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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA REEDUCAÇÃO PSICOMOTORA NA DEFICIÊNCIA VISUAL ADQUIRIDA NA FASE ADULTA POR GLAUCOMA, SOB A VISÃO DA TERAPIA OCUPACIONAL Por: Anne Rabelo Viana Orientadora Profa. Me. Fátima Alves Rio de Janeiro 2013 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

REEDUCAÇÃO PSICOMOTORA NA DEFICIÊNCIA VISUAL

ADQUIRIDA NA FASE ADULTA POR GLAUCOMA, SOB A VISÃO

DA TERAPIA OCUPACIONAL

Por: Anne Rabelo Viana

Orientadora

Profa. Me. Fátima Alves

Rio de Janeiro

2013

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

REEDUCAÇÃO PSICOMOTORA NA DEFICIÊNCIA VISUAL

ADQUIRIDA NA FASE ADULTA POR GLAUCOMA, SOB A VISÃO

DA TERAPIA OCUPACIONAL

Apresentação de monografia à AVM Faculdade

Integrada como requisito parcial para obtenção do

grau de especialista em Psicomotricidade.

Por: Anne Rabelo Viana

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AGRADECIMENTOS

A Deus por ser a base de força de toda minha caminhada. Aos meus familiares, pelo carinho e compreensão dos momentos que em virtude dos meus estudos não puderam ser compartilhados. A minha orientadora Professora Fátima Alves pelo incentivo e contribuições para o desenvolvimento das minhas competências. Aos meus amigos, principalmente minhas companheiras de viagem Juliana Oliveira, Ingrid Bitencourt e Neiliane Santos pelo carinho e por terem tornado momentos de dificuldades em verdadeiros momentos de aprendizagem profissional e pessoal.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus familiares, principalmente a minha mãe pela dedicação e apoio recebido durante toda minha caminhada.

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RESUMO

A perda da visão adquirida na fase adulta tem grande impacto sobre o

emocional do indivíduo e de sua família e acarreta consequências diversas, a

deficiência visual dá origem a problemas sociais, psicológicos, econômicos e

de qualidade de vida. O Terapeuta Ocupacional tem como papel intervir para

proporcionar a esta pessoa maior equilíbrio nas suas ações e nos seus

sentimentos em relação às suas habilidades funcionais e oferecer maior

independência no dia a dia deste indivíduo. O estudo busca na prática

psicomotora envolver toda ação que o indivíduo realiza que favoreça suas

necessidades e permita sua relação com os demais. Tornando a reeducação

psicomotora agente do bem-estar físico e mental, proporcionando qualidade de

vida, contribuindo para o equilíbrio e a adaptação deste indivíduo ao seu

contexto social. O campo de investigação consistiu-se na observação de

vivências aplicadas nos programas terapêuticos Ocupacionais de deficientes

visuais por glaucoma adquirido na fase adulta. O resultando obtido na

pesquisa busca mostrar que a Psicomotricidade proporciona diretrizes

fundamentais para Terapia Ocupacional favorecer a reabilitação e a inserção

dos deficientes visuais na sociedade.

Palavras-chave: Psicomotricidade, Terapia Ocupacional e Deficiência Visual.

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METODOLOGIA

O método deste estudo baseou-se em pesquisa e revisão bibliográfica

através de análise de livros e artigos e de investigação exploratória que se

utilizará de uma pesquisa de campo qualitativa através das vivências aplicadas

nos programas terapêuticos Ocupacionais de deficientes visuais por glaucoma

adquirido na fase adulta.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - Deficiência Visual 10

CAPÍTULO II - Terapia Ocupacional 18

CAPÍTULO III – Psicomotricidade 26

CONCLUSÃO 36

BIBLIOGRAFIA 38

ÍNDICE 40

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INTRODUÇÃO

Este é um projeto que busca descobrir qual o papel da

psicomotricidade no processo de reabilitação da Terapia Ocupacional e na

inserção das pessoas com deficiência visual na sociedade.

Devido à demanda de pessoas que adquiriram a deficiência visual na

fase adulta por glaucoma que buscam programas de reabilitação na Terapia

Ocupacional, o estudo procura aprofundar as possibilidades que a Terapia

Ocupacional junto com a psicomotricidade poderá oferecer a esta clientela.

A deficiência visual cria uma limitação de um sentido sensorial e

quando adquirida na fase adulta acarreta problemas de adaptação a sua nova

realidade, assim se faz necessário programas de reabilitação que busquem

desenvolver a independência destas pessoas nas suas atividades de vida

diária, a pesquisa almeja visualizar como a reeducação psicomotora favorece a

reinserção e inclusão desta clientela na sociedade e proporciona aos

deficientes visuais, ganho na qualidade de vida.

No decorrer dos capítulos procura-se analisar aplicabilidade dos

conceitos psicomotores na reabilitação do deficiente visual, identificar as

principais dificuldades e soluções psicomotoras no tratamento do deficiente

visual e observar os resultados da atuação conjunta da Terapia Ocupacional e

da Psicomotricidade no programa de reabilitação do deficiente visual.

No primeiro capítulo é abordado o tema Deficiência visual,

aprofundando-se sobre a anatomia e fisiologia oculares, as funções visuais, no

capítulo é apontado o glaucoma como umas das principais causas de

disfunção visual no adulto.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) existem cerca de 45

milhões de pessoas com cegueira no mundo e 80% dos casos poderiam ser

evitados por prevenção e tratamento. Neste momento ficamos diante das

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consequências adversas tanto em nível individual quanto coletivo causada por

a perda da capacidade visual na fase adulta.

A Terapia Ocupacional é descrita no segundo capítulo através da

definição da profissão e da abordagem da Terapia Ocupacional na disfunção

visual. É destacada a importância do profissional no processo de reabilitação

por meio de orientação, confecções de adaptação ambiental e doméstica e

treino das atividades básicas e instrumentais de vida diária.

Segundo Cavalcanti (2007), “Um dos objetivos fundamentais da Terapia

Ocupacional é o de maximizar as oportunidades para seus clientes, no âmbito

da performance do seu potencial funcional em todas as áreas de suas vidas.”

( p.418).

O terceiro capítulo nos traz os conceitos e funções da

Psicomotricidade que favoreceram o programa de reabilitação do deficiente

visual. Assim sendo construída uma análise dos benefícios proporcionados

pela reeducação psicomotora nestes indivíduos.

Como afirma Guedes (2010), “A Psicomotricidade encontra-se na base de toda

e qualquer ação com propósitos educativos, terapêuticos e de reabilitação, pois

situa o indivíduo como um todo, considerando o desejo como fonte necessária

do desenvolvimento humano.” (p.127).

Espera-se que este projeto possa contribuir com um novo olhar para

programas de reabilitação da Terapia Ocupacional utilizando de diretrizes

fundamentais da psicomotricidade na reabilitação e inserção dos deficientes

visuais na sociedade.

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CAPÍTULO I

DEFICIÊNCIA VISUAL

O termo deficiência visual inclui pessoas cegas e de visão

subnormal (ou baixa visão). Os cegos são considerados aquelas pessoas em

que o tato, o olfato, o paladar, a audição e a propriocepção são primordiais

para a exploração do mundo externo. A perda ou a diminuição da capacidade

visual causa conseqüências variadas, tanto em nível individual quanto coletivo.

Inicia problemas psicossociais, econômicos e de qualidade de vida, pois leva a

perda da auto-estima, posição social, restrições ocupacionais gerando

diminuição de renda trazendo dificuldades de sobrevivência.

Segundo Cavalcanti (2007) “Disfunção é caracterizada pela ação

própria ou natural de um órgão, aparelho ou máquina, que se efetua de

maneira anômala. Já o termo visual refere-se à vista ou a visão. As disfunções

visuais são divididas em: visão subnormal (ou baixa visão) e cegueira.” (p.399).

O comprometimento visual é resultado de problemas em

qualquer parte do sistema visual, incluindo olhos, músculos oculares, nervo

óptico ou áreas do córtex cerebral que processam as informações visuais.

Baixa visão pode ser conseqüência de inúmeros fatores: baixa

acuidade visual, redução do campo visual e diminuição de sensibilidade de

contraste, pode ser classificada em nível leve, moderado e severo e a

Cegueira é caracterizada por campo visual menor a 20° no melhor olho ou

acuidade visual igual ou menor que 20/200 (Escala Optométrica de Snellem) .

Já funcionalmente é definido como perda total da visão, incluindo ausência de

percepção de luz.

Para Dias (1995) citado por Venturini (2009) “[...] Ressalta que de 0,1 até 00 há

uma linha contínua que se domina cegueira legal, nesse intervalo podem se

distinguir os seguintes tipos de cegueira:

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- Percepção luminosa: Distinção entre a luz e o escuro.

- Percepção de vultos: visão dos dedos

- Percepção de formas e cores: visão de dedos.

O oftalmologista é o agente catalisador da habilitação e

reabilitação visual, suas orientações, tratamento e prognóstico são

fundamentais, porém o mais importante são as expectativas que ele pode

oferecer, tais como adaptações de recursos ópticos e encaminhamento a

outros profissionais.

Os sub-itens a seguir foram retirados dos livros “Terapia

Ocupacional- Fundamentação e Prática” e Enfermagem médico-cirúrgica.

1.1 – Anatomia e Fisiologia oculares

Os globos oculares se localizam na órbita do crânio que é uma

cavidade óssea protetora, o globo ocular mede aproximadamente 24

milímetros de diâmetro ântero-posterior mais ou menos e apresenta formato

ovalado e ocupa 1/3 da cavidade orbitária. As paredes da órbita são formadas

pelos ossos: frontal, esfenóide, zigomático, maxilares, etmóide, palatino e

lacrimal.

As faces superior, posterior, inferior e lateral de cada globo ocular são

protegidas por gorduras e músculos.

Os músculos reto superior e inferior permitem que o olho se mova

para cima e para baixo, já os músculos retos lateral e medial permitem o

movimento do olho em direção da têmpora e do nariz e o movimento do olho

para direita e esquerda é realizado pelos músculos oblíquos superior e inferior.

Os nervos ópticos, trigêmeo, abducente, oculomotor, troclear, e

facial são os seis pares de nervo craniano que inervam o olho, os músculos

oculares e o aparelho lacrimal.

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Estruturas Extra-Oculares:

• Pálpebras: Responsável pela proteção contra corpos estranhos e por

ajustar a quantidade de luz que o olho receberá.

• Cílios: Retém resíduos externos e através do piscar repetitivo realiza a

eliminação de poeiras e partículas da superfície do olho.

• Lágrimas: Elas fluem com a função de lubrificar continuamente a

superfície do olho.

Então as estruturas extra-oculares protegem a superfície exposta do olho.

Estruturas Intra-Oculares:

• Esclera: É a primeira camada, conhecida como “branco do olho”, tem

função de proteger estruturas do olho, pois está diretamente conectada

com a irís, a córnea, a câmara anterior e a pupila.

A esclera é composta por tecido conjuntivo resistente.

• Humor Vítreo: Porção gelatinosa e translúcida avascularizada que

preenche a câmara posterior do globo ocular.

• Retina: É a camada interna do olho formada por células fotorreceptoras,

pelos cones responsáveis pela visão central e das cores, e pelos

bastonetes, responsáveis pela visão periférica e adaptação a pouca luz.

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• Camada média: É o revestimento vascular do olho (úvea), que

encontra-se abaixo da esclera. A úvea inclui a irís e a coróide que dá

origem ao corpo ciliar.

• Mácula Lútea: Também conhecida como “mancha amarela”, é a área

que proporciona a capacidade de discriminar detalhes de qualquer

imagem como as letras e palavras por ser a visão central. Se a mácula é

lesada ou se degenera a permanece somente a capacidade de ver

movimentos e objetos grandes através dos campos periféricos.

1.2 – Função Visual

Para Porth (2002) citado por Timby (2005) “A principal função do

olho é transformar a energia luminosa em sinais nervosos que possam ser

transmitidos para o córtex cerebral a fim de serem interpretados.”

A luz é refletida por todos os objetos, só quando a luz refletida

passa pelas estruturas intra-oculares a pessoa pode ver claramente.

Essas estruturas produzem refração, que segundo Timby (2005) “[...]

Significa que os raios luminosos encurvam e mudam de velocidade. O

cristalino foca a luz numa imagem invertida e de cabeça para baixo sobre a

retina. Os bastonetes e cones da retina enviam impulsos nervosos por meio

do nervo óptico para o córtex visual do lobo occipital. É lá que a imagem é

interpretada.”

Para focar uma imagem sobre a retina, é preciso contração e relaxamento

dos músculos ciliares e é esse processo que permite que o indivíduo veja

claramente objetos próximos ou distantes.

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Funções Visuais:

Acuidade Visual: Capacidade de enxergar objetos de perto e de longe.

Campo Visual: Área no espaço na qual os objetos são vistos

simultaneamente.

Sensibilidade aos contrastes: A capacidade de diferenciar de brilho em

duas superfícies adjacentes.

Adaptação visual: Capacidade de se adequar as diferentes condições de

iluminação.

Visão de cores: Capacidade de distinguir diferentes sombreamentos.

Funções oculomotoras: Controlar a posição e o movimento dos olhos.

Visão binocular: É o resultado da coordenação de imagens dos dois olhos.

Visão tridimensional: Possibilita a percepção dos objetos no espaço.

1.3 - Cegueira e Deficiência Visual.

Quando existe uma acuidade visual de 20/200 ou menos, mesmo utilizando

lentes corretivas é considerado cegueira

E quando a acuidade visual está entre 20/70 e 20/200 no melhor olho com

uso de óculos, o termo utilizado é deficiência visual.

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A deficiência visual também é definida como perda grave do campo visual

causadas por lesão como o glaucoma ou por cegueira congênita. Muitos

indivíduos considerados cegos conseguem perceber a luz e os

movimentos.

Tratamento Clínico:

O uso de lentes corretivas pode melhorar ao máximo a visão, porém os

pacientes com deficiência visual grave devem ser encaminhados para

centros de reabilitação em busca de suporte, nesses locais eles poderão

aprender habilidades, como Braille, mobilidade em bengala entre outros

que poderá levar a vida de forma mais independente possível.

1.4- Glaucoma

Um desequilíbrio entre a produção e a drenagem do humor

aquoso é a causa do glaucoma.

Isso ocorre devido à obstrução do sistema de drenagem, assim a câmara

anterior fica congestionada de líquido e a PIO aumenta.

O glaucoma se encaixa nas doenças do nervo óptico. O nervo óptico é

responsável por levar até ao cérebro todas as imagens que nós vemos.

Quanto maior for à pressão dentro do olho, maior a probabilidade de lesar o

nervo óptico. O glaucoma leva a danificação das fibras dos nervos, deste

modo desenvolvendo pontos cegos, se todo o nervo óptico for destruído

ocorrerá à cegueira. O glaucoma é detectado através de exames regulares

dos olhos feitos pelo Oftalmologista é um exame completo e indolor, o

médico irá medir a pressão intra-ocular, inspecionar o ângulo de drenagem

do olho, testar o campo visual e avaliar qualquer lesão no nervo óptico.

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O glaucoma é classificado de duas formas:

• Ângulo Aberto: No passado conhecido como glaucoma crônico, está

é a forma mais comum, apresenta início lento e o paciente pode

passar anos sem perceber os sintomas.

Sintomas: Desconforto ocular de borramento temporário da visão,

redução da visão periférica, aparecimento de halos em torno das

lâmpadas e sensação que se deve trocar as lentes corretivas.

• Ângulo Fechado: É a forma menos comum, porém o fechamento

agudo necessita de reconhecimento e tratamentos urgentes para se

evitar a cegueira. Tornam-se sintomáticos precocemente.

Sintomas: Os olhos tornam-se pétreos e dolorosos e a pessoa perde

a visão, pode ocorrer náuseas e vômitos, a área conjutiva fica

hiperemiada e a córnea é comumente descrita como “esfumaçada”.

Grupos de risco para o Glaucoma:

• Idade

• História familiar de glaucoma

• Negros

• Miopia

• Lesões oculares

• História de anemia aguda ou choque

O Oftalmologista sempre ficará atento, a todos estes fatores para poder decidir

se precisa de tratamento ou vigilância devido a suspeita do glaucoma, pois

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esses fatos mostram que o risco de desenvolver o glaucoma é maior e a

pessoa precisa a se submeter a exames regulares.

Tratamento do Glaucoma:

As lesões provocadas não são revertidas, porém o uso de colírios, remédios e

cirurgias são prescritos para prevenir o surgimento de novas lesões. Em

qualquer forma do glaucoma é de suma importância realização de exames

periódicos para vigilância do quadro e prevenir a perda da visão.

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CAPÍTULO II

TERAPIA OCUPACIONAL

Segundo Spackman (2009), Terapia Ocupacional é a arte e a

ciência de ajudar pessoas a realizarem as atividades diárias que são

importantes para elas, apesar de debilidades, incapacidades, ou deficiências.

“Ocupação” em terapia ocupacional não se refere simplesmente a profissões

ou a treinamento profissionais; ocupação em terapia ocupacional refere-se a

todas as atividades que ocupam o tempo das pessoas e dão sentido a suas

vidas.

A Terapia Ocupacional é um campo de saber e de intervenção em

Saúde, educação e nas relações sociais, as intervenções da profissão são

realizadas pelo uso de atividades que são o elemento orientador e

centralizador na construção do processo terapêutico, que atuam com

indivíduos que apresentam demandas de limitações físicas, sensoriais, mentais

e ou sociais.

Movimentos precursores da Terapia Ocupacional:

Segundo Bartalotti (2001) Na literatura de terapia Ocupacional há

obras que apresentam uma história sobre o uso terapêutico das ocupações

que, em geral, remonta à antiguidade; nessa perspectiva, a profissão encontra

seus precursores históricos entre gregos e romanos. Acreditava-se que os

trabalhos, exercícios, artes e artesanatos poderiam “curar” aqueles que

estivessem “possuídos pelo demônio”, e a todos os doentes eram oferecidas

ocupações, com o propósito de manter o ambiente tranquilo e favorecer o

contato com os “deuses”.

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A Terapia Ocupacional desde o principio caracterizou-se como

profissão da área de saúde, sendo que os conceitos de doença, saúde e

terapia se relacionam com a produção do saber.

O tratamento Moral criado por Pinel emana da noção de doenças

mentais, que acreditavam que vinham de alterações patológicas do cérebro.

O tratamento moral, que era a essência da atividade terapêutica asilar, para

Pinel “A constante realização de trabalho modifica os pensamentos mórbidos,

facilita os pensamentos de entendimentos e através dos exercícios se manteria

a ordem no grupo de alienados”

Tendo como objetivo modificar e corrigir hábitos errados e a criação e

manutenção de hábitos saudáveis, assim alcançando a normalização do

comportamento desorganizados do doente. E através do trabalho esperava

alcançar a reinserção social.

Segundo De Carlo (2001) A “Escola do Tratamento Moral”, proposta pelo

movimento alienista, baseado na filosofia humanista, foi à escola precursora da

Terapia Ocupacional.

Os princípios da psicobiologia trouxeram dois fatos na área médica,

o primeiro foi o crescimento da preocupação com as doenças e o segundo o

aumento de pessoas incapacitadas pela guerra, assim surgiu o movimento da

“reabilitação” e com ele cresceu o reconhecimento do tratamento pela

ocupação no tratamento tanto do doente físico como o mental. O tratamento

através das ocupações buscava o treinamento de habilidades adequadas de

autocuidado e de reinserção social

A americana Eleonor Clark Slagle, que foi muito influenciada por

Meyer, Slagle foi uma das fundadoras da primeira escolar de Terapia

Ocupacional do EUA e da Associação de Terapia Ocupacional. Suas ideias

baseavam se que o comportamento só seria organizado pelo agir, pelo uso

ativo e intencional do tempo, foram definitivos na construção teórico-prática da

profissão.

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De acordo com Bartalotti (2001, p. 25):

Na história da Terapia Ocupacional, deve-se fazer referência, também a outro médico- Herman Simon, que veio a ter forte influência sobre a assistência psiquiátrica brasileira, sobretudo pelos trabalhos de Luiz Cerqueira e Ulisses Pernambucano. Como psiquiatra, Simon praticava a ocupação terapêutica, desde 1905, no Hospital de Warstein e depois em Gutersloh, na Alemnhã; seu método denominado “Tratamento Ativo”, partia da ideia que “vida é atividade, princípio que rege tanto a vida corporal como a mental, dado que o homem nunca permanece sem fazer nada; se não faz algo útil, faz algo inútil. Opunha-se assim a clinoterapia (tratamento do leito) tão voga no seu tempo, pois acreditava que o repouso do encamamento acarretava a abolição da atividade mental e demência.

Na segunda década do século XX surgiu a profissão Terapia

Ocupacional que foi resultado de vários conhecimentos e a conseqüente

especialização do trabalho e sua abrangência profissional continua, variando

segundo ao campo da medicina que está associada pode ser na ortopedia,

geriatria, neurologia, psiquiatria e etc.

Terapia Ocupacional no Brasil

Na segunda metade do século XIX, os estados de São Paulo,

Minas Gerais e Rio de janeiro foram os primeiros a fundarem hospitais que

atendiam pessoas com incapacidades físicas, sensoriais ou mentais.

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A vinda da família real portuguesa foi um marco importante na história da

Terapia Ocupacional no Brasil, pois foi o que investiu na reestruturação

psiquiátrica, principalmente depois da independência. A Utilização do trabalho

como forma de Tratamento iniciou-se com a fundação no Rio de Janeiro do

Hospício D. Pedro II em 1952.

E no início do século XX, foram criados novos lugares que tinham como base o

trabalho nas ocupações, como a colônia Juliano Moreira e o serviço de terapia

ocupacional em Engenho de Dentro, com Nise da Silveira, no Rio de Janeiro.

E em 1969, a profissão de Terapia Ocupacional foi reconhecida como de nível

superior no Brasil.

Terapia Ocupacional e as Atividades:

Segundo Brunello (2001, p. 47):

As atividades humanas são constituídas por um conjunto de ações que apresentam qualidades, demandam capacidades, materialidade e estabelecem mecanismos internos para a sua realização. Elas podem se desdobradas em etapas, configurando um processo na experiência de vida real do sujeito. A linguagem da ação é um dos muitos modos de conhecer a sim mesmo, de conhecer o outro, o mundo, o espaço e o tempo em que vivemos, e a nossa cultura. Ela se apresenta como uma experiência organizada em estruturas definidas cujas bases referem-se à realidade do homem como ser social e ao seu estabelecimento com o seu “em torno” material.

As atividades e ações são junções de necessidades psíquicas e questões

básicas e concretas de existência, são consideradas as atividades de

alimentação, lazer, mobilidade, auto-cuidado, educação, saúde como também

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as atividades subjetivas pertencente ao homem como o desejo pela vida,

felicidade, percepção de satisfação e propósito de vida.

Deste modo a qualidade de vida está ligada a transformação concreta da

realidade, refere-se à realização das atividades básicas de vida diária, visando

satisfazer as necessidades dos sujeitos.

O ato de realizar atividades proporciona mudança de atitudes, pensamentos e

sentimentos.

Como diz Brunello (2001) Na Terapia Ocupacional, as atividades possibilitam a

cada um “ser reconhecido e se reconhecer por outros fazeres”; elas permitem

conhecer a história de vida dos sujeitos. A partir do encontro inicial entre

terapeutas e pacientes estabelece-se um resgate biográfico no campo das

atividades e potencialidades que delineiam caminhos possíveis no rol das

atividades e produções humanas.

O corpo e a Terapia Ocupacional:

A Terapia Ocupacional trabalha com o corpo em todas as suas

complexidades, trabalha o corpo dos pés a cabeça em todas as tarefas, uma

vez que todo o fazer é um fazer realizado com o corpo. Toda atividade, todo

fazer humano envolve uma rede de posturas, organizações musculares, tônus

e redes neurológicas de modo que não se pode dizer em que parte do corpo

começa e termina determinada atividade.

Ao trabalhar com o corpo temos que tocar nossos pacientes,

ensinar como mover, como relaxar e como executar as atividades. Todo fazer

opera mudanças no corpo, o papel do terapeuta ocupacional é proporcionar

que essas mudanças sejam significativas e favoreçam novas realidades e

significados na vida destes pacientes.

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Segundo Almeida (2004, p.10):

Corporeidade seria pensar este corpo no tempo, formado pelas inscrições históricas, culturais, pelas experiências vividas. O corpo não é um organismo, uma fisiologia, mas algo que se processa e que nunca se finda sua estruturação. Nele tudo se produz: subjetividade, cultura, sociedade, poderes, opressões e desejos e etc. Cada estruturação do corpo resulta em uma realidade material, psicológica, social, complexa, interligada, indissociável.

A terapia ocupacional pensa em corporeidade como o modo de

interferir na edificação deste corpo já que toda ocupação opera novas

estruturações no corpo. Porque é através de cada nova experiência que o

corpo se remodela gerando novas percepções do mundo e todo novo corpo

traz um novo sujeito para o mundo.

Ao estudar o corpo e suas relações com os processos

terapêuticos ocupacionais, encontra-se a necessidade de se aprofundar em

conceitos basilares para a prática clínica, conceitos que são provenientes da

psicomotricidade como imagem corporal, esquema corporal, lateralidade,

equilíbrio, noção de espaço, noção de tempo, a praxia global, praxia fina e a

respiração.

Estes conceitos e funções são importantes para nos conduzir a

um processo constante de estruturação do corpo produzida na relação como

este corpo é constituído e se relaciona com o mundo. Como diz Almeida

(2004) Estas são funções que se complexificam e que vão tornar o sujeito

pleno em suas ações, fazeres e ocupações no mundo. Para nós terapeutas

ocupacionais, as funções psicomotoras são importantíssimas, uma vez que

nossa preocupação final é levar o sujeito ao retorno de sua vida ocupacional, e

isto só é possível com a organização das funções do corpo.

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Temos que compreender que os arcos de movimento, força

muscular por si só não recuperam a vida ocupacional é necessário

organizações espaciais, temporais, imagem corporal e todas as funções

psicomotoras precisam está bem estruturadas para realização das atividades e

ocupações.

Terapia Ocupacional e a Disfunção Visual:

O Terapeuta Ocupacional busca ajudar os indivíduos

equilibrarem suas atividades e emoções em relação às suas habilidades, aos

desafios do meio e a às dificuldades da tarefa e devolver a competência. O

programa do Terapeuta é constituído por adaptar as demandas do

desempenho da tarefa, tornar o ambiente mais adequado e realizar

treinamento para o novo repertório de atividades ou ajudar adquirir habilidades

perdidas, avaliar como estão sendo realizadas as ABVD e AIVD.

De acordo com Cavalcante (2011) Na abordagem terapêutica

ocupacional, levam-se em conta as definições clínica e funcional; contudo,

enfoca-se o funcional, pois a partir do momento em que o indivíduo apresenta

resíduo visual, inclusive percepção de luz, ele será orientado e estimulado a

fazer uso do mesmo em todas as atividades do cotidiano.

A cegueira adquirida na fase adulta tem grande impacto na

vida deste indivíduo e das pessoas que o rodeiam, quando um adulto sofre a

perda da visão, necessita passar pelo processo de elaboração do luto, onde

vários sentimentos se fazem presente: revolta, ansiedade, angustia, negação...

A terapia ocupacional atua como um processo transformador de uma situação

e das pessoas envolvidas.

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O processo de reabilitação envolve as ABVD, às AIVD e Orientação e

Mobilidades:

AVD e AIVD: Consiste em avaliar e intervir as áreas que estão com déficits na

sua execução, a intervenção ocorre com o treino das atividades e na produção

de adaptações que possam favorecer a realização das atividades básicas e

instrumentais de vida diária.

Orientação e Mobilidade: A orientação é o aprendizado de utilizar os sentidos

remanescentes (audição, tato, olfato, cinestesia...) para obter informações do

ambiente. A mobilidade consiste em aprender a controlar os movimentos

corporais de forma adequada e eficaz.

O Terapeuta Ocupacional busca em seu programa terapêutico proporcionar o

maior nível de independência deste indivíduo.

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CAPÍTULO III

PSICOMOTRICIDADE

A psicomotricidade é um caminho, é o “desejo de fazer, de querer fazer; o

saber fazer e o poder fazer”. (Oliveira, 2012)

Segundo Jacques Chazaud (1976) citado por Alves (2012, p. 17) “A

Psicomotricidade consiste na unidade dinâmica das atividades, dos gestos,

das atitudes e postura, enquanto sistema expressivo, realizador e

representativo do” ser-em-ação” e da “coexistência com outrem”.

Com essas informações podemos concluir que a Psicomotricidade é composta

por uma relação da ação com significado, que proporciona o contato com o

outro e com o meio, é uma união entre o pensamento e o movimento.

Como Afirma Alves (2012) De uma maneira estática, a motricidade pode ser

definida como resultado da ação do sistema nervoso sobre a musculatura,

como respostas à estimulação sensorial, enquanto o psiquismo poderia ser

considerado como conjunto de sensações, percepções, imagens,

pensamentos, afeto etc.(p. 18)

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Ferreira e Heinsius ( 2010, p.17) citam a definição da Sociedade Brasileira de

Psicomotricidade:

Psicomotricidade “é a ciência que

tem como objeto de estudo o homem

por meio do seu corpo em

movimento e em relação ao seu

mundo interno e externo. É

sustentada por três conhecimentos

básicos: o movimento, o intelecto e o

afeto. Psicomotricidade, portanto, é

um termo empregado para uma

concepção de movimento organizado

e integrado, em função das

experiências vividas pelo sujeito cuja

ação é resultante de sua

individualidade, sua linguagem e sua

socialização.

Apesar dos vários conceitos, é possível identificar sempre uma relação dos

três aspectos: Motor, cognitivo e afetivo, citado por todos os autores,

confirmando que a psicomotricidade não pode ser dividida por somente um

aspecto.

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Precursores da Psicomotricidade:

Ernest Dupré em 1905 estabeleceu a diferença entre motricidade e relaxação,

desta maneira iniciando a reflexão sobre a motricidade como forma de terapia,

e em 1909 Dupré apontou aos seus alunos sobre anomalias motoras de alguns

dos seus pacientes.

Oliveira (2012) diz que, “O termo psicomotricidade surgiu à primeira vez com

Dupré em 1920, que o classificava como um entrelaçamento entre o

movimento e o pensamento.”

Aristóteles afirmava que o ser humano era composto de corpo e alma e que a

alma deveria direcionar o corpo. O mesmo também compreendia a ginástica

como uma forma de “dar graça, vigor e educar o corpo”.

Para Harrow,(1972) citado por Oliveira (2012, p.30)

Faz uma analise sobre o homem

primitivo ressaltando como o desafio

de sua sobrevivência estava ligado

ao desenvolvimento psicomotor. As

atividades básicas consistiam em

caça, pesca e colheita de alimentos

e, para isto, os objetivos

psicomotores eram essenciais para

continuação da existência do grupo.

Necessitavam de agilidade, força,

velocidade, coordenação. A

recreação, os ritos cerimoniais e as

danças em exaltação aos deuses, a

criação de objetos de arte também

eram outras atividades

desenvolvidas por ele. Tiveram que

estruturar suas experiências de

movimentos em formas utilitárias

mais precisas.

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Conceitos Psicomotores:

Esquema Corporal:

O esquema corporal não pode ser resumido como um conceito exclusivamente

biológico ou físico, mas sim como resultado da relação entre o indivíduo e o

próprio ambiente que o rodeia.

O esquema corporal é definido ao indivíduo a partir do momento que o

indivíduo se conscientiza sobre o seu corpo e as suas possibilidades no meio.

Essa aprendizagem apresenta um corpo que não é somente biológico, mas um

corpo que é composto também por emoções e significados, o corpo é um meio

de expressar a sua individualidade.

Imagem Corporal:

A imagem corporal corresponde como o sujeito se vê é a consciência que cria

do próprio corpo e como esse corpo se desempenha no ambiente.

É a maneira de relacionar-se e de conhecer o próprio corpo, de visualizar e

sentir este corpo atravessar por questões culturais e afetivas.

Coordenação Motora Fina:

È a coordenação que exige a precisão do movimento, normalmente realizada

pelas mãos, a mão que é considerada instrumento de descoberta do mundo.

Como afirma Oliveira (2012) “A coordenação fina diz respeito à habilidade e

destreza manual e constitui um aspecto particular da coordenação global.

Temos que ter condições de desenvolver formas diversas de pegar os

diferentes objetos. Uma coordenação elaborada dos dedos da mão facilita a

aquisição de novos conhecimentos.” (p. 42)

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Coordenação Motora Ampla ou Global:

Segundo Oliveira (2012, p.41):

A coordenação global diz a respeito

à atividade dos grandes músculos.

Depende da capacidade de equilíbrio

postural do indivíduo. Este equilíbrio

está subordinado às sensações

proprioceptivas cinestésicas e

labinríticas. Através da

movimentação e da experimentação,

o indivíduo procura o seu eixo

corporal, vai se adaptando e

buscando um equilíbrio cada vez

melhor. Consequentemente vai

coordenando seus movimentos, vai

se conscientizando de seu corpo e

das posturas. Quanto maior o

equilíbrio, mais econômica será a

atividade do sujeito e mais

coordenadas serão as suas ações.

A coordenação motora ampla é adquirida quando ocorre a dissociação dos

movimentos proporcionando a capacidade de realizar vários movimentos ao

mesmo tempo e que cada membro realize uma atividade variada.

Coordenação Visório-Motora:

É a função que possibilita coordenar os movimentos do corpo com a visão.

A coordenação Visório-Motora se realiza com exatidão sobre a base de um

domínio visual previamente estabelecido, desta maneira ligando a visão aos

gestos executados, visando, uma maior harmonia do movimento.

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Equilíbrio:

Segundo Alves (2012), “Todos os movimentos se apóiam em um estado de

tensão que, no fundo, é o meio pelo qual se torna possível o equilíbrio

mecânico indispensável para que possa acontecera coordenação entre os

movimentos dos vários segmentos corporais, entre si e no seu todo.” (p.69)

A realização de um movimento bem coordenado só pode ser realizada com um

bom equilíbrio que é à base de sustentação do indivíduo.

O equilíbrio é divido em: Equilíbrio dinâmico e Equilíbrio estático

Fonseca afirma que “A equilibração reúne um conjunto de aptidões estáticas e

dinâmicas, abrangendo o controle postural e o desenvolvimento das aquisições

de locomoção.” (2012, p.131)

Lateralidade:

De acordo com Oliveira (2012, p. 63),

A lateralidade é a propensão que o

ser humano possui de utilizar

preferencialmente mais um lado do

corpo do que o outro em três níveis:

mão, olho e pé. Isto significa que

existe um predomínio motor, ou

melhor, uma dominância de um dos

lados. O lado dominante apresenta

maior função muscular, mais

precisão e mais rapidez. É ele que

inicia e executa a ação principal. O

outro lado auxilia esta ação e é

igualmente importante.

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A lateralidade é dividida em:

Destro: Quando o predomínio no corpo é do lado direito.

Sinistro ou Canhoto: Quando o predomínio no corpo é do lado esquerdo.

Ambidestro: Quando não há um predomínio de nenhum dos hemisférios do

corpo e sim o uso de ambos.

É necessário que sejam realizadas experiências com o uso dos dois lados do

corpo desta maneira será alcançada o desempenho máximo dos movimentos

corporais,

A lateralidade é um fator essencial para a aquisição da estabilidade e do

equilíbrio e também para aquisição de uma boa postura.

Estruturação Espacial:

É como o indivíduo se percebe no espaço, a posição do seu corpo neste meio.

Muitas das atividades executadas por ser humano preconizam o uso da noção

espacial.

É através do espaço e das relações espaciais que nos situamos no meio em

que vivemos, em que estabelecemos relações entre as coisas, em que

fazemos observações, comparando-os, combinando-os, vendo as

semelhanças e diferenças entre elas. (Oliveira, 2012, p. 74)

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Orientação Temporal:

De acordo com Poppovic (1966) citado por Alves (2012, p. 85) “Orientar-se no

tempo é avaliar o movimento no tempo, distinguir o rápido do lento, o

sucessivo do simultâneo. É saber situar os movimentos do tempo, uns em

relação aos outros.”

A orientação temporal proporciona localização de eventos passados e futuros,

desta maneira inserindo o homem no tempo e lhe proporcionando a

capacidade de fazer planos e projetos.

Jogos psicomotores:

Os jogos são o meio encontrado para normalizar ou melhorar o

comportamento do sujeito. Jogar é uma ação inata do ser humano, através dos

jogos que se expõem os sentimentos e emoções durante a ação.

Segundo Machado e Nunes (2011, p. 17)... Praticar o jogo e a brincadeira nos

faz colher e cultivar a realização da grande caminhada que aprendermos a

aderir à lógica de cada situação. O jogo promove a união e torna o indivíduo

mais corajoso, porque ele consegue perceber a congregação das pessoas em

um mundo de brincadeiras.

Reeducação Psicomotora e a Deficiência Visual adquirida na

fase adulta:

Quando um indivíduo sofre uma perda importante, como a perda da visão,

necessita viver um processo de elaboração desta nova situação, deste novo

cotidiano, deste novo corpo.

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Segundo Fonseca Todos os fatores psicomotores estão ligados e se

relacionando entre si, coíbem-se funcionalmente em diferentes níveis de

liberdade, deste modo cada disfunção em um fator psicomotor resulta em

mudanças em todo o sistema psicomotor humano.

A Reeducação psicomotora entra como agente transformador e reabilitador,

pois, psicomotricidade busca contribuir para o equilíbrio e a adaptação do

indivíduo no seu meio social, favorecendo a saúde, busca minimizar as

limitações e o sofrimento causados por elas, desta maneira a psicomotricidade

torna-se um agente do bem-estar físico e mental.

Fonseca afirma que “A reabilitação psicomotora concebe o movimento como

terapêutico se for orientado para um fim, para uma reação adaptativa.” (2012,

p. 276)

O psicomotricista procura um espaço e um tempo para que o homem recupere

o prazer do movimento, utilizando-se das ações e dos jogos corporais,

proporcionando assim a vivência integra deste corpo, buscando sua

autoimagem.

Montezuma (1984) citado por Oliveira (2012, p. 13) diz que “Autoimagem é o

retrato ou perfil psicológico de si mesmo que o construtivismo do sujeito

reorganiza permanentemente e conserva em sua memória, como resultado

das interações vividas no passado, ao longo de sua história de vida.”

A psicomotricidade oferece propósitos educativos, terapêuticos e de

reabilitação, pois orienta o indivíduo como um todo e considera o desejo como

fonte necessária para o desenvolvimento humano, oferece oportunidades para

o desenvolvimento funcional de acordo com as possibilidades e a

individualidade, visando sua afetividade e o equilíbrio com o ambiente humano.

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Segundo Ferreira e Heinsius (2010, p. 145)

“É pelo corpo que todas as trocas

são possíveis, e, neste corpo

emocional, social, físico, cognitivo e

político, é que estão às marcas da

história do ser humano. Por isso,

devemos ser vistos como seres

únicos, com vivências diferentes e

personalidade exclusiva, que podem

adaptar-se ao meio em que vive,

desenvolvendo possibilidade de

troca e de comunicação com o que

está em volta.”

E é esta troca, através do corpo em movimento, que possibilita o indivíduo se

desenvolver e se reeducar, conhecendo um novo corpo com marcas do antigo

corpo, e se readaptar ao meio em que vive.

Diante desta nova realidade a psicomotricidade busca torna os indivíduos mais

autônomos nas tarefas diárias, aumentando a sua independência e qualidade

de vida.

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CONCLUSÃO

O adulto que adquire a deficiência visual apresenta perdas

relacionadas ao seu meio psicossocial, econômico e de qualidade de vida.

Pois apresenta perda da capacidade de executar tarefas de forma

independente, ligadas aos aspectos de auto-cuidado, lazer e locomoção. O

novo estado pode gerar a interrupção de uma vida profissional, e todos estes

déficits ocasionam uma sensação de frustração e impotência.

Este indivíduo percebe-se como pessoa dependente e sem valia, e ao mesmo

tempo em que vive o luto de uma vida, é preciso buscar motivação para se

adaptar a esta nova realidade.

São nestes momentos que os centros de reabilitação são procurados e ocorre

o contato com uma equipe multidisciplinar de reabilitação, na qual faz parte a

Terapia Ocupacional.

A Terapia Ocupacional atua otimizando a percepção sensorial

deste indivíduo proporciona o reconhecimento do meio em que vive através do

tato, audição, olfato, paladar e da propriocepção.

O profissional realiza o treinamento e as adaptações que favorecem a

execução das atividades básicas e instrumentais de vida diária, ao mesmo

tempo busca ajudar o sujeito a equilibrar suas tarefas e emoções em relação

às suas habilidades e aos desafios do meio, desta maneira devolvendo a sua

competência.

A Terapia Ocupacional busca a reeducação de um corpo, de um sujeito que

adquiriu um novo esquema e imagem corporal a reaprender a se relacionar

com o mundo.

A aplicabilidade dos conceitos e funções da Psicomotricidade

favorece o programa de reabilitação do deficiente visual. Pois o psicomotricista

proporciona o lugar e o tempo para que o indivíduo recupere o prazer do

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movimento, o profissional atua através de ações e jogos corporais, adequando

desta maneira a vivência integral deste corpo.

A Reeducação psicomotora entra como agente transformador e reabilitador,

pois contribui para o equilíbrio e a adaptação do indivíduo no seu meio social.

A psicomotricidade entende que este corpo se organiza de funções

importantes, além da imagem e o esquema corporal, existem outras funções

como a lateralidade, equilíbrio, a noção de espaço e tempo, a coordenação

global e fina. E são essas funções que se completam e que vão tornar o sujeito

pleno em suas ações, atividades e ocupações no mundo. Para nós, terapeutas

ocupacionais, as funções psicomotoras são de suma importância, já que nosso

objetivo final é levar o sujeito ao retorno de sua vida ocupacional, e isto só é

possível com a organização das funções do corpo.

Pode-se concluir que a psicomotricidade fornece recursos e

atividades importantíssimas de reeducação psicomotora ao programa de

reabilitação da Terapia Ocupacional, desta maneira favorecendo o ganho da

independência e autonomia dos adultos com deficiência visual nas suas

atividades básicas e instrumentais de vida diária, deste modo alcançando o

objetivo de reinserção e inclusão deste indivíduo na sociedade com qualidade

de vida.

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ÍNDICE

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I – Deficiência Visual 10

1.1 – Anatomia e Fisiologia Oculares 11

1.2 – Função Visual 13

1.3 – Cegueira e Deficiência Visual 14

1.4 - Glaucoma 15

CAPÍTULO II – Terapia Ocupacional 18

CAPÍTULO III - Psicomotricidade 26

CONCLUSÃO 36

BIBLIOGRAFIA 38

ÍNDICE 40