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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
PROF. TSUNESSABURO MAKIGUTI
E SUAS CONTRIBUIÇÕES PEDAGÓGICAS
Por: Linda Izumi Shimota
Orientador
Profª. Solange Monteiro
Niterói
2013
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
PROF. TSUNESSABURO MAKIGUTI
E SUAS CONTRIBUIÇÕES PEDAGÓGICAS
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do
grau de especialista em Psicopedagogia
Institucional.
Por: Linda Izumi Shimota
Niterói
2013
3
AGRADECIMENTOS
Agradeço aos professores da AVM Faculdade
Integrada pelo acompanhamento e orientação na
conclusão deste curso.
4
DEDICATÓRIA
Dedico essa Monografia aos meus pais e
irmão, por sempre me amarem e me
protegerem; ao meu marido, por me apoiar e
incentivar nesta jornada acadêmica; aos
familiares e amigos, pela torcida na conclusão
deste curso; e ao meu Mestre Daisaku Ikeda,
por ter tornado realidade todas as
idealizações de seus antecessores e por
também confiar a continuidade desta jornada
a seus sucessores.
5
RESUMO
Este trabalho tem por objetivo apresentar à comunidade educacional brasileira um pouco sobre a vida e o legado deste grande Mestre japonês Tsunessaburo Makiguti, cujas ideias inovadoras, mesmo após 68 anos de seu falecimento, ainda contribuem para a melhoria do ensino escolar, e principalmente, no desenvolvimento feliz e saudável de cada criança, cujo resultado interfere diretamente na edificação de uma sociedade mais humana, digna e respeitável.
6
METODOLOGIA
A metodologia desenvolvida nesse trabalho foi a bibliográfica,
através de conteúdos recolhidos em revistas, publicações e livros, em especial
da Soka Gakkai, para fundamentar a realização desse trabalho.
7
“Todas as puras forças das benções causadas pela humanidade não são dádivas de habilidade nem do acaso. Elas se encontram na natureza interior de todos os seres humanos, junto com outras qualidades inerentes. O desenvolvimento dessas forças é a necessidade comum de toda a humanidade.”
Johann Heinrich Pestalozzi
8
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 09
CAPÍTULO I
PROFESSOR TSUNESSABURO MAKIGUTI 13
CAPÍTULO II
PENSAMENTOS DO PROFESSOR MAKIGUTI 25
CAPÍTULO III
CONTRIBUIÇÕES DO SISTEMA EDUCACIONAL SOKA NO MUNDO E NO
BRASIL 41
CONCLUSÃO 52
BIBLIOGRAFIA 55
ÍNDICE 58
ANEXOS 60
9
INTRODUÇÃO
Neste conturbado início do século XXI, em que os valores morais
estão esquecidos, as dificuldades enfrentadas por nossas crianças são
causadas pelo declínio da função educativa da sociedade como um todo,
fenômeno que reflete a deterioração da ética da sociedade adulta.
Analisando o curso das políticas educacionais, percebe-se que elas
nem sequer se aproximaram de algo que reflita a busca da felicidade dos
alunos. A ausência desta questão, fez-me refletir sobre o real propósito da
Educação, cuja influência pode ser canalizada tanto para o lado positivo, como
também para o lado destrutivo.
Particularmente, minha vida escolar não foi nada positiva. Apesar de
ter crescido estudando em uma escola particular (pois minha mãe expôs nossa
dificuldade financeira à Diretora da escola, conseguindo assim, uma bolsa de
estudo para os filhos), fiquei bastante indignada quando percebi que havia sido
‘iludida’ ao longo desses longos anos de estudo (educação infantil, mais ensino
fundamental I e II e mais ensino médio na mesma escola), pois somente
depois (já em um curso pré-vestibular renomado), constatei que a qualidade de
ensino da escola onde estudei era fraquíssima. Além desta constatação, o que
me deixou ainda mais indignada foi quando percebi que, somente os alunos
que possuem melhor poder aquisitivo conseguem acesso a uma educação de
‘qualidade’. Toda essa indignação influenciou na escolha da minha formação
acadêmica, pois busquei aprimorar-me na área Educacional, para assim,
transformar esta triste e INJUSTA realidade da educação brasileira.
Foi na Teoria do Valor do Prof. Makiguti que encontrei o
pensamento que valoriza o aluno. O espírito e ponto primordial do ‘Sistema
10
Educacional de Criação de Valor’ de Makiguti é prezar os alunos pensando na
sua felicidade no futuro. Não é uma educação para atender aos interesses do
Estado, das empresas ou de alguma instituição religiosa. O objetivo da
Educação de Criação de Valor (Humano) é o de servir para a felicidade das
pessoas e da sociedade e para a paz da humanidade.
De acordo com a proposta educacional apresentada pelo Educador
japonês Tsunessaburo Makiguti, o significado da vida humana reside na
Criação de Valores. O propósito da vida é adquirir a felicidade, que ele definia
como sendo o estado em que a pessoa pode plenamente ‘criar valor’. Apesar
desta sua grande percepção, a vida de Makiguti não foi nada tranqüila.
Makiguti iniciou sua carreira como educador numa época de
grandes debates sobre a direção do novo Japão, em que se discutia o papel
social e a responsabilidade da educação. Os tradicionalistas e os
confucionistas de sua época sustentavam que a fidelidade e a obediência eram
virtudes primárias que deveriam ser dogmatizadas nos indivíduos. Para a
grande desilusão de Makiguti, os tradicionalistas, elevados por uma crescente
onda de nacionalismo e militarização, triunfaram e dominaram o tratado
educacional japonês até o final da Segunda Guerra Mundial.
Makiguti foi um homem a frente de seu tempo. Suas ideias são
consideradas tão revolucionárias quanto as do educador americano John
Dewey (1859-1952). Porém, enquanto Dewey era tido como um renomado
educador, influenciando também outros importantes pensadores, o trabalho e
a teoria de Makiguti eram rejeitados e humilhados, exercendo pouca influência
na educação japonesa enquanto viveu.
Pode-se relacionar três razões que contribuíram para o seu
anonimato; o primeiro seria que, na época em que viveu, a cultura e os
pensamentos orientais não serem valorizados tanto quanto as do ocidente; o
segundo, foi a própria barreira do idioma, não facilitando o seu pensamento
exercer influências fora do Japão; e o terceiro, é entender que para a época e
11
contexto em que viveu, suas ideias serem inovadoras e não compreensíveis
para os pensadores de seu período. Contudo, hoje, sua teoria é considerada
bastante atual, pois aborda tópicos ainda presentes no cotidiano escolar, como
a falência do método da memorização, desenvolvimento e capacitação da
criatividade inata de cada aluno.
Por falta de credenciais acadêmicas respeitáveis, e sempre atacar
consistente e abertamente bradando por uma reforma do sistema escolar,
Makiguti sempre era tido como um intruso na área educacional japonesa.
Entretanto, ele jamais se abalou e continuou dedicando sua vida à educação
para a ‘Criação de Valores (Humanos)’.
E assim, em 1930, Makiguti fundou a Sociedade Educacional de
Criação de Valores (Soka Kyoiku Gakkai). Atualmente, Daisaku Ikeda a frente
desta instituição, vem tornando realidade todos os sonhos de Makiguti. Ao
assumir a presidência da Soka Gakkai Internacional, Ikeda empenhou
sucessivos esforços para colocar em prática a educação humanística
defendida por Makiguti. O sistema educacional Soka (em português ‘SOKA’
significa ‘Criação de Valores (Humanos)’ ), que hoje abrange desde a pré-
escola até o nível universitário, foi criado como uma grande homenagem aos
grandes mestres fundadores da Soka Gakkai e para dar oportunidade de
vivenciar na prática a educação para a ‘Criação de Valor (Humano)’.
Este trabalho está estruturado em três capítulos. No primeiro,
introduzo a vida de Tsunessaburo Makiguti. No segundo capítulo, apresento as
teorias pensadas pelo prof. Makiguti, apresentando o seu livro Geografia da
Vida Humana, a Teoria do Valor, e qual o real objetivo da Educação: a
Felicidade da Criança. E no último capítulo, trago as contribuições do Sistema
Educacional Soka para a sociedade brasileira e mundial.
Qual o valor das teorias desenvolvidas pelo Educador Makiguti?
Trata-se de um grande educador da humanidade, ou, como muitos educadores
de sua época o classificaram, trata-se apenas de um professor escolar
12
insignificante com ideias “estranhas”? A filosofia educacional e pedagógica de
Makiguti possuem realmente contribuições da Teoria do Valor para os
educadores modernos? Segundo Dayle M. Bethel1, pesquisador da vida e da
filosofia educacional de Makiguti, o trabalho do Prof. Makiguti contém
importantes e valiosos apontamentos para os dias de hoje, merecendo grande
reconhecimento como um dos maiores pensadores da educação2.
Apesar de algumas críticas à Makiguti, o que pode-se destacar de
valor não são apenas os seus conceitos de valor, como a ‘criação de valor’,
mas também a importância da comunidade e a responsabilidade que a
sociedade exerce para que os indivíduos tornem-se ‘criadores de valor’. O
mérito do trabalho de Makiguti está na confirmação de que, apesar de ele ter
pertencido a uma distinta cultura, ele foi capaz de defender e lutar pela
educação baseada na liberdade, e não apenas na ‘transmissão de
conhecimento’.
Hoje, sua teoria e seu valor estão sendo reconhecidos
mundialmente – exatamente em 192 países e territórios do mundo – através da
Soka Gakkai, organização que foi herdada pelos sucessores de Makiguti
(Jossei Toda e Daisaku Ikeda), expandindo o legado de Makiguti, de respeito,
dignidade e valor contido em cada aluno, em cada ser humano.
Na história da educação japonesa, Makiguti ficou conhecido apenas
como um “explicador”, ou então, como “aquele que trouxe problemas”.
Entretanto, apesar de toda esta sua “fama” e anonimato, hoje, Makiguti é
considerado como um dos maiores educadores do século XX.
1 Bethel é professor de educação e antropologia no International University Learning Center em Osaka, Japão. 2 BETHEL, 1973.
13
CAPÍTULO I
PROFESSOR TSUNESSABURO MAKIGUTI 3
O objetivo da educação é preparar as crianças para se tornarem células responsáveis e saudáveis no organismo social, a fim de contribuírem para a felicidade da sociedade e, com isto, encontrarem sentido, propósito e felicidade em suas vidas. (MAKIGUTI, 1994, p. 39)
Tsunessaburo Makiguti (1871-1944) foi um homem a frente de seu
tempo. Ele propôs uma reforma educacional tão revolucionária como as
avançadas teorias do educador americano John Dewey (1859-1952). Criador
da Teoria do Valor, Makiguti percebeu que uma das principais razões da vida é
a criação de valor, propondo este mesmo princípio à Educação.
No ocidente, temas em torno da Educação Dialética e Educação
Dialógica eram comumente discutidos, todavia, no oriente do início do século
XIX, Makiguti chegou a estas conclusões sozinho, dentro de uma estrutura
educacional militar japonesa, cujo objetivo era treinar as crianças para serem
obedientes, não livres e não iguais. Este autor, há mais de 100 anos, já
abordava temas que hoje são considerados ‘modernos’.
Sua vida foi marcada por sucessões de tragédias pessoais,
incluindo a morte de quatro filhos seus. Outro fator marcante foi o ambiente
político e cultural no qual ele viveu como educador. E para “piorar”, depois de
dedicar mais de 40 anos de sua vida tentando trazer mudanças no arcaico
sistema educacional japonês, ele teve que encarar a dura realidade de que
perdera esta batalha. Seus esforços para humanizar o sistema educacional
3 No anexo foto de Makiguti.
14
foram dissipados tanto pela rígida cultura como também pelo crescimento do
domínio militar na nação japonesa.
Em seguida, será apresentado mais aspectos de sua vida, como
também seus pensamentos.
1.1 Vida de Makiguti
Tsunessaburo Makiguti nasceu em 6 de junho de 1871, numa
distante vila pesqueira à noroeste do Japão. Com apenas três anos de idade,
já havia sofrido duas tentativas de suicídio: primeiramente, foi com seu pai; e a
outra com sua mãe, que se jogou do alto de um penhasco com o pequeno
Tsunessaburo no colo. Após a tentativa frustrada de suicídio, sua mãe o
abandona com uma tia, sendo este o último contato dele com a mãe. Com
quinze anos de idade, devido à extrema pobreza da família, passou a viver
com uma outra tia e precisou abandonar os estudos após concluir o ensino
fundamental. Começou a trabalhar no departamento de polícia local, onde
impressionou a todos com seu excelente desempenho no trabalho, sua paixão
pelos estudos e seu talento inato para o ensino; e então, um grupo de pessoas
que trabalhava com ele, juntou uma certa quantia em dinheiro para que ele
pudesse cursar a Escola Normal. Nesta época de estudante da escola normal,
foi submetido a uma rigorosa disciplina para que se tornasse um educador
obediente.
Depois de formado, aos 22 anos, começou a trabalhar como
professor supervisor na escola primária vinculada à escola normal. Neste
período que Makiguti dava seus primeiros passos como educador, o Japão
realizava significativas mudanças na política governamental, definindo,
inclusive, o papel social e a responsabilidade da Educação. A política nacional
tornava-se cada vez mais militarizada, como afirmava o slogan da época
15
“riqueza nacional e poderio militar – o caminho da expansão”, e buscava criar
cada vez mais cidadãos fiéis e obedientes, para que estes se tornassem cegos
e não questionassem o Governo. Entretanto, sem se deixar influenciar,
Makiguti foi um professor que sempre se preocupou com o bem-estar de seus
alunos, ajudando inclusive aqueles que não possuíam recursos, com lanches
que preparava e oferecia com o seu próprio recurso (limitado).
Makiguti era totalmente contra os tradicionalistas e confucionistas de
sua época, defendendo abertamente a liberdade e os direitos do indivíduo.
Esta sua postura de discordar frequente e publicamente a burocracia
educacional implementada pelo Ministério da Educação, logicamente, o fez
encontrar muitos inimigos poderosos. Um destes, em 1901, obrigou Makiguti a
abandonar seu cargo numa escola, devido a um incidente associado à sua
“ruptura disciplinar”, pois Makiguti recusou-se a conceder tratamento especial,
muito comum na época, aos alunos de famílias ricas e influentes. Muitos pais e
colegas professores questionaram sua transferência. Makiguti só aceitou ir
para a outra escola, se as autoridades realizassem reformas no pátio escolar
da escola para onde estava sendo designado. Em todas as suas atitudes,
Makiguti demonstrava seu espírito nobre e abnegado.
Apesar das sucessivas dificuldades financeiras, que ele e sua
família em crescimento passaram a enfrentar devido a estas perseguições, em
1903, Makiguti conseguiu produzir seu primeiro livro "Geografia da Vida
Humana", onde já trazia a consciência de cidadania global, estando à frente de
seu tempo, ao contrário da elite intelectual da época, que apoiava as ações
militares do governo japonês, que resultou na participação do Japão em mais
uma guerra, eclodindo a Guerra Russo-Japonesa.
Em 1913, Makiguti conseguiu assumir a função de diretor de uma
escola de ensino fundamental em Tóquio – Capital do país –, onde
permaneceu neste cargo aproximadamente por vinte anos, tornando a
instituição que dirigia uma das mais notáveis escolas públicas da cidade.
16
Em 1928, aos 57 anos de idade, Makiguti converteu-se ao Budismo
de Nitiren Daishonin4, juntamente com seu jovem discípulo e também educador
Jossei Toda, que havia conhecido dez anos antes. O encontro com esta
filosofia budista resultou em novas e significativas proporções na vida de
Makiguti.
Em 1930, com a publicação da obra Teoria do Sistema Educacional
de Criação de Valor, foi fundada a Soka Kyoiku Gakkai – literalmente
Sociedade Educacional de Criação de Valor (predecessora da atual Soka
Gakkai) –, onde Makiguti tornou-se o presidente da organização.
A obra Teoria do Sistema Educacional de Criação de Valor consiste
em anotações de sua vivência, que reuniu enquanto lecionava nas escolas.
Anos depois, todas suas reflexões, pensamentos e experiências foram
compiladas por Dayle M. Bethel, pesquisador da vida e da filosofia educacional
de Makiguti, resultando na obra “Educação para uma Vida Criativa”. O livro
expõe que a felicidade é o estado em que a pessoa pode plenamente criar
valor, trazendo a “teoria da criação de valor” de Makiguti.
Para a educação atingir o objetivo de felicidade e realização para todos, precisa transformar a apatia da existência social, alienada e egocêntrica em um comprometimento consciente com a sociedade. A educação pode e deve levar o indivíduo a reconhecer seu comprometimento com a sociedade e o Estado a que pertence, não apenas com relação à satisfação de suas necessidades básicas e da segurança, mas de tudo que constitui felicidade. (MAKIGUTI, 1994, p. 45)
Com a entrada do Japão na Segunda Guerra Mundial, Makiguti foi
acusado de violar a Lei de Preservação da Paz e de lesa-majestade, sendo
preso aos 73 anos de idade, em 6 de julho de 1943. Após dezessete meses de
confinamento, em 18 de novembro de 1944, devido à desnutrição e aos maus
tratos, Makiguti veio a falecer na prisão.
4 Ver anexo.
17
Com esta guerra, a Família Makiguti, além da perda de seu
patriarca, também teve a perda do filho Yozo que morreu aos 37 anos, em sua
segunda convocação, quando foi enviado à China.
Para evitar que esse seu filho ficasse preocupado, Makiguti nunca
contou a ele sobre sua prisão. Quando soube do falecimento do filho, um mês
antes de também vir a falecer, Makiguti escreveu uma carta sobre a dor que
sentia com o falecimento de seu querido filho e tentou confortar os familiares.
Nessa mesma carta, Makiguti escreveu palavras que podem ser consideradas
como testamento e também como seu último desejo:
Estou muito bem. Estou lendo avidamente os escritos filosóficos de Kant. Quando reflito sobre como consegui produzir minha Teoria do Valor – uma teoria que os estudiosos dos últimos cem anos buscaram em vão – e permitir a milhares de pessoas concretizarem a prova real, fico surpreso comigo mesmo. (MAKIGUTI apud IKEDA, 2008, pág. A3)
Hoje, a teoria de Makiguti está sendo difundida em 192 países e
territórios do mundo através da Soka Gakkai, que foi reconstruída pelo
sucessor de Makiguti, Jossei Toda, e posteriormente, por Daisaku Ikeda,
sucessor de Toda. Assim, Instituições e autoridades de vários países estão
reconhecendo e homenageando Makiguti como um extraordinário educador.
No trecho seguinte, há um trecho do romance Nova Revolução
Humana5 que retrata a consideração e expectativa de líderes e personalidades
de renome mundial perante as Instituições que se baseiam na Teoria
Educacional de Criação de Valor de Tsunessaburo Makiguti:
O Colégio Soka de Kansai recebeu cerca de 1.200 líderes de cinquenta países, entre os quais, as visitas de Mikhail Gorbachev, ex-presidente da antiga União Soviética; Anatoli Logunov, reitor da Universidade Estatal de Moscou; Felix Unger, presidente da Academia Europeia de Ciências e Artes; Armando Hart Dávalos, ministro da Cultura de Cuba; Cho Moon Boo, reitor da Universidade Nacional Cheju da Coréia do Sul; Jose V. Abueva, reitor da Universidade de Filipinas.
5 Nova Revolução Humana: romance publicado pela Editora Brasil Seikyo, autor Daisaku Ikeda.
18
Todos os visitantes, por serem empenhados em prol da paz, não pouparam palavras de louvor pelos esforços dos alunos que consideravam a concretização do bem-estar da humanidade como sua própria missão. A reitora Lygia Lumina Pupato, da Universidade Estadual de Londrina, no Brasil, que visitou o Colégio Soka de Kansai em 2004, teve a seguinte impressão: “Fiquei muito emocionada com a postura dos alunos de estarem pensando na paz mundial desde jovem. Senti profundamente que eles são nossos parceiros na luta pela paz e pelo bem do futuro do nosso mundo”. (IKEDA apud Jornal Brasil Seikyo, 2009, pág. A11).6
1.2 Produções Bibliográficas
Makiguti não teve a oportunidade de lançar muitos livros com seus
pensamentos e apontamentos. O seu primeiro livro surgiu mais da
necessidade de abrir espaço numa área dominada por interesses particulares
do governo, mas apesar disso conseguiu significativa repercussão a seu favor.
A postura de Makiguti era de falar e de lutar pelo que ele
considerava verdade, independente se seus colegas ou a direção escolar
estivessem de acordo ou não. Devido a esta crença, muitas vezes, Makiguti foi
ridicularizado e perseguido; e como tinha apenas a formação “normalista”, era
considerado pelos acadêmicos como apenas um simples “explicador”. Para
reverter esta sua situação, e passar a ter prestígio, Makiguti precisaria publicar
um livro que se tornasse referência na área educacional, e assim conseguir a
chance de “subir de carreira”.
Enquanto que, para muitos professores, a disciplina de geografia
trata-se apenas do estudo da terra, clima e recursos, Makiguti, quando
lecionava essa disciplina, buscava criar em seus alunos o interesse pelos
6 A. Publicado no Jornal Brasil Seikyo, na edição de 14 de fevereiro de 2009, p. A11, capítulo Esperança, parte 67. B. Reportagem completa sobre a entrega do título de Doutor Honorário oferecido ao presidente da SGI, pela Universidade Estadual de Londrina, segue no anexo.
19
habitantes que moravam nos locais estudados e trabalhava a relação da
pessoa e seu ambiente, como este influencia aquele e vice-versa (tal forma de
ensino, hoje, é conhecida como Geografia Humana). Makiguti, então, reuniu
todas estas anotações que vinha fazendo há dez anos, e publicou o livro
Geografia da Vida Humana (1903), que foi tida como uma obra-prima e
referência escolar devido a sua grandiosidade. Este fato abriu novos horizontes
para Makiguti, inclusive criando contato com intelectuais de sua época.
Mais tarde, aproximadamente 30 anos depois, contando com o
apoio de colegas e principalmente de seu discípulo Jossei Toda, em 1930,
Makiguti publicou Soka Kyoikugaku Taikei (Teoria do Sistema Educacional de
Criação de Valores). Mais do que um livro era uma compilação de ideias que
vinha fazendo, com suas críticas e sugestões sobre o sistema educacional.
Os livros publicados por Tsunessaburo Makiguti foram:
ð 1903: Jinsei Chirigaku (Geografia da Vida Humana):
Apresenta abordagem humanista sobre a Geografia e o
desenvolvimento das sociedades.
Além do japonês, esta obra encontra-se traduzida apenas para o
inglês.
Será melhor apresentado no capítulo seguinte.
ð 1912: Kyodoka (Estudos da Comunidade):
Trouxe contribuições significativas aos estudiosos da área de
Ciências Sociais.
Encontra-se apenas no original em japonês.
20
ð 1930: Soka Kyoikugaku Taikei (Teoria do Sistema Educacional de
Criação de Valores):
Na época de seu lançamento, conseguiu grande repercussão entre
importantes educadores e filósofos japoneses.
Posteriormente, quando esta obra foi traduzida para o inglês,
passou a ser conhecida como Educação para uma vida criativa. O supervisor
e editor da tradução desta obra, Dr. Dayle M. Bethel separou e integrou os
apontamentos e propostas de Makiguti – trabalho que não lhe foi possível fazer
(mas Bethel continuou mantendo-se fiel ao autor e ao espírito da obra).
Educação para uma vida criativa já foi lançado em vários países,
inclusive no Brasil, pela Editora Record (1994).
1.3 Soka Gakkai e Sucessores de Makiguti
A Soka Kyoiku Gakkai (Sociedade Educacional de Criação de
Valores), predecessora da Soka Gakkai (Sociedade de Criação de Valores), foi
fundada em 1930 pelo educador Tsunessaburo Makiguti (1871–1944). Seu
objetivo inicial era criar valores humanos por meio da educação.
Posteriormente, seu campo de atuação foi ampliado, mas a educação
continuou sendo uma de suas prioridades.
Em 1975, foi criada a Soka Gakkai Internacional (SGI) que visa à
promoção de valores como a paz e o respeito humano. No âmago do
movimento da Soka Gakkai encontra-se o ideal da educação pela cidadania
global. Por meio de uma ampla variedade de atividades, a SGI tem por meta a
conscientização das responsabilidades para com a sociedade, com o meio
21
ambiente e com o futuro do Planeta. Trata-se de educação no sentido mais
amplo da palavra e não se limita às salas nem a um grupo em particular.
Hoje, a SGI está presente em 192 países e territórios, e no Brasil, a
SGI é representada pela Associação Brasil SGI (BSGI).
Os programas da SGI são inspirados na filosofia humanística do
Budismo de Nitiren Daishonin. Seus conceitos principais são: a dignidade e a
igualdade inerentes em todos os seres humanos; a unidade da vida e seu meio
ambiente; o inter-relacionamento das pessoas que fazem do altruísmo o
caminho viável para a felicidade pessoal; o potencial ilimitado de cada pessoa
para a criatividade, e o direito fundamental de cultivar o auto-desenvolvimento
por meio de um processo de reforma automotivada chamada "revolução
humana".
Como organização não-governamental (ONG) filiada às Nações
Unidas, a SGI promove várias atividades, tais como exposições, intercâmbios
culturais, oficinas educacionais, além de esforços humanitários para o bem-
estar social.
1.3.1 JOSSEI TODA7: Co-fundador da Soka Gakkai
Jossei Toda nasceu em 11 de fevereiro de 1900, na Província de
Ishikawa, Japão. Aos dois anos de idade, sua família enfrentou graves
problemas financeiros e teve de se mudar para o vilarejo de Atsuta, um
pequeno povoado pesqueiro no Mar do Japão.
7 No anexo foto de Jossei Toda.
22
Já na infância demonstrava forte inclinação para os estudos,
especialmente para álgebra. Ele concluiu com honra o curso na Escola de
Ensino Fundamental de Atsuta, mas teve de abandonar os estudos para ajudar
no sustento da família. Apesar disso, continuou a estudar sozinho nas horas
vagas. Dois anos depois, conseguiu passar nos exames que lhe davam crédito
para ser professor assistente de ensino fundamental.
Em 1918, começou a lecionar para a sexta série da Escola de
Ensino Fundamental Mayati, na desolada área de mineração de carvão de
Yubari. Ali, ele permaneceu por pouco tempo, mas deixou uma profunda
impressão em seus alunos.
Enquanto lecionava, Toda continuou seus próprios estudos e, nos
dois anos seguintes, passou nos exames que o habilitaram a lecionar Química,
Física, Geometria, Álgebra e matérias regulares do ensino fundamental.
Em 1920, apesar de estar estabelecido como professor, decidiu
mudar-se para Tóquio e tentar a carreira no magistério. Na capital, conheceu
Makiguti, então diretor da Escola de Ensino Fundamental Nishimati.
Impressionado com seu caráter e suas ideias inovadoras sobre a educação,
Toda pediu-lhe que o empregasse, prometendo transformar mesmo as
crianças mais atrasadas em excelentes alunos. Makiguti o aceitou como
professor substituto e a partir desse dia tornaram-se companheiros
inseparáveis. Compartilhando o mesmo ideal, fundaram a Soka Kyoiku Gakkai.
No final da Segunda Guerra Mundial, em 1945, Jossei Toda, após
ser libertado (ele foi preso na mesma época de seu Mestre Makiguti, ficando
confinado por dois anos), iniciou a luta para a reconstrução da organização e
alterou sua denominação para Soka Gakkai, ampliando seu campo de atuação
de além da educação, para a cultura também, com o intuito de criar um novo
movimento popular para a paz.
23
Jossei Toda faleceu em 2 de abril de 1958, deixando uma
organização fortalecida que, sob a liderança de seu sucessor, Daisaku Ikeda,
expandiu-se além das fronteiras do Japão.
1.3.2 DAISAKU IKEDA: Fundador do Sistema Educacional Soka
Daisaku Ikeda nasceu em 2 de janeiro de 1928, como o quinto filho
de uma pobre família de cultivadores de algas marinhas.
Aos 19 anos, Daisaku conheceu Jossei Toda, que tornou seu
grande mentor e teve influência decisiva em sua vida. Após o falecimento de
Toda, Daisaku assumiu a presidência da Soka Gakkai, em 1960. Sob sua
liderança, a organização expandiu suas atividades em escala mundial. Em
1975, ele instituiu a Soka Gakkai Internacional (SGI).
A fim de apoiar as ações humanísticas da Soka Gakkai, Daisaku
fundou várias instituições que promovem a paz, a cultura e a educação. Entre
as instituições, destacam-se as Escolas Soka (da pré-escola ao ensino
universitário), a Associação de Concertos Min-On, o Instituto de Filosofia
Oriental, o Centro de Pesquisas para o Século XXI de Boston, o Instituto Toda
para a Paz Global e Pesquisa Política e o Museu de Arte Fuji de Tóquio.
Além disso, acreditando que os primeiros passos rumo à realização
da paz iniciam-se com o diálogo de vida a vida, ele se encontra com líderes
políticos e intelectuais de todo o mundo, promovendo um intercâmbio de
opiniões a respeito dos desafios que se interpõem à humanidade. Alguns
desses diálogos foram compilados na forma de livro, como ‘Escolha a Vida’
(1976 – com Arnold Toynbee), ‘Antes que Seja Tarde Demais’ (1999 – com
Aurelio Peccei), ‘Direitos Humanos no Século XXI’ (2000 – com Austregésilo de
24
Athayde) já traduzidos para o português8; e Em ‘Busca de uma Paz Duradoura’
(com Linus Pauling), ‘Diálogo entre Cidadãos do Mundo: Sobre a Paz, a
Humanidade e as Nações Unidas’ (com Norman Cousins) e ‘Lições Espirituais
do Século XX’ (com Mikhail Gorbachev), dentre muitos outros (ainda não
traduzidos para o português). E também vem se engajando ativamente na
elaboração e publicação de propostas de paz dirigidas anualmente às Nações
Unidas, tratando de questões sobre a paz, desarmamento, educação e meio
ambiente9.
Em reconhecimento aos seus esforços em prol da educação,
Daisaku Ikeda já recebeu inúmeros títulos de Doutor e Professor Honorários de
Universidades e Instituições diversas do mundo inteiro, como a Universidade
de Sydney (Austrália), Universidade Estatal de Moscou (Rússia), Universidade
de São Paulo, Universidade Federal do Rio de Janeiro e Universidade
Estadual do Rio de Janeiro (Brasil), Universidade de Macau (China),
Universidade de Denver (Estados Unidos) e muitas outras. Daisaku também é
sócio correspondente da Academia Brasileira de Letras (ABL) desde 1992,
ocupando a cadeira de nº 14.
9 Todos pela Editora Record. 9 Relação completa das Propostas de Paz segue no anexo.
25
CAPÍTULO II
PENSAMENTOS DO PROFESSOR MAKIGUTI
Este capítulo II, além de trazer as teorias educacionais do Prof.
Makiguti, através do seu livro Soka Kyoikugaku Taikei (Teoria do Sistema
Educacional de Criação de Valores), destacará também a visão global e
universal que Makiguti já possuía, trazendo citações da sua obra Jinsei
Chirigaku (Geografia da Vida Humana). Apesar desse livro não tratar
diretamente de teorias educacionais, será realizado esta apresentação, para
evidenciar a visão humana e global que Makiguti já possuía, mesmo vivendo
em um país insular e pertencendo a uma época e cultura bem distinta, que
nada favorecia tal percepção.
2.1 Teoria do Sistema Educacional de Criação de Valores (Soka
Kyoikugaku Taikei)
Antes de mais nada, se faz necessário esclarecer que a obra Teoria
do Sistema Educacional de Criação de Valores não se trata de um livro, mas
de uma compilação de apontamentos que Makiguti rascunhou e acumulou ao
longo de 30 anos. Praticamente sem nenhuma preparação editorial, este
material foi publicado em 1930. No prefácio, Makiguti desculpa-se pela
publicação de apontamentos não revisados, explicando que pela sua falta de
recursos e por necessitar trabalhar todos os dias para poder se sustentar, não
teve oportunidade de, devidamente, preparar seus escritos para a publicação.
26
Porém, Makiguti não estava preocupado com a “estética” da obra, a
sua grande ansiedade girava em torno da grande frustração que sentia em não
conseguir proteger as gerações futuras das consequências destrutivas que,
segundo ele, as práticas e políticas educacionais, então utilizadas, marcariam
na personalidade das crianças. Sabia que suas ideias educacionais poderiam
ser geradoras de mudanças favoráveis na educação se tivesse oportunidade
de colocá-las em prática. Desta forma, sentindo a urgência de publicar a obra,
não lhe foi possível “separar o joio do trigo” (ou, como expressou em seu
idioma, “separar o cascalho do couro”).
Outra característica a ser apontada, é que esta obra apresenta-se
como um trabalho inacabado. O trabalho é apresentado em quatro volumes,
porém Makiguti havia planejado lançar também volumes adicionais, nos quais
apresentaria os resultados da aplicação de suas ideias. Entretanto, este
trabalho não foi realizado10.
As anotações publicadas na obra apresentam que, o único desejo
de Makiguti era a felicidade de seus queridos alunos, principalmente enquanto
estudavam; antecipando, assim, uma visão da educação humanística.
Apesar das ideias de Makiguti apresentarem visões similares e até
mesmo serem sustentadas por apontamentos de pensadores e filósofos
ocidentais como Comenius, Rousseau, Pestalozzi, Herbart, as análises e
conclusões que Makiguti chegou, foram desenvolvidas a partir de reflexões
sobre sua experiência e as de outros no ensino de alunos japoneses. Este
ponto é ressaltado, quando afirma que as fontes do pensamento e da cultura
japonesa devem ser japonesas, e não importadas da Europa ou dos Estados
Unidos. Ainda mais porque, para ele, a educação em seu país decaiu, por ter
sido obrigada a adotar filosofias de educação de acadêmicos bem distantes da
prática do ensino primário e secundário local.
10 Ao final do quarto volume há uma nota que faz referência a um quinto volume. Acredita-se que, se realmente este foi escrito, perdeu-se durante a guerra.
27
Caso as propostas de reforma educacional apresentadas na obra de
Makiguti tivessem sido adotadas e se firmado no Japão quando as lançou,
aconteceria uma profunda mudança da natureza da educação e da sociedade
japonesa. Contudo, isto não aconteceu, e suas ideias nem foram ouvidas pelas
autoridades educacionais do país, por duas razões. Primeiramente talvez, por
Makiguti não possuir uma formação universitária, o que fez com que suas
propostas fossem ignoradas pela comunidade acadêmica do país. Outro
motivo da rejeição pela elite intelectual às ideias de Makiguti foi o crescimento
da militarização no país, cujo regime não deixava lugar para as propostas e
convicções apresentadas pelo autor, que mais tarde, seria inclusive afastado
de suas atividades educacionais.
Apesar de toda esta rejeição, ainda assim, Makiguti lutou e
conseguiu realizar conferências com suas teorias, em vários locais,
apresentando as ideias de seu livro Soka Kyoikugaku Taikei. Sua expectativa
era de ser reconhecido e provocar debates sobre sua proposta. Todavia, o
único retorno que recebeu foi o silêncio. Makiguti foi simplesmente ignorado
pela elite intelectual que comandava as diretrizes educacionais do Japão.
Muitos anos depois, Makiguti desabafou:
apresentei minha teoria para a comunidade acadêmica. No entanto, não houve reação. Devido à situação atual da educação em nosso país, fiquei profundamente desapontado com este fato. (MAKIGUTI, apud BETHEL, 1994, p. 29.)
Apesar de ser ignorado pela academia educacional da época,
Makiguti tinha o respeito de pessoas influentes da sociedade japonesa, que
apoiavam sua causa. Entre eles, encontravam-se líderes reconhecidos como
Tsuyoshi Inukai, primeiro-ministro do Japão de dezembro de 1931 a maio de
1932; Magoichi Tsuwara, ministro do Comércio e Indústria; e Itamu Takagi,
professor de medicina na Universidade Imperial de Tóquio.
28
Nesta obra, Makiguti separou os problemas da educação japonesa
em seis questões fundamentais, que juntos, compõem a essência de suas
ideias sobre Educação e de suas propostas para a reforma educacional, e que
serão analisados logo em seguida nesse capítulo.
São estes:
1) o erro no estabelecimento do objetivo da educação;
2) o fato de não ter a felicidade como propósito final;
3) a incompreensão sobre o potencial criativo inerente ao ser
humano;
4) o sistema educacional incorreto, focando na transferência de
conhecimentos;
5) a falta de uma ciência sobre a educação;
6) e a ausência de uma parceria entre a escola, o lar e a
comunidade no processo educativo.
2.1.1 Objetivo na Educação
Em vez de permitir aos acadêmicos “lá de cima” pronunciamentos sobre o que acontece “embaixo”, nas escolas, perturbando a estratosfera com esta ou aquela teoria, para depois modificá-la de acordo com as tendências do momento, os profissionais que atuam na educação, embasados em suas experiências diárias, devem abstrair indutivamente princípios e reaplicá-los em suas práticas na forma de melhorias concretas. (MAKIGUTI, apud BETHEL, 1994, p. 22.)
Para Makiguti, o primeiro passo significativo para a efetiva reforma
educacional é entender que o objetivo da Educação deve basear-se nas
necessidades e no dia-a-dia dos alunos. Makiguti entende que o equívoco da
29
sociedade é pensar que os acadêmicos e os filósofos são os que possuem o
respaldo destas respostas. Pelo contrário, Makiguti diz que estes estão sempre
ocupados com pensamentos abstratos muito distantes da realidade da vida
diária, transformando, então, a Educação numa área deficiente e paralisada.
2.1.2 Felicidade
Não é prerrogativa dos educadores decidir que a preparação para a vida adulta deve ser o objetivo da educação. [... Eles] devem entender que a escolarização que sacrifica a felicidade presente das crianças, fazendo da felicidade futura sua meta, viola a personalidade infantil e o próprio processo de aprendizagem. (MAKIGUTI, 1994, p. 232-233)
A espinha dorsal da filosofia educacional de Makiguti é sua tese de
que o objetivo último da Educação é a Felicidade. Para chegar a esse sentido,
deve-se evitar os perigos de má compreensão. Para Makiguti, felicidade é mais
do que a satisfação imediata do indivíduo, pois não se trata do significado
superficial hedônico e egocêntrico, que o uso desta palavra pode evocar. Num
primeiro momento, ao pensar na felicidade, limita-se a análise no nível
individual, à auto-satisfação. Mas, com base na teoria de ‘Criação de Valores’,
esse conceito de felicidade ganha amplitude e dimensão social. Para Makiguti,
o nobre objetivo da Educação é a criação de valor, ajudando o ser humano a
desenvolver sua potência como um ‘criador de valores’, podendo-se até afirmar
que, esta é, na verdade, a real essência de ser humano.
Para Makiguti, a causa da situação preocupante da Educação é ter
falhado na tarefa mais importante que é o desenvolvimento da consciência
social nos estudantes. Para ele, em vez disso, criou-se exatamente o oposto,
uma preocupação com a imediata satisfação pessoal e material – destrutiva
em termos da felicidade. Isto acarreta na formação de uma sociedade onde os
seres humanos carecem da compreensão e do poder de avaliar o seu dever
para com a sociedade, não só para suas necessidades básicas e segurança,
mas para tudo o que constitui felicidade.
30
A partir do pensamento de que o principal objetivo da Educação é a
felicidade, as atividades educacionais deveriam acontecer a partir das
necessidades da vida diária. Para Makiguti, a Educação tem esta
responsabilidade de fazer com que o indivíduo reconheça seu compromisso
com a sociedade, e assim, crie a verdadeira felicidade em sua vida.
2.1.3 Teoria da Criação de Valores
Começamos reconhecendo que o ser humano não pode criar matéria. Pode, no entanto, criar valores. A criação de valores é, na realidade, a essência da natureza humana. Quando elogiamos as pessoas por sua ‘força de caráter’ estamos, na verdade, reconhecendo sua capacidade superior de criar valores. (MAKIGUTI, apud BETHEL, 1994, p. 23)
Observa-se nos escritos de Makiguti, que ele acredita fielmente na
igualdade, cujo princípio norteia seu pensamento sobre o potencial humano.
Ele era extremamente contra a postura da reforma educacional japonesa que
privilegiava apenas a elite. Ele bradava que, todas as pessoas são potenciais
criadores de valor e hábeis participantes da sociedade e do mundo em que
vivem. Se este potencial é desenvolvido ou não, depende apenas da
experiência educacional que a sociedade oferece e disponibiliza às pessoas.
Para Makiguti, o ser humano é criativo por natureza, e esta
criatividade é expressa no comportamento do homem – a não ser que esse
potencial seja reprimido ou destruído. O ponto a ser analisado é perceber para
qual direção e para quais interesses a criatividade humana vem sendo
conduzida.
Makiguti afirma que através de uma educação adequada, o ser
humano por si só saberá conduzir sua criatividade para sua melhor qualidade
de vida e também para o desenvolvimento de sua comunidade. É isto que
significa criação de valores. Ele entende que uma pessoa ativa, feliz e
31
realizada tem a sua existência baseada na criação de valores, o que intensifica
ao máximo a sua vida pessoal e a rede de relações de interdependência, o que
constitui a vida comunitária do indivíduo. A educação criadora de valores é
aquela que orienta para este fim.
Em sua obra Teoria do Sistema Educacional de Criação de Valores,
Makiguti expõe grande expectativa e esperança na Educação, cujo principal
propósito é desenvolver indivíduos, e esta sua obra está repletas de
informações sobre a “criação de valor”. Makiguti ensina que a Educação é a
maior de todas as artes, a arte da criação do valor de excelente caráter.
Educar as pessoas para cultivar nelas o humanismo e assim edificar a paz,
através de alunos que se transformarão em valores humanos, que contribuem
para o futuro de uma sociedade justa e pacífica, como cidadãos do mundo.
Para Makiguti, é na criação de valor que está o significado principal da vida
humana.
2.1.4 A Natureza do Processo de Aprendizagem e o Treinamento
de Professores
É com certeza um dos esquemas mais antigos e primitivos jamais utilizados por seres humanos. Cada estudante copia exatamente o que o professor faz. É o retrato exato dos povos pescadores que sempre utilizam varas e não conhecem redes. (MAKIGUTI, apud BETHEL, 1994, p. 24)
De acordo com Makiguti, a transferência de conhecimento não é e
nunca poderá ser o objetivo da Educação. Na verdade, o objetivo da Educação
é orientar o processo de aprendizagem, colocando a responsabilidade nas
mãos do próprio estudante. A educação como processo de orientação da
aprendizagem do estudante é a base da pedagogia deste autor.
Makiguti afligia-se com a ênfase à memorização de fatos que os
professores colocavam. Makiguti afirmava que este tipo de “Educação” além de
32
ser cansativa e não trazer resultados concretos, no final, descaracteriza o
indivíduo e a sociedade. A busca do conhecimento jamais pode acontecer
através do processo de aprendizagem como transferência. Segundo Makiguti,
a descoberta de fatos deve acontecer nos livros e ao professor caberia apenas
a incumbência de sustentar a experiência de aprendizagem desenvolvida pelo
educando, estimulando o interesse e a curiosidade natural do estudante, além
de auxiliá-lo na remoção de obstáculos que possam atrasar ou anular o
processo de aprendizagem.
O conceito de aprendizagem exposto por Makiguti altera
profundamente a concepção tradicional da Educação. No seu modelo, o aluno
é o centro do processo de aprendizagem e, não a escola. O currículo básico é
organizado de acordo com a natureza do indivíduo e da estrutura social (local,
nacional, regional e global). O professor possui papel fundamental na
Educação: incentivar o potencial criativo da criança, não reprimindo-o e nem
destruindo-o como acontece nas escolas. Para ele, a Educação deve ser
voltada para o futuro e estar relacionada à vida como é vivida, enriquecendo-a.
2.1.5 A Necessidade de uma Ciência da Educação
Segundo o positivismo, na educação devemos colocar as realidades diárias diante de nós como o conhecimento a ser trabalhado e, então, manejar o bisturi meticuloso do cientista para dissecar a teoria educacional. (MAKIGUTI, apud BETHEL, 1994, p. 25)
Na época que Makiguti viveu, o positivismo estava em voga, sendo
considerado o caminho para o futuro, por isso, Makiguti acreditava que a
Educação devia tornar-se uma Ciência, pois estava convencido de que os
educadores deveriam descobrir princípios da aprendizagem universalmente
aplicáveis e se orientar por eles, para que pudesse surgir alguma esperança de
melhoria da Educação.
33
A proposta que Makiguti apresenta aos educadores, é que eles
precisam continuar a se desenvolver, estudar e aprimorar os conhecimentos da
ciência sobre a Educação, buscando princípios universais do processo de
aprendizagem, avaliando experiências e opiniões convergentes e divergentes
sobre o sistema educacional com o uso da metodologia científica.
2.1.6 O Papel Educacional da Escola, do Lar e da Comunidade
O estudo não é visto como preparação para a vida; ao contrário, ele acontece enquanto se vive, e o viver acontece em meio ao estudo. Estudo e vida real precisam ser considerados mais do que paralelos; trocam informações entre si e as interpenetraram de acordo com cada contexto, o estudo na vida e a vida no estudo, por toda a existência do indivíduo. (MAKIGUTI, apud BETHEL, 1994, p. 28)
Para se alcançar uma educação eficaz, Makiguti defendia uma tripla
parceria entre escola, lar e comunidade. Para a época, seu programa de
reforma educacional, foi considerado como a criação de um sistema
educacional inteiramente novo, onde cada setor – escola, lar e comunidade –
ficaria responsável por uma parte específica da tarefa educacional.
Para o bom andamento dessa proposta, teria que acontecer a
redução do tempo da criança na escola para um único período, para então, na
parte restante do tempo, a criança ser disponibilizada para a aprendizagem na
comunidade e em casa, incluindo o aprendizado de artes e ofícios, e outros
tipos de atividades adequadas à natureza e às necessidades de cada criança.
Assim, capacitar a transformação de estudantes entediados – que estudavam
por obrigação – em alunos ativos e autodirigidos.
2.1.7 Bem, Belo, Benefício
34
Além dos apontamentos acima, em seu livro “Teoria do Sistema
Educacional de Criação de Valores”, Makiguti também apresenta uma pirâmide
de valores estéticos e morais; a base da pirâmide é formada pelos valores
estéticos e o topo é formado pelo moral.
São estes:
1) Bem: valor social ligado à existência grupal coletiva;
2) Benefício: valores pessoais ligados à existência individual
orientada para si mesmo;
3) Beleza: valores sensoriais ligados a partes isoladas da existência
individual.
Num sentido mais amplo, o valor do Bem, que é ligado ao valor
social encontra-se em todos os aspectos, como o econômico, artístico,
científico, religioso, dentre outros. A postura contrária a este aspecto, seria
buscar apenas a satisfação dos desejos individuais, inclusive, chegando a
magoar ou prejudicar propriedades alheias, tornando-se então um “anti-valor”.
O Benefício trata-se de valores de importância direta na vida do
indivíduo, sendo de caráter pessoal, estando diretamente ligado ao indivíduo
como um todo.
Os valores estéticos se dirigem aos sentidos, envolve a vida do
indivíduo apenas superficialmente.
Quando a relevância dos valores não se centra no indivíduo, mas,
sim da influência na vida em sociedade, estes valores (morais coletivos do
grupo), constituem um Bem. Então, o bem está no valor social ligado a
existência grupal coletiva. O Benefício e a Beleza são valores sensoriais
ligados a partes isoladas da existência individual.
35
O Presidente Toda deu um exemplo sobre isso, certa vez, fazendo
uma ligação com o dinheiro:
O “valor do belo” significa encontrar um emprego ou trabalho do qual gostem, o “valor do benefício” corresponde a conseguir uma fonte de renda que proporcione um valor adequado para se sustentar, e o “valor do bem” significa encontrar um trabalho que ajude as pessoas e que contribua para o desenvolvimento da sociedade. Isso por meio da educação. (TODA apud Revista Dez, 2005, pág. 5).
Trazendo esta teoria para a Educação, esta tríade integra três áreas
que a compõem: escola, lar e comunidade. A educação tem por função
orientar a vida sem valores em direção ao valor. Já a felicidade encontra-se na
busca do belo, do benefício e da virtude (bem).
Num sentido maior, o benefício trata-se de tudo que é
recompensador, surgindo a paz. A virtude, ou o bem, é a busca da justiça, ou
também, a oposição à injustiça. O belo é o desejo pela arte e pela cultura.
Na ausência de um destes três, acontece o desequilíbrio, assim
como também na sociedade, não conseguindo então, alcançar a felicidade. Ou
seja, o que esta teoria apresenta é que só é possível efetivamente ser feliz,
quando de fato, cada um se torna verdadeiro Valor Humano – e isso só
acontece por meio da verdadeira Educação.
Para reforçar esta importante Teoria, segue um trecho da
mensagem que Ikeda enviou para a ocasião da comemoração de 20 anos de
fundação da Coordenadoria Educacional da BSGI, onde ele afirma:
Na sociedade atual em que prevalece o lucro e a perda em meio ao confuso discernimento do bem e do mal, do correto e do errado, as crianças são a maior vítima. As pessoas que podem salvá-las fundamentalmente são certamente os integrantes da Coordenadoria Educacional. A filosofia Soka é a filosofia da felicidade, da solidariedade e da paz. É também a
36
filosofia do supremo bem, da refutação do mal e da vitória.11 (IKEDA, 2004, pág. A8)
Os três campos de atuação da Soka Gakkai são a Paz, a Cultura e
a Educação, e ligam-se perfeitamente com esse trinômio valoroso de seu
fundador: a educação é o grande “bem”, que juntamente com a “beleza” da
cultura traz o mais importante “benefício”, a paz.
2.2. Geografia da Vida Humana (Jinsei Chirigaku) 12
Quando Makiguti publicou o livro Geografia da Vida Humana (1903),
o Japão vivia grande momento de euforia, pois depois de anos sem contato
nenhum com o ocidente, o país abria novamente suas portas para a
“modernidade ocidental”. Foi um período que muitos escritores, compositores,
cientistas japoneses viajavam à Europa em busca de novos conhecimentos em
diversas áreas, como a filosofia, música, literatura. Muitos deles ganharam
reconhecimentos, inclusive sendo homenageados por suas importantes
contribuições.
Nesta mesma época, o jovem Makiguti de 33 anos, mesmo sem
usufruir dos privilégios dos intelectuais de sua época e apenas com o
conhecimento acadêmico adquirido em uma remota ilha do Japão, e
precisando também, além de estudar, trabalhar para poder sobreviver,
conseguia fazer anotações surpreendentes, que possibilitaram a publicação
dessa obra. Para a idade que tinha e sendo apenas um jovem educador e
geógrafo autodidata, é de se surpreender que suas anotações apresentem
uma visão à frente de sua época.
11 Esta mensagem apresenta-se na íntegra no anexo. 12 No anexo foto do livro no original e na versão em inglês.
37
Makiguti fazia estas anotações sem nenhum interesse de
transformá-las em livro; eram apenas observações que fazia de suas leituras,
de conversas com outros estudiosos e também de pesquisas que havia
acumulado enquanto lecionava Geografia nas aulas do ensino fundamental.
Entretanto, dois pontos o fizeram mudar de ideia. O primeiro, foi a situação
desoladora da educação japonesa, inclusive, da matéria de Geografia. Segue
esta sua observação:
Nenhuma outra disciplina é ensinada nas escolas japonesas de forma tão lamentável e ridícula quanto a Geografia. Estudantes não só do ensino fundamental, mas também do médio, são obrigados a decorar o nome de montanhas, rios, lagos, cidades e o número de habitantes sem nenhuma relação ou base teórica. É impossível para os estudantes reterem essa miscelânea de dados por muito tempo, de forma que, o que lhes restavam após os exames eram algumas poucas informações fragmentadas e inúteis. Não é de se admirar que os alunos demonstrem tão pouco interesse pela geografia e pelos temas a ela relacionados. Esta, certamente, não é a verdadeira Geografia. (MAKIGUTI apud Revista Terceira Civilização, 2003, p. 9)
Outra razão para a publicação desse livro foi para que seus
pensamentos sobre a educação fossem ouvidos e reconhecidos. Makiguti
sempre acreditou que a sociedade precisava estar relacionada com a
educação, e que o educador precisava fazer de sua sala de aula um lugar
onde alunos e professores reflitam suas experiências juntos, e onde o livro
didático não poderia ser a principal ferramenta, sendo apenas um material de
apoio. Para Makiguti, a solução dos problemas que a sociedade vive encontra-
se na Educação, mas somente quando a sociedade e a escola interagem
unidas e comprometidas.
Depois de decidir pela publicação do livro, Makiguti teve que resumir
as anotações de duas mil páginas pela metade para viabilizar a publicação.
Com muita insistência, conseguiu que um famoso geólogo revisasse seu
trabalho e após várias recusas, somente uma pequena editora aceitou publicar
a sua obra.
38
Este livro tornou-se um sucesso, sendo inclusive indicado como
material de apoio para professores que queriam graduar-se e lecionar
geografia; e assim, ele conseguiu seu objetivo de conseguir oportunidades a
seu favor.
No prefácio dessa obra em inglês, quando foi publicado em
comemoração ao centenário da escrita do mesmo, em 2002, Daisaku Ikeda
escreveu:
As palavras 'vida humana' no título da obra de Makiguti, referem-se à duração da vida dos seres humanos e às atividades de toda sua existência. Quando as pessoas são separadas umas das outras ou de seu local de atuação, não podem viver como verdadeiros seres humanos. Por esta razão, Makiguti explica em detalhes a relação entre as pessoas e sua localização geográfica. Em outras palavras, a obra é um estudo dedicado a descobrir como, enquanto fortalece as relações entre pessoas e seu meio ambiente, a cultura de sua sociedade e a situação internacional, pode-se melhorar o caráter humano, criar novos valores e enriquecer a sociedade e o ambiente natural. (IKEDA apud Revista Terceira Civilização, 2003, p. 11)
Atualmente, Makiguti é consagrado como um dos primeiros
estudiosos no Japão e no mundo a associar a disciplina da Geografia em
termos de relação entre os Seres Humanos e a Terra.
Para ilustrar tal afirmação, segue alguns pensamentos do Prof.
Makiguti de seu livro Geografia da Vida Humana, que demonstram o quão
humanas são suas ponderações:
O papel e a influência dos rios na vida do homem
Os rios são para a terra o que as veias são para o corpo humano: graças aos rios, a terra pode manter-se viva. A falta de água torna a terra deserta; a terra não irrigada é comparável a um corpo paralisado. Quando a terra é suprida por um sistema de abastecimento de água eficiente, os seres humanos podem conduzir uma vida social normal, saudável e
39
feliz. (MAKIGUTI apud Revista Terceira Civilização, 2003, p. 16) Assim como as montanhas, os rios influenciam profundamente nossa mente e nosso espírito. Enquanto as montanhas nos dão a impressão de elevação, força e grandeza, os rios nos transmitem paciência, perseverança e magnanimidade. (ibidem)
Regiões litorâneas
O local onde o mar e a terra se encontram é a melhor área para a habitação humana (...) O litoral e a civilização têm uma certa relação de proximidade. (ibidem, p. 15)
Montanhas
As principais religiões do mundo se desenvolveram nas regiões montanhosas. Por exemplo, o Buda Sakyamuni, nascido no Nepal, deu início aos três mil anos de tradição do budismo no Pico da Águia ao sul da Cordilheira do Himalaia. O homem reconhece sua pequenez em contraste com a imensidão do céu quanto mais se aproxima da montanha. O reconhecimento de que há algo mais amplo e maior é o ponto inicial para a religiosidade. (ibidem, p. 14)
Eu e o mundo
Sou do vilarejo pobre de Arahama, localizado ao norte do Japão, um homem comum que passou a metade de sua vida procurando suprir as necessidades diárias e dar uma pequena contribuição ao mundo. Contudo, quando penso nas coisas ao meu redor, fico admirado com a variedade de lugares de origem desses objetos que afetam minha vida. Por exemplo, uma peça de lã que me envolve foi originalmente produzida na América do Sul ou na Austrália e processada na Inglaterra por trabalhadores britânicos e com a utilização de carvão e ferro extraídos dali. Meus sapatos têm solas feitas de couro fabricadas nos Estados Unidos, e o resto do calçado é de couro da Índia. Sobre minha escrivaninha há uma lamparina a querosene; ela é silenciosa, embora o combustível em seu interior esteja dizendo: 'Jorro do sopé das montanhas do Cáucaso, ao longo da costa do Mar Cáspio, e cheguei aqui depois de ter viajado milhas e milhas de distâncias.' As lentes dos meus óculos foram produzidas com a destreza e precisão dos alemães.
40
Iniciei este capítulo descrevendo essas coisas triviais porque é muito mais fácil para nós percebermos a extensão de nossas inter-relações com o mundo ao nosso redor se reconhecermos a presença dessas relações até mesmo nos pequenos aspectos de nossa vida cotidiana. Imagine um homem que leva uma vida suntuosa, que monta num cavalo árabe, usa uma jaqueta de couro feita em Lyon, que se aquece com um casaco de pele da costa do Mar de Bering ou protege sua cabeça do sol com um chapéu do Panamá. Ele se revigora com especiarias das ilhas dos Mares do Sul, tem ouro do Transvaal, na África, e usa como adorno jóias do Amazonas. Essa pessoa na realidade depende de três tipos de clima (tropical, subtropical e frio) para manter a temperatura do corpo, do solo de cinco continentes distintos para alimentar-se, e de cinco diferentes raças para enriquecê-lo. (ibidem, p. 17)
A vida humana e o mundo
O ponto inicial e natural para compreender o mundo e nossa relação com ele é a comunidade (uma comunidade de pessoas, de terra e cultura) que nos dá origem. É essa comunidade que nos concede a própria vida e nos inicia no caminho para nos tornar as pessoas que somos. É ela que nos oferece a base como seres humanos, como seres culturais. Nas interações com o meio ambiente, observo simetria, harmonia e provas da lei universal no meio da complexa diversidade da natureza. Inconscientemente, meu coração se enche de gratidão e respeito. (ibidem, p. 17)
41
CAPÍTULO III
CONTRIBUIÇÕES DO SISTEMA EDUCACIONAL SOKA
NO MUNDO E NO BRASIL
Tsunessaburo Makiguti foi um educador à frente de seu tempo.
Enquanto a sociedade de sua época utilizava a Educação como um
instrumento para incutir a ideologia militar em seu povo, Makiguti se levantava
e realizava o contrário, difundindo e clamando por uma ampla reforma
educacional embasada na Teoria do Valor; para assim, os estudantes
despertarem e manifestarem seu senso de humanismo e edificarem uma
sociedade melhor. Propósitos ainda hoje fundamentais para a sociedade atual.
Makiguti acreditava firmemente, que no futuro, seu sistema
educacional de criação de valores seria adotado por diversas escolas, desde o
Jardim de Infância até a Universidade. Isto de fato aconteceu. Atualmente, o
sistema educacional de Criação de Valores é a base da Pedagogia Soka que é
desenvolvida em um amplo sistema educacional no Japão, da pré-escola à
universidade. Também, muitas escolas fora do Japão, como no Brasil e nos
Estados Unidos, vêm desenvolvendo a metodologia de ensino de Makiguti,
alcançando bons resultados.
Daisaku Ikeda é o fundador destas instituições que utilizam do
Sistema Educacional Soka. Ikeda manifesta a mesma preocupação de bem-
estar do indivíduo em meio à sociedade, assim como Makiguti demonstrava.
Seu pensamento também se iguala a de Makiguti, quando acredita na
Educação como a chave para o processo da reforma social e como o fator
mais importante para a mudança da realidade presente. O Lema13, Emblema14
13 Ver anexo.
42
e Diretrizes15 das Instituições Soka refletem estes pensamentos, cujo principal
objetivo é formar excelentes valores humanos que se encarreguem do futuro e
contribuam pelo desenvolvimento cultural do mundo.
Na ocasião da fundação do primeiro Colégio Soka, em 1968, seu
fundador, Daisaku Ikeda, proferiu:
O objetivo da educação Soka não era criar meros intelectuais debruçados em livros e teorias nem alunos que estudassem somente para ingressar numa universidade de prestígio. Seu objetivo maior era cultivar o corpo e a mente de forma saudável, descobrir a capacidade inerente em cada aluno e desenvolver pessoas que promovessem o bem estar da sociedade. (IKEDA apud Revista Dez, 2005, p. 18)
3.1. Instituições Educacionais Soka ao Redor do Mundo
Escola Soka de Ensino Fundamental 2 de Tóquio (Japão) 1968
Universidade Soka, Hatioji, subúrbio de Tóquio (Japão) 1971
Escola Soka de Ensino Fundamental 2 de Kansai (Japão) 1973
Centro de Aperfeiçoamento Lingüístico da Universidade Soka em Paris
(França) 1975
Jardim de Infância Soka, em Sapporo (Japão) 1976
Escola Soka de Ensino Fundamental 1 de Tóquio (Japão) 1978
Escola Soka de Ensino Fundamental 1 de Kansai (Japão) 1982
Faculdade Feminina Soka, em Hatioji (Japão) 1985
Universiade Soka da América, em Calabasas, Califórnia (EUA) 1987
Jardim de Infância Soka de Hong Kong (China) 1992
Jardim de Infância Soka de Cingapura 1993
Jardim de Infância Soka da Malásia 1995
Universidade Soka da América, Aliso Viejo (EUA) 2001
14 Ver anexo. 15 Ver anexo.
43
Jardim de Infância Soka do Brasil (São Paulo) 2001
Jardim de Infância Soka da Coréia do Sul 2008
3.1.1 Universidades Soka
Daisaku Ikeda relembra a ocasião em que Jossei Toda falou-lhe
sobre o sonho de fundar uma universidade:
O Sr. Toda falou-me pela primeira vez sobre a ideia de fundar a Universidade Soka no final do outono de 1950 na cafeteria da Universidade do Japão [em Tóquio]. ‘Daisaku’, disse ele, ‘vamos fundar a Universidade Soka. Seria ótimo se pudéssemos fazer isso enquanto ainda estou em boas condições de saúde, mas talvez não seja possível. Se for assim, deixo para você. Vamos transformá-la na melhor universidade do mundo’. Eu decidi, não importasse o quê, concretizar esse sonho de meus predecessores, os Srs. Makiguti e Toda. Fundei a Universidade Soka com o intuito de torná-la a melhor do mundo, assim como desejava o Sr. Toda. Escolhi para a fundação a data de 2 de abril, aniversário de falecimento de meu mestre. (IKEDA, apud Jornal Brasil Seikyo, 1999, pág. A3.)
No portão principal da Universidade Soka do Japão, encontra-se a
reprodução da caligrafia de Makiguti com a inscrição “Universidade Soka” em
caracteres chineses. Isto demonstra o quanto Makiguti foi um homem de
grande convicção e determinação.
3.1.1.1. Universidade Soka do Japão
44
A Universidade possui faculdades de Letras, Administração,
Engenharia (cursos de graduação e pós-graduação em Ciência de Sistemas e
Bioengenharia), Economia, Direito e Educação. Essas últimas possuem ainda
centros de educação à distância para estudantes não-graduados.
A Universidade promove o intercâmbio e a colaboração com outras
entidades de pesquisa e ensino superior no mundo, como a Universidade
Estatal de Moscou (Rússia), a Universidade do Arizona (EUA), a Universidade
de Pequim (China), a Universidade de Lund (Suécia), a Universidade de São
Paulo, a Universidade Federal do Paraná e a Universidade Federal do Rio de
Janeiro (Brasil). Com seus intercâmbios e convênios de cooperação, a
Universidade Soka contribui para o fortalecimento dos laços de amizade entre
povos de diferentes culturas ao redor do mundo. Hoje, a universidade mantém
convênios acadêmicos assinados com outras 14116 universidades em 46
países e territórios dos 5 continentes; sendo assim, uma das universidades
japonesas que mais promovem intercâmbios culturais e acadêmicos com
outras universidades do mundo.
3.1.1.2. Universidade Soka da América
Em 1987, foi fundado o campus da Universidade Soka da América
(SUA), em Calabasas, Califórnia. E, em 3 de maio de 2001, foi inaugurado um
novo campus da SUA em Aliso Viejo, no Condado de Orange, Estados Unidos.
A Universidade Soka da América iniciou suas atividades como
Faculdade de Ciências Humanas. Possui uma estrutura universitária tradicional
que tem como foco a formação de indivíduos de capacidade, como também o
desenvolvimento do conhecimento em campos especializados do aprendizado.
16 Dados do site oficial da Universidade Soka.
45
As salas de aula têm um número reduzido de alunos para cultivar um
relacionamento informal entre professores e estudantes.
O pensamento de Makiguti é atualmente expresso na forma desta
nova universidade dedicada à formação de pessoas, de cidadãos do mundo, e
que possui quatro diretrizes ou missões:
- Formar líderes de cultura na comunidade;
- Formar líderes de humanismo na sociedade;
- Formar líderes de pacifismo no mundo;
-Formar líderes para a coexistência criativa da natureza com a
humanidade.
3.2. Sistema Educacional de Criação de Valor – em Escolas
Brasileiras
A Associação Brasil SGI (BSGI) promove atividades educacionais a
partir das propostas pedagógicas de Makiguti, através de uma de suas
coordenadorias – a Coordenadoria Educacional –, que realiza projetos sociais
visando a solução de questões específicas da área educacional.
A Coordenadoria Educacional, além de possuir Instituições
Educacionais, desenvolve também dois projetos em escolas e comunidades
brasileiras: “Makiguti em Ação” e “Curso de Alfabetização para Jovens e
Adultos”. Toda a linha pedagógica da instituição e dos projetos tem como base
a teoria proposta por Makiguti, que promove a felicidade do aluno e a criação
de valores humanos para a sociedade através de uma educação humanística.
46
A Coordenadoria lançou também um livro chamado “Makiguti em
Ação – Educando para a Paz” (Editora Brasil Seikyo, SP, 2001), que apresenta
as atividades realizadas pela BSGI na área educacional, além de especificar a
metodologia aplicada com relatos e depoimentos de alunos que alcançaram
significativos resultados em sua vida através da participação em projetos
educacionais da Coordenadoria.
3.2.1. Instituição Educacional Soka no Brasil
A Escola Soka do Brasil é a primeira Instituição Educacional Soka
da América Latina, e a quarta unidade em operação no mundo, fora do Japão.
Hoje, ela atende em duas unidades. A primeira atende alunos do ensino
fundamental, e a segunda unidade atende apenas alunos da educação infantil,
e se chama Escola Infantil Soka.
A proposta educacional destas instituições é fazer com que a
criança tenha a oportunidade de desenvolver seu ilimitado potencial e viver de
forma plena, permitindo que o aluno seja feliz enquanto estuda. O diferencial
desta escola é enfatizar que a criança não é “mais uma na sociedade”, mas
sim que ela é importante e única. O que importa é a felicidade dela e não a
competitividade com outras crianças. O foco é o estímulo do saber, e não a
simples transmissão do conhecimento. A escola oferece o ambiente social
para uma educação que forme crianças de mente e corpo saudáveis. Em
espaços próprios, as crianças são estimuladas a interagir com todas as
manifestações do conhecimento.
3.2.2. Projeto Makiguti em Ação
47
O Projeto Makiguti em Ação foi implantado pela primeira vez em
1994 em uma classe de 2ª série numa escola de ensino fundamental da região
central de São Paulo, e tem como objetivo melhorar a qualidade de ensino,
colocando em prática as propostas pedagógicas do Prof. Tsunessaburo
Makiguti, difundindo nas escolas públicas a Educação Humanística em prol da
criação de valores humanos.
O projeto funciona no horário pedagógico do professor e através de
oficinas e palestras visa promover o papel do professor para mediador da
aprendizagem, e assim, sua sala de aula ser um local propício para a interação
criativa com os alunos, estimulando o gosto pelo aprendizado e envolvendo-os
em um ambiente saudável e feliz. Neste projeto, o professor é bastante
estimulado a refletir suas ações pedagógicas, pois conforme a citação abaixo
do livro Makiguti em Ação – Educando para a Paz (2001), o professor não é
um mero “transmissor de conhecimento”, mas um mediador, com a atenção de
desenvolver, e não podar, o potencial inato do aluno. A afirmação diz:
O educador deve ser visto como um ser humano, construtor de si mesmo e de sua história, tendo papel fundamental no processo, pois é ele quem direciona a ação e o processo educativo que pede um envolvimento afetivo criando um clima favorável ao desenvolvimento dos educandos. O que se deve ter em vista é uma escola na qual o aluno possa ser sujeito de sua própria formação, num complexo processo interativo onde o professor também se veja como sujeito mediador do conhecimento. (Coordenadoria Educacional da BSGI, 2001, p. 23).
Uma outra necessidade observada pelo projeto é a mudança dos
padrões hierárquicos das instituições de ensino em que a relação professor–
aluno, ainda hoje, tende a ser estritamente vertical, fria e distante. É
impossível, nessas condições, haver uma integração harmoniosa e criadora
entre professores e alunos. Por meio de procedimentos didático-pedagógicos
embasados nas propostas do professor Makiguti, o projeto visa transmitir ao
professor que a preocupação central deve ser a aprendizagem e não o ensino,
mostrando que a educação precisa ser vista como uma força propulsora da
transformação da sociedade por meio da criação de novos valores.
48
O Projeto Makiguti está funcionando em aproximadamente 235
escolas17 da rede pública dos estados de São Paulo, Paraná, Bahia e Pará e
10018 aguardando a implantação, pois o resultado do Projeto tem sido eficaz e
proveitoso, conforme segue a citação abaixo:
As reflexões sobre os resultados do projeto ‘Makiguti em Ação’ devem partir de pressupostos norteadores da construção de novas relações sociais, uma vez que o projeto trata de uma atividade que ocasiona uma mobilização social da área educativa. A experiência vivenciada indica caminhos dentro do intrincado processo de desenvolvimento do ser humano. Quando se envolvem emocionalmente com as atividades – quando seu universo afetivo é atingido – professores, alunos e pais crescem com esse trabalho coletivo da escola. Novos valores ligados ao humanismo são criados, recriados ou estimulados. Todo e qualquer ato passa então a ser orientado por esses novos valores, e o educador se vê na obrigação de conhecê-los para melhor entender seu universo social. (Coordenadoria Educacional da BSGI, 2001, p. 51).
3.2.3. Departamento de Alfabetização para Jovens e Adultos
O Curso de Alfabetização para Jovens e Adultos desenvolvido pela
Coordenadoria Educacional foi concebido na década de 80, tendo como base
diversas teorias pedagógicas e psicopedagógicas ligadas à Teoria de Criação
de Valor de Makiguti. Após cinco anos de um processo de experimentação, a
Coordenadoria elaborou uma proposta de alfabetização em 40 horas para
cada série. Com a criação de um projeto-piloto que foi aplicado com grande
êxito numa escola da capital paulista, ele foi sendo implementado em outras
escolas de São Paulo e, posteriormente, em outras cidades, e até outros
Estados. Atualmente, além das cidades de São Paulo, Guarulhos, Carapicuíba,
Taboão da Serra, Campinas e São Vicente (no Estado de São Paulo), o curso
é oferecido também em algumas cidades do Rio de Janeiro, em Brasília,
Recife e Salvador.
17 Dados do livro Makiguti em Ação (2001). 18 Ibidem.
49
A abrangência geográfica do Departamento de Alfabetização para
Jovens e Adultos do Rio de Janeiro atinge os pólos de: Belford Roxo, Duque
de Caxias, São Gonçalo, Rio das Ostras, Catete e Cabuçu (Nova Iguaçu).
O material utilizado é bem variado, procurando abranger tudo que
faça parte do cotidiano do aluno e também que seja de seu interesse, como
por exemplo, panfletos, anúncios, receitas de culinária, letras de música, além
de cadernos de avaliação e material pedagógico elaborado pela própria
Coordenadoria, jornais, revistas, materiais audiovisuais e muitos outros. Toda
equipe que contribui para a realização desse curso – coordenadores,
professores, monitores e pessoal de apoio – é formada por voluntários,
movidos pelo espírito de doação de vida a vida, eixo norteador da filosofia
humanística da SGI.
Atualmente, esse departamente atua em 39 pólos19 em todo o
Brasil, alfabetizando jovens (acima de 15 anos) e adultos (sem limites de
idade), que desejam dominar somente a leitura, a leitura e a escrita, ou
concluir a 4ª série do ensino fundamental para dar continuidade aos estudos.
O curso já atendeu 3.212 alunos20 que concluíram a 4ª série do primeiro ciclo
do ensino fundamental.
3.3. Reconhecimentos e Homenagens
Tsunessaburo Makiguti faleceu na prisão, como um criminoso de
guerra. O seu “crime” foi abolir abertamente um regime que limitava o potencial
do ser humano; ele não temeu nem mesmo o autoritarismo militar japonês.
Makiguti sempre acreditou e lutou por uma sociedade mais humana, onde
cada pessoa fosse livre para acreditar e evidenciar o seu verdadeiro potencial
como ser humano.
Apesar de seu fim ter sido no anonimato, hoje, pessoas e
instituições do mundo inteiro reconhecem-no como um grande educador e
19 Dados do livro Makiguti em Ação (2001).
50
idealizador do sistema educacional voltado para a criação de valores humanos.
No Brasil também, muitas homenagens já foram concedidas ao Professor
Makiguti – quão feliz e emocionado ficaria ele em saber que, um país
localizado geograficamente do outro lado do Japão o reconhece como um
ilustre educador.
Em seguida, será destacado apenas algumas homenagens,
priorizando homenagens do Rio de Janeiro, e algumas de São Paulo, Curitiba
e Brasília.
Algumas homenagens de cidades brasileiras ao Prof. Makiguti:
• 30 de março de 1996 – Inauguração da Estrada Professor Tsunessaburo
Makiguti em Itapevi (SP)21;
• 14 de junho de 1996 – Inauguração da Praça Tsunessaburo Makiguti em
Curitiba (PR)22;
• 20 de janeiro de 1998 – Moção de Aplausos concedida pela Câmara
Municipal de Duque de Caxias (RJ);
• 31 de março de 1998 – Moção de Aplausos e Congratulações concedida pela
Câmara Municipal de São João de Meriti (RJ);
• 3 de maio de 1998 – Moção de Aplausos e Congratulações concedida pela
Câmara Municipal de Nilópolis (RJ);
• 16 de julho de 1998 – Moção de Louvor concedida pela Câmara Legislativa
do Distrito Federal, Brasília;
20 ibidem. 21 Ver anexo. 22 Ver anexo.
51
• 13 de novembro de 1998 – Diploma e Medalha Felisberto de Carvalho
concedidos pela Câmara Municipal de Niterói (RJ);
• 24 de novembro de 1998 – Denominação da Rua Tsunessaburo Makiguti
pela Câmara Municipal de Guaratinguetá (SP);
• 22 de abril de 1999 – Moção de Congratulações concedida pela Câmara
Municipal de Magé (RJ);
• 1º de julho de 1999 – Denominação de Avenida Tsunessaburo Makiguti
aprovada pela Câmara Municipal de Pindamonhangaba (SP);
• 6 de maio de 2000 – Inauguração do Jardim Professor Tsunessaburo
Makiguti em Monte Alto (SP);
• 20 de setembro de 2000 – Título de Cidadão Honorário outorgado pela
Câmara Municipal de São João de Meriti (RJ);
• 31 de maio de 2008 – Moção de Aplausos concedida pela Câmara Municipal
de Rio Bonito (RJ);
• 29 de junho de 2008 – Moção de Aplausos concedida pela Câmara Municipal
de Rio das Ostras (RJ).
52
CONCLUSÃO
A sociedade atual está impregnada pelo materialismo e de uma
escandalosa corrupção entre adultos. Num ambiente carente de modelos que
nada inspira a geração mais jovem, a educação é afetada, não conseguindo
atuar plenamente. O sistema educacional foi reduzido a mero mecanismo que
serve a interesses nacionais, sejam eles políticos, militares, econômicos ou
ideológicos.
As crianças de hoje não possuem mais interesse na escola, seu
comportamento problemático e a fuga do aprendizado, deve-se ao declínio das
funções educacionais que deveriam ser inerentes não apenas às escolas mas
também à comunidade, família e sociedade como um todo.
O aprendizado já faz parte do propósito da vida humana, é o fator
primário no desenvolvimento da personalidade humana e o que torna os seres
verdadeiramente humanos.
Segundo a Sra. Vanilda Liziete Ribeiro Lopes, atual Diretora da
Escola Soka do Brasil, numa palestra onde abordou sobre as “Competências
do Educador Humanista”, o educador humanista precisa levar o aluno a
experimentar o valor no seu dia-a-dia, estimulando e despertando neles os
valores de caráter latentes. A Diretora acredita que a essência da Educação
Humanística encontra-se no relacionamento entre professor e aluno, sendo
assim, importante o professor conscientizar-se de seu papel na sociedade,
tornando-se um exemplo aos alunos, para então, criar novas gerações de
pessoas imbuídas de um profundo respeito pela dignidade da vida. Para
Vanilda, o Educador Humanista deve ter a benevolência como base para suas
53
ações, onde ela define benevolência como o ato de retirar a insegurança e o
medo da vida dos alunos e conceder-lhes alegria, esperança e tranqüilidade23.
Para Makiguti, esta missão só acontece quando o professor engaja-
se em diálogos com seus alunos, como se fosse um “irmão mais velho”; o
professor não precisa explanar, mas deixar fluir o conhecimento que os alunos
possuem; o professor não pode ser um “chefe”, mas deixar os estudantes
livres para buscarem a solução dos problemas; o professor não pode sufocar a
curiosidade do aluno, mas deixá-lo vivenciar o prazer da descoberta
(MAKIGUTI, 1973).
Entretanto, esta “definição” de professor ainda parece ser surreal. A
tarefa que Makiguti se determinou a empreender permanece inacabada. A
“aprendizagem forçada” continua sendo a forma principal de ensino na maioria
dos países do mundo, se não em todos. A confiança prolongada nesse tipo de
ensino está levando às consequências previstas pelo autor desta obra:
O sistema de ensino como um todo é estruturado segundo o nível dos conhecimentos factuais adquiridos, avaliado por exames. O sentimento de amor pela aprendizagem, inerente às crianças, de modo geral se extingue antes de se chegar à adolescência como resultado de aprendizagem forçada. (MAKIGUTI, 1994, p. 224)
Aspectos criticados por Makiguti, há mais de oito décadas, são
ainda hoje característicos da educação no Japão e no Ocidente. Os
pensamentos do Prof. Makiguti podem ser considerados revolucionários. Em
sua tentativa de compreender a natureza da personalidade humana e do
processo de aprendizagem, Makiguti antecipava o trabalho de filósofos,
educadores e psicólogos de décadas posteriores. Sua obra permanece como
uma comprovação da validade de princípios e hipóteses expressos por esses
acadêmicos mais recentes, cujas contribuições para a compreensão da
23 Informação verbal.
54
educação representam uma evidência da genialidade e importância de
Makiguti como educador.
A obra de Makiguti sobre a Teoria do Valor é bastante histórico e
contemporâneo. Uma verdadeira fonte de reflexão nos dias de hoje – num
momento em que os sistemas de ensino no mundo todo passam por séries
crises educacionais.
O Livro Educação para uma Vida Criativa (1994) são
fundamentações teóricas e não diz o que e como fazer. Neste ponto que se
encontra o grande desafio para os educadores em como aliar o aspecto
cognitivo à questão da filosofia humanística. Este é o grande diferencial da
Educação de Criação de Valor (Soka), pois ensinar conteúdos, todas as
escolas fazem, mas o Sistema Educacional Soka forma alunos corajosos,
justos, honestos e que preservam a dignidade da vida24, assim como
Tsunessaburo Makiguti deslumbrou em sua Teoria da Criação de Valor.
24 Diretora Vanilda – informação verbal.
55
BIBLIOGRAFIA
BETHEL, Dayle. M. MAKIGUTI – The Value Creator: Revolutionary
Japanese Educator and Founder of Soka Gakkai. Tokyo, Weatherhill, 1973.
COORDENADORIA Educacional da BSGI. Makiguti em Ação: Educando
para a Paz. São Paulo, Editora Brasil Seikyo, 2001.
IKEDA, Daisaku. Proposta Educacional: Algumas considerações sobre a
educação do século XXI. São Paulo, Editora Brasil Seikyo, 2006.
IKEDA, Daisaku. Educação Soka. São Paulo, Editora Brasil Seikyo, 2010.
IKEDA, Daisaku: Discurso. Jornal Brasil Seikyo, São Paulo, 28 de março de
1998, pág. 7.
__________ Jornal Brasil Seikyo, São Paulo, 4 de dezembro de 1999, pág.
A3.
__________ Jornal Brasil Seikyo, São Paulo, 14 de fevereiro de 2004, pág.
A8.
__________ Jornal Brasil Seikyo, São Paulo, 23 de fevereiro de 2008, pág.
A3.
__________ Jornal Brasil Seikyo, São Paulo, 14 de fevereiro de 2009, pág.
A11.
56
MAKIGUTI, Tsunessaburo. Educação para uma vida criativa. São Paulo,
Record, 1994.
REVISTA DEZ. Universo Soka. São Paulo, Editora Brasil Seikyo, edição de
Fevereiro 2005.
SGI GRAPHIC. Soka Educatioal System. Tokyo, Seikyo Shimbun, edição de
Abril de 2004.
SGI GRAPHIC. A Way of Education. Tokyo, Seikyo Shimbun, edição de Maio
de 2008.
SGI GRAPHIC. Soka Educatioal. Tokyo, Seikyo Shimbun, edição de
Novembro de 2008.
SOKA – Revista de estudos sobre criação de valor – Nº1. Editora Brasil
Seikyo, Nov.2010.
TERCEIRA CIVILIZAÇÃO. Geografia da Vida Humana: centenário da obra
imortal de Tsunessaburo Makituti. São Paulo, Editora Brasil Seikyo, edição
de Novembro de 2003.
TERCEIRA CIVILIZAÇÃO. Makiguti: um educador além de seu tempo. São
Paulo, Editora Brasil Seikyo, edição de Novembro de 2004.
57
WEBGRAFIA
Associação Brasil SGI.
Disponível em <http://www.bsgi.org.br>. Acesso em 16/03/2012 – 21h.
Escola Soka do Brasil.
Disponível em <http://www.escolasoka.org.br>. Acesso em 16/03/2012 – 22h.
Universidade Soka.
Disponível em <http://www.soka.ac.jp/en/international/network/list/>. Acesso
em 16/03/2012 – 22:45h.
Wikipédia, a enciclopédia livre. Biografia de John Dewey.
Disponível em <http://pt.wikipedia.org/wiki/John_Dewey>. Acesso em
18/03/2012 – 10h.
58
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2 AGRADECIMENTOS 3 DEDICATÓRIA 4 RESUMO 5 METODOLOGIA 6 CITAÇÃO 7 SUMÁRIO 8 INTRODUÇÃO 9 CAPÍTULO I PROFESSOR TSUNESSABURO MAKIGUTI 13 1.1 – Vida de Makiguti 14 1.2 – Produções Bibliográficas 18 1.3 – Soka Gakkai e Sucessores de Makiguti 20 1.3.1 – JOSSEI TODA: Co-fundador da Soka Gakkai 21 1.3.2 – DAISAKU IKEDA: Fundador do Sistema Educacional Soka 23 CAPÍTULO II PENSAMENTOS DO PROFESSOR MAKIGUTI 25 2.1 – Teoria do Sistema Educacional de Criação de Valores (SOKA KYOIKUGAKU TAIKEI) 25 2.1.1 – Objetivo na Educação 28 2.1.2 – Felicidade 29 2.1.3 – Teoria da Criação de Valores 30 2.1.4 – A Natureza do Processo de Aprendizagem e o Treinamento de Professores 31 2.1.5 – A Necessidade de uma Ciência da Educação 32 2.1.6 – O papel Educacional da Escola, do Lar e da Comunidade 33 2.1.7 – Bem, Belo, Benefício 34 2.2 – Geografia da Vida Humana (JINSEI CHIRIGAKU) 36 CAPÍTULO III CONTRIBUIÇÕES DO SISTEMA EDUCACIONAL SOKA NO MUNDO E NO BRASIL 41 3.1 – Instituições Educacionais Soka ao Redor do Mundo 42 3.1.1 – Universidades Soka 43 3.1.1.1 – Universidade Soka do Japão 44 3.1.1.2 – Universidades Soka da América 44 3.2 – Sistema Educacional de Criação de Valor – em Escolas Brasileiras 45 3.2.1 – Instituição Educacional Soka no Brasil 46
59
3.2.2 – Projeto Makiguti em Ação 47 3.2.3 – Departamento de Alfabetização para Jovens e Adultos 48 3.3 – Reconhecimentos e Homenagens 50 CONCLUSÃO 52 BIBLIOGRAFIA 55 ÍNDICE 58 ANEXOS 60
60
ANEXOS
Índice de anexos
Anexo 1 >> foto de Tsunessaburo Makiguti
Anexo 2 >> budismo de Nitiren Daishonin;
Anexo 3 >> matéria sobre a entrega do título de Doutor Honorário ao
presidente da SGI, pela Universidade Estadual de Londrina;
Anexo 4 >> foto de Jossei Toda;
Anexo 5 >> relação das Propostas de Paz enviadas à ONU;
Anexo 6 >> mensagem de Congratulações enviada pelo Presidente da SGI,
Dr. Daisaku Ikeda, por ocasião dos 20 anos de fundação da
Coordenadoria Educacional da BSGI;
Anexo 7 >> foto do livro Geografia da Vida Humana;
Anexo 8 >> lema das Instituições Educacionais Soka;
Anexo 9 >> emblema das Instituições Educacionais Soka;
Anexo 10 >> diretrizes eternas da Educação Soka;
Anexo 11 >> foto da Estrada Professor Tsunessaburo Makiguti;
Anexo 12 >> foto da Praça Professor Tsunessaburo Makiguti.
62
ANEXO 2
O Budismo de Nitiren Daishonin
Nitiren Daishonin nasceu em 16 de fevereiro de 1222, na vila de
Kominato, Japão. Ao contrário de Sakyamuni, que foi filho de rei, os pais de
Nitiren Daishonin eram pescadores. Naquela época, os pescadores e
caçadores eram desprezados porque sua sobrevivência envolvia tirar a vida.
As circunstâncias de seu nascimento são muito significativas, pois indicam o
princípio budista da igualdade máxima de todas as pessoas,
independentemente de sua posição social ou de outros critérios superficiais.
Ele recebeu o nome de Zenniti-maro e viveu na vila de pescadores
até 1233, quando, aos doze anos, deixou o lar para estudar o budismo. Em
seus estudos, percebeu várias contradições entre os ensinos budistas;
também determinou encontrar uma resposta para os problemas da
transitoriedade da vida humana, com a qual estava profundamente
preocupado.
Após muito estudo e contemplação, compreendeu a natureza da
realidade máxima da vida e do Universo. Nitiren recitou o Nam-myoho-rengue-
kyo pela primeira vez na manhã de 28 de abril de 1253 – apresentando dessa
forma a toda a humanidade o caminho direto para a iluminação. Ele declarou
então que nenhum dos ensinos pré-Sutra de Lótus revelavam a iluminação do
Buda e que todas as seitas budistas que se baseavam nesses ensinos eram
desencaminhadoras. Adotou também o nome Nitiren.
Nitiren Daishonin passou mais de duas décadas ensinando às
pessoas sobre o budismo e advertindo o governo – para que os líderes
63
levassem a paz à nação aceitando os verdadeiros ensinos do budismo.
Durante esse período, ele sobreviveu a dois exílios, uma tentativa de
execução, uma emboscada e numerosas tentativas de colocarem-no em
descrédito.
Na manhã do dia 13 de outubro de 1282, Nitiren Daishonin faleceu
pacificamente.
Por ter atingido a iluminação por si só – com sua própria
compreensão – e por ter revelado a verdade fundamental da vida, Nitiren
Daishonin é chamado de Buda original.
64
ANEXO 3
Universidade Estadual de Londrina confere título de
Doutor Honorário a presidente da SGI Matéria publicada no Jornal Brasil Seikyo do dia 24 de abril de 2004 – edição nº 1745
A Universidade Estadual de Londrina, no Paraná, conferiu
recentemente um título de Doutor Honorário ao presidente da SGI, Daisaku
Ikeda, por suas contribuições à paz, que se pautam pela filosofia do
humanismo.
A outorga ocorreu no dia 14 de abril, na torre central da
Universidade Soka, em Hatioji, Tóquio. Entre os presentes estavam: a reitora
da Universidade Estadual de Londrina, Lygia Lumina Pupatto; o diretor do
Centro de Ciências Exatas, Antônio Carlos Mastine; Ângela Maria Louzada
Veregue, funcionária da reitoria; e Maria Fusako Tomimatsu, chefe do Centro
de Cultura Japonesa. Também participaram da solenidade representantes da
Universidade Fuji de Tóquio, liderados pelo presidente do conselho, Sadao
Futagami e pelo presidente Tadahiro Hayasaka.
A reitora Pupatto declarou na ocasião ser uma grande honra
conceder um título honorário a Ikeda em tributo a seus esforços incansáveis
em prol do desenvolvimento da paz, cultura, educação e meio ambiente.
Afirmou ainda que muitas cidades no Norte do Paraná, entre elas Londrina,
reconhecem a liderança de Ikeda à frente da SGI.
A Universidade Estadual de Londrina firmou parceria com a BSGI
para promover a educação ambiental e atividades de preservação do meio
ambiente no Parque Ecológico Doutor Daisaku Ikeda, em Londrina.
65
Pupatto declarou na ocasião que aceitar diferenças é crucial para o
progresso da humanidade e base para a construção da paz. Ela disse também
que a chave para acabar com a desigualdade na sociedade humana encontra-
se na filosofia de humanismo de Ikeda.
A reitora disse esperar que os intercâmbios entre a Universidade de
Londrina e a SGI aprofundem-se e que possam trabalhar em parceria para a
construção de um futuro melhor.
Citando o educador brasileiro Paulo Freire, que declarou que a
educação é o melhor caminho para transformar a humanidade e a sociedade
numa escala mundial, Ikeda afirmou que a educação é a força universal que
une as pessoas em solidariedade. Ele também elogiou a liderança notável de
Pupatto no campo da educação e externou sinceros agradecimentos pela
honra a ele estendida. O presidente da SGI mencionou ainda Yumiti Takada,
fundador da Universidade Fuji de Tóquio, a alma mater de Ikeda. Takada
devotou-se à formação de jovens, plenamente convicto de que a educação
significa professores dedicando-se a seus alunos.
Encerrando, o presidente da SGI expressou sua firme decisão de
esforçar-se para o avanço da educação em prol do futuro da humanidade.
67
ANEXO 5
Propostas de Paz enviadas anualmente à ONU
2013 – Compaixão, sabedoria e coragem – Para a humanidade viver em paz.
2012 – Segurança humana e sustentabilidade: Compartilhar o respeito pela
dignidade da vida.
2011 – Por um mundo digno de todos: triunfo da vida criadora.
2010 – Novos valores para uma nova era.
2009 – Competição humanitária: nova esperança na história.
2008 – A humanização da religião a serviço da paz.
2007 – Resgatar a nossa humanidade: primeiro passo para a paz mundial.
2006 – A nova era do povo: uma rede mundial de indivíduos conscientes e
fortes.
2005 – Uma nova era de diálogo: o triunfo do humanismo.
2004 – Revolução interior: uma onda mundial pela paz.
2003 – Por uma ética global – A dimensão da vida: um paradigma.
2002 – O humanismo do caminho do meio – O alvorecer de uma civilização
global.
2001 – O desafio da nova era: construir a todo instante o “Século da Vida”.
2000 – A paz pelo diálogo – É tempo de falar: uma cultura de paz.
1999 – Pela cultura de paz – Uma visão cósmica.
1998 – A humanidade e o novo milênio: do caos para o cosmos.
1997 – Novos horizontes de uma civilização global.
1996 – Rumo ao terceiro milênio: o desafio da cidadania global.
1995 – Criando um século sem guerras por meio da solidariedade humana.
1994 – A luz do espírito global: uma nova alvorada na história da humanidade.
1993 – Rumo a um mundo mais humano no século vindouro.
68
1992 – Uma Renascença de esperança e harmonia.
1991 – O alvorecer do século da humanidade.
1990 – O triunfo da democracia: rumo a um século de esperança.
1989 – A alvorada de um novo globalismo.
1988 – Entendimento cultural e desarmamento: os blocos edificadores da paz
mundial.
1987 – Propagando o brilho da paz: rumo ao século do povo.
1986 – Rumo a um movimento global por uma paz duradoura.
1985 – Novas ondas de paz rumo ao século XXI.
1984 – Criando um movimento unido para um mundo sem guerras.
1983 – Nova proposta para a paz e o desarmamento.
1982 – Uma Nova Proposta para o Desarmamento e a Abolição de Armas
Nucleares.
1978 – Proposta para o Desarmamento Nuclear.
69
ANEXO 6
Mensagem de Congratulações enviada pelo Presidente da SGI,
Dr. Daisaku Ikeda, por ocasião dos 20 anos de fundação da
Coordenadoria Educacional da BSGI
A Coordenadoria Educacional da BSGI, que assinalou a sua
fundação junto comigo há 20 anos, tornou-se hoje um indispensável “pilar da
educação humanística” e é alvo de confiança e expectativa da sociedade
brasileira. Com profundo respeito, desejo louvar altamente os esforços de
todos. Os pais da Educação Soka, os professores Makiguti e Toda, estão
deveras muito felizes.
O professor Makiguti disse: “Qual é o fator principal que faz um
professor merecer respeito? É o seu ato de praticar o justo discernimento do
bem e do mal, do correto e do errado. Além disso, ele não deve meramente
explicar essas questões, mas tomar a iniciativa de colocar em prática e de
demonstrar pessoalmente o exemplo.” O espírito da Educação Soka consiste
em defender o bem e a justiça; é combater o mal que prejudica a vida humana.
Consiste também na iniciativa de agir de acordo com esse espírito.
Na sociedade atual em que prevalece o lucro e a perda em meio ao
confuso discernimento do bem e do mal, do correto e do errado, as crianças
são a maior vítima. As pessoas que podem salvá-las fundamentalmente são
certamente os integrantes da Coordenadoria Educacional. A filosofia Soka é a
filosofia da felicidade, da solidariedade e da paz. É também a filosofia do
supremo bem, da refutação do mal e da vitória.
70
O meu amigo e ex-ministro da Educação, Cristóvam Buarque, disse
em nosso diálogo: “A educação é o único caminho que assegura a estabilidade
e a paz no futuro de uma nação.” Os indivíduos tornam-se um ser humano
através da educação. Não se trata apenas de transferir conhecimentos nem de
mero desenvolvimento da inteligência. A educação é o grande caminho que
assegura a herança do humanismo do passado para o futuro. Nesse sentido, a
sagrada devoção de seus esforços em prol da educação é realmente uma vida
muito sublime e dotada de profunda missão. Espero que atuem como altivos
pioneiros da educação humanística e avancem imponentemente pela estrada
da unidade budismo-educação. Vamos construir prazerosamente o “Século da
Educação” e o “Século da Coordenadoria Educacional do Brasil”.
Em 8 de fevereiro de 2004.
Daisaku Ikeda
71
ANEXO 7
Livro Geografia da Vida Humana
Livro: Geografia da Vida Humana na edição em inglês,
publicado em 2002, em comemoração ao seu centenário.
72
ANEXO 8
Lema das Instituições Educacionais Soka
Lema da Escola Soka de ensino fundamental 1:
“Ser alegre, generoso e paciente”
Lemas das Escolas Soka de ensino fundamental 2 e médio:
“Sabedoria, glória e paixão”
“Bom senso, boa saúde e esperança”
Lemas do Colégio Soka feminino:
“Seja uma pessoa inteligente, feliz e virtuosa”
“Seja uma pessoa de princípios que trabalha pela harmonia de todos”
“Seja uma pessoa de visão global e critério social”
73
ANEXO 9
Emblema das Instituições Educacionais Soka
O emblema das Instituições Educacionais Soka é composto de uma
pena de escrever entre as asas de uma jovem fênix.
A pena representa “sabedoria” e as asas da fênix, o alçar de um “vôo
em direção a um glorioso futuro”.
74
ANEXO 10
Diretrizes eternas da Educação Soka
1. Almejem a criação de valores com sabedoria e paixão buscando sempre a
verdade;
2. Jamais causem incômodo aos outros e sejam responsáveis por seus atos;
3. Rejeitem a violência, valorizem a confiança e cooperacão e sejam cordiais
com as pessoas;
4. Declarem francamente suas convicções e atuem com coragem em defesa
da justiça;
5. Sejam pessoas de iniciativa e tornem-se gloriosos líderes do Japão e do
mundo.