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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
A influência da Psicomotricidade no desenvolvimento de
crianças com 4 e 5 anos idades da educação infantil
Por: Raquel Gonçalves Gomes Silva
Orientador
Profa Me. Fátima Alves
Rio de Janeiro
2015
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UTORAL
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
A influência da Psicomotricidade no desenvolvimento de
crianças com 4 e 5 anos idades da educação infantil
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do
grau de especialista em Psicomotricidade
Por: Raquel Gonçalves Gomes Silva
Rio de Janeiro
2015
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus em primeiro lugar por seu infinito amor e pela sua
misericórdia.
. Ao meu pai Isaias (in memória) que sempre me orientou e ajudou em
minhas escolhas e minha mãe Eulália que nunca mediu esforços para que eu
pudesse conquistar mais uma etapa em minha vida.
À minha irmã Rívia, pelo incentivo e ajuda.
Ao meu marido Marcelo pelo apoio a todo o momento.
À minha filha Nicole pela paciência e compreensão nos momentos que
não pude lhe dar atenção.
À professora Fátima Alves pela paciência e dedicação na realização deste trabalho.
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho à minha família; aos meus pais Isaias (in memória) e
Eulália, a minha irmã Rívia, ao meu marido Marcelo e minha filha Nicole,
presente de Deus as nossas vidas.
Obrigada por se fazerem tão presente.
RESUMO
Quando a criança começa sua vida escolar encontra um novo mundo, diferente
daquele que ela estava acostumada com sua família. Agora ela irá descobrir
muitas coisas e essa descoberta terá a companhia de seus colegas. A
atividade psicomotora na educação infantil surge como agente de socialização
e aprendizagem, tendo em vista que é neste momento em que as funções
psicomotoras começam a se desenvolver. Este estudo pretende pesquisar os
benefícios e importância das atividades psicomotoras em crianças de 4 e 5
anos da educação infantil nas aulas de educação física, analisando as etapas
de desenvolvimento das crianças nessa faixa etária, compreendendo suas
necessidades e entendendo como a psicomotricidade poderá auxiliar em suas
formações futuras.
Palavras-chave: Psicomotricidade, educação infantil, atividades psicomotoras.
METODOLOGIA
Para atingir o objetivo dessa pesquisa, utilizou-se uma busca por
referências bibliográficas através de livros e sites específicos para a construção
do campo teórico com relação às atividades psicomotoras em crianças de 4 e 5
anos da educação infantil. Lakatos & Marconi (2006) referem-se à pesquisa
bibliográfica como todo material bibliográfico já tornado público, tendo relação
com o tema que se está estudando, sendo que a sua finalidade é colocar o
pesquisador em contato direto com o que já foi escrito.
Com este tipo de pesquisa existe a possibilidade de atualização do
pesquisador desafiando a ter o domínio de determinada área do conhecimento,
pois é através de uma produção de análise teórica que permite ao pesquisador
alcançar conhecimentos muito mais amplos.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ............................................................................................. 8
CAPÍTULO I
DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA DE 4 E 5 ANOS ................................ 12
CAPÍTULO II
BJETIVOS DA PSICOMOTRICIDADE EM
CRIANÇAS DE 4 E 5 ANOS .........................................................................18
CAPITULO III
BENEFÍCIOS DAS ATIVIDADES PSICOMOTORAS
NAS CRIANÇAS DE 4 E 5 ANOS ................................................................ 26
CONCLUSÃO ............................................................................................... 32
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................. 33
ÍNDICE ......................................................................................................... 35
INTRODUÇÃO
Enerst Dupré, um neurologista francês que em 1909, deu partida à
psicomotricidade. Ele criou o termo psicomotricidade juntando o movimento, o
pensamento e a afetividade. Psicomotricidade é pensar antes de agir,
envolvendo a emoção. A psicomotricidade é reconhecida como uma ciência
que está relacionada com vários outros campos de pesquisa e que tem objetivo
o desenvolvimento infantil.
Por tratar de uma relação entre o homem, seu corpo e o meio físico e sócio cultural no qual convive, a psicomotricidade é fundamental e estudada por um amplo conjunto de campos científicos, onde se pode destacar a neurofisiologia, psiquiatria, psicologia e a educação, imprimindo cada uma dessas áreas enfoques que lhe são específicos. (Mello, 1993)
Tempos atrás a pré-escola era compreendida como um lugar de
preparação para a escola. Atualmente denomina-se educação infantil, tendo
como objetivo a escolarização das crianças e que Freire (2010) chama de
primeira infância, período em que a criança vive intensamente. Nesse momento
a criança ainda não tem o domínio do tempo, contagem dos dias e horas. Ela
ainda vive o imaginário, seu próprio mundo, centrada nela mesma e
gradativamente começa a perceber que existe o outro e que pode também
brincar com o outro.
A escola tem um papel fundamental na iniciação da atividade corporal na
vida da criança e as atividades psicomotoras auxiliam no desenvolvimento
global do indivíduo, fazendo com que ele explore seu corpo e comece a
interação com outras crianças e o novo ambiente que agora ela começará a
passar parte de seu tempo. Também começam a estabelecer os limites, o
respeito ao outro e as regras que a partir de então deverão seguir.
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A primeira infância, dependendo da qualidade do meio e das pessoas
que rodeiam a criança, que tem influência determinante na orientação do
temperamento e da personalidade, pois, é através das relações com os outros
que o ser se descobre, e a personalidade se constrói pouco a pouco. Assim Le
Boulche (1982), afirma que os aspectos relacionais dentro de um grupo social,
ou seja, em sua relação humana, reflete-se diretamente no desenvolvimento
funcional humano.
O estudo busca uma reflexão sobre a importância das atividades
psicomotoras com crianças de quatro e cinco anos na educação infantil que
almejam um desenvolvimento harmonioso da criança e que concebem o
movimento de forma integrada aos aspectos afetivos e sociais. Será dividido
em três capítulos.
No primeiro capitulo estaremos abordando etapas do desenvolvimento
da criança na faixa etária de 4 e 5 anos. Essa fase compreende segundo
Piaget ao período pré-operatório o aparecimento da linguagem, ou seja, o
aparecimento da função simbólica, ocorrendo modificações de valor nos
aspectos cognitivos sociais e afetivos da criança. Para Wallon esse período da
infância deu o nome de personalismo, é o estágio em que está voltado para a
pessoa, para construção da personalidade e o enriquecimento do eu, a
exploração de si mesmo, identificando a diferença de si e os outros. Segundo
Le Boulch (1987, p. 16) “Quando a criança, auxiliada pela experiência do
espelho, já estabeleceu relação e sente ao nível de seu corpo e a imagem
espetacular, revela sua primeira personalidade.” Sua imagem se tornará
referência a partir do momento que ele se situar nos detalhes, facilitado pelas
suas vivencias.
Vygotskt acreditava que a experiência social na vida da criança tinha
muito valor no desenvolvimento cognitivo, que segundo ele há uma zona de
desenvolvimento proximal que é definida pelas funções que ainda não estão
maduras e sim em processo de maturação.
No segundo capítulo estaremos abordando os objetivos da
psicomotricidade em crianças de 4 e 5 anos. A psicomotricidade pode atuar em
três áreas: Reeducação psicomotora; Terapia psicomotora e Educação
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psicomotora que iremos nos aprofundar. A educação psicomotora é dirigida as
crianças integrantes da educação infantil e básica. Através de várias atividades
incluindo exercícios e jogos, propondo experiências que produzam a adequada
estimulação, pode-se promover o completo desenvolvimento físico, mental,
afetivo e social que são responsáveis pelos inúmeros esquemas que serão
transferidos às situações vivenciadas no futuro. Faz-se necessário que na
educação infantil seja estimulado todo o momento as percepções e os
movimentos. Rizzo (1985) refere-se à criança como um ser vivo, em alerta e as
atividades planejadas precisam propiciar o desenvolvimento psicomotor e não
podem ignorar o fato de que podem ser realizadas positivamente ou
negativamente, ou seja, se as atividades forem de sua escolha e livre a
expressão ela estará desenvolvendo atitudes de iniciativa, responsabilidade e
criatividade, mas se a atividade for de cobrir pontinhos, seguir linhas ou áreas
pré-determinadas ela estará apenas limitando sua imaginação e desperdiçando
tempo de crescimento.
No terceiro capítulo estaremos abordando os benefícios das atividades
psicomotoras nas crianças de 4 e 5 anos. A psicomotricidade pode reunir
experiências sensoriais, afetiva, motoras e sociais. A escola é um importante
motivador do desenvolvimento infantil e quando incluímos atividades
psicomotoras, temos como resultado os benefícios da motricidade,
autoconhecimento e a ajuda na vivencia em grupo entre outros. O
desenvolvimento psicomotor são ações integradas e assim devem ser
mantidas também as atividades a apresentadas as crianças.
Para Mello (1987, p.31) “os componentes de ordem cognitiva, afetiva e
social acompanham o ato motor, e é diante de um quadro com essas
dimensões que a Psicomotricidade deve atuar.” A criança deve vivenciar os
estímulos motores e seu raciocínio lógico e ao mesmo tempo uma relação com
outras crianças através das atividades que, portanto, possui implicações
afetivas e sociais.
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A educação psicomotora deve ser considerada como uma educação de base na escola primaria. Ela condiciona todos os aprendizados pré-escolares e escolares: leva a criança a tomar consciência de seu corpo, da lateralidade, a situar-se no espaço, a dominar o tempo, adquirir habitualmente a coordenação de seus gestos e movimentos. (Le Boulch, 1982)
Nas aulas de educação física na educação infantil é fundamental
utilização da psicomotricidade, pois ela oferece a criança o conhecimento de
seu próprio corpo, estabelecendo uma relação com o meio que a cerca,
dominando seu comportamento nos diferentes aspectos, motor, cognitivo e
afetivo e também destacam os movimentos naturais da criança. O educador
que utiliza da psicomotricidade em suas aulas deve sempre colocar o caráter
lúdico para que a criança sinta-se mais animada a participar das aulas. Ele
deve, a partir desse conteúdo, induzir e desafiar seus alunos a realizarem
movimentos cada vez mais difíceis, estimulando-os e aumentando suas
capacidades de ultrapassarem novos obstáculos.
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CAPÍTULO I
DESENVOLVIMENTO DE CRIANÇAS DE 4 E 5 ANOS
Freire e Scaglia (2010) mencionam que nossa gestação é muito curta
em relação aos outros animais, e precisamos completá-la fora do útero
materno e nossa segunda gestação seria no útero cultural, ou seja, no meio em
que vivemos pelo o resto de nossas vidas.
Os primeiros anos de vida de uma criança são marcados por muitas
descobertas e transformações. Gradativamente a criança começa entender o
mundo em que vive e aprende a lidar consigo mesmo e com os outros. Nesse
período, brincar é a tarefa principal, é uma necessidade própria da infância. A
brincadeira pode contribui para formação de estruturas internas que estão
relacionados aos aspectos de desenvolvimento da criança. Em seu livro Brincar
para quê? Lima (2007) defende que a ideia de brincar faz parte do
desenvolvimento global da criança, dando vários suportes de aprendizagem.
Ao brincar a criança não está desenvolvendo apenas o aspecto motor, mas
também auxilia o desenvolvimento cognitivo e afetivo.
O ato de brincar tornou-se tão importante que não se prendeu apenas na
teoria, mas foi assegurada por lei, segundo o artigo 31 da Convenção dos
Direitos da Criança da ONU que diz: “Toda criança tem o direito ao descanso e
ao lazer, e a participar de atividades de jogo e recreação, apropriadas à sua
idade, e a participar livremente da vida cultural e das artes” (UNICEF, 1990).
Ao brincar a criança estará desenvolvendo sua habilidade motora grossa
quando salta, corre, rola e também a habilidade motora fina ao escovar os
dentes, fazer bolinhas de papel, usar a tesoura. É fundamental que as crianças
vivenciem brincadeiras livres e ativas. Conhecendo as fases do
desenvolvimento da criança é fundamental para observar e respeitar seus
limites para assim oferecer atividades para seu melhor desenvolvimento.
Para tanto muitos estudiosos se aprofundaram em descobrir e estudar o
desenvolvimento infantil. Neste capítulo estaremos analisando algumas teorias.
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O cientista suíço Jean Piaget (1896-1980), mesmo sem ser um
pedagogo, foi um dos pensadores que mais inspiraram a educação, sendo
atualmente utilizada sua teoria nas salas de aula, principalmente pelo seu
constante trabalho em compreender como se desenvolve a inteligência
humana e seu modo de confrontar a educação de crianças mostrando que elas
não pensam como os adultos, que elas constroem o próprio aprendizado.
Piaget estudou as concepções infantis de tempo, espaço, causalidade
física, movimento e velocidade, Piaget criou um campo de investigação que
denominou epistemologia genética, uma teoria do conhecimento focado no
desenvolvimento natural da criança, concordando com a ideia de Kant que o
conhecimento vem da interação do sujeito com o meio, mas foi além, afirmando
que o desenvolvimento das estruturas mentais se inicia no nascimento, quando
o indivíduo começa o processo de troca com o universo ao seu redor.
Para Piaget as crianças não raciocinam como os adultos, apenas
progressivamente se incluem nas regras, valores e símbolos da maturidade
psicológica. Essa inclusão se dá mediante os seguintes mecanismos:
assimilação, acomodação e equilibração.
Segundo Piaget (1996, p.13) “a assimilação é uma integração às
estruturas prévias, que podem permanecer invariáveis ou são mais ou menos
modificadas por esta própria integração, mas sem serem destruídas, mas
simplesmente acomodando-se à nova situação”. Na assimilação o sujeito
integra um novo dado do mundo exterior aos esquemas mentais preexistentes,
ou seja, quando a criança tem novas experiências , vendo ou ouvindo coisas
novas, e tenta adaptar esses novos estímulos às estruturas cognitivas
existentes. Piaget (1996) define acomodação como toda modificação dos
esquemas de assimilação sob a influência de situações exteriores aos quais se
aplicam. Então a acomodação ocorre quando a criança consegue incorporar
um novo estímulo. Quando ocorre a acomodação a criança pode tentar
assimilar o estimulo novamente, e uma vez alterada a estrutura cognitiva, o
estímulo é prontamente apreendido.
Para Piaget a criança passa por quatro estágios, desde o nascimento
até o início da adolescência, quando a capacidade de raciocínio é atingida. De
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uma forma geral, todos experimentam esses quatro estágios, porém o começo
e o fim podem sofrer mudanças em função da individualidade e oferta de
estímulos no meio em que ele vive. Por esse motivo que a divisão nessas
faixas etárias é uma referência e não uma regra. Piaget dividiu os estágios da
seguinte maneira: Sensório-motor (0 a 2 anos), pré-operatório (2 a 7 anos),
operações concretas (7 a 11 ou 12 anos), operações formais (12 anos em
diante). Nosso estudo está focado nas crianças de 4 e 5 anos, então vamos
destacar o estágio pré-operacional.
Essa fase se caracteriza pela passagem do período sensório-motor para
o pré-operatório surgindo a capacidade de dominar a linguagem, ou seja, a
emergência da linguagem a representação do mundo por meio de símbolo. A
linguagem é considerada como uma necessidade, porém não suficiente ao
desenvolvimento, pois ainda faz-se necessário um trabalho de reorganização
da ação cognitiva que não é dado pela linguagem. A emergência da linguagem
causam modificações importantes em aspectos cognitivos, afetivos e sociais da
criança, já que facilitam as interações interindividuais e fornece a capacitação
em atribuir significados à realidade.
Henri Wallon (1879-1962) foi um médico, psicólogo e filósofo francês
que impressionou muito em seu tempo dizendo que o desenvolvimento
intelectual é muito além que um simples cérebro, que envolve mais que corpo
também envolve emoção. Segundo Wallon (1934) a criança deve se estudada
na continuação das etapas de desenvolvimento caracterizadas pelos domínios
funcionais da afetividade, do ato motor e do conhecimento, entendidos como
sendo desenvolvido especialmente pelo meio social. Para Wallon o
desenvolvimento da pessoa completa e integrada ao meio em que está,
necessitam também que seus aspectos afetivos, cognitivos e motor também
precisem estar integrados. A emoção tem papel de maior importância no
desenvolvimento da pessoa.
De acordo com Wallon (1934) o desenvolvimento humano se divide em
cinco etapas: impulso-emocional (primeiro ano de vida), sensório-motor e
projetivo (até os três anos), personalismo (três aos seis anos), categorial (seis
aos 11 anos), puberdade e adolescência (11 anos em diante). O estágio do
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personalismo compreende a fase da educação infantil, enfatizando as
características desse momento desenvolvimento da criança como meio de
ofertar aporte para a atuação do professor. A partir desse momento que a
escola e todos que estão envolvidos com a educação infantil saibam que todas
as suas ações terão consequência não somente no atual momento, mas
também futuramente. É portanto, nesse ocasião que a criança está mais
predisposta à formação de atitudes que podem ficar marcadas em seu
comportamento em relação ao meio. Nesse estágio desenvolve-se a
construção da consciência de si mediante as relações sociais reorientando o
interesse da criança pelas pessoas. De acordo com Wallon, na escola a
criança irá se diferenciar dos outros, descobrindo sua autonomia e sua
originalidade. O estágio do personalismo se divide em três períodos
perceptíveis, com o objetivo de tomar o “eu” mais diversificado e independente
que são eles: período da negação, da graça e da imitação. Começa na criança
uma atitude de autoafirmação, impondo sua visão pessoal e luta para
prevalecer sua opinião. È também nesse período que ela aprende a usar os
pronomes “eu”, “meu” e a palavra “não” e possessiva com objeto. No período
da graça, por vota dos quatro anos, a criança cria maneiras de chamar
atenção, ser o centro das atenções cujo objetivo é a aprovação de todos.
Destaca-se a oferta de atividades espontânea da criança como dança e
música. No terceiro e último período, da imitação, a criança com cinco anos, é
a idade que marca a reaproximação com o outro, manifesta a imitação, tornado
um papel significativo para a compreensão do mundo exterior, através da
interação social permitindo a construção do eu e as relações afetivas.
O psicólogo bielorrusso Lev Vygotsky (1896-1934) defende que o meio
social é fonte de desenvolvimento, oferecendo experiências e aprendizagem
resultados da interação da criança com a cultura do meio. Vygostsky
desenvolveu um conceito para explicar o valor da experiência social no
desenvolvimento cognitivo, segundo ele, existe uma zona de desenvolvimento
proximal que se refere a distancia entre o desenvolvimento atual, estabelecido
através da solução de problemas pela criança sem a ajuda de alguém mais
experiente e o nível de potencial de desenvolvimento avaliado através da
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solução de problemas. Para Vygostsky o desenvolvimento infantil é promovido
pela convivência social, pelo processo de socialização e pelas maturações
orgânicas, a aprendizagem acontece na medida em que se dá por processos
de internalização de conceitos, que são oferecidos pela aprendizagem social,
principalmente aquela planejada no meio escolar. A criança é reconhecida
como um ser pensante, com capacidade de relacionar sua ação à
representação de mundo que integram sua cultura, sendo a escola um espaço
de experiências, onde o processo ensino-aprendizagem envolve diretamente a
interação entre sujeitos. Essa interação pode ser melhor compreendida ao
analisar o conceito da zona de desenvolvimento proximal (ZDP), que Vygostsky
(1996) descreve como a distancia entre o nível de desenvolvimento real, ou
seja, nesse momento uma criança só consegue fazer com a ajuda de alguém,
um pouco mais adiante ela conseguirá fazer sozinha. São as aprendizagens
que o ocorrem na ZDP que fazem com que a criança desenvolva ainda mais. É
nesta zona de desenvolvimento próxima que a aprendizagem vai ocorrer e a
função do educador é favorecer esta aprendizagem, atuando como mediador
entre a criança e o mundo.
Para Vygotsky, o processo de aprendizagem deve ser olhado por uma ótica prospectiva, ou seja, não deve focalizar o que a criança aprendeu, mas sim o que ela está aprendendo. Em nossas práticas pedagógicas, sempre procuramos prever em que tal ou qual aprendizado poderá ser mais útil àquela criança, não somente no momento em que é ministrado, mas para além dele. É um processo constante na trajetória das crianças. As implicações desta relação entre ensino e aprendizagem para o ensino escolar estão no fato de que este ensino deve se concentrar no que a criança está aprendendo, e não no que já aprendeu. Vygotksy afirma esta hipóetes no seu conceito de zona de desenvolvimento proximal (ZDP).
(Creche Fiocruz, 2004)
Pode-se verificar que a educação infantil tem um papel muito importante
para a formação da personalidade da criança, já que estimula o
desenvolvimento de hábitos sociais, tais como cooperação, solidariedade,
companheirismo e também contribui para a formação do eu psíquico. É
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fundamental conhecer os estágios do desenvolvimento cognitivo, pois eles
fornecem indicadores para esclarecer a complexidade da situação atual de
desenvolvimento cognitivo que a criança se encontra.
As atividades na escola devem ser em grupo alternando com atividades
individuais, fazendo assim os revezamentos comuns nesse estágio
promovendo o desenvolvimento de mais recursos da personalidade. É
necessário muito empenho, dedicação e pesquisa para acompanhar as
mudanças e poder oferecer uma educação diferenciada.
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CAPÍTULO II
OBJETIVOS DA PSICOMOTRICIDADE EM CRIANÇAS
DE 4 E 5 ANOS
Quando a criança chega à escola em seu primeiro dia, encontra um
mundo ainda desconhecido. Nesse lugar ela é apresentada a outras crianças
que assim como ela, também se encontram com medo e inseguras. Esse novo
espaço também será o ambiente em que ela desenvolverá habilidades que
serão muito importantes para sua vida. A escola tem papel importante no
desenvolvimento psicomotor da criança, principalmente quando a educação
psicomotora for trabalhada desde a educação infantil, pois a criança busca
experiências em seu próprio corpo, formando conceitos e esquema corporal.
Na visão global da criança, a psicomotricidade se faz necessária como
prevenção de problemas de coordenação e orientação no espaço em que vive,
como meio de conseguir o máximo potencial da mesma, sendo assim, ela deve
começar desde cedo a controlar seu próprio corpo, equilibrando a respiração,
saber usar braços e pernas, aprender a se direcionar para a direita e esquerda,
saber organizar percepções e atenção, dominando as noções de tempo e
conhecer e respeitar o outro.
A educação psicomotora em crianças deve começar na formação de
base sendo indispensável em seu desenvolvimento motor, afetivo e cognitivo, e
através de jogos e brincadeiras tenham consciência do seu próprio corpo, a
psicomotricidade irá permitir essa compreensão possibilitando se expressar por
meio dele e localizando-se no tempo e no espaço. Rizzo (1985) se refere à
criança como um todo e indivisível, precisando ser respeitada, faz-se
necessário que toda criança passe por todas as etapas de desenvolvimento. A
ação educativa não deve estar baseada somente em teorias, mas também nas
relações afetivas. Ao viver em um ambiente que as compreendem, as crianças
se tornam mais autoconfiantes, por isso é fundamental que aluno e professor
tenham uma relação de qualidade.
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A educação infantil nos tempos atuais não é mais vista como
antigamente, quando a criança só ia à escola para brincar, entende-se hoje que
o processo de aprendizagem também se dá através da brincadeira com novas
descobertas cognitivas e importante relação que a criança estabelece com o
grupo. Com a Constituição Federal de 1998, a educação infantil em creches e
pré-escolas, passa a ser dever do Estado e direito da criança (Art. 208, inciso
IV). O MEC, também para orientar as escolas elaborou o Referencial Curricular
Nacional para a Educação Infantil onde está escrito:
Nesse processo, a educação poderá auxiliar o desenvolvimento das capacidades de apropriação e conhecimento das potencialidades corporais, afetivas, emocionais, estéticas e éticas, na perspectiva de contribuir para a formação de crianças felizes e saudáveis. (1998, volume 3, p.23)
Uma criança que participa de um jogo de amarelinha está vivenciando
estímulos motores, seu raciocínio lógico está sendo solicitado e está
experimentando ao mesmo tempo uma relação com as outras crianças e
portanto, possui implicações emocionais e sociais. Várias escolas vem
enfatizando a educação psicomotora e em outras fazem trabalhos relacionados
à recreação infantil, por meio de uma série de atividades, principalmente jogos
e exercícios, promovendo o completo desenvolvimento físico, mental e social.
Pode-se acrescentar que a falta de adequada estimulação no decorrer da
infância pode produzir inúmeras perturbações psicomotoras.
Pode-se dizer que a educação infantil poderia ser uma escola de
símbolos, de imaginação e fantasia. O desenvolvimento das funções simbólicas
de uma criança não se difere muito das funções motoras. Sabe-se que, durante
o período pré-verbal, uma criança forma todas as coordenações motoras de
que irá realizar até o fim de sua vida.
Assim como a criança brinca com
os conhecimentos de se arrastar, andar, pegar, lançar ou resmungar, ela, quando aprende a representá-los mentalmente, passa a jogar com isso.
(Freire e Scaglia 2010)
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Seja qual for a experiência proposta e o método elegido, o professor
deverá levar em consideração as funções psicomotoras que pretende reforçar
nos alunos, mesmo sabendo que qualquer exercício ou atividade, sempre será
associada uma função psicomotora a outras e ele deverá estar consciente do
que exatamente deseja.
A partir de uma revisão de literatura, Mello (1993) conseguiu chegar a
classificação de dez funções psicomotoras que podem ser trabalhadas na
psicomotricidade: 1) esquema corporal; 2) tônus da postura; 3) dissociação de
movimentos; 4) coordenações globais; 5) motricidade fina; 6) organização
temporal e espacial; 7) ritmo; 8) lateralidade; 9) equilíbrio; e 10) relaxamento,
este desdobrado em três características, 10.1) total; 10.2) diferencial e 10.3)
segmentar.
1. Esquema corporal. Compreende a imagem e o conceito do corpo e
suas partes.
2. Tônus da postura. É tensão do músculo pela qual as diversas
posições do corpo são mantidas corretamente se opondo às
modificações passivas dessas posições. É uma atividade primitiva e
permanente.
3. Dissociação de movimento. É a habilidade de especificar os
segmentos do corpo que tomam parte na execução de um gesto
intencional.
4. Coordenações globais (motricidade ampla). Para a execução de
movimentos amplos e voluntários mais ou menos difíceis,
abrangendo principalmente o trabalho de membros inferiores,
superiores e do tronco, em ação simultânea de grupos musculares
diferentes.
5. Motricidade fina. É o trabalho de maneira ordenada dos pequenos
músculos, incluindo principalmente atividades como manual e digital,
ocular, labial e lingual.
6. Organização espacial e temporal. Organização espacial é a
capacidade de se orientar em um espaço físico e de perceber a
relação de proximidade de coisas entre si, perto, longe, em cima, em
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baixo, dentro, fora, etc. A organização temporal é a capacidade de
relacionar ações a uma determinada dimensão do tempo, onde
sucessões de acontecimentos e de intervalo de tempo são
fundamentais.
7. Ritmo. É a organização específica, características e temporal de um
ato motor.
8. Lateralidade. É a capacidade de vivenciar as noções de direita e
esquerda no mundo exterior, diferente do conceito da dominância
lateral.
9. Equilíbrio. É a capacidade de se manter sobre uma superfície de
sustentação do corpo, combinando ações musculares e sob
influência de forças externas.
10. Relaxamento (10.1) total. Envolve todo o corpo envolvendo
processos psicológicos, onde o trabalho mental é determinante na
redução da tensão muscular. (10.2) diferencial. É a contração de
diferentes grupos musculares que não são necessários na execução
de determinado movimento. (10.3) É o relaxamento alcançado em
partes do corpo.
Para Fonseca (2010) educar é sinônimo de desenvolvimento,
compensação, aprendizagem, adaptabilidades de promoção e enriquecimento
de atitudes, habilidades, competências e capacidades, atingindo um estado
adaptativo e psicomotor ideal e por isso serve como objetivo para ser seguido
por qualquer indivíduo.
De acordo com Fonseca (1995) a psicomotricidade pretende privilegiar a
qualidade da relação afetiva, a mediatização, a disponibilidade tônica, a
segurança gravitacional e o controle postural, a noção do corpo, sua
lateralização e direcionalidade que são componentes importantes e globais da
aprendizagem e do seu ato mental concomitante nela, o corpo e a motricidade
O objeto da psicomotricidade é o estudo do homem através do seu
corpo em movimento e sua relação com o mundo interno e externo,
percebendo, atuando agindo com o outro, com os objetos e consigo mesmo.
Ainda segundo Fonseca (1995) os elementos básicos da psicomotricidade
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podem ser divididos em fatores, sendo que cada um tem sua função
determinada.
1. Esquema corporal: É a representação que a criança tem do seu próprio
corpo, é a tomada da consciência pela criança das possibilidades
motoras e de suas possibilidades de agir e de expressar-se.
2. Lateralidade: Naturalmente, durante o crescimento a criança vai
definindo sua dominância lateral: será mais forte, mais ágil do lado
direito ou esquerdo. A lateralidade corresponde a dados neurológicos,
mas também sofre influencia por certos hábitos sociais.
3. Estruturação espacial: É a orientação, a estruturação do mundo exterior
referindo-se primeiro ao seu eu referencial, depois a outros objetos ou
pessoas em posição estática ou movimento.
4. Orientação espacial: A criança domina os vários termos espaciais,
orienta-se, ou seja, pode virar-se, ir para frente, para trás, para direita,
para esquerda, pode ficar em fila, etc.
5. Orientação temporal: Noção te tempo curto e longo (uma hora, um
minuto), noções de ritmo regular e irregular (acelerar, frear), noções de
cadencia rápida e lenta (diferença entre corrida e o andar), noções de
ciclos: os dias da semana, os meses, as estações, caráter irreversível do
tempo: “já passou... você tem cinco anos... noção de envelhecimento
(plantas e pessoas).
6. Pré-escrita: O domínio do gesto, estruturação espacial e orientação
temporal são três fundamentos da escrita. A escrita supõe uma direção
gráfica. Escrevemos horizontalmente da esquerda para a direita, de
cima para baixo. Portanto os exercícios de pré-escrita e de grafismo são
necessários para a aprendizagem das letras e dos números. Sua
finalidade é fazer com que a criança alcance o domínio do gesto e do
instrumento, a percepção e a compreensão da imagem a reproduzir,
preparando para a escrita na lousa e no papel.
A educação psicomotora é uma educação global que, associando os potenciais intelectuais, afetivos, sociais e motores da criança, dá-lhe segurança, equilíbrio e permite
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o seu desenvolvimento, organizando corretamente as suas relações com os diferentes meios nos quais deve evoluir. (Le Boulch 2001)
Neto (2002) também relacionou alguns elementos básicos da
psicomotricidade em seu livro Manual de Avaliação Motora.
1. Motricidade fina: Habilidade para a realização de pequenos movimentos,
empregando pouca força e com grande precisão ou velocidade ou o
conjunto das duas objetivando a execução bem sucedida pelas mãos e
pés. No desenvolvimento dessa habilidade, é indispensável a
coordenação viso motora, que pode ser observada em atividades
simples da rotina escolar: escrever, desenhar, pintar, recortar, em que o
aluno precisa coordenar o objeto, olho e mão.
2. Motricidade global: Capacidade em realizar seus gestos, atitudes,
deslocamentos sabendo como irá fazer suas tarefas diárias. Deve-se
respeitar a individualidade no processo do desenvolvimento dessa
habilidade.
3. Equilíbrio: É o estado de um corpo que quando sofre várias forças
compensa neutralizando-as. O equilíbrio controla o tônus postural, seus
gestos, respiração. O equilíbrio é o principal segmento da motricidade,
tanto que, quando não se tem equilíbrio o movimento se torna mais
lento, exige maior consumo de energia resultando em fadiga muscular e
mental.
4. Imagem corporal: Representa para a criança uma reação ao equilíbrio
alcançado no relacionamento do organismo com o meio, fazendo com
que o esquema corporal um referencial para conservação da regulação
postural. A observação do desenvolvimento do esquema corporal na
área da educação é fundamental, pois através dessa habilidade a
criança consegue perceber a organização de si própria como ponto de
partida para descobrir novas possibilidades.
5. Organização espacial: Anos, meses, dias, horas, minutos e segundos
são as medidas de tempo mais utilizadas e essa organização temporal
abrange variáveis relacionadas à duração e espaço de tempo de algum
24
fato que venha acontecer. Esse elemento psicomotor pode se percebido
a partir de um determinado som e o tempo em que ele se prolongou. A
duração é o tempo gasto na execução de uma ação sonora ou não.
6. Organização temporal: Abrange uma dimensão lógica, ou seja,
conhecimento da ordem e duração, acontecimentos que se sucedem
com intervalos. Uma dimensão convencional que seria o sistema cultural
de referencias, horas, dias, semanas, meses e anos e um aspecto de
vivencias que acontece antes dos outros dois, que seria percepção e
memória da sucessão e da duração dos acontecimentos. A percepção
de tempo muda de forma progressiva como a idade cronológica.
7. Lateralidade: É a preferência em utilizar uma das partes simétricas do
corpo e está em função de uma predominância de um dos hemisférios
do cérebro e da organização do ato motor, o que dará suporte na
aprendizagem ao longo da vida da criança quando se defrontar-se com
seu meio.
A psicomotricidade é fundamental para o desenvolvimento da criança,
uma vez que analisa as habilidades, o relacionamento, a formulação de
estratégias e estruturas mentais, condições de realiza vários movimentos e
auxilia no desenvolvimento da leitura e escrita. Por muitas vezes as
dificuldades de escrita estão relacionadas a disfunções psicomotoras, pois
nessa área de aprendizagem precisa-se de um desenvolvimento adequado na
parte motora, como coordenação, esquema corporal, organização espaço-
temporal e discriminação auditiva e visual. O desenvolvimento motor é
determinado pelo meio social e biológico, ocorrendo mudanças nesse
processo, e a escola é o melhor lugar para a criança desenvolver a parte
motora.
Deve-se dar uma atenção especial por parte do professor de educação
física às crianças da educação infantil, incentivando de todas as formas de
expressão, em favorecer no decorrer das atividades as experiências
relacionadas à relação das crianças entre si para atraí-las gradativamente à
cooperação, propiciando o desenvolvimento harmonioso dos componentes
afetivos, corporais e intelectuais da personalidade da criança. Le Boulch (2001)
25
afirma que os movimentos espontâneos dependem das experiências vividas
anteriormente, mesmo não sendo pensadas, pois não se trata de uma memória
intelectual, mas de uma verdadeira memória corporal. Por tal motivo, o
professor de educação física tem um papel importante e fundamental, pois o
mesmo será o mediador do processo de ensino/aprendizagem e que no
momento certo fará suas intervenções mediante dificuldades encontradas por
seus alunos. Sendo assim pode-se observar a importância e necessidade das
atividades psicomotoras nas aulas de educação física, auxiliando e
estimulando no desenvolvimento das funções motoras dos alunos durante as
práticas de jogos infantis e unindo a criatividade do professor.
26
CAPÍTULO III
BENEFÍCIOS DAS ATIVIDADES PSICOMOTORAS
NAS CRIANÇAS DE 4 E 5 ANOS
A brincadeira é uma necessidade básica assim como a alimentação, a
saúde, o descanso, brincar ajuda a criança no seu desenvolvimento físico,
afetivo, intelectual e social, pois é através das brincadeiras que a criança forma
conceitos, relaciona ideias, organiza relações lógicas, desenvolve expressão
oral e corporal, diminui a agressividade, inclui-se na sociedade e constrói seu
próprio conhecimento. A educação infantil tem um papel muito importante,
como a primeira etapa na vida escolar da criança, que antecede ao ensino
fundamental, de grande importância no desenvolvimento infantil e para as
conquistas de aprendizagens futuras que a LDB, por meio da lei nº 12.796, de
2013, alterou o Art. 6º, obrigando os pais e responsáveis a matricular a criança
na educação básica a partir dos quatro anos de idade.
O desafio nesses novos tempos é estimular a criança da educação
infantil, não perdendo a ludicidade e levar à criança atividades adequadas a
idade e prazerosas, sempre respeitando a individualidade. A educação infantil
tem como objetivo o desenvolvimento global da criança em uma linguagem que
permita que as crianças produzam sobre o físico. Por isso, é de grande
importância abordar a psicomotricidade nessa etapa, dando oportunidade para
que ela compreenda o seu corpo e as formas de expressar por meio dele,
localizando-se no tempo e no espaço. É através do corpo que a criança
descobre o mundo, explorando situações, experimentando sensações,
expressando-se, identificando-se e as que a cerca. Á medida em que a criança
se desenvolve e quanto mais o meio proporcionar condições, vai-se ampliando
suas percepções e controlando seu corpo. Segundo Mello (1993), nos jogos
infantis, quando preparados com muita criatividade mobilizam várias funções
psicomotoras, que estão relacionadas à fase dos movimentos fundamentais,
27
período pelo qual a criança está motivada para práticas relacionadas às
capacidades motoras do seu corpo.
O significado, nessa primeira fase da vida, depende, mais que em qualquer outra, da ação corporal. Entre os sinais gráficos de uma linguagem escrita e o mundo concreto, existe um mediados, as vezes esquecido, que é a ação corporal.
(Freire, 2010)
Os jogos e exercícios corporais oferecidos de maneira integradora e
harmoniosa auxiliam para que a criança alcance coordenação psicomotora,
tenha consciência e domínio do corpo, ajustando os gestos e movimentos,
apropriação do esquema corporal, aumente as discriminações perceptivas,
desenvolva a integração de espaço e tempo pessoal. O ser humano está
constantemente aprendendo, no qual as experiências da vida são atos
reeducativos. Essas experiências são importantíssimas nos primeiros anos de
vida, pois o aprender e o desenvolver ocorrem em ritmo mais acelerado, uma
vez que quase tudo que acontece é novidade (Freire, 2010). Para Le Boulch
(1987) a educação pelo movimento tem como objetivo contribuir para o
desenvolvimento psicomotor da criança, da qual depende ao mesmo tempo, a
evolução de sua personalidade e o sucesso escolar. Percebe-se então a
contribuição da psicomotricidade também no processo de aprendizagem da
leitura e escrita como também na matemática, é uma preparação para a vida
da criança. Le Boulch (1987) afirma que a educação psicomotora na idade
escolar deve se uma experiência ativa de confrontação com o meio, antes de
tudo. Dessa forma, esse ensino segue a possibilidade de uma verdadeira
preparação para a vida escolar. A psicomotricidade é necessária na prevenção
de problemas de coordenação motora e orientação no espaço em que vivem,
visando o máximo potencial dos alunos. A criança deve iniciar desde cedo a
controlar seu próprio corpo, saber usar braços e pernas, aprender se direcionar
para a direita e esquerda, aprender a organizar suas percepções e atenção,
dominar as noções de tempo, conhecer e repeitar o outro.
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Le Boulch (1982) citado por Almeida (2010) defende que a educação
psicomotora deve ser considerada como educação de base da escola primária.
Ela condiciona todos os aprendizados pré-escolares; leva a criança a tomar
consciência de seu corpo, da lateralidade, a situar-se no espaço, a dominar o
tempo, a adquirir habilmente a coordenação de seus gestos e movimentos. A
educação psicomotora deve ser praticada desde a mais tenra idade; conduzida
com perseverança, permite prevenir inadaptações, difíceis de corrigir quando já
estruturadas. A educação psicomotora quando bem aplicada consegue trazer
muitos benefícios às crianças da educação infantil.
Pode-se citar alguns benefícios que as atividades psicomotoras podem
promover em crianças de 4 e 5 anos. É através do equilíbrio que a criança
começa se movimentar, dar seus primeiros passos e a explorar e interagir com
tudo a sua volta e na medida que ela cresce o equilíbrio torna-se cada vez
mais importante para sustentar o corpo. Alves (2012) define dois tipos de
equilibração, estático e dinâmico: Equilíbrio dinâmico: movimentos
locomotores, como andar em marcha normal sobre uma linha pré-determinada.
Equilíbrio estático: movimentos não locomotores, como ficar em pé, apenas
com a ponta dos pés tocando o solo. É muito importante que a escola estimule
as habilidades motoras para o desenvolvimento dos movimentos mais
complexos.
A coordenação motora ampla deve ser desenvolvida previamente na
educação infantil. Esse trabalho vai aperfeiçoar os movimentos dos membros
superiores e inferiores, construindo uma grande organização corporal. Quando
a criança consegue acompanhar um ritmo, uma atividade física e possuí
equilíbrio ela estará desenvolvendo uma coordenação motora global. A
coordenação motora fina estará auxiliando nas atividades com grande
importância entre mãos e olhos, atividades que são executadas com o auxilio
das mãos e dedos. Almeida (2010) afirma que quando uma criança desenvolve
uma boa coordenação motora fina, ela também apresentará uma boa
tonicidade muscular nos membros inferiores e superiores. É a boa
coordenação motora fina que vai permitir o desenvolvimento de um bom
traçado de letra.
29
“A coordenação viso-manual e o aperfeiçoamento da motricidade fina da mão e dos dedos se dá a partir da organização das reações combinadas dos olhos e da mão dominante. Ela começa no primeiro ano e só se completa no final da escolaridade primária. No período pré-escolar, o desenvolvimento global far-se-á durante as atividades práxicas escolhidas para desenvolver a destreza e a coordenação fina; por meio da prática de expressão gráfica e do desenho, desenvolve-se, ao mesmo tempo, a função simbólica.” (Le Boulch 1982 apud Almeida 2010)
As atividades psicomotoras também irão facilitar o desenvolvimento das
percepções espaciais. Não é possível que o desenvolvimento das noções
espaciais sejam desenvolvidas em quatro paredes, somente na sala de aula
com atividades em papel ou na quadra de esportes, é preciso mais,
proporcionar experiências novas em novos ambientes. A escola precisa
propiciar esta condição, dando oportunidade da criança desenvolver sua
autonomia no ambiente escolar. Segundo Almeida (2010), A falta de uma boa
dominância espacial leva a criança a ter problemas com localização na escola,
bairro e também problemas de localização em mapas e trocas de letras de lado
(letras espelhadas), pois ela não consegue relacionar o traço à direção dele. É
muito importante que o profissional trabalhe atividades de percepção espacial
com a criança mais de uma vez, tendo em vista que essa aprendizagem não se
acontece tão rapidamente.
Para a criança é muito difícil dominar a noção de tempo, dada a
dificuldade de separar o tempo real do tempo da fantasia. As noções e domínio
de tempo irão contribuir para a criança organização da narração no momento
em que ouve uma história. Também desenvolve hábitos do cotidiano na escola
como a rotina escolar, hora de ouvir historia, do lanche, do descanso, e a rotina
diária com dormir, tomar banho, almoçar, jantar e muitas outras atividades que
acontecem em função do tempo. A noção de tempo da criança acontece de
duas maneiras: o agora e o muito depois. “O agora é aquilo que ela está
vivendo e o muito depois é aquilo que pode acontecer, mas este acontecimento
não dependerá de absolutamente nada da parte dela” (Almeida 2010 p. 94).
Também, uma grande vantagem das atividades psicomotoras é no
desenvolvimento da seriação e classificação. A criança irá saber seu lugar e
30
dos amigos na fila, mais baixo e mais alto, a classificação de quem chegou
primeiro em determinada atividade, acompanhar o calendário, preparando para
a alfabetização quando ela irá colocar em ordem as letras para escrever uma
palavra, a contagem dos números, a organização de conjuntos e outras
atividades.
As percepções dos sentidos como a visão, audição, paladar, olfato e tato
são muito importantes no cotidiano das crianças. As percepções irão auxilia as
crianças a reconhecer o mundo das cores, sons, sabores, cheiros e texturas. A
psicomotricidade pode atuar com trabalhos de estimulação através de cantigas
de roda, teatro, tapetes sensoriais, experimentos com vários tipos de cheiros e
sabores e infinitas atividades que podem ser trabalhadas no ambiente escolar.
A criança aprende por meio de experiências vividas e quando não acontece
não podemos cobrá-las por não gostar deste ou daquele alimento, deste ou
daquele tipo de música.
Para Le Boulch (apud Almeida, 2010), a lateralidade é a função da
dominância, tendo um dos hemisférios a iniciativa da organização do ato motor,
que incidirá no aprendizado e na consolidação das práxias. Poder olhar para
todas as direções e agir com a mínima coordenação e equilíbrio, tendo noção
do espaço é o trabalho de lateralidade, que será construída gradativamente.
Sabe-se que a criança durante o processo escolar, poderá mudar de mão da
esquerda para a direita normalmente, pois ela estará se testando, portanto
devemos trabalhar respeitando a individualidade de cada criança. Ela poderá
compreender que será muito proveitoso à sua vida poder realizar vários
movimentos juntos e em lados opostos. A lateralidade está relacionada à
predominância de um hemisfério cerebral obre o outro. Quando ocorre a
dominância do esquerdo sobre o direito, temos o individuo destro; quando
ocorre a dominância do hemisfério direito sobre o esquerdo, temos o individuo
canhoto ou sinistro; quando não existe predomínio claro e se usa
discretamente os dois lados, temos o ambidestro (Alves 2012)
31
O movimento e a mente não são duas realidades distintas, pois até para
se pensar implica em uma atitude e para todo movimento implica uma vivencia
cerebral. Segundo Fonseca (1995) a psicomotricidade visa privilegiar a
qualidade da relação afetiva, a mediatização, a disponibilidade tõnica, a
segurança gravitacional e o controle postural, a noção do corpo, sua
lateralização e direcionalidade e a planificação práxia, enquanto componentes
essenciais e globais da aprendizagem e do seu ato mental concomitante nela,
o corpo e a motricidade. É fundamental que as atividades lúdicas, realizadas
através de atividades psicomotoras, colaborando para o desenvolvimento
integral da criança e para que ela possa sedimentar bem esses pré-requisitos,
importantes também para a sua vida escolar.
Vale a pena ressaltar que as descobertas em grupo podem ser muito
agradáveis e proveitosas para as crianças, pois poderão compartilhar o que
descobrirem e ajudar os amigos em suas dificuldades.
32
CONCLUSÃO
Com o desenvolvimento deste estudo, podemos constatar como a
psicomotricidade tem influencia no desenvolvimento motor, afetivo e social da
criança. Atualmente a escola é um agente motivador do desenvolvimento
infantil. Ao chegar à escola a criança começa a se reconhecer como um ser
individual, que precisa aprender a conviver em grupo, respeitando regras,
testando seus limites e quando apreende essa compreensão fica mais fácil
associar as regras da vida social. Deixam de ser o centro das atenções, pois
agora seu ciclo social aumenta com o novo grupo de pessoas que vai passar
seus dias com vivências novas.
As atividades psicomotoras conseguem agrupar experiências sensoriais,
motoras, afetivas e sociais cheias de significados, sabendo que o
desenvolvimento não é igual para todas as crianças e precisa-se respeitar e
explorar cada fase do desenvolvimento infantil individualmente. A
psicomotricidade precisa fazer parte da educação infantil com o papel
preventivo na formação de base, oportunizando através de jogos e brincadeiras
a conscientização do seu corpo. O ato de brincar desenvolve um vasto
repertório de vivencias concretas, e o auxiliará em seu universo simbólico a
estruturar na linguagem o processo de aprendizagem.
A psicomotricidade é muito mais que realizar movimentos com o corpo
de maneira isolada, faz-se necessário uma integração entre o corpo, o
cognitivo e o afetivo, tais aspectos colaboram para o desenvolvimento global da
criança, auxiliando no processo de alfabetização prevenindo possíveis
dificuldades escolares. As atividades psicomotoras não podem ser realizadas
de forma repetitiva e mecânica, devem ser contextualizadas de forma
prazerosa que estimulem uma aprendizagem tranquila sem pressão e
frustração, associando as estruturas cognitivas e afetivas.
33
REFERÊNCIAS
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35
INDICE
FOLHA DE ROSTO ...................................................................................... 2
AGRADECIMENTO ..................................................................................... 3
DEDICATÓRIA ............................................................................................ 4
RESUMO ...................................................................................................... 5
METODOLOGIA ........................................................................................... 6
SUMÁRIO ..................................................................................................... 7
INTRODUÇÃO ............................................................................................. 8
CAPÍTULO I
DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA DE 4 E 5 ANOS ................................12
CAPÍTULO II
OBJETIVOS DA PSICOMOTRICIDADE EM
CRIANÇAS DE 4 E 5 ANOS ........................................................................ 18
CAPITULO III
BENEFÍCIOS DAS ATIVIDADES PSICOMOTORAS
NAS CRIANÇAS DE 4 E 5 ANOS ............................................................... 26
CONCLUSÃO .............................................................................................. 32
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................. 33
ÍNDICE ......................................................................................................... 35