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1 UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA A INFLUÊNCIA DO RITMO NO DESENVOLVIMENTO DO PROCESSO DE LEITURA E ESCRITA EM CRIANÇAS DE 6 ANOS, QUE FREQUENTAM TURMAS DE 1º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL, ATRAVÉS DE BRINCADEIRAS DO FOLCLORE BRASILEIRO Por: Paola Peixoto dos Santos Orientador Profa. Msc. Fátima Alves Rio de Janeiro 2012 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

A INFLUÊNCIA DO RITMO NO DESENVOLVIMENTO DO

PROCESSO DE LEITURA E ESCRITA EM CRIANÇAS DE 6

ANOS, QUE FREQUENTAM TURMAS DE 1º ANO DO ENSINO

FUNDAMENTAL, ATRAVÉS DE BRINCADEIRAS DO FOLCLORE

BRASILEIRO

Por: Paola Peixoto dos Santos

Orientador

Profa. Msc. Fátima Alves

Rio de Janeiro

2012

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

A INFLUÊNCIA DO RITMO NO DESENVOLVIMENTO DO

PROCESSO DE LEITURA E ESCRITA EM CRIANÇAS DE 6

ANOS, QUE FREQUENTAM TURMAS DE 1º ANO DO ENSINO

FUNDAMENTAL, ATRAVÉS DE BRINCADEIRAS DO FOLCLORE

BRASILEIRO

Apresentação de monografia à AVM Faculdade

Integrada, como requisito parcial para obtenção do

grau de especialista em Psicomotricidade.

Por: Paola Peixoto dos Santos

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a quem, como a Lua, esteve

sempre presente nas minhas

cansativas noites iluminando meus

momentos, clareando minhas ideias e

inspirando-me na composição de cada

capítulo. Agradeço à Lua Linda.

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DEDICATÓRIA

Dedico esta obra aos meus alunos da

turma do primeiro ano de 2012, que

com a simplicidade e naturalidade de

ser quem e como são, através de seus

risos e lágrimas, conseguiram

comprovar-me na prática a

essencialidade da psicomotricidade na

vida para o avanço pessoal e social do

indivíduo.

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RESUMO

Esta monografia é o resultado de um estudo sobre a influência positiva

do ritmo no processo de desenvolvimento da leitura e escrita em crianças de

seis anos em fase de alfabetização, que frequentam o 1º ano do Ensino

Fundamental. Serão abordados quatro temas principais: ritmo, leitura, escrita e

folclore. Veremos inicialmente a definição de ritmo e onde ele está presente,

bem como sua relação com espaço e tempo. Em seguida, será discutido como

o ritmo implica no auxílio da leitura e escrita eficientes. Por fim, será abordada

a importância do lúdico no universo infantil tomando como instrumento

brincadeiras folclóricas brasileiras.

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METODOLOGIA

O método utilizado para esta pesquisa será de caráter direto com a

intenção de investigar o desenvolvimento da leitura e escrita na criança de seis

anos que frequenta turmas de 1º ano do Ensino Fundamental, através da

percepção rítmica de brincadeiras do folclore brasileiro utilizando pesquisa

bibliográfica e de campo.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 8

CAPÍTULO I RITMO .................................................................................................. 10

CAPÍTULO II LEITURA E ESCRITA...................................................................... 19

CAPÍTULO III FOLCLORE ...................................................................................... 27

CAPÍTULO IV AS ATIVIDADES FOLCLÓRICAS QUE ENVOLVEM RITMO ........................................................................................................................................ 32

CONCLUSÃO ............................................................................................................... 39

BIBLIOGRAFIA .......................................................................................................... 41

ÍNDICE .......................................................................................................................... 44

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INTRODUÇÃO

Como a criança é um ser caracterizado por sua atração pelo lúdico,

ensinar mecanicamente, prática de muitas instituições, acaba prejudicando-a.

Pois de acordo com a visão psicomotora juntamente com a da Neurologia,

sabe-se que, quanto mais movimento a criança faz, mais a sua inteligência é

desenvolvida, pois ativará a plasticidade nervosa dos neurônios que se

encontram em fase de desenvolvimento no córtex cerebral.

Na escola, um dos objetivos a ser atingido pelos alunos é a aquisição da

leitura e escrita. Para que aquele seja atingido faz-se necessária a prévia

ativação de outras funções conscientes do córtex cerebral que é representada

fundamentalmente pelo movimento. Diante disso, a escola, espaço de uma

educação sistemática, deve promover a aprendizagem e o desenvolvimento da

criança num ambiente atraente e estimulante ao interesse da mesma, aliando

os conteúdos didáticos às brincadeiras. Nada melhor que a inserção da riqueza

do nosso folclore no cotidiano escolar para efetivar a dinâmica do processo

ensino-aprendizagem.

Diante do exposto falar em ritmo é algo que se torna essencial. O ritmo

está presente na natureza e em todos os indivíduos, atuando de maneira

diferente em cada um. Em psicomotricidade, o ritmo é considerado uma função

psicomotora, sendo classificado como interno e externo. O ritmo psicomotor é

influenciado diretamente pela percepção e, consequentemente, exercerá

influência no processo de aprendizagem da leitura e escrita.

A escrita é a representação de ideias através de sinais codificados. A

leitura é o ato de observar, através de meios físicos, os sinais que representam

uma informação. Esta deverá ser reconvertida à forma anterior, ou seja,

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9 através da leitura da escrita o leitor associa o que se lê àquilo que se conhece

e, portanto, interpreta. Cabe à escola prover os meios necessários e eficazes,

de maneira prazerosa, para que a criança adquira essas habilidades, tendo em

vista a importância destas na sociedade.

A sociedade é caracterizada pela sua cultura. E o folclore é o conjunto

das tradições de um povo e pode ser identificado através desta cultura nas

mais variadas manifestações como danças, músicas, festas, comidas típicas,

brincadeiras, lendas, etc. O folclore brasileiro é riquíssimo na sua composição

e muito tem a contribuir para o desenvolvimento infantil, pois a sua ludicidade é

fator característico e notório.

Tendo em vista a gama de brincadeiras e canções presentes em nossa

cultura, e o encantamento que proporciona ao público infantil, acreditamos na

relevância de sua inserção no contexto escolar para explorar conteúdos de

base, associando e promovendo a percepção rítmica.

Utilizamos o método de pesquisa bibliográfica e de campo para

constatarmos que a percepção do ritmo através das brincadeiras e canções

folclóricas pode contribuir no processo de leitura e escrita.

No Capítulo I, Ritmo, abordaremos o tema definindo suas diferentes

espécies, onde está presente, sua dinâmica anatomofisiológica, e como

influencia no desenvolvimento da criança.

O Capítulo II, Leitura e Escrita, apresentará a psicogênese da língua

escrita, a importância da interação da criança com o outro e com o meio,

abordada na teoria do desenvolvimento cognitivo, e como se dá a prática, por

meio de recursos lúdicos, do aperfeiçoamento da leitura e escrita em crianças

de seis anos que frequentam o 1º ano do Ensino Fundamental.

Já o Capítulo III, Folclore, e Capítulo IV, As Atividades Folclóricas que

Envolvem Ritmo, mostrarão o que é folclore, como ele se difundiu na nossa

sociedade e como pode refletir no processo de aprendizagem da criança, na

escola, através de brincadeiras cantadas, resgatando também a cultura

brasileira.

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CAPÍTULO I

RITMO

Através da mera observação do indivíduo e dos fenômenos naturais que

o circundam e que regem o universo, pode-se claramente perceber a

existência de uma cadência espontânea que tem como peculiaridade a

constância de movimentos harmônicos. A essa cadência denominamos ritmo.

Como já exposto, o ritmo faz-se presente tanto no animal como em seu

exterior, no mundo que o cerca. No homem percebemos o ritmo através de

todo o complexo orgânico que envolve sua fisiologia a se constatar na

ritmicidade dos batimentos cardíacos, no movimento da respiração, na

dinâmica do sistema digestivo, entre outros. No meio externo o verificamos

através de exemplos como a sucessão dos dias e das noites, das estações do

ano, do decorrer dos meses e dias da semana e da passagem do tempo

através das horas. A partir daí podemos especificá-lo em interno e externo.

O objeto do nosso estudo será o ritmo interno, o qual nomeamos ritmo

vital que é coordenado pelos ritmos biológicos circadiano, ultradiano e

infradiano inerentes a toda espécie animal e vegetal, e que denotam atividades

biológicas que ocorrem em ciclos fisiológicos de forma rítmica e constante com

picos e quedas variados, caracterizando-os. No ritmo circadiano esses picos e

quedas ocorrem em um intervalo de um dia, sendo exemplificado por estados

como sono e temperatura corporal, e é controlado por uma área cerebral que

responde a estímulos claros e escuros recebidos pelo nervo ótico. No ritmo

ultradiano, exemplificado pelo ritmo cardíaco, liberação hormonal e ventilação

pulmonar, o ciclo rítmico das funções fisiológicas ocorrem em menos de vinte

horas (segundos, minutos ou horas). Já no ritmo infradiano as funções

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11 fisiológicas ocorrem num ciclo com duração acima de vinte e oito horas, sendo

exemplificado pelo ciclo menstrual.

A relevância em se falar dos ritmos biológicos é para melhor

compreensão de um sistema de temporização existente nos seres, assim

como os sistemas orgânicos, estabelecendo a ciência de que tal sistema tem

bases fisiológicas e anatômicas bem definidas e que são essenciais para

caracterizar um sistema biológico que terá efetiva importância no processo de

aquisição da aprendizagem. Um olhar pelo viés da Cronobiologia possibilita tal

compreensão, visto que o ritmo está vinculado ao tempo e presente, como já

mencionado, em todas as funções fisiológicas.

1.1. Sistema Temporal

A aprendizagem é o resultado de uma experiência vivida que gera uma

mudança no comportamento. A mesma depende de diversos fatores como

estímulos utilizados, grau de conhecimento necessário para a tarefa e

respostas exigidas para esta, assim como as características individuais e a

espécie animal estudada.

Tomando como exemplo uma aprendizagem básica que ocorre de

maneira condicionada, porém inconsciente, podemos descrever o ensaio

realizado por Ivan PavLov, um filósofo Russo que, dentre outras atividades,

realizou experiências com cães. PavLov reuniu cães e ao tocar uma sineta

distribuía alimentos para estes, observando que os mesmos salivavam diante

do evento. O procedimento foi repetido por alguns dias. Em outro momento o

filósofo começou a tocar a sineta, mas não oferecia mais alimentos aos cães,

no entanto, verificou que os animais salivavam mesmo com a ausência de

comida. A este acontecimento Ivan PavLov denominou Condicionamento

Clássico, resultante de um reflexo condicionado que pode ser aprendido. Neste

tipo de aprendizagem os mecanismos que envolvem os aspectos mentais e

psicológicos não são considerados.

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Em contrapartida há um tipo de aprendizagem que se dá de forma

complexa, envolvendo estruturas cerebrais e fisiológicas. No ser humano o

desenvolvimento do ato de aprender ocorre no âmbito do Sistema Nervoso

Central, especificamente no córtex cerebral que terá suas células neuronais

ativadas e envolvidas em um processo de plasticidade essencial para tal fim.

O hipocampo é uma estrutura anatômica que compõe o Sistema

Nervoso Central. Esta estrutura é responsável pela memória e possui células

neuronais que, mediante o estímulo constante, com elevada frequência por um

curto período de tempo, apresenta respostas de maior excitabilidade e de

longa duração. O mecanismo de excitabilidade neuronal também ocorre no

núcleo supraquiasmático – grupo de neurônios do hipotálamo que regula o

tempo interno do organismo e determina o ritmo circadiano. Há também a

presença de proteínas relacionadas com a agregação celular nas estruturas

hipocampo e núcleo supraquiasmático, tanto no adulto quanto na criança em

desenvolvimento, e influencia diretamente na aprendizagem.

Assim, é possível dizer que os neurônios responsáveis pelo ritmo

biológico, neste caso os dos seres humanos, possuem as mesmas

características daqueles responsáveis pela memória e aprendizagem.

1.2. A origem do ritmo na estruturação espaço-temporal

O movimento humano, especificamente o da criança, ente de nosso

estudo, é realizado em função de um objeto a ser atingido e se desenvolve

simultaneamente no tempo e no espaço. Para um ajustamento motor, é

necessário que haja a representação mental da sequência dos movimentos

(considerando o corpo como um conjunto de segmentos articulados) e

organização temporal, caracterizando o ritmo. Sem esta representação não é

possível que a criança desenvolva movimentos harmônicos e rítmicos.

O ritmo está intimamente ligado à percepção de estruturas, espacial e

temporal, que quando interiorizadas conceberão o movimento harmônico,

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13 essencial para a execução de diversas tarefas, inclusive as relacionadas à

cognição e linguagem. Ocorrendo o ajustamento da orientação

espaçotemporal (experiência vivida), quando se obtém a noção do corpo no

espaço, segue-se a estruturação espaçotemporal (análise da experiência

vivida), cujo treinamento da mesma, através de exercícios específicos, é um

caminho para educar a inteligência. Na fase dos seis anos, quando a criança

frequenta turmas de 1º ano do Ensino Fundamental, a estruturação

espaçotemporal já deve ter sido efetivada através de exercícios que possuem

uma base sequencial de etapas. São elas: passagem do vivido ao percebido,

nível da verbalização e nível da transcrição gráfica. Caso a estruturação não

tenha sido concretizada, há que se passar pela sequência citada.

Diante do exposto podemos dizer que uma das condições para

existência de um movimento eficaz é o desenvolvimento do ritmo.

A percepção temporal é a análise consciente (através do córtex) de uma

informação temporal, verificada em atividades motoras rítmicas.

Le Boulch (1987, p. 332) registrou que:

A percepção do tempo envolve a capacidade de captar em uma unidade perceptiva uma série de mudanças que duram apenas alguns segundos e que correspondem ao presente psicológico.

Corroborando com a citação, a percepção temporal engloba a

discriminação de estruturas rítmicas referentes à ordem e também intervalos

temporais e variações intensivas, necessitando do auxílio do ouvido, que

percebe estruturas rítmicas, e do sentido sinestésico, que percebe as durações

e acentuações. Origina-se a partir daí a importância da sincronização sensório-

motora, que ocorre quando há uma justaposição entre estímulos sonoros

periódicos (ritmo cadenciado) e movimentos correspondentes, sendo os

primeiros interpretados pelos centros automáticos do organismo gerando o ato

motor. Este por sua vez estimula a plasticidade nervosa no córtex cerebral,

favorecendo o desenvolvimento da aprendizagem. Esta dinâmica sinestésico-

motora estará presente em uma série de atividades psicomotoras, objetivando

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14 a percepção espaçotemporal para que, no processo de alfabetização, efetive-

se uma leitura e escrita que têm suas bases calcadas na realização rítmica.

1.3. O ritmo na Psicomotricidade

“Psicomotricidade é uma ciência que tem por objetivo o estudo do

homem através do seu corpo em movimento nas suas relações com seu

mundo interno e externo.” (SPB, 1984)

As habilidades psicomotoras compreendem Esquema Corporal, Imagem

Corporal, Coordenação Motora Fina, Coordenação Motora Global, Equilíbrio,

Lateralidade, Estruturação Espacial, Estruturação Temporal, Percepção e

Ritmo, havendo uma inter-relação entre as mesmas e devem ser estimuladas

objetivando um desenvolvimento global do indivíduo nos aspectos motor,

cognitivo e afetivo. Mesmo que haja um treino de atividades direcionadas ao

ajustamento de apenas uma das funções, as outras estarão envolvidas.

A criança desenvolve funções de ajustamento de suas habilidades

psicomotoras através de adaptações a novas situações que se dão pela

prática pessoal de exploração e compreensão do meio, gerando ações

coordenadas que ao serem memorizadas estabelecem a imagem corporal,

habilidade essencial para uma posterior percepção de si no espaço.

A interação com o meio promove o desenvolvimento cognitivo, pois

teremos acionados movimentos, ainda que desajustados, e estes influenciam

deveras a plasticidade neuronal do Sistema Nervoso, o que por consequência

ocasionará movimentos precisos e harmoniosos promovendo assim o equilíbrio

emocional na criança.

Retomando a inter-relação das funções psicomotoras, ao nos referirmos

sobre a importância do ritmo na Psicomotricidade, devemos entender que a

execução de um movimento de maneira rítmica é possível devido à audição

simultânea de sons rítmicos de cadência igual. O movimento desta natureza

supõe uma economia de energia explicada pela alternância dos tempos forte e

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15 fraco, de esforço e relaxamento, resultado de um ajustamento da função

psicomotora Ritmo, mas que simultaneamente foram trabalhadas a

Estruturação Temporal, Estruturação Espacial, Esquema Corporal, Imagem

Corporal e Coordenação Motora, podendo ser a Global ou a Fina.

A Educação Psicomotora, foco de nosso estudo, deve ser iniciada na

Educação Infantil ou mesmo em turmas de 1º ano do Ensino Fundamental

para que assim se atinja a criança desde a sua mais tenra idade, período em

que a plasticidade nervosa está no ápice de desenvolvimento necessitando de

estímulos. O ambiente escolar tem por objetivo a promoção da socialização e

da aprendizagem. A Educação Psicomotora por sua vez busca, principalmente

através das atividades lúdicas, o desenvolvimento da criança de forma global,

integrando os três pilares que constituem a Psicomotricidade: Movimento,

Cognição e Emoção.

As atividades psicomotoras buscam o ajustamento das funções

psicomotoras, e este ajustamento refletirá em movimentos harmônicos,

obedecendo à rapidez de pensamento, ocasionando a autoestima intimamente

relacionada ao equilíbrio emocional. Ocorre que, ao nascer, a criança não faz

distinção entre seu corpo, entre os objetos e entre o meio. Esta possui

movimentos desarmônicos que, dependendo da fase em que esteja, podem

ser de causa emocional, gerando uma baixa autoestima, fazendo-a se excluir

do grupo e a não socializar-se. A educação psicomotora possibilita à criança o

autoconhecimento, a diferenciar-se dos objetos, a orientar-se no espaço e a

movimentar-se após a obtenção do ajustamento da função que é base para a

estruturação espacial, o Esquema Corporal. Então, áreas psicomotoras

carentes necessitam de jogos ou atividades psicomotoras, que devem ser

desenvolvidas a partir de um grau de dificuldade pequeno, evoluindo

gradativamente a fim de haver possibilidades de respostas emocionais

positivas após ocorrerem incentivos por parte do orientador.

Atividades com música e brincadeiras de roda ilustram muito bem toda a

dinâmica de ajustamento das funções psicomotoras, pois envolvem o ritmo e

todas as funções a ele inerentes. Essas atividades proporcionarão ao

indivíduo, entre outras aquisições, a socialização no grupo, o estabelecimento

Page 16: DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL · brincadeiras folclóricas brasileiras. 6 METODOLOGIA ... brincadeiras, lendas, etc. O folclore brasileiro é riquíssimo na sua

16 de bons valores para boa formação do cidadão, prazer, autossatisfação,

memória auditiva e desenvolvimento da linguagem.

1.4. A influência do ritmo na aprendizagem

A Coordenação Motora Global envolve movimentos amplos de todas as

partes do corpo que podem, ou não, ser recrutadas individualmente. A

Coordenação Motora Fina refere-se a movimentos minuciosos precisos

exercidos pelas extremidades das mãos, mas que necessitam de uma

liberação da articulação escápulo-umeral. Para o ato da escrita (grafia) é

necessário o desenvolvimento de movimentos finos que dependem da

liberação da articulação citada, obtida por meio do desenvolvimento da

Coordenação Motora Global. E juntamente a isso é necessário a existência do

ritmo para que a disposição das palavras em uma frase seja feita de forma

correta.

O ritmo auxilia no controle do movimento ajudando a Coordenação

Motora Global e a Coordenação Motora Fina, que por consequência irá

preparar a criança para o processo de aprendizagem (desenvolvimento da

grafia). E uma vez interiorizada a função psicomotora Ritmo, a criança, por ter

os mecanismos das estruturas entendidos, irá transpor para a leitura e escrita,

obedecendo à ordem das letras e o período entre as palavras, cuja relação

com as estruturas rítmicas é evidente.

O ritmo desenvolvido através de músicas e brincadeiras de roda

desenvolve também o aspecto afetivo, pois, na maioria das vezes, estimula a

espontaneidade além de promover a socialização e determinada expressão

afetiva, já que a interação com outras crianças está presente juntamente com o

prazer despertado pelo lúdico que as atividades propiciam, além de estimular a

percepção auditiva.

A importância da valorização de gestos espontâneos realizados pela

criança no momento da dança é que propicia o conhecimento do próprio corpo

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17 e dos ritmos interno e externo, levando-a ao contato com o meio, com o objeto

e também com outras crianças, a exploração espacial, além de envolvê-la

afetiva e cognitivamente após a prática da atividade, propiciando uma estreita

relação entre o ritmo motor e o ritmo musical que irá influenciar no ritmo da

leitura e escrita dada a sua relação estrutural.

Através do trabalho com a música, buscando a compreensão e a

interiorização de sua ritmicidade, pode-se aplicar, de forma interdisciplinar e

integradora, o ensino de conteúdos pertencentes ao currículo escolar,

principalmente os que propiciarão o desenvolvimento da leitura e escrita

efetivo, de modo que a interpretação do que lhe é exposto seja alcançada. As

cantigas de roda oferecem uma riquíssima gama de possibilidades de explorar

a interdisciplinariedade, podendo nelas serem abordados conceitos

matemáticos, traços históricos e geográficos da nossa cultura, e conteúdos

específicos de Língua Portuguesa, através do estímulo a percepções dos

ritmos musical e corporal aplicados nas atividades com cantigas e danças de

roda do folclore brasileiro, utilizando as funções psicomotoras.

1.5. Trabalhando e avaliando a estruturação rítmica

As estruturas rítmicas reproduzem o desenvolvimento temporal, pois

combinam sucessão, duração, intervalo e rapidez que podem ser traduzidos

em forma de batidas e de uma escrita codificada.

No cotidiano escolar, atividades que auxiliam no ajustamento rítmico

referem-se à solicitação, pelo orientador, de gestos como: caminhar, correr e

bater palmas em diferentes velocidades. Estes podem ser contextualizados em

atividades lúdicas do folclore brasileiro como, por exemplo, cirandas. Após o

treino dessas atividades poderá ser verificado, através de prova de conceito, o

desenvolvimento das percepções que envolvem ritmo por meio da aplicação de

um teste de reprodução de Estruturas Rítmicas de Mira Stamback, que

consiste na apresentação de fichas com estruturas representadas

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18 graficamente por bolinhas que designam o som e que devem ser reproduzidas

pela criança por batidas com o lápis em uma mesa, por exemplo. E em

seguida o orientador produz o som para que a criança o interprete e reproduza

obedecendo a ordem das batidas ouvidas. Nesta prova verifica-se, entre

outros, noções de tempo (antes e depois), velocidade, domínio de ritmo e ritmo

espontâneo.

A importância de desenvolver ou, de já ter desenvolvida a percepção

dessas estruturas na criança de seis anos, é que estas servirão de suporte

para o domínio do processo da linguagem falada e escrita já que haverá

relação com a memória do sucessivo imediato, essencial para realização deste

processo.

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CAPÍTULO II

LEITURA E ESCRITA

A criança de seis anos apresenta particularidades pertinentes à idade e

que variam de acordo com o ambiente familiar e social em que está inserida,

facilitando ou não o seu desenvolvimento nos mais variados aspectos. De

acordo com a realidade em que vive, ela pode chegar à escola com

conhecimentos prévios no que se refere à leitura e a escrita, conhecimentos

matemáticos e de tempo e espaço. Muitas crianças, já têm aspectos

psicomotores ajustados por terem frequentado anteriormente a Educação

Infantil, e também têm conhecimento prévio do mundo letrado, resultado do

convívio com pais letrados. Também há as que divergem desta realidade,

geralmente é a camada popular, em que as crianças não frequentam a

Educação Infantil e também não experimentam o contato com a cultura

letrada. Para propiciar a esta criança que não teve oportunidades de

desenvolver certas aprendizagens é que surge, obrigatoriamente, uma lei que

dita que toda criança de seis anos deve iniciar a vida escolar em turma de 1º

ano do Ensino Fundamental, tendo entre vários, o objetivo de adaptação,

socialização e aumento das possibilidades de desenvolvimento de suas

capacidades de aprender.

2.1. O Ensino Fundamental de nove anos

Em consonância com a lei nº 11274/2006, em todo o território nacional,

as instituições que oferecem Ensino Fundamental devem atender crianças a

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20 partir de seis anos no 1º ano de escolaridade, já que o Ensino foi ampliado de

oito para nove anos.

O objetivo desta ampliação é levar essa criança a ter contato mais cedo

com o universo escolar, ampliando assim suas possibilidades de

desenvolvimento e aprendizagem. E em paralelo, buscar uma adaptação das

que nunca frequentaram a escola, calcando-se na premissa de que o

emocional interfere no processo ensino-aprendizagem e no desenvolvimento

psíquico.

Essa adaptação deve se dar de forma gradual considerando as

peculiaridades da criança ingressante, no que diz respeito à sua idade,

ambiente familiar, características próprias e também do educador e do

ambiente ao qual passará a frequentar a fim de se evitar frustrações que

possam atrapalhar todo o seu percurso escolar.

No 1º ano do Ensino Fundamental há um confronto entre os reais

objetivos propostos pelo governo que englobam, como já dito, o respeito à

faixa etária, exploração de tarefas que integrem e socializem a criança no meio

inserido, bem como das potencialidades da mesma, e o foco dos pais e de

certos professores que visam à imediata aprendizagem da leitura e escrita e

também alfabetização. Diante disso, faz-se necessária uma reflexão sobre que

o que propicia a aquisição da alfabetização na criança é justamente o

desenvolvimento prévio das potencialidades psicomotoras infantis.

Para que o desenvolvimento da criança de seis anos se efetive, é

primordial que o professor conheça as características desta faixa etária e

elabore estratégias pedagógicas que se relacionem à realidade infantil no

sentido de direcionar a todos, tarefas que envolvam o manuseio de materiais e

a aquisição de conceitos científicos.

Apesar da alfabetização não ser o foco do 1° ano, deve-se levar em

consideração que dependendo do meio social a que pertence a criança, ela já

se insere na escola com uma bagagem de conhecimento a respeito do uso

social da leitura e escrita, e diante disto pode-se explorar tais conhecimentos

para se obter a efetivação da alfabetização, bem como leitura e escrita mesmo

neste ano de escolaridade.

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Neste trabalho de pesquisa pretende-se demonstrar a possibilidade de

se desenvolver os conteúdos de alfabetização, leitura e escrita, posterior e

concomitantemente com atividades psicomotoras, visto que a percepção de si,

inicialmente, é fator condicionante para que a criança se relacione com o

mundo que a cerca e assim se desenvolva e aprenda.

Nas crianças de seis anos que ingressaram na turma de 1° ano, no ano

de 2012, e que foram objeto da pesquisa, observou-se que algumas já haviam

passado pela Educação Infantil tendo algumas habilidades motoras já bem

ajustadas juntamente com o domínio do lápis para grafar e conhecimento

prévio das vogais. A outra parcela de crianças, que nunca frequentaram

nenhuma instituição, apresentavam-se inseguras, dependentes, sem

autonomia e sem capacidade de iniciativa para o desenvolvimento das tarefas.

A estratégia inicial para promover a adaptação dessas crianças foi

facilitar a socialização das mesmas através de atividades lúdicas que

implicassem nesta interação, assim como estímulo para o desenvolvimento de

percepções sensoriais e da organização do tempo e do ambiente explorado.

Especificamente sobre o tema Ritmo, logo que os alunos obtiveram a escrita

alfabética, notou-se uma leitura lenta e silabada e sem compreensão do

conteúdo, e uma escrita espontânea não segmentada. Interviu-se, por dois

meses, sistematicamente e diariamente, apresentando-lhes textos com as

letras de cantigas de roda pertencentes ao folclore brasileiro, com a prática

motora e da linguagem tanto ao cantar, dançar, gesticular com palmas, quanto

para acompanhar a leitura do texto. E como resultado, obteve-se uma notável

melhora na leitura de frases com compreensão de seus conteúdos e uma

redução da silabação e do tempo de leitura. Na escrita, houve um perceptível

avanço, embora ao produzir suas frases ainda escrevam trechos não

segmentados.

2.2. A interação social como influenciadora do

desenvolvimento da inteligência

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A infância é um período diferenciado da vida, não tornando possível,

baseando-se em experiências e pressupostos teóricos em termos de

aprendizagem, encarar a criança como um adulto em miniatura como ocorre

em determinada linha pedagógica em que a visualiza como uma tábula rasa,

necessitando apenas da intervenção do professor como transmissor de seu

conhecimento. Atualmente sabe-se que a infância é constituinte de um

fenômeno sócio-histórico, condicionando a cultura infantil à existência de uma

interrelação entre a criança e outros grupos sociais e bens culturais. A cultura

infantil tem como característica a ludicidade. Porém, esta ludicidade deve estar

contextualizada à cultura constituinte do meio em que este ser em formação

está inserido a fim de conceber significado ao que se tem acesso para não

tornar tal cultura empobrecida.

A linguagem, escrita e sistema numérico fazem parte de um sistema

simbólico criado pela sociedade e que a caracteriza, e tem influência no seu

desenvolvimento cultural. Este sistema simbólico é a representação de signos,

que são elementos externos ao indivíduo e existentes no meio. Quando esses

signos passam a ser representados mentalmente, diz-se que ocorre um

processo denominado internalização, concretizando assim o desenvolvimento

das funções mentais superiores típicas do ser humano. Então, para que tal

desenvolvimento ocorra precedido do processo de internalização, é necessário

o contato, a experiência com o externo visto que a criança é um ser social.

Vygotsky (1982-1984, v. IV, p. 281) registrou que:

É por meio de outros, por intermédio do adulto que a criança se envolve em suas atividades. Absolutamente, tudo no comportamento da criança está fundido, enraizado no social. [E prossegue:] Assim, as relações da criança com a realidade são, desde o início, relações sociais. Neste sentido, poder-se-ia dizer que o bebê é um ser social no mais elevado grau.

Conforme as ideias de Vygotsky no que se refere à influência do meio

no desenvolvimento e a criança como constituinte social, faz-se necessária a

menção da importância em se estimular uma mudança psicológica através do

conhecimento e uso de instrumentos culturais exteriores como a leitura e

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23 escrita, pelo fato de constituírem instrumento social necessário a todo cidadão

e direito de toda criança.

Diante do exposto, este teórico, valoriza a existência da instituição

escolar, pois esta utiliza instrumentos na aplicação dos programas

educacionais que correspondem à realidade sociocultural englobando

estruturações temporal e espacial e as relações sociais, uma vez que a

criança, dentro da escola, tem um maior e significativo avanço no aspecto do

desenvolvimento da inteligência a partir do momento em que experimenta

situações de aprendizagem auxiliada ou interagindo com um adulto,

caracterizando um progresso no seu desenvolvimento por meio da Zona

Proximal de Desenvolvimento.

2.3. Percepção e evolução da escrita através de elementos

culturais

Sendo a escola uma instituição sistemática de ensino que tem atribuída

a ela, desde tempos remotos, a tarefa de educar que consiste na formação

plena do indivíduo para o exercício de sua cidadania juntamente com a sua

preparação para o exercício no mercado de trabalho, cabe à mesma utilizar

instrumentos que promovam o desenvolvimento deste indivíduo para tais fins.

Além disto, a escola tem uma íntima relação com a cultura, reproduzindo e

produzindo os modelos de sociedade, mantendo ou eliminando

comportamentos adquiridos culturalmente. E por isto as práticas escolares

devem propiciar à criança o acesso aos conteúdos dessa cultura, além de seu

desenvolvimento e aprendizagem.

Diante do exposto cabe à instituição escolar, elaborar seu Projeto

Político Pedagógico baseando-se nas características do grupo social ou

comunidade em que está inserida, de modo a aproximar a criança da cultura

local, obviamente não desprezando a nacional. Então, quando referimo-nos a

aspectos culturalmente sociais e o que mantém essencialmente as relações

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24 em sociedade, podemos destacar a comunicação realizada por intermédio da

linguagem, que se trata, como já dito anteriormente, de um sistema simbólico

criado pela sociedade. Sendo assim, a aquisição da linguagem pode ser

entendida como primordial.

Tem a escola, como alguns de seus papéis, promover a obtenção da

leitura e escrita na criança de modo que esta possa, futuramente, fazer uso da

língua em sociedade exercendo sua cidadania de maneira crítica e

participativa. A instituição deve estar ciente de que a criança faz parte da

sociedade e por isso tem convívio com modelos de escrita no âmbito familiar

ou comunidade em que está inserida, portanto, deve prosseguir ou dar início à

elaboração de atividades que objetivem a efetivação do uso social da língua,

lançando mão de materiais que tenham significado para a criança, mesmo as

que frequentam turmas de 1º ano do Ensino Fundamental, desenvolvendo

estratégias de ensino e que se contextualizem a sua realidade a fim de

resultarem não somente na alfabetização, mas no letramento.

Neste contexto, cabe explicitar a diferenciação dos processos

alfabetização e letramento, todavia compreendendo que são também

complementares. O primeiro refere-se a uma técnica que corresponde ao

aprendizado da escrita alfabética através do domínio do signo gráfico (letra) e

seu fonema, ou seja, é o ato de codificar a fala em língua escrita e de

decodificar esta língua, além de entender o funcionamento do alfabeto e ter

desenvolvida a habilidade de grafá-lo com os materiais adequados. Já o

letramento, reporta-se ao uso eficiente e efetivo desta tecnologia na sociedade,

tomando como exemplo situações em que se lê ou escreve com fins

informativos, para adquirir conhecimentos, produzir textos, entre outros. Porém

não se deve negligenciar que a alfabetização não é pré-requisito para que o

letramento ocorra, sendo possível um analfabeto exercer seu letramento com

apoio de terceiros no que diz respeito à exigência do exercício da

alfabetização.

Após a percepção da importância da coexistência desses dois

processos na sociedade, recai para a escola a responsabilidade fundamental

que é a busca para que os mesmos sejam alcançados pela criança, o que

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25 torna indispensável apontar como eles são assimilados e como a escola pode

oferecer ações que propiciem tais processos.

Uma vez que a linguagem escrita é característica da maioria das

sociedades, está presente em inúmeros meios acessíveis à população, sendo

exemplificados como outdoors, placas, cartazes, encartes de mercado, rótulos

de embalagem, além de jornais e livros constantes de conteúdos com variados

gêneros textuais e cujos textos podem ser verbalizados pelo professor para as

crianças que ainda estão iniciando os processos de alfabetização e letramento.

E através de tais meios é que a escola deve apoiar-se para realizar a tarefa de

concretizar o aprendizado da leitura e escrita de maneira eficaz, aproximando o

indivíduo de forma contextualizada aos meios culturais.

Para ensinar a ler, o professor deve elaborar estratégias didáticas que

levem à reflexão do aluno sobre a língua e que correspondam à maturação

biológica, que no caso das crianças de seis anos tem como características,

segundo estudos piagetianos, curiosidade, fase do jogo simbólico marcado

pelas brincadeiras de faz de conta e estimulada através da história contada,

movimento, desejo de aprender e conhecer, o que desperta o interesse da

criança para a experimentação da atividade de forma prazerosa. Parlendas,

adivinhações, cantigas de roda e lendas são exemplos de atividades com

textos com conteúdo do folclore brasileiro que encantam as crianças devido à

linguagem pueril, simples e geralmente marcadas por muitas rimas, além de

fazer parte do repertório das brincadeiras infantis e que já lhes é familiar,

tornando o trabalho pedagógico mais instigante e envolvente, suscitando

naturalmente para análise e descoberta do significado dos segmentos de

palavras que compõem o texto por meio do exercício epilinguístico.

Num primeiro momento nos espaços escolares, a sublimação de tarefas

com enfoque epilinguístico torna-se essencial, visto que segundo PCN (2001,

p. 39):

Se o objetivo principal do trabalho de análise e reflexão sobre a língua é imprimir maior qualidade ao uso da linguagem, as situações didáticas devem, principalmente nos primeiros ciclos, centrar-se na atividade epilinguística, na reflexão sobre a língua em situações de produção e interpretação, como caminho para tomar consciência e aprimorar o

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26 controle sobre a própria produção linguística. E, a partir daí, introduzir progressivamente os elementos para uma análise de natureza metalinguística. O lugar natural, na sala de aula, para esse tipo de prática parece ser a reflexão compartilhada sobre textos reais.

O processo de obtenção da leitura e escrita é marcado pela sua

complexidade, visto que a criança é quem formula suas hipóteses sobre como

se escreve uma palavra de forma muito particular, embora seja intermediada

pelo professor. Porém, para isso é essencial que haja um vasto repertório de

material textual disponível para que ela tenha contato e possa gradativamente,

ir assimilando o porquê ler e escrever.

A partir do momento em que o aluno formula suas hipóteses, depara-se

com contradições resultantes entre suas construções e a escrita convencional

a que tem acesso no seu meio social. Então, vai reconstruindo suas ideias e

reformulando suas produções, que antes eram garatujas e sinais como riscos

ou traços, dando lugar, gradativamente, à escrita próxima à alfabética.

Então, fundamentando-se nas pesquisas de Emília Ferreiro sobre a

psicogênese da língua escrita, a escola ao ensinar deve ter estabelecida nas

suas propostas pedagógicas para a prática do processo de leitura e escrita, o

conhecimento de que a criança já possui um conhecimento prévio do mundo

da escrita antes mesmo de se inserir no ambiente escolar e que constrói por si

mesma, regras a respeito do sistema de escrita e quanto maior a aproximação

com modelos convencionais de escrita, melhor será a facilitação para a

descoberta de conceitos iniciais. Para a ocorrência deste processo, a criança

percorre diferentes níveis nos seus conceitos, porém estes níveis de evolução

da escrita não se dão necessariamente de maneira sequencial em todas as

crianças, pois depende de como estas interpretam e analisam os textos

convencionais, fator condicionado pela frequência e qualidade do acesso que

tem a estes materiais. Posteriormente, ocorre que quando observa

contradições ente seu pensamento e o texto, vivencia conflitos que

desequilibram sua organização mental, levando-a a reformular suas hipóteses,

concebendo finalmente de que a escrita representa a fala.

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CAPÍTULO III

FOLCLORE

O povo brasileiro encontra-se distribuído em seu território nacional, com

dimensões continentais, em diferentes regiões. Daí evidencia-se a grande

diversidade cultural característica neste país denominado Brasil.

Com uma breve passagem pelas diferentes regiões, nitidamente nota-se

a diferença dialetal da língua portuguesa praticada pelos povos locais,

peculiaridades entre outras, nas festas e comemorações, na música e na

dança. Diferenças estas que de um modo geral caracterizam a cultura do

Brasil. Então, de acordo com a Carta do Folclore Brasileiro, a definição de

folclore é “O Folclore é o conjunto das criações culturais de uma comunidade,

baseado nas suas tradições expressas individual ou coletivamente,

representativo de sua identidade social”. (CNF, 1995)

3.1. Miscigenação e diversidade cultural

A diversidade cultural presente no Brasil é resultante da miscigenação

entre diferentes povos. Povos que possuíam suas tradições e costumes

retratados no idioma, vestuário, culinária, festividades, crenças religiosas etc.

Os povos que se instalaram no Brasil e contribuíram para a sua formação e

enriquecimento cultural compreendem os povos europeus que chegaram à

nação com a finalidade de colonização, os povos africanos que inicialmente

penetraram no país submetidos à escravidão liderada pelos portugueses, e

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28 depois houve a entrada de imigrantes asiáticos e também outros europeus

como japoneses e italianos com permissão do governo brasileiro. Porém, não

se pode deixar de mencionar que o povo nativo das terras brasileiras, o

indígena, também é integrante dessa miscigenação e tem sua contribuição

cultural também estabelecida e bem evidente.

Em razão dessa miscigenação é que se verifica no folclore brasileiro sua

riqueza e diversidade. E os fenômenos que o constituem foram concebidos a

partir da ocorrência de eventos em dado momento a fim de atender

necessidades peculiares de um povo em determinada época, tomando como

exemplos a maneira de se celebrar o nascimento e o casamento, de se

organizar socialmente, de obter seu alimento, de praticar sua crença, entre

outros. Mas que através da aceitação desse povo é que foram vivenciados e

transmitidos a gerações descendentes permanecendo vivos na história e,

portanto, compondo a cultura sem a necessidade de registro escrito,

corroborando com um fragmento do capítulo I da Carta do Folclore Brasileiro,

referente ao conceito, que diz que: “Constituem-se fatores de identificação da

manifestação folclórica: aceitação coletiva, tradicionalidade, dinamicidade,

funcionalidade”. (CNF, 1995)

3.2. Prática do folclore na escola

A escola deve promover a apropriação da cultura brasileira nas suas

várias manifestações com enfoque multidisciplinar e interdisciplinar a fim de

que haja o desenvolvimento da criança globalmente, elencando atividades que

desenvolvam seus aspectos psicomotor, imaginativo que é característico do

período pré-operatório, lúdico a ser explorado de modo a fazer com que a

criança externalize suas sensações e desenvolva sua linguagem e dissolva o

egocentrismo cognitivo ao interagir com outras crianças.

Convergindo a tal concepção, encontram-se apontamentos relevantes a

respeito dos objetivos do Ensino Fundamental em relação a esse aluno, que

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29 menciona, segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais a necessidade de

“Conhecer características fundamentais do Brasil nas dimensões sociais,

materiais e culturais como meio para construir progressivamente a noção de

identidade nacional e pessoal e o sentimento de pertinência ao País”. (PCN,

2001)

Diante do exposto, incluir aos conteúdos escolares contribuições do

nosso folclore de forma contextualizada e sem perder o cunho lúdico, tão

atraente à criança de seis anos, é que se pode estreitar o caminho em meio as

várias possibilidades de se efetivar a aprendizagem significativa no Ensino

Fundamental, coincidindo assim com as ideias de Miguez (2009, p. 39) que diz:

Os acalantos, as parlendas, as adivinhas, os trava-línguas, as cantigas de roda são expressões da poesia folclórica que acompanham a criança desde o nascimento e que têm uma função iniciatória no desenvolvimento emocional e poético da infância. Todo esse acervo oral é trazido nas vozes dos pais, dos avós, das babás que, embalando o sono dos bebês ou entretendo a criança nas horas vagas, vão estabelecendo relações afetivas da criança com o mundo ao seu redor. É a força da literatura oral penetrando no universo infantil na transmissão poética de um saber coletivo. E, assim, a memória popular vai sendo reconstruída pelas gerações num movimento de releitura da fala inaugural. Ou melhor, esse vigor primeiro da produção oral vai sendo reconduzido por matizes novos de acordo com o contexto histórico-cultural em que se manifeste. É a tradição sendo invocada e convocada a permanecer mesmo diante dos obstáculos da atualidade.

Dessa maneira, explorar os conhecimentos prévios do aluno, numa

perspectiva de resgate da cultura, através da apoderação dos elementos que

constituem o folclore brasileiro e associá-los a atividades psicomotoras e aos

conteúdos que compõem a Base Nacional Comum, é o caminho para se atingir

o desenvolvimento da criança.

3.3. Práticas folclóricas e Psicomotricidade

Ao se retomar a definição de folclore, faz-se interessante o

conhecimento da origem das manifestações experimentadas pelo povo, em

específico o público infantil e as cirandas e as cantigas que as conduzem.

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De acordo com Cascudo (2002), a ciranda, proveniente da dança de roda infantil, é bastante popular no Brasil. Vinda de Portugal, sendo ainda praticada por adultos, é ritmada ao som de instrumentos de percussão, como tarol, surdo, zabumba, maracá e ganzá, além da letra e da música que compõem este amplo repertório, considerados como importante referencial acerca da literatura oral brasileira. (CATIB, Norma O. M. “Essa ciranda quem me deu foi Lia”: entrevista com Maria Madalena Correia do Nascimento, a Lia de Itamaracá. Disponível em:<https://www.metodista.br/revistas/revistas-unimep/index.php/impulso/article/view/643/0>. Acesso em: 28 dezembro 2012.)

A característica das cirandas é a formação circular de seus

componentes, onde seguem o ritmo melódico, girando para um lado com

movimentos coordenados de membros superiores e inferiores, gesticulando

muitas vezes o significado da letra cantada. Tal atividade propicia a

socialização entre os participantes, podendo influenciar positivamente na

timidez de alguns que ao estarem unidos pelas mãos com outros colegas se

deixam levar pelo movimento destes, além de permitir que a criança exerça

movimentos rítmicos espontâneos.

Segundo Santos (2010, p. 100):

O folclore é hoje considerado uma disciplina fundamental para a educação da infância e para a cultura de um povo. Porque nenhuma outra arte exerce sobre as camadas populares uma influência tão poderosa quanto a música - como também nenhuma outra arte extrai do povo maior soma de elementos de que necessita como matéria prima.

A música folclórica brasileira, partindo das canções infantis até o canto regional, teve influência do sincretismo dos povos ameríndio, português, espanhol, francês, negro-africano, italiano, saxônico (alemão e austríaco) eslavo e norte-americano (Santos, 2010).

Seguindo as características da criança de seis anos, o trabalho com

cirandas e cantigas de roda pode-se tornar bastante eficiente, visto que a

prática da música também reflete seus objetivos nas crianças que frequentam

turmas de 1º ano e correspondem justamente às premissas do ajustamento

temporal relacionado ao Ritmo, e que concernem em pré-requisitos para a

aprendizagem da leitura e escrita.

Através da música a criança experimenta uma variedade de sons e

movimentos executados pelo corpo aguçando sua percepção das estruturas

que compõem o ritmo, como duração do som, se é forte ou fraco, longo ou

curto, grave ou agudo, se vem de frente, de trás, dos lados direito ou

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31 esquerdo, evidenciando a relação espaço-temporal e noções matemáticas,

aperfeiçoamento do controle motor pelo desenvolvimento do ritmo, além do

desenvolvimento da linguagem e discriminação e memória auditiva.

As cantigas de roda fazem parte do mundo infantil, pois já são

vivenciadas desde muito cedo através das cantigas de ninar realizadas pelos

pais e avós, como forma de acalanto e depois passam a ser vivenciadas na

prática das cirandas com outras crianças, transcendendo a função de

entretenimento e englobando o universo imaginativo, o da socialização, da

brincadeira através do exercício de uma linguagem cantada de palavras

simples, ritmadas e com rimas. Diante disso, cabe uma reflexão quanto a

importância dos aspectos que permeiam o folclore e a inclusão de músicas

características do mesmo em atividades escolares infantis como forma de

tornar essa cultura popular acessível à criança. Para que algo se torne

acessível à criança é necessário que seja de interesse da mesma para atraí-la,

e o acervo das cantigas de roda brasileiras tem esta característica devido a

sua simplicidade, ritmo lento da melodia permeada por versos simples, rimas e

temas correspondentes à simpatia infantil. Tais músicas quando associadas às

cirandas contribuem para a exploração de inúmeras habilidades psicomotoras

a serem desenvolvidas na criança, além de implicitamente promoverem a

absorção dos conteúdos correspondentes a nossa cultura, pela criança, indo

ao encontro a um dos objetivos que compõem um dos capítulos da Carta do

Folclore Brasileiro (1995, III) que diz:

Considerar a cultura trazida do meio familiar e comunitário pelo aluno no planejamento curricular, com vistas a aproximar o aprendizado formal e não formal, em razão da importância de seus valores na formação do indivíduo.

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CAPÍTULO IV

AS ATIVIDADES FOLCLÓRICAS QUE ENVOLVEM

RITMO

Em consonância com a definição de folclore, no aspecto de que é o

conjunto das tradições de um povo, transmitidas, oralmente, de geração a

geração, sem a necessidade de material manejado, é que se torna simples

verificar que facilmente alguns dos fenômenos que o compõe podem ser

incutidos naturalmente no repertório de conhecimento da criança através de

experiências lúdicas.

Lúdico, termo derivado da palavra ludens, que do latim designa jogo.

Este, fenômeno presente em todas as sociedades e até no universo animal.

Através dele, nota-se a descarga de energia excessiva visíveis em sensações

como alegrias e tensões por ele proporcionadas. Muitas teorias surgiram na

tentativa de explicar a natureza e significado do jogo, porém tais hipóteses não

definem, mas se complementam ao convergirem na concepção de que há algo

inerente ao jogo que possui uma finalidade biológica. E através da explicitação

da sua essência, que é o divertimento, ligado ao prazer, alegria e agrado é que

se pode destacar a capacidade de fascinação e excitação que o mesmo

proporciona ao indivíduo nele envolvido, fazendo disso sua característica

fundamental e uma forma de tentar buscar uma definição numa perspectiva

biológica.

Já numa perspectiva histórica, considerando o jogo como elemento

cultural, nota-se que os jogos mais primitivos, aqueles praticados pela criança,

possuem sempre um caráter lúdico. Visto que o jogo quando integrante social,

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33 nem sempre possui esta conotação. “É no jogo e pelo jogo que a civilização

surge e se desenvolve.” (Huizinga, 2000). Partindo desta concepção, incluir

atividades lúdicas no ambiente escolar, abrangendo as manifestações

folclóricas brasileiras, considerando as características e o que a ludicidade

promove no indivíduo, é um meio eficaz de se obter a aprendizagem.

Ao se fazer uma análise da linguagem quanto ao motivo de sua criação

pelos povos, verifica-se que foi concebida com a finalidade de dar significado

às coisas, originando consequentemente um mundo de expressões. E através

deste novo mundo nasce a metaforização presente no mundo da poesia.

Metaforização esta que possui jogo de palavras e está presente nas parlendas,

nos mitos do folclore brasileiro e que rodeiam o universo infantil.

Como dito anteriormente, uma característica da criança no estágio pré-

operatório do desenvolvimento cognitivo, é a superação de seus conflitos ou

satisfação de seus próprios desejos através da fase do jogo simbólico e a

ludicidade, presente no conteúdo folclórico. O mesmo oferece esta

possibilidade a partir do momento em que, através das brincadeiras de roda e

cantadas, pode-se dramatizar a história que está sendo cantada,

desenvolvendo assim a linguagem e deixando fluir a imaginação quando se

interpreta algum personagem que compõe determinada brincadeira de roda.

A exemplo das brincadeiras de roda, podemos citar “A Linda Rosa

Juvenil”:

“A linda rosa juvenil, juvenil, juvenil A linda rosa juvenil, juvenil

Vivia alegre em seu lar, em seu lar, em seu lar Vivia alegre em seu lar, em seu lar

E um dia veio uma bruxa má, muito má, muito má Um dia veio uma bruxa má, muito má

Que adormeceu a rosa assim, bem assim, bem assim que adormeceu a rosa assim, bem assim

E o tempo passou a correr, a correr, a correr E o tempo passou a correr, a correr

E o mato cresceu ao redor, ao redor, ao redor E o mato cresceu ao redor, ao redor

E um dia veio um belo rei, belo rei, belo rei

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E um dia veio um belo rei, belo rei Que despertou a rosa assim, bem assim, bem assim

que despertou a rosa assim, bem assim Batemos palmas para o rei, para o rei, para o rei

batemos palmas para o rei, para o rei.”

Tal cantiga de roda retrata o mundo imaginário e do faz de conta da

criança através da dramatização e concomitantemente explora a função

rítmica, estruturações temporal e espacial e coordenação motora global

através dos passos e gestos que podem ser praticados. O faz de conta é

praticado quando as crianças assumem o papel de cada personagem, como a

linda rosa juvenil, a bruxa ou o rei. Há exploração das funções psicomotoras

quando gesticulam o mato crescendo e batem palmas ritmadamente para

enfatizar a presença do rei. Após a brincadeira a exploração do texto escrito

para auxiliar na leitura e escrita faz-se com a sinalização de palavras, espaços

entre as mesmas, leitura e interpretação fazendo relação com o que foi

vivenciado momentaneamente.

Seguindo o mesmo mecanismo de exploração textual e musical,

apresentar-se-ão mais algumas cantigas de roda apenas com a letra e

descrição da dinâmica rítmica e corporal realizada.

“Atirei o pau no gato tô tô Mas o gato tô tô

Não morreu reu reu Dona Chica cá Admirou-se se

Do berro, do berro que o gato deu: Miau!”

“Atirei o pau no gato” é uma cantiga em que as crianças extravasam a

emoção momentânea ao gritarem “miau”, além de treinarem o ritmo.

“Caranguejo não é peixe, Caranguejo peixe é;

Caranguejo só é peixe

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Na enchente da maré. Ora, palma, palma, palma!

Ora, pé, pé, pé! Ora, roda, roda, roda, Caranguejo peixe é.”

Em “Caranguejo”, além do ritmo, há a possibilidade de exploração da

lateralidade, coordenação global e estruturação espaço-temporal quando as

crianças dispostas em círculos obedecem à canção girando ora pra esquerda,

ora para a direita, quando solicitadas, batendo palmas e batendo os pés e

finalizando com agachamento.

“O Cravo brigou com a Rosa Debaixo de uma sacada.

O Cravo ficou ferido E a Rosa despedaçada.

O Cravo ficou doente (A Rosa foi visitar).

O Cravo teve um desmaio, (A Rosa pôs-se a chorar).”

Através de “O Cravo brigou com a Rosa”, pode-se explorar a

dramatização. Quando uma criança representa o Cravo e outra representa a

Rosa o simbolismo faz-se presente e, enquanto a roda gira compassadamente,

trabalhando-se o ritmo.

“Samba Lelê tá doente Tá com a cabeça quebrada

Samba Lelê precisava De umas dezoito lambadas

Samba, samba, Samba ô Lelê Pisa na barra da saia ô Lalá

Ó Morena bonita,

Como é que namora? Põe o lencinho no bolso Deixa a pontinha de fora

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Ó Morena bonita

Como é que se casa Põe o véu na cabeça

Depois dá o fora de casa

Ó Morena bonita Como é que cozinha

Bota a panela no fogo Vai conversar com a vizinha

Ó Morena bonita

Onde é que você mora Moro na Praia Formosa

Digo adeus e vou embora.”

Em “Samba Lelê” no decorrer da brincadeira, ao final de cada quadra

cantada, quem está na roda bate palmas e quem está dentro samba. Trabalha-

se então o ritmo, imaginação, linguagem e noção temporal.

“Como pode o peixe vivo Viver fora da água fria

Como pode o peixe vivo Viver fora da água fria

Como poderei viver Como poderei viver

Sem a tua, sem a tua Sem a tua companhia Sem a tua, sem a tua Sem a tua companhia

Os pastores desta aldeia Já me fazem zombaria

Os pastores desta aldeia Já me fazem zombaria

Por me verem assim chorando Por me verem assim chorando

Sem a tua, sem a tua Sem a tua companhia Sem a tua, sem a tua

Sem a tua companhia.”

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As crianças encenam a cantiga e rodam ao cantarem.

“Se esta rua, Se esta rua fosse minha,

Eu mandava, Eu mandava ladrilhar,

Com pedrinhas, Com pedrinhas de brilhantes,

Para o meu, Para o meu amor passar.

Nesta rua,

Nesta rua tem um bosque, Que se chama,

Que se chama solidão. Dentro dele,

Dentro dele mora um anjo, Que roubou,

Que roubou meu coração.

Se eu roubei, Se eu roubei teu coração,

Tu também, Tu também roubaste o meu,

Se eu roubei, Se eu roubei teu coração,

É porque, É porque te quero bem.”

A canção “Se esta rua fosse minha” além de trabalhar a ritmicidade

lenta da melodia, culmina na aproximação entre os colegas, pois estimula o

toque, através do abraço, que deve ser dado entre os dois colegas, o que está

dentro da roda e o que o substituirá.

“Escravos de Jó, jogavam caxangá Tira, põe, deixa ficar

Guerreiros com guerreiros Fazem zigue, zigue, zá.”

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Em “Escravos de Jó”, trabalha-se tempo e ritmo que são percebidos

claramente com o movimento do objeto usado e o som da batida do mesmo no

chão. Para realizar a brincadeira, as crianças estão dispostas em círculos com

uma pedrinha ou qualquer outro objeto na mão e a partir do momento que a

música é cantada, coloca-se a pedra em frente ao colega que está a sua

direita. Ao se falar “tira, põe, deixa ficar”, obedece-se com o gesto. E ao

falarem “zigue, zigue, zá”, movimenta-se a pedra pra lá e pra cá e por fim deixa

a pedra na frente do colega.

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CONCLUSÃO

Este trabalho de pesquisa procurou mostrar, através de prática e estudo

de fontes bibliográficas, que a efetivação da aprendizagem da leitura e escrita

eficazes na criança de seis anos é dependente do desenvolvimento prévio de

funções psicomotoras, devido à essencialidade do autoconhecimento pelo

indivíduo, constatado na aquisição da percepção corporal e esquema corporal

que propiciam uma interação com as pessoas, objetos e o mundo que o cerca.

Ao ter consciência de si, a criança passa a ter a capacidade de perceber

o tempo e o espaço e consequentemente desenvolve seu ritmo. Esta última

função psicomotora é primordial para a obtenção da leitura e escrita eficazes,

ou seja, leitura fluente, sem ou com mínima silabação e uma escrita

segmentada, facilitando assim a interpretação.

A relação do ritmo com leitura e escrita é que tal função psicomotora

mantém íntima conexão com as estruturações temporal e espacial, que uma

vez internalizadas, darão à criança a possibilidade de entender o mecanismo

de composição de palavras e textos atentando-a para ordem, sucessão de

letras, intervalos entre as palavras ocasionando uma facilitação para a

aquisição do processo de leitura e escrita.

Ao se fazer uso de recursos que constituem o cotidiano infantil pode-se

observar à incitação do interesse da criança, o que facilitou o processo de

ensino e aprendizagem. Tendo bem estruturada a concepção de que o lúdico é

fator característico da criança e que uma das funções da escola é fazer com

que a criança se aproprie dos meios culturais da sociedade, é que se lançou

mão de atividades como cirandas e cantigas de roda para se trabalhar o ritmo

e muitas outras funções psicomotoras, o folclore brasileiro, leitura e escrita,

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40 através da análise de estruturas rítmicas apresentadas de forma sistematizada

pelas Estruturação Rítmica de Mira Stamback e a comparação com a estrutura

da composição de textos.

Durante o processo de investigação com as crianças pode-se perceber

que a maior parte delas, possuía uma leitura lenta e silabada, com pouca ou

nenhuma interpretação e comparando o desempenho na leitura escrita com o

desempenho no teste de percepção de estruturas rítmicas, notou-se que

quanto maior fossem os resultados que levassem a uma melhor percepção e

reprodução dessas estruturas, melhor foi seu desempenho na leitura e escrita

também. Com o trabalho desenvolvido com as cantigas de roda e cirandas,

análise das cantigas em forma de texto, verificou-se uma significativa evolução

na leitura e escrita e redução nos aspectos antes observados como silabação,

lentidão na leitura e não segmentação na escrita das palavras.

A partir de tal pesquisa pode-se concluir que o trabalho foi válido e

esclarecedor, devido à importância de seu conteúdo no âmbito educacional no

que concerne a aquisição de leitura e escrita em crianças de seis anos nas

turmas de primeiro ano do Ensino Fundamental, pelo uso de recursos

materiais simples e acessíveis e constituintes do vasto acervo do folclore

brasileiro e sempre com caráter lúdico a fim de corresponder ao interesse e

características infantis.

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ÍNDICE

AGRADECIMENTOS ................................................................................................... 3

DEDICATÓRIA .............................................................................................................. 4

RESUMO ......................................................................................................................... 5

METODOLOGIA ........................................................................................................... 6

SUMÁRIO ....................................................................................................................... 7

INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 8

CAPÍTULO I RITMO .................................................................................................. 10

1.1. Sistema Temporal ........................................................................................... 11

1.2. A origem do ritmo na estruturação espaço-temporal ................................. 12

1.3. O ritmo na Psicomotricidade ........................................................................ 14

1.4. A influência do ritmo na aprendizagem ....................................................... 16

1.5. Trabalhando e avaliando a estruturação rítmica ........................................ 17

CAPÍTULO II LEITURA E ESCRITA...................................................................... 19

2.1. O Ensino Fundamental de nove anos ........................................................... 19

2.2. A interação social como influenciadora do desenvolvimento da inteligência 21

2.3. Percepção e evolução da escrita através de elementos culturais ................ 23

CAPÍTULO III FOLCLORE ...................................................................................... 27

3.1. Miscigenação e diversidade cultural ............................................................. 27

3.2. Prática do folclore na escola .......................................................................... 28

3.3. Práticas folclóricas e Psicomotricidade ........................................................ 29

CAPÍTULO IV AS ATIVIDADES FOLCLÓRICAS QUE ENVOLVEM RITMO ........................................................................................................................................ 32

CONCLUSÃO ............................................................................................................... 39

BIBLIOGRAFIA .......................................................................................................... 41

ÍNDICE .......................................................................................................................... 44