmãos.

Mt.(8,1-14) - DDFC - p.1292 1.Tendo Jesus descido da montanha, uma grande multidão o seguiu.

2.Eis que um leproso aproximou-se e prostrou-se diante dele, dizendo: Senhor, se queres, podes curar-me.

3.Jesus estendeu a mão, tocou-o e disse: Eu quero, sê curado. No mesmo instante, a lepra desapareceu.

4.Jesus então lhe disse: Vê que não o digas a ninguém. Vai, porém, mostrar-te ao sacerdote e oferece o dom prescrito por Moisés

em testemunho de tua cura.

5.Entrou Jesus em Cafarnaum. Um centurião veio a ele e lhe fez esta súplica:

6.Senhor, meu servo está em casa, de cama, paralítico, e sofre muito.

7.Disse-lhe Jesus: Eu irei e o curarei.

8.Respondeu o centurião: Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha casa. Dizei uma só palavra e meu servo será curado.

9.Pois eu também sou um subordinado e tenho soldados às minhas ordens. Eu digo a um: Vai, e ele vai; a outro: Vem, e ele vem;

e a meu servo: Faze isto, e ele o faz...

10.Ouvindo isto, cheio de admiração, disse Jesus aos presentes: Em verdade vos digo: não encontrei semelhante fé em

ninguém de Israel.

11.Por isso, eu vos declaro que multidões virão do Oriente e do Ocidente e se assentarão no Reino dos céus com Abraão, Isaac e

Jacó,

12.enquanto os filhos do Reino serão lançados nas trevas exteriores, onde haverá choro e ranger de dentes.

13.Depois, dirigindo-se ao centurião, disse: Vai, seja-te feito conforme a tua fé. Na mesma hora o servo ficou curado.

14.Foi então Jesus à casa de Pedro, cuja sogra estava de cama, com febre.

15.Tomou-lhe a mão, e a febre a deixou. Ela levantou-se e pôs-se a servi-los.

Comentário feito por:

Papa Bento XVI

Encíclica «Spe Salvi», 36 (trad. © copyright Libreria Editrice Vaticana)

«Quero, fica purificado»

Tal como o agir, também o sofrimento [sob todas as suas formas] faz parte da existência humana. Este

deriva, por um lado, da nossa finitude e, por outro, da súmula de erros que se acumularam ao longo da

história e que ainda hoje não cessa de aumentar.

É preciso, obviamente, fazer tudo o que é possível para atenuar o sofrimento: impedir, na medida do

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possível, o sofrimento dos inocentes; amenizar as dores; ajudar a superar os sofrimentos psíquicos. Tudo

isto são deveres, tanto de justiça como de amor, que se inserem nas exigências fundamentais da existência

cristã e de todas as vidas verdadeiramente humanas. Na luta contra a dor física, conseguiram-se realizar

grandes progressos; mas o sofrimento dos inocentes e também os sofrimentos psíquicos aumentaram no

decurso destas últimas décadas.

Sim, devemos fazer tudo para superar o sofrimento, mas eliminá-lo completamente do mundo não está nas

nossas possibilidades humanas, simplesmente porque não podemos ultrapassar a nossa finitude e porque

nenhum de nós é capaz de eliminar o poder do mal, do erro, que – como constatamos – é uma fonte

contínua de sofrimento. Isto só Deus o poderia fazer: só um Deus que entra pessoalmente na História

tornando-se homem e sofrendo nela. Nós sabemos que este Deus existe e que, por isso, este poder que «tira

os pecados do mundo» (Jo 1,29) está presente no mundo. Pela fé na existência deste poder, surgiu na

História a esperança da cura do mundo.

Comentário feito por:

São Simeão, o Novo Teólogo (c. 949-1022), monge grego

Hino 30 (a partir da trad. de SC 174, p. 357)

«Jesus estendeu a mão e tocou-o, dizendo: «Quero, fica purificado!»»

Antes que brilhasse a luz divina,

Não me conhecia a mim mesmo.

Vendo-me então nas trevas e na prisão,

Preso num lamaçal,

Coberto de sujidade, ferido, com a minha carne inchada [...],

Caí aos pés d'Aquele que me iluminara.

E Aquele que me iluminara tocou com as Suas mãos

Nas minhas cadeias e nas minhas feridas;

Do sítio onde a sua mão tocou e aonde o Seu dedo se chegou,

No mesmo momento me caíram as cadeias,

Desapareceram as feridas e toda a sujidade.

A mácula da minha carne desapareceu [...]

E Ele tornou-a semelhante à Sua mão divina.

Estranha maravilha: a minha carne, a minha alma e o meu corpo

Participam da glória divina.

Assim que fui purificado e desembaraçado das minhas cadeias,

Ei-Lo que me estende uma mão divina,

Retira-me completamente do lamaçal,

Abraça-me, lança-se-me ao pescoço,

Cobre-me de beijos (Lc.15,20).

E a mim, que estava completamente exausto,

E tinha perdido as forças,

Pôs-me aos ombros (Lc.15,5),

E levou-me para fora do meu inferno.

É a luz que me leva e me sustenta;

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Conduz-me para uma grande luz.

Permite-me contemplar através de que estranha renovação

Ele próprio me tornou a formar (Gn.2,7) e me arrancou à corrupção.

Concedeu-me o dom da vida imortal

E revestiu-me com uma túnica imaterial e luminosa

E deu-me sandálias, um anel e uma coroa

Incorruptíveis e eternos (Lc.15,22).

– Jesus realizou muitos milagres em razão do dom carismático da fé. Encontramos esta fé no centurião que

tinha um servo de cama, paralítico que sofria muito.

Mt.(8,5-13) – DDFC – pg.1292 5.Entrou Jesus em Cafarnaum. Um centurião veio a ele e lhe fez esta súplica: 6.Senhor, meu servo está em casa, de cama, paralítico, e sofre muito.

7.Disse-lhe Jesus: Eu irei e o curarei.

8.Respondeu o centurião: Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha casa. Dizei uma só palavra e meu servo será curado.

9.Pois eu também sou um subordinado e tenho soldados às minhas ordens. Eu digo a um: Vai, e ele vai; a outro: Vem, e ele vem;

e a meu servo: Faze isto, e ele o faz...

10.Ouvindo isto, cheio de admiração, disse Jesus aos presentes: Em verdade vos digo: não encontrei semelhante fé em

ninguém de Israel.

11.Por isso, eu vos declaro que multidões virão do Oriente e do Ocidente e se assentarão no Reino dos céus com Abraão, Isaac e

Jacó,

12.enquanto os filhos do Reino serão lançados nas trevas exteriores, onde haverá choro e ranger de dentes.

13.Depois, dirigindo-se ao centurião, disse: Vai, seja-te feito conforme a tua fé. Na mesma hora o servo ficou curado.

Comentário feito por:

S. Serafim de Sarov (1759-1833), monge russo

Conversação com Motovilov

Um pagão entra na herança de Israel

O espírito de Deus manifesta-se, embora com uma força menor, nos pagãos que não conhecem o

verdadeiro Deus, mas entre os quais se encontram também simpatizantes. As virgens profetisas, por

exemplo, as sibilas, guardavam a virgindade para um deus desconhecido – mas um Deus de qualquer modo

– que supunham ser o Criador do universo, o Todo-Poderoso que governava o mundo. Os filósofos pagãos,

errando nas trevas da ignorância de deus, mas procurando a verdade, podiam, devido a esta busca

agradável ao Criador, receber o Espírito Santo em certa medida. S. Paulo escreve: “quando os gentios, que

não têm lei, cumprem pela luz natural, aquilo que a lei ordena, sem terem a lei, são lei para si mesmos”

(Rm.2,14). A verdade é a tal ponto agradável a Deus que ele próprio o proclama pelo seu espírito: “Da terra

germina a fidelidade e a justiça olha do céu” (Sl 84,12).

Assim se conservou o conhecimento de Deus no povo escolhido, amado por Deus, assim entre os pagãos

ignorando Deus, depois da queda de Adão e até a encarnação de Nosso Senhor Jesus Cristo. Sem este

conhecimento, sempre claramente conservado no gênero humano, como poderiam os homens saber se tinha

vindo aquele que, segundo a promessa feita a Adão e Eva, devia nascer de uma Virgem destinada a

esmagar a cabeça da serpente? (Gn.3,15).

Comentário feito por:

Concílio Vaticano II

Constituição sobre a Igreja no mundo actual, « Gaudium et Spes », § 45

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Para que todos os homens entrem no Reino dos céus

Ao ajudar o mundo e recebendo dele ao mesmo tempo muitas coisas, o único fim da Igreja é o advento do

reino de Deus e o estabelecimento da salvação de todo o gênero humano. E todo o bem que o Povo de Deus

pode prestar à família dos homens durante o tempo da sua peregrinação deriva do fato que a Igreja é o

«sacramento universal da salvação», manifestando e atuando simultaneamente o mistério do amor de Deus

pelos homens.

Com efeito, o próprio Verbo de Deus, por quem tudo foi feito, fez-se homem, para, homem perfeito, a

todos salvar e tudo recapitular. O Senhor é o fim da história humana, o ponto para onde tendem os desejos

da história e da civilização, o centro do gênero humano, a alegria de todos os corações e a plenitude das

suas aspirações. Foi Ele que o Pai ressuscitou dos mortos, exaltou e colocou à sua direita, estabelecendo-o

juiz dos vivos e dos mortos. Vivificados e reunidos no seu Espírito, caminhamos em direção à consumação

da história humana, a qual corresponde plenamente ao seu desígnio de amor: «recapitular todas as coisas

em Cristo, tanto as do céu como as da terra» (Ef. 1,10).

O próprio Senhor o diz: «Eis que venho em breve, trazendo comigo a minha recompensa, para dar a cada

um segundo as suas obras. Eu sou o alfa e o ômega, o primeiro e o último, o começo e o fim. (Ap.22,12-

13).

Comentário feito por:

Eusébio de Cesareia (c. 265-340), bispo, teólogo, historiador

Demonstração evangélica, II, 3, 35 (trad. Sr Isabelle de la Source, Lire la Bible, t. 6, p. 197 ; cf SC 228)

"Muitos virão do oriente e do ocidente e tomarão lugar... no festim do Reino dos céus"

Muitos são os testemunhos da Escritura que mostram que as nações pagãs não receberam menos graças do

que o povo judeu. Se os judeus participam da bênção de Abraão, o amigo de Deus, porque são seus

descendentes, recordemos que Deus se tinha comprometido a dar aos pagãos uma bênção semelhante não

só à de Abraão, mas ainda às de Isaac e de Jacob. Com efeito, Ele predisse explicitamente que todas as

nações serão abençoadas de igual forma e convida todos os povos a uma só e mesma alegria com os ditosos

amigos de Deus: "Nações, alegrai-vos com o seu povo" (Dt 32,43) e também: "Os príncipes dos povos

reuniram-se com o Deus de Abraão" (Sl 46,10).

Se Israel se glorifica do Reino de Deus, dizendo que ele é a sua herança, os oráculos divinos mostram-lhe

que Deus reinará também sobre os outros povos: "Ide dizer às nações: O Senhor é rei" (Sl 95,10) e

também: "Deus reina sobre os pagãos" (Sl 46,91). Se os judeus foram escolhidos para serem os sacerdotes

de Deus e lhe prestarem culto..., a palavra de Deus prometeu comunicar às nações o mesmo ministério:

"Rendei ao Senhor, ó família dos povos, rendei ao Senhor glória e honra. Apresentai oferendas, entrai nos

seus átrios" (Sl 95,7-8)...

E se, outrora, num primeiro tempo, "a porção do Senhor foi Jacob, seu povo, e Israel a sua parte da

herança" (Dt 32,9 LXX), num segundo tempo, a Escritura afirma que todos os povos serão dados em

herança ao Senhor, segundo a palavra do Pai: "Pedi e dar-vos-ei as nações como herança" (Sl 2,8). A

profecia anuncia ainda que Ele "dominará" não só em Israel, mas "do mar até ao mar e até aos confins da

terra; todos os países o servirão e nele serão abençoadas todas as tribos da terra" (Sl 71,8-11). Foi assim

que o Deus do universo "fez conhecer a sua salvação diante de todas as nações" (Sl 97,2).

Mt.(8,5-17) – p.1292 – DDFC – O servo do centurião 5. Entrou Jesus em Cafarnaum. Um centurião veio a ele e lhe fez esta súplica:

6. Senhor, meu servo está em casa, de cama, paralítico, e sofre muito.

7. Disse-lhe Jesus: Eu irei e o curarei.

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8. Respondeu o centurião: Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha casa. Dizei uma só palavra e meu servo será

curado.

9. Pois eu também sou um subordinado e tenho soldados às minhas ordens. Eu digo a um: Vai, e ele vai; a outro: Vem, e ele

vem; e a meu servo: Faze isto, e ele o faz...

10. Ouvindo isto, cheio de admiração, disse Jesus aos presentes: Em verdade vos digo: não encontrei semelhante fé em ninguém

de Israel.

11. Por isso, eu vos declaro que multidões virão do Oriente e do Ocidente e se assentarão no Reino dos céus com Abraão, Isaac e

Jacó,

12. enquanto os filhos do Reino serão lançados nas trevas exteriores, onde haverá choro e ranger de dentes.

13. Depois, dirigindo-se ao centurião, disse: Vai, seja-te feito conforme a tua fé. Na mesma hora o servo ficou curado.

14. Foi então Jesus à casa de Pedro, cuja sogra estava de cama, com febre.

15. Tomou-lhe a mão, e a febre a deixou. Ela levantou-se e pôs-se a servi-los.

16. Pela tarde, apresentaram-lhe muitos possessos de demônios. Com uma palavra expulsou ele os espíritos e curou todos os

enfermos.

17. Assim se cumpriu a predição do profeta Isaías: Tomou as nossas enfermidades e sobrecarregou-se dos nossos males (Is

53,4).

Comentário feito por:

Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona (norte de África) e doutor da Igreja

Sermão 231

«Senhor, eu não sou digno de que entres debaixo do meu teto» - (v.8)

Tendo vindo até junto de nós, Cristo encontrou o que nós temos em abundância: penas, dores e a morte. Eis

o que tu tens, eis o que entre nós existe em abundância. Ele comeu contigo o que se encontrava em

abundância na pobre casa da tua infelicidade. Ele bebeu vinagre, ele provou fel (Jo 19, 29) – tudo quanto

encontrou na tua pobre casa.

Mas convidou-te para a Sua mesa magnífica, para a Sua mesa do céu, para a Sua mesa dos anjos, onde Ele

mesmo é o pão (Jo 6, 34). Descendo até ti, e encontrando a infelicidade na tua pobre casa, não desdenhou

de Se sentar à tua mesa, tal como era, e prometeu-te a Sua. Assumiu a tua infelicidade, para te dar a Sua

felicidade. Sim, dar-ta-á: Ele prometeu-nos a Sua vida.

E aquilo que realizou é ainda mais incrível: deu-nos em penhor a sua própria morte. É como se nos tivesse

dito: «Convido-vos para a Minha vida, onde ninguém morre, onde se encontra a verdadeira felicidade, onde

o alimento não se corrompe, mas restaura, onde nunca falta e tudo preenche. Vede para onde vos convido.

Para o país dos anjos, para a amizade do Pai e do Espírito Santo, para uma refeição eterna, para a Minha

amizade fraterna. Enfim, convido-vos para Mim mesmo, convido-vos para a Minha própria vida. Não

quereis acreditar que vos darei a Minha vida? Tendes a “Minha morte como testemunho.»

Comentário feito por:

São João Crisóstomo (c. 345-407), presbítero em Antioquia depois Bispo de Constantinopla, Doutor da

Igreja

Homilias sobre São Mateus, 27,1 (a partir da trad. Véricel, l'Evangile commenté, p. 98)

«Ele curou muitos doentes»

«Ao entardecer, apresentaram-Lhe muitos possessos; e Ele, com a Sua palavra, expulsou os espíritos e

curou todos os que estavam doentes». Vês como a fé da multidão crescia pouco a pouco? Apesar da hora

avançada, não quiseram deixar o Senhor; pensaram que a tarde permitia trazer-Lhe os doentes. Imagina o

número de curas que os evangelistas não relataram; não as contam todas, uma a uma, mas numa só frase

fazem-nos ver um oceano infinito de milagres. Para que a grandeza do prodígio não nos provoque a

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incredulidade, para que não fiquemos perturbados com o pensamento de uma tal multidão ferida de males

tão diversos e curada num instante, o evangelho traz o testemunho do profeta, tão extraordinário e tão

surpreendente como os próprios fatos: «Para que se cumprisse o que foi dito pelo profeta Isaías: Ele tomou

as nossas enfermidades e carregou as nossas dores» (53, 4). Não diz: «Ele destruiu», mas: «Ele tomou» e

«Ele carregou», frisando assim, no meu entender, que o profeta fala mais do pecado que dos males do

corpo, o que está em conformidade com a palavra de João Baptista: «Eis o Cordeiro de Deus, eis Aquele

que tira o pecado do mundo» (Jo 1, 29).

Mt. (8,23-27) – DDFV - p.1292.3 23. Subiu ele a uma barca com seus discípulos.

24. De repente, desencadeou-se sobre o mar uma tempestade tão grande, que as ondas cobriam a barca. Ele, no entanto, dormia.

25. Os discípulos achegaram-se a ele e o acordaram, dizendo: Senhor, salva-nos, nós perecemos!

26. E Jesus perguntou: Por que este medo, gente de pouca fé? Então, levantando-se, deu ordens aos ventos e ao mar, e fez-se

uma grande calmaria.

27. Admirados, diziam: Quem é este homem a quem até os ventos e o mar obedecem?

Comentário feito por:

Santo Agostinho (354 -430) Bispo de Hipona (Norte de África) e Doutor da Igreja

Meditações, cap. 37

«Senhor, salva-nos!»

Ó meu Deus, o meu coração é como um vasto mar agitado pelas tempestades: que ele encontre em Ti a paz

e o repouso. Tu ordenaste aos ventos e o mar que se acalmassem e, sob a Tua voz, eles apaziguaram-se;

vem apaziguar as agitações do meu coração, para que tudo em mim se torne calmo e tranqüilo, para que Te

possa possuir, Tu, o meu único bem, e Te possa contemplar, suave luz dos meus olhos, sem perturbação

nem obscuridade. Ó meu Deus, que a minha alma, liberta dos pensamentos tumultuosos deste mundo, «se

esconda à sombra das Vossas asas» (Sl 16, 8). Que encontre junto de Ti um lugar de renovação e de paz; e,

repleta de alegria, possa cantar: «Deito-me em paz e logo adormeço, porque só Vós, Senhor, fazeis que eu

repouse em segurança» (Sl 4, 9).

Que a minha alma descanse, peço-Te, ó meu Deus, que descanse da lembrança de tudo o que está sob o

céu, que desperte unicamente para Ti, como está escrito: «Eu durmo, mas o meu coração vela» (CUT.5, 2).

A minha alma só está em paz e em segurança, ó meu Deus, debaixo das asas da Tua proteção (Sl 90, 4).

Que ela permaneça eternamente em Ti e que seja abraçada pelo Teu fogo. Que, elevando-se acima de si

própria, Te contemple e cante alegremente os Teus louvores. No meio das inquietações que me agitam, que

os Teus dons sejam a minha suave consolação, até que eu chegue a Ti, ó verdadeira paz.

Mt.(9,18-26) – DDFC - pg.1294 18.Falava ele ainda, quando se apresentou um chefe da sinagoga. Prostrou-se diante dele e lhe disse: Senhor, minha filha acaba

de morrer. Mas vem, impõe-lhe as mãos e ela viverá.

19.Jesus levantou-se e o foi seguindo com seus discípulos.

20.Ora, uma mulher atormentada por um fluxo de sangue, havia doze anos, aproximou-se dele por trás e tocou-lhe a orla do

manto.

21.Dizia consigo: Se eu somente tocar na sua vestimenta, serei curada.

22.Jesus virou-se, viu-a e disse-lhe: Tem confiança, minha filha, tua fé te salvou. E a mulher ficou curada instantaneamente.

23.Chegando à casa do chefe da sinagoga, viu Jesus os tocadores de flauta e uma multidão alvoroçada. Disse-lhes:

24.Retirai-vos, porque a menina não está morta; ela dorme. Eles, porém, zombavam dele. 25.Tendo saído a multidão, ele entrou, tomou a menina pela mão e ela levantou-se.

26.Esta notícia espalhou-se por toda a região

Comentário feito por:

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S. Clemente de Roma, papa de 90 a 100 aproximadamente

Carta aos Coríntios, § 24-29

“A menina não está morta: ela dorme” - (v.24)

Reparemos, meus bem-amados, como o Senhor não cessa de nos mostrar a ressurreição futura da qual ele

nos deu as primícias ressuscitando dos mortos o senhor Jesus Cristo. Consideremos, bem-amados, as

ressurreições que se cumprem periodicamente. O dia e a noite fazem-nos ver uma ressurreição. A noite

deita-se, o dia levanta-se; o dia desaparece, a noite surge. Olhemos os frutos: como se fazem as

sementeiras, o que é que se passa? O semeador sai, deita na terra as diferentes sementes. Estas caem secas e

nuas, sobre a terra e desagregam-se. Depois, a partir desta decomposição, a magnífica providência do

Mestre as faz reviver e um só grão multiplica-se e dá fruto… Acharemos pois estranho e extraordinário que

o criador do universo faça reviver aqueles que o serviram fielmente e com a confiança de uma fé

perfeita?...

É nesta esperança que os nossos corações se agarram àquele que é fiel às suas promessas e justo nos seus

juízos. Ele, que ordenou que não se mentisse, com mais forte razão não mente ele próprio. Nada é

impossível a Deus, exceto mentir. Reavivemos pois a nossa fé nele e consideremos que tudo está ao seu

alcance.

Com uma palavra do seu poder total, formou o universo, e com uma palavra ele pode aniquilá-lo… Ele faz

tudo quando e como quer. Nada se afastará jamais daquilo que ele decidiu. Tudo está presente em frente

dele e nada escapa à sua providência.

Comentário feito por:

S. Cirilo de Alexandria (380-444), bispo, doutor da Igreja

Comentário ao evangelho de João, 4; p.73, 560

«Ele entrou e pegou na mão da menina»

Assim que Cristo entrou em nós pela sua própria carne, nós revivemos inteiramente; é inconcebível, ou

mais ainda, impossível, que a vida não faça viver aqueles nos quais ela se introduziu. Como se cobre um

tição ardente com um montão de palha para guardar intacto o germe do fogo, assim nosso Senhor Jesus

Cristo esconde a vida em nós pela sua própria carne e coloca aí como uma semente de imortalidade que

afasta toda a corrupção que trazemos em nós.

Não é pois apenas pela sua palavra que ele realiza a ressurreição dos mortos. Para mostrar que o seu corpo

dá a vida, como tínhamos dito, ele toca os cadáveres e pelo seu corpo dá a vida a esses corpos já em vias de

desintegração. Se o simples contacto da sua carne sagrada restitui a vida a esses mortos, que beneficio não

encontraremos na sua eucaristia vivificante quando a recebemos!... Não será suficiente que apenas a nossa

alma seja regenerada pelo Espírito para uma vida nova. O nosso corpo denso e terrestre também deve ser

santificado pela sua participação num corpo também denso e da mesma origem que o nosso e deve ser

chamado também à incorruptibilidade

Comentário feito por:

São Romano Músico (?-c. 560), compositor de hinos

Hino 23, sobre a hemorroísa

“Se ao menos tocar nas Suas vestes, ficarei curada” – (v.21)

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Tal como a hemorroísa, também eu me prostro diante de Ti, Senhor, para que me livres do sofrimento e me

concedas o perdão dos meus pecados, a fim de que eu clame a Ti, de coração compungido: “Salvador,

salva-me!”.Ela aproximou-se de Ti às escondidas, Salvador, porque Te tomava por um simples homem,

mas o fato de ter sido curada demonstrou-lhe que eras Deus e homem ao mesmo tempo. Em segredo, tocou

na orla do Teu manto, com o temor na alma, dizendo para consigo: - Como poderei deixar-me ver por

Aquele que tudo observa, eu, que trago comigo a vergonha das minhas faltas? Se vir o fluxo de sangue,

Aquele que é Todo-puro afastar-Se-á de mim que sou impura e, se Ele se afastar de mim apesar do meu

grito – “Salvador, salva-me!” –, tal será mais terrível do que a minha chaga.

Ao ver-me, todos me empurram: “Aonde vais? Tem consciência da tua vergonha, mulher, percebe quem

és, e de quem pretendes aproximar-te! Tu, a impura, aproxima-te do Todo-puro! Vai purificar-te e, quando

tiveres limpado a mancha que trazes contigo, poderás aproximar-te dele gritando: ‘Salvador, salva-me!’”

- Procurais causar-me maior dor que o próprio mal de que padeço? Bem sei que Ele é puro e é

precisamente por isso que me dirijo a Ele, para ser libertada do opróbrio e da infâmia. Não me impeçais,

pois, de gritar: “Salvador, salva-me!”

A fonte derrama as suas vagas para todos: com que direito a cerrais? Sois testemunhas das curas que Ele

praticou. Todos os dias nos encorajam dizendo: - Vinde a Mim, todos os que estais cansados e oprimidos e

aliviar-vos-ei (Mt 11, 28). Ele gosta de conceder o dom da saúde a todos. Por que me tratais com rudeza,

impedindo-me de Lhe gritar: “Salvador, me salva!”? .Aquele que conhece todas as coisas volta-se e

pergunta aos seus discípulos: “Quem tocou nos meus vestidos?” (Mc 5, 30). Por que Me dizes, Pedro, que a

multidão me empurra? Eles não tocam a Minha divindade, mas esta mulher, ao tocar a Minha veste

invisível, tocou a Minha natureza divina e recuperou a saúde, gritando-Me: “Salvador, salva-me!”

“Tem coragem, mulher.Desde agora, ficarás curada.Isto não é obra das Minhas mãos, mas da tua fé. Pois

muitos tocaram a orla das Minhas vestes sem obter a força, porque não vinham com fé. Tu tocaste-Me

cheia de fé e recuperaste a saúde. Foi por isso que te expus diante de todos, para que dissesses: ‘Salvador,

salva-me!’”

Mt.(9,27-31) –DDFC - pg.1294– Diversas curas.

27.Partindo Jesus dali, dois cegos o seguiram, gritando: Filho de Davi, tem piedade de nós! 28.Jesus entrou numa casa e os cegos aproximaram-se dele. Disse-lhes: Credes que eu posso fazer isso? Sim, Senhor,

responderam eles. 29.Então ele tocou-lhes nos olhos, dizendo: Seja-vos feito segundo vossa fé.

30.No mesmo instante, os seus olhos se abriram. Recomendou-lhes Jesus em tom severo: Vede que ninguém o saiba.

31.Mas apenas haviam saído, espalharam a sua fama por toda a região.

Comentário feito por:

Hildebrando (séc. XIII), monge cisterciense

Opúsculo sobre a contemplação

"Tem piedade de nós, Filho de David" –(v.27)

Jesus bendito, minha esperança, meu desejo, meu amor, tenho uma coisa para te dizer, uma coisa a teu

respeito, um assunto cheio de dor e de miséria. Tu que és o Verbo, unigênito do Pai que não foi gerado,

tornado carne por mim, Palavra saída do coração do Pai, Palavra que Deus proferiu uma só vez (cf. He

9,26), Palavra pela qual «nos últimos dias» (He 1,2) o teu Pai celeste me falou, digna-te escutar, Tu, ó

Palavra de Deus, a palavra que desejos abundantes fazem sair do meu coração. Escuta e vê: a minha alma

fica triste e toda perturbada quando me dizem cada dia: «Onde está o teu Deus?» (Sl 41,4). Não tenho nada

a responder, receio que não estejas aí, não sinto a tua presença.

O meu coração arde, desejo ver o meu Senhor. Onde estão, na verdade, a minha paciência e a minha

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constância? És Tu o Senhor meu Deus e, eu, o que vou fazer? Procuro-te e não te encontro; desejo-te e não

te vejo; corro atrás de ti e não te agarro. Qual é a minha força, para que possa agüentar? Até onde posso

resistir? Há alguma coisa mais triste do que a minha alma? Algo mais miserável? Algo mais provado?

Acreditas, meu amor, que a minha tristeza se mudará em alegria quando te vir (Jo.16,20)?... «Fala, Senhor,

que o teu servo escuta» (1Sm.3,9). Que eu possa escutar o que Tu dizes em mim, Senhor meu Deus. Diz à

minha alma: «Sou a tua salvação!» (Sl 84,9; 34,3) Diz mais, Senhor, e fala de forma a que eu te ouça:

«Meu filho, tu estás sempre comigo e tudo o que é meu é teu» (Lc 15,31). Ah! Verbo de Deus Pai! é isso

que eu queria ouvir.

Comentário feito por:

Santo Anselmo (1033-1109), monge, bispo, Doutor da Igreja

Proslogion 1 (trad. Orval)

«O meu coração pressente os Teus dizeres: 'Procurai a Minha Face!Não escondais de mim o Vosso Rosto»

(Sl.26, 8)

Fala, coração, abre-te por completo e diz a Deus: «É a Tua face, Senhor, que eu procuro» (Sl 26, 8). E Tu,

Senhor meu Deus, ensina ao meu coração onde e como procurar-Te, onde e como encontrar-Te. Senhor, se

não estás aqui, se estás ausente, onde procurar-te-ei? E, se estás presente em toda a parte, por que motivo

não consigo Te ver? É certo que habitas uma luz inacessível. Mas onde está a luz inacessível e como

atingirei essa luz inacessível? Quem me conduzirá a ela, quem me mergulhará nela, para que nela Te veja?

E em seguida, com base em que sinais e de que lado Te procurarei? Nunca Te vi, Senhor meu Deus, não

conheço o Teu rosto. Que pode fazer, Senhor altíssimo, que pode fazer este exilado longe de Ti? Que pode

fazer o Teu servo; anseia pelo Teu amor e foi rejeitado para longe da Tua face? Aspira a ver-Te e o Teu

rosto esconde-se-lhe por completo. Deseja ir ter contigo e a Tua morada é-lhe inacessível. Gostaria de Te

encontrar e não sabe onde estás. Empreende procurar-Te e ignora o Teu rosto.

Senhor, Tu és o meu Deus, és o meu Senhor, e nunca Te vi. Tu criaste-me e recriaste-me, Tu me proveste

de todos os bens que possuo e ainda não Te conheço. Tu me fizeste a fim de que Te visse e ainda não

realizei o meu destino. Miserável sorte a do homem que perdeu aquilo para o qual foi criado.

Buscar-Te-ei com o meu desejo e desejar-Te-ei na minha busca. Encontrar-Te-ei amando-Te e amar-Te-ei

quando Te encontrar.

Mt.(11,20-24) – DDFC - p.1297 20.Depois Jesus começou a censurar as cidades, onde tinha feito grande número de seus milagres, por terem recusado

arrepender-se:

21.Ai de ti, Corozaim! Ai de ti, Betsaida! Porque se tivessem sido feitos em Tiro e em Sidônia os milagres que foram feitos

em vosso meio, há muito tempo elas se teriam arrependido sob o cilício e a cinza.

22.Por isso vos digo: no dia do juízo, haverá menor rigor para Tiro e para Sidônia que para vós!

23.E tu, Cafarnaum, serás elevada até o céu? Não! Serás atirada até o inferno! Porque, se Sodoma tivesse visto os milagres que

foram feitos dentro dos teus muros, subsistiria até este dia.

24.Por isso te digo: no dia do juízo, haverá menor rigor para Sodoma do que para ti!

Comentário feito por:

S. Jerônimo (347-420), presbítero, tradutor da Bíblia, doutor da Igreja

Comentário sobre o profeta Joel; PL 25, 667 (trad. breviário rev.)

Jesus chama as cidades da Galileia à conversão – (v.21)

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«O Senhor é bom e misericordioso», preferindo à morte o arrependimento dos pecados (Jl.2,13). «Ele é

paciente e rico em misericórdia»; não imita a impaciência dos homens, mas espera longamente o nosso

arrependimento. «Está pronto a parar o mal» ou a arrepender-se dele. Quer dizer que, se nos arrependermos

dos nossos pecados, Ele mesmo se arrependerá das suas ameaças e não nos infligirá os males com que nos

ameaçara; se mudarmos de opinião, também Ele mudará...

No entanto, o profeta que acaba de dizer: «O Senhor é bom e misericordioso, paciente e rico em

misericórdia, pronto a parar o mal ou a arrepender-se dele» acrescenta, para que essa grande clemência não

nos torne negligentes: «Quem sabe? Talvez “Ele volte atrás, renuncie ao castigo e nos encha de bênçãos»

(v. 14). Eu, diz ele, exorto-vos à penitência, e sei que a clemência de Deus é inexprimível. Como disse

David: «Piedade para mim, meu Deus, na tua grande misericórdia, na abundância dos teus perdões, apaga

os meus pecados» (Sl 50,3). Mas, porque nós não podemos conhecer a profundidade das riquezas da

sabedoria e da ciência de Deus (Rm 11,33), vou exprimir-me de forma mais ligeira, formularei apenas um

desejo, dizendo: «Quem sabe se Deus não mudará de opinião e não perdoará?» Este «quem sabe» deve

entender-se como designando uma coisa difícil.

Mt.(11,25-30) – DDFC - p.1297 – Evangelho revelado aos humildes. 25.Por aquele tempo, Jesus pronunciou estas palavras: Eu te bendigo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas

coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequenos. 26.Sim, Pai, eu te bendigo, porque assim foi do teu agrado. 27.Todas as coisas me foram dadas por meu Pai; ninguém conhece o Filho, senão o Pai, e ninguém conhece o Pai, senão o Filho

e aquele a quem o Filho quiser revelá-lo.

28.Vinde a mim, vós todos que estais aflitos sob o fardo, e eu vos aliviarei.

29.Tomai meu jugo sobre vós e recebei minha doutrina, porque eu sou manso e humilde de coração e achareis o repouso para as

vossas almas.

30.Porque meu jugo é suave e meu peso é leve.

Comentário feito por:

Santa Gertrudes de Helfta (1256-1301), monja beneditina

Exercícios 7

«Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, que Eu vos aliviarei »

Tu, que por mim fizeste tão grandes e belas coisas, que me obrigaste a ficar ao Teu serviço para sempre,

que Te darei eu por tão grandes benefícios? Que louvores, que ações de graças poderia oferecer-Te, ainda

que me gastasse mil vezes? O que sou eu, pobre criatura, em comparação Contigo, que és a minha

abundante redenção? Assim, pois, oferecer-Te-ei por inteiro a minha alma que Tu resgataste, entregar-Te-

ei o amor do meu coração. Sim, transporta a minha vida em Ti, leva-me toda inteira em Ti e, encerrando-

me em Ti, faz com que eu seja uma única coisa Contigo.

Ó amor, o teu ardor divino abriu-me o doce coração do meu Jesus. Ó coração fonte de doçura, coração

transbordante de bondade, coração superabundante de caridade, coração de onde corre, gota a gota, a

benevolência, coração cheio de misericórdia [...], coração tão amado, peço-te que absorvas todo o meu

coração em ti. Pérola preciosíssima do meu coração, convida-me para o Teu festim que dá vida; serve-me

os vinhos da consolação, a fim de que as ruínas do meu espírito se encham da Tua caridade divina, e de que

a abundância do Teu amor supra a pobreza e a miséria da minha alma.

Ó coração amado acima de todas as coisas tem piedade de mim. Suplico-Te que a doçura da Tua caridade

dê coragem ao meu coração. Que, pela Tua bondade, as entranhas da Tua misericórdia se comovam a meu

favor; porque os meus deméritos são numerosos, e nulos são os meus méritos. Meu Jesus, que o mérito da

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Tua morte preciosa, que foi o único que teve o poder de compensar a dívida universal, me redima de todo o

mal que eu fiz [...]; que ele me atraia a Ti, de maneira tão poderosa que, totalmente transformada pela força

do Teu amor divino, eu encontre graça a Teus olhos. E concede-me, querido Jesus, que Te ame, só a Ti em

todas as coisas, que a Ti me ligue com fervor, que espere em Ti e não coloque limites à minha esperança.

– Por diversas ocasiões, Jesus também censurou-lhes a falta de fé. “ E por causa da falta de confiança deles

operou ali poucos milagres.(v.58)

Mt.(13,54-58) –DDFC - p.1301

54. Foi para a sua cidade e ensinava na sinagoga, de modo que todos diziam admirados: Donde lhe vem

esta sabedoria e esta força miraculosa?

55. Não é este o filho do carpinteiro? Não é Maria sua mãe? Não são seus irmãos Tiago, José, Simão e

Judas?

56. E suas irmãs, não vivem todas entre nós? Donde lhe vem, pois, tudo isso?

57. E não sabiam o que dizer dele. Disse-lhes, porém, Jesus: É só em sua pátria e em sua família que

um profeta é menosprezado.

58. E, por causa da falta de confiança deles, operou ali poucos milagres.

Comentário feito por:

Santo Hilário (c. 315-367), bispo de Poitiers, Doutor da Igreja

A Trindade, 12,52-53

«Não é o filho do carpinteiro?... Ele não fez muitos milagres neste lugar, em virtude da falta e fé deles» -

(v.58)

Por tanto tempo quanto eu goze do sopro de vida que me concedeste, Pai santo, Deus todo poderoso,

proclamar-te-ei Deus eterno, e também Pai eterno. Nunca eu me farei juiz do teu poder supremo e dos teus

mistérios; nunca eu farei passar o meu conhecimento limitado à frente da noção verdadeira do teu infinito;

nunca eu afirmarei que outrora exististe sem a tua Sabedoria, sem o teu Poder e o teu Verbo, Deus, o

Unigênito, meu Senhor JESUS Cristo. É que mesmo sendo a linguagem humana fraca e imperfeita, ao falar

de ti, ela não limitará o meu espírito ao ponto de reduzir a minha fé ao silêncio, por falta de palavras

capazes de exprimir o mistério do teu ser...

Também nas realidades da natureza, há muitas coisas das quais não conhecemos a causa, sem contudo lhes

ignorarmos os efeitos. E, quando, pela nossa natureza, não sabemos o que dizer dessas coisas, a nossa fé

cora de adoração. Quando contemplo o movimento das estrelas..., o fluxo e refluxo do mar..., o poder

escondido na menor semente..., a minha ignorância ajuda-me a contemplar-te, pois, se não compreendo

essa natureza que está ao meu serviço, distingo nela a tua bondade, mesmo pelo fato de existir para me

servir. Eu próprio, apercebo-me de que não me conheço mas, admiro-te tanto mais... Deste-me a razão e a

vida e os meus sentidos de homem que me causam tantas alegrias, mas não consigo compreender qual foi o

meu começo de homem.

É, pois, não conhecendo aquilo que me cerca, que capto aquilo que és; e, percebendo aquilo que és, adoro-

te. Por isso, quando se trata dos teus mistérios, o não os compreender, não diminui a minha fé no teu poder

supremo... O nascimento o teu Filho eterno ultrapassa a própria noção de eternidade, é anterior aos tempos

eternos. Nunca exististe sem ele... És o Pai eterno do teu Unigênito, antes dos tempos eternos.

Mt.(14,22-33) – DDFC - p.1302 22.Logo depois, Jesus obrigou seus discípulos a entrar na barca e a passar antes dele para a outra margem, enquanto ele despedia

a multidão.

23.Feito isso, subiu à montanha para orar na solidão. E, chegando a noite, estava lá sozinho.

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24.Entretanto, já a boa distância da margem, a barca era agitada pelas ondas, pois o vento era contrário.

25.Pela quarta vigília da noite, Jesus veio a eles, caminhando sobre o mar.

26.Quando os discípulos o perceberam caminhando sobre as águas, ficaram com medo: É um fantasma! disseram eles, soltando

gritos de terror.

27.Mas Jesus logo lhes disse: Tranqüilizai-vos, sou eu. Não tenhais medo!

28.Pedro tomou a palavra e falou: Senhor, se és tu, manda-me ir sobre as águas até junto de ti!

29.Ele disse-lhe: Vem! Pedro saiu da barca e caminhava sobre as águas ao encontro de Jesus.

30.Mas, redobrando a violência do vento, teve medo e, começando a afundar, gritou: Senhor, salva-me!

31.No mesmo instante, Jesus estendeu-lhe a mão, segurou-o e lhe disse: Homem de pouca fé, por que duvidaste?

32.Apenas tinham subido para a barca, o vento cessou.

33.Então aqueles que estavam na barca prostraram-se diante dele e disseram: Tu és verdadeiramente o Filho de Deus.

Comentário feito por:

Orígenes (c. 185-253), presbítero e teólogo

Comentário ao Evangelho de Mateus, 11, 6

«Tu és verdadeiramente o Filho de Deus» - (v.33)

Quando tivermos suportado as longas horas da noite escura que domina os momentos de prova, quando

tivermos feito o melhor que sabemos, tenhamos a certeza de que, para o fim da noite, quando «a noite vai

adiantada, e o dia está próximo» (Rm.13,12), o Filho de Deus virá até junto de nós, caminhando sobre

as ondas. Quando O virmos aparecer assim, ficaremos perturbados, até compreendermos claramente que é

o Salvador que vem ao nosso encontro. Pensando ainda que vemos um fantasma, gritaremos de medo, mas

Ele dir-nos-á imediatamente: «Tende confiança, sou Eu, não temais.»

Talvez essas palavras de conforto façam surgir em nós um Pedro a caminho da perfeição, que desça da

barca, seguro de ter escapado à prova que o abalava. Inicialmente, o seu desejo de se aproximar de Jesus

permitir-lhe-á andar sobre as águas. Mas, tendo ele uma fé ainda pouco segura, estando ainda cheio de

dúvidas, aperceber-se-á da «força do vento», terá medo e começará a afundar-se. Escapará porém, a tal

infortúnio apelando para Jesus com um forte brado: «Senhor, salva-me!» E, mal este Pedro acabe de dizer

«Senhor, Salva-me!», já o Verbo terá estendido a mão para socorrê-lo agarrando-o quando ele começava a

afundar-se, censurando-lhe a falta de fé e as dúvidas. Notemos, porém, que Ele não diz: «Incrédulo!», mas

antes: «Homem de pouca fé!», e acrescenta: «Por que duvidaste?», ou seja: «Tinhas alguma fé, mas

deixaste-te levar na direção contrária.» E Jesus e Pedro voltarão a entrar para a barca, o vento acalmará e os

outros discípulos, compreendendo os perigos a que escaparam, adorarão a Jesus dizendo: «Tu és

verdadeiramente o Filho de Deus» – palavras que só os discípulos próximos de Jesus, os que se

encontravam na barca, podem proferir.

Comentário feito por:

São Bruno ( ? – 1101), fundador dos cartuxos

Carta a Raoul le Verd, 4, 15-16

«Jesus subiu a um monte para orar na solidão» - (v.23)

Querido irmão, habito um deserto situado na Calábria, bastante afastado, de todos os lados, das habitações

dos homens; aqui estou com os meus irmãos religiosos, alguns deles detentores de muita sabedoria; fazem

vigília santa e perseverante, à espera do regresso do seu Mestre, para Lhe abrirem a porta quando Ele bater

(Lc 12,36).

O que a solidão e o silêncio do deserto trazem de útil e de divina alegria àqueles que os amam, sabem-nos

aqueles que tal experimentaram. Aqui, de fato, os homens fortes podem recolher-se o quanto desejarem,

ficar em si próprios, cultivar assiduamente as virtudes e alimentar-se, em felicidade, dos frutos do paraíso.

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Aqui esforçamo-nos por adquirir aquele olhar claro que fere de amor o divino Esposo e cuja pureza

denuncia ver a Deus. Aqui nos dedicamos a um repouso bem preenchido e nos pacificamos em ações

tranqüilas. Aqui Deus dá aos seus atletas, para o labor do combate, a desejada recompensa: uma paz que o

mundo ignora e a alegria no Espírito Santo.

De fato, que há de mais contrário à razão, à justiça, à própria natureza, que preferir a criatura ao Criador,

perseguir os bens perecíveis mais que os bens eternos, os da terra mais que os do céu?. A Verdade em

pessoa dá este conselho a todos: «Vinde a mim, vós que estais cansados e oprimidos, que Eu aliviar-vos-

ei» (Mt.11,28). Não é um ingrato sofrimento ser atormentado pelo desejo de adquirir, pelas preocupações,

pela ansiedade, pelo temor?. Foge, irmão, de todas estas inquietações, muda-te da tempestade deste mundo

para o repouso tranqüilo e seguro do bom porto.

Comentário feito por:

Santo Agostinho (354-430), Bispo de Hipona (Norte de África) e Doutor da Igreja

Sermão atribuído, Apêndice nº 192; PL 39, 2100

«Manda-me ir contigo sobre as águas»

Quando Pedro, cheio de audácia, avança sobre o mar, os seus passos vacilam, mas o seu amor reforça-se

[...]; afundam-se lhe os pés, mas ele agarra-se à mão de Cristo. A fé apóia quando sente as ondas abrirem-

se; perturbado pela tempestade, tranqüiliza-se no seu amor pelo Salvador. Pedro anda sobre o mar levado

mais pelo amor que pelos pés.

Não olha para onde põe os pés; vê apenas o vestígio dos passos d'Aquele que ama. Do barco, onde estava

seguro, viu o Mestre e, guiado pelo amor que Lhe tem, entra no mar. Já não vê o mar, mas apenas Jesus.

Mas, logo que é perturbado pela força do vento, aturdido pela tempestade, o temor começa a encobrir-lhe a

fé [...], a água abre-se lhe sob os passos. A fé enfraquece, e a água enfraquece como ela. Grita então: «Me

salva Senhor!» Imediatamente, Jesus estende a mão e, segurando-o, diz-lhe: «Homem de pouca fé, porque

duvidaste? Tens assim tão pouca fé, que não pudeste continuar e chegar até a mim? Porque não tiveste a fé

necessária para chegar ao objetivo apoiando-te nela? “Fica doravante sabendo que somente esta fé pode te

sustentar sobre as ondas.» Assim, meus irmãos, Pedro duvida um momento, está prestes a perecer, mas

salva-se invocando o Senhor. [...] Ora, este mundo é um mar onde o demônio levanta as vagas e onde as

tentações multiplicam os naufrágios; só nos podemos salvar gritando pelo Salvador, que estenderá a mão

para nos agarrar. Por conseguinte, invoquemo-lo incessantemente.

Mt.(14,31) – DDFC – pg.1302 – “Homem de pouca fé, por que duvidaste?”.

29.Ele disse-lhe: Vem! Pedro saiu da barca e caminhava sobre as águas ao encontro de Jesus.

30.Mas, redobrando a violência do vento, teve medo e, começando a afundar, gritou: Senhor, salva-me!

31.No mesmo instante, Jesus estendeu-lhe a mão, segurou-o e lhe disse: Homem de pouca fé, por que duvidaste?

32.Apenas tinham subido para a barca, o vento cessou.

Comentário feito por:

S. Tomás Moro (1478-1535), estadista inglês, mártir

Carta escrita da prisão em 1534

"Senhor, salva-me!" – (v.30)

Minha querida Meg, não posso deixar de confiar em Deus; contudo, sinto que o medo poderia bem

afundar-me. Recordar-me-ei que S. Pedro, por causa da sua pouca fé, começava a ir ao fundo sob o efeito

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do vento e farei como ele: chamarei por Cristo e pedir-lhe-ei auxílio. Assim, espero que Ele me estenda a

mão, me agarre e não me deixe soçobrar no mar alterado.

E, se Ele permitir que eu desempenhe o papel de Pedro naquilo que se seguiu, que eu caia verdadeiramente,

jurando e abjurando (que nosso Senhor, na ternura da sua misericórdia, me livre disso e que tal queda não

me prejudique mais do que me traga vantagem!)..., se Ele permitir que eu caia, apesar disso espero que, na

sua bondade, lance sobre mim, como sobre Pedro, um olhar cheio de compaixão (cf. Lc 22,61) e me erga

para que, de novo, eu confesse a verdade e liberte a minha consciência. Espero também que me faça

suportar corajosamente o castigo e a vergonha de tal renúncia.

Numa palavra minha querida Meg, estou absolutamente certo de que, exceto por um pecado meu, Deus não

me abandonará. Com toda a esperança e segurança, vou confiar-me totalmente a Ele... Por isso, minha

querida filha, guarda bom ânimo, não te deixes perturbar por nada do que me possa acontecer neste mundo.

Nada pode acontecer sem que Deus o queira. E, estou certo, tudo o que isso possa ser, por muito mau que

nos pareça, será verdadeiramente o melhor.

– Fé manifestada por uma pagã. A mulher, uma mulher Cananéia (pagã) que suplica a Jesus a cura de sua

filha atormentada pelo demônio.

Mt.(15,21-28) – DDFC – pg.1303 21.Jesus partiu dali e retirou-se para os arredores de Tiro e Sidônia.

22.E eis que uma cananéia, originária daquela terra, gritava: Senhor, filho de Davi, tem piedade de mim! Minha filha está

cruelmente atormentada por um demônio.

23.Jesus não lhe respondeu palavra alguma. Seus discípulos vieram a ele e lhe disseram com insistência: Despede-a, ela nos

persegue com seus gritos.

24.Jesus respondeu-lhes: Não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel.

25.Mas aquela mulher veio prostrar-se diante dele, dizendo: Senhor, ajuda-me!

26.Jesus respondeu-lhe: Não convém jogar aos cachorrinhos o pão dos filhos. _

27.Certamente, Senhor, replicou-lhe ela; mas os cachorrinhos ao menos comem as migalhas que caem da mesa de seus donos...

28.Disse-lhe, então, Jesus: Ó mulher, grande é tua fé! Seja-te feito como desejas. E na mesma hora sua filha ficou curada.

Comentário feito por:

São João Crisóstomo (c. 345-407), bispo de Antioquia, depois de Constantinopla, doutor da Igreja

Homilias sobre S. Mateus

O poder de uma oração perseverante

Quando seria de esperar que se afastasse desanimada, a Cananéia aproxima-se mais e, prostrando-se aos

pés de Jesus, diz-lhe: “Senhor, socorre-me!” Mas então, mulher, não O ouviste dizer: “Fui enviado às

ovelhas perdidas da casa de Israel?” Ouvi, replica ela; mas Ele é o Senhor…

Foi por ter previsto esta resposta que Cristo adiou a concessão do pedido. Recusou a solicitação para lhe

sublinhar a piedade. Se não quisesse conceder-lhe o que lhe pedia, não teria acabado por fazê-lo. As Suas

respostas não visavam magoá-la, mas atraí-la e revelar este tesouro escondido.

Considera porém, peço-te, não apenas a fé, mas a profunda humildade desta mulher. Jesus deu aos judeus o

nome de filhos; a Cananéia ainda lhes aumenta o título, chamando-lhes senhores, tão longe se encontra de

sofrer com o elogio de outrem: “Mas os cãezinhos comem as migalhas que caem da boca dos seus

senhores.”. E é por isso que é admitida no número dos filhos. Cristo diz então: “Mulher, grande é a tua fé.”

Demorou-Se a pronunciar estas palavras e a recompensar esta mulher: “Faça-se como desejas!” Estás a ver,

a Cananéia desempenha um papel importante na cura de sua filha. Com efeito, Cristo não diz: Que a tua

filha fique curada, mas antes: “Grande é a tua fé. Faça-se como desejas!” E observa ainda o seguinte: ela

conseguiu aquilo que os apóstolos não tinham conseguido, nada tendo realizado. Tal é poder de uma oração

perseverante.

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Mt.(17,14-20) -DDFC - p. 1305 14.E, quando eles se reuniram ao povo, um homem aproximou-se deles e prostrou-se diante de Jesus,

15.dizendo: Senhor, tem piedade de meu filho, porque é lunático e sofre muito: ora cai no fogo, ora na água...

16.Já o apresentei a teus discípulos, mas eles não o puderam curar.

17.Respondeu Jesus: Raça incrédula e perversa, até quando estarei convosco? Até quando hei de aturar-vos? Trazei-mo.

18.Jesus ameaçou o demônio e este saiu do menino, que ficou curado na mesma hora.

19.Então os discípulos lhe perguntaram em particular: Por que não pudemos nós expulsar este demônio?

20.Jesus respondeu-lhes: Por causa de vossa falta de fé. Em verdade vos digo: se tiverdes fé, como um grão de mostarda,

direis a esta montanha: Transporta-te daqui para lá, e ela irá; e nada vos será impossível. Quanto a esta espécie de

demônio, só se pode expulsar à força de oração e de jejum.

Comentário feito por:

S. Serafim de Sarov (1759-1833), monge russo

Conversa com Motovilov

"Tendes muito pouca fé" – (v.20)

"O Senhor está perto dos que o invocam. Não faz acepção de pessoas. O Pai ama o Filho e entregou tudo

nas suas mãos" (Sl.145,18; Rm.2,11; Jo.3,35). Desde que amemos verdadeiramente o nosso Pai celeste

como filhos, o Senhor escuta de igual modo um monge e um homem do mundo, um simples cristão. Desde

que ambos tenham a verdadeira fé, amem a Deus do fundo do coração e possuam uma fé "grande como um

grão de mostarda", "ambos deslocarão montanhas". O próprio Senhor diz: "Tudo é possível àquele que crê"

(Mt.9,23). E o santo apóstolo Paulo exclama: "Posso tudo em Cristo que me dá forças" (Fl.4,13). Mais

maravilhosas ainda são as palavras do Senhor a propósito dos que crêem nele: "Aquele que acredita em

mim fará também as obras que eu faço e fará ainda maiores, porque eu vou para o Pai. Tudo o que pedirdes

em meu nome, eu o farei, a fim de que o Pai seja glorificado no Filho. Se pedirdes alguma coisa em meu

nome, eu a farei" (Jo.14,12-14).

E é mesmo assim, ó amigo de Deus. Tudo o que pedirdes a Deus, obtê-lo-eis, desde que o vosso pedido

seja para glória de Deus ou para o bem do vosso próximo. Porque Deus não separa o bem do próximo da

sua glória: "Tudo o que fizerdes ao menor de entre vós, a mim o fareis" (cf. Mt.25,45).

-No (v.20) –“Se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a esta montanha:‘transporta-te daqui para lá,

e ela irá, e nada vos será impossível’.

Mt. (21,22) – DDFC–pg.1310 – “Tudo o que pedirdes com fé na oração, vós o alcançareis”.

- Precisamos permitir que o Senhor cada vez mais edifique a nossa fé para sermos canais de edificação da

fé dos nossos irmãos. Que está sempre conosco, mesmo que a situação seja adversa. Que está em nós,

dentro de nós, dentro do nosso coração, através da presença do Espírito Santo e que ao derramar sobre nós

o seu Espírito Santo nos dá com Ele os seus dons.

Mt.(28,16-20) – pg.1321- Aparição na Galiléia – DDFC 16.Os onze discípulos foram para a Galiléia, para a montanha que Jesus lhes tinha designado.

17.Quando o viram, adoraram-no; entretanto, alguns hesitavam ainda. 18.Mas Jesus, aproximando-se, lhes disse: Toda autoridade me foi dada no céu e na terra.

19.Ide, pois, e ensinai a todas as nações; batizai-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.

20.Ensinai-as a observar tudo o que vos prescrevi. Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo.

Comentário feito por:

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Santo António (c. 1195-1231), franciscano, doutor da Igreja

Sermões para o domingo e festas de santos

"Um só Deus, um só Senhor, na trindade das pessoas e na unidade da sua natureza" (Prefácio) – (v.19)

O Pai, o Filho e o Espírito Santo são de uma só substância e de uma inseparável igualdade. A unidade está

na essência, a pluralidade nas pessoas. O Senhor indica abertamente a unidade da divina essência e a

trindade das pessoas quando diz: "Batizai-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo". Não diz "nos

nomes" mas, "no nome", e assim mostra a unidade da essência. Mas emprega em seguida três nomes, para

mostrar que há três pessoas.

Nesta Trindade encontra-se a suprema origem de todas as coisas, a beleza perfeitíssima, a beatíssima

alegria. A suprema origem, como diz Santo Agostinho no seu livro sobre a verdadeira religião, é Deus Pai,

de quem vêm todas as coisas, de quem procedem o Filho e o Espírito Santo. A beleza perfeitíssima é o

Filho, a verdade do Pai, que não lhe é dessemelhante em ponto algum, que nós veneramos com o Pai e no

Pai, que é o modelo de todas as coisas, porque tudo foi feito por ele e tudo se reporta a ele. A beatíssima

alegria é o Espírito Santo, que é o dom do Pai e do Filho; e esse dom, devemos acreditar e defender que é

exatamente parecido com o Pai e com o Filho.

Olhando para a criação, chegamos à Trindade de uma só substância. Percebemos um só Deus: o Pai, de

quem somos, o Filho, por quem somos, e o Espírito Santo, em quem somos. Princípio a que recorremos,

modelo que seguimos, graça que nos reconcilia

Comentário feito por:

Santo Ireneu de Lyon (c. 130-c. 208), bispo, teólogo e mártir

Demonstração da pregação apostólica 6-8 (trad. Verbraken / Orval)

«Batizai-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo» -(v.19)

Eis a regra da nossa fé, eis o fundamento do nosso edifício, eis aquilo que dá firmeza ao nosso

comportamento. Em primeiro lugar: Deus Pai, incriado, ilimitado, invisível, Deus uno, criador do universo;

é o primeiro artigo da nossa fé. Segundo artigo: o Verbo de Deus, Filho de Deus, Jesus Cristo, Nosso

Senhor, que foi revelado aos profetas segundo o gênero das suas profecias e segundo os desígnios do Pai;

por meio de Quem todas as coisas foram feitas; no final dos tempos, para recapitular todas as coisas,

dignou-Se encarnar, aparecendo entre os humanos, visível, palpável, para destruir a morte, fazer surgir a

vida e operar a reconciliação entre Deus e o homem. Terceiro artigo: o Espírito Santo, por Quem os

profetas profetizaram, os nossos pais conheceram as coisas de Deus e os justos foram conduzidos para a via

da justiça; no final dos tempos, foi enviado aos homens de uma maneira nova, a fim de renová-los em toda

a face da terra, para Deus.

É por isto que o batismo do nosso novo nascimento é colocado sob o signo destes três artigos. Deus Pai no-

lo concede, com vista ao nosso novo nascimento em Seu Filho, pelo Espírito Santo. Porque aqueles que

trazem em si o Espírito Santo são conduzidos ao Verbo, que é o Filho, o Filho conduz-lo ao Pai, e o Pai

concede-lhes a imortalidade. Sem o Espírito, é impossível ver o Verbo de Deus, e sem o Filho ninguém

pode aproximar-se do Pai. Porque o conhecimento do Pai é o Filho; o conhecimento do Filho faz-se pelo

Espírito Santo; e o Filho concede o Espírito segundo a complacência do Pai.

Mc.(2,1-12) – DDFC (v.5) pg.1323 - O paralítico 1.Alguns dias depois, Jesus entrou novamente em Cafarnaum e souberam que ele estava em casa.

2.Reuniu-se uma tal multidão, que não podiam encontrar lugar nem mesmo junto à porta. E ele os instruía.

3.Trouxeram-lhe um paralítico, carregado por quatro homens.

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4.Como não pudessem apresentar-lho por causa da multidão, descobriram o teto por cima do lugar onde Jesus se achava e, por

uma abertura, desceram o leito em que jazia o paralítico.

5.Jesus, vendo-lhes a fé, disse ao paralítico: "Filho, perdoados te são os pecados."

6.Ora, estavam ali sentados alguns escribas, que diziam uns aos outros:

7."Como pode este homem falar assim? Ele blasfema. Quem pode perdoar pecados senão Deus?"

8.Mas Jesus, penetrando logo com seu espírito tios seus íntimos pensamentos, disse-lhes: "Por que pensais isto nos vossos

corações?

9.Que é mais fácil dizer ao paralítico: Os pecados te são perdoados, ou dizer: Levanta-te, toma o teu leito e anda?

10.Ora, para que conheçais o poder concedido ao Filho dó homem sobre a terra (disse ao paralítico),

11.eu te ordeno: levanta-te, toma o teu leito e vai para casa."

12.No mesmo instante, ele se levantou e, tomando o. leito, foi-se embora à vista de todos. A multidão inteira encheu-se de

profunda admiração e puseram-se a louvar a Deus, dizendo: "Nunca vimos coisa semelhante."

Comentário feito por:

Pedro Crisólogo (cerca 406-450), bispo de Ravenne, doutor da Igreja

Sermão 50

“Vendo a fé deles” – (v.5)

“Ele foi para a sua cidade; apresentaram-lhe um paralítico, deitado num catre” (Mt 9,1). Jesus, diz o

Evangelho, ao ver a fé daquela gente, disse ao paralítico: “Filho, tem confiança, os teus pecados estão

perdoados”. O paralítico ouve este perdão e permanece mudo. Nem sequer agradece. Desejava a cura do

seu corpo mais do que a da sua alma. Lamentava os males do seu corpo doente, mas os males eternos da

sua alma, ainda mais doente, não os carpia. É que para ele a vida presente era mais preciosa do que a vida

futura.

Cristo tinha razão ao ter em conta a fé dos que lhe apresentaram o doente e não ter em nenhuma conta a

patetice deste. Devido à fé doutrem, a alma do paralítico ia ser curada antes do seu corpo. “Vendo a fé

deles”, diz o Evangelho. Notai aqui, irmãos, que Deus não se incomoda com o que querem os homens

insensatos, não espera encontrar a fé nos ignorantes, não analisa os desejos tolos de um inválido. Em

contrapartida, não recusa vir em auxílio da fé de outrem. Esta fé é um presente da graça e ela concilia-se

com a vontade de Deus.

Comentário feito por:

São João Crisóstomo (c. 345-407), presbítero em Antioquia, seguidamente Bispo de Constantinopla,

Doutor da Igreja

Homilias soltas, Sobre o paralítico

«Vendo Jesus a fé daqueles homens» -(v.5)

Este paralítico tinha fé em Jesus Cristo. Prova disso é a maneira como foi apresentado a Cristo. Desceram-

no pelo teto da casa. Sabeis que os doentes estão num abatimento tão grande e de tão mau humor, que

freqüentemente os bons cuidados que lhes são prestados os entristecem. [...] Mas este paralítico está

contente por ser retirado do seu quarto e por ser visto publicamente, atravessando com a sua miséria as

praças e as ruas. [...]

Este paralítico não sofre de amor-próprio. A multidão cerca a casa onde está o Salvador, todas as passagens

estão fechadas, a entrada pejada. Pouco importa! Será introduzido pelo teto, está contente: o amor é tão

hábil, a caridade tão engenhosa! «Quem procura, encontra; e ao que bate, abrir-se-á» (Mt.7, 8) Este

paciente não perguntará aos amigos que o transportam: «O que vão fazer? Por que tanta perturbação?

Porque este ardor? Esperem que a casa fique vazia e que partam todos. Então poderemos apresentar-nos a

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Jesus quando estiver quase só...» Não, o paralítico não pensa nada de semelhante; é uma glória para ele

haver um grande número de testemunhas da sua cura.

Mc. (4,40) – DDFC – pg.1327

40.Ele disse-lhes: Como sois medrosos! Ainda não tendes fé?

– Diante das tempestades os discípulos estavam cheios de medo e então Jesus lhes disse: “Como sois

medrosos! Ainda não tendes fé?”.

O medo paralisa-nos a fé e nos bloqueia o coração e a vontade para a ação de Deus em nossas vidas e a

nossa ação na construção do Reino de Deus. Por vezes temos a sensação conflituosa de que “queremos,

mas não queremos porque pensamos que algo de mal vai nos acontecer”.

Não é preciso “fazer força” para ter fé, nem “forçar” Deus a agir com “palavras de fé”. A fé é um dom

gratuito de Deus. Devemos, com muita tranqüilidade, sempre crer que Ele faz o que é melhor para nós

Mc. (5,21-43) – DDFC - p.1327.8 - A filha de Jairo e a mulher doente.

21.Tendo Jesus navegado outra vez para a margem oposta, de novo afluiu a ele uma grande multidão. Ele se achava à beira do

mar, quando

22.um dos chefes da sinagoga, chamado Jairo, se apresentou e, à sua vista, lançou-se-lhe aos pés,

23.rogando-lhe com insistência: Minha filhinha está nas últimas. Vem, impõe-lhe as mãos para que se salve e viva.

24.Jesus foi com ele e grande multidão o seguia, comprimindo-o.

25.Ora, havia ali uma mulher que já por doze anos padecia de um fluxo de sangue.

26.Sofrera muito nas mãos de vários médicos, gastando tudo o que possuía, sem achar nenhum alívio; pelo contrário,

piorava cada vez mais.

27.Tendo ela ouvido falar de Jesus, veio por detrás, entre a multidão, e tocou-lhe no manto.

28.Dizia ela consigo: Se tocar, ainda que seja na orla do seu manto, estarei curada.

29.Ora, no mesmo instante se lhe estancou a fonte de sangue, e ela teve a sensação de estar curada.

30.Jesus percebeu imediatamente que saíra dele uma força e, voltando-se para o povo, perguntou: Quem tocou minhas

vestes?

31.Responderam-lhe os seus discípulos: Vês que a multidão te comprime e perguntas: Quem me tocou?

32.E ele olhava em derredor para ver quem o fizera.

33.Ora, a mulher, atemorizada e trêmula, sabendo o que nela se tinha passado, veio lançar-se-lhe aos pés e contou-lhe

toda a verdade.

34.Mas ele lhe disse: Filha, a tua fé te salvou. Vai em paz e sê curada do teu mal.

35.Enquanto ainda falava, chegou alguém da casa do chefe da sinagoga, anunciando: Tua filha morreu. Para que ainda

incomodas o Mestre?

36.Ouvindo Jesus a notícia que era transmitida, dirigiu-se ao chefe da sinagoga: Não temas; crê somente.

37.E não permitiu que ninguém o acompanhasse, senão Pedro, Tiago e João, irmão de Tiago.

38.Ao chegar à casa do chefe da sinagoga, viu o alvoroço e os que estavam chorando e fazendo grandes lamentações.

39.Ele entrou e disse-lhes: Por que todo esse barulho e esses choros? A menina não morreu. Ela está dormindo.

40.Mas riam-se dele. Contudo, tendo mandado sair todos, tomou o pai e a mãe da menina e os que levava consigo, e entrou onde

a menina estava deitada.

41.Segurou a mão da menina e disse-lhe: Talita cumi, que quer dizer: Menina, ordeno-te, levanta-te!

42.E imediatamente a menina se levantou e se pôs a caminhar (pois contava doze anos). Eles ficaram assombrados.

43.Ordenou-lhes severamente que ninguém o soubesse, e mandou que lhe dessem de comer.Jesus de Nazaré

Comentário feito por:

São Jerônimo (347-420), presbítero, tradutor da Bíblia, doutor da Igreja

Comentário ao Evangelho de Marcos, 2

“Sou Eu que te digo: levanta-te!”- (v.41)

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“Não deixou que ninguém o acompanhasse, a não ser Pedro, Tiago e João, irmão de Tiago.” Podemos

perguntar por que motivo leva Jesus sempre estes discípulos, e por que motivo deixa os outros. Já quando

Se transfigurou no monte estes três o acompanhavam. Os escolhidos são Pedro, sobre quem foi construída

a Igreja, bem como Tiago, o primeiro apóstolo a receber a palma do martírio, e João, o primeiro a enaltecer

a virgindade.

“Entrou onde a criança jazia e, tomando-lhe a mão, disse: «Talitha qûm!», isto é, ‘Menina, sou Eu que te

digo: levanta-te!’ E logo a menina se ergueu e começou a andar.” Desejemos que Jesus nos toque, também

a nós, e começaremos imediatamente a andar. Quer por sermos paralíticos, quer por termos cometido más

ações, deixamos de andar; talvez estejamos deitados na cama dos nossos pecados como em verdadeiro

leito. Mas, assim que Jesus nos tocar, ficaremos curados. A sogra de Pedro estava com febre; Jesus tomou-

lhe a mão, ela levantou-se e começou imediatamente a servi-los (Mc 1, 31.). "E mandou dar de comer à

menina.” Pela graça, Senhor, toca-nos na mão, a nós que estamos deitados, levanta-nos do leito dos nossos

pecados, faz-nos andar. Quando tivermos começado a andar, manda que nos dêem de comer. Deitados, não

podemos andar e, se não estivermos de pé, não poderemos receber o corpo de Cristo, a Quem pertence a

glória, com o Pai e o Espírito Santo, pelos séculos dos séculos

–Esta fé se faz presente no meio de pessoas comuns, humildes, simples como no caso da hemorroíssa.

(vv.25-34) – Também entre o chefe da sinagoga, Jairo, que suplica a cura de sua filha. Todos tinham certeza de que

Deus operaria maravilhas. Todos que cumpriram a sua parte foram mediadores da graça de Deus, que

desejava utilizar das suas vidas para manifestar a sua glória. O dom carismático da fé é sempre

incondicionalmente no poder de Deus, crer e saber que Ele agirá aqui e agora para o bem do povo. (vv.34-

43).

Mc.(6,45-52) – DDFC - p.1329/30 – Jesus caminha sobre as ondas 48.Vendo-os se fatigarem em remar, sendo-lhes o vento contrário, foi ter com eles pela quarta vigília da noite, andando por cima

do mar, e fez como se fosse passar ao lado deles.

49.À vista de Jesus, caminhando sobre o mar, pensaram que fosse um fantasma e gritaram;

50.pois todos o viram e se assustaram. Mas ele logo lhes falou: Tranqüilizai-vos, sou eu; não vos assusteis!

51.E subiu para a barca, junto deles, e o vento cessou. Todos se achavam tomados de um extremo pavor,

52.pois ainda não tinham compreendido o caso dos pães; os seus corações estavam insensíveis.

Comentário feito por:

Cardeal Joseph Ratzinger [Papa Bento XVI]

O Deus de Jesus Cristo

“Vendo que eles se debatiam com os remos…, veio ter com eles cerca do fim da noite” (v.48)

Os apóstolos atravessam o lago. Jesus está sozinho em terra, enquanto eles se esgotam a remar sem

poderem avançar, porque o vento é contrário. Jesus ora e, na sua oração, vê-os esforçarem-se por avançar.

Vem logo ao seu encontro. É claro que este texto está cheio de símbolos da Igreja: os apóstolos sobre o mar

e contra o vento, e o Senhor ao pé do Pai. Mas o que é determinante é que, na sua oração, enquanto está

“ao pé do Pai”, não está ausente; bem pelo contrário, ao rezar Ele vê-os. Quando Jesus está junto do Pai,

está presente na Igreja. O problema da vinda final de Cristo é aqui aprofundado e transformado de modo

trinitário: Jesus vê a Igreja no Pai e, pelo poder do Pai e pela força do seu diálogo com Ele, está presente

junto dela. É justamente este diálogo com o Pai enquanto “está no monte” que O torna presente, e

inversamente. A Igreja é por assim dizer objeto de conversação entre o Pai e o Filho, portanto, ela própria

ancorada na vida trinitária.

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Mc. (7,24-30) – DDFC – pg.1331 – A Cananéia 24.Em seguida, deixando aquele lugar, foi para a terra de Tiro e de Sidônia. E tendo entrado numa casa, não quis que ninguém o

soubesse. Mas não pôde ficar oculto,

25.pois uma mulher, cuja filha possuía um espírito imundo, logo que soube que ele estava ali, entrou e caiu a seus pés.

26.(Essa mulher era pagã, de origem siro-fenícia.) Ora, ela suplicava-lhe que expelisse de sua filha o demônio.

27.Disse-lhe Jesus: Deixa primeiro que se fartem os filhos, porque não fica bem tomar o pão dos filhos e lançá-lo aos cães.

28.Mas ela respondeu: É verdade, Senhor; mas também os cachorrinhos debaixo da mesa comem das migalhas dos filhos.

29.Jesus respondeu-lhe: Por causa desta palavra, vai-te, que saiu o demônio de tua filha.

30.Voltou ela para casa e achou a menina deitada na cama. O demônio havia saído.

Comentário feito por:

S. Beda Venerável (cerca de 673 - 735), monge, doutor da Igreja

Homilias sobre os Evangelhos I, 22

A fé da Cananéia

"Ó mulher, grande é a tua fé! Seja feito como desejas" (Mt. 15,28). Sim, a Cananéia tem uma fé muito

grande. Sem conhecer os antigos profetas nem os recentes milagres do Senhor, nem os seus mandamentos

nem as suas promessas, e para mais repelida por ele, persevera no seu pedido e não se cansa de insistir

junto daquele que apenas a fama lhe tinha indicado ser o Salvador. Por isso, a sua oração foi atendida de

forma tão espantosa...

Quando um de entre nós tem a consciência manchada pelo egoísmo, pelo orgulho, pela vanglória, pelo

desdém, pela cólera, pelo ciúme ou por qualquer outro vício, tem verdadeiramente, tal como esta mulher de

Canaã, "uma filha cruelmente atormentada por um demônio". Que ele corra a pedir ao Senhor que o cure...

Que o faça com humilde submissão; que não se julgue digno de partilhar a sorte das ovelhas de Israel, isto

é, das almas puras e que se considere indigno das recompensas do céu. Que o desespero, contudo, não o

leve a abrandar a insistência da sua oração, mas, que o seu coração tenha uma confiança inquebrantável na

imensa bondade do Senhor. Porque aquele que pôde fazer do ladrão um proclamador da fé (Lc 24,39s), do

perseguidor um apóstolo (At. 9) e de simples pedras filhos de Abraão (Mt.3,9), esse mesmo é também

capaz de transformar um cachorrinho em ovelha de Israel.

Mc.8,11-13 – DDFC – pg.1331

11. Vieram os fariseus e puseram-se a disputar com ele e pediram-lhe um sinal do céu, para pô-lo à prova. 12. Jesus, porém, suspirando no seu coração, disse: Por que pede esta geração um sinal? Em verdade vos digo: jamais lhe

será dado um sinal.

13. Deixou-os e seguiu de barca para a outra margem.

S Comentário feito por:

Santo (Padre) Pio de Pietrelcina (1887-1968), capuchinho

CE,57 ; Ep 3,400s (Um Pensamento)

“Porque é que esta geração exige um sinal?” – (v.12)

O mais belo ato de fé é o que sai dos teus lábios em plena obscuridade, no meio dos sacrifícios, dos

sofrimentos, o esforço supremo de uma vontade firme em fazer o bem. Como um raio, este ato de fé dissipa

as trevas da tua alma; no meio dos relâmpagos da tempestade, ela eleva-te e conduz-te a Deus. A fé viva, a

certeza inquebrantável e a adesão incondicional à vontade do Senhor, eis a luz que alumia os passos do

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povo de Deus no deserto. É esta mesma luz que resplandece a cada instante em todo o espírito agradável ao

Pai. Foi também esta luz que conduziu os magos e os fez adorar o Messias recém-nascido. É a estrela

profetizada por Balaão (Nm.24,17), o archote que guia os passos de todo o homem que procura Deus.

Ora esta luz, esta estrela, este archote, são igualmente o que ilumina a tua alma, o que dirige os teus passos

para te impedir de vacilar, o que fortifica o teu espírito no amor de Deus. Tu não a vês, tu não a

compreendes, mas isso não é necessário. Tu só verás trevas, certamente não as dos filhos da perdição, mas

sim as que rodeiam o Sol eterno. Tem por certo que esse Sol resplandece na tua alma; o profeta do Senhor

cantou a seu respeito: “na tua luz é que vemos.

Mc.(9,14-29) – DDFC - p.1333 – O jovem epilético

14.Depois, aproximando-se dos discípulos, viu ao redor deles grande multidão, e os escribas a discutir com eles. 15.Todo aquele povo, vendo de surpresa Jesus, acorreu a ele para saudá-lo.

16.Ele lhes perguntou: Que estais discutindo com eles?

17.Respondeu um homem dentre a multidão: Mestre, eu te trouxe meu filho, que tem um espírito mudo.

18.Este, onde quer que o apanhe, lança-o por terra e ele espuma, range os dentes e fica endurecido. Roguei a teus discípulos que

o expelissem, mas não o puderam.

19.Respondeu-lhes Jesus: Ó geração incrédula, até quando estarei convosco? Até quando vos hei de aturar? Trazei-mo cá!

20.Eles lho trouxeram. Assim que o menino avistou Jesus, o espírito o agitou fortemente. Caiu por terra e revolvia-se

espumando.

21.Jesus perguntou ao pai: Há quanto tempo lhe acontece isto? Desde a infância, respondeu-lhe.

22.E o tem lançado muitas vezes ao fogo e à água, para o matar. Se tu, porém, podes alguma coisa, ajuda-nos, compadece-te de

nós!

23.Disse-lhe Jesus: Se podes alguma coisa!... Tudo é possível ao que crê.

24.Imediatamente exclamou o pai do menino: Creio! Vem em socorro à minha falta de fé!

25.Vendo Jesus que o povo afluía, intimou o espírito imundo e disse-lhe: Espírito mudo e surdo, eu te ordeno: sai deste menino e

não tornes a entrar nele.

26.E, gritando e maltratando-o extremamente, saiu. O menino ficou como morto, de modo que muitos diziam: Morreu...

27.Jesus, porém, tomando-o pela mão, ergueu-o e ele levantou-se.

28.Depois de entrar em casa, os seus discípulos perguntaram-lhe em particular: Por que não pudemos nós expeli-lo?

29.Ele disse-lhes: Esta espécie de demônios não se pode expulsar senão pela oração.

-Manifestada pelo pai do jovem epilético. Imediatamente exclamou o pai do menino. “Creio! vem em

socorro a minha falta de fé!”. – (v.24)

Comentário feito por:

Hermas (séc. II)

O Pastor

«Eu creio! Ajuda a minha pouca fé!» - (v.24)

Expulsa a dúvida da tua alma, nunca hesites em dirigir a Deus a tua oração, dizendo: «Como posso eu

rezar, como posso ser escutado, depois de ter ofendido a Deus tantas vezes?» Não raciocines dessa

maneira; volta-te de todo o coração para o Senhor, e reza-Lhe com total confiança. Conhecerás então a

extensão da Sua misericórdia; verás que, longe de te abandonar, Ele cumulará os desejos do teu coração.

Porque Deus não é como os homens, que nunca se esquecem do mal; Nele não há ressentimentos, mas uma

terna compaixão para com as Suas criaturas. Assim, pois, purifica o teu coração de todas as vaidades do

mundo, do mal e do pecado, e reza ao Senhor. Tudo obterás se rezares com total confiança.

Se, porém, a dúvida tomar o teu coração, as tuas súplicas não serão ouvidas. Aqueles que duvidam de Deus

são almas dúplices; nada obtêm daquilo que pedem. [...] Quem duvida, a menos que se converta,

dificilmente será ouvido e salvo. Assim, pois, purifica a tua alma da dúvida, reveste-te da fé, porque a fé é

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poderosa, e crê firmemente que Deus escutará todas as tuas súplicas. E, se Ele tardar um pouco a ouvir a

tua oração, não te deixes arrastar pela dúvida por não teres obtido imediatamente aquilo que pedes; esse

atraso destina-se a fazer-te crescer na fé. Não cesses, pois, de pedir aquilo que desejas.

Não te permitas duvidar, pois a dúvida é perniciosa e insensata, roubando a fé a muitos, incluindo os mais

firmes.

A fé é forte e poderosa; tudo promete e tudo obtém; a dúvida, que é falta de confiança, tudo mina.

Comentário feito por:

Filoxeno de Mabboug (?-cerca 523), bispo na síria

Homilia 3,52-56

“Eu creio! Ajuda a minha pouca fé” – (v.24)

Inclina o teu ouvido e escuta, abre os teus olhos e vê os prodígios que são mostrados pela fé. Vem formar

olhos novos, criar orelhas escondidas. Foste convidado a escutar coisas escondidas…; foste chamado a ver

realidades espirituais… Vem ver o que ainda não és, e renova-te entrando na nova criação.

A sabedoria estava com o teu Criador desde as suas primeiras obras (Pr.8,22). Mas na segunda criação a fé

estava com ele; neste segundo parto tomou a fé por auxiliar. A fé acompanha Deus em todas as coisas, e

hoje, ele não faz nada de novo sem ela. Ter-lhe-ia sido fácil fazer-te nascer da água e do Espírito (Jo.3,5)

sem ela, e contudo, não te fez nascer neste segundo nascimento antes que tivesses recebido o símbolo da fé,

o credo. Ele podia renovar-te, e de velho, te fazer novo, e contudo ele não te muda e não te renova antes de

ter recebido de ti a fé em caução. É exigida a fé a quem é batizado, e é então que, da água, ele recebe

tesouros. Sem a fé, o batismo é a água; sem a fé, os mistérios vivificantes são pão e água; sem o olho da fé,

o homem antigo aparece unicamente aquilo que é; sem o olho da fé, os mistérios são vulgares e os

prodígios do Espírito são vis.

A fé olha, contempla e considera secretamente a força que está escondida nas coisas… Porque aqui está: tu

trazes sobre a mão a parte do mistério que, pela sua natureza, é pão vulgar; a fé olha-o como o corpo do

Único… O corpo vê o pão, o vinho, o óleo, a água, mas a fé obriga o seu olhar a ver espiritualmente o que

não vê corporalmente, quer dizer, a comer o Corpo no lugar do pão, a beber o Sangue no lugar do vinho, a

ver o batismo do Espírito no lugar da água e a força de Cristo no lugar do óleo.

Mc.(11,22-23) – DDFC– pg.1323 – 22.Respondeu-lhes Jesus: "Tende fé em Deus. 23.Em verdade vos declaro: todo o que disser a este monte: Levanta-te e lança-te ao mar, se não duvidar no seu coração, mas

acreditar que sucederá tudo o que disser, obterá esse milagre. 24.Por isso vos digo: tudo o que pedirdes na oração, crede que o tendes recebido, e ser-vos-á dado.

Comentário feito por:

São Cirilo de Jerusalém (313-350), bispo de Jerusalém, doutor da Igreja

Catequese batismal 5

“Tende fé em Deus” – (v.22)

“Quem achará um homem verdadeiramente fiel?”, pergunta a Escritura (Pr.20, 6). Não to digo para te

incitar a abrires-me o coração, mas para que mostres a Deus a candura da tua fé, a esse Deus que sonda os

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rins e os corações e que conhece os pensamentos dos homens (Sl 7, 10; 93, 11). Sim, grande coisa é um

homem de fé, mais rico do que todos os ricos. Com efeito, o crente possui todas as riquezas do universo,

dado que as despreza e as esmaga aos pés. Porque, mesmo que possuam imensas coisas materiais, que

pobres são espiritualmente os ricos! Quanto mais juntam, mais consumidos se sentem pelo desejo daquilo

que não têm. Pelo contrário, e esse é o cúmulo do paradoxo, o homem de fé é rico no seio da sua pobreza,

porque sabe que apenas precisa de se alimentar e se vestir; contentando-se com isso, pisa aos pés as

riquezas.

E não somos só nós, os que trazemos o nome de Cristo, que vivemos da fé. Todos os homens, mesmo os

que são estranhos à Igreja, vivem da mesma maneira. É pela fé no futuro que pessoas que não se conhecem

por completo contraem matrimônio; a agricultura baseia-se na confiança de que os trabalhos empreendidos

trarão frutos; os marinheiros depositam a sua confiança num frágil esquife de madeira. A maior parte dos

empreendimentos humanos assenta na fé; toda a gente acredita em princípios.

Hoje, porém, a Escritura apela à verdadeira fé e traça-nos o verdadeiro caminho que agrada a Deus. Foi

esta fé que, em Daniel, fechou a boca aos leões (Dan 6, 23). “Empunhai o escudo com o qual podereis

apagar todos os dardos inflamados do Maligno” (Ef 6, 16). A fé sustenta os homens, a ponto de eles

conseguirem andar sobre as águas do mar (Mt.14, 29). Alguns, como o paralítico, foram salvos pela fé de

outros (Mt.9, 2); a fé das irmãs de Lázaro foi tão forte, que ele foi chamado dos mortos (Jo 11).A fé dada

gratuitamente pelo Espírito Santo ultrapassa todas as forças humanas. Graças a ela, podemos dizer a esta

montanha: “Muda-te daqui para acolá” e ela mudar-se-á (Mt. 17, 21).

Lc.(1,26-38) – pg.1346 –DDFC 26.No sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galiléia, chamada Nazaré,

27.a uma virgem desposada com um homem que se chamava José, da casa de Davi e o nome da virgem era Maria.

28.Entrando, o anjo disse-lhe: Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo.

29.Perturbou-se ela com estas palavras e pôs-se a pensar no que significaria semelhante saudação.

30.O anjo disse-lhe: Não temas, Maria, pois encontraste graça diante de Deus.

31.Eis que conceberás e darás à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus.

32.Ele será grande e chamar-se-á Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi; e reinará eternamente na

casa de Jacó,

33.e o seu reino não terá fim.

34.Maria perguntou ao anjo: Como se fará isso, pois não conheço homem?

35.Respondeu-lhe o anjo: O Espírito Santo descerá sobre ti, e a força do Altíssimo te envolverá com a sua sombra. Por isso o

ente santo que nascer de ti será chamado Filho de Deus.

36.Também Isabel, tua parenta, até ela concebeu um filho na sua velhice; e já está no sexto mês aquela que é tida por estéril,

37.porque a Deus nenhuma coisa é impossível.

38.Então disse Maria: Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra. E o anjo afastou-se dela.

Comentário feito por:

João Paulo II

Alocução de 27.11.1983

"Rejubila, cheia de graça!" – (v.28)

A alegria é uma componente fundamental do tempo sagrado que começa. O Advento é um tempo de

vigilância, de oração, de conversão, para além de uma espera fervorosa e alegre. O motivo é claro: «O

Senhor está próximo» (Fl.4,5).

A primeira palavra dirigida a Maria no Novo Testamento é um convite jubiloso: «Exulta, rejubila!» (Lc

1,28 grego). Tal saudação está ligada à vinda do Salvador. Maria é a primeira a quem é anunciada uma

alegria que, em seguida, será proclamada a todo o povo; Maria participa nela de uma forma e numa medida

extraordinária. Em Maria, a alegria do antigo Israel concentra-se e encontra a sua plenitude; nela, a

felicidade dos tempos messiânicos manifesta-se irrevogavelmente. A alegria da Virgem Maria é de modo

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particular, a do «pequeno resto» de Israel (Is 10,20 sg.), dos pobres que esperam a salvação de Deus e que

experimentam a sua fidelidade.

Para participarmos também nesta festa, é necessário esperarmos com humildade e acolhermos o Salvador

com confiança. «Todos os fiéis que, pela liturgia, vivem o espírito do Advento, considerando o amor

inefável com que a Virgem Maria esperava o Filho, serão levados a tomá-la como modelo e a preparar-se

para ir ao encontro do Senhor que vem, 'vigilantes na oração e cheios de alegria'» (Paulo VI, Marialis

cultus,4; Missal Romano).

Lc.(1,27-38) – DDFC - pg.1345/6- Anunciação do nascimento de Jesus

Comentário feito por:

Da liturgia bizantina

Hino "acatistos" à Mãe de Deus (séc. VII)

"Eu te saúdo, ó cheia de graça!" – (v.28)

Do céu foi enviado um arcanjo eminente para dizer à Mãe de Deus: "Alegra-te!"

Mas quando te viu, ó Senhora, a sua voz ganhou corpo e ele gritou a sua surpresa e o seu encantamento:

"Alegra-te: em ti brilha a alegria da salvação.

Alegra-te: por ti o mal desapareceu.

Alegra-te, porque ergues Adão da sua queda.

Alegra-te, porque Eva também já não chora.

Alegra-te, montanha inacessível aos pensamentos dos homens.

Alegra-te, abismo insondável aos próprios anjos.

Alegra-te, porque te tornas o trono e o palácio do Rei.

Alegra-te: tu levas em ti Aquele que tudo pode.

Alegra-te, estrela que anuncias o nascer do Sol.

Alegra-te, porque em teu seio Deus tomou a nossa carne.

Alegra-te: por ti, toda a criação é renovada.

Alegra-te: por ti, o Criador fez-se menino.

Alegra-te, Esposa que não foste desposada."

A Puríssima, conhecendo o seu estado virginal, respondeu confiadamente ao anjo Gabriel: "Que estranha

maravilha essa que dizes! Ela parece incompreensível à minha alma; como conceberei sem semente para

engravidar, como tu está a dizer?" Aleluia, aleluia, aleluia!

Para compreender este mistério desconhecido, a Virgem dirige-se ao servo de Deus e pergunta-lhe como é

que um Filho poderia ser concebido nas suas castas entranhas. Cheio de respeito, o anjo aclama-a:

"Alegra-te: a ti Deus revela os seus desígnios inefáveis.

Alegra-te, confiança dos que rezam em silêncio.

Alegra-te: tu és a primeira das maravilhas de Cristo.

Alegra-te: em ti são recapituladas as doutrinas divinas.

Alegra-te, escada pela qual Deus desce do Céu.

Alegra-te, ponte que nos conduz da terra ao Céu.

Alegra-te, inesgotável admiração dos anjos.

Alegra-te, ferida incurável para os demônios.

Alegra-te: tu geras a luz de forma inexprimível.

Alegra-te: tu não revelas o segredo a ninguém.

Alegra-te: tu ultrapassas a sabedoria dos sábios.

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Alegra-te: tu iluminas a inteligência dos crentes.

Alegra-te, Esposa que não foste desposada."

O poder do Altíssimo cobriu então com a sua sombra a Virgem que não tinha sido desposada, para a levar a

conceber. E o seu seio fecundado tornou-se um jardim de delícias para os que nele querem colher a

salvação, cantando: "Aleluia, aleluia, aleluia!"

– O dom carismático da fé que cada homem e toda a Igreja experimentem em suas vidas as maravilhas de

Deus de forma concreta e real para o louvor e honra de sua glória. A Virgem Maria realiza da maneira mais

perfeita a obediência da fé. Na fé, Maria acolheu o anuncio e a promessa trazida pelo anjo Gabriel,

acreditando que “nada é impossível a Deus”. (v.37)

Comentário feito por:

Aelred de Rielvaux (1110-1167), monge cisterciense inglês

2º sermão sobre a Anunciação

EVA mudada em AVE

Adão tinha escalado a montanha da soberba; o Filho de Deus quis descer ao vale da humildade. Encontrou

um vale para onde descer. Onde se encontra ele? Não em ti, Eva, mãe do nosso mal, não em ti – mas na

bem-aventurada Maria. Ela é bem este vale de Hébron, devido à sua humildade e à sua força. Ela é forte

devido à sua participação na força da qual está escrito: “O Senhor é forte e poderoso” (Sl 24,8). Ela é a

mulher virtuosa que Salomão desejava: “Uma mulher virtuosa, quem a poderá encontrar?” (Pr.30,10).

Eva, apesar de criada no paraíso sem corrupção e sem mancha, sem enfermidade nem dor, revelou-se tão

fraca, tão insegura. “Quem encontrará a mulher virtuosa?” Podemos encontrá-la nesta terra de miséria, uma

vez que não a pudemos encontrar na beatitude do paraíso?... Dado que se encontrou no paraíso uma mulher

tão fraca, quem poderá encontrar aqui a mulher virtuosa?

Hoje, Deus Pai encontrou essa mulher, para santificá-la; o Filho encontrou-a, para nela habitar; o Espírito

Santo encontrou-a, para iluminá-la… E o anjo encontrou-a, para saudá-la assim: “Ave, ó cheia de graça, o

Senhor está contigo”. Ei-la, a mulher virtuosa, aquela em quem a ponderação substitui a curiosidade, em

quem a humildade elimina toda a vaidade, em quem a virgindade liberta de toda a voluptuosidade.

Comentário feito por:

Santo Amadeu de Lausana (1108-1159), monge cisterciense, posteriormente bispo

Terceira homilia mariana

O Espírito Santo faz nascer em Maria a nova criação (v.35)

«O Espírito Santo descerá sobre ti». Ele revelar-se-á em ti, Maria. Veio a outros santos, e a outros virá; mas

em ti, revelar-se-á. […] Revelar-se-á na fecundidade, na abundância, na plenitude da sua efusão em todo o

teu ser. Quando te tiver tomado, continuará em ti, presente em teus fluidos para fazer em ti obra melhor e

mais admirável do que quando, movendo-se na superfície das águas no começo, fez evoluir em diversas

formas a matéria criada (Gn 1,2). «E a força do Altíssimo estenderá sobre ti a sua sombra». Cristo, força e

sabedoria de Deus, envolver-te-á na sua sombra; tomará então de ti a natureza humana, e a plenitude de

Deus, que não poderias ter, mantê-la-á em Si ao mesmo tempo que assume a nossa carne. Estenderá sobre

ti a sua sombra porque a humanidade que for escolhida pelo Verbo será como um véu para a luz inacessível

de Deus; e essa luz, assim joeirada, penetrará nas tuas tão castas entranhas.

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Rogamos-te, Soberana digníssima Mãe de Deus, não desprezes os que pedem com verdadeiro temor, os

que procuram com piedade, os que com amor te batem à porta. Diz-nos, rogamos-te, que sentimento te

comoveu, por que amor foste tomada quando em ti se realizou a maravilha, quando o Verbo em ti se fez

carne? Em que estado se encontrava a tua alma, teu coração, o espírito, os sentidos e a razão? Como a sarça

outrora mostrada a Moisés, inflamavas-te, sem te queimares (Ex 3,2). Abandonavas-te no calor de Deus,

sem que a chama te consumisse. Assim ardente, fundias-te sob o fogo do Altíssimo; mas desse fogo divino

ganhavas novas forças, para ficares sempre ardente e n’Ele te fundires mais ainda . Ficaste mais virgem – e

bem mais do que isso, porque virgem e mãe. Louvamos-te, ó cheia de graça; o Senhor é contigo; bendita

sejas entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre.

–Maria deu o seu assentimento: ”Eu sou a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra”.. (v.38)

Comentário feito por:

São Bernardo (1091-1153), monge cisterciense e doutor da Igreja

Sermão para a oitava da Assunção, sobre as doze prerrogativas de Maria

“Bem-aventurada Aquela que acreditou” – (v.45)

Maria é bem-aventurada, como lhe diz sua prima Isabel, não apenas porque Deus a olhou, mas porque

acreditou. A sua fé é o mais belo produto da bondade divina. Mas foi necessário que a arte inefável do

Espírito Santo pousasse sobre Ela, para que tanta grandeza de alma se unisse a tanta humildade no segredo

do seu coração virginal. A humildade e a grandeza de alma de Maria são como a sua virgindade e a sua

fecundidade, semelhantes a duas estrelas que se iluminam mutuamente, porque em Maria a profundidade

da humildade em nada prejudica a generosidade da alma, e reciprocamente. Julgando-se a si mesma de

forma tão humilde, Maria nem por isso foi menos generosa na sua fé na promessa que lhe tinha sido feita

pelo anjo. Ela que apenas se considerava uma pobre serva, não duvidou de que tivesse sido chamada a este

mistério incompreensível, a esta união prodigiosa, a este segredo insondável. E acreditou imediatamente

que se tornaria de fato a Mãe de Deus encarnado.

É a graça de Deus que produz esta maravilha no coração dos eleitos; a humildade não os torna receosos e

timoratos, como a generosidade de alma os não torna orgulhosos. Pelo contrário, nos santos, estas duas

virtudes reforçam-se uma à outra. A grandeza de alma, não só não abre a porta ao orgulho, como é

sobretudo ela que permite avançar no mistério da humildade. Com efeito, os mais generosos ao serviço de

Deus são também os mais penetrados pelo temor do Senhor e os mais reconhecidos pelos dons recebidos.

Reciprocamente, quando está em jogo a humildade, covardia alguma se insinua na alma. Quanto menos

tem o hábito de presumir das suas próprias forças, mesmo nas coisas menores, mais a pessoa se confia ao

poder de Deus, mesmo nas maiores

-E é em virtude desta fé que todas as gerações a proclamarão Bem-Aventurada. (v.45).

-Durante toda a sua vida, e até a sua última provação (Lc.2,35), quando Jesus, seu filho morreu na cruz, sua

fé não vacilou.Maria não cessou de crer “no cumprimento” da Palavra de Deus. Por isso a Igreja venera em

Maria a revelação mais pura da fé.

-É a esta fé da Virgem Maria, de Abraão, Moisés e tantas outras testemunhas da fé que devemos aderir de

todo o nosso coração, para que esta mesma fé nos ilumine e nos conduza nos momentos de prova, tornando

firmes nossos pés: “O mundo em que vivemos muitas vezes parece estar bem longe daquilo que a fé nos

assegura; as experiências do mal e do sofrimento, das injustiças e da morte parecem contradizer a Boa

Nova, podem abalar a fé e tornar-se para ela uma tentação”.

Comentário feito por:

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S. Francisco de Sales (1567-1622), bispo de Genebra e doutor da Igreja

Ephata I

"O Todo-Poderoso fez em mim maravilhas" – (v.49)

Quando toca um coração, é típico do Espírito Santo afastar dele toda a tibieza. Ele ama a prontidão, é

inimigo dos adiamentos, dos atrasos na execução da vontade de Deus... "Maria partiu apressadamente"...

Que graças se teriam derramado sobre a casa de Zacarias quando Maria ali entrou! Se Abraão recebeu

tantas graças por ter albergado três anjos em sua casa, que bênçãos se derramaram sobre a casa de Zacarias

onde entrou o Anjo do Grande Conselho (Is 9,6), a verdadeira arca da Aliança, o divino profeta, Nosso

Senhor escondido no seio de Maria! Toda a casa ficou repleta de alegria: o menino estremeceu, o pai

recuperou a fala, a mãe ficou cheia do Espírito Santo e recebeu o dom da profecia. Vendo Nossa Senhora

entrar em sua casa, ela exclamou: "De onde me vem esta graça, que a Mãe do meu Deus me venha

visitar?"... E Maria, ouvindo o que sua prima dizia em seu louvor, humilhou-se e rendeu glória a Deus de

todo o seu coração. Confessando que toda a sua felicidade procedia desse Deus que "tinha olhado para a

humildade da sua serva", ela entoou o belo e admirável do seu Magnificat.

Como devemos estar transbordantes de alegria, também nós, quando nos visita esse divino Salvador no

Santíssimo Sacramento ou através das graças interior, as palavras que dia a dia ele diz no nosso

coração!

Lc.(5,17-26) – pg.1352/53 –DDFC 17.Um dia estava ele ensinando. Ao seu derredor estavam sentados fariseus e doutores da lei, vindos de todas as localidades da

Galiléia, da Judéia e de Jerusalém. E o poder do Senhor fazia-o realizar várias curas.

18.Apareceram algumas pessoas trazendo num leito um homem paralítico; e procuravam introduzi-lo na casa e pô-lo diante dele.

19.Mas não achando por onde o introduzir, por causa da multidão, subiram ao telhado e por entre as telhas o arriaram com o leito

ao meio da assembléia, diante de Jesus.

20.Vendo a fé que tinham, disse Jesus: Meu amigo, os teus pecados te são perdoados.

21.Então os escribas e os fariseus começaram a pensar e a dizer consigo mesmos: Quem é este homem que profere blasfêmias?

Quem pode perdoar pecados senão unicamente Deus?

22.Jesus, porém, penetrando nos seus pensamentos, replicou-lhes: Que pensais nos vossos corações?

23.Que é mais fácil dizer: Perdoados te são os pecados; ou dizer: Levanta-te e anda?

24.Ora, para que saibais que o Filho do Homem tem na terra poder de perdoar pecados (disse ele ao paralítico), eu te ordeno:

levanta-te, toma o teu leito e vai para tua casa.

25.No mesmo instante, levantou-se ele à vista deles, tomou o leito e partiu para casa, glorificando a Deus.

26.Todos ficaram transportados de entusiasmo e glorificavam a Deus; e tomados de temor, diziam: Hoje vimos coisas

maravilhosas.

-O dom carismático da fé presente no meio de pessoas comuns, humildes e simples ou como a dos amigos

do paralítico permitia a Jesus realizar muitos milagres. (v.25).

Comentário feito por:

Santo Ireneu de Lião (c.130-c. 208), bispo, teólogo e mártir

Contra as heresias III, 2, 2

«Hoje vimos coisas extraordinárias» - (v.26)

O Verbo de Deus veio habitar no homem; fez-se «Filho do Homem» para habituar o homem a receber

Deus e para habituar Deus a habitar no homem, como foi vontade do Pai. Eis por que o sinal da nossa

salvação, Emanuel nascido da Virgem, foi dado pelo próprio Senhor (Is 7,14). É de fato o próprio Senhor

que salva os homens, pois estes não podem salvar-se a si próprios. […] Disse o profeta Isaías: «Revigorai,

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ó mãos abatidas, ó vacilantes joelhos! Dai ânimo à vossa coragem, corações pusilânimes! Tomai ânimo,

não temais! Eis o nosso Deus, que vem para nos vingar; Ele vem em pessoa, e vem para nos salvar» (35,3-

4). Porque é pela intervenção de Deus, e não pela do homem, que recebemos a salvação.

Eis outro texto onde Isaías prediz que Quem nos salvará não é homem nem ser incorpóreo: «Não será um

mensageiro, não será um anjo, será o próprio Senhor a salvar o seu povo. Porque o ama, perdoar-lhe-á; Ele

próprio o libertará». (63,9). Mas tal Salvador é homem também, verdadeiramente, e portanto, visível: «Eis,

Cidade de Sião, que os teus olhos verão o nosso Salvador» (33,20). Disse um outro profeta: «Ele próprio

virá, far-nos-á misericórdia, e lançará os nossos pecados ao fundo do mar» (Mi 7,19). […] De Belém,

aldeia da Judéia (Mi 5,1), é que deverá sair o filho de Deus, que é Deus também, para difundir o seu louvor

por toda a terra […]. Portanto Deus fez-se homem; e o próprio Senhor nos salvou, ao dar-nos o sinal da

Virgem.

Lc.(7,1-10) – DDFC– p.1355 1.Tendo Jesus concluído todos os seus discursos ao povo que o escutava, entrou em Cafarnaum.

2.Havia lá um centurião que tinha um servo a quem muito estimava e que estava à morte.

3.Tendo ouvido falar de Jesus, enviou-lhe alguns anciãos dos judeus, rogando-lhe que o viesse curar.

4.Aproximando-se eles de Jesus, rogavam-lhe encarecidamente: Ele bem merece que lhe faças este favor,

5.pois é amigo da nossa nação e foi ele mesmo quem nos edificou uma sinagoga.

6.Jesus então foi com eles. E já não estava longe da casa, quando o centurião lhe mandou dizer por amigos seus: Senhor, não te

incomodes tanto assim, porque não sou digno de que entres em minha casa;

7.por isso nem me achei digno de chegar-me a ti, mas dize somente uma palavra e o meu servo será curado.

8.Pois também eu, simples subalterno, tenho soldados às minhas ordens; e digo a um: Vai ali! E ele vai; e a outro: Vem cá! E ele

vem; e ao meu servo: Faze isto! E ele o faz.

9.Ouvindo estas palavras, Jesus ficou admirado. E, voltando-se para o povo que o ia seguindo, disse: Em verdade vos

digo: nem mesmo em Israel encontrei tamanha fé.

10.Voltando para a casa do centurião os que haviam sido enviados, encontraram o servo curado.

Comentário feito por:

Concílio Vaticano II

Constituição sobre a Igreja « Lumen gentium », 16

Jesus encontra a fé num centurião romano – (v.9)

Finalmente, aqueles que ainda não receberam o Evangelho, estão de uma forma ou outra orientados para o

Povo de Deus. Em primeiro lugar, aquele povo que recebeu a aliança e as promessas, e do qual nasceu

Cristo segundo a carne (cf. Rm.9, 4-5), povo que segundo a eleição é muito amado, por causa dos

Patriarcas, já que os dons e o chamamento de Deus são irrevogáveis (cf. Rm.11, 28-29). Mas o desígnio da

salvação estende-se também àqueles que reconhecem o Criador, entre os quais vêm em primeiro lugar os

muçulmanos, que professam seguir a fé de Abraão, e conosco adoram o Deus único e misericordioso, que

julgará os homens no último dia.

E o mesmo Senhor nem sequer está longe daqueles que buscam na sombra e em imagens, o Deus que ainda

desconhecem; já que é Ele quem a todos dá vida, respiração e tudo o mais (cf. At.17, 25-28) e, como

Salvador, quer que todos os homens se salvem (cf. 1 Tm.2,4). Com efeito, aqueles que, ignorando sem

culpa o Evangelho de Cristo, e a Sua Igreja, procuram, contudo, a Deus com coração sincero, e se

esforçam, sob o influxo da graça, por cumprir a Sua vontade, manifestada pelo ditame da consciência,

também eles podem alcançar a salvação eterna. Nem a divina Providência nega os auxílios necessários à

salvação àqueles que, sem culpa, não chegaram ainda ao conhecimento explícito de Deus e se esforçam,

não sem o auxílio da graça, por levar uma vida reta. Tudo o que de bom e verdadeiro neles há, é

considerado pela Igreja como preparação para receberem o Evangelho, dado por Aquele que ilumina todos

os homens, para que possuam finalmente a vida.

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Mas, muitas vezes, os homens, enganados pelo demônio, desorientam-se em seus pensamentos e trocam a

verdade de Deus pela mentira, servindo a criatura de preferência ao Criador (cf. Rm.1,21 e 25), ou então,

vivendo e morrendo sem Deus neste mundo, se expõem à desesperação final. Por isso, para promover a

glória de Deus e a salvação de todos estes, a Igreja, lembrada do mandato do Senhor: «pregai o Evangelho

a toda a criatura» (Mc 16,16), procura zelosamente impulsionar as missões.

Lc.(12,22-34) – DDFV – p.1365 – 22.Jesus voltou-se então para seus discípulos: Portanto vos digo: não andeis preocupados com a vossa vida, pelo que haveis de

comer; nem com o vosso corpo, pelo que haveis de vestir.

23.A vida vale mais do que o sustento e o corpo mais do que as vestes.

24.Considerai os corvos: eles não semeiam, nem ceifam, nem têm despensa, nem celeiro; entretanto, Deus os sustenta. Quanto

mais valeis vós do que eles?

25.Mas qual de vós, por mais que se preocupe, pode acrescentar um só côvado à duração de sua vida?

26.Se vós, pois, não podeis fazer nem as mínimas coisas, por que estais preocupados com as outras?

27.Considerai os lírios, como crescem; não fiam, nem tecem. Contudo, digo-vos: nem Salomão em toda a sua glória jamais se

vestiu como um deles.

28.Se Deus, portanto, veste assim a erva que hoje está no campo e amanhã se lança ao fogo, quanto mais a vós, homens de fé

pequenina!

29.Não vos inquieteis com o que haveis de comer ou beber; e não andeis com vãs preocupações.

30.Porque os homens do mundo é que se preocupam com todas estas coisas. Mas vosso Pai bem sabe que precisais de tudo isso.

31.Buscai antes o Reino de Deus e a sua justiça e todas estas coisas vos serão dadas por acréscimo.

32.Não temais, pequeno rebanho, porque foi do agrado de vosso Pai dar-vos o Reino.

33.Vendei o que possuís e dai esmolas; fazei para vós bolsas que não se gastam, um tesouro inesgotável nos céus, aonde não

chega o ladrão e a traça não o destrói.

34.Pois onde estiver o vosso tesouro, ali estará também o vosso coração.

-Consciente que não cabe a si mesmo planejar a sua vida ou tentar viver o plano de Deus a seu modo,

reconhece que apenas lhe compete descobri-lo para vivenciá-lo na vida prática, ou vivê-lo, apenas pela fé,

quando Deus decidir ou não revelar.

A fé virtude leva o homem a crer concretamente a presença de Deus “vivo”. É a fé que faz o homem crer

que Deus é Pai e que portanto ele é filho, filho muito amado de Deus e que por isto crê na Providência

Divina em sua vida, independente das circunstâncias do momento, pois olha a sua vida não mais com olhos

humanos, mas segundo a visão de Deus.

Lc.14,1.7-11 DDFC – p.1368 1.Jesus entrou num sábado em casa de um fariseu notável, para uma refeição; eles o observavam.

7.Observando também como os convivas escolhiam os primeiros lugares, propôs-lhes a seguinte parábola:

8.Quando fores convidado às bodas, não te sentes no primeiro lugar, pois pode ser que seja convidada outra pessoa de mais

consideração do que tu,

9.e vindo o que te convidou, te diga: Cede o lugar a este. Terias então a confusão de dever ocupar o último lugar.

10.Mas, quando fores convidado, vai tomar o último lugar, para que, quando vier o que te convidou, te diga: Amigo, passa mais

para cima. Então serás honrado na presença de todos os convivas.

11.Porque todo aquele que se exaltar será humilhado, e todo aquele que se humilhar será exaltado.

Comentário feito por:

São Francisco de Sales (1567-1622), Bispo de Genebra e Doutor da Igreja

Entretien 5 (a partir de Desjardins, Le Livre des quatre amours, Desclée 1964, p. 142 rev.)

«O que se humilha será exaltado»

A humildade não consiste apenas em desconfiarmos de nós mesmos, mas também em confiarmos em Deus;

a desconfiança de nós e das nossas próprias forças produz a confiança em Deus, e desta confiança nasce a

generosidade de espírito. Nossa Senhora, a Santíssima Virgem, deu-nos um exemplo notável disto quando

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pronunciou estas palavras: «Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra» (Lc 1, 38).

Quando diz que é a serva do Senhor, ela demonstra uma enorme humildade, tanto mais que opõe aos

louvores que o anjo lhe dirige: que será Mãe de Deus, que a criança que sair do seu ventre será chamada de

Filho do Altíssimo, uma dignidade maior do que se poderia imaginar; ela opõe, como eu dizia, a todos

estes louvores e grandezas a sua baixeza e a sua indignidade, afirmando que é a serva do Senhor. Mas

reparai que, após ter prestado tributo à humildade, tem de imediato uma atitude de enorme generosidade ao

dizer: «Faça-se em mim segundo a tua palavra».

É certo, queria ela dizer, que não sou de modo nenhum capaz desta graça, tendo em consideração o que eu

própria sou; mas na medida em que aquilo que é bom em mim pertence a Deus e em que aquilo que me

dizes é a Sua santa vontade, creio que isso pode fazer-se e se fará; e, sem a mínima hesitação, diz: «Faça-se

em mim segundo a tua palavra».

Lc.(17,1-6) – DDFC - p.1371 1.Jesus disse também a seus discípulos: É impossível que não haja escândalos, mas ai daquele por quem eles vêm! 2.Melhor lhe seria que se lhe atasse em volta do pescoço uma pedra de moinho e que fosse lançado ao mar, do que levar para o

mal a um só destes pequeninos. Tomai cuidado de vós mesmos.

3.Se teu irmão pecar, repreende-o; se se arrepender, perdoa-lhe.

4.Se pecar sete vezes no dia contra ti e sete vezes no dia vier procurar-te, dizendo: Estou arrependido, perdoar-lhe-ás.

5.Os apóstolos disseram ao Senhor: Aumenta-nos a fé!

6.Disse o Senhor: Se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a esta amoreira: Arranca-te e transplanta-te no mar, e

ela vos obedecerá.

-Em diversas ocasiões Jesus ensinou muito aos discípulos sobre os dons carismáticos da fé.

Comentário feito por:

Santo Agostinho (354-430), bispo de Hipona (norte de África) e doutor da Igreja

Discursos sobre os Salmos, Sl 60, 9

Pedir perdão e perdoar aos outros – (v.3)

“Todos os caminhos do Senhor são graça e verdade para os que guardam a sua aliança e os seus preceitos”

(Sl 24, 10). O que este salmo diz acerca do amor e da verdade é da maior importância. […] Fala do amor,

porque Deus não olha aos nossos méritos, mas à sua bondade, a fim de nos perdoar os nossos pecados e de

nos prometer a vida eterna. E fala igualmente da verdade, porque Deus nunca falta às suas promessas.

Reconheçamos este modelo divino e imitemos a Deus, que nos manifestou o Seu amor e a Sua verdade.

[…] Tal como Ele, realizemos neste mundo obras cheias de amor e de verdade. Sejamos bons para com os

fracos, os pobres, e mesmo para com os nossos inimigos.

Vivamos na verdade evitando fazer o mal. Não multipliquemos os pecados, porque aquele que presume da

bondade de Deus está a permitir que nele se introduza a vontade de tornar Deus injusto. Imagina esse que,

mesmo que se obstine nos seus pecados e se recuse a arrepender-se deles, Deus lhe concederá um lugar

entre os seus fiéis servidores. Mas seria justo Deus colocar-te no mesmo lugar que aqueles que

renunciaram aos seus pecados, quando tu perseveras nos teus? […] Por que pretendes, então, dobrá-lo à tua

vontade? Sê tu a submeter-te à Sua.

A este propósito diz justamente o salmista: “Quem procurará a misericórdia e a verdade do Senhor junto

Dele?” (Sl 60, 8). […] E por que dirá “junto Dele”? Porque são muitos os que procuram instruir-se acerca

do amor do Senhor e da Sua verdade nos Livros sagrados. Porém, uma vez aí chegados, vivem para si

próprios e não para Ele. Procuram os seus próprios interesses, e não os interesses de Jesus Cristo.

Apregoam o amor e a verdade, mas não os praticam. Já aquele que ama a Deus e a Cristo, quando prega a

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verdade e o amor divinos, é para Deus que os procura, e não no seu próprio interesse. Não prega para daí

retirar vantagens materiais, mas para o bem dos membros de Cristo, ou seja, dos seus fiéis. Distribui-lhes

aquilo que aprendeu em espírito de verdade, de tal maneira que “os que vivem não vivam mais para si

mesmos, mas para Aquele que por eles morreu e ressuscitou” (2Co.5, 15). “Quem procurará a misericórdia

e a verdade do Senhor?”

Comentário feito por:

S. Cipriano (c. 200-258), bispo de Cartago e mártir

Os Benefícios da Paciência

"Perdoar-lhe-ás" – (v.3)

"A caridade tudo ama, tudo crê, tudo espera, tudo suporta" (1Co.13,7). Deste modo nos mostra o apóstolo

Paulo que, se esta virtude se pode manter com tal firmeza, é por ter sido mergulhada numa paciência a toda

a prova. Ele diz ainda: "Suportai-vos uns aos outros no amor fazendo tudo o que está ao vosso alcance para

guardar a unidade de espírito no vínculo da paz" (Ef 4,2).

Não é possível manter nem a unidade nem a paz se os irmãos não se aplicarem a guardar a mútua tolerância

e os laços da concórdia graças à paciência. Que dizer ainda, para além de não insultar, nem amaldiçoar, não

reclamar o que nos tirarem, apresentar a outra face a quem nos bater, perdoar ao irmão que pecou contra

nós, não só setenta vezes sete vezes, mas esquecendo todos os seus erros, amar os nossos inimigos, rezar

pelos nossos adversários e pelos que nos perseguem?

Como conseguir cumprir tudo isso se não formos firmemente pacientes, tolerantes? Foi o que fez Santo

Estêvão quando, em vez de clamar por vingança, pediu perdão para os seus carrascos, dizendo: "Senhor,

não lhes imputes este pecado" (At. 7,60).

Comentário feito por:

Siluane (1866-1938), monge, santo das igrejas ortodoxas

Escritos (a partir da trad. Sophrony, Starets, Présence 1975, p. 442)

«Se tivésseis fé como um grão de mostarda»

Dantes, pensava que o Senhor realizava milagres apenas em resposta às orações dos santos, mas agora

compreendi que o Senhor também realiza milagres pelo pecador, desde que a alma deste se humilhe;

porque, quando o homem aprende a humildade, o Senhor escuta as suas orações.

Muitos, por inexperiência, dizem que determinado santo fez um milagre, mas compreendi que é o Espírito

Santo que habita no homem que realiza os milagres. O Senhor quer que todos sejam salvos e que vivam

eternamente com Ele, e é por isso que ouve as orações do homem pecador, que se Lhe dirige para o bem

dos outros ou para o seu próprio bem.

Lc.17,5-10 –DDFC - pg.1371 5.Os apóstolos disseram ao Senhor: Aumenta-nos a fé!

6.Disse o Senhor: Se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a esta amoreira: Arranca-te e transplanta-te no mar, e ela vos

obedecerá.

7.Qual de vós, tendo um servo ocupado em lavrar ou em guardar o gado, quando voltar do campo lhe dirá: Vem depressa sentar-

te à mesa?

8.E não lhe dirá ao contrário: Prepara-me a ceia, cinge-te e serve-me, enquanto como e bebo, e depois disto comerás e beberás

tu?

9.E se o servo tiver feito tudo o que lhe ordenara, porventura fica-lhe o senhor devendo alguma obrigação?

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10.Assim também vós, depois de terdes feito tudo o que vos foi ordenado, dizei: Somos servos como quaisquer outros;

fizemos o que devíamos fazer.

Comentário feito por:

Beata Teresa de Calcutá (1910-1997), fundadora das Irmãs Missionárias da Caridade

Não há amor maior

«Servos anônimos somos: cumprimos o nosso dever, apenas» - (v.10)

Sê sempre fiel nas pequenas coisas, pois nelas reside a nossa força. Para Deus, nada é pequeno. A seus

olhos nada tem pouco valor. Para Ele, todas as coisas são infinitas. Deves pôr fidelidade nas coisas mais

mínimas, não pela virtude que lhes é própria, mas por essa coisa maior que é a vontade de Deus – e que, eu

própria, respeito infinitamente.

Não procures realizar ações espetaculares. Devemos renunciar deliberadamente ao desejo de contemplar o

fruto do nosso labor, devemos apenas fazer o que podemos, o melhor que pudermos, e deixar o resto nas

mãos de Deus. O que importa, é a dádiva que fazes de ti mesmo, o grau de amor que pões em cada ação

que realizas.

Não te permitas desencorajar face aos fracassos, se deste de fato o teu melhor. Recusa também a glória

sempre que sejas bem sucedido. Oferece tudo a Deus na mais profunda gratidão. Se te sentires abatido, isso

é sinal de orgulho que mostra o quanto acreditas nas tuas forças. Deixa de te preocupar com o que as

pessoas pensam. Sê humilde e nunca mais coisa alguma te importunará. O Senhor ligou-me aqui, ao lugar

onde estou; é Ele quem me desligará de onde estou.

Comentário feito por:

Papa Bento XVI

Encíclica «Deus caritas est», § 35 (trad. © copyright Libreria Editrice Vaticana)

«Somos servos inúteis»

Este modo justo de servir torna humilde o agente. Este não assume uma posição de superioridade face ao

outro, por mais miserável que possa ser de momento a sua situação. Cristo ocupou o último lugar no

mundo — a cruz — e, precisamente com esta humildade radical, redimiu-nos e ajuda-nos sem cessar.

Quem se acha em condições de ajudar tem de reconhecer que, precisamente deste modo, é também ele

próprio ajudado; não é mérito seu nem título de glória o fato de poder ajudar. Esta tarefa é graça.

Quanto mais alguém trabalhar pelos outros, tanto melhor compreenderá e assumirá como própria esta

palavra de Cristo: «Somos servos inúteis» (Lc 17, 10). Na realidade, essa pessoa reconhece que age, não

em virtude de uma superioridade ou de uma maior eficiência pessoal, mas porque o Senhor lhe concedeu

este dom. Às vezes, a excessiva vastidão das necessidades e as limitações do próprio agir poderão expô-lo

à tentação do desânimo. Mas é precisamente então que lhe serve de ajuda saber que, em última instância,

não passa de um instrumento nas mãos do Senhor; libertar-se-á assim da presunção de ter de realizar,

pessoalmente e sozinha, o necessário melhoramento do mundo. Com humildade, fará o que lhe for possível

realizar e, com humildade, confiará o resto ao Senhor. É Deus quem governa o mundo, não nós.

Lc.18,1-8 DDFC – p.1372 1.Propôs-lhes Jesus uma parábola para mostrar que é necessário orar sempre sem jamais deixar de fazê-lo. 2.Havia em certa

cidade um juiz que não temia a Deus, nem respeitava pessoa alguma.

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3.Na mesma cidade vivia também uma viúva que vinha com freqüência à sua presença para dizer-lhe: Faze-me justiça contra o

meu adversário.

4.Ele, porém, por muito tempo não o quis. Por fim, refletiu consigo: Eu não temo a Deus nem respeito os homens;

5.todavia, porque esta viúva me importuna, far-lhe-ei justiça, senão ela não cessará de me molestar.

6.Prosseguiu o Senhor: Ouvis o que diz este juiz injusto?

7.Por acaso não fará Deus justiça aos seus escolhidos, que estão clamando por ele dia e noite? Porventura tardará em socorrê-

los?

8.Digo-vos que em breve lhes fará justiça. Mas, quando vier o Filho do Homem, acaso achará fé sobre a terra?

Comentário feito por:

Santo Agostinho (354-430), Bispo de Hipona (Norte de África) e Doutor da Igreja

Sermão 115, 1; PL 38, 655 (a partir da trad. de Delhougne, Les Pères commentent, p. 447)

«Quando o Filho do Homem voltar, encontrará a fé sobre a terra?»

Haverá método mais eficaz para nos encorajar à oração do que a parábola do juiz iníquo que o Senhor nos

contou? Evidentemente, o juiz iníquo nem temia a Deus nem respeitava os homens. Não experimentava

qualquer benevolência pela viúva que a ele recorria e, no entanto, vencido pelo aborrecimento, acabou por

escutá-la. Se, portanto, ele atendeu esta mulher que o importunava com as suas súplicas, como não seremos

nós atendidos por Aquele que nos encoraja a apresentar-Lhe as nossas? Foi por isso que o Senhor nos

propôs esta comparação, conseguida por contraste, para nos dar a perceber que é preciso «orar sempre, sem

desfalecer». E depois acrescentou: «Mas, quando o Filho do Homem voltar, encontrará a fé sobre a terra?»

Se a fé desaparecer, a oração extingue-se. Com efeito, quem poderia rezar para pedir aquilo em que não

crê? Eis pois, o que o Apóstolo Paulo diz, exortando-nos à oração: «Todo o que invocar o nome do Senhor

será salvo». Depois, para mostrar que a fé é a fonte da oração e que o ribeiro não pode correr se a fonte

estiver seca, acrescenta : «Ora, como irão invocar Aquele em Quem não acreditaram?» (Rm.10,13-14)

Acreditemos, pois, para podermos orar e oremos para que a fé, que é o princípio da nossa oração, nunca

nos venha a faltar. A fé expande a oração e a oração, ao expandir-se, obtém por seu turno o fortalecimento

da fé.

Lc.18,9-14 – DDFC p.1373 9.Jesus lhes disse ainda esta parábola a respeito de alguns que se vangloriavam como se fossem justos, e desprezavam os outros:

10.Subiram dois homens ao templo para orar. Um era fariseu; o outro, publicano.

11.O fariseu, em pé, orava no seu interior desta forma: Graças te dou, ó Deus, que não sou como os demais homens: ladrões,

injustos e adúlteros; nem como o publicano que está ali.

12.Jejuo duas vezes na semana e pago o dízimo de todos os meus lucros.

13.O publicano, porém, mantendo-se à distância, não ousava sequer levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó

Deus, tem piedade de mim, que sou pecador!

14.Digo-vos: este voltou para casa justificado, e não o outro. Pois todo o que se exaltar será humilhado, e quem se humilhar será

exaltado.

Comentário feito por:

Santo Agostinho (354-430), Bispo de Hipona (Norte de África) e Doutor da Igreja

Sermão 115

«O cobrador de impostos nem sequer ousava levantar os olhos ao céu»

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O fariseu dizia: «Não sou como certos homens.» Quem serão esses outros homens? Não serão todos, com

exceção dele próprio? «Eu sou justo, os outros são pecadores; eu não sou como o resto dos homens, que

são injustos, ladrões, adúlteros.» E eis que a presença de um publicano, a seu lado, lhe vem dar ocasião

para se ensoberbecer ainda mais. «Eu, eu sou um homem à parte; ele é como os outros. Não sou da sua

espécie; não sou um pecador, pois faço muitas obras justas. Jejuo duas vezes por semana, pago o dízimo de

tudo quanto possuo.» Que pede este homem a Deus? Procurai nas suas palavras, que nada encontrareis.

Subia supostamente ao seu quarto para orar: ora, nada pede a Deus; apenas se gaba de si próprio. E é na

verdade deveras pouco nada pedir a Deus, mas gabar-se: para além disso, insulta aquele que a seu lado

reza: é o cúmulo!

O publicano «mantinha-se à distância», e no entanto aproxima-se de Deus; as reprovações do seu coração

afastam-no d'Ele, mas o seu amor aproxima-o de Deus. Este publicano mantém-se à distância, mas o

Senhor aproxima-se dele para escutá-lo. «O Senhor é excelso, mas repara no humilde», enquanto que

«àquele que se exalta», como o fariseu, «reconhece-o ao longe» (Sl 137, 6). A todo o que se exalta, o

Senhor olha-o de longe, mas não o ignora.

Vede, por contraste, a humildade deste publicano. Não só se mantém à distância, como nem sequer levanta

os olhos ao céu. Não ousa erguer os olhos à procura de um olhar. Não ousa olhar para o alto, a sua

consciência humilha-o, mas a esperança exalta-o. Escutai ainda: «Batia no peito.» Para si próprio pede um

castigo; por isso Deus perdoa a tal homem que a sua culpa confessa. «Senhor, sede-me propício, a mim,

que sou pecador»: eis alguém que ora, que pede! Por que te espantas que Deus ignore as faltas deste

homem, quando o próprio as reconhece? Ele faz-se juiz de si próprio e Deus advoga a sua causa; acusa-se e

Deus defende-o. «Em verdade vos digo» - é a Verdade que fala, é Deus, é o Juiz - «foi o publicano que

voltou para casa justificado, e não o outro.» Diz-nos, Senhor, por quê? «Porque todo aquele que se exalta

será humilhado, e quem se humilha será exaltado».

Lc.18,35-43 – DDFC – p.1373 35.Ao aproximar-se Jesus de Jericó, estava um cego sentado à beira do caminho, pedindo esmolas.

36.Ouvindo o ruído da multidão que passava, perguntou o que havia.

37.Responderam-lhe: É Jesus de Nazaré, que passa.

38.Ele então exclamou: Jesus, filho de Davi, tem piedade de mim!

39.Os que vinham na frente repreendiam-no rudemente para que se calasse. Mas ele gritava ainda mais forte: Filho de Davi, tem

piedade de mim!

40.Jesus parou e mandou que lho trouxessem. Chegando ele perto, perguntou-lhe:

41.Que queres que te faça? Respondeu ele: Senhor, que eu veja.

42.Jesus lhe disse: Vê! Tua fé te salvou.

43.E imediatamente ficou vendo e seguia a Jesus, glorificando a Deus. Presenciando isto, todo o povo deu glória a Deus.

Comentário feito por:

São Josemaría Escrivá de Balaguer (1902-1975), presbítero, fundador

Homilia «Vida de fé», em «Amigos de Deus», nº 195

«Os que iam à frente repreendiam-no, para que se calasse. Mas ele gritava cada vez mais.»

Ouvindo aquele grande vozear das pessoas, o cego perguntou: o que é isto? Responderam-lhe: é Jesus de

Nazaré. Então inflamou-se-lhe tanto a alma na fé em Cristo, que gritou: «Jesus, Filho de David, tem

piedade de mim.»

Não te dá vontade de gritar, a ti que também estás parado na beira do caminho, desse caminho da vida que

é tão curta; a ti, a quem faltam luzes; a ti, que necessitas de mais graça para te decidires a procurar a

santidade? Não sentes urgência em clamar: «Jesus, Filho de David, tem piedade de mim»? Que bela

jaculatória para repetires com freqüência!

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Aconselho-vos a meditar com vagar sobre as circunstâncias que precedem o prodígio, a fim de que

conserveis bem gravada na vossa mente uma idéia muito nítida: como os nossos pobres corações são

diferentes do Coração misericordioso de Jesus! Isto ser-vos-á sempre muito útil, de modo especial na hora

da prova, da tentação, e também na hora da resposta generosa nos pequenos afazeres do dia-a-dia ou nas

ocasiões heróicas.

Muitos repreendiam-no para o fazer calar. Tal como a ti, quando suspeitaste de que Jesus passava a teu

lado. Acelerou-se o bater do teu coração e começaste também a clamar, movido por uma íntima

inquietação. E amigos, costumes, comodidade, ambiente, todos te aconselharam: cala-te, não grites! Porque

é que chamarás por Jesus? Não o incomodes!

Mas o pobre Bartimeu não os ouvia e continuava ainda com mais força: «Filho de David, tem piedade de

mim». O Senhor, que o ouviu desde o começo, deixou-o perseverar na sua oração. Contigo, procede da

mesma maneira. Jesus apercebe-Se do primeiro apelo da nossa alma, mas espera. Quer que nos

convençamos de que precisamos Dele; quer que Lhe roguemos, que sejamos teimosos, como aquele cego

que estava à beira do caminho, à saída de Jericó. Imitemo-lo. Ainda que Deus não nos conceda

imediatamente o que Lhe pedimos e, apesar de muitos procurarem afastar-nos da oração, não cessemos de

Lhe implorar.

-DDFT - A fé teologal também chamada fé doutrinal. Por ela o cristão acredita nas verdades reveladas por

Deus, em Jesus Cristo, no Espírito Santo, sobre si mesmo e sobre o homem, e as que são definidas pela

Igreja. Não só pela veracidade dessas verdades, mas pela confiança que depositamos naquele que as

proclamou. Cristo se torna o centro da nossa vida sem precisarmos tê-lo visto corporalmente, mas

sentimo-lo e o vemos com o coração.

-A fé teologal faz o homem crer firmemente em Deus como seu Pai, que se importa com a sua vida, não é

um Deus indiferente, distante da sua vida. É o Criador de todas as coisas, do céu, da terra, origem de tudo

criado, aquele que tudo providencia para a sua vida, que o protege e dele cuida. Esta fé crê firmemente em

Jesus Cristo, reconhecendo-o como enviado do Pai, o Filho de Deus, o Salvador do mundo, Jesus, o “

Verbo que se fez carne e habitou entre nós, e vimos a sua glória que um Filho Único recebe do Pai, cheio

de graça e de verdade”. (Jo.1,14).

Jô.(1,1-18) – DDFT - p.1384 - O Verbo Divino 1.No princípio era o Verbo, e o Verbo estava junto de Deus e o Verbo era Deus.

2.Ele estava no princípio junto de Deus.

3.Tudo foi feito por ele, e sem ele nada foi feito.

4.Nele havia a vida, e a vida era a luz dos homens.

5.A luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam.

6.Houve um homem, enviado por Deus, que se chamava João.

7.Este veio como testemunha, para dar testemunho da luz, a fim de que todos cressem por meio dele.

8.Não era ele a luz, mas veio para dar testemunho da luz.

9.[O Verbo] era a verdadeira luz que, vindo ao mundo, ilumina todo homem.

10.Estava no mundo e o mundo foi feito por ele, e o mundo não o reconheceu.

11.Veio para o que era seu, mas os seus não o receberam.

12.Mas a todos aqueles que o receberam, aos que crêem no seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus,

13.os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas sim de Deus.

14.E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos sua glória, a glória que o Filho único recebe do seu Pai, cheio de

graça e de verdade.

15.João dá testemunho dele, e exclama: Eis aquele de quem eu disse: O que vem depois de mim é maior do que eu, porque

existia antes de mim.

16.Todos nós recebemos da sua plenitude graça sobre graça.

17.Pois a lei foi dada por Moisés, a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo.

18.Ninguém jamais viu Deus. O Filho único, que está no seio do Pai, foi quem o revelou.

Comentário feito por:

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Beato Guerric d’Igny (c.1080-1157), abade cisterciense

1º Sermão para a Natividade

«Eis o sinal que vos é dado: um recém-nascido deitado numa manjedoura (Lc.2,12)»

«Um menino nasceu para nós» (Is.9,5). E o Deus de majestade, aniquilando-se a si próprio (Fl.2,7) tornou-

se semelhante ao corpo terrestre dos mortais, nele se assumindo na frágil e tenra idade das crianças. Ó santa

e doce infância, que restitui ao homem a verdadeira inocência! Por ti todos os homens podem voltar a uma

beata infância (Mt.18,3) e ser conformes ao Menino Deus, não pela pequenez dos membros, mas pela

humildade do coração e doçura dos hábitos.

Que te sirva de exemplo: Deus, sendo o maior, quis tornar-se no mais humilde e mais pequeno de todos.

Para Ele era ainda bem pouco ficar abaixo dos anjos, ao tomar a condição da natureza mortal; teve de

fazer-se menor que os homens, assumindo a idade e a fragilidade de uma criança. Que o homem pio e

humilde a isto preste atenção, e em tal encontre motivo de felicidade. Que o homem ímpio e orgulhoso a

isto preste atenção, e com tal se espante. Vejam o Deus infinito feito menino, um pequenino que devemos

adorar.

Nesta primeira manifestação aos mortais, Deus prefere mostrar-se com os traços de uma pequena criança,

suscitando, nessa aparência, mais amor que temor. E, como vem para salvar e não para julgar, ele

demonstra assim o que o amor poderá suscitar, remetendo para depois o que poderá inspirar o temor.

Aproximemo-nos portanto, com toda a confiança do trono da sua graça (Hb.4,16), nós que trememos só de

pensar nesse trono de glória. Nada de terrível nem de severo há aqui a temer. Pelo contrário, tudo é

bondade e doçura, que nos inspiram confiança. Não há, em verdade, coisa mais fácil de pacificar que o

coração desta criança; Ele precede-te nas oferendas de paz e de satisfação e é o primeiro a enviar-te

mensageiros de paz para te encorajar à reconciliação, a ti, que és culpado. Basta-te querer, e querer com

verdade e de forma perfeita. Ele dar-te-á não apenas o perdão, mas cumular-te-á de graça. Mais ainda: certo

de não ser ganho pequeno ter encontrado a ovelha perdida, celebrará uma festa com os seus anjos

(Lc.15,7).

Jo.3,14-21 DDFC – p.1387 14.Como Moisés levantou a serpente no deserto, assim deve ser levantado o Filho do Homem,

15.para que todo homem que nele crer tenha a vida eterna.

16.Com efeito, de tal modo Deus amou o mundo, que lhe deu seu Filho único, para que todo o que nele crer não pereça, mas

tenha a vida eterna.

17.Pois Deus não enviou o Filho ao mundo para condená-lo, mas para que o mundo seja salvo por ele.

18.Quem nele crê não é condenado, mas quem não crê já está condenado; por que não crê no nome do Filho único de

Deus. 19.Ora, este é o julgamento: a luz veio ao mundo, mas os homens amaram mais as trevas do que a luz, pois as suas obras eram

más.

20.Porquanto todo aquele que faz o mal odeia a luz e não vem para a luz, para que as suas obras não sejam reprovadas.

21.Mas aquele que pratica a verdade, vem para a luz. Torna-se assim claro que as suas obras são feitas em Deus.

Comentário feito por:

Santo Efrém (c. 306-373), diácono da Síria, Doutor da Igreja

Sermão atribuído a Santo Efrém, Sobre a Penitência (trad. Ir Isabelle de la Source, Lire la Bible,

Mediaspaul 1990, t. 2, p. 143)

«É necessário que o Filho do Homem seja erguido ao alto, a fim de que todo o que Nele crê tenha a

vida eterna» - (v.16)

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Quando o povo pecou no deserto (Nm.21,5ss.), Moisés, que era profeta, ordenou aos israelitas que

fixassem uma serpente a uma cruz, ou seja, que matassem o pecado. Eles tinham de olhar para a serpente,

porque fora por meio de serpentes que os filhos de Israel tinham sido castigados. E por que razão o foram

por meio de serpentes? Porque tinham renovado a conduta dos nossos primeiros pais. Adão e Eva tinham

ambos pecado, comendo o fruto da árvore; os israelitas tinham murmurado por causa da comida. Proferir

queixas porque não se tem legumes é o cúmulo da murmuração. O salmo atesta: «Eles revoltaram-se contra

o Altíssimo no deserto» (Sl 77, 17). Ora, também no Paraíso tinha sido a serpente a dar início à

murmuração.

Os filhos de Israel aprenderiam assim que a mesma serpente que tinha conspirado para levar a morte a

Adão conspirara igualmente para matá-los. Por isso, Moisés suspendeu-a de um madeiro, a fim de que, ao

vê-la, eles fossem conduzidos, por semelhança, a recordar-se da árvore. Com efeito, aqueles que para ela

voltavam os seus olhos eram salvos, não por causa da serpente, naturalmente, mas por se terem convertido.

Olhando para a serpente, recordavam-se dos seus pecados. Por terem sido mordidos, arrependiam-se e

voltavam a ser salvos. A sua conversão transformava o deserto em morada de Deus; o povo pecador

tornava-se, pela penitência, uma assembléia eclesial e, melhor ainda, apesar de si mesmo, adorava a cruz.

Jo. (4,43-54) - DDFC – pg.1389

43. Passados os dois dias, Jesus partiu para a Galiléia.

44. (Ele mesmo havia declarado que um profeta não é honrado na sua pátria.)

45. Chegando à Galiléia, acolheram-no os galileus, porque tinham visto tudo o que fizera durante a festa em Jerusalém; pois

também eles tinham ido à festa.

46. Ele voltou, pois, a Caná da Galiléia, onde transformara água em vinho. Havia então em Cafarnaum um oficial do rei, cujo

filho estava doente.

47. Ao ouvir que Jesus vinha da Judéia para a Galiléia, foi a ele e rogou-lhe que descesse e curasse seu filho, que estava prestes a

morrer.

48. Disse-lhe Jesus: Se não virdes milagres e prodígios, não credes...

49. Pediu-lhe o oficial: Senhor, desce antes que meu filho morra!

50. Vai, disse-lhe Jesus, o teu filho está passando bem! O homem acreditou na palavra de Jesus e partiu.

51. Enquanto ia descendo, os criados vieram-lhe ao encontro e lhe disseram: Teu filho está passando bem.

52. Indagou então deles a hora em que se sentira melhor. Responderam-lhe: Ontem à sétima hora a febre o deixou.

53. Reconheceu o pai ser a mesma hora em que Jesus dissera: Teu filho está passando bem. E creu tanto ele como toda a sua

casa.

54. Esse foi o segundo milagre que Jesus fez, depois de voltar da Judéia para a Galiléia.

– Através do DDFC o Espírito Santo nos dá a certeza de que Deus agirá, de que o poder de Deus irá

intervir em alguma situação da vida do homem. Pelo dom carismático da fé cremos que Deus opera hoje

maravilhas em favor do seu povo. A fé move a manifestação do poder de Deus através do seu Espírito

Santo. No texto, o oficial do rei suplica a cura de seu filho, que estava prestes a morrer.

Comentário feito por:

Imitação de Cristo, tratado espiritual do séc. XV

IV, 18

«Se não virdes sinais extraordinários e prodígios, não acreditais» - (v.48)

«Aquele que pretender sondar a majestade divina será oprimido pela sua glória» (Pr.25, 27 Vulg.). Deus

não deu ao homem inteligência suficiente para que lhe seja possível o conhecimento total; o que te é

exigido é uma fé sólida e uma vida pura, e não um conhecimento universal. Se por vezes não consegues

compreender e apreender o que está abaixo de ti, como poderás compreender o que te está acima?

Abandona-te a Deus, submete a tua razão à fé, e ser-te-á dada a luz necessária.

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Alguns são tentados sobre a fé e o Santíssimo Sacramento; pode haver nisso uma sugestão do inimigo. Não

te deixes assaltar pelas dúvidas que o diabo te inspira, nem te atormentes com os pensamentos que ele te

sugere, mas crê na palavra de Deus, crê nos seus santos e profetas, que de ti fugirá o espírito maligno. É

por vezes muito proveitoso aos servos de Deus sofrer estas tribulações. De fato, não é aos infiéis e aos

pecadores que o diabo tenta, pois sabe que os tem já na mão; é aos fiéis e aos que querem a Deus que ele

tenta, por todos os meios, para possuí-los.

Caminha pois na senda do Senhor com fé simples e inabalável; aproxima-te d’Ele com humildade e

respeito, e tudo aquilo que não puderes compreender, confia-o a Deus todo-poderoso. Deus não engana

ninguém, mas bem pode enganar-se aquele que confia demasiado em si próprio. Deus está com os simples,

revela-se aos humildes, «dá inteligência aos pequenos» (Sl.118,130), indica o caminho às almas puras, mas

oculta a sua graça aos curiosos e soberbos. A razão humana é muitas vezes dada ao erro, mas a verdadeira

fé é infalível. A razão e a investigação racional devem seguir a fé; não precedê-la, nem combatê-la.

Comentário feito por:

Gregório de Narek (cerca de 944- cerca de 1010), monge e poeta armênio

O Livro das Orações, 12, 1 (trad. SC 78, p. 102 rev.)

«Se não virdes sinais extraordinários e prodígios, não acreditais»

«Todo aquele que invocar o nome do Senhor

será salvo» (Jl.3,5; Rm.10,13).

Quanto a mim, não apenas O invoco

mas, antes de tudo, creio na Sua grandeza.

Não é pelos Seus presentes

que persevero nas minhas súplicas:

é que Ele é a Vida verdadeira

e n'Ele respiro;

Sem Ele não há movimento nem progresso.

Não é tanto pelos laços de esperança:

é pelos laços de amor que sou atraído.

Não é dos dons:

é do Doador que tenho perpétua nostalgia.

Não é à glória que aspiro:

é ao Senhor glorificado que quero abraçar.

Não é de sede da vida que constantemente me consumo,

é da lembrança d'Aquele que dá a vida.

Não é pelo desejo de felicidade que suspiro,

que do mais profundo do meu coração rompo em soluços:

é porque anelo por Aquele que a prepara.

Não é o repouso que procuro,

é a face d'Aquele que aquietará o meu coração suplicante.

Não é por causa do festim nupcial que feneço,

é pelo anseio do Esposo.

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Na esperança certa do Seu poder

apesar do fardo dos meus pecados,

creio, com uma esperança inabalável,

que, confiando-me na mão do Todo-Poderoso,

não somente obterei o perdão

mas que O verei em pessoa,

graças à Sua misericórdia e à Sua piedade

e que, conquanto justamente mereça ser proscrito,

herdarei o Céu.

Jo.11,1-45 – DDFC p.1399.0 1.Lázaro caiu doente em Betânia, onde estavam Maria e sua irmã Marta.

2.Maria era quem ungira o Senhor com o óleo perfumado e lhe enxugara os pés com os seus cabelos. E Lázaro, que estava

enfermo, era seu irmão.

3.Suas irmãs mandaram, pois, dizer a Jesus: Senhor, aquele que tu amas está enfermo.

4.A estas palavras, disse-lhes Jesus: Esta enfermidade não causará a morte, mas tem por finalidade a glória de Deus. Por ela será

glorificado o Filho de Deus.

5.Ora, Jesus amava Marta, Maria, sua irmã, e Lázaro.

6.Mas, embora tivesse ouvido que ele estava enfermo, demorou-se ainda dois dias no mesmo lugar.

7.Depois, disse a seus discípulos: Voltemos para a Judéia.

8.Mestre, responderam eles, há pouco os judeus te queriam apedrejar, e voltas para lá?

9.Jesus respondeu: Não são doze as horas do dia? Quem caminha de dia não tropeça, porque vê a luz deste mundo.

10.Mas quem anda de noite tropeça, porque lhe falta a luz.

11.Depois destas palavras, ele acrescentou: Lázaro, nosso amigo, dorme, mas vou despertá-lo.

12.Disseram-lhe os seus discípulos: Senhor, se ele dorme, há de sarar.

13.Jesus, entretanto, falara da sua morte, mas eles pensavam que falasse do sono como tal.

14.Então Jesus lhes declarou abertamente: Lázaro morreu.

15.Alegro-me por vossa causa, por não ter estado lá, para que creiais. Mas vamos a ele.

16.A isso Tomé, chamado Dídimo, disse aos seus condiscípulos: Vamos também nós, para morrermos com ele.

17.À chegada de Jesus, já havia quatro dias que Lázaro estava no sepulcro.

18.Ora, Betânia distava de Jerusalém cerca de quinze estádios.

19.Muitos judeus tinham vindo a Marta e a Maria, para lhes apresentar condolências pela morte de seu irmão.

20.Mal soube Marta da vinda de Jesus, saiu-lhe ao encontro. Maria, porém, estava sentada em casa.

21.Marta disse a Jesus: Senhor, se tivesses estado aqui, meu irmão não teria morrido!

22.Mas sei também, agora, que tudo o que pedires a Deus, Deus to concederá.

23.Disse-lhe Jesus: Teu irmão ressurgirá.

24.Respondeu-lhe Marta: Sei que há de ressurgir na ressurreição no último dia.

25.Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida. Aquele que crê em mim, ainda que esteja morto, viverá.

26.E todo aquele que vive e crê em mim, jamais morrerá. Crês nisto?

27.Respondeu ela: Sim, Senhor. Eu creio que tu és o Cristo, o Filho de Deus, aquele que devia vir ao mundo.

28.A essas palavras, ela foi chamar sua irmã Maria, dizendo-lhe baixinho: O Mestre está aí e te chama.

29.Apenas ela o ouviu, levantou-se imediatamente e foi ao encontro dele.

30.(Pois Jesus não tinha chegado à aldeia, mas estava ainda naquele lugar onde Marta o tinha encontrado.)

31.Os judeus que estavam com ela em casa, em visita de pêsames, ao verem Maria levantar-se depressa e sair, seguiram-na,

crendo que ela ia ao sepulcro para ali chorar.

32.Quando, porém, Maria chegou onde Jesus estava e o viu, lançou-se aos seus pés e disse-lhe: Senhor, se tivesses estado aqui,

meu irmão não teria morrido!

33.Ao vê-la chorar assim, como também todos os judeus que a acompanhavam, Jesus ficou intensamente comovido em espírito.

E, sob o impulso de profunda emoção,

34.perguntou: Onde o pusestes? Responderam-lhe: Senhor, vinde ver.

35.Jesus pôs-se a chorar.

36.Observaram por isso os judeus: Vede como ele o amava!

37.Mas alguns deles disseram: Não podia ele, que abriu os olhos do cego de nascença, fazer com que este não morresse?

38.Tomado, novamente, de profunda emoção, Jesus foi ao sepulcro. Era uma gruta, coberta por uma pedra.

39.Jesus ordenou: Tirai a pedra. Disse-lhe Marta, irmã do morto: Senhor, já cheira mal, pois há quatro dias que ele está aí...

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40.Respondeu-lhe Jesus: Não te disse eu: Se creres, verás a glória de Deus? Tiraram, pois, a pedra.

41.Levantando Jesus os olhos ao alto, disse: Pai, rendo-te graças, porque me ouviste.

42.Eu bem sei que sempre me ouves, mas falo assim por causa do povo que está em roda, para que creiam que tu me enviaste.

43.Depois destas palavras, exclamou em alta voz: Lázaro, vem para fora!

44.E o morto saiu, tendo os pés e as mãos ligados com faixas, e o rosto coberto por um sudário. Ordenou então Jesus: Desligai-o

e deixai-o ir.

45.Muitos dos judeus, que tinham vindo a Marta e Maria e viram o que Jesus fizera, creram nele.

-Jesus também agia segundo a fé que Ele tinha que seu Pai iria realizar a sua obra, com é o caso da

ressurreição de Lázaro. Jesus sabia que Lázaro já tinha morrido e assim mesmo se demora a ira a Betânia,

onde diante do túmulo de Lázaro faz a seguinte oração: ”Pai, rendo-te graças porque me ouviste. Eu bem

sei que sempre me ouves...”. (vv.41-42). Jesus tinha a certeza antecipada da ressurreição de Lázaro e é o

que acontece. O pai, pela mediação de Jesus, ressuscita Lázaro, e esta obra de Jesus pela fé (carismática) de

que o Pai opera poderosa e ilimitadamente contagia muitas outras pessoas que ao verem a vida ser

devolvida a Lázaro , creram no Messias. (v.45).

-Jesus diz para nós: ”Se creres, verás a glória de Deus”. (v.40). É a fé que faz o homem de todos os tempos

ver a glória de Deus. Os homens, ao presenciarem as manifestações poderosas de Deus, são fortemente

impulsionados a uma adesão verdadeira a Jesus, crendo no amor verdadeiro e na misericórdia infinita de

Deus.

Comentário feito por:

São Gregório de Nazianzo (330-390), bispo, doutor da Igreja

Sermão sobre o Santo Batismo

“Lázaro, sai para fora” – (v.43)

“Lázaro, sai para fora!” Deitado no túmulo, ouviste este chamamento imperioso. Haverá voz mais sonora

do que a do Verbo? Então, vieste para fora, tu que estavas morto, e não apenas há quatro dias, mas há

muito tempo. Ressuscitaste com Cristo […]; caíram-te as ligaduras. Agora, não voltes a cair na morte; não

voltes a juntar-te aos que habitavam nos túmulos; não te deixes abafar pelas ligaduras dos teus pecados. É

que talvez não pudesses voltar a ressuscitar. Poderias acaso retirar da morte deste mundo a ressurreição de

todos, no final dos tempos?

Que o chamamento do Senhor te ressoe, pois, aos ouvidos! Não te feches aos ensinamentos e aos conselhos

do Senhor. Se estavas cego e mergulhado em trevas no túmulo, abre os olhos para não te afundares no sono

da morte. Na luz do Senhor, contempla a luz; no Espírito de Deus, fixa o teu olhar no Filho. Se acolheres a

Palavra, concentrarás na tua alma todo o poder de Cristo, que cura e ressuscita. Não receies sofrer para

conservares a pureza do teu batismo e abre no coração os caminhos que te fazem ascender ao Senhor.

Conserva cuidadosamente o ato de libertação que recebeste por pura graça.

Sejamos luz, como os discípulos aprenderam a sê-lo Daquele que é a grande Luz: “Vós sois a luz do

mundo” (Mt 5, 14). Sejamos luminárias no mundo, erguendo bem alto a Palavra da vida, sendo poder de

vida para os outros. Partamos em busca de Deus, em busca Daquele que é a primeira e a mais pura das

luzes.

Jo.(11,11-27)- DDFC p.1400 19.Muitos judeus tinham vindo a Marta e a Maria, para lhes apresentar condolências pela morte de seu irmão. 20.Mal soube

Marta da vinda de Jesus, saiu-lhe ao encontro. Maria, porém, estava sentada em casa.

21.Marta disse a Jesus: Senhor, se tivesses estado aqui, meu irmão não teria morrido!

22.Mas sei também, agora, que tudo o que pedires a Deus, Deus to concederá.

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23.Disse-lhe Jesus: Teu irmão ressurgirá.

24.Respondeu-lhe Marta: Sei que há de ressurgir na ressurreição no último dia.

25.Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida. Aquele que crê em mim, ainda que esteja morto, viverá.

26.E todo aquele que vive e crê em mim, jamais morrerá. Crês nisto?

27.Respondeu ela: Sim, Senhor. Eu creio que tu és o Cristo, o Filho de Deus, aquele que devia vir ao mundo

Comentário feito por:

Santo Agostinho (354-430), Bispo de Hipona (Norte de África) e Doutor da Igreja

Sermões sobre o Evangelho de João, n° 49, 15

«Quem crê em Mim viverá»

«Quem crê em Mim, mesmo que tenha morrido, viverá. E todo aquele que vive e crê em Mim não morrerá

para sempre.» Que quer isto dizer? «Quem crê em Mim, mesmo que tenha morrido como Lázaro, viverá»,

porque Deus não é um Deus de mortos mas um Deus de vivos. Já a propósito de Abraão, de Isaac e de

Jacob, os patriarcas há muito mortos, Jesus tinha dado aos judeus a mesma resposta: «Eu sou o Deus de

Abraão, de Isaac e de Jacob; não um Deus dos mortos, mas dos vivos, porque para Ele todos estão vivos»

(cf. Lc 20, 38). Por isso, crê e, mesmo que estejas morto, viverás! Mas se não crês, mesmo que estejas vivo,

na verdade estás morto. [...] De onde vem a morte da alma? Vem do fato de a fé já lá não estar. De onde

vem a morte do corpo? Vem do fato de a alma já lá não estar. A alma da tua alma é a fé.

«Quem crê em Mim, mesmo que tenha morrido no seu corpo, terá a vida na sua alma até que o próprio

corpo ressuscite para nunca mais morrer. E quem vive na sua carne e crê em Mim, embora tenha de morrer

durante algum tempo no seu corpo, não morrerá para a eternidade, devido à vida do Espírito e à

imortalidade da ressurreição.»

É isto que Jesus quer dizer na Sua resposta a Marta. [...] «Crês nisto?» «Sim, ó Senhor, respondeu ela, eu

creio que Tu és o Cristo, o Filho de Deus que havia de vir ao mundo. E, acreditando nisto, acreditei que és

a ressurreição, acreditei que és a vida, acreditei que aquele que crê em Ti, mesmo que morra, viverá;

acreditei que quem está vivo e crê em Ti não morrerá para a eternidade.»

Comentário feito por:

São Francisco de Sales (1567-1622), Bispo de Genebra e Doutor da Igreja

Introdução à vida devota, III, 19

«Jesus era muito amigo de Marta, da sua irmã e de Lázaro» (Jo 11, 5)

Amai toda a gente com grande amor de caridade, mas reservai a vossa amizade profunda para os que

podem partilhar convosco as coisas boas. [...] Se partilham no domínio dos conhecimentos, a vossa

amizade é certamente louvável; mais ainda se comungam da prudência, da discrição, da força e da justiça.

Mas, se a vossa relação é fundada na caridade, na devoção e na perfeição cristã, ó Deus, a vossa amizade é

preciosa! É admirável porque vem de Deus, admirável porque tende para Deus, admirável porque o seu

laço, é Deus, porque é eterna em Deus. Como é bom amar na terra como se ama no céu, aprendei a amar

neste mundo como o faremos para sempre no outro!

Não falo aqui do amor simples da caridade, porque esse deve ser levado a todos os homens; falo da

amizade espiritual, pela qual dois, três ou vários comungam na vida espiritual e têm um só coração e uma

só alma (cf. At.4, 32). É verdadeiramente justo que tais almas cantem felizes: «Vede como é bom e

agradável que os irmãos vivam unidos!» (Sl 132, 1). [...] Parece-me que todas as outras amizades não são

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mais do que a sombra desta. É fundamental que os cristãos que vivem no mundo se ajudem uns aos outros

através de santas amizades; por este meio incentivam-se, apoiam-se, conduzem-se mutuamente para o bem.

[...] Ninguém pode negar que Nosso Senhor amou com uma amizade mais doce e muito especial São João,

Lázaro, Marta e Madalena, pois o Evangelho o testemunha.

Jo.17,11.17-23 DDFC- p.1907 11.Já não estou no mundo, mas eles estão ainda no mundo; eu, porém, vou para junto de ti. Pai santo, guarda-os em teu nome,

que me encarregaste de fazer conhecer, a fim de que sejam um como nós.

17.Santifica-os pela verdade. A tua palavra é a verdade.

18.Como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo.

19.Santifico-me por eles para que também eles sejam santificados pela verdade.

20.Não rogo somente por eles, mas também por aqueles que por sua palavra hão de crer em mim.

21.Para que todos sejam um, assim como tu, Pai, estás em mim e eu em ti, para que também eles estejam em nós e o

mundo creia que tu me enviaste. 22.Dei-lhes a glória que me deste, para que sejam um, como nós somos um:

23.eu neles e tu em mim, para que sejam perfeitos na unidade e o mundo reconheça que me enviaste e os amaste, como amaste a

mim.

Comentário feito por:

Catecismo da Igreja Católica, §§ 577-581

O cumprimento da Lei

Jesus fez uma solene advertência no início do sermão da montanha, ao apresentar a Lei dada por Deus no

Sinai, quando da primeira Aliança, à luz da graça da Nova Aliança: «Não penseis que vim revogar a Lei ou

os Profetas; não vim revogá-los, mas levá-los à perfeição» (Mt.5, 17-19).

Jesus, o Messias de Israel e, portanto, o maior no Reino dos céus, fazia questão de cumprir a Lei,

executando-a integralmente até nos menores preceitos, segundo as Suas próprias palavras. Foi, mesmo, o

único a poder fazê-lo perfeitamente. O cumprimento perfeito da Lei só podia ser obra do divino Legislador,

nascido sujeito à Lei na pessoa do Filho. Em Jesus, a Lei já não aparece gravada em tábuas de pedra, mas

«no íntimo do coração» (Jr.31,33) do Servo, o qual, proclamando «fielmente o direito» (Is.42, 3), se tornou

«a aliança do povo» (Is 42, 6). Jesus cumpriu a Lei até ao ponto de tomar sobre Si «a maldição da Lei»

(Gl.3,13) em que incorrem «aqueles que não praticam todos os preceitos da Lei» (Gl.3, 10); porque «a

morte de Cristo foi para remir as faltas cometidas durante a primeira Aliança» (Hb.9,15).

Jesus «ensinava como quem tem autoridade e não como os escribas» (Mt.7, 28-29). N'Ele, era a própria

Palavra de Deus, que Se fizera ouvir no Sinai para dar a Moisés a Lei escrita, que de novo Se fazia ouvir

sobre a montanha das bem-aventuranças (Mt.5,1). Esta Palavra de Deus não aboliu a Lei, mas cumpriu-a,

ao fornecer, de modo divino, a sua interpretação última: «Ouvistes que foi dito aos antigos. Eu, porém,

digo-vos» (Mt.5,33-34). Com esta mesma autoridade divina, desaprova certas «tradições humanas» (Mc.7,

8) dos fariseus, que «anulam a Palavra de Deus» (Mc.7, 3).

Jo.17,20-26- DDFC p1408

20.Não rogo somente por eles, mas também por aqueles que por sua palavra hão de crer em mim.

21.Para que todos sejam um, assim como tu, Pai, estás em mim e eu em ti, para que também eles estejam em nós e o

mundo creia que tu me enviaste.

22.Dei-lhes a glória que me deste, para que sejam um, como nós somos um:

23.eu neles e tu em mim, para que sejam perfeitos na unidade e o mundo reconheça que me enviaste e os amaste, como amaste a

mim.

24.Pai, quero que, onde eu estou, estejam comigo aqueles que me deste, para que vejam a minha glória que me concedeste,

porque me amaste antes da criação do mundo.

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25.Pai justo, o mundo não te conheceu, mas eu te conheci, e estes sabem que tu me enviaste.

26.Manifestei-lhes o teu nome, e ainda hei de lho manifestar, para que o amor com que me amaste esteja neles, e eu neles.

Comentário feito por:

João Paulo II

Encíclica «Ut unum sint», § 22

«Que todos sejam um»

Quando os cristãos rezam juntos, a meta da unidade fica mais próxima. A longa história dos cristãos,

marcada por múltiplas fragmentações, parece recompor-se tendendo para a fonte da sua unidade, que é

Jesus Cristo. Ele «é sempre o mesmo ontem, hoje e por toda a eternidade» (Hb.13, 8). Na comunhão de

oração, Cristo está realmente presente; reza «em nós», «conosco» e «por nós». É Ele que guia a nossa

oração no Espírito Consolador, que prometeu e deu à sua Igreja no Cenáculo de Jerusalém, quando a

constituiu na sua unidade original.

No caminho ecumênico para a unidade, a primazia pertence, sem dúvida, à oração comum, à união orante

daqueles que se congregam à volta do próprio Cristo. Se os cristãos, apesar das suas divisões, souberem

unir-se cada vez mais em oração comum ao redor de Cristo, crescerá a sua consciência de como é reduzido

o que os divide em comparação com aquilo que os une. Se se encontrarem sempre mais assiduamente

diante de Cristo na oração, os cristãos poderão ganhar coragem para enfrentar toda a dolorosa realidade

humana das divisões, e reencontrar-se-ão juntos naquela comunidade da Igreja que Cristo forma

incessantemente no Espírito Santo, apesar de todas as debilidades e limitações humanas.

Jo.20,24-29- DDFC p.1412 24.Tomé, um dos Doze, chamado Dídimo, não estava com eles quando veio Jesus.

25.Os outros discípulos disseram-lhe: Vimos o Senhor. Mas ele replicou-lhes: Se não vir nas suas mãos o sinal dos pregos, e não

puser o meu dedo no lugar dos pregos, e não introduzir a minha mão no seu lado, não acreditarei!

26.Oito dias depois, estavam os seus discípulos outra vez no mesmo lugar e Tomé com eles. Estando trancadas as portas, veio

Jesus, pôs-se no meio deles e disse: A paz esteja convosco!

27.Depois disse a Tomé: Introduz aqui o teu dedo, e vê as minhas mãos. Põe a tua mão no meu lado. Não sejas incrédulo, mas

homem de fé.

28.Respondeu-lhe Tomé: Meu Senhor e meu Deus!

29.Disse-lhe Jesus: Creste, porque me viste. Felizes aqueles que crêem sem ter visto!

Comentário feito por:

Santo Agostinho (354-430), Bispo de Hipona (África do Norte) e Doutor da Igreja

Sermão 88

«Felizes os que crêem sem terem visto»

A fraqueza dos discípulos era tão grande que, não satisfeitos em verem o Senhor ressuscitado, quiseram

ainda tocar-Lhe para acreditarem n'Ele. Não lhes bastava ver com os seus próprios olhos, ainda quiseram

aproximar as suas mãos dos Seus membros e tocar nas cicatrizes das Suas feridas recentes. Foi após ter

tocado e reconhecido as cicatrizes, que o discípulo incrédulo exclamou: «Meu Senhor e meu Deus!» Essas

cicatrizes revelavam Aquele que curava todas as feridas dos outros. Não teria o Senhor podido ressuscitar

sem cicatrizes? Mas no coração dos seus discípulos, Ele via feridas que as cicatrizes que conservara no Seu

corpo deviam sarar.

E que responde o Senhor a esta confissão de fé do seu discípulo que diz: «Meu Senhor e meu Deus»?

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«Porque Me viste, acreditaste. Felizes os que crêem sem terem visto.» De quem fala Ele, meus irmãos, se

não de nós? E não apenas de nós mas também daqueles que virão depois de nós. Porque, pouco tempo

depois, quando Ele escapou aos olhares mortais para fortalecer a fé nos seus corações, todos aqueles que se

tornaram crentes creram sem terem visto, e a sua fé tinha um grande mérito: para a obterem, eles

aproximaram d'Ele, não uma mão que queria tocar, mas apenas um coração afetuoso.

Comentário feito por:

Basílio da Selêucia (?-c. 468), bispo

Sermão para a Ressurreição, 1-4 (a partir da trad. de Bresard, 2000 ans, p. 128)

Não sejas incrédulo e seja Meu apóstolo

«Olha as Minhas mãos: chega cá o teu dedo!» Procuravas-Me quando eu não estava cá, aproveita agora.

Sei do teu desejo, apesar do teu silêncio. E antes que mo digas, já sei o que pensas. Ouvi-te falar e, embora

estivesse invisível, estava perto de ti, próximo das tuas dúvidas. Sem deixar que Me visses, fiz-te esperar,

para melhor observar a tua impaciência. «Olha as Minhas mãos: chega cá o teu dedo! Estende a tua mão e

põe-na no Meu peito. E não sejas incrédulo, mas fiel.»

Então Tomé tocou-Lhe e toda a sua desconfiança caiu por terra. Cheio de uma fé sincera e de todo o amor

que devemos a Deus, exclamou: «Meu Senhor e meu Deus!» E o Senhor diz-lhe: «Porque Me viste,

acreditaste. Felizes os que crêem sem terem visto.» Tomé, leva a notícia da ressurreição àqueles que não

Me viram. Conduz toda a terra a acreditar, não nos seus olhos, mas na tua palavra. Vai até aos povos e às

cidades longínquas. Ensina-lhes a levar a cruz aos ombros, em vez das armas. Basta que Me anuncies:

acreditarão e adorar-Me-ão. Não exigirão outras provas. Diz-lhes que são chamados pela graça e tu,

contempla a fé deles: em verdade, felizes os que crêem sem terem visto.

Tal é o exército do Senhor. Tais são os filhos da piscina batismal, as obras da graça, a colheita do Espírito.

Seguiram a Cristo sem O terem visto, procuraram-No e creram n'Ele. Reconheceram-No com os olhos da

fé e não com os do corpo. Não meteram o dedo no sinal dos pregos mas agarraram-se à Sua cruz e

abraçaram os Seus sofrimentos. Não viram o peito do Senhor mas, pela graça, tornaram-se membros do

Seu corpo e fizeram sua a palavra de Cristo: «Felizes os que crêem sem terem visto.»

Comentário feito por:

Papa Bento XVI

Audiência geral do dia 27/9/06 (trad. DC 2367, p. 958 © Libreria Editrice Vaticana)

S. Tomé quer seguir Cristo onde quer que Ele vá e compreender tudo o que Ele diz

Quando Jesus, num momento crítico da sua vida, decidiu ir a Betânia para ressuscitar Lázaro,

aproximando-se assim perigosamente de Jerusalém (cf. Mc 10, 32), Tomé disse aos seus condiscípulos:

"Vamos nós também, para morrermos com Ele" (Jo 11, 16). Esta sua determinação em seguir o Mestre é

deveras exemplar e oferece-nos um precioso ensinamento: revela a disponibilidade total a aderir a Jesus,

até identificar o próprio destino com o dele e querer partilhar com Ele a prova suprema da morte. De fato,...

quando os Evangelhos usam o verbo "seguir" é para significar que para onde Ele se dirige, para lá deve ir

também o seu discípulo. Deste modo, a vida cristã define-se como uma vida com Jesus Cristo: morrer

juntos, viver juntos, estar no seu coração como. Ele está no nosso.

Uma segunda intervenção de Tomé está registrada na Última Ceia. Naquela ocasião Jesus, predizendo a

sua partida iminente, anuncia que vai preparar um lugar para os discípulos para que também eles estejam

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onde Ele estiver; e esclarece: "E, para onde Eu vou, vós sabeis o caminho" (Jo 14, 4). É então que Tomé

intervém e diz: "Senhor, não sabemos para onde vais, como podemos nós saber o caminho?" (Jo 14, 5)...

Estas suas palavras fornecem a Jesus a ocasião para pronunciar a célebre definição: "Eu sou o Caminho, a

Verdade e a Vida" (Jo 14, 6). Portanto, Tomé é o primeiro a quem é feita esta revelação, mas ela é válida

também para todos nós e para sempre...

Ao mesmo tempo, a sua pergunta confere também a nós o direito, por assim dizer, de pedir explicações a

Jesus. Com freqüência nós não o compreendemos. Temos a coragem para dizer: não te compreendo

Senhor, ouve-me, ajuda-me a compreender. Desta forma, com esta franqueza que é o verdadeiro modo de

rezar, de falar com Jesus, exprimimos a insuficiência da nossa capacidade de compreender, ao mesmo

tempo colocamo-nos na atitude confiante de quem espera luz e força de quem é capaz de doá-las.

Jo.21,20-25- ddfc.- p.1413 20.Voltando-se Pedro, viu que o seguia aquele discípulo que Jesus amava (aquele que estivera reclinado sobre o seu peito,

durante a ceia, e lhe perguntara: Senhor, quem é que te há de trair?).

21.Vendo-o, Pedro perguntou a Jesus: Senhor, e este? Que será dele?

22.Respondeu-lhe Jesus: Que te importa se eu quero que ele fique até que eu venha? Segue-me tu.

23.Correu por isso o boato entre os irmãos de que aquele discípulo não morreria. Mas Jesus não lhe disse: Não morrerá, mas:

Que te importa se quero que ele fique assim até que eu venha?

24.Este é o discípulo que dá testemunho de todas essas coisas, e as escreveu. E sabemos que é digno de fé o seu testemunho.

25.Jesus fez ainda muitas outras coisas. Se fossem escritas uma por uma, penso que nem o mundo inteiro poderia conter os livros

que se deveriam escrever.

Comentário feito por:

Santo Agostinho (354-430), Bispo de Hipona (África do Norte) e Doutor da Igreja

Sermões sobre o evangelho de João, n° 124; CCL 36, 685 (trad. Orval)

Dois apóstolos, duas vidas, uma Igreja

A Igreja conhece duas vidas louvadas e recomendadas por Deus. Uma é na fé, a outra na visão; uma na

peregrinação do tempo, a outra na morada da eternidade; uma no trabalho, a outra no repouso; uma no

caminho, a outra na pátria; uma no esforço da ação, a outra na recompensa da contemplação. [...] A

primeira é simbolizada pelo apóstolo Pedro, a segunda por João. E não são só eles, mas toda a Igreja,

Esposa de Cristo, que o realiza, ela que será libertada das provações deste mundo e permanecer na

beatitude eterna.

Pedro e João simbolizaram, cada um, uma destas duas vidas. Mas ambos passaram juntos a primeira, no

tempo, pela fé; e juntos desfrutarão a segunda, na eternidade, pela visão. Foi portanto, para todos os santos

unidos inseparavelmente ao corpo de Cristo, e a fim de os conduzir no meio das tempestades desta vida,

que Pedro, o primeiro dos apóstolos, recebeu as chaves do reino dos céus, com o poder de reter ou absolver

os pecados (Mt 16, 19). Foi também por todos os santos, e a fim de lhes dar acesso à profundidade serena

da sua vida mais íntima, que Cristo deixou João repousar no Seu peito (Jo 13, 23.25). Pois o poder de reter

ou absolver os pecados não pertence somente a Pedro, mas a toda a Igreja; e João não é o único a beber na

fonte do peito do Senhor, o Verbo que desde o início é Deus junto de Deus (Jo 7, 38;1, 1), [...] mas o

próprio Senhor dedica o Seu Evangelho a todos os homens do mundo inteiro, para que cada um o beba

consoante a sua capacidade.

At.(2,4) – DDFT – pg.1414

4.Ficaram todos cheios do Espírito Santo e começaram a falar em línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que

falassem.

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– A fé teologal nos faz crer que somos justificados gratuitamente pela fé em Nosso Senhor Jesus Cristo; crê

firmemente no Espírito Santo de Deus que edifica a Igreja de Cristo, e a santifica;crê que o Espírito Santo é

o poder de Deus, “a força do alto”, derramada em seus corações, o Paráclito, que segura a outra ponta da

nossa fraqueza, o seu “ Advogado”, aquele que lhe revela sobre a justiça e a verdade. (v.4).

E porque crê firmemente nas três pessoas da Santíssima Trindade, não sé crê intelectualmente, mas adere

profundamente às suas verdades que se tornam regras de amor para o seu caminho.Reconhece nessas

verdades o único caminho que o levará à verdadeira felicidade e que resgatará, reconstituirá a sua

dignidade destruída pelo pecado.

At.2,1-11 – DDFT – p.1414.5 1.Chegando o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar.

2.De repente, veio do céu um ruído, como se soprasse um vento impetuoso, e encheu toda a casa onde estavam sentados.

3.Apareceu-lhes então uma espécie de línguas de fogo que se repartiram e pousaram sobre cada um deles.

4.Ficaram todos cheios do Espírito Santo e começaram a falar em línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que

falassem.

5.Achavam-se então em Jerusalém judeus piedosos de todas as nações que há debaixo do céu.

6.Ouvindo aquele ruído, reuniu-se muita gente e maravilhava-se de que cada um os ouvia falar na sua própria língua.

7.Profundamente impressionados, manifestavam a sua admiração: Não são, porventura, galileus todos estes que falam?

8.Como então todos nós os ouvimos falar, cada um em nossa própria língua materna?

9.Partos, medos, elamitas; os que habitam a Macedônia, a Judéia, a Capadócia, o Ponto, a Ásia,

10.a Frígia, a Panfília, o Egito e as províncias da Líbia próximas a Cirene; peregrinos romanos,

11.judeus ou prosélitos, cretenses e árabes; ouvimo-los publicar em nossas línguas as maravilhas de Deus!

Comentário feito por:

São Bruno de Segni (c. 1045-1123), bispo

Comentário ao Êxodo, cap. 15 (trad. Sr Isabelle de la Source, Lire la Bible, vol. 2, p. 78)

Do Pentecostes judaico ao Pentecostes cristão

O Monte Sinai é o símbolo do Monte Sião. [...] Reparai até que ponto as duas alianças se ecoam uma à

outra, com que harmonia a festa de Pentecostes é celebrada em cada uma delas. O Senhor desceu ao Monte

Sião no mesmo dia e de maneira muito semelhante a como tinha descido ao Monte Sinai.

Escreve Lucas: «Subitamente ressoou, vindo do céu, um som comparável ao de forte rajada de vento, que

encheu toda a casa onde se encontravam. Viram então aparecer umas línguas à maneira de fogo, que se iam

dividindo, e pousou uma sobre cada um deles» (At.2, 2-3). Sim, tanto num como noutro monte se ouve um

ruído violento e se vê um fogo. No Sinai, foi uma nuvem espessa, no Sião o esplendor de uma luz muito

forte. No primeiro caso, tratava-se de «imagem e sombra» (Hb.8,5), no segundo caso da realidade

verdadeira. No passado, ouviu-se o trovão, hoje discernem-se as vozes dos apóstolos. De um lado, o brilho

dos relâmpagos; do outro, prodígios por todo o lado.

«Moisés mandou sair o povo do acampamento, para ir ao encontro de Deus, e pararam junto do monte» (Ex

19, 17). E, nos Atos dos Apóstolos, lemos que «ao ouvir aquele som poderoso, a multidão reuniu-se e ficou

estupefata» (v. 6). O povo de toda a Jerusalém reuniu-se aos pés da montanha de Sião, ou seja, no lugar

onde Sião, a imagem da Santa Igreja, começou a ser edificado, a colocar os seus fundamentos.

«Todo o Monte Sinai fumegava, porque o Senhor havia descido sobre ele no meio de chamas», diz o

Êxodo (v. 18). [...] Como poderiam deixar de arder aqueles que tinham sido abrasados pelo fogo do

Espírito Santo? Assim como o fumo assinala a presença do fogo, assim também, pela segurança dos seus

discursos e pela diversidade das línguas que falavam, o fogo do Espírito Santo manifestou a Sua presença

no coração dos apóstolos. Felizes os corações que estão cheios deste fogo! Felizes os homens que ardem

com este calor! «Todo o monte estremecia violentamente. Os sons da trombeta repercutiam-se cada vez

mais» (vv. 18-19). Assim também a voz dos apóstolos e a sua pregação se tornaram cada vez mais fortes,

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fazendo-se ouvir cada vez mais longe, até que «por toda a terra caminha o seu eco, até aos confins do

universo a sua palavra» (Sl 18, 5).

Comentário feito por:

Santo António de Lisboa (c. 1195-1231), franciscano, Doutor da Igreja

Sermões para o domingo e as festas dos santos (a partir da trad. Bayart, eds. Franciscanas 1944, p. 170)

«Também vós dareis testemunho»

Pentecostes é a palavra grega que quer dizer «qüinquagésimo». Este qüinquagésimo dia, que o povo

judaico festejava, contava-se a partir do dia em que tinham imolado o cordeiro pascal; e isto porque,

cinquenta dias depois da saída do Egito, a Lei foi dada no cume incendiado do monte Sinai. Assim

também, no Novo Testamento, cinquenta dias depois da Páscoa de Cristo, o Espírito Santo descia sobre os

apóstolos e aparecia-lhes sob a forma de fogo. A Lei foi dada sobre o monte Sinai, o Espírito sobre o monte

Sião; a Lei foi dada no cume da montanha, o Espírito no Cenáculo.

«Todos os discípulos estavam reunidos no mesmo lugar. Subitamente fez-se ouvir um grande barulho».

Como diz o salmo, «o ímpeto do rio alegra a cidade de Deus» (45, 5). Um grande barulho acompanha a

chegada Daquele que vem ensinar os fiéis. Notai como isso está de acordo com o que lemos no Êxodo:

«Era já chegado o terceiro dia, e já tinha amanhecido, eis senão quando começaram a ouvir-se trovões, e o

fuzilar de relâmpagos; e uma nuvem muito espessa cobriu o monte e um som de buzina muito forte atroava

e todo o povo se atemorizou» (19, 16). O primeiro dia foi a Encarnação de Cristo; o segundo dia foi a Sua

Paixão; o terceiro dia é a missão do Espírito Santo. Chegou este dia: ouve-se o trovão, faz-se um grande

barulho; brilham os relâmpagos, os milagres dos apóstolos; uma espessa nuvem – a compunção do coração

e a penitência – cobre a montanha, o povo de Jerusalém (At.2, 37-38).

«Apareceu-lhes então como línguas de fogo». As línguas, as da serpente, de Eva e de Adão, tinham

aberto à morte o acesso a este mundo. É por isso que o Espírito aparece sob a forma de línguas, opondo

línguas às línguas, curando pelo fogo o veneno mortal. [...] «Eles começaram a falar.» Eis o sinal da

plenitude; o vaso repleto transborda; o fogo não pode conter-se. Estas línguas diversas são as diferentes

lições que Cristo nos deixou, como a humildade, a pobreza, a paciência, a obediência. Falamos essas

línguas diversas quando damos ao próximo o exemplo dessas virtudes. Viva está a palavra, quando falam

as obras. Façamos falar as nossas obras!

At.3,1-11 – DDFC - 1416

1.Pedro e João iam subindo ao templo para rezar à hora nona.

2.Nisto levavam um homem que era coxo de nascença e que punham todos os dias à porta do templo, chamada Formosa, para

que pedisse esmolas aos que entravam no templo.

3.Quando ele viu que Pedro e João iam entrando no templo, implorou a eles uma esmola.

4.Pedro fitou nele os olhos, como também João, e disse: Olha para nós.

5.Ele os olhou com atenção esperando receber deles alguma coisa.

6.Pedro, porém, disse: Não tenho nem ouro nem prata, mas o que tenho eu te dou: em nome de Jesus Cristo Nazareno, levanta-te

e anda!

7.E tomando-o pela mão direita, levantou-o. Imediatamente os pés e os tornozelos se lhe firmaram. De um salto pôs-se de pé e

andava.

8.Entrou com eles no templo, caminhando, saltando e louvando a Deus.

9.Todo o povo o viu andar e louvar a Deus.

10.Reconheceram ser o mesmo coxo que se sentava para mendigar à porta Formosa do templo, e encheram-se de espanto e

pasmo pelo que lhe tinha acontecido.

11.Como ele se conservava perto de Pedro e João, uma multidão de curiosos afluiu a eles no pórtico chamado Salomão.

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Comentário feito por:

São Gregório Magno (c. 540-604), Papa, Doutor da Igreja

Homilia 23 sobre o Evangelho (a partir da trad. Barroux rev.)

«Os seus olhos, porém, estavam impedidos de reconhecê-lo»

Acabais de ouvi-LO, irmãos caríssimos: dois discípulos de Jesus caminhavam na estrada e, não acreditando

que era Ele, d'Ele falavam, porém. O Senhor apareceu-lhes, sem contudo Se lhes mostrar sob uma forma

por que O pudessem reconhecer. O Senhor realizou no exterior, aos olhos do corpo, o que neles se cumpria

no interior, aos olhos do coração. No seu próprio interior, os discípulos amavam e duvidavam em

simultâneo; no exterior, o Senhor estava presente sem se manifestar Quem era. Àqueles que d' Ele falavam,

oferecia a Sua presença; mas aos que duvidavam d'Ele, escondia o aspecto habitual, que lhes teria

permitido reconhecê-Lo. Trocou algumas palavras com eles, reprovou-lhes a lentidão em compreender,

explicou-lhes os mistérios da Sagrada Escritura que Lhe diziam respeito. E, no entanto, no coração deles

continuava a ser um estranho, por falta de fé; fez então menção de seguir para diante [...]. A Verdade, que é

simples, nada fez com duplicidade, mas manifestou-Se simplesmente aos discípulos no Seu corpo tal como

estava no espírito deles.

Com esta prova, o Senhor queria ver se os que ainda não O amavam como Deus eram ao menos capazes de

amá-lo como viajante. A Verdade caminhava com eles; não podiam continuar estranhos ao amor;

ofereceram-Lhe hospitalidade, propondo-Lhe que pernoitasse com eles, como se costuma fazer aos

viajantes. Por que dizemos então que eles Lho propuseram, quando está escrito: «Insistiram com Ele»?

Este exemplo mostra-nos bem que não devemos apenas oferecer hospitalidade aos viajantes, mas fazê-lo

com insistência.

Os discípulos puseram a mesa, ofereceram da sua ceia; e, não tendo reconhecido a Deus quando da Sua

explicação da Sagrada Escritura, eis que O reconhecem agora, na fração do pão. Não foi ao escutar os

mandamentos de Deus que ficaram iluminados, mas ao pô-los em prática.

O dom carismático da fé e os Apóstolos.

Os Apóstolos realizaram grandes e inúmeros milagres porque foram dóceis à ação do Espírito Santo

através do dom carismático da fé. Pedro e João, ao subirem no templo para rezar, encontraram com um

homem coxo de nascença que todos os dias estava à porta do templo pedindo esmolas.

Pedro fitou nele os olhos e disse:” Não tenho nem ouro nem prata, mas o que tenho eu te dou: em nome de

Jesus Cristo Nazareno, levanta-te e anda!”. Imediatamente os pés e os tornozelos se lhe firmaram”. (v.6-7)

At.3,11-16 – DDFC – p.1416

11.Como ele se conservava perto de Pedro e João, uma multidão de curiosos afluiu a eles no pórtico chamado Salomão.

12.À vista disso, falou Pedro ao povo: Homens de Israel, por que vos admirais assim? Ou por que fitais os olhos em nós, como

se por nossa própria virtude ou piedade tivéssemos feito este homem andar?

13.O Deus de Abraão, de Isaac, de Jacó, o Deus de nossos pais glorificou seu servo Jesus, que vós entregastes e negastes perante

Pilatos, quando este resolvera soltá-lo.

14.Mas vós renegastes o Santo e o Justo e pedistes que se vos desse um homicida.

15.Matastes o Príncipe da vida, mas Deus o ressuscitou dentre os mortos: disso nós somos testemunhas.

16.Em virtude da fé em seu nome foi que esse mesmo nome consolidou este homem, que vedes e conheceis. Foi a fé em Jesus

que lhe deu essa cura perfeita, à vista de todos vós.

Comentário feito por:

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Santo Agostinho (354-430), Bispo de Hipona (Norte de África) e Doutor da Igreja

Sermão 116; PL 38, 657 (Trad. Solesmes, Lectionnaire, vol. 3, p. 85 rev.)

«Vós sois as testemunhas destas coisas»

Tendo ressuscitado, o Senhor apareceu aos seus discípulos e saudou-os dizendo: «A paz esteja convosco!».

É verdadeiramente a paz, esta saudação que salva, pois a palavra «saudação» (Salve!) quer dizer também

«salvação». Que poderíamos esperar de melhor? O homem recebe a saudação da Salvação em pessoa,

porque a nossa Salvação é Cristo. Sim, Ele é a nossa Salvação, Ele que foi ferido por nós e pregado no

madeiro, depois foi descido e colocado no túmulo. Mas ressuscitou do túmulo; as Suas feridas foram

curadas, mantendo, todavia, as cicatrizes. É útil aos Seus discípulos que as cicatrizes permaneçam, afim de

que as feridas dos seus corações sejam curadas. Quais feridas? As feridas da sua incredulidade. Ele

apareceu aos seus olhos com um corpo verdadeiro, mas eles «julgavam ver um espírito». Não foi uma

ferida leve nos seus corações.

Mas que diz o Senhor Jesus? «Porque estais perturbados e porque surgem tais dúvidas nos vossos

corações?» É bom para o homem, não que o pensamento se eleve no seu coração, mas que seja o seu

coração a elevar-se – para onde o apóstolo Paulo queria estabelecer o coração dos fiéis, a quem dizia:

«Portanto, já que fostes ressuscitados com Cristo, procurai as coisas do alto, onde está Cristo, sentado à

direita de Deus. Aspirai às coisas do alto e não às coisas da terra. Vós morrestes e a vossa vida está

escondida com Cristo em Deus. Quando Cristo, a vossa vida, se manifestar, então também vós vos

manifestareis com Ele em glória».(Cl.3,1ss.) E que glória é esta? É a glória da ressurreição.

Nós acreditamos na palavra destes discípulos sem que eles nos tenham mostrado o corpo ressuscitado do

Salvador. Mas naquele momento o acontecimento parecia inacreditável. Por isso, o Salvador levou-os a

acreditar não apenas pela vista, mas também pelo tacto, para que, por meio dos sentidos, a fé lhes descesse

aos corações e pudesse ser pregada por todo o mundo aos que não tinham visto nem tocado, mas que

haveriam de acreditar sem hesitação (cf. Jo 20, 29).

At .3,13-15.17-19 – DDFC – p.1416 13.O Deus de Abraão, de Isaac, de Jacó, o Deus de nossos pais glorificou seu servo Jesus, que vós entregastes e negastes perante

Pilatos, quando este resolvera soltá-lo.

14.Mas vós renegastes o Santo e o Justo e pedistes que se vos desse um homicida.

15.Matastes o Príncipe da vida, mas Deus o ressuscitou dentre os mortos: disso nós somos testemunhas

17.Agora, irmãos, sei que o fizestes por ignorância, como também os vossos chefes.

18.Deus, porém, assim cumpriu o que já antes anunciara pela boca de todos os profetas: que o seu Cristo devia padecer.

19.Arrependei-vos, portanto, e convertei-vos para serem apagados os vossos pecados.

Comentário feito por:

São Gregório Magno (c. 540-604), papa e Doutor da Igreja

Homilias sobre os Evangelhos, n°26; PL 76,1197 (trad. Barroux rev.; cf. Delhougne, p. 204).

«Sou eu mesmo. Tocai-me»

Como é que o corpo do Senhor, uma vez ressuscitado, continuou a ser um corpo verdadeiro, podendo, ao

mesmo tempo, entrar no local onde os discípulos se encontravam, apesar de as portas estarem fechadas?

Devemos estar cientes de que a ação divina não teria nada de admirável se a razão humana a pudesse

compreender e que a fé não teria mérito se o intelecto lhe fornecesse provas experimentais. Sendo, por si

mesmas, incompreensíveis, tais obras do nosso Redentor devem ser meditadas à luz das outras ações do

Senhor, de tal forma que sejamos levados a acreditar nestes Seus feitos maravilhosos por força daqueles

que ainda o são mais. Porque o corpo do Senhor, que se juntou aos discípulos não obstante estarem as

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portas fechadas, é o mesmo que a Natividade tornou visível aos homens, ao sair do seio fechado da

Virgem. Por isso, não vale a pena ficarmos admirados de que o nosso Redentor, após ressuscitado para a

vida eterna, tenha entrado, estando embora as portas fechadas, porque, tendo vindo ao mundo para morrer,

saiu do seio da Virgem, sem o abrir.

E, como a fé daqueles que O viam permanecia hesitante, o Senhor fê-los tocar essa carne que Ele fizera

atravessar portas fechadas. Ora, aquilo que podemos tocar é necessariamente corruptível, e o que não é

corruptível é intocável. Porém, após a Sua ressurreição, o nosso Redentor deu-nos a possibilidade de ver,

de uma forma maravilhosa e incompreensível, um corpo, a um tempo, incorruptível e palpável. Mostrando-

o incorruptível, convidava-nos à recompensa; dando-o a tocar, confirmava-nos na fé. Assim, fez com que

O víssemos tão incorruptível como palpável, para manifestar, firmemente, que o Seu corpo ressuscitado

continuava a ter a mesma natureza mas tinha sido elevado a uma glória absolutamente diferente.

At.4,32-35- ddfc - p.1418 32.A multidão dos fiéis era um só coração e uma só alma. Ninguém dizia que eram suas as coisas que possuía, mas tudo entre

eles era comum. 33.Com grande coragem os apóstolos davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus. Em todos eles era grande a graça.

34.Nem havia entre eles nenhum necessitado, porque todos os que possuíam terras e casas vendiam-nas,

35.e traziam o preço do que tinham vendido e depositavam-no aos pés dos apóstolos. Repartia-se então a cada um deles

conforme a sua necessidade

36.Assim José (a quem os apóstolos deram o sobrenome de Barnabé que quer dizer Filho da Consolação), levita natural de

Chipre, possuía um campo.

37.Vendeu-o e trouxe o valor dele e depositou aos pés dos apóstolos

Comentário feito por:

São Francisco de Sales (1567-1622), Bispo de Genebra e Doutor da Igreja

Primeiro Sermão para o Pentecostes (rev.)

«Soprou sobre eles e disse-lhes: «Recebei o Espírito Santo»»

Senhor Jesus Cristo, faz com que voltemos a ter «um só coração e uma só alma» (At.4,32), porque, nesse

momento, far-se-á «uma grande calma» (Mc 4, 39). Minha querida audiência, exorto-vos à amizade e à

benevolência entre vós e à paz entre todos; porque, se tivéssemos caridade entre nós, teríamos a paz e o

Espírito Santo. É necessário tornarmo-nos piedosos e rezar a Deus, porque os Apóstolos eram

perseverantes na oração. Se começarmos a rezar fervorosamente, o Espírito Santo virá sobre nós e dirá:

«Tranqüilizai, sou Eu: não temais!» (cf. Mc 6,50) . Que devemos nós pedir a Deus, meus irmãos? Tudo o

que for para Sua honra e para a salvação das nossas almas e, numa palavra, a ajuda do Espírito Santo; «Se

lhes envias o Teu Espírito renovas a face da terra» (Sl.104 (103), 30) – a paz e a tranqüilidade...

É preciso que peçamos essa paz, para que o Espírito da paz venha sobre nós. Temos, também, de dar graças

a Deus por todos os Seus benefícios, se quisermos que Ele nos conceda as vitórias que são o início da paz;

e, para obter o Espírito Santo, temos de agradecer a Deus Pai que O enviou, primeiramente, ao nosso

mestre, Jesus Cristo, Nosso Senhor, Seu Filho – porque «todos nós participamos da Sua plenitude» (cf. Jo

1,16) – e porque O enviou aos Seus Apóstolos para que no-lo comunicassem, impondo sobre nós as mãos.

Temos de agradecer ao Filho: tal como Deus, Ele envia-nos o Espírito: sendo Deus, envia Espírito aos que

se dispõe a recebê-Lo. Mas, sobretudo, temos de agradecer porque, sendo Homem, nos mereceu a graça de

receber o Divino Espírito.

E como é que Jesus nos mereceu a vinda do Espírito Santo? «Inclinando a cabeça, entregou o espírito» (Jo

19,30); porque, entregando o Seu último suspiro, e o Seu espírito ao Pai, mereceu-nos que o Pai enviasse o

Espírito ao Seu corpo místico.

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Comentário feito por:

São Basílio (c. 330-379), monge e bispo de Cesar eia na Capadócia, Doutor da Igreja

Tratado sobre o Espírito Santo, 14 (trad. Bible chrétienne, A. Sigier 1989, t. 1*, p. 227 rev.)

«A fim de que todo o homem que crê obtenha por Ele a vida eterna» -

A figura é uma forma de expor, por imitação, as coisas que esperamos. Por exemplo, Adão é a prefiguração

do Adão que iria chegar (1Co.15, 45) e o rochedo [no deserto, durante o Êxodo] é figurativamente Cristo; a

água que corre do rochedo é a figura do poder vivificante do Verbo (Ex 17, 6; 1Cor 10, 4), porque Ele

disse: «Se alguém tem sede, venha a Mim e beba» (Jo 7, 37). O maná é a prefiguração do «pão vivo que

desceu do céu» (Jo 6, 51); e a serpente colocada sobre um poste é a figura da Paixão, da nossa salvação

consumada na cruz, pois os que olhavam para ela eram salvos (Nm 21, 9). Do mesmo modo, aquilo que as

Escrituras dizem dos Israelitas que saíram do Egito foi narrado como uma prefiguração dos que são salvos

através do batismo; pois os primogênitos dos israelitas foram salvos pela graça concedida aos que tinham

sido marcados com o sangue do cordeiro pascal e esse sangue prefigurava o sangue de Cristo.

Quanto ao mar e à nuvem (Ex 14), nessa época conduziam à fé pela admiração; mas para o futuro,

figuravam a graça que estava para chegar. «Quem for sábio compreenderá as coisas!» (Sl 106,43)

Compreenderá que o mar, prefigurando o batismo, os separava do Faraó como o batismo nos faz escapar à

tirania do demônio. Outrora o mar sufocou em si o inimigo; hoje morre a inimizade que nos separava de

Deus. Do mar, o povo saiu são e salvo; e nós saímos das águas como que revivendo de entre os mortos,

salvos pela graça d'Aquele que nos chamou. Quanto à nuvem, ela era a sombra do dom do Espírito, que nos

refresca os membros ao apagar a chama das paixões.

At.6,1-7 ddfc - p.1420 1.Naqueles dias, como crescesse o número dos discípulos, houve queixas dos gregos contra os hebreus, porque as suas viúvas

teriam sido negligenciadas na distribuição diária.

2.Por isso, os Doze convocaram uma reunião dos discípulos e disseram: Não é razoável que abandonemos a palavra de Deus,

para administrar.

3.Portanto, irmãos, escolhei dentre vós sete homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, aos quais

encarregaremos este ofício.

4.Nós atenderemos sem cessar à oração e ao ministério da palavra.

5.Este parecer agradou a toda a reunião. Escolheram Estêvão, homem cheio de fé e do Espírito Santo; Filipe, Prócoro, Nicanor,

Timão, Pármenas e Nicolau, prosélito de Antioquia.

6.Apresentaram-nos aos apóstolos, e estes, orando, impuseram-lhes as mãos.

7.Divulgou-se sempre mais a palavra de Deus. Multiplicava-se consideravelmente o número dos discípulos em Jerusalém.

Também grande número de sacerdotes aderia à fé.

Comentário feito por :

São Pedro Crisólogo (c. 406-450), Bispo de Ravena, Doutor da Igreja

Sermão 50, 1.2.3; PL 52, 339-340 (a partir da trad. De Bouchet, Lectionnaire, p. 324 rev.)

«E o barco chegou imediatamente à terra para onde iam»

Cristo sobe a um barco: não foi Ele quem descobriu o leito do mar depois de ter afastado as águas, para que

o povo de Israel passasse a pé enxuto como num vale? (Ex 14, 29) Não foi Ele quem acalmou as ondas do

mar sob os pés de Pedro, de forma a que a água fosse para os seus passos um caminho sólido e

seguro?(Mt.14,29).

Ele sobe para o barco. Para atravessar o mar deste mundo até ao fim dos tempos, Cristo sobe para o barco

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da Sua Igreja para conduzir numa travessia pacífica, até à pátria do céu, aqueles que crêem n'Ele, e fazer

cidadãos do Reino aqueles com quem comunga na Sua humanidade. Cristo não precisa certamente do

barco, mas o barco precisa de Cristo. De fato, sem este piloto vindo do céu, o barco da Igreja, agitado pelas

ondas, nunca chegaria ao porto.

At.(9,36-43) – DDFC – pg.1425

36.Em Jope havia uma discípula chamada Tabita - em grego, Dorcas. Esta era rica em boas obras e esmolas que dava. 37.Aconteceu que adoecera naqueles dias e veio a falecer. Depois de a terem lavado, levaram-na para o quarto de cima.

38.Ora, como Lida fica perto de Jope, os discípulos, ouvindo dizer que Pedro aí se encontrava, enviaram-lhe dois homens,

rogando-lhe: Não te demores em vir ter conosco.

39.Pedro levantou-se imediatamente e foi com eles. Logo que chegou, conduziram-no ao quarto de cima. Cercavam-no todas as

viúvas, chorando e mostrando-lhe as túnicas e os vestidos que Dorcas lhes fazia quando viva.

40.Pedro então, tendo feito todos sair, pôs-se de joelhos e orou. Voltando-se para o corpo, disse: Tabita, levanta-te! Ela abriu os

olhos e, vendo Pedro, sentou-se.

41.Ele a fez levantar-se, estendendo-lhe a mão. Chamando os irmãos e as viúvas, entregou-lha viva.

42.Este fato espalhou-se por toda Jope e muitos creram no Senhor.

43.Pedro permaneceu ainda muitos dias em Jope, em casa dum curtidor, chamado Simão.

–O dom carismático da fé de Pedro realiza o milagre da ressurreição de uma discípula chamada Tabita –

em grego Dorcas. Pedro encontrava-se em Lida perto de Jope. Os discípulos enviaram dois homens

rogando: “ Não te demores em vir ter conosco”. Pedro levantou-se imediatamente e foi com eles. (v.40) – “

Pedro, então tendo feito todos sair, pôs se de joelhos e orou. Voltando-se para o corpo disse: “ Tabita,

levanta-te!”.Ela abriu os olhos e vendo a Pedro, sentou-se”.

At.11,19-26 - DDFC - p.1427 19. Entretanto, aqueles que foram dispersados pela perseguição que houve no tempo de Estêvão chegaram até a Fenícia, Chipre e

Antioquia, pregando a palavra só aos judeus.

20.Alguns deles, porém, que eram de Chipre e de Cirene, entrando em Antioquia, dirigiram-se também aos gregos, anunciando-

lhes o Evangelho do Senhor Jesus.

21.A mão do Senhor estava com eles e grande foi o número dos que receberam a fé e se converteram ao Senhor. 22.A notícia dessas coisas chegou aos ouvidos da Igreja de Jerusalém. Enviaram então Barnabé até Antioquia. 23.Ao chegar lá,

alegrou-se, vendo a graça de Deus, e a todos exortava a perseverar no Senhor com firmeza de coração,

24.pois era um homem de bem e cheio do Espírito Santo e de fé. Assim uma grande multidão uniu-se ao Senhor.

25.Em seguida, partiu Barnabé para Tarso, à procura de Saulo. Achou-o e levou-o para Antioquia.

26.Durante um ano inteiro eles tomaram parte nas reuniões da comunidade e instruíram grande multidão, de maneira que em

Antioquia é que os discípulos, pela primeira vez, foram chamados pelo nome de cristãos. Comentário feito por:

Leão XIII, Papa de 1878 a 1903

Encíclica «Divinum Illud Munus» de 9 de Maio de 1897

«Eu e o Pai somos Um»

O mistério da Santíssima Trindade é chamado pelos doutores da Igreja a substância do Novo Testamento,

quer dizer o maior de todos os mistérios, a origem e o fundamento dos outros. Foi para o conhecerem e o

contemplarem que os anjos foram criados no céu e os homens na terra. Foi para manifestar este mistério

mais claramente que o próprio Deus desceu da Sua morada com os anjos para junto dos homens. O

apóstolo Paulo anuncia a Trindade das pessoas e a unidade da sua natureza quando escreve: «Da parte

d'Ele, por meio d'Ele e para Ele são todas as coisas. Glória a Ele pelos séculos». (Rm.11,36). [...] Santo

Agostinho escreveu, comentando esta passagem: «Estas palavras não são devidas ao acaso. «Da parte

d'Ele» designa o Pai, «por meio d'Ele» designa o Filho e «para Ele» designa o Espírito Santo.». Com

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justiça a Igreja tem o hábito de atribuir ao Pai as obras da Divindade onde resplandece o poder, ao Filho

aquelas onde resplandece a sabedoria e ao Espírito Santo aquelas onde resplandece o amor. Não que todas

as perfeições e obras exteriores não sejam comuns às pessoas divinas: «as obras da Trindade são

indivisíveis, como a essência da Trindade é indivisível»(Sto.Agostinho).

Mas, por uma certa comparação, uma certa afinidade entre estas obras e as propriedades das pessoas, as

obras são atribuídas ou «apropriadas» como se diz, a uma das pessoas mais do que às outras. [...] De algum

modo, o Pai, que é «o princípio de toda a divindade» (Sto. Agostinho), é também a causa eficiente de todas

as coisas, da encarnação do Verbo, e da santificação das almas: «tudo Lhe pertence». Mas o Filho, o

Verbo, a Palavra de Deus e a imagem de Deus, é também a causa-modelo, o arquétipo; d'Ele tudo o que foi

criado recebe a sua forma e a sua beleza, a ordem e a harmonia. Ele é para nós «o caminho, a verdade e a

vida» (Jo 14, 6), o reconciliador do homem com Deus: «tudo é por meio d'Ele». O Espírito Santo é a causa

última de todas as coisas [...], a bondade divina e o amor mútuo do Pai e do Filho; pelo Seu poder mais

doce, completa o amor mútuo do Pai e do Filho; pelo Seu poder mais doce, completa a obra escondida da

salvação eterna do homem e leva-a à perfeição: «tudo é para Ele».

At.14,21-24 - ddfc – p.1431 21.Depois de ter pregado o Evangelho à cidade de Derbe, onde ganharam muitos discípulos, voltaram para Listra, Icônio e

Antioquia (da Pisídia).

22.Confirmavam as almas dos discípulos e exortavam-nos a perseverar na fé, dizendo que é necessário entrarmos no

Reino de Deus por meio de muitas tribulações.

23.Cm cada igreja instituíram anciãos e, após orações com jejuns, encomendaram-nos ao Senhor, em quem tinham confiado.

24.Atravessaram a Pisídia e chegaram a Panfília.

25.Depois de ter anunciado a palavra do Senhor em Perge, desceram a Atália.

26.Dali navegaram para Antioquia (da Síria), de onde tinham partido, encomendados à graça de Deus para a obra que estavam a

completar.

27.Ali chegados, reuniram a igreja e contaram quão grandes coisas Deus fizera com eles, e como abrira a porta da fé aos gentios.

At.28,3-6 DDFC – p.1448 – Paulo na ilha de Malta. 3.Paulo ajuntou um feixe de gravetos e o pôs na fogueira. Nisto uma víbora, que fugira ao fogo, mordeu-lhe a mão.

4.Quando os indígenas viram a serpente pendendo da sua mão, diziam uns aos outros: Sem dúvida, este homem é homicida, pois,

tendo escapado ao mar, a justiça não o deixa viver.

5.Ele, porém, sacudindo a víbora no fogo, não sofreu mal algum.

6.Julgavam os indígenas que ele viesse a inchar, e que subitamente caísse morto. Mas, depois de esperarem muito tempo, vendo

que não lhe acontecia mal nenhum, mudaram de parecer e disseram: Ele é um deus.

- Este episódio narra onde Paulo é mordido por uma víbora e não sofre mal algum, que nos mostram que o

carisma da fé é uma graça especial de Deus que nos faz agir em nome de Jesus com toda a certeza de que

Ele já confirma nossa ação e oração com o sinal que lhe pedimos.

-É uma graça à qual devemos nos abrir e que devemos pedir a Deus. É um carisma que nos auxilia

profundamente quando oramos por nós próprios e, especialmente por outras pessoas enfermas ou que

precisam tomar decisões importantes, e por situações inesperadas como um perigo eminente.É muito

importante que nos abramos a este dom carismático da fé , da mesma forma que os Apóstolos se abriram e

o vivenciaram para a edificação do Corpo de Cristo,que é a Igreja.

Rm. (1,5;16,26) – DDFC – pg.1449/1465 5.e do qual temos recebido a graça e o apostolado, a fim de levar, em seu nome, todas as nações pagãs à obediência da fé,

26.mas agora manifestado,por ordem do eterno Deus,e por meio das Escrituras proféticas, dado a conhecer a todas as nações, a

fim de levá-las à obediência da fé, -

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– “Pela fé o homem submete completamente a sua inteligência e sua vontade a Deus. Com todo o seu ser o

homem dá seu assentimento a Deus revelador. A Sagrada Escritura denomina obediência da fé esta

resposta do homem ao Deus que revela”.

Rm.(4,19-21) – DDFV – pg.1453 – 19.Não vacilou na fé, embora reconhecendo o seu próprio corpo sem vigor - pois tinha quase cem anos - e o seio de Sara

igualmente amortecido.

20.Ante a promessa de Deus, não vacilou, não desconfiou, mas conservou-se forte na fé e deu glória a Deus.

21.Estava plenamente convencido de que Deus era poderoso para cumprir o que prometera.

– No Livro Gênesis temos exemplo fantástico de fé, que é o de Abraão: “Não vacilou na fé, embora

reconhecendo o seu próprio corpo sem viver, pois tinha quase cem anos e o seio de Sara igualmente

amortecido. Ante a promessa de Deus,não vacilou, não desconfiou,mas conservou-se forte na fé e deu

glória a Deus.Estava plenamente convencido de que Deus era poderosamente para cumprir o que

prometera”.

Rm.(4,23-24) – DDFC – pg.1453 23.Ora, não é só para ele que está escrito que a fé lhe foi imputada em conta de justiça.

24.É também para nós, pois a nossa fé deve ser-nos imputada igualmente, porque cremos naquele que dos mortos ressuscitou

Jesus, nosso Senhor – Em toda a Palavra de Deus encontramos vários episódios, que descrevem a ação poderosa de Deus

movida pela fé e São Paulo continua na sua carta aos Romanos que “Não é só para Abraão que está escrito

que a fé lhe foi imputada em conta da Justiça. É também para nós, pois a nossa fé deve ser-nos imputada

igualmente, porque cremos naquele que dos mortos ressuscitou Jesus Nosso Senhor”, o qual foi entregue

por nossos pecados e ressuscitado para a nossa justificação.

Rm. (5,1) – DDFT – pg.1453 1.Justificados, pois, pela fé temos a paz com Deus, por meio de nosso Senhor Jesus Cristo.

– Esta fé teologal é necessária para a salvação. E porque crê firmemente nas três pessoas da Santíssima

Trindade, não só crê intelectualmente, mas adere profundamente às suas verdades que se tornam regras de

amor e luz para o seu caminho.Reconhece nessas verdades o único caminho que o levará à verdadeira

felicidade e que resgatará, reconstruirá a sua dignidade destruída pelo pecado.

Rm.(8,31-34) – DDFV – pg.1457 31.Que diremos depois disso? Se Deus é por nós, quem será contra nós?

32.Aquele que não poupou seu próprio Filho, mas que por todos nós o entregou, como não nos dará também com ele todas as

coisas?

33.Quem poderia acusar os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica.

34.Quem os condenará? Cristo Jesus, que morreu, ou melhor, que ressuscitou, que está à mão direita de Deus, é quem intercede

por nós!

– Por esta fé provamos a nós mesmos e ao mundo que a Palavra de Deus não é uma utopia, mas forte

impulso interior ao qual adere a nossa vontade, uma vez que a fé está gravada no mias profundo do coração

do homem. Esta fé virtude leva o homem a crer e experimentar a bondade, a misericórdia e o amor de Deus

em nossa vida tornando sua oração um ato de fé confiante: “Se Deus é por nós, quem será contra nós?

Aquele que não poupou seu próprio Filho, mas que por nós o entregou, como o não nos dará também com

ele todas as coisas?

Rm.(10,9-18) – DDFT - p.1459 9. Portanto, se com tua boca confessares que Jesus é o Senhor, e se em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os

mortos, serás salvo.

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10. É crendo de coração que se obtém a justiça, e é professando com palavras que se chega à salvação.

11. A Escritura diz: Todo o que nele crer não será confundido (Is 28,16).

12. Pois não há distinção entre judeu e grego, porque todos têm um mesmo Senhor, rico para com todos os que o invocam,

13. porque todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo (Jl 3,5).

14. Porém, como invocarão aquele em quem não têm fé? E como crerão naquele de quem não ouviram falar? E como ouvirão

falar, se não houver quem pregue?

15. E como pregarão, se não forem enviados, como está escrito: Quão formosos são os pés daqueles que anunciam as boas novas

(Is 52,7)?

16. Mas não são todos que prestaram ouvido à boa nova. É o que exclama Isaías: Senhor, quem acreditou na nossa pregação (Is

53,1)?

17. Logo, a fé provém da pregação e a pregação se exerce em razão da palavra de Cristo.

18. Pergunto, agora: Acaso não ouviram? Claro que sim! Por toda a terra correu a sua voz, e até os confins do mundo foram as

suas palavras (Sl 18,5).

Comentário feito por:

Papa Bento XVI

Audiência geral de 14/06/06 (© copyright Libreria Editrice Vaticana)

Santo André imita a Cristo até na morte

Uma tradição narra a morte de André em Patras, onde também ele sofreu o suplício da crucifixão. Mas,

naquele momento supremo, de modo análogo ao de seu irmão Pedro, pediu para ser posto numa cruz

diferente da de Jesus. No seu caso tratou-se de uma cruz decussada, isto é, cruzada transversalmente

inclinada, que por isso foi chamada «cruz de Santo André».

Eis o que o Apóstolo disse naquela ocasião, segundo uma antiga narração: «Salve, ó Cruz, inaugurada por

meio do corpo de Cristo e que se tornou adorno dos Seus membros, como se fossem pérolas preciosas.

Antes que o Senhor fosse elevado sobre ti, tu incutias um temor terreno. Agora, ao contrário, dotada de um

amor celeste, és recebida como um dom. Os cristãos sabem, a teu respeito, quanta alegria possuis, quantos

dons tens preparados. Portanto, certo e cheio de alegria venho a ti, para que também tu me recebas

exultante como discípulo Daquele que em ti foi suspenso. Ó Cruz bem-aventurada, que recebeste a

majestade e a beleza dos membros do Senhor! [...] Toma-me e leva-me para longe dos homens e entrega-

me ao meu Mestre, para que por teu intermédio me receba Quem por ti me redimiu. Salve, ó Cruz; sim,

salve verdadeiramente!»

Como se vê, há aqui uma profundíssima espiritualidade cristã, que vê na Cruz não tanto um instrumento de

tortura como, ao contrário, o meio incomparável de uma plena assimilação ao Redentor, ao grão de trigo

que caiu na terra. Devemos aprender com isto uma lição muito importante: as nossas cruzes adquirem valor

se forem consideradas e aceites como parte da cruz de Cristo, se refletirem a sua luz. Só naquela Cruz são

também os nossos sofrimentos nobilitados e adquirem o seu verdadeiro sentido.

– A fé teologal vem em conseqüência do Batismo, pregação, do anúncio de Cristo, do testemunho, da

catequese aprofunda a fé. É ela que dá a vida à vida cristã,que aprofunda a esperança e faz o homem agir

na caridade.

Rm.(10,14-21) – DDFT – pg.1459/60 14.Porém, como invocarão aquele em quem não têm fé? E como crerão naquele de quem não ouviram falar? E como ouvirão

falar, se não houver quem pregue?

15.E como pregarão, se não forem enviados, como está escrito: Quão formosos são os pés daqueles que anunciam as boas novas

(Is 52,7)?

16.Mas não são todos que prestaram ouvido à boa nova. É o que exclama Isaías: Senhor, quem acreditou na nossa pregação (Is

53,1)?

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17.Logo, a fé provém da pregação e a pregação se exerce em razão da palavra de Cristo.

18.Pergunto, agora: Acaso não ouviram? Claro que sim! Por toda a terra correu a sua voz, e até os confins do mundo foram as

suas palavras (Sl 18,5).

19.E pergunto ainda: Acaso Israel não o compreendeu? Já Moisés lhes havia dito: Eu vos despertarei ciúmes com um povo que

não merece este nome; provocar-vos-ei a ira contra uma nação insensata (Dt 32,21).

20.E Isaías se abalança a dizer: Fui achado pelos que não me buscavam; manifestei-me aos que não perguntavam por mim (Is

65,1).

21.Ao passo que a respeito de Israel ele diz: Todo o dia estendi as minhas mãos a um povo desobediente e teimoso (Is 65,2).

1Co.(12,9) – DDFC – pg.1476 – “A outro é dado pelo Espírito, a fé”.

9.a outro, a fé, pelo mesmo Espírito; a outro, a graça de curar as doenças, no mesmo Espírito;

A fé carismática é um dom que o Espírito Santo colocou à disposição do homem para que ele possa

experimentar concretamente do próprio poder de Deus através de suas vidas manifeste ao mundo o seu

poder, a sua glória.

Comentário feito por :

São João Crisóstomo (c. 345-407), bispo de Antioquia, depois de Constantinopla, doutor da Igreja

Homilias sobre o evangelho de João 19, 1

O primeiro a ser chamado, o primeiro a dar testemunho

«Como é bom, como é agradável, viverem os irmãos em unidade» (Sl 132, 1). [...] Depois de ter estado

com Jesus (Jo 1, 39), e de ter aprendido muitas coisas, André não guardou esse tesouro para si: apressou-se

a ir ter com seu irmão, Simão Pedro, para partilhar com ele os bens que recebera. [...] Repara no que ele diz

ao irmão: «Encontramos o Messias (que quer dizer Cristo)» (Jo 1, 41). Estás a ver o fruto daquilo que ele

tinha aprendido há tão pouco tempo? Isto é uma prova, a um tempo, da autoridade do Mestre que ensinou

os Seus discípulos e, desde o princípio, do zelo com que estes queriam conhecê-Lo.

A pressa de André, o zelo com que difunde imediatamente uma tão grande boa nova, dá a conhecer uma

alma que ardia por ver cumpridas todas as profecias respeitantes a Cristo. Partilhar assim as riquezas

espirituais é prova de uma amizade verdadeiramente fraterna, de um afeto profundo e de uma natureza

cheia de sinceridade. [...] «Encontramos o Messias», diz ele; não está a referir-se a um messias qualquer,

mas ao verdadeiro Messias, Àquele que esperavam bem. [...] Ninguém pode negar que Nosso Senhor amou

com uma amizade mais doce e muito especial São João, Lázaro, Marta e Madalena, pois o Evangelho o

testemunha.

Gl. (2,15-19) – DDFT – pg.1494 15.Nós, judeus de nascença, e não pecadores dentre os pagãos, 16.sabemos, contudo, que ninguém se justifica pela prática da lei, mas somente pela fé em Jesus Cristo. Também nós cremos em

Jesus Cristo, e tiramos assim a nossa justificação da fé em Cristo, e não pela prática da lei. Pois, pela prática da lei, nenhum

homem será justificado.

17.Pois, se nós, que aspiramos à justificação em Cristo, retornamos, todavia, ao pecado, seria porventura Cristo ministro do

pecado? Por certo que não!

18.Se torno a edificar o que destruí, confesso-me transgressor.

19.Na realidade, pela fé eu morri para a lei, a fim de viver para Deus. Estou pregado à cruz de Cristo

– Esta fé teologal é necessária para a salvação: “Nós judeus de nascença, e não pecadores dentre os pagãos,

sabemos que ninguém se justifica pela prática da lei, mas somente pela fé em Jesus Cristo.

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Gl. 2,16.19-21 – DDFT – p.1494 16.sabemos, contudo, que ninguém se justifica pela prática da lei, mas somente pela fé em Jesus Cristo. Também nós cremos em

Jesus Cristo, e tiramos assim a nossa justificação da fé em Cristo, e não pela prática da lei. Pois, pela prática da lei, nenhum

homem será justificado.

19.Na realidade, pela fé eu morri para a lei, a fim de viver para Deus. Estou pregado à cruz de Cristo.

20.Eu vivo, mas já não sou eu; é Cristo que vive em mim. A minha vida presente, na carne, eu a vivo na fé no Filho de Deus, que

me amou e se entregou por mim.

21.Não menosprezo a graça de Deus; mas, em verdade, se a justiça se obtém pela lei, Cristo morreu em vão.

Comentário feito por:

Santo Ambrósio (c. 340-397), Bispo de Milão e Doutor da Igreja

A Penitência, II, 8 (a partir da trad. SC 179, p. 175)

«A tua fé te salvou. Vai em paz»

«Não são os que têm saúde que precisam de médico, mas sim os doentes» (Mt.9,12). Mostra ao médico o

teu ferimento, para que possas ser curado. Mesmo que não Lho mostres, ele conhece-o, mas exige de ti que

Lhe faças ouvir a tua voz. Limpa as tuas chagas com as tuas lágrimas. Foi assim que esta mulher de que o

Evangelho fala se libertou do seu pecado e do mau odor do seu desregramento; foi assim que ela se

purificou dos seus erros, lavando os pés de Jesus com as suas lágrimas.

Possas Tu, Jesus, reservar-me também o cuidado de Te lavar os pés, que sujaste quando caminhavas em

mim!. Mas onde encontrarei a água viva com a qual Te possa lavar os pés? Se não tiver água, tenho as

minhas lágrimas. Faz com que, ao lavar-Te os pés com elas, eu possa purificar-me! Como fazer de maneira

a que digas de mim: «São-lhe perdoados os seus muitos pecados, porque muito amou»? Confesso que a

minha dívida é grande e que me foi «perdoado demasiado», a mim que fui arrancado ao ruído das

altercações da praça pública e às responsabilidades da governança para ser chamado ao sacerdócio. Temo

por isso ser considerado um ingrato se amar menos, quando fui tão perdoado.

Não posso comparar com qualquer um esta mulher que foi justamente preferida ao fariseu Simão, que

convidara o Senhor para almoçar. No entanto, a todos aqueles que querem merecer o perdão, ela oferece

um ensinamento ao beijar os pés de Cristo, ao lavá-los com as suas lágrimas, ao secá-los com os seus

cabelos, ao ungi-los com perfume. Se não pudermos igualá-la, Jesus sabe vir em auxílio dos fracos. Onde

não houver ninguém que saiba preparar uma refeição, trazer perfume, trazer consigo uma fonte de água

viva, (Jo 4, 10), Ele próprio vem.

Gl. (2,20) – DDFV – pg.1494 20. Eu vivo, mas já não sou eu; é Cristo que vive em mim. A minha vida presente, na carne, eu a vivo na fé no Filho de

Deus, que me amou e se entregou por mim.

– Pela fé virtude o homem é capacitado a mortificar os seus membros em favor da justiça, por ela o

homem consegue ser agradável a Deus e viver o que São Paulo nos diz: “ Eu vivo, mas já não sou eu, é

Cristo que vive em mim; a minha vida presente, na carne, eu a vivo na fé no Filho de Deus, que me amou e

se entregou por mim”.

-Por esta fé provamos a nós mesmos e ao mundo que a Palavra de Deus não é uma utopia, mas um forte

impulso interior, ao qual adere nossa vontade, uma vez que a fé está gravada no mais profundo do coração

do homem.

Gl.3,7-14 – DDFT – p.1494 7.Sabei, pois: só os que têm fé é que são filhos de Abraão.

8.Prevendo a Escritura que Deus justificaria os povos pagãos pela fé, anunciou esta boa nova a Abraão: Em ti todos os povos

serão abençoados (Gn 18,18).

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9.De modo que os homens de fé são abençoados com a bênção de Abraão, homem de fé.

10.Todos os que se apóiam nas práticas legais estão sob um regime de maldição. Pois está escrito: Maldito aquele que não

cumpre todas as prescrições do livro da lei (Dt 27,26).

11.Que ninguém é justificado pela lei perante Deus é evidente, porque o justo viverá pela fé (Hab 2,4).

12.Ora, a lei não provém da fé e sim (do cumprimento): quem observar estes preceitos viverá por eles (Lv 18,5).

13.Cristo remiu-nos da maldição da lei, fazendo-se por nós maldição, pois está escrito: Maldito todo aquele que é suspenso no

madeiro (Dt 21,23).

14.Assim a bênção de Abraão se estende aos gentios, em Cristo Jesus, e pela fé recebemos o Espírito prometido

Comentário feito por:

Santo Ireneu de Lião (c. 130-c. 208), bispo, teólogo e mártir

Contra as heresias IV, Pr 4; 39, 2 (a partir da trad. SC 100 rev.)

O dedo de Deus

O homem é uma combinação de alma e de carne, uma carne formada por semelhança com Deus, modelada

pelas duas Mãos de Deus, ou seja, pelo Filho e o Espírito, aos Quais Ele disse: «Façamos o homem» (Gn 1,

26).

Mas como podes ser divinizado, se ainda não és homem? Como podes ser perfeito, se ainda mal foste

criado? Como serás imortal tu que, na natureza mortal, não obedeceste ao teu Criador? Visto que és obra de

Deus, espera pacientemente pela Mão do teu Artista, que faz todas as coisas em tempo oportuno.

Apresenta-Lhe um coração manso e dócil, e mantém a forma que este Artista te concedeu, conservando em

ti a água que Dele provém e sem a qual te tornarás rígido, acabando por rejeitar a marca dos Seus dedos.

Se te deixares formar por Ele, ascenderás à perfeição, pois por esta arte de Deus será ocultada a argila que

existe em ti; foi a Sua Mão que criou a tua substância. Se, porém, te tornares rígido, recusando a Sua arte e

mostrando-te desagradado com o que Ele fez em ti, terás rejeitado, pela tua ingratidão para com Deus, não

apenas a Sua arte, mas a própria vida; porque formar é próprio da bondade de Deus e ser formado é próprio

da natureza do homem. Se, pois, te entregares a Ele, dando-Lhe a tua fé e a tua submissão, receberás os

benefícios da Sua arte e serás uma obra perfeita de Deus. Se, pelo contrário, resistires e fugires às Suas

Mãos, a causa da tua imperfeição residirá, não Nele, mas em ti, que não obedeceste.

Gl. (5,6) – DDFT – pg.1496

6.Estar circuncidado ou incircunciso de nada vale em Cristo Jesus, mas sim a fé que opera pela caridade.

– A fé teologal que dá vida cristã, que aprofunda a esperança e faz o homem agir na caridade.

Ef. 2,4-10 – DDFC- p.1499 4.Mas Deus, que é rico em misericórdia, impulsionado pelo grande amor com que nos amou,

5.quando estávamos mortos em conseqüência de nossos pecados, deu-nos a vida juntamente com Cristo - é por graça que fostes

salvos! -,

6.juntamente com ele nos ressuscitou e nos fez assentar nos céus, com Cristo Jesus.

7.Ele demonstrou assim pelos séculos futuros a imensidão das riquezas de sua graça, pela bondade que tem para conosco, em

Jesus Cristo.

8.Porque é gratuitamente que fostes salvos mediante a fé. Isto não provém de vossos méritos, mas é puro dom de Deus.

9.Não provém das obras, para que ninguém se glorie.

10.Somos obra sua, criados em Jesus Cristo para as boas ações, que Deus de antemão preparou para que nós as praticássemos.

Comentário feito por:

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Santo Efrém (c. 306-373), diácono da Síria, Doutor da Igreja

Sermão atribuído a Santo Efrém, Sobre a Penitência (trad. Ir Isabelle de la Source, Lire la Bible,

Mediaspaul 1990, t. 2, p. 143)

«É necessário que o Filho do Homem seja erguido ao alto, a fim de que todo o que Nele crê tenha a

vida eterna» - (v.16)

Quando o povo pecou no deserto (Nm.21,5ss.), Moisés, que era profeta, ordenou aos israelitas que

fixassem uma serpente a uma cruz, ou seja, que matassem o pecado. Eles tinham de olhar para a serpente,

porque fora por meio de serpentes que os filhos de Israel tinham sido castigados. E por que razão o foram

por meio de serpentes? Porque tinham renovado a conduta dos nossos primeiros pais. Adão e Eva tinham

ambos pecado, comendo o fruto da árvore; os israelitas tinham murmurado por causa da comida. Proferir

queixas porque não se tem legumes é o cúmulo da murmuração. O salmo atesta: «Eles revoltaram-se contra

o Altíssimo no deserto» (Sl 77, 17). Ora, também no Paraíso tinha sido a serpente a dar início à

murmuração.

Os filhos de Israel aprenderiam assim que a mesma serpente que tinha conspirado para levar a morte a

Adão conspirara igualmente para matá-los a ele. Por isso, Moisés suspendeu-a de um madeiro, a fim de

que, ao vê-la, eles fossem conduzidos, por semelhança, a recordar-se da árvore. Com efeito, aqueles que

para ela voltavam os seus olhos eram salvos, não por causa da serpente, naturalmente, mas por se terem

convertido. Olhando para a serpente, recordavam-se dos seus pecados. Por terem sido mordidos,

arrependiam-se e voltavam a ser salvos. A sua conversão transformava o deserto em morada de Deus; o

povo pecador tornava-se, pela penitência, uma assembléia eclesial e, melhor ainda, apesar de si mesmo,

adorava a cruz.

Ef.3,8-12.14-19- DDFC p.1500 8.A mim, o menor de todos os cristãos, foi dada a graça de anunciar aos pagãos a incalculável riqueza de Cristo,

9.e de esclarecer a todos como se realiza o mistério que esteve sempre escondido em Deus, o Criador do Universo.

10.Deste modo, os principados e as autoridades no Céu doravante conhecem, graças à Igreja, a multiforme sabedoria de Deus,

11.conforme o projeto eterno que Ele executou em Jesus Cristo nosso Senhor.

12.N'Ele ousamos aproximar-nos de Deus com aquela confiança que a fé em Cristo nos dá

14.É por isso que eu dobro os joelhos diante do Pai,

15.de quem recebe o nome toda a família, no Céu e na Terra.

16.Que Ele Se digne, segundo a riqueza da sua glória, fortalecer-vos a todos no seu Espírito, para que o homem interior de cada

um se fortifique.

17.Que Ele faça habitar Cristo no vosso coração pela fé. Enraizados e alicerçados no amor,

18.tornar-vos-ei capazes de compreender, com todos os cristãos, qual é a largura e o comprimento, a altura e a profundidade,

19.de conhecer o amor de Cristo, que supera qualquer conhecimento, para que fiqueis repletos de toda a plenitude de Deus.

Comentário feito por :

Atribuído a São Boaventura (1221-1274), franciscano, Doutor da Igreja

Meditações sobre a Paixão do Senhor, 3

«Logo brotou sangue e água»

Aproximemo-nos do coração do dulcíssimo Senhor Jesus, e exultaremos, regozijar-nos-emos nele. Quão

bom e doce é habitar nesse coração! É o tesouro escondido, a pérola preciosa, aquilo que encontramos, ó

Jesus, escavando o campo do Teu corpo (Mt.13,44 ss). Quem rejeitará esta pérola? Bem pelo contrário, por

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ela eu darei todos os meus bens; trocarei todas as minhas preocupações, todos os meus afetos. Todas as

minhas inquietações, abandoná-las-ei no coração de Jesus: ele bastar-me-á e providenciará sem falta à

minha subsistência.

É neste templo, neste Santo dos santos, nesta arca da aliança, que virei adorar e louvar o nome do Senhor.

«Encontrei o meu coração, dizia David, para rezar ao meu Deus» (1º Cron.17, 25 Vulg). E também eu

encontrei o coração do meu Senhor e Rei, do meu irmão e amigo. Portanto, como poderia não rezar? Sim,

rezarei, porque, com firmeza o digo, o Seu coração pertence-me. Ó Jesus, digna-Te aceitar e escutar a

minha oração. Leva-me toda inteira para o Teu coração. Ainda que a deformidade dos meus pecados me

impeça de entrar nele, contudo, dado que por um amor incompreensível este coração se dilatou e alargou,

Tu podes receber-me e purificar-me da minha impureza. Ó Jesus puríssimo, lava-me das minhas

iniqüidades a fim de que, purificada por Ti, possa habitar em Teu coração todos os dias da minha vida, para

ver e fazer a Tua vontade. Se o Teu lado foi trespassado, foi para que a entrada nos seja amplamente aberta.

Se o Teu coração foi ferido, foi para que, ao abrigo das agitações exteriores, possamos habitar nele. E é

ainda para que, na ferida visível, vejamos a invisível ferida do amor.

2Tm.(4,3-4) – DDFT – pg.1523 3.Porque virá tempo em que os homens já não suportarão a sã doutrina da salvação. Levados pelas próprias paixões e pelo

prurido de escutar novidades, ajustarão mestres para si.

4.Apartarão os ouvidos da verdade e se atirarão às fábulas.

5.Tu, porém, sê prudente em tudo, paciente nos sofrimentos, cumpre a missão de pregador do Evangelho, consagra-te ao teu

ministério.

É fundamental na Palavra de Deus, nos sacramentos, na oração e na vida comunitária é um grande

sustentáculo para o cristão do mundo de hoje que vive um templo onde “os homens já não suportarão a sã

doutrina da salvação. Levados pelas próprias paixões e pelo prurido de escutar novidades, ajuntarão

mestres para si. Apartarão os ouvidos da verdade e se atirarão às fábulas”.

Cada vez mais formados pela fé na doutrina de Jesus Cristo, devemos ser canais livres de Deus para

renovarmos a fé do seu povo e sermos canais da manifestação do poder e do amor de Deus no mundo de

hoje.

2Tm.4,6-8.17-18 – DDFT p.1523.4 6.Quanto a mim, estou a ponto de ser imolado e o instante da minha libertação se aproxima.

7.Combati o bom combate, terminei a minha carreira, guardei a fé.

8.Resta-me agora receber a coroa da justiça, que o Senhor, justo Juiz, me dará naquele dia, e não somente a mim, mas a todos

aqueles que aguardam com amor a sua aparição.

17.Contudo, o Senhor me assistiu e me deu forças, para que, por meu intermédio, a boa mensagem fosse plenamente anunciada e

chegasse aos ouvidos de todos os pagãos. E fui salvo das fauces do leão.

18.O Senhor me salvará de todo mal e me preservará para o seu Reino celestial. A ele a glória por toda a eternidade! Amém.

Comentário feito por:

São Bernardo (1091-1153), monge cistercense e Doutor da Igreja

Primeiro sermão para a festa dos santos Pedro e Paulo, 1, 3, 5 (trad. Orval)

«Roguei por ti a fim de que a tua fé não desfaleça. E tu, uma vez convertido, fortalece os teus irmãos» (Lc

22, 32)

Cristo Mediador «que não cometeu pecado e cuja boca não proferiu mentira.» (1P 2, 22). Como ousaria eu

aproximar-me d'Ele, eu pecador, um grande pecador, cujos pecados são mais numerosos que a areia do

mar? Ele é tudo o que há de mais puro e eu de mais impuro. Foi por isso que Deus me deu estes apóstolos,

que são homens e pecadores, grande pecadores, que aprenderam por si mesmos e através da sua

experiência a que ponto deveriam ser misericordiosos para com os outros. Culpados de grandes faltas, eles

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perdoarão facilmente os grandes pecados e usarão conosco a medida que serviu para eles (cf. Lc 6, 38).

O apóstolo Pedro cometeu um grande pecado, talvez não haja pecado maior do que aquele. Ele foi tão

pronta e facilmente perdoado que nada perdeu do privilégio da sua primazia. E Paulo, que havia

desencadeado um furor sem limites contra a Igreja emergente, foi levado para a fé pelo apelo do próprio

Filho de Deus. Como paga de tantos males, recebeu tantos bens que se tornou «o instrumento escolhido

para levar o nome do Senhor perante os pagãos, os reis e os filhos de Israel» (At.9,15).

Pedro e Paulo são os nossos mestres: aprenderam plenamente com o único Mestre de todos os homens os

caminhos da vida, e ainda hoje no-los ensinam.

Hb. 4,14-16 – DDFT – p.1529 14.Temos, portanto, um grande Sumo Sacerdote que penetrou nos céus, Jesus, Filho de Deus. Conservemos firme a nossa fé.

15.Porque não temos nele um pontífice incapaz de compadecer-se das nossas fraquezas. Ao contrário, passou pelas mesmas

provações que nós, com exceção do pecado.

16 Aproximemo-nos, pois, confiadamente do trono da graça, a fim de alcançar misericórdia e achar a graça de um auxílio

oportuno.

Comentário feito por:

São Tomás de Aquino (1225-1274), teólogo dominicano, Doutor da Igreja

Conferência sobre o Credo, 6 (a partir da trad. do breviário francês)

«Quem quiser ser grande entre vós, faça-se vosso servo»

Que necessidade havia de que o Filho de Deus sofresse por nós? Uma grande necessidade, que podemos

resumir em dois pontos: necessidade de remediar os nossos pecados e necessidade de dar o exemplo para a

nossa conduta. A Paixão de Cristo dá-nos um modelo válido para toda a vida. Se procuras um exemplo de

caridade: «Ninguém tem mais amor do que quem dá a vida pelos seus amigos» (Jo 15, 13). Se buscas

paciência, é na cruz que a encontramos no grau máximo: Na cruz Cristo sofreu grandes tormentos com

paciência porque «ao ser insultado não ameaçava» (1Pe.2,23), «não abriu a boca, como um cordeiro que é

levado ao matadouro» (Is 53,7). «Corramos com perseverança a prova que nos é proposta, tendo os olhos

postos em Jesus, autor e consumador da fé. Ele, renunciando à alegria que lhe fora proposta, sofreu a cruz,

desprezando a ignomínia» (Hb.12, 1-2).

Se procuras um exemplo de humildade, olha para o Crucificado. Porque Deus quis ser julgado por Poncios

Pilatos e morrer. Se procuras um exemplo de obediência, basta que sigas Aquele que se fez obediente ao

Pai «até a morte» (Fl.2,8). «De fato, tal como pela desobediência de um só homem todos se tornaram

pecadores, assim também pela obediência de um só todos se hão de tornar justos» (Rm.5,19). Se buscas um

exemplo de desapego dos bens terrenos, simplesmente segue Aquele que é o «Rei dos reis e Senhor dos

senhores», «em quem estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento» (1Tm.6,15;

Cl.2,3); Ele está nu na cruz, tornado motivo de escárnio, coberto de escarros, maltratado, coroado de

espinhos e, por fim, dessedentado com fel vinagre.

Comentário feito por:

São Gregório de Niza (c. 335-395), monge e bispo

A Vida de Moisés, II, 231-233, 251-253 (a partir da trad. de cf. SC Iter, pp. 265ss.)

«Logo ele recuperou a vista e seguiu Jesus pelo caminho»

[No Monte Sinai, Moisés disse ao Senhor: «Mostra-me a Tua glória». Deus respondeu-lhe: «Farei passar

diante de ti toda a Minha bondade (...), mas tu não poderás ver a Minha face» (Ex 33, 18ss.).] Experimentar

este desejo parece-me porvir de uma alma animada pelo amor à beleza essencial, uma alma a quem a

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esperança não pára de conduzir da beleza que já viu para aquela que está para além. Este pedido audacioso,

que ultrapassa os limites do desejo, almeja pela beleza que está para além do espelho, do reflexo, para vê-la

face a face. A voz divina satisfaz o pedido, recusando-o simultaneamente [...]: a magnanimidade de Deus

concede-lhe a satisfação do desejo, mas, ao mesmo tempo, não lhe promete repouso nem saciedade. É nisto

que consiste a verdadeira visão de Deus: aquele que para Ele eleva os olhos nunca mais cessa de desejá-lo.

É por isso que Ele diz: «não poderás ver a Minha face».

O Senhor que tinha respondido a Moisés exprime-se da mesma forma aos Seus discípulos, clarificando o

sentido desta simbologia. Ele diz «Se alguém quiser vir após Mim», (Lc 9, 23) e não: «Se alguém quiser ir

à Minha frente». Ao que Lhe faz um pedido a respeito da vida eterna, propõe o mesmo: «Vem e segue-Me»

(Lc 18, 22). Ora, aquele que segue caminha virado para as costas daquele que o guia. Portanto, o

ensinamento que Moisés recebe sobre a maneira pela qual é possível ver a Deus é este: ver a Deus é segui-

Lo para onde Ele conduzir. Com efeito, aquele que não conhece o caminho não pode viajar em segurança

se não seguir o guia. Este o precede, mostrando-lhe o caminho; por isso, quem o segue não se desviará do

caminho se se mantiver virado para as costas daquele que o conduz. Com efeito, se se deixar ir ao lado ou

de frente para o guia tomará uma via diferente da indicada. Por isso, Deus diz àquele a quem conduz: «Não

poderás ver a Minha face», o que significa: «não olhes de frente o teu guia», porque, se assim fizesses,

correrias num sentido que Lhe é contrário. [...] Como vês, é importante aprender a seguir a Deus: para

aquele que assim O segue nenhuma contradição do mal se poderá opor ao seu caminhar.

Hb.4,14-16;5,7-9- DDFC- p.1529.0 4,14.Temos, portanto, um grande Sumo Sacerdote que penetrou nos céus, Jesus, Filho de Deus. Conservemos firme a nossa fé.

15.Porque não temos nele um pontífice incapaz de compadecer-se das nossas fraquezas. Ao contrário, passou pelas mesmas

provações que nós, com exceção do pecado.

16.Aproximemo-nos, pois, confiadamente do trono da graça, a fim de alcançar misericórdia e achar a graça de um auxílio

oportuno

5,7. Nos dias de sua vida mortal, dirigiu preces e súplicas, entre clamores e lágrimas, àquele que o podia salvar da morte, e foi

atendido pela sua piedade.

8.Embora fosse Filho de Deus, aprendeu a obediência por meio dos sofrimentos que teve.

9.E uma vez chegado ao seu termo, tornou-se autor da salvação eterna para todos os que lhe obedecem

Comentário feito por:

Severiano de Gabala (?-c. 408), bispo na Síria

6ª Homilia sobre a criação do mundo, 5-6 (trad. Soeur Isabelle de la Source, Lire la Bible; Médiaspaul

1988, t. 1, p. 31)

A cruz, árvore da vida

Havia uma árvore no meio do paraíso. A serpente serviu-se dela para enganar os nossos primeiros pais.

Reparem nesta coisa espantosa: para iludir o homem, a serpente vai recorrer a um sentimento inerente à sua

natureza. Com efeito, ao modelar o homem, o Senhor tinha colocado nele, para além de um conhecimento

geral do universo, o desejo de Deus. Logo que o demônio descobriu esse desejo ardente, disse ao homem:

«Sereis como deuses (Gn 3, 5). Agora sois apenas homens e não podeis estar sempre com Deus; mas, se

vos tornardes como deuses, estareis sempre com ele». Dessa forma, foi o desejo de ser igual a Deus que

seduziu a mulher [...], ela comeu e induziu o homem a fazer outro tanto.Ora, após a falta, «Adão ouviu a

voz do Senhor que se passeava no Paraíso ao cair da tarde» (Gn 3, 8). Bendito seja o Deus dos santos por

ter visitado Adão ao cair da tarde! E por visitá-lo ainda agora, ao cair da tarde, na cruz.

Porque foi precisamente na hora em que Adão acabava de comer que o Senhor sofreu a sua paixão, nessas

horas marcadas pelo pecado e pelo julgamento, isto é, entre a sexta e a nona hora. Na hora sexta, Adão

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comeu, de acordo com a lei da natureza; em seguida, escondeu-se. E ao cair da tarde, Deus veio até ele.

Adão tinha desejado tornar-se Deus; tinha desejado uma coisa impossível. Cristo cumulou esse desejo.

«Quiseste tornar-te, disse Ele, o que não podias ser; mas Eu desejo tornar-Me homem, e posso-o. Deus faz

todo o contrário do que tu fizeste ao deixares-te seduzir. Desejaste o que estava acima de ti; quanto a Mim,

agarro o que está abaixo de Mim. Tu desejaste ser igual a Deus; Eu quero ser igual ao homem. Desejaste

tornar-te Deus e não o pudeste. Eu faço-Me homem, para tornar possível o que era impossível» Sim, foi

realmente para isso que Deus veio. Ele dá testemunho aos seus apóstolos: «Desejei tanto comer esta Páscoa

convosco!» (Lc 22, 15) Desceu ao cair da tarde e disse: «Adão, onde estás?» (Gn 3, 9) Aquele que veio

para sofrer é o mesmo que desceu ao Paraíso.

Hb. 11,1-40– DDFV – p.1535.6 1.A fé é o fundamento da esperança, é uma certeza a respeito do que não se vê.

2.Foi ela que fez a glória dos nossos, antepassados.

3.Pela fé reconhecemos que o mundo foi formado pela palavra de Deus e que as coisas visíveis se originaram do invisível.

4.Pela fé Abel ofereceu a Deus um sacrifício bem superior ao de Caim, e mereceu ser chamado justo, porque Deus aceitou as

suas ofertas. Graças a ela é que, apesar de sua morte, ele ainda fala.

5.Pela fé Henoc foi arrebatado, sem ter conhecido a morte: e não foi achado, porquanto Deus o arrebatou; mas a Escritura diz

que, antes de ser arrebatado, ele tinha agradado a Deus (Gn 5,24).

6.Ora, sem fé é impossível agradar a Deus, pois para se achegar a ele é necessário que se creia primeiro que ele existe e que

recompensa os que o procuram.

7.Pela fé na palavra de Deus, Noé foi avisado a respeito de acontecimentos imprevisíveis; cheio de santo temor, construiu a arca

para salvar a sua família. Pela fé ele condenou o mundo e se tornou o herdeiro da justificação mediante a fé.

8.Foi pela fé que Abraão, obedecendo ao apelo divino, partiu para uma terra que devia receber em herança. E partiu não sabendo

para onde ia.

9.Foi pela fé que ele habitou na terra prometida, como em terra estrangeira, habitando aí em tendas com Isaac e Jacó, co-

herdeiros da mesma promessa.

10.Porque tinha a esperança fixa na cidade assentada sobre os fundamentos (eternos), cujo arquiteto e construtor é Deus.

11.Foi pela fé que a própria Sara cobrou o vigor de conceber, apesar de sua idade avançada, porque acreditou na fidelidade

daquele que lhe havia prometido.

12.Assim, de um só homem quase morto nasceu uma posteridade tão numerosa como as estrelas do céu e inumerável como os

grãos de areia da praia do mar.

13.Foi na fé que todos (nossos pais) morreram. Embora sem atingir o que lhes tinha sido prometido, viram-no e o saudaram de

longe, confessando que eram só estrangeiros e peregrinos sobre a terra (Gn 23,4).

14.Dizendo isto, declaravam que buscavam uma pátria.

15.E se se referissem àquela donde saíram, ocasião teriam de tornar a ela...

16.Mas não. Eles aspiravam a uma pátria melhor, isto é, à celestial. Por isso, Deus não se de digna de ser chamado o seu Deus;

de fato, ele lhes preparou uma cidade.

17.Foi pela sua fé que Abraão, submetido à prova, ofereceu Isaac, seu único filho,

18.depois de ter recebido a promessa e ouvido as palavras: Uma posteridade com o teu nome te será dada em Isaac (Gn 21,12).

19.Estava ciente de que Deus é poderoso até para ressuscitar alguém dentre os mortos. Assim, ele conseguiu que seu filho lhe

fosse devolvido. E isso é um ensinamento para nós!

20.Foi inspirado pela fé que Isaac deu a Jacó e a Esaú uma bênção em vista de acontecimentos futuros.

21.Foi pela fé que Jacó, estando para morrer, abençoou cada um dos filhos de José e venerou a extremidade do seu bastão.

22.Foi pela fé que José, quando estava para morrer, fez menção da partida dos filhos de Israel e dispôs a respeito dos seus

despojos.

23.Foi pela fé que os pais de Moisés, vendo nele uma criança encantadora, o esconderam durante três meses e não temeram o

edito real.

24.Foi pela fé que Moisés, uma vez crescido, renunciou a ser tido como filho da filha do faraó,

25.preferindo participar da sorte infeliz do povo de Deus, a fruir dos prazeres culpáveis e passageiros.

26.Com os olhos fixos na recompensa, considerava os ultrajes por amor de Cristo como um bem mais precioso que todos os

tesouros dos egípcios.

27.Foi pela fé que deixou o Egito, não temendo a cólera do rei, com tanta segurança como estivesse vendo o invisível.

28.Foi pela fé que mandou celebrar a Páscoa e aspergir (os portais) com sangue, para que o anjo exterminador dos primogênitos

poupasse os dos filhos de Israel.

29.Foi pela fé que os fez atravessar o mar Vermelho, como por terreno seco, ao passo que os egípcios que se atreveram a

persegui-los foram afogados.

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30.Foi pela fé que desabaram as muralhas de Jericó, depois de rodeadas por sete dias.

31.Foi pela fé que Raab, a meretriz, não pereceu com aqueles que resistiram, por ter dado asilo aos espias.

32.Que mais direi? Faltar-me-á o tempo, se falar de Gedeão, Barac, Sansão, Jefté, Davi, Samuel e dos profetas.

33.Graças à sua fé conquistaram reinos, praticaram a justiça, viram se realizar as promessas. Taparam bocas de leões,

34.extinguiram a violência do fogo, escaparam ao fio de espada, triunfaram de enfermidades, foram corajosos na guerra e

puseram em debandada exércitos estrangeiros.

35.Devolveram vivos às suas mães os filhos mortos. Alguns foram torturados, por recusarem ser libertados, movidos pela

esperança de uma ressurreição mais gloriosa.

36.Outros sofreram escárnio e açoites, cadeias e prisões.

37.Foram apedrejados, massacrados, serrados ao meio, mortos a fio de espada. Andaram errantes, vestidos de pele de ovelha e de

cabra, necessitados de tudo, perseguidos e maltratados,

38.homens de que o mundo não era digno! Refugiaram-se nas solidões das montanhas, nas cavernas e em antros subterrâneos.

39.E, no entanto, todos estes mártires da fé não conheceram a realização das promessas!

40.Porque Deus, que tinha para nós uma sorte melhor, não quis que eles chegassem sem nós à perfeição (da felicidade).

-É com esta fé virtude que faz com que corramos com perseverança para o certame que nos é proposto,

com os olhos fixos naquele que é o autor e realizador da fé, Jesus.

Comentário feito por:

São Cipriano (c. 200-258), Bispo de Cartago e mártir

Sobre a unidade, 26-27 (a partir da trad. de DDB 1979, p. 49 e AELF)

«Estai preparados»

Era no nosso tempo que o Senhor estava a pensar quando disse: «Quando o Filho do Homem voltar,

encontrará a fé sobre a terra?» (Lc 18, 8). Vemos realizar-se esta profecia. Já não acreditamos no temor de

Deus, nem na lei da justiça, nem na caridade, nem nas boas obras. [...] Tudo aquilo que a nossa consciência

temia, porque acreditava, deixou de temer, porque já não crê. Porque, se cresse, estaria vigilante; e, estando

vigilante, salvar-se-ia.

Despertemos meus irmãos muito queridos, tanto quanto formos capazes. Sacudamos o sono da nossa

inércia. Velemos de forma a observar e a praticar os preceitos do Senhor. Sejamos como Ele nos

recomendou que fossemos quando disse: «Estejam apertados os vossos cintos e acesas as vossas lâmpadas.

Sede semelhantes aos homens que esperam o seu senhor ao voltar da boda, para lhe abrirem a porta quando

ele chegar e bater. Felizes aqueles servos a quem o senhor, quando vier, encontrar vigilantes!».

Sim, permaneçamos vigilantes, com receio de que venha o dia da nossa partida e nos encontre tolhidos e

empedernidos. Que a nossa luz brilhe e irradie em boas obras, que ela nos encaminhe da noite deste mundo

para a luz e para a caridade eternas. Aguardemos com zelo e prudência a chegada súbita do Senhor, a fim

de que, quando Ele bater à porta, a nossa fé esteja desperta para d'Ele receber a recompensa pela nossa

vigilância. Se observarmos estas ordens, se retivermos estes conselhos e estes preceitos, as manhas

enganosas do Acusador não conseguirão atingir-nos durante o sono. Mas, reconhecidos como servos

vigilantes, reinaremos com Cristo triunfador.

Hb. (12,1-3) – DDFC – pg.1536 – 1.Desse modo, cercados como estamos de uma tal nuvem de testemunhas, desvencilhemo-nos das cadeias do pecado. Corramos

com perseverança ao combate proposto, com o olhar fixo no autor e consumador de nossa fé, Jesus.

2.Em vez de gozo que se lhe oferecera, ele suportou a cruz e está sentado à direita do trono de Deus. 3.Considerai, pois, atentamente aquele que sofreu tantas contrariedades dos pecadores, e não vos deixeis abater pelo desânimo.

1Pd.1,3-9– DDFC – p.1542.3 3.Bendito seja Deus, o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo! Na sua grande misericórdia ele nos fez renascer pela ressurreição de

Jesus Cristo dentre os mortos, para uma viva esperança,

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4 para uma herança incorruptível, incontaminável e imarcescível, reservada para vós nos céus;

5.para vós que sois guardados pelo poder de Deus, por causa da vossa fé, para a salvação que está pronta para se manifestar nos

últimos tempos.

6.É isto o que constitui a vossa alegria, apesar das aflições passageiras a vos serem causadas ainda por diversas provações,

7.para que a prova a que é submetida a vossa fé (mais preciosa que o ouro perecível, o qual, entretanto, não deixamos de provar

ao fogo) redunde para vosso louvor, para vossa honra e para vossa glória, quando Jesus Cristo se manifestar.

8.Este Jesus vós o amais, sem o terdes visto; credes nele, sem o verdes ainda, e isto é para vós a fonte de uma alegria inefável e

gloriosa,

9.porque vós estais certos de obter, como preço de vossa fé, a salvação de vossas almas.

Comentário feito por:

Relato de três companheiros de São Francisco de Assis (c. 1244)

§§ 7-8 (a partir da trad. de Debonnet e Vorreux, Ed. Franciscaines, 1968, p.810)

Início da conversão de São Francisco

Certa noite, depois do seu regresso a Assis, os companheiros do jovem Francisco elegeram-no como chefe

do grupo. Com tantas vezes tinha feito, mandou então preparar um suntuoso banquete. Depois de saciados,

saíram todos e percorreram a cidade, a cantar. Os companheiros, em grupo, iam à frente de Francisco; este,

empunhando o bastão de chefe, fechava o cortejo, um pouco mais atrás, sem cantar, mergulhado nos seus

pensamentos. E eis que, de súbito, o Senhor lhe aparece, enchendo-lhe o coração de uma doçura tal, que ele

ficou sem conseguir falar, sem se mexer [...].

Quando os companheiros se voltaram para trás e o viram assim tão longe deles, voltaram atrás e

aproximaram-se, receosos; encontraram-no mudado, como se fosse outro homem. Perguntaram-lhe: «Em

que é que pensavas para te esqueceres assim de nos seguir? Estarias a pensar em arranjar mulher?» «Têm

toda a razão! Decidi ter esposa, uma esposa mais nobre, mais rica e mais bela do que todas as que vocês já

viram». Os companheiros puseram-se a troçar dele.

A partir daquele momento, ele fazia os possíveis para que Jesus Cristo lhe ocupasse a alma, e bem assim

aquela pérola que tanto desejava comprar depois de tudo ter vendido (M.13,46). Furtando-se

freqüentemente aos olhos dos que dele troçavam, ia muitas vezes – quase diariamente – rezar em segredo.

De alguma maneira a isso era impelido pelo gozo antecipado daquela doçura extrema que tantas vezes o

visitava e que com tanta força o atraía, estando ele na praça ou noutros locais públicos, para a oração.

1Jo. 4,7-16 DDFV- p.1552 7.Caríssimos, amemo-nos uns aos outros, porque o amor vem de Deus, e todo o que ama é nascido de Deus e conhece a Deus.

8.Aquele que não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor.

9.Nisto se manifestou o amor de Deus para conosco: em nos ter enviado ao mundo o seu Filho único, para que vivamos por ele.

10.Nisto consiste o amor: não em termos nós amado a Deus, mas em ter-nos ele amado, e enviado o seu Filho para expiar os

nossos pecados.

11.Caríssimos, se Deus assim nos amou, também nós nos devemos amar uns aos outros.

12.Ninguém jamais viu a Deus. Se nos amarmos mutuamente, Deus permanece em nós e o seu amor em nós é perfeito.

13.Nisto é que conhecemos que estamos nele e ele em nós, por ele nos ter dado o seu Espírito.

14.E nós vimos e testemunhamos que o Pai enviou seu Filho como Salvador do mundo.

15.Todo aquele que proclama que Jesus é o Filho de Deus, Deus permanece nele e ele em Deus.

16.Nós conhecemos e cremos no amor que Deus tem para conosco. Deus é amor, e quem permanece no amor permanece em

Deus e Deus nele.

-Esta fé leva o homem a crer e experimentar a bondade, a misericórdia e o amor de Deus na sua vida.

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Comentário feito por:

São Francisco de Sales (1567-1622), Bispo de Genebra e Doutor da Igreja

Introdução à vida devota, III, 19

«Jesus era muito amigo de Marta, da sua irmã e de Lázaro» (Jo 11, 5)

Amai toda a gente com grande amor de caridade, mas reservai a vossa amizade profunda para os que

podem partilhar convosco as coisas boas. [...] Se partilham no domínio dos conhecimentos, a vossa

amizade é certamente louvável; mais ainda se comungam da prudência, da discrição, da força e da justiça.

Mas, se a vossa relação é fundada na caridade, na devoção e na perfeição cristã, ó Deus, a vossa amizade é

preciosa! É admirável porque vem de Deus, admirável porque tende para Deus, admirável porque o seu

laço, é Deus, porque é eterna em Deus. Como é bom amar na terra como se ama no céu, aprendei a amar

neste mundo como o faremos para sempre no outro!

Não falo aqui do amor simples da caridade, porque esse deve ser levado a todos os homens; falo da

amizade espiritual, pela qual dois, três ou vários comungam na vida espiritual e têm um só coração e uma

só alma (cf. At.4, 2). É verdadeiramente justo que tais almas cantem felizes: «Vede como é bom e

agradável que os irmãos vivam unidos!» (Sl 132, 1). Parece-me que todas as outras amizades não são mais

do que a sombra desta. É fundamental que os cristãos que vivem no mundo se ajudem uns aos outros

através de santas amizades; por este meio incentivam-se, apoiam-se, conduzem-se mutuamente para o

bem.Ninguém pode negar que Nosso Senhor amou com uma amizade mais doce e muito especial São João,

Lázaro, Marta e Madalena, pois o Evangelho o testemunha.

1Jo. (4,8.16) – DDFC – pg.1552 8.Aquele que não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor. 16.Nós conhecemos e cremos no amor que Deus tem para conosco. Deus é amor, e quem permanece no amor permanece em

Deus e Deus nele.

– Pelo dom do Espírito Santo, o homem, na fé, chega a contemplar e a saborear o mistério do plano divino.

1Jo.(4,19-21) – DDFT – p.1553

19.Mas amamos, porque Deus nos amou primeiro.

20.Se alguém disser: Amo a Deus, mas odeia seu irmão, é mentiroso. Porque aquele que não ama seu irmão, a quem vê, é

incapaz de amar a Deus, a quem não vê.

21.Temos de Deus este mandamento: o que amar a Deus, ame também a seu irmão.

Comentário feito por:

Catecismo da Igreja Católica, § 695

«O Espírito do Senhor está sobre Mim, porque o Senhor Me ungiu»

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A unção. O simbolismo da unção com óleo é também significativo do Espírito Santo, a ponto de se tomar o

seu sinônimo (1Jo.2,20.27; 2Co.1,21). Na iniciação cristã, ela é o sinal sacramental da Confirmação, que

justamente nas Igrejas Orientais se chama «Crisma». Mas, para lhe apreender toda a força, temos de voltar

à primeira unção realizada pelo Espírito Santo: a de Jesus. Cristo («Messias» em hebraico) significa

«ungido» pelo Espírito de Deus. Houve «ungidos» do Senhor na antiga Aliança (Ex 30, 22-32), sobretudo

o rei David (1Sm.16,13). Mas Jesus é o ungido de Deus de maneira única: a humanidade que o Filho

assume é totalmente «ungida pelo Espírito Santo». Jesus é constituído «Cristo» pelo Espírito Santo (Lc 4,

18-19; Is 61, 1). A Virgem Maria concebe Cristo do Espírito Santo, que pelo anjo O anuncia como Cristo

quando do Seu nascimento (Lc 2, 11) e leva Simeão a ir ao templo ver o Cristo do Senhor (Lc.2,26-27). É

Ele que enche Cristo (Lc 4, 1) e cujo poder emana de Cristo, nos Seus atos de cura e salvamento (Lc 6, 19;

8,46). Finalmente, é Ele que ressuscita Jesus de entre os mortos (Rm.1,4; 8,11). Então, plenamente

constituído «Cristo» na Sua humanidade vencedora da morte (At.2,36), Jesus difunde em profusão o

Espírito Santo, até que «os santos» constituam, na sua união à humanidade do Filho de Deus, o «homem

adulto à medida completa da plenitude de Cristo» (Ef 4, 13), «o Cristo total», para empregar a expressão de

Santo Agostinho (Sermão 341, 1, 1).

1Jo.5,1-6 - DDFT p.1553 1.Todo o que crê que Jesus é o Cristo, nasceu de Deus; e todo o que ama aquele que o gerou, ama também aquele que dele foi

gerado.

2.Nisto conhecemos que amamos os filhos de Deus: se amamos a Deus e guardamos os seus mandamentos. 3.Eis o amor de

Deus: que guardemos seus mandamentos. E seus mandamentos não são penosos,

4.porque todo o que nasceu de Deus vence o mundo. E esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé.

5.Quem é o vencedor do mundo senão aquele que crê que Jesus é o Filho de Deus?

6.Ei-lo, Jesus Cristo, aquele que veio pela água e pelo sangue; não só pela água, mas pela água e pelo sangue. E o Espírito é

quem dá testemunho dele, porque o Espírito é a verdade.

Comentário feito por:

São Francisco de Sales (1567-1622), Bispo de Genebra e Doutor da Igreja

Primeiro Sermão para o Pentecostes (rev.)

«Soprou sobre eles e disse-lhes: «Recebei o Espírito Santo»»

Senhor Jesus Cristo, faz com que voltemos a ter «um só coração e uma só alma» (At.4,32), porque, nesse

momento, far-se-á «uma grande calma» (Mc 4, 39). Minha querida audiência, exorto-vos à amizade e à

benevolência entre vós e à paz entre todos; porque, se tivéssemos caridade entre nós, teríamos a paz e o

Espírito Santo. É necessário tornarmo-nos piedosos e rezar a Deus [...], porque os Apóstolos eram

perseverantes na oração. [...] Se começarmos a rezar fervorosamente, o Espírito Santo virá sobre nós e dirá:

«Tranqüilizai, sou Eu: não temais!» (cf. Mc 6,50) [...] Que devemos nós pedir a Deus, meus irmãos? Tudo

o que for para Sua honra e para a salvação das nossas almas e, numa palavra, a ajuda do Espírito Santo;

«Se lhes envias o Teu Espírito [...] renovas a face da terra» (Sl 104 (103), 30) – a paz e a tranqüilidade...

É preciso que peçamos essa paz, para que o Espírito da paz venha sobre nós. Temos, também, de dar graças

a Deus por todos os Seus benefícios, se quisermos que Ele nos conceda as vitórias que são o início da paz;

e, para obter o Espírito Santo, temos de agradecer a Deus Pai que O enviou, primeiramente, ao nosso

mestre, Jesus Cristo, Nosso Senhor, Seu Filho– porque «todos nós participamos da Sua plenitude» (cf. Jo

1,16) – e porque O enviou aos Seus Apóstolos para que no-Lo comunicassem, impondo sobre nós as mãos.

Temos de agradecer ao Filho: tal como Deus, Ele envia-nos o Espírito: sendo Deus, envia Espírito aos que

se dispõe a recebê-Lo. Mas, sobretudo, temos de agradecer porque, sendo Homem, nos mereceu a graça de

receber o Divino Espírito [...].

E como é que Jesus nos mereceu a vinda do Espírito Santo? «Inclinando a cabeça, entregou o espírito» (Jo

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19,30); porque, entregando o Seu último suspiro, e o Seu espírito ao Pai, mereceu-nos que o Pai enviasse o

Espírito ao Seu corpo místico.

1Jo.(5,4) – DDFT - pg.1553 4.porque todo o que nasceu de Deus vence o mundo. E esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé.

– “Porque todo o que nasceu de Deus vence o mundo. E esta é a vitória que vence ao mundo. E esta é a

vitória que vence o mundo: A nossa fé. Quem é o vencedor do mundo senão aquele que crê que Jesus é o

Filho de Deus”.

1.Jo.5,5-13 – DDFT – p.1553 5. Quem é o vencedor do mundo senão aquele que crê que Jesus é o Filho de Deus?

6. Ei-lo, Jesus Cristo, aquele que veio pela água e pelo sangue; não só pela água, mas pela água e pelo sangue. E o Espírito é

quem dá testemunho dele, porque o Espírito é a verdade. 7. São, assim, três os que dão testemunho:

8. o Espírito, a água e o sangue; estes três dão o mesmo testemunho.

9. Aceitamos o testemunho dos homens. Ora, maior é o testemunho de Deus, porque se trata do próprio testemunho de Deus,

aquele que ele deu do seu próprio Filho.

10. Aquele que crê no Filho de Deus tem em si o testemunho de Deus. Aquele que não crê em Deus, o faz mentiroso, porque não

crê no testemunho que Deus deu a respeito de seu Filho.

11. E o testemunho é este: Deus nos deu a vida eterna, e esta vida está em seu Filho.

12. Quem possui o Filho possui a vida; quem não tem o Filho de Deus não tem a vida.

13. Isto vos escrevi para que saibais que tendes a vida eterna, vós que credes no nome do Filho de Deus.

Comentário feito por:

Santo António de Lisboa (c. 1195-1231), franciscano do século XIII, Doutor da Igreja

Sermões para o domingo e as festas dos santos (trad. Bayart, Ed. franciscanas 1944, p. 71)

«Jesus estendeu a mão e tocou-lhe, dizendo: «Quero, fica purificado»».

Oh, como admiro esta mão! Esta mão do meu amado, de ouro engastado de rubis (Ct.5,14). Esta mão cujo

contacto solta a língua do mudo, ressuscita a filha de Jairo (Mc 7, 33; 5, 41) e purifica o leproso. Esta mão

da qual o profeta Isaías nos diz: «Todas estas coisas fez a Minha mão» (66,2).

Estender a mão é dar um presente. Oh Senhor, estende a Tua mão – essa mão que o carrasco estenderá

sobre a cruz. Toca o leproso e concede-lhe essa graça. Tudo aquilo em que a Tua mão tocar será purificado

e curado. «E tocando na orelha do servo», diz São Lucas, «curou-o» (22, 51). Estende a mão para conceder

ao leproso o dom da saúde. Ele diz: «Quero, fica purificado» e imediatamente a lepra se cura; «faz tudo o

que Lhe apraz» (Sl 113B, 3). N'Ele nada separa o querer do realizar.

Ora, esta cura instantânea opera-a Deus cada dia na alma do pecador pelo ministério do sacerdote. Este tem

um triplo ofício: estender a mão, quer dizer, rezar pelo pecador e ter piedade dele; tocar-lhe, consolá-lo,

prometer-lhe o perdão; querer esse perdão e dar-lho através da absolvição. Tal é o triplo ministério pastoral

que o Senhor confiou a Pedro, quando lhe disse por três vezes: «Apascenta as Minhas ovelhas» (Jo 21, 15-

17).

3Jo.1,5-8 – DDFC p.1554 5.Caríssimo, fazes obras de fé em tudo o que realizas para os teus irmãos, mesmo para os irmãos estrangeiros. 6.Estes, perante a

comunidade, deram testemunho do teu amor. Farás bem em provê-los para a sua viagem, de um modo digno de Deus.

7.Pois por amor do seu nome partiram, sem nada receber dos pagãos.

8.Devemos, portanto, receber a tais homens, para cooperar com eles pela verdade.

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Comentário feito por:

Santo Agostinho (354-430), Bispo de Hipona (Norte de África) e Doutor da Igreja

Sermão 115, 1; PL 38, 655 (a partir da trad. de Delhougne, Les Pères commentent, p. 447)

«Quando o Filho do Homem voltar, encontrará a fé sobre a terra?»

Haverá método mais eficaz para nos encorajar à oração do que a parábola do juiz iníquo que o Senhor nos

contou? Evidentemente, o juiz iníquo nem temia a Deus nem respeitava os homens. Não experimentava

qualquer benevolência pela viúva que a ele recorria e, no entanto, vencido pelo aborrecimento, acabou por

escutá-la. Se, portanto, ele atendeu esta mulher que o importunava com as suas súplicas, como não seremos

nós atendidos por Aquele que nos encoraja a apresentar-Lhe as nossas? Foi por isso que o Senhor nos

propôs esta comparação, conseguida por contraste, para nos dar a perceber que é preciso «orar sempre, sem

desfalecer». E depois acrescentou: «Mas, quando o Filho do Homem voltar, encontrará a fé sobre a terra?»

Se a fé desaparecer, a oração extingue-se. Com efeito, quem poderia rezar para pedir aquilo em que não

crê? Eis o que o Apóstolo Paulo diz, exortando-nos à oração: «Todo o que invocar o nome do Senhor será

salvo». Depois, para mostrar que a fé é a fonte da oração e que o ribeiro não pode correr se a fonte estiver

seca, acrescenta: «Ora, como irão invocar Aquele em Quem não acreditaram?» (Rm.10,13-14)

Acreditemos, pois, para podermos orar e oremos para que a fé, que é o princípio da nossa oração, nunca

nos venha a faltar. A fé expande a oração e a oração, ao expandir-se, obtém por seu turno o fortalecimento

da fé.

Ap.1,1-4 DDFC – p.1556 1.Revelação de Jesus Cristo, que lhe foi confiada por Deus para manifestar aos seus servos o que deve acontecer em breve. Ele,

por sua vez, por intermédio de seu anjo, comunicou ao seu servo João,

2.o qual atesta, como palavra de Deus, o testemunho de Jesus Cristo e tudo o que viu.

3.Feliz o leitor e os ouvintes se observarem as coisas nela escritas, porque o tempo está próximo.

4.João às sete igrejas que estão na Ásia: a vós, graça e paz da parte daquele que é, que era e que vem da parte dos sete Espíritos

que estão diante do seu trono

Comentário feito por:

São Josemaría Escrivá de Balaguer (1902-1975), presbítero, fundador

Homilia «Vida de fé», em «Amigos de Deus», nº 195

«Os que iam à frente repreendiam-no, para que se calasse. Mas ele gritava cada vez mais.»

Ouvindo aquele grande vozear das pessoas, o cego perguntou: o que é isto? Responderam-lhe: é Jesus de

Nazaré. Então inflamou-se-lhe tanto a alma na fé em Cristo, que gritou:

«Jesus, Filho de David, tem piedade de mim.»

Não te dá vontade de gritar, a ti que também estás parado na beira do caminho, desse caminho da vida que

é tão curta; a ti, a quem faltam luzes; a ti, que necessitas de mais graça para te decidires a procurar a

santidade? Não sentes urgência em clamar: «Jesus, Filho de David, tem piedade de mim»? Que bela

jaculatória para repetires com freqüência!

Aconselho-vos a meditar com vagar sobre as circunstâncias que precedem o prodígio, a fim de que

conserveis bem gravada na vossa mente uma idéia muito nítida: como os nossos pobres corações são

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diferentes do Coração misericordioso de Jesus! Isto ser-vos-á sempre muito útil, de modo especial na hora

da prova, da tentação, e também na hora da resposta generosa nos pequenos afazeres do dia-a-dia ou nas

ocasiões heróicas.

Muitos repreendiam-no para o fazer calar. Tal como a ti, quando suspeitaste de que Jesus passava a teu

lado. Acelerou-se o bater do teu coração e começaste também a clamar, movido por uma íntima

inquietação. E amigos, costumes, comodidade, ambiente, todos te aconselharam: cala-te, não grites! Porque

é que chamarás por Jesus? Não o incomodes!

Mas o pobre Bartimeu não os ouvia e continuava ainda com mais força: «Filho de David, tem piedade de

mim». O Senhor, que o ouviu desde o começo, deixou-o perseverar na sua oração. Contigo, procede da

mesma maneira. Jesus apercebe-Se do primeiro apelo da nossa alma, mas espera. Quer que nos

convençamos de que precisamos Dele; quer que Lhe roguemos, que sejamos teimosos, como aquele cego

que estava à beira do caminho, à saída de Jericó. Imitemo-lo. Ainda que Deus não nos conceda

imediatamente o que Lhe pedimos e, apesar de muitos procurarem afastar-nos da oração, não cessemos de

Lhe implorar.