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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA A influência da Psicomotricidade no desenvolvimento de crianças com 4 e 5 anos idades da educação infantil Por: Raquel Gonçalves Gomes Silva Orientador Profa Me. Fátima Alves Rio de Janeiro 2015 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

A influência da Psicomotricidade no desenvolvimento de

crianças com 4 e 5 anos idades da educação infantil

Por: Raquel Gonçalves Gomes Silva

Orientador

Profa Me. Fátima Alves

Rio de Janeiro

2015

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UTORAL

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

A influência da Psicomotricidade no desenvolvimento de

crianças com 4 e 5 anos idades da educação infantil

Apresentação de monografia à AVM Faculdade

Integrada como requisito parcial para obtenção do

grau de especialista em Psicomotricidade

Por: Raquel Gonçalves Gomes Silva

Rio de Janeiro

2015

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus em primeiro lugar por seu infinito amor e pela sua

misericórdia.

. Ao meu pai Isaias (in memória) que sempre me orientou e ajudou em

minhas escolhas e minha mãe Eulália que nunca mediu esforços para que eu

pudesse conquistar mais uma etapa em minha vida.

À minha irmã Rívia, pelo incentivo e ajuda.

Ao meu marido Marcelo pelo apoio a todo o momento.

À minha filha Nicole pela paciência e compreensão nos momentos que

não pude lhe dar atenção.

À professora Fátima Alves pela paciência e dedicação na realização deste trabalho.

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho à minha família; aos meus pais Isaias (in memória) e

Eulália, a minha irmã Rívia, ao meu marido Marcelo e minha filha Nicole,

presente de Deus as nossas vidas.

Obrigada por se fazerem tão presente.

RESUMO

Quando a criança começa sua vida escolar encontra um novo mundo, diferente

daquele que ela estava acostumada com sua família. Agora ela irá descobrir

muitas coisas e essa descoberta terá a companhia de seus colegas. A

atividade psicomotora na educação infantil surge como agente de socialização

e aprendizagem, tendo em vista que é neste momento em que as funções

psicomotoras começam a se desenvolver. Este estudo pretende pesquisar os

benefícios e importância das atividades psicomotoras em crianças de 4 e 5

anos da educação infantil nas aulas de educação física, analisando as etapas

de desenvolvimento das crianças nessa faixa etária, compreendendo suas

necessidades e entendendo como a psicomotricidade poderá auxiliar em suas

formações futuras.

Palavras-chave: Psicomotricidade, educação infantil, atividades psicomotoras.

METODOLOGIA

Para atingir o objetivo dessa pesquisa, utilizou-se uma busca por

referências bibliográficas através de livros e sites específicos para a construção

do campo teórico com relação às atividades psicomotoras em crianças de 4 e 5

anos da educação infantil. Lakatos & Marconi (2006) referem-se à pesquisa

bibliográfica como todo material bibliográfico já tornado público, tendo relação

com o tema que se está estudando, sendo que a sua finalidade é colocar o

pesquisador em contato direto com o que já foi escrito.

Com este tipo de pesquisa existe a possibilidade de atualização do

pesquisador desafiando a ter o domínio de determinada área do conhecimento,

pois é através de uma produção de análise teórica que permite ao pesquisador

alcançar conhecimentos muito mais amplos.

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................. 8

CAPÍTULO I

DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA DE 4 E 5 ANOS ................................ 12

CAPÍTULO II

BJETIVOS DA PSICOMOTRICIDADE EM

CRIANÇAS DE 4 E 5 ANOS .........................................................................18

CAPITULO III

BENEFÍCIOS DAS ATIVIDADES PSICOMOTORAS

NAS CRIANÇAS DE 4 E 5 ANOS ................................................................ 26

CONCLUSÃO ............................................................................................... 32

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................. 33

ÍNDICE ......................................................................................................... 35

INTRODUÇÃO

Enerst Dupré, um neurologista francês que em 1909, deu partida à

psicomotricidade. Ele criou o termo psicomotricidade juntando o movimento, o

pensamento e a afetividade. Psicomotricidade é pensar antes de agir,

envolvendo a emoção. A psicomotricidade é reconhecida como uma ciência

que está relacionada com vários outros campos de pesquisa e que tem objetivo

o desenvolvimento infantil.

Por tratar de uma relação entre o homem, seu corpo e o meio físico e sócio cultural no qual convive, a psicomotricidade é fundamental e estudada por um amplo conjunto de campos científicos, onde se pode destacar a neurofisiologia, psiquiatria, psicologia e a educação, imprimindo cada uma dessas áreas enfoques que lhe são específicos. (Mello, 1993)

Tempos atrás a pré-escola era compreendida como um lugar de

preparação para a escola. Atualmente denomina-se educação infantil, tendo

como objetivo a escolarização das crianças e que Freire (2010) chama de

primeira infância, período em que a criança vive intensamente. Nesse momento

a criança ainda não tem o domínio do tempo, contagem dos dias e horas. Ela

ainda vive o imaginário, seu próprio mundo, centrada nela mesma e

gradativamente começa a perceber que existe o outro e que pode também

brincar com o outro.

A escola tem um papel fundamental na iniciação da atividade corporal na

vida da criança e as atividades psicomotoras auxiliam no desenvolvimento

global do indivíduo, fazendo com que ele explore seu corpo e comece a

interação com outras crianças e o novo ambiente que agora ela começará a

passar parte de seu tempo. Também começam a estabelecer os limites, o

respeito ao outro e as regras que a partir de então deverão seguir.

9

A primeira infância, dependendo da qualidade do meio e das pessoas

que rodeiam a criança, que tem influência determinante na orientação do

temperamento e da personalidade, pois, é através das relações com os outros

que o ser se descobre, e a personalidade se constrói pouco a pouco. Assim Le

Boulche (1982), afirma que os aspectos relacionais dentro de um grupo social,

ou seja, em sua relação humana, reflete-se diretamente no desenvolvimento

funcional humano.

O estudo busca uma reflexão sobre a importância das atividades

psicomotoras com crianças de quatro e cinco anos na educação infantil que

almejam um desenvolvimento harmonioso da criança e que concebem o

movimento de forma integrada aos aspectos afetivos e sociais. Será dividido

em três capítulos.

No primeiro capitulo estaremos abordando etapas do desenvolvimento

da criança na faixa etária de 4 e 5 anos. Essa fase compreende segundo

Piaget ao período pré-operatório o aparecimento da linguagem, ou seja, o

aparecimento da função simbólica, ocorrendo modificações de valor nos

aspectos cognitivos sociais e afetivos da criança. Para Wallon esse período da

infância deu o nome de personalismo, é o estágio em que está voltado para a

pessoa, para construção da personalidade e o enriquecimento do eu, a

exploração de si mesmo, identificando a diferença de si e os outros. Segundo

Le Boulch (1987, p. 16) “Quando a criança, auxiliada pela experiência do

espelho, já estabeleceu relação e sente ao nível de seu corpo e a imagem

espetacular, revela sua primeira personalidade.” Sua imagem se tornará

referência a partir do momento que ele se situar nos detalhes, facilitado pelas

suas vivencias.

Vygotskt acreditava que a experiência social na vida da criança tinha

muito valor no desenvolvimento cognitivo, que segundo ele há uma zona de

desenvolvimento proximal que é definida pelas funções que ainda não estão

maduras e sim em processo de maturação.

No segundo capítulo estaremos abordando os objetivos da

psicomotricidade em crianças de 4 e 5 anos. A psicomotricidade pode atuar em

três áreas: Reeducação psicomotora; Terapia psicomotora e Educação

10

psicomotora que iremos nos aprofundar. A educação psicomotora é dirigida as

crianças integrantes da educação infantil e básica. Através de várias atividades

incluindo exercícios e jogos, propondo experiências que produzam a adequada

estimulação, pode-se promover o completo desenvolvimento físico, mental,

afetivo e social que são responsáveis pelos inúmeros esquemas que serão

transferidos às situações vivenciadas no futuro. Faz-se necessário que na

educação infantil seja estimulado todo o momento as percepções e os

movimentos. Rizzo (1985) refere-se à criança como um ser vivo, em alerta e as

atividades planejadas precisam propiciar o desenvolvimento psicomotor e não

podem ignorar o fato de que podem ser realizadas positivamente ou

negativamente, ou seja, se as atividades forem de sua escolha e livre a

expressão ela estará desenvolvendo atitudes de iniciativa, responsabilidade e

criatividade, mas se a atividade for de cobrir pontinhos, seguir linhas ou áreas

pré-determinadas ela estará apenas limitando sua imaginação e desperdiçando

tempo de crescimento.

No terceiro capítulo estaremos abordando os benefícios das atividades

psicomotoras nas crianças de 4 e 5 anos. A psicomotricidade pode reunir

experiências sensoriais, afetiva, motoras e sociais. A escola é um importante

motivador do desenvolvimento infantil e quando incluímos atividades

psicomotoras, temos como resultado os benefícios da motricidade,

autoconhecimento e a ajuda na vivencia em grupo entre outros. O

desenvolvimento psicomotor são ações integradas e assim devem ser

mantidas também as atividades a apresentadas as crianças.

Para Mello (1987, p.31) “os componentes de ordem cognitiva, afetiva e

social acompanham o ato motor, e é diante de um quadro com essas

dimensões que a Psicomotricidade deve atuar.” A criança deve vivenciar os

estímulos motores e seu raciocínio lógico e ao mesmo tempo uma relação com

outras crianças através das atividades que, portanto, possui implicações

afetivas e sociais.

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A educação psicomotora deve ser considerada como uma educação de base na escola primaria. Ela condiciona todos os aprendizados pré-escolares e escolares: leva a criança a tomar consciência de seu corpo, da lateralidade, a situar-se no espaço, a dominar o tempo, adquirir habitualmente a coordenação de seus gestos e movimentos. (Le Boulch, 1982)

Nas aulas de educação física na educação infantil é fundamental

utilização da psicomotricidade, pois ela oferece a criança o conhecimento de

seu próprio corpo, estabelecendo uma relação com o meio que a cerca,

dominando seu comportamento nos diferentes aspectos, motor, cognitivo e

afetivo e também destacam os movimentos naturais da criança. O educador

que utiliza da psicomotricidade em suas aulas deve sempre colocar o caráter

lúdico para que a criança sinta-se mais animada a participar das aulas. Ele

deve, a partir desse conteúdo, induzir e desafiar seus alunos a realizarem

movimentos cada vez mais difíceis, estimulando-os e aumentando suas

capacidades de ultrapassarem novos obstáculos.

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CAPÍTULO I

DESENVOLVIMENTO DE CRIANÇAS DE 4 E 5 ANOS

Freire e Scaglia (2010) mencionam que nossa gestação é muito curta

em relação aos outros animais, e precisamos completá-la fora do útero

materno e nossa segunda gestação seria no útero cultural, ou seja, no meio em

que vivemos pelo o resto de nossas vidas.

Os primeiros anos de vida de uma criança são marcados por muitas

descobertas e transformações. Gradativamente a criança começa entender o

mundo em que vive e aprende a lidar consigo mesmo e com os outros. Nesse

período, brincar é a tarefa principal, é uma necessidade própria da infância. A

brincadeira pode contribui para formação de estruturas internas que estão

relacionados aos aspectos de desenvolvimento da criança. Em seu livro Brincar

para quê? Lima (2007) defende que a ideia de brincar faz parte do

desenvolvimento global da criança, dando vários suportes de aprendizagem.

Ao brincar a criança não está desenvolvendo apenas o aspecto motor, mas

também auxilia o desenvolvimento cognitivo e afetivo.

O ato de brincar tornou-se tão importante que não se prendeu apenas na

teoria, mas foi assegurada por lei, segundo o artigo 31 da Convenção dos

Direitos da Criança da ONU que diz: “Toda criança tem o direito ao descanso e

ao lazer, e a participar de atividades de jogo e recreação, apropriadas à sua

idade, e a participar livremente da vida cultural e das artes” (UNICEF, 1990).

Ao brincar a criança estará desenvolvendo sua habilidade motora grossa

quando salta, corre, rola e também a habilidade motora fina ao escovar os

dentes, fazer bolinhas de papel, usar a tesoura. É fundamental que as crianças

vivenciem brincadeiras livres e ativas. Conhecendo as fases do

desenvolvimento da criança é fundamental para observar e respeitar seus

limites para assim oferecer atividades para seu melhor desenvolvimento.

Para tanto muitos estudiosos se aprofundaram em descobrir e estudar o

desenvolvimento infantil. Neste capítulo estaremos analisando algumas teorias.

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O cientista suíço Jean Piaget (1896-1980), mesmo sem ser um

pedagogo, foi um dos pensadores que mais inspiraram a educação, sendo

atualmente utilizada sua teoria nas salas de aula, principalmente pelo seu

constante trabalho em compreender como se desenvolve a inteligência

humana e seu modo de confrontar a educação de crianças mostrando que elas

não pensam como os adultos, que elas constroem o próprio aprendizado.

Piaget estudou as concepções infantis de tempo, espaço, causalidade

física, movimento e velocidade, Piaget criou um campo de investigação que

denominou epistemologia genética, uma teoria do conhecimento focado no

desenvolvimento natural da criança, concordando com a ideia de Kant que o

conhecimento vem da interação do sujeito com o meio, mas foi além, afirmando

que o desenvolvimento das estruturas mentais se inicia no nascimento, quando

o indivíduo começa o processo de troca com o universo ao seu redor.

Para Piaget as crianças não raciocinam como os adultos, apenas

progressivamente se incluem nas regras, valores e símbolos da maturidade

psicológica. Essa inclusão se dá mediante os seguintes mecanismos:

assimilação, acomodação e equilibração.

Segundo Piaget (1996, p.13) “a assimilação é uma integração às

estruturas prévias, que podem permanecer invariáveis ou são mais ou menos

modificadas por esta própria integração, mas sem serem destruídas, mas

simplesmente acomodando-se à nova situação”. Na assimilação o sujeito

integra um novo dado do mundo exterior aos esquemas mentais preexistentes,

ou seja, quando a criança tem novas experiências , vendo ou ouvindo coisas

novas, e tenta adaptar esses novos estímulos às estruturas cognitivas

existentes. Piaget (1996) define acomodação como toda modificação dos

esquemas de assimilação sob a influência de situações exteriores aos quais se

aplicam. Então a acomodação ocorre quando a criança consegue incorporar

um novo estímulo. Quando ocorre a acomodação a criança pode tentar

assimilar o estimulo novamente, e uma vez alterada a estrutura cognitiva, o

estímulo é prontamente apreendido.

Para Piaget a criança passa por quatro estágios, desde o nascimento

até o início da adolescência, quando a capacidade de raciocínio é atingida. De

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uma forma geral, todos experimentam esses quatro estágios, porém o começo

e o fim podem sofrer mudanças em função da individualidade e oferta de

estímulos no meio em que ele vive. Por esse motivo que a divisão nessas

faixas etárias é uma referência e não uma regra. Piaget dividiu os estágios da

seguinte maneira: Sensório-motor (0 a 2 anos), pré-operatório (2 a 7 anos),

operações concretas (7 a 11 ou 12 anos), operações formais (12 anos em

diante). Nosso estudo está focado nas crianças de 4 e 5 anos, então vamos

destacar o estágio pré-operacional.

Essa fase se caracteriza pela passagem do período sensório-motor para

o pré-operatório surgindo a capacidade de dominar a linguagem, ou seja, a

emergência da linguagem a representação do mundo por meio de símbolo. A

linguagem é considerada como uma necessidade, porém não suficiente ao

desenvolvimento, pois ainda faz-se necessário um trabalho de reorganização

da ação cognitiva que não é dado pela linguagem. A emergência da linguagem

causam modificações importantes em aspectos cognitivos, afetivos e sociais da

criança, já que facilitam as interações interindividuais e fornece a capacitação

em atribuir significados à realidade.

Henri Wallon (1879-1962) foi um médico, psicólogo e filósofo francês

que impressionou muito em seu tempo dizendo que o desenvolvimento

intelectual é muito além que um simples cérebro, que envolve mais que corpo

também envolve emoção. Segundo Wallon (1934) a criança deve se estudada

na continuação das etapas de desenvolvimento caracterizadas pelos domínios

funcionais da afetividade, do ato motor e do conhecimento, entendidos como

sendo desenvolvido especialmente pelo meio social. Para Wallon o

desenvolvimento da pessoa completa e integrada ao meio em que está,

necessitam também que seus aspectos afetivos, cognitivos e motor também

precisem estar integrados. A emoção tem papel de maior importância no

desenvolvimento da pessoa.

De acordo com Wallon (1934) o desenvolvimento humano se divide em

cinco etapas: impulso-emocional (primeiro ano de vida), sensório-motor e

projetivo (até os três anos), personalismo (três aos seis anos), categorial (seis

aos 11 anos), puberdade e adolescência (11 anos em diante). O estágio do

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personalismo compreende a fase da educação infantil, enfatizando as

características desse momento desenvolvimento da criança como meio de

ofertar aporte para a atuação do professor. A partir desse momento que a

escola e todos que estão envolvidos com a educação infantil saibam que todas

as suas ações terão consequência não somente no atual momento, mas

também futuramente. É portanto, nesse ocasião que a criança está mais

predisposta à formação de atitudes que podem ficar marcadas em seu

comportamento em relação ao meio. Nesse estágio desenvolve-se a

construção da consciência de si mediante as relações sociais reorientando o

interesse da criança pelas pessoas. De acordo com Wallon, na escola a

criança irá se diferenciar dos outros, descobrindo sua autonomia e sua

originalidade. O estágio do personalismo se divide em três períodos

perceptíveis, com o objetivo de tomar o “eu” mais diversificado e independente

que são eles: período da negação, da graça e da imitação. Começa na criança

uma atitude de autoafirmação, impondo sua visão pessoal e luta para

prevalecer sua opinião. È também nesse período que ela aprende a usar os

pronomes “eu”, “meu” e a palavra “não” e possessiva com objeto. No período

da graça, por vota dos quatro anos, a criança cria maneiras de chamar

atenção, ser o centro das atenções cujo objetivo é a aprovação de todos.

Destaca-se a oferta de atividades espontânea da criança como dança e

música. No terceiro e último período, da imitação, a criança com cinco anos, é

a idade que marca a reaproximação com o outro, manifesta a imitação, tornado

um papel significativo para a compreensão do mundo exterior, através da

interação social permitindo a construção do eu e as relações afetivas.

O psicólogo bielorrusso Lev Vygotsky (1896-1934) defende que o meio

social é fonte de desenvolvimento, oferecendo experiências e aprendizagem

resultados da interação da criança com a cultura do meio. Vygostsky

desenvolveu um conceito para explicar o valor da experiência social no

desenvolvimento cognitivo, segundo ele, existe uma zona de desenvolvimento

proximal que se refere a distancia entre o desenvolvimento atual, estabelecido

através da solução de problemas pela criança sem a ajuda de alguém mais

experiente e o nível de potencial de desenvolvimento avaliado através da

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solução de problemas. Para Vygostsky o desenvolvimento infantil é promovido

pela convivência social, pelo processo de socialização e pelas maturações

orgânicas, a aprendizagem acontece na medida em que se dá por processos

de internalização de conceitos, que são oferecidos pela aprendizagem social,

principalmente aquela planejada no meio escolar. A criança é reconhecida

como um ser pensante, com capacidade de relacionar sua ação à

representação de mundo que integram sua cultura, sendo a escola um espaço

de experiências, onde o processo ensino-aprendizagem envolve diretamente a

interação entre sujeitos. Essa interação pode ser melhor compreendida ao

analisar o conceito da zona de desenvolvimento proximal (ZDP), que Vygostsky

(1996) descreve como a distancia entre o nível de desenvolvimento real, ou

seja, nesse momento uma criança só consegue fazer com a ajuda de alguém,

um pouco mais adiante ela conseguirá fazer sozinha. São as aprendizagens

que o ocorrem na ZDP que fazem com que a criança desenvolva ainda mais. É

nesta zona de desenvolvimento próxima que a aprendizagem vai ocorrer e a

função do educador é favorecer esta aprendizagem, atuando como mediador

entre a criança e o mundo.

Para Vygotsky, o processo de aprendizagem deve ser olhado por uma ótica prospectiva, ou seja, não deve focalizar o que a criança aprendeu, mas sim o que ela está aprendendo. Em nossas práticas pedagógicas, sempre procuramos prever em que tal ou qual aprendizado poderá ser mais útil àquela criança, não somente no momento em que é ministrado, mas para além dele. É um processo constante na trajetória das crianças. As implicações desta relação entre ensino e aprendizagem para o ensino escolar estão no fato de que este ensino deve se concentrar no que a criança está aprendendo, e não no que já aprendeu. Vygotksy afirma esta hipóetes no seu conceito de zona de desenvolvimento proximal (ZDP).

(Creche Fiocruz, 2004)

Pode-se verificar que a educação infantil tem um papel muito importante

para a formação da personalidade da criança, já que estimula o

desenvolvimento de hábitos sociais, tais como cooperação, solidariedade,

companheirismo e também contribui para a formação do eu psíquico. É

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fundamental conhecer os estágios do desenvolvimento cognitivo, pois eles

fornecem indicadores para esclarecer a complexidade da situação atual de

desenvolvimento cognitivo que a criança se encontra.

As atividades na escola devem ser em grupo alternando com atividades

individuais, fazendo assim os revezamentos comuns nesse estágio

promovendo o desenvolvimento de mais recursos da personalidade. É

necessário muito empenho, dedicação e pesquisa para acompanhar as

mudanças e poder oferecer uma educação diferenciada.

18

CAPÍTULO II

OBJETIVOS DA PSICOMOTRICIDADE EM CRIANÇAS

DE 4 E 5 ANOS

Quando a criança chega à escola em seu primeiro dia, encontra um

mundo ainda desconhecido. Nesse lugar ela é apresentada a outras crianças

que assim como ela, também se encontram com medo e inseguras. Esse novo

espaço também será o ambiente em que ela desenvolverá habilidades que

serão muito importantes para sua vida. A escola tem papel importante no

desenvolvimento psicomotor da criança, principalmente quando a educação

psicomotora for trabalhada desde a educação infantil, pois a criança busca

experiências em seu próprio corpo, formando conceitos e esquema corporal.

Na visão global da criança, a psicomotricidade se faz necessária como

prevenção de problemas de coordenação e orientação no espaço em que vive,

como meio de conseguir o máximo potencial da mesma, sendo assim, ela deve

começar desde cedo a controlar seu próprio corpo, equilibrando a respiração,

saber usar braços e pernas, aprender a se direcionar para a direita e esquerda,

saber organizar percepções e atenção, dominando as noções de tempo e

conhecer e respeitar o outro.

A educação psicomotora em crianças deve começar na formação de

base sendo indispensável em seu desenvolvimento motor, afetivo e cognitivo, e

através de jogos e brincadeiras tenham consciência do seu próprio corpo, a

psicomotricidade irá permitir essa compreensão possibilitando se expressar por

meio dele e localizando-se no tempo e no espaço. Rizzo (1985) se refere à

criança como um todo e indivisível, precisando ser respeitada, faz-se

necessário que toda criança passe por todas as etapas de desenvolvimento. A

ação educativa não deve estar baseada somente em teorias, mas também nas

relações afetivas. Ao viver em um ambiente que as compreendem, as crianças

se tornam mais autoconfiantes, por isso é fundamental que aluno e professor

tenham uma relação de qualidade.

19

A educação infantil nos tempos atuais não é mais vista como

antigamente, quando a criança só ia à escola para brincar, entende-se hoje que

o processo de aprendizagem também se dá através da brincadeira com novas

descobertas cognitivas e importante relação que a criança estabelece com o

grupo. Com a Constituição Federal de 1998, a educação infantil em creches e

pré-escolas, passa a ser dever do Estado e direito da criança (Art. 208, inciso

IV). O MEC, também para orientar as escolas elaborou o Referencial Curricular

Nacional para a Educação Infantil onde está escrito:

Nesse processo, a educação poderá auxiliar o desenvolvimento das capacidades de apropriação e conhecimento das potencialidades corporais, afetivas, emocionais, estéticas e éticas, na perspectiva de contribuir para a formação de crianças felizes e saudáveis. (1998, volume 3, p.23)

Uma criança que participa de um jogo de amarelinha está vivenciando

estímulos motores, seu raciocínio lógico está sendo solicitado e está

experimentando ao mesmo tempo uma relação com as outras crianças e

portanto, possui implicações emocionais e sociais. Várias escolas vem

enfatizando a educação psicomotora e em outras fazem trabalhos relacionados

à recreação infantil, por meio de uma série de atividades, principalmente jogos

e exercícios, promovendo o completo desenvolvimento físico, mental e social.

Pode-se acrescentar que a falta de adequada estimulação no decorrer da

infância pode produzir inúmeras perturbações psicomotoras.

Pode-se dizer que a educação infantil poderia ser uma escola de

símbolos, de imaginação e fantasia. O desenvolvimento das funções simbólicas

de uma criança não se difere muito das funções motoras. Sabe-se que, durante

o período pré-verbal, uma criança forma todas as coordenações motoras de

que irá realizar até o fim de sua vida.

Assim como a criança brinca com

os conhecimentos de se arrastar, andar, pegar, lançar ou resmungar, ela, quando aprende a representá-los mentalmente, passa a jogar com isso.

(Freire e Scaglia 2010)

20

Seja qual for a experiência proposta e o método elegido, o professor

deverá levar em consideração as funções psicomotoras que pretende reforçar

nos alunos, mesmo sabendo que qualquer exercício ou atividade, sempre será

associada uma função psicomotora a outras e ele deverá estar consciente do

que exatamente deseja.

A partir de uma revisão de literatura, Mello (1993) conseguiu chegar a

classificação de dez funções psicomotoras que podem ser trabalhadas na

psicomotricidade: 1) esquema corporal; 2) tônus da postura; 3) dissociação de

movimentos; 4) coordenações globais; 5) motricidade fina; 6) organização

temporal e espacial; 7) ritmo; 8) lateralidade; 9) equilíbrio; e 10) relaxamento,

este desdobrado em três características, 10.1) total; 10.2) diferencial e 10.3)

segmentar.

1. Esquema corporal. Compreende a imagem e o conceito do corpo e

suas partes.

2. Tônus da postura. É tensão do músculo pela qual as diversas

posições do corpo são mantidas corretamente se opondo às

modificações passivas dessas posições. É uma atividade primitiva e

permanente.

3. Dissociação de movimento. É a habilidade de especificar os

segmentos do corpo que tomam parte na execução de um gesto

intencional.

4. Coordenações globais (motricidade ampla). Para a execução de

movimentos amplos e voluntários mais ou menos difíceis,

abrangendo principalmente o trabalho de membros inferiores,

superiores e do tronco, em ação simultânea de grupos musculares

diferentes.

5. Motricidade fina. É o trabalho de maneira ordenada dos pequenos

músculos, incluindo principalmente atividades como manual e digital,

ocular, labial e lingual.

6. Organização espacial e temporal. Organização espacial é a

capacidade de se orientar em um espaço físico e de perceber a

relação de proximidade de coisas entre si, perto, longe, em cima, em

21

baixo, dentro, fora, etc. A organização temporal é a capacidade de

relacionar ações a uma determinada dimensão do tempo, onde

sucessões de acontecimentos e de intervalo de tempo são

fundamentais.

7. Ritmo. É a organização específica, características e temporal de um

ato motor.

8. Lateralidade. É a capacidade de vivenciar as noções de direita e

esquerda no mundo exterior, diferente do conceito da dominância

lateral.

9. Equilíbrio. É a capacidade de se manter sobre uma superfície de

sustentação do corpo, combinando ações musculares e sob

influência de forças externas.

10. Relaxamento (10.1) total. Envolve todo o corpo envolvendo

processos psicológicos, onde o trabalho mental é determinante na

redução da tensão muscular. (10.2) diferencial. É a contração de

diferentes grupos musculares que não são necessários na execução

de determinado movimento. (10.3) É o relaxamento alcançado em

partes do corpo.

Para Fonseca (2010) educar é sinônimo de desenvolvimento,

compensação, aprendizagem, adaptabilidades de promoção e enriquecimento

de atitudes, habilidades, competências e capacidades, atingindo um estado

adaptativo e psicomotor ideal e por isso serve como objetivo para ser seguido

por qualquer indivíduo.

De acordo com Fonseca (1995) a psicomotricidade pretende privilegiar a

qualidade da relação afetiva, a mediatização, a disponibilidade tônica, a

segurança gravitacional e o controle postural, a noção do corpo, sua

lateralização e direcionalidade que são componentes importantes e globais da

aprendizagem e do seu ato mental concomitante nela, o corpo e a motricidade

O objeto da psicomotricidade é o estudo do homem através do seu

corpo em movimento e sua relação com o mundo interno e externo,

percebendo, atuando agindo com o outro, com os objetos e consigo mesmo.

Ainda segundo Fonseca (1995) os elementos básicos da psicomotricidade

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podem ser divididos em fatores, sendo que cada um tem sua função

determinada.

1. Esquema corporal: É a representação que a criança tem do seu próprio

corpo, é a tomada da consciência pela criança das possibilidades

motoras e de suas possibilidades de agir e de expressar-se.

2. Lateralidade: Naturalmente, durante o crescimento a criança vai

definindo sua dominância lateral: será mais forte, mais ágil do lado

direito ou esquerdo. A lateralidade corresponde a dados neurológicos,

mas também sofre influencia por certos hábitos sociais.

3. Estruturação espacial: É a orientação, a estruturação do mundo exterior

referindo-se primeiro ao seu eu referencial, depois a outros objetos ou

pessoas em posição estática ou movimento.

4. Orientação espacial: A criança domina os vários termos espaciais,

orienta-se, ou seja, pode virar-se, ir para frente, para trás, para direita,

para esquerda, pode ficar em fila, etc.

5. Orientação temporal: Noção te tempo curto e longo (uma hora, um

minuto), noções de ritmo regular e irregular (acelerar, frear), noções de

cadencia rápida e lenta (diferença entre corrida e o andar), noções de

ciclos: os dias da semana, os meses, as estações, caráter irreversível do

tempo: “já passou... você tem cinco anos... noção de envelhecimento

(plantas e pessoas).

6. Pré-escrita: O domínio do gesto, estruturação espacial e orientação

temporal são três fundamentos da escrita. A escrita supõe uma direção

gráfica. Escrevemos horizontalmente da esquerda para a direita, de

cima para baixo. Portanto os exercícios de pré-escrita e de grafismo são

necessários para a aprendizagem das letras e dos números. Sua

finalidade é fazer com que a criança alcance o domínio do gesto e do

instrumento, a percepção e a compreensão da imagem a reproduzir,

preparando para a escrita na lousa e no papel.

A educação psicomotora é uma educação global que, associando os potenciais intelectuais, afetivos, sociais e motores da criança, dá-lhe segurança, equilíbrio e permite

23

o seu desenvolvimento, organizando corretamente as suas relações com os diferentes meios nos quais deve evoluir. (Le Boulch 2001)

Neto (2002) também relacionou alguns elementos básicos da

psicomotricidade em seu livro Manual de Avaliação Motora.

1. Motricidade fina: Habilidade para a realização de pequenos movimentos,

empregando pouca força e com grande precisão ou velocidade ou o

conjunto das duas objetivando a execução bem sucedida pelas mãos e

pés. No desenvolvimento dessa habilidade, é indispensável a

coordenação viso motora, que pode ser observada em atividades

simples da rotina escolar: escrever, desenhar, pintar, recortar, em que o

aluno precisa coordenar o objeto, olho e mão.

2. Motricidade global: Capacidade em realizar seus gestos, atitudes,

deslocamentos sabendo como irá fazer suas tarefas diárias. Deve-se

respeitar a individualidade no processo do desenvolvimento dessa

habilidade.

3. Equilíbrio: É o estado de um corpo que quando sofre várias forças

compensa neutralizando-as. O equilíbrio controla o tônus postural, seus

gestos, respiração. O equilíbrio é o principal segmento da motricidade,

tanto que, quando não se tem equilíbrio o movimento se torna mais

lento, exige maior consumo de energia resultando em fadiga muscular e

mental.

4. Imagem corporal: Representa para a criança uma reação ao equilíbrio

alcançado no relacionamento do organismo com o meio, fazendo com

que o esquema corporal um referencial para conservação da regulação

postural. A observação do desenvolvimento do esquema corporal na

área da educação é fundamental, pois através dessa habilidade a

criança consegue perceber a organização de si própria como ponto de

partida para descobrir novas possibilidades.

5. Organização espacial: Anos, meses, dias, horas, minutos e segundos

são as medidas de tempo mais utilizadas e essa organização temporal

abrange variáveis relacionadas à duração e espaço de tempo de algum

24

fato que venha acontecer. Esse elemento psicomotor pode se percebido

a partir de um determinado som e o tempo em que ele se prolongou. A

duração é o tempo gasto na execução de uma ação sonora ou não.

6. Organização temporal: Abrange uma dimensão lógica, ou seja,

conhecimento da ordem e duração, acontecimentos que se sucedem

com intervalos. Uma dimensão convencional que seria o sistema cultural

de referencias, horas, dias, semanas, meses e anos e um aspecto de

vivencias que acontece antes dos outros dois, que seria percepção e

memória da sucessão e da duração dos acontecimentos. A percepção

de tempo muda de forma progressiva como a idade cronológica.

7. Lateralidade: É a preferência em utilizar uma das partes simétricas do

corpo e está em função de uma predominância de um dos hemisférios

do cérebro e da organização do ato motor, o que dará suporte na

aprendizagem ao longo da vida da criança quando se defrontar-se com

seu meio.

A psicomotricidade é fundamental para o desenvolvimento da criança,

uma vez que analisa as habilidades, o relacionamento, a formulação de

estratégias e estruturas mentais, condições de realiza vários movimentos e

auxilia no desenvolvimento da leitura e escrita. Por muitas vezes as

dificuldades de escrita estão relacionadas a disfunções psicomotoras, pois

nessa área de aprendizagem precisa-se de um desenvolvimento adequado na

parte motora, como coordenação, esquema corporal, organização espaço-

temporal e discriminação auditiva e visual. O desenvolvimento motor é

determinado pelo meio social e biológico, ocorrendo mudanças nesse

processo, e a escola é o melhor lugar para a criança desenvolver a parte

motora.

Deve-se dar uma atenção especial por parte do professor de educação

física às crianças da educação infantil, incentivando de todas as formas de

expressão, em favorecer no decorrer das atividades as experiências

relacionadas à relação das crianças entre si para atraí-las gradativamente à

cooperação, propiciando o desenvolvimento harmonioso dos componentes

afetivos, corporais e intelectuais da personalidade da criança. Le Boulch (2001)

25

afirma que os movimentos espontâneos dependem das experiências vividas

anteriormente, mesmo não sendo pensadas, pois não se trata de uma memória

intelectual, mas de uma verdadeira memória corporal. Por tal motivo, o

professor de educação física tem um papel importante e fundamental, pois o

mesmo será o mediador do processo de ensino/aprendizagem e que no

momento certo fará suas intervenções mediante dificuldades encontradas por

seus alunos. Sendo assim pode-se observar a importância e necessidade das

atividades psicomotoras nas aulas de educação física, auxiliando e

estimulando no desenvolvimento das funções motoras dos alunos durante as

práticas de jogos infantis e unindo a criatividade do professor.

26

CAPÍTULO III

BENEFÍCIOS DAS ATIVIDADES PSICOMOTORAS

NAS CRIANÇAS DE 4 E 5 ANOS

A brincadeira é uma necessidade básica assim como a alimentação, a

saúde, o descanso, brincar ajuda a criança no seu desenvolvimento físico,

afetivo, intelectual e social, pois é através das brincadeiras que a criança forma

conceitos, relaciona ideias, organiza relações lógicas, desenvolve expressão

oral e corporal, diminui a agressividade, inclui-se na sociedade e constrói seu

próprio conhecimento. A educação infantil tem um papel muito importante,

como a primeira etapa na vida escolar da criança, que antecede ao ensino

fundamental, de grande importância no desenvolvimento infantil e para as

conquistas de aprendizagens futuras que a LDB, por meio da lei nº 12.796, de

2013, alterou o Art. 6º, obrigando os pais e responsáveis a matricular a criança

na educação básica a partir dos quatro anos de idade.

O desafio nesses novos tempos é estimular a criança da educação

infantil, não perdendo a ludicidade e levar à criança atividades adequadas a

idade e prazerosas, sempre respeitando a individualidade. A educação infantil

tem como objetivo o desenvolvimento global da criança em uma linguagem que

permita que as crianças produzam sobre o físico. Por isso, é de grande

importância abordar a psicomotricidade nessa etapa, dando oportunidade para

que ela compreenda o seu corpo e as formas de expressar por meio dele,

localizando-se no tempo e no espaço. É através do corpo que a criança

descobre o mundo, explorando situações, experimentando sensações,

expressando-se, identificando-se e as que a cerca. Á medida em que a criança

se desenvolve e quanto mais o meio proporcionar condições, vai-se ampliando

suas percepções e controlando seu corpo. Segundo Mello (1993), nos jogos

infantis, quando preparados com muita criatividade mobilizam várias funções

psicomotoras, que estão relacionadas à fase dos movimentos fundamentais,

27

período pelo qual a criança está motivada para práticas relacionadas às

capacidades motoras do seu corpo.

O significado, nessa primeira fase da vida, depende, mais que em qualquer outra, da ação corporal. Entre os sinais gráficos de uma linguagem escrita e o mundo concreto, existe um mediados, as vezes esquecido, que é a ação corporal.

(Freire, 2010)

Os jogos e exercícios corporais oferecidos de maneira integradora e

harmoniosa auxiliam para que a criança alcance coordenação psicomotora,

tenha consciência e domínio do corpo, ajustando os gestos e movimentos,

apropriação do esquema corporal, aumente as discriminações perceptivas,

desenvolva a integração de espaço e tempo pessoal. O ser humano está

constantemente aprendendo, no qual as experiências da vida são atos

reeducativos. Essas experiências são importantíssimas nos primeiros anos de

vida, pois o aprender e o desenvolver ocorrem em ritmo mais acelerado, uma

vez que quase tudo que acontece é novidade (Freire, 2010). Para Le Boulch

(1987) a educação pelo movimento tem como objetivo contribuir para o

desenvolvimento psicomotor da criança, da qual depende ao mesmo tempo, a

evolução de sua personalidade e o sucesso escolar. Percebe-se então a

contribuição da psicomotricidade também no processo de aprendizagem da

leitura e escrita como também na matemática, é uma preparação para a vida

da criança. Le Boulch (1987) afirma que a educação psicomotora na idade

escolar deve se uma experiência ativa de confrontação com o meio, antes de

tudo. Dessa forma, esse ensino segue a possibilidade de uma verdadeira

preparação para a vida escolar. A psicomotricidade é necessária na prevenção

de problemas de coordenação motora e orientação no espaço em que vivem,

visando o máximo potencial dos alunos. A criança deve iniciar desde cedo a

controlar seu próprio corpo, saber usar braços e pernas, aprender se direcionar

para a direita e esquerda, aprender a organizar suas percepções e atenção,

dominar as noções de tempo, conhecer e repeitar o outro.

28

Le Boulch (1982) citado por Almeida (2010) defende que a educação

psicomotora deve ser considerada como educação de base da escola primária.

Ela condiciona todos os aprendizados pré-escolares; leva a criança a tomar

consciência de seu corpo, da lateralidade, a situar-se no espaço, a dominar o

tempo, a adquirir habilmente a coordenação de seus gestos e movimentos. A

educação psicomotora deve ser praticada desde a mais tenra idade; conduzida

com perseverança, permite prevenir inadaptações, difíceis de corrigir quando já

estruturadas. A educação psicomotora quando bem aplicada consegue trazer

muitos benefícios às crianças da educação infantil.

Pode-se citar alguns benefícios que as atividades psicomotoras podem

promover em crianças de 4 e 5 anos. É através do equilíbrio que a criança

começa se movimentar, dar seus primeiros passos e a explorar e interagir com

tudo a sua volta e na medida que ela cresce o equilíbrio torna-se cada vez

mais importante para sustentar o corpo. Alves (2012) define dois tipos de

equilibração, estático e dinâmico: Equilíbrio dinâmico: movimentos

locomotores, como andar em marcha normal sobre uma linha pré-determinada.

Equilíbrio estático: movimentos não locomotores, como ficar em pé, apenas

com a ponta dos pés tocando o solo. É muito importante que a escola estimule

as habilidades motoras para o desenvolvimento dos movimentos mais

complexos.

A coordenação motora ampla deve ser desenvolvida previamente na

educação infantil. Esse trabalho vai aperfeiçoar os movimentos dos membros

superiores e inferiores, construindo uma grande organização corporal. Quando

a criança consegue acompanhar um ritmo, uma atividade física e possuí

equilíbrio ela estará desenvolvendo uma coordenação motora global. A

coordenação motora fina estará auxiliando nas atividades com grande

importância entre mãos e olhos, atividades que são executadas com o auxilio

das mãos e dedos. Almeida (2010) afirma que quando uma criança desenvolve

uma boa coordenação motora fina, ela também apresentará uma boa

tonicidade muscular nos membros inferiores e superiores. É a boa

coordenação motora fina que vai permitir o desenvolvimento de um bom

traçado de letra.

29

“A coordenação viso-manual e o aperfeiçoamento da motricidade fina da mão e dos dedos se dá a partir da organização das reações combinadas dos olhos e da mão dominante. Ela começa no primeiro ano e só se completa no final da escolaridade primária. No período pré-escolar, o desenvolvimento global far-se-á durante as atividades práxicas escolhidas para desenvolver a destreza e a coordenação fina; por meio da prática de expressão gráfica e do desenho, desenvolve-se, ao mesmo tempo, a função simbólica.” (Le Boulch 1982 apud Almeida 2010)

As atividades psicomotoras também irão facilitar o desenvolvimento das

percepções espaciais. Não é possível que o desenvolvimento das noções

espaciais sejam desenvolvidas em quatro paredes, somente na sala de aula

com atividades em papel ou na quadra de esportes, é preciso mais,

proporcionar experiências novas em novos ambientes. A escola precisa

propiciar esta condição, dando oportunidade da criança desenvolver sua

autonomia no ambiente escolar. Segundo Almeida (2010), A falta de uma boa

dominância espacial leva a criança a ter problemas com localização na escola,

bairro e também problemas de localização em mapas e trocas de letras de lado

(letras espelhadas), pois ela não consegue relacionar o traço à direção dele. É

muito importante que o profissional trabalhe atividades de percepção espacial

com a criança mais de uma vez, tendo em vista que essa aprendizagem não se

acontece tão rapidamente.

Para a criança é muito difícil dominar a noção de tempo, dada a

dificuldade de separar o tempo real do tempo da fantasia. As noções e domínio

de tempo irão contribuir para a criança organização da narração no momento

em que ouve uma história. Também desenvolve hábitos do cotidiano na escola

como a rotina escolar, hora de ouvir historia, do lanche, do descanso, e a rotina

diária com dormir, tomar banho, almoçar, jantar e muitas outras atividades que

acontecem em função do tempo. A noção de tempo da criança acontece de

duas maneiras: o agora e o muito depois. “O agora é aquilo que ela está

vivendo e o muito depois é aquilo que pode acontecer, mas este acontecimento

não dependerá de absolutamente nada da parte dela” (Almeida 2010 p. 94).

Também, uma grande vantagem das atividades psicomotoras é no

desenvolvimento da seriação e classificação. A criança irá saber seu lugar e

30

dos amigos na fila, mais baixo e mais alto, a classificação de quem chegou

primeiro em determinada atividade, acompanhar o calendário, preparando para

a alfabetização quando ela irá colocar em ordem as letras para escrever uma

palavra, a contagem dos números, a organização de conjuntos e outras

atividades.

As percepções dos sentidos como a visão, audição, paladar, olfato e tato

são muito importantes no cotidiano das crianças. As percepções irão auxilia as

crianças a reconhecer o mundo das cores, sons, sabores, cheiros e texturas. A

psicomotricidade pode atuar com trabalhos de estimulação através de cantigas

de roda, teatro, tapetes sensoriais, experimentos com vários tipos de cheiros e

sabores e infinitas atividades que podem ser trabalhadas no ambiente escolar.

A criança aprende por meio de experiências vividas e quando não acontece

não podemos cobrá-las por não gostar deste ou daquele alimento, deste ou

daquele tipo de música.

Para Le Boulch (apud Almeida, 2010), a lateralidade é a função da

dominância, tendo um dos hemisférios a iniciativa da organização do ato motor,

que incidirá no aprendizado e na consolidação das práxias. Poder olhar para

todas as direções e agir com a mínima coordenação e equilíbrio, tendo noção

do espaço é o trabalho de lateralidade, que será construída gradativamente.

Sabe-se que a criança durante o processo escolar, poderá mudar de mão da

esquerda para a direita normalmente, pois ela estará se testando, portanto

devemos trabalhar respeitando a individualidade de cada criança. Ela poderá

compreender que será muito proveitoso à sua vida poder realizar vários

movimentos juntos e em lados opostos. A lateralidade está relacionada à

predominância de um hemisfério cerebral obre o outro. Quando ocorre a

dominância do esquerdo sobre o direito, temos o individuo destro; quando

ocorre a dominância do hemisfério direito sobre o esquerdo, temos o individuo

canhoto ou sinistro; quando não existe predomínio claro e se usa

discretamente os dois lados, temos o ambidestro (Alves 2012)

31

O movimento e a mente não são duas realidades distintas, pois até para

se pensar implica em uma atitude e para todo movimento implica uma vivencia

cerebral. Segundo Fonseca (1995) a psicomotricidade visa privilegiar a

qualidade da relação afetiva, a mediatização, a disponibilidade tõnica, a

segurança gravitacional e o controle postural, a noção do corpo, sua

lateralização e direcionalidade e a planificação práxia, enquanto componentes

essenciais e globais da aprendizagem e do seu ato mental concomitante nela,

o corpo e a motricidade. É fundamental que as atividades lúdicas, realizadas

através de atividades psicomotoras, colaborando para o desenvolvimento

integral da criança e para que ela possa sedimentar bem esses pré-requisitos,

importantes também para a sua vida escolar.

Vale a pena ressaltar que as descobertas em grupo podem ser muito

agradáveis e proveitosas para as crianças, pois poderão compartilhar o que

descobrirem e ajudar os amigos em suas dificuldades.

32

CONCLUSÃO

Com o desenvolvimento deste estudo, podemos constatar como a

psicomotricidade tem influencia no desenvolvimento motor, afetivo e social da

criança. Atualmente a escola é um agente motivador do desenvolvimento

infantil. Ao chegar à escola a criança começa a se reconhecer como um ser

individual, que precisa aprender a conviver em grupo, respeitando regras,

testando seus limites e quando apreende essa compreensão fica mais fácil

associar as regras da vida social. Deixam de ser o centro das atenções, pois

agora seu ciclo social aumenta com o novo grupo de pessoas que vai passar

seus dias com vivências novas.

As atividades psicomotoras conseguem agrupar experiências sensoriais,

motoras, afetivas e sociais cheias de significados, sabendo que o

desenvolvimento não é igual para todas as crianças e precisa-se respeitar e

explorar cada fase do desenvolvimento infantil individualmente. A

psicomotricidade precisa fazer parte da educação infantil com o papel

preventivo na formação de base, oportunizando através de jogos e brincadeiras

a conscientização do seu corpo. O ato de brincar desenvolve um vasto

repertório de vivencias concretas, e o auxiliará em seu universo simbólico a

estruturar na linguagem o processo de aprendizagem.

A psicomotricidade é muito mais que realizar movimentos com o corpo

de maneira isolada, faz-se necessário uma integração entre o corpo, o

cognitivo e o afetivo, tais aspectos colaboram para o desenvolvimento global da

criança, auxiliando no processo de alfabetização prevenindo possíveis

dificuldades escolares. As atividades psicomotoras não podem ser realizadas

de forma repetitiva e mecânica, devem ser contextualizadas de forma

prazerosa que estimulem uma aprendizagem tranquila sem pressão e

frustração, associando as estruturas cognitivas e afetivas.

33

REFERÊNCIAS

BIBLIOGRÁFICAS

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ATIVIDADES LÚDICAS, EXPRESSÃO CORPORAL E BRINCADEIRAS

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ALVES, F. PSICOMOTRICIDADE: CORPO, AÇÃO E EMOÇÃO. 5ª ed. Rio de

Janeiro: Wak, 2012.

ANTUNES, C. EDUCAÇÃO INFANTIL – PRIORIDADE IMPRESCINDÍVEL. 2.

ed. Petrópolis: Vozes, 2004.

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Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm>. Acesso em

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BOULCH, L. EDUCAÇÃO PSICOMOTORA – A PSICOCINÉTICA NA IDADE

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BOULCH, J. L. O DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR: DO NASCIMENTO

ATÉ 6 ANOS. Porto Alegre: Artes Médicas, 3ª. Ed., 1982

FREIRE, J. B. EDUCAÇÃO DE CORPO INTEIRO – TEORIA E PRÁTICA DA

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FONSECA, V. da. MANUAL DE OBSERVAÇÃO PSICOMOTORA:

SIGNIFICAÇÃO PSICONEUROLÓGICA DOS FATORES PSICOMOTORES.

Porto Alegre: Artes Médicas, 1995.

34

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CONSTRUÇÃO PSICOPEDAGÓGICA (online). 2010, vol.18, n. 17, PP.45-52.

ISSN1415-6054. Disponível em:

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MELLO, A.M. de. PSICOMOTRICIDADE, EDUCAÇÃO FÍSICA E JOGOS

INFANTIS. 2. ed. São Paulo: Ibrasa, 1993.

NETO, R. F. MANUAL DE AVALIAÇÃO MOTORA. Porto Alegre: Artmed, 2002.

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RIZZO, G. EDUCAÇÃO PRÉ-ESCOLAR. 3. ed. Rio de Janeiro: Francisco

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WALLON, H. AS ETAPAS DA SOCIALIZAÇÃO DA CRIANÇA. Lisboa, 1953.

Disponível em: < http://revistaescola.abril.com.br/formacao/jean-piaget-428139.shtml?page=1>. Acesso em: 13 de maio de 2015. VYGOTSKY, L. S. A FORMAÇÃO SOCIAL DA MENTE. Rio de Janeiro: Martins Fontes, 1996.

35

INDICE

FOLHA DE ROSTO ...................................................................................... 2

AGRADECIMENTO ..................................................................................... 3

DEDICATÓRIA ............................................................................................ 4

RESUMO ...................................................................................................... 5

METODOLOGIA ........................................................................................... 6

SUMÁRIO ..................................................................................................... 7

INTRODUÇÃO ............................................................................................. 8

CAPÍTULO I

DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA DE 4 E 5 ANOS ................................12

CAPÍTULO II

OBJETIVOS DA PSICOMOTRICIDADE EM

CRIANÇAS DE 4 E 5 ANOS ........................................................................ 18

CAPITULO III

BENEFÍCIOS DAS ATIVIDADES PSICOMOTORAS

NAS CRIANÇAS DE 4 E 5 ANOS ............................................................... 26

CONCLUSÃO .............................................................................................. 32

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................. 33

ÍNDICE ......................................................................................................... 35