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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
O Gás Natural Veicular
Por: Roberta Lopes da Silva Garcia
Orientador
Prof. Jorge Tadeu Vieira Lourenço
Rio de Janeiro
2013
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
O Gás Natural Veicular
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do
grau de especialista em Gestão no setor Petróleo e
Gás
Por: Roberta Lopes da Silva Garcia
5
RESUMO
No Brasil, as medidas adotadas pelo governo no início dos anos 90,
aliadas ao desenvolvimento de uma base sustentável de fornecedores de
equipamentos e serviços de conversões de veículos, ensejaram um rápido
desenvolvimento do mercado do gás natural no setor veicular. Entretanto, a
política de incremento da utilização do gás natural na matriz energética envolve
a permanência de uma política de preços favorável, a manutenção ou a
redução da carga tributária e, além disso, uma regulação. O Estudo de Caso a
seguir tem por objetivo informar ao leitor sobre o gás natural veicular e seus
números atuais e como a falta dos itens supracitados afetaram e afetam a sua
utilização. Para isto apresentam-se números de conversões de carros,
comparação de preço de venda entre combustíveis, informações do plano
estratégico da Petrobras, infraestrutura deficitária e outros dados relevantes
para ajudar a discutir o motivo que este energético não é disponibilizado em
grandes volumes e por isso não comercializado de forma efetiva. Propõe-se
ainda a mudança no planejamento e na gestão de investimentos energéticos, o
estabelecimento de um marco regulatório que permita o desenvolvimento e a
sustentação do setor e o comprometimento em longo prazo do governo com
este energético.
6
METODOLOGIA
A matriz energética nacional é constituída de diferentes fontes de
energias, entre elas o Gás Natural, que são utilizadas para o desenvolvimento
social e está presente nas indústrias, nos transportes e na produção de
energia elétrica. Ao pesquisar, avaliar e dissertar sobre esse assunto foi
considerado vários fenômenos contemporâneos (econômicos,
socioeconômicos, políticos e a iniciativa privada).
Seguindo a teoria de Robert Yin, que diz que ao definir a estratégia da
sua monografia deve-se levar em conta a forma da questão da pesquisa, se
exige controle sobre eventos comportamentais e se focaliza acontecimentos
contemporâneos e assim a metodologia escolhida para este trabalho de final
de curso foi a de Estudo de Caso.
Trata-se de um Estudo de Caso, pois colocou a questão principal com
um porque e, além disso, o pesquisador não teve controle sobre os eventos
comportamentais e o foco foi em fenômenos contemporâneos inseridos em
algum contexto da vida real.
O método utilizado para desenvolver o Estudo foi uma pesquisa
bibliográfica que utilizou Informações sobre o Gás Natural e suas aplicações
que são constantemente encontradas em jornais, revistas, sites de
associações e empresas ligadas ao setor, além dessas informações,
apresentações feitas no Comitê do GNV do Instituto Brasileiro de Petróleo,
Gás e Biocombustíveis (IBP), material de reuniões na Abegás (Associação
Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado), estudos
divulgados em publicações do setor (Folha do GNV, NGV Journal) e anotações
realizadas durante reuniões com a Petrobras, Raizen, Gás Natural Serviços,
CEG (Companhia de Gás do Estado do Rio de Janeiro), e outras empresas e
livros sobre o tema.
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SUMARIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I - Matriz Energética Brasileira 10
CAPÍTULO II - O Gás Natural 12
CAPÍTULO III – O Gás Natural Veicular 14
CAPÍTULO IV – Queima de Gás Natural 29
CAPÍTULO V – Gás Não – Convencional 31
CAPITULO VI - Termelétricas 33
CONCLUSÃO 38 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 40
ÍNDICE 43
8
INTRODUÇÃO
O trabalho a seguir aborda um tema em voga atualmente: a grande
oferta de gás natural projetada para os próximos anos somada à reviravolta
nos EUA com a descoberta do gás não convencional, que estudos mostram
ser abundante também no Brasil com reservas estimadas em 5,7 trilhões/m3
conforme matéria publicada no O Globo de out/12 e a falta de interesse do
Governo Federal e da Petrobras em desenvolver o mercado de Gás Natural no
setor veicular.
O título foi escolhido como Gás Natural Veicular (GNV) para chamar a
atenção de um setor que tem disponível para sua comercialização o mesmo
volume de gás natural queimado e da falta de divulgação dos benefícios desse
energético para o meio ambiente e para a economia de seus usuários.
A recente mudança no cenário dos combustíveis no mercado nacional
a crise do álcool e com o aumento da gasolina previsto para o início de 2013
em função dos prejuízos da Petrobras com as importações são outras
justificativas para desenvolvimento do tema. Porque pagar caro para abastecer
veículos? Será que não seria esse o momento de investir no Gás Natural
Veicular?
9
Ao longo deste trabalho vamos avaliar os motivos que levam ao
cenário atual. O primeiro capítulo informa a composição da matriz energética e
a inserção do gás, no segundo capítulo a definição de Gás Natural e suas
utilizações, no próximo há informações sobre o GNV com o seu histórico,
infraestrutura existente e os futuros planos mais o mercado atual e futuro, o
quarto capítulo disserta sobre a queima e a lei da ANP, o seguinte explica o
novo fenômeno nos EUA, o gás não convencional e no último a utilização do
gás em térmicas e seus prejuízos. Ao final o leitor pode refletir sobre a
hipótese de alterações na política de investimentos na matriz energética e na
comercialização dos combustíveis deverá ser colocada em prática o quanto
antes ou não.
10
CAPÍTULO I
A MATRIZ ENERGÉTICA BRASILEIRA
A matriz energética nacional é uma das mais limpas do planeta, afirma
o governo e alguns especialistas. Quase metade da energia (45%) consumida
no país é renovável, segundo site do MME – Ministério de Minas e Energia,
isto é, proveniente de recursos capazes de se refazer em um curto prazo, a
água é um exemplo de recurso aproveitado através das hidrelétricas.
Ao utilizarmos fontes de energia produzidas aqui, o Brasil não depende
de importação nem fica suscetível a crises mundiais. No entanto, a falta de
investimentos em tecnologia e pesquisa está mudando o conjunto de fontes
utilizadas e pode “sujar” a matriz energética gradativamente.
Se compararmos à matriz energética mundial, que em 2011, era
constituída de 84% de combustíveis fósseis fontes não renováveis, informação
obtida no site do MME, o Brasil encontra-se em uma situação favorável, porém
considerada nada inovadora.
Já a base da matriz elétrica nacional são as hidrelétricas (quase 75%
responsável pela geração de energia) conforme dados da EPE – Empresa de
Pesquisa Energética, mas estudos comprovam que há a emissão de metano
neste processo e os custos para implantação de uma hidrelétrica são pesados
e a conta de luz é muito cara para o consumidor final.
A geração de energia por hidrelétrica já ocupa posição secundária no
mundo porque os países desenvolvidos esgotaram seus potenciais. O governo
brasileiro continua investindo no mesmo modelo sem observar as sequelas
(marcas) dos outros países. A dúvida é se o Brasil vai esgotar também seu
potencial?
11
O restante da matriz elétrica é composto por gás natural, biomassa,
carvão, petróleo e derivados, nuclear, eólica e importação.
Rever a política energética e torná-la sustentável aproveitando os
recursos naturais disponíveis como a energia eólica e solar é fundamental,
mas esbarra no alto custo nas pesquisas e na sua produção.
Dessa forma o gás natural por utilizar a estrutura e os mesmos
métodos de perfuração e produção do petróleo se apresenta com uma
alternativa economicamente mais viável e, além disso, limpa e de acordo com
a nova demanda mundial, porém sua utilização é mais econômica para setores
industriais e veicular se comparamos com a geração de energia eólica, solar e
através do bagaço de cana para o uso domiciliar. Na figura 1 observa-se o
inexpressivo percentual de energéticos alternativos:
Figura 1- Matriz Energética Brasileira – Tendência 2012 (Adaptada de ARAUJO, 2012, p.21).
12
CAPÍTULO II
O GÁS NATURAL
O gás natural é uma energia de origem fóssil, mistura de
hidrocarbonetos leves entre os quais se destaca o metano (CH4), que se
localiza no subsolo da terra e é procedente da decomposição da matéria
orgânica espalhada entre os extratos rochosos. Tal e como é extraído das
jazidas, o gás natural é um produto incolor e inodoro, não é tóxico e é mais
leve que o ar. Tanto o gás natural quanto o gás manufaturado não têm cheiro,
mas são odorizados pelas distribuidoras de gás, para que sejam percebidos
em caso de escapamentos. Além disso, o gás natural é uma energia carente
de enxofre e a sua combustão é completa, liberando como produtos da mesma
o dióxido de carbono (CO2) e vapor de água, sendo os dois componentes não
tóxicos, o que faz do gás natural uma energia ecológica e não poluente.
Uma vez extraído do subsolo, o gás natural deve ser transportado até
as zonas de consumo, que podem estar perto ou bastante distante. O
transporte, desde as jazidas até estas zonas, é realizado através de tubulações
de grande diâmetro, denominadas gasodutos. Quando o transporte é feito por
mar e não é possível construir gasodutos submarinos, o gás é carregado em
navios “metaneiros”. Nestes casos o gás é liquefeito a 160 graus abaixo de
zero reduzindo seu volume 600 vezes para poder ser transportado. No porto
receptor, o gás é descarregado em plantas ou terminais de armazenamento e
regasificação.
Sendo assim o gás permanece armazenado em grandes depósitos na
pressão atmosférica e é injetado depois na rede de gasodutos para ser
transportado aos pontos de consumo. Todas estas instalações são construídas
em grande parte subterrâneas favorecendo a possível restituição da paisagem.
13
2.1 – O uso do Gás Natural
Domiciliar - mercado em expansão especialmente nos grandes centros
urbanos, onde as distribuidoras de gás têm planos de grande ampliação de
suas redes com investimentos em conversões e recebimento nas residências
para utilização em fogões e aquecedores.
Industrial - utilizado como combustível proporciona uma combustão
limpa, isenta de agentes Se compararmos à matriz energética mundial, que em
2011, era constituída de 84% de combustíveis fósseis fontes não renováveis, o
Brasil encontra-se poluidores, ideal para processos que exige a queima em
contato direto com o produto final, (ex. indústria de cerâmica, vidro, cimento
etc.).
Termelétrica - utilização em turbinas a gás para geração de
eletricidade aproveitando a mesma energia para produção de calor, conhecida
como cogeração, processo muito utilizado em virtude da economia e
segurança operacional.
Gás Veicular - utilização em automóveis, ônibus e caminhões,
oferecendo vantagem no custo por quilômetro rodado, por ser seco, o gás
natural não provoca resíduo de carbono nas partes internas do motor,
aumentando a vida útil e intervalo de troca de óleo e manutenção.
14
CAPÍTULO III
O GÁS NATURAL VEICULAR
Gás Natural Veicular é um combustível gasoso cujas propriedades
químicas o qualificam como um substituto de combustíveis tradicionais, como a
gasolina e álcool hidratado, utilizados em motores que funcionam através da
ignição por centelhamento (motores com ciclo Otto ou motores de dois
tempos). O GNV também pode ser usado em veículos movidos a óleo diesel,
quer na forma combinada, que utiliza tanto o diesel quanto o gás, ou
substituindo o antigo motor movido a diesel por outro movido apenas a gás.
GNV é uma terminologia utilizada para o gás natural usado como
combustível para veículos automotores e foi descoberto pelos chineses no
século IX, porém o uso do gás natural em larga escala dependeu dos norte-
americanos, que até 1950 detinham praticamente todo consumo mundial
conforme informado por Marcelo Castello Branco Cavalcanti em seu estudo
sobre a Ascensão do Gás Natural no Mercado de Combustíveis automotivos
no Brasil. Além disso, este estudo menciona que a primeira produção de um
gás combustível proveniente do carvão ocorreu por volta de 1665, na
Inglaterra, e sua primeira utilização foi também em iluminação, em 1792.
Pouco tempo depois, as companhias de gás começaram a se organizar e a
fabricação começou a ser feita em bases comerciais, construindo uma infra
estrutura de transporte que será utilizada, posteriormente pelo gás natural.
O gás natural é adotado como combustível veicular em mais de 60
países. A origem desta utilização foi na Itália que, a partir dos anos 30, criou e
dinamizou as conversões veiculares para substituir a gasolina e o diesel.
Atualmente, a maior frota do mundo localiza-se no Paquistão com cerca de 3,1
milhões de veículos (cerca de 20% de toda a frota circulante), em segundo
lugar o Irã com 2,8 milhões e Argentina em seguida com 2 milhões de veículos.
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O Brasil possui a quarta maior frota mundial, com aproximadamente 1.7
milhões de veículos.
No Brasil o consumo do GNV teve um desempenho muito positivo e
crescente a partir de 1999. Ele foi liberado para veículos de passeio somente a
partir de 1997. Em 2003 atingiram 1,3 bilhão de m 3 , o consumo atual é de 1,9
bilhão de m 3 ,segundo números da ABEGÀS (2011), e a rede de distribuição
abrange 22 estados. O Estado do Rio de Janeiro apresenta a maior frota do
país, com 806 mil veículos a gás segundo o Instituto Brasileiro de Petróleo,
Gás e Biocombustíveis – IBP (2012), representando 46 % da frota total do
país. Seguindo por São Paulo com 387 mil veículos.
Em termos de combustível automotivo, o GNV apresenta vantagens
técnicas em comparação aos combustíveis tradicionais, tornando-o uma
alternativa promissora. Nestes termos podem ser ressaltados os seguintes
aspectos: possui temperatura de ignição superior, o que o torna mais seguro
quanto ao manuseio e apresenta menor densidade que o ar atmosférico, o
que, em caso de vazamento, possibilita sua rápida dissipação na atmosfera.
Além disto, a combustão do GNV com excesso de ar é muito próxima
da combustão completa, reduzindo os resíduos a dióxido de carbono e vapor
d´água e inibindo a formação de resíduos de carbono no motor, aumentando
sua vida útil e o período entre manutenções sem comprometer a integridade
das partes componentes do motor. Por outro lado, seu uso reduz os níveis de
poluição atmosférica. No ambiente urbano, o uso adequado deste combustível,
se comparado com os combustíveis tradicionais, pode reduzir as emissões de
monóxido de carbono (CO) em 76%, de óxido de nitrogênio (NOx) em 84% e
de hidrocarbonetos pesados em 88%.
16
A principal vantagem de ordem econômica é o menor preço de
comercialização do GNV em comparação com a gasolina e o álcool hidratado
utilizado na frota de veículos leves. Esta redução nos gastos é acompanhada
das economias decorrentes do menor desgaste das partes e componentes do
motor e do maior intervalo entre as trocas de óleo lubrificante.
Estas diferenças são menores em relação ao óleo diesel, em que
prevalece uma pequena diferença entre os preços do óleo diesel e do GNV.
Além disso, o custo da conversão é significativamente maior em função da
necessidade de um maior número de cilindros que permitam o armazenamento
de produto suficiente para garantir autonomia operacional dos veículos. A
instalação dos cilindros ocupa muito espaço nos veículos e o excesso de peso
faz com que o veículo apresente alguns problemas como: dirigibilidade e
estabilidade; desgaste adicional do freio e embreagem; e carga excessiva
sobre a suspensão, sendo na maioria das vezes necessária a troca das molas.
Uma alternativa é a utilização de cilindros mais leves, com peso até 35%
menor que os cilindros tradicionais. Desde 2006 a montadora FIAT fabrica o
modelo Siena flex com kit instalado de fábrica com a instalação dos cilindros
para GNV no “chão” do porta malas e com garantia de fábrica.
Verifica-se também a evolução nos processos de conversão de
motores para uso do GNV, com o aprimoramento de kits cada vez mais
modernos como o chamado de “5ª geração” próprio para veículos com injeção
eletrônica e vem equipado com válvulas injetoras.
Outro exemplo de evolução que merece ser citado é a utilização de um
veículo do tipo semi-reboque (conceito do gasoduto móvel) equipado com um
conjunto de cilindros de armazenamento de GNV, podendo ser utilizado para
criar pontos de abastecimento em regiões que não dispõem ainda de rede de
gás natural. O uso de semi-reboque se presta, por exemplo, para suprir uma
necessidade emergencial de GNV em um ponto onde haverá uma ligação
futura do produto, para suprir picos de demanda sazonais ou para utilização
17
esporádica, ou para uma antecipação da demanda em determinada região,
antes da expansão da rede de distribuição de GNV.
Ainda no campo das inovações tecnológicas, destacam-se: (a) os
veículos Tri Fuel, que permitem a utilização de GNV, álcool e/ou gasolina,
possibilitando obter melhor desempenho com cada um dos três combustíveis e
redução na emissão de poluentes; (b) estão sendo realizadas pesquisas
buscando o desenvolvimento de compressores de média vazão, utilizados no
abastecimento dos veículos (com tamanho reduzido e menores custos); (c)
desenvolvimento de novas geometrias para os reservatórios de GNV (não só
no tradicional formato cilíndrico); e, (d) introdução, no cilindro, de carvão
ativado, de alta porosidade, que é material adsorvente, permitindo simular um
aumento do volume interno do reservatório.
Em suma, o uso do GNV no Brasil é muito recente, resultando numa
participação na matriz energética ainda muito modesta. Inúmeros fatores ainda
dificultam a massificação do uso do GNV, destacando-se a insuficiência da
malha distribuidora e o alto investimento para instalação nos postos de serviço
dos equipamentos especiais necessários para a operação de abastecimento
dos veículos, com destaque para os compressores. No médio prazo, com a
ampliação da produção de GNV e o crescimento da demanda do mercado,
deverão se viabilizados novos projetos e investimentos em infraestrutura de
distribuição de gás, ampliando a participação do GNV na matriz energética
brasileira, trazendo maior eficiência no uso dos recursos econômicos e do
meio ambiente.
18
3.1 – Gasodutos Brasileiros
Figura 2- Mapa de Gasodutos Brasileiros (Adaptada de ARAUJO, 2012, p.19).
No estado gasoso, o transporte do gás natural é feito por meio de
dutos ou, que são classificados em gasodutos de transporte (ex.: Petrobras –
Concessionárias de gás) e gasodutos de transferência (Petrobras – Refinaria
Petrobras) em casos muito específicos, em cilindros de alta pressão (como
GNC - gás natural comprimido). A figura acima mostra a rede com os principais
gasodutos do Brasil. No estado líquido (como GNL - gás natural liquefeito),
pode ser transportado por meio de navios, barcaças e caminhões criogênicos,
a -160 °C, e seu volume é reduzido em cerca de 600 vezes, facilitando o
armazenamento. Nesse caso, para ser utilizado, o gás deve ser revaporizado
em equipamentos apropriados.
19
Observa-se atualmente problemas em relação à capacidade de
abastecimento e difusão espacial nacional, apenas 397 municípios (Abegás)
são abastecidos por Gás Natural, através de gasodutos de transporte em um
universo de 5.564 municípios brasileiros (site senado federal).
A infraestrutura de dutos, por enquanto, concentra-se, basicamente,
na faixa litorânea do país conforme figura 2 apresentada ao início desse tópico.
Em maio de 2012 foi divulgado pelo MME – Ministério de Minas e Energia,
Apresentação da Diretora de Departamento de Gás Natural, Symone Christine
de Santana Araujo onde informa que a EPE – Empresa de Pesquisa
Energética já estuda a expansão da malha de gasodutos. A proposta é que
este estudo seja apresentado ao MME que a partir daí criará o PEMAT – Plano
de Expansão da Malha de Transporte com uma lista de empreendimentos com
viabilidade técnica e econômica e contemplará construções e/ou ampliações
de gasodutos autorizados ou concedidos e após esta etapa levará a ANP para
consulta pública. O plano segundo o MME deverá ser revisto anualmente para
o acompanhamento da evolução dos projetos. Infelizmente o processo
supracitado é longo o que pode agravar a demora na expansão da utilização
do gás natural nos setores industriais, doméstico e veicular.
Após a passagem do gás natural pelo gasoduto este vai para o citygate
(estação de redução de pressão e de medição antes de acessar a uma cidade
e a linha secundária) e a distribuição do gás ao consumidor é responsabilidade
das Concessionárias de gás.
A Petrobras é a única operadora de longa distância de gasodutos e 27
empresas têm a concessão da distribuição dentro dos estados. Normalmente,
os acionistas do distribuidor é a própria Petrobras, o governo do estado e uma
empresa privada. Com exceção nos estados do Rio e São Paulo. Tal modelo
não estimula a competitividade e impede a expansão da rede de demanda
autônoma. Os KM 9,489 atuais de gasoduto levam gás natural para apenas
20
7% dos municípios brasileiros. A CEG (Rio) prevê uma expansão de do
gasoduto Japeri – Reduc, de 13KM, São Paulo (Comgás) 90 KM e a Petrobras
no ES de 146 KM e trará oportunidades para o crescimento do GNV em
2014/2015. Mercado de GNV é a chave para a distribuidora de gás, uma vez
que aproveita a expansão para outros setores.
A falta de concorrência faz com que o brasileiro de gás natural dos
mais caros do mundo (EUA $ / MBTU): Brasil 10, Europa 8, 9 da Ásia, EUA US
$ 3.
3.2 – O Mercado nacional de GNV
O programa de Gás Natural no Brasil começou no início dos anos 90,
mas foi interrompido pelos planos econômicos em 1992. Com o volume
adicional oriundo da Bolívia em 2000 (24 MBtu), o governo lançou o PLANGAS
para estimular o GNV.
O programa foi interrompido novamente em 2008 quando o Gás
Natural atingiu o equilíbrio entre a oferta e demanda e o preço caiu
vertiginosamente. Desde então não há políticas referente ao GNV. Este
cenário não prevalece à utilização deste energético que luta para continuar seu
desenvolvimento.
O Brasil é o quarto mercado de GNV, perdendo apenas para o
Paquistão, Irã e Argentina ( The GVR - Gas Vehicles Report – Out/12), apenas
6% da frota brasileira está convertida para GNV. Há também projetos para
conversões de veículos pesados, como: ônibus e caminhões (utilizados em
larga escala a GN nos EUA, principalmente caminhões que realizam coleta de
lixo)
Apesar do crescimento substancial do consumo de Gás Natural na
maior parte da década passada no Brasil, nos últimos anos houve uma
estagnação do uso do combustível em função de preço elevado,
consequentemente a perda da competitividade, a ausência de novos contratos
21
firmes de longo prazo e a priorização a demanda a termoelétrica. (Na figura 3
abaixo segue o crescimento do consumo).
Figura 3 - Evolução do Consumo de Gás Natural (Extraída de IBP, 2012, p.21).
22
Figura 4 - Índices de Crescimento de GNV (Extraída de IBP, 2012, p.14).
Desde 2003, todos os veículos novos produzidos no Brasil são flex fuel
(quando o mercado de GNV crescia a 43% conforme figura 4 acima). Portanto,
o etanol tornou-se o grande concorrente do GNV seguido pela gasolina regular.
Para ser economicamente atraente o preço do etanol deve ficar abaixo de 70%
de gasolina. Devido a questões políticas, o governo vem subsidiando a
gasolina para criar instabilidade no mercado de combustíveis. Governo federal
e a Petrobras anunciaram recentemente iniciativas para aumentar o preço da
gasolina (O Globo) e reduzir os impostos inseridos no preço do gás natural e a
margem da Petrobras (Valor Econômico 28/09/12) para manter a
competitividade da indústria nacional. A ideia, segundo o ministro da economia
Guido Mantega, é formar uma comissão para estudar a cesta de impostos do
energético e avaliar a margem de lucro da distribuidora. Se for bem sucedido,
pode trazer um impacto positivo para o setor de GNV no futuro próximo.
23
3.1.2 - Movimentos de mercado:
Há indicações de que o preço do etanol e da gasolina deve aumentar e
do gás natural deve estabilizar ou reduzir nos próximos anos. Esse cenário
permitiria a recuperação da indústria de GNV. Distribuidoras de gás
começaram seus planos de investimento e campanhas de incentivo ao uso de
GNV para recuperar a credibilidade do GNV, que se perdeu nos últimos anos.
Distribuidores de petróleo e postos de gasolina independentes são céticos
esperando para ver como o cenário de gás natural melhora a retomar seus
planos de crescimento. A Copa do Mundo em 2014 e Jogos Olímpicos em
2016 trouxe a discussão ambiental para a agenda de gás natural, com foco em
serviços pesados. Outro vetor importante para o GNV é do OEM que lançaram
modelos GNV nos EUA e pode trazê-los para o Brasil nos próximos anos. Um
novo e forte player COSAN, líder da produção de etanol que é dona da Raizen
(ex Shell / Esso), comprou recentemente a participação na Comgás, a grande
distribuidora em São Paulo. Esta Joint Venture pode impactar o GNV em São
Paulo, onde o mercado atual é fraco, e pode vir a influenciar todo o mercado.
Na medida em que dificilmente haverá um retrocesso no quadro
institucional do GNV no Brasil que iniba a participação dos atuais players, o
principal risco à expansão do mercado, sob o ponto de vista econômico, é
exatamente o que vem acontecendo a partir do ano de 2008 aos dias atuais: a
falta de uma política de preços e regulação no setor traz incertezas para o
consumidor que ainda olha o GNV com desconfiança desde episódio onde a
ministra Dilma Roussef, atual presidente, informou aos jornais que a prioridade
do uso do Gás Natural era em termoelétricas (Globo, jan/2008), para espantar
do governo o fantasma do apagão, pois a falta de uma estrutura bem definida
da utilização dos energéticos na matriz nacional afeta a credibilidade do GNV.
24
Figura 5 - Preços X Conversões para GNV (Extraída de IBP, 2012, p.17).
Na figura 5 acima fica fácil perceber que o interesse do consumidor
pelo GNV está atrelado ao preço, quando o preço do álcool sobe e do gás
sofre uma redução às conversões para GNV sobem. Abaixo segue figura 6
com o histórico das conversões que são afetadas pelas variações de preços,
crises de abastecimento do GNV e pronunciamentos desastrosos do governo
sobre preferências por combustíveis ou o futuro da matriz energética.
25
Figura 6 - Evolução de Conversões de Veículos para GNV 2004-2012 (Extraída de IBP, 2012, p.31).
3.1.3 – Balanço da Oferta e Demanda de Gás Natural:
Nos últimos anos, o gás natural vem aumentando a sua participação
na matriz energética brasileira, tendo alcançado o valor de 10,2% em 2012 da
oferta interna de energia conforme Boletim Mensal de Energia do MME. As
perspectivas para os próximos anos indicam que essa participação será ainda
maior. A entrada de novas áreas produtoras e de mais um terminal de
regaseificação de gás, na Bahia, e a necessidade de atender ao aumento das
demandas, tanto nas não termelétricas quantos as termelétricas, resultarão em
maiores volumes de gás natural produzidos, importados, transportados e
comercializados.
As demandas não termelétricas englobam as demandas das
distribuidoras, o consumo da Petrobras no segmento downstream e seus
projetos de novas fábricas de fertilizantes que permeiam o Plano de Negócios
da Petrobras 2015-2020. As demandas termelétricas englobam as térmicas a
gás, que atualmente são o “socorro” do planejamento energético nacional, que
entram em operação em caso de falta de recurso hídricos, denunciando a falta
de investimentos na energia eólica, solar e no bagaço de cana. Prejudicando
26
dessa forma as indústrias e o setor veicular que utiliza o gás como alternativa
mais barata e mais limpa.
A oferta de gás natural apresentará forte crescimento até 2021 (ver
gráfico abaixo), em função da entrada das novas unidades de petróleo e gás,
nas Bacias do Espírito Santo, de Campos e de Santos, e, da unidade de GNL,
no Rio de Janeiro. O progresso na obtenção de informações geológicas
oriundas das áreas do pré-sal, nas Bacias do Espírito Santo, campos e Santos,
além da viabilização dos campos contingentes, poderão alterar o quadro de
oferta de gás.
Observa-se ainda que, nos próximos dez anos, a importação de gás
natural da Bolívia manterá sua importância no cenário nacional, pois
continuará sendo uma alternativa para o fornecimento de gás, às regiões que
apresentam limitação de oferta, como por exemplo, a Região Sul.
Com relação à demanda, o destaque é a elevação do consumo para
as Regiões Sul e Sudeste, devido à ampliação, tanto da demanda termelétrica
quanto da não termelétrica. Nesse contexto é de grande relevância a inclusão
do consumo de gás para o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro,
(COMPERJ), em Itaboraí, a partir do ano de 2015; o aumento das demandas
de gás na REDUC, ditado pelos novos projetos no refino, com uso de gás
natural, e, a previsão da implantação de três novas unidades de fertilizantes,
entre 2014 e 2019.
Na figura 7 abaixo se observa a previsão de oferta e nas figuras 8,9 e
10 os nichos de mercado na utilização do gás natural.
27
Figura 7- Previsão de Oferta (Adaptada de ARAUJO, 2012, p.30).
Figura 8- Evolução Interna de Energia – (Extraída de ARAUJO, 2012, p.23).
28
Figura 9- Consumo de Gás Natural por Setor (Adaptada de ARAUJO, 2012, p.26).
Figura 10- Histórico da Participação de Gás Natural na Matriz Energética – (Adaptada de ARAUJO, 2012, p.22).
29
CAPITULO IV
QUEIMA DE GÁS NATURAL
Com intuito de frear o desperdício de gás natural em queimas durante
o processo de produção de óleo a ANP (Agencia Nacional de Petróleo)
publicou em 31/10/00 a portaria 249/00 onde limita a quantidade de gás a ser
queimado nos flares (em até 3% do volume de produção mensal do campo ou
e pune com o não pagamento dos royalties o infrator.
Tal medida permite aumentar a oferta de gás no pais e demonstra
como o gás natural é tratado pelos produtores de óleo,isto é, um subproduto
que atrapalha a produção do petróleo e não merece investimentos para seu
escoamento.
Abaixo os números de queima no Brasil, podemos observar que a
partir de 2010, quando a fiscalização da ANP se intensificou a queima
diminuiu. Para uma comparação o volume queimado em 2009 e 2010 eram os
mesmos destinados para o setor veicular.
Figura 11- Definições Queima X Perda (Extraída de ANP, 2012, p.1)
30
Figura 12- Comparativo de Volume de Gás Natural Produzido X Queima (Extraída de ARAUJO, 2012, p.29).
31
CAPITULO V
GÁS NÃO CONVENCIONAL
Enquanto o Brasil ainda engatinha na infraestrutura de distribuição de
gás natural e na política de preços do energético, uma verdadeira revolução
energética está ocorrendo no mundo, embalada pelo aumento da produção do
chamado gás natural não convencional em países como os EUA e China. Só
nos EUA, o gás de xisto, como também é conhecido, o avanço de 45% na
produção (segundo reportagem do O Globo, 12/10/12) nos últimos 6 anos
reduziu seus preços para US$ 3 por milhão de BTU (medida internacional do
gás). No mercado nacional, como já foi mencionado neste trabalho, o valor
cobrado pela Petrobras fica entre US$ 10 e US$11.
O Gás não convencional é o mesmo do gás natural convencional. O
que muda é a jazida onde é encontrado. No caso do gás não convencional as
rochas são muito pouco permeáveis (ou fechadas) o que dificulta sua
exploração e por esta razão é preciso fazer uma serie de rachaduras, para
permitir a liberação do gás, usando água com aditivos químicos, o que
desperta discussões ambientais.
Com o empenho dos EUA na obtenção do gás não convencional para
que com isto ele possa diminuir as importações de petróleo e que em um
futuro próximo os EUA possa depender menos dos países do “eixo do mal”,
várias empresas estão se estabelecendo por lá, o que já preocupa nosso
governo federal em função da concorrência e que projetos de longo prazo
possam ser ofertados por aqui.
O Brasil está ameaçado porque as indústrias, que consomem muita
energia ou que usam gás como matéria-prima, como a de fertilizantes e a
petroquímica, estão encontrando nos EUA condições ótimas.
32
Mas o Brasil também pode participar dessa revolução. Acredita-se que
o país tenha a quarta ou quinta maior reserva do mundo de gás não
convencional, com um total de 17 trilhões de m3, segundo estimativas de Gás
Energy com base em dados da IEA – Agência Internacional de Energia. Para
termos uma ideia de quanto esse gás é abundante, apenas 5% dessas
reservas fossem exploradas, seria gerada uma riqueza de R$ 340 bilhões,
levando em conta R$ 0,40 m3. Hoje, as reservas de gás não convencional são
de 450 bilhões de m3.
Segundo a ANP há indícios do gás não convencional em três bacias:
Parecis, Parnaíba e Recôncavo.
Os usos da água, a possível contaminação do lençol freático, estão
sendo discutidas pelo mundo e o Brasil precisa definir sua política de atuação
para não ficar para trás, estima-se que os EUA produzirão o gás de xisto em
grandes volumes até 2035.
O gás não convencional é mais uma opção de oferta no mercado, isto
é, mais gás que poderá ser usado em indústrias, veículos e residências.
33
CAPITULO VI
TERMELÉTRICAS
A utilização de gás natural para geração de eletricidade via usinas
termelétricas, deve considerar o contexto em que se inserem essas usinas no
Brasil. O sistema elétrico brasileiro é constituído de um parque gerador
predominantemente hídrico, o que significa que sua operação está
condicionada ao regime de chuvas. De uma forma geral, a usinas térmicas a
gás, funcionam em regime de complementação à geração hidrelétrica, o que
significa que o consumo de gás natural para termeletricidade depende,
portanto, dessas condições.
Conforme a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), há no país
81 usinas termelétricas a gás natural em operação, com uma capacidade
instalada de 10,2 GW.
Por ser um combustível fóssil, formado há milhões de anos, trata-se de
uma energia não renovável. Porém o gás natural oferece menos riscos à
natureza do que outros combustíveis mais tradicionais, como o petróleo e
carvão mineral, uma vez que em principio é isento de enxofre e de cinzas, o
que torna dispensáveis as custosas instalações de dessulfurização e
eliminação de cinzas que são exigidas nas térmicas a carvão e a óleo. Nesse
sentido, mesmo apesar das vantagens relativas do gás natural, seu
aproveitamento como combustível nas usinas termelétricas (UTEs), como
qualquer outra intervenção humana, produz impactos indesejáveis ao meio
ambiente, que merecem ser mencionados, entre os quais destacam-se:
Um dos grandes problemas de uma usina a gás natural é a
necessidade de um sistema de resfriamento, cujo fluido refrigerante é
normalmente a água.
34
Nas centrais de geração termelétrica, os maiores volumes de água
(que podem chegar a 90% do total usado na instalação) são utilizados no
sistema de resfriamento, para a condensação do vapor de exaustão das
turbinas, o que constitui um significativo fator de pressão sobre o meio
ambiente, tendo-se em vista os volumes captados e as perdas por evaporação
e cujo montante depende da tecnologia empregada.
Outro impacto ambiental também considerado muito importante,
relacionado ao uso de gás natural para a produção de energia, são as
emissões atmosféricas. Os principais poluentes atmosféricos emitidos pelas
centrais termelétricas a gás natural são dióxido de carbono (CO2), óxidos de
nitrogênio (NOx) e, em menor escala, monóxido de carbono e alguns
hidrocarbonetos de baixo peso molecular, inclusive metano, devido à
combustão incompleta.
A quantidade de emissões de poluentes atmosféricos, emitidos por
uma Usina Termelétrica (UTE), dependerá das características do gás natural
queimado e das condições da reação de combustão, entre outros fatores. Por
exemplo, no caso dos óxidos de enxofre, a quantidade emitida durante o
processo de combustão será em função do teor de enxofre do gás utilizado. A
emissão de óxidos de enxofre (SOx), no caso de usinas termelétricas
brasileiras, é um item menos relevante, em razão de o combustível
praticamente não conter enxofre em sua composição, em função das
especificações estabelecidas pela Agência Nacional do Petróleo.
Cabe destacar que o teor de nitrogênio contido no gás, também
influenciará nas emissões de óxidos de nitrogênio (NOx). A emissão de NOx é
decorrente tanto de mecanismos térmicos quanto da composição do
combustível. Isto significa que, mesmo não contendo nitrogênio na sua
composição química, a queima de gás natural pode produzir óxidos de
nitrogênio (NOx), entre os quais o dióxido de nitrogênio (NO2) e o óxido nitroso
35
(N2O), em função da reação do nitrogênio atmosférico presente no ar de
combustão. A emissão de NOx gera como principal consequência a "deposição
ácida", que envolve a acidificação da água das chuvas e mesmo a deposição
de sulfatos e nitratos sólidos (Ballestieri, 1994).
Os custos da geração de energia em termelétricas são cinco vezes
maiores que o da produzida em usinas eólicas, e quase duas vezes o custo da
geração solar, segundo estudo do Greenpeace. Enquanto um Mwh de geração
térmica custa R$ 500,00, a mesma carga de origem eólica vale R$ 100 e solar,
R$ 280,00. A geração de energia a partir do bagaço de cana é uma alternativa
mais barata (entre R$ 110,00 e R$ 130,00) e menos poluente.
A geração das termelétricas a plena carga resultou em um custo
adicional de R$ 3 bilhões em Encargos de Serviços de Sistemas (ESS) em
2012, segundo Roberto D’Araujo, diretor do Instituto Ilumina. Claudio Sales,
presidente do Instituto Acende Brasil, informa em estudo, que nos meses de
outubro e novembro de 2012 os encargos somaram R$ 948 M. Em dezembro,
forma mais de R$ 940 M. Segundo a ONS, o valor médio dos encargos por foi
de R$ 400M por mês em 2012. Nas figuras 13 e 14 abaixo há informações de
quantidade de termelétricas e previsão de despacho médio até o ano de 2021
respectivamente.
38
CAPITULO VII
CONCLUSÃO
O gás natural ao ser produzido junto ao óleo (petróleo) surgiu como
uma possível alternativa para geração de energia, mais um energético para
aliviar a sobrecarga no consumo do petróleo com a vantagem de ser produzido
da mesma forma e está no mesmo local.
Estas condições acenavam um potencial enorme e um futuro próspero
com a utilização em setores diversos: industrial, residencial e veicular. Apesar
disso, o mercado não prosperou principalmente no setor veicular, dificuldades
surgiram e a infraestrutura necessária não acompanhou a demanda, que
desconfiada, não aposta no energético e se submete ao preço alto do óleo,
porque este tem garantida de oferta.
Neste estudo de caso, o leitor pôde acompanhar os dados que
demonstram a falta de interesse dos órgãos responsáveis, a inexistência de
uma política de preços e a futura oferta que cobra ações em curto prazo. O
material utilizado para o estudo foi as informações divulgadas nos sites de
órgãos do setor (IBP, Abegás, Gasnet, ANP), nas publicações como jornal O
Globo, Veja, Época e Valor Econômico e alguns livros que tratam do tema.
Tema este de fácil acesso devido a sua importância na matriz energética e
para a economia do país, recentemente com a euforia do gás natural nos EUA
a mídia nacional seja digital ou impressa vem divulgando uma vasto material
sobre o gás, sua disponibilidade e seus benefícios para a sociedade.
O resultado é o diagnóstico de um setor carente de investimentos, de
credibilidade do consumidor e o estudo fica como um alerta para possíveis
mudanças na matriz energética. Outros estudos, apresentações foram feitas
por ministérios, entidades do setor com o mesmo intuito, porém enquanto a
39
maior produtora de petróleo, Petrobras, for também a gestora da cadeia
(exploração, produção, importação e transporte) do gás natural será sempre a
passos vagarosos que esse energético caminhará no mercado. Especula-se
que a companhia esteja mudando seus objetivos para tornar-se uma
companhia produtora de energia e não apenas de óleo, mas isto só poderá ser
confirmado em no futuro e infelizmente poderá ser tarde demais para o gás
natural.
40
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41
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42
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Petrobras. Rio de Janeiro: E-papers, 2004.
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www.petrobras.com.br. Acesso em 12/12/2012.
THE GVR. Disponível em www.ngvjournal.com/en/magazines/the-gvr. Acesso
em 21/11/12.
43
ÍNDICE
AGRADECIMENTOS 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMARIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I 10
A MATRIZ ENERGÉTICA BRASILEIRA 10
CAPÍTULO II 12
O GÁS NATURAL 12
2.1 – O uso do Gás Natural 13
CAPÍTULO III 14
O GÁS NATURAL VEICULAR 14
3.1 – Gasodutos Brasileiros 18
3.2 – O Mercado nacional de GNV 20
3.1.2 - Movimentos de mercado: 23
3.1.3 – Balanço da Oferta e Demanda de Gás Natural: 25
CAPITULO IV 29
QUEIMA DE GÁS NATURAL 29
CAPITULO V 31
GÁS NÃO CONVENCIONAL 31
CAPITULO VI 33
TERMELÉTRICAS 33
CAPITULO VII 38
CONCLUSÃO 38
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 40
ÍNDICE 43